análise sociologia - guilherme siqueira

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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO Centro de Ciências Humanas – CCH Museologia Introdução à Sociologia Professora Andréa Lopes Aluno Guilherme Augusto de Paulo Siqueira O século XVIII foi cenário de uma das maiores mudanças já vistas no que diz respeito a organização e relações sociais. Foi nesse período, num contexto de revoltas e conflitos que expunham a crise econômica e o peso exercido pelo absolutismo, que se deu a Revolução Francesa. A Revolução não só proclamara a república, como também promove a ruptura e concretização definitiva dos ideais iluministas sobre a prática teocêntrica que ainda justificava a supremacia dos monarcas, e além disso, traz a ideia de elementos comuns que iniciam o sentimento de unificação, seja por um território, pela língua e os costumes, mas que juntos apontam para a criação do conceito de Pátria. Contudo, não mais vendo a monarquia como principal interventor, as práticas capitalistas burguesas puderam enfim se estruturar e fluir, o que deu origem mais tarde a Revolução Industrial, que basicamente transformara o modo como tudo era produzido, uma vez que não se produzia mais para o consumo próprio, mas sim para a venda e o acúmulo de capital. E como forma de eliminar custos, e consequentemente baratear a produção, o trabalho foi metodizado e organizado em complexos industriais, fábricas, que concentravam-se em centros, agora urbanos. Como reflexo da evolução do capital, um êxodo rural maciço pôde ser observado, provocando assim um déficit na produção de alimentos e no abastecimento das cidades e, consequentemente, seu crescimento desordenado. O acúmulo crescente da mão de obra disponível, mais tarde entendido como “exército de reserva”, promove cada vez mais a desigualdade e os conflitos, não apenas trabalhistas, mas também por habitação, saneamento, alimentação, etc. Nesse contexto social nunca antes visto, é tida a necessidade de tomar como objeto de estudo e análise a sociedade. O termo Sociologia é cunhado por Augusto Conte (1838) como uma tentativa de compreender a sociedade a qual estava

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Análise acerca das maiores teorias sociais modernas

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  • Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO Centro de Cincias Humanas CCH

    Museologia

    Introduo Sociologia Professora Andra Lopes

    Aluno Guilherme Augusto de Paulo Siqueira

    O sculo XVIII foi cenrio de uma das maiores mudanas j vistas no que diz respeito a organizao e relaes sociais. Foi nesse perodo, num contexto de revoltas e conflitos que expunham a crise econmica e o peso exercido pelo absolutismo, que se deu a Revoluo Francesa. A Revoluo no s proclamara a repblica, como tambm promove a ruptura e concretizao definitiva dos ideais iluministas sobre a prtica teocntrica que ainda justificava a supremacia dos monarcas, e alm disso, traz a ideia de elementos comuns que iniciam o sentimento de unificao, seja por um territrio, pela lngua e os costumes, mas que juntos apontam para a criao do conceito de Ptria.

    Contudo, no mais vendo a monarquia como principal interventor, as prticas capitalistas burguesas puderam enfim se estruturar e fluir, o que deu origem mais tarde a Revoluo Industrial, que basicamente transformara o modo como tudo era produzido, uma vez que no se produzia mais para o consumo prprio, mas sim para a venda e o acmulo de capital. E como forma de eliminar custos, e consequentemente baratear a produo, o trabalho foi metodizado e organizado em complexos industriais, fbricas, que concentravam-se em centros, agora urbanos.

    Como reflexo da evoluo do capital, um xodo rural macio pde ser observado, provocando assim um dficit na produo de alimentos e no abastecimento das cidades e, consequentemente, seu crescimento desordenado. O acmulo crescente da mo de obra disponvel, mais tarde entendido como exrcito de reserva, promove cada vez mais a desigualdade e os conflitos, no apenas trabalhistas, mas tambm por habitao, saneamento, alimentao, etc. Nesse contexto social nunca antes visto, tida a necessidade de tomar como objeto de estudo e anlise a sociedade. O termo Sociologia cunhado por Augusto Conte (1838) como uma tentativa de compreender a sociedade a qual estava

  • inserido e, tendo por fim, o objetivo de transform-la, atravs de sua corrente poltica, filosfica e cientfica conhecida como Positivismo. Acreditava que toda a humanidade havia atravessado as mesmas fases evolutivas, e que, se fosse possvel compreender os pontos de progresso, seria possvel remediar os problemas da ordem social.

    Temos assim Karl Marx (1798-1857), que propunha uma ruptura com a filosofia clssica terica. Marx acreditava que o nico modo de comprovar uma teoria atravs de sua aplicao prtica, propondo a modificao e uma teorizao do processo de transformao da sociedade. Marx defende que a desigualdade no mundo , e sempre foi, causada por uma relao social especfica, caracterizada por opressores e oprimidos, onde o grupo dito dominante disponibiliza de formas de violncia para exercer e manutenir seu papel de superioridade e tem na construo do Estado um aliado para usufruir de benefcios e interesses prprios. Ao analisar o contexto em que se insere, Karl Marx formula a teoria das Classes Sociais, definido objetivamente como a posio que determinado indivduo ocupa na estrutura de produo, e afirma que a luta das classes ao longo da histria o que promove a transformao das sociedade, e define o Estado atual como sendo a ditadura da burguesia.

