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Ano 13 N o 55 Janeiro/Fevereiro/2013 Publicação Educativo-Cultural Distribuição Gratuita Boa Nova-BA Boa Nova é um município abundante em riquezas naturais com a diversidade dos seus ecossistemas: caatinga, mata de cipó, mata atlântica, brejos, lajedos, gerais, lagoas e rios. Essa riqueza tem atraído a atenção de cientistas e pesquisadores há muito tem- po. Outra grande riqueza que vem sendo revelada e, aos poucos, atraindo turistas também são as manifestações culturais locais: povo acolhedor, reisados e bumba meu boi, cultura sertaneja, cavalgadas, Festa de Setembro, umbanda, Festival de Reisados, Mercado Cultural, Cultura e Som, teatro, música, dança, etc. Esta união de duas forças tão maravilhosas como a Natureza e a Cultura tem tornado Boa Nova um lugar especial e que mere- ce um tratamento igualmente especial para que estas riquezas sejam protegidas e possam gerar desenvolvimento local. A cria- ção do Parque Nacional, do Refúgio de Vida Silvestre e a organi- zação dos eventos e do calendário cultural do município repre- sentam um grande passo para atingir este objetivo. Esse mundo novo que se abre para os boanovenses se baseia em uma reorganização econômica pautada em duas vertentes principais: turismo e agroecologia. O aproveitamento das imen- sas potencialidades ambientais do município para uma produção agrícola saudável e diversificada, que possa ser veículo de uma boa saúde e fonte de renda, se faz urgente. Uma das finalidades na criação de um Parque Nacional é a promoção do turismo ecológico e da recreação em meio à nature- za, e nestes quesitos Boa Nova oferece inúmeras opções: banhos de cachoeiras e rios, observação de aves, turismo rural, monta- nhas, clima ameno, paisagens etc. A região possui um grande po- tencial que está começando a ser trabalhado agora: caminhadas. Temos cidades e povoados com bom tratamento urbano: ruas lim- pas, bem traçadas e bem arborizadas. No entanto ainda esbarra- mos no problema de oferecer e aumentar a qualidade dos serviços de hospedagem e entretenimento no município. Muitos turistas um pouco mais exigentes preferem pernoitar em Jequié, distante 84 km, em busca de hotéis e serviços mais profissionais. A caminhada em meio à natureza constitui-se em uma ativi- dade altamente benéfica que é considerada um esporte, uma te- rapia mental e uma diversão, tudo ao mesmo tempo. A própria atividade de caminhar em si é um trabalho físico muito benéfico ao nosso corpo. Durante o percurso vamos aprendendo com os elementos da natureza, seus ciclos e seus segredos, ao mesmo tempo em que diminuímos a pressão em nossas mentes e o es- tresse em nossos corpos enquanto nos divertimos com nossos acompanhantes de caminhada. A diversidade da vegetação e dos animais, as paisagens des- lumbrantes, os inúmeros rios e riachos e as deslumbrantes cacho- eiras fazem de Boa Nova um lugar privilegiado para esta prática esportiva e recreativa. Até o momento duas trilhas foram planeja- das para ser trabalhadas e divulgadas numa parceria entre o ICM- Bio e a SAVE Brasil: a trilha do Morro do Inglês, com 19 km, e a trilha da Serra do Timorante, com 10 km. Estes roteiros podem ser completados em um único dia em cerca de oito horas. No futuro pretendemos unir estes dois itinerários numa trilha de longo curso, com pernoite em acampamento no caminho (esta modali- dade é chamada de trekking), na travessia Valentim/Boa Nova que provavelmente terá a duração de dois dias e meio. Há potencial e público para muitos outros percursos, mas no momento é necessário consolidar estas que foram apresentadas aqui, pois é necessário estabelecer normas rígidas de segurança e dar manutenção às trilhas já abertas. Além disso, será necessário entrar em acordo com os proprietários de terras por onde passa- rão os caminhantes. Já possuímos guias treinados para conduzir os visitantes nas trilhas e a recomendação é que nunca se pratique este esporte sem o acompanhamento de um guia credenciado. (texto de Osmar Borges – gestor do Parque Nacional de Boa Nova)

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Ano 13 No 55 Janeiro/Fevereiro/2013 Publicação Educativo-Cultural Distribuição Gratuita Boa Nova-BA

Boa Nova é um município abundante em riquezas naturaiscom a diversidade dos seus ecossistemas: caatinga, mata de cipó,mata atlântica, brejos, lajedos, gerais, lagoas e rios. Essa riquezatem atraído a atenção de cientistas e pesquisadores há muito tem-po. Outra grande riqueza que vem sendo revelada e, aos poucos,atraindo turistas também são as manifestações culturais locais:povo acolhedor, reisados e bumba meu boi, cultura sertaneja,cavalgadas, Festa de Setembro, umbanda, Festival de Reisados,Mercado Cultural, Cultura e Som, teatro, música, dança, etc.

Esta união de duas forças tão maravilhosas como a Naturezae a Cultura tem tornado Boa Nova um lugar especial e que mere-ce um tratamento igualmente especial para que estas riquezassejam protegidas e possam gerar desenvolvimento local. A cria-ção do Parque Nacional, do Refúgio de Vida Silvestre e a organi-zação dos eventos e do calendário cultural do município repre-sentam um grande passo para atingir este objetivo.

Esse mundo novo que se abre para os boanovenses se baseiaem uma reorganização econômica pautada em duas vertentesprincipais: turismo e agroecologia. O aproveitamento das imen-sas potencialidades ambientais do município para uma produçãoagrícola saudável e diversificada, que possa ser veículo de umaboa saúde e fonte de renda, se faz urgente.

Uma das finalidades na criação de um Parque Nacional é apromoção do turismo ecológico e da recreação em meio à nature-za, e nestes quesitos Boa Nova oferece inúmeras opções: banhosde cachoeiras e rios, observação de aves, turismo rural, monta-nhas, clima ameno, paisagens etc. A região possui um grande po-tencial que está começando a ser trabalhado agora: caminhadas.Temos cidades e povoados com bom tratamento urbano: ruas lim-pas, bem traçadas e bem arborizadas. No entanto ainda esbarra-mos no problema de oferecer e aumentar a qualidade dos serviçosde hospedagem e entretenimento no município. Muitos turistasum pouco mais exigentes preferem pernoitar em Jequié, distante84 km, em busca de hotéis e serviços mais profissionais.

A caminhada em meio à natureza constitui-se em uma ativi-dade altamente benéfica que é considerada um esporte, uma te-rapia mental e uma diversão, tudo ao mesmo tempo. A própriaatividade de caminhar em si é um trabalho físico muito benéficoao nosso corpo. Durante o percurso vamos aprendendo com oselementos da natureza, seus ciclos e seus segredos, ao mesmotempo em que diminuímos a pressão em nossas mentes e o es-tresse em nossos corpos enquanto nos divertimos com nossosacompanhantes de caminhada.

A diversidade da vegetação e dos animais, as paisagens des-lumbrantes, os inúmeros rios e riachos e as deslumbrantes cacho-eiras fazem de Boa Nova um lugar privilegiado para esta práticaesportiva e recreativa. Até o momento duas trilhas foram planeja-das para ser trabalhadas e divulgadas numa parceria entre o ICM-Bio e a SAVE Brasil: a trilha do Morro do Inglês, com 19 km, e atrilha da Serra do Timorante, com 10 km. Estes roteiros podemser completados em um único dia em cerca de oito horas. Nofuturo pretendemos unir estes dois itinerários numa trilha de longocurso, com pernoite em acampamento no caminho (esta modali-dade é chamada de trekking), na travessia Valentim/Boa Nova queprovavelmente terá a duração de dois dias e meio.

