ano i - n° 4 - outubro 2011 apresentação nesta edição · r$ 23,75/sc para r$ 22,50/sc. no...

11
Prezado Leitor, A quarta edição do Bioinfor- mativo conta com matérias de grande relevância para o setor bioenergético e para a agricultura familiar, expondo informações importantes e pertinentes à cadeia produtiva como um todo. A primeira matéria trata dos preços das oleaginosas pagos pelas co- operativas ao agricultor familiar no mês de setembro e suas variações no decor- rer do semestre. A importância da soja na produção de biocombustíveis e na agricultura é discutida na segunda ma- téria, onde a análise de fatores sociais também são abordados. Em seguida, a viabilidade econômico-financeira das usinas de biocombustíveis é analisa- das utilizando como matéria-prima prin- cipal de transformação o grão de soja. Para finalizar a edição, o es- paço MDA discute e esclarece dúvidas relacionadas ao Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel – PNPB. Apresentação Nesta Edição Ano I - N° 4 - Outubro 2011 Estudos sobre a Viabilidade de Usinas de Biodiesel: Grão de Soja SELO COMBUSTÍVEL SOCIAL: VANTAGENS PARA TODOS! Oferta de Oleaginosas preços da agricultura familiar UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 1 REALIZAÇÃO: APOIO: foto: sxc.hu

Upload: vandat

Post on 06-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ano I - N° 4 - Outubro 2011 Apresentação Nesta Edição · R$ 23,75/sc para R$ 22,50/sc. No Paraná o aumento foi de 4,44% (de R$ 21,48/sc para R$ 22,43/sc). Já no Rio Grande

Prezado Leitor,

A quarta edição do Bioinfor-mativo conta com matérias de grande relevância para o setor bioenergético e para a agricultura familiar, expondo informações importantes e pertinentes à cadeia produtiva como um todo.

A primeira matéria trata dos preços das oleaginosas pagos pelas co-operativas ao agricultor familiar no mês de setembro e suas variações no decor-rer do semestre. A importância da soja

na produção de biocombustíveis e na agricultura é discutida na segunda ma-téria, onde a análise de fatores sociais também são abordados. Em seguida, a viabilidade econômico-financeira das usinas de biocombustíveis é analisa-das utilizando como matéria-prima prin-cipal de transformação o grão de soja.

Para finalizar a edição, o es-paço MDA discute e esclarece dúvidas relacionadas ao Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel – PNPB.

Apresentação

Nesta Edição

Ano I - N° 4 - Outubro 2011

Estudos sobre a Viabilidade de Usinas de Biodiesel:Grão de Soja

SELO COMBUSTÍVEL SOCIAL: VANTAGENS PARA TODOS!

Oferta deOleaginosas

preços da agricultura familiar

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

1

REALIZAÇÃO: APOIO:

foto: sxc.hu

Page 2: Ano I - N° 4 - Outubro 2011 Apresentação Nesta Edição · R$ 23,75/sc para R$ 22,50/sc. No Paraná o aumento foi de 4,44% (de R$ 21,48/sc para R$ 22,43/sc). Já no Rio Grande

O preço médio da soja nego-ciada com os agricultores familiares no mês de setembro de 2011 teve varia-ção positiva de 2,91% no mercado convencional, passando de R$ 40,10/sc em agosto para R$ 41,26/sc em setembro (Tabela 1). Esse movimento positivo nos preços foi observado ao longo dos últimos quatro meses (Grá-fico 1), refletindo o aumento do preço da soja no mercado internacional. O valor negociado dentro do programa Selo Combustível Social, acrescido de bônus, também variou positiva-mente em 2,63 %, aumentando de R$ 41,85/sc em agosto para R$ 42,95/sc em setembro. A média do bônus pago pela soja de agricultura familiar foi de R$ 1,68/sc, equivalente a um decréscimo de 3,84% em relação a agosto.

