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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Odontologia
ANDRÉ GIACOMINI
LUÍS AUGUSTO DE BRITO NARDINI
AVALIAÇÃO DE SELANTES EM SULCOS DENTAIS
SUBMETIDOS A DESAFIO CARIOGÊNICO IN VITRO
Bragança Paulista 2013
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ANDRÉ GIACOMINI – RA 001200901216 LUÍS AUGUSTO DE BRITO NARDINI – RA 001200900249
AVALIAÇÃO DE SELANTES EM SULCOS DENTAIS
SUBMETIDOS A DESAFIO CARIOGÊNICO IN VITRO
Trabalho de Conclusão de Curso,
apresentado ao curso de odontologia, da
Universidade São Francisco.
Orientador temático: Prof.a Dr.a Cristiane Franco Pinto Casamassa Orientador metodológico: Prof.a M. a Valdinéia Maria Tognetti
Bragança Paulista 2013
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Dedicamos este trabalho aos nossos pais,
pelo incessável apoio, dedicação,
ensinamentos e valores que nos fazem
crescer como pessoas e nos permitiram que
este sonho fosse realizado.
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus, que nos deu o dom da vida, a saúde para
estudar, a força para continuar e a fé para acreditar que seria possível.
Agradecemos aos nossos pais, que a nós dedicaram suas vidas, que nunca
permitiram que nos faltasse amor, estímulo, compreensão e carinho, que nos apoiaram
incondicionalmente, tanto financeiramente quanto emocionalmente, que nos ensinaram a
ser humanos e nos mostraram o caminho bom.
Agradecemos as nossas famílias que, tanto como nossos pais, não nos deixou faltar
afeto, que suportaram nossos deslizes e foram capazes de perdoar, compreender e aceitar.
Agradecemos nossos companheiros e amigos, que tanta paciência tiveram, que nos
apoiaram e nos incentivaram, que sempre nos ofereceram os ouvidos, ombros, noites em
claro, conforto, palavras e até mesmo o silêncio nos momentos de dificuldades e as mesmas
coisas nos momentos de felicidade.
Agradecemos a Universidade São Francisco, ao PIC (Programa de Iniciação
Científica) e ao PROBAIC, que na figura da sempre atenciosa e dedicada Vilma, nos deu a
oportunidade e apoio financeiro para a realização desta pesquisa.
Agradecemos à FOP (Faculdade de Odontologia de Piracicaba) da UNICAMP, na
figura do professor Dr. Marcelo Gianinni, que nos cedeu seu espaço e equipamentos, sem
os quais todos os esforços seriam em vão.
Agradecemos nossos queridos mestres, que além de conosco dividir seus
conhecimentos, nos ofereceram amizade e carinho, que nos deram confiança quando
tivemos medo e freios quando foi necessário. Agradecemos especialmente aos professores
Léo, Silvinha e Neinha que não mediram esforços para que este trabalho fosse realizado, ao
professor Álvaro que acreditou e sempre solícito nos ajudou e à tão querida professora,
orientadora e amiga Cris, que idealizou o projeto, confiou-o a nós e acreditou.
Agradecemos a todos os funcionários da universidade, especialmente ao Carlos,
Luiz, Francisco, Zezinho, Luciano, Milton e Pedro, que se dedicaram e nos deram suporte,
atendendo prontamente as nossas solicitações para realização desta pesquisa e sempre.
Agradecemos aos nossos pacientes, que nos deram a oportunidade para que
pudéssemos aprender, confiando a nós sua saúde e bem estar.
Por fim, e não com menor importância, agradecemos aos nossos colegas da turma
XLI, que agiram sempre com companheirismo, respeito e lealdade, que nos ensinaram e
nos permitiram ensinar e pra sempre serão lembrados.
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Tudo aquilo que o homem ignora, não existe
para ele. Por isso o universo de cada um se
resume ao tamanho do seu saber...
Albert Einstein
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RESUMO
Os selantes de fóssulas e fissuras têm sido utilizados para evitar o aparecimento de lesão cariosa oclusal em pacientes com alto risco a cárie. A definição da escolha desses materiais como selantes tem motivado uma significativa variedade de estudos comparativos entre os resinosos e os ionoméricos das mais diversas procedências, tendo-se em consideração as características básicas destes produtos, entre as quais se destacam a possibilidade de retenção clínica na superfície oclusal, a proteção contra infiltração marginal e a eficácia de liberação do íon fluoreto presente, o que, em última análise, significa proteger o indivíduo contra a instalação e o curso da cárie dental. Este trabalho avaliou o comportamento de selantes resinosos contendo ou não fluoreto frente ao desafio cariogênico in vitro. Para o estudo, foram utilizados dentes humanos e fragmentos da superfície oclusal. Os materiais foram aplicados no sulco oclusal e divididos em três grupos experimentais com seis amostras cada: 1) resina composta contendo fluoreto (FluroShield® - Dentsply), cimento de ionômero de vidro (Riva Protect® - SDI) e resina composta sem fluoreto (Opallis Flow® - FGM). O desafio cariogênico constituiu-se da ciclagem de pH por 8 dias, simulando desenvolvimento de cárie. Após o desafio cariogênico, as amostras foram analisadas através de microdureza Knoop (KHN). Os resultados mostraram uma menor perda mineral para o esmalte adjacente ao selante ionomérico. Quando comparados, os selantes apresentam significativa diferença estatística entre si na capacidade de impedir a desmineralização do esmalte (p<0,01). Entre as profundidades, observou-se significância estatística (p<0,05), entretanto, não é possível observar diferença de microdureza entre as profundidades quando estas são correlacionadas aos grupos experimentais (p>0,05). Com base nas análises, é possível concluir que selantes que contem fluoreto na sua composição promovem menor desmineralização do esmalte adjacente à sua aplicação, especialmente aqueles que fazem liberação constante desses íons, sugerindo ter excelente potencial para o controle de desenvolvimento de lesões cariosas em sulcos dentais. Palavras-chave: Selantes. Esmalte. Flúor.
