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Servidor WWW.ASSEMPERJ.ORG.BR Revista ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ANO 2 / Nº 12 / SETEMBRO-OUTUBRO DE 2018 Diretoria é ampliada e novos servidores se somam à gestão PÁG.6 Entidade pretende avaliar as políticas públicas de interesse do funcionalismo público PÁG.8 Ministro suspende reajuste monocraticamente e agora a luta é no STF PÁG.3 Servidores de mais de 20 Estados participa- rão do Encontro para debater as pautas de interesse da categoria em nível nacional PÁGINAS 4 e 5 SSEMPERJ SEDIA EVENTO NACIONAL QUE DEBATERÁ DEMOCRATIZAÇÃO DO MP A

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Page 1: ANO 2 / Nº 12 / SETEMBRO … · 2 E ANO 2 /Nº 12 / SET-OUT de 2018 EXPEDIENTE Travessa do Ouvidor, 38, 2º andar. Centro Rio de Janeiro RJ CEP: 20040-040 / (21) 2550-9130 e 2220-9763

ServidorWWW.ASSEMPERJ.ORG.BR Revista ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ANO 2 / Nº 12 / SETEMBRO-OUTUBRO DE 2018

Diretoria é ampliada e novos servidores se somam à gestão

PÁG.6

Entidade pretende avaliar as políticas públicas de interesse do funcionalismo público

PÁG.8

Ministro suspende reajuste monocraticamente e agora a luta é no STF

PÁG.3

Servidores de mais de 20 Estados participa-rão do Encontro para debater as pautas de interesse da categoria em nível nacional

PÁGINAS 4 e 5

SSEMPERJ SEDIA EVENTO

NACIONAL QUE DEBATERÁ

DEMOCRATIZAÇÃO DO MP A

Page 2: ANO 2 / Nº 12 / SETEMBRO … · 2 E ANO 2 /Nº 12 / SET-OUT de 2018 EXPEDIENTE Travessa do Ouvidor, 38, 2º andar. Centro Rio de Janeiro RJ CEP: 20040-040 / (21) 2550-9130 e 2220-9763

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ANO 2 /Nº 12 / SET-OUT de 2018

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EXPEDIENTE

Travessa do Ouvidor, 38, 2º andar. Centro Rio de Janeiro RJ CEP: 20040-040 / (21) 2550-9130 e 2220-9763AssociAção dos servidores do Ministério Público do estAdo do rio de JAneiro

CONSELHO DIRETOR: Presidente: Flávio Sueth Nunes - Vice-presidente: Vinícius Zanata Alves Lobo - Secretária Geral: Christiane Pinheiro Diretoria: Aline Cícero Juliana Costa Vargas, Rubem Ricardo Millem, Daniela Patrícia da Silva Gomes, Rodrigo Cesar da Silva Gomes, Luiz Cláudio Gonçalves Gomes.CONSELHO DELIBERATIVO: Aline Ferreira Faria - Maria da Glória Araújo Amaral - Ricardo Arouca Cleaver CONSELHO FISCAL: Carlos Augusto Brizzante Gonçalves - Jairo Darella - Ricardo Souza Matos

Edição e texto: Eduardo Sá (JP 33266RJ)

Diagramação: Fernando Amorim Ilustração: Fernando PintoRevisão: Vinícius ZanataFotos: Assemperj e MPRJ. Tiragem: 2.000 exemplaresGráfica: Folha dirigida

ditorial

CONSELHO DIRETOR(GESTãO 17-18)

Do que não podemos abrir mão

As eleições de Outubro estão se desenrolando em um clima de tensionamento e incerteza que não se via ao me-nos desde o pleito de 1989, a primeira eleição presidencial pelo voto direto após a ditadura militar brasileira. Não por acaso o cenário geral é ruim: um país em frangalhos econômica e politicamente, o governo central sem legiti-midade e uma sociedade pautada pelo medo da violência e pela repulsa à corrupção e à política. A combinação des-ses afetos sociais impulsiona o flerte com discursos políti-cos autoritários e superficiais de resolução dos problemas complexos do país.

