anÁlise taxonÔmica, molecular, ecolÓgica e/ou...

151
i GUSTAVO HENRIQUE JERÔNIMO ALVES ANÁLISE TAXONÔMICA, MOLECULAR, ECOLÓGICA E/OU ULTRAESTRUTURAL DOS FILOS BLASTOCLADIOMYCOTA, CHYTRIDIOMYCOTA E OOMYCOTA DE RESERVATÓRIOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO SOROCABA/MÉDIO TIETÊ, ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL Tese apresentada ao Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente, como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de DOUTOR em BIODIVERSIDADE VEGETAL E MEIO AMBIENTE, na Área de Concentração de Plantas Avasculares e Fungos em Análises Ambientais. SÃO PAULO, 2018

Upload: others

Post on 01-Jun-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

i

GUSTAVO HENRIQUE JERÔNIMO ALVES

ANÁLISE TAXONÔMICA, MOLECULAR, ECOLÓGICA E/OU

ULTRAESTRUTURAL DOS FILOS BLASTOCLADIOMYCOTA,

CHYTRIDIOMYCOTA E OOMYCOTA DE RESERVATÓRIOS DA BACIA

HIDROGRÁFICA DO SOROCABA/MÉDIO TIETÊ, ESTADO DE SÃO PAULO,

BRASIL

Tese apresentada ao Instituto de Botânica da

Secretaria do Meio Ambiente, como parte dos

requisitos exigidos para obtenção do título de

DOUTOR em BIODIVERSIDADE VEGETAL

E MEIO AMBIENTE, na Área de Concentração

de Plantas Avasculares e Fungos em Análises

Ambientais.

SÃO PAULO, 2018

ii

GUSTAVO HENRIQUE JERÔNIMO ALVES

ANÁLISE TAXONÔMICA, MOLECULAR, ECOLÓGICA E/OU ULTRAESTRUTURAL

DOS FILOS BLASTOCLADIOMYCOTA, CHYTRIDIOMYCOTA E OOMYCOTA DE

RESERVATÓRIOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO SOROCABA/MÉDIO TIETÊ,

ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL

Tese apresentada ao Instituto de Botânica da Secretaria do

Meio Ambiente, como parte dos requisitos exigidos para

obtenção do título de DOUTOR em BIODIVERSIDADE

VEGETAL E MEIO AMBIENTE, na Área de

Concentração de Plantas Avasculares e Fungos em

Análises Ambientais.

ORIENTADORA: DRA CARMEN LIDIA AMORIM PIRES ZOTTARELLI

Ficha Catalográfica elaborada pelo NÚCLEO DE BIBLIOTECA E MEMÓRIA

Alves, Gustavo Henrique Jerônimo

A474a Análise taxonômica, molecular, ecológica, e/ou ultraestrutural dos filos

Blastocladiomycota, Chytridiomycota e Oomycota de reservatórios da Bacia

Hidrográfica do Sorocaba/Médio Tietê, Estado de São Paulo, Brasil / Gustavo

Henrique Jerônimo Alves -- São Paulo, 2018.

150p. il.

Tese (Doutorado) -- Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio

Ambiente, 2018.

Bibliografia.

1. Ecologia. 2. Fungos zoospóricos. 3. Ultraestrutura dos zoóspros. I. Título.

CDU: 582.281

iii

À minha esposa e amiga, Carolina

Celestino Jerônimo Alves. Dedico

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço ...

Em especial à Dra. Carmen L.A. Pires Zottarelli, pela confiança em mim depositada

nesses seis anos de convivência, e principalmente pelo exemplo de profissionalismo,

dedicação e paixão pelo que faz.

Agradeço também, a minha esposa Carolina, por estar sempre ao meu lado em todos os

momentos, sempre me apoiando e incentivando em novos desafios e conquistas.

À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pela concessão

das bolsas de Doutorado (n° processo FAPESP - 2014/16358-4) e Bolsa de Estágio de

Pesquisa no Exterior (BEPE n° processo FAPESP – 2016/25800-8), as quais me

permitiram crescer como profissional.

À Dra. Carla Ferragut, do Núcleo de Pesquisa em Ecologia do Instituto de Botânica,

pelo inestimável auxílio com as análises estatísticas e tratamento dos dados abióticos e

bióticos, sempre muito solícita e de bom humor.

À Dra. Denise Bicudo, do Núcleo de Pesquisa em Ecologia do Instituto de Botânica, por

todo incentivo inicial e suporte durante todo o período de estudo.

À Ana Lucia de Jesus, pela convivência e ajuda durante todo este período, sendo sempre

um exemplo de dedicação e trabalho duro.

À Vivis, Richi, Danilo, Luiz, Marcela, Sarah, Alex, Mauro, Nelson e Mari, pelo ótimo

ambiente de trabalho, conversas ao café e ajuda durante o desenvolvimento da tese.

Ao Stefano Zorzal (Jean), pelo apoio durante as coletas e análises laboratoriais, e

cervejas compartilhadas.

v

À Samantha, Elaine e Dorinha por toda ajuda durante as expedições de coleta, sempre

muito dispostas a me ajudar em todas as etapas desde a amostragem até o tratamento

das amostras coletadas.

À Pós-graduação do Instituto de Botânica (PG-IBt), por todo apoio institucional e

infraestrutura fornecida para desenvolvimento deste projeto de doutorado.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa

de doutorado fornecida durante o primeiro ano de projeto.

Ao Dr. Timothy Y. James (Tim) e University of Michigan por todo suporte, respeito e

confiança depositados durante o período de estágio, o qual foi muito importante para o

meu crescimento profissional e pessoal.

À Rabern Simmons, do laboratório de “Ecology and Evolutionary Biology” da

“University of Michigan”, pelos ensinamentos sobre as análises de ultraestrutura dos

zoósporos e pela amizade construída.

À Anat e Erik, por toda paciência e disposição em ajudar em todos os aspectos, sendo

primordiais na minha adaptação, principalmente nas semanas iniciais, sempre dispostos

a ajudar em qualquer situação.

À William Davis, Alisha, Jill, Lucas, Rob, Kevin and Buck pela agradável convivência e

respeito demonstrado durante os 6 meses de estágio na “University of Michigan”.

Ao Instituto Chico Mendes de preservação da Biodiversidade (ICM-Bio), pela permissão

de coleta de amostras de água e sedimento no reservatório Hedberg, localizado na

Floresta Nacional de Ipanema (FLONA de Ipanema), município de Iperó.

Ao grupo Votorantim, pelo suporte técnico e permissão de coleta de amostras de água e

sedimento nos reservatórios de Santa Helena e Itupararanga.

A todos que de certa forma tornaram possível a realização deste estudo.

vi

Lista de siglas

APA – Área de Proteção Ambiental

BEPE – Bolsa de Estágio de Pesquisa no Exterior

CBA – Companhia Brasileira de Alumínio

CBH-SMT – Conselho da Bacia Hidrográfica Sorocaba e Médio Tietê

CEPAGRI – Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura

CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CCIBt – Coleção de Culturas de Algas, Fungos e Cianobácterias

DDSA – anidrido dodecenil-succínico

DMP 30 – Tris-Dimetilaminometil fenol

DMSO – Dimetilsulfato

EMS© – Electron Microscopy Sciences

FAPESP – Fundação de Ámparo à Pesquisa no Estado de São Paulo

FLONA de Ipanema – Floresta Nacional de Ipanema

IBAMA: Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis e da

Amazônia Legal

IET – Índice de Estado Trófico

NT – Nitrogênio Total

OD – Oxigênio dissolvido

PCA – Análise de Componentes Principais

PCoA – Análise de Coordenadas Principais

PEFI – Parque Estadual das Fontes do Ipiranga

PFLA – Análise de Ácidos Graxos Fosfolipídicos

PT – Fósforo Total

SigRH – Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos

UGRHI – Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos

UrAc – Acetato de Uranila

vii

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. viii

RESUMO .................................................................................................................................................. 09

ABSTRACT .............................................................................................................................................. 11

INTRODUÇÃO GERAL .......................................................................................................................... 13

OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................ .............................19

HIPÓTESES ................................................................................................................ .............................. 19

METODOLOGIA GERAL ....................................................................................................................... 21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................... 48

CAPÍTULO 1. Estrutura da comunidade de organismos zoospóricos heterotróficos (fungos

zoospóricos e oomicetos) da coluna d’água e sedimento superficial de reservatórios com distintos

estados tróficos

Resumo ...................................................................................................................................................... 56

Abstract ...................................................................................................................................................... 57

Introdução .................................................................................................................................................. 59

Material e Métodos ..................................................................................................... ............................... 62

Resultados & Discussão ............................................................................................................................. 65

Referências Bibliográficas ......................................................................................................................... 90

CAPÍTULO 2. Novelties for the Nowakowskiella genus: a new species and new combination

Abstract ……………………………………………………………………………….............................. 97

Introduction ……………………………………………………………………………............................ 97

Material and Methods ………………………………………………………………................................ 99

Results …………………………………………………………………………….................................. 103

Discussion ……………………………………………………………………………………………… 110

Literature cited ……………………………………………………………………………..................... 112

CAPÍTULO 3. Boothiomyces angulosum: a new combination into Terramycetaceae (Rhizophydiales,

Chytridiomycota)

Abstract ………………………………………………………………………………………………... 116

Introduction ……………………………………………………………………………………………. 117

Material and Methods …………………………………………………………………………………. 118

Results ……………………………………………………………………………................................. 121

Discussion …………………………………………………………………………………................... 126

References …………………………………………………………………………............................... 129

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 131

Anexo I ............................................................................................................ ........................................ 132

Anexo II ......................................................................................... .......................................................... 134

Anexo III ................................................................................................................................. ................. 142

Apêndice I .................................................................................................................. .............................. 150

viii

APRESENTAÇÃO

A tese intitulada “Análise taxonômica, ecológica, molecular e/ou

ultraestrutural dos filos Blastocladiomycota, Chytridiomycota e Oomycota de

reservatórios da Bacia hidrográfica do Sorocaba/Médio Tietê, estado de São Paulo,

Brasil”, foi estruturada em três capítulos, os quais são precedidos por uma

INTRODUÇÃO GERAL, OBJETIVOS ESPECÍFICOS, HIPÓTESES E

METODOLOGIA GERAL.

O CAPÍTULO 1 aborda a diversidade de Blastocladiomycota, Chytridiomycota

e Oomycota na coluna d’água e sedimento superficial, de três reservatórios da Bacia

hidrográfica do Sorocaba/Médio Tietê, com distintos estados tróficos. Os padrões de

ocorrência e abundância desses grupos de organismos foram relacionados às flutuações

sazonais e aos diferentes fatores abióticos mensurados na coluna d’água e sedimento

superficial. As análises moleculares, neste contexto, foram utilizadas para corroborar as

identificações morfológicas.

O CAPÍTULO 2, elaborado de acordo com as normas da revista Mycologia, trata-

se de um estudo taxonômico e filogenético (análise combinada das regiões 18S, 5,8S e

28S do rDNA) de representantes da ordem Cladochytriales, com especial enfoque no

gênero Nowakowskiella J. Schröt., para o qual foi descrito uma nova espécie nomeada

como Nowakowskiella crenulata Jerônimo & Pires-Zottarelli, e proposto um novo

gênero, Karlingiella Jerônimo, Jesus & Pires-Zottarelli, considerando o posicionamento

filogenético de Nowakowskiella elongata Karling como grupo irmão do gênero

Cladochytrium Nowak.

O CAPÍTULO 3, elaborado de acordo com as normas da revista Nova Hedwigia,

inclui uma discussão morfológica, filogenética e ultraestrutural (baseado na ultraestrutura

dos zoósporos) da espécie Rhizophydium angulosum Karling, para a qual foi proposta

uma nova combinação (Boothiomyces angulosum (Karling) Jerônimo & Pires-Zottarelli).

Além disso, discutimos também a morfologia e posicionamento filogenético da espécie

Rhizophydium elyense Sparrow.

9

RESUMO GERAL

A bacia hidrográfica do Sorocaba/Médio Tietê (UGRHI 10) está situada na região

Centro-Sudeste do Estado de São Paulo, uma das mais desenvolvidas do interior do

estado. Nesta região, devido à crescente demanda por energia elétrica e abastecimento

público, diversos reservatórios foram criados, os quais estão sujeitos aos efeitos de ações

antrópicas locais. Dentre os impactos detectados estão a eutrofização e o uso desordenado

do solo, fatores que estão associados à perda da qualidade da água e da biodiversidade.

Representantes dos filos Blastocladiomycota e Chytridiomycota (fungos zoospóricos) e

do filo Oomycota, importantes agentes decompositores e parasitas, são pouco explorados

nestes ambientes aquáticos, existindo a necessidade de uma melhor compreensão do papel

destes organismos nos processos de transferência de energia nesses ecossistemas. Diante

disso, o objetivo deste estudo foi relacionar a riqueza e a abundância destes grupos de

organismos com a sazonalidade e alguns fatores abióticos mensurados na coluna d’água

e sedimento superficial de três reservatórios brasileiros (Santa Helena, Itupararanga e

Hedberg), inseridos na UGRHI 10, conhecidamente com distintos estados tróficos. Além

disso, disponibilizar sequências gênicas dos espécimes identificados em nível específico

e construir filogenias, confirmando ou rejeitando hipóteses filogenéticas dentre os

representantes de Chytridiomycota, por meio da análise da ultraestrutura dos zoósporos

destes fungos. Para isso, foram realizadas quatro coletas em cada reservatório, onde foram

mensuradas algumas variáveis físicas e químicas da água (temperatura, pH,

condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, nitrogênio e fósforo total) e do sedimento

superficial (nitrogênio total, fósforo total e carbono orgânico total). A estrutura da

comunidade foi avaliada considerando-se a ocorrência, frequência e abundância dos

táxons, mediante cálculo da riqueza de espécies, do índice de diversidade de Shannon, do

índice de dominância de Simpson, da equitatividade e do índice de similaridade de

Sørensen. Durante o estudo, 52 táxons destes organismos zoospóricos heterotróficos

foram identificados, sendo 25 deles representantes dos fungos zoospóricos e 27 de

oomicetos. Dentre os fungos zoospóricos, uma nova espécie do gênero Nowakowskiella

J. Schröt foi descrita e o gênero Avachytrium Velez & Letcher relatado pela primeira vez

para o Brasil, assim como Plectospira gemmifera Drechsler a foi dentre os oomicetos. No

total, 102 sequências das regiões 18S, ITS, 28S, RPB1, RPB2 e COXI foram obtidas

durante o estudo, considerando os dois grupos de organismos, as quais representam 25

táxons, dentre os quais, Nowakowskiella ramosa Butler, uma nova espécie nomeada como

10

Nowakowskiella crenulata Jerônimo & Pires-Zottarelli, Rhizophydium angulosum

Karling (para o qual está sendo proposta uma nova combinação) e Plectospira gemmifera

Drechsler, todos inseridos pela primeira vez em análises filogenéticas. Foi observada uma

comunidade diversa com poucos táxons dominantes, sendo a maior parte deles observada

na estação chuvosa, com Cladochytrium replicatum Karling, Nowakowskiella

hemisphaerospora Shanor, Aphanomyces spp., Dictyuchus spp. e Pythium dos grupos P

e T, sendo os táxons mais frequentes e abundantes, considerando os reservatórios e

estações (seca e chuvosa). Os organismos zoospóricos estudados apresentaram uma

ampla distribuição ao longo de diferentes gradientes tróficos, existindo táxons

estritamente relacionados aos locais com as mais altas concentrações de nitrogênio e

fósforo total, e outros aos locais com as mais baixas concentrações destes nutrientes, e

que potencialmente poderiam ser indicativos da qualidade das águas. Concluímos,

portanto, que estes organismos zoospóricos heterotróficos são, geralmente, tolerantes às

amplas variações nas concentrações de nitrogênio e fósforo, mas alguns táxons são

limitados pela disponibilidade destes nutrientes, particularmente o fósforo.

Palavras-chave: diversidade, ecologia, filogenia, fungos zoospóricos, oomicetos,

ultraestrutura dos zoósporos.

11

ABSTRACT

The “Sorocaba/Médio Tietê” hydrographic basin (UGRHI 10) is located in the Center-

Southeast region of the São Paulo state, one of the most developed regions of the state.

In this region, due to the growing demand for electricity and public supply, several

reservoirs were built, which are subject to the effects of local anthropogenic actions.

Among the detected impacts the eutrophication and disorderly use of the land are factors

that are associated with the loss of water quality and biodiversity. Blastocladiomycota,

Chytridiomycota (zoosporic fungi) and Oomycota, important decomposing agents and

parasites, are poorly explored in these aquatic environments and additional studies are

necessary to clarify the role of these organisms in the energy transfer processes in these

ecosystems. Considering this, the aim of this study was to relate the species richness and

abundance of these groups with seasonality and some abiotic factors measured in the

water column and surface sediment of three Brazilian reservoirs (Santa Helena,

Itupararanga and Hedberg), located in UGRHI 10, with distinctive trophic states. In

addition, we also intend to provide gene sequences of the specimens identified at specific

level and build their phylogeny, confirming or rejecting phylogenetic hypotheses to the

Chytridiomycota representatives, through zoospore ultrastructural analysis. In order to do

this, four sampling were performed in each reservoir, in which physical and chemical

variables of the water (temperature, pH, electrical conductivity, dissolved oxygen,

nitrogen and total phosphorus) and surface sediment (total nitrogen, total phosphorus and

total organic carbon) were measured. The community structure was evaluated considering

the abundance, frequency, species richness, Shannon’s diversity index, Simpson’s index,

Evenness and similarity Sorensen index. During the study, 52 taxa of heterotrophic

zoosporic organisms were identified, 25 of which representative of Blastocladiomycota

and Chytridiomycota phyla (zoosporic fungi) and 27 of Oomycota phylum. On the

zoosporic fungi, a new species of the Nowakowskiella J. Schröt genus was described and

Avachytrium Velez & Letcher reported for the first time in Brazil, as well as Plectospira

gemmifera Drechsler to the Oomycota. In total, 102 sequences from the 18S, ITS, 28S,

RPB1, RPB2, and COXI regions were obtained during the study, considering the two

groups of organisms, which represent 25 taxa, being Nowakowskiella ramosa Butler, the

new species Nowakowskiella crenulata Jerônimo & Pires-Zottarelli, Rhizophydium

angulosum Karling (for which we are proposing a new combination) and Plectospira

gemmifera Drechsler included for first in phylogenetic analyzes. We observed a diverse

12

community with few dominant taxa, which occurred predominantly at rainy season, being

Cladochytrium replicatum Karling, Nowakowskiella hemisphaerospora Shanor,

Aphanomyces spp., Dictyuchus spp. and Pythium group P and T, the most frequent and

abundant, considering the reservoirs and seasons (dry and rainy). Zoosporic organisms

presented a wide distribution along different trophic gradients, with species strictly

related to locals with high concentrations of nitrogen and total phosphorus, and others

with low concentrations of these nutrients, which could potentially be taxa indicative of

quality of water. We conclude that heterotrophic zoosporic organisms are, in general,

tolerant to wide variations in nitrogen and phosphorus concentrations, but some taxa are

limited by the availability of these nutrients, particularly phosphorus.

Key words: diversity, ecology, phylogeny, oomycetes, zoosporic fungi, zoospore

ultrastructure.

13

INTRODUÇÃO GERAL

Os organismos zoospóricos heterotróficos dos filos Blastocladiomycota,

Chytridiomycota e Oomycota possuem como similaridade a produção de esporos

flagelados (zoósporos), os quais os permitem se dispersarem ativamente em ecossistemas

aquáticos e terrestres úmidos. Nestes ambientes, esses organismos atuam como

decompositores de matéria orgânica ou como parasitas de diferentes grupos de

hospedeiros, exercendo assim um importante papel na ciclagem do carbono (Shearer et

al. 2007, Sime-Ngando et al. 2011, Wurzbacher et al. 2016).

Blastocladiomycota e Chytridiomycota são filos incluídos no reino Fungi, cujos

representantes possuem esporos com um único flagelo liso, posteriormente inserido,

ocupando posicionamento basal na árvore filogenética dos fungos (James et al. 2006,

Hibbett et al. 2007). Chytridiomycota conta com aproximadamente 706 espécies

distribuídas atualmente em nove ordens (Chytridiales, Cladochytriales, Lobulomycetales,

Polychytriales, Rhizophlyctidales, Rhizophydiales, Mesochytriales, Gromochytriales e

Spizellomycetales), as quais estão inseridas na Classe Chytridiomycetes (Sparrow 1942,

Letcher et al. 2006, 2008, Kirk et al. 2008, Mozley-Standridge et al. 2009, Simmons et

al. 2009, Wakefield et al. 2010, Longcore & Simmons 2012). Já Blastocladiomycota, filo

criado a partir de Blastocladiales (ordem que anteriormente pertencia ao Filo

Chytridiomycota), possui uma única classe, Blastocladiomycetes, e é composto por 179

espécies (Kirk et al. 2008), cujos representantes divergiram do clado dos

Chytridiomycota e são considerados grupo irmão juntamente com Zygomycota,

Glomeromycota e Olpidium (James et al. 2006).

Representantes dos filos de fungos zoospóricos existem na Terra há pelo menos

400 milhões de anos como indicado por registros fósseis do baixo Devoniano (Taylor et

al. 1992, Remy et al. 1994) e são considerados de crucial importância nos processos de

decomposição e parasitismo nos ecossistemas aquáticos, onde são frequentemente

observados como parasitas de algas, cianobactérias, macrófitas, invertebrados, anfíbios,

fungos e oomicetos (Shearer et al. 2007, Sime-Ngando et al. 2012) e como sapróbios em

material orgânico particulado e dissolvido oriundos de fontes alóctones e autóctones

(Kagami et al. 2004). Embora a maioria das espécies conhecidas seja decompositora de

celulose, queratina e quitina (Powell 1993), algumas se destacam como importantes

parasitas de plantas de interesse econômico, como por exemplo, Physoderma maydis

(Miyabe) Miyabe que causa mancha marrom do milho e Synchytrium endobioticum

(Schilberszky) Percival responsável pela verruga da batata (Alexopoulos et al. 1996).

14

Espécies dos gêneros Catenaria Sorokin (Catenaria spinosa Martin, Catenaria

anguillulae Sorokin), Coelomomyces Keilin (Coelomomyces utahensis (Romney) Couch

& Nielsen) e Polycaryum Stempell (Polycaryum laeve Stempell) são parasitas comuns

em cladóceros, copépodos, rotíferos, nematóides e larvas de dípteros, atuando

decisivamente no controle dessas populações (Gleason et al. 2010). Gerphagnon et al.

(2013) relataram a presença de quitrídias parasitas de cianobactérias em eventos de

florações e evidenciaram o papel das mesmas na fragmentação mecânica dos filamentos

das cianobactérias, contribuindo assim, para o declínio destes eventos. Batrachochytrium

dendrobatidis Longcore, Pessier & D.K. Nichols é considerado o principal responsável

pelo declínio e extinção de mais de 200 espécies de anfíbios ao redor do mundo (Stuart

et al. 2004), tendo ainda sido descrita outra espécie para o gênero, Batrachochytrium

salamandrivoras Martel, a qual foi encontrada parasitando populações de Salamandra

salamandra Lineus (salamandras de fogo) na Holanda (Martel et al. 2013).

A classificação e as relações filogenéticas dos representantes dos fungos

zoospóricos (Blastocladiomycota e Chytridiomycota) vem passando por constantes

reestruturações tendo em vista as características ultraestruturais dos zoósporos e dados de

sequências genicas (James et al. 2000, 2006a, Letcher et al. 2008, Mozley-Standridge et

al. 2009, Longcore e Simmons 2012). O primeiro estudo de microscopia eletrônica de

fungos zoospóricos mostrou o incrível potencial da arquitetura ultraestrutural como

ferramenta para entendimento das relações evolutivas destes fungos (Koch 1961). Sua

aplicação direta na reclassificação de Chytridiomycota foi inicialmente proposta por Barr

(1980), o qual segregou Spizellomycetales de Chytridiales. Posteriormente Li et al.

(1993), também apoiados em dados ultraestruturais, transferiram os representantes

poliflagelados encontrados no rúmen de herbívoros de Spizellomycetales para

Neocallimastigales. Paquin et al. (1997), analisando genes mitocondriais, transferiram

Harpochytriaceae de Chytridiales (sensu Barr 1980) para Monoblepharidales. James et

al. (2000), ao proporem que as análises filogenéticas corroboravam as modificações

taxonômicas indicadas pelos dados ultraestruturais, aliaram essas duas ferramentas e

confirmaram a polifilia de Chytridiales e a divergência de Blastocladiales de Chytridiales

(James et al. 2006). Com isso, as ordens Blastocladiales e Neocallimastigales foram

elevadas a filo, Blastocladiomycota (James et al. 2006) e Neocallimastigomycota,

respectivamente, e os representantes de Monoblepharidales para

Monoblepharidomycetes, sendo então o filo Chytridiomycota redefinido (Hibbet et al.

2007). Embora as análises moleculares e ultraestruturais estejam constantemente

15

reconfigurando a classificação dentro de Blastocladiomycota e Chytridiomycota, estudos

com este enfoque na América do Sul podem ser resumidos ao de Velez et al. (2013) para

a Argentina, no qual foram descritos três novos gêneros, não havendo, no entanto,

nenhum estudo desta natureza no Brasil.

Já os representantes de Oomycota, apesar de serem também organismos

possuidores de esporos flagelados, estão inseridos no Reino Straminipila, pois apresentam

características morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e moleculares que os distinguem

dos fungos (Alexopoulos et al. 1996, Beakes et al. 2014). Ainda hoje, estes organismos

têm sido estudados por micologistas, especialmente por ocuparem os mesmos nichos que

os fungos e por já terem sido classificados como tal (Sparrow 1960). Há dentre eles

representantes sapróbios, os quais são considerados importantes elementos na degradação

e ciclagem de nutrientes nos ecossistemas e também espécies parasitas de algas, peixes,

crustáceos, plantas, fungos, mamíferos (incluindo o homem). Alguns gêneros de

Oomycota, como por exemplo, Achlya, Aphanomyces e Saprolegnia, possuem espécies

que podem parasitar peixes e seus ovos, e em Pythium e Phytophthora se encontram

muitas espécies fitopatógenas (Alexopoulos et al. 1996). Pythium insidiosum tem se

destacado como importante parasita de vertebrados, causando pitiose em equinos,

bovinos, caprinos, cães, gatos e no homem (Alexopoulos et al. 1996), com relatos da

espécie no Brasil, especialmente na região sul (Santurio et al. 1998, Leal et al. 2001,

Bosco et al. 2005). Recente relato de Pythium aphanidermatum na espécie humana no

Afeganistão revela o quão oportunistas estes organismos podem ser (Calvano et al. 2011).

Mesmo diante da expressiva frequência e importância destes organismos

zoospóricos, que chamaremos ao longo do texto de fungos zoospóricos

(Blastocladiomycota e Chytridiomycota) e oomicetos (Oomycota), nos processos de

transferência de energia nos ecossistemas aquáticos, estudos abordando sua diversidade

e importância em reservatórios do Brasil ainda são escassos e restritos ao estado de São

Paulo, podendo ser resumidos aos trabalhos de Rocha & Merighi (1986) na Represa

Billings, Pires-Zottarelli (1990) na Represa do Lobo, Rocha & Pires-Zottarelli (2002) na

Represa do Guarapiranga e Rocha (2004) nos Lagos das Garças e das Ninféias do Parque

Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI). No entanto, somente o último discute de forma

mais aprofundada a influência dos fatores abióticos sobre os padrões de ocorrência destes

organismos. Dos 121 táxons de Chytridiomycota e 18 de Blastocladiomycota conhecidos

no Brasil (Lista de espécies da Flora do Brasil 2014), aproximadamente 79% foram

relatados para ecossistemas lóticos (rios, riachos e cachoeiras) e solos, principalmente em

16

áreas de Mata Atlântica (Beneke & Rogers 1962, 1970, Rogers et al. 1970, Lyra &

Milanez 1974, Milanez et al. 1994, Pires-Zottarelli et al. 1996, Pires-Zottarelli 1999,

Pires-Zottarelli & Rocha 2007, Pires-Zottarellli & Gomes 2007, Nascimento & Pires-

Zottarelli 2009, 2010, entre outros), sendo a diversidade em reservatórios representada

por somente 21% das espécies conhecidas no país. Este mesmo cenário pode também ser

atribuído para o filo Oomycota, que possui somente 19,5% da diversidade relatada para

ecossistemas lênticos (Rocha & Merighi 1986; Pires-Zottarelli, 1990; Rocha & Pires-

Zottarelli, 2002; Rocha, 2004), com maior representatividade dos gêneros Achlya,

Aphanomyces, Pythium e Saprolegnia.

Os reservatórios possuem grande importância devido aos diversos serviços que

prestam à população, principalmente no que se refere ao abastecimento público e geração

de energia elétrica, sendo a hidroeletricidade a principal fonte de energia do país e

responsável por 75% do total de energia produzida (Tolmasquim 2012). No entanto, sua

construção gera importantes, e muitas vezes, irreversíveis impactos, como perda da

biodiversidade e da qualidade da água e mudanças socioeconômicas regionais (Tundisi

et al. 2008). Dentre os diversos impactos antrópicos gerados, a eutrofização e o uso

desordenado do solo da bacia hidrográfica, são as variáveis que frequentemente têm sido

associadas com a perda da qualidade da água e da biodiversidade (Pusceddu et al. 2007,

Cunha et al. 2010). O processo de eutrofização tem sido bastante investigado por

representar uma das principais causas de alterações na qualidade da água e redução da

diversidade em águas continentais (Margalef 1983). Este processo geralmente associado

ao aumento da concentração de nutrientes, especialmente fósforo e nitrogênio, tem como

consequência o aumento de suas produtividades, podendo os ecossistemas aquáticos

passarem de oligotrófico ou mesotrófico para eutrófico ou mesmo hipereutrófico (Esteves

1998). Já os tipos de usos e a ocupação do solo na bacia hidrográfica possuem relações

significativas no que diz respeito às diversas substâncias químicas lançadas nos corpos

d’água, como efluentes domésticos, industriais e agrícolas, expondo diversos organismos

a uma grande variedade de compostos mutagênicos e citotóxicos (Amaral et al. 2007).

Nos reservatórios essas alterações ecológicas podem ser detectadas a partir do

monitoramento da água e do sedimento acumulado, seja este superficial ou depositado

em camadas (Birks & Birks 2006). A análise do sedimento fornece dados cumulativos e

constitui um arquivo de informações de natureza biogeoquímica, uma vez que as camadas

de deposição temporais se encontram sequencialmente acumuladas (Mozeto 2004).

Assim, o sedimento superficial representa uma amostra espacial e temporalmente

17

integrada dos eventos que se acumularam no passado recente (Smol 2008). O oxigênio,

se presente, está restrito as camadas superficiais do perfil sedimentar, e por isso, os fungos

presentes neste compartimento geralmente apresentam adaptações fisiológicas

(mecanismo fermentativo) e/ou morfológicas (esporos de resistência) para suportar tais

limitações (Wurzbacher et al. 2010). As leveduras e os representantes do filo

Chytridiomycota são considerados os grupos de fungos mais ativos no perfil sedimentar

de reservatórios (Slapeta et al. 2005) e técnicas de PFLA (Goedkoop et al. 2005,

Widenfalk et al. 2008) e clonagem (Dawson & Pace 2002, Luo et al. 2005), indicam estes

dois grupos como micota dominante nos sedimentos dos lagos e reservatórios, com

tendência de maior diversidade de espécies nos sedimentos localizados próximos as zonas

litorâneas (Collins & Willoughby 1962, Sparrow 1968). Além disso, assim como os

fungos zoospóricos, alguns poucos estudos têm apontado a importância dos oomicetos

nos processos de transferência de energia no sedimento, sendo alguns gêneros, tais como

Aphanomyces spp. e Pythium spp., considerados abundantes e ubíquos nas camadas

superficiais do perfil sedimentar (Sparrow 1968, Boopathi et al. 2015, Yang & Hong,

2015, Wurzbacher et al. 2016). No entanto, considerando a totalidade dos estudos

desenvolvidos em reservatórios, somente pouco deles (Goedkoop et al. 2005, Wildenfalk

et al. 2008, Zhang et al. 2015) analisaram a diversidade destes grupos de organismos no

sedimento superficial, sendo no Brasil estes relatos inexistentes.

Estudos abordando os efeitos dos fatores físicos, químicos e biológicos no

tamanho e composição das populações, natureza das interações entre parasitas e

hospedeiros e importância na dinâmica da ciclagem do carbono na cadeia alimentar, ainda

são escassos para estes organismos (Gleason et al. 2008). De acordo com Lefèvre et al.

(2007), os representantes do filo Chytridiomycota (quítridias) são muitas vezes

totalmente ignorados e erroneamente classificados em muitos estudos ecológicos,

especialmente os que abordam a biodiversidade em ecossistemas aquáticos. Em lagos e

reservatórios estes fungos têm sido principalmente reconhecidos como membros

proeminentes da comunidade planctônica, atuando decisivamente como parasitas,

afetando assim a sucessão do fitoplâncton e a produção primária. Além disso, tanto os

fungos zoospóricos como os oomicetos, atuam também como decompositores de

materiais recalcitrantes como quitina e celulose, e ainda disponibilizam energia dos

produtores primários e detritívoros para níveis tróficos superiores, ao terem seus

zoósporos predados pelo zooplâncton (Kagami et al. 2007, Gleason et al. 2008). Lefèvre

et al. (2012) baseando-se em análises moleculares evidenciaram que estes organismos

18

não somente compõem a comunidade planctônica dos reservatórios estudados, mas são

os organismos dominantes nestes locais. E ainda, segundo estes autores, o uso de técnicas

de clonagem mostrou que, a maioria das sequências recuperadas nestes ambientes não

combinou com qualquer táxon descrito, sugerindo que lagos e reservatórios abrigam uma

alta e inexplorada diversidade.