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ABSTRACT
The fossula and fissure sealants have been used to prevent the onset of occlusal caries lesions in patients with high caries risk. The definition of the choice of these materials such as sealants has stimulated a significant variety of comparative studies between the ionomer and resinous from various sources, taking into consideration the basic characteristics of these products, among which we highlight the possibility of clinical retaining surface occlusal , the protection against infiltration and effectiveness of fluoride ion release, which, ultimately, means protecting the individual against the onset and course of dental caries. This study evaluated the behavior of resin sealants containing fluoride or not, against the cariogenic challenge in vitro. For this study were used human teeth and fragments of the occlusal surface. The materials were applied in occlusal groove and divided into three groups with six samples each one: 1) composite resin containing fluoride (Fluroshield® - Dentsply), glass ionomer cement (Riva Protect® - SDI) and composite resin without fluoride (Opallis Flow® - FGM). The cariogenic challenge consisted of pH cycling for eight days, simulating caries development. After cariogenic challenge, the samples were analyzed by Knoop hardness (KHN). The results showed a lower mineral loss for enamel adjacent to glass ionomer sealant. When compared, the sealers have showed significant statistical difference among them into the ability to prevent the demineralization of enamel (p <0.01). Between the depths, there was a statistical significance (p <0.05), however, it is not possible to observe the difference in micro hardness between the depths when they are correlated to experimental groups (p>.05). Based on the analyzes it can be concluded that sealants, which contain fluoride in their composition, causes less enamel demineralization adjacent to their application, especially those that make steady release of these ions, suggesting excellent potential to control the development of dental caries into grooves. Keywords: Sealants. Enamel. Fluoride.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Al2O3 - Óxido de alumínio
Bis-EMA - Monômero Metacrílico com base em Bisfenol
Bis-GMA - Bisfenol Glicidil Dimetacrilato
CaCl2 - Cloreto de Cálcio
CIV - Cimento de Ionômero de Vidro
cm - Centímetros
dd - Destilada e deionizada
FOP - Faculdade de Odontologia de Piracicaba
KCl - Cloreto de Potássio
KNH - Knoop Hardness Number (Número de Dureza Knoop)
ml - Mililitros
mm - Milímetros
mM - Milimolar
NaH2PO4 - Fosfato monobásico de sódio
pH - Potencial Hidrogeniônico
PIC - Programa de Iniciação Científica
PROBAIC - Programa de Bolsa Auxílio à Iniciação Científica
TEGMA - Trietil Glicol Dimetacrilato
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
USF - Universidade São Francisco
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LISTA DE SÍMBOLOS
µm - Micrometros
% - Por cento
® - Marca registrada
ºC - Graus Celsius
< - Menor
> - Maior
√ - Raiz quadrada
+ - Mais
= - Igual
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1.A - Dentes selecionados para o experimento.......................................... 24
FIGURA 1.B - Dentes selecionados, armazenados a 4°C........................................ 24
FIGURA 1.C - Dentes acondicionados em grau cirúrgico para esterilização............ 24
FIGURA 2.A - Secção do fragmento oclusal em aproximadamente 3mm................ 25
FIGURA 2.B - Planificação do lado oposto para obtenção da espessura correta..... 25
FIGURA 2.C - Fragmentos oclusais prontos para receber os tratamentos............... 25
FIGURA 3.A - Selante resinoso com flúor (FluroShield®)......................................... 26
FIGURA 3.B - Resina Composta, fluida, sem flúor (Opallis Flow®)........................... 26
FIGURA 3.C - Cimento de ionômero de vidro (Riva Protect®).................................. 26
FIGURA 4.A - Delimitação da área a ser exposta à ciclagem de pH........................ 28
FIGURA 4.B - Amostras do grupo 3 em solução desmineralizadora........................ 28
FIGURA 4.C - Estufa a 37°C..................................................................................... 28
FIGURA 5.A - Secção da amostra após desafio cariogênico.................................... 28
FIGURA 5.B - Preparação para embutimento das amostras em resina................... 28
FIGURA 5.C - Amostras embutidas e devidamente polidas...................................... 28
FIGURA 6.A - Esquema do método de medição da dureza do esmalte................... 29
FIGURA 6.B - Microdurômetro.................................................................................. 29
FIGURA 7 - Programa estatístico utilizado para tratamento dos dados....... ........ 30
FIGURA 8 - Amostra tratada com selante ionomérico em aumento de x100........ 33
FIGURA 9 - Amostra tratada com selante fluoretado em aumento x100............. 33
FIGURA 10 - Amostra tratada com resina sem fluoreto em aumento x 400............ 33
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LISTA DE QUADROS, TABELAS E GRÁFICOS
QUADRO 1 - Composições dos selantes utilizados no experimento......................... 26
QUADRO 2 - Aplicação dos selantes segundo orientações dos fabricantes........... 27
TABELA 1 - Números das analises estatísticas....................................................... 31
GRÁFICO 1 - Diagrama de dispersão de média das amostras e tendência linear da
relação de microdureza Knoop pelas profundidades médias................. 31
TABELA 2 - % de volume mineral das amostras e médias harmônicas.................. 32
GRÁFICO 2 - Médias da % de volume mineral, de todas as amostras, em todas as
profundidades......................................................................................... 32
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 12
1 FUNDAMENTAÇÃOTEÓRICA........................................................................................ 14
1.1 O ESMALTE DENTÁRIO............................................................................................... 14
1.2 ETIOLOGIA E EVOLUÇÂO DA CÁRIE OCLUSAL....................................................... 15
1.3 SELANTES OCLUSAIS................................................................................................. 17
2 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................... 24
2.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL.............................................................................. 24
2.2 OBTENÇÃO E SECÇÃO DAS AMOSTRAS.................................................................. 24
2.3 MATERIAIS SELADORES............................................................................................. 25
2.4 FASE EXPERIMENTAL................................................................................................. 27
2.5 ANÁLISES..................................................................................................................... 28
2.6 ANÁLISES ESTATÍSTICAS........................................................................................... 29
3 RESULTADOS................................................................................................................. 31
4 DISCUSSÃO..................................................................................................................... 34
CONCLUSÃO...................................................................................................................... 37
REFERÊNCIAS................................................................................................................... 38
ANEXOS.............................................................................................................................. 44
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INTRODUÇÃO
A cárie dental, doença multifatorial (MARSH, 1995), tem seu desenvolvimento
relacionado a três fatores primordiais: microbiota específica, dieta cariogênica e hospedeiro
(KEYES, 1962), todos eles em função do tempo. A cárie é uma doença infecciosa
bacteriana causada por uma dieta rica em carboidratos, que permite o crescimento da
microbiota, redução do pH e aumento do potencial cariogênico, modificando as proporções
de microrganismos acidogênicos e acidúricos (VAN HOUTE, 1994). Estes microorganismos
vão formar uma placa patogênica levando a perdas minerais do esmalte (MARSH, 1995). O
desequilíbrio entre os processos de desmineralização e remineralização no esmalte leva ao
desenvolvimento de cárie (CLARKSON, McKOUGHLIN, 2000). O flúor tem sido considerado
o maior responsável pela redução da prevalência de cárie dental através do controle da
progressão das lesões de cárie, inibindo a desmineralização e ativando a remineralização
do esmalte (FEATHERSTONE et al., 1983; CLARKSON et al., 2000).
A grande incidência de lesões cariosas na superfície oclusal de molares
permanentes está diretamente relacionada com alguns fatores: a configuração anatômica
especial dessa superfície, como a presença de irregularidades que facilitam o acúmulo de
placa bacteriana; a incompleta coalescência do esmalte na região de fóssulas e fissuras; o
momento em que ocorre a erupção desses dentes, uma vez que crianças, normalmente não
possuem coordenação motora para a realização de uma adequada higiene bucal; e ao fato
de que os dentes, ao irromperem, não apresentarem suas estruturas totalmente
mineralizadas, necessitando de um período de maturação pós-eruptiva (KRAMER et al.,
1997).
Em decorrência destas constatações, Cueto e Buonocore (1967) sugeriram o
selamento dessas fóssulas e fissuras com selantes resinosos, constituindo-se, assim, uma
barreira física que visa isolar do meio bucal a superfície em que se interveio. Diante da
eficácia do fluoreto no processo de prevenção da cárie dental, os materiais restauradores do
tipo do cimento de ionômero de vidro (CIV) passaram a ser largamente utilizados,
principalmente por possuir fluoreto em suas formulações, o que assegura a liberação
gradativa deste elemento. Em 1974, Wilson recomendou o emprego do cimento de
ionômero de vidro para o selamento dessa região.
A eficiência e retentibilidade dos selantes resinosos oclusais (do tipo Bis-GMA) é
descrita em vários trabalhos em que se seguiu um acompanhamento criterioso de sua
retenção ao longo de alguns anos, constituindo um recurso devidamente comprovado na
prevenção da cárie oclusal (BUONOCORE, 1973).
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O progresso tecnológico trouxe novos materiais dentários, possibilitando a utilização
de cimentos de ionômero de vidro, como selantes (BOKSMAN, 1987). Seppa e Fors (1991)
sugerem que fissuras seladas com CIV são mais resistentes à desmineralização que uma
superfície não selada, mesmo após a perda do selante, devido aos resíduos de partículas
do material nas fissuras. Os selantes ionoméricos, portanto, tornam-se uma boa alternativa
de escolha quando avaliações periódicas para a verificação de integridade do material não
são possíveis de serem realizadas.
