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1 ANEXO II DO TERMO DE COOPERAÇÃO Nº 2015/038-100 DISPOSIÇÕES TÉCNICAS E ADMINISTRATIVAS PAÍS/REGIÃO BENEFICIÁRIO BRASIL AUTORIDADE QUE APRESENTOU O PEDIDO Governo da República Federativa do Brasil - Secretaria Extraordinária para Regularização Fundiária da Amazônia Legal- SERFAL RUBRICA ORÇAMENTAL BGUE-B2015-21.020704-C1-DEVCO TÍTULO Apoio à Política de Regularização Fundiária na Amazônia, nos Estados do Amazonas, Pará, Mato Grosso e Amapá CUSTO TOTAL 5.735.159 dos quais: Contribuição da UE: € 4.000.000 Contribuição do Brasil: € 1.735.159 MÉTODO DE AJUDA/MODO DE GESTÃO Abordagem de Projeto Gestão Centralizada Direta DAC-CODE SETOR Ref. Ares(2016)2944414 - 24/06/2016

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1

ANEXO II DO TERMO DE COOPERAÇÃO Nº 2015/038-100

DISPOSIÇÕES TÉCNICAS E ADMINISTRATIVAS

PAÍS/REGIÃO

BENEFICIÁRIO

BRASIL

AUTORIDADE QUE

APRESENTOU O

PEDIDO

Governo da República Federativa do Brasil - Secretaria Extraordinária

para Regularização Fundiária da Amazônia Legal- SERFAL

RUBRICA

ORÇAMENTAL

BGUE-B2015-21.020704-C1-DEVCO

TÍTULO Apoio à Política de Regularização Fundiária na Amazônia, nos

Estados do Amazonas, Pará, Mato Grosso e Amapá

CUSTO TOTAL € 5.735.159 dos quais:

Contribuição da UE: € 4.000.000

Contribuição do Brasil: € 1.735.159

MÉTODO DE

AJUDA/MODO DE

GESTÃO

Abordagem de Projeto

Gestão Centralizada Direta

DAC-CODE SETOR

Ref. Ares(2016)2944414 - 24/06/2016

2

Sumário

1. Identificação do Projeto ...................................................................................................................... 5

1.1. Título ............................................................................................................................................................ 5

1.2. Localização ................................................................................................................................................. 5

1.3. Duração ....................................................................................................................................................... 5

1.4. Fonte Externa ............................................................................................................................................ 5

1.5. Custo Estimado (EUR) ............................................................................................................................ 5

1.6. Entidade Proponente .............................................................................................................................. 5

1.7. Entidades Co-participantes: ................................................................................................................. 5

2. Quadro-Resumo ....................................................................................................................................... 6

3. Justificativa ............................................................................................................................................... 7

3.1 Quadro de Referências ............................................................................................................................. 7

3.2 Antecedentes ................................................................................................................................................ 7

3.3 Diagnóstico da Situação ............................................................................................................................ 8

4. Descrição do Projeto ......................................................................................................................... 12

4.1. Objetivos .................................................................................................................................................. 12

4.2. Resultados ............................................................................................................................................... 13

4.3. Atividades ................................................................................................................................................ 14

4.4. Sustentabilidade ................................................................................................................................... 23

4.5. Parcerias e Sinergias com Ações Semelhantes ........................................................................... 24

5. Estratégia e Estrutura de Gestão .................................................................................................. 25

5.1. Supervisão Geral e Estrutura Organizacional ............................................................................ 25

5.2. Equipe e Responsabilidades ............................................................................................................. 26

6. Matriz de quadro lógico com Linha de Base e Metas ............................................................. 27

7. Análise de Riscos ................................................................................................................................ 29

8. FINANCIAMENTO E ORÇAMENTO .................................................................................................. 30

8.1. Quadro do orçamento global ................................................................................................................ 30

9. MEIOS PREVISTOS E MODO DE REALIZAÇÃO ............................................................................ 30

9.1. SERVIÇOS ........................................................................................................................................... 30

9.1.1. Assistência técnica ..................................................................................................................... 30

9.1.2. Monitoramento, Avaliação e Auditoria (externa) .......................................................... 31

9.1.3. Pesquisas ...................................................................................................................................... 31

9.1.4. Treinamento ................................................................................................................................ 31

9.1.5. Troca de Experiência ................................................................................................................ 31

9.2. FORNECIMENTOS ............................................................................................................................ 31

9.2.1. Equipamentos ............................................................................................................................. 31

9.3. INFORMAÇÃO E VISIBILIDADE ................................................................................................... 32

9.4. CUSTOS OPERACIONAIS ................................................................................................................ 32

3

9.4.1. Pessoal Nacional ........................................................................................................................ 32

9.4.2. Outros custos operacionais .................................................................................................... 32

9.5. DESPESAS DE ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................. 32

4

ABREVIAÇÕES E SIGLAS

CAR Cadastro Ambiental Rural

APP Área de Preservação Permanente

ATS/STS Advisory and Technical Support/Secondment and Technical Support (Assessoria

Técnica)

CE Comissão Europeia

GPS Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global)

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

LTU Leading Technical Unit (Unidade Técnica Responsável)

NPO National Programme Officer (Escritório Nacional do Programa)

ONG Organização Não Governamental

RL Reserva Legal

SECEX Secretaria Executiva

UE União Europeia

UGP Unidade de Gestão do Projeto

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PROGRAMA DE COOPERAÇÃO TÉCNICA BRASIL-UNIÃO EUROPÉIA

Projeto nº 2015/038-100

1. Identificação do Projeto

1.1. Título

Apoio à Política de Regularização Fundiária na Amazônia, nos Estados do Amazonas,

Pará, Mato Grosso e Amapá.

1.2. Localização

Estados da Amazônia Legal, particularmente os Estados do Amazonas, Pará, Mato

Grosso e Amapá.

1.3. Duração

48 meses (48 meses de execução e 12 meses de encerramento)

1.4. Fonte Externa

Financiador: União Europeia (UE)

1.5. Custo Estimado (EUR)

Recursos Externos: 4.000.000

Contrapartida Brasileira: 1.735.159

Total: 5.735.159

1.6. Entidade Proponente

Secretaria de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário

Secretaria Extraordinária para Regularização Fundiária da Amazônia Legal- SERFAL

Departamento de Planejamento

1.7. Entidades Co-participantes:

ITEAM – Instituto de Terras do estado do Amazonas;

ITERPA – Instituto de Terras do estado do Pará;

INTERMAT – Instituto de Terras do estado do Mato Grosso;

IMAT – Instituto de Terras do estado do Amapá;

INTERACRE – Instituto de Terras do estado do Acre;

ITERTINS - Instituto de Terras do estado do Tocantins;

ITERMA- Instituto de Terras do estado do Maranhão;

ITERAIMA – Instituto de Terras do estado de Roraima;

INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária;

MMA – Ministério do Meio Ambiente

CNJ – Conselho Nacional de Justiça

6

2. Quadro-Resumo

Objetivos

Objetivo Geral

Contribuir para aperfeiçoar o processo de gestão fundiária, em nível federal e estadual,

na Amazônia Legal.

Objetivo Específico

Aprimorar e acelerar os processos de destinação e regularização fundiária de terras

públicas no âmbito do programa Terra Legal em quatro estados: Pará, Mato Grosso,

Amazonas e Amapá.

Resultados

Resultado 0 - Atividades relacionadas à gestão e a realização de ações

transversais do projeto.

Resultado 1 - Metodologias aperfeiçoadas e inovações aplicadas na gestão

fundiária do programa Terra Legal.

Resultado 2 - Promovido o acesso a políticas públicas de desenvolvimento

sustentável para a agricultura familiar.

Resultado 3 - Metodologia do programa Terra Legal sistematizada e

disseminada.

Resultado 4 - Desenvolvidos mecanismos de governança entre as esferas federal

e estaduais em apoio ao processo de regularização fundiária.

Atividades

R1.A1. Realização de mutirões de regularização fundiária.

R1.A2. Elaboração, desenvolvimento, evolução, implantação do Sigef e

digitalização, catalogação e vetorização do acervo fundiário.

R1.A3. Revisão dos parâmetros utilizados para definição de preço de terra.

R1.A4. Implementação do sistema de acompanhamento de cláusulas resolutivas.

R2.A1. Integração da regularização fundiária com outras políticas de

fortalecimento da agricultura familiar e desenvolvimento sustentável.

R3.A1. Realização de estudos sobre impactos e resultados da regularização

fundiária.

R3.A2. Fortalecimento dos escritórios locais.

R3.A3. Apoio a integração dos Cadastros de terras

R4.A1. Implantação da Sala de Monitoramento Fundiário da Amazônia.

R4.A2. Realização de seminários sobre governança e gestão fundiária.

Grupos-alvo 8.500 famílias ocupantes de terras públicas federais localizadas nos estados da

região da Amazônia Legal, em particular Pará, Mato Grosso, Amazonas e

Amapá.

Beneficiários

finais

(a) servidores da SERFAL; (b) os Institutos de Terras dos estados da região da

Amazônia Legal, que atuam na regularização de terras públicas estaduais, bem

como os órgãos ambientais que terão maior domínio sobre posse das terras,

facilitando a identificação dos responsáveis por eventuais irregularidades

ambientais.

7

3. Justificativa

Na Amazônia, a revisão sistemática da questão do direito fundiário é de suma importância para

reduzir a insegurança jurídica em relação à posse e uso da terra. Assim, o Programa Nacional de

Regularização Fundiária - Terra Legal, criado em 2009, tem como meta a destinação de 56 milhões

de hectares de terras da União, assim como a regularização fundiária de cerca de 160.000 posseiros

que ocupam áreas públicas e cerca de 700 núcleos urbanos. O Programa, também, pretende

harmonizar as medidas de regularização fundiária e ambiental, a fim de obter uma base coerente de

informações geográficas de uso e de propriedade das terras. Contudo, a destinação e a titulação de

terras têm enfrentado muitas dificuldades, que necessitam de constantes ajustes.

Com base nas Diretrizes Voluntárias sobre Governança Responsável da Posse da Terra, dos

Recursos Pesqueiros e Florestais (Voluntary Guidelines on the Responsible Governance of Tenure

of Land, Fisheries and Forests in the Context of National Food Security – VGGTs), aprovadas em

2012 pela FAO, o qual o Brasil se alinha, o projeto prevê ações de Governança Fundiária

envolvendo o Governo Federal, Órgãos Estaduais de Terras e de Meio Ambiente, bem como outros

atores envolvidos nessa temática. Dentre as diretrizes estabelecidas pela FAO, inseridas no

presente projeto, estão o envolvimento, além das autoridades jurídicas e governos locais, dos

agricultores familiares e das comunidades tradicionais, por meio do acesso à políticas públicas e

uso sustentável da terra.

