anÁlise temporal da mortalidade por causas … · xxi estão a política nacional do idoso (1994),...

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO INTEGRADO EM SAÚDE COLETIVA MARIA OLÍVIA SOARES RODRIGUES ANÁLISE TEMPORAL DA MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS EM IDOSOS NO ESTADO DE PERNAMBUCO, 1981 A 2010 RECIFE 2014

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Page 1: ANÁLISE TEMPORAL DA MORTALIDADE POR CAUSAS … · XXI estão a Política Nacional do Idoso (1994), o Estatuto do Idoso (2003) a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (2006),

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO INTEGRADO EM SAÚDE COLETIVA

MARIA OLÍVIA SOARES RODRIGUES

ANÁLISE TEMPORAL DA MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS EM IDOSOS NO ESTADO DE PERNAMBUCO, 1981 A

2010

RECIFE 2014

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MARIA OLÍVIA SOARES RODRIGUES

ANÁLISE TEMPORAL DA MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS EM IDOSOS NO ESTADO DE PERNAMBUCO, 1981 A 2010.

RECIFE 2014

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Integrado em Saúde Coletiva - PPGISC do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Área de concentração: Epidemiologia. Linha de pesquisa: Saúde do Idoso. Orientadora: Profª Dra. Márcia Carréra Campos Leal

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MARIA OLÍVIA SOARES RODRIGUES

ANÁLISE TEMPORAL DA MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS EM IDOSOS NO ESTADO DE PERNAMBUCO, 1981 A 2010

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Integrado em Saúde Coletiva - PPGISC do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Área de concentração: Epidemiologia Linha de pesquisa: Saúde do Idoso

Aprovada em: 12/08/2014

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________

Márcia Carréra Campos Leal (Orientadora) Depto. de Medicina Social – UFPE

_______________________________________________________________

Ana Paula de Oliveira Marques (Membro Titular Interno) Depto. de Medicina Social – UFPE

_______________________________________________________________ Rogério Dubosselard Zimmerman (Membro Titular Externo)

Depto. de Medicina Social – UFPE

________________________________________________________________ Adriana Falangola Benjamin Bezerra (Membro Suplente Interno)

Depto. de Medicina Social – UFPE

________________________________________________________________ Carla Cabral dos Santos Accioly Lins (Membro Suplente Externo)

Depto. de Anatomia – UFPE

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AGRADECIMENTOS

A Deus que tem guiado meus passos e me permitiu mais esta conquista.

A minha mãe Enerilda por uma vida dedicada a mim e minha irmã, nos

colocando sempre em primeiro lugar; por seu imenso amor e força em todos os

momentos.

A minha irmã Fabrícia pela paciência, companheirismo e amizade.

A meu pai Hildomar pelo amor, apoio e compreensão sempre.

A minha tia Jussara pela presença carinhosa em minha vida, sempre me

incentivando e apoiando em tudo.

À minha orientadora, professora Márcia, pelo acolhimento, confiança,

paciência, profissionalismo e pela pessoa humana maravilhosa que ela é.

A Fernando Oliveira que foi essencial na realização deste trabalho, doando

seu tempo e contribuindo com seus conhecimentos estatísticos.

A todos os professores e demais profissionais do Programa de Pós

Graduação Integrado em Saúde Coletiva- PPGISC/UFPE que contribuíram para o

meu crescimento pessoal e intelectual durante o mestrado.

Aos colegas de mestrado pela convivência, troca de conhecimento e amizade,

em especial Silvia e Wanessa pela grande amizade construída ainda no período de

Residência em Saúde Coletiva e que aumenta a cada dia.

Aos amigos e familiares que ajudaram com palavras de incentivo,

pensamentos positivos, momentos de descontração e de todas as formas possíveis

para o meu sucesso na conclusão dessa etapa tão importante na minha vida.

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“A menos que modifiquemos a nossa maneira

de pensar, não seremos capazes de resolver

os problemas causados pela forma como nos

acostumamos a ver o mundo”.

(Albert Einstein)

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RESUMO

O objetivo deste estudo foi analisar os aspectos temporais da mortalidade por

causas externas em idosos no estado de Pernambuco entre os anos de 1981 a

2010. Trata-se de um estudo ecológico exploratório do tipo série temporal. Os dados

de mortalidade foram obtidos do Sistema de Informações sobre Mortalidade e os

dados demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, disponíveis no

Datasus/MS. Foram calculados os coeficientes de mortalidade por causas externas

geral, segundo sexo, Gerência Regional de Saúde de residência por 100 mil idosos

e os coeficientes de mortalidade por causas externas específicas. Em seguida,

foram calculadas as médias, desvios padrão e mediana desses coeficientes no

período de estudo. Para a análise de tendência foi utilizada a técnica de alisamento

spline. Para análise de sazonalidade, foi calculado o índice de sazonalidade. O

Sistema de Informação sobre Mortalidade registrou 763.666 mortes em idosos de

1981 a 2010 das quais 19.132 (2,5%) foram por causas externas, a média do

período foi de 101,4 óbitos por 100 mil idosos, com uma razão média de sexos de

2,6 mortes masculinas para cada morte feminina. Os maiores coeficientes de

mortalidade por causas externas foram encontrados na I Gerência Regional de

Saúde. As quedas apresentaram tendência de crescimento e os suicídios de

redução. O estudo sinaliza a provável carência de políticas públicas de prevenção

dos acidentes e violências nessa faixa etária. No entanto, destaca a redução dos

suicídios como fator positivo na evolução dos óbitos por causas externas nos idosos

pernambucanos.

Palavras-chave: Análise temporal, causas externas, mortalidade, idosos.

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ABSTRACT

The aim of this study was to analyze the temporal aspects of mortality from external

causes in the elderly in Pernambuco between the years 1981-2010. . In order to do

this, an Ecological study was done with seasonal and temporal analysis. Data on

deaths were removed from the Mortality Information System and Population date

from the Brazilian Institute of Geography and Statistics, available on Datasus / MS.

Mortality rates for general external causes were calculated according to sex,

Regional Health Management of residence for 100,000 elderly and mortality rates for

specific external causes. Then we calculated the mean, standard deviation and

median of the coefficients in the study period. In the trend analysis, the reason of

death was softened by spline. For the seasonal index was calculated and compared.

The Mortality Information System recorded 763,666 deaths in the elderly from 1981

to 2010 of which 19,132 (2.5%) were by external causes, the average for the period

was 101.4 deaths per 100,000 elderly, with an average sex ratio of 2.6 male deaths

for each female death. The highest mortality rates from external causes were found

in the Regional Health Management I. Falls presented a growth trend and suicide

reduction. The study indicates the probable absence of public policies to prevent

accidents and violence in this age group. However, highlights the reduction in

suicides as a positive factor in the evolution of deaths from external causes in the

elderly Pernambuco.

Key words: Temporal analysis, external causes, mortality, elderly.

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1 Divisas do estado de Pernambuco. 29

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 Distribuição dos municípios de Pernambuco segundo

Regional de Saúde (Geres), Pernambuco, 2011.

30

Quadro 2 Variáveis de estudo. 33

Quadro 3 Grupos de causas externas e códigos segundo a CID 9 e CID

10, Recife, 2014.

34

Tabela 1 Coeficiente de mortalidade por causas externas em idosos

residentes em Pernambuco, geral e por sexo, 1981 a 2010.

37

Tabela 2 Coeficiente de mortalidade por grupos de causas externas

em idosos residentes em Pernambuco, 1981 a 2010.

38

Tabela 3 Coeficiente de mortalidade por causas externas em idosos

pernambucanos, por GERES de residência, 1981 a 2010.

39

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Razão bruta, suavizada e tendência de mortalidade por

causas externas em idosos residentes em Pernambuco,

1981 a 2010.

40

Gráfico 2 Razão bruta, suavizada e tendência de mortalidade por

acidentes de transporte em idosos residentes em

Pernambuco, 1981 a 2010.

41

Gráfico 3 Razão bruta, suavizada e tendência de mortalidade por

homicídio em idosos residentes em Pernambuco, 1981 a

2010.

42

Gráfico 4 Razão bruta, suavizada e tendência de mortalidade por

outras causas externas em idosos residentes em

Pernambuco, 1981 a 2010.

43

Gráfico 5 Razão bruta, suavizada e tendência de mortalidade por

evento com intenção indeterminada em idosos residentes

em Pernambuco, 1981 a 2010.

44

Gráfico 6 Razão bruta, suavizada e tendência de mortalidade por

quedas em idosos residentes em Pernambuco, 1981 a 2010.

45

Gráfico 7 Razão bruta, suavizada e tendência de mortalidade por

suicídio em idosos residentes em Pernambuco, 1981 a

2010.

46

Gráfico 8 Índice de sazonalidade de mortalidade por acidentes de

transporte em idosos residentes em Pernambuco, 1981 a

2010.

47

Gráfico 9 Índice de sazonalidade de mortalidade por homicídio em

idosos residentes em Pernambuco, 1981 a 2010.

48

Gráfico 10 Índice de sazonalidade de mortalidade por suicídio em

idosos residentes em Pernambuco, 1981 a 2010.