A definição da escolha desses materiais como selantes tem motivado uma
significativa variedade de estudos comparativos entre os selantes resinosos e os
ionoméricos, tendo-se em consideração as características básicas destes produtos, entre as
quais se destacam a possibilidade de retenção clínica na superfície oclusal, a proteção
contra infiltração marginal e a eficácia de liberação do íon fluoreto presente, o que, em
última análise, significa proteger o indivíduo contra a instalação e o curso da cárie dental.
Este projeto de pesquisa teve como objetivo avaliar os efeitos do uso de selantes,
contendo ou não fluoretos, na região de sulco oclusal simulando as condições orais com alto
risco à cárie dental após desafio cariogênico in vitro.
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1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 O ESMALTE DENTÁRIO
O esmalte dentário é o tecido mais duro do organismo humano. Tal dureza é devido
a sua alta concentração de volume mineral, cerca de 96% de sua estrutura. Os outros 4%
ficam por conta da sua matriz orgânica e água (SHARAWY, YAGER, 1989). O principal
componente inorgânico é a apatita, que pode se apresentar na forma de hidroxiapatita,
fluorapatita e carbonoapatita. Dentre os constituintes orgânicos, a água é encontrada em
maior quantidade (mais de 4% em volume). Aproximadamente 25% do volume de água está
ligado aos cristalitos e é provavelmente associada à matriz orgânica (CARLSTROM et al.,
1963). No dente humano, o esmalte é formado por uma estrutura organizada de prismas e
uma substância que atua na junção deles. Além disso, corresponde a uma substância que
protege a coroa dentária, dando forma e contorno (GWINNETT, 1992).
A formação do esmalte dentário é um processo biológico bastante complexo, porém
bem organizado e que envolve duas importantes fases: a fase de secreção e a de
maturação. Este processo é regulado pelos ameloblastos, que expressam um importante
conjunto de genes que codificam a produção de proteínas essenciais para a formação desse
tecido dentário (NISHIO, 2008).
Ainda segundo Nishio (2008), recentemente, foram identificadas duas novas
proteínas, chamadas amelotina e apina, que também são sintetizadas pelos ameloblastos.
Diferentemente das outras proteínas, a amelotina e a apina são produzidas durante a
amelogênese no estágio de maturação, fase importante para o desenvolvimento final da
dureza do esmalte. Essas duas novas substâncias são codificadas por dois diferentes genes
que, de acordo com a sua localização genômica e estrutural, fazem parte de um mesmo
grupo de proteínas que secreta e estabiliza íons de cálcio e potássio no corpo e guia a
deposição de fosfato de cálcio em matrizes extracelulares receptoras. A similaridade dessas
proteínas, encontradas tanto em seres humanos como em suínos, ratos e camundongos,
sugere que são proteínas que se perpetuam nas espécies mamíferas.
As unidades formadoras do esmalte dentário são denominadas de prismas e seguem
desde a junção amelo-dentinária até a superfície do dente. Os prismas seguem um trajeto
tortuoso nos dois terços internos do tecido do esmalte até alcançar um alinhamento paralelo
no terço mais externo. Esta mudança, mais ou menos regular na direção dos prismas, seria
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uma adaptação funcional, minimizando o risco de fraturas durante o ato mastigatório.
(PINTO, 2006).
O esmalte dental possui uma camada de, aproximadamente, 30 µm sem prismas,
ocorrendo em 70% dos dentes permanentes e em todos os decíduos, pois nem todos os
prismas atingem a superfície do esmalte (GWINNETT, 1967). Esta camada aprismática
encontra-se com mais frequência em fóssulas, fissuras e na região cervical. Tal
característica faz dessas regiões áreas menos resistentes a forças físicas e mais
susceptíveis a desmineralização (RIPA et al., 1966).
De acordo com Neville (1998), sendo o esmalte um tecido não passível de
remodelação, uma vez formado, ficam permanentemente registradas em sua superfície as
alterações sofridas durante o processo de formação. Levando-se em consideração que a
amelogênese humana inicia-se no útero materno, logo nas primeiras semanas de gestação,
pode-se concluir que a formação do esmalte é muito vulnerável a alterações decorrentes de
intercorrências gestacionais.
Uma das alterações comumente encontradas no processo de formação do dente,
não necessariamente durante a gestação, é a incompleta coalescência do esmalte.
Segundo Gilmour et al. (1990), este é um dos principais fatores que levam ao início do
processo de desmineralização dos dentes, dando início à cárie oclusal.
1.2 ETIOLOGIA E EVOLUÇÃO DA CÁRIE OCLUSAL
Para o estudo da cárie dental, é importante o conhecimento dos múltiplos fatores que
envolvem a sua evolução. De acordo com Keyes (1962), existe uma tríade de fatores
etiológicos primários da cárie dental que relaciona o hospedeiro ou dente, dieta ou substrato
e microbiota ou bactéria.
Thylstrup e Fejerskov (1995) caracterizam a cárie como uma doença ou processo
crônico de progressão lenta e que raramente é autolimitante, ou seja, na ausência de
tratamento, progride até que o dente seja destruído. O sinal da doença é a lesão cariosa,
uma destruição localizada que pode afetar os tecidos duros do dente: o esmalte, a dentina e
o cemento. A manifestação da doença cárie vai desde a perda inicial de mineral no nível
ultraestrutural até a destruição total do dente. Os autores descrevem ainda que o início e a
progressão da cárie resultam de múltiplos fatores inter-relacionados e que a destruição
cariosa não se desenvolve sem acúmulos localizados de bactérias orais na superfície
dentária. Entretanto, os dentes podem estar revestidos por bactérias orais sem sinais
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visíveis da lesão de cárie. Assim sendo, os depósitos microbianos são necessários para
causar a cárie, mas sozinhos não são suficientes para iniciá-la, pois os depósitos
microbianos nos dentes dependem de alguns dos mecanismos intra-orais responsáveis pela
evolução da placa cariogênica.
Por exemplo, a cavidade oral está frequentemente exposta a ambientes extremos no
que se refere à temperatura, pH, viscosidade da saliva e composição química dos alimentos
ingeridos. Também, os processos mecânicos orais que agem durante a função natural ou a
auto-higiene são de fundamental importância na permanência dos microrganismos nas
superfícies orais. (THYLSTRUP E FEJERSKOV, 1995)
Ao revisar estudos in vivo sobre o efeito das forças mecânicas no início, progressão
e detecção da lesão de cárie dentária, Thylstrup et al. (1994) descreveram que a eliminação
total ou parcial das forças mecânicas intrabucais, realizadas durante a mastigação e/ou
escovação, propiciam a formação da placa cariogênica e resultam na dissolução localizada
do esmalte, formando a lesão de cárie dentária. Como resultado, temos uma erosão da
superfície, fazendo com que o esmalte perca sua aparência brilhante pela presença de
irregularidades. Assim, o aumento da porosidade do esmalte leva à perda gradual da sua
translucidez, sendo um indicador muito sensível de pequenas perdas do conteúdo mineral.
Desta maneira, Thylstrup et al. (1994) demonstraram que a reexposição parcial ou total às
forças mecânicas da mastigação podem levar, além do controle da lesão de cárie, à sua
regressão parcial.
