anuário cana - 2009

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Sílvio Ávila Se a cana-de-açúcar figura entre as culturas mais antigas do planeta, é verdade também que a idade não lhe tirou o vigor de continuar se expan- dindo. Mais do que isso, a gramínea al- cançou o século 21 como alternativa importante para a demanda mundial por energia limpa. Esse fator não só ajuda a garantir o futuro da atividade como aponta caminhos que precisam ser desbravados ainda mais. Nesse sen- tido, muitas pesquisas tendem a evoluir, inclusive agregando outras matérias- primas à produção de etanol, e o Brasil seguirá fazendo escola mundo afora. A experiência e o conhecimento adquiridos no setor são levados por técnicos e empresários a outras na- ções interessadas em usufruir das vantagens de produzir etanol da ca- na-de-açúcar. O País conquistou uma posição tão singular que se encontra sem concorrentes na comercialização internacional do combustível. Amostra da força do Brasil está na capacidade industrial. A cada ano novas usinas entram em operação — mais de 20 acionaram máquinas em 2009, período marcado também pela formação da segunda maior compa- nhia mundial de energia renovável a partir da cana, a LDC-SEV, fruto da união entre LDC Bioenergia e Sante- lisa Vale. Outras fusões podem estar a caminho e, independente do resultado de negociações, é certo que a evolu- ção não vai parar. E nem pode, pois a demanda continuará em alta. Para fornecer a matéria-prima ne- cessária, a expansão das terras cultiva- das não é a única possibilidade. A tec- nologia avança para permitir a obten- ção de mais produto em um mesmo espaço e novas cultivares chegam aos canavicultores com esse intuito. São elas que ajudarão a desbravar novos territórios de plantio canavieiro apon- tados no tão esperado Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar, divulgado em 2009 pelo governo fe- deral. Mais do que visar à expansão do plantio, o estudo aponta como seguir esse caminho de maneira sustentável e sem agredir áreas de conservação. E quando se pensava que apagão elétrico era coisa do passado, um novo episódio trouxe a discussão à tona. Diante dos debates sobre como reforçar a produção nacional, o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Sawaya Jank, atentou para o potencial de geração de energia desperdiçado atualmente. Em artigo publicado na imprensa, o dirigente aponta que to- das as 434 usinas sucroalcooleiras do País são autossuficientes em energia e apenas 20% comercializam o exceden- te, principalmente por falta de leilões regulares e específicos para essa fonte e por problemas de conexão. Além de permitir a geração des- centralizada e próxima dos centros de consumo, a estimativa é de que, se fosse aproveitado todo o potencial de biomassa dos canaviais, seria possível exportar à rede elétrica 10.000 MW médios até a safra 2017/18, volume equivalente a uma usina do porte de Itaipu, no Paraná. Essa proposta é mais um exemplo de que, com o passar dos anos, a canavicultura só ganha impor- tância e extrapola as finalidades agrí- colas para se posicionar como peça- chave do setor energético, tanto bra- sileiro como mundial. É sinal de que os desafios estão longe de terminar. Caminhos iluminados 8

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Se a cana-de-açúcar figura entre as culturas mais antigas do planeta, é verdade também que a idade não lhe tirou o vigor de continuar se expan-dindo. Mais do que isso, a gramínea al-cançou o século 21 como alternativa importante para a demanda mundial por energia limpa. Esse fator não só ajuda a garantir o futuro da atividade como aponta caminhos que precisam ser desbravados ainda mais. Nesse sen-tido, muitas pesquisas tendem a evoluir, inclusive agregando outras matérias-primas à produção de etanol, e o Brasil seguirá fazendo escola mundo afora.

A experiência e o conhecimento adquiridos no setor são levados por técnicos e empresários a outras na-ções interessadas em usufruir das vantagens de produzir etanol da ca-na-de-açúcar. O País conquistou uma posição tão singular que se encontra sem concorrentes na comercialização internacional do combustível.

Amostra da força do Brasil está na capacidade industrial. A cada ano novas usinas entram em operação — mais de 20 acionaram máquinas em 2009, período marcado também pela

formação da segunda maior compa-nhia mundial de energia renovável a partir da cana, a LDC-SEV, fruto da união entre LDC Bioenergia e Sante-lisa Vale. Outras fusões podem estar a caminho e, independente do resultado de negociações, é certo que a evolu-ção não vai parar. E nem pode, pois a demanda continuará em alta.

Para fornecer a matéria-prima ne-cessária, a expansão das terras cultiva-das não é a única possibilidade. A tec-nologia avança para permitir a obten-ção de mais produto em um mesmo espaço e novas cultivares chegam aos canavicultores com esse intuito. São elas que ajudarão a desbravar novos territórios de plantio canavieiro apon-tados no tão esperado Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar, divulgado em 2009 pelo governo fe-deral. Mais do que visar à expansão do plantio, o estudo aponta como seguir esse caminho de maneira sustentável e sem agredir áreas de conservação.

E quando se pensava que apagão elétrico era coisa do passado, um novo episódio trouxe a discussão à tona. Diante dos debates sobre

como reforçar a produção nacional, o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Sawaya Jank, atentou para o potencial de geração de energia desperdiçado atualmente. Em artigo publicado na imprensa, o dirigente aponta que to-das as 434 usinas sucroalcooleiras do País são autossuficientes em energia e apenas 20% comercializam o exceden-te, principalmente por falta de leilões regulares e específicos para essa fonte e por problemas de conexão.

Além de permitir a geração des-centralizada e próxima dos centros de consumo, a estimativa é de que, se fosse aproveitado todo o potencial de biomassa dos canaviais, seria possível exportar à rede elétrica 10.000 MW médios até a safra 2017/18, volume equivalente a uma usina do porte de Itaipu, no Paraná. Essa proposta é mais um exemplo de que, com o passar dos anos, a canavicultura só ganha impor-tância e extrapola as finalidades agrí-colas para se posicionar como peça-chave do setor energético, tanto bra-sileiro como mundial. É sinal de que os desafios estão longe de terminar.

Caminhos iluminados

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vila cenário

scenario

• Dados da safra brasileira de cana

• Destinação da cana para açúcar e etanol

• Produção mundialde cana e de açúcar

• Overview of the Brazilian Sugarcane crop

• Destination of sugarcane for sugar and ethanol

• Global productionof sugarcane

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O etanol brasileiro ganhou este ano mais uma distinção. Agora, além de o País dominar a técnica de produzi-lo com cana-de-açúcar, também é o pioneiro em planejar a sua expansão, por meio do Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar, lançado em setembro de 2009.

O documento tem por objetivo fornecer subsídios técnicos para a for-

mulação de políticas públicas visando à expansão e à produção sustentável da cultura no território nacional. Os principais indicadores considerados na elaboração foram a vulnerabilidade das terras, o risco climático, o poten-cial de produção agrícola sustentável e a legislação ambiental vigente.

Conforme frisou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, na cerimônia

de lançamento do estudo, “o Brasil produzirá, a partir do Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar, um combustível 100% verde”. As estima-tivas do levantamento apontam para 64,7 milhões de hectares de áreas ap-tas à expansão. Atualmente a cultura está presente em aproximadamente 8 milhões de hectares, representando menos de 1% do território nacional.

Sem pararCrescimento médio de 10% na produção a cada safra apresenta-se como uma tendência para a canavicultura brasileira

INCREMENTO CONSTANTE NA FROTA DE CARROS FLEX É O PRINCIPAL FATOR DA ELEVAÇÃO NA DEMANDA POR ETANOL

O desempenho da canavicultura brasileira na temporada 2009/10 deve comprovar uma tendência que vem sendo notada nos últimos três a quatros anos: a de crescimento de 10% a 15% na produção nacional a cada novo ciclo. Essa é a avaliação do téc-nico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Ângelo Bressan frente ao incremento de 10% estimado para o período atual em relação ao anterior. Com isso, a colheita deve atingir 629 milhões de toneladas, conforme previsão da entidade.

O principal fator responsável por assegurar esse per-centual a cada safra é a elevação do consumo de álcool no mercado interno, impulsionado pela frota em ascensão de carros flex. “O setor tem tido uma dinâmica muito forte de crescimento e isso é uma coisa boa para o País, pois aumenta o emprego e a renda”, afirma.

Um estudo realizado em 2008 pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, projeta que a demanda de etanol no País crescerá 150% em 10 anos. Conforme a pesquisa, a frota de veículos leves passará de 23,2 milhões, em 2008, para 37,5 milhões em 2017. Em igual período, a parcela do flex aumentará de 29,6% para 73,6%. Para que o Brasil dê conta dessa demanda, o documento prevê a necessidade de expandir a capacidade industrial em 246 usinas nos próximos 10 anos.

Na opinião do diretor do Departamento da Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuá-

ria e Abastecimento (Mapa), Alexandre Strapasson, a cana tem tudo para se firmar como uma importante fonte de energia. “Com as tecnologias em desenvolvimento, o ba-gaço e a palha poderão ser melhor aproveitados, gerando mais energia na forma de etanol e eletricidade”.

Outro exemplo da diversidade da cultura é o espaço que o bioplástico está conquistando. Recentemente duas importan-tes empresas multinacionais anunciaram o início da produção de embalagens com material obtido a partir da cana. Uma delas é a Johnson & Johnson, que fechou parceria com a pe-troquímica brasileira Braskem para atender à linha regular de protetores e bloqueadores solares e aos bronzeadores Sun-down Gold. A Coca-cola, por sua vez, desenvolverá uma gar-rafa pet com 30% da base do material proveniente da cana.

Esses são apenas alguns caminhos do infinito mercado reno-vável que a planta está conquistando. Apesar disso, mesmo com essas oportunidades paralelas, o açúcar não deixa de ter sua representatividade. O produto, que está associado à história do Brasil desde o período colonial, deverá alcançar, na atual safra, o patamar de 36,7 milhões de toneladas. O resultado, conforme Strapasson, representa cerca de 23% da produção mundial.

DIFERENCIAL

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O AMIGO INIMIGO

A chuva, que é apontada como vilã, atrapalhando a moagem da ca-na-de-açúcar, por outro lado foi res-ponsável pelo bom desempenho das lavouras brasileiras. Segundo a Com-panhia Nacional de Abastecimento (Conab), as condições climáticas favoreceram o desenvolvimento da cultura. A intensidade das chuvas

colaborou para o aumento de 0,50% na produtividade nacional.

Na safra 2008/09, o rendimento brasileiro foi de 80,8 mil kg/ha, en-quanto a expectativa para a nova tem-porada é de 81,2 mil kg/ha. A região Sul lidera o ranking nacional com 86 mil kg/ha, seguida pelo Sudeste, cujo rendimento é de 85,4 mil kg/ha; e pelo Centro-Oeste, que deverá apresentar desempenho de 80,8 mil kg/ha.

Além das boas condições climáticas na época do desenvolvimento das plan-tas, o Brasil desfruta de outras vanta-gens que o destacam na produtividade mundial. Entre elas estão o uso de no-vas variedades, resultado da dedicação e do estudo de pesquisadores; o avan-ço tecnológico e a visão empreende-dora do setor sucroalcooleiro, além de um programa governamental que guia o País na liderança mundial do etanol.

Dança da chuvaApesar do registro de precipitações acima do normal, colheita brasileira de cana-de-açúcar pode atingir 629 milhões de toneladas

A lavoura brasileira de cana-de-açúcar enfrentou um ini-migo natural na temporada 2009/10. Ao contrário de algu-mas perspectivas, não é o reflexo da crise financeira que vai influenciar no resultado final do setor, mas o excesso de chuva, principalmente em setembro e outubro.

Nesse período ocorre o pico da colheita na região Cen-tro-Sul do País, que inclui os estados do Sudeste, do Sul e do Centro-Oeste, respondendo por 90% da produção nacional. Conforme levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o volume total será de apro-ximadamente 629 milhões de toneladas, 10% superior ao ciclo anterior, que registrou 571,8 milhões de toneladas.

No cenário nacional, o estado de São Paulo lidera a

produção com perspectiva de processar 364,1 milhões de toneladas, 6,2% a mais que na safra passada. A Conab des-taca ainda o acréscimo na colheita de Goiás, equivalente a 54,8%, Mato Grosso do Sul, com 30,1% a mais, Paraná, 21,4% maior, e Minas Gerais, cuja elevação é de 16,1%. O principal motivo do bom desempenho está relacionado ao trabalho de 25 novas usinas, inauguradas em 2009.

No Nordeste, o levantamento aponta para desempenho de 61,9 milhões de toneladas, queda de 3,9% em relação à tempo-rada 2008/09, quando foram registradas 64,4 milhões de tone-ladas. O motivo do decréscimo está relacionado às chuvas, que atrapalharam a moagem no mês de agosto.

Apesar do decréscimo regional, três estados se des-

tacam apresentando elevação na colheita. O Rio Grande do Norte liderou o ciclo 2008/09 com 3,2 milhões de toneladas e apresenta perspectiva de acréscimo de 7,3%, alcançando 3,5 milhões na nova temporada. A Bahia pro-duziu 2,6 milhões de toneladas na safra anterior e, na atu-al, deve atingir 2,8 milhões, 7,5% a mais. O Piauí projeta incremento de 9,4%, com produção de 985 mil toneladas, ante as 900 mil colhidas na etapa 2008/09.

As 25 novas usinas instaladas no Centro-Oeste tam-bém impulsionaram o aumento da área cultivada, que to-taliza 1,093 milhão de hectares, crescimento de 21,4% em

relação ao ciclo passado, quando as lavouras ocuparam 900 mil hectares. Goiás lidera o ranking com 548,5 mil hectares, 36,5% a mais que na etapa 2008/09. No panora-ma nacional, o Estado de São Paulo se mantém no pódio, com área de 4,192 milhões de hectares, alta de 8,85% na comparação com o período anterior, quando cultivou 3,851 milhões de hectares.

No total, a área nacional de cana-de-açúcar na safra 2009/10 é de 7,741 milhões de hectares. Conforme dados da Conab, o resultado é 9,5% superior ao ciclo 2008/09, quando foram cultivados 7,070 milhões de hectares.

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VERDES CAMPOS • LUSH FIELDSCana-de-açúcar - Comparativo de área, produtividade e produção - Safras 2008/09 e 2009/10

RegiãoÁrea (Em mil ha) Produtividade (Em kg/ha) Produção (Em mil t)

2008/09 2009/10 Var. % 2008/09 2009/10 Var. % 2008/09 2009/10 Var. %

Norte 22,5 23,1 2,60 65.258 67.354 3,20 1.468,3 1.555,2 5,90

RO 1,9 1,9 - 63.000 63.000 - 119,7 119,7 -

AM 3,9 3,9 - 80.500 80.720 0,30 314,0 314,8 0,30

PA 11,0 11,0 - 68.146 68.146 - 749,6 749,6 -

TO 5,7 6,3 10,30 50.000 59.000 18,00 285,0 371,1 30,20

Nordeste 1.052,6 1.043,9 (0,80) 61.197 59.304 (3,10) 64.416,8 61.904,4 (3,90)

MA 38,9 40,4 3,90 61.311 56.090 (8,50) 2.385,0 2.267,2 (4,90)

PI 13,1 13,2 0,76 68.718 74.600 8,60 900,9 985,5 9,40

CE 1,8 1,8 - 68.889 66.000 (4,20) 124,7 119,5 (4,20)

RN 59,5 65,2 9,54 55.406 54.247 (2,10) 3.296,7 3.535,8 7,30

PB 112,5 115,3 2,5 54.373 54.373 - 6.117,0 6.269,8 2,50

PE 321,4 305,3 (5,00) 59.489 56.700 (4,70) 19.119,8 17.312,2 (9,50)

AL 432,0 423,4 (2,00) 63.426 61.780 (2,60) 27.400,0 26.155,2 (4,50)

SE 36,0 39,0 8,40 66.111 60.588 (8,40) 2.380,0 2.364,1 (0,70)

BA 37,4 40,2 7,50 71.997 72.000 - 2.692,7 2.895,1 7,50

Centro-Oeste 900,8 1.093,4 21,40 73.834 80.888 9,60 66.510,1 88.442,5 33,00

MT 223,2 223,2 - 72.177 69.700 (3,40) 16.109,9 15.557,0 (3,40)

MS 275,8 321,7 16,65 75.251 83.900 11,50 20.755,0 26.993,1 30,10

GO 401,8 548,5 36,50 73.781 83.675 13,40 29.645,2 45.892,4 54,80

Sudeste 4.568,3 4.956,0 8,5 86.486 85.423 (1,20) 395.094,5 423.353,5 7,20

MG 601,9 648,0 7,65 73.448 79.206 7,80 44.208,4 51.321,5 16,10

ES 65,2 66,0 1,20 67.776 65.829 (2,90) 4.419,0 4.343,4 (1,70)

RJ 50,0 50,0 - 71.126 71.126 - 3.556,3 3.556,3 -

SP 3.851,2 4.192,0 8,85 89.040 86.863 (2,40) 342.910,8 364.132,3 6,20

Sul 526,6 624,7 18,60 84.163 86.065 2,30 44.320,1 53.768,5 21,30

PR 524,5 622,3 18,65 84.271 86.218 2,30 44.200,1 53.655,2 21,40

RS 2,1 2,4 15,20 57.150 46.826 (18,10) 120,0 113,3 (5,60)

Norte/Nordeste 1.075,1 1.066,9 (0,80) 61.282 59.478 (2,90) 65.885,1 63.459,6 (3,70)

Centro-Sul 5.995,7 6.674,1 11,30 84.381 84.740 0,40 505.924,7 565.564,5 11,8

Brasil 7.070,8 7.741,0 9,50 80.869 81.258 0,50 571.809,8 629.024,1 10,00Fonte: Conab - 2º Levantamento de Cana-de-Açúcar - Setembro 2009

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O QUE É DOCE DURA POUCO No início do segundo semestre de

2009, conforme o diretor do Depar-tamento da Cana-de-Açúcar e Agro-energia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ale-xandre Strapasson, foram observados os maiores preços do açúcar no mer-cado internacional em quase 30 anos. No entanto, há tendência de ocorrer queda gradativa em 2011. “No caso do açúcar bruto, o preço deverá passar

dos atuais US$ 480/t para US$ 390/t; no refinado, a cotação deverá passar de US$ 540/t para US$ 490/t.”

A vantagem do setor sucroalcoo-leiro brasileiro é que grande parte das usinas são do tipo mista, permitindo a produção tanto de álcool quanto de açúcar conforme a melhor remu-neração. A longo prazo, no entender de Strapasson, a cana tem tudo para se firmar como uma importante fon-te de energia para o País.

O crescimento de apenas 4,79% na

produção de álcool, conforme o levan-tamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), não deve inti-midar os que apostam no combustível. Como principal fonte de consumo, os automóveis bicombustíveis representam 30% da frota nacional. “Temos cerca de 8,5 milhões de veículos flex em circula-ção. Como o mercado externo do álcool ainda é incipiente e irregular, o fator que deve continuar determinando o aumento da produção doméstica é essa crescente frota flex”, observa Strapasson.

Espremendo o álcool

Produção de açúcar deve aumentar 16% nesta safra; porém, o álcool ainda demanda mais da metade da cana-de-açúcar brasileira

VANTAJOSA: Excelentes preços do açúcar no mercado internacional impulsionaram a produção no Brasil

SE EM 2009 O PREÇO INTERNACIONAL DO

AÇÚCAR FOI O MAIOR EM 30 ANOS, A QUEDA NAS COTAÇÕES DEVE

COMEÇAR EM 2011

Historicamente, o álcool tem superado a produção de açúcar no Brasil. Mas na safra 2009/10, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a diferen-ça entre os dois principais produtos derivados da cana-de-açúcar deve ser estreita. Na temporada 2008/09 foram 325,9 milhões de toneladas de cana destinadas ao combustível, en-quanto 241,5 milhões foram transformadas em açúcar.

Os números indicam que, no ciclo atual, o montante reser-vado ao álcool pode chegar a 348,5 milhões de toneladas, 55,5% do total da planta processada, resultando em 27,8 milhões de litros. Para a obtenção do açúcar poderão ser utilizadas 280,4 milhões de toneladas de cana, 44,6% do total esmagado, renden-do 36,7 milhões de toneladas do produto. O resultado indica aumento de 16% na produção brasileira de açúcar em relação ao período anterior, fato que está relacionado aos excelentes

preços da commodity no mercado internacional.No entender do diretor do Departamento da Cana-

de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Alexandre Strapasson, o mercado mundial de açúcar está enfrentando um ano de déficit entre o consumo e a produção, mesmo tendo ocorrido avanço menos expressivo no consumo mun-dial por conta da crise global.

