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Brasília - Setembro de 2015 - N° 39 - Ano IV Pra começo de conversa Angola: o dia a dia de um brasileiro em missão Pág. 8 Pe. Odésio e sua comunidade Os 30 anos do martírio do Pe. Ezequiel Pág. 9 Neste número: - Depois de 15 anos em Guiné Bissau, Ir. Maristella nos deixa. (pág.4) - Missionário brasileiro em meio à guerra civil no Sudão (pág.10) - Apadrinhamento de escolares em Guiné Bissau (pág.5) - Vocação missionária do cristão (pág. 6) - Vale a pena trabalhar no Haiti (pág.7) Em outubro, vamos festejar o Mês das Missões, quando nossos olhares se voltarão ainda mais para os missionários e missionárias. “Missão é servir” é o lema da campanha de 2015. Nós, que estamos em terras brasileiras, podemos fazer mui- tas ações em prol dos nossos missionári- os. Além da ajuda financeira, nossas fa- mílias podem se engajar em atividades missionárias promovidas pelas paróquias e na participação efetiva de nossos jo- vens em acampamentos, em semanas missionárias, contatos com missionários por e-mail, pelo facebook, e por outras redes sociais, para estar com eles e encorajá-los a prosseguir na missão. E so- bretudo crer no poder da oração. Mexam- se diz o papa. O editor.

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Brasília - Setembro de 2015 - N° 39 - Ano IV

Pra começo de conversa

Angola: o dia a dia de um brasileiro em missão Pág. 8

Pe. Odésio e sua comunidade

Os 30 anos do martírio do Pe. Ezequiel

Pág. 9

Neste número:

- Depois de 15 anos em GuinéBissau, Ir. Maristella nos deixa.(pág.4)- Missionário brasileiro em meio àguerra civil no Sudão (pág.10)- Apadrinhamento de escolares emGuiné Bissau (pág.5) - Vocação missionária do cristão(pág. 6)- Vale a pena trabalhar no Haiti(pág.7)

Em outubro, vamos festejar o Mêsdas Missões, quando nossos olhares sevoltarão ainda mais para os missionáriose missionárias. “Missão é servir” é o lemada campanha de 2015. Nós, que estamosem terras brasileiras, podemos fazer mui-tas ações em prol dos nossos missionári-os. Além da ajuda financeira, nossas fa-mílias podem se engajar em atividades

missionárias promovidas pelas paróquiase na participação efetiva de nossos jo-vens em acampamentos, em semanasmissionárias, contatos com missionáriospor e-mail, pelo facebook, e por outrasredes sociais, para estar com eles eencorajá-los a prosseguir na missão. E so-bretudo crer no poder da oração. Mexam-se diz o papa. O editor.

TESTEMUNHO2

Jornal Digital das Pontifícias Obras Missionárias do Brasil

Brasília - Setembro de 2015 - Ano IV - N° 39

Diretor: Pe. Camilo Pauletti

Edição: Jorn. Camilo Simon ( Reg. Prof. n. 3248)SGAN 905 - 70790-050 Brasília - DF Fone 3340.4494E-mail: [email protected]

BRASIL

FILIPINAS BRASIL

Regressou para a Bulgária, depois de férias no Bra-sil, a Ir. Djanira Morais Garcia, missionáriaBeneditina de Tutzing. Esta congregação possuimissionárias em várias partes do mundo.

A missionária leiga, Neiva Hoffelder, depois deférias no Brasil, regressou para a Tailândia,ondedirige projetos ligados aos missionários maristasnaquele país, em Camboja, Miamar e Índia.

