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ANÁLISE DE MERCADO PARA O SETOR CERÂMICA VERMELHA DE BAIXO NÍVEL TECNOLÓGICO: REGIÃO DO SERIDÓ Setembro de 2012

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ANÁLISEDEMERCADOPARAOSETORCERÂMICAVERMELHADEBAIXONÍVEL

TECNOLÓGICO:REGIÃODOSERIDÓ

Setembrode2012

ÍNDICE

1.  Sumario Executivo ..................................................................................................1 

2.  INTRODUÇÃO ........................................................................................................3 

3.  OBJETIVO ..............................................................................................................7 

4.  METODOLOGIA ....................................................................................................9 

4.1.  Principais agentes envolvidos ............................................................................10 

4.2.  Base Temporal ....................................................................................................11 

4.3.  Critérios Amostrais .............................................................................................11 

4.4.  Questionário ........................................................................................................12 

4.5.  Logistica de campo .............................................................................................13 

4.5.1.  Equipe de campo ..............................................................................................13 

4.5.2.  Área de estudo ..................................................................................................13 

4.5.3.  Problemas encontrados ...................................................................................17 

5.  ANÁLISE dOS DADOS ........................................................................................18 

5.1.  ANÁLISE DE MERCADO. ................................................................................18 

5.1.1.  Estrutura de Mercado ......................................................................................18 

5.1.2.  Mercado Consumidor ......................................................................................19 

5.1.3.  Produção e Rentabilidade ...............................................................................21 

5.1.4.  Entraves para Ampliação ................................................................................22 

5.1.5.  Crescimento do Mercado .................................................................................24 

5.1.6.  Produtos substitutos .........................................................................................26 

5.1.7.  Analise de marketing .......................................................................................26 

5.2.  ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA .............................................................27 

5.3.  ANÁLISE De alternativas de investimento .......................................................30 

6.  A Visão dos Stakeholders ......................................................................................37 

7.  CONSIDERAÇÕES E Recomendações ................................................................41 

1.  referências ..............................................................................................................44 

ANEXO A: Questionário de campo........................................................................................ 1 

ANEXO B: Questionário de campo do STAKEHOLDER ................................................... 1 

Anexo C: Encargos trabalhistas incididos ............................................................................. 2 

ANEXO D: fotos de campo ..................................................................................................... 2 

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1. SUMARIO EXECUTIVO

O Projeto do Programa de Eficiência Energética em Cerâmicas de Baixo Perfil Tecnológico de América Latina para Mitigar a Mudança Climática (EELA) tem como objetivo geral contribuir com a mitigação da mudança climática através da redução das emissões de gases de efeito estufa em cerâmicas de baixo perfil tecnológico de América Latina e, melhorar a qualidade de vida dos ceramistas. No Brasil o EELA tem como piloto a região do Seridó (Rio Grande do Norte e Paraíba) com 99 cerâmicas (CTGAS 2012).

No relatório é apresentada uma analise de mercado e analise financeira da situação dessas cerâmicas, e sumarizando de forma a responder as perguntas levantadas no termo de referencia desse projeto. Para o relatório foram feitas entrevistas presenciais locais através de questionários.

Pergunta: Quais são as características da demanda? Quais lacunas existem entre a demanda e a produção de cerâmicas com baixo perfil tecnológico? Quais são os mecanismos potenciais ou disponíveis através dos quais se possam acessar a estas lacunas?:

Resposta: A produção do Seridó é basicamente telhas e sua demanda é principalmente de outros estados com Pernambuco (41%) e Paraíba (22%). Os principais compradores são atravessadores com 46% das respostas dos entrevistados. A demanda no Brasil vem principalmente de consumidores que constroem suas próprias casas. Existe uma tendência de crescimento do setor impulsionado pela expansão da construção civil e programas como Minha Casa Minha Vida. Isso pode inclusive modificar o perfil do comprador uma vez que as construtoras são mais exigentes quanto às especificações técnicas.

As lacunas entre a produção e a demanda residem principalmente em dois pontos: precariedade do sistema produtivo, com produção de telhas de segunda linha (pior qualidade), e presença de atravessadores que ficam com parte da receita.

Para acessar essas lacunas é necessário investimentos em tecnologia, capacitação em gestão/qualidade e Marketing. Para isso é necessário a formalização das atividades econômicas, com a regularização da situação ambiental, trabalhista e fiscal de modo a acessar as linhas de financiamentos dos bancos locais. Para gestão da qualidade e marketing é necessário uma consultoria especializada externa.

Pergunta: Através de quais canais os produtores de baixo perfil tecnológico vendem seus produtos? Quais canais podem ser mais efetivos para ter acendido a um maior mercado?

Resposta: O principal canal de venda são atravessadores (46%) e depósitos (30%). É possível eliminar esses intermediários buscando compradores finais como construtoras. Nesse aspecto uma estratégia de marketing é necessária.

Pergunta: Quais são as oportunidades de mercado para os produtores?

Resposta: Existem oportunidades de melhoria em larga escala. No Nordeste existe linha de financiamento especifica com boas taxas de juros (6,65% aa). Com esses investimentos é possível utilizar fornos com melhor queima, e como um sistema de gestão da qualidade é possível aumentar a quantidade de telhas, migrando para as de

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primeira linha com maior valor agregado. Buscando um plano de marketing é possível ainda acessar o mercado comprador final com preços ainda maiores. Em um mercado com essas características existe ainda uma grande oportunidade para fusões e aquisições, eliminando os menos eficientes e mais emissores/poluidores.

Pergunta: Quem(s) pode(m) conectar estes produtores com novos clientes?

Resposta: O Banco do Nordeste (BNB) tem a linha de financiamento FNE Verde, o SEBRAE local e a ANICER com os programas Programa Setorial da Qualidade (PSQ) e ainda a Rede de APL’s podem ser uma solução para a parte da gestão, promovendo a migração para a telha de primeira linha e acessando novos clientes.

É notório a necessidade de se fomentar a criação de uma estrutura local para abertura uma empresa de consultoria oferecendo os serviços demandados de forma integrada, licenciamento ambiental, gestão da qualidade, auxilio no levantamento de capital. A empresa de consultoria saberia vender esses serviços motivando os ceramistas a evoluírem, quebrando um dos principais entraves que são as “Praticas Usuais”.

Pergunta: Quais são as práticas atuais dos produtores e que precisariam mudar para ter acesso a novos mercados?

Resposta: é necessário sair da informalidade, regularizar a situação ambiental para acessar capital, e investir. O mais importante é uma mudança de mentalidade associado à oferta de serviços de consultoria de fácil acesso.

Pergunta: Quais restrições enfrentam os produtores para terem mudanças em sua produção e práticas para ter acesso aos requerimentos do mercado? Quais instituições e quais atores do mercado existem que possam ajudar aos produtores em superar essas restrições?

Respostas: As restrições ocorrem, pois os ceramistas não podem solicitar financiamento ao banco, pois não estão com suas devidas licenças ambientais. É necessária uma regularização ambiental, e adaptação as condicionantes do processo de licenciamento ambiental. O processo de licenciamento é moroso e burocrático e ainda demanda consultoria especializada, assim como idas recorrentes ao órgão ambiental.

Pergunta: Quais atores do mercado podem potencialmente assumir novas funções? Quais modelos de negócio têm potencial de expansão ou de réplica?

Respostas: As associações locais e as redes de APL’s podem trabalhar para unificar os ceramistas tratar problemas e questões que são comuns a todos. Em outras palavras sair da economia predatória para uma cooperativa. Nesse ponto de vista investimentos em marketing, estudos geológicos e laboratórios de ensaios poderiam ser criados atendendo as demandas locais.

Pergunta: Como as relações do mercado e serviços relacionados entre sim pode alavancar mudanças específicas no mercado: para aumentar o ganho, entrando em novos mercados, aumentando a eficiência, abaixando os custos ou desenvolvendo produtos mais comercializáveis? Quais estratégias poderia usar o projeto para fomentar essas mudanças no mercado?

Resposta: Pelo estudo de mercado conseguimos analisar que o Seridó possui uma

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economia predatória, e a concorrência entre eles acaba deteriorando o mercado. Por outro lado os ceramistas estão com processo muito ultrapassados com grande ineficiência. Com uma analise M4P, posterior será possível preparar as intervenções nesses pontos. Fomentar uma empresa de consultoria local poderá resolver os problemas de licenciamento ambiental, gestão da qualidade e financiamento. Uma interlocução com as associações e APL’s poderá migrar da atividade predatória para uma cooperativa.

Pergunta: Quais oportunidades existem no mercado que o projeto possa capitalizar relativamente rápido?

Resposta: Para capitalizar rápido o processo é possível focar em gestão da qualidade, visando reduzir desperdícios e custos. Trabalhar na redução de atravessadores com um plano de melhoria nos canais de distribuição. Do ponto de vista tecnológico os estudos do INT indicam que a utilização dos ventiladores conseguem aumentar a quantidade de telhas de primeira linha

Pergunta: Os produtores têm algum tipo de exigência ambiental para diminuir suas emissões? Têm algum tipo de restrição no uso de combustível?

Resposta: Existe a legislação que regulamenta a emissão de material particulado. Com relação à emissão de gases do efeito estufa, existe a Politica Nacional de Mudanças Climáticas, mas a mesma não estabelece restrições setoriais. Estados como Rio de Janeiro e São Paulo possuem leis (Resolução 43, e Decisão de Diretoria 254 respectivamente) que limitam emissões de gases do efeito estufa, mas somente a setores específicos da economia, que não cerâmica. Com isso não é esperado no médio prazo restrição a uso de combustíveis para esse setor nessa região.

Pergunta: Os produtores têm implementado melhoras em seus fornos ou no processo de queima (ex: isolamento térmico uso de ventiladores, etc.)? De ser assim, têm a percepção de que as emissões têm diminuído? Tem diminuído/aumentado o consumo do combustível?

Resposta: Em grande maioria não tem implementado melhorias. No capitulo de recomendações temos mais detalhes sobre esse ponto.

2. INTRODUÇÃO

O perfil do segmento de cerâmica vermelha no Brasil é majoritariamente de uso intensivo de mão-de-obra, onde prevalecem de um lado as microempresas familiares com técnicas essencialmente artesanais e, do outro, empresas de pequeno e médio porte que utilizam processos produtivos tradicionais. O Banco do Nordeste do Brasil (2010) aponta que a produtividade média do segmento oleiro-cerâmico brasileiro é da ordem de 15 mil peças/operário/mês, variando conforme a região. Apesar da produtividade observar um aumento de 19% entre o período de 2005 e 2009, mantém-se, ainda, distante da produtividade da indústria cerâmica de países mais avançados, salientando a necessidade da modernização do segmento no Brasil. HENRIQUES, SCHWOB & SZKLO (2009) ponderam que a produtividade na Europa é acima de 200 mil peças/operário/mês.

O segmento ceramista é conservador em relação aos produtos, ao sistema produtivo e à tecnologia utilizada. Conjuntamente, a estrutura das empresas é caracterizada em sua

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maior parte por pequenas e médias empresas, que precisam de apoio para melhora do processo produtivo. Há necessidade de eficientização do uso da energia, que hoje se pauta basicamente pelo uso da lenha (algaroba, jurema, poda de cajueiro, etc.), busca pela utilização de outros insumos energéticos, como por exemplo, resíduos de biomassa e briquetes de pó de serrarias. Neste último caso, a possibilidade de absorver resíduos de outras indústrias, reforça o caráter de maior adequação ambiental da indústria cerâmica. Adicionalmente, torna-se muito importante a modernização do processo produtivo, a fim de otimizar o uso de recursos, e ampliação geográfica do mercado.

Nos últimos anos o segmento ceramista, assim como outros segmentos industriais, tem sofrido os efeitos da globalização da economia. Ao mesmo tempo em que mostra novas oportunidades de mercado, também apresenta ameaças às empresas participantes do mercado nacional. Soma-se a esse fato outros aspectos como nível de atividade da economia dos países, o desenvolvimento de produtos substitutos, o desempenho da indústria da construção civil de cada país, entre outros. Em conjunto, esses fatores têm favorecido o crescimento da produção mundial de revestimentos, que se deve também a significativos avanços tecnológicos. Estes têm permitido às empresas aumentar a produtividade dos seus recursos e melhorar a qualidade dos produtos, atendendo às demandas do mercado. O segmento da cerâmica possui aspectos bastante positivos no que tange à matéria-prima abundante. Também, no quesito ambiental, possui a possibilidade de absorver resíduos de outras indústrias, passível de reutilização ou reciclagem ao final da vida útil com baixo conteúdo energético.

Cabe ressaltar que existe um amplo espaço para uma mudança da estrutura de competição do segmento, passando de uma competição local/regional predatória para um modo cooperativo, possibilitando aumentar os efeitos sinérgicos. As regiões que souberam incorporar em sua cadeia produtiva os benefícios das empresas inovadores, com um relacionamento colaborativo, obtiveram altos índices de desenvolvimento socioeconômico no final do século XX. Segundo Porter (1989), o impacto dessas mudanças fez com que as empresas repensassem as verdadeiras vantagens competitivas de agir isoladamente e as vantagens de se relacionar de forma colaborativa.