Há potencial e público para muitos outros percursos, mas nomomento é necessário consolidar estas que foram apresentadasaqui, pois é necessário estabelecer normas rígidas de segurança edar manutenção às trilhas já abertas. Além disso, será necessárioentrar em acordo com os proprietários de terras por onde passa-rão os caminhantes. Já possuímos guias treinados para conduziros visitantes nas trilhas e a recomendação é que nunca se pratiqueeste esporte sem o acompanhamento de um guia credenciado.

(texto de Osmar Borges – gestor do Parque Nacional de Boa Nova)

Cio), que foi no iníciode tudo o meu alicerce,dividiu comigo o seumaterial pedagógico eme ajudou a organizartudo. Peço desculpasse esqueci de mencio-nar alguém, pois sãomuitas parcerias.

Nas salas regula-res pude perceber aangústia de algunsprofessores que con-versavam comigo, ejuntos tentávamos or-ganizar como lidar comessa situação, que,convenhamos, é de ex-trema importância e, ao

mesmo tempo, angustiante. Se-gundo eles, “sem uma preparação,sem um curso de capacitação ficamuito difícil lidar com essas crian-ças na sala regular, já que elas re-querem um cuidado especial”.

Na sala de recursos multifun-cionais existe o AtendimentoEducacional Especializado-AEE,que é um serviço de atendimentopara alunos com deficiência quetêm impedimentos de longo pra-zo de natureza física, intelectual,mental ou sensorial. Como exem-plos: deficiência auditiva, surdez,deficiência mental, deficiênciafísica, deficiência múltipla, defici-ência visual, cegueira, visão sub-normal ou baixa visão, surdoce-gueira, alunos com transtornos glo-bais do desenvolvimento, síndro-me de asperger, síndrome derett, transtorno desintegrativo dainfância (psicose infantil), alunoscom altas habilidades/ superdota-ção. O AEE é realizado no turnoinverso ao da sala de aula comume perpassa, de certa forma, todosos níveis, etapas e modalidades deensino, sem a intenção de substi-tuí-los, garantindo o direito de to-dos à educação escolar comum.

Tenho a consciência de queas respostas ao meu trabalho nãosão imediatas, são construídas

2 Gamboa Janeiro/Fevereiro/2013

Colaboraram nesta edição:Anibal Bentes, Cibele de Sá, Edson Messeder, Flávio Moreira, Ilka Ferreira, LuizMoraes, Osmar Borges, Renato Pedrecal Jr., Ricardo BoaNova e Sirleide Borges

Expediente Jornal GAMBOA

Impressão: Tribuna Editora GráficaViçosa-MG

Editor/Jornalista Responsável:Roberto D´arte

Editoração e edição de imagem:Anderson Miranda

Endereço:Rua Vaz de Melo 40 - CentroViçosa-MG - CEP 36570-000E-mail: [email protected]

O GAMBOA está vinculado ao IAM(Instituto Adroaldo Moraes)E-mail: [email protected]

Os artigos assinados do Gamboa são de inteira responsabilidade de seus autores

Esse atendimentocomplementa e/ou su-plementa a formaçãodos alunos com vistasà autonomia e indepen-dência na escola e foradela. (PNEE, 2007:10).

No ano de 2012 fuipresenteada com umaSala de Recursos Multi-funcionais. À época asecretária de Educaçãoainda era Ana Nery Mo-raes, que me fez o con-vite, e eu não penseiduas vezes. Através domeu curso de EducaçãoFísica na UESB (Univer-sidade Estadual do Sudoeste daBahia), tive o privilégio de tercomo docente o Professor Leo-nardo Duarte, que nos presenteoucom a disciplina Educação Inclu-siva, que abriu um leque de emo-ções, de curiosidades, prazeres eoutros sentimentos que não dánem para descrevê-los.

Então, percebi que era aquiloque eu queria para a minha vida.Tive a certeza de que havia meencontrado na educação. Queriamergulhar nesse mundo de des-cobertas que apresentava teóri-cos e mais teóricos, leituras deartigos inacabáveis, trabalhos dequalidade incontestável. O nos-so professor Léo fazia com queeu viajasse para um lugar desco-nhecido que poucas pessoas têmacesso, pois é, acima de tudo, umlugar mágico, que requer cuida-dos especiais.

O meu trabalho foi feito commuito carinho e estudos; afinal,era a primeira Sala de RecursosMultifuncionais em Boa Nova.Percebi que as crianças são umabenção de Deus que precisam dealguém que lhes olhem nos olhose as respeitem pelo o que elas são.

Sala de Recursos Multifuncionais – AtendimentoEducacional Especializado em Boa Nova

Sirleide Borges Leite

Aprendi que não adianta tentarignorar o que está diante dosnossos olhos, pois é tentar taparo sol com a peneira.

Tive a colaboração do meucompanheiro Antonio (Jó), respon-sável pela Sala de Recursos Multi-funcionais em Boa Nova-Valentim,que sempre esteve presente emtudo, na hora de elaborar planos,reuniões com os pais, festas, estu-dos... Ufa, quanta loucura! Nãoposso esquecer o meu amigo psi-cólogo Pablo Vinícius, que meapoiou e sempre que eu precisavade um “socorro” ele estava lá coma espada e o escudo na mão. A as-sistente social Maricélia Pinheiro,uma parceira inigualável; incomo-damos muita gente, né amiga? (Quefique bem claro que foi em benefí-cio das nossas crianças). A ex-se-cretária Ana Nery, parceira incom-parável, obrigada pela confiançaem mim depositada. As direçõesdas escolas nunca ficaram de foraquando eu precisei; aos professo-res, que em momento nenhum exi-giram de mim além do que eu pu-desse oferecer com suporte; ospais e responsáveis sempre presen-tes; a minha amiga Alcione (Tia

passo a passo, vagarosamente,ao longo de um processo queenvolve muitas fases e o traba-lho de muitas mãos. Nem sempreobtenho os resultados espera-dos. Contudo estou tentando fa-zer o melhor para que as nossascrianças cheguem ao sucesso emsua aprendizagem e para queconsigam a inclusão de fato nasociedade em que vivem.

Finalizei o ano letivo de 2012com a certeza de que trabalheicom empenho e dedicação, massabendo que, apesar de ser pe-dagoga, ainda tenho muito queaprender em minha prática peda-gógica, pois é necessário buscar-mos cada vez mais conhecimen-tos tanto teóricos quanto práti-cos. Estou fazendo um curso dePós-Graduação em Psicopedago-gia Clínica com Habilitação emEducação Especial. Meu objeti-vo é chegar à excelência na apren-dizagem e inclusão de todos osalunos, sem exceção. Pode pare-cer utopia, porém acredito real-mente que isso é possível.

Mais uma vez não posso es-quecer as parcerias, professores,direções, psicólogo, assistentesocial, secretarias, pais, amigos...Tenho a consciência de que tudoque foi narrado aqui não seriapossível se não houvesse essaunião. Espero que em 2013 essasparcerias se fortaleçam cada diamais, pois concordo com JoãoBatista Libanio, quando ele diz:“a prática da cidadania só adqui-re sentido se em seu horizonteestão os direitos de todos, aigualdade perante a lei, a defesado bem comum.”

(Sirleide Borges Leite é li-cenciada em Educação Físicapela UESB- Universidade Estadu-al do Sudoeste da Bahia; Gradu-ada em Pedagogia pela FACE –Faculdade de Ciências Educaci-onais e atua no município de BoaNova como professora)

A Sala de Recursos funciona na E.M. Monteiro Lobato

No local são trabalhadas diversas atividades com crianças e adolescentes

Janeiro/Fevereiro/2013 Gamboa 3

Quem é contato do Jornal GAMBOA na rede social Facebook já viu asfotos que ilustram esta página e também já sabe o que aconteceu recente-mente no Bairro Deoclécio Coelho da Silva (Bairro Novo), em Boa Nova, eno povoado de Valentim. As fachadas de várias casas viraram verdadeirasobras de arte nas mãos de crianças e adolescentes, orientados pelo artistaplástico multimídia boanovense Cipriano Souza, de 42 anos.