Nesse sentido, o projeto de cooperação com a Comissão Europeia auxiliará a Secretaria

Extraordinária de Regularização Fundiária na Amazônia Legal - SERFAL em temas relacionados à

gestão eficiente e a governança fundiária, bem como na proposição e no desenvolvimento de

abordagens inovadoras no processo de regularização fundiária. Fortalecendo as capacidades das

organizações que atuam na regularização fundiária e ambiental, o Projeto apoiará a implantação do

Programa de regularização fundiária e centrará a intervenção na prestação de serviços de

assessoramento para o desenvolvimento institucional, na implementação de medidas que visam a

melhoria na gestão fundiária. Até 30 de maio 2016 a SERFAL estava vinculada ao Ministério de

Desenvolvimento Agrário o qual, a partir do governo interino, teve sua estrutura subordinada ao

Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República, por meio da Secretaria

Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento (decretos 8.780e 8.786/2016)1.

3.1 Quadro de Referências

Este Projeto visa a apoiar a política de regularização fundiária nos estados que compõem a

Amazônia Legal, em especial nos estados do Amapá, Amazonas, Mato Grosso e Pará.

3.2 Antecedentes

O projeto será financiado pela União Europeia no âmbito do programa temático "Bens Públicos e

Desafios Globais", tema Segurança Alimentar e Nutricional e Agricultura Sustentável, do

Programa de Apoio a Governança Responsável da Posse da Terra. Este último visa à promoção das

Diretrizes Voluntárias sobre de Governança Responsável da Posse da Terra (VGGT), do

Instrumento de Cooperação para o Desenvolvimento (DCI). O projeto foi aprovado pela Comissão

1 Pelo decreto 8.780/2016, as cinco secretarias anteriormente vinculadas ao extinto Ministério do Desenvolvimento

Agrário (MDA) passam a ser de responsabilidade da Casa Civil. São elas: Secretaria Especial de Agricultura Familiar

e do Desenvolvimento Agrário, Secretaria de Reordenamento Agrário, Secretaria da Agricultura Familiar, Secretaria

de Desenvolvimento Territorial e Secretaria Extraordinária de Regularização Fundiária na Amazônia Legal

(SERFAL). E o Decreto 8.3786/2016 subordina a estrutura do extinto MDA à Casa Civil da Presidência da República,

por meio da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário.

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Europeia em agosto de 2015, juntamente com outras oito ações que serão realizadas em oito países

Camarões, Gana, Guiné-Bissau, Sudão e Uganda, Paquistão, Brasil e Colômbia.

Este projeto foi concebido a partir dos resultados positivos da experiência de apoio da Comissão

Europeia ao processo de regularização fundiária e ambiental, realizado pelo Ministério do Meio

Ambiente em conjunto com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, no

âmbito do projeto "Pacto Municipal para Redução do Desmatamento no município São Félix do

Xingu no estado do Pará. O projeto foi financiado pela União Europeia, coordenado pelo

Ministério do Meio Ambiente e implementado pela FAO, no período de 2010 a 2014. No

componente 2 (Cadastro ambiental e mapeamento de imóveis rurais) do projeto, o número de

Cadastros Ambientais Rurais (CARs) executados no Município em propriedades e posses de até

300 hectares atingiu, em 2013, 2.064 estabelecimentos, significando 76% da meta, que era de

2.699 cadastros.

Esse quantitativo só foi possível graças à inclusão de alguns projetos de assentamentos da reforma

agrária, cujas posses ainda não haviam sido regularizadas. Sendo assim, foi determinado o

georreferenciamento dos lotes de dois assentamentos rurais (Pombal e Barra Mansa) no âmbito do

contrato com o Consórcio Setagrafia. Para acelerar as ações do programa Terra Legal, com o

objetivo de regularizar posses de imóveis rurais, o Projeto executou o georreferenciamento de

aproximadamente 2.800 quilômetros lineares em três glebas federais no Município. Com estas

medidas, o projeto conseguiu superar a insegurança jurídica, em relação à posse e usos das áreas, e

acelerar a adesão dos assentados e dos posseiros em glebas federais, que se encontravam em

situação irregular, tanto do ponto de vista do acesso à terra como do ponto de vista ambiental, que

limita o acesso a outras políticas públicas.

Desta forma, em outubro 2014, durante o seminário de fechamento do projeto São Félix, a União

Europeia e o Governo Brasileiro entenderam como positiva a ideia de continuar o apoio com vistas

a contribuir para redução do desmatamento através da regularização fundiária. Do ponto de vista

da União Europeia, este projeto tem um aspecto muito particular e importante, pois é um projeto

bilateral financiado por um programa temático "Bens públicos e desafios globais". Dos 18 países

financiados no âmbito do programa temático "Segurança Alimentar e Desenvolvimento Rural", o

Brasil é o único que possui este arranjo. Por outro lado, do ponto de vista da Secretaria

Extraordinária de Regularização Fundiária na Amazônia, o projeto é considerado de grande

relevância, pois é uma experiência que poderá ser replicada pelos governos dos estados da

Amazônia Legal e do país como todo.

A partir daí, uma nota conceitual foi desenhada conjuntamente pelo extinto Ministério do

Desenvolvimento Agrário (SERFAL) e pela Delegação da UE, que resultou na sua aprovação da

pelos serviços de DEVCO em Bruxelas, e incluída no pacote de projetos adotados pelo Colégio em

23/08/2015, com uma contribuição da UE de € 4 milhões.

Para a execução deste projeto será assinado uma Convenção de Financiamento entre a Comissão

Europeia e a ABC, com a concordância da SERFAL. A SERFAL ressalta a imensa importância e a

janela de oportunidades que este projeto representa para a implementação de inovações,

desburocratização e agilização da regularização fundiária na Amazônia Legal.

3.3 Diagnóstico da Situação

A Amazônia Legal2 envolve uma área de mais de 500 milhões de hectares e representa cerca de

60% do território nacional. Desse total, cerca de 120 milhões são de terras públicas federais, dos

2 A Amazônia Legal é formada pelos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e

Tocantins.

9

quais, aproximadamente 64 milhões já têm destinação definida e 56 milhões a definir. Neste último

caso, estima-se que haja algo em torno de 160 mil estabelecimentos rurais e 700 núcleos urbanos

necessitando de regularização fundiária.

Conforme estimativa populacional realizada em 2015 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), a região agrega 25 milhões de habitantes, o que representa 12% da população

do Brasil. A título de comparação, a região Sudeste do país, que envolve os Estados do Espírito

Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, com área aproximada de 92 milhões de hectares,

abrange cerca de 85 milhões de habitantes, ou seja, 42% da população brasileira.

A região Amazônica foi local de intenso processo migratório, especialmente, nas décadas de 1960

e 1970, em grande medida estimulado pelo próprio governo. Esse movimento transformou a região

num complexo problema de posse e domínio de terras, que teve como consequências o

agravamento de conflitos agrários, insegurança jurídica, nas relações de posse e propriedade das

terras, e exploração desordenada de recursos naturais.

A indefinição fundiária, decorrente do processo de ocupação e expansão da fronteira na Amazônia

durante as últimas décadas, é um problema estrutural que dificulta o desenvolvimento sustentável e

apresenta interfaces com várias situações de conflito na região. Apesar dos avanços tecnológicos

que podem ser utilizados no mapeamento, no monitoramento, no cruzamento e na análise de dados,

essa indefinição, frequentemente, é mencionada como uma limitação para a implantação de

políticas de produção sustentável na região. Para compreender essas limitações, é necessário

avaliar o complexo sistema legal e institucional adotado na gestão fundiária.

Nesse sentido, segundo o Imazon, pode-se destacar os seguintes elementos:

“inexistência de um cadastro único de dados fundiários (e existência de

múltiplos sistemas não integrados para essa finalidade); diversidade de leis e

procedimentos para regularização e reconhecimento de terras, que dependem

de quem está solicitando a regularização e se a terra pertence à União ou ao

Estado (sendo que este último dado nem sempre é conhecido pelo próprio

governo); ausência de controle no campo sobre áreas públicas, que acabam

sendo ocupadas ilegalmente para fins especulativos, resultando em

desmatamento ilegal e conflitos agrários; baixa transparência de órgãos

fundiários, principalmente estaduais, e sigilo de dados sobre imóveis; e

passivo de ocupação desordenada do território amazônico, que resultou em

uma vasta área ocupada por atores privados e sem legalização.”

A insegurança jurídica, quanto à posse e uso da terra, é um problema central que deve ser resolvido

para melhorar a proteção e o uso sustentável das florestas. A maior parte das terras da União não

conta com uma clara definição das respectivas destinações, à exceção das unidades de conservação

demarcadas, que as tornam atraentes para a grilagem e especulação imobiliária.

Desde a Constituição de 1891, as terras devolutas foram transferidas ao domínio dos estados,

cumprindo a estes o papel de legislar sobre o uso de tais bens públicos. No entanto, com a edição

do Decreto Lei 1.164, de 1 de abril de 1971, as áreas situadas na faixa de cem quilômetros de

largura às margens de rodovias federais construídas ou projetadas, passaram a ser consideradas

indispensáveis à segurança e ao desenvolvimento nacional. Portanto, passaram para o domínio da

União, mais particularmente ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA.

A falta de regularização dessas terras causa insegurança jurídica em relação à posse, contribui para

o aumento do desmatamento irregular, bem como para o aumento da violência relacionada à posse

e uso da terra. Além disso, dificulta o processo de desenvolvimento da região, uma vez que os

ocupantes de áreas sem regularização têm dificuldades para acessar as políticas de financiamento

agropecuário, por exemplo.

10

No intuito de agilizar o processo de regularização fundiária das terras públicas da União na

Amazônia Legal, em 2009 foi aprovada a Lei 11.952, que transferiu do INCRA para o extinto

Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA essa atribuição – hoje Secretaria Extraordinária de

Regularização Fundiária. Para executar as atividades, o ex-MDA criou a Secretaria Extraordinária

de Regularização Fundiária na Amazônia Legal – SERFAL, a qual tem como atribuição coordenar

o Programa de Regularização Fundiária, denominado Terra Legal.

Uma vez criado o Programa, a primeira atividade foi atuar em parceria, especialmente com o

Ministério do Meio Ambiente, na Operação Arco Verde, que visava disponibilizar um conjunto de

políticas públicas relacionadas a questões fundiárias, de direitos sociais e de apoio à produção, para

os 43 municípios de maior desmatamento na Amazônia Legal. Naquele período, a principal ação

do Programa foi realizar o cadastro dos ocupantes interessados na regularização de suas terras.

Para a execução do trabalho, a SERFAL conta com uma sede em Brasília e 12 escritórios

distribuídos nos estados da Amazônia, sendo quatro no estado do Pará, que abrange mais de 30%

das terras públicas federais da região.