Winston e Bhaskar (1998), num relato sobre a prevenção de cárie no século XXI,
descreveram que o esmalte é coberto por uma fina película. As bactérias da flora oral
normal aderem à película e formam a placa. A placa bacteriana
(especialmente Streptococos mutans e lactobacilus) converte os açúcares ingeridos, através
de glicólise, em ácidos orgânicos fracos, tais como o lático, o pirúvico, o acético, o
propiônico, o fórmico e o butírico. Os ácidos produzidos por estas bactérias se difundem
através da placa e desmineralizam a superfície do dente, removendo cálcio e fosfato do
esmalte e, eventualmente, causando colapso na estrutura dental, cavitando-a. Este
processo de formação da lesão cariosa ocorre após meses ou anos. Entre períodos de
acidez, devido à ingestão de alimentos, substâncias tampões como o bicarbonato, presentes
na saliva, difundem-se pela placa e neutralizam os ácidos presentes. Isto impede futuras
perdas do cálcio e fosfato até o próximo período de produção ácida.
O principal mineral dental consiste em hidroxiapatita de cálcio carbonatado. Esta é
diferente da hidroxiapatita de cálcio, devido à substituição do carbonato por uma porção de
fosfato na hidroxiapatita de cálcio. A hidroxiapatita de cálcio carbonatado é mais solúvel que
a hidroxiapatita de cálcio, principalmente em pH menor ou igual a 4. Apesar de praticamente
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insolúvel no pH>7, a hidroxiapatita de cálcio carbonatado torna-se solúvel quando o pH é
diminuído (FEATHERSTONE, 1983).
Após o uso do açúcar, o pH diminui a medida que a placa bacteriana converte o
açúcar em ácido. Em poucos minutos, o pH da placa é reduzido para quatro ou menos. A
desmineralização acontece enquanto o pH da placa permanece ácido e o fluído da placa é
menos saturado que o mineral do dente. Há uma neutralização dos ácidos da placa pelo
sistema tampão alcalino da saliva e a remineralização pode ocorrer. A saliva contém ainda
íons de cálcio e de fosfato que penetram no esmalte durante a remineralização (JENSEN,
1986).
Fejerskov e Thylstrup (1988) também descrevem a cárie dentária como uma doença
resultante do desequilíbrio entre os processos dinâmicos de desmineralização e
remineralização, com predominância do primeiro. Este quadro leva à perda sistemática de
mineral e formação da lesão, cuja localização, configuração e velocidade de progressão,
são determinadas pelas condições ambientais locais para formação e crescimento da placa
bacteriana.
Carvalho et al. (1989) comentam que a proporção de lesões ativas é reduzida em
dentes completamente erupcionados, demonstrando que dentes em fase de erupção são
mais sujeitos ao desenvolvimento da cárie dental, devido a condições favoráveis para o
acúmulo de placa. Assim sendo, a anatomia peculiar da superfície oclusal desempenha um
papel mais importante na deposição da placa e instalação da lesão de cárie oclusal do que
as condições da superfície do dente em si.
1.3 SELANTES OCLUSAIS
Dentre todas as superfícies do órgão dental, a mais susceptível à doença cárie é a
face oclusal, devido a morfologia das fossas e fissuras desta região, o que dificulta a
higienização da região e contribui para o acúmulo de bactérias e restos alimentares. Outro
possível fator é porque a eficiência dos tratamentos com flúor na prevenção de lesões
cariosas em superfície lisa é melhor do que em regiões com fossas e fissuras (KARLZÉN-
REUTERVING; DIJKEN, 1995).
Um método de grande importância na higienização dos dentes é a ação constante da
musculatura bucal e labial, além de toda proteção proporcionada pela saliva. De acordo com
Bohannan (1983), as regiões de fossas e fissuras são prejudicadas quando relacionadas a
estas ações de controle.
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Segundo Pardi (2002), com o objetivo de prevenir o surgimento e a progressão da
doença cárie, já em 1895 cimentos eram utilizados nas faces oclusais livres. Quase três
décadas depois, surgiu uma técnica que, através de preparos cavitários em elementos
dentários recém erupcionados e hígidos, os sulcos eram restaurados com amálgama,
conforme tratamento apresentado por Hyatt em 1923, denominado “odontomia profilática”.
Em 1929, Bodecker sugeriu que se erradicassem as fissuras através de brocas, formando
depressões onde os alimentos não se acumulariam. Esta manobra tinha como objetivo
prevenir a colonização bacteriana da região e permitir melhor visualização, assim que
diagnosticada a lesão. No entanto, em muitos caso, o procedimento provocava certa
sensibilidade devido à exposição de dentina, surgindo a necessidade de se restaurar estes
dentes.
Simonsen (2002) descreveu a palavra “selante” como um material que pode ser
aplicado em sulcos e fissuras de dentes em pacientes com alto índice de cárie e tem a
capacidade de formar uma camada protetora na superfície do esmalte. Ou seja, são
barreiras físicas aderidas na superfície do dente, impossibilitando o contato com o biofilme.
Segundo Lovadino et al. (1994), as propriedades necessárias que um selante
oclusal deve apresentar são compatibilidade com os tecidos bucais, resistência a fluídos, à
abrasão e às forças da mastigação, além de boa adesão físico-química à estrutura dental.
Miller (1951) lançou mão do fosfato de zinco e cimento vermelho de cobre em faces
irregulares dos dentes, fossas e fissuras, porém seu uso não foi continuado devido a pouca
retenção promovida por estes materiais e sua alta solubilidade.
Buonocore (1955) realizou uma pesquisa em que as superfícies de esmalte sofriam
seu condicionamento com ácido fosfórico, o que promovia uma modificação da região
condicionada, aumentando de maneira significativa a retenção das resinas acrílicas no
dente.
Selantes resinosos são substâncias que apresentam capacidade de escoar nas
cicatrículas e fissuras, penetrando nas microporosidades do esmalte previamente
condicionado, formando projeções de resina conhecidas como tag. (MYAKI; BRUNETTI;
CORRÊA, 1998).
Sunfeld, et al, (1994) utilizaram 130 dentes posteriores hígidos em pacientes com
faixa etária entre 11 e 14 anos para avaliar o selante resinoso fotopolimerizável Fluroshield®
(Dentsply) em sua penetração e retenção. Os selantes foram aplicados com o auxilio de
uma sonda exploradora com prévia profilaxia, isolamento absoluto, condicionamento da
superfície com ácido fosfórico a 37% por 120 segundos e polimerizados com luz halógena
por 40 segundos. Além do estudo clínico, foi realizada uma análise laboratorial, em que seis
meses após a aplicação do material, foi aplicado um corante com o objetivo de analisar a
presença de bolhas. Contatou-se que, em 96,2% dos casos, os selantes estavam presentes
19
e totalmente retidos. Havia a presença de bolhas na superfície do material, o que demonstra
desgaste em longo prazo, que foi avaliado como insignificante devido às propriedades de
doar flúor para a superfície do esmalte dental.
Partindo da mesma metodologia de 1994, Sunfeld et al. (1994) estudaram
clinicamente, por 24 meses, o selante resinoso com flúor Alpha Flúor Seal® (D.F.L.) em
relação à sua penetração e retenção no esmalte. Por meio de análise microscópica,
verificou-se uma adaptação satisfatória dos selantes em planos inclinados, assim como os
microporos criados pelo condicionamento ácido apresentavam uma excelente penetração do
selante. Ressaltaram ainda o fato do selante ser polimerizado somente após 10 segundos
de sua aplicação na região de fossas e fissuras, fazendo com que o material tivesse uma
melhor penetração no esmalte, mesmo com o selante apresentando em sua composição
partículas de carga inorgânica.
Associado ao condicionamento ácido, Kemper (1984) aperfeiçoou essa técnica com
o uso de adesivos dentários, promovendo melhor retenção dos selantes e aumentando o
sucesso na prevenção de cáries nas superfícies irregulares que eram submetidas ao
selamento.
