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II ANTÔNIO HERMES BEZERRA CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA OPERACIONAL DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS DA UFRN Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Sanitária. Orientadores: Prof. Dr. André Luís Calado Araújo Profª. Dra. Josette Lourdes de Sousa Melo Natal 2004

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II

ANTÔNIO HERMES BEZERRA

CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA OPERACIONAL DA

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS DA UFRN

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Sanitária.

Orientadores:

Prof. Dr. André Luís Calado Araújo Profª. Dra. Josette Lourdes de Sousa Melo

Natal 2004

III

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Bezerra, Antônio Hermes.

Caracterização do sistema operacional da Estação de Tratamento de

Esgotos da UFRN / Antônio Hermes Bezerra. – Natal, RN, 2004.

78 p.

Orientadores: André Luís Calado Araújo,

Josette Lourdes de Sousa Melo

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil.

Laboratório de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental – LARHISA.

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária-PPGES.

1. Esgoto – Estação de Tratamento – Tese. 2. Caixas de areia –

Tese. 3. Coliformes fecais – Tese. 4. Nitrogênio – Tese. 5. Estação de

tratamento de esgotos – Universidade Federal do Rio Grande do Norte –

Tese. I. Araújo, André Luís Calado. II. Melo, Josette Lourdes de Sousa.

III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 628.32/.35(043.2)

IV

ANTÔNIO HERMES BEZERRA

CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA OPERACIONAL DA

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS DA UFRN

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Sanitária.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ Prof. Dr. André Luís Caldo Araújo

Orientador – CEFET/LARHISA

____________________________________ Profª. Dra. Josette Lourdes de Souza Melo

Co-Orientador – UFRN/LARHISA

____________________________________ Prof. Dr. Rui de Oliveira

Examinador Externo – UFCG

____________________________________ Profª. Dra. Maria del Pilar Durante Ingunza

Examinador Externo – UFRN/LARHISA

Natal (RN), 29 de março de 2004.

V

DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado a Minha Mãe Branca,

a Minha Esposa Madalena e a Meus Filhos:

Breno, Bruno e João Paulo, os quais se

constituem num suporte e exemplo maiores de

minha existência e luta e são o incentivo na

minha constante busca de conhecimentos

necessários à vida em sociedade.

VI

AGRADECIMENTOS

A Deus, por sua bondade infinita e presença constante em minha mente e

meu coração.

Aos Professores: Dr. André Luis Calado Araújo, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária da UFRN e Drª. Josette Lourdes de Sousa Melo, do Departamento de Engenharia Química da UFRN, pela orientação deste trabalho, pela confiança em minha capacidade e pelo exemplo de amor à pesquisa e à difusão de conhecimentos.

Aos colegas do laboratório de Controle Ambiental do DEQ/UFRN, novos e antigos, pela amizade, alegria e senso de cooperação desenvolvido ao longo de bons meses de convívio.

À professora Otília Dantas, pela ajuda indispensável na correção das referências bibliográficas.

Em especial, a Graça Gurgel, pela ajuda preciosa na revisão e correção deste trabalho.

Ao colega mestrando Alexandre, pela colaboração na discussão dos resultados estatísticos do referido trabalho.

Aos verdadeiros amigos do curso de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária da UFRN: tenham certeza de que cada um de vocês representa muito para mim.

Aos Professores e Funcionários do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária do Departamento de Engenharia Civil da UFRN, os quais sempre me deram apoio.

Aos servidores da ETE/UFRN, pela colaboração durante os trabalhos experimentais.

A toda minha família, pela força e compreensão por minha ausência nos momentos mais difíceis.

VII

SUMÁRIO

Lista de Figuras .................................. ...............................................................

Lista de Tabelas .................................. ...............................................................

Lista de Siglas ................................... .................................................................

X

XII

XIII

Resumo ............................................ ................................................................... XIV

Abstract .......................................... .................................................................... XV

1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 01

2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 03

2.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 03

2.2 Objetivos Específicos ................................................................................. 03

3. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 05

3.1 Valor de oxidação – Histórico ............................................................ 05

3.1.1 Fundamentos ........................................................................ 08

3.1.2 Finalidade ............................................................................. 11

3.1.3 Características gerais.................................................................. 12

3.1.4 Princípio de funcionamento ................................................... 12

3.1.5 Princípio de remoção de matéria orgânica............................. 15

3.1.6 Princípio de remoção de nutrientes........................................ 20

3.2 Caixa de areia ................................................................................... 22

3.3 Medidor Parshall ...................................................................................... 23

3.4 Decantador ................................................................................................ 23

3.4.1 Tipos de decantadores ............................................................... 24

3.4.2 Considerações sobre decantadores de fluxo radial .............. 25

3.5 Tanque de contato - cloração ................................................................ 25

3.5.1 Objetivos de cloração ................................................................. 26

3.5.2 Condições que afetam a cloração ............................................ 27

VIII

3.6 Leitos de secagem .................................................................................. 28

3.6.1 Tanques de armazenamento de lodo ........................................ 28

3.6.2 Camada drenante.......................................................................... 28

4. SISTEMA OPERACIONAL .................................................................... 30

4.1 Introdução ............................................................................................. 30

4.2 Descrição do Sistema Operacional .................................................. 32

4.2.1 Alimentação da ETE ................................................................... 32

4.3 Unidades operacionais da ETE ......................................................... 32

4.4 Tratamento preliminar ......................................................................... 34

4.4.1 Gradeamento ............................................................................... 34

4.4.2 Caixas de Retenção de areia..................................................... 35

4.4.3 Medidor de vazão (PARSHALL) ............................................... 35

4.4.4 Estação elevatória de esgoto bruto....................................... 36

4.5 Tratamento secundário ................................................................. 37

4.5.1 Valo de Oxidação ................................................................. 37

4.5.2 Decantador secundário ........................................................ 39

4.6 Tratamento terciário ..................................................................... 42

4.6.1 Sistema de desinfecção ...................................................... 42

4.7 Tanque de armazenamento de efluentes tratado......................... 44

4.8 Leitos de secagem........................................................................ 44

5. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................. 46

5.1 Monitoração de rotina.................................................................. 46

5.2 Pontos de coleta........................................................................... 46

5.3 Perfis de oxigênio dissolvido no valo de oxidação....................... 48

5.4 Procedimentos analíticos.............................................................. 48

5.5 Tratamento Estatísticos................................................................ 49

6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................. 50

6.1 Caracterização da vazão afluente ............................................... 50

IX

6.2 Caracterização do Esgoto Bruto................................................. 51

6.3 Resultados da monitoração de rotina da ETE.............................. 53

6.3.1 Temperatura.......................................................................... 56

6.3.2 PH ........................................................................................ 56

6.3.3 Oxigênio dissolvido .............................................................. 57

6.3.4 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) ........................... 59

6.3.5 Demanda Química de Oxigênio (DQO) ............................... 60

6.3.6 Coliformes fecais................................................................... 61

6.3.7 Nitrogênio.............................................................................. 63

6.4 Perfis de oxigênio dissolvido no valo de oxidação....................... 65

6.5 Discussão..................................................................................... 69

6.5.1 Sobre a vazão afluente a ETE.............................................. 71

6.5.2 Sobre a concentração de oxigênio ...................................... 72

6.5.3 Sobre a eficiência da ETE .................................................. 72

7. ANÁLISE E DISCUSSÃO ............................................................... 74

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 76

X

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1. Relações de produção de lodo e remoção de DBO entre vários

processos de lodos ativados (Adaptado de Jordão e Pessoa, 1995)................. 10

Figura 3.2. Perfil esquemático de OD em um valo de oxidação. Trechos em

mistura completa (zonas aeradas) e em fluxo em pistão (a jusante dos

aeradores) Adaptado de De Korte e Smits, 1985. ............................................. 11

Figura 3.3. Fases de crescimento bacteriano em uma cultura pura (segundo

Monod in Brouzes, 1973).................................................................................... 18

Figura 4.1. Planta de localização da ETE no Campus Universitário da UFRN -

(5º55’ S e 35º12’ W)........................................................................................... 31

Figura 4.2. Fluxograma das unidades operacionais da ETE. ............................ 33

Figura 4.3. Gradeamento, Caixas de Areia e Calha Parshall da Estação de

Tratamento de Esgoto – UFRN.......................................................................... 36

Figura 4.4. Vista do valo de oxidação da ETE – UFRN...................................... 39

Figura 4.5. Decantador Dortmund em corte de limpeza não mecanizada......... 40

Figura 4.6. Decantador Secundário da ETE – UFRN......................................... 41

Figura 4.7. Vista do tanque de contato – cloração da Estação de Tratamento

de Esgoto – UFRN.............................................................................................. 43

Figura 4.8. Células de secagem de lodo digerido da ETE – UFRN................... 45

Figura 5.1. Pontos de coleta na ETE – UFRN ................................................... 47

Figura 6.1. Histograma de freqüência de variação de vazão do esgoto bruto

afluente da ETE-UFRN (out/2001 a out/2002)................................................... 50

Figura 6.2. Faixas de variação, medianas e medidas de dispersão de

temperatura obtidas nos pontos de coleta durante a monitoração de rotina da

ETE..................................................................................................................... 56

Figura 6.3. Faixas de variação, medianas e medidas de dispersão de pH

obtidas nos pontos de coleta durante a monitoração de rotina da ETE............. 57

Figura 6.4. Faixas de variação, medianas e medidas de dispersão de

oxigênio dissolvido (OD) obtidas nos pontos de coleta durante a monitoração

de rotina da ETE................................................................................................. 58

Figura 6.5. Faixas de variação, medianas e medidas de dispersão de

demanda bioquímica de oxigênio (DBO5) obtidas nos pontos de coleta

durante a monitoração de rotina da ETE............................................................ 60

XI

Figura 6.6. Faixas de variação, medianas e medidas de dispersão de

demanda química de oxigênio (DQO) obtidas nos pontos de coleta durante a

monitoração de rotina da ETE............................................................................ 61

Figura 6.7. Faixas de variação, medianas e medidas de dispersão de

coliformes fecais obtidas nos pontos de coleta durante a monitoração de

rotina da ETE...................................................................................................... 62

Figura 6.8. Faixas de variação, medianas e medidas de dispersão de

nitrogênio amoniacal obtidas nos pontos de coleta durante a monitoração de

rotina da ETE...................................................................................................... 64

Figura 6.9. Faixas de variação, medianas e medidas de dispersão de nitrito e

nitrato obtidas nos pontos de coleta durante a monitoração de rotina da ETE.. 64

Figura 6.10. Perfis característicos de variação de oxigênio dissolvido em dois

pontos de coleta no valo de oxidação ao longo de 12 horas de monitoramento

com aeração contínua........................................................................................ 66

Figura 6.11. Perfis característicos de variação de oxigênio dissolvido em dois

pontos de coleta no valo de oxidação ao longo de 12 horas de monitoramento

com aeração semicontínua ................................................................................ 68

XII

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1. Dosagem de cloro para diferentes tipos de efluentes..................... 27

Tabela 4.1. Características dos Rotores de Aeração da Estação de

Tratamento de Esgotos da UFRN...................................................................... 38

Tabela 4.2. Características do Decantador Secundário na ETE da UFRN........ 41

Tabela 4.3. Características do tanque de armazenamento do efluente tratado. 44

Tabela 4.4. Características dos leitos de secagem do lodo ETE - UFRN.......... 45

Tabela 5.1 Métodos de determinação dos parâmetros...................................... 49

Tabela 6.1. Valores das médias diária e mensal da vazão do esgoto bruto

efluente da ETE.................................................................................................. 51

Tabela 6.2 Resultados dos valores mínimos, medianas e máximas, das

variáveis avaliadas durante o monitoramento de rotina do esgoto bruto........... 52

Tabela 6.3 Resultados dos valores mínimos (min), medianas (med) e

máximos (max) obtidos durante o monitoramento de rotina do sistema

experimental da ETE.......................................................................................... 55

XIII

LISTA DE SIGLAS

DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO – Demanda Química de Oxigênio

DEC – Decantador

EB – Esgoto Bruto

ET – Esgoto Tratado

ETE-Estação de Tratamento de Esgotos

NO2- - Nitrito

NO3- -Nitrato

OD – Oxigênio Dissolvido

V1 – Valo de Oxidação (Ponto de coleta n°1)

V2 – Valo de Oxidação (Ponto de coleta n°2)

VS – Valo de Oxidação Saída

V3 – Valo de Oxidação (Ponto de coleta n°3)

V4 – Valo de Oxidação (Ponto de coleta n°4)

XIV

RESUMO

Uma estação de tratamento de esgotos domésticos do tipo valo de oxidação é

constituída de grade de barras, caixas de areia, tanques de armazenamento de

esgoto bruto, valo de oxidação, decantador, sistema de cloração a gás e leitos de

secagem de desidratação do lodo digerido. Este trabalho tem como objetivo

apresentar os resultados obtidos na monitoração do sistema operacional de uma

estação de tratamento deste tipo, pertencente à Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (UFRN), denominada de ETE e situada no Campus Central da

UFRN em Natal, Brasil. Análises diárias da vazão afluente foram realizadas no

período de outubro de 2001 a outubro de 2002. Após passar pelo tratamento

preliminar o esgoto bruto era conduzido ao valo de oxidação que é o reator de maior

importância do sistema. Foram feitas análises em vários pontos de amostragem e os

parâmetros pesquisados foram temperatura, pH, oxigênio dissolvido (OD), demanda

bioquímica de oxigênio (DBO5), demanda química de oxigênio (DQO), nitrogênio

amoniacal (N-NH3), nitrito (NO-2), nitrato (NO-

3) e coliformes fecais (CF). O esgoto

tratado apresentou características satisfatórias em termos de remoção de carga

orgânica e microbiológica, comportamento normal para condições de reuso, com

DBO5 média de 8 mg/l, DQO média de 65 mg/l, nitrogênio amoniacal médio de 6,4

mg/l, nitrato médio de 4,5 mg/l, nitrito médio de 2,5 mg/l e coliformes fecais médio de

1 ufc/100ml. Os valores de pH observados se situaram próximo à faixa neutra.

