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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES Especialização em Saúde Pública ANDREA LOPES DE OLIVEIRA ENDEMIAS NO TERRITÓRIO ESTRATÉGICO DE SUAPE UM DESAFIO PARA A VIGILÂNCIA EM SAÚDE RECIFE 2010

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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES

Especialização em Saúde Pública

ANDREA LOPES DE OLIVEIRA

EENNDDEEMMIIAASS NNOO TTEERRRRIITTÓÓRRIIOO EESSTTRRAATTÉÉGGIICCOO DDEE SSUUAAPPEE ––

UUMM DDEESSAAFFIIOO PPAARRAA AA VVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA EEMM SSAAÚÚDDEE

RECIFE

2010

1

ANDREA LOPES DE OLIVEIRA

ENDEMIAS NO TERRITÓRIO ESTRATÉGICO DE SUAPE – UM DESAFIO PARA

A VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Monografia apresentada ao curso de

Especialização em Saúde Pública do

Departamento de Saúde Coletiva, Centro de

Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo

Cruz para a obtenção do título de especialista em

saúde pública.

Orientadora: Profa.Dra. Lia Giraldo da Silva Augusto

Co-orientador: José Marcos da Silva

Recife

2010

2

Catalogação na fonte: Biblioteca do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães

O48e

Oliveira, Andrea Lopes de.

Endemias no território estratégico de Suape: um desafio para a

vigilância em saúde/ Andrea Lopes de Oliveira. — Recife: A. L. de

Oliveira, 2010.

36 p.: il.

Monografia (Especialização em Saúde Pública) – Departamento

de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação

Oswaldo Cruz.

Orientadora: Lia Giraldo da Silva Augusto, co-orientador: José

Marcos da Silva.

1. Vigilância da População. 2. Indústria Petroquímica. 3. Doenças

Endêmicas. 4. Urbanização. 5. Incidência. 6. Mortalidade. I.

Augusto, Lia Giraldo da Silva. II. Silva, José Marcos da. III. Título.

CDU 614

3

ANDREA LOPES DE OLIVEIRA

ENDEMIAS NO TERRITÓRIO ESTRATÉGICO DE SUAPE – UM DESAFIO PARA

A VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Monografia apresentada ao Curso de

Especialização em Saúde Pública do

Departamento de Saúde Coletiva, Centro de

Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo

Cruz para a obtenção do título de Especialista em

Saúde Pública.

Aprovado em: _____/_____/______

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________

Prof. Dra. Lia Giraldo da Silva Augusto - orientadora

Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães - CPqAM/FIOCRUZ

_______________________________________________

Prof. Ms. Alexandre Barbosa Beltrão - debatedor

Faculdade de Ciências Médicas - UPE

Recife

2010

4

Dedico todo o esforço aplicado neste estudo...

...aos meus amados pais e irmãos,

companheiros de

todas as horas.

A José Lopes da Silva e Ricardo dos Anjos Lopes...

...exemplos de amor e dedicação (in memorian)

5

AGRADECIMENTOS

A Deus

que me deu forças para realização desse sonho e permitiu que pessoas maravilhosas

cruzassem meu caminho.

Aos meus pais Tereza e Adroaldo

minha base mais sólida, sempre me apoiando e passando exemplos de amor e perseverança.

Aos meios irmãos, Adriana, Júnior e Alexsandro

companheiros e amigos, presentes em todos os momentos de minha vida.

À orientadora Lia Giraldo

pela paciência, dedicação e oportunidade de adquirir novos conhecimentos, sempre

estimulando a acreditar e lutar pela saúde pública brasileira.

Ao co-orientador Marcos da Silva

pelas contribuições essenciais para a realização deste trabalho.

A Alexandre Beltrão

pelas ricas contribuições dadas a este trabalho e pela honra de tê-lo como debatedor.

Aos Docentes do Curso de Especialização em Saúde Pública do CPqAM

pelos conhecimentos e incentivo durante a minha formação na Saúde Pública.

Aos Funcionários do CPqAM

pela atenção e colaboração.

Aos colegas da turma de Especialização em Saúde Pública do CPqAM

pela amizade, companheirismo e por proporcionarem momentos tão maravilhosos.

6

“Até que o homem estenda o círculo

de sua compaixão para todas as

coisas vivas, ele não encontrará a paz.”

Albert Schweitzer

Ganhador do Prêmio Nobel da Paz - 1952

7

Endemias no Território Estratégico de Suape – Um Desafio para a Vigilância em Saúde.

Endemic diseases in the Strategical Territory of Suape - a Challenge for the Monitoring in

Health.

Andrea Lopes de Oliveira1

Lia Giraldo da Silva Augusto2

1,2

Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM),

Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Av. Professor Moraes Rego, s/n - Campus da UFPE -

Cidade Universitária | Recife/PE - Brasil | CEP: 50.670-420.

Este artigo foi formatado segundo as regras de submissão da revista Ciência e Saúde Coletiva

8

RESUMO

Pernambuco está recebendo a Refinaria de Petróleo do Nordeste S/A – REFINE, RNEST,

tornando mais forte seu processo de industrialização. Isto ocasiona uma série de novos e

complexos problemas para compreensão e gestão do espaço urbano, geralmente associados ao

aumento do fluxo migratório e a má ocupação do solo, podendo acarretar na disseminação de

novos agentes etiológicos e mudanças de comportamento de endemias. Nesse contexto, esse

estudo propôs o levantamento de dados de morbidade e mortalidade de endemias (dengue,

esquistossomose, leishmaniose, leptospirose e tuberculose), no Recife e Território Estratégico

de Suape, municípios afetados pelo empreendimento; com intuito de servir de linha de base

para futuras pesquisas e ações das vigilâncias. As informações foram disponibilizadas pela

Secretaria do Estado de Pernambuco (SIM, SINAM), e calculadas as taxas de incidência e

mortalidade, no período de 2001 a 2008. Pode-se observar que os impactos de ordem social,

econômica e ambiental refletem na saúde da população, porém, na maioria das vezes esses

fatores são negligenciados, inclusive pelas autoridades sanitárias; fazendo-se necessário um

trabalho integrado, que envolva fatores não só de ordem biológica, mas, também históricas,

políticas, econômicas e culturais.

Palavras Chaves: Vigilância à Saúde. Indústria Petroquímica. Doenças Endêmicas.

Urbanização. Incidência. Mortalidade.

9

ABSTRACT

Pernambuco is receiving the Refinery from Northeast Oil S/A – RNEST, REFINE, becoming

strong more its process of industrialization. This causes to a series of new and complex

problems for understanding and management of the urban space, generally associates to the

increase of the migratory flow and me the occupation of the ground, being able to cause the

dissemination of new etiológicos agents and changes of behavior of endemic diseases. In this

context, this study it considered the data-collecting of morbidade and mortality of endemic

diseases (dengue, schistosomiasis, leishmaniasis, leptospirosis and tuberculosis), in Recife

and Strategical Territory of Suape, cities affected for the enterprise; with intention to serve of

line of base for future research and action of the monitoring. The information had been

supplied by the Secretariat of the State of Pernambuco (SIM, SINAM), and calculated the

taxes of incidence and mortality, in the period of 2001 the 2008. It can be observed that the

impacts of social, economic order and ambient they reflect in the health of the population,

however, most of the time these factors are neglected, also for the sanitary authorities;

becoming necessary an integrated work, that not only involve factors of biological order, but,

also historical, politics, economic and cultural.

Words Keys: Monitoring to the Health. Petrochemical industry. Endemic illnesses.

Urbanization. Incidence. Mortality.

10

INTRODUÇÃO

Pernambuco atualmente está vivendo um momento de expansão e crescimento no setor

industrial. Um dos mais relevantes no âmbito do setor secundário é a implantação de uma

refinaria de petróleo (Refinaria do Nordeste S/A – REFINE, RNEST ou Refinaria General

José Ignácio Abreu e Lima), projetada para processar 200.000 barris/dia de petróleo1,2

.

