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CURITIBA, JUNHO DE 2011 - ANO 15 - Nº 194 - 2º ANO DE JORNALISMO NOITE DA PUCPR - [email protected] COMPORTAMENTO: Cemitério de cachorros – donos buscam transformar a dor da perda em boas lembranças através de cemitérios e crematórios dedicados aos bichos | Pág. 08 e 09 TRÂNSITO: Lei que pretende regulamen- tar o tráfego de carroças e acabar com maus tratos aos animais não sai do papel | Pág. 04 CIDADES: Heróis de quatro patas - Histórias de fidelidade e amizade de cães que salva- ram vidas | Pág. 15 Foto: Julio Cesar Glodzienski Foto: Fellipe Gaio Foto: Camila Galvão ESPORTE: Rinhas de galo - a ilegalidade que a polícia não consegue combater | Pág. 07

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Jornal Comunicare - Edição 194 - Junho/2011 - 2° Ano de jornalismo NOITE Animal Nesta edição, os alunos cobriram pautas sobre o relacionamento entre homem e animal; e suas diversas vertentes. Cemitérios para pets, cães policiais, maus tratos e muitas outras novidades acerca do mundo animal.

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Page 1: Animal

CURITIBA, JUNHO DE 2011 - ANO 15 - Nº 194 - 2º ANO DE JORNALISMO NOITE DA PUCPR - [email protected]

COMPORTAMENTO: Cemitério de cachorros – donos buscam transformar a dor da perda em boas lembranças através de cemitérios e crematórios dedicados aos bichos| Pág. 08 e 09

TRÂNSITO: Lei que pretende regulamen-tar o tráfego de carroças e acabar com maus tratos aos animais não sai do papel| Pág. 04

CIDADES: Heróis de quatro patas - Histórias de fidelidade e amizade de cães que salva-ram vidas | Pág. 15

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ESPORTE: Rinhas de galo - a ilegalidade que a polícia não consegue combater | Pág. 07

Page 2: Animal

FALA, ALUNO

“A produção de um jornal é importante para elevar a autoestima e provocar

mudanças positivas no comportamento

dos estudantes, que já colocam em praticao

aprendizado”.

Harley Senff Junior - Aluno do curso de

Sistemas da Informaçao da PUC PR

pensar no bem estar animal é um desafio, quando nem alguns homens dispõem disso

Discursos ambientalistas, em sua maioria, escondem o verdadeiro interesse político e econômico de instituições e Governos

Curitiba, junho de 2011 opinião02

A Demagogia ambientalista de sempre não é de hoje que tanto a fau-

na quanto a flora vêm sofrendo com as ações dos homens, que insistem em fazer com que todo espaço seja seu. Sendo legitima-da ou não, a terra que habitamos, está ficando cada vez mais es-cassa e vários fatores agravam o cenário de descaso com o meio ambiente e os animais. Há vários exemplos de impactos causados pelo homem que podem ser ci-tados: os animais exóticos soltos em locais inadequados, compro-metendo diversos habitats; as rinhas de galo, que ainda acon-tecem de forma ilícita ou a falta de fiscalização por parte da pre-feitura com relação aos cavalos, que trafegam pelas ruas presos a carroças. Embora os carroceiros ajudem na reciclagem do lixo, al-guns cavalos sofrem maus tratos ou são exigidos até a exaustão, como flagrou a nossa equipe de reportagem. Porém, não é só dos carroceiros a obrigação de pen-

sar nos cavalos como seres vivos, pois, o Estado também não vê aqueles como seres humanos.

Alguns ativistas até defen-dem a proibição de carroças que transitam nas vias, mas não é isso que resolverá o problema. E como conhecemos a demora do poder público para resolver algo, fica difícil acreditar que es-tes subsidiariam carroceiros para adquirir outro tipo de veículo de trabalho. A lei para regulamentar o trafego destes animais, até exis-te, mas o absurdo é que ela está lá apenas para constar no código de trânsito. Além disso, o condutor que cometer infrações fica sujeito a pagamento de multa, mas aí fica a pergunta: a quem alguns pape-lões depende o prato de comida, há como pagar infrações de trân-sito? Fica nítido que essa é ape-nas uma forma de alimentar mais ainda a indústria da multa e dos radares que persiste em continuar aqui em Curitiba.

E como se não bastassem as diversas pessoas abandonadas nas ruas, há também os cachor-ros, que pela ação do homem tor-naram-se invasores e passaram a perambular pela cidade. Então quando é indagado a prefeitura sobre uma solução para eles, a assessoria de imprensa afirma que o primeiro abrigo público para animais será criado (ainda) em junho. Porém, até agora nin-guém sabe sequer o endereço do tal abrigo. A única coisa que se sabe, é o número de vagas, que totalizam 80. Isso mesmo, 80 va-gas para Curitiba inteira, ao pas-so que várias pessoas ou ONG’S possuem abrigos de cachorro em que chegam a acomodar 2000 animais, sobrevivendo somente com a ajuda de voluntários. Vai ver que há pouco espaço na ci-dade... Ou os olhos da prefeitura não se voltam ao chão, onde ca-chorros e pessoas permanecem ilhados e dependentes.

A verdade é que o discurso se torna fácil e vazio quando o assunto é preservação ambiental e bem estar animal, afinal, é um tema intensamente comentado e muitas vezes por pessoas que nem sequer seguem o que estão falando. O que deve-se acabar é esse falso debate sobre um tema, que, quando se é associado ao di-nheiro, nunca tem papel de desta-que. Animais têm um agravante, pois são seres vivos e nem sequer conseguem reclamar dos abusos, maus tratos e descuido por parte de alguns donos. Se bem sabe-mos que a natureza e os animais gritam por socorro, porque ações não são executadas em favor des-tes que não podem se manifestar? Bem, porque se a natureza grita por socorro, o dinheiro grita, ber-ra mais alto.

segundo estelita, jornalista preCisa questionar o tempo todo

Os alunos devem aproveitar o jornal para polemizar Fazer um jornal temático so-

bre Curitiba – como fez o Comu-nicare na sua edição de abril – in-corre sempre no risco de cair em clichês. É inevitável pensar na ci-dade sem lembrar do sistema de transporte público, dos parques e dos pontos turísticos – mas não é preciso (e nem se deveria) fazer jornalismo atendo-se apenas ao óbvio.

Os alunos da PUCPR se esfor-çaram nesse sentido. É possível encontrar no jornal boas histórias de personagens curitibanos que fizeram algo realmente inovador, ou que simplesmente chamam a atenção por suas iniciativas, ain-da que elas não tragam nenhuma grande novidade.

Faltou, porém, estender o cui-dado à abordagem das reporta-gens. Jornalismo bem-feito, para mim, tem a obrigação de não ser ingênuo. O jornal está aí para problematizar, para dar voz ao maior número de versões, para dar espaço ao contraditório, para

polemizar.Como fazer uma reportagem

sobre o “ano novo fora de época” da Praça da Espanha, por exem-plo, sem discutir a polêmica que se seguiu sobre a depredação do local na ocasião e a conseqüente proibição, pela prefeitura, da rea-lização de qualquer outro evento de grande porte no local?

Será que não é exagero afir-mar que os empresários da Yo-

guland “reinventaram a forma de saborear uma sobremesa” com um produto “versátil” e “saudá-vel”?

Jornalista precisa aprender a questionar aos outros e a si pró-prio o tempo todo. Para as fontes: “Você tem certeza do que está falando? Será que não existe algo parecido no Brasil ou no mun-do?” E, para si mesmo: “Meu tex-to está equilibrado? Eu chequei

EXPEDIENTE

Jornal Laboratório da Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Edição nº 194 | Junho/2011

PUCPRRua Imaculada Conceição 1.155, Prado Velho - Curitiba/PRwww.pucpr.br

ReitorClemente Ivo Juliatto

Decano do CCJSRoberto Linhares da Costa

Decano-Adjunto do CCJSMarilena Winters

Diretora do Curso de JornalismoMônica Fort

COMUNICAREJornalista ResponsávelCícero Lira - DRT 1681

Coord. de Projeto GráficoAlessandro Foggiatto de Andrade

EDITORESEditora-chefe: Camila GalvãoEditor de arte: Etiene Mandello

EDITORIAS

Capa: Etiene MandelloCidades: Camila GalvãoComportamento: Fellipe GaioEconomia: Lydiane PereiraEducação: Gabriela CamposEntrevista: Ana Evelyn de AlmeidaEsporte: Jhonny de CastroGeral: Mariana de AzevedoOpinião: Camila BarbieriPolítica: Virginia CremaSaúde: Maruza Silverio GozerTecnologia: Rafael Ribeiro da SilvaTrânsito: Letícia Donadello

os dados e afirmações que coloco na matéria?”

Por fim, uma última sugestão: me surpreendi com a ausência daqueles textos com gostinho li-terário. Aproveitem os jornais da faculdade para treinar essa habili-dade. Vocês sentirão falta disso.

FALA, PROFESSOR

“O jornal apresenta uma forma interativa de colocar os acadêmicos de forma direta com o contexto da profissão”.

Léo Peruzzo - Professor de Filosofia nos cursos de Jornalismo e Direito

da PUC PR

NOSSA CAPA

“ Nessa edição, o homem não é o foco principal,

por isso é representado pela silhueta. O carimbo reforça a importância do

tema”.

Etiene Mandello

Camila Barbieri

Estelita Hass CarazzaiCorrespondente em Curitiba

Folha de S.Paulo

Page 3: Animal

InformaçÃo e conscIentIzaçÃo sÃo fundamentaIs

Arca Brasil é uma entidade reconhecida internacionalmente e trabalha por um mundo melhor para homens e animais

Ana Evelyn de AlmeidaJasson Wolff

Lucas Molinari

Atitude ética é a solução Fo

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O protetor dos animais Marco Ciampi e seu fiel companheiro Tingo.

o ambientalista marco ciam-

pi sempre participou de projetos ligados à proteção de animais. em 1993, em parceria com pro-fissionais de várias áreas, fun-dou a arca Brasil em são Paulo, Associação Humanitária de Pro-teção e Bem-estar animal. en-tidade sem fins lucrativos, sem vínculos partidários ou religio-sos, trabalha para conscientizar e informar as pessoas sobre as reais necessidades dos animais.

um dos trabalhos mais bem sucedidos da arca é a Posse res-ponsável de Cães e Gatos, pois o abandono não é um problema isolado e sim uma consequência de uma posse sem responsabili-dade. Veja no Box os 10 manda-mentos desse projeto.

O presidente da ONG comen-ta como é possível existir uma atitude ética e uma convivência cidadã com os bichos.

Comunicare - Quais são as maiores conquistas da arca Bra-sil?

Marco Ciampi – o reconhe-cimento nacional e internacional de projetos pioneiros, como o Programa de controle da natali-dade de Cães e Gatos, reconheci-do pela organização Pan-ame-ricana da saúde (oPas) e que hoje serve de modelo para vários municípios do país. Atuar na raiz do problema provou ser uma al-ternativa eficaz para o problema da procriação descontrolada, o abandono e o sacrifício dos animais. Em 1998, a convite da organização mundial da saúde (oms), a arca apresentou na república tcheca, seus trabalhos que inspiram leis. Também foi a única ONG de proteção convida-da a se apresentar no congres-so Mundial de Veterinários, em 2009 em são Paulo.

Comunicare - Quais são as maiores crueldades praticadas contra os animais?

Marco Ciampi - Infelizmen-te as crueldades estão presentes em diversas áreas. Quando a for-ça dos animais é explorada em trabalhos excessivos com carro-ça ou carro de boi; no ensino e na ciência, que sacrifica várias vidas animais para pesquisas,

muitas vezes inúteis e repetitivas; os animais silvestres, caçados, torturados e traficados; os bichos usados para divertimento dos hu-manos em circos, touradas ou ro-deios, por exemplo. ou ainda os domésticos, que além de um lar, saúde e alimento, precisam ain-da de atenção, qualidade de vida e até de convivência com outros animais.

Comunicare - existe uma es-tatística de quantas vidas a Arca salvou com as campanhas e pro-jetos realizados?

Marco Ciampi - não existe um número certo. A ONG luta por mudanças de políticas públicas. mas existem projetos que alcan-çam, além de repercussão, gran-de replicação. o trabalho começa em uma cidade, é bem sucedido e

então outras cidades fazem algo semelhante, o que acaba refletin-do em milhares de lares e vidas do país. Um projeto de grande abrangência é o Veterinário So-lidário, cujo objetivo é fornecer subsídios aos profissionais que já praticam uma medicina voltada para o social. O médico veteriná-rio é um elemento fundamental para a conscientização da socie-dade.

