antologia 07 08

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Antologia de textos escritos por alunos do Agrupamento de Escolas de Bucelas

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Page 1: Antologia 07 08
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Índice

Um título por mês…....................................................3

Não aguento mais! ......................................................5

Uma ideia brilhante ..................................................13

Um anjo de almofada................................................21

Da minha janela.......................................................29

O vesgo, o coxo e o marreco ........................................ 37

Essa porta ainda por abrir .......................................45

Desta é que foi!..........................................................53

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Um título por mês… Queríamos que os nossos alunos escrevessem mais. Mais e melhor. Que

gostassem de escrever e do que escreviam… E, claro, que gostassem também de ler… Será um exagero (uma hipérbole, portanto) afirmar que já não aguentávamos mais, mas… gostávamos de mudar alguma coisa.

Pensámos no seguinte: seleccionaríamos mensalmente um título para que em todas as turmas (de 2º e 3º ciclos) se redigissem (em aula) textos. Em seguida, escolher-se-ia em cada turma o texto que fosse considerado o melhor. Posteriormente, as professoras de Língua Portuguesa seleccionariam uma produção escrita por ano de escolaridade (5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos e Cursos de Educação e Formação), que seria exposta.

Pareceu-nos “Uma Ideia Brilhante”, pelo que resolvemos avançar com ela. Ficámos maravilhadas: o primeiro título originou trabalhos ainda melhores que o

esperado! Contudo, essa ideia brilhante nem sempre gerava títulos igualmente brilhantes…

Ouviram-se lamentos: “falta-me a imaginação!”, “quem é que escolhe estes títulos?”… Por vezes parecia-nos difícil seleccionar um título para ambos os ciclos. Por outro lado, tentávamos diversificar: em determinado mês seleccionar um título mais “poético” (“Da minha janela…”), noutro um mais engraçado (“O Vesgo, o Coxo e o Marreco”).

Pela Primavera pareceu abrir-se novamente a porta da imaginação e, quase no final do ano, foi mesmo caso para afirmar “Desta é que foi!...”

Esta antologia reúne 47 dos cerca de 2.100 textos (!) escritos no âmbito deste projecto, que esperamos futuramente estender às turmas de 1º ciclo e pré-escolar do agrupamento.

Cada capítulo inclui os textos subordinados a determinado título que estiveram expostos numa das vitrinas do átrio da escola sede ao longo do ano lectivo:

Não aguento mais! (mês de Outubro) Uma Ideia Brilhante (mês de Novembro) Um Anjo de Almofada (mês de Dezembro) Da minha janela… (mês de Janeiro) O Vesgo, o Coxo e o Marreco (mês de Fevereiro) Essa porta ainda por abrir (meses de Março e Abril) Desta é que foi!... (mês de Maio)

Quando o Conselho Executivo nos propôs a

sua edição, aderimos imediatamente. Graças à parceria com a BE/CRE e às ilustrações dos títulos – também elas de alunos da nossa escola – seleccionadas pelo professor Carlos Marques, foi possível a presente antologia.

Esperamos que gostem tanto de a ler como nós!

As professoras de Língua Portuguesa, Ana Mafalda Marques Ana Rita Basto Ana Paula Sempiterno Carla Santos Elisabete Soalheiro Isabel Araújo Sandra Nunes

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Outubro

Não aguento mais!

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Hoje zanguei-me com a minha melhor amiga.

A minha mãe só faz peixe ao almoço.

O meu irmão tira macacos do nariz e cola-os no cabelo das minhas bonecas.

O meu pai trata-me como se eu tivesse quatro anos.

“Eu já não aguento mais!”

Tenho uma família de doidos!

Ia para a escola, num belo dia de sol, de mini-saia e com um top. Quando ia a

sair de casa, nem acreditam… Começou a chover! Tive de voltar para casa e trocar de

roupa.

Cheguei à escola atrasada e, ainda por cima, levei um recado na caderneta.

Fui para casa e mostrei a caderneta à minha mãe que não parou de me chatear a

cabeça!

O meu gato tinha comido o meu peixe.

As minhas melhores calças estavam sujas.

E depois, para finalizar, ainda soube que tive zero no teste de Língua

Portuguesa!

Fui ver se fazia as pazes com a minha melhor amiga, mas ela atirou-me com

um copo de água em cima…

“Não aguento mais…”

Kateryna Petreanu, 5º A

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Não aguento mais

Esta vida desgraçada

Mas não perco jamais

Uma bela futebolada!

Não aguento mais

De tanto correr

Depois desta correria

Só espero vencer!

Não aguento mais

Já estou cansado

Só espero da vida

Não ser mal amado!

Não aguento mais

Esta vida familiar

Mas eu sei

Que tenho de aguentar…

Não aguento mais

Este planeta de racismo

Mais uns anos

Torna-se um fanatismo!

Otniel Marques, 6º D

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⎯ Estou farta disto, não dá para aguentar mais! Vida de estudante não é para

mim. Isto de escola não é a minha onda… Para que me interessa aprender História?

Ciências? Físico-química? Porque é que tenho de aprender Inglês? Ou Francês? Eu estou

em Portugal, não estou noutro país qualquer! ⎯ resmungava a Susana no carro a

caminho da escola.

⎯ Pára de reclamar, Susana. Se tens essas disciplinas todas é porque os teus

professores acham bem que vocês aprendam mais coisas sobre Portugal e os outros países.

⎯ Fogo, mãe, outros países? Tipo… Estou em Portugal! O que é que eu tenho a ver

com as outras línguas? O que é que me interessa a forma como os reis viveram, ou as

batalhas que ganharam? Ai, mãe, aquilo é uma seca! Já sei ler, já sei escrever, já sei

fazer contas! O resto não me interessa!

