anexo sobre canto litÚrgico canto litúrgico e …20sob… · se introduza o povo reunido cada vez...

14
ANEXO SOBRE CANTO LITÚRGICO "Canto litúrgico" e "Canto religioso Canto(ou música)litúrgico é aquele que a Igreja admite de direito e de fato na celebração litúrgica, e por este mesmo motivo, deve manifestar plenamente a fé católica. A música será litúrgica quando nela a Igreja reconhecer sua oração, quando ela aparece para acompanhar os textos a serem cantados.Como dizia santo Agostinho aos pagãos que indagavam sobre sua fé: "Queres ver em que eu creio, venha à Igreja ouvir o que canto". Diferença entre "canto litúrgico" e "canto religioso" É preciso distinguir a diferença que existe entre música liturgia e música religiosa. Faz-se necessário considerar que uma música religiosa, por melhor que seja não serve para o uso litúrgico, mas foi composta para outra finalidade. São aquelas músicas que procuram expressar o sentimento religioso dos fiéis, mas não têm lugar na liturgia. Elas servem para encontros, exercícios de piedade, etc. Na música religiosa podemos encontrar cantos para encontros, para reuniões de grupos de rua, cantos para grupos de oração, etc. Também não se deve nutrir pré-conceito a respeito da música religiosa. Ela tem seu valor na vivência cristã. Pelo fato de não serem adequadas para liturgia não significa que não tem sua importância no sentimento religioso de nosso povo. Porém, não podemos cair no erro de acharmos que temos o direito de colocá-las na liturgia só porque são bonitas e animadas e por conta disto desprezarmos a música litúrgica. Cada canto no seu lugar. Não temos o direito de ignorar as regras litúrgicas e as orientações do Magistério da Igreja. No presente artigo serão analisados os cantos relativos à celebração da Eucaristia. A importância do canto A tradição musical da Igreja é um tesouro de inestimável valor que ultrapassa todas as outras expressões de arte, sobretudo porque o canto sagrado, intimamente unido com o texto, constitui parte integrante da liturgia solene” (Constituição Sobre a Sagrada Liturgia).Esta afirmação do Concílio Vaticano II faz eco à Sagrada Escritura que apresenta em suas páginas mais de seiscentas referências ao canto e à música. Do primeiro livro, o Gênesis, ao último, o Apocalipse, o canto aparece como o desenrolar de uma esplendida e majestosa liturgia. “Celebrai o Senhor, aclamai o seu nome, apregoais entre as nações suas obras. Cantai-lhe hinos e cânticos, anunciai todas as suas maravilhas”, diz o rei Davi em 1Cron 16,8-9. Este relato, entre tantos outros, deixa transparecer uma rica e jubilosa liturgia, na qual as aclamações, a música e o canto são elementos que fazem parte da fé de um povo. Deste modo, os atos litúrgicos revestem-se de forma mais elevada e nobre quando os ofícios, nos quais o povo participa ativamente, são celebrados com canto, pois onde há manifestação de vida comunitária existe o canto e onde existe o canto, celebra-se a vida. Podemos perceber, então, que após a comunhão sacramental, o canto é o elemento que melhor colabora para uma verdadeira participação na liturgia, já que é uma das expressões mais profundas e autênticas da própria liturgia, possibilitando ao mesmo tempo a participação pessoal e comunitária dos fiéis. Por ser a celebração do Mistério Pascal realizada pelo povo de Deus, a participação das pessoas é de fundamental importância. Na liturgia, essa participação manifesta-se também através do canto e da música. Estes, no contexto da ação litúrgica, não são realidades autônomas, mas sim funcionais, ou seja, têm uma função: estão a serviço do Mistério da Fé e da assembléia. O que deve prevalecer não são os gostos, a estética individual de cada um, mas a essência do Mistério e a participação prazerosa e frutuosa de todos. Como já foi dito, Deste modo, a liturgia, como exercício da função sacerdotal de Cristo,

Upload: vuongnga

Post on 25-Sep-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ANEXO SOBRE CANTO LITÚRGICO Canto litúrgico e …20SOB… · se introduza o povo reunido cada vez mais, pela fé, nos Mistérios de Cristo, ... O cantor. A função do cantor no

ANEXO SOBRE CANTO LITÚRGICO "Canto litúrgico" e "Canto religioso

Canto(ou música)litúrgico é aquele que a Igreja admite de direito e de fato na celebração litúrgica, e por este mesmo motivo, deve manifestar plenamente a fé católica. A música será litúrgica quando nela a Igreja reconhecer sua oração, quando ela aparece para acompanhar os textos a serem cantados.Como dizia santo Agostinho aos pagãos que indagavam sobre sua fé: "Queres ver em que eu creio, venha à Igreja ouvir o que canto".

Diferença entre "canto litúrgico" e "canto religioso" É preciso distinguir a diferença que existe entre música liturgia e música religiosa.

Faz-se necessário considerar que uma música religiosa, por melhor que seja não serve para o uso litúrgico, mas foi composta para outra finalidade. São aquelas músicas que procuram expressar o sentimento religioso dos fiéis, mas não têm lugar na liturgia. Elas servem para encontros, exercícios de piedade, etc. Na música religiosa podemos encontrar cantos para encontros, para reuniões de grupos de rua, cantos para grupos de oração, etc. Também não se deve nutrir pré-conceito a respeito da música religiosa. Ela tem seu valor na vivência cristã. Pelo fato de não serem adequadas para liturgia não significa que não tem sua importância no sentimento religioso de nosso povo. Porém, não podemos cair no erro de acharmos que temos o direito de colocá-las na liturgia só porque são bonitas e animadas e por conta disto desprezarmos a música litúrgica. Cada canto no seu lugar. Não temos o direito de ignorar as regras litúrgicas e as orientações do Magistério da Igreja.