Nascido no arraial de São Domingos (região do município locali-zada na Caatinga), ele reside há muitos anos em São Paulo, ondeconstruiu uma carreira reconhecida nas artes visuais. Desde o iníciodos anos 2000 Cipriano participou de dezenas de exposições indivi-duais e coletivas no estado de São Paulo. Seu trabalho, já amplamen-te premiado, foi noticiado em várias reportagens de jornais, revistas,programas de TV e sites de circulação nacional.

Nos últimos anos, ao lado da esposa Marili, o artista boanovensevem percorrendo o interior do Brasil promovendo oficinas de pinturapara pessoas de todas as idades, mas contemplando principalmenteas crianças e os jovens. Foi assim em Boa Nova, onde revisitou assuas raízes e plantou sementes em terra fértil.

O resultado de sua visita está nas fachadas multicoloridas, pinta-

Cipriano e sua esposa Marili chegaram a Boa Nova no final de janeiro e, rapidamente, colocaram em prática uma oficina de pintura no Bairro Novo

Casas viram obras de arte em Boa Nova

Crianças e adolcesntes do povoado de Valentim, assim como na sede, se envolveram nas pinturas das fachadas de várias casas

Cipriano é um artista plástico que acredita na força da arte popular

Crianças e adolescentes colocam a mão na massa nesse projeto

das a muitas mãos com temática variada. Os trabalhos produzidostêm a estética que permeia a obra de Cipriano Souza. “O objetivo domeu projeto é retornar ao sertão que conheci na minha infância, pro-duzindo telas e realizando oficinas com a população local. Farei umaexposição com dez telas, que terão os nomes dos lugares visitados:Manuel Vitorino, Catingal, Poções, Salgado, Boa Nova, Km 58, Valen-tim, Planalto, Areião, Mirante, Bom Jesus da Serra e Vitória da Con-quista. Esta viagem terá um documentário, que será produzido poruma equipe de São Paulo; vamos procurar leis de incentivo para quepossa acontecer este filme”, mencionou o artista em conversa noFacebook com o editor do GAMBOA – Roberto D’arte.

Ele disse ainda que escolheu justamente Boa Nova para iniciaresse projeto, que contou com o apoio local da Prefeitura, através daDiretoria Municipal de Cultura. “Vi que existe uma cultura dentrodeste povo que talvez esteja adormecida. Existe uma alienação dosmeios de comunicação, mas a arte existe dentro das pessoas, na von-tade de aprender e fazer. O contato que estou tendo com as pessoas,principalmente com as crianças, tem sido muito positivo. Vejo o inte-resse que elas têm pelo novo e a vontade de fazer as coisas”, comple-tou Cipriano, cujo projeto e obra também podem ser conhecidos nainternet através do seu blog www.ciprianosouza2.blogspot.com.br.

4 Gamboa Janeiro/Fevereiro/2013

Minha mãe, Arlete, saiu de casa (a do meuavô “Didi”, em Boa Nova) para se casar commeu pai, Jobel. Em seguida, foi para Salvadore, após algum tempo, sentiu-se muito cansa-da pelo fato de dar aula em dois turnos e re-solveu retornar para Boa Nova.

Com a ajuda de amigos e familiares con-seguiu se restabelecer em seu trabalho comoprofessora e em sua nova vida. Muito parti-cipativa nas atividades escolares, na Legiãode Maria, na Igreja, ela sempre dava bonsexemplos para mim e minhas irmãs. Acreditoque minha mãe é uma guerreira, como aque-las que são descritas nos livros de história.

Meu pai, Jobel, continuou morando emSalvador, trabalhando como Oficial de Jus-tiça, e nos visitava todos os meses. Era amaior alegria quando ele chegava. Quandonão podia ir nos ver, enviava correspon-dência pelo motorista da empresa de ôni-bus Camurujipe.

Ricardo BoaNova, filho dosboanovenses Jobel Moraes Aragãoe Arlete Coelho da Silva, mostrouno Carnaval deste ano que, alémde ótimo músico, é um profissio-nal da Comunicação. No circuitoBarra-Ondina, em Salvador, ele seposicionou com seu acordeon emum camarote, escreveu em um car-taz que gostaria de fazer um duetocom Ivete Sangalo e esperou o trioda cantora passar.

Assim foi: Ivete leu seu cartaze, em seguida, atendeu ao seu pedi-do. Foram alguns segundos de in-tercâmbio musical, mas o bastantepara TVs e sites baianos e nacionaisdarem a notícia, que rendeu a Ricar-do algumas entrevistas. Desta for-ma, o músico deixou de lado o jor-nalista de formação e falou um pou-co do seu trabalho.

Aqui no GAMBOA, bem antesdisso acontecer (mais precisamenteem novembro de 2012), já estáva-mos com um farto material sobre

Filho de boanovenses, músico adotaBoa Nova como nome artístico

Ricardo BoaNova em dois momentos na Europa: com seu acordeon em Paris e em uma apresentação de voz e violão em Lisboa

Ricardo BoaNova, enfocando tantoa sua carreira musical quanto a suaforte ligação com Boa Nova. Aindaem Paris, na França, onde morou poralgum tempo, Ricardo procurou onosso editor – Roberto D’arte – parasaber se o GAMBOA se interessariapor sua história. A resposta não po-deria ter sido outra: sim.

Nascido em 1983, em Salvador,Ricardo foi muito cedo para BoaNova, onde passou a infância e a ado-lescência. Como faz questão de di-zer, na terra onde predomina a cultu-ra das Pastorinhas, dos ternos de reise dos presépios, esse universo desdecedo tocou a sua sensibilidade.

Sempre ligado à música, Ricar-do ressalta que desde cedo ouvia egostava do som de Jackson do Pan-deiro, Dominguinhos, Sivuca e, es-pecialmente, Luiz Gonzaga. Aos 8anos tocava o piano de brinquedode sua irmã mais nova (Isadora Ara-gão), ganhando posteriormente umteclado de seu pai e uma caixa am-

plificada. “Sempre tocando no pe-ríodo da minha adolescência, me fa-miliarizei muito rápido com o fazermusical”, mencionou.

Aos 11 anos, junto com amigosde colégio, montou a CompactosBanda, que utilizava instrumentosfabricados a partir de pedaços demadeira, papelão, alumínio, latas deóleo, entre outros, exceto sua apare-lhagem eletrônica. Nessa mesma épo-ca compôs sua primeira música, cha-mada “Morena”, influenciado por suairmã mais velha (Isabela Aragão), quejá compunha a música infantil “Ocabelinho branco”.

Em 1998 deixou Boa Nova e mui-tos amigos, retornando a Salvador paracontinuar seus estudos. A partir da-quele ano começou a trilhar novoscaminhos e passou a tocar teclado emdiversas bandas. Em 2006 deixou detocar teclado e passou para o acor-deon e a cantar, criando um grupochamado Forró Nordestino, com ca-racterísticas próprias, inspirado em

Luís Gonzaga e com roupas nos mol-de dos cangaceiros de Lampião.

Em 2008 criou o Trio Casca deCebola, que abraçou o estilo forrópé-de-serra, também com a finalida-de difundir a música nordestina. Em2010 montou o grupo Forró Baião-nos, após ter passado uma tempora-da em São Paulo. Era um trio de for-ró que logo ganhou reconhecimentopúblico na capital baiana.

Reconhecido no meio musicalpor seu humor apurado, sensibilida-de aguçada, percepção e irreverên-cia, em 2011 Ricardo BoaNova foipara a Europa. Um ano depois, jácom sua carreira como acordeonistaconsolidada, gravou o seu primeirodisco autoral, intitulado “MúsicaBrasileira Nordestina”, com lança-mento em países europeus. A sua ex-pectativa para este ano é lançá-lo emvárias cidades do Brasil.

O seu som e mais informações so-bre a sua carreira podem ser conferidosno site www.ricardoboanova.com.