Uma das principais atividades a ser desenvolvida na regularização fundiária é o

georreferenciamento das áreas, que permite a identificação exata da localização e a extensão das

glebas e dos seus ocupantes. Desse serviço decorrem duas variantes: uma diz respeito à destinação

de áreas de interesse público (municípios, unidades de conservação, terras indígenas,

assentamentos e diversas outras categorias de usos públicos), cumprindo o objetivo de regularizar a

ocupação pública de terras. A outra, como principal desígnio da política pública, diz respeito à

regularização de um grande número de ocupações rurais particulares. Nesse último caso, é

necessário executar uma séria de atividades que envolvem: cadastramento dos ocupantes,

georreferenciamento das parcelas, análise processual, vistorias e verificação de conformidades,

concluindo na titulação ou indeferimento.

Desde o lançamento do programa até o final de 2015, foram tituladas 17.696 ocupações rurais

particulares, conforme gráfico a seguir, envolvendo cerca de 1,2 milhões de hectares.

Gráfico 1: Nº de títulos emitidos por ano

Fonte: Banco de dados da SERFAL, 31 de dezembro de 2015.

Além dos títulos particulares, foram emitidos 332 títulos urbanos, contemplando 21.522 hectares e

destinados cerca de 10 milhões de hectares a outros órgãos públicos, com a finalidade de criação

de unidades de preservação ambiental, terras indígenas e áreas para assentamentos rurais.

O número ainda reduzido de títulos particulares tem relação com fontes documentais e referências

desconectadas e até mesmo divergentes. Exemplo disso são os processos de discriminação e

arrecadação de terras na Amazônia Legal. Essas ações, executadas no passado, parte pela

Administração Pública Federal, parte pelas estaduais, originaram um quadro complexo que, sem a

11

devida sistematização e compartilhamento, permitiram o registro de direitos que se colocaram em

conflito, ou seja, há casos em que os estados emitiram títulos em terras da União e vice versa.

Assim, mesmo com os recursos tecnológicos disponíveis atualmente, essas informações continuam

em meio analógico e em deterioração, dispersas em unidades administrativas. Essas são

informações fundamentais para recuperar o histórico do domínio do território e para demarcar o

limite entre as terras públicas federais, estaduais e as transferidas aos particulares.

Há que se considerar, também, que o alto grau de informalidade, em relação à propriedade e ao uso

da terra, contribui para o aumento da especulação imobiliária. Ao lado do ainda deficiente controle

ambiental, da dinâmica dos preços das terras e do elevado grau de insegurança jurídica, são fatores

que contribuem para o aumento do desmatamento ilegal. Essa situação se traduz em demorados

trâmites burocráticos e técnicos para a regularização das terras.

Para o gerenciamento dos dados, em março de 2014, o Programa Terra Legal passou a utilizar o

Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF). Esse sistema vem contribuindo para melhorar os controles

sobre a gestão das terras. No entanto, apesar dos avanços, ainda é patente a necessidade de

digitalizar o acervo dos documentos antigos.

Em 2009, ao realizar as primeiras estimativas referentes ao tempo necessário para regularizar as

ocupações existentes em terras públicas federais, não foi levado em conta o passivo histórico que o

Brasil carrega em relação à questão fundiária, que dificulta a regularização. Por um lado, existem

várias formas paralelas de cadastramento de propriedade e, por outro, há vastas áreas de terras não

cadastradas, assim como sobreposições entre diferentes direitos fundiários (por exemplo, entre

unidades de conservação e terras indígenas, entre áreas destinadas à reforma agrária e áreas de

concessão econômica, entre outras atividades). Esse tipo de problema, em muitos casos, tem como

consequência o aumento do número de conflitos fundiários e de litígios judiciais e extrajudiciais,

que resultam em morosidade na efetivação da regularização.

O cadastro criado pela Lei 10.267/2001 - Cadastro Nacional de Imóveis Rurais (CNIR) - ainda não

foi implementado totalmente, embora tenha iniciado há quase 15 anos. Apesar de trazer os

elementos fundamentais de um cadastro territorial, utilizando como referência o conceito de

parcela multifinalitária, é apenas mais um instrumento cadastral dentre os diversos já existentes no

país. Ainda que na referida Lei haja a previsão do compartilhamento dos dados entre as diversas

instituições públicas federais e estaduais, produtoras e usuárias de informações sobre o meio rural

brasileiro, na prática isso não tem ocorrido.

Para superar esses entraves, é necessário melhorar a intervenção do Programa Terra Legal,

especialmente em áreas com maior incidência de desmatamento irregular e conflitos relacionados a

questões fundiárias. Também é necessário desenvolver e aperfeiçoar sistemas informatizados de

gestão fundiária, bem como avaliar os resultados da regularização fundiária do ponto de vista das

condições da vida dos beneficiários, da redução do desmatamento, do desenvolvimento local, entre

outros aspectos.

O projeto terá como beneficiários diretos os ocupantes (rurais ou urbanos) de terras públicas

federais localizadas nos estados da região da Amazônia Legal e indiretamente, pelos acúmulos

gerados com a implementação do projeto, os Institutos de Terras dos estados da região, que atuam

na regularização de terras públicas estaduais, bem como os órgãos ambientais que terão maior

domínio sobre posse das terras, facilitando a identificação dos responsáveis por irregularidades

ambientais.

12

Nesse sentido, o projeto de cooperação com a Comissão Europeia visa disponibilizar recursos

técnicos com vistas a qualificar a gestão e a governança fundiária3, bem como a disponibilização

de ferramentas tecnológicas com a finalidade de integrar e automatizar o processo de

cadastramento, vetorização de acervo, georreferenciamento e titulação. Além disso, o projeto

promoverá o intercâmbio nacional e internacional, a fim de permitir que as experiências possam

ser apropriadas por outros atores envolvidos na regularização fundiária.

Figura 1: LOCALIZAÇÃO DAS TERRAS PÚBLICAS FEDERAIS NA AMAZONIA

LEGAL

Fonte: Banco de dados da SERFAL, 2015.

4. Descrição do Projeto

4.1. Objetivos

O objetivo geral do Projeto é contribuir para aperfeiçoar o processo de gestão fundiária, em nível

federal e estadual, na Amazônia Legal.

O objetivo específico é aprimorar e acelerar o processo de destinação e regularização fundiária de

terras públicas no âmbito do programa Terra Legal em quatros estados: Pará, Mato Grosso,

Amazonas e Amapá.

3 Governança fundiária consiste em um arcabouço conceitual que contém um modo de gestão organizado estruturalmente, com

claras definições de seus componentes e atores, mecanismos de interação e integração, financiamento e sustentação político-

administrativa e tecnológica.

13

4.2. Resultados

O Projeto contribuirá para alcançar os objetivos mencionados anteriormente por meio de quatro

resultados principais:

Resultado 1 (R.1) – Metodologias aperfeiçoadas e inovações aplicadas na gestão fundiária do

programa Terra Legal.

Para agilizar o processo de regularização fundiária, serão aperfeiçoadas algumas metodologias que

visam automatizar boa parte do processo de regularização, bem como será intensificada a

realização de mutirões de regularização fundiária, conforme definido, mais adiante, na descrição

das atividades.

A falta ou dispersão de sistemas de controle sobre a gestão fundiária é um aspecto que limita os

avanços na regularização das terras públicas federais na Amazônia Legal. Via de regra, as

informações são desconectadas e até mesmo divergentes. Exemplo disso são os processos de

discriminação e arrecadação de terras públicas na Amazônia Legal. Essas ações, executadas no

passado, parte pela administração pública federal, parte pela estadual, originaram um quadro

complexo que, sem a devida sistematização e compartilhamento, permitiram o registro de direitos

que se colocaram em conflito como é o caso de governos estaduais emitirem títulos em terras

federais e vice versa.

Para enfrentar o problema da dispersão de dados, é necessário criar sistemas informatizados que

sejam capazes de estabelecer correspondência precisa e confiável entre representação da terra que

vai para os documentos e a situação fática encontrada no campo. Além disso, também é necessário

ter controle sistemático da produção, armazenamento e compartilhamento dessas informações, de

modo a evitar que haja conflito de representação entre elas, como é o caso da sobreposição de área.

Desta forma, para atingir o resultado proposto, é necessário desenvolver ações que visem a

conclusão do SIGEF, que deve integrar os serviços de digitalização e vetorização do acervo

fundiário entre outras atividades descritas mais adiante.

Resultado 2 (R.2) – Promovido o acesso a políticas públicas de desenvolvimento sustentável

para a agricultura familiar.

Tendo em vista as dimensões da área que envolve a região da Amazônia Legal e a diversidade de

situações existentes, o projeto terá atuação mais específica em algumas áreas prioritárias,

especialmente nos estados Pará, Mato Grosso, Amazonas e Amapá. Nesses locais, além de

implementar ações que visam dar maior agilidade no processo de regularização, também serão

implementadas ações que visam a integração com outras políticas públicas, que promovam o

fortalecimentos da agricultura familiar.

Para facilitar o acesso a essas políticas, especialmente durante a realização dos mutirões de

regularização fundiária, serão disponibilizados espaços para que outros órgãos do governo federal,

dos governos estaduais e municipais, possam atender os beneficiados da regularização fundiária,

disponibilizando informações sobre essas diferentes políticas públicas.

Resultado 3 (R.3) – Metodologia do programa Terra Legal sistematizada e disseminada.

Apesar do processo de regularização fundiária, implementado pela SERFAL, ter iniciado em 2009,

há poucos dados que demonstrem os resultados da regularização fundiária. Empiricamente

percebe-se que, no caso da regularização urbana, o município sai da informalidade e permite que o

poder público faça investimentos em habitação, educação, saúde, lazer, cultura, entre outros. Já nos

imóveis rurais, a regularização proporciona maior segurança jurídica, possibilita aos agricultores

acesso à política de crédito e seguro da agricultura familiar, à assistência técnica, à política de

14

apoio à comercialização, entre outras políticas públicas direcionadas especificamente aos

agricultores familiares. Assim, diante da falta de informações, é necessário realizar estudos que

tragam informações para ampliar as discussões sobre a importância da regularização, governança e

gestão fundiária para a região.

Diante disso, serão realizados alguns estudos, com a finalidade de avaliar a importância da

regularização fundiária para o desenvolvimento sócio econômico da região. Da mesma forma,

serão sistematizadas e divulgadas as metodologias utilizadas na regularização fundiária, com vistas

a possibilitar que os institutos de terra dos estados se utilizem dos acúmulos gerados pelo Terra

Legal.

Resultado 4 (R.4) – Desenvolvidos mecanismos de governança entre as esferas federal e

estaduais em apoio ao processo de regularização fundiária.

