animação: arte em movimento

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS Gabriel da Silva Abreu Animação: Arte em Movimento Canoas/RS 2010

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Trabalho de Curso apresentado por Gabriel da Silva Abreu em julho de 2010

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Page 1: Animação: arte em movimento

UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

Gabriel da Silva Abreu

Animação: Arte em Movimento

Canoas/RS

2010

Page 2: Animação: arte em movimento

Gabriel da Silva Abreu

ANIMAÇÃO: ARTE EM MOVIMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado (a) em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil.

Orientador (s): Me. Ana Lúcia Beck.

Canoas/RS

2009

Page 3: Animação: arte em movimento

Dedico este trabalho aos meus pais,

Telmo e Maria, e a minha avó Ledi por

todo apoio que me deram durante

estes anos, e por terem me

proporcionado o contato com as Artes

desde a infância.

Page 4: Animação: arte em movimento

AGRADEÇO

ao meu irmão Telmo Junior que varias vezes me

ajudou para que pudesse chegar à faculdade;

a todos meus outros irmãos que são motivação a cada

dia;

a Fabiana minha noiva que me apoiou nos momentos

mais difíceis desta trajetória; aos colegas de serviço

pelas trocas de jornada para que pudesse assistir as

as aulas;

aos colegas de faculdade em especial a Taís e

Verônica que várias vezes me emprestaram as

fotocópias solicitadas pelos professores;

e por fim aos professores por todo conhecimento que

me ajudaram a desenvolver durante estes anos.

Page 5: Animação: arte em movimento

“O bom humor espalha mais felicidade que todas as riquezas do

mundo. Vem do hábito de olhar para as coisas com esperança e de

esperar o melhor e não o pior.”

Alfred Montapert)

Page 6: Animação: arte em movimento

RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido nas disciplinas de estágio I, III e VI do

curso de Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil em Canoas, que relata o

Projeto “Animação – Arte em movimento”, que tinha como objetivo a utilização da

Animação como metodologia do ensino das Artes Visuais. Este projeto foi aplicado

junto à turma 102, primeiro ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino

Fundamental e Médio Rafaela Remião, situada no município de Porto Alegre. O

tema do projeto foi escolhido com base nas observações silenciosas nas quais os

alunos demonstravam certo desinteresse pelas atividades propostas assim como

pelo conteúdo das aulas, e com base nos questionários respondidos pelos alunos

que demonstraram vontade de trabalhar com materiais diferenciados. O projeto

buscou ao longo de sua aplicação a ênfase no desenvolvimento da animação em

todos os passos necessários para o desenvolvimento desta, iniciando pelo roteiro,

criação dos personagens e cenários, modelagem dos personagens até a pós-

produção das mesmas, e concomitantemente a isso em que aspectos a Arte estava

envolvida em cada um dos passos para a criação destas produções. Por exemplo

quais as poéticas são utilizadas em cada uma das etapas, por exemplo, o desenho

na criação dos personagens e cenário. Nas primeiras aulas foram feitas discussões

com os alunos com o tema “O que é Arte para mim” e com a atividade de leitura de

imagem, as aulas subseqüentes foram direcionadas para a produção das

animações. No decorrer do projeto ocorreram diversas situações que não haviam

sido previstas e que acabaram enriquecendo a vivência em sala de aula.

Ao final do projeto foram desenvolvidas animações que superaram as

expectativas tanto dos alunos quanto dos professores, mostrando que esta

experiência foi de grande valia para todos os envolvidos.

Palavras- chave: Animação. Artes Visuais. Vivência

Page 7: Animação: arte em movimento

SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 07 1. O QUE É ANIMAÇÃO? .......................................................................................... 09 1.1.ANIMAÇÃO: REPRESENTRAÇÃO DE MOVIMENTO DO TEMPO DAS CAVERNAS AOS DIAS DE HOJE ............................................................................. 10 2. ANIMAÇÃO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA ............................................. 24 3. CONFRONTO COM A ESCOLA (OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS) .................... 29 3.1 OBSERVAÇÕES 1 E 2 – TURMA 102.............................................................. 29 3.2 OBSERVAÇÕES 3 E 4 – TURMA 102.............................................................. 30 3.3 OBSERVAÇÕES 5 E 6 – TURMA 102.............................................................. 31 3.4 ANALISE DAS OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS.............................................. 31 4. PROJETO DE ENSINO.......................................................................................... 33 4.1 ENCONTROS 01 E 02 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 33 4.2 ENCONTROS 03 E 04 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 36 4.3 ENCONTROS 05 E 06 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 38 4.4 ENCONTROS 07 E 08 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 43 4.5 ENCONTROS 09 E 10 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 45 4.6 ENCONTROS 11 E 12 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 48 4.7 ENCONTROS 13 E 14 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 50 4.8 ENCONTROS 15 E 16 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 53 4.9 ENCONTROS 17 E 18 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 57 CONCLUSÃO............................................................................................................. 58 REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 62 APENDICE................................................................................................................. 64 ENTREVISTA ALUNO 1............................................................................................. 65 ENTREVISTA ALUNO 2.......................................................................................... 66 ENTREVISTA ALUNO 3.......................................................................................... 67 ENTREVISTA ALUNO 4.......................................................................................... 68 ENTREVISTA ALUNO 5.......................................................................................... 69 ANEXO....................................................................................................................... 70

Page 8: Animação: arte em movimento

INTRODUÇÃO

O interesse por Animação começou no decorrer do curso de Licenciatura

em Artes Visuais, este tipo de Arte era tido por mim como um hobby, um objeto de

pesquisa, mas a partir das observações feitas na turma 102, primeiro ano do ensino

médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rafaela Remião, e

debates em sala de aula em outras disciplinas do curso de Artes Visuais acabaram

servindo como oportunidade de utilizar esta manifestação artística, ou seja, utilizar a

Animação como metodologia para o ensino das Artes Visuais, sendo este o objetivo

do projeto aqui apresentado.

O maior empecilho para o desenvolvimento do projeto foi a escassez de

material bibliográfico assim como outras referências Mas, após pesquisa, foi possível

localizar alguns autores (a maioria em monografias e trabalhos acadêmicos

disponíveis na internet em sites de instituições de ensino superior) para desenvolver

assim como para embasar este trabalho.

Esta monografia esta dividida em 4 (quatro) capítulos. O primeiro trata da

história da Animação, desde a representação do movimento no tempo das cavernas

através das pinturas rupestres até as técnicas mais atuais da Animação feitas

através da computação gráfica, passando pelos ‘brinquedos’ ópticos desenvolvidos

nesta busca pela representação/ilusão de movimento.

Neste capitulo foram utilizados os autores/pesquisadores, Wiliam

Andrade, Paula Cruz, Daniel Werneck e Ana Carolina Vita, que tratam da história da

animação ao longo da história, além destes autores foram utilizadas outras fontes de

pesquisa como o documentário The Pixar Story, que relata a história deste estúdio e

alguns aspectos sobre a história da animação.

Page 9: Animação: arte em movimento

O segundo capitulo faz um breve apanhado sobre a atual realidade da

escola (tendo como base a escola onde o projeto foi aplicado) e a utilização da

Animação como metodologia para o ensino da Arte, bem como suporte para

expressão dos alunos, isto por esta abranger diversos aspectos das Artes mais

tradicionais (desenho, pintura, escultura, fotografia). Este capitulo está embasado

nas obras de Claudia Almeida, Analice Pillar, Maria Castanho e Tatiana Vieira, Edith

Derdyk, Miriam Martins e Sergio Vilaça, os quais, abordam a utilização da animação

assim como de outras linguagens em sala de aula.

O terceiro capitulo aborda as observações silenciosas feitas na turma 102

que junto com as respostas dadas pelos alunos, acabaram resultando no projeto

‘Animação: Arte em Movimento’. Além das características da turma, por exemplo,

sua relação com as aulas de Artes Visuais antes do início do projeto, há uma

sucinta descrição sobre a localização da escola e por consequência a sua realidade.

O quarto capitulo traz o projeto aula a aula com o planejado para esta e

em seguida o que foi realizado. É possível perceber no decorrer deste capitulo que o

planejado sofreu diversas modificações para se adaptar as necessidades da turma.

Os autores utilizados para o embasamento deste capitulo foram, Analice Pillar, Edith

Derdyk, Maria Castanho e Tatiana Vieira, referente a realidade dos jovens e a midia,

Lowenfeld, que trata da arte que cerca os adolescentes e muitas vezes não é

percebido pelos mesmos. Em uma questão mais técnica foi utilizada a autora Betty

Edwards.

Por fim teremos a conclusão com os aspectos que sobressaíram durante

a aplicação do projeto, assim como mudanças necessárias para um melhor

aproveitamento por parte da turma durante o estágio.

Page 10: Animação: arte em movimento

1. O QUE É ANIMAÇÃO?

Neste capitulo será apresentado o que é Animação e algumas técnicas

bem como um breve histórico em um panorama internacional e nacional da criação

desta arte até a contemporaneidade.

Para iniciarmos é necessário saber qual o conceito que estamos

utilizando para animação1, palavra derivada do verbo animar que significa dar vida a,

ou seja, o animador é aquele que ‘da vida’ a algo inanimado através de qualquer

uma das técnicas (stop motion, flip book, 3D, etc.) que serão abordadas mais

adiante. Além do conceito de animação é necessário citar, mesmo com a atual

‘explosão’ das animações existe ainda certo preconceito em relação a esta e o

cinema tradicional (cinema com atores reais), pois a grande maioria da população

associa a primeira a algo menos sério direcionado para crianças o que é um

equivoco já que o que realmente importa em qualquer um dos dois é a história

contada. Fora este primeiro preconceito, temos também questões orçamentárias,

pois para produzir uma animação em relação a um filme com atores reais é que a

primeira necessita de muito mais tempo e por consequência dinheiro como nos

relata Cruz:

De fato, a necessidade de se produzir com rapidez e com baixo orçamento, estabelecida na indústria dos bens simbólicos ao longo dos anos, vem sendo um entrave no desenvolvimento da produção de filmes animados, que em geral demandam mais tempo – e, portanto, mais dinheiro– para sua realização. Para se ter uma idéia, lembremos que cada segundo de filme contém 24 frames; no caso dos filmes de Disney, eram exibidos em média 4 desenhos a cada frame (96 desenhos por segundo); como os longas-metragens duravam cerca de 80 minutos, a cada filme eram criados em torno de 460.800 desenhos finalizados – sem contar os desenhos de teste, esboços etc. que levavam esse número à ordem de 2 milhões e meio.2

Apartir desta afirmação podemos perceber que a produção de animações

é mais trabalhosa, pois para ser feita os produtores partem do nada, ou seja, a

forma como o personagem ira se mover, como vai se expressar e cada fala tem de

1 Animação, s.f. Ato ou efeito de animar, movimento; vivacidade na expressão fisionômica, arrebatamento. FERNANDES, Francisco. DICIONÁRIO BRASILEIRO GLOBO ILUSTRADO, 1º volume A, 9ª edição, ed. Gêmeas distribuidora de livros ltda., SP 1982 2 CRUZ, Paula Ribeiro da. Do desenho Animado à Computação Gráfica: A Estética da animação a Luz das Novas Tecnologias, 2006 Disponível em: < http://www.bocc.ubi.pt/pag/cruz-paula-desenho-animado-computacao-grafica.pdf >. Acesso em: 2 jun. 2009

Page 11: Animação: arte em movimento

ser pensado pelo diretor e o restante da equipe sem contar com a interpretação de

um ator.

Após este breve relato em relação ao conceito de animação e quanto a

certo preconceito quanto à mesma, bem como o porquê de as animações não serem

tão populares quantos os filmes living-action (filme com atores reais), passaremos a

parte histórica da animação.