Ele explica que, para o final de 2010, é projetado déficit da ordem de 8 milhões de toneladas, levando-se em conta a produção mundial de 167 milhões de toneladas e consu-mo de 159 milhões. “Nos três últimos anos houve redução significativa dos estoques mundiais para compensar o dé-ficit e isso deve manter o preço no mercado internacional elevado”, destaca Strapasson.

USINAS EM VISTA

O estudo “Perspectivas para o etanol no Brasil”, divulgado em 2008 pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), institui-ção do Ministério de Minas e Energia, estima que a demanda de etanol no País crescerá 150% nos próximos 10 anos. Em 2017, representará cerca de 80% do volume total de combus-tíveis líquidos consumidos nos veículos leves que não usam diesel, mantida a tendência de participação das vendas de veí-

culos flex-fuel e a competitividade em relação à gasolina.Outro dado importante refere-se às exportações, que

nos próximos anos devem passar do patamar atual, de cerca de 4,2 bilhões de litros, para 8,3 bilhões em 2017. Para atender a toda essa demanda, interna e externa, a publicação projeta que será necessário expandir a capaci-dade industrial brasileira em 246 usinas nos próximos 10 anos, sendo que, desse total, 44% estão implantadas ou se encontram em fase de construção.

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CANA REPARTIDA • DOUBLE PURPOSE SUGARCANEEstimativa de produção e destinação da cana-de-açúcar - Safra 2009 (Em mil toneladas)

Região/UF Total Açúcar (%) Álcool (%)

Norte 1.555,2 478,9 30,8 1.076,3 69,2

RO 119,7 - 0,0 119,7 100,0

AM 314,8 157,3 50,0 157,5 50,0

PA 749,6 321,6 42,9 428,0 57,1

TO 371,1 - 0,0 371,1 100,0

Nordeste 61.904,4 34.715,1 56,1 27.189,3 43,9

MA 2.267,2 174,1 7,7 2.093,1 92,3

PI 985,5 591,3 60,0 394,2 40,0

CE 119,5 - 0,0 119,5 100,0

RN 3.535,8 1.996,6 56,5 1.539,8 43,6

PB 6.269,8 1.809,5 28,9 4.460,3 71,1

PE 17.312,2 11.211,4 64,8 6.100,8 35,2

AL 26.155,2 17.288,6 66,1 8.866,6 33,9

SE 2.364,1 992,9 42,0 1.371,2 58,0

BA 2.895,1 651,4 22,5 2.243,7 77,5

Centro-Oeste 88.442,5 25.062,6 28,3 63.379,9 71,7

MT 15.557,0 3.794,4 24,4 11.762,6 75,6

MS 26.993,1 8.367,9 31,0 18.625,2 69,0

GO 45.892,5 12.900,4 28,1 32.992,0 71,9

Sudeste 423.353,5 194.424,2 45,9 228.929,3 54,1

MG 51.321,5 21.709,0 42,3 29.612,5 57,7

ES 4.343,4 734,0 16,9 3.609,4 83,1

RJ 3.556,3 2.222,7 62,5 1.333,6 37,5

SP 364.132,3 169.758,5 46,6 194.373,8 53,4

Sul 53.768,5 25.781,3 47,9 27.987,2 52,1

PR 53.655,2 25.781,3 48,1 27.873,9 52,0

RS 113,3 - 0,0 113,3 100,0

Norte/Nordeste 63.459,6 35.194,0 55,5 28.265,6 44,5

Centro-Sul 565.564,5 245.268,1 43,4 320.296,4 56,6

Brasil 629.024,1 280.462,1 44,6 348.562,0 55,4Fonte: Conab - 2º Levantamento de Cana-de-Açúcar - Setembro de 2009

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2851. 3715-7904

O que o Brasil tem de melhor aparece aqui

ANUÁRIOS BRASILEIROS DE AGRONEGÓCIO

campo de força

anuarios.com.br

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A faixa tropical do planeta concentra a maior parte da produção mundial de cana-de-açúcar, que está estimada em aproximadamente 1,5 bilhão de toneladas por safra, confor-me a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Os pa-íses em desenvolvimento da América Latina, da África e do Sudeste Asiático são os principais campos dessa cultura.

Para o período 2009/10, o Departamento de Agricul-tura dos Estados Unidos (USDA) projeta produção mun-

dial de açúcar equivalente a 159,9 milhões de toneladas, com incremento de 11,2 milhões de toneladas frente ao ciclo 2008/09. O volume atual é praticamente o mesmo previsto para o consumo, que deve ser de 159 milhões de toneladas, um acréscimo de 1,5 milhão de toneladas em relação ao ciclo 2008/09. As exportações estão previstas para movimentar 51,3 milhões de toneladas, sendo que os estoques finais tiveram redução de 800 mil toneladas,

Quatro pilaresBrasil, Índia, China e Tailândia representam 50% da produção mundial de açúcar, que deve atingir 159,9 milhões de toneladas na safra 2009/10

AVANTE: Quebra de safra na Índia não impediu que oferta mundial de açúcar superasse resultado do período anterior

ficando em 31,2 milhões de toneladas.Nesse cenário destacam-se Brasil, Índia, Tailândia e China.

Juntos, os quatro países representam 50% da oferta mundial de açúcar e 59% das exportações. O Brasil aparece como maior produtor, com previsão de moer 605 milhões de to-neladas de cana na safra 2009/10, o que deve resultar em 36,9 milhões de toneladas de açúcar, 23% do total mundial.

O USDA também destaca o continente asiático como responsável por 37% da produção mundial de açúcar. A Índia, em segundo lugar no ranking global, deverá produ-zir 20,8 milhões de toneladas do produto, mesmo com os problemas climáticos enfrentados. Por consequência da ausência de chuvas no período de inverno (dezembro e janeiro), durante o estágio de maturação da gramínea nos principais estados produtores, o rendimento da moagem é

previsto em 305 milhões de toneladas de cana.No que se refere à China, o departamento americano

prevê o processamento de 14,5 milhões de toneladas de açúcar, sendo que a área de cana colhida pode alcançar a 1,62 milhão de hectares. Outro destaque do país asiático é o consumo de açúcar natural, que no período 2009/10 deverá aumentar em 5%, impulsionado pelo crescimento do mercado de bebidas e alimentos processados.

A Tailândia é o quarto país em destaque na projeção do USDA. Em 2008, colheu 67 milhões de toneladas de cana, 6 milhões inferior ao total esperado, em virtude, principal-mente, do menor uso de fertilizantes. No entanto, para o período atual, os tailandeses apostam em recuperação, po-dendo alcançar 7,5 milhões de toneladas de açúcar.

O alerta do USDA fica por conta dos preços do pro-duto. Por causa da queda no desempenho indiano, desde janeiro os valores registram valorização. Ainda conforme a entidade, no período de um ano, aquele país deixou de ser um exportador líquido de 5,8 milhões de toneladas para se tornar um importador, somando 1,8 milhão de toneladas adquiridas de outros países.

CONTINENTE ASIÁTICO É RESPONSÁVEL POR 37% DO AÇÚCAR PROCESSADO NO MUNDO, ENQUANTO O BRASIL

RESPONDE POR 23% DO VOLUME TOTAL

MAKING PROGRESS: Decline in thesugarcane crop in India did not prevent global sugaroffers from outdoing the previous year’s results

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perfil• Zoneamento Agroecológico daCana-de-Açúcar

• Estados brasileiros produtores de cana

• Ações em proldo meio ambiente

• Sugarcane Agro-Ecological Zoning

• Brazilian sugarcane producing states

• Environment-oriented initiatives

profile

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Com o objetivo de fornecer subsídios técnicos para a formulação de políticas públicas visando à expansão e à produção sustentável da cana-de-açúcar no território na-cional, o governo brasileiro divulgou, no mês de setembro, o Zoneamento Agroecológico para a cultura.

A iniciativa, inédita no mundo, mostra que o País dispõe de 64,7 milhões de hectares de áreas aptas à expansão do cultivo da planta. Desse total, foram classificados 19,3 milhões

de hectares como de alto potencial produtivo; 41,2 milhões como de médio; e 4,3 milhões como de baixo potencial. A ati-vidade ocupa, atualmente, menos de 8 milhões de hectares.

O estudo foi solicitado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária (Embrapa). Contou ainda com a participação de ou-tras instituições, como Companhia Nacional de Abastecimen-to (Conab), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e

Planejamentoque sustenta

Zoneamento Agroecológico da Cana-de-açúcar seleciona terras potenciais para expansão da cultura no Brasil

DE FORA: Amazônia, Pantanal, Bacia do Alto Paraguai e áreas com cobertura vegetal

estão proibidas de receber a canavicultura

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).O zoneamento abrangeu, total ou parcialmente, 21 unida-

des da federação. Ficaram de fora Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará e Amapá, que pertencem ao bioma Amazônia, assim como partes do território dos estados de Mato Gros-so, Maranhão, Tocantins e Goiás, por estarem incluídos nos biomas Amazônia e Pantanal e na Bacia do Alto Paraguai.

A decisão de proibir a expansão nessas regiões, no en-tender do governo federal, é para garantir a produção de combustível 100% verde, sem desmatamento, queimadas e poluição. E por falar em queimadas, o trabalho consi-derou o prazo até 2017 para o fim da prática. A proposta permitirá a redução da emissão de gases do efeito estufa em medida equivalente a 6 milhões de toneladas de CO2, estimativa comparada ao emitido durante o ano de 2008.

Entre os destaques do levantamento estão ainda a opção por áreas que não necessitam de irrigação plena e economi-zam recursos, como água e energia; a adoção de terras com declividade igual ou inferior a 12%, que permitem mecaniza-ção; e o estímulo à utilização de regiões degradadas ou de pastagens para implantação de novos projetos.

As novas regras para a expansão da agroindústria cana-

vieira foram encaminhadas ao Congresso Nacional em for-ma de projeto de lei. Em 26 de novembro, a Instrução Nor-mativa nº 57, publicada no Diário Oficial da União, incluiu no zoneamento 134 municípios de Alagoas, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sergipe.

A medida mostra-se relevante ao se considerar que na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), realizada em novembro, ficou estabelecido que a concessão de crédito agroindustrial e rural a produtores e cooperativas de cana, voltado à expansão da produção e da industrialização, está condicionada ao zoneamento. Da mesma forma, o recurso é vedado aos biomas onde a expansão do plantio é proibida.

Até 2017 o Brasil pretende passar de 7,741 milhões de hectares cultivados com cana para 14 milhões de ha. O zo-neamento terá papel importante na garantia de aceitação do etanol brasileiro no mercado internacional, servindo como diferencial para o produto.

BRASIL TEM 64,7 MILHÕES DE HECTARES APTOS À AMPLIAÇÃO DO CULTIVO DA

CANA-DE-AÇÚCAR, HOJE PRESENTE EM MENOS DE 8 MILHÕES DE HECTARES

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NA BRIGA

O primeiro passo do setor sucroal-cooleiro mato-grossense na busca por modificações no Zoneamento Agro-ecológico foi dado com a realização de uma audiência pública, no início de outubro, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, em Cuiabá. O evento contou com a presença do cientista de solo e professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) Godofredo Vitti, que na ocasião apresentou o resultado da pesquisa Comportamento de variedades de cana-de-açúcar no Vale do Sangue, município de

Juara - MT, conduzida por sua equipe. Os dados do estudo mostram lavouras

de cana em Juara com produtividade de 150 mil kg/ha no primeiro corte, equiva-lente a uma produção de cerca de 22 mil quilos de açúcar ou 14 mil litros de álcool por hectare. Chama a atenção ainda o rendimento por área no Estado, equivalente a 91 mil kg/ha, acima dos 80 mil kg/ha registrados em São Paulo e dos 73 mil kg/ha da média nacional. No entender de Vitti, o potencial da cana no Estado não pode ser anulado. “É um absurdo o que estão fazendo, pois o Mato Grosso é o Estado mais promissor do Brasil do ponto de vista de produção

de alimentos, fibras e energia.”Conforme Vitti, para a expansão da

cana não há necessidade de ocupação de locais de preservação ambiental. “Só na região de Juara são 107 mil hectares de áreas de pastagens disponíveis para a agricultura. Não é preciso derrubar uma única árvore”, destaca. Além disso, há excelentes condições agronômicas de cultivo, como solos profundos, com boa retenção de água, e planos, viabilizando operações mecanizadas. Soma-se a isso o clima propício, em termos de tempe-ratura e luminosidade, e precipitações pluviais de aproximadamente 2.500 mm (o dobro da exigência da cultura).

Fora de área Delimitação das regiões para a expansão da cana-de-açúcar gerou reclamações por parte do setor produtivo atingido

ATIVIDADE CANAVIEIRA GERA 16,7 MIL EMPREGOS DIRETOS E 66,8 MIL

INDIRETOS EM MATO GROSSO

A proibição de expandir a cultura da cana-de-açúcar na Amazônia, no Pantanal e na Bacia do Alto Paraguai não alegrou o setor produtivo dessas regiões. Em Mato Gros-so, um dos estados mais restringidos pelo Zoneamento Agroecológico, 115 municípios desenvolvem a atividade canavieira, gerando 16,7 mil empregos diretos e 66,8 mil indiretos, conforme estimativa do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindálcool).

Para o diretor executivo da entidade, Jorge dos San-tos, uma perda imediata para o Estado pode ser a do investimento, já anunciado, na região de Tangará da Serra. “São quase R$ 3 bilhões, em três unidades, para as quais só falta a aprovação”, ressalta. Ele também acredita que as usinas em funcionamento serão extremamente preju-dicadas. “Além de não poder expandir a área, serão ta-xadas por estarem produzindo em local proibido. Dessa forma, não terão um produto competitivo.”

A tendência prevista com o zoneamento é de que no-vos investimentos migrem para Goiás. De acordo com levantamento da Companhia Nacional de Abastecimen-to (Conab), na atual safra esse Estado deve apresentar acréscimo de 54,8% na produção.

Conforme Santos, os produtores de Mato Gosso de-fendem a preservação por meio de determinações cientí-ficas. “Vamos tentar alterar esse projeto com argumentos científicos. Estamos nessa região há 26 anos e nunca houve um incidente ambiental. Não entendemos por que a ativi-dade foi proibida do dia para a noite.” Ele ainda frisa que o Estado é uma espécie de prêmio ambiental para o Brasil. “Tem ficado claro que o Mato Grosso está sendo um tro-féu na área de meio ambiente. Temos que preservar, mas com decisões científicas e não com atos de força.”

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A liderança brasileira na produ-ção de cana-de-açúcar segue com a região Centro-Sul na safra 2009/10, conforme levantamento da Com-panhia Nacional de Abastecimen-to (Conab). Tendo em vista que as 565,5 milhões de toneladas pro-cessadas representam 90% da pro-dução nacional, pode-se dizer que é uma marca difícil de ser vencida por outra região. A análise revela aumento de 11,8% no volume em relação ao período anterior.

No ranking dos principais estados produtores estão São Paulo, Goiás,

Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pa-raná e Minas Gerais. A liderança é ocu-pada por São Paulo, cuja perspectiva é de processar aproximadamente 364 mi-lhões de toneladas. Goiás, por sua vez, apresenta o maior crescimento, com cerca de 54,8%, passando das 29,6 mi-lhões de toneladas produzidas em 2008 para 45,8 milhões de t em 2009.

No Nordeste, segundo dados da Conab, a estimativa é de recuo na produção. A região deverá pro-duzir 3,7% a menos que em 2008 devido à

redução de 0,8% na área a ser colhida, acompanhada da queda da produtivi-dade no campo, de 2,9%. Os motivos da retração, no entender da compa-nhia, estão relacionados às dificuldades financeiras pelas quais estão passando algumas unidades e as consequências, sobre os canaviais, dos tratos culturais insuficientes, especialmente naqueles de produtores independentes.

ConcentradoRegião Centro-Sul brasileira é responsável por 90% da colheita nacional de cana-de-açúcar

SEM NOVIDADE: São Paulo segue sendo o Estado líder na produção canavieira do Brasil

According to surveys by the National Supply Com-pany (Conab), the Center-South region is by far the biggest producer of sugarcane in the 2009/10 crop. The 565.5 million tons processed represent 90 percent of the entire national volumes, a mark not to be out-stripped by any other region. The survey reveals a rise of 11.8 percent in volume from the previous year.

The following states are the leading producers in Brazil: São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná and Minas Gerais. São Paulo is in the lead, with the perspective to process 364 million tons. Goiás, on the other hand, shows the biggest progress, some 54.8 percent, jumping from 29.6 million tons in 2008 to about 45.8 million in 2009.

In the Northeast, from Conab data, the forecast is for a reduction in volume, down 3.7 percent from 2008, mainly due to a reduction of 0.8 percent in planted area, along with 2.9-percent lower productivity rates. The reasons for the retraction, according to the com-pany, are related to the financial difficulties now faced by some units and poor cultural practices, particularly in the regions of independent growers.

CentralizedBrazilian Center-South region is responsible for90 percent of the entire national sugarcane production

AS USUAL: São Paulo is still the leading sugarcane producer in Brazil, while the state

of Goiás has made the biggest advances

FINANCIAL DIFFICULTIES AND POOR CULTURAL PRACTICES HAVE LED

TO AREA AND PRODUCTIVITYREDUCTIONS IN THE NORTHEAST

DIFICULDADES FINANCEIRAS E TRATOS CULTURAIS INSUFICIENTES

LEVARAM À REDUÇÃO NA ÁREA E NA PRODUTIVIDADE DO NORDESTE

A FATIA DE CADA UM • EVERYONE’S SHARERanking dos 10 principais produtoresnacionais de cana-de-açúcar - Safra 2009

Estado Área (Em mil ha) Produção (Em mil t)

São Paulo 4.192,0 364.132,3

Paraná 622,3 53.655,2

Minas Gerais 648,0 51.321,5

Goiás 548,5 45.892,4

Mato Grosso do Sul 321,7 26.993,1

Alagoas 423,4 26.155,2

Pernambuco 305,3 17.312,2

Mato Grosso 223,2 15.557,0

Paraíba 115,3 6.269,8

Espírito Santo 66,0 4.343,4Fonte: Conab - Levantamento realizado em setembro de 2009

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VALIOSA A expansão do plantio de cana-de-açúcar em Goiás refletiu-se em investimentos para o Estado. O presidente executivo do Sifaeg, André Rocha, aponta dados que mostram o avanço do setor nos últimos 10 anos. “Tínhamos 12 empresas em 1999, 17 em 2007, e hoje temos 33 unidades produzindo em nosso Estado.” Ele acrescenta que, em um primeiro mo-mento, a partir de 1999, aportaram na região empresas que produziam no Nordeste do País. De Pernambuco vieram o Grupo Farias, com a instala-ção de quatro unidades; o Grupo Ma-

ranhão, com duas; e o Grupo Ipojuca, com uma. O Grupo Japungu, da Paraí-ba, instalou outras duas empresas.

A segunda fase, entre 2003 e 2005, caracterizou-se pela chegada de gru-pos tradicionais de São Paulo, como São João, São Martinho, Cerradinho, Cosan e SantelisaVale (atual LDC-SEV), esta em parceria com o Maeda. A esse período seguiu-se o da amplia-ção e o de novas iniciativas de grupos estabelecidos em Goiás, como o Vale do Verdão, hoje com três unidades.

A terceira onda, conforme Rocha, está ocorrendo atualmente com a

participação de novos players, como a British Petroleum (BP), em socie-dade com o Grupo Maeda e a San-telisaVale, a Companhia Nacional de Açúcar e Álcool (CNAA), a ETH Bioenergia e a Brenco — Compa-nhia Brasileira de Energia Renovável, além de projetos anunciados pela Petrobras Biocombustíveis. “O setor sucroenergético foi o que mais in-vestiu nos últimos cinco anos no Es-tado e deve ser o que mais investirá nos próximos três anos. Pelo menos quatro empresas entrarão em ope-ração em dois anos”, adianta.

Quando a cana redescobre Goiás

Levantamento da Conab indica aumento equivalente a 54,8% na produção goiana de cana-de-açúcar na safra 2009/10

ATRAENTE: Disponibilidade de terras e incentivos fiscais ajudaram a elevar de 12 para 33

o número de usinas no Estado em 10 anos

O mapa dos canaviais no Brasil não sofre grandes alte-rações há muito tempo. A cultura, que chegou ao País ainda no período colonial, logo conquistou a graça dos fazendei-ros e se alastrou, principalmente pelo interior do Estado de São Paulo, atualmente principal produtor nacional. No entanto, a safra 2009/10 reserva algumas surpresas para a história da canavicultura brasileira.