Comunicare – na nossa sociedade é comum os ani-mais serem e x p l o r a d o s , torturados, sa-crificados ou mortos. como é possível exis-tir uma reali-dade diferente desta?

Marco Ciampi – Buscando uma atitude pautada na ética, fis-calizando para que as leis sejam cumpridas, eliminando assim ou prevenindo o sofrimento, sempre buscando uma convivência cida-dã com os animais.

Comunicare - o sistema ca-pitalista pode ser considerado um dos maiores inimigos dos ani-mais?

Marco Ciampi – Na verdade existe um conflito de interesses. Por exemplo, na criação de ani-mais para comércio e/ou consu-mo, o objetivo é apenas o lucro.

Por esse motivo que melhores condições de criação, transporte e abates resultam em um melhor produto. no caso dos pets, o lado afetivo é o que conta, mas em-bora o mercado esteja em fran-ca expansão, cresce também o abandono de animais. Comunicare - a sociedade é in-diferente ou complacente em re-lação aos direitos dos animais?Marco Ciampi – Talvez fosse melhor dizer ‘ignorância’. a so-

ciedade é ig-norante nesse ponto. falta informação e consciência so-bre as reais ne-cessidades dos animais.

C o m u n i -care - Qual é o papel da políti-

ca pública em relação aos direi-tos dos animais no Brasil?

Marco Ciampi - as leis bra-sileiras de proteção animal e am-biental estão entre as mais apri-moradas do mundo, porém não existe uma fiscalização efetiva, assim como para outras leis.

Comunicare – existem mu-danças significativas na relação homem-animal no Brasil?

Marco Ciampi – claro. te-mos avanços nessa área, o povo brasileiro é muito afetivo e ca-rinhoso. Basta apenas acesso a informação e que as leis sejam cumpridas.

Comunicare – o que é pre-ciso para que haja informação e conscientização suficientes sobre os direitos e o bem estar dos ani-mais no Brasil?

Marco Ciampi – É preciso muita informação e conscienti-zação, em particular dentro das famílias, nas escolas e até por parte dos veterinários. É preciso acreditar que vão ocorrer mu-danças, mesmo á longo prazo, ter esperança pelos animais e por nós também.

“Falta informação e consciência sobre as reais necessidades

dos animais ”

curitiba, junho de 2011entrevista 03

Page 4: Animal

carroças causam transtorno nas ruas de curitiba

Carroceiros não se adequam por desconhecimento da lei, pela falta de recursos financeiros e de orientação por parte das autoridades

curitiba, junho de 2011 trânsito04

Rubia Lorena Curial Oliva

LEI PRETENDE DISCIPLINAR O TRÁFEGOJu

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O carroceiro Jeferson se arrisca em meio aos carros

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*Para obter a licença o condu-tor deve fazer o pedido junto à urbs, com: rG e cPF; declara-ção afirmando ser o legítimo pro-prietário do veículo e do animal; atestado de vistoria do veículo fornecido pela urbs e também de sanidade do animal de tração;

*o requerente se submeterá a teste de conhecimento sobre as regras de trânsito aplicáveis ao tipo de veículo que conduzirá;

*o animal será periodicamente submetido a exame de sanidade realizado pela secretaria munici-pal da saúde. a sms emitirá um atestado de sanidade do animal,

que deverá ser apresentado às au-toridades de trânsito sempre que solicitado;

*o condutor que cometer infra-ções previstas na lei, fica sujeito às seguintes penalidades: ad-vertência, na 1ª infração; mul-ta de r$25, na 1ª reincidência; de r$50, na 2ª reincidência; de r$100, na 3ª reincidência; sus-pensão da licença, da habilitação e apreensão do veículo, na 4ª reincidência.

Participe: Você acha essa lei válida? [email protected]

Saiba um pouco sobre a Lei:

Joanita e Rafaela com seu cavalo caído por cansaço

carroças em péssimas con-dições, animais maltratados e condutores despreparados tu-multuam ainda mais o já difícil trânsito nos grandes centros ur-banos. tentativas para mudar esse quadro até existem, porém não são as mais adequadas.

Joanita de Fátima e rafaela Fonseca, mãe e filha, utilizam a carroça na coleta de material re-ciclável. o veículo precário e o cavalo debilitado mostram a difí-cil condição de trabalho. Joanita reclama da falta de respeito dos motoristas: “a gente está traba-lhando como todo mundo, mas as pessoas acham que a gente é bicho. Passam buzinando e não querem nem saber se você preci-sa de ajuda”, desabafa.

Previstas pelo artigo 96 do código de trânsito brasileiro, carroças são veículos de tração animal destinadas ao transporte de cargas. a legislação federal estabelece apenas os princípios básicos de trafegabilidade, fican-do a cargo de cada município a regulamentação do veículo e de seu condutor.

de acordo com o presidente da comissão de direito de trân-sito da oab/Pr, marcelo araú-jo, o art. 24 do ctb confere aos municípios a competência para registrar e licenciar, bem como ceder a autorização para condu-zir esses veículos. cada municí-pio deve legislar de acordo com as especificidades do seu pró-prio trânsito. Porém, o advogado destaca que existem dificulda-des tanto para a implementação quanto para a fiscalização da lei.

em curitiba, foi sanciona-da, em 2005, a Lei n° 11.381 que cria as normas para o tráfego de veículos de tração animal na cidade. de autoria do vereador Jair cézar, a Lei estabelece, en-tre outras coisas, que as carroças devem possuir rodas com pneus, buzina, freio manual e placa de identificação; o condutor deve ter acima de 18 anos, habilitação es-pecífica, licenciamento do veícu-lo e ainda apresentar atestado de sanidade física do animal.

a Lei pretendia disciplinar

o trânsito de carroças nas vias públicas da cidade, promoven-do maior segurança ao tráfego e também eliminando os maus tratos aos animais. na prática, o próprio vereador reconhece que não aconteceram avanços, pois ainda falta a regulamentação: “houve uma grande decepção porque a Prefeitura de curitiba, por meio dos seus órgãos afins, não fez a regulamen-tação da Lei. sem a regulamentação não há obediên-cia. infelizmente, falta pôr em práti-ca”, explica.

mas se a Lei existe porque não é cumprida? no caso de curitiba tem-se claramente uma mostra da ineficiência da aplicação das leis que ocorre de maneira gene-ralizada em todo o país: mesmo aprovada, não está em funciona-

mento porque não foi regulamen-tada. a Prefeitura municipal, por meio da secretaria de Governo, informou apenas que a lei está em estudo para regulamentação.

sobre a “Lei da carroça”, a coletora Joanita afirma que des-conhece a legislação, “você acha que alguém lá se importa com a gente? Aposto que fizeram essa

lei só para ganhar dinheiro. É só pra gente pagar mais imposto. isso tudo é baboseira”.

uma das solu-ções apontadas por marcelo araújo seria a conscien-

tização por meio de campanhas educativas. segundo o advogado, os carroceiros são condutores de veículos e devem seguir as nor-mas de circulação como qualquer outro, ressalvadas as peculiarida-des. “eles precisam ter consciên-

cia que têm um comportamento previsto na Lei. E, já que a fisca-lização se torna difícil, a orienta-ção por meio de campanhas edu-cativas seria o melhor caminho”, explica marcelo.

além dos problemas de tra-fegabilidade, entidades proteto-ras reclamam dos maus tratos e das condições de insalubridade a que os animais são submetidos. muitos são açoitados com chico-tes e varas, carregam excesso de carga, são obrigados a percorrer grandes distâncias, passam fome, frio e sede. esses maus tratos configuram crime previsto na Lei de crimes ambientais, a 9.605 de 1998, e, na opinião de mauro almeida “leis para proibir maus tratos aos animais até temos, e não são das piores, mas não há ‘interesse político’ em fazê-las

cumprir”. mauro é ativista dos direitos

animais e lidera um movimen-to que pretende proibir o uso de carroças em curitiba. Para ele, a “falta de vontade política” é o principal entrave nessa discus-são. “no ano passado, o Gover-no Federal baixou o iPi dos au-tomóveis. Foi uma festa! então, porque não dar condições para os carroceiros comprarem mo-tos com carretas, como usam al-guns mercados e entregadores de gás? existe também um triciclo com carroceria basculante. com vontade política, seria possível transformar esses catadores em pequenos empresários”, argu-menta.

“aposto que fizeram essa lei só para ganhar

dinheiro”

Page 5: Animal

TECNOLOGIA PROMETE DIMINUIR ÍNDICE DE ANIMAIS ABANDONADOS

Campanha da Prefeitura pretende incentivar a guarda responsável e monitorar animais cadastrados

Curitiba, Junho de 2011tecnologia 05

Chips identificam cães e gatos

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Microchip facilita a busca em caso de desaparecimento ou abandono

A Prefeitura de Curitiba, em parceria com clínicas veteriná-rias, pretende diminuir o núme-ro de animais abandonados por meio da aplicação de chips em cães e gatos. “Os donos desses animais poderão procurar clíni-cas veterinárias conveniadas à Rede de Defesa e Proteção Ani-mal de Curitiba e implantar, a preço de custo, um microchip de identificação de-finitiva em seus animais”, afirma o veterinário Tia-go Cesar Sell.

Ao todo, se-rão adquiridos 22 mil micro-chips. A aplicação será gratuita, sendo cobrado apenas o valor de custo do chip, cerca de R$ 10. As peças serão aplicadas como uma injeção embaixo da pele do

animal. Nelas ficarão registrados o nome do animal e do responsá-vel, endereço, idade, sexo e ficha médica.

O Microchip é um microcir-cuito eletrônico contendo um có-digo único e inalterável, inserido em uma cápsula de biovidro ci-rúrgico e revestido de substâncias

de propriedades antimigratórias, possibil itando a implantação em animais. O microchip não contém bateria e está inerte. Ao receber as ondas emitidas pelo leitor (scanner), retorna a infor-

mação na forma de um número. Este é composto por quinze al-garismos o que impossibilita a duplicidade.

A estudante Taís de Oliveira,

22 anos, é favorável ao projeto e diz que os órgãos competentes poderiam ter implantado o siste-ma há muito tempo. “Acho um ab-surdo a demora por uma iniciativa tão simples como essa. Quando vejo cães abandonados nas ruas, dá vontade de levar todos para casa”, completa.

Já a bióloga Ane Moura con-testa: “Acho desnecessária a im-plantação desses chips. Se não houvesse tanta negligência em relação aos pets, este tipo de ser-viço poderia ser descartado, e a Prefeitura se preocuparia mais com serviços essenciais, como saúde e educação, por exemplo.

A rede de Defesa e Proteção animal de Curitiba foi criada em Abril de 2009. Por meio do site da organização, o cidadão poderá encontrar informações a respeito de regras para guarda responsá-vel, como alimentação, higiene, atividades físicas e cuidados mé-

dicos, bem como informações so-bre adoção de abandonados.

Serviço A lista de clínicas veterinárias

disponíveis para a aplicação dos

chips se encontra no site www.protecaoanimal.curitiba.pr.gov.br, onde também será possível re-alizar o cadastro de identificação do animal.

André RecchiaYan Carlos

“Quando me deparo com o abandono, dá

vontade de adotar todos”

André RecchiaYan Carlos

TECNOLOGIA GARANTE ALIMENTAÇÃO, MAS CARINHO E ATENÇÃO SÃO FUNDAMENTAIS

Máquina revoluciona a criação de pets

O aparelho é composto por um recipiente para água e comida, um programador eletrônico, um telefonecelular, um sensor de ração, um motor de lava-a-jato e outro que gira o bico lava-a-jato a 180º, uma caixa de água e uma boia — que identifica a falta de água. Ela evita o funcionamento desnecessáriodo lava-a-jato que limpa os recipientes, caso haja pouco líquido. Isso reduz o desgaste do mecanismo.

Para quem tem animais de es-timação, mas não tem tempo para cuidar de seus bichinhos, Andres Custódio Füchter, um vendedor de Criciúma (SC), desenvolveu um aparelho que garante a ali-mentação dos pets. O protótipo desenvolvido por Füchter, cha-mado de canil eletrônico, permi-te que o dono programe a hora e a quantidade exatas para alimentar os animais.

O inventor, de 33 anos, con-ta que a ideia do canil eletrônico surgiu quando a filha e a esposa manifestaram a vontade de ter um cachorro, mas alegaram não ter tempo suficiente para cuidar do animal. “O bichinho precisa de carinho, mas pelo menos meu invento garante que ele não passe fome nem sede”, afirma.

O funcionamento do apa-relho depende apenas de uma área quadrangular e com espaço para a água cair por uma calha. Füchter diz que é necessário pro-

gramar o horário e a quantidade de comida e água liberadas pela máquina somente uma vez. “De-pois, ela segue seu ciclo repetida-mente”, assegura.