48

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 14

2. REFERENCIAL TEÓRICO 16

2.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL: CONQUISTA E DESAFIOS 16

2.2 POPULAÇÃO IDOSA: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA MORTALIDADE

POR CAUSAS EXTERNAS

21

3. OBJETIVOS 27

3.1. OBJETIVO GERAL 27

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 27

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 28

4.1 DESENHO DO ESTUDO 28

4.2 ÁREA DE ESTUDO 28

4.3 POPULAÇÃO DE ESTUDO E PERÍODO DE REFERÊNCIA 32

4.4 VARIÁVEIS DE ESTUDO 33

4.5 FONTES DE DADOS 34

4.5.1 Óbitos 34

4.5.2 Demográficos 34

4.6 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS 35

4.7 LIMITAÇÕES METODOLÓGICAS 36

4.8 ASPECTOS ÉTICOS 36

5 RESULTADOS

37

5.1 RESULTADOS DESCRITIVOS

37

5.2. ANÁLISE DE TENDÊNCIA

39

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5.3 ANÁLISE DE SAZONALIDADE

47

6 DISCUSSÃO

49

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

54

REFERÊNCIAS 56

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1 INTRODUÇÃO

Os dados de mortalidade por causas externas na população brasileira vêm

ocupando destaque na produção científica na área de saúde desde o início da

década de 80 quando iniciou um crescimento acelerado das taxas de mortalidade

por essas causas, refletindo a magnitude da violência no seu grau mais extremo.

(BRASIL, 2008) Destacamos que em 1980, a taxa de mortalidade por causas

externas no Brasil era de 59 óbitos por 100 mil habitantes (MINAYO; SOUZA; SILVA,

2001).

A elevada magnitude das mortes violentas e acidentais permanece presente

na última década. No ano de 2009, representaram a terceira causa de morte no

Brasil com 12,5% do total de óbitos. As agressões e acidentes de transporte

terrestre continuam como a primeira (36,8%) e segunda (26,5%) causa externa de

morte mais freqüente entre os brasileiros (MASCARENHAS et al, 2011).

Apesar da gravidade do quadro de mortalidade por causas externas no país,

pouca atenção tem sido dada ao estudo desse fenômeno nas faixas etárias mais

avançadas; tanto porque as vítimas das mortes violentas são predominantemente

adolescentes e jovens como também pela pouca visibilidade social que ainda é dada

a questão da violência contra os idosos no Brasil (MINAYO, 2003).

Porém, mesmo que o risco de morte ou ferimento por causas externas seja

maior em outras faixas etárias, o olhar para esses agravos na população idosa é

importante, uma vez que são causas evitáveis e vem aumentar a carga de

mortalidade nesse ciclo da vida. Ademais, as perdas humanas e a necessidade de

prestação de serviços de saúde que por vezes são de alta complexidade nesses

casos (SOUZA; MINAYO, 2010) e também das perdas econômicas, considerando a

participação crescente dessa parcela populacional na economia do país

(GAWRYSZEWSKI; JORGE; KOIZUMI, 2004).

Mesmo apresentando uma menor proporção de óbitos em relação aos outros

grupos etários; quando se analisam os coeficientes de mortalidade, observa-se um

elevado risco de morte por causas externas na população idosa (GAWRYSZEWSKI;

JORGE; KOIZUMI, 2004). No ano 2000, o número de óbitos por causas externas

nos idosos brasileiros foi de 13.383, com um coeficiente de mortalidade de

92,1/100.000 habitantes, sendo 135,3/100.000 para o sexo masculino e

56,8/100.000 para o feminino. Na população geral esse coeficiente foi de

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69,3/100.000 habitantes e na população de 15 a 29 anos, considerada de alto risco,

foi de 96,9/100.000 (GAWRYSZEWSKI; JORGE; KOIZUMI, 2004).

A trajetória de inserção do tema da violência e das causas externas entre os

idosos entrou na agenda política brasileira recentemente e ainda permanecem em

segundo plano comparando outros grupos como crianças, adolescentes e mulheres.

Entre as iniciativas importantes na última década do século XX e no inicio do século

XXI estão a Política Nacional do Idoso (1994), o Estatuto do Idoso (2003) a Política

Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (2006), e as duas Conferências Nacionais dos

Direitos do Idoso nos anos de 2006 e 2009 (SOUZA; MINAYO, 2010).

No entanto, documentos relacionados aos direitos dos idosos como a Política

de Saúde dos Idosos e a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por

Acidentes e Violências/PNRMAV (2001), assim como o Pacto pela Saúde (2006)

cuja saúde do idoso é uma das suas prioridades, não abordam de forma explícita a

questão dos acidentes e violências, sendo necessária uma maior atenção para essa

população que cresce aceleradamente e depende de cuidados mais complexos e

constantes.

Apesar dos acidentes serem culturalmente considerados inevitáveis,

pesquisadores apontam a possibilidade de preveni-los e evitá-los. As mortes por

causas externas são preveníveis tanto nos casos de suicídios que exigem ações

mais complexas como em outras situações, cujas medidas de prevenção são mais

simples (GAWRYSZEWSKI; JORGE; KOIZUMI, 2004).

O comprometimento dos serviços de saúde desde os níveis primários de

atenção, com a educação em saúde dos idosos e cuidadores, sobre o processo de

envelhecimento, assim como o treinamento para intervenções preventivas poderiam

reduzir os coeficientes de mortalidade nesse grupo etário (GOMES; BARBOSA;

CALDEIRA, 2010).

Diante do exposto e considerando a necessidade de estudos em relação ao

tema no estado de Pernambuco, faz-se necessário o monitoramento da mortalidade

por causas externas na população idosa a fim de servir de subsidio para a adoção

de políticas públicas e estratégias específicas de controle e prevenção, direcionadas

a esse grupo populacional. Portanto, esse estudo se propõe a responder ao seguinte

questionamento: Qual a evolução temporal da mortalidade por causas externas em

idosos residentes no estado de Pernambuco, considerando o período entre 1981 a

2010?

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL: CONQUISTA E DESAFIOS

O envelhecimento populacional no Brasil vem ocorrendo de forma rápida. A

partir de meados dos anos de 1980, a redução dos níveis de fecundidade e

mortalidade iniciadas em décadas anteriores começou a produzir efeito sobre o

padrão etário da população, modificando, desta forma, a pirâmide populacional de

um formato triangular de base alargada para um formato característico de uma

população em um ritmo acelerado de envelhecimento (IBGE, 2008). Em 1999 o

contingente com 60 anos ou mais de idade representava 9,1% da população

brasileira, já no ano de 2009 passou a representar 11,3% (IBGE, 2010) e a projeção

para 2050 será de 28,8% contra 13,1% de crianças e adolescentes no total da

população (IBGE, 2009).

Não só está ocorrendo um aumento proporcional do número de pessoas que

chegam aos sessenta anos, mas também o aumento da longevidade. A vida média

do brasileiro em 1940 era de 45,50 anos; essa média se elevou para 72,78 anos em

2008, ou seja, 27,28 anos a mais num período de 68 anos. Segundo a projeção, no

ano de 2050, essa média chegará ao patamar de 81,29 anos, praticamente se

igualando a países como Islândia (81,80), China (82,20) e Japão (82,60) (IBGE,

2008). O grupo de pessoas com 70 anos ou mais de idade representava 2,3% da

população total em 1980 e no ano de 2010 passou para 4,8%, atingindo neste ano o

quantitativo de 9.240.670 habitantes. (IBGE, 2011)

A despeito desse rápido processo de envelhecimento, nem mesmo os

grandes centros urbanos brasileiros dispõem de infra-estrutura de serviços voltadas

para atender às demandas decorrentes dessa transformação demográfica. Além da

falta de estrutura urbana, existe entre as regiões brasileiras uma grande

desigualdade no processo de envelhecimento, podendo ser observadas pela

desvantagem quanto à condição funcional dos idosos residentes na Região

Nordeste do país quando comparada principalmente às regiões sul e sudeste.

Segundo Paiva e Wajnman (2005) ao contrário dos países desenvolvidos

onde a transição demográfica ocorreu num contexto de bem estar social, o Brasil

não apresenta crescimento econômico satisfatório e seu sistema de seguridade

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17

social está distante da experiência dos países desenvolvidos. Dentro do cenário do

envelhecimento brasileiro existe uma profunda desigualdade de distribuição de

renda entre a população do país tanto entre os próprios idosos como entre os jovens

que no futuro serão idosos pobres perpetuando o quadro de desigualdades sociais.

Os benefícios previdenciários no Brasil são de caráter contributivo, ou seja,

vinculados aos trabalhadores formais. Estão estruturados em três diferentes

regimes: Regime Geral de Previdência Social (RGPS) que protege os trabalhadores

do setor privado e os trabalhadores públicos contratados pela via da Consolidação

das Leis do Trabalho – CLT; Regimes Próprios de Previdência dos Servidores

Públicos direcionados aos funcionários estatutários federais, estaduais, municipais e

os militares da esfera federal e a Previdência Privada de caráter complementar. As

aposentadorias por tempo de contribuição, idade ou invalidez e as pensões por

morte são principais benefícios pagos pelo RGPS aos idosos (BATISTA, et al, 2008).

Para atender às pessoas idosas ou com deficiência que não possuem meios

próprios, ou familiares de manutenção, existe Benefício de Prestação Continuada

(BPC), instituído na Constituição Federal e implementado em 1996 por meio do

Decreto número 1.744/1995. Podem receber o BPC, idosos a partir dos 65 anos e

renda mensal familiar per capita inferior a 1/4 do salário mínimo (SM). O Estatuto do

Idoso flexibiliza o critério de renda, uma vez que determina a não inclusão de pessoa

idosa na família beneficiada pelo BPC para fins de cálculo de renda familiar,

viabilizando o benefício para outro idoso da mesma família (BATISTA, et al, 2008).