Joana Rita Gonçalves 7º A

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Neste poema vou escrever Aquilo que já não posso ver. Os amigos estão-se a zangar Mas eu nem quero imaginar!... Os amores vão-se perder Mistérios que não quero perceber. A família sempre a ajudar Algo em que adoro pensar. Na escola vamos aprender Mil e uma coisas que não sabemos fazer. À vida não vamos mentir Pois é ela que temos de seguir. A felicidade não podemos medir Só a conseguimos sentir. Podia falar E nunca mais acabar… Só sei que não vou aguentar! Tal não significa não gostar… É que estas rimas Que estive a escrever São palavras escritas Que alguém vai perceber!

Elisabete Custódio 8ºB

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Pois é! Há por aí um cromo que não me larga. Agora deu para dizer que está

apaixonado por mim! Mas que seca! Já não me chegava ter que aturar os profes na

escola, agora aturo os filhos deles... Sim, porque o dito cujo cromo é filho do "stor" de

geografia, que por sinal é outro cromo. Enfim, tal pai tal filho...

No outro dia, o rapaz chega-se junto da minha mãe e diz-lhe: "Dona Carolina,

quero pedir a mão da sua filha em namoro!". Claro que a minha mãe desata às

gargalhadas! Coitado do rapaz, tem ar de parolo: usa camisinha aos quadrados,

calcinhas de bombazina e sapatinhos de vela a condizer com os suspensórios e a gravata.

Não aguento mais!

Há coisa de três dias, enfia-se no autocarro a meu lado (como se aquele fosse o

autocarro que ele costuma apanhar), e sai na mesma paragem que eu. "Para quê?"

Perguntam vocês… Para fazer uma declaração de amor em frente dos meus vizinhos!

Mas que grande melga, não me larga por um minuto que seja! Qualquer dia nem sei o

que lhe faço. A paciência tem limites! Ontem fez-me uma serenata às onze da noite.

"São horas de chatear alguém com parvoíces?" ⎯ perguntei eu, ao que ele respondeu:

"O amor não tem hora para se demonstrar, minha princesa encantada". Não

imaginam a minha cara de parva. Nesse momento fechei a janela e ele lá se foi embora.

Hoje na escola fiquei a saber que ele pediu transferência para a minha turma!

Mas que tormento, assim não dá! O raio do miúdo é uma melga, e quem o atura sou

eu! Estou a desesperar! Grrrrrrrrr... NÃO AGUENTO MAIS!!!

Marta Pereira 9ºB

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Não aguento mais estar sem ti.

Não te poder beijar nem abraçar.

No teu olhar eu fico;

é contigo que quero dançar.

Não podes negar;

mais vale dançares comigo

do que dançares

com quem nunca te irá amar.

Eu sei que te vais embora

à tua espera vou ficar

Espero que não vás demorar

porque sempre te irei amar.

Quando vieres, estarei pronto

para contigo casar.

Quando estiveres pronta,

o nosso casamento vai começar!

Rafael Dinis Costa, CEF-2

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Novembro

Uma ideia brilhante

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Na aula de ciências a professora propôs-nos que inventássemos uma máquina!

Qualquer coisa extraordinária!

Em casa estive a pensar no que havia de fazer, até que tive uma ideia brilhante!

- Já sei o que vou fazer! Vou inventar a máquina do futuro! Vou ser uma

cientista famosa!

Fui fazendo o projecto… Era assim: a máquina era azul com um visor reluzente

e tinha uns botões com números.

Experimentei a máquina e… deu resultado! Coloquei o botão para o ano 2010 e

nem imaginam o que vi! A minha casa estava transformada num jardim zoológico.

Tinha macacos, gorilas e até um rato!

A minha mãe caiu para o lado, o meu pai fugiu a cavalo e a minha

irmã…coitada! Correu para a casa de banho. E eu?! Eu estava dentro da barriga de um

canguru!

No outro dia, na escola, é claro que a nota do meu trabalho foi Muito Bom!

E de futuro, continuei a ser uma cientista e a fazer máquinas melhores mas a

que deu mais prazer e causou mais orgulho foi aquela porque foi a primeira.

Madalena Carvalho Lourenço - 5º A

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Tive uma ideia brilhante

Um dia quando acordei

Construí umas asas de papel

Depois de um muro saltei.

O resultado desta invenção

Que um dia eu fiz

Só deu mau resultado

Ao aterrar parti o nariz.

Mas não parei de inventar

E umas andas fiz então

Ao correr e ao saltar

Caí de rabo no chão.

Não sou lá grande inventor

Nem tenho imaginação

Inventar coisas malucas?

Prefiro ter os pés no chão.

Elton Jonhy, 6º C

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Uma ideia brilhante foi

gostar de ti.

Uma ideia brilhante

foi amar-te assim.

Não sei o que é amar

mas espero que seja o que sinto por ti,

porque é muito melhor estar ao teu lado

do que estar aqui.

Gosto de gostar de ti,

Gosto de te ver assim.

Nunca foi tão bom

Ver-te sorrir assim.

Amo-te muito!

Gosto muito de ti!

Não sou nenhum Luís de Camões,

mas estes versos são para ti.

Hugo – 7ºB

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Uma ideia brilhante tive eu! Eis o que sucedeu: Estava a pensar no futuro Eu já bem maduro... Terei eu, então, Uma felicidade sem fim, Carro e casa Só para mim. Só para mim, Também não! Para meus filhos, Mulher e cão. O meu cão Saberá conduzir Devido ao chip Que eu irei construir. Se o vou construir É porque terei uma empresa, De consolas ou computadores... Ainda não tenho a certeza. A minha brilhante ideia É comprar um mealheiro, Para que, quando eu for grande, Tenha então muito dinheiro!!

Rúben Vines 8ºB

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Tive uma ideia brilhante:

Pegar em três livros de cada vez

E, numa velocidade constante,

Ir estudar para Português!