Quanto à liberação de odores, não foi observada sua ocorrência. Tais resultados

mostram que o esgoto tratado do sistema em estudo apresentou uma concentração

desejável, não havendo restrições quanto a seu uso na irrigação.

PALAVRAS-CHAVES: Caixas de areia; Coliformes fecais; Decantador; Demanda

Bioquímica de Oxigênio; Demanda Química de Oxigênio; Nitrogênio; Oxigênio

dissolvido; pH; Sistema de cloração; Valo de oxidação.

XV

1. Introdução

Desde os primórdios, o homem vem procurando eliminar os dejetos

provenientes de suas atividades sócio-econômicas e uma de suas principais

preocupações tem sido o afastamento das águas residuárias dos centros

populacionais. Para isso, uma das maneiras por ele encontradas foi o lançamento

dos esgotos brutos nos diferentes corpos d’água (rios, lagos e mares) e nos solos.

Assim, dependendo das circunstâncias, a natureza tem condições de promover o

tratamento dessa carga poluidora, através da evolução, reprodução e crescimento

de microrganismos que decompõem a matéria orgânica. Porém, com o advento da

urbanização e do crescimento desordenado da população, este lançamento in

natura se torna problemático, tanto do ponto de vista ambiental, como do ponto de

vista econômico.

O maior desafio na campanha contra a poluição das águas de superfície e

subterrânea é dotar os efluentes domésticos e industriais de um tratamento correto e

seguro, para que não venham, em curto prazo poluir os mananciais, uma vez que é

cada vez maior a necessidade de utilização dessas referidas águas. A poluição do

lençol freático, devido à infiltração de esgotos sanitários e, conseqüentemente, a

liberação de capacidade devido ao consumo crescente de água pelo

desenvolvimento tecnológico e crescimento demográfico vem exigindo dos cientistas

que lidam com a engenharia sanitária um posicionamento mais rigoroso no controle

da qualidade das águas de superfície e subterrânea.

A necessidade fundamental do controle da poluição das águas em todo o

mundo ocasionou inúmeras pesquisas destinadas ao estabelecimento de processos

biológicos para o tratamento de águas residuárias.

A incessante procura de uma nova técnica de depuração biológica deveu-se

também ao fato de que os processos convencionais utilizados, tais como filtros

biológicos e lodos ativados, não apresentam significações no processo e operação,

à medida que o tamanho das instalações diminuía, tornando o custo das mesmas

freqüentemente proibitivas para pequenas fontes poluidoras (Gondim, 1976).

XVI

Diversos tipos de tratamento de esgotos têm sido desenvolvidos com a

finalidade de minimizar os impactos ambientais e econômicos que estes

lançamentos in natura provocam. Os referidos tratamentos exploram microrganismos

que proliferam naturalmente no solo e na água, procurando, no entanto, otimizar a

eficiência e reduzir os custos.

O sistema de tratamento de esgotos por valo de oxidação tem sido uma

importante alternativa para a remoção das impurezas físicas, químicas e biológicas

contidas nas águas residuárias, quando não há muita disponibilidade de terreno e

quando é desejado um elevado grau de purificação no efluente.

A UFRN, como órgão público de ensino e pesquisa, já vinha se preocupando

com problemas ambientais causados por seus dejetos e procurou elaborar um

projeto hidráulico e sanitário para tratá-los. Seus dejetos eram encaminhados a

fossas sépticas para tratamento com destino final dos efluentes em sumidouros. Tal

prática não era adequada para uma instituição de seu porte. .

Na UFRN, vem sendo usado o processo de tratamento biológico por valo de

oxidação, por se tratar de um sistema que tem um elevado desempenho no

tratamento de águas residuárias domésticas. Este processo, comparado a outros

sistemas de tratamento, apresenta várias vantagens, como elevada taxa de remoção

de DBO e DQO.

Proteger o meio ambiente e, principalmente a água que se bebe, é tão

importante e necessário quanto proteger a própria vida, haja vista os grandes

problemas ambientais decorrentes, tais como a contaminação do aqüífero. Desta

forma, com o objetivo de tratar seus esgotos foi implantada em maio de 1983, no

Campus Central da UFRN, em Natal/Brasil, uma ETE do tipo valo de oxidação.

XVII

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Caracterizar o afluente e efluente da ETE do Campus Central da UFRN com a

finalidade de se otimizar o seu desempenho operacional.

2.2 Objetivo Específico

Analisar a proposta de estudo de monitoramento do sistema operacional da

Estação de Tratamento de Esgotos da UFRN, com a finalidade de determinar a

influência dos parâmetros de controle da eficiência do referido sistema em relação

à remoção de cargas orgânicas, como: DBO e DQO e carga microbiana, como:

coliformes fecais.

Demonstrar que o tratamento de esgoto doméstico na ETE da UFRN, por

valo de oxidação, é um tratamento bem aceito em nossa região de clima tropical,

uma vez que é uma estação de tratamento compacta, localizada em pequena

área, de fácil operação e manutenção.

Descrever a função do efluente da referida Estação, a partir do

reaproveitamento de seu efluente (na irrigação), minimizando os efeitos nocivos

do lançamento dos esgotos in natura no solo.

Caracterizar o sistema operacional da ETE para que se otimize o

tratamento de esgotos, no que se refere à remoção de impurezas físicas,

químicas e biológicas e, principalmente, organismos patogênicos, como também

XVIII

determinar o período de aeração com a variação do oxigênio dissolvido no valo de

oxidação.

Avaliar quantitativamente os parâmetros físico-químicos e bacteriológicos

de controle com a finalidade de verificar a sua influência no funcionamento do

sistema quanto à remoção da carga orgânica e microbiológica.

Determinar o período de aeração com o objetivo de minimizar custos com

energia elétrica e desgastes dos sistemas de aeração.

Demonstrar que o tratamento por valo de oxidação é eficiente na remoção

de matéria orgânica como DBO(5), DQO e microbiológica.

Caracterizar a vazão diária afluente.

4. SISTEMA OPERACIONAL

4.1. Introdução

O sistema monitorado foi Estação de Tratamento de Esgotos - ETE, do

Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, situada

no bairro de Lagoa Nova, zona sul da Cidade do Natal, capital do Rio Grande do

Norte, Nordeste do Brasil, distante 10 km do centro, localizada a 5º 55’ latitude sul e

35º 12’ longitude oeste. O sistema vem sendo operado desde sua inauguração, em

maio de 1983, sob a coordenação da Prefeitura do Campus até 1998, passando a

ser subordinada a Superintendência de Infra-Estrutura a partir de dezembro de

1999.

A rede pública de esgotos mais próxima existente na época de sua

construção, na década de 80, estava a uma distância de 7,0 km de sua sede. Em

decorrência da distância da rede coletora de esgotos associada a outros aspectos

técnicos e econômicos, foi feita a opção pela construção da ETE, com a finalidade

exclusiva de tratar os esgotos gerados pelas várias atividades ocorridas no Campus.

A Figura 4.1 mostra a planta de localização da ETE no campus universitário.

XIX

ETE

Figura 4.1 - Planta de localização da ETE no CAMPUS UNIVERSITÁRIO

XX

5. MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 Monitoração de Rotina

O sistema entrou em operação em maio de 1983, com o monitoramento de

apenas alguns parâmetros como oxigênio dissolvido (OD), temperatura, pH, oxigênio

dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio (DBO5), demanda química de oxigênio

(DQO), coliformes fecais, nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato eram realizados

quinzenalmente. Somente a partir de outubro de 2001, até outubro de 2002, com o

projeto de pesquisa da ETE, as coletas se tornaram mais freqüentes. Durante o

período de monitoramento o sistema de aeração do valo de oxidação operou em

regime semicontinuo funcionando entre as seis e dezoito horas.

5.2 Pontos de coleta

Para isso foram definidos os seguintes pontos de coletas para as análises

mostradas conforme a Figura 5.1.

• Chegada do afluente a ETE logo após a grade no ponto (EB)

• No valo de oxidação 7 m a jusante do sistema de aeração no ponto (V1); a 49

m a montante do sistema de aeração no ponto (V2); na comporta de saída do

valo a 68 m a montante do sistema de aeração no ponto (VS); a 78,50 m a

montante do aerador no ponto (V3) e a 101,50 m do sistema de aeração no

ponto (V4). As coletas foram feitas a uma profundidade de 50 cm.

• Decantador, as coletas foram feitas na saída no ponto (Dec).

• Efluente tratado (ET), todas as coletas foram feitas na entrada do tanque,

após a cloração no ponto denominado (ET).

XXI

Figura 5.1 Pontos de coleta na ETE – UFRN

XXII

6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

6.1. Caracterização da vazão afluente

A média diária de vazão do esgoto bruto afluente foi obtida com base em

perfis de 24 horas com medidas tomadas a cada hora durante o período de

outubro/2001 a outubro 2002 perfazendo um total de 396 perfis com 9504

resultados. Para verificar o comportamento da vazão ao longo do período estudado,

foram obtidos histogramas de freqüência mensal e total, tendo sido observado, na

maioria dos casos, um comportamento normal. A Figura 6.1, por exemplo, apresenta

o histograma de vazão para todo o período de monitoramento.

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5

Vazão (l/s)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

No d

e ob

serv

açõe

s

Figura 6.1. Histograma de freqüência de variação de vazão do esgoto bruto afluente da ETE-UFRN (out/2001 a out/2002).

Com base na média aritmética foi obtido um volume médio mensal afluente de

6582,61 m3, correspondendo a uma vazão média diária de 2,5 l/s, o que resultou em

um tempo de detenção hidráulica média no valo de oxidação de 4,86 dias.

XXIII

A maior vazão média diária foi de 3,17 l/s ocorrendo no mês junho de 2002 e

a mínima foi de 1,96 l/s verificada em outubro de 2002. Diante dos dados obtidos no

período de monitoramento foi possível observar que tanto a vazão máxima quanto a

vazão mínima encontradas estão bem abaixo quando comparadas com as de

projeto, conforme já citado anteriormente. A Tabela 6.1 apresenta os valores das

médias diária e mensal da vazão do esgoto bruto afluente da ETE.

Tabela 6.1. Valores das médias diária e mensal da v azão do esgoto bruto

efluente da ETE.

MESES

VAZÃO

Diário (m 3/dia) Mensal (l/s) Mensal (m 3/mês)

Outubro 2001 169,60 1,963 5257,70 Novembro 2001 179,63 2,079 5388,77 Dezembro 2001 185,41 2,146 5747,85

Janeiro 2002 181,70 2,103 5632,68 Fevereiro 2002 181,70 2,103 5087,58

Março 2002 202,95 2,349 6291,56 Abril 2002 236,65 2,739 7039,49 Maio 2002 236,04 2,732 7336,14

Junho 2002 273,72 3,168 8211,46 Julho 2002 260,41 3,014 8072,70

Agosto 2002 253,58 2,935 7861,10 Setembro 2002 208,40 2,412 6251,90 Outubro 2002 238,55 2,761 7395,06

Médias 216,03 2,500 6582,61

6.2. Caracterização do Esgoto Bruto.

Com base nos resultados obtidos durante o monitoramento do sistema

operacional da ETE, para cada variável medida no esgoto bruto afluente foram

determinadas suas estimativas de estatística descritiva, sendo aqui apresentados na

Tabela 6.2, seus valores mínimos (min), medianas (med) e máximos (máx). As

coletas das variáveis analisadas foram realizadas em intervalos de 15 dias, entre

outubro de 2001 a outubro de 2002.

Tabela 6.2. Resultados dos valores mínimos, mediana s e máximas, das

variáveis avaliadas durante o monitoramento de roti na do esgoto bruto.

XXIV

Parâmetros Unidade Mínimo Mediana Máximo

Temperatura °C 23 26 28

pH _ 6,28 7,00 7,91

DBO mg/l 14 145 294

DQO mg/l 71 303 960

Coliformes Fecais (CF) (ufc/100ml) 1,0E+05 3,6E+06 2,9E+07

Nitrogênio Amoniacal (NH3) mg /l-N 4,90 19,0 47,00

Nitrato (NO3) mg /l-N 1,79 4,10 9,10

Nitrito (NO2) mg /l-N 0,07 1,60 2,21

A temperatura apresentou pequena variação. A mínima registrada foi de

23°C, mediana de 26°C e a máxima 28°C. Os valores m ínimos observados foram

nos meses de abril e junho de 2001 correspondentes a períodos chuvosos enquanto

os máximos foram registrados nos meses referentes a março e setembro de 2002,

nos períodos de estiagem.

Dentre os principais efeitos causados à água pelo aumento da temperatura

(poluição térmica), destacam–se os seguintes: incremento da toxidez de certos

compostos, redução da capacidade da água de reter gases (inclusive o oxigênio),

variação na concentração de carbonatos e no pH do meio. Outro efeito indireto da

variação da temperatura está relacionado com a viscosidade do meio aquático.

