anÁlise de contingÊncias em sistemas elÉtricos...

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA ANÁLISE DE CONTINGÊNCIAS EM SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA HENRIQUE SCHAEFFER BATISTA ORIENTADOR: IVAN MARQUES DE TOLEDO CAMARGO MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA BRASÍLIA/DF: JUNHO – 2008

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  • UNIVERSIDADE DE BRASLIA

    FACULDADE DE TECNOLOGIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELTRICA

    ANLISE DE CONTINGNCIAS EM SISTEMAS

    ELTRICOS DE POTNCIA

    HENRIQUE SCHAEFFER BATISTA

    ORIENTADOR: IVAN MARQUES DE TOLEDO CAMARGO

    MONOGRAFIA DE GRADUAO EM ENGENHARIA ELTRICA

    BRASLIA/DF: JUNHO 2008

  • ii

    UNIVERSIDADE DE BRASLIA

    FACULDADE DE TECNOLOGIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELTRICA

    ANLISE DE CONTINGNCIAS EM SISTEMAS

    ELTRICOS DE POTNCIA

    HENRIQUE SCHAEFFER BATISTA

    MONOGRAFIA SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELTRICA DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA. APROVADA POR:

    ____________________________________________________ Prof. Ivan Marques de Toledo Camargo, Dr. (ENE-UnB) (Orientador)

    ____________________________________________________ Prof. Francisco Damasceno Freitas, Dr. (ENE-UnB) (Examinador Interno)

    ____________________________________________________ Joo Odilon Freitas e Silva, Dr. (CNOS/CORS-NCO - ONS) (Examinador Externo)

    BRASLIA-DF, 27 DE JUNHO DE 2008.

  • iii

    FICHA CATALOGRFICA

    BATISTA, HENRIQUE SCHAEFFER Anlise de Contingncias em Sistemas Eltricos de Potncia [Distrito Federal] 2008. vii, 48p., (ENE/FT/UnB, Engenheiro Eletricista, 2008). Monografia de Graduao Universidade de Braslia. Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Eltrica.

    1. Contingncia 2. Carregamento 3. Inequaes 4. Sistema Eltrico I. ENE/FT/UnB II. Ttulo (srie) REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    BATISTA, H. S. (2008). Anlise de Contingncias em Sistemas Eltricos de Potncia.

    Monografia de Graduao, Publicao ENE 01/2008, Departamento de Engenharia

    Eltrica, Universidade de Braslia, Braslia, DF, 48p.

    CESSO DE DIREITOS

    AUTOR: Henrique Schaeffer Batista.

    TTULO: Anlise de Contingncias em Sistemas Eltricos de Potncia.

    GRAU: Engenheiro Eletricista ANO: 2008

    concedida Universidade de Braslia permisso para reproduzir cpias desta

    monografia de graduao e para emprestar ou vender tais cpias somente para

    propsitos acadmicos e cientficos. O autor reserva outros direitos de publicao e

    nenhuma parte dessa monografia de graduao pode ser reproduzida sem autorizao

    por escrito do autor.

    ______________________________________

    Henrique Schaeffer Batista

  • iv

    DEDICATRIA

    Ao meu filho Renato.

    Aos meus Pais Adlio e Sandra.

    E minha Irm Raquel.

  • v

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus por ter me dado o dom da vida e por ter me fortalecido nos

    momentos de dificuldade, possibilitando o fechamento da minha jornada na graduao

    em Engenharia Eltrica.

    Agradeo ao apoio de todos os meus familiares que sempre estiveram presentes

    em minha vida, me incentivando a prosseguir em busca dos meus objetivos.

    Agradeo aos colegas do ONS que sempre estiveram dispostos a me ajudar na

    elaborao dessa monografia e agregaram valores a minha formao profissional.

    Agradeo ao Professor Dr. Ivan Marques de Toledo Camargo pela confiana

    em mim depositada, pela pacincia e cordialidade durante a minha vida acadmica.

    Agradeo aos amigos feitos durante o perodo de graduao que estiveram ao

    meu lado e sempre pude contar para todas as horas.

    Agradeo aos professores do Departamento de Engenharia Eltrica pela

    disposio em transmitir os conhecimentos necessrios para me tornar um profissional

    capacitado.

  • vi

    RESUMO

    ANLISE DE CONTINGNCIAS EM SISTEMAS ELTRICOS DE POTNCIA Autor: Henrique Schaeffer Batista. Orientador: Ivan Marques de Toledo Camargo. Palavras-chave: contingncia, carregamento, inequaes, sistema eltrico. Braslia, 27 de junho de 2008.

    O presente trabalho trata de anlises de contingncias em sistemas eltricos de

    potncia. Durante este estado, os carregamentos nos equipamentos do sistema devem

    estar abaixo do limite nomina, evitando assim a atuao de protees, as quais poderiam

    levar a uma reao em cadeia e dessa forma ocasionar um colapso.

    Para essas anlises necessrio que se conhea o sistema eltrico, sabendo

    como se comportam, por exemplo, os fluxos de potncia em equipamentos de

    transmisso, as tenses e a freqncia do sistema. Nos primeiros captulos mostrada

    uma viso qualitativa do comportamento de sistemas eltricos de potncia, visando

    alcanar o entendimento necessrio para efetuar as anlises.

    As contingncias em sistemas eltricos so muito comuns, e normalmente

    esto relacionadas a desligamentos de equipamentos para manuteno (intervenes).

    No caso do Sistema Interligado Nacional, deve-se atender a um critrio chamado N-1,

    no qual o sistema deve suportar contingncias simples sem prejuzo ao atendimento de

    consumidores e aos equipamentos da rede. Para isso, se for constatada a possibilidade

    de contingncia, os fluxos de potncia dos equipamentos envolvidos na mesma devem

    ser controlados em tempo real de forma, que caso a contingncia ocorra, no haja

    sobrecarga de qualquer equipamento da rede.

    Os fluxos nos equipamentos que podero estar envolvidos em uma

    contingncia so monitorados levando-se em conta leis matemticas baseadas em

    inequaes de carregamento. As inequaes podem ser de dois ou trs elementos e sero

    mostradas as metodologias usadas para a elaborao destas inequaes.

    Por fim, neste trabalho, desenvolvida uma nova metodologia de elaborao

    das inequaes de trs elementos a qual to eficiente quanto a atual, ficando essa

    metodologia como uma alternativa para avaliara o controle de carregamento de

    equipamentos.

  • vii

    SUMRIO

    1- INTRODUO ........................................................................................................1

    1.1- CONSIDERAES INICIAIS ..................................................................................... 1 1.2- OBJETIVO DO TRABALHO ...................................................................................... 2 1.3- ORGANIZAO DO TRABALHO ............................................................................ 3

    2- VISO GERAL DE SISTEMAS ELTRICOS DE POTNCIA .......................4

    2.1- O EQUILBRIO ENTRE GERAO E CARGA ........................................................ 4 2.2- A CONEXO ENTRE GERAO E CARGA ........................................................... 5

    3- OPERAO DE SISTEMAS ELTRICOS .........................................................7

    3.1- A FREQNCIA E A TENSO .................................................................................. 7 3.2- A VARIAO DA TENSO ...................................................................................... 9 3.3- A VARIAO DA FREQNCIA ........................................................................... 10 3.4- PREPARAO DO SIN ............................................................................................ 12

    4- ANLISE DE CONTINGNCIAS EM SISTEMAS ELTRICOS .................14

    4.1- INEQUAO DE DOIS ELEMENTOS .................................................................... 16 4.1.1- Elaborao de Inequaes de Dois Elementos ...................................................................... 16 4.1.2- Clculo de Fatores de Realocao de Gerao ..................................................................... 19 4.1.3- Exemplo Real de Inequao de dois Elementos. .................................................................. 20

    4.2- INEQUAO DE TRS ELEMENTOS ................................................................... 23 4.2.1- Elaborao de Inequaes de Trs Elementos ...................................................................... 24 4.2.2- Clculo de Fatores de Realocao de Gerao ..................................................................... 26 4.2.3- Exemplo Real de Inequaes de Trs Elementos ................................................................. 26

    5- NOVA METODOLOGIA .....................................................................................31

    5.1- APLICAO DA NOVA METODOLOGIA. ........................................................... 38

    6- CONCLUSO ........................................................................................................40

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................42

    APNDICE A ................................................................................................................43

  • viii

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 2.1- MODELO PI DA LINHA DE TRANSMISSO .................................................. 6 FIGURA 2.2 TENSES DE 50 E 60 HZ. ................................................................................. 8 FIGURA 4.1 CONFIGURAO DO SIN EM TORNO DA SE TIJUCO PRETO ................ 20 FIGURA 4.2 CONFIGURAO DO BARRAMENTO DA SE CAMAARI II. ................. 27 FIGURA 4.3 MODELAGEM DA SE CAMAARI II PARA POSSIBILITAR A

    SIMULAO. ........................................................................................................................ 28 FIGURA 4.4 APLICAO DA 1 LEI DE KIRCHHOFF. .................................................... 28 FIGURA 5.1 FLUXO DE POTNCIA NO TRANSFORMADOR 2 DA SE CAMAARI II

    (TEMPO INTERMEDIRIO) ................................................................................................ 32 FIGURA 5.2 ZOOM DO PERODO TRANSITRIO DO FLUXO DE POTNCIA DO

    TRANSFORMADOR 2 DA SE CAMAARI II (TEMPO INTERMEDIRIO). ................. 32 FIGURA 5.4 FLUXO DE POTNCIA NO TRANSFORMADOR 2 DA SE CAMAARI II

    (CONTINGENCIAS SIMULTNEAS) ................................................................................. 34

  • 1

    1- INTRODUO

    1.1- CONSIDERAES INICIAIS

    Sistemas Eltricos de Potncia apresentam uma operao complicada, pois para

    garantir padres de qualidade, diversas fases de programao e execuo de eventos

    relacionados aos sistemas esto em constante interao.

    Buscar sempre o estado da arte um dos grandes motivadores deste trabalho. O

    foco principal que ser abordado neste trabalho voltado para a anlise de sobrecarga

    de equipamentos por meio da anlise de contingncias. As contingncias basicamente

    so eventos em equipamentos do sistema que deixam de operar por atuao de

    protees devido a algum problema. Contingncias acontecem a todo momento em

    sistemas eltricos de potncia e no interessante que a sada de equipamentos cause

    problemas aos outros que continuam em operao.

    As anlises de contingncias so importantes para se avaliar o sistema em um

    ponto de operao e para saber se possvel minimizar o impacto das contingncias

    sobre os outros equipamentos. Os sistemas eltricos de potncia normalmente trabalham

    com certa folga, para que caso ocorra uma contingncias se evite falhas em cadeia,

    provocando o desabastecimento de energia.

    Garantir os requisitos estabelecidos para a operao de sistemas eltricos no

    uma tarefa simples. H toda uma metodologia para isso, que os consumidores nem

    imaginam a complexidade. Por exemplo, eles no fazem idia de como difcil manter

    a tenso das instalaes de sua residncia em um valor aproximadamente constante.

