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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS ANNA MALAGUTI FIGUEIREDO LUIZA LIMA DE CARVALHO PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE CERVEJA UTILIZANDO FARINHA DE BANANA VERDE COMO ADJUNTO DE MALTE Poços de Caldas/MG 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

ANNA MALAGUTI FIGUEIREDO

LUIZA LIMA DE CARVALHO

PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE CERVEJA UTILIZANDO FARINHA

DE BANANA VERDE COMO ADJUNTO DE MALTE

Poços de Caldas/MG

2014

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Trabalho apresentado como parte dos

requisitos para aprovação na disciplina

Trabalho de Conclusão de Curso II, do

curso de Engenharia Química pela

Universidade Federal de Alfenas.

Orientadora: Grazielle Santos Silva

Andrade.

ANNA MALAGUTI FIGUEIREDO

LUIZA LIMA DE CARVALHO

PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE CERVEJA UTILIZANDO FARINHA

DE BANANA VERDE COMO ADJUNTO DE MALTE

Poços de Caldas/MG

2014

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FICHA CATALOGRÁFICA

F475p Figueiredo, Anna Malaguti..

Produção e avaliação sensorial de cerveja utilizando farinha de banana verde como

adjunto de malte./Anna Malaguti Figueiredo, Luiza Lima de Carvalho;

Orientação de Grazielle Santos Silva Andrade. Poços de Caldas: 2014. 33 fls.: il.; 30 cm.

Inclui bibliografias: fls. 31-32

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Química) –

Universidade Federal de Alfenas– Campus de Poços de Caldas, MG.

1. Cerveja. 2. Farinha de banana verde. 3. Teste de preferência. I. Carvalho, Luiza

Lima de. II. Andrade, Grazielle Santos Silva (orient.). III. Universidade Federal de

Alfenas - Unifal.IV. Título.

CDD 660.6

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RESUMO

O mercado cervejeiro é movimentado e exige que as indústrias produtoras busquem novas

alternativas tanto na substituição de matérias-primas como no aperfeiçoamento do processo de

fabricação. O intuito disto é alcançar melhorias na qualidade da cerveja, mas visando a

redução dos custos envolvidos. É nesse âmbito que surge a utilização de adjuntos como

substituinte parcial do malte, que além de oferecer novas propriedades sensoriais (e nutritivas

dependendo da escolha do adjunto) à bebida, pode reduzir o custo de produção. A banana

constitui uma das frutas mais consumidas mundialmente em razão de seu baixo custo e alto

teor nutritivo, sendo considerada como a quarta fonte de energia, perdendo somente parao

milho, arroz e trigo.Destaca-se a banana verde, que é uma das principais fontes de amido,

tornando-a uma matéria prima bastante adequada para a fermentação alcoólica. Com isso, o

presente trabalho objetivou a obtenção de cerveja em escala laboratorial utilizando farinha de

banana verde como adjunto de malte. Em seguida foi realizado um teste de preferência a fim

de compará-las com algumas das cervejas disponíveis no mercado brasileiro, e também um

teste de aceitação para avaliar se os consumidores gostaram ou desgostaram da cerveja

produzida. Após análise dos resultados, concluiu-se que em relação ao teste de aceitação que

os provadores gostaram moderadamente da cerveja com farinha de banana verde, visto que o

valor do IA (Índice de aceitação) foi próximo a 61%. Por outro lado, os testes de preferência

que a cerveja comercial foi estatisticamente preferida em relação a cerveja artesanal.

Palavras-chave: Cerveja. Adjunto. Farinha de banana verde. Teste de preferência.

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ABSTRACT

The Brewing Market is busy and requires producing industries seek new alternatives both in

substitution of raw materials as the improvement of the manufacturing process. The purpose

of this is to achieve improvements it is in the quality of the beer, but in order to reduce the

costs involved. It is in this context to grow up the use of adjuncts such as partial replacement

of malt, which, besides offering new sensory properties (and nutritious depending on choice

of adjunct) to drink, is able to promote a decrease in the cost of production. The banana is one

of the most consumed worldwide fruit, it is due to its low cost and high nutritional content,

considered as the fourth power source, second only to corn, rice and wheat. Among the best

known varieties, there is a green banana, which is a major source of starch, making it quite

suitable for alcooholic fermentation. Therefore, this study had the target that was to obtain

beer at laboratory scale using green banana flour as an adjunct malt. In addiction, a preference

test was conducted in order to compare them with some of those beers available in the

Brazilian market, and also an acceptance test to evaluate if the consumers liked or disliked

beer with banana flour. After analyzing the results, it was concluded that in relation to the

acceptance test observers liked moderately beer with green banana flour, since the value of IA

(acceptance index) was near to 61%. On the other hand, the preference tests show us that

commercial beer was statistically preferred over Brew.

Keywords: Beer. Adjunct.Green Banana Flour.Preference Test.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 6

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 7

2.1 HISTÓRICO DO PROCESSO CERVEJEIRO ................................................................................. 7

2.2 MATÉRIAS PRIMAS UTILIZADAS .............................................................................................. 8

2.2.1 Água ............................................................................................................................................... 8

2.2.2 Lúpulo ........................................................................................................................................... 9

2.2.3 Malte de Cevada ........................................................................................................................... 9

2.2.4 Leveduras .................................................................................................................................... 10

2.2.5 Adjuntos ...................................................................................................................................... 11

2.3 PROCESSO CERVEJEIRO ............................................................................................................ 13

2.4 ANÁLISE SENSORIAL ................................................................................................................. 14

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 16

3.1 MATERIAIS ................................................................................................................................... 16

3.2 MÉTODOLOGIA EXPERIMENTAL ............................................................................................ 16

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 21

4.1 ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO ..................................................................................... 21

4.2 ANÁLISE SENSORIAL ................................................................................................................. 26

4.2.1 Teste de Aceitação ...................................................................................................................... 26

4.2.2 Teste de Preferência ................................................................................................................... 27

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 29

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 30

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1 INTRODUÇÃO

A cerveja é definida como uma bebida carbonada, cujo teor alcoólico varia de 3 a 8%

(v/v), produzida a partir de malte de cevada, lúpulo, água de boa qualidade e fermento. Outros

tipos de matérias primas (adjuntos) podem ser utilizados em sua fabricação, tais como, arroz,

milho e trigo (OLIVEIRA, N., 2011).