Conforme levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o grande destaque no desempe-nho fica com Goiás, que deverá apresentar crescimento na produção equivalente a 54,8%. Com esse percentual, o Estado passa das 29,6 mil toneladas produzidas em 2008 para 45,8 mil toneladas em 2009.

No entender do presidente executivo do Sindicato da In-dústria de Fabricação de Álcool do Estado de Goiás (Sifaeg), André Rocha, a estimativa da instituição é de aumento de 35% no montante colhido. “A antecipação do período chu-voso e o atraso na entrada em operacão de algumas unida-des não permitiram um crescimento maior. Nesta safra, nos

tornamos o segundo maior produtor de etanol do País, com produção de mais de 2,1 bilhões de litros”, destaca.

Outro fator que pode definir a expansão da cultura em Goiás é o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar, anunciado em setembro de 2009 pelo governo federal. O estudo proíbe o plantio na Amazônia, no Pantanal e em áreas destinadas à preservação ambiental. Em função disso, na opinião do secretário da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento do Estado de Goiás, Leonardo Veloso, resta aos investidores migrarem para o Centro-Oeste. “A região possui a maior extensão de Cerrado com grande área de pastagens degradadas, propícias ao plantio e com infraes-trutura extremamente adequada ao escoamento, mas de-pendendo da viabilização do alcoolduto para exportação”.

UM BOM LUGAR

Entre os motivos que tornam Goiás atraente para in-vestimentos, de acordo com o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool do Estado de Goiás (Sifaeg), André Rocha, estão as terras planas e mais baratas que as de São Paulo, o clima adequado e os incentivos fiscais. “Isso dá competitividade ao setor devido aos custos para o escoamento da produção”.

Quem compartilha a opinião é o secretário da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Goiás, Le-onardo Veloso, explicando que o Programa Produzir per-mite às indústrias sucroalcooleiras reter 27% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) gerado pela produção a título de capital de giro. “É

o maior fator de competitividade que o Estado apresenta para apoiar a instalação de indústrias em áreas de expan-são econômica”, observa o secretário.

Entre as novidades ele destaca a parceria entre a Fede-ração das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e a Seagro, que caminha para a instalação do Conselho Deliberativo da Cana-de-Açúcar (Consecana), que propiciará condições de acompanhamento de todos os assuntos relacionados ao setor, dando segurança em termos de preços de mercado. “O Consecana é um conselho composto por representan-tes dos produtores rurais de cana-de-açúcar e da indústria. O seu principal objetivo é estabelecer e divulgar valores de referência para a livre comercialização da matéria-prima entre os produtores rurais e a indústria”, explica Veloso.RESTRIÇÕES DO ZONEAMENTO

AGROECOLÓGICO PARA O PLANTIO DE CANA TORNA O CENTRO-OESTE UMA

BOA OPÇÃO DE INVESTIMENTO

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BEM CUIDADO Outras metas do Etanol Verde são a demarcação e a re-cuperação de 300 mil hectares de mata ciliar nas lavouras canavieiras. O gerente do projeto, Ricardo Viegas, conta que atualmente é feito acompanhamento, análise e verificação em campo do cum-primento das diretivas estabelecidas nos

planos de ação. “As unidades agroindus-triais certificadas pelo Protocolo Agro-ambiental comprometeram-se com a recuperação de 175.640 hectares de mata ciliar e os fornecedores de cana-de-açúcar, com 51.310 hectares.”

Na lista das ações previstas para 2009 e 2010 no programa Etanol

Verde estão a elaboração do Atlas Ambiental do Zoneamento Agroam-biental e a renovação dos certificados de licença dos que aderiram e cumpri-ram as metas. Faz parte do trabalho ainda a atuação nas diretivas, como o programa de redução de água e con-taminação por vinhaça.

Baixou a fumaçaAdesão ao Protocolo Agroambiental, que acelera o processo de colheita crua em São Paulo, é de 80% das usinas e 100% das associações de fornecedores de cana

Com a perspectiva de processar 364,1 milhões de to-neladas de cana-de-açúcar, o Estado de São Paulo lidera a produção brasileira. Mas não é só nesse quesito que os pau-listas se destacam. No que se refere a cuidados com o meio ambiente eles também têm bons exemplos.

Uma das principais preocupações do setor sucroalcooleiro, as queimadas têm prazo definido para acabar em São Paulo: 2014 nas áreas mecanizáveis e 2017 naquelas que não comportam maquinário. Por meio do Protocolo Agroambiental, firmado em junho de 2007 entre a Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana) e o governo estadual, as datas de 2021 (áreas mecanizáveis) e 2031 (não mecanizáveis), definidas pela lei estadual 11.241/2002, foram antecipadas.

“Queimada é coisa do passado”, resume o diretor do De-partamento de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Ricardo Viegas,

referindo-se ao processo de colheita crua nos canaviais pau-listas. Conforme dados do programa Etanol Verde, do qual Viegas é gerente, a evolução da colheita crua no Estado pas-sou de 34,2%, na safra 2006/07, para 49,1% no ciclo 2008/09. A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) reforça a afirmação acrescentando que, na temporada 2008/09, do total de 3,9 milhões de hectares de área colhida, a mecaniza-ção avançou em 157 mil hectares se comparada ao período 2007/08, correspondendo a mais de 2 milhões de hectares.

No entanto, não é apenas a redução das queimadas que ale-gra Viegas. Para aderir ao Protocolo Agroambiental, os interes-sados devem seguir uma conduta agroambiental, sendo uma das funções do Etanol Verde fiscalizar e acompanhar periodicamen-te o cumprimento das diretivas. “Atualmente, a adesão abrange 80% das usinas e 100% de associações de fornecedores; ou seja, 95% da moagem de São Paulo está no protocolo”, destaca.

WELL CARED FOR Another target by Green Ethanol is the demarcation and recovery of 300 thousand hectares of streamside forests in the sugarcane fields. The manager of the project, Ri-cardo Viegas, mentions that at present the compliance with the directives and action plans is monitored, checked and

verified at field level. “The agroindustrial complexes certified by the Agro-Envi-ronmental Protocol have undertaken to recover 175,640 hectares of streamside forests, while the sugarcane suppliers are supposed to recover 51,310 hectares.”

The list of the Green Ethanol pro-gram initiatives to be carried out over

2009 and 2010, include an Environmental Atlas of the Agro-Environmental Zoning program and the renewal of the license certificates of those who adhered and complied with the targets. Also part of the work is the enforcement of the direc-tives, like the water reduction program and molasses-induced contamination.

An end to field burning

Adhesion to Agro-Environmental Protocol, which speeds up the green sugar cane harvesting process in São Paulo, reach-es 80 percent of the mills and 100 percent of the suppliers

Expecting to process 364.1 million tons of sugarcane, the state of São Paulo is Brazil’s biggest producer. None-theless, São Paulo does not only stand out for its produc-tion volumes, but also for its concern with the environ-ment, where it sets good examples.

Sugarcane field burnings, a major concern of the sugar and alcohol sector, have a deadline stipulated by law to end: 2014 in the mechanized areas and 2017 in areas where the use of ma-chinery is unviable. Through the Agro-Environmental Protocol, signed in June 2007 between the South-Central Brazil Sugar-cane Growers Association (Orplana) and the state government, the deadlines 2021 (mechanized areas) and 2031 (non-mecha-nized), stipulated by State Law 11.241/2002, were anticipated.

“Burnings now belong to the past”, comments Ricardo Vie-gas, director of the Sustainable Development Department, a di-vision of the São Paulo State Environment Secretariat, referring

to the green sugarcane harvest process in São Paulo. According to data released by the Green Ethanol program, coordinated by Viegas, green sugarcane harvesting evolved from 34.2 percent in the 2006/07 crop to 49.1 percent in 2008/09. The Sugarcane Industry Union (Unica) reinforces this affirmation and adds that, in the 2008/09 crop, of the total 3.9 million hectares, mechani-zation advanced 157 thousand hectares from the 2007/08 sea-son, corresponding to more than 2 million hectares.

Furthermore, it is not only a reduction in field burnings that makes Viegas rejoice. To adhere to the Agro-Environ-mental Protocol, an agro-environmental conduct is required, and compliance with the directives is regularly monitored by the Green Ethanol program. “Currently, adhesion reaches 80% of the mills and 100% of the supplier associations, that is to say, 95% of all sugarcane processing in São Paulo re-mains under the umbrella of the protocol”, he stresses.

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O prazo para o fim das queimadas e a crescente mecanização das lavou-ras de cana-de-açúcar no Brasil trou-xeram à tona uma preocupação para o setor: a recolocação da mão-de-obra. Responsável pelo emprego direto de aproximadamente 800 mil pessoas no País, a cadeia produtiva lança em 2009 o maior programa de treinamento e qualificação já implantado no mundo.

O Projeto Renovação tem por ob-jetivo treinar e requalificar, por ano, 7 mil trabalhadores e integrantes das comunidades para atividades dentro das usinas e em outros setores. En-tre os cursos oferecidos estão os de motorista canavieiro, operador de co-lheitadeira, eletricista de colheitadei-ra, mecânico de tratores e soldadores. Na opção de requalificação, algumas

das alternativas são apicultura e reflo-restamento, horticultura, artesanato, computação, hotelaria e costura.

Um comitê executivo, integrado por representantes de entidades e empresas parceiras, coordena o programa. O pa-trocínio é de Case IH, Syngenta e John Deere e o apoio é do Banco Interame-ricano de Desenvolvimento (BID).

Uma das primeiras atividades do projeto foi a realização do leilão de um trator Magnum 305, doado pela Case IH. Com a renda será possível iniciar os cursos. Para o gerente de marketing da empresa, Ari Kempenich, é uma grande honra partipar de tal projeto. “O inte-resse surgiu da pos-sibilidade de treinar cortadores de cana em atividades com

maior valor agregado. Assim, estamos trabalhando para que essas pessoas possam ter atividades mais especializa-das, com maior possibilidade de cresci-mento profissional”, destaca.

Em relação às expectativas do pro-jeto, ele frisa que é a oportunidade de dar uma vida melhor aos antigos cortadores nos mais diversos setores da economia e ao mesmo tempo pre-pará-los para utilizar máquinas agríco-las, aumentando a produtividade. “O projeto é bom para os profissionais, para as empresas e para a produtivida-de da cana-de-açúcar, do etanol e do açúcar”, observa Kempenich.

Futuro renovadoSetor canavieiro lança projeto com objetivo de qualificar 7 mil trabalhadores por ano

ALTERNATIVA: Formação treinará cortadores de cana em atividades mais especializadas e de maior valor agregado

The deadline for the end of sugarcane field burning and the soaring mechanization trend in Brazil brought about a concern in the sector: to relocate thousands of workers. Responsible for 800 thousand direct jobs throughout the Country, in 2009 the production chain is launching the biggest training and re-qualification project ever implemented in the world.

The target of the Renewal Project is to train and qualify seven thousand workers and community members for ac-tivities in the mills and other sectors. The courses available include the positions of sugarcane driver, harvester opera-tor, harvester electrician, mechanics for tractors and weld-ers. The re-qualification options include such alternatives as reforestation, bee keeping, vegetable gardens, craftsman-ship, computer science, hotel services and sewing.

An executive committee, integrated by representatives from entities and partnership companies is in charge of coordinating the program, which is sponsored by Case IH, Syngenta and John Deere, and support comes from the Inter-American Development Bank (IDB).

One of the first activities of the project consisted in auctioning a Magnum 305 tractor, donated by Case IH. The proceeds are for starting the courses. Ari Kempenich, marketing manager of the company, considers it a great honor to take part in such a project. “The interest owes its origin to the chance of training sugarcane cutters in areas of higher added value. We are therefore working to give these people specialized activities, where professional progress is at hand”, he stresses. With regard to the proj-ect’s expectations, he insists it is the chance to provide better living conditions for the former sugarcane cutters in different sectors of the economy, while preparing them to deal with agricultural machinery, boosting the produc-tivity rates. “The project is good for the professionals, for the companies and for increasing the productivity levels of sugarcane, ethanol and sugar”, Kempenich observes.

Renewed futureSugarcane sector launches project intended to qualify 7 thousand workers a year

ALTERNATIVE: Training is for qualifying sugar-cane cutters in specialized and value added activities

SUGARCANE CHAIN EMPLOYSDIRECTLY AROUND 800 THOUSAND

PEOPLE IN BRAZIL

CADEIA PRODUTIVA DA CANA-DE-AÇÚCAR EMPREGA DIRETAMENTE

CERCA DE 800 MIL PESSOAS NO BRASIL

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Com o objetivo de contribuir com propostas para as negociações ligadas à Convenção Quadro das Nações Uni-das sobre Mudanças Climáticas, 14 entidades brasileiras do agronegócio, de florestas plantadas e de bioenergia forma-ram a Aliança Brasileira pelo Clima.

Entre elas estão as ligadas ao setor sucroalcooleiro, como Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcopar), Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul), Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana), Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado de Minas Gerais (Siamig), Sindicato da Indús-tria de Fabricação de Álcool do Estado de Goiás (Sifaeg) e União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Conforme explica o presidente da Orplana, Ismael Peri-na Júnior, a aliança tem como meta dar suporte ao governo brasileiro nas discussões ambientais. “O que tem aconte-cido é que o Brasil está aceitando tudo nessas discussões porque muitas vezes viaja despreparado, sem informações técnicas”. Por esse motivo, um grupo deve acompanhar re-presentantes governamentais em viagens para mostrar, por

meio de estudos e dados, a realidade do País. Atualmente, o foco do grupo é a agenda que o governo fede-

ral está defendendo nas negociações globais e que culminarão na 15ª Conferência das Partes da Convenção (COP 15), agen-dada para dezembro de 2009 em Copenhague, na Dinamarca. A contribuição dos setores que formam a aliança é traduzida no potencial de fontes de energia renovável que representam – aproximadamente 28% de toda a matriz energética nacional.

Os posicionamentos do grupo são apresentados por duas vias — uma de recomendações ligadas ao regime internacional, que deverá ser definida pelas negociações no âmbito da Con-venção do Clima, e outra de recomendações para ações no plano interno brasileiro. Conforme o diretor de Comunicação Corporativa da Unica, Adhemar Altiere, os trabalhos junto ao governo federal iniciaram-se em outubro, com um encontro de apresentação de nove estudos do setor canavieiro.

Forças aliadasCatorze entidades brasileiras, entre elas algumas do setor sucroalcooleiro, unem-se em prol do combate às mudanças climáticas

With the objective towards the bids for negotiations linked to the United Nations Framework Convention on Climate Change, fourteen Brazilian entities of the sectors of agribusiness, planted forests and bioenergy set up the Brazilian Climate Alliance.

Among them there are entities of the sugar and alcohol sector, like the Asso-ciation of Sugar and Alcohol Producers of the State of Paraná (Alcopar), the As-sociation of Energy Producers of Mato Grosso do Sul (Biosul), Organizaation of the Sugarcane Producers in Brazil’s Center-South Region (Orplana), Alco-hol Manufacturing Industry Union of the State of Minas Gerais (Siamig), Alcohol Manufacturing Industry Union of the State of Goiás (Sifaeg) and the Sugarcane Industry Union (Unica).

According to the president of the

Orplana, Ismael Perina Júnior, the target of the alliance is to lend support to the Brazilian government in environmental debates. “Brazil has been accepting ev-erything in these debates because the Country’s delegates often travel totally unprepared, lacking technical informa-tion”. For this reason, a group of people are to go with those representatives on their travels in order to depict the Brazil-ian reality through studies and data.

Nowadays the group is focused on the agenda the Brazilian government is pro-posing for the global negotiations, which will reach their peak at the 15th Confer-ence of the Parties (COP 15), scheduled for Copenhagen, Denmark, in December 2009. The contribution of the sec-tors that make up the alliance is translated into the potential

of renewable sources that represent ap-proximately 28% of the entire national energy matrix. The group’s stances are presented in two different ways – one that includes recommendations linked with the international standards, which is to be defined by the negotiations in the scope of the Climate Convention, and the other comprises recommendations for internal actions in Brazil. According to the director of Unica’s Corporate Com-munication, Adhemar Altiere, all works with the Brazilian government started in October at a meeting where nine studies of the sugarcane sector were presented.

Joining effortsFourteen Brazilian entities, including some of the sugar and alcohol sector, join efforts to fight climate changes

SETORES QUE FORMAM A ALIANÇA BRASILEIRA PELO CLIMA REPRESENTAM 28% DA MATRIZ ENERGÉTICA NACIONAL

DE FONTES RENOVÁVEIS

SECTORS COMPRISED BY THE BRAZILIAN CLIMATE ALLIANCE

REPRESENT 28 PERCENT OFTHE NATIONAL RENEWABLERESOURCES ENERGY MATRIX

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O estudo brasileiro Mapeamento e Quantificação do Setor Sucroenergéti-co revela dados importantes sobre o mercado de carbono. Publicado em setembro de 2009, o trabalho afirma que o Brasil, em 2008, ocupava o ter-ceiro lugar na lista de países vende-dores de créditos de carbono, com a parcela de 3% desse comércio mun-dial. Ficava atrás apenas da China e da Índia que, respectivamente, ocupavam o primeiro e o segundo lugares com 84% e 4% das vendas globais. O mon-tante total negociado em 2008 é es-timado em 389 milhões de tCO2e, o equivalente a US$ 6,519 milhões.

O levantamento é de autoria de

Marcos Fava Neves, coordenador do Centro de Pesquisa e Projetos em Ma-rketing e Estratégia (Markestrat), de Vinícius Gustavo Trombin e de Matheus Alberto Consoli, ambos pesquisadores do centro. Além do Markestrat, o traba-lho também contou com apoio da Fun-dação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Eco-nomia (Fundace) e da União da Indús-tria de Cana-de-açúcar (Unica).

Conforme o estudo, a atuação do Brasil no mer-cado de Cré-ditos de Car-bono ocorre por meio do

Mecanismo de Desenvolvimento Lim-po (MDL), por ser o único mecanismo do Protocolo de Quioto que permite a participação voluntária de países em desenvolvimento. Conforme os dados, dos 68 projetos brasileiros registrados pela United Nations Framework Conven-tion on Climate Change (UNFCCC), 24 são do setor sucroenergético, os quais geram uma redução anual estimada em 473,94 mil tCO2e, avaliadas em US$ 3,48 milhões em 2008.

Créditos ao carbonoLevantamento sobre o setor sucroenergético aponta o Brasil como o terceiro país na lista dos que comercializam créditos de carbono

The Brazilian study Mapping and Quantification of the Sugar and Energy Sector reveals important facts about the carbon market. Published in September 2009, the paper maintains that in 2008 Brazil ranked third on the list of carbon traders, with a 3 percent share of global trading, coming only after China and India, which, occupied the first and second posi-tions, with 84 and 4 percent of all global sales, respectively. Total amounts negotiated in 2008 are estimated at 389 million tCO2e, equivalent to US$ 6.519 million.

The survey was conducted by Marcos Fava Neves, coordinator of the Research and Projects Center on Marketing and Strategy (Marketstrat), and by Vinícius Gustavo Trobin and Matheus Alberto Consoli, both researchers at the center. Besides the Marketstrat, the work also received support from the Foundation for Research and Administration, Accounting and Economic Development (Fun-

dace) and from the Sugarcane Union Industry (Unica).According to the study, Brazil’s involvement in the carbon

credits market is through the Clean Development Mechanism (CDM), once it is the only mechanism of the Kyoto Protocol which allows for the volunteer participation of developing countries. According to the data, of the 68 Brazilian projects registered by the United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC), 24 come from the sugar and energy sector, which generate an estimated annual reduction of 473.94 thousand tCO2e, worth US$ 3.48 million in 2008.

Carbon creditsAccording to a survey of the sugar and energy sector, Brazil ranks third on the list of the countries that trade credit carbons

CLEAN DEVELOPMENT MECHANISM (CDM), CREATED BY THE KYOTOPROTOCOL, ALLOWS BRAZIL TO

JOIN THE CARBON MARKET

MECANISMO DE DESENVOLVIMENTOLIMPO (MDL), ESTABELECIDO PELO

PROTOCOLO DE QUIOTO, PERMITE AO BRASIL PARTICIPAR DO MERCADO DE CARBONO

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açúcarsugar

A situação climática adversa durante os meses com maior volume de moagem da cana-de-açúcar – entre julho e outubro – não foi suficiente para prejudicar a produção de açúcar. Mesmo não sendo conclusivo, o re-latório da Companhia Nacional de Abastecimento (Co-nab), de setembro de 2009, aponta que há tendência de aumento na destinação do caldo de cana para fabricação do produto, em detrimento ao etanol.