As políticas de distribuição de renda de fato têm beneficiado a população

idosa, pois têm sido responsáveis pela redução da pobreza neste segmento

populacional. Porém, o aumento crescente esperado para esse grupo nas próximas

décadas, compromete a sustentabilidade dessa situação, sendo necessário

compatibilizar o sistema previdenciário com o padrão demográfico emergente

(BRITO 2008).

É necessário considerar a população economicamente ativa que não

contribui e que futuramente não poderá contar exclusivamente com as políticas de

transferência de renda definidas pela constituição. Visto que tais políticas dependem

do financiamento da seguridade social, efetivado pela população em idade ativa que

está realmente inserida no mercado de trabalho formal (CAMARANO; KANSO;

FERNANDES, 2013).

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18

Com o perfil demográfico atual e da próxima década, o Brasil ainda se

encontra em condições favoráveis, pois existe uma proporção de pessoas em idade

ativa suficientes para suprir as necessidades daquelas que não estão em idade de

trabalhar (CARVALHO; RODRÍGUEZ-WONG, 2008). Portanto, é o momento

propício para implementação de políticas de promoção do emprego formal; de

eliminação do trabalho infantil, de acesso à educação e à saúde a fim de reduzir as

desigualdades sociais, equacionando a questão dos idosos com maior investimento

também na população jovem para criar condições de mobilidade social no futuro

(BRITO, 2008).

A legislação brasileira apresenta importante marcos de proteção ao

envelhecimento como a Constituição Federal de 1988, a Lei Orgânica de Assistência

Social de 1993, a Política Nacional do Idoso de 1994, o Estatuto do Idoso de 2003 e

a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa de 2006, entre outros; porém essas

leis ainda não estão completamente implementadas, por diversas dificuldades desde

a precariedade de captação de recursos até a fragilidade do sistema de informação

para a análise das condições de vida e de saúde, como também a capacitação

inadequada de recursos humanos (FERNANDES; SOARES, 2012).

Em relação à saúde dos idosos, essa dificuldade é intensificada tendo em

vista, a complexidade do perfil epidemiológico do país, onde as doenças crônico-

degenerativas coexistem com expressiva presença de doenças infecciosas e causas

externas no quadro de morbimortalidade do Brasil (SCHRAMM et al, 2004). Há muito

pouco tempo, a saúde pública estava organizada para as demandas materno-

infantil, porém o rápido envelhecimento populacional requer o redirecionamento das

políticas sociosanitárias para essa nova realidade (FERNANDES; SOARES, 2012).

O aumento do número de idosos amplia a carga de doenças na população,

assim como a demanda por serviços de saúde, com internações hospitalares mais

freqüentes e maior tempo de ocupação do leito em relação às outras faixas etárias.

Essas e outras necessidades específicas desafiam o sistema de saúde a uma

mudança na sua organização para atender de forma eficiente e com qualidade aos

cidadãos da terceira idade (VERAS, 2009).

Estudo de avaliação da assistência hospitalar e ambulatorial brasileira entre

os anos de 1999 e 2009 demonstra que mudanças na assistência da rede pública,

nesse período, ocorreram de forma não planejada para atender às demandas

surgidas com as transformações demográficas, sociais e epidemiológicas, por

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exemplo, a distribuição irracional de especialidades, como a redução dos leitos e

internações na clínica médica, com estabilização no número de idosos internados

num momento de crescimento da população adulta e idosa (MENDES et al, 2012).

A perda da capacidade funcional decorrente da evolução das enfermidades e

do estilo de vida constitui-se no principal problema que pode afetar o idoso, pois

significa a perda das habilidades físicas e mentais necessárias para a realização de

suas atividades básicas e instrumentais da vida diária (BATISTA et al, 2008). O

declínio funcional é um componente intrínseco ao processo de envelhecimento que

aumenta progressivamente com a idade e está associado ao crescimento da carga

de morbidade, porém pode ser reduzido por meio de ações preventivas (IBGE,

2009).

Partindo deste princípio a proposta da Política Nacional de Saúde do Idoso é

de um modelo de atendimento da população idosa baseado na perspectiva do

envelhecimento ativo, considerando a segurança, a participação e a saúde,

dimensões importantes na vida da pessoa idosa. Na dimensão da saúde, enfatiza a

importância da manutenção da capacidade funcional do idoso, em termos de

cognição, comunicação e capacidade física (BATISTA et al, 2008).

As taxas de prevalência de incapacidade funcional são mais elevadas entre

os idosos mais pobres (com até 1 salário mínimo per capta) do que entre aqueles

com renda per capta de mais de 5 salários mínimos. A melhoria das condições

socioeconômicas e o acesso a equipamentos auxiliares para idosos com

dificuldades funcionais poderiam direcionar a um processo de envelhecimento mais

saudável (IBGE, 2009).

Além de pensar em políticas que propiciem a saúde durante toda vida,

inclusive a promoção de uma vida saudável, de ambientes sadios, de prevenção de

doenças e de aprimoramento de tecnologias de assistência, incluindo os cuidados

para a reabilitação e os serviços de saúde mental que podem minimizar ao longo do

tempo os níveis de incapacidades relacionados à velhice; é necessário valorizar a

Atenção Primária à Saúde como estratégia de promoção do acesso e da

integralidade do cuidado ao idoso que na sua maioria vive nas comunidades

(FERNANDES; SOARES, 2012).

Ainda no contexto das políticas de saúde, Küchemann (2012) afirma que não

deve ser ignorado o grande contingente de idosos fragilizados e dependentes cujos

cuidados, no Brasil, são prestados em sua grande maioria por um membro da

Page 20: ANÁLISE TEMPORAL DA MORTALIDADE POR CAUSAS … · XXI estão a Política Nacional do Idoso (1994), o Estatuto do Idoso (2003) a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (2006),

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família. No entanto, muitas famílias brasileiras não se encontram preparadas para

assumir o cuidado integral de seus idosos e passam por dificuldades desde

estruturais a socioeconômicas.

Diferentemente do que ocorre com outros países onde o envelhecimento

populacional tem ocorrido mais lentamente e onde o Estado tem se organizado para

oferecer serviços de suporte domiciliar para o idoso e seus cuidadores; a

participação do Estado brasileiro ainda é pontual e reduzida. Existe uma baixa

cobertura de serviços e alojamentos para cuidados de longa duração, além do

insuficiente suporte aos familiares e cuidadores, através de orientação, capacitação

e supervisão por parte de profissionais capacitados (KÜCHEMANN, 2012).

Embora o envelhecimento esteja associado a uma visão negativa e á idéia de

deterioração e perda nas sociedades ocidentais estudos antropológicos evidenciam

diferentes variedades de experiências relativas ao envelhecimento e a distinção

entre os elementos biológicos e os relacionados às características individuais, à

dinâmica social e às políticas públicas praticadas em cada sociedade. Tais fatores

desempenham papel na construção da maneira de envelhecer e na definição dos

problemas de saúde, assim como as estratégias para o seu enfrentamento (UCHÔA,

2003).

O bem-estar e exercício da cidadania dos idosos dependem também da

sociedade em que vivem, portanto, há a necessidade de infraestrutura de cuidados a

essa população em acelerado crescimento e de equipamentos sociais mais

eficientes e complexos. A avaliação da estrutura familiar e identificação do nível de

dependência dos idosos deve ser um dos principais objetivos para uma reorientação

dos Serviços Públicos de Saúde, de modo a oferecer suporte aos cuidadores e

acompanhamento diferenciado para cada contexto e com isso promover qualidade

de vida para toda a família (FERNANDES; SOARES, 2012).

A dependência da saúde do idoso de outros setores como educação,

alimentação, infraestrutura sanitária, habitação, meio ambiente, incentivos ao

trabalho, promoções ao estilo de vida saudável na área de esporte, cultura, lazer e

justiça, indica a necessidade de ações nessas diversas áreas. A feminização da

velhice que está intimamente relacionada às relações de gênero na sociedade

brasileira, as grandes diferenças regionais no processo de envelhecimento

populacional e a necessidade de muitos idosos de retornar ao mercado de trabalho

para complementar sua renda são alguns entre vários pontos a serem considerados

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no debate pela sociedade e Estado sobre as políticas públicas direcionadas à

população idosa (FERNANDES; SOARES, 2012).

2.2 POPULAÇÃO IDOSA: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA MORTALIDADE

POR CAUSAS EXTERNAS

Em números absolutos, a mortalidade por causas externas entre os idosos

brasileiros pode não chamar atenção. Entretanto quando comparados aos grupos

considerados mais vulneráveis, adolescentes e adultos jovens, os coeficientes de

mortalidade por essas causas são muito próximos dessas duas faixas etárias,

apontando a grande relevância das mortes por acidentes e violências na população

de 60 anos ou mais (GAWRYSZEWSK et al , 2010).