Aumentando a temperatura da água, a viscosidade do meio diminui, trazendo

como conseqüência, prejuízo a uma grande variedade de microrganismos que

necessitam da viscosidade do meio para se manterem em equilíbrio nas

proximidades da superfície da água, com a finalidade de melhor absorção da

energia solar, para a fotossíntese.

O pH mediano obtido foi 7,00 com amplitude variando entre 6,28 e 7,91.

Segundo Metcalf e Eddy (1995), o pH da água residuária bruta deve variar entre 6,0

e 9,0. Logo a água residual com concentrações de íon hidrogênio inadequadas pode

apresentar dificuldades no tratamento por processos biológicos.

XXV

A demanda bioquímica de oxigênio (DBO5) mediana determinada durante os

experimentos foi de 145 mg/L, que permite classificá-la como concentração típica de

esgoto fraco a médio conforme Metcalf e Eddy (1995). As medidas variaram entre 14

e 294 mg/L. É importante destacar que o esgoto é proveniente de uma Instituição de

Ensino onde a ocupação é temporária e as principais contribuições são provenientes

de banheiros públicos, laboratórios, refeitórios, residências universitárias, etc.

A demanda química de oxigênio (DQO) apresentou mediana igual a 303

mg/L, sendo típica de água residuária doméstica bruta segundo Metcalf e Eddy

(1995). Sua concentração teve variação entre 71 e 960 mg/L. A relação DBO/DQO

foi de aproximadamente 0,48. Segundo Metcalf e Eddy (1995), a faixa dessa relação

se acha no intervalo 0,4 a 0,8.

Quanto aos coliformes fecais (CF), foi observada na sua composição, uma

concentração mediana igual a 3,6 x 106 ufc/100 ml, sendo característica de esgoto

doméstico variando de fraco a médio (Metcalf e Eddy, 1995).

O nitrogênio apresentou variação significativa para as três formas analisadas.

As concentrações medianas para o nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato foram 14,0

mg/L, 1,6 mg/L e 4,1 mg/L, respectivamente. Metcalf e Eddy (1995), mencionam que

a composição típica de nitrogênio amoniacal em água residuária doméstica bruta

fraca a média, varia entre 12 e 25 mg/L, as concentrações de nitrito e nitrato são

praticamente nulas. De acordo com Jordão e Pessoa, 1995, o nitrogênio está

presente nos esgotos principalmente na forma de amônia e nitrogênio orgânico, de

forma solúvel ou em suspensão. A parcela sob a forma de nitrito e nitrato é irrisória.

6.3. Resultados da monitoração de rotina da ETE.

Para o tratamento estatístico dos dados coletados foram obtidos os

parâmetros de estatística descritiva tais como: faixa de variação (mínimos e

máximos), medidas de tendência central (médias e medianas) e medidas de

dispersão (desvios padrões e quartís). Também foram realizados estudos para

verificação da normalidade dos dados, o que na grande maioria não foi atestado.

Dessa forma, foi utilizado para caracterizar a tendência central dos grupos de

dados de cada variável o valor da mediana, enquanto que os quartís foram

XXVI

utilizados na caracterização da dispersão dos dados. Conforme mencionado

previamente a ETE foi monitorada com base na coleta de amostras no valo de

oxidação (V1, V2, VS, V3, V4) efluente do decantador (DEC) e esgoto tratado

(ET). A Tabela 6.3 ilustra o resumo do tratamento estatístico dos dados obtidos

durante o estudo do sistema experimental.

Tabela 6.3 Resultados dos valores mínimos (min), me dianas (med) e máximos

(máx) obtidos durante o monitoramento de rotina do sistema experimental da

ETE.

Unidade T pH OD DBO DQO CF NH3 NO2 NO3

°C mg/L mg/L mg/L ufc/100ml mg/L mg/L mg/L

V1

Min 23 5,69 0,4 37 71 N.P N.P N.P N.P

Med 26 6,80 3,1 167 412 N.P N.P N.P N.P

Máx 28 7,33 6,4 370 900 N.P N.P N.P N.P

V2

Min 22 5,68 0,0 36 90 N.P N.P N.P N.P

Med 25 6,80 3,2 134 420 N.P N.P N.P N.P

Máx 28 8,14 5,9 441 960 N.P N.P N.P N.P

VS

Min 22 5,64 0,2 32 83 4,9E+04 1,4 2,5 0,6

Med 26 6,70 3,2 129 357 1,7E+05 6,8 2,8 6,4

Máx 28 7,75 4,9 278 923 5,0E+05 10,1 3,0 9,6

V3

Min 22 5,59 0,6 32 41 N.P N.P N.P N.P

Med 25 6,80 3,1 127 389 N.P N.P N.P N.P

Máx 27 7,69 4,8 392 923 N.P N.P N.P N.P

V4

Min 22 5,60 0,0 70 216 N.P N.P N.P N.P

Med 25 6,80 2,7 146 486 N.P N.P N.P N.P

Máx 29 7,40 4,2 364 923 N.P N.P N.P N.P

DEC

Min 23 6,16 0,7 8 42 1,3E+04 N.P N.P N.P

Med 26 6,90 2,8 46 96 8,5E+04 N.P N.P N.P

Máx 29 8,18 5,4 210 505 6,5E+05 N.P N.P N.P

ET Min 22 3,57 0,2 1 16 1,0E+00 1,1 0,4 1,2

Med 26 6,40 3,5 8 65 1,0E+00 6,4 2,5 4,5

XXVII

Máx 29 7,40 8,5 63 292 9,0E+04 16,7 2,7 8,3

N.P- Parâmetro não determinado no ponto de coleta.

6.3.1. Temperatura

A temperatura apresentou variação entre 22 e 29 °C em todos os pontos

monitorados enquanto que os seus valores medianos variaram na estreita faixa de

25 a 26oC o que para Metcalf e Eddy (1995) é ótima para a atividade bacteriana. A

Figura 6.2 ilustra o comportamento da temperatura durante a monitoração de rotina

da ETE.

Mediana 25%-75% Min-Max

EB VI V2 VS V3 V4 DEC ET

Pontos de monitoramento

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Tem

pera

tura

(o C

)

Figura 6.2 Faixas de variação, medianas e medidas d e dispersão de

temperatura obtidas nos pontos de coleta durante a monitoração de rotina da

ETE.

6.3.2. pH

XXVIII

Quanto ao pH, foi observada uma uniformidade em sua mediana conforme

mostra a Figura 6.3. Nos pontos V1, V2, V3, e V4 foram observadas medianas iguais

a 6,8, em VS, 6,7, em DEC 6,9 e em ET 6,4. Os valores mínimos e máximos para

os pontos monitorados no valo de oxidação variaram entre 5,6 e 8,1. No decantador

o valor mínimo encontrado foi de 6,2 e o máximo de 8,2. Já no esgoto tratado o pH

variou entre 3,6 e 7,6. Esta ampla faixa de variação pode ser explicada devido a

uma provável falha no sistema de cloração do efluente decantado.

Mediana 25%-75% Min-Max

EB V1 V2 VS V3 V4 DEC ET

Pontos de monitoramento

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

5,5

6,0

6,5

7,0

7,5

8,0

8,5

9,0

pH

Figura 6.3 Faixas de variação, medianas e medidas d e dispersão de pH obtidas

nos pontos de coleta durante a monitoração de rotin a da ETE.

6.3.3. Oxigênio dissolvido

O oxigênio dissolvido apresentou variações bem significativas, como pode ser

observado na Figura 6.4. Variou entre os limites de 0,0 e 8,5 mg/L. A concentração

mediana de 3,0 mg/L de oxigênio no valo de oxidação manteve-se praticamente

constante, apresentando apenas, uma leve queda no ponto V4, que estava

localizado a montante do aerador e próximo à entrada do afluente anaeróbio no valo.

XXIX

Em V1, localizado a jusante do aerador foi possível observar as maiores

concentrações de oxigênio atingindo o valor máximo de 6,40 mg/L. Neste ponto do

valo onde ocorre constante agitação e turbulência com introdução de oxigênio na

massa líquida devido a maior proximidade do aerador. Nos demais pontos

analisados foram constatados pequenos descaimentos na concentração máxima de

oxigênio. A concentração recomendada para valo de oxidação, varia entre 1 e 3

mg/L não deixando ultrapassar 4 mg/L a fim de se evitar nitrificação acompanhada

de lodo flutuante no decantador (Metcalf e Eddy, 1995).

Mediana 25%-75% Min-Max

EB V1 V2 VS V3 V4 DEC ET

Pontos de monitoramento

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Oxi

gêni

o di

ssol

vido

(m

g/l)

Figura 6.4 Faixas de variação, medianas e medidas d e dispersão de oxigênio

dissolvido (OD) obtidas nos pontos de coleta durant e a monitoração de rotina

da ETE.

No decantador, foi possível observar que o oxigênio teve um comportamento

semelhante àquele verificado no valo de oxidação. Isso foi possível, porque os

sólidos em suspensão ricos em microrganismos consumidores de oxigênio vão

sedimentando reduzindo a demanda de oxigênio na superfície. Além disso, as algas

que ocupam a camada mais superficial do decantador, realizam a fotossíntese

liberando oxigênio para a massa líquida.

XXX

A concentração de oxigênio no esgoto tratado apresentou a maior mediana

(3,5 mg/L) com faixa de variação entre 0,2 e 8,5 mg/L. A concentração de OD

próximo à nula ocorreu exatamente no período em que o efluente do decantador

apresentava grande quantidade de sólidos em suspensão, comprometendo a

qualidade do efluente tratado. Por outro lado, os valores mais elevados de oxigênio,

medidos no tanque de armazenamento de efluente tratado, refletem o

desenvolvimento de algas que contribuem com a liberação do oxigênio para a

massa líquida.

6.3.4. Demanda bioquímica de oxigênio (DBO)

No valo de oxidação, a demanda bioquímica de oxigênio (DBO5), apresentou

comportamento bem homogêneo, como pode ser observado na Figura 6.5, com

variação entre os limites de 32 e 441 mg/L. A concentração mediana de 134 mg/L no

valo de oxidação manteve-se praticamente constante apresentando apenas, um leve

aumento no ponto V1, localizado a jusante do aerador e próximo à entrada do

afluente anaeróbio no valo de oxidação.

Em V2, localizado a jusante do aerador foi possível observar maior

concentração da demanda bioquímica de oxigênio, atingindo o valor máximo de 441

mg/l. Foi neste local onde a turbulência e as agitações são mais visíveis devido à

aproximação com o aerador, que foi observada a maior concentração de sólidos em

suspensão. Nos demais pontos analisados foram observadas discretas variações em

suas medianas.

No decantador, a DBO5 apresentou uma ampla redução comparada com a

concentração afluente, com uma variação bastante significativa, entre os limites 8 e

210 mg/L e mediana de 46 mg/L. Isso foi possível, porque o efluente do decantador

apresentava baixa concentração de sólidos em suspensão e reduzida carga de

matéria orgânica.

No esgoto tratado a DBO5 apresentou a menor mediana (8 mg/L), com faixa

de variação entre 1 e 63 mg/L. O efluente do decantador passa por tratamento

terciário e recebe elevada concentração de cloro gasoso com o objetivo de remover

os microrganismos advindos do decantador.

XXXI

Mediana 25%-75% Min-Max

EB V1 V2 VS V3 V4 DEC ET

Pontos de monitoramento

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

DB

O (

mg/

l)

Figura 6.5 Faixas de variação, medianas e medidas d e dispersão de demanda

bioquímica de oxigênio (DBO 5) obtidas nos pontos de coleta durante a

monitoração de rotina da ETE .

6.3.5. Demanda Química de Oxigênio (DQO)

A demanda química de oxigênio (DQO) no valo de oxidação apresentou

ampla variação, como pode ser observado na Figura 6.6. Variou entre os limites de

41 e 960 mg/L, durante o monitoramento de rotina, demonstrando que o mesmo

provavelmente recebe contribuições de esgoto industrial. As medianas obtidas nos

cinco pontos de monitoramento no valo de oxidação variaram na faixa de 357 a 486

mg/l. A menor mediana foi observada na saída do valo enquanto que o maior valor

mediano foi verificado em V4, onde foi possível constatar pequenas variações nas

concentrações mínima e mediana, em relação aos demais pontos, possivelmente

por se encontrar a montante do aerador e próximo à entrada do afluente séptico.

O decantador atuou eficientemente na redução da DQO produzindo um

efluente com concentração mediana de 96 mg/l, bem inferior àquela observada na

saída do decantador (357 mg/l).

XXXII

No esgoto tratado a DQO sofreu nova redução apresentando concentração

mediana igual a 65 mg/L com variação entre 16 e 292 mg/L. A relação mediana

DBO/DQO no esgoto tratado foi de aproximadamente 0,12, caracterizando que a

maioria do material biodegradável já foi oxidada nas etapas anteriores, restando um

efluente com compostos de difícil degradação.

Mediana 25%-75% Min-Max

EB V1 V2 VS V3 V4 DEC ET

Pontos de monitoramento

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

DQ

O (

mg/

l)

Figura 6.6 Faixas de variação, medianas e medidas d e dispersão de demanda

química de oxigênio (DQO) obtidas nos pontos de col eta durante a

monitoração de rotina da ETE .