A abordagem da economia industrial é utilizada nas pesquisas sobre redes para permitir que se entenda como os diferentes ganhos econômicos de produção (economias de escala, de escopo e de especialização) explicam a eficiência das redes. Por exemplo, o ganho de especialização tem sido indicado como relevante fator para explicar por que uma rede de empresas pode ser mais eficiente do que uma firma integrada (verticalizada) na produção de certo bem. O ganho de escala tem papel relevante no acesso a recursos, na provisão conjunta de serviços ou no suporte de investimentos em P&D. Já o ganho de escopo pode ser à base de formação de acordos que visam à utilização colaborativa de equipamentos e know-how. A perspectiva da economia industrial assume que as redes podem apresentar uma eficiência superior ao modelo tradicional da grande empresa verticalizada.

O novo arranjo organizacional por redes, de forma colaborativa1, fortalece os agentes na medida em que eles se unem por um objetivo comum, obtendo ganhos como poder de barganha, redução de custos e riscos em ações conjuntas como o marketing, aprendizagem coletiva e inovação colaborativa. Ainda é possível elencar a associação

1 Segundo Antunes, Balestrin e Verschoore (2010), numa rede de cooperação uma das dificuldades iniciais estão relacionadas à adesão e ao comprometimento dos empresários com estratégias colaborativas propostas pela rede, porém, em uma rede de cooperação a instituição rede deve estar em primeiro lugar, os interesses individuais não devem se sobressair.

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entre os produtores e os provedores de tecnologias minimizando os riscos do negócio, particularmente no tocante á gestão tecnológica, sendo este um dos grandes entraves no segmento para incorporação de melhor rendimento do processo. Uma possível solução se direciona ao aluguel dos fornos por parte dos provedores havendo como contrapartida uma receita mensal fixa e um adicional por ganho de rendimento da produção.

Tais questões são reforçadas quando observada a distância entre a produtividade entre o Brasil e a Europa, sendo possível ter uma dimensão de quão distante o segmento está dos padrões internacionais. Conjuntamente, vislumbra-se a médio prazo uma tendência de expansão do setor, incorporando técnicas mais modernas de produção, assim como um movimento de concentração, possibilitando ganhos de escala e de escopo.

Na confirmação da tendência de concentração de mercado e/ou arranjo colaborativo por parte do segmento e na incorporação de técnicas mais modernas no processo produtivo, este movimento possibilitará a oferta de produtos mais elaborados, incorrendo no aumento do valor agregado do produto. Este encadeamento possibilita ao segmento, em particular as empresas de baixo perfil tecnológico outrora, ultrapassar os seus respectivos nichos de mercado locais, assegurando a demanda e viabilizando os investimentos na melhoria e ampliação do processo produtivo.

O segmento faz uso corrente do insumo de “lenha” como principal vetor energético no processo produtivo, conjuntamente não é observado, em regra, o manejo florestal adequado, incorrendo na ampliação dos impactos ambientais do segmento nos ecossistemas locais, se somando ainda a outros problemas ambientais e sociais. Segundo HENRIQUES, SCHWOB & SZKLO (2009), o uso de lenha não permite atingir um rendimento empresarial adequado, devido as grandes perdas, baixa produtividade e baixa qualidade dos produtos.

A operação com temperaturas mais baixas e ciclos de queima mais rápidos nas indústrias cerâmicas pode reduzir os impactos ambientais relacionados ao consumo de energia nesse setor. Dutra et al. (2009) afirmam que no Brasil, a maioria dos ciclos de queima de produtos cerâmicos utiliza processo lento (24h a 30h), ocasionando baixa produtividade e grande consumo de energia térmica, indicando, preliminarmente, que a inclusão de processos de queima mais rápida, poderia reduzir a perda no processo produtivo, assim como a redução do insumo energético e de seus desdobramentos negativos sobre o meio ambiente.

Neste contexto, existe a possibilidade de incorporação de um novo vetor energético, como o gás natural, entretanto este é limitado geograficamente à rede de abastecimento e à produção cerâmica de alto valor agregado.

Esta possibilidade se insere num contexto futuro de reordenação setorial, por meio da concentração e de ampliação de escopo e de escala, alterando os tradicionais critérios do setor no sentido das suas vantagens comparativas de estarem próximas às jazidas de argila e próximo ao mercado consumidor.

Segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME, 2010), o número de empresas no país é de 7.400 e a tendência é de ampliação da participação dos empreendimentos de maior porte na produção nacional, destacando o faturamento anual de R$7 bilhões, contando com 293 mil empregos diretos e 900 mil empregos indiretos.

Cabe observar que o segmento de Cerâmica Vermelha, de modo geral, apresenta

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deficiências em dados estatísticos e indicadores de desempenho consolidados, ferramentas indispensáveis para acompanhar o seu desenvolvimento e monitorar a competitividade, corroborando a necessidade dos entes governamentais, em conjunto com os representantes da cadeia produtiva se articular na questão da consolidação de uma estratégia contínua de levantamento de dados e de análise das tendências de mercado, no sentido de auxiliar no planejamento e na construção de ações voltadas a ensejar o dinamismo econômico, alinhadas com a sustentabilidade ambiental.

Isto posto, avaliar o mercado de cerâmica vermelha de baixo nível tecnológico sob a ótica da sustentabilidade é um enorme desafio. Por outro lado, vislumbra-se uma janela de oportunidade para a implementação de técnicas orientadas as melhores práticas, havendo a possibilidade de saltos quantitativos e qualitativos, possibilitando o desdobramento de melhoria em direção a eficiência energética, melhor manejo dos recursos florestais, redução da emissão de gases do efeito estufa, aumento do valor de mercado dos produtos comercializados, ampliação do mercado de trabalho local, dentre outras.

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3. OBJETIVO

Este documento possui como objetivo precípuo estabelecer a metodologia, incluindo os critérios de definição amostrais e os questionários de campo, logística, assim como a análise de mercado, com base nas informações de campo para o setor cerâmico vermelha de baixo nível tecnológico da região do Seridó. Em outros termos, diagnosticar o mercado de cerâmica vermelha da região citada, avaliando as falhas na cadeia produtiva, mensurando os reflexos positivos na situação de intervenção e indicando aperfeiçoamentos via ação de mercado, no âmbito da metodologia “Market for Poors2 (M4P)”.

Neste contexto foi considerada a necessidade da pesquisa de campo na Região do Seridó, assim como a realização de entrevistas focais com diversos atores da cadeia produtiva, buscando identificar a percepção do mercado, tecnológica e ambiental. A conjugação das informações de campo e das entrevistas focais possibilitam uma visão e entendimento mais aprofundado do segmento, indicando de forma mais assertiva as necessidades de intervenção, possibilitando, ainda, sua quantificação.

Em razão das dimensões da proposta de estudo, da setorial e dos potenciais ganhos na ótica da sustentabilidade, coube aos executores à reflexão do desafio proposto e de vislumbrar a possibilidade de replicação futura do mesmo estudo para outras áreas ou nichos de produção de cerâmica vermelha no Brasil, possibilitando, assim, uma base de dados mais fidedignos e apropriados para:

A necessidade de se conhecer com maior profundidade o mercado de cerâmica vermelha;

A importância de se desenvolver um banco de dados extraído de pesquisas de campo, que permita uma avaliação, além de dados pontuais de produção, i.e., incluindo uma visão interdisciplinar.

O interesse em conhecer os beneficiários diretos e indiretos de possíveis

intervenções e quantificar as vantagens obtidas por cada um desses grupos da cadeia produtiva, por meio de avaliação e monitoramento no tempo;

A grande contribuição que as informações e estudos decorrentes das pesquisas a

serem realizadas podem propiciar para o engajamento dos beneficiários em futuras ações de intervenção, auxiliando no esforço de convencimento;

A possibilidade de que as avaliações realizadas sejam fator motivador para que

agentes de financiamento nacionais e internacionais possam aportar recursos para adoção das melhores práticas;

Dentre as questões centrais a serem apresentadas pelo presente estudo, com base nas 2 O M4P é uma abordagem para desenvolver sistemas de mercado para que funcionem mais eficazmente e de forma sustentável e proveitosa para as cerâmicas de baixo perfil tecnológico. Está focado sobre as limitações subjacentes que impedem o desenvolvimento eficaz dos sistemas do mercado para estas cerâmicas. Nesse contexto, a sustentabilidade é entendida como a capacidade do mercado para garantir que os bens e serviços diferenciados e relevantes continuem a serem ofertados e consumidos pelas cerâmicas de baixo perfil tecnológico, além do período de intervenção da agência financiadora de cooperação.

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informações de campo, cabem citar:

Descrição do mercado cerâmico de baixo perfil tecnológico; Análise dos atores da cadeia produtiva na localidade;

Caracterização da oferta de telhas e tijolos na localidade;

Caracterização da demanda de cerâmica de baixo perfil tecnológico no Seridó;

Análise do nível de competição;

Produtos substitutos e materiais alternativos;

Lacunas de Competitividade na região;

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4. METODOLOGIA

A metodologia utilizada para realização da etapa de investigação de campo foi constituída basicamente pelas seguintes etapas: definição do objeto de estudo, elaboração do questionário de campo, realização do pré-teste (interno), execução do plano de amostragem, coleta de amostras, tabulação dos dados de campo, realização de análises e interpretação dos resultados e documentação.

A pesquisa de campo foi idealizada em duas vertentes, realizada por meio da aplicação de questionários estruturados e semi-estruturados (Anexo A) aos produtores de cerâmica vermelhas de baixo nível tecnológico na região de Seridó e de entrevistas focais (Anexo B) aos entes participantes da cadeia, não limitados à região. Obteve-se um montante de 27 produtores de cerâmicas vermelhas na região do Seridó pesquisados, distribuídos geograficamente na região, assim como de 22 entrevistas focais com o não produtores (stakeholders). A conjugação das informações dos questionários e das entrevistas, associada à utilização de dados secundários, possibilitaram uma avaliação do mercado mais ampla, abrindo espaço para o melhor entendimento da dinâmica do setor na região, assim como possibilita o subsídio para a reflexão de futuras intervenções no segmento na busca da implementação das melhores práticas no processo, associadas a ações de redução da pobreza no âmbito do enfoque Market for Poors (M4P).

Preliminarmente à visita a campo, os pesquisadores de campo foram orientados previamente sobre os objetivos da pesquisa, a metodologia do trabalho a ser implementada e sobre o preenchimento dos questionários, buscando, desta forma, um resultado mais assertivo.

Na entrevista focal foi necessária cautela na escolha do respondente, pois a escolha não poderia ser aleatória. Era essencial que a escolha recaísse sob alguém que possuísse uma visão integrada da cadeia de valor. Neste sentido foram identificadas instituições e pessoas chaves para contribuir na elaboração do estudo, inserido na temporalidade do mesmo. estudo.

A metodologia aplicada para a realização do estudo de mercado em questão contempla:

- A explicitação dos principais agentes envolvidos no processo;

- As bases temporais de realização das pesquisas;

- Os critérios amostrais utilizados;

- A elaboração de questionários para as pesquisas.

No contexto da proposta do trabalho, optou-se pelo levantamento primário de dados, pois se julgou necessário realizar um estudo mais profundo para que se pudesse trabalhar com os diversos aspectos que compõe a dinâmica do segmento ceramista de baixo perfil tecnológico na região do Seridó.

Cabe ilustrar que o trabalho de campo se justifica, entre outros, quando o fenômeno não pode ser estudado fora do seu contexto sem perda de utilidade da pesquisa; não se possui o controle sobre os eventos/comportamentos dos fatos/pessoas envolvidos na pesquisa, além do foco do trabalho referir-se a sua compreensão. Conjuntamente, faz-se uso da utilização de outras fontes com o intuito de evidenciar os fatos e as relações entre os agentes da cadeia produtiva.

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Na medida do desenvolvimento da pesquisa, os questionários prontos foram coletados, tendo como desdobramento as seguintes etapas:

i. Filtro preliminar das informações;

ii. Tabulação das informações e organização;

iii. Verificação da digitação;

iv. Elaboração do banco de dados em Excel;

v. Relatório preliminar descritivo;

vi. Análise dos dados;

vii. Documentação.

O trabalho de análise de dados com técnicas estatísticas e econômicas envolve várias fases. Nem mesmo naquelas situações em que se parte de um estudo bem planejado e delineado é possível prever à priori todas as condições que se vão encontrar os problemas que poderão surgir, as suposições básicas que não serão satisfeitas, etc. Pensando em obter uma boa estrutura para o desenvolvimento do estudo, a seguir definiu-se uma metodologia para a realização das etapas a serem executadas, sendo:

- Organização do banco de dados;

- Estatísticas descritivas e análise exploratória de dados;

- Inferência estatística;

- Aplicação de técnicas de análise econômico-financeira.

4.1. PRINCIPAIS AGENTES ENVOLVIDOS

As ações direcionadas à redução da pobreza e na promoção da sustentabilidade podem ser classificadas segundo seus enfoques predominantes. Assim sendo, existem ações com características desenvolvimentistas (avaliadas pela análise dos benefícios econômicos tanto do empreendedor quanto do produtor, tendo como objeto a propriedade ceramista); ações de natureza social (avaliadas por métodos qualitativos e experimentais focados no nível ou qualidade de vida da população local, tendo como objeto o entorno da propriedade ceramista) e ações que agreguem os dois enfoques, como é o caso deste trabalho. Nesse caso, o grau de complexidade de uma avaliação é aumentado, especialmente se pretende também definir e quantificar as possíveis intervenções futuras, considerando outros beneficiários da cadeia produtiva.

Nesse contexto, os principais agentes diretos seriam: a população local, trabalhadores do segmento de cerâmicas, os produtores de cerâmicas, instituições de apoio técnico, associações e sindicatos, as prefeituras municipais; os governos estaduais; o governo federal. No que tange aos agentes indiretos, destacam-se a rede varejista; o setor industrial (fornecedores de fornos e equipamentos), o setor energético, o meio ambiente, assim como a sociedade.