O processo de industrialização tem como conseqüência a aceleração da urbanização. Esta

condição ocasiona uma série de novos e complexos problemas para a compreensão e gestão

do espaço nas sociedades urbanas, sendo que aqueles de ordem sócio-ambiental encontram-se

destacados no contexto das cidades3.

Essas novas indústrias são recebidas tanto pelos gestores públicos como pela população

como progresso, desenvolvimento e geração de empregos. Porém muitas vezes o que se

percebe é a exploração de mão de obra não qualificada, importação de serviços (os

profissionais de primeiro escalão geralmente são trazidos de outros estados) e os impactos no

processo saúde-doença não são avaliados, nem evitados4.

As políticas de desenvolvimento e os programas e projetos de investimento podem

produzir sérias conseqüências adversas para a saúde5. A lógica do industrialismo e do

consumo produz, simultaneamente, estresse ambiental e padrões sócio-espaciais que

localizam a vulnerabilidade em grupos sociais específicos6. A deterioração do meio ambiente

indubitavelmente afeta a qualidade de vida da população em geral; criando ambientes físicos e

sociais extremamente insalubres e propiciadores de redes de infecções de caráter epidêmico e

da expansão de doenças circunscritas a nichos endêmicos5, 7

.

O modelo de desenvolvimento predatório adotado pela sociedade atual vem acarretando

em uma degradação socioecológica, resultando na disseminação de novos agentes etiológicos

e nas mudanças de comportamento de endemias, como dengue, febre amarela e doenças

respiratórias, porém, não se vê a inserção do tema saúde nos Estudos de Impacto Ambiental e

Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) dos empreendimentos 7,8,9

.

Análise feita no EIA/RIMA da RNEST demonstra bem esse enfoque conservacionista,

onde não se aprofundam as questões sociais e a relação dos impactos ambientais com a saúde

das comunidades e dos trabalhadores. Nesse estudo não se incluiu um diagnóstico situacional

da saúde da população de referência para o empreendimento. Constatou-se, ainda, um

mecanismo de postergação para as questões sobre o tratamento dos efluentes, riscos

potenciais aos trabalhadores, comunidade e consequentemente para a saúde pública9.

O desenvolvimento urbano é um processo complexo que envolve fenômenos sociais e

econômicos, tais como migração da área rural para a cidade, oportunidades de trabalho e

11

infra-estrutura de serviços urbanos, e, como tal, tem um impacto na saúde da população10

. Isto

caracteriza a existência de contextos com fortes desigualdades sociais, onde, a falta de acesso

ao mercado de consumo é acompanhada pela falta de serviços públicos, agravando as

condições de vida dessas populações, tornando-as vulneráveis6.

Características individuais, como renda familiar baixa, educação precária, habitação

inadequadas, famílias numerosas, desnutrição alimentar, alcoolismo, associado à dificuldade

de acesso aos serviços de saúde, má ocupação do solo, contaminação ambiental, saneamento

precário, aglomeração e circulação de pessoas, favorecem a instalação e/ou propagação de

endemias como tuberculose, esquistossomose, leptospirose, leishmaniose, dengue7, 11

.

Em suma, a deterioração ambiental, as condições de saúde e o desenvolvimento estão

inextricavelmente entrelaçados. O custo humano expresso em pobreza, enfermidades

evitáveis, e mortalidade é o preço real da deterioração ambiental, bem como justificativa para

a preservação do meio ambiente. Nesse contexto torna-se necessária uma integração das

preocupações sanitárias com as ambientais, como parte de um modelo de desenvolvimento

sustentável5.

Entretanto, há uma valorização dos padrões de excelência tecnológica adotados pelos

países ricos, passando a ignorar a saúde como parte essencial das questões sociais e

ambientais agudas, decorrentes da desigualdade, da exclusão e da injustiça social. Um

sintoma desta orientação é o fato de que ações para conter surtos ou as mobilizações de

investigação de endemias, geralmente, só se viabilizam quando grandes centros urbanos

tornam-se francamente ameaçados7.

Como resultado, o aparato tecnológico não atinge totalmente seus objetivos, isto é, não

geram soluções efetivas e mais imediatas para os complexos e dramáticos quadros de saúde

impostos pelas endemias e pelas epidemias que venham a surgir7. Torna-se, então, necessário

efetuar uma avaliação adequada das repercussões ambientais e sociais, que um

empreendimento possa vir a causar, particularmente de suas possíveis conseqüências adversas

para a saúde humana5.

Nesse contexto, esse estudo propõe o levantamento dados atuais de morbidade e

mortalidade de endemias do Recife e Território Estratégico de Suape (TES), municípios com

perspectiva de mudanças sócio-ambientais devido à implantação da Refinaria de Petróleo

RNEST. Podendo fornecer subsídios para futuras avaliações, e colaborando com as definições

das políticas de saúde, ações das vigilâncias e adoção de medidas preventivas por parte das

autoridades sanitárias.

12

MÉTODO

Realizou-se um estudo descritivo, desenvolvido através da coleta e análise de dados

secundários12

. A área de estudo compreendeu Recife e mais cinco municípios que compõe o

Território Estratégico de Suape: Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes,

Moreno e Escada. A escolha se deu através da análise da influencia nos municípios, pela

instalação do empreendimento da PETROBRAS, a refinaria de petróleo (REFINE,

RENEST)1, 13

.

O Território Estratégico de Suape, com área de 1.774.07 km2 (1,8% de Pernambuco),

trata-se de um projeto lançado pelo governo do Estado, objetivando a integração e o

desenvolvimento local. Recife entrou no presente estudo por sua importância e proximidade

com o Território Estratégico de Suape; sendo a capital do estado, bastante populosa e com

presença de várias disjunções sócio-econômicas, deve gerar um intenso fluxo migratório.

Além disto, agrega um grande número de instituições de ensino, devendo importar recursos

humanos para o empreendimento, se tornando, muito provavelmente uma das principais

cidades dormitório 13, 14,15

.

As endemias abordadas foram selecionadas através da importância epidemiológica

para os municípios em questão, e sua relação com os impactos sócio-ambientais gerados pela

implantação da refinaria. Compreendendo em: dengue, esquistossomose, leishmaniose,

leptospirose e tuberculose 7, 11, 15, 16, 17, 18

. Destas, foram coletados dados de morbidade e

mortalidade; e calculado os coeficientes de incidência e mortalidade. Os dados foram

fornecidos pela Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco, extraídos do SINAN (Sistema

de Informações Nacional de Agravos Notificados) e SIM (Sistema de Informações sobre

Mortalidade). Tais dados correspondem aos casos confirmados das doenças no período de

2001 a 2008, contendo informações de município de residência do doente 12, 15, 16

.

As taxas de incidência e mortalidade foram calculadas a partir de estimativas

populacionais consultadas junto ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Houve, ainda, o levantamento de dados sócio-ambientais e de planejamento, para uma melhor

análise dos resultados obtidos.

13

ASPECTOS ÉTICOS

Este estudo esteve vinculado ao Projeto ―Estudo de cenários de risco na cadeia

produtiva do petróleo em Pernambuco e proposição de indicadores para vigilância da saúde e

comunicação de risco‖, desenvolvido no Laboratório de Saúde Ambiente e Trabalho

(LASAT) do Departamento de Saúde Coletiva (NESC) do Centro de Pesquisas Aggeu

Magalhães (CPqAM)/Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), e que possui recursos do

convênio CGVAM/SVS/FIOCRUZ, de CAAE – 0111.0.095.000-08, aprovado pelo Comitê

de Ética e Pesquisa do CPqAM/ FIOCRUZ.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a implantação da refinaria de petróleo em Pernambuco haverá um aumento nos

investimentos e programas de incentivo que irão provocar uma dinâmica econômica de

grande impacto na área existente, afetando o seu território e alterando a realidade ambiental e

sócio-cultural. Ao mesmo tempo em que essas empresas contribuem para elevar o Produto

Interno Bruto (PIB), os processos produtivos industriais introduzem no ambiente novos

riscos, que não se circunscrevem aos muros da fábrica, comprometendo os ecossistemas e a

população do entorno1,2

.