Nas duas últimas décadas foi registrado um aumento expressivo no consumo de

cervejas pelos brasileiros, passando de 5,45 bilhões de litros consumidos no ano de 1990 para

10,34 bilhões de litros consumidos em 2007. Junto ao acréscimo no consumo de cervejas no

Brasil e também pelo mundo inteiro, notou-se um avanço significativo dos conhecimentos

científicos relacionados a esse assunto. Alguns exemplos são as técnicas de imobilização da

levedura cervejeira, elevado conhecimento da fisiologia celular, fermentação e maturação em

sistemas contínuos e ainda o desenvolvimento de novas estirpes devido ao advento da

genética molecular. Todos esses fatores têm proporcionado o avanço e o domínio do processo

cervejeiro (CARVALHO, 2009).

A fabricação de cervejas a partir de mostos concentrados e a criação de cervejas

utilizando adjuntos especiais representam duas tendências de destaque no Brasil. A primeira

caracteriza-se pelo aumento da concentração do extrato inicial da fermentação, ou seja, a

cerveja é produzida através da fermentação de um mosto, o qual apresenta uma elevada

concentração de açúcares, e em seguida é diluída com água. Este processo é vantajoso, pois

permite uma maior produtividade com baixos custos de investimentos. Do mesmo modo, o

emprego de adjuntos especiais na criação de cervejas também tem sido considerado uma

solução para diminuição dos custos. Tal redução é ocasionada pela substituição parcial do

malte e também pela adição de novas propriedades sensoriais nos produtos obtidos. Além

disso, nota-se uma grande variedade de cervejas capazes de agradar o paladar e o olfato, as

quais se diferenciam através de variados ingredientes e métodos de elaboração. Sendo assim,

observa-se cada vez mais a necessidade de produzir cervejas com novos e sofisticados aromas

que alcancem a preferência de diversos grupos de pessoas (CARVALHO, 2009).

Neste sentido,o objetivo do trabalho consiste em produzir cerveja artesanal (estilo Ale)

utilizando farinha de banana verde como adjunto em substituição parcial do malte

convencional, a fim de reduzir o custo e conferir novas características sensoriais e

nutricionais.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 HISTÓRICO DO PROCESSO CERVEJEIRO

A cerveja é a bebida mais popular e consumida no mundo todo, e sua produção vem

de muitos anos, como uma das atividades mais antigas desenvolvidas pelo homem. À medida

que o tempo passa, a fabricação e o aprimoramento de técnicas crescem em relação à cerveja,

aumentando assim seu consumo (OLIVEIRA, N., 2011).

A primeira cerveja teve origem na Mesopotâmia, Oriente Médio, por povos chamados

de sumérios. Eles cozinhavam uma massa consistente de grãos moídos, consumida e

denominada como pão. Em exposição ao tempo essa massa tornava-se úmida e fermentava,

dando a ideia de um “pão líquido”, que nada mais era que uma bebida alcoólica com certa

semelhança da cerveja de hoje em dia (TSCHOP, 2001).

No Egito, a cerveja tinha grande importância nos ritos religiosos sendo distribuída aos

povos. Deste modo, era uma bebida nacional com grande índice de consumo. Após algum

tempo, a cerveja ficou conhecida por outras populações orientais, chegou à Europa e daí para

o resto do mundo. Os povos de origem germânica foram os que mais se destacaram na

fabricação da cerveja. Eles foram os primeiros a acrescentarem o lúpulo em sua produção,

originando as características atuais da bebida (SINDICERV, 2000; AQUARONE, 2001).A

adição de lúpulo causou grande resistência por oferecer sabor amargo, porém suas

propriedades conservantes fizeram com que permanecesse até os dias atuais como uma das

matérias primas utilizadas na produção da cerveja (GRANDE et al., 2012).

No Brasil, a cerveja foi trazida no século XIX durante a permanência da família real

em território brasileiro. Dom João XI trouxe da Europa o hábito de consumo da bebida, a qual

era importada da Holanda e Inglaterra. A partir disto, no ano de 1888 foi fundada a

Manufatura de Cerveja Brahma Villigier e Cia na cidade do Rio de Janeiro e em 1891 foi

fundada a Companhia Antártica Paulista em São Paulo. Um dos fatos mais importantes e

marcantes da indústria cervejeira do Brasil e do mundo é a criação da AmBev (fusão da

Manufatura da Cervejaria Brahma e Companhia Antártica Paulista) e sua posterior fusão com

a belga Interbrew, originando a chamada InBev, que desde 2004 é a maior produtora mundial

(OLIVEIRA, N., 2011).

A obtenção da cerveja com maior duração, maior reprodutibilidade e de maior

qualidade, deu-se no século XIX com a utilização de técnicas e conceitos científicos pelos

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fabricantes da época. Com isto, o resultado foi o crescimento das unidades produtoras dando

origem ao surgimento da indústria cervejeira.

Nas últimas décadas foi incorporada uma grande variedade de novas técnicas,

bioquímicas, microbiológicas e genéticas na indústria de fabricação da cerveja. Além disso,

atualmente tem-se um grande interesse da indústria cervejeira nas inovações de produção

como a utilização de variados e diferentes adjuntos, fermentação de mostos de alta densidade

e a constante mudança em relação aos aromatizantes. Tradicionalmente, é utilizado como

adjunto de malte de cevada outros cereais como arroz, milho e trigo. Porém, sabe-se que já

foram realizados estudos sobre a utilização de novos adjuntos como a batata e a mandioca.

Em relação aos aromatizantes, a indústria brasileira vem inovando com aromas de limão,

morango, cerveja, abacaxi, kiwi, maçã, chocolate, entre outros (CARVALHO et al., 2009).

2.2 MATÉRIAS PRIMAS UTILIZADAS

Nos tópicos a seguir serão apresentadas, de maneira sucinta, as matérias primas

envolvidas no processo de produção da cerveja e suas respectivas características.

2.2.1 Água

A água é uma das principais matérias primas em relação a quantidade no processo de

fabricação da cerveja, visto que sua participação no produto é em geral acima de 93%. Desta

forma, suas características físicas e químicas são de grande importância na análise da

qualidade da cerveja em geral.

Um fator importante na análise da água é o controle de seu pH, o qual quando alcalino

favorecerá a formação alguns materiais (presente no malte e nas cascas) indesejáveis no

processo. Geralmente, o valor ideal de pH da água a ser utilizada para produção da cerveja

está na faixa entre 6,5 e 7, ou seja, em pH próximo do neutro. Com isso, tem-se uma maior

facilidade da atividade enzimática e consequentemente um aumento no rendimento da maltose

e no teor alcoólico (OLIVEIRA, M., 2011).

Uma boa água cervejeira deve ser potável, transparente, incolor, inodora e livre de

qualquer sabor. Vale ressaltar que a importância da água é tanta na indústria cervejeira que ela

influencia até a escolha do local de instalação da fábrica. Um local onde a água precisa de um

tratamento mais minucioso para correção de sua qualidade causaria um maior custo no

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produto final, o que não é viável. Sendo assim, a instalação da fábrica deve ser próxima a uma

abundante fonte de água de boa qualidade (OLIVEIRA, N., 2011).

