ano cxiv edição 50 domingo, 13.12.2015 r$ 3,20 · em prática a bíblia nos “enche de graça e...

16
1 ISSN 1679-0189 Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira Fundado em 1901 A BÍBLIA O LIVRO DOS LIVROS

Upload: ngodiep

Post on 09-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 · em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren - tar a situação”. ... não são mero “faz de conta”

1o jornal batista – domingo, 13/12/15?????ISSN 1679-0189

Ano CXIVEdição 50Domingo, 13.12.2015R$ 3,20

Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira Fundado em 1901

A BíBliA O livrO dOs livrOs

Page 2: Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 · em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren - tar a situação”. ... não são mero “faz de conta”

2 o jornal batista – domingo, 13/12/15 reflexão

E D I T O R I A L

A Bíblia – O Livro dos livros

Neste domingo , segundo do mês de dezembro as Igrejas Batistas do

Brasil celebram o Dia da Bí-blia, com muita alegria e satisfação. Pois a Bíblia é o fundamento da nossa fé, é a fonte de nosso conhecimento de Deus, é nossa regra de fé e pratica, por isto esta cele-bração é cheia de gratidão a Deus, o Supremo Autor da Bíblia. Ao redor do mundo existem milhões de pessoas que amam e seguem a Bíblia, que buscam em suas palavras o conforto, a esperança, con-fiança e coragem para os em-bates que a vida proporciona. Para que a Bíblia chegasse até nós muitas pessoas foram per-seguidas, deram suas vidas, na conservação do texto, na impressão, na distribuição, na

tradução das línguas originais e tantos e tantos outros aspec-tos que nos permitem hoje ter a mão com muita facilidade o texto sagrado. A história do cristianismo está repleta de registros de pessoas que não mediram esforços, com o risco da própria vida, para não perderem a Bíblia. A his-tória recente tem apresentado pessoas e mais pessoas que chegaram ao conhecimen-to da verdade após terem acesso ao texto sagrado. Nos relatos de muitos de nossos missionários podemos ter conhecimento de pessoas que se tornaram cristãs lendo trechos da Bíblia, Deus tem permitido que, com os esfor-ços dos Batistas brasileiros, muitas pessoas no Brasil e no mundo conheçam a Bíblia e tenham as suas vidas transfor-

madas. Muitas destas pessoas nunca tiveram a oportunida-de de falar, de conversar, de ter contato com um cristão, mas o fato de lerem a Bíblia em suas línguas têm os leva-do a confessarem o Senhor como Salvador e se tornarem cristãos. Outro fato que nos chama atenção é a unidade da Bíblia em seus sessenta e seis livros, o entrelaçamento, a indivisibilidade que existe entre o Velho e Novo Tes-tamento é impressionante. No Novo Testamento vamos encontrar pelo menos 1040 citações do Velho, quase to-dos os autores dos livros do Velho Testamento são citados no Novo. Li de um cristão que emprestou um Novo Testamento a um amigo, que não conhecia a Bíblia, ao final da leitura ele procurou

seu amigo e disse: “Quero ler o princípio deste livro”. É tarefa inacabada tentar enu-merar o impacto que a leitura da Bíblia tem causado na vida de milhares e milhares de pessoas ao redor do mundo, mas ao mesmo tempo é ta-refa inacabada fazer chegar o Livro Sagrado a todos que ainda não o conhecem, que precisam e desejam conhecer a Palavra de Deus. Que neste domingo nossa celebração também seja um momento de fazer chegar a bendita Palavra a mãos e corações de muitas pessoas que ainda não conhecem a Bíblia – O Livro dos livros.

Sócrates Oliveira de Souza,diretor executivo da

Convenção Batista Brasileira

O JORNAL BATISTAÓrgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso.

Fundado em 10.01.1901INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189

PUBLICAÇÃO DOCONSELHO GERAL DA CBBFUNDADORW.E. EntzmingerPRESIDENTEVanderlei Batista MarinsDIRETOR GERALSócrates Oliveira de SouzaSECRETÁRIA DE REDAÇÃOPaloma Silva Furtado(Reg. Profissional - MTB 36263 - RJ)

CONSELHO EDITORIALCelso Aloisio Santos BarbosaFrancisco Bonato PereiraGuilherme GimenezOthon AvilaSandra Natividade

EMAILsAnúncios:[email protected]ções:[email protected]:[email protected]

REDAÇÃO ECORRESPONDÊNCIACaixa Postal 13334CEP 20270-972Rio de Janeiro - RJTel/Fax: (21) 2157-5557Fax: (21) 2157-5560Site: www.ojornalbatista.com.br

A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal.

DIRETORES HISTÓRICOSW.E. Entzminger,fundador (1901 a 1919);A.B. Detter (1904 e 1907);S.L. Watson (1920 a 1925);Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940);Moisés Silveira (1940 a 1946);Almir Gonçalves (1946 a 1964);José dos Reis Pereira (1964 a 1988);Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002)

INTERINOS HISTÓRICOSZacarias Taylor (1904);A.L. Dunstan (1907);Salomão Ginsburg (1913 a 1914);L.T. Hites (1921 a 1922); eA.B. Christie (1923).

ARTE: OliverartelucasIMPRESSÃO: Jornal do Commércio

A Bíblia tem:1.189

Capítulos

31.163 Versículos

3.566.480 Letras

Maior Versículo Ester 8.9

Menor Versículo

Êxodo 20.13

Salmos 14 e 53 são iguaisO maior capítulo

é Salmos 119O menor capítulo

é Salmos 117

O centro da Bíblia é Salmos 118.8

2.930Personagens

773.693 Palavras

Page 3: Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 · em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren - tar a situação”. ... não são mero “faz de conta”

3o jornal batista – domingo, 13/12/15reflexão

bilhete de sorocabaJULIO OLIVEIRA SANCHES

De galinhas, não! De codornas. A not íc ia fo i pu-bl icada no dia

25/11/15 numa crônica de Ruiz Castro na Folha/SP. De forma atraente e bem--humorada o cronista relata a história de Jocimar (deve ser nome fictício), o ladrão. Em 2001 no MS ele rou-bou 25 codornas poedeiras. Aberto o processo, o larápio foi condenado a um ano de prisão. Bom advogado sem-pre recorre da sentença que prejudica o seu cliente. É pra isto que existe advogado. Para afirmar sempre que seu cliente é inocente e que o caso não é bem assim. Entra em ação o MP, TJ, STJ onde o réu é absolvido, condenado e absolvido de novo. Após quatorze anos, o processo chega ao STF e é julgado por uma de suas turmas. Dois ministros mantiveram a con-denação. Três votaram pela absolvição, fundamentados na insignificância do obje-to do processo. Absolvido, diz o articulista, Jocimar é

um homem livre. O último ladrão de galinhas a consu-mir tanto tempo da Justiça por causa de 25 codornizes poedeiras. As codornas não existem mais, creio. Não viveram para ver o desfecho do caso. Mas uma vez ficou comprovado que a justiça é morosa. Não tem pressa e tampouco se preocupa com as partes que a usam. No brocado popular “Tarda, mas não falha”. Mesmo que seja para absolver um ladrão de codornas.

Não há detalhes se Jocimar ainda está vivo, que idade tem, se continua roubando codornas ou rolinhas. O fato leva-nos a indagar quantos tipos de ladrões temos hoje na sociedade. Muitos jamais foram réus em processo. Seus roubos ficaram no esqueci-mento. Foram camuflados pelos amigos. Jamais foram questionados, declarados culpados ou inocentes.

Há roubos e roubos. La-drões e ladrões. Alguns ino-centes úteis. São usados para alcançar posições. Outros

inteligentes, perspicazes conseguem camuflar seus atos pérfidos e até obtém o aplauso dos incautos, que os promovem a posições de destaques.

Até mesmo no Reino de Deus há ladrões. Jesus não conseguiu evitar roubos na te-souraria do grupo apostólico. Judas era tão obcecado por dinheiro que roubava tudo, ou quase tudo, que caia no al-forje, Jo 12.6. A história com-prova que nada mudou. A malignidade do pecado conti-nua a perpetuar os desvios de caráter do ser humano.

Na profissão de fé o can-didato ao batismo diz que concorda com o dízimo. Uma vez membro da igreja jamais devolve à igreja os dízimos do Senhor. No di-zer de Malaquias 3.10 isto é roubo, para tristeza de mui-tos. Ao ser organizado em igreja, um grupo de salvos, todos membros fundadores se comprometem perante o concílio examinador que a novel igreja contribuirá com o Plano Cooperativo para

sustento da Denominação. Os anos se passam e o nome da igreja continua aparecen-do em branco. Entra pastor, sai pastor, se expulsa Pastor e nada muda. Cada pastor que chega rubrica o roubo. O líder entra no conluio da igreja e chancela a desones-tidade. Alguns até tentam se defender, dizendo que estão trabalhando para levar a igre-ja a cumprir o seu dever. Não convencem. Nas Conven-ções e Associações tais pas-tores são ávidos por cargos e lugares de destaques. Embora o Estatuto diga que para as-sumir qualquer cargo a igreja do pretendente precisa ser fiel cooperadora. Colegas do larápio discursam, defendem a participação do pretenden-te, impedindo o auditório de cumprir o Regimento e Esta-tuto. Alguns tentam ludibriar os convencionais com uma ofertinha de última hora, isto é no último mês.

