antigo testamento - historia de israel - gilvan nascimento

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  • APOSTILA DE ESTUDO TEOLGICO

    A Servio do Mestre!

    AntigoTestamento

    A Histria de Israel

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    Lv2

    6.1

    1,1

    2.

  • APOSTILA DE ESTUDO TEOLGICO

    A SERVIO DO MESTRE!

    GILVAN NASCIMENTO

    PROFESSOR

    BACHAREL EM TEOLOGIA

    LICENCIANDO EM GREGO

    ANTIGO TESTAMENTO

    A HISTRIA DE ISRAEL

    Salvador

    2008

  • APRESENTAO

    ANTIGO TESTAMENTO

    A HISTRIA DE ISRAEL

    Esta apostila trata-se de uma compilao, com base em vrias fontes

    bibliogrficas, as quais estaro sendo citadas ao trmino desta obra.

    Tenho aqui o objetivo de contribuir com a capacitao dos cristos, para o

    exerccio de suas funes eclesisticas, aplicando tais conhecimentos e assim

    aprimorando seu servio para o Reino de Deus.

    "E porei o meu tabernculo no meio de vs, e a minha alma de vs no se enfadar. E

    andarei no meio de vs, e eu vos serei por Deus, e vs me sereis por povo".

    (Lv 26.11,12)

    Salvador

    2008

  • Sumrio

    Apresentao ............................................................................................ 05

    Os Livros do Antigo Testamento .................................................................. 06

    Viso Panormica do AT (Os Livros e suas Cronologias) .................................. 07 - 10

    Noes de Geografia Bblica (O Frtil Crescente)............................................. 11 - 19

    Diversas Teorias do Gnesis ........................................................................ 20 - 30

    A Torah

    O Pentateuco ............................................................................................ 31 - 33

    Histria de Israel

    O Gnesis (Os Patriarcas - Abrao, Isaque e Jac).......................................... 34 - 35

    O xodo (Israel Nmade O Tabernculo) ................................................... 35 - 41

    Levtico (Leis, Instituies Civis e Religiosas, Culto e Festas) ........................... 42 - 44

    Nmeros (Os Recenseamentos dos Judeus) .................................................. 44 - 45

    Deuteronmio (Repetio das Leis) .............................................................. 46 - 47

    A Conquista de Cana Josu (Tribos) ......................................................... 48 - 49

    Os Juzes (Libertadores) ............................................................................. 50 - 51

    Monarquia - Saul, Davi, Salomo e outros reis (Diviso) ................................. 52 56

    Os Cativeiros (Assrio e Babilnico) .............................................................. 57 59

  • Os Livros Sapienciais

    Introduo ................................................................................................ 60

    O Livro de J ............................................................................................. 61 - 62

    Salmos, Provrbios, Eclesiastes e Cantares de Salomo .................................. 63 - 70

    Os Profetas

    Introduo ................................................................................................ 71 - 72

    Pr-cativeiro Assrio ................................................................................... 73

    Pr-cativeiro Babilnico .............................................................................. 73

    Durante Cativeiro Babilnico ....................................................................... 73

    Ps-cativeiro Babilnico .............................................................................. 73

    Reconstruo de Jerusalm ......................................................................... 74

    O Perodo Interbblico

    Introduo e Cenrio ................................................................................. 75

    Alexandre o Grande ................................................................................... 76

    Antoco Epifnio ......................................................................................... 76

    A Revolta dos Macabeus ............................................................................. 77

    Os Romanos ............................................................................................. 78

    Diversas Contribuies (Romana, Grega e dos Judeus) ................................... 79 - 82

    Um Pouco de Atualidade

    O Conflito: Israel x Palestinos ..................................................................... 82 - 83

    Concluso ................................................................................................. 84

    Bibliografia ............................................................................................... 85

  • 5

    Apresentao

    O Antigo Testamento uma obra verdadeiramente divina porque foi

    inspirada por Deus e porque nos apresenta, pode-se dizer, em cada uma de suas

    pginas, a ao de Deus sobre os homens. Ao mesmo tempo, porm, uma obra

    profundamente humana, porque destinada aos homens, fala uma linguagem humana e

    nos apresenta na sua histria, os homens tais quais so com suas deficincias e rebeldias

    contra os desgnios divinos, no costumando encobrir as faltas dos seus heris. Mas, ao

    lado do escndalo aparece a correo.

    O estudo do Antigo Testamento fundamental para o cristo que deseja se

    tornar um obreiro aprovado, pois se observa um progresso vital do Antigo ao Novo

    Testamento, como do embrio que se desenvolve num organismo perfeito. Deste, deriva

    uma conseqncia importante para a sua correta interpretao, pois as suas instituies

    deviam ter alguma semelhana com as do Novo; eram as suas imagens antecipadas que

    no Novo Testamento recebem a sua concluso.

    A melhor forma de conhecer a histria de Israel fazendo um estudo

    cronolgico dos livros do AT, conforme os fatos ocorreram. No entanto, a cronologia

    bblica, assim como toda cronologia antiga, quase toda incerta. As datas eram contadas

    baseadas em fatos e eventos importantes dentro de cada povo. Assim, no existia um

    calendrio geral para controle do tempo, antes cada povo possua o seu.

    Os escritores bblicos, por sua vez no registravam datas, apenas citavam os

    acontecimentos. Geralmente as datas, quando citadas, tomavam por base eventos

    particulares como construo de cidades, coroaes de reis, etc.

    O trabalho de estudiosos, juntamente com as descobertas arqueolgicas,

    vem ajudando a precisar as datas da histria antiga, inclusive bblica.

    Sendo assim, no podemos considerar como exata a cronologia bblica, pois

    se trata de uma cincia auxiliar da histria, onde suas datas devem ser tomadas apenas

    como aproximadas. Mas, essa aproximao o suficiente para que tenhamos melhor

    compreenso dos acontecimentos do que se fizermos uma leitura na seqncia em que

    os livros esto dispostos em nossa Bblia.

    Nada acrescentareis palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis

    os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que eu vos mando.

    (Dt 4.2; 12.32; Pv 30.5,6)

  • 6

    Os Livros

    O Antigo Testamento O Tanach

    O Pentateuco:

    Gnesis, xodo, Levtico, Nmeros, Deuteronmio.

    A Torah:

    Corresponde ao nosso Pentateuco, inclusive possui a mesma seqncia de livros.

    Livros Histricos

    Josu, Juizes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crnicas, Esdras, Neemias e Ester.

    Os Neviym:

    Esto subdivididos em duas partes:

    Os Profetas anteriores: Josu, Juzes, Samuel e Reis.

    Os Profetas posteriores: Isaas, Jeremias e Ezequiel, mais os dozes profetas menores.

    Livros Poticos

    J, Salmos, Provrbios, Eclesiastes e Cantares de Salomo.

    Livros Profticos

    Profetas Maiores:

    Isaias, Jeremias, Lamentaes, Ezequiel e Daniel.

    Profetas Menores:

    Osias, Joel, Ams, Obadias, Jonas, Miquias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

    Os Kethuvym:

    Esto subdivididos em trs partes, representadas pelos seguintes livros:

    Os Poticos: Salmos, Provrbios e J;

    Os Megilloth: Rute, Cantares, Eclesiastes, Lamentaes e Ester;

    Os Histricos: Daniel, Esdras-Neemias e Crnicas.

  • 7

    Viso Panormica

    1. Gnesis (4004-1689 a.C.) Suas narrativas compreende um perodo de

    aproximadamente 2315 anos.

    - O princpio, criao dos cus, da terra, dos animais e dos homens;

    - A era Patriarcal: Abrao, Isaque e Jac;

    - Os descendentes de Jac (Israel);

    - Finaliza com Jos e sua morte.

    2. xodo (1706-1490 a.C.) Compreende um perodo de 216 anos.

    - Inicia com a morte de Jos;

    - Nascimento e vida de Moiss;

    - Libertao do Egito aps 430 anos de cativeiro

    - Leis e a construo do Tabernculo (utenslios, vestes, especiarias)

    3. Levtico Compreende um perodo de menos de um ano no Monte Sinai.

    - Israel em adorao por meio dos rituais.

    4. Nmeros (1490-1451 a.C.) Perodo de 39 anos.

    - Recenseamento (Contagem do povo);

    - A ordenao ao servio;

    - 39 anos de peregrinao.

    5. Deuteronmio (1451 a.C.) Perodo de dois meses.

    - Recordao da lei;

    - Chamada obedincia;

    - Advertncia ao cuidado.

  • 8

    Livros Histricos:

    6. Josu (1451-1427 a.C.) Suas narrativas compreende um perodo de

    aproximadamente 24 anos.

    - Alguns reconhecem como Hexateuco;

    - Guerras, Conquistas e Herana (Diviso da terra);

    Perodo dos Libertadores

    7. Juzes (1425-975 a.C.) Compreende um perodo de aproximadamente 400 anos de

    governo dos juzes.

    - Total de 12 Juzes;

    - Tema: Pecado, Servido, Arrependimento e Salvao;

    Obs.: O Livro de Rute da tribo de Moabe, filho de L refere-se ao perodo de

    Gideo, um dos 12 Juzes.

    Perodo dos Reis

    8. Samuel (1171-1019 a.C.) Perodo de 152 anos.

    - Perodo de transio:

    * Juzes para Reis;

    * Tribal para Monarquia;

    * Governo de Deus (Teocracia) para o Governo do Homem.

    - Os primeiros reis foram: Saul, Davi e Salomo.

    9. Reis (1015-589 a.C.) Perodo de 426 anos, at o cativeiro Babilnio.

    - Inicia-se com a velhice de Davi para o reinado de Salomo;

    - Morte de Salomo e Diviso do Reino;

    - Os primeiros profetas: Aas, Homem de Deus, Elias, Eliseu e Isaias.

    As Crnicas (1056-536 a.C.) Perodo de aproximadamente 520 anos.

  • 9

    - Da Morte de Saul at o decreto do rei Ciro.

    Obs.: Os livros de Crnicas so registros oficiais dos reis, e por isso repetem

    muitas das narrativas j apresentadas em Reis e Samuel, alem de antecipar alguns fatos

    que seriam mais bem compreendidos aps a leitura dos livros pr-exlio babilnio.

    Samuel e Reis Crnicas

    Fala de Jud e Israel Fala mais de Jud

    Um captulo sobre a Arca Trs captulos sobre a Arca

    Fala do pecado de Davi No fala

    nfase no trono nfase no templo

    10. Escritos So livros que suas histrias esto inseridas nos diversos perodos acima.

    - J (O livro mais antigo, talvez escrito por Moiss quando esteve no deserto);

    - Salmos (Oraes/cnticos citados por diversos homens em diversas situaes);

    - Provrbios, Eclesiastes e Cantares (Escritos pelo rei Salomo);

    Obs.: Como o nosso maior propsito, na primeira parte desta disciplina, o Antigo

    Testamento I, compreender a histria de Israel, no estudaremos os livros poticos.

    11. Os Profetas Esses livros tambm se encaixam dentro do perodo dos Reis, e

    somente sero estudados na disciplina Antigo Testamento II.

    Reconstruo de Jerusalm

    - Esdras Reconstri a cidade.

    - Neemias Reconstri os muros da cidade;

  • 10

    Noes de Geografia Bblica

    A Geografia Bblica de suma importncia, pois auxilia no estudo e

    compreenso da Bblia. Muitas passagens obscuras da Bblia tornam-se claras quando

    analisadas pela geografia bblica. A Bblia possui um vasto acervo geogrfico, pois a cada

    passo so mencionados, terras, montes, rios, cidades, mares e outras citaes

    geogrficas.