2.2.2 Lúpulo

O lúpulo (HumulusLupulus) é uma planta característica de regiões frias e de difícil

cultivo. Isto ocorre, pois, pelo fato de apresentar um alto teor de umidade, próximo a 80%, se

torna alvo de ataques de diversos parasitas, destacando-se alguns insetos como traças, fungos

e protozoários. Além disso, ela é dióica, ou seja, produz flores masculinas e femininas.

Entretanto, apenas as flores femininas não fecundadas são de interesse cervejeiro, pois contém

os grânulos de lupulina (geralmente resinas e óleos essenciais), os quais são responsáveis por

conferir o aroma e o amargor típicos das cervejas (OLIVEIRA, M., 2011; CARVALHO,

2009).

Segundo Siqueira, Bolini, Macedo (2008, p.492) “o lúpulo é considerado uma erva com

propriedades medicinais, usado como antibiótico e anti-inflamatório”. As pesquisas

relacionadas com as características de alguns compostos presentes no lúpulo, como os ácidos

fenólicos, revelaram diversos efeitos bioativos na maioria dos processos metabólicos. Além

disso, ele é responsável também por contribuir para a estabilidade do sabor e ainda evita a

formação de espuma durante o processo de fervura (SIQUEIRA, BOLINI, MACEDO, 2008;

CARVALHO, 2009).

2.2.3 Malte de Cevada

Malte, um dos principais ingredientes da cerveja, é o nome dado ao grão de cevada

quando este é submetido a um processo de germinação controlada com a finalidade de

desenvolver enzimas e modificar o amido, tornando-o mais solúvel e macio. O malte de

cevada é um produto proveniente da cevada germinada, rico em amido, sais minerais e

proteínas. É ele o responsável por proporcionar o sabor adocicado e grande parte do aroma

característico da cerveja (OLIVEIRA, M., 2011; CARVALHO, 2009; AMBEV, 2013).

A cevada é o cereal mais empregado na produção da cerveja, apesar de existirem

outros tipos que também podem ser utilizados, tais como, milho, arroz e trigo. Abaixo são

descritas algumas características que explicam a preferência desse cereal em detrimento dos

outros:

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a) apresenta elevado teor de amido, tornando-a mais atrativa tanto em termos de custo

e também pela facilidade de maltar quando comparada a outros cereais;

b) possui alto teor de enzimas quando maltada, as quais auxiliam no processo de

fabricação do mosto, principalmente durante a formação dos açúcares a partir da

quebra do amido;

c) contém proteínas que auxiliam a estabilidade da espuma;

d) apresenta baixo teor de lipídeos, o que beneficia a estabilidade no sabor da bebida

(OLIVEIRA, N., 2011).

Como citado anteriormente, as enzimas utilizadas no processo de sacarificação são

provenientes do malte, sendo as amilases as principais (a α-amilase e a β-amilase são alguns

exemplos). Durante a preparação do mosto cervejeiro e, na presença dessas e de outras

enzimas ocorrerá a sacarificação, que consiste na modificação do amido em açúcares

redutores, como a maltose e a dextrina. Fatores como pH do meio, tempo da reação

enzimática, temperatura e concentração do amido no grão de malte influenciam na quantidade

produzida. Ressalta-se que no Brasil as indústrias cervejeiras utilizam uma mistura de

diversos tipos de maltes, e não de apenas uma origem, visando a obtenção de um mosto mais

padronizado (OLIVEIRA, M., 2011).

2.2.4 Leveduras

As leveduras são micro-organismos pertencentes ao Reino Fungi e se apresentam usual

e predominantemente sob forma unicelular. O desempenho das leveduras durante o processo

de produção da cerveja é na fermentação. Segundo Oliveira, N. (2011, p.21)“as leveduras

possuem a habilidade de metabolizar eficientemente os constituintes do mosto que é um caldo

resultante da mistura fervida de malte e água, rico em açúcares fermentáveis. Esse caldo é

filtrado, para receber o lúpulo e o fermento ser transformado em álcool e gás carbônico a fim

de produzir uma cerveja com qualidade e estabilidade sensorial satisfatória”.

As duas espécies de leveduras mais utilizadas na produção da cerveja são

Saccharomyces cerevisiae (alta fermentação) e Saccharomyces uvarum (baixa fermentação).

A utilização dessas leveduras determina se a cerveja é do tipo Ale ou do tipo Lager,

respectivamente. As diferenças básicas entre elas são que as do tipo Ale na maior parte da

fermentação se produz na parte superior do fermentador (alta fermentação), enquanto que as

do tipo Lager se produz na parte inferior, no fundo (baixa fermentação). Além disso, as Ale se

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adaptam melhor a temperaturas altas, tornando-as inativas em temperatura inferior a 12ºC,

enquanto que as Lager conseguem trabalhar até 4ºC (PALMER, 2006).

Algumas características das leveduras utilizadas para fabricação da cerveja são

importantes para um resultado satisfatório do produto. Entre elas estão:

a) Alta velocidade de fermentação, evitando um crescimento celular excessivo;

b) Uso eficiente de açúcar com boa conversão em etanol;

c) Alta tolerância em relação ao estresse causado por grandes concentrações de álcool

e pressões osmóticas de componentes do mosto;

d) Floculação ideal; entre outros (CARVALHO, 2009).

2.2.5 Adjuntos

Gritz de milho, arroz, trigo, banana e mandioca são alguns exemplos de adjuntos os

quais podem ser utilizados em substituição parcial ao malte no processo de produção da

cerveja e, por serem fontes de carboidratos, fornecem o açúcar necessário para o mosto. Essa

alternativa tem sido bastante utilizada pelas indústrias produtora da bebida alcoólica, já que os

adjuntos quando utilizados fornecem um menor custo em relação ao malte. O malte tem sua

produção limitada no Brasil e só é capaz de suprir 30% da demanda nacional, e importá-lo

não seria a melhor opção. Isto se deve ao fato de existirem disponíveis no mercado diversos

tipos de adjuntos, os quais devem ser escolhidos adequadamente para que a qualidade da

cerveja não seja prejudicada. Deve-se ressaltar que essas matérias-primas, além de reduzir o

custo, são capazes de conferir à cerveja maior frescor, brilho, leveza e menor saciedade e

ainda contribuir para um aroma mais agradável (CARVALHO, 2009; VENTURINI FILHO,

CEREDA, 1998; D’AVILA, 2012).