Uma oferta é levantada para um determinado fim es-pecífico. Comprar um imóvel para uma igreja em campo

missionário. Os que admi-nistram e presidem o levan-tamento da oferta desviam o foco original e a “aplicam” em outro objetivo, se é que aplicam. Isto é roubo. Os ofertantes foram ludibriados e enganados por aqueles que promoveram o reco-lhimento da oferta. Como quem desvia o objetivo é líder de nome, “respeitado” por todos, todos se calam. Ao final todos recebem o adjetivo nada elegante de “ladrões”, por concordar com a mentira. Todos serão leva-dos ao tribunal de Cristo para prestação de contas. Ainda bem que há perdão para os ladrões de codornas e para os que administram as coisas de Deus, desde que ocor-ra sincero arrependimento. Graças a Deus que a pena aplicada a Ananias e Safira parece não mais ser imposta hoje. Creio que Deus conti-nua matando os ladrões das coisas sagradas. É só verificar a derrocada de algumas ins-tituições. [email protected]

O último ladrão de galinhas

Page 4: Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 · em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren - tar a situação”. ... não são mero “faz de conta”

4 o jornal batista – domingo, 13/12/15

GOTAS BÍBLICASNA ATUALIDADE

OLAVO FEIJÓ pastor, professor de Psicologia

Dificuldades, Bíblia e Reação

reflexão

“Isto é a minha consolação na minha aflição, porque a tua palavra me vivificou” (Salmos 119.50).

Dentre as muitas qualidades que o Salmista encon-trou na Bíbl ia,

uma em especial chama a atenção daqueles que enfren-tam durezas na vida: “Quan-do estou cercado de pro-blemas e dificuldades, uma coisa me ensina e consola: a Tua palavra me enche de força e poder para enfrentar a situação” (Salmos 119.50, versão a Bíblia Viva).

Ignorar problemas e difi-culdades é uma das maneiras que temos, para aguentar a vida cristã. No fundo, é óbvio que as coisas não vão bem. Mas, para manter as aparên-cias, negamos os problemas. Negamos para os outros. E

terminamos enganando a nós mesmos. Quando tudo isso acontece, passamos a carre-gar nossa existência como um fardo triste, desaponta-dor, que abala a nossa fé.

Contrariamente à postura de negação, o Salmista oferece outro tipo de testemunho: pôr em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren-tar a situação”. Este vocabulá-rio forte e direto do Salmista combina perfeitamente com a experiência de todo cristão que ousa alimentar-se da Bí-blia, que insiste em obedecer a Bíblia. As soluções bíblicas não são mero “faz de conta”. Elas são realistas e exigem crentes comprometidos com a realidade da vida e a rea-lidade do Cristo em nossa vida. Brincar de ser crente não pode dar certo. Vivenciar as disciplinas bíblicas de ser crente sempre dá certo.

Israel Belo de Azevedo, pastor da Igreja Batista Itacuruçá - RJ

Então o rei Davi en-trou no tabernáculo, assentou-se diante do Senhor, e orou:

“Quem sou eu, ó Soberano Senhor, e o que é a minha fa-mília, para que me trouxesses a este ponto?

E, como se isso não bastasse para ti, ó Soberano Senhor, também falaste sobre o futuro da família deste teu servo.

É assim que procedes com os homens, ó Soberano Senhor?

Que mais Davi poderá dizer-te? Tu conheces o teu servo, ó Soberano Senhor.

Por amor de tua palavra e de acordo com tua vontade, realizaste este feito grandioso e o revelaste ao teu servo.

Quão grande és tu, ó Sobe-rano Senhor!

Não há ninguém como tu, nem há outro Deus além de ti, conforme tudo o que sabemos.

E quem é como Israel, o teu povo, a única nação da

terra que tu, ó Deus, resga-taste para dela fazeres um povo para ti mesmo, e assim tornaste o teu nome famoso, realizaste grandes e impres-sionantes maravilhas ao ex-pulsar nações e seus deuses de diante desta mesma nação que libertaste do Egito?

Tu mesmo fizeste de Israel o teu povo particular para sempre, e tu, ó Senhor, te tornaste o seu Deus.

Agora, Senhor Deus, confir-ma para sempre a promessa que fizeste a respeito de teu servo e de sua descendência.

Faze conforme prometeste, para que o teu nome seja engrandecido para sempre e os homens digam:

‘O Senhor dos Exércitos é o Deus de Israel!’

E a descendência de teu servo Davi se manterá firme diante de ti.

Ó Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, tu mesmo o revelaste a teu servo, quando disseste:

‘Estabelecerei uma dinastia para você’.

Por isso o teu servo achou coragem para orar a ti.

Ó Soberano Senhor, tu és Deus!

Tuas palavras são verda-deiras, e tu fizeste essa boa promessa a teu servo.

Agora, por tua bondade, abençoa a família de teu ser-vo, para que ela continue para sempre na tua presença.

Tu, ó Soberano Senhor, o prometeste!

E, abençoada por ti, bendi-ta será para sempre a família de teu servo”.

Orar é nos assentarmos diante de Deus, para falar e ouvir.

Ora quem reconhece a so-berania de Deus.

Um dos primeiros alvos de nossa oração deve ser a nossa família. Se Deus não a abençoar, nós não a abenço-aremos, por nos faltar poder.

Devemos orar também por nossa pátria, o lugar onde nascemos e aprendemos amar, sabendo que o bem dela é o nosso bem.

Na verdade, orar por nossa familia e orar por nossa pátria é orar por nós mesmos. Deus ouve.

Francisco Mancebo Reis, colaborador de OJB

Se até a palavra hu-mana tem poder para instruir, avisar, im-por limites, apontar

caminhos, motivar sonhos, restaurar vidas e conduzir ao sucesso, quão maior é o alcance do que sai da boca de Deus!

Na intenção de eviden-ciar o poder inerente à Bí-blia, o notável pregador Spurgeon fez esta sugestiva analogia: “Defender o leão? Abra a jaula e deixe que ele se defenda”. Empolga-

-nos invocar o testemunho da História confirmando que a melhor defesa da Bíblia é a Bíblia. Como um bom produto cujo uso se constitui sua principal pro-moção, as sagradas letras ampliam sua credibilidade à medida que se incorpo-ram à experiência do leitor. De solidez comprovada são os adjetivos “viva e eficaz” aplicados à Palavra de Deus, em Hebreus 4.12. Viva porque contrasta com a letra morta (Jo 6.63; II Co 3.6) . É semente que gera a frondosa árvore do cristianismo (Lc 8.11; Mt

13.23,32; I Pe 1.23,25). Eficaz porque dá resultados surpreendentes em con-versões, no crescimento do crente, com poder de penetração no mais íntimo do ser humano. Poder que reside numa pessoa (Jesus), e não propriamente num livro, mas torna eficaz o que está no livro.

Via javam de t rem um vendedor de sabão e um pregador do Evangelho. Passando por certo lugar onde a promiscuidade era notória, disse o comerciante ao pregador: “Se o Evange-lho que você anuncia fosse

bom mesmo, essas pessoas teriam um estilo de vida elevado”. Pouco adiante, deram com pessoas sujas, em dissonância com os pa-drões de higiene. Foi a vez do pregador: “O sabão que você propaga e vende é de má qualidade. Veja quanta imundície”. O comerciante se defendeu logo: “O pro-blema é que precisam usar o sabão”. A isso acudiu o evangelista: “De igual modo o Evangelho: é preciso fazer bom uso dele”.

Um amigo de meu pai lhe declarou que, apenas lendo a Bíblia, aceitou Jesus

antes que alguém o ajudas-se a entender o plano de Salvação. Impossível? A experiência mostra que a conversão geralmente con-ta com instrumentalidade humana, como no caso de Natanael (Jo 1.45), do eunu-co (At 8.34,35), e de outras elucidativas amostras na história bíblica e na secular. O caso do referido senhor, no entanto, ilustra o poder inerente ao livro sobrena-tural para transformar cora-ções, ainda que escrito por mãos humanas. Continue-mos acreditando na Palavra como poder e vida.

Orações da Bíblia - Oração pela família e pela pátria

(II Samuel 7.18-29)

Poder inerente

Page 5: Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 · em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren - tar a situação”. ... não são mero “faz de conta”

5o jornal batista – domingo, 13/12/15reflexão

revisão crítica e exegética foi publicado em 1967 pela Imprensa Bíblica Brasileira. A nova revisão foi chamada de Versão Revisada de acordo com os melhores textos em hebraico e grego. Foi produ-zida em contexto Batista e, como a Versão Atualizada, representa uma revisão pro-funda no texto original de Almeida.

Na década de 1990 flo-resceram diversas revisões, principalmente estilísticas, do texto de Almeida. A edi-tora Vida publicou a Versão Contemporânea de Almeida. A Versão Corrigida passou por diversas revisões, para torná-la mais moderna: fo-ram lançadas a Versão Cor-rigida Fiel da Sociedade Bí-blica Trinitariana em 1994, a Corrigida 2ª Edição da So-ciedade Bíblica do Brasil em 1995 e a Corrigida edição de 1997 da Imprensa Bíblica

Brasileira. De igual modo, a Versão Atualizada, passou por revisão e foi lançada em 1993 a Versão Atualizada 2ª Edição, com mudanças exe-géticas e primordialmente estilísticas.

Uma comissão de estudio-sos sob o patrocínio de diver-sas organizações evangélicas trabalhou para publicar a Versão Almeida século XXI, que foi lançada em 2004. Uma revisão profunda da Versão Revisada da Imprensa Bíblica Brasileira. Espera-se um grande progresso, não somente no estilo do texto, mas também na exegese e na pesquisa linguística.

Graças a Deus pela vida das dezenas de tradutores que têm trabalhado incan-savelmente para dar con-tinuidade, fundamentação científica, relevância e atuali-dade à magistral obra de João Ferreira de Almeida.

Luiz Sayão, diretor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, pastor da Igreja Batista Nações Unidas – SP

No entanto, os mais antigos registros de trechos da Bí-blia em português

que foram deixados para a posteridade são de 1495.

