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2 ANTROPOLOGIA EM DIÁLOGOS Diálogos é o tema proposto para o 1º Encontro dos Doutorandxs de Antropologia do ISCTE-IUL, evento organizado pela Rede de Doutrandxs de Antropologia que surge no ano levo de 2016/2017. A Rede nasce da vontade de alguns estudantes do Doutoramento em fomentar a dis- cussão e a colaboração entre doutorandas/os do ISCTE-IUL, promovendo a sua maior parcipação na vida académica e na sociedade em geral. Concebendo a academia como um espaço múl- plo, propício à proliferação de formas interven- vas, pretendemos dar corpo a uma parcipação críca e criava, que nos permita construir os nos- sos próprios espaços e momentos, pláscos e adaptáveis às nossas necessidades. Com Diálogos procura-se convocar as/os estudantes para que venham dar a conhecer as suas respevas inves- gações doutorais, inacabadas, fazendo uso de mé- todos não-convencionais de comunicação cienfi- ca, explorando, deste modo, a diversidade dos materiais associados ao trabalho de campo antro- pológico e a relevância interdisciplinar e abran- DIA DA ANTROPOLOGIA 16 de Outubro, 14h –18h ISCTE-IUL

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ANTROPOLOGIA EM DIÁLOGOS

Diálogos é o tema proposto para o 1º Encontro

dos Doutorandxs de Antropologia do ISCTE-IUL,

evento organizado pela Rede de Doutrandxs de

Antropologia que surge no ano letivo de

2016/2017. A Rede nasce da vontade de alguns

estudantes do Doutoramento em fomentar a dis-

cussão e a colaboração entre doutorandas/os do

ISCTE-IUL, promovendo a sua maior participação

na vida académica e na sociedade em geral.

Concebendo a academia como um espaço múlti-

plo, propício à proliferação de formas interventi-

vas, pretendemos dar corpo a uma participação

crítica e criativa, que nos permita construir os nos-

sos próprios espaços e momentos, plásticos e

adaptáveis às nossas necessidades. Com Diálogos

procura-se convocar as/os estudantes para que

venham dar a conhecer as suas respetivas investi-

gações doutorais, inacabadas, fazendo uso de mé-

todos não-convencionais de comunicação científi-

ca, explorando, deste modo, a diversidade dos

materiais associados ao trabalho de campo antro-

pológico e a relevância interdisciplinar e abran-

DIA DA ANTROPOLOGIA

16 de Outubro, 14h –18h

ISCTE-IUL

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ANTROPOLOGIA EM DIÁLOGOS

Diálogos é o tema proposto para o 1º Encontro dos Doutorandxs de

Antropologia do ISCTE-IUL, evento organizado pela Rede de Doutorandxs de

Antropologia que surge no ano letivo de 2016/2017. A Rede nasce da vontade

de alguns estudantes do Doutoramento em fomentar a discussão e a

colaboração entre doutorandas/os do ISCTE-IUL, promovendo a sua maior

participação na vida académica e na sociedade em geral.

Concebendo a academia como um espaço múltiplo, propício à proliferação de

formas interventivas, pretendemos dar corpo a uma participação crítica e

criativa, que nos permita construir os nossos próprios espaços e momentos,

plásticos e adaptáveis às nossas necessidades. Com Diálogos procura-se

convocar as/os estudantes para que venham dar a conhecer as suas respetivas

investigações doutorais, inacabadas, fazendo uso de métodos não-

convencionais de comunicação científica, explorando, deste modo, a diversidade

dos materiais associados ao trabalho de campo antropológico e a relevância

interdisciplinar e abrangente da investigação antropológica.

Acreditamos que o programa que apresentamos é inovador e revelador da

multiplicidade de materiais que compõem o processo de produção de

conhecimento antropológico, estando também atento às reivindicações

epistemológicas de dentro e de fora da academia, da sociedade enquanto lugar

de disputas e das experiências sociais e ambientais que nos tornam seres vivos

no mundo e para o mundo.

