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ACF Maria Carneiro Ano 9 Revista nº 34 JUN/JUL/AGO - 2007 Comunidades Isoladas: um desafio para o “Luz para todos” Artigos Técnicos Technical Articles Agenda de Eventos Events Schedule Isolated Communities: a challenge for the program ‘Light for Everyone’

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ACF Maria Carneiro

Ano 9 Revista nº 34JUN/JUL/AGO - 2007

Comunidades Isoladas: um desafio para o “Luz para todos”

Artigos TécnicosTechnical Articles

Agenda de EventosEvents Schedule

Isolated Communities: a challenge for the program ‘Light for Everyone’

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Tel: (+55 35) 3629 1443

Fax: (+55 35) 3629 1443

ISSN 1676-0220

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Technical Articles

CERPCH promove Fórum Permanentede Energias Renováveis

CERPCH promotes PermanentForum on Renewable Energy

Opinião

Tecnologia Social

Desenvolvimento Sustentável

Opinion

Social Technology

Sustainable Development

Breve análise sobre o Potencial Hidrelétrico BrasileiroA brief overview of the Brazilian Hydroelectric Potential

Comunidades Isoladas:um desafio para o “Luz para Todos”

Isolated Communities:a challenge for the program “Light for Everyone’

Esquentando o debate sobre o aquecimento globalDebate about global warming heats up

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Dear readers,

The alternative sources of energy and cogeneration play an im-portant role in the national energy scenario. However, in order fortheir participation to grow in the Brazilian energy matrix, they needsupport, incentive, and funding. Today, in Brazil, the governmenthas been showing concern and it encourages the use of biofuels, as-sociating the country with the intensive use of renewable sourcesof energy.

As far as Small Hydropower Plants (SHPs) are concerned, this isdifferent. Although the country has complete domain of the pro-duction lines of equipment and services for SHPs, the govern-ment's actions regarding the use of SHPs as clean and renewablesources of energy may be considered as timid. Brazil is internation-ally respected in the area and, even so, there are no policies of theMinistry of Foreign Trade or the Ministry of Industry and Trade thattakes small hydropower plants into account.

For the foreigners, there is a lot of talk about biofuels and verylittle about SHPs. Both of them could be the mark of the country inrelation to its concern about the conservation of the environment,either by the use of these sources as vectors for the economic andsocial development of communities with a low human developmentindex or because they can constitute excellent products for expor-tation, increasing the participation of the country in the interna-tional market, mainly in relation to the emerging markets of theother Latin American, African and Asian countries.

It is important to highlight that in a globalized market it is nec-essary to be present at the most different segments, even underthe risk of seeing your market being invaded by similar products atmore competitive prices. In the specific case of SHPs, one musthave in mind that both China and India can introduce their prod-ucts in the country; products with similar technologies and lowprices.

This is a warning to the national manufacturers that are used toa market without competition and that, so far, have charged abu-sive prices in order to meet the demand due to the new SHP pro-jects currently ongoing in the country.

Geraldo Lúcio Tiago Filho

Prezados Leitores.

As energias alternativas e a cogeração exercem papel impor-tante no cenário energético nacional. Entretanto, para que sua par-ticipação cresça na matriz energética brasileira, elas precisam deapoio, estímulos e financiamentos. Hoje no Brasil há uma grandepreocupação por parte do governo em incentivar os biocombutí-veis, associando o país ao uso intensivo de fontes renováveis deenergia.

No caso das PCHs, isso é diferente. Embora o país detenha o do-mínio completo da linha de produção de equipamentos e de servi-ços de pequenas centrais hidrelétricas, as ações do governo quan-to ao uso das PCHs como fontes limpas e renováveis de energia po-dem ser consideradas tímidas. O Brasil é respeitado internacional-mente neste seguimento e, mesmo assim, não existe nenhuma po-lítica do Ministério de Comércio Exterior ou do Ministério de Indús-tria e Comércio voltada para as pequenas centrais.

Para o público externo, fala-se muito em biocombustíveis e mui-to pouco em PCHs. Tanto um quanto o outro poderia constituir namarca do país quanto à sua preocupação com a conservação do me-io ambiente, seja pelo uso dessas fontes como vetores do desen-volvimento social e econômico de comunidades com baixos índicesde desenvolvimento humano, seja para constituírem excelentesprodutos de exportação, aumentando a participação do país nomercado internacional, principalmente em relação aos mercadosemergentes dos demais países da América Latina, África e Ásia.

É importante salientar que, em um mercado globalizado, faz-senecessário estar presente nas mais diferentes praças, mesmo sobo risco de ver o seu mercado cativo invadido por produtos similaresa custos mais competitivos. No caso específico das PCHs, há de seter em mente que tanto a China como a Índia podem colocar pro-dutos no país a custos baixos e com tecnologias similares.

Trata-se de um alerta aos fabricantes nacionais, acostumadoscom mercado cativo sem competição e que, no momento, têm pra-ticado custos abusivos face à demanda devido aos novos projetosde PCH, atualmente em andamento no país.

Geraldo Lúcio Tiago Filho

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TECNOLOGIA SOCIAL

Comunidades Isoladas: um desafio para o “Luz para Todos”

Consultor do Ministério de Minas e Energia – MME para o programa “Luz para Todos”, Eduardo Barreto.

Desde seu lançamento feito pelo Governo Fede-ral, em 2003, o “Programa Nacional de Universali-zação do Acesso e Uso da Energia Elétrica - Luzpara Todos", coordenado pelo Ministério deMinas e Energia (MME) com a participa-ção da Eletrobrás e de suas empresascontroladas, tem como objetivo prin-cipal levar energia elétrica para a po-pulação do meio rural e RegiãoAmazônica. Dessa forma, de cu-nho mais social, o programa temcomo prioridade levar energiaelétrica aos municípios com índi-ce de atendimento a domicíliosinferior a 85% (com base noCenso 2000) ou IDH abaixo damédia estadual.

Dessa forma, desde que foi cri-ado, o grande desafio enfrentadopelo programa tem sido o atendi-mento de comunidades isoladas, prin-cipalmente na Região Amazônica. Issoocorre devido à dificuldade de acesso quea região tem, inviabilizando a expansão dasredes de transmissão pelas concessionárias, op-ção técnica tida como prioridade pelas distribuido-ras em detrimento da utilização de fontes renováveis al-ternativas através de sistemas de geração descentralizadaou sistemas de geração individuais.

O consultor do MME, Eduardo Barreto, afirma que o atendimentodas comunidades isoladas sofre, basicamente, em dois pontos: o primeiro é omarco regulatório para o atendimento dessas comunidades, principalmente, na Ama-zônia, já que não há regras específicas no setor elétrico que atendam as necessidades des-sas populações. E o segundo ponto é a Logística da Amazônia que é complicada e cara.

O MME está empenhado em solucionar essa questão legal, para isto trabalha com duaslinhas de atuação. A primeira é por meio de Decreto, no qual o MME pretende regulamentaro artigo 12 da lei nº 9074/95, no qual se abre a possibilidade do produtor independente deenergia, que é um agente autorizado e não concessionário, em atender os consumidoresna distribuição de energia, em circunstâncias a serem estabelecidas.

A segunda linha é por meio de medida provisória, que estabelece recursos e mecanis-mos para liquidar as diferenças de despesas. Visando menor custo para o atendimento, es-sa proposta é definida, sempre, em comum acordo com as concessionárias que operam naregião em questão.

Segundo Barreto, o programa Luz para Todos, dentre outras coisas, atende hoje a cons-trução de rede de transmissão e trabalha com recursos para investimentos, os quais 80%vêm do programa do Governo Federal, através da Conta de Desenvolvimento Energético eda Reserva Global de Reversão, uma parte do governo Estadual e uma parte menor dasconcessionárias.

O desafio do Governo é como serão pagos os custos de operação e manutenção, já queas condições na Amazônia são singulares. Estuda-se o redirecionamento da Conta de Con-sumo de Combustíveis (CCC), para afiançar essa manutenção.

“Vale ressaltar que as discussões estão no começo e ainda necessitam de adequações.O objetivo é atender essas comunidades com custo baixo e para isso é preciso uma reavali-ação para possíveis investimentos em energias alternativas”, explica Barreto.

Adrian

a Bar

bosa

Por Adriana Barbosa

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SOCIAL TECHNOLOGY

Isolated Communities: a challenge for the program “Light for Everyone’

MME's Advisor for the program 'Light for Everyone', Mr. Eduardo Barreto.

Since it was launched by the Federal Governmentin 2003, the program 'Light for Everyone' (a pro-

gram that aims at the universalization of the ac-cess and use of electric power) intends to

take electric power to dwellers of rural ar-eas and the Amazon Region. The pro-

gram is coordinated by the MME (Min-istry of Mines and Energy) with theparticipation of Eletrbrás and thecompanies it controls. Having asocial character, the program'spriority is to take electric powerto towns where less than 85%of the households has electricity(based on IBGE's 2000 census)or towns whose HDI is lowerthan the state's average.

Hence, since it was created,the great challenge faced by the

program has been to take to elec-tricity to the isolated communities,

mainly in the Amazon Region. The greatdifficulty to be overcome is the difficult ac-

cess to the region, so the expansion of powerlines is considered unfeasible by the power utili-

ties. This option, by the way, is considered as a pri-ority by the utilities, which disregard the use of alterna-

tive renewable sources of energy through decentralizedgenerating systems or individual generating systems.

MME's advisor, Mr. Eduardo Barreto, says that the assistance to iso-lated communities suffers in two points basically: the first one is the regula-

tory mark regarding the assistance to these communities, mainly in the Amazon Re-gion, given that there are no specific rules in the electric sector that meet the needs ofthese populations; and the second point regards the logistics in the Amazon, which is com-plicated and expensive.

The MME is willing to solve this legal issue, and for that it is trailing two different paths.The first one is to use a Decree, through which the MME intends to regulate article 12 ofLaw 9074/95. It opens the possibility for the energy independent producer, who is a per-mit-holder and not a utility, to provide power to the consumers according to guidelines thatstill need to be established.

The second path is through a provisory measure that establishes resources and mech-anisms to liquidate the expenses differences. Aiming at a lower cost, this proposal is al-ways defined as an agreement with the power utilities that operate in any given region.

According to Barreto the program 'Light for Everyone' today, among other things,works with the construction of power lines and works with investment resources, which80% come from the Federal Government through the Energy Development Account andthrough the Reversion Global Reserve, a part comes from the State Government and thesmallest part comes from the power utilities.

The challenge of the Government is how the operation and maintenance costs will bepaid, given that the conditions in the Amazon Region are unique. In order to assure thismaintenance, the re-direction of the CCC (Fuel Consumption Account) is being studied.

“It is important to highlight that the discussions are still beginning and need adjust-ments. The objective is to meet the needs of these communities at a low cost, ad for that itis necessary to carry out a re-assessment regarding possible investments in alternativesources of energy”, explains Mr. Barreto.

Translation Adriana Candal

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Os 226 projetos brasileiros de MDL devem reduzir cerca de 200milhões de toneladas de CO equivalente nos próximo 7 anos.Esperamos aprofundar a abrangência do MDL, a partir da recentedefinição das regras do MDL programático, bem como a partir daaprovação em Montreal na COP-10 da proposta brasileira de esta-belecimento de programas de desenvolvimento sustentável no âm-bito da Convenção, desde que haja incentivos positivos, em adiçãoaos projetos MDL de redução de emissão no âmbito do Protocolo.Este mecanismo na Convenção deverá ser regulamentado em para-lelo à regulamentação das novas metas para os países desenvolvi-dos no âmbito do segundo período de compromisso do Protocolo deQuioto.

A maioria dos projetos MDL brasileiros (61%) são de geraçãode energia (138), com uma instalação de capacidade adicional decerca de 2.200 MW, dos quais cerca de 1.150 MW em co-geraçãocom bagaço de cana. Contudo, a grande redução de emissão(63%) ocorre em projetos de redução de emissões de óxido nitroso(2) e de redução de metano (62). Na redução de emissões de óxidonitroso, o destaque é o projeto da Rhodia, em Paulínia (SP), o qualé o maior projeto já em operação de redução de emissões do Brasil.Na redução de emissões de metano, destacam-se, em particular,os projetos de redução de emissões nos aterros sanitários e na sui-nocultura.

O Brasil tem o processo de aprovação definido pela ComissãoInterministerial que estabelece um prazo de 60 dias para análisedas submissões, de forma análoga ao processo de registro dos pro-cessos pelo Conselho Executivo do MDL. A aprovação é deliberadapor um colegiado de representantes de 11 Ministérios, o que ga-rante a lisura e a transparência do processo. O período médio paraaprovação dos projetos no primeiro semestre de 2007 foi de 63,7dias. Esta média leva em conta que alguns desses projetos ficaramem revisão e tiveram que ser submetidos novamente à análise pelaComissão. Na Índia e na China, por exemplo, a carta de aprovaçãopode ser dada antes mesmo de o projeto ter sido validado, o quevai gerar incerteza na qualidade do projeto, se o projeto vai ser re-

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- A que está relacionada a maioria dos projetos de MDLsubmetidos à análise neste período?

- Como o senhor vê as críticas por parte das empre-sas/instituições que submetem projetos de MDL em relaçãoà lentidão na análise desses projetos pelo governo brasilei-ro em comparação com países como China e Índia?

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Esquentando o debate sobre o aquecimento global

A entrada em vigor do Protocolo de Quioto e o seu potencial de mobilização de recursos na casa dos bilhões de dólares, com parte des-tinada ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), chamou a atenção para a necessidade de se criar dentro do governo brasileiro ummecanismo que pudesse direcionar esse potencial para as prioridades de desenvolvimento nacionais. Aliado a isso, o tema mudanças cli-máticas vem adquirindo importância no cenário de relações internacionais, o que requer articulação de ações de diversos órgãos governa-mentais setoriais. Dentro desse contexto, foi criada pelo governo brasileiro em 1999 a Comissão Interministerial de Mudança Global do Cli-ma, constituindo um esforço no sentido de articular as ações de governo relacionadas às mudanças climáticas globais.

Em entrevista à PCH Notícias & SHP News, o secretária-executivo da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, José Do-mingos Gonzalez Miguez, destaca o que de mais importante foi feito em termos de redução de emissões de CO2 no Brasil, além de rebateras constantes críticas em relação à lentidão na análise dos projetos de MDL pelo governo brasileiro em comparação com países como Chi-na e Índia. Miguez também analisa a intensa divulgação do tema mudanças climáticas feita atualmente pelos veículos de comunicação,destacando o papel do Brasil no combate ao aquecimento global.

- Desde o início das atividades da Comissão Interminis-terial de Mudança Global do Clima em 1999, o que de maisimportante foi feito em termos de redução de emissões deCO no Brasil?

- Nos últimos anos, com as publicações dos relatórios doIPCC e a intensa divulgação do tema aquecimento global namídia, o Brasil tem amadurecido em relação à submissão deprojetos de MDL, redução de emissões e propostas de políti-cas setoriais em torno do tema? Há ainda que melhorar?

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Dentre as atribuições definidas para a Comissão Interministeri-al de Mudança Global do Clima destacam-se as relativas à regula-mentação e à aprovação de projetos no âmbito do MDL do Protoco-lo de Quioto. O Brasil, no final de maio de 2007, tinha 226 projetosem diferentes estágios de implementação; destes, 100 já registra-dos pelo Conselho Executivo do MDL em Bonn, Alemanha, dos qua-is 58 projetos que já reduziram cerca de 8 milhões de toneladas degás carbônico equivalente coma emissão dos créditos de car-bono correspondente aos parti-cipantes de projeto.

Além disso, destacam-se oslançamentos dos veículos flex-fuel e do programa de biodiesel,bem como o aumento do pro-grama do álcool no Brasil, os quais vêm reduzindo significativa-mente emissões no setor de transporte. Deve-se destacar ainda oProinfa [Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de EnergiaElétrica] do MME, que encontra sinergia no MDL. Este programatem contribuído para o aumento da capacidade do setor elétricocom instalação de capacidade adicional de geração elétrica comfontes renováveis, com a construção de novas centrais hidrelétri-cas, eólicas e de cogeração, utilizando biomassa e, em especial, ba-gaço de cana. Além desses programas, deve-se ressaltar os pro-gramas de conservação de energia (PROCEL e CONPET) e a repo-tenciação de hidrelétricas. Em especial, o Brasil também aprofun-dou a política de combate ao desmatamento, que resultou, desde2005, em redução significativa de 50%.

Os relatórios do IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mu-dança do Clima - são divulgados a cada 5-6 anos e resumem o está-gio atual da literatura científica sobre mudança do clima no mundo.Eles são importante fonte de informação científica, em especial,por evidenciarem a importância do tema e apresentarem cenáriosfuturos para o fim deste século. O Brasil estabeleceu o Programa deMudança do Clima, coordenado pelo MCT, em 1994 e, desde então,vem tendo um papel de protagonista nas negociações internacio-nais sobre o tema. Inclusive, é importante lembrar que o MDL sur-giu de uma proposta brasileira.

“O Brasil estabeleceu o Programa de Mudança do Clima, coordenado peloMCT, em 1994 e, desde então, vem tendo um papel de protagonista nas negocia-ções internacionais sobre o tema. Inclusive, é importante lembrar que o MDL sur-giu de uma proposta brasileira.”

Por Fabiana Gama Viana

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- Since the beginning of the activities of the Inter-ministerial Commission for Global Climatic Changes in1999, what are the most important things that have been do-ne regarding the reduction of CO emissions in Brazil?2

Among the activities that were defined for the Inter-ministerialCommission for Global Climatic Changes we can highlight the regu-lation and approval of projects regarding the Kioto Protocol CDM.Brazil, at the end of May 2007, had 226 projects in different imple-mentation stages. Out of this number, 100 have already been re-gistered by the CDM Executive Board in Bonn, Germany. 58 of the-se projects have already reduced about 8 million tons of equivalentcarbon monoxide and have already received the carbon credits

that correspond to their participation in the projects.

Besides, the release of the dual-fuel vehicles, the biodiesel pro-gram and the increase in the alcohol program must be highlighted,given that they have been reducing the emissions of the transportsector significantly. MME's (Ministry of Mines and Energy) PROINFA(a program that encourages power production out of alternativesources of energy) has a good synergy with the CDM. PROINFA hascontributed towards the increase in the capacity of the electric sec-tor with the installation of additional capacity of electric power ge-neration out of renewable sources with the construction of newhydropower, wind and cogeneration plants using biomass, particu-larly sugarcane bagasse. Besides these programs, it is important tomention the programs regarding energy conservation (PROCEL

SUSTAINABLE DEVELOPMENT

Debate about global warming heats up

and CONPET) and the repowering of hydroelectric plants. Specially,since 2005, the country has hardened the policy in relation to thefight against deforestation, which resulted in a significant reducti-on of 50%.

The IPCC – are releasedevery 5-6 years and they sum-marize the current status of thescientific literature on the clima-tic change in the world. They arean important source of scientificinformation, especially becausethey show the importance of the

theme and present future scenarios for the end of this century. In1994, Brazil established the Climatic Change Program, coordinatedby the MCT (Ministry of Science and Technology), and since thenthe country has had an important role in the international negotia-tions on the theme. It is important to mention that the CDM daw-ned from a Brazilian proposal.

The 226 CDM Brazilian projects must reduce about 200 milliontons of equivalent CO over the next 7 years. We also expect to wi-den the spectrum of the CDM after the recent definition of the pro-grammatic CDM rules, as well as after the approval in the ClimateChange Convention (Montreal COP-10) of the Brazilian proposal toestablish sustainable development programs within the range of

- Over the past years, with the publication of the IPCC re-ports and the constant attention the media is giving to thesubject of global warming, has Brazil matured in relation tothe submission of CDM projects, emission reductions andproposal of sectorial policies regarding this theme? Is thereanything else to improve?

2

The Kioto Protocol and its potential for mobilizing resourcesthat may reach billions of dollars – part of these resources are des-tined to the Clean Development Mechanism (CDM) – called the gov-ernment's attention to the need for creating a mechanism that canorient this potential to the priorities regarding national develop-ment. In addition, the subject of climatic changes has been receiv-ing the attention it deserves within the international relation sce-nario, which demands actions from several sectorial governmentalorgans. Within this context the Brazilian government created theInter-ministerial Commission for Global Climatic Changes in 1999as an effort to articulate the governmental actions related to theglobal climatic changes.

In a interview given to the PCH Notícias & SHP News, the execu-tive secretary of the Inter-ministerial Commission for Global Cli-matic Changes, Mr. José Domingos Gonzalez Miguez, highlights themost important things that have been done in relation to the reduc-tion of CO emissions in Brazil. He will also talk about the constantcriticisms in relation to the slowness of the Brazilian government toanalyze CDM projects in comparison with India and China. Mr.Miguez will analyze the intense treatment the means of communi-cation have been giving to the subject of climatic changes, high-lighting the role of Brazil in the fight against global warming.

2

Secretário-executivo da Comissão Interministerial de Mudança Globa do Clima, José Domingos Gonzalez Miguez.Secretário-executivo da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, José Domingos Gonzalez Miguez.

“In 1994, Brazil established the Climatic Change Program, coordinated by theMCT (Ministry of Science and Technology), and since then the country has had animportant role in the international negotiations on the theme. It is important tomention that the CDM dawned from a Brazilian proposal.”

Translation Adriana Candal

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

gistrado ou não no Conselho Executivo do MDL e, até mesmo, se oprojeto vai ser implementado, o que não ocorre no Brasil. Dos 226projetos em todo o ciclo do MDL, 180 já foram submetidos para aComissão e 164 foram aprovados, encontrando-se em revisão so-mente 9 projetos.

