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DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO António Lopes Batista & José Piteira Gomes Investigadores Departamento de Barragens de Betão Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) Lisboa, Portugal

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DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃOAntónio Lopes Batista & José Piteira GomesInvestigadoresDepartamento de Barragens de BetãoLaboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC)Lisboa, Portugal

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 2

Sumário Causas e efeitos das reações expansivas

Síntese das técnicas de reabilitação

Barragens portuguesas afetadas, casos particulares de Santa Luzia, Alto Ceira e Pracana

Barragem de Cahora Bassa

Barragem da Matala em Angola

Barragem de Kariba no rio Zambeze

Intervenção na barragem de Pian Telessio (Itália)

Notas finais

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 3

Em 1940 Thomas Stanton identificou, pela primeiravez, as reaçõesexpansivas e os seusefeitos, em viadutos naCalifórnia

A engenharia portuguesade barragens deparou-se com esta questão nadécada de 1980, no LNEC, com os casos das barragens de Pracana, Alto Ceira e Cahora Bassa

Desde quando se conhecem?

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 4

Tipo de reações

Reação álcalis-sílica (RAS): desenvolve-se um gel sílico-alcalino, expansivo, resultante da reação entre os álcalis do cimento, a água e a sílica (com estrutura cristalina “mal” organizada) dos agregados

Reação sulfática interna (RSI): temperaturas elevadas dão origem à formação de etringitesecundária (DEF) que, na presença de água, é expansiva.

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 5

Efeitos nas juntas: fecho generalizado, esmagamento de preenchimentos, deslizamentos entre blocos(desalinhamentos no coroamento)

Efeitos nos vãos (condutas, orifícios e descarregadores): ovalização de condutas, fecho e distorção de orifícios e encravamento de comportas

Fendilhação superficial: difusa e generalizada, devida à heterogeneidade local, e linear, devida à resposta estruturala deformações impostas

Produtos da reação: a RAS produz geles que podemexsudar nas superfícies aparentes, em geral em cavidades, fendas e juntas

Evidências das reações expansivas

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 6LNEC | 6

Impermeabilização de paramentos: para evitar a entrada da água, que alimenta a reação

Cortes estruturais: para aliviar tensões e recuperardeslocamentos progressivos

Reforços estruturais com fibras, barras e cabos: para ligar, cintar e confinar zonas deterioradas ou previamentecortadas

Injeção de fendas e zonas cortadas (calda de cimento e resinas): para restabelecer a continuidade estrutural

Técnicas de reabilitação

Estas técnicas são muitas vezes usadas em conjunto, parasolucionar os problemas de forma integrada

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 7

Barragem Tipoestrutural

Altura(m)

Ano de conclusão Barragem Tipo

estruturalAltura(m)

Ano de conclusão Barragem Tipo

estruturalAltura(m)

Ano de conclusão

Santa Luzia Abóbada 76 1942 Caia Contrafortes 52 1967 Ranhados Gravidade 41 1986

Alto Ceira I Abóbada 36 1949 Roxo Contrafortes 49 1968 Torrão Gravidade 70 1988

Penide Descarre-gadora 18 1949 Carrapatelo Descarre-

gadora 57 1972 Corgas Gravidade 25 1991

Castelo do Bode Arco gravidade 115 1951 Odivelas Abóbadas

múltiplas 55 1972 Funcho Abóbada 49 1991

Pracana Contrafortes 60 1951 Vilarinho das Furnas Abóbada 94 1972 Alto Lindoso Abóbada 110 1992

Venda Nova Arco gravidade 97 1951 Fratel Descarre-

gadora 43 1973 Caldeirão Abóbada 39 1993

Belver Descarre-gadora 21 1952 Régua Descarre-

gadora 42 1973 Touvedo Gravidade 43 1993

Covão do Meio Abóbada 28 1953 Valeira Descarre-gadora 48 1975 Sordo Gravidade 36 1997

Salamonde Abóbada 75 1953 Varosa Abóbada 76 1976 Catapereiro Arco gravidade 48 1999

Cabril Abóbada 132 1954 Penha Garcia Gravidade 25 1980 Alqueva Abóbada 96 2002

Bouçã Abóbada 65 1955 Coimbra Descarre-gadora 40 1981 Bouçoais-Sonim Gravidade 43 2004