Este programa não teria sido possível sem a contribuição das/os doutorandas/os

e seus convidados que procuraram (re)pensar os seus trabalhos à luz da nossa

proposta. Por essa razão, o nosso primeiro e grande agradecimento vai para

elas/eles: Maria Silvério; Emiliano Dantas; Kelen Pessuto; Cecília Menduni Luís;

Ana Rita Costa e Piménio Ferreira; Suzana Sousa; Juliana Moraes; Mariela

Silveira; Vanessa Amorim; Brenda Fonseca; Helena Bonzinho; Tathiane Batista;

Roberta Boniolo; e Cauê Maia.

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Desde o começo que a rede tem-se fortificado coletivamente, contando também

com o apoio próximo e motivador de muitxs que desde já agradecemos:

Departamento de Antropologia do ISCTE-IUL; CRIA-IUL; Escola de Ciências Sociais

e Humanas do ISCTE-IUL; bolseiros internos de doutoramento; Reitoria do ISCTE-

IUL; Área de Apoio Logístico e Núcleo Técnico da Unidade de Edifícios e Recursos;

Núcleo de Estudantes de Antropologia do ISCTE-IUL; Rádio AEISCTE; Laboratório

de Culturas Visuais Digitais do CRIA ISCTE-IUL; Miguel Vale de Almeida; Paulo

Raposo; Filipe Reis; Antónia Pedroso de Lima; Mafalda Melo e Sousa; Décio Telo;

Odete Mendes Pendão; Afonso Bento; Bruna Potechi; Rafael Crooz e Cauê Maia.

O primeiro passo, consolidado, está dado e, por isso, novos desafios surgem no

horizonte. Do trabalho da Rede de Doutorandxs está a ser projetada uma Revista

dedicada à publicação dos trabalhos em curso das/os doutorandas/os. Esta

Revista de base científica terá como objetivo principal revelar, e valorizar, as

diferentes etapas inerentes à investigação antropológica.

A organização do 1º Encontro de Doutorandxs de Antropologia do ISCTE-IUL

Afonso Bento

Ana Rita Costa

Brenda Fonseca

Cecília Menduni Luís

Emiliano Dantas

Helena Bonzinho

Vanessa Amorim

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PROGRAMA

14h Pátio externo da Ala Autónoma

Eu, Tu… Elxs: Poliamor e Relações Não-Monogâmicas Consensuais

Em um ambiente descontraído e informal, essa apresentação irá abordar o poliamor e outras formas de relações amorosas, íntimas e/ou sexuais que não correspondem ao modelo normativo da monogamia, como o swing, relacionamentos abertos, relações livres e anarquia relacional. A pesquisa é baseada em etnografia e entrevistas realizadas em Lisboa e Belo Horizonte (Brasil) com mais de 80 pessoas que vivenciam relações com mais de uma pessoa ao mesmo tempo com o conhecimento de todas as partes envolvidas. *Pesquisa financiada pela FCT com a referência SFRH/BD/95127/2013

Maria Silvério é jornalista e doutoranda em antropologia no ISCTE/CRIA-IUL e autora do livro Swing: Eu, Tu… Eles. Pesquisa temas relacionados ao gênero, sexualidades e relações não-monogâmicas consensuais.

14h30 Áreas externas Edifícios I e II

Entre a Roça e o Mato

O que leva as pessoas que vivem nas roças de cacau a permanecerem nestes locais sem luz, por vezes sem água potável, com estradas precárias e invisibilizados pelo trabalho agrícola que é considerado de menor valia? E por que essas pessoas apresentam um discurso de assunção da liberdade? As perguntas que formulei nesse trabalho surgiram da minha pesquisa ao longo de dez anos com um grupo de trabalhadores/as que se intitulam Meeiros/as do cacau, no sul da Bahia-Brasil. O que despertou essas questões foram fotografias tiradas nas roças de cacau, em uma região que antes das invasões portuguesas era coberta pelo mato/a. As roças representavam, por um lado, o desejo desenfreado de destruir a floresta e dominar os/as selvagens e por outro lado foram estruturas usadas para colonizar, servindo para criar um sistema socioeconômico que teve ciclos de riqueza, até a decadência, no final do século XX. Logo, as imagens

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apresentam um cenário de crise em que roça, mato e pessoas se misturam em contínuos; são, em parte, uma visão que integra natureza e cultura, e em parte, cenários que emergem novas noções locais de autonomia e liberdade.