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4.2. BASE TEMPORAL

As pesquisas de campo foram realizadas em um momento do tempo com os produtores de cerâmicas vermelhas na região do Seridó, conjuntamente com a realização de entrevistas focais com stakeholders, participantes de diversos segmentos da cadeia produtiva, sendo: fornecedores de tecnologia, bancos de fomento, consultores, além de outros profissionais atuantes no perfil de baixo perfil tecnológico.

4.3. CRITÉRIOS AMOSTRAIS

Decidiu-se pela utilização de amostragem não-probabilística (amostragem por julgamento3). Nesta técnica o pesquisador pode, arbitrariamente ou conscientemente, decidir os elementos a serem incluídos na amostra. Este técnica não utiliza a seleção aleatória, pois confia no julgamento pessoal do pesquisador. Cabe observar, que segundo Malhotra (2001), as amostras não probabilísticas podem oferecer boas estimativas das características da população, mas não permitem precisão dos resultados amostrais, considerando que as estimativas obtidas não são estatisticamente projetáveis sobre a população.

Para alguns problemas de pesquisa, exigem-se estimativas altamente precisas de características da população. Em tais situações, a eliminação do viés de seleção e a capacidade de se calcular erros amostrais tornam as amostras probabilísticas desejáveis. Todavia, a amostragem probabilística nem sempre apresenta resultados mais precisos. Se os erros amostrais tendem a constituir um fator importante, então a amostragem não probabilística pode ser preferível, uma vez que o uso do julgamento pode permitir maior controle sobre o processo.

Outra consideração é a homogeneidade da população em relação às variáveis de interesse. Uma população mais heterogênea justificaria uma amostragem probabilística, porque seria mais importante assegurar uma amostra representativa.

Na amostragem por julgamento os elementos da amostra são julgados como adequados baseado em escolhas de casos específicos, na população onde o pesquisador está interessado. As amostras não-probabilísticas são também, muitas vezes, empregadas em trabalhos estatísticos, em alguns casos tendo em vista impossibilidade de se obterem amostras probabilísticas, como seria desejável. No entanto, processos não probabilísticos de amostragem têm também sua importância. Cabe observar que diferentemente dos grandes centros urbanos onde é possível se deslocar em grandes distâncias de forma rápida e de baixo custo, em outras regiões no interior do país não possuem as mesmas condições de acesso, particularmente na região de estudo.

Este caso de amostragem não probabilística pode ocorrer, também, quando na inacessibilidade a toda a população. Essa situação ocorre com muita freqüência na prática. O pesquisador é forçado a coletar a amostra na parte da população que é acessível.

3 Na prática os objetivos do estudo é que determinam o tipo de amostragem. Conjuntamente, considerações de ordem

operacional de campo não devem ser negligenciadas. Deve-se ter em mente os custos associados e o tempo necessário para a realização da amostragem probabilística no interior do desenvolvimento do trabalho, observando as distâncias e a logística de apoio para a região de estudo (Mesorregião do Seridó).

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4.4. QUESTIONÁRIO

O questionário é a técnica de investigação composta por um número, em geral, elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo central o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas. As vantagens do questionário, em relação a outras técnicas, são:

- Garante o anonimato das respostas;

- Permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais convenientes;

- Não expõe os pesquisadores à influência das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado

- Possibilita atingir grande número de pessoas, mesmo que estejam dispersas numa área geográfica muito extensa;

O objetivo do questionário é traduzir a informação desejada em um conjunto de questões específicas que os entrevistados/respondentes tenham capacidade de responder. Conjuntamente, o questionário deve motivar e incentivar o entrevistado/respondente a se deixar envolver pelo assunto, cooperando de forma direta na assertividade do levantamento. Uma das preocupações pertinentes ao desenvolvimento do questionário refere-se a pesquisador/executor na etapa do planejamento, minimizar o cansaço e o aborrecimento do entrevistado, esforçando, também na redução das repostas incompletas e não respostas.

Conjuntamente, faz-se necessário elencar as principais etapas dispostas no planejamento dos questionários de campo, sendo:

- Necessidade de se ter claramente a população alvo;

- Características da população alvo;

- Especificação das informações necessárias a serem respondidas;

- Especificação do método de entrevista;

- Determinar o conteúdo das perguntas individuais;

- Determinar o formato das perguntas individuais;

- Planejar as questões de modo a superar a incapacidade e/ou má vontade dos entrevistados;

- Determinar a estrutura das questões;

- Ter previamente indicações do método de tratamento dos dados;

- Elaborar o “fraseado” das questões para o público alvo;

- Identificar forma e layout;

- Realização do pré-teste;

- Realização do teste de aderência;

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Na execução buscou-se a padronização do questionário, possibilitando, assim, sua comparabilidade, precisão das informações, conjuntamente a operacionalidade dos dados de campo quando observado a necessidade do processamento dos dados. Mais ainda, a execução foi orientada a evitar perguntas de interpretação ambígua, assim como filtros, minimizando possíveis erros e não respostas.

Cabe ressaltar, que os questionários que constam no anexo A e B, foram elaborados visando à obtenção de dados padronizados, de modo a que fosse possível uma comparação com outras pesquisas já realizadas na região por diferentes institutos, que atuam nessa atividade, bem como possa permitir, futuramente, com uma mesma base de dados, inferir estudos comparativos interestaduais, inter-regionais e internacionais.

Por fim, o questionário foi elaborado de forma a abranger os questionamentos elencados pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT), havendo uma conjugação de questionários estruturados4 e semi-estruturados.

4.5. LOGISTICA DE CAMPO

Circunscrito a área de estudo da região do Seridó, no âmbito do levantamento primário de dados para apoio ao “Estudo de Mercado do Setor Cerâmica Vermelha de Baixo Nível Tecnológico: Mesorregião do Seridó”, cabe destacar a logística de campo.

4.5.1. EQUIPE DE CAMPO

A equipe de campo foi composta por três pesquisadores na região do Seridó, sendo um coordenador, com experiência em pesquisa e coordenação de equipes e dois pesquisadores de campo, com conhecimento e vivência da área de estudo, contando com o apoio de dois motoristas, e a disponibilidade de dois automóveis para o deslocamento na região.

4.5.2. ÁREA DE ESTUDO

A partir da última década o Nordeste brasileiro passou a apresentar os maiores índices de crescimento de sua história, elevando a sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) corrente nacional de 13,1% em 2005 para 13,5% em 2009 (IBGE, 2011). De acordo com esta referência, o PIB brasileiro e o PIB nordestino aumentaram, respectivamente, em 3,2% e 5,9% em 2005, 4% e 4,5% em 2006, 5,6% e 6,1% em 2007, além de 5,2% e 5,5% 2008. Em 2009, quando ocorreu contração de -0,3 no PIB nacional, o PIB nordestino aumentou em 1%.

Como o foco do estudo se refere ao setor de cerâmica vermelha, baseado principalmente na produção de telhas, tijolos e blocos utilizados na construção civil, cabe relatar ainda que o ritmo de crescimento do número de empregos formais nesta indústria civil ratifica esta pujança econômica da região. Em 2010 foi registrada alta de 27,4% na taxa de ocupação do Nordeste quando comparada a 2009, enquanto no mesmo período o crescimento do emprego formal no Brasil foi de 15,1% (IBGE, 2011). O índice de atividade do setor de construção civil, como principal consumidor final, tem reflexo direto no aquecimento ou desaceleração da

4 Questionários estruturados precificam o conjunto de respostas alternativas, sendo sua pergunta de múltipla escolha, dicotômica ou escalonada.

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demanda imputada ao setor ceramista.

Encontram-se na região do Seridó 120 empresas em atividade, havendo a concentração de 67 empresas no estado do Rio Grande do Norte (EELA, 2011). A região da bacia do Seridó é a maior produtora do estado do Rio Grande do Norte com 63.611 milheiros/mês, das quais 81% são telhas (EELA, 2011).

Fonte: EELA, 2011.

Figura 01 – Localização da Área de Estudo – Região do Seridó

As Tabelas 01 e 02 destacam o plano de pesquisa e sua rotina para o período de 26 de agosto de 2012 a 31 de agosto de 2012. As cidades elencadas no levantamento primário foram: Parelhas (RN), Carnaúba do Dantas (RN), Jardim do Seridó (RN), Acari (RN), Picuí (RN), Juazeirinho (PB) e Cruzeta (RN).

Antes da realização da pesquisa de campo, as principais instituições e associações da região foram informadas sobre a pesquisa, quando possível, auxiliando, assim, na melhor aceitação do público no que tange ao levantamento. Quanto às entrevistas focais locais, as mesmas foram marcadas previamente com os agentes, possibilitando maior eficácia da logística local, e de forma complementar foram realizadas entrevistas em outras localidades do país, em particular no 41º Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha e na 15ª Expoanicer - Exposição de Máquinas, Equipamentos, Produtos, Serviços e Insumos para a Indústria Cerâmica, realizadas na cidade de Campo Grande no estado do Mato Grosso do Sul.

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Tabela 01- Execução das Atividades de Campo Equipe 1 Turno Dom 26/08 Seg 27/08 Ter 28/08 Atividade

Manhã Acari /Carnáuba do

Dantas Parelhas (*)

Tarde Rio - Natal Carnaúba dos Dantas Parelhas

Qua 29/08 Qui 30/08 Sex 31/08

Manhã Picuí Cruzeta

Tarde Picuí Acari

Nota(*): Equipes 1 e 2 em trabalho conjunto.

Na Tabela 02 é mostrado um resumo das atividades de campo desenvolvidas pela Equipe 2.

Tabela 02 - Execução das Atividades Trabalho de Campo Equipe 2

Turno Dom 26/08 Seg 27/08 Ter 28/08 Atividade

Manhã Reagendamento de entrevistas em Natal

Parelhas (2*)

Tarde Rio - Natal Entrevistas focais

Idema /Sebrae (1**) Jardim do Seridó (2***)

Qua 29/08 Qui 30/08 Sex 31/08

Manhã Parelhas Carnaúba dos Dantas /Parelhas

Tarde Parelhas Juazeirinho

Nota (*): Equipes 1 e 2 em trabalho conjunto; Nota (**): Em virtude do horário não agendado, a reunião com o Sebrae foi para obter informações a respeito do estudo feito por esta instituição acerca do setor ceramista; Nota (***): A reunião com o BNB focou em entender a atuação do Banco como investidor.

A Tabela 03 apresenta a distância rodoviária entre as principais cidades pesquisadas.

Tabela 03 – Distâncias Rodoviárias entre as Cidades

Distância entre Natal e Currais Novos – 182 km (cerca de 2h30min)

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Distância entre Currais Novos e Parelhas – 73,4 km (cerca de 1 h)

Distância entre Currais Novos e Carnaúba dos Dantas – 45,5 km (cerca de 45min)

Distância entre Currais Novos e Jardim do Seridó – 56,1 km (cerca de 40min)

Distância entre Currais Novos e Cruzeta – 44,7 km (cerca de 35min)

Distância entre Currais Novos e Picuí – 54,6 km (cerca de 1h)

Distância entre Parelhas e Juazeirinho – 58,6 km (cerca de 1h)

Distância entre Juazeirinho e Campina Grande – 82,9 km (cerca de 1h)

Distância entre Campina Grande e Natal – 234 km – (cerca de 3h15min)

Fonte: Elaboração própria com base em Google Maps.

Cabe observar que outro fator limitante a pesquisa local se refere ao problema logístico quanto às vias de acesso. Atualmente, a localidade possui algumas vias rodoviárias não pavimentadas em estado rudimentar de conservação. A título de ilustração, foram percorridos pela equipe de campo entre 1.000 e 1.500 km na região e foram tiradas fotografias de campo com o intuito de documentar a realidade encontrada (anexo D).

Para se obter um maior número de entrevistas, foram destacadas duas equipes, denominadas 1 e 2, para a realização do trabalho de campo, que realizaram o trabalho de campo conforme as Tabelas 01 e 02. O coordenador de campo partiu do Rio de Janeiro no dia 26/8 (domingo) em direção à cidade de Natal (RN), por meio aéreo. Na manhã de 27/8 (segunda), um membro da Equipe 2 de campo se encontrou com o coordenador no aeroporto para uma breve reunião sobre os ajustes e esclarecimentos pontuais sobre a pesquisa de campo e, posteriormente, realizou a pesquisa com os stakeholders na cidade de Natal. Concomitantemente, ao longo deste dia a Equipe 1 realizou entrevistas com ceramistas nos municípios de Acari e Carnaúba do Dantas.

À noite a Equipe 2 partiu de Natal para a cidade de Currais Novos, seguindo orientação da pesquisadora Tatiane de Araújo Costa, da Equipe 1, que informou ser a localidade com infraestrutura adequada para a permanência das equipes. Como forma de harmonizar a realização das atividades do trabalho de campo, na terça pela manhã ambas as equipes seguiram em conjunto para o município de Parelhas para a realização da pesquisa junto aos produtores. Na parte da tarde, a Equipe 1 permaneceu em Parelhas e a Equipe 2 se encaminhou para o município de Jardim do Seridó, onde havia uma entrevista pré-agendada com agentes do Banco do Nordeste do Brasil..

Na quarta a Equipe 2 realizou pesquisa de campo com ceramistas em Parelhas ao longo do dia e ao final deste fez entrevista focal com o Escritório de Contabilidade (ECON). Já a Equipe 2 realizou pesquisa na cidade de Picuí.