Caniçada Abóbada 76 1955 Raiva Gravidade 36 1981 Rebordelo Gravidade 36 2004

Bravura Abóbada 41 1958 Aguieira Abóbadasmúltiplas 89 1981 Pedrógão Gravidade 43 2005

Picote Abóbada 100 1958 Monte Novo Gravidade 30 1982 Ferradosa Gravidade 34 2008

Miranda Contrafortes 80 1961 Pocinho Descarre-gadora 49 1982 Olgas Gravidade 35 2009

Alto Cávado Gravidade 29 1964 Fagilde Gravidade 27 1984 Pretarouca Gravidade 29 2009

Alto Rabagão Abóbada 94 1964 Fronhas Abóbada 62 1984

Bemposta Arco gravidade 87 1964 Crestuma Descarre-

gadora 65 1985

Grandes barragens de betão afetadas em Portugal (19)

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 8

Barragens de betão observadas (52) e afetadas por reações expansivas (19)

Não há sinais de processos expansivos nas barragens construídas nos últimos 30 anos

Barragens portuguesas afetadas por reações expansivas

Organização por idadeOrganização por tipo estrutural

17

2

4

16

9

4

7

1

1

4

3

3

Abóbada

Abóbadas múltiplas

Arco gravidade

Gravidade

Descarregadora

Contrafortes

Barragens de betão observadas

Barragens afetadas por reações expansivas

3

11

6

8

10

7

7

3

5

4

2

5

0

0

1941-1950

1951-1960

1961-1970

1971-1980

1981-1990

1991-2000

2001-2010

Barragens de betão construídas

Barragens afetadas por reações expansivas

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 9

Formações geológicaspredominantes emPortugal

e

Localização das barragens de betãoafetadas por reaçõesexpansivas(19 barragens, 36% do total de grandesbarragens de betãoobservadas)

Barragens portuguesas afetadas por reações expansivas

Silicioso

Calcário

Argiloso

Fagilde

Covão do Meio

Bemposta

Caniçada

Fratel

Santa Luzia

Pracana

Caia

Coimbra

Raiva

Alto Rabagão

Picote

Penha Garcia

Miranda

Monte Novo

Alto Ceira I

Cabril

Aguieira

Penide

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 10

Barragens portuguesas afetadas por reações expansivas

BARRAGEM TIPO ESTRUTURAL

ANO DE CONCLU-

SÃO

ALTURA(m)

TIPO DE REAÇÃO

AGREGADOS EXTENSÃO VERTICAL

ACUMULADA (x 10 -6)

VALOR MÉDIO DA TAXA DE

EXPANSÃO NOS ÚLTIMOS 5 ANOS

(x 10 -6)GROSSOS AREIA

Santa Luzia Abóbada 1942 76 RAS Quartzito Quartzito 2200 - 500 20 - 5

Alto Ceira Abóbada 1949 36 RAS Quartzito Quartzito 4600 – 600 120 - 10

Penide Descarregadora 1949 18 RAS (?) Granito ? ? ~10

Pracana Contrafortes 1951 60 RSI - RAS Quartzito/granito Quartzito 1800 - 900 10 - 5

Covão do Meio Abóbada 1953 28 RAS Granito ? ? 30 – 10

Cabril Abóbada 1954 132 RSI – RAS Granito ? 200 - 100 < 5

Caniçada Abóbada 1955 76 RAS Granito ? 200 - 100 < 5

Picote Abóbada 1958 100 RAS Granito Granito ~50 < 5

Miranda Contrafortes 1961 80 RAS Granito Granito 200 - 100 < 10

Alto Rabagão Abóbada 1964 94 RAS Granito Granito ~100 10 – 5

Bemposta Arco gravidade 1964 87 RAS Granito ? ~200 < 5

Caia Contrafortes 1967 52 RSI – RAS Granito Quartzito 50 - 20 < 5

Fratel Descarregadora 1973 43 RSI – RAS Granito Sílica 200 – 100 15 – 5

Penha Garcia Gravidade 1980 25 RAS (?) Quartzito Sílica ~50 < 5

Coimbra Descarregadora 1981 40 RAS (?) ? Sílica ? ?