No presente artigo serão analisados os cantos relativos à celebração da Eucaristia. A importância do canto

“A tradição musical da Igreja é um tesouro de inestimável valor que ultrapassa todas as outras expressões de arte, sobretudo porque o canto sagrado, intimamente unido com o texto, constitui parte integrante da liturgia solene” (Constituição Sobre a Sagrada Liturgia).Esta afirmação do Concílio Vaticano II faz eco à Sagrada Escritura que apresenta em suas páginas mais de seiscentas referências ao canto e à música. Do primeiro livro, o Gênesis, ao último, o Apocalipse, o canto aparece como o desenrolar de uma esplendida e majestosa liturgia. “Celebrai o Senhor, aclamai o seu nome, apregoais entre as nações suas obras. Cantai-lhe hinos e cânticos, anunciai todas as suas maravilhas”, diz o rei Davi em 1Cron 16,8-9. Este relato, entre tantos outros, deixa transparecer uma rica e jubilosa liturgia, na qual as aclamações, a música e o canto são elementos que fazem parte da fé de um povo. Deste modo, os atos litúrgicos revestem-se de forma mais elevada e nobre quando os ofícios, nos quais o povo participa ativamente, são celebrados com canto, pois onde há manifestação de vida comunitária existe o canto e onde existe o canto, celebra-se a vida. Podemos perceber, então, que após a comunhão sacramental, o canto é o elemento que melhor colabora para uma verdadeira participação na liturgia, já que é uma das expressões mais profundas e autênticas da própria liturgia, possibilitando ao mesmo tempo a participação pessoal e comunitária dos fiéis. Por ser a celebração do Mistério Pascal realizada pelo povo de Deus, a participação das pessoas é de fundamental importância. Na liturgia, essa participação manifesta-se também através do canto e da música. Estes, no contexto da ação litúrgica, não são realidades autônomas, mas sim funcionais, ou seja, têm uma função: estão a serviço do Mistério da Fé e da assembléia. O que deve prevalecer não são os gostos, a estética individual de cada um, mas a essência do Mistério e a participação prazerosa e frutuosa de todos. Como já foi dito, Deste modo, a liturgia, como exercício da função sacerdotal de Cristo,

Page 2: ANEXO SOBRE CANTO LITÚRGICO Canto litúrgico e …20SOB… · se introduza o povo reunido cada vez mais, pela fé, nos Mistérios de Cristo, ... O cantor. A função do cantor no

comporta um duplo movimento: de Deus para nós homens, para operar nossa santificação, e de nós homens para Deus, para que possamos adorá-lo em espírito e verdade. Por isso, a liturgia, de um modo geral, pode ser entendida como um diálogo entre Deus-Trindade e o Homem-Comunidade. Este diálogo é composto de vários momentos. Cada momento tem seu “espírito” próprio, seu sentimento peculiar e, portanto, uma expressão diferenciada. Adaptando-se a essa espiritualidade, cada momento exige um tipo de expressão musical. Os cantos litúrgicos da missa devem respeitar cada um dos seus ritos: os Ritos Iniciais, o Rito da Palavra, o Rito Eucarístico, o Rito da Comunhão e Ritos finais. Devem ser cantos originais e jamais adaptações de cantos não religiosos. Na liturgia, os cantos podem ser classificados em dois grupos: a) Os cantos que acompanham o rito:

Os cantos que acompanham o rito, como a própria definição demonstra, devem terminar quando o rito terminar. Os cantos que são o próprio rito devem ser cantados por inteiro, pois não se deve interromper o rito pela metade. São exemplos de cantos que acompanham o rito: o “canto de abertura” (ou de entrada), o “canto de apresentação das oferendas”, o “canto de comunhão”, o “canto de procissão da Bíblia”, etc.b) Os cantos que são o próprio rito:

São exemplos de cantos que são o próprio rito: o “santo”, o “cordeiro de Deus”, o “glória”, o “Pai-Nosso”, etc. Se a música for de fato como requer a Liturgia, será um sinal que nos leva do visível ao invisível, um carisma que contribui para a edificação de toda a comunidade e a manifestação do mistério da Igreja, que é o Corpo Místico de Cristo. Enfim, a música auxilia nossa prece, fortalecendo a Palavra que ouvimos. O Canto na Assembléia

Nas nossas celebrações devemos levar em consideração as pessoas. A liturgia é o lugar por excelência do encontro das pessoas humanas entre si, e das pessoas humanas com a as Pessoas Divinas, ou seja, a assembléia reunida encontra-se consigo mesma e com Deus. Servir a essa assembléia e ajudar a promover esse encontro é o papel de todos aqueles que atuam na liturgia. Trata-se de desempenhar seu papel de tal modo que se introduza o povo reunido cada vez mais, pela fé, nos Mistérios de Cristo, levando em consideração as suas possibilidades, sua riquezas culturais e seus limites. Este é o caminho mais seguro para se chegar a uma celebração cheia de vida, sobretudo quando se trata de canto e música. A assembléia litúrgica não é apenas uma soma dos indivíduos que a compõem. Ela é a Igreja inteira manifestando-se naqueles que estão reunidos e Cristo aí está, presente e agindo. É uma comunhão de pessoas e servir a essa comunhão é a função do agente litúrgico-musical. Assim, não tem sentido, por exemplo, escolher os cantos de uma celebração em função de alguns que se apegam a um repertório tradicional ou de outros que só cantam músicas do seu grupo ou movimento. Todos têm o direito de compreender e participar. É preciso que se pense em todos, e em cada um na comunhão com os demais. Desse modo, alguns critérios devem ser observados para que uma musica seja executada na liturgia:

a) A música deve estar intimamente ligada à ação litúrgica a ser realizada, exprimindo mais suavemente a oração, favorecendo a unanimidade e dando maior solenidade aos ritos sagrados.

b)Deve-se respeitar a sensibilidade religiosa do povo. c) A música deve ser adequada ao tipo de celebração na qual será executada,

levando em conta o tempo litúrgico. d) Deve estar em sintonia com os textos bíblicos de cada celebração,

especialmente com o Evangelho, no que diz respeito ao canto de comunhão.

Page 3: ANEXO SOBRE CANTO LITÚRGICO Canto litúrgico e …20SOB… · se introduza o povo reunido cada vez mais, pela fé, nos Mistérios de Cristo, ... O cantor. A função do cantor no

e) A música deve estar de acordo com o tipo de gesto ritual que será executado pelos ministros e pela assembléia.

Ministérios e serviços do CantoQuando a assembléia litúrgica se reúne para celebrar o Mistério de Cristo, ela se

serve de pessoas (os diversos ministros), e de coisas (música, flores, velas, etc...) que passam então, a desempenhar um papel ministerial na celebração. Em se tratando de pessoas, temos aí a equipe de liturgia, que cuida da preparação da celebração e assume as várias tarefas de animação e coordenação. Entre essas pessoas temos os cantores e os instrumentistas. Uma coisa importante que temos que ter em mente é que “nas celebrações litúrgicas, cada um, ministro ou fiel, ao desempenhar sua função, faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete”.(Sacrossanto Concilium, nº20). Devemos, então, evitar o costume de acumular funções e ministérios durante uma celebração, como por exemplo, uma pessoa tocar um instrumento, cantar e fazer os comentários da missa. Não esqueçamos que uma assembléia litúrgica se expressa na diversidade de ministérios e serviços, preservando-se sempre a unidade.