De 1980 a 2009, apesar da redução gradual dos óbitos por causas externas

entre idosos, as mortes desta natureza, permaneceram na sexta posição entre as

causas de morte na população idosa brasileira (LIMA-COSTA; PEIXOTO; GIATTI,

2004; MASCARENHAS et al, 2011). Em 1980, o coeficiente de mortalidade por

causas externas entre os homens maiores de 60 anos era de 154,3 mortes por

100.000 idosos e entre as mulheres foi de 66,7 mortes por 100.000 idosas (LIMA-

COSTA; PEIXOTO; GIATTI, 2004).

No ano de 2009, ainda na sexta posição, atrás apenas das doenças do

aparelho circulatório, neoplasias, doenças do aparelho respiratório, doenças

endócrinas e do aparelho digestivo, respectivamente; o coeficiente de mortalidade

por causas externas foi de 100,0 óbitos por 100 mil habitantes entre os adultos

jovens e de 110,4 óbitos por 100 mil habitantes entre os idosos. Neste ano, as

principais causas específicas foram as quedas, com 5.671 óbitos; acidentes de

transporte terrestre, 5.321; outras causas externas, 3.789; intenção indeterminada,

3.365, agressões, 1.929 e os suicídios,1378 (MASCARENHAS et al , 2011).

Uma análise dos dados do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes

(VIVA) no ano de 2009 aponta que o perfil dos atendimentos por causas externas

em idosos difere em vários aspectos daquele dos mais jovens. Em relação aos

adultos jovens, os idosos apresentaram menor escolaridade e maior proporção de

algum tipo de deficiência. Os atendimentos em decorrência de acidentes ocorreram

com maior proporção na residência; as quedas se destacaram, entre elas, a queda

do leito ou de outra mobília foi 58% maior entre os idosos que nos adultos jovens, e

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22

nos acidentes de trânsito, estes estavam na grande maioria na condição de

pedestre. Nos atendimentos em decorrência de violência, os idosos tiveram a

residência como principal local da agressão e seus familiares como maioria dos

autores (LUZ et al, 2011).

Neste mesmo ano, 61,8% das vítimas fatais de quedas foram idosos. Tal tipo

de óbito acometeu mais intensamente os idosos de sexo masculino, apresentando

um risco de 31,9 óbitos por 100 mil homens e no sexo feminino de 27,0 óbitos por

100 mil mulheres, portanto, com uma razão de sexos de 1,8 (MASCARENHAS et al ,

2011).

Em relação ao gênero, as causas externas de mortalidade predominam entre

os homens, porém há diferenciais entre os sexos quanto às causas externas

específicas de óbito. Nos anos de 1980, 1991 e 2000, a mortalidade por acidentes

de trânsito e atropelamentos predominava entre os homens, já nas mulheres, as

causas mais freqüentes foram as quedas e os eventos de intenção indeterminada

(LIMA-COSTA; PEIXOTO; GIATTI, 2004).

Alguns estudos indicam que fatores fisiológicos relacionados ao

envelhecimento como faixa etária mais elevada, declínio da função visual e

musculoesquelética predispõem ao risco de quedas (GAWRYSZEWSKI, 2010;

ALMEIDA et al, 2012). O grande número de traumatismos intracranianos

decorrentes de quedas no mesmo nível evidencia que estas ocorrências também

podem ser desencadeadas por perda de consciência (síncopes ou tonturas),

escorregão em superfície lisa ou molhada (banheiros e cozinhas), alta fragilidade do

idoso, entre outras, sendo necessária a atenção ao uso de medicamentos pelo idoso

e seus efeitos adversos (GAWRYSZEWSKI, 2010); bem como do uso inadequado

desses medicamentos (GOMES; BARBOSA; CALDEIRA, 2010).

As quedas, além de serem importantes causadores de mortes na população

idosa, ocasionam danos físicos, como lesões teciduais, ferimentos e fraturas,

redução da mobilidade; declínio funcional; aumento da dependência e questões

psicossociais, como medo de cair (MAIA et al, 2011), isolamento e perda da

autonomia, autoconfiança, depressão e ansiedade (CAVALCANTE; AGUIAR;

GURGEL, 2012), ou seja, promovem uma grande diminuição da qualidade de vida

do idoso.

Intervenções como exercícios físicos direcionados para o treino da força,

equilíbrio e propriocepção (FERNANDES et al, 2012), nutrição adequada,

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manutenção da segurança do ambiente (FREITAS et al, 2011), exame rotineiro para

identificar fatores de risco, tais como acuidades auditiva e visual, osteoporose,

dificuldades cognitivas, emocionais e na mobilidade são necessárias para redução

tanto da mortalidade por quedas,como as demais conseqüências delas advindas

(GAWRYSZEWSKI, 2010).

No ano de 2009, 5.320 idosos foram vítimas fatais de acidentes de trânsito,

com um coeficiente de mortalidade de 27,4/100 mil habitantes, maior coeficiente de

mortalidade por acidentes de trânsito entre todos os grupos etários. O coeficiente de

mortalidade para o sexo masculino foi de 44,0/ 100 mil homens e o feminino foi de

14,0/100 mil mulheres (MASCARENHAS et al, 2011). Segundo Bacchieri e Barros,

(2011), desde a implementação do Código de Trânsito Brasileiro, em 1998 até 2010

os pedestres são as vítimas de acidentes de trânsito com maior taxa de letalidade e

entre os pedestres que sofreram acidentes, 70% eram crianças ou idosos.

Não obstante, as quedas e os acidentes de trânsito estejam ligados a

componentes biológicos do envelhecimento acentuados pelas enfermidades como

dificuldades de locomoção, instabilidade visual e postural, tais agravos são

fortemente influenciados por fatores sociais e ambientais (BIAZIN; RODRIGUES,

2009). Políticas públicas, envolvendo planejamento e educação no trânsito, são

essenciais para minimizar tantas mortes traumáticas (GOMES; BARBOSA;

CALDEIRA, 2010).

Embora os homicídios representem uma pequena proporção em relação às

demais causas externas de óbito em idosos, tiveram um importante crescimento nas

décadas de 80 e 90, passando de 7,2% dessas mortes no ano de 1980 para 9,6%

em 1998(MINAYO; SOUZA; SILVA, 2001) e no ano 2000, foram 1.387 mortes de

idosos brasileiros por homicídios, correspondendo a 10,3% do total. Tais óbitos

merecem mais atenção e investigações mais profundas, principalmente para

esclarecimento de quais deles resultaram de maus tratos aos idosos

(GAWRYSZEWSKI; MELLO JORGE; KOIZUMI, 2004).

O suicídio também é uma das causas externas com significativa relevância na

terceira idade. Na década de 1980, a média anual dessas mortes foi de 595, 3

óbitos/ano; na década de 1990 foi de 854,7 óbitos/ano e entre os anos de 2000 a

2006 foi de 1.142 mortes anuais (MINAYO et al, 2012). Entre os anos de 1980 e

2006, houve um crescimento de 19% nas taxas de suicídio entre os brasileiros

maiores de 60 anos. Neste período os índices mais altos de mortalidade por auto-

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agressão foram registrados na faixa etária de 70 anos ou mais com uma média de

7,8 mortes por 100.000 habitantes, enquanto a taxa geral variou de 4,4 para 5,7

mortes por 100.000 habitantes (LOVISI et al , 2009).

A literatura aponta o suicídio como fenômeno complexo e associado a fatores

econômicos (VIGNOLO et al, 2013), sociais, físicos, neurobiológicos e psicológicos.

As doenças graves e degenerativas, dependência física, distúrbios, sofrimentos

mentais, diferenças de gênero, abandono familiar e social contribuem com a auto-

agressão nos idosos (MINAYO; CAVALCANTE, 2010). Em contrapartida, “a vivência

da diversidade cultural, as múltiplas possibilidades de acesso ao lazer e a vida ao ar

livre” (LOVISI et al, 2009) ” boa qualidade das relações sociais, suporte afetivo

(MINAYO; CAVALCANTE, 2010) e o envelhecimento ativo, com a preservação da

autonomia do idoso podem ser considerados fatores protetores contra o suicídio

(PINTO et a, 2012).

As mortes por lesões auto-infligidas nos idosos do sexo masculino

apresentaram tendência de crescimento entre 1980 e 2006 e tiveram maiores

coeficientes que na população de homens jovens e entre as mulheres idosas.

Enquanto os coeficientes de mortalidade de homens jovens oscilaram entre 5,7/100

mil a 8,8/100 mil em todo o período, os coeficientes relativos à população idosa

masculina chegaram a 15,4/ 100 mil no ano de 2005; na população idosa feminina, a

mortalidade por suicídio teve tendência de queda e seu maior coeficiente no período

foi de 3,6/ 10 mil, no ano de 1991 (MINAYO et al, 2012).

Em 2009, o risco de morte por suicídio a partir dos 60 anos de idade foi de 7,1

óbitos por 100 mil habitantes, sendo considerado elevado em relação aos demais

grupos etários. Os homens foram os mais vitimados, com um risco de morte por

essa causa 5,4 maior que o observado entre as mulheres idosas (MASCARENHAS

et al , 2011). Em estudo realizado por Pinto et al ( 2012), nos municípios brasileiros

no período de 2005 a 2007, foi observado como fatores associados ao suicídio em

idosos, o sexo masculino, a cor branca e as internações por transtornos de humor.

Nesse estudo, destaca-se que apenas 34 dos municípios brasileiros (0,6%) contava

com delegacias especiais para idosos e 68 (1,2%) com Centros de Prevenção à

Violência.