Coeficiente de expansão térmica próximo ao do tecido dentário é uma das principais
vantagens, assim como a liberação de flúor constante. Estas propriedades se destacam no
cimento de ionômero de vidro, o que não ocorre um selante resinoso. Por isso, este material
vem se destacando como selante oclusal, porém os mais utilizados continuam sendo os
selantes de polímeros de BIS-GMA (VONO et al., 1996; SILVA et al., 1996 ).
Uma das propriedades discutidas do ionômero de vidro é a sua retenção, porém
algumas pesquisas apresentaram resultados sugerindo que o material remanescente
continua atuando de maneira química na região através da liberação de fluoretos,
prevenindo futuras lesões de cárie. Após avaliação clínica de 6 e 12 meses, contatou-se que
porções microscópicas do material permaneceram retidas em 93% das fissuras sem
apresentações de lesões de cárie nos dentes selados (MEJARE; MJOR, 1990; OVREBO,
RAADAL, 1990).
Torppa-Saarinem e Seppä (1990) também observaram, através de microscopia,
remanescentes de ionômero de vidro, mesmo que o selante tivesse sido avaliado como
perdido em uma análise macroscópica.
Em um estudo de Arrow e Riordan (1995), observou-se que para haver ação
preventiva no surgimento de lesões de cariosas, o material aplicado não precisa
necessariamente ter retenção total na superfície do esmalte.
Johnson et al. (1995) realizaram estudo com o objetivo de comparar a penetração no
tecido dental de um cimento ionomérico modificado por resina experimental, que possuía um
20
primer, com o selante Delton®. Chegaram então à conclusão de que o cimento ionomérico
experimental teve penetração significantemente maior que o selante Delton®.
Zuanon et al. (1995), por meio de pesquisa in vivo, comparou cinco selantes, sendo
um autopolimerizável (Delton®) e quatro fotopolimerizáveis (Estiseal®, Prisma®, Concise® e
Degufill®). Foram aplicados selantes em 29 voluntários na faixa etária entre 9 e 11 anos, por
meio de isolamento relativo, num total de 149 dentes posteriores, sendo que era deixado um
dente homólogo como controle. Seis meses após a aplicação, 87,2% dos selantes foram
encontrados com retenção total, sendo que para os fotopolimerizáveis o percentual era
maior. Dentro deste mesmo período, dos 149 dentes selados, 98,5% permaneceram
hígidos, enquanto no grupo controle, 48,4% dos dentes estavam cariados ou haviam
passado por tratamento restaurador.
Comparando o cimento de ionômero de vidro (FujiII®) e o cimento de ionômero de
vidro modificado por resina (Vitremer®) com outros selantes resinosos, Moore, Winkler e
Ewolsen (1995) demonstraram que os selantes ionoméricos tem maior poder de penetração
nas fissuras e apresentam resultados significativos quando comparados ao selante resinoso.
Koch, et al, (1997), comparando dois selantes resinosos, concluíram que, após 12
meses de tratamento, o Helioseal F® (Vivadent) apresentou retenção total de 90,3%,
enquanto o Delton® (J&J) demonstrou uma retenção total de 96,7% dos selantes.
Pouco depois, Bernardo et al. (2000), após avaliar 159 dentes hígidos entre pré
molares e molares de crianças na faixa etária entre 7 e 11 anos, estudantes, selados com o
cimento de ionômero de vidro Vitremer® (3M ESPE), concluiram que a utilização deste
selante, com o uso de sistema adesivo, melhora significativamente sua retenção total, sendo
que, nos primeiros seis meses, sua retenção parcial ou ausência de selante foi próximo a
1% dos órgãos dentários selados.
Através de pesquisa in vivo Ovebro e Raadal (1990), realizaram selamento em vinte
pré molares a serem extraídos por motivos ortodônticos. Após 14 dias, o estado clínico dos
selantes foram avaliados e os dentes extraídos. Assim que coradas, as amostras passaram
por uma ciclagem térmica e em seguida realizaram as secções. Por meio de um
microscópio, foram registradas as infiltrações e avaliadas de acordo com um sistema de
pontuação. Todos os selantes resinosos continuavam presentes, enquanto algumas
amostras seladas com ionômero de vidro foram dadas como perdidas ou intactas. Extenso
escoamento foi observado em todas as amostras ionoméricas e remanescentes do mesmo
cimento continuavam presentes na maioria dos dentes em que os selantes foram dados
como perdidos. Este estudo indica que os selantes ionoméricos não tem boa resistência e
retenção. No entanto, caso o selante se dê como perdido, os remanescentes do material
podem continuar a evitar a cárie por meio da liberação de flúor.
21
Alguns anos depois, Percinoto, et al. (1995) realizaram pesquisa utilizando quarenta
e oito pré molares superiores e inferiores hígidos, a serem extraídos por motivos
ortodônticos, sob isolamento absoluto, profilaxia, condicionamento com ácido fosfórico a
37% e selados com material resinoso e ionomérico. Após a medição em diferentes locais do
selante chegou-se a conclusão de que quando se lança mão de condicionamento acido
prévio com ácido fosfórico a 37%, ambos apresentam boa penetração, dando destaque ao
selante de ionômero de vidro.
Smales, Gao e Ho (1997) comparou quatro cimentos de ionômero de vidro
convencionais desenvolvidos especificamente para uso com o Tratamento Restaurador
Atraumático (ART) com um selante resinoso. Trinta dentes molares inferiores permanentes
foram aleatoriamente divididos em cinco grupos. Utilizando uma sonda exploradora,
realizou-se a aplicação do selante previamente condicionado com ácido poliacrílico a 10%.
Os dentes foram termociclados e, em seguida, as coroas imersas em corante azul de
metileno e, posteriormente, seccionados. Não houve diferenças estatisticamente
significativas entre qualquer um dos cinco materiais. Os cimentos, no entanto, mostraram
uma melhor penetração da fissura do que o selante.
Tanaka et al. (1987), após realizar pesquisa com selante contendo flúor, além de
confirmar a incorporação do mesmo no esmalte, relataram a presença de flúor em
concentrações significantes em uma profundidade de até 60 μm do esmalte.
Pardi (2002) concluiu que os selantes ionoméricos apresentam-se efetivos na
prevenção e no controle de lesões de cárie nas fossas e fissuras. Após comparar diferentes
materiais a serem utilizados como selante dessas regiões, avaliando sua retenção e
efetividade como barreira para o biofilme, Pardi relatou que os selamentos avaliados após
24 meses apresentaram baixa retenção a superfície e, mesmo assim, foram efetivos na
prevenção da doença. Já os materiais avaliados entre seis meses e um ano apresentavam
retenção total satisfatória.
Modesto et al. (1998) observaram que mesmo com a desvantagem da baixa
resistência e a possibilidade de fratura do selante ionomérico quando o dente entra em
oclusão, deve-se levar em consideração que esse ponto negativo do material pode ser muito
interessante para o profissional, uma vez que, após a perda do selante, a região que passou
pelo tratamento pode ser visualizada e reavaliada. Com este incidente, o profissional pode
aplicar de maneira criteriosa o selante ionomérico ou lançar mão de um selante contendo
carga resinosa ou que seja um material exclusivamente resinoso de alta fluidez. Em casos
de pacientes colaboradores, o cirurgião dentista ainda pode optar em não aplicar novamente
o selante, fazendo um controle de biofilme na superfície dental, associado ou não a
aplicação tópica de fluoretos.