TAILÂNDIA BULGÁRIA

Senhor Editor!Mais uma vez, muito obrigada pelo JornalParceiros das Missões que nos vem trazer aalegria de sermos missionários em uma terratão distante da nossa.... Se no ano que vem eupuder ter férias aí no Brasil, gostaria deencontrá-lo para agradecê-lo pessoalmente!Abraços e muitas orações! Ir. Lazara, MC

Estimado editor!Muito obrigado pelo envio do jornal Parceirosdas Missões. As Irmãs da Província oapreciam muito.Que Deus te abençoe!Ir. Acélia Maria Sterz

Muito obrigada. Belos os testemunhos sobre avisita do Papa na América Latina.Ir. Benedita Aparecida Nogueira

BRASILMuito obrigado, caríssimo, por essa e pelasoutras vezes que tens me enviado o jornal. Paze Bem. Marcos Antonio

Obrigada pelo envio do jornal Parceiros dasMissões. É sempre motivo de alegria e acimade tudo material que nos mantem em sintoniacom tantas religiosas e religiosos quegratuitamente estão a serviço da vida,em espaços desafiadores.Saudações de paz e bem!Ir. Elsa

BRASIL

TESTEMUNHO

Diretores e secretários das POM do Cone Sul debateram ação missionária

Diretores e secretários dasPontifícias Obras Missionárias(POM) do Cone Sul (Argentina, Uru-guai, Chile, Paraguai e Brasil), reu-niram-se Buenos Aires, Argentina,no dias 27 a 30 de agosto, paraseu 8º Encontro. A reunião acon-tece todos os anos, desde 2008,com o objetivo de refletir, dialo-gar e encontrar pistas comuns parao trabalho de animação e coope-ração missionária nos países dobloco.

Os trabalhos abriram comuma missa presidida pelo diretordas POM na Argentina, padre DanteDe Sanzzi. “Na missão Deus nosquer sempre vigilantes. Descansa-mos, mas sempre em atitude de vigilância, pron-tos para os trabalhos que a realidade nos impõe eo Senhor nos pede”, afirmou o padre ao acolher os17 participantes.

Na missa em memória de Santo Agostinho, odiretor das POM do Brasil, padre Camilo Pauletti,refletiu sobre a santidade. “Certamente não po-demos nos preparar para o encontro com o Senhorficando de braços cruzados. Necessitamos de açõessegundo os valores evangélicos que nos aproximemdas pessoas, principalmente das mais necessita-das”, destacou ele para, em seguida, recordar umdos ensinamentos de Santo Agostinho: “ama e fazeo que queres”. Lembrou ainda do necessário equi-líbrio entre a oração e a ação.

A programação seguiu com um panorama so-bre a realidade eclesial e social da Argentina, ondea Igreja católica conta com 14 arquidioceses e 48dioceses, 129 bispos dos quais 40 eméritos. Alémdisso, a evangelização dispõe da força de 323 con-gregações (238 femininas e 85 masculinas). Os semi-naristas somam cerca de 700 entre diocesanos e re-ligiosos. 78% da população declara-se católica.

As Obras Pontifícias e a comunicação para aanimação e cooperação missionária foi tema de es-tudo que contou com a assessoria dos jovenscomunicadores, Facundo Salvatierra e Maria VictóriaAlvarez, membros da equipe nacional dos GruposMissionários das POM da Argentina. Os comunicadoresapresentaram exemplos de como motivar e articu-lar eventos missionários através das novas tecnologiasde comunicação. Falaram também do Encontro Na-cional de Grupos Missionários que deve reunir, emoutubro deste ano, cerca de 2 mil pessoas de 295grupos, na cidade de Santiago de Estero, no norteda Argentina. Este ano o tema é “Missão: um estilode vida”.

Em seguida, os assessores orientaram uma ofi-cina sobre o uso das novas tecnologias para o servi-ço de animação e cooperação missionária. Em gru-po, os participantes destacaram as oportunidades,dificuldades, ameaças e fortalezas.

No dia 29, o bispo auxiliar de Buenos Aires,dom Enrique Eguia Segui fez um resgate históricodos 50 anos do concílio Vaticano II em especial sobrea missão desde o Decreto Ad Gentes até a ExortaçãoApostólica “A Alegria do Evangelho” do papa Fran-cisco. Os trabalhos encerraram no dia 30, com umavisita a uma comunidade missionária onde houvecelebração Eucarística. (Pe. Jaime Patias)

Parte da delegação das POM do Cone Sul

A missa concelebrada

TESTEMUNHO4

Ir. Maristela na África

Depois de 15 anos em Guiné Bissau, Ir. Maristela partiu para o Pai

A missionária gaúcha Ir. Maristela Guerra,depois de 15 anos em Guiné Bissau, voltou aoBrasil em 2013. Vítima de um câncer, faleceuaos 79 anos, em Bom Retiro do Sul.