Na quinta pela manhã Equipe 1 fez entrevista focal com o presidente da Associação dos Ceramistas do Vale do Carnaúba, além de pesquisa focal em Parelhas. À tarde a Equipe 2 se

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encaminhou para Juazeirinho (PB) para finalizar as entrevistas de campo com ceramistas. Enquanto isso, a Equipe 1 realizou pesquisa de campo com ceramistas em Cruzeta e concluiu este trabalho em Acari.

A Equipe 1 retornou de Acari para Natal, enquanto a Equipe 2 seguiu de Juarzeirinho para Natal, deixando o coordenador de campo em Campina Grande. Na sexta o coordenador de campo partiu do aeroporto de Campina Grande para o Rio de Janeiro.

4.5.3. PROBLEMAS ENCONTRADOS

O intuito deste subitem é apresentar de forma objetiva questões acerca do trabalho de campo que se mostraram como percalços para a realização da mesma e que futuramente, em outros trabalhos semelhantes, podem auxiliar aos gestores a repensar outras rotas, no sentido de aprimoramento na busca de informações primárias, dada a complexidade do objeto de estudo e da dinâmica econômica particular à realidade do segmento de cerâmica vermelha de baixo perfil tecnológico.

Quando se trata de pesquisa de campo, parece comum que algumas dificuldades sejam encontradas quando se deseja extrair informações de uma realidade particular. Com o trabalho desenvolvido com os dados da pesquisa de campo, não foi diferente. Por isso, alguns procedimentos foram adotados para que os dados de campo pudessem fornecer informações de maneira coerente e confiável para o estudo em questão. O principal objetivo no realinhamento realizado foi possibilitar a execução de um banco de dados que forneça acesso a informações sobre os produtores e stakeholders, permitindo uma avaliação mais assertiva e um maior conhecimento do mercado de cerâmica vermelha de baixo perfil de tecnológico.

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5. ANÁLISE DOS DADOS

5.1. ANÁLISE DE MERCADO.

5.1.1. ESTRUTURA DE MERCADO

As Estruturas de Mercado são modelos que captam aspectos de como os mercados estão organizados. Cada estrutura de mercado destaca aspectos essenciais da interação da oferta e da demanda, baseando-se em características observadas em mercados existentes. As estruturas de mercado estão condicionadas por três variáveis principais, sendo: número de firmas produtoras no mercado, diferenciação do produto e existência de barreiras à entrada de novas empresas.

No mercado de bens e serviços, as formas de mercado, segundo essas três características, são as seguintes:

Concorrência perfeita: número infinito de firmas, produto homogêneo, e não existem barreiras à entrada de firmas;

Monopólio: uma única empresa, produto sem substitutos próximos, com barreiras à entrada;

Oligopólio: algumas poucas empresa são responsáveis pela maior parte ou totalidade da produção

Conjuga-se, ainda, que a estrutura produtiva de uma determinada indústria contempla sua concentração, o tamanho das empresas, o estágio tecnológico, as barreiras à entrada, entre outras, o que define as formas assumidas no campo das estratégias de competição. Tal estrutura por sua vez, é determinada por um processo histórico e pelas políticas de preços e de inovações das empresas, as quais se constituem nos elementos principais da estratégia das firmas para o alcance de seus objetivos. Neste contexto quando analisada a base de dados relacionada a pesquisa de campo realizadas na Região do Seridó é possível indicar a existência de uma estrutura de mercado concorrencial no segmento de cerâmicas, onde prevalece as empresas de pequeno porte, sem diferenciação do produto e tomadores de preço (price taker). Mais ainda, é possível vislumbrar uma competição predatória entre os produtores, considerando que 31% dos produtores pesquisados não são legalizados, não incorporando ao preço as externalidades negativas do processo de fabricação.

Conjuntamente cabe ilustrar textualmente a percepção de outros participantes da cadeia, como:

                                     “Preço banalizado dos produtos” 

Ceramista

“Concorrência desleal existe cerâmica clandestina” 

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Ceramista

“Já existem muitos produtores na área. È muita cerâmica e pouco comprador”.

Associação de Ceramista

Considerando a baixa concentração desse mercado, a baixa diferenciação de produtos e o baixo grau de desenvolvimento tecnológico, conjuntamente com as externalidades negativas não precificadas, tais características induzem a tendência de um mercado em “desconstrução”, estando em constante desequilíbrio, tendendo a taxas do rendimento do capital abaixo dos demais setores da economia.

A mensuração da concentração fornece os elementos empíricos necessários para a avaliação da situação da competição de um mercado e para as comparações intertemporais que permitam examinar a dinâmica do mercado pelo lado da oferta. Entre as medidas de concentração mais utilizadas pela literatura se destaca o índice Herfindahl-Hirschman (HH), sendo que o índice varia entre zero e um, considerando que quanto mais próximo de 1 mais concentrado é a indústria e quanto mais próximo de zero menor é a concentração da indústria.

O Índice Herfindahl-Hirschman (HHI) avalia o grau de concentração do mercado relevante sendo calculado por meio da soma dos quadrados dos market shares individuais das firmas participantes no mercado relevante, tendo a vantagem de refletir a distribuição do tamanho das firmas, posto que o peso conferido às firmas com elevado market share é maior do que aquele relativo às firmas com baixo market share. Quando aplicado o índice Herfindahl-Hirschman (HHI) aos produtores de cerâmicas na região do Seridó é possível verificar a sua baixa concentração, em particular nos segmentos de telhas (0,05) e tijolos (0,10) (Tabela 04).

Tabela 04 - Índice de Herfindahl-Hirschman (HHI)

(Produtores de Cerâmicas Vermelhas - Região do Seridó)

Fonte: Elaboração própria com base nos dados de campo (v.2)

Complementa a análise sobre a informação do grau de concentração, o nível de produção dos ceramistas, i.e., a produção típica mensal de tijolos é de cerca de 120.000, de telhas de 600.000 e lajotas de 200.000. Cabe destacar a grande variação entre os produtores.

Na situação que se apresenta as empresas existe uma grande margem para fusões e aquisições por empresas mais eficientes, inclusive de empresas de outros estados e regiões.

5.1.2. MERCADO CONSUMIDOR

Quando avaliado os principais destinos da produção dos produtores, cabe destacar a predominância de Pernambuco com 41% e da Paraíba com 22%, conforme ilustrado no

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Gráfico 01. É interessante ressaltar que apesar da concentração em dois estados, a produção atende também a outros estados como Alagoas, Bahia, Sergipe e Ceará, podendo ser foco de estratégias futuras de ampliação do mercado consumidor.

13%

22%

41%

17%

4% 3%1%

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

Rio Grande doNorte

Paraíba Pernanbuco Alagoas Bahia Sergipe Ceará

Pincipais Destinos da Produção

Fonte: Elaboração própria com base nos dados de campo (v2).

Gráfico 01 – Principais Destinos da Produção

(Produtores de Cerâmicas Vermelhas - Região do Seridó)

Questão central na análise de mercado refere-se ao preço de venda dos produtos e serviços, neste sentido verificou-se os preços dos produtos de tijolos, telhas de primeira linha e de segunda linha, além das lajotas. Observou-se uma considerável diferença entre os preços de venda praticados entre as telhas de primeira e segunda linha, sendo respectivamente de R$ 205 e R$ 148 o milheiro (Tabela 05). A diferença de 38% entre os valores praticados abre espaço para ações direcionadas ao aperfeiçoamento do processo produtivo, no sentido de ampliar a produção de telhas de primeira linha, induzindo a um processo de melhor rentabilidade do negócio.

Tabela 05 – Preço Médio dos Produtos (R$/1.000)

Fonte: Elaboração própria com base nos dados de campo (v2).

É importante ressaltar que a telha de segunda linha nesse caso não é uma opção estratégica de produção. Não representa produto diferenciado elaborado para uma fatia de mercado especifica. Ou seja, não é oriundo de uma fabricação mais barata (em maior escala) para

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atender consumidores de menor poder aquisitivo. A Telha de segunda linha é fruto de uma falha no processo produtivo.

5.1.3. PRODUÇÃO E RENTABILIDADE

Quanto à informação do faturamento anual, com base nas informações de campo observou-se que 64% possui uma receita anual entre R$1.000.000 e R$ 2.000.000, enquanto 12% possui um faturamento acima de R$2.000.000 até R$5.000.000 por ano (Gráfico 02).

4%

20%

64%

12%

0%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

45,00%

50,00%

Até R$500.000 Acima de R$500.000até R$ 1.000.000

Acima de R$1.000.000até R$ 2.000.000

Acima de R$2.000.000até R$ 5.000.00

Acima de R$ 5.000.00

Faturamento Anual

Fonte: Elaboração própria com base nos dados de campo (v.2)

Gráfico 02 – Faturamento Anual

(Produtores de Cerâmicas Vermelhas - Região do Seridó)

A questão da produtividade foi elencada na pesquisa de campo junto aos stakeholders, buscando avaliar a percepção dos entes como seria possível alavancar a produtividade do setor e quais seriam as principais ações a serem implementadas. Majoritariamente, observou-se uma convergência no sentido que existe muito espaço para a ampliação da produtividade. Abaixo algumas afirmações textuais, como:

                                       “Melhora do conhecimento gerando um melhor produto e por isso preço melhor” 

Ceramista

“Possível, mão de obra pouco capacitada e cara. Falta argila”.

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Ceramista

“Melhorar a eficiência dos fornos” 

Agente de apoio

“Sim com investimento. Melhoraria de processo e queima. Capacitação e gestão”. 

SENAI

O faturamento médio constitui-se em um indicador de eficiência relativa, e pode ser utilizado tanto para comparações intersetoriais como para interempresariais. Considerando os dados de campo de Seridó foi observado que o faturamento médio mensal por funcionário atinge o patamar de R$27.306, estando assim acima da média nacional de R$19.600. Cerca de 24% das empresas da região do Seridó têm um faturamento por funcionário acima da média do setor, enquanto 66% possuem um faturamento abaixo da média do setor. Conjuntamente, ao se destacar a produtividade por peça, constatou-se que o valor médio mensal é de 11.623 peças por pessoa. A título de comparação em um estudo desenvolvido pelo SEBRAE (2004), na região central do Tocantins, o faturamento médio anual por funcionário do setor cerâmico na região central de Palmas foi R$ 32.966 e o valor médio mensal é de 11.013 peças por pessoa.

A análise comparativa de produtividade entre a região do Seridó e de Tocantins indica que a produção por peça é próxima, no entanto no que tange ao faturamento médio mensal existe um distanciamento entre as regiões, indicando que o preço de venda da região do Seridó pode estar sendo comprimido de forma artificial.

O valor encontrado no Seridó está abaixo dos valores típicos de produtividade, convergindo para a percepção dos stakeholders, que afirmam existir muito espaço para o aumento da produtividade. As empresas com baixo desempenho competitivo são em regra: produtoras apenas de um tipo de produto, contratação de pessoal acima dos níveis eficientes e com pouco controle do processo produtivo e do produto final.

5.1.4. ENTRAVES PARA AMPLIAÇÃO

A questão dos principais entraves para a ampliação do mercado foi elencada na pesquisa de campo junto aos stakeholders, buscando avaliar a percepção dos entes de como seria possível alavancar a produtividade do setor e quais seriam as principais ações a serem implementadas. Majoritariamente, observou-se uma convergência no sentido que existe muito espaço para a ampliação do mercado. Abaixo algumas afirmações textuais, como:

“Impostos e licenciamento excessivos”

Ceramista

“Produto de baixo valor, pois é um produto de qualidade inferior e não atende o mercado”.

Sindicato (SINDIVIR-RN)

“Não há preocupação ambiental. Tal fato ocasionou a desertificação no Seridó. A legislação CONAMA para padrões de emissão ainda é fraca e não atende as

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peculiaridades da indústria cerâmica. Há também resistência dos ceramistas em apresentar projetos. Além disso, os órgãos municipais não são estruturados em

termos ambientais e dispõe-se de apenas 1 técnico para realizar vistorias com vistas ao licenciamento ambiental em todo o estado do Rio Grande do Norte”.

IDEMA

“Resistência dos empresários quanto ao licenciamento ambiental”

IDEMA

Dificuldade do acesso a investimento e capital de giro, carência de informações e assistência técnica e licenciamento ambiental.

INT

O Licenciamento Ambiental é obrigatório para as indústrias além de ser condição necessária para o pleito de financiamento. Para atender a exigência do órgão é necessário uma consultoria especializada em meio ambiente, além de projetos de monitoramento. Esse processo envolve tempo e custos. Em anexo apresentamos uma proposta de uma consultoria local detalhando os pontos necessários assim como custos. Cabe ressaltar que 37% dos entrevistados possuem jazidas próprias de argila, e sobre esse ponto o licenciamento ambiental requer estudos de impacto mais elaborados com custos mais altos.

Acesso ao financiamento também demanda um conhecimento das linhas disponíveis e de projetos financeiros a serem apresentados ao Banco. Esse processo também é burocrático e demanda conhecimento específico da área financeira.

Gestão da Qualidade é outro entrave encontrado. Como não existe um sistema de qualidade a produção sai sem uma padronização o que acarreta em perdas. Uma das ações atuais na direção da padronização dos produtos do segmento de cerâmicas vermelhas, lideradas pela ANICER, refere-se ao Programa Setorial da Qualidade (PSQ), com apoio do Ministério das Cidades, na qual busca incrementar a implantação de mecanismos específicos de combate à não conformidade na fabricação dos produtos, garantindo o atendimento às normas que fixam as condições exigíveis na sua fabricação, auxiliando, por extensão, na obtenção de crédito junto aos órgãos de financiamento.