    A Geografia o palco terreno e humano da revelao de Deus

    humanidade. Ela, juntamente com a cronologia, auxilia-nos a situar a mensagem bblica

    no tempo e espao. Tambm ao localizar os fatos e os acontecimentos torna a leitura

    agradvel, pois d vida e cor ao desenrolar o plano de Deus para com os homens. mais

    fcil o ensino da Bblia quando podemos apontar e descrever os locais citados no texto.

    (Ex: Lc 10.30; Dt 1.7)

    O conhecimento da geografia, das terras, povos e naes circunvizinhas ao

    povo escolhido esclarece fatos e ensinos contidos na Bblia.

    A Bblia - a fonte principal de estudo da geografia bblica. Ela faz meno

    em seu texto de inmeros lugares, acidentes geogrficos, povos, naes, etc. A Palavra

    de Deus contm captulos inteiros dedicados a assuntos de natureza geogrfica.

    Exemplo: Gn 10, Ez 45 - 48.

    Um dos problemas encontrados pelos estudantes da Bblia que grande

    parte dos pases, cidades e regies inteiras possuem hoje nomes diferentes. Exemplos: a

    Prsia o atual Ir; a Assria parte do atual Iraque; a sia do Novo Testamento hoje

    a Turquia; a Dalmcia do tempo de Paulo hoje a Iugoslvia, e assim por diante.

  • 11

    O Frtil Crescente

    O Senhor o grande arquiteto do universo, em Gnesis observamos que

    toda a criao de Deus foi feita a partir do poder de sua Palavra Deus disse: Haja Luz

    (Gn 1.3), ento houve luz, assim tambm foram nas outras criaes, porm Deus, na

    criao do homem usando a argila do solo o modelou e insuflou em suas narinas um

    hlito de vida e o homem se tornou ser vivente (Gn 2.7). A vimos que o nico ser no

    qual Deus modelou e soprou do seu Esprito fomos ns homens, assim Ele nos fez

    diferente de todos os outros seres, ou seja, a sua imagem, conforme sua semelhana

    (Gn 1.26). O prprio Deus afirma isso em J 38.8-11. E tambm o Salmista Davi afirma

    ser Deus o grande criador (Sl 24.1,2).

    Localizao e Limites de Israel

    Israel est localizado no continente asitico a 30 de latitude Norte. Em toda

    sua extenso ocidental, banhado pelo Mar Ocidental. Nos tempos bblicos, Israel

    limitava-se ao norte com a Sria e a Fencia; a leste com parte da Sria e o deserto

    arbico; ao sul com a Arbia; e a oeste com o Mar Mediterrneo. No entanto, como

    constantemente os israelitas tinham suas fronteiras alargadas ou diminudas, estes

    limites variavam frequentemente.

  • 12

    As Plancies

    As Plancies se referem a uma poro de terra, relativamente plana e

    geralmente de baixa altitude. A nao de Israel est dividida nas seguintes Plancies:

    Acre, Dot, Moabe, Sarom, Filstia, Sefel e Plancie do Armagedom.

    Eventos: Quando da diviso das terras, a Plancie do Acre coube tribo de

    Aser (Js 19.25-28). Na Plancie de Dot, achavam-se os irmos de Jos,

    quando o venderam aos midianitas (Gn 37.17). Na Plancie de Moabe os

    israelitas foram impedidos de entrar, sendo assim obrigados a irem pelo

    deserto (Dt 2.8,9). A Plancie de Sarom era conhecida pelos seus lrios e

    flores exticas (Ct 2.1,2; Is 35.2). J a Plancie do Armagedom est

    associada a um grande evento escatolgico (Ap 16.16).

    Os Vales

    Vale uma depresso alongada entre montes ou quaisquer outras

    superfcies. Segundo podemos verificar no relato de Moiss (Dt 11.10,11), a terra de

    Israel era uma terra de montes e vales. Israel possua os seguintes Vales: Jordo,

    Jezreel, Acor, beno, Cedrom, Hinom, Aijalom, Escol, Hebrom, Sidim, Soreque, El e

    Vale de Siqum.

    Eventos: Frequentemente pode-se encontrar gua subterrnea nos Vales,

    durante os meses de estio (Gn 26.17-22).

    Foi no Vale de Acor que Ac foi apedrejado em conseqncia de sua cobia

    (Js 7.24-26). No Vale da Beno o rei Josaf venceu uma coligao formada por Amom,

    Moabe e Edom (2Cr 20.26). No Vale de Hinom o rei Davi derrotou aos filisteus duas

    vezes (2Sm 5.17-25 e 1Cr 11; 14.9-16), aqui tambm servia de palco para que as

    crianas fossem sacrificadas ao deus Moloque (1Rs 11.7; 2Rs 16.3). No Vale Aijalom

    Josu ordenou que o sol se deter-se (Js 10.12-50). O Vale de Escol refere-se ao local

    onde os espias de Moiss levaram os cachos de uvas (Nm 13.22-24). O Vale de Hebrom

    foi palco de inmeras experincias de Abrao (Gn 18.1-15; Gn 23.2). No Vale de Sidim

    Abrao resgata seu sobrinho L (Gn 14.1-24), e refere-se ao local de Sodoma e Gomorra

    (Gn 14.10; 18.24,28; 19.23-28).

  • 13

    Os Montes

    O Monte uma notvel elevao de terreno acima do solo que o cerca. Via

    de regra menor que uma montanha, e maior que um outeiro. Os montes serviram de

    palco para o salmista Davi (Sl 125. 1,2).

    Os Montes de Jud: localizam-se ao sul de Efraim. Citarei apenas os mais

    importantes montes dessa regio: Sio, Mori, das Oliveiras e Monte da Tentao.

    Eventos: O profeta Joel se refere ao Monte Sio como monte da santidade

    do Senhor (Jl 3.17), tambm temos salmos acerca desse monte (Sl 137). No monte

    Mori Abrao ofereceu seu filho em obedincia a Deus (Gn 22.11-13). No Monte das

    Oliveiras encontra-se o Jardim Getsmani, local onde Jesus enfrentou um dos momentos

    mais dolorosos de seu ministrio. E no Monte da Tentao, aps o batismo de Jesus, Ele

    foi levado pelo Esprito Santo para ser tentado.

    Montes de Efraim: Regio montanhosa de Efraim abrange a rea ocupada

    pelos efraimitas, pela metade dos manassitas e por uma parcela dos benjamitas. Os

    Montes so: Ebal e Gerizim.

    Eventos: Nesses Montes (Ebal e Gerizim) eram proferidas as maldies e

    bnos respectivamente (Dt 11.29), conforme fosse o proceder dos homens

    bnos para os que andassem retamente e maldies para os que

    transgredissem as leis divinas. No Monte Ebal, foram erguidas as pedras de

    memorial entrada de Cana (Js 8.30-32; Dt 27.1-4). No Monte Gerizim,

    Joto proferiu uma parbola contra Abimeleque (Jz 9.7-21).

    Obs.: Esses ocupam uma posio estratgica, pois para se alcanar

    qualquer parte da Terra Santa, necessrio primeiramente passar por

    ambos os montes.

    Montes de Naftali: Refere-se a todo conjunto montanhoso do Norte de

    Israel. Aps conquista de Cana, foram destinados as tribos de Aser, Zebulom, Issacar e

    Naftali. Mas passou a ser chamado apenas de Montes de Naftali, pois estes ficaram com

    uma rea mais extensa. Os Montes so: Carmelo, Tabor, Gilboa e Monte Hatim.

    Eventos: Foi no Monte Carmelo que Elias desafiou os quatrocentos profetas

    de Baal (1Rs 18.19). E Osias no Monte Tabor profetizou contra o santurio

    pago que havia sido construdo sobre ele (Os 5.1). No monte Gilboa

  • 14

    morreram Saul e seu filho Jnatas (2Sm 1.21) e no Monte Hatim acreditam

    ter sido sobre ele que Cristo proferiu o Sermo da Montanha.

    Montes Transjordanianos: Tambm conhecidos como Montes do Planalto.

    So eles: Gileade, Basam, Pisga e Monte Peor.

    Eventos: O Monte Basam comparado por Davi com o Monte de Deus (Sl

    68.15). No cume do Monte Pisga Moiss contemplou a terra prometida (Dt

    34.1,6) e no Monte Peor Balao se colocou para amaldioar os filhos de

    Israel (Dt 4.3).

    Monte Hermom: Este monte domina toda a Terra Santa. Foi mencionado

    poeticamente por Davi (Sl 133.3). Mas os israelitas tinham muitas reservas sobre esse

    monte, pois ali ficava o santurio-mor de Baal. Segundo a tradio, foi nele que Jesus

    transfigurou-se diante de seus discpulos.

    Monte Sinai: Na verdade uma pennsula montanhosa que mede 35.000

    km2, localizada entre os golfos de Sues e Acaba. Aqui Moiss foi comissionado por Deus,

    para libertar Israel do jugo egpcio, e tambm mais tarde entregou a Lei (x 19; Nm 10).

    Nas Sagradas Escrituras, esse monte recebe trs nomes: Sinai, Horebe e Monte de Deus.

    Os Desertos

    A terra da promessa de Deus para Abrao compe-se 50% do deserto do

    Neguev. Se no norte a neve aparece, a seca no sul uma constante. Porm, nem

    sempre os desertos de Israel tm as mesmas caractersticas que encontramos nos

    desertos do restante do mundo. Alm disso, o moderno Estado de Israel est vencendo a

    aridez de seu territrio, transformando-o em um jardim regado, como novos povoados

    agrcolas. Os principais desertos mencionados nas Sagradas Escrituras so: Sinai, Judia

    e Jeric.

    Sinai: A pennsula do Sinai localiza-se na faixa rida que cruza o norte da

    frica e sudoeste da sia, ocupando uma rea triangular de 61.000 km2 em pleno

    territrio egpcio.

    Judia: Refere-se s reas localizadas desde o Leste dos Montes de Jud

    at ao Rio Jordo e ao Mar Morto. Este subdivide-se em vrios desertos: Maon, Zife, En-

    Gedi, Tcoa e Jeruel. Nesse territrio, o rei Josaf obteve diversas vitrias sobre os

    moabitas e amonitas. Tambm esse foi o palco dos profetas Ams e Joo Batista.

  • 15

    Jeric: Esse deserto localiza-se no territrio benjamita, formando um longo

    desfiladeiro de aproximadamente 15 km que desce de Jerusalm a Jeric. Jesus utilizou-

    se dessa rea como cenrio para a Parbola do Bom Samaritano. Bete-ven e Gabaom

    so outros importantes desertos de Jeric. Em Gabaom Josu obteve vitria sobre os

    habitantes de Cana.

    A Hidrografia

    A hidrografia a cincia que estuda todos os corpos de gua que h na

    superfcie do globo.

    Em Israel 75% dos recursos hdricos so destinados a irrigao, e o restante

    destinado s indstrias e s cidades. Para compensar a m distribuio de gua, o

    governo israelense concluiu em 1964, o Conduto Nacional que abastece o centro e o sul

    de Israel. Deixando assim de irrigar o Norte do Pas, pois este j possui recursos hdricos

    naturais.

    Os Mares

    Para os hebreus, o mar compreendia qualquer grande massa de gua.

    Porm, de acordo com o Aurlio, corresponde a massa de guas salgadas do globo

    terrestre.... Em Israel encontramos: O Mediterrneo, o Mar Morto, Mar da Galilia e Mar

    Vermelho.