O alto risco de morte auto-inflingida nos homens idosos revela a importância

das questões culturais atuando nas diferenças desse tipo de morte entre os gêneros.

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Os papéis atribuídos ao gênero masculino de provedor e ao feminino de cuidador

facilitam o cuidado da saúde e maior sociabilidade das mulheres idosas em oposição

ao que ocorre com os homens; sendo assim, as mulheres tendem a morrer menos

por violência e autoviolência (MINAYO; MENEGHEL; CAVALCANTE, 2012).

O imaginário negativo em relação à velhice presente na sociedade atual

contribui com diversos tipos de perdas sofridas nas idades mais avançadas como o

abandono por parte dos familiares, a solidão, perda de status, aposentadoria

acompanhada de perdas financeiras e a constante ligação com a proximidade da

morte. Tais fatores podem ter relação com o suicídio embora o mesmo seja um

evento complexo e envolva também outros fatores (GAWRYSZEWSKI; JORGE;

KOIZUMI, 2004).

Além do óbito do idoso, o suicídio é um evento impactante na família,

acarretando culpa, desintegração familiar, isolamento social, estigma e preconceito

social, repercutindo negativamente na saúde física e mental desses familiares.

Neste contexto, além de políticas voltadas para a prevenção do suicídio e proteção

do idoso brasileiro, o setor saúde deve estar preparado para dar suporte às famílias

das vítimas, nos casos que não puderam ser evitados (FIGUEIREDO et al, 2012).

As mortes com intenção indeterminada devem ser objeto de preocupação,

pois possivelmente ocorrem em idosos que moram sozinhos e não dispõe de

assistência, fator que dificulta a definição da causa básica da morte, comprometendo

a qualidade dos dados de mortalidade. Em 2008 o coeficiente de mortalidade por

eventos com intenção indeterminada foi de 17,5 por 100.000 habitantes na

população idosa enquanto na população geral foi de 7,2 por 100.000 habitantes

(GAWRYSZEWSK et al , 2010).

É visível o aumento da produção científica relacionada à violência contra a

pessoa idosa no Brasil. Muito se tem pesquisado e aprofundado em alguns temas

como no caso dos estudos sobre quedas e houve também um aprimoramento

metodológico, assim como um aumento na variedade de profissionais envolvidos

nesse tipo de pesquisa. Porém, faz-se necessário a continuidade e aprimoramento

desses estudos, priorizando temas ainda pouco abordados apesar da grande

relevância no quadro epidemiológico da população idosa como é o caso dos

acidentes de trânsito que estão entre as primeiras causas externas de mortalidade

nessa população. Outras causas violentas como o homicídio, merecem investigação

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visando contribuir para o avanço do conhecimento; aprimoramento e adequação das

políticas direcionadas aos idosos brasileiros (MINAYO; SOUZA; PAULA, 2010).

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Analisar os aspectos temporais de mortalidade por causas externas em

idosos no Estado de Pernambuco entre os anos de 1981 a 2010.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Descrever o perfil dos óbitos por causas externas em idosos, segundo sexo,

Gerência Regional de Saúde de residência, e suas causas especificas de

acordo com o CID, no período do estudo;

Analisar a presença de tendência na mortalidade por causas externas e

causas específicas em idosos residentes no estado de Pernambuco.

Analisar a presença de movimentos sazonais para óbitos por quedas,

homicídios, suicídios e acidentes de transporte para a série estudada.

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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo ecológico exploratório tipo série temporal que de acordo

com Medronho (2009) “avalia a evolução das taxas de doença ao longo do tempo

em uma determinada população geograficamente definida”, além disso, pode ser

utilizado para prever tendências futuras do agravo ou avaliar impacto de

intervenções sobre a população.

Este tipo de estudo, também denominado série histórica, é composto por três

componentes: tendência, sazonalidade e variação aleatória que devem ser

estudados separadamente, retirando-se o efeito dos outros. A análise de séries

históricas deve ser realizada com métodos estatísticos adequados, considerando o

tipo de série analisada e o objetivo do trabalho.

4.2 ÁREA DE ESTUDO

A referida pesquisa foi realizada no estado de Pernambuco que está situado

no nordeste do Brasil, faz divisa com a Paraíba, Ceará, Alagoas, Bahia e Piauí

(Mapa 1). Apresenta uma superfície territorial de 98.146,315 Km2. É composto por

184 municípios e o território estadual de Fernando de Noronha. Dentre os quais 81%

são de pequeno porte; 12,4% são de médio porte; 5,9% são de grande porte e sua

capital, Recife, é uma metrópole nacional (PERNAMBUCO, 2011).

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Mapa 1: Divisas do estado de Pernambuco. Extraído de Guianet.com.br.

O Estado está dividido em quatro macrorregiões (Região Metropolitana do

Recife- RMR, Zona da Mata, Agreste e Sertão). A RMR é composta por Recife e

mais 13 municípios (Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo de Santo Agostinho,

Camaragibe, Igarassu,Ipojuca,Itamaracá,Itapissuma, Jaboatão dos Guararapes,

Moreno, Olinda e Paulista), e juntamente com a Zona da Mata concentra 57% da

população estadual. O Agreste é onde se encontra a segunda maior concentração

populacional, seguido pelo Sertão (PERNAMBUCO, 2011).

De acordo com o Plano Diretor de Regionalização 2011, os municípios do

estado estão agrupados em 12 Regiões de Saúde (Quadro 1).

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Quadro 1: Distribuição do municípios de Pernambuco segundo Regional de

Saúde ( Geres), Pernambuco, 2011.

Regional Sede Municípios

I Geres Recife

Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Chã Grande, Chã de Alegria, Glória de Goitá, Fernando de Noronha, Goiana, Igarassu, Ipojuca, Itamaracá, Itapissuma, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Olinda, Paulista, Pombos, Recife, São Lourenço da Mata, Vitória de Santo Antão

II Geres Limoeiro

Bom Jardim, Buenos Aires, Carpina, Casinhas, Cumaru, Feira Nova, João Alfredo, Lagoa de Itaenga, Lagoa do Carro, Limoeiro, Machados, Nazaré da Mata, Orobó, Passira, Paudalho, Salgadinho, Surubim, Tracunhaém, Vertente do Lério, Vicência.

III Geres Palmares

Água Preta, Amaraji, Barreiros, Belém de Maria, Catende, Cortês, Escada, Gameleira, Jaqueira, Joaquim Nabuco, Lagoa dos Gatos, Maraial, Palmares, Primavera, Quipapá, Ribeirão, Rio Formoso, São Benedito do Sul, São José da Coroa Grande, Sirinhaém, Tamandaré, Xexéu.

IV Geres Caruaru

Agrestina, Alagoinha, Altinho, Barra de Guabiraba, Belo Jardim, Bezerros, Bonito, Brejo da Madre de Deus, Cachoeirinha, Camocim de São Félix, Caruaru , Cupira, Frei Miguelinho, Gravatá, Ibirajuba, Jataúba, Jurema, Panelas, Pesqueira, Poção, Riacho das Almas, Sairé, Sanharó, Santa Cruz do Capibaribe, Santa Maria do Cambucá, São Bento do Una, São Caetano, São Joaquim do Monte, Tacaimbó, Taquaritinga do Norte, Toritama, Vertentes

V Geres Garanhus

Águas Belas, Angelim, Bom Conselho, Brejão, Caetés, Calçado, Canhotinho, Capoeiras, Correntes, Garanhuns, Iati, Itaíba, Jucati, Jupi, Lagoa do Ouro, Lajedo, Palmerina, Paranatama, Saloá, São João, Terezinha.

Continua

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Continuação

Regional Sede Municípios

VI Geres Arcoverde

Arcoverde , Buíque, Custódia, Ibimirim, Inajá, Jatobá, Manari, Pedra, Petrolândia, Sertânia, Tacaratu, Tupanatinga, Venturosa.

VII Geres Salgueiro Belém do São Francisco, Cedro, Mirandiba, Salgueiro, Serrita, Terra Nova, Verdejante.

VIII Geres Petrolina Afrânio, Cabrobó, Dormentes, Lagoa Grande, Orocó, Petrolina, Santa Maria da Boa Vista.

IX Geres Ouricuri Araripina, Bodocó, Exu, Granito, Ipubi, Moreilândia, Ouricuri , Parnamirim, Santa Cruz, Santa Filomena, Trindade.

X Geres Afogados da Ingazeira

Afogados da Ingazeira, Brejinho, Carnaíba, Iguaraci, Ingazeira, Itapetim, Quixaba, Santa Terezinha, São José do Egito, Solidão, Tabira, Tuparetama.

XI Geres Serra Talhada Betânia, Calumbi, Carnaubeira da Penha, Flores, Floresta, Itacuruba, Santa Cruz da Baixa Verde, São José do Belmonte, Serra Talhada, Triunfo.

XII Goiana Goiana, Aliança, Camutanga, Condado, Ferreiros, Itambé, Itaquitinga, Macaparana, São Vicente Férrer, Timbaúba.

Assim como a Região Nordeste e o Brasil, o estado encontra-se em avançada

transição demográfica caracterizada pelo progressivo envelhecimento populacional.