    Para entender e prever como contingncias vo influenciar nos parmetros do

    sistema e em outros equipamentos necessrio ter pelo menos uma idia de como o

    sistema constitudo entendendo seu comportamento, e principalmente como ele

    operado onde se visa manter requisitos previamente estabelecidos (tenso e

    freqncia) e a integridade dos equipamentos.

  • 2

    1.2- OBJETIVO DO TRABALHO

    O presente trabalho tem por objetivo entender como o comportamento de

    sistemas eltricos de potncia e minimizar os problemas de carregamento dos

    equipamentos inseridos no sistema dado uma ou mais contingncias. Isto alcanado

    por meio de uma metodologia que ser apresentada mais a frente. Em especial, o estudo

    ter como base o desempenho do Sistema Interligado Nacional (SIN), dando-se nfase

    rede de transmisso (acima de 138 kV).

    As possveis contingncias devem ser analisadas de modo que, caso venham

    ocorrer, sejam evitados problemas nos equipamentos remanescentes. Neste trabalho,

    foca-se principalmente avaliao da sobrecarga dos equipamentos que continuam em

    operao. Para isso, apresentada uma metodologia que permite prever

    (aproximadamente) o carregamento dos equipamentos no momento de ps-

    contingncia. A metodologia citada baseia-se no estudo de inequaes de

    monitoramento, as quais fazem parte da operao do SIN.

    Essas anlises de contingncias, na maioria dos casos, esto relacionadas a

    pedidos de intervenes (manutenes) no SIN. Normalmente essas manutenes

    submetem o sistema a configuraes que podem ser prejudiciais a equipamentos, em

    caso de contingncias.

    As inequaes so artifcios matemticos utilizados para monitorar os

    equipamentos remanescentes e assim evitar que esses entrem em sobrecarga aps uma

    ou mais contingncias. Assim possvel prever, antecipadamente, qual ser o

    carregamento dos equipamentos em questo. Ressalta-se que existe uma pequena

    probabilidade de que a contingncia possa acontecer. Mas, de qualquer forma, o sistema

    deve estar preparado para suport-la.

    Por fim, estuda-se a possibilidade de desenvolver uma nova metodologia para a

    elaborao das inequaes que envolva mais de uma contingncia. Fica a critrio do

    analista da interveno o uso da nova alternativa ou o mtodo tradicional.

  • 3

    1.3- ORGANIZAO DO TRABALHO

    O Captulo 2 apresenta uma viso qualitativa de como um sistema eltrico de

    potncia constitudo.

    O Captulo 3 mostra tambm de forma qualitativa quais so as dificuldades

    encontradas na operao de sistemas eltricos de potncia, bem como san-las,

    descrevendo os requisitos exigidos para o correto funcionamento do sistema.

    O Captulo 4 trata das metodologias usadas para a anlise de contingncias e

    para a elaborao de inequaes de dois e trs elementos, juntamente com exemplos

    reais verificados no SIN.

    O Captulo 5 desenvolve a nova metodologia como alternativa para anlises de

    contingncias, considerando a inequao de trs elementos. Tambm mostra-se a

    aplicao da nova metodologia em um exemplo abordado no captulo 4.

    No Captulo 6 apresenta-se a concluso sobre o trabalho.

  • 4

    2- VISO GERAL DE SISTEMAS ELTRICOS DE POTNCIA

    Neste captulo dada uma viso qualitativa de como um sistema eltrico de

    potncia constitudo. Comeando pela parte do equilbrio entre gerao e carga, onde

    so estudadas as relaes entre essas grandezas. Por fim considerada a forma como

    feita a conexo entre gerao e carga.

    2.1- O EQUILBRIO ENTRE GERAO E CARGA

    At os dias atuais no existem meios de armazenar energia na forma eltrica.

    Mesmo em baterias, a energia armazenada por reaes qumicas. Portanto, toda

    energia eltrica, gerada pelas usinas de um determinado sistema, deve ser consumida

    pelas cargas deste sistema. Ou seja, a potncia gerada em um instante deve ser

    consumida no mesmo instante. Esse processo chamado de equilbrio entre gerao e

    carga. O mesmo pode ser interpretado como a soma entre as potncias gerada e

    consumida. Para que o sistema funcione corretamente o equilbrio entre gerao e carga

    deve ser zero a todo momento.

    Como a potncia consumida em qualquer sistema eltrico tem comportamento

    aleatrio, a potncia gerada est sempre seguindo o sinal de potncia consumida para

    poder, assim, permitir o fechamento do equilbrio ente gerao e carga.

    Por que a carga aleatria? Essa resposta simples: porque a todo o momento

    esto sendo ligados e desligados equipamentos rede eltrica. Imaginando a seguinte

    situao: em uma casa, quando um indivduo entra em seu quarto e liga a lmpada, o

    sistema percebe imediatamente o aumento de carga, quando ele sai do quarto e desliga a

    lmpada novamente o sistema sente a diminuio da carga. Quando essas aes foram

    tomadas, pelo indivduo, no houve uma programao, ele no precisou avisar a

    concessionria de energia em qual hora a lmpada iria ser ligada e em qual hora iria

    deslig-la. Agora, considerando milhes de pessoas e milhes de equipamentos, com

    milhares de potncias diferentes, interagindo a todo o momento com o sistema eltrico

    tem-se uma noo de como a carga aleatria.

    Apesar de ser aleatria, a carga pode ser prevista de acordo com o

    comportamento da populao qual ela est associada. Por exemplo, no Brasil, durante

    a madrugada a carga mais baixa que no horrio comercial, que mais baixa que no

    perodo da noite. Isso porque na madrugada a maior parte da populao est dormindo.

  • 5

    Durante o horrio comercial, as fbricas, escritrios, etc. esto em atividade. J noite a

    populao costuma tomar banho ligando chuveiros eltricos um vilo do consumo de

    potncia. Tomando-se como base esses argumentos, definem-se os patamares

    tradicionais de carga como carga leve, mdia e pesada, durante as 24 horas do dia.

    2.2- A CONEXO ENTRE GERAO E CARGA

    A forma como a potncia transferida das usinas aos centros de carga

    (consumidores) por meio de equipamentos linhas de transmisso e transformadores

    que constituem as redes de transmisso e distribuio. No Brasil h nveis de tenso

    de transmisso que se estende de 138 kV at 765 kV. Os nveis de distribuio vo de

    110 V at 69 kV. Cada equipamento tem um limite mximo de potncia que pode

    transmitir. Esse limite deve ser respeitado a todo o momento.

    Os fluxos nos equipamentos de transmisso so definidos pela potncia das

    cargas s quais esto alimentando, pelas usinas mais influentes (normalmente as

    eletricamente mais prximas) e pela topologia da rede. A potncia que atravessa essa

    rede tem duas componentes, a potncia ativa mais sensvel abertura angular entres as

    barras adjacentes ao equipamento de transmisso e a reativa mais sensvel

    diferena de potencial entre as barras adjacentes ao equipamento de transmisso.

    Assim, de posse de uma previso de carga e de gerao para um horizonte de

    10 ou 20 anos, o projeto das redes, tanto de transmisso quanto de distribuio, feito

    para que os limites dos equipamentos sejam respeitados. Ou seja, a topologia da rede

    concebida para garantir que os carregamentos dos equipamentos fiquem razoavelmente

    abaixo do nominal.

    Quando todos os equipamentos das redes esto em operao, diz-se que a rede

    est na configurao de rede completa. Por outro lado se h algum equipamento fora de

    operao, diz-se que a rede est na configurao de rede alterada.

    Os fluxos nos equipamentos geralmente ficam abaixo do limite nominal. Isto

    possibilita que em situaes de sada de equipamentos, seja para manutenes ou por

    atuaes de protees, no provoquem sobrecarga nos equipamentos remanescentes.

    Entretanto em algumas regies as redes podem no garantir o respeito a esses limites.

  • 6

    Muitas das vezes, por falta de reforos medida que a carga evolui ao passar dos anos.

    Nesses casos, so avaliados outros recursos, os quais sero destacados nos prximos

    captulos.

    No presente texto ser enfatizada a rede de transmisso, mas sem desconsiderar

    a rede de distribuio.

    Toda linha de transmisso tem parmetros distribudos ao longo de seu

    comprimento (resistncia, indutncia e capacitncia). Em srie, tm-se associadas uma

    resistncia e uma reatncia indutiva que so inerentes ao material do qual a linha

    constituda. Entretanto, para que a linha possa ser modelada, a resistncia e a indutncia

    so representadas de forma concentrada. Outro efeito a ser considerado para longas

    linhas de transmisso o efeito capacitivo. Nesse caso, os nveis de tenso so elevados

    o suficiente para que haja armazenamento de energia reativa entre a linha de

    transmisso e a terra. Fazendo uma analogia com um capacitor de placas paralelas, ou

    seja, duas placas separadas por um dieltrico, onde uma placa seria a linha e a outra

    seria a imagem da linha na terra teoria das imagens estudada em eletromagnetismo

    estando separadas por um dieltrico que o ar. Para linhas longas a capacitncia maior

    porque a rea das placas tambm maior. Observa-se que essa capacitncia est em

    paralelo com a resistncia e indutncia acima descritas. Para a adequada modelagem da

    linha, novamente, faz-se uma concentrao deste parmetro constituindo, assim, o

    modelo PI da linha, conforme Figura 2.1.

    FIGURA 2.1- MODELO PI DA LINHA DE TRANSMISSO.

    No caso dos transformadores, a modelagem simplesmente uma reatncia em

    srie com uma resistncia. Como a reatncia no caso do transformador muito maior

    que a resistncia pode-se desprez-la e considerar o modelo como uma simples

    reatncia.

  • 7

    3- OPERAO DE SISTEMAS ELTRICOS

    So abordados neste captulo os princpios da operao de sistemas eltricos,

    dando maior nfase para o Sistema Interligado Nacional (SIN), o qual operado pelo

    Operador Nacional do Sistema Eltrico (ONS).

    Sabe-se que existem alguns parmetros que nos sistemas eltricos deveriam

    permanecer constantes, tais como tenso e freqncia. Essas caractersticas so

    essenciais a fim de se manter os padres de fabricao dos equipamentos conectados

    rede e para, principalmente, permitir a interligao de usinas e subsistemas. Esses

    requisitos sero explicados qualitativamente nas prximas sees. Na seo 3.1

    explicado porque a tenso e a freqncia devem estar em patamares praticamente

    constantes e nas sees 3.2 e 3.3 so explicados os fatores que afetam a variao da

    tenso e da freqncia de sistemas eltricos de potncia.

    H tambm no caso da operao do SIN, um critrio de confiabilidade do

    sistema. Todo o sistema deve ser capaz de suportar determinadas contingncias sem que

    haja prejuzo do atendimento de energia eltrica aos consumidores. Esse critrio

    abordado na seo 3.4.