    Contudo, seguindo sua metodologia, Marx preocupa-se em fazer a revoluo, em compreender para transformar e prope o fim das classes sociais e a promoo de uma sociedade onde os interesses no sejam mais individuais, mas sim universais, a modo de buscar sanar todos os pontos problemticos da sociedade de modo igualitrio.

    Utilizando-se ainda do conceito de que a Sociologia deve ter seu estudo empenhado na transformao da sociedade, mas agora tambm empenhado na institucionalizao da mesmo, mile Durkheim (1858-1917) muda o foco do estudo sociolgico e observa no mais as relaes entre os indivduos, mas o modo como a sociedade atua e influencia a vida das pessoas. Durkheim define como fato social os modos de agir e de pensar impostos pela sociedade para a promoo da sua manuteno e funcionamento. Uma conduta pela qual o indivduo, desde o seu nascimento, tem sua ao transformada, desnaturalizada, por um conjunto de ticas, regras e valores forjados como resultado da histria da sociedade, basicamente, construes sociais. Logo, seguindo a lgica durkheimniana a transformao da sociedade viria do resultado da compreenso de como os fatos sociais interferem na vida das pessoas e na sua conduta.

  • Durkheim considerava essencial a institucionalizao da Sociologia, bem como o papel da escola como formadora de um indivduo consciente do seu papel social e que este o cumpra, garantindo assim o progresso da sociedade pelo seu ordenamento, e desenvolve a Sociologia de Ordem.

    De maneira a quase justapor as teorias antes apresentadas, Max Weber (1864-1920) estuda e leva em conta ideias e interpretaes de teorias francesas e alems, e acaba por focar seu estudo no indivduo e na anlise das aes individuais, caracterizando o estudo sociolgico no mais como instrumento de transformaes do quadro social, mas um produto oriundo do esforo de compreender a sociedade atual, que gera dados a serem analisados e interpretados livremente agora por cada indivduo.

    Weber compreende ser imprescindvel o estudo do posicionamento do indivduo e sua ao em sociedade e nas manifestaes nos mais variados campos da cultura.

    Essa multiplicidade dos fatores de anlise social propiciam que a abordagem do fenmeno social traduza de forma mais completa a sua compreenso, com isso, Weber diagnosticou quatro tipos de ao social: 1- ao tradicional, determinada por costumes e hbitos arraigados ao ser que propicia que o indivduo faa ou deixe de fazer algo no mbito social baseado em tradies; 2- ao emocional, determinada por afetos ou estados sentimentais, fazendo com que o indivduo aja pelos seus instintos; 3- ao racional com relao a valores, define a crena num valor considerado importante, independente do xito real desse valor, onde, antes de agir, faz-se uma reflexo com base em valores ticos pessoais; 4- Ao racional com relao ao objetivo, determinado basicamente como um clculo que estipula um meio para um determinado fim, sem levar em conta valores morais ou ticos, um clculo frio utilizado para atingir um objetivo.

    Na sua busca pela compreenso das motivaes individuais e na forma como indivduos atuam no interior da sociedade, Max Weber procura entender o porqu da existncia de grupos dominados que aceitam esse quadro de represso, e chega a concluir que esse fato d-se de trs formas: 1- a dominao racional, que ocorre com a aceitao passiva de algo por este ser mais vivel ou lucrativo. A exemplo temos o Estado, onde concorda-se em pagar tributos, a viver sobre normas e seguir regras para que seja

  • disponibilizado um certo grau de estruturao, segurana, acesso aos bens pblicos, e direitos diversos; 2- dominao tradicional, que engloba as prticas de dominao vinculadas as tradies, quando determinada situao j vista como caracterstica cultural e no cabvel de questionamento; 3- a dominao carismtica, que define o mtodo de represso promovido por pessoa ou grupo atravs do carisma e do convencimento.

    Contudo, concluindo a referida anlise, temos em Pierre Bourdieu (1930-2002) a rota de fuga da tradio do pensamento racionalista para o pensamento relacional cientfico, onde considerada a construo das relaes entre o objeto e o sujeito. Bourdieu afirma que importante que a sociologia objetive as condies do prprio fazer sociolgico, utilizando os mesmo mtodos de pesquisa que utiliza no estudo do campo social para o prprio espao de produo intelectual.

    Ao analisar as prticas de dominao, Bourdieu afirma a existncia do Poder e da Dominao Simblicos, demonstrando que a dominao ocorre tambm com o consentimento do dominado, evidenciando mecanismos da produo e reproduo do poder simblico, e alerta ao questionar sobre como as instituies de ensino favorecem as transformaes sociais, uma vez que elas servem as sociedades as quais esto inseridas e no devem ser tomadas como as nicas responsveis pelo processo de transformao e melhoria dos problemas sociais.

    Referncias Bibliogrficas:

    - Da Diviso do Trabalho Social - mile Durkheim;

    - O Manifesto Comunista - Karl Marx;

    - Trs Tipos Puro de Dominao Legitima, tica Protestante e o Esprito do Capitalismo - Max Weber;

    - Esboo de uma Teoria Prtica Pierre Bourdieu