Esses pontos se tornam atrativos devido à perspectiva de criação de empregos e

geração de renda, fazendo com que haja uma mudança demográfica, devido ao aumento do

fluxo migratório. Como resultado há um crescimento desordenado destas cidades, com

surgimento de bolsões de pobreza (favelas, cortiços, áreas de invasão), nas quais se destacam

as carências de habitação, saneamento básico e alimentação 19

.

Em toda região estudada já há evidências dessa pressão sócio-demográfica, com

um aumento populacional considerável (tabela 1) e a com existência de áreas de carência

habitacional, que apesar de serem muitas vezes os locais de recrudescência ou aumento dos

casos de endemias, não se encontram cadastrados ou tem cadastros antigos, cerca de dez

anos13, 14, 19

. Essa situação se torna mais grave quando se leva em consideração que nas cinco

principais cidades que compõem o Território Estratégico há uma previsão de crescimento de

11% no número de moradores, chegando a 110 mil pessoas, com uma taxa de urbanização de

94,3% e um déficit habitacional de 40.000 casas 13,14

.

Essa população se torna mais vulnerável por não ter pleno a recursos financeiros,

informação e serviços públicos. Além disto, a corrente migratória, o adensamento

populacional, as condições de saneamento favorecem a transmissão de parasitos, tuberculose,

14

leptospirose, dengue e de outras endemias que antes estavam circunscritas a áreas rurais como

a esquistossomose e leishmaniose 7, 18

.

Tabela 1. População estimada de Recife e dos municípios do Território Estratégico de

Suape 2001 a 2008

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Cabo de Santo Agostinho 156.004 158.435 160.968 166.286 169.229 172.150 163.139 169.986

Escada 57.377 57.657 57.803 58.111 58.281 58.450 59.850 62.163

Ipojuca 60.925 62.197 63.550 66.390 67.963 69.523 70.070 74.059

Jaboatão dos

Guararapes 592.297 601.426 610.648 630.008 640.722 651.355 665.387 678.346

Moreno 50.401 51.324 52.308 54.373 55.516 56.650 52.830 55.102

Recife 1.437.190 1.449.135 1.461.320 1.486.869 1.501.008 1.515.052 1.533.580 1.549.980

Total 2.354.194 2.380.174 2.406.597 2.462.037 2.492.719 2.523.180 2.544.856 2.589.636

Fonte: DATASUS

DENGUE

A dengue é uma doença infecciosa causada por vírus de genoma RNA. São

conhecidos quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Seu principal vetor é o

mosquito Aedes aegypti, que se encontra adaptado ao ambiente doméstico e associado ao

crescimento demográfico, como também aos intercâmbios internacionais. Estes fatores, assim

como as variações na pluviosidade e temperatura do ambiente, favorecem a dispersão do

mosquito e disseminação dos sorotipos virais, na medida em que as populações humanas

dispõem de recipientes propícios à reprodução do vetor 20

.

A dengue é hoje a principal doença re-emergente no mundo, sendo as razões para essa

re-emergência extremamente complexas e não totalmente compreendidas, tornando esta

endemia um dos maiores problemas de saúde pública, que desafia as ações das vigilâncias

21,22. Além, disso, tem grande repercussão econômica e social ao afetar a força de trabalho,

prejudicar o comparecimento escolar e a organização do atendimento à saúde 20

.

Quanto ao agente etiológico, o vírus do dengue tem sua propagação hoje grandemente

facilitada pelo aumento da intensidade e velocidade do tráfego aéreo e terrestre e intensa

urbanização das cidades. As dificuldades de combater este mosquito, em grandes e médias

cidades, são muitas. Há facilidades para sua proliferação e limitações para reduzir seus índices

de infestação, geradas pela complexidade da vida urbana atual 21,22

.

É de transmissão essencialmente urbana, ambiente no qual se encontram todos os

fatores fundamentais para sua ocorrência: o homem, o vírus, o vetor e principalmente as

condições políticas, econômicas e culturais que formam a estrutura que permite o

15

estabelecimento da cadeia de transmissão. As mudanças demográficas ocorridas com a

industrialização consistiram em intensos fluxos migratórios rurais-urbanos, resultando num

―inchaço‖ das cidades, propiciando grande fonte de indivíduos suscetíveis e infectados

concentrados em áreas restritas. Este fato, associado às condições precárias de saneamento

básico, moradia inadequada, e fatores culturais e educacionais proporcionam condições

ecológicas favoráveis à transmissão dos vírus da dengue, que se adaptou perfeitamente ao

ambiente doméstico, processo conhecido como domiciliação 23

.

O saneamento básico, particularmente o abastecimento de água e a coleta de lixo,

mostra-se insuficiente ou inadequado nas periferias. Uma das conseqüências desta situação é

o aumento do número de criadouros potenciais do principal mosquito vetor. Associada a esta

situação, o sistema produtivo industrial moderno, que produz uma grande quantidade de

recipientes descartáveis, entre plásticos, latas e outros materiais, cujo destino inadequado,

abandonados em quintais, ao longo das vias públicas, nas praias e em terrenos baldios,

também contribui para a proliferação do inseto transmissor do dengue 21

.

A dengue mostra-se como um forte problema nos municípios abordados, sendo todos

considerados prioritários para o Programa Nacional de Controle da Dengue24

. Esta situação

pode se agravar, pois com a implantação da refinaria, essas cidades passarão a ser pólos

regionais de desenvolvimento, geradores de fluxo populacional, representando um fator de

instalação e difusão do vírus da dengue 23

.

Há infestação por Aedes aegypti em 100% dos municípios do Estado e circulação de

três sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3. Em 2002, houve uma grande epidemia de

dengue, associada à re-introdução deste último sorotipo, atingindo toda região em questão

(tabela 3) 24,25

. Com o aumento da migração há risco de introdução de um novo sorotipo,

sendo os municípios abordados mais expostos, pela presença do porto (Porto de Suape) e pela

ampliação das estruturas viárias e ferroviárias, incentivada pela implantação da RNEST 22,25

.

Os dados mostram em toa área estudada, uma queda na incidência para dengue, depois

de 2002. Porém, os números ainda são altos e constantes, apontado para falhas nas medidas

prevenção e controle da endemia. Que exige um mínimo de saneamento básico, organização e

eficácia do sistema de saúde, necessitando, do envolvimento de outros setores da sociedade,

particularmente na questão da melhoria das condições de urbanização e de habitação, coleta

regular de lixo, abastecimento permanente de água encanada e educação escolar 19, 26

.

De um modo geral, as medidas de prevenção e controle da dengue têm sido

prioritariamente direcionadas ao vetor, sendo sua intervenção feita principalmente pelo uso

massivo de inseticida. Há que se considerar que áreas de transmissão do dengue coincidem

16

com as áreas de outros problemas predisponentes (má nutrição, anemia ferropriva, diarréia,

entre outros). E diante destes aspectos, o uso de inseticida além de pouco efetivo deveria ser

contra-indicado pelo impacto negativo sobre o sistema imunológico. Os projetos de

saneamento e as ações de educação estão até hoje em segundo plano e na verdade o programa

de controle de dengue e seus ajustes subseqüentes permanecem, de modo geral, paralelos à

Atenção Básica à Saúde 21,25

.