Outra questão relevante acerca da produção refere-se aos canais de comercialização dos produtos. Constatou-se que a venda direta ou venda para as construtoras possuem uma baixa participação, sendo 12% e 5%, respectivamente. Por outro lado, a participação do atravessador atinge o patamar de 46%, indicando uma vulnerabilidade do segmento, pois boa parte da margem é absorvida pelo atravessador, reduzindo, assim, a lucratividade do empreendimento (Gráfico 03). Neste contexto, devem-se avaliar outras formas de comercialização, em particular na venda para as construtoras, por outro lado, deve-se investir na padronização dos produtos, no sentido de superar barreira de mercado, atingindo e ampliando, outros nichos de mercado.

Todos esses entraves são passives de soluções e serão abordados em um capitulo específico de recomendações.

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30%

5%3%

12%

46%

4%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Depósitos contrutoras lojista venda direta atravessador outro

Pincipais Canais de Comercialização

Fonte: Elaboração própria com base nos dados de campo (v.2).

Gráfico 03 – Principais Canais de Distribuição

5.1.5. CRESCIMENTO DO MERCADO

Quando abordada a percepção dos agentes no tocante ao crescimento do mercado, vislumbra-se uma conjuntura favorável para os próximos cinco anos. Observou-se que 74% do público pesquisado possuía uma percepção otimista na expansão do setor, dentre as razões salientadas sobressai a continuidade e expansão dos programas de governo habitacionais que impacta diretamente na demanda futura do setor. O Gráfico 04 apresenta as informações sobre a percepção de crescimento do setor para os próximos 5 anos.

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71%

24%

5%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Positiva Neutra Negativa

Percepção sobre o Crescimento do Mercado (5 anos)

Fonte: Elaboração própria com base nos dados de campo (v.2).

Gráfico 04 – Percepção sobre o Crescimento do Mercado (5 anos)

Os produtores da Região de Seridó majoritariamente possuem perspectiva de realização de novos investimentos para os próximos três anos, cabendo ressaltar que os mesmos afirmam que buscarão apoio de alguma instituição externa para a melhor aplicação deste investimento, tanto na ótica das melhores práticas quanto na ótica da rentabilidade do investimento, sendo os principais agentes citados: SEBRAE, consultores, CEPIS, BNB e Banco do Brasil.

Quando avaliado o setor pelo lado da demanda, destaca-se que são os seus produtos principais: tijolos, blocos, telhas, elementos vazados, lajes, lajotas, ladrilhos vermelhos, tubos e agregados leves. Segundo o SEBRAE (2008), no Brasil a diversidade de produtos é muito elevada pelas próprias exigências do mercado consumidor que, muitas vezes, forçam uma variedade de dimensões que acabam dificultando a padronização dos produtos. Parte da demanda é atendida pelos produtores da região do Seridó, em particular a telhas, tijolos e blocos. Cabe destacar que existe uma concentração da produção na região do Seridó na telha de segunda linha, sendo esta de menor valor agregado.

Com base nas informações do SEBRAE (2008), extraída de uma apresentação da ANAMACO (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) sobre o setor, identificou que 77% das unidades habitacionais do país, um importante segmento de consumo atual e potencial dos produtos em questão, são construídas no regime de autogestão. Apesar das limitações no poder de compra dos brasileiros com menor renda, a pesquisa identificou que estes continuam comprando o material porque é uma necessidade. Nos anos mais recentes, o aumento da oferta de crédito para aquisição de material também estimulou esse movimento.

Cabe contextualizar que o setor de construção civil retomou sua trajetória de crescimento a

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partir de 2004 no Brasil, quando o setor começou a dar sinais de expansão, através do aumento dos investimentos em obras de infraestrutura e em unidades habitacionais, com uma retração em 2009, em função da crise econômica financeira internacional. Entretanto, em 2010 obteve um crescimento de 11,6%, o melhor desempenho dos últimos 24 anos e de 3,9 % em 2011.

Este contexto ilustra o ambiente favorável de demanda no segmento de construção civil, podendo ser entendida como uma aproximação do setor de cerâmica vermelha na ausência de dados oficiais mais recentes publicados. Soma-se, ainda, as ações governamentais do Programa Minha Casa Minha Vida, aonde na nova etapa do Programa de Aceleração do Crescimento PAC, que vai de 2011 a 2014,

A previsão preliminar de investimentos está na ordem de R$ 278,2 bilhões, divididos em três eixos: o Programa Minha Casa, Minha Vida (produção habitacional para famílias de baixa renda), com previsão de investimentos da ordem de R$ 71,7 bilhões; o financiamento do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo - SBPE (construção, aquisição de imóveis novos e usados e reforma de unidades habitacionais), com previsão de R$ 176 bilhões em investimentos e a Urbanização de Assentamentos Precários (melhorias habitacionais: água, esgoto, drenagem, transformação de favelas em bairros populares, entre outras), com previsão de R$ 30 bilhões.

Tais ações possibilitam uma alavancagem do setor de cerâmica vermelha no país, incluindo, também, a região do Seridó. Possibilita, por extensão, a geração de um ciclo virtuoso, desdobrando-se no efeito multiplicador da geração de renda e emprego, considerando que o mercado dos produtores de cerâmica vermelha da região do Seridó não se limita ao seu entorno local5. Por outro lado, abre-se espaço para a necessidade de se formular políticas locais na promoção da incorporação de alternativas energéticas à lenha e na melhora no processo de queima, caso contrário haverá uma maior pressão econômica para a expansão da atividade não alinhada aos conceitos de sustentabilidade.

5.1.6. PRODUTOS SUBSTITUTOS

No tocante a produtos substitutos no segmento, foi observado o baixo conhecimento dos produtores quanto tais produtos, com exceção de citações quanto a blocos de cimento, tijolo de cimento e telhas galvanizadas. Conjuntamente, são desconhecidos os preços de tais produtos substitutos pelos produtores de cerâmica vermelha na região do Seridó. Tal comportamento indica uma falta de organização produtiva e de uma exposição vulnerável de concorrência no médio prazo.

5.1.7. ANALISE DE MARKETING

Ações de divulgação fazem parte do processo de potencializar a demanda. Compete ao marketing encontrar novas formas de provocar as necessidades de consumo, nestas circunstâncias e da economia de gerar recursos para a prática de negócios do mercado. O ambiente competitivo do mercado incita a necessidade de ousadia, criatividade e busca

5 É válido reforçar que existe uma janela de oportunidade a ser explorada pelos produtores da região do

Seridó, considerando o continua expansão do poder de compra da população de baixa renda, associados aos Programas de governo direcionados a habitação, no entanto é de fundamental importância a padronização dos produtos, assim, como no investimento na melhoria da qualidade, possibilitando ampliar o mercado a ser atendido geograficamente, atingindo canais mais rentáveis de comercialização.

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constante de aperfeiçoamento de produtos e serviços. No entanto, não foram observadas linhas de ação empresariais nesta direção, por parte dos produtores pesquisados.

Quanto incorporada à avaliação dos pontos fortes do mercado, é possível destacar o ambiente econômico de crescimento, possibilitando a expansão do processo produtivo e de geração de renda. Este ambiente propicio de expansão é alimentado pelo contínuo aumento da renda nos últimos 10 anos dos segmentos de menor renda no país, em particular na região Nordeste, induzindo uma demanda por expansão na construção e de melhoria das residências, assim como a Copa do Mundo de 2014 e o Programa Federal “Minha Casa Minha Vida”.

Como contraponto, no que tange aos pontos fracos deve-se pontuar que os produtos não possuem uma padronização, reduzindo o espaço para a entrada em nichos de mercados mais nobres, mesmo que ainda incipiente, no horizonte de longo prazo a participação de produtos substitutos será crescente; ausência de ações empresariais direcionadas a marketing, estrutura de custo baseada em “subsídios” ambientais, não sendo incorporado o preço dos ativos ambientais; canais de distribuição com forte participação de intermediários; baixa formação e capacitação; falta de estrutura para escoar a produção; insumo energético (lenha) de baixo rendimento, induzindo a elevada perda e/ou produtos de segunda linha; restrições ambientais crescentes no setor; estrutura produtiva com métodos arcaicos, produção possui forte impacto ambiental.

Cabe observar que a demanda da indústria pode entrar em declínio por diversas razões diferentes, sendo uma delas a substituição tecnológica. Uma fonte de declínio são os produtos substitutos criados pela inovação tecnológica ou tornados proeminentes por mudanças nos custos relativos e na qualidade. Esta fonte pode ameaçar a rentabilidade da indústria, pois a crescente substituição em geral reduz os lucros ao mesmo tempo em que diminui as vendas. Este situação se encaixa no tocante a indústria de cerâmica vermelha de baixo perfil tecnológico na região do Seridó.

5.2. ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA

Entendendo que a análise da cadeia de valor é determinante para fortalecer a posição estratégica de uma empresa diante o mercado. A análise da cadeia de valor auxilia a fornecer subsídios para o processo de formulação de estratégias e possui como objetivos centrais:

a) detectar oportunidades e ameaças;

b) identificar estágios fortes e fracos;

c) detectar oportunidades de diferenciação;

d) identificar os principais determinantes de custos;

e) localizar oportunidades de redução de custos;

f) comparar com a cadeia de valor dos concorrentes

Quando abordada a questão da cadeia de valor, é válido observar sua definição, segundo

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Porter (1989), sendo:

“a cadeia de valores desagrega uma empresa nas suas atividades de relevância estratégica para que se possa compreender o comportamento dos custos e as fontes existentes e potenciais de diferenciação”

Conjuntamente é válido destacar a definição de cadeia de valor na perspectiva de Shank & Govindarajan (1993), onde:

“a cadeia de valor para qualquer empresa, em qualquer negócio, é o conjunto interligado de todas as atividades que criam valor, desde uma fonte básica de matérias primas, passando por fornecedores de componentes, até a entrega do produto final às mãos do consumidor”.

A cadeia produtiva de cerâmica vermelha foi dividida em principal e secundária. A cadeia produtiva principal é formada basicamente por mineração, fornecedores de insumos e serviços. A argila, principal matéria prima do processo produtivo, tem origem na mineração, de forma que a qualidade está intrinsecamente relacionada à do produto. No caso da região do Seridó, 37% das empresas pesquisadas possuíam sua própria jazida. Esta facilidade é conferida pelo fato da região possuir abundância desse recurso natural. Conjuntamente observou-se uma grande variação dos preços de compra da argila, variando de R$ 100 até R$ 450 o “caçambão”.

A título de ilustração, a Figura 02 elenca os principais elos da cadeia produtiva do setor de cerâmica vermelha, ressaltando que a cadeia produtiva é curta. No tocante à prestação de serviços, pode-se destacar a assistência técnica das empresas que fornecem máquinas para a produção da cerâmica.

Apesar de haver pouca informação disponível sobre a cadeia produtiva, por meio de comunicação pessoal na pesquisa de campo, foi comentado pelos produtores que parte da disponibilidade tecnológica é ofertada (intermediada) por outros agentes, especificamente, escritório de contabilidade da região.

É interessante ressaltar a assimetria de informação observada na localidade, sob vários enfoques da cadeia produtiva. Na visão do stakeholder, quando perguntado se os produtores estariam dispostos a pagar por um serviço de consultoria que fornecesse informações técnicas e financeiras juntos aos bancos, órgãos de licenciamento e de promoção de eficiência energética, tal afirma:

”Estariam dispostos!”

INT

A presença de um agente externo, auxiliando o encontro entre os elos da cadeia produtiva, assim como na promoção dos menores custos de captação de capital, além da indução das melhores práticas de produção, sob o enfoque da gestão ambiental, pode ser o elemento de aceleração das estratégias alinhadas com mercado, no âmbito das ações do M4P.

Os principais clientes para os produtores de cerâmica vermelha são: o setor da construção civil representado pelos construtores e os incorporados nesse ramo; e as casas de materiais

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de construção. Na cadeia auxiliar estão as instituições regulamentadores, órgãos governamentais, instituições de apoio, agentes financeiros e os fornecedores de equipamentos.

Quanto às instituições de apoio destaca-se sua baixa penetração, com exceção do SEBRAE. Os agentes financeiros, Banco do Brasil e o Banco do Nordeste Brasileiro, embora presentes, ainda há muito espaço para sua consolidação para as empresas de cerâmica vermelha, observando que 78% dos respondentes possuem como principal fonte de financiamento o capital próprio.

Cabe observar que quando foram avaliados os agentes do setor sobre a existência do apoio do governo (técnico e de financiamento) às necessidades atuais para a ampliação da produção, considerando a perspectiva de eficiência energética, redução das emissões de gases do efeito estufa e de manejo florestal, foi observado que 88% atentam que não existe apoio nesta direção. Conjuntamente, considerando a perspectiva de expansão setorial dos agentes, sendo que 89% dos respondentes pretendem investir nos próximos três anos, tendo como principais direções a compra de novos fornos, compra de jazida e diversificação da produção. Este cenário abre espaço para uma maior interação entre os agentes de fomento e os produtores, no sentido de se apoiar a introdução das melhores práticas, alinhadas a organização empresarial e sustentabilidade ambiental.

Fonte: SILVA, E.E, ARAÚJO P. & JÁCOME, P. 2008.