Vejamos algumas funções do ministério da música e suas atribuições: a) O cantor. A função do cantor no contexto de uma assembléia litúrgica é mais

antiga do que se pensa e não se resume a animar o canto, mas também, orientar a escolha das músicas que serão executadas na celebração, para que as mesmas sejam adequadas ao tempo, à festa, aos ritos. O cantor quando transmite uma mensagem religiosa ao povo, torna-se um verdadeiro profeta de Deus (1Cron 25,1).

b) O instrumentista. Como o próprio nome diz, é aquele que se ocupa com os instrumentos. Estes, os instrumentos podem ser de grande utilidade na liturgia, quer acompanhando o canto, quer sem ele, na medida que prestam serviço à palavra cantada, ao ritual e à comunidade em oração. Além de serem usados para acompanharem o canto, os instrumentos podem ser executados sozinhos em alguns momentos da celebração, como por exemplo, antes da celebração, para criar um clima de recolhimento; durante a procissão das oferendas, após a comunhão; no final da celebração. Um detalhe importante: O recurso de “fundo musical” em momentos como a proclamação da leitura e durante a oração eucarística, será sempre “inoportuno”. O instrumento deve sempre ser tocado de forma adequada ao momento celebrativo e à natureza da assembléia, nunca abafando sua voz ou a do cantor. Da mesma forma, a voz do cantor nunca deve encobrir a da assembléia. Deve-se observar também o espaço celebrativo: uma igreja grande requer um som mais “carregado” e mais instrumentos, enquanto que uma pequena igreja exige um som mais baixo. Executar um instrumento musical exige atitude espiritual em qualquer situação, principalmente quando se trata de uma celebração litúrgica. Portanto, o instrumentista como ministro da celebração, deve estar profundamente envolvido com a ação litúrgica por sua atenção e participação.

c)O salmista. É importante valorizar a função do salmista na assembléia, como ministério específico, como um dom de Deus para a comunidade. Este ministério poderá ser exercido com habilidade artística, evitando-se o virtuosismo, na proclamação do salmo e na participação nos outros cantos responsoriais. Durante o canto da assembléia, o salmista deve cantar sempre a melodia principal evitando uma segunda voz, a fim de não dificultar o canto da assembléia ou inibi-la em sua participação, principalmente ao usar o microfone.

Page 4: ANEXO SOBRE CANTO LITÚRGICO Canto litúrgico e …20SOB… · se introduza o povo reunido cada vez mais, pela fé, nos Mistérios de Cristo, ... O cantor. A função do cantor no

Algumas falhas a) A postura de alguns animadores de canto nem sempre tem proporcionado um

clima de oração e interiorização. Às vezes, tem-se mais “ruído” e distração do que contemplação e louvor. Em alguns casos a música é vista como algo complementar e que serve apenas para quebrar a monotonia de algumas celebrações.

b) Muitos animadores de canto, por falta de formação litúrgica, desconhecem os critérios para a escolha dos cantos de uma celebração, esquecem que o canto é funcional, ou seja, tem uma função a exercer na liturgia.

c) Muitos desconhecem a hierarquia dos cantos, já que alguns são “elementares”, e por isso mesmo, mais importantes e necessários; outros são “acessórios”, e conforme as oportunidades são dispensáveis.

d) A adequação dos cantos a cada tempo litúrgico, a cada festa, tipo de celebração, tipo de assembléia, passa às vezes, totalmente despercebidos pelos animadores de música.

e) Observa-se uma total separação entre canto e liturgia. Canta-se “na” liturgia qualquer música religiosa, ao invés de se cantar “a” liturgia.

f) A questão da comunicação também e problemática, apresentando alguns problemas que não favorecem a execução do canto: instalação inadequada do som, abuso do microfone, que abafa a voz da assembléia, bandas e grupos não integrados com a equipe de celebração, etc. g) A mudança constante de repertório faz com que o povo não aprenda bem nenhum canto, ficando impedido de participar com gosto e prazer, uma vez que a repetição, em matéria de música, é fundamental no aprendizado.

Os Diversos Cantos Da Missa 1) O “canto de abertura”Deus caminha ao nosso encontro: esse é o sentido da procissão de entrada. Em

diversas passagens bíblicas vemos o povo de Deus caminhar, seja em busca da terra prometida, seja em busca de libertação. Ora a caminho de Jerusalém, ora ao encontro de Jesus. É por isso, que na pessoa do sacerdote, aclamamos a Cristo que vem ao nosso encontro, com toda a sua majestade, seu poder e autoridade, para celebrarmos juntos os Mistérios do sacrifício da Missa. O canto de abertura (ou de entrada) está inserido nos ritos iniciais e cumpre o papel de criar comunhão. Toda a assembléia reunida canta a alegria festiva de reunir-se com os irmãos. Seu mérito é o de convocar a assembléia e, pela fusão de vozes, juntar os corações ao encontro com do Cristo ressuscitado. Este canto tem que deixar a assembléia num estado de ânimo apropriado para a escuta da palavra de Deus, além de deixar claro que festa ou Mistério do tempo litúrgico irá ser celebrado. Todo o povo deve estar envolvido na execução desta canção. Este canto não deve ser longo e deve terminar quando o sacerdote chegar ao altar.

2) O “Ato Penitencial” Tradicionalmente esse canto, que era executado em forma de ladainha, era uma

oração de louvor ao Cristo Ressuscitado, aclamado como “Nosso Senhor”. Através dele, a Igreja pedia que Jesus mostrasse sua bondade. Posteriormente foi incorporado ao rito penitencial e começou a fazer parte de um momento de reconciliação. Este rito vem ao encontro daquele que, ao se defrontar com a presença de Deus, sente-se, talvez,

Page 5: ANEXO SOBRE CANTO LITÚRGICO Canto litúrgico e …20SOB… · se introduza o povo reunido cada vez mais, pela fé, nos Mistérios de Cristo, ... O cantor. A função do cantor no

acusado de suas faltas. É um momento de provar da misericórdia de Deus e receber perdão dos pecados veniais. Como é um canto de repouso, sua melodia deve traduzir a contrição de quem pede perdão. Não é necessário, nem mesmo recomendável, que seja um canto muito “florido”, pois a simplicidade é a melhor forma de expressar o arrependimento. O instrumentista deve traduzir esse espírito de confiança e invocação, acompanhando de modo suave, quase imperceptível, pois o canto e a expressão corporal devem neste momento propiciar o encontro com Deus misericordioso e consolador. Este canto é o próprio rito do Ato Penitencial e deve ser cantado integralmente, devendo conter, as súplicas “Senhor, tende piedade de nós. Cristo, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós”. Caso contrário, as súplicas devem ser ditas pelo sacerdote e respondida pelo povo logo após o canto.