Ir estudar para Português

Não é palhaçada!

Ao ter uma ideia brilhante,

Meti-me numa grande trapalhada!

Ter uma ideia brilhante

É saber o que vou fazer:

Para aprender Língua Portuguesa

Basta treinar: ler e escrever.

Bruno Magalhães, 9º A

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Ao olhar para uma estrela,

Tive uma ideia brilhante:

Enviei uma carta à minha mulher

E outra à minha amante.

À minha amante disse que

Ela era a minha inspiração,

À minha mulher a musa

Que move o meu coração.

A minha amante, quando abriu a carta,

Ficou com o coração a palpitar,

Porque viu que era com ela

Que eu queria sempre ficar.

A minha mulher, quando abriu a carta,

Ficou com o coração iluminado,

Porque viu que era por ela

Que estava muito apaixonado.

A minha amante enviou-me uma carta

Contendo poemas de amor.

Eu fiquei tão contente que lhe liguei

E disse “Obrigado, amor”.

A minha mulher ligou,

Estava muito entusiasmada,

Com a aquela voz meiga,

Via-se que estava apaixonada.

Mas cheguei à conclusão que era

Só com uma que eu podia ficar.

Viajei então sozinho,

Para poder calmamente pensar.

Liguei à minha amante e disse:

“Nosso amor chegou ao fim”,

Descobri naquela altura que

A minha mulher era tudo para mim.

Cheguei a casa e contei

À minha mulher que a tinha traído.

Que a culpa também era dela,

“Vamos esquecer isto, marido”.

Vejam bem que isto que fiz

Não é uma ideia brilhante.

Se um homem amar mesmo a sua mulher,

Esse amor deve ser constante.

João Brito, CEF 1

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Dezembro

Um anjo de almofada

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Era uma vez um casal que tinha uma filha chamada Clara de 13 anos. A família era

rica, mas bondosa.

Nos primeiros dias de Dezembro. Como costume, Clara começou a montar a árvore

de Natal e encontrou um enfeite que era um anjo deitado numa almofada, e pensou:

- Que estranho! Nunca tinha visto este anjo!

Mas não se preocupou e colou-o na árvore, que por fim tinha terminado.

No dia de Natal a Clara adormeceu no sofá e enquanto dormia, o anjo

transformou-se num menino e foi com a Clara até ao país dos sonhos!

Clara fez muitas coisas divertidas! Passaram um dia maravilhoso!

Mas tinham de voltar para casa. O anjo passou a ser um menino de verdade que

andava sempre com a sua almofada!

Clara e o anjinho-menino tornaram-se os melhores amigos e viveram muito felizes!

Carolina Rodrigues da Costa, 5ºC

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Um anjo de almofada

É uma coisa gira de fazer!

Já dizia a avó Mafalda

O que é bonito é para se ver!!!

O anjo de almofada

É o teu guardião

Pois é ele que te guarda

E te pega pela mão!

Um anjo de almofada

É algo divertido

Pode ser preto, branco e mais nada

Ou então ser colorido.

Um anjo colorido

Fica bem mais divertido…

Milene Padeiro, 6º D

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Muito cedo, muito cedo, acordava um anjinho pequenino bem lá em cima na copa

do céu.

Todos os dias tinha a mesma rotina. Acordava e voava com as suas minúsculas

asas feitas de penas, cabecinha de algodão e olhinhos azuis.

Chamavam-lhe o Anjo de Almofada pelas suas características físicas.

Continuando a sua rotina…

Dava uma vista de olhos lá de cima à cidade e, como estava sempre tudo bem,

voltava para casa.

Mas, naquele dia, havia um movimento estranho lá em baixo. Decidiu ir

espreitar.

Quando chegou, escondeu-se dentro de uma chaminé e caiu. Todo coberto de cinzas,

levantou-se e, quando deu por si, estava num quarto e o barulho era imenso.

Reparou numa criança que gritava para a mãe:

⎯ Quero um brinquedo novo!

A mãe insistia com ela que não tinha dinheiro para isso, mas é claro que ela não

percebia.

O Anjo de Almofada ficou com pena e ofereceu-se a si próprio para ser o

brinquedo da criança.

O Anjo falava com o menino e por isso ele dizia à mãe que o brinquedo era

especial. Eram os melhores amigos e a pobre mãe em dinheiro e rica em alegria nunca

chegou a perceber como o Anjo de Almofada tinha aparecido na vida do seu filho…

Ana Vitorino, 7ºA

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Um anjo de almofada

É uma coisa muito bela;

Não entra pela porta

Mas sim pela janela.

De vez em quando

Entra pela cozinha

E em vez de ir ao meu quarto

Vai ao quarto da minha irmãzinha.

O anjo tem caracóis

Que em noites deslumbrantes

Se assemelham a faróis

Mesmo muito fascinantes!

No sonho

Da minha noite passada

Ele era o meu anjo de almofada…

Rui Brito 8ºA

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Havia um anjo feito de almofada

que sempre que caía

nunca se magoava.

O seu corpo era feito de penas

nada mais, apenas… penas!

Por fora era feito de tecido.

Quando o bebé o agarrava,

ficava todo torcido.

Ele gostava de ser um anjo de verdade,

mas para isso acontecer

seria preciso haver muita caridade.

Fábio Martins, 9º A

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Mais um texto? Eh pá, isto para mim é de mais! Não vou conseguir!

Certamente. Falar sobre “um anjo de almofada” é um pouco lamechas, não?

Ainda pensei poder ter esperança de ganhar o texto do mês de Dezembro mas com

um título como este não dá. Isto é bom é para aqueles que gostam de fazer poemas. “Um

anjo de almofada” é mesmo aquela coisa tipo “asquerosa”, como diz a minha professora

de L.P..