Emiliano Dantas é fotógrafo e antropólogo. Atualmente desenvolve sua pesquisa de doutoramento em Antropologia pelo ISCTE-IUL, estudando o significado de autonomia e liberdade para pessoas que trabalham nas roças de cacau em São Tomé.

14h40

Porta Este do Edifício I

Turquia diversa: o cotidiano das minorias

A série Turquia diversa é composta por fotografias realizadas em dezembro de 2014, durante a pesquisa de campo para a tese de doutoramento Made in Kurdistan. As fotos ilustram o cotidiano de curdos, imigrantes e refugiados que vivem no país. O trabalho foi realizado em três diferentes lugares: as ruas de Istambul, povoada por refugiados sírios, em sua maioria crianças; Diyarbakir, a capital curda do Curdistão do Norte e Tarlabaşi, uma favela de Istambul, refúgio de imigrantes, transexuais, prostitutas, ciganos, refugiados e marginalizados. Em uma sociedade pautada pela identidade turca, as minorias acabam sendo marginalizadas e oprimidas.

Kelen Pessuto é doutoranda em Antropologia Social na Universidade de São Paulo. Bolsista FAPESP, processo nº 2013/09757-7. Possui mestrado em Artes Cênicas pela Unicamp, graduada em Cinema pela FAAP e atriz formada pelo Teatro-Escola Célia Helena.

14h45

Porta Este do Edifício I

Indocumentados: a invisibilidade visível

Esta exposição consiste na impressão de cinco fotografias que procuram funcionar como um catalisador de uma mensagem para os espectadores, fazendo a abordagem da invisibilidade social em torno da situação dos indocumentados. De um modo muito incisivo, pretende-se que estas imagens tenham a mesma função da

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publicidade ou dos outdoors na paisagem urbana. Não existe uma leitura seletiva ou controlada, porque a imagem está exposta e vai de encontro ao olhar, e a leitura faz-se como um ruído e não como uma escolha.

Cecília Menduni Luís é doutoranda em Antropologia no ISCTE-IUL, é licenciada em Antropologia e Mestre em Antropologia Globalização, Migrações e Multiculturalismo, com uma dissertação sobre imigrantes indocumentados na cidade de Lisboa, com incidência nas políticas sociais, associativismo, cuidado, precariedade e economias informais.

15h Bar da AE Edifício I

Estamos em conexão: de que conversamos?

A conversa, que surge de um convite da estudante de doutoramento ao ativista e investigador, decorrerá tendo como mote temas transversais que afetam os ciganos/roma portugueses e o papel fundamental que a universidade e os investigadores, enquanto produtores e transmissores de conhecimento, podem ter (mas nem sempre têm tido) de combate ao racismo. Procura-se, por um diálogo plural e recíproco, em que todas as pessoas presentes são convidadas a parar e a escutar, pensar e discutir criticamente sobre os caminhos que têm sido seguidos, encetando novas direções. Do espaço da rádio da Associação de Estudantes, um lugar mais familiar ao ativista/ investigador, precursor informal de projetos inovadores na área dos média digitais entre os ciganos/roma portugueses, como o recente e ainda embrionário projeto Rádio Patrin Portugal, entre outros, por vezes, intencionalmente não convencionais, conversa-se, também, sobre a importância da produção autónoma de conteúdos por parte dos roma em geral e dos ciganos/roma portugueses em particular.

Ana Rita Costa é doutoranda em Antropologia no ISCTE-IUL com o projeto Ciganos 2.0: etnografando os usos das TIC e a presença dos Ciganos/Roma nas redes sociais. Piménio Ferreira é engenheiro físico, foi investigador no Campus Tecnológico e Nuclear do IST e faz parte das novas gerações de ativistas roma portugueses.

