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ANTROPOMORFISMO – UM DESAFIO À CLÍNICA VETERINÁRIA
Felipe Lopes Campos ¹, [email protected] , Francine Mezzomo Giotto ²,
[email protected], Raphaéli Siqueira BAHLS², [email protected]
¹ Professor – DEVET / UNICENTRO
² Discente de Medicina Veterinária / UNICENTRO
Introdução: A domesticação canina data de aproximadamente 10.000 anos
atrás por seleção artificial de filhotes de lobos cinzentos e chacais que viviam
em volta dos acampamentos humanos pré-históricos. Esta relação de
proximidade com o homem mostrou-se proveitosa para ambos; os homens
conseguiam um aliado para caçar e os cães por sua vez beneficiavam-se com
os restos alimentares. Ao traçarmos um paralelo com o passado, os cães
tomaram um espaço bastante diferenciado do animal pré-histórico no que se
refere à relação homem X animal. A prática clínica nos oportuniza observar que
o animal antes de guarda, caça e pastoreio, desenvolve, hoje, um papel
bastante específico, sendo considerado por muitos proprietários como uma
“pessoa da família”. A partir desta perspectiva o antropomorfismo apresenta-se
como a tendência moderna nesta relação, onde cães trajam-se como pessoas
e são submetidos a grande indústria do embelezamento animal. O Ser humano
na busca de respostas afetivas ultrapassa a linguagem animal e traduz reações
comportamentais pertinentes aos animais com uma linguagem humana
resultando em relatos de cães com ciúme, paixão, amor, rebeldia, chegando
algumas vezes a relatos de chantagem emocional por parte do animal de
estimação. A busca por identificação, ou mesmo por tentar suprir algum tipo de
ausência, leva inúmeros proprietários a adentrar aos consultórios veterinários
levando não mais um cão, mas um ser que ocupa muitas das vezes o papel de
filho, amigo, marido, o papel de um outro ser humano. Material e métodos: Para a presente avaliação relacionaremos os atendimentos clínicos ocorridos
na Liga Homeopática do Rio grande do Sul (LHRS) no ano de 2007, no que
tange a relação entre proprietários e animais. Tais dados serão analisados
frente aos diferentes questionamentos inseridos na identificação e anamnese
dos animais e confrontados com os levantamentos preliminares feitos pelo
grupo de extensão em homeopatia, sobre o tema em questão, em Guarapuava.
Resultados e Conclusões: Em relação ao quesito nome, a maior parte dos
cães atendidos ao setor de clínica médica veterinária da LHRS, apresentavam
nome de pessoas, e alguns deles apresentavam sobrenome como “Dick Silva”,
“Kelly Jojo”, que nos remetem a idéia de parentesco ou intensa afetividade por
parte dos proprietários. Quando questionados sobre o motivo da posse, todos
os proprietários relataram que era para companhia e em relação à vestimenta e
utilização de enfeites, um animal trajava-se com roupas de modelo humano,
outro usava fraudas descartáveis, ao sair às ruas e em sua residência (apesar
de não apresentar problemas de trato urinário) e uma cadela foi levada ao
consultório usando piercing. Ao comparar estas informações com os dados
colhidos em estudo feito através de inquérito epidemiológico em Guarapuva, no
mês de novembro de 2008, temos uma tendência também ao antropomorfismo,
já que a maior parte dos proprietários têm o cão como um animal de
companhia e consideram o mesmo como amigo ou “pessoa da Família”. Desta
forma, estamos diante de uma nova temática na medicina veterinária, em que
os animais de companhia, principalmente os cães, vêm ocupando papéis antes
ocupados por outros seres humanos. Tal relação nem sempre é vantajosa, já
que o animal não supre a necessidade de outra pessoa. Para o cão, surge um
outro desafio adaptar-se a essa nova expectativa pouco adequada a sua
estrutura comportamental. Com isso temos um cão transpassando o limite do
domesticado ao “humanizado”. As próximas perspectivas são relacionar os
atendimentos do grupo de extensão em homeopatia veterinária da clínica
escola da UNICENTRO frente a este quadro do antropomorfismo de cães e
gatos através das avaliações já propostas e de outros dados referentes a
relação do homem com os animais, presentes na literatura.