    3.1- A FREQNCIA E A TENSO

    Imaginando duas unidades geradoras conectadas ao mesmo barramento.

    Suponha que uma unidade tem capacidade de gerar potncia freqncia de 60 Hz e a

    outra unidade pode gerar potncia freqncia de 50 Hz. Em determinado momento

    haver diferena de potencial entre as mesmas fases conectadas (Figura 2.2).

    Dependendo dessa diferena de potencial surgiro correntes entre os geradores da

    ordem de correntes de curto-circuito, alm das ressonncias associadas, pois hora uma

    fornece, hora recebe potncia. Nesse caso podem atuar protees desconectando os

    geradores. Fazendo a extrapolao para sistemas interligados pode haver o desligamento

    da interligao ocorrendo o desequilbrio entre carga e gerao, sendo necessrio o corte

    de carga em uma regio e de gerao na outra. Logo, deve-se definir um valor padro

    para a freqncia de oscilao do sistema.

  • 8

    A freqncia pode ser diferente dependendo do pas. Por exemplo, no Brasil o

    SIN opera a 60 Hz, j no Paraguai o sistema opera a 50 Hz.

    Entretanto, na prtica, a freqncia de oscilao de um sistema no constante,

    ela est sempre variando em torno do valor determinado. A explicao para este

    fenmeno est descrita na seo 3.3.

    FIGURA 2.2 TENSES DE 50 E 60 HZ.

    Com relao tenso entregue aos consumidores, quando ela encontra-se

    muito baixa, os equipamentos podem no funcionar corretamente ou mesmo ser

    danificados. Considerando que alguns equipamentos podem ser modelados como

    potncia (S) constante, havendo tenso baixa os equipamentos exigem mais corrente,

    podendo essa corrente superar o limite nominal dos memsmos provocando a queima

    (Equao (3.1)). Um exemplo de equipamento que pode ser modelado como potncia

    constante so motores funcionando em fbricas. Quando a tenso est muito alta pode

    tambm levar queima de equipamentos, sendo os mesmos modelados como

    impedncia (Z) constante. Nesse caso, aumentando-se a tenso, a corrente tambm

    aumenta, podendo ultrapassar o limite do equipamento (Equao (3.2)). Um exemplo de

    equipamento que pode ser modelado como impedncia constante so os equipamentos

    eletrnicos. Assim fica evidente que a tenso deve permanecer em um patamar definido.

    (3.1)

    (3.2)

  • 9

    Na grande maioria dos sistemas eltricos a tenso deve ser mantida em 1 p.u.

    Entretanto, da mesma forma que acontece com a freqncia, a tenso tambm varia em

    torno do valor especificado. Esse fenmeno explicado na seo 3.2.

    A maior parte das anlises feitas em um sistema eltrico considera a tenso e a

    freqncia constantes. Porm, essas grandezas s so constantes na teoria. Na prtica

    tenso e freqncia esto variando a todo o momento, dentro de patamares estabelecidos

    e em torno dos valores 1 p.u. e 60 Hz, respectivamente.

    3.2- A VARIAO DA TENSO

    Sabe-se que os elementos indutivos consomem potncia reativa e que os

    capacitivos fornecem potncia reativa para o sistema ao qual esto conectados. Como

    foi mostrada anteriormente, a carga e a gerao esto conectadas por meio de uma

    malha composta por linhas de transmisso e distribuio, as quais possuem parmetros

    indutivos e capacitivos.

    Ao longo do dia, a carga vai variando de acordo com os patamares de carga.

    No patamar de carga pesada, a potncia requerida pela carga muito alta, sendo

    necessrio um maior fluxo de potncia atravessando a rede de transmisso. Assim a

    parte indutiva das linhas ir consumir mais potncia reativa da gerao e consumir

    tambm toda a potncia reativa fornecida pelo efeito capacitivo das linhas. Logo ser

    entregue menos potncia reativa aos consumidores (carga). No patamar de carga leve, a

    potncia requerida muito baixa, o que provoca um baixo fluxo de potncia

    atravessando a rede de transmisso. Assim o consumo de potncia reativa na rede

    menor que a potncia reativa fornecida pelo efeito capacitivo das linhas. Logo h mais

    potncia reativa disponvel s cargas.

    Como de conhecimento de todo engenheiro eletricista, a potncia reativa e a

    tenso esto intimamente relacionadas. Ou seja, diminuindo a potncia reativa,

    disponvel em determinada barra do sistema, a tenso nesta barra cai. O contrrio

    tambm vlido. Para que esse problema seja resolvido necessrio aumentar ou

    diminuir a quantidade de potncia reativa disponvel para o sistema. Para modificar essa

    oferta de potncia reativa pode-se utilizar equipamentos como compensador sncrono

    (motor sncrono que funciona sub ou sobre-excitado, consumindo ou fornecendo

  • 10

    potncia reativa, respectivamente), compensadores estticos (bancos de capacitores e

    reatores automaticamente chaveados), reatores e capacitores manobrveis. Pode-se

    tambm alterar a gerao de potncia reativa nas unidades geradoras e, em caso de

    carga leve, sendo o ltimo recurso disponvel, abrir circuitos caso existam circuitos

    paralelos.

    A operao de qualquer sistema visa manter a tenso dentro dos patamares

    especificados utilizando esses recursos de controle de tenso. Na operao do SIN os

    limites de tenso dependem de qual nvel de tenso est em questo, pois quanto maior

    o nvel maior a margem de regulao. Por exemplo, em 500 kV a tenso pode variar

    entre 0,9 e 1,1 p.u.. J em 138 kV a tenso deve ficar entre 0,95 e 1,05 p.u..

    3.3- A VARIAO DA FREQNCIA

    Considera-se agora a freqncia do sistema. Quando o h um desequilbrio

    entre carga e gerao com a variao da carga, os geradores devem responder a essa

    variao. Entretanto, para que os mesmos respondam, so necessrios alguns dcimos

    de segundo ou mais.

    Os geradores sentem essa variao de carga pela variao da freqncia de

    oscilao do sistema. Esta freqncia est intimamente relacionada com a velocidade de

    rotao do eixo da turbina. Sempre que a freqncia atingir o patamar inferior ou

    superior, o controle de velocidade sensibilizado.

    Esse fenmeno ocorre da seguinte forma: quando h uma variao da carga os

    geradores no respondem imediatamente, pois necessria a abertura ou fechamento

    dos distribuidores das turbinas para que seja entregue mais ou menos potncia ativa nos

    eixos das mquinas e a mesma seja transferida s cargas. Para que os distribuidores

    sejam abertos ou fechados h associao de constantes de tempo mecnicas que so

    muito maiores que as constantes de tempo eltricas. Ou seja, a potncia ativa da carga

    varia mais rapidamente que a potncia ativa gerada. Assim, para pequenas variaes de

    carga o equilbrio entre carga e gerao alcanado pelo princpio da conservao da

    energia atravs da variao da energia cintica, Ec, de rotao das massas girantes dos

    conjuntos turbinas e geradores. Como o momento de inrcia, J, dos eixos constante

    durante o processo, o que vai variar a velocidade de rotao dos eixos, . Com isso,

  • 11

    tambm varia a freqncia do sistema, f. Portanto, quando a carga aumenta, parte da

    energia cintica transformada em eltrica e com isso a freqncia diminui. Quando a

    carga diminui, parte da energia eltrica transformada em energia cintica aumentando

    a freqncia (Equaes (3.3) e (3.4)). Quando a freqncia estiver perto dos limites

    superior ou inferior, os controles de velocidade atuam abrindo ou fechando os

    distribuidores das turbinas.

    (3.3)

    (3.4)

    A variao da freqncia pode trazer os problemas citados anteriormente, alm

    de outros. Por exemplo, a potncia eltrica est associada freqncia. Logo, uma

    variao muito grande da freqncia danificaria os equipamentos conectados ao

    sistema. Os problemas de estabilidade tambm podem ocorrer, fazendo com que o haja

    um desequilbrio maior entre carga e gerao, acarretando uma reao em cadeia, de

    desligamentos, a qual pode chegar a um Blackout.

    A variao da freqncia deve ser controlada em um intervalo no muito

    grande, para evitar os problemas mencionados. No caso do SIN, a freqncia pode

    variar entre 59,5 e 60,5 Hz.

    Para controlar a freqncia do sistema so usados os controles de velocidade

    dos geradores, como exposto acima. Entretanto esse controle usado para fazer um

    ajuste grosso no sistema. H a necessidade de se fazer um controle mais refinado, pois

    a freqncia deve variar em um intervalo muito pequeno. No SIN h outro controle

    chamado Controle Automtico de Gerao (CAG) o qual instalado em usinas

    estratgicas para fazer o ajuste fino da freqncia do sistema. A finalidade desse tipo

    de controle alterar a gerao de usinas com maior potncia instalada. Nessas usinas,

    normalmente h uma maior faixa de regulao para a potncia que pode ser despachada.

    O CAG tambm usado para controlar as oscilaes de interligaes entre regies,

    quando uma regio est exportando grande quantidade de potncia para outra.

  • 12

    3.4- PREPARAO DO SIN

    Na operao do SIN h um critrio de suma importncia. Todo o sistema deve

    estar preparado para a perda (contingncia) simples de qualquer equipamento seja de

    transmisso ou gerao sem que os consumidores e os demais equipamentos sofram

    danos e prejudique o atendimento s cargas. Esse critrio deve ser atendido tanto em

    rede completa quanto em rede alterada e leva o nome de critrio N-1. As contingncias

    so muito comuns no dia-a-dia da operao. Elas esto sempre ocorrendo por diversos

    motivos, tais como fenmenos da natureza, desgaste de equipamentos, atuao indevida

    de protees, falha de equipamentos, entre outros.

    Em determinadas regies esse critrio atendido simplesmente pelo fato da

    topologia da rede ser bem robusta. Entretanto h regies onde a topologia fraca e

    no suporta uma contingncia simples mesmo em rede completa e o critrio N-1

    atendido usando-se alguns artifcios, os quais sero abordados nos prximos captulos.

    Dada uma contingncia o sistema deve ser preparado o quanto antes para que o

    critrio N-1 seja atendido novamente. Por exemplo, em um ramo com quatro circuitos

    idnticos, em paralelo, com um circuito desligado para manuteno, o sistema deve

    suportar a perda de outro circuito. Se, por um acaso, ocorrer a contingncia citada, os

    operadores de tempo real devem preparar o sistema para suportar uma segunda

    contingncia.

    A operao do SIN, e de qualquer sistema eltrico, convive diariamente com

    pedidos de intervenes (que basicamente so manutenes em equipamentos). Essas

    podem ser com desligamento ou no (trabalho em linha viva), podem ser programadas

    ou de urgncia (tem que ser executadas, pois coloca em risco o sistema, equipamentos

    ou pessoas) ou de emergncia (o equipamento j est desligado por causa de uma

    contingncia).