1.1 ANIMAÇÃO: REPRESENTAÇÃO DE MOVIMENTO

DO TEMPO DAS CAVERNAS AOS DIAS DE HOJE

Desde que os homens viviam nas cavernas já procuravam retratar os

movimentos através de desenhos onde representavam animais com quatro pares de

patas bem como cenas de ação representadas pelas imagens de caça.

Desenho rupestre representando animal com quatro pares de patas

(WILLIANS, 2001 p.11)

Como nos diz Andrade e Toledo:

Page 12: Animação: arte em movimento

As pinturas rupestres têm sido estudadas sob diversas óticas, desde livre expressão até rituais de magia. Seja qual for a verdade por trás desses registros, o mais importante é perceber que eles servem para contar uma história a partir de um meio. Neste caso, o meio visual, através da concepção de uma imagem. [...] Em tais representações também são encontradas tentativas de demonstrar movimentos, com desenhos de um animal, por exemplo, com várias patas adjacentes.3

Na Grécia antiga também existiam tentativas de representação do

movimento em vasos onde eram pintados diversos momentos de uma mesma ação,

como caminhar, por exemplo.

Já no século XVII, um inventor chamado Athanasius Kircher criou a

‘Lanterna Mágica’, um aparelho que consistia em uma caixa fechada com uma fonte

de luz (na época uma vela) interna e um espelho que refletia as imagens em uma

superfície, o inventor chegou a ser considerado um feiticeiro, talvez por este motivo

não prosseguiu com seu invento, porém, outros viram no seu invento boas

oportunidades como Etienne Gaspard que utilizando o invento de Athanasius criou o

show “Fantasmagorie”, que consistia na projeção de ‘fantasmas’ sobre público

enquanto Gaspard narrava uma história (ANDRADE; TOLEDO, 2007) 4.

E apartir deste experimento foram possíveis novos tipos de ‘testes’, bem

como a criação de novos aparelhos para a ilusão do movimento, como o

Fenakistoscópio criado por Joseph Plateau em 1832, que consistia em um disco de

papelão com imagens desenhadas em sequência intercaladas por um orifício

retangular, e seu funcionamento se dava da seguinte forma, em frente a um espelho

girava-se a roda enquanto se olhava pelo orifício e então tinha se a ilusão de

movimento (ANDRADE; TOLEDO, 2007).5 Já em 1834 surge o Zootrópio (roda da

vida) com William Horner porem e utilizado em sua forma final por Pierre Devignes

em 1860, a ‘roda da vida’ lembra o seu antecessor, a diferença principal é que este

não necessita de um espelho já que este tem a forma de um cilindro e as imagens

são desenhadas dentro no seu interior, estas são intercaladas por orifícios

retangulares por onde o ‘espectador’ deve olhar para ver a animação.

3 ANDRADE, Wiliam Machado de. TOLEDO, Glauco Madeira de. O Cinema em Desenho Animado: pioneirismo, experimentalismo e consolidação, 2007 disponível em <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R0706-1.pdf> acesso em 25 jun 2009 4 Ibid. 2007. p.7

5 Ibid.2007. p. 6

Page 13: Animação: arte em movimento

Com a criação da fotografia é dado um novo passo em relação à captura

de movimento bem como a animação, em 1880 Eadweard Muybridge inovou ao

conseguir fotografar a trajetória de um cavalo colocando diversas máquinas no

percurso, e verificou que passando as imagens rapidamente estas passavam a

sensação de movimento, este experimento serviu como trampolim para novas

tentativas e experiências em relação à captura de imagem e a animação.

Imagem do experimento de Eadweard Muybridge (LORD e SIBLEY, 1998 p.17) 6

Em 1892 Emille Reynaud aprimora o Zootrópio e rebatiza-o como

Praxinoscópio como podemos perceber em Werneck:

Criado em 1892 pelo frances Emille Reynaud. Uma versão mais

aprimorada do zootropio, mas que na verdade não tem muita diferença. No centro do carrossel e colocado um espelho circular que reflete os desenhos. Assim, ao invés de ver os desenhos do lado oposto do circulo, enxerga-se o desenho mais próximo. Isso permitia a criação de círculos maiores, com mais desenhos, com animações que duravam mais tempo e permitiam movimentos mais complexos. 7

Com a criação do Praxinoscópio Reynaud criou o espetáculo que foi

considerado o nascimento do cinema pela complexidade que ele apresentava, tanto

que o local (um teatro) onde foi apresentado o ‘show’ é considerado o primeiro

6 LORD, Peter. SIBLE, Brian. Creating 3-D animation. New York: H.N. Abra ms, 1998. 7 WERNECK, Daniel Leal. Estratégias digitais para o cinema de animação independente, 2005 disponível em < http://www.danielpoeira.org/jornada/download/daniel_poeira_-_estrategias_digitais_animacao_independente.pdf> acesso em 02 jun. 2009

Page 14: Animação: arte em movimento

cinema do mundo (Werneck, 2005) 8, porém Reynaud não conseguiu ultrapassar o

que seu invento proporcionava como percebemos em Lucena Júnior9, Reynaud

“estava preso ao fascínio do instrumento, à sua própria novidade tecnológica,

limitante artisticamente como qualquer tecnologia por si mesma”

Então em 1895 os irmãos Lumière com o seu cinematógrafo

‘revolucionaram’ o que era tido como cinema, já que com este novo aparelho era

possível além de reproduzir captar as imagens que seriam projetadas, nas primeiras

projeções dos irmãos Lumière eram de cenas do cotidiano como a famosa cena do

trem chegando à estação (“L’arrivée d'un train en gare de la Ciotat”) a qual gerou

pânico nos espectadores, pois estes achavam que o trem passaria sobre eles

(ANDRADE, TOLEDO, 2007. p. 8) 10.

Em pouco tempo os Lumière perceberam as possibilidades do

cinematógrafo e inovaram com um filme encenado por ‘atores’ contando uma

história pré esquematizada; foram também estes irmãos os primeiros a cobrar por

uma exibição, mas mesmo com todo o entusiasmo os irmãos Lumière não

acreditavam que o seu invento pudesse ser algo além de um ‘brinquedo’ e desta

forma não ousaram mais ficando assim como Reynaud estagnados.

Apartir de então os filmes ficam basicamente utilizando técnicas de

mágica, é neste momento que George Mèliés, um ilusionista Frances, percebendo

que o cinematógrafo proporcionava “[...] novas dimensões ao cinema” (ANDRADE;

TOLEDO, 2007 p.9) 11 Mèliés verifica que além de reproduzir imagens vê no invento

dos irmãos Lumière à possibilidade de contar histórias. Os filmes feitos por Mèliés

mostravam diversas técnicas novas como a utilização de marionetes entre outras

sendo que teve certa ajuda do acaso conforme verificamos em CRUZ:

[...] descobriu acidentalmente, em 1896, a técnica da parada por substituição (precursora do stop motion) e foi um dos primeiros cineastas a usar técnicas inusitadas, como exposições múltiplas, fotografia no lapso de tempo e pinturas sobre a película. 12

8 Id. 2005 P. 52 9 LUCENA JÚNIOR, 2005 apud CRUZ 2006, p. 26. 10 ANDRADE, Wiliam Machado de. TOLEDO, Glauco Madeira de. O Cinema em Desenho Animado: pioneirismo, experimentalismo e consolidação, 2007 disponível em http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R0706-1.pdf acesso em 25 jun 2009 11 Ibid. 2007 p. 9 12 CRUZ, Paula Ribeiro da. Do desenho Animado à Computação Gráfica: A Estética da animação a Luz das Novas Tecnologias, 2006 Disponível em: < http://www.bocc.ubi.pt/pag/cruz-paula-desenho-animado-computacao-grafica.pdf >. Acesso em: 2 jun. 2009 p. 26

Page 15: Animação: arte em movimento

E desta forma as histórias contadas por ele se aproximam cada vez mais

aos sonhos a estórias fantásticas transpondo as imagens dos sonhos das pessoas

para a ‘realidade’.

Mas com o passar do tempo as pessoas começaram a entender como se

dava a ‘mágica’ que apareciam nos filmes de Méliés e com isto seus filmes

começaram a já não ter o mesmo brilho que tinham antes.

Viagem a lua de George Mèliés (LORD e SIBLEY, 1998 p.20) 13

Mas foi graças a este ‘cansaço’ do público com as produções de Mèliés

que houve certo ‘rompimento’, ou seja, as produções se desprenderam do uso de

truques e mágicas e passaram a ser encarados de uma forma mais técnica e o uso

destes chamados ‘truques mágicos’ são cada vez menos utilizados e é desta forma

que surge o que podemos chamar de primeira animação em forma de desenho

animado de fato com o ilustrador James Stuart Blackton, como consta em LUCENA:

Ainda na primeira década do século XX, o artista plástico e ilustrador

anglo-americano, James Stuart Blackton realizou o primeiro desenho animado da história: Humorous Phases of Funny Faces. Em 1894, Blackton entrou para o vaudeville, apresentando suas lightning sketches - performance em que o artista desenhava sobre um quadro negro, modificando os desenhos rapidamente diante dos olhos do público. Em 1900, ele apresentou The Enchanted Drawing, que pode ser considerada uma proto-animação, uma vez que foi empregada a técnica do stop motion. Porém, Humorous Phases of Funny Faces (1906) foi o primeiro filme a ser realizado em stop motion e, além disso, a ser feito

13 LORD, Peter. SIBLE, Brian. Creating 3-D animation. New York: H.N. Abra ms, 1998.

Page 16: Animação: arte em movimento

frame a frame. Blackton encarava a atividade artística como um negócio; sua intenção era obter lucros - tanto que é reconhecido por empreender um marketing bombástico sobre o seu filme seguinte, The Haunted Hotel, lançado em 1907.14

Blackton fundou um dos principais estúdios da sua época o Vitagraph,

onde desenvolveu a maior parte dos seus filmes, contudo se as ‘mágicas’ já

estavam sendo maçantes com Mèliés chegaram ao extremo com Blackton, mesmo

este as utilizando com outras técnicas.

Cena de Humorous Phases of Funny Faces primeiro filme feito em stop motion15

Já em 1908 Emile Cohl lança a animação “Fantasmagorie” feito

completamente frame por frame; sendo muito parecido com o Hotel Fantasma de

Blackton. Cohl também simplificou seu traço para adaptar-se melhor ao processo de

animação para BENDAZZI16 este foi o artista que conseguiu levar os conceitos

plásticos formais para a animação. Cohl também implementou certos conceitos

fundamentais da animação tradicional como “comprimir e esticar, aceleração e

14 LUCENA JÚNIOR, 2005 apud CRUZ 2006, p. 27. 15 Os desenhos animado completam 100 anos disponível em <www.universohq.com/.../2006/n06042006_14.cfm > acesso em 29 jun. 2009 15 BENDAZZI, 2003 apud CRUZ 2006, p. 28. 16 CRUZ, Paula Ribeiro da. Do desenho Animado à Computação Gráfica: A Estética da animação a Luz das Novas Tecnologias, 2006 Disponível em: < http://www.bocc.ubi.pt/pag/cruz-paula-desenho-animado-computacao-grafica.pdf >. Acesso em: 2 jun. 2009 p.29

Page 17: Animação: arte em movimento

desaceleração, temporização e personalidade, mais tarde sistematizados pelo

estúdio de Walt Disney (CRUZ, 2006. P. 29) 17.

No mesmo período o também ilustrador McCay entra no ‘mercado’ da

animação fortalecendo a autonomia desta ‘nova’ linguagem criando a sua principal

animação Girtie The Dinosaur em 1914, diferente de Cohl McCay não se preocupou

em simplificar seu traço para utilizar na animação mesmo que desta forma fosse Ter

mais trabalho na produção.

Em 1914 o pintor Raoul Barré (fundador do primeiro estúdio direcionado

diretamente para animação) cria uma padronização dos furos nas folhas de desenho

para animação facilitando na produção das animações já que desta forma facilitava

para fazer os movimentos diminuindo os erros. Isto facilitou para uma implantação

de sistema de produção nos estúdios da época e acabou sendo utilizado nos que os

sucederam.