A falta de uma governança fundiária coerente, que leve em conta as Diretrizes Voluntárias para a

Gestão Responsável da Posse da Terra e de Uso do Solo, Pescas e Florestas (VGGT) e dos

mecanismos de controle correspondentes, coloca em risco a sustentabilidade do sucesso da

regularização fundiária alcançada até agora pelo programa Terra Legal Amazônia, bem como sua

disseminação.

A governança fundiária aperfeiçoada na Amazônia, nos termos das diretrizes voluntárias (VGGT),

contribui para o desenvolvimento sustentável da região e para a proteção e uso sustentável da

floresta tropical. Direitos de propriedade esclarecidos geram segurança jurídica e criam pré-

requisitos importantes no combate ao desmatamento ilegal e a grilagem de terras, bem como para a

redução dos conflitos agrários. Com a terra legalmente documentada, os agricultores estarão mais

seguros para realizar planejamento de longo prazo, permitindo o acesso a outras políticas públicas.

4.3. Atividades

Com a finalidade de assegurar maior coerência ao projeto levando em conta a lógica de

intervenção acima enunciada, as atividades estão agrupadas em quatro componentes principais,

cada um mantém correspondência a um dos resultados esperados, conforme descrito a seguir.

Além disso, acrescentou-se um componente 0 (zero), que está ligado às atividades relacionadas

com a gestão global do Projeto e com diversas ações transversais aos quatro componentes

principais.

Componente 0: Atividades relacionadas à gestão e realização de ações transversais do projeto

Levando em conta a complexidade deste Projeto, que envolve, do lado brasileiro, instituições

governamentais de âmbito federal e estaduais e, da parte do doador, a Comissão Europeia (CE),

considera-se necessário que haja uma estrutura adequada para a gestão eficiente do Projeto e a

realização de ações transversais, que contribuirão para o alcance dos demais resultados. Este

componente visa garantir que os recursos do Projeto sejam executados com eficiência,

transparência e tempestividade, atendendo às necessidades locais e os requisitos da cooperação

com a CE, e que seus resultados sejam monitorados, avaliados, sistematizados e divulgados.

Além disso, será responsável pela comunicação e visibilidade das ações desenvolvidas nos demais

componentes.

A.0.1: Implementação da Unidade de Gestão do Projeto

Descrição:

Realizar reuniões de planejamento.

Elaborar Planos de Trabalho Anuais, Relatórios de Progresso Anuais e Relatório Final.

15

Definir as atividades e recursos necessários.

Esclarecer os papéis e responsabilidades dos atores envolvidos.

Analisar o desempenho do Projeto e corrigir rumos, quando necessário.

Os Planos de Trabalho Anuais serão elaborados no primeiro trimestre de cada ano do Projeto e

deverão detalhar as atividades, o cronograma de execução e o orçamento anual atualizado. O Plano

de Trabalho do Ano 1 deverá conter, adicionalmente, o orçamento global do Projeto detalhado por

atividades e servirá de referência para as atualizações posteriores.

Os Relatórios de Progresso serão elaborados ao final de cada ano e descreverão os avanços quanto

aos objetivos, resultados e atividades previstas nos Planos de Trabalho. O Relatório Final, a ser

elaborado no semestre posterior ao encerramento do Projeto, deverá apresentar o conjunto das

atividades realizadas, os resultados alcançados e as lições aprendidas, assim como o inventário dos

bens adquiridos com recursos da UE.

Responsabilidades:

SERFAL: coordenar e organizar as Reuniões de Planejamento; participar das reuniões;

e elaborar planos de trabalho e relatórios.

Empresa/instituição contratada: providenciar passagens e diárias; apoiar o Secretaria

Extraordinária de Regularização Fundiária na elaboração dos planos de trabalho e

relatórios.

A.0.2: Monitoramento, Avaliação e Intercâmbios.

Descrição:

O projeto será monitorado com dois focos: grau de execução e alcance de resultados. As duas

modalidades de monitoramento são complementares e produzirão relatórios que forneçam

subsídios para a tomada de decisão e eventuais correções de rumo que devem ser fornecidos pela

SERFAL.

O monitoramento da execução do projeto será feito de forma rotineira por gestores operacionais da

Delegação da União Europeia no Brasil e envolverá reuniões e eventuais visitas de campo. Este

monitoramento terá por base instrumentos específicos, participativos e dinâmicos, tais como

Matriz de responsabilidades e Cronograma de execução.

O monitoramento orientado a resultados será realizado pela Comissão Europeia através de dois

mecanismos: (a) missões de Monitoramento Externo (ROM), e (b) especialistas da FAO-Roma

(contratos pela sede da CE em Bruxelas). O projeto terá ainda a oportunidade de apresentar seus

avanços por resultados através da participação de sua equipe no Seminário sobre Governança da

Terra, que reúne todos os países que fazem parte deste programa da UE (oito países Camarões,

Gana, Guiné-Bissau, Sudão e Uganda, Paquistão, Brasil e Colômbia) para troca de experiências e

resultados. Este seminário é organizado pela FAO-Roma, em Addis Abeba, na Etiópia

normalmente uma vez ao ano.

Com vistas a otimizar o processo de regularização fundiária, divulgar os resultados do Projeto e as

lições aprendidas nas redes de conhecimento globais, serão realizados intercâmbios de troca de

experiências.

Serão realizadas duas avaliações externas do projeto. A primeira, intercalar, será realizada no

segundo semestre do Ano II e a segunda, final, no segundo semestre do Ano V. Os Termos de

16

Referência e Edital serão acordados entre a SERFAL e a Comissão Europeia. A primeira avaliação

verificará o grau de realização do projeto; alcances frente aos objetivos; examinará áreas de

progresso e áreas frágeis, propondo recomendações para os anos III e IV. A avaliação final terá

como base os critérios DAC-OCDE de relevância, eficiência, eficácia, impactos e sustentabilidade.

Esta avaliação produzirá lições aprendidas e identificará recomendações para este e outros projetos

de natureza similar.

Responsabilidades:

SERFAL: elaborar, com o apoio da empresa/instituição contratada, termos de referência

das consultorias de monitoramento e avaliação e aprovar os profissionais a serem

contratados; organização das missões de monitoramento e avaliação; fornecer

informações para o monitoramento e avaliação; selecionar servidores para participar

dos intercâmbios.

Empresa/instituição a ser contratada: apoiar à SERFAL na elaboração dos termos de

referência dos consultores; contratar consultorias de monitoramento e avaliação

aprovadas pela SERFAL; providenciar passagens e diárias; organizar as missões de

avaliação e intercâmbio; revisar os relatórios de avaliação e assegurar sua qualidade.

Comissão Europeia: viabilizar e informar a SERFAL das datas de realização das

missões de monitoramento da FAO-Roma e do ROM.

A.0.3: Comunicação e Visibilidade

Descrição:

Garantir transparência e agilidade na interlocução entre os parceiros, divulgar as oportunidades aos

beneficiários, criar ambiente favorável para a realização das atividades previstas e dar visibilidade

aos resultados. Será elaborado plano que tratará dos aspectos internos da comunicação entre as

organizações responsáveis pela gestão do Projeto e dos aspectos externos referentes à ampla

divulgação das atividades em diferentes meios (programas de rádio locais, boletins impressos,

cartazes, folders, internet, entre outros) e à disseminação dos resultados, dando visibilidade ao

Projeto em âmbito local, nacional e internacional.

Responsabilidades:

SERFAL: elaborar, com apoio da empresa/instituição contratada, termos de referência

para elaboração e execução do Plano de Comunicação; coordenar a execução do Plano

e divulgar os materiais produzidos em seus canais de comunicação oficial (sítio na

internet, correio eletrônico, etc.).

Empresa/instituição contratada: apoiar à SERFAL na elaboração de termos de

referência, contratar consultoria e outros serviços para elaboração e execução do Plano

de Comunicação; apoiar a execução do Plano.

A.0.4: Administração do Projeto

Descrição:

Esta atividade refere-se à administração técnica e financeira do projeto, cabendo a

empresas/instituições contratadas prestar assessoria técnica à SERFAL nos serviços

administrativos e operacionais de execução das atividades. A administração do projeto será

realizada, de forma colaborativa e integrada, pela SERFAL e Delegação da União Europeia no

17

Brasil. Como descrito em detalhes no item 5.1 (Supervisão Geral e Estrutura Organizacional), a

SERFAL será responsável pela supervisão geral do projeto.

Nos primeiros meses de implementação do projeto (fase de preparação), os esforços estarão

concentrados na elaboração de Termos de Referência (incluindo descrição de competências,

atribuições e responsabilidades) para contratação das empresas / instituições de assessoria técnica.

Dada a elevada responsabilidade dessas empresas para êxito do projeto, os processos de elaboração

de Termos de Referência, seleção e contratação demandarão atenção concentrada.

Imediatamente após a contratação, ferramentas e dinâmicas de supervisão e gerenciamento serão

desenvolvidas e implementadas pela SERFAL e Delegação para assegurar eficiência e

cumprimento de metas por parte das empresas / instituições contratadas.

Responsabilidades das empresas/instituições contratadas

Serviços técnicos: assessorar a SERFAL na elaboração de termos de referência para

Cartas de Acordo, contratos profissionais e aquisições de bens e serviços; revisar os

planos de trabalho e os relatórios de progresso; elaborar relatórios técnicos e financeiros

solicitados.

Serviços administrativos e operacionais: recrutar profissionais identificados e

previamente aprovados pela SERFAL; adquirir equipamentos; providenciar diárias e

passagens para viagens; gerenciar o orçamento.

Componente 1: Atividades relacionadas ao Resultado 1 (R1) – Metodologias aperfeiçoadas e

inovações aplicadas na gestão fundiária do programa Terra Legal.

A.1.1. Realizar mutirões de regularização fundiária.

Descrição:

As grandes distâncias entre os agricultores demandantes de regularização e os escritórios do Terra

Legal, é um dos principais aspectos que limita os avanços no processo de regularização fundiária

na Amazônia Legal. Assim, uma das medidas que estão sendo adotadas pela SERFAL é a

realização de mutirões de regularização fundiária4, que tem como objetivo simplificar e acelerar o

processo de emissão de títulos, visto que todas as pendências processuais são imediatamente

tratadas junto ao beneficiário, permitindo que possa ter seu título liberado logo após a apresentação

da documentação prevista na legislação. De forma geral, os mutirões são integrados com outros

órgãos, garantindo o acesso a outras políticas públicas como, por exemplo, o Cadastro Ambiental

Rural – CAR.