Na China e na Índia, a aprovação não é do projeto e sim da idéiado projeto, normalmente pelo representante da Autoridade Nacio-nal, o que ocorre sem nenhuma relação com a qualidade do projetoe não há nenhuma garantia que o projeto será implementado.Entenda-se também que os projetos brasileiros são submetidos àAutoridade Nacional Designada depois de finalizado o relatório devalidação, o que garante a credibilidade dos projetos brasileiros e,por este fato, apenas projetos que já estão prontos para serem sub-

metidos ao registro no Protocolo de Quioto são analisados para aaprovação. A submissão do projeto junto com o relatório de valida-ção facilita a análise pelos membros da Comissão, uma vez queexiste o parecer de um certificador independente sobre a conformi-dade do projeto com a regulamentação do Protocolo de Quioto ecom as decisões do Conselho Executivo. Finalmente, é bom lem-brar que a seriedade do processo de aprovação facilita o registrodos projetos no Conselho Executivo do MDL e aumenta a credibili-dade e, principalmente, o valor dos projetos brasileiros.

No caso do Brasil, o tempo de aprovação depende da qualidadedas submissões, o que, infelizmente, no início do processo não eraadequada, sendo freqüente a falta de documentos - em particular,da licença ambiental, além da insuficiente descrição da contribui-

ção do projeto ao desenvolvimento sustentável ou o uso de parâ-metros inadequados - em especial, fatores de emissão. Em algunscasos, há o problema da adicionalidade. Porém a adicionalidade éum conceito subjetivo (a redução de emissão do projeto tem de seradicional a que ocorreria em um cenário hipotético sem a imple-mentação do projeto MDL) e, pela regulamentação do Protocolo, éde responsabilidade do Conselho Executivo do MDL e não da Auto-

- Qual seria a explicação para o Brasil levar mais tempona análise e aprovação dos projetos de geração de créditosde carbono em relação a esses outros países?

- Quais são as principais dificuldades constatadas nosprojetos de MDL encaminhados para análise? O entendi-mento e aplicabilidade do conceito de adicionalidade seriauma das dificuldades, por exemplo?

ridade Nacional (a Comissão). Contudo, a Comissão, no intuito deajudar o registro dos projetos, avalia a justificativa sobre adiciona-lidade e pede esclarecimentos adicionais em caso de dúvida, masesse fator não é decisivo para aprovação do projeto, pois pela natu-reza subjetiva é de responsabilidade do Conselho Executivo doMDL.

Deve-se ressaltar que a elaboração de um projeto MDL é com-plexa e que a regulamentação vem sendo aperfeiçoada desde2001, ao passo que muitos desenvolvedores de projeto estão en-trando neste setor recentemente e ainda encontram certa dificul-dade de entender o processo.

O tema de mudança do clima ganhou destaque a partir de 2001com a recusa do governo norte-americano de ratificar o Protocolode Quioto. Além disso, os relatórios do IPCC ajudaram na consci-

entização pública sobre oproblema.

Os relatórios do IPCCtrabalham sobre cenárioshipotéticos para o fim do sé-culo (2100) sobre os im-pactos da mudança do cli-ma em diferentes cenários

de crescimento econômico, populacional e de emissões de gasesde efeito estufa. Esses cenários são elaborados sem considerar asreduções de emissão de políticas de mitigação (caso do MDL ou docomércio de emissões no Protocolo de Quioto) e sem levar em con-ta a adaptação natural dos ecossistemas às mudanças do clima.

Dada a complexidade científica do tema e as incertezas ineren-tes, a informação nem sempre chega à população de forma corre-ta. É importante destacar que os cenários do IPCC são um pano defundo, sem mitigação de emissões e sem adaptação natural, ou se-ja, o IPCC trabalha com o pior cenário para que os países possamdefinir políticas para evitar que esses cenários ocorram. Como sãoo pior cenário, há uma percepção errônea que esses cenários sãoauto-proféticos ou que vão acontecer no curto prazo. Mas, confor-me demonstrado acima, todos os países do mundo vêm trabalhan-do seriamente para que os cenários do IPCC não se realizem e queo crescimento e o desenvolvimento dos países sejam feitos de for-ma segura e ambientalmente correta, ou seja, um desenvolvimen-

to limpo com menos emissão de gases de efeito estufa.

Finalmente, é importante destacar que não é necessário redu-zir as emissões a zero e, sim, uma redução de cerca de 50% dos ní-veis de emissão de gases de efeito estufa em 1990 pelas atividadeshumanas. A liderança desse processo, conforme acordado na Rio92, cabe aos países desenvolvidos que são os responsáveis históri-cos pelo emissões desde a Revolução Industrial.

- Como o senhor tem encarado a intensa divulgação do te-ma mudanças climáticas pela mídia nacional? Ela tem sidofeita de forma correta?

“Na China e na Índia, a aprovação não é do projeto e sim da idéia do projeto, nor-malmente pelo representante da Autoridade Nacional, o que ocorre sem nenhumarelação com a qualidade do projeto e não há nenhuma garantia que o projeto seráimplementado.”

“Dada a complexidade científica do tema e as incertezas inerentes, a informação nem sempre chega à popula-ção de forma correta. É importante destacar que os cenários do IPCC são um pano de fundo, sem mitigação deemissões e sem adaptação natural, ou seja, o IPCC trabalha com o pior cenário para que os países possam definirpolíticas para evitar que esses cenários ocorram. Como são o pior cenário, há uma percepção errônea que essescenários são auto-proféticos ou que vão acontecer no curto prazo.”

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SUSTAINABLE DEVELOPMENT

whether the project is in accordance with the regulations of the Kio-to Protocol and with the decisions of the Executive board. Finally, itis good to remember that the seriousness of the approval processmake it easier to register projects in the CDM Executive Board, in-creases the credibility and, mainly, increases the value of the Brazi-lian projects.

As far as Brazil is concerned, the period of approval depends onthe quality of the submissions, which, unfortunately, at the begin-ning of the process was not appropriate because of the frequentlack of documentation – particularly the environmental license, theinsufficient description of the project's contribution towards sustai-nable development or the use of inappropriate parameters, especi-ally emission factors. In some cases, the additive problem is noti-ced. However, the additive concept is subjective (the emission re-duction of the project must be additional to the one that would takeplace in a hypothetic scenario without the implementation of theCDM project) and, according to the regulation of the Protocol this isin charge of the CDM executive board and not of the National Aut-hority (the Commission). However, aiming at helping the registra-tion of projects, the Commission assess the justification regardingthe additive aspect and asks for additional explanations in case the-re are doubts, but this factor is not decisive for the approval of theproject, given that its subjective nature is in charge of the CDM exe-cutive board.

It is important to highlight that the elaboration of the CDM pro-ject is complex and that the regulation has been improved since2001. Many project developers have just entered this sector andthey still find it difficult to understand certain aspects of the pro-cess.

The subject of climatic changes was highlighted in 2001 afterthe North American government refused to ratify the Kioto Proto-col. Besides, the reports of the IPCC contributed towards the publicawareness of the problem.

The IPCC reports are based on hypothetic scenarios for the endof the century (2100) regarding the impacts of the climatic chan-ges on different economy, population and gg emission growth sce-narios. These scenarios are elaborated without considering theemission reductions as results from mitigation policies, which is thecase of the CDM or the emission trade of the Kioto Protocol, and wit-hout taking into account the natural adjustment of the ecosystemsto the climatic changes.

Given the scientific complexity of the theme and its uncertainti-es, sometimes the information does not reach the population in thecorrect way. It is important to highlight that the IPCC's is a futureexpected scenario, without considering emission mitigations andnatural adjustments, i.e., the IPCC works with the worst case sce-nario, so that the countries can define policies to avoid this scenari-os from happening. As they are the worst scenarios, there is a

- What are the main difficulties that are seen on the CDMprojects submitted to analysis? Would the understandingand applicability of the additive concept be one of the diffi-culties, for example?

- How do you see the intense coverage of the climaticchanges by the national media? Has it been done correctly?

the Convention, given that there are positive incentives, in additionto the CDM programs on the emission reduction in the range of theProtocol. In the Convention this mechanism must be regulated atthe same as time the new goals regarding the commitment of thedeveloped countries for the second period of the Kioto Protocol.

Most of the Brazilian CDM projects (61%) are related to energygeneration (138), with the installation of and additional of 2,200MW, out of which about 1,150 MW come from cogeneration with su-garcane bagasse. However, the significant reduction in emission(63%) occurs in projects related to the reduction in the emissionsof nitrogen oxide (2) and methane (62). Concerning the reductionin the emission of nitrogen oxide, Rhodia's project in the city of Pau-línia (SP) must be highlighted, given that it is the largest project inoperation aiming at emission reduction in the country. As far asmethane emissions are concerned, the projects in landfills and swi-ne breeding must be highlighted.

Brazil has an approval project defined by the Inter-ministerialCommission that establishes a period of 60 days for the analysis ofthe submitted projects in a similar way used by the CDM Board to re-gister the submitted processes. The approval is deliberated by a bo-ard of representatives of 11 ministries, which guarantees the ho-nesty and transparence of the process. The average period for theapproval of the projects in the first semester of 2007 was 63.7days. This figure takes into account the fact that some of these pro-jects had to be reviewed and submitted again to the Commission.In India and China, for example,the approval certificate may begiven even before the project isvalidated, what may cause un-certainties regarding the qualityof the project, whether the pro-ject will be registered in theCDM Executive Council or not, and even whether the project will beimplemented or not. Those uncertainties do not take place in Bra-zil. Out of the 226 projects within the whole CDM cycle, 180 havebeen submitted to the Commision and 164 have been approved;only 9 are being reviewed.

In China and in India, it is not the project that is approved by arepresentative of the national authority, but it is the idea of the pro-ject. That takes place without relation to the quality of the projectand there are no guarantees that the project will be implemented.It is important to understand that the Brazilian projects are sub-mitted to the Designated National Authority after the validation re-port is finalized, what assures the credibility of the Brazilian pro-jects and because of this fact only the projects that are ready to besubmitted to the registration of the Kioto Protocol are analyzed forapproval. The submission of the project with the validation reportmakes it easier for the members of the commission to analyzethem, given that there is the opinion of an independent certifier

- What are most of the CDM projects submitted to analy-sis within this period related to?

- How do you see the criticisms coming from compani-es/institutions that submit CDM projects in relation to theslowness that these projects are analyzed by the BrazilianGovernment in comparison with countries such as Indiaand China?

- What is your explanation for Brazil to take longer toanalyze and approve projects on the generation of carboncredits in relation to these other countries?

“In China and in India, it is not the project that is approved by a representati-ve of the national authority, but it is the idea of the project. That takes place wit-hout relation to the quality of the project and there are no guarantees that theproject will be implemented.”

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Não obstante, o Brasil vem se destacando no combate ao aque-cimento global e ocupa um honroso terceiro lugar em número deprojetos MDL e em termos de redução de emissão estimada para es-ses projetos, apenas depois de China e Índia. O Brasil, mesmo comuma matriz energética limpa, quando comparada com as matrizesde China e Índia, baseadas no consumo intensivo de combustívelfóssil, em especial de carvão mineral, assume uma liderança no pro-cesso de combate ao efeito estufa devido à capacidade empresariale inovadora dos empreendedores brasileiros. E, nesse processo, ogoverno tem contribuído como facilitador e motivador, propondo so-luções criativas, como o MDL, e que visam contribuir à solução doproblema sem criar um ônus adicional e indevido à sociedade bra-sileira.

wrong perception that they are self-prophetic scenarios or thatthey will happen shortly. But according to what was shown previ-ously all the countries in the world are working seriously to avoidIPCC's scenarios and that the growth and development of the coun-tries can be carried out in a safe and environmentally correct way,i.e., a clean development with less emission of greenhouse gases.

Finally, it is important to say that it is not necessary to reducethe emission to zero. A reduction by 50% in the emission of gree-nhouse gases, released by human activities in 1990, would be suf-ficient. The leadership of this process, according to the agreementsigned during Rio 92, is in charge of the developed countries, whichhave been historically responsible for the emissions since theIndustrial Revolution.

Brazil has had an outstanding attitude in the fight against glo-bal warming, occupying an honored third position in number ofCDM projects, and in terms of estimate emission reduction for the-se projects. The country is behind China and India. Brazil, evenwith a clean energy matrix if compared to the matrices of India andChina, based on the intensive consumption of fossil fuel, especiallycoal, assumes the leadership in the process of fighting the gree-nhouse effect due to the entrepreneurial and innovative skills ofthe Brazilian entrepreneurs. And the government has been contri-buting to this process by facilitating and encouraging it, proposingcreative solutions, such as the CDM, and solutions that aim at con-tributing to the solution of the problem without creating an additio-nal to the Brazilian society.

“Given the scientific complexity of the theme andits uncertainties, sometimes the information doesnot reach the population in the correct way. It is im-portant to highlight that the IPCC's is a future expec-ted scenario, without considering emission mitigati-ons and natural adjustments, i.e., the IPCC workswith the worst case scenario, so that the countriescan define policies to avoid this scenarios from hap-pening. As they are the worst scenarios, there is awrong perception that they are self-prophetic scena-rios or that they will happen shortly.”

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Comitê Editorial - Editorial CommitePresidente - President

Editores Associados - Associated PublishersGeraldo Lúcio Tiago Filho - CERPCH UNIFEI

Adair Matins - UNCOMA - ArgentinaÂngelo Rezek - ISEE UNIFEIArtur de Souza Moret - UNIRAugusto Nelson Carvalho Viana - IRN UNIFEIBernhard Pelikan - Universidade de Bodenkultur Wien – ÁustriaCarlos Barreira Martines - UFMGCélio Bermann - IEE USPJaime Espinoza - USM - ChileJosé Carlos César Amorim - IMEMarcelo Marques - IPH UFRGSMarcos Aurélio V. de Freitas - COPPE UFRJMaria Inês Nogueira Alvarenga - IRN UNIFEIOrlando Aníbal Audisio - UNCOMA - ArgentinaZulcy de Souza - LHPCH UNIFEI

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Classificação Qualis/Capes

A Local ENGENHARIAS IIIA Local GEOGRAFIAA Local MULTIDISCIPLINARC Nacional ENGENHARIAS I

Technical Articles Seccion

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RESUMO

ABSTRACT

Apresentar um breve panorama da universalização dos serviços de energia elétrica no Brasil utilizando como cenário dois dos maioresprogramas de universalização brasileiros: Luz no Campo e Luz para Todos. Através disso, objetiva-se entender que um programa não me-rece mais méritos e reconhecimento que o outro e, sim, compreender que os dois surgiram em cenários regulatórios e políticos diferentes,denotando o processo de evolução da universalização no Brasil.

Palavras-chave: universalização, energia elétrica, Luz no Campo, Luz para Todos

The intention is to present a brief overview of the universalization of the electric power services in Brazil using two of the largest Brazili-an universalization programs: 'Light in the Countryside' and Light for Everyone'. By doing this the goal is to understand that one programdoes not deserve more merits and recognition than the other, but comprehend that both programs were created within different regula-tory and political scenarios, showing the process of the universalization evolution in Brazil.

Key words: Universalization, electric energy, Luz no Campo (Light in the Countryside), Luz para Todos (Light for Everyone)

1. INTRODUÇÃO

O acesso aos serviços públicos, inclui-se aqui a energia elétrica, é imprescindível para o desenvolvimento individual e da sociedade,afirma Fugimoto (2005). Os serviços públicos, completa Martinez (in GOMES & RIBEIRO, 2005), representam a construção social que con-fere ao cidadão a condição de direitos fundamentais e universais, sem os quais as pessoas estariam seriamente limitadas para desenvol-ver suas capacidades, exercer seus direitos ou equiparar oportunidades.

Neste contexto, compreender o significado de universalização torna-se preponderante para o entendimento de ações planejadas pe-los formuladores de políticas (Congresso Nacional e Poder Executivo, através do Ministério de Minas e Energia - MME), regulamentadas pe-la Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e executadas por diversas distribuidoras. Em se tratando do setor elétrico, universalizar é omesmo que generalizar o serviço de energia elétrica, independentemente da classe de consumidor.

Vale destacar que, para ocorrer da forma como é definida, a universalização precisa atender a duas vertentes, de acordo com Pelegri-ni, Pazzini e Fugimoto (2001). A primeira refere-se ao acesso físico ao serviço de energia elétrica. No Brasil, estima-se que 2,7 milhões deresidências não têm acesso ao serviço de eletricidade, o que ocorre em grande parte nas áreas rurais e/ou isoladas dos estados. (Tabela 1)

Já a segunda vertente diz respeito ao acesso contínuo ao serviço de energia elétrica. Mesmo as residências que possuem uma conexãofísica à rede podem não ter capacidade econômica para manter o acesso, isto é, não possuem renda para arcar com os custos do serviço.Neste caso, explica Fugimoto (2005), o problema não é a indisponibilidade de redes elétricas e, sim, o fato de as pessoas não atenderemos requisitos para disporem de uma ligação legalizada. Isto ocorre ou por não terem os recursos necessários ao pedido de ligação, ou,quando essa barreira é vencida, nem sempre conseguem fazer frente ao pagamento das contas.

Neste aspecto, um ponto que liga essas duas questões é exatamente o público atingido: os extratos mais pobres e excluídos da socie-dade; isso tanto no que diz respeito à conexão, quanto à questão econômica do acesso. Essas duas vertentes correspondem à grande bar-reira para a universalização do serviço de energia elétrica no Brasil, refletindo nas políticas públicas relacionadas à universalização e nosprogramas sociais criados pelos governos.

1 Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético – NIPE - Universidade Estadual de Campinas - Unicamp

Fabiana Gama Viana1

LUZ NO CAMPO E LUZ PARA TODOSDUAS EXPERIÊNCIAS EM BUSCA DA PLENA UNIVERSALIZAÇÃO

DOS SERVIÇOS DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL

ARTIGOS TÉCNICOS

Brasil e Regiões

Brasil

Norte

Nordeste

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

Residências sem acesso à Energia Elétrica - Dez. 2002

Urbano % Rural % Total %

774.335

78.068

264.644

267.855

106.499

57.290

1,9 %

3,5 %

2,9 %

1,3 %

1,6 %

1,9 %

1.942.012

464.449

1.119.783

144.121

137.283

76.375

24,3 %

56,1 %

32,0 %

7,7 %

10,0 %

17,5 %

2.716.368

542.517

1.384.427

411.976

243.782

133.666

5,5 %

17,6 %

11,1 %

1,9 %

3,1 %

3,9 %

Fonte: MMF com base nos dados do Censo 2000 e PNAD 2001, considerando os resultados do Programa Luz no Campo. In Simões & Dubex (2003)

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2.A UNIVERSALIZAÇÃO DO ACES-SO: BREVE COMENTÁRIO

3.A UNIVERSALIZAÇÃO E A REES-TRUTURAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO NADÉCADA DE 90

O Decreto nº 41.019/57 definiu que aresponsabilidade da distribuidora de ener-gia elétrica pelo atendimento ao consumi-dor era definida em plantas, as quais, de for-ma geral, cobriam áreas urbanas, com con-centração populacional. O atendimento aospotenciais consumidores localizados foradessas áreas, ou seja, distantes da rede dedistribuição era feito até um determinadovalor, definido como limite de investimentoobrigatório da concessionária. Se o valordas obras necessárias para o atendimentodesses núcleos excluídos ultrapassasse o li-mite da concessionária, o solicitante deve-ria arcar com a diferença.

Essa sistemática foi alterada pelo De-creto nº 83.269/79, em que a concessioná-ria de distribuição passou a ser responsávelpelo atendimento em qualquer região daconcessão, obedecendo a determinado limi-te de investimento, definido segundo re-gras do Departamento Nacional de Águas eEnergia Elétrica (Dnaee).

Todo esse processo foi fundamental pa-ra definir a evolução do acesso à energiaelétrica no Brasil, principalmente em rela-ção à população localizada no meio rural ouem comunidades isoladas. Apesar doacréscimo de cerca de 3,7 milhões de no-vos domicílios com acesso à energia elétri-ca nos últimos 20 anos, explica Fugimoto(2005), uma fatia da população do meio ru-ral ainda se encontra em uma situação deabandono.

Neste período, o interesse pela expan-são da energia elétrica na área rural era doMinistério da Agricultura. Desde o Estatutoda Terra, com a Lei nº 4.504/64, havia o in-centivo à eletrificação rural através de coo-perativas. Dessa forma, os projetos de ele-trificação rural desenvolvidos pelas coope-rativas tinham prioridade nos financiamen-tos e poderiam receber auxílio dos Gover-nos Federal, Estadual e Municipal.

Os serviços públicos no Brasil passarampor profundas alterações no decorrer da dé-cada de 90, por meio da desverticalização eprivatização de empresas estatais, além dosurgimento de novos atores e de um novoarcabouço regulatório.

O setor elétrico assistiu ao desmembra-

mento das empresas nos segmentos de ge-ração, transmissão e distribuição de ener-gia elétrica, ao surgimento de empresas vol-tadas exclusivamente para a comercializa-ção de eletricidade e à chegada de novosatores (com destaque para a Aneel), queproporcionaram mudanças na vida dessasempresas e de seus consumidores. Segun-do Pazzini e outros (2002), todas essas mu-danças objetivaram aprimorar a qualidadedos serviços de energia elétrica prestadospelas concessionárias por meio do incenti-vo à competição e de uma constante fiscali-zação pelos órgãos reguladores.

Entretanto, a questão da universaliza-ção, particularmente voltada ao meio rural,teve uma importância marginal no início dareestruturação do setor, e as discussões so-bre a expansão da eletrificação rural entra-ram tardiamente na pauta de discussõesdos tomadores de decisão, muitas vezes co-mo forma de compensar eventuais resis-tências à privatização das empresas.

De forma geral, a maioria dos contratosde concessão não estabeleceu metas de uni-versalização, e a eletrificação rural acabounão sendo contemplada naquele momentode reestruturação do setor, no qual poderi-am ter sido criadas metas e incentivos paraa expansão do serviço de energia elétrica.De acordo com Oliveira in Fugimoto, “a es-cassez de metas específicas torna pratica-mente voluntária a adesão efetiva da con-cessionária ao esforço de universalização.(...) Dessa forma, na via expressa das pri-vatizações, a alternativa contratual foi des-perdiçada, não tendo sido firmada a neces-sidade de engajamento efetivo do agenteprivado no esforço de universalização doatendimento rural” (OLIVEIRA inFUGIMOTO, 2005, p.42).