Com o passar dos anos estas técnicas foram sendo aprimoradas pelos

estúdios e artistas que foram surgindo com alguns destaques como a animação feita

utilizando silhuetas (inspirado no teatro de sombras chinês) As Aventuras do

Príncipe Achmed de 1926 produzido por Lotte Reiniger em parceria com Ruttmann.

Cena da animação As Aventuras do Príncipe Achmed 18

18 As Aventuras do Príncipe Achmed disponível em < www.funceb.ba.gov.br/.../2008.08/08.08.15.htm > acesso em 28 jun. 2009

Page 18: Animação: arte em movimento

Em 1923 são fundados os Estúdios Disney que irão revolucionar o

mercado da animação tanto em técnica quanto nas histórias contadas, na procura

de desenhar o real em forma de cartoon os profissionais dos estúdios Disney

ficavam horas observando modelos vivos para capturarem a movimentação dos

mesmos em cada detalhe, a busca por uma padronização no desenho deste estúdio

era tanta a busca pelo desenho digamos perfeito que Walt Disney procurava levou-

os a criarem conceitos como vemos em THOMAS e JOHNSTON:

[...] 12 princípios fundamentais da animação: a) comprimir e esticar; b) antecipação; c) encenação; d) animação seguida e pose a pose; e) continuidade e sobreposição da ação; f) aceleração e desaceleração; g) arcos; h) ação secundária; i) temporização; j) exageração; k) desenho volumétrico; e l) apelo19

O primeira longa metragem da Disney foi Branca de Neve e os Sete

Anões em 1937 e utilizava todos os 12 princípios instituídos nos estúdios, mas o

maior símbolo do ‘império’ Disney teve sua estréia em 1928 foi neste ano que

Mickey Mouse surgiu tornando-se o maior símbolo deste estúdio (ANDRADE;

TOLEDO, 2007 p.10). 20

Em seqüência foram criados outros personagens como Pato Donald,

Pluto, Pateta, etc, os estúdios Disney tiveram um grande papel de divulgação

durante a II Guerra Mundial, quando criou diversas animações mostrando os

nazistas como os grandes inimigos do mundo e para isto utilizava seus personagens

para fazerem esta propaganda.

Apartir de então os estúdios Disney tem se mantido como o principal

estúdio de animação 2D ou convencional.

Após a criação do microcomputador e dos programas vetoriais, a

animação começa a tomar um novo rumo, com o avanço tecnológico os efeitos

especiais feitos por computador começam a tomar conta alem de serem muito

utilizados em filmes como em Guerra nas Estrelas de George Lucas 1977, Alien

1979 entre outros do mesmo período já demonstram como os recursos digitais

puderam ser utilizados bem como suas capacidades.

19 THOMAS; JOHNSTON, 1981 apud CRUZ 2006, p. 34 20 ANRADE, Wiliam Machado de. TOLEDO, Glauco Madeira de. O Cinema em Desenho Animado: pioneirismo, experimentalismo e consolidação, 2007 disponível em http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R0706-1.pdf acesso em 25 jun 2009

Page 19: Animação: arte em movimento

Na década de 80 esta tecnologia começa a ser utilizada para a animação

e neste período já temos algumas experiências nacionais21 como nos mostra CRUZ:

O contexto pós-1980 foi propício, ainda, para que países mais atrasados na área começassem a despertar para a animação, como é o caso do Brasil. Arnaldo Galvão (fundador da Associação Brasileira de Cinema de Animação – ABCA) e Otto Guerra Netto são exemplos de animadores brasileiros que primam pela originalidade de uma produção autoral.22

Já na década de 90 ocorrem diversas situações que ‘ajudam’ ainda mais

no desenvolvimento bem como na divulgação do cinema de animação, como o

primeiro Oscar dado a um filme de animação e o primeiro feito completamente por

computação gráfica como consta em VITA:

Em 1991 estréia A Bela e a Fera, primeiro filme de animação a ser

indicado ao Oscar® de melhor filme, que apresentou cenas produzidas com a ajuda de computadores, como a dança de Bela e Fera no salão de baile. Em 1995, os estúdios Disney, em parceria com a produtora de animação digital Pixar, apresentam Toy Story, considerado o primeiro longa-metragem totalmente produzido por computação gráfica.23

Apartir deste momento ocorre uma verdadeira explosão em se tratando

de filmes de animação a Pixar alcança um feito que achavam impossível, lançar seis

sucessos em sequência, Toy Story (1995), A’bugs Life (vida de inseto) (1998), Toy

Story 2 (1999), Monster S.A (2001), Finding Nemo (2002) e The Incredibles (2004) 24

Com as boas experiências da Pixar tanto técnica quanto financeiramente

outros estúdios começaram a se aventurar pelo mundo da animação, temos como

exemplo a Dreamworks responsável pela trilogia de Shrek, e o Blue Sky Studios

produtores da também trilogia A Era do Gelo.

21 É necessário fazermos um parênteses neste ponto e salientar que até hoje o mercado interno de animação em nosso país não se desenvolveu muito,temos poucas produções nesta área com um cunho mais de entretenimento, ficando muito mais focado na área publicitária. 22 CRUZ, Paula Ribeiro da. Do desenho Animado à Computação Gráfica: A Estética da animação a Luz das Novas Tecnologias, 2006 Disponível em: < http://www.bocc.ubi.pt/pag/cruz-paula-desenho-animado-computacao-grafica.pdf >. Acesso em: 2 jun. 2009 p.51 23 VITA, Ana Carolina Kley. A ILUSÃO DA VIDA: ESTUDOS SOBRE A EVOLUÇÃO DO CINEMA DE ANIMAÇÃO Disponível em < www.fag.edu.br/adverbio/artigos/artigo05%20-%20adv06.pdf > acesso em 2 de jun. 2009 p. 01 24 The Pixar Story, Direção: Leslie Iwerks, disponível também em < http://www.youtube.com/watch?v=_nUCPqw0f7c> acesso em 10 jul. 2009

Page 20: Animação: arte em movimento

Toy Story25

É necessário citar também as produções feitas em Stop Motion, entre elas

as dos estúdios Aardman criadores de a Fuga das Galinhas e Wallace e Gromit, e o

diretor Tim Burton, criador de O estranho mundo de Jack e Noiva Cadáver.

A Noiva Cadáver26

25 Toy Story Disponível em < http://viterbivoices.usc.edu/kristensc/files/2009/10/toy-story1.jpg> acesso em 01 jul. 2010 26 A Noiva Cadáver Disponível em < http://jocelin.files.wordpress.com/2009/07/corpse_bride.jpg> acesso em 01 jul. 2010

Page 21: Animação: arte em movimento

E o que muitos achavam que poderia acontecer que seria uma

substituição da arte 2D convencional pela digital em 3D, não ocorreu e ambas com o

passar do tempo e pelo desempenho dos seus profissionais estão ganhando cada

vez mais requinte chegando a um grau de sofisticação almejado por todos que

querem percorrer este caminho.

1.2 TÉCNICAS DE ANIMAÇÃO

As técnicas de animação variam entre maneiras simples até combinações

entre técnicas, apresentaremos algumas destas e um breve relato de como

funcionam.

Flip Book: consiste em um bloco de folhas onde são feitos desenhos em

sequência em cada uma das folhas com pequenas mudanças em cada um e quando

passamos estas imagens em velocidade temos a ilusão de movimento, esta é à

base da animação tradicional (2D).

Flip Book27

Stop Motion: esta técnica consiste em capturar a imagem, por exemplo,

de um objeto modificar este objeto de posição e em seguida capturar uma nova

imagem e assim consecutivamente, depois de capturadas todas as imagens

27 Flip Book. Disponível em < www.tsl.state.tx.us/.../ya_cartoons.htm > acesso em 01 jul. 2009

Page 22: Animação: arte em movimento

necessárias estas são colocadas em ordem em algum software especifico para

animações ou utilizando a mesma técnica do Flip Book para termos a sensação de

movimento.

O stop motion possui variações de nomenclatura dependendo do material

a ser utilizado, por exemplo, as animações feitas com ‘massinha’ são denominadas

Claymation, as que utilizam pessoas Pixelation e as que utilizam somente objetos

são denominados apenas pelo nome geral desta técnica, ou seja, Stop Motion.

Claymation28

Pixelation29

28 Claymation. Disponível em < coe.winthrop.edu/.../lti/pal/PAL_claymation.htm> acesso em 01 jul. 2009 29"Harpya", de Raoul ServaisIn. WERNECK, Daniel Leal. Estratégias digitais para o cinema de animação independente, 2005 disponível em < http://www.danielpoeira.org/jornada/download/daniel_poeira_-_estrategias_digitais_animacao_independente.pdf> acesso em 02 jun. 2009

Page 23: Animação: arte em movimento

Animação Digital (3D) é a técnica onde através de um programa de

computador o artista irá criar todo o ambiente onde deve ocorrer a animação, desde

os personagens até cada detalhe do cenário (cores, luz, textura, etc.).

Antes de começar a modelar os personagens e os cenários existe um

estudo dos mesmos utilizando até mesmo alguma das outras técnicas descritas

anteriormente.

Exemplo do uso de desenhos a lápis usados como referência para modelagem tridimensional (Fábio Poeira) 30

29 Ibid. 2005 P. 82 30 POEIRA, Fabio. [sem titulo], Referencia para modelagem tridimensional. In. WERNECK, Daniel Leal. Estratégias digitais para o cinema de animação independente, 2005 disponível em < http://www.danielpoeira.org/jornada/download/daniel_poeira_-_estrategias_digitais_animacao_independente.pdf> acesso em 02 jun. 2009

Page 24: Animação: arte em movimento

Além destas existem também a técnica de recorte que consiste em

desenhar os personagens e recortá-los nas partes que serão articuladas e depois ir

movendo estas partes conforme queremos os movimentos e gravando a cada

modificação.

Page 25: Animação: arte em movimento

2. ANIMAÇÃO COMO FERRAMENTA PEDAGOGICA

Quando falamos em Arte e em ensino da Arte logo nos vem à cabeça a

idéia de pintura, desenho, escultura, etc., ou então textos sobre história da Arte; para

os alunos é a idéia de uma aula onde não é preciso ter muitas responsabilidades

bem como apenas um espaço onde irão fazer ‘desenho livre’ ou ficarão vendo o

professor explanar sobre algum artista do século XIX ou mais antigo, e desta forma

não percebem nem conseguem entender como esta pode influenciar nas suas vidas

fora da sala de aula.

Chegamos a um ponto da educação onde a escola se tornou um dos

espaços que os alunos gostariam de estar apenas pelo lazer encarando-a como um

local de exclusivo convívio social (de encontro, namoro, etc.), porque para eles não

existem atrativos dentro das salas de aula, pois não conseguem fazer a relação

entre os conteúdos apresentados na escola e sua vida fora desta. Por este motivo

torna-se necessário encontrarmos maneiras e ferramentas pedagógicas para atrair

nossos alunos para a sala de aula.