No total processado de cana na safra 2009/10, 43,4% deverá ser transformado em açúcar, contra 40,6% do pe-ríodo anterior. A produção estimada do produto no País é de 36,7 milhões de toneladas, com crescimento de 16,1%. Na safra anterior, foram produzidas 31,6 milhões de tone-ladas. Levando em conta apenas o Centro-Sul, principal re-gião canavieira do Brasil, o incremento na produção deverá ser ainda mais expressivo, chegando a 18,9%. No Norte e no Nordeste está prevista diminuição de 0,2%.

Ainda em setembro, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) divulgou revisão da safra 2009/10 para a região Centro-Sul. Conforme os dados apresentados, a colheita deve fechar em 529,5 milhões de toneladas da planta. Para o açúcar, o volume esperado é de 29,3 mi-

lhões de toneladas, 9,7% superior ao período anterior, mas menor que a projeção inicial da entidade, que era de 31,2 milhões de toneladas.

O analista da consultoria Safras & Mercado Mi-guel Biegai Júnior entende que o açúcar foi o produto que “salvou” as finanças de muitas empresas na safra 2009/10. “Enquanto o etanol remunerou abaixo dos cus-tos em boa parte do ano, os preços médios do açúcar foram mais firmes”, explica. Ele acredita que a produção só não foi maior porque muitas usinas são planejadas exclusivamente para etanol. “Já as chamadas flexíveis têm limitações para processar açúcar, sendo necessário produzir etanol também, inclusive por questões de fluxo de caixa de giro rápido”, enfatiza.

Quanto ao consumo interno de açúcar, o analista des-taca que tem aumentado em ritmo estável, pois historica-mente não é um produto que varia muito em vendas. “O consumo cresce moderadamente à medida que aumenta a população economicamente ativa”, enfatiza. Segundo ele, a oscilação no mercado interno ocorre quando o preço ao consumidor está muito alto ou o poder de compra das pessoas apresenta queda acentuada.

Doce como açúcarProduto ganhou espaço na safra 2009/10, aumentando de 40,6% para 43,4% a sua participação no destino da cana

PASSADO DESFAVORÁVEL Se na safra 2009/10 o açúcar teve des-taque no setor sucroalcooleiro, o mesmo não ocorreu no período an-terior, quando a produção foi direcio-

nada ao etanol. No ciclo 2008/09, o processamento de açúcar chegou a 31,6 milhões de toneladas. O analista Miguel Biegai Júnior explica que, além de o preço do produto estar em bai-

xa na temporada passada, a demanda por biocombustíveis, em função dos carros flex, e o volume em alta das exportações de etanol contribuíram para o direcionamento da safra.

SACAS CHEIAS • FULL SACKSEstimativa de produção de açúcar

Região/UFCana-de-açúcar destinada ao açúcar (Em mil t) Açúcar (Em mil t)

Safra 2008 Safra 2009 Var. (%) Safra 2008 Safra 2009 Var. (%)

NORTE 494,3 478,9 (3,12) 53,3 51,5 (3,31)

AM 172,7 157,3 (8,91) 16,5 14,8 (10,52)

PA 321,6 321,6 (0,01) 36,8 36,8 (0,8)

NORDESTE 35.248,4 34.715,1 (1,51) 4.494,6 4.486,8 (0,17)

MA 186,0 174,1 (6,39) 24,8 22,3 (10,8)

PI 540,5 591,3 9,40 69,0 75,5 9,42

RN 1.919,3 1.996,0 3,99 243,0 252,8 4,01

PB 1.627,1 1.809,5 11,21 190,8 212,2 11,22

PE 12.045,5 11.211,4 (6,92) 1.521,9 1,431,8 (5,92)

AL 17.015,4 17.288,6 1,61 2.204,9 2.282,7 3,53

SE 942,5 992,9 5,35 118,4 127,9 8,05

BA 972,1 651,4 (32,99) 121,8 81,6 (32,97)

CENTRO-OESTE 19.798,1 25.062,6 25,59 2.615,7 3.344,1 27,85

MT 3.818,0 3.794,4 (0,62) 506,3 498,9 (1,46)

MS 7.679,4 8.367,9 8,97 1.006,1 1.115,2 10,84

GO 8.300,7 12.900,4 55,41 1.103,3 1.730,0 56,80

SUDESTE 167.208,4 194.424,2 16,28 22.079,3 25.547,8 15,71

MG 20.114,8 21.709,0 7,93 2.639,2 2.839,0 7,57

ES 848,4 734,0 (13,48) 109,7 94,9 (13,46)

RJ 2.222,7 2.222,7 (0,00) 263,7 263,7 (0,01)

SP 144.022,5 169.758,5 17,87 19.066,7 22.350,2 17,22

SUL 18.829,2 25.781,3 36,92 2.379,5 3.295,9 38,51

PR 18.829,2 25.781,3 36,92 2.379,5 3.295,9 38,51

NORTE/NORDESTE 35.742,7 35.194,0 (1,54) 4.547,9 4.538,3 (0,21)

CENTRO-SUL 205.835,7 245.268,1 19,16 27.074,5 32.187,8 18,89

BRASIL 241.578,4 280.462,1 16,10 31.622,4 36.726,2 16,14Fonte: Conab - 2º Levantamento de Cana-de-Açúcar - Setembro de 2009

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País deve bater em 2009 o recorde nas exportações de açúcar. Em boa parte da safra, cotações ultrapassaram os US$ 20 cents por libra peso

NOVO DESTINO A previsão para esta e para a próxima safra brasileira é de que o País conquistará um im-portante cliente. “A Índia entrará no grupo dos grandes compradores do açúcar brasileiro, em função da severa estiagem que assolou aquele país”, en-fatiza o analista Miguel Biegai Júnior. A situação vivenciada pela Índia mexeu em todo o mercado internacional. A nação responde pela segunda maior

produção mundial e é uma das gran-des consumidoras e exportadoras do produto. Com a queda nos resultados indianos, a oferta global diminuiu e as cotações dispararam. O país teve que importar açúcar, ganhando o Brasil mais essa fatia de comércio.

Esse cenário criou situação con-troversa, pois justamente a Índia vem a ser o principal concorrente brasilei-ro no mercado internacional de açú-

car. Biegai Júnior explica que o Brasil possui o menor custo de produção, enquanto o país asiático detém mais vantagem na logística. “A Índia pode demorar um pouco para se recupe-rar da estiagem enfrentada nesta sa-fra. No entanto, outros países terão produção interna incentivada com os fortes preços observados e a oferta deve aumentar em termos mundiais, a médio prazo”, conclui.

Brasil afora

O Brasil se prepara para fechar o ano de 2009 com recorde nas exportações de açúcar. Pelo menos é o que sugerem os números auferidos pela Secretaria de Comér-cio Exterior (Secex), órgão do Ministério do Desenvolvi-mento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). De janeiro a outubro foram embarcadas 19,5 milhões de toneladas do produto, 98,4% do total de todo o ano anterior. Em termos de receita, o faturamento com as transações internacionais ultrapassou em 15,8% o obtido em 2008, chegando a US$ 6,3 bilhões em 10 meses de 2009.

Para o analista da consultoria Safras & Mercado Mi-guel Biegai Júnior, o Brasil vive um momento histórico nas exportações do produto em 2009. Ele estima que, seguindo esse ritmo, as vendas externas devem chegar a 21 milhões de toneladas, atingindo receita entre US$ 6,5 bilhões a US$ 7 bilhões. Os principais clientes são,

tradicionalmente, Rússia, Nigéria, Arábia Saudita, Egito, Argélia, Canadá, Emirados Árabes e Irã.

De acordo o analista, as cotações para os mercados in-terno e externo, na temporada 2009/10, podem ser con-sideradas boas, principalmente no segundo semestre de 2009. Ele lembra que boa parte da safra foi negociada a preços menores, mas, principalmente no segundo semestre do ano, os valores ficaram acima de US$ 20 cents por libra peso. “Considerando um custo de US$ 12 a US$ 12,50 cents por libra peso, a rentabilidade é boa, até mesmo para as usinas menos eficientes”, enfatiza.

VENDAS EXTERNAS DE AÇÚCAR NACIONAL RENDERAM US$ 6,3 BILHÕES

EM 10 MESES DE 2009, FATURAMENTO 15,8% MAIOR QUE O OBTIDO EM 2008

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etanolethanol

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A produção brasileira de etanol na safra 2009/10 não deve repetir o desempenho do período anterior, quando o combustível dominou o esmagamento de cana-de-açú-car. Desta vez a vedete é o açúcar, cujas cotações dispa-raram no decorrer do ano. Também o excesso de chuvas nas regiões produtoras, em plena colheita, deve prejudi-car o resultado final do processamento.

O relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de setembro de 2009, estima que a produção de álcool total deverá ser de 27,8 bilhões de litros, 4,22% maior que na safra 2008/09. Esse levantamento, no entanto, ainda não traz o reflexo das chuvas no Centro-Sul no segundo se-mestre, que prejudicaram o ritmo de moagem da cana, bem como o teor de sacarose, fatores que devem influenciar na redução dos volumes processados de açúcar e de etanol. Em dezembro a estatal divulgaria uma nova estimativa.

Os dados apresentados pela Conab indicam ainda cres-cimento do álcool hidratado (combustível) em detrimento ao anidro, usado na mistura com a gasolina. Isso ocorre em função do aumento da frota de veículos bicombustíveis, cuja venda mensal ultrapassa 90% do total comercializado no País.

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) apresentou, em setembro, uma revisão da safra 2009/10 prevendo retração na colheita por questões climáticas.

Para o etanol, a entidade estima produção, no Centro-Sul, de 23,7 bilhões de litros, o que daria redução de 5,4% em relação a igual período anterior e de quase 10% sobre a expectativa inicial.

Segundo o analista da consultoria Safras & Mercado Mi-guel Biegai Júnior, ocorreu excesso de oferta de etanol, de março a agosto, em função dos baixos volumes exportados e do aquecimento do mercado de açúcar. Em consequên-cia, as cotações ficaram abaixo do valor do custo de pro-dução nesse período. A estabilização do mercado ocorreu de setembro em diante. “Os preços ficaram mais firmes, muito mais por causa das chuvas e da redução de oferta do que devido à demanda”, destaca o analista.

O mercado interno, enfatiza Biegai Júnior, é o grande foco do setor de etanol. “As exportações representam ele-mento muito importante para o longo prazo, mas a grande verdade é que as usinas podem confiar unicamente na de-manda doméstica em seus projetos”, observa. Conforme o analista, o consumo interno na região Centro-Sul saltou de 12,8 bilhões de litros na safra 2006/07 para quase 21 bilhões de litros no ciclo 2009/10. Enquanto isso, as vendas externas têm sido instáveis nos últimos quatro anos, osci-lando entre 3 e 4,2 bilhões de litros, e podendo fechar o ci-clo 2009/10 com apenas 2,8 bilhões de litros embarcados.

DescompensadaAltas cotações do açúcar e redução da safra canavieira, por causa das chuvas, prejudicaram o desempenho da produção de etanol

ALCOOLICA • ALCOHOL PRODUCTIONEstimativa de produção de álcool total

Região/UFCana-de-açúcar destinada ao álcool (Em mil t) Álcool total (Em mil litros)

Safra 2008 Safra 2009 Var. (%) Safra 2008 Safra 2009 Var. (%)

NORTE 926,1 1.076,3 16,22 65.874,5 75.128,5 14,05

RO 71,8 119,7 66,67 5.308,0 8.846,7 66,67

AM 141,3 157,5 11,46 8.648,0 8.323,5 (3,75)

PA 428,0 428,0 - 29.754,8 29.099,0 (2,20)

TO 285,0 371,1 30,21 22.163,5 28.859,3 30,21

NORDESTE 28.690,0 27.189,3 (5,23) 2.288.547,1 2.064.737,0 (9,78)

MA 2.199,0 2.093,1 (4,82) 176.990,8 161.523,9 (8,74)

PI 360,4 394,2 9,39 28.737,5 30.244,9 5,25

CE 111,5 119,5 7,19 7.803,7 8.242,4 5,62

RN 1.480,7 1.539,8 3,99 118.676,0 118.907,6 0,20

PB 4.489,9 4.460,3 (0,66) 323.424,1 294.071,0 (9,08)

PE 6.691,9 6.100,8 (8,83) 542.902,6 461.912,2 (14,92)

AL 10.275,0 8.866,6 (13,71) 851.741,1 712.903,9 (16,30)

SE 1.363,7 1.371,2 0,55 106.050,9 106.583,6 0,50

BA 1.717,9 2.243,7 30,60 132.220,3 170.347,6 28,84

CENTRO-OESTE 46.712,0 63.379,9 35,68 3.825.539,1 5.177.264,1 35,33

MT 12.291,9 11.762,6 (4,31) 1.002.867,8 942.794,6 (5,99)

MS 13.075,7 18.635,2 42,44 1.064.044,2 1.516.034,6 42,48

GO 21.344,5 32.992,0 54,57 1.758.627,1 2.718.435,0 54,58

SUDESTE 225.397,2 228.929,3 1,57 18.577.538,8 18.299.453,8 (1,50)

MG 24.005,2 29.612,5 23,36 1.970.646,1 2.378.361,4 20,69

ES 3.570,6 3 .609,4 1,09 281.517,1 282.743,1 0,44

RJ 1.333,6 1.333,6 - 101.767,7 97.064,4 (4,62)

SP 196.487,9 194.373,8 (1,08) 16.223.608,0 15.541.284,9 (4,21)

SUL 24.209,1 27.987,2 15,61 1.924.401,3 2.192.066,3 13,91

PR 24.089,1 27.873,9 15,71 1.915.397,6 2.183.565,3 14,00

RS 120,0 113,3 (5,58) 9.003,7 8.501,0 (5,58)

NORTE/NORDESTE 29.616,1 28.265,6 (4,56) 2.354.421,5 2.139.865,5 (9,11)

CENTRO-SUL 296.318,3 320.296,4 8,09 24.327.479,2 25.668.784,2 5,51

BRASIL 325.934,5 348.562,0 6,94 26.681.900,8 27.808.649,7 4,22Fonte: Conab - 2º Levantamento de Cana-de-Açúcar - Setembro de 2009

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Brazilian ethanol production vol-umes in the 2009/10 crop year are not expected to repeat the performance of the previous season, when this fuel was the destination of a major portion of the sugarcane crop. This time, the star is sugar, whose prices skyrocketed over the year. Excessive precipitation levels at harvest time in the leading produc-ing regions should also jeopardize the final processing results.

The report by the National Supply Company (Conab), of September 2009, estimates the total production of alcohol at 27.8 billion liters, up 4.22 percent from the 2008/09 crop. This survey, neverthe-less, was conducted prior to the exces-sive rainfalls in the Center-South in the second half of the year, which ill affected the sugarcane processing rhythm, as well as the sucrose levels, factors that should exert an influence on the reduction of processed volumes of sugar and ethanol. The state corporation is supposed to re-

lease a new estimate in December.The Conab survey points to a rise

in hydrated alcohol (fuel) to the detri-ment of anhydrous alcohol, which is mixed with gasoline. This derives from the soaring fleet of vehicles powered by biofuel, accounting for more than 90% of all cars sold in the Country.

In September, the Sugarcane Indus-try Union (Unica) came up with a revi-sion of the 2009/10 crop figures, es-timating a reduction in harvested vol-umes due to climatic factors. Accord-ing to the entity, ethanol volumes in the Center-South region are estimated to reach 23.7 billion liters, represent-ing a reduction of 5.4% compared to the previous year and a drop of almost 10% from the initial forecast.

According to Miguel Biegai Júnior, analyst with Safras & Mercado, what happened was a surplus of ethanol from March to August, by virtue of the low volumes exported and a soaring sugar

market in the domestic scene. As a re-sult, prices remained below production costs during this period. Market stabili-zation occurred as of September. “Prices got steadily back on track, much more because of high precipitation levels and retraction in offer than because of de-mand”, the analyst explains.

The domestic market, Biegai Júnior emphasizes, is the major focus of the ethanol sector. “Exports represent a very important element for the long run, but the truth is that the mills can rely only on demand at home for their projects”, he observes. According to the analyst, do-mestic consumption in the Center-South jumped from 12.8 billion litters in the 2006/07 crop year to almost 21 billion in 2009/10. Meanwhile, foreign sales have been unstable over the past four years, ranging from 3 to 4.2 billion liters, and chances are for shipments of only2.8 billion liters in the2009/10 season.

DiscompensatedHigh sugar prices and rain-induced lower sugarcane crop jeopardized the performance of ethanol

REBATIZADO

Durante mais de 30 anos, motoristas brasileiros se acostumaram a abaste-cer seus carros com álcool. Em 2009, o combustível ganhou nova nomenclatura: etanol. A mudança foi sacramentada por meio da portaria número 9, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bio-combustíveis (ANP), publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 2 de abril

de 2009. O texto autorizava a utilização do termo “etanol combustível” por re-vendedores varejistas. No entanto, em 11 de dezembro de 2009, foi publicada no DOU a resolução 39, também da ANP, obrigando a substituição do nome álcool em todas as bombas, painéis e peças visu-ais em postos de combustíveis. Estes têm nove meses para se adequar.

A principal justificativa para a alte-ração é o fato de etanol ser o nome

mundialmente usado para designar o biocombustível. “É a consolidação da agenda internacional para transformar o álcool em uma commodity”, enfatiza o diretor da ANP, Allan Kardec Duaili-be. A legislação não sepulta a denomi-nação “álcool etílico combustível”. No caso de atos normativos da ANP, fica obrigatória a adoção das duas for-mas, deixando claro que ambas se referem ao mesmo produto.

REBAPTIZED

For more than 30 years, Brazilian drivers have refueled their cars with alcohol. In 2009, the fuel gained a new name: ethanol. The change came into force through government act 9, of the National Agency of Petroleum, Biogas and Biofuels (ANP), pub-lished in the Government Gazette on 2nd April, 2009. The text allowed for the use of the term “fuel ethanol” by retail sellers. However, on 11th December 2009, the Government Gazette published resolution 39, also of ANP, making it mandatory to

replace the word alcohol in all pumps, banners and visual ads in gas stations. They are allowed nine months to comply.

The main justification for the change lies in the fact that the word ethanol is worldwide used to designate this fuel. “It is the consolidation of the international agenda to transform alcohol into a commodity”, says ANP director Allan Kardec Duailibe. The new legislation does not super-sede the denomination “ethyl alcohol”. In the case of ANP normative acts, the use of both phrases is mandatory, leav-ing it clear that both refer to the same product.

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PROMESSA: Uso do etanol para fabricação de eteno, empregado na indústria alcoolquímica, deve aumentar nos próximos anos

O Brasil produz o etanol mais barato do mundo e prati-camente não tem concorrentes no mercado externo. Mas isso não tem sido suficiente para que o País consiga se impor como principal fornecedor do combustível. O de-sempenho do setor nas vendas em 2009 demonstram bem essa realidade. De janeiro a outubro, o total embarcado chegou a 55% de todo o ano anterior, enquanto o fatura-mento atingiu apenas um quarto da receita de 2008.

Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Se-cex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co-mércio Exterior (MDIC), em 10 meses foram exportados 2,8

bilhões de litros de etanol, totalizando US$ 1,1 bilhão. Em 2008, as vendas externas chegaram a 5,1 bilhões de litros com fatura-mento de US$ 4,5 bilhões. O analista Wellington Silva Teixeira, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), lembra que metade do volume exportado em 2008 teve como destino os Estados Unidos. Porém, com a turbulência econômica mun-dial, deflagrada no segundo semestre do ano, os americanos reduziram drasticamente as importações.

O analista da consultoria Safras & Mercado Miguel Biegai Jú-nior acrescenta que, no segundo semestre de 2008, exatamen-te no período em que as vendas antecipadas para exportação deveriam ocorrer, os preços do petróleo desabaram no mer-cado internacional. “Assim os consumidores do combustível brasileiro ficaram receosos em se comprometer com compras de etanol para recebimento ao longo de 2009.”

As exportações brasileiras de etanol, na opinião do analista, “patinam” por conta de barreiras tarifárias, que dificultam um acesso mais contundente ao mercado, principalmente da Euro-pa, dos Estados Unidos e do Japão. Ele acredita que o Brasil não terá concorrentes, em termos de custo de produção, a curto e médio prazos. “Os Estados Unidos, maior produtor mundial de etanol, têm custos mais altos porque utilizam milho, cuja produtividade é menor”, explica.