Apenas no final de 2000, a Aneel deu iní-cio às discussões públicas sobre um projetode Resolução que objetivava acabar com acarência de luz elétrica para milhões de pes-soas, a maioria nas regiões mais distantese isoladas do Brasil. Em outra esfera, o Po-der Público também passou a tratar dessaquestão e, em 2002, foi promulgada a Leinº 10.438, considerada o marco legal dauniversalização dos serviços de energia elé-trica no Brasil.

Neste cenário de reestruturação do se-tor elétrico brasileiro, foram lançados peloGoverno Federal dois programas de univer-salização, com o objetivo de mitigar as dis-paridades em relação ao acesso aos servi-ços de energia elétrica no país: o Luz no

Campo e o Luz para Todos. Os dois progra-mas foram lançados em contextos distin-tos, mas representam importante passonas questões ligadas à universalização noBrasil.

O Programa Nacional de EletrificaçãoRural Luz no Campo foi criado por DecretoPresidencial de 2 de Dezembro de 1999,sob o governo do Presidente Fernando Hen-rique Cardoso. Coordenado pelo Ministériode Minas e Energia, por intermédio da Ele-trobrás, o objetivo do programa, de acordocom dados oficiais, era eletrificar um mi-lhão de propriedades rurais até 2002, ou se-ja, elevar o índice de eletrificação rural doBrasil de 33% para 55%, atingindo 100%em nove Estados. (Figura 1 próxima pág.)

Para a aprovação técnica dos projetos,o Luz no Campo estabelecia o cumprimentodos pontos apresentados a seguir.

Os recursos para o desenvolvimentodos projetos do programa foram retiradosda Reserva Global de Reversão (RGR), sen-do que o financiamento realizava-se direta-mente com as distribuidoras. Dessa forma,segundo Fugimoto (2005), a formataçãode programas de comercialização adequa-dos aos interessados, incluindo o percentu-al de repasse e a sua forma, estava sob aresponsabilidade da própria concessionáriade distribuição.

Os recursos da RGR cobriam o financia-mento de 75% dos projetos apresentados.Através do programa, poderiam ser finan-ciados os custos diretos do projeto: aquisi-ção de material, equipamentos e prestação

3. PROGRAMA LUZ NO CAMPO

1.Essas áreas eram organizadas de comum acordo com as Prefeituras Municipais e aprovadas pelo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (Dnaee).2.O limite de investimento obrigatório da concessionária buscava vincular a expansão da empresa a um valor que não provocasse impacto tarifário significativo para os demais con-

sumidores. Dessa forma, por força da regulamentação, esse limite foi se reduzindo ao longo do tempo, enquanto que a participação financeira do consumidor, por conseguinte, aumen-tou.

3.A ausência de uma política adequada para a eletrificação rural neste período e a omissão das concessionárias quanto à universalização dos serviços incentivaram o crescimentodas cooperativas de eletrificação rural, não só à margem das distribuidoras, mas em paralelo a elas.

TECHNICAL ARTICLES

Otimização dos traçados de redes e li-nhas, encurtando distâncias;

Utilização, em larga escala, de sistemaselétricos monofásicos, notadamentemonofásicos com retorno por terra(MRT);

Escolha de materiais e equipamentos al-ternativos, de menor custo;

Atendimento prioritário às cargas típi-cas rurais;

Incentivo à participação dos Interessa-dos no fornecimento de mão-de-obranão especializada, em áreas de menorpoder aquisitivo.

Critérios Técnicos

Fonte: Fugimoto (2005)

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ARTIGOS TÉCNICOS

Figura 1. Metas do Programa Luz no Campo. Fonte: Pertusier in Fugimoto (2005)

de serviços vinculados ao empreendimen-to. Por outro lado, não era possível financi-ar os custos próprios da distribuidora, co-mo os utilizados para pagamento de mão-de-obra, transporte e administração.

Segundo Pertusier in Fugimoto (2005),o investimento total previsto para o progra-ma era de R$2,255 bilhões, enquanto que ovalor financiado com os recursos da RGRera de R$1,525 bilhão, isto é, aproximada-mente 68% do total. O restante dos inves-timentos era complementado com recursospróprios das distribuidoras, dos GovernosEstaduais e dos solicitantes.

O prazo de carência de pagamento erade 24 meses, e a amortização deveria ocor-rer em parcelas mensais durante cincoanos nas regiões Sul e Sudeste e, em dezanos, nas outras regiões. Em relação aos ju-ros, havia padrão na taxa em todas as re-giões: 5% a.a. e taxa de administração de1% ao ano.

Segundo dados divulgados pela Eletro-brás, até Janeiro de 2004, cerca de 570 milfamílias foram beneficadass pelo Luz noCampo. (Tabela 2)

Apesar da intensa publicidade feita pe-los criadores e gestores do programa, o Luzno Campo não representou uma quebra de

4.Fundo, gerido pela Eletrobrás, com a finalidade de prover recursos para a expansão e melhoria dos serviços de energia elétrica, além dos recursos necessários para a reversão eencampação das concessões. A partir da Lei nº9.427/96, no mínimo 50% dos recursos da RGR devem ser aplicados em investimentos no setor elétrico nas Regiões Norte, Nordeste eCentro-Oeste. Desse total, a metade em programas de eletrificação rural, conservação e uso racional de energia e atendimento a comunidades de baixa renda.

5. O custo estimado por ligação era de R$3.200,00 (preço de 31 de Dezembro de 1998). (FUGIMOTO, 2005)6.A diferença entre o limite de investimento de responsabilidade da distribuidora e o custo total das obras necessárias ao atendimento, se positiva, deveria ser integralmente paga

pelo solicitante.

Famílias aserem

Atendidas

InvestimentoTotal

(R$ milhões)

km de Redea Instalar

FamíliasAtendidas

% FamíliasAtendidas

km de RedeInstalada

% de RedeInstalada

Metas Físicas Realizado

142.523

24.790

38.823

40.252

11.617

27.042

39,0 %

41,3 %

58,6 %

38,3 %

59,9 %

47,2 %

49.957

263.328

153.337

41.379

62.828

570.829

53,6 %

65,1 %

85,4 %

50,2 %

81,7 %

68,2 %

206,4

599,8

314,1

208,8

263,5

1.592,6

63.593

93.941

68.698

30.318

45.140

301.691

93.282

404.643

179.595

82.413

76.872

836.805

390,2

801,2

513,3

310,7

376,7

2.392,1

Estado

Norte

Nordeste

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

Brasil

Valor Finan-ciado pelaEletrobrás

(R$ milhões)

Fonte: Fugimoto (2005)

paradigma, pois apenas financiou parte da responsabilidade da distribuidora. Entretanto, com base na legislação referente à participaçãofinanceira, houve o repasse de parte dos custos ao consumidor. Dessa forma, grande parte dos que poderiam ser beneficiados pelo pro-grama acabou ficando de fora por não ter condições de arcar com os custos do empréstimo.

O Luz no Campo mitigou a situação de falta de acesso ao serviço de energia elétrica; contudo a falta de um gestor e um comando legalcapaz de definir e estabelecer as responsabilidades de metas de universalização, além da escassez de recursos necessários para a expan-são da distribuição, impediram a plena universalização dos serviços de energia.

Um novo ambiente institucional para o pleno acesso à energia foi criado com a Lei nº 10.438/2002, cenário em que o Programa Luz noCampo foi absorvido pelo que tem sido considerado o maior programa de universalização do Brasil: Luz para Todos.

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TECHNICAL ARTICLES

7.A CDE, com duração de 25 anos, foi criada pela Lei nº 10.438/2002 visando ao desenvolvimento energético dos Estados e a competitividade da energia produzida a partir de fon-tes alternativas, gás natural e carvão mineral nacional, no sistema interligado, além de promover a universalização do serviço de energia elétrica. A Lei nº 10.762/2003 ainda incluiu,dentre as destinações da CDE, a subvenção econômica destinada à modicidade da tarifa de fornecimento de energia elétrica aos consumidores finais integrantes da subclasse residenci-al baixa renda. Os recursos da CDE são constituídos por três parcelas: pagamentos anuais utilizados a título de uso de bem público (UBP), multas aplicadas pela Aneel e quotas anuaispagas por todos os agentes que comercializem energia com o consumidor final. Este último componente foi alterado pela Lei nº 10.848/2004, com a determinação de que a quotas se-jam rateadas entre todos os consumidores finais, mediante encargo tarifário a ser incluído, exclusivamente, nas tarifas de uso dos sistemas de transmissão ou de distribuição.

4.PROGRAMA LUZ PARA TODOS

A Lei nº 10.438/2002 representou umimportante passo na definição das respon-sabilidades pela universalização dos servi-ços de energia elétrica no Brasil. De acordocom a Lei, todos têm o direito ao acesso aoserviço público de energia elétrica, compe-tindo ao Estado a obrigação de garantir a to-dos a concretização desse direito. Da mes-ma forma, a redação inicial da Lei colocouque o ônus da conexão seria responsabili-dade da distribuidora, independente do ti-po de consumidor.

Antes da regulamentação desta Lei, otema universalização com o enfoque deatendimento gratuito e irrestrito ainda foimotivo de vários estudos, análises e dis-cussões a fim de compreender plenamentequestões como prazo de atendimento, im-pactos tarifários, caixa das empresas, jáque se tratava de um novo conceito no mer-cado de energia e no setor elétrico.

Apenas um ano depois de ser publica-da, a Aneel regulamentou a Lei nº 10.438/2002 e estabeleceu metas para a universa-lização. Para isso, os recursos viriam daConta de Desenvolvimento Energético(CDE) e da RGR. (Tabelas 3 e 4)

O conceito de acesso irrestrito definidopela Lei nº 10.438/2002 foi alterado poste-riormente. A amplitude da responsabilida-de financeira das distribuidoras, indepen-dente do tipo de consumidor, carga instala-da ou classe de tensão de fornecimento, foidiminuída a partir da publicação da Lei nº10.762/2003. A partir daí, a responsabili-dade das distribuidoras para o atendimentosem ônus passou a ser para consumidoresdo Grupo B (tensão secundária de distribui-ção), com carga abaixo de 50 kW, nas áreasde universalização.

De forma geral, segundo Fugimoto(2005), as alterações promovidas foram be-néficas para as distribuidoras, preservandoconseqüentemente os consumidores já co-nectados de sofrerem aumentos tarifáriosmaiores em relação à obrigação original.De acordo com o texto original da Lei nº10.438/2002, as distribuidoras arcariamcom todos os custos das obras eventual-mente necessárias para conectar, por exem-plo, um grande consumidor industrial.Esses custos, naturalmente, se refletiriam,no momento da revisão tarifária, sobre osdemais consumidores das distribuidoras.

Neste contexto de mudança de para-digma e definições de metas de universali-

Índice de Atendimento da Concessionária Prazo Máximo para a Universalizaçãona Área de Concessão

Ia > 99,50 %

98,00 % < Ia < 99,50 %

96,00 % < Ia < 98,00 %

80,00 % < Ia < 96,00 %

Ia < 80,00 %

2006

2008

2010

2013

2015

Tabela 3: Prazos Máximos para a Universalização na Área de Concessão

2006

2008

2010

2013

2015

14

19

13

11

07

Ano Máximo paraUniversalização

Quantidade deDistribuidoras Concessionárias

ELETROPAULO, LIGHT, CEB, CPFL, PIRATININGA,BANDEIRANTE, JAGUARI, JOÃO CESA, POÇOS DECALDAS, COOPERALIANÇA, NACIONAL, URUSSANGA,CPEE, MOCOCA

ESCELSA, CEEE, ELEKTRO, AMPLA, CELESC,ELETROCAR, VALE PARANAPANEMA, MUXFELDT, CENF,CAIUÁ, SANTA CRUZ, CELB, NOVA PALMA, BOA VISTA,MANAUS, CSPE, DEMEI, SANTA MARIA, BRAGANTINA

CEMIG, COPEL, AES SUL, RGE, CELG, CELPE, COGEL,PANAMBI, CAT-LEO, CHESP, CELO, CORONEL VIVIDA,IGUAÇU ENERGIA

COELBA, ENERSUL, CEMAT, CEA, COSERN, SAELPA,ENERGIPE,CEAL, COELCE, CERON, SULGIPE

CEMAR, CELPA, ELETROACRE, CELTINS, CEPISA,CEAM, CER

Tabela 4: Limite para Universalização - Distribuidoras

Fonte: Resolução nº 223/2003 in Fugimoto (2005)

Fonte: Resolução nº 223/2003 in Fugimoto (2005)

Para se definir as metas de universalização, as distribuidoras foram divididas em 5 grupos com anosdiferenciados, calculados em função do índice de atendimento da distribuidora e da sua capacidade téc-nica e econômica.

As empresas que não cumprirem suas metas estarão sujeitas a penalidades, podendo ter seus níve-is tarifários reduzidos durante as revisões periódicas.

zação, foi lançado em 2003, no governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva, por meiodo Decreto 4.873, o Programa Luz para Todos. De cunho mais social se comparado ao Luzno Campo, o Luz para Todos foi criado com o objetivo de reduzir a pobreza e a fome utili-zando a energia como vetor de desenvolvimento, tendo como foco o atendimento na árearural para pequenos consumidores. Dessa forma, o Programa, coordenado pelo MME, exe-cutado pela Eletrobrás e orçado em R$12,7 bilhões, foi criado visando a atender até 2008todos os domicílios rurais sem energia elétrica.

Para o desenvolvimento dos projetos, o programa prevê recursos dos Estados (10%),das concessionárias e permissionárias de distribuição e cooperativas (15%) e do GovernoFederal (75%). Neste último caso, por meio de uma composição de recursos a fundo perdi-do (inicialmente a CDE) e financiamento (RGR). A distribuição dos recursos, de acordo como programa, leva em conta a mitigação do impacto tarifário em virtude da universalização.Assim, em algumas áreas, o aporte de recursos a fundo perdido seria em uma proporçãomaior do que o financiamento de modo que o processo de universalização não resulte emaumento excessivo para a população local.

Os municípios com índice de atendimento a domicílios inferior a 85% (com base no Cen-so 2000) ou com IDH abaixo da média estadual foram considerados prioritários dentro doprograma. Além disso, seriam priorizados os projetos dentro dos seguintes critérios (pelomenos um dos itens deve ser atendido), segundo define o manual de operacionalização doprograma:

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ARTIGOS TÉCNICOS

- atendimento às comunidades atingidas por barragens de usinas hidrelétricas ou porobras do Sistema Elétrico, cuja responsabilidade não esteja definida para o executor do em-preendimento;

- projetos que enfoquem o uso produtivo da energia elétrica e que fomentem o desen-volvimento local integrado;

- atendimento a escolas públicas, postos de saúde e poços de abastecimento de água;

- comunidades localizadas em assentamentos rurais;

- desenvolvimento da agricultura familiar, de subsistência ou de atividades de artesa-nato de base familiar;

- atendimento de pequenos e médios agricultores rurais – territórios definidos peloMDA;

- projetos de eletrificação rural, já iniciados e paralisados por falta de recursos, queatendam às comunidades e povoados rurais;

- projetos de eletrificação rural das populações do entorno de Unidades de Conserva-ção da Natureza e áreas de uso restrito de comunidades indígenas.

Em relação aos critérios técnicos para implantação dos projetos, o programa possibilitaa utilização de alternativas (sistemas de geração descentralizada com redes isoladas ou sis-temas individuais), além de realizar a tradicional extensão de redes. No que diz respeito aeste último caso, as instalações do Programa devem observar:

- rede trifásica primária, em extensão não superior a 30% do comprimento total;

- rede trifásica primária e rede bifásica a três fios, em extensão não superior a 40% docomprimento total;

- sistemas elétricos monofásicos multiaterrados (fase-neutro), bifásico a dois fios (fa-se-fase) ou monofilares com retorno por terra (sistema MRT), em extensão não inferior a60% do comprimento total;

- as obras de reforço (subestações, ampliação de pequenas centrais geradoras em sis-temas isolados, recondutoramento, recapacitação, compensação reativa e regulação detensão), deverão representar, no máximo, 10% do valor total do programa de obras;

- utilização de transformador com potência instalada de transformação, por unidadeconsumidora, até 15 kVA;

- utilização de redes de distribuição rural em tensões até 34,5 kV;

- inclusão de entradas de serviço ou padrões (poste auxiliar, caixa de medição, medi-dor, disjuntor, aterramento, entre outros);

- o ponto de medição, para ligações monofásicas ou bifásicas a dois fios, não poderá dis-tar mais de 30 m do local de consumo.

Já em relação aos sistemas de geração descentralizada com redes isoladas ou geraçãoindividuais, as opções tecnológicas são as indicadas no quadro abaixo.

Gerador Diesel e Sistemas híbridos

Micro e minicentrais hidrelétricas (inclui hidrocinética)

Pequenas centrais hidrelétricas

Pequenas centrais térmicas a Diesel ou biomassa

Sistemas providos de energia solar ou eólica

Sistemas híbridos

OPÇÕES TECNOLÓGICAS

Sistemas de Geração Individuais

Hidroeletricidade

Solar fotovoltaica

Energia eólica

Biomassa

Sistemas de Geração Descentralizada

Fonte: Manual Luz para Todos

8.Segundo dados do Manual de Operacionalização do Programa Luz para Todos (com base no Censo 2000), 90% dos dois milhões de domicílios (aproximadamente 10 milhões debrasileiros) sem energia elétrica na área rural têm renda familiar de até três salários mínimos.

9.O programa antecipou em sete anos as metas de universalização definidas pela Aneel.10.O financiamento, mesmo com juros baixos, deverá ser pago pelas distribuidoras, elevando sua participação na prática. Vale destacar que as condições de financiamento são si-

milares às utilizadas pelo Luz no Campo; todavia, sem o repasse de parte dos custos para os consumidores.11.De acordo com o programa, para as distribuidoras com alto índice de eletrificação rural e localizadas em regiões com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) maior, os recur-

sos a fundo perdido seriam menores.12.No que diz respeito à extensão de redes rurais, o Luz para Todos, tal como o Luz no Campo, prioriza tecnologias, materiais e equipamentos de rede que resultem em redução do

custo das redes, utilizando, por exemplo, condutores tipo aço zincado (CAZ), molas desligadoras com elos fusíveis, chaves fusíveis religadoras.13. Neste caso, o custo do projeto (geração e redes, operação e manutenção, combustível, entre outros), por consumidor, será comparado com o valor de projeto de extensão de re-

de convencional equivalente para fins de aprovação.14.Tal como apresentado no trabalho, essa definição de acesso irrestrito sem ônus aos solicitantes foi alterada posteriormente. Entretanto, a Lei continuou sendo de extrema im-

portância à universalização no país já que permitiu a definição de metas e de maiores responsabilidades às concessionárias e ao Poder Público.

O Luz para Todos, ainda em vigor, temrepresentado uma importante ferramentana universalização do acesso ao serviço deenergia elétrica no Brasil. O programa, cria-do em um ambiente bastante favorável àuniversalização, reflete exatamente as mu-danças no contexto regulatório concernen-tes ao tema e, mais do que isso, objetiva,além de levar energia elétrica a mais de do-is milhões de domicílios no país, criar con-dições econômicas (capacidade de paga-mento) para viabilizar o acesso, já que amaioria das pessoas excluídas do serviço éde baixa renda.

Através das tabelas 5, 6 e 7, são apre-sentadas informações atualizadas sobre oLuz para Todos. A Tabela 5 mostra os núme-ros alcançados pelo programa no que se re-fere a ligações realizadas nos domicílios bra-sileiros. Neste caso, vale destacar que osdados apresentados são efetivamente oscadastrados na Eletrobrás, não contabili-zando os contratos firmados entre os Esta-dos e os Agentes Executores. Da mesmaforma, a tabela apresenta as ligações jácontratadas, mas ainda não realizadas.Assim, é possível comparar os números dasligações efetuadas e das que estão em an-damento, podendo-se vislumbrar o poten-cial para um alcance de metas a médio pra-zo, segundo Cardoso e Kreimer (2007).

Por meio da Tabela 6, é possível consta-tar os benefícios do Luz para Todos, já quesão apresentados dados gerais completos eatualizados, permitindo uma visão abran-gente e elucidativa. São apresentados o nú-mero de ligações já efetuadas e as que es-tão em andamento, o número de pessoasbeneficiadas pelo programa (5 milhões) e onúmero de pessoas que serão beneficiadaspelas ligações em andamento (aproxima-damente 800 mil pessoas).

Já a Tabela 7 apresenta dados relacio-nados à previsão orçamentária dentro doprograma no período 2007-2010, denotan-do que o Luz para Todos não conseguiráatingir a meta inicial de universalização até2008. Contudo, os dados mostram que háum planejamento orçamentário (com des-taque para os recursos que serão investi-dos no Nordeste) com vistas a atender 5 mi-lhões de pessoas até 2010.