A maior variação positiva no mercado convencional da soja fa-miliar ocorreu no estado do Paraná, 4,07%, e a negativa se fez no estado de Minas Gerais, -0,96%. Estes esta-dos também obtiveram os valores ex-tremos no mercado com selo, variando em 4,35% no Paraná e -0,9% em Minas Geais. Na maioria dos estados (Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina) o valor dos bônus permaneceu estável de agosto para setembro. No Rio Grande do Sul o bônus foi acrescido em 2,78%, o que é decorrente da renovação dos con-tratos entre as cooperativas, esmaga-doras e usinas. A grande variação ocorreu no estado de Goiás, em que o bônus caiu -13,07%. A queda é fruto, em parte, da mudança de metodologia no cálculo do bônus. Até o mês de

setembro era calculado levando-se em conta um valor extra pago pela soja não transgênica naquele estado. Como esse último valor não diz res-peito ao Selo Combustível Social, o valor extra foi retirado do cálculo. Os valores corrigidos já estão dis-poníveis no site biomercado.com.br. Os estados do sul, seguidos de Goiás, obtiveram os maiores preços da soja, sendo que no Mato Grosso e em Minas Gerais os preços foram meno-res. Considerando a soja negociada dentro do selo, Goiás passa a ser o estado que remunera melhor a soja da agricultura familiar, em seguida temos os estados do sul. Isso se deve ao fato do estado de Goiás oferecer o maior bônus do país, mesmo com a mudança de metodologia no cálculo.

Preços da Agricultura Familiar

Ano I - N° 4 - Outubro 2011

Estado Mercado Selo Bônus GO 42,52 45,43 2,90MG 38,63 41,13 2,50MT 39,46 40,66 1,20PR 42,72 43,72 1,00RS 42,32 43,56 1,23SC 41,94 43,19 1,25Brasil 41,26 42,95 1,68

Tabela 1 –Preços médios da soja em R$/sc em setembro de 2011

Fonte: Dados coletados nas cooperativas de agricultura familiar.

2

SOJA

Gráfico 1 – Médias mensais do preços em R$/sc da soja no mercado convencional e pelo selo combustível social no Brasil. Fonte: Cooperativas de agricultura familiar.

Page 3: Ano I - N° 4 - Outubro 2011 Apresentação Nesta Edição · R$ 23,75/sc para R$ 22,50/sc. No Paraná o aumento foi de 4,44% (de R$ 21,48/sc para R$ 22,43/sc). Já no Rio Grande

Preços da Agricultura Familiar Preços da Agricultura Familiar

Ano I - N° 4 - Outubro 2011

Análise e Cotações

3

Gráfico 2 – Médias mensais dos preços em R$/ton do caroço de algodão.Fonte: Cooperativas de agricultura familiar.

CAROÇO DE ALGODÃO O preço do caroço de algodão permaneceu em setembro no mesmo patamar do mês de agosto no estado de Minas Gerais, cotado a R$ 500/ton. Já no estado do Mato Grosso, houve

uma queda de 2,74% em relação a agosto, passando de R$ 329/ton para R$320/ton. Segundo o Gráfico 2, o preço do caroço de algodão em ambos os estados são bastante estáveis, sem

tendência de alta ou de redução nos últimos quatro meses.

Análise e Cotações

Produtos Unidade Praça

BA CE GO MG MT PB PR RS SC SE SPAlgodão* Tonelada - - - 500 320 - - - - - -Amendoim** Sc 25kg - - - - - - - - - -Mamona*** Sc 60kg 98,13 - - - - - - - - - -Girassol Sc 60kg - - - - - - - - - 45,48 -Milho Sc 60kg - - 22,50 - 22,42 - 22,43 24,83 24,33 - -

Tabela 2 – Preço em R$ do caroço de algodão, amendoim, mamona, girassol e milho por estado no mês de setembro de 2011.

Fonte: Dados coletados nas cooperativas de agricultura familiar, com exceção do algodão e amendoim.*caroço. ** produto com casca para a produção de óleo (impróprio para consumo in natura). *** sem casca.