A religiosa foi voluntária em uma missãono país africano entre 1998 e 2013, tornando-se instrutora de jovens casais e famílias, alémde educadora e coordenadora pedagógica naescola Antero Sampaio, mantida porfranciscanos em Canchungo. Quando retornavaao Brasil, realizava campanhas de doações paracrianças africanas.

A irmã Nita Francisco Gomes, que convi-veu com Maristela durante quatro anos na Áfri-ca, diz que, apesar dos mais de 70 anos, todosdiziam que ela era a mais jovem da comunida-de, devido à sua disposição, ao dinamismo e àrecusa em desistir de projetos difíceis. A per-manência por tanto tempo em Guiné se deu porcausa das crianças.

“A irmã pregava a valorização e o respei-to a elas”. Dizia: ‘eu faço pelas crianças’. – res-salta Nita.

Maristela nasceu em 14 de abril de 1935,em Soledade. Filha de José Guerra e Júlia TestaGuerra, recebeu no nascimento o nome deIsolema Lourdes Guerra.

Ingressou na Congregação das IrmãsFranciscanas de Nossa Senhora Aparecida em1944. Emitiu os primeiros votos religiosos em 2de agosto de 1958, quando recebeu o nome deirmã Maristela Maria. Em 2008, celebrou 50 anosde vida religiosa.

Formada no curso de magistério e em His-tória, deixou também sua marca como educa-

dora na Escola Rainha do Brasil e na EscolaNossa Senhora do Brasil, em Porto Alegre, enos últimos anos na cidade de Canchungo –Guiné-Bissau/ África. Além de educadora de-dicou-se à igreja como catequista de adultose crianças.

Desde outubro de 2013, a irmã Maristelalutava contra o câncer. Dividiu-se entre o tra-tamento no Hospital Ernesto Dornelles e os cui-dados na casa de saúde da Congregação, emBom Retiro do Sul.

Conforme a Congregação das IrmãsFranciscanas de Nossa Senhora Aparecida, Ir.Maristela deixou a marca de uma lutadora peloensino e educação; com fé, coração genero-so, fez um bonito trabalho missionário dedi-cando os últimos anos de sua vida educando eevangelizando os pobres, os mais necessita-dos, em Guiné-Bissau.

Aqui a homenagem das Pontifícias ObrasMissionárias pelo exemplo de missionáriadedicada à causa do Reino. Ir. Maristela dei-xou seu rastro em terras de Guiné Bissau e suaação semeadora do evangelho certamentedará frutos abudantes.

A Igreja é essencialmente missionária,disse o papa Francisco. E a Congregação dasirmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecidadesde há muito tempo compreendeu a essên-cia da Igreja e participa da açãoevangelizadora aqui no Brasil e no exterior.

O sorriso sempre estampado no rosto

TESTEMUNHO

Pe. Vilson: projeto de apadrinhamento de escolares em Guiné Bissau

Conhecido pelos mais de 30 anos de servi-ços prestados às comunidades carentes da GrandeFlorianópolis, o Pe. Vilson Groh, por meio do insti-tuto que leva o mesmo nome, está ajudando cri-anças e adolescentes em um país africano.

O projeto de apoio a escola em Guiné-Bissauvisa proporcionar recursos para que 200 estudan-tes da Vila de Empada, naquele país, tenham acessoà escola.

Este é o segundo ano consecutivo que o Ins-tituto Pe. Vilson Groh – IVG está envolvido no pro-jeto, sendo seu propositor. Guiné-Bissau passa porsituações de pobreza e desordem institucional des-de a independência, em 1973, e a educação tam-bém sofre com essa realidade.

“Para diminuir o impacto sobre a educaçãoprovocado pelas constantes greves e atrasos de sa-lários, algumas vilas fizeram acordos com o gover-no para que as escolas fossem administradas pelaprópria comunidade, constituindo-se em escolas au-tônomas, que cobram uma taxa de mensalidade dosestudantes para custear os professores e a escola.