Embora as atuais técnicas de clonagem indiquem os fungos zoospóricos como

micota dominante de lagos e reservatórios, os fatores que afetam a variação temporal e a

estrutura da comunidade ainda permanecem pouco investigados (Wurzbacher et al.

2016). De maneira geral, quando consideramos os fungos zoospóricos e oomicetos, a

relação entre os padrões de ocorrência e distribuição em ambientes com diferentes trofias,

ainda é pouco explorada em escala global (Cooke 1976, Czeczuga et al. 1989, 1990a,b,

Czeczuga 1991a,b, Czeczuga & Woronowicz 1991, Lefranc et al. 2005, Chen et al. 2008,

Marano et al. 2011, Monchy et al. 2011), e principalmente no Brasil (Rocha 2004).

Muitos dos estudos conduzidos em ambientes com diferentes estados tróficos (Tan & Lim

1983, 1984, Czeczuga 1994, Rancovic 1998, Czeczuga & Muszynska 2001) listam

principalmente a diversidade em espécies, não relacionando os padrões de sua ocorrência

e distribuição com fatores abióticos. Czeczuga et al. (1990a,b) e Czeczuga (1991a,b)

apontaram estes organismos como tolerantes e adaptados a diferentes níveis de poluição

orgânica, mas relataram preferência dos mesmos por ambientes menos poluídos. Lefranc

et al. (2005), Chen et al. (2008), Lepère et al. (2008), Monchy et al. (2011) e Wurzbacher

et al. (2010, 2016) apontam, por meio de análises moleculares, que a diversidade tende a

ser menor em águas mais produtivas, sendo os reservatórios oligotróficos e mesotróficos

os que normalmente apresentam maior diversidade. Lefèvre et al. (2012) mostraram

maior diversidade de quitrídias em reservatórios meso-eutróficos do que em ambientes

oligotróficos, sugerindo que ambientes em estado trófico intermediário (mesotróficos)

sejam os mais propícios para ocorrência destes fungos. Para o Brasil, Rocha (2004)

sugeriu que a riqueza em espécies dos fungos zoospóricos e oomicetos dos lagos do

Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), com distintas trofias (mesotrófico e

eutrófico), apresentou correlação negativa com as concentrações de nitrogênio e fósforo,

tendo sido demonstrada e comprovada a natureza limáfoba ou limaxena destes

organismos. A autora pontua também que a ausência dos mesmos em locais amostrados

com altíssimas concentrações de nitrogênio e fósforo total indica a sua possível utilização

como bioindicadores de poluição, estando os mesmos completamente ausentes em tal

situação.

19

Com relação aos padrões sazonais de distribuição desses organismos zoospóricos

em ecossistemas lênticos, verifica-se uma grande escassez de estudos. Em regiões

temperadas se estabelece normalmente o período chuvoso como o de maior diversidade

(Czeczuga 1986; 1995; Czeczuga et al. 2010). Em regiões tropicais, os únicos estudos a

abordarem a sazonalidade em ecossistemas lênticos brasileiros foram os de Pires-

Zottarelli (1990) e Rocha (2004), os quais também apontaram ser a maior diversidade

encontrada durante a estação chuvosa.

Diante do exposto, o objetivo geral deste estudo foi avaliar a ocorrência,

frequência e abundância dos fungos zoospóricos e oomicetos em reservatórios, com

distintos estados tróficos, da Bacia Hidrográfica do Sorocaba/Médio Rio Tietê.

Objetivos específicos

Analisar pela primeira vez a diversidade destes organismos no sedimento

superficial de reservatórios do Brasil;

Comparar a diversidade na coluna d´água e sedimento superficial;

Evidenciar, dentre os fatores abióticos mensurados, os mais atuantes na

ocorrência e distribuição dos táxons nos reservatórios amostrados;

Sequenciar as regiões SSU, ITS, LSU, COX1, RPB1 e RPB2 dos táxons

cultivados, bem como, incluí-los em análises filogenéticas;

Disponibilizar pela primeira vez dados de ultraestrutura dos zoósporos de

espécimes brasileiros de Chytridiomycota, com ênfase nas espécies de

classificação filogenética incerta e com ultraestrutura desconhecida.

Hipóteses

Se os fungos zoospóricos e oomicetos respondem a mudanças na disponilidade

de nutrientes (Gleason et al. 2008; Lefèvre et al. 2012; Wurzbacher et al. 2016),

então, espera-se encontrar diferenças na composição de espécies entre

reservatórios de diferentes trofias e, espécies associadas às diferentes

disponilidade de nutrientes;

Considerando que a maior parte dos estudos em reservatórios analisaram a

diversidade dos fungos zoospóricos e oomicetos na coluna d’água (Gleason et

al. 2008; Wurzbacher et al. 2016), espera-se que a maior riqueza destes

organismos seja observada neste compartimento;

20

Já que maior riqueza de espécies foi observada durante a estação chuvosa, em

estudos desenvolvidos em ecossistemas lênticos brasileiros (Pires-Zottarelli

1990; Rocha 2004), espera-se que a riqueza de espécies de fungos zoospóricos

e oomicetos também seja maior no período chuvoso nos reservatórios

estudados.

21

METODOLOGIA GERAL

Área de estudo

Caracterização geral da Bacia hidrográfica do Sorocaba/Médio Tietê

A Bacia Hidrográfica do Sorocaba/Médio Tietê foi definida como a “Unidade de

Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI 10 – Tietê/Sorocaba” pela Lei nº 9.034/94

de 27/12/1994, e o Comitê que gerencia esta bacia (CBH-SMT), foi formado em 1995

após a implantação do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos

(SigRH). As principais preocupações compartilhadas para a formação do comitê foram a

poluição das águas do rio Tietê e do reservatório de Itupararanga, principal manancial da

bacia do Sorocaba (SigRH, 2018).

A Bacia Hidrográfica do Sorocaba/Médio Tietê (UGRHI 10) está localizada na

região centro-sudeste do Estado de São Paulo e é constituída pela Bacia do rio Sorocaba

e pela bacia do Médio Tietê superior (Fig. 1). Compreende o trecho desde a barragem do

Rasgão, à montante, até a barragem de Barra Bonita, à jusante. A UGRHI 10 é delimitada

pelas bacias do Alto Tietê (UGRHI 06) a leste, Tietê/Jacaré (UGRHI 13) a noroeste e pela

UGRHI 05 a norte e nordeste, esta última formada pelas bacias dos rios Piracicaba,

Capivari e Jundiaí, que deságuam na margem direita do rio Tietê. Na porção sul-sudoeste-

noroeste, as bacias do Alto e Médio Paranapanema (UGRHIs 14 e 17, respectivamente)

são as porções limítrofes da UGRHI 10 (IPT 2008). A região do Médio Tietê é muito

influenciada pelas bacias a montante, tanto o Alto Tietê, que despeja grande parte do

esgoto não tratados da região metropolitana de São Paulo, quanto as Bacias do Piracicaba,

Capivari e Jundiaí que transportam os efluentes da Região Metropolitana de Campinas e

do Município de Jundiaí e deságuam no trecho médio do Rio Tietê dentro da UGRHI10

(CBH-SMT, 2012).

22

Figura 1. Localização da Bacia do Sorocaba/Médio Tietê (UGRHI 10) e seus limites com as demais

UGRHIs do Estado de São Paulo (Fonte: modificado de Silva & Matsumura-Tundisi 2010).

A área total da bacia do Sorocaba/Médio Tietê é de 12.099 km2, abrangendo uma

população de 1,650 milhões de habitantes em 54 municípios (SigRH, 2018). Está

subdividida em seis sub-bacias, três delas que compõem a Bacia do Rio Sorocaba e outras

três por drenagens de pequeno e médio porte, que drenam para o rio Tietê (Fig. 2). Neste

trecho, o rio Tietê tem como principais afluentes os rios Jundiaí, Capivari e Piracicaba,

enquanto o rio Sorocaba é formado pelos rios Una, Sorocabuçu e Sorocamirim, cujas

cabeceiras se localizam nos municípios de Ibiúna, Cotia, Vargem Grande Paulista e São

Roque. No início do Rio Sorocaba, suas águas foram represadas, formando o reservatório

de Itupararanga, importante manancial da região, o qual é especialmente prejudicado

devido à poluição que recebe da região metropolitana de São Paulo (SigRH 2018). O

reservatório de Itupararanga está ligado em um continuo ao de Santa Helena, o qual é

administrado pelo grupo Votorantim e utilizado para geração de energia às fábricas de

cimento. A bacia conta ainda, com unidades de conservação estaduais, municipais e com

a Floresta Nacional de Ipanema (FLONA de Ipanema), importante área de conservação

localizada no município de Iperó, na qual está localizado o reservatório Hedberg.

23

Figura 2. Localização das seis sub-bacias da UGRHI 10 (Fonte: Redes das Águas).

Caracterização dos reservatórios estudados

Três reservatórios inseridos na Bacia Hidrográfica do Sorocaba/Médio Tietê

foram inicialmente selecionados, considerando-se os seus diferentes estados tróficos.

Suas características morfométricas, profundidade máxima e média, área, ano de

construção e finalidade de utilização constam da tabela 1.

Tabela 1. Características morfométricas dos três reservatórios localizados na bacia

hidrográfica do Sorocaba/Médio Tietê (UGRHI 10).

Reservatórios Ano

construção

Estado

trófico

Prof.

máx. (m)

Prof.

méd.(m)

Vol.

máx.

(m3)

Área

(km2)

Tempo

residência da

água

Área de

proteção Utilização

Itupararanga 1912(b)

Mesotrófico(d)

19(d)

7.8(b)

286

milhões(e)

936.51

(e) 4-13 meses

(b)

APA de

Itupararanga(b)

Abastecimento público

(e)

Hedberg 1811(c)

Eutrófico(d)

- 4.0(c)

- 0.113(c)

- “FLONA de

Ipanema” (c)

Paisagismo, pesquisa e

educação ambiental (c)

St. Helena 1938 (f)

Oligotrófico(a)

10,5(a)

- - - - Não inclusa Geração de energia elétrica

a: Lucinda (2003); b: Secchin (2012); c: Plano de manejo - FLONA (2016); d: Projeto Acquased; e: Pedrazzi et al. (2014);

f: Eletromemoria-USP 2015; (-): informação indisponível.

24

Itupararanga (Figs. 3A, 4C e 4D) – O reservatório de Itupararanga foi construído em

1912 pela empresa São Paulo Eletric Company conhecida como “Light”, e teve seu

funcionamento iniciado em 1914. Inicialmente utilizado para geração de energia elétrica

à população, em 1976, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) ficou responsável

pela sua operação e parte da energia gerada foi concentrada para abastecer a indústria de

alumínio (Pedrazzi et al. 2014). Localizado na sub-bacia do Alto Sorocaba, região onde

a economia está fortemente baseada em práticas agrícolas, este manancial tem

fundamental importância no abastecimento público da região, atendendo cerca de

1.000.000 de pessoas nos municípios de Ibiúna, Sorocaba, Mairinque e Votorantim

(Pereira 2008). O reservatório está incluído na Área de Proteção Ambiental (APA) de

Itupararanga, criada pela Lei Estadual nº 10.100, de 01 de dezembro de 1998 e alterada

pela Lei Estadual n° 11.579 de 02 de dezembro de 2003, cujo objetivo é o uso sustentável

e conservação ambiental da sub-bacia do Alto Sorocaba, a qual está fortemente ameaçada

pelo avanço dos loteamentos e uso intensivo de agrotóxicos (Plano Manejo, APA

Itupararanga). De acordo com a classificação das águas superficiais estabelecida pela

Resolução CONAMA n° 357, o reservatório se enquadra na Classe 2, podendo ser

utilizado para abastecimento e consumo humano (após tratamento convencional),

proteção das comunidades aquáticas, recreação de contato primário (natação, esportes

aquáticos e mergulho), irrigação e atividades de pesca.

Hedberg (Figs. 3B, 4A e 4B) – inserido na Floresta Nacional de Ipanema (FLONA), uma

unidade de conservação nacional criada em 1992 e atualmente administrada pelo Instituto

Nacional do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis e da Amazônia Legal

(IBAMA), o reservatório Hedberg foi formado pelo barramento do rio Ipanema e mesmo

estando inserido em uma Unidade de conservação, sofre com despejos de matéria

orgânica proveniente de áreas urbanizadas e agrícolas existentes à montante da FLONA.

Com barragem construída em 1811, durante a administração de Carl Gustav Hedberg, é

considerado o primeiro reservatório com fins de geração de energia hidráulica do país e

o segundo da América Latina. O reservatório foi importante na geração de energia para a

produção de ferro e atualmente é um elemento fundamental na composição da paisagem,

o qual teve sua margem recomposta por espécies de plantas nativas, área anteriormente

destinada à fins agrícolas (Plano de Manejo, 2016). Além disso, apresenta uma ictiofauna

típica de ambiente lêntico composta principalmente por saguirús, carás e lambaris e por

25

ser um reservatório antigo, a comunidade de peixes apresenta elevado grau de

estruturação (Plano de Manejo, 2016).

Em 2001, técnicos do IBAMA e CETESB, detectaram o vazamento de 40 mil

litros de óleo contendo ascarel na FLONA de Ipanema. Estudos toxicológicos

demonstraram que a mesma, tecnicamente denominada de alocloro 124, era altamente

tóxica e cancerígena, e potencialmente contaminante do solo e água (subterrânea ou

superficial). Na época do vazamento, os técnicos estimaram que a contaminação afetou

uma área de 5.000 m2 internos ao FLONA, e que poderia ter atingido o lençol freático, o

rio Ipanema, além do reservatório Hedberg.

Santa Helena (Figs. 3C, 4E e 4F) - localizado no entorno do município de Votorantim e

na divisa dos municípios de Mairinque e Alumínio, o reservatório é formado pelo

represamento do rio Sorocaba e está interligado ao reservatório de Itupararanga

(Eletromemoria-USP, 2015). As encostas do reservatório são ocupadas por atividades

pecuárias restritas, por remanescentes de mata nativa, reflorestamentos e áreas de lazer,

podendo ser observada a montante as instalações da fábrica de cimentos Santa Helena

(unidade industrial do Grupo Votorantim) (Eletromemória-USP, 2015).

Figura 3 A-C. Localização dos pontos de coleta nos reservatórios de Itupararanga (A), Hedberg (B) e Santa

Helena (C). Fonte: Projeto AcquaSed- FAPESP-2009/53898-9

26

Periodicidade de amostragem e seleção dos pontos de coleta

Durante os anos de 2014 e 2015 foram realizadas quatro amostragens (Agosto/2014;

Dezembro/2014; Março/2015 e Julho/2015), nas quais foram coletadas amostras de água

em diferentes profundidades da coluna d’água, bem como no sedimento superficial. Os

pontos de coleta (Tab. 2 e Fig. 3) foram definidos em estudo prévio (projeto temático

AcquaSed – n° processo FAPESP-2009/53898-9), considerando o corpo central dos

principais braços, a entrada dos principais tributários, além da proximidade com as

estações de captação de água (Figs. 3 e 4).

Tabela 2. Pontos de coleta dos três reservatórios da Bacia Hidrográfica do

Sorocaba/Médio Tietê (Fonte: Projeto AcquaSed- FAPESP-2009/53898-9)

Reservatório Ponto Coordenadas

Sul Oeste

Santa Helena

1 23°34'49,92'' 47°25'32,64''

2 23°34'58,56'' 47°25'50,52''

3 23°34'54,30'' 47°26'12,12''

Hedberg

1 23°25'55,86'' 47°35'33,06'

2 23°25'40,86'' 47°35'31,14''

3 23°25'33,72'' 47°35'42,66''

Itupararanga

1 23°37'11,58'' 47°13'59,34''

2 23°36'51,96'' 47°18'50,22''

3 23°37'12,96'' 47°19'37,20''

4 23°38'50,36'' 47°22'14,52''

5 23°36'53,10'' 47°23'34,70''

Em cada coleta foram amostrados 11 pontos, considerando-se os três reservatórios

(Fig. 3, 4 e Tab. 2), sendo em cada um deles coletadas amostras em diferentes

profundidades da coluna d’água (superfície, profundidade média e 1m acima do fundo),

bem como do sedimento superficial (2 cm superficiais).

27

Figura 4 A-F. Reservatórios amostrados durante o período de estudo. A-B. Hedberg. C-D. Itupararanga. E-

F. Santa Helena.

Amostragem do sedimento superficial e coluna d’água

As amostras de sedimento superficial de cada ponto foram coletadas com auxílio

do testemunhador de gravidade UWITEC™ (Fig. 5A-C), aproveitando-se os dois

primeiros centímetros superficiais, os quais geralmente integram de um a dois anos de

informação (Smol 2008), enquanto as diferentes profundidades da coluna d’água foram

coletadas em garrafa de Van Dorn (Fig. 5D e 5E).

28

Figura 5 A-E. Equipamentos utilizados para coleta de água e sedimento. A-C. Testemunhador de gravidade

UWITEC. D-E. Garrafa de Van Dorn

Fatores abióticos mensurados na coluna d’ água e sedimento superficial

Água: Em cada ponto de amostragem foram medidos in situ os perfis verticais de

temperatura, pH e condutividade elétrica a cada 0,5m até a estabilização do perfil térmico

e, a partir desse ponto, a cada 1,0m até o fundo, utilizando sonda U51-Horiba. A

transparência da água foi determinada a partir da profundidade de desaparecimento do

disco de Secchi e o cálculo da profundidade da zona eufótica feito multiplicando-se por

2,7 o valor da profundidade obtido pelo disco de Secchi (Cole 1994). O oxigênio

dissolvido foi analisado adotando-se o método de Winkler modificado (Golterman &

Clymo 1969), e o nitrogênio total e o fósforo total seguiram a metodologia de Valderrama

(1981).

29

Sedimento: Os marcadores geoquímicos avaliados no sedimento superficial foram o

fósforo total, o carbono orgânico total e o nitrogênio total (Valderrama 1981, Andersen

1976). Com o objetivo de compor a heterogeneidade das estações de amostragem, as

amostras de sedimento (n = 3) foram integradas antes da realização de cada análise,

utilizando-se sempre a mesma alíquota de cada amostra individual. Os dados foram

obtidos junto ao projeto Acquased (n° processo FAPESP-2009/53898-9), com o qual este

estudo está vinculado.

Cálculo do Índice de Estado Trófico (IET) e Clorofila-a

O Índice de Estado trófico (IET) dos reservatórios foi analisado mediante a

quantificação do fósforo total e clorofila-a. Esta última, pigmento clorofilado dominante

nas algas, além de ser utilizada para caracterizar o estado de trofia de um corpo de água,

pode ser usada para estimar a composição da biomassa algal (população fitoplanctônica).

Porém, deve-se observar que a concentração de pigmentos das algas pode variar

amplamente, dependendo do metabolismo, luz, temperatura, disponibilidade de

nutrientes, além de muitos outros fatores. Além disto, pigmentos clorofilados podem se

degradar para produtos relativamente estáveis, como as feofitinas, que interferem nos

métodos de determinação da clorofila-a (Wetzel 2001). Para quantificação deste

pigmento, as amostras foram filtradas a vácuo em filtros Whatman GF/F 47 mm, sob

baixa pressão (<0,5 atm), ainda no dia de coleta. Em seguida, foi empregado o método do

etanol 90% aquecido por 5 minutos, sem maceração (Sartory & Grobellar 1984). Os

cálculos foram baseados em Golterman et al. (1978) com correção da feofitina. Optou-se

por calcular o IET sem os dados do disco de Secchi, uma vez que os valores de

transparência muitas vezes não são representativos do estado de trofia, pois esta pode ser

afetada pela elevada turbidez decorrente de material mineral em suspensão e não apenas

pela densidade de organismos planctônicos (CETESB 2013). Para a classificação do grau

de trofia foi adotado o critério proposto por Carlson (1977) modificado por Lamparelli

(2004) (Tabela 3).

30

Tabela 3. Critério utilizado para classificação da trofia dos reservatórios segundo Carlson

(1977), modificado por Lamparelli (2004).

CLASSIFICAÇÃO IET

Ultraoligotrófico IET ≤ 47

Oligotrófico 47 < IET ≤ 52

Mesotrófico 52 < IET ≤ 59

Eutrófico 59 < IET ≤ 63

Supereutrófico 63 < IET ≤ 67

Hipereutrófico IET > 67

Plaqueamento e iscagem das amostras

Em laboratório, as amostras coletadas foram iscadas com substratos celulósicos

(epiderme de cebola, palha de milho, celofane e semente de Sorghum sp.), quitinoso

(exoesqueleto de camarão), queratinoso (ecdise de cobra), bem como grãos de pólen de

Pinus sp., seguindo metodologia descrita em Milanez et al. 1989. Todos os substratos

(iscas), quando possível, foram padronizados em discos de 0,6 cm de diâmetro, dos quais

foram adicionados dois pedaços por placa, no intuito de padronizar a metodologia e

cálculos comparativos. Para as amostras de diferentes profundidades da coluna d’água

foram utilizados 30 mL para cada amostra, enquanto para o sedimento superficial,

compartimento ainda pouco analisado com relação à diversidade de organismos

zoospóricos, foram padronizados 15 g para cada amostra, os quais foram diluídos em 30

mL de água destilada autoclavada. Esta quantidade foi adotada com base nos

procedimentos de iscagem de solo para os organismos zoospóricos (Jesus et al. 2013,

Jerônimo et al. 2015).

Análises estatísticas e índices de diversidade

A abundância (A) foi determinada com base no número de ocorrências,

considerando a presença ou ausência dos táxons em cada tipo de isca, nas diferentes

profundidades da coluna d’água (superfície, meio e fundo) e sedimento superficial

(Nascimento et al. 2011, adaptado). A frequência de ocorrência foi calculada em cada

estação (seca ou chuvosa) considerando-se: (número de amostras colonizadas por um

determinado táxon/número de amostras analisadas) × 100.

A estrutura da comunidade nas diferentes estações (seca e chuvosa) foi

caracterizada pela: (i) riqueza de espécies (S); (ii) Índice de diversidade de Shannon: (H’)

= -Σpi lnpi, onde pi é a abundância da espécie i na comunidade; (iii) Equitatividade (E) =

31

H’/Hmax’, em que Hmax’ é o valor máximo de diversidade para o número de táxons

presentes; (iv) Índice de dominância de Simpson: (D) = 1 - Σ (pi)2 baseado na abundância

dos táxons (Zak & Willig 2004); e (v) Índice de similaridade de Sorensen, utilizado para

comparar a composição dos táxons entre as estações (seca e chuvosa) e compartimentos

(coluna d’água e sedimento superficial), sendo SI = [2c/(a + b)] × 100, onde “c” é o

número de táxons comuns em ambas as estações ou compartimentos, “a” é o número de

táxons exclusivos da estação seca ou coluna d’água e “b” é o número de táxons exclusivos

da estação chuvosa ou sedimento superficial (Müeller-Dumbois & Ellemberd 1974).

A análise de componentes principais (PCA) foi utilizada para ordenar os dados

abióticos a partir de uma matriz de correlação, onde os dados foram transformados para

log (x +1), exceto pelo pH. As PCoAs dos dados bióticos da coluna d’água e sedimento

superficial foram calculadas com base na distância euclidiana com base na riqueza dos

táxons, para os quais foram desconsiderados os táxons com apenas uma ocorrência ao

longo do estudo. Ambas as análises, assim como a transformação, foram realizadas no

programa PC-ORD 6.0 (McCune & Mefford, 2011).

Variáveis climáticas

Os dados das variáveis climáticas foram obtidos nas estações meteorológicas mais

próximas dos locais de amostragem, sendo os dados de Itupararanga e Santa Helena

cedidos pelo Grupo Votorantim, enquanto os de Hedberg foram disponibilizados pela

sede da Marinha no município de Ipéro. As variáveis incluíram os valores médios de

precipitação pluviométrica e temperatura do ar, os quais foram representados de forma

gráfica.

Isolamento, cultivo e manutenção dos organismos zoospóricos

Os espécimes de organismos zoospóricos, isolados em iscas, foram inoculados em

meio de cultura a partir de fragmentos de micélio e rizomicélio ou por meio da captura

de zoósporos no momento da liberação dos mesmos (Sparrow 1960). Os espécimes foram

posteriormente purificados em meio de cultura sólido contendo 100 mg/L de penicilina

G e 100 mg/L de sulfato de estreptomicina (PmTG – 0,4 g leite peptonizado, 0,4 triptona,

2,5 g glicose, 16 g ágar, 1 L água destilada; CMA com glicose – 16 g corn meal ágar, 2,5

g glicose, 1 L água destilada; YpSs – 4 g extrato de levedura, 15 g amido solúvel, 1 g

K2HPO4, 0,5 g MgSO4 x 7H2O, 1 L água destilada e/ou MP5 – 4 g maltose, 1 g peptona,

32

16 g ágar, 1 L água destilada) e então depositados na Coleção de Cultura de Algas, Fungos

e Cianobactérias do Instituto de Botânica (CCIBt) (Fig. 6A-M). Os representantes de

Oomycota foram preservados em tubos com meio de cultura sólido (MP5, CMA), e em

frascos Wheaton contendo água destilada autoclavada, nos quais foram adicionados

fragmentos de meio de cultura contendo micélio em desenvolvimento, além de sementes

de Sorghum sp. Já os isolados de Chytridiomycota foram preservados em tubos contendo

meio de cultura sólido (CMA com glicose e PmTG), além de serem criopreservados

(método descrito abaixo). Os isolados de ambos os grupos foram mantidos em sala

climatizada (17°C), além de serem estocados em geladeira a cerca de 4°C.

Figura 6 A-M. Inclusão dos isolados de Chytridiomycota na Coleção de Cultura de Algas, Fungos e

Cianobactérias do Instituto de Botânica CCIBt. A. Culturas purificadas em placas. B-K. Crescimento dos

isolados em tubos contendo meio de cultura PmTG. L-M. Armazenamento na coleção

33

Criopreservação dos isolados de Chytridiomycota

A fim de preservar os isolados e mantê-los viáveis por um longo período, optamos

por criopreservá-los de acordo com o protocolo descrito em Boyle et al. (2004) e

resumido a seguir: cada isolado de Chytridiomycota foi cultivado em meio líquido PmTG

(35 mL) em tubos de centrífuga (tubos Falcon) por duas (espécies monocêntricas) ou

três semanas (quitridias policêntricas) (Fig. 7A). Após este período, os tubos foram

centrifugados a 4000 rpm durante 20 minutos e o sobrenadante removido para obtenção

da biomassa fúngica. Durante este processo, foi preparado o meio criopreservante (10 mL

de meio líquido PmTG, 1 mL de dimetilsulfato (DMSO) e 1 mL de soro fetal bovino) do

qual, foram adicionados 6 mL em cada tubo Falcon contendo o “pellet”. Esta mistura foi

pipetada para dissolver o “pellet” e depois 1 mL foi adicionado em cada criotubo (6

criotubos por isolado). Após o período de incubação apropriado (30 min em temperatura

ambiente), todos os criotubos foram colocados em um recipiente criopreservante e depois

estocados em ultra-freezer (Fig. 7B-F).

34

Figura 7 A-F. Protocolo de criopreservação. A. Adição da solução criopreservante nos tubos Falcon®. B.

Transferência da solução contendo o “pellet” de tecido para os criotubos. C-F. Estoque dos criotubos no

container criopreservante

Extração, amplificação, sequenciamento e análises filogenéticas dos organismos

zoospóricos

O DNA genômico dos espécimes cultivados foi extraído a partir de culturas puras,

com auxílio do kit de extração “PureLink Genomic DNA Kit” (Invitrogen™). Para os

fungos zoospóricos, as regiões SSU (18S), ITS e LSU (28S) do rDNA foram

amplificadas, respectivamente, com os “primers” NS4/SR1R, ITS4/ITS5 (White et al.

1990) e LR0R/LR5 (Vilgalys 2013), enquanto as regiões RPB1 e RPB2 (mDNA) foram

amplificadas com os “primers” RPB1Af/RPB1Dr (Stiller & Hall 1997) e

RPB26.5f/RPB211br (Liu et al. 1999), respectivamente. De acordo com Liu et al. (2006),

as regiões SSU (18S), RPB1 e RPB2, são altamente conservadas e fornecem informações

35

filogenéticas com alto grau de confiança para altos níveis hierárquicos (ordens, classes e

filos), enquanto as regiões ITS e 28S podem ser utilizadas para análises filogenéticas mais

precisas (espécies, gêneros e famílias) (James et al. 2006). Já para os representantes de

Oomycota, as regiões ITS, LSU e COX1 foram amplificadas com os “primers” UN-

up18S42/UN-lo28S22 (Levesque & de Cock 2004), LR0R/LR6-O (Riethmüller et al.

2002) e OomCoxI-Levup/OomCoxI-Levlo (Robideau et al. 2011), respectivamente.

Robideau et al. (2011), apontam que a região COX1 do mDNA juntamente com a ITS do

rDNA podem ser utilizadas para identificação dos táxons em nível especifico e que, em

alguns casos, o COX1 pode ser mais efetivo do que a região ITS. As reações de PCR

foram realizadas com o kit “PCR Supermix” (Invitrogen©) e os parâmetros inseridos no

termociclador foram os descritos em James et al. (2006): 94ºC por 1 minuto, seguido por

35 ciclos de desnaturação a 94ºC por 30 segundos, anelamento a 55ºC por 30 segundos,

extensão a 72ºC por 5 minutos e extensão final a 72ºC por 10 minutos. Posteriormente,

os amplicons foram purificados com o kit AxyPrep PCR Clean-up (Axygen©). As

sequências consenso foram geradas no programa “Sequencher™ 4.1.4” (Gene Codes),

enquanto o alinhamento foi realizado online pela ferramenta MAFFT 7.058 (Kazutaka &

Daron 2013). As diferentes regiões gênicas foram concatenadas no SequenceMatrix 1.8

(Vaidya et al. 2010), enquanto a escolha dos modelos de substituição de nucleotídeos foi

realizada no programa JModelTest 2.2.4. Os filogramas de Máxima Verossimilhança

foram construídos no Garli 2.01 (Bazinet & Cummings 2008) (para análises

concatenadas) e no PhyML 3.1 (Guindon and Gascuel 2003) para análises de uma única

região gênica.

Ultraestrutura dos zoósporos de representantes de Chytridiomycota

A ultraestrutura dos zoósporos é um tipo de análise onde se observa a presença ou

ausência de determinadas organelas, bem como sua posição relativa dentro da célula,

através de microscopia eletrônica de transmissão. Esta ferramenta é usualmente utilizada

no estudo dos fungos zoospóricos (Chytridiomycota, Blastocladiomycota e

Neocallimastigomycota), pois alguns autores como Li et al. (1993) e Letcher et al. (2005)

admitem que as características ultraestruturais são evolutivamente mais conservadas do

que a morfologia do talo e, portanto, fornecem informações importantes sobre a inter-

relação dos táxons.

36

O passo mais crítico para análise da ultraestrutura dos zoósporos é justamente a

produção de quantidade suficiente de zoósporos em meio de cultura sólido. Ao longo do

processo ocorrem inúmeras perdas, e caso a quantidade inicial não seja adequada,

dificilmente será possível observar todas as estruturas no final do processo. Com o intuito

de estimular a produção máxima de zoosporângios e zoósporos, foi preparado o meio de

cultura YpSs/8 utilizando água de solo, assim como mencionado por Lucarotti (1981).

De acordo com este autor, este meio foi capaz de estimular ou aumentar a produção de

zoosporângios e zoósporos nas espécies Cladochytrium replicatum Karling e

Nowakowskiella elegans Nowak. O meio foi preparado aquecendo-se 7 g de solo de

jardim (~65°C) com 0,05 g de carbonato de cálcio em 250 mL de água destilada durante

2 horas em 2 dias consecutivos. Esta mistura foi então filtrada duas vezes com filtro de

papel Whatman® n°.1, diluída (uma parte de água de solo para duas partes de água

destilada) e por fim autoclavada (Fig. 8A-F).

Figura 8 A-F. Preparo do meio YPSS/8 utilizando água de solo. A-C. Aquecimento do solo. D-E. Filtragem

do solo. F. Plaqueamento do meio YPSS/8

37

As análises de ultraestrutura dos isolados de Chytridiomycota foram realizadas

em parceria com o laboratório do Dr. Timothy Y. James (Evolutionary Genetics of Fungi

Laboratory) em Michigan (EUA), durante o período de Bolsa de Estágio de Pesquisa no

Exterior (BEPE), financiada pela Fapesp (n° processo FAPESP 2016/25800-8). O

protocolo utilizado está descrito e ilustrado com detalhes abaixo, por ser o primeiro desta

natureza descrito totalmente em português.