Page 4: Ano I - N° 4 - Outubro 2011 Apresentação Nesta Edição · R$ 23,75/sc para R$ 22,50/sc. No Paraná o aumento foi de 4,44% (de R$ 21,48/sc para R$ 22,43/sc). Já no Rio Grande

Ano I - N° 4 - Outubro 2011

Preços da Agricultura Familiar

4

Gráfico 3 – Médias mensais dos preços em R$/sc do amendoim no estado de São Paulo. Cooperativas de agricultura familiar.

Gráfico 4 –Médias mensais dos preços em R$/sc da mamona na Bahia.Fonte: Cooperativas de agricultura familiar.

AMENDOIM

MAMONA O acompanhamento do preço da mamona no estado da Bahia, prin-cipal produtor no Brasil, indica que a média mensal caiu 3,8% de agosto para setembro, passando de R$ 102/

O amendoim no estado de São Paulo sofreu grande retração de preço no mês de setembro, -20,89%. O preço

sc naquele mês para R$ 98,13/sc em setembro. De acordo com o Gráfico 4, não é constatada nenhuma tendência de queda nos preços. Contudo, a redução de agosto para setembro pode estar asso-

caiu de R$ 32,06 por saca de 25 kg em agosto para R$ 25,36 em setembro. Apesar da forte retração, os preços

ciada a redução da compra de mamona por parte do atravessadores no final da safra no estado.

em setembro (Gráfico 3) ainda se en-contram em um patamar acima do de julho desse ano.

 

Page 5: Ano I - N° 4 - Outubro 2011 Apresentação Nesta Edição · R$ 23,75/sc para R$ 22,50/sc. No Paraná o aumento foi de 4,44% (de R$ 21,48/sc para R$ 22,43/sc). Já no Rio Grande

Preços da Agricultura Familiar

Gráfico 5 – Médias mensais dos preços em R$/sc do girassol no estado de Sergipe.Fonte: Cooperativas de agricultura familiar.

GIRASSOL

MILHO O milho foi cotado em Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No primeiro es-tado o milho variou em -5,61% em relação a agosto, passando de R$ 23,75/sc para R$ 22,50/sc. No Paraná o aumento foi de 4,44% (de R$ 21,48/sc para R$ 22,43/sc). Já no Rio Grande do Sul variou em 1,03% (de R$ 24,58/sc para R$ 24,83/sc) e em Santa Catarina

O acompanhamento sistemático do preço do girassol não pode ser feito de forma contínua para todos os estados, uma vez que, o volume produzido é rela-tivamente baixo e negociado logo após a

em -0,68 (de R$ 24,50/sc para R$ 24,33/sc). A evolução dos preços do milho nos estados de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul ao longo dos últimos quatro meses encontra-se no Gráfico 6. É perceptível uma queda na cotação do milho no estado de Mato Grosso após a grande elevação ocorrida no mês de agosto. Contudo, o preço do milho neste estado encontra-se

colheita, majoritariamente no período da safrinha. Dessa forma, só foram coleta-dos os preços para o estado de Sergipe. Neste estado, o preço do girassol variou em -9,22%, passando de R$ 50,10/sc em

equiparado ao preço no Paraná, es-tado em que normalmente o preço do milho é maior. Assim, espera-se que o preço do milho em Mato Grosso obtenha redução. Paraná e Rio Grande do Sul atingiram tendências de alta semelhantes. Não houve cotação do milho para o estado de Sergipe.

agosto para R$ 45,48/sc em setembro. A variação do preço da oleaginosa, de julho a setembro de 2011, pode ser observada no Gráfico 5.

Ano I - N° 4 - Outubro 2011

Preços da Agricultura Familiar

5

Gráfico 6 – Médias mensais dos preços em R$/sc do milho nos estados de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul.Fonte: Cooperativas de agricultura familiar.

 

Page 6: Ano I - N° 4 - Outubro 2011 Apresentação Nesta Edição · R$ 23,75/sc para R$ 22,50/sc. No Paraná o aumento foi de 4,44% (de R$ 21,48/sc para R$ 22,43/sc). Já no Rio Grande

6

A soja é um dos grandes expoentes da produção de óleo vegetal no Brasil e representou cerca de 80% das matérias-primas utilizadas para a produção de bio-diesel no ano de 2010. Até setembro de 2011, a participação da oleaginosa foi de mais de 83%, o que confirma a sua im-portância para a produção do biodiesel no país.