De acordo com o Decreto número 6871, de 4 de junho de 2009, Art. 36:

§ 4o Parte do malte de cevada poderá ser substituído por adjuntos cervejeiros, cujo emprego

não poderá ser superior a quarenta e cinco por cento em relação ao extrato primitivo.

§ 5o Consideram-se adjuntos cervejeiros a cevada cervejeira e os demais cereais aptos para o

consumo humano, malteados ou não-malteados, bem como os amidos e açúcares de origem

vegetal. (BRASIL, 2009).

A banana é uma das frutas mais produzidas em países de clima tropical e sub tropical.

No Brasil, seu cultivo é bastante significativo, colocando o país em segundo lugar em

produção e área colhida. Apesar disso, o Brasil tem suas exportações limitadas por alguns

fatores como sua precária estrutura comercial, baixa qualidade de produção e os danos

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substanciais pós-colheita causados por fatores físicos, fisiológicos ou microbiológicos

(RAMOS, LEONEL, LEONEL, 2009).

As perdas da cadeia produtiva da banana são impactantes, podendo ser acumuladas em

60%. Entre as causas mais relevantes estão os sistemas de transporte e armazenamento e

principalmente o manuseio inadequado de colheita e pós-colheita (RAMOS, LEONEL,

LEONEL, 2009). Diante disso, a aplicação da banana utilizada como adjunto no processo

cervejeiro é de grande interesse em países tropicais produtores do fruto.

Devido ao seu alto valor nutritivo e às suas características sensoriais, a banana é muito

presente nos hábitos alimentares dos brasileiros, principalmente os de baixa renda. Apenas um

fruto é capaz de fornecer grande quantidade de vitaminas A e B, potássio, sódio, entre outros

minerais. É durante o processo de maturação que as transformações da banana ocorrem,

afetando constituintes como ácidos, amido, açúcares, umidade, etc. (CARVALHO,2009).

Além da banana, algumas frutas como a laranja, uva e maçã estão sendo estudadas a

fim de serem utilizadas no processo de fermentação alcoólica. Porém a banana é vantajosa

diante das demais, pois é uma fruta de baixo de custo, apresenta baixa acidez (em torno de

5,3) e é bastante rica em carboidratos e minerais, ou seja, sua matéria prima é muito favorável

para obtenção de bebidas por fermentação alcoólica (CARVALHO,2009).

O principal componente da banana verde é o amido, que pode corresponder de 55 a

93% do teor de sólidos totais. Na banana madura, o amido é convertido em açúcares, em sua

maioria glucose, frutose e sacarose (FASOLIN et al., 2007). Quando verde, o fruto é rico em

flavonóides que atuam na produção de mucosa gástrica. Além disso, apresenta amido

resistente agindo no organismo como fibra alimentar (RAMOS, LEONEL, LEONEL, 2009).

Diante disso, uma opção interessante para o incremento à cadeia produtiva da banana é

a produção de farinha de banana verde, com forte propósito em uso industrial e grande

interesse como fonte alimentar devidas suas qualidades funcionais, além de minimizar as

grandes perdas de pós-colheita (RAMOS, LEONEL, LEONEL, 2009).

Segundo Borges, Pereira e Lucena (2009, p.334) “a produção de farinhas apresenta

grande variabilidade para a indústria de alimentos, principalmente em produtos de

panificação, produtos dietéticos e alimentos infantis, por serem rica fonte de amido e sais

minerais”.

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2.3 PROCESSO CERVEJEIRO

O processo da fabricação da cerveja pode ser dividido em 3 etapas, como mostra o

fluxograma apresentado na Figura 1.

1- Preparação do mosto frio com lúpulo a partir da infusão inicial;

2- Fermentação;

3- Armazenamento, polimento e acondicionamento para o mercado.

Figura 1 - Fluxograma do processo de produção da cerveja.

A extração dos constituintes do malte, adjuvantes e dos açúcares é chamada de

mosturação, a qual é feita pela maceração dos materiais moídos que são tratados com água

para evitar a formação de uma cerveja escura, causada por um valor alto de pH. O amido

insolúvel é convertido em amido solúvel do malte, que por sua vez, é convertido à dextrina e

açúcares do malte. Essas conversões são feitas no cozinhador a pressão e o mosto resultante é

misturado com o restante do malte na dorna do mosto a uma temperatura final de

aproximadamente 76ºC, para assim ser preparado o chamado mosto doce. Deve-se salientar

que é nessa faixa de temperatura que irá ocorrer a inativação das enzimas, eficiente separação

do resíduo e o impedimento do crescimento bacteriano. Depois de dissolvidos todos os

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ingredientes da cerveja, o mosto passa das dornas para um filtro-prensa. Os grãos usados

insolúveis são separados por um fundo falso e gradeado e em seguida o mosto é lançado no

cozinhador. É necessário que se faça uma lavagem através dos grãos com uma chuva de água

descarbonada a 74ºC, a fim de recuperar as substâncias em solução.

A próxima etapa é a fervura onde o mosto é cozido por aproximadamente 3h em

contato com o lúpulo. Passado esse tempo, primeiramente o lúpulo é separado do mosto

fervente através de um fundo falso na dorna do lúpulo e posteriormente é necessária a

realização de sua lavagem.

Para que o mosto absorva ar suficiente para ocorrer a fermentação, realiza-se o

resfriamento em uma faixa de 66 a 71ºC em um arrefecedor grande e raso, ocorrendo a

precipitação de algumas proteínas. Em seguida, o mosto passa por tubos de cobre horizontais

onde se processa uma injeção de ar. É importante ressaltar que tal processo é feito sob

condições controladas, a fim de evitar a contaminação por leveduras selvagens, além disso,

observa-se uma pequena concentração causada pelo processo de evaporação. Depois de

resfriado, o mosto é misturado a castas selecionadas de levedura, nas dornas iniciais.

Com o auxílio de termômetros inseridos nos fermentadores, nota-se que a fermentação

inicia-se em uma temperatura entre 4,4 e 6,1ºC e em diante, atinge 14,4ºC. O dióxido de

carbono desprendido traz para a superfície algumas substâncias estranhas que precisam ser

removidas, para isso é necessário que a mistura seja escumada. Com o uso de fermentadores

fechados, o dióxido de carbono desprendido é coletado e armazenado para posterior uso na

carbonatação da cerveja.

Passados 7 a 10 dias, após o assentamento da levedura no fundo da dorna, a cerveja

fermentada passa para dornas de maturação. Deste modo, a cerveja é resfriada a 0ºC e

armazenada em uma adega por 3 a 6 semanas. É nesse período que ocorre a clarificação,

separação e precipitação de resinas do lúpulo em suspensão e a melhoria do sabor. Por fim, a

cerveja é carbonatada e bombeada através de um filtro de polpa, e depois de engarrafada, ela é

pasteurizada a 60ºC (SHREVE, BRINK JUNIOR, 1997).