6.3.6. Coliformes fecais

Os resultados de coliformes fecais analisados no valo de oxidação

apresentaram pequenas variações. Os valores mínimos e máximos variaram nas

faixas 4,9 x 104 a 5,0 x 105 ufc/100ml enquanto que a concentração mediana obtida

foi de 1,7 x 105 ufc/100ml, conforme mostrado na Figura 6.7.

No valo de oxidação foi evidenciado um discreto aumento na concentração de

coliformes fecais em relação ao esgoto bruto afluente, podendo isso ser atribuído à

grande concentração de lodo ativado no seu interior.

No decantador foi possível observar uma pequena redução na mediana e na

concentração mínima de coliformes, enquanto que na concentração máxima foi

XXXIII

observado um discreto aumento comparado àquela observada na saída do valo de

oxidação. Provavelmente, as concentrações mais elevadas de coliformes fecais

verificadas no efluente do decantador podem estar associadas à contribuição de

sólidos sobrenadante que eventualmente flotavam devido à liberação de gases

durante o processo de digestão do lodo sedimentado. É importante destacar que

durante as coletas foi observada, em alguns dias, na superfície do líquido

sobrenadante, uma camada grossa e consistente sendo arrastada juntamente com o

efluente clarificado.

A concentração de coliformes fecais do esgoto tratado apresentou faixas de

variações bastante amplas (Figura 6.7). A mediana obtida no esgoto tratado foi de

1,0 ufc/100ml, sendo, portanto, a menor encontrada nos pontos analisados,

confirmando a elevada eficiência do sistema de cloração. Quanto à máxima

concentração de coliformes fecais registradas no esgoto tratado (9,0 x

104ufc/100ml), pode ser atribuído a quebra do dosador de cloro ocorrido na semana

da coleta.

Mediana 25%-75% Min-Max

EB VS DEC ET

Pontos de monitoramento

5E-01

5E+00

5E+01

5E+02

5E+03

5E+04

5E+05

5E+06

5E+07

Col

iform

es fe

cais

(uf

c/10

0 m

l)

Figura 6.7 Faixas de variação, medianas e medidas d e dispersão de coliformes

fecais obtidas nos pontos de coleta durante a monit oração de rotina da ETE .

6.3.7. Nitrogênio

XXXIV

O nitrogênio amoniacal determinado na saída do valo de oxidação apresentou

concentração mínima de 1,4 mg/L e máxima igual a 10,1 mg/L. A mediana obtida na

saída do valo de oxidação foi de 6,8 mg/L. Observando os resultados apresentados

nas Figuras 6.8 e 6.9, pode ser afirmado que no valo de oxidação estava ocorrendo

o processo de nitrificação. As concentrações medianas de nitrito e nitrato

encontradas no efluente do valo de oxidação iguais a 2,8 e 6,4 mg/L,

respectivamente, mostram que parte do nitrogênio amoniacal foi oxidado a nitrato

pelo processo de nitrificação, sendo parte deste, posteriormente reduzido a

nitrogênio molecular pelo processo de desnitrificação. A faixa de variação do nitrato

foi ampla, enquanto que no nitrito os resultados indicam uma maior concentração de

valores próximos à sua mediana. É importante ressaltar, que o sistema de valo de

oxidação não foi projetado com a finalidade de remover nitrogênio, porém, pode ser

afirmado que esta modalidade de tratamento possibilitou a remoção de significativas

quantidades de nitrogênio. É evidente que uma ótima eficiência, na remoção de

nitrogênio dependerá de uma boa operação.

No esgoto tratado, o nitrogênio amoniacal ainda apresentou elevada

concentração com faixa de variação entre 1,1 e 16,7 mg/L, sendo, portanto em

algumas coletas, superiores às concentrações apresentadas no efluente do valo de

oxidação. A concentração mediana de 6,4 mg/L de nitrogênio amoniacal no esgoto

tratado manteve-se praticamente estável, apresentando apenas, uma leve redução

em relação à encontrada no efluente do valo de oxidação (6,8 mg/L).

Quanto às concentrações do nitrito e nitrato, foi possível observar que no

esgoto tratado uma parcela do nitrito era transformada em nitrato. O nitrito

apresentou variação entre os limites 0,40 e 2,7 mg/L enquanto que o nitrato variou

entre os limites 1,2 e 8,3 mg/L. As medianas do nitrito e do nitrato apresentaram

valores 2,5 e 4,5 mg/L, respectivamente. Segundo alguns autores, como Metcalf e

Eddy (1995) e Jordão e Pessoa (1995), as concentrações medianas são

consideradas elevadas, podendo ser atribuídos esses valores aos sólidos em

suspensão arrastados junto com o efluente do decantador.

XXXV

Mediana 25%-75% Min-Max

EB VS ET

Pontos de monitoramento

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Am

ônia

(m

gN/l)

Figura 6.8 Faixas de variação, medianas e medidas d e dispersão de nitrogênio

amoniacal obtidas nos pontos de coleta durante a mo nitoração de rotina da

ETE.

Mediana 25%-75% Min-Max

EB-NO3 EB-NO2 VS-NO3 VS-NO2 ET-NO3 ET-NO2

Pontos de monitoramento

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Nitr

ito e

Nitr

ato

(mgN

/l)

Figura 6.9 Faixas de variação, medianas e medidas d e dispersão de nitrito e

nitrato obtidas nos pontos de coleta durante a moni toração de rotina da ETE .

XXXVI

A eficiência na remoção de matéria orgânica como DBO5 e DQO no esgoto

bruto afluente e esgoto tratado efluente foi considerada ótima. As remoções

medianas de DBO5 no decantador e esgoto tratado com relação ao esgoto bruto

foram: 68,30% e 94,50%. Para a DQO foram obtidas as remoções medianas de

(68,30%) e (78,5%) respectivamente. Os resultados das remoções da DBO5 e da

DQO, não foram melhores devido, provavelmente, à grande massa de sólidos em

suspensão transportados junto ao efluente do decantador, como também à

influência de despejos originados nos laboratórios reduzindo assim sua eficiência.

Com relação à remoção de coliformes fecais no esgoto bruto afluente e

esgoto tratado efluente, depois de clorado foi observada uma redução bem

significativa, resultando numa eficiência de (99,99%). Para o nitrogênio amoniacal

(NH3) foi obtida uma remoção de 66,30%. Para o nitrito (NO2) e nitrato (NO3) foram

observados no esgoto tratado aumento nas suas concentrações de 56,30% e 9,80%

respectivamente.

6.4. Perfis de Oxigênio Dissolvido no Valo de Oxida ção.

A seguir são apresentados os resultados característicos de quatro

experimentos, sendo dois com aeração contínua e dois com aeração semicontínua.

Através da Figura 6.10 é possível verificar o sistema funcionando com

aeração contínua a concentração de oxigênio no valo de oxidação raramente

superou 3,0 mg/l, em dias ensolarados, sendo reduzida drasticamente para valores

inferiores a 1,5 mg/l, em dias nublados. De acordo com a literatura o valo deve

operar com concentrações de oxigênio dissolvido na faixa de 0,5 a 3,5 mg/l. Devido

às suas posições no valo de oxidação em relação ao aerador, as concentrações de

oxigênio foram levemente inferiores no ponto V4 quando comparadas ao ponto V2,

indicando o consumo de oxigênio ao longo do percurso, devido à degradação da

matéria orgânica.

XXXVII

V2 (11/4) V4 (11/4) obs: dia ensolarado

7:008:00

9:0010:00

11:0012:00

13:0014:00

15:0016:00

17:0018:00

Hora de coleta

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

Oxi

gêni

o di

ssol

vido

(m

g/l)

Aerador ligado

V2 (16/5) V4 (16/5) obs: dia nublado com chuva

7:008:00

9:0010:00

11:0012:00

13:0014:00

15:0016:00

17:0018:00

Hora de coleta

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

Oxi

gêni

o di

ssol

vido

(m

g/l)

Aerador ligado

Figura 6.10. Perfis característicos de variação de oxigênio dissolvido em

dois pontos de coleta no valo de oxidação ao longo de 12 horas de

monitoramento com aeração contínua.

XXXVIII

Por outro lado, nos experimentos realizados com aeração semicontínua, foi

constatado que as concentrações de oxigênio dissolvido apresentavam variações

bem mais significativas conforme se pode observar através da Figura 6.11.

Durante os períodos de aeração as concentrações de oxigênio se assemelharam

àquelas verificadas quando o sistema operava intermitentemente (Figura 6.10),

geralmente com valores inferiores a 3,0 mg/l. No entanto, durante os intervalos

sem aeração foi constatado um acentuado aumento nas concentrações de

oxigênio dissolvido evidenciando uma significativa contribuição da biomassa de

algas na oxigenação da massa líquida. Essa biomassa provavelmente se

desenvolve no valo de oxidação devido à baixa DBO do esgoto bruto afluente

aliado à baixa vazão do mesmo, fazendo com que o valo apresente um tempo de

detenção hidráulica bem superior àquele de projeto.

V2 (21/3) V4 (21/3) obs: dia nublado

8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00

Hora de coleta

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

Oxi

gêni

o di

ssol

vido

(m

g/l)

Aerador desligado

Aerador ligado

XXXIX

V2 (28/3) V4 (28/3) obs: sol forte o dia todo

8:009:00

10:0011:00

12:0013:00

14:0015:00

16:0017:00

18:00

Hora de coleta

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

Oxi

gêni

o di

ssol

vido

(m

g/l)

Aerador desligadoAerador ligado

Figura 6.11. Perfis característicos de variação de oxigênio dissolvido em

dois pontos de coleta no valo de oxidação ao longo de 12 horas de

monitoramento com aeração semicontínua.

6.5. Discussão

Os valos de oxidação são unidades compactas de tratamento com o mesmo

princípio básico da aeração prolongada dos lodos ativados, diferindo apenas no

formato do tanque de aeração e nos rotores de aeração que são de eixo horizontal.

O tanque de aeração tem formato de fluxo orbital, com velocidade média de

circulação entre 0,3 e 0,6 m/s. O esgoto é submetido a um processo de aeração

onde ocorre a oxidação biológica promovendo o crescimento de flocos biológicos

reduzindo a demanda bioquímica de oxigênio.

O sistema de lodos ativados não exige grandes requisitos de áreas como as

utilizadas em construções de lagoas. No entanto há um alto grau de mecanização e

um elevado consumo de energia elétrica. O tanque de aeração ou reator, o tanque

XL

de decantação e a recirculação de lodo são partes integrantes deste sistema. O

efluente passa pelo reator e depois pelo decantador, de onde sai clarificado após a

sedimentação dos sólidos (biomassa) que formam o lodo de fundo. Este é formado

por bactérias ainda ávidas por matéria orgânica que são enviadas novamente para o

reator (através da recirculação de lodo). Com isso há um aumento da concentração

de bactérias em suspensão no tanque de aeração.

Apesar de haveres atualmente no Brasil poucas unidades de valo de oxidação

em operação, ainda são possíveis adotar o tratamento de esgotos doméstico através

desta concepção de projeto. A Companhia de Saneamento Básico de Santa

Catarina – CASAN utiliza sistemas de valo de oxidação em várias localidades. Em

Florianópolis é utilizado um sistema composto de três valos de oxidação. Adotou–se

esse tipo de tratamento para as localidades de Cansvieiras que atende a uma

população de 20.160 habitantes com uma vazão de 68,33 l/s. Em Santo Amaro da

Imperatriz um sistema de dois valos atende a uma população de 11.820 habitantes

com uma vazão de 17,44 l/s. Os dois valos de oxidação são seguidos de decantador

Dortmund, lagoa de estabilização e leitos de secagem. Em Lagoa da Conceição,

com população atendida de 3.880 habitantes e uma vazão de 5,72 l/s, foi adotados

no sistema de tratamento secundário dois valos de oxidação, decantador

secundário, leitos de secagem e infiltração no solo. Em 1971 foi construída a

estação de tratamento de esgotos tipo valo de oxidação no conjunto residencial de

Tabapuá no município de Caucaia (Ceará). O valo foi projetado para atender a

contribuição correspondente a 500 unidades habitacionais.

Em Natal (RN), existem duas unidades de tratamento de esgotos doméstico

tipo valo de oxidação. Uma para atender os efluentes da fábrica de calçados

Alpargatas localizada no conjunto Neópolis projetada para atender a uma população

de 1.200 pessoas. A segunda unidade de tratamento é a estação de tratamento de

esgotos da UFRN projetada e construída na década de 80 para atender uma

população de 20.000 habitantes com uma vazão máxima de 24,3 l/s.

O sistema de valo de oxidação com decantação secundária foi uma das

soluções mais recomendadas na época, principalmente devido a limitação da área

destinada a sua construção. Pensou-se inicialmente em sistemas de lagoas de

estabilização, porém o espaço era limitado para tal fim.

XLI

O valo em questão trata os esgotos domésticos do Campus Central da UFRN

com mais de 20.000 usuários. O processo de tratamento recebe a maior parte de

sua carga orgânica de 7:00 às 22:00 h, sendo que aos sábados, domingos e

feriados a carga torna-se bastante reduzida, devido a UFRN funcionar apenas 5 dias

por semana.

O esgoto bruto chega a ETE por gravidade é bombeado para o valo através

de uma elevatória e lançado a montante de um dos rotores de aeração. A mistura

líquida vai por gravidade do valo para o decantador, e o retorno do lodo bem como a

descarga do seu excesso para os leitos de secagem é feitos através de

bombeamento e gravidade. Do decantador o efluente vai para o tanque de contato

onde é clorado e em seguida conduzido através de um duto para o tanque de esgoto

tratado.