Porém, as crianças sem condições de pagarficam fora da escola”, explica Vilson. Ele já esteveno local por três vezes, sendo a última no iníciodeste ano para acompanhar de perto os resultadosdo projeto.

Em 2013, ao apresentar a iniciativa para pes-soas interessadas pela causa, foi possível arrecadarrecursos para custear material escolar para 600 jo-vens e mensalidades para 200 estudantes que nãotinham condições financeiras para pagar pelos es-tudos.

O valor de apoio para uma criança é de R$240,00 por ano e qualquer pessoa interessada podecolaborar. “O IVG abriu uma conta no Banco do Bra-sil específica para o projeto, basta fazer o depósitoque o recurso será destinado inteiramente para osestudantes da Vila de Empada”, completa Pe. Vilson.

Pe. Vilson

Alunos da escola apadrinhada

Crianças da escola

TESTEMUNHO6

Vocação missionária do cristão“Segundo o dito popular “não se abre uma

rosa apertando-se o botão”. É um pensamentomuito próprio para uma breve reflexão sobre avocação missionária do cristão para o mês deoutubro dedicado às missões. Jesus disse ao enviaros apóstolos: “Eis que vos enviou como carneirosem meio a lobos vorazes” (Cf. Mt. 10,16). E,quando, mal recebidos em uma cidade, João e Tiagopretendiam mandar o fogo dos céussobre aquele povo, mas Jesus osrepreendeu sobre tal atitude - “Nãosabeis de que espírito sois. (Cf. Lc.9,55).

A primeira atitude domissionário deve ser a mansidão. Oanúncio do Evangelho é um anúnciode paz. O profeta Isaias lido por Jesusna sinagoga de Nazaré (Cf. Lc. 4,16-22), a si próprio aplicado, diz: “OEspírito do Senhor está sobre mim, eisporque me ungiu e mandou-meevangelizar os pobres, sarar os decoração contrito, anunciar o ano dagraça”(Cf. Is. 61, 1-4). Também noSermão da Montanha, nosso Senhor Jesus Cristo,declara bem aventurados os mansos, osmisericordiosos e os que promovem a paz (Cf. Mt.5). A violência e a agressividade afastam oscorações.

Quanta paciência e compreensãomostraram os santos missionários na inculturaçãoda fé em corações duros e arraigados numa culturapagã totalmente diversa dos caminhos cristãos. Èpreciso dar tempo ao tempo, como o semeadoraguarda com paciência o tempo da colheita. NoEvangelho, diante da crítica dos fariseus, Jesusacolhe a pecadora e lhe perdoa os pecados, e nãoreprime com exagero o pecado dos “puros de todosos tempos”, mas os leva à conversão chamando-osao amor. (Cf. Lc. 7, 36-50). Numa ceia junto apublicanos e pecadores, o Mestre disse aos que ocriticavam: “Não são os que tem saúde que precisamde médico, mas os doentes. Ide aprendei o quesignifica: prefiro a misericórdia ao sacrifício” (Cf.Mt.9, 10-14). O plano salvífico de Deus não éimposto. Na criação, Deus respeitou a vontade dohomem que optou pelo pecado, assim também orespeita na opção que ele faz diante da oferta dasalvação. Afirmou Santo Agostinho: “Deus que tecriou sem ti, não te salvará sem ti”.

Missão é servir. “Quem quiser ser o primeiroseja o servo de todos” (Mc 10, 44). O cristão quetem pelo batismo a vocação missionária, a missãode anunciar o Evangelho, tem de ter, ele próprio,um coração semelhante ao de Cristo.

Documentos pontifícios narram que “a obrada evangelização requer um amor fraterno, semprecrescente, para com aqueles a quem ele, omissionário evangeliza.” Paulo VI, na EvangeliiNuntiandi destaca: “há outros sinais de afeição queo missionário tem de ter em relação ao

evangelizando: o respeito pela situação religiosa eespiritual das pessoas a quem se evangeliza; apreocupação de não ferir o outro é um esforço paranão transmitir dúvidas ou incertezas nascidas deuma erudição não assimiladas, isto é, não impormas respeitar a cultura local.