Figura 02 – Cadeia Principal da Cerâmica Vermelha

Cabe observar, no contexto do proposto estudo, que a indústria cerâmica é caracterizada por

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duas etapas distintas, quais sejam a primária, que envolve exploração e exploração da matéria-prima (argila) e a de transformação para elaboração do produto final. Independentemente dessas fases serem ou não desempenhadas pela mesma empresa, elas estão intimamente interligadas e interferem no desempenho de toda a cadeia produtiva.

Quanto à atratividade, a necessidade de uma rentabilidade é condição fundamental para a continuidade de uma empresa, sendo, pois, necessário identificar meios para a manutenção dessas em toda sua existência, incorporando a visão de longo prazo. Alia-se a esse aspecto a posição relativa no segmento que determinará a maneira de agir da empresa em relação às demais do setor. Porter (1989) apresenta como estratégias competitivas três formas: a liderança de custos, a diferenciação de produtos e o enfoque.

Com a estratégia de custos se busca oferecer um valor melhor ou igual aos clientes a um custo menor que o dos concorrentes, isto é, melhorar a relação custo x benefício para o cliente, enquanto na diferenciação procura-se oferecer algo que não é fornecido aos clientes pelos concorrentes, esperando-se obter um valor-prêmio para cobrir eventuais aumentos dos custos. Quanto ao enfoque, esse deve ser entendido como um escopo competitivo focalizado, em que a empresa deve selecionar um conjunto de clientes ou de mercado em que as competências dela sejam superiores às dos concorrentes, adotando um enfoque de custo e/ou de diferenciação.

Essas estratégias não são excludentes umas das outras, mas complementares, pois, após a adoção de uma posição de líder de custo, uma empresa pode tornar-se uma líder de seu segmento, com produtos diferenciados para nichos específicos. Assim, não existe a melhor, mas a combinação dessas para a obtenção e sustentabilidade da vantagem competitiva, optando-se por um posicionamento estratégico eficiente.

Quando avaliada a realidade pesquisada, em geral, observou-se que não existe ação clara por parte das empresas produtoras de se alavancar a vantagem competitiva, de se conseguir desempenhar as atividades estratégicas de uma maneira melhor e mais barata que a concorrência, seja pela liderança de custos, de diferenciação de produtos ou de enfoque. Algumas iniciativas pontuais foram observadas, no entanto mais direcionadas ao esforço individual do que uma ação estratégica clara planejada.

5.3. ANÁLISE DE ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTO

Quando abordada a questão pela ótica do investimento, é válido destacar que um projeto de investimento, seja na ampliação produtiva ou na troca dos fornos de baixo rendimento, consiste na identificação e análise dos desdobramentos acerca da decisão de aplicar recursos de capital. Esses desdobramentos variam de um projeto para outro, mas obrigatoriamente perpassam a análise econômico-financeira. Nesse sentido, a partir dos dados da estrutura de custo do segmento de cerâmica, busca-se explicitar e quantificar as vantagens e as desvantagens da alternativa de investimento.

Os investidores dispõem de diversos métodos para a análise de um investimento. Cada um destes enfoca uma variável diferente. O pay-back (PB) é extremamente voltado para a variável tempo, enquanto o Valor Presente Líquido (VPL) volta-se para o valor dos fluxos de caixas obtidos a data em questão. A idéia da Taxa Interna de Retorno (TIR) surgiu como mais um modelo de análise de investimento, dessa vez voltada para a variável taxa. A utilização da TIR tenta reunir em apenas um único número o poder de decisão sobre determinado projeto. Esse número não depende da taxa de juros de mercado vigente no mercado de capitais. A

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TIR é um número intrínseco ao projeto e não depende de nenhum parâmetro que não os fluxos de caixa esperados desse projeto.

Neste contexto, uma das questões centrais do estudo se refere a análise da viabilidade técnica-econômica das alternativas, neste caso na substituição de fornos e quais seus desdobramentos sobre a receita e de redução do consumo de lenha, e melhoria no produto final pela melhor queima. De antemão, cabe observar que majoritariamente destaca-se a presença de fornos caieira. i.e., 75% dos respondentes do estudo de campo fazem uso deste modelo de forno no seu processo produtivo (Gráfico 05).

Tipos de Fornos

12%

3%

75%

0%

10%

Abóboda

Caipira

Caiera

Hoffman

Caipira

Fonte: Elaboração própria com base nos dados de campo (v.2).

Gráfico 05 – Tipos de Fornos Utilizados (Seridó)

O segmento de cerâmica vermelha na região do Seridó, dentre aqueles que participaram da pesquisa de campo emprega a lenha em 100% dos casos. Quando avaliada predominância dos fornos caieiras, destaca-se que tais representaram ainda hoje ameaça ao equilíbrio do meio ambiente, principalmente devido à extração da lenha, que alimenta os fornos artesanais e ajudam manter as altas temperaturas. A atividade de produção de cerâmicas na região se caracteriza, principalmente, por ser desenvolvida por micro e pequenos produtores, que fazem uso de fornos artesanais, inteiramente sem controle tecnológico. É uma atividade rudimentar, tradicional, que emprega muitos moradores e onde há sérios problemas de manejo. A matriz energética dos fornos caieira é a lenha. Destaca-se que não é só a queima da lenha que degrada e favorece a erosão do solo, considera-se também a emissão de CO2e, além dos problemas socais associados.

De acordo com Silva, Reis e Silva (2005), no Rio Grande do Norte os produtores de cerâmica

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vermelha estão localizados principalmente na região do Seridó que concentra quase 50% do total, sendo também reconhecida como a área de maior índice de desertificação do território potiguar, devido à intensiva produção ceramista com retirada de solos e madeiras da região, o que vem causando sérios problemas à natureza.

Considerando os dados da Agência de Desenvolvimento do Seridó (ADESE, 2008), o diagnóstico obtido sobre o uso da lenha nas cerâmicas da região Seridó é preocupante, pois esse setor consome quase 70% da lenha na região. Soma-se ainda, os problemas sociais associados à produção como a poluição do ar, desencadeando várias doenças respiratórias, além do incômodo da fuligem e da poeira expelida das chaminés e do barro, mau cheiro, e principalmente a degradação do solo com a retirada do barro e lenha de forma desordenada.

Isto posto, este estudo busca a partir da coleta de dados da estrutura produtiva da indústria cerâmica na região do Seridó a avaliação da implantação de novos fornos em uma planta específica (estudo de caso). Utilizou-se os dados de uma empresa específica, pois a mesma possui um perfil produtivo que representa satisfatoriamente às demais.

Este estudo de caso foi desenvolvido em uma empresa do setor ceramista, localizada no região do Seridó (Cidade de Acari – RN), especializada na produção de telhas vermelhas, tendo como principais mercados consumidores a região do Seridó, Pernambuco e Alagoas. A empresa é de pequeno porte, com faturamento anual de R$1.080.000, tendo ainda baixos níveis de produtividade, uma vez que os custos operacionais comprometem boa parte da receita anual gerada, considerando ainda a precariedade das relações trabalhistas e ambientais. Outro ponto a se destacar é a obsolescência do parque tecnológico e dos equipamentos utilizados no processo produtivo. O processo de fabricação é rudimentar e depende essencialmente de esforço da mão-de-obra, com máquinas e processos modificados ou adaptados para atender a necessidade da produção.

A produção média de cerâmica vermelha da empresa avaliada é de 600 milheiros de telhas mensais. Esta produção representa uma receita média de R$1.080.000 por ano. A estrutura de custos da empresa por mês é a seguinte:

Lenha R$ 12.000

Argila R$ 1.750

Mão de obra R$ 14.440 (20 pessoas operacionais e 2 pessoas administrativos)

Manutenção6: R$ 5.750

Impostos7 R$ 3.300

Energia8: R$ 4.500

Total R$ 41.740 ,00

Atualmente, os custos com matéria-prima (argila), mão-de-obra e combustível para a queima (lenha) representam cerca de 67,5 % dos custos totais da empresa. É possível perceber que a atual estrutura de custos diminui sobremaneira a margem de lucro da empresa, conforme indica o Gráfico 06. Outra informação relevante é que o custo unitário médio por milheiro telhas é de R$

6 Valor estimado. 7 Valor estimado. 8 Valor estimado.

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69,56.

4%6%

47%

19%

11%

15%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Lenha Argila mão de obra manutenção Impostos energia

Pincipais Custos

Fonte: Elaboração própria com base nos dados de campo (v.2).

Gráfico 06 – Estrutura de Custos

Baseado nas informações comentadas supõe-se que o proprietário da empresa execute investimentos na substituição de equipamentos e a construção de um novo galpão para abrigá-lo. Outro ponto favorável ao implante de novas máquinas e equipamentos está na atual demanda do setor cerâmico: o atual aquecimento do mercado imobiliário e da construção civil favorece o investimento no setor, como já destacado anteriormente. Para incremento da capacidade produtiva da empresa será necessária a substituição de diversos equipamentos e dos fornos, além de um novo galpão fabril. O investimento inicial para aquisição destes equipamentos é da ordem de R$1,6 milhão de reais.

A este respeito, o investimento em melhoria do processo tecnológico e adequação ambiental altera a condição da competição baseada em menor custo para a condição de diferenciação. Na Tabela 06 são apresentados os preços médios praticados por cerâmicas de baixo e médio níveis tecnológicos.

Tabela 06 - Preço Médio/milheiro Praticado por Cerâmicas de Baixo e Médio Nível Tecnológico

Nota(*): As cerâmicas Tavares e Bela Vista informaram ser a produção de telhas de 1ª com perda mínima de até 2%.

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Na Tabela 07 são mostradas as estimativas dos principais custos informados para transformar uma cerâmica de baixo nível para médio nível tecnológico, para uma produção mensal de 1.000 milheiros/mês.

Tabela 07 - Custos Estimados para Adequação da Cerâmica para Médio Nível Tecnológico

Fonte: Pesquisa de Campo em Parelhas (RN) – comunicação pessoal.

Considerando ainda o custo da instalação de trilhos em torno de R$ 100.000 (cem mil reais), além de instalações hidráulicas para escoamento de águas, entre outros, os investimentos atingem o patamar de R$ 1.200.000 (um milhão e duzentos mil reais). Adicionando-se mais R$ 400.000 (quatrocentos mil reais) para a aquisição de caminhões e pá carregadeira são estimados a necessidade de investimentos da ordem de R$ 1.600.000 (um milhão e seiscentos mil reais).

O fluxo de caixas ao longo dos anos baseia-se na diferença da margem obtida pela mudança da fabricação 20% de telhas de 1ª e 70% de 2ª para 80% de telhas de 1ª e 18% de telhas de 2ª, além de considerar uma venda da capacidade instalada de 1.000 milheiros. Cabe ressaltar que não foram levados em conta os ganhos financeiros obtidos por meio da produção de tijolos ou lajotas de melhor qualidade. Há também possibilidade da fabricação de produtos outros baseados na diferenciação, como as telhas quadradas com valor de venda em torno de R$ 350,00, resultando em maiores margens para o ceramista. Estes produtos baseados na diferenciação não podem ser produzidos nas cerâmicas de baixo nível tecnológico.

Assumindo que o empresário não dispõe deste montante, terá que se submeter ao financiamento com os agentes bancários. A taxa cobrada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) para este tipo de projeto de investimento é a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) que está em 6% a.a.. Como o projeto de investimento tem cunho social e desenvolvimentista para a região do semiárido, é possível conseguir uma taxa de juros abaixo da taxa SELIC (Sistema de Liquidação e Custódia), que atualmente é 7,5% a.a.. Dentre outras opções de agente financiador, é possível obter uma linha de financiamento mais favorável por meio do Banco do Nordeste, cabendo elencar as principais condicionantes desta linha de financiamento:

Financiamento via Banco do Nordeste: Programa de Financiamento à Sustentabilidade Ambiental - FNE VERDE. O FNE possui o objetivo de promover o desenvolvimento de empreendimentos e atividades econômicas que propiciem ou estimulem a preservação, conservação, controle e/ou recuperação do meio ambiente, com foco na sustentabilidade e competitividade das empresas e cadeias produtivas; e promover a regularização e recuperação de áreas de reserva legal e de preservação permanente degradadas.

Período: 15 anos (linha de financiamento voltado destinados a projetos estruturantes que estejam localizados no semiárido, em municípios de Baixa Renda ou Estagnados).

Taxa de juros: 6,75% a.a.

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Bônus de adimplência: sobre os juros incidirão bônus de adimplência de 25%, para empreendimentos localizados no semiárido, concedidos exclusivamente se o mutuário pagar as prestações (juros e principal) até as datas dos respectivos vencimentos.

Limites de financiamento: no caso em estudo 100% é financiável

Acesso ao financiamento: Tendo cadastro e limite de crédito aprovados no Banco do Nordeste, basta apresentar o Projeto de Financiamento ou a Proposta de Crédito.

A consideração é financiar o investimento em 15 anos, de modo que o investimento inicial, calculados a partir dos conceitos de juros compostos, será de R$ 3.115.525, observando como sendo o investimento inicial do projeto por meio do financiamento via BNDES. Caso optasse pelo financiamento do BNB, considerando o bônus de adimplência, o valor atingiria R$ 2.861.228.

Estes novos equipamentos permitirão ampliar a produção mensal atual da empresa: ao invés de produzir 600 milheiros/mês, serão 1.000 milheiros/mês. O escoamento dessa produção é perfeitamente viável, uma vez que atualmente a empresa deixa de atender muitos clientes por conta da atual limitação da capacidade produtiva da empresa. O sumário dos custos após a substituição dos equipamentos e a contribuição de cada um deles com relação ao custo total pode ser visualizado abaixo. Os custos totais chegam ao valor de R$ 43.853, havendo aumento em virtude da capacidade produtiva aumentar com relação a anterior, entretanto os custos com a matéria-prima, com o combustível para a queima das telhas e com os impostos pagos, por outro lado considerou-se um melhora na eficiência de 20% no processo produtivo, em particular na lenha, argila e mão de obra, incorrendo numa queda do custo médio de 15%.