Para isso, existem 5 (cinco) etapas necessárias para a realização dos mutirões, são elas:

1. Elaborar diagnóstico técnico: que tem como objetivo levantar previamente a situação e

o potencial de titulação da gleba pública federal a ser trabalhada;

2. Elaborar o plano de trabalho e realizar articulação: que tem como objetivo listar os

encaminhamentos necessários junto aos escritórios regionais para a realização das

ações, assim como articular com os parceiros locais para viabilizar apoio quando

necessários;

4 Para fins deste projeto, entende-se por “mutirão de regularização fundiária” o deslocamento, para locais mais próximos

possíveis das glebas públicas federais, da estrutura física e recursos humanos necessários para efetuar a regularização das ocupações

existentes, ou seja, é o deslocamento temporário do escritório para locais mais próximos dos demandantes por regularização

fundiária.

18

3. Mobilização: realizar in loco a mobilização dos requerentes alvos, com o objetivo de

sensibilizá-los e fornecer todas as informações necessárias sobre a ação;

4. Logística: verificar a estrutura local disponível para a realização da ação (espaço físico,

disponibilidade de energia elétrica, acesso à internet, meios de transporte, etc.) e

consequentemente organizar o mesmo para receber os servidores e o público-alvo;

5. Execução: atendimento ao público-alvo e análise dos processos in loco.

Responsabilidades:

SERFAL/MDA: Análises técnicas das regiões a serem trabalhadas, disponibilização de

servidores aptos para executar as análises técnicas dos processos de regularização fundiária;

assim como custos (passagens e diárias) para o deslocamento dos mesmos, elaboração dos

materiais de divulgações, disponibilização de material de expediente e disponibilização de

veículos para deslocamentos dos servidores e processos, quando for necessário.

Instituição/empresa contratada pela Comissão Europeia: Contratação de consultores

técnicos para desenvolverem melhorias na metodologia dos mutirões, disponibilização de

veículos para deslocamentos dos beneficiários, quando for necessário, locação de

infraestrutura para realização dos mutirões e impressão dos materiais de divulgações.

A.1.2. Elaboração, desenvolvimento, evolução, implantação do Sigef e digitalização,

catalogação e vetorização do acervo fundiário.

Descrição:

Toda a documentação que envolve a regularização fundiária no Brasil ainda é mantida em meio

físico, resultando em grande acúmulo de documentos, que está sujeito a deterioração, perda ou

queima. Desta forma, é praticamente impossível estruturar um sistema eficiente de gestão

fundiária.

Diante disso, com o apoio do projeto, será definida uma metodologia de digitalização de acervo

fundiário5 em áreas de abrangência da lei 11.952/2009 (Digitalização, catalogação e vetorização de

acervo). Na definição da metodologia, deve-se prever a integração com os cartórios, que são os

responsáveis pela matricula dos imóveis.

O processo de digitalização envolve o levantamento dos documentos que se encontram nas

unidades do INCRA, nos escritórios do Terra Legal e nos cartórios de registros de imóveis. Para

isso, além do desenvolvimento de um sistema informatizado, será necessário adquirir

equipamentos para realizar a digitalização.

Por meio de um Acordo de Cooperação com a empresa Norte Energia, na região do entorno da

Usina de Belo Monte, no estado do Pará, foram digitalizados e catalogados 25.761 documentos,

sendo 7.884 processos de regularização fundiária, 4.225 processos de assentamento de famílias

para reforma agrária, 3.370 memoriais descritivos, 8.102 plantas e 2.180 títulos. No entanto, é

necessário aperfeiçoar o sistema e expandir o trabalho para as demais áreas públicas federais da

Amazônia Legal.

Responsabilidade:

5 Entende-se por Acervo Fundiário: documentos antigos das Glebas Públicas Federais e dos processos administrativos, livros

fundiários, portarias de arrecadação, publicações em DOU, matrículas, processos administrativos, plantas e memoriais descritivos.

19

SERFAL: mapeamento do sistema e elaboração do termo de referência para a contratação

da instituição que desenvolverá o sistema e o processo de digitalização e vetorização do

acervo.

Instituição/empresa contratada pela Comissão Europeia: contratação dos serviços de

elaboração do sistema, de digitalização do acervo e da aquisição de equipamentos

necessários para a digitalização, serão disponibilizados pela Comissão Europeia.

A.1.3. Revisão dos parâmetros utilizados para definição de preço de terra.

Descrição:

Conforme definido pelas normas que orientam a regularização fundiária, o preço básico de terras

para os municípios ou regiões é estabelecido pelo INCRA, que leva em conta o valor mínimo de

mercado por hectare para a terra nua. No caso da regularização fundiária na Amazônia Legal, sobre

esses valores incidirão índices relativos à ancianidade, especificidades regionais (localização e

condições de acesso) e dimensões dos imóveis. Esses critérios são adotados para áreas de 1 até 15

módulos fiscais, uma vez que os imóveis de até um módulo a regularização é gratuita. No entanto,

com frequência, a SERFAL é questionada sobre os critérios utilizados para definir o preço da terra

a ser regularizada.

Diante disso, é necessário contratar consultoria especializada que terá como objetivo realizar um

estudo sobre a atual metodologia e apresentar alternativas para superação do problema. Também

será necessária a realização de um seminário onde serão discutidos os resultados e recomendações

do estudo.

Responsabilidade:

SERFAL: elaboração do termo de referência para contratação do estudo.

Instituição/empresa contratada pela Comissão Europeia: disponibilizar os recursos

necessários e realizar os trâmites os trâmites necessários para a contratação do estudo.

A.1.4. Implementação do sistema de acompanhamento de cláusulas resolutivas.

Descrição:

Conforme definida na lei 11.952, de 2009, para ter o direito pleno da terra titulada, os agricultores

precisam cumprir as cláusulas resolutivas, conforme especificadas no próprio título, sendo de

responsabilidade do MDA o monitoramento do cumprimento dessas cláusulas. Entre as principais

cláusulas resolutivas, conforme art. 15 da referida lei, destacam-se:

“I - o aproveitamento racional e adequado da área;

II - a averbação da reserva legal, incluída a possibilidade de compensação na forma de

legislação ambiental;

III - a identificação das áreas de preservação permanente e, quando couber, o

compromisso para sua recuperação na forma da legislação vigente;

IV - a observância das disposições que regulam as relações de trabalho; e

V - as condições e forma de pagamento”.

No entanto, este Ministério, agora Secretaria Extraordinária tem enfrentado dificuldades para

realizar esse tipo de acompanhamento. Nesse sentido, por meio de um projeto com a cooperação

alemã, já em execução, será desenvolvida uma metodologia de acompanhamento dessas cláusulas.

Com a nova metodologia pretende-se reduzir ao máximo a necessidade vistoria ao estabelecimento

para o acompanhamento do cumprimento das cláusulas. Para isso, pretende-se utilizar imagens de

satélite e cruzamento de banco de dados com outros órgãos públicos.

20

Com a metodologia definida, a implementação será conduzida no âmbito do presente projeto, que

envolverá o treinamento dos técnicos, a aquisição de imagens de satélite e a aquisição de

equipamentos, se necessário.

Responsabilidade:

SERFAL: disponibilização de técnicos, passagens e diárias para a realização dos trabalhos

de campo.

Instituição/empresa contratada pela Comissão Europeia: aquisição de mobiliário e

equipamentos de informática e contratação de consultoria especializada.

Componente 2: Atividades relacionadas ao Resultado 2 (R2) - Promovido o acesso a políticas

públicas de desenvolvimento sustentável para a agricultura familiar.

A.2.1. Integração da regularização fundiária com outras políticas de fortalecimento da

agricultura familiar e desenvolvimento sustentável.

Descrição:

O recebimento do título de propriedade da terra, por si só, não é garantia de promoção de

desenvolvimento rural sustentável. Para estimular o desenvolvimento é necessário criar

mecanismos que possibilitem acesso a outras políticas públicas, especialmente direcionadas aos

agricultores familiares.

Entre as políticas que podem beneficiar aos agricultores está o acesso à Declaração de Aptidão ao

Pronaf – DAP, emitida pelos órgãos de assistência técnica e extensão rural dos estados ou pelos

sindicatos de trabalhadores rurais, que tem a Secretaria da Agricultura Familiar do MDA, como

órgão responsável pela coordenação do sistema informatização de emissão do documento.

De posse desse documento, os agricultores podem acessar as várias modalidades de crédito do

Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o seguro da agricultura familiar, as

vendas de alimentos aos órgãos públicos (federais, estaduais e municipais), como é o caso do

Programa de Aquisição de Alimentos da agricultura familiar – PAA e o Programa Nacional de

Alimentação Escolar – PNAE.

Além das políticas mencionadas, é necessário propiciar condições para que esses agricultores

tenham acesso à Assistência Técnica e Extensão Rural. Por meio dela será possível incorporar

novas tecnologias e aumentar a produtividade, integrando pesquisa e extensão.

Responsabilidade:

SERFAL: coordenação da elaboração de materiais de divulgação, que será feita durante a

realização dos mutirões de regularização fundiária.

Instituição/empresa contratada pela Comissão Europeia: conceber, imprimir e

disponibilizar materiais de divulgação.

Componente 3: Atividades relacionadas ao Resultado 3 (R3) – Metodologia do programa

Terra Legal sistematizada e disseminada.

A.3.1. Realização de estudos sobre impactos e resultados da regularização fundiária.

Descrição:

21

Tendo em vista que o Programa Terra Legal vem sendo implementado desde 2009 e durante

esse período não foi realizado nenhum estudo para avaliar seus resultados, com o apoio deste

projeto será contratada uma instituição de pesquisa que analisará os possíveis impactos do

Programa.

Como em alguns lugares a participação relativa dos pequenos proprietários aumentou, a

regularização fundiária e a entrega de títulos para estes proprietários podem ajudá-los a se

enquadrar nos moldes da produção sustentável, facilitando o acesso a instrumentos financeiros e

a intensificação da produção.

O estudo deve contemplar temas relacionados ao meio ambiente (aumento ou redução do

desmatamento irregular); renda das famílias; acesso à política de crédito rural; acesso a políticas

de apoio à comercialização; acesso a políticas de assistência técnica; entre outras. Também

devem ser analisados possíveis impactos da regularização urbana.

Responsabilidade:

SERFAL: A elaboração do Termo de Referência para contratação do estudo será feita

conjuntamente entre a SERFAL e a representação da Comissão Europeia.

Instituição/empresa contratada pela Comissão Europeia: Auxiliar na elaboração do

termo de referência, bem como custear os gastos necessários para a realização do estudo.

A.3.2. Fortalecimento dos escritórios locais.

