analise sobre a expansão territorial do império romano

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Analise sobre a expanso territorial do Imprio Romano.

Segundo a historiografia, Roma foi um dos maiores imprios que se estabeleceu sobre a Terra, a sua maior expanso territorial se deu em 117 d.C sobre o governo do Imperador Trajano, durante seu governo o imprio controlava aproximadamente 6,5 milhes de km da superfcie terrestre, a rea compreendida hoje como Europa, Bacia Mediterrnea da frica e da sia. Para compreender o que significou a expanso territorial romana, necessrio fazer um estudo sobro o que motivou essa expanso, para isso utilizarei de conceitos para explicar essa motivao, para comear vou expor o significado de imprio romano definio dada por Norma1 Musco Mendes:[...] Conceituaremos o imprio romano como uma entidade poltica centralizada, fundamentada numa estrutura celular e concntrica cujo poder hegemnico era exercido atravs de relaes de trocas de poder e riqueza entre o centro, reas integradas, semi-periferias e periferias, cuja existncia foi criada e reproduzida historicamente numa dinmica de explorao, de interao e de diversidade cultural. [...] (MENDES pp-31)

Segundo a autora Norma Musco Mendes, Roma se estabelecia como imprio a partir de suas relaes de centro, reas integradas, semi-periferias, e periferias, e a partir deles que entenderemos a expanso romana, e a ideologia que legitimava Roma. Nesse processo Roma seria a cidade mais importante do imprio, pois ela era a sede poltica, administrativa e Judiciria do imprio, era o reduto do senado, das leis e do imperador. Roma era um exemplo a ser seguido para outras cidades, como modelo de civilizao, segundo Norma2 Musco Mendes:[...] Nossas pesquisas sobre a experincia imperialista romana nos levam a afirmar que o imprio romano representou uma experincia observvel de interao cultural sobre uma vasta rea territorial, simbolizando uma ordem mundial fundamentada em configuraes jurdicopolitica e moral, concebidas como eternas e necessrias para garantir a paz e a justia (MENDES pp-28)[...]

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SILVA, Francisco C. T. (Org.); CABRAL, Ricardo P. (Org.); Munhoz, Sidnei (Org.) . Imprios na Histria. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 458 p. in: Roma e o Imprio: Estruturas de Poder e Colapso de um Imprio Antigo. Autora: Prof. Dr. Norma Musco Mendes pp. 312

SILVA, Francisco C. T. (Org.); CABRAL, Ricardo P. (Org.); Munhoz, Sidnei (Org.) . Imprios na Histria. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 458 p. in: Roma e o Imprio: Estruturas de Poder e Colapso de um Imprio Antigo. Autora: Prof. Dr. Norma Musco Mendes pp.28

Percebe-se ento que Roma tinha esse papel de ser o centro administrativo de todo o seu territrio, e justamente isso que faz com que Roma se expande e leve a outras regies esse desenvolvimento. Para explicar todo esse processo de expanso pretendo mostrar as formas que foram utilizadas para se chegar a esse mximo de dominao de povos e de territrios, so dois termos romanizao e misso civilizadora. A dominao intelectual romana foi importantssima, pois no se tinha uma imposio sobre os costumes romanos, mesmo tendo a mistura Roma no obrigava a seus novos domnios uma submisso cultural, somente de impostos por produo ou por dinheiro. Importante fazer esse comentrio para entendermos o significado de romanizao e misso civilizadora. Romanizao um termo do sculo XIX designado pelo pesquisador Theodor3 Mommsen que indica a expanso da cultura romana atravs da aculturao e assimilao cultural de seus atributos, por parte das civilizaes agregadas durante o perodo de expanso da Republica romana. Para Bustamante4 romanizao pode ser entendida como: [...] Prevalecia idia de que uma civilizao tinha o direito de conquistar e organizar omundo, legitimando assim a constituio e a extenso de um imprio pela fora. Ao definir sua prpria sociedade como civilizada, em oposio aos outros brbaros, os autores clssicos proporcionaram um poderoso instrumento interpretativo que ajudou a legitimar o imperialismo europeu na frica e na sia [...] (BUSTAMANTE, 2004: 29-43)

O que leva a esse entendimento sobre a romanizao justamente a historiografia antiga romana, que nos relata a idia que se tinha dessa expanso territorial, Bustamante 5 mostra essa viso:[...] A compreenso sobre o imprio Romano pela historiografia europia do sculo XVIII ao inicio do XX (e.g, Bossuet, Montesquieu, Mommsen, Frank, Holleaux) foi fortemente influenciada pela prpria historiografia antiga romana, reproduzida pelo pensamento humanista clssico e o ps clssico, peas chave da ideologia burguesa. Mesmo reconhecendo alguns excessos dos romanos, estes foram diludos em favor do resultado final: a Pax Romana.