    Mar Mediterrneo: Nas Escrituras o Mediterrneo aparece com outros

    nomes, a saber: Mar Grande, Mar Ocidental, Mar dos Filisteus e Mar de Jafa. Possui uma

    extenso de 4.500 km e uma superfcie de trs milhes de quilmetros quadrados. Suas

    guas banham a Europa Meridional, a sia Ocidental e a frica Setentrional. Na costa

    ocidental de Israel o Mediterrneo possui guas rasas, tornando impossvel a

    aproximao de navios de grandes calados. Por isso no era usado pelos judeus como via

    de transporte. Assim sentiam-se eles isolados pelo Mediterrneo. Mas, por outro lado ali

    formava uma vastssima rea defensvel nao hebria. Jope era o nico porto do

    Grande Mar utilizado pelos israelitas. Entretanto, por causa dos seus arrecifes e bancos

    de areia, eram procurados com pouca freqncia. O Mediterrneo teve sua importncia

    reduzida em 1869, ano em que foi viabilizado o Canal de Suez.

    Mar Morto: Est localizado na foz do Rio Jordo, entre os montes de Jud e

    Moabe. Em virtude da sua alta densidade de sal (300 partes de sal para cada mil de

    gua), chamado de Mar Salgado pelos escritores bblicos (Js 3.16). O Mar Morto

    constitui-se na mais profunda depresso da Terra, encontra-se a mais de 400 metros

  • 16

    abaixo do nvel do Mediterrneo. Possui 80 Km de comprimento por 17 de largura e

    ocupa uma rea de 1.020 Km2. Nessa regio ocupada pelo Mar Morto, ficavam

    provavelmente Sodoma e Gomorra (Gn 19). Sendo esse, o smbolo da conseqncia do

    pecado. Mas, dessas guas, Israel extrai riquezas avaliadas em trilhes de toneladas de

    cloreto de magnsio; cloreto de sdio; cloreto de clcio; cloreto de potssio e brometo de

    magnsio. Nessa regio a temperatura pode chegar a 50 centgrados, levando o Mar

    Morto a parecer um gigantesco tacho em ebulio.

    Mar da Galilia: Possui 24 km de comprimento por 14 de largura e uma

    profundidade mdia de 50 metros, encontra-se quase 230 metros abaixo do nvel

    Mediterrneo. No propriamente um mar. Trata-se na verdade de um grande lago de

    gua doce alimentado pelo Rio Jordo. Mas por causa do seu tamanho assim chamado.

    Em sua margem oriental, encontram-se altas montanhas. J em seu lado ocidental,

    acham-se frteis plancies e importantes cidades como Genezar, Betsaida, Tiberades,

    Cafarnaum, Corazim e Magdala.

    Mar Vermelho: Recebe esse nome por concentrar em suas guas uma

    grande quantidade de alga conhecida como trichodesmium erythraeum que, ao morrer,

    assume uma tonalidade marrom-avermelhada. apresentado nas Escrituras como Mar

    de Junco. E embora no pertena Terra Santa, est estritamente ligado a histria do

    povo israelita.

    Mar Adritico: Localizado entre a pennsula italiana e a balcnica, o

    Adritico um dos pequenos mares que formam o Mediterrneo. Tomou esse nome

    emprestado da antiga cidade romana de dria. Abrange uma rea de aproximadamente

    130.000 km2, com extenso de 800 km e largura mdia de 180 km.

    Mar Cspio: Ocupa o extremo nordeste do mundo bblico, e possui uma rica

    bacia petrolfera. Embora no tenha sada para outros mares e receba guas de vrios

    rios, entre os quais o Volga e o Terek, o Mar Cspio vem apresentando um lento, porm

    contnuo decrscimo de seu nvel.

    Mar Negro: Embora no seja citado nas Sagradas Escrituras, o Mar Negro

    aparece em todos os mapas bblicos devido a sua proximidade com as terras que

    serviram de cenrio Histria Sagrada.

  • 17

    Os Rios

    Segundo o Aurlio, um rio : Um curso de gua natural, de extenso mais

    ou menos considervel, que se desloca de um nvel mais alto para outro mais baixo,

    aumentando progressivamente o seu volume at desaguar no mar, num lago, ou noutro

    rio, e cujas caractersticas dependem do relevo, do regime de guas, etc.

    Na Terra Santa os recursos hdricos so escassos e uma das maiores

    preocupaes do governo israelense manter estvel o abastecimento de gua no pas.

    Dos rios existentes em Israel, somente o Jordo merece, de fato esse nome. Os outros

    deveriam ser chamados de arroios e riachos.

    A Bacia do Mediterrneo: composta pelos seguintes rios: Belus, Quisom,

    Can, Gas, Serec e Besor.

    Rio Belus: Corre ao sudoeste do territrio asserita, e caminha em direo

    ao Mediterrneo. As guas do Belus so despejadas na baa do Acre, nas

    proximidades da cidade de Acco. Durante dois teros do ano, o rio

    permanece seco, constituindo-se num dos numerosos wadis da regio. Hoje,

    esse rio chamado de Nam por israelenses e rabes.

    Rio Quisom: Corresponde ao maior rio da bacia do Mediterrneo e o

    segundo em importncia para Israel. Nasce em Esdraelom e recebe

    inmeras vertentes durante o seu curso. Ao contrrio do Rio Belus, o

    Quisom perene; suas guas no secam nem no vero.

    Rio Can: Nasce nas imediaes de Siquem, atravessa a plancie de Sarom

    e suas guas so despejadas no Mediterrneo. Constitua-se em fronteira

    natural entre as tribos de Efraim e Manasss. Esse rio tambm um wadi,

    pois possui gua apenas nos meses chuvosos.

    Rio Gas: As guas desse rio banham a plancie de Sarom, e desembocam

    no Mediterrneo nas imediaes de Jope. Josu foi sepultado no monte

    Gas.

    Rio Sorec: O Sorec despeja suas guas no Grande Mar, entre Jope e

    Ascalom, ao norte do antigo territrio filisteu. Suas nascentes ficam nas

    montanhas de Jud a sudoeste de Jerusalm.

  • 18

    Rio Besor: Atualmente chamado de Sheriah. Mas, no propriamente um

    rio, e sim um ribeiro que se acha nas imediaes de Ziclaque, no Sul de

    Jud. o mais caudaloso dos wadis que desguam no Mediterrneo.

    A Bacia do Jordo: Formada pelos rios Jordo, Querite, Cedrom,

    Iarmuque, Jaboque e Arnom. Alguns desses afluentes so bastante pequenos, quase

    inexpressivos.

    Rio Jordo: O Jordo possui trs fontes: Banias, Dan e Hasbani. Elas no

    nascem em territrio israelense; comeam a correr a partir do monte

    Hermom, localizado na Sria. Apesar de sua importncia, com apenas 252

    km de extenso, o Jordo um rio pequeno, mas de beleza exuberante

    conforme descreveu L (Gn 13.10,11). Possui guas escuras e barrentas e o

    clima nessa rea quente e sufocante.

    Rio Querite: O Querite mais um wadis existente na Terra Santa, mais

    precisamente na Transjordnia. Para alguns estudiosos ele no passa de um

    filete de gua, que na maior parte do ano, jaz-se completamente seco.

    Nesse rio registrado a experincia de Elias com Deus, quando do momento

    de sua fuga de Jezabel (1Rs 17.3-5).

    Rio Cedrom: O Rio Cedrom nasce a 2,5 km de Jerusalm, e corre para o

    sudoeste. Este separa o Monte das Oliveiras do Monte Mori. Por ele Davi

    passou quando fugia de seu filho (2Sm 15.23).

    Rio Iarmuque: Esse rio no mencionado nas Sagradas Escrituras. Mas,

    quando da conquista de Cana, este serviu de fronteira entre a tribo de

    Manasss e a regio de Bas. Aps deslizar pelos montes, o rio penetra no

    Jordo, a 200 metros abaixo do nvel do mar.

    Rio Jaboque: O Rio Jaboque nasce ao Sul da Montanha de Gileade e no

    passado servia de fronteira entre as tribos de Rubem e Gade. Em suas

    imediaes, o patriarca Jac lutou com o Anjo do Senhor.

    Rio Arnom: O Arnom nasce nos montes de Moabe e desemboca no Mar

    Morto. Durante sculos, esse afluente serviu de fronteira natural entre os

    moabitas e amorreus. Mais tarde, com a conquista de Cana, passou a

    separar os israelitas dos moabitas. Nas pocas de chuva, esse rio

    volumoso. Entretanto, depois da primavera, comea a secar. Isaias

    profetizou tomando esse rio de exemplo (Is 16.2).

  • 19

    Lagos

    Geograficamente, os lagos so constitudos de grandes massas de gua

    concentradas em depresses topogrficas, cercadas de terra por todos os lados. Esses

    geralmente so alimentados por riachos ou rios.

    Na Terra Santa encontramos apenas o Lago de Merom, e conforme registra

    o livro de Josu, chamado de guas de Merom (Js 11.57). Esse formado pelas guas

    do Jordo, tem 10 km de comprimento por 6 de largura e est localizado a 2 metros

    acima do Mediterrneo.

    Golfo Prsico

    Localizado a este da Pennsula Arbica, o Golfo Prsico compe a fronteira

    ocidental da Prsia, onde se encontra com os vales dos rios Tigre e Eufrates.

    Corresponde a uma poro de mar do Oceano ndico. E mais da metade das reservas

    mundiais de petrleo, encontram-se nessa regio.

    O Clima

    Mesmo sendo pequena em suas dimenses territoriais. Mas, pela

    impressionante variedade de climas, no exagero afirmar ser a Terra Santa a sntese

    metereolgica do mundo. Muito embora, apenas as estaes chuvosa e seca sobressaem

    em Israel, como assim diz o profeta Isaias (Is 18.6).

    No vero, os desertos de Israel possuem temperaturas que oscilam de 43 a

    50. Nas montanhas, o clima fresco e bastante ventilado. No entanto, no vero esse

    quadro se altera em conseqncia das correntes de ar quente vindas do Sul e do

    Ocidente.

    Na Cidade Santa, durante o inverno, a temperatura chega a 6 negativos

    com nevadas e geadas freqentes. Sendo que no vero, os termmetros oscilam entre

    14 e 29 graus.

    As riquezas de Israel so proverbiais. Em suas exguas fronteiras, acha-se

    uma perfeita sntese dos recursos naturais do planeta. Assim falou o Senhor acerca desta

    terra (Nm 13.27; Dt 32.13,14).

  • 20

    Diversas Teorias do Gnesis

    Criao da Terra, do Homem e o Dilvio.

    Teoria do Big-bang

    A teoria do big-bang diz que uma minscula partcula, menor que a cabea

    de um alfinete e de massa infinita, vagava pelo vcuo infinito a 4,5 bilhes de anos

    atrs, quando de repente, por acaso, ela explodiu e formou o universo perfeito.

    As Teorias da Mesopotmia

    A regio da antiga Mesopotmia, estendia da atual Bagd at a embocadura

    do rio Tigre e do Eufrates, no Golfo Prsico, exatamente na rea geogrfica em que

    narrado as histrias da Bblia, na origem de todas as coisas.

    E nesse perodo em aproximadamente 3500-3000 a.C., falava-se o idioma

    da Sumria e nessa poca utilizava-se tambm este idioma para escrever os cdigos de

    leis antigos. Depois entre os sculos XIX e XVIII a.C., foi adotado o idioma acdico para

    se escrever as leis da cidade de Eshnuna e os cdigo de Hamurbi, Rei da Babilnia

  • 21

    (1782-1750). Importante salientar que todos esses cdigos antigos influenciaram na

    formao da lei de Deus para seu povo (Hebreus).