Protocolo de Microscopia Eletrônica de Transmissão (Chytridiomycota)

Crescimento dos isolados e coleta de zoósporos (Fig. 9A-C): Vinte placas de Petri

contendo meio de cultura sólido (PmTG) foram inoculadas com culturas puras, e então

incubadas a aproximadamente 25°C. Entre 7 e 15 dias, ou assim que os zoosporângios

tiverem crescido por toda a extensão da placa, as mesmas foram submersas com água

deionizada ultrapura (1 mL por placa) (Fig. 9A) e então, o líquido contendo os zoósporos

foi coletado após 1 hora de submersão, o qual foi adicionado a um tubo Falcon® (Fig.

9B, C).

38

Figura 9 A-C. Crescimento e coleta de zoósporos de quitridias A. Submergindo as placas. B-C. Fixando os

zoósporos com gluteraldeido 3%

Preparo dos reagentes: para as etapas de fixação é necessária a preparação prévia dos

reagentes descritos abaixo (Fig. 10A-G)

1. Tampão 0,2 M sym-colidina: foi utilizado o kit s-colidina comercializado pela

EMS© (Electron Microscopy Sciences). O kit contém ampolas de 9 mL de ácido

clorídrico (HCL a 2N) e de 5,34 mL de s-colidina. A solução foi preparada pela

adição de uma ampola de 9 mL de HCL (2N) e 1 ampola de 5,34 mL de s-colidina

em uma Becker de 500 mL de capacidade. Foram então adicionados 186 mL de

água deionizada ultrapura, resultando em uma solução tampão final de 200 mL.

39

2. Tampão 0,1 M sym-colidina: 50 mL da solução tampão a 0,2 M de s-colidina

(passo anterior, 1) foi diluída em 50 mL de água deionizada ultrapura, resultando

em uma solução tampão final de 100 mL de s-colidina a 0,1M.

3. Tampão 0,05 M sym-colidina: 25 mL da solução tampão de 0,1 M (passo 2) de s-

colidina foi diluída em 75 mL de água deionizada ultrapura, resultando em uma

solução tampão final de 100 mL de s-colidina a 0,05M.

4. Tampão de gluteraldeído 3% em 0,1 M de s-colidina: uma ampola de 10 mL de

gluteraldeído a 50% foi diluída em 156 mL de tampão s-colidina a 0,1 M,

resultando em 166 mL de gluteraldeído a 3%.

5. Acetona 100% com esferas de cerâmica (3A): a acetona 100% foi preparada com

adição de esferas de cerâmica (tamanho 3A) para remoção da água residual. Este

reagente deve ser preparado na semana que antecede o início do protocolo de

fixação.

6. Solução de tetróxido de ósmio 1%: foi utilizado o tetróxido de ósmio da EMS©.

Uma ampola de 2 mL (4% de concentração inicial) foi diluída em 2 mL de água

deionizada ultrapura, resultando em uma solução de 4 mL (2% de concentração).

Essa solução foi diluída novamente em mais 1 mL de água deionizada ultrapura,

resultando então na solução de trabalho de 1% de tetróxido de ósmio.

7. Acetato de uranila a 2%: foi utilizado o acetato de uranila (EMS©, 25 g UrAc), o

qual foi diluído em 10 mL de etanol 70% até a saturação. Essa solução adicionada

em um frasco âmbar, para evitar contanto com a luz, e então mantida em

temperatura ambiente.

40

Figura 10 A-G. Preparo dos reagentes. A-D. Preparo do gluteraldeído a 3%. E. Diluições de s-colidina. F.

Acetona a 100%. G. Acetato de uranila a 2%

Fixação dos zoósporos: igual volume de gluteraldeido 3% (20 mL) foi adicionado aos

tubos Falcon contendo a suspensão de zoósporos removidos das placas. Essa solução

penetra e fixa os zoósporos em cerca de hora de contato, mas para otimização dos efeitos,

os frascos foram mantidos na geladeira (~5°C) durante a noite (Fig. 9B, C).

Lavagem: o material fixado foi subsequentemente lavado por três vezes com solução

tampão de 0,1 M de s-colidina para remoção do gluteraldeído residual. Após cada

procedimento de lavagem, os zoósporos foram centrifugados a ~3G para formação de

“pellet” e o sobrenadante descartado, com posterior resuspensão do “pellet” em tampão

de s-colidina a 0,1 M.

41

Osmificação (Fig. 11A-D): O material anteriormente fixado e lavado foi então pós-fixado

em 1% de tetróxido de ósmio e mantido na geladeira durante a noite. Assim que a solução

de tetróxido de ósmio entra em contato com o “pellet’ de zoósporos, o mesmo adquire

uma coloração escurecida (Fig. 11D). Após o período de osmificação, o material foi

lavado uma vez com s-colidina a 0,1 M, seguido por três lavagens com água deionizada

ultrapura, para remoção de qualquer resíduo de tetróxido de ósmio.

Figura 11 A-D. Osmificação. A-C. Pós-fixação com 1% de tetróxido de ósmio. D. Reação do tetróxido de

ósmio com o “pellet” de zoósporos

Infusão em ágar (Fig. 12 A-P): Após as lavagens da etapa de pós-fixação, o “pellet” foi

infundido com 2% de ágar nobre. Para preparação do ágar nobre, 25 mL de água

deionizada ultrapura foi misturado com 0,5 g de ágar nobre e aquecido até o ágar se

42

dissolver por completo (Fig. 12A-E). Ainda quente, o ágar nobre foi adicionado em um

tubo de vidro de fundo cônico contendo o “pellet” de zoósporos, o qual foi deslocado para

o meio da coluna de ágar (esse talvez seja o passo mais delicado do processo, pois o

“pellet” pode se desfazer facilmente, diluindo tanto a suspensão de zoósporos, que os

encontrar no final seja muito complicado). Uma vez que “pellet” tenha sido infundido em

ágar aquecido, ele foi colocado na geladeira por 15 minutos para solidificar. Após a

solidificação do ágar, o bloco de ágar contendo o “pellet” no centro, foi removido do tubo

de vidro e colocado em uma placa de Petri (Fig. 12G-I). O material infundido foi

dissecado em pequenos blocos de ágar (Fig. 12J-N), os quais foram colocados em um

recipiente de plástico contendo 16 mL de água deionizada ultrapura (Fig. 12O-P).

Figura 12 A-P. Infusão do “pellet” com 2% de ágar nobre. A-E. Preparação do ágar nobre. F. Adição de

ágar nobre líquido. G-I. Remoção do ágar solidificado do tubo de vidro. J-N. Dissecção do bloco de ágar

em blocos menores. O-P. Adição de água deionizada ultrapura

43

Desidratação: para remoção de toda a água do passo anterior, um agente desidratante

(acetona) foi adicionado em uma serie gradual de 10%, 30%, 50%, 70%, 85%, 95% de

concentração durante 20 minutos em cada diluição, além de duas adições de acetona

100%, por 20 minutos, após as etapas anteriores.

Preparo da resina Epon-Araldite (Fig. 13A-P): essa resina foi preparada usando cinco

reagentes, os quais foram adicionados sequencialmente e misturados por 5 minutos, entre

cada nova adição (Fig. 13A-P). Inicialmente foram adicionados 11 mL de anidrido

dodecenil-succínico (DDSA) (Fig. 13B-F), seguido por 5,2 mL de resina Epon (812) (Fig.

13G-I), 8,1 mL de araldite (Fig. 13J-L), 0,75 mL de dibutilftalato (Fig. 13M) e 27 gotas

de Tris-dimetilaminometil fenol (DMP 30).

Figura 13A-P. Preparo da resina. A-F. Adição de DDSA. G-I. Adição de resina Epon 182. J-L. Adição de

Araldite. M. Adição de dibutilftalato. O-P. Resina finalizada após adição de DMP 30

44

Infiltração dos blocos com series diluídas de resina (Fig. 14A-M): a resina EPOX é o

material mais adequado para a preparação dos moldes finais, pois ela é solúvel em acetona

e, além disso, é um material fácil de seccionar, além de ser relativamente estável em feixe

de elétrons. O material desidratado (em acetona 100%) foi infiltrado em série graduada

de resina EPOX de 25% (25% de resina, 75% de acetona) por 2 horas, 50% (50% de

resina e 50% de acetona) e 75% (75% de resina, 25% de acetona) por 2 horas cada e 100%

de resina durante a noite, para eliminar todos os vestígios de acetona.

Figura 14 A-M. Infiltração dos blocos de ágar com diferentes diluições de resina

Preparo dos moldes (Fig. 15A-U): O material biológico totalmente infiltrado, bem como

as legendas correspondentes e o molde de inclusão (Fig. 15A-U), foram colocados na

máquina de vácuo durante a noite para remover quaisquer vestígios de bolhas de ar (Fig.

15D, E, F). Depois disso, o material biológico foi adicionado no molde, juntamente com

45

as legendas (Fig. 15G-Q) e então preenchido com resina Epon-Araldite recém-preparada

(Fig. 15F), a qual foi posteriormente polimerizada durante 72 horas a 65ºC. Os melhores

blocos foram selecionados para serem seccionados (Fig. 15R-U).

Figura 15 A-U. Última etapa da preparação da resina e adição dos blocos de ágar nos moldes

Secção dos blocos moldados (Fig. 16 A-H): A secção dos blocos moldados foi realizada

em um ultra micrótomo (Fig. 16A-H). O material foi inicialmente aparado (Fig. 16C-E)

à mão, até formação de um trapézio de aproximadamente 0,1 mm. O bloco foi então

aparado no ultra micrótomo (Fig. 16F) e depois cortado em secções de 80-120 nm, por

uma faca de diamante. Estas secções em série foram recolhidas em anéis de níquel (malha

100-300) (Fig. 16G-H) para então serem coradas com citrato de chumbo a 2%.

46

Figura 16 A-H. Secção dos blocos moldados em um ultra micrótomo e adição das secções em anéis de

níquel

Corando as secções (Fig. 17A-J): As secções foram então coradas durante 5 min em 2%

de citrato de chumbo para obtenção de contraste. Depois disso, as secções foram lavadas

duas vezes com água deionizada ultrapura para remoção de todos os vestígios de citrato

de chumbo.

47

Figura 17 A-J. Corando as secções com 2% de citrato de chumbo

Análise por microscopia eletrônica de transmissão: Depois das secções totalmente secas,

as mesmas foram examinadas em microscópio eletrônico de transmissão (modelo JEL-

1400) a 80 kV. Secções aleatórias foram observadas para obtenção de imagens

ultraestruturais.

48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Amal, E. A., Aïcha, E. A. & Bernard, P. 2005. Achlya abortispora, a new Oomycete

isolated from water samples taken from a water reservoir in Morroco. Current

Microbiology 53: 60-67.

Amaral, A.M., Barbério, A., Voltolini, J.C. & Barros, L. 2007. Avaliação preliminar

da citotoxicidade e genotoxicidade da água da bacia do rio Tapanhon (SP-Brasil)

através do teste Allium (Allium cepa). Revista Brasileira de Toxicologia 20: 65‑72.

Birks, H.H. & Birks, H.J. 2006. Multi-proxy studies in palaeolimnology. Vegetation

History Archaeobotany 15: 235-251.

Carlson, R.E. 1977. A trophic state index for lakes. Limnology and Oceanography, 22:

361-369.

CEPAGRI – Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a

Agricultura (2018). Disponível online em: http://www.cpa.unicamp.br/outras-

informacoes/clima-dos-municipios-paulistas.html. Acessado em 06 Junho de 2018.

CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. 2013. Relatório de

qualidade das águas superficiais no Estado de São Paulo. Parte 1. São Paulo, 301 p.

Chen, M., Chen, F., Yu, Y., et al. 2008. Genetic diversity of eukaryotic microorganisms

in Lake Taihu, a large shallow subtropical lake in China. Microbiology Ecology 56:

572−583

CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente. 2005. Resolução n° 357, de 17 de

março de 2005. Ministério do Meio Ambiente. p. 23.

Colins, C. & Willoughby, L.G. 1962. The distribution of bacteria and fungal spores in

Blelham Tarn with particular reference to an experimental overturn. Archiv für

Mikrobiologie 43: 294-307.

Cooke, W.B. 1976. Fungi in sewage. In. Gareth Jones, E.B (Ed.). recent advances in

Aquatic Mycology. London: Elek Science p. 389-434.

Czeczuga, B. Woronowicz, L., Brzozowska, K. & Chomutowska, H. 1989. Studies of

aquatic fungi IX. Mycoflora of different types springs. Acta Hydrobiologica 31: 273-

283.

Czeczuga, B. Woronowicz, L., Brzozowska, K. 1990a. Studies of aquatic fungi XII.

Aquatic fungi of the lowland river Biebrza. Acta Hydrobiologica 26: 77-83.

49

Czeczuga, B. Woronowicz, L., Brzozowska, K. 1990b. Studies of aquatic fungi XIII.

Mycoflora of river Czarna Hancza and its tributary, the river Marycha. Internationale

Revue der gesamten Hydrobiologie 75: 245-255.

Czeczuga, B. 1991a. Studies of aquatic fungi. Part XVI. Aquatic fungi of the river Pisa

and its tributary, the river Skroda. Acta hydrochimica et hydrobilogica 19: 57-65.

Czeczuga, B. 1991b. Studies of aquatic fungi. Part XXII. Mycoflora of the river

Wegorapa and its tributary, the river Goldapa-Jarka. Acta hydrochimica et

hydrobiologica 19: 517-528.

Czeczuga, B. & Woronowicz, L. 1991. The lake Mamry complex. Acta Mycologica 27:

93-103.

Czeczuga, B. 1994. Studies of aquatic fungi. Part XVII. Aquatic fungi of Lake Hancza

in the Suwalki Scenic Park and some adjacents lakes (northeastern Poland). Acta

Hydrobiologica 36: 371-385.

Czeczuga, B. & Muszynska, E. 2001. Zoosporic fungi growing on Gymnosperm pollen

in water of variety trophic state. Polish Journal of Environmental Studies 10: 89-94.

Dawson, S.C. & Pace, N.R. 2002. Novel Kingdom-level eukaryotic diversity in anoxic

enviroments. Proceedings Natural Academic Sciences of USA 99: 8324-8329.

Esteves, F.A. 2011. Fundamentos de limnologia. Rio de Janeiro. Interciencia. 3 ed. 826p.

FLONA – Floresta Nacional de Ipanema, Plano de Manejo. 2016. Instituto Chico

Mendes de Preservação da Biodiversidade.

Gerphagnon, M., Latour, D., Colombet, J. & Sime-Ngando, T. 2013. A double

staining method using SYTOX green and calcofluor white for studing fungal parasites

of phytoplankton. Applied and Environmental Microbiology

dx.doi.org/10.1128/AEM.00696-13.

Gleason, F. H., Karpov, S.A., Lilje, O., Macarthur, D.J. et al. 2014. In: Gareth Jones,

E. B., Hyde, K. D. e Pang, K. (Eds.). Zoosporic parasites of phytoplankton. Walter

de Gruyter GmbH, Berlin/Boston, pp.279-304.

Goedkoop, W., Widenfalk, A., Haglund, A.L., et al. 2005. Microbial characterization

of artificial sediment and comparisons with natural sediments – implications for

toxicity test. Environmental Taxicological Chemistry 24: 2725-2733.

Golterman, H.L. & Clymo, R.S. 1969. Methods for chemical analysis of freshwaters.

Oxford and Edinburg: Blackwell Scientific Publications. International Biological

Programme. 171p.

50

Grossart, H.P. & Rojas-Jimenez, K. 2016. Aquatic fungi: targeting a forgotten in

microbial ecology. Current opinion in Microbiology 31: 140-145.

James, T.Y., Letcher, P.M., Longcore, J.E., Mozley-Standridge, S.E. et al. 2006. A

molecular phylogeny of the flagellated fungi (Chytridiomycota) description of a new

phylum (Blastocladiomycota). Mycologia 98: 860-871.

Jerônimo, G.H., Jesus, A.L., Marano, A.V., et al. 2015. Diversidade de

Blastocladiomycota e Chytridiomycota do Parque Estadual da Ilha do Cardoso,

Cananéia, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 42: 135-163.

Jerônimo, G.H., Jesus, A.L., Rocha, S.C.O. Gonçalves, D.R. et al. 2017. New insights

into Plectospira genus (Oomycetes, Straminipila): morphological and molecular

analysis. Phytotaxa 307: 191-198.

Kagami, M., E. Van Donk, A. de Bruin, M. Rijkeboer & B. W. Ibelings, 2004.

Daphnia can protect diatoms from fungal parasitism. Limnology and Oceanography

49: 680-685.

Kagami, M., Bruin, A., Ibelings, B.A. & Donk, E.V. 2007. Parasitic chytrids: their

effects on phytoplankton communities and food-web dynamics. Hydrobiologia: 578:

113-129.

Kagami, M.; Helmsing, N. R.; Van Donk, E. 2011. Parasitic chytrids could promote

copepod survival by mediating material transfer from inedible diatoms.

Hydrobiologia 659: 49-54.

Kagami, M., Miki, T. & Takimoto, G. 2014. Mycoloop: chytrids in aquatic food webs.

Frontiers in Microbiology doi: 10.3389/fmicb.2014.00166.

Karling, J. S. 1977. Chytridiomycetarum Iconographia. Lubrecht & Cramer, Vaduz.

Lamparelli, M.C. 2004. Grau de trofia em corpos d’água do estado de São Paulo:

avaliação dos métodos de monitoramento.Tese de doutorado, Universidade de São

Paulo, 235 p.

Lefèvre, E., Bardot, C., Noël, C., Carrias, J.F., Viscogliosi, E. et al. 2007. Unveiling

fungal zooflagellates as members of freshwater picoeucakaryotes: evidence from a

molecular diversity study in a deep meromictic lake. Environmental Microbiology: 9:

61-71.

Lefèvre, E., Letcher, P. & Powell, M. 2012. Temporal variation of small eukaryotic

community in two freshwater lakes: emphasis on zoosporic fungi. Aquatic microbial

Ecology67: 91-105.

51

Lefranc, M., Thénot, A., Lepère, C. & Debroas, D. 2005. Genetic diversity of small

eukaryotes in lakes differing by their trofic status. Application Environmental

Microbiology 71: 5935-5942.

Lepère, C., Domaizon I. & Debroas, D. 2008. Unexpected importance of potencial

parasites in the composition of the freshwater small-eukaryote community. Applied

and Environmental Microbiology 74: 1029-1041.

Letcher, P.M., Powell, M.J., Churchill, P.F., Chambers, J.G. 2006. Ultrastructural and

molecular phylogenetic delineation of a new order, the Rhizophydiales

(Chytridiomycota). Mycological Research 110: 898-915.

Letcher, P.M., & Powell, M.J. 2014. Hypothesized evolutionary trends in zoospore

ultrastructural characters in Chytridiales (Chytridiomycota). Mycologia, 106: 379-

396.

Lucarotti, C.J. 1981. Zoospore ultrastructure of Nowakowskiella elegans and

Cladochytrium replicatum (Chytridiales). Canadian Journal of Botany, 59: 137-148.

Lucinda, I. 2003. Composição de Rotifera em corpos d’água da bacia do rio Tietê – São

Paulo, Brasil. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de São Carlos: São

Carlos. 199p.

Marano, A.V., Zottarelli, C.L.A., Barrera, M.D. et al. 2011. Diversity, role in

decomposition, and sucession of zoosporic fungi and straminipiles on submerged

decaying leaves in a woodland stream. Hydrobiologia 659: 93-109.

Margalef, R. 1983. Limnologia. Omega, Barcelona.

McCune, B. & Mefford, M.J. 2011. PC-ORD. Multivariate analysis of ecological data.

Version 6. MjM Software, Gleneden Beach, Oregon, USA.

Milanez, A.I. 1989. Fungos de águas continentais. In: O. Fidalgo, V.L. Bononi (coords.).

Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. Série

Documentos. São Paulo, Instituto de Botânica. pp. 17-20.

Monchy, S., Sanciu, G., Jobard, M., Rasconi. et al. 2011. Exploring and quantifying

fungal in freshwater lake ecosystems using rDNA cloning/sequencing and SSU tag

pyrosequencing. Environmental Biology 13: 1433-1453.

Müeller-Dombois, D. & Ellemberd, H. 1974. Aims and methods of vegetation ecology.

New York, Jonh Wiley & Sons. pp. 547.

52

Nascimento, C.A., Gomes, E.P.C. & Pires-Zottarelli, C.L.A. 2011. Occurrence and

distribution of zoosporic organisms in water bodies from Brazilian Cerrado.

Mycologia 103: 261-272.

Pedrazzi, F.J.M., Conceição, F.T., Sardinha, D.S., Moschini-Carlos, V. et al. 2014.

Avaliação da qualidade da água do reservatório de Itupararanga, Bacia do Alto

Sorocaba. Geociências 33: 26-38.

Pires-Zottarelli, C.L.A. 1990. Levantamento dos fungos zoospóricos da Represa do

Lobo (“Broa”), São Carlos, SP, Brasil [Master dissertation]. São Paulo: Universidade

Estadual Paulista. 175 p.

Plaats-Niterink, V.J. 1981. Monograph of the genus Pythium. Studies in Micology 21:

1-244.

Pusceddu, A., Gambi, C., Manini, E. & Danovaro, R. 2007. Trophic state, ecosystem

efficiency and biodiversity of transitional aquatic ecosystems: analysis of

environmental quality based on different benthic indicators. Journal of Chemical

Ecology 23: 505‑515.

Rasconi, S. Jobard, M., Jouve, L. & Sime-Ngando, T. 2009. Use of calcofluor white

for detection, identification, and quantification of phytoplanktonic fungal parasites.

Applied and Environmental Microbiology 75: 2545–2553.

Rasconi, S.; Niquil, N.; Sime-Ngando, T. 2012. Phytoplankton chytridiomycosis:

community structure and infectivity of fungal parasites in aquatic ecosystems.

Environmental Microbiology, Bedford, v. 14, p. 2151–2170.

Rasconi, S., Grami, B., Niquil, N., Jobard, M. et al. 2014. Parasitic chytrids sustain

zooplankton growth during inedible algal bloom. Frontiers in Microbiology 5: 1-20.

Rocha, M. & Pires-Zottarelli, C.L.A. 2002. Chytridiomycota o Oomycota da represa

do Guarapiranga. Acta Botanica Brasilica 16: 287-309.

Rocha, M. 2004. Micota zoospórica de lagos com diferentes trofias do Parque Estadual

das Fontes do Ipiranga (PEFI), São Paulo, SP. Dissertação para obtenção do título de

Mestre em Microbiologia para o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de

São Paulo, p. 1-85.

Sartory & Groberlaar. 1984. Extraction of chlorophyll-a from freshwater

phytoplankton for spectrophotometric analysis. Hidrobiology 114: 177-187.

53

Secchin, L.F. 2012. Caracterização ambiental e estimativa da produção de cargas difusas

na área de drenagem da represa de Itupararanga. Dissertação de mestrado.

Universidade de São Paulo: São Paulo. 122p.

Shearer, C.A., Descals, E., Kohlmeyer, B., Kohlmeyer, J. et al. 2007. Fungal

biodiversity in aquatic habitats. Biodiversity Conservation 16: 49-67.

Sime-Ngando, T., Lèfevre, E. & Gleason, F. 2011. Hidden diversity among aquatic

heterotrophic flagellates: ecological potentials of zoosporic fungi. Hydrobiologia

659: 5-22.

Slapeta, J., Moreira, D., Purificación, L.G. 2005. The extend of protist diversity:

insights from molecular ecology and freshwater. Proceedings of the Royal Society B

272: 2073-2081.

Smol, J.P. 2008. Pollution of lakes and rivers: a paleoenvironmental perspective.

Blackewell, 2 ed., Oxford University Press, New York.

Sparrow. F. K. 1968. The Fungi: An Advanced Treatise. In: Ainsworth, G.C. Sussman,

A.S. (eds.). The Fungal Population III, Academic Press, New York.

Tolmasquim, M.T. 2012. Perspectivas e planejamento do setor energético no Brasil.

Estados Avançados 26: 247-260.

Tundisi, J.G., Matsumura-Tundisi, T. & Tundisi, J.E.M. 2008. Reservoirs and human

well being: new challenges for evaluating impacts and benefits in the neotropics.

Brazilian Journal of Biology 68: 1133-1135.

Valderrama, G.C. 1981. The simultaneous analysis of total nitrogen and total

phosphorus in natural waters. Marine Chemistry 10: 109-122.

Wurzbacher, C.M., Barlocher, F. & Grossart, H.P. 2010. Fungi in lake ecosystems.

Aquatic microbial Ecology 59: 125-149.

Wurzbacher, C.M., Whartmann, N., Bourne, E., Attermeyer, K. et al. 2016. High

habitat-specific in fungal communities of oligo-mesotrophic temperate Lake Stechlin

(North-West Germany). Mycokeys 16: 17-44.

Wetzel, R.G. 2001. Structure and productivity of aquatic ecossystems. In: Limnology.

Academic Press, San Diego, pp. 206.

Widenfalk, A., Bertilsson, S., Sundh, I. & Goedkoop, W. 2008. Efects of pesticides on

community composition and activity of sediment microbes – response at various

levels of microbial community organization. Enviromental Polution 152: 576-584.

Wong, M.K.M., Goh, T.K., Hodgkiss, I.J. et al. 1998. Role of fungi in freshwater

ecossystems. Biodiversity and Conservation 7: 1187-1206.

54

Yang, X., & Hong, C.X. 2015. Diversity and populations of Phytophthora, Phytopythium

and Pythium species recovered from sediments in an agricultural run‐off

sedimentation reservoir. Plant Pathology 65: 1118-1125.

Zak, J.C. & Willig, M.R. 2004. Fungal biodiversity patterns. In: G.M. Mueller, G.F.

Bills, M.S. Foster (eds.). Biodiversity of fungi: Inventory and monitoring methods.

Elsevier Academic Press, San Diego, pp. 59–75.

Zappia, R.E., Hüberli, D., Hardy, G.S.J. & Bayliss, K.L. 2014. Fungi and oomycetes

in open irrigation systems: knowledge gaps and biosecurity implications. Plant

Pathology 63: 961-972.

55

CAPÍTULO 1

ESTRUTURA DA COMUNIDADE DE ORGANISMOS ZOOSPÓRICOS

HETEROTRÓFICOS (FUNGOS ZOOSPÓRICOS E OOMICETOS) DA

COLUNA D’ÁGUA E SEDIMENTO SUPERFICIAL DE RESERVATÓRIOS

COM DISTINTOS ESTADOS TRÓFICOS

56

Estrutura da comunidade de organismos zoospóricos heterotróficos (fungos

zoospóricos e oomicetos) da coluna d’água e sedimento superficial de reservatórios

com distintos estados tróficos

Autores: Jerônimo, G.H1. Ferragut, C2. & Pires-Zottarelli, C.L.A1.

1 Núcleo de Pesquisa em Micologia, Instituto de Botânica, São Paulo, Brasil, 04301-902

2 Núcleo de Pesquisa em Ecologia, Instituto de Botânica, São Paulo, Brasil, 04301-902

RESUMO

Historicamente, a maior parte do conhecimento sobre a produtividade dos ecossistemas

lênticos tem sido focada nos organismos autotróficos e produtores primários. Os

decompositores e parasitas, embora apresentem um papel importante na dinâmica da

cadeia alimentar, tem sido ao longo dos tempos negligenciados. Sequenciamentos de

amostras ambientais tem revelado que os fungos basais (Blastocladiomycota e

Chytridiomycota) representam a maior parte da micota presente nestes ecossistemas,

sendo juntamente com os oomicetos, cruciais para a ciclagem de nutrientes. No entanto,

pouco se sabe sobre a influência dos fatores ambientais sobre os padrões de ocorrência,

frequência e abundância destes organismos. Diante disto, o objetivo deste estudo foi

relacionar a riqueza e a abundância destes grupos de organismos com a sazonalidade e

alguns fatores abióticos mensurados na coluna d’água e sedimento superficial de três

reservatórios brasileiros (Santa Helena, Itupararanga e Hedberg), conhecidamente com

distintos estados tróficos. Para isso, foram realizadas quatro coletas em cada reservatório,

onde foram mensuradas algumas variáveis físicas e químicas da água (temperatura, pH,

condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, nitrogênio e fósforo total) e do sedimento

superficial (nitrogênio total, fósforo total e carbono orgânico total). A estrutura da

comunidade foi avaliada considerando-se a ocorrência, frequência e abundância dos

táxons, mediante cálculo da riqueza de espécies, do índice de diversidade de Shannon, do

índice de dominância de Simpson, da equitatividade e do índice de similaridade de

Sørensen. Durante o estudo, 52 táxons de organismos zoospóricos heterotróficos foram

identificados, sendo 25 deles representantes dos filos Blastocladiomycota e

Chytridiomycota (fungos zoospóricos) e 27 do filo Oomycota. Dentre os fungos

zoospóricos, uma nova espécie do gênero Nowakowskiella J. Schröt foi descrita e o

gênero Avachytrium Velez & Letcher relatado pela primeira vez para o Brasil, assim

como Plectospira gemmifera Dreschler o foi dentre os oomicetos. Foi observada uma

57

comunidade diversa com poucos táxons dominantes, sendo a maior parte deles observada

na estação chuvosa, dentre os quais, Cladochytrium replicatum Karling, Nowakowskiella

hemisphaerospora Shanor, Aphanomyces spp., Dictyuchus spp. e Pythium dos grupos P

e T, foram os táxons mais frequentes e abundantes, considerando os reservatórios e

estações (seca e chuvosa). Os organismos zoospóricos apresentaram uma ampla

distribuição ao longo de diferentes gradientes tróficos, existindo espécies estritamente

relacionadas aos locais com as mais altas concentrações de nitrogênio e fósforo total, e

outras aos locais com as mais baixas concentrações destes nutrientes, e que

potencialmente poderiam ser táxons indicativos da qualidade das águas. Concluímos,

portanto, que os organismos zoospóricos heterotróficos são, no geral, tolerantes às amplas

variações nas concentrações de nitrogênio e fósforo, mas alguns táxons são limitados pela

disponibilidade destes nutrientes, particularmente o fósforo.

Palavras-chave: Blastocladiomycota, Chytridiomycota, ecologia, Oomycota

ABSTRACT

Historically, the most part of the knowledge about lentic ecosystems productivity has

been based on autotrophic organisms and primary producers. The decomposers and

parasites, although important in food chain dynamics, have been negligence in diversity

studies. Environmental sequencing data have been revealed that the basal fungi

(Blastocladiomycota e Chytridiomycota) compound the majority mycota in these

ecosystems, and together with oomycetes, are crucial on nutrient cycling. However, a few

is knowledge about the influence of the abiotic factors and seasonality on occurrence,

frequency and abundance patterns of these organisms. Considering this, the aim of this

study was to relate the species richness and abundance of these groups with seasonality

and some abiotic factors measured in the water column and surface sediment of three

Brazilian reservoirs (Santa Helena, Itupararanga and Hedberg), with distinctive trophic

states. In order to do this, four sampling were performed in each reservoir, in which

physical and chemical variables of the water (temperature, pH, electrical conductivity,

dissolved oxygen, nitrogen and total phosphorus) and surface sediment (total nitrogen,

total phosphorus and total organic carbon) were measured. The community structure was

evaluated considering the abundance, frequency, species richness, Shannon’s diversity

index, Simpson’s index, Evenness and similarity Sorensen index. During the study, 52

taxa of heterotrophic zoosporic organisms were identified, 25 of which representative of

58

Blastocladiomycota and Chytridiomycota phyla (zoosporic fungi) and 27 of Oomycota

phylum. On the zoosporic fungi, a new species of the Nowakowskiella J. Schröt genus

was described and Avachytrium Velez & Letcher reported for the first time in Brazil, as

well as Plectospira gemmifera Drechsler to the Oomycota. We observed a diverse

community with few dominant taxa, which occurred predominantly at rainy season, being

Cladochytrium replicatum Karling, Nowakowskiella hemisphaerospora Shanor,

Aphanomyces spp., Dictyuchus spp. and Pythium group P and T, the most frequent and

abundant, considering the reservoirs and seasons (dry and rainy). Zoosporic organisms

presented a wide distribution along different trophic gradients, with species strictly

related to locals with high concentrations of nitrogen and total phosphorus, and others

with low concentrations of these nutrients, which could potentially be taxa indicative of

quality of water. We conclude that heterotrophic zoosporic organisms are, in general,

tolerant to wide variations in nitrogen and phosphorus concentrations, but some taxa are

limited by the availability of these nutrients, particularly phosphorus.

Key words: Blastocladiomycota, Chytridiomycota, ecology, Oomycota

59

INTRODUÇÃO

Os organismos zoospóricos heterotróficos dos filos Blastocladiomycota,

Chytridiomycota e Oomycota possuem como similaridade a produção de esporos

flagelados (zoósporos), os quais os permitem se dispersarem ativamente em ecossistemas

aquáticos e terrestres úmidos. Nestes ambientes atuam como decompositores de matéria

orgânica ou como parasitas de diferentes grupos de hospedeiros, exercendo importante

papel na ciclagem do carbono nos ecossistemas (Shearer et al. 2007, Sime-Ngando et al.

2010, Wurzbacher et al. 2016).