    Na fase de programao ou em tempo real, intervenes solicitadas devem ser

    analisadas de forma que a rede no sofra nenhum prejuzo com a nova topologia. Caso

    seja concludo que no o momento adequado para sua execuo, o analista pode tentar

    reprogramar para um perodo favorvel ou simplesmente negar a interveno, caso o

    agente que fez o pedido no concorde com a reprogramao.

  • 13

    Em casos de contingncias onde todas as medidas foram tomadas e no se

    consegue, por exemplo, sanar uma sobrecarga em um equipamento aps a contingncia

    de outro, as protees de sobre-corrente atuaro, fazendo com que o equipamento em

    sobrecarga seja desligado. Dependendo da topologia da rede, poder haver corte de

    carga ou gerao. E nesse caso, o critrio N-1 no foi atendido.

    Como um balano final do captulo, a operao de sistemas eltricos visa o

    melhor funcionamento do sistema, buscando manter a qualidade da energia eltrica

    entregue aos consumidores. Essa qualidade atingida quando h um certo equilbrio

    entre a gerao e a carga, a tenso e a freqncia de oscilao do sistema esto dentro

    dos limites e em torno do valor especificado, os equipamentos esto funcionando dentro

    dos limites de carregamento, e, em caso de contingncias, no ocorrer prejuzo do

    atendimento s cargas e dos equipamentos da rede.

  • 14

    4- ANLISE DE CONTINGNCIAS EM SISTEMAS ELTRICOS

    Como foi comentado anteriormente, na operao do SIN o critrio N-1 deve

    ser atendido a todo o momento. Foi visto que em determinadas regies ou em

    determinadas situaes no se consegue atend-lo, simplesmente devido condio da

    topologia da rede. Portanto, para que esse critrio possa ser atendido foram criados

    artifcios onde possvel garantir o seu atendimento.

    Basicamente, busca-se prever os carregamentos de equipamentos aps uma

    contingncia. E para que no haja sobrecarga, os fluxos nesses equipamentos so

    controlados enquanto houver risco de ocorrer a contingncia. No SIN, esse artifcio

    realizado por meio da modelagem de uma inequao que deve ser monitorada durante a

    operao em tempo real.

    H casos em que elabora-se inequaes para atender o critrio N-1 de forma

    permanente, pois mesmo com a rede completa, determinada regio do sistema no

    suporta a perda de algum equipamento, podendo haver sobrecarga em outros

    equipamentos. Essas inequaes, no caso do SIN, so elaboradas, por exemplo, pelas

    reas de estudos do ONS.

    Uma segunda possibilidade, inequaes so elaboradas pelas reas de

    programao ou de tempo real (caso de urgncia ou emergncia). Essas normalmente

    so programadas para atender o critrio N-1 de forma provisria. Possivelmente, as

    inequaes esto associadas a um desligamento para manuteno de equipamento.

    Assim a rede fica alterada e h a necessidade de monitoramento dos carregamentos.

    O principal objetivo de se monitorar as inequaes evitar que o fluxo final

    (F1f) de determinado equipamento supere seu limite nominal de emergncia, caso

    ocorra alguma contingncia. Logo, esse fluxo deve atender a: 1 Limite (4.1) Inequaes deste tipo so implantadas na sala de controle do ONS e

    cadastradas em softwares de monitoramento do sistema, onde as informaes em campo

    tm um atraso de no mximo 3 segundos em relao ao que visualizado nos painis da

    sala de controle. Quando h a violao de inequaes cadastradas, um alarme visual

    disparado para que o operador da regio tome as medidas cabveis, visando ao

  • 15

    atendimento da inequao novamente e assim assegurar que no haver sobrecarga nos

    equipamentos envolvidos, em caso de contingncia.

    A filosofia das inequaes saber qual a influncia, em termos de

    carregamento, que determinado equipamento exerce sobre o carregamento do outro. Ou

    seja, dada a contingncia de um equipamento, qual ser a influncia de sua sada no

    carregamento de outro. Assim, as inequaes baseiam-se na previso do carregamento

    de equipamentos que ficaram em operao, na situao de ps-contingncia. Essa

    previso feita por meio de artifcio matemtico, o qual usa o princpio da superposio

    considerando os equipamentos envolvidos na anlise.

    H a possibilidade de uma contingncia envolver mais de um desligamento.

    Por exemplo, considerando um curto-circuito em uma linha onde um dos disjuntores

    (que deveriam atuar) falha. Nessa situao, ocorrer a atuao da proteo de retaguarda

    e com isso ocasiona uma segunda contingncia. Essa segunda contingncia pode

    agravar o carregamento dos equipamentos que ficaro em operao aps a mesma.

    Alm de falhas de equipamentos, alguns esquemas de proteo podem provocar essa

    segunda contingncia.

    A elaborao de inequaes foi concebida a partir da formulao linearizada do

    fluxo de potncia (fluxo DC), onde o fator de carregamento pela sada de um

    equipamento depender somente da configurao de rede. Entretanto, para o processo

    de fluxo de potncia no-linear, essa metodologia pode ser considerada uma

    aproximao aceitvel.

    Sabe-se que para aplicar o princpio da superposio, o processo deve ser

    linear. Apesar do fluxo de potncia resultar em uma operao no-linear, essa

    metodologia vem sendo usada com sucesso, pois ela no considera a linearidade para

    encontrar o novo ponto de operao do sistema em caso de contingncia e sim uma

    estimativa deste ponto. Os pontos de operao so definidos em simulaes no-

    lineares, usando os mtodos numricos tradicionais. Essa metodologia uma

    aproximao que considera linear apenas o caminho pelo qual o sistema passou para

    chegar ao ponto de operao de ps-contingncia. Este ponto determinado por meio de

    simulaes em aplicativos como o Anarede - Programa de Anlise de Redes, programa

    de fluxo de potncia oficial, utilizado para simulaes no SIN. Ressalta-se que em

    problemas reais existem imprecises associadas aos equipamentos de medies.

  • 16

    Portanto, deve-se entender que sempre h um erro associado metodologia, seja pela

    aproximao ou pela medio (em tempo real).

    4.1- INEQUAO DE DOIS ELEMENTOS

    Inicialmente para se elaborar uma inequao necessrio que se definam os

    equipamentos que esto sob risco de desligamento por causa de intervenes, por causa

    de fenmenos da natureza, ou simplesmente, por causa da topologia da rede. Devem-se

    observar quais so as contingncias mais graves, pois normalmente, sendo controlados

    os carregamentos para essas contingncias, os carregamentos para as contingncias

    menos severas j estaro sob controle. Na maioria das vezes, so monitoradas as

    inequaes do pior caso de contingncia.

    De posse das contingncias devem-se verificar quais equipamentos podem

    sofrer sobrecarga, caso elas venham a ocorrer. Definidos os equipamentos, deve-se

    ajustar o caso base do sistema (dados de modelagem) a ser simulado para que a

    configurao de rede esteja prxima real. Ou seja, modificar os fluxos das linhas

    quando estes estiverem muito discrepantes dos observados em tempo real, ajustando a

    gerao ou carga, alterar quando necessrio a tenso nas barras por meio de injeo de

    potncia reativa e desligar equipamentos que estejam fora de operao por manuteno

    ou outros motivos. Normalmente, os casos base do ONS apresentam a configurao de

    rede completa (nenhum equipamento desligado), a menos que esteja programada uma

    interveno com desligamento e com tempo de execuo muito longo que

    indisponibilize o equipamento.

    4.1.1- Elaborao de Inequaes de Dois Elementos

    A partir do caso base ajustado, verificam-se os fluxos de potncia ativa nos

    equipamentos envolvidos na anlise. Posteriormente, simula-se a contingncia e

    anotam-se os fluxos de potncia ativa nos equipamentos em anlise.

    Pode-se montar uma tabela conforme a Tabela 4.1, para ajudar na elaborao

    da inequao, relacionada contingncia do equipamento 2.

  • 17

    Tabela 4.1 Fluxos de Potncia Ativa nos Equipamentos Envolvidos na Anlise de Contingncia.

    Equipamento Fluxo no Momento Inicial (Ti) Fluxo no Momento Final (Tf) 1 F1i F1f 2 F2i 0

    Nesse momento j se sabe qual o carregamento simulado do equipamento 1,

    aps verificada a contingncia do equipamento 2. Esse procedimento j uma boa

    aproximao do que aconteceria em um sistema real. Entretanto, a estimativa do

    carregamento do equipamento 1 deve ser feita a partir dos fluxos iniciais, pois as

    inequaes sero monitoradas em tempo real. No adiantaria simplesmente controlar o

    fluxo aps a contingncia, pois o equipamento ficaria submetido sobrecarga at que

    fossem tomadas as medidas cabveis. Portanto, os fluxos devem ser monitorados antes

    da contingncia, para que, caso a mesma ocorra, o equipamento remanescente no entre

    em sobrecarga. Assim, necessria uma associao das grandezas iniciais com o

    carregamento final do equipamento 1.

    Essa associao conseguida a partir da equao: 1 1 2 (4.2) O fator K definido como a influncia sobre o equipamento 1, caso ocorra a

    perda do equipamento 2. Ou seja, verificada a seguinte relao:

    (4.3)

    Quando se faz a simulao, as tenses das barras adjacentes ao equipamento

    analisado na configurao de rede alterada (ps-contingncia) devem ser observadas.

    Pois como se sabe, o limite dos equipamentos de corrente e no de potncia.

    Entretanto, como a tenso da rede deveria ser constante, pode-se fazer a analogia de

    corrente com potncia aparente. Mas sabe-se que a tenso pode variar dentro de um

    intervalo. Assim, depois da contingncia, a tenso pode ficar muito perto do limite

    inferior aceitvel ou at viol-lo. Supondo que o equipamento que esteja com o

    carregamento sendo monitorado enxergue a carga modelada como potncia constante.

    Assim, ocorrer uma corrente elevada provocando sobrecarga no mesmo, apesar de no

    violar o limite de potncia (em MVA).

  • 18

    Quando esse fato acontecer, pode-se fazer uma nova estimativa do limite de

    potncia do equipamento, fazendo uma proporo do limite de potncia com o quadrado

    da tenso no momento de ps-contingncia, considerando que o limite fornecido pelo

    fabricante do equipamento est relacionado tenso de 1 p.u..

    Pode-se tambm recomendar que enquanto estiver acontecendo a interveno,

    quando for o caso, as tenses das barras adjacentes devem estar prximas aos limites

    superiores. Para este objetivo, manobras como a desconexo reatores manobrveis de

    barra, conexes de capacitores manobrveis de barras, ajuste de gerao de reativos das

    usinas e de compensadores sncronos e estticos mais influentes, devem ser buscados.

    Por que s considerada a potncia ativa e no a potncia aparente no

    carregamento de equipamentos? Os sistemas de transmisso operam normalmente em

    tenses acima de 1 p.u. o que provoca uma diminuio da corrente que atravessa os

    equipamentos de transmisso (novamente veja Equao (3.1)), j que a maioria das

    cargas so modeladas como potncia constante. Tambm, nas simulaes feitas

    verificou-se que o fluxo de potncia reativa muda muito pouco com as contingncias.

