analise som e ritmo ii

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO IFAC / DEART Artes Cênicas Professora Izabela Pavan. Lorena M Silva Resenha Crítica Vozes, Música, Ação: Dalcroze Em Cena. Conexões entre Rítmica e Encenação.Ouro Preto Abril/2015

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

    IFAC / DEART Artes Cnicas

    Professora Izabela Pavan.

    Lorena M Silva

    Resenha Crtica

    Vozes, Msica, Ao: Dalcroze Em Cena.

    Conexes entre Rtmica e Encenao.

    Ouro Preto

    Abril/2015

  • As atividades eram no incio, conduzidas ao som do piano. As propostas

    devem ressalta o desenvolvimento da flexibilizao, da rotao, a necessidade

    de centrar os pontos de partida do gesto, o exerccio do canto em ritmos cada

    vez mais complexos e em todas as posies. Buscando a descoberta do senso

    rtmico muscular, que faz do nosso corpo um instrumento em que se instaura o

    ritmo, onde os fenmenos do tempo se transformam em fenmenos do espao.

    Para Dalcroze, o movimento corporal o fator essencial para o desenvolvimento

    rtmico do ser humano e a execuo de ritmos corporais contribui para o

    desenvolvimento da musicalidade. Ou seja, pelo movimento corporal que se

    toma conscincia do valor plstico do ritmo, e de suas diversas modalidades

    algicas e dinmicas.

    Dalcroze diz ainda que, mais do que apenas o ritmo, qualquer fenmeno

    musical objeto de uma representao corporal: Pulso, acento, valores de

    durao de sons e silncios, melodia e dinmica (altura, intensidade e timbre),

    harmonia, estruturas musicais de carter formal como frases, perodos, entre

    outros. H tambm, apelo continuo a ateno, memria auditiva, e a livre

    expresso do aluno mediante a criao de movimentos simples e coreografados,

    e de exerccios rtmicos e meldicos com nfase no ritmo. A partir disso,

    Dalcroze props e elaborou a explorao de vrios modos de aprendizagem: o

    auditivo, sinestsico e visual. Introduzia a leitura de partitura tardiamente e

    estimulava que esta fosse deixada de lado assim que a assimilao da pea em

    estudo fosse concluda. A respeito deste fato, ele salientava que, a leitura no

    permite, ou no mnimo dificulta a internalizao, pois enfatiza demais o aspecto

    visual. A princpio, Dalcroze elaborou seu mtodo estruturando-o em lies

    detalhadas com sugestes de exerccios, mas atentando-se para manter o

  • interesse por meio da criatividade e da ludicidade. Outro ponto importante do

    mtodo, sua organizao e energizao/otimizao do tempo de pratica, que

    por meio da criao de objetivos especficos para que, o aluno, ao final do

    estudo, sinta que atingiu a meta proposta e determinada.

    Pautada na democratizao, a laicizao e na dessacralizao da

    msica, o mtodo busca no excluir ningum, proporcionando o acesso ao

    universo da msica ao maior nmero de pessoas possvel, alm da intenso de

    integrar a msica no s a outras formas de expresso artstica, mas tambm,

    ao processo de aprendizagem.

    No contexto da Rtmica, o aprendizado se d a partir do confronto ativo

    com a msica, o movimento, a linguagem articulada, a voz, com o emprego de

    diferentes objetos e materiais. E a partir disso, so criadas situaes que

    motivam o agir e reagir espontneo. O relacionamento com conceitos musicais

    e movimentos, atingindo uma educao auditiva diferenciada, e assim, aprende-

    se a improvisar e criar contextos musicais com rudos, instrumentos no-

    convencionais, ou instrumentos convencionais usados de maneiras no-

    convencionais.

    A partir do distanciamento das antigas concepes calcadas nos

    procedimentos receptivos e analticos, passamos a ser mais influenciados por

    elementos orientados pela ao, pelo aprender fazendo e vivenciando.

    O primeiro instrumento musical a ser trabalhado o corpo. (Dalcroze)

    O movimento corporal deve ser entendido como um elo entre a

    interioridade, o consigo mesmo, e a exterioridade, o ser com o meio, pautou a

    criao da Rtmica. Essa viso fenomenolgica se aproxima ainda mais da

  • Rtmica quando entendemos este corpo animado no sentido desdobrado, por

    um lado, como qualidade do que se animou, o que dotado de vida e movimento,

    e por outro, na acepo etimolgica, no latim anima significa, sopro, alento,

    alma, e equivale ao semntico grego psukh. Para Dalcroze, todos os tipos de

    movimentos, corporais e no-corporais constituem um elo para conhecer outros

    corpos animados, ou seja, a exterioridade, a alteridade, o outro e, sendo sua

    relao com a conscincia essencial, atua como elo do ser consigo mesmo.

    Como descrito no trecho abaixo:

    [...] para alcanar uma essncia preciso comear

    por uma percepo [...] daquilo que foi concretamente

    experimentado. A viso da essncia essencial saber-se ela

    prpria posterior s coisas donde parte. Lhe -lhe essencial

    saber-se retrospectiva [...] Se verdade que o pensamento

    refletido que determina a essncia ou o sentido acaba por

    possuir seu objeto e envolve-lo, tambm verdade que sob

    outro aspecto, a percepo concreta da experincia, sempre,

    aqui e agora, visada pela intuio da essncia como alguma

    coisa que a precede, lhe anterior e a envolve. (HUSSERL apud

    MERLEAU-PONTY, 1973 apud SILVA, 1999, p. 59 e 60)

    Para Dalcroze, ao aprender qualquer tipo de movimento, atualizam-se

    simultaneamente encadeamentos anteriores e posteriores. Em sua inteireza, o

    corpo aprende a relacion-los, mostrando que no existem diferentes artes, mas

    sim a arte por assim dizer. A Rtmica em sua concepo central considera o

    ser humano como totalidade, o colocando como um duto que conduz de maneira

    bsica, a todo o fazer artstico.

  • O corpo deixa de ser tratado como uma abstrao, passando assim a

    ser tratado como um dado concreto a ser considerado tanto na formao dos

    artistas, quanto na construo de uma obra. A trajetria da arte do ator resgata

    a importncia e o lugar deste no espao e no tempo da representao, como um

    ser inteiro, presente, dinmico, em movimento, em constante vir a ser, que cria

    maneiras de perceber o mundo e pensar na experincia humana. Passando a

    ser, o ator, considerado como obra de arte viva. E a partir disso, torna-se cada

    vez mais necessrio trabalhar seu instrumento artstico: seu corpo, sua voz, seus

    afetos, suas relaes, seu conhecimento, sua criatividade e sensibilidade.

    A seguir, ilustrao de algumas fases do mtodo de Dalcroze.

  • Referncia:

    SILVA, Carlos Alberto. Vozes, Msica, Ao: Dalcroze Em Cena. Conexes

    entre Rtmica e Encenao. 138p. Dissertao (Mestrado em Artes) Programa

    de Ps-Graduao em Artes da Escola de Comunicao e Artes da Universidade

    de So Paulo. So Paulo. 2008.