Ao olhar para a base de ma-térias-primas da agricultura familiar, a participação da soja se torna ainda mais importante. Dados do Ministério do De-senvolvimento Agrário (MDA) apontam que 95% da matéria-prima negociada dentro do programa Selo Combustível Social é soja. Isso ocorre porque a cadeia de produção da soja da agricultura fa-miliar é mais organizada e disseminada do que as outras oleaginosas. De acordo com dados recentes da Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal (ABIOVE), o setor de esmagamento é movido por 107 usinas, sendo que 101 esmagam exclusivamente

soja. Desse total, 81 estão em atividade com capacidade de produzir 177,8 mil toneladas de óleo dia.

A soja também cumpre o seu papel social dentro do PNPB. Segundo Mauro Makoski do Rosário, gerente co-mercial da Cooperativa Alto Uruguai – Cotrimaio (localizada em Três de Maio – RS com mais de 11.500 cooperados), um dos pontos fortes do PNPB está re-lacionado à melhoria da assistência técnica para os agricultores familiares, que é custeada pelas empresas de bio-diesel. Isso possibilitou, de acordo com Mauro,“a realização de visitas mais constantes”, permitindo um maior acom-panhamento dos processos realizados do plantio até a colheita. A melhoria da assistência técnica levou a um uso mais racional de insumos, transferência de tec-nologia, e, consequentemente, aumento da produtividade da agricultura familiar, que cresceu de 40sc/ha para algo em tor-no de 50-55sc/ha nos últimos três anos. O gerente comercial da Cotrimaio sa-

lienta que os agricultores familiares se sentem valorizados, melhorando assim o poder de barganha frente ao mercado e, assim, refletindo na renda da agricultura familiar. Mérito das empresas envolvidas na cadeia, que pagam um bônus para a soja da agricultura familiar, com a finali-dade de alcançar as metas do Selo Com-bustível Social.

Apesar do bom desempenho da soja, as cooperativas buscam a diversi-ficação da base de matérias-primas. As-sim, há iniciativas junto aos agricultor es familiares do complexo agroindustrial da soja para a produção de outras oleagino-sas, principalmente para rotação de cul-turas, tais como o nabo forrageiro, canola e girassol. Assim, o setor da soja se con-figura como um centro de convergência para a produção de outras oleaginosas para o PNPB. Esse processo só não avan-ça mais em função de dificuldades quan-to à colheita da canola, pragas no girassol e ainda a baixa produtividade dessas cul-turas, o que as tornam pouco lucrativas.

O PNPB permitiu que os produ-tores de soja da agricultura familiar ganhassem por dois lados. Primeiro, eles aumentam a produtividade mediante as-sistência técnica, o que reduz o custo de produção da soja. Segundo, eles aumen-tam as receitas, mediante o pagamento do bônus. Nesse sentido, as cooperativas e agricultores buscam cada vez mais uma maior inserção no PNPB. Novas cooper-ativas estão sendo cadastradas como for-necedoras de oleaginosas nos critérios do Selo Combustível Social, permitindo a ampliação da produção de biodiesel com inserção social.

Soja garante o fornecimento da Agricultura Familiar para o PNPB

Matéria especial

Ano I - N° 4 - Outubro 2011

Page 7: Ano I - N° 4 - Outubro 2011 Apresentação Nesta Edição · R$ 23,75/sc para R$ 22,50/sc. No Paraná o aumento foi de 4,44% (de R$ 21,48/sc para R$ 22,43/sc). Já no Rio Grande

Estudos sobre a Viabilidade de Usinas de Biodiesel: Grão de Soja

1. Avaliação do panorama histórico de preços

Para a presente avaliação, foram utilizados os preços da soja (média mensal) nos estados de Goiás e Rio Grande do Sul no período cor-respondente a agosto de 2001 a julho de 2011. Considerou-se, também, o custo relacionado ao estoque anual, a média dos preços de venda do bio-diesel desde 2008 nos leilões e a mé-dia dos preços do farelo nos últimos dez anos na praça de São Paulo.