Para Biegai Júnior, é difícil o Brasil perder essa condição competitiva, a não ser que outros países consigam baratear os gastos com a produção, com inovações em termos de etanol celulósico, obtido a partir de resíduos da cana-de-açúcar ou de outros produtos vegetais. “Até nisso o Brasil teria ganhos, uma vez que dispõe de grande quantidade de biomassa, de baixo custo, para produção de etanol celulósico”, acredita.

Outra possibilidade de uso do produto é na indústria alcool-química, que fabrica eteno a partir do etanol. O eteno, igualmente conhecido como etileno, é usado na fabricação de resinas de po-lietileno, matéria-prima de plásticos, geralmente obtida do petró-leo e utilizada em vários setores, como o automotivo. Segundo o analista da Safras & Mercado, existe tendência de aumento da demanda para essa finalidade, nos próximos anos, em função da elevação dos preços do petróleo e de seus derivados.

GangorraCom vendas concentradas para o mercado americano, exportações de etanol brasileiro despencaram em2009 devido à crise econômica mundial

BARREIRAS TARIFÁRIAS SÃO O PRINCIPAL EMPECILHO À ELEVAÇÃO

DOS EMBARQUES DO ETANOL BRASILEIRO A OUTROS PAÍSES

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O setor sucroalcooleiro aposta em crescimento con-tínuo da geração de energia elétrica a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar. Em 2008, das 434 usinas do País, 88 registraram venda da energia que lhes sobrou para o mercado interno. Atualmente, a bioeletricidade representa cerca de 3% da matriz energética brasileira, com produção de 1.800 MW médios. Porém, o objetivo da cadeia produtiva é alcançar, na safra 2015/16, parti-cipação de 11% ou o equivalente a 8.156 MW médios. Para isso, segundo o especialista em Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Zilmar José de Souza, são projetados investimentos de aproxi-madamente R$ 45 bilhões até 2015.

Na safra 2007/08, a bioeletricidade resultou em apenas 2% dos R$ 40 bilhões faturados pelo setor. A expectativa é alcançar até 16% do rendimento financeiro na temporada 2015/16. Para atingir esse patamar, será preciso superar al-guns entraves, como a realização de leilões regulares, pois o Ambiente de Contratação Regulado é o principal mercado.

“Em 2009, não ocorreu nenhum leilão dedicado à bioeletri-cidade e, no ano anterior, teve um de reserva. Isso prejudica a atração de novos investimentos”, analisa Souza.

Ele destaca que a oferta de biomassa para a cogeração de-verá aumentar expressivamente com a redução gradativa da prática da queima da cana. “Em São Paulo, os produtores as-sumiram o compromisso de reduzir o modelo da queima em 70% das áreas suscetíveis de colheita mecanizável até 2010 e eliminá-la totalmente até 2014”, relata Souza. Esse prazo vai até 2017 para que as áreas inadequadas também sejam colhi-das com máquinas. Estudo aponta que, se 70% da palha for aproveitada para a geração de excedente de bioeletricidade, o setor sucroenergético será capaz de agregar 6.757 MW médios ao sistema elétrico até o biênio 2015/16.

EletrizanteCom investimento de até R$ 45 bilhões, setor sucroenergético espera responder por 11%da matriz energética brasileira em 2015/16

FATURAMENTO COM BIOELETRICIDADE RESPONDEU POR 2% DO TOTAL OBTIDO

PELO SETOR SUCROALCOOLEIRONA SAFRA 2007/08

Exciting

The sugar and alcohol sector is betting on non-interrupted growth in electric energy generation from sugar cane bagasse and straw. In 2008, of the 434 mills across the Country, 88 recorded sales of en-ergy surpluses to the domestic market. Currently, bioelectricity ac-counts for 3 percent of the Brazilian energy complex, with a production of 1,800 median MW. However, the objective of the production chain is to achieve a share of 11 percent, equivalent to 8,156 median MW, by the 2015/20 crop year. To this end, according to Zilmar José de Souza, specialist in Bioelectricity with the Sugarcane Industry Union (Unica), investments of approximately R$ 45 billion are projected until 2015.

In the 2007/08 crop, bioelectric-

ity accounted for only 2 percent of the R$ 40 billion raked in by the sector. The expectation is for up to 16 percent of the revenue in the 2015/16 crop. To achieve this performance, some hurdles will have to be defeated, like regular auctions, once the Regulated Con-traction Environment is the main market. “So far this year, no auction dedicated to bioelectricity has been held and, last year, there was even a spare auction. This jeopardizes new investments”, Souza analyzes.

He stresses that biomass for co-generation should soar considerably in amount with the gradual reduc-tion in sugarcane field burning. “In

São Paulo, the producers assumed the commitment to reduce by 70 percent the field burning practice in areas suit-able for the introduction of mechanized harvesting methods, by 2010, while total elimination of this method has been set for 2014”, Souza explains. This deadline extends through to 2017 in areas not appropriate for mechanized harvesting methods. A study concluded that, if 70 percent of the straw is used for the generation of bioelectricity, the sugar and alcohol sector will add 6,757 median MW to the national electric energy complex, by 2015/16.

REVENUE FROM THE GENERATION OF BIOELECTRICITY ACCOUNTED FOR 2

PERCENT OF THE TOTAL OBTAINED BY THE SUGAR AND ALCOHOL SECTOR

IN THE 2007/08 CROP YEAR

With investments of up to R$ 45 billion, sugarand alcohol sector hopes to give an 11-percentcontribution to Brazil’s energy complex by 2015/16

energiaenergy

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FALTA POUCO

O decreto presidencial de 2001, que certificou a cachaça como be-bida tipicamente brasileira, só tem força dentro do País. Nos Estados Unidos, segundo maior consumidor internacional do destilado do Bra-sil, depois da Alemanha, o produto é rotulado desde 2000 como rum brasileiro. Otimista, o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva

da Cachaça, Vicente Bastos Ribeiro, acredita que o reconhecimento po-derá ocorrer no segundo semestre de 2010. Ele ainda prevê que Estados Unidos se destaque como o maior importador até fim do mesmo ano.

Na Europa, o processo é diferen-te, pois algumas empresas utilizam o nome cachaça para rotularem produ-tos que nada têm a ver com a bebida brasileira. O Ibrac prevê apresentar um pleito formal à Comunidade Eu-

ropeia para reconhecer a cachaça como exclusiva do Brasil.

O padrão de identidade e qualida-de das bebidas nacionais foi atualizado por meio da publicação do Decreto nº 6.871, em junho de 2009. O regu-lamento detalha e disciplina questões referentes a produção, registro, fisca-lização, importação e exportação de bebidas. Estipula, por exemplo, como devem ser feitas e quais matérias-primas utilizar na fabricação.

A cachaça é daqui!Produtores têm como meta obter reconhecimento da cachaça como bebida típica brasileira nos Estados Unidos e na Comunidade Europeia

O Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) não poupa esforço, com o apoio do governo brasileiro, para conse-guir o reconhecimento do produto nacional no mercado externo como típico e exclusivo do Brasil. Os principais alvos são Estados Unidos e Comunidade Europeia. Uma boa justifica para tanto empenho é que hoje se exporta menos de 1% da produção anual.

A capacidade instalada para a obtenção da bebida perma-nece em 1,2 bilhão de litros e está localizada, principalmente, em Minas Gerais, Ceará, Paraíba, São Paulo e Pernambuco. Entre os principais consumidores pode-se incluir ainda Rio de Janeiro e Bahia. O setor envolve cerca de 40 mil produtores e gera mais de 600 mil empregos, entre diretos e indiretos.

Atualmente, em torno de 180 empresas exportam cacha-ça para mais de 55 mercados. Em 2008, foram embarcados 11,09 milhões de litros, gerando receita de US$ 16,41 mi-lhões, resultado 18% maior em valor e 20% superior em vo-lume em relação à 2007. Dentre os países de destino figuram Alemanha, Estados Unidos e França. O diretor executivo do Ibrac, Carlos Lima, avalia que o mercado deve encerrar 2009 estável, com leve tendência de crescimento.

Brazil’ Cachaça Insitute (Ibrac), is sparing not effort, with the support from the Brazilian government, to have the national beverage recognized in the international market as typical and exclusive to Brazil. The major tar-gets are the United States and the European Union. What justifies such an effort is the fact that nowadays less than 1% of the annual production is exported.

The installed production capacity remains at 1.2 bil-lion liters and is mostly located in the states of Minas Gerais, Ceará, Paraíba, São Paulo and Pernambuco. Ma-jor consumers are Rio de Janeiro and Bahia. The sec-tor involves 40 thousand producers and generates 600 thousand jobs, both direct and indirect.

Currently, approximately 180 companies export cacha-ça to more than 55 markets. In 2008, shipments reached 11.09 million liters, generating US$ 16.41 million in reve-nue, up 18 percent from the shipments in 2007. Main des-tinations include Germany, the United States and France. Ibrac’s chief executive officer Carlos Lima maintains that the market should come to year’s end in a stable situa-tion, maybe on a slightly soaring trend.

Cachaça madein Brazil

Producers’ target is to have cachaça recognized as typical Brazilian beverage in the United States and European Union

ANNUAL CACHAÇA PRODUCTION IN BRAZIL REACHES 1.2 BILLION LITTERS, INVOLVING 40 THOUSAND PRODUCERS AND GENERATING 600 THOUSAND JOBS

ALMOST THERE

Government Act in 2001 that certi-fied cachaça as a typical Brazilian bev-erage is only valid within the borders of the Country. In the United States, second biggest consumer of the Brazil-ian distilled beverage, coming only after Germany, since the year 2000, the prod-uct has been selling as Brazilian rum. Very optimistic, Vicente Bastos Ribeiro, Sector

Council president of the Cachaça Pro-duction Chain, believes that the much sought after recognition could take place in the second half of 2010. He also views the United States as the leading importer by the end of the same year.

In Europe, the process is different, as some companies use the name cachaça on labels of products that differ greatly from the Brazilian beverage. Ibrac is considering a formal request to the Eu-

ropean Union to acknowledge cachaça is an exclusive Brazilian beverage.

The identity and quality standard of all national beverages was updated by Gov-ernment Act n° 6.871, in July 2009. The Regulatory Act details and disciplines matters related to production, regis-ter, inspection and beverage imports and exports. For example, it stipulates how the beverages should be made and which raw materials to utilize.

PRODUÇÃO ANUAL DE CACHAÇA É DE 1,2 BILHÃO DE LITROS NO BRASIL, ENVOLVENDO 40 MIL PRODUTORES E

GERANDO 600 MIL EMPREGOS

cachaçacachaça

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vila pesquisa e

tecnologia• Novas variedades de cana-de-açúcar

• Pragas, doenças e invasoras que afetama lavoura

• Etanol desegunda geração

research and technology• New sugarcane varieties

• Pests, diseases and weeds that infest the fields

• Second-generation ethanol

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O melhoramento genético tem colaborado decisiva-mente para o aumento do rendimento das lavouras de cana-de-açúcar. Com o avanço da cultura para além das fronteiras do Centro-Sul, a pesquisa de novas variedades está sendo direcionada para suprir as necessidades dos produtores de regiões cujo plantio canavieiro é mais re-cente. Tradicionais instituições trabalham nessa linha.

O Instituto Agronômico de Campinas (IAC), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, promete lançar no segundo semestre de 2010 cultivares específicas para o Cerrado. Conforme o coorde-nador do Centro de Cana da instituição, pesquisador Mar-cos Landell, o órgão possui seis materiais adaptados para esse bioma, mas não específicos. Já no primeiro semestre, o instituto vai disponibilizar três novas cultivares, para uso em todas as regiões produtoras do País.

Em dois anos o IAC deve disponibilizar variedade vol-tada a Goiás. Para a Bahia há um estudo pioneiro em an-damento, em parceria com a Fundação de Apoio à Pesqui-sa e Desenvolvimento do Oeste da Bahia (Fundação BA). Desde 2007 o instituto promove pesquisas focadas nas lavouras de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão e Pará. O órgão também realiza trabalhos no exterior — no México, cujo histórico é de baixa produti-vidade na cultura, e em Angola, que está em processo de reconstrução depois da guerra civil.

As quatro variedades mais recentes de cana-de-açúcar foram lançadas pelo IAC em 2007. As cultivares IAC91-1099, IACSP93-2060, IACSP95-3028 e IACSP95-5000 têm como principais características o alto potencial agroindustrial, a adaptabilidade à colheita mecanizada e a obtenção do nível de sacarose ideal para o corte em diferentes períodos.

Adaptadas à realidadeEntre as variedades de cana-de-açúcar a serem lançadas em 2010 estão as direcionadas à expansão da fronteira agrícola da lavoura

IN DETAILS

The sugar and alcohol sector was lucky enough to be granted an updat-ed publication on the activity in Bra-zil. The book Sugarcane, launched in late 2008, was published by the Agro-nomic Institute (IAC), linked with the Agriculture and Supply Department of São Paulo. The 882 page publica-tion is split into 41 chapters, which address 10 thematic areas: history;

plants; genetic enhancement and va-rietal management; production envi-ronments; nutrition and fertilization; phytosanity; production technology; sugarcane for various purposes; sta-tistics and experimentation; econom-ic and environmental features.

The previous publication that ad-dresses all facets of the crop dates back to 1987. Information updating took into consideration all transfor-mations of the sector over the past

21 years. During this period, genetic enhancement programs were inten-sified. In the mid 1980s, for example, the producers planted just one variety. Outbreaks of the sugarcane yellow leaf virus, which almost put an end to the entire crop, encouraged research work into new varieties. Over the past 12 years, approximately 60 new varieties of sugarcane were launched into the market, of which, 25 percent were developed at the IAC.

EM DETALHES

O setor sucroalcooleiro foi brindado com a mais atualizada publicação sobre a atividade no Brasil. O livro Cana-de-Açúcar, lançado no fim de 2008, foi editado pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. A obra, com 882 páginas, é dividida em 41 capítulos, que abordam 10 áreas temáticas:

história; plantas; melhoramento genético e manejo varietal; ambientes de produção; nutrição e adubação; fitossanidade; tec-nologia de produção; cana-de-açúcar para fins diversos; estatística e experimentação; e aspectos econômicos e ambientais.

A publicação anterior a abordar a cultura de forma completa é de 1987. A atualização das informações levou em conta as transformações ocorridas no setor em 21 anos. Nesse período, houve

intensificação nos programas de melho-ramento genético. Em meados da déca-da de 1980, por exemplo, os produto-res utilizavam apenas uma variedade. A ocorrência do amarelinho da cana-de-açúcar, que quase acabou com a cultu-ra, estimulou as pesquisas em busca de novas cultivares. Nos últimos 12 anos foram colocadas no mercado em torno de 60 variedades de cana, das quais 25% foram desenvolvidas no IAC.

Genetic enhancement works have decisively contribut-ed towards improving the performance of the sugarcane fields. With the crop expanding beyond the Center-South frontiers, research on new varieties is being directed to-wards the needs of the producers of regions where sug-arcane was introduced more recently. Traditional institu-tions have been working within this context.

The Agronomic Institute (IAC), linked with the Depart-ment of Agriculture and Supply of the State of São Paulo, is determined to launch specific varieties for the Cerrado, in the second half of 2010. According to the institution’s Sugarcane Center coordinator, researcher Marcos Landell, the organ boasts six varieties adapted to this biome, although not spe-cific. In the first half of the year, the institute is going to deliver three new materials, appropriate for all regions.

In two years time, the organ is supposed to deliver material specific for Goiás. For Bahia, there is a pioneer study underway, jointly with the Western Bahia Devel-opment and Research Support Foundation (Bahia Foun-dation). Since 2007, the institute has been conducting research focused on the fields of Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão and Pará. The organ also carries out work abroad – in Mexico, with a history of low sugarcane productivity, and in Angola, now under-going a recovery process after the civil war.

The four most recent sugarcane varieties were launched by IAC in 2007. The main characteristics of the cultivars IAC91-1099, IACSP93-2060, IACSP95-3028 and IACSP95-5000 in-clude high agroindustrial potential, ideal sucrose levels in dif-ferent periods and mechanized harvesting.

Adaptedto reality

The sugarcane varieties to be launchedin 2010 include the ones directed towards

expanding the agricultural frontier of the crop

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LAVOURA VIRTUAL Os sete eventos realizados pelo CTC ser-viram também para a divulgação de outra novidade. O CTCLog é um pro-grama de computador que simula os melhores cenários de corte, carrega-mento e transporte, em um ambiente virtual, conforme o modelo produtivo

de cada unidade. “Com a utilização do CTCLog podemos dimensionar frotas, turnos de trabalho, escolha do tipo de transporte e o impacto do corte mecanizado na logística”, enfatiza o diretor de mercados e oportunidades, Osmar Figueiredo Filho.

O CTC é mantido por cerca de 180

unidades produtivas de açúcar, etanol e energia, atendendo em torno de 12 mil fornecedores, o que representa apro-ximadamente 60% da cana-de-açúcar moída no País. O centro possui 300 fun-cionários e conta com unidades regio-nais em pontos estratégicos das regiões Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul.

Mais e melhor

Novas variedades do Centro de Tecnologia Canavieira prometem maior produtividade e melhor teor de sacarose

O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) é mais uma im-portante instituição de pesquisa a apresentar novidades aos produtores. Localizado em Piracicaba (SP), na região de prin-cipal plantio de cana-de-açúcar no Brasil, o órgão lançou co-mercialmente, em novembro de 2009, a sua quinta geração de variedades: CTC19 e CTC20. Para divulgação dos materiais foram realizados eventos em sete municípios, abrangendo os estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Segundo o diretor superintendente do centro, Nilson Zaramella Boeta, as novas cultivares se destacam em teor de sacarose e na produtividade, além de apresentarem resistência às principais doenças. Outra característica é a boa adaptação ao método de colheita mecanizada. As

variedades foram desenvolvidas considerando-se combi-nações de clima e solo, encontradas nos diferentes am-bientes de produção cultivados no Brasil.

Além de disponibilizar novos materiais para plantio, o CTC também criou uma ferramenta de internet com recomendações sobre as variedades de cana-de-açúcar. O diretor de pesquisa e desenvolvimento do centro, Ta-deu Andrade, informa que a área de Tecnologia da In-formação da instituição fornecerá uma senha para que cada unidade produtora associada possa ter acesso às informações. Os produtores poderão saber as cultivares mais recomendadas, o melhor ambiente para plantio e a época mais propícia para a colheita.

The Sugarcane Technology Center (CTC) is one more rel-evant research institution that presents novelties to the grow-ers. Based in Piracicaba (SP), the leading sugarcane producing region in Brazil, in November 2008, the organ launched com-mercially its fifth generation of varieties: CTC19 and CTC20. To make these varieties known to the public, events were staged in seven municipalities, comprising the states of São Paulo, Paraná, Goiás and Mato Grosso do Sul.

According to Nilson Zaramella Boeta, superintendent of the centre, the new varieties stand out for their su-crose levels and high productivity, besides being tolerant to most major diseases. Another facet is their adaptation to mechanized harvesting. The varieties were developed tak-ing into consideration a combination of climate and soil characteristics, present in the various environments where sugarcane is cultivated across Brazil.

Besides providing for new planting materials, the CTC also created a tool in the internet featuring recommen-dations on the sugarcane varieties. The research and de-velopment director of the center, Tadeu Andrade, informs that the Information and Technology department of the institution will furnish a password so that each associated producing unit has access to information. The growers will learn about the most recommended cultivars, best planting environments and recommended harvest time.

VIRTUAL FIELD The seven events held by the CTC also gave publicity to another novelty. The CTCLog is a computer program that simulates the best cutting scenarios, loading and transport systems, in a virtual environment, in accordance with the productive model of every

unit. “Through the CTCLog we can dimension fleets, work shifts, type of transport and the impact of mecha-nized sugarcane cutting on logistics”, stresses market and opportunities director Osmar Figueiredo Filho.

The CTC is maintained by about 180 sugar, ethanol and energy pro-

duction units, serving some 12 thou-sand suppliers, representing about 60% of all sugarcane processed in the Country. The center employs 300 people and relies on regional units, based in strategic locations through-out the Center-West, Northeast, Southeast and South.

