anotação simme

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- Indiferença x aversão - O conflito gera unidade para uma das partes envolvidas se uma delas for aniquilada. - Simmel não nega a unidade do individuo e da sociedade. Ve apenas que essa unidade não é puramente convergente, mas conflituosa (convergente e divergente). As sociologias de Georg Simmel – Vandenberghe Sociologia e epistemologia: Reformulando o princípio de dupla dualidade (posição forma-conteúdo + interação) Simmel conclui, em primeiro lugar, que a sociedade não é uma substância concreta, mas um processo de associação, isto é, um processo contínuo e criador de interações espirituais entre os indivíduos, religando-os uns aos outros (princípio da interação); e, em segundo lugar, que, para construir seu objeto, a sociologia depende de um método e, portanto, de processos de abstração e síntese de dados das experiências que ela implica (oposição das formas e dos conteúdos). As formas de associação: Por “associação”, Simmel entende os processos de interação microssociológicos que são o cadinho da sociedade. Para construir uma associação, não basta interagir, é preciso ainda que os indivíduos em interação “uns com, para e contra os outros” formem, de alguma

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notas simmel

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- Indiferena x averso - O conflito gera unidade para uma das partes envolvidas se uma delas for aniquilada.- Simmel no nega a unidade do individuo e da sociedade. Ve apenas que essa unidade no puramente convergente, mas conflituosa (convergente e divergente).

As sociologias de Georg Simmel Vandenberghe

Sociologia e epistemologia:Reformulando o princpio de dupla dualidade (posio forma-contedo + interao) Simmel conclui, em primeiro lugar, que a sociedade no uma substncia concreta, mas um processo de associao, isto , um processo contnuo e criador de interaes espirituais entre os indivduos, religando-os uns aos outros (princpio da interao); e, em segundo lugar, que, para construir seu objeto, a sociologia depende de um mtodo e, portanto, de processos de abstrao e sntese de dados das experincias que ela implica (oposio das formas e dos contedos).

As formas de associao: Por associao, Simmel entende os processos de interao microssociolgicos que so o cadinho da sociedade. Para construir uma associao, no basta interagir, preciso ainda que os indivduos em interao uns com, para e contra os outros formem, de alguma maneira, uma unidade, uma sociedade e estejam conscientes disso. preciso que o indivduo saiba que, agindo com os outros, ele determina tanto suas aes quanto determinado por ela e que esteja consciente de que a forma, com eles, uma unidade de ordem social. A conscincia de formar com os outros uma unidade aqui a nica unidade em questo.Precisando, desse modo, que a sociedade depende do domnio do inter-humano, essa esfera interacional emergente do encontro dialgico das conscincias, diferentemente de Durkheim, que estuda os fatos sociais como coisas exteriores as conscincias individuais (introduo diferena entre Simmel e Durkheim).

Interacionismo metodolgico: a ao recproca entre os indivduos, e no a ao individual ou totalidade social, que a unidade elementar da sociologia simmeliana. No se trata de interpretar o fato social como um efeito de agregao ou de composio produzida pela combinao de aes individuais (Durkheim), nem de deduzir as aes individuais do todo social, mas antes, de interpretar este ltimo como resultado das interaes cotidianas que ligam os indivduos uns aos outros. (Relacionar com Barth a partir da influencia de da obra de Simmel sobre Gofffman).

A sociologia formal:As formas que estruturam e unificam as interaes se deixam, elas prprias, analisar-se em uma perspectiva dualista como sntese de foras opostas. As relaes sociolgicas so condicionadas de modo absolutamente dualista: a unio, a harmonia, a cooperao, que valem, como tais, como foras socializantes, devem estar atravessadas pela distncia, pela concorrncia, pela repulso para dar lugar s configuraes reais da sociedade; as vastas formas de organizao, que constroem ou que parecem construir a sociedade, devem continuamente ser perturbadas, desequilibradas, corrodas por foras individualistas e irregulares, para obter, cedendo e resistindo, a vivacidade de sua reao e de seu desenvolvimento; as relaes ntimas, que so regidas pela aproximao corporal e mental, perdem sua atrao e mesmo seu contedo, na medida em que no incluem de maneira simultnea e alternada tambm a distncia e a intermitncia.Polaridades fundamentais para a sociologia das formas sociais: distino-imitao; oposio-integrao; resistncia-submisso; diferenciao-expanso; distanciamento-aproximao. As formas sociais apresentam-se como uma combinao de tendncia opostas, sendo seus ensaios (como o conflito) uma aplicao sinttica do princpio dualista.