22
Hoeppner et al. (1998) por meio de pesquisa in vitro, desenvolveram um trabalho
com a finalidade de estudar a penetração do selante Estiseal® (Kulzer) no esmalte dental,
quando realizada ou não a profilaxia da superfície com bicarbonato de sódio e
condicionamento com ácido fosfórico a 37%. Para o estudo, foram utilizados 48 pré molares
hígidos de adolescentes, extraídos por motivos ortodônticos, divididos em grupos com oito
amostras. Os grupos I, II e III foram submetidos à profilaxia com a ação do jato de
bicarbonato (Profident® – Dabi Atlante) e condicionamento ácido por 15, 30 e 60 segundos
respectivamente, enquanto os grupos IV, V e VI sofreram apenas o condicionamento ácido
durante o mesmo tempo que os grupos anteriormente citados. Por meio de microscopia
óptica comum, avaliando as projeções resinosas obtidas com os procedimentos, conclui-se
que a profilaxia com jato de bicarbonato é um procedimento importante na realização de
selantes e, que quando realizada com o condicionamento ácido fosfórico a 37%,
proporciona melhor penetração do selante no esmalte condicionado.
Após avaliação de amostras de um grupo de dentes selados que foram submetidos a
profilaxias realizadas com pedra pomes e outro grupo de amostras que tiveram as
profilaxias realizadas com pasta profilática, Grande et al. (1993) constataram, depois de 24
meses do procedimento, o primeiro grupo com 82% de retenção dos selantes e 71% de
retenção no grupo em que se lançou mão da técnica com pasta profilática.
O cimento de ionômero de vidro é um selante em que, considerando suas
características cariostáticas, a afinidade com superfícies úmidas e um menor tempo de
tratamento favorece a sua aplicação em dentes que ainda não estão totalmente irrompidos e
em pacientes em que o comportamento e o manejo não são favoráveis. Isso torna esse
material um selante bastante promissor (WILLIAMS, 1996).
O período mais indicado para se realizar o selamento de fossas e fissuras de um
dente é quando ele está em sua fase de maturação pós-eruptiva. O momento crítico dos
tecidos dentais, quanto a sua resistência à doença cárie, é o espaço de tempo entre a sua
erupção na cavidade bucal até a sua completa oclusão com o dente antagonista. Porém,
este período oferece algumas condições de trabalho desfavoráveis na execução do
procedimento, sendo uma delas a manutenção do campo operatório seco (CAUFIELD,
CUTTER; DASANAYKE, 1993).
Newbrun (1992) e Ripa (1982) contra indicam o selamento de cicatrículas e fissuras
nos dentes que já estão presentes na cavidade bucal há mais de quatro anos, pois ela não
se faz necessária, e também nos dentes em que se encontram lesões cariosas extensas ou
proximais.
Existe também o método invasivo de aplicação do selante, em que uma erradicação
parcial ou total da fissura questionável é feita com brocas, realizando-se o selamento ou a
23
restauração com cimento de ionômero de vidro, resina composta ou amálgama (NAVARRO,
1998).
Segundo Vono e Vono (1992), o método invasivo é uma alternativa da técnica de
aplicação dos selantes, realizada em dentes cujas fossas e fissuras se apresentem com
cárie de pouca extensão e profundidade e consiste na remoção do tecido cariado, de
maneira extremamente conservadora, com pontas ou brocas de pequeno diâmetro,
procedendo-se depois aos demais passos técnicos da aplicação do selante.
24
2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
O estudo in vitro foi cruzado, duplo cego e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade São Francisco sob o número 237.679 (ANEXO 1). A variável de
resposta foi medida através da Microdureza Knoop (KHN)
2.2 OBTENÇÃO E SECÇÃO DAS AMOSTRAS
Para este estudo foram utilizados 18 dentes humanos terceiros molares hígidos,
obtidos através do banco de dentes da Universidade São Francisco. Os dentes foram limpos
através de raspagem para remoção de restos teciduais e armazenados à temperatura de
4ºC, em água destilada (conforme protocolo do banco de dentes da USF) e esterilizados em
autoclave por 20 minutos a 121ºC. (FIGURAS 1A, 1B e 1C)
FIGURA 1 - A: Dentes selecionados; B: Armazenamentos dos dentes a 4°C em água dd; C: Dentes
devidamente acondicionados em grau cirúrgico para esterilização.
25
Os dentes foram seccionados de maneira que se obtivessem fragmentos do sulco
oclusal de 3mm de altura. As secções foram realizadas manualmente com discos
diamantados dupla face parcial / granulação fina (KG 40602.003) e placas acrílicas foram
utilizadas para fixação dos dentes. Os cortes foram realizados sob refrigeração constante
com água deionizada e destilada (dd) para evitar trincas nos tecidos dentais. Para obtenção
das amostras na altura desejada foi necessária a planificação do lado oposto em lixa de
óxido de alumínio 320 (3M ESPE) . As dimensões dos fragmentos foram avaliadas com
paquímetro analógico (Starret 727), (FIGURAS 2A, 2B e 2C). Ao final, foram armazenadas
em recipientes plásticos fechados, com água dd e conservados em geladeira a 4ºC.
FIGURA 2 - Secção do fragmento oclusal; B: Planificação do lado oposto para obtenção da
espessura correta; C: Amostras prontas para tratamentos.
2.3 MATERIAIS SELADORES
Foram selecionados um selante resinoso FluroShield®, material resinoso que possui
fluoreto em sua composição; a resina composta Opallis Flow® como controle negativo e o
cimento de ionômero de vidro Riva Protect® que libera fluoreto como controle positivo
(QUADRO 1), (FIGURAS 3A, 3B e 3C).
26
QUADRO 1 – Composição dos materiais utilizados no experimento.
Materiais Composição Fabricante
FluroShield®
Bis-GMA uretano modificado, trietileno glicol, di-
metacrilato, borosilicato de alumínio e bário, ester
tetracrilico ácido fosfórico, fluoreto de sódio, n-
metildietanolamina e canforoquinona
Dentsply
Opalis Flow®
BisGMA, TEGMA, BisEMA, canforoquinona, co-
iniciadores, conservantes, pigmentos, 72% de partículas
de bário-alumínio-silicato silanizadas e nanopartículas de
dióxido de silício
FGM
Riva Protect®
Compartimento 1 (em pó): Vidro de aluminofluorsilicato e
ácido poliacrílico. Compartimento 2 (líquido): ácido
poliacrílico, ácido tartárico e ingredientes equilibrantes
SDI
FIGURA 3 – A: Selante resinoso com fluoreto na composição (Fluro Shield® – Dentsply), B: Resina
composta sem fluoretos (Opallis Flow® – FGM); C: Cimentos de ionômero de vidro (Riva Protect
® –
SDI)
Os materiais foram aplicados segundo instruções dos fabricantes (QUADRO 2). Após
a aplicação, as amostras foram observadas em lupa convencional para verificar possíveis
bolhas. Vale ressaltar que as amostras foram seladas 24 horas antes do início do
experimento e permaneceram em 100% de umidade relativa.
27
QUADRO 2 – Aplicação dos materiais conforme orientação dos fabricantes
Materiais Instruções do fabricante
FluroShield® Aplicar o ácido fosfórico a 37%. Lavar, secar, e aplicar o selante.
Fotopolimerizar por 20 segundos
Opalis Flow® Aplicar o ácido fosfórico a 37%. Lavar, secar, e aplicar a resina.
Fotopolimerizar por 40 segundos.
Riva Protect®
Aplicar um ácido poliacrílico, lavar e secar, aplicar o material
diretamente na superfície dental ou dentro das cicatrículas. Quando o
material perder a superfície brilhante, aplicar uma camada fina de
adesivo convencional e fotopolimerizar por 20 segundos.