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TECHNICAL ARTICLES

EstadoEstado

AC

AL

AM

AP

BA

CE

ES

GO

MA

MG

MS

MT

PA

PB

PE

PI

PR

RJ

RN

RO

RR

RS

SC

SE

SP

TO

Total Brasil

ContratadosContratados

23.038

30.164

26.766

2.048

145.322

54.048

24.364

26.340

113.595

147.951

19.710

44.101

72.634

22.875

68.316

55.382

28.285

15.134

27.362

17.526

5.222

38.081

19.920

26.584

42.796

12.210

1.109.774

LigadosLigados

8.851

29.883

9.287

0

104.980

46.762

17.449

10.770

81.042

86.519

10.205

24.403

45.528

12.924

57.630

10.098

12.782

6.940

16.265

8.190

1.014

20.622

15.716

18.364

27.121

15.618

698.963

Total

Tabela 5: Nº Ligações Realizadas em Domicílios (dados 01/12/2006)

RegiõesGeográficas

Norte

Nordeste

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

LigaçõesAcumuladas

126,487

478,660

236,326

79,841

70,222

991,536

Ligações emAndamento

28,906

53,294

62,275

11,564

3,786

159,825

Pessoas Beneficiadascom Ligações

Realizadas

632,435

2.393,300

1.181,630

399,205

351,110

4.957,680

Pessoas a seremBeneficiadas com

Obras em Andamento

144,530

266,470

311,375

57,820

18,930

799,125

Tabela 6: Ligações Acumuladas e em Andamento (milhares) (dados 27/12/2006)Fonte: Eletrobrás in Cardoso & Kreimer (2007)

Fonte: Eletrobrás in Cardoso & Kreimer (2007)

Região

Norte

Nordeste

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

RecursosFederais

(R$bilhões)

2,10

3,20

0,60

0,09

0,40

6,40

RecursosEstaduais

(R$bilhões)

0,30

0,70

0,10

0,06

0,10

1,30

RecursosPrivados

(R$bilhões)

0,30

0,50

0,10

0,04

0,10

1,00

Total(R$bilhões)

2,70

4,40

0,80

0,20

0,60

8,70

Pessoas aAtender

(milhares)

1.620

2.560

480

125

365

5.150

Tabela 7: Previsão de Investimento Consolidado - Luz para Todos (2007-2010)

Fonte: Plano de Aceleração do Crescimento - PAC

5.CONCLUSÕES

O trabalho objetivou apresentar um breve panorama da universalização dos serviçosde energia elétrica no Brasil. Para tanto, foram utilizados dois dos maiores programas deuniversalização brasileiros: Luz no Campo (1999) e Luz para Todos (2003), reflexos do ce-nário regulatório e do contexto político em que foram lançados.

O Luz no Campo, do governo Fernando Henrique Cardoso, foi lançado em um momentode reestruturação do setor elétrico brasileiro, em um ambiente de liberalismo econômico,permeado pelas privatizações e definições de um incipiente marco regulatório. O progra-ma teve como uma das principais barreiras a obrigatoriedade de participação financeira

por parte do solicitante do serviço, idéia pre-sente nas tentativas de universalização des-de o final da década de 50. Da mesma for-ma, para o Luz no Campo seria bastanteoportuna a adoção de energias renováveispara o atendimento das populações locali-zadas em lugares distantes, isolados e de di-fícil acesso, já que um dos grandes proble-mas enfrentados pelo programa foi o eleva-do custo do quilômetro de rede.

Por outro lado, o Luz para Todos surgiuem um ambiente bem mais favorável à uni-versalização. O programa foi lançado depo-is da promulgação e regulamentação da Leinº 10.438/2002, considerada o marco legalda universalização no Brasil e uma quebrade paradigma, pois ela permitiu o acesso ir-restrito e sem ônus ao serviço de energiaelétrica. Lançado sob a bandeira da inclu-são social, o programa prioriza o atendi-mento das populações de baixa renda, emfunção do IDH de cada localidade, sem dei-xar de lado a necessidade de se criar condi-ções econômicas para que estas popula-ções se tornem auto-sustentáveis. Vale des-tacar também que o Luz para Todos não selimitou apenas ao atendimento convencio-nal via extensão de rede, abrindo espaçopara as fontes renováveis e alternativas.

O trabalho, por meio da apresentaçãodesses dois programas, não procurou exal-tar um em detrimento do outro. Mas simmostrar os distintos ambientes em que sur-giram e a evolução da universalização dosserviços de energia elétrica no Brasil, sem-pre buscando o pleno atendimento dos quemais necessitam, sem perder de vista queo acesso aos serviços públicos é imprescin-dível para o desenvolvimento individual eda sociedade.

Decreto de 2 de dezembro de 1999.

Decreto 41.019, de 26 de fevereirode 1957.

Decreto nº 83.269, de 12 de março de1979.

CARDOSO, Érico de Sousa; KREIMER,Jorge. A Energia que Desenvolve o Mundo.Fundação Getúlio Vargas, 2007.

FUGIMOTO, Sergio Kinya. A Universali-zação do Serviço de Energia Elétrica – Aces-so e Uso Contínuo. Dissertação de Mestra-do - USP. São Paulo, 2005.

GOMES, Maria Cláudia; RIBEIRO, Rena-to Guimarães. Programas de Inclusão Soci-al nos Serviços Públicos Regulados: Análisedos Instrumentos de Avaliação. Anais IVCongresso Brasileiro de Regulação. Tropi-cal Manaus: Manaus, 2005.

GOMES, Rodolfo Dourado Maia; VIANA,Fabiana Gama; NEVES NETO, Lincoln de Ca-

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ARTIGOS TÉCNICOS

margo; FELIPE, Ludmila A. Histórico dos Serviços de Energia Elétri-ca para a População de Baixa Renda no Brasil. Trabalho apresenta-do na disciplina PE 181 Universalização, Baixa Renda e Comerciali-zação, ministrada pelos professores Moacyr Trindade de OliveiraAndrade e Edna Lopes Ramalho. Curso PSE/FEM/UNICAMP. Campi-nas, 2005.

GUSMÃO, Marcos Vinícius; PIRES, Sílvia Helena; GIANNINI,Marcio; CAMACHO, Cristiane; PERTUSIER, Fernando; PESSOA, Ri-cardo; LOREIRO, Erardo; OLIVIERI, Marta. O Programa de Eletrifi-cação Rural Luz no Campo – Resultados Iniciais. Anais AGRENER2002 - 4º Encontro de Energia no Meio Rural. Unicamp: Campinas,2002.

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Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964.

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Manual de Operacionalização Programa Luz para Todos – Revi-são nº 4. Site MME – www.mme.gov.br. Acesso em 12 de Junho de2007.

MARQUES, Rui Manuel B. S.; CARMO, José do; RIBEIRO, Fer-nando Selles. A Universalização do Atendimento no Campo Geran-do um Problema de Exclusão Social. Anais AGRENER GD 2004 - 5ºEncontro de Energia no Meio Rural e Geração Distribuída. Uni-camp: Campinas, 2004.

PAZZINI, Luiz Henrique Alves; RIBEIRO, Fernando Selles;KURAHASSI, Luiz Fernando; GALVÃO, Luiz Cláudio Ribeiro;PELEGRINI, Marcelo Aparecido; AFFONSO; Octávio Ferreira. Luzpara Todos no Campo: a Universalização do Atendimento de Ener-gia Elétrica na Zona Rural Brasileira. Anais AGRENER 2002 - 4ºEncontro de Energia no Meio Rural. Unicamp: Campinas, 2002.

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Plano de Aceleração do Crescimento – www.brasil.gov.br/pac.Acesso em 25 de Junho de 2007.

SIMÕES, André Felipe; DUBEUX, Carolina Burle Schmidt. Rela-tório Workshop Desenvolvimento e Clima: a Expansão Sustentáveldo Acesso à Energia Elétrica no Brasil. Rio de Janeiro, 2003.

18

O já se

tornou tradição e referência entre os principais eventos técnico-científicos do país.

Belo Horizonte sediará a sexta edição do evento entre os dias 21 a 25 de Abril de 2008, onde os principais

agentes do setor estarão reunidos para discutir temas sobre Gestão, Negócios, Projetos, Construção, Operação, Manuten-

ção, Equipamentos e MeioAmbiente.

Sob a coordenação conjunta entre o , e , o evento será lembrado mais uma vez como um grande sucesso, por abor-

dar temas atuais e relevantes ao setor de geração de energia, contando ainda com o fato de que Minas Gerais está a frente do tema com seu Programa

Minas PCH, um dos programas estruturadores do Governo do Estado. Venha debater e presenciar as mais novas tecnologias e metodologias da área de gera-

ção por pequenos e médios aproveitamentos hidroenergéticos.

Pesquisadores, estudantes e profissionais da área de pequenos e médios aproveitamentos hidroenergéticos, poderão submeter trabalhos técnicos ou relatos de expe-

riências para o VI Simpósio Brasileiro de Pequenas e Médias Centrais Hidrelétricas seguindo as instruções e diretrizes disponibilizadas no site:

Simpósio Brasileiro sobre Pequenas e Médias Centrais Hidrelétricas

CBDB CEMIG CERPCH

www.sbpmch.unifei.edu.br

Contamos com a sua presença no .VI SBPMCH

Simpósio Brasileirosobre Pequenas e Médias Centrais Hidrelétricas

Belo Horizonte, de 21 a 25 de Abril de 2008

Maisinform

ações: [email protected]

OR

AN

GE D

ES

IGN

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TECHNICAL ARTICLES

RESUMO

ABSTRACT

O presente trabalho busca apresentar e comparar as principais metodologias existentes para a seleção de bombas destinadas aofuncionamento como turbina, em microcentrais hidrelétricas (MCHs). Introduz-se, inicialmente, o conceito de bomba funcionando comoturbina (BFT) no contexto das MCHs, destacando-se suas vantagens e implicações práticas. Num segundo momento, são descritasmetodologias teóricas e empíricas desenvolvidas para a seleção de BFTs, dando-se ênfase aos métodos de Viana e Chapallaz. Por fim, éfeita uma comparação entre os métodos de Viana, Chapallaz, Stepanoff e Willians, através da simulação numérica de um aproveitamentofictício.

Palavras-chave: microcentrais hidrelétricas, bombas funcionando como turbina, seleção.

The present work searches to present and compare the main existing methodologies for pump´s selection destined to turbine mode op-eration, in micro hydro power plants (MHPP). Initially it´s introduced the pump as turbine (PAT) concept in the MHPPs context, standingout their advantages and practical implications. In a second moment, theoretical and empiric PAT selection methodologies are described,emphasizing Viana and Chapallaz´s methods. Finally, a comparison among Viana, Chapallaz, Stepanoff and Willians´s methods is made,through the numeric simulation of a fictitious plant.

Key words: micro hydro power plants, pumps as turbine, selection.

1 – INTRODUÇÃO

O grupo gerador, formado por uma tur-bina hidráulica, gerador e regulador de velo-cidade, é um dos componentes mais impor-tantes de uma central hidrelétrica, poden-do representar até 40 % de seu custo total(TIAGO FILHO, ca. 1990). Dessa forma,quando se pretende reduzir os custos de im-plantação de uma MCH, o grupo geradorpassa a constituir um importante objeto deestudo.

O alto custo dos grupos geradores recaiprincipalmente sobre as turbinas hidráuli-cas, devido à existência de poucos fabri-cantes nacionais e, principalmente, pelasespecificidades de cada aproveitamento,sendo que na maioria dos casos, as turbi-nas são produzidas individualmente, deacordo com os parâmetros de projeto dacentral considerada.

Por outro lado, bombas hidráulicas sãoequipamentos produzidos em série, utiliza-das amplamente na agricultura (irrigação),saneamento e indústria. Consequente-mente, o custo de uma bomba tende a serconsideravelmente inferior ao de uma tur-bina, com potências e dimensões seme-lhantes.

Analisando-se os aspectos construtivose hidráulicos de bombas e turbinas, perce-be-se que estes equipamentos são extre-mamente semelhantes, desempenhando,porém, processos opostos. Bombas são má-quinas geratrizes, ou seja, convertem aenergia mecânica (de eixo), fornecida pelomotor, primeiramente em energia cinética

(de velocidade) e, finalmente, em energiade pressão. Já uma turbina realiza o pro-cesso oposto, convertendo a energia hi-dráulica disponível em potência de eixo,sendo considerada uma máquina motriz (fi-gura 1).

Motivados pelos fatores apresentadosanteriormente, alguns pesquisadores pas-saram a estudar a utilização de bombas fun-cionando como turbina (BFTs) para a subs-tituição de turbinas convencionais, princi-palmente em centrais hidrelétricas de pe-queno porte. Essa alternativa, apesar deainda pouco difundida no Brasil, já é conhe-cida há várias décadas, como comprovam,por exemplo, os trabalhos de Kittredge(1961 apud VIANA, 1987). No Brasil, os pri-meiros estudos sobre BFTs foram desen-volvidos por Viana (1987), na então EscolaFederal de Engenharia de Itajubá (EFEI),atual Universidade Federal de Itajubá(UNIFEI), sob orientação do professorZulcy de Souza.

Chapallaz et al. (1992) e Willians(2003) enumeram uma série de vantagensda utilização de BFTs em substituição às tur-binas convencionais, sendo elas:

·Vantagens econômicas: como já men-cionado, bombas são extremamente maisbaratas que turbinas, uma vez que seu mer-cado consumidor é muito amplo, ocorren-do, portanto, produção em massa, o quenão acontece com turbinas;

·Disponibilidade: a disponibilidade debombas e suas peças de reposição é muitomaior do que de turbinas, principalmente

em países em desenvolvimento;

·Construção: bombas são simples e ro-bustas, não exigindo conhecimento técnicoaltamente qualificado para sua manuten-ção;

·Bombas e motores (analogamente àsBFTs, motores de indução podem operar co-mo gerador) podem ser adquiridos em con-junto, formando um grupo gerador com-pleto;

·Bombas apresentam uma ampla faixade tamanhos e potências, atendendo aosmais diversos tipos de aproveitamento hi-drelétrico;

·O tempo de entrega de bombas é infi-nitamente menor que o de turbinas;

·A instalação de grupos moto-bomba éextremamente mais simples que a de gru-pos geradores convencionais;

·Grupos moto-bomba, com acoplamen-to direto, reduzem as perdas na transmis-são de potência através de correias, porexemplo.

O fato das bombas hidráulicas não se-rem produzidas especificamente para a ge-ração de energia (operação em reverso) im-põe alguns problemas quando estas sãousadas como turbinas. O principal inconve-niente é a não existência de sistemas de re-gulação de velocidade. Esses sistemas têma finalidade de manter a velocidade (rota-ção) do grupo gerador praticamente cons-tante, mesmo quando a carga (demanda)da rede à qual o grupo está conectado va-ria.

Universidade Federal de Itajubá – Instituto de Recursos Naturais – Grupo de EnergiaAv. BPS, 1303 CEP: 37500-903 – E-mail: [email protected] ; [email protected]– Itajubá – MG / Brasil -

Ricardo, MateusViana, Augusto Nelson Carvalho

1

1

ANÁLISE COMPARATIVA DE METODOLOGIAS PARA SELEÇÃO DEBOMBAS FUNCIONANDO COMO TURBINA – UMA ABORDAGEM TEÓRICA

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ARTIGOS TÉCNICOS

A constância na velocidade do grupo ge-rador é uma necessidade tanto hidráulica(evitando, por exemplo, o disparo da turbi-na durante uma rejeição brusca da craga),quanto elétrica, uma vez que a rede e osequipamentos a ela interligados possuemuma freqüência padronizada (no Brasil, 60Hz).

A inexistência de sistemas de regulaçãode velocidade em BFTs faz com que o equi-pamento, a princípio, seja obrigado a ope-rar com potência constante, não admitindovariações de carga. Além disso, deve-se to-mar cuidado especial durante os estudos hi-drológicos do aproveitamento, para a defi-nição da vazão de projeto, uma vez que orendimento de BFTs cai drasticamentequando estas não operam sob as condiçõespara as quais elas foram selecionadas. Umaforma de se atender a aproveitamentos cu-ja variação da vazão apresenta grande am-plitude ao longo do ano hidrológico é a utili-zação de várias BFTs operando em parale-lo.

Quando ocorre a inversão do escoa-mento para que uma bomba funcione comoturbina, os triângulos de velocidade se in-vertem. A figura 2 apresenta uma compa-ração entre o escoamento em rotores debombas e turbinas.

Na figura 2 2 representa os ângulosde entrada do escoamento na BFT e na bom-ba operando com bomba para uma mesmarotação, porém, em direções opostas. Qu-ando a bomba passa a operar como turbi-na, a inversão dos triângulos de velocidadeocasionará choques do fluxo contra as pásdo rotor, provocando redução do rendimen-to da BFT para a mesma rotação. Para secompensarem tais perdas, devem-se ado-tar procedimentos específicos no momentoda seleção de uma BFT, sendo estes abor-dados a seguir.

São várias as abordagens e os autoresque investigaram o comportamento hi-dráulico de BFTs, visando a definição de pa-drões que possibilitassem a seleção destesequipamentos para aplicação prática emcentrais hidrelétricas. De forma geral, to-dos os trabalhos convergem para os se-guintes pontos:

·O rendimento de uma BFT é inferiorou, no máximo, igual ao da bomba funcio-nando como tal;

·A BFT deve operar com vazão e quedasuperior ao da operação como bomba (coma mesma rotação), para se manter o mes-mo rendimento em ambos os modos.

, β

2-COMPORTAMENTO HIDRÁULICOE SELEÇÃO DE BFTS

Estudos teóricos de Stepanoff (1962) in-dicam que a vazão e queda de BFTs aten-dem às seguintes relações:

sendo:

H queda nominal da BFT [m];

H queda nominal da bomba [m];

rendimento nominal da bomba [1];

Q vazão nominal da BFT [m³/s];

Q vazão nominal da bomba [m³/s].

O termo “nominal” diz respeito aos pon-tos de maior eficiência. Ensaios mais re-centes demonstram que as relações de Ste-panoff (1962) apresentam grande discre-pância, não devendo ser utilizadas em pro-jetos (CHAPALLAZ et al., 1992).

Chapallaz et al. (1992) cita um outrométodo, empírico, desenvolvido experi-mentalmente no México, denominadoBUTU (abreviação de bomba funcionandocomo turbina, em espanhol). Neste, as rela-ções entre potências de bombas funcionan-do como bombas e como turbinas foramcorrelacionados, obtendo-se por regres-são, as seguintes equações:

com:

P potência hidr. nominal bomba [W];

P potência hidr. nominal da BFT [W];

rendimento nominal da BFT [%];

rendimento nominal da bomba [%];

Para operação fora do ponto de melhorrendimento, metodologia impõe as seguin-tes equações:

nt

nb

nb

nt

nb

hnb

hnt

nt

nb

(1)

(2)

2. Nos trabalhos experimentais de Viana (1987), em determinadas condições, as BFTs apresentaram rendimentos superiores ao da operação como bomba.

(3)

(4)

(5)

(6)

(7)

(8)

(9)

onde:

n rotação nominal da BFT [rps];

P potência nominal da BFT [W];

massa específica da água [kg/m³];

g aceleração da gravidade [m/s²];

H queda nominal da BFT [m];

P potência da BFT [W];

Q vazão da BFT [m³/s];

Q vazão nominal da BFT [m³/s];

P potência hidráulica da BFT [W];

P potência hidr. nominal da BFT [W];

Segundo Chapallaz et al. (1992), o mé-todo BUTU pode apresentar erros da ordemde 10 %, em relação aos rendimentos de-terminados.

Willians (2003) apresenta uma meto-dologia simpificada, desenvolvida na Índia,para a seleção de BFTs, sendo que o rendi-mento da BFT se iguala ao rendimento má-ximo da bomba operando como bomba,quando obedecidas as seguintes condições(valendo estas relações para outros pontoshomólogos):

sendo:

Q vazão da BFT [m³/s];

Q vazão da bomba no ponto de me-lhor rendimento [m³/s];

rendimento máx. da bomba [1];

H queda da BFT [m];

H altura da bomba no ponto de me-lhor rendimento [m];

Percebe-se que as três metodologiasaté então apresentadas se baseiam na rela-ção entre os parâmetros hidráulicos (vazãoe queda) e o rendimento de bombas e BFTs.Em 1961, Kittredge deu início a pesquisasem torno da influência da rotação específi-ca sobre a eficiência de BFTs, sendo este ti-po de estudo desenvolvido posteriormentetambém por Shafer e Agostinelli (1981), Bo-nadé (ca. 1980), Buse (1981), entre ou-tros. Viana (1987), citando Shafer e Agos-tinelli (1981) e Bonadé (1980), diz que“[...] na operação da bomba centrífuga co-mo turbina, na mesma rotação, a vazão e al-tura aumentam com relação ao funciona-mento como bomba, para se obter o mes-mo rendimento.”. Ainda segundo Viana(1987), “A comparação entre os resultadosde Shafer e Agostinelli (1981) com os de Bo-nadé (1980), mostram que o aumento da al-tura e da vazão é função do tipo de bomba,

nt

nt

nt

t

t

nt

ht

hnt

t

pmrb

bmáx

t

pmrb

(10)

(11)

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TECHNICAL ARTICLES

ou seja, da rotação específica.’’.

Pioneiro no estudo de BFTs no Brasil, Vi-ana (1987) ensaiou bombas funcionandocomo bomba e como turbina, a 1400 e1650 [rpm], buscando obter coeficientesde ajuste de vazão e queda, nos mesmosmoldes dos trabalhos de Buse (1981), Bo-nadé (1981) e Kittredge (1961). Os coefici-entes, calculados conforme as equaçõesabaixo, foram obtidos da correlação entrevazões e alturas/quedas nos pontos de me-lhor rendimento, tanto de bomba quantode BFTs:

com:

k coeficiente de altura/queda [1];

H altura da bomba no ponto de melhorrendimento [m];

H queda da BFT no ponto de melhor ren-dimento [m];

k coeficiente de vazão [1];

Q vazão da bomba no ponto de melhorrendimento [m³/s];

Q vazão da BFT no ponto de melhor ren-dimento [m³/s].

O quadro 1 compara os resultados dosexperimentos dos autores citados, confor-me o trabalho de Viana (1987).

Nos ensaios de Viana (1987), o pontode melhor rendimento da bomba apresen-tou uma eficiência de 65 % (para 1650[rpm]). Surpreendentemente, o rendimen-to para BFT, a 1400 [rpm], foi de 72 %.