A estação é equipada com um pequeno laboratório capaz de realizar os

testes de sólidos sedimentáveis, sólidos totais, fixos e voláteis, OD, DBO, DQO, pH,

coliformes e vazão.

O sistema de tratamento por valo de oxidação da ETE/UFRN vem operando

satisfatoriamente até o momento, apesar de existirem outros processos com

tecnologias mais modernas e de fáceis operacionalização em nosso país.

6.5.1. Sobre a vazão afluente a ETE

Para o cálculo da vazão afluente, o projetista utilizou as informações obtidas

dos diversos setores da UFRN como também fez uso de dados propostos pela

literatura. Para fins de cálculos do consumo diário foi estimado para os residentes

em 200 litros per capita e os não residentes em 50 litros per capita. No início da

operação foi estimada uma vazão de 700 m3/dia equivalente a 8,1 l/s. No período de

monitoramento foi possível observar que a vazão sempre se manteve bem inferior à

mínima projetada. Após vários perfis de vazão realizados durante a pesquisa, foi

encontrada uma vazão média de 2,5 l/s caracterizando que a ETE foi super

dimensionada ou poderia estar existindo perdas de afluente por infiltrações pelos

dutos de escoamento ou algumas instalações prediais não se encontrarem ainda

ligadas a ETE. Como conseqüência foi possível observar diversos problemas no

sistema operacional todos relacionados possivelmente a reduzida vazão:

XLII

a) Tempos de detenção hidráulica (TDH). O tempo de detenção hidráulica, do valo

de oxidação e decantador foram bem superiores àqueles previstos em projeto,

fazendo com que o lodo permanecesse por um período mais longo no valo e no

decantador. O tempo de detenção hidráulica aproximado, baseado na vazão média

diária, de 216 m³ e volume médio do valo de 1050 m³ correspondente a altura da

lâmina líquida de 1,l2 m, foi de 4,86 dias;

b) Sólidos em suspensão - Os sólidos em suspensão formados no valo de aeração,

não atingiram a faixa de concentração recomendada pela literatura (3000 a 6000

mg/l), mesmo sendo realizada à recirculação de todo lodo armazenado diariamente

no decantador, caracterizando um esgoto fraco a médio. A concentração dos sólidos

em suspensão está abaixo da desejável, não devendo, portanto, ser feita ainda

descarga para os leitos de secagem;

c) Idade do lodo – Elevadas idades do lodo implicam na produção de um lodo em

excesso com características que permitem sua disposição final sem a necessidade

de qualquer tratamento adicional, salvo a eventual remoção da umidade. A

recirculação do lodo também ocasiona com que os sólidos permaneçam mais tempo

no sistema que a massa líquida. Este tempo de permanência da biomassa no

sistema é chamado de idade do lodo;

d) Recirculação do lodo - a recirculação do lodo realizada continuamente por um

período de tempo longo (lodo velho) poderá trazer problemas no tratamento

reduzindo a remoção de cargas orgânicas como DBO e DQO;

6.5.2. Sobre as concentrações de oxigênio

O sistema de aeração para valo de oxidação deve ser contínuo para

possibilitar a formação de flocos biológicos em condições aeróbia. Acontece que

desde o início do tratamento o sistema vinha sendo operado em regime

descontínuo. No período do monitoramento experimental foram feitos diversos perfis

com o sistema operando em regimes contínuo e semicontinuo com o objetivo de se

observar o comportamento na variação da concentração de oxigênio dissolvido com

o tempo de aeração. Foi observada que a concentração aumentava gradativamente

quando o sistema de aeração se encontrava desativado, onde era esperado que a

concentração de oxigênio dissolvido fosse reduzindo. O aumento da concentração

XLIII

de oxigênio dissolvido se dava possivelmente devido à elevada concentração de

biomassa de algas presente no valo. O valo operando em regime semicontinuo,

desligado principalmente no período noturno mesmo com a vazão praticamente nula

poderá comprometer a eficiência do reator, ocasionada pela redução do oxigênio

dissolvido. Os flocos biológicos formados durante o dia com o sistema em aeração

podem ser destruídos por falta de oxigênio dissolvido e o sistema poderá se tornar

anóxicas ou mesmo anaeróbio. Por outro lado, o valo quando operado em regime

continuo irá reduzir a concentração da biomassa de algas que se formam no reator

quando o mesmo encontra-se com os aeradores desligados.

6.5.3 Sobre a eficiência da ETE

A eficiência da estação foi muito boa em termos de remoção de DBO (acima

de 90%), sendo a DBO do efluente aproximadamente constante,

independentemente do afluente. Para a DQO foi observada uma remoção de

68,30%. Os valores obtidos são similares aos encontrados na literatura. Vale

destacar que durante o monitoramento foi observada perda de eficiência de remoção

de DBO e DQO em algumas semanas. Tal fato deveu-se provavelmente a presença

de esgotos industrial advindos dos laboratórios e do Núcleo de Pesquisa em

Alimentos e Medicamentos – NUPLAM.

Nestas semanas o sistema entrava em colapso devido à toxidez do afluente,

comprometendo a biomassa do valo. Após estes choques de toxidade a biomassa

do sistema (lodo ativado) tinha que ser formada novamente. Com relação à remoção

de coliformes fecais no esgoto bruto e esgoto tratado, após cloração foi possível

obter uma redução bem significativa, resultando numa eficiência de 99,99%. A

cloração do efluente é importante para garantir a destruição das bactérias do grupo

coliforme.

XLIV

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Valo de oxidação - Histórico

A problemática com a poluição das águas no mundo moderno através de

fontes poluidoras como esgotos domésticos e industriais vem trazendo

preocupações aos organismos responsáveis pelos controles ambientais.

O Instituto de Pesquisas de Engenharia e Saúde Pública (TNO) e o Instituto

Governamental de Tratamento de Esgotos (RIZZA) na Holanda realizaram extensos

estudos em pequenas estações de tratamento de esgotos, para a obtenção de um

processo econômico e eficiente, compatível com a qualidade desejada nos corpos

receptores. Por essa razão, foi selecionado o processo de lodos ativados, pois os

demais, como fossas sépticas, tanques imhoff ou mesmo filtros biológicos, não

garantiriam o grau de depuração exigido.

O Engenheiro Aale Pasveer, estudando o fenômeno de autodepuração que

ocorre nos rios não encachoeirados, com velocidades inferiores a 50 cm/s, verificou

que o tempo de recuperação das águas, após recebimento das cargas poluidoras,

estava compreendido entre 2 a 3 dias (Gondim, 1976).

Fundamentado em que os processos biológicos de tratamento nada mais são

que cópia de autodepuração feita pela natureza, de maneira concentrada e

acelerada, criou um tanque em circuito fechado, no qual o líquido residuário era

impulsionado pela escova Kessener. Em pesquisas de transferência de oxigênio à

massa líquida, em função de parâmetros como profundidade de imersão e

velocidade de rotação, desenvolveu um redutor de aeração análogo às escovas

Kessener, possuindo, no entanto, palhetas rígidas, que garantiam uma maior

eficiência no fornecimento de oxigênio. A aeração e a turbulência são provocadas

por escovas cilíndricas horizontais, produzindo movimento rápido de rotação,

disposta ao longo de uma das bordas longitudinais do tanque.

No rio artificial que Pasveer chamou de “OXIDATION DITCH” e que no Brasil

chamamos de “VALO DE OXIDAÇÃO ”, os fenômenos de autodepuração são

causados pelo contato íntimo entre o esgoto bruto, o oxigênio dissolvido e a massa

XLV

biológica mantida em suspensão, fazendo assim uma correspondência com o

processo de lodos ativados, sendo sua eficiência ligada à quantidade de matéria

orgânica metabolizada por unidade de volume na unidade de tempo, valor este

expresso em kg DBO/m3/dia (Gondim 1976, Jordão e Pessoa, 1995).

Os valos de oxidação são unidades compactas de tratamento com os

mesmos princípios básicos de aeração prolongada e constituem estações de

tratamento completo de nível secundário. Suas instalações, com o mínimo possível

de unidades de tratamento concentra processos físicos, químicos e biológicos.

Pode-se também definir o valo de oxidação como um processo de depuração

biológica chamado de lodos ativados modificados. Os valos de oxidação, geralmente

têm fluxo orbital equipado com dois aeradores mecânicos, de eixo horizontal,

apoiados em plataformas de concreto. A quantidade de oxigênio introduzido na

mistura através dos aeradores propicia o desenvolvimento de bactérias aeróbias que

oxidam a matéria orgânica carbonácea e a nitrificação do nitrogênio orgânico total

remanescente do afluente bruto.

Há cinqüenta anos, aproximadamente, iniciaram-se na Holanda as primeiras

tentativas de estabilização aeróbia, em valos de oxidação, do lodo oriundo dos

resíduos não decantados previamente.

Essas primeiras estações de tratamento basearam-se principalmente no

trabalho desenvolvido pelo Dr. Pasveer, um cientista holandês que se propôs a

encontrar um tratamento biológico, de baixo custo, aplicável a pequenas

comunidades. O lodo retirado desses valos constitui um material altamente

estabilizado e com excelentes condições para secagem adequada.

O líquido no valo de oxidação é mantido em contínua movimentação através

de aeradores mecânicos de eixo horizontal comumente denominado “escovas de

aeração” (Jansen e Gallegos, 1976),

Em 1956, Pasveer construiu o primeiro valo de oxidação na Holanda, em um

distrito residencial da municipalidade de Voorschotem com 300 habitantes, e em

1957, Dr. Josef Muskat construiu, em Nittenau, o primeiro valo de oxidação alemão.

XLVI

Em 1962, havia mais de 100 dessas instalações em funcionamento na Alemanha e

Holanda.

No Brasil, surgiu a primeira referência sobre valos, em 1959, através do

Engenheiro Max Lothar Hess, no V Seminário de Professores de Matérias

Relacionadas com Engenharia Sanitária.

Em 1961, foi construído o primeiro valo de oxidação brasileiro, projetado pelo

Engenheiro Constantino Arruda Pessoa, sob a orientação do Engenheiro Max Lothar

Hess. O processo era de tal simplicidade que a sua aceitação se difundiu

rapidamente, pois em 1964 já existiam, no estado de São Paulo, 13 instalações para

tratamento de despejos de fábrica de beneficiamento de mandioca.

Em março de 1963, uma planta piloto foi posta em operação no Canadá. Em

setembro do mesmo ano, uma estação em escala real foi posta em serviço no

vilarejo Montrose B.C e, em novembro, no vilarejo de Williams Lake, B.C.

Em setembro de 1964, entrou em operação o primeiro valo de oxidação

Norte-.Americano, com capacidade para 4300 habitantes, na cidade de Glenwood,

Minnessota. Em 1966, já se anunciava a construção do valo de oxidação da cidade

de Walsenburg, Colorado (Gondim, 1976).

Em maio de 1983, foi posta em operação a Estação de Tratamento de

Esgotos (ETE) do Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN), com capacidade para atender, inicialmente, a 550 pessoas residentes e

9450 pessoas não residentes, e uma população final de 1100 residentes e 18900

não residentes.

Os valos de oxidação hoje usados em vários países constituem uma variante

simplificada do processo de lodos ativados.

As experiências com aeração têm demonstrado, que não é possível tratar

esgotos por simples aeração, mas há necessidade de provocar também a atividade

dos microrganismos. Originou-se daí o processo de lodos ativados. Hoje sabemos

XLVII

que a atividade não provém do lodo, e, sim, do próprio esgoto, através da formação

de novos flocos. Estes flocos, após decantação, são denominados de lodo ativado.

Sob esta denominação compreende-se então a depuração dos esgotos por

meio de flocos ativados. De certa maneira, o processo pode ser assimilado a uma

autodepuração artificialmente acelerada. Os fenômenos envolvidos são exatamente

os mesmos observados em rios e lagos, com a diferença que os microrganismos

responsáveis pela depuração se encontram em quantidade elevada, concentrada

em um espaço restrito. Por meio de aeração artificial é possível introduzir oxigênio

em quantidade suficiente para que os microrganismos possam oxidar a matéria

orgânica.

O valo de oxidação assemelha-se ao processo anterior, sobretudo, por não

conterem cascalhos ou quaisquer outros substratos sólidos para a fixação dos

flocos, os quais se encontram dispersos no meio em constante agitação, produzida

por aeradores superficiais constituídos por escovas rotativas. Entretanto, diferem do

princípio anterior ou, pelo menos, do modelo clássico, por não haver lodo de retorno,

bem como por ser a aeração mecânica superficial, produzida sobre os esgotos

brutos. Os processos biológicos que se verificam são os mesmos, assim como os

microrganismos que tomam parte na depuração do esgoto. No entanto, como há

deposição permanente de lodo no fundo dos valos, haverá, posteriormente, maior

atividade de organismos no fundo, tais como vermes, larvas de insetos e outros que

não apresentam grande importância do processo clássico de lodos ativados (Branco,

1986).

3.1.1 Fundamentos

A transferência de oxigênio se caracteriza como o parâmetro de maior

importância para o processo. Somente a concepção de rotores especificamente

projetados tornou possível e viável o emprego de valos de oxidação. A transferência

de oxigênio está condicionada ao grau mais eficiente em relação ao contato do

oxigênio com a massa líquida em agitação. No valo em seu dispositivo de saída, foi

construída uma comporta que regula o nível de esgoto em seu interior, como

também a imersão das lâminas do sistema de aeração.