More and betterNew varieties from theSugarcane TechnologyCenter ensure higheryields and sucrose levels

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FAZENDO BICO Outra figura que dá dor de cabeça é o bicudo-da-cana (Sphenophorus levis), primeiramente concen-trado na região de Piracicaba (SP) e que se espalhou pelo Estado. O besouro na fase larval causa danos nos colmos em desenvolvimento escavando galerias. Ele afeta o estande da cultura e a produtividade. Um modo de prevenção, segundo o agrônomo da Canaoeste Gustavo Nogueira, é utilizar mu-das isentas da praga e originárias de áreas não infestadas.

A broca-da-cana (Diatraea saccharalis), encontrada em todo o território nacional, tem aumentado nos últimos anos. A infestação reduz a produção de açúcar e de etanol. Conforme Nogueira, novos plantios ocorridos em Minas Gerais e Goiás, por exemplo, facilitaram o seu desenvolvi-mento. O controle pode ser realizado de maneira eficiente com a liberação de parasitoides, como a Cotesia flavipes.

Todo cuidadoé pouco

Controle de pragas, doenças e invasoras demanda atenção exclusiva do setor canavieiro

A incidência de pragas, doenças e invasoras é uma preocupação cons-tante na canavicultura. A maioria das doenças podem ser controladas com o plantio de variedades resistentes. Porém, ao não usar mudas de qualida-de, o produtor facilita a disseminação desses males e contribui para o exter-mínio de determinada variedade, que leva anos para ser desenvolvida.

Um dos incômodos atuais, apon-tado pelo agrônomo e gerente do

departamento técnico da Associação dos Produtores de Cana-de-Açúcar do Oeste do Estado de São Paulo (Canaoeste), Gustavo Nogueira, é a cigarrinha-das-raízes, cuja incidência aumentou com o corte mecanizado nas lavouras de São Paulo. As ninfas da praga (Mahanarva fimbriolata) produ-zem uma espuma na base dos colmos, nas raízes superficiais, onde se alimen-tam e se mantêm protegidas embaixo da palha da cana colhida sem queimar

até chegarem à fase adulta. “A grande quantidade de chuva ocorrida desde agosto favoreceu a proliferação da ci-garrinha”, avalia Nogueira.

Após levantamento para verificar o avanço da praga na plantação, o combate é feito com produto quí-mico ou controle biológico, a partir da aplicação do fungo Metarhuzium anisopliae, quando forem encontra-das populações acima de três ninfas nas áreas amostradas.

FÁCIL COMBATE

Entre as doenças mais significativas figuram a ferru-gem-laranja, ainda sem registro no Brasil; a ferrugem-marrom e o carvão. A ferrugem-marrom, causada pelo fungo Puccinia malanocephala, manifesta-se com facilidade em ambientes com alta umidade e temperatura amena, mas é controlada com o uso de variedades resistentes.

O gerente do departamento técnico da Associação dos Produtores de Cana-de-Açúcar do Oeste do Estado de São Paulo (Canaoeste), Gustavo Nogueira, conta que percebeu, ultimamente, o aumento da incidência do carvão, causado pelo fungo Ustilago scitaminea, em viveiros de cana-de-açúcar. A falta de cuidado com o uso de mudas saudáveis e contro-ladas poderá possibilitar o surgimento dessa doença, que gerou sérios problemas no passado. Outra constatação é que, com o corte à máquina, a lavoura tornou-se atrativa para ervas daninhas com folhas largas ou cipós. “Hoje, temos herbicidas para esse tipo de invasora”, destaca Nogueira.

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Os prejuízos que a broca-gigante (Telchin licus) da ca-na-de-açúcar provoca nos canaviais brasileiros são gran-des. Presente em 14 estados brasileiros, no Nordeste é considerada a praga mais prejudicial da cultura, confor-me o entomologista Elio Cesar Guzzo, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Tabuleiros Costeiros, de Aracaju (SE). Ela ocupa cerca de 320 mil hectares na região, com níveis de infestação em torno de 7%, gerando perda anual de cana equivalen-te a R$ 34,5 milhões. A disseminação tem crescido no Sudeste. No Estado de São Paulo, ela foi detectada em 2007, em uma propriedade de Limeira.

As lagartas da broca-gigante constroem uma galeria no colmo, consumindo os tecidos internos, e podem destruir totalmente o rizoma das plantas jovens. O ataque reduz o poder vegetativo e leva a gema apical à morte, sintoma conhecido como “coração morto”. O resultado, de acordo com Guzzo, é diminuição da produção e perdas na qualida-

de tecnológica da cana como matéria-prima. O controle tem sido feito pela catação manual de la-

gartas e adultos da broca, pois não há inseticida químico registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-cimento (Mapa) para uso contra a praga. Outra opção é a destruição mecânica das lagartas no interior dos colmos, introduzindo-se um espeto metálico para esmagá-las, logo após a colheita. “Como medidas auxiliares, preconiza-se renovação dos talhões mais infestados, preparação de solo bem feita e uso de material propagativo sadio e idôneo”, aconselha o pesquisador da Embrapa Elio Cesar Guzzo.

Ele destaca que ainda não existem alternativas para o con-trole biológico, mas são feitas ações como testes de pato-genicidade de fungos. O mais promissor é o fungo Beauveria bassiana, cuja aplicação é feita simultaneamente à colheita. A Embrapa Tabuleiros Costeiros, em parceria com outras insti-tuições, tenta encontrar inimigos naturais e realiza avaliações de resistência de genótipos de cana-de-açúcar T. licus.

Damages caused by the giant borer (Telchin licus) to Bra-zilian sugarcane fields are enormous. Present in 14 states throughout Brazil, it is in the Northeast that it causes serious damages to the crop, says entomologist Elio Cesar Guzzo, re-searcher with the Coastal Plains division of the Brazilian Ag-ricultural Research Corporation (Embrapa), based in Aracaju (SE). The pest has spread across 320 thousand hectares in the region, with a seven-percent degree of infestation, resulting into annual sugarcane losses of R$ 34.5 million. Dissemina-tion has been soaring in the Southeast, too. In the state of São Paulo it was detected in 2007, on a farm in Limeira.

The larvae of the giant borer bore into the stem, and con-sume the internal tissues, and usually destroy the rhizomes of new plants completely. Borer attacks reduce the vegetative power and kill the apical stems, a symptom known as “dead heart”. The result, according to Guzzo, is a reduction in field productivity and quality losses of sugarcane as raw material.

Control has been done manually, by catching the larvae and adult borers, once there is no chemical insecticide reg-istered with the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa), against this pest. Another option consists in mechanically destroying the larvae in the stems, crushing them with a sharp metal tool, immediately after harvest. “Auxiliary recommendations include the renewal of the infested rows, careful soil preparation and the use of healthy and certified seedlings”, says Embrapa researcher Elio Cesar Guzzo.

He insists there are no biological control alternatives, but fungal pathogenicity tests are underway. The most promising is the fungus Beauveria bassiana, whose application occurs side by side with harvest procedures. Embrapa Coastal Plains, jointly with other institutions, is trying to find natural enemies and is conducting T. licus sugarcane genotype resistance assessments.

Agigantando-seNordeste é região brasileira que mais sofre com efeitos da broca-gigante, onde sua disseminação chega a 320 mil hectares

DEFESA: Pesquisadores apostam na identificação de inimigos naturais e no desenvolvimento de

variedade resistente para combater o mal

Reaching giant proportions

Northeast is the Brazilian region most affected by the giant sugarcane borer, where its dissemination spreads through 320 thousand hectares

DEFENSE: Researchers bet on the identificationof natural enemies and in the development of

resistant varieties to fight the scourge

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Presença non grataPesquisadores brasileiros estudam medidas para enfrentar, caso se instale aqui, praga que causou prejuízos de até 87% na Austrália

Uma série de medidas são adotadas no Brasil para combater os danos que a possível entrada da ferrugem-laranja poderá provocar nos canaviais nacionais. A doença, provocada pelo fungo Puccinia kuehnii butler, devastou la-vouras de outros países produtores. “Por enquanto, ainda estamos livres do mal, mas sua chegada é uma questão de tempo”, relata o pesquisador Marcelo Aguiar, da Embrapa Tabuleiros Costeiros, de Aracaju (SE).

A grande preocupação, segundo ele, é que a praga tenha, no País, o mesmo impacto do primeiro surto ocorrido na Austrália, entre 2000 e 2002, onde ocasio-nou perdas de 67% a 87% na produção. Os prejuízos foram de aproximadamente 210 milhões de dólares australianos, o equivalente a cerca de R$ 331 milhões.

Em julho de 2007, surgiu no continente americano, ini-cialmente na Flórida, nos Estados Unidos. Dois meses depois, apareceu na Guatemala e em países vizinhos.

Sua disseminação foge ao controle, pois o esporo do fungo é transportado pelo vento. De acordo com o pes-quisador Éder Giglioli, das Faculdades Adamantinenses In-tegradas (FAI), a chegada ao País pode ocorrer da África para o Nordeste brasileiro ou da América Central para a Colômbia, de onde seguiria para São Paulo ou Paraná.

CAÇADA Desde janeiro de 2009, o pesquisador Éder Giglioli trabalha com o pesquisador Marcelo Camperi, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no projeto “Mapeamento de Riscos e Monitoramento da Ferrugem-Laranja (P. kuehnii) da Cana-de-açúcar”. O estudo é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien-tífico e Tecnológico (CNPq), com re-cursos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Conforme André Peralta, diretor substituto do Departamento de Sani-dade Vegetal do Mapa, o propósito é traçar, junto com os pesquisadores, um plano de contingência para estabelecer a linha de ação a ser adotada quando a praga for detectada no Brasil. Além de estimular a pesquisa de uma variedade resistente à ferrugem, o Mapa preci-sa viabilizar o registro do agrotóxico para o controle da praga. “Precisamos antever o problema antes de sua che-

gada, pois a legislação depende de três órgãos: Agricultura, Meio Ambiente e Saúde”, observa Peralta.

O uso de variedades resistentes é a maneira mais econômica para controlar o problema. Algumas cul-tivares brasileiras foram testadas na Austrália e a RB72454 apresentou suscetibilidade à ferrugem-laranja. Por esse motivo, o recomendado é plantar no máximo 15% da lavoura com uma única espécie.

HUNTING Since January 2009, researcher Éder Giglioli, has been working jointly with Londrina State University researcher Marcelo Cam-peri on the project “Mapping the Risks and Monitoring the Sugarcane Orange Rust (P. kuehnii)”. The study is sponsored by the National Council of Scientific and Technol ogical Develop-ment (CNPq), with financial resources from the Ministry of Agriculture, Live-stock and Food Supply (Mapa).

According to interim director of Mapa’s Vegetable Sanity Depart-ment, André Peralta, the purpose is to delineate, along with the team of researchers, a contingency plan to define the action line to be followed should the pest be detected in Bra-zil. Besides stimulating research work into rust resistant varieties, the Mapa has to speed up the register of the agrochemical to be applied for con-trolling the disease. “We must fore-

see the problem before it arrives, once legislation depends on three organs: Agriculture, the Environment and Health”, Peralta observes.

The use of more resistant varieties is the most economically viable solu-tion to the problem. Some Brazilian cultivars were tested in Australia and the BR72454 proved susceptible to orange rust. For this reason, farmers are advised not to plant more than 15% of the same variety.

Undesired presence Brazilian researchers are trying to come up withmeasures to fight the pest that caused 87% losses inAustralia, should outbreaks of the disease occur here

Brazil is bracing for possible outbreaks of the orange rust, which normally takes a heavy toll on sugarcane fields. The disease caused by the fungus Puccinia Kuehnii butler, devastated sugarcane fields in many countries. “For the time being, we are still free from the scourge, but its arrival is just a matter of time”, says Marcelo Aguiar, researcher with Embrapa Coastal Plains, in Aracaju (SE).

The great concern lies in the fear that the pest might cause the same impact of its first outbreak, in Australia, from 2000 to 2002, where production losses ranged from 67% to 87%, equivalent to approximately 210 million Aus-tralian dollars – R$ 331 million. In July 2007, the disease worked its way into the American continent, initially to

Florida, United States. Two months later, it was detected in Guatemala and neighboring countries.

Its dissemination runs out of control because the fungal spores are carried by wind. According to Éder Giglioli, re-searcher with Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI), the arrival in Brazil might occur from Africa to the North-east or from Central America to Colombia, from where it could reach São Paulo or Paraná.

EM 2007, FOCOS DA FERRUGEM-LARANJA FORAM VERIFICADOS

NOS ESTADOS UNIDOS, NAGUATEMALA E EM PAÍSES VIZINHOS

IN 2007, ORANGE RUST OUTBREAKS OCCURRED IN THE UNITEDSTATES, GUATEMALA ANDNEIGHBORING COUNTRIES

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As previsões de que o clima será cada vez mais quente e seco são preocupan-tes para a produção agrícola no Brasil e no mundo. A saída tem sido apostar na pesquisa para encontrar soluções que amenizem os impactos que as mudanças climáticas poderão acarretar ainda mais daqui para a frente. A Empresa Brasilei-ra de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Agroenergia, de Brasília (DF), atua, des-de agosto de 2008, no estudo que busca desenvolver uma variedade transgênica de cana-de-açúcar tolerante à seca. São necessários, conforme perspectiva téc-nica, mais seis anos para o setor sucroal-cooleiro contar com a nova variedade.

O primeiro passo foi isolar o gene de outra planta, uma espécie de erva daninha (Arabidopsis thaliana), cedida pelo Japan International Research Cen-ter for Agricultural Sciences (Jircas), e

inseri-la em uma variedade comercial de cana-de-açúcar, como relata o pes-quisador da Embrapa e coordenador do trabalho, Hugo Molinari. No mo-mento, as plantas geneticamente modi-ficadas são obtidas em laboratório.

A expectativa é que, no início de 2011, estejam disponíveis os primeiros eventos da nova variedade. A partir disso, serão verificadas a presença e a característica original do transgene in-serido. Depois as plantas serão levadas para testes em casa de vegetação e a campo. Nessas etapas serão analisadas as características agronômicas, fisioló-gicas e de biossegurança. “São medidas que garantem a equivalência da varie-dade modificada com a planta da qual se originou”, observa Molinari.

O pesquisador explica que é preci-so cerca de um ano para gerar o ma-

terial transgênico. No restante do pe-ríodo (seis anos) são realizados todos os testes necessários para que a nova espécie seja aprovada. O gene utiliza-do foi validado pelo Jircas, empresa de pesquisa vinculada ao governo ja-ponês. O uso da tecnologia foi viabili-zado por intermédio de um contrato de cooperação técnica firmado para a cana-de-açúcar. Existem, inclusive, vali-dações com esse material em outras culturas, como trigo, arroz e tabaco.

Além da Embrapa Agroenergia, atu-am no projeto pesquisadores da Em-brapa Recursos Genéticos e Biotec-nologia, de Brasília. Contam ainda com o apoio de bolsistas de universidades parceiras e com recursos financeiros do Conselho Nacional de Desen-volvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da própria Embrapa.

À prova de secaPesquisadores brasileiros e japoneses unem esforços para desenvolver variedade transgênica de cana-de-açúcar tolerante à seca

Predictions about rising temperatures and drought con-ditions are cause for concern to Brazilian and global agri-culture. They way out has consisted in betting on research work to come up with solutions to cushion the impacts likely to be brought about by the erratic climate conditions from now on. The Brazilian Agricultural Research Corporation (Embrapa), based in Brasília, has since 2008 been engaged in a study that seeks to develop a drought-tolerant transgenic sugarcane variety. From a technical point of view, more than six years are required for the variety to reach the market.

The first step consisted in isolating the gene of anoth-er plant, a kind of weed (Arabidopsis thaliana), which was donated by the Japan International Research Center for Agricultural Sciences (Jircas) and inserted into a commer-cial sugarcane variety, says Embrapa researcher and work coordinator Hugo Molinari. Currently, genetically modified plants are developed in laboratories.

The expectation is for the first events of the new variety to be available by early 2011. From then on, the presence of the original characteristics of the inserted transgene will be checked. After this, the plants will be tested in green-houses and in the field. It is where the agronomic, physi-ological and biosafety traits are analyzed. “These measures ensure the equivalence of the modified variety with the plant that gave origin to it”, Molinari observes.

The researcher explains that a year is needed to gen-erate the transgenic material. Over the remaining period (six years) all the tests required for the plant to get its approval are carried out. The gene used was validated by the Jircas, a research company under the umbrella of the Japanese government. The use of the technology was made possible through a technical cooperation contract specific for sugarcane. There are also validations with this material in other crops, like wheat, rice and tobacco.

Besides Embrapa Agronenergy, researchers of Embrapa Genetics and Biotechnology, based in Brasilia, also work on the project. They also count on the support of students on scholarship programs sponsored by partner universities and on financial grants from the National Council for Scientific and Technological Development (CNPq) and from Embrapa.

Unaffected by drought conditionsBrazilian and Japanese researchers are working jointly to come up with a transgenic sugarcane variety unaffected by drought conditions

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A tendência de aumento do consumo de etanol, em fun-ção da busca cada vez mais acentuada por energias limpas, faz com que o mundo se volte para a chamada segunda geração do combustível. E o Brasil, que foi o pioneiro na produção do álcool de cana-de-açúcar, também pesquisa alternativas. Por ser assunto estratégico para o País, o governo federal criou, há dois anos, um centro temático da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) voltada à agroenergia, situa-do em Brasília (DF), que tem vários estudos em andamento.

Segundo o pesquisador Hugo Molinari, da Embrapa Agro-energia, o etanol de segunda geração visa ao aumento da produção a partir da utilização dos açúcares da parede ce-

lular das plantas, composta por polissacarídeos. Estes têm na celulose o elemento mais abundante. “Esta apresenta-se como candidata natural para produção de etanol de segunda geração, sendo disponível tanto no bagaço e na palha da cana quanto na forma de resíduos, como os florestais”, observa.

Mas a produção do etanol de segunda geração requer adaptações nas usinas. Conforme o pesquisador da Embrapa, as matérias-primas lignocelulósicas necessitam de um pré-tratamento, geralmente realizado com soda ou ácido sulfú-rico. O procedimento causa um “inchamento” na biomassa e facilita o acesso à celulose. Passada essa fase, o processo segue a via de fermentação e de destilação normal.

Biomassa alcoolizada

PEDRAS DO CAMINHO Um dos principais entraves para a produção do etanol de segunda geração é justamente o custo com o tratamento da matéria-prima a ser utilizada. Por esse motivo, o pesquisador Hugo Molinari, da Embrapa Agroenergia, enfatiza que é difícil saber quando ele estará disponível aos consu-midores. “Algumas empresas americanas preveem sua chegada ao mercado em meados de 2020”, destaca. Ele lembra

que, do ponto de vista tecnológico, há vá-rias rotas de hidrólise testadas, mas com rendimentos e investimentos que não viabilizam economicamente a operação.

Para o pesquisador, uma vez amadu-recida, essa tecnologia permitirá ao setor sucroalcooleiro um ganho significativo na produção de etanol em termos financei-ros e ambientais. Outro ponto positivo, ressalta Molinari, é a descentralização do processo, pois existirá a possibilidade da

produção regional do combustível.O consultor de emissões e tecnolo-

gia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Alfred Szwarc, salienta que o Brasil apresenta grande vantagem competitiva em relação a outros países: baixo custo e disponibilidade de grandes quantidades de matéria-prima. “Com a gradual eliminação da queima da palha da cana, esse material poderá ser utilizado nos novos processos”, entende.

Produção de etanol à base de matérias-primas lignocelu-lósicas é foco de pesquisas no Brasil e no mundo

STONES ON THE WAY A major hurdle in the pro-duction of second generation ethanol is the high cost of the raw material to be treated. For this reason, Embrapa Agroenergy researcher Hugo Molinari insists that it is dif-ficult to know when consumers will have access to it. “Some American companies predict its arrival in the mar-ket by 2020”, he stresses. He recalls that, from a techno-logical point of view, several hydrolysis courses have been tested, but with performances and investments that make the operation economically unviable.

In the researcher’s view, once reaching maturity, this tech-

nology will allow the alcohol and sugar sector to make sig-nificant profits from the production of ethanol, in environ-mental and financial terms. Another positive point, Molinari points out, is the decentralization of the process, once it will provide for the chance to produce fuel for regional needs.

Alfred Szwarc, emissions and technology consultant with the Sugarcane Industry Union (Unica), stresses Brazil’s huge competitive edge compared to other countries: low cost and availability of huge amounts of raw material. “With the gradual elimination of sugarcane straw burning methods, this material will fit into the new processes”, he understands.