Ricardo BoaNova por ele mesmoAcho que ir para esta terrinha foi um pre-

sente que minha mãe nos deu. Lá aprende-mos a respeitar os outros; lá ela nos deueducação, amor, carinho e nós retribuimossendo bons filhos. Nunca demos tristezas anossos pais, embora eu tenha sido muitotravesso, no popular “danado”. Brincava deguerra de mamona (o popular polícia e la-drão). Aquelas “badogadas” que nos acer-tavam com mamonas doíam pra caramba!Mas era nosso divertimento.

Brincar de gude; ir de bicicleta para abarragem do finado Avenor; tomar banhono quase extinto “Rio da Uruba”; brincarde muitas coisas que, nos dias atuais, pra-ticamente não existem mais ou brevementedeixarão de existir se os pais ou professo-res não se atentarem para fazer um resgatede memórias.

Apesar de ter sido danado, travesso, sem-pre fui bom na escola. Eu e minhas irmãs. Éra-

mos filhos participativos em todos os even-tos escolares (gincanas, banda do desfile 7de Setembro, na quadrilha de São João); nacatequese, grupo de jovens, na Igreja, Ternode Reis e Pastorinhas, fazer desenhos compó de serra no chão das ruas, enfim). Éramosmuito presentes em praticamente tudo o quehavia de interatividade na cidade.

Fui vítima de “bullying” quando moreiem Boa Nova pelo fato de ter uma cabeçapequena e orelhas de abano. Acredito queas pessoas me colocavam “apelidos” por-que eu me importava. Claro, eu era uma cri-ança/adolescente. Mas, mesmo sendo cri-ança, ser vítima desse tipo de intimidação éum tanto quanto perigoso, pois em muitoscasos a criança pode ficar traumatizada ougerar outras complicações mentais.

Eu diria que o bullying é uma tentativa detirar a vitalidade do outro. Sempre fui inteli-gente na escola e muito participativo em tudo

Janeiro/Fevereiro/2013 Gamboa 5

o que acontecia na cidade. E, justamente obullying era a única arma para aqueles que,em suas cabeças, ao fazer tal intimidação sesentiam bem e “cheios de poder”.

Em quase todos os lugares por onde pas-sei, tanto no Brasil quanto no exterior, per-cebo que muitos sofreram ou ainda sofremcom este tipo de problema. Hoje, minha ca-beça cresceu, minha orelha ficou em tama-nho proporcional. Sempre que retorno a BoaNova percebo que algumas pessoas, aque-las mesmas que me apelidavam e intimida-vam a mim e a tantos outros, não se desen-volveram com o passar do tempo. Continua-ram as mesmas pessoas: na maneira de pen-sar, de agir, de se portar perante a socieda-de. Bom, para estas pessoas não tenho mui-to a dizer. Apenas que ler um bom livro é umbom começo. E para aqueles que se sentemintimidados com tal prática ainda nos diasde hoje, o melhor é não se importar.

Causos e histórias

Acredito que sou uma pessoa que sabe oque quer na vida. Sou decidido a responderao que sinto. Por exemplo, quando quero co-nhecer algo novo, lugares, cultura, faço opossível para que isto aconteça. Falo distoem relação a alguns causos que ocorreramem minha vida. O primeiro deles foi Quandoeu era pequeno (6/7 anos de idade) e queriadescobrir onde ficava a “biquinha” (fonte deágua potável) da cidade. Fui caminhando comum amigo, mas tinha tomado a direção opos-ta. Após termos caminhado uma longa dis-tância, um amigo de sua mãe, que retornavada roça com o seu Jipe, nos trouxe de voltapara a cidade.

Aos 10 anos, meu pai me prometeu queme levaria a Salvador para conhecer a praia.Após 3 anos ele não cumpriu a promessa.Quando completei 12 anos eu decidi, sem apermissão de meus pais, entrar no ônibusBoa Nova-Salvador (que sai aos domingospor volta das 21 horas), com apenas duasbalas no bolso e o RG. Em cada parada deônibus me escondia debaixo dos últimos as-sentos para escapar dos fiscais. Assim fizaté chegar a Salvador.

Quando cheguei à capital baiana às 4 ho-ras, pulei a janela ao lado do motorista, en-quanto o mesmo recebia os bilhetes dos pas-sageiros. Segui a fila e atravessei a passarelado Shopping Iguatemi e dei sinal para umônibus parar. Entrei, sem dinheiro, pulei a ca-traca, porque disse ao motorista que não ti-

nha dinheiro. Ele me perguntou para ondeeu estava indo, eu disse que ia para a casado meu pai na Pituba (até então pensavaque meu pai morava nesse bairro, mas eraem Brotas, e iria descobrir mais tarde). Omotorista retornou e me deixou no mesmolugar (no ponto de ônibus do Iguatemi).Então, procurei um lugar às 5 horas da ma-nhã e decidi dormir em meio a um barreira deplantas em forma de pequeno muro. Às 9horas o sol resolveu me acordar. Liguei acobrar para um amigo de meu pai para ir mebuscar. Finalmente cheguei à casa de meupai e, enfim, após toda essa aventura co-nheci o tão sonhado mar.

Aos 28 anos, após uma série de viagenspelo Brasil, por conta de trabalhos voltadosà música, fui convidado para ir à França paratocar acordeon por 1 mês. Duas semanas de-pois conheci uma francesa pelo fato de elater me convidado para dançar forró num lu-gar onde iria tocar acordeon.

Após várias danças, convidei-a para to-mar uma bebida e assim começamos um bate-papo. O problema: ninguém entendia o ou-tro... A comunicação foi criada usando umtradutor no telefone. Começamos a sair eantes de meu contrato completar um mês, eudecidi não voltar para o Brasil e ficar com ela.Após 3 meses de relacionamento, ela ficougrávida acidentalmente. Retornei duas vezesao Brasil em fevereiro para gravar o meu pri-meiro disco autoral. Em maio fui contratadopara tocar acordeon.

Mesmo com longa separação e distância,retornei no início de julho para a França para

Momento família com a esposa e o filho

acolher o meu bebê e reencontrar minha fran-cesa. Ainda em julho recebi um convite parafazer o lançamento oficial de meu disco naInglaterra. Percorri vinco países (França, In-glaterra, Portugal, Bélgica e Holanda) tocan-do e fazendo o que gosto: música.

Após o lançamento do disco, fui convi-dado por uma rádio de Paris para uma en-trevista para falar sobre meu disco. No dia4 de setembro meu filho nasceu. O nomedele é Noah. Estou muito feliz, radiante,sem palavras para descrever o que é serpai. Acho que estou passando por um mo-mento mágico em minha vida.

A partir de todas essas produções nas-ceu um novo Ricardo: mais atencioso, maispensante e com mais responsabilidade tantopara com a família quanto para com a música.Retornei ao Brasil para ajeitar a vida e traba-lhar como jornalista numa revista, após terrecebido um convite de um amigo para fazerparte dessa sociedade. A revista será lança-da no primeiro semestre de 2013, mas aindanão tem data prevista.

Em 2011 consegui fazer um reencontrojuntamente com amigos e familiares – deminha mãe e sua família (por parte de mãe,após quase 37 anos de afastamento). O re-encontro foi maravilhoso, pena que nãoestava lá na hora. Cheguei depois e sentiuma emoção muito grande ao ver pela pri-meira vez minha mãe, sua mãe e suas irmãsfelizes, conversando, sorrindo, vivendo.Deste dia em diante a vida ganhou um pou-co mais de brilho para minha mãe, assimcomo para todos daquela família.

... muito importante em sua vida. Nas duas fotos estão os irmãos de sua mãe (centro)

Ricardo menciona o reencontro da família por parte da mãe Arlete (1a dir.) como um momento...