O conhecido João Ferreira de Almeida, nascido em 1628, próximo a Lisboa, foi quem marcou a história, por ter sido o primeiro a traduzir o texto bíblico a partir das línguas originais. Seu Novo Testamento foi completado em 1676 e acabou sendo publicada em 1681, na Ho-landa. Almeida morreu em 1641, deixando incompleto o Antigo Testamento, tradu-zido até o livro de Ezequiel. A tradução foi terminada por Jacobus op den Akker, da Batávia, em 1748. Somente cinco anos mais tarde, em 1753, é que foi impressa a primeira Bíblia em portu-guês.

A história da Bíblia em português tem início em ter-ras lusitanas. O rei D. Diniz (1279-1325) traduziu os pri-meiros vinte capítulos de Gênesis a partir da Vulgata Latina de Jerônimo. A inicia-tiva portuguesa foi anterior a qualquer empreendimento de tradução bíblica na Ingla-terra e na Alemanha. Outras tentativas parciais de tradu-ção de trechos bíblicos ainda ocorreram nos tempos de D. João I e da infanta D. Filipa nos dois séculos seguintes. Por causa da crescente in-tolerância católica, quase todos estes esforços foram destruídos.

Como é de conhecimento de todos, a primeira tradu-ção da Bíblia completa para o português foi resultado do trabalho de João Ferrei-ra de Almeida. Com toda certeza, trata-se da versão mais distribuída na história das Bíblias em língua por-tuguesa. Todavia, a maioria

dos cristãos desconhece as inúmeras revisões ocorridas na obra original, encerrada em 1753. A obra original de Almeida passou por im-pressões na Holanda e na Inglaterra (Sociedade Bíblica Britânica), e logo começou a sofrer revisões. Em 1840, o capelão inglês E. Whitely fez uma revisão do texto que ficou conhecido como edição Revista e Emenda-da, publicada em 1840 na cidade do Porto. Em 1847 a Sociedade Bíblica Trinita-riana publicou uma revisão da Bíblia sob a direção de Thomas Boys. Essa revisão foi chamada edição Revista e Reformada. Não muito tem-po depois, em 1875, surgiu a edição Revista e Correcta, que corrigiu a ortografia e outros erros. Esse projeto foi liderado pelo português João Nunes Chaves.

Foi somente em 1898 que surgiu a versão Revista e Corrigida, desta vez com a participação de brasileiros. Esta edição acabou fazendo história no Brasil e tornou-se a versão tradicionalmente mais conhecida. Suas reim-pressões até em 1940 sempre foram feitas na Inglaterra e nos EUA, pelas Sociedades Bíblicas Britânica, Americana e Trinitariana. Com a che-gada da II Guerra Mundial, as Bíblias deixaram de ser impressas no exterior. Nesse novo contexto, em 1940 foi fundada a Imprensa Bíblica Brasileira, órgão ligado à Convenção Batista Brasileira, que foi pioneira na impres-são das Escrituras no Brasil. Nesse novo cenário, em 4 de agosto de 1944 encerrou-se a primeira impressão de cerca de 22.000 exemplares da Bí-blia na Versão Revista e Cor-rigida, na grafia simplificada. É importante mencionar que até então as mudanças do texto tinham sido quase que apenas de natureza ortográ-fica e para corrigir erros in-discutíveis.

Uma nova revisão do texto de Almeida seria publicada

em 1956. Trata-se da Versão Revista e Atualizada, publi-cada por uma sociedade bí-blica nascente, fundada em 1948, que veio a se tornar a maior distribuidora das Escrituras em terras brasi-leiras: a Sociedade Bíblica do Brasil. A nova versão do texto promoveu uma revi-são mais profunda no texto, fazendo uso de importantes manuscritos gregos desco-nhecidos no século XVIII. A Versão Atualizada é uma das mais usadas no Brasil. Sua aceitação deu-se princi-palmente pelo seu uso nas primeiras Bíblias de estudo em português. A Bíblia Vida Nova, publicada em 1977 por Edições Vida Nova, e a Bíblia Scofield, publicada em 1983 pela Imprensa Ba-tista Regular, foram muito importantes para difundir o texto da versão Atualizada.

Outro grande trabalho de

A longa história da Bíblia de

João Ferreira de Almeida

Page 6: Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 · em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren - tar a situação”. ... não são mero “faz de conta”

6 o jornal batista – domingo, 13/12/15 reflexão

Levir Perea Merlo, pastor da Primeira Igreja Batista em Belo Jardim – PE

“O anjo, porém, lhes disse: não temais, porquanto vos trago novas de grande alegria que o será para todo o povo: é que vos nasceu hoje na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo o Senhor”. (Lu-cas 2.10-11)

Enfim chegamos ao último e mais festi-vo mês do ano, de-zembro. Nesse mês

recheado de festas e cele-brações, também cabe um espaço para o balanço de nossas vidas, o que fize-mos? O que deixamos de fazer? O que poderíamos ter feito melhor? Ou seja, somos confrontados com a prática das nossas atitudes! Mas, além disso, o que que-remos entender e praticar é o significado real do Natal de Jesus Cristo.

Não sabemos e ninguém sabe humanamente falando o dia, mês e ano exato do nascimento de Jesus Cristo, é

Israel Pinto da Silva (D’Israel), colaborador de OJB, membro da Quarta Igreja Batista do Rio de Janeiro

Hoje meu RIO amanheceu cantandoCom os passarinhos todos gorjeando Comemorando o aniversárioDa minha Cidade tão maravilhosaFundada há quatrocentos e cinquenta anosQue foi atacada por povos distantesPor usurpadores, desqualificadosCovardemente, traiçoeiramenteQue felizmente foram rechaçadosPelos Mem de Sá; pelos JesuítasPor nós Cariocas, Índios, MamelucosCom as nossas flechas; nossos arcabuzes Nossos bacamartes e nossos canhões Vomitando fogo, os afugentando…O Cristo Redentor está celebrandoEsta grande data do nosso calendárioDe braços abertos mui festivamenteNão a escultura de ferro e argamassaMas pelo meu Deus lá do firmamentoQue de lá nos olha e que nos protegeNossa vida rege diligentementeSim, lá está Ele, lá no CorcovadoPara nós olhando todo satisfeitoNós os seus amados, não só criaturasMais os Renascidos, os Filhos de Deus

fato, no entanto que Ele nas-ceu! Ele veio até nós, deixou a sua glória celestial, tornou--se como um de nós, assu-miu uma natureza humana, se humilhou. (Filipenses 2. 6-8). Quais as razões dessa sua humilhação e vinda até nós? Há muitas razões, mas acredito que uma das razões principais é pelo direito de criação. Ele nos criou, a sua imagem e semelhança, no entanto, essa imagem e se-melhança foi manchada pelo pecado, e sabemos pela sua palavra que somos “a me-

Sim, lá está Ele, sempre em EspíritoE só em verdade sobre a nossa CidadeTão maravilhosa, linda e charmosaJunto ao Bondinho do Pão de AçúcarSobre a Baía, a da GuanabaraDos Arcos da Lapa e do PanteonDa nossa Enseada, a de BotafogoSobre as praias, quais as de IpanemaDo Arpoador e a do PontalDo nosso Teatro, o MunicipalDo Maracanã, da Copa do Mundo…Nós somos Cristãos; não nos ajoelhamosFrente a imagens de qualquer espécieNós obedecemos o que está escritoNa Bíblia Sagrada; no livro da LeiNos Dez Mandamentos, com toda certeza(Leia 1º João Capítulo 4; Êxodo 20; Deuteronômio 27 v.5 e Jeremias 10;Hebreus 4 v.12-13; Isaías 44 v.6-20; ITimóteo 2 v.5.6) Nós acreditamos que fora de CristoNão há salvação para nossas almas.Parabéns meu Rio; Deus seja Louvado!Feliz é a Nação cujo Deus é o Senhor!Deves conhecê-lo mais profundamenteCom intimidade não superficialmentePois sua verdade o libertará!

nina dos seus olhos” e isso se expressa em vários textos bíblicos e já claramente de-clarado em João 3.16.

A outra grande razão para a sua vinda é que Ele veio para ser o Senhor da humanidade, desviada e submissa ao reino das trevas (o mundo jaz no maligno) e perdida.

A declaração do mensagei-ro do Senhor é muito clara: “É que nos nasceu hoje….o Salvador, que é Cristo o Se-nhor”.

O servo integralmente sub-misso a Ele sempre cumprirá

sua missão de proclamar com alegria, ousadia e gratidão as boas novas da salvação eterna!

Considerando que não poderia haver morte e res-surreição sem que houvesse nascimento é de extrema importância também cele-brarmos sempre a sua vinda entre nós! Portanto, exalte-mos ao Senhor com alegria e gratidão e na certeza de que Ele vive para sempre em nossos corações. Louva-do seja o Senhor porque o natal de Jesus Cristo é real!

Integralmente Submissos a Cristo, Celebremos o Seu Nascimento!

Rio de Janeiro – 450 anos – Deus seja louvado!

Page 7: Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 · em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren - tar a situação”. ... não são mero “faz de conta”

7o jornal batista – domingo, 13/12/15missões nacionais

Redação de Missões Nacionais

A Convenção Batis-ta Brasileira, por meio do programa de Ação e Compai-

xão de Missões Nacionais, e Convenção Batista Mineira convocaram os Batistas a ora-rem e mobilizarem recursos para atender às necessidades das famílias desabrigadas nas cidades mineiras que foram prejudicadas pelo rompi-mento das barragens. Desde então, municípios como Ma-riana, Governador Valadares e Barra Longa têm recebido assistência de voluntários, missionários e alunos do projeto Cristolândia.

Os recursos arrecadados têm sido investidos nas cida-des. Foram disponibilizados caminhões de água para Bar-ra Longa e outras cidades, que também receberam doa-ções de alimentos. A equipe da gerência de ação social da JMN percorreu as cidades e, assim, acompanhou de perto a assistência prestada.