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15h30 Piso 0 Ala Este Edifício I

O uso político da arte no processo de construção da nação em Angola

Após 1975, o partido-estado da Angola independente usou as artes visuais, a música e a cultura de forma geral como uma ferramenta para o projeto de construção nacional. Hoje, passados mais de 40 anos podemos ainda encontrar essas estratégias nas políticas públicas do sector ao mesmo tempo que novos atores surgem na cena artística local, como a Fundação Sindika Dokolo com um novo discurso sobre a identidade nacional e os artistas que captam a atenção internacional e engajam linguagens contemporâneas e críticas no seu trabalho. Nesta apresentação propomos um mapa visual das sucessivas mudanças na produção artística angolana desde os símbolos tradicionais adotados como nacionais, a produção visual da geração pós 1975 e a sua reconstrução visual da angolanidade às linguagens atualmente desenvolvidas e que refletem um novo estar no mundo.

Suzana Sousa é curadora de arte e doutoranda em Antropologia no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa com o projeto denominado ‘A nacionalização da arte em Angola: contextos políticos da construção da arte angolana’.

15h45 3º Piso do Edifício II

Festas brasileiras na Alemanha: entre a convivialidade e a reterritorialização

O presente trabalho é resultado de uma investigação etnográfica realizada entre os anos de 2016 e 2018 na Alemanha, sobre o universo das brasileiras que se casaram com alemães. Foram realizados inquéritos online, entrevistas individuais, observação participante, retratos biográficos e histórias de família o que permitiu obter uma imagem mais complexa da vida das participantes, essa combinação de métodos possibilitou refletir sobre os casamentos transnacionais como produtores de integração e diálogo intercultural. Através da exposição de fotos, abordarei a convivialidade nas festas que são realizadas pelas brasileiras, sobre o dia-a-dia da mulher brasileira e a

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amizade entre conterrâneas no contexto migratório, quando a amiga se torna irmã, sobre o parentesco como uma mutualidade do ser, ou seja, o modo como as pessoas estão envolvidas umas com as outras é que determina se as relações são de parentesco ou não.

Juliana Moraes é professora e Técnica Educacional na Secretaria de Educação de Goiás. Professora na Faculdade Tecnológica de Goiás. Doutoranda em Antropologia pelo ISCTE-IUL, Mestre em Antropologia Cultural e Social pela Universidade de Lisboa (2009), Especialista em Docência Universitária pela FIB. Bacharel em Ciências Sociais pela UFG; Licenciada em Sociologia pela UFG; Licenciada em Língua Inglesa pela UEG.

16h 3º Piso do Edifício II

De quem é o Ribeirão? Imagem, paisagem e identidade em contextos de patrimonialização

O bairro do Ribeirão da Ilha foi um dos primeiros povoamentos portugueses da cidade de Florianópolis/Santa Catarina/ Brasil. Com ênfase na colonização açoriana, esta localidade guarda consigo um conjunto de patrimônios culturais que são pensados como atrativos, oferecidos pelas instâncias governamentais e privadas ligadas ao turismo, para quem procura conhecer e vivenciar os aspetos particulares do lugar. Neste contexto, entendemos que o turismo na localidade tem oportunizado uma série de ações que culminam num iminente processo de objetificação, exatamente, dos seus bens considerados patrimoniais. As representações e imagens do patrimônio cultural local fazem parte do repertório que naturaliza e insere a prática da maricultura associada a modos de vida “tipicamente” açorianos.

Mariela Felisbino da Silveira é doutoranda em Antropologia no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. Mestra em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina. Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais pela mesma instituição.