A máquina é feita de plástico, fibra ou metal, o que a torna mais resistente a animais que costu-mam estragar objetos feitos de materiais mais frágeis.

Polêmica

William Talhari, 22 anos, tem três cachorros: um pit bull de 9 anos, chamado Cron; um rottwei-ler de 1 ano e 6 meses, Drako; e um labrador de 3 meses, Colt. “Se minha família e eu fôssemos passar mais de um dia fora de casa, seria uma ideia interessan-te”, comenta.

Denise Escovino, 48 anos, acredita, porém, que a invenção não seria útil para ela, que tem uma cadela cocker spaniel cha-mada Luna. “Eu passo o dia in-

teiro fora e sempre deixo água e comida para ela. Mas ela se adap-tou a só comer quando eu estou em casa, acho que para não ficar com vontade de fazer necessida-des e não ter ninguém pra descer com ela”, explica.

Andres Füchter espera que o canil eletrônico tenha uma gran-de receptividade entre clientes de pet shops no Brasil. Ele ainda não conseguiu, contudo, negociar a patente ou arranjar investidores para o dispositivo. “Desejo ar-ranjar um fabricante que queira desenvolver o produto também”, lembra o vendedor. Pessoas inte-ressadas em investir no projeto de Füchter podem entrar em contato com ele pela Associação Nacio-nal dos Inventores no site www.inventores.com.br, ou pelo telefo-ne (11) 3873-3211.

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Com a máquina, donos podem viajar tranquilos

A “babá” canina

Page 6: Animal

CACHORROS pOliCiAS SãO dOAdOS Ou COmpRAdOS, nãO nASCem em CAtiveiRO

Cães da Polícia Militar tem adestramento específico para realizar operações, mas carinho e amizade são o que mais educam

Curitiba, junho de 2011 educação06

Cão policial exige educação adequada

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Cabo Maciel e seu Pastor Alemão Branco Tubruck

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Marta Fisher cuidando do bem-estar de Mega, o caramujo

O Canil Central da Polí-cia Militar, junto com o BOPE (Batalhão de Operações Espe-ciais) abriga os chamados “cães-policiais”, usados em operações especiais da PM para farejar e patrulhar. Eles são muito bem tratados, com agrados, carin-hos e passeios com seus donos. Mas para se tornar um cão de operações é preciso passar por um treinamento longo e ter todo o acompanhamento de adestradores especializados.

Os animais normalmente são adquiridos por meio de doações ou são comprados conforme o perfil desejado. Cada poli-cial tem o seu cão e avalia para qual operação o animal deve ser treinado. O adestramento varia de acordo com o perfil de cada cachorro. Eles são en-sinados no mínimo duas vezes por semana, durante um ano, até estarem prontos para agir.

Policial Militar há 18 anos e adestrador no Canil Central há 12, o Cabo Maciel explica que o adestramento começa aos sete meses com instruções básicas como: junto, senta, deita, fica e aqui. Depois de ter esses co-mandos dominados, a próxima etapa é adestrar para o ataque.

Tudo começa como brin-cadeira. “Se o cão agiu certo recebe agrado, se fez errado é reprimido, mas nunca usamos a violência. É tudo na base da amizade”, diz o Cabo. Depois de gestos, são usados materiais como varinhas para ensiná-los a obedecer e mangas e macacões para ensiná-los a atacar.

A maior parte do adestra-mento é feita no canil, onde se encontra a área específica para atividades, mas o cão também é levado em fazendas, chácaras, matagais e parques pouco movi-mentados. Nesses locais os cães

aprendem a diferenciar uma pessoa perdida de um fugitivo, escolhendo entre avisar o con-dutor ou avançar. Assim o cão passa a ser companheiro de seu dono policial, usado para faro de explosivos e de entorpecentes, patrulhamentos, entre outros.

Maciel acredita que o desem-penho do animal depende do cansaço diário e do estresse, “por isso não dá para sobrecar-regar o animal a fim de ter re-sultados positivos”, diz. O cão de patrulhamento trabalha cerca de seis horas em opera-ções, e o de faro quatro horas. Depois de oito anos o animal se aposenta, ficando com seu dono policial ou sendo doado junto com um termo de respon-sabilidade para quem adotar.

O canil da Policia Militar con-ta hoje com 35 cães (machos e fêmeas) das seguintes raças: Pastor Malinois (patrulhamen-

tos e faro), Labrador (fareja-mento de drogas e explosivos), Blood Hound (busca de pes-soas soterradas) e Rotweiler (patru- lhamento ostensivo). A relação cão-polícia e policial é mantida sempre de forma har-moniosa e descontraída, mesmo

na hora do trabalho. “Procura-mos cuidar do bem estar de nossos animais para que eles façam uma boa ação e ajudem a sociedade”, conclui o cabo.

Penélope Miranda Lourenço

“Animais, como aves e mamíferos, possuem emoções

e sentimentos ”

HÁ tRÊS etApAS pARA A COnSCientizAçãO em RelAçãO AOS AnimAiS, BRASil AindA eStÁ nA FASe iniCiAl

Bem estar animal precisa de atençãouma série de pesquisas já

comprovam que algumas es-pécies animais, como mamífe-ros e aves, possuem emoções e sentimentos. Com base nessas comprovações, muito se fala no bem-estar animal, mas o assun-to ainda é recente no Brasil .

de acordo com uma pes-quisa feita por alunos do curso de zootecnia da un ive r s id a d e Federal do para-ná, o bem-estar de um indiví-duo é seu esta-do relacionado às suas tentativas de adaptar-se ao seu ambiente, e refere-se a uma característica do indiví-duo em um dado momento.

poliana Graff Cordeiro é aluna do curso de Biologia da pontifícia universidade Católica do paraná e autora do trabalho acadêmico

transtornos Compulsivos em animais cativos. muitos desses bichos possuem síndromes se-melhantes as que acometem os seres humanos. poliana explica que o transtorno psicológico tri-cotilomania, por exemplo, faz com que humanos arranquem os

cabelos de ner-voso e que aves arranquem as pe-nas, pelo mesmo motivo. Além disso, tanto os bichos quanto o ser humano são tratados com os mesmos medicamentos

nesses casos. “em ambos são utilizados inibidores de recap-tação da serotonina como clori-pamina, setralina, entre outros. Segundo Graeff, especialista na área, inibidores de recap-tação de serotonina, possivel-mente envolvidos com o tOC,

tem função e localização muito próximas em animais e seres hu-manos”, argumenta a estudante.

marta Fisher, bióloga, zoólo-ga e aracnóloga, explica que em países como a europa as pesso-as conseguem igualar animais e seres humanos, acreditando que ambos possuem os mesmos direi-tos e merecem o mesmo bem-es-tar de vida. no Brasil, de acordo com marta, o mesmo não acon-tece. “As pessoas possuem uma pré-disposição para reconhecer que os animais possuem senti-mentos e emoções, porém acre-ditam que homens e animais são bem diferentes”, afirma a bióloga.

“Ainda estamos na fase ini-cial da educação ambiental so-bre bem-estar animal no Brasil”, diz marta. ela argumenta que há três etapas que compõe o pro-cesso de mudança de comporta-mento de uma sociedade. A pri-meira delas é a informação. por segundo, um diagnóstico deve

Gabriela CamposTiago Andre

identificar cada público-alvo.Por fim vem a conscientização, processo individual de cada um.

Apesar de o país ainda estar no primeiro estágio de educa-ção, algumas medidas já existem. um exemplo disso é o trabalho realizado pela OnG WSpA, a maior federação de organiza-ções de bem-estar animal do

mundo. Seus trabalhos são fo-cados em acabar com os maus tratos animais (de produção e de estimação) por meio de campa-nhas governamentais e da cria-ção de leis de proteção animal.

Page 7: Animal

um dos esportes mais tradicionais do mundo

O treinador Marcos Luis Decki é um exemplo de boa relação entre homem e animal no esporteTurfe é amizade entre atleta e cavalo

Foto

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Joquei treinado por Marcos Luis Decki comemora uma vitória

o turfe é um esporte muito tradicional em todo o mundo. envolvendo rotinas fortes de trei-no, físico exemplar para atletas e muito carinho pelos cavalos, os páreos atraem sempre grandes multidões. em curitiba, as cor-ridas ocorrem semanalmente, e envolvem o tra-balho de atletas, cavalos e treina-dores.

marcos Luis decki é treinador no Jockey clube de curitiba há quatro anos. na carreira, traba-lhou com jóqueis como Leandro chimenes, e criou paixão pelos cavalos. “nós cria-mos amor pelo animal, é como se fosse um filho. Alguém com quem você convive todo dia”, e completa dizendo que o carinho é tanto que acaba sofrendo bas-

tante quando algum cavalo se machuca ou precisa ser sacrifi-cado.

a rotina de decki é intensa. o dia de treinos com os cavalos co-meça cedo, sempre tendo cuidado para não forçar o animal. “chego cedo, olho como estão os animais

e dou ração. não forçamos muito nos treinos por-que os bons ca-valos têm mais chance de se ma-chucar”, conta. decki não tra-balha sozinho, é apoiado por uma equipe formada

por veterinários, tratadores e um jóquei, escolhido por ele mesmo. “como tenho certa experiência em corridas, estudei bastante an-tes de escolher um atleta. optei pelo chimenes porque já havia trabalhado com ele”, adiciona.

por ser um esporte que en-volve apostas, a preparação do animal no turfe é essencial para o andamento da corrida. sempre da raça psi (puro-sangue in-glês), os criadores compram os cavalos ainda novos, observando a descendência. “precisa ter o ‘pedigree’. olhamos os irmãos e pais, como se fosse um currícu-lo”, comenta. decki ainda alerta sobre a importância da confiança do treinador no jóquei. “Jóquei ruim atrapalha na corrida. um bom jóquei é necessário para pi-lotar um bom cavalo”, explica.

a experiência de marcos Luis vem da longa carreira. antes de ser treinador, competiu por anos pelos hipódromos do Brasil. “co-mecei cedo, meu tio era jóquei e me levou pra viver com ele”, relata, citando o tio aílton ro-drigues. o treinador lembra que quando era jóquei muitas vezes precisou perder até 5 kg antes de

uma corrida. “só parei de com-petir porque tinha dificuldades em manter meu peso” completa.

embora não muito popular no Brasil, o turfe é um esporte muito acompanhado em outras partes do mundo. “pra quem não conhe-

ce o turfe, se conhecer, não larga mais”, convida decki.

Daphine AugustiniFelipe MartinsJhonny Castro

“nós criamos amor pelo animal, é como se fosse

um filho”

um esporte que coLoca dois gaLos para Brigar em uma arena, e causa muita poLêmica fora deLa

Rinha de galo é um esporte ilegal que não deixa de ser praticado

a rinha de galo é considera-da um esporte ilegal, por expor os animais a maus tratos. mesmo com todos os esforços da polícia para acabar com a prática, con-tinuam sendo realizadas clandes-tinamente em lugares afastados, como chácaras e sítios. o rinhei-ro João* afirma categoricamente que toda cidade no Brasil possui ao menos uma rinha de galo.

participante de rinhas há mais de 50 anos, João conta que começou assistindo, convidado por amigos, e hoje é um galista, termo utilizado para designar os donos de galos de briga. ele conta que os animais têm valor afetivo. “Você conhece seu galo e ele te conhece, um animal normal só é violento com outros galos”.

os casos de rinha de galo são

enquadrados no artigo 32° da lei 9605/98, que dispõe sobre práticas de maus tratos a animais. mas de acordo com João, os piores maus tratos são praticados pela própria polícia. “quem mais agride é a força Verde, que leva os animais sem nenhum cuidado e até mes-mo os sacrifica”. Para João, não há qualquer inci-tação de violên-cia pelo homem, já que os galos se enfrentam por instinto. Ele afir-ma que “a Lei fala sobre maus tratos infligidos aos ani-mais pelo homem, a briga de galo é um animal contra o outro”.

de acordo com o tenente marcel, da força Verde da polí-cia ambiental, os animais apre-endidos estão com freqüência muito machucados, e são enca-minhados ao instituto ambiental

Daphine AugustiniFelipe MartinsJhonny Castro

do paraná, onde são examinados e recebem tratamentos para seus ferimentos. sobre os sacrifícios, afirma que só são realizados em casos em que o animal está muito debilitado.

não existem dados relativos a operações envolvendo rinhas de galo, porém de janeiro a abril

de 2011 foram a p r e e n d i d a s 804 aves no estado do pa-raná, incluindo c o n t r a b a n d o de pássaros sil-vestres, entre outros. apesar da falta de da-dos específicos,

a informação é de que há pelo menos uma grande operação por mês para estourar uma rinha.

para chegar aos criminosos a polícia depende da denúncia da população. de acordo com o te-nente marcel são raros os casos

em que uma patrulha encontra uma rinha. “geralmente aconte-ce uma denúncia anônima, então é montada uma operação especial para agir no caso”. o telefone para denúncias é o 0800 643 0304, e a ligação é gratuita. o cabo ale-xandre, também do Batalhão da força Verde, alerta que ao fazer a denúncia, a pessoa deve passar o máximo de informações possí-veis, pois isso facilita o trabalho da polícia, e evita casos em que uma operação é montada e não encontra a rinha em plena ativi-dade. “o dono da rinha vai saber que alguém denunciou, e assim ficar um bom tempo sem fazer” completa.