3) O “Glória” O Hino de Louvor, ou Glória, expressa o louvor de toda a criatura ao Criador, o

louvor do homem remido dos pecados ao Senhor e do homem imperfeito ao Espírito Consolador. Relembra os pontos principais de todo o Mistério de nossa salvação em Jesus Cristo. Este canto deve fazer o verdadeiro louvor, louvor que glorifica a Deus pelo que ELE É, e não pelo que Ele faz. É um hino muito antigo e já era cantado pelos cristãos no séc. IV, como homenagem a Jesus Cristo, e relembra a alegria dos anjos e pastores, que entoaram este canto na noite do nascimento do Salvador (Lc 2,14). Este hino não é, portanto, uma aclamação trinitária, mas sim cristológica. Como ele é o próprio rito, deve ser cantado integralmente. Por isso, para que um canto de “Glória” seja litúrgico, ele deve conter, obrigatoriamente, todo o hino de louvor. Portanto, é falsa a idéia de que basta ter as invocações “Glória ao Pai”, “Glória ao Filho" e “Glória ao Espírito Santo”, para que o canto seja um verdadeiro hino de louvor. A entoação inicial não é mais reservada a quem preside a celebração e pode ser feita pela equipe de música. A liturgia não usa este hino nos tempos litúrgicos do Advento e da Quaresma, pelo fato de que um hino festivo não sintoniza com um tempo de penitência e contrição. Como se trata de um hino, deveria sempre ser cantado, pois hinos se cantam, não se falam. Ou se canta, ou não é hino.

4) O canto de “Procissão da Bíblia” Na Missa, celebramos a Palavra e a Eucaristia. A Palavra é a Bíblia, que é a

revelação do amor de Deus, fonte de salvação, o Verbo de Deus, que na liturgia eucarística se tornará carne que habitará entre nós (Evang. de São João cap. 1 e 6). Portanto a Palavra é o próprio Deus que se revela ao homem, e é por isso, que a aclamamos de todo o coração e de toda a alma. Deste modo, este canto deve provocar uma atitude de alerta e exultação no momento em que o Livro Sagrado é introduzido solenemente na assembléia. Nesta procissão podem ser utilizadas a Bíblia, o Lecionário ou o Evangeliário. Este canto não faz parte “oficialmente” da liturgia, sendo, então, facultativo. Geralmente é usado em missas solenes e no mês de setembro, que é o mês da Bíblia. É um canto que acompanha o rito da procissão da Bíblia e, por isso, deve ser encerrado ao término desta procissão.

5) O “Salmo Responsorial” Para a Liturgia da Palavra ser mais proveitosa, há séculos um salmo tem sido

cantado como prolongamento meditativo e orante da palavra de Deus proclamada. Por isso, o salmo de resposta é parte integrante da Liturgia da Palavra. O salmo é responsorial, ou seja, é de resposta, pois, ao ouvir a Palavra de Deus, o povo responde em concordância com o que acabou de ouvir. A tradicional execução do salmo responsorial é dialogal: o povo responde com um curto refrão, aos versos cantados por um solista. A palavra salmo significa oração cantada e acompanhada de instrumentos musicais e é originária das poesias colhidas na fé do povo israelita. É por isso que todo salmo deve ser cantado e toda a assembléia deve responder cantando o refrão. Segundo

Page 6: ANEXO SOBRE CANTO LITÚRGICO Canto litúrgico e …20SOB… · se introduza o povo reunido cada vez mais, pela fé, nos Mistérios de Cristo, ... O cantor. A função do cantor no

a Instrução Geral do Missal Romano(IGMR), “como parte integrante da Liturgia da Palavra, o salmo é sempre um texto bíblico, comumente extraído do saltério”. Não é necessário que o salmo seja um dos 150 existentes na Bíblia. Ele pode ser substituído por outro texto bíblico, desde que esteja de acordo com a primeira leitura, com quem está teologicamente ligado. Seria muito recomendável um momento de silêncio entre o final da proclamação da leitura e o canto do salmo responsorial. Por fazer parte da liturgia da palavra, deve ser cantado ou proclamado do ambão.

6) O canto de “Aclamação ao Evangelho” A aclamação “hallelu-jah!”, que quer dizer louvai ao senhor, tem sua origem na

liturgia judaica e ocupa um lugar de destaque na tradição cristã. Sempre foi uma expressão de acolhimento solene de Cristo que vem após sua palavra viva, sendo deste modo uma manifestação de fé na presença atuante do Senhor. Como o Evangelho é o próprio Cristo que fala, devemos estar de pé, na posição de quem ouve o recado para ir anunciar as palavras de salvação. Este canto é o próprio rito de aclamação ao Evangelho e deve ser cantado integralmente. Para que um determinado canto possa ser considerado como canto de aclamação ao Evangelho, este deve, obrigatoriamente, conter a palavra “aleluia!”, que demonstra alegria, com exceção do tempo do Advento e da Quaresma, onde o “aleluia!” é vetado em virtude do forte tempo de contrição e penitência. Neste caso, pode-se cantar um verso aclamativo da Sagrada Escritura (como por exemplo, Mt 4,4) ou uma doxologia (como está em 1Tim 6,16; 1Ped 4,11; Apoc 1,6). O “Aleluia!” ou o versículo antes do Evangelho podem ser omitidos, quando não são cantados, e substituídos por um momento de silêncio. O “Aleluia!” pode ser repetido após a proclamação do Evangelho.

7) A “Profissão de Fé” (Credo) A “Profissão de Fé”, ou o “Credo”, é uma resposta à Palavra de Deus. É uma

resposta de fé e de compromisso da comunidade. Nela, expressamos os principais dogmas de nossa fé. A Profissão de Fé pode ser cantada, mas toda a assembléia deve conhecer bem o canto, para que ninguém fique sem manifestar publicamente a sua fé, por não conhecer a melodia ou a letra. No Brasil não é comum cantá-la, mas quando isso for feito, devemos observar que esse canto é o próprio rito da Profissão de Fé, devendo todo o seu conteúdo ser preservado. Nunca se deve substituir a recitação do Credo por um canto que não contenha integralmente a sua letra.

8) Canto da “Apresentação das Oferendas” Este canto acompanha a procissão das oferendas que leva ao altar o pão e o vinho

que serão consagrados, e também o gesto de “colocar os bens em comum, para as necessidades da comunidade” (Rm 12,1-2; Ef 4,28). Em nossas comunidades o canto de “apresentação das oferendas” tornou-se um momento em que o povo deseja expressar sua disposição de querer oferecer sua vida, sua luta e trabalho ao Senhor, o que parece ter um alto valor espiritual. Não é um canto muito necessário, principalmente quando não há a tradicional procissão dos dons que serão ofertados. A sua letra não precisa falar necessariamente de pão e vinho ou de ofertório, mas pode ser um texto de louvor apropriado com o tempo litúrgico. O término deste canto não precisa coincidir como fim da apresentação das oferendas, mas pode ser cantado inteiramente, devendo ser encerrado, no máximo, quando o sacerdote termina de oferecer o pão e o vinho e purifica as mãos. O Canto de Apresentação das Oferendas pode ser substituído por uma música instrumental.