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16h10 Porta Sul do Edifício II (Pátio II)

“Que peixe é?” Quotidianos de trabalho na pesca em Setúbal

Propõe-se a projeção sobre uma rede de pequenos vídeos do contexto do trabalho junto da comunidade piscatória setubalense. Com esta projeção pretende-se deslindar os quotidianos do trabalho piscatório, apontando para diferentes dimensões económicas, políticas e ambientais que cruzam este sector. “Que peixe é?”: a cada dia e a cada maré não há previsões e certezas. O mar impõe ritmos, o mercado define o valor do peixe e, consequentemente, do trabalho. A incerteza torna-se endémica. Opta-se por projetar sobre uma rede para enfatizar estas malhas intrincadas que influenciam e condicionam os quotidianos das comunidades. Estes vídeos resultam da colaboração estreita com duas associações de pesca de Setúbal realizada no âmbito da exposição “Pescadores de Setúbal: Olhares do Passado, Desafios do Presente”. Iluminando o processo colaborativo e de integração de conhecimentos que deram origem a estes vídeos e à exposição que os acompanhou, pretende-se, também, refletir sobre as possibilidades da investigação etnográfica implicada.

Vanessa Amorim é licenciada e mestre em Antropologia pelo ISCTE-IUL. Atualmente é doutoranda, com o projeto Safar a vida: incerteza, informalidade e crise nas comunidades piscatórias de Setúbal e Olhão.

16h25 Porta Sul do Edifício II (Pátio II)

Operários do Patrimônio

A leitura do patrimônio cultural brasileiro pelo seu caráter monumental e como obra de arte tornou-se hegemônica nos discursos institucionais, cuja interpretação faria da arquitetura tradicional colonial uma obra praticamente irretocável. O investimento na construção da visualidade de um passado arquitetônico “puro” e “verdadeiro” foi concomitante ao processo de invisibilização dos canteiros das obras de restauração e dos operários responsáveis pela construção do patrimônio em Diamantina, Minas Gerais. O presente trabalho apresenta, por meio de projeção, as

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fotografias do mundo do trabalho, com áudio do poema Perguntas de um operário letrado, de Bertolt Brecht, musicado pelo artista brasileiro Cleston Teixeira. As imagens produzidas pelo fotógrafo diamantinense Assis Alves Horta, entre os anos de 1940 e 1960, mostram os rostos dos carpinteiros, pedreiros, pintores, serventes e mestres de obra responsáveis pela edificação do patrimônio local. Retratam, também, os canteiros de obras com vestígios dessa presença – seus instrumentos de trabalho, martelo, enxada, pá, carrinho de mão, andaime, pincel, escada. Fornecem, além disso, traços das ligações estabelecidas entre os operários e a arquitetura tradicional e sobre as relações de trabalho no campo do patrimônio no Brasil.

Brenda Coelho Fonseca é doutoranda em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), com período sanduíche junto ao Departamento de Antropologia do ISCTE-IUL (Bolsa Capes). Investigadora visitante do CRIA e membro do Núcleo de Documentação, História e Memória da UNIRIO.

16h40 Pátio externo da Ala Autónoma

À procura da Via Algarviana- o que é ser pedestre

O projeto de pesquisa pretendeu mostrar que é viável estudar a multiplicidade de experiências de ligação à natureza geradas por andar em trilhos para caminhantes no Algarve, com especial atenção para a Via Algarviana. A apresentação suporta-se em registos fotográficos e vídeo e dá conta das primeiras deslocações exploratórias ao terreno. E também das primeiras interrogações: quais são as formas de mobilidade, como se chega à Via Algarviana, por onde andam as pessoas, que diferenças há em andar a pé no dia-a-dia e andar a pé ao fim de semana, quem ocupa os trilhos da Serra? Que mobilidade utilizar para fazer etnografia?

Helena Morais Bonzinho é doutoranda em Antropologia do ISCTE-IUL.