É neste quadro que a Animação se apresenta como forma de atrair estes

alunos, porque fora ser algo que começa a ser utilizado e divulgado atualmente os

ajudará (alunos) a perceberem um dos aspectos onde a arte pode ser utilizada em

suas vidas, pois além de aprenderem algumas noções básicas sobre animação,

poderão se interessar pelo assunto como algo além da sala de aula e quiçá se

profissionalizar nesta área. Fora a procura por novos meios de instigar o

pensamento e o fazer artístico dos nossos alunos, não podemos esquecer que não

somos responsáveis apenas pelo ensino da Arte, mas também somos e devemos

ser facilitadores para a comunicação a expressão de nossos educandos entre si e

perante a sociedade como um todo, e as novas tecnologias nos são úteis

exatamente neste aspecto como vemos em PILLAR:

As tecnologias digitais favorecem a arte da participação, a arte da comunicação. A interatividade é a palavra chave das tecnologias digitais propiciando a interação no sentido estrito do termo. A contemplação estéril, baseada na mera interpretação de ordem mental é trocada pelo conceito de relação. A interatividade se dá através de dispositivos de acesso que permitem ao antigo espectador provocar mutações no que lhe é proposto,

Page 26: Animação: arte em movimento

num diálogo, numa partilha com o pensamento do artista. Muitas obras nem mesmo existem se não houver esta participação.31

Apartir destas palavras de Analice Pillar notamos como as novas

tecnologias podem nos ser úteis em relação à educação e ao ensino da Arte, quanto

à utilização da Animação a única divergência se é que podemos dizer desta forma é

que o aluno não modificará o trabalho de outro, mas sim o seu próprio trabalho, e

por ser esta arte algo dinâmico facilita também a experimentação por parte dos

mesmos.

Há quem possa achar que não é possível utilizarmos animação no ensino

da arte ou que esta não tem relação com a mesma, porém, poucos sabem, que os

profissionais que fazem estas produções, se não forem todos na grande maioria tem

conhecimentos de arte formal, ou seja, desenho, pintura, escultura entre outras. Isto

porque antes da animação ser realizada em si existe todo um trabalho de estudo de

cenário e personagens feitos através dos storyboards32 e concept arts33, além disto,

é necessário conhecimento de perspectiva, luz e sombra, cores entre outros

conhecimentos da Arte tida como formal.

Apartir disto podemos verificar que existe muito mais Arte na animação do

que pensávamos, e fora a produção em si, existem outras maneiras de trabalhar

utilizando-a como base, é possível trabalhar com leitura de imagens através da

animação, porém, para isto, é necessário mudar as imagens que normalmente são

apresentadas aos alunos não desmerecendo as imagens que são normalmente

trabalhadas em sala de aula, baseio-me nas palavras de ALMEIDA:

Pode-se afirmar que a valorização da imagem é consenso entre os educadores comprometidos com o desenvolvimento estético e artístico. Perceber que seus alunos saem da sala de aula, conversando pelos corredores, biblioteca ou até em casa sobre as obras de Van Gogh, Miró, Picasso, etc. é motivo de orgulho para estes professores. Mas o que parece ser pertinente a esta altura do processo de re-visão do ensino é se a seleção dos conteúdos desenvolvidos esta dando conta das imagens divulgadas na televisão, publicidade, e outros meios que usam a imagem para comunicar. Esta é uma questão pertinente, já que estas imagens constituem em grande parte do material visual que impressiona os sentidos das pessoas, hoje. [...] as abordagens contemporâneas apontam para o

31ALMEIDA, Claudia Zamboni de. As relações arte/ tecnologia no ensino da arte. In PILLAR, Analice Dutra (org.). A educação do Olhar no ensino das artes. 4. ed. Porto Alegre: Mediação, 2006 32 Storyboard são os estudos de enquadramento, posição de câmera que irão auxiliar durante a produção 33 Concept art são os desenhos dos personagens bem como seus modelos feitos em algum material palpável (ex: argila) que irão auxiliar na hora de animar os personagens.

Page 27: Animação: arte em movimento

grande desafio que é fundamentar e qualificar as novas propostas do ensino da arte numa relação com o mundo cotidiano contemporâneo.

Considerando que as imagens constituem parte fundamental na alfabetização estética, fazendo-se presente no dia-a-dia de uma maneira muito mais intensa do que em outros tempos, cabe definir quais imagens vão ser levadas para a sala de aula. Esta escolha é muitas vezes arbitrária. O professor decide quais imagens farão parte do repertório merecedor da apreciação de seus alunos. Caberia, então, ao professor a tarefa de estar sempre em contato com a produção de imagens do seu tempo e atento às imagens consumidas por seus alunos, resgatando na cultura da imagem o que é relevante para a formação do indivíduo.34

É exatamente neste contexto de estar atualizado com as imagens as

quais nos são apresentadas bem como com as inovações tecnológicas que todos os

dias temos acesso quer pessoalmente quer através dos meios de comunicação de

massa que temos de pensar em novos métodos de ensino, não tendo medo de

ousar, de fazer algo que não seja somente o convencional.

Antes de pensar em fazer animações devemos lembrar que crianças

assistem estas seja na televisão ou em filmes, e que estas mexem com o sentido

criativo dos nossos alunos quer por motivos de esperança, por gostarem das cores

ou outro motivo qualquer, o que não devemos fazer é subestimar os ‘apelos’ visuais

que estes desenhos passam para as crianças e como interferem na sua percepção.

Como afirma SILVA:

O desenho, a partir dos seus elementos visuais e sonoros, ativa as estruturas mentais relacionadas à criatividade, às emoções e às sensações. A criança, ao entrar em contato com o mundo imagético, é despertada e estimulada a trabalhar os próprios sentimentos, ainda que inconscientemente. Ela inicia um processo de exteriorização da sua interioridade, ou seja, ela se envolve com o desenho identificando-se com algumas personagens de forma carinhosa, doce, da mesma forma que passa a antipatizar com outras. A criança imita aquilo que vem ao encontro do seu interior; é um momento de escolhas, de identificação.35

Neste ponto que podemos então perceber como a animação esta ligada

as crianças e por conseqüência aos nossos alunos.

Além das possibilidades em relação ao ensino da Arte a Animação

apresenta-se como uma ferramenta interdisciplinar, pois os alunos tendo de

escrever um roteiro, pensar quantos desenhos e quantos segundos irá querer em

34 ALMEIDA, Cláudia Zamboni de, PILLAR, Analice Dutra (org.) A educação do Olhar no ensino das artes. 4. ed. Porto Alegre: Mediação, p. 73 35 ADILSON, Citele (coor.); SILVA, Salete Therezinha de Almeida. Outras Linguagens na escola: publicidade cinema e tv, radio, jogos , informática. 2 ed. São Paulo: Cortez 2001

Page 28: Animação: arte em movimento

cada animação terão de colocar em pratica também conhecimentos de outras

disciplinas o que pode auxiliá-los nestas quando estiverem trabalhando em algo

específico das mesmas. E isto se torna muito importante ainda mais quando falamos

em re-visão do ensino.

Outro ponto que favorece a utilização da animação como ferramenta

pedagógica é a possibilidade e/ou facilidade em trabalhar este tipo de arte na forma

de um projeto, o que passa para os alunos certa segurança já que o tema a ser

abordado normalmente não é conhecido por eles. Trabalhando apartir de projetos

temos como ir verificando a forma como nossos alunos estão se portando diante da

proposta feita e assim caso seja necessário podemos efetuar modificações tanto que

nós mesmos queiramos quanto propostas dos próprios alunos. Segundo MARTINS:

Teremos de ser cuidadosos com a diversidade de ritmos dos

alunos, especialmente porque as idéias germinais de um projeto podem não ser do interesse maior de todos os alunos de uma classe. Alguns mergulham logo nesse trabalho, outros vão aos poucos tomando contato com ela e se motivando. Se desistirmos antes de obter algum resultado, não permitiremos que os alunos mais arredios, resistentes ou mais lentos, tenham a oportunidade de serem envolvidos e iniciar o projeto de fato

Alimentar os aprendizes com a ampliação de referência e diálogos que problematizam o projeto certamente impulsionará o perseguir idéias, indo mais longe do que poderíamos prever.36

Desta forma percebemos quão importante é a interferência, ou melhor,

como o professor irá conduzir o projeto para que ele mesmo não se sinta

desmotivado e acabe desmotivando seus alunos, pois por se tratar de algo que

como já foi dito é dinâmico pode em algum momento os alunos ficarem achando que

não alcançarão os objetivos e é neste momento que deve ficar claro que o

importante não é o resultado final o importante, mas sim o percurso para chegar até

ele.

A animação como um todo possibilita uma nova forma de experimentar

técnicas que alguns já conhecem de outras formas; também os aproxima de um tipo

de mídia que até então estes tinham conhecimento somente através da televisão,

cinema ou internet. Desta forma estaremos facilitando uma inclusão audiovisual que

será bom tanto para os alunos em relação a conhecimento que irão adquirir e

transformará a escola não mais em apenas um local onde recebem uma ‘enxurrada’

36 MARTINS, Miriam C., PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha. A língua do Mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1988

Page 29: Animação: arte em movimento

de informações, mas sim um local de conhecimento de si como do mundo em geral.

Conforme afirma MASSETO:

[...] os recursos audiovisuais formam a combinação simples que oferece as melhores contingências para a aprendizagem; deve-se determinar de que forma cada meio pode ser utilizado para contribuir para um sistema criativo. Eles transformam a escola não em um centro de ensino, mas de aprendizagem. Um centro preocupado não pela simples transmissão de conhecimento, mas pelo enriquecimento em experiências de todo tipo: conhecimento, sensações, emoções, atitudes e intuições. Contudo, é importante considerar a participação do sujeito que aprende. Ele não deve ter uma atitude passiva, mas, sim, ativa fazendo com que os sentidos estejam “alertas”, absorvendo as informações uma atitude passiva, mas, sim, ativa fazendo com que os sentidos estejam “alertas”, absorvendo as informações.37

Com base nisto é que podemos afirmar que a Animação bem como outros

tipos de mídia que até então não eram pensados como ferramentas de ensino como

Histórias em Quadrinhos, Grafite, entre outros apresentam se como resposta para o

desinteresse por parte dos alunos com o ensino.

Voltando para a relação entre Animação e o ensino da Arte, a primeira

pode ser utilizada também como forma de desestereotipar o trabalho dos alunos,

apartir das próprias imagens feitas por eles, e sendo modificados aos poucos até

tomarem outra forma, o que de certa modo torna-se uma maneira de quebrar estes

laços que são construídos por todos nós de uma forma menos abrupta o que,

facilitara, pois desta forma a resistência será menor.

Não podemos esquecer que os alunos que estão nas escolas hoje, vivem

a era digital não como um todo, mas uma boa parcela tem conhecimento sobre

novas mídias, acesso a celulares com câmeras ou a câmeras digitais o que torna a

produção de animações em sala de aula mais fácil e barato, mas mesmo assim é um

tipo de suporte que não é muito utilizado.

Por fim a Animação tem somente a agregar em sala de aula, quer por

suas mais variadas formas de ser feita, pelo custo que uma animação não

profissional tem que é muito barata, ou pelas possibilidades de trabalhar temas

transversais e interdisciplinares bem como nas relações interpessoais.

37 VILAÇA, Sergio Henrique Carvalho. Inclusão Audiovisual através do cinema de Animação. Disponível em www.bibliotecadigital.ufmg.br/.../disserta__o_sergio_vilaca.pdf > acesso em 02 jun. 2009

Page 30: Animação: arte em movimento

3. CONFRONTO COM A ESCOLA (OBSERVAÇÕES

SILENCIOSAS)

Neste capitulo são expostas as observações que foram realizadas

durante o primeiro semestre do ano de 2009, junto à turma de primeiro ano do

ensino médio (102) da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rafaela

Remião que se localiza no bairro Lomba do Pinheiro, zona leste de Porto Alegre. E a

partir destas observações assim como através das respostas que os alunos deram

nos questionários que o projeto ‘Animação: Arte em Movimento’ foi pensado e

elaborado.

As observações estão divididas em duas aulas já que cada encontro era

dividido em dois períodos. A análise feita sobre as observações sita a outra turma

observada e na qual também foi elaborado e aplicado o projeto, sendo que o

material (planejado e realizado) desta outra turma encontra-se no arquivo em anexo.

Os questionários dos alunos encontra-se no apêndice deste trabalho. Os

questionários referentes ao professor e diretor da escola não me foram entregues

pelos mesmos e a escola onde foi aplicado o trabalho não possuía uma

coordenação pedagógica por este motivo também não há o questionário referente

ao mesmo.