9) O canto do “Santo” Para concluir o prefácio da Oração Eucarística o povo aclama o Senhor com as

Page 7: ANEXO SOBRE CANTO LITÚRGICO Canto litúrgico e …20SOB… · se introduza o povo reunido cada vez mais, pela fé, nos Mistérios de Cristo, ... O cantor. A função do cantor no

palavras que o profeta Isaías ouviu os serafins cantarem no templo, em sua visão (Is 6,3). O “Santo” é um dos principais cantos da Missa. Nele, toda a assembléia se une aos anjos e santos, para proclamarem as maravilhas do Deus Uno e trino. É o canto dos anjos (Is 6,2-3) e também dos homens (Lc 19,38). Este canto pertence, então, a comunidade toda e não teria sentido convidar os céus e a terra, os anjos e santos para cantarem a uma só voz, e, depois, somente um coral ou um solista executar o canto sozinho. Neste canto é indispensável a participação dos instrumentos para solenizar esta vibrante saudação. O “Santo” é o próprio rito da aclamação e deve ser cantado integralmente.Para que um canto do “Santo” seja considerado litúrgico, ele deve conter, obrigatoriamente, todas as palavras da oração recitada. Ou seja: “Santo, Santo, Santo (três vezes) + Bendito o que vem em nome do Senhor + Hosana nas alturas”. O recomendável mesmo é que o canto se atenha à própria aclamação, sem introduzir alterações no texto original, que, aliás, é bíblico. Um ponto importante: quando a “apresentação das oferendas” for acompanhada por um canto, seria conveniente que o “santo” fosse sempre cantado, para não parecer que a “apresentação das oferendas” é mais importante que a oração Eucarística.

10) A “Aclamação Memorial” A “Aclamação Memorial” é uma das aclamações mais importantes da missa e seria

muito conveniente se fosse sempre cantada por todos, em resposta à introdução “eis o Mistério da fé”, entoada pelo presidente da celebração. Esta aclamação nunca deve ser substituída por textos que expressam a Presença real de Cristo na eucaristia, pois altera o sentido litúrgico do Mistério que se celebra. Este é o momento do memorial, do anúncio do mistério pascal, da Morte e Ressurreição de Cristo e não o momento de devoção à Presença Real.Portanto, não se deve substituir essa aclamação por um canto eucarístico. De uma maneira geral, temos duas aclamações como resposta: “Toda a vez que se come deste pão, toda vez que se bebe deste vinho, se recorda a Paixão de Jesus Cristo e se fica esperando a sua volta!”, é reservada especificamente para a Oração Eucarística nº 5. A outra resposta “Anunciamos a sua morte Senhor, e proclamamos a sua ressurreição!”, pode ser usada nas outras Orações Eucarísticas.

11) A “Doxologia Final” (ou “Grande Amém”) O “Grande Amém” é o Amém! mais importante da missa, pois finaliza com a

confirmação de que “assim seja”, todo o Mistério salvífico apresentado e realizado na Oração Eucarística. Esta aclamação deveria sempre ser cantada e pode ser repetida três vezes. O “Amém!” é uma aclamação comunitária e, quando cantado, deveria sempre ser acompanhado dos instrumentos para reforçá-lo.

12) O “Pai-Nosso” A “Oração do Senhor” introduz nossa preparação imediata para a participação no

Banquete Pascal. Geralmente em nossas igrejas é recitada de maneira apressada, e às vezes, de forma totalmente desorganizada, o que se torna uma verdadeira falta de respeito para com a oração que o próprio Cristo nos ensinou. Quando for cantado, o “Pai-Nosso” deve ser executado numa melodia simples, deforma que todos possam cantá-lo, utilizando-se os instrumentos apenas como sustentação, evitando distrair a atenção do principal que é a oração. Aliás, sem nem todos puderem cantá-lo, é melhor que seja recitado. O “Pai-Nosso” é um canto que é o próprio rito e deve ser cantado integralmente, evitando-se as versões alternativas, já que é um texto bíblico. Uma observação importante: a Oração do Senhor é uma oração inserida dentro de um rito, por isso, quer seja recitado, quer seja cantado, nunca se deve dizer “amém” como forma conclusiva. Esse “amém” só deve ser utilizado para encerrar a oração quando esta é feita de forma isolada ou fora do contexto litúrgico da Santa Missa.

13) O “canto da Paz”

Page 8: ANEXO SOBRE CANTO LITÚRGICO Canto litúrgico e …20SOB… · se introduza o povo reunido cada vez mais, pela fé, nos Mistérios de Cristo, ... O cantor. A função do cantor no

Através da saudação da paz, os fiéis imploram a paz e a unidade para a Igreja toda e para toda a comunidade humana e manifestam mutuamente a caridade, antes de participar do mesmo pão. Acompanhar esse gesto de “saudação da paz” é a função do “canto da paz”. É um canto facultativo e pode ser reservado para ocasiões especiais. Quando se trata de um grupo reduzido de pessoas, deve ser discreto e curto, ara não provocar uma “quebra” no estilo peculiar da celebração. Em oportunidades maiores e festivas, principalmente quando se trata de grandes assembléias, pode ser um canto mais desenvolvido e vibrante, que expresse a alegria pascal do povo de Deus e seu vivo sentimento de fraternidade em Cristo. O “canto da paz” é considerado por algumas pessoas como inapropriado para antes da comunhão, pois ele dispersa o povo e desvia do clima de oração para o rito seguinte, sendo, às vezes, transferidos para outro momento na liturgia da Missa. Mas a “saudação da paz”, antes da Oração do Pai-Nosso, está liturgicamente prescrita e fica a critério de cada costume local.. Não há uma regra específica para esse canto, apenas que ele fale na paz de Deus que se deseja ao outro. Uma observação: o Canto da Paz não pode substituir ou abafar o canto do “Cordeiro de Deus”, já que este tem a preferência durante o rito de “Fração do Pão”.