XLVIII

O funcionamento do valo de aeração está, como já foi dito, condicionado aos

mesmos fenômenos que ocorrem nos lodos ativados, caracterizando-se como uma

modalidade de aeração prolongada. O comportamento da aeração prolongada é

função da grande massa de sólidos mantidas no sistema e do elevado tempo de

retenção desses sólidos no sistema (Von Sperling, 1992). As pesquisas para os

valos de aeração partiram para uma tendência de realizar toda oxidação da matéria

orgânica em um único compartimento. O esgoto submetido ao processo de aeração

promove um crescimento do lodo (flocos biológicos), de acordo com a curva ABCD

e, conseqüentemente, uma redução da DBO, como mostra a curva EFC na Figura

3.1.

Os processos convencionais de lodos ativados operam numa faixa BC, na

qual para um período de tempo (t1), ocorre uma acumulação de lodo S1. Na

modalidade dos valos de aeração prolonga-se além de (t1) e o lodo produzido pela

síntese é consumido pela auto-oxidação durante um período total igual a (t3), que

corresponde à faixa B-D, na qual o valor do lodo acumulado S é teoricamente nulo,

vinda daí a denominação de oxidação total. Teoricamente, é como se todo o

acréscimo de lodo gerado na faixa correspondente ao processo de lodos ativados

convencionais B-C fosse totalmente consumido pela auto-oxidação proveniente do

acréscimo do período de aeração correspondente à faixa C-D. Na realidade, a auto-

oxidação do lodo biológico não ocorre a ponto de tornar nulo o acréscimo de lodo. A

taxa de oxidação decresce com o tempo ou concentração, pois várias substâncias

celulares oxidam diferentemente. Uma parcela do material celular é altamente

resistente à oxidação e resulta numa acumulação deste material no processo. A

quantidade deste material foi estimada em 25% do lodo formado. Esse excesso de

lodo, o qual, devido ao alto grau de estabilização, pode ser submetido aos processos

convencionais de secagem de lodo (Jordão e Pessoa, 1995).

XLIX

Figura 3.1. Relações de produção de lodo e remoção de DBO entre vários processos de lodos ativados (Adaptado de Jordão e P essoa, 1995).

O regime hidráulico nos valos de oxidação tipo Carrossel ou Pasveer é único,

no sentido de que o reator se comporta como mistura completa para variáveis de

dinâmica lenta, como DBO, Nitrogênio, Sólidos em Suspensão, e como fluxo em

pistão para variáveis de dinâmica rápida, como OD. Assim, no caso de oxigênio

dissolvido, devido à rápida taxa de consumo, há um gradiente de concentração na

medida em que o líquido se afasta do aerador, podendo atingir condições anóxicas.

Devido a esta variação, para o OD, o processo nas zonas não aeradas é

predominantemente em fluxo em pistão. No entanto, nas zonas aeradas, a elevada

energia introduzida de forma localizada, pelo aerador, proporciona condições de

mistura completa, caracterizando-se também por uma turbulência e promovendo

L

uma completa agitação em toda a massa líquida. Além de ocorrer à introdução de

oxigênio, origina-se o impulso do líquido por meio dos aeradores, tendo-se assim,

uma zona rica em oxigênio dissolvido (De Korte e Smits, 1985).

Um perfil de oxigênio, ao longo de um tanque de aeração tipo carrossel, pode

ser representado como na Figura 3.2 (De Korte e Smits, 1985). Já com relação à

taxa de consumo de oxigênio, devido à rápida velocidade horizontal de percurso e

ao reduzido tempo de circuito, a taxa é aproximadamente a mesma em todo o

tanque.

Perfil do OD - Valo de oxidação

0 2 4 6 8 10 12

Regime hidráulico

02

02

03

03

04

04

05

05

06

06

07

Oxi

gêni

o di

ssol

vido

(m

g/l)

Fluxo pistão Fluxo pistãoMistura completa

Figura 3.2. Perfil esquemático de OD em um valo de oxidação. Trechos em

mistura completa (zonas aeradas) e em fluxo em pist ão (a jusante dos

aeradores). Adaptado de De Korte e Smits, 1985.

3.1.2. Finalidade

Os valos de oxidação têm a finalidade de concentrar os fenômenos físicos,

químicos e biológicos em um número mínimo de unidades de tratamento, sem

prejuízo do elevado nível de eficiência que caracteriza o processo no que se refere à

remoção de DBO e possível nitrificação e desnitrificação.

LI

3.1.3 Características gerais

Os valos de oxidação são unidades compactas de tratamento por meio de

aeração prolongada. O valo de oxidação geralmente tem as seguintes

características:

• Dispositivo de entrada;

• Tanque de aeração;

• Rotores de aeração;

• Dispositivo de saída;

• Comporta de regulagem do nível de esgoto no valo.

O dispositivo de entrada do valo de oxidação não tem qualquer condição

especial, tanto em posição como em nível. No entanto, recomenda-se quando as

condições permitirem, a entrada livre, 5 cm acima do nível máximo do líquido no

valo. O dispositivo de entrada deverá está localizado a montante do sistema de

aeração, para garantir uma perfeita homogeneização rápida do afluente com o lodo

ou flocos formados no tanque de aeração (Jordão e Pessoa, 1995).

3.1.4. Princípio de funcionamento

No valo de oxidação, os fatores que controlam sua operação são oxigênio

introduzido e o retorno de lodo. O oxigênio introduzido no processo é controlado

através da imersão das palhetas do rotor, fator este que pode ser regulado através

da variação do nível do valo, aumentando-se ou diminuindo-se, respectivamente, o

fornecimento de oxigênio pelo rotor. No retorno do lodo tem que se considerar dois

casos: a operação descontínua e a operação contínua.

No primeiro caso, o sistema é caracterizado pela não existência de um

decantador secundário como componente da estação, utilizando-se o próprio valo

como câmara de sedimentação, não existindo, portanto, a operação recirculação de

lodo. Para que a sedimentação ocorra, o rotor é interrompido durante 20 a 30

minutos aproximadamente. Neste período, a velocidade do fluxo diminui e os sólidos

sedimentáveis vão ao fundo do valo, deixando na parte superior uma camada

transparente que é descarregada por um dispositivo apropriado, que pode ser um

LII

sifão ou uma comporta ligada a um canal para outra unidade. O rotor começa a

funcionar novamente quando já existe alguma submergência. O ciclo é reiniciado

quando o nível do líquido chega ao máximo, através do esgoto afluente ao valo. É

necessária a ocorrência de um movimento na água, a fim de evitar a deposição dos

flocos no fundo do valo, onde os microrganismos aeróbios iriam morrer devido à falta

de oxigênio.

Segundo a maioria dos autores, o excesso de lodo deve ser retirado para os

leitos de secagem, quando se atingir a concentração de 8000 mg/l de sólidos em

suspensão no interior do valo. Rin e Nascimento (1975) apud Gondim (1976),

verificaram que os níveis de sólidos em suspensão (3000 a 6000 mg/l) encontrados

na literatura são praticamente inatingíveis em unidades de operação intermitente,

desde que se queira obter um certo grau de clarificação no efluente.

No segundo caso, ou seja, a operação contínua, é muito mais simples, mas

requer um dispositivo de sedimentação. Todo o lodo ativado, contendo normalmente

uma concentração de 1,0 a 2,0% de sólidos deve ser retornado o mais breve

possível, para que obtenha uma concentração de sólidos em suspensão na mistura

líquida da ordem de 3000 a 6000 mg/l (Gondim, 1976).

A taxa de retorno do lodo poderá ser verificada observando-se o decantador

secundário, pois quando este retorno está sendo realizado adequadamente, o nível

do manto de lodo no início está perto do fundo do clarificador e seu crescimento é

lento durante o período de 1 a 4 semanas, tempo este necessário para que a

quantidade de sólidos aumente. O nível do manto de lodo deve crescer até a geratriz

inferior do tubo efluente do decantador, aproximadamente no mesmo tempo em que

se chegue à concentração de 8000 mg/l de sólidos em suspensão no interior do valo

(Parker, 1972). Neste ponto, é necessário se fazer descargas do lodo de excesso.

Caso não haja um controle rigoroso na remoção do excesso de lodo, a ETE

perde sua eficiência e o efluente final apresentará uma DBO relativamente alta e

assim como maior concentração de sólidos em suspensão. Para se obter um

efluente altamente clarificado, é necessário a remoção do excesso de lodo quando a

ETE estiver em plena carga.

LIII

A taxa de retorno de lodo vai depender dos sólidos inertes do esgoto bruto e

da DBO removidos diariamente, fatores estes determinantes no crescimento dos

sólidos em suspensão da mistura líquida. Normalmente, quando os sólidos

decantáveis atingirem o valor de 550 a 650 ml/l, a concentração de sólidos em

suspensão chegar a 8000 mg/l e o nível de OD atingir valor inferior a 0,5 mg/l no

valo, o excesso deverá ser removido para que a qualidade do efluente não seja

afetada. Este excesso será então encaminhado para os leitos de secagem, devendo

a concentração de lodo ser reduzida em cerca de 35 a 50% em um único dia, para

que possibilite o rápido crescimento dos sólidos. A remoção de apenas uma

pequena parte resultará num rápido retorno das condições anteriores, necessitando,

portanto, que esta operação seja mais freqüente. A experiência indica que com um

lodo denso, esta remoção poderá ser feita em intervalo de 1 a 4 semanas (Gondim,

1976).

Marais (1975) apud Gondim (1976), recomenda que um sistema de

recirculação permita uma razão de até 2:1, para que seja evitado o fenômeno da

desnitrificação no decantador secundário, com o aparecimento de lodos

ascendentes, que serão carreados com o efluente prejudicando, portanto, a

qualidade do tratamento. Com este procedimento, o lodo permanecerá menor tempo

no decantador, evitando condições anóxicas (microrganismos aeróbios em

ambientes sem oxigênio), fator este preponderante para que a desnitrificação ocorra.

Quando tem lugar a nitrificação, o decantador não pode ser usado como dispositivo

para adensar lodo porque o nitrogênio gasoso produzido causa a flotação do lodo

(Marais, 1976).

O valo de oxidação, quando bem operado, não apresenta odor característico

de ovo podre, sendo comum o cheiro de terra molhada (oxigênio). Se algum mau

cheiro aparecer, deve-se inicialmente tentar localizar a causa, pois poderá ser

proveniente da falta de limpeza da estação. O mau cheiro persistindo, com

características de ovo podre (H2S), acompanhado de uma cor escura na mistura

líquida no valo, significa que o processo passou de aeróbio para anaeróbio, portanto

com déficit de oxigênio dissolvido para oxidação da matéria orgânica afluente.

LIV

3.1.5. Princípio de remoção de matéria orgânica

Segundo Mckinney (1962) apud Povinelli e Petrucelli (1993), o aspecto mais

importante da microbiologia sanitária é o entendimento e controle do crescimento de

microrganismos. A sobrevivência de microrganismos, tal como na estabilização de

resíduos, é relativa ao crescimento ou à necessidade de crescimento.

Conforme citado por Kato (1982) apud Povinelli e Petrucelli (1993), os

princípios e conceitos básicos de crescimento biológico são de suma importância, já

que estão intimamente relacionados com a degradação de resíduos com remoção

de cargas orgânicas e também para projetar os processos biológicos de tratamento.

Monod (1949) apud Povinelli e Petrucelli (1993), cita que no tratamento

biológico de resíduos orgânicos, desenvolve-se uma população mista de

microrganismos em meio a um substrato diversificado, muito embora os princípios

de crescimento estejam baseados na presença de uma cultura pura e em meio a um

único substrato.

As bactérias têm grande importância nos tratamentos biológicos; haja vista

que elas são as principais responsáveis pela remoção de substrato na forma solúvel

ou coloidal, através de seu metabolismo, utilizando-o para a produção de energia e

síntese de novo material celular. Em geral, as bactérias se reproduzem

assexuadamente e se multiplicam por fissão binária ou cissiparidade, que podem

durar de 20 minutos até dias e, o que é muito importante, cada célula se divide em

outras duas novas de igual habilidade metabólica. O metabolismo das bactérias

heterótrofas aeróbias (as quais dependem de alimento na forma de matéria

orgânica), por exemplo, consiste, basicamente, na remoção da matéria orgânica do

meio através do processo de nutrição; por sua vez, o substrato será posteriormente

utilizado, através de processos bioquímicos complexos, parte para a síntese e parte,

oxidado, para a produção de energia e ao mesmo tempo se forma nova matéria

celular. Em uma segunda fase, as bactérias se aglomeram em flocos facilmente

sedimentáveis. A floculação biológica só é possível quando termina a fase de

crescimento bacteriano. Os flocos do lodo ativado se compõem de uma substância

básica gelatinosa no interior da qual vivem bactérias e protozoários. Quando da

LV

escassez da matéria orgânica no meio, a princípio as bactérias obtêm energia pela

oxidação do substrato armazenado em seu interior (uma espécie de estoque de

substrato), e depois pela oxidação do próprio material celular sintetizado por si

mesmo ou por outras células presentes no meio. Isso ocorrendo, tem-se o fenômeno

de ruptura ou dissolução da membrana celular ou parede bacteriana, levando à

morte da célula e a liberação do seu conteúdo. O processo de utilização do próprio

material celular caracteriza a fase respiração endógena. A massa total de

microrganismos formada durante o metabolismo varia com a concentração do

substrato no período de tempo constante de crescimento.