Janeiro/Fevereiro/2013Gamboa6

“O samba é o dono da fes-ta, o senhor dos ritmos, pro-move a alegria, o transe, atranspiração e a inspiraçãodos sonhos deste território ilu-minado”. Com esse lema o IIIFestival de Reisados de BoaNova/Valentim foi idealizado erealizado de 02 a 13 de janei-ro de 2013.

O festival, em sua terceiraedição, teve a realização doMuseu do Processo e do Ter-no de Reis dos Ferreira. Oapoio foi do mentor do proje-to, a Casa Via Magia, Centrode Desenvolvimento de Capa-cidades, Diretoria de Cultura ePrefeitura Municipal de BoaNova, Associação 6 de Agos-to, e contou com o patrocíniodo Fundo de Cultura, Secreta-ria de Estado da Cultura, Se-cretaria de Estado da Fazendae Governo do Estado da Bahia.

Durante 12 dias os foliõesdos reisados e as comunidadespor onde os ternos passaramforam embalados pelo samba,cantos, vestimentas, instru-mentos e coreografias dos maisvariados ternos que envolvemo município de Boa Nova. Dosertão à mata cada povo vaicontando sua história, trilhan-do seus caminhos e adentran-do as casas nas comunidadesrurais e nas ruas da cidade. Ocanto sempre traz um momen-to vivenciado ou uma súplica e

III Festival de Reisadosde Boa Nova/V alentim

Ilka Miriam Ferreira Santana

O Terno dos Ferreira em apresentação no Valentim no dia 13 de janeiro

adoração ao Deus menino, alémde reverenciar os santos reis.

Assim foi descrita a festa desantos reis, que, neste ano, alémdo cortejo de todos os anos per-corrido por cada terno, tivemosum momento de apresentação doterno de reis infantil As Pastori-nhas e do Terno de Reis dos Fer-reira no povoado do Valentim dia5 de janeiro e a realização do se-minário “Cantigas dos Reisados– Historia e Vida”. Tiveram ain-da as apresentações dos ternosnos dias 12 e 13 na sede do mu-nicípio com a participação doTerno dos Ferreira Mirim, Ter-no Estrela do Divino (Poções),Terno da Boa Vista, Terno daSagrada Família, As Pastorinhas(Terno infantil), Terno do En-troncamento, Terno do Divino(João das Cobras), Terno do Ri-

acho do Norte (João Araponga),Terno Raiz do Umbuzeiro (Ma-noel Vitorino), Terno do Lagoãoe Terno dos Ferreira.

Observamos nesse festivalo crescente número de partici-pantes infantis, adolescentes ejovens desde a divulgação nasescolas no mês de dezembroaté a integração e participaçãonos ternos e nos dois dias doevento. O festival foi concluí-do com um grande samba naPraça Sete de Setembro, localdas apresentações, onde todosos presentes se integraram aosternos e, juntos, fizeram umagrande festa.

Enquanto diretora municipalde Cultura e integrante do Ternode Reis dos Ferreira, agradeço oapoio e envolvimento de todosos órgãos e pessoas neste festi-val e já deixo o convite para opróximo. O samba nos espera!

(Ilka Miriam Ferreira San-tana é graduada em Geografia,com Especialização em Gestão eEducação Ambiental; dir etoraMunicipal de Cultura; integran-te do Terno dos Ferreira e umadas idealizadoras e realizadorado Projeto Cultura e Som)

Encerramento do Encontro de Ternos em Boa Nova

Em quase treze anos de existência (a serem completados emmaio deste ano), o Jornal GAMBOA tem como um de seus obje-tivos criar “pontes” entre o passado e o presente e entre os boa-novenses e amigos de Boa Nova distantes. Assim, cada vez queconseguimos ampliar o leque de relações (seja através de nossasedições impressa e digital, seja através do nosso perfil na redesocial Facebook), este objetivo é atingido.

Filhos e netos de boanovenses visitam a cidade

Paula, Luciana, Luiz Henrique, Cláudia, Sérgio e Luís na Sala de Leitura

Um exemplo desse estreitamento de relações foi a visita a BoaNova, no final de dezembro de 2012, dos irmãos Luciana, Cláu-dia e Luís Moraes – filhos de Francisco Santana e Joselita Santa-na Moraes (Zelita) e netos de Argentino Moraes e Leonísia Mora-es Andrade (Lió), já falecidos. Eles estavam acompanhados dePaula (esposa de Luís) e Sérgio (esposo de Cláudia).

Com pais e avós boanovenses, os visitantes de Salvador e deMarabá-PA fizeram questão de conhecer o IAM – Instituto Adro-aldo Moraes, responsável legal pelo Jornal GAMBOA e por ou-tros projetos, a exemplo da Sala de Leitura Paulo Andrade. Elesforam recebidos por Luiz Henrique Duarte Moraes – diretor exe-cutivo do IAM, a quem mencionaram a importância do jornal noresgate da história de Boa Nova e dos seus filhos.

Os visitantes se interessaram muito pelo projeto “Baú de Fotos”,cujo objetivo é resgatar as fotografias antigas dos álbuns de família dosboanovenses (que moram na cidade e fora), identificá-las, digitalizá-las epublicá-las em um livro (mais detalhes nas páginas extras da versãodigital do GAMBOA). Eles se comprometeram a fazer um resgate dasfotos antigas de Boa Nova, da família e, em especial, da trajetória de vidade Argentino Moraes e sua esposa Lió, dos filhos do casal e de tudo omais que puder contribuir para a história de Boa Nova.

Janeiro/Fevereiro/2013 Gamboa 7

Costumamos ter uma visão do trabalho como sendo um meio deadquirirmos renda, posses, bens; ou como meio de projetarmos nos-sas ambições e, através delas, alimentarmos nossa vaidade (há umprovérbio que diz “Dê o poder e eu te mostro o homem”). Ou, ainda,como um mal necessário, uma obrigação social. Mas será que é sóisto o que representa o trabalho? É só para isto que serve?

Penso que a verdadeira importância do trabalho reside em outraesfera, bem distante dos conceitos com os quais costumamos defini-lo. Observemos o seguinte: se estivermos dispostos a considerar ahipótese de que exista um mundo espiritual, devemos aceitar quetodo pressuposto moral atende a leis oriundas deste mesmo mundoespiritual. Caso contrário, por que teríamos preocupações éticas? Senão existe mundo espiritual, por que se preocupar em deixar de rou-bar, explorar ou prejudicar o próximo? Não há nada que justifique.Não há uma justificativa filosófica fundamental que justifique umaboa ação, caímos no dualismo puro e simples, do tipo “ou faz ou nãofaz”, sem maiores preocupações que não seja livrar a própria pele deconsequências jurídico-penais. O fundamento filosófico do “supre-mo Bem” naturalmente tem que estar em outra esfera, ter um alicerce,uma meta, uma Luz - e esta Luz não pode jamais ser um idealismoteórico; necessariamente tem que ser verdadeiro, real.

A luta por discussões éticas e resoluções morais é, a meu ver, uma dasprovas de que o mundo espiritual existe (imune à aparentemente inesgotáveldisputa entre fé e ciência, como se coração e mente devessem eternamenteandar separados). Poderíamos simplesmente nos entregar ao caos, à anar-quia e à luta egoísta pelos próprios interesses; mas, ao contrário, buscamosmaneiras de amenizar o sofrimento e de lidar com as dificuldades alheias.

O significado profundo do trabalho reside no fato de que são

A pedido do GAM-BOA, a educadora boano-vense Sirleide Borges Lei-te (licenciada em Educa-ção Física pela UESB -Universidade Estadual doSudoeste da Bahia e gra-duada em Pedagogia pelaFACE – Faculdade de Ci-ências Educacionais) en-trevistou Tiago Alves,professor de Muay Thaique vem difundindo essaarte marcial (também con-siderada modalidade es-portiva) no município.Vale ressaltar que Sirleideé uma das praticantes doMuay Thai na cidade.