Embora apresente a terceira menor expectativa de vida ao nascer do Nordeste (69,1

anos), superando apenas o Maranhão e Alagoas, teve um aumento na população

idosa de 4,1% entre os anos de 1999 e 2009, enquanto o Nordeste e o Brasil

tiveram 3,6% e 3,1% de aumento no mesmo período (IBGE, 2010).

A população pernambucana no ano de 1991 era de 2.076.201 habitantes, o

número de pessoas com 60 anos ou mais era de 559.068 (7,8%). Entre os idosos,

304.097 eram do sexo feminino e 254.971 do sexo masculino, com uma razão de

sexos de 1,2 mulheres para cada homem. Em relação à situação de domicílio,

394.158 (70,5%) residiam na zona urbana e 164.910 (29,5%) na zona rural.

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Segundo dados do Censo demográfico de 2010, neste ano, a população

residente em Pernambuco era de 8.796.448 habitantes, destes, 936.759 tinham

idade de 60 anos ou mais (10,6%). Entre os idosos pernambucanos, 537.463 eram

do sexo feminino e 399.296 do sexo masculino, a razão entre os sexos era de 1,3

mulheres para 1 homem. Em relação à situação de domicílio, 751.991(80,3%)

residiam na zona urbana e 184.768 (19,7%) na zona rural; proporção muito parecida

com a da população geral do estado nesse mesmo ano que era de 80,2% e 19,8%,

respectivamente. A maior parte dos idosos pernambucanos referiu ser parda

(50,1%) e branca (41,2%) seguindo também o padrão da população geral do estado

(53,3% pardos e 36,7% brancos).

De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios, no ano de

2011, o índice de envelhecimento que é a razão entre o número de pessoas de 60

anos ou mais de idade para cada 100 pessoas de menos de 15 anos de idade, no

Estado foi de 47,0; na Região Metropolitana foi de 58,2; no Brasil e no Nordeste

esse índice foi de 51,8 e 44,2 respectivamente. A média de estudo dos idosos

pernambucanos foi de 3,7 anos, abaixo da brasileira de 4,4 anos, na RMR essa

média sobe para 5,4 anos. Em percentual, 45,7% dos idosos no Estado não tem

instrução ou tem menos de 1 ano de estudo, 12,6% tem de 1 a 3 anos de estudo,

25,1% tem de 4 a 8 anos de estudo e 16,6% estudaram 9 anos ou mais

(IBGE,2012).

4. 3 POPULAÇÃO DE ESTUDO E PERÍODO DE REFERÊNCIA

A população de estudo corresponde a todos os óbitos captados no Sistema

de Informação sobre Mortalidade (SIM) ocorridos no período de 1981 a 2010 entre

idosos residentes no estado de Pernambuco cuja causa básica de óbito registrada

na Declaração de Óbito (DO) seja uma causa externa.

Na 9ª revisão da CID o grupo das causas externas abrange os códigos E800

a E999 do capítulo suplementar e na 10ª revisão assumem os códigos V01 – Y98 do

capítulo XX.

Considerou-se idoso o indivíduo com idade de 60 anos ou mais, conforme o

Estatuto do Idoso, disposto na Lei nº 10.741, de 01.10.2003, que estabelece este

como o limite etário inferior na definição de idoso.

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33

4. 4 VARIÁVEIS DE ESTUDO

Quadro 2. Variáveis do estudo.

VARIÁVEL DEFINIÇÃO/ CATEGORIZAÇÃO

Va

riáv

eis

in

dep

en

den

tes

Ano do óbito. 1981-2010.

Sexo. Masculino e feminino. Exclui-se o

sexo ignorado.

Gerência regional de saúde de

residência.

Definidas no Plano Diretor de

Regionalização do Estado de

Pernambuco.

Va

riáv

el d

ep

en

de

nte

Coeficiente de mortalidade por causas

externas e por causas externas

específicas.

a 9ª Classificação Internacional

de Doenças (CID9) será adotada

para as mortes registradas entre

1991 e 1995 e a 10ª Classificação

Internacional de Doenças (CID10)

para as mortes registradas de

1996 a 2010. Os tipos de

acidentes serão agrupados em:

acidentes de trânsito e transporte;

quedas; homicídios; suicídios;

evento cuja intenção é

indeterminada e outras causas

externas.

No quadro abaixo se apresenta a correspondência entre os códigos das CID

9 e CID 10 para os agrupamentos de causas externas específicas.Tal classificação

foi adotada considerando as causas de mortalidade mais incidentes em idosos e

também por ter sido utilizada por outros autores, o que facilita a discussão dos

resultados encontrados (GAWRYSZEWSKI; MELLO JORGE; KOIZUMI,

2004;RIPSA, 2008; BRASIL,2009; GOMES;BARBOSA;CALDEIRA, 2010).

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34

Quadro 3: Grupos de causas externas e códigos segundo a CID 9 e CID 10. Recife,

2014.

CID 9 CID 10

Nomenclatura Código Nomenclatura Código

Acidentes de

transporte e

Acidentes de

Trânsito

E8000-E848 Acidentes de

transporte

V01-V99

Quedas acidentais E880-E 888 Quedas W00-W19

Suicídios e lesões

auto-inflingidas

E950-E959 Lesões

autoprovocadas

Voluntariamente

X60-X84

Homicídios e

lesões provocadas

intencionalmente

por outras pessoas

E960-E969 Agressões X85-Y09

Outras causas

externas

E850-E879, E890-

E949, E970-E978,

E990-E999

Outras causas

externas

W20-W99 ,X00-

X59, Y35-Y36,

Y40-Y89

Lesões em que se

ignora

se acidental ou

intencionalmente

infligidas

E980-E989 Eventos (fatos)

cuja intenção é

indeterminada

Y10-Y34

4.5 FONTE DE DADOS

4.5.1 Óbitos

Os dados foram obtidos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)

disponíveis no Datasus/MS.

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35

4.5.2 Demográficos

Foram utilizados como fontes de dados populacionais, os censos demográficos

de 1980, 1991, 2000, 2010, a contagem populacional de 1996 e as projeções

intercensitárias estimadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

e disponibilizadas no sítio do Datasus.

4. 6 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Foi realizado o download do banco de dados do SIM, disponível na página da

internet do Departamento de Informática do SUS (Datasus). Os dados foram

tabulados no programa TabWin.

Para a análise descritiva foram calculados os coeficientes de mortalidade por

causas externas geral, segundo os sexos, Gerência Regional de Saúde de

residência por 100.000 idosos e os coeficientes de mortalidade por causas externas

específicas por 100.000 idosos. Após cálculo dos coeficientes, foram calculadas as

médias, mediana e desvio padrão dos trinta anos analisados.

Para a análise de tendência, foi calculada a taxa de causas externas para

ambos os sexos na faixa etária acima de 60 anos para os anos de 1981 a 2010.

Para garantir a estabilidade dos dados, foi utilizada a técnica de alisamento spline, a

fim de controlar as flutuações decorrentes de subnotificações. Em seguida as séries

foram ajustadas segundo modelo de regressão linear de primeira ordem. O ajuste do

modelo foi avaliado através do coeficiente de regressão (R²) e pela significância do

teste. Para análise de sazonalidade, foi calculado o índice de sazonalidade que

consiste na média das médias mensais do coeficiente de causas externas

específicas. Para o cálculo deste, foi utilizada a técnica de interpolação geométrica

das populações a fim de se estimar as populações mensais. Em seguida foi

verificada a homogeneidade da amostra através do teste de Levene. O teste ANOVA

foi aplicado para verificar a presença de meses atípicos, sugestivos de sazonalidade

e por fim, o pós-teste LSD para verificar qual mês apresenta diferença significante

em relação aos demais.

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36

4.7 LIMITAÇÕES METODOLÓGICAS

Por se tratar de um estudo que utiliza dados secundários, a provável

subnotificação dos casos (mortes) reduz a possibilidade de conhecimento real da

situação de saúde.

4.8 ASPECTOS ÉTICOS

Por ser um estudo que utiliza dados secundários de acesso público o projeto não

foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa.

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37

5 RESULTADOS

5.1 RESULTADOS DESCRITIVOS

Em Pernambuco foram registrados no Sistema de Informação sobre

Mortalidade – SIM, 763.666 mortes na faixa etária de 60 anos ou mais no período de

1981 a 2010 das quais 19.132 (2,5%) foram por causas externas.

Com relação ao coeficiente de mortalidade por causas externas no período de

estudo, a média foi de 101,4 óbitos por 100 mil idosos (Tabela 1), com uma razão

média de sexos de 2,6 mortes masculinas para cada morte feminina. A variação

percentual observada entre o primeiro ano da série e o último foi de 27,7 e entre os

anos que apresentaram o menor e o maior coeficiente (1992 e 1988

respectivamente) foi de 45,2 No sexo masculino a variação entre 1981 e 2010 foi de

28,8% e no sexo feminino foi de 34,3%.

Tabela 1. Coeficiente de mortalidade por causas externas em idosos residentes em

Pernambuco, geral e por sexo, 1981 a 2010.