    Conforme dois autores, J. Van Dijk e W. Soden, nem os Sumrios, nem os

    Babilnios conheceram a criao do mundo a partir do nada, mas conheceram uma

    evoluo criadora, como por exemplo: a separao do Cu e da Terra. Porm, tudo isso

    envolto de um universo politesta, onde cada um dos deuses tem sua contribuio na

    criao (Nanu - me que gerou o Cu e a Terra).

    Estas explicaes podem ser encontradas nas tradues de poemas

    sumrios da epopia de Gilgamesh. Entre outras utilizadas aqui por esses autores,

    podemos salientar o poema acdico de Enuma Elish, onde vemos que o mundo foi criado

    a partir do conflito entre os deuses Marduk e Tiamat.

    As civilizaes paralelas da Sumria e de Acade forneceram a todos os povos

    do Oriente Mdio costumes, rituais e modelos literrios de todos os tipos. Entre estes

    destaca os gneros Intemporais, da literatura Sapiencial, destacando dentro dele dois

    modos de expresso (Lenda e Mito). Porm estes dois modos hoje so mal vistos, por

    causa da forma que interpretado pela cincia.

    Lendas uma narrao a cerca de uma histria popular tradicional, cujo

    heri, com suas aventuras e faanhas, vive no passado.

    Exemplo: O heri Gilgamexe, das literaturas Sumria e Acdica, rei de Quis,

    onde em uma epopia de doze cantos, menciona o canto XI, o qual traz uma narrao do

    dilvio.

    As Lendas eram para Israel como para todos os outros povos, o repositrio

    das recordaes histricas.

    Exemplo: A Histria da sucesso de Davi, escrita provavelmente no tempo

    de Salomo (2Sm 5-20; 1Rs 1-2).

    Mitos uma forma de narrao explicativa, porm se interessa mais pela

    relao do homem com as grandes foras csmicas que cercam com a divindade, e no

    necessariamente pela evocao do passado.

    Exemplos: O poema Babilnio da criao Enuma Elish, o qual exaltava o

    Deus nacional, Marduk. Este era recitado no templo de Babilnia no ano novo, lembrando

    o comeo.

  • 22

    Uma lenda que tambm participa como Mito a procura da imortalidade,

    narrada na epopia de Gilgamexe (Rei de Quis), por causa da morte do seu amigo

    Enquidu, transpondo as portas do sol e das guas da morte, at chegar a um paraso,

    onde se encontrava seu antepassado Uta-Napistim, o heri do dilvio, o qual foi levado

    pelos deuses para receber a imortalidade. Ento Uta-Napistim revela o segredo da

    Planta da Vida. O heri colhe a planta, mas a serpente lhe rouba ... restando apenas ao

    homem Criar para se um nome na Histria e depois morrer.

    Distinguindo entre MITOLOGIA e LINGUAGEM MTICA.

    Mitologia - uma representao do mundo transcendente que multiplica os

    deuses.

    Linguagem Mtica - um modo de combinar smbolo e imagens para

    exprimir, em forma de narrao ou drama, certos aspectos da experincia humana ou

    das realidades divinas.

    Ex.: Os autores bblicos no hesitam, em apresentar Deus agindo, falando,

    revelando seus sentimentos, como se fosse um homem (Antropomorfismo).

    Conclui-se que o Mito e a Lenda no eram simples produtos de fantasia, mas

    servia para uma sria reflexo, a cerca da existncia humana.

    A Epopia de Atra-Hasis

    Esta consta de 1645 linhas, onde narrada a histria antes do homem, o

    mito das origens, a histria do dilvio, da qual AtraHasis o heri .

    Atravs da leitura destes textos verificamos o quanto a Bblia se aproxima

    deles na expresso e quanto se distancia dele no pensamento.

    Na epopia, o homem criado para livrar os deuses do castigo. Na Bblia,

    Deus cria o homem sem interesse e o estabelece como o Senhor da criao.

    Nos dois casos (Epopia x Bblia). O homem criado da terra e de um

    elemento divino. Porm, em Babilnia, com o sangue de um deus decado e vencido

    que o homem marcado em sua natureza. Na Bblia ele se torna ser vivo quando Deus

    lhe insufla o hlito de vida.

  • 23

    A epopia nos mostra que o dilvio ocorreu porque os homens perturbaram

    na sua tranqilidade. J na Bblia o dilvio aconteceu por causa da imoralidade dos

    homens, respondendo pelo seu prprio destino, e no sujeitos a transformao divina.

    A Bblia nos mostra um pensamento radical novo, onde Israel rompe com

    todos os sistemas religiosos do Oriente Antigo, prestando culto a um s Deus. Todas as

    foras csmicas, cultuadas pelos antigos povos voltam a situao real de criatura e

    Yahweh, o Deus que se manifesta aos Patriarcas e a Moiss, torna-se, a partir da sada

    do Egito, o nico Deus digno de receber culto.

    Certamente o rompimento no foi total com as formas semticas, Ex.:

    O nome El, era dado aos deuses antigos, demonstrando sua divindade.

    O pensamento era novo, porm o modo de exprimi-lo antigo.

    Alguns aspectos fundamentais da lei Israelita tambm eram antigas.

    Para no se mostrar igual a outros deuses antigos, Deus, utiliza o nome El

    na Bblia acompanhado de eptetos, tais como:

    Hael haggadl O grande EL

    el elim Deus dos deuses

    el hashshamayim EL do cu

    el elin EL Altssimo

    el Rol EL que me v

    Estas e outras formas mostram a superioridade do Deus de Israel sobre

    todos os outros deuses.

  • 24

    A Criao do Mundo nos Textos Egpcios

    O pensamento egpcio dedicou-se de inmeras formas a retratar a origem

    deste mundo, para melhor resolver o problema de sua conservao.

    Diferentes Cosmogonias

    Heliopolitana - (Helipolis) so escolhas de pensamentos que parece mais

    centrada no desenvolvimento de uma famlia a partir de um nico antepassado.

    Mnfis - A criao pelo verbo e pelo pensamento.

    Hermpolis - A tendncia mais fsica e procura descrever o modo como o

    mundo nasceu da matria inorgnica.

    Temas Cosmognicos

    Esses temas trazem a idia da criao concebida segundo um modelo de

    operaes naturais, trazendo vida realidade nova.

    Diversos Modelos (Mitos)

    Genitalidade - Na linguagem Egpcia corrente, o verbo fazer (IR) e o verbo

    gerar (MS) so intercambiveis. Inmeros mitos incorporam a criao do mundo dos

    deuses e a dos homens a um casal primitivo suposto ser o antepassado de todos. A

    atividade criadora atribuda atravs de uma atividade sexual entre dois deuses

    carneiro.

    O Mito Heliopolitano - Mostra a criao atravs de um ato solitrio do

    demiurgo se Autofecundando, tendo como modelo o deus arteso, ou seja, oleiro como

    Khnum, metalrgico como Ptah, o deus que cria dando assim forma ao informe,

    modelando assim o homem.

    Textos Egpcios

    Textos das Pirmides - Trata-se aqui dos textos mais antigos do Egito,

    gravados nas paredes internas das pirmides da 5 e 6 dinastias, eles contm uma

    coleo de formulas de origem heliopolitana, destinados a garantir ao rei a sobrevivncia

    e a Glria.

  • 25

    Ensinamentos a Merikar - Trata-se de um escrito de sabedoria na tradio

    dos compndios de mximas elaborados nos antigos imprios, entre os funcionrios

    reais.

    Os Livros dos Mortos - Trata-se sempre de garantir ao defunto a liberdade

    de movimentos e a invulnerabilidade.

    Hino Amon de Leida - Trata-se de um texto disposto primitivamente em

    trinta estrofes as quais se dirigem a Amon, para mostrar seu absoluto domnio sobre o

    cosmo inteiro.

    Texto de Teologia Menfita - Trata-se da pedra chamada shabaka, nome do

    Fara etope da 25 dinastia que a mandou gravar, no fim do sculo VIII a.C.

    Papiro Salt 825 - Trata-se de mostrar a origem divina dos diversos produtos

    utilizados. O processo consiste em prender cada um deles a uma secreo do corpo

    divino.

    O Facheado de Evergeta em karnak - O texto reuni diversos enfoque do ato

    criador. O mito da criao Edfu, dois modelos so igualmente apresentados nos relatos:

    De um lado a criao evocada como estabilizao de um feche de juncos

    no meio da gua. a emergncia de um mundo organizado, descritas nos termos

    evocativos da vazante do Nilo; e de outro lado, o tema do pensamento e da palavra

    criadora est presente no relato inteiro. A imagem naturista, pois aqui, desdobrada por

    perspectiva metafsica que lembra o documento Menfita.

    O Nascimento do Mundo e dos deuses nos textos Ugarit

    Ugarit no o Egito nem a Mesopotmia, estes ltimos concederam as duas

    maiores culturas III e II milnio a.C. O Ugarit no era seno uma cidade-estado entre

    outras na idade do bronze recente (1600-1185). Este est mais prximo do universo

    Bblico do que os textos Mesopotmicos ou do Egito, como podemos ver abaixo:

    Geograficamente Ugarit situa-se na Sria bem perto de Lataqui, no litoral

    mediterrneo, a cidade pertencia a Cana. Ugarit pertence aos pases mediterrneos.

  • 26

    A lngua Ugartica tambm assim como a hebraica uma lngua semtica, o

    que no o caso da Egpcia. Elas pertencem ao mesmo grupo o semtico norte ocidental

    diferenciando do Acdico proveniente do semtico oriental.

    Ugarit proporcionou aos biblistas o conhecimento direto de uma religio

    (Canania) na poca do xodo (sculo XIII a.C.)

    Crenas Sobre as Origens do Cosmo e do Homem

    Dizem que El o deuses supremo do panteo Ugartico habita na confluncia

    de dois rios, na prpria fonte dos dois abismos. Estamos diante de uma linguagem

    csmica. El habita nas origens dos abismos e dos rios que o cercam. Faz imediatamente

    lembrar os relatos da criao do Gnese O abismo nos aproxima do inicio do relato

    sacerdotal. Os rios e os abismos pareciam, pois a concepo cosmolgica dos cananeus.

    Sempre o mesmo Deus El, atribui-se o epteto de bnk bnwt Criador das

    coisas criadas. A expresso to clara que dificilmente encontraria outra mais evidente

    na Bblia. El seria, pois, criador em Ugarit, como Yahweh o em Israel, sabemos, aliais

    que Yahweh, em sua luta contra a religio Canania, assumiu muitas das caractersticas

    do deus El cananeu ao qual se assimilou sem dificuldade.

    Outra expresso Ugartica, diz do deus El, que ele ab adm, expresso que

    pode ser traduzida por pai do homem, dando ao homem sentido coletivo de

    humanidade. Observamos que a palavra Ugartica refere-se ao nome dado pela Bblia ao

    nosso primeiro pai. Evidentemente, o fato provoca uma discusso j resolvida entre os

    especialistas: o nome do nosso primeiro pai no nome prprio, mais nome comum,

    homem. Em todo caso, ab adm, pai da humanidade atribudo ao deus El., parece

    confirmar ser esse o criador do homem.

  • 27

    A Formao do Homem

    Os textos de diversas origens (Sumrio, Acdico e Babilnio) so

    concordantes quanto a este aspecto. Narra-se os autores que a humanidade foi criada

    para que os deuses em castigo pudessem aliviar suas culpas, descarregando assim sobre

    os homens, feito a imagens dos deuses cados e desta forma os deuses cados viveriam

    livres de quaisquer obrigaes, isso resumido em uma s frase:

    Para permitir aos deuses morarem em uma habitao que satisfaa o corao do Deus

    Marduk, formou a humanidade.