Além do lado social, os Ba-tistas também auxiliaram na área espiritual, proclamando que em Cristo há esperança. Em Barra Longa, houve um culto de louvor e adoração a Deus, marcado também por um momento de clamor pela população afetada pelo rompimento das barragens. Como as ruas e praças da cidade ainda estavam toma-das pela lama, o culto foi realizado no templo da Igreja Católica e várias pessoas fo-

ram tocadas pela mensagem de esperança que só há em Jesus Cristo, único Senhor e Salvador, entregando suas vidas a Ele.

Entre os participantes do culto em Barra Longa, estava o Pr. Vanderlei Marins, presi-dente da Convenção Batista Brasileira, que foi o pregador e em todo momento incen-tivou os Batistas a estarem unidos para ajudar e abençoar as pessoas. “A importância deste trabalho é a cooperação e a interação com a comuni-dade, apresentando subsídios

para que possam vencer as lutas desse tempo. Os Batistas sempre se caracterizaram por estender a mão àqueles que carecem e passam por lutas, de sorte que neste momento é necessário que nos empe-nhemos para que façamos o melhor por Barra Longa, Ma-riana, Governador Valadares e o estado do Espírito Santo, que também foi afetado”, de-clarou Pr. Vanderlei.

Na ocasião, representantes da Junta de Missões Nacio-nais, Convenção Batista Bra-sileira e Convenção Batista

Mineira distribuíram kits de utensílios de cozinha para diversas famílias. “Esse é um município que não tem ne-nhuma intervenção de cris-tãos, um município muito afetado e foi escolhido para culto por não ter um movi-mento de cristãos na cidade. É a primeira vez que eles estão vendo cristãos em ação e chegamos para mostrar que Jesus transforma e faz a dife-rença”, disse Anair Bragança, gerente executiva de ação social de Missões Nacionais.

Um casal de missionários

de Missões Nacionais já está na cidade de Barra Longa desenvolvendo relaciona-mentos discipuladores, re-alizando estudos bíblicos e iniciando pequenos grupos multiplicadores (PGMs) nas casas, visando a plantação de uma igreja ali.

Missões Nacionais agrade-ce a cada colaborador e pede que os Batistas brasileiros continuem intercedendo e realizando ações de com-paixão, visando que o amor de Cristo seja visto e, assim, alcance mais corações.

Com o apoio dos Batistas brasileiros, JMN e CBM realizam ações de compaixão e graça em cidades de Minas Gerais

População recebeu ajuda e pôde ver o amor de Cristo

Page 8: Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 · em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren - tar a situação”. ... não são mero “faz de conta”

8 o jornal batista – domingo, 13/12/15 notícias do brasil batista

Page 9: Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 · em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren - tar a situação”. ... não são mero “faz de conta”

9o jornal batista – domingo, 13/12/15notícias do brasil batista

CENTRO INTEGRADO DE EDUCAÇÃO E MISSÕES

NÍVEL DE PÓS-GRADUAÇÃO (STRICTO SENSU) Mestrado em Missiologia Mestrado em Educação Cristã

NÍVEL DE PÓS-GRADUAÇÃO (LATO SENSU) Curso de Educação Cristã

NÍVEL DE GRADUAÇÃO Curso de Missões Curso de Educação Cristã

NÍVEL MÉDIO Formação de Líderes para o Ensino de Missões Missões por Extensão

SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ

Nível MédioSeminário Aberto à Terceira Idade – 01 anoMédio em Missiologia – 02 anos

GraduaçãoEducação Religiosa com Habilitação em Missiologia e Ministério Social Cristão – 03 anos

Pós-GraduaçãoEspecialização em Missiologia (Lato Sensu) 01 ano e 06 mesesMestrado em Missiologia (Stricto Sensu) 03 anosMestrado em Educação Religiosa (Stricto Sensu) 03 anosMestrado em Min. Social Cristão (Stricto Sensu) 03 anos

CURSOS DO CIEM E DO SEC PARA 2016SEC 2016CIEM 2016

Page 10: Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 · em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren - tar a situação”. ... não são mero “faz de conta”

10 o jornal batista – domingo, 13/12/15 notícias do brasil batista

Maria de Oliveira Nery, colaboradora de OJB

“Disse Jesus: Deixai vir a mim os pe-queninos, e

não vos impeçais, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo quem não receber o reino de Deus, como uma criança de manei-ra nenhuma entrará no céu. E tomando uma criança nos braços e impondo–lhes as mãos as abençoou” (Marcos 19. 14 a 16). Esta mensagem revela o quanto Jesus ama as crianças, e é muito im-portante que os pais levem os seus filhos à Igreja para aprenderem os ensinamen-tos da Palavra de Deus, onde diz que todos são filhos de Deus, indistintamente, sem discriminação. Esta linda história de amor ao próximo, que relacionei, demonstra que todas as crianças vêm ao mundo por uma razão, para serem amadas, protegidas, e precisam ser bem orienta-das, porque as crianças são o futuro de uma nação onde Deus é o Senhor.

Maria de Oliveira Nery, colaboradora de OJB

“Louvai, louvai todas as crianças, Deus é amor e Jesus é o Salvador”

“Assim disse Jesus: Deixai os pequeninos, e não vos impeçais de vir a mim pois dos tais é o reino dos céus”. (Mateus 19.14)

Nataly é uma meni-na graciosa, com seu sorriso lindo e olhos azuis da cor

do céu. Ela está enviando esta mensagem, a todas as crianças brasileiras porque ela ama o Brasil, o país onde seu avô Fanini foi pastor e grande pre-gador do Evangelho, promo-vendo cruzadas Evangelísticas para ganhar o Brasil para Cris-to. Nataly Fanini Aviles nasceu nos EUA (Texas) tem 5 anos, é filha do Jerônimo Amado Avi-les e Margareth Fanini Aviles (filha do pastor Fanini). Nataly é de origem de dois países muito importantes Brasil e Equador. Seus avós paternos são Jerônimo Aviles e Maria

O Estado de Minas Gerais é prestigiado pela beleza das estações de água mineral lo-calizadas em São Lourenço, Caxambu, Cambuquira e Lambari. Estas estações fi-cam localizadas em parques floridos, com lagos cheios de peixinhos e patinhos, onde os barquinhos navegam le-vando as crianças veranis-tas que visitam a cidade, é um lugar muito lindo. Em São Lourenço, um casal, Sr. Francisco e Sra. Gilda, tinha uma linda casa de veraneio, onde seus filhos Francisco Luiz (Chiquinho) e Marga-reth Rose passavam as férias em companhia de sua tia Maria e seu filho Fausto Luiz (Faustinho). Aos domingos a tia Maria levava as crianças à Igreja Batista na Escola Bíbli-ca Dominical para aprende-rem a Palavra de Deus, onde cantavam hinos de louvor a Deus. Em frente a casa de veraneio tinha um terreno com um barraco muito po-bre onde morava um garoto de 7 anos chamado José, apelidado de Pelé, por re-servar uma parte do terreno, fazendo um pequeno campo

Louza Aviles e seus avós ma-ternos pastor Nilson do Amaral Fanini e Helga Kepler Fanini. Nataly mesmo com seus 5 anos ela já consegue entender e falar inglês, espanhol e por-tuguês. Nataly gosta muito de ir à Igreja Batista e participar da Escola Bíblica Dominical, ler a bíblia de crianças, cantar hinos de louvor a Deus (coro

de futebol, para a garotada jogar umas “peladas” e Pelé era o juiz apitando as parti-das. Pelé morava com sua mãe que trabalhava o dia todo num hotel e só voltava a noite, era quem cuidava da casa e da avó D. Ana que era cega. Pelé fazia comida no fogão de lenha, lavava a roupa, cuidava da horta e do galinheiro. Ele não podia sair de casa, assim convidava a garotada para jogar futebol e tinha companhia para brin-car. Faustinho o Chiquinho faziam parte das “peladas” e ficaram amigos de Pelé.

O Faustinho estava com-pletando 7 anos, sua mãe estava preparando uma festa para a garotada, Faustinho perguntou a sua mãe se podia convidar Pelé para a festa. Sua mãe disse que sim. Faustinho, Chiquinho e Margareth Rose foram convidar Pelé para festa. Pelé disse: “Aqui ninguém me convida para festa de aniversário, porque eu sou pobre, não tenho roupa, nem sapato para ir a festa”. Faustinho perguntou: “Se eu conseguir roupa e sapa-

de crianças) e também gosta de orar a Jesus seu bom ami-go. Nataly gosta de passear com sua cachorrinha chamada Herdi que usa roupas colori-das. Esta mensagem de Nataly para todas as crianças do Brasil é muito significativa, para a união das crianças pelos laços do amor de Deus, para ganhar o mundo para Cristo.

to você vai?”. Pelé disse: “Sendo assim eu acho que vou”. Faustinho falou com a mãe que queria arranjar uma roupa para o Pelé ir a sua festa. Sua mãe man-dou ele pegar a roupa no guarda-roupa. Faustinho pegou a roupa mais bonita, exatamente a roupa que ia vestir na sua festa, um terninho de linho branco com uma gravata borboleta azul e um boné branco. Chiquinho pegou um sapato branco e meia. Margareth Rose pegou sabonete e um perfume de Alfazema para o Pelé ficar perfumado, e foram levar na casa dele. No dia seguinte, a festa já tinha começado, a garotada já es-tava presente, chegou Pelé todo bonito, o “pretinho” todo vestido de branco foi aquela alegria, os garotos até bateram palmas para ele. Pelé trouxe de presente para o Faustinho um franguinho amarrado pelos pés enrola-do num jornal, era só o que tinha para oferecer. Fausti-nho pegou o frango, desa-marrou os pés e o frango fez parte da festa alegrando os

garotos. Na hora do bolo, o Faustinho convidou o Pelé para ajudar apagar as velas (7 anos). Foi para o Pelé um dia muito feliz, ser reconhe-cido como um garoto igual aos outros amados e respei-tados sem descriminação. No outro dia, Pelé teve um gesto de menino bom de coração, agradecido, pegou a roupa lavou tudo, passou no ferro de brasa, colocou no cabide e foi levar para o Faustinho. Mas Pelé teve uma surpresa, o Faustinho disse: “Esta roupa vai ficar para você ir a outras festas de aniversário”. Pelé muito agradecido disse: “Vocês são meus amigos de ver-dade”. As crianças muitas vezes nos surpreendem com seus gestos de amor.