2.4 ANÁLISE SENSORIAL

Define-se análise sensorial como uma metodologia científica utilizada para avaliar,

medir e interpretar reações ocasionadas pelas características dos alimentos e bebidas, quando

estas são percebidas pelos sentidos da visão, audição, tato, olfato e gustação(BARBOZA,

FREITAS, WASZCZYNSKYJ, 2003).Durante a degustação, é importante que duas

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propriedades sensoriais sejam analisadas: o sabor e o aroma. O primeiro, de acordo com a

ABNT (1993), é o conjunto das experiências olfativas, gustativas e táteis. Já o segundo, nada

mais é do que a percepção, que temos via retronasal, pelo órgão olfativo.

É importante ressaltar que os instrumentos analíticos são ferramentas úteis para as

indústrias de bebidas, visto que estes são responsáveis por detectar as propriedades físico-

químicas consideradas relevantes para as mesmas. No entanto, estes instrumentos não

apresentam a capacidade de avaliar a percepção humana. É neste contexto que a análise

sensorialmostra-se necessária e indispensável para o estudo e controle de qualidade de

bebidas, visto que somente através dela é possível avaliar a intensidade de um sabor ou

aroma, a aceitação e também fornecer resultados plausíveis capazes de quantificar

características sensoriais do produto(SILVA, 2005).

O principal objetivo dos testes afetivos, também conhecidos como testes de preferência

e aceitação, consiste em determinar, através da análise das respostas dos indivíduos, se um

produto ou alguma característica particular deste produto terá uma boa aceitação pelo

mercado e preferência com relação a outros produtos disponíveis no mercado. Esta

aceitabilidade, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (1933) é“o grau de

aceitação de um produto favoravelmente recebido por um determinado indivíduo ou

população, em termos de propriedades sensoriais”. Dessa forma, as empresas buscam inserir

cada vez mais os testes afetivos em seus estabelecimentos, uma vez que um produto só obtém

sucesso comercial se o mesmo atender às expectativas do seu consumidor (SILVA, 2005).

A qualidade de um produto cervejeiro é determinada por um conjunto de características

que visam atender as necessidades do mercado, isto significa aumentar o número de

consumidores e principalmente satisfazê-los. Sendo assim, nota-se que a relação

produto/consumidor é estabelecida através das propriedades sensoriais observadas pela

análise sensorial, isto é, os defeitos ou as qualidades identificadas pelo consumidor que irão

definir sua opção em relação a um determinado produto (SILVA, 2005).

.

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3 METODOLOGIA

3.1 MATERIAIS

As matérias-primas utilizadas para a fabricação da cerveja foram compradas na Arte

Brew – Cerveja Artesanal situada na cidade de Campinas-SP, estão dispostas na Tabela 1.

Elas foram adquiridas através de um kit pronto, o qual é montado pela loja para uso de

fabricação caseira de cerveja. As quantidades de cada uma delas foram calculadas de acordo

com a necessidade do tamanho do reator (panela) utilizado. A quantidade de farinha de

banana verde utilizada foi analisada a fim de não ultrapassar a quantidade máxima permitida

para substituição parcial do malte pelos adjuntos. Desse modo, foram usados 21% de farinha

de banana verde (adjunto), que representa aproximadamente metade da quantidade máxima

permitida (45%). Tal análise foi feita com o propósito de afetar o mínimo possível a etapa de

filtragem, pois esta é influenciada pela granulometria dos grãos de cevada e dos adjuntos a

qual é difícil de ser controlada por se tratar de uma produção artesanal.

Tabela 1: Matérias- primas utilizadas na produção da cerveja artesanal e suas respectivas

quantidades.

Matéria Prima Quantidade

Água mineral(mina de Poços de Caldas) 7,0l

Lúpulo aromático (HVG) 7,0 g

Lúpulo de amargor (HVG) 7,0 g

Malte(Fabricante: Agromalte) 1,5x103g

Levedura(Lallemand) 2,0 g

Farinha de banana verde(mercado central de

Poços de Caldas)

3,0x10² g

Priming (Arte Brew) 3,5 g

3.2 MÉTODOLOGIA EXPERIMENTAL

3.2.1 Preparo do mosto

Para o preparo do mosto, foram realizadas as seguintes etapas:

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3.2.1.1. Moagem do malte

O grão de cevada maltada (malte) foi moído a fim de se obter uma “farinha” de

cevada. Por se tratar de uma produção caseira, a moagem foi realizada em um liquidificador.

3.2.1.2. Mosturação

Nessa etapa, o malte moído foi misturado com 3,0x10² g de farinha de banana verde e

a mistura foi adicionada lentamente, sob agitação manual, em 7,0 l de água mineral a 35°C,

em um reator de 10 litros (panela). Após a dissolução total do malte e da farinha, a

temperatura foi controlada com o auxílio de um termômetro até atingir 72°C. Neste momento,

o aquecimento foi interrompido e o reator fechado por 90 minutos (Por se tratar de uma

produção caseira a quantidade a ser aquecida é bem menor se comparada com a produção

industrial, e, portanto não é necessário fechar o reator durante 3 horas). Durante esse tempo,

foi feito o controle da temperatura para que esta ficasse em torno de 72ºC e caso isso não

acontecesse, ligava-se o fogão novamente até que a solução chegasse próximo à temperatura

desejada e assim sucessivamente. Após esse período a temperatura da solução estava próxima

de 73°C e em seguida foi aquecida até aproximadamente 78°C por 10minutos e o

aquecimento interrompido novamente por 5 minutos. Este acréscimo na temperatura é

importante para diminuir a atividade das enzimas, pois neste momento supõe-se que já houve

a sacarificação do amido do malte e da banana, não sendo mais necessária a atuação das

mesmas.

3.2.1.3. Filtração

A filtragem da mistura foi realizada em uma peneira culinária, a fim de remover as

cascas e a parte insolúvel dos grãos e obter o mosto clarificado.

3.2.1.4. Fervura do mosto

O mosto clarificado foi transferido para o reator e adicionou-se 7,0 g de lúpulo de

amargor. A mistura foi fervida por 60 minutos para garantir a esterilização. O reator foi

mantido semi aberto, permitindo uma evaporação mínima de água. Ao final da fervura (5

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minutos restantes) foi adicionado 7,0 g de lúpulo aromático. Ao completar 60 minutos, o

aquecimento foi interrompido.

3.2.1.5. Tratamento do mosto

Ao término da fervura, o mosto foi filtrado com filtro de flanela para remover a parte

sólida do lúpulo. O mosto filtrado foi aerado e resfriado de modo artesanal, com auxílio de

uma jarra de 1 litro, devidamente esterilizada, na qual foram realizados movimentos

consecutivos de “encher e soltar o líquido do alto”. Esse procedimento foi realizado até a

temperatura do mosto atingir 35°C.