Em que pese a tormenta, é preciso (re)afirmar, diante da crescente escalada de ódio político, os fundamentos democráticos conquistados até então. É certo que nossa trajetória democrática ainda não foi suficiente para nos resguardar completamente de mazelas contemporâneas como a corrupção, a desigualdade social e a violência ur-

bana que dela deriva ou a deficiência dos equipamentos públicos mais básicos. Mas foi nesta caminhada que con-solidamos os valores da dignidade da pessoa humana e do respeito aos direitos fundamentais, o repúdio veemente à tortura e formas de tratamento degradantes, o respeito às minorias étnicas, sexuais, religiosas e de gênero e o com-bate à extrema pobreza.

O caminho da democracia não é linear e é preciso um esforço coletivo para mantê-la dentro dos marcos políti-cos que a sustentam. Os discursos que lutam pelo apa-gamento do outro na sua diferença soció-étnico-cultural não pertencem ao campo da política, mas sim da barbá-rie, e o seu combate é tarefa de todos e principalmente do Ministério Público, a quem a Constituição Federal elegeu como defensor do regime democrático. Se de tudo fica um pouco, como dizia Drummond, é este o nosso pouco de que não podemos abrir mão.

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ANO 2 /Nº 12 / SET-OUT de 2018

eajuste salarial dos servidores está nas mãos do STFR

Em um novo capítulo da luta pela recomposição salarial dos servidores do MPRJ, a Administração Superior da insti-tuição, após reunião com a diretoria da Assemperj, respon-deu ofício direcionado ao ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), se posicionando contra-riamente à ADI 6.000 – RJ, que suspendeu cautelarmente os efeitos da Lei Estadual n° 8.072/2018.

O MPRJ destacou na sua manifestação que o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) não pode impedir o direito constitucional de revisão anual no salário dos servidores e reforçou que a aprovação não extrapola o limite prudencial previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal com gastos de pessoal no MPRJ. A instituição alegou ainda iniquidade na responsabilização dos servidores pelo desastre nas finanças estaduais e nas contas públicas, defendeu a afirmação dos direitos atribuídos por lei e requereu: (i) a revogação da li-minar, (ii) o não conhecimento da ADI e (iii) a improce-dência dos pedidos. O argumento é de que as Leis Estaduais impugnadas se encontram em conformidade com a Consti-tuição e com o sistema jurídico em geral.

O advogado Jean Ruzzarin, da Cassel Ruzzarin Santos Rodrigues Advogados, escritório contratado pela Assemperj para atuar no caso, tem acompanhado o processo e está ten-tando agendar uma audiência com o ministro responsável no STF. Segundo ele, a liminar de Moraes suspende a lei flumi-

nense de reajuste não pelos fundamentos apresentados pelo governador e sim pelo fato de ser ano eleitoral e os parlamen-tares suspostamente aprovarem em benefício próprio.

A diretoria da Assemperj está empenhada na luta pela concretização da recomposição, ainda que parcial, das per-das salariais da categoria, acumuladas em aproximadamente 25% do IGP-M no período de maio/2015 a setembro/2018. Os próximos passos serão a cobrança para a liberação do processo para julgamento pelo relator e a pressão para que o novo presidente do STF, Dias Toffoli, paute a discussão no plenário.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil.

“É um absurdo porque estava em pauta desde 2015, decorre de uma revisão geral de remuneração. E o governador dizia que o aumento é vedado ao RJ porque estamos em RRF. Interviemos antes do Alexandre, com amicus curiae, e estamos formalmente no processo. A revisão geral anual é prevista no art. 37, isso não é vedado pelo RRF porque não é aumento de salário. É um argumento

moral e não jurídico do relator”, afirmou.

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ANO 2 /Nº 12 / SET-OUT de 2018

A Assemperj sediará entre os dias 12 e 14 de novem-bro a V Plenária Nacional do Fórum dos Trabalhadores do Ministério Público Brasileiro. Na ocasião também ocorrerá a XXI Assembleia Geral da Associação Nacional dos Servi-dores do Ministério Público (Ansemp).

O evento busca aprofundar a relação entre as entidades estaduais e ampliar a luta pelos direitos dos servidores e em defesa do serviço público. Pela primeira vez o evento ocor-re no Rio de Janeiro e é fruto do fortalecimento da Assem-perj, sua participação e representatividade a nível nacional.