Neste Natal onde se co-memora o nascimento do menino Jesus, as crianças de-vem participar desta festa tão linda cantando alegremente louvores a Jesus, porque Ele veio ao mundo para ser o nosso Salvador.

Louvai-o, louvai-o todas as crianças. Deus é amor, Jesus o nosso Salvador. Amém.

O Natal e as Crianças Uma linda história de Amor

CriançasO lindo sorriso de Nataly

Page 11: Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 · em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren - tar a situação”. ... não são mero “faz de conta”

11o jornal batista – domingo, 13/12/15missões mundiais

Redação de Missões Mundiais

O livro mais publi-cado e lido da história da huma-nidade, a Bíblia,

tem um dia de dedicação es-pecial – o segundo domingo do mês de dezembro. O que a torna tão lida no mundo todo? Como ela tem impacta-do a humanidade? Será que a lemos bem?

Antes de Gutenberg ter inventado a imprensa e ho-mens corajosos desafiarem a poderosa Igreja Católica para traduzirem-na do grego e hebraico para línguas popu-lares, a Bíblia era privilégio de poucos. Houve luta e mortes, empreendida – pasmem – pela própria igreja para que ela não fosse traduzida, impressa, nem distribuída. Se quiser saber mais, é só pesquisar a tradução da Bíblia, a vida de alguns homens tais como Martinho Lutero, William Tyndale, John Wycliffe, Bonifácio Ferrer, Ja-cques Lefèvre d’Étaples, entre outros. O clero “acreditava” que homens comuns não po-deriam entendê-la, ou, no mínimo, essa era a desculpa utilizada para que continu-assem com ensinos falsos e

Willy Rangel – Redação de Missões Mundiais

Missões Mundiais já está pronta para envolver as Igrejas da Con-

venção Batista Brasileira com a obra missionária transcultu-ral em 2016. Uma das prin-cipais etapas deste processo aconteceu entre os dias 23 e 26 de novembro, em nossa sede no Rio de Janeiro, quan-do missionários mobilizado-res participaram de uma pro-gramação intensa de imersão no mundo da JMM. Eles pu-deram trocar experiências de mobilização em suas regiões e também ouvir palavras importantes, como as dos pastores Vanderlei Batista Marins e Sócrates Oliveira de Souza, respectivamente, pre-sidente e diretor executivo da Convenção Batista Brasileira. Um dos grandes momentos foi a apresentação do kit da Campanha 2016, que eles puderam conhecer em de-talhes com nossa equipe de Comunicação e Marketing.

O diretor executivo da JMM, Pr. João Marcos Barre-to Soares, abriu a semana de eventos apresentando aos 20

manipulatórios de massa, tais como indulgências, função intermediadora do clero, entre outros. O poder que o “não saber” da massa pode gerar a uma cúpula que detém o saber escraviza gerações e serve tão--somente para manter o status quo do grupo dominante. Ter a Bíblia traduzida e impressa em línguas populares signifi-cou uma grande revolução na relação do povo com a igre-ja de então e com o próprio Deus. Reformas, avivamentos, mudanças na sociedade foram as consequências inevitáveis desta leitura.

Hoje, porém, uma nova Re-forma é necessária. Ou várias. Há tantas aberrações e tantas apropriações indevidas da mensagem bíblica! Procura--se dizer o que ela realmente não diz para afirmar o que se deseja. Precisamos mudar de fase: ensinar as pessoas a des-cobrirem as verdades bíblicas, e estarem aptas a se defender de falsidades ideológicas, in-clusive dentro das próprias igrejas “ditas” evangélicas. É preciso capacitar o povo a de fato ler a Bíblia procurando nela a mensagem verdadeira e sua aplicação à vida. O que se vê aos montes é que muitos a têm lido para legitimarem seu

mobilizadores as estratégias para a promoção missionária nas igrejas no ano que vem e também o kit da Campanha. Ele enfatizou ainda que, pela primeira vez na história de nossas Campanhas missio-nárias, o kit ficou pronto em outubro.

Informações missionárias, capacitação e trocas de ex-periências foram alguns dos pontos altos do evento, que pela primeira vez contou com as presenças do presi-dente e do diretor executivo da CBB.

O Pr. Sócrates disse aos mobilizadores que era uma alegria estar com eles em um momento como aquele para avaliar e ajudar na promoção da obra missionária trans-cultural nas Igrejas Batistas brasileiras.

“Quero que vocês saibam da importância do trabalho que os irmãos fazem na di-vulgação, conscientização e no comprometimento de cada crente na obra de evan-gelização, na obra de mis-sões”, declarou o Pr. Sócra-tes. “Porque é esse trabalho, essa conscientização que vai fazer com que cada vez mais e mais pessoas em todo o

próprio comportamento ou vontade, respaldando-os com textos isolados. Mais perni-ciosa é a coisa, ainda, quando líderes, pastores, apóstolos, bispos, entre outros, utilizam sua mensagem deturpadamen-te para manipular a massa. Torna-se necessário, portanto, em nossos tempos a “Nova Re-forma”, a de “ensinar a apren-der” a Bíblia.

Seria necessária, então, uma reforma curricular do ensino bíblico em nossas igrejas e Escolas Bíblias Dominicais, de-dicando-nos a matérias como línguas originais, introdução e interpretação bíblica, conhe-cimentos sócio-históricos e geográficos da Bíblia – todas as ferramentas importantes para lermos melhor as Escritu-ras e por nós mesmos. Nesse processo, a troca de experiên-cias com outros irmãos, visões comunitárias dos textos em contexto de forma honesta, estudiosa e reflexiva, seria de imprescindível riqueza para depreender princípios de vida cristã norteadores do presente e conscientizadores dos pro-pósitos de Deus na história humana e das respostas cristãs aos problemas contemporâ-neos. Desafios maiores, bem se sabe, haveria em regiões

mundo possam conhecer a Jesus Cristo”, acrescentou o diretor da CBB.

O Pr. Vanderlei Batista Ma-rins falou aos mobilizadores durante o encerramento. Ele demonstrou sua alegria por participar de um momento de preparação da Campanha de Missões Mundiais e ressaltou que o desafio para o próximo ano será grande, uma vez que o Brasil atravessa uma crise econômica.

“Não queremos em hipó-tese alguma atrelar qualquer coisa da obra missionária ao contexto econômico de nossa Pátria, mas sabemos que isso influência muito. Estamos confiantes no que diz respeito à ação do poder de Deus na vida do povo e na vida das igrejas para que,

de baixa escolaridade. Tais desafios exigiriam da igreja ainda mais engajamento na educação do povo em nível basal (leitura e escrita).

Outra Reforma necessária implica em levá-la aonde ela ainda não chegou e é até proibida. A Junta de Missões Mundiais promove o projeto “Bíblia para os Povos”. Com foco em tradução, impressão e distribuição de bíblias, o projeto visa distribuir 300 mil bíblias até 2020 em apenas um dos países que pretende alcançar. Um casal está indo para Papua Nova Guiné com o desafio de iniciar a tradução para uma das línguas locais e na Ásia, no país que lidera o ranking da perseguição reli-giosa, haverá distribuição tam-

neste tempo de dificuldades e de certas precauções, nós possamos avançar também”, declarou o Pr. Vanderlei.

O presidente da CBB en-fatizou o valor que Missões Mundiais representa para os crentes e que seguirá atuando para que a agência missioná-ria continue sendo referência para os Batistas brasileiros.

Antes das palavras dos re-presentantes da CBB, o Pr. João Marcos entregou em mãos a cada um deles um kit da próxima campanha.

Todas as gerências e setores da Junta de Missões Mundiais (JMM) enviaram representan-tes e interagiram com os mo-bilizadores durante a semana de programação. Além do material promocional 2016,

bém. Apenas de lê-la, a semen-te e o potencial transformador do Evangelho de Deus gerará revoluções. Seja aqui, seja lá, ore para que as reformas curri-culares e os ajustes de vida às verdades nela contidas gerem a Vida de Cristo, por onde quer que passe!

Que Deus nos ajude a valo-rizar a Bíblia como devemos, nos ajude a lê-la corretamente para o nosso próprio benefí-cio, e que ensinemos outros a buscarem nela a história para além das linhas – a das entre-linhas, que muitas vezes passa despercebida nas nossas lei-turas superficiais e misticistas desse livro tão profundo, tão impactante e ao mesmo tempo tão mal lido e interpretado nos dias atuais.

os desafios do campo e a necessidade de maior apro-ximação com os resultados obtidos no ano foram alguns dos principais momentos. Também foram discutidas estratégias para promover os acampamentos de promo-tores de missões, que estão com inscrições abertas em www.missoesmundiais.com.br/relacionamento, e demais eventos de mobilização em todo o Brasil.

Para saber quem é e conhe-cer o missionário mobilizador da sua região, entre em conta-to com Missões Mundiais pe-los telefones 2122-1901/2730-6800 (cidades com DDD 21) e 0800-709-1900 (demais localidades) ou escreva para [email protected].