14) O canto do “Cordeiro de Deus” Após a “Saudação da Paz”, o sacerdote fraciona o Pão (Corpo de Cristo) e mistura-

o ao Vinho (Sangue de Cristo). Com esse gesto, relembramos Jesus na Última Ceia, bem como as celebrações das primeiras comunidades cristãs, que, reunidas, partiam o pão entre si, celebrando os Mistérios da Salvação. Esse gesto nos faz lembrar, também, dos discípulos de Emaús, onde reconheceram o Cristo Ressuscitado somente no momento de partir o pão. Após o ato da “Fração do Pão”, o sacerdote apresenta para a assembléia o Cordeiro Imolado, assim como João Batista mostrou ao mundo o Cordeiro de Deus, aquele que superaria todos os sacrifícios e seria imolado, remindo toda a humanidade consigo. Este canto é o próprio rito de aclamação ao Cordeiro e deve ser cantado integralmente, devendo ser iniciado justamente no momento em que o sacerdote toma nas mãos o Corpo de Cristo, fraciona-o e põe um fragmento no cálice junto com o Sangue. É muito importante que o grupo de canto esteja atento a este momento. A invocação e súplica podem ser repetidas quantas vezes o exigir a ação que acompanham, mas atenção, devem terminar sempre com a súplica “dai-nos a paz”. Quem inicia este canto não é quem preside, mas a assembléia ou mesmo o grupo de canto. Uma observação importante: como este canto acompanha o rito de “partir o pão”, antes de proceder a sua distribuição, não deve ser usado como se fosse uma maneira de encerrar o movimento criado na assembléia durante o momento do abraço da paz.

15) O canto de “Comunhão” O “Canto de Comunhão” é o canto mais antigo da Missa. Por ele, através da

procissão e da união das vozes, expressamos nossa união espiritual em torno de Jesus. Todos ao redor da mesma mesa, congregados numa mesma Igreja, participamos do mesmo Pão do Céu. E esta é realmente a função do canto de comunhão: fomentar o sentido de unidade. Desta forma, ele manifesta a alegria da unidade do Corpo de Cristo, que é a Igreja, e alegria pela realização do Mistério que está sendo celebrado. Os hinos eucarísticos usados na adoração ao Santíssimo Sacramento não são apropriados para o momento de comunhão, pois eles destacam apenas a fé na Presença Real de Cristo na Eucaristia, mas não manifestam o sentido de unidade da participação em comum. A letra deste canto não deve ser individualista, ou seja, manifestar a comunhão apenas daquele que comunga, mas sim coletiva, isto é, deve provocar na assembléia uma sensação de que todos comungam ao mesmo tempo. Este canto acompanha o rito da comunhão e deve terminar quando a última pessoa comungar. Em certas oportunidades, este canto deve favorecer o acolhimento, para evitar um comungar puramente rotineiro e inconsciente. Em outras, principalmente nas ocasiões de festas maiores, deve propiciar a

Page 9: ANEXO SOBRE CANTO LITÚRGICO Canto litúrgico e …20SOB… · se introduza o povo reunido cada vez mais, pela fé, nos Mistérios de Cristo, ... O cantor. A função do cantor no

alegria e exultação. É comum escutarmos que se deveria fazer silêncio durante a comunhão, para que cada um pudesse se entreter num encontro pessoal com Cristo. É certo que a comunhão é um ato pessoal, mas como já foi dito, deve manifestar-se através de um ato comunitário. Por isso, todo o povo deve participar deste canto. O silêncio eucarístico necessário ao encontro e oração pessoal se dará, mais oportunamente, no momento seguinte.

16) O canto de “Ação de Graças” Como já foi visto, após a comunhão deve-se adotar o silêncio sagrado, onde todos

meditam, louvam e rezam a Deus no íntimo de seu coração. Esse momento é dedicado exclusivamente a Deus, onde a criatura adora o Criador. A assembléia pode cantar um hino que una todas as preces de louvor e adoração num só propósito. Alguns consideram esse canto como inapropriado ao momento, mas ele está previsto no Missal Romano. Portanto, pode ser cantado, muito embora seja facultativo. Deve ser, obrigatoriamente, um canto onde o destinatário seja o próprio Deus, ou seja, deve ser um canto que ajude no diálogo com Deus, com o Cristo Eucarístico. Jamais deve ser executado um canto a Nossa Senhora, ou a qualquer outro santo. É preferível que este canto seja breve e executado por todos, com moderação no volume dos instrumentos e dos microfones. É preciso que o ministro de música tenha a devida sensibilidade e discernimento para saber se este canto é conveniente neste momento. O canto de “ação de graças” não é recomendável, e nem mesmo desejável, quando o canto de comunhão se prolongou após o rito da comunhão. Deve-se evitá-lo também, quando a celebração estiver muito prolongada. E muita atenção: o “canto de ação de graças” não deve e não pode excluir o silêncio sacramental após a comunhão.

17) “Canto Final” A reforma litúrgica realizada pelo Concílio Vaticano II propôs, como última fórmula

da celebração litúrgica, o “Ide em paz”. Um canto “final” após este momento seria ilógico, pois a assembléia está dispensada. O que temos, na verdade, é um canto de despedida. Este canto de despedida, executado durante a saída do povo, pode ser substituído por uma música instrumental. Se em alguma ocasião parecer oportuno um “canto final”, por exemplo, o hino do padroeiro ou da padroeira da festa, ou um hino em honra da Mãe do Senhor em algumas de suas comemorações, deve ser cantado após a “Benção final” e antes do “Ide em Paz”. Vemos, então, que existe uma certa confusão entre “Canto Final” e “Canto de Despedida”.

Critérios para escolha dos cantos litúrgicos Não é qualquer canto que se escolhe para as celebrações. Existem cantos

litúrgicos (para as missas) e cantos mensagem (para outras ocasiões, encontros, etc...). As características do Canto litúrgico são:

1. Conteúdo ou inspiração bíblica; 2. Qualquer salmo cantado é litúrgico; 3. Deve ter melodia fácil; 4. Todos os cânticos litúrgicos são personalizados (ritmo próprio, letra própria e

momento próprio); 5. Ter cuidado com as músicas destinadas às partes fixas da Celebração (Glória,

Santo, Pai Nosso, Cordeiro), pois cada um tem o seu conteúdo próprio e isto é da Tradição da Igreja. Obs: Existem cantos que são o rito e outros que acompanham o rito: IGMR 37, e cantos suplementares: IGMR 26/ D0c 79-318

Page 10: ANEXO SOBRE CANTO LITÚRGICO Canto litúrgico e …20SOB… · se introduza o povo reunido cada vez mais, pela fé, nos Mistérios de Cristo, ... O cantor. A função do cantor no

As características a serem levadas em consideração são: 1. Canto de entrada: (IGMR 47) Letra: Deve ser um convite à celebração! Deve falar do motivo da celebração. Música: De ritmo alegre, festivo, que expresse a abertura da celebração. 2. Canto penitencial:(IGMR 51,52) De cunho introspectivo, a ser cantado com expressão de piedade. Deve expressar

confiança no perdão de Deus. Letra: Deve conter um pedido de perdão, sem necessariamente seguir a fórmula do

Missal. Música: Lenta, que leve à introspecção. Sejam usados especialmente instrumentos

mais suaves. 3. Canto do glória: (IGMR 53) Letra: O texto deve seguir o conteúdo próprio da Tradição da Igreja. Música: Festiva, de louvor a Deus. Podem ser usados vários instrumentos. 4. Salmo Responsorial: (IGMR 61)(Doc 79-302) Letra: Faz parte integrante da liturgia da palavra: tem que ser um salmo. Deve ser

cantado, revezando solo e povo, ou, ao menos o refrão. Não pode ser trocado por um canto de meditação.