Os seguintes valores foram utilizados: a) preço da soja de R$ 0,78/kg no RS e de R$ 0,73/kg em GO; b) preço do biodiesel de R$ 2,45 por litro; c) preço do farelo de R$ 0,76/kg; d) preço da glicerina de R$ 0,375/kg.

As quatro unidades (600 TPD-RS, 2000 TPD-RS, 600 TPD-GO e 2000 TPD-GO) demonstraram viabilidade econômico-financeira, com

um retorno de capital investido num curto período de tempo (aproximada-mente 3 anos em Goiás e 5 anos no Rio Grande do Sul), com Valores Pre-sentes Líquidos (VPLs) equivalentes à R$ 81,8 milhões, 331,9 milhões, 23,9 milhões e 144,6 milhões, respec-tivamente (Tabela 3).

Além disso, nota-se que a composição dos custos de produção do biodiesel (Gráfico 7), tem como componente de maior participação a matéria-prima. Seu valor de aqui-sição representou cerca de 85% dos custos totais para todas as unidades. Os outros componentes de custo também relevantes foram: insumos, tributos (PIS/PASEP e COFINS) e custos fixos.

Os dados da Tabela 3 indi-cam um melhor retorno da usina de 396 m³/dia em relação à de 119 m³/dia. Isso se explica pelo fato de uma

unidade de maior porte não ter seus custos de produção aumentados na mesma proporção da quantidade de produto a ser comercializado, devido a uma diluição da participação dos custos fixos no custo total, o que gera uma redução no custo de produção do biodiesel. O custo com investimentos por tonelada de biodiesel é inferior na unidade de maior porte, e, por con-sequência, o retorno no capital inves-tido é maior.

Assim, conclui-se que, em re-lação à média do preço da oleaginosa e do biodiesel, é viável a implanta-ção das unidades avaliadas no estudo para os locais citados. No entanto, tal viabilidade pode oscilar em função da variação dos preços do grão de soja e do farelo, como mostrará a segunda avaliação deste estudo.

Os estudos de viabilidade foram desenvolvidos com base em uma unidade conjunta de planta de biodiesel acoplada a uma unidade de óleo vegetal. As capacidades escolhi-das para o estudo foram de 600 e 2.000 toneladas por dia (TPD) de soja utili-zando extração por solvente, gerando cerca de 119 m³ e 396 m³ de biodiesel, respectivamente.

Os estados do Rio Grande do Sul e de Goiás foram escolhidos como

a base geográfica para as análises re-alizadas, devido ao grande número de agricultores familiares vinculados ao plantio de soja e ao grande potencial de crescimento da produção da oleagi-nosa nesses estados.

Uma unidade produtiva de 600 TPD representa uma empresa de médio porte para produção de óleo de soja, mínimo a ser processado para a viabilidade do processo. Já a unidade de 2.000 TPD designa uma usina de

grande porte, equivalendo atualmente a 0,96% da produção nacional de óleo de soja, 9,0% em Goiás e 6,5% no Rio Grande do Sul.

Para análise da melhor alter-nativa verificou-se dois panoramas de dados: (I) Avaliação baseada no histórico de preços; (II) Avaliação dos preços pontuais em determinado período. Nesse caso, entre julho e setembro de 2011.

7

Ano I - N° 4 - Outubro 2011

Page 8: Ano I - N° 4 - Outubro 2011 Apresentação Nesta Edição · R$ 23,75/sc para R$ 22,50/sc. No Paraná o aumento foi de 4,44% (de R$ 21,48/sc para R$ 22,43/sc). Já no Rio Grande

Estudos sobre a Viabilidade de Usinas de Biodiesel: Grão de Soja

Tabela 3 – Dados obtidos no estudo de viabilidade da média histórica. Fonte: CONAB

Gráfico 7 – Composição de custos das usinas com base nos dados históricos.