3.1 Observações 1 e 2- turma 102 Estas observações ocorreram na turma 102 (primeiro ano do ensino

médio) a qual a professora titular é a Professora Ana Maria.

Nesta primeira aula a professora me levou até a sala e pediu que eu

sentasse, não fui apresentado à turma logo no começo, por este motivo

provavelmente vários alunos acharam que eu era um colega novo, entendi o porquê

da professora não me apresentar logo que entrou na sala, quando ela disse que este

era o primeiro dia de aula com aquela turma, porque a professora anterior teve de

sair da escola por motivos pessoais. Então por este motivo quis se apresentar antes

de informar que nesta turma haveria um estagiário.

Page 31: Animação: arte em movimento

Durante a apresentação da professora vários alunos mantinham

conversas paralelas, outros com fones de ouvido. Quando a professora disse que eu

seria o estagiário nesta turma os alunos ficaram em silêncio um pouco.

Em seguida a professora perguntou o que eles já haviam visto sobre Arte,

estes responderam que a professora anterior havia passado apenas um texto sobre

História da Arte. A professora propôs então que os alunos fizessem um desenho

livre para que ela “os conhecesse”.

Mesmo com uma proposta mais ‘livre’ os alunos demoraram a começar e

vários copiaram desenhos de capa de cadernos, camisetas entre outros, seus

desenhos apresentavam diversos estereótipos.

No segundo período entrou na sala uma aluna que a professora já

conhecia; a professora então parou a aula para dizer que já a conhecia e que ela

tinha o ‘dom’ para o desenho.

A sala de aula é muito descuidada tendo pichações nas paredes, porta,

janelas e até no quadro negro.

3.2 Observações 3 e 4- turma 102 Neste dia havia menos alunos que no outro, a professora teve de

aguardar certo tempo até a turma prestar atenção na proposta que a professora

tinha para esta segunda aula na turma, solicitou que um aluno que estava com fones

os retirasse, e este disse que outros professores deixam; ao que a professora

informou que esta era uma norma da direção da escola, após certo protesto por

parte do aluno este cedeu e retirou os fones.

A professora Ana Maria explicou o que era desenhos figurativos e

abstratos, propondo aos alunos que fizessem uma composição com formas

geométricas.

A turma claramente não gostou muito da proposta, e apenas alguns

começaram a fazer o que havia sido solicitado, no segundo período chegaram mais

alunos e começaram a fazer a atividade, porem no final da aula poucos entregaram

o trabalho para a professora.

Page 32: Animação: arte em movimento

3.3 Observações 5 e 6- turma 102 Na última observação a professora chegou atrasada, e novamente

demorou até a aula começar, quando finalmente conseguiu a atenção da turma a

professora manteve sua linha de trabalhar com desenho, só que desta vez a

proposta era efetuar uma composição figurativa.

Com esta proposta houve um pouco mais de interesse por parte dos

alunos que novamente utilizaram muitos estereótipos e a professora reforçou sua

opinião em relação à aluna que tem o ‘dom’ para desenho o que ocasionou um

verdadeiro alvoroço, pois a maioria da turma queria que esta desenhasse os seus

desenhos.

Na metade do segundo período a professora deixou para que eu

aplicasse os questionários, a professora como precisava sair um pouco mais cedo

levou o questionário para entregar-me depois.

Ao entregarem os questionários pude perceber que diversos alunos

estavam ansiosos em saber o que aconteceria nas aulas que eu daria a eles, tentei

minimizar um pouco esta ansiedade conversando sobre Arte com a turma e

assuntos que interessavam a turma.

3.4 Analise das observações silenciosas Neste período em que estive nestas duas turmas (51 - Ensino

Fundamental e 102 - Ensino Médio) da Escola Estadual de Ensino Fundamental e

Médio Rafaela Remião, fiquei me perguntando como atrair a atenção dos alunos

para a sala de aula, como atraí-los para a escola e mostrar ao contrário do que

vários deles pensam que a Arte não interfere nas suas vidas. Como fazê-los

perceber que a Arte esta em quase tudo o que consomem desde programas de TV a

roupas que compram e comidas.

Page 33: Animação: arte em movimento

Segundo OLIVEIRA:

As artes, em todas as manifestações de ruptura, podemos afirmar, sem impor grande argumentação a favor ou contra essa declaração, são experimentos, desenvolvimentos, traduções em linguagens de modo de percepção determinantes de novos modos de cognição. 38

Apartir destas palavras podemos afirmar o que já foi dito anteriormente,

ou seja, a Arte esta em toda a parte atualmente, até onde menos esperamos como

nos grafites que os próprios alunos fazem.

E esta questão de estudar a Arte como uma forma de expressão

utilizando as mais diversas linguagens ficou claro após observar as aulas das duas

professoras, era perceptível a tentativa de fazer uma ligação entre a Arte e outros

sistemas porem não parecia que os alunos compreendessem as intenções das duas

educadoras.

Podemos dizer que a turma de ensino fundamental tenha menos

resistência em relação à experimentação, tentavam sair do desenho comum não

utilizando quase estereótipos por mais que um ou outro aparecesse nos desenhos.

Apesar das aulas não me parecerem continuas seis (6) observações são pouco para

afirmar que esta não existisse, até pelas conversas que tive com a professora titular

desta turma (5ª série) pude perceber que a intenção era trabalhar em forma de

projeto para que os alunos percebessem certa continuidade nas aulas bem como

objetivos a serem alcançados.

Já em relação à turma de ensino médio (1º ano) a presença de

estereótipos era muito maior que na turma de ensino fundamental, talvez por existir

certa separação na turma por parte da professora, pois a professora selecionou uma

das alunas e na frente do restante disse que aquela tinha o ‘dom’ para o desenho,

neste momento a professora criou uma barreira nos próprios alunos, e no seu

processo criativo.

Desta forma os alunos acabaram tentando desenhar algo a que eles se

apegam ou conhecem de alguma maneira, que se apresenta para eles como alguma

coisa ‘bela’.

38OLIVEIRA, Ana Claudia de. Convocações multissensoriais da arte do século XX. In PILLAR, Analice Dutra (org.). A educação do Olhar no ensino das artes. 4. ed. Porto Alegre: Mediação, 2006

Page 34: Animação: arte em movimento

Podemos concluir até este momento que ambas as turma tem um certo

tipo de déficit em relação a conhecimentos de materiais, bem como de linguagens

das quais podem se apropriar para se expressarem.

Page 35: Animação: arte em movimento

4. PROJETO DE ENSINO

4.1 ENCONTROS 01 E 02

PLANEJADO

AULA 01

Tema: Onde vejo Arte

Duração : 45 minutos

Objetivos : - Incentivar o fazer artístico

- Proporcionar a experimentação de materiais diversos

- Facilitar a aprendizagem de um desenho sem estereótipos

- Observar a qualidade o repertório gráfico dos alunos

Desenvolvimento da aula : 10 min. – Apresentação à turma

15 min. – Debate sobre o tema ‘Onde vejo Arte’, com apresentação de imagens.

20 min. – Divisão da turma em grupos e criação de desenhos utilizando materiais

diversos com base nas imagens apresentadas.

Recursos : - Professor: imagens, folhas A4 / A3, materiais diversos (carvão vegetal,

giz de cera, lápis de cor, etc.)

- Alunos: material de desenho que possuírem

AULA 02

Tema: O poder das imagens

Duração : 45 minutos

Objetivos : - Analisar imagens e as mensagens que estas podem e querem passar

- Incentivar o pensamento crítico

Desenvolvimento da aula : 15 min. – Leitura de imagem apartir das trazidas pelo

professor e feitas em aula pelos alunos

15 min. – aula expositiva sobre elementos formais

15 min. – criação de painéis pelos grupos com as imagens produzidas

Recursos : - Professor: imagens, folhas A4 / A3, materiais diversos (carvão vegetal,

giz de cera, lápis de cor, etc.)

- Alunos: material de desenho que possuírem

Page 36: Animação: arte em movimento

REALIZADO

Analise Aulas 1 e 2

Comecei a aula me apresentando à turma e explicando sobre o trabalho

que iríamos desenvolver durante as aulas, o que despertou certo interesse na turma

já que se afastava muito do que eles já haviam feito até então.

Após a apresentação, questionei os alunos qual seria a função das aulas

de Artes, e recebi uma grande quantidade de respostas, entre elas que seria para

‘cumprir horário’ ou ‘para descansar das outras disciplinas’. A estas respostas disse

a eles que na minha visão este seria um espaço onde poderiam se expressar,

questionar a sua realidade, um espaço de criação.

Disponibilizei então algumas imagens e pedi que cada um escolhesse

uma onde eles vissem Arte. Entre estas imagens e pedi que cada um escolhesse

uma onde eles vissem Arte. Entre estas imagens haviam as de artistas como Vik

Muniz, Giussepe Arcimboldo e Rembrandt, além de imagens de histórias em

quadrinho, publicidade e animação, pois ‘ a arte cerca-os constantemente, inspira o

estilo das roupas que vestem, dos edifícios onde vivem, das embalagens que os

induzem a comprar [...]. Mas nada disso faz parte do que esses jovens consideram

arte’39. Em relação ao que escreve o autor é que propus esta mistura de imagens em

uma tentativa de relacionar a Arte ao cotidiano dos alunos.

Assim que todos já haviam escolhido uma imagem, pedi que cada um

explicasse onde via Arte naquela imagem. As respostas começaram tímidas, mas

conforme fui questionando-os, eles se soltaram mais falando das cores, dos traços

das coisas que eles gostavam naquelas imagens.

Dando sequência à aula, dividi a turma em grupos e propus que eles

montassem cartazes com imagens que cada um havia escolhido demonstrando o

que era Arte para eles, enquanto eles se dividiam nos grupos fui explicando que a

Arte não é utilizada somente para pintar quadros, esculpir, gravar etc, mas também

em diversas outras áreas profissionais, como na publicidade, em estúdios de

animação e cinema, nos grafites feitos pelas ruas, entre outras.

Durante o trabalho disponibilizei materiais que a turma não tinha muito ou

nenhum contato, por exemplo, carvão vegetal, bastão de grafite, pastel seco, pastel

oleoso e nanquim. Entretanto, os alunos, apesar da curiosidade em relação a estes

39 LOWENFELD, Viktor. Desenvolvimento da capacidade criadora.São Paulo. Mestre Jou: 1977

Page 37: Animação: arte em movimento

materiais, demonstraram certa ‘resistência’ na hora de utilizá-los. Com o passar do

tempo eles acabaram experimentando mais os materiais nos seus trabalhos.

Experimentação de materiais diversos - pastel seco, nanquim (FONTE: ABREU, 2009)

Durante a confecção dos cartazes não apareceram muitos estereótipos

nos trabalhos dos grupos, alguns fizeram tentativas de interferência nas imagens

bem como reorganizá-las dentro de um novo contexto.

Reorganização da imagem (FOTE: ABREU, 2009)

Page 38: Animação: arte em movimento

Alguns após verem os trabalhos prontos achavam que não haviam feito

algo bom, disse a eles que o importante não era apenas o resultado final, mas sim o

processo para chegar a este resultado.

Percebi ao final destas aulas que os alunos estavam mais dispostos a

encarar o formato da aula que eu estava propondo e mostravam-se ansiosos pela

continuidade do projeto.

Como os alunos estavam se empenhando em desenvolver os trabalhos

práticos acabei deixando para fazer a parte de leitura de imagem para o próximo

encontro.

4.2 ENCONTROS 03 E 04

PLANEJADO

AULA 03

Tema: Animação e Arte

Duração : 45 minutos

Objetivos : - Relacionar Arte e Animação

- Verificar o conhecimento da turma em relação à Animação

Desenvolvimento da aula : 10 min. – Apresentação e texto sobre história da

animação.

10 min. – Arte na Animação: cor, forma, textura, luz e sombra.