O missionário, ao anunciar o Evangelho nãopode se apresentar triste, sem esperança,impaciente ou ansioso. Deve manifestaruma vida irradiante de fervor e da alegriade Cristo, anunciando a sua mensagem.Segundo o documento (E.N 80), “abre suavoz para propor aos homens a verdadeevangélica e a salvação em Cristo, comabsoluta clareza e com todo o respeito pelaopções livres que a consciência dosouvintes fará”. A proposta do papaFrancisco é exatamente uma Igreja emsaída que se movimenta, missionária emtodos os sentidos sem ser acomodada.

Ao assumirmos a vocaçãomissionária” e além fronteira estamoscumprindo o pedido de Jesus: “Ide pelo

mundo inteiro e pregai o Evangelho a toda criatura”(Mc16,15). Na diocese de Três Lagoas, MS, paróquiaSão José em Cassilândia vivo esta experiênciamissionária. Com muitos desafios mas um povo deDeus e bom. Quando aqui cheguei foi uma acolhidaextraordinária de todos e aos poucos as mudançasforam acontecendo e os fiéis foram assumindo seustrabalhos na vida da paróquia. Percebemos que aIgreja Católica em Cassilândia se tornou uma Igrejamais dinâmica assumindo seu papel primordial deviver o Evangelho e anunciá-lo aos irmãos(ãs) maissofridos e afastados da Igreja.

Como fala a música “Alma Missionária”,sempre coloquei minha vida nas mãos do Senhor!“Estou disposto ao que queiras, não importa o queseja tu chamas-me a servir, Senhor, tenho almamissionária, conduza-me à terra que tenha sedede ti, por terras anunciando tua beleza Senhor, tedou, meu coração sincero, para gritar sem medo,formoso é teu amor”. Assim procuro viver minhavocação missionária.

Durante o mês de outubro a Igreja no Brasilrealiza a Campanha Missionária. Consiste emsensibilizar, despertar vocações missionárias, bemcomo realizar a Coleta no Dia Mundial das Missões.Além das ofertas, a Campanha nos convida a rezare a refletir sobre a nossa missão no mundo. Com otema “Missão é Servir” e o lema “Quem quiserser o primeiro”, seja o servo de todos”. AsPontifícias Obras Missionárias (POM) quem têm aresponsabilidade de organizar, todos os anos, aCampanha Missionária, disponibilizou material paraas dioceses realizarem a Campanha com êxito eembasada numa mesma linguagem e objetivo”.

Pe. Antônio Maurílio de Freitas – Padreda diocese de Caratinga, MG, atua como

missionário na diocese de Três Lagoas, MS,Paróquia São José em Cassilândia.

TESTEMUNHO

Haiti: vale apena trabalhar aqui

Ir. Eni da Silva

Curso bíblico

Parte da comunidade

Leitura da bíblia em comunidade

O 25°ano de vida religosa da Ir. Eni daSilva, da Congregação das Irmãs do ImaculadoCoração de Maria está sendo bem vivido comomissionária no Haiti. Trabalha há dois anos, nacidade de Jeremie que possui duas paróquias.O principal serviçoo é junto ao povo, com asComunidades Eclesiais de Base que funcionamem toda a diocese.

“ Estamos dedicando nossa atividade vol-tada para a formação bíblica. Todos os meseshá formação nas 42 paróquias da diocese. So-mente em uma paróquia que atuamos temosem torno de 160 pessoas na Escola Bíblica”

Ir. Eni ressalta que o povo haitiano temrecebido muito bem o trabalho dos brasileirose brasileras, missionários ou não. A sua Con-gregação, que foi umas das primeiras chegarao Haiti, é muito conhecida e acolhida. “ A re-alidade é uma só: pelo fato das religiosas secolocarem a serviço do povo, fazendo um bo-nito trabalho, vem o agradecimentos. Todo opovo é muito grato ao serviço e por isso, émuito gratificante para as religiosas”.

Entende Ir. Eni que no Haiti se vive ocarisma da fundadora, Ir. Bárbara Max, que éestar junto ao povo sentindo suas necessida-des. Apesar de termos algumas dificuldadescomo o clima, a diferença de culturas e a ali-mentação, sentimos que vale a pena qualquertrabalho, qualquer sacrifício para levar a men-sagem evangélica ao povo.