Com a produção média de 1.000 milheiros/mês, considerando a proporção de 80% de primeira linha, 18% de segunda e perdas de 2%, a receita gerada mensal é da ordem de R$193.200, abatendo-se o custo da receita, teremos o lucro mensal de R$ 149.347, não considerando ainda os custos dos investimentos.

Quando avaliados os valores descontados no tempo a taxa de juros anual de 5,06% ao ano, já incorporada a bonificação de adimplência, taxa de câmbio de R$2,012 (Setembro/2012), tempo de vida útil de 15 anos, sem receita não operacional, resíduo de U$100.000 no final da análise do investimento e depreciação constante.

Isto posto, é possível elencar que o playback se dará um ano após o investimento inicial, isto é, no ano 02. O Gráfico 07 apresenta os valores acumulados no tempo, onde o pay-back do investimento também aponta um valor favorável à implantação do empreendimento para o retorno total do valor investido.

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-$1.000.000

$0

$1.000.000

$2.000.000

$3.000.000

$4.000.000

$5.000.000

$6.000.000

$7.000.000

$8.000.000

$9.000.000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Resultado acumulado

Fonte: Elaboração própria com base nos dados de campo (v.2).

Gráfico 07 – Resultado Acumulado no Tempo (US$)

Um Pay-back desta extensão configura-se como significativamente bom, visto segmento industrial em que a empresa se enquadra e o valor investido inicialmente, o que facilita a obtenção de novos empréstimos e o acúmulo de riqueza, elevando a competitividade do industrial cerâmico proprietário.

Cabe destacar que quando avaliado o Valor Presente Líquido a taxa de 15% é possível atingir o resultado de U$2.346.839, tendo ainda uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de 75%. Os resultados financeiros são muito expressivos, ainda que pese as incertezas inerentes ao processo. Soma-se, ainda, os ganhos ambientais também se manifestam com a redução do consumo de lenha, que ocorre a redução de desperdícios do recurso natural extraído e utilizado no processo (argila e água, respectivamente), bem como se reduz a liberação de gases de CO2, na etapa da queima.

A Taxa Interna de Retorno (TIR) indicou um percentual significativamente elevado, garantindo, assim, os denominados custos de oportunidade, ou seja, a taxa mínima de atratividade da linha de financiamento do Banco do Nordeste (FNE), proporcionando certa margem de conforto para mudanças financeiras de cenário, os ganhos do projeto ou VPL são descendentes com a elevação da taxa de desconto e tornando-se nulo ao patamar de TIR 75% a.a, isto significa que financiamentos que superam este patamar inviabilizam o investimento no produtor de cerâmica.

Cabe alertar que quando incorporados os custos reais das relações trabalhistas (anexo c), assim como os custos futuros da extração dos recursos naturais, vislumbrando reforço na fiscalização ambiental a partir de 2014, estas taxas de viabilidade tenderão a cair significativamente. Em uma análise de sensibilidade, quando incorporados os custos dos encargos trabalhistas e das licenças ambientais e programas ambientais, observou-se que a atratividade atinge uma queda de cerca de 30%.

Este estudo mostra que é viável economicamente e financeiramente a implantação da troca de equipamentos por novos fornos e novas instalações, considerando o valor positivo encontrado para o VPL do investimento, no horizonte de 15 anos previstos para o projeto. A taxa de retorno sobre o investimento inicial é benéfica tanto para o investidor que garante um retorno monetário satisfatório para compensar o seu esforço financeiro, como para um

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possível financiador desse investimento, pois afirma o potencial de retorno do empréstimo concedido. Por fim, considerando o estudo de caso o investimento é economicamente viável, afinal todos os indicadores neste estudo analisados mostram-se favoráveis a execução a efetivação do investimento.

O atual parque tecnológico da indústria de cerâmica vermelha avaliada está obsoleto, além das máquinas e equipamentos utilizados no processo serem adaptados ou modificados para aquele processo produtivo. Ademais, a atual capacidade produtiva da empresa não atende a demanda do mercado. A substituição de equipamentos do processo produtivo, além de quadruplicar a capacidade produtiva da empresa, aumentar o lucro médio da empresa e reduzir proporcionalmente os custos, mostrou-se viável.

A decisão sobre a reposição ou manutenção de equipamentos em indústrias de transformação deve ser realizada com extremo cuidado. Uma decisão mal analisada pode trazer perdas irreparáveis e fadar a empresa ao insucesso. Surge então a necessidade de se levantarem todos os custos do processo bem como todos os outros pormenores envolvidos nesta transação. Vale lembrar que a utilização das técnicas de análise de viabilidade do investimento são de suma importância neste contexto, assim como a percepção do pesquisador, que observou a realidade de campo, interagindo com os principais atores do segmento de cerâmicas vermelhas na região de Seridó, na busca de complementar o entendimento da realidade, em particular as variáveis não explícitas e suas respectivas interações com o ambiente de estudo.

6. A VISÃO DOS STAKEHOLDERS

Segundo o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (IDEMA) uma primeira questão se refere à sustentabilidade quanto ao uso da lenha como insumo energético. Apesar dos esforços de conscientização e da fiscalização ambiental, é consideravelmente elevada à destruição da mata nativa para servir como insumo energético. A queima a céu aberto é degradante sob a ótica ambiental. Dessa forma, a baixa eficiência do setor deve ser suprida por meio de melhoria tecnológica da indústria cerâmica com a otimização do plano de manejo.

Em relação ao apoio governamental, seja técnico, seja de financiamento, as instituições oficiais buscam atender, mas existe um descompasso entre tal apoio e o interesse do empresariado na aplicação mais adequada do investimento e desinteresse pelo licenciamento ambiental que encontra resistência por parte dos ceramistas. Estes fatos atuam como freio para a indústria cerâmica na região diante do crescimento vivenciado atualmente pelo setor de construção civil no Nordeste, por meio de políticas públicas visando maior acesso das populações à moradia e em virtude das construções para o megaevento da Copa do Mundo de 2014.

No que se refere à disponibilidade da tecnologia, esta comumente não é utilizada na região do Seridó. Poderiam ser utilizados fornos Hoffman ou Cedan, com custos em torno de R$ 400.000 (quatrocentos mil reais), mas na região os tipos largamente utilizados são Caieiras ou Caipira e Abóboda em menor caso nas cerâmicas mais avançadas.

O órgão ambiental alerta que os ceramistas devem se preocupar desde já com o enquadramento na nova legislação ambiental que será mais rígida a partir de 2014. Contudo, enfatiza que o Idema dispõe de apenas 1 (uma) técnica para atuar nas atividades de vistoria e licenciamento ambiental em todo o estado do Rio Grande do Norte, enquanto existem outros 5 (cinco) profissionais para atender as demais indústrias em geral. Adicionalmente, em

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geral os órgãos municipais não têm estrutura adequada para realizar vistorias ou licenciamento ambiental.

O Banco do Nordeste do Brasil (BNB), como agente financiador público, informa que a maior restrição para a concessão de financiamento se refere à inexistência de licença ambiental por parte do ceramista. O BNB opera o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), criado pelo artigo 159, alínea “c” da Constituição Federal e regulamentado pela Lei nº 7.827, de 27/09/1989, tratando-se de um instrumento de política pública federal voltado para o desenvolvimento econômico e social do Nordeste, por meio da execução de programas de financiamento aos setores produtivos, de forma a contribuir com o plano regional de desenvolvimento que preconiza a redução da pobreza e das desigualdades sociais.

As garantias a serem oferecidas no financiamento pelo BNB são implementadas por meio de alienação fiduciária, para o caso de equipamentos, garantia fidejussória, avalista de nota de crédito ou fiador com contrato, para investimentos em infraestrutura. Adicionalmente, por meio de recursos do FNE foi criado o programa Cresce Nordeste, com menores taxas de juros e prazos mais longos, para financiar empreendedores de todo o Brasil que queiram investir no Nordeste.

Sob os Arranjos Produtivos Locais de Base Mineral (APL’s) são conjuntos significativos de empreendimentos e de indivíduos em um mesmo território atuando em torno de uma cadeia produtiva que tenha como base a atividade extrativa e de transformação mineral. Na cidade de Parelhas existe APL de cerâmica vermelha.

Sob a ótica das Associações de Ceramistas do Vale do Carnaúba (ACVC), é difícil a obtenção de financiamento para melhoria tecnológica dos fornos não demonstram exercer um papel, contrastando com a situação apresentada para o financiamento de máquinas e equipamentos, há facilidade de financiamento com juros baixos e prazos longos. Os ceramistas em geral informam ter grandes dificuldades para obter o licenciamento ambiental e, conseqüentemente, o financiamento com subsídios das instituições oficiais de fomento.

Segundo a Associação de Ceramistas de Parelhas, há que se focar na melhoria dos fornos para se trabalhar o valor agregado como forma de melhorar a produtividade. Dessa forma, também é importante focar na diferenciação do produto, que não encontra concorrente à altura numa região de elevadas temperaturas diante do fato da cerâmica apresentar as melhores características térmicas e funcionais. A lajota cerâmica quando comparada com outros materiais, por exemplo, tem menor preço, é mais resistente e mais compacta para transportar, além de ser melhor de assentar quanto de cortar para passar tubulação.

Com relação à cadeia produtiva na localidade foi observado que é praticamente formada por empresas familiares, em sua maioria baseada em processos artesanais de produção, definida por um proprietário como uma “olaria mecânica” ao invés de uma cerâmica. Observou-se no processo de fabricação que na maioria dos casos os moldes são espalhados pelo chão para secagem ao tempo aproveitando a incidência solar direta. Em menor caso, algumas cerâmicas introduziram pequenos galpões com cobertura transparente, normalmente de material plástico, dispondo verticalmente diversas prateleiras horizontais com os moldes das telhas para secagem.

Finalizada a etapa de secagem, utilizando carrinho de mão, reboque por triciclo ou vagonetes em trilhos, as telhas são conduzidas a fornos abertos, em grande parte do tipo caieiras ou caipira, havendo a necessidade de se adicionar de 5% a 10% de moldes de tijolos para melhorar a circulação do fluxo de calor no interior dos fornos, como forma de propiciar uma queima mais regular das telhas.

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Este processo implica num alto percentual de não uniformidade no formato final do produto, resultando em sua grande maioria (>70%) de produção das chamadas telhas de segunda e apenas um máximo de 20% das chamadas telhas de primeira, além das perdas por fabricação de peças inservíveis que podem alcançar 10%. Cabe considerar ainda o elevado impacto ambiental causado pelas emissões atmosféricas de gases poluentes e particulados, que provocam conseqüências danosas sobre a saúde dos trabalhadores e da população residente.

Caracterizando como casos especiais, as cerâmicas Tavares e Bela Vista (antiga Dois Irmãos) se caracterizam por adotar as técnicas mais avançadas na região pesquisada, dispondo de fornos fechados do tipo abóboda com recuperação de calor residual de um forno em operação para pré-aquecimento do forno adjacente. Praticamente toda a área de produção se processa em grandes galpões cobertos por meio de um processo mecanizado, em que a ação humana se caracteriza pela retirada do molde da telha da extrusora para colocação nas vagonetas, transporte em trilhos até próximo do forno e enchimento dos fornos. Ambas as cerâmicas buscam automatizar a queima nos fornos, por meio do controle da chama, e concluir a recuperação de calor entre fornos para o modo contínuo, sendo que neste caso o último forno pode retornar o calor residual para o primeiro forno da linha.

A cadeia de valor da indústria cerâmica no Seridó é representada pelos fornecedores de insumos, transportadores intermediários, manufatura produtiva, distribuidor varejistas e construtoras. Os principais insumos energéticos são lenha de algaroba, jurema e poda de cajueiro. As cerâmicas que possuem caminhões próprios para transporte apresentam diferencial competitivo de custos tanto na aquisição de insumos (lenha e argila) quanto na venda do produto final, ficando os demais sujeitos às condições de preços dados pelos transportadores intermediários ou atravessadores.

A produção nos municípios visitados na região do Seridó do Rio Grande do Norte e em Picuí (PB) é voltada majoritariamente para a produção de telhas, enquanto no município de Juazeirinho (PB) para a fabricação de tijolos e lajotas. Os ceramistas de Juazeiriinho informaram que tal fato se deve a não dispor de mão-de-obra especializada para a produção de telhas. Os principais mercados consumidores da produção cerâmica são os estados de Pernambuco, Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte e Paraíba.

A demanda da produção cerâmica é puxada pelo mercado da construção civil, seja diretamente para construtoras, seja destinado ao depósito varejista para venda ao consumidor final. Ainda que haja a formação de associações, há um grande número de ceramistas competindo individualmente pelo menor preço, o que provoca corrosão nas margens de lucro destas empresas. Durante as pesquisas, muitos proprietários pontuaram a existência de concorrência desleal por parte de ceramistas ilegais que não são regularizados, tanto pelo aspecto fiscal diante da inexistência de CNPJ quanto sob a questão ambiental por não possuírem licenciamento para operação.