Coeficiente de mortalidade/ 100 mil idosos

Média Desvio padrão

Mediana Valor mínimo/ano

Valor máximo/ano

Causas externas 101,4 9,5 102,4 81,1(em 1992)

117,8 (em 1988)

Causas externas no sexo masculino

152,6 12,5 149,5 126,2(em 1992)

174,4 (em 1988)

Causas externas no sexo feminino

59,5 9,3 58,4 43,6 (em 1992)

84,8 (em 2009)

Entre os grupos de causas externas a maior média e mediana no período foi

dos coeficientes de mortalidade por acidentes de transporte. O suicídio teve

menores medidas de tendência central e menor variação no período com desvio

padrão de 2,1. Os coeficientes de mortalidade por eventos com intenção

indeterminada tiveram destaque por sua maior variação no tempo apresentando um

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38

risco de óbito no ano de coeficiente máximo quase dobrado em relação ao do ano

de 2001 que teve o coeficiente mínino (Tabela 2).

No período de estudo, os riscos de morte por causas externas em idosos

pernambucanos foram diferentes entre os sexos de acordo com cada grupo de

causas. Os homens apresentaram em média, 9 vezes mais risco de morte por

homicídios que as mulheres ; 4 vezes mais risco de morte por suicídio; 3 vezes mais

por acidentes de transporte; 2 vezes mais por eventos com intenção indeterminada e

por outras causas externas. Somente o risco médio de óbito por quedas foi igual

entre os sexos, com uma variação entre o mínimo de 0,5 e 1,2 óbitos masculino para

cada óbito feminino.

Tabela 2. Coeficiente de mortalidade por grupos de causas externas em idosos residentes em Pernambuco, 1981 a 2010.

A I GERES, composta pelos municípios da região metropolitana do Recife, foi

a que apresentou os maiores coeficientes de mortalidade por causas externas em

idosos, com média e mediana no período superior a do Estado de Pernambuco. Os

idosos residentes na X GERES foram, em média, expostos aos menores riscos de

mortalidade por causas externas do Estado; porém esta Gerência apresentou uma

grande variação em torno do coeficiente médio de mortalidade ( Tabela 3).

Coeficiente de mortalidade/ 100 mil idosos

Média Desvio padrão

Mediana Valor mínimo/ano

Valor máximo/ano

Acidentes de transporte

30,8 4,2 31,1 24,4 (2005) 38,5 (1986)

Quedas 16,0 4,2 16,7 8,7 (1987) 24,9 (2007)

Suicídio 5,4 2,1 5,2 1,1 (1982) 9,4 (1997)

Homicídio 19,0 3,4 19,2 12,1 (2008) 26,6 (1998)

Eventos com intenção indeterminada

12,8 6,0 14,3 5,2 (2001) 26,2 (1988)

Outras causas externas

17,5 5,3 16,4 8,8 (1994) 29,5 (2009)

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39

Tabela 3. Coeficiente de mortalidade por causas externas em idosos pernambucanos, por GERES de residência, 1981 a 2010.

Coeficiente de mortalidade por causas externas/ 100 mil idosos

Média Desvio padrão

Mediana Valor mínimo/valor máximo

I GERES 125,4 15,6 126,4 89,4 /149,8

II GERES 90,3 17,4 90,2 58,3 /124,8

III GERES 101,6 22,1 97,8 66,7 /159,6

IV GERES 82,3 16,2 84,7 45,8 /100,8

V GERES 71,0 14,1 69,9 41,7 /100,3

VI GERES 64,1 16,3 61,8 34,1 /101,9

VII GERES 75,6 23,2 76,9 25,6 /114,8

VIII GERES 94,9 24,5 97,7 21,6 /135,8

IX GERES 67,2 31,6 61,5 6,1 /139,6

X GERES 55,6 29,9 46,0 15,0 /112,4

XI GERES 84,6 29,3 88,5 32,1 /148,1

XII GERES 90,6 20,6 92,2 51,6 /133,5

Pernambuco 101,4 9,5 102,4 81,1 /117,8

5.2. ANÁLISE DE TENDÊNCIA

Na análise temporal não se verificou movimento de tendência

estatisticamente significante para as causas externas, acidentes de transporte,

homicídios, outras causas externas e eventos com intenção indeterminada (Gráficos

1 a 5).

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Gráfico 1. Razão bruta, suavizada e tendência de mortalidade por causas externas

em idosos residentes em Pernambuco, 1981 a 2010.

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Gráfico 2. Razão bruta, suavizada e tendência de mortalidade por acidentes de

transporte em idosos residentes em Pernambuco, 1981 a 2010.

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Gráfico 3. Razão bruta, suavizada e tendência de mortalidade por homicídio em

idosos residentes em Pernambuco, 1981 a 2010.

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Gráfico 4. Razão bruta, suavizada e tendência de mortalidade por outras causas

externas em idosos residentes em Pernambuco, 1981 a 2010.

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Gráfico 5. Razão bruta, suavizada e tendência de mortalidade por evento com

intenção indeterminada em idosos residentes em Pernambuco, 1981 a 2010.

Apenas os modelos de Queda e Suicídio apresentaram boa capacidade de

explicar a flutuação dos dados (R²>0,7 e p < 0,05), o que significa que apenas para

estas variáveis é observada tendência. Em relação às mortes por quedas houve

tendência de crescimento com incremento anual de 0,9625 óbitos por 100.000

idosos( R²= 0,90; p= 0,00) e no caso dos suicídios houve tendência de redução( R²=

0,77;p=0,00), com diminuição anual de 1,3869 por 100.000 idosos (Gráficos 6 e 7) .

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Gráfico 6. Razão bruta, suavizada e tendência de mortalidade por quedas em idosos

residentes em Pernambuco, 1981 a 2010.

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Gráfico 7. Razão bruta, suavizada e tendência de mortalidade por suicídio em idosos

residentes em Pernambuco, 1981 a 2010.

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47

5.3 ANÁLISE DE SAZONALIDADE

O teste de Levene sugeriu que apenas a variável acidente de transporte

apresentou homogeneidade das variâncias. Desta forma, foi aplicado o teste não

paramétrico de Kruskal-Wallis para verificar a presença de movimentos sazonais.

Esta hipótese foi rejeitada ao nível de 5%. Para as demais variáveis, foi aplicado o

teste ANOVA, porém também não foi verificado movimentos sazonais nas séries,

portanto não há evidência de que o índice de sazonalidade varie entre os meses

sugerindo que os eventos ocorrem de forma aleatória ao longo dos anos.

Gráfico 8. Índice de sazonalidade de mortalidade por acidentes de transporte em

idosos residentes em Pernambuco, 1981 a 2010.

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Gráfico 9. Índice de sazonalidade de mortalidade por homicídio em idosos residentes

em Pernambuco, 1981 a 2010.

Gráfico 10. Índice de sazonalidade de mortalidade por suicídio em idosos residentes

em Pernambuco, 1981 a 2010.

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6 DISCUSSÃO

O aumento percentual na mortalidade por causas externas nos idosos

residentes em Pernambuco estão de acordo com aquelas encontradas para a

população brasileira a partir de 1980 até meados dos anos 2000(JORGE; KOIZUMI;

TONO, 2012). O coeficiente de mortalidade por causas externas no Brasil que era

59,0 por 100 mil habitantes passou para 70,6 em 2004, com um incremento de 20%

(MELLO JORGE; YUNES, 2011; RIPSA, 2008).

Em relação ao sexo, a maior mortalidade nos homens idosos corrobora com

os resultados encontrados na literatura nacional e internacional (LOVISI et al, 2009;

PINTO et al , 2012 ; MINAYO et al , 2012;ABEL, et al, 2012; VIGNOLO et al, 2013; ).

A razão de sexos média do Estado nas três décadas estudadas demonstra o que

ocorre tanto na população geral como entre os idosos brasileiros, a predominância

da mortalidade masculina sobre a feminina quando se trata das causas externas,

mesmo havendo um aumento proporcional da população feminina nas idades mais

avançada.

Entretanto, os diferenciais de mortalidade entre gêneros que apontaram a

predominância de óbitos por todos os tipos de causas externas nos homens idosos

de Pernambuco, exceto por quedas cuja média do período foi igual entre os sexos

estão de encontro aos resultados encontrados por Lima-Costa; Peixoto; Giatti (2004)

nos idosos brasileiros entre 1980 e 2000. Tal autor verificou predominância da

mortalidade por acidente de trânsito e atropelamentos os homens, ao passo que,

nas mulheres, as causas mais freqüentes de mortalidade eram as quedas e os

eventos de intenção indeterminada.

O destaque nos coeficientes de mortalidade por acidentes de trânsito

encontrado neste estudo demonstram que a realidade pernambucana não difere da

brasileira. Na população geral brasileira, de 2000 a 2010, houve tendência de

elevação de 22,5% no coeficiente de mortalidade por acidentes de transporte que

era de 18, 2 óbitos por 100 mil habitantes em 2000 e aumentou para 22,3 em 2010,

sendo a região nordeste destaque entre as demais regiões em relação ao

crescimento das mortes no trânsito. O Estado de Pernambuco apresentou um

coeficiente de mortalidade por acidentes de transporte de 20,9 em 2000 e 23,2

óbitos por 100 mil habitantes em 2010 (MORAIS NETO et al, 2012) .

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50

Quanto à média do coeficiente de mortalidade por eventos cuja intenção é

indeterminada e sua grande variação ao longo das três décadas de estudo, faz-se

necessário uma redução e estabilização destas causas. Pois, essa flutuação

provavelmente traduz precariedade nos registros de mortalidade por causas

externas e dificulta uma melhor distinção entre o que foi acidente e violência,

concordando com os autores Caldeira; Gomes; Barbosa (2010), desta forma,

comprometendo o perfil epidemiológico da mortalidade por causas externas nos

idosos pernambucanos.