Descrição:

Com vistas a aprimorar o desempenho do Terra Legal, melhorando a eficiência, eficácia e

efetividade no processo de regularização fundiária, é necessário implementar ações que visem o

fortalecimentos dos escritórios locais. Nesses escritórios são realizadas a maior parte das etapas

que envolvem a regularização. Para isso, será realizado um breve diagnóstico com a finalidade de

conhecer as condições de funcionamento dos escritórios e, posteriormente, serão desenvolvidas

ações de capacitação dos servidores com vistas a eliminar os principais estrangulamentos. No

diagnóstico também serão levantadas eventuais limitações de equipamentos. Ao longo da execução

do projeto, será estruturado um sistema de monitoramento para acompanhar a execução das ações.

Responsabilidade:

SERFAL: realizar o diagnóstico para conhecer a condições de funcionamentos dos

escritórios e planejar as ações necessárias para mitigar os estrangulamentos.

Instituição/empresa contratada pela Comissão Europeia: custear os gastos necessários

para aquisição de veículos, equipamentos de informáticas e custos referentes ao seguro e

manutenção de veículos.

A.3.3. Apoio à integração dos Cadastros de terras

Descrição:

O registro da propriedade no Brasil é descentralizado em cartórios de ofício que recentemente

passaram por um processo de automação. Por força da Lei 10.267 de 2001, os cartórios são

obrigados a enviar dados mensalmente ao Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA):

22

Art. 1º (...) “§ 7o Os serviços de registro de imóveis ficam obrigados a encaminhar ao

INCRA, mensalmente, as modificações ocorridas nas matrículas imobiliárias decorrentes

de mudanças de titularidade, parcelamento, desmembramento, loteamento,

remembramento, retificação de área, reserva legal e particular do patrimônio natural e

outras limitações e restrições de caráter ambiental, envolvendo os imóveis rurais,

inclusive os destacados do patrimônio público.”

No entanto, a lei não é atendida com automação, necessariamente. A regra, quando ocorre, é de

trocas por ofício (o que significa baixíssima efetividade, além de falta de sistemática na

atualização). O SIGEF implementou um caminho eletrônico para estabelecer essa troca mas não é

obrigatório.

Além disso, é importante destacar que atualmente no Brasil existem vários tipos de cadastro rural,

entre eles destacam-se: Cadastro de imóveis rurais, que contempla Cadastro de Proprietários e

Detentores de Imóveis Rurais, Cadastro de Arrendatários e Parceiros Rurais, Cadastro de Terras

Públicas, Cadastro Nacional de Florestas Públicas; Cadastro Ambiental Rural – CAR; Cadastro

Nacional de Produtores Orgânicos – CNPO; Cadastro Nacional de Unidades de Conservação –

CNUC; Cadastro Nacional de Florestas Públicas, entre outros. Ou seja, há diversos cadastros que

se relacionam com a posse da terra, mas que não se integram.

Dessa forma, um dos maiores desafios do Estado brasileiro, no que concerne a gestão de terras, é

enfrentar sua baixa capacidade de gestão para mudar a realidade fundiária frente ao tamanho do

seu território, magnitude de sua população e a complexidade de sua estrutura fundiária.

Diante do exposto, urge que, antes do surgimento de qualquer nova inciativa para criar novos

cadastros ou implementar novos bancos de dados e sistemas de informações seja elaborada uma

análise jurídica que explicite o impacto concernente à criação de um Cadastro Nacional de Terras

bem como das responsabilidades jurídicas quanto à implantação em todo o território nacional, dada

a dificuldade em se estabelecer os limites entre terras rurais e não rurais. Para isso será necessária a

contratação de consultoria especializada sobre o tema.

Responsabilidade:

A elaboração do termo de referência para contratação da consultoria será feita pela SERFAL em

parceria com a equipe técnica da Comissão Europeia.

Os custos para contratação da consultoria serão bancados pela Comissão Europeia.

Componente 4: Atividades relacionadas ao Resultado 4 (R4) - Desenvolvidos mecanismos de

governança entre as esferas federal e estaduais em apoio ao processo de regularização

fundiária.

A.4.1. Implantação da Sala de Monitoramento Fundiário da Amazônia.

Descrição:

A Sala de Situação tem por objetivo gerar informações estratégicas a partir de dados já existentes

em relação à gestão da terra na região da Amazônia Legal. Funcionará como um centro de gestão e

monitoramento das áreas em análise, subsidiando a tomada de decisões, em especial, nos temas

relacionados ao uso da terra e ao acompanhamento de cláusulas resolutivas, que estão relacionadas

ao acesso e dominialidade das áreas já regularizadas.

A sala em questão será estruturada na sede da SERFAL em Brasília e deverá contar com

equipamentos como 15 monitores de 42'', que constituirão um telão para o monitoramento;

estações de trabalho para gerenciar os monitores; acesso aos sistemas e conexão com internet de

alta qualidade, para disponibilizar imagens de satélite em tempo real; impressoras Plotter, bem

23

como profissionais com conhecimento nas áreas de Tecnologia da Informação, análise de dados

espaciais, sensoriamento remoto e banco de dados.

Responsabilidade:

Os custos referentes à aquisição de equipamentos, treinamento dos servidores, responsáveis pela

Sala de Situação, e da contratação de eventuais consultorias especializadas, serão bancados pelos

recursos da Comissão Europeia. Já os custos referentes às instalações físicas, manutenção do

escritório e remuneração dos servidores, serão atribuídos ao governo brasileiro e serão computados

como contrapartida ao projeto.

A.4.2. Realização de seminários sobre governança e gestão fundiária.

Descrição:

A gestão da malha fundiária é feita por meio do gerenciamento e da promoção do ordenamento da

estrutura fundiária nacional; da promoção de estudos e diagnósticos sobre a estrutura fundiária

nacional; do mercado de terras; do controle de arrendamento e aquisição de imóveis rurais por

estrangeiros; dos sistemas de produção e cadeias produtivas; do controle e execução da certificação

de imóveis rurais; da identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras

ocupadas pelos remanescentes de quilombos; bem como por meio da regularização de terras6.

Assim, a governança fundiária no País se dá, principalmente, a partir de um conjunto de medidas

tendentes a estabelecer um sistema de relações entre o homem, a propriedade rural e o uso da terra,

capaz de promover a justiça social, o progresso e o bem-estar do trabalhador rural, e o

desenvolvimento econômico do país.

Nesse contexto, o presente projeto prevê a realização de seminários regionais, envolvendo

Institutos de Terra, cartórios de registro de imóveis e organizações sócias entre outras organizações

ligadas à questão da terra. No seminários, serão tratados temas relacionados às diferentes

legislações (estaduais e federal) que tratam da regularização fundiária; possibilidades de unificação

de cadastros de terra; critérios para definição de preço de terras; entre outros temas.

Responsabilidade:

As despesas para a realização dos seminários serão custeadas pela Comissão Europeias.

Os custos referentes a transporte, alimentação e hospedagem dos servidores da Secretaria

Extraordinária serão bancados pela própria Secretaria.

4.4. Sustentabilidade

Do ponto de vista da sustentabilidade política, a abordagem participativa adotada como estratégia

de implementação do Projeto, assim como o envolvimento de atores do governo, do setor privado e

da sociedade civil, possibilitará a criação de ambiente favorável à continuidade das ações do

Projeto. Comunicação, transparência e visibilidade receberão atenção especial na sua condução.

Quanto à sustentabilidade institucional, há previsão de atividades que fortaleçam instâncias

públicas locais no planejamento, monitoramento e implementação de políticas.

Por fim, a sustentabilidade financeira decorre do desenvolvimento de capacidades técnicas e

institucionais locais.

6

Disponível em: <http://www.incra.gov.br/ordenamento-da-estrutra-fundiaria>.

24

4.5. Parcerias e Sinergias com Ações Semelhantes

A esse respeito, vale destacar que está em execução um projeto de cooperação com a Alemanha, o

qual vem sendo executado pela Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit – GIZ. O referido

projeto tem como meta a implementação de sistemas de orientação e gestão de Governança

Fundiária de terras públicas federais na Amazônia, dentro do contexto do The Voluntary

Guidelines on the Responsible Governance of Tenure – VGGT da FAO. Nesse sentido, ressalta-se

que os resultados estabelecidos pela cooperação alemã não sobrepõem os pretendidos no presente

projeto, mas ao contrário são complementares e tem sinergia.

O projeto com a cooperação alemã estabeleceu como primeiro resultado o aperfeiçoamento dos

instrumentos e processos da regularização fundiária, como o SIGEF destinação, e a realização de

um piloto em um escritório, sobre a digitalização de processos, bem o desenvolvimento de

metodologia para o monitoramento das cláusulas resolutivas7. No presente projeto está prevista

digitalização do acervo de todos os escritórios do Terra Legal na Amazônia Legal.

O segundo resultado da cooperação alemã é a implementação de melhorias na regularização

fundiária na região da tríplice fronteira8, em especial por meio do apoio a realização de mutirões de

regularização fundiária integrados com políticas públicas para mulheres e comunidades

Quilombolas, por exemplo. No presente projeto estão previstas atividades bastante similares, mas

que serão implementadas no restante das terras públicas federais da Amazônia Legal, visto que o

projeto com a cooperação alemã atua prioritariamente na região da tríplice fronteira. Neste caso, o

projeto com a Comissão Europeia virá para complementar esse trabalho, ampliando a dimensão da

área de abrangência dos mutirões.

Como terceiro resultado, a cooperação alemã prevê a realização de estudos e pesquisas que possam

dimensionar o impacto do Programa Terra Legal, com a implementação das normas do VGGT,

bem como da Carta de Palmas9, na regularização fundiária, integrando todos os atores envolvidos,

como a União, Estados e Sociedade Civil, além do Poder Judiciário e os Cartórios das regiões

envolvidas, conforme recomendações da carta de Palmas:

A referida carta é um documento elaborado na IIIª Oficina de Diálogo entre os Órgãos de Terra dos

estados da Amazônia Legal, que apresenta as seguintes recomendação:

”1. Aprimorar e parametrizar o marco legal que rege a questão fundiária nos estados e

no governo federal, dinamizando a tramitação dos processos de regularização fundiária,

7 Conforme definido no art. 15, da lei 11.952 de 2009, o termo de concessão de direito real de uso deverá conter, entre

outras, as seguintes cláusulas resolutivas, que deverão ser observadas por um período de 10 anos:

I - o aproveitamento racional e adequado da área;

II - a averbação da reserva legal, incluída a possibilidade de compensação na forma de legislação ambiental;

III - a identificação das áreas de preservação permanente e, quando couber, o compromisso para sua recuperação na

forma da legislação vigente;

IV - a observância das disposições que regulam as relações de trabalho; e

V - as condições e forma de pagamento. 8 Entende-se por área da tríplice fronteira a região que envolve o sul do estado do Amazonas, o estado do Acre e de

Rondônia.