Não, eu este texto, com este título não faço! Vamos falar de futebol? Carros?

Motas? É do que nós gostamos, não é destes títulos assim…

Cada vez me desiludo mais. Chego a uma aula e dizem-me “faz um texto”, e eu

“ya, na boa” mas depois dão-me este título!? Não é fácil aguentar. Vá, dêem títulos

decentes!

Isto faz-nos pensar. Imaginem aquelas coisas lamechas no início do texto: “A

minha almofadinha…” ou “O meu anjo da guarda é a minha almofada...”. Bah, é

nojento!

Bem, não posso falar muito mais deste texto, já sei que vou sofrer as

consequências mas pronto, não há-de ser nada!

Fogo, arranjem títulos decentes!!!

Sandro Carvalho, CEF 1

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Janeiro

Da minha janela

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Da minha janela costumo ver pessoas, casas, carros e não se costuma ouvir

quase barulho nenhum.

Um dia estava eu à janela e nem conseguia acreditar no que via e ouvia.

As pessoas tinham-se transformado em extraterrestres, as casas, umas tinham o

telhado, mas não tinham o resto e outras tinham o resto mas não tinham telhado.

Os carros não tinham rodas e em vez de andar voavam. Pareciam autênticas

naves espaciais conduzidas por marcianos com três, quatro olhos e alguns nem sequer

tinham olhos.

As árvores do jardim só tinham espinhos. Os cães pareciam um daqueles

brinquedos robots.

As pessoas (extraterrestres) falavam como se fosse um livro de banda desenhada:

tinham balões a sair pela boca.

O barulho que se ouvia parecia sons de fantasmas, panelas a bater, buzinas…

Tudo aquilo que não se consegue suportar.

Fechei os olhos e passado algum tempo voltei a abri-los e dei comigo na cama.

Afinal não tinha tudo passado de um pesadelo!

E, da minha janela continuava a ver-se tudo aquilo que costumo ver.

Cláudia Cavaca, 5ºC

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Da minha janela vejo um futuro próximo, feliz e fantástico…

Vejo as pessoas de quem gosto a ultrapassarem dificuldades e a concretizarem os

seus sonhos…

Vejo amor, fraternidade e amizade entre famílias, amigos e conhecidos…

Vejo paz!

Da minha janela vejo o passado. Recordações boas que ficam para sempre mas

também recordações más, das quais não me quero lembrar.

Vejo-me a dizer as primeiras palavras “papá” e “mamã”, a dar os primeiros

passos e a observar o rosto dos meus pais a olharem para mim felizes e orgulhosos.

Da minha janela vejo o presente, o que estou a viver agora, a minha juventude e

adolescência e a alegria de conviver com os meus amigos e familiares.

Da minha janela Eu vejo o presente, É o tempo que interessa Para viver feliz e contente. Da minha janela Vejo um passado distante, Que não quero recordar De agora em diante. Da minha janela Vejo o futuro da humanidade, Quero ser um grande cientista E provar muita verdade.

Bruno Silva, 6º B

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Da minha janela Vejo o Sol a brilhar Vejo uma menina tão bela É pena é não a apalpar... Ai que bela janela Que eu arranjei! A ver tanta coisa boa Até me arrepiei! Nunca mais vou sair de casa Nem da janela. Já nem vou à caça Só para dar uma olhadela. O que vejo da minha janela É uma mulher de Camarate Que fez com que estas rimas Ficassem um disparate... Desculpai o abuso Que acabais de ouvir, Mas isto foi só Para vos divertir!

Rúben Santos, 7º A

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A minha janela é enorme e bonita. Numa tarde de Verão, já o sol se punha, fui para a janela. Era uma janela

mágica, que conversava comigo e me ajudava a estudar e também me permitia ver o que se passava na rua: as pessoas, a serra, as flores…adoro a minha janela…

Na tarde do dia seguinte, fui para a janela observar o que se passava lá fora. Foi naquele instante que, da minha janela, vi uma ambulância e a minha mãe deitada numa maca. Corri para a rua para ver o que estava a acontecer. O meu pai ficou todo nervoso. Ele não queria contar o que se passava: a minha mãe tinha cancro e teve de ir para o hospital. Eu chorei muito, mas a minha janela ajudou-me, acalmou-me, dizendo que ia correr tudo bem e o meu pai e avós, a mesma coisa…

Passados uns dias, a mãe veio para casa. Não tinha cabelo e estava com ar cansado. Eu fui agarrar-me a ela, cheio de saudades dos beijos dela e dos seus carinhos. O meu pai também me dá apoio…

Num certo dia, já a minha mãe estava melhor, fomos dar um passeio e apanhar musgo, no jipe novo. O azar foi que ficámos na lama e tivemos de chamar outro jipe para nos tirar de lá.

Chegámos a casa e fomos lanchar e, entretanto, a minha mãe caiu da cadeira e bateu com a cabeça, pois teve uma recaída, pela segunda vez. Da minha janela vi a minha mãe a ir para o hospital… Fui para casa de umas pessoas amigas do meu pai, com a minha irmã. Eles animaram-me mas, um dia depois, o meu pai foi buscar-nos e dar-nos a notícia que a minha mãe tinha falecido. Eu e a minha irmã abraçámo-nos. O meu pai chorava. Custou muito, principalmente quando ia para a escola, pois gozavam comigo a dizer que eu era o menino sem mãe. Eu ainda só tinha quatro anos e a minha irmã, oito.

Fomos viver todos juntos, os avós, os pais e a minha irmã, pois nós apoiávamo-nos uns aos outros. Custou muito, mas a vida continua e a minha mãe sempre estará no meu grande coração.

Da minha janela vi alegrias e desgostos. Todos os dias nós falamos da mãe, pois adoramo-la e adorá-la-emos para

sempre.