Os ambientes aquáticos lênticos, em especial os reservatórios, possuem grande

importância devido aos diversos serviços que prestam à população, principalmente no

que se refere ao abastecimento público e geração de energia elétrica, sendo a

hidroeletricidade a principal fonte de energia do país e responsável por 75% do total de

energia produzida (Tolmasquim 2012). No entanto, sua construção gera importantes, e

muitas vezes, irreversíveis impactos, como a perda da biodiversidade e da qualidade da

água e mudanças socioeconômicas regionais (Tundisi et al. 2008). Dentre os diversos

impactos antrópicos gerados, a eutrofização e o uso desordenado do solo da bacia

hidrográfica, são as variáveis que frequentemente têm sido associadas com a perda da

qualidade da água e da biodiversidade (Pusceddu et al. 2007). O processo de eutrofização

tem sido bastante investigado por representar uma das principais causas de alterações na

qualidade da água e redução da diversidade em águas continentais (Margalef 1983). Este

processo geralmente associado ao aumento da concentração de nutrientes, especialmente

fósforo e nitrogênio, tem como consequência o aumento de suas produtividades (Esteves

1998). Já os tipos de usos e a ocupação do solo na bacia hidrográfica possuem relações

significativas no que diz respeito às diversas substâncias químicas lançadas nos corpos

d’água, como efluentes domésticos, industriais e agrícolas, expondo diversos organismos

a uma grande variedade de compostos mutagênicos e citotóxicos (Amaral et al. 2007).

Nos reservatórios essas alterações ecológicas podem ser detectadas a partir do

monitoramento da água e do sedimento acumulado, seja este superficial ou depositado

em camadas (Birks & Birks 2006). A análise do sedimento fornece dados cumulativos e

constitui um arquivo de informações de natureza biogeoquímica, uma vez que as camadas

de deposição temporais se encontram sequencialmente acumuladas (Mozeto 2004).

Assim, o sedimento superficial representa uma amostra espacial e temporalmente

integrada dos eventos que se acumularam no passado recente (Smol 2008). O oxigênio,

60

se presente, está restrito as camadas superficiais do perfil sedimentar, e por isso, os fungos

presentes neste compartimento geralmente apresentam adaptações fisiológicas

(mecanismo fermentativo) e/ou morfológicas (esporos de resistência) para suportar tais

limitações (Wurzbacher et al. 2010). As leveduras e os representantes do filo

Chytridiomycota são considerados os grupos de fungos mais ativos no perfil sedimentar

de reservatórios (Slapeta et al. 2005), e técnicas de PFLA (Análise automática de ácidos

graxos e fosfolípedos) (Goedkoop et al. 2005, Widenfalk et al. 2008) e clonagem

(Dawson & Pace 2002, Luo et al. 2005), indicam estes dois grupos como micota

dominante nos sedimentos de lagos e reservatórios, com tendência de maior diversidade

de espécies nos sedimentos localizados próximos as zonas litorâneas (Collins &

Willoughby 1962, Sparrow 1968). Além disso, assim como os fungos zoospóricos, alguns

poucos estudos têm apontado a importância dos oomicetos nos processos de transferência

de energia no sedimento, sendo alguns gêneros, tais como Aphanomyces spp. e Pythium

spp., considerados abundantes e ubíquos nas camadas superficiais do perfil sedimentar

(Sparrow 1968, Boopathi et al. 2015, Yang & Hong, 2015, Wurzbacher et al. 2016). No

entanto, considerando a totalidade dos estudos desenvolvidos em reservatórios, somente

pouco deles analisaram a diversidade destes grupos de organismos no sedimento

superficial, sendo no Brasil estes relatos inexistentes.

Embora as atuais técnicas de clonagem indiquem os fungos zoospóricos como

micota dominante de lagos e reservatórios, os fatores que afetam a variação temporal e a

estrutura da comunidade ainda permanecem pouco investigados (Wurzbacher et al.

2016). De maneira geral, quando consideramos os fungos zoospóricos e oomicetos, a

relação entre os padrões de ocorrência e distribuição em ambientes com diferentes trofias,

ainda é pouco explorada em escala global (Cooke 1976, Czeczuga et al. 1989, 1990a,b,

Czeczuga 1991a,b, Czeczuga & Woronowicz 1991, Lefranc et al. 2005, Chen et al. 2008,

Marano et al. 2011, Monchy et al. 2011), e principalmente no Brasil (Rocha 2004).

Muitos dos estudos conduzidos em ambientes com diferentes estados tróficos (Tan & Lim

1983, 1984, Czeczuga 1994, Rancovic 1998, Czeczuga & Muszynska 2001) listam

principalmente a diversidade em espécies, não relacionando os padrões de sua ocorrência

e distribuição com fatores abióticos. Czeczuga et al. (1990a,b) e Czeczuga (1991a,b)

apontam estes organismos como tolerantes e adaptados a diferentes níveis de poluição

orgânica, mas relata preferência dos mesmos por ambientes menos poluídos e ricos em

matéria orgânica. Lefranc et al. (2005), Chen et al. (2008), Lepère et al. (2008), Monchy

et al. (2011) e Wurzbacher et al. (2010, 2016) apontam, por meio de análises moleculares,

61

que a diversidade tende a ser menor em águas mais produtivas, sendo os reservatórios

oligotróficos e mesotróficos os que normalmente apresentam maior diversidade. Lefèvre

et al. (2012) mostraram maior diversidade de quitrídias em reservatórios meso-eutróficos

do que em ambientes oligotróficos, sugerindo que ambientes em estado trófico

intermediário (mesotróficos) sejam os mais propícios para ocorrência destes fungos. Para

o Brasil, Rocha (2004) sugeriu que a riqueza em espécies dos fungos zoospóricos e

oomicetos dos lagos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), com distintas

trofias (mesotrófico e eutrófico), apresentou correlação negativa com as concentrações de

nitrogênio e fósforo, tendo sido demonstrada e comprovada a natureza limáfoba ou

limaxena destes organismos. A autora pontua também que a ausência dos mesmos em

locais amostrados com altíssimas concentrações de nitrogênio e fósforo total indica a sua

possível utilização como bioindicadores de poluição, estando os mesmos completamente

ausentes em tal situação.

Com relação aos padrões sazonais de distribuição desses organismos zoospóricos

em ecossistemas lênticos, verifica-se uma grande escassez de estudos. Em regiões

temperadas se estabelece normalmente o período chuvoso como o de maior diversidade

(Czeczuga 1986, 1995, Czeczuga et al. 2010). Em regiões tropicais, os únicos estudos a

abordarem a sazonalidade em ecossistemas lênticos brasileiros foram os de Pires-

Zottarelli (1990) e Rocha (2004), os quais também apontaram ser a maior diversidade

encontrada durante a estação chuvosa.

Mesmo diante da expressiva frequência e importância destes organismos

zoospóricos nos processos de transferência de energia nos ecossistemas aquáticos,

estudos abordando sua diversidade e importância em reservatórios do Brasil ainda são

escassos, podendo ser resumidos aos trabalhos de Rocha & Merighi (1986) na Represa

Billings, Pires-Zottarelli (1990) na Represa do Lobo, Rocha & Pires-Zottarelli (2002) na

Represa do Guarapiranga e Rocha (2004) nos Lagos das Garças e das Ninfeias do Parque

Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), no entanto, somente o último discute de forma

mais aprofundada a influência dos fatores abióticos sobre os padrões de ocorrência destes

organismos. Dos 121 táxons de Chytridiomycota e 18 de Blastocladiomycota conhecidos

no Brasil (Lista de espécies da Flora do Brasil 2014), aproximadamente 79% foram

relatados para ecossistemas lóticos (rios, riachos e cachoeiras) e solos, principalmente em

áreas de Mata Atlântica (Beneke & Rogers 1962, 1970, Rogers et al. 1970, Lyra &

Milanez 1974, Milanez et al. 1994, Pires-Zottarelli et al. 1996, Pires-Zottarelli 1999,

Pires-Zottarelli & Rocha 2007, Pires-Zottarellli & Gomes 2007, Nascimento & Pires-

62

Zottarelli 2009, 2010, entre outros), sendo a diversidade em reservatórios representada

por somente 21% das espécies conhecidas no país. Este mesmo cenário pode também ser

atribuído para o filo Oomycota, que possui somente 19,5% da diversidade relatada para

ecossistemas lênticos (Rocha & Merighi 1986; Pires-Zottarelli, 1990; Rocha & Pires-

Zottarelli, 2002; Rocha, 2004), com maior representatividade dos gêneros Achlya,

Aphanomyces, Pythium e Saprolegnia.

Com isso, o objetivo deste estudo foi investigar a influência dos fatores abióticos

sobre os padrões de ocorrência, frequência e abundância dos organismos zoospóricos

heterotróficos (Blastocladiomycota, Chytridiomycota e Oomycota) em três reservatórios

tropicais com distintos estados tróficos. Além disso, baseado nos escassos relatos destes

grupos nas camadas sedimentares, esperamos encontrar uma maior diversidade de

organismos zoospóricos heterotróficos na coluna d’água, comparado ao sedimento

superficial, assim como durante a estação chuvosa.

MATERIAL E MÉTODOS

Amostragem e mensuração dos fatores abióticos

Três reservatórios, localizados na bacia hidrográfica do Sorocaba/Médio Tietê

(UGRHI10), foram selecionados considerando-se seus distintos estados tróficos e

características morfométricas (Tabela 1).

Tabela 1. Características morfométricas dos três reservatórios localizados na bacia

hidrográfica do Sorocaba/Médio Tietê (UGRHI 10).

Reservatórios Ano

construção

Estado

trófico

Prof.

máx. (m)

Prof.

méd.(m)

Vol.

máx.

(m3)

Área

(km2)

Tempo

residência

da água

Área de

proteção Utilização

St. Helena 1938 (f)

Oligotrófico(a)

10,5(a)

- - - - Não inclusa Geração de energia elétrica

Hedberg 1811(c)

Eutrófico(d)

- 4.0(c)

- 0.113(c)

- “FLONA de

Ipanema” (c)

Paisagismo, pesquisa e

educação ambiental (c)

Itupararanga 1912(b)

Mesotrófico(d)

19(d)

7.8(b)

286

milhões(e)

936.51

(e)

4-13

meses(b)

APA de

Itupararanga(b)

Abastecimento público

(e)

a: Lucinda (2003); b: Secchin (2012); c: Plano de manejo - FLONA (2016); d: Projeto Acquased; e: Pedrazzi et al. (2014); f:

Eletromemoria-USP 2015; (-): informação indisponível.

Durante o estudo, quatro coletas foram realizadas, duas na estação seca

(agosto/2014 e julho/2015) e duas na chuvosa (dezembro/2014 e março/2015), para as

quais foram obtidos os dados mensais de precipitação e temperatura. Onze pontos de

63

coleta foram selecionados nas zonas pelágicas destes reservatórios, considerando-se a

entrada dos principais tributários, as estações de captação de água, bem como a posição

da barragem (Tabela 2).

Tabela 2. Coordenadas geográficas dos pontos de coleta nos três reservatórios da bacia

do Sorocaba/Médio Tietê.

Reservatórios Pontos Coordenadas

Sul Oeste

Santa Helena

1 23°34'49,92'' 47°25'32,64''

2 23°34'58,56'' 47°25'50,52''

3 23°34'54,30'' 47°26'12,12''

Hedberg

1 23°25'55,86'' 47°35'33,06'

2 23°25'40,86'' 47°35'31,14''

3 23°25'33,72'' 47°35'42,66''

Itupararanga

1 23°37'11,58'' 47°13'59,34''

2 23°36'51,96'' 47°18'50,22''

3 23°37'12,96'' 47°19'37,20''

4 23°38'50,36'' 47°22'14,52''

5 23°36'53,10'' 47°23'34,70''

Em cada ponto de coleta foram amostradas diferentes profundidades da coluna

d’água (superfície, meio e fundo), para as quais, foram mensurados os seguintes fatores

abióticos: temperatura, pH, condutividade (sonda Horiba U-51), oxigênio dissolvido pelo

método de Winkler modificado (Golterman & Clymo 1969), nitrogênio total e fósforo

total (Valderrama 1981), clorofila-a (Sartory & Grobelaar 1984) e profundidade de

desaparecimento do disco de Secchi. Além disso, amostras de sedimento superficial (2

cm superficiais), foram coletadas e o carbono orgânico total, nitrogênio total e fósforo

total estimados (Valderrama 1981, Andersen 1976).

64

Iscagem, isolamento e identificação morfológica e molecular dos espécimes

Em laboratório as amostras de diferentes profundidades da coluna d’água, bem

como as de sedimento superficial, foram iscadas com substratos celulósicos, queratinosos

e quitinosos (grãos de pólen de Pinus sp., epiderme de cebola, palha de milho, celofane,

sementes de Sorghum sp., ecdise de cobra e exoesqueleto de camarão), conforme

metodologia descrita em Milanez et al. (1989).

Estruturas assexuadas (zoosporângios, zoósporos e esporos de resistência) e

sexuadas (anterídios, oogônios e oósporos) foram analisadas, considerando-se o tipo de

desenvolvimento, formato, tamanho, ornamentação, e utilizadas para a identificação

morfológica dos espécimes.

Análises de Máxima Verossimilhança de diferentes regiões do DNA (18S, ITS,

28S e COX1), foram utilizadas para corroborar as identificações morfológicas ou então

identificar os isolados nos quais não foram observadas estruturas sexuadas,

imprescindíveis para a identificação em nível de espécie. Os táxons isolados em meio

cultura e incluídos em análises filogenéticas, para os quais não foi possível a identificação

em nível especifico, foram considerados como táxons distintos (especialmente as do

gênero Pythium) com base nas diferenças moleculares e morfológicas.

Análises estatísticas e índices de diversidade

A abundância (A) foi determinada com base no número de ocorrências,

considerando a presença ou ausência dos táxons em cada tipo de isca, nas diferentes

profundidades da coluna d’água (superfície, meio e fundo) e sedimento superficial

(Nascimento et al. 2011, adaptado). A frequência de ocorrência foi calculada em cada

estação (seca ou chuvosa) considerando-se: (número de amostras colonizadas por um

determinado táxon/número de amostras analisadas) × 100.

A estrutura da comunidade nas diferentes estações (seca e chuvosa) foi

caracterizada pela: (i) riqueza de espécies (S); (ii) Índice de diversidade de Shannon: (H’)

= -Σpi lnpi, onde pi é a abundância da espécie i na comunidade; (iii) Equitatividade (E) =

H’/Hmax’, em que Hmax’ é o valor máximo de diversidade para o número de táxons

presentes; (iv) Índice de dominância de Simpson: (D) = 1 - Σ (pi)2 baseado na abundância

dos táxons (Zak & Willig 2004); e (v) Índice de similaridade de Sorensen, utilizado para

comparar a composição dos táxons entre as estações (seca e chuvosa) e compartimentos

(coluna d’água e sedimento superficial), sendo SI = [2c/(a + b)] × 100, onde “c” é o

número de táxons comuns em ambas as estações ou compartimentos, “a” é o número de

65

táxons exclusivos da estação seca ou coluna d’água e “b” é o número de táxons exclusivos

da estação chuvosa ou sedimento superficial (Müeller-Dumbois & Ellemberd 1974).

A análise de componentes principais (PCA) foi utilizada para ordenar os dados

abióticos a partir de uma matriz de correlação, onde os dados foram transformados para

log (x +1), exceto pelo pH. As PCoAs dos dados bióticos da coluna d’água e sedimento

superficial foram calculadas com base na distância euclidiana com base na riqueza dos

táxons, para os quais foram desconsiderados os táxons com apenas uma ocorrência ao

longo do estudo. Ambas as análises, assim como a transformação, foram realizadas no

programa PC-ORD 6.0 (McCune & Mefford 2011).

O teste t de "student” foi aplicado para verificar a existência de diferenças

significativas dentre os fatores abióticos mensurados nas diferentes estações e

reservatórios, bem como para os índices de diversidade, para o qual os dados foram

normalizados quando os mesmos não apresentavam uma distribuição normal. Foram

considerados resultados estatisticamente significativos valores de p≤0,05.

Índice de estado trófico (IET)

O cálculo do índice de estado trófico (IET) dos reservatórios foi baseado nas

concentrações de fósforo total e clorofila-a (Lamparelli 2004). Os valores da

profundidade do disco de Secchi não foram considerados para o cálculo do IET, já que

este pode não refletir a biomassa algal, mas o material inorgânico dissolvido na coluna

d’água (Cetesb 2013).

RESULTADOS & DISCUSSÃO

Dados climatológicos

O período de estudo compreendeu os anos de 2014 e 2015, os quais foram

atipicamente de baixa pluviosidade. De acordo com os dados do Cepagri (2018), as

médias mensais de precipitação durante os meses amostrados, para o município de

Votorantim (onde está inserido o reservatório de Santa Helena - Fig. 1A), foram muito

abaixo das médias históricas mensais para março (133,7 mm), julho (35,6 mm), agosto

(39,1 mm) e dezembro (191,7 mm), o mesmo sendo observado para os de Itupararanga

(141,2 mm em março, 44,7 mm em julho, 40 mm em agosto e 175,6 mm em dezembro),

localizado em Ibiúna, e Hedberg (141,0 mm em março, 56,1 mm em julho, 36 mm em

66

agosto e 190,3 mm em dezembro) em Iperó (Fig. 1B-C). Já as médias de temperatura

estão de acordo com as médias históricas observadas para os meses amostrados.

Figura 1. Médias mensais de precipitação (mm) e temperatura (°C) nos reservatórios de Santa Helena (A), Itupararanga (B) e

Hedberg (C) durante as amostragens.

Fatores abióticos da coluna d’água

Na análise de componentes principais, os dois primeiros eixos explicaram 63,4%

da variabilidade total dos dados (Fig. 2). O eixo 1, explicou a maior parte da variabilidade

dos dados (38,8%), sendo o fósforo total (PT) (r = - 0,47) e o nitrogênio total (NT) (r = -

0,45) as variáveis que mais influenciaram a variabilidade neste eixo. Independentemente

da estação, maior parte das unidades amostrais de Santa Helena e Itupararanga se

agruparam no lado positivo do eixo 1, relacionadas às mais baixas concentrações de PT

e NT, enquanto as de Hedberg se agruparam no lado negativo deste eixo. O eixo 2

explicou 24,6% da variabilidade dos dados, sendo a temperatura (r=- 0,60) no lado

negativo e o oxigênio dissolvido (r = 0,53) no lado positivo, as variáveis que mais

67

influenciaram a variabilidade dos dados. Todas as unidades amostrais da estação seca,

exceto pelo ponto 1 do reservatório Hedberg (Hsec1), se agruparam no lado positivo deste

eixo, enquanto as da estação chuvosa, se agruparam no lado negativo deste eixo. Portanto,

o eixo 1 representa um gradiente trófico, enquanto o eixo 2 um gradiente sazonal.

Figura 2. Ordenação das variáveis abióticas na análise de componentes principais (PCA) mensurados na

coluna d’água. O eixo 1 representa um gradiente trófico enquanto o eixo 2 um gradiente sazonal. Legendas:

Cloro: clorofila-a; Cond: Condutividade; NT: Nitrogênio total; OD: Oxigênio dissolvido; PT: fósforo

total; Secchi: transparência do disco de Secchi; Temp: temperatura. Stsec1: Santa Helena seca ponto 1;

Stsec2: Santa Helena seca ponto 2; Stsec3: Santa Helena seca ponto 3; Stchu1: Santa Helena chuvosa ponto

1; Stchu2: Santa Helena chuvosa ponto 2; Stchu3: Santa Helena chuvosa ponto 3; Hsec1: Hedberg seca

ponto 1; Hsec2: Hedberg seca ponto 2; Hsec3: Hedberg seca ponto 3; Hchu1: Hedberg chuvosa ponto 1;

Hchu2: Hedberg chuvosa ponto 2; Hchu3: Hedberg chuvosa ponto 3; Itsec1: Itupararanga seca ponto 1;

Itsec2: Itupararanga seca ponto 2; Itsec3: Itupararanga seca ponto 3; Itsec4: Itupararanga seca ponto 4;

Itsec5: Itupararanga seca ponto 5; Itchu1: Itupararanga chuvosa ponto 1; Itchu2: Itupararanga chuvosa

ponto 2; Itchu3: Itupararanga chuvosa ponto 3; Itchu4: Itupararanga chuvosa ponto 4; Itchu5: Itupararanga

chuvosa ponto 5.

68

Durante as amostragens foram observadas mudanças pontuais no estado trófico

dos reservatórios, quando comparados aos dados de literatura (Tab. 1). As concentrações

de fósforo total e a clorofila-a apresentaram uma ampla variação nas diferentes estações

e reservatórios, no entanto, estes últimos foram predominantemente mesotróficos durante

o período de estudo, exceto por Hedberg na estação seca (ago/14), o qual foi eutrófico e

Santa Helena no mesmo período (ago/14), onde foi observada condição oligotrófia (Fig.

3).

Figura 3. Concentração de clorofila-a e fósforo total e atribuição do índice de estado trófico nas estações

seca e chuvosa. E: Eutrófico; M: Mesotrófico; O: Oligotrófico. Classificação de trofia baseado em

Lamparelli (2004).

A variação dos fatores abióticos mensurados na coluna d’água está representada

na tabela 3 e figura 4 (A-H). De acordo com o teste t (p≤0,05), foram observadas

diferenças significativas entre estações ou reservatórios nas concentrações de fósforo total

(PT), nitrogênio total (NT), transparência da água (disco de Secchi), condutividade,

temperatura e oxigênio dissolvido.

69

Tabela 3. Valores máximos e mínimos (média ± desvio padrão) das variáveis abióticas mensuradas durante as estações

seca e chuvosa nos três reservatórios estudados.

Variáveis

St. Helena Hedberg Itupararanga

Seca Chuvosa Seca Chuvosa Seca Chuvosa

min-máx min-máx min-máx min-máx min-máx min-máx

(méd. ± DP) (méd. ± DP) (méd. ± DP) (méd. ± DP) (méd. ± DP) (méd. ± DP)

Temperatura (°C) 16,3-21,0 20,8-24,0 13,1-20,2 20,7-21,9 15,2-19,4 21,2-26,8

(18,0 ± 1,2) (22,9 ± 0,9) (17,1 ± 2,1) (22,6 ± 2,4) (17,0 ± 0,9) (24,1 ± 1,7)

Condutividade (µS cm-1) 67,0-106,0 97,0-119,0 111-175 26,0-244,0 73,0-126,0 33,0-200,0

(89,0 ± 12,4) (107,9 ± 7,9) (139,6 ± 22,6) (114,1 ± 51,4) (96,3 ± 14,2) (94,7 ± 29,7)

NT (µg L-1) 330,2-632,7 384,9-1035,0 1157,0-1764,6 212,9-1154,9 666,3-1107,4 307,2-1207,8

(523,0 ± 89,9) (660,3 ± 156,4) (1346,7 ± 182,0) (831,2 ± 254,5) (890,1 ± 110,4) (543,7 ± 202,0)

PT (µg L-1) 13,3-20,4 15,4-25,9 49,2-123,8 30,3-95,1 19,5-64,9 11,4-69,9

(17,0 ± 2,4) (19,8 ± 3,6) (87,9 ± 17,6) (67,2 ± 21,3) (38,2 ±12,5) (24,0 ± 15,8)

pH 4,9-7,4 5,7-8,3 6,2-9,4 5,4-7,2 4,4-7,6 6,2-8,7

(7,0 ± 0,7) (7,2 ± 0,7) (7,6 ±1,1) (6,4 ± 0,6) (6,1 ± 0,9) (7,1 ± 0,7)

OD (mg L-1) 5,5-8,2 1,8-9,1 2,9-10,0 0,9-9,9 4,0-9,1 0,5-9,2

(7,0 ± 0,7) (6,0 ± 0,8) (6,5 ± 1,8) (4,4 ± 2,5) (6,4 ±1,7) (4,3 ± 2,7)

Secchi (m) 1,2-1,9 1,1-1,6 0,6-1,0 0,2-0,8 0,8-1,7 0,7-1,4

(1,5 ± 0,3) (1,2 ± 0,2) (0,8 ± 0,2) (0,5 ± 0,2) (1,1 ± 0,3) (1,0 ± 0,2)

Clorofila-a (µg L-1) 0,9-18,6 3,8-17,9 1,4-153,8 1,1-15,4 0,5-62,0 1,3-69,0

(10,0 ± 7,0) (11,7 ± 4,5) (20,2 ± 36,8) (5,5 ± 4,0) (18,7 ± 15,8) (14,8 ±13,2)

70

Figura 4. Box-Plot das variáveis abióticas, clorofila-a e profundidade do disco de Secchi nos três

reservatórios durante as estações seca e chuvosa. Os círculos vazios (F e H) representam “outliers”.

71

Considerando as diferentes estações (seca e chuvosa), no reservatório de Santa

Helena, foram observadas as menores concentrações de fósforo total (PT), nitrogênio

total (NT) e clorofila-a, as quais estão próximas aos limites estabelecidos pela resolução

CONAMA (357/2005) que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e padrões de

lançamento de efluentes e define valor máximo de 20 µg.L-1 para o fósforo total, 10 µg.L-

1 para a clorofila-a e valores entre 500 µg.L-1 a 3700 µg.L-1 para o nitrogênio total. No

entanto, em Itupararanga, durante as duas estações, foram observadas concentrações de

PT e clorofila-a acima dos valores estabelecidos pela resolução acima citada, o mesmo

sendo observado para o PT no Hedberg, o qual apresentou as maiores concentrações deste

nutriente dentre os reservatórios analisados (Fig. 4 e Tab. 3).

Os efeitos da variação da temperatura entre as diferentes camadas da coluna

d’água possui uma enorme importância na dinâmica dos ecossistemas lênticos, devido ao

fenômeno da estratificação térmica. Em reservatórios tropicais, diferenças de 1°C entre o

epilímnio e o hipolímnio, são suficientes para promover a estratificação térmica da coluna

d’água (Esteves 2011, Tundisi et al. 2008), alterando a densidade da água e promovendo

a formação de barreiras físicas para diversos grupos de organismos, especialmente os

microscópicos. No geral, os três reservatórios apresentaram perfil estratificado durante as

amostragens (Fig. 5), no entanto, durante a estação seca (jul/15), os três reservatórios

apresentaram perfil de mistura, o mesmo sendo observado para Santa Helena durante a

estação chuvosa de 2015 (mar/15). A mistura da coluna d’água refletiu diretamente na

composição de espécies nos diferentes compartimentos (coluna d’água e sedimento

superficial), os quais apresentaram uma alta similaridade (76% - 81%) se comparado aos

de perfil estratificado (54% - 62%).

72

Figura 5. Variação do perfil térmico na coluna d’água nos três reservatórios durante as estações seca e chuvosa. O eixo x representa

a temperatura (°C) e o eixo y a profundidade (m).

73

Sedimento superficial

No sedimento superficial foram mensurados o carbono orgânico total (COT%),

nitrogênio total (NT%) e fósforo total (PT%), além do oxigênio dissolvido do fundo da

coluna d’água. De acordo com Smol (2008), os dados do sedimento superficial (2 cm

superficiais) representam geralmente de um a dois de informação acumulada. Por isso, os

dados de COT (%), NT(%) e PT(%) foram extrapolados para as demais coletas, já que

estes parâmetros foram estimados somente uma vez durante todo o estudo. As três

variáveis apresentaram diferenças significativas entre os reservatórios (teste t, p≤0,05),

sendo os maiores valores de COT(%) e NT (%) observadas em Itupararanga e de PT (%)

em Hedberg. Já os menores valores de COT (%), NT (%) e PT (%) foram observados em

Santa Helena (Fig. 6A-C).

Figura 6. Box-Plot mostrando a variação do carbono orgânico total, fósforo total e nitrogênio total no

sedimento superficial de cada reservatório estudado.

74

No geral, os reservatórios apresentaram uma ampla variação no oxigênio

dissolvido no fundo da coluna d’água (Fig. 7), durante as estações seca e chuvosa, para

as quais foram observadas diferenças significativas de acordo com o teste t (p≤0,05). As

menores concentrações foram observadas em Hedberg e Itupararanga, durante a estação

chuvosa, enquanto a maior foi em Santa Helena durante a mesma estação. No fundo da

coluna d’água de todos os pontos de coleta em que o oxigênio apresentou concentrações

menores que 1 mg/L, não foram observadas ocorrências de fungos zoospóricos ou

oomicetos, independentemente do reservatório ou estação. Por outro lado, Santa Helena

durante a estação chuvosa apresentou as maiores concentrações de OD no fundo da coluna

d’água, onde foi observada uma alta abundância de organismos zoospóricos

heterotróficos. Estes dados indicam uma limitação destes organismos a baixas

concentrações de oxigênio dissolvido, assim como mencionado por Sparrow (1968),

Marano et al. 2011 e Wurbacher et al. (2010, 2016).

Figura 7. Variação na concentração de oxigênio dissolvido no fundo da coluna d’água, nos três reservatórios

durante a estação seca e chuvosa.

75

Análises filogenéticas

No total, 102 sequências das regiões 18S, ITS, 28S, RPB1, RPB2 e COXI foram

obtidas durante o estudo (Tabela 1, apêndice I), considerando os dois grupos de

organismos, as quais representam 25 táxons. Por meio das análises de máxima

verossimilhança, 33 espécimes foram identificados ou tiveram as identificações

morfológicas corroboradas, dos quais nove são de fungos zoospóricos e 24 de oomicetos.

Com relação aos últimos, Plectospira gemmifera Drechsler foi inserida pela primeira vez

em análises filogenéticas (Jerônimo et al. 2017 - Anexo I - Phytotaxa 307: 191-198). Já

dentre os fungos zoospóricos, N. ramosa Butler e a nova espécie de Nowakowskiella

(Nowakowskiella crenulata – Capítulo 2) foram inseridas pela primeira vez em

reconstruções filogenéticas, bem como Rhizophydium angulosum Karling, para o qual

está sendo proposta uma nova combinação (Capítulo 3). As demais filogenias (utilizadas

para confirmar ou identificar os isolados), assim como as imagens dos táxons

identificados em nível de espécie, foram inseridas no material complementar I.

Diversidade

A maioria dos estudos desenvolvidos em ecossistemas lênticos utilizaram técnicas

avançadas de sequenciamento de última geração, detectando assim grande parte da

riqueza dos táxons, no entanto, com uma baixa resolução taxonômica (geralmente em

nível de ordem), nos quais, os resultados estão diretamente relacionados à confiabilidade

das sequências disponíveis nos bancos de dados gênicos. Durante este estudo utilizamos

principalmente as características morfológicas para identificar os espécimes e as

ferramentas moleculares foram empregadas, no geral, para corroborar as identificações

morfológicas. Com isso, os dados obtidos apresentam uma maior especificidade

taxonômica e uma discussão mais aprofundada (em nível de espécie ou gênero).

Durante o estudo, 52 táxons de organismos zoospóricos heterotróficos (fungos

zoospóricos e oomicetos) foram identificados, sendo 25 deles representantes dos filos

Blastocladiomycota e Chytridiomycota (fungos zoospóricos) e 27 do filo Oomycota (Tab.

4). Dentre os fungos zoospóricos, 64 espécimes foram observados com 12 táxons

identificados em nível específico, dentro os quais, uma nova espécie para o gênero

Nowakowskiella J. Schröt foi descrita (Nowakowskiella crenulata Jerônimo & Pires-

Zottarelli – ver capitulo 2) e o gênero Avachytrium Velez & Letcher relatado pela primeira

vez para o Brasil. Os gêneros Nowakowskiella J. Schröt, Rhizophydium Schenk,

76

Diplophlyctis J. Schröt e Cladochytrium Nowak foram, respectivamente, os mais

frequentes e abundantes dentre os fungos zoospóricos (Tab. 4).

As análises de Máxima Verossimilhança (Anexo I, capítulos 2 e 3) foram

importantes para corroborar e/ou identificar nove isolados, dentre eles, Avachytrium sp.,

Asterophlyctis sarcoptoides, Nowakowskiella ramosa, Nowakowskiella

hemisphaerospora, Nowakowskiella crenulata, Nowakowskiella sp.1, Rhizophydium

angulosum, Rhizophydium elyense e Siphonaria sp.

Dentre os representantes do filo Oomycota, 84 espécimes foram observados e 13

táxons identificados em nível específico, sendo a espécie Plectospira gemmifera

Drechsler, isolada em amostras de sedimento superficial de Itupararanga, relatada pela

primeira vez para o Brasil (Anexo II - Jerônimo et al. 2017). Pythium Pringsheim,

Dictyuchus Leitg. e Aphanomyces de Bary foram os gêneros mais frequentes e abundantes

durante o estudo.

As análises de Máxima Verossimilhança foram importantes para corroborar e/ou

identificar 24 isolados, dentre eles, Achlya caroliniana, Achlya klebsiana, Achlya

prolifera, Aphanomyces laevis, Dictyuchus monosporus, Dictyuchus pseudodictyon,

Plectospira gemmifera, Pythium inflatum, Pythium midletonii, Pythium torulosum,

Pythium sp.1, Pythium sp.2, Pythium sp.3, Pythium sp.4, Pythium sp.5, Pythium sp.6,

Pythium sp.7, Phytopythium vexans, Saprolegnia aenigmatica e Saprolegnia subterranea

(Anexo III).

Os isolados pertencentes ao gênero Pythium, não identificados em nível de

espécie, foram divididos em grupos com base no tipo de zoosporângio segundo Plaats-

Niterink (1981), sendo o grupo dos filamentosos não inflados denominados de grupo P,

os filamentosos inflados de grupo F e os esféricos de grupo T.