Inicialmente, a massa total de microorganismos produzidos é diretamente

proporcional à concentração do substrato. Eventualmente, o período de tempo não é

suficiente para completar o metabolismo, e a massa produzida por unidade de tempo

se aproxima de um nível constante. A maior parte dos pesquisadores opera na faixa

da inicial, onde o metabolismo é completo.

No processo de crescimento de microrganismos em sistema descontínuo, o

substrato (matéria orgânica) vai sendo removido ao ser utilizado para síntese celular

e fonte de energia. No caso de sistemas aeróbios, existe uma demanda de oxigênio

para a respiração dos microrganismos. Durante a oxidação bacteriana, segundo

Metcalf e Eddy (1972), há conversão de matéria orgânica em gases e produtos finais

e o encadeamento de células pode ser completado aerobiamente, anaerobiamente

ou facultativamente, utilizando um sistema de suspensão de microrganismos. A

conversão aeróbia de matéria orgânica num sistema descontínuo pode ser explicada

conforme mostra a equação (1), onde a porção de material orgânica é oxidada para

produtos finais. Observa-se que esse processo é executado para a obtenção da

energia necessária para síntese de novas células. Na ausência da matéria orgânica,

as células estarão submetidas à respiração endógena, transformando-se em gases e

produtos finais, e a energia residual será utilizada para manutenção celular.

Na maioria dos sistemas de tratamento, as três etapas (oxidação, síntese e

respiração endógena), do processo ocorrem simultaneamente.

(E) + (S) ⇒ (E) (S) ⇒ (P) + (E) Eq. (1)

LVI

Onde:

E → enzima S → substrato P → produtos finais E S→ complexo enzima substrato

Esquematicamente, as três etapas do processo podem ser representadas

como indicado nas equações simplificadas 2 e 3 (Metcalf e Eddy, 1995).

Oxidação e síntese: Eq. (2)

Bactérias COHNS +O2 + NUTRIENTES CO2 + NH3+C5H7NO2+OUTROS PRODUTOS

Respiração endógena:

C5H7NO2 + 5 O2 5CO2 + 2H2O + NH3 + ENERGIA Eq. (3)

Foi observado que, no material floculado, as bactérias se apresentam imóveis

e com o metabolismo reduzido ao mínimo. Por outro lado, nunca se produz

floculação quando as bactérias se acham em fase logarítmica de crescimento que é

a curva de proliferação que se observa quando o meio é extremamente rico em

nutrientes, ou mesmo fase de declínio, em que o meio sendo mais pobre, a

proliferação é apenas proporcional à quantidade de matéria nutritiva; apenas são

floculadas as bactérias em fase endógena, quando esgotados os nutrientes, as

quais passam a viver, principalmente, das suas próprias reservas nutritivas, caindo a

curva de reprodução. Assim sendo, a floculação está condicionada, além dos fatores

coloidais, à capacidade energética do meio em que vivem.

Quando se observa o crescimento de microrganismos em um meio de cultura,

verifica-se que esse crescimento se dá segundo uma curva em que se reconhece

uma fase de adaptação, de crescimento lento; uma fase de ascensão rápida ou fase

de crescimento logarítmico, uma vez que cada organismo forma dois descendentes,

por divisão, e assim sucessivamente; uma fase de declínio do crescimento, em que

LVII

a reprodução atinge um limite, para começar a regredir; uma fase endógena, em que

a curva de crescimento cai sensivelmente como mostra a Figura 3.3.

- FASE ENDÓGENA

- FASE DE DECLÍNIO

- FASE LOGARÍTIMA

- FASE ESTACIONÁRIA

TEMPO (M INUTO)

D

C

B

A

A

D

CB

DC

B

A

1 09876543210

( +

)(

- )

TAXA

DE

CR

ESC

IMEN

TOLO

G.

DO

MER

O

Figura 3.3. Fases de crescimento bacteriano em uma cultura pura (segundo Brouzes, 1973).

O declínio e, especificamente a fase endógena, em que os microrganismos

passam a viver de suas próprias reservas, ou se alimentando dos compostos

resultantes da morte e decomposição dos demais se deve, principalmente, à

escassez de uma ou mais substâncias nutritivas no meio.

Através da respiração aeróbia, os organismos formadores de flocos oxidam a

matéria orgânica que retiram do esgoto. O oxigênio necessário deve estar no próprio

esgoto constituindo o oxigênio dissolvido (OD), que pode ser enriquecido pela

atividade de microrganismos fotossintetizantes, por contato direto com o ar ambiente

ou por introdução mecânica, conforme o tipo de tratamento aeróbio.

As bactérias e outros microrganismos aeróbios, ao consumirem a matéria

orgânica do esgoto, comportam-se como os animais superiores ao se nutrirem

introduzem esse alimento, após transformá-los em compostos orgânicos solúveis e

assimiláveis que ficam armazenados em suas células, constituindo reserva que,

posteriormente, será utilizada na composição de novas células (reprodução) ou no

fornecimento de energia. Assim, o esgoto, ao ser intensamente aerado, na fase

LVIII

inicial do tratamento, sofre grande redução de sua DBO e, portanto, do seu conteúdo

de matéria orgânica porque praticamente toda ela foi consumida. Mas essa matéria

orgânica, inicialmente armazenada nas células, principalmente sob a forma de

polissacarídeo existente como substância de reserva [(C6H10O5)n], não é

imediatamente metabolizada. Só posteriormente, com a continuação do processo de

tratamento, é que será transformada em material para construção de novos

microrganismos ou oxidada para a produção de energia necessária a essa mesma

síntese ou atividades locomotoras (Branco, 1986).

De acordo com Eckenfelder e Weston (1956) apud Branco (1986), os

seguintes fatos podem ser observados nesse processo: no esgoto em oxidação

biológica, assim como nos meios de cultura, os microrganismos se reproduzem,

segundo uma curva que compreende uma fase logarítmica de crescimento, ou fase

de máxima reprodução das células da massa biológica; uma fase de declínio,

causada pela extinção de alimentos no meio, o que determina uma diminuição da

freqüência das divisões celulares, esta fase termina por um estacionamento da

curva, antes de iniciar a descida, em virtude da morte de grande número de células

que começa a ocorrer em número igual ao de formação de novas células;

finalmente, uma fase de regressão e morte das células, ou fase de respiração

endógena, em que morrem mais células do se formam por novas divisões. A maior

oxidação biológica do esgoto (redução da DBO) se verifica quando os

microrganismos se encontram na primeira fase, isto é, no início da oxidação, quando

as quantidades de matéria orgânica no meio são muito elevadas; nesta fase, as

células armazenam matéria orgânica sob a forma de glicogênio. Com o

prosseguimento da aeração e diminuição da matéria orgânica, as células passam a

se multiplicar, transformando glicogênio em material para a formação de novas

células (síntese) e a oxidar ativamente parte desse glicogênio na produção de

energia (respiração), até que, não possuindo mais reservas, entram em fase de

declínio. Neste momento, é que a DBO é realmente consumida, e a matéria orgânica

oxidada. Finalmente, se faltar suprimento em matéria orgânica, prosseguindo o

fornecimento de oxigênio, as células passam a respirar endogenamente, isto é,

oxidar seu próprio material sintetizado, morrendo em grande número, umas células

alimentando-se dos restos das outras.

LIX

O objetivo da introdução de ar é suprir o meio em oxigênio o suficiente para

que os microrganismos possam respirar, oxidando suas reservas de polissacarídeo

(as bactérias) ou outros compostos (os protozoários e outros). Um fornecimento

excessivo de oxigênio, em relação à quantidade de matéria orgânica, leva ao

estabelecimento da fase endógena, em que a massa biológica passa a se

autodestruir, transformando o material sintetizado em gás carbônico, água e amônia

(Branco, 1986).

Os tanques de aeração destinam-se a fornecer oxigênio necessário à

atividade biológica. Sua função se completa com a retenção da mistura de esgoto e

lodo durante o tempo necessário às reações envolvidas na estabilização da matéria

orgânica. Além disso, é necessário que o lodo adquira alta concentração e se

mantenha sedimentável.

3.1.6. Princípio de remoção de nutrientes

A matéria orgânica lançada em excesso nas águas superficiais gera poluição.

Os mecanismos de autodepuração do corpo receptor envolvem transformações

físicas, químicas e biológicas sobre a matéria orgânica, de sorte que, na presença

de oxigênio dissolvido (OD), ocorre oxidação parcial de seus constituintes. O

carbono é oxidado a dióxido de carbono, o hidrogênio a água, o nitrogênio a nitratos,

o fósforo a fosfatos e o enxofre a sulfatos. Parte da matéria orgânica é utilizada para

construir as células dos microrganismos que se desenvolvem em virtude do excesso

de alimento no corpo receptor. Nos sistemas tradicionais para tratamento de

efluentes líquidos ocorrem os mesmos fenômenos, sob condições aceleradas e

controladas.

Um exame das características dos compostos, formados durante a oxidação

da matéria orgânica poluente, indica que ocorre efetiva redução na quantidade de

carbono presente pela liberação do dióxido de carbono para a atmosfera e, também,

redução da quantidade de hidrogênio pela formação de água. Compostos como sais

de nitrogênio, fósforo e enxofre, apenas são alterados ao nível de forma e não de

quantidade, permanecendo no meio aquático.

LX

Certos microrganismos aquáticos com metabolismo autotrófico podem, na

presença de fatores de crescimento adequado, utilizar formas inorgânicas de

carbono (carbonatos e bicarbonatos), presentes na água e em equilíbrio com o

dióxido de carbono na atmosfera, através da fotossíntese. Entre os fatores de

crescimento, os mais importantes são o nitrogênio e o fósforo, usualmente

denominados nutrientes. A ocorrência deste tipo de crescimento de microrganismos

aquáticos re-introduz matéria orgânica no meio aquático, levando ao aumento do

número destes microrganismos e, conseqüentemente, à poluição orgânica, com

prejuízo da qualidade da água. Este processo é, geralmente, denominado

eutrofização. Portanto, para não se produzir a eutrofização é necessária a redução

da entrada de nitrogênio e fósforo no meio aquático.

Em lago, onde a poluição é pequena, em comparação à massa envolvida, o

rompimento do balanço nutricional leva a mudanças na cadeia trófica e ao acumulo

de material vegetal morto. Em água corrente, a velocidade de escoamento tende a

limitar o desenvolvimento e acúmulos localizados de microrganismos e, nesta

situação, a eutrofização passa a ser caracterizada pela quantidade de nutrientes

presentes. Portanto, concentrações de nutrientes que não possibilitem crescimento

de algas em água corrente, num determinado local, podem provocar efeito danoso

na qualidade da água a jusante, especialmente se esta for represada em

reservatório e lagos (Além Sobrinho e Garcia Jr., 1993).

Os efeitos indesejáveis da eutrofização sobre a vida aquática e na utilização

das águas, especialmente para fins mais nobres, são amplamente conhecidos.

Deve ser lembrado que nitrogênio e fósforo podem chegar à água por outros

meios que não o lançamento de efluentes. Por exemplo, a erosão pode carrear

nutrientes, juntamente com partículas de solo; chuvas podem solubilizar sais de

nitrogênio em solos recentemente adubados (o fósforo apresenta maior capacidade

de fixação no solo, sendo menos solubilizado); certas algas cianophyceae possuem

capacidade de utilizar nitrogênio gasoso para seu crescimento.

Há limitações legais quanto à presença de nitrogênio em águas destinadas a

abastecimento (concentrações de nitratos inferiores a 10,0 mg-N/l e nitritos inferiores

LXI

a 1,0mg-N/l ), diretamente ligadas a problemas de saúde pública segundo a

Resolução nº 20 de 18 de junho de 1986 do CONAMA e Portaria nº 1469, de 29 de

dezembro de 2000 do Ministério da Saúde, não havendo limitações sob este aspecto

com relação ao fósforo.

Os tratamentos mais utilizados para se obter remoção de nitrogênio de águas

residuárias implicam na necessidade de se promover uma nitrificação e a posterior

desnitrificação das formas nitrogenadas presentes. Tais sistemas tendem a ser

complexos demandando maiores cuidados operacionais que os tratamentos

convencionais para remoção apenas da matéria orgânica.

Para a remoção do fósforo, têm sido empregados os processos envolvendo

sua precipitação química ou tratamentos biológicos específicos, que estão sendo

mais desenvolvidos atualmente, por possibilitarem a remoção simultânea da matéria

orgânica e, eventualmente, poderem utilizar sistemas de tratamento já existente com

modificações adequadas. Conclui-se então, que o elemento que é possível ser

eficientemente limitado para controlar a eutrofização de águas superficiais é,

preferivelmente, o fósforo. Para se conseguir um grau adequado de remoção dos

lançamentos de fósforo proveniente de atividades humanas, suficiente para reduzir o

crescimento de algas em corpos de água a níveis aceitáveis, é necessário controlar

as emissões de fósforo da agricultura, das indústrias e das populações (Além

Sobrinho e Garcia Jr, 1993).

3.2. Caixa de areia

O dispositivo usado para remoção de areia em uma ETE é denominado de

caixa de areia ou desarenador. A finalidade da caixa de areia é de reter areia e

outras substâncias minerais que possam interferir com o bom funcionamento das

demais instalações.