*Esse nome foi alterado para preservar a identidade da pessoa.

“toda cidade no Brasil possui ao

menos uma rinha de galo”

curitiba, junho de 2011esporte 07Fo

to: R

enan

Ara

újo

João* observa que existe respeito e companheirismo nas rinhas

Page 8: Animal

Curitiba, junho de 2011 comportamento08 Curitiba, junho de 2011 09Antes dA ideiA, AnimAis erAm jogAdos junto Com lixo

Em Colombo, pessoas buscam transformar a dor da perda em boas lembranças através de cemitérios e crematórios dedicados aos bichos Donos encontram destino para seus animais de estimação

Foto

: Fel

lipe

Gai

o

Flores e enfeites deixam o cemitério para animais com um clima leve

Várias pessoas têm animais de estimação, mas não sabem ao certo qual destino dar aos bichos quando eles se vão. muitas vezes, os animais são entregues à pre-feitura local, que se desfaz dos corpos de qualquer maneira. Pre-ocupados com esta questão, al-gumas pessoas tiveram a ideia de encontrar o melhor lugar após o fim das vidas dos animais.

em Colombo, sandra Fuma-galli criou, em 2001, o jardim do Bom Amigo, cemitério dedica-do a animais. A ideia surgiu em 1999, quando a sua cadela de estimação, tatucha, perdeu a vida. sandra entregou o animal aos cuidados da prefeitu-ra, que deveria ter cremado ta-tucha. três meses depois, sandra procurou informações referentes ao animal e teve uma surpresa ao descobrir que tatucha havia sido jogada numa vala, no aterro

da Caximba, como se fosse lixo. nesse instante, sandra sentiu a ne-cessidade de dar aos animais um destino que os respeite. entre uma burocracia e outra, se passaram dois anos até que sandra pudesse colocar o jardim do Bom Amigo em funcionamento.

Ainda em Colombo, existe o Pet World Crematório, empreen-

dimento criado pelo mesmo mo-tivo que o jardim do Bom Amigo. segundo léia Consani, filha dos fundadores da empresa, a ideia é manter as pessoas longe do senti-mento de descaso,

ao qual os donos são submetidos quando deixam seus animais para serem jogados em valas. Ao con-trário, tomam “todo tipo de cui-dado para que a pessoa se sinta reconfortada e tenha o seu animal por perto mesmo depois da perda. É um jeito de transformar a dor da perda em boas lembranças”.

A costureira Arlete do rocio sempre esteve envolta por animais de estimação. Atualmente, Arlete tem quatro cães, dois gatos e uma ave em casa. Para ela, os animais de estimação fazem parte da fa-mília e merecem um descanso agradável. “Quando o Kiko (pri-meiro cão da costureira) se foi, o meu marido enterrou ele no meu quintal, pois a gente queria que ele tivesse descanso, e não que fosse jogado fora, que nem lixo”. no entanto, “me senti muito mal fa-zendo aquilo, acho que ele mere-cia um lugarzinho feito para isso”. Quando Arlete perdeu sua gata, Lady, ficou sabendo que havia um cemitério dedicado aos animais. “Agora ela está em paz, naquele jardim florido. Vou toda semana visitar ela. Afinal, aquele lugar é tão bonito que parece o paraíso, e não apenas um cemitério”.

sérgio Calig júnior, empresá-rio, nunca gostou muito de ani-mais. “dei o cãozinho para o meu filho porque ele me pediu muito. sempre achei que lugar de animal é no mato”. no entanto, numa his-

tória inusitada, o cachorro Bobby, salvou a vida de Lucas, filho de sérgio. “A gente estava na cháca-ra, e o lucas foi brincar com os bichos. Alguns minutos depois, o Bobby veio correndo que nem um louco e começou a me morder a barra da calça e me puxar, como se quisesse que eu fosse atrás dele. Quando fui, o Bobby me levou até o tanque onde o lucas estava

quase se afogando, depois de ter escorregado e caído. me joguei na água e tirei meu filho de lá”. De-pois desse episódio, sérgio passou a dar mais atenção ao bichinho e, quando Bobby faleceu, sérgio de-cidiu cremá-lo e mantê-lo em casa. “Eu devia isso a ele. Afinal, ele foi o anjo da guarda do meu filho”.

Fellipe Gaio

“A ideia é transformar a dor da perda em boas

lembranças”

Animais tratados como filhos: faz bem ou mal?

na maioria dos casos, é nor-mal ter animais de estimação e trata-los muito bem, mas existem pessoas que tratam esses bichos exatamente como se fossem seus filhos. Na maioria das vezes, estas pessoas costumam ter um cachor-ro ou algum outro animal a quem se apegar e ensiná-los a agir como um ser humano. de fato, menos custosos e mais fáceis de serem domados, os cachorros, por exem-plo, têm a fama de serem os me-lhores amigos do homem.

A estudante de psicologia da uel, Karen Bisconcini tem um rato como animal de estimação. A curiosa história da garota com o roedor é contada com humor. segundo ela, no primeiro ano de faculdade, os estudantes do curso fazem um experimento de três me-ses com um rato de laboratório, no qual os alunos tentam ensinar os bichos a responder seus chamados. “Cada dupla tinha um rato e ge-ralmente damos nomes para eles. eu e minha dupla conversamos e decidimos batizá-lo de joaquim emmanuel Alejandro”, conta.

Ao contrário das outras duplas da turma de Karen, ela e sua ami-ga iam praticamente todo dia para ver o rato. “no começo, eu não ti-nha coragem de pegá-lo, mas com o passar do tempo eu passei a ir lá todo dia e a pegar ele, porque mi-nha dupla ficou doente e faltou al-guns dias. Enfim, me apeguei de-mais ao joaquim, não podia passar um dia sem ver ele, parecia que ele precisava de atenção, afinal vivia preso naquela gaiola e sempre me ajudava nas aulas”, lembrou a es-tudante de psicologia.

No fim dos três meses, os es-tudantes do curso teriam duas opções: levar o rato para casa ou mandar ele ser sacrificado. Karen não suportou a ideia de matar o animal e decidiu levá-lo para casa. “no primeiro mês, meus pais não chegavam nem perto. Com o tem-po, meu pai começou a pegar ele no colo e depois foi a vez da minha mãe. Aos poucos ele foi virando o xodó da casa. Aqui em casa, nada é feito sem pensar no joaquim. Aliás, ele viaja conosco sempre e até já foi pra praia duas vezes. mi-

nha mãe conversa com ele o dia todo, cuida dele como se fosse um neto, cobre ele no frio e essas coi-sas”, completa.

Cachorros

Vera Flemming, funcionária pública, diz que trata tobinho, seu cachorro de 13 anos, como um filho, pois aprendeu isso com sua família. Apesar de ter uma filha, ela entende que o cachorro é ape-nas um animal, mas não deixa de fazer festa com ele. “ele é tratado com um cachorrinho, mas eu pego ele no colo, faço festa, converso, brinco e tudo mais”, garante ela.

Vera lembra também que sua filha Paula, de 13 anos, se dá bem com o cachorro, mas algumas ve-zes existem brigas sérias entre os dois. “Para a Paula foi uma coisa muito boa, pois ela é filha única e é um companheiro para troca de afeto, tanto de amor quanto de rai-va, são situações bem normais. Às vezes ela o trata como um irmão, tem ciúmes dele e coisas assim.”

já Kelly milanez, formada em

design de móveis na utFPr, tem duas cachorras de porte grande e entende que são tratados bem até demais, mas explica a situação: “não considero que seja pela fal-ta de filhos e/ou alguma carência afetiva qualquer, mas por conta das características desse animal de estimação mesmo. elas são duas companheiras incondicio-nais e o amor e dedicação também são incondicionais. geralmente as minhas cadelas causam ciumes em pessoas da minha familia, a minha mãe e o meu namorado são exemplos disso, principalmente o Felipe (namorado de Kelly)”, ana-lisa.

A psicóloga selma lima ana-lisa esta questão como positiva e que esta relação faz bem ao animal e ao seu dono. “tanto as pessoas como os animais ganham muito a partir de uma convivência harmo-niosa. Pesquisas demonstram que pessoas que convivem com ani-mais apresentar menor incidência de visitas a médicos e menores níveis de depressão, solidão e an-siedade”, comenta.

“Quanto ao tratamento dedica-do aos bichos de estimação como se fossem filhos, justifica-se pela relação estreita que se estabelece entre os humanos e seus animais. A interação é tamanha que o afeto aflora de forma natural sendo tam-bém encarado de forma natural esta relação. muitos casais levam em consideração que o animal tem um amor incondicional pelo dono, sem cobranças, independente da situação financeira”, complemen-ta a psicóloga.

segundo selma, os animais se acostumam com esse tipo de tra-tamento e se um dia fugirem por algum motivo, irão ficar perdidos, mas “já o cachorro que for resga-tado da rua vai conseguir se virar bem. Apesar de todo o afeto que receberam, eles já tem um instinto diferente de um cachorro que já nasceu para ser um animal de esti-mação”, finaliza.

dentro de CAsA, os BiChos sÃo humAnizAdos e ConsiderAdos PArte dA FAmíliA

Felipe Dalke

imagine se o seu cão falasse. ou ainda, se o seu cão tivesse um perfil em redes sociais e se co-municasse com os outros cães da cidade através delas. o que para algumas pessoas soa como impos-sível, para alguns donos de animais de estimação isso já é realidade. As redes sociais vêm crescendo mais a cada ano e para estes ani-mais e seus donos não é diferente. existem redes sociais destina-das exclusivamente a animais, como a doggyspace.com, a petnet.pt, uniteddogs.com, a PetPremios.com, o PetKurt.com, entre outros. nesses sites, o bichinho (ou seu dono) pode criar um perfil, adi-cionar amigos, entrar em comu-nidades, publicar fotos e, em al-guns casos, até escrever um blog. “É uma nova tribo da socieda-

de que surgiu e tem tudo para dar certo. São cães que, no final de semana, se reúnem para brincar e correr no parque”, disse rafael Fabrício xavier, “pai” da cadela duda. e com essa nova tribo vem uma nova maneira de se comuni-car, pois palavras adaptadas ao contexto animal tomam espaço nas redes sociais. Para se cum-primentar, por exemplo, utilizam frases como “oi, aumigo”, “Auté depois”, “lambeijos para você”; ou ainda “me audd no msn?”, “entra na minha cãomunidade”, “Quem vai no BloCão de Car-naval?”, “Aujude, por favor” e “Vamos marcar um encãotro”. Através das redes sociais, as pessoas trocam informações im-portantes relativas a cuidados, doações e treinamento para os

animais. em alguns casos, funcio-nam como uma espécie de “clas-sificados”, onde as pessoas com-pram, vendem ou trocam produtos e serviços dedicados aos bichos de

estimação, além de marcar encon-tros dos cachorros para cruzá-los. É comum encontrar perfis de animais, nas redes sociais, em que o bicho diz estar namorando,

e geralmente, as conversas entre eles são como de namorados reais. Para mônica Campos, essa relação é exclusivamente entre os animais. “A lilica (cadela de mônica) se re-

laciona com o namoradinho dela e o dono dele é um amigo próximo, mas a relação é só dos cachorros, não passa disso. eu tenho namo-rado e o dono do roger (namora-

do de lilica) é casado”, garantiu a publicitária recém-formada. nesses casos, os donos pro-jetam em si próprios a identida-de do seu animal de estimação.