Alcoholic biomassProduction of ethanol from lignocellulosic raw materials isnow undergoing intense research work in Brazil and abroad

The trend for soaring ethanol con-sumption, in view of an ever-increasing search for clean energy, makes the world look into the so-called second genera-tion fuels. And Brazil, a pioneer in the production of alcohol from sugarcane, is also doing research into alternatives. As this is a strategic matter for the Country, two years ago, the federal government created a theme center at the Brazilian Agricultural Research Corporation (Em-brapa), in Brasília, focused on agroenergy,

with several studies underway.According to Embrapa Agroenergy

researcher Hugo Molinari, second gen-eration ethanol is intended to boost production volumes from sugars of plant cell wall, composed of polysaccha-rides, whose most abundant element is cellulose. “It comes as a natural candi-date for the production of second gen-eration ethanol, and is present both in sugarcane bagasse and straw, and also in forest residues”, he observes.

However, the production of second generation ethanol requires mill adap-tations. According to the Embrapa re-searcher, all lignocellulosic raw mate-rials require pre-treatment, normally done by means of caustic soda or sul-furic acid. The procedure results into a “swelling process” of the biomass and facilitates the access to cellu-lose. Once this phase has elapsed, the process follows the normal fer-mentation and distillation course.

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ETANOL PETROLÍFERO

Uma das gigantes do setor petrolífero está entrando no mercado dos biocombustíveis. A British Petroleum (BP), da Inglaterra, começa a construir em 2010, nos Estados Uni-dos, a sua primeira planta com escala industrial de etanol de segunda geração. A previsão é que a unidade entre em operação em 2012 e na safra 2013/14 a tecnologia esteja presente nas usinas mantidas pela companhia no Brasil.

Desde 2006, quando a BP criou uma divisão específica para biocombustíveis, o grupo investiu US$ 1,5 bilhão em produ-ção de etanol e em pesquisas para desenvolvimento do com-bustível de segunda geração. Nessa área, a companhia atua em duas frentes. O biobutanol é obtido a partir da fermentação de uma matéria-prima vegetal, sendo diferente do etanol por possuir dois carbonos a mais em sua molécula. O processo de lignocelulose é outra vertente pesquisada pela petrolífera, com o uso de fontes vegetais da família da cana-de-açúcar.

PETROLEUM-DERIVEDETHANOL

A giant of the petroleum segment is now entering the biofuels market. Brit-ish Petroleum (BP), from Britain, has scheduled for 2010 the construction of its first industrial complex for sec-ond generation ethanol, in the United

States. The complex is supposed to start operating by 2012, while in the 2013/14 crop the technology is ex-pected to have arrived in Brazil.

Since 2006, when BP created a di-vision specific for biofuels, the group invested US$ 1.5 billion in the pro-duction of ethanol and in research on second generation fuel. In this area, the

company acts on two fronts. Biobutha-nol is obtained from the fermentation of vegetable raw material, and it dif-fers from ethanol in that it has two additional carbons in its molecule. The lignocellulosic process is one more source being examined by the oil company, through the use of vegetable sources from the sugarcane family.

REFORÇO TECNOLÓGICO

A multinacional Syngenta amplia o leque de investimen-tos ao anunciar, em 2009, a destinação de US$ 100 milhões para pesquisa em cana-de-açúcar no Brasil. Parte do re-curso, cerca de US$ 26 milhões, viabilizará a construção da primeira fábrica voltada ao desenvolvimento de nova tecnologia em plantio de cana, chamada Plene. A unidade

fica em Itápolis (SP), próxima às usinas sucroalcooleiras. A estrutura deve entrar em operação no começo de

2011. O potencial de mercado identificado é de US$ 300 milhões por ano até 2015. Segundo o diretor de Novas Tecnologias para Cana-de-Açúcar da Syngenta, Marco Bo-chi, a inovação poderá aumentar a produtividade entre 5 e 15 toneladas por hectare, com redução de custos de plantio em torno de 15% em igual área.

TECHNOLOGICAL SUPPORT

In 2009, Syngenta, a multinational corporation, expands its investment portfolio and announces a US$ 100 million grant for research into sug-arcane in Brazil. Part of this amount, US$ 26 million, will be used in the

construction of the first Brazilian factory geared towards the devel-opment of a new sugarcane plant-ing technology, known as Plene. The plant is based in Itápolis (SP), close to the sugar and alcohol mills.

The structure is scheduled to start operating in 2011. There is a

market potential of US$ 300 million a year through 2015. According to the director of Syngenta’s New Sug-arcane Technologies division, Marco Bochi, the innovation could raise yields by 5 to 15 tons per hectare, with production cost reductions of 15% in the same area.

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A experiência bem-sucedida em obter etanol a partir da cana-de-açúcar faz do Brasil um exportador de conhecimento. No início de outubro de 2009, uma comissão formada por téc-nicos e empresários, liderada pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), foi ao México com a tarefa de avaliar formas de cooperação para intensificar a produção de álcool naquele país. O convite partiu do próprio presidente mexicano, Felipe Calderón, que visitou o Brasil em agosto.

Segundo o diretor executivo da Unica, Eduardo Leão de Sousa, o México quer desenvolver um programa mais estruturado de estímulo ao uso do etanol de cana como combustível e se tornar competitivo nessa área. O go-verno do país norte-americano confirmou que até 2011 pretende adotar a mistura de 2% de álcool à gasolina, começando pela província de Guadalajara.

Atualmente, o México produz pouco mais de 5 milhões de toneladas da gramínea. A intenção, destaca o diretor da Unica, é ampliar o plantio. “Eles possuem variedades pouco produtivas e

modelo fundiário com propriedades pequenas. Mas o país tem condições de fortalecer o cooperativismo e ganhar em produ-tividade”, argumenta. Além de produzir etanol, o México ainda tem interesse em gerar energia a partir do bagaço.

Para Sousa, o México possui plenas condições de obter o combustível a partir da cana. “Essa consulta ao Brasil é um pas-so importante de política pública para assegurar um promis-sor mercado”, acredita. Além do abastecimento interno, o país está de olho no fornecimento de álcool ao vizinho Estados Unidos. “De uma certa maneira, terão ganhos econômicos e também ambientais, pois o etanol de cana é considerado mais sustentável que o de milho”, enfatiza.

O interesse mexicano na tecnologia brasileira deve gerar bons frutos também aos empresários do setor sucroalcoo-leiro. De acordo com o diretor da Unica, devem surgir inves-timentos em usinas, em tecnologia industrial, com o repasse de experiências de modelos de contrato entre produtores e indústrias, e em práticas sustentáveis.

Conhecimentotipo exportaçãoCom mais de 30 anos tendo o etanol como combustível alternativo, o Brasil é vistocomo referência no setor pelo mundo afora

Brazil’s successful experience in the pro-duction of ethanol from sugarcane has turned the Country into an exporter of knowledge. In early October 2009, a delegation of tech-nicians and entrepreneurs, led by the Sugar-cane Industry Union (Unica), went to Mexico to come up with ways to cooperate in the production of alcohol in that country. The in-vitation came from the president of Mexico, Felipe Calderon, who visited Brazil in August.

According to the chief executive di-rector of Unica, Eduardo Leão de Souza, Mexico has decided to develop a well structured program to encourage the use of sugarcane-based ethanol as fuel, and wants to become competitive in this area. The government of this North-American country confirmed the 2-percent mixture of alcohol to gasoline, starting in the prov-ince of Guadalajara, by 2011.

Currently, Mexico’s sugarcane produc-tion reaches some 5 million tons a year. The intention, says Unica director, is to ex-pand plantings. “Mexico’s sugarcane variet-ies are little productive, and small holdings

prevail. But the country could strengthen cooperative links and improve productivity rates”, he argues. In addition to producing ethanol, Mexico has also shown interest in generating energy from sugarcane bagasse.

In Souza’s view, Mexico boasts every condition to produce fuel from sugarcane. “This consultation with Brazil marks an important step in public policies aimed at ensuring a promising market”, he believes. Besides meeting the domestic needs, the country keeps an eye towards the alcohol needs of the neighboring United States. “In a way, Mexico will reap economic and environmental gains, as sugarcane ethanol seems to be more sustainable than corn-based ethanol”, he stresses.

Mexico’s interest in the Brazilian technol-ogy is poised to generate hefty profits to the sugar and alcohol entrepreneurs. According to the Unica director, investments in mills and industrial technology are likely to take place, whilst model contracts between grow-ers and industries and sustainable practices are to be passed down to that country.

Export-type knowledge

For some thirty years now Brazil has used ethanol as alternative fuel, and has therefore become areference in the sector throughout the world

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investimentos• Mapa das usinas no Brasil

• Crédito para aquisiçãode maquinário

• Novidades em equipa-mentos para a lavoura

• Map of sugarcanemills in Brazil

• Credit line formachinery acquisition

• New field equipment

investments

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Mesmo com dificuldades para enfrentar na safra 2009/10, reflexo da crise financeira mundial e da redução na oferta de crédito em alguns setores, a Companhia Na-cional de Abastecimento (Conab) aponta a entrada de 25 novas usinas no sistema produtivo da região Centro-Sul em 2009. Para integrantes do setor, o futuro do segmento sucroalcooleiro é positivo. O presidente da Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil

(Orplana), Ismael Perina Júnior, acredita numa retomada na safra 2010/11. “A melhora neste setor é lenta, deve levar em torno de meio ano. Nos seis meses que se passaram da safra 2009/10, tivemos preço razoável do açúcar, mas muito ruim do álcool. Esperamos que melhore”, avalia.

A aposta do diretor do Departamento da Cana-de-Açú-car e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Alexandre Strapasson, é a consoli-

NO MAPA DO BRASIL

Levantamento do Ministério da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aponta que o Brasil tem 434 usinas ca-dastradas no Departamento da Cana-de-

Açúcar e Agroenergia. Desse montante, 251 unidades são mistas, 16 são exclusivas para açúcar e 167 destinam-se à produção de etanol. No ranking nacional, o Estado de São Paulo tem a maior concentração, seguido por Minas Gerais, Goiás e Paraná.

São justamente esses estados, acompa-nhados de Mato Grosso do Sul, que deve-rão receber novas plantas. Ao menos é o que indica o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar, que buscou, nessa de-limitação, ocupar áreas degradadas.

Horizonte favorávelExpectativa do setor sucroalcooleiro é de futuro promissor, com investimentos e manutenção das boas cotações do açúcar

dação da cana como importante fonte energética para o País, além de defender que a cadeia produtiva tem tudo para seguir como grande exportadora de açúcar e álcool. “Contamos com o zoneamento para guiar o crescimento da cultura de forma equilibrada. Além disso, a cana deverá continuar sendo matéria-prima extremamente competiti-va, mesmo na segunda geração de biocombustíveis”.

No entender do consultor da Safras & Mercado Miguel Biegai Júnior, os investimentos estão voltando moderada-mente. “As cotações do açúcar têm quadro de preços possi-velmente bem firmes para boa parte do ano de 2010, o que

tranquiliza parcialmente alguns investidores”, explica. Ele lembra, contudo, que muitos investimentos que

estavam programados para ocorrer ao longo de 2009, 2010 e até 2011 eram focados, em parte, na construção de usinas direcionadas à produção exclusiva de etanol, na confiança de um panorama favorável para a produ-ção de biocombustíveis a longo prazo. “Muitos ainda acreditam nessa tendência, mas é fato que as usinas com possibilidade de flexibilizar sua produção entre etanol e açúcar foram as que tiveram melhores retor-nos em 2009 e provavelmente o terão em 2010”.

AJUSTE DE CONTAS

Com o intuito de reduzir a inadimplência de usinas de açúcar e de álcool e resgatar a concorrência leal entre participantes da atividade, a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo publi-cou o Decreto nº 54.976, em 29 de outubro de 2009, que visa a aumentar o controle fiscal do setor em âmbito estadual. Os efei-tos da medida passaram a ser produzidos em 1º de dezembro do mesmo ano. A legislação institui a obrigatoriedade de usinas e distribuidoras de etanol de se credenciarem na secretaria.

Outra mudança refere-se à cana em caule, que passa a ter

alíquota de 18% de Imposto sobre Circulação de Mercado-rias e Serviços (ICMS) ao entrar na usina. O valor é reco-lhido pela usina, que poderá requerer regime especial para isentá-la do pagamento da taxa. Para o produtor de cana-de-açúcar não há encargos. Tanto usinas quanto distribuidoras devem requerer credenciamento para não recolher o ICMS relativo à saída do álcool hidratado. Conforme o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, como o nível de sonegação por parte das 180 usinas instaladas no Estado é baixo, 95% delas deve atender às alterações na legislação.

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PODIA SER MELHOR Para o presidente da Organização dos Plan-tadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana), Ismael Perina Júnior, o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) não atende a todas as expectativas. Ele defende a criação de linhas específicas para projetos que diminuam mais rapidamente o uso de queimadas nas lavouras, como facili-

dade para aquisição de equipamentos utilizados na colheita, a exemplo de colheitadeiras, transbordos e tratores para tracionar o transbordo.

“A linha deveria ter crédito condi-zente com o benefício ambiental que traz. Os juros não são o que poderiam ser, pois a Selic (Sistema Especial de Li-quidação e Custódia) baixou e as taxas não reduziram na mesma proporção”,

avalia Perina Júnior. O dirigente acredita, contudo, que a necessidade de ampliar a mecanização tenha levado os produto-res a adquirir colheitadeiras e tratores.

A expectativa da Orplana para a safra 2009/10 é de que mais de 50% da colheita de São Paulo seja feita por meio de máquinas, enquanto que em Minas Gerais a tecnologia deve ser em-pregada em menos da metade da área.

EmpurrãozinhoCadeia produtiva da cana-de-açúcar conta, na safra 2009/10, com facilidades para financiar a aquisição de máquinas e equipamentos

Taxas de juros baixas e prazo estendido para pagar as dívidas são vantagens que todos desejam ao fechar um negócio. Uma ajuda nesse sentido foi dada pelo governo federal com a liberação de R$ 43 bilhões para o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O recurso, oferecido desde julho de 2009, beneficia todos os setores que buscam financiamento para a aquisição de ma-quinário e veículos novos. Até 31 de dezembro do mesmo ano, tanto pequenos produtores quanto grandes empresas podem aproveitar juros de 4,5% a 7% ao ano para a compra de máqui-nas agrícolas, equipamentos, caminhões e ônibus, por exemplo.

A proposta é um incentivo para ampliar a mecanização dos canaviais e, já nos primeiros meses,

registrou contratos para a área su-croalcooleira. Conforme dados

do BNDES, de julho a 16 de setembro, as aprovações

do PSI para o segmento somavam R$ 42,9 milhões. Até o fim do período do crédito, o montante deve se multiplicar.

“Com o PSI, o setor está adiantando investimentos que só seriam feitos em 2010”, observa o chefe do Departa-mento de Credenciamento e Financiamento a Máquinas e Equipamentos do BNDES, Paulo Sodré. Ele diz que a soja é o carro-chefe dos financiamentos, mas que a cana-de-açú-car também está requerendo recursos. Do início de 2009 até 16 de setembro, o segmento sucroalcooleiro havia contratado, somando todos os programas do BNDES, R$ 479 milhões para compra de máquinas e equipamentos.

Quanto à ampliação das linhas de crédito para o setor canavieiro, Sodré não vê perspectivas. Ele acredita que a cadeia está bem atendida com as opções disponíveis. Quem utilizar os recursos do PSI, ofertados por meio das linhas Finame, Finame Leasing e Finame Agrícola, tem ca-rência de até 24 meses para iniciar o pagamento. Quanto à dívida, ela pode ser parcelada em até 120 meses.

COLHEITA MANUAL

No Nordeste do País, os terrenos com canaviais são aci-dentados e tornam necessária a colheita manual em quase 100% da área. Por essa razão, o presidente da União Nordesti-na dos Produtores de Cana (Unida), Alexandre Andrade Lima, destaca que a facilidade de financiamento dos equipamentos não surtiu impacto nas lavouras. Como um dos problemas da região é a inadimplência do setor, poucos produtores usu-fruem de linhas de crédito. Lima destaca que a canavicultura

passou por três anos de crise e a expectativa é de melhora devido ao bom momento atual dos preços do açúcar.

É também graças às cotações do produto que Paulo So-dré, chefe do Departamento de Credenciamento e Finan-ciamento a Máquinas e Equipamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), projeta uma retomada do setor. “Está tudo aliado. Um bom crédito com boa perspectiva futura leva a crer num novo cresci-mento.” A expectativa é de que haja maior recuperação das vendas de máquinas nos últimos meses de 2009.

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PROMISSOR A Massey Ferguson projeta para 2010 um ano ainda me-lhor, segundo o diretor de marketing da empresa, Fábio Piltcher. “Há uma perspectiva positiva do produtor ru-ral para 2010, com bons preços das commodities, alta produtividade e fato-res climáticos positivos. Mais recursos

para o Plano Safra 2009/10 e a pers-pectiva do fenômeno El Niño, com chuvas abundantes no verão, são bons indicadores”, observa Piltcher.

O avanço nas vendas é acompanhado pela evolução tecnológica das máquinas. Na opinião do especialista de produto da New Holland, Giancarlo Fasolin, o

setor está vivendo um momento de transição. “Onde sempre se buscou muita simplicidade nos equipamentos, hoje se nota a demanda por mais tec-nologia aplicada, visando não somente à produtividade e à redução do consumo, mas também à ergonomia e ao confor-to dos operadores”, destaca.

MotorizadoRitmo das vendas de máquinas foi mais lento no primeiro semestre de 2009, mas não abalou o otimismo do setor

Apesar das perspectivas negativas geradas pela crise global, cujos reflexos foram sentidos mais fortemente na safra 2009/10, o setor de máquinas e equipamentos agrícolas chega ao fim do ano com otimismo. Isso porque a demanda melhorou nos últi-mos meses com a valorização das cotações do açúcar e com o apoio financeiro do governo por meio da oferta de crédito.

De janeiro até novembro de 2009, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) contabili-zou a venda nacional de 46.525 tratores de rodas e esteiras, cultivadores motorizados e colheitadeiras para todos os seg-mentos da agricultura. Em igual período de 2008, foram comer-cializadas 46.956 unidades, volume 0,9% superior.

“O cenário atual é muito bom. Mesmo diante da crise

que tivemos no início do ano, 2009 deve ter um mercado maior que o de 2008. Em 2010, esperamos ainda mais cresci-mento”, avalia Ari Kempenich, gerente de marketing da Case IH. A indústria é responsável por comercializar anualmente entre 500 e 700 colheitadeiras de cana.

A mesma opinião é compartilhada pelo gerente-geral de vendas da Valtra, Paulo Beraldi, e pelo gerente de marketing es-tratégico para América Latina no segmento canavieiro da John Deere, José Luís Coelho. Ele estima em apenas 20% a queda no comércio de máquinas para a cultura, volume que consi-dera baixo especialmente se for levado em conta que a safra de 2008 se desenvolveu com crédito farto e sem os efeitos da turbulência na economia mundial.

PROMISING In Massey Ferguson’s projections, 2010 will outstrip 2009 in sales, says Fábio Piltcher, marketing direc-tor of the company. “Rural producers envisage a positive perspective for 2010, with commodity prices on the rise, high productivity rates and favorable climate factors. More resources for the 2009/10 Crop Plan and the perspective of the el Niño phenomenon, with abundant rainfalls in the summer, are attractive indicators”, Piltcher observes.

Soaring sales keep pace with the technological evolu-tion of the machines. In the opinion of product specialist at New Holland, Giancarlo Fasolin, the sector is now go-ing through a transition period. “Where equipment sim-plicity used to be the leading trait, now it is applied tech-nology, not only aimed at productivity and consumption reduction, but also with an eye towards ergonomics and operator comfort”, he remarks.

MotorizedMachinery sales lagged a little behind over the first half of 2009, a fact that did not affect the enthusiasm of the sector

Despite the negative perspec-tives stemming from the global cri-sis, whose effects were strongly felt in the 2008/09 crop, the machinery sector comes to year end with great optimism. This is happening because demand has soared over the final months of the year, with sugar prices highly valued and government support through readily available credit lines.

January through November 2009, the National Association of Automotive Ve-hicle Manufacturers (Anfavea) registered

the sales of 46,525 farm and caterpillar tractors, motorized cultivators and har-vesters to all segments of agriculture, up 0.9 percent from the sales of 46,956 units in the same period in 2008.

“The present scenario is very op-timistic. In spite of the crisis we went through at the beginning of the year, 2009 should outstrip the 2008 mar-ket. We expect even further growth in 2010”, argues Case IH market manager Ari Kempenich. The industry commercializes from 500 to 700 sug-

arcane harvesters every year.The same opinion is strength-

ened by Valtra’s general sales man-ager Paulo Beraldi, and by José Luiz Coelho, Latin American Strategic Marketing manager at John Deere. He estimates a 20-percent fall in the commercialization of machines for the crop, not relevant, particularly because the 2008 crop took advan-tage of readily available credit lines and was not afflicted by the effects of the global turbulence.