É importante ressaltar que os dados de mortalidade estão incompletos, havendo ainda,

uma discordância entre o informado pelo SIM e o informado pelo SINAM da Secretaria de

Saúde do Estado de Pernambuco, sendo isto um reflexo da desorganização e falta de

comunicação entre os setores de saúde.

ESQUISTOSSOMOSE

A esquistossomose é uma das doenças mais difundidas no planeta, constituindo grande

problema de saúde pública. Intrinsecamente ligada às maneiras de o homem morar, viver e

trabalhar, essa endemia está associada, à pobreza e ao baixo desenvolvimento econômico que

gera a necessidade de utilização de águas naturais contaminadas para o exercício da

agricultura, trabalho doméstico e/ou lazer. A contaminação das águas procede das fezes

humanas infestadas; em paralelo, susceptíveis se contaminam nas águas naturais infestadas

por cercárias. O ciclo da doença é relativamente simples (homem-água-caramujo-água-

homem), mas, de enorme complexidade social, profundamente adstrito à realidade e às

necessidades cotidianas das pessoas 26,27

.

Paisagisticamente é uma doença de terras boas e bem servidas de água, em regime

perene, sendo o contato das pessoas com as essas águas cada vez mais comum. Com o surto

de industrialização a demanda de habitações de baixo custo levou ao loteamento dos terrenos

anteriormente desprezados, próximos às coleções hídricas 26

. A utilização desses terrenos não

só trouxe uma população de poucos recursos para a proximidade dos cursos de água, mas

também, graças a uma urbanização não planejada, movida pela especulação imobiliária, levou

à formação de condições mais propícias à transmissão da esquistossomose. Essas são

características comuns dentro do território em estudo, rico em águas, como os afluentes

Capibaribe, Ipojuca, Pirapama, Utinga de Cima, Gurjaú, muito utilizados para o trabalho

(pesca, agricultura), lazer e para própria moradia (palafitas, invasões) 26, 27, 28,29

.

A esquistossomose, antes própria do meio rural, tem hoje reconhecido um potencial de

disseminação por meio de migrações, passando a ter sua transmissão detectada em cidades de

maiores porte. Isso é justificado por serem áreas de maior concentração industrial, ou seja,

17

pólos de atração de correntes migratórias. Destaque-se que embora nas grandes cidades ou

capitais, as áreas de infecção sejam raras ou inexistentes no centro e nos bairros onde habita a

população com maior poder econômico, as periferias destas, reproduzem as más condições de

saneamento que permitem a instalação de novos focos de esquistossomose29, 30, 31

.

Porém, estudo feito em Ipojuca, Pernambuco, mostrou uma mudança no perfil

epidemiológico da doença, atingindo em algumas ocasiões as classes mais favorecidas. Em

área rurais, a esquistossomose se apresenta predominantemente sob a forma crônica, incidindo

na classe social de baixa renda e tendo como vetor a Biomphalaria straminea. No litoral, a

doença é representada por casos agudos em pessoas de classes média e alta, sendo o vetor a

Biomphalaria glabrata e geralmente ocasionada por cheias em época de chuva 28

.

Apesar de notório os sub-registros desta endemia, em todo território estudado,

observa-se um aumento no número de casos, podendo-se associar ao vertiginoso crescimento

dos exames para detecção da esquistossomose (tabela 2 e 3). Os municípios abordados

apresentam casos confirmados, com exceção de Recife, que não faz controle da

esquistossomose. Porém, isto não significa ausência da doença, mas, sim, uma debilidade dos

sistemas de informação e das ações de vigilância. Pois, apesar de não haver registro no

SINAM, há registro no SIM e SIH, com 219 internações no período estudado 15,16,32

.

Isso se torna mais grave quando se analisa a composição das cidades, que favorece a

instalação da endemia; pois, possuem as condições bioecológicas apropriadas para a

transmissão: existência de coleções hídricas com o hospedeiro intermediário e clima

compatível; e socioecológicas: características ambientais modificadas pela ocupação social do

espaço, como as favelas, que com seus esgotos a céu aberto drenando para uma coleção

hídrica próxima, constitui-se, num disseminador da doença 28, 33,34

.

Dentro do contexto de implantação da RNEST, pode ocorrer uma melhora nos índices

de morbidade desta doença, devido aos grandes investimentos que serão feitos em saneamento

nas cidades atingidas pelo empreendimento¹³. Porém, se for considerado o fato que esses

municípios vão se tornar pontos atrativos, que no estado de Pernambuco, a esquistossomose é

historicamente endêmica na região rural e que esta endemia vem sofrendo um processo de

urbanização, atingido principalmente os menos favorecidos, pode-se concluir que o número

de casos venha a aumentar³4.

Apesar da vasta bagagem de conhecimento acadêmico e dos avanços da clínica,

imunologia e terapêutica da esquistossomose, o controle da endemia ainda se constitui em um

desafio para os órgãos governamentais. Os programas de controle, mesmo instrumentalizados

18

com tecnologias eficazes, implementam-se ignorado os determinantes sociais e culturais da

endemia, assim como as necessidades e os conhecimentos das populações atingidas²7.

Tabela 3. Número de exames para esquistossomose.

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Total

Cabo de Santo Agostinho 487 2013 3145 3511 5399 6483 6878 4177 32093

Escada 487 3843 7784 5238 7821 9469 7488 5583 47713

Ipojuca - - - 327 69 4131 4957 6551 16035

Jaboatão dos Guararapes 487 3843 7784 5291 20385 23208 23869 8259 93126

Moreno - - 9 327 524 7294 8919 9967 27040

Recife - - - - - - - - -

Total 1461 9699 18722 14694 34198 46867 52111 34537 216007

* Fonte: SINAM/GMVEV/DG-VEA/SEVS/Secretaria Estadual de Saúde – PE

(-) Não foram fornecidos dados

LEISHMANIOSE

A leishmaniose é uma é uma zooantroponose, sendo o vetor um mosquito

(flebotomíneo) e principal reservatório, o homem²6. Pode se apresentar de duas formas: a

leishmaniose tegumentar americana (LTA), não contagiosa de evolução crônica, que acomete

as estruturas da pele e cartilaginosas da nasofaringe, de forma localizada ou difusa, causada

por várias espécies de protozoários; e a leishmaniose víscera (LV), causada pela Leishmania

chagasi, que acomete o sistema linfomonocitário de forma sistêmica, muitas vezes com

letal26,35

.

Sua prevenção é complexa, principalmente quando residências e campos de trabalho

(situações de vida e de trabalho) se alocam em encostas de morros e matas que são habitats

prediletos do vetor26

. Cada vez mais amplia sua área de ocorrência, ultrapassando antigos

limites geográficos e tornando-se um sério problema de saúde pública35

.

É extremamente difundida no País, sobretudo a LTA. Já a LV é considerada endêmica

em 19 estados do país, destacando-se aqueles da região Nordeste, responsáveis pela maior

parte dos casos notificados 26, 36, 37

. De enfermidade tipicamente rural, passou a urbanizar-se

em várias partes do Brasil, como se tratasse de uma ruralização de espaços urbanos

periféricos26

. O paradigma da endemia rural é substituído pelo da doença associada a

modificações ambientais, à ocupação desordenada do espaço urbano e às precárias condições

de vida da população exposta ao risco39

.

19

Mudanças ambientais têm sido associadas a mudanças no seu perfil epidemiológico

com descrições cada vez mais freqüentes de surtos em áreas urbanas e peri-urbanas, sugerindo

uma adaptação do vetor, com notável capacidade de domiciliação, e de todo seu ecossistema

a essas regiões38

. Nesses casos, o surgimento da infecção está primariamente relacionado com

o processo migratório e com aglomerados semi-urbanizados. A pobreza agrava a situação de

morbidade e mortalidade desta endemia. Muitas famílias vindas do interior se estabelecem na

periferia das cidades de médio e grande porte, formando aglomerados densamente povoados

que apresentam precárias condições de infra-estrutura e saneamento básico, ficando expostas

a presença de animais sinantrópicos e consequentemente da doença. Outro fator é que

crianças que periodicamente, apresentam-se mal nutridas, favorecem sobremaneira a

expressão e o agravamento da leishmaniose37, 39

.