    Porm, conforme o modo da criao do homem, so diversas as opinies:

    - O Deus Enlil teria introduzido na terra, como semente um prottipo

    humano. Ou segundo texto Smericos os seres humanos foram Gerados na unio

    conjugal do cu e da terra;

    - O homem moldado s da argila, em primeiro lugar a deusa Nanwr e suas

    assistentes que operam e depois a deusa Ninmah e o deus Enki so os que fazem;

    - A modelagem do homem a partir de uma mistura de barro, de carne e de

    sangue de um deus condenado morte;

    - A formao do homem a partir do sangue de um ou vrios deuses

    condenados a morte.

    A Condio do Homem Primitivo

    H um texto antigo bastante transparente a esse respeito, o que mostra as

    pessoas com aspecto selvagem, as quais vivem nuas e pastavam como os animais,

    porm foi preciso de uma interveno dos deuses Enki e Enlil para que os homens

    pudessem entregar-se a criao de animais e agricultura, e em segundo uma tradio

    cuneiforme, os homens antediluvianos teriam sido educados por sbios conceituados

    vindos do Apsu.

  • 28

    O Dilvio

    Comparando as vises Mesopotmicas, (Sumria, Acade) e as Sagradas

    (Javista e Sacerdotal), verificamos que a viso Javista foge ainda mais da Mesopotmica

    em relao a Sacerdotal neste ponto.

    Diversos relatos do dilvio chegaram da Mesopotmia at ns: um em

    Sumrio, dois em Acdico e um em Grego.

    1. Relato da 11 Tabuinha da Epopia de Gilgamesh

    Contexto - Gilgamesh, Atormentado com a morte de seu amigo Enridu e

    tendo partido em busca do segredo da imortalidade, chegou a um lugar situado alm das

    guas da morte, onde UTNAPISHTIM, O NO Babilnio, desfrutou da imortalidade, e

    conta a Gilgamesh como escapou do dilvio. Onde, o dilvio foi desencadeado por causa

    das ms disposies dos deuses que l estavam, essas ms disposies levaram os

    grandes deuses a fazer o dilvio.

    2. O Dilvio em Acdico

    Contexto - como foi dito anteriormente concorda com os outros textos no

    qual, por causa das reclamaes dos deuses cados, foi assim lanado pelos deuses

    superiores diversos flagelos, desde sede, fome at por fim o dilvio, onde Atra-Hasis

    equivale a No, construindo um barco por ordem do deus maior EA, escapa da

    morte.

    3. Relato Sumrio do Dilvio

    Contexto - Este mais ou menos contemporneo ao texto de Atra-Hasis acima

    apresentado e no necessariamente um testemunho de tradio tipicamente Sumria.

    Segundo as linhas 140-144, a deciso para desencadear o dilvio se deu por alguns dos

    deuses, obrigados a associar-se a este feito por meio do juramento. Ento houve as

    instrues de Enki para a construo de um barco, tendo sido aqui o heri No Ziusdra.

    O qual passou a obter uma vida sem fim, como assim se define seu nome.

    Obs.: O grande deus em Sumrio Enki e Ea em Acdico

    A Causa do Dilvio - Na Bblia claramente indicada como sendo por causa

    da malcia e corrupo da humanidade. J nos textos Mesopotmicos, no se explica a

    causa do dilvio. Somente o poema de Atra-Hasis nos mostra que para fazer cessar os

    gritos e a confuso realizados pelos deuses cados.

  • 29

    Gnesis na Histria Sagrada

    Os onze primeiros captulos do livro do princpio possuem uma forma

    narrativa diferente de todas outras narradas na Bblia. Porm esses captulos so muitos

    importantes, pois eles abrem toda a Histria Sagrada.

    evidente que se tratando de uma Histria passada os Telogos da

    Histria tiveram que evocar o passado, inobservvel, representando-o de um modo

    compreensvel aos seus contemporneos. Caso contrrio, a sua reflexo, sempre

    concreta e no abstrata, no teria suporte.

    Na estrutura de Gneses 1-11, existem duas linhas de pensamentos das

    Histrias Sagradas, as quais so:

    Javista - o mais antigo porque nomeia Deus de YAHWEH, escrita em

    Jerusalm, provavelmente durante o reinado de Salomo.

    A viso Javista mostra na Bblia a exterminao do politesmo; pois narra

    que Yahweh criou o cu e a terra, dando a partir da a narrao das origens, planta um

    jardim no den, cria os vegetais, cria os animais e por fim modela o homem com o barro

    da terra e lhe insufla o flego de vida e de sua costela forma a mulher e d a ele domnio

    sobre tudo.

    Na viso Javista Yahweh o Deus vivo e pessoal, o criador, do qual

    dependem o universo, a vida e o ser humano.

    No jardim mostra-se uma relao de dilogo pessoal, do qual Deus toma a

    iniciativa, fazendo um apelo ao livre engajamento do homem, reconhecendo sua

    condio de criatura e sua fiel obedincia ao mandamento. Podemos observar essa

    caracterstica tambm em outras narrativa do antigo testamento:

    ... olha hoje te propus vida ou morte .... escolhe

    (Dt. 28,30-15; x 23:20-33; Lv 26: 3-4)

    Sacerdotal - seu autor um Sacerdote de Jerusalm, escreveu durante o

    exlio na Babilnia.

    Escrita quatro sculo depois da Javista, quando o povo esteve no Exlio

    (entre 587 e 538), em Babilnia. O historiador Sacerdotal nos conduz das origens do

    mundo ao perodo de Israel no deserto, onde esteve em contato com os mitos

    Mesopotmicos.

  • 30

    Conclui-se ento que o Historiador Sacerdotal conhece tanto o escrito Javista

    como o Mesopotmico, porm da viso Mesopotmica extrai apenas a imagem figurada e

    da Javista o ato de Deus criador e a instalao do mundo em que o homem deve viver.

    Portanto, quanto a doutrina o Javista e o Sacerdotal diferem totalmente do mito

    Babilnio.

    Se fizermos um paralelo dos captulos 1-3 de Gnesis, entre os mitos

    (Babilnios) tirados da epopia de Atra-Hasis, no que diz respeito s formas literrias

    veremos que as narrativas Javista e a Sacerdotal, dependem dos modelos

    Mesopotmicos.

    O Mito Babilnio nos mostra que para os Mesopotmicos no inicio de tudo,

    houve um caos entre duas divindades sexuadas:

    Apsu - As guas doce que esto sobre a terra

    Tiamate - As guas salgadas do mar

    Da saram todos os deuses, identificados como: as potncias csmicas.

    Depois nos mostra o confronto entre os deuses (Universo x jovens),

    formando o mundo divino, regido por Marduk. E por isso os homens foram criados para

    servir aos deuses cados. Um dos deuses revoltosos imolado para fornecer seu sangue,

    desta forma o homem recebe o sangue nas veias de um deus decado.

    Para o mito Mesopotmico, o homem alm de escravo dos deuses recebe o

    peso de uma fatalidade inexorvel, por causa do joguete das potncias csmicas.

    A mitologia Sumria evoca um pas paradisaco chamado Dilmun, um pas

    dos vivos, situado nos lados do Oriente. L aparece a planta da vida, que sendo

    roubada por uma serpente, coloca a perspectiva da vida sem esperana.

    Essa analise comparativa entre os escritos bblicos e os antigos de extrema

    importncia, pois permitir realar semelhanas e diferenas entre os mesmos, e com

    isso ir respaldar ainda mais a autenticidade da Bblia.

  • 31

    O Pentateuco

    Os cincos primeiros livros da bblia formam um conjunto que os judeus

    denominam Torah [instruo], que em geral se traduz por Lei (Mt 5.17; Lc 16.17;

    At 7.53; 1 Co 9.8). Da provm o nome que lhe foi dado nos crculos de lngua grega:

    Pentateuchos, [livro em] cinco volumes, que foi transcrito em latin: Pentateuchus,

    dando a palavra portuguesa: Pentateuco. Por sua vez, os judeus de lngua hebraica

    deram-lhe tambm o nome de os cinco quintos da lei. Os judeus atribuem Torah

    maior autoridade e santidade que ao restante das escrituras que completam o Tanach

    (Lei, Profetas e Escritos).

    E leram no livro, na lei de Deus: e declarando, e explicando o sentido, faziam que,

    lendo, se entendesse. Ne 8.8

    Estes cinco livros: Gnesis, xodo, Levtico, Nmeros e Deuteronmio,

    contm uma grande variedade de material: histrias, episdios, leis, rituais,

    regulamentos, cerimnias, registros cronolgicos, exortaes. Ainda assim, uma

    narrativa histrica unificada. A importncia vital dessa narrativa histrica atestada por

    seu uso no Novo Testamento como pano de fundo e preparao para a obra de Deus de

    redeno do homem por Cristo Jesus.

    Um exemplo marcante o discurso de Paulo aos judeus na sinagoga de

    Antioquia da Pisdia (At 13.17-26). No qual ele faz um resumo das promessas de Deus, e

    de quanto Ele fiel, justo e misericordioso para dar a salvao ao povo que o segue

    atravs do lder o qual ele levantou, desde Abrao at o nosso maior lder: Cristo Jesus.

    A tradio judaica atribui a Moiss os primeiros cinco livros da Bblia. Cristo

    atribuiu explicitamente o Pentateuco a Moiss.

    E disse-lhes: So estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que

    convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moiss, e nos

    profetas, e nos Salmos. Lc 24.44

    Da forma como mencionado nesse versculo, os autores bblicos dividiam o

    Antigo Testamento em trs partes A lei, os Profetas e os Salmos (representando os

    Salmos a grande diviso chamada de Escritos). Cristo frequentemente se referia a

    diversos livros como tendo sido escritos por Moiss.

    Obs: Porm h autores que contesta essa autoria, como podemos ver no

    livro Introduo ao Antigo Testamento, da editora Vida Nova, de autoria de Willian S.

  • 32

    Lasor, David A. Hubbard e Frederic W. Bush, o qual depois de vrios comentrios

    relacionados poca e costumes, diz:

    O Pentateuco uma obra annima. Moiss no mencionado como seu autor, assim

    como ningum mais. A ausncia do nome do autor harmoniza-se com a prtica do Antigo

    Testamento em particular e com as obras literrias antigas em geral. No antigo Oriente

    Mdio, o autor era basicamente um preservador do passado, limitando-se ao uso de

    material e metodologia tradicionais. A literatura era mais uma propriedade comunitria

    que particular.

    Os livros de xodo, Levtico, Nmeros e Deuteronmio, narram a formao

    do povo eleito e o estabelecimento de sua lei social e religiosa.

    Complexidade

    Ao mesmo tempo em que revela sua unidade em plano e propsito, o

    Pentateuco apresenta uma diversidade impressionante, principalmente no que diz

    respeito a mistura de leis e histria, nunca encontrado em nenhum cdigo de leis, antigo

    e ou moderno, verifica-se que a narrativa histrica atravessa e interrompe

    constantemente a legislao.

    Por exemplo:

    - No h seqncia entre Gn 4.26 e 5.1;

    - H uma descontinuidade clara entre Gn 19.38 e 20.1;

    - Outra descontinuidade entre Ex 19.25 e 20.1.