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Christian Matthias Theodor Mommsen (Garding, 30 de Novembro de 1817 - Charlottenburg, 1 de Novembro de 1903) foi um historiador alemo. considerado um dos maiores especialistas em histria da Antiguidade Latina de todos os tempos, e muitos dos seus escritos e compilaes de documentos ainda hoje conservam uma importncia capital.Foi agraciado com o Nobel de Literatura de 1902, pela sua Histria de Roma.4

BUSTAMANTE, R. M. da C. Roma Aeterna. In: Costa, D., SILVA, F. C. T. Da (org.) Mundo Latino e mundializao. Rio de Janeiro: Mauad/Farperj, 2004, pp. 29-43. 5 BUSTAMANTE, R. M. da C. Roma Aeterna. In: Repensando o Imprio Romano Perspectiva Socioeconmica, Poltica e Cultural/Gilvan Ventura da Silva: Norma Musco Mendes (organizadores).-Rio de Janeiro: Ed:Mauad, ES. EDUFES, 2006. PP109

[...](BUSTAMANTE pp-109)

Nesse processo desenvolvido por Roma denominado romanizao posteriormente, a principal motivao ideolgica que se tinha para a dominao de povos e terras, esse conceito denominado romanizao pode ser compreendido de duas formas, o ser romano e se tornar romano. Para ser romano era preciso ter a cidadania romana, mais havia outras formas de se tornar romano, como se tinha um vasto territrio, o que passa a ser atributos para se tornar romano se parecer com um romano, criao dessa identidade surge da utilizao do latim, do culto imperial e da participao no exercito. Tinha-se tambm nessa criao de uma identidade romana a criao de um modelo urbano que era a expresso de identidade, em um estudo sobre o assunto Maria Elaine Kohlsdorf6 que arquiteta escreve da seguinte forma:[...] O sistema morfolgico romano caracterizou-se pelo traado reticulado ortogonal e regular, hierarquizados pelos cruzamentos de eixos Cardo (sentido norte-sul) e Decumanus (leste-oeste), este acessando a Porta Praetoria; certos equipamentos sociais so sempre privilegiados na estrutura urbana, como os aquedutos, banhos, frum, teatro, e o estdio. [...] (KOHLSDORF pp-06)

Pode ento atravs desse estudo citado, que Roma criava uma identidade atravs de sua urbanizao, como um processo nico, as cidades criadas tinham que serem parecidas com a cidade de Roma, isso tudo para garantir a idia de unio do imprio, de que se fazia parte ao mundo romano, isso era essencial para o processo de romanizao. A misso civilizadora tem um papel de muita importncia para a expanso territorial romana, ela o que legitima a expanso e a dominao de outros povos. importante lembrar que esse termo misso civilizadora um termo do sculo XIX, que tentava legitimar a expanso e a dominao de outros pases as suas colnias como um processo que aconteceu com eles na poca do imprio romano, a idia de civilizao e povos brbaros pode ser bem analisadas tanto em Roma no sculo II d.C como no sculo XIX. A misso civilizadora romana era a idia de se levar a civilizao aos povos brbaros, sempre em expanso e agregando mais territrios aos seus domnios, essa misso teve custos elevadssimos que eram compensados com saques em cidades recm dominadas ou com o aumento da tributao as antigas colnias. Com todo esse processo se gera algo produtivo6

KOHLSDORF, Maria Elaine, ENSAIOS SOBRE O PENSAMENTO URBANSTICO; Braslia, outubro de 1996.

conhecido com Pax romana, que seria um tipo de paz imposta pelas armas. Isso pode ser mostrado nesse trecho citado por Norma7 Musco Mendes:[...] do advento dos imperadores at os dias de hoje se passaram cerca de 200 anos, durante os quais as cidades foram muito embelezadas, seus recursos ampliados e no longo reino de paz e segurana tudo foi direcionado para uma prosperidade duradoura. Algumas naes foram acrescentadas ao Imprio por esses imperadores, e as revoltas foram suprimidas. Possuidores das melhores partes da terra e do mar, eles tiveram como objetivo preservar seu Imprio pelo exerccio da prudncia, mais do que o expandir indefinivelmente sobre as tribos brbaras pobres no lucrativas. [...] (Prefcio 7)