Casas de barro e outras habitações precárias, ocupando de forma desorganizada o

espaço situado no limite da cidade com a mata, favorecem o contato reservatório-vetor-

homem e, por conseguinte, o surgimento de casos, contribuindo, portanto, para o aumento da

incidência da doença. Nas cidades diversos fatores servem de estímulo para a domiciliação do

flebótomo, contribuindo para a ocorrência de transmissão ativa urbana: pobreza, desnutrição,

grande número de cães infectados, oferta de fontes alimentares humanas e animais,

arborização abundante em quintais, potenciais criadouros de insetos e acúmulo de lixo,

presença de abrigos de animais silvestres no perímetro urbano, revelando uma doença de

íntimas relações com as condições sociais as quais os indivíduos estão submetidos 36

.

Da mesma forma, a construção de novas estradas (rodovias e ferrovias) expõe os

indivíduos não imunes e desprotegidos (madeireiros, lavradores, ecologistas) a vetores nativos

e seus parasitas. Na região de SUAPE, as ampliações das vias (BR-101, BR-232, PE-60), que

irão dar acesso ao empreendimento, representam importantes vias para o fluxo da população e

constituem bons exemplos desse processo. As áreas desmatadas de mangue e mata atlântica,

tanto para construção das rodovias, como moradia da população os torna mais expostos 34,37

.

Assim, à proporção que o conjunto das atividades humanas se intensifica nessas áreas

endêmicas, o padrão da infecção leishmaniótica tende a mudar, como uma resposta natural

dos elos da cadeia epidemiológica diante das pressões antrópicas produzidas. A entrada de

novos migrantes, sem imunidade à picada dos vetores antropofílicos e aos parasitas, os

tornam vulneráveis às infecções, abrindo a possibilidade de novos surtos epidêmicos39

.

Em Pernambuco houve uma acentuada expansão geográfica da doença. Além do

surgimento de novos focos, foi observada a persistência das antigas áreas de ocorrência, sendo

isto associado ao intenso fluxo migratório intermunicipal. Estes movimentos populacionais

20

permitem tanto a introdução do agente causador da leishmaniose em áreas livres, quanto à

inserção de indivíduos susceptíveis em áreas endêmicas 37, 39

.

Notam-se altas taxas de incidências, sendo os municípios como Cabo de Santo

Agostinho e Moreno, que possuem áreas de mata próximas ao aglomerado urbano, com os

maiores números (tabela 3). Os dados fornecidos de mortalidade pelo SIM, não especificavam

qual o tipo de leishmaniose ocorrida, porém, o SINAM informou que não há registro de

mortalidade por leishmaniose tegumentar americana, na região estudada, levando a conclusão

que as mortes registradas eram devidas à leishmaniose visceral. É válido destacar que, apesar

das incidências serem maiores na LTA, a mortalidade por LV pode ser associada a sua maior

gravidade (tabela 4). Contudo, estes dados não são totalmente confiáveis, pois, o total de

mortes informadas pelo SINAM não são compatíveis com os do SIM, demonstrando uma

fragilidade no sistema de informação.

Este quadro tende a piorar, se com a implantação da refinaria não houver a formação

de políticas públicas de controle da urbanização, já que de fato, a maioria dos casos está

associada à pressão antrópica sobre o ambiente e ocupação desordenada do espaço físico. A

escassez de recursos e a atual falta de infra-estrutura dos serviços de saúde tornam as atuais

medidas de controle pouco factíveis. Esse quadro vem favorecendo a perpetuação do ciclo

vicioso entre pobreza e doença, muitas vezes, negligenciada37

.

LEPTOSPIROSE

A leptospirose, uma das zoonoses mais difundidas no mundo, é endêmica no Brasil,

sendo comum a ocorrência de surtos epidêmicos nas épocas de maior precipitação

pluviométrica. É uma doença aguda e endêmica, transmitida sendo as águas superficiais

contaminadas com Leptospira interrogans, eliminadas pela urina de ratos infectados, a

principal via de transmissão da enfermidade para o homem e para os animais40,41

.

A manutenção de leptospira nas regiões urbanas e rurais do Brasil é favorecida pelo

clima tropical úmido e uma vasta população de roedores. O seu ciclo de transmissão envolve

a interação entre reservatórios animais, um ambiente favorável e grupos humanos suscetíveis.

Os fatores de risco associados à infecção dependem, portanto, de características da

organização espacial, dos ecossistemas e das condições de vida e trabalho da população40

.

Nos centros urbanos, a deficiência de saneamento básico constitui fator essencial para

a proliferação de roedores. Portanto, os grupos socioeconômicos menos privilegiados, com

dificuldade de acesso à educação e saúde, habitando moradias precárias, em regiões

periféricas às margens de córregos ou esgotos a céu aberto, expostos com freqüência a

21

enchentes, são os que apresentam maior risco de contrair a infecção37

. Em suma, a doença tem

um forte significado sócio–econômico–cultural, e é difundida por fatores como o crescimento

desordenado de grandes centros urbanos, as migrações, as deficiências nas condições de

saneamento básico e o acúmulo desordenado de lixo 41,42

.

Os municípios abordados tem características importantes que favorecem a propagação

da doença, como o clima, presença de áreas sujeitas a inundações e carências habitacionais e

de saneamento13, 29

. O previsível desenvolvimento econômico, trazido pela implantação da

Refinaria em Pernambuco, tende a estimular a migração, agravando a situação epidemiológica

da leptospirose. Pois, estudos demonstram que mudanças sem planejamento adequado nas

cidades têm contribuído para a ocorrência de inundações e a conseqüente disseminação de

doenças infecciosas40,43

.

Adensamentos urbanos modernos são marcados por uma grande rede de vias públicas

que facilitam a circulação de bens e de pessoas, mas exigem a crescente utilização de asfalto e

concreto que reduzem a capacidade de absorção d’água diretamente pelo solo, dificultando o

escoamento de águas das chuvas pelas galerias pluviais. Soma-se a esse aspecto o problema

de destinação do lixo, com acondicionamento incorreto em terrenos baldios ou mesmo em

espaços públicos. Em época de chuva, o lixo acumulado nas ruas é carregado até as galerias

pluviais, entupindo-as. O solo impermeabilizado, incapaz de absorver as águas da chuva,

aumenta o volume hídrico nas vias públicas favorecendo a ocorrência de inundações

incontroláveis43

.

As taxas de incidência e mortalidade da leptospirose em todo território se mostra de

forma constante, evidenciando falhas nas medidas de controle (tabela 3 e 4). Deste modo, o

cuidado com esta endemia tem que ser baseado em intervenções sobre um ou mais elos

conhecidos da cadeia epidemiológica que sejam capazes de vir a interrompê-la, devendo levar

em consideração fatores como o local de moradia dos indivíduos e suas relações com as

fontes de contágio, o crescimento populacional, a altimetria, os principais cursos de água e

ausência de redes de esgoto40,43

.

TUBERCULOSE

Em termos clássicos, a tuberculose é descrita como uma doença crônica,

infectocontagiosa, cujo agente etiológico é o Mycobacterium tuberculosis. Sua transmissão se

dá por via inalatória, a partir de aerossóis durante o ato da tosse, fala e espirro de pessoas

eliminadoras de bacilos. Clinicamente divide-se em duas formas: extra-pulmonar (pleural,

linfática, gênito-urinária, miliar, osteo-articular e meningite) e a pulmonar (Benenson, 1983).