A vida reformada pela Bíblia

Missionários mobilizadores alinhados para 2016

Page 12: Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 · em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren - tar a situação”. ... não são mero “faz de conta”

12 o jornal batista – domingo, 13/12/15 ponto de vista

Eduardo Romero, membro da Igreja Batista em Campina da Lagoa - PR

Essa frase foi dita pelo apóstolo Paulo en-quanto escrevia a epístola à igreja que

estava em Roma. Uma fra-se de espanto, admiração e temor diante de Deus pela obra maravilhosa da Salva-

Nilson Dimarzio, pastor, colaborador de OJB

Em recente debate na Universidade de Berna, Suíça, Ângela Merkel, responden-

do a uma pergunta sobre o perigo da “islamização da Europa”, disse que a melhor resposta é termos a coragem de ser cristãos, de fomentar o diálogo com os islamitas, e nos voltarmos à Igreja e aprofundarmo-nos na Bíblia.

A chanceler alemã, que é filha de pastor, indicou aos seus debatedores a grande necessidade de ir com mais frequência à igreja e conhe-cer melhor as Escrituras Sa-gradas. Sábios e oportunos conselhos, num tempo em que se nota a escuridão es-piritual que se abateu sobre a Europa, (e demais países), mas especialmente na Euro-

ção, a qual foi planejada na eternidade, antes da criação dos céus e da terra.

A verdade que deixou Paulo maravilhado, hoje é um tanto negligenciada, por isso deve ser relembrada, pois era para ele, e deve ser para nós também, motivo de regozijo! Mas que verdade é essa? Que “coisas” são estas?

pa, que em séculos passados foi o berço e o centro propul-sor de grandes avivamentos, encontra-se atualmente em grande declínio espiritual. Muitos templos outrora re-pletos de adoradores seden-tos de ouvir a mensagem de Deus, hoje encontram-se va-zios, enquanto que outros já foram transformados em mu-seus ou utilizados com fina-lidades que não aquela para a qual foram construídos, ou seja, para o serviço da causa do Evangelho. A Europa está, portanto, necessitada de um avivamento espiritual.

E que diremos do nosso país, que enfrenta a maior crise de sua história? Um país cujas terras “em se plantan-do, tudo dá” e que poderia ser o celeiro do mundo, pela extensão territorial e imen-sas riquezas minerais, mas que se debate para sair da

miséria. A crise que aqui se instalou, de ordem econômi-co-financeira é tal, que cons-tantemente é comentada pela imprensa internacional, e desafia a argúcia e inteligên-cia de grandes economistas, mas sem que se vislumbre uma luz no fim do túnel, tal a gravidade da situação: o aumento do desemprego, alta de juros e de impostos cada vez mais pesados e da cor-rupção generalizada, sendo que as manifestações de rua se multiplicam, na tentativa de que os problemas que preocupam a população se-jam resolvidos. Mas, qual a causa de tudo isso? Por que não se encontrou ainda a solução desejada? A causa é apontada no livro de Pro-vérbios: “Quando os justos governam, alegra-se o povo, mas quando o ímpio domina, o povo geme” (Pv 29.2).

Nos versículos 29 e 31 ele apresenta de uma forma su-cinta a obra da salvação. De acordo com as Escrituras, o próprio Deus já nos conhe-cia, não uma simples “pre-visão do futuro”, mas um relacionamento com aqueles a quem Ele escolheu. E a esses Deus predestinou a ser conforme a Imagem do Filho! “… o Senhor Jesus

No momento em que os go-vernantes e o povo de modo geral, deixarem o caminho do materialismo, da crença em heresias, do abandono dos bons costumes, da desones-tidade, e se voltarem para o Deus vivo e todo-poderoso e para a sua Palavra, buscando sincero arrependimento de pecados e à aceitação de Cris-to como Salvador e único Se-nhor de suas vidas, o Brasil se tornará um país abençoado, com efeito, “Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Se-nhor” (Sl 33.12).

Sim, o Brasil precisa de um avivamento espiritual. De uma volta à Igreja, instituição divina, incumbida de reunir os salvos em adoração e servi-ço a Deus, e os ainda não sal-vos a conhecerem a verdade, para que sejam libertos do pe-cado e vivam uma nova vida em Cristo. E, naturalmente,

Cristo, Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso…” (Filipenses 3.20-21). Sim, Deus nos predes-tinou para a salvação em Cristo!

De modo que a obra fosse completa e pudéssemos ter um relacionamento íntimo com ele, livres da culpa e do castigo pelo pecado, a

essa volta à Igreja implicará, também, uma volta à Palavra de Deus, pois, no dizer de Spurgeon: “Quando você lê a Bíblia e expõe a Bíblia, é o próprio Deus falando co-nosco”.

A Bíblia é a Palavra de Deus e quando Deus fala, coisas estupendas aconte-cem. É mediante o falar de Deus, através da sua revela-ção escrita - a Bíblia - que há de acontecer o grande aviva-mento que o Brasil precisa. Mas, para que tal aconteça é necessário que se dobrem os joelhos em oração e súplica, para que o derramamento do poder do Espírito Santo seja uma realidade, por isso que conclamo os possíveis leito-res a uma verdadeira cruzada em prol do avivamento que deve começar em cada um de nós.

E que Deus abençoe o Brasil.

esses que Ele “predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou”.

Paulo não levantou obje-ções quanto aos eternos de-cretos de Deus, ao contrário, em humildade glorificou a Deus dizendo: “QUE DIRE-MOS, POIS, DIANTE DES-SAS COISAS”

“Que diremos, pois, diante dessas coisas?” (Rm 8.31a)

Uma Volta à Igreja e à Bíblia

Page 13: Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 · em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren - tar a situação”. ... não são mero “faz de conta”

OBITUÁRIO

13o jornal batista – domingo, 13/12/15ponto de vista

Othon Ávila Amaral, historiador e colaborador de OJB

São três os cantores evangél icos pelos quais tenho grande admiração: Luiz de

Carvalho (1925/2015); Ed-gard Martins (1929/2005) e Feliciano Amaral (1920). São, para os Batistas, na área musical, o que Francisco Ful-gêncio Soren (1869/1933), Tomas Lourenço da Costa (1868/1946) e Theodoro Ro-drigues Teixeira (1871/1950); na área teológica o que A. B. Langston (1878/1965), W. C. Taylor (1886/1971) e A. R. Crabtree (1889/1965); na área institucional o que João Filson Soren (1908/2002), Rubens Lopes (1914/1979) e José dos Reis Pereira (1916/1991) representaramm em nossa Denominação. Mencionei doze nomes, que associo aos doze patriarcas de Israel, aos doze apóstolos de Jesus. Foram eles gigantes da obra Batista no Brasil, dos citados, só Feliciano Amaral está entre nós, cantando para louvar ao Senhor e fazer aquilo que mais o alegra: testemunhar do amor de Deus, manifestado pelo sacrifício substitutivo de seu único e amado Filho!

Sobre Luiz de Carvalho recebi uma informação inte-ressante passada pelo pastor Iomael Sant’Anna, que me perguntou: “Você sabe que já toquei para Luiz de Car-valho cantar? Daso Coimbra chegou certa vez em Mes-quita com o cantor, e nós tínhamos somente aquele harmônio velho, foi nele que toquei ‘O Amor de Deus’, acompanhando o cantor Luiz de Carvalho. E ainda recebi elogios da esposa do Daso”.

Aberta a digressão cito mais dois fatos interessantes sobre Feliciano Amaral. Na oca-sião de meu casamento um irmão me perguntou: “Qual LP de Feliciano Amaral você gostaria de receber de lem-brança?”. Eu respondi: “Fica conosco Senhor…”, que tinha na face “A” o hino “Almas Gê-meas”. A outra foi a presença

de Feliciano Amaral no 19º aniversário da Igreja Batista Betel de Mesquita, em agosto/setembro de 1981, quando foram consagrados a Deus os excelentes bancos da empresa “Faerber” usados, pela primei-ra vez, naquela ocasião.

Voltando ao tema do arti-go menciono que a notícia veio, por uma inserção no Facebook, de que Luiz de Carvalho havia partido ao encontro do Senhor Jesus na madrugada de 17 de novem-bro de 2015, em São Bernar-do do Campos, SP. Natural de Bauru - SP, nasceu no dia 16 de maio de 1925. Seu pai era descendente de sírios e sua mãe de italianos. Com vinte anos de idade ele era cantor profissional e cantava pelas cidades interioranas. Era bem-sucedido financei-ramente não obstante o va-zio de seu coração. Certa noite, enquanto aguardava o horário do “show”, peram-bulou pelas ruas da cidade e ouviu um cântico distan-te, com as antenas ligadas chegou próximo do templo de uma Igreja Batista que reunida cantava o estribilho de um dos mais populares

hinos de nossos hinários: “Foi na cruz, foi na cruz, onde um dia eu vi / Meu pe-cado castigado em Jesus; Foi ali pela fé, que meus olhos abri, / E eu agora me alegro em sua luz”.

Aquela foi uma noite me-morável. A mensagem da-quele hino mexeu com seus sentimentos. O vazio de seu coração e de sua alma foi inundado pela letra do hino que deu a ele sensa-ções diáfanas, translúcidas. Como diríamos “nasceu de novo”. Literalmente viveu o que está em II Coríntios 5.17 - “Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já pas-saram; eis que tudo se fez novo”. Deu sua profissão de fé e foi batizado pelo pastor João Korps, notável pastor, evangelista e escritor de ori-gem leta. Dois nascimentos - um em 1925 e outro em 1945. Além de cantor de vida social intensa Luiz de Carvalho era também me-cânico de automóvel. Das duas (profissões) atividades ele ficou com a segunda. Deixou Tupã, na Alta Pau-lista e veio para São Paulo

integrando-se na Igreja Ba-tista Paulistana pastoreada por Juvenal Ricardo Meyer.