O assunto foi aborda-do na edição passada, masapenas em sua versão di-gital. Trazemos de volta otema, principalmente paraque muitos pais que nãosão usuários da internetpossam entender a impor-tância do Muay Thai parao corpo e para a mente decrianças e adolescentes.

1-O que significa oMuay Thai para você?

R - Filosofia de vida.2- Você é um estudio-

so e um divulgador doMuay Thai há muito tem-po em Boa Nova. Conteum pouco da sua histórianeste esporte?

Entr evista com Tiago Alves – professor de Muay Thai em Boa Nova

O valor do trabalho e adoença do desinteresse

Renato Pedrecal Jr.

nossos atos concretos, reais, palpáveis, tudo aquilo que deixamos nomundo, que nos servem de guia entre uma encarnação e outra. Nos-sos pensamentos e sentimentos, nossos desejos e sonhos, nada dis-so nos serve de guia pelo que desenvolvemos; já o que fazemos nosserve de referência; somos responsáveis por nossos atos e é atravésdeles que nos fazemos representar como individualidades. É embaixode cada ato nosso que apomos nossa assinatura espiritual. Obvia-mente que respondemos por nossos atos e pelas consequências de-les. Todo ato tem consequência, nenhum ato é em vão.

Se temos em mãos instrumentos que nos permitem afetar a vida depopulações inteiras, a responsabilidade é ainda maior. Normalmenteesta responsabilidade é sentida como um “devo ou não devo fazer”,uma questão ética. Quanto menos próximos do mundo espiritual, maisegoísta, utilitária e superficial se torna esta pergunta - e mais lamentá-vel é a decisão. Para lidar com atitudes pautadas exclusivamente namatéria, há que se recorrer ao remédio jurídico cabível.

Por outro lado, um fato recorrente que deve ser motivo de preocu-pação atualmente é a doença do desinteresse, da preguiça existenci-al, sobretudo em jovens. Não há nada mais nocivo do que não tervontade para nada. Este é um caminho de muito empenho rumo àdepressão e, na melhor das hipóteses, pode significar simplesmenteuma encarnação jogada pela janela, desperdiçada. Todo o trabalho,todo o empenho de hierarquias espirituais, que nos proporcionam umcorpo, uma mente, um coração, com tantas coisas a realizar, a desen-volver, a vivenciar, a purgar também, tudo isto desperdiçado pelainércia, a preguiça, a falta de vontade, o utilitarismo de receber o quepossui não às custas do próprio trabalho, mas do trabalho de outraspessoas, quer sejam pais, amigos ou empregados.

Deve-se investigar qual a natureza do desinteresse, que tipo de “pro-testo” está sendo ventilado e também se este desinteresse ameno não jáavançou rumo à necessidade de remédios que restabeleçam conexõesneuronais, caso contrário o destino pessoal será bastante amargo, comatrasos de toda sorte, de parasitismo social a um imenso retardo espiritu-al, como o que parece atingir certos representantes de cargos públicos.

Entre a morte e um novo nascimento, a Terra, através das forçastelúricas, nos “chama” de volta. E é por tudo o que fizemos e fazemosaqui que seremos atraídos no retorno, nem mais nem menos.

(Renato Pedrecal Jr. é bacharel em Filosofia pela Unisul – Uni-versidade do Sul de Santa Catarina e servidor público federal emBelo Horizonte-MG)

R – Comeceino mundo dasartes marciaisdesde meus 8anos por motivode melhoria emminha saúde,pois nasci comproblemas res-piratórios. En-tão, o MuayThai me ajudoumuito. Em BoaNova chegueiem 2006, quan-do a divulgaçãodo esporte nãoera como hoje.Mas como per-severança e de-terminação conseguimosvencer o preconceito.

3- O Muay Thai é pra-ticado por mulheres hápouco tempo ou não?Como observa a relaçãodelas com a luta? Existealgum impedimento paraa mulher praticar o Thai?

R - No Brasil, sim,mas no país de origem,a Tailândia, da mesmaforma que os homens jánascem praticando, asmulheres também, poisa luta lá é estilo de vida.Hoje vejo que as mu-lheres são mais dedica-das que os homens.

Não há impedimento al-gum; pelo contrario, hábenefícios.

4- O Muay Thai éuma atividade que exi-ge muito do corpo intei-ro e muitas pessoas es-tão praticando a essaarte marcial como exer-cício para entrar emforma. A maioria buscatonificar braços, per-der barriga, endurecero bumbum… Então,quais seriam os movi-mentos que fazem efei-tos imediatos?

R - Movimentos degiros de tronco, levanta-

mento de joelhos, abdo-minais e flexões, mas exis-tem muitos outros.

5- No dia 16 de de-zembro de 2012 houveum evento no Clube Soci-al de Boa Nova para gra-duar os alunos que prati-cam o Thai. Fale um pou-co sobre este evento.

R - Ele é realizado acada ano para avaliar osalunos que estão prepa-rados para trocar de grau.Esta avaliação é feita porprofessores e mestres daEquipe Extreme Fight.Aproveitando a oportuni-

dade, gostaria deagradecer a pre-sença dos pro-fessores da equi-pe que já nosacompanham portodos esses anose aos pais e fami-liares dos alunospor nos dar estaconfiança e opor-tunidade de mos-trar que o MuayThai não e só umaluta, mas tambémuma filosofia devida. Agradecer eparabenizar osalunos, pois semeles nada disso

seria possível.6- Qual a sua orien-

tação final e o conselhopara as pessoas, de todasas idades, que querem fa-zer o Muay Thai?

R - As pessoas quenão tiverem nenhum pro-blema de saúde que impe-ça a prática do esporteestão aptas e convidadasa participar das minhasaulas, que são ministradasàs terças e quartas-feirasa partir das 19 horas noClube Social de BoaNova, pois o Muay Thaié para todos e não há li-mites de idade.

O professor Tiago Alves e alguns de seus alunos de Muay Thai em Boa Nova

8 Gamboa Janeiro/Fevereiro/2013

Este é meu pai, BentoMesseder. Teria comple-tado 92 anos no último dia04 de fevereiro. Nasceuna Fazenda Paraíso, nasproximidades de Areião,município de Boa Nova,no dia 4 de fevereiro de1921. Cresceu em Salva-dor e retornou a BoaNova nos anos 1940. Ca-sou-se aos 23 anos comsua prima distante, Elzita,ainda uma adolescente.

Empregou-se na Prefei-tura Municipal como fiscalde rendas, trabalhando noinício em Catingal. Algunsanos depois voltou para aSede, onde a vida nem sem-pre lhe sorriu, vítima de di-versas perseguições polí-ticas. No começo dos anos1960, não se sentindo àvontade com a passivida-de que lhe era imposta pelasua família política, veio aruptura. Seu espírito inde-pendente pedia funções de

BentoMesseder

Edson Messeder

Bento no Serviço Militar

responsabilidade. Foiquando o prefeito da épo-ca, Seu Ericon Alves de Sá,até então adversário políti-co, pediu-lhe sua colabo-ração como conselheiro.

Apesar das dificula-des, conseguiu dar-nosuma instrução de base,permitindo a cada um denós escolher o seu cami-nho. Era um homem mui-to inteligente e com uma

Foto de 1947, com Bento e o filho Edgar no colo, aesposa Elzita ao lado e outros familiares

mentalidade modernapara sua época. Tinhamuita facilidade nas rela-ções humanas e seu hu-mor fino fazia dele umapessoa interessante eagradável. Por várias ve-zes foi eleito vereador edesempenhou seus man-datos com espírito públi-co e interesse pelos pro-blemas do município.

Sua instrução nãopassou do curso primá-rio, mas possuía, no en-tanto, uma cultura geralexcelente, adquirida demaneira autodidata, comomuitos outros dos seuscontemporâneos. Não erararo escutá-lo citar filóso-fos nas suas conversas.Gostava muito de cita-

ções em latim, dando sem-pre a tradução em segui-da. Sua preferida era “ho-die mihi, cras tibi” (hojepor mim, amanhã por ti).Ríamos muito, por igno-rância, quando éramoscrianças, achando que ele

inventava tudo aquiloquando tomava “umas eoutras”. Mais tarde pudeconstatar que tudo quedizia era muito justo, comgrande precisão nas refle-xões comparativas.