9 Entre os dias 14 e 16 de outubro de 2015, representantes dos órgãos de terra dos nove estados da Amazônia Legal, da

Secretaria Extraordinária de Regularização Fundiária da Amazônia Legal do Ministério do Desenvolvimento Agrário

(SERFAL/MDA), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), da Associação dos Notários e

Registradores (ANOREG-TO), reunidos por ocasião da III Oficina de Diálogo entre os Órgãos de Terra dos estados da

Amazônia e do Programa Terra Legal, ocorrida na capital do Tocantins, aprovaram a Carta de Palmas em que expõem

seus compromissos ao mesmo tempo em que solicitam apoio do poder público e da sociedade brasileira para o

contínuo fortalecimento da governança fundiária, visando à superação dos conflitos fundiários e à promoção da justiça

e do acesso à terra, objetivos essenciais para o pleno desenvolvimento social, econômico e ambiental da Amazônia.

25

diminuindo as divergências e incongruências e tornando mais claras as regras para toda

a população.

2. Promover a superação das indefinições e sobreposições de títulos e por vezes os

conflitos de interesse entre União e Estados.

3. Buscar meios para que no prazo de 10 anos todas as glebas públicas estaduais e

federais estejam com seus perímetros georreferenciados e certificados, expediente

necessário para o conhecimento e gestão desse bem público.

4. Promover a padronização e integração dos diferentes cadastros de terra e a vinculação

dos mesmos com o registro dos imóveis, a fim de superar as constantes falhas que

favorecem a grilagem e a insegurança jurídica.

5. Implementar, mediante cooperação entre o Governo Federal e os Estados, um sistema

modular de gestão de terras, incluindo o acervo, o georreferenciamento, a titulação e o

registro.

6. Promover a transparência e o acesso a informação para que a população possa fazer

o devido acompanhamento das políticas fundiárias.

7. Incentivar a participação social como elemento de fortalecimento da Governança

Fundiária, na definição, execução e avaliação das políticas fundiárias.

8. Promover o contínuo diálogo entre os órgãos de terra, os órgãos de controle, os

cartórios, os Poderes Judiciário e Legislativo, visando à identificação e superação dos

problemas que afetam a política de terras na Amazônia.

9. Padronizar as metodologias e critérios para o estabelecimento do valor de referência

da terra para fins de regularização fundiária, evitando discrepâncias de valores

praticados pelos Governos federal e estaduais.

10. Promover a valorização e o fortalecimento da regularização fundiária executada

pelos órgãos de terra.

Os signatários desta Carta consideram que as propostas contribuem para o ordenamento

territorial e são fundamentais para que a terra na Amazônia seja fator decisivo para o

desenvolvimento social, ambiental e econômico do Brasil.”

A cooperação europeia complementará esse trabalho com estudos que avaliarão os impactos da

regularização fundiária das terras públicas federais na Amazônia Legal, de forma a gerar dados

quantificáveis e verificáveis da real situação das terras, após a implementação dos projetos.

Para evitar eventuais sobreposições de atuação e para discutir sinergias entre os projetos, será

constituído um comitê interinstitucional, formado por representantes da Comissão Europeia e

respectiva empresa executora a ser contratada, da cooperação Alemã e respectiva executora, no

caso a GIZ, e da SERFAL, que se reunirá trimestralmente ou sempre que for necessário.

5. Estratégia e Estrutura de Gestão

5.1. Supervisão Geral e Estrutura Organizacional

A SERFAL será responsável pela supervisão geral do Projeto, com o apoio das

empresas/instituições, a serem contratadas pela Comissão Europeia, que serão responsáveis pela

execução técnica e financeira dos recursos da UE.

A SERFAL designará, dentre os seus quadros superiores, um Diretor do Projeto, que poderá

trabalhar em regime de dedicação parcial e será o ponto focal para as comunicações oficiais com a

ABC/MRE e a CE em todas as matérias relativas ao Projeto. Designará também um Coordenador

do Projeto, que poderá trabalhar em regime de dedicação parcial e apoiará o Diretor nas tarefas de

organização, planejamento e gestão operacional das atividades do Projeto, bem como, em conjunto

com a empresa/instituição, elaborará os Planos de Trabalho Anuais e analisará o desempenho do

Projeto.

O acompanhamento regular do Projeto pela ABC/MRE e a CE será feito por meio do

encaminhamento dos Planos de Trabalho Anuais e relatórios. A ABC/MRE e a CE poderão

26

convocar, quando necessário, encontros com a SERFAL para esclarecimentos quanto aos planos de

trabalho, aos relatórios ou a eventuais revisões do Projeto.

5.2. Equipe e Responsabilidades

A equipe de gestão do Projeto contará com profissionais alocados em Brasília ou nos estados da

Amazônia Legal. Além do Diretor e do Coordenador Nacional do Projeto, a SERFAL designará

profissionais de seu corpo técnico para conformar a equipe de apoio à gestão do Projeto.

O Diretor Nacional atuará na SERFAL, em Brasília-DF, em regime de dedicação parcial ao

Projeto e terá as seguintes responsabilidades:

Estabelecer e manter articulações com os parceiros envolvidos nas três esferas de

governo;

Aprovar a equipe selecionada a ser contratada para o Projeto;

Aprovar e submeter os planos de trabalho e relatórios do Projeto à ABC/MRE e à UE;

Autorizar, com o apoio do Coordenador Nacional, a aquisição de bens, serviços,

passagens e diárias, assim como o pagamento de consultorias, após a aceitação do

produto ou de suas etapas, conforme critérios técnicos e qualitativos;

Prestar informações necessárias às atividades de acompanhamento e avaliação da

ABC/MRE e CE.

O Coordenador Nacional também trabalhará na SERFAL, em regime de dedicação parcial ao

Projeto e será responsável por:

Participar da seleção da equipe a ser contratada para o Projeto;

Coordenar as atividades da equipe de gestão do Projeto em Brasília, assim como dos

técnicos e consultores envolvidos na execução das atividades do Projeto;

Revisar e submeter ao Diretor Nacional os planos de trabalho e relatórios de progresso

e final do Projeto;

Revisar e submeter à aprovação do Diretor Nacional os termos de referência para

aquisição de bens e contratação de serviços necessários à execução das atividades do

Projeto;

Revisar regulamentos, manuais, procedimentos e rotinas administrativas necessárias à

gestão eficiente do Projeto, a gestão do seu pessoal e a manutenção das instalações,

equipamentos e sistemas sob a sua responsabilidade;

Assegurar a programação, a coordenação e o acompanhamento da execução das

atividades do Projeto no local em que serão executadas, assim como a gestão da

documentação correspondente, mantendo um adequado sistema de informação para a

gestão;

Assegurar a produção de materiais informativos adequados sobre o Projeto (folhetos,

artigos, vídeos, etc.) e sua disseminação nacional e internacional.

6. MATRIZ DE QUADRO LÓGICO COM LINHA DE BASE E METAS

Lógica de intervenção Indicadores

Bases de

referência

(Incluindo ano de

referência)

Metas

(Incluindo o ano de

referência)

Fontes e meios de

verificação

Pressupostos /

riscos

O. G

era

l

Im

pa

cto

OG-1. Contribuir para

aperfeiçoar o processo de

gestão fundiária, em nível

federal e estadual, na

Amazônia Legal.

- % de aumento da emissão de

títulos nas terras públicas federais na

Amazônia Legal.

4.235 títulos

[2015]

Aumento de 15% em

relação ao ano anterior.

SISTERLEG/SIGEF

Monit. semestral

---

- % de redução de áreas desmatadas

na Amazônia Legal.

1.953.510 ha

[média 1996 a

2005]*

80% de redução

[2020]

DETER-

PRODES/INPE

Monit.anual

O. E

specí

fico

Efe

ito d

iret

o

OE-1. Aprimorar e acelerar

os processos de destinação

e regularização fundiária de

terras públicas no âmbito

do programa Terra Legal

em quatro estados: Pará,

Mato Grosso, Amazonas e

Amapá.

- No de famílias com propriedade

rural regularizada.

2.087 famílias

[2015]

8.500 famílias

[2020]

SISTERLEG/SIGEF

Monit.semestral

Pressupostos:

- Continuidade dos

programas de combate ao

desmatamento.

- Eventuais alterações no

arranjo institucional do

programa não impactam

sua dinâmica operacional.

Riscos:

- Contingenciamento de

recursos orçamentários

pelo governo.

- grandes projetos de

desenvolvimento na

Amazônia ampliam

disputas territoriais,

dificultando processos de

regularização fundiária.

- No de famílias chefiadas por

mulher com propriedade rural

regularizada.

638 famílias

[2015]

2.500 famílias

[2020]

SISTERLEG/SIGEF

Monit.semestral

- Extensão da área (ha) rural

regularizada.

215.302 ha

[2015]

840.000 ha

[2020]

SISTERLEG/SIGEF

Monit.semestral

- % de estabelecimentos

regularizados com área de até 1

módulo fiscal (pequenos

produtores).

77 % do total de

estabelecimentos

[2009 a 2015]

80% do total de

estabelecimentos

regularizados

[2020]

SISTERLEG/SIGEF

Monitoramento

semestral

- Extensão de áreas públicas federais

(ha) destinadas para fins de

preservação ambiental e criação de

terras indígenas.

6.259.286 ha

[até 2015]

1.200.000 ha

[2020]

Atas e relatórios da

Câmara Técnica de

Destinação de Terras

Res

ult

ad

o 1

R-1. Metodologias

aperfeiçoadas e inovações

aplicadas na gestão

fundiária do programa

Terra Legal.

- Grau de automatização dos

processos de administração

fundiária.

Sigef-Geo

funcionando.

3 sistemas de gestão

fundiária em funciona-

mento: Sigef-Geo;

Sigef-Destinação

Sigef-Acervo

Relatórios emitidos

pelos sistemas

Pressupostos:

- Manutenção dos atuais

níveis de cooperação

técnica ao Programa.

- Mantida a prioridade à

inovação e qualificação

metodológica do

programa.

- No de agricultores (mulheres /

homens) atendidos nos mutirões de

regularização fundiária.

4.000 atendimentos

[2015]

16.000 atendimentos

[2020]

Relatórios e listas de

atendimento dos

mutirões

Res

ult

ad

o 2

R-2. Promovido o acesso a

políticas públicas de

desenvolvimento

sustentável para a

agricultura familiar.

- Nº de agricultores(as)

beneficiados(as) pelo Terra Legal,

atendidos(as) por outras políticas

públicas para agricultura familiar.

--- 8.000 agricultores(as)

[2020]

Relatórios dos

mutirões do

programa.

Pressupostos:

- Interesse de outros

organismos públicos de

se integrarem aos

mutirões.

- Permanência de

políticas públicas

voltadas para a

agricultura familiar.

- No e tipo de políticas públicas

integradas nos mutirões do Terra

Legal.