2.4 FASE EXPERIMENTAL
A área das amostras que foi exposta à indução de desmineralização foi determinada
através de esmalte para unhas (Risqué®, São Paulo, SP, Brasil), mantendo uma área média
de exposição de 17,21mm2 por amostra. Os grupos foram submetidos à ciclagem de
desmineralização e remineralização por 8 dias a 37ºC (Shinkai et al, 2001). Cada ciclo foi
composto por 24 horas, sendo 7 horas sob imersão em solução desmineralizante e 17 horas
em solução remineralizante. A solução desmineralizadora é composta por ácido acético com
2,2 mM de Cálcio (CaCl2), 2,2 mM de fosfato (NaH2PO4); 50 mM de ácido acético e 1 ppm
de flúor, pH 4,5 (6,25ml /mm2 de área exposta). A composição da solução remineralizadora
é de 1,5 mM de Cálcio, 0,9 mM de Fosfato, 0,15 M KCl, pH 7 (3,125 mL/mm2) (Shinkai et
al., 2001 modificado). A solução remineralizadora foi renovada diariamente ao passo que a
solução desmineralizadora foi renovada apenas no 4º dia do ciclo (DELBEM, CURY, 2002;
PAES-LEME et al, 2003), (FIGURAS 4A, 4B e 4C). Todas as soluções foram manipuladas
pelo laboratório de farmacognosia, do curso de farmácia, da USF – campus de Brgança
Paulista. Após a ciclagem de pH, a superfície da amostra apresentou um aspecto
esbranquiçado, mostrando a desmineralização do substrato.
28
FIGURA 4 - A: Delimitação da área a ser exposta ao processo de ciclagem de pH; B: Amostras do
grupo B em solução desmineralizadora C: Estufa a 37°C
2.5 ANÁLISES
As amostras foram seccionadas ao meio e inclusas em cilindros de resina acrílica
com com diâmetro de 3 cm e altura de 8 mm. As superfícies das amostras seccionadas
foram polidas para posterior leitura da microdureza. Foram utilizadas lixas de Al2O3 de
granulação 320, 400, 600 e 1200 em politriz (APL-4 Arotec), sob refrigeração com água.
Para o polimento final foram utilizados discos de feltro (Polishing Cloth Buelher nº 40-7618)
e pasta de diamante de 1 m (Master Diamond® - Arotec, Cotia, SP, Brasil), (FIGURAS
5A, 5B e 5C). Entre os procedimentos de polimento, as amostras foram colocadas em
aparelho de ultrassom (Ultrassonic®) com água dd para remoção das partículas de lixa e
para não prejudicar o polimento seguinte. Em seguida, as amostras foram lavadas em água
dd corrente e armazenadas em recipientes plásticos fechados, cobertos com papel
absorvente umedecido em água dd e conservados em geladeira a 4ºC.
FIGURA 5 - A: Secção das amostras; B: Preparo para inclusão das amostras; C: Amostras inclusas e
devidamente polidas.
29
As mensurações de microdureza Knoop foram realizadas na região interna do
esmalte ao redor de um dos lados do selante aplicado, nas profundidades de 20, 40, 60, 80,
100, 120, 140 e 160 m em relação à superfície do esmalte e na distância de 10 m do
selante oclusal em todas as profundidades, utilizando carga de 50 gramas durante 5
segundos. Esta distância foi alterada de acordo com a extensão da desmineralização
(FIGURAS 6A e 6B).
FIGURA 6 – A: Esquema representativo da região e profundidade de medição da dureza do esmalte;
B: Microdurômetro utilizado no experimento (marca, modelo Shimatzu®).
2.6 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Os valores KHN encontrados foram analisados com a Análise de Variância (ANOVA)
por experimento em blocos com repetições e Teste de Tukey (ANEXO 2), através do
programa estatístico ASSISTAT 7.6 beta. (FIGURA 7). Todos os testes foram realizados
com nível de significância de 1% e 5%. Para a melhor compreensão dos dados, os valores
obtidos foram posteriormente transformados em % de volume mineral, através da fórmula:
% volume mineral = 4,3 (√KHN) + 11,3 (FEATHERSTONE et al., 1983).
30
FIGURA 7 - Programa estatístico utilizado para tratamento dos dados.
31
3 RESULTADOS
Após a determinação da microdureza e tratamento estatístico dos dados, os
resultados mostraram que quando comparados, os selantes apresentam significativa
diferença estatística entre os grupos experimentais (p<0,01). Entre as profundidades,
observou-se significância estatística (p<0,05), entretanto, não é possível observar diferença
de microdureza entre as profundidades quando estas são correlacionadas aos grupos
experimentais (p>0,05), (TABELA 1), (GRÁFICO 1), (TABELA 2), (GRÁFICO 2).
TABELA 1 - Números estatísticos
Fonte de variação Soma dos quadrados Estatística do teste
Amostras 211.422.036.056 180.6760 **
Profundidades 780.691.889 0.1906 *
Amostras x Profundidades 4.542.504.611 0.5546 ns
Resíduo 70.210.316.333 ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01)
* significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 ≤ p < .05) ns não significativo (p ≥ .05)
GRÁFICO 1 - Diagrama de dispersão mostrando média das amostras e tendência linear da relação de dureza Knoop pelas profundidades medidas.
0
100
200
300
400
500
600
0 50 100 150 200
KN
H
Profundidades
Médias e tendência linear da relação de profundidades
Riva Protect
FluroShield
Opallis Flow
Linear (Riva Protect)
Linear (FluroShield)
Linear (Opallis Flow)
32
TABELA 2 - Medidas KNH convertidas em % de volume mineral (todos os valores em %)
Amostras 20 40 60 80 100 120 140 160 Média
Riva Protect®
109,8 112,3 105,4 103,6 106,8 108,0 105,7 107,0
102%
103,8 104,3 100,6 105,6 104,7 107,2 97,1 107,4
107,6 104,4 108,4 106,8 107,1 102,1 103,8 103,5
112,1 101,6 101,4 117,8 103,3 115,1 107,8 109,7
101,7 101,5 94,9 95,0 99,2 95,5 93,8 93,6
94,8 97,0 90,0 95,2 94,5 90,4 98,3 94,2
FluroShield®
92,2 85,5 77,4 69,6 75,2 81,2 79,2 85,3
91%
83,4 88,3 95,8 95,8 87,9 90,6 100,3 93,1
92,7 87,5 90,1 94,8 90,6 92,9 92,5 96,3
72,9 92,8 95,1 92,1 91,2 98,0 107,7 95,0
92,0 94,8 95,0 92,8 96,4 91,2 101,1 92,9
97,9 96,0 92,9 92,2 91,5 92,9 97,2 92,9
Opallis Flow®
50,1 47,0 49,1 54,2 50,3 49,6 53,5 54,9
62%
76,4 66,0 66,5 65,5 61,1 62,2 61,4 64,5
102,3 93,6 89,6 86,4 85,3 93,6 75,5 69,9
55,8 50,3 52,5 52,2 88,9 86,5 58,0 55,8
52,8 52,9 53,0 54,5 54,9 55,8 61,1 59,8
70,3 72,0 63,3 61,3 61,1 61,1 57,8 56,4
GRÁFICO 2 - Médias da % de volume mineral, de todas as amostras, em todas as profundidades.
Concomitantemente à leitura dos dados ao microdurometro, através das objetivas de
aumento de x100 e x400, foi possível a obtenção de imagens ilustrativas que mostram as
interfaces analisadas (FIGURAS 8, 9 e 10).
0
20
40
60
80
100
120
20 40 60 80 100 120 140 160
% d
e v
olu
me
min
era
l
Profundidades
% de volume mineral vs profundidades
Riva Protect
FluroShield
Opallis Flow
33
FIGURA 8 - Amostra tratada com selante
iononomérico (Riva Protect® – SDI), aumento
de x100 – E: Esmalte; S: Selante; R: Resina
de embutimento.
FIGURA 9 - Amostra tratada com selante
resinoso fluoretado (FluroShield® –
Dentsply), aumento de x100 – E: Esmalte;
S: Selante; R: Resina de embutimento.