20 min. – Informações sobre o trabalho final a ser apresentado, divisão dos grupos,

escolha do tema e criação do roteiro.

Recursos : - Professor: Texto sobre animação

AULA 04

Tema: Linha: volume, Textura e ritmo

Duração : 45 minutos

Objetivos: - Representar textura e volume através da linha

- Analisar a utilização da linha em imagens diversas

Desenvolvimento da Aula : 15 min. – Análise de imagens diversas verificando a

utilização da linha (publicidade, HQ, Animação)

30 min. – Criação de Flip – Book

Recursos : - Professor – Imagens, e folhas A4

- Alunos – Material de desenho

Page 39: Animação: arte em movimento

REALIZADO

Analise Aulas 3 e 4

Dando continuidade às aulas anteriores sobre imagens e seus

significados, iniciei a aula fazendo um “debate” sobre os significados e as

mensagens diretas ou indiretas contidas nas imagens. Conforme Analice Pillar, “No

ensino de arte, leitura e releitura têm sido uma prática amplamente difundida, sem

que muitas vezes se compreenda o que esta implicado nessas dimensões do

conhecimento da arte” (2006, p.11)40. Desta forma, nesta afirmação da autora, iniciei

a aula.

Primeiramente mostrei para a turma algumas imagens de publicidade e

pedi que eles falassem sobre o que achavam que as imagens queriam ‘dizer’.

Diante destas imagens os alunos fizeram certas observações sobre as

cores utilizadas como as dos anúncios, que normalmente são claras; a maioria das

pessoas que aparecem são brancas e, normalmente, mostram que se utilizarmos

este ou aquele produto seremos mais populares, mais atraentes entre outras coisas.

Após este primeiro momento expliquei o que é leitura de imagem, e que

havíamos feito até este momento era um tipo de leitura, porém, a turma não

conseguia fazer esta ligação, talvez por esta segunda etapa ser escrita. Diante desta

dificuldade pedi que a turma respondesse a duas perguntas de forma escrita. As

questões eram: O que eu estou vendo? E como a imagem é composta?

Após alguns questionamentos por parte dos alunos e os respectivos

esclarecimentos, estes começaram a responder as perguntas. Durante este

processo fui orientando que fossem o mais detalhistas possível, pois assim teríamos

um trabalho mais ‘rico’.

Conforme Feldman, a leitura de imagem é composta por diversas etapas,

sendo que a primeira é a descritiva, ou seja, quando relatamos tudo o que é visto na

imagem. Foi exatamente nesta etapa que os alunos se fixaram, porém, em alguns

trabalhos, os alunos colocaram o que certas imagens os faziam sentir.

Nesta atividade os alunos não se sentiram muito à vontade, talvez por ser

nosso segundo encontro, e ainda ficarem com medo de ‘fazer errado’, mesmo com

40 PILLAR, Analice Dutra (org.). A educação do Olhar no ensino das artes. 4. ed. Porto Alegre: Mediação, 2006

Page 40: Animação: arte em movimento

minha tentativa de deixá-los mais tranquilos. E provavelmente devido a este motivo

os alunos ficaram durante muito tempo nesta atividade.

4.3 ENCONTROS 05 E 06

PLANEJADO

AULA 05

Tema: luz e sombra

Duração: 45 minutos

Objetivos : - Representar luz e sombra

- Observar os sentimentos que a luz e sombra imprimem a imagem

Desenvolvimento da aula : 15 min. – Leitura de imagem com ênfase para luz e

sombra

20 min. – Atividade prática “trabalhando com a luz”

10 min. – Análise dos trabalhos

AULA 06

Tema: Perspectiva

Duração : 45 minutos

Objetivos : - Representar profundidade em planos bidimensionais

Desenvolvimento da aula : 10 min. – O que é perspectiva?

25 min. – Desenho de observação (perspectiva com 1, 2 e 3 pontos de fuga)

10 min. – Finalização dos roteiros

Recursos : - Professor – Papel Kraft e modelo

- Alunos – Material de desenho e régua

REALIZADO

Analise Aulas 5 e 6

Nesta aula, diferente das anteriores, não foram utilizadas imagens para

ilustração do que seria feito em sala. Expliquei para a turma que como

trabalharíamos com animação seria necessária a elaboração de cenários onde

ocorreriam as mesmas, e que para isso utilizaríamos a perspectiva em alguns casos.

Porém, após esta introdução, fui questionado por grande parte da turma

sobre o que era perspectiva. Expliquei então que basicamente a perspectiva servia

como uma forma de representar profundidade em um plano bidimensional e que

Page 41: Animação: arte em movimento

seria isto que faríamos nesta aula. Após a explicação eles disseram que não

queriam fazer esta aula, pois a professora (titular) já havia passado e segundo os

alunos era ‘muito chato’ porque tinham que ficar medindo as distâncias exatas com a

régua.

Fiquei um tanto surpreso com esta reação da turma, e solicitei que

dessem mais uma chance para este estudo e que faríamos um estudo de forma

menos técnica do que as professora tentara passar, porque não poderia deixá-los

com aquela impressão sobre perspectiva, pois segundo EDWARDS (2007, p. 159):

Aqueles alunos que aprendem tudo menos a avaliar relacionamentos através da visualização prejudicam sua capacidade de desenho e acabam constantemente às voltas com erro frustrantes de proporção e perspectiva.41

Afirmação que compartilho com a autora já que um entendimento deste

estudo seria de grande importância para o trabalho que desenvolveríamos.

Distribui então folhas para cada aluno e pedi que utilizassem a régua a

qual havia solicitado na aula anterior. Dei início explicando o que era a linha do

horizonte e que esta representava a altura do olhar, em seguida falei sobre o ponto

de fuga e as linhas imaginárias que convergiam para ele. Este primeiro momento

resultou nos seguintes trabalhos:

Desenho da aluna Eduarda – perspectiva com um ponto de fuga

(FONTE: ABREU, 2009)

41 EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. 4ª ed. Revisada e ampliada. Rio de Janeiro. Ediouro: 2007

Page 42: Animação: arte em movimento

No começo a turma ainda mostrava certo receio em fazer um trabalho

gráfico já que este estava sendo o primeiro desenho que faziam sendo eu o

professor.

Dando sequência à aula mostrei a perspectiva com dois pontos de fuga e

alterando a linha do horizonte para cima ou colocando-a abaixo do objeto

Desenho do aluno Richard – perspectiva com dois pontos de fuga

(FONTE: ABREU, 2009)

Conforme fui mostrando, explicando sobre a perspectiva e falando sobre

as maneiras práticas que eles poderiam utilizar na hora da elaboração dos cenários,

como por exemplo, para representar casas, prédios, ruas, entre outras coisas.

Page 43: Animação: arte em movimento

Utilização da perspectiva para representar um prédio

(FONTE: ABREU, 2009)

Aproveitando o estudo da perspectiva passei para a turma algumas

noções sobre luz e sombra que também seriam úteis na hora da produção das

animações. De acordo com EDWARDS (2007, p. 214) “para aprender a desenhar é

preciso aprender a ver conscientemente luzes e sombras e desenhá-las dentro de

toda a sua lógica inerente”. 42

Expliquei à turma sobre foco de luz e como ele se comportaria sobre

determinado objeto, bem como a sombra que produziria. Orientei que utilizando

alguns dos desenhos feitos até agora eles imaginassem um foco de luz e

colocassem a respectiva sombra neste objeto.

42 EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. 4ª ed. Revisada e ampliada. Rio de Janeiro. Ediouro: 2007

Page 44: Animação: arte em movimento

Luz e sombra – aluno Leonir (FONTE: ABREU, 2009)

Luz e sombra – aluno Diego (FONTE: ABREU, 2009)

Ao ver os trabalhos que a turma produziu achei o resultado satisfatório,

pois diante do planejado conseguimos, a turma e eu, alcançar os objetivos, sendo

que nesta aula o que me deixou mais satisfeito foi ouvir da turma que haviam

gostado de trabalhar com o conteúdo proposto naquela aula.

Page 45: Animação: arte em movimento

4.4 ENCONTROS 07 E 08

PLANEJADO

AULA 07

Tema: Storyboard

Duração : 45 minutos

Objetivos : - Transformar roteiro em uma sequência ilustrada

Desenvolvimento da aula : 15 min. – O que é storyboard? Conceitos e termos

20 min. – Transformar o roteiro em storyboard

10 min. – Curtas Anima Mundi

Recursos : - Professor: materiais sobre storyboard, curtas

-Alunos: materiais de desenho, papel

AULA 08

Tema: Criação de personagem

Duração : 45 minutos

Objetivos : Conceituar os personagens do roteiro

Desenvolvimento da aula : 15 min. – Noções de proporção

30 min. – Criação de personagem (concept art) e visões: frontal, lateral e anterior

(model sheet)

Recursos : - Professor: imagens de concept art de personagens e model sheet

-Alunos: materiais de desenho, papel

REALIZADO

Analise Aulas 7 e 8

Dando continuidade a técnicas e conceitos que os alunos iriam precisar

para desenvolver as animações, orientei-os sobre a criação dos roteiros os quais já

estavam desenvolvendo desde o primeiro encontro. Então, assim que os concluíram,

foram me entregando e eu fui lendo os roteiros, conforme estes me eram entregues.

Enquanto isto orientei que os alunos fossem em grupos discutir como fariam os

cenários bem como os personagens.

Após terminar a leitura dos roteiros, devolvi aos grupos para que estes

servissem de 'guia' no desenvolvimento do trabalho, porém, percebi que nenhum

dos grupos havia desenvolvido nada em relação ao cenário. Questionei-os sobre

Page 46: Animação: arte em movimento

esta atividade e a turma respondeu, na grande maioria, que o problema era que não

sabiam desenhar pessoas, no caso, os personagens. Também estavam sem idéias

para desenvolverem os cenários. Existe certa resistência em relação a desenhar.

Expliquei a eles a necessidade da tentativa e do processo de

desenvolvimento e que neste processo haveriam 'erros' assim como 'acertos' e que

sem a tentativa não haveria resultado. Mesmo depois de uma longa conversa, e de

várias tentativas de estimulá-los a desenvolverem alguma coisa, a turma parecia

decidida a não cooperar com a aula daquele dia.

Como percebi que não conseguiríamos desenvolver nada plástico

naquela aula, solicitei que os grupos descrevessem como seriam os personagens e

os cenários, e fiquei aguardando a reação dos alunos. Eles me surpreenderam, pois

em seguida começaram a fazer o que lhes solicitara.

No término da aula, depois de recolher a tarefa que tinha passado aos

alunos, pedi que na próxima aula viessem prontos para desenhar, afinal, esta

atividade iria influenciar diretamente a produção das animações.

Ao término destas duas aulas percebi que poderia ter certas dificuldades

em 'quebrar' o preconceito que os próprios alunos haviam desenvolvido em relação

a desenhar ou desenvolver algo mais 'prático'. Isto não se deve apenas a algo dos

próprios alunos, mas sim da sociedade em que vivemos, bem como do sistema

educacional que possuímos. Como afirma DERDYK (1989, p. 18), “Os sistemas

educacionais, por força das circunstâncias, estão mais voltados para a educação

técnica e profissionalizante. Esta postura inibe o ato perceptivo, e condicionando-o a

uma visão temporal e histórica”. 43

43 DERDYK, Edith. Formas de Pensar o Desenho. São Paulo: Scipione, 1989.

Page 47: Animação: arte em movimento

4.5 ENCONTROS 09 E 10

PLANEJADO

AULA 09

Tema: Storyboard

Duração : 45 minutos

Objetivos : - Transformar roteiro em uma sequência ilustrada

Desenvolvimento da aula : 15 min. – O que é storyboard? Conceitos e termos

20 min. – Transformar o roteiro em storyboard

10 min. – Curtas Anima Mundi

Recursos : - Professor: materiais sobre storyboard, curtas

-Alunos: materiais de desenho, papel

AULA 10

Tema: Criação de personagem

Duração : 45 minutos

Objetivos : Conceituar os personagens do roteiro

Desenvolvimento da aula : 15 min. – Noções de proporção

30 min. – Criação de personagem (concept art) e visões: frontal, lateral e anterior

(model sheet)

Recursos : - Professor: imagens de concept art de personagens e model sheet

-Alunos: materiais de desenho, papel

REALIZADO

Analise Aulas 9 e 10

Como nas aulas passadas não foram alcançados os objetivos

propostos, resolvi retomar a proposta da aula anterior, porém, com foco na criação

dos personagens, deixando a criação dos cenários para um segundo momento.