    Outras complexidades:

    - Diferenas significativas entre vocabulrios, de sintaxe, estilo e de

    composio (leis de Levtico e Deuteronmio);

    - Uso varivel dos nomes divinos Jav e Elohim;

    - Duplicaes ou triplicaes de material (Gn 12.20; 26.6-11); (Gn 21.22-

    31; 26.26-33); e (Lv 11.1-47; Dt 14.3-21).

  • 33

    Visando esclarecer essas complexidades, alguns estudiosos procuraram

    separar as diversas fontes, desenvolvendo assim a teoria documental.

    J Essa fonte apresenta o nome de Deus como Jav e foi compilada em Jud entre 950 e 850 a.C., que compreende Gn 2 a Nm 22-24 e apresenta Deus em uma

    linguagem antropomrfica, onde Deus descrito em termos humanos;

    E - Essa fonte datada entre 750-700 a.C., inicia-se em Gn 20, e prefere o nome de Deus como Elohim at a revelao de seu nome Jav a Moiss (Ex 3; 6), depois

    disso passa a empregar ambos os nomes para Deus. Muitos estudiosos localizam o

    ambiente de E no norte de Israel, pois dispensa ateno especial a Betel, Siqum e s

    tribos de Jos, Efraim e Manasses.

    D Refere-se ao material que forma o ncleo do livro de Deuteronmio. Possuiu um estilo bastante caracterstico: prosaico, prolixo, parentico (reflexo de

    exortaes e conselhos, homiltico) e pontuado de frases estereotipadas. Compreende

    as narrativas histricas de Josu a 2 Reis (cap. 9).

    S Destaca genealogias, leis relacionadas ao culto, alianas, dias especiais como o sbado, procedimentos para o culto, sacrifcios (Lv 1-7) e cerimnias. Ressalta a

    santidade (Lv 17-26), a soberania e a transcendncia de Deus, juntamente com o

    estabelecimento do verdadeiro culto de Jav liderado pelos sacerdotes. Essa fonte bsica

    de S muitas vezes datada no meio do Exlio (550 a.C.), e sua composio final, um

    pouco antes do sculo IV a.C.

  • 34

    A Histria de Israel

    Gnesis

    O Gnesis narra as origens do mundo, do gnero humano, do povo hebreu,

    tudo relacionado com Deus, com sua revelao, com seu culto. Deus cria o universo e

    revela-se aos primeiros homens.

    A histria do princpio abrange em sua narrao uma longa srie de sculos.

    Os gregos do imprio bizantino colocavam a criao do homem 5508 anos a.C. Os

    hebreus ainda usam uma era que no mesmo perodo conta 3760 anos. As cincias

    antropolgicas exigem um tempo assaz maior para a existncia do homem sobre a terra.

    O prlogo primevo compreende os captulos 1-11, j estudado

    anteriormente. E por isso, deste ponto em diante veremos a histria patriarcal de Israel.

    O chamado de Abro:

    Sai-te da tua terra, e da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te

    mostrarei. Gn 12.1-5

    Neste perodo, Abro era da idade de setenta e cinco anos, quando saiu de

    Har para irem a terra de Cana.

    Quando Abro passa a ter a idade de noventa e nove anos, apareceu Deus a

    ele, e muda o seu nome:

    E no se chamar mais o teu nome Abro, mas Abrao ser o teu nome; porque por pai

    da multido de naes te tenho posto. Gn 17.1-5

    Devido a fome que assolou em Cana, Jac e seus filhos entraram no Egito

    (Gn 47.1-6), e os descendentes de Abrao ficaram satisfeitos e prosperaram (Gn 47.27).

    Durante algum tempo podem ter tido a impresso de haver feito uma boa troca ao deixar

    Cana, a terra escolhida por Deus para eles, que no momento no estava sendo

    produtiva, e se mudaram para o Egito, a terra de Gsen. Os filhos de Israel frutificaram e

    multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de maneira que a terra se encheu

    deles (Ex 1.6-7). Mas, depois que Jos faleceu, e todos os seus irmos, e toda aquela

    gerao, se levantou um novo rei sobre o Egito, que no conhecera a Jos (Ex 1.8). E

    temendo o grande crescimento do povo de Israel, os transformaram em escravos

    desamparados, sem esperana. Mas quanto mais o povo sofria, mais se multiplicava (Ex

    1.11-12). Vendo isto, o rei ordenou as parteiras, que quando fossem ajudar as hebrias

  • 35

    a dar a luz, s lhe poupasse as meninas, e vendo que era menino o matassem, porm as

    parteiras com muito temor a Deus, no obedeceram ao Fara (Ex 1.15-17).

    Ainda no estando satisfeito com o grande aumento do povo de Israel, o

    Fara ordena a todo o seu povo dizendo: A todos os filhos que nascerem lanareis no rio,

    mas a todas as filhas guardareis com vida (Ex 1.22).

    Os anos se passaram. A servido de Israel tornou-se intolervel. Eles

    suspiravam e gemiam sob o seu jugo. Quando seus gritos subiram a Deus, Ele os ouviu;

    e lembrou-se da sua aliana, compadecendo-se deles. Chegara o momento crucial de

    chamar Moiss, o libertador que Ele vinha preparando, e envi-lo para realizar a grande

    tarefa da libertao (Ex 2.23-25)

    xodo Israel Nmade

    O segundo livro do Pentateuco toma o nome de xodo da sada dos hebreus

    do Egito, onde, depois dos bons tempos de Jos, passaram a sofrer a mais dura

    escravido. Esse acontecimento, porm, nada mais foi do que o preldio de fatos muito

    mais importantes na vida dos filhos de Israel, os quais, de um conglomerado de famlias

    que eram, recuperando a liberdade, conquistaram verdadeira unidade de nao

    independente e receberam uma legislao especial, uma forma de vida moral e religiosa,

    pelas quais se distinguiram de todos os outros povos da terra.

    Com toda facilidade compreender-se- a importncia deste livro, sobretudo

    em se pensando que, se a histria civil das naes, mormente as antigas, acha-se

    intimamente vinculada religio e essa moral, isto jamais foi to verdico como a

    respeito dos hebreus. As leis contidas no xodo formam a essncia da vida civil e

    religiosa do povo eleito.

    bem verdade que, de todas essas leis, e especialmente as do chamado

    cdigo da aliana (21.23), foram encontradas analogias notveis no cdigo de Hamurab

    (rei babilnio, que viveu alguns sculos anteriormente a Moiss). De tais analogias no

    se infere, porm, em absoluto, como pretendem alguns, a dependncia do cdigo

    mosaico do babilnio. Elas tm sua explicao adequada nos fatores comuns s duas

    sociedades, israelita e babilnica, to prximas no tempo, no lugar e tambm na origem,

    pois os patriarcas do povo hebreu procediam do vale do Tigre.

    Realmente, na legislao decretada no Sinai, nem tudo foi criado desde a

    raiz; muitos usos e costumes j introduzidos na prtica social foram confirmados pela

    aprovao divina. De resto, tambm nas famosas leis romanas das doze tbuas

  • 36

    descobrem-se semelhanas com o cdigo mosaico, sem que ocorra a algum o

    pensamento de querer estabelecer um parentesco entre os primeiros e o segundo.

    Providncias semelhantes surgem espontaneamente de necessidades sociais do gnero.

    No declogo, porm, e na doutrina religiosa que lhe forma a base inconcussa (20.2-17),

    reside a verdadeira prerrogativa do povo de Israel; nada de semelhante se encontra em

    nenhum outro povo.

    Os acontecimentos narrados no xodo tiveram um eco enorme na memria

    das tribos israelitas. Em quase todas as pginas do Antigo Testamento so recordadas a

    libertao da escravido do Egito, a prodigiosa passagem do Mar Vermelho, os golpes

    tremendos com os quais foi dominada a tenaz oposio do opressor egpcio, as

    grandiosas manifestaes divinas no Sinai, o sustento milagroso de povo to numeroso

    no deserto. Da Israel deduzia os motivos mais fortes para ser grato e fiel a Deus, e

    conservar uma confiana inabalvel na sua providncia soberana e nos seus prprios

    destinos.

    O xodo desenvolve dois temas principais: a libertao do Egito (1.1

    15.21) e a aliana no Sinai (19.1 40.38); esses temas so interligados por um tema

    secundrio, a saber, a marcha atravs do deserto (15.22 18.27). Moiss, que recebeu

    a revelao do nome Yahweh na montanha de Deus, o condutor dos israelitas

    libertados da escravido.

    Numa teofania impressionante, Deus faz aliana com o povo e lhe dita sua

    Lei. Mal fora concludo, o pacto violado pela adorao do bezerro de ouro, mas Deus

    perdoa e renova a aliana. Uma srie de prescries regula o culto no deserto.

  • 37

    O Tabernculo

    Moiss esteve no monte quarenta dias e quarenta noites. Ento falou o Senhor a Moiss

    dizendo: Fala aos filhos de Israel, que me tragam uma oferta alada; de todo o homem

    cujo corao se mover voluntariamente.... (Ex 24.18b; 25.1,2)

    No monte Sinai o Senhor levou seu servo para receber instrues de como

    deveria construir o tabernculo. Deus queria habitar no meio do seu povo, e obviamente

    para isso Ele no precisava do uso de nada material para se revelar aos seus. Mas,

    devido ao nvel espiritual do povo, Deus se utilizou do tabernculo visvel e de seus

    muitos objetos como lies palpveis, atravs de smbolos e tipos, e tambm para que

    servisse de lembrana contnua aos israelitas. Mas, o propsito mais excelente do Senhor

    era a revelao da verdade preliminar na busca e expectativa da encarnao de seu Filho

    Jesus.

    Nesse tabernculo o Senhor desceu e habitou entre os homens numa casa

    feita de diversos materiais visveis encontrados na natureza. Mas, a aproximadamente

    1500 anos aps esses fatos o Senhor veio e habitou em uma casa feita de ossos e carne

    o corpo de Jesus.

    Para muitos o tabernculo significa apenas uma antiguidade judaica sem voz

    e significado. Mas, quando estudado considerando os tipos que ali so vistos e apontado

    de forma adequada ao anttipo, encontramos nele o Senhor Jesus Cristo.

    A Estrutura

    A planta do tabernculo, como mostra o diagrama que se segue,

    basicamente simples. Isto ocorre, em parte, por seu carter porttil, tendo de ser

    transportado pelos israelitas em suas viagens pelo deserto. A bacia e o altar de bronze se

    localizavam no trio, embora fossem partes essenciais dos cerimoniais do tabernculo.

    O tabernculo era dividido em dois cmodos. O menor, que era de 10

    cvados de cada lado, formando um quadrado perfeito, era chamado de santo dos

    santos; o cmodo maior era chamado santo lugar. Estes dois cmodos eram separados

    por um vu (26.31-33). Os sacerdotes ministravam no santo lugar diariamente; no santo

    dos santos o sumo sacerdote entrava uma vez por ano, sozinho (Hb 9.6-10).

  • 38

  • 39

    O trio (27.9-17)

    O tabernculo era rodeado por um trio, formado por colunas firmadas no

    solo e esticando cortinas de linho, as colunas eram ligadas por ganchos de prata (Ex

    27.17). A entrada media 20 cvados de largura e na qual era pendurado um reposteiro

    nas cores azul, prpura, carmesim e branco (linho) (27.16). Estas eram as cores que

    prevaleciam por todo o tabernculo. O trio media 100 cvados de comprimento por 50

    cvados de largura (27.18) Um cvado equivalente a 0,5 m aproximadamente.