Raiva Gravidade 1981 36 RAS (?) Granito Sílica ? ?

Aguieira Abóbadas múltiplas 1981 89 RAS Granito Sílica ~50 < 5

Monte Novo Gravidade 1982 30 RAS Granito ? ~100 ~10

Fagilde Gravidade 1984 27 RSI Calcário Sílica 2200 - 700 120 – 30

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 11

Primeira barragem abóbada construída em Portugal (1942), com 76 m de altura, projetada por André Coyne

Primeira barragem estudada no LNEC através de modelos físicos estruturais

Barragem de Santa Luzia

Silicioso

Calcário

Argiloso

Fagilde

Covão do Meio

Bemposta

Caniçada

Fratel

Santa Luzia

Pracana

Caia

Coimbra

Raiva

Alto Rabagão

Picote

Penha Garcia

Miranda

Monte Novo

Alto Ceira I

Cabril

Aguieira

Penide

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 12

Barragem de Santa LuziaPequena taxa de evolução dos deslocamentos, a reação tem vindo a esgotar-se

Deslocamentos radiais

Deslocamentos tangenciais

Nível da água na albufeira

CalculadoObservado

Mon

tant

e

ano

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 13

Barragem de Santa LuziaTENSÕES PRINCIPAIS NA ZONA DE LIGAÇÃO DA ABÓBADA PRINCIPAL COM O ARCO GRAVIDADE

Nível da água na albufeira

Nível água

arco gravidade

abóbada

contraforte

Fenda

compressão

tração

Nível água

abóbadaabóbada

contrafortecontraforte

arcogravidade

ano

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

Silicioso

Calcário

Argiloso

Fagilde

Covão do Meio

Bemposta

Caniçada

Fratel

Santa Luzia

Pracana

Caia

Coimbra

Raiva

Alto Rabagão

Picote

Penha Garcia

Miranda

Monte Novo

Alto Ceira I

Cabril

Aguieira

Penide

LNEC | 14

Abóbada delgada construída em 1949, com 34 m de altura e 85 m de comprimento do coroamento

Barragem do Alto Ceira I

• Fendilhação progressiva do corpoda barragem

• Deslocamentos progressivos, radiais para montante e verticaispara cima

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 15

643,0

653,0

663,0G F E D C B

ESCALA DOS DESLOCAMENTOS

0 2 4 mm

MD ME

Barragem do Alto Ceira I

-10

0

10

20

30

40

50

60

Jan-

84

Jan-

89

Jan-

94

Jan-

99

Jan-

04

Jan-

09

643,0

653,0

663,0G F E D C BMD ME

Interpretação quantitativa dos deslocamentos radiais

MD ME

(mm)

Deslocamentos horizontais (geodesia)

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

Evolução da fendilhaçãoentre 1994 e 2001 (mediçãocom técnicas tradicionais eatravés de ultrassons)

Fendilhação generalizada dos paramentos

Fendas identificadas em 1994Novas fendas detetadas em 2001

Barragem do Alto Ceira IDispositivos para medição dos repasses

pelas fendas na zona dos rins

LNEC | 16

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 17

Barragens do Alto Ceira I e II

Vista das barragens em julho de 2014, no final do primeiro enchimento da nova albufeira

Primeiro enchimento da albufeira da nova barragem: o trecho central da barragem antiga foi demolido

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 18

Principais características:- 60 m de altura- coroamento com 245 m- 12 contrafortes (cabeça diamante)- espessura mínima dos contrafortes: 4 m

Principais características:- 60 m de altura- coroamento com 245 m- 12 contrafortes (cabeça diamante)- espessura mínima dos contrafortes: 4 m

Barragem de Pracana

Depois dos trabalhos de reabilitação

Antes dos trabalhos de reabilitação

Silicioso

Calcário

Argiloso

Fagilde

Covão do Meio

Bemposta

Caniçada

Fratel

Santa Luzia

Pracana

Caia

Coimbra

Raiva

Alto Rabagão

Picote

Penha Garcia

Miranda

Monte Novo

Alto Ceira I

Cabril

Aguieira

Penide

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 19

Barragem de PracanaFendilhação generalizada do paramento de montante e das almas dos contrafortes