O método de seleção de BFTs desenvol-vido por Viana (1987) consiste na definiçãoda altura e vazão de bombas comerciais pa-ra operar em reverso, através da utilizaçãode coeficientes obtidos experimentalmentepelo autor, e nos trabalhos de Kittredge(1961) e Buse (1981), sendo estes relacio-nados à rotação específica (nqa) da BFT:

onde:

n rotação específica no Sistema Inter-nacional [adimensional] ;

n rotação [rps];

Q vazão de projeto [m³/s];

H queda líquida [m];

g aceleração da gravidade [m/s²].

a

b

t

q

b

t

qa

t

L

2.1 - Método de Viana

O método é aplicável para nqa na faixade 40 a 200, sendo os coeficientes obtidosna figura 3.

Dadas a vazão de projeto (Q ) e a quedalíquida do aproveitamento (H ), calcula-seo nqa, através da Equação (1), utilizando-se inicialmente a rotação (n ) de 3600[rpm]. Caso a rotação específica não se en-contre dentro da faixa de 40 a 200, recalcu-la-se o n utilizando n de 1800 [rpm]. Como n , determinam-se na figura 3 os coefici-entes de altura (k ) e vazão (k ). De possedos coeficientes, seleciona-se, em gráficosfornecidos pelo fabricante, a BFT para oaproveitamento, sendo:

sendo:

H altura da bomba [m];

H queda líquida da BFT [m];

k coeficiente de altura de Viana [1];

Q vazão da bomba [m³/s];

Q vazão de projeto da BFT [m³/s];

k coeficiente de vazão de Viana [1];

Como as bombas geralmente operamcom rotações um pouco diferentes de 1800e 3600 [rpm], deve-se corrigir a altura e va-zão encontradas para a rotação nominal dabomba, com as fórmulas de afinidade:

onde:

H altura da bomba corrigida para arotação nominal [m];

n rotação da BFT [ preferencialmen-te 1800 ou 3600 rpm];

n rotação nominal da bomba [rpm];

H altura da bomba [m];

Q vazão da bomba corrigida para arotação nominal [m³/s];

Q vazão da bomba [m³/s].

O rendimento da BFT será, teoricamen-te, o mesmo da bomba no ponto seleciona-do.

A metodologia proposta por Chapallazet al. (1992) assemelha-se à de Viana(1987), sendo, porém, aplicável a uma fai-xa muito maior de rotações específicas.Adotando-se a rotação da BFT de 1800

t

L

t

qa t

qa

a q

b

L

a

b

t

q

bc

t

nb

b

bc

b

2.2 - Método de Chapallaz

3.As rotações de 3600 e 1800 [rpm] são adotadas prioritariamente por questões econômicas: quanto maior a rotação, mais barato será o grupo BFT/MIG. Em função das caracte-rísticas do aproveitamento, pode-se adotar rotações síncronas inferiores.

4.Assim como no método de Viana, as rotações de 3600 e 1800 rpm são adotadas por questões econômicas, podendo ser reduzidas em função das características do aproveita-mento.

[rpm], define-se sua rotação específica nosistema técnico (n ):

sendo:

n rotação específica da BFT no sis-tema técnico [adimensional];

n rotação da BFT [rpm];

Q vazão de projeto da BFT [m³/s];

H queda líq. do aproveitamento [m].

Determina-se a rotação específica dabomba, conforme a equação abaixo:

onde:

n rotação específica da bomba nosistema técnico [adimensional];

n rotação específica da BFT no sis-tema técnico [adimensional].

Estima-se então a vazão da bomba:

com:

Q vazão nominal estimada da bomba[m³/s];

Q vazão de projeto da BFT [m³/s];

Com a vazão da bomba e sua rotação es-pecífica, estima-se o rendimento teórico daBFT, com auxílio da figura 4. Utilizando-se anqbt e o rendimento teórico, interpolam-senas figuras 5 e 6 os coeficientes de altura evazão.

Determinam-se, então, a altura e vazãoda bomba, através das expressões:

sendo:

H altura da bomba [m];

H queda líquida do aproveitamento[m];

c coeficiente de altura de Chapallaz[1];

Q vazão da bomba [m³/s];

Q vazão de projeto da BFT [m³/s];

c coeficiente de vazão de Chapallaz[1];

Quando necessário, corrigi-se a altura ea vazão estipuladas pelas equações (22) e(23) para a rotação nominal da bomba, deacordo com as leis de afinidades, estipula-das nas equações (17) e (18). Com os valo-res corrigidos, obtém-se no gráfico do fa-bricante o rendimento real da BFT, conside-rado igual ao da bomba no ponto determi-nado.

qt

qt

t

t

L

qbt

qt

nb

t

b

L

a

b

t

q

t

ba

H

Hk �

t

bq

Q

Qk �

(12)

(13)

(14)

(17)

(18)

(19)

(20)

(21)

a

Lb

c

HH �

q

tb

c

QQ �

(22)

(23)

21

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ARTIGOS TÉCNICOS

2.2.3 - Comparação entre métodosde seleção de BFTs - Exemplo deaplicação

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

São notáveis as diferenças teóricas en-tre as várias metodologias de seleção deBFTs. Para uma melhor percepção dessasdiferenças, e quantificação de seu impactosobre o resultado de um processo deseleção de BFT, é apresentado a seguir umexemplo numérico de aplicação dosmétodos de Viana, Chapallaz, Stepanoff eWillians. Para tanto, propõe-se umaproveitamento hidrelétrico fictício com osseguintes parâmetros de projeto:

. Vazão de projeto: 480 [m³/h];

. Queda líquida: 25 [m];

. Rotação da BFT: 1800 [rpm];

Tais parâmetros foram propostos de for-ma que se pudesse utilizar durante a sele-ção as curvas da figura 7, de um modelo co-mercial escolhido aleatoriamente , cuja ro-tação nominal é de 1740 [rpm].

A partir dos parâmetros do aproveita-mento e curvas, aplicaram-se quatro dosmétodos expostos nas seções 2, 2.1 e 2.2,sendo seus parâmetros de seleção e resul-tados apresentados no quadro 2.

Uma análise fria do quadro 2 demons-tra, através dos coeficientes de variação,que para o caso proposto os três parâme-tros básicos obtidos na seleção (Hb ’ , Qb ’eBFT) apresentam uma baixa dispersão en-tre os quatro métodos aplicados, sendo avazão da bomba o de maior variação . O mé-todo de Viana foi o que apresentou resulta-dos mais dispersos para todos os parâme-tros analisados, mas ainda assim, muito se-melhantes aos demais.

Considerando-se as implicações práti-cas dos parâmetros obtidos, tem-se um ce-nário totalmente diferente. Percebe-se queos métodos levaram a seleção de três roto-res com diâmetros diferentes (deve-se lem-brar que quando o ponto de funcionamentoda BFT não coincide com a curva do rotor,escolhe-se aquela imediatamente superiorao ponto).

Por se basearem unicamente no rendi-mento máximo da bomba, os métodos deStepanoff e Willians resultaram na seleçãode BFTs extremamente semelhantes. Já osmétodos de Viana e Chapallaz, que consi-deram a geometria do rotor (através da ro-tação específica), levaram à escolha de do-is rotores distintos.

Por se tratar de uma comparação teóri-ca, não se pode afirmar qual dos métodosapresentaria resultados mais condizentescom o comportamento real da BFT na situ-ação proposta.

BUSE, F. Using centrifugal pumps ashydraulic turbines. Chemical engineering,[S.l.], jan. 1981.

CHAPALLAZ, J.; EICHENBERGER, P.;FISCHER, G. Manual on pumps used as tur-bines. Braunschweig: Vieweg, 1992. 221 p.ISBN 3-528-02069-5.

KITTREDGE, C. P. Centrifugal pumpsused as hydraulic turbines. Journal of Enge-neering for Power, [S. l.], jan. 1961.

KSB (Várzea Paulista, SP). Manual téc-nico e curvas características nº 1150.0B/2: KSB ETA. Várzea Paulista, ca. 2005. 5 p.

SHAFER, L.; AGOSTINELLI, A. Usingpumps as small turbines. Water power &dam construction. [S.l.], 1981.

STEPANOFF, A. T. Centrifugal and axialflow pumps. Nova Iorque: John Wiley &Sons, 1957. ISBN 471-82137-3.

TIAGO FILHO, G. L. Critérios para esco-lha do grupo gerador de centrais hidrelétri-cas. Itajubá: FUPAI, ca. 1990. 39 p.

VIANA, A. N. C. Comportamento debombas centrífugas funcionando como tur-binas hidráulicas. 1987. 152 p. Dissertação(Mestrado em Engenharia Mecânica) –Escola Federal de Engenharia de Itajubá,Itajubá, 1987.

WILLIANS, A. Pumps as turbines: Auser´s guide. 2 ed. Londres: ITDG Publis-hing, 2003. 76 p. ISBN 1-85339-567-6.

4 – CONCLUSÃO

5 – REFERÊNCIAS

O trabalho permite concluir que, apesarde levarem a resultados numéricos seme-lhantes, os diferentes métodos para sele-ção de BFTs trazem consigo uma carga deincerteza que deve ser considerada no mo-mento do projeto de MCHs. Em função doseu caráter empírico, e do fato de conside-rarem a influência da geometria do rotor,aconselha-se a utilização dos métodos deViana e Chapallaz para seleções reais deBFTs.

Deve-se ter em mente, ao se selecionaruma BFT, que seu rendimento e potência deeixo poderão apresentar pequenas varia-ções em relação aos valores teóricos calcu-lados, devendo os demais componentes dosistema ser dimensionados de forma a tole-rar tais variações.

Como contribuição, sugere-se que os fa-bricantes nacionais de bombas passem aapresentar em seus catálogos, juntamenteàs curvas de bombas funcionando comotal, resultados de ensaios destas funcio-nando em reverso, como turbina, o que diri-miria as incertezas anteriormente citadas,durante a seleção de BFTs.

BONADÉ, A. Microcentrales hydroélec-triques, techniques de l´engenieur: Pompecentrifuge fonctionnant em turbine. [S.l.:s.n.], 1981.

Figura 1 - Analogia entre bomba (pump) e turbina (turbine). Fonte: CHAPALLAZ et al., 1992

Figura 2 - Triângulo de velocidades de bomba funcionando como bomba (a) e de BFT (b)

TurbinaBomba

entra

dasaí

da

22

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TECHNICAL ARTICLES

Parâmetros

n (bomba)qa

n (turbina)qa

ka

kq

Buse

75,000

64,000

0,704

0,807

Viana - 1400 rpm

138,000

88,000

0,629

0,873

Viana - 1650 rpm

138,000

95,000

0,526

0,816

Bonadé

180,000

-

0,741

0,714

Kittredge

195,000

187,000

0,700

0,641

Fonte: adaptado de VIANA, 1987

Quadro 1 – Resultados experimentais de ensaios de BFTs

Figura 3 - Coeficientes de Viana. Fonte: VIANA, 1987

Figura 4 - Estimativa de rendimento de BFT. Fonte: adaptadode CHAPALLAZ et al., 1992

Figura 5 - Coeficientes de altura de Chapallaz. Fonte: adaptadode CHAPALLAZ et al., 1992

Figura 6 - Coeficientes de vazão de Chapallaz. Fonte: adaptadode CHAPALLAZ et al., 1992

Figura 7 – Curva da bomba. Fonte: KSB, 2005

Quadro 2 – Resultado da simulação

23

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ARTIGOS TÉCNICOS

RESUMO

ABSTRACT

No atual cenário do setor elétrico, grande parte dos novos investimentos em fontes de geração é orientada pelo mercado (setor priva-do). Neste sentido, a Geração Distribuída (GD) encontra grande espaço para a expansão da matriz energética brasileira, além de atenderàs condições orçamentárias de investidores com recursos financeiros limitados, incluindo o atendimento ao anseio por rápido retorno decapital e curto prazo de maturação. Além disso, atualmente as fontes enquadradas como GD têm espaço reservado e estimulado para co-mercialização de energia na nova configuração do Setor Elétrico Brasileiro (SEB). Assim, este artigo discute os principais espaços e entra-ves referentes à comercialização de energia proveniente de GD. Este trabalho é parte da dissertação de mestrado do autor principal desteartigo, finalizada em julho de 2007 na escola politécnica de São Paulo.

Palavras-chave:Geração Distribuída (GD); Fontes incentivadas; Comercialização de energia.

Within the current scenario of the electric sector, a large part of the new investments in generation sources is oriented by the market(private sector). In this sense, besides meeting the needs of budget conditions of investors whose financial resources are limited, inclu-ding the desire for a rapid capital return and a short maturing period, Distributed Generation (GD) finds a significant space for the extensi-on of the Brazilian energy matrix. In addition, the sources classified as GD have reserved and stimulated space for the commercializationof energy in the new configuration of the Brazilian Electric Sector (SEB). This way, this study deals with the main spaces and obstacles rela-ted to the commercialization of the energy generated out of DG.

Key words: Distributed Generation (GD); Stimulated sources; Energy commercialization.

1. Apresentação

Ao longo de muito tempo o modelo deabastecimento de energia e de expansãodo sistema de geração de energia elétricano Brasil foi baseado em aproveitamentosde grande porte com ampla escala de pro-dução centralizada e longos períodos deamortização do empreendimento. Esse foio formato que prevaleceu no Setor ElétricoBrasileiro (SEB) até o final da década de 80,com unidades de geração interligadas aoscentros consumidores através de comple-xos e redundantes sistemas de transmis-são de energia planejado e executado peloEstado. No início da década de 90, este regi-me estava enfraquecido e não dispunha derecursos financeiros necessários para ex-pandir a matriz elétrica na velocidade docrescimento demográfico brasileiro, peloesgotamento da capacidade de financia-mento e de endividamento do Estado.

Atualmente, o processo de privatizaçãoe o novo ambiente do setor reduziram a pre-sença do Estado na expansão do sistema,cujo planejamento é indicativo e abriga in-vestimentos privados. Diante deste cená-rio, têm surgido alternativas tecnológicasde geração de energia elétrica de pequeno

Luiz Henrique PolizelMarcos Roberto Gouvêa

1

2

ESPAÇO E ENTRAVES REGULATÓRIOS DA INSERÇÃO DEGERAÇÃO DISTRIBUÍDA NO SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO

1 Pesquisador - Centro de Estudos em Regulação e Qualidade de Energia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo(Enerq/USP) e-mail:[email protected]

2 Prof. Dr. - Centro de Estudos em Regulação e Qualidade de Energia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Enerq/USP)e-mail:[email protected]

1. RESEB – Projeto de Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro (1998). Disponível em: <www.mme.gov.br>.2. Modelo Institucional do Setor Elétrico (“Novíssimo” - Dezembro de 2003). Disponível em: <www.mme.gov.br>.

porte, próximas de centros de consumoque apresentam operação descentralizada,custos competitivos de implantação e dis-pensa complexos sistemas de transmissão,além de atrair investidores privados com re-cursos financeiros limitados e com expec-tativas de rápido retorno de capital. Essamodalidade de geração é denominada Gera-ção Distribuída (GD).

O novo arranjo institucional do setor elé-trico tem estimulado a Geração Distribuídade diversas formas: a) redução em encar-gos de conexão e livre acesso ao sistema dedistribuição; b) criação de ambiente de li-vre negociação para GD's enquadradas co-mo fontes incentivadas; c) chamada públi-ca de concessionárias de distribuição paracontratação de GD; entre outras.

Apesar disso, existem ainda váriasquestões a serem equacionadas e resolvi-das para intensificar a expansão de fontesenquadradas como geração distribuída.

O objetivo deste trabalho é identificarespaços e entraves existentes para comer-cialização de energia elétrica provenientede novos empreendimentos de geração en-

2. Objetivo

quadrados como GD, dentro da nova orga-nização do SEB, considerando aspectos re-gulatórios, de natureza técnica-econômicae comercial.

Em meados de 1997, acompanhando atendência mundial, o governo instituiu a re-organização do SEB propondo medidas pa-ra facilitar a captação de investimentos pri-vados para capitalizar o setor. As novas me-didas propunham aos agentes geradores avenda direta através de contratos bilaterais[1], pela primeira vez ocorrida no setor. Oconteúdo dessa reestruturação está reuni-do nos documentos do RESEB.

Recentemente, a ocorrência de um for-te racionamento, o MME propôs alguns ajus-tes através do Novo Modelo Institucional doSetor Elétrico, consubstanciado pela Lei n°10.848/04 [2]. Esse documento reforça al-gumas diretrizes sobre a promoção detransparência da gestão de atividades e asegregação das macro-atividades do setor,

3. Metodologia - Contexto Regula-tório e Institucional

3.1. Conceituação de Geração Dis-tribuída

24

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TECHNICAL ARTICLES

estabelecendo, por exemplo, ‘desverticali-zação’ que determina que as atividades dedistruibuição (D) devem ser separadas dasde geração (G), transmissão (T) e comerci-alização ©,quando desenvolvidas por con-cessionária de serviço público de distribui-ção de energia elétrica que atue no SIN -Sistema Interligado Nancional.

Como conseqüência desse processo, asatividades de D e T são caracterizadas co-mo monopólios naturais serviço de fio erevestem-se de caráter de serviço públicoregulado. Por outro lado, as atividades de Ge C constituem-se como atividades compe-titivas (mercado). Desse modo, as conces-sionárias de D não poderão exercer ativida-des de G, T e C. O novo agente “comerciali-zador” (C) de energia tem atribuição deexercer estritamente atividades de comer-cialização de energia elétrica. Há uma exce-ção em que, dentro de limites, a distribui-ção pode abrigar instalações de geração pa-ra atendimento de seu mercado.

O Decreto nº. 5.163/04 instituiu que acomercialização de energia de longo prazoentre agentes do setor elétrico se dá nos se-guintes ambientes: Ambiente de Contrata-ção Regulado (ACR) - segmento do merca-do no qual se realizam as operações, de for-ma transparente, de compra e venda deenergia elétrica entre agentes vendedores(geradores) e compradores (distribuido-ras), por intermédio de leilões; Ambientede Contratação Livre (ACL) - segmento domercado no qual se realizam as operaçõesde compra e venda de energia elétrica, porintermédio de contratos bilaterais livre-mente negociados. No ACL, diferentemen-te do ACR, não há obrigatoriedade da publi-cidade nas transações bilaterais entre osagentes.

Apesar do reconhecimento da impor-tância de se conceituar claramente a GD,não existe o que se possa chamar de unani-midade entre os especialistas. Diferentesdefinições de GD são usadas em diversospaíses. Alguns países definem a GD basea-do em nível de tensão, outros partem doprincípio que GD está conectada a circuitosonde os consumidores estão diretamentesupridos e ainda outros, definem a GD emfunção da potência elétrica instalada. NoBrasil, o art. 14º do Decreto nº. 5.163/04[], enuncia que:

“ ”

3.2. Conceituação de Geração Dis-tribuída

" Art. 14. (...) considera-se geração dis-

tribuída a produção de energia elétrica pro-

veniente de empreendimentos de agentes

concessionários, permissionários ou auto-

rizados (...), conectados diretamente no

sistema elétrico de distribuição do compra-

dor, exceto aquela proveniente de empre-

endimento:

I - hidrelétrico com capacidade instala-

da superior a 30 MW; e

II - termelétrico, inclusive de cogera-

ção, com eficiência energética inferior a se-

tenta e cinco por cento, (...).

Parágrafo único. Os empreendimentos

termelétricos que utilizem biomassa ou resí-

duos de processo como combustível não es-

tarão limitados ao percentual de eficiência

energética prevista no inciso II do caput.”

Como se pode observar, o Decreto de-termina que o agente comprador seja sem-pre o mesmo detentor da rede de distribui-ção (concessionária local). Isso não estáadequado. Existem outros potenciais com-pradores, como por exemplo, um consumi-dor livre. Além disso, o Decreto estabele-ceu parâmetros diferenciados, por capaci-dade e eficiência de cada fonte, para quali-ficação de empreendimentos de geração co-mo GD. Esta definição dificulta a possibili-dade de se obter um tratamento e classifi-cação isonômica e única independente dafonte ou tecnologia de geração. Algumasrestrições presentes nesse Decreto, comoo impedimento de venda de energia deuma GD para um consumidor livre e o tra-tamento não isonômico das fontes (segre-gação das fontes considerando diferentestecnologias e níveis de eficiência) ensejou arealização da Audiência Pública nº. 4 (09 deMarço a 08 de Abril de 2006) quando “ficouevidente a necessidade de aprofundamen-to do tema para estabelecer a regulamen-tação tecnicamente mais adequada às ne-cessidades do país” e “as tecnologias exis-tentes para centrais termelétricas, excetoas de cogeração, não apresentam eficiên-cia energética superior a 75%”. Como re-sultado dessa audiência, a ANEEL editou aResolução Normativa nº. 228/06, que esta-belece os requisitos para a certificação decentrais geradoras termelétrica na modali-dade de GD, para fim de comercialização deenergia elétrica no restrito ACR, carecendode regulamentação para os demais ambi-entes de comercialização e para aproveita-mentos eólicos.

A figura 1 abaixo,ilustra de forma sim-plificada, como passou a ser a interação co-mercial dos agentes do SEB frente a atualestrutura organizacional, com vistas à GD.

O Autoprodutor (AP) é o agente geradorque possui autorização para produzir ener-gia elétrica destinada ao consumo próprio,podendo, com a pré-autorização, comerci-alizar o excedente. O Produtor Indepen-dente de Energia (PIE) é o agente geradorque possui concessão ou autorização paraproduzir energia elétrica destinada ao co-mércio, por sua conta e risco. Uma deriva-ção do PIE é a figura do Produtor Indepen-dente Autônomo (PIA) que é produtor deenergia enquadrado no âmbito do Progra-ma de Incentivo às Fontes Alternativas deEnergia Elétrica (PROINFA) da Eletrobrás.

A autoprodução e a produção indepen-dente de energia elétrica possuem um pa-pel importante na atual expansão do par-que gerador brasileiro. Diversas novas uni-dades estão em fase de planejamento e pro-jeto, e algumas estão em implantação,agregando mais energia ao sistema.