FIGURA 10 - Amostra tratada com resina
composta fluída, sem fluoreto (Opallis Flow® –
FGM), aumento de x400 – E: Esmalte; S:
Selante; R: Resina de embutimento, *:
Detalhe para área de desmineralização do
esmalte adjacente ao selante.
E E
S
R
R
S
E
E
* S
R
34
4 DISCUSSÃO
Novos materiais têm sido desenvolvidos na tentativa de inibir a formação de cárie, a
qual demonstra ser a maior responsável pela perda precoce do elemento dental. É
imensurável a quantidade de trabalhos encontrados na literatura que descrevem o fluoreto
como um agente anticariogênico. Uma grande quantidade de mecanismos está envolvida
neste efeito, incluindo como principais a redução da desmineralização e o aumento da
remineralização, além da interferência na formação da película de biofilme dental e a
inibição do crescimento bacteriano (FEJERSKOV E CLARKSON, 1996; FEATHERSTONE
et al., 1994; MUKAITEN; CATE, 2002).
Esta pesquisa vem a corroborar com tais evidencias científicas ao observarmos o
gráfico 2 e a tabela 2, cujos dados não deixam dúvidas da eficácia do flúor na interferência
do processo de desmineralização causada pelo meio ácido. Os mesmos dados mostram
ainda, que o cimento de ionômero de vidro foi ainda mais eficiente no controle da
desmineralização do esmalte adjacente ao selante.
Em 1990, Prado publicou um estudo avaliando comparativamente a eficiência de um
selante Bis-GMA e um selante ionomérico na prevenção de cáries oclusais em segundos
molares decíduos e primeiros molares permanentes. Após 18 meses de avaliação, ambos
os materiais se mostraram efetivos na prevenção da cárie oclusal, embora o selante
resinoso tenha apresentado maior grau de retenção.
Em 1995 Karlzen-Reuterving e Van Dijken, publicaram um estudo com semelhante
comparação, porém com um tempo de avaliação de três anos e ênfase na retenção dos
materiais. Os autores observaram nesse período que 20,8% dos selantes resinosos
estavam parcialmente perdidos, assim como 34,7% dos selantes ionoméricos, ao passo que
no mesmo período 0% e 37,5%, respectivamente, já não existiam mais.
Em contrapartida, Boksman (1987) e Seppa e Fors (1991) sugerem que fissuras
seladas com CIV são mais resistentes à desmineralização que uma superfície não selada,
mesmo após a perda do selante, devido aos resíduos de partículas do material nas fissuras.
Os selantes ionoméricos, portanto, tornam-se uma boa alternativa de escolha quando
avaliações periódicas para a verificação de integridade do material não são possíveis de
serem realizadas.
Neste estudo, fica bastante evidente o efeito do CIV e do selante resinoso fluoretado,
no que se refere à desmineralização do esmalte, quando comparado ao selante Bis-GMA
sem adição de íons fluoreto. Todavia, trata-se de um estudo laboratorial, cuja proposta foi
avaliar apenas uma variável: microdureza do esmalte, após desafio cariogênico in vitro. Em
35
um estudo clínico, fatores como oclusão, dieta, higiene do paciente e tantas outras variáveis,
merecem ser analisadas e, por este motivo, é bastante compreensível que os resultados
possam ser divergentes dos aqui encontrados.
Segundo Penteado (2001), apesar de muito pouco retentivo, o selamento com
material ionomérico deveria ser a escolha preferencial em casos de pacientes com alta
atividade cariogênica, pois mostra-se eficaz na inativação de certas lesões de cárie, devido
ao seu poder de liberar fluoretos para o meio, mesmo quando ausente, já que estudos
mostram que partículas do material permanecem no fundo das fissuras. Deve-se, no
entanto, ressaltar que se fazem necessários mais estudos longitudinais em relação aos
selantes ionoméricos e, que como bons materiais para selar fissuras que são, seu uso
poderia ser também mais difundido nos programas públicos de saúde bucal.
Há ainda outro material que merece ser contemplado. Embora inferior ao selante
ionomérico, os resultados deste trabalho apontam um efeito significativo ao selante resinoso
fluoretado, que, após ciclagem de pH, ainda obteve escores de 91% de volume mineral nas
estruturas de esmalte adjacentes à sua aplicação.
Vale lembrar que a porcentagem de volume mineral é calculada pela fórmula descrita
por Featherstone et al. (1983) e utiliza-se de microdureza média de dentes humanos e
hígidos que variam de 200 a 500 KHN. Sendo assim, e comparando-se o gráfico 1 com a
tabela 4, fica explicada a alta porcentagem de volume mineral medida nas amostras que
contem fluoreto deste experimento, uma vez que a média KNH das mesmas encontram-se
muito próximas e, em alguns casos, até além dos valores máximos de referência.
Ainda sobre a confiabilidade do selante resinoso com fluoreto em sua composição e
endossando os resultados aqui apresentados, Vilela et al, (1998) avaliaram o desempenho
de dois materiais utilizados como selante oclusal (Fluroshield® e Vitremer®), para o estudo
46 pré-molares, superiores e/ou inferiores, sem sinais clínicos de lesões de cárie foram
avaliados, sendo que 23 dentes foram selados com Vitremer® e 23 com Fluroshield®. Após
seis, doze e vinte e quatro meses de acompanhamento, observaram que o Vitremer®
apresentou uma retenção total de 91,30%, 91,30% e 82,60%, enquanto o FluroShield®
apresentou 100% de retenção total nos três intervalos de tempo. Concluíram, por fim, que
ambos os materiais impediram o desenvolvimento de lesões de cárie, independente de sua
retenção e períodos avaliados.
Confirmando os resultados descritos neste trabalho, Wiegand et al. (2006) afirmaram
que devemos levar em consideração que no cimento de ionômero de vidro ocorre uma
reação com o ácido poliacenólico, que favorece a reação de liberação de íons fluoreto, o
que não ocorre nos sistemas poliméricos, uma vez que estes íons podem ficar
encapsuladas na matriz polimerizada, não sendo possível sua liberação. Apesar do bom
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desempenho do FluroShield®, a retenção das partículas na matriz pode ter contribuído para
sua performance diante do desafio cariogênico deste experimento.
Outra evidência científica bem descrita por De Moor et al. (1996), e que certamente
valida e explica nossos resultados, é que a liberação de fluoreto através das partículas
fluoroaluminiosilicato pelo cimento de ionômero de vidro, é altíssima nas primeiras 24 horas.
Após essa alta inicial, a liberação de fluoreto ocorre lentamente e por prolongado tempo. Isto
ocorre quando os vidros são dissolvidos na água acidificada da matriz hidrogel. É, portanto,
plausível dizer que as amostras desta pesquisa, que foram tratadas com o CIV Riva Protect®
- SDI, partiram para a ciclagem de pH com vantagem em relação ao material não fluoretado,
haja visto que os fragmentos oclusais receberam os selantes 24 horas antes do início dos
ciclos.
Diante do exposto, sugere-se que os materiais mais adequados para o selamento de
cicatrículas, sulcos e fissuras são os que contém fluoretos. Dependem, porém de muitos
fatores, cabendo ao cirurgião dentista, na análise individual do paciente e das condições de
aplicabilidade técnica, prescrevê-lo de maneira correta.
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CONCLUSÃO
Com base na análise dos dados, é possível concluir que selantes que contém
fluoreto na sua composição promovem menor desmineralização do esmalte adjacente à sua
aplicação, especialmente aqueles que fazem liberação constante desses íons, sugerindo ter
excelente potencial para o controle de desenvolvimento de lesões cariosas em sulcos
dentais.
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ANEXOS