Nas estações de tratamento de esgotos que recebem águas pluviais é

necessária a instalação de caixas de areia. É aconselhável a retirada da areia após

uma lavagem, isto é, com mínimo de matéria orgânica, a fim de que ela não adquira

mau cheiro.

LXII

3.2.1. Características

As caixas de areia são projetadas para realizar as seguintes operações:

(Jordão e Pessoa, 1995).

• Retenção de areia com características, qualitativa e quantitativa,

indesejáveis ao tratamento biológico e ao corpo receptor;

• Armazenamento do material retido durante o período entre limpeza e

manutenção;

• Remoção e transferência do material retido e armazenado para

dispositivos de transporte para destino final, dotando de condições

adequadas o efluente líquido para as unidades subseqüentes.

• Deverá ter a forma de um canal com velocidade de escoamento de 0,3

m/s.

3.3. Medidor Parshall

A calha ou medidor Parshall é considerado o mais importante nos

processos de tratamento, pela sua simplicidade de construção, modelos

previamente fabricados em concreto, fibra e metal, dimensões padronizadas e

largamente conhecido como medidor em que vazão é conhecida pela altura de

lâmina d’água.

É um medidor que se inclui entre os de regime crítico, tendo sido idealizado

por R.L.Parshall, engenheiro do Serviço de Irrigação do Departamento de Agricultura

dos Estados Unidos. Consiste de uma seção convergente, uma seção

estranguladora ou garganta e uma seção divergente. Está localizada a jusante das

caixas de areia. Tem, como finalidade, controlar a chegada do afluente e o nível da

água nas caixas de areia e grade (Azevedo Neto, 1973).

3.4. Decantador

Segundo Imhoff (1995), os decantadores de esgotos urbanos podem ser

dimensionados com base no tempo de detenção ou na taxa de escoamento

superficial.

LXIII

Para o IWPC (1980), o critério de projeto para tanque de sedimentação é

baseado na vazão máxima afluente. A taxa de escoamento superficial ou carga

superficial é expressa em termos da vazão máxima a ser tratada por dia em m3/m2

de superfície do tanque, ou seja:

CS = Qmáx / As Eq. (4)

Onde: CS = Carga superficial (m3/m2dia)

Qmáx = Vazão máxima (m3/dia)

As = Área superficial (m2)

Hespanhol (1977) afirma que taxas de escoamento superficial, acima de 40

m3/m2dia, não permitem redução razoável de DBO e reduzem a remoção de sólidos

suspensos. O tempo nominal de detenção é baseado na vazão máxima a ser tratada

em m3/dia e é dado em horas, podendo ser expresso por:

Período de detenção (h) = 24 x Vmax (m3) / Qmax (m3/dia) Eq. (5)

Onde: Vmax (capacidade máxima do tanque)

Qmax (vazão máxima).

O período de detenção deverá ser longo o bastante para favorecer o grau de

sedimentação desejado, floculação e mudanças biológicas satisfatórias.

3.4.1. Tipos de decantadores

Para Jordão e Pessoa (1995), os decantadores podem ser classificados

quanto:

• À forma: retangular, quadrado e circular;

• Ao fundo: pouco inclinado ou chato e inclinado com poços de lodo;

• Ao sistema de remoção de lodos: mecanizado e carga hidráulica;

• Ao sistema de fluxo: horizontal e vertical.

LXIV

3.4.2. Considerações sobre decantadores de fluxo ra dial

Com o tratamento de esgoto pelo processo de lodos ativados, os

decantadores de fluxo radial começaram a ser usados na sedimentação. Os

principais parâmetros de projeto são a carga superficial e o tempo de detenção. A

carga superficial não deve exceder o valor de 45 m3/m2dia, na vazão máxima. O

tempo de detenção é normalmente de cerca de 2 h, para vazão máxima, podendo

ser reduzido para 1,5 h, quando a vazão exceder três vezes a vazão mínima. A

profundidade útil não deve ser menor que 1,5 m, sendo usual considerar a

profundidade entre 1/6 e 1/10 do diâmetro (Jordão e Pessoa, 1995).

Para que o valo de oxidação tenha uma operação contínua, normalmente é

utilizado o decantador secundário, devendo todos os sólidos formados retornarem

ao processo, caracterizando assim um sistema fechado.

O esgoto bruto, bem como o lodo formado no decantador, deve ser lançado à

montante do rotor para que se consiga uma mistura imediata com o líquido do valo.

3.5. Tanque de contato – cloração

A cloração é uma forma de desinfecção, isto é, de destruição de

microrganismos patogênicos. O cloro penetra nas células destruindo as enzimas. As

enzimas são um complexo de proteínas funcionando como catalizadores orgânicos

em reações químicas dos microrganismos. Como são essenciais aos processos

metabólicos das células vivas, estas, sem a ação das enzimas, morrem (Jordão e

Pessoa, 1995).

A cloração tem sido a principal forma de desinfecção praticada nas estações

de tratamento. Recentemente se tem dado particular atenção aos efeitos da

cloração sobre a matéria orgânica presente no esgoto, à formação de compostos

organoclorados e trihalometanos e a eventuais conseqüências carcinogênicas.

Quando se deseja apenas remover o gás sulfídrico dissolvido nos esgotos ou

no sobrenadante de digestores, com a finalidade de eliminação do mau cheiro ou da

agressividade sobre o concreto, podemos empregar o cloreto férrico em lugar do

LXV

cloro, combinando-se, então, enxofre com ferro, com a formação de sulfeto de ferro.

O cloro aumenta o teor de gás carbônico livre nas águas; como conseqüência estas

se tornam mais agressivas aos materiais de construção. O cloro forma

hidrocarbonetos clorados com a matéria orgânica; estes considerados nocivos.

3.5.1. Objetivos da cloração

Além da finalidade de desinfecção, a cloração pode ser praticada com vários objetivos:

• Controlar o odor;

• Promover o extermínio e o controle de organismos patogênicos;

• Como elemento auxiliar e corretivo nos processos de lodos ativados;

• Como elemento auxiliar ou de controle no tratamento e disposição do

lodo.

A quantidade necessária de cloro, para controle de odor, está relacionada à

produção de H2S e à demanda de cloro do esgoto, de tal modo que se tenha 3 a 5

mg/l de cloro para cada mg/l de H2S.

Para o extermínio e controle de organismos patogênicos, a cloração tem sido

aplicada com muita eficiência. Como seria materialmente impossível controlar por

análises todos os organismos patogênicos e potencialmente transmissores de

doenças de veiculação hídrica, o controle é concentrado sobre as bactérias do grupo

coliformes, uma vez que estas apresentam características favoráveis de

determinação, reprodutibilidade, e são típicas de excrementos humanos (Jordão e

Pessoa, 1995).

O cloro tem-se mostrado um agente eficaz de desinfecção, dependendo esta

eficiência do estado do esgoto a ser clorado. A Tabela 1 resume as quantidades a

serem aplicadas para as várias possibilidades.

LXVI

Tabela 3.1. Dosagem de cloro para diferentes tipos de efluentes.

Tipo de Esgoto (Doméstico) Dosagem (ppm) Esgoto bruto 6 a 12 Esgoto bruto séptico 12 a 25 Esgoto decantado 5 a 10 Efluente de precipitação química 3 a 10 Efluente de filtração biológica 3 a 10 Efluentes de processo de lodos ativados 2 a 8 Efluentes de filtros após tratamento secundário 1 a 5 Fonte: Adaptado de Jordão e Pessoa (1995)

Em algumas estações de tratamento, o espessamento de lodo antes de sua

digestão e disposição em leitos de secagem, ou em sistemas mecanizados de

filtração, tem sido melhorado com prévia aplicação de cloro.

3.5.2. Condições que afetam a cloração

Para Jordão e Pessoa (1995), são várias as condições em que a cloração

poderá ser afetada. Foram destacadas as principais:

• A natureza dos organismos a serem destruídos: alguns organismos

resistem mais que outros; o grupo coli é dos mais resistentes (daí ser usado

para controle de desinfecção);

• A natureza do desinfetante a ser usado (em termos de produto final

após ser colocado na água): Os compostos do cloro agem com eficiência

diferente, de acordo com o composto final formado;

• A concentração aplicada: Quanto maior a concentração aplicada maior

a eficiência do tratamento;

• A natureza do esgoto a ser tratado: As substâncias presentes no meio

podem agir com o desinfetante, usando sua capacidade de oxidação e

diminuindo sua ação bactericida. O pH favorecerá ou dificultará esta ação; a

temperatura mais elevada favorecerá a desinfecção;

• O tempo de contato do desinfetante com o esgoto: Quanto maior o

tempo, maior a capacidade de destruição de microrganismos.

LXVII

3.6. Leitos de secagem

São unidades de tratamento destinadas a receber o lodo digerido em excesso

dos decantadores, onde é processada a redução de umidade com drenagem e

evaporação da água liberada durante o período de secagem.

Os leitos de secagem podem ser caracterizados pelos seguintes componentes:

• Tanque de armazenamento;

• Camada drenante;

• Lastro de cobertura.

3.6.1. Tanques de armazenamento de lodo digerido

São células em formatos retangulares, sendo geralmente construídas com as

seguintes características:

• Material utilizado para as paredes: alvenaria, concreto e terra (diques);

• Cobertura: ao ar livre e coberto (geralmente com telhas transparentes).

3.6.2. Camada drenante

A camada drenante, também chamada de filtrante é composta de: camada

suporte, meio filtrante e sistema de drenagem.

A camada suporte tem o seguinte objetivo:

• Manter a espessura do lodo uniforme;

• Evitar que o lodo digerido lançado no leito de secagem venha a se

misturar com a areia do meio filtrante;

• Facilitar a remoção manual do lodo seco;

• Evitar a formação de buracos devido à operação de remoção do lodo.

A camada suporte, geralmente é constituída de tijolos maciços e recozidos,

assentados e nivelados com juntas de 2 a 3 cm preenchidas com areia grossa isenta

de material orgânico

LXVIII

O assentamento dos tijolos é muito importante durante as fases de

construção e operação dos leitos. Além da arrumação é necessário também que os

tijolos estejam no mesmo nível para garantir uma carga de lodo digerido uniforme ao

longo da camada suporte.

O meio filtrante é constituído por britas de diferentes granulometrias,

arrumadas de modo que a camada inferior tenha uma granolometria maior do que a

camada superior.

Para evitar que o lodo percole através das camadas de britas e para facilitar o

assentamento em nível dos tijolos da camada suporte como também evitar uma

possível colmatação usa-se recobrir a camada superior com areia grossa.

O leito de secagem, também tem sistemas de drenagens constituídos de

tubos cerâmicos (manilhas), ou de PVC, distribuídos uniformemente abaixo do meio

filtrante, de modo a recolher o líquido removido do lodo, em fase de secagem e

percolado através das camadas superiores (areia e brita). O tubo tem diâmetro

mínimo de 100 mm e afastamento máximo entre os mesmos de 3 m.

As tubulações devem ser projetadas de modo a atender às seguintes

características:

• Boa ventilação para o meio filtrante;

• Escoamento rápido para o líquido drenado;

• Fácil acesso para manutenção (Jordão e Pessoa, 1995).

LXIX

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de caracterizar o sistema

operacional da ETE. Durante o período em que o sistema foi pesquisado, foram

feitos diversos levantamentos e análises de informações referentes aos parâmetros

de maior importância na caracterização e eficiência do controle operacional da ETE.

As análises dos resultados do monitoramento da estação de tratamento de

esgotos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permitiram concluir:

• O esgoto bruto apresentou concentrações características de esgoto doméstico

fraco a médio;

• Foram realizados 396 perfís diários da vazão afluente resultando numa vazão

média de 2,50l/s;

• Apesar do sistema ter sido projetado para operar em regime contínuo, o modo de

operação com um aerador funcionando em regime semicontínuo operando das

06:00 às 18:00h, apresentou bons resultados e uma economia de 50% no

consumo de energia elétrica;

• As eficiências de remoção da ETE para os parâmetros DBO5, DQO, coliformes

fecais, e nitrogênio amoniacal foram, de um modo geral, compatíveis com as

faixas citadas na literatura para o processo de lodos ativados;

• Para os parâmetros nitrito, nitrato o sistema não se mostrou eficiente

possivelmente pela presença de elevada concentração de sólidos em suspensão

advinda do decantador;

• O esgoto tratado da ETE apresentou uma concentração mínima de coliformes

fecais podendo ser atribuída ao sistema de cloração, podendo ser reusado na

irrigação de jardins minimizando o consumo de água potável para fins menos

nobres como também possibilitando o retorno da água com melhor qualidade ao

meio;

LXX

SUGESTÕES

• Avaliar a contribuição dos aerossóis dos sistemas de aeração e de irrigação;

• Avaliar a contribuição de metais pesados no lodo digerido do sistema de

decantação;

• Construir um filtro biológico na saída do decantador para remoção dos sólidos

em suspensão gerados no efluente do decantador;

• Propor um estudo mais aprofundado na aplicação do efluente tratado no

reuso na irrigação de jardins;

• Recuperar o sistema de drenagem dos leitos de secagem.

LXXI

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALÉM SOBRINHO, P. e GARCIA JÚNIOR, A.D. Estudos com Sistemas de Lodos Ativados Modificados para Remoção de Fósforo: Efeitos Sobre as Características de Sedimentação do Lodo. Anais do XVII Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Natal-RN: ABES, 1993.

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BROUZES, P. Precis d’Epuration Biologique por Boves Activées. Technique et Documentation, France: 1973.

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