A exploração de recursos naturais como propósito de produção de energia elétricadeve ser precedida de outorga, segundo oart. 20 da Constituição Federal. A outorgade direito de uso de bem público (água) éum instrumento legal que assegura aousuário (agente) o direito de utilizar os re-cursos hídricos superficiais ou subterrâne-os. As modalidades de outorgas são:

Concessão - usos ou intervenções emrecursos hídricos com a característica deutilidade pública.

Autorização - usos ou intervenções emrecursos hídricos de uso privado.

Livre - usos ou intervenções em recur-sos hídricos não passíveis de outorga.

Segundo Dutra (2001), as regras de ou-torga para geração de energia elétrica po-

3.3. Classificação de Possíveis Titu-lações para o Agente GD

3.4. Modalidades de Outorga paraProdução de Energia Elétrica

AP – Autoprodutor de Energia ElétricaPIE – Produtor Independente de Energia

GD(PIE e AP)

CL

D

C

C – ComercializadorCL – Consumidor LivreD – Distribuidor(ou GTD)G – Gerador

OPERAÇÕES COMERCIAISDE ENERGIA ELÉTRICA

G

Mercado

RAZÃO SOCIAL DE GD

AMBIENTES

AGENTES

ESTRUTURA COMERCIAL DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

(ex: ACL)Livre

(ex: ACR)Regulado Font

e:Po

lizel

(200

7)

Figura 1 – Estrutura comercial do setor elétrico brasileiro.

25

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ARTIGOS TÉCNICOS

Razão Social

Razão Social

Empreendimentos Hidrelétricos

Até 1MW Até 10MW Até 30MW

PIE

PIE

Livre (registro) Licitação

AP

AP

Livre (registro) Autorização Licitação

Empreendimentos Termelétricos

Até 5MW Acima de 5MW

Livre (registro) Autorização

Livre (registro) Autorização

dem ser sintetizadas na tabela abaixo, em função da potência elé-trica instalada do empreendimento.

Há cinco opções de comercialização de energia elétrica produ-zida por fontes de geração distribuída, sendo três em ambiente decontratação regulada e outras duas em ambiente de contratação li-vre, a saber:

A primeira opção é vender energia para a concessionária localpor meio de chamada pública promovida diretamente pela distri-buidora. Essa opção é justificada pelo § 8º do art. 2º da Lei10.484/04 e pelo art. 15º do Decreto nº. 5.163/04, onde a energiaproduzida por GD será considerada para atendimento do mercadodas concessionárias de serviço público de distribuição de energiaelétrica. O § 1º do art. 15º do Decreto estabelece o limite de 10%da carga da concessionária para o montante de energia contratadade GD, com autorização de repasse integral, às tarifas da distribui-dora, o custo de aquisição de energia elétrica proveniente de GDaté o limite do Valor de Referência (VR).

Esta segunda opção é realizada por meio de licitação públicaprincipalmente para PCH, com várias regras e procedimentos espe-cíficos. A insuficiencia de regulamentação para várias tecnologiastem dificultado operações nesse ambiente para várias tecnologiasde GD. No primeiro semestre de 2007, foi realizado um Leilão deenergia nova (A-3, em 18 de junho) restritamente para empreen-dimentos de geração enquadrados como 'Fonte Alternativa' (PCH;usinas eólicas; e térmica a biomassa), cujos preços médios negoci-ados neste ambiente foram: R$135/MWh para PCH e R$139/MWhpara térmicas a biomassa.

Esta opção se refere a comercialização de energia elétrica noambiente do PROINFA, cujo objetivo é aumentar a participação dePIA na matriz energética brasileira, concebidos com base em fon-tes eólica, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa. A primeiraetapa do PROINFA foi a contratação de 3,3GW de potência instala-da, mediante duas chamadas públicas (ocorridas em Abril e Outu-bro de 2004), para início de operação comercial no final de 2006,cuja data foi prorrogada para o final de 2007. A compra da energiaproduzida por estas fontes é assegurada pela Eletrobrás por um ho-rizonte de 20 anos, com piso de remuneração equivalente a 80%

3.5. Ambientes de Comercialização de Energia Proveni-entes de GD

a) Contratação Regulada

a.1) Primeira Opção – Chamada Pública da Concessioná-ria Distribuidora

a.2) Segunda Opção – Comercialização no ACR

a.3) Terceira Opção – Chamada Pública do PROINFA

Tabela 1 – Regras para exploração de recursos energéticos parageração de energia elétrica em função da capacidade instalada

do novo empreendimento de geração.

Fonte: R. M. Dutra, UFRJ (2001).

da tarifa média nacional de fornecimento. Os custos de aplicaçãodestes contratos e as despesas administrativas da Eletrobrás serãorateados entre todos os consumidores do SIN, de forma compulsó-ria. A segunda etapa é a continuidade da primeira, que contempla aampliação da participação de PIA até que se atinja um total de capa-cidade instalada capaz de atender 10% do consumo de energia elé-trica do país, até 2024. Esta opção de comercialização é regula-mentada por um marco legal específico que traça um restrito ambi-ente de comercialização com um exclusivo critério de qualificaçãode fontes geradoras em PIA. A data de realização da 2ª etapa aindanão foi definida, apenas com previsão para o final de 2007 ou iníciode 2008.

Conforme o § 2º do art. 70 do Decreto 5.163, a concessionáriade distribuição que originalmente possuíam os empreendimentosde GD listados no contrato de concessão podem adquirir energiadessas GD's. Isto significa que existem oportunidades, a serem ex-ploradas, de comercialização de energia de GD diretamente para adistribuidora, sem chamada pública. Esta opção e a primeira pro-porcionaram muitas discussões que motivaram Audiência Públicanº. 22/05, cujo resultado foi a Resolução Normativa ANEEL nº.167, que determinou o limite de 10% mencionado, atualização depreço de contratos e outras providências.

A GD enquadrada como fonte incentivada, conforme dispõe Leinº. 9.427/96, com nova redação dada pelas Leis nº. 9.648/98 e10.762/03, tem direito de venda de energia diretamente para con-sumidores que possuam carga igual ou superior a 500 kW, ampli-ando o universo de consumidores potencialmente livres que ante-riormente só era permitido a consumidores com demanda superiora 3 MW. São fontes incentivadas: PCH (1 a 30MW); geração a partirde biomassa energia eólica ou solar com potência instalada inferiora 30MW, conforme Nota Técnica nº. 69/06 [] resultante da Audiên-cia Pública nº. 33/05. A Figura 2 situa as fontes incentivadas no âm-bito da geração distribuída. A Figura 3, na próxima página, ilustra asíntese das 5 opções de comercialização de energia elétrica abor-dadas neste trabalho.

A contratação de energia elétrica proveniente de GD é realizadaem uma das seguintes modalidades em função do recurso primá-rio, conforme mostra a Tabela 1:

· Quantidade de Energia - montante de energia elétrica ati-va gerada num determinado período de tempo, expressa em Watt-hora (Wh) ou seus múltiplos;

· Disponibilidade de Energia - montante de potência elétri-ca disponibilizada para geração num determinado período de tem-po, expressa em Watt (W) ou seus múltiplos provenientes de GDidentificadas neste trabalho.

longo termo de produção de energia elétrica (MWméd). Um de-terminado agente gerador pode comercializar energia (vender) atéo limite da energia assegurada de seu empreendimento de gera-ção. Os detalhes das regras de contabilização e de liquidação finan-ceira de contratos de energia elétrica na CCEE estão reunidos noanexo da Resolução Normativa nº. 109, de 26 de outubro de 2004,denominado “Convenção de Comercialização de Energia Elétrica”,que recentemente sofreu atualizações, as quais estão sob o co-mando legal da Resolução Normativa nº. 210, de 13 de fevereiro de2006.

b) Contratação Livre

b.1) Quarta Opção – GD Existente no Contrato de Con-cessão de Distribuidora

b.2) Quinta Opção – Livre Negociação (ACLINC) com Fon-tes Incentivadas

3.6. Formas de Contratação

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TECHNICAL ARTICLESG

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das

PCHBiomassa

Eólica Solar

na rede dedistribuição

PCHBiomassa

Eólica Solarfora da rede

de distribuição

Térmicasconvencionais

Motoresestacionários

na rede dedistribuição

Fonte: Polizel (2007)

Figura 2 – Inter-relação entre o conceito de GD e as fontes incentivas.

AP - AutoprodutorPIE – Produtor Independente de EnergiaPIA – Produtor Independente AutônomoConc.Pub. - Concessionária Pública

OPÇÕES DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PROVENIENTE DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

Limite VR e10% Mercado

GD

C CL DGΣ(D)

PIEAP PIA Conc.Pub

ACR ACL Cham.Pub. PROINFA Rep.Tarifa

DΣ(D)

Repasse com Preçode Reajuste e

Revisão Tarifária

Atualmente não épossível celebrarNovos Contratos.

Contratos Existentes(contratos antigos)

LEILÃO(Novos Empreend.)

Livre Negociaçãoentre as Partes

CompraCompulsória

AMBIENTE

AGENTECOMPRADOR

RAZÃOSOCIAL

ACR – Ambiente de Contratação ReguladaACL – Ambiente de Contratação LivreCham.Pub. – Chamada PúblicaPROINFA – Prog. Inc. às Fontes Alt. de Ener.Rep.Tarifa – Repasse direto para Tarifa

C – ComercializadoraCL – Consumidor LivreD – Distribuidora(ou GTD)Σ(D) – Conjunto de D’s do SING - Geradoras

VENDA DE ENERGIA ELÉTRICA POR MEIODE CONTRATOS DE LONGO PRAZO

POSSÍVEIS RAZÕES SOCIAIS DA GD AMBIENTES DE COMERCIALIZAÇÃO AGENTES COMPRADORES

ELETROBRÁS

APENAS EXCEDENTE

(ACLINC)

(desconsiderando o mercado de curto prazo – SPOT)

Font

e:Po

lizel

(200

7)

Figura 3 - Síntese de opções de comercialização de energia elétricaproveniente de GD.

Tabela 2 - Síntese de possíveis formas de comercialização(energia / potência)proveniente de GD previstas na atual legislação.

fonte incentivada50%TUSDg = TUSDg < TUSD

TUSDPerdasTUSD CCC

TUSD Parc.A TUSD Parc.B

TUSD CDE

TUSD RGR TUSDP&DTUSD ONS TUSDTFSEE

TUSTRB

TUSTFR

Conexão à RB

Perdas na RB

Remuneração de Ativos

Custos Operacionais

Parcela A - serviço de transmissão de energia elétricaParcela B - serviço de distribuição de energia elétricaRB - Rede Básica (transmissão )FR - Fronteira (transmissão )RGR - quota da Reserva Global de ReversãoPerdas - Perdas Elétricas do Sistema de DistribuiçãoP&D - Pesquisa e Desenvolvimento – P&D e Eficiência EnergéticaONS - contribuição para o Operador Nacional do Sistema ElétricoTFSEE - Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia ElétricaCCC - quota de recolhimento à Conta de Consumo de CombustíveisCDE - quota de recolhimento à Conta de Desenvolvimento EnergéticoPROINFA - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica

TUSD PROINFA

LEGENDA :

TUSD

menor valorexistente na rede

Resolução ANEEL77/04 e 166/05

FIO ENCARGOS

consumidor

Fonte: Polizel (2007)

Figura 4 – Principais componentes da TUSD (Resolução 166/05).

3.7. Aspectos Tarifários da Interligação de GD à Rede Elé-trica Local

A conexão de um acessante ao sistema de distribuição é tarifa-do. Segundo a 2ª versão preliminar do Módulo 3 do PRODIST (Pro-cedimento de Distribuição), os geradores devem pagar a Tarifa deUso de Sistema Elétrico de Distribuição (TUSD), que foi estabeleci-da para remunerar o serviço de transporte de energia (tarifa selo).O agente arrecadador é a concessionária local, com periodicidademensal, cuja base de cálculo é a potência instalada ou a demandasolicitada pelo acessante, respectivamente para geradores e con-sumidores cativos e livres. A orientação do rateio da TUSD é que cai-

ba 50% da remuneração requerida aos acessantes geradores e50% aos consumidores (cativos e livres). Além disso, a TUSD apre-senta valores diferenciados para cada concessionária, para cadaclasse de tensão elétrica da rede de distribuição. A Figura 4 ilustraos principais componentes da TUSD que são: parcela 'fio' e encar-gos.

Em 2005, o art. 22º da Resolução ANEEL n.º 166/05 estabele-ceu uma tarifa exclusiva para geradores (TUSDg), a qual corres-ponde ao menor valor da TUSD (convencional - consumidor) exis-tente na rede da concessionária e, consequentemente, apresentaum único valor, independentemente da classe de tensão elétrica.

Além deste incentivo, o art.1º da Resolução Normativa ANEELnº. 77/04 estabelece a redução de 50% de TUSD aplicável à gera-dores (até 30MW) caracterizados como: PCH; fonte eólica; solar ebiomassa. Além dos geradores, os consumidores livres (CL) tam-bém são beneficiados desse desconto (apenas parcela fio), desdeque a energia consumida seja proveniente destas fontes mencio-nadas.

Ultimamente a metodologia de cálculo da TUSD está sendo alvode manifestações de agentes do SEB. Este fato ficou evidenciadona Audiência Pública 47/04, ocorrida em 2005, onde foi questiona-da, dentre vários temas, a forma de apuração da TUSD. No presen-te momento, a ANEEL está desenvolvendo estudos de aperfeiçoa-mento da vigente metodologia e a previsão de término é no final de2007. Uma das novas metodologias propostas em análise é seme-lhante à utilizada na rede de transmissão, cujo método é nodal. Ca-so essa proposta vigore, provavelmente oferecerá benefícios aosagentes de Geração Distribuída na grande maioria dos casos. Issoporque o método nodal fornece o 'sinal locacional' na rede e, porconseqüência, proporcionará incentivos aos geradores conectadospróximos dos centros de consumo.

Os preços praticados em três opções de comercialização aquienunciadas apresentam maior atratividade que as demais, paracaptação de investimento privado para implantação de novos pro-jetos de GD, a saber:

· ACR (energia nova) para projetos de PCH;

· PROINFA para projetos EOL e PCH;

· ACLINC (fonte incentivada) para projetos PCH e PCT-biomassa.

Isso se justifica pelo fato de que o ACR e o PROINFA asseguramcontratação por longos prazos de duração (30 e 20 anos, respecti-vamente) e baixo risco garantido pelo conjunto de distribuidorasbrasileiras. O preço médio de energia comercializado no ACR (lei-lão de fonte alternativa), em junho de 2007, foi 135 R$/MWh paraempreendimentos hidráulicos, enquanto que os preços atuais noPROINFA são da ordem de 228 R$/MWh para usinas eólicas e de128 R$/MWh para usinas hidrelétricas. O ACLINC tem despertadointeresse de muitos investidores porque os preços de comercializa-ção energia elétrica praticados estão atualmente por volta deR$142/MWh (jul/07), com duração média de contratação de 5anos, na maioria dos casos.

Evidentemente que o curto prazo (até 5 anos) de contrataçãopraticado no ACLINC expõe o agente vendedor (gerador) ao riscode recontratação, pois existe a possibilidade de não encontrar con-tratante ou ainda, a recontratação ser realizada em condições pou-co atrativas, em virtude de uma possível inflexão do mercado livre.Além disso, os preços no ACLINC são formados pelo mercado (leide oferta e demanda), assim é difícil obter garantia de preço em lon-

4. Resultados e Discussões

4.1. Opções de Comercialização

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ARTIGOS TÉCNICOS

go prazo.

As demais opções geralmente apresen-tam preços de energia que não incentivama implantação de novos projetos, se ade-quando principalmente a geradores exis-tentes, cujos ativos estão amortizados namaioria dos casos. Por exemplo, na opçãoa.1 (chamada pública), o valor de VR é69,98 R$/MWh para 2006 e 77,70 R$/MWhpara 2007, segundo a CCEE. Na opção b.1,a comercialização de energia provenientede GD é possível apenas para empreendi-mentos existentes, excluindo a participa-ção de novos geradores.

Os incentivos de conexão têm se torna-do cada vez mais, um importante instru-mento viabilizador de novos projetos de in-vestimentos em GD enquadradas como fon-tes incentivadas, especialmente noACLINC. Em um levantamento realizadoneste trabalho identificaram-se as seguin-tes tarifas de TUSDg praticadas pelas con-cessionárias, conforme a Figura 5. Perma-nece o desconto de 50% sobre essa tarifapara geradores amparados pela Resoluçãonº 77 (fontes incentivadas).

Além da TUSDg, a inserção de um agen-te gerador na rede local provoca investi-mentos não previstos pela concessionária eisso pode implicar na possibilidade do gera-dor assumir esses gastos, cujo objeto decontratação é o Contrato de Conexão ao Sis-tema de Distribuição (CCD). Sobre esse as-pecto, existe a possibilidade do acessante(gerador) efetuar uma “conexão rasa” quecorresponde à devida remuneração incorri-da pela concessionária local proveniente deinvestimentos imediatos em equipamentose serviços, como por exemplo: transforma-dor de corrente (TC) e de potencial (TP);bay de subestação; proteções, etc. A outrapossibilidade é a “conexão profunda”, quecorresponde aos investimentos imediatos eos eventuais reforços na rede, como: re-configurações na topologia da malha elétri-ca; recondutoramento da rede, etc. Na le-gislação vigente, a conexão se dá na forma“rasa” e os eventuais reforços são recupe-rados pelo universo de usuários (acessan-tes) da rede, através da TUSD.

Os principais incentivos ao fomento daGeração Distribuída estão na forma de pro-gramas de estímulo às fontes alternativasde geração de eletricidade, tais como:

- PROINFA: Programa de Incentivo àsFontes Alternativas de Energia Elétrica (Ele-trobrás)

4.2. Conexão de GD ao Sistema Elé-trico

4.3 Restrições e Incentivos à GD

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2

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6

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(R$/kW.mês)

TUSDg

TUSDg

= 50

Figura 5 – Valores de TUSDg das 65 concessionários brasileiras. Fonte: ANEEL (31/01/2007)

- PCH-COM: Programa de Desenvolvimento e Comercialização de Energia de PequenasCentrais Hidrelétricas (Eletrobrás)

- Minas PCH: Programa Minas PCH (CEMIG)

O programa PCH-COM foi criado em 1999 pela Eletrobrás em parceria com o Banco Na-cional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no intuito de incentivar a produ-ção de energia através de projetos de PCH. Em 2002, este programa foi absorvido pelo re-cém criado PROINFA do MME e, atualmente, está extinto. O programa Minas PCH foi criadopela CEMIG com o propósito de fomentar a exploração de potenciais hidrelétricos naqueleestado. Outros programas de menor repercussão, como o Progedis – Programa GeraçãoDistribuída, da COPEL – intensificam, direta ou indiretamente, a prospecção de negóciosenvolvendo GD.

Uma das principais barreiras à GD é a cultural. O INEE (2003) afirma que “não há, hoje,restrições técnicas ou legais à GD interligada ao sistema. As barreiras à sua expansão sãoculturais: trabalhar com este cenário exige, na prática, uma quebra de paradigmas em umpaís onde a expansão da oferta de energia com grandes centrais é uma história de sucesso.No entanto, algumas adaptações normativas e nas estruturas tarifárias se fazem necessá-rias”.

De modo geral, os principais incentivos hoje existentes às GD's referem-se muito maisao fomento do uso de fontes alternativas de geração de energia elétrica, como PCH, bio-massa e eólica. Não há um incentivo explícito para a geração distribuída como alternativa àgeração centralizada, apesar dos benefícios conhecidos. É necessária uma melhor concei-tuação legal do tema, a normatização do acesso e do gerenciamento do despacho e princi-palmente, a quebra de paradigmas culturais.

Os autores deste trabalho agradecem o Centro de Estudos em Regulação e Qualidadede Energia (Enerq) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo pelo incentivo e aCompanhia Energética de Petrolina (CEP) pelo fomento das atividades de pesquisa.

PAULA, C.P. "Geração Distribuída e Cogeração no Setor Elétrico: Avaliação Sistêmicade um Plano de Inserção Incentivada". Tese de Doutorado, IEE/USP, São Paulo (SP), 2004.

BRASIL. Lei nº. 10.848, de 15 de Março de 2004. "Dispõe sobre a comercialização deenergia elétrica e dá outras providências".

BRASIL. Decreto nº. 5.163, de 30 de julho de 2004. "Regulamenta a comercializaçãode energia elétrica, o processo de outorga de concessões de autorizações de geração deenergia elétrica, e dá outras providências".

5. Conclusões

Agradecimentos

Referências Bibliográficas

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AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Resolu-ção Normativa nº. 228, de 25 de Julho de 2006. "Estabelece os re-quisitos para a certificação de centrais geradoras termelétricas namodalidade de geração distribuída, para fins de comercialização deenergia elétrica no Ambiente de Contratação Regulada – ACR".

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BRASIL. Lei nº. 10.438, 26 de Abril de 2002. "Dispõe sobre a ex-pansão da oferta de energia elétrica emergencial, recomposição ta-rifária extraordinária, cria o Programa de Incentivo às Fontes Alter-nativas de Energia Elétrica (PROINFA), a Conta de Desenvolvimen-to Energético (CDE), dispõe sobre a universalização do serviço pú-blico de energia elétrica, e dá outras providências".

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DUTRA, R.M. "Viabilidade Técnico-Econômica da Energia EólicaFace ao Novo Marco Regulatório do Setor Elétrico Brasileiro". Dis-sertação de mestrado, UFRJ, Rio de Janeiro (RJ), Fevereiro de2001.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). NotaTécnica nº. 69, 26 de Abril de 2006. "Minuta de Resolução Normati-va que regulamenta as condições para a comercialização de ener-gia elétrica, oriunda de empreendimentos de geração que utilizemfontes primárias incentivadas, com unidade ou conjunto de unida-des consumidoras que possuam carga igual ou superior a 500 kW.(Audiência Pública nº. 33/2005)".