João Morais 7ºC

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Da minha janela Eu vejo o mar Cristalino e saltitante, Como me faz sonhar! Quando está calmo Eu vejo a amizade O puro silêncio, A pura verdade… Se ficar bravo A tranquilidade acabou! Fica a fúria Que o tempo guardou. Se fechar a janela Fecho o meu coração A um mundo de beleza, Outro de solidão. Se quiserem amor, Felicidade e calma, Abram uma janela Dentro da vossa alma.

Rúben Vines, 8ºB

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Da minha janela Vejo muitas opções Todas elas trancadas Atrás de portões. Da minha janela Sinto um vento forte Tenho uma visão de desespero Não vou ter muita sorte. Da minha janela Vou desviar o olhar Pois se o vento volta, Não o vou suportar. Na minha janela Não vou ficar Tenho de sair dela Para lutar.

Rodrigo, 9º A

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36

A janela do meu quarto é por vezes um momento de paragem na minha vida,

para poder pensar no que me está a acontecer. Eu sei que a vida não é um mar de rosas

mas escusava de ser tão injusta para quem, como eu, está a sofrer por amor.

Por vezes, abro a janela do sótão, onde fica o meu quarto, debruço-me sobre a

grade da janela, a fumar um cigarro, e penso no porquê disto que me está a acontecer.

Não tem explicação! Vivi momentos bons e momentos menos bons com a pessoa que

amo. Foram cinco meses e, por esses meses, é inacreditável como, de um dia para o

outro, a pessoa que nós amamos nos diz que quer acabar tudo na relação.

A minha janela ajuda-me muito a pensar sozinho, sem que ninguém me chateie,

com o maravilhoso silêncio. Talvez poder desabafar com alguém não fosse pior mas, fora

esta situação por que estou a passar neste momento, tenho confiado no silêncio da

noite, debruçado sobre a grade da janela, a reflectir sobre muita coisa que tenho

passado. Para tudo o que me tem acontecido de há dois anos para cá na minha vida, e

que não é nada pouco, há sempre um pequenino pensamento na janela que me tem dado

sempre a solução.

Não tenho medo nem vergonha da realidade que estou aqui a escrever, porque

para mim só é amigo quem não goza e felizmente posso dizer e escrever seja lá o que for

que tenho confiança nas pessoas em redor da minha vida, e, sobretudo, na minha

preciosa janela.

Hugo Serra, CEF1

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37

Fevereiro

O vesgo, o coxo e o marreco

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38

Era uma vez um vesgo que não via um palmo à frente do nariz. Era o homem com os

olhos mais tortos do mundo.

Também havia um homem que era mesmo marreco, que tinha um alto grande, que

até parecia ter uma pedra gigante em cima dele.

Quando o homem marreco se queria sentar num banco do jardim tinha que ficar

com rabo fora do banco.

Havia outro homem que coxo, mas era tão coxo, mas tão coxo que tinha de andar

com duas muletas.

O homem vesgo disse ao homem marreco:

-Oh, senhor marreco, sente-se bem quando se senta e o rabo não fica sentado?

E o homem marreco disse assim para o outro homem que era vesgo:

- Não me sinto bem quando não sento o meu rabo no banco. Mas, oh, senhor vesgo,

consegue ver as mulheres giras que passam na rua?

E o vesgo disse para o marreco:

- Não consigo, não.

O homem marreco e o homem vesgo viraram-se para o homem coxo e perguntaram:

-E o senhor coxo, como tem andado?

E o coxo disse para o vesgo:

Como tem visto…

E assim acabou a conversa do homem que não via, do outro que não podia sentar-se

e daquele que mal andava.

Miguel Luís, 5ºB

Page 41: Antologia 07 08

39

Um dia um coxo

Andava a passear

Sempre de roxo

E de nariz no ar.

Vê uma miúda

Pôs-se logo a olhar.

O vesgo, coitado,

Isso não podia ver,

Mal olhava

Via tudo a tremer.

Com os olhos tortos

Só queria renascer

Para uma miúda surpreender.

O marreco, esse então,

Sempre de nariz no chão

Não se importava por isso,

Passava a vida a cavar na horta

Para tentar esquecer

A sua coluna torta!

Eleutério Parreira, 6º D

Page 42: Antologia 07 08

40

Ia o marreco todo torto,

ia o coxo quase morto,

e ia um velho que era

vesgo porque era do F.C. Porto.

O marreco era o João,

o coxo dormia no caldeirão,

e o velho abriu os olhos

e agora é lampião.

O apelido do marreco é “Ortigas”,

o coxo dorme com formigas,

e a alcunha do vesgo

era o “Lombrigas”.

O marreco mudou de nome e agora

chama-se Danilo.

O coxo fez um “piercing” no mamilo,

e o vesgo fez uma tatuagem:

“Amo-te Camilo”.

Marco Carvalho, 7ºC

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41

Na vila do Samoco, havia três homens que passavam grande parte do seu dia na

tasca do senhor Zé. Estes homens tinham histórias muito diferentes

O Mário Jorge era um açoriano que toda a vizinhança tratava por Vesgo do

Samoco porque, quando ainda era estudante, a caminho da escola, foi literalmente

atropelado por um besouro de asa negra que chocou contra o seu olho direito.

O Venâncio Manco, quando era jovem, tinha o sonho de ser futebolista.

Infelizmente, ainda bem pequenino, teve um acidente de viação que destruiu

completamente o seu triciclo e lhe provocou lesões permanentes na perna direita.

Por último, Paulo Parreco, era conhecido não só por marreco mas também por

Faná, sobretudo desde o dia em que, fugindo de uma ovelha do amigo Venâncio, caiu

num buraco com um metro e meio, que certas crianças tinham aberto para fazer uma

piscina. As consequências da queda são óbvias.