Indicador Unidade Goiás Rio Grande do Sul119 m³/dia 396 m³/dia 119 m³/dia 396 m³/dia

INDÚSTRIAInvestimento Fixo milhões R$ 62,54 185,79 63,66 188,51Invest. Total (Fixo + C.G.) Milhões R$ 95,46 294,69 95,59 294,04Invest. por Ton. Biodiesel R$/ton 2743,82 2541,22 2747,79 2535,63

Prod. Total Biodiesel / ano milhões L 39,18 130,59 39,18 130,59Prod. Total Farelo / ano mil ton 139,17 483,88 139,17 483,88Faturamento Anual milhões R$ 203,57 678,55 203,57 678,55Custo Variável Total / ano milhões R$ 166,13 549,90 177,52 587,14Custo Variável (Soja) / ano milhões R$ 144,42 481,41 155,06 516,87Custo Var. (Soja) / ton R$/ton 729,42 729,41 783,14 783,14Custo Produção de Biodiesel R$/litro 1,89 1,86 2,01 1,98Taxa Interna de Retorno % 30,39 36,08 17,34 22,36T.R.C. anos 3,52 3,04 5,74 4,72Valor Pres. Líq. 12% a.a. milhões R$ 81,80 331,90 23,87 144,63AGRICULTURAÁrea Necessária / ano mil ha 66,00 220,00 66,00 220,00Consumo / ano mil ton 198,00 660,01 198,00 660,01

 

8

Ano I - N° 4 - Outubro 2011

Page 9: Ano I - N° 4 - Outubro 2011 Apresentação Nesta Edição · R$ 23,75/sc para R$ 22,50/sc. No Paraná o aumento foi de 4,44% (de R$ 21,48/sc para R$ 22,43/sc). Já no Rio Grande

Estudos sobre a Viabilidade de Usinas de Biodiesel: Grão de Soja

Indicador Unidade Goiás Rio Grande do Sul119 m³/dia 396 m³/dia 119 m³/dia 396 m³/dia

INDÚSTRIAInvestimento Fixo milhões R$ 62,54 185,79 63,66 188,51Invest. Total (Fixo + C.G.) Milhões R$ 95,46 294,69 95,59 294,04Invest. por Ton. Biodiesel R$/ton 2743,82 2541,22 2747,79 2535,63

Prod. Total Biodiesel / ano milhões L 39,18 130,59 39,18 130,59Prod. Total Farelo / ano mil ton 139,17 483,88 139,17 483,88Faturamento Anual milhões R$ 203,57 678,55 203,57 678,55Custo Variável Total / ano milhões R$ 166,13 549,90 177,52 587,14Custo Variável (Soja) / ano milhões R$ 144,42 481,41 155,06 516,87Custo Var. (Soja) / ton R$/ton 729,42 729,41 783,14 783,14Custo Produção de Biodiesel R$/litro 1,89 1,86 2,01 1,98Taxa Interna de Retorno % 30,39 36,08 17,34 22,36T.R.C. anos 3,52 3,04 5,74 4,72Valor Pres. Líq. 12% a.a. milhões R$ 81,80 331,90 23,87 144,63AGRICULTURAÁrea Necessária / ano mil ha 66,00 220,00 66,00 220,00Consumo / ano mil ton 198,00 660,01 198,00 660,01

Neste segundo estudo, foram tomadas como base usinas deten-toras do Selo Combustível Social, comparando as aquisições mínimas de oleaginosas oriundas da agricul-tura familiar e que são necessárias para a manutenção pela empresa dos direitos referentes ao programa (15% para o Centro-Oeste e 30% para o Sul); e o volume máximo permitido (100% de matéria-prima de agricultores familiares das duas regiões analisadas).

Duas características impor-tantes que devem ser levadas em consideração na avaliação são: a) os benefícios da obtenção do Selo que condicionam melhor participação nos leilões por lote específico, ge-rando maior lucro; b) a diminuição dos impostos cobrados (PIS/PASEP e COFINS) sobre a venda do bio-diesel.