Devo a ele minha ad-miração pelos intelectuaisfranceses do Século dasLuzes. Nem sempre está-vamos de acordo e discu-tíamos muito, pois desdecedo autorizou-me a falar-lhe “de igual para igual”.Bebíamos juntos, falandode coisas da vida, commuita naturalidade.

Como todo ser huma-no, tinha momentos bonse momentos menos bons.Deixou-nos muito cedo,aos 61 anos de idade, quan-do eu já morava na França.

Procuro não julgá-lo,retribuindo-lhe, assim, obem que ele me fez, pou-pando-me de todo julga-mento. Penso nele commuita saudade...

(Edson Messeder éenfermeiro em cancero-logia e acompanhamentode pessoas em fase termi-nal e de seus familiares.Mestrado em Ciencias daEducação pela UniversitéParis 10 – Nanterre)Foto da década de 1960

Pela Conscienciologia, o indivíduo (de-nominado consciência) tem como base demanifestação os pensamentos e sentimen-tos qualificadores da energia que lhe é pró-pria, ou a bioenergia. Este conjunto básicode manifestação é denominado pensene(pensamento+sentimento+energia). Diferentedo princípio eletromagnético da atração exer-cida por elementos de cargas energéticas con-trárias, as energias conscienciais atraem-sepelas semelhanças: os pensenes atraem pen-senes de mesma natureza. Considerando o pen-sene como unidade básica de manifestaçãodo indivíduo, podemos inferir que, ao emitirum determinado padrão de energias, atraímosa atenção de outros manifestantes do mesmopadrão, seja este sadio ou doentio.

A comunicação entre as diferentes di-mensões é possível por meio de recursosparapsíquicos, ou seja, das percepções quevão além dos cinco sentidos. Essas sensibi-lidades são responsáveis por experiênciasque vão desde os rústicos e tradicionais ri-tos mediúnicos de incorporação e psicogra-fia até as mais avançadas do ponto de vistada evolução da consciência como a proje-ção consciente ou a saída da consciênciafora do corpo. A projeção consciente é ins-trumento de autopesquisa e exploração nas

Inspiraçãoextrafísica

Anibal Bentes

diversas dimensões onde a consciência atua.São percepções inerentes ao processo evo-lutivo do ser humano, ou seja, basta aplicara vontade e o empenho para o desenvolvi-mento de tais atributos.

O acesso às consciências extrafísicas– aquelas que passaram pela morte bioló-gica e não mais possuem corpo físico, co-mumente denominadas espíritos – ocorreregularmente na dimensão física atravésde percepções visuais ou auditivas. Na di-mensão física é mais comum que sejamacessadas consciências ou espíritos do-entios do que consciências evoluídas,devido ao seu padrão patológico de ener-gias, mais próximo ao espectro energéticocaracterístico da matéria física. Para aces-sar do plano físico as consciências extra-físicas de padrão mais evoluído é neces-sário sutilizar as energias conscienciaisatravés da melhoria da qualidade dos pen-senes e empregar a projeção lúcida.

É comum ouvirmos de criminosos a ale-gação de se orientarem por vozes emitindocomandos para determinada ação, possivel-mente inspiração de consciências extrafísi-cas denominadas pela Conscienciologiacomo assediadoras. Exemplo recente é do lí-der do Exército de Resistência do Senhor(LRA na sigla em inglês), Joseph Kony, aoafirmar receber “(…) ordens militares de espí-ritos. Uma delas repassada aos comandan-tes, mandava os soldados enfrentarem os ti-ros e explosões do inimigo sem armas, ape-nas com o corpo banhado em “água benta.”(Revista Veja, 2012, edição 2261, p.73). Konyfoi denunciado pela ONG americana Invisi-ble Children através de vídeos postados nainternet pelo uso de crianças como soldadosdo LRA em Uganda.

A inspiração extrafísica, ou seja, originá-ria de outras dimensões, pode ser tambémuma intervenção positiva à consciência quepossui corpo físico, conforme mostra a defi-nição do verbete Intervenção Extrafísica daEnciclopédia da Conscienciologia: “A inter-venção extrafísica é o ato de intervir, por par-te da consciex amparadora de função intelec-tual, inspirando a consciência sensitiva, ho-mem ou mulher, no desempenho de tarefa in-telectual” (Waldo Vieira, Enciclopédia daConscienciologia, 2012, p.5064).

São duas situações de inspiração extrafí-sica com diferentes padrões e qualidade, umapatológica e outra sadia, ambas provindasde fontes externas ao indivíduo. Tais situa-ções mostram a necessidade de conhecimen-to sobre padrões externos de pensenes que atodo momento interferem na manifestaçãoindividual, ora reforçando a patologia, a irri-tação, a intenção malévola, ora dando maisforça à criatividade, à engenhosidade e à pa-cificação íntima.

Anibal Bentes é servidor público estadu-al, pesquisador, docente e voluntário do Ins-tituto Internacional de Projeciologia e Cons-cienciologia (IIPC), instituição de educaçãoe pesquisa científica, laica, sem fins de lu-cro, que objetiva estudar a consciência hu-mana e todas as formas de sua manifestação,incluindo as bioenergias e o parapsiquismo.

Conheça e participe da programação gra-tui ta do IIPC com Palestras Públicas e Se-minários de Pesquisas sobre diversas te-máticas, na cidade mais próxima de vocêacessando pela internet - www.iipc.org –facebook: iipcsalvador ou informe-se peloou e-mail [email protected] ou pelo fone(71) 3450-0628.

Janeiro/Fevereiro/2013 Gamboa 9

Com chances concretas deser colocado em prática já nes-te primeiro semestre, o projeto“Baú de Fotos e Recordaçõesde Boa Nova”, elaborado peloo IAM (Instituto Adroaldo Mo-raes), precisa de financiadores.Ele tem como objetivo o res-gate de fotografias antigas apartir de álbuns de família paraeternizá-las em um livro comversões convencional/impres-sa e/ou virtual/e-book.

Considerando-se a formapouco adequada como muitosálbuns de fotografias antigassão guardados pelas famíliasem Boa Nova, o que aceleraa degradação natural do pa-

Boa Nova teve um lindo teatro! Não estou falando aquisobre as apresentações teatrais que ainda existem, mas, sim,sobre a casa de espetáculos Salão Paroquial, datado do iníciodo século XX, onde era possível assistir aos dramas de TiaLicinha, entre outros.

No Salão Paroquial havia um teatro perfeito! Palco italia-no com bambolinas, ciclorama, palco giratório (não me atrevia mexer no palco giratório, primeiro porque era um maquiná-rio muito antigo e depois os morcegos, sim, eles habitavamaquele espaço...), os camarins com aquelas lâmpadas todasao redor do espelho, igual ao antigo Santo Antônio (a lindaEscola de Teatro no Canela, em Salvador-BA), uma lindacortina, bilheteria, escada que dava acesso ao espaço do corono início do teatro e um quintal com uma goiabeira... Tudosimples, mas com a magia que todo teatro tem, ofertando ummundo de possibilidades.

Ali comecei a me apaixonar pela arte de atuar e podervivenciar outras vidas através das personagens criadas e re-gadas pelo encantamento do espaço tão singular, que é aque-la “caixa mágica”. Comecei atuando em “Pluft, o fantasmi-

IAM busca financiadores para “Baú de Fotos”

Esta foto, de 1957, é um bom exemplo do que o projeto pretende resgatar

pel na qual foram reveladas,há um risco concreto de seperder com o tempo uma par-te preciosa da memória domunicípio e sua gente.