Na nova Igreja ele rece-beu todo apoio de seu novo pastor. No princípio morou numa das dependências da Igreja, com D. Adelina, com quem se casara em 1945. Matriculou-se num Instituto Bíblico dirigido pelo mis-sionário F. A. R. Morgan, porque sentiu também a necessidade de um preparo melhor para testemunhar e pregar o Evangelho. Bem acompanhado pelo pastor Juvenal Ricardo Meyer foi aconselhado a voltar a de-dicar-se à música e com o apoio da Igreja matriculou--se no “Conservatório Carlos Gomes” onde passou quatro anos, aprimorando seus co-nhecimentos, em iniciativa subvencionada pela Igreja Batista Paulistana. Quan-do ele gravou seu primeiro disco em 78 rotações, doou à Igreja os recursos prove-nientes da venda, um reco-nhecimento ao investimento que ela fez em seu favor. Foi assim que ele iniciou sua notável carreira como cantor e como pregador!

Luiz de Carvalho cresceu tanto na música evangélica que viajou pelo Brasil can-tando e pregando. Alcançou alguns países vizinhos como Chile, Argentina, Paraguai e, também. Portugal. Entre 1955 e 2015, sessenta anos de vida cristã, Luiz de Carva-lho gravou seu primeiro LP, intitulado “Sublime Mensa-gem”. Diante do sucesso ele criou, em 1960, a “Gravado-ra Boas Novas” mais tarde incorporada à “Gravadora Bom Pastor”. Ao longo de seu ministério Luiz de Car-valho gravou 54 LPS, que totalizaram 550 faixas. Do casamento com D. Adelina o casal teve quatro filhos: Elias, Marta, Luiz Roberto e Davi. Adelina faleceu em 1986 e, três anos depois, Luiz de Car-valho casou-se com Ernestina com quem teve uma filha chamada Priscila.

O texto foi trabalhado em cima da “torre”, publicada em 5 de maio de 1975 e no pequeno e útil artigo de autoria de seu pastor na Igre-ja Batista Paulistana, César Thomé, publicado em 3 de maio de 1992, ambos em O Jornal Batista.

Luiz de Carvalho, um notável cantor evangélico

Page 14: Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 · em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren - tar a situação”. ... não são mero “faz de conta”

14 o jornal batista – domingo, 13/12/15 ponto de vista

Onde está o nos-so prazer, a nos-sa satisfação ou o nosso contenta-

mento? Esta é uma pergunta pertinente. Sabemos que o homem natural tem prazer nas coisas, nos bens materiais, que podem ser vistos e tocados. Há um sentido meramente hu-mano e egoísta de pertencer, de posse. É uma possessivi-dade latente, característica da natureza humana. É a natureza de Adão em ação. Porém, nós, os crentes, que possuímos a natureza de Cristo, temos prazer no Senhor e nas coisas que não podem ser vistas com os olhos físicos, mas com os olhos da fé. É sabido que o justo por sua fé viverá e que, sem fé, é impossível agradar a Deus ( Rm 1.17; Hb 11.6).

O salmista nos ensina: “De-

Roberto do Amaral Silva, pastor da Igreja Batista do Parque Oeste, Goiânia(GO) e professor de seminário.

Há cerca de três anos, tive a oportunidade de ler alguns rela-tos dramáticos em

O livro Negro do Cristianismo, de Jacopo Pó, autor italiano. Ele narra um vasto panorama das atrocidades praticadas pela Igreja Católica ao longo dos dois mil anos. Nele o catolicis-mo é analisado sem restrições.

Dentre a relação de crimes, há a perseguição aos judeus, o genocídio nas Cruzadas, as torturas promovidas pela Santa Inquisição, o massacre dos huguenotes (protestantes franceses) na famosa Noite de São Bartolomeu em 1572 e o apoio aos regimes políticos das ditaduras militares na América Latina. É um livro interessante para conhecer os bastidores da história da Igreja Católi-ca, após seus primórdios em Roma a partir do 4º século.

Todavia, o que mais me cha-mou a atenção foi o capítulo 8, cujo título é Os cristãos eram proibidos de ler a Bíblia.

Todos nós já sabemos que a Igreja Católica Romana sem-pre proibiu a leitura das Escri-turas Sagradas. Mas o chocante narrado nesse livro é não só o descaso para com a Bíblia, mas também a oposição feita à leitura da Palavra de Deus.

Parece inacreditável, mas é verdade. Em algumas épocas da história, traduzir a Bíblia para uma língua compreensí-vel pelo povo era um crime

leita-te ou agrada-te no Senhor e ele satisfará os desejos do teu coração” (37.4). O Senhor é a fonte da nossa satisfação. Toda a boa dádiva e todo dom per-feito vem do Pai das luzes em quem não há sombra de varia-ção (Tg 1.17). Quando estavam na prisão em Filipos, Paulo e Silas cantavam hinos de louvor a Deus. Por que razão? Porque o Senhor era o prazer deles. O Senhor estava neles, sobre eles e por eles. O Senhor era a prioridade deles. Quando estava preso em Roma, Paulo ensinou aos irmãos em Filipos a se alegrarem no Senhor (Fil 4.4). O Senhor é a fonte, o meio e o fim da nossa alegria, do nosso regozijo.

O prazer de José do Egito não era a mulher de Potifar, o governo do Egito, mas o Se-nhor. Todo o seu deleite estava

que podia custar a vida. É bom lembrar que na Idade Média a Bíblia só existia em latim, lín-gua desconhecida pela maio-ria. Portanto só quem tinha acesso à leitura das Escrituras eram os monges e parte do cle-ro católico. Na época a leitura dos evangelhos em casa era proibida aos leigos.

Após a queda do Império Romano do Ocidente (476), o latim foi caindo em desuso e, no decorrer do período me-dieval europeu, nasceram as chamadas línguas românicas a partir do latim vulgar, como o francês, o italiano, o espa-nhol, o português etc. Como já sabemos, o latim era restrito ao clero e aos intelectuais na Idade Média quando só se permitia ler os Salmos e os textos contidos nos breviários autorizados pelos bispos.

Seria de se esperar que a Igreja Católica da época pro-movesse a tradução da Bíblia para o crescimento espiritual dos fiéis. Embora nem todos pudessem ler ou estudá-la (pouquíssimos sabiam ler e escrever), mas pelo menos ouvi-la em uma língua com-preensível.

Pelo contrário, a partir do século XIII, todas as tentativas de tornar as Escrituras com-preensíveis para o povo foram condenadas. E quem tentasse divulgar os textos bíblicos seria perseguido, acusado de heresia e mandado para a fo-gueira. As doutrinas e práticas católicas não deveriam ser contestadas. A Igreja Católica não admitia ter sua nudez es-piritual à mostra.

em Javé. Quando o Senhor é o nosso prazer nos submetemos à Sua vontade. Sabemos que a vontade de Deus é boa, agradá-vel e perfeita (Hb12.2). Então, fazer a vontade do nosso Pai é deleite, prazer e contentamen-to. Quando o Senhor é o nosso prazer não nos importamos se as pessoas nos dão ou não aten-ção, nos consideram ou não. O Senhor é a nossa alegria plena.

Mas quando o mundo é o nosso prazer, vivemos no pecado, na desobediência. O nosso prazer em Deus é fruto da vida que recebemos dEle. Esta vida busca a semelhança com Ele. Aspira a santificação (Hb 12.14). João nos ensina que quem ama o mundo o amor do Pai não está nele (I Jo 2.15-17). O que se deleita na vontade de Deus permanece para sempre.

No século XV, quando Gu-temberg utilizou a prensa de tipos móveis, e o primeiro livro a ser impresso foi exata-mente a Bíblia, a Igreja ficou assustada.

Na Espanha de 1492, os chamados reis católicos, com o apoio do papa, proibiram a tradução da Bíblia na língua do povo.

Na França, conta-nos Jacopo Pó em seu livro: “No início do século XVI, uma tradução francesa do Novo Testamento fez tanto sucesso que alarmou a Faculdade de Teologia de Paris e levou o Parlamento, em 1526, a ordenar, por força de lei, a apreensão de todas as traduções bíblicas e a proibir que os tipógrafos as imprimis-sem no futuro”.

Na Alemanha, quando Lute-ro começou a traduzir a Bíblia para o alemão, foi acusado de golpe. Então uma comissão do clero católico escreveu um relatório enviado ao papa em 1553: “É preciso fazer todos os esforços possíveis para que a leitura do Evangelho seja per-mitida o mínimo possível…. O pouco que se lê na missa já basta, que ler mais do que aquilo não seja permitido a quem quer que seja”.

Ainda bem que Deus tem seus servos dedicados à divul-gação das Escrituras. William Tyndale, em 1525, completou sua tradução inglesa do Novo Testamento na qual usou a linguagem do povo, e não da aristocracia. Entretanto, 1536, perto de Bruxelas, Tyndale foi encontrado, identificado e condenado à morte por autori-

O nosso prazer em Deus nos leva a adorá-lo em espírito e em verdade (Cf. João 4.24). A en-grandecê-lo em todo o tempo. A glorificar o Seu nome em tudo o que fizermos (I Co 10.31). A nossa satisfação em Deus revela a Sua grandeza e a Sua majesta-de. Mostra nitidamente a nossa pequenez, o quanto somos frágeis, vulneráveis. Aquele que tem prazer em Deus não vive murmurando, praguejando, mas agradecendo. Sabemos que a gratidão é a música da alma tributada ao Senhor.

O nosso prazer no Senhor é pedagógico, educativo e nos amadurece para o enfrenta-mento das tempestades da vida. Ensina-nos a reagir na perspec-tiva do Senhor. Ensina-nos a ser mansos e humildes de coração (Mt 11.29). O prazer em Deus deve ser o coração das nossas

dades católicas, deixando sua obra pela metade

Ainda sob domínio papal, conta agora o historiador Ge-offrey Blainey: “Em 1530, na Inglaterra, dez pessoas foram punidas só por ouvirem a leitu-ra em voz alta do texto. Outras foram executadas porque pos-suíam ou distribuíam a Bíblia de Tyndale, ou ainda porque desobedientemente repetiam trechos dela. A perseguição aos hereges, fossem protes-tantes ou católicos, tornou--se comum na Inglaterra. Em 1536, uma corajosa católica foi vítima dessa perseguição: Elizabeth Barton, conhecida como ‘a freira de Kent”.