    As Tbuas e as Cortinas (26.1-30)

    Por estarem vagando pelo deserto, era necessrio que os israelitas tivessem

    uma construo que pudesse ser facilmente desmontada e erguida. O tabernculo era

    feito de 48 tbuas cobertas de ouro e colocadas em encaixes enterrados na areia. Havia

    20 dessas tbuas em cada lado e 8 nos fundos (26.15-30). A construo no tinha

    soalho, mas o teto era uma coberta maravilhosamente lavrada, composta de 10 cortinas

    presas uma a outra (26.1-6), bordadas com as figuras dos querubins, as criaturas

    celestes. Estas cortinas esticavam-se no alto e caam quase at o cho em cada lado da

    construo. Sobre elas havia uma coberta de plo de cabra branco (26.7-13); e acima

    desta uma coberta de pele de carneiro tingida de vermelho (26.14); sobre a coberta de

    pele de carneiro, para a proteo contra as intempries, havia uma coberta de peles,

    ocultando do lado de fora toda a beleza do seu interior (26.14). Formando ao todo um

    total de 4 cobertas.

    O Mobilirio

    O tabernculo continha 6 peas de mobilirio. No santo dos santos havia 1

    pea a arca da aliana. Era uma caixa de madeira coberta de ouro, na qual se

    encontravam a lei escrita em pedra, uma vasilha de man, e a vara de Aro que

    floresceu. A tampa da caixa era o propiciatrio, s vezes tida como uma pea separada.

    Em cada extremo havia uma figura de um querubim, e entre as figuras havia o

    maravilhoso fogo da glria do Senhor, smbolo da presena de Deus. Por isso esta pea

    poderia, com toda propriedade, ser chamada de trono de Deus; no santo lugar 3 peas

    o altar do incenso defronte do vu a esquerda, o candelabro feito de ouro puro e a

    direita, a mesa dos pes da proposio, com os 12 pes que eram comidos pelos

    sacerdotes; e no trio 2 peas a bacia, que servia para os sacerdotes se lavarem; e

    mais prxima da entrada havia o altar de bronze, para o qual os israelitas, levavam um

    substituto para morrer em seu lugar, pagando por seus pecados um tipo claro da obra

    expiatria de Cristo.

  • 40

    O Simbolismo do Tabernculo

    Duas passagens-chave do Novo Testamento servem de base para

    interpretao de personagens, eventos e coisas do culto no tabernculo do Antigo

    Testamento (1Co 10.1-11; Hb 8.1-10;18). Porm devemos ter bom senso, sem forar a

    interpretao e a aplicao. Segue as interpretaes:

    1. Como um todo Visto como um todo o tabernculo tipifica a pessoa de

    Cristo. O exterior dessa tenda era, pelo menos parcialmente similar as

    tendas menores de habitao dos israelitas. Mas, a grande diferena estava

    em que o tabernculo era o lugar especialmente designado da habitao de

    Deus, como assim tambm era Cristo (Cl 2.9).

    2. Em detalhe Cada detalhe ou artigo do mobilirio tipifica alguma fase

    da obra de Cristo para o homem. No Novo Testamento aprendemos sobre

    muitas fases da obra de Cristo. Em um momento ele apresentado como

    nosso Substituto; em outro, como aquele que Purifica e Regenera, como o

    Po da Vida, a Luz do Mundo, o Bom Pastor e a Videira. Tambm no

    tabernculo podemos perceber estas mesmas fases de sua obra: No altar de

    bronze vemos Cristo como nosso Substituto; na bacia, nosso Purificador e

    Regenerador; no candelabro, a nossa Luz; no altar do incenso, nosso

    Intercessor; e no propiciatrio, nossa Propiciao.

    3. Ordem do Mobilirio Observem com que preciso os mobilirios foram

    colocados no tabernculo, sempre apontando para obra redentora de Cristo.

    Em um extremo, no santo dos santos, estava a arca da aliana o trono de

    Deus. No outro extremo, perto da entrada, o altar de bronze, que o tipo da

    cruz de Cristo. Assim vemos que homem algum pode chegar ao trono de

    Deus, sem passar pela Cruz.

    No santo dos santos, estamos cercados pelas paredes douradas; em cima

    est a linda cortina com figuras das criaturas celestes; a arca de ouro

    mostra os querubins curvados sobre o propiciatrio; e sobre este est

    manifesta a presena de Deus no fogo da Sua Glria. Ali s existe luz,

    beleza, amor, culto e a presena de Deus, em contraste ao nos

    aproximarmos do altar de bronze, que s h sofrimento, sangue e morte,

    medida que os substitutos morrem no lugar dos pecadores. Podemos afirmar

    que Cristo consiste nesses dois extremos do trono do Pai na glria, cruz

    do Calvrio (Fl 2.5-11).

  • 41

    Depois do altar de bronze, o prximo passo a bacia, a qual representa

    Cristo como nosso Purificador e Regenerador (Jo 3.5). Depois precisamos

    nos alimentar de Cristo como o po da vida (Jo 6.35) os pes da

    proposio. A seguir Ele precisa ser a nossa Luz e Guia (Jo 14.13-14) na

    figura do candelabro. Ento Cristo aparece na figura do altar do incenso,

    como nosso intercessor, conduzindo-nos ao santo dos santos a arca da

    aliana.

    O tabernculo fala de Cristo de diversas maneiras. Mesmo os seus materiais

    e cores falam dEle. A madeira fala de sua humanidade, o ouro de sua

    divindade. H no branco a pureza, o azul para promessa ou profecia, o

    carmesim para a realeza, o vermelho para o sangue.

    Os Sacerdotes

    Desde o dia em que feriu a todo primognito do Egito, o

    Senhor havia separado para si todos os primognitos de

    Israel. E no lugar dos primognitos, Deus tomou os levitas

    (Nm 3.12), e de dentro da tribo de Levi, Deus separou: Aro

    e seus filhos, Nadabe, Abi, Eleazar e Itamar para

    administrarem o ofcio sacerdotal (x 28.1-3).

    Eles deveriam primeiramente serem lavados com gua,

    depois seriam vestidos com as vestes sagradas, e apenas o

    sumo sacerdote, por fim seria ungido com o azeite da uno

    (x 29.4-7). Mas, os filhos de Aro seriam aspergidos com o

    mesmo azeite misturado com sangue (Lv 8.30)

    Vs tambm, como pedras vivas, sois edificados casa

    espiritual e sacerdcio santo, para oferecer sacrifcios

    espirituais agradveis a Deus por Jesus Cristo. 1Pe 2.5

  • 42

    Levtico Leis, Instituies Civis e Religiosas, Culto e Festas

    Este livro traz o nome de Levtico, por tratar quase exclusivamente dos

    deveres sacerdotais. Poder-se-ia compar-lo a um ritual.

    Compe-se quase que inteiramente de leis que visam santificao

    individual e de toda nao de Israel. Santificao, de per si ritual e exterior, que, porm,

    simboliza e promove certa santidade interior e moral. Toda a matria pode ser dividida

    em cinco partes:

    1 Parte Leis relativas aos sacrifcios:

    1. Holocausto (1.1-17; 6.8-13; 17.8,9);

    2. Ofertas de Alimentos (2.1-16; 6.14-18);

    3. Sacrifcios de Paz (3.1-17; 7.11-21);

    4. Sacrifcios Expiatrios (4-6.1-7; 6.24-30; 7.1-10)

    2 Parte A poro dos sacerdotes (7.28-38) e sua consagrao (6.19-23;

    8.1-36). Nadab e Abi foram mortos por terem usurpado um ofcio sagrado (10.1-7).

    Vrias prescries para os sacerdotes (10.8-20).

    3 Parte Leis sobre a pureza legal, dos alimentos (11.1-47), da purificao

    da mulher (12.1-8) da lepra (13-14); da imundcia do homem e da mulher (15). Rito

    para o dia solene de expiao (16).

    4 Parte Diversas leis:

    a) a proibio de comer sangue (17.10-16); prescries que regulam os atos

    sexuais (18); vrias prescries religiosas e morais (19); as penas de diversos crimes

    (20);

    b) dos sacerdotes: npcias e luto (21.1-15); irregularidades (21.16-24);

    impureza cerimonial (22.1-16); dos sacrifcios (22.17-30); concluso (22.31-33);

    c) dos dias festivos: o sbado (23.3) e as solenidades anuais (23.4-44).

    5 Parte Determinaes diversas: lmpadas no santurio e pes da

    apresentao (24.1-9); pena para o blasfemador (24.10-23); prescries para o ano

    sabtico e jubileu (25); promessas e ameaas relativas a observncia da lei (26); votos

    especiais (27).

  • 43

    O sacrifcio, o ato mais sagrado de Israel, isto , oferecer a Deus vtimas,

    animais ou vegetais, no foi institudo por Moiss, mas remonta s prprias origens da

    humanidade (Gn 4.3-4). Moiss encontrou o seu uso estabelecido e arraigado entre

    todos os povos. Moiss, com suas leis, s regulamentou e consagrou ao culto do

    verdadeiro Deus um cerimonial j praticado, deixando ainda toda essa legislao dos

    sacrifcios separada das condies essenciais do pacto celebrado entre Deus e o seu

    povo. Nesse sentido deve-se entender aquele protesto do prprio Deus contra os judeus,

    por boca de Jeremias (Jr 7.22-23):

    "Em matria de sacrifcios e holocaustos, eu nada disse e nada ordenei aos vossos pais

    ao tir-los do Egito; dei-lhes somente esta ordem: Escutai a minha voz; eu serei vosso

    Deus e vs sereis o meu povo (cf. x 19.5).

    Nada, portanto, impede atribuir-se ao prprio Moiss a legislao cerimonial

    do Levtico, embora parea bvio que no a tenha escrito toda de uma vez e se tenha

    servido, da obra de algum sacerdote ou levita de profisso. Nem se exclui que algumas

    destas leis tenham recebido em tempos posteriores com modificaes e acrscimos.

    As Principais Festas Judaicas Lv 23

    Festa da Pscoa (pesah); na tarde do dia 14 de abibe (x 12.5,6,14).

    Propsito: comemorar a libertao de Israel do cativeiro no Egito.

    Ritual: o cordeiro morto, e seu sangue se asperge com hisspo nas

    ombreiras das portas e depois o ofertante e sua famlia comem o cordeiro assado (Dt

    16.5-7), especfica que Deus teria escolhido uma cidade santa, a Pscoa passaria a ser

    celebrada ali somente.

    Significado tpico: a crucificao de Cristo (I Co 5.7).

    Festa dos Pes zimos: dia 15 at 21 de Abibe (v.6; x 12.18).

    Propsito: comemorar as dificuldades da fuga apressada do Egito.

    O Ritual: sete dias oferece-se oferta queimada ao Senhor. Havia uma santa

    convocao no dia 15 e no dia 21.

    Festa das Primcias: (Lv 23.9-14).

    Propsito: comemorar a ressurreio de Cristo.

  • 44

    Pentecostes (Festa das Semanas): dia 06 de Siv (3 ms), ou 49 dias

    aps a oferta das primcias.

    Propsito: dedicar a Deus as primcias da colheita do trigo.

    Ritual: dois pes de farinha de trigo sem levedura; holocaustos (07

    cordeiros, 01 novilho, 02 carneiros) oferta pelo pecado (01 bode); oferta pacfica (02

    cordeiros).

    Significado tpico: a descida do Esprito sobre a Igreja do N.T. (At 2).

    Festa dos Tabernculos: dia 15 de Tisri, durante sete dias (7 ms).

    Propsito: comemorar as peregrinaes no deserto e regozijar-se na

    concluso de todas as colheitas (cereais, frutas, vindimas).