77

Tabela 4. Ocorrência, frequência e abundância dos organismos zoospóricos heterotróficos nos três reservatórios da Bacia Hidrográfica do Sorocaba/Médio Tietê, durante as

estações seca e chuvosa. Legendas: FT: Frequência total; AT: Abundância total. Stsec: Santa Helena estação seca; Stchu: Santa Helena estação chuvosa; Hsec: Hedberg estação

seca; Hchu: Hedberg estação chuvosa; Itsec: Itupararanga estação seca; Itchu: Itupararanga estação chuvosa.

Fungos zoospóricos Stsec Stchu Frequência (%) Abundância Hsec Hchu Frequência (%) Abundância Itsec Itchu Frequência (%) Abundância FT (%) AT

Avachytrium sp.1 0 0 0 0 1 0 50 0,004 0 0 0 0 16,6 0,004

Catenochytrium sp.1 0 1 50 0,004 1 0 50 0,004 0 0 0 0 33,3 0,008

Catenomyces sp.1 0 0 0 0 1 0 50 0,004 0 0 0 0 16,6 0,004

Catenophlyctis variabilis (Karling)

Karling 0 0 0 0 0 5 50 0,021 0 0 0 0 16,6 0,021

Chytriomyces appendiculatus Karling 1 0 50 0,004 0 0 0 0 0 1 50 0,003 33,3 0,007

Cladochytrium replicatum Karling 1 0 50 0,004 1 2 100 0,013 1 0 50 0,003 66,6 0,019

Cladochytrium setigerum Karling 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 50 0,003 16,6 0,003

Cylindrochytridium sp.1 0 2 50 0,008 0 0 0 0 0 0 0 0 16,6 0,008

Diplophlyctis intestina (Schenk) J. Schröt

0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 50 0,003 16,6 0,003

Diplophlyctis sarcoptoides (H.E.

Petersen) Dogma 3 0 50 0,013 0 1 50 0,004 1 0 50 0,003 50 0,019

Endochytrium sp. 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 50 0,003 16,6 0,003

Entophlyctis sp. 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 50 0,003 16,6 0,003

Karlingiomyces spp. 0 0 0 0 1 0 50 0,004 1 1 100 0,005 50 0,009

Nowakowskiella crenulata Jerônimo

& Pires-Zottarelli 0 2 50 0,008 1 2 100 0,013 0 0 0 0 50 0,021

Nowakowskiella hemisphaerospora Shanor

2 2 100 0,017 1 1 100 0,008 0 1 50 0,003 83,3 0,028

Nowakowskiella ramosa E.J. Butler 1 2 100 0,013 0 0 0 0 0 1 50 0,003 50 0,015

Nowakowskiella sp. 1 0 2 50 0,008 0 0 0 0 0 0 0 0 16,6 0,008

Nowakowskiella spp. 0 1 50 0,004 0 1 50 0,004 2 1 100 0,008 66,6 0,016

Phlyctochytrium sp. 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 50 0,003 16,6 0,003

Rhizophydium angulosum Karling 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 50 0,003 16,6 0,003

Rhizophydium elyense Sparrow 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 100 0,005 33,3 0,005

Rhizophydium sp. 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 50 0,003 16,6 0,003

78

Fungos zoospóricos Stsec Stchu Frequência (%) Abundância Hsec Hchu Frequência (%) Abundância Itsec Itchu Frequência (%) Abundância FT (%) AT

Rhizophydium spp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 50 0,003 16,6 0,003

Rhizophydium stipitatum Sparrow 0 0 0 0 1 0 50 0,004 0 0 0 0 16,6 0,004

Siphonaria sp.1 0 0 0 0 1 0 50 0,004 0 0 0 0 16,6 0,004

Riqueza de espécies 5 7 9 6 11 8

Oomycota Stsec Stchu Frequência (%) Abundância Hsec Hchu Frequência (%) Abundância Itsec Itchu Frequência (%) Abundância FT (%) AT

Achlya caroliniana Coker 1 0 50 0,003 0 0 0 0 0 0 0 0 16,6 0,003

Achlya klebsiana Pieters 0 1 50 0,003 0 1 50 0,003 0 0 0 0 33,3 0,007

Achlya prolifera Nees 0 1 50 0,003 0 0 0 0 0 0 0 0 16,6 0,003

Achlya spp. 3 0 50 0,01 3 1 100 0,014 1 0 50 0,002 66,6 0,026

Aphanomyces laevis de Bary 0 0 0 0 0 1 50 0,003 0 0 0 0 16,6 0,003

Aphanomyces spp. 3 1 100 0,014 2 7 100 0,031 0 2 50 0,004 83,3 0,049

Dictyuchus monosporus Leitg. 0 1 50 0,003 0 0 0 0 0 2 50 0,004 33,3 0,008

Dictyuchus pseudodictyon Coker &

Braxton 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 50 0,002 16,6 0,002

Dictyuchus spp. 2 3 100 0,017 4 2 100 0,021 1 1 100 0,004 100 0,042

Pythiogeton sp. 1 0 0 0 0 0 1 50 0,003 0 0 0 0 16,6 0,003

Phytopythium vexans Abad, de Cock,

Bala, Robideau, Lodhi & Levesque 0 0 0 0 0 1 50 0,003 0 0 0 0 16,6 0,003

Plectospira gemmifera Drechsler 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 50 0,002 16,6 0,002

Pythium inflatum V.D. Matthews 0 0 0 0 0 1 50 0,003 0 0 0 0 16,6 0,003

Pythium middletonii Sparrow 1 0 50 0,003 0 0 0 0 0 0 0 0 16,6 0,003

Pythium torulosum Coker & P. Patt. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 50 0,002 16,6 0,002

Pythium sp. 1 1 0 50 0,003 0 0 0 0 0 0 0 0 16,6 0,003

Pythium sp. 2 1 0 50 0,003 0 0 0 0 0 0 0 0 16,6 0,003

Pythium sp. 3 0 0 0 0 1 0 50 0,003 0 0 0 0 16,6 0,003

Pythium sp. 4 0 0 0 0 0 1 50 0,003 0 0 0 0 16,6 0,003

Pythium sp. 5 0 1 50 0,003 0 0 0 0 0 0 0 0 16,6 0,003

Pythium sp. 6 0 1 50 0,003 0 0 0 0 0 0 0 0 16,6 0,003

79

Fungos zoospóricos Stsec Stchu Frequência (%) Abundância Hsec Hchu Frequência (%) Abundância Itsec Itchu Frequência (%) Abundância FT (%) AT

Pythium sp. 7 1 0 50 0,003 0 0 0 0 0 0 0 0 16,6 0,003

Pythium spp. F 2 0 50 0,007 2 5 100 0,024 0 0 0 0 50 0,031

Pythium spp. P 0 4 50 0,014 2 3 100 0,017 0 3 50 0,006 66,6 0,038

Pythium spp. T 3 4 100 0,024 0 1 50 0,003 1 0 50 0,002 66,6 0,03

Saprolegnia aenigmatica Sand.-Sierra & Diég. Urib.

0 0 0 0 0 1 50 0,003 0 0 0 0 16,6 0,003

Saprolegnia subterranea Dissmann 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 50 0,002 16,6 0,002

Riqueza de espécies 10 9 6 13 5 6

80

Dentre os fungos zoospóricos, Diplophlyctis sarcoptoides (H.E. Petersen)

Dogma, Nowakowskiella hemisphaerospora Shanor e Cladochytrium replicatum Karling

foram comuns aos três reservatórios, durante o período de estudo. Por outro lado,

Cylindrochytridium sp.1 e Nowakowskiella sp.1 ocorrem exclusivamente em Santa

Helena, Avachytrium sp.1, Catenomyces sp., Catenophlyctis variabilis (Karling) Karling

e Cladochytrium setigerum Karling em Hedberg, enquanto Diplophlyctis intestina

(Schenk) J. Schröt, Endochytrium sp.1, Entophlyctis sp.1, Phlyctochytrium sp.1,

Rhizophydium angulosum Karling e R. elyense Sparrow o foram em Itupararanga

(Fig.8A). Já com relação aos representantes do filo Oomycota, Achlya spp. Aphanomyces

spp., Dictyuchus spp., Pythium spp. grupo T (zoosporângio esférico) e Pythium spp. grupo

P (zoosporângio filamentoso não inflado) ocorrem nos três reservatórios durante o

período de estudo. No entanto, Achlya caroliniana Coker, Achlya prolifera Ness,

Pythium middletonii Sparrow, Pythium sp.1, Pythium sp.2, Pythium sp.5, Pythium sp.6 e

Pythium sp.7, ocorreram exclusivamente em Santa Helena, Achlya klebsiana Pieters,

Aphanomyces laevis de Bary, Pythium sp.4, Phytopythium vexans Abad, de Cock, Bala,

Robideau, Lodhi & Levesque, Saprolegnia aenigmatica Sandoval-Sierra & Diéguez-

Uribeondo, Pythiogeton sp.1 e Pythium inflatum V.D. Matthews em Hedberg, enquanto

Dictyuchus monosporus Leitg., D. pseudodictyon Coker & Braxton, Pythium torulosum

Coker & P. Patt., Saprolegnia subterranea (Dissmann) Seym. e Plectospira gemmifera

Drechsler o foram em Itupararanga (Fig. 8B).

81

Figura 8. Número de ocorrência de fungos zoospóricos (A) e oomicetos (B) nos reservatórios analisados durante o estudo. Legendas (A): Siphsp1: Siphonaria sp.1; Rhizspp: Rhizophydium

spp.; Rhizsp1: Rhizophydium sp.1; Rhizstip: Rhizophydium stiptatum; Rhizely: Rhizophydium elyense; Rhizang: Rhizophydium angulosum; Phlycsp1: Phlyctochytrium sp.1; Nowspp:

Nowakowskiella spp.; Nowsp1: Nowakowskiella sp.1; Nowram: Nowakowskiella ramosa; Nowhem: Nowakowskiella hemisphaerospora; Nowcre: Nowakowskiella crenulata; continua ...

82

Karlspp: Karlingiomyces spp; Entosp1: Entophlyctis sp.1; Endosp1: Endochytrium sp.1. Diplsar: Diplophlyctis sarcoptoides; Diplinst: Diplophlyctis intestina; Cylin: Cylindrochytrium sp.1;

Cladset: Cladohytrium setigerum; Clarepl: Cladochytrium replicatum; Chyapp: Chytriomyces appendiculatus; Catvar: Catenophlyctis variabilis; Catenom: Catenomyces sp.1; Caten:

Catenochytridium sp.1; Avasp: Avachytrium sp.1. Legendas (B): Sapsub: Saprolegnia subterranea; Sapaen: Saprolegnia aenigmatica; Pytor: Pythium torulosum; Pyspp.T: Pythium group T;

Pyspp.P: Pythium group P; Pyspp.F: Pythium group F; Pysp7: Pythium sp.7; Pysp6: Pythium sp.6; Pysp5: Pythium sp.5; Pysp4: Pythium sp.4; Pysp2: Pythium sp.2; Pysp1: Pythium sp.1;

Pymidd: Pythium middletonii; Pyinf: Pythium inflatum; Plecgem: Plectospira gemmifera; Phytovex: Phytopythium vexans; Pytiosp1: Pythiogeton sp.1; Dicspp: Dictyuchus spp; Dicpseu:

Dictyuchus pseudodyction; Dicmon: Dictyuchus monosporus; Aphspp: Aphanomyces spp. Aphlae: Aphanomyces laevis; Achspp: Achlya spp; Achpro: Achlya prolifera; Achkle: Achlya

klebsiana; Achcar: Achlya caroliniana

83

De forma geral foi observada uma maior riqueza de espécies na estação

chuvosa, embora não tenham sido observadas diferenças significativas, de acordo com

teste t (p≤0,05), o que pode ser reflexo da baixa pluviosidade durante o período

amostrado, já que Pires-Zottarelli (1990) e Rocha (2004) encontraram maior diversidade

durante a estação chuvosa em lagos e reservatórios do estado de São Paulo. Ainda assim,

os reservatórios de Santa Helena e Hedberg apresentaram uma maior riqueza de espécies

de organismos zoospóricos heterotróficos durante a estação chuvosa, enquanto

Itupararanga o foi na estação seca. Já dentre os oomicetos, a maior riqueza foi observada

durante a estação chuvosa em Hedberg, enquanto os fungos zoospóricos, o foram durante

a estação seca em Itupararanga (Fig. 9).

Figura 9. Riqueza de espécies de fungos zoospóricos e oomicetos nos três reservatórios, durante as

estações seca e chuvosa, no período de estudo.

Considerando os diferentes compartimentos (coluna d'água e sedimento), os

oomicetos apresentaram maior riqueza de espécies na coluna de água (Fig. 10A),

enquanto os fungos zoospóricos o foram no sedimento superficial (Fig. 10B). No entanto,

na coluna d'água de Itupararanga, os fungos zoospóricos apresentaram maior riqueza de

espécies na estação chuvosa, enquanto nas amostras de sedimento de Hedberg, os

oomicetos apresentaram maior riqueza de espécies durante a estação seca. Além disso, os

oomicetos foram mais freqüentes e abundantes na coluna d'água, enquanto os fungos

zoospóricos o foram no sedimento superficial.

84

Figura 10. Riqueza de espécies de fungos zoospóricos e oomicetos na coluna d’água (A) e sedimento superficial (B) nos três

reservatórios, durante as estações seca e chuvosa, no período de estudo.

Durante o estudo, foi observada uma comunidade diversa com poucos táxons

dominantes (Tab. 5), sendo Cladochytrium replicatum, Nowakowskiella

hemisphaerospora, Aphanomyces spp., Dictyuchus spp., Pythium grupo P e Pythium

grupo T, os táxons mais frequentes e abundantes, considerando os reservatórios e estações

(seca e chuvosa). Wurzbacher et al. (2016) observaram a predominância de

representantes da ordem Cladochytriales (Nowakowskiella e Cladochytrium) em

ecossistemas lênticos de regiões temperadas, enquanto no Brasil, Rocha (2004)

mencionou a expressiva frequência dos representantes dos gêneros Nowakowskiella,

Dictyuchus e Pythium spp. do grupo T, em lagos do Parque Estadual das Fontes do

Ipiranga (PEFI), São Paulo, SP.

Tabela 5. Índices de diversidade dos organismos zoospóricos heterotróficos nos

reservatórios durante as estações seca e chuvosa. Letras iguais indicam que os valores

não apresentaram diferenças significativas entre as estações.

Índices Hedberg St. Helena Itupararanga

Seca Chuvosa Seca Chuvosa Seca Chuvosa

Riqueza de espécies (S) 15a 19a 15a 16a 16a 14a

Dominância de Simpson (D) 0,91a 0,90a 0,92a 0,92a 0,93a 0,92a

Índice de Shannon (H’) 2,60 a 2,60a 2,60a 2,60a 2,70a 2,60a

Equitatividade (E) 0,89a 0,75a 0,89a 0,87a 0,97a 0,94a

85

Uma similar composição de espécies foi observada entre as estações (SI = 88%),

nas quais, Chytriomyces appendiculatus, Cladochytrium replicatum, Diplophlyctis

sarcoptoides, Nowakowskiella crenulata, N. hemisphaerospora, N. ramosa, R. elyense,

Pythium spp. grupo P, Pythium spp. grupo T e Pythium spp. grupo F foram observados

tanto na estação seca como na chuvosa. Por outro lado, Catenophlyctis variabilis,

Cylindrochytridium sp.1, Nowakowskiella sp.1, Achlya klebsiana, A. prolifera,

Aphanomyces laevis, Dictyuchus monosporus, D. pseudodyction, Phytopythium vexans,

Pythium inflatum, P. torulosum e Saprolegnia aenigmatica foram restritos à estação

chuvosa, a qual apresentou maiores concentrações de nitrogênio total e fósforo total

(exceto por Hedberg), enquanto Cladochytrium setigerum, Diplophlyctis intestina,

Rhizophydium angulosum, R. stiptatum, Siphonaria sp.1, Achlya caroliniana, Plectospira

gemmifera, Pythium middletonii e Saprolegnia subterranea, o foram na estação seca,

associada à menores concentrações destes nutrientes (exceto por Hedberg). A alta

similaridade entre as estações pode ser reflexo da baixa pluviosidade observada durante

o período de estudo, especialmente na estação chuvosa, a qual apresentou volumes muito

abaixo das médias históricas para os meses amostrados, já que diversos estudos

(Czeczuga 1986, Pires-Zottarelli 1990, Czeczuga 1995, Rocha 2004, Marano et al. 2008,

Czeczuga et al. 2010, Marano et al. 2011) apontaram maior diversidade nos períodos de

maior pluviosidade.

Foi observada uma comunidade diversa, com poucos táxons dominantes entre os

compartimentos, os quais ocorreram de maneira geral na coluna d’água e sedimento

superficial (SI = 81%). No entanto, R. stipitatum, A. caroliniana, A. klebsiana, A.

prolifera, A. laevis, D. monosporus, P. vexans, P. middletonii, Pythium spp. grupo F, S.

aenigmatica ocorreram exclusivamente na coluna d’água, enquanto Chytriomyces

appendiculatus, C. setigerum, D. intestina, N. hemisphaerospora, R. angulosum, R.

elyense, Siphonaria sp.1, D. pseudodictyon, P. gemmifera, P. inflatum, P. torulosum e S.

subterranea o foram no sedimento superficial. Sparrow (1968), Czeczuga & Muszynska

(2001), Amal et al. (2005) e Zappia et al. (2014) também relataram a expressiva

frequência dos gêneros Achlya, Aphanomyces, Dictyuchus e Pythium em estudos de

distribuição no perfil da coluna d’água de ecossistemas lênticos. De acordo com estes

autores, Pythium spp. foram especialmente frequentes, assim como observado neste

estudo. No Brasil, Rocha & Pires-Zottarelli (2002) mencionaram, para o perfil da coluna

d’água do reservatório do Guarapiranga, os mesmos gêneros citados anteriormente,

86

embora Pythium não tenha se destacado como um dos mais frequentes. Já com relação ao

sedimento, Yang & Hong (2015) mencionaram a expressiva frequência de Pythium e

Phytophythium Abad, de Cock, Bala, Robideau, Lodhi & Lévesque, estando estes gêneros

restritos às camadas superficiais do perfil sedimentar, enquanto Wurzbacher et al. (2016)

demonstraram que Rhizophydiales e Cladochytriales apresentaram expressiva frequência

de ocorrência neste compartimento.

Considerando os gradientes trófico e sazonal observados na PCA (Fig. 2), estes

parâmetros foram relacionados à ocorrência e distribuição dos organismos zoospóricos

heterotróficos. A análise de coordenadas principais (PCoA) dos dados bióticos da coluna

d’água (Fig. 11) explicou 51,3% da variabilidade total dos dados, sendo o eixo 1 o que

explicou maior parte desta variação (31,8%). A PCoA indicou que os espécimes de

Dictyuchus estão relacionados com Santa Helena durante a estação chuvosa, enquanto os

espécimes de Achlya estão relacionados ao mesmo reservatório na estação seca, nas quais,

as mais baixas concentrações de fósforo total e nitrogênio total foram observadas. Por

outro lado, os espécimes de Aphanomyces, Pythium com zoosporângios filamentosos não

inflados (grupo P), estão relacionados com Hedberg na estação chuvosa, o qual

apresentou altas concentrações de PT e NT. Rocha (2004) também observou a relação

dos espécimes de Pythium do grupo P com as altas concentrações de NT e PT no lago das

Garças do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), São Paulo, SP.

87

Figura 11. Análise de coordenadas principais (PCoA) dos dados bióticos da coluna d’água, durante as

estações seca e chuvosa. Os táxons com somente uma ocorrência ao longo do estudo não foram incluídos

na análise. Legendas: Achkl: Achlya klebsiana; Achspp: Achlya spp; Aphspp: Aphanomyces spp.; Clarep:

Cladochytrium replicatum; Dicmon: Dictyuchus monosporus; Dicspp: Dictyuchus spp., Karlspp:

Karlingiomyces spp.; Nowcre: Nowakowskiella crenulata; Nowspp: Nowakowskiella spp., PysppF:

Pythium spp. grupo F; PysppP: Pythium spp. grupo P; PysppT: Pythium spp. grupo T; Stsec1: Santa

Helena seca ponto 1; Stsec2: Santa Helena seca ponto 2; Stsec3: Santa Helena seca ponto 3; Stchu1: Santa

Helena chuvosa ponto 1; Stchu2: Santa Helena chuvosa ponto 2; Stchu3: Santa Helena chuvosa ponto 3;

Hsec1: Hedberg seca ponto 1; Hsec2: Hedberg seca ponto 2; Hsec3: Hedberg seca ponto 3; Hchu1:

Hedberg chuvosa ponto 1; Hchu2: Hedberg chuvosa ponto 2; Hchu3: Hedberg chuvosa ponto 3; Itsec1:

Itupararanga seca ponto 1; Itsec2: Itupararanga seca ponto 2; Itsec3: Itupararanga seca ponto 3; Itsec4:

Itupararanga seca ponto 4; Itsec5: Itupararanga seca ponto 5; Itchu1: Itupararanga chuvosa ponto 1;

Itchu2: Itupararanga chuvosa ponto 2; Itchu3: Itupararanga chuvosa ponto 3; Itchu4: Itupararanga chuvosa

ponto 4; Itchu5: Itupararanga chuvosa ponto 5.

A PCoA dos dados bióticos do sedimento superficial (Fig. 12) explicou 46,3%

da variabilidade total dos dados, com o eixo 1 explicando maior parte desta variação

(27,5%). A PCoA mostrou que Diplophlyctis sarcoptoides, Cladochytrium replicatum e

os espécimes de Pythium com zoosporângios esféricos (grupo T) estão relacionados com

com Santa Helena durante a estação seca, a qual apresentou baixas concentrações de PT

e NT, enquanto Catenophlyctis variabilis está relacionado com Hedberg durante a estação

chuvosa, onde foi observado altas concentrações de PT, NT e carbono orgânico total.

Rocha (2004) também relacionou as ocorrências de D. sarcoptoides aos locais com baixas

88

concentrações de PT e NT no Lago das Ninféias (São Paulo, SP) e de C. variabilis aos

locais de alta concentração destes nutrientes no Lago das Garças, embora estes relatos

estejam relacionados a distribuição ao longo da coluna d’água, uma vez que este é o

primeiro estudo a investigar a ocorrência destes organismos em sedimentos de

ecossistemas lênticos brasileiros.

Figura 12. Análise de coordenadas principais (PCoA) dos dados bióticos do sedimento superficial, durante

as estações seca e chuvosa. Os táxons com somente uma ocorrência ao longo do estudo não foram incluídos

na análise. Legendas: Achspp: Achlya spp; Aphspp: Aphanomyces spp.; Catvar: Catenophlyctis

variabilis; Chyapp: Chytriomyces appendiculatus; Clarep: Cladochytrium replicatum; Dipsar:

Diplophyctis sarcoptoides; Nowcre: Nowakowskiella crenulata; Nowhem: Nowakowskiella

hemisphaerospora; Nowram: Nowakowskiella ramosa; Nowsp1: Nowakowskiella sp.1; PysppP: Pythium

spp. grupo P; PysppT: Pythium spp. grupo T; Rhizely: Rhizophydium elyense; Stsec1: Santa Helena

seca ponto 1; Stsec2: Santa Helena seca ponto 2; Stsec3: Santa Helena seca ponto 3; Stchu1:

Santa Helena chuvosa ponto 1; Stchu2: Santa Helena chuvosa ponto 2; Stchu3: Santa Helena

chuvosa ponto 3; Hsec1: Hedberg seca ponto 1; Hsec2: Hedberg seca ponto 2; Hsec3: Hedberg

89

seca ponto 3; Hchu1: Hedberg chuvosa ponto 1; Hchu2: Hedberg chuvosa ponto 2; Hchu3:

Hedberg chuvosa ponto 3; Itsec1: Itupararanga seca ponto 1; Itsec2: Itupararanga seca ponto 2;

Itsec3: Itupararanga seca ponto 3; Itsec4: Itupararanga seca ponto 4; Itsec5: Itupararanga seca

ponto 5; Itchu1: Itupararanga chuvosa ponto 1; Itchu2: Itupararanga chuvosa ponto 2; Itchu3:

Itupararanga chuvosa ponto 3; Itchu4: Itupararanga chuvosa ponto 4; Itchu5: Itupararanga

chuvosa ponto 5.

Já que durante as amostragens foi observada maior frequência, abundância e

riqueza de táxons de fungos zoospóricos no sedimento superficial e dos oomicetos na

coluna d’água, podemos rejeitar a hipótese de que estes dois grupos ocorreriam

preferencialmente na coluna d’água. Os poucos relatos de fungos zoospóricos em

amostras de sedimento podem estar mais relacionadas a limitações de amostragens do

que necessariamente aos padrões ecológicos destes fungos. Além disso, como não foram

observadas diferenças significativas na riqueza de espécies entre as estações, não

confirmamos a hipótese de que em épocas mais chuvosas apresentariam uma maior

riqueza de organismos zoospóricos heterotróficos, comparado à estação seca, muito

provavelmente reflexo da baixa pluviosidade observada, principalmente, durante a

estação chuvosa.

Os organismos zoospóricos, apresentaram uma ampla distribuição ao longo de

diferentes gradientes tróficos, assim como mencionado por Rocha (2004), estando

algumas espécies relacionadas aos locais com as mais altas concentrações de nitrogênio

e fósforo total, como Catenophlyctis variabilis, enquanto outras estão à locais com as

mais baixas concentrações destes nutrientes (Diplophlyctis sarcoptoides e Cladochytrium

replicatum) e que poderiam potencialmente ser táxons indicativos da qualidade das

águas. Concluímos, portanto, que os organismos zoospóricos heterotróficos são, no geral,

tolerantes às amplas variações nas concentrações de nitrogênio e fósforo, mas alguns

táxons são limitados pela disponibilidade destes nutrientes, particularmente o fósforo.

90

Referências bibliográficas

Amal, E. A., Aïcha, E. A. & Bernard, P. 2005. Achlya abortispora, a new Oomycete

isolated from water samples taken from a water reservoir in Morroco. Current

Microbiology 53: 60-67.

Amaral, A.M., Barbério, A., Voltolini, J.C. & Barros, L. 2007. Avaliação preliminar

da citotoxicidade e genotoxicidade da água da bacia do rio Tapanhon (SP-Brasil)

através do teste Allium (Allium cepa). Revista Brasileira de Toxicologia 20: 65‑72.

Birks, H.H. & Birks, H.J. 2006. Multi-proxy studies in palaeolimnology. Vegetation

History Archaeobotany 15: 235-251.

Carlson, R.E. 1977. A trophic state index for lakes. Limnology and Oceanography, 22:

361-369.

CEPAGRI – Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a

Agricultura (2018). Disponível online em: http://www.cpa.unicamp.br/outras-

informacoes/clima-dos-municipios-paulistas.html. Acessado em 06 Junho de 2018.

CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. 2013. Relatório de

qualidade das águas superficiais no Estado de São Paulo. Parte 1. São Paulo, 301 p.

Chen, M., Chen, F., Yu, Y., et al. 2008. Genetic diversity of eukaryotic microorganisms

in Lake Taihu, a large shallow subtropical lake in China. Microbiology Ecology 56:

572−583

CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente. 2005. Resolução n° 357, de 17 de

março de 2005. Ministério do Meio Ambiente. p. 23.

Colins, C. & Willoughby, L.G. 1962. The distribution of bacteria and fungal spores in

Blelham Tarn with particular reference to an experimental overturn. Archiv für

Mikrobiologie 43: 294-307.

Cooke, W.B. 1976. Fungi in sewage. In. Gareth Jones, E.B (Ed.). recent advances in

Aquatic Mycology. London: Elek Science p. 389-434.

Czeczuga, B. Woronowicz, L., Brzozowska, K. & Chomutowska, H. 1989. Studies of

aquatic fungi IX. Mycoflora of different types springs. Acta Hydrobiologica 31: 273-

283.

Czeczuga, B. Woronowicz, L., Brzozowska, K. 1990a. Studies of aquatic fungi XII.

Aquatic fungi of the lowland river Biebrza. Acta Hydrobiologica 26: 77-83.

91

Czeczuga, B. Woronowicz, L., Brzozowska, K. 1990b. Studies of aquatic fungi XIII.

Mycoflora of river Czarna Hancza and its tributary, the river Marycha. Internationale

Revue der gesamten Hydrobiologie 75: 245-255.

Czeczuga, B. 1991a. Studies of aquatic fungi. Part XVI. Aquatic fungi of the river Pisa

and its tributary, the river Skroda. Acta hydrochimica et hydrobilogica 19: 57-65.

Czeczuga, B. 1991b. Studies of aquatic fungi. Part XXII. Mycoflora of the river

Wegorapa and its tributary, the river Goldapa-Jarka. Acta hydrochimica et

hydrobilogica 19: 517-528.

Czeczuga, B. & Woronowicz, L. 1991. The lake Mamry complex. Acta Mycologica 27:

93-103.

Czeczuga, B. 1994. Studies of aquatic fungi. Part XVII. Aquatic fungi of Lake Hancza

in the Suwalki Scenic Park and some adjacents lakes (northeastern Poland). Acta

Hydrobiologica 36: 371-385.

Czeczuga, B. & Muszynska, E. 2001. Zoosporic fungi growing on Gymnosperm pollen

in water of variety trophic state. Polish Journal of Environmental Studies 10: 89-94.

Dawson, S.C. & Pace, N.R. 2002. Novel Kingdom-level eukaryotic diversity in anoxic

environents. Proceedings Natural Academic Sciences of USA 99: 8324-8329.

Esteves, F.A. 2011. Fundamentos de limnologia. Rio de Janeiro. Interciencia. 3 ed. 826p.

FLONA – Floresta Nacional de Ipanema, Plano de Manejo. 2016. Instituto Chico

Mendes de Preservação da Biodiversidade.

Gerphagnon, M., Latour, D., Colombet, J. & Sime-Ngando, T. 2013. A double

staining method using SYTOX green and calcofluor white for studing fungal parasites

of phytoplankton. Applied and Environmental Microbiology

dx.doi.org/10.1128/AEM.00696-13.

Gleason, F. H., Karpov, S.A., Lilje, O., Macarthur, D.J. et al. 2014. In: Gareth Jones,

E. B., Hyde, K. D. e Pang, K. (Eds.). Zoosporic parasites of phytoplankton. Walter

de Gruyter GmbH, Berlin/Boston, pp.279-304.

Golterman, H.L. & Clymo, R.S. 1969. Methods for chemical analysis of freshwaters.

Oxford and Edinburg: Blackwell Scientific Publications. International Biological

Programme. 171p.

Grossart, H.P. & Rojas-Jimenez, K. 2016. Aquatic fungi: targeting a forgotten in

microbial ecology. Current opinion in Microbiology 31: 140-145.

92

Jerônimo, G.H., Jesus, A.L., Rocha, S.C.O. Gonçalves, D.R. et al. 2017. New insights

into Plectospira genus (Oomycetes, Straminipila): morphological and molecular

analysis. Phytotaxa 307: 191-198.

Kagami, M., E. Van Donk, A. de Bruin, M. Rijkeboer & B. W. Ibelings, 2004.

Daphnia can protect diatoms from fungal parasitism. Limnology and Oceanography

49: 680-685.

Kagami, M., Bruin, A., Ibelings, B.A. & Donk, E.V. 2007. Parasitic chytrids: their

effects on phytoplankton communities and food-web dynamics. Hydrobiologia: 578:

113-129.

Kagami, M.; Helmsing, N. R.; Van Donk, E. 2011. Parasitic chytrids could promote

copepod survival by mediating material transfer from inedible diatoms.

Hydrobiologia 659: 49-54.

Kagami, M., Miki, T. & Takimoto, G. 2014. Mycoloop: chytrids in aquatic food webs.

Frontiers in Microbiology doi: 10.3389/fmicb.2014.00166.

Lamparelli, M.C. 2004. Grau de trofia em corpos d’água do estado de São Paulo:

avaliação dos métodos de monitoramento.Tese de doutorado, Universidade de São

Paulo, 235 p.

Lefèvre, E., Bardot, C., Noël, C., Carrias, J.F., Viscogliosi, E. et al. 2007. Unveiling

fungal zooflagellates as members of freshwater picoeucakaryotes: evidence from a

molecular diversity study in a deep meromictic lake. Environmental Microbiology: 9:

61-71.

Lefèvre, E., Letcher, P. & Powell, M. 2012. Temporal variation of small eukaryotic

community in two freshwater lakes: emphasis on zoosporic fungi. Aquatic microbial

Ecology67: 91-105.

Lefranc, M., Thénot, A., Lepère, C. & Debroas, D. 2005. Genetic diversity of small

eukaryotes in lakes differing by their trofic status. Application Environmental

Microbiology 71: 5935-5942.

Lepère, C., Domaizon I. & Debroas, D. 2008. Unexpected importance of potencial

parasites in the composition of the freshwater small-eukaryote community. Applied

and Environmental Microbiology 74: 1029-1041.

Lucinda, I. 2003. Composição de Rotifera em corpos d’água da bacia do rio Tietê – São

Paulo, Brasil. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de São Carlos: São

Carlos. 199p.

93

Marano, A.V., Zottarelli, C.L.A., Barrera, M.D. et al. 2011. Diversity, role in

decomposition, and sucession of zoosporic fungi and straminipiles on submerged

decaying leaves in a woodland stream. Hydrobiologia 659: 93-109.

Margalef, R. 1983. Limnologia. Omega, Barcelona.