    Isto porque, mesmo aumentando a impedncia (contingncia de um dos caminhos de

    escoamento de gerao) na conexo das usinas s cargas, a impedncia equivalente dos

    circuitos remanescentes, normalmente, continua baixa, o que implica em baixo consumo

    de potncia reativa na rede de transmisso em configurao alterada. Logo, a oferta

    de potncia reativa s cargas diminui pouco e as tenses das barras adjacentes variam

    muito pouco. Como j foi descrito, os valores podem continuar acima ou prximos de 1

    p.u. o que acarreta em correntes menores que as correntes nominais dos equipamentos.

    Outro parmetro que pode ser levado em considerao sobre a questo

    levantada acima que o objetivo de sistemas eltricos de potncia de transmitir

    potncia ativa j que a demanda de potncia reativa pode ser suprida por meio de fontes

    (banco de capacitores e compensadores estticos e sncronos) que so instaladas mais

    prximas aos centros de carga. A instalao dessas fontes faz com que a tenso nas

    barras de carga sejam superiores a 1 p.u., pois a oferta de potncia reativa nessas barras

    alta. Sabe-se que o fluxo de potncia reativa est relacionado com a diferena de

    tenso entre os barramentos, por isso tenta-se manter as tenses de todo o sistema acima

    de 1 p.u. para que o fluxo de potncia reativa seja minimizado e o fluxo de potncia

  • 19

    ativa, considerando os limites dos equipamentos de transmisso, seja otimizado. Assim,

    fica evidente que a maior parcela da potncia aparente constituda por potncia ativa.

    Levando-se em conta o que foi exposto acima, fica evidente que no h

    prejuzos em se considerar somente a potncia ativa como fator limitante no

    carregamento de equipamentos da rede de transmisso.

    4.1.2- Clculo de Fatores de Realocao de Gerao

    No basta simplesmente montar a inequao, pois em tempo real pode ocorrer

    sua violao e em caso de acontecer a contingncia a sobrecarga no ser evitada. Para

    que os operadores possam sanar esse eventual problema, necessrio que os fluxos nos

    equipamentos envolvidos na inequao sejam controlados. Assim, a medida que pode

    ser tomada o redespacho de determinadas usinas mais influentes, j que no se tem o

    controle da carga, como foi mostrado anteriormente.

    Mas fica a questo: quais usinas devem ser reprogramadas e de quanto deve ser

    a reprogramao de gerao? Os operadores devem ter uma lista com as usinas que

    possuem maior sensibilidade na inequao. Normalmente, as usinas escolhidas so as

    que ficam eletricamente mais prximas da regio onde a anlise est sendo feita e/ou as

    usinas que tm maior margem de regulao.

    Para saber quanto uma usina influencia na inequao, deve-se primeiramente

    saber o quanto essa usina impacta em cada uma das parcelas (equipamentos sob anlise)

    da inequao. Existe, em muitos programas de fluxo de potncia, um comando para

    fazer a anlise de sensibilidade de determinados equipamentos variao de gerao de

    determinadas usinas. Este o caso do Anarede. Entretanto, se o analista no tiver acesso

    ou no conhecer o recurso citado, pode-se fazer a anlise manualmente. Basta fazer uma

    variao de gerao em usinas eletricamente prximas ao local analisado e ver qual foi

    o percentual de variao nos fluxos dos equipamentos sob anlise. Lembrando que se

    deve fazer essa anlise em uma usina por vez. Um exemplo genrico: quando se

    aumenta 100 MW na usina A, o fluxo no equipamento 1 aumenta 40 MW e no

    equipamento 2 aumenta 25 MW, assim a sensibilidade do equipamento 1 variao de

    gerao na usina A de 40% e do equipamento 2 de 25%.

  • 20

    Feita a anlise de sensibilidade para os equipamentos envolvidos, onde S1 a

    sensibilidade do equipamento 1 em relao usina A, S2 a sensibilidade do

    equipamento 2 em relao mesma usina. O fator final de influncia (Sf) da usina A

    sobre a inequao deve ser o seguinte: 1 2 (4.4) Onde o fator K o mesmo calculado anteriormente na Equao (4.3).

    A partir da Equao (4.4), montada uma lista das usinas com seus respectivos

    fatores de influncia sobre a inequao monitorada. Seguindo uma ordem de prioridade

    de maior impacto sobre a inequao.

    Em tempo real, caso haja violao da inequao, algumas dessas usinas tm

    seus despachos reprogramados para que a inequao seja atendida e dessa forma seja

    evitada a sobrecarga em caso de contingncia dos equipamentos envolvidos na

    inequao. Na hora de decidir qual usina ser reprogramada, alm de observar a ordem

    de impacto sobre a inequao, tambm observada a prioridade energtica de cada uma

    das usinas relacionadas na lista acima citada (despacho por ordem de mrito).

    4.1.3- Exemplo Real de Inequao de dois Elementos.

    No ms de outubro de 2007, foi requerida uma interveno para o

    transformador 3, 765/500 kV da subestao de Tijuco Preto. Essa interveno

    necessitava do equipamento desligado. A configurao dos transformadores da

    subestao est mostrada na Figura 4.1.

    FIGURA 4.1 CONFIGURAO DO SIN EM TORNO DA SE TIJUCO PRETO.

  • 21

    O SIN preparado para operar somente com os transformadores 1 e 2 sem

    prejuzo dos equipamentos remanescentes. Entretanto o SIN no est preparado para a

    contingncia de um transformador, na configurao de rede alterada. Dependendo dos

    fluxos nesses equipamentos, a contingncia de um deles pode causar sobrecarga no

    remanescente e, com isso, pode ocorrer a atuao da proteo, fazendo perder toda a

    transformao de 765/500 kV da Subestao (SE) Tijuco Preto. importante salientar

    que a SE Tijuco Preto um dos pontos de escoamento da gerao de Itaipu. Existe um

    esquema especial de proteo para essa transformao. Caso ocorra sobrecarga, em

    qualquer um dos transformadores h corte de gerao em Itaipu, o que pode prejudicar o

    equilbrio entre carga e gerao do sistema na regio Sudeste, podendo levar a perdas de

    estabilidade. Portanto evidente que se deve controlar o carregamento da transformao

    765/500 kV da SE Tijuco Preto a fim de evitar que ocorra a sobrecarga e

    conseqentemente a atuao do esquema.

    Para essa anlise foi usado o programa Anarede, e inicialmente foi ajustado o

    caso base (de carga mdia) de forma que o transformador 3 estivesse desligado. Nesse

    momento foram verificados os fluxos nos transformadores 1 e 2. Em um segundo

    momento, foi simulado o desligamento do transformador 1 poderia ser o

    transformador 2 que no faria diferena, pois os dois transformadores so idnticos e

    foi verificado o fluxo no transformador 2. Todos esses dados esto na Tabela 4.2. Nos

    diagramas do Apndice A pode-se observar os fluxos de potncia nos equipamentos

    modelados no Anarede da regio onde se encontra a subestao Tijuco Preto (nos

    momentos de pr e ps-contingncia).

    Tabela 4.2: Anlise da Contingncia em Tijuco Preto. Equipamento Ti Tf

    Transformador 2 (T2) 1066,8 MW 1852,1 MW Transformador 1 (T1) 1049,2 MW 0 MW

    Nesse momento calculado o fator K da inequao conforme mostrado abaixo:

    , ,, 0,7485 (4.5) O limite de operao de cada transformador 765/500 kV da SE Tijuco Preto

    de 1650 MVA. Como as tenses nas barras adjacentes no variaram muito, como era

  • 22

    esperado, esse limite no precisa ser alterado. Assim a inequao fica da seguinte

    forma: 0,7485 1650 MW (4.6) Onde:

    F(T2) o fluxo em MW no transformador 2, medido do lado de alta tenso.

    F(T1) o fluxo em MW no transformador 1, medido do lado de alta tenso.

    1650 MW o limite do transformador 1.

    Nessa etapa necessrio fazer a anlise de sensibilidade para cada um dos

    equipamentos e montar a sensibilidade da Inequao (4.6) variao de gerao de cada

    usina escolhida. Para isso, usa-se a metodologia explicada anteriormente na seo 4.1.2.

    As usinas escolhidas foram Itaipu 60 Hz, Luiz Carlos Barreto, Jaguara e

    Furnas. As trs ltimas usinas so usinas conectadas eletricamente perto da SE Tijuco

    Preto, do lado de 500 kV. J Itaipu foi escolhida porque a transformao da SE Tijuco

    Preto escoa parte de sua gerao, como j citado.

    As sensibilidades dos transformadores 1 e 2 variao da gerao em cada

    uma das usinas esto explicitadas na Tabela 4.3, juntamente com o clculo da

    sensibilidade final da Inequao (4.6), calculada por meio da Equao (4.4).

    Tabela 4.3: Lista de Usinas e fatores de Sensibilidade para Redespacho em Caso de Violao da Inequao 4.6.

    Usina TR. 2 TR. 1 Equao 4.4 Sf Itaipu 60 Hz 6,6% 6,5% 6,6+0,7485x6,5 11,7% L. C. Barreto -5,4% -5,3% -5,4+0,7485x(-5,3) -9,37%

    Jaguara -5,4% -5,4% -5,4+0,7485x(-5,4) -9,44% Furnas -6,5% -6,4% -6,5+0,7485x(-6,4) -11,29%

    Nesse caso observa-se que para algumas usinas a sensibilidade foi negativa, o

    que significa que um aumento de gerao nessas usinas faz com que os carregamentos

    dos equipamentos envolvidos na inequao diminuam.

  • 23

    4.2- INEQUAO DE TRS ELEMENTOS

    Existe a possibilidade de uma contingncia provocar outra, retirando de

    operao outro equipamento. Quando ocorre isso, os carregamentos dos equipamentos

    remanescentes podem ser severamente aumentados. Esse tipo de contingncia no

    ocorre simultaneamente, pois necessrio que ocorra a primeira contingncia, para que,

    essa sim, sensibilize uma segunda proteo que ir atuar depois. Normalmente, o

    intervalo de tempo entre a primeira contingncia e a segunda de aproximadamente 100

    milissegundos (ms).

    Assim, necessrio, em determinadas situaes que podem ocorrer esse

    fenmeno, considerar a contingncia de dois elementos da rede de transmisso. Logo,

    deve-se avaliar os carregamentos dos equipamentos remanescentes com a configurao

    de rede alterada aps a primeira contingncia e aps a segunda contingncia. Ou seja,

    considera-se um tempo intermedirio (Tm). Normalmente essa situao de contingncia

    ocorre por atuao de esquemas de proteo ou falhas de equipamentos de proteo (por

    exemplo, falha de disjuntor).