    Ritual: haver santa convocao no dia 15 e no 8 dia. Ser entregue oferta

    queimada, holocausto e oferta de alimentos, sacrifcios e libaes, cada qual em seu dia

    prprio (Nm 29.12).

    Significado tpico: aparentemente, prenunciar a paz e prosperidade do futuro

    reino milenar.

    Nmeros O Livro dos Recenseamentos dos Judeus

    O quarto livro do Pentateuco recebeu o nome de Nmeros (em grego

    Arithmoi, que aqui tem o sentido de "recenseamentos") por causa dos "recenseamentos"

    (1.1-19,46), que so prprios deste livro e que lhe do a sua feio particular. Contm,

    alm disso, alguns fatos que se ligam imediatamente aos acontecimentos narrados no

    xodo, e leis semelhantes s do Levtico. Pode ser dividido facilmente, de acordo com os

    lugares e tempos, em trs partes:

    1 parte No Sinai: disposies para a partida. Recenseamento das tribos e

    respectivas posies no acampamento (1-2). Os servios dos levitas, o censo levtico, a

    posio de suas tendas, diviso por famlias e por ofcios (3). Os deveres dos filhos de

    Coate, de Eleazar, de Grson e de Merari (4): os impuros eram banidos, restituies

    pelos pecados, o esprito de cimes (5), nazireato, bno de Aro (6). ltimos fatos:

    donativos dos chefes das tribos ao santurio (7), consagrao dos levitas (8), segunda

    Pscoa (9.1-14), sinais para a partida e para a parada, as trombetas (9.15-23; 10.1-10).

  • 45

    2 parte Viagem atravs do deserto: Do Sinai a Cades: partida e ordem

    de marcha (10.11-36), murmurao do povo, as codornizes (11), a lepra de Mirian irm

    de Moiss (12). Parada em Cades: misso dos doze exploradores e queixas do povo (13-

    14); repetio de diversas leis (15); sedio de Cor, Datan e Abiro, e sua punio e

    confirmao do sacerdcio na famlia de Aro (16-17); os deveres e direitos dos

    sacerdotes e levitas (18.1-32;19); sedio do povo por falta de gua (20.1-13). De

    Cades ao Jordo: os edomitas negam passagem pelas suas terras (20.14-21); morte de

    Aro (20.22-29); queixas do povo e castigo, a serpente de bronze (21.1-9); vitria sobre

    os amorreus e a conquista de Basan (21.10-35).

    3 parte Na margem oriental do Jordo: cerca de cinco meses. ltimos

    encontros com os povos da Transjordnia; Balao e seus vaticnios (22-24); prostituio

    a Baal-Peor (25); Segundo recenseamento e diviso da terra (26); A lei acerca das

    heranas (27.11); a morte de Moiss (27.12-17); apresentao de Josu (27.18-23);

    holocausto contnuo, ofertas, sacrifcios e festas (28.1-31; 29); lei acerca dos votos (30);

    guerra contra os midianitas e leis sobre a diviso dos despojos (31); Distribuio da

    Transjordnia (32); as etapas do Egito at Moabe (33); normas para a ocupao e

    distribuio da Cisjordnia (33.50-56; 34); designao das cidades levticas e de refgio

    (35); disposies para manter inalterada a primitiva distribuio (36).

    A julgar pelo resumo, o presente livro compreende um perodo de cerca de

    trinta e oito anos e meio. Sobre a maior parte desse perodo (os trinta e oito anos no

    deserto) narra-nos apenas uns poucos fatos, mas muito notveis pelo significado

    religioso, como a serpente de bronze, a sedio de Cor, os vaticnios de Balao, a gua

    brotada da rocha; fatos dos quais os apstolos no Novo Testamento tiraram utilssimas

    lies (1Co 10.1-11; Hb 3.12-19; Jo 3.14-15). No centro do drama acham-se dois fatos

    semelhantes entre si, duas sedies do povo contra Moiss, executor das ordens divinas;

    a primeira (14), originada pela repugnncia em empreender a conquista da Palestina; a

    segunda (20), por falta de gua. At Moiss, que por um instante duvidou da clemncia

    divina e por isso teve de deixar a outros o remate de sua obra, a conquista de Cana (cf.

    Dt 34).

    O livro dos Nmeros importante para a literatura porque, entre outras

    coisas, nos conservou fragmentos de antiqssimos cnticos populares (21.17), com a

    indicao de colees - j existentes, como "o Livro das guerras do Senhor" (21.14), do

    qual no se tem outra meno.

  • 46

    Deuteronmio Repetio das Leis

    Ento protestars perante o Senhor, teu Deus.... (Dt 26.5-11)

    O quinto e ltimo livro do Pentateuco foi chamado Deuteronmio, isto ,

    "segunda lei," talvez porque assim tenha sido traduzida, embora inexatamente pelos

    LXX, uma frase hebraica em 17.18. No entanto, convm-lhe perfeitamente esse nome. O

    livro no uma simples repetio da legislao contida nos livros precedentes, mas alm

    de leis novas, oferece complementos, esclarecimentos e modificaes s primeiras. , de

    certo modo, uma segunda lei, promulgada no fim da longa peregrinao dos israelitas,

    paralela lei dada no Sinai e destinada a regular mais de perto a vida do povo escolhido,

    no solo da Terra Prometida qual eles estavam para chegar e dela tomar posse

    definitiva. No , porm, simples enumerao de leis e determinaes; o que caracteriza

    esse livro, o que lhe constitui a alma, um ardente sabor oratrio. Este livro nos faz

    ouvir um Moiss que exorta, encoraja; inculca observncia das leis, a comear dos

    grandes princpios morais; apela para os mais poderosos motivos, evoca a glria do

    passado, a misso histrica de Israel, os triunfos do porvir. Na mente do autor sagrado

    temos o testamento definitivo, que o grande guia e legislador deixa ao povo de Deus s

    vsperas da sua morte. Pelo estilo, o Deuteronmio um discurso, ou melhor, vrios

    discursos, dirigidos por Moiss aos israelitas. Deduz-se da a diviso do livro em quatro

    partes:

    1 parte: 1 discurso (1-4): olhar retrospectivo aos fatos acontecidos desde

    a partida do Horeb at s ltimas conquistas da Transjordnia; exortao geral

    observncia da lei (4.1-40).

    2 parte: 2 discurso: renovao da lei (4.44). Princpios gerais: o Declogo

    (5); o culto e o amor ao nico Deus verdadeiro (6); guerra idolatria (7); benefcios de

    Deus, censura da infidelidade anterior de Israel, promessas e ameaas (8.11); as

    injustias de Israel (9); as segundas tbuas da lei, a vocao da tribo de Levi, exortao

    obedincia (10); e as bnos e maldies (11).

    Leis especiais: Deveres religiosos. Unicidade do santurio e disposies

    relativas (12.1-28); contra a apostasia (12.29-32); os falsos profetas e idolatras (13);

    alimentos e dzimos (14); ano da remisso (15); as trs grandes solenidades anuais

    (16.1-17).

    Direito pblico: Juizes (16.18-20), rei (17.14-20), sacerdotes (18.1-8),

    profetas (18.15-22); homicdio involuntrio (19), guerra (20), homicdio por mo

    desconhecida (21.1-9).

  • 47

    Direito familiar e privado: Grande variedade - os pontos principais so:

    matrimnio (21.10-14, 22.13-30), filhos (21.15-21), levirato (25.5-10), deveres de

    humanidade (22.1-12; 23.15-20; 24.7), honestidade (25.13-19), votos (23.21-23),

    primcias e dzimos (26).

    3 parte: 3 e 4 discursos: ordem de promulgar a lei em Siqum, maldies

    para os transgressores (27), promessas e castigos (28). Exortao observncia da lei,

    com a recordao dos fatos histricos, das promessas e das ameaas (29-30).

    4 parte. Apndice histrico. ltimas disposies de Moiss, nomeao de

    Josu, seu sucessor (31); cntico de Moiss (32), bno das doze tribos (33), morte de

    Moiss (34).

    Vimos nessas linhas: O amor de Deus, beneficncia, alegria no cumprimento

    do dever, e princpios inculcados e repetidos com solicitude incansvel. Por isso,

    perpassa-o um sopro ardente de sincera e profunda piedade para com Deus e uma

    ternura simptica pelo homem, que edifica e comove. H pginas que se aproximam da

    sublimidade divina dos ensinamentos evanglicos, mais do que quaisquer outras.

  • 48

    A Conquista de Cana (Josu)

    Muitos estudiosos crem que os seis primeiros livros formam uma unidade,

    por estarem alicerados sobre fontes comuns de informao, assim eles agrupam o livro

    de Josu juntamente com o Pentateuco, formando ento o Hexateuco. Em sua forma

    atual, muitos acreditam ser um produto essencial da escola deuteronmica de

    historiadores, tambm chamada fonte informativa D. No entanto, tambm acreditam que

    material mais antigo foram acrescentados na narrativa, proveniente das fontes J e E.

    O livro de Josu contm a narrao da conquista da Terra Prometida pelos

    israelitas, a qual foi dividida entre as doze tribos:

    Suas partes:

    Caps 1-12 narram a conquista da Terra Prometida;

    Caps 13-21 relatam a diviso da terra entre as doze tribos;

    Caps 22-24 registram os atos e discursos finais de Josu.

  • 49

    Em todo livro de Josu, como tambm nos demais livros do AT, mostram

    que as vitrias e a prosperidade de Israel sempre dependeram da obedincia espiritual

    s exigncias da lei divina.

    No entanto, as conquistas no foram completas. Pois, Israel deixou que

    muitos nativos continuassem no territrio, sendo posteriormente necessrio realizar

    diversas correes.

    Autoria:

    Se de fato Josu foi o autor, ento o livro pode variar entre 1400 1200

    a.C. Mas, muitos eruditos modernos acreditam que se trata de uma obra annima,

    compilada em alguma data posterior a conquista da Palestina. A maioria dos eruditos

    liberais parte do pressuposto de que o livro foi escrito algum tempo antes, ou bem pouco

    tempo depois do cativeiro babilnio (586 a.C.). Outros acreditam que Finias pode ter

    sido o autor de certas partes do livro de Josu. Ele era filho e sucessor de Eleazar, o

    sumo sacerdote, e foi uma das colunas de Israel, naquele tempo (Nm 25.7-13). Ele

    tambm foi figura proeminente na soluo das disputas em torno do altar erigido pelas

    duas tribos e meia que residiram na parte oriental do Jordo (Js 22.10-34).

    Propsito:

    Os hebreus viviam como nmades, desde a libertao dos hebreus do

    cativeiro egpcio at o livro de Deuteronmio. No momento dessa conquista o povo de

    Deus passou a se estabelecer como tribos.

    Nisso vemos o propsito principal desse livro, que demonstrar a fidelidade

    de Deus s suas promessas, a qual guiou o seu povo at a terra de Cana, conforme

    tambm os tirara do Egito (Gn 15.18; Js 1.2-6). A narrativa da conquista altamente

    seletiva e abreviada. Os acontecimentos enumerados foram considerados suficientes para

    servir aos propsitos que os autores sagrados tinham em mente.

    ... A tua descendncia dei esta terra, desde o rio do Egito at o grande rio Eufrates..

    (Gn 15.18)

  • 50

    Juzes (Os Libertadores)

    O ttulo do livro dado como referncia aos 12 juzes que presidiram os

    israelitas durante um perodo de aproximadamente 350 anos, entre o falecimento de

    Josu e a subida do primeiro rei ao trono (Saul).

    O perodo antes dos