Quando os três se encontram na tasca do Zé, há sempre festarola. É só ver a

dificuldade que esta gente tem em brindar… Não há meio de acertarem nos copos uns

dos outros. Mas apesar dos seus problemas, são estes os três da vida airada da vila do

Samoco: o vesgo, o coxo e o marreco…

Rui – 8ºA

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O vesgo, o coxo e o marreco são três amigos assim um bocado para o... como hei-

de expressar isto para o papel? São assim um bocado para os tonhinhos, vá... ⎯ isto

para ser simpática, porque eles são bem piores que uns simples tonhinhos.

Uma noite, decidiram ir a um bar engatar miúdas. Imaginam, não é? Um vesgo,

um coxo e um marreco. Uma noite divertida, não para eles...

Os três amigos entram no bar, e cada um “finta” a sua miúda. O vesgo disfarça

os seus olhos tortos com uns óculos escuros (à noite, atenção!) e vai ter com a rapariga

que está a dançar junto ao balcão: “Olá, muito boa noite.” diz o vesgo. “Boa noite.” diz

a rapariga. “Está uma noite bonita. Podíamos...”. Enquanto o vesgo fala, a rapariga

interrompe: “És fã do Pedro Abrunhosa?”. Indignado, ele responde “Aprecio, mas não

percebo o porquê da pergunta.”. “É que não está propriamente sol aqui, é de noite, pensei

que fosse uma moda ou isso!...”. “Ah, não! É só porque sou alérgica às luzes de bares!”

inventa uma desculpa à pressão. Enquanto dança com a sua miúda, os óculos caem-lhe.

Pronto, noite estragada para o vesgo...

Agora é a vez do coxo chegar ao pé da menina que está junto à janela a apanhar

ar... Para disfarçar que é coxo, chega junto dela a dançar, mas não se safa! A rapariga

descobre-o. Outro com a noite estragada.

Por último, o marreco tenta a sua sorte com uma rapariga que está debruçada a

apertar o sapato. Vai ter com ela, mete conversa e... imaginem... a miúda levanta-se e

também é marreca, e fica feliz por encontrar alguém como ela, e que não a goze. O

marreco não disfarçou o seu problema, e a marreca gostou disso (pois tinha estado a

observar os três amigos desde a sua chegada).

Passaram três meses. Casaram. Nove meses depois tiveram dois filhos, para os

quais convidaram o vesgo e o coxo para padrinhos do casalinho de marrequinhos, quer

dizer, de gémeos. Marta Pereira, 9ºB

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O vesgo não vê de um olho

Fica até bem engraçado!

Quer olhar para todo o lado

Mas fica tão baralhado!

O coxo, da perna direita!,

Tem a mania que é esperto…

Mas dele nada se aproveita

E até goza com o marreco!

O marreco, pobre coitado,

Por toda a gente é gozado!

Mas pela família é honrado,

Em casa e em todo o lado.

O vesgo, o coxo e o marreco

Cada história tão diferente…

Mas têm os três um só desejo:

Ser respeitados por toda a gente!

João Luís, CEF2

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Março

Essa porta ainda por abrir

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Será verdade ou pura imaginação?

Será que existe ou é um belo sonho?

Dizem que é uma porta mágica

Uma porta para a fantasia…

Um dia vi a porta…

-Abre-te porta, portão!

Dizia eu com o coração.

Mas a porta trancada

Continuava fechada!

Então já cansada

Resolvi ficar calada,

Mas a grande porta mágica

Ficou na mesma cerrada.

Kateryna Petreanu, 5ºA

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Aquela porta que ainda não abri

sempre estive a pensar

o que é que está ali.

Aquela porta que ainda não abri

será que tem brinquedos, comida

ou roupa para mim?

Aquela porta que ainda não abri

será que tem os meus amigos,

pessoas, uma família para mim?

Aquela porta que ainda não abri

será que tem OVNIs, ETs,

ou coisas de outro mundo, longe daqui?

Aquela porta que ainda não abri

será que tem o fim do mundo,

o fim da minha vida ou mundo só para mim?

Giovanny Lopes, 5ºB

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Portas por abrir ou por fechar… Tudo na nossa vida se resume a “portas”.

Para eu nascer, uma “porta” se abriu! A minha mãe foi a minha primeira

porta… Ela é a “porta” para a sensatez, para o amor, amizade, energia e sabedoria, ou

seja, é aquela “porta” que estará sempre aberta para mim, a “porta da salvação”.

Pela vida fora muitas portas tenho para abrir, portas essas que me trarão o

conhecimento, a inteligência, a generosidade e o respeito por tudo o que me rodeia.

As portas que ainda não abri e que não quero nunca abrir são as da incerteza,

da violência, do ódio e do rancor, da fome e da guerra. Estas são portas que já foram

abertas por muitos, mas estão à espera de serem fechadas por todos nós.

Joana Roque, 6ºA

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Tenho os meus sonhos, objectivos,

tenho os meus “manos” e os meus amigos,

gosto de música e de desenho,

e eles são a maior parte de tudo o que eu tenho.

Tenho a minha grande família,

que eu deixei durante uns dias.

Tenho as minhas melhores amigas,

que são duas doces raparigas.

Tenho aquelas amigas do coração…

Lindas? Ah! Sim, elas são!

Tenho aqueles amigos do peito,

que considero perfeitos.

Aprendi a gostar de Matemática.

Ah! E também da Gramática!

Mas História ainda estou a descobrir.

Tenho essa porta ainda por abrir…

Gabriela, 7º B

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Por abrir estava a porta

Do terraço do Augusto,

Mas nunca tive coragem

Não queria apanhar um susto!

Porquê medo de um susto

Se sou um valentão?

Foi então que ouvi dizer:

«Quem tem medo, compra um cão!»

Mas um cão não é seguro,

Se por vezes nos ataca;

Já o meu tinha medo

Até de uma barata!