Ao final, Ir. Eni afirma: “ o conselho quedou é que vale a pena ser religiosa, indepen-dente de congregação. Vale a pena ir ao en-contro do povo que necessita da presença e doamor de Deus”

Quem é quemCelebrar a presença de Deus e servi-lo

alegremente em todo o tempo. Com esta cer-teza, Irmã Eni da Silva celebrou o jubileu deprata – 25 anos de Vida Religiosa Consagrada –na doação de seu ser ao serviço do Reino deDeus. A Santa Missa de Ação de Graças e con-fraternização foi realizada no final do mês demaio, na comunidade de Geremie.

Irmã Eni da Silva nasceu em Rio Pardo,Rio Grande do Sul. Em 1982 ingressou noaspirantado na cidade de Cachoeira do Sul.Formou-se em psicologia. Fez a primeira pro-fissão religiosa em 07 de janeiro de 1990 e pro-fessou votos perpétuos em 1996. Como religio-sa, doou-se em comunidades do Rio Grande doSul, especialmente no setor formação. Em 2009deixou o Brasil para ser missionária na Bolívia.Em 2013, um novo desafio: somar na missãocongregacional em um dos países mais pobresda América Latina: o Haiti.

TESTEMUNHO8

O missionário brasileiro Pe. Odesio Magno daSilva nos dá seu testemunho em terras angolanas:

“Ide, pois, fazei discípulos meus todos ospovos...” (Mt 28, 19). E os discípulos saíram pelomundo afora evangelizando com muito entusiasmoe coragem...

O imperativo do envio está claramente ligadoà ideia de fazer discípulos e pregar o evangelho.Agora chegou a minha vez de deixar a família, aterra, comodismo e assim parti! Há muitas pessoasesperando por nós, e fui escolhido para sermissionário, sair ao encontro da ovelha perdida,ferida, distante e fortalecer a presença de Jesus.Já dizia São Jerônimo: “A ignorância das escriturasé ignorância de Cristo”, mas as pequenascomunidades cristãs de nossa paróquia assentamnuma partilha do Evangelho, se reúnem paracelebrar a presença do Senhor, através da Eucaristiae da leitura da Palavra de Deus.

A Congregação dos MissionáriosSacramentinos está presente em Angola, desdeinício de 2012, na Diocese de Luena quecompreende toda a Província do Moxico, com umasuperfície de 223.023 Km2, sendo a maior Provínciade Angola, com uma população avaliada em 727.594habitantes. É, contudo, uma das províncias menospovoadas com quatro habitantes por quilômetroquadrado. Nesta imensa diocese está a ParóquiaSanto Antônio, que fica a 754 Km da sede daDiocese, dividida entre asfalto e estradas de chão,numa média de 12 a 13 horas de viagem.

Sou filho de Durandé - MG. Cheguei aqui em11 de dezembro de 2014 e assim já se passou quaseum ano em terras além mar, formando comunidadecom meu irmão, Pe. Renato Dutra Borges, SDN. Nomunícipio onde moro, somos 11 missionários,apenas um angolano, os outros dez estrangeiros e

entre estes, sete brasileiros, incluindo Frei Mariano,Carmelita, que já morou em Caratinga - MG. Estoumuito feliz e cada dia mais entusiasmado com amissão, de maneira especial quando andamos 100Km ou mais em cima de uma moto para visitar as11 comunidades, que só chega com muitadificuldade. Lá vou eu para atender confissão,celebrar a Eucaristia, visitar os doentes, darbençãos em objetos e água e formação delideranças. Não tem preço, não tem cansaço, nemdor no corpo, nem ponte, nem horas e horas portrilhas, onde três ou quatro falam o português emcada comunidade, por não existir escolas. As duaslínguas locais que predominam se chamam Lunda eLuvale. A Paróquia tem um total de 30 comunidades,incluindo a matriz. Os acessos a outras comunidadessão ruins, mas com sacrifício o carro chega. O maiordesafio da missão, não são os físicos, deixar familia,pátria, mas sim os desafios da feitiçaria e dapoligamia. A missão é de Jesus e ele nos fortalece,com a poderosa intercessão de Nossa Senhora deÁfrica, Nossa Senhora da Conceição, conhecidacomo Mamá Muxima. Rezemos uns pelos outros.Paróquia Santo Antônio de Cavungo, Angola.Pe. Odésio Magno da Silva, SDN”.