somente na comunidade “sou o lindinho(a) da mamãe!!!”, do site de relacionamentos orkut, mais de cinqüenta mil pessoas mantêm esse comportamento de troca de

identidades. segundo o psicólogo gilmar de menezes, isso ocorre devido ao excesso de tratamento afetivo ao animal. “As pessoas gostam tanto dos seus animais de estimação que tentam impor a eles a sua própria rotina, seus próprios gostos, como se o animal fosse par-te do seu dono”, explicou gilmar. Além disso, esse comporta-mento pode estar relacionado à restrição no tamanho das famí-lias modernas. “À medida em que o tempo passou, a família ampla, com vários filhos, avós, parentes e empregados deu lugar à família restrita, com o casal, dois filhos (se tanto), raros avós e nenhum parente”, pondera o psi-cólogo. “e há ainda os solteiros, inúmeros segundo as estatísticas sobre núcleos familiares compos-

tos por uma única pessoa. daí a interpretação de que os animais substituiriam outros afetos mais importantes”, explica menezes. segundo a psicóloga e psi-canalista Barbara Alessio, “a relação com os animais é uma exigência profunda e autêntica dos seres humanos, com carac-terísticas próprias. Poderíamos falar de uma ‘pulsão zoófila’, isto é, de uma antiga inclinação para estabelecer relações com outras espécies. Pode ocorrer, é claro, que o vínculo com um animal esteja substituindo outras neces-sidades, mas trata-se de uma dis-torção que pode ocorrer também em outras relações e atividades”.

donos troCAm inFormAções e ComBinAm enContros entre os BiChos

Pessoas se passam por seus animais nas redes sociaisMais de 50 mil usuários de redes sociais representam seus animais de estimação

Fellipe Gaio

Pesquisas indicam que o bom relacionamento entre humanos e animais trazem benefícios a ambos

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Curitiba, junho de 2011 comportamento08 Curitiba, junho de 2011 09Antes dA ideiA, AnimAis erAm jogAdos junto Com lixo

Em Colombo, pessoas buscam transformar a dor da perda em boas lembranças através de cemitérios e crematórios dedicados aos bichos Donos encontram destino para seus animais de estimação

Foto

: Fel

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Flores e enfeites deixam o cemitério para animais com um clima leve

Várias pessoas têm animais de estimação, mas não sabem ao certo qual destino dar aos bichos quando eles se vão. muitas vezes, os animais são entregues à pre-feitura local, que se desfaz dos corpos de qualquer maneira. Pre-ocupados com esta questão, al-gumas pessoas tiveram a ideia de encontrar o melhor lugar após o fim das vidas dos animais.

em Colombo, sandra Fuma-galli criou, em 2001, o jardim do Bom Amigo, cemitério dedica-do a animais. A ideia surgiu em 1999, quando a sua cadela de estimação, tatucha, perdeu a vida. sandra entregou o animal aos cuidados da prefeitu-ra, que deveria ter cremado ta-tucha. três meses depois, sandra procurou informações referentes ao animal e teve uma surpresa ao descobrir que tatucha havia sido jogada numa vala, no aterro

da Caximba, como se fosse lixo. nesse instante, sandra sentiu a ne-cessidade de dar aos animais um destino que os respeite. entre uma burocracia e outra, se passaram dois anos até que sandra pudesse colocar o jardim do Bom Amigo em funcionamento.

Ainda em Colombo, existe o Pet World Crematório, empreen-

dimento criado pelo mesmo mo-tivo que o jardim do Bom Amigo. segundo léia Consani, filha dos fundadores da empresa, a ideia é manter as pessoas longe do senti-mento de descaso,

ao qual os donos são submetidos quando deixam seus animais para serem jogados em valas. Ao con-trário, tomam “todo tipo de cui-dado para que a pessoa se sinta reconfortada e tenha o seu animal por perto mesmo depois da perda. É um jeito de transformar a dor da perda em boas lembranças”.

A costureira Arlete do rocio sempre esteve envolta por animais de estimação. Atualmente, Arlete tem quatro cães, dois gatos e uma ave em casa. Para ela, os animais de estimação fazem parte da fa-mília e merecem um descanso agradável. “Quando o Kiko (pri-meiro cão da costureira) se foi, o meu marido enterrou ele no meu quintal, pois a gente queria que ele tivesse descanso, e não que fosse jogado fora, que nem lixo”. no entanto, “me senti muito mal fa-zendo aquilo, acho que ele mere-cia um lugarzinho feito para isso”. Quando Arlete perdeu sua gata, Lady, ficou sabendo que havia um cemitério dedicado aos animais. “Agora ela está em paz, naquele jardim florido. Vou toda semana visitar ela. Afinal, aquele lugar é tão bonito que parece o paraíso, e não apenas um cemitério”.

sérgio Calig júnior, empresá-rio, nunca gostou muito de ani-mais. “dei o cãozinho para o meu filho porque ele me pediu muito. sempre achei que lugar de animal é no mato”. no entanto, numa his-

tória inusitada, o cachorro Bobby, salvou a vida de Lucas, filho de sérgio. “A gente estava na cháca-ra, e o lucas foi brincar com os bichos. Alguns minutos depois, o Bobby veio correndo que nem um louco e começou a me morder a barra da calça e me puxar, como se quisesse que eu fosse atrás dele. Quando fui, o Bobby me levou até o tanque onde o lucas estava

quase se afogando, depois de ter escorregado e caído. me joguei na água e tirei meu filho de lá”. De-pois desse episódio, sérgio passou a dar mais atenção ao bichinho e, quando Bobby faleceu, sérgio de-cidiu cremá-lo e mantê-lo em casa. “Eu devia isso a ele. Afinal, ele foi o anjo da guarda do meu filho”.

Fellipe Gaio

“A ideia é transformar a dor da perda em boas

lembranças”

Animais tratados como filhos: faz bem ou mal?

na maioria dos casos, é nor-mal ter animais de estimação e trata-los muito bem, mas existem pessoas que tratam esses bichos exatamente como se fossem seus filhos. Na maioria das vezes, estas pessoas costumam ter um cachor-ro ou algum outro animal a quem se apegar e ensiná-los a agir como um ser humano. de fato, menos custosos e mais fáceis de serem domados, os cachorros, por exem-plo, têm a fama de serem os me-lhores amigos do homem.

A estudante de psicologia da uel, Karen Bisconcini tem um rato como animal de estimação. A curiosa história da garota com o roedor é contada com humor. segundo ela, no primeiro ano de faculdade, os estudantes do curso fazem um experimento de três me-ses com um rato de laboratório, no qual os alunos tentam ensinar os bichos a responder seus chamados. “Cada dupla tinha um rato e ge-ralmente damos nomes para eles. eu e minha dupla conversamos e decidimos batizá-lo de joaquim emmanuel Alejandro”, conta.

Ao contrário das outras duplas da turma de Karen, ela e sua ami-ga iam praticamente todo dia para ver o rato. “no começo, eu não ti-nha coragem de pegá-lo, mas com o passar do tempo eu passei a ir lá todo dia e a pegar ele, porque mi-nha dupla ficou doente e faltou al-guns dias. Enfim, me apeguei de-mais ao joaquim, não podia passar um dia sem ver ele, parecia que ele precisava de atenção, afinal vivia preso naquela gaiola e sempre me ajudava nas aulas”, lembrou a es-tudante de psicologia.

No fim dos três meses, os es-tudantes do curso teriam duas opções: levar o rato para casa ou mandar ele ser sacrificado. Karen não suportou a ideia de matar o animal e decidiu levá-lo para casa. “no primeiro mês, meus pais não chegavam nem perto. Com o tem-po, meu pai começou a pegar ele no colo e depois foi a vez da minha mãe. Aos poucos ele foi virando o xodó da casa. Aqui em casa, nada é feito sem pensar no joaquim. Aliás, ele viaja conosco sempre e até já foi pra praia duas vezes. mi-

nha mãe conversa com ele o dia todo, cuida dele como se fosse um neto, cobre ele no frio e essas coi-sas”, completa.

Cachorros

Vera Flemming, funcionária pública, diz que trata tobinho, seu cachorro de 13 anos, como um filho, pois aprendeu isso com sua família. Apesar de ter uma filha, ela entende que o cachorro é ape-nas um animal, mas não deixa de fazer festa com ele. “ele é tratado com um cachorrinho, mas eu pego ele no colo, faço festa, converso, brinco e tudo mais”, garante ela.

Vera lembra também que sua filha Paula, de 13 anos, se dá bem com o cachorro, mas algumas ve-zes existem brigas sérias entre os dois. “Para a Paula foi uma coisa muito boa, pois ela é filha única e é um companheiro para troca de afeto, tanto de amor quanto de rai-va, são situações bem normais. Às vezes ela o trata como um irmão, tem ciúmes dele e coisas assim.”

já Kelly milanez, formada em

design de móveis na utFPr, tem duas cachorras de porte grande e entende que são tratados bem até demais, mas explica a situação: “não considero que seja pela fal-ta de filhos e/ou alguma carência afetiva qualquer, mas por conta das características desse animal de estimação mesmo. elas são duas companheiras incondicio-nais e o amor e dedicação também são incondicionais. geralmente as minhas cadelas causam ciumes em pessoas da minha familia, a minha mãe e o meu namorado são exemplos disso, principalmente o Felipe (namorado de Kelly)”, ana-lisa.

A psicóloga selma lima ana-lisa esta questão como positiva e que esta relação faz bem ao animal e ao seu dono. “tanto as pessoas como os animais ganham muito a partir de uma convivência harmo-niosa. Pesquisas demonstram que pessoas que convivem com ani-mais apresentar menor incidência de visitas a médicos e menores níveis de depressão, solidão e an-siedade”, comenta.

“Quanto ao tratamento dedica-do aos bichos de estimação como se fossem filhos, justifica-se pela relação estreita que se estabelece entre os humanos e seus animais. A interação é tamanha que o afeto aflora de forma natural sendo tam-bém encarado de forma natural esta relação. muitos casais levam em consideração que o animal tem um amor incondicional pelo dono, sem cobranças, independente da situação financeira”, complemen-ta a psicóloga.

segundo selma, os animais se acostumam com esse tipo de tra-tamento e se um dia fugirem por algum motivo, irão ficar perdidos, mas “já o cachorro que for resga-tado da rua vai conseguir se virar bem. Apesar de todo o afeto que receberam, eles já tem um instinto diferente de um cachorro que já nasceu para ser um animal de esti-mação”, finaliza.

dentro de CAsA, os BiChos sÃo humAnizAdos e ConsiderAdos PArte dA FAmíliA

Felipe Dalke

imagine se o seu cão falasse. ou ainda, se o seu cão tivesse um perfil em redes sociais e se co-municasse com os outros cães da cidade através delas. o que para algumas pessoas soa como impos-sível, para alguns donos de animais de estimação isso já é realidade. As redes sociais vêm crescendo mais a cada ano e para estes ani-mais e seus donos não é diferente. existem redes sociais destina-das exclusivamente a animais, como a doggyspace.com, a petnet.pt, uniteddogs.com, a PetPremios.com, o PetKurt.com, entre outros. nesses sites, o bichinho (ou seu dono) pode criar um perfil, adi-cionar amigos, entrar em comu-nidades, publicar fotos e, em al-guns casos, até escrever um blog. “É uma nova tribo da socieda-

de que surgiu e tem tudo para dar certo. São cães que, no final de semana, se reúnem para brincar e correr no parque”, disse rafael Fabrício xavier, “pai” da cadela duda. e com essa nova tribo vem uma nova maneira de se comuni-car, pois palavras adaptadas ao contexto animal tomam espaço nas redes sociais. Para se cum-primentar, por exemplo, utilizam frases como “oi, aumigo”, “Auté depois”, “lambeijos para você”; ou ainda “me audd no msn?”, “entra na minha cãomunidade”, “Quem vai no BloCão de Car-naval?”, “Aujude, por favor” e “Vamos marcar um encãotro”. Através das redes sociais, as pessoas trocam informações im-portantes relativas a cuidados, doações e treinamento para os

animais. em alguns casos, funcio-nam como uma espécie de “clas-sificados”, onde as pessoas com-pram, vendem ou trocam produtos e serviços dedicados aos bichos de

estimação, além de marcar encon-tros dos cachorros para cruzá-los. É comum encontrar perfis de animais, nas redes sociais, em que o bicho diz estar namorando,

e geralmente, as conversas entre eles são como de namorados reais. Para mônica Campos, essa relação é exclusivamente entre os animais. “A lilica (cadela de mônica) se re-

laciona com o namoradinho dela e o dono dele é um amigo próximo, mas a relação é só dos cachorros, não passa disso. eu tenho namo-rado e o dono do roger (namora-

do de lilica) é casado”, garantiu a publicitária recém-formada. nesses casos, os donos pro-jetam em si próprios a identida-de do seu animal de estimação.