Desde a sua fundação, emmarço de 2008, o IAM vemamadurecendo maneiras detirar o “Baú de Fotos” do pa-pel. Segundo Luiz HenriqueMoraes – diretor-executivo daONG, é praticamente impos-sível realizá-lo somente atra-vés do trabalho voluntário.“Precisamos de parceiros, depatrocínio para realizar o pro-jeto. Nós o dividimos em trêsetapas: na primeira, através dacontratação de um profissio-

nal, visitaremos as famílias dis-postas a emprestar seus álbunsde fotografias antigas para di-gitalizarmos e também a pres-tar informações a respeito daspróprias fotos. Na segundaetapa, organizamos o materialcoletado, digitalizamos/escane-amos as fotos e as devolvemosaos seus respectivos donos. Ena última, editamos o livro emsi, com textos de apresentação,sumário e os capítulos com asfotos e suas respectivas legen-das”, explicou Luiz.

A busca de financiadoresé para custear as duas primei-ras etapas, previstas para serrealizadas em quatro meses.Para isso o IAM precisa derecursos na ordem de R$2.800,00 (dois mil e oitocen-tos reais), que serão usadospara contratação de uma pes-soa por quatro meses para arealização das visitas e con-tatos com as famílias, das en-trevistas e da digitalização

das fotos. A proposta daONG é que esse investimen-to se dê de forma coletiva porparte dos boanovenses e ami-gos de Boa Nova com cotasindividuais divididas em qua-tro vezes (conforme tabelaabaixo). Há ainda a possibili-dade de empresas bancaremcotas maiores.

Além do retorno do in-vestimento em si nesse pro-jeto de preservação e divul-gação da memória de BoaNova, os financiadores (pes-soas e empresas) terão seusnomes/logomarcas inseridosno livro impresso e/ou e-book e também no JornalGAMBOA (em suas ediçõesimpressa e digital e no perfilda rede social Facebook).

Possíveis parceiros podemprocurar Luiz Moraes pessoal-mente na Macol (Praça 7 deSetembro 4, Centro), por telefo-ne (77 3433-2122) ou por e-mail([email protected]).

O Teatro

Cibele de Sá

nha”, sob a direção de Tia Licinha, quando ainda participavado Grupo Mirim. Gostei tanto daquela experiência de desbra-var, ainda com olhos de criança, aquele mundo entre cortinase bambolinas, público e camarins e uma infinidade de sensa-ções que não poderia deixar de sentir novamente. Então, maistarde foi a vez da peça “Gente”, da autoria e direção de Pau-lo Neuman, no início dos anos 80, e “Os 7 gatinhos”, do gran-de Nelson Rodrigues!

Parti em busca de outros teatros, talvez na tentativa de pro-var mais uma vez a delícia de poder vivenciar outras vidas,mesmo que fosse por apenas algumas horas. E cada vez queeu adentrava no teatro, ficava ainda mais fascinada com tan-tos “eus” e “outros” que dependiam do meu corpo, da minhavoz e da disponibilidade de me entregar a histórias de criaturasque desejam viver sem ser julgadas, apenas vivenciadas numtempo limitado de um espetáculo.

Pari algumas vezes no palco sendo assistida e também aplau-dida, num momento em que expurguei das minhas entranhasas Evas, Simoninhas, Auroras, Anitas, Clarices, netas, filhas,mães, santas, putas... Anos mais tarde voltei ao meu primeiroteatro, a casa de espetáculos “Salão Paroquial”, e, para a mi-nha dor, tudo tinha virado pó... Nenhum pedaço de pano oumadeira, nem mesmo a goiabeira, só pó e o vazio...

Aquela lembrança me faz querer outros palcos como for-ma de apaziguar a sensação que ficou cravada em minha almacomo uma tatuagem desenhada na formação celular, que pulsacada vez que é reativada.

(Cibele de Sá é graduada em Ar tes Cênicas pela UFBA – Univer-sidade Federal da Bahia, atriz e arte-educadora; ela escreve e edita oblog www.belledesa.blogspot.com.br)

10 Gamboa Janeiro/Fevereiro/2013

A SAVE Brasil – Sociedade para a Conservação das Avesdo Brasil – e o IAM – Instituto Adroaldo Moraes (ONG boa-novense voltada para a promoção de projetos educativo-cultu-rais) – acabam de firmar uma parceria para a implantação emum só local do Centro de Recepção ao Turista de Boa Nova(CERTUB) e a Sala de Leitura Paulo Andrade. Esta parceriaentre entidades do terceiro setor também envolve a iniciativaprivada, representada pela MACOL – Comércio e Serviços.

O CERTUB é mais um projeto da SAVE em Boa Nova(onde atua há mais de oito anos) com objetivo de somar esfor-ços na consolidação do muni-cípio como roteiro ecoturístico,algo que vem sendo desenha-do nos últimos anos. Já a Salade Leitura Paulo Andrade éum dos projetos do IAM, queexiste há cerca de três e queem 2012 foi contemplado comrecursos financeiros no PrêmioMais Cultura - Pontos de Lei-tura do Estado da Bahia, daSecretaria Estadual de Cultu-ra, através da Fundação Pe-dro Calmon.

A proposta de parceria tempor pilares a união de esfor-ços e o compartilhamento derecursos como forma de via-bilizar duas iniciativas total-

A quadra esportiva da Escola Munici-pal Dr. Florêncio Argolo está de cara nova.A iniciativa da pintura daquele espaço par-tiu dos membros do “Baba Entre Amigos”(movimento informal de jovens de BoaNova que mantêm o hábito de se reunirpara jogar futebol), sob a organização deFlávio Moreira dos Santos, Élvio Lima deOliveira, Oscar Celes e Jeovar Hermelino.

SAVE Brasil e IAM firmam par ceriaCentro de Recepção ao Turista e Sala de Leitura funcionarão no mesmo espaço

mente voltadas para a comunidade. Nela a MACOL e o IAMcompartilharão com a SAVE Brasil a estrutura física, móveis,equipamentos e pessoal (da empresa e do instituto) para o fun-cionamento do Centro de Recepção ao Turista de Boa Nova.Em contrapartida, a SAVE doa recursos financeiros para aju-dar na reforma do espaço que será compartilhado.

A SAVE Brasil (que pode ser melhor conhecida em seusite www.savebrasil.org.br) é uma organização da socie-dade civil sem fins lucrativos, que tem um foco especial naconservação das aves brasileiras. A entidade faz parte da

aliança global da BirdLife In-ternational, presente em maisde 100 países, e compartilhasuas prioridades, políticas eprogramas de conservação.

O IAM é uma instituiçãosem fins lucrativos, criada ofi-cialmente em 14 de março de2008, e que tem por objetivopromover, apoiar e defendera educação, a cultura e a ci-dadania, em todas as suasmanifestações, além da pre-servação do patrimônio his-tórico-ambiental de BoaNova e região. Desde a suafundação a ONG passou aser a responsável legal peloJornal GAMBOA.

A Sala de Leitura Paulo Andrade vai ganhar em breve um novo espaço,que será compartilhado com o CERTUB

Quadra é pintada por membrosdo “Baba Entre Amigos”

Membros do Baba Entre Amigos tomam a frente da pintura da quadra da E. M. Dr. Florêncio Argolo

Segundo Flávio, o grupo, que colocoua mão na massa para recuperar a qua-dra, contou com o apoio da Prefeitura,através de Rubéns Andrade (secretáriomunicipal de Administração), IzailsonFerreira (secretário municipal de Trans-porte) e Ilka Miriam Ferreira Santana(diretora municipal de Cultura).

Aproveitando esta notícia, que é bas-

tante positiva no âmbito da cidadania, oGAMBOA, em sintonia com a opiniãode vários boanovenses, ressalta que aatual e as futuras Administrações Muni-cipais coloquem como prioridade, no cam-po do incentivo ao esporte, a construçãode um ginásio poliesportivo, campos defutebol em melhores condições e outrasquadras de esporte em seus povoados.