Testemunho de missionário: não tem preço,nem cansaço ou dor no corpo, nem ponte, nem horas e horas por trilhas...

Angola

Pe. Odésio em uma de suas missões

Pe. Odésio em sua comunidade

TESTEMUNHO9

O povo de Rondônia rendeu homenagem aomissionário Pe. Ezequiel, que foi martirizado há 30anos atrás. O ato contou com milhares de pessoase foi inaugurada uma capelinha no local doassassinato. O bispo Dom Bruno Pedron, de JiParaná, enfatizou que seja aberta a causa demartírio em vista à canonização do Ezequiel.

O Pe.Ezequiel Ramin, missionáriocomboniano, foi assassinado no dia 24 de julho de1985 ao regressar de uma missão de paz, em quehavia ido à Fazenda Catuva (Rondônia) para pedira trabalhadores rurais sem-terra que evitassem oconflito eminente entre eles e os pistoleiros dosfazendeiros e se retirassem da área que desejavamocupar.

Seguindo o exemplo do Bom Pastor, foi à zonade conflito pois os trabalhadores corriam risco devida e não queria que mais mortes acontecessem.Foi pego de surpresa por pistoleiros a mando defazendeiros. Sem buscar a morte, acabou porentregar a vida no lugar de muitos pais de famíliae dos próprios pistoleiros, que sempre morriam nosconflitos.

Sua vida, morte e amor aos mais pobres foiretratada recentemente em um documentáriotitulado “Ezequiel Ramin, mártir da opção pelospobres”, que pode ser acessado através do linkhttp://www.youtube.com/watch?v=7s0_qFyGQAI .

Antes das celebrações em Cacoal, uma equipede cinco missionários da família comboniana (duasirmãs e três sacerdotes) visitaram quinze paróquiasem diferentes cidades da diocese de Ji Paraná.Percebe-se que a memória do Ezequiel continua vivaentre as pessoas, principalmente entre as maispobres. O povo se emociona ao ver a vida entregadado Ezequiel e se sente inspirado a sair de si mesmospara amar os outros e se empenhar na construçãode um mundo melhor. Os jovens que passaram aconhecer a figura do Ezequiel ficam tocados peloseu testemunho. Um adolescente falou àcomunidade presente: “se eu for padre, quero sercomo o Ezequiel”.

Em Cacoal, as celebrações iniciaram-se comuma mesa redonda no dia 21 de julho a respeito do

legado que o Ezequiel nos deixa nos dias atuais,dando enfoque nas exposições e participações dopovo, em especial, à dimensão social, à justiça epaz, à pastoral indigenista e à pastoral da terra.Dos dias 22 a 24 de julho foi feito o tríduopreparatório nas 84 comunidades da paróquia deCacoal. Houve a presença de 40 italianos e do irmãodo Pe Ezequiel, o Antônio Ramin, quem percorreumuitas cidades de Rondônia. No dia 25 de julhohouve com a caminhada pela paz e a missa dos 30anos da morte do Pe Ezequiel. No Domingo, dia 26de julho, foi realizada a primeira missa junto aopovo simples da roça e das pequenas comunidadesde Rondolândia, MT, no lugar onde o Pe Ezequielfoi morto há trinta anos.

Somente agora tivemos a oportunidadecelebrar uma missa onde ele foi assassinado, poisaté tempos atrás, ainda se respirava o ar deviolência e medo devido a presença dos pistoleirosque cuidam das fazendas, sendo praticamente umaterra proibida para estranhos.

No dia 26 de julho foi também abençoada acapela construída no local da morte e o cruzeiro,que foram edificados com o suor dos pobres.