Tal barata inofensiva

Que não saía do ninho,

Metia a cauda entre as pernas,

Fugia que nem um coelhinho.

Mas o terraço do Augusto

Que era tão intrigante,

Afinal continha apenas

Uma vista deslumbrante!

Filipe, 8º A

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Estava frio e vento… Ouve-se o barulho de uma porta E o bandido entra por ali dentro. Toc, toc, toc… É o barulho dos pés No soalho velho e gasto Bum! Tanto cuidado para nada! O raio do bandido Não tem jeito para nada Então não é que tropeça logo No tapete da entrada? Logo o caseiro acorda a pensar Que tão grande sobressalto Era o ressonar da sua mulher, que, “Possas!”, é mesmo alto! Desce as escadas E vai à procura dos tampões Que são os seus melhores amigos Em tais situações. Ora, os homens são mesmo assim… Ao descer a escada, tropeça E faz um frenesim!

Dão as doze badaladas E o bandido dirige-se ao escritório Mas logo dá de caras C’ o homem a vir do dormitório! Depressa se esconde E saca da sua arma Não sabendo que a caseira É sonâmbula e andou na Força Armada! Vira-se e leva um safanão! Que a mulher do caseiro É dura E não concede perdão! Na manhã seguinte, A caseira vai buscar o jornal Dirige-se à entrada E vê o tapete desigual… Corre na direcção do escritório, Vê a porta destrancada, Encontra os seus tampões E chega à conclusão Que a casa fora assaltada!

Isabel Alves, 9.ºB

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Há ainda uma porta que falta abrir na minha vida. Sei que essa porta vai ser

decisiva. É certo que não vai ser a mais importante mas é fundamental para a vida de

qualquer cidadão.

Essa porta é a entrada para o mercado de trabalho. Todos sabemos que é muito

importante que essa porta se abra nas nossas vidas, porque é com muito trabalho que

conseguimos ter o que queremos. Uns querem entrar nessa porta muito cedo, outros

optam pelo caminho mais certo: entrar tarde, depois de terem completado os seus

estudos. Eu, infelizmente, não tenho grande escolha. Já tenho dezassete anos e estou a

terminar o curso. Vou optar por abrir as portas do mundo do trabalho, porque acho que

é o melhor para mim mas também sei que uma pessoa com o 9.º ano já não é muito

importante. Assim, se tudo correr como eu penso, gostaria de tirar o 12.º ano, nem que

fosse à noite.

Com muito esforço e empenho vou fazer tudo por tudo para abrir portas que me

levem a bons caminhos. É certo que vou ter muitas dificuldades, porque trabalhar de dia

e estudar à noite é muito duro e é preciso muita força de vontade.

Só espero não me vir a arrepender mais tarde de ter aberto esta porta. Tenho a

noção de que vou sentir muitas saudades da vida que tenho levado ao longo do meu

percurso escolar.

Bruno Quintão, CEF1

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Maio

Desta é que foi!...

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- Nunca vou ser eu a ganhar o texto do mês! Eu bem me esforço mas não consigo! - O teu esforço não está a ser suficiente! Tens de te concentrar! – dizia a professora de Língua Portuguesa enquanto a Catarina não parava de se lamentar. - Isso não é bem assim! Eu esforço-me muito! Cá para mim os professores é que estão sempre a embirrar comigo! Eu até acho que o meu texto era bem melhor que o dela… - Ninguém embirra contigo, Catarina! O problema não são os professores, o problema és tu! - Pois, pois… Vou mas é embora que esta conversa já não me está a agradar. No caminho para casa, Catarina falava sozinha… - Os professores têm a mania! Acham que temos sempre de fazer mais e melhor. Eu cá quando for grande não vou ser tão marrona! Não vou querer saber mais de estudar. Não me adianta de nada… - Estás a falar sozinha, Catarina? – perguntou-lhe a colega. - Sim, estou. Porquê? Há algum problema? - Já vi que estás de mau humor! - Eu não falo contigo, sua traidora! São sempre os teus textos que são escolhidos e o meu até estava muito melhor do que o teu! - Ah! Ah! Deixa-me rir… Catarina, tu não escreveste quase nada e começaste a falar de um penico voador… Bom, eu nem vou continuar senão ainda vomito…. - Que injustiça! Como podes dizer uma coisa dessas? Outra vez no caminho para casa, Catarina encontrou um velho homem que, ao vê-la muito triste, lhe perguntou por que razão estava assim. - Estou assim porque na minha escola nunca ganho o texto do mês! - E estás chateada só por causa disso? - E parece-lhe pouco? - Se queres ser seleccionada tens de puxar pela cabeça para as ideias saírem. Pensa como um escritor. Não deves afastar os teus amigos nem os teus professores por causa de uma coisa que tu não és capaz de fazer. Acredita mais em ti e verás que quando menos esperares vais ser capaz. - Achas mesmo? - Claro que sim! Deves tentar sempre até conseguir. Nunca desistas! Se queres muito uma coisa tens de lutar por ela! - Obrigada por ter falado comigo. Já me sinto muito melhor. No dia seguinte, Catarina arrasou no texto do mês. Todos adoraram! Valeu mesmo a pena!

Kateryna Petreanu, 5ºA

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Chegou-me a inspiração

Depois de muito tentar,

Desta vez é que foi

Eu consegui versar!

Para as quadras não tenho jeito,

Sou até um pouco fraquinho,

Esforço-me pela minha professora

Que me incentiva com carinho.

Mas por mais que saia mal,

Umas rimas escreverei de jeito,

Hei-de conseguir fazer

Umas quadras a preceito.

Desta vez é que é…

A professora vou conquistar!

A sua simpatia e amizade

E uma nota de admirar.