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EM OPERAÇÃO As inovações da John Deere, contudo, não se restrin-gem ao futuro. Na safra 2009/10, os agricultores contaram com equipa-mentos lançados em março na fábri-ca de Catalão (GO). A colheitadeira de cana 3520, equipada com a tecno-logia Field Cruise, oferece redução no consumo de combustível, pois permite ajuste eletrônico da injeção de diesel conforme a produtividade da área. Outras qualidades do pro-duto são menor índice de perda — inferior a 2% — e rendimento até 15% superior na colheita se compa-rado ao modelo 3510.

O uso da colheitadeira, associa-do a um dos três novos modelos da linha de tratores canavieiros, gera consumo de um litro de diesel por tonelada colhida, o mais econômico do mercado, de acordo com o ge-rente de marketing estratégico para

América Latina no segmento cana-vieiro, José Luís Coelho. “É uma tec-nologia que se paga. O investimento retorna em aumento de produtivi-dade e redução de custo”, ressalta.

Também compõe o conjunto de novidades deste ano o eixo esten-dido de 2,8 a 3 metros, que pode ser usado nos novos tratores 7715 e 7815 em lavouras com espaçamen-tos de 1,4 e 1,5 metro. O equipa-mento reduz em 50% a compacta-ção do solo e não pisoteia a soquei-ra, o que reduz a produtividade e a longevidade do canavial. A enfarda-dora 568 da marca é indicada para o produtor que quiser aproveitar o palhiço em cogeração de energia. A máquina recolhe a palha e prepara fardos em diâmetros variáveis com presença mínima de terra e demais impurezas, simplificando e tornando o processo mais econômico.

A escolherCom novas opções a cada safra, canavicultor tem à disposição máquinas cada vez mais econômicas e eficientes

Se por um lado a utilização da queima para a colheita de cana-de-açúcar nas lavouras brasileiras está com os dias contados, por outro o setor pode contar com opções cada vez mais modernas em termos de mecanização. Alguns lan-çamentos, apresentados a seguir, foram introduzidos no mercado no início de 2009 e puderam ser aproveitados pelos agricultores na safra em andamento.

Com a meta de proporcionar custos mais baixos, rendi-mento superior e menos prejuízos às plantações, empresas como a John Deere chegam a investir, em suas operações mundiais, até US$ 2 milhões por dia no desenvolvimento de tecnologia, aplicada nos produtos de todos os segmentos.

Uma das novidades da marca para a safra 2010/11 é a

colheitadeira 3522, que permite o trabalho em dois talhões simultaneamente em plantios com espaçamento de 1 a 1,1 metro. Ela é indicada para o mercado do Nordeste e regiões de solo arenoso de São Paulo e noroeste do Paraná.

Outra iniciativa da indústria é o desenvolvimento de uma máquina para plantio de microtoletes de cana-de-açúcar utilizando a tecnologia Plene, da Syngenta. O novo sistema, semelhante ao dos grãos, proporcionará redução no custo, pois requer apenas 1,5 tonelada de mudas por hectare, contra as 15 toneladas do modelo convencional. A plantadeira, que está em fase de protótipo, trabalhará a uma velocidade de 5 a 6 quilômetros por hora e oferecerá maior precisão na aplicação.

IN OPERATION John Deere’s inno-vations are not restricted to the future. In the 2009/10 crop the growers put to use equipment launched in March by the Catalão factory (GO). The 3520 sugarcane harvester, equipped with the Field Cruise technology, consumes less fuel, as it electronically adjusts the injec-tion of diesel in accordance with the productivity of the area. Other positive traits of the product consist in smaller losses – inferior to 2 percent – and a harvest performance up to 15 percent above the 3510 model. The use of the

harvester, associated with one of the three new models of the sugarcane tractor line, requires just one liter of fuel per ton, the most economical in the market, says strategic marketing manager for Latin America in the sugar-cane segment, José Luís Coelho. “It is a technology that pays off. The investment translates into higher yields and lower costs”, he emphasizes.

The package of novelties does not stop there. The 2.8 to 3 meter ex-tended axle support is ideally used with 7715 and 7815 tractors on fields with

row spacing of 1.4 to 1.5 meters. The equipment reduces soil compaction by 50 percent and prevents the stumps from being compacted, thus positively impacting on yields and sugar cane lon-gevity. Baler 568, manufactured by John Deere, is recommended for growers willing to take advantage of the straw in energy cogeneration schemes. The ma-chine collects the straw and prepares bales in variable diameters, free from foreign matter like soil particles or im-purities, simplifying and turning the pro-cess more economical.

Plenty tochoose from

With new options every year, sugarcane growers can choose from ever more efficient and economical machines

If sugarcane field burning has its days counted, it is also true that the Brazilian growers now have an option for an array of modern mechanization tools. Some of the follow-ing new tools were introduced in the market in early 2009 and were put to use in the current crop.

With the target to lower costs, boost yields and cause less damage to the fields, companies like John Deere, even go so far as to invest US$ 2 million a day in the develop-ment of technology in their international operations, in-cluding products for all segments.

A novelty of the brand for the 2010/11 crop is the 3522

harvester, which allows operations on two rows simulta-neously in plantations of 1 to 1.1 meter row spacing. It is recommended for the Northeast, for regions of sandy soils, São Paulo and northwestern Paraná.

Another initiative of the industry is the development of a ma-chine for planting sugar cane microstems, based on Syngenta’s Plene technology. The new system, similar to the grain system, is to reduce costs, as it requires just one ton of seedlings per hectare, compared to the 15 tons of the conventional model. The planter, now in its prototype phase, will operate at a speed of 5 to 6 kilometers per hour and will provide more operational precision.

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BIOTURBINADO

Com potências de motor entre 140cv e 180cv, os qua-tro tratores da série MF 7100 da Massey Ferguson podem ser abastecidos com 100% de biodiesel. As máquinas são equipadas com motor AGCO Sisu Power de seis cilindros, que proporciona força e velocidade com baixo consumo de combustível. Outro benefício dos modelos é a caixa sincro-nizada powertrain ZF, cujo escalonamento de marchas foi projetado especialmente para atividades nos canaviais.

Voltada aos médios e pequenos produtores, foi lançada em 2009 a Série A, da Valtra, com tratores da linha leve de 78cv a 95cv. São três modelos desenvolvidos para aten-der à faixa de mercado do Programa Mais Alimentos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). O setor canavieiro é responsável por 15% da produção de tratores da empresa, que em 2009 deve chegar a 10 mil unidades, conforme o gerente-geral de vendas, Paulo Beraldi.

Em 2011, a AGCO, detentora das marcas Valtra e Massey Ferguson, espera ingressar no segmento de colheitadeiras de cana, quando deve começar a produzir a máquina atu-almente em teste. O produto deverá ser fabricado em São Paulo e integrará o mix da Valtra. Com isso, a empresa quer reforçar a participação no mercado da América do Sul.

Recém-chegadasDe diferentes portes e potências, colheitadeiras e tratores ajudam a acelerar o trabalho dos canavicultores

VALTRA DESENVOLVE LINHADE TRATORES PARA ATENDERÀS LAVOURAS DE PEQUENOS

E MÉDIOS PRODUTORES

Desde setembro no mercado, as colheitadeiras A4000 e a série A8000 são as apostas da Case IH para suprir as demandas do setor canavieiro. A primeira destaca-se por ser opção em lavouras com es-

paçamento a partir de um metro e de média ou baixa produtividade, plantio mais comum no Nordeste, onde o emprego de mecanização é baixo. A máquina pode ser utilizada em terrenos com até 7,5% de decli-

vidade. “A nova A4000 será a porta de acesso à mecanização de peque-nos e médios fornecedores de cana”, ressalta o especialista de produto da empresa, Roberto Biasotto.

A linha A8000 é voltada às áreas

de alta produtividade, com espaça-mento convencional. Entre as inova-ções das colheitadeiras estão as duas opções de motor — Scania DC9 e Case IH C9 — e o picador Extreme Chopper, que permite maior veloci-dade de colheita mesmo em áreas de produtividade elevada. Em relação à série A7000, a potência dos novos modelos é 39% superior e com con-sumo de combustível inferior.

Outro destaque dos equipamen-tos é o computador de bordo Data Logger como item de série, que faz

a comunicação com o software de agricultura de precisão da Case IH Advanced Farmming Systems (AFS). De acordo com o gerente de marke-ting da empresa, Ari Kempenich, os canavicultores estão aumentando o grau de mecanização em grande ve-locidade e exigem produtos com ca-pacidade maior de colheita e menor consumo de combustível.

Um exemplo é o novo trator Mag-num 305, equipado com motor Cum-mins de 305cv. Além da potência, ele apresenta maior rendimento opera-

cional devido aos ajustes eletrônicos, ao controle de patinagem e ao siste-ma hidráulico, que permite realizar o trabalho em mais hectares, no mes-mo período e com menor consumo de combustível por área.

São também opções de tratores para a lavoura de cana-de-açúcar os modelos das séries TS e TM, da New Holland. Eles apresentam potência de 111cv a 180cv e realizam operações desde o plantio até a colheita e o trans-porte. Da produção total da indústria, 20% é destinado ao setor canavieiro.

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O setor sucroalcooleiro ganhou um reforço de peso em 2009. Negociações finalizadas em outubro levaram à forma-ção da segunda maior companhia mundial de energia reno-vável a partir da cana-de-açúcar — a LDC-SEV. A empresa resulta da união entre a LDC Bioenergia, subsidiária da Louis Dreyfus Commodities (LDC), e o tradicional grupo brasilei-ro SantelisaVale, com 70 anos de experiência no mercado sucroalcooleiro e na oferta de soluções em energia limpa e renovável. Como parte da transação, a LDC-SEV passa a ter o controle da Crystalsev, que tem ativos de logística e participação em um terminal no Porto de Santos (SP).

A estrutura da nova empresa é formada por 13 unidades industriais, distribuídas nas principais regiões produtoras de cana-de-açúcar do Brasil, que dispõem de capacidade para processar 40 milhões de toneladas de cana ao ano. Isso per-mite a produção de 2,7 milhões de toneladas de açúcar e de

aproximadamente 1,5 milhão de metros cúbicos de etanol. Outro destaque é o potencial de geração de energia elétri-ca, calculado em 1 GWH/ano, capaz de suprir o consumo de uma cidade de 3,5 milhões de habitantes. A previsão da companhia é alcançar a geração de 1,6 GWH/ano.

“A associação com a SantelisaVale é um marco positivo na consolidação do setor. A LDCommodities acredita forte-mente no futuro do mercado de energia renovável e o Brasil é definitivamente uma região promissora nesse segmento”, afirma o chairman e CEO da LDCommodities, Serge Schoen. Esta atua no País desde 1940 nos segmentos de produção, armazenagem, transporte e comercialização de soja, algodão, café, frutas cítricas, açúcar, álcool, milho e grãos. Também está presente nas principais regiões produtoras e consumidoras de açúcar no mundo, como Índia, China, Tailândia, Leste da África, Oeste da Europa e América do Norte.

The sugar and alcohol sector attracted a strong part-ner in 2009. Negotiations closed last October led to the creation of the second biggest sugarcane-based renewable energy company in the world - LDC-SEV. The company results from the merger of LDC Bioenergia, subsidiary of Louis Dreyfus Commodities (LDC), and the traditional Brazilian group SantelisaVale, with 70 years of experience in the sugar and alcohol market and in clean, renewable energy solutions. As part of the transaction, LDC-SEV now controls Crystalsev, which boasts logistic assets and a share in one terminal at Porto de Santos (SP).

The structure of the new company comprises 13 in-dustrial units, scattered across the main sugarcane pro-ducing regions in Brazil, which have a capacity to process 40 million tons of sugarcane a year. This leads to the pro-duction of 2.7 million tons of sugar and approximately 1.5 cubic meters of ethanol. The complex also stands out for its potential to produce 1 GWH of electric energy a year, enough to supply the consumption needs of a 3.5 million people town. The projections of the company are for the production of 1.6 GWH/year.

“The merger with SantelisaVale is a positive mark in the consolidation of the sector. LDCommodities strong-ly believes in the future of the renewable energy mar-ket, and Brazil is definitely a promising region for this segment”, says Serge Schoen, chairman and CEO at LD-Commodities. The company has been operating in Brazil since 1940 in the segments of production, warehousing, transport and commercialization of soybean, cotton, cof-fee, citrus fruits, sugar, alcohol, corn and other grains. It also runs operations in the major sugar consumer re-gions in the world, like India, China, Thailand, East Africa, Western Europe and North America.

Energia dobradaFusão entre LDC Bioenergia e SantelisaVale dá origem à segunda maior companhia mundial de energia renovável a partir de cana-de-açúcar

FOCO NA BOLSA Entre os pla-nos de expansão da LDC-SEV, con-trolada pelo grupo LDCommodities, está a oferta pública de ações (IPO

na sigla em inglês) em breve. A ini-ciativa permitirá acessar o capital ne-cessário para manter o crescimento das operações. A nova companhia re-

cebeu injeção de capital de R$ 800 milhões do grupo e de investidores financeiros, além de ter convertido dívidas em patrimônio líquido.

FOCUS ON THE STOCK EXCHANGE The expan-sion plans of LDC-SEV, controlled by the LDCommodities group, include an initial Public Offering (IPO). The initiative is intended to raise the necessary capital to keep the op-erations running. The new company was granted a capital of R$ 800 million from the group and finance investors, in addition to converting debts into net assets.

Twice asmuch energy

Merger between LDC Bioenergia and SantelisaVale gives origin to the second biggest sugarcane-based renewable energy complex in the world

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ENERGIZADA Com mais de 5 mil visitantes em 2009, a Mostra Sucroe-nergética Nordeste 2010 está agenda-da para ocorrer entre 13 e 15 de abril, no Centro de Convenções de Pernam-buco, em Olinda. A atividade contempla simpósio e feira de produtos, serviços e tecnologia voltados à agroindústria sucroalcooleira. A abertura oficial será com o Fórum Latino-Americano sobre

Biocombustíveis. A mostra é uma ação conjunta da Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil — Stab Regional Setentrional e da Multi-plus Eventos. Paralelamente está pro-gramado para ocorrer o 14º Seminário Regional sobre Cana-de-Açúcar.

Em Goiânia (GO), o setor vai se en-contrar de 19 a 22 de outubro na Mos-tra Sucroenergética Centro-Oeste, que

ocorre junto à Feira de Fornecedores e Atualização Tecnológica da Indústria da Alimentação (FFATIA). O momento é propício para debater a cultura canaviei-ra no Estado, onde está em expansão e deve ser impulsionada pelas indicações do Zoneamento Agroecológico. As ati-vidades serão promovidas no Centro de Convenções de Goiânia e são orga-nizadas pela Multiplus Eventos.

Prontos parao debate

Em eventos programados durante o ano todo, integrantes do setor canavieiro encontram-se para apresentar tecnologias e planejar o futuro

Não faltará assunto para a cadeia sucroalcooleira abor-dar nos eventos agendados para 2010. Retomada de preços do açúcar e aumento na produção, efeitos do Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar, e crescimento da co-lheita são alguns dos fatos que marcam a safra 2009/10 e que muitos debates devem gerar.

A programação do setor inicia-se em março, quan-do ocorre a oitava edição da Feira de Negócios do Setor de Energia (Feicana FeiBio), nos dias 9, 10 e 11. Realizada no Recinto de Exposições Clibas de Almeida Prado, em Araçatuba (SP), congrega feira e seminários e abrange os setores comercial, industrial e agrícola. Em 2009, a Safra Eventos, organizadora do encontro, contabilizou a visita de 20 mil pessoas.

Na ocasião, os resultados obtidos superaram as expecta-tivas. Apenas no último dia, as negociações somaram cerca de R$ 1 bilhão. “Notamos que havia um público de nível mais técnico e elevado, e são essas pessoas, ligadas a grandes grupos sucroalcooleiros, que fizeram os negócios girarem durante o evento”, afirma o diretor da Safra, Flávio Nasser.

O sucesso da programação levou à criação da Feicana FeiBio Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, que terá a primeira edição de 17 a 19 de agosto, no Pavilhão de Even-tos Albano Franco. No período a cidade também sediará o 4º Congresso de Tecnologia na Cadeia Produtiva da Cana-de-Açúcar em Mato Grosso do Sul (Canasul 2010). Organi-zado pela Opec Eventos, será nos dias 16 e 17 de agosto, no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo.

PARA PROVAR E APROVAR

Quem busca fechar negócios no segmento da cachaça arte-

sanal tem encontro agendado para os dias 27, 28 e 29 de abril

de 2010. No período ocorre a 7ª Feira Internacional da Cachaça

(Brasil Cachaça), no Expo Center Norte, em São Paulo (SP). O

evento oportuniza a aproximação de mais de 100 pequenos e

médios produtores brasileiros com integrantes dos segmentos

atacadista e varejista, que contam com horário diferenciado para

acompanhar a programação. O primeiro dia é destinado apenas a

profissionais do setor, assim como o horário das 14h às 19h nos

dois dias seguintes. A visitação geral é aberta das 19h às 22h.

“As empresas que participam buscam novas possibilidades

de negócios”, afirma o diretor comercial da feira, Leandro

Lara. Ele destaca que a previsão é ampliar em 10% o público

do evento, que em 2009 atraiu mais de 17 mil pessoas, e

chegar a 120 expositores. Quem for até o local terá a opor-

tunidade de degustar o produto genuinamente brasileiro,

participar de palestras sobre o tema e também visitar a 14ª

Expovinis Brasil, realizada simultaneamente no local. Ambas

atividades são promovidas pela Exponor Brasil.

UM CANAVIAL DEOPORTUNIDADES

É no segundo semestre de 2010 que ocorre um dos maiores eventos do se-tor sucroenergético. De 31 de agosto a 3 de setembro, Sertãozinho (SP), um dos polos da produção canavieira nacio-nal, sedia mais uma edição da 18ª Feira Internacional da Indústria Sucroalcoo-leira e 8ª Feira de Negócios e Tecnologia

da Cana-de-Açúcar (Fenasucro & Agro-cana). O Fórum Internacional Fenasu-cro & Agrocana marcará a abertura do encontro, cuja realização é do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucro-alcooleiro e Energético (Ceise-BR) e do Sindicato Rural de Sertãozinho.

A estimativa para esta edição é de receber 30 mil pessoas, entre profissio-nais e técnicos do setor, que poderão conferir os estandes de cerca de 420

expositores. O evento destaca-se pelo público direcionado e pela apresenta-ção de novos produtos e tecnologias. Na edição anterior, as feiras movimen-taram R$ 2,2 bilhões em negócios e atraíram visitantes de 25 países, além do Brasil. Paralelamente à Fenasucro & Agrocana serão realizados o 12º Fórum Internacional sobre o Futuro do Álcool, o 10º Brasil Cana Show e o 14º Simpó-sio Agroindustrial Internacional da Stab.

eventosevents

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O QUEWHAT

QUANDO WHEN

ONDE WHERE

CONTATOCONTACT

Feicana FeiBio 9 a 11/3/10 Araçatuba (SP) www.feicana.com.br18 3624-9655

Mostra SucroenergéticaNordeste

3 a 15/4/10 Olinda (PE) www.mostrasucroenergetica.com.br16 2132-8936

Agrishow 2010 26/4 a 1°/5/10 Ribeirão Preto (SP) www.agrishow.com.br

Brasil Cachaça 2010 27 a 29/4/10 São Paulo (SP) www.exponor.com.br 11 3141-9444

Simpósio Internacionale Mostra de Tecnologia da Agroindústria Sucroalcolra (Simtec 2010)

13 a 16/7/10 Piracicaba (SP) www.simtec.com.br19 3417-8604

Canasul 2010 - 4º Congressode Tecnologia na CadeiaProdutiva da Cana-de-Açúcar em Mato Grosso do Sul

16 e 17/8/10 Campo Grande (MS) 67 3341-6900

Feicana FeiBio 17 a 19/8/10 Campo Grande (MS) www.feicana.com.br18 3624-9655

Fenasucro & Agrocana 31/8 a 3/9/10 Sertãozinho (SP) www.fenasucroeagrocana.com.br16 2132-8936

Mostra SucroenergéticaCentro-Oeste

19 a 22/10/10 Goiânia (GO) www.multipluseventos.com.br16 2132-8936

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