22

Em relação à sua ocorrência, apresenta distribuição universal, tendo como principal

reservatório o homem44

.

A tuberculose é um grave problema de Saúde Pública, principalmente na idade mais

produtiva das pessoas, destruindo a vida dos cidadãos mais frágeis socialmente. Tem ampla

distribuição geográfica, ocorrendo em países desenvolvidos ou de economias emergentes, mas

que expõem contrastes profundos de desenvolvimento, estando a doença associada a altos

indicadores de pobreza 45

.

Recentemente em várias partes do mundo, inclusive nos países mais industrializados,

houve um ressurgimento da tuberculose com um aumento no número de casos de modo

consistente, com evidência de que esse incremento continuará. Embora a tuberculose seja um

problema geral da civilização, atingindo indistintamente as pessoas, ela guarda importantes

características sociais¹¹. A OMS assinala como principais causas para a gravidade da situação

atual da tuberculose no mundo os seguintes fatos: desigualdade social, advento da AIDS,

envelhecimento da população, grandes movimentos migratórios45

.

Tudo indica que seus riscos ampliaram na proporção do adensamento das populações.

A urbanização, com a decorrente aproximação e a convivência prolongada dos indivíduos,

tem sido importante fator de multiplicação da tuberculose. Além do movimento histórico da

tuberculose, ela tem mostrado grande desenvolvimento de acordo com o ambiente social,

pois, os elementos que traduzem este, estão intimamente afetados na transmissão e evolução

da doença ¹¹.

Nos espaços urbanos os seguintes locais tem alto potencial de reprodução da

tuberculose: as favelas, mocambos, alagados, invasões, populações agrupadas em calamidades

públicas, populações que vivem em ambientes socialmente fechados (escola, creches,

presídios, casas correcionais, abrigos sociais ou idosos etc.). Na esfera do indivíduo são

fatores associados à tuberculose: infecção pelo HIV, adoecimento por sarampo, desnutrição,

alcoolismo crônico e uso de drogas imunossupressoras¹¹.

Apresenta como problema principal, no Brasil, o binômio: cobertura do diagnóstico e

continuidade terapêutica. A presença de forma estável desta endemia e as altas taxas de

incidência e mortalidade observadas em todo território durante todo o período estudado,

demonstra bem essa situação (tabela 3 e 4). Diagnosticar e tratar o mais rápido possível a

tuberculose é uma grande medida prática para salvar vidas e recuperar a saúde dos enfermos

¹¹, 26

.

Há problemas sérios na área da saúde pública. O primeiro deles é a continuidade dos

programas. O segundo, a adequação das propostas. Os fatores prognósticos para insucesso do

23

tratamento da tuberculose pulmonar entre os indivíduos geralmente estão interrelacionados,

sendo de natureza biológica, clínica e social. Às vezes, as propostas focalizam o problema da

tuberculose como se ele representasse apenas um somatório dos tuberculosos existentes, mas

na realidade, o problema inclui fundamentalmente a área social. Para o tuberculoso, a solução

implica o uso de esquemas terapêuticos eficazes (tipo RMP+ INH+ PZA). Para a tuberculose,

a solução exige programas que visem uma qualidade de vida mais adequada 45, 46, 47

.

Pernambuco é o terceiro Estado brasileiro em caso de incidência de tuberculose,

existindo 15 municípios prioritários para o Programa Nacional de Controle da Tuberculose

(PNCT), destes incluem-se: Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes e

Recife. Observa-se uma alta taxa de incidência e mortalidade em todos os municípios

abordados, principalmente em Recife. Considerando que este município irá importar muito

dos trabalhadores do empreendimento em questão, pode-se prever um aumento na propagação

desta endemia. Merecendo destaque o município de Escada, pois, apesar de não fazer parte

dos PNCT, tem seus coeficientes altos, muitas vezes ultrapassando outros que fazem parte do

programa, mostrando uma falha nos programas de vigilância 46

.

É preocupante a influência que a refinaria pode gerar ao tipo de urbanização que

ocorrerá nos locais estudados, pois, mesmo com todas as medidas de tratamento, ela não será

eficaz se não forem promovidas melhorias sócio-econômicas. As condições de pobreza

reduzem a imunidade; a alimentação inadequada aumenta o risco de efeitos adversos dos

quimioterápicos e, consequentemente o abandono do tratamento, além da doença estar

associada a fatores como alcoolismo, grandes concentrações e aglomerações urbanas ¹¹, 47

.

Tabela 3. Coeficiente de Incidência por 100.000 habitantes, por causas específicas

segundo ano de ocorrência – Recife e Território Estratégico de Suape 2001 a 2008*

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

DENGUE Recife 208,1 2413,7 10,5 9,3 34,8 72,8 50,3 217,0

TES 47,4 1568,6 66,4 312,0 65,3 119,3 293,5 230,4

ESQUISTOSSOMOSE Recife - - - - - - - -

TES 23,2 375,4 691,0 312,0 521,4 696,1 520,3 320,8

LEISHMANIOSE

TEG. AMERICANA

Recife 1,9 2,9 0 1,4 0,9 20,3 0,3 0,1

TES 49,6 102,3 31,8 90,4 45,9 90,3 14,5 4,8

LEISHMANIOSE

VISCERAL

Recife 0,1 0,1 0,1 0,3 0,1 0 0,1 0,2

TES 0,2 0,2 0 0,1 0,4 0,4 0,2 0,1

LEPTOSPIROSE Recife 6,7 9,2 4,0 8,9 7,4 5,7 4,2 5,6

TES 11,6 7,4 6,0 7,7 6,2 4,5 3,9 3,2

TUBERCULOSE Recife 85,4 93,0 105,2 112,9 114,3 97,3 99,5 102,7

24

TES 55,5 60,8 59,5 55,0 58,4 55,8 49,8 54,0

* Fonte: SINAM/GMVEV/DG-VEA/SEVS/Secretaria Estadual de Saúde – PE

(-) Não foram fornecidos dados

Tabela 4. Taxa de Mortalidade por 100.000 habitantes, por causas específicas segundo

ano de ocorrência – Recife e Território Estratégico de Suape (TES) 2001 a 2008*

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

DENGUE Recife 0,1 1,0 0 0,1 0 0,1 0,2 1,6

TES 0 0,3 0 0 0 0,1 0,6 0,7

ESQUISTOSSOMOSE Recife 2,0 1,7 2,2 2,7 2,1 0 0 0

TES 1,6 2,7 2,3 2,4 2,2 3,2 2,6 3,1

LEISHMANIOSE Recife 0 0 0 0,1 0 1,8 2,8 2,1

TES 0,1 0,2 0 0 0 0,1 0 0

LEPTOSPIROSE Recife 1,1 1,1 0,6 1,3 0,8 0,9 0,8 0,5

TES 1,0 1,1 0,7 1,2 0,9 0,7 0,6 0,3

TUBERCULOSE Recife 11,8 9,0 10,1 9,7 8,5 9,0 8,1 7,2

TES 7,3 7,2 6,2 7,2 6,1 5,6 6,5 5,2

* Fonte: SIM/GMVEV/DG-VEA/SEVS/Secretaria Estadual de Saúde – PE

25

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os avanços tecnológicos possibilitaram o desenvolvimento da sociedade moderna.

Este desenvolvimento, baseado na economia capitalista, vem ocasionando um distanciamento

da relação homem-natureza. É inegável que o modelo de desenvolvimento atual vem

ignorando o princípio da sustentabilidade, causando impactos de ordem social, econômica e

ambiental, que reflete na saúde da população.