Percebi que os alunos, ao contrário da aula passada, pareciam mais

dispostos, já que eles estavam mais entusiasmados, iniciei as atividades

pensadas para estes encontros. Entreguei uma folha A4 para cada aluno e

informei a eles que nesta aula iríamos desenvolver os personagens como

havíamos tratado na aula anterior. Como a grande maioria tinha dificuldades para

Page 48: Animação: arte em movimento

o mesmo eu passaria algumas noções de proporção para o desenho do corpo

humano (optei pelo corpo humano, pois a grande maioria dos roteiros tinha como

personagem central figuras humanas).

Comecei passando as medidas do corpo e que normalmente

utilizamos a cabeça como unidade padrão de medida, e conforme ia explicando a

turma ia desenhando um personagem comum a todos.

Representação do corpo humano aluno do ensino médio

(FONTE: ABREU, 2009)

Depois que desenhamos esta primeira figura, pedi que utilizando as

noções que havia passado que eles desenhassem os seus personagens. No

começo a turma ficou meio inibida, mas depois começaram a desenvolver os seus

personagens.

Page 49: Animação: arte em movimento

Representação de personagem (FONTE: ABREU, 2009)

Representação de personagem animação, o cachorro com medo de osso (FONTE: ABREU, 2009)

O interessante foi que após as noções explicadas, os aprendizes

sentiram-se mais tranquilos para desenharem, para se expressarem tendo menos

medo de errar.

A partir dos desenhos feitos pelos alunos percebemos que o

desenvolvimento gráfico deles parece estar um pouco atrasado em relação à faixa

etária da turma. Apesar disto, ao término da aula, pude perceber que os próprios

alunos, mesmo insistindo que não sabiam desenhar, estavam satisfeitos com o

que haviam produzido, o que me deixou bem realizado, pois o objetivo havia sido

alcançado.

Page 50: Animação: arte em movimento

4.6 ENCONTROS 11 E 12

PLANEJADO

AULA 11

Tema: Storyboard

Duração : 45 minutos

Objetivos : - Transformar roteiro em uma sequência ilustrada

Desenvolvimento da aula : 15 min. – O que é storyboard? Conceitos e termos

20 min. – Transformar o roteiro em storyboard

10 min. – Curtas Anima Mundi

Recursos : - Professor: materiais sobre storyboard, curtas

-Alunos: materiais de desenho, papel

AULA 12

Tema: Storyboard

Duração : 45 minutos

Objetivos : - Transformar roteiro em uma sequência ilustrada

Desenvolvimento da aula : 15 min. – O que é storyboard? Conceitos e termos

20 min. – Transformar o roteiro em storyboard

10 min. – Curtas Anima Mundi

Recursos : - Professor: materiais sobre storyboard, curtas

-Alunos: materiais de desenho, papel

REALIZADO

Analise Aulas 11 e 12

Com os alunos mais confiantes em relação ao desenho segui com o

planejado, que nesta aula era transformar o roteiro em uma sequência desenhada,

ou seja, criar um storyboard.

Expliquei para a turma como se fazia um storyboard, e que a tradução

mais literal utilizada para este termo era ‘história em quadros’, e o que deveriam

fazer não era nada mais que transformar o roteiro em uma espécie de história em

quadrinhos, porém, em poucos quadros. Depois desta explicação mostrei aos alunos

uma revista com alguns exemplos. Enquanto a revista era vista pelos alunos fui

explicando alguns tipos de ‘visão’, ou seja, enquadramento que eles poderiam

Page 51: Animação: arte em movimento

utilizar, bem como noções de ângulo de câmera os quais poderiam constar no

storyboard que eles desenvolveriam.

Storyboard da animação o cachorro com medo de osso (FONTE: ABREU, 2009)

Ao desenvolver o que havia proposto pude perceber que alguns alunos

utilizaram algumas das noções que havíamos estudado como perspectiva e o

desenho dos personagens.

Apesar do empenho em desenhar os storyboards, apenas dois

grupos me mostraram o mesmo finalizado. M as mesmo assim, durante a

aula, enquanto os grupos elaboravam o trabalho, pude perceber as discussões

que eram feitas em relação à elaboração da proposta.

Neste ponto do desenvolvimento do trabalho e a partir das discussões

entre os grupos, foi possível perceber que os alunos estavam se empenhando no

desenvolvimento dos trabalhos.

Page 52: Animação: arte em movimento

4.7 ENCONTROS 13 E 14

PLANEJADO

AULA 13

Tema: Produção das animações

Duração : 45 minutos

Objetivos : - Criar animações com base nos roteiros

Desenvolvimento : 15 min. – noções de enquadramento

30 min. – Produção das animações

Recursos : - Professor: material desenvolvido pelos alunos até agora, câmera

fotográfica canhão de luz (lanterna)

- Alunos: câmera fotográfica ou outro dispositivo que capture imagem

AULA 14

Tema: Produção das animações

Duração : 45 minutos

Objetivos : - Criar animações com base nos roteiros

Desenvolvimento : 15 min. – noções de enquadramento

30 min. – Produção das animações

Recursos : - Professor: material desenvolvido pelos alunos até agora, câmera

fotográfica canhão de luz (lanterna)

- Alunos: câmera fotográfica ou outro dispositivo que capture imagem

REALIZADO

Analise Aulas 13 e 14

Com os storyboards feitos iríamos passar para a construção em três

dimensões dos cenários e dos personagens. N esta aula o orientador do

estágio Professor Dr. Celso Vitelli foi observar as aulas. Informei para o professor

qual seria a proposta para a aula naquele dia.

Fomos então até a sala onde a turma teria aula. Ao chegarmos lá havia

apenas dois alunos. Expliquei ao orientador que normalmente a turma chegava

um pouco atrasada. Quando chegaram mais alguns alunos dei início à aula

apresentando o Professor Celso à turma e dizendo aos alunos que ele iria

observar aquela aula.

Como o objetivo era a criação dos cenários e dos personagens havia

Page 53: Animação: arte em movimento

solicitado que os grupos levassem os materiais que iriam utilizar para a confecção

dos mesmos. Porém, apenas dois grupos levaram o material. Neste momento

aquele nervosismo da primeira aula parecia ter voltado, porque além de já

estarmos nas últimas aulas, estávamos sendo observados pelo meu orientador de

estágio.

Comecei então a passar em cada grupo para verificar se haviam

trazido algum tipo de material. Enquanto eu fazia isto alguns alunos pediram para

ir comprar a massa de modelar para poderem fazer o trabalho. Orientei que

falassem com a pessoa responsável pela entrada e saída de pessoas na escola

para ver se poderiam ir a um estabelecimento próximo para comprarem o material

mencionado.

Como alguns alunos tinham certas dúvidas em como montar os

personagens, pedi a uma das alunas o seu material emprestado para mostrar

aos alunos como montar os seus personagens. A confecção dos personagens

consistia em fazer um 'esqueleto de arame' que daria sustentação ao

personagem, e cobrir este 'esqueleto com massa de modelar para então finalizá-lo.

Enquanto falava com um dos grupos, houve uma briga no saguão do

prédio onde estávamos o que ocasionou certo 'descontrole da turma que saíram

correndo para o corredor do prédio. Após certo tempo consegui que os alunos

retornassem para a sala. Depois do ocorrido o Professor Celso me informou que

teria que ir embora.

Mesmo com todos os acontecimentos no final a turma conseguiu

produzir algo mesmo que nem todos tenham levado o material.

Page 54: Animação: arte em movimento

Construção de personagens animação, a falta de gasolina Personagem finalizado

(FONTE: ABREU, 2009)

Criação de personagem (FONTE: ABREU, 2009)

Page 55: Animação: arte em movimento

Personagem finalizado (FONTE: ABREU, 2009)

Posso avaliar que mesmo com tantos fatos contrários, conseguimos

alcançar em parte os objetivos propostos, porque nem todos os grupos

confeccionaram os seus personagens.

4.8 ENCONTROS 15 E 16

PLANEJADO

AULA 15

Tema: Produção das animações

Duração : 45 minutos

Objetivos : - Criar animações com base nos roteiros

Desenvolvimento : 15 min. – noções de enquadramento

30 min. – Produção das animações

Recursos : - Professor: material desenvolvido pelos alunos até agora, câmera

fotográfica canhão de luz (lanterna)

- Alunos: câmera fotográfica ou outro dispositivo que capture imagem

Recursos : - Professor: material desenvolvido pelos alunos até agora, câmera

fotográfica canhão de luz (lanterna)

Page 56: Animação: arte em movimento

AULA 16

Tema: Produção das animações

Duração : 45 minutos

Objetivos : - Criar animações com base nos roteiros

Desenvolvimento : 15 min. – noções de enquadramento

30 min. – Produção das animações

Recursos : - Professor: material desenvolvido pelos alunos até agora, câmera

fotográfica canhão de luz (lanterna)

- Alunos: câmera fotográfica ou outro dispositivo que capture imagem

Recursos : - Professor: material desenvolvido pelos alunos até agora, câmera

fotográfica canhão de luz (lanterna)

REALIZADO

Analise Aulas 15 e 16

Com os personagens e os cenários já confeccionados poderíamos

passar para a produção das animações. Contudo, a animação era algo novo

para a turma. Por este motivo, iniciei esta aula passando uma sequência de

animações no estilo stop motion disponível no site youtube.com e uma animação

no mesmo estilo que havia sido apresentada no festival de animações Anima

Mundi.44

Após a exibição das animações os alunos fizeram alguns

questionamentos em relação à qualidade das animações apresentadas. Respondi

que não era necessário se preocuparem já que esta seria a primeira experiência

deles em animação. Assim que todas as dúvidas levantadas foram sanadas

começamos a produzir as animações, o que serviu de motivação bem como forma

de sanar a expectativa da turma.

44 Festival de Animação que ocorre anualmente no Brasil

Page 57: Animação: arte em movimento

frame da animação, A falta de gasolina (FONTE: ABREU, 2009)

Junto com uma das alunas da turma que havia optado por fazer o

trabalho sozinha iniciamos a produção das animações, que consistiam em tirar

fotos, e entre uma e outra, efetuar pequenas mudanças na posição dos

personagens.

Depois de tiradas todas as fotos, partimos para a segunda animação

a ser feita, a qual consistia em um homem caindo. Particularmente achei a mais

difícil de ser feita, pois além de dar a sensação de queda era necessário

desmembrá-lo após tal queda, dificuldade que este grupo conseguiu contornar

muito bem.

Frame da animação de um homem caindo 'sem título' (FONTE: ABREU, 2009)

Page 58: Animação: arte em movimento

Assim, conforme íamos terminando as animações, passávamos para o

grupo seguinte.

Frame de animação, sem titulo (FONTE: ABREU, 2009)

Em algumas das imagens é possível perceber que os alunos utilizaram

o que havíamos estudado nas aulas anteriores como na imagem a cima na qual

há certa preocupação com a perspectiva representada no cenário.

frame da animação ' O cachorro com medo de osso' (FONTE: ABREU, 2009)

Page 59: Animação: arte em movimento

Houve também preocupação com a representação de texturas, assunto

que foi abordado apenas de maneira superficial na terceira aula quando fizemos

leitura de imagens.