Com a transição demográfica, há um aumento crescente da circulação de

idosos no trânsito. Diante desse aumento e das vulnerabilidades inerentes a essa

faixa etária, associadas à precariedade de infraestrutura do sistema de tráfego e

desrespeito à legislação de trânsito (CAMARGO; HEMIKO, 2012), está ocorrendo

uma elevada concentração das vítimas idosas (MINAYO, 2009) e destas entre os

pedestres (WAISELFISZ, 2013).

Os resultados apontaram tendência de redução nos óbitos por suicídio na

população idosa pernambucana, diferente do observado em outros estudos relativos

à população idosa brasileira. Lovisi; et al (2009) e Minayo et al; (2012), encontraram

crescimento nas taxas de suicídio em maiores de 60 anos no período de 1980 a

2006 no Brasil, especialmente entre homens maiores de 60 anos. No entanto,

segundo Pinto et al (2012), a tendência entre os anos de 1980 e 2009 é de

estabilidade nos coeficientes de suicídio em idosos brasileiros.

Os estudos sobre suicídio devem ser analisados com cautela, pois ainda há

dificuldades na aferição e classificação desse tipo de morte, uma vez que a não

aceitação social do suicídio podem influenciar na omissão de informações por

parentes, familiares e pelos próprios profissionais de saúde (MINAYO et al , 2012).

Além do problema da subnotificação, o tamanho da população e o número de casos

registrados devem ser considerados, pois se tratando de uma pequena população

um único caso pode gerar uma grande alteração no coeficiente de mortalidade

(PINTO et al ,2012).

Os fatores associados à redução significativa nos coeficientes de suicídio em

Pernambuco devem ser analisados em busca do perfil das vítimas e do

conhecimento sobre a realidade socioeconômica, cultural e da qualidade de vida dos

idosos residentes no Estado. A partir do maior aprofundamento nesses estudos

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51

podem ser identificados quais fatores estão influenciando o quadro epidemiológico

encontrado e a partir de então, nortear ações direcionadas para intensificar a

redução das mortes e tentativas de suicídio nos grupos mais vulneráveis.

O aumento do risco de óbito por quedas nos idosos pernambucanos nos 30

anos analisados vem reforçar o que muitos estudos apontam: o peso das quedas no

perfil de mortalidade dos idosos brasileiros de outros países do mundo. Portanto,

com o envelhecimento populacional em curso no país e em Pernambuco as quedas

configuram um sério problema de saúde pública a ser enfrentado e ainda é

necessário avançar nas políticas de prevenção das quedas na terceira idade

(SIQUEIRA et al, 2007 ;MACIEL et al, 2010;OMS,2007).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2007), o declínio das

capacidades físicas, cognitivas e afetivas, além de comorbidades associadas às

doenças crônicas são fatores de risco biológicos para quedas. Entretanto há os

riscos ambientais que incluem uma gama de aspectos relacionados ao espaço

doméstico e público interagindo com as condições físicas do indivíduo. Já a baixa

renda, pouca educação, habitações inadequadas, falta de interação social, acesso

limitado ao cuidado de saúde e assistência social e falta de recursos da comunidade

são condições socioeconômicas favoráveis à ocorrência de quedas.

A interação entre os fatores físicos, ambientais, socioeconômicos, culturais e

comportamentais determinam a freqüência e magnitude das quedas e suas

conseqüências. Uma vez que muitos desses fatores aumentam com a idade, quanto

mais envelhecida uma população maior a freqüência de quedas fatais (OMS, 2007).

Diante da persistência das altas taxas de quedas e da sua alta letalidade

entre idosos, muito se tem estudado sobre os fatores de risco e meios de prevenção

para este agravo. Foi observado uma alta concentração de quedas nas residências

(LUZ et al, 2011; GAWRYSZEWSKI, 2010 ), assim como associação à idade mais

avançada, percepção ruim ou regular de saúde e de visão, dificuldade para andar,

ao maior número de medicamentos e ao não recebimento de orientação para

prevenção de quedas (SIQUEIRA et al, 2007).

As próprias quedas são fatores de risco para a ocorrência de outras mais

graves, pois contribuem para o desequilíbrio funcional do idoso, baixa auto-estima e

sentimentos negativos como o medo de cair novamente (RIBEIRO et al , 2008).

Idosos com histórico de queda deve ser alvo de prevenção de futuras quedas. O

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52

acompanhamento através de testes de equilíbrio em conjunto com a avaliação de

outros aspectos individuais auxilia no diagnóstico precoce de alterações e

conseqüentemente na prevenção. (GONÇALVES; RICCI, COIMBRA, 2009).

Quanto à ausência de sazonalidade encontrada para as causas externas de

mortalidade em idosos, poucos estudos tratam sobre a temática, dificultando a

discussão sobre os resultados. Para o suicídio, existem artigos que correlacionam o

agravo com períodos de redução da exposição solar (STOUPEL, 1995; FOLLY,

2013).

Em relação ao coeficiente médio de mortalidade por causas externas foi

observado na I Gerência Regional de Saúde o valor mais elevado e na X, o menor

valor. Esses dados provavelmente refletem a maior concentração populacional e

urbana do Estado nessa região, I Geres, e na X Geres os municípios são de menor

porte e ficam localizados no sertão do Estado, mais distantes da capital. Infelizmente

não encontramos na literatura dados que possam corroborar com nosso

entendimento.

Um ponto importante a ser averiguado em estudos posteriores seria a

qualidade dos registros de óbitos nestas Gerências Regionais. Segundo Dahlberg,

Krug (2007) deve-se considerar que em grande parcela dos municípios brasileiros

não há notificações de mortalidade por causas externas ou estas são em número

reduzido o que não significa ausência de violência nestes locais, sendo a violência

muitas vezes naturalizada e aceita socialmente, sem preocupação com as

conseqüências determinadas pelos hábitos e costumes culturalmente perpetuados.

Considerando a persistência dos altos coeficientes de mortalidade por causas

externas nos idosos de Pernambuco nos últimos 30 anos e que o componente da

intencionalidade e das relações de poder nos atos de violência, ampliam as

configurações de violência não só para os atos mais óbvios como para as omissões,

negligências e abusos tanto no âmbito individual como coletivo. Em conseqüência

da cultura tais contextos podem não ser visualizados e contribuir para a persistência

e aumento dos coeficientes de causas externas, como por exemplo, as quedas em

idosos que são consideradas naturais e inevitáveis (DAHLBERG; KRUG, 2007).

A escassez de estudos sobre as causas externas entre idosos no Estado não

permitiram comparações dos resultados com achados anteriores. Segundo Souza et

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al ( 2007) a saúde pública deve abordar a violência com ênfase na ação coletiva,

compreendendo que não é somente um problema médico, mas de diversos setores

públicos e sociais. Sua grande arma é o método científico por meio do qual pode

oferecer alternativas de prevenção das diversas formas de violência e seu impacto

na saúde da população.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os coeficientes de mortalidade por causas externas, mesmo não havendo

tendência estatisticamente significante, permanecem crescendo entre os idosos

residentes em Pernambuco. Tal persistência, assim como a tendência crescente de

mortes por quedas nos maiores de 60 anos sinalizam a carência de políticas

públicas de prevenção dos acidentes e violências nessa faixa etária no Estado.

Apesar de estudos indicarem a necessidade de adaptação das famílias,

sociedade e Estado para ofertar segurança e qualidade de vida aos idosos que cada

vez aumentam em número e em proporção em todo o país; existe muito a avançar

nesse sentido. Quanto maior a visão social de que os óbitos na velhice são

inevitáveis, mesmo aqueles ocorridos por causas externas; menores serão os

esforços para modificar esse cenário.

É preciso cumprir os compromissos estabelecidos nas políticas de saúde e

outras políticas nacionais direcionadas aos idosos, assim como delinear políticas

locais, com base na realidade do Estado e seus municípios. Além das melhorias

estruturais nas cidades como maior segurança no trânsito, adaptação dos espaços

públicos para facilitar a mobilidade das pessoas mais velhas; o envolvimento social e

familiar no planejamento do bem-estar da população idosa é fundamental.

É no meio familiar e nas redes sociais que os idosos devem ser acolhidos,

protegidos e dispor de condições favoráveis à sua integridade física, mental e

espiritual. O conjunto de ambientes domésticos e coletivos saudáveis mais a oferta

de políticas públicas essências como saúde, assistência social e segurança; são

fatores determinantes na redução de acidentes e violências na terceira idade e com

isso na longevidade com saúde e qualidade de vida.

Não obstante o quadro de persistência das demais causas externas

específicas, os óbitos por suicídios na população idosa pernambucana seguem em

processo de redução no período analisado, o que reforça a possibilidade de evitar

óbitos por causas externas, mesmo se tratando de agravos mais complexos como a

auto-agressão que envolve inúmeros fatores de risco. Outros estudos que

investiguem mais profundamente esse fenômeno de redução dos suicídios em

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idosos são importantes para contribuir com a prevenção não só em Pernambuco

mais em outros Estados do País.

Os estudos epidemiológicos e demais pesquisas sobre causas externas na

população idosa devem ser estimulados e mais realizados a fim de aprofundar o

conhecimento nessa área, já que ainda são escassos os estudos existentes

principalmente em Pernambuco.

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