somente na comunidade “sou o lindinho(a) da mamãe!!!”, do site de relacionamentos orkut, mais de cinqüenta mil pessoas mantêm esse comportamento de troca de

identidades. segundo o psicólogo gilmar de menezes, isso ocorre devido ao excesso de tratamento afetivo ao animal. “As pessoas gostam tanto dos seus animais de estimação que tentam impor a eles a sua própria rotina, seus próprios gostos, como se o animal fosse par-te do seu dono”, explicou gilmar. Além disso, esse comporta-mento pode estar relacionado à restrição no tamanho das famí-lias modernas. “À medida em que o tempo passou, a família ampla, com vários filhos, avós, parentes e empregados deu lugar à família restrita, com o casal, dois filhos (se tanto), raros avós e nenhum parente”, pondera o psi-cólogo. “e há ainda os solteiros, inúmeros segundo as estatísticas sobre núcleos familiares compos-

tos por uma única pessoa. daí a interpretação de que os animais substituiriam outros afetos mais importantes”, explica menezes. segundo a psicóloga e psi-canalista Barbara Alessio, “a relação com os animais é uma exigência profunda e autêntica dos seres humanos, com carac-terísticas próprias. Poderíamos falar de uma ‘pulsão zoófila’, isto é, de uma antiga inclinação para estabelecer relações com outras espécies. Pode ocorrer, é claro, que o vínculo com um animal esteja substituindo outras neces-sidades, mas trata-se de uma dis-torção que pode ocorrer também em outras relações e atividades”.

donos troCAm inFormAções e ComBinAm enContros entre os BiChos

Pessoas se passam por seus animais nas redes sociaisMais de 50 mil usuários de redes sociais representam seus animais de estimação

Fellipe Gaio

Pesquisas indicam que o bom relacionamento entre humanos e animais trazem benefícios a ambos

Page 10: Animal

Faltam inFormação e conscientização dos pescadores na atividade pesqueira

Cada espécie tem sua época de reprodução e desova que devem ser respeitadas conforme as determinações do IBAMA e do IAP

curitiba, junho de 2011 geral10

Polícia combate pesca predatóriasomente nos quatro primeiros

meses deste ano foram apreen-didos mais de 24 mil metros de redes de pesca, 49 tarrafas, 571 kg de pescados, 3 dúzias de car-anguejos e 113 kg de camarão, segundo dados da polícia am-biental do Paraná. A fiscalização da pesca predatória tem sido re-forçada no estado e muitas ações têm obtido suc-esso, pois denún-cias anônimas colaboram com o trabalho policial.

as leis são de t e r m i n a d a s pelo iap (insti-tuto ambiental do paraná) e pelo iBama, e a vistoria é feita pela polícia am-biental, afirma o tenente Álvaro Gruntowski. ele diz que para que as mesmas sejam feitas é realiza-do uma negociação entre técni-

cos do iBama, pesquisadores e pescadores.

algumas irregularidades ex-ercidas pelos pescadores são a pesca com malha fina, pesca de rede na praia e a pesca no período do defeso, que é quando as espé-cies se reproduzem, desovam ou estão no período juvenil.

a pesca pode ser considerada predatória quan-do é realizada sem autoriza-ção dos órgãos competentes, em períodos proibi-dos, com utiliza-ção de aparelhos, técnicas e méto-dos não permiti-dos, assim como

a captura de espécies preserva-das. Muitos pescadores afirmam não conhecer as leis e isso os leva a cometer o crime.

existem dois tipos de pesca,

a amadora e a profissional. Na primeira é permitido o uso de alguns petrechos simples como a linha e molinete, pois ela tem fim esportivo. E a segunda, com maior poder de captura, é real-izada como profissão, podendo ser usadas redes e tarrafas. para as duas modalidades é necessário ter a licença para pesca que pode ser adquirida no ministério da pesca e aquicultura.

na opinião de reinold Bau-disch, profissional da pesca es-portiva, o que leva os pescadores a realizar essa ilegalidade é a ignorância e ganância. “alguns amadores também utilizam re-des, tarrafas e espinhéis, sendo que por lei é proibido. e há os profissionais que utilizam este meio para sobreviver”, acrescen-ta reinold.

a pesca predatória é um dos maiores fatores de extinção de espécies afirma Jean Vitule, pro-

fessor de ecologia da uFpr. “no futuro próximo, por exemplo, um prato de sardinha poderá se tor-nar uma iguaria cara e rara”, in-forma vitule.

o ipe (instituto de pesquisas ecológicas) criou a cartilha da

Gestão participativa da pesca no litoral do paraná, que utiliza ilus-trações e uma linguagem simples para melhor compreensão dos pescadores.

Rosane Cadena

“ pesca predatória é um dos maiores

fatores de extinção”

veGanos lutam por melhor tratamento aos animais e por uma vida sem carnes

Vegetarianos usam blogs e sites para divulgar suas causasaproximadamente dois bi-

lhões de animais foram abatidos somente este ano no país, segun-do dados da ABIEC (Associação Brasileira da indústria produtora e exportadora de carne). os ve-getarianos, também conhecidos como veganos, preocupados com esses números aproveitam a influência das redes sociais e sites para expandir as causas do vegetarianismo, e trazer cada vez mais adeptos a esse estilo de vida.

existem dezenas de blogs, páginas no facebook e twitter, que defendem o vegetarianismo e suas diversas causas em defe-sa ao meio ambiente e ao direito dos animais. também há diver-sos documentários e filmes que denunciam a forma como os ani-mais são tratados desde a criação até o abatimento. “mais do que como esses animais são abatidos é preciso, através da sensibiliza-ção, fazer com que as pessoas pensem em que estão comendo, e

de que forma os animais de onde vem as carnes que consomem, estão sendo tratados”, diz Jorge Brand, vegetariano há 15 anos.

vegetarianismo é o regime alimentar, que exclui da dieta to-dos os tipos de carne e alimentos derivados e é baseado no consu-mo de alimentos de origem vege-tal.

mais do que a busca por uma vida saudável o vegetarianismo tem muitas outras causas, e a prin-cipal delas é a defesa aos animais e a preocupação na forma como eles são abatidos para o consu-

mo. “Sem exceções, animais que são usados e/ou explorados pelos humanos em qualquer situação, estão privados de sua autonomia para viverem suas vidas. além disso, há muita violência desde o manejo até o abate”, diz ricardo laurino, coordenador do grupo de curitiba da sociedade vegeta-riana Brasileira (svB).

Adepto da filosofia indiana, o professor de ioga, Jorge Brand, acredita que o vegetarianismo é a forma mais plena de buscar uma vida saudável, respeitando o meio ambiente. “vi no vegeta-

Aline Przybysewski

rianismo uma forma de vida mais benéfica, de mais saúde do corpo, onde a compaixão pelos animais é o ponto central”. Segundo Jor-ge, qualquer pessoa pode e deve aderir ao vegetarianismo, desde que alie a isso hábitos saudáveis, como a prática de exercícios físi-cos.

“Sempre identifiquei nos ani-mais seres com semelhanças mui-to maiores do que diferenças em relação aos humanos”, comenta ricardo laurino que é vegetaria-no há 21 anos e optou por esse estilo de vida e lutar pelos ideais

do vegetarianismo, por respeito ao direito dos animais.

helena maria simonard lou-reiro, professora do curso de nu-trição da PUC-PR, afirma que existem inúmeros benefícios em aderir ao vegetarianismo. “algu-mas das vantagens em ser “ve-gano”, são o baixo consumo de gordura saturada e a formação de colesterol quase zero, já que ele esta presente somente nos tecidos animais”. porém a nutricionista acrescenta que não é recomen-dado para crianças, gestantes e pessoas com problemas mais sé-rios de saúde, aderir a essa dieta sem antes consultar um profis-sional de saúde. “Crianças de-vem ter a liberdade de decidirem quando crescerem, se querem ou não aderir a esse estilo de vida”, acrescenta helena maria.

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Cad

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Policia Ambiental é a responsável pela fiscalização da pesca.

Sites, blogs e redes sociais auxiliam na divulgação do vegetarianismo.

Page 11: Animal

ASSOCIAÇÕES E CANIS ESTÃO SUPERLOTADOS

Pesquisa realizada pela Secretaria de Saúde mostra que 48% dos animais de Curitiba estão abandonados ou sofrendo maus-tratosFaltam vagas e sobram cães nas ruas

De acordo com dados da Se-cretaria de Saúde de Curitiba, existem cerca de 220 mil cães e gatos semi-domiciliados, que têm donos, mas são maltratados ou criados livremente e mais de 10 mil totalmente abandonados. A situação é preocupante para as associações e protetores, que já não têm mais vagas para os animais, e aca-bou tornando-se um problema também para as autoridades.

Os canis mu-nicipais e imensa maioria das asso-ciações privadas, que não recebem incentivos nem auxílio do go-verno, estão com sua capacidade máxima atingida e continuam recebendo pedidos e denúncias de maus tratos.

Para tentar amenizar a situ-ação, a Prefeitura de Curitiba anunciou em outubro passado que irá inaugurar, em junho, o primeiro abrigo público para animais na cidade. Inicialmente o projeto abrigará 80 animais e será localizado no antigo Cen-tro de Controle de Zoonozes, no

bairro do Gua-birotuba. A data programada se aproxima, mas responsáveis da Secretaria Municipal de Meio Ambiente não confirmam a localização, sugerindo que poderá sofrer

alteração de endereço, nem tam-pouco a data de abertura do lo-cal.

Para Karina Hauer, volun-tária da ONG Amigo Animal,

80 vagas são insuficientes, pois é possível resgatar este núme-ro em apenas uma tarde. Seria mais fácil resolver a situação obtendo uma reeducação da po-pulação: “Acredito que a solução do problema do abandono e dos maus-tratos a animais está na educação das pessoas”, afirma Karina. A ONG existe há quase 11 anos, e atualmente mantêm um abrigo para mais de 2000 animais, sobrevivendo somente com a solidariedade e ajuda de voluntários e doadores.

Pesquisa

A Organização Mundial de Saúde estima uma proporção de 10 pessoas para cada cão nos países desenvolvidos e 7 pesso-as para cada cão em países em desenvolvimento, como o Bra-sil. Censos por amostragem re-alizados em diversas partes do

país mostram uma quantidade muito maior de cães, proporcio-nalmente, com média de apenas 4 pessoas para cada cão. Sendo assim, a capital paranaense, que possui 1,85 milhões de pessoas (IBGE 2009), tem cerca de 460

mil animais.

Mariana Kais de AzevedoMiguel Rezende

Paula Lima

“Acredito que a solução do

problema está na educação das

pessoas”

ÔNIBUS CIRCULA PELAS RUAS DA CIDADE COM A INTENÇÃO DE AJUDAR FAMÍLIAS DE BAIXA RENDA

“Castramóvel” atua em áreas carentes ASSOCIAÇÃO DO AMIGO ANIMAL

www.amigoanimal.org.br

BB – Ag. 1518-0 C/C 14938-1

HSBC – Ag. 0152 C/C 04351-31

BRADESCO – Ag. 2015 C/C 19.534-0

ITAÚ – Ag. 0255C/C 33.336-1

CAIXA – Ag. 1525 C/Poupança 013-2774-9

SOCIEDADE PROTETORA DOS ANIMAIS

www.spacuritiba.org.br

CNPJ: 75.126.474/0001-83Banco: Itaú (341)Agência: 8616Conta Corrente: 15283-4

As operações do “Castramó-vel”, feitas por profissionais e alunos voluntários do Departa-mento de Medicina Veterinária da UFPR, só acontecem em ani-mais que tenham donos e sem complicações clínicas que pos-sam interferir na recuperação. O ônibus, montado pela prefeitura, conta com todos os equipamen-tos e exigências de um centro ci-rúrgico, além de um local apro-priado para o pós-operatório dos animais.

Uma das exigências para a castração é que os animais rece-bam a identificação eletrônica, ou seja, um microchip que fun-cionará como um RG com os da-dos do proprietário e do animal.

De acordo com o médico ve-terinário Rogério Robes, respon-sável técnico do projeto, além da capital, a UMEES já passou por Antonina, Pinhais, Colombo e São José dos Pinhais. “Procu-ramos atender as regiões com

maior demanda, ou seja, maior número de animais ainda não esterilizados”, conta.

Procedimento

Idealizado em Curitiba, no ano de 2010, por professores da Universidade Federal do Paraná,

a Unidade Móvel de Esteriliza-ção e Educação em Saúde tem como objetivo a castração de ca-chorros e gatos.

O ônibus faz a primeira visi-ta nos bairros para examinar os animais e receber os donos que tenham interesse em castrar seus bichos. Em outro momento, os

voluntários realizam atividades educativas sobre guarda respon-sável. O animal é encaminhado a uma avaliação clínica e, de -pois, à castração. Primeiro ele é depilado, recebe a anestesia e vai para a mesa de cirurgia, que dura, em média, 15 minutos para cães machos, 30 em fêmeas, 5 minutos para gatos e 20 em ga-tas.