1 política pública

(CAR)

[2015]

3 novas políticas

públicas integradas

[2020]

Relatórios dos

mutirões do

programa.

Res

ult

ad

o 3

R-3. Metodologia do

programa Terra Legal

sistematizada e

disseminada.

- No de instrumentos / eventos de

sistematização ou disseminação da

metodologia do programa.

0

[2015]

5 sistematizações;

20 eventos

[2020]

Instrumentos.

Atas e relatórios dos

eventos.

Pressupostos:

- Governos estaduais

receptivos a metodologia

do programa Terra Legal.

- Mudanças na

governança do programa

reduzem a importância de

avaliação, sistematização

e disseminação de

metodologias.

- Nível de incorporação de

metodologia do programa Terra

Legal por institutos estaduais de

terra.

0

[2015]

2 institutos estaduais

utilizam sistemas de

gestão fundiária do

Programa.

[2020]

Acordos de

cooperação.

- Impactos das contribuições do

programa para o desenvolvimento

regional.

Impactos não

sistematizados

[2015]

02 avaliações externas

do programa.

[2018; 2020]

Relatórios de

avaliação.

Res

ult

ad

o 4

R-4. Desenvolvidos

mecanismos de governança

entre as esferas federal e

estaduais em apoio ao

processo de regularização

fundiária.

- No de eventos entre as esferas

federal e estaduais sobre governança

e gestão fundiária.

2 eventos

[2015]

3 eventos / ano. Atas e relatórios dos

eventos.

- Governos estaduais

receptivos a programas

de regularização

fundiária.

- Grau médio-baixo de

divergência entre

legislações estaduais e

federal.

- No de Protocolos de

intenção/convênios firmados com

instâncias de governos estaduais.

0

[2015]

3 protocolos

[2020]

Protocolos de

intenção.

Convênios firmados.

* Decreto nº 7.390 de 09 de dezembro de 2010.

7. ANÁLISE DE RISCOS

Projetos voltados à regularização fundiária na Amazônia são sempre arriscados por afetarem interesses privados em áreas onde os mecanismos legais de

monitoramento e controle governamental são ainda frágeis.

Nº Risco Probabilida

de

Efeito

1 Eventuais alterações no arranjo institucional do programa impactam negativamente sua governança e

dinâmica operacional. Alta Alto

2 Mudanças no contexto sócio-econômico-político na esfera federal. Alto Alto

3 Contigenciamento de recursos orçamentários pelo governo. Médio Médio

4 Grandes projetos de desenvolvimento na Amazônia ampliam disputas territoriais, dificultando processos

de regularização fundiária.

Médio Médio

5 Governos estaduais (Pará, Mato Grosso, Amazonas e Pará) pouco receptivos a programas de regularização

fundiária.

Baixa Médio

Gerenciamento

1 - Comunicar a CE a nova configuração da estrutura organizacional;

- Articular junto à direção de ministérios e outras instâncias governamentais a continuidade da política de regularização fundiária no

sentido de garantir lócus para execução do projeto;

- Caso haja mudança de equipe, garantir o repasse de informações e documentação.

2 - Comunicar a CE as alterações na estrutura do governo federal;

- Repassar todas as informações necessárias para que a nova estrutura de governo possa dar continuidade ao projeto.

3 - Redefinir prioridades nos contratos de georreferenciamento;

- Priorização na aplicação de recursos em atividades relacionadas à titulação de terras destinadas a agricultores familiares de pequeno

porte.

4 - Agilizar o processo de regularização fundiária nas áreas atingidas, com a finalidade de garantir o direito das famílias afetadas.

5 - Intensificar ações de incidência junto a governos estaduais e institutos de terras dos estados da região da Amazônia Legal.

- Fortalecer estratégias de comunicação e visibilidade do projeto.

8. FINANCIAMENTO E ORÇAMENTO

O projeto tem um orçamento estimado em 5.735.159 milhões de Euros, sendo 4,0 milhões de Euros

provenientes da Comunidade Europeia e 1.735.159 milhões de euros de contrapartida do governo

brasileiro, que serão disponibilizados por meio de bens e serviços economicamente mensuráveis.

8.1. Quadro do orçamento global

Título CE Brasil Total

Valor (€) % Valor (€) % Valor (€) %

1 SERVIÇOS 2.812.743 70 35.975 2 2.848.718 50

1.1 Assistência técnica 2.276.923 0 2.276.923

1.2 Monitoramento, Avaliação e

Auditoria (externa) 48.128 15.975 64.103

1.3 Pesquisas 253.846 0 253.846

1.4 Treinamento 153.846 0 153.846

1.5 Troca de Experiência 80.000 20.000 100.000

2 FORNECIMENTOS 542.385 14 0 0 542.385 9

2.1 Equipamentos 542.385 0 542.385

2.2 Outros 0 0 0

3 INFORMAÇÃO E VISIBILIDADE 150.000 4 0 0 150.000 3

4 CUSTOS OPERACIONAIS 294.872 7 1.699.184 98 1.994.056 35

4.1 Pessoal Nacional 0 883.800 883.800

4.2 Outros custos operacionais 294.872 815.385 1.110.256

5 IMPREVISTOS 0 0 0 0 0 0

SUBTOTAL 3.800.000 95 1.735.159 100 5.535.159 97

6 Despesas de Administração 200.000 5 0 0 200.000 3

TOTAL 4.000.000 100 1.735.159 100 5.735.159 100

9. MEIOS PREVISTOS E MODO DE REALIZAÇÃO

9.1. SERVIÇOS

9.1.1. ASSISTÊNCIA TÉCNICA

A assistência técnica nacional será fornecida por meio de instituição selecionada pela Comissão

Europeia a qual fará a administração do projeto bem como prestará serviços no desenvolvimento de

sistemas, na digitalização e vetorização de processo de titulação, no fornecimento de consultores

técnicos especializados, na realização de pesquisas de avaliação, no treinamento de técnicos e no

intercâmbio de experiências.

Contratação de serviços para desenvolvimento e evolução do Sigef;

Contratação de serviços para digitalização, catalogação e organização de 100 mil

processos;

Contratação de serviços para vetorizar 80 mil peças técnicas de títulos expedidos;

Contratação de técnicos de nível superior (especialista sênior) para coordenar a unidade

gestora por 4 anos (156 unidades/mês);

Consultorias técnicas especializadas (208 unidades/mês);

Realização de 3 pesquisas/estudos;

Realização de 12 Treinamento/oficinas/Cursos;

Realização de 4 intercâmbios internacionais.

Ademais, no apoio técnico ao projeto, a Comissão Europeia proverá:

Apoio técnico por meio de missões de apoio e supervisão técnica, revisão do plano de

trabalho, relatórios de progresso e outros relatórios técnicos, estabelecimento de um

sistema de avaliação e monitoramento, assim como apoiará o Beneficiário na definição

dos Termos de Referência (TORs) para contratos de profissionais, para aquisições de bens

e serviços e Cartas de Acordo, etc.;

Avaliação e monitoramento técnico da execução do projeto e resultados;

Participar no comitê diretivo do projeto;

Relacionar os resultados do projeto e lições aprendidas às redes de conhecimento globais.

9.1.2. MONITORAMENTO, AVALIAÇÃO E AUDITORIA (EXTERNA)

Monitoramento: estas missões, a serem financiados pela Comissão, serão implementadas e pagas

mediante o Contrato Quadro da Delegação da Comissão Europeia no Brasil e não constituí um

aumento na contribuição da Comunidade para o projeto.

Avaliação: as missões de avaliação serão realizadas por peritos independentes.

Auditoria: para auditorias externas a Comissão poderá enviar seus próprios oficiais, ou peritos

externos.

9.1.3. PESQUISAS

Com o apoio deste projeto será contratada uma instituição de pesquisa que analisará os possíveis

impactos do Programa, em relação à redução do desmatamento irregular, o acesso a outras políticas

públicas, a melhoria na renda das famílias, em como os possíveis impactos da regularização urbana.

9.1.4. TREINAMENTO

Principais eventos de treinamento dizem respeito à realização de oficinas, cursos e seminários,

envolvendo técnicos de instituições do governo federal e dos órgãos estaduais envolvidos em

atividades relacionadas à regularização fundiária.

9.1.5. TROCA DE EXPERIÊNCIA

O Projeto apoiará troca de experiências na área de regularização fundiária sejam dentro do ou fora do

país, e em particular com aqueles que recebem financiamento da Comunidade Europeia.

De forma geral todos os componentes do projeto podem demandar eventos para intercâmbio de

experiências e informação entre técnicos e agricultores beneficiados pelo processo de regularização

fundiária. O intercâmbio ocorrerá durante a organização de seminários com o objetivo de encontrar

novas soluções para resolução de conflitos envolvendo direitos de propriedade de terras, uso e acesso

aos recursos naturais.

9.2. FORNECIMENTOS

9.2.1. EQUIPAMENTOS

Por meio do projeto serão adquiridos diversos equipamentos que serão utilizados para qualificar o

processo de regularização fundiária. Com a conclusão do projeto, os equipamentos serão doados para

o governo brasileiro. A lista indicativa de equipamentos a serem adquiridos pelo projeto são:

45 Computadores;

12 Receptores GNSS L1 L2 (aparelho de GPS geodésico);

30 Equipamentos e mobiliário para montagem de sala de monitoramento (mesas, cadeiras,

etc.);

12 Equipamentos e mobiliário para montagem de uma unidade gestora do projeto;

30 Rádios walkie talkie para escritórios regionais;

40 Rádios de comunicação para veículos;

30 GPS de navegação;

15 Notebooks;

4 licenças de softwares.

9.3. INFORMAÇÃO E VISIBILIDADE

Será dada a visibilidade necessária ao financiamento e parceria com a Comissão Europeia.

Atividades de relações públicas e publicidade deverão ser conduzidas para destacar o projeto

(folders, artigos e relatórios, visitas, conferências, seminários e material promocional, etc.). Em todos

os eventos e visibilidade pública a Delegação da Comissão Europeia deverá ser convidada.

9.4. CUSTOS OPERACIONAIS

9.4.1. PESSOAL NACIONAL

Esta será a contrapartida brasileira ao projeto, que envolve a disponibilização de serviços técnicos

para a realização dos mutirões de regularização, bem como parte dos serviços técnicos necessários

para a realização da digitalização e vetorização dos processos de regularização fundiária.

9.4.2. OUTROS CUSTOS OPERACIONAIS

Nesse item estão incluídos os custos referentes a infraestrutura necessária para a realização dos

mutirões, passagens e diárias para consultores e servidores públicos, combustível, lubrificantes e

manutenção de veículos.

9.5. DESPESAS DE ADMINISTRAÇÃO

Serão os gastos necessários para manutenção da empresa/instituição que será contratada pela

Comissão Europeia para a execução do projeto.