McCune, B. & Mefford, M.J. 2011. PC-ORD. Multivariate analysis of ecological data.

Version 6. MjM Software, Gleneden Beach, Oregon, USA.

Milanez, A.I. 1989. Fungos de águas continentais. In: O. Fidalgo, V.L. Bononi (coords.).

Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. Série

Documentos. São Paulo, Instituto de Botânica. pp. 17-20.

Monchy, S., Sanciu, G., Jobard, M., Rasconi. et al. 2011. Exploring and quantifying

fungal in freshwater lake ecosystems using rDNA cloning/sequencing and SSU tag

pyrosequencing. Environmental Biology 13: 1433-1453.

Müeller-Dombois, D. & Ellemberd, H. 1974. Aims and methods of vegetation ecology.

New York, Jonh Wiley & Sons. pp. 547.

Nascimento, C.A., Gomes, E.P.C. & Pires-Zottarelli, C.L.A. 2011. Occurrence and

distribution of zoosporic organisms in water bodies from Brazilian Cerrado.

Mycologia 103: 261-272.

Pedrazzi, F.J.M., Conceição, F.T., Sardinha, D.S., Moschini-Carlos, V. et al. 2014.

Avaliação da qualidade da água do reservatório de Itupararanga, Bacia do Alto

Sorocaba. Geociências 33: 26-38.

Pires-Zottarelli, C.L.A. 1990. Levantamento dos fungos zoospóricos da Represa do

Lobo (“Broa”), São Carlos, SP, Brasil [Master dissertation]. São Paulo: Universidade

Estadual Paulista. 175 p.

Plaats-Niterink, V.J. 1981. Monograph of the genus Pythium. Studies in Micology 21:

1-244.

Pusceddu, A., Gambi, C., Manini, E. & Danovaro, R. 2007. Trophic state, ecosystem

efficiency and biodiversity of transitional aquatic ecosystems: analysis of

environmental quality based on different benthic indicators. Journal of Chemical

Ecology 23: 505‑515.

Rasconi, S. Jobard, M., Jouve, L. & Sime-Ngando, T. 2009. Use of calcofluor white

for detection, identification, and quantification of phytoplanktonic fungal parasites.

Applied and Environmental Microbiology 75: 2545–2553.

94

Rasconi, S.; Niquil, N.; Sime-Ngando, T. 2012. Phytoplankton chytridiomycosis:

community structure and infectivity of fungal parasites in aquatic ecosystems.

Environmental Microbiology, Bedford, v. 14, p. 2151–2170.

Rasconi, S., Grami, B., Niquil, N., Jobard, M. et al. 2014. Parasitic chytrids sustain

zooplankton growth during inedible algal bloom. Frontiers in Microbiology 5: 1-20.

Rocha, M. & Pires-Zottarelli, C.L.A. 2002. Chytridiomycota o Oomycota da represa

do Guarapiranga. Acta Botanica Brasilica 16: 287-309.

Rocha, M. 2004. Micota zoospórica de lagos com diferentes trofias do Parque Estadual

das Fontes do Ipiranga (PEFI), São Paulo, SP. Dissertação para obtenção do título de

Mestre em Microbiologia para o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de

São Paulo, p. 1-85.

Sartory & Groberlaar. 1984. Extraction of chlorophyll-a from freshwater

phytoplankton for spectrophotometric analysis. Hidrobiology 114: 177-187.

Shearer, C.A., Descals, E., Kohlmeyer, B., Kohlmeyer, J. et al. 2007. Fungal

biodiversity in aquatic habitats. Biodiversity Conservation 16: 49-67.

Secchin, L.F. 2012. Caracterização ambiental e estimativa da produção de cargas difusas

na área de drenagem da represa de Itupararanga. Dissertação de mestrado.

Universidade de São Paulo: São Paulo. 122p.

Slapeta, J., Moreira, D., Purificación, L.G. 2005. The extend of protist diversity:

insights from molecular ecology and freshwater. Proceedings of the Royal Society B

272: 2073-2081.

Smol, J.P. 2008. Pollution of lakes and rivers: a paleoenvironmental perspective.

Blackewell, 2 ed., Oxford University Press, New York.

Sparrow. F. K. 1968. The Fungi: An Advanced Treatise. In: Ainsworth, G.C. Sussman,

A.S. (eds.). The Fungal Population III, Academic Press, New York.

Tolmasquim, M.T. 2012. Perspectivas e planejamento do setor energético no Brasil.

Estados Avançados 26: 247-260.

Tundisi, J.G., Matsumura-Tundisi, T. & Tundisi, J.E.M. 2008. Reservoirs and human

well being: new challenges for evaluating impacts and benefits in the neotropics.

Brazilian Journal of Biology 68: 1133-1135.

Valderrama, G.C. 1981. The simultaneous analysis of total nitrogen and total

phosphorus in natural waters. Marine Chemistry 10: 109-122.

Wurzbacher, C.M., Barlocher, F. & Grossart, H.P. 2010. Fungi in lake ecosystems.

Aquatic microbial Ecology 59: 125-149.

95

Wurzbacher, C.M., Whartmann, N., Bourne, E., Attermeyer, K. et al. 2016. High

habitat-specific in fungal communities of oligo-mesotrophic temperate Lake Stechlin

(North-West Germany). Mycokeys 16: 17-44.

Wetzel, R.G. 2001. Structure and productivity of aquatic ecossystems. In: Limnology.

Academic Press, San Diego, pp. 206.

Widenfalk, A., Bertilsson, S., Sundh, I. & Goedkoop, W. 2008. Efects of pesticides on

community composition and activity of sediment microbes – response at various

levels of microbial community organization. Enviromental Polution 152: 576-584.

Wong, M.K.M., Goh, T.K., Hodgkiss, I.J. et al. 1998. Role of fungi in freshwater

ecossystems. Biodiversity and Conservation 7: 1187-1206.

Yang, X., & Hong, C.X. 2015. Diversity and populations of Phytophthora, Phytopythium

and Pythium species recovered from sediments in an agricultural run‐off

sedimentation reservoir. Plant Pathology 65: 1118-1125.

Zak, J.C. & Willig, M.R. 2004. Fungal biodiversity patterns. In: G.M. Mueller, G.F.

Bills, M.S. Foster (eds.). Biodiversity of fungi: Inventory and monitoring methods.

Elsevier Academic Press, San Diego, pp. 59–75.

Zappia, R.E., Hüberli, D., Hardy, G.S.J. & Bayliss, K.L. 2014. Fungi and oomycetes

in open irrigation systems: knowledge gaps and biosecurity implications. Plant

Pathology 63: 961-972.

96

CAPÍTULO 2

NOVELTIES FOR THE NOWAKOWSKIELLA GENUS (CLADOCHYTRIALES;

CHYTRIDIOMYCETES): NEW SPECIES AND NEW COMBINATION

Artigo elaborado de acordo com as normas da revista Mycologia

97

Novelties for the Nowakowskiella genus (Cladochytriales; Chytridiomycetes): new

species and new combination

Gustavo H. Jerônimo1*, Ana L. Jesus1, D. Rabern Simmons2, Timothy Y. James2, Carmen

L.A. Pires-Zottarelli1

1 “Núcleo de Pesquisa em Micologia”, Instituto de Botânica, Sao Paulo, Sao Paulo 04301-902

2 Department of Ecology and Evolutionary Biology, University of Michigan, Ann Arbor, Michigan 48109-

1085

* Corresponding author. Email: [email protected]

Abstract: Five Nowakowskiella species were identified and purified on nutrient agar and

included in phylogenetic analyses, this being the first such study for four of these species.

Our combined maximum likelihood analyses from SSU, 5.8S (ITS) and LSU regions of

rDNA showed that Nowakowskiella is not a monophyletic clade due the position of

Nowakowskiella elongata, which is more related to Cladochytrium. Therefore, we

reclassify N. elongata as the type of the new genus Karlingiella, in addition to describing

the new species N. crenulata within the monophyletic Nowakowskiella.

Key words: chytrid, Karlingiella, Nowakowskiella crenulata, phylogeny

INTRODUCTION

The advancement and popularization of molecular tools have deeply influenced

the systematics of several groups of fungi. In the basal Chytridiomycota (chytrid fungi or

chytrids), molecular data corroborating the relationships suggested by zoospore

ultrastructure have revealed that the classical taxonomic system, based on convergently-

derived thalli structures, is not phylogenetically accurate (Letcher et al. 2006; Letcher

and Powell 2014). Thus, numerous nomenclatural changes have been proposed, including

the description of new species, genera, families and orders (Letcher et al. 2005; James et

al. 2006; Letcher et al. 2006; Mozley-Standridge et al. 2009; Simmons et al. 2009;

Longcore and Simmons 2012; Vélez et al. 2013; Karpov et al. 2014) and major revisions

and reclassifications of polyphyletic groups (Vélez et al. 2011; Letcher and Powell 2014).

98

The description of the Cladochytriales, to include some genera classically

included in Chytridiales, was based on these species’ monophyly, independent of the

Chytridiales, in small (SSU) and large (LSU) subunit ribosomal DNA molecular

phylogenies (Mozley-Standridge et al. 2009). Additionally, of those examined by

transmission electron microscopy, they all produce zoospores with a unique constellation

of ultrastructural characters (Lucarroti 1981, Mozley-Standridge et al. 2009).

Representatives of this order have different types of development, reproductive

structures, and ecological preferences. The polycentric genera Nowakowskiella Schröt.

and Cladochytrium Nowak. are the largest of the order, yet only a few species have been

isolated, cultured, and included in molecular phylogenies, keeping their interspecific

relationships, and indeed their generic monophyly, uncertain.

Nowakowskiella was proposed by J. Schrot in 1893 to include the type species N.

elegans, previously named Cladochytrium elegans Nowak. Over the years, several

species have been described and currently this genus contains 18 legitimate species

(Mycobank 2018), which are morphologically recognized by production of polycentric

thalli, with operculated zoosporangia interconnected by rhizomycelia, which contain

occasional non-septate swellings (Sparrow 1960; Karling 1977). Originally included in

the Nowakowskiellaceae by Sparrow (1942), this genus was transferred shortly thereafter

to Megachytriaceae (Sparrow 1943). However, neither family was validly published, and

Mozley-Standridge et al. (2009) validly reinstated the original family name. Though taxa

have been recently reshuffled in higher taxonomic groups, the last new species, N.

keratinophila Hassan and Batko, was described around 20 years ago (Hassan & Batko

1988).

Therefore, the aim of this study is to introduce the new species Nowakowskiella

crenulata Jerônimo & Pires-Zottarelli, include N. multispora Karling and N. ramosa

Butler for the first time in phylogenetic reconstructions, besides to transfer N. elongata

Karling to a new genus, Karlingiella, and increase the knowledge about the phylogenetic

relationship within this order.

99

MATERIALS AND METHODS

Isolation and culture.—Sediment surface, soil and water samples were collected on lentic

and lotic freshwater habitats from several locations in the Brazilian Atlantic Rainforest

(TABLE I). These samples were baited with cellulosic substrates (onion skin, corn leaves,

and cellophane), infected substrates were aseptically removed and placed on nutrient agar

medium, on which chytrids were further isolated into pure culture through the collection

of aseptic zoospores and/or rhizomycelium onto fresh medium, including PmTG (1 g

peptonized milk, 1 g tryptone, 5 g dextrose, 8 g agar, 0.5 g streptomycin sulfate, 0.5 g

penicillin-G, 1 L deionized water), CMA plus glucose (16 g corn meal agar, 2.5 g glucose,

1 L deionized water) or YPSS/8 (4 g yeast extract, 15 g soluble starch, 1 g K2HPO4, 0.5

g MgSO4 × 7 H2O, 1 L deionized water). Pure cultures were deposited in the MMBF

culture collection (“Micoteca Mário Barreto Figueiredo”) belonging to WFCC (World

Federation for Culture Collections) and also to the CCIBt collection culture (“Coleção de

Cultura de Algas, Fungos e Cianobácterias do Instituto de Botânica”). Additionally, the

strains were cryopreserved according to the protocol of Boyle et al. (2003).

The collection culture or voucher numbers, the geographic coordinates and type

of samples and habitats collected are showed in the TABLE I.

TABLE I. Species, collection culture or voucher numbers, geographic coordinates and type of

samples and habitats collected for the 14 Cladochytriales strains isolated during this study.

Species

Collection

culture or

voucher

numbers

Geographic coordinates Municipality/State/

Country

Samples

(habitats)

Cladochytrium

replicatum CCIBt4014

25°03’05”/25°18’18”S-

47°53’48”/48°05’42”W

Cananéia/Sao

Paulo State/Brazil

water

(stream)

Cladochytrium

replicatum CCIBt3845 23°38’20,6”S/46°37’34,3”W

São Paulo/São

Paulo State/Brazil

water

(stream)

Cladochytrium

replicatum CCIBt4263

23°25'33,72''S/47°35'42,66''

W

Votorantim/São

Paulo State/Brazil

water

column

(reservoir)

Cladochytrium

replicatum ALJ05

24°30’25,09”S/47°15’42,08”

W

Juréia/São Paulo

State/Brazil

waterfall

(stream)

Nowakowskiella

crenulata CCIBt4258

23°34'49,92''S/47°25'32,64''

W

Votorantim/São

Paulo State/Brazil

sediment

surface

(reservoir)

Nowakowskiella

crenulata CCIBt4259

23°34'54,30''S/47°26'12,12''

W

Ibiúna/São Paulo

State/Brazil

sediment

surface

(reservoir)

Nowakowskiella

elongata CCIBt4016

25°03’05”/25°18’18”S-

47°53’48”/48°05’42”W

Cananéia/São

Paulo State/Brazil

water

(stream)

100

Species

Collection

culture or

voucher

numbers

Geographic coordinates Municipality/State/

Country

Samples

(habitats)

Nowakowskiella

elongata ALJ09

24°30’04,07”S/47°15’58,0”

W

Juréia/São Paulo

State/Brazil

submerged

leaves

(river)

Nowakowskiella

hemisphaerospora GHJ13

23°25'40,86''S/47°35'31,14''

W

Cananéia/São

Paulo State/Brazil

sediment

surface

(reservoir)

Nowakowskiella

multispora CCIBt4015

25°03’05”/25°18’18”S-

47°53’48”/48°05’42”W

Cananéia/São

Paulo State/Brazil

water

(stream)

Nowakowskiella

multispora CCIBt3864 23°38’18,8”S/46°37’31,7”W

São Paulo/São

Paulo State/Brazil

water

(stream)

Nowakowskiella

ramosa CCIBt4294

23°34'49,92''S/47°25'32,64''

W

Votorantim/São

Paulo State/Brazil

water

column

(reservoir)

Nowakowskiella sp.1 CCIBt4260 23°34'58,56''S/47°25'50,52''

W

Votorantim/São

Paulo State/Brazil

sediment

surface

(reservoir)

Nowakowskiella sp. ALJ23 24°22’51,04”S/47°20’39,0”

W

Juréia/São Paulo

State/Brazil soil

Polychytrium

aggregatum CCIBt4017

25°03’05”/25°18’18”S-

47°53’48”/48°05’42”W

Cananéia/São

Paulo State/Brazil soil

Polychytrium

aggregatum ALJ30

24°32’28,1”S/47°12’38,08”

W

Juréia/São Paulo

State/Brazil water (river)

Nowakowskiella species produce thick-walled resting spores that do not germinate

on standard nutrient agar media, and these structures are indicative of certain species. In

order to stimulate resting spore production, we cultivated our Nowakowskiella strains on

YPSS/8 media prepared with soil water as described by Lucarotti (1981). Lucarotti

argued that the micro-nutrients provided by the soil could stimulate the production of

zoospores, and we proposed to test if the same theory held true to resting spore

production. We applied 7 g of garden soil and 0.05 g calcium carbonate to 250 ml of

distillated water, steamed this mixture for 2 hours during two consecutive days, and then

filtered the solution twice with a Buchner funnel and Whatman n°1 filter paper to remove

all particulate material. After that, the solution was diluted in the ratio of two parts of

distillated water to 1 part of filtered solution, autoclaved, and used to prepare the YPSS/8

culture medium.

Morphology.—Pure cultures were observed growing in PmTG, CMA plus glucose and

YPSS/8 broth and on purified cellulosic substrates (onion skin, cellophane and corn

leaves). Examination of thallus morphology of all strains was performed on Leica

DMLB2. We used the Sparrow (1960) and Karling (1977) bibliographies along with the

original description of the species (Butler 1907, Shanor 1942, Karling 1944, 1963) to

identify our isolates.

101

DNA extraction, amplification and sequencing.—For DNA extraction, a small piece of

agar with zoosporangia or rhizomycelium was transferred to Erlenmeyer flasks

containing 50 ml of PmTG liquid medium prepared with autoclaved reserve-osmosis

water. After incubation for 5-10 days at 21C, the material was transferred to 2 mL

microcentrifuge tubes to obtain pellets for DNA extraction procedure. The extraction of

genomic DNA followed the protocol described in the PureLink Genomic DNA kit

(Invitrogen©). Genomic DNA was visualized by electrophoresis of the extracts on a 0.8%

agarose gel. Ribosomal regions were amplified with the PCR SuperMix kit (Invitrogen©)

for a final volume of 25 L, and the partial LSU, SSU and complete ITS regions of rDNA

were amplified using the primers LR0R/LR5, SR1R/NS4 (Vilgalys and Hester 1990) and

ITS4/ITS5 (White et al. 1990), respectively. Thermocycler parameters followed the cycle

described in James et al. (2006). Amplicons were purified with AxyPrep PCR Clean-up

kit (Axygen©) and sequenced at the “Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e

células tronco, Universidade de São Paulo”. The contiguous sequences were assembled

into SEQUENCHER 5.3.

.Phylogenetic analyses.—For phylogenetic reconstruction, 24 isolates of Cladochytriales

were selected (TABLE II), which represent the major genera with available sequences in

GenBank while Polychytrium aggregatum strains (CCIBt4017, ALJ30 and JEL109) were

used as Polychytriales outgroup taxa. In addition, we are including 14 new

Cladochytriales strains isolated from different habitats at the Brazilian Atlantic Rainforest

(TABLE I). The contiguous sequences were assembled using Sequencher version 4.1.4

(Gene Codes) and alignment was performed online at Mafft version v. 7.058 (Kazutaka

and Daron 2013). The regions SSU, 5.8S (ITS) and LSU were concatenated through

SequenceMatrix v. 1.8 (Vaidya et al. 2010) resulting in a final length of 2427 base pairs.

The Maximum Likelihood (ML) analysis was conducted in Garli v. 2.01 (Bazinet and

Cummings 2008) adding the partition models generated by jModel Test v. 2.2.4 (Posada

2008). We performed the ML analysis with 1000 bootstrap replicates and the values

<70% were not shown in the final tree.

102

TABLE II. Species, strain/voucher and GenBank accession numbers. The isolates highlighted in

bold have never been cultured, sequenced, or included in phylogenetic analyses. NA: Not

available

Species Strain/voucher GenBank accession number

SSU ITS LSU

Allochytridium luteum ATCC 60989 JN940948 NA AY439066

Catenochytridium sp. JEL 145 EU828475 NA EU828503

Catenochytridium sp. JEL 044 EU828478 NA EU828506

Cladochytrium replicatum CCIBt4263 MH590084 MH590046 MH590071

Cladochytrium replicatum JEL 303 EU828461 NA EU828488

Cladochytrium replicatum CCIBt3845 MH590085 MH590047 MH590072

Cladochytrium replicatum CCIBt4390 MH590086 MH590048 MH590073

Cladochytrium replicatum JEL 180 NG017169 NA NG027614

Cladochytrium replicatum WJD 123 NA NA KC691378

Cladochytrium replicatum CCIBt 4014 KJ464414 NA KJ464415

Cladochytrium sp. SMS 013 EU828459 NA EU828486

Cladochytrium sp. JEL 153 EU828458 NA EU828485

Cladochytrium sp. BR 696 JN940946 JN943816 JN941001

Cylindrochytridium johnstonii JEL 596 JF796051 NA JF796052

Endochytriaceae JEL 072 EU828470 NA EU828497

Endochytrium ramosum JEL 402 EU828484 NA EU828513

Endochytrium sp. JEL 324 AY635844 AY997044 DQ273816

Nephrochytrium sp. JEL 125 AH009049 NA EU828511

Nowakowskiella elegans M 29 NA AY353257 AY349080

Nowakowskiella elegans JEL 046 EU828463 NA EU828490

Nowakowskiella elegans UCB 50 1 EU828464 NA EU828491

Nowakowskiella elegans JEL 157 EU828465 NA EU828492

Nowakowskiella elongata CCIBt4016 MH590087 MH590049 MH590074

Nowakowskiella elongata ALJ09 NA MH590050 MH590075

Nowakowskiella hemisphaerospora GHJ13 MH590088 MH590051 MH590076

Nowakowskiella multispora CCIBt3864 MH590089 MH590052 MH590077

Nowakowskiella multispora CCIBt4015 KJ539147 KJ539148 KJ539149

Nowakowskiella ramosa CCIBt4294 MH590090 NA MH590078

Nowakowskiella sp. ALJ 23 MH590091 MH590053 MH590079

103

Species Strain/voucher GenBank accession number

SSU ITS LSU

Nowakowskiella elegans JEL 127 EU828466 NA DQ273798

Nowakowskiella sp. JH HBR EU828469 NA EU828496

Nowakowskiella sp. JH CC2 EU828481 NA EU828509

Nowakowskiella sp. JH AS EU828482 NA EU828510

Nowakowskiella crenulata CCIBt4258 MH590092 MH590054 MH590080

Nowakowskiella crenulata CCIBt4259 MH590093 MH590055 MH590081

Nowakowskiella sp.1 CCIBt4260 MH590094 MH590056 MH590082

Polychytrium aggregatum JEL 109 NG017168 AY997074 AY349084

Polychytrium aggregatum ALJ30 MH590095 MH590057 MH590083

Polychytrium aggregatum CCIBt 4017 KJ464408 KJ464409 KJ464410

Septochytrium sp. JEL 177 EU828474 NA EU828502

Septochytrium variabile JEL 191 EU828483 NA EU828512

RESULTS

We were able to isolate 10 Nowakowskiella strains (TABLE I and II), six of which

could be identified as described species. The YPSS/8 soil media was effective at

stimulating the resting spore production of Nowakowskiella crenulata, but the same was

not observed with two unidentified strains, Nowakowskiella sp.1 CCIBt4260 and

Nowakowskiella sp. ALJ23, which only produced zoosporangia. Considering this, we

decided to maintain our identification of these both strains at generic level.

Brief morphological comments besides some pictures were included below

considering the poor availability information on these taxa.

Morphology.—Nowakowskiella ramosa Butler produces spherical to pyriform

zoosporangia and resistance structures with a parenchymal region (Pr), which support a

single or up to three resting spores with small incrustation in the wall (FIG. 1A–C). N.

hemisphaerospora produces ovoid to pyriform zoosporangia and septate resting spores,

that form two hemispheres, in which all contents migrate to one side while the other

remains empty (FIG. 1D,E). N. multispora produces subspherical to pyriform

zoosporangia and intercalary resistance structures, formed by consecutive and linked

resting spores with a homogenous content (FIG. 1F,G). Nowakowskiella sp.1 (FIG. 1H–

104

N) produces intercalary or terminal zoosporangia, which are commonly spherical,

subspherical or pyriform in shape (FIG. 1H–L), with a small discharge tube (FIG. 1K,N).

Additionally, prominent apophyses were observed (FIG. 1L) that are produced on both

sides of the zoosporangia when the development are intercalary. The zoospores have a

single hyaline lipid globule (FIG. 1M) and are released in a membrane-bound mass (FIG.

1K), in which the zoospores remain immobile for a short period before becoming mobile

and rupturing the binding membrane.

FIG. 1. Zoosporangia and resting spores morphology of Nowakowskiella ramosa, N. hemisphaerospora, N.

multispora and Nowakowskiella sp.1 CCIBt4260. A-C. Nowakowskiella ramosa CCIBt4294. A-B.

Ornamentate resting spores with a parenchymal region (Pr). C. Operculate (Op) zoosporangia. D-E.

Nowakowskiella hemisphaerospora GHJ13. D. Septate resting spores. E. Pyriform zoosporangia. F-G.

Nowakowskiella multispora CCIBt4015. F. Operculate (Op) zoosporangia. G. Resting spores. H-N.

Nowakowskiella sp. 1 CCIBt4260. H, I, J and L. Intercalary apophysate (Ap) zoosporangia. K, M.

Zoospores discharge. N. Mature and imature intercalary zoosporangia with a discharge tube (Tb). Ap:

Apophysis. Op: Operculum. Pr: Parenchymal region. Tb: discharge tube. Bars=10µm.

105

Phylogenetic analyses.—The combined data (SSU, 5.8S and LSU of the rDNA) had 2427

characters, with 1186 parsimony-informative sites. jModelTest indicated the most

appropriate models of DNA substitution were TrNef+I (SSU), TPM1uf+G (5.8S-ITS)

and TIM3ef+I+G (LSU), according to AIC criteria. Two strongly supported clades were

observed in our phylogenetic reconstruction, which represent the Nowakowskiellaceae

and Cladochytriaceae families proposed by Mozley-Standridge et al. (2009), though

internal configurations are altered and support values, specifically for the

Nowakowskiellaceae, are diminished (FIG. 2). In Nowakowskiellaceae, N. ramosa and

Nowakowskiella sp. (ALJ23) are sister group of the type species (N. elegans), the new

species N. crenulata is related to Nowakowskiella sp.1 (CCIBt4260), and N. multispora

in on a basal branch to other taxa in this genus. Clades of cultures identified as N. elegans

and Cladochytrium replicatum were monophyletic, respective to the species, but internal

branches suggest that these species could represent multiples lineages or possibly even

additional species, though more study would be required. In addition, the phylogenetic

placement of our Nowakowskiella elongata strains indicate that this species is not

associated to the other Nowakowskiella representatives and belongs within the new genus

named as Karlingiella, related to Cladochytriaceae and Nephrochytrium sp. JEL125.

FIG. 2. Phylogram inferred from Maximum Likelihood (ML) analyses of 37 ingroup isolates in

Cladochytriales order based on combined (SSU+5.8S+LSU) sequences data. Numbers at nodes represent

106

ML values. Strains highlighted in bold were isolated during this study and in grey represent the taxonomic

novelties.

TAXONOMY

We are proposing the new species, Nowakowskiella crenulata Jeronimo & Pires-

Zottarelli, based on the singular morphology of the zoosporangia and resting spores, along

with its phylogenetic placement. This species was isolated from sediment reservoir

samples and produces a characteristic resting spore (with crenulated ornamentations and

a septum delimiting the branch that supports this structure) and zoosporangia with

prominent and clavate apophyses. Also, we are transferring the species Nowakowskiella

elongata Karling to the new genus Karlingiella Jerônimo, Jesus & Pires-Zottarelli, based

on its disparate phylogenetic position as sister to the Cladochytriaceae.

Nowakowskiella crenulata G.H. Jerônimo and C.L.A. Pires-Zottarelli, sp. nov.

FIG. 3A-J

Typification: BRAZIL. SÃO PAULO. Votorantim, Santa Helena reservoir,

(23°34’54,30”S-47°26’12,12”W), from sediment samples baited with cellulosic

substrates (onion skin and corn leaves), 20 Mar 2014. Holotype preserved in lactophenol

and cottom blue and deposited in Herbarium SP. Ex-type, G.H. Jerônimo CCIBt4258 and

paratype G.H. Jerônimo CCIBt4259. GenBank: SSU: MH590092, MH590093; ITS:

MH590054, MH590055; LSU: MH590080, MH590081.

Fungus saprophytic. Polycentric rhizoidal system, branched, profuse, with numerous non-

septate swellings, broadly fusiform 4.5-5.0 × 3.0-4.5 µm or spherical 3.0-5.0 µm.

Zoosporangia terminal, occasionally intercalary, hyaline, smooth, spherical 20-23 µm,

subspherical 19-24 × 20-27 µm or ovoid 21-25 × 23-30 µm, usually apophysate, without

a discharge tube; wall thin, smooth, colorless; operculum smooth. Apophysis clavate 10-

25 × 5.0-12 µm or nearly spherical 10-14 m. Zoospores spherical, 2-3 µm in diameter,

with a single hyaline lipid globule. Resting spores spherical 7.0-7.5 µm or subspherical

7.0-7.5 × 7.0-7.5 µm in diameter, ornate with crenulated invaginations in the wall and

supported by a septate branch.

107

Etymology: The specific epithet refers to the shape of the resting spores, which produces

small crenulated invaginations in the wall.

Notes. The strains CCIBt4258 and CCIBt4259 grow indeterminantly on PmTG, CMA

plus glucose or even YPSS/8 media, but the resting spores production was only observed

in YPSS/8 broth. Both strains were isolated from sediment surface samples in a

oligotrophic reservoir (“Santa Helena” - 23°34’49,92”S-47°25’32,64”W ), but we were

also able to bait it from sediment samples in a eutrophic reservoir (“Hedberg” -

23°25’40,86”S-47°35’31,04”W).

FIG. 3. Morphology of Nowakowskiella crenulata on onion skin and YPSS/8 broth. A. Encysted zoospores in

YPSS/8. B. Early development stages in YPSS/8 broth. C-D. Zoosporangia and prominent clavate apophysis (Ap) on

onion skin. E-F. Operculate zoosporangia (Op) on onion skin. G. Rhizomycellium with non-septate swellings in

YPSS/8. H-J. Crenulate resting spores with a delimiting septum (Sp) in YPSS/8. Ap: Apophysis. Op: Operculum. Sp:

Septum. Bars=10µm.

108

Karlingiella Jerônimo, Jesus and Pires-Zottarelli, gen. et. nov.

Fungus saprophytic. Polycentric rhizoidal system, branched, profuse, with numerous non-

septate swellings. Operculate zoosporangia, terminal or intercalary, which could produce

a basal sterile portion, elongate, cylindrical or globose. Zoospores spherical, with a single

hyaline lipid globule. Resting spores intercalary, spherical or oval, hyaline, containing a

large refractive globule.

Etymology: The prefix of the genus name is proposed to honor the researcher John S.

Karling, who originally described several Nowakowskiella species during his visit to the

Brazilian Amazon Jungle, including N. elongata.

Type species: Karlingiella elongata (Karling) Jerônimo, Jesus and Pires-Zottarelli

Karlingiella elongata (Karling) Jerônimo, Jesus and Pires-Zottarelli, comb. nov.

FIG.4A-I

Basyonim: Nowakowskiella elongata Karling

Typification: As Karling did not designate a type in the original description (Karling

1944), we considered the illustrations (FIGS. 30-44 Karling 1944) as the lectotype.

Fungus saprophytic. Polycentric rhizoidal system, branched, profuse, with numerous non-

septate swellings, broadly fusiform 7-15 × 5-8 µm or spherical 6-15 µm. Zoosporangia

terminal or intercalary, frequently with a basal septate sterile portion, curved, elongate

25-85 × 10-33 µm, with an apical operculum. Zoospores spherical, 4-6 µm with a single

hyaline lipid globule, forming a temporary globular mass during the realizing process.

Intercalary resting spores, commonly spherical 16.5-33 µm, oval 20-25 × 18-23 µm,

hyaline, with a large refractive globule surrounded by several smaller droplets.

Diagnosis based on the strains CCIBt4016 and ALJ09.

Specimens examined: BRAZIL. SÃO PAULO. Cananéia, Ilha do Cardoso,

(25°03’05”/25°18’18”S-47°53’48”/48°05’42”W), soil sample from an Atlantic rainforest

area, baited with cellulosic substrates (onion skin and corn leaves), 6 Nov. 2012, G.H.

Jerônimo CCIBt 4016. GenBank: SSU: MH590087; ITS: MH590049; LSU: MH590074.

109

BRAZIL. SÃO PAULO. JURÉIA, “Mosaico de Unidades de Conservação Juréia-

Itatins”, (24°30’04,07”S/47°15’58,0”W), from submerged leaves samples in a Atlantic

Rainforest stream, baited with cellulosic substrates (onion skin and corn leaves), 24 Aug

2016, A. L. Jesus ALJ09. GenBank: ITS: MH590050; LSU: MH590075.

Notes: The morphologies of our isolates fit Karlings’s (1944) description of N. elongata,

with no additional or contradictory characteristics. These strains grow indeterminantly on

PmTG, CMA plus glucose or even YPSS/8 media. On agar media, the cultures are

predominantly rhizomycelial, but zoosporangia and resting spores are produced

occasionally. The elongated or cylindrical zoosporangia were commonly observed on

cellulosic baits (onion skin and corn leaves).

FIG 4. Morphology of Karlingiella elongata. A. Zoospores with a single hyaline lipid globule. B.

Zoosporangia and rhizomycelium in PmTG medium. C. Intercalary zoosporangia with elongate tube in

YPSS/8. D-F. Zoospores releasing and operculum (Op) in onion skin. G. Zoosporangium with a

110

parenchymal basal region (Pr) in onion skin. H. Rhizomycelium and non-septate swellings on PmTG. I.

Resting spores with a large lipid globule surrounded by small droplets in PmTG. Op: Operculum. Pr:

Parenchymal region. Bars=10µm.