    H situaes especficas, nas quais deve ser considerada tal tipo de

    contingncias. Quando h evidncias estatsticas de determinada contingncia seguida

    de algumas conseqncias, tais como: instabilidade de potncia, freqncia ou tenso

    em determinada regio, interrupo de 25% da carga de um estado ou 30% da carga de

    uma regio metropolitana ou 100 MW de carga industrial, atuaes de esquemas

    regionais de alvio de carga (ERAC), e por fim restries de transferncia de energia,

    pondo em risco o atendimento de uma regio. Esses critrios so estabelecidos nos

    procedimentos de rede para a operao do SIN. Em outros sistemas os critrios para

    executar esse tipo de anlise podem ser diferentes.

    Para se fazer essa anlise, devem ser consideradas as mesmas situaes que as

    consideradas para inequaes de dois elementos. Entretanto, agora considerando a sada

    de dois equipamentos relacionados a uma primeira contingncia e respeitando a ordem

    cronolgica em que ocorrem as contingncias.

    Identificadas as contingncias, constatada a necessidade da inequao de trs

    elementos e um dos critrios para tal anlise esteja atendido, deve-se ajustar o caso base

  • 24

    para uma situao mais prxima da real possvel, conforme j citado. Lembrando que

    normalmente os casos base do ONS esto na configurao de rede completa.

    4.2.1- Elaborao de Inequaes de Trs Elementos

    Com o caso base devidamente ajustado, deve-se verificar os fluxos de potncia

    ativa dos equipamentos envolvidos na anlise. Posteriormente simula-se a primeira

    contingncia e verificam-se os fluxos de potncia ativa nos equipamentos envolvidos na

    anlise. Por fim simula-se a segunda contingncia e novamente verificam-se os fluxos

    de potncia ativa nos equipamentos envolvidos na anlise.

    Para Inequaes de trs elementos fortemente recomendado que se monte

    uma tabela como a Tabela 4.4, pois na etapa dos clculos pode ocorrer alguma

    confuso, e a tabela ser de grande utilidade.

    Tabela 4.4 Fluxos de Potncia Ativa nos Equipamentos Envolvidos na Anlise de Contingncia.

    Equipamento Ti Tm Tf 1 F1i F1m F1f 2 F2i 0 0 3 F3i F3m 0

    Nesse momento j se sabe qual o carregamento (simulado) do equipamento 1

    aps as contingncias, o qual uma excelente aproximao do que aconteceria no

    sistema real. Entretanto, como j foi explicado, as grandezas verificadas em tempo real

    so os fluxos iniciais e a partir deles feita uma previso do carregamento do

    equipamento 1 dadas as contingncias. Como os fluxos verificados em tempo real esto

    constantemente variando, no se pode afirmar que o carregamento verificado na

    simulao ser o que vai acontecer. Por isso, necessrio que se verifique qual o

    impacto das contingncias sobre o equipamento 1. Assim, segundo a metodologia das

    inequaes de dois elementos, o fluxo final do equipamento 1 dado por: 1 1 3 (4.7) O fator K3 o fator de influncia no equipamento 1 no tempo final em

    relao perda do equipamento 3 no tempo intermedirio. Assim K3 dado pela

    equao:

  • 25

    (4.8)

    Entretanto, a Equao (4.7) ainda est em funo das grandezas relacionadas

    ao tempo intermedirio. Logo, essas grandezas devem ser manipuladas para que fiquem

    em funo dos tempos iniciais, viabilizando o monitoramento em tempo real.

    Assim: 1 1 2 (4.9) 3 3 2 (4.10) Onde,

    (4.11)

    (4.12)

    Os fatores K1 e K2 so, respectivamente, os fatores de influncia do

    equipamento 2 sobre os equipamentos 1 e 3.

    Fazendo a substituio das Equaes (4.9) e (4.10) na Equao (4.7): 1 1 2 3 2 1 1 2 3 (4.13) Assim, considerado a (4.1) fica evidente a inequao de trs elementos. 1 2 3 Limite (4.14) Novamente, so observadas as tenses nas barras adjacentes ao equipamento 1,

    pelo mesmo motivo descrito para inequaes de dois elementos, pois caso a tenso caia

    muito, deve-se reconsiderar o limite da Inequao (4.14), seguindo o que foi descrito

    anteriormente.

  • 26

    4.2.2- Clculo de Fatores de Realocao de Gerao

    Para inequaes de trs elementos tambm h a necessidade da confeco de

    uma lista de usinas, as quais tm influncia sobre os carregamentos dos equipamentos

    sob anlise. Para confeccionar essa lista necessrio realizar os estudos de sensibilidade

    de cada equipamento envolvido nas contingncias consideradas (S1, S2 e S3) para a

    elaborao da inequao.

    O clculo dos fatores de realocao de gerao, para controle dos fluxos que a

    inequao est relacionada (e assim garantir que no haver sobrecarga nos

    equipamentos envolvidos), segue a mesma metodologia das inequaes de dois

    elementos. Com uma pequena diferena: os fatores que vo multiplicar as sensibilidades

    dos equipamentos gerao de uma usina, so os mostrados na a seguir: 1 2 3 (4.15) Onde os fatores K1, K2 e K3 so os mesmo calculados nas Equaes (4.8),

    (4.11) e (4.12), respectivamente.

    Nesse ponto a Equao (4.15) usada para confeccionar uma lista de usinas

    que podem ser redespachadas em tempo real, caso haja violao da inequao em

    questo. Busca-se atender novamente a inequao, para evitar a sobrecarga dos

    equipamentos em caso de contingncias.

    4.2.3- Exemplo Real de Inequaes de Trs Elementos

    No ms de novembro de 2007, foi requerida uma interveno com

    desligamento para o disjuntor 15L5 (500 kV) da subestao de Camaari II. A

    configurao da subestao est mostrada na Figura 4.2.

    Levando-se em considerao que a regio onde se encontra a SE Camaari II

    uma regio de cargas industriais (Fbrica da FIAT), fica evidente ser o caso de se levar

    em conta a anlise de inequaes de trs elementos, conforme citado no incio da seo

    4.2, seguindo os procedimentos de rede.

  • 27

    FIGURA 4.2 CONFIGURAO DO BARRAMENTO DA SE CAMAARI II.

    Com o disjuntor 15L5 desligado, caso ocorra a contingncia de um dos

    transformadores 500/230 kV T1, T3 ou T4 com falha de disjuntor de interligao

    com a barra 2 de 500 kV, ocorrer a atuao da proteo diferencial da barra 2. Assim o

    circuito 2 da linha Olindina-Camaari II ficar radializada com o transformador 2. Essa

    configurao pode provocar sobrecarga nesse transformador. Os demais equipamentos

    continuam ligados da mesma forma. Entretanto na configurao de barra simples.

    Para essa anlise ser considerada a contingncia do transformador 4 (por

    exemplo, por causa de um raio seguido de curto-circuito) com o disjuntor 15D4 se

    abrindo e com falha do disjuntor 15T4. A falha desse disjuntor provocar a atuao da

    proteo diferencial da barra 2 de 500 kV, desligando os demais disjuntores conectados

    barra 2. Assim nessa nova configurao, com o disjuntor 15L5 desligado para

    manuteno, o circuito 2 da linha Olindina II-Camaari II ficar radializada com o

    transformador 2.

    Nos programas de simulao de fluxo de potncia, normalmente as duas barras

    de 500 kV da Figura 4.2 so modeladas em uma nica barra. Para que a contingncia

    descrita acima possa ser simulada, so necessrios alguns ajustes como mostrado na

    Figura 4.3 (veja os diagramas do Apndice A onde so mostrados os fluxos nos

    equipamentos e suas modelagens da regio onde se encontra a subestao de

    Camaari II).

  • 28

    FIGURA 4.3 MODELAGEM DA SE CAMAARI II PARA POSSIBILITAR A SIMULAO.

    O disjuntor (DJ) mostrado na Figura 4.3 modela a proteo diferencial da barra

    2 de 500 kV da SE Camaari II, dada a configurao j descrita. Esse disjuntor ser

    aberto somente no momento em que a proteo diferencial atuar, ou seja, a ltima

    contingncia.

    Aplicando a 1 Lei de Kirchhoff na Figura 4.4, com o disjuntor fechado

    (configurao do tempo inicial e intermedirio), chega-se a Equao (4.16).

    FIGURA 4.4 APLICAO DA 1 LEI DE KIRCHHOFF. . 2 2 (4.16)

    Onde,

    F(Olin-Cam.C2) o fluxo de potncia ativa na linha de transmisso Olindina

    Camaari II C2, nesse sentido.

    F(T2) o fluxo de potncia ativa no transformador 2 de Camaari II.

    Para as simulaes foi utilizado o programa Anarede e o caso base de carga

    mdia de novembro de 2007 do ONS.

  • 29

    Aps essas constataes, so anotados os fluxos de potncia ativa nos

    equipamentos envolvidos na anlise. Os fluxos anotados nesse momento so os fluxos

    iniciais. Posteriormente desliga-se o transformador 4, simulando a contingncia do

    mesmo. E novamente so anotados os fluxos de potncia ativa nos equipamentos

    envolvidos, os quais esto relacionados ao tempo intermedirio. E por fim abre-se o

    disjuntor que modela a proteo diferencial da barra 2 anotando-se os fluxos de potncia

    ativa dos equipamentos envolvidos.

    Para facilitar a anlise a Tabela 4.5 foi confeccionada.

    Tabela 4.5: Anlise da Contingncia na SE Camaari II. Equipamento Ti Tm Tf

    Transformador 2 402,4 MW 538,7 MW 605,7 MW Transformador 4 458,4 MW 0 MW 0 MW

    Disjuntor 253,8 MW 112,1 MW 0 MW

    Calculando-se os fatores K1, K2 e K3, por meio das Equaes (4.8), (4.11) e

    (4.12).

    , ,, 0,5977 (4.17) , ,, 0,2973 (4.18) , ,, 0,3091 (4.19)

    Fazendo os clculos dos fatores para a inequao: 0,1126 (4.20) Como no houve grandes variaes de tenso nas barras adjacentes ao

    transformador 2, no necessrio redimensionar o limite do equipamento (600 MVA).

    Assim, a Inequao (4.14) fica da seguinte forma:

    2 0,1126 4 0,5977 600 (4.21) Como DJ um equipamento fictcio usado para permitir a anlise, necessrio

    que seja feita a substituio da Equao (4.16) na Equao (4.21), para que os

    equipamentos envolvidos na inequao sejam os reais, conforme segue abaixo:

  • 30

    2 0,1126 4 0,5977 . 2 2 600 0,4023 2 0,1126 4 0,5977 . 2 600 (4.22) Nessa etapa necessrio fazer a anlise de sensibilidade para cada um dos

    equipamentos e montar a sensibilidade da Inequao (4.22) variao de gerao de

    cada usina escolhida. Para isso usa-se a mesma metodologia explicada na seo 4.2.