O preço médio da soja pro-veniente da agricultura familiar no período citado para a compra de 15% e 100%, em Jataí (GO), foi de R$ 0,69/kg e R$ 0,73/kg, respectiva-mente; e de 30% e 100%, em Santa Rosa (RS), foi de R$ 0,69/kg e R$ 0,70/kg. O valor do farelo no mesmo período foi R$ 0,67/kg em Goiás e R$ 0,58/kg no Rio Grande do Sul. Além disso, o preço médio do bio-diesel vendido foi de R$ 2,25 por li-tro para usinas detentoras do Selo.

O valor obtido na aquisição de 15% de soja da agricultura familiar em Goiás e 30% no Rio Grande do Sul é calculado segundo as porcenta-gens citadas na compra de soja pro-veniente de agricultores familiares. O restante da soja (85% e 70% da compra) é adquirido pelo preço mé-dio disponibilizado por produtores não enquadrados na agricultura fa-miliar. Já o valor obtido na aqui-sição de 100% é relativo à compra de toda a matéria-prima oriunda de agricultores familiares. Devido a tais circunstâncias, há diferenças nos preços devido ao bônus da agricul-tura familiar praticado nesses estados.

A compra da quantidade máxima e mínima do grão prove-niente da agricultura familiar tem diferentes resultados nos estados analisados. Em Goiás, a redução da incidência dos impostos sobre o valor do biodiesel quando se com-pra 100% de soja dos agricultores familiares não é suficiente para compensar o aumento do preço pago pela matéria-prima, quando comparado a 15% de aquisição de soja de agricultores familiares. Já no Rio Grande do Sul, a redução do PIS/PASEP e COFINS é suficiente para compensar o gasto aumentado pela variação do preço de aquisição da soja de agricultores familiares, o que viabiliza a compra de 100% da produção da oleaginosa dessa

origem em contrapartida aos 30%. O fato ocorre porque há uma maior variação do custo da soja entre grandes produtores e agricultores familiares em Goiás (R$ 0,68/kg e R$ 0,73/kg, respectivamente) do que no Rio Grande do Sul que sofre pouca variação, ou seja, R$ 0,02/kg (R$ 0,68/kg e R$ 0,70/kg), viabili-zando a compra do grão indepen-dente do percentual adquirido.

Ao analisar a viabilidade econômico-financeira das unidades do estado de Goiás, nota-se que os resultados foram mais satisfatórios comparados ao Rio Grande do Sul. O período de retorno foi menor, uma média de 5 anos para rever todo capital investido, enquanto no Sul o valor médio é de 9 anos, veja na Tabela 4.

Outro fator importante na análise é o Valor Presente Líquido, que de acordo com as condições expostas não tornam o sul atrativo, com valores negativos e baixas taxas de retorno. Porém são flexíveis, pois estão diretamente influencia-dos pela matéria-prima, isto é, uma redução no custo de aquisição da oleaginosas poderá trazer melhores resultados para essa região em um horizonte de longo prazo.

2. Avaliação do panorama dos preços de julho a setembro

9

Ano I - N° 4 - Outubro 2011

Page 10: Ano I - N° 4 - Outubro 2011 Apresentação Nesta Edição · R$ 23,75/sc para R$ 22,50/sc. No Paraná o aumento foi de 4,44% (de R$ 21,48/sc para R$ 22,43/sc). Já no Rio Grande

Estudos sobre a Viabilidade de Usinas de Biodiesel: Grão de Soja

Relação entre os dois estudos

Indicador Unidade

Goiás Rio Grande do Sul119 m³/dia 396 m³/dia 119 m³/dia 396 m³/dia

15% 100% 15% 100% 30% 100% 30% 100%

Custo Prod. Biodiesel R$/litro 1,99 2,05 1,96 2,02 2,14 2,13 2,11 2,09

TIR % 17,42 12,42 20,48 16,68 2,81 3,99 7,15 8,36TRC anos 5,74 7,37 4,78 6,10 9,65 9,51 9,22 9,10

VPL 12% a.a. milhões R$ 23,80 1,85 105,31 65,37 -39,23 -34,28 -65,43 -49,18

A comparação entre as duas avaliações mostra que o estudo de via-bilidade com dados históricos gerou resultados melhores, uma vez que, os preços do farelo de soja e do biodiesel foram superiores aos valores obtidos de julho a setembro, o que foi suficien-

te para compensar os custos com ma-téria-prima. Além disso, os melhores resultados econômico-financeiros na venda do biodiesel e farelo aumen-taram a receita, reduzindo assim o tempo de retorno do capital investido e a remuneração esperada do negócio.