De acordo com Francisco Antônio Távora, presidente da Associação Nacional dos Servidores do MP (Ansemp), nesta edição do encontro o objetivo será debater a democracia no MP e a interação da instituição com a sociedade. Um dos ob-jetos de discussão, por exemplo, será a respeito do voto cen-sitário já que hoje somente uma parcela da instituição tem o direito a escolher quais serão seus representantes.

A unificação das ações e representações do MP iniciou-se em 2014, Brasília (DF), com a presença de servidores e lideranças de pelo menos cinco estados e se consolidou no ano seguinte com a formulação da Carta de Natal.

Durante o V Fórum, também será construída coletiva-mente um documento político com propostas e planos para a luta dos servidores – A Carta do Rio de Janeiro – 2018.

O encontro prevê a realização da Assembleia Geral da Associação Nacional e espaços para formação política, parti-cipação de parlamentares que tem envolvimento nesse con-texto e atividades culturais. As palestras e atividades culturais serão abertas ao público.

ssemperj sediará Encontro Nacional dos Servidores do MP – 2018A

“É primordial discutir, pensar e refletir a respeito de um MP cidadão que esteja em sintonia com a sociedade e seja a salvaguarda e trincheira da cidadania nos moldes que foi

pensado na Constituição de 88”, afirmou.

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ANO 2 /Nº 12 / SET-OUT de 2018

O TRABALHO COMO ELE É... A Assemperj retrata nessa série de quadrinhos situações vividas

pelos servidores públicos em sua rotina de trabalho.

Se você tem uma história para

nos contar, envie para

[email protected]

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ANO 2 /Nº 12 / SET-OUT de 2018

Seis novos associados tomaram posse no dia 03 de se-tembro na diretoria da Assemperj. A iniciativa ocorre no momento em que a associação comemora um aumento ex-pressivo do número de associados nos últimos anos e o 1) crescimento das lutas na defesa da categoria.

De acordo com Rubem Ricardo Millem, recém-empos-sado diretor de Relações Externas e Internas, a mobiliza-ção dos associados do interior na manifestação ocorrida na Alerj pelo reajuste de 5% aos servidores foi fundamental para o fortalecimento da articulação a nível estadual. Ser-vidor há 16 anos, Rubem é lotado em Campos dos Goyta-cazes, no norte do Estado, onde a Assemperj tem uma sala.

“Sempre julguei importante a união dos integrantes de uma categoria na defesa de seus interesses, e busquei dimi-nuir a distância na relação capital x interior. Resolvi aceitar o convite para ver os servidores do interior representados junto a entidade. Dificilmente conseguiremos alguma coisa sem a participação dos servidores da capital ou do interior, pois somente a classe unida terá força para lutar as batalhas que ainda virão”, afirmou.

A nova diretoria terá forte participação de servidoras, garantindo equilíbrio de gênero na representação de classe. Há 15 anos no MPRJ, Daniela Patrícia da Silva Gomes, ana-lista processual, aceitou o convite para ser diretora financei-ra e da Associação:

A revitalização da diretoria vem em boa hora, pois a expec-tativa, em razão da conjuntura política e econômica do país, é que nos próximos anos aumentem os discursos que colocam a crise fiscal na conta dos servidores públicos. tornando fun-damental o papel das entidades de classe. A Assemperj recebe de braços abertos a chegada das novas diretoras e diretores no-meados e incentiva que mais servidores se juntem à essa luta, fortalecendo cada vez mais nosso espaço de defesa dos direitos dos servidores do MPRJ.

ssemperj nomeia novos diretoresA

Foto: Assemperj.

Luiz Cláudio Gonçalves Gomes – Técnico do MP, Área Processual, lotado na Secretaria das Promotorias de Justiça Cível e de Família de Bangu, colaborou nos cargos de Diretor de Relações Externas (presidente Gustavo) e Diretor Social (presidente Fani).

“Vamos colaborar com o trabalho, auxiliar na parte administrativa que tem crescido muito nos últimos anos e na defesa dos direitos dos servidores. Fortalecer ainda mais a entidade, e esperamos contar com esse crescimento participativo dos associados para ter maior representatividade nas mobilizações e força

para nossas conquistas”, afirmou.