    Como nessa poca do ano a carga no nordeste cresce muito por causa do calor,

    as usinas de Paulo Afonso e Luiz Gonzaga esto com gerao mxima e com isso a

    margem de regulao pequena. Portanto, para ter maior ao nos carregamentos dos

    equipamentos melhor que sejam redespachadas as geraes de pequenas usinas que

    ficam eletricamente mais perto da SE Camaari II. As usinas escolhidas foram: Termo

    Bahia, Pedra do Cavalo, Veracel e Itapebi.

    Os fatores de influncia de cada usina sobre os equipamentos em anlise foram

    adquiridos utilizando a metodologia j explicada. De posse destes foi montada a Tabela

    4.6 onde foram calculados os fatores de sensibilidade de cada usina sobre a Inequao

    (4.22).

    Tabela 4.6: Lista de Usinas e fatores de Sensibilidade para Redespacho em Caso de Violao da Inequao de Camaari II.

    Usina TR.2(%) TR.4 (%)

    L.T. (%) Equao 4.15 (modificada)

    Sf (%)

    T. Bahia -18 -20,5 -19,4 0,4023(-18)+0,1126(-20,5)+0,597(-19,4) -21,1

    P. Cavalo -5,3 -6,1 -18,3 0,4023(-5,3)+0,1126(-6,1)+0,597(-18,3) -13,8

    Veracel -2,8 -3,2 -18,4 0,4023(-2,8)+0,1126(-3,2)+0,597(-18,4) -12,5

    Itapebi -2,7 -3,1 -18,2 0,4023(-2,7)+0,1126(-3,1)+0,597(-18,2) -12,3

    Na Tabela 4.6 o clculo utilizando a Equao (4.15) precisou de alguns ajustes,

    pois fica mais simples o clculo utilizando os fluxos dos equipamentos ao invs de usar

    a modelagem com disjuntor que simulou a atuao da proteo diferencial da barra 2.

    Assim a equao usada ficou bem parecida com a Equao (4.22).

  • 31

    5- NOVA METODOLOGIA

    Na elaborao de inequaes de trs elementos, foi visto que se considera um

    tempo inicial, um tempo intermedirio e um tempo final. Entretanto ser que h a

    necessidade de se considerar o tempo intermedirio? A resposta a essa pergunta ser

    dada neste Captulo.

    O tempo intermedirio considerado por causa da diferena de tempo entre a

    primeira e a segunda contingncia. Sabe-se que esse tempo da ordem de 100

    milissegundos (ms), nesse perodo o sistema no se estabiliza em um ponto de operao

    (perodo transitrio). Os valores encontrados para esse perodo so diferentes dos

    valores considerado uma anlise de fluxo de potncia. Simplesmente porque no

    considerada a falta e o sistema no estabiliza em um ponto de operao, pois o mesmo

    est passando por um perodo transitrio. Na anlise de fluxo de potncia s

    considerada a sada de operao de determinado equipamento do sistema. No sistema

    real, quando ocorre uma falta o sistema busca um novo ponto de operao, o qual bem

    diferente do ponto estipulado com apenas a simulao de fluxo de potncia.

    Foi feita uma simulao dinmica para o exemplo de Camaari II da seo

    4.2.3. Tais simulaes so as ideais para esse tipo de anlise, pois as mesmas mostram o

    comportamento do sistema durante a falta, alm de mostrar o perodo transitrio.

    Para fazer essas simulaes dinmicas, foram utilizados os programas Anatem,

    Anat0 e Plotcepel (que em conjunto servem para a anlise de transitrios

    eletromecnicos). Para esta anlise, s interessava os carregamentos dos equipamentos

    em questo, o que est mostrado nas Figuras 5.1, 5.2 e 5.3.

    Nas simulaes foi usado o caso base de carga mdia de maro de 2008. Para

    que a anlise no perca o seu sentido foi confeccionada a Tabela 5.1 com a mesma

    metodologia da confeco da Tabela 4.5, entretanto para o caso base de maro.

    Comparando as Tabelas 4.5 e 5.1 fica evidente que o caso de maro est em

    uma condio energtica diferente do caso de novembro, entretanto para a anlise que

    ser feita poder ser utilizado sem maiores problemas.

  • 32

    Tabela 5.1: Anlise de Contingncia na SE Camaari II (caso de maro de 2008) Equipamento Ti Tm Tf

    Transformador 2 294,6 MW 394,4 MW 433,7 MW Transformador 4 334,3 MW 0 MW 0 MW

    Disjuntor 166,3 MW 62,8 MW 0 MW

    FIGURA 5.1 FLUXO DE POTNCIA NO TRANSFORMADOR 2 DA SE CAMAARI II (TEMPO

    INTERMEDIRIO)

    FIGURA 5.2 ZOOM DO PERODO TRANSITRIO DO FLUXO DE POTNCIA DO

    TRANSFORMADOR 2 DA SE CAMAARI II (TEMPO INTERMEDIRIO).

  • 33

    FIGURA 5.3 FLUXO DE POTNCIA NO DISJUNTOR DE MODELAGEM DA PROTEO

    DIFERENCIAL DA BARRA 2 DA SE CAMAARI II (TEMPO INTERMEDIRIO).

    A seqncia dos eventos na simulao dinmica a seguinte: 200 ms de

    regime na configurao inicial. Nesse momento aplicado um curto-circuito

    monofsico no transformador 4. Em 300 ms de simulao aberto o transformador 4,

    simulando a atuao da primeira proteo. Em 400 ms de simulao aberto o disjuntor

    (DJ), simulando a atuao da proteo diferencial da barra 2 eliminando o curto-

    circuito. Depois desses eventos continua-se a simulao at 20 segundos para saber em

    qual ponto o sistema estabilizar.

    Observando as Figuras 5.2 e 5.3, percebe-se o que o ponto de operao

    intermedirio pelo qual o sistema passou muito diferente do ponto de operao

    estipulado pela simulao de fluxo de potncia (veja Tabela 5.1). Lembrando, que nesse

    momento, o sistema est em regime transitrio. Essa situao era esperada, pois na

    simulao de fluxo de potncia a falta no considerada e o sistema modelado em

    regime permanente. Ao observar a Figura 5.1, v-se que o ponto em que o sistema

    estabilizou depois do perodo transitrio ficou bem prximo do ponto de operao final

    estipulado pala simulao no Anarede.

    Posteriormente, foi feita uma nova simulao dinmica, onde as contingncias

    foram consideradas simultneas. Ou seja, aconteceram ao mesmo tempo. O objetivo

    dessa nova simulao ver em qual ponto de operao o sistema ir estabilizar. A nova

    simulao est mostrada na Figura 5.4.

  • 34

    FIGURA 5.4 FLUXO DE POTNCIA NO TRANSFORMADOR 2 DA SE CAMAARI II

    (CONTINGNCIAS SIMULTNEAS)

    A seqncia da nova simulao simples: 200 ms de regime na configurao

    inicial. Nesse momento aplica-se um curto-circuito monofsico no transformador 4. Em

    300 ms o transformador 4 e o disjuntor (DJ) so abertos simulando a atuao da

    primeira proteo e da proteo diferencial da barra 2 eliminando o curto-circuito.

    Depois desses eventos continua-se a simulao at 20 segundos para saber em qual

    ponto o sistema estabilizar.

    Observando a Figura 5.4, fica evidente que o ponto de operao onde o sistema

    estabiliza aps o perodo transitrio muito prximo do verificado na simulao

    dinmica anterior (veja Figura 5.1) e tambm da simulao de fluxo de potncia (veja

    Tabela 5.1). Assim, considerando-se as contingncias simultneas chega-se ao mesmo

    resultado de quando considerado o tempo intermedirio (considerando somente o

    regime permanente do sistema). Nesse momento percebe-se que o ponto de operao

    final dos equipamentos independe de qual o caminho o sistema percorreu.

    Do ponto de vista do carregamento, o atendimento do critrio N-1 ser

    alcanado quando o carregamento dos equipamentos em regime permanente no

    ultrapassar seu limite nominal.

    Pode-se entender esse fenmeno simplesmente considerando que o ponto final

    de operao do sistema est diretamente relacionado com a topologia final da rede de

    transmisso.

  • 35

    Esquecendo um pouco a anlise dinmica. Tenta-se, nesse momento, provar

    algebricamente a no necessidade de considerar o tempo intermedirio.

    Partindo do pressuposto que as contingncias so simultneas, pode-se aplicar

    as Equaes (4.2) e (4.3) (da teoria das Inequaes de Dois Elementos). Basta

    considerar que o fluxo de potncia ativa no equipamento 2 um somatrio dos fluxos

    de potncia ativa dos equipamentos que sofrero as contingncias (F2 + F3). Assim, as

    Equaes (4.2) e (4.3) ficam da seguinte forma, respectivamente. 1 1 2 3 (5.1) (5.2)

    O fator Ka a influncia no equipamento 1 em relao sada simultnea dos

    equipamentos 2 e 3. F1f o fluxo final no equipamento 1 dada sada simultnea dos

    equipamentos 2 e 3.

    Dados os fluxos iniciais e o fluxo final, a Equao (4.13) monta um sistema de

    equaes o qual trata de uma equao com duas variveis, onde as variveis so os

    coeficientes relacionados com os fluxos nos equipamentos 2 e 3 (K1+K2K3 e K3). Esse

    tipo de sistema tem como soluo infinitas combinaes de valores para as variveis.

    Assim, a soluo dada considerando o tempo intermedirio, apenas uma delas.

    Portanto, o sistema tem outras solues, que podem servir de alternativa para a anlise

    de contingncias, ficando a critrio do analista escolher a soluo que mais lhe for

    confortvel. Neste Captulo, a soluo procurada uma soluo que no envolva a

    necessidade do tempo intermedirio.

    Como mostrado anteriormente o ponto de operao final do sistema mesmo

    independente de como as contingncias aconteceram. O que interessa que as

    contingncias aconteceram. Logo pode se igualar os fluxos finais F1f e F1f, o que

    provoca uma igualdade entre as Equaes (4.13) e (5.1), como segue: 1 2 3 1 2 3 (5.3) Comparando o lado direito da Equao (5.3) com o lado esquerdo, verifica-se

    que a nica forma de essa igualdade ser verdadeira, j que os fluxos nos equipamentos

    so conhecidos, se:

  • 36

    (5.4) Desenvolvendo a primeira igualdade da Equao (5.4):

    1 (5.5) Substituindo as Equaes (4.8), (4.11) e (4.12) na Equao (5.5):

    3 1 1 1 1 2 3 3 3 1 1 1 2 3 3 1 2 3 3 3 1 3 1 1 2 3 3 1 2 3 3 1 3 2 3 3 1 2 3 3 3 1 1 1 1 1 (5.6)

    Quando a Equao (5.4) satisfeita o fluxo intermedirio no equipamento 1

    dado pela Equao (5.6). Como a definio da Equao (4.8) funo do fluxo

    intermedirio no equipamento 1, pode-se substituir a Equao (5.6) na Equao (4.8),

    como segue:

    (5.7)

    Observando o resultado para K3, quando a Equao (5.4) satisfeita, verifica-

    se que ele no depende do tempo intermedirio e igual ao Ka (Equao (5.2))

    estipulado. Entretanto necessrio provar tambm para a segunda igualdade da Equao

    (5.4), K1 + K2K3.