Hoje muitos fiéis católicos ainda se contentam somente com os textos de leitura da missa. Não vão além. Embora haja Bíblias editadas pela Igre-ja Católica, ainda prevalece a tese de que a Tradição é tão relevante quanto as Escrituras, como bem ficou definido no Concílio Vaticano II. Na prá-tica, a relevância da Tradição é maior do que a Bíblia. Logo, ainda prevalece o que diz a Tradição da igreja, e não a Bíblia. Aplica-se neste caso o que Jesus disse aos judeus do seu tempo: “Assim, por causa da sua tradição, vocês anulam a palavra de Deus”. (Mt 15.6, NVI).

Há um temor de que entre os evangélicos haja crentes que só se contentam com o que está no boletim da igreja e nas revistas da Escola Bíblica Dominical. Quanto à leitura da Bíblia, uma pesquisa do Instituto Pró-Livro aponta que

atitudes e das nossas ações, das nossas escolhas em todo o tempo. Deve governar as nos-sas preferências. Ser a base das nossas motivações. O nosso de-leite em Deus faz nossas almas descansarem. É o descansar no Senhor e esperar nEle (Sl 37.7).

O nosso prazer em Deus re-vela a nossa dependência dEle (Cf. João 15.5). Que O amamos. É prova de obediência. O segre-do de uma vida feliz é o prazer nEle como nos ensina Jesus ao dizer: “Bem-aventurados sois, quando vos insultarem, perse-guirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, pois a vossa recompensa no céu é grande; porque assim perse-guiram os profetas que viveram antes de vós” (Mt 5.11-12). Seja qual for a circunstância que Ele seja sempre o nosso prazer!

em nosso país apenas 16% dos que possuem um exemplar das Escrituras afirmam lê-la diariamente.

Apesar de não haver proibi-ção de possuir uma Bíblia e de lê-la, muitos crentes há que não a leem regularmente. Embora haja edições das Escrituras em todas as cores e para todos os gostos, a Bíblia paradoxalmente fica encostada a um canto sem ser lida e só lembrada quando se vai ao culto.

É importante destacar o que o Senhor falou a Josué: “Tenha o cuidado de obedecer a toda a lei que o meu servo Moisés lhe ordenou; não se desvie dela, nem para a direita nem para a esquerda, para que você seja bem-sucedido por onde quer que andar. Não deixe de falar as palavras deste Livro da Lei e de meditar nelas de dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo o que nele está escrito. Só então os seus cami-nhos prosperarão e você será bem-sucedido” (Js 1.7,8, NVI).

É evidente que para não se desviar, não deixar de falar do Livro da Lei, meditar nas pa-lavras do Livro, meditar nelas e cumprir o que está escrito é necessário ler. Ler as Escri-turas, como bem destaca o salmista:“Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro”. (Sl 119.97). E Paulo, o apósto-lo, falando a Timóteo, enfatiza a importância das Escrituras na vida do cristão: “Porque desde criança você conhece as Sagra-das Letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus” (II Tm 3.15, NVI).

O nosso prazer em Deus

Proibidos de ler a Bíblia

Page 15: Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 · em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren - tar a situação”. ... não são mero “faz de conta”

15o jornal batista – domingo, 13/12/15ponto de vista

Temos ouvido que a Bíblia é o livro mais lido no mundo, mas cada pessoa busca a

Bíblia com objetivos diferen-tes. Para muitas pessoas, por exemplo, a Bíblia é um livro com poderes especiais, uma espécie de talismã ou amu-leto. Em geral entendemos que ela é nossa única regra de fé e prática. Mas para que serviria a Bíblia, com suas histórias tão antigas, para um mundo novo e diferente deste Século XXI?

Em II Tm 3.16 Paulo indica que ela a Palavra de Deus é útil (Gr. ofélimos, benéfico, vantajoso). A ausência de um artigo junto da palavra “es-crituras” (grafai) leva alguns intérpretes a deduzir que temos aqui referência a toda Bíblia, não apenas ao Antigo Testamento.

Em primeiro lugar, neste texto, Paulo afirma que a Palavra de Deus é útil para doutrinar. Aqui temos a pa-lavra grega didaskalia que é utilizada no sentido de doutrina como em todas as epístolas pastorais (15 vezes e nesta epístola três vezes). Doutrinar aqui é ensinar o que é certo. Quantas vezes queremos impor nosso modo de pensar, nossa visão de mundo, nossa doutrina ou

tradição? A Bíblia fala muito a respeito da “doutrina dos homens” (Mt 15.9) e até em doutrina de demônios (I Tm 4.1). A tendência presente é deixarmos de lado a reflexão, o estudo e a compreensão da Bíblia e da vida.

Em segundo lugar, Paulo nos ensina que a Bíblia tem como papel nos repreen-der. A palavra grega aqui é elegmos, que somente ocor-re aqui neste texto em toda Bíblia e significa também mostrar o erro. Então, além de ensinar a verdade, a Bíblia tem como papel mostrar o erro, ser um padrão sinaliza-dor de nossos caminhos tor-tuosos. Fazer um diagnóstico de nossa vida, nossas ações, decisões e caráter.

No mundo contemporâneo o ser humano geralmente é considerado puro, bom e perfeito, mas na visão bíbli-ca temos o homem que se rebelou no Jardim do Éden declarando a sua indepen-dência contra Deus em busca de sua autonomia. A partir desse evento, a raça humana se afastou de Deus e a sua natureza ficou corrompida. Assim, as Escrituras nos re-preendem devido às nossas transgressões, às nossas de-cisões e ações contrárias à vontade de Deus em relação

à nossa vida. A Bíblia é como um espelho que mostra o quanto estamos distantes da perfeição. Ela atua como um diagnóstico médico mos-trando nossas enfermidades espirituais. Quantas vezes es-tamos dispostos a reconhecer nossas falhas? Sem estudar a Bíblia como conhecer nossa situação perante a vida e o mundo? Perante a verdade de Deus?

Em terceiro lugar, a Bíblia tem o papel de nos aprimo-rar. Aqui a palavra no tex-to original é epanopthosis (única ocorrência na Bíblia) e significa restauração do caído, melhoramento, apri-moramento da vida e ca-ráter. A Bíblia não apenas mostra o erro fazendo um diagnóstico, um julgamento de nossa vida, mas também dá o remédio (esperança). Ela nos aprimora, restaura, mostra como consertar o erro. Necessitamos buscar na Bíblia a solução essencial dos conflitos de nosso mun-do que jaz no Maligno – o príncipe das trevas. Neces-sitamos na Bíblia buscar a solução essencial de nossos conflitos pessoais. Esta é a face terapêutica da Bíblia que provê a restauração espiritual e essencial da pessoa do sé-culo XXI.

Em quarto lugar, o após-tolo Paulo nos ensina que a Bíblia tem o papel de nos instruir na justiça. A palavra grega é paideia, que signi-fica treinamento, instrução. Paideia dá a ideia da edu-cação prática para a vida. Junto a esta ideia (paideia) temos a palavra “justiça” (dykaiosyne: aquilo que é reto). A associação destas duas palavras dá a ideia de que a Bíblia tem como papel nos preparar para a vida. Jus-tiça aqui não tem o sentido retributivo de vingança ou jurídico de punição, castigo. Justiça na Bíblia significa “praticar o que é reto” pe-rante Deus e isto significa cultivar o caráter moral de Cristo, a pessoa perfeita – seguir suas pisadas – tendo--o como modelo de vida (Jo 13.15; Lc 9.23). Quantas vezes queremos seguir nossa própria maneira de compre-ender o mundo, com nossos próprios pensamentos, nos-sos próprios sentimentos e impulsos em vez de seguir a Cristo (veja Hb 12.2)?

Se avançarmos ao versícu-lo 17 de nosso texto, vamos ver que no final das contas tudo isso tem como alvo cen-tral a transformação radical de nossa vida de modo que sejamos perfeitos (no grego

artios: capaz, eficiente – em vez de teleios: completo) e perfeitamente habilitados (no grego eksrtizo: equipa-do por completo, terminar, completar) para toda boa obra. Em resumo, a palavra de Deus é como que uma fer-ramenta para colocar em dia nossa vida e nos dar o rumo para que possamos cum-prir nosso papel no mundo como cristãos, não apenas pregando o evangelho ou trabalhando na igreja, mas, muito mais, vivendo o evan-gelho em toda intensidade e em todas as áreas de nossa vida, como embaixadores de Cristo (II Co 5.20), como sal da Terra e luz do mundo (Mt 5.13ss). Precisamos também ter uma mente renovada (Rm 12.2) que se realiza com a reescritura de nossa estrutura mental com os princípios da Palavra de Deus, de modo que a nossa mente não fique cauterizada com o Espírito Santo e contra a verdade de Deus (I Tm 4.2).

Como vimos a Bíblia não é um livro cheio de teorias abstratas e histórias que só serviram para o povo da Anti-guidade. Ela é atual e mostra o caminho para o mundo do século XXI. Que tal ler e es-tudar a Bíblia a partir de hoje com isso em mente?

OBSERVATÓRIO BATISTALOURENÇO STELIO REGA

A Bíblia – nosso GPS seguro ...Hb 5.11-14; II Tm 3.16-17

Page 16: Ano CXIV Edição 50 Domingo, 13.12.2015 R$ 3,20 · em prática a Bíblia nos “enche de graça e poder para enfren - tar a situação”. ... não são mero “faz de conta”