A análise quantitativa dos deslocamentos observados por métodosgeodésicos mostrou parcelas não reversíveis com as seguintestaxas: deslocamentos horizontais (jusante): 1,2 mm / ano deslocamentos verticais (cima) : 1,0 mm / ano

Deslocamentos

Passagenssignificativas de água

através de fendashorizontais em juntas de betonagem, com espessos depósitos

de carbonato de cálcio

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 20

• Obras de reabilitação da barragem

Elementos de travamento entre as almas doscontrafortes, na base, a jusante

Plinto de fundação a montante

Tratamento da fundação

Regeneração do betão (injeções)

Impermeabilização do paramento de montante

Melhoramento do sistema de observação

• Construção de um descarregador auxiliarna encosta da margem esquerda

• Reforço da potência instalada (nova tomada de água)

Barragem de Pracana

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 21

INSTALAÇÃO DA MEMBRANA DE IMPERMEABILIZAÇÃO NO PARAMENTO DE MONTANTE

Barragem de Pracana

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 22

Barragem de PracanaDeslocamentos axiais e verticais no topo do contraforte central P6, medidos

por métodos geodésicos, entre 1951 e 2011

A albufeira esteve vazia durante 14 anos (1978-1992)

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 23

Barragem de Cahora Bassa

Altura máxima: 170 m

Espessura na base: 23 m

Espesssura no coroamento: 4 m

Maciço de fundação: gnaisses

Construção entre 1972 e 1975

Albufeira com 66000 hm3

Expansões totais acumuladas: ~500 x 10-6

Taxa de expansão atual: ~15 x 10-6 /ano

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 24

Barragem de Cahora Bassa

N3 N4 N5 N6 N7 N8 N9 N10 N11 N12

25

20

15

10

5

0

(mm)

Des

loca

men

tos

para

o c

oroa

men

to

Julho de 2007

Junho de 2004

Junho de 2001

Junho de 1998

Julho de 1996

Julho de 1992

Julho de 1983

Julho de 1979

Base: Julho de 1977

Deslocamentos verticais na galeria próxima do coroamento, obtidosem nivelamentos de precisão, entre 1997 e 2007

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 25

Barragem de Cahora Bassa  MEMD 20(m)

330

310

290

270

250

230

210

190

170

150

130

22 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19326,00

296,00

271,00

248,50

224,75

203,50

183,50

171,00

152,00160,05

Convenções:

Carbonatos no paramento de jusante da barragemCarbonatos no paramento de jusante dos descarregadores

145,00

Fendas e depósitos no paramentode jusante em 2009

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Barragem da MatalaPrincipais características:- descarregadora com 16 m de altura-- coroamento com 1035 m-- 29 vãos de 17,5 m com comportas automáticas-- pilares de 2,5 m de espessura- 2 viadutos (rodoviário e ferroviário)- entrada em serviço em 1959

Principais características:- descarregadora com 16 m de altura-- coroamento com 1035 m-- 29 vãos de 17,5 m com comportas automáticas-- pilares de 2,5 m de espessura- 2 viadutos (rodoviário e ferroviário)- entrada em serviço em 1959

Principais patologias:

Fendilhação generalizada dos betões

Abertura das juntas dos pilares

Grande depreciação da resistência dos betões

Obra não tinha sistema de observação

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 27

Barragem da Matala

Aberturasdas juntas

dos pilares, medidasem 2002

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 28LNEC | 28

Barragem da MatalaIntervenções projetadas

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

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Barragem de Kariba

Devido à sua importância, a barragem de Kariba serviu de caso de estudo no tema A, Effect of concrete swelling on the equilibrium and displacements of an arch dam, do XI ICOLD Benchmark Workshop on Numerical Analysis of Dams, realizado em Valência (Espanha) em 20 e 21 de outubro de 2011

Principais características:- Abóbada com 128 m de altura- coroamento com 617 m- espessura no topo de 13 m- contrução entre 1957 e 1959- albufeira com 181000 hm3

Principais características:- Abóbada com 128 m de altura- coroamento com 617 m- espessura no topo de 13 m- contrução entre 1957 e 1959- albufeira com 181000 hm3