  • 37

    Da Equao (4.11):

    (5.8)

    Desenvolvendo o produto K2K3, j considerando o novo valor de K3 e a

    Equao (4.12):

    (5.9)

    Somando as Equaes (5.8) e (5.9):

    (5.10)

    Verificando a Equao (5.10), percebe-se que ela tambm no depende de

    nenhuma grandeza relacionada ao tempo intermedirio e que ela igual ao fator Ka

    (Equao (5.2)) estipulado. Assim, valida-se por completo a suposio de que h uma

    soluo do sistema de equaes independente dos fluxos intermedirios dos

    equipamentos envolvidos na anlise das contingncias.

    Logo, fica evidente, observando as Equaes (5.7) e (5.10), que do ponto de

    vista de carregamento no necessrio considerar o tempo intermedirio quando

    ocorrer contingncias em tempos diferentes. No faz diferena se as contingncias

    ocorrerem simultaneamente ou em tempos diferentes. Como j foi explicado o que

    importa para essa anlise a configurao final da rede. Est provado matematicamente

    que h uma nova alternativa para a anlise de contingncias, as quais se encaixam nos

    critrios das Inequaes de trs elementos, no havendo a necessidade de se considerar

    o tempo intermedirio.

  • 38

    5.1- APLICAO DA NOVA METODOLOGIA.

    Agora essa nova metodologia ser aplicada no exemplo da SE Camaari II da

    seo 4.2.3 e seus resultados sero comparados com os resultados da simulao de fluxo

    de potncia. A aplicao ser feita considerando-se os dados obtidos com o caso base de

    novembro de 2007, para que as comparaes possam ser efetuadas.

    Foram efetuados os mesmos procedimentos para inequaes de dois elementos,

    entretanto considerou-se o fluxo no equipamento 2 das Equaes (4.2) e (4.3) como o

    somatrio dos fluxos no transformador 4 e no disjuntor (DJ) de modelagem da proteo

    diferencial da barra 2. Os dados esto mostrados na Tabela 5.2.

    Tabela 5.2: Nova Metodologia para Inequaes de Trs Elementos - Subestao de Camaari II

    Equipamento Tempo Inicial Tempo Final Transformador 2 402,4 MW 605,7 MW Transformador 4 458,4 MW 0 MW

    Disjuntor 253,8 MW 0 MW

    Calculando o fator Ka, usando a Equao (5.2):

    , ,, , 0,2855 (5.11) Assim a Equao (5.1) fica da seguinte forma: 2 2 0,2855 4 (5.12) Substituindo-se a Equao (4.16) na Equao (5.12), tem-se:

    2 2 0,2855 4 . 2 2 2 0,7145 2 0,2855 4 . 2 (5.13)

    Fazendo-se o clculo de F(T2)f com os valores das grandezas iniciais, para o

    caso de carga mdia, chega-se ao seguinte resultado: 2 mdia) 605,76 (5.14) Nota-se que o resultado encontrado para F(T2)f pruduz uma excelente

    aproximao, pois o valor estimado para o fluxo final do transformador 2 ficou muito

  • 39

    prximo ao valor simulado (veja as Tabelas 4.5 e 5.2). Entretanto, muito fcil provar

    que se trata de uma boa aproximao no caso base onde foi elaborada a equao da

    estimativa do fluxo final de um equipamento. Para que no fiquem quaisquer dvidas,

    ser feito o clculo da Equao (5.13) com os valores dos fluxos iniciais, do caso base

    de carga pesada de novembro de 2007, dos equipamentos envolvidos, pois em tempo

    real dificilmente os fluxos sero exatamente iguais aos verificados na Tabela 5.2. Eles

    sero prximos, mas no iguais.

    A Tabela 5.3 mostra os fluxos iniciais e finais nos equipamentos envolvidos na

    anlise para o caso base de carga pesada.

    Tabela 5.3: Nova Metodologia para Inequaes de Trs Elementos - Subestao de Camaari II

    Equipamento Tempo Inicial Tempo Final Transformador 2 369,2 MW 583,8 MW Transformador 4 428,7 MW 0 MW

    Olin-Cam. C2 650,9 MW -

    Utilizando a Equao (5,13), para calcular o fluxo final do transformador 2, no

    perodo de carga pesada, chega-se a: 2 pesada) 572,02 (5.15) Comparando o resultado da Equao (5.15) como valor verificado na

    simulao F(T2)f (pesada)= 583,8 na simulao, verifica-se um erro de 2%. Como

    trata-se de uma aproximao linear e o processo de fluxo de potncia no-linear e

    considerando as imprecises de medio que podero ocorrer em tempo real, pode-se

    dizer que a inequao formada a partir da Equao (5.13) uma boa alternativa para

    monitorar o carregamento do transformador 2, dadas as contingncias estudadas.

  • 40

    6- CONCLUSO

    Este trabalho teve como objetivo o estudo do comportamento de sistemas

    eltricos de potncia, dada uma ou mais contingncias. Na primeira parte foi abordada a

    forma como um sistema eltrico de potncia constitudo, falando sobre o equilbrio

    entre gerao e carga, que base para toda a anlise feita.

    A parte seguinte tratou qualitativamente da operao de sistemas eltricos de

    potncia com nfase para o SIN. Foram abordados temas como o controle de tenso e

    controle de freqncia de oscilao de sistemas eltricos. Tambm foi tratada a questo

    do critrio N-1 que deve ser atendido por todo o sistema. Normalmente esse critrio

    atendido pela topologia da rede. Entretanto h situaes em que so necessrios

    artifcios para conseguir o atendimento a ele.

    No Captulo 4 foram abordados os artifcios utilizados na operao do SIN para

    atendimento do critrio N-1. Em grande maioria esse atendimento alcanado pelo

    monitoramento, em tempo real, das inequaes de carregamento de equipamentos.

    Em caso de contingncia os carregamentos dos equipamentos remanescentes

    podem ultrapassar seus limites nominais, causando prejuzo nos equipamentos e

    possveis atuaes de protees, podendo levar ao desabastecimento de energia eltrica

    em algumas regies.

    Para se evitar esse transtorno, as inequaes tentam prever, antes de ocorrer as

    contingncias, quais sero os carregamentos dos equipamentos remanescentes caso

    ocorra a contingncia. Assim o operador do sistema pode controlar os fluxos de

    potncia nos equipamentos relacionados para evitar que, em caso de contingncia, haja

    sobrecarga.

    No Captulo 5, foi provado inicialmente por dados empricos, que os

    carregamentos finais dos equipamentos remanescentes dependem da topologia final da

    rede. Com base nessa informao foi suposta uma nova forma de anlise a qual provou-

    se matematicamente a no necessidade de utilizar a anlise de tempo intermedirio

    (quando h possibilidade de ocorrer contingncias duplas de equipamentos em tempos

    diferentes), usada na formulao das inequaes de trs elementos.

  • 41

    Posteriormente foram feitas as anlises, com a nova metodologia, no exemplo

    de inequao de trs elementos. Os resultados obtidos tiveram uma excelente preciso

    em comparao aos resultados encontrados com a metodologia tradicional. Lembrando,

    que essas comparaes foram feitas para os perodos de carga mdia e de carga pesada.

    Assim a nova metodologia para anlise de contingncias duplas no

    simultneas serve como alternativa ao mtodo tradicional, para que os analistas usem,

    caso sintam-se a vontade.

    Fica como sugesto para trabalhos futuros as anlises dinmicas envolvendo o

    critrio N-1, pois o SIN tambm deve estar preparado para suportar as oscilaes do

    sistema em caso de contingncias.

  • 42

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    [1] Programa ANAREDE Anlise de Redes - V09.01.08 - Manual do Usurio. CEPEL

    Centro de Pesquisa de Energia Eltrica, Rio de Janeiro, RJ, 2007.

    [2] da Cruz, I. S., Comandos Bsicos do Programa ANAREDE, Operador Nacional do Sistema

    Eltrico, Braslia, DF, 2005.

    [3] NT-136/2004 Metodologia para Elaborao de Inequaes para Monitoramento de

    carregamento. Operador Nacional do Sistema Eltrico, Rio de Janeiro, RJ, 2004.

    [4] da Silva, R. M., Roteiro para Uso dos Programs ANATEM, ANAT0, e PLOTCEPEL,

    Operador Nacional do Sistema Eltrico, Braslia, DF, 2006.

    [5] Programa ANATEM Anlise de Transitrios Eletromecnicos Manual do

    Usurio. CEPEL - Centro de Pesquisa de Energia Eltrica, Rio de Janeiro, RJ, 2007.

    [6] Freitas, F. D., Notas de Aula de Anlise de Sistemas de Potncia, Universidade de Braslia,

    Braslia, DF, 2007.

    [7] Rita, C. A. da S., Simulao de Transitrios Eletromecnicos de Sistemas de Potncia,

    Universidade de Braslia, Braslia, DF, 2003.

    [8] de Almeida, W. G., Freitas, F. D., Circuitos Polifsicos, FINATEC, Braslia, DF, 1995.

    [9] Procedimentos de Rede mdulos 6, 10 e 23, Operador Nacional do Sistema Eltrico, Rio

    de Janeiro, RJ, 2007.

  • 43

    APNDICE A

    1. DIAGRAMAS DA REGIO DA SUBESTAO DE TIJUCO PRETO 1.1. ANTES DA CONTINGNCIA (SEO 4.1.3)

    -4990.9

    431.6j

    4990.9

    367.1j

    1218.5

    -105.6j

    -1217.7

    110.6j

    1236.7

    -107.0j

    -1235.9

    112.4j

    1259.1

    -108.8j

    -1258.3

    114.7j

    1276.7

    -110.2j

    -1275.9

    116.5j

    1256.2

    -114.4j

    -1256.2

    223.6j

    1219.1

    -111.0j

    -1219.1

    216.9j

    1256.2

    -114.4j

    -1256.2

    223.6j

    1256.2

    -114.4j

    -1256.2

    223.6j

    1692.5

    -298.4j

    -1668.8

    410.5j

    1677.5

    -296.0j

    -1654.2

    400.0j

    1617.8

    -293.2j

    -1595.6

    345.3j

    -1668.8

    204.3j

    1668.8

    -410.5j

    -1654.2

    197.6j

    1654.2

    -400.0j

    -1595.6

    157.8j

    1595.6

    -345.3j

    1737.9

    -61.4j

    -1737.9-167.7j

    1713.9

    -68.9j

    -1713.9-154.0j

    1736.9

    -68.0j

    -1736.9-160.9j

    -1718.0

    189.6j

    1736.9160.9j

    -1719.2

    187.4j

    1737.9167.7j

    -1695.4

    184.6j

    1713.9154.0j

    1743.8

    -180.3j

    -1743.8

    -96.4j

    1744.7

    -176.0j

    -1744.7

    -100.8j