3.2.3. Fermentação

Nessa etapa, 2,0 g de levedura do tipo Ale foram adicionados ao mosto a 35°C, o qual

foi aerado novamente, e transferido para o fermentador lacrado com “airlock”, garantindo que

o processo ocorresse sob anaerobiose. Este lacre foi montado através de uma mangueira

ligada por um furo na tampa do fermentador em uma garrafa PET esterilizada contendo água.

A fermentação ocorreu por 72 horas, com temperatura variando de 25 a 35°C (este controle

foi feito com o auxílio de um termostato), até ausência de formação de bolhas. O produto

obtido foi deixado em repouso por mais 96 horas para decantação da levedura.

3.2.4. Envase

Após 7 dias, a cerveja formada dentro do fermentador foi drenada para o reator,

tomando cuidado para que a camada de biomassa não se misturasse com o líquido, pois o

excesso de levedura poderia alterar o sabor. Na fabricação da cerveja artesanal, as leveduras

são as responsáveis por produzir o gás, e como a fermentação terminou há 7 dias atrás, foi

necessário realimentar a levedura que ficou “dormente” no líquido. Este processo é

denominado priming, e para realizá-lo basta apenas adicionar pequena quantidade do kit

pronto da Arte Brew (nada mais é do que açúcares invertidos usados como priming) como foi

feito no presente trabalho. Caso não seja fornecido o kit, é permitido o uso de açúcar comum

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fervido em água. Após a adição do priming à cerveja, a mesma foi aerada novamente, e em

seguida envasada.

3.2.5. Maturação

Depois de engarrafada, iniciou-se o processo de maturação, responsável pela

carbonatação e decantação dos sólidos suspensos restantes e da levedura. O processo ocorreu

por um período de quatro semanas a 0°C.

3.2.6. Análise sensorial

A análise sensorial da cerveja obtida experimentalmente foi realizada com 30

colaboradores a partir de dois testes: Teste de Aceitação com escala hedônica estruturada de

nove pontos e Teste de Preferência do tipo comparação pareada (CARVALHO, 2009).

Devido a não autorização de entrada de bebida alcoólica na UNIFAL, os testes foram

realizados nas casas das integrantes do presente trabalho. Os provadores foram pessoas

comuns (amigos, familiares e conhecidos próximos) e no convite para realização dos testes foi

pedido como pré-requisito serem maiores de 18 anos e gostarem de cerveja.

Deste modo, para cada provador inicialmente foi aplicado o Teste de Aceitação

visando avaliar o grau de aceitabilidade uma amostra experimental da cerveja obtida. Após a

degustação foi solicitado ao provador que anotasse sua opinião na ficha de aceitação,

conforme a Figura 2. Em seguida, foi realizado o Teste de Preferência a fim de comparar a

preferência entre a cerveja experimental com uma cerveja de mercado. Para isso as amostras

foram apresentadas aos provadores aos pares. A amostra da cerveja comercial foi apresentada

em um copo especificado com número 1, enquanto que o copo contendo a amostra da cerveja

experimental foi rotulado com número 2. Os copos oferecidos eram escuros e foram

numerados de forma a não influenciar os provadores, assim somente os apresentadores das

amostras sabiam identificá-las como artesanal ou comercial. Além disso, água e biscoitos

isentos de sal, tipo cream cracker, foram servidos aos provadores entre cada amostra para

enxague e renovação do paladar, respectivamente. Após a degustação das duas amostras foi

solicitado ao provador que julgasse a amostra de sua preferência de acordo com a Figura 3.

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Figura 2 - Ficha utilizada no Teste de Aceitação com escala hedônica estruturada de 9 pontos.

Figura 3 - Ficha utilizada no Teste de Preferência do tipo comparação pareada.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO

Por se tratar de uma produção artesanal de cerveja, não foi possível a realização de

testes analíticos padrões que quantificassem a concentração celular, de oxigênio dissolvido, de

substrato consumido e de produto formado durante o processo cervejeiro. No entanto, o

acompanhamento qualitativo foi feito ao longo do processo artesanal.

Na etapa de moagem, por ter utilizado um liquidificador, os grãos moídos ficaram

muito finos, conforme demonstra a Figura 4. Isso, juntamente com a farinha de banana verde,

dificultou a primeira filtragem, produzindo uma cerveja turva.

Figura 4 – Malte moído.

A etapa de mosturação (Figura 5) consistiu basicamente em converter o amido dos

grãos em maltose e em outros carboidratos que irão compor o mosto, através do cozimento do

malte com água. O controle da temperatura foi essencial para evitar que as duas enzimas (α-

amilase e β-amilase responsáveis pela obtenção dos açucares a partir do amido) não se

desnaturassem. A α-amilase atuou em uma faixa de temperatura de 67°C a 72ºC e a β-amilase

atuou sob uma faixa de 55°C a 65ºC. Sendo assim, nota-se que cada enzima é favorecida por

uma determinada temperatura, ou seja, cada uma delas apresenta uma típica faixa de atuação.

É válido ressaltar que fora destes limites as enzimas ainda serão ativas, no entantoisto

provocará uma destruição das mesmas, e consequentemente irá reduzir a atividade de cada

uma (PALMER, 2006).

Assim como o malte, a farinha de banana verde também apresenta elevado teor de

amido e,ao introduzi-la no processo as condições de temperatura são mantidas as mesmas dos

processos caseiros convencionais. Além disso, também não foram registradas mudanças

significativas na cor, ou sabor do mosto após a introdução da farinha.

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Figura 5 - Cozimento do malte e farinha

de banana verde com água.

Durante a filtragem, a fim de obter um maior rendimento,foi necessário espremer com

uma colher o conteúdo retido na peneira. Entretanto, a partir de um determinado momento,

ainda existiu grande quantidade de líquido retido dentro das cascas que não puderam ser

recuperados devido à capacidade das fibras existentes nessas cascas em absorver água,

conforme Figura 6. Diante disso, a solução obtida estava concentrada, entretanto a mesma não

foi diluída a fim de se obter uma cerveja mais forte.

Na indústria cervejeira a filtração é realizada em duas etapas. Primeiramente, obtém-se

um mosto primário a partir da passagem da fração líquida pelo leito filtrante (ou torta de

filtro), o qual é o formado pelos próprios sólidos insolúveis da massa do mosto. Em seguida é

feito uma lavagem com água no resíduo sólido a fim de recuperar o extrato retido na torta de

filtro, após a separação do mosto primário. Atualmente há diversos tipos de equipamentos

bastante eficazes para a realização dessa filtração em escala industrial, no Brasil o mais

utilizado é chamado de tina de filtração (AQUARONE et al., 2001).