O que pode ser observado que todo o processo de expanso s vezes no era to lucrativo, e que no compensaria certas investidas militares sobre alguns territrios, e que a paz que j estava alcanada era a melhor coisa a ser mantida, pois havia outros casos como o dos Germnicos que no possuam cidades quando eram acuados pelos exrcitos entravam nas florestas e se escondiam, fazendo com que o combate tomasse estilo de guerrilhas o que desfavorecia em muito o exercito romano. Todo esse processo de misso civilizadora esta dentro da poltica de expanso romana, que se relaciona com a romanizao que esta diretamente ligada ao Imprio, todos esses conceitos so de grande importncia para a compreenso da grandeza social, militar e econmica a qual o Imprio Romano pertencia.

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NORMA MUSCO: Roma Aeterna. In: Repensando o Imprio Romano Perspectiva Socioeconmica, Poltica e Cultural/Gilvan Ventura da Silva: Norma Musco Mendes (organizadores). -Rio de Janeiro: Ed:Mauad, ES. EDUFES, 2006. pp-36

Bibliografia:

BUSTAMANTE, R. M. da C. Roma Aeterna. In: Costa, D., SILVA, F. C. T. Da (org.) Mundo Latino e mundializao. Rio de Janeiro: Mauad/Farperj, 2004, pp. 29-43. BUSTAMANTE, R. M. da C. Roma Aeterna. In: Repensando o Imprio Romano Perspectiva Socioeconmica, Poltica e Cultural/Gilvan Ventura da Silva: Norma Musco Mendes (organizadores).-Rio de Janeiro: Ed:Mauad, ES. EDUFES, 2006. PP109

http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/ChriMTMo.html http://www.institutodehumanidades.com.br/curso_atonomo/ciencia_politica/introd ucao.pdf http://www.culturabrasil.org/roma.htm http://vsites.unb.br/fau/planodecurso/graduacao/12007/Ensaio.pdf Repensando o Imprio Romano - Perspectiva Socioeconmica, Poltica e Cultural Autor: Silva, Gilvan Ventura; Mendes, Norma Musco Editora: Mauad. SILVA, Francisco C. T. (Org.); CABRAL, Ricardo P. (Org.); Munhoz, Sidnei (Org.). Imprios na Histria. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 458 SILVA, Francisco C. T. (Org.); CABRAL, Ricardo P. (Org.); Munhoz, Sidnei (Org.). Imprios na Histria. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 458 p. in: Roma e o Imprio: Estruturas de Poder e Colapso de um Imprio Antigo. Autora: Prof. Dr. Norma Musco Mendes pp.28 SILVA, Francisco C. T. (Org.); CABRAL, Ricardo P. (Org.); Munhoz, Sidnei (Org.). Imprios na Histria. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 458 p. in: Roma e o Imprio: Estruturas de Poder e Colapso de um Imprio Antigo. Autora: Prof. Dr. Norma Musco Mendes pp. 31 KOHLSDORF, Maria Elaine, ENSAIOS SOBRE O PENSAMENTO URBANSTICO; Braslia, outubro de 1996. Ed: UNB.

Resumo.

Pesquisa produzida a partir de estudo sobre a expanso territorial romana, com o intuito de mostrar a ideologia usada para a dominao e a agregao de territrio a Roma at a formao do Imprio Romano. Neste estudo fao a analise historiogrfica dos conceitos de Imprio romanizao e misso civilizadora todos provenientes do sculo XVIII e XIX. Palavras Chaves: Expanso Territorial, historiografia, Imprio, romanizao e misso civilizadora.

Introduo. Procuro tratar nesse artigo sobre a expanso territorial romana a partir da analise de conceitos usados na historiografia atual; romanizao e misso civilizadora, fiz analises das quais julgo importantes, feitas com as leituras de autores consagrados de historia antiga.

Concluso Mesmo no sendo um conceito ao quais os romanos utilizaram para justificar suas expanses territoriais, romanizao e misso civilizatrias tm as suas importncias para justificar tais fatos, que posteriormente foram utilizados para justificar as expanses imperialistas por naes nos sculos XVIII e XIX.

Universidade Federal de Gois

Breyner Martins Arruda

Analise sobre a expanso territorial do Imprio Romano.

Goinia 2011