No cenário atual (julho a setembro de 2011) os investimentos nas plantas de biodiesel não seriam satisfatórios, contudo, não se espera retornos nega-tivos no longo prazo.

10

Ano I - N° 4 - Outubro 2011

Tabela 4 – Dados obtidos no estudo de viabilidade dos meses de julho a setembro.

Page 11: Ano I - N° 4 - Outubro 2011 Apresentação Nesta Edição · R$ 23,75/sc para R$ 22,50/sc. No Paraná o aumento foi de 4,44% (de R$ 21,48/sc para R$ 22,43/sc). Já no Rio Grande

Relação entre os dois estudos

Espaço MDASELO COMBUSTÍVEL SOCIAL: VANTAGENS PARA TODOS! Ascon/MDA.

Análise e Cotações

Quando os produtores de bio-diesel fomentam a produção de matéria prima (mamona, dendê, girassol, soja, entre outras) da agricultura familiar, eles estão promovendo a inclusão social e o desenvolvimento regional, pois com isso, geram trabalho e renda para estas famílias. Por esse motivo, estes produ-tores recebem o Selo Combustível So-cial, concedido pelo Ministério do De-senvolvimento Agrário (MDA).

A vantagem de ter o Selo Combustível Social é que, com ele, o produtor de biodiesel tem algumas condições especiais:

• Redução em alguns impostos, como o PIS/PASEP e COFINS;

• Direito de oferta priori-tária em leilões públicos da Agência

Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bio-combustíveis (ANP), onde o biodiesel é vendido em grande quantidade;

• Participação assegurada de 80% do biodiesel negociado no país;

• Acesso às melhores condições de financiamento junto aos bancos que operam o Programa (ou outras instituições finan-

ceiras que possuam condições especiais de financiamento para projetos);• Possibilidade de uso do Selo Combustível Social para promover sua imagem no mercado.

PENSE NISSO!

O Governo Federal criou estas vanta-gens pensando também no agricultor familiar. Através de regras e vantagens o governo chama a empresa a partici-par mais efetivamente junto à agricul-tura familiar. Faça as contas. De acordo

com as regras do Programa, quanto mais o produtor de biodiesel comprar da agricultura familiar, menos impostos ele vai pagar. Sendo assim, aquilo que é vantagem para o produtor é vantagem também para as famílias agricultoras que plantam a matéria prima do biodiesel!

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

EXPEDIENTE

O Bioinformativo é uma publicação mensal do Centro de Referêcia da Cadeia de Produção de Biocombustíveis para a Agrigultura Familiar da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Endereço: Centro de Referência da Cadeia de Produção de Biocombustíveis para Agricultura Familiar, Vila Gianetti 25. Campus Universitário – Viçosa, MG. Cep: 36570-000Telefone: 31 3891 0203e-mail: [email protected] nosso site:www.biomercado.com.br

Equipe

Coordenador do Centro de ReferênciaProf. Ronaldo PerezProf. Carlos A. M. Leite

ColaboradorProf. Aziz Galvão da Silva Júnior

Equipe técnicaEdna de Cássia Carmélio (Engenheira de Alimentos)Ester Roberti de Melo (Engenheira de Alimentos)Joélcio Cosme Carvalho Ervilha (Técnico em Agroindústria)Marcelo Dias Paes Ferreira (Bacharel em Agronegócio)

Fernanda Cardoso de MeloAuxiliar adminsitrativo

EstagiáriosAna Carolina Alves GomesAntônio A. M. RodriguesPedro Sartori Neto

Revisão textualJuliana Nedina Souza

Projeto GráficoSamuel Araújo Figueiredo

Colaboração: Ascom/MDA

REALIZAÇÃO: APOIO:

11

Ano I - N° 4 - Outubro 2011