Apesar de vários estudos mostrarem que a saúde está intimamente ligada ao ambiente,

ainda é falho o envolvimento de temas relacionados a ela com os impactos que um

empreendimento pode causar, sendo ignorado inclusive pelas autoridades sanitárias, que

acabam fracassando nos processos de prevenção das doenças. A indústria petrolífera tem um

elevador poder econômico e traz consigo as mudanças estruturais nos municípios

influenciados pelo empreendimento, incentivando a urbanização descontrolada. Em geral,

esses locais se tornam pólos regionais de desenvolvimento geradores de um fluxo

populacional que pode representar um fator de difusão pra várias endemias, conferindo a tais

locais uma grande importância estratégica no combate a elas.

Pode-se concluir que as características socioeconômicas da população vêm a

determinar a ocupação do solo nestas cidades. Esta condição se expressa nas condições de

vida dos moradores, refletindo no modo de reprodução das endemias e na distribuição

desigual dos diferentes grupos de risco, demonstrando a complexidade dos problemas sociais

e políticos que afetam a qualidade ambiental e de vida.

As endemias abordadas recrudesceram no Estado nos últimos anos, em virtude de

intensa movimentação humana e de incapacidade das vigilâncias quando da ameaça de sua

reintrodução, sendo a implantação da refinaria um fator agravante para este quadro. Por isso, a

importância de se lançar um olhar mais atento nos municípios que serão afetados pelo

empreendimento. As ações das vigilâncias têm que se adequar às mudanças sócio-ambientais

sofridas pela população, ou seja, a prevenção e controle devem ser estabelecidos com base

nos conhecimentos científicos e técnicos disponíveis, levando em consideração fatores não só

de ordem biológica, mas, também históricas, políticas, culturais e econômicas. Fazendo-se

necessário um trabalho integrado, intersetorial e com fortalecimento das organizações sociais

Casos destas endemias podem evidenciar a vulnerabilidades dos serviços de saúde e de

programas preventivos, devendo ser encarados como eventos sentinela de condições sócio-

ambientais desfavoráveis. Algumas limitações estiveram presentes neste estudo. Os casos

aqui incluídos correspondem a dados secundários da SES-PE, onde se pode observar algumas

falhas em relação à notificação das endemias, indicando fragilidade dos sistemas de

26

informação. Portanto, é provável que, alguns casos não tenham sido notificados, escondendo a

real magnitude do problema. Mas, serve de alerta para a necessidade de novas investigações

sobre o tema, com ênfase na definição das áreas de risco, na formação de políticas públicas e

ações das vigilâncias que avaliem o real impacto de um novo empreendimento sobre a

incidência de doenças na população.

27

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coletiva de risco para ocorrência da Tuberculose em Olinda, estado de Pernambuco. Recife:

CPqAM/FIOCRUZ, 1998. 153p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em

saúde coletiva, Departamento de Estudos em Saúde Coletiva. Centro de Pesquisa Aggeu

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31

APÊNDICE A - LEVANTAMENTO DE CARÊNCIAS HABITACIONAIS DE RECIFE

E DOS MUNICÍPIOS DO TERRITÓRIO ESTRATÉGICO DE SUAPE

Cabo de

Santo

Agostinho

Escada Ipojuca Jaboatão dos

Guararapes Moreno Recife

Favelas ou assemelhados –

existência Sim

Não sabe

informar Sim Sim Sim Sim

Cadastro de favelas ou

assemelhados - existência Sim

Não

Aplicável Não Sim Não Sim

Grau de abrangência do

cadastro de favelas ou

assemelhados

Total Não

Aplicável

Não

Aplicável Parcial

Não

Aplicável Parcial

Ano da última atualização

do cadastro de favelas ou

assemelhados

2000 Não

Aplicável

Não

Aplicável 2000

Não

Aplicável 1999

Número de favelas ou

assemelhados cadastrados 22

Não

Aplicável

Não

Aplicável 32

Não

Aplicável 421

Número de domicílios em

favelas ou assemelhados

cadastrados

1500 Não

Aplicável

Não

Aplicável Não Disponível

Não

Aplicável 154280

Cortiços - existência Sim Não Sim Sim Sim Não sabe

informar

Cadastro de cortiços –

existência Não

Não

Aplicável Não Não Não

Não

Aplicável

Grau de abrangência do

cadastro de cortiços Não Aplicável

Não

Aplicável

Não

Aplicável Não Aplicável

Não

Aplicável

Não

Aplicável

Ano da última atualização

do cadastro de cortiços Não Aplicável

Não

Aplicável

Não

Aplicável Não Aplicável

Não

Aplicável

Não

Aplicável

Número de cortiços

cadastrados Não Aplicável

Não

Aplicável

Não

Aplicável Não Aplicável

Não

Aplicável

Não

Aplicável

Loteamentos clandestinos -

existência Sim Sim Sim

Não sabe

informar Sim Sim

Cadastro de loteamentos

clandestinos - existência Sim Não Não Não Aplicável Não Sim

Grau de abrangência do

cadastro de loteamentos

clandestinos

Total Não

Aplicável

Não

Aplicável Não Aplicável

Não

Aplicável Parcial

Ano da última atualização

do cadastro de loteamentos

clandestinos

2001 Não

Aplicável

Não

Aplicável Não Aplicável

Não

Aplicável 2001

Número de loteamentos

clandestinos cadastrados 3

Não

Aplicável

Não

Aplicável Não Aplicável

Não

Aplicável Ignorado

Loteamentos irregulares -

existência Sim

Não sabe

informar Sim

Não sabe

informar

Não sabe

informar Sim

Cadastro de loteamentos

irregulares - existência Sim

Não

Aplicável Sim Não Aplicável

Não

Aplicável Sim

Grau de abrangência do

cadastro de loteamentos

irregulares

Total Não

Aplicável Total Não Aplicável

Não

Aplicável Parcial

Ano da última atualização

do cadastro de loteamentos

irregulares

2001 Não

Aplicável 2001 Não Aplicável

Não

Aplicável 2001

Número de loteamentos

irregulares cadastrados 34

Não

Aplicável 3 Não Aplicável

Não

Aplicável Ignorado

Fonte: IBGE, Perfil dos Municípios Brasileiros – Gestão Pública, 2001

APÊNDICE B - NÚMERO DE CASOS E COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA POR 100 MIL HABITANTES, POR CAUSAS

ESPECÍFICAS SEGUNDO ANO DE OCORRÊNCIA – RECIFE E MUNICÍPIOS DO TERRITÓRIO ESTRATÉGICO DE SUAPE

2001 A 2008*

DENGUE

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Casos Incidênc. Casos Incidênc. Casos Incidênc. Casos Incidênc. Casos Incidênc. Casos Incidênc. Casos Incidênc. Casos Incidênc.