Ruben Magalhães, 6º B

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Esperei por este momento que guardo com simpatia as rimas que vou contar hei-de recordá-las um dia. Estas rimas imperfeitas fi-las com muita paixão desta é que foi bateu-me fundo no coração! Será pancada de amor? Ou talvez de amizade... a realidade é que é desta que sinto capacidade. Desta é que foi voei nas asas do vento fazer estas rimas de amor liberta-me o pensamento! Desta é que foi, desta é que será que o meu coração abriu e nunca mais se fechará.

Otniel Marques, 6º D

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Pensava que era desta,

E afinal ainda não foi!

A velha é resmungona

E mesmo assim ainda não se foi!

A velha era resmungona

E era viúva…

O pior de tudo

É que ela era meio burra!

Sem nada mais p’ra fazer

Andava a coscuvilhar

Foi até ir na rua

E um carro a apanhar!

Desta é que foi…

Foi parar ao hospital,

Porque estava muito mal…

Contudo, o seu grande problema

É mesmo ser anormal!

Ana Rita Rodrigues, 7ºA

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Passava a vida a tentar, Colocava os meus patins, Mas não ia a nenhum lugar Sem dar cabo dos rins! Um dia decidi Que seria dessa vez, Capacete e joelheiras, Lá fui com grande rapidez! Mas então sem saber como, Nem sem saber os porquês, Tropecei numa pecinha Dum tabuleiro de xadrez. Era de qualquer maneira Mais uma tentativa falhada, Estava a minha breve carreira Completamente arruinada… Procurei o senhor padre: - Seria alguma praga? Ele aconselhou-me a ir A uma igreja em Braga.

Fui a grande velocidade Para essa bela cidade. Algo aconteceu à minha mente Pois tudo ficou diferente. Para meu grande espanto, Quando ia a andar, Dei uma pirueta no ar E nem doeu assim tanto! O que estaria a acontecer Para tal suceder? Foi então que descobri, Que o problema afinal, Não era meu nem do lugar, Mas sim das rodas dos patins Que se estavam a soltar! Ana Catarina, 8º B

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Andava um pastor descansado

Coxo, mas feliz e contente

A passear o seu gado

No deserto ardente!

Pode parecer estranho,

Mas o Manel sabia o que fazia,

Andava com um cão castanho

Que gania e gania.

As ovelhas eram sobredotadas,

Tudo por causa do calor!

Havia duas que estavam casadas

E uma delas punha bronzeador…

Eis que dois camelos

Se atiraram às ovelhas…

Elas puxaram-lhes os cabelos

E eles ficaram sem guedelhas.

E desta é que foi!…

O Manel ficou chocado!

E ao ver a vaca agarrada a um boi,

o cão, com ciúmes, ficou passado!

Vanessa Rodrigues, 9ºA

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No passado dia 8, na aula de Língua Portuguesa do 9º B da Escola Básica

Integrada de Bucelas, a professora conseguiu pôr toda a turma revoltada por causa do

novo tema do mês...

Os tais textos que tornam um dia do mês inesquecível e que põem toda a gente a

inventar uma desculpa para faltar à aula. Por acaso não é o que acontece, mas é o que

passa pela cabeça da maioria dos alunos do 9ºB, segundo uma entrevista feita ao aluno

mais sossegado, mais amoroso, mais empenhado, mais organizado (mais umas quantas

coisas boas de se ler) da turma.

Os alunos já pensaram em gravar um CD ou uma cassete – se calhar é melhor

uma cassete, porque certas gerações ainda não têm muita facilidade em entender estas

novas tecnologias… – com uma selecção de temas feita por eles e entregarem à

professora, para que esta não possa desmentir que tem umas almas muito talentosas e

muito pacientes na turma!...

Isabel Alves, 9ºB

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Desta vez é que ganhei coragem.

Ela é uma deusa, parece uma miragem.

Aquele corpo que deus demorou a desenhar

É de deixar qualquer homem a sonhar.

Ela veio ao mundo para mostrar a perfeição;

O sol brilha lá em cima e aqui é ela o esplendor

Que ilumina todo e qualquer coração,

E que lhe dá vida e calor.

O tempo faz e desfaz,

Foi feito para vencer…

Mas eu não fui capaz

De a conseguir esquecer.

E por isso resolvi,

com toda a minha bravura,

tomar a iniciativa,

e falar-lhe com ternura.

Disse-lhe tudo o que sentia

Mas ela disse divertida,

Enquanto para mim sorria,

Que era uma causa perdida!...

André Pereira, CEF2

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É desta que o meu texto fica afixado no átrio da escola!

Bom, todos (ou quase todos) escreveram um texto sobre a escola, devido a este

título mas eu cá tenho outra ideia para ganhar o texto do mês, vou falar de uma coisa

diferente, por exemplo sobre… escola!

Após tantos anos passados aqui na escola, é desta que me vou. Lembro-me de

quando uma professora me perguntou se eu gostava desta escola. Eu respondi-lhe que não

mas agora que estou a terminar o meu último ano aqui, já tenho saudades mesmo antes

de acabar.

Esperei muito para chegar à época do estágio, foi um ano e picos, e os picos eram

enormes. Agora até estou um pouco inseguro, porque afinal nunca tive um trabalho a

sério mas vou dar o meu melhor para que tudo corra bem.

Sei que vou ter saudades de ganhar uns jogos ao CEF2 e de ouvir o setor

Marcelino a ralhar com a minha turma. Ficava um bocado chateado quando o ouvia a

ralhar mas sabia que era para o nosso bem, para que conseguíssemos sair desta escola

com boa reputação.

Depois deste texto em que até dou graxa ao boss e falo bem da escola não me

digam que não é desta que ganho?! Já merecia.

Estou ciente de que vai ser desta e quando passar pelo átrio da escola vou curtir

dizer: “Desta é que foi!...”.

Celso Morais, CEF1