Juliana Costa Vargas - Técnica Administrativa do MPRJ. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela FND/UFRJ. Pós Graduada em Direito Civil e Processo Civil pela UGF e Pós Graduanda em Direitos Humanos e Questão Social pela PUC/PR.

Rubem Ricardo Millem – Técnico Administrativo do MP, lotado no CRAAI de Campos dos Goytacazes, servidor há 16 anos, assumiu a diretoria de Relações Externas e Internas.

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No dia 30 de agosto foi lançado o Núcleo Independente de Estudos de Serviço Público (NIESP), durante solenidade realizada na Alerj em homenagem a entidades dos servido-res do Estado do Rio de Janeiro. Composto inicialmente por 7 organizações, o objetivo é criar um grupo para fiscalizar o governo e, a partir da análise de dados, apresentar propostas preventivas de políticas públicas ao invés de ser reativo às iniciativas do executivo e do legislativo.

Até o momento o grupo conta com a participação da Assemperj, Associação dos Analistas da Fazenda Estadual do Rio de Janeiro (Anaferj), Associação dos Servidores da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (Asdperj), Fundação Pesca, Associação dos Docentes da Universidade Norte Fluminense (Adunf), Associação dos Servidores da Fundação Acecierj e Associação dos Servidores da Procu-radoria Geral do Estado. Outras entidades de representação de servidores também estão aderindo ao Núcleo, como as dos profissionais da educação básica e superior do Estado do Rio de Janeiro.

De acordo com Nelson Antunes, representante da Ana-ferj, é importante criar um discurso alternativo e mais pro-positivo, inclusive para tratar questões importantes difíceis que até hoje estão intocáveis. Nesse final de governo, segun-do ele, serão realizadas algumas ações, como a criação de um website onde haverá um observatório focado na atuação dos parlamentares da Alerj.

A ideia é sistematizar as informações e dados do setor público que são disponibilizados a respeito de temas como orçamento, arrecadação e custeio, e apresentá-los de forma mais clara e acessível. As informações disponíveis no MP em Mapas, que faz uma convergência de dados de diversos órgãos, também serão interpretadas. O NIESP visa criar um conteúdo com inteligência crítica, que sirva como base para um projeto de lei ou pautar a imprensa.

“O objetivo é sair dessa receptividade ao que o governo faz e passar a ser um agente ativo na proposição de políticas públicas. O núcleo é apartidário, independente, e não é um contraponto ao MUSPE, que é um movimento político com ações de rua. O núcleo é técnico, trazendo informações. Como o MUSPE possui uma grande variedade de posicio-namentos, muitas vezes ele é um pouco inoperante e gené-rico. Continuaremos a interlocução com todas as carreiras, e tomara que o MUSPE abrace algumas das nossas causas e apoie politicamente alguns projetos”, concluiu Antunes.

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Legenda: Representantes das entidades que compõem o Niesp. Foto: Alerj.

“Informar a população como anda o mandato de cada deputado. Uma atenção aos parlamentares como um todo: frequência, proposição de leis, aprovação de projetos, como cada um votou nas pautas dos interesses dos servidores e toda a sociedade. Vamos promover também palestras, seminários e projetos de leis e emendas constitucionais para promover políticas públicas”, explicou.

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ANO 2 /Nº 12 / SET-OUT de 2018

Assemperj busca convênio com MP em Mapas

Na semana de criação do Núcleo Independente de Estu-dos de Serviço Público (NIESP)conversamos com o Promo-tor de Justiça Pedro Borges Mourão, coordenador de Aná-lises, Diagnósticos e Geoprocessamento do MP em Mapas, para entender melhor o projeto inspirado no conceito de governo aberto. , A ferramenta MPRJ em Mapas disponi-biliza de forma transparente e democrática dados, índices e indicadores sociais de forma georeferenciada e estatísticas sobre a atuação das Promotorias de Justiça do MPRJ. Se-gundo Mourão, a expectativa é de entregar um produto à sociedade de forma eficiente com retornos sociais.

Existem dados ligados à receita pública e orçamento?

Temos já alguns dados do laboratório publicados no tema orçamentário. Vamos ter um trabalho completo das redes orçamentárias dos Municípios, do Município do Rio de Janeiro, que é próprio, e do Estado. Para isso, temos al-guns convênios firmados, como o Observatório Brasilei-ro, que todos os demais vão aderir a partir desse contrato “guarda–chuva”. Estamos trazendo essa massa de dados, evoluindo aquela visão de login-senha. Quero o acesso di-reto aos bancos de dados.