Figura 6 - Filtração.

A fervura do mosto irá garantir a assepticidade desejada, e, portanto, no final desta

etapa, o mosto (Figura 7) estará devidamente estéril. Deste modo, todos os materiais que

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entraram em contato com ele nas próximas fases, tais como, panelas e filtros de flanela foram

esterilizados com álcool 70%. Além disso, é durante o cozimento que haverá a precipitação de

complexos entre proteínas e polifenóis, solubilização dos elementos presentes no lúpulo,

eliminação de compostos responsáveis pelos sabores desagradáveis e ainda irá fornece a

concentração esperada de açúcares (CARVALHO, ROSSI, SILVA, 2007).

Figura 7 - Fervura.

Antes de iniciar a fermentação, o mosto passa por um processo de aeração a fim de

que o oxigênio esteja dissolvido e de fácil acesso à levedura, pois esta cresce através do

metabolismo oxidativo (respiração). Industrialmente, a maioria das cervejarias promove essa

aeração introduzindo oxigênio na linha de mosto frio ou próximo à entrada do trocador de

calor (utilizado para resfriamento do mosto). Aquarone et al. (2001, p. 120) afirma que “o

método ideal é introduzir parte do oxigênio através do trocador, entre os dois estágios de

resfriamento, e o restante na linha do mosto frio. Esse procedimento evita o escurecimento do

mosto associado à oxidação de taninos pela aeração quente.”

Na produção artesanal, existem diversas leveduras comerciais que podem ser

utilizadas. Elas podem se apresentar de forma líquida ou seca. De acordo com Palmer (2006,

p.79) “a levedura seca é conveniente para os principiantes porque o pacote provê uma

quantidade de células de levedura viáveis, que podem ser armazenadas por períodos longos, e

podem ser preparadas rapidamente no dia de fabricação.” Para obter melhores resultados a

levedura seca deve ser reidratada antes de ser utilizada, pois ela foi desidratada para facilitar o

armazenamento. Entretanto algumas não precisam dessa reidratação dependendo da marca,

por isso é importante verificar as instruções do fermento que será utilizado. Caso seja

necessário, deve-se ferver água, deixá-la esfriar (aproximadamente até 35ºC) e em seguida

dissolver a levedura. A quantidade de variedade disponível de leveduras de forma líquida é

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superior em relação às de forma seca. Geralmente, as leveduras líquidas devem ser ativadas

em um “starter” antes de serem adicionadas ao fermentador. Preparar um “starter” significa

aumentar o número de células dos recipientes de 0,05 l de levedura líquida (PALMER, 2006).

No presente trabalho, a levedura empregada foi Saccharomyces cerevisiae, ou seja, do

tipo Ale seca e não houve necessidade de hidratação prévia.O fermentador utilizado está

ilustrado na Figura 8.

Figura 8 - Fermentador lacrado

com “airlock”.

O procedimento de preparação do inóculo ocorre em duas etapas: laboratorial e

industrial. Na primeira, partindo-se de uma cultura pura, um volume reduzido de meio

nutriente é inoculado, e logo após, incubado de modo que as condições sejam adequadas ao

crescimento do microorganismo. A nova suspensão é transportada para um volume maior de

meio, o qual é incubado em condições apropriadas e transferido novamente para um volume

maior de meio. Deve-se repetir este processo até que alguns litros de suspensão microbiana

sejam obtidos. Sendo assim, esta suspensão desenvolvida em escala laboratorial já está apta

para ser introduzida na fase industrial a fim de inocular um volume adequado de meio, o qual

também será conservado em condições favoráveis. A partir desse momento, este

procedimento é repetido em maiores escalas até obter o volume de inóculo requerido.

Em fermentações alcoólicas, o preparo do inóculo é realizado no próprio fermentador

através de microorganismos já produzidos industrialmente (fermento prensado), não

utilizando a cultura pura. Desse modo, um pequeno volume de meio é introduzido no

fermentador e em seguida adiciona-se uma suspensão de fermento prensado. A partir do

momento em que a fermentação estiver ocorrendo de forma intensa, adiciona-se mais meio

até que a dorna fique completa.

A fermentação é responsável pela biotransformação do mosto adocicado em cerveja.

Por se tratar de uma etapa diretamente relacionada com a atuação de organismos vivos, em

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termos de controle, a fermentação representa uma fase decisiva do processo de produção da

bebida alcoólica. Para que se tenha uma cerveja de boa qualidade, diversos aspectos devem

ser tratados, como, triagem de uma cepa de microorganismos, se a cerveja será de alta ou

baixa fermentação, qual a concentração celular deverá ser utilizada, registros de morte e

crescimento celular dos microorganismos, tempo, e como estabelecer a finalização da

fermentação (JUNIOR, VIEIRA, FERREIRA, 2009).

Todavia, por se tratar de uma produção caseira, pouco controle foi exercido em

relação aos aspectos citados acima, cujos quais se referem à fermentação em escala industrial.

Entretanto, parâmetros como temperatura e tempo foram devidamente controlados a fim de

garantir condições apropriadas ao processo e assim, obter uma cerveja de qualidade.

Após a fermentação a cerveja foi envasada e maturada, conforme ilustra a Figura 9.

Figura 9 - Envase.

A cerveja obtida ficou levemente turva, em virtude da falta de controle da

granulometria dos grãos de cevada na etapa de moagem, dificultando a filtragem. Nas

indústrias cervejeiras, a filtração corresponde à etapa final do processo, e tem como propósito

a eliminação de todo o material suspenso responsável pela turvação, tais como, leveduras,

partículas coloidais ou resíduos de lúpulo. O procedimento de eliminação destes materiais

consiste em passar a cerveja maturada em uma superfície filtrante, desde que isso não

provoque modificações na qualidade, atribuindo ao produto final uma aparência límpida e

cristalina. Ressalta-se que deve haver um controle rigoroso nesta etapa, pois qualquer falha

poderá comprometer a qualidade da cerveja (NETA, HABERT, BORGES, 2005).

Como citado anteriormente, o processo de filtração é essencial para garantir o aspecto

cristalino e, portanto não irá provocar nenhuma alteração no sabor do produto. O surgimento

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de novos sabores é resultado do envelhecimento da cerveja, visto que a mesma se mantém

instável após ser embalada e ao longo de sua permanência nas prateleiras. Essa instabilidade

ocasionará reações de degradação e de formação de novos compostos, como aldeídos,

compostos sulfurados e cetonas. Além disso, a natureza da mudança irá depender do tipo de

cerveja, da concentração de oxigênio disponível na embalagem, existência de luz e

temperatura de estocagem (SIQUEIRA, BOLINI, MACEDO, 2008). Deve-se ressaltar que a

garrafa foi apresentada em vidro claro somente para demonstrar a coloração, e que ela foi

devidamente armazenada em garrafas de vidro escuro.