Durante as celebrações, Dom Brunoexpressou o seu desejo de que seja aberta a causade canonização do Pe. Ezequiel. Apoiou asiniciativas que estão sendo feitas de colhertestemunhos, juntar os fatos e registrar a devoçãodo povo sobre a santidade do Pe Ezequiel, paradarmos a abertura oficial do processo de martíriodo Pe Ezequiel.Pe Rafael Gemelli VigoloMissionarios Combonianos

Rondônia celebra os 30 anos do martírio do missionário Pe. Ezequiel Ramin

O povo fez procissão no local do martírio

Capelinha erguida no local do martírioMissa no meio do mato

TESTEMUNHO

Sudão do Sul: missionário relata os horrores da guerra civil

O conflito em andamento no Sudão do Sul,desde dezembro de 2013, causou mais de dois mi-lhões de deslocados internos e refugiados nos paí-ses limítrofes, além de 13 mil crianças recrutadaspor grupos armados. No mês passado, celebrou-seum acordo de paz para por fim ao conflito.

No meio desta guerra civil está o missioná-rio comboniano Pe. Raimundo Nonato Rocha dosSantos, da Diocese de Balsas (MA). Atualmente estáresidindo na capital Juba, no Sudão do Sul e nosconta como fugiu da missão de Leer, onde junta-mente com mais oito missionários, exercia sua mis-são junto ao povo. “A missão de Leer foi suspensa.A guerra civil chegou até nós e tivemos que fugirpara o mato, juntamente com toda a população daaldeia. Ficamos acampados junto com o povo, por18 dias. Todo mundo ficou assustado e passamospor enormes dificuldades. Quanto mais provaçõespassávamos, mais aumentava nossa convicção queum dia voltaríamos para continuar nosso trabalhojunto ao povo daquela aldeia. Ficamos muito próxi-mos da morte e cada dia que passava, acreditáva-mos que era o último dia. Depois de 18 dias, fomossalvos pelas tropas da ONU e nos levaram até acapital Juba”

Relata o missionário que assim que chegarama Juba, toda a população salva recebeu atendimen-to psicológico e todos os serviços de saúde, poismuitos estavam doentes. Como queremos ficar como povo e voltar à aldeia, no momento entramos numprojeto de cura dos traumas da guerra. A Igreja é

uma peça fundamental pois sua missão é de trazera paz de volta. A Igreja oferece proteção e abre asportas para todos, independentemente de religiãoou tribo. Também a Igreja tem assento na mesa denegociações entre os beligerantes”.

O bispo de Wau, do Sudão do Sul, Dom RudolfDeng Majak explica que “falar de conflitos étnicosé demasiado simples e ofensivo para pessoas quecomo eu vem dessa área. Muitas vezes, os conflitosafricanos são reduzidos a luta entre clãs e tribos.Não é tão simples". Ele falou à agência CANAÃ so-bre o conflito em curso no seu país entre as duas

facções do partido do governo, o Movimento de Li-bertação do Povo Sudanês (SPLM), respectivamenteguiado pelo presidente, Salva Kiir, e pelo ex-vice-presidente, Riek Machar.

Dom Majak afirma que “o conflito decorre dainexperiência da liderança, porque isso é algo quese aprende com a experiência e com os próprioserros”. O Bispo de Wau também enfatiza que "ascomunidades sul-sudanesas nunca tiveram a opor-tunidade de viver juntas como uma nação. “É ver-dade que sofremos juntos, mas não aprofundamosa nossa formação como nação. Leva tempo, tanto anível de liderança quanto de povo".

"Pela primeira vez em sua história, o povo doSudão do Sul tem o seu próprio Parlamento, umGoverno e seu próprio Exército. Leva tempo paraque essas grandes responsabilidades amadureçam,permitindo o desenvolvimento de uma comunidadepacífica, estável e próspera"- disse ele.

Dom Majak recorda, por fim, que o conflitocivil que explodiu em dezembro de 2013, também éresultado da corrupção, em parte alimentada pelapobreza, porque "as pessoas estavam se levantan-do das cinzas e da poeira da destruição da guerracivil”. Por esta razão, o Bispo de Wau acredita queas sanções econômicas que a ONU quer impor aosresponsáveis da guerra civil sejam inúteis, porqueessas pessoas continuarão acumulando riquezas aseu modo e os afetados serão os povos inocentes.

Pe. Raimundo Rocha dos Santos

Mantimentos para os desalojados da guerra

Famílias são as mais atingidas