Outros benefícios conse-quentes da esterilização são, por exemplo, o aumento do tempo de vida do animal e a diminui-ção de problemas com latidos e miados excessivos.

Para Robes, apenas a cas-tração não resolve o problema do abandono. “É uma ação mo-mentânea, temos que focar na conscientização da população”, afirma.

DOAÇÕES

Curitiba, junho de 2011geral 11

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Veterinários no centro cirurgico, dentro do Castramóvel

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Karina Hauer dedica seu tempo vago aos animais abandonados

Mariana Kais de AzevedoMiguel Rezende

Paula Lima

Page 12: Animal

Pedigree de cavalo Pode elevar seu valor a 16 milhÕes de dólares

Mercado de equinos cresce 20% ao ano e gera 640 mil empregos diretos no país

curitiba, junho de 2011 economia12

Cavalos geram receitas de R$ 7,3 bilhõeso mercado de equinos cresce

20% ao ano no país, de acordo com a associação Brasileira de criadores de cavalo de hipis-mo. uma pesquisa realizada pela escola superior de agricultura luiz de Queiroz (esalQ/usP) mostra que o setor gera uma en-trada de capital avaliada em 7,3 bilhões de reais, com mais de 640 mil empregos diretos e 3,2 milhões de indiretos. o Brasil possui aproximadamente 5,8 mi-lhões de cavalos.

segundo carlos eduardo ca-margo, proprietário da embryo-horse – clínica de inseminação artificial em cavalos e gados –, os empregos gerados pelos cavalos são mais numerosos do que os da indústria automobilística. ele conta que a equideocultura pode servir como investimento devido ao que pode ser comercializado dos animais. “os valores variam de acordo com a raça e/ou com a premiação do cavalo”, diz ca-

margo. o sêmen do equino varia de r$ 1.000 a r$ 20.000, en-quanto embriões podem valer de r$ 30.000 a r$ 100.000. os ma-teriais mais caros vêm da euro-pa, ficam congelados em botijões de sêmens e depois são vendidos para o Brasil inteiro.

o setor esportivo também gera lucro com a corrida de cava-los, chamada Turfe. roberto mi-cka, responsável pelo jornal e site Brasil Turfe, afirma que o retorno neste esporte depende da perfor-mace do animal. se uma pessoa aposta em um cavalo favorito - com mais chances de vencer - ela ganha r$ 1,50 multiplicado pelo valor da aposta. Quanto menor a chance de vitória da dupla corre-dora, maior é o valor pago.

No Brasil, já tivemos apostas vencedoras que chegaram a r$ 1,5 milhão. a prova com maior premiação do mundo é a “dubai World cup”, disputada nos emi-rados Árabes. o prêmio é de us$

10 milhões, sendo us$ 6 milhões ao proprietário do animal vence-dor. glória de campeão, cavalo nascido no haras santarém, loca-lizado em são José dos Pinhais, venceu a competição em 2009.

entrar no mundo de cavalos, apesar do retorno visível no in-vestimento, não é barato. micka

Lidyane Pereira

humaNização de aNimais gera cusTo exTra No orçameNTo familiar

CÃES DO SÉCULO XXI VÃO À CRECHE E À ACUPUNTURA

Licença para transporte aéreoMuitas pessoas têm von-

tade de viajar de avião com seu pet, mas não conhecem as condições e exigências necessárias. Saiba como transportar seu animal de estimação em viagens aére-as.

Cães, gatos e coelhos, por serem animais de pe-queno porte, podem ser transportados com facilida-de, pois não são exigidas instalações específicas no aeroporto para embarque e desembarque.

Já para animais de médio e grande porte, as condições são diferentes. Todos ne-cessitam de documentação prévia de entrada e saída, regulamentação realizada pelo Ministério da Agricultu-ra e fiscalização da Secreta-ria de Agricultura. Sem esta documentação necessária, o animal pode ser conside-rado clandestino e pode ser até sacrificado.

Segundo Nelmar Nunes Wendling, médico veteriná-rio e fiscal federal agrope-cuário do Ministério, o Aero-porto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pi-nhais, não permite o trân-sito dos grandes animais, devido à falta de instalações adequadas para o manejo deles.

É necessário que o ani-mal tenha o Certificado de Vacinação anti-rábica, uma caixa de transporte – chama-da kennel –, onde o animal possa dar ao menos uma volta completa em torno de si, e atestado de saúde emitido pelo veterinário. No caso da TAM Linhas Aéreas S/A, é cobrada uma taxa de R$90,00, somado ao peso do kennel e do animal multipli-cado pelo correspondente a 0,5% da tarifa cheia do tre-cho a ser voado.

“os animais estão sendo hu-manizados pela sociedade a cada dia que se passa”, diz a veteriná-ria renata schrouser. segundo o iBge, o número de pessoas que moram sozinhas aumentou. Na verdade, essas pessoas não estão sozinhas, grande parte divide o

seu espaço com os animais, em especial, os cães. isso faz com que sejam criados como filhos, verdadeiros membros da família.

as atividades para animais estão mais diversificadas: creche, acupuntura, clínica de estética, dentre outros, e tudo tem um cus-to que nem todos podem pagar. segundo a proprietária de uma creche de cães, regina martins, as pessoas levam os animais para o estabelecimento para que eles possam se acalmar, pois “99,9% dos animais vivem em aparta-mento, e isso pode deixa-los es-tressados”.

outro objetivo do empreen-dimento é que o cão possa fazer exercícios físicos. “Nunca vi tan-to cachorro obeso e com probe-lam de saúde, como atualmente”, diz regina.

essa atividade tem o custo se-melhante a uma creche de crian-ça. “a diária sai em torno de r$ 20,00, sendo que temos os paco-

tes para toda a semana, ou par-te dela”, diz regina. um pacote mensal de cinco dias por semana sai em torno de r$ 350,00, mas existem pacotes mais flexíveis, com apenas alguns dias por se-mana.

a alimentação dos animais na creche não é ofertada. “hoje, cada cachorro come uma ração diferente, então não tem como oferecer isso a eles, cada dono tem que trazer a lancheira do fi-lho”, diz regina. atualmente, existem trinta e dois mensalis-tas na creche, sendo que por dia comparecem cerca de vinte e cin-co cães, fora os animais que vão apenas para banho e tosa.

fernando rodrigues, analista contábil, é ‘pai’ de fiona, cão da raça Whippet. ele diz que ter ca-chorro é como ter um filho, “você pergunta para as pessoas onde elas deixam seus filhos e desco-bre que existe uma creche”, com-pleta. O analista afirma que levou

Fiona para creche porque ela fica sozinha no apartamento e acaba destruindo tudo, “mas na creche ela brinca o dia inteiro e fica cal-ma por uns dois dias”, completa.

lilian rangel, veterinária, faz acupuntura em animais há doze anos. “algumas pessoas pensam que isso é uma atividade exótica, quando na verdade é um trata-mento para o animal” diz. cada sessão custa em média r$ 30,00 podendo ser adquirido pacotes. “Para que se tenha o efeito dese-jado, apenas uma sessão não bas-ta, é necessário no mínino dez”, confirma a veterinária. Na clíni-ca, são atendidos cerca de trinta e cinco animais por dia.

segundo regina, essa huma-nização nem sempre é favorável ao cachorro. Pintar a unha, colo-car roupas exageradas, entre ou-tras atividades, pode prejudicar a saúde do cão.

Alexandre SenechalPatrícia I. de Lima Pereira

conta que a raça de cavalo de cor-rida mais valorizada no merca-do, puro sangue inglês, aos dois anos de idade pode custar de r$ 3.000 à r$ 500.000. um equino da mesma raça nos eua tem seu valor elevado, podendo valer até us$ 16 milhões.

Fiona voltando da creche

Cavalo Ligeirinho, corredor de turfe

Isadora Domingues

Page 13: Animal

espécies exóticas invasoras são segunda causa mundial de perda da biodiversidade

Com um comitê formado pelas secretarias de educação, meio ambiente, saúde e três ong’s, o IAP atua pontualmente nas causas estaduais

curitiba, junho de 2011política 13

Virginia Crema

Paraná é pioneiro na proteção ambientalFo

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Na esquerda, a espécie invasora: o caramujo-gigante-africano. A direita o nativo brasileiro: caramujo Mega.

cerca de 80% dos municípios do estado do paraná tem conhe-cimento sobre espécies exóticas invasoras no seu território, con-tudo, 64% afirmam não realiza-rem ações para combatê-las. es-ses são os dados fornecidos pelo instituto ambiental do paraná (iap). espécies exóticas inva-soras (EEI) são aquelas que, sem a intervenção direta do homem, avançam sobre as populações lo-cais e ameaçam habitat naturais, causando impactos econômicos, sociais e culturais. em realidade, as EEI são reconhecidas como a segunda causa mundial de perda da biodiversidade.

a coordenadora do programa do estado do paraná para espé-cies exóticas invasoras, odete T. Bertol Carpanezzi, 57 anos, sublinha que essas espécies não têm fronteiras políticas, somen-te ambientais, o que dificulta o controle das invasões. destacado internacionalmente, o programa criado e implantado pelo iap, é pioneiro. “O Paraná saiu na fren-te e criou um comitê estadual, que engloba as Secretárias do meio ambiente, saúde, educação e agricultura e três ong’s. o co-mitê auxilia nas pesquisas, dire-ciona o trabalho de planejamento e acaba chamando atenção para um tema tão importante”, expli-ca sílvia Ziller, 46 anos, diretora Executiva e Sócia-fundadora do instituto Hórus, participante do comitê e a única ong nacional que trabalha exclusivamente com as espécies exóticas.

entre as políticas implan-tadas pelo projeto, em 2009 o iap lançou a primeira lista de espécies exóticas invasoras do Brasil, destacando a fauna e flo-ra estadual. com as parcerias do Comitê, realiza ações nas escolas estaduais, com videos institucio-nais, nas rádios, com o programa rádio saúde, além do programa lançado no mês passado de con-trole ambintal no Parque Estadu-al de Vila Velha.. As ações são sustentadas pelas leis federais e estaduais, no âmbito nacional e pela Convenção da Biodiversida-de, no âmbito internacional. con-

juntamente com os municípios do estado, o iap pretende criar uma rede de ações. “Nossa percepção, após quatro anos de projeto, é que a chave do sucesso está no escla-recimento público. ele serve para quebrar paradigmas, e as pessoas podem entender o nosso objetivo com todo este trabalho”, conclui odete.

AÇÕES

“As ações estão acontecen-do, mas a ajuda dos cidadãos é muito importante. Muitos não sabem nem ao menos quais são as espécies exóticas do seu esta-do”, comenta Sílvia. Na flora pa-ranaênse destacam-se: o pinus, o eucalipto, a goiaba e o beijinho. Na flora, são exóticos: os pom-bos, o camundongo, a tilápia, o sagui, a abelha e as diversas es-pécies de gato e cachorro. mesmo nossos animais preferidos de es-timação podem causar grandes problemas: “o cachorro tem uma ninhada, o dono não sabe o que fazer e aca-ba abandonando os filhotes na beira de alguma estrada. esses animais acabam crescendo e se espalhando dentro de áreas de outros predadores, tornando-se, assim, uma espécie exótica inva-

sora” exemplifica Sílvia. um dos grandes invasores

nacionais é o caramujo-gigante-africano, presente em 23 estados brasileiros. A espécie foi intro-duzida no Brasil em 1988 como alternativa ao cultivo do escargot. contudo, além da baixa aderên-cia ao prato francês, o caramujo em si não é próprio para consu-mo. os produtores, sem ter onde vendê-los, acabaram soltando as criações, que com rapidez inva-diram o habitat natural da nossa espécie nativa, o caramujo mega. segundo o estudante do 6 º pe-ríodo de biologia da puc-pr e participante do núcleo de estu-dos de comportamento animal (nec), Jhonatan rodrigues de Lima, 29 anos, o invasor traz problemas em três áreas: econo-mia, ecologia e saúde. nas duas primeiras, pela alta capacidade de devastar as plantações e a flo-ra nativa. mas, “o caramujo ainda

causa problemas de saúde pública. ele é o transmis-sor de um verme, angiostrongylus, causador da me-ningite e de doen-ças abdominais”, conta Jhonatan.

o grande pro-blema permanece

na falta de conhecimento sobre o assunto e do descaso de muitos. O volume de ações realizadas em diversos meios, seja na uni-

versidade, pelas ong’s ou pelo próprio comitê retoma o foco. “O volume acaba alcançando a aten-ção dos órgãos estaduais, subin-do na agenda de estados e mu-nicípios, e o próprio ministério público tem se preocupado com

o assunto, mas muitos têm falta de informações no momento de adquirir um animal ou uma plan-ta ornamental, não percebendo os riscos que sua ação pode acarre-tar”, reflete Sílvia.