Vamos conectar com quem está envolvido nesse proces-so: os auditores, analistas, contadores. O grande salto será as atuações colaborativas. Não é que esses dados fossem ocultos, mas ter acesso a todos no mesmo lugar é novo. Fico muito animado com a potência que vai gerar, quando uma equipe dessas se misturar e se debruçar sobre essas questões. Imagina que possibilidade de intervenção do MPRJ não teremos!

Estamos discutindo um núcleo de estudos e análises de dados estaduais. Mudar a lógica de atuar repressivamente e agir preventivamente. Ser menos reativo e propor políticas públicas.

Combater o empenho e não o valor liquidado pago. Es-tamos de portas abertas, não vejo a hora de ver esse tipo de iniciativa e mostrar a um promotor que foi identificada uma série histórica, um viés, uma prática. Muitas vezes, como já aconteceu comigo, chega na nossa mesa um rela-tório de 250 páginas. Chegar a informação já é um gran-de avanço, mas transpor isso para uma ação civil pública a gente ainda tem um magistrado também assoberbado. Com o MP em Mapas essa massa de dados tem que virar uma embalagem que venda bem e o consumidor pegue o objeto ali observável. A transparência não pode demandar de cálculos operosos nem interpretações profundas, você tem que entender a informação de maneira direta e clara.

Quais foram as inspirações para a criação dessa ferramenta e quais as expectativas?

É uma soma de várias iniciativas, ali tem muito GovTe-ch, muita abertura de dados capitaneada por outras enti-dades de fora. Olhamos para muitos projetos de open data americano, canadense, francês, italiano e conectamos isso à necessidade do MPRJ de instrumentalizar a partir dessa vi-são de transparência. Apontar não só o problema e sim qual a modificação desejável para que o interesse por trás disso

seja atendido. É uma conexão de abertura de dados, transpa-rência e fornecimento de conhecimento embalado de manei-ra a instrumentar a atividade fim evidenciando um problema e uma solução desejável. Ser próativo e propositivo.

Quais os desafios na execução do projeto fora os convênios com várias entidades?

Existe o desafio tecnológico, de fazer essa construção e aquisição dessas ferramentas necessárias. Fazer a transição da visão de banco de dados relacionais para a de big data, onde o poder do vínculo improvável é o que perseguimos. A análise de vínculos objetivos e subjetivos a partir de uma visão não relacional, mas conectada com o big data foi um desafio de transição. Todos querem abrir seus dados, temos conseguido simplificar essa conexão.

Qual a dinâmica de utilização do sistema para o senso comum?

Mourão: A ferramenta é pública e a estratégia de co-nexão com a sociedade é ter o mesmo dado entregue aos promotores e procuradores disponível à sociedade. É uma via de mão dupla, pode ser um servidor do MPRJ ou o “seu zé da padaria”. A pessoa pode abrir e ver que em Belford Roxo não tem conselho tutelar suficiente, por exemplo, e provocar o prefeito ou vereador, raciocinar sobre isso para a próxima eleição.

São três plataformas cujos dados convergem: In loco é a camada densa de big data, o MPRJ mais é a numeração des-ses dados e o Domínio é a inteligência artificial. O objetivo é ter um macro dado conectado com um indicador externo numa atividade fim do Ministério Público no meio disso. Ver como a variação desses fatores está se relacionando, e fazer de fato uma gestão.

Enxergamos essa gestão pública de forma empresarial, no sentido de que o MPRJ é uma empresa com um produto a entregar de forma eficiente. Preciso transformar nosso or-çamento em lucro para sociedade, tem que bater meta. Ver quanto eu potencializei em núcleo social a partir do investi-mento, que tem que ser capitalizado em retorno para o meio social. Ver quantos recursos e empregos potencializamos o uso com melhoras na administração pública como um todo.

Da esquerda para direita: Flávio Sueth Nunes (Pres. Assemperj), Promotor de Justiça Pedro Borges Mourão e Nelson Antunes (Dir. Anaferj). Foto: MPRJ.