DISCUSSION

Although Nowakowskiella is composed by numerous species, this genus is still

poorly studied phylogenetically with only Nowakowskiella elegans Nowak. and N.

hemisphaerospora Shanor representing the genus in phylogenetic studies (Mozley-

Standridge et al. 2009). In our combined phylogenetic analyses, Nowakowskiella does

not represent a monophyletic genus due to the placement of N. elongata Karling. In our

combined rDNA phylogeny, this species is sister to the Cladochytriaceae. Based on this

placement, we transferred N. elongata to the new genus Karlingiella as the new

combination Karlingiella elongata. Additionally, we described the new species

Nowakowskiella crenulata, which produces a crenulate resting spore and zoosporangia

supported by a prominent clavate apophysis. Our phylogeny represents the largest

analysis of the genus to date, and provides a phylogenetic backbone for the interspecific

relationships within Nowakowskiella. Branch lengths are long, and support values are

low, leaving a definitive phylogeny unknown until additional cultures can be examined.

As the morphological delineation of the Nowakowskiella species are based mainly

on resting spores development, we decided to maintain the identification of the strains

CCIBt4260 and ALJ27 at the generic level, although our phylogenetic analyses and

zoosporangia morphology have indicated that they could represent new species.

Despite Nowakowskiella ramosa being one of the first described species in this

genus, it has not been commonly reported in biodiversity studies, though it was recorded

twice in Brazil (Karling 1944; Booth 1979). On the other hand, the other Nowakowskiella

representatives isolated during this study (N. multispora and N. hemisphaerospora) have

been commonly reported in taxonomic studies in Brazil, especially in Atlantic rainforest

areas (Nascimento and Pires-Zottarelli 2009; Jesus et al. 2013; Jerônimo et al. 2015). The

records of N. crenulata in sediment samples of two reservoirs with opposite trophic states

(oligotrophic and eutrophic) is an indication that this species could survive in a wide range

of limnological conditions, probably due the production of resting spores.

This study brings important information about interrelationship of the

Nowakowskiella species, including four taxa in molecular phylogenetic reconstructions

111

for the first time, describing a new species, a new genus and a new combination, and

contribute to increase the knowledge about the morphology and phylogenetic diversity.

ACKNOWLEDGMENTS

This study was supported by Fapesp (“Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São

Paulo) through scholarships awarded to G.H. Jerônimo (N° process 2014/16358-4 and

2016/25800-6 - BEPE), A.L. Jesus (N° process 2016/00697-0) and C.L.A. Pires-

Zottarelli (N° process 2012/50222-7 and 2016/11146-4). We are indebted to CAPES

(“Coordenação de Aperfoiçoamento de Pessoal de Nível Superior”), which supported

G.H. Jerônimo during his master degree and CNPq for the productive fellowship given

to C.L.A. Pires-Zottarelli (304493/2015-5). In addition, we are grateful to the University

of Michigan, Department of Ecology and Evolutionary Biology and all of the Michigan

Mycology lab team, for making me fell at home during the BEPE project period.

Additionally, we thank the thematic Acquased project (FAPESP Process N° 2009/53898-

9) for the productivity fellowship awarded to C.L.A. Pires Zottarelli (Process Nº

304493/2015-5). To conclude, Lucas Michelotti, Denise C. Bicudo, Samantha B.

Faustino, Elaine C.R. Bartozek, Stefano Zorzal de Almeida, Maria A.P.C. da Silva

(Dorinha) are recognized for their contribution collecting samples or laboratory support,

and we thank “Instituto Florestal” and “Grupo Votorantim” for the permission given to

collect samples.

112

LITERATURE CITED

Bazinet AL, Cummings MO. 2008. The lattice project: a grid research and production

environment combining multiple grid computing models. In: Distributed & Grid

Supporting Communities (Weber MHW, ed.) Marbug: Rechenkraft.net, pp 2-13.

Booth T. 1979. Strategies for study of fungi in marine and marine influenced ecosystems.

Revista de Microbiologia 10: 123-138.

Boyle D G, Hyatt AD, Daszak P, Berger L, Longcore J. E, Porter D, Hengstberger SG,

Olsen V. 2013. Cryo-archiving of Batrachochytrium dendrobatidis and other

chytridiomycetes. Diseases of Aquatic Organisms 56:59–64.

Butler EJ. 1907. An account of the genus Pythium ans some Chytridiaceae. Memorians

of the Department of Agriculture India, Botanical Series 1: 1–160.

Hassan, S.K.M. & Batko, A. 1988. Nowakowskiella keratinophila sp. nov. a

keratinophilic fungus from the brackish water. Acta Mycologica Warszawa 22:

193-198.

James TY, Letcher PM, Longcore JE, Mozley-Standridge SE, Porter D, Powell MJ,

Griffith GW, Vilgalys R. 2006. A molecular phylogeny of the flagellated fungi

(Chytridiomycota) and description of a new phylum (Blastocladiomycota).

Mycologia 98:860–871.

Jerônimo GH, Jesus AL, Marano AV, James TY, de Souza JI, Rocha SCO, Pires-

Zottarelli CLA. 2015. Diversidade de Blastocladiomycota e Chytridiomycota do

Parque Estadual da Ilha do Cardoso, Cananéia, Brasil. Hoehnea 42: 135-163

Jesus AL, Marano AV, Schoenlein-Crusius IH, Pires-Zottarelli CLA. Diversidade de

organismos zoospóricos heterotróficos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga,

São Paulo, Brasil: novas citações. Hoehnea 40: 167-180.

Karling JS. 1944. Brazilian chytrids. I. Species of Nowakowskiella. Bulletin of the Torrey

Botanical Club 71: 374–389.

———. 1963. Indian chytrids. IV. Nowakowskiella multispora sp. nov. and other

polycentric species. Sydowia 17: 314–319.

———. 1977. Chytridiomycetarum Iconographia. Vaduz, J. Cramer.

113

Karpov SA, Kobseva AA, Mamkaeva MA, Mamkaeva KA, Mikhailov KV, Mirzaeva

GS, Aleoshin VV. 2014. Gromochytrium mamkaevae gen & sp. nov. and two new

orders: Gromochytriales and Mesochytriales (Chytridiomycetes). Persoonia

32:115–126.

Kazutaka K, Daron M. 2013. MAFFT Multiple Sequence Alignment Software Version

7: Improvements in Performance and Usability. Available from:

http://mafft.cbrc.jp/alignment/server (accessed 27 March 2018).

Letcher PM, Powell MJ. 2005. Kappamyces, a new genus in the Chytridiales

(Chytridiomycota). Nova Hedwigia 80: 115–133.

———, ———. Churchill PF, Chamber JG. 2006. Ultrastructural and molecular

deliniation of a new order, the Rhizophydiales (Chytridiomycota). Mycological

Research 110: 898–915.

———, ———. 2014. Hypothesized evolutionary trends in zoospore ultrastructural

characters in Chytridiales (Chytridiomycota). Mycologia, 106: 379–396.

Longcore JE, Simmons DR. 2012. The Polychytriales ord. nov.contains chitinophilic

members of the rhizophlyctoid alliance. Mycologia 104:276–294.

Lucarotti CJ. Zoospore ultrastructure of Nowakowskiella elegans and Cladochytrium

replicatum (Chytridiales). Canadian Journal of Botany 59:137–148.

Mozley-Standridge SE, Letcher PM, Longcore JE, Porter D, Simmons DR. 2009.

Cladochytriales—a new order in Chytridiomycota. Mycological Research

113:498–507.

Nascimento CA, Pires-Zottarelli CLA. 2009. Chytriales (Chytridiomycota) do Parque

Estadual da Serra da Cantareira, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica 23: 459–473.

Posada D. 2008. jModelTest: phylogenetic model averaging. Molecular Biology and

Evolution 2: 1253–1256.

Shanor L. 1942. A new fungus belonging to the Cladochytriaceae. American Journal of

Botany 29: 174–179.

Simmons DR, James TY, Meyer AF, Longcore JE. 2009. Lobulomycetales, a new order

in the Chytridiomycota. Mycological Research 113:450–460.

114

Sparrow FK. 1942. A classification of aquatic phycomycetes. Mycoloia 34: 113–116.

———. 1943. The aquatic Phycomycetes, exclusive of the Saprolegniaceae and Pythium.

University of Michigan Press. Ann Arbor,

———.1960. Aquatic Phycomycetes. University of Michigan Press, Ann Arbor.

Vélez CG, Letcher PM, Schultz S, Mataloni G, Lefevre E, Powell MJ. 2013. Three new

genera from aquatic habitats in Argentina. Mycologia 105:1251–1265.

———, ———, ———, Powell MJ, Churchill PF. 2011. Molecular phylogenetic and

zoospore ultrastructural analyses of Chytridium olla establish the limits of a

monophyletic Chytridiales. Mycologia 103:118–130.

Vaidya G, Lohman DJ, Meier R. 2010. SequenceMatrix: concatenation software for the

fast assembly of multigene datasets with character set and codon information.

Cladistics 27: 171–180.

Vilgalys R, Hester M. 1990. Rapid genetic identification and mapping of enzymatically

amplified ribosomal DNA from several Cryptococus species. Journal of

Bacteriology 172: 4238-4246.

White TJ, Bruns T, Lee S, Taylor J. 1990. Amplification and direct sequencing of fungal

ribosomal RNA genes for phylogenetics. In Part Three: Genetics and Evolution.

Academic Press.

115

CAPíTULO 3

BOOTHIOMYCES ANGULOSUM: A NEW COMBINATION INTO

TERRAMYCETACEAE (RHIZOPHYDIALES, CHYTRIDIOMYCOTA)

Artigo elaborado de acordo com as normas da revista Nova Hedwigia

116

Boothiomyces angulosum: a new combination into Terramycetaceae

(Rhizophydiales, Chytridiomycota)

Authors: Gustavo Henrique Jerônimo1*, Carmen Lidia Amorim Pires-Zottarelli1, David

Rabern Simmons2 and Timothy Yong James2

1 Núcleo de Pesquisa em Micologia, Instituto de Botânica, São Paulo, SP, Brazil

2 Department of Ecology and Evolutionary Biology, University of Michigan, Ann Arbor,

MI , USA

*corresponding author: [email protected]

With 25 figures and 1 table

Abstract: The genus Rhizophydium was proposed by A. Schenk in 1858 to accommodate

the inoperculate taxa previously inserted in Chytridium. This genus, which has already

included 235 species, have been segregated in different genera based on molecular and

zoospore ultrastructural analyses. However, some taxa have never been investigated

about its phylogenetic position or zoospore ultrastructural characters. The aim of this

study is to discuss, through morphology, zoospore ultrastructure and/or molecular

analyzes, the relation of our isolates of Rhizophydium angulosum and R. elyense in the

Rhizophydiales phylogeny. These isolates produced angular zoosporangia, characteristic

of the Terramycetaceae representatives, and grouped within Boothiomyces clade,

considering the concatenate analyses of complete ITS and partial LSU regions of rDNA.

The transmission electronic microscopy (TEM) analyses revealed that R. angulosum

produces zoospores with the same ultrastructural characters described to Boothiomyces

representatives, while R. elyense presented sufficient characteristics that supports its

morphological delineation from Boothiomyces macroporosum. Based on molecular and

ultrastructural analyses, we are transferring R. angulosum to Boothiomyces genus besides

to debate the morphology of its representatives.

Key words: chytrid, phylogeny, Rhizophydium, ultrastructure

117

Introduction

The genus Rhizophydium was proposed by A. Schenk in 1858 to accommodate the

inoperculate taxa previously inserted in Chytridium (Letcher et al. 2006). The

morphological delineation encompassed around 235 species, which were in the general

characterized by production of eucarpic, monocentric and inoperculate thallus, differing

by the shape and size of zoosporangia, number and position of discharge pores and

relation with substratum or host (Sparrow 1960). However, the circumscription of the

species within the genus was complex because the taxa present a few morphological

distinctions and according to Sparrow (1960), the number of discharge pores, the size and

shape of the zoosporangia and the nature of the substratum, are not always decisive. Thus,

different approaches as zoospores ultrastructure and molecular analyses have been used

to understand the evolutionary relation among the taxa classified in this genus.

Barr (1978, 1980) showed that Rhizophydium species, included in this time in

Chytridiales, produced zoospores with a unique ultrastructural configuration, differing

from other members of Chytridiales. In the following years, with the advance of the

molecular methods allied to the ultrastructural tools, the genus Rhizophydium was

segregated in 11 clades (Letcher et al. 2006, 2008a, 2015) and new genera and species

were proposed (Letcher & Powell 2005; Lepelletier et al. 2014; Letcher et al. 2008a,b,

2012, 2015; Powell et al. 2011), which were grouped in the Rhizophydiales. Currently,

this order comprises 16 families (Letcher et al. 2015), which differ by zoospore

ultrastructural configuration, molecular placement and morphological characteristics.

Among them, Terramycetaceae Letcher includes two genera, Terramyces Letcher and

Boothiomyces Letcher, which produce zoosporangia predominantly angular in shape and

zoospores with a similar ultrastructural configuration. However, subtle ultrastructural

differences were observed by the authors as the type of cisterna and shape of the structure

associated to kinetossome (KAS) (Letcher et al. 2006).

Considering all described species, some of them were not purified neither

investigated regarding the zoospore ultrastructural configuration and molecular

placement. Among these is Rhizophydium angulosum Karling, which is characterized by

production of zoosporangia that occur singly or in aggregates, predominantly angular in

shape but also with subspherical, irregularly clavate, stellate, ovoid, pyriform or citriform

forms. The pores are apical, subapical or lateral, and rhizoidal system is composed by

abundant and finely branched rhizoids (Karling 1968).

118

The aim of this study is to investigate, through morphology, zoospore

ultrastructure as well as molecular analyzes, the position of R. angulosum into the

Rhizophydiales phylogeny. In addition, we discussed the phylogenetic relationship of

Rhizophydium elyense Sparrow.

Materials and methods

Isolation and culture

Sediment surface samples were collected in the Itupararanga reservoir

(23°45’37”-23°35’02”S/47°21’00”-46°57’29”W), located in a protected Atlantic

Rainforest area at São Paulo state, Brazil. These samples were baited with shrimp

exoskeleton, snakeskin and onion skin and posteriorly isolated on nutritive medium

through zoospores inoculation. Thalli developed on nutrient medium (CMA plus glucose

- 16 g corn meal agar, 2.5 g glucose, 1 L deionized water) was purified and posteriorly

deposited in MMBF culture collection (“Micoteca Mário Barreto Figueiredo”) belonging

to WFCC (World Federation for Culture Collections) and CCIBt collection culture

(“Coleção de Cultura de Algas, Fungos e Cianobácterias do Instituto de Botânica”).

Besides that, the strains were cryopreserved according to the protocol of Boyle et al.

(2003).

Morphology

Cultures of the strains CCIBt4261 and GHJ30 were observed growing in CMA

plus glucose and on purified shrimp exoskeleton and snakeskin. Examination of thallus

morphology was performed on Leica DMLB2. We used Sparrow (1960) and Karling

(1977) monographs besides the original descriptions (Sparrow 1957, Karling 1968) to

identify morphologically these isolates.

DNA extraction, amplification and sequencing

For DNA extraction, a small piece of agar with zoosporangia was transferred to

Erlenmeyer`s containing 50 ml of PmTG liquid medium (peptonized milk, tryptone and

glucose) prepared with autoclaved reserve-osmosis water. After incubation for 5-10 days

at 21C, the material was transferred to 2 mL microfuge tubes in order to obtain pellets for

DNA extraction procedure. The extraction of genomic DNA followed the protocol

described in the PureLink Genomic DNA kit (Invitrogen©). Electrophoresis was

performed using 0.8% (p/v) agarose gel and the partial LSU and complete ITS regions of

119

rDNA were amplified using the primers LR0R/LR5 (Vilgalys & Hester 1990) and

ITS4/ITS5 (White et al. 1990), respectively. The thermocycler parameters followed the

cycle described by James et al. (2006). The ribosomal regions were amplified with the

PCR SuperMix kit (Invitrogen©) for a final volume of 25 L and the amplicons were

purified with AxyPrep PCR Clean-up kit (Axygen©), and sequenced at the “Centro de

Pesquisa sobre o Genoma Humano e células tronco, Universidade de São Paulo”. The

contiguous sequences were assembled into SEQUENCHER 5.3.

.

Phylogenetic analyses

For phylogenetic reconstruction, 36 isolates of Rhizophydiales were selected

(Table 1), which represents genera with available sequences in GenBank while

Spizellomyces representatives (SW001 and CBS66873) were used as outgroup taxa. Our

contiguous sequences were assembled using Sequencher version 4.1.4 (Gene Codes)

and the alignment performed online at Mafft version v. 7.058 (Kazutaka & Daron 2013).

The regions ITS and LSU of rDNA were concatenate through SequenceMatrix v. 1.8

(Vaidya et al. 2010) resulting in a final alignment of 1800 base pairs while the phylogeny

was built on PhyML v. 3.1 (Guindon & Gascuel, 2003) adding the model generated by

jModel Test v. 2.2.4 (Posada 2008). The Maximum Likelihood analysis was performed

with 1000 bootstrap and the values below to the 70% were not inserted in the final tree.

Table 1. Isolates, GenBank accession number of ITS and LSU region of rDNA used in the analyses. The

strains highlighted in bold represent the taxa isolated during this study.

Isolates

GenBank acession

number

ITS LSU

Alphamyces chaetifer ARG025 EF585646 EF585606

Alphamyces chaetifer ARG028 EF585649 EF585609

Alphamyces chaetifer ARG058 EF585663 EF585623

Angulomyces argentinensis ARG008 EF585635 EF585595

Angulomyces argentinensis ARG015 EF585640 EF585600

Angulomyces argentinensis ARG070 EF585667 EF585627

Aquamyces chlorogonii ARG018 EF585643 EF585603

120

Isolates

GenBank acession

number

ITS LSU

Aquamyces chlorogonii Barr102 DQ485600 DQ485536

Boothiomyces macroporosum PLAUS021 NR119591

Boothiomyces sp. ARG040 EF585656 EF585616

Globomyces pollinis-pini ARG068 EF585665 EF585625

Globomyces pollinis-pini ARG069 EF585666 EF585626

Gorgonomyces haynaldii ARG024 EF585645 EF585605

Gorgonomyces haynaldii ARG026 EF585647 EF585607

Gorgonomyces haynaldii Barr106 DQ485601 DQ485537

Kappamyces sp. PL120 DQ485672 DQ485581

Kappamyces sp. PL117 EF585670 EF585630

Pateramyces corrientinensis ARG046 EF585657 EF585617

Protrudomyces lateralis ARG047 EF585658 EF585618

Protrudomyces lateralis ARG071 EF585668 EF585628

Protrudomyces lateralis ARG072 EF585669 EF585629

Protrudomyces lateralis Barr004 DQ485597 DQ485533

Rhizophydium carpophilum JEL134 DQ485612 DQ485548

Rhizophydium angulosum CCIBt4261

Rhizophydium elyense GHJ30

Rhizophydium elyense PLAUS9 AY439049

Rhizophydium sphaerotheca BR89 JN943817 JN941000

Rhizophydium sp. PL139 DQ485677 DQ485586

Rhizophydium sp. PL010 DQ485638 DQ485566

Rhizophydium sp. PL073 DQ485660

Rhizophydium sp. PL042 DQ485658

Rhizophydium sp. Barr436 DQ485607 DQ485543

Rhizophydium sp. PLAUS002 DQ485632

Terramyces subangulosum PL001 DQ485652

Terramyces subangulosum PL003 DQ485653 AY439041

Terramyces subangulosum PL122 DQ485673 DQ485582

Urceomyces sphaerocarpus ARG038 EF585655 EF585615

Urceomyces sphaerocarpus ARG048 EF555659 EF555619

121

Isolates

GenBank acession

number

ITS LSU

Spizellomyces punctatus SW001 EU379241 EU379198

Spizellomyces plurigibbosus CBS66873 NR145374 JN941011

Transmission Electronic Microscopy (TEM) analyses

The fixation and transmission electronic microscopy (TEM) were performed

according to the protocol described in Letcher & Powell (2005) and it is summarized with

details at material and methods of this thesis (Pags. 34 to 46). We examined the presence

or absence of a vesicular region, fibrillar bridge (connecting the kinetossome and non-

flagellated centriole) and the type and extension of the cisterna. We also analyzed the

shape of the structure associated to kinetossome (KAS), organization of the microtubules

and relation of the microbody lipid complex (MLC) with the mitochondria.

Results

Our two strains (CCIBt4261 and GHJ30) produced angular zoosporangia with

multiple discharge pores, which are typical of Terramycetaceae representatives.

Morphology Figs 1-16

The strain CCIBt4261 was isolated from sediment surface sample at a depth of 19

meters in a mesotrophic reservoir (Itupararanga) (Figs. 1-11). It grows in chitin (shrimp

exoskeleton) as well as cellulosic (onion skin) substrates and produces a characteristic

aggregated development in baits (Fig. 11). In these substrates, the zoosporangia are

predominantly angular or stellate (Figs. 8-9), while on nutrient agar the clavate,

subspherical and reniform shapes were observed (Figs. 4-11). We are able to note on

nutrient agar, zoosporangia with nearly angular shapes in the early stages of development

(Figs.1-3) besides production of a dilated region at the base (Fig. 6). The zoospores,

usually released by two lateral pores, have a single hyaline lipid globule (Fig. 10).

Considering all these morphological aspects, we identified this strain as Rhizophydium

angulosum Karling.

122

The strain GHJ30 was isolated from sediment sample at the same mesotrophic

reservoir (Itupararanga) using keratinous substrate (snakeskin) (Figs. 12-16). On

snakeskin, it produces sessile and angular (polygonal) zoosporangia at maturity, which

are mostly citriform in shape (Fig. 12 and 13). The rhizoids generally disconnect from

the zoosporangia (sessile) and the zoospores with a single hyaline lipid globule are

released through 2 or 3 pores (Fig. 14). The resting spores are spherical, small, smooth

and produce a thick wall (Fig. 16). On nutrient agar, the zoosporangia are predominantly

spherical, while the rhizoidal system are extensive, delicate and branched (Fig. 15).

Considering all characteristics mentioned above we identified this strain as Rhizophydium

elyense Sparrow.

Figures 1-16. Different development stages of Rhizophydium angulosum and Rhizophydium elyense. 1-11.

Development stages of Rhizophydium angulosum. 1-3. Early development stages in nutrient agar medium.

4. Clavate zoosporangium in nutrient agar medium. 5. Reniform shape in nutrient agar medium. 6. Clavate

zoosporangium with a prominent basal region (br) in nutrient agar medium. 7. Subspherical zoosporangium

123

with prominent papillae in nutrient agar medium. 8. Stellate shape in shrimp exoskeleton. 9. Angular shape

in shrimp exoskeleton. 10. Zoospores releasing on shrimp exoskeleton. 11. Aggregated development on

shrimp exoskeleton. 12-16. Rhizophydium elyense. 12-13. Citriform zoosporangia on snakeskin. 14. Empty

zoosporangia showing pores on snakeskin. 15. Spherical shape in nutrient agar medium. 16. Resting spores

on snakeskin. Scale bars: 10 µm

Phylogenetic analyses Fig 17

The combined alignment from complete ITS and partial LSU regions of rDNA

had 1800 base pairs, from which 994 were parsimony-informative. The substitution

model generated by jModelTest to combined regions was Tamura-Nei plus gamma shape

distribution (TrN+G). The maximum likelihood analyses showed that our isolates

grouped together with Boothiomyces representatives with a high bootstrap value (75%)

(Fig. 17). Besides that, the strains GHJ30 and CCIBt4261 isolated from sediment samples

in the Itupararanga reservoir, are sister taxa within Boothiomyces clade.

Figure 17. Combined topology (complete ITS and partial LSU regions of rDNA) of the maximum

likelihood analysis. Our isolates are highlighted in bold and the numbers next to the branches represents

the boostrap values. Values below to 70% were not inserted in the three.

Transmission electronic microscopy analysis Figs 18-25

124

We were able to observe in R. angulosum (CCIBt4261), all ultrastructural

characters mentioned by Letcher et al. (2006) to Boothiomyces representatives (Figs. 18-

25). These characters include the presence of a fenestrate cisterna (Fc) partially covering

the lipid globule (L) (Figs. 18, 19 and 22), a microbody lipid complex (MLC) associated

to the mitochondria (M) (Fig. 20) and the shape of the structure associated to kinetossome

(KAS) similar to a spur (Sp), which contain a spherical knob in the edge (Fig. 21).

Besides that, we observed the presence of an evident vesicular region (VR) (Figs. 21 and

23) and microtubules, the later organized as a bundle (Mt) (Fig. 24). The presence of a

fibrillar bridge (Fb) were also observed connecting the parallel kinetossome and non-

flagellated centriole (Figs. 24 and 25).

Figures 18-25. Zoospore ultrastructure of Rhizophydium angulosum. 18-19. Transversal section of the lipid

globule and fenestrate cisterna. 20, 21 and 23. Longitudinal section showing the nucleus position (partially

inserted in ribosomal aggregation; mitochondria outside of ribosomal aggregation and associated to

125

microbody lipid globule; structure associated to kinetossome (KAS) like a spur containing a spherical knob

in the edge. 22. Longitudinal section. 24. Longitudinal section showing the kinetossome and non-flagellated

centriole linked by a fibrillary bridge and microtubules organized as a bundle. 25. Transversal section

showing showing the kinetossome and non-flagellated centriole. Fc: fenestrate cisterna. M: mitochondria.

N: nucleus. R: ribossomal aggregation. Sp: Spur. L: lipid globule. MLC: microbody lipid complex. VR:

vesicular region. Mt: microtubules. Fb: fibrillar bridge. NfC: non-flagellated centriole. K: kinetossome.

Scale bar: 200 nm

126

Taxonomy

Boothiomyces angulosum (Karling) Jerônimo & C.L.A. Pires-Zottarelli, comb. nov.

Figs.1-11

Basionym: Rhizophydium angulosum Karling

Type: As Karling (1968) did not designed any material as a type, we followed the

recommendation of Letcher & Powell (2012), which suggested considering the original

illustration (Fig. 1 M-X, Arch. Mikrobiol. 61: 115. 1968) as the lectotype of this species.

Zoosporangia angular and stellate in baits and clavate, subspherical or reniform

on nutrient agar. Zoospores ultrastructural characters as described by Letcher et al. (2006)

to Boothiomyces representatives, which include the presence of a vesicular region,

fenestrate cisterna, microbody lipidic complex (MLC) related to mitochondria, structure

associated to kinetossome (KAS) as a spur containing a spherical knob in the edge and

kinetossome and non-flagellated centriole connected by a fibrillar bridge.

Diagnosis based on the isolate CCIBt4261 obtained from shrimp exoskeleton at sediment

sample of the Itupararanga reservoir (23°36’53,10”S/47°23’34,70”W).

Specimen examined: Brazil, Sao Paulo, Ibiúna municipality, sediment sample from

Itupararanga reservoir, 23°36’53,10”S - 47°23’34,70”W, shrimp exoskeleton.

Discussion

Morphology

Despite Letcher et al. (2006) consider B. macroporosum and R. elyense

morphologically similar and potentially the same species, we were able to find

fundamental differences to support our morphological identification of the strain GHJ30

as R. elyense. In R. elyense GHJ30, we were able to observe the production of sessile

zoosporangia (Fig. 12 and 13) besides spherical resting spores with a granulated content

(Fig. 16), corroboring the original description (Sparrow 1957), which were not cited by

Karling (1968) or Letcher et al. (2006) to B. macroporosum isolates.

Differently from Boothiomyces macroporosum (Karling) Letcher, R. angulosum

CCIBt4261 produced zoosporangia with a dilated region on the base (basal region) (Fig.

127

6). Besides that, this strain produced clavate (on nutrient agar) and stellate (on shrimp

exoskeleton) zoosporangia, which were not cited to B. macroporosum or R. elyense. In

addition, in R. angulosum CCIBt4261, the rhizoidal system is short and branched, while

in B. macroporosum and R. elyense it is extensive.

Although these three taxa produce angular zoosporangia with prominent papillae,

which morphologically characterize the Terramycetaceae representatives, only in B.

macroporosum were observed the deliquescence of the dome-shaped papillae and

formation of a hyaline protuberance in the exit orifice as illustrated by Karling (1968) in

the figures 15, 16 and 17.

Phylogeny

Our concatenate analyses showed that R. angulosum CCIBt4261 belongs to

Boothiomyces genus as well as R. elyense GHJ30, which are sister taxa. Although Letcher

et al. (2006) consider Boothiomyces as a uni-specific genus and admit that B.

macroporosum and R. elyense (PLAUS9) are probably the same species, the inclusion of

one another species (R. angulosum CCIBt4261) within this clade, showed that it is a

complex of species with a few interspecific variation based on ITS and LSU regions.

Probably other regions of DNA besides other specimens are necessary to elucidate the

relationship of the species in this clade. In addition, our sequence of R. elyense (GHJ30)

presented enough phylogenetic distinctions if compared to B. macroporosum PLAUS21

and R. elyense PLAUS9, indicating that this species should also be transferred to

Boothiomyces clade. However, as we did not performed the ultrastructural analyses of R.

elyense (GHJ30), we decided not to transfer it herein.

Zoospore ultrastructure

The genera inserted in Terramycetaceae family, besides to produce angular

zoosporangia, produce zoospores with a similar constellation of ultrastructural characters

differing by the type of cisterna, which are fenestrate in Boothiomyces and simple in

Terramyces. The structure associated to kinetossome (KAS) is a spur in both groups, but

only in Terramyces, Letcher et al. (2006) observed the production of two spherical knobs

in the edge of this structure.

The strain CCIBt4261 presented all ultrastructural characteristics described by

Letcher et al. (2006) to Boothiomyces clade, including the fenestrate cisterna partially

128

covering the lipid globule and structure associated to kinetossome (KAS) as a spur, with

one spherical knob in the edge.

Based on our morphological identification, phylogenetic reconstruction and

zoospore ultrastructural analyses, we transferred R. angulosum to Boothiomyces genus as

the new combination, B. angulosum, and pointed that B. macroporosum and R. elyense

are morphologically distinctive, and the later should be transfer to Boothiomyces.

Acknowledgements

We would like to thank FAPESP (“Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São

Paulo) and CAPES (“Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) for

the PhD fellowships given to G.H. Jerônimo Alves, Fapesp Process N° 2014/16358-4 and

CAPES. We are also grateful to FAPESP to support, through BEPE fellowships (“Bolsa

de Estágio de Pesquisa no Exterior” Process N° 2016/25800-8), the internship of G.H.

Jerônimo Alves at Timothy James lab, in Michigan (USA), to perform the zoospores

ultrastructural analyses. In addition, we are grateful to the University of Michigan,

Department of Ecology and Evolutionary Biology and all Timothy James lab team, for

the making me fell at home during the BEPE project period. Besides that, the thematic

Acquased project (FAPESP Process N° 2009/53898-9) and productivity fellowship given

to C.L.A. Pires Zottarelli (Process Nº 304493/2015-5) by CNPq (“Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico”) is acknowledged. To conclude, Lucas

Michelotti, L., Denise C. Bicudo, Samantha B. Faustino, Elaine C.R. Bartozek, Stefano

Zorzal de Almeida, Maria A.P.C. da Silva (Dorinha) are recognized for their contribution

collecting samples or laboratory support besides “Instituto Florestal” and “Grupo

Votorantim” for the permission given to collect samples.

129

References

BARR, D. J. S. & HADLAND-HATMANN, V.E. (1978). Zoospore ultrastructure in the

genus Rhizophydium (Chytrdiales). - Canad. J. Bot. 56: 2380-2404.

BARR, D. J. S. (1980). An outline for the reclassification of the Chytridiales, and for a

new order, the Spizellomycetales. - Canad. J. Bot. 58: 2380-2394.

BOYLE, D.G., HYATT, A.D., DASZAK, P., BERGER, L., LONGCORE, J.E.,

PORTER, D., HENGSTBERGER, S.G. & OLSEN, V. (2003). Cryo-archiving of

Batrochochytrium dendrobatidis and other Chytridiomycetes. - Dis. Aqua. Organ. 56: 59-

64.

GUINDON S. & GASCUEL, O. (2003). PhyML: A simple, fast and accurate algorithm

to estimate large phylogenies by maximum likelihood. - Syst. Biol. 52: 696-704.

JAMES, T.Y., LETCHER, P.M., LONGCORE, J.E., MOZLEY-STANDRIDGE, S.E. ET

AL. (2006). A molecular phylogeny of the flagellated fungi (Chytridiomycota)

description of a new phylum (Blastocladiomycota). Mycologia 98: 860-871.

KARLING, J. S. (1968). Zoosporic fungi of Oceania. - Arch. Mikrobiol. 61: 112-127.

KARLING, J. S. (1977). Chytridiomycetarum Iconographia. - J. Cramer, Vaduz

KAZUTAKA, K. & DARON, M. (2013). MAFFT Multiple Sequence Alignment

Software Version 7: Improvements in Performance and Usability. Available from:

http://mafft.cbrc.jp/alignment/server (accessed 27 April 2018).

LEPELLETIER, F., KARPOV, S.A., ALACID, E., LE PANSE, S., BIGEARD, E.,

GARCÉS, E., JEANTHON, C. & GUILLOU, L. (2014). Dinomyces arenyensis gen. et.

sp. nov. (Rhizophydiales, Dinomycetaceae fam. nov.) a chytrid infecting marine

dinoflagellates. - Protist 165: 230-244.

LETCHER, P. & POWELL, M.J. (2005). Kappamyces, a new genus in the Chytridiales

(Chytridiomycota). Nova Hedwigia 80: 115-133.