CANAL ENERGIA. "Aneel fixa valor de referência em R$ 77,70por MWh para 2007". Boletim Newsletter. Publicado 24 de Outubrode 2006. Rio de Janeiro (RJ), 2006. Disponível em: <www.canale-nergia.com.br>.

INSTITUTO NACIONAL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA (INEE)."Geração Distribuída: Vencendo Barreiras e Criando Oportunida-des". Evento: Geração Distribuída, VI Seminário Internacional e IVEncontro Anual da WADE. Rio de Janeiro (RJ), 2003.

TECHNICAL ARTICLES

FUNDAÇÃO DE APOIO AO ENSINO,PESQUISA E EXTENSÃO DE ITAJUBÁ

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Forma e preparação de manuscrito

Primeira Etapa (exigida para submissão do artigo)

Segunda Etapa (exigida para publicação)

O texto deverá apresentar as seguintes características: espaço 1,5; pa-pel A4 (210 x 297 mm), com margens superior, inferior, esquerda e direita de2,5 cm; fonte Times New Roman 12; e conter no máximo 16 laudas, incluin-do quadros e figuras.

Na primeira página deverá conter o título do trabalho, o resumo e asPalavras-Chaves. Nos artigos em português, os títulos de quadros e figurasdeverão ser escritos também em inglês; e artigos em espanhol e em inglês,os títulos de quadros e figuras deverão ser escritos também em português.Os quadros e as figuras deverão ser numerados com algarismos arábicos con-secutivos, indicados no texto e anexados no final do artigo. Os títulos das fi-guras deverão aparecer na sua parte inferior antecedidos da palavra Figuramais o seu número de ordem. Os títulos dos quadros deverão aparecer naparte superior e antecedidos da palavra Quadro seguida do seu número de or-dem. Na figura, a fonte (Fonte:) vem sobre a legenda, à direta e sem ponto-final; no quadro, na parte inferior e com ponto-final.

O artigo em PORTUGUÊS deverá seguir a seguinte seqüência: TÍTULOem português, RESUMO (seguido de Palavras chave), TÍTULO DO ARTIGOem inglês, ABSTRACT (seguido de key words); 1. INTRODUÇÃO (incluindo re-visão de literatura); 2. MATERIAL E MÉTODOS; 3. RESULTADOS EDISCUSSÃO; 4. CONCLUSÃO (se a lista de conclusões for relativamente cur-ta, a ponto de dispensar um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítu-lo anterior); 5. AGRADECIMENTOS (se for o caso); e 6. REFERÊNCIAS, ali-nhadas à esquerda.

O artigo em INGLÊS deverá seguir a seguinte seqüência: TÍTULO em in-glês; ABSTRACT (seguido de Key words); TÍTULO DO ARTIGO em portu-guês; RESUMO (seguido de Palavras-chave); 1. INTRODUCTION (incluindorevisão de literatura); 2. MATERIALAND METHODS; 3. RESULTS ANDDISCUSSION; 4. CONCLUSIONS (se a lista de conclusões for relativamentecurta, a ponto de dispensar um capítulo específico, ela poderá finalizar o capí-tulo anterior); 5. ACKNOWLEDGEMENTS (se for o caso); e 6. REFERENCES.

O artigo em ESPANHOL deverá seguir a seguinte seqüência: TÍTULO emespanhol; RESUMEN (seguido de Palabra llave), TÍTULO do artigo em portu-guês, RESUMO em português (seguido de palavras-chave); 1.INTRODUCCTIÓN (incluindo revisão de literatura); 2. MATERIALESYMETODOS; 3. RESULTADOS YDISCUSIÓNES; 4. CONCLUSIONES (se a listade conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar um capítulo es-pecífico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5. RECONOCIMIENTO (sefor o caso); e 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

Os subtítulos, quando se fizerem necessários, serão escritos com letrasiniciais maiúsculas, antecedidos de dois números arábicos colocados em posi-ção de início de parágrafo.

No texto, a citação de referências bibliográficas deverá ser feita da se-guinte forma: colocar o sobrenome do autor citado com apenas a primeira le-tra maiúscula, seguido do ano entre parênteses, quando o autor fizer partedo texto. Quando o autor não fizer parte do texto, colocar, entre parênteses,o sobrenome, em maiúsculas, seguido do ano separado por vírgula.

O resumo deverá ser do tipo informativo, expondo os pontos relevantesdo texto relacionados com os objetivos, a metodologia, os resultados e asconclusões, devendo ser compostos de uma seqüência corrente de frases econter, no máximo, 250 palavras.

Para submeter um artigo para a Revista PCH Noticias & SHP News o(os)autor (es) deverão entrar no site www.cerpch.unifei.edu.br/Submete-rartigo.

Serão aceitos artigos em português, inglês e espanhol. No caso das lín-guas estrangeiras, será necessária a declaração de revisão lingüística de umespecialista.

O artigo depois de analisado pelos editores, poderá ser devolvido ao (s)autor (es) para adequações às normas da Revista ou simplesmente negadopor falta de mérito ou perfil. Quando aprovado pelos editores, o artigo seráencaminhado para três revisores, que emitirão seu parecer científico.Caberá ao(s) autor (es) atender às sugestões e recomendações dos reviso-res; caso não possa (m) atender na sua totalidade, deverá (ão) justificar aoComitê Editorial da Revista.

Os artigos que não se enquadram nas normas acima descritas, nasua totalidade ou em parte, serão devolvidos e perderão a prioridade da or-dem seqüencial de apresentação.

Obs.:

Form and preparation of manuscripts

First Step (required for submition)

Second Step (required for publication)

The manuscript should be submitted with following format: should betyped in Times New Roman; 12 font size; 1.5 spaced lines; standard A4 pa-per (210 x 297 mm), side margins 2.5 cm wide; and not exceed 16 pages, in-cluding tables and figures.

In the first page should contain the title of paper, Abstract and Keywords.For papers in Portuguese, the table and figure titles should also be written inEnglish; and papers in Spanish and English, the table and figure titles shouldalso be written in Portuguese. The tables and figures should be numberedconsecutively in Arabic numerals, which should be indicated in the text andannexed at the end of the paper. Figure legends should be written immedia-tely below each figure preceded by the word Figure and numbered consecu-tively. The table titles should be written above each table and preceded bythe word Table followed by their consecutive number. Figures should presentthe data source (Source) above the legend, on the right side and no full stop;and tables, below with full stop.

The manuscript in PORTUGUESE should be assembled in the following or-der: TÍTULO in Portuguese, RESUMO (followed by Palavras-chave), TITLE inEnglish; ABSTRACT in English (followed by keywords); 1.INTRODUÇÃO (in-cluding references); 2. MATERIAL E METODOS; 3. RESULTADOS EDISCUSSAO; 4. CONCLUSAO (if the list of conclusions is relatively short, tothe point of not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter);5. AGRADECIMENTOS (if it is the case); and 6. REFERÊNCIAS, aligned to theleft.

The article in ENGLISH should be assembled in the following order:TITLE in English; ABSTRACT in English (followed by keywords); TITLE in Por-tuguese; ABSTRACT in Portuguese (followed by keywords); 1.INTRODUCTION (including references); 2. MATERIAL AND METHODS;3.RESULTS AND DISCUSSION; 4. CONCLUSIONS (if the list of conclusions isrelatively short, to the point of not requiring a specific chapter, it can end theprevious chapter); 5. ACKNOWLEDGEMENTS (if it is the case); and 6.REFERENCES.

The article in SPANISH should be assembled in the following order:TÍTULO in Spanish; RESUMEN (following by Palabra-llave), TITLE of the arti-cle in Portuguese, ABSTRACT in Portuguese (followed by keywords); 1.INTRODUCCTIÓN (including references); 2. MATERIALES Y MÉTODOS; 3.RESULTADOS Y DISCUSIÓNES; 4. CONCLUSIONES (if the list of conclusionsis relatively short, to the point of not requiring a specific chapter, it can endthe previous chapter); 5.RECONOCIMIENTO (if it is the case); and 6.REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

The section headings, when necessary, should be written with the firstletter capitalized, preceded of two Arabic numerals placed at the beginningof the paragraph.

Abstracts should be concise and informative, presenting the key pointsof the text related with the objectives, methodology, results and conclusi-ons; it should be written in a sequence of sentences and must not exceed250 words.

References cited in the text should include the author\'s last name, onlywith the first letter capitalized, and the year in parentheses, when the authoris part of the text. When the author is not part of the text, include the last na-me in capital letters followed by the year separated by comma, all in parent-heses

For paper submission, the author(s) should access the online submissi-on Web site www.cerpch.unife.edu.br/submeterartigo (submit paper).

The Magazine SHP News accepts papers in Portuguese, English and Spa-nish. Papers in foreign languages will be requested a declaration of a specia-list in language revision.

After the manuscript has been reviewed by the editors, it is either retur-ned to the author(s) for adaptations to the Journal guidelines, or rejected be-cause of the lack of scientific merit and suitability for the journal. If it is jud-ged as acceptable by the editors, the paper will be directed to three revie-wers to state their scientific opinion. Author(s) are requested to meet the re-viewers\' suggestions and recommendations; if this is not totally possible,they are requested to justify it to the Editorial Board

Papers that fail to meet totally or partially the guidelines above des-cribed will be returned and lose the priority of the sequential order of presen-tation.

Obs.:

INSTRUÇÕES AOS AUTORES INSTRUCTIONS FOR AUTHORS TO PREPARE TOHAVE ARTICLES TO BE SUBMITTED

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AGENDA

Seminário sobre Biomassa

Seminário sobre Eficientização Energética

Dia 19 de setembro de 2007Local: Auditório do CREA - Belo Horizonte -MGMais informações: [email protected]

Dia 17 de outubro de 2007Local: Auditório do CREA - Belo Horizonte -MGMais informações: [email protected]

III Conferência de PCH Mercado & Meio AmbienteDe 08 a 10 de outubro de 2007Local: São Paulo – SPMais informações: [email protected]

9º ENERCON

6 Simpósio Brasileiro sobre Pequenas e Médias CentraisHidrelétricas

24th Symposium on Hydraulic Machinery and Systems

De 22 a 24 de outubro de 2007Local: Hotel Blue Tree Morumbi – São Paulo - SPMais Informações: www.portalenercon.com.br

De 21 a 25 de Abril de 2008Local: Hotel Ouro Minas - Belo Horizonte - MGMais Informações: [email protected]

De 27 a 31 de Outubro de 2008Local: Foz do Iguaçu – PRMais informações: www.iahrmachinery2008.com

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EVENTOS

O Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidre-létricas (CERPCH), com apoio do Ministério de Minas e Energia(MME) e do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), realizou nodia 24 de maio, em Brasília, o VI Encontro do Fórum Permanente deEnergias Renováveis.

Segundo o Secretário Executivo do CERPCH, Geraldo Lúcio Tia-go Filho, o objetivo do Fórum foi promover a integração dos centrosde referência, por meio de rede de informação, divulgação e difu-são de referências e serviços sobre programas, projetos, pesqui-sas, desenvolvimento científico e tecnológico de aproveitamentoshidroenergéticos.

Durante o evento foram discutidas maneiras para alavancar odesenvolvimento tecnológico na área de energias renováveis e acriação de uma rede integrada de centros de referência. Neste con-texto o Fórum Permanente de Energias Renováveis, criado em1994, sob o auspício do Ministério de Ciência e Tecnologia, será oresponsável por incentivar e promover a implementação das dire-trizes e as políticas públicas de mercado e de legislação para asenergias renováveis. Além disso, nesta sexta edição foram discuti-dos temas técnicos, centros de referência, várias tecnologias utili-zadas por eles, o papel das Fontes Renováveis de Energia na ate-nuação do aquecimento global e a criação de uma associação deCentros de Referência e mecanismo de apoio do MME e MCT àsações dos Centros.

A diretora do Departamento de Desenvolvimento Energético(DDE) do MME, Laura Porto, ressaltou a importância das energiasrenováveis para o setor elétrico brasileiro e para a matriz energéti-ca nacional. Porto, também, comentou sobre o apoio institucional efinanceiro do Ministério de Minas e Energia para esse tipo de inicia-tiva. “Grande parte dos recursos dos convênios do DDE é voltadapara centros de referência em energia renovável, sendo este apoiofundamental”.

A utilização de energias alternativas renováveis para a geraçãode energia elétrica teve impulso no Brasil após a Conferência dasNações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92).Além disso, o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Ener-gia (Proinfa) foi criado em 2002 para diversificar a matriz energéti-ca nacional ao estabelecer a contratação de 3.300 MW de energiano Sistema Interligado Nacional (SIN), produzidos por fontes eóli-cas, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).

Participantes:

O Fórum reuniu os representantes dos Centros de Referência:Centro de Referência para Energias Solar e Eólica Sérgio de SalvoBrito - CRESESB; Centro Brasileiro de Referência em Bicombustí-veis - CERBIO; Centro Nacional de Referência em Energia do Hidro-gênio - CENEH; Centro de Referência e Informação em Habitação -Info Hab; Centro Brasileiro para Desenvolvimento da Energia SolarTérmica - Green Solar; Centro Brasileiro de Energia Eólica - CBEE,além dos representantes do Ministério de Minas e Energia - MME;Ministério de Ciência e Tecnologia - MCT; Eletrobrás; Agência Naci-onal de Energia Elétrica - Aneel e Banco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social - BNDES.

CERPCH promove Fórum Permanente de Energias Renováveis

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Da esquerda para direita: Eduardo Soriano, Ministério de Ciência e Tecno-logia - MCT; Laura Porto – MME e Geraldo Lúcio Tiago Filho – CERPCH.

Por Adriana Barbosa

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EVENTS

CERPCH (National Center of Reference for Small HydropowerPlants), with the support of the MME (Ministry of Mines and Energy)and MCT (Ministry of Science and technology), held the 6th meet-ing of the Permanent Forum on Renewable Energy in Brazília onMay 24th.

According to CERPCH's executive secretary, Mr. Geraldo LúcioTiago Filho, the objective of the Forum was to promote the integra-tion of the reference centers by means of an information and dis-semination network on the references and services regarding pro-grams, projects, researches and scientific and technological devel-opment of hydropower potentials.

During the event the participants talked about ways to spur thetechnological development in the area of renewable energy and thecreation of a network to integrate the references centers. Withinthis context the Permanent Forum on Renewable energy, created in1994 under the auspices of the MCT, will be responsible for encour-aging and promoting the implementation of the guidelines and mar-ket and legislation public policies regarding the renewables. In addi-tion, technical issues, reference centers and the several technolo-gies used by these centers, the role of the Renewable Sources of En-ergy in the mitigation of global warming and the creation of an asso-ciation of Reference Centers and a supporting mechanism from theMME and the MCT to the Centers' actions were also discussed.

The director of the DDE (Energy Development Department) ofthe MME, Ms. Laura Porto, highlighted the importance of therenewables to the Brazilian Electric Sector and to the national en-ergy matrix. Ms. Porto also talked about the institutional and finan-cial support given by the MME to this type of initiative. “A large partof the resources of the DDE's partnerships are destined to refer-ence centers that deal with renewable energy, and this support ispivotal.”

The use of renewables for electric power generation wasspurred in Brazil after the United Nations Framework Conventionon Climate Change – Rio 92. In addition, PROINFA (a program thatencourages power production out of alternative sources of energy)was created in 2002 in order to diversify the national energy matrixby establishing the purchase agreement of 3,300 MW of energygenerated out of wind, biomass and SHPs in the National Intercon-nected System.

Participants:

The Forum gathered representatives from several ReferenceCenters: Sérgio de Salvo Brito Reference Center for Solar and WindEnergy; Brazilian Reference Center for Biofuels; National Refer-ence Center for Hydrogen Energy; Reference and Information Cen-ter for Housing; Brazilian Center for the Development of Solar En-ergy - Green Solar; and Brazilian Center for Wind Energy. Therewere also representatives from the MME, MCT, ELETROBRÁS,ANEEL (National Agency for Electric Power) and BNDES (NationalBank for Social and Economic Development).

CERPCH promotes Permanent Forum on Renewable Energy

From Left to right: Mr. Eduardo Soriano (MCT), Ms. Laura Porto (MME) andMr. Geraldo Lúcio Tiago Filho (CERPCH).

Translation Adriana Candal

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OPINIÃO

Breve análise sobre o Potencial Hidrelétrico BrasileiroMuitos dirigentes do Setor Elétrico e autoridades costumam di-

vulgar que o potencial hidrelétrico brasileiro atualmente exploradoé de somente 25% do potencial total disponível em nossos rios.Este número vem sendo utilizado em discursos e palestras sem serquestionado quanto ao critério de cálculo, fonte da informação e re-presentatividade.

Alguns poucos técnicos do setor elétrico que trabalham na áreade planejamento energético sabem que este número foi obtido doSIPOT – Sistema de Informações do Potencial Hidrelétrico Brasilei-ro, banco de dados utilizado para cadastramento das informaçõesdo potencial hidrelétrico, criado pela ELETROBRÁS e divulgado nasua página da internet.

Os locais com potencial hidrelétrico cadastrados no SIPOT pos-suem classificações quanto ao estágio de desenvolvimento dos es-tudos, podendo ser agrupados em: potencial estimado (remanes-cente e individualizado), potencial estudado (estudo de inventário,viabilidade e projeto básico), usinas em construção e em operação.

No SIPOT, versão com dados atualizados para o ano de 2005, di-ferente do divulgado pela internet cuja versão data de 2001, o po-tencial hidrelétrico brasileiro total cadastrado é de cerca de 258GW. Deste total, 32% correspondem ao potencial estimado, 42%ao potencial estudado (nos diversos estágios), 3% em construçãoe 23% em operação. Portanto, a soma dos valores das usinas emconstrução e operação totaliza 26%, número próximo aos 25% di-vulgado pelos dirigentes do Setor Elétrico. Em termos relativos ovalor está comprovado.

Os potenciais em estágio de estudo de inventário, viabilidade eprojeto básico são avaliados com base em estudos mais criteriososcom relação à metodologia e precisão dos dados utilizados. Já o va-lor do potencial estimado é calculado a partir de dados secundári-os, não considerando as condições locacionais, geológicas e, prin-cipalmente, restrições ambientais e usos múltiplos do recurso hí-drico. Por exemplo, o potencial hidrelétrico remanescente de umrio é calculado pelo produto da queda, proporcionada pela diferen-ça entre o nível d'água da nascente do rio e da sua foz, pela vazãodisponível na foz, como se existisse uma grande barragem na fozdo rio que se elevasse até a nascente. Este conceito pode ser apli-cado se quisermos contabilizar o potencial hidráulico total do rio,longe porém de representar o que poderia ser convertido em po-tencial hidrelétrico econômico e ambientalmente viável.

Além do problema metodológico, o potencial estimado de 81,5GW, cerca de 32% do total das reservas hidrelétricas, é compostopor locais que encontram-se, na quase totalidade, na região ama-zônica, carente de dados e informações confiáveis, além de seruma região recortada por terras indígenas, reservas biológicas enaturais. Acrescenta-se a isso as dificuldades logísticas e para esco-amento da produção de energia em longas distâncias para os gran-des centros de consumo localizados nas regiões sudeste e sul.

Ressalta-se ainda que a falta de atualização das informações doSIPOT leva a sinalizações incorretas, como a inclusão de potenciaisresultantes de estudos de inventários que já não são reconhecidospela ANEEL ou que foram revisados e resultaram em outra partiçãode queda. Exemplificando-se, pode-se encontrar no SIPOT locaiscomo o antigo potencial de Capanema (1.200 MW), no rio Iguaçu,cujo estudo de inventário foi revisado recentemente resultando naalternativa de Baixo Iguaçu (350 MW), com menor potência insta-lada, porém adequando-se a critérios ambientais atuais.

Segundo informações publicadas pela ANEEL, em relatório deagosto de 2005, o potencial hidrelétrico identificado em estágio deinventário (em análise e aprovados pela agência) é de 14.225 MWde potência instalada. O potencial neste estágio no SIPOT – 2005 éapresentado como sendo de 61.886 MW, ou seja, 4,3 vezes maior.

As divergências de informações entre as duas fontes também semostram na divulgação das usinas em construção e operação.Enquanto o Banco de Dados de Informações (BIG) da ANEEL divul-ga uma geração instalada em operação de 73 GW e 3,6 GW emconstrução, o SIPOT possui em sua base de dados os valores de 58GW e 8,8 GW respectivamente. Embora haja divergência nos da-dos do BIC e do SUPOT, somando-se a potência dos dois valores ob-tém-se valor próximo de 76,6 GW, o que sugere que há apenasuma defasagem na atualização do SIPOT.

Em uma estimativa mais realista, com base em dados de estu-dos aprovados pela ANEEL, encontra-se 14,3 GW de potencial emestágio de inventário, 2,5 GW de projeto básico de PCH's, 29,2 GWde estudo de viabilidade, totalizando 46 GW de potência estimadaem fase de estudos. Nos aproveitamentos em estágio de viabilida-de já se encontram contabilizadas as usinas de Belo Monte(11GW), no rio Xingu, Santo Antônio (3,2GW) e Jirau (3,3GW), norio Madeira.

Em fase de elaboração de estudos de inventário com potencialsignificativo, com registro na ANEEL, encontram-se os rios Madeira(trecho internacional), Ji-Paraná, Xingu (sem Belo Monte), Teles Pi-res, Tapajós que chegariam a uma potência total estimada de 30GW. Poder-se-ia ainda agregar cerca de 1,5 GW de potencial do rioTrombetas, com inventário por revisar, a binacional Garabi, com1,5 GW, no rio Uruguai, totalizando 33 GW.

Expurgando-se os dados otimistas do potencial estimado doSIPOT, o potencial hidrelétrico resulta da soma dos dados de estu-dos de inventário, viabilidade e projeto básico aprovados pelaANEEL com a estimativa dos estudos de inventário em andamento,resultando em um total das nossas reservas hidrelétricas por ex-plorar de cerca de 79 GW. Neste potencial ainda poderia ser aplica-da uma taxa de insucesso pelas inviabilidades econômicas e ambi-entais. Não se pode precisar se já atingimos 50% de exploração donosso potencial hidrelétrico total, mas é certo que não são apenas25% como vem sendo divulgado.