Letra: Salmo próprio do dia ou outro texto bíblico de acordo com a liturgia do dia. Música: Mais suave. Instrumentos mais doces. 5. Aclamação ao Evangelho: (IGMR 62-64)(Doc 79-302) Letra: Tem que ter ALELUIA (louvor a Javé), exceto na Quaresma. É um convite

para ouvir; é o anúncio da Palavra de Jesus. Deve ser curto, e tirado do lecionário, próprio do dia.

Música: De ritmo vibrante, alegra, festivo e acolhedor. Podem ser usados outros instrumentos.

6. Canto das oferendas: (IGMR 74)(doc 79-319) É um canto facultativo. A equipe decide e combina com o padre. Caso não seja

cantado, é oportuno um fundo musical (exceto Advento e Quaresma), até que as ofertas cheguem até o altar, cessando então, para que se ouça as orações de oferecimento que o padre rezará, então, em voz alta.

Letra: Não é tão necessário que se fale de pão e vinho. Pode falar do oferecimento da vida, etc...

Música: Melodia calma, suave. Uso de instrumentos suaves. 7. Santo: (Doc 79-303) É um canto vibrante por natureza. Letra: Se possível seguir o texto original, indicado pela Tradição da Igreja. Música: Que os instrumentos expressem a exultação desse momento e a santidade

“Tremenda de Deus”. Deve ser sempre cantado. 8. Doxologia: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo” É uma hora muito importante e solene. É o verdadeiro e próprio ofertório da missa.

Page 11: ANEXO SOBRE CANTO LITÚRGICO Canto litúrgico e …20SOB… · se introduza o povo reunido cada vez mais, pela fé, nos Mistérios de Cristo, ... O cantor. A função do cantor no

É cantado apenas pelo Sacerdote. O AMÉM conclusivo, aí sim cantado pelo povo é o mais importante da Missa e deve ser cantado ao menos aos finais de semana.

9. Pai-Nosso: (Doc 79-309,306) Pode ser cantado, mas desde que com as mesmas e exatas palavras da oração. Não de diz o Amém, mesmo quando cantado.

10. Canto da Paz: É um canto facultativo.(Doc 79-322) 11. Cordeiro de Deus: (IGMR 83(Doc 79-310)

Pode ser cantado com melodia não muito rápida e sempre com as mesmas palavras da oração.

12. Canto de Comunhão: (IGMR 86-87)(Doc 79-314) É um canto processional, para se cantar andando. Letra: Preferência que tenha sintonia com o Evangelho e que seja “Eucarística”. Música: Processional, toada, balada, etc... 13. Meditação ou Louvor: (IGMR 88)(Doc 79-320) Se for o caso, se canta dando graças, louvando e agradecendo o encontro com o

Senhor e com os Irmãos. No entanto, que se tenha tempo de silêncio profundo e de adoração e intimidade com o Senhor. Instrumentos mais doces e melodia lenta e que leve a adoração.

14. Canto final: Não é previsto no Missal Romano. É para ser cantado após a Bênção Final, enquanto o povo se retira da Igreja: é o

canto de despedida. Letra: Deve conter uma mensagem que levaremos para a vida, se possível,

referente ao Evangelho do dia. Música: Alegre, vibrante. Podem ser usados outros instrumentos. Fontes: - Instrução Geral sobre o Missal Romano

- Coleção Estudos da CNBB nº79(documento Verde)

- Coleção Documentos da CNBB nº 43(documento azul)

OLHA O MICROFONE AÍ, GENTE!

Pe. Carlos Gustavo Haas

Fizeram-me a pergunta: “para entoar e sustentar os cantos na liturgia, os cantores devem usar microfone?” A resposta parecia óbvia, mas comecei a observar as equipes de músicos e cantores que animam nossas celebrações, para responder melhor.Não quero generalizar, mas, em muitos lugares, se está confundindo grupo de animação do canto litúrgico com banda para animação de shows. Sem se dar conta, o grupo adota uma prática que se afasta da verdadeira função do canto litúrgico e prejudica a participação da assembléia.

Page 12: ANEXO SOBRE CANTO LITÚRGICO Canto litúrgico e …20SOB… · se introduza o povo reunido cada vez mais, pela fé, nos Mistérios de Cristo, ... O cantor. A função do cantor no

Trata-se do costume de cada cantor ter um microfone (já vi igrejas com 10 microfones para o grupo de cantos – e não era uma igreja grande, não!). O problema não está no número de microfones, mas no fato de as pessoas permanecerem usando os microfones, enquanto a assembléia também canta. Assim o canto do povo de Deus é completamente abafado.

Este é o verdadeiro problema. Um instrumento técnico, o microfone, deve servir para animar a assembléia e não para abafar, esconder, suprimir as vozes do povo santo que se reúne para cantar as maravilhas do Senhor.Então não devemos mais usar o microfone? – alguém pergunta. É óbvio que, na maioria de nossas igrejas, precisamos de microfones. Mas o grupo de cantores deve usar este instrumento APENAS para iniciar o canto. Para tanto, não bastaria 1 ou 2 microfones?

Se o grupo dispõe de cantores bem preparados, pode fazer um ou outro canto “a vozes”, precisando então de algum microfone a mais. Isto, porém, não abafaria o canto da assembléia. Depois que o povo começa a cantar, o cantor se afasta do microfone, deixando que apareça claramente a voz da assembléia. O que deve ser ouvido é o canto da assembléia litúrgica, povo sacerdotal, família de Deus, Corpo de Cristo, e não a voz de 1, 2 ou 5 pessoas apenas.

O mesmo vale para os instrumentos musicais, alguns com imensas e potentes caixas de som. Para quê? Se for para animar uma missa ao ar livre, num estádio, tudo bem. Mas JAMAIS numa capela pequena ou média, que não necessita de muita ampliação de som.Infelizmente, o que muitas vezes se constata é um barulho (ruído) excessivo que perturba e tira a calma e a serenidade indispensáveis para que a assembléia possa ouvir a própria voz e tenha momentos de silêncio que favoreçam a escuta da Palavra e o louvor que brota de nosso coração agradecido. Depois, façam a experiência: como é bonito o som de um violão sem amplificação! O ideal seria mais violões e menos amplificadores.