Cabo 312 200,0 4666 2945,1 327 203,1 73 43,9 216 127,6 416 241,6 1913 1172,6 678 398,9

Escada 28 48,8 135 234,1 18 31,1 0 0,0 1 1,7 16 27,4 6 10,0 3 4,8

Ipojuca 56 91,9 668 1074,0 55 86,5 16 24,1 281 413,5 57 82,0 53 75,6 18 294,4

Jaboatão 18 3,0 8737 1452,7 187 30,6 41 6,5 144 22,5 646 99,2 866 130,1 1462 215,5

Moreno 21 41,7 398 775,5 41 78,4 2 3,7 6 10,8 68 120,0 130 246,1 34 61,7

Recife 2991 208,1 34978 2413,7 154 10,5 138 9,3 522 34,8 1103 72,8 771 50,3 3363 217,0

ESQUISTOSSOMOSE

Cabo 71 45,5 713 450,0 940 584,0 708 425,8 825 487,5 602 349,7 948 581,1 456 268,3

Escada 71 123,7 1391 2412,5 2796 4837,1 1093 1880,9 1530 2625,2 1704 2915,3 1165 1946,5 874 1406,0

Ipojuca - - - - - - 73 110,0 4 5,9 869 1249,9 591 843,4 371 501,0

Jaboatão 71 12,0 1391 231,3 2796 457,9 1096 174,0 2781 434,0 2743 421,1 1891 284,2 967 142,6

Moreno - - - - 0 0,0 73 134,3 31 55,8 1100 1941,7 667 1262,5 667 1210,5

Recife - - - - - - - - - - - - - - - -

LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA

Cabo 266 170,5 581 366,7 147 91,3 616 370,4 182 107,5 672 390,4 53 32,5 3 1,8

Escada 42 73,2 14 24,3 42 72,7 84 144,6 56 96,1 28 47,9 64 106,9 13 20,9

Ipojuca 7 11,5 182 292,6 28 44,1 21 31,6 21 30,9 14 20,1 3 4,3 6 8,1

Jaboatão 28 4,7 14 2,3 7 1,1 14 2,2 28 4,4 84 12,9 7 1,1 4 0,6

Moreno 112 222,2 161 313,7 77 147,2 147 270,4 168 302,6 112 197,7 20 37,9 24 43,6

Recife 28 1,9 42 2,9 0 0,0 21 1,4 14 0,9 308 20,3 5 0,3 2 0,1

LEISHMANIOSE VISCERAL

Cabo 1 0,6 0 0,0 1 0,0 0 0,0 1 0,0 0 0,0 1 0,0 0 0,0

Escada - - - - - - - - - - - - - - - -

Ipojuca 0 0,0 1 1,6 0 0,0 0 0,0 3 4,4 4 5,8 2 2,9 1 1,4

Jaboatão 1 0,2 1 0,2 0 0,0 1 0,2 1 0,2 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Moreno - - - - - - - - - - - - - - - -

Recife 1 0,1 2 0,1 2 0,1 4 0,3 1 0,1 0 0,0 2 0,1 3 0,2

LEPTOSPIROSE

Cabo 16 10,3 9 5,7 14 8,7 11 6,6 10 5,9 9 5,2 9 5,5 5 2,9

Escada 8 13,9 7 12,1 1 1,7 4 6,9 9 15,4 1 1,7 3 5,0 2 3,2

Ipojuca 2 3,3 0 0,0 0 0,0 0 0,0 2 2,9 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Jaboatão 73 12,3 51 8,5 39 6,4 55 8,7 31 4,8 31 4,8 24 3,6 23 3,4

Moreno 7 13,9 2 3,9 3 5,7 5 9,2 9 16,2 4 7,1 3 5,7 3 5,4

Recife 97 6,7 134 9,2 59 4,0 132 8,9 111 7,4 86 5,7 65 4,2 87 5,6

TUBERCULOSE

Cabo 85 54,5 88 55,5 108 67,1 92 55,3 103 60,9 101 58,7 99 60,7 101 59,4

Escada 28 48,8 39 67,6 28 48,4 21 36,1 30 51,5 18 30,8 25 41,8 27 43,4

Ipojuca 39 64,0 32 51,4 24 37,8 16 24,1 45 66,2 36 51,8 23 32,8 33 44,6

Jaboatão 337 56,9 391 65,0 387 63,4 392 62,2 381 59,5 382 58,6 332 49,9 385 56,8

Moreno 20 39,7 16 31,2 15 28,7 15 27,6 20 36,0 27 47,7 25 47,3 15 27,2

Recife 1228 85,4 1348 93,0 1538 105,2 1678 112,9 1715 114,3 1474 97,3 1526 99,5 1592 102,7

* Fonte: SINAM/GMVEV/DG-VEA/SEVS/Secretaria Estadual de Saúde – PE

(-) Não foram fornecidos dados

APÊNDICE C - NÚMERO DE ÓBITOS E TAXA DE MORTALIDADE POR 100 MIL HABITANTES, POR CAUSAS ESPECÍFICAS

SEGUNDO ANO DE OCORRÊNCIA – RECIFE E MUNICÍPIOS DO TERRITÓRIO ESTRATÉGICO DE SUAPE 2001 A 2008*

DENGUE

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Nº de

óbitos

Taxa

de

Mort.

Nº de

óbitos

Taxa

de

Mort.

Nº de

óbitos

Taxa

de

Mort.

Nº de

óbitos

Taxa

de

Mort.

Nº de

óbitos

Taxa

de

Mort.

Nº de

óbitos

Taxa

de

Mort.

Nº de

óbitos

Taxa

de

Mort.

Nº de

óbitos

Taxa

de

Mort.

Cabo 0 0,0 3 1,9 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Escada - - - - - - - - - - - - - - - -

Ipojuca - - - - - - - - - - - - - - - -

Jaboatão 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0 1 0,2 6 0,9 7 1,0

Moreno - - - - - - - - - - - - - - - -

Recife 2 0,1 14 1,0 0 0,0 1 0,1 0 0,0 2 0,1 3 0,2 25 1,6

ESQUISTOSSOMOSE

Cabo 5 3,2 3 1,9 9 5,4 6 3,6 3 1,8 9 5,2 3 1,8 8 4,7

Escada 1 1,7 8 13,9 7 12,1 0 0,0 3 5,1 6 10,3 4 6,7 4 6,4

Ipojuca 1 1,6 2 3,2 0 0,0 2 3,0 2 2,9 0 0,0 3 4,3 4 5,4

Jaboatão 6 1,0 11 1,8 6 1,0 11 1,7 11 1,7 16 2,5 15 2,3 13 1,9

Moreno 2 4,0 1 1,9 0 0,0 4 7,4 3 5,4 1 1,8 1 1,9 3 5,4

Recife 29 2,0 25 1,7 32 2,2 40 2,7 32 2,1 0 0,0 0 0,0 0 0,0

LEISHMANIOSE

Cabo 1 0,6 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Escada - - - - - - - - - - - - - - - -

Ipojuca 0 0,0 2 3,2 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 1,4 0 0,0 0 0,0

Jaboatão - - - - - - - - - - - - - - - -

Moreno - - - - - - - - - - - - - - - -

Recife 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0,1 0 0,0 28 1,8 43 2,8 32 2,1

LEPTOSPIROSE

Cabo 1 0,6 3 1,9 3 1,8 3 1,8 3 1,8 0 0,0 2 1,2 2 1,2

Escada 1 1,7 2 3,5 0 0,0 0 0,0 2 3,4 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Ipojuca 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 1,5 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Jaboatão 5 0,8 5 0,8 4 0,7 8 1,3 3 0,5 6 0,9 4 0,6 1 0,1

Moreno 2 4,0 0 0,0 0 0,0 1 1,8 0 0,0 1 1,8 0 0,0 0 0,0

Recife 16 1,1 16 1,1 9 0,6 20 1,3 12 0,8 13 0,9 12 0,8 7 0,5

TUBERCULOSE

Cabo 11 7,1 6 3,8 13 7,8 9 5,4 13 7,7 9 5,2 6 3,7 10 5,9

Escada 6 10,5 4 6,9 2 3,5 2 3,4 0 0,0 2 3,4 2 3,3 5 8,0

Ipojuca 4 6,6 3 4,8 3 4,7 2 3,0 4 5,9 2 2,9 4 5,7 1 1,4

Jaboatão 43 7,3 52 8,6 40 6,6 57 9,0 40 6,2 42 6,4 52 7,8 34 5,0

Moreno 3 6,0 2 3,9 1 1,9 0 0,0 3 5,4 3 5,3 2 3,8 4 7,3

Recife 169 11,8 131 9,0 147 10,1 144 9,7 128 8,5 136 9,0 124 8,1 111 7,2

* Fonte: SIM/GMVEV/DG-VEA/SEVS/Secretaria Estadual de Saúde - PE

(-) Não foram fornecidos dados.