Com esta avaliação não se pretende polemizar sobre a veraci-dade de dados e informações, mas colocar a questão para ser deba-tida abertamente nos fóruns apropriados. Espera-se que a recémcriada EPE – Empresa de Pesquisa Energética, braço consultivo doMME para o planejamento energético, trabalhe no sentido de darconsistência a estas informações que são de vital importância parao país.

João Lopes Ferreira Neto

Consultor, Sócio Diretor da L&F Engenharia

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OPINION

There are also the logistic problems and difficulties in taking the en-ergy production to the large consuming centers located in thesouth and southeast regions.

It is also important to highlight that the lack of information up-date of SIPOT leads to incorrect signals such as the inclusion of po-tentials resulting from inventory studies that are no longer recog-nized by ANEEL (National Agency for Electric Power) or that were re-viewed and resulted in a different head partition. For example, it ispossible to find at SIPOT locations such as the old Capanema po-tential (1.200 MW) on the River Iguaçu. The inventory study has re-cently been reviewed, resulting in the alternative Baixo Iguaçu(350 MW), presenting a lower installed power and a better adjust-ment to current environmental criteria.

According to information published by ANEEL in a report re-leased in August 2005 the hydroelectric potential identified as be-ing in the inventory stage (being analyzed and approved by theagency) is 14,225 MW of installed power. The potential in the samestage at SIPOT (2005) is 61,886 MW, i.e., 4.3 times greater. The di-verging information between the two sources is also present re-garding the plants that are being constructed or are already oper-ating. Whereas ANEEL's information databank (BIG) reports an op-erating installed generation of 73 GW and 3.6 GW still being con-structed, SIPOT shows the figures of 58 GW and 8.8 GW respec-tively. Although there are differences in the data coming from BIGand SIPOT, one attains a value close to 76.6 GW by summing thepower of both values, which suggests that there is only a delay inupdating SIPOT.

In a more realistic estimate, based on data from studies ap-proved by ANEEL, one can find a potential of 14.3 GW of inventorystage, 2.5 GW of SHP Basic Proposal and 29.2 GW of feasibilitystudy, totalizing 46 GW of estimated power being studied. Theplants of Belo Monte (11GW) on the River Xingu, Santo Antônio(3.2GW) and Jirau (3.3GW) on the River Madeira were alreadytaken into account as sites in the feasibility stage.

The rivers that are in the stage of inventory study elaborationwith significant potential, with registration at ANEEL are the RiversMadeira (international part), Ji-Paraná, Xingu (without BeloMonte), Teles Pires and Tapajós. They would reach a total esti-mated power of 30 GW. It is also possible to aggregate a potentialof 1.5 GW from the River Trombetas, whose inventory must still bereviewed, the binational of Garabi with 1.5 GW on the RiverUruguai, reaching 33 GW.

Expurgating the optimistic data regarding the estimated poten-tial of SIPOT, the hydroelectric potential is the result of the sum ofthe data from inventory studies, feasibility studies and Basic Pro-posals approved by ANNEL with the estimate of the inventory stud-ies that are being carried out. The result shows that there are about79 GW of unexplored potential in our hydroelectric reserves. In thispotential a rate regarding unsuccess because of economic and envi-ronmental problems could also be applied. It is impossible to say ac-curately whether we have already explored 50% of our total hydro-electric potential, but surely, it is not just 25% as it has been an-nounced

The intention of this assessment is not to cause controversyover the veracity of data and information, but to introduce this is-sue to be openly debated in the appropriate forums and meetings.One can only hope that EPE (Energy Research Company), MME'sconsultive branch for energy planning, works towards giving con-sistency to information that is important to the country.

João Lopes Ferreira Neto

Advisor, Partner and director of L&F Engenharia

Many managers of the electric sector and authorities in generalare used to saying that today only 25% of the total available poten-tial of our rivers are used. This figure has been used in speechesand lectures and no one has questioned the calculation criteria, thesource of the information and whether it represents the truth ornot.

Few technicians of the electric sector that work in the energyplanning area know that this figure was attained by SIPOT (an in-formation system on the Brazilian hydroelectric potential). SIPOTis a databank used for registering information regarding the hydro-electric potential. It was created by ELETROBRÁS and its informa-tion is at ELETROBRÁS website.

The sites that have a hydroelectric potential are registered inSIPOT and are classified according to the stage of development oftheir studies. They can be grouped in: estimated potential (re-maining and individualized), studied potential (inventory and fea-sibility study and basic proposal), plants being constructed and op-erational plants.

In SIPOT, version with updated data regarding the year of2005, different from what it is informed at the Internet, whose ver-sion dates from 2001, the total registered Brazilian hydroelectricpotential is about 258 GW. Out of this total, 32% correspond to theestimated potential, 42% to the studied potential (divided into theseveral stages), 3% to plants that are being constructed and 23%correspond to operating plants. Therefore, the sum of the values ofthe operative plants and the plants that are being constructedtotalizes 26%, which is a figure close to the 25% announced by theelectric sector. In relative terms, the figure is confirmed.

The potentials that are going through inventory and feasibilitystudies and basic proposal are assessed based on more criterialstudies in relation to the methodology and accuracy of the useddata. On the other hand, the value of the estimated potential is cal-culated based on secondary data. They do not consider thelocational or geological conditions and, mainly, environmental re-strictions and the multiple use of the water resource. For example,the remaining hydroelectric potential of a river is calculated by theproduct of the available flow on the river mouth by the head, calcu-lated by the difference between the level of the water at the riverheadwater and its month, as if there were a large dam on themouth of the river that would elevate itself until its headwater. Thisconcept can be applied if we want to calculate the total hydraulic po-tential of the river. However, it is far from representing what couldbe converted into a hydroelectric potential economically and envi-ronmentally feasible.

Besides the methodological problem, the estimated potential of81.5 GW, about 32% of the total hydroelectric reserves, is almostcompletely constituted by sites that are located in the Amazon Re-gion. In addition to the lack of reliable information and data, the re-gion is full of Indian lands and biological and natural reserves.

A brief overview of the Brazilian Hydroelectric Potential

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O Centro Nacional de Referência em PequenasCentrais Hidrelétricas (CERPCH) apoiou a oitava edi-ção do Encontro de Negócios de Energia. O encontro,que aconteceu em São Paulo de 19 a 21 de junho, éum dos principais eventos do mercado energético etem como seus principais atrativos a excelência doconteúdo oferecido e do público presente, compostode altos executivos, em sua maioria decisores, for-madores de opinião e presença das mais importan-tes empresas de energia.

Estiveram presentes no evento consumidoresempresariais, investidores, representantes de Esta-do e fornecedores de energia elétrica e gás natural,desenvolvendo assim um ambiente de negócios quepossibilita a aproximação entre provedores e clien-tes industriais. Um dos principais temas debatidosdurante o encontro foi a possibilidade de falta deenergia no ambiente de livre contratação, as poten-cialidades das fontes renováveis de energia, além daforte preocupação com a entrada dos empreendi-mentos previstos no Plano de Aceleração do Desen-volvimento (PAC).

Uma solução apresentada por diversos pales-trantes foi o suprimento da carência de energia doAmbiente de Contratação Livre (ACL) pelas PCHs.Com um público de aproximadamente 600 partici-pantes, a oitava edição do evento possibilitou aoCERPCH ampliar sua rede de relacionamentos nocampo de PCHs, alavancando parcerias junto a em-presas, destaca o assessor de negócios do CERPCH,Jason Tibiriçá Ferrari.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica, JersonKelman, afirmou que a agência já iniciou o processo de cassação deoutorgas de pequenas centrais hidrelétricas que estavam sem deci-são de implantação. Segundo Kelman, duas PCHs tiveram a con-cessão retomada pela Aneel e mais de 40 usinas foram notificadas.

"Alguns iniciaram obras, enquanto outros venderam a outorgapara outros investidores", contou o diretor-geral da agência. Peloscálculos da Aneel, 106 empreendimentos - que totalizam 1,5 milMW, tinham outorga e ainda não haviam iniciado obras.

A iniciativa, segundo Kelman, foi necessária para viabilizar aoferta de energia necessária para atender à expansão da demandano país. De acordo com o diretor-geral, outra questão em acompa-nhamento pela Aneel, segundo ele, refere-se à conexão de empre-endimentos de biomassa nos Estados de Goiás e Mato Grosso à Re-de Básica.

Estima-se um potencial de geração de 5 mil MW. Uma das medi-das em avaliação é a implantação de estações coletoras para co-nectar esses empreendimentos, destacou Kelman. A solução tiradas usinas a obrigação de se conectarem à rede básica via rede dedistribuição.

CERPCH (National Center of Reference for Small Hydropower Plants) gavesupport to the 8th Meeting on Energy Trade. The meeting, which took place in thecity of São Paulo from June 19th to 21st, is one of the main events of the energymarket, and its principal attractions are the excellence in the content of the dis-cussions and the audience, formed by businesspeople, which are used to makingdecisions and helping people form their opinions. The presence of the most im-portant energy companies showing their products is also important to highlight.

There were consuming companies, investors, State representatives and elec-tric power and natural gas suppliers were present at the meeting, creating a trad-ing environment that enabled the proximity between suppliers and industrial cli-ents. One of the main topics debated at the meeting regarded the possibility ofthe lack of energy in the environment of free PPA's, the potential of therenewables and the significant concern about the new enterprises forecast in PAC(the government's program to accelerate economic growth).

One solution presented by several lecturers was to supply the need of energyin the environment of free PPA's with energy generated by Small HydropowerPlants (SHPs). Having nearly 600 participants, the meeting enabled CERPCH tobroaden its relation network with companies of the SHP sector, said CERPCH'sbusiness advisor, Mr. Jason Tibiriçá Ferrari.

The Director of ANEEL (National Agency for Electric Power) Mr.Jerson Kelman, said that the agency started a process to revokethe grants of Small Hydropower Plants (SHPs) that did not have animplementation decision. According to Mr. Kelman, two SHPs hadtheir grants revoke by ANEEL and 40 other plants were notified.

"Some entrepreneurs started the works whereas others soldtheir grants to other investors”, said Mr. Kelman. According toANEEL's calculations 106 enterprises, which totalized 1.5 thousandMW, had the grant, but the works had not been started yet.

The initiative, according to Mr. Kelman, was necessary to en-able the energy offer that is necessary to meet the growing de-mand of the country. He also said that ANEEL has been paying at-tention to another issue: the connection of biomass enterprises inthe states of Goiás and Mato Grosso to the grid.

A generation potential of 5 thousand MW is estimated. One ofthe measures that is being evaluated is the implementation of col-lecting stations to connect these enterprises, highlighted Mr.Kelman. This solution lifts the obligation of the plants to connectthemselves to the grid by using a distribution network.

8th Meeting on Energy Trade encourages investments in SHPs

ANEEL revokes SHP grants whose civil works have not started

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Por Adriana Barbosa Translation Adriana Candal

Translation Adriana Candal

8º Encontro de Negócios de Energia incentiva investimentos em PCHs

Outorgas de PCHs sem obras iniciadas são cassadas pela Aneel

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NEWS

O secretário executivo do Centro Nacional de Referência em Pe-quenas Centrais Hidrelétricas (CERPCH) e Diretor do Instituto deRecursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), pro-fessor Geraldo Lúcio Tiago Filho, participou do evento “The 3rdAnnual 'Hydro Power for Today' Forum”, promovido pelo “HangzouInternational Center on Small Hydro Power”, realizado na cidade deHangzhou, China, nos dias 12 e 13 de junho. O evento foi dirigidoaos países em desenvolvimento, tendo reunido representantes dediversos países da Ásia e da África.

A palestra proferida pelo prof. Tiago discorreu sobre o estadoda arte das PCHs, bem como sobre os principais aspectos regulató-rios e de mercado das pequenas centrais hidrelétricas no Brasil.

Hoje, a China é considerada o maior mercado de PCHs do mun-do. Além de possuir o maior número de usinas construídas e emoperação, em torno de 1.600 plantas. O país conta com o maior po-tencial hídrico de PCHs que se tem conhecimento, em torno de 100mil MW estimados. No momento, o país detém uma alta tecnologiana área de equipamentos e construção de pequenas centrais.

O Brasil, por outro lado, possui 485 empreendimentos em ope-ração, o que corresponde a 1.773 MW e apresenta um mercado tí-mido frente ao chinês, embora com potencial estimado em PCHs de26 mil MW, correspondendo apenas a um quarto do potencial chi-nês. Hoje, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel),encontram-se autorizadas no Brasil, cerca de 340 plantas soman-do mais de 3,94 mil MW.

Durante o evento, foi possível constatar que o Brasil é visto co-mo grande potencial de energias renováveis. O preocupante é aquestão do biocombustível que está se sobrepondo às demais fon-tes renováveis de energia.

Embora o Brasil seja respeitado quanto à qualidade técnica deequipamentos e serviços referentes às PCHs, o país ocupa posiçãosecundária no mercado internacional. Diante desse quadro, o prof.Tiago chamou a atenção para a necessidade de se criar um progra-ma de incentivo à melhoria da qualidade de produtos nacionais euma política de incentivo à exportação.

CERPCH's (National Center of Reference for Small HydropowerPlants) executive secretary and director of the Institute of NaturalResources of the Federal University of Itajubá (UNIFEI), professorGeraldo Lúcio Tiago Filho, participated in the 3rd Annual 'HydroPower for Today' Forum held by the Hangzou International Centeron Small Hydro Power in the city of Hangzhou, China, on June 12thand 13th. The event aimed at developing countries, gathering rep-resentatives from several Asian and African countries.

The Lecture given by professor Tiago was about the state-of-the-art of SHPs and the main regulatory and market aspects of thesmall hydropower plants in Brazil.

Today, China is considered to be the largest SHP market in theworld. It also has the largest number of constructed and operatingplants, about 1,600. The country has the greatest SHP potentialthat experts know of, about 100 thousand estimated MW. At the mo-ment, the country has a high technology within the areas of equip-ment and constructions of small hydropower plants.

Although Brazil has a SHP estimated potential of 26 thousandMW, only one quarter of the potential in China, the country, on theother hand, has 485 operating plants, which correspond to 1,773MW and presents a small market if compared to the Chinese one.Today, according to ANEEL (National Agency for Electric Power)about 340 plants are authorized in Brazil, adding more than 3.94thousand MW.

During the event, it was possible to notice that Brazil is seen asa great potential of renewable energy. What is causing concern isthe biofuels that are shadowing the other sources of renewable en-ergy.

Although Brazil is respected in relation to the technical qualityof its equipment and services regarding SHPs, the country occupiesa secondary position in the international market. Facing this sce-nario, professor Tiago highlighted the need to create a programaiming at improving the quality of national products and a policythat encourages exportation.

CERPCH participa do III Fórum de PCHs realizado na ChinaCERPCH participates in the 3rd SHP Forum in ChinaPor Adriana Barbosa Translation Adriana Candal

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Visita Técnica realizada em uma PCH na cidade de Lhasa, Tibet.Technical visit to a SHP in the city of Lhasa, Tibet.

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Os moradores da comunidade de Aruã, situada no município de Santarém (PA),estão sentindo os reflexos da implantação da MCH Aruã, localizada no rio de mesmonome. Além de ter energia elétrica com um custo menor se comparado aos motoresDiesel, a comunidade teve um crescimento em termos de qualidade de vida. “É desaltar os olhos as melhorias que vimos na comunidade”, destaca Fábio Horta, geren-te de projetos do CERPCH, ao voltar de viagem recente à comunidade depois de mi-nistrar cursos de manutenção e operação da usina aos habitantes.

A implantação da MCH Aruã aconteceu a partir do projeto Cachoeira Aruã – umModelo Energético Sustentável envolvendo Organizações de Base Comunitária, co-ordenado pelo professor Augusto Nelson Carvalho Viana da Universidade Federal deItajubá (Unifei) e financiado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) através dofundo setorial CT-ENERG e CNPq, por meio dos recursos do Programa das NaçõesUnidas de Desenvolvimento (PNUD). Os trabalhos para a implantação da microcen-tral de 50kW foram iniciados em 2003 e, em abril de 2006, a MCH entrou em opera-ção. O CERPCH foi o responsável pelo desenvolvimento do projeto da microcentral,enquanto que o Instituto Winrock International/Brasil e a ONG Projeto Saúde e Ale-gria (PSA) desenvolveram em paralelo trabalhos de conscientização dos moradorespara as novas oportunidades que a energia elétrica pode trazer.

Atualmente, a energia elétrica gerada pela MCH atende as residências das 51 fa-mílias da comunidade, a escola e o centro comunitário, além de propiciar o bombea-mento de água para uma caixa d'água comunitária e as atividades de uma movela-ria, que se tornaram possíveis apenas com a implantação da microcentral. Da mes-ma forma, a comunidade viu crescer suas atividades econômicas com o aumento donúmero de estabelecimentos comerciais, como mercearias, padaria e sorveteria. Aescola da comunidade passou a funcionar também à noite, com aulas para o segun-do grau. Além disso, a comunidade passou a contar com uma sala com computado-res e Internet via satélite, instalados pela ONG Projeto Saúde e Alegria.

Embora os resultados sociais sejam evidentes, os trabalhos desenvolvidos pelosparceiros do projeto Cachoeira Aruã não acabaram. No caso do CERPCH, já se estu-da aumentar a capacidade instalada da MCH em virtude do crescimento da comuni-dade, propiciado pela energia elétrica. Por outro lado, o Instituto Winrock Internati-onal/Brasil e a ONG Projeto Saúde e Alegria (PSA) encontram pela frente o desafiode trazer à comunidade conceitos como eficiência energética e conservação de ener-gia, a fim de educá-la para um consumo mais consciente da energia gerada.

The dwellers of a community called Aruã, loca-ted in the outskirts of the city of Satarém in thestate of Pará, are feeling the results of the imple-mentation of Aruã Micro Hydropower Plant (MHP)constructed in the River Aruã. Besides havingelectric power at a lower cost compared to DieselEngines, the community's life quality also soaredup. “The improvements we saw in the communityis amazing”, says Mr. Fábio Horta, CERPCH's pro-ject management, after coming back from a re-cent trip to the community to give courses on themaintenance and operation of the plant to theinhabitants.

The implementation of Aruã MHP was possi-ble due to the project 'Cachoeira Aruã – a Sustai-nable Energy Model Involving Base Organizationsof the Community coordinated by Professor Au-gusto Nelson Carvalho Viana of the Federal Uni-versity of Itajubá and funded by the MME (Mi-nistry of Mines and Energy), through a sectorialfund called CT-ENERG, and the CNPq through re-sources of the United Nations Development Pro-gram. The works for the implementation of the50kW MHP started in 2003 and in April 2006 theplant started operating. CERPCH was responsiblefor the development of the project of the plant,whereas Winrock International/Brazil and theNGO 'Projeto Saúde e Alegria' developed worksto develop the awareness of the dwellers regar-ding the new opportunities that electric powercan bring.

Today, the electric power generated by theMHP goes to the houses of 51 families of the com-munity, the school, and the community center. Be-sides, pumping water to a community water re-servoir and it also enables the activities of a furni-ture facture, things that only became possible af-ter the implementation of the plant. At the sametime, the community saw the growth of its econo-mic activities with a rise in the number of com-mercial businesses such as grocery shops, bake-ries, and ice-cream shops. The community's scho-ol started to open at night for high school classes.In addition, the community can also rely on a com-puter room and satellite Internet, installed by theNGO 'Projeto Saúde e Alegria'.

Although the social results are evident, theworks developed by the partners of the project'Cachoeira Aruã' still haven't finished. As far asCERPCH is concerned, it is already studying thepossibility of increasing the installed capacity ofthe MHP due to the community's growth causedby the electric power itself. On the other hand,Winrock International/Brazil and the NGO 'Proje-to Saúde e Alegria' are looking at the challenge ofbringing concepts such as energy efficiency andenergy conservation to the community in order toeducate the dwellers towards a more consciousconsumption of the generated energy.

CERPCH comemora resultados sociais em projeto no Pará

CERPCH celebrates social results achieved in Project in ParáPor Fabiana Gama Viana Translation Adriana Candal

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Moradores de Aruã aprendem técnicas de carpintaria na movelaria da comunidade.Dwellers of Aruã learn carpentry techniques at the furniture factory of the community.

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A III Conferência de PCH Mercado & Meio Ambiente é o mai-or evento técnico - científico, responsável pela discussãodos principais aspectos referentes à Pequenas Centrais Hi-drelétricas. Desde aspectos legais e institucionais, tecnolo-gias aplicáveis, meio ambiente e análises econômicas.

De 8 a 10 de outubro, o evento reunirá os principais profis-sionais do setor, e representantes do governo, ONGs e setorprivado.

Pesquisadores, estudantes e profissionais interessados emPequenas Centrais Hidrelétricas; analises financeiras, le-gislação, aspectos técnicos e aspectos ambientais poderãosubmeter trabalhos técnicos ou relatos de experiências pa-ra a III Conferência de PCH Mercado & Meio Ambiente, se-gundo as instruções e diretrizes disponibilizadas no site:

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Mais Informações:

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The III Conferência de PCH Mercado & Meio Ambiente (3rdMeeting on SHP Market and Environment) is the greatesttechnical and scientific event in this sector. It is responsiblefor the debate of the main aspects regarding Small Hydro-power Plants. It covers legal and institutional aspects, tech-nologies, the environment and economic analyses.

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Researchers, students and professionals that are interes-ted in SHPs, financial analyses, legislation, technical and en-vironmental aspects will be able to submit their papers orexperience reports to the III Conferência de PCH Mercado &Meio Ambiente, according to the instruction and guidelinesthat are available at the following website:

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