A condição de baixo nível tecnológico está mais associada à falta de espírito empreendedor e compromisso dos ceramistas em investir adequadamente e de acordo com a legislação ambiental do que pela dificuldade da obtenção de licenciamento e financiamento. Um exemplo se refere aos casos relatados dos donos das Cerâmicas Tavares e Bela Vista (antiga Dois Irmãos). Ambos iniciaram como funcionários da linha de produção, passaram à condição de proprietários, com secagem dos moldes das telhas ao sol e utilizando forno caipira, levando cerca de 15 (quinze) anos para alcançar a diferenciação de nível tecnológico na região. Relataram a grande preocupação com o meio ambiente e com os funcionários trabalhando sob o sol. Mesmo em situações adversas de dificuldades de financiamento,

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encontraram soluções por meio da venda de estoques ou negociação de pagamento parcelado direto da fábrica da compra de máquinas e equipamentos.

Cabe salientar que o setor cerâmico apresenta bons índices de rentabilidade, fato este confirmado pelo gerente de uma cerâmica, ainda mais quando se considera os subsídios governamentais. A este respeito, durante a realização das pesquisas, por um lado os ceramistas apresentam uma série de dificuldades enfrentadas, desde o licenciamento ambiental, passando pelo financiamento e alcançando a carga tributária, além dos encargos trabalhistas. Por outro lado, de forma geral apresentam seus custos, mas são praticamente reticentes quanto à informação de faturamento. Quando há informação acerca do faturamento, seus valores situam-se em patamares bastante distantes daqueles obtidos pelas quantidades de produtos vezes os valores médios de venda.

Em suma, o avanço tecnológico depende em maior monta de melhorar o conhecimento do empresário atuante no setor ceramista para agregar maior valor ao seu negócio, por meio de uma formulação adequada de plano de negócio baseando-se em criar uma consciência para focar no planejamento estratégico do setor, a fim de aplicar adequadamente os investimentos disponíveis com atenção às exigências ambientais. Deve-se ter especial atenção à nova regulamentação ambiental mais rígida a partir de 2014, haja vista o fato de tais exigências não se restringirem apenas ao financiamento por bancos oficiais, passando a alcançar a própria dinâmica do mercado consumidor final.

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7. CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

Pelo porte das empresas hoje estabelecidas, tipicamente micro e de pequenas empresas, sem acesso a crédito, com processos industriais defasados, baixa padronização, exigências ambientais crescentes, mercados restritos e baixa qualificação da mão-de-obra, a tendência é que um número reduzido de empresas tenha condições de se expandir de forma sustentável, apesar de haver um horizonte de demanda crescente de demanda.

Com base nas informações observadas em campo, é necessário pontuar as principais barreiras que dificultam o desenvolvimento do segmento de produtores de cerâmicas vermelhas de baixo nível tecnológico na região de Seridó, sendo:

i. Mercado: baixa qualidade dos produtos, competição predatória, ausência de inovação; concentração dos canais de comercialização ao atravessador; marketing do setor inexistente;

ii. Aspectos Tecnológicos: informalidade; máquinas, equipamentos e processos rudimentares; baixa sustentabilidade ambiental e energética; baixa interação com universidade e instituições de apoio;

iii. Sociais e Ambientais: atividade impactante (emissão de poluentes) ao entorno; baixa qualificação; forte dependência da economia local a atividade; informalidade trabalhista; tendência de exploração de recursos naturais de forma não legalizada.

Cabe observar que a região estudada faz uso da informalidade como ferramenta de competitividade, seja na utilização da lenha, seja na precariedade das relações trabalhistas, seja na exploração da argila de forma não legalizada, entre outras. Tais variáveis não são incorporadas no preço final, sendo as externalidades ambientais e sociais não incorporadas ao processo produtivo, sendo desta forma um subsídio direto ao processo produtivo.

No que se refere à questão do consumo de energia, faz-se presente o apoio governamental no estabelecimento de um programa de estímulo a eficiência energética de forma a diminuir os gastos de produção, uma vez que o insumo energético representa mais de 20% das despesas mensais para a fabricação dos produtos de cerâmica vermelha. Conjuntamente, elenca-se a necessidade de apoio a projetos de cunho de inovação para a produção de energia alternativa para abastecimento do segmento de cerâmica vermelha em substituição ao insumo atual, lenha de reflorestamento e nativa, e com vistas a atender as condições de sustentabilidade econômica e ambiental.

Pela analise financeira é possível e viável promover a eficiência energética na região, além disso, quando entrevistados os ceramistas informam interesse em fazer investimentos. Por outro lado quando analisamos os entraves do mercado temos uma clara barreira de “Praticas Usuais”, principalmente nos pontos: Meio Ambiente, Qualidade, Finanças e Marketing. Isso aponta um mercado carente de inteligência. Uma empresa de consultoria oferecendo esses serviços integrados ao setor de forma integrada supriria facilmente essa demanda além de gerar mais renda para a região.

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O segmento cerâmico vem apresentando nos últimos anos um crescimento, impulsionado pelos programas governamentais de habitação popular. O atual crescimento favorece grandes demandas de produtos cerâmicos e isso pode induzir que as empresas invistam na melhoria de seus produtos, por meio da introdução de novas tecnologias de processo e maior aproveitamento dos seus insumos (matéria-prima e energia). Soma-se, ainda, a possibilidade de visão de futuro do apoio governamental para estruturação e organização dos arranjos produtivos locais (APLs) no segmento de cerâmicas vermelhas na região estudada. Esta nova concepção possibilita uma melhoria de competitividade, assim como evita a competição predatória entre os produtores locais, possibilitando, ainda, acessar canais de distribuição mais rentáveis. Este enfoque está em consonância com a articulação de ações via mercado, no contexto do Market for Poors (MP4) onde é preconizado que os mercados funcionem para aqueles em situação de pobreza, promovendo as oportunidades e estimulando o desenvolvimento econômico e a expansão da liberdade em todos os seus aspectos, não se limitando apenas a renda. A Rede de APL poderia estruturar iniciativas que atenderiam aos ceramistas de forma conjunta: (i) elaboração de estudos geológicos, (ii) mineradora licenciada conjunta, (iii) laboratório de ensaios, (iv) silos de armazenagem para massa já preparada, (v) investimentos em marketing.

O desafio intrínseco é criar um ambiente que permita aos agentes ampliar suas capacidades e ativos, possibilitando a ampliação dos investimentos, tendo como desdobramento a redução da pobreza. Como conseqüência desta reflexão, existem duas variáveis centrais de análise, sendo crescimento e acesso. O crescimento é percebido de forma clara no setor, entretanto o acesso a mercados mais pungentes é restrito, limitando o crescimento de forma sustentável. Ações via sistema de mercado pode auxiliar a transpor esta forte lacuna, no âmbito do Market for Poors (MP4), possibilitando eficácia social, econômica e ambiental.

Elenca-se a necessidade da articulação entre os agentes governamentais e os demais agentes da cadeia de valor, na promoção de esforços direcionados a incorporação de novas técnicas produtivas, na região do Seridó, no sentido de aumentar a eficiência energética e ambiental, assim como assegurar os empregos e a renda no horizonte de longo prazo, possibilitando os produtores se adequarem às exigências legais e mercadológicas, conjuntamente abrindo espaço para a ampliação da sua fronteira de mercado, possibilitando acesso a preços mais atrativos e alavancando a rentabilidade do negócio.

O principal entrave identificado é referente as “Praticas Usuais”. Os ceramistas possuem uma forma rudimentar e informal de atuar, e mesmo sabendo que poderiam evoluir não o fazem. Esse cenário é comum no Brasil em diversos setores (ex: pecuária) mas é possível contorna-lo.

A instalação de uma empresa de consultoria no Seridó seria uma alternativa interessante. Essa empresa ofereceria os serviços mais necessários: Gestão da Qualidade, Licenciamento Ambiental, Projeto financeiro (para conseguir acessar as linhas de financiamento). Ter um consultor “vendendo” serviços força o mercados tradicionais, pois uma vez que um determinado ceramista contrata a consultoria e tem resultado os demais o seguem.

Para a instalação dessa empresa seria necessário um fomento inicial, devido a dificuldade e pouco interesse de especialistas morarem em local tão remoto, além do tempo necessário de convencimento dos ceramistas a contratação. Depois de um certo período (menos de 2 anos) essa empresa já seria viável economicamente. Os

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dados da analise de mercado apontam que existe dinheiro no mercado para pagar por consultoria, e ainda mais dinheiro disponível pronto para acessar (principalmente migrando de telhas de segunda qualidade para a de primeira qualidade).

Por fim, A presença da consultoria traria outros benefícios locais como: aumento da renda local, aumento da capacidade intelectual local.

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1. REFERÊNCIAS

1 ADESE, 2010. Adese - Agência de desenvolvimento Sustentável do Seridó. Disponível em: http://adese.serido.zip.net/ Acesso em: 5/9/2012

2 ANTUNES, J; BALESTRIN, A. & VERSCHOORE, J.. 2010. Práticas de Gestão de Redes de Cooperação. São Leopoldo: Unisinos, 2010.

3 BNB, 2011a. Indicadores Macroeconômicos Brasil e Nordeste 2000 a 2009. Banco do Nordeste. Dezembro de 2010

4 BNB, 2010. Informe Setorial: Cerâmica Vermelha. Banco do Nordeste do Brasil. Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste – ETENE, 2010.

5 DIEESE, 2011. Estudo Setorial da Construção. Estudos e Pesquisas Nº 56 – abril de 2011.

6 DUTRA, R. P. S.; VARELA M. L.; NASCIMENTO R. M.; GOMES U. U.;MARTINELLI A. E; PASKOCIMAS C. A., 2009. Estudo comparativo da queima rápida coma queima tradicional nas propriedades de materiais cerâmicos de base argilosa. Revista Cerâmica, v.55, p. 100-105, 2009.

7 EELA, 2011. Diagnóstico Inicial del Sector Ladrillero: Indicadores de Proyeto. Programa de Eficiencia Energética en Ladrilleras Artesanales de America Latina para Mitigar el Cambio Climatico (EELA), Seridó – Brasil, 2011.

8 HENRIQUES, M.F. Jr & SCHWOBA, M.R.V., 1993. Manual de conservação de energia na indústria de cerâmica vermelha. Rio de Janeiro: INT/SEBRAE; 1993. p. 39.

9 HENRIQUES, M.F. Jr ; SCHWOBA, M.R.V. & SKLO, A., 2009. Technical potential for developing natural gas use in the Brazilian red ceramic industry. Energy Applied, Volume 86, Issue 9, September 2009, Pages 1524–1531.

10 IBGE, 2011. Contas Regionais do Brasil 2005 a 2009. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2011.

11 JOHNSON, R. A. & WICHERN, D. W. (1998). Applied multivariate statistical analysis. 4 ª ed. USA: Prentice Hall;

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12 HENRIQUES, M.F. Jr; Dantas, F. & SCHAEFFER, R., 2010. Potential for Reduction of CO2 Emissions and Low-carbon Scenario for The Brazilian Industrial Sector. Energy Policy, Volume 38, Issue 4, April 2010, Pages 1946-1961.

13 MALHOTRA, N. K., 2001. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Porto Alegre: Book.

14 MME, 2010. Anuário Estatístico: Setor de Transformação de Não Metálicos. Ministério de Minas e Energia, Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, 2010.

15 OLIVEIRA, H.R e VIDAL, A.R.N. Indicadores Macroeconômicos Brasil e Nordeste 2000 a 2009. Banco do Nordeste do Brasil S/A. Dezembro de 2010

16 PEREIRA, C.M. 2001. Avaliação Energética Setorial das Indústrias de Cerâmica Vermelha do Estado do Rio de Janeiro. Relatório Final, Eletrobrás, SEBRAE/RJ e INT. Rio de Janeiro 2008; p. 22., 2001

17 PORTER, Michael, 1989. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. 11ª ed., Rio de Janeiro: Campus, 1989

18 SILVA, V.; REIS, L. & SILVA, A., 2005. Sustentabilidade Ambiental em Territórios de Cerâmica Vermelha: uma análise de Carnaúba dos Dantas. Mercator, Fortaleza, v. 4, n.7, p. 83-96, jan./jul. 2005.

19 SILVA, E.E, ARAÚJO P. & JÁCOME, P. 2008. Análise das Relações e Fatores Inibidores do Arranjo Produtivo de Cerâmica Vermelha no Município de Russas-CE. Disponível :http://pt.scribd.com/doc/40256437/Artigo-AP-Ceramica-Vermelha

20 SHANK, John K. & GOVINDARAJAN, Vijay, 1993. Strategic cost management: the new tool for competitive advantage. New York: The Free Press, 1993

21 SPIEGEL, M. R.,1961. Estatística – 3º edição, MacGraw Hill;

22 Software SPSS for Windows.

A-1

ANEXO A: QUESTIONÁRIO DE CAMPO

C-1

ANEXO B: QUESTIONÁRIO DE CAMPO DO STAKEHOLDER

C-1

ANEXO C: ENCARGOS TRABALHISTAS INCIDIDOS

ANEXO D: FOTOS DE CAMPO

1

Foto de Campo – Produtor de Cerâmicas Vermelhas – Juazerinho (PB)

2

Foto de Campo – Produtor de Cerâmicas Vermelhas – Juazerinho (PB)

3

Foto de Campo – Produtor de Cerâmicas Vermelhas – Tavares

4

Foto de Campo – Produtor de Cerâmicas Vermelhas – Tavares

5

Foto de Campo – Produtor de Cerâmicas Vermelhas – Dois Irmãos

6

Foto de Campo – Produtor de Cerâmicas Vermelhas – Dois Irmãos