Assim que terminamos todas as fotos, os alunos informaram quais as

músicas ou efeitos que achavam interessantes para as suas produções. Expliquei

como seriam feitas as animações e deixei combinado que na aula seguinte

faríamos a exibição das mesmas.

Com o final desta aula posso afirmar que conseguimos alcançar os

objetivos propostos. Pude perceber que até este momento os alunos, os que

fizeram o trabalho, e de certa forma foi um número considerável, estavam

envolvidos com o trabalho.

4.9 ENCONTROS 17 E 18

PLANEJADO

AULA 14

Tema: Exibição das Animações

Duração : 45 minutos

Objetivos : - Apresentar as animações feitas pelos alunos

Desenvolvimento : 45 min.- Exibição de curtas

Recursos : - Professor: Animações desenvolvidas pelos alunos.

AULA 14

Tema: Exibição das Animações

Duração : 45 minutos

Objetivos : - Apresentar as animações feitas pelos alunos

Desenvolvimento : 45 min.- Exibição de curtas

Recursos : - Professor: Animações desenvolvidas pelos alunos.

Page 60: Animação: arte em movimento

REALIZADO

Analise Aulas 17 e 18

Nesta última aula comecei com a exibição das animações, tendo como

convidada a Professora Ana Maria, professora titular da turma onde foi feito o

estágio.

Após a exibição das animações pedi para que a turma falasse sobre

o que acharam do trabalho desenvolvido, mas novamente houve pouca

participação. Pedi que eles fizessem uma auto avaliação e na mesma folha uma

avaliação das aulas, com os pontos positivos e negativos.

Antes de iniciarem esta avaliação a professora titular expôs que havia

gostado muito dos trabalhos e demonstrou certo interesse em dar continuidade as

mesmas com a turma. Seria muito proveitoso para a turma já que os alunos

demonstraram empenho com uma temática diferenciada da que vinham tendo até

o momento.

Segundo CASTANHO e VIEIRA (2008, p. 3):

O mundo está em movimento e o aluno, mais do que nunca, possui seu cotidiano preenchido de imagens em movimento, que por vezes substituem relações familiares. O desenho animado já é um tema próximo do aluno, basta agora, trabalhar toda a gama de conhecimentos que envolvem esta arte, desde a apreciação direcionada até a produção de pequenos filmes. 45

Concordo plenamente com as palavras acima, pois nesta vivência

que tive com a turma 102, pude perceber que a partir do momento no qual

propus a atividade que não era comum para eles em sala de aula, mas fazia parte

do seu cotidiano, a turma demonstrou um interesse que me surpreendeu. Entre

altos e baixos, acabo estas aulas plenamente satisfeito. Certo de que poderia

mudar certos pontos do projeto bem com outros que acho que se aplicam

perfeitamente em outras turmas.

45 CASTANHO, Maria Eugenia , VIEIRA, Tatiana Cuberos NA ESCOLA: O POTENCIAL EDUCACIONAL DO CINEMA DE ANIMAÇÃO Disponível em: < http://www.bibliotecadigital.puc- campinas.edu.br/tde_arquivos/3/TDE-2008-08-12T063034Z-1461/Publico/Tatiana%20Cuberos%20Vieira.pdf > Acesso em: 5 maio 2009

Page 61: Animação: arte em movimento

CONCLUSÃO

A Animação como metodologia do ensino da Arte foi o tema escolhido

para este projeto, aplicado junto à turma 102 - primeiro ano do ensino médio da

Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rafaela Remião. Este tema foi

escolhido por representar algo que está ligado diretamente à realidade tanto dos

alunos como da sociedade em geral seja por meio da animação em sua forma mais

tradicional e direta (desenhos animados) quanto através da publicidade e mídia em

geral.

Este projeto se deu a partir da vivência e da experimentação dos

aprendizes com o mundo da animação, a partir da elaboração do roteiro, passando

pelo desenvolvimento dos personagens e cenários até a pós-produção, fazendo com

que estes percebessem as diversas linguagens bem como conceitos e técnicas da

Arte aplicadas neste meio de entretenimento e comunicação.

No início da aplicação do projeto foram desenvolvidas algumas atividades

para apresentação do conteúdo a ser desenvolvido durante as aulas, assim como

algumas mais direcionadas para a Arte convencional, por exemplo, a leitura de

imagem feita na 3ª e 4ª aulas. Concomitantemente as atividades mais dirigidas ao

estudo das Artes (perspectiva e luz e sombra – 5ª e 6ª aulas) os alunos

desenvolveram as atividades com foco na produção da Animação (roteiro – 1ª, 2ª, 7ª

e 8ª aulas).

A partir da aplicação deste projeto de ensino percebi três pontos

relevantes para a reflexão sobre o mesmo. Estes pontos são o conhecimento do

aluno que é obtido por ele durante a aula, por exemplo, técnicas, artistas e materiais

que o professor leva para sala de aula os quais os alunos não tinham contato. E o

conhecimento que este aluno já possui através das suas vivências ao longo da vida

tanto acadêmica quanto fora do ambiente escolar e se é possível prever este

conhecimento. Esta questão foi observada na 5ª e 6ª aulas.

A segunda questão observada é a da homogeneidade ou não da turma,

ou seja, em quais momentos e atividades a turma se mostrou mais unida (7ª e 8ª

aulas) e em quais esta homogeneidade não foi percebida (11ª e 12ª aulas) e por fim

a postura do professor diante das diversas situações que podem ocorrer em sala de

Page 62: Animação: arte em movimento

aula (7ª, 8ª, 9ª, 10ª, 13ª e 14ª aulas) a escolha das atividades a serem aplicadas e a

condução das mesmas.

O primeiro ponto observado é o que trata sobre o conhecimento que o

aluno adquiriu em sala de aula assim como o conhecimento que o aluno já possui e

se é possível prever este conhecimento e como lidar com ele.

Durante as aulas os alunos demonstraram possuir um

conhecimento/desempenho acima do esperado como foi visto na 5ª e 6ª aulas, em

que a turma mesmo tendo uma experiência anterior não ‘agradável’ e depois de

certa relutância desenvolveu um trabalho além do que era esperado sobre o assunto

desenvolvido nas aulas citadas. Durante esta atividade os alunos acabaram fazendo

uma ligação com a segunda aula onde foi desenvolvida uma introdução à leitura de

imagem e falamos sobre os variados tipos de representação através de linhas e de

manchas. Estas variações discutidas na 2ª e 3ª aulas acabaram sendo úteis neste

encontro, pois os alunos as utilizaram no momento de representar a luz e sombra

nos trabalhos desenvolvidos.

Chamou atenção que nas aulas em que estudamos a leitura de imagem,

parecia que o assunto não havia sido assimilado pela turma tanto que os objetivos

propostos para aquelas aulas não foram atingidos em sua totalidade, porém no

momento em que os alunos utilizaram-se de temas e formas de representação

discutidos nas aulas sobre leitura de imagem percebi que o projeto estava tendo

uma continuidade que até este momento não havia sido percebida.

Nos trabalhos que foram desenvolvidos nestas aulas foi possível perceber

também que alguns desenvolveram um trabalho gráfico além do que era esperado,

demonstrando que alguns alunos já possuíam certo conhecimento e/ou vivência com

o desenho. Mas prever este conhecimento do aluno torna-se difícil por motivos

como: o aluno não responder de forma sincera os questionários aplicados pelo

professor, ou não se sentir à vontade com certas atividades propostas. Este

segundo ponto, ou seja, sentir-se envolvido com as atividades, foi o que ocorreu

neste projeto com a turma 102, pois em algumas atividades os alunos atingiram um

excelente resultado em seus trabalhos.

A homogeneidade da turma que é o segundo ponto percebido durante a

aplicação do projeto, ficou mais clara na 7ª e 8ª aulas, quando os alunos, a partir de

uma atividade proposta, acabaram de forma quase que geral não fazendo a

atividade. Em outros momentos a turma fez as atividades de forma rápida evitando

Page 63: Animação: arte em movimento

discussões que eram previstas para as atividades, provavelmente com o intuito de

terminar o mais rápido possível o trabalho que eu havia proposto para a turma.

Porém, com o decorrer do projeto os alunos começaram a se envolver

com as atividades, tanto que na 11ª e 12ª aulas os alunos acabaram tendo uma

postura contraria a esta que viam demonstrando, ou seja, de concluir a tarefa

independente da qualidade desde que fosse de maneira rápida, tanto que para

algumas era necessária uma intervenção minha para acalmar os ânimos e para que

a tarefa fosse concluída. Mas a falta de homogeneidade apresentada nestas aulas

era algo construtivo, porque apenas acrescentou no trabalho dos alunos. Este

acréscimo ocorreu devido as ‘discussões’ que os alunos fizeram em relação aos

trabalhos que iriam produzir.

Por fim o terceiro ponto, que diz respeito à postura do professor em sala

de aula que acaba de alguma forma interferindo nos dois pontos tratados

anteriormente. Durante o decorrer das aulas foi possível perceber que as ocasiões

nas quais a turma apresentou resistência ou desinteresse nas atividades propostas

foram aquelas que as atividades ficaram focadas muito mais na realização do

projeto pensado pelo professor, ou seja, foram mais direcionadas para o agrado do

educador do que direcionadas aos alunos. Foi possível perceber isto, por exemplo, o

interesse da turma de acordo com a postura do professor bem como nas atividades

propostas. Ao compararmos as 7ª e 8ª aulas quando os alunos acabam não fazendo

as atividades solicitadas no início da aula exatamente no momento em que o

professor acaba se distanciando da turma, com as 9ª, 10ª11ª e 12ª aulas quando

ocorre também uma mudança na avaliação, esta passa a ser focada na auto-

avaliação, por exemplo, quando os alunos chegam a um resultado que os agrade e

que não tenham vergonha de mostrar para alguém. A partir destes encontros,

quando o educador reavalia a situação da turma bem como a forma das atividades

os alunos passam de resistentes/observadores a produtores de suas animações

saindo de um comodismo de aceitar ‘qualquer coisa’ com o intuito de acabar logo a

atividade, para críticos de suas ações procurando algo que os agrade realmente.

Por fim posso dizer que muitas dúvidas surgiram durante o processo de

aprendizagem tanto por parte dos alunos como por parte do professor. Algumas

destas dúvidas em relação às atividades propostas como a leitura de imagem (2ª e

3ª aulas) e o desenvolvimento dos personagens e cenários (7ª e 8ª aulas) nestas

duas situações a dúvida principal foi em relação à condução das mesmas por parte

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do professor. Provavelmente se tivessem sido abordadas de outra maneira poderiam

ter um resultado muito mais satisfatório, no entanto estas ficaram para uma próxima

pesquisa e vivência.

Muitas outras dúvidas, estas mais de caráter técnico foram esclarecidas

durante o desenvolvimento do projeto em sala de aula, algumas atividades que

foram pensadas, mas não chegaram a ser desenvolvidas como, por exemplo, a

confecção de um flip book, desenho de observação entre outras que ajudariam no

desenvolvimento dos projetos dos alunos. Também existem certas atividades que

deverão ser readaptadas. Como a leitura de imagem que deverá ser abordada de

outra maneira e durante mais aulas por se tratar de um tema muito abrangente,

assim como a atividade desenvolvida na primeira aula quando os alunos expuseram

suas idéias sobre Arte também deveriam ter recebido um espaço assim como

atenção maiores.

No final do projeto pude perceber que o mais difícil não é a elaboração do projeto

em si, mas perceber o momento certo para reavaliar as aulas bem como a turma de maneira a

proporcionar atividades que façam o aluno desenvolver o seu melhor e que possam aproximá-

los da sala. Dessa vivência como professor de Artes levo muitas questões já citadas como as

atividades a serem reavaliadas, a postura em sala de aula que me ajudarão a desenvolver

futuramente projetos melhores com foco maior nos aprendizes.

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