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16h55 Porta Sul do Edifício II (Pátio II)

Percursos

Quais são os PERCURSOS que xs filhxs de santo percorrem para performatizar suas Yabás? O corpo em transe apresentam meandres de religiosidade, rituais e quiçá, estética artística. Segundo Eugenio Barba “antropologia da performance” seria o estudo do comportamento cénico pré-expressivo, onde o corpo é visto em si mesmo em operações pré-narrativas. Nesta linha, Kirsten Hastrup verifica pontos de contato entre o trabalho de Barba e o seu, ao perceber que a experiência usada para descrever é subjacente a estruturas não proporcionais que emergem da experiência corporal, sendo boa parte desta compartilhada transculturalmente (apud CARLSON, 2011). PERCURSOS busca apresentar flashes corpóreos de algumas das Yabás (1) em uma vídeo-performance e apontar início da investigação doutoral do projeto: Fluxos Transnacionais Performativos dxs Orixás Femininos nos Cultos Afro-Brasileiros em Lisboa. (1) O termo significa mãe-rainha, refere-se as Orixás femininas Yemanjá e Oxum, mas no Brasil é popularmente referenciado a todas as Orixás femininas.

Tathiane Batista é Doutoranda do Departamento de Antropologia do ISCTE. É Mestre em Teatro pela ESTC/Lisboa e Bacharel em Serviço Social pela UFF/Brasil.

17h10 Porta Sul do Edifício II (Pátio II)

O (in)visível: as oferendas afro-brasileiras no espaço público português

A performance propõe refletir sobre as controvérsias da liberdade religiosa em Portugal a partir da exibição de uma oferenda. Apesar destas práticas afro-brasileiras não serem tão perceptíveis no espaço público português como é no Brasil, um olhar atento consegue identificar as oferendas nas matas, praias, encruzilhadas, cemitérios e mesmo em igrejas. Tais práticas dão visibilidade aos cultos, muitas vezes, desconhecidos pela sociedade portuguesa ou classificados pejorativamente como bruxaria. É na interseção dos domínios

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públicos e privados, que nem sempre tem seus limites definidos e claros para os envolvidos, que emergem os conflitos entre os religiosos afro-brasileiros e praticantes de outras religiões, membros de grupos ambientalistas e agentes públicos que veem as práticas rituais como atividades demoníacas, de maus-tratos aos animais ou poluidores da natureza, impondo-lhes constrangimentos no acesso e uso do espaço público.

Roberta Machado Boniolo é Doutoranda em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (PPGA/UFF), bolsista sanduíche (FAPERJ) na Universidade Nova de Lisboa. Pesquisadora colaboradora CRIA/UNL e InEAC/UFF.

17h30

Átrio do Piso I do edifício II

FEIRA DO LIVRO Oferta de publicações de ciências sociais

Aqui caberia um poema Projeção de poemas luminosos a partir da metralhadora poética, projetor analógico caseiro desenvolvido pelo Coletivo Transverso. Haverá também colagem de lambe-lambe (cartazes poéticos) nos arredores da instituição. A proposta é atentar à poesia que há, e àquela que poderia haver na rua. Ninguém manda no que a rua diz. A rua é de quem está. De quem não tem, a rua é casa, escola e ofício. Refúgio expressivo dos contrários, lugar de voz para quem silencia noutros cantos, ou se vê silenciado. Os muros são os cadernos de quem não tem. Cadernos de improvisos compartilhados. Ato rupestre, primordial, de inserir-se no ambiente no intuito de perdurar pra além de si. As paredes gritam o que a mídia omite.

Cauê Maia (Coletivo Transverso) é doutorando em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo, com estágio em Belas Artes pela Universidade de Lisboa (Bolsa CAPES). É um dos criadores do Coletivo Transverso, criado em 2011, em Brasília, com a proposta de realizar intervenções poéticas no espaço público utilizando diferentes técnicas da arte urbana. São também integrantes do Transverso: Patrícia Bagniewski, Patrícia Del Rey e Rebeca Damian.

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ORGANIZAÇÃO: Rede de Doutorandxs de Antropologia | Departamento de Antropologia |

CRIA-IUL | ECSH | ISCTE-IUL

APOIO À ORGANIZAÇÃO: Mafalda Melo e Sousa; Rafael Cooz; Cauê Maia; Bruna Potechi;

Mariana Évora; Margarida Monteiro; António Nunes; Sofia Benfica; Mafalda Pereira; Henrique

Tereno; Susana Timóteo e Bruno Abrantes.