Expansões totais acumuladas: > 500 x 10-6

Taxa de expansão nos últimos anos: 10 x 10-6 /anoFendilhação muito expressiva na zona dos descarregadores

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 30

Barragem de Kariba

Deslocamentos verticais do coroamento

Sul Norte

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 31

As taxas anuais de expansão parecem estar a diminuir, a reação pode estar a esgotar-se

Barragem de KaribaDeslocamentos radiais do alvo T434

Nível da albufeira e campanhas geodésicas

Deslocamentos radiais

Des

loca

men

tos

radi

ais

(+ p

ara

jusa

nte)

Nív

el d

a ág

ua n

a al

bufe

ira

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

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Barragem de Pian Telessio (Itália)

Principais características:- arco gravidade- altura de 80 m- coroamento com 515 m- espessura no topo de 5,7 m- espessura na base de 34,6 m- contrução entre 1950 e 1955- maciço de fundação: gnaisses

Principais características:- arco gravidade- altura de 80 m- coroamento com 515 m- espessura no topo de 5,7 m- espessura na base de 34,6 m- contrução entre 1950 e 1955- maciço de fundação: gnaisses

O processo expansivo iniciou-se cerca de 25 anos após a construção Taxa de expansão nos últimos anos: 10 x 10-6 /ano (valor moderado) Valores acumulados das expansões superiores a 250 x 10-6

Intervenção precoce para evitar a fendilhação estrutural

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 33LNEC | 33

Barragem de Pian Telessio (Itália)

Deslocamentos radiais paramontante

Deslocamentos calculadosDeslocamentos observados

MD ME

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

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Barragem de Pian Telessio (Itália)

Água de lavagem

Fiodiamantado Roldana

Roldanas

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 35

Algumas barragens intervencionadas ou substituídas

Barragens substituídas:- Drum Afterbay, EUA, 1966- American Falls, EUA, 1978- Maentwrog, Gales, 1992- Abóbada do descarregador de emergência, barragem de Fontana, EUA, 2002- Lady Evelyn, Canadá, 2009- Serra, Suíça, 2010- Alto Ceira, Portugal, 2013

Barragens com grandes reabilitações:- Pracana, Portugal, 1978 a 1992 (que tem sido considerada, internacionalmente,

como um grande êxito)- Chambon, França (impermeabilização parcial , cortes e cintagens)- San Esteban, Espanha (impermeabilização parcial)- Mactaquac, Canadá (cortes parciais todos os anos, desde a década de 1990)- Fontana, EUA (cortes nas décadas de 1970 e 2000)- Salanfe, Suíça, 2012 (cortes nas juntas) e 2013 (cortes nos blocos)- Pian Telessio, Itália (cortes em 2013)

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 36LNEC | 36

Notas finais (1/2) Nas obras novas deve dar-se especial atenção à conceção

das estruturas e à prevenção dos fenómenos: Estruturas com formas e juntas adequadas, verificadas

com coeficientes de segurança confortáveis parasituações extremas de utilização

Especificações para materiais (E461 do LNEC, recomendações da RILEM)

Planos de observação que permitam a deteção de comportamentos anómalos, permitindo o planeamentoatempado da realização de estudos e de intervenções

As reabilitações das obras, quando necessárias, são, emgeral, complexas e onerosas, pelo que deverão ser mobilizados os agentes melhor preparados

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 37LNEC | 37LNEC | 37

Notas finais (2/2) Portugal e França têm cerca de 1/3 das barragens de betão

afetadas por reações expansivas; Suíça, Itália, Espanha, Brasil e Estados Unidos da América também têm um númerosignificativo de barragens deterioradas; a situação maisgrave é no Canadá, onde existe um grande número de barragens danificadas

Na África Austral há casos reportados na África do Sul; as barragens de Kariba e Cahora Bassa, devido à sua enormeimportância e perigosidade, requerem um acompanhamentoespecialmente cuidado da evolução desta patologia

Moçambique deve prosseguir os esforços de capacitaçãotécnica no domínio da segurança de barragens, por forma a também estar preparado para este tipo de problemas

DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DE BARRAGENS AFETADAS POR REAÇÕES EXPANSIVAS DO BETÃO

LNEC | 38

Muito obrigado pelavossa atenção!