SERVIÇOS:

instituto Hórus: www.institutohorus.org.br

programa para espécies exóticas invasoras no paraná/ iap: w w w . i a p . p r . g o v . b r / m o -d u le s /c o n t e u d o /c o n t e u d o.php?conteudo=811

núcleo de estudos de comporta-mente animal - pucpr:http://etologia-no-dia-a-dia.blo-gspot.com/

“mesmo nossos animais de

extimação podem causar problemas”

o jovem advogado So-bral Pinto, em 1935, assume a defesa de Luis Carlos Prestes, um dos líderes da Intentona Comunista, ação que teve como intuito as defesas dos ideais comunistas de cunho político-institucional contra um goverante autoritário. Den-tre as inumeras batalhas que arquitetou, ressalta-se o episó-dio no qual denunciou o trata-

mento desumano conferido aos presos políticos. Em sua defesa, visto que os direitos e garantias individuais estavam “mascarados” pelo governo au-toritárista, usou um recorte de jornal de 1937, em que mostra notícia de que Mansur Karan, em Curitiba, fora condenado à prisão por ter espancado um cavalo até a morte. Sobral utilizou a decisão judicial e usou em defesa do réu a Lei de Proteção aos Animais, na tentativa de resguardar a inte-gridade física dos presos políti-cos. Segundo suas palavras: “já que a lei dos homens era insuficiente para impedir os açoites, pelo menos que fosse protegido como um animal, para que as torturas cessas-sem”. Seu cliente, entretanto, só conseguiu a liberdade com a anistia promovida em 1945.

Virginia Crema

CURIOSIDADE POLÍTICA A

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Luís Carlos Prestes

Page 14: Animal

tratamentos alternativos ganham novos pacientes por sua eficiência

Os compostos, não tão conhecidos no Brasil, amenizam problemas comportamentais, de pele, ósseos e até cancerígenos

curitiba, junho de 2011 saúde14

Animais usam Homeopatia e Floraishomeopatia e florais de Bach

são tratamentos alternativos que podem ser usados em todos os tipos de animais. não são reco-mendados somente para proble-mas que precisam de intervenção cirúrgica e em emergências, se-gundo veterinários homeopatas. as doenças mais tratadas são as de pele, de comportamento e as causadas pelo sedentarismo.

o primeiro médico vete-rinário a se especializar em homeopatia animal no Brasil, antonio sampaio, explica que o tratamento aplicado em animais é o mesmo usado em humanos. ele conta que os animais rea-gem muito bem à homeopatia, porém existem os obstáculos de cura, que são variáveis que inter-ferem no animal. “um exemplo, é quando a doença está em nível avançado ou em estado terminal, e quando o dono não medica cor-retamente”, afirma Sampaio.

o veterinário diz que a ho-meopatia é considerada mais científica do que a ciência nor-mal, pois analisa tudo o que está envolvido, não somente os sin-tomas. uma consulta pode durar até mais de 3 horas, e nela são verificados os aspectos mentais, físicos e gerais, no qual é gera-do um perfil do paciente para utilizar o com-posto específico dentre os 5 mil existentes.

eva Bertag-noli, dona do lhasa apso Dudu de 6 anos, procurou a ho-meopatia para o cão devido ao seu comportamento agressivo quando filhote, e por uma in-flamação no ouvido que não foi resolvida com alopatia – remé-dios tradicionais. atualmente o cão recebe tratamento para ar-trose, dores de estômago e aler-gia. “nunca mais tratei ele com nenhum outro tipo de remédio”, conta eva.

o homeopata antonio sam-paio afirma que animais domés-

ticos têm as mesmas doenças humanas, principalmente as causadas pelo sedentarismo. ele conta que as mais tratadas são as comportamentais, como a de-pressão, medo, ansiedade e agres-sividade. também as doenças de pele, ósseas, cânceres, problemas cardíacos e diabetes.

vânia sil-veira, funda-dora do centro Brasileiro de h o m e o p a t i a ve t e r i n á r i a , trabalha na área há 23 anos e conta que todos os animais, inclusive os sil-vestres, respon-dem da mesma

forma. “Já tratei até furão com homeopatia, mas minha especia- lidade são cães e gatos”, declara.

a veterinária homeopata co-mentou o caso da cadela pituca, que tinha 70% do estômago tomado por câncer. somente com a homeopatia ela voltou a se alimentar, ganhou peso e viveu mais 7 meses. “a homeopatia tem respostas positivas mesmo com doenças graves”, destacou.

vânia também comentou

que o tempo de tratamento ho-meopático depende da doença, que pode ser aguda ou crônica. por conta disso o caso pode ser resolvido em horas ou ser tratado a longo prazo.

ana lúcia girardi, que tem uma golden retriever, raça de caça, começou a tratar seu ani-mal quando tinha 2 meses por ser um cão muito agitado. a golden chamada Bella, tem quase 4 anos e toma o medicamento até hoje como uma medida preven-tiva a sua ansiedade. ana lúcia descobriu a homeopatia quando seu outro animal de estimação teve sérias complicações por pro-blemas neurológicos. após esse episódio ela procurou por outros tratamentos, e com isso seu ani-mal se curou e viveu por mais 4 anos.

conforme o que dizem os médicos veterinários, a homeopa-tia não é tóxica, pois as plantas são matéria-prima e delas são retira-das as essências. ela não pode ser usada na reposição de nutrientes e hormônios, nem em interven-ções cirúrgicas ou emergenciais. não existe contra-indicação, mas deve ser usada com orientação médica.

Florais de Bach

os florais de Bach, tam-bém usados em humanos, são mais uma das opções de trata-mentos alternativos para os ani-mais. Diferente da homeopatia, os florais são extratos naturais com essências de flores. Seu uso acontece há mais de 10 anos na europa, e no Brasil, vem se inten-sificando há aproximadamente 3 anos.

segundo márcia rissato, dire-tora de marketing da importado-

ra dos florais de Bach originais mona’s flowers, “assim como as pessoas procuram tratamentos complementares para elas com mais frequência, também acon-tece esse aumento de demanda para o mundo pet, já que os flo-rais tem como princípio tratar as emoções, e os animais também as tem”.

márcia comentou que as es-sências de Bach não têm contra-indicação, e que agem mais rapi-damente em animais e crianças. também destaca que qualquer animal pode tomar, porém são mais procurados para cães e ga-tos.

Diva tadeu silva, terapeuta floral há 20 anos, já teve dois cães que usaram os florais. A primeira foi sua Dachshund so-fia, que sempre foi muito frágil e sofria com fortes medicamen-tos. Ela contou que Sofia reagia muito bem às essências, prin-cipalmente as calmantes. seu segundo animal de estimação, a Beagle chamada cherrie, que é uma raça normalmente agitada, também toma os florais cal-mantes, e segundo Diva, a beagle tem respondido bem ao medica-mento.

Maria Elisa Brenner BuschRafaela Carvalho

“nunca mais tratei ele com

nenhum outro tipo de remédio”

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Vânia Silveira, veterinária homeopata e sua caixa de medicamentos

Ana Lúcia Girardi e sua cadela Bella tomando seu remédio homeopático

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AS HISTÓRIAS DE CÃES QUE SALVARAM VIDAS

Melhores amigos do homem, os cães provam por que são os animais mais fiéis aos donos em vida e após a morte

Curitiba, junho de 2011Cidades 15

Camila Galvão

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Cães foram cremados em cerimônia com honras militares

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Todo PM que morre em serviço recebe honras militares. Dox e Lyon eram considerados oficiais e foram home-nageados em suas despedidas. Os cães, que morreram durante uma perseguição policial em Belo Horizonte (17/05), estavam na corporação desde os 4 meses e fal-tava pouco para a aposentadoria. Não só os policiais sentem a falta dos animais, a cachorrinha Ula, irmã de Dox ficou horas na carroceria de um carro desde o ocor-rido. Foi o último lugar onde o irmão esteve. Dox e Lyon não escolheram ter uma “profissão”, mas defenderam os policiais com a própria vida, deixando oficiais com a sensação de ter perdido alguém da família.

Cães policiais morrem em ação

Laila, a cachorrinha que virou heróina ao salvar a vida de um bebe em Curitiba, e seu dono Helmuth

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Em troca do grande feito, Laila só pede atenção e afeto de seu dono

Oito milhões. Esse é o nú-mero de crianças abandonadas no Brasil. Apenas na grande São Paulo uma criança é abandonada por dia pela mãe. Os dados, que foram levantados pela Assistên-cia e Desenvolvimento Social de São Paulo, não são oficiais, mas tentam mostrar a cara do descaso no país. Na capital paranaense não existem números específi-cos sobre o abandono de incapaz, mas os casos não são raros.

No inicio do mês de junho, em menos de uma semana, duas recém nascidas foram abandona-das no bairro Uberaba em Curi-tiba. Uma foi encontrada morta, dentro de uma caixa de sapatos, na praça do bairro. A outra teve a sorte mudada por um pequena heróina.

Na quinta feira, dia 9, ca-chorrinha Laila, de quatro anos, latiu insistentemente até chamar

atenção de seus donos, o casal Helmuth Kroska, 83 anos, e Lu-cia Khoska, 76 anos, além da fi-lha Lucia Helena. Helmuth conta que a cachorra tem bom compor-tamento e não costuma latir à noite. Porém, naquela quinta feira, que che-gou a registrar uma das meno-res temperatu-ras na capital, o comportamento diferente de Laila fez com que a filha do casal fosse até o portão ver o que a incomodava. “Eram quase 10 horas da noite. Nós já

estávamos nos preparando para deitar e a Laila não parava de la-tir. Minha filha saiu de casa e já ouviu o choro do bebe que esta-va em frente ao nosso portão.” A pequena menina, de aproximada-

mente 3 dias, estava envolta em um cobertor que acabou se abrin-do com os movimentos da crian-ça. Segundo Helmuth, o bebe já apresentava sinais de hipotermia,

tendo os dedos das mãos arro-xeados. O casal chamou os bom-beiros e a criança foi encaminha ao Hospital do Tra-balhador. Laila não sabe que sal-vou uma vida, e a

única coisa que pede em troca do grande feito é a atenção do dono, deixando a bolinha em seu pé para que ele a jogue para ela.

Outros Casos

Diferente de Laila, o cão Cel, da raça Pastor Alemão, não teve o mesmo reconhecimento por parte de seus donos. Atingido com dois tiros em um assalto, o cão que protegeu um casal aca-bou abandonado em um terreno baldio por aqueles que deveriam ser seus protetores. Deixado para morrer, o cão foi resgatado por uma ONG, que tratou do animal com todos os cuidados que pode. Tido como verdadeiro herói, Cel foi envenenado e morreu pouco tempo depois de ser salvo. Ana Elis Costa, que acompanhou o caso de perto, relata a indigna-ção com a história: “Assim como o Cel, outros cães sofrem com a violência e o descaso da socieda-de, que não enxerga o real valor desses animais incríveis”.

A morte também foi o fim para dois cães policiais, que em seu trabalho para ajudar a nação e protejer seus donos acabaram atingidos por tiros em uma perse-guição policial. (Box)

Fidelidade

A amizade e fidelidade ani-mal já foram tema de livros e filmes, como o famoso “Sempre ao seu lado”, com o ator Richard Gere. O longa, inspirado em uma história real, conta o drama vivi-do por Hachiko, um cão da raça

akita, que não abandona o seu dono nem após a morte do mes-mo. Em 2009, um caso semelhan-te aconteceu no bairro Boqueirão, em Curitiba. Abraão Camilo, 22 anos, foi alvejado com 10 tiros depois de se envolver em uma briga em uma lan house. Ins-

tantes depois, o cachorro chega e encontra o corpo do dono, já sem vida. O animal se aninha no braço de Abraão e só sai quando o carro do IML recolhe o corpo horas depois. Márcio Barros, 37 anos, está acostumado a presen-ciar cenas dramáticas. Atuando como jornalista policial, conta que nas cenas de crimes sempre há cães. “Além das crianças, que infelizmente estão cada vez mais presentes em situações de assas-sinato, os cães também sempre estão perto dos corpos”, revela o jornalista. Crenças de povos an-tigos já citavam o animal como ligação à passagem entre a vida e a morte, guia das almas dos homens no seu percurso até ao paraíso ou guardião das portas do inferno.

“A sociedade não enxerga o

real valor desses animais incríveis”

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