O Conflito:Sempre em busca da unidade na dualidade ou da dualidade na unidade, o pensamento de Simmel profundamente dualista. O conflito uma forma de associao que combina harmonia e discrdia. O conflito uma forma de interao e, portanto, de associao; toda a associao contm um elemento de conflito.

As funes do conflito:Definindo o conflito como uma fora positiva, funcional, contribuindo para a constituio da sociedade, Simmel ultrapassa de uma s vez a oposio central dos anos 60 e 70 entre as sociologias de inspirao durkheimeana do consenso e as sociologias marxista-weberiana do conflito. Certamente o conflito , de incio, o sinal de uma oposio e de uma hostilidade, mas, como ele une os oponentes em uma mesma luta e a propsito de um mesmo litgio, resulta da, que no h oposio sem adeso, no h dissenso sem consenso. Se excetuar-se o caso limite da guerra de extermnio, o conflito pressupe o reconhecimento do inimigo e de seus interesses, pois sem interesses e sem apostas comuns, de modo algum haveria conflito, j que este estaria, ento, sem objeto. quase inevitvel que um elemento de comunho se misture hostilidade, ali onde o estado de violncia aberta cedeu a vez a uma outra relao, manifestando talvez uma quantidade de hostilidade bastante forte entre as partes.Alm desse consenso fundamental subtendido no conflito, as partes misturadas que se unem para lutar aceitam e reconhecem de modo recproco a existncia de normas e de regras moderando o combate. Passando das guerras s desavenas conjugais, pode-se, de resto, observar com Simmel que, em certos casos, a discrdia pode ser um ndice indireto da estabilidade do casal. Como se sabe que uma crise no pode afetar os fundamentos da relao, no necessrio manter a paz a todo custo. Levando-se em conta isso, os conflitos podem se exprimir mais livremente.

O conflito intragrupal:Na polemologia de Simmel, podem-se distinguir os efeitos de associao engendrados pelo conflito segundo sua manifestao no interior de um grupo ou entre grupos. Simmel nota que a discrdia intragrupal ser tanto mais intensa quanto mais as partes envolvidas tiverem algo em comum e forem prximas umas das outras (relacionar com Evans-Pritchard conflito entre sees tribais e grupos domsticos). Esse o caso, pois quanto mais as partes se parecem, mais elas investiro suas pessoas na luta, como se v com frequncia nas relaes fusionais que fracassam, transforma os antigos amantes em inimigos jurados. Isso de modo algum prova que a harmonia j estava em declnio, pois bem possvel que, precisamente por causa da similaridade de qualidades, inclinaes e convices, um desacordo em pontos insignificantes seja sentido como uma coisa insuportvel.

O conflito intergrupal:Se as discrdias intragrupais colocam prova a unidade do grupo, as lutas intergrupais reforam, ao contrrio, a coeso no interior do grupo (relacionar com Barth e Foote-Whyte). Confrontado com uma ameaa vinda do exterior, o grupo deve, para assegurar sua prpria existncia, afirmar sua prpria identidade e acentuar seus limites, mobilizar as energias de seus membros e centralizar suas atividades. Em tempos de paz, o grupo pode tolerar os antagonismos e as dissenses internas que o percorrem; em tempos de guerra, ele deve fazer calar suas dissenses internas, revogar as liberdades e centralizar o poder (ex. votao rapazes esquina e formados). Simmel acrescenta que at pode ser interesse do grupo sair procura de inimigos a fim que a unidade dos membros permanea efetiva e o grupo mantenha conscincia de sua unidade como interesse vital.