LETCHER, P., POWELL, M.J., CHURCHILL, P.F. & CHAMBER, J.G. (2006).

Ultrastructural and molecular deliniation of a new order, the Rhizophydiales

(Chytridiomycota). – Mycol. Res. 110: 898-915.

130

LETCHER, P.M. VELEZ, C.G., BARRANTES, M.E., POWELL, M.J., CHURCHILL,

P.A. & WAKEFIELD, W.S. (2008a). Ultrastructural and molecular analyses of

Rhizophydiales (Chytridiomycota) isolates from North America and Argentina. – Mycol.

Res. 112: 759-782.

LETCHER, P., POWELL, M.J. & VIUSENT, M.C. (2008b). Rediscovering of an unsual

chytridiaceous fungus new to the order Rhizophydiales. - Mycologia 100: 325-334.

LETCHER & POWELL, M. (2012). A taxonomic sumary and revision of Rhizophydium

(Rhizophydiales, Chytridiomycota). University Printing, University of Alabama,

Tuscaloosa, 222 p.

LETCHER, P., POWELL, M.J. & DAVIS, W.J. (2015). A new family and four new

genera in Rhizophydiales (Chytridiomycota). - Mycologia 107: 808-830.

POSADA, D. (2008). jModelTest: phylogenetic model averaging. - Mol. Biol. Evol. 2:

1253–1256.

POWELL, M.J. LETCHER, P.M. & LONGCORE, J.E. (2011). Operculomyces is a new

genus in the order Rhizophydiales. - Mycologia 102: 854-862.

SPARROW, F.K. (1957). A further contribution to the phycomycete flora of Great

Britain. – Trans. Br. Mycol. Soc. 40: 523-535.

SPARROW, F.K. (1960). Aquatic Phycomycetes. 2nd revised ed. - University of

Michigan Press, Ann Arbor.

VAIDYA, G., LOHMAN, D.J. & MEIER, R. (2010). SequenceMatrix: concatenation

software for the fast assembly of multigene datasets with character set and codon

information. - Cladistics 27: 171–180.

VILGALYS, R. & HESTER, M. (1990). Rapid genetic identification and mapping of

enzymatically amplified ribosomal DNA from several Cryptococus species. – J.

Bacteriol. 172: 4238-4246.

WHITE, T. J., BRUNS, T., LEE, S. & TAYLOR, J. (1990). Amplification and direct

sequencing of fungal ribosomal RNA genes for phylogenetics. In Part Three: Genetics

and Evolution. Academic Press (ed.). pp. 315-322.

131

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo desenvolvido evidência a importância de estudos taxonômicos e

ecológicos em ecossistemas pouco explorados, como é o caso dos reservatórios. Em

especial, o estudo do sedimento superficial, compartimento até então ignorado com

relação à diversidade destes organismos no Brasil, apresentou resultados muito

significativos. Neste compartimento, foi descrita uma nova espécie de Nowakowskiella

(Nowakowskiella crenulata), bem como observada pela primeira vez para no Brasil a

espécie Plectospira gemmifera. Além disso, maior parte da riqueza de espécies dos filos

Blastocladiomycota e Chytridiomycota foi observada neste compartimento. Como

durante as amostragens foi observada maior frequência, abundância e riqueza de táxons

de fungos zoospóricos no sedimento superficial e dos oomicetos na coluna d’água,

podemos rejeitar a hipótese de que estes dois grupos ocorreriam preferencialmente na

coluna d’água. Os poucos relatos de fungos zoospóricos em amostras de sedimento

podem estar mais relacionados às limitações de amostragem, do que necessariamente aos

padrões ecológicos destes fungos.

Os organismos zoospóricos apresentaram uma ampla distribuição ao longo de

diferentes gradientes tróficos, assim como mencionado por Rocha (2004), estando

algumas espécies relacionadas aos locais com as mais altas concentrações de nitrogênio

e fósforo total, como Catenophlyctis variabilis, enquanto outras à locais com as mais

baixas concentrações destes nutrientes (Diplophlyctis sarcoptoides e Cladochytrium

replicatum), e que poderiam potencialmente ser táxons indicativos da qualidade das

águas. Concluímos, portanto, que os organismos zoospóricos heterotróficos são, no geral,

tolerantes às amplas variações nas concentrações de nitrogênio e fósforo, mas alguns

táxons são limitados pela disponibilidade destes nutrientes, particularmente o fósforo.

Com isso, consideramos que os ecossistemas lênticos representam ambientes ricos

em diversidade de organismos zoospóricos e que merecem maior atenção, em especial o

estudo de suas camadas sedimentares e as relações de ocorrência, frequência e abundância

destes organismos frente aos padrões ambientais, os quais ainda são enormemente

negligenciados em termos mundiais.

132

Anexo I

Zoosporângios de Siphonaria sp.1 (A-B), Diplophlyctis sarcoptoides (C) e Avachytrium sp.1 (D) em meio

de cultura PmTG. Barras = 10 µm.

133

Análise concatenada de Máxima Verossimilhança das regiões SSU e LSU do rDNA. Os isolados obtidos durante este estudo estão destacados em negrito.

Os números próximos aos ramos representam os valores de “bootstratp”, para os quais foram incluídos na topologia somente os valores acima de 75%.

134

ANEXO II– Jerônimo et al.

2017

Phytotaxa 307 (3): 191–198

http://www.mapress.com/j/pt/

Copyright © 2017 Magnolia

Press

Article

https://doi.org/10.11646/phytotaxa.307.3.3

New insights into Plectospira genus (Oomycetes, Straminipila): morphological and molecular analyses

GUSTAVO HENRIQUE JERÔNIMO1,2, ANA L. JESUS1, SARAH C.O. ROCHA1, DANILO R. GONÇALVES &

CARMEN L.A. PIRES-ZOTTARELLI1

1 Instituto de Botânica, Núcleo de Pesquisa em Micologia, 3687 Miguel Stéfano Ave., 04301-902, São Paulo, SP, Brazil

2 E-mail: [email protected]

Abstract

We analyzed the morphology and phylogenetic placement of three isolates of Plectospira belonging to Plectospira gem-

mifera and P. myriandra that were isolated from soil, water bodies and reservoir sediment. The molecular data are from the

partial large subunit and the complete internal transcribed regions of the ribosomal DNA. The genus is characterized by the

presence of lobulated zoosporangia and mode of zoospore discharge forming an evanescent cluster in the exit orifice. Our

isolates clustered together with the single isolate of the genus available in GenBank, however, our phylogenetic analysis and

morphological characterization showed that the isolate identified as Plectospira myriandra CBS 523.87 is possibly another

taxon. In addition, P. gemmifera is recorded for the first time in Brazil and its sequences were inserted for the first time in a

phylogenetic reconstruction.

Keywords: morphology, phylogeny, Plectospira

Introduction

The genus Plectospira was proposed by Drechsler (1927) to include Plectospira myriandra, a phytopathogenic species

originally isolated from sugarcane roots in USA. Initially placed in Saprolegniaceae due its morphological characteristics, the

genus was transferred to Leptolegniaceae by Dick et al. (1999) and more recently to Verrucalvaceae by Beakes et al. (2014)

considering its phylogenetic position together with the genera Aphanomyces, Pachymetra and Verrucalvus. The genus present

mycelial growth and a type of zoosporangium composed typically of a complex of inflated elements together with well-

developed evacuation hyphae (Drechsler 1927).

Currently, according to MycoBank, four phytopathogenic species of Plectospira are described and considered legitimate

(Plectospira myriandra Drechsler, P. gemmifera Drechsler, P. agama Drechsler and P. plagiocaula Drechsler) since Plectospira

dubia Atkins was transferred to Atkinsiella by Vishiniac (1958) considering the morphological characteristics.

The species of Plectospira are responsible for causing diseases in crops of economic importance such as tomato (Solanum

lycopersicum L.) (Drechsler 1927) and sugarcane (Saccharum officinarum L.), and also in higher-plants such as Prunella

vulgaris L. and Rumex acetosella L. (Watanabe 1987), although its infectious mechanism remains poorly investigated.

Considering the importance of Plectospira species as parasite of different crops, is surprising as mentioned by Johnson et al.

(2002), that only few studies have reported the occurrence of the genus worldwide. After their original descriptions, only P.

myriandra were reported again in literature, firstly in Japan (Watanabe 1987) and then in Brazil (Gomes et al. 2003, Rocha

2006, Miranda & Pires-Zottarelli 2012, Jesus et al. 2013), but always as saprotrophs in vegetal debris. On the other hand,

there is no record of P. gemmifera and the other species in literature after their publication. According to Johnson et al. (2002),

the few reports can be related to a frequent misidentification of the species as belonging to Aphanomyces, another genus from

Verrucalvaceae that presents morphological similarities and is composed by species considered parasites of plants (Scott 1961,

Gaulin et al. 2007).

The aim of this study was to characterize morphologically the isolates of P. myriandra and P. gemmifera and include both

species in a phylogenetic reconstruction.

ISSN 1179-3155 (print edition)

PHYTOTAXA

135

Material & Methods

Origin of isolates

We used three Brazilian isolates of Plectospira in our analysis, which were deposited in CCIBtculturecollection (“Coleção de

Culturas de Algas, Cianobactérias e Fungos do Instituto de Botânica”, São Paulo, SP, Brazil) and MMBF culture collection

(“Micoteca Mário Barreto Figueiredo”) belonging to WFCC (World Federation for Culture Collections). The isolates CCIBt

3992 and CCIBt 3372 of Plectospira myriandra was isolated from soil (23°03’05’’–25°18’18’’S and 47°53’48’’–

48°05’42’’W) and freshwater samples (23º38’08”–23º40’18”S and 46º36’48”–46º38’00”W) respectively, of the Atlantic

Rainforest areas, São Paulo State, Brazil. The isolate of Plectospira gemmifera (CCIBt 4250, MMBF 04/16) was isolated

from sediment sample of Itupararanga reservoir (23°37’11.58”S and 47°13’59.34”W).

Morphological studies

Sexual and asexual structures of the isolates were characterized and measured once the pure cultures were obtained.

Identification was made according to the main literatures of the genus including Drechsler (1927, 1929) and Johnson et al.

(2002). Due to the similarity of the species of the genus, a comparative table has been prepared to help in the morphological

identification of these two species. The morphological description of P. myriandra was made considering the isolates CCIBt

3992 and CCIBt 3372, the latter described in Jesus et al. (2013).

DNA extraction, PCR amplification and sequencing

For DNA extraction, the isolates were cultivated initially onto solid medium with 0.20 gL-1 of each streptomycin sulphate

and penicillin G, as antibiotics. A small piece of agar with mycelium from the pure culture was transferred to Erlenmeyer’s

containing 50 mL of MP5 liquid medium (maltose-peptone) prepared with autoclaved reverse-osmosis water. After incubation

for 5–10 days at 21°C, the mycelium was transferred to 2.0 mL microfuge tubes in order to obtain mycelial pellets with

enough biomass for DNA extraction. DNA genomic extraction followed the protocol described in the “PureLink Genomic

DNA Kit” (InvitrogenTM). Electrophoresis was performed using 1% (p/v) agarose gel. The partial LSU and complete ITS

regions were amplified using the primers LR0R/LR6-O (Riethmüller et al. 2002) and UN-up 18S42/UN-up 28S22 (Robideau

et al. 2011) respectively. DNA was amplified with the PCR SuperMix kit (Invitrogen®) for a final volume of 25 µl in a C1000

Touch™ Thermal Cycler Bio-Rad. The PCR amplification technique was performed following the conditions described by

Marano et al. (2014). Amplicons were purified with AxyPrep PCR Clean-up kit (Axygen®).

Phylogenetic analysis

For phylogenetic reconstruction were selected 23 isolates of Verrucalvaceae, which represents the genera with sequences

available in GenBank (Table 1). The isolates Achlya primoachlya (Coker & Couch) T.W. Johnson & R.L. Seymour (CCIBt

3982) and Achlya caroliniana Coker (CCIBt 3870) were used as the outgroup taxa. Initially, the contiguous sequences were

assembled using Sequencher™ version 4.1.4 (Gene Codes®) and the ambiguous bases were manually edited. The alignment

was performed in MAFFT version 7 (Kazutaka & Daron 2013) following standart default. JModelTest 0.1.1 (Posada 2008),

with Akaike Information Criterion, was used to determine the best model of base substitution. For sequences of ITS and LSU

of rDNA regions the Transversion model (TVM+G) plus gamma distribution (G) was indicated as the best substitution model.

The complete ITS (763 bp) and partial LSU regions (1261 bp) were concatenated in SequenceMatrix 1.8 (Vaidya et al. 2010)

resulting in a fragment of 2024 bp in length. The Maximum likelihood (ML) analysis were performed in Garli 2.01 (Bazinet

& Cummings 2008) using partition models and branch swapping by best TBR, while the support of nodes, was determined

with bootstrap analysis with 1000 replications. Tree was rooted with members of the Achlya Nees.

TABLE 1. Taxa, voucher, GenBank accession number of the isolates used in phylogenetic reconstruction. NA: not available.

* Isolates from this study.

Taxa Voucher GenBank accession number

ITS LSU

Aphanomyces repetans CBS 1268.86 NA HQ395662

Aphanomyces repetans CBS 1268.87 NA HQ395671

Aphanomyces laevis CBS 478.71 HQ643122 HQ665242

Aphanomyces laevis CCIBt 4070 KP006463 KP006453

136

Taxa Voucher GenBank accession number

ITS LSU

Aphanomyces sinensis ATCC 4825 JQ070116 JQ070142

Aphanomyces stellatus CCIBt 3994 KP006462 KP006454

Aphanomyces stellatus AR 51 NA AF119587

Aphanomyces salsuginosus ATCC 4775 JQ070107 JQ070132

Aphanomyces astaci CBS 1215.37 NA JX115216

Aphanomyces iridis SAP 356 FM999227 NA

Aphanomyces iridis CBS 524.87 HQ643121 HQ665248

Aphanomyces euteiches CBS 154.73 NA HQ665129

Aphanomyces euteiches 315 KM486065 NA

Aphanomyces euteiches 1309 KM486066 NA

Aphanomyces euteiches CBS 156.73 NA HQ665132

Aphanomyces cochlioides CBS 477.71 HQ643115 HQ665241

Pachymetra chaunorhiza CBS 960.87 NA AF119598

Plectospira myriandra* CCIBt 3992 KR063220 KR063219

Plectospira myriandra* CCIBt 3372 KT935288 KX353796

Plectospira myriandra CBS 523.87 HQ643402 HQ665247

Plectospira gemmifera* CCIBt 4250 KX084705 KX084707

Achlya primoachlya CCIBt 3982 KM058757 KM058754

Achlya caroliniana CCIBt 3870 KP006458 KP006451

Results

Plectospira gemmifera and P. myriandra had common characteristics of the genus such as the presence of lobulate

zoosporangia and mode of zoospore discharge forming an evanescent cluster in exit orifice (Fig. 1–2). Although these species

are morphologically similar, some structures can be used to help in distinguishing them (Table 2). Plectospira myriandra

presents an evident pellucid spot and scattered pits in the internal wall of the oospores (Fig. 2) while P. gemmifera produces

abundant gemmae in the whole life cycle (Fig. 1). Besides that, our isolates presented proportion of antheridia production

different that was described by Drechsler (1927, 1929). We observed that our isolates of P. myriandra frequently present

abundant antheridia while in P. gemmifera they are rare or not frequent. Therefore, we advise that antheridia proportion should

be carefully observed in future taxonomic studies. This is the second record of P. gemmifera in the world and the first record

in Brazil.

Morphological analysis

Plectospira gemmifera Drechsler (1929: 358)

Fig 1. A–M

Mycelium dense; hyphae slender, sparingly branched. Inflated elements of sporangia abundant, sometimes very extensive,

which produces a long tube to release the zoospores. Zoospores forming an evanescent cluster in exit orifice and encysting with

usually 10–12 µm diam. Gemmae abundant, spherical, 20–35 µm diam. and frequently pyriform or obpyriform, 40–35 × 25–

28 µm diam. Oogonia mostly terminal on short branches or on longer hyphae, smooth, subsphaerical, 18–22 × 19–24 µm

diam., spherical, 20–30 µm diam. provided with wall 2.5–3.0 µm in thickness. Antheridia absent or when present, diclinous.

Oospore single, colorless, subcentric, spherical, 15–20 µm diam. and subsphaerical, 18–20 × 20–22 µm diam.

Specimen examined—BRAZIL. São Paulo: Votorantim, Itupararanga reservoir, from sample of surface sediment located 2

meters under the water column, 29 august 2012, CCIBt 4250 and MMBF 04/16.

Notes: The isolate CCIBt 4250 produces abundant gemmae of different formats when cultivated in culture medium (CMA +

glucose) and in water cultures growing in Sorghum sp. seeds. In contrast with the original description of Drechsler (1929),

that observed antheridia always present, in the isolate studied the antheridia production were rare or not frequent and most

oogonia are abortive and/or parthenogenetic. Despite this, the abundant production of gemmae and the characteristics of

oogonium, oospores and zoosporangium are in agreement with Drechsler (1929) and confirm our identification as Plectospira

gemmifera.

137

TABLE 2. Comparison of morphological characteristics between isolates of Plectospira myriandra and P. gemmifera collected

during this study.

Structures Taxa (number of the culture collection)

Plectospira myriandra (CCIBt 3772/CCIBt 3992) Plectospira gemmifera (CCIBt 4250)

Antheridia diclinous, monoclinous, frequent diclinous, rare

Oogonium scattered pits in the wall unpitted wall

Oospores presence of pellucid spot absence of pellucid spot

Gemmae absent present

Notes: Johnson et al. (2002) mentioned that P. gemmifera presents zoosporangia larger and with more lobules

than P. myriandra, however, we did not include this characteristic in the table above once it varies depending

on the bait used and thus it is difficult to observe and compare.

FIGURE 1. A–M. Plectospira gemmifera CCIBt 4250. A–D. Different formats of gemmae. E. Lobulated zoosporangia. F–G. Zoosporangium with

a long tube and zoospores cluster. H. Catenulate gemmae. I. Spherical gemmae with germinative tube. J. Oogonium and antheridia. K. Subcentric

oospores. L. Empty gemmae. M. Piriform gemmae germinating. Bars: 10 µm.

138

FIGURE 2. A–J. Plectospira myriandra. A–E. Plectospira myriandra CCIBt 3992. A. Lobulated zoosporangium. B. Oogonium and subcentric

oospore. C. Oogonium showing pellucid spot (ps). D. Oogonium showing scattered pits in the wall (pw). E. Oogonium and abundant antheridia. F–J.

Plectospira myriandra CCIBt 3372. F. Lobulated zoosporagium. G. Oogonium and antheridia. H. Oogonium and pellucid spot (ps) showed in indirect

focus (arrow). I. Oogonium and subcentric oospore. J. Oogonia with pellucid spot indicated by the arrow. ps: pellucid spot. pw: scattered pits in the

wall. Bars: 10 µm.

Plectospira myriandra Drechsler (1927: 294)

Fig 2. A–J

Mycelium dense; hyphae slender, sparingly branched. Inflated elements of sporangia abundant, which produces a

long tube to release the zoospores. Zoospores forming an evanescent cluster in exit orifice and encysting with

usually 8–11 µm diam. Gemmae absent. Oogonia mostly laterally, rarely terminal on short branches, smooth,

spherical, 20–30 µm diam., provided with wall of 1.0–2.0 µm in thickness. Antheridia always present, diclinous,

rarely monoclinous, ranging from 2 to 15 or more. Oospore single, yellow, subcentric, spherical, 13.7–22 µm in

diam.

139

Specimen examined:—BRAZIL. São Paulo: Cananéia, “Parque Estadual da Ilha do Cardoso (PEIC)”, from soil

sample, 20 August 2012, CCIBt 3992.

Notes:—The isolates CCIBt 3992 and CCIBt 3372 (Jesus et al. 2013) of Plectospira myriandra presented all

characteristics mentioned in its original descriptions (Drechsler 1927), and are in agreement with other three studies

previously published in Brazil (Rocha 2006, Gomes et al. 2003, Miranda & Pires-Zottarelli 2012). In addition, the

features mentioned above, which are shown in Table 2 and Figure 2, were crucial for a correct identification of this

species.

Phylogenetic placement

Our concatenate analysis showed two major clades (Fig. 3) which presented the same configuration of the

functional groups mentioned by Diéguez-Uribeondo et al. (2009). The clade I is composed by saprophytic and/or

opportunistic taxa (subclade I-a) and by species considered parasites of animals (subclade I-b). The clade II is

composed by parasites of plants, and is divided in two subclades (II-a and II-b) strongly supported (100% and

100%, respectively). The subclade II-b is composed by four isolates of Plectospira genus (P. myriandra CCIBt

3372, CCIBt 3992, CBS 523.87 and P. gemmifera CCIBt 4250) and can be considered as sister group of the

Aphanomyces and Pachymetra species parasites of plants (clade II-a). Besides that, our phylogenetic reconstruction

indicated with high bootstrap value (100%) that the isolate of P. myriandra CBS 523.87 possibly do not belong to

this taxon.

FIGURE 3. Concatenate analysis of complete ITS and partial LSU rDNA regions of Verrucalvaceae family inferred

by Maximum Likelihood method. The numbers next the branches indicate the bootstrap values (%) and the scale bar

the numbers of substitution per site. In bold the three Brazilian isolates of Plectospira and in grey the whole clade.

Discussion

Our morphological and phylogenetic analyses added important contributions to a poorly investigated genus inside

the Verrucalvaceae sensu Beakes et al. (2014). Both species (P. gemmifera and P. myriandra) analyzed in this study

showed morphological features that contributed to their identification. In addition, their position in the

phylogenetic analysis of two DNA combined regions (complete ITS and partial LSU of rDNA) corroborated our

morphological characterization.

The Plectospira species formed a well-supported monophyletic subclade (100%) positioned as a sister group of

subclade II-a, composed by parasites of plants (Riethmüller et al. 2002, Diéguez-Uribeondo et al. 2009). Although

the phylogenetic analysis showed a closely relation between the isolates from this study with plant pathogenic

140

species (subclade II-a), it is interesting to mention that our isolates were isolated as saprophytes from soil,

freshwater and surface sediment of reservoirs, which shows the great adaptability of these species in different

environments.

Inside the genus Plectospira, the three isolates from this study clustered with the single isolate of the genus

identified as P. myriandra (CBS 523.87) available in GenBank, although our two isolates of P. myriandra are not

very closely related with the specimen from GenBank. Considering the position of P. myriandra from GenBank

together with P. gemmifera with high support value (100%), as well as the presence in our P. myriandra isolates

of singular characteristics mentioned in Table 2, we suggest that P. myriandra (CBS 523.87) described by

Watanabe (1987) is possibly another species of Plectospira.

This study brings important information about the occurrence and provides new molecular data of a poorly studied

genus. Although both species herein related have been previously described as parasites of plants, we found them

acting as saprophytes in soil, freshwater habitats and sediment reservoir. The ability of both species as facultative

parasites shows the great flexibility of these taxa to different environmental pressures.

Acknowledgments

We would like to thank FAPESP (“Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), for the fellowships

given to G.H. Jerônimo (Process N° 2014/16358-4) and for financial support given to C.L.A. Pires Zottarelli

(Process N° 2012/50222-7) and to thematic project Acquased (Process N° 2009/53898-9). Also CNPq (“Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico”) is acknowledged for the fellowship to S.C.O. Rocha

(Process N° 117238/2012-0) and C.L.A. Pires Zottarelli (Process N° 304493/2015-5). In addition, D.C. Bicudo,

S.B. Faustino, E.C.R. Bartozek, S. Zorzal de Almeida, M.A.P.C. da Silva (Dorinha) are recognized for their

contribution in collecting samples and in laboratory analysis. To conclude I would like to thank “Instituto Florestal”

and “Grupo Votorantim” for the permission given to collect samples.

References

Bazinet, A.L., & Cummings, M.P. (2008) The Lattice Project: a grid research and production environment

combining multiple grid computing models. In: Weber, M.H.W. (Ed.) Distributed & Grid Computing - Science

Made Transparent for Everyone. Principles, Applications and Supporting Communities, pp. 2–13.

Beakes, G.W., Honda, D. & Thines, M. (2014) Systematics of the Straminipila: Labyrinthulomycota,

Hyphochytriomycota, and Oomycota. In: McLaughlin DJ, Spatafora JW (Eds.) The Mycota VIII Part A. Springer-

Verlag, Berlin, pp. 39–97. http://doi.org/10.1007/978-3-642-55318-93

Dick, M.W., Vick, M.C., Gibbings, J.G., Hedderson, T.A. & Lopez-Lastra, C.C. (1999) 18S rDNA for species of

Leptolegnia and other Peronosporomycetes: justification for the subclass taxa Saprolegniomycetidae and

Peronosporomycetidae and division of the Saprolegniaceae sensu lato into the families Leptolegniaceae and

Saprolegniaceae. Mycological Research 103: 1119–1125. http://doi.org/10.1017/S0953756299008643

Dick, M.W. (2001) Straminipilous fungi. Kluwer Academic Publishers, Dordrecht, 670 pp.

https://doi.org/10.1007/978-94-015-9733-3.

Diéguez-Uribeondo, J., García, M. A., Cerenius, L., Kozubíková, E., Ballesteros, I., Windels, C., Weiland, J.,

Kator, H., Söderhäll, K. & Martín, M.P. (2009) Phylogenetic relationships among plant and animal parasites, and

saprotrophs in Aphanomyces (Oomycetes). Fungal Genetics and Biology 46: 365–376.

http://doi.org/10.1016/j.fgb.2009.02.004

Drechsler, C. (1927) Two water molds causing tomato rootlet injury. Journal of Agricultural Research 34: 287–296.

Drechsler, C. (1929) The beet water mold and several related root parasites. Journal of Agricultural Research 38:

309–361.

141

Gaulin, E., Jacquet, C., Bottin, A. & Dumas, A. (2007) Root rot disease of legumes caused by Aphanomyves

euteiches. Molecular Plant Pathology 8: 538–548. http://doi.org/10.1111/j.1364-3703.2007.00413.x

Gomes, A.L., Pires-Zottarelli, C.L.A., Rocha, M., & Milanez, A.I. (2003) Saprolegniaceae de áreas de cerrado do

estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 30: 95–110.

Jesus, A.L., Marano, A.V., Schoenlein-Crusius, I.H. & Pires-Zottarelli, C.L.A. (2013) Diversidade de organismos

zoospóricos heterotróficos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP, Brasil: novas citações.

Hoehnea 40: 167–180. http://doi.org/10.1590/S2236-89062013000100009

Johnson, T.W. Jr., Seymour, R.L. & Padgett, D.E. (2002) Biology and systematics of Saprolegniaceae. Available

from: http://www.ucnw. edu/people/padgett/book (accessed 30 May 2016)

Kazutaka, K. & Daron, M. (2013) MAFFT Multiple Sequence Alignment Software Version 7: Improvements in

Performance and Usability. Available from: http://mafft.cbrc.jp/alignment/server (accessed 27 February 2016)

https://doi.org/10.1093/molbev/mst010

Marano, A.V., Jesus, A.L., de Souza, J.I., Leãno, E.M., James, T.Y., Jerônimo, G.H., de Cock, A.W.A.W. & Pires-

Zottarelli, C.L.A. (2014) A new combination in Phytopythium: P. kandeliae (Oomycetes, Straminipila).

Mycosphere 5: 510–522. http://dx.doi.org/10.5943/mycosphere/5/4/3

Miranda, M.L. & Pires-Zottarelli, C.L.A. (2012) Oomicetos do Parque Estadual da Serra da Cantareira, São Paulo,

SP, Brasil. Hoehnea 39: 95–112. http://doi.org/10.1590/S2236-89062012000100005

Posada, D. (2008) jModelTest: phylogenetic model averaging. Molecular Biology and Evolution 2: 1253–1256.

https://doi.org/10.1093/molbev/msn083

Riethmüller, A., Voglmayr, H., Göker, M., Weiß, M. & Oberwinkler, F. (2002) Phylogenetic relationships of the

downy mildews (Peronosporales) and related groups based on nuclear large subunit ribosomal DNA sequences.

Mycologia 94: 834–849. http://doi.org/10.2307/3761698

Robideau, G.P., de Cock, A.W.A.M., Coffey, M.D., Voglmayr, H., Brouwer, H., Bala, K., Chitty, D.W., Désaulniers,

N., Eggertson, Q.A., Gachon, C.M.M., Hu, C.H., Küpper, F.C., Rintoul, T.L., Sarhan, E., Verstappen, E.C.P.,

Zhang, Y., Bonants, P.J.M., Ristaino, J.B. & Lévesque, A.C. (2011) DNA barcoding of oomycetes with cytochrome

c oxidase subunit I and internal transcribed spacer. Molecular and Ecological Resources 11: 1002–1011.

Rocha, J.R.S. (2006) Filos Chytridiomycota e Oomycota. In: Gusmão, L.F.P & Maia, L.C. (Eds.) Diversidade e

caracterização dos fungos do semi-árido brasileiro. pp. 75–95.

Vaidya, G., Lohman, D.J. & Meier, R. (2010) SequenceMatrix: concatenation software for the fast assembly of

multigene datasets with character set and codon information. Cladistics 27: 171–180.

Visniac, H.S. (1958) A new marine phycomycete. Mycologia 50: 66-79. http://doi.org/10.2307/3756037

Watanabe, T. (1987) Plectopira myriandra, a rediscovered water mold in Japanese soil. Mycologia 79: 77–81.

142

Anexo III

Saprolegnia aenigmatica CCIBt4347 (A) e Saprolegnia subterranea CCIBt4346 (B-E). A. Zoosporângio

de Saprolegnia aenigmatica com proliferação interna. B. Zoosporângio de Saprolegnia subterranea com

proliferação interna. C-E. Detalhes do anterídio, oogônio, oósporo e tudo germinativo de Saprolegnia

subterranea. Barras = 10 µm.

143

Análise concatenada de Máxima Verossimilhança da região ITS do rDNA. Os isolados obtidos durante este estudo estão destacados em negrito. Os números próximos aos

ramos representam os valores de “bootstratp”, para os quais foram incluídos na topologia somente os valores acima de 75%.

144

Achlya caroliniana (A-E), Achlya klebsiana (F-H), Dictyuchus pseudodictyon (H-L). A-B. Zoosporângios

de Achlya caroliniana mostrando liberação aclióide. C-E. Oogônios com oósporos. F. Zoosporângio de

Achlya klebsiana mostrando liberação aclióide. G. Oogônio e oósporos de Achlya klebsiana. H.

Zoosporângio de Dictyuchus pseudodictyon. I-L. Oogônio e oósporos de Dictyuchus pseudodictyon. Barras

= 10 µm.

145

Análise de Máxima Verossimilhança da região ITS do rDNA. Os isolados obtidos durante este estudo estão destacados em negrito. Os números próximos aos ramos representam

os valores de “bootstratp”, para os quais foram incluídos na topologia somente os valores acima de 75%.

146

Aphanomyces laevis CCIBt4348 e CCIBt4349. A-C. Zoosporângios com liberação aclióide. D-E. Oogônio,

oósporos e anterídios. Barras = 10 µm.

147

Análise de Máxima Verossimilhança da região ITS do rDNA. Os isolados obtidos durante este estudo estão destacados em negrito. Os números próximos aos ramos representam

os valores de “bootstratp”, para os quais foram incluídos na topologia somente os valores acima de 75%.

148

Pythium torulosum (A-E) e Phytopythium vexans (F-I). A-B. Zoosporângios filamentosos inflados de

Pythium torulosum. C-E. Oogônio, oósporos e anterídios de Pythium torulosum. F-H. Zoosporângio

esférico de Phytopythium vexans. I. Oogônio e anterídio de Phytopythium vexans. Barras = 10 µm.

149

Análise concatenada de Máxima Verossimilhança das regiões ITS do rDNA e COX1 do mDNA. Os

isolados obtidos durante este estudo estão destacados em negrito. Os números próximos aos ramos

representam os valores de “bootstratp”, para os quais foram incluídos na topologia somente os valores

acima de 75%.

150

Apêndice I

Táxons

Regiões gênicas

18S ITS 28S RPB1 RPB2 COX1

Chytridiomycota

Asterophlyctis sarcoptoides * * *

Avachytrium sp. * * *

Cladochytrium replicatum * * * * *

Nowakowskiella hemisphaerospora * * *

Nowakowskiella ramosa * * *

*

Nowakowskiella crenulata * * *

Nowakowskiella sp.1 * * * * *

Rhizophydium angulosum * * * * *

Rhizophydium elyense * * *

Siphonaria sp. * * * *

Oomycota

Achlya caroliniana * *

Achlya klebsiana * *

Achlya prolifera * *

Aphanomyces laevis CCIBt4348 * *

Aphanomyces laevis CCIBt4349 * *

Dictyuchus monosporus * *

Dictyuchus pseudodictyon * *

Plectospira gemmifera * *

Pythium inflatum * *

*

Pythium midletonii * *

*

Pythium torulosum * *

*

Pythium sp.1 * *

*

Pythium sp.2 * *

*

Pythium sp.3 * *

*

Pythium sp.4 * *

*

Pythium sp.5 * *

*

Pythium sp.6 * *

*

Pythium sp.7 * *

*

Phytopythium vexans * *

*

Saprolegnia aenigmatica * *

Saprolegnia subterranea * *

Saprolegnia subterranea * *

Saprolegnia subterranea * *