4.2 ANÁLISE SENSORIAL

A cerveja obtida artesanalmente utilizando farinha de banana verde como adjunto de

malte foi avaliada através de testes de consumidor. Para isso foram realizados os testes de

aceitação com escala hedônica de 9 pontos e os testes preferência do tipo comparação

pareada. Nestes testes, foram avaliadas a preferência e aceitação global da cerveja como um

todo. Os testes foram realizados com 30 provadores conforme o Item 3.2.6.

4.2.1 Teste de Aceitação

O teste de aceitação foi realizado a fim de avaliar se os provadores gostaram ou

desgostaram da cerveja feita com farinha de banana verde. Assim, depois de realizado o teste,

foi possível observar quantos dos 30 julgadores avaliaram a cerveja com determinada nota de

acordo com a escala hedônica estruturada de 9 pontos e consequentemente o total de cada

uma delas por uma simples multiplicação. O resultado é apresentado na Tabela 2:

Tabela 2 - Resultados obtidos pela escala hedônica estruturada de 9 pontos na

avaliação da cerveja.

Escala Hedônica de 9 pontos Julgamentos Total

Gostei Muitíssimo - 9 0 0

Gostei Muito – 8 1 8

Gostei Regularmente – 7 3 21

Gostei Ligeiramente – 6 6 36

Nem gostei, nem desgostei – 5 9 45

Desgostei Ligeiramente – 4 6 24

Desgostei Regularmente – 3 4 12

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Tabela 2 - Resultados obtidos pela escala hedônica estruturada de 9 pontos na

avaliação da cerveja.

(conclusão)

Escala Hedônica de 9 pontos Julgamentos Total

Desgostei Muito – 2 1 2

Desgostei Muitíssimo - 1 0 0

Ʃ 30 148

Com o número total de julgamentos e o número total de pontos foi feita uma média

simples.

Média = 148/30= 4,9 (1)

O índice de aceitação pode ser calculado a partir da média obtida, tomando-se como

100% o valor máximo da escala, que neste caso é 9 (QUEIROZ, TREPTOW, 2006).Todavia,

como o número 0 não está presente na escala hedônica (varia somente de 1 a 9), mas está

presente na escala de 0 a 100%, é necessário fazer uma subtração juntamente com a regra de

três para que ambos fiquem nas mesmas condições:

4,9 – IA

(9-1) – (100 – 0)

Desta forma, foi calculado o índice de aceitação conforme demonstrado abaixo:

IA =

IA = 61% ± 1%

Assim, o índice de aceitação para a cerveja obtida experimentalmente foi próximo de

61%, o que mostra que os provadores gostaram moderadamente da cerveja, visto que a

porcentagem foi superior a 50%. Ou seja, o teste de aceitação com escala hedônica

estruturada de 9 pontos aponta que é sensorialmente viável a produção da cerveja utilizando

farinha de banana verde como adjunto de malte.

4.2.2 Teste de Preferência

A realização do teste de preferência do tipo comparação pareada foi feita com o

objetivo de avaliar a preferência dos provadores entre a cerveja experimental e uma cerveja

comercial. A cerveja de mercado utilizada para comparação foi a Devassa Índia, tipo Ale.

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Feito o teste, observou-se que para a cerveja obtida com farinha de banana verde, 9 dos 30

julgadores preferiram esta cerveja em relação à comercial, ou seja 21 julgadores preferiram a

cerveja de mercado.

Os resultados do teste de comparação pareada, assim como testes duo-trio e triangular,

podem ser avaliados mediante aproximação da distribuição binomial à normal. A

interpretação dos resultados obtidos foi feita a partir da aplicação direta da Tabela de

Roessler. Essa tabela para testes monocaudal e bicaudal (quando se espera a seleção de

qualquer uma das amostras) indica o número mínimo de observações corretas com as quais é

possível estabelecer preferência ou diferença de uma amostra sobre a outra em um dado nível

de significância (QUEIROZ, TREPTOW, 2006).

De acordo com a Tabela de Roessler (ANEXO A) para um número total de 30

julgamentos, o número mínimo para estabelecer preferência de uma amostra em relação à

outra para os níveis de significância de 5%, 1% e 0,1% é de 21, 23 e 25, respectivamente.

Diante disso, pode-se verificar que a amostra da cerveja comercial foi estatisticamente

preferida em relação à cerveja obtida artesanalmente utilizando farinha de banana verde no

nível de significância de 5%, pois dos 30 provadores, 21 preferiram a cerveja de mercado.

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5 CONCLUSÃO

Os resultados coletados durante a análise sensorial mostram que a cerveja comercial

obteve maior preferência em relação à cerveja produzida artesanalmente, e que o índice de

aceitação (IA) foi moderado, próximo de 60%. Isso pode ser justificado pelo fato da primeira

já possuir sabor reconhecido frente aos consumidores. Além disso, é importante destacar que

o processo industrial é muito mais avançado tecnologicamente, bem como no controle de

parâmetros essenciais para a qualidade do produto final, como pH e temperatura. O processo

caseiro de produção de cerveja oferece diversas limitações que influenciam nas características

do produto final. Dentre essas limitações, merece ênfase a ausência de equipamentos próprios

e adequados para o processo em questão, tais como reatores, moedor, filtros, fermentador,

medidores contínuos de temperatura, além das condições do ambiente de produção.

Apesar do resultado não ter sido satisfatório entende-se que a proposta de utilização de

farinha de banana verde como adjunto parcial do malte é interessante, pois além da alta

disponibilidade deste produto no país, proporciona elevada nutrição para os consumidores,

sem afetar o sabor da cerveja. Portanto, disponibilizar no mercado este produto, a priori, seria

ousado por ser um produto diferente daqueles atualmente consumidos, mas que com

condições adequadas de produção e marketing bem desenvolvido poderia conquistar seu

espaço no mercado.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMBEV.Malte de Cevada. Disponível em:

<http://www.ambev.com.br/pt-br/a-ambev/cadeia-produtiva/agronegocio.html>. Acesso em:

10 dez. 2013.

AQUARONE, E.et al. Biotecnologia Industrial: Biotecnologia na produção de alimentos. 4.

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ANEXO A – Número mínimo de julgamentos corretos para o teste pareado. Significância do

teste pareado (P = ½)

Figura 10 – Tabela de Roessler.

Fonte: Aquarone et al (2001, p. 245)