Nossa reflexão não quer, de forma alguma, desconsiderar a boa vontade, o empenho e a solicitude de tantos e tantos animadores de cantos, músicos e instrumentistas de nossas comunidades. Eles são uma bênção para as nossas comunidades. O que queremos é alertar para certos exageros e apontar para a função específica deste ministério: “garantir a devida execução das partes que lhe são próprias, conforme os vários gêneros de canto, e auxiliar a ativa participação dos fiéis no canto” (Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 103).

Como subsídio de formação, vejam o DVD produzido por Verbo Filmes, Paulus e Rede Celebra, com o apoio da CNBB, intitulado: CANTO E MÚSICA NA LITURGIA.Perguntas para os grupos:

1. Como avaliamos a presença e a atuação dos animadores de cantos, músicos e instrumentistas de nossa comunidade?2. A sua atuação ajuda a comunidade a celebrar bem o mistério pascal?3. Quais as dificuldades que encontramos?4. Como podemos ajudá-los a bem exercer seu ministério? 5. Por que os cantores e instrumentistas não devem abafar a voz da assembléia?

LEITURA CRÍTICA DE CANTOS LITÚRGICOS

Page 13: ANEXO SOBRE CANTO LITÚRGICO Canto litúrgico e …20SOB… · se introduza o povo reunido cada vez mais, pela fé, nos Mistérios de Cristo, ... O cantor. A função do cantor no

O primeiro desafio que enfrentamos é este: de cantar na liturgia? Saber o que cantar é antes

de se saber quem vai cantar. Quem é a assembléia que celebra, quais suas necessidades, seu estilo de vida, sua mentalidade, seus valores, seus costumes, aspirações. Enfim, qual é sua maneira original de ser, de viver, de se expressar.

O melhor, na escolha do repertório dos cantos litúrgicos não é uma pessoa escolher,

conforme o seu gosto pessoal, as últimas novidades. Ou, simplesmente, os cantos que estão no

folheto. Mas, um grupo, representativo da comunidade deve escolher os cantos que melhor

condizem com a sua comunidade e que apresentem conteúdo e boa qualidade suficiente para serem expressão da fé da assembléia. Do contrário incorremos numa dupla alienação: com relação ao povo, desconhecimento da vida e da alma do povo; com relação à fé desconhecimento da perspectiva bíblico-litúrgica.

O Canto da comunidade em oração merece ser bem escolhido e bem ensaiado. A qualidade

da linguagem musical da assembléia não é uma simples questão de beleza artística. É uma questão de respeito e de amor pelo povo que celebra e por Deus, a quem nos dirigimos.

A chave de avaliação do canto litúrgico é o canto bíblico:Um canto humano, sincero, verdadeiro. Um canto que nasce da alma do povo. Um canto-

linguagem

do coração. O canto dos pobres, enraizado na fé de Abraão, de Moisés, dos profetas, de Maria. O canto-linguagem da fé no Deus vivo, no Deus de Jesus Cristo. Isso exige de nós duas coisas: senso crítico para avaliarmos os cantos existentes e criatividade para reafirmarmos, no canto litúrgico, os valores do nosso povo e a inspiração bíblica.

TextoA letra é a parte mais importante de um canto litúrgico. A palavra cantada se torna anúncio do

Evangelho. É porta-voz e alimento da fé da assembléia que celebra.

A fonte principal da letra do canto litúrgico é a Bíblia. Os cantos da tradição cristã são quase que exclusivamente bíblicos.

Avaliação da mensagemEm que experiência de relação com Deus esse canto nos coloca? Individualista, intimista?

Moralista? Ou numa experiência de “Aliança”, encontro, compromisso?

Esse canto nos coloca numa situação de Igreja (comunidade) aberta, universal? Ou numa atitude individualista de grupos exclusivos, fechados?

A mensagem é bíblica (literal, parafraseada, inspirada na Bíblia ou de criação livre)

A que momento da celebração este canto corresponde?

Avaliação da linguagemA qualidade dos meios de expressão, a dimensão poética e a comunidade de canto não

podem ser descuidadas. De outro modo o canto perde sua força de “sinal”.

Quais as imagens que mais nos tocam? Quais expressões novas criativas?

Quais os símbolos bíblicos? São repetidos ou recriados dentro do contexto de hoje?

Qual o vocabulário predominante: palavras que traduzem sentimentos, emoções? Palavras que indicam idéias convicções? Verbos, palavras de ação?

É uma linguagem fácil de compreender?

Page 14: ANEXO SOBRE CANTO LITÚRGICO Canto litúrgico e …20SOB… · se introduza o povo reunido cada vez mais, pela fé, nos Mistérios de Cristo, ... O cantor. A função do cantor no

Quais são as rimas, as sonoridades? Qual é o ritmo, a musicalidade dos versos?

MúsicaA música tem o poder de envolver a pessoa na sua totalidade, de mergulhar a assembléia na

experiência da celebração. Seu papel principal é o de integrar a expressão de fé da comunidade, favorecer a assimilação, a interiorização do texto.

A linguagem musical se compõe de ritmo, melodia, harmonia e timbre.

Avaliação do ritmoO ritmo é a força envolvente. Atinge os centros motores e sensoriais. Tende a levar para o

exterior, estimular para a ação. É pulsação. Movimento, Vida.

O canto tem um ritmo que contagia facilmente?

O ritmo está bem integrado com melodia e texto? Ajuda a cantar?

Avaliação da melodiaA melodia fascina a inteligência, toca a sensibilidade.

Tende a interiorizar, a levar para a contemplação.

A melodia é original? Espontânea? Fluente? Comunicativa? Tem sentido de unidade ( se desenvolve de modo equilibrado, dando uma seqüência entre as partes),apresenta variedade? Ou é pobre( repete sempre o mesmo motivo), quebrada, monótona?

Cai bem na letra? A prosódia (coincidência do acento tônico das palavras com acento musical) é bem colocada?

É fácil de ser cantada pela assembléia?

Avaliação do estilo do canto- É popular (brasileiro, internacional)?

- Jovem?

- Sertanejo?

- Folclórico?

- Regional?

- De “consumo”?

- Outros...

Conclusão- Qual é a origem deste canto? (Qual é a região do Brasil, ou o país de onde provém)?

- Quem é o seu autor (ou autores)?

- Que cultura revela: urbana, rural, popular, jovem de massa etc...

- Com que tipo de assembléia esse canto se identifica?

- A mensagem do canto é aberta (comunicação horizontal, participativa deixa margem para interpretação pessoal, diversificada)? Ou é fechada (comunicação vertical, autoritária: define tudo, não dá margem a diferentes interpretações)?

- A música forma uma unidade com a letra, ajudando a assimilar a mensagem?