análise linguística no em: um novo olhar, um outro objeto - márcia mendonça

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Apresentação: Ângela Francisca Mendez de Oliveira

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Trabalho de Angela Francisca Mendez de Oliveira sobre Análise linguística em sala de aula. Livro de Márcia Mendonça.

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Page 1: Análise Linguística no EM: um novo olhar, um outro objeto - Márcia Mendonça

Apresentação: Ângela Francisca Mendez de Oliveira

Page 2: Análise Linguística no EM: um novo olhar, um outro objeto - Márcia Mendonça

O ensino de gramática é o pilar das aulas de Língua Portuguesa, mas, nas duas últimas décadas, vem se firmando um “movimento de revisão crítica dessa prática”.

Surge a proposta da prática de Análise Linguística (AL) em vez de aulas de gramáticas.

Uma das fundamentações desse movimento emergente está nos resultados insatisfatórios evidenciados nas avaliações realizadas nas escolas (ENEM por exemplo).

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Hoje há uma conflituosa mescla de perspectivas: convivem “velhas” e “novas” práticas de ensino de Língua Portuguesa.

A partir dessa realidade, a proposta é “discutir, junto com o professor em formação, o papel das práticas de AL no ensino médio”, pois:

[...] a interligação entre os eixos da AL, da leitura da produção de texto no ensino de língua materna permanece um desafio para professores .

Page 4: Análise Linguística no EM: um novo olhar, um outro objeto - Márcia Mendonça

Assim, ganham espaço, entre os docentes, questões como: Assim, ganham espaço, entre os docentes, questões como:

AL é só um novo nome para o ensino da gramática?

De que maneira articular a AL com as práticas de leitura e de produção textual?

É preciso ensinar nomenclaturas? Quais?

Fazer AL é substituir nomenclaturas da gramática normativa por nomenclaturas da linguística (coesão, coerência, sintagma, anáfora, dêitico, etc.)?

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O ensino médio, em função do vestibular* e do mercado de

trabalho, tem privilegiado, o estudo de revisão gramatical e de técnicas de redação, raramente se ocupando da “unidade maior: o texto”.

A perspectiva da “organização cumulativa” ignora dois aspectos fundamentais:

* seguindo uma concepção ultrapassada, pois a perspectiva de ensino da “organização cumulativa” não mais contempla as necessidades do mercado de trabalho deste 3º milênio. No vestibular há, também, uma tendência crescente de valorizar as habilidades e competências de leitura e escrita, em detrimento de conhecimentos metalinguísticos.

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1.1. A aquisição de linguagem se dá a partir da produção de A aquisição de linguagem se dá a partir da produção de sentidos em textos situados em contextos de interação sentidos em textos situados em contextos de interação específicos e não da palavra isolada.específicos e não da palavra isolada.

O fluxo natural de aprendizagem é: da competência discursiva para a competência textual até a competência gramatical (linguística);

Analisar o uso de determinada palavra num texto só tem sentido se isso trouxer alguma contribuição à compreensão do funcionamento da linguagem[...].

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Considera-se mais significativo que o aluno internalize Considera-se mais significativo que o aluno internalize determinados mecanismos e procedimentos básicos determinados mecanismos e procedimentos básicos ligados à coerência e à coesão do que memorize, sem a ligados à coerência e à coesão do que memorize, sem a devida apreensão de sentido, uma série de nomes de devida apreensão de sentido, uma série de nomes de orações(...). orações(...).

(PCN: 70-71)

Page 8: Análise Linguística no EM: um novo olhar, um outro objeto - Márcia Mendonça

2.2. A organização acumulativa ignora o objetivo de formar usuários A organização acumulativa ignora o objetivo de formar usuários da língua , para privilegiar a formação de analistas da língua.da língua , para privilegiar a formação de analistas da língua.

A escola não tem que formar gramáticos ou linguístas, tem sim que se preocupar em formar pessoas capazes de agir verbalmente de modo autônomo, seguro e eficaz, tendo em vista os propósitos da múltiplas situações de intereção em que estejam engajadas.

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Por isso, a AL surge como alternativa complementar às práticas de leitura e produção de texto, dado que possibilitaria a reflexão consciente sobre fenômenos gramaticais e textual-discursivo que perpassam os usos linguísticos .

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Não se exclui aqui a necessidade de sistematização na AL, principalmente nos anos do Ensino Fundamental, quando o objetivo maior é levar o aluno à apropriação do sistema da escrita e inseri-lo nas diversas práticas letradas No Ensino médio é preciso que o trabalho com AL parta de uma reflexão explícita e organizada para resultar na construção progressiva de conhecimentos e categorias explicativas dos fenômenos em análise.

Page 11: Análise Linguística no EM: um novo olhar, um outro objeto - Márcia Mendonça

O termo AL denomina uma nova perspectiva de reflexão sobre o sistema linguístico e sobre os usos da língua, com vistas ao tratamento escolar de fenômenos gramaticais, textuais e discursivos.

Foi cunhado por Geraldi, em 1984, no artigo “Unidades básicas do ensino de português”, no qual faz uma crítica ao ensino da gramática normativa:

Page 12: Análise Linguística no EM: um novo olhar, um outro objeto - Márcia Mendonça

[...] respostas dadas a perguntas que os alunos (enquanto [...] respostas dadas a perguntas que os alunos (enquanto falantes da língua) sequer formularam. Em consequência, falantes da língua) sequer formularam. Em consequência, tais respostas nada lhes dizem e os estudos gramaticais tais respostas nada lhes dizem e os estudos gramaticais passam a ser ‘o que se tem para estudar’, sem saber bem passam a ser ‘o que se tem para estudar’, sem saber bem para que aprendê-los .para que aprendê-los .

(GERALDI, 1996:130).

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A Al não elimina a gramática das salas de aula, ela engloba, entre outros aspectos, os estudos gramaticais, mas num paradigma diferente, pois os objetivos a serem alcançados são outros.

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O uso da expressão ‘análise linguística’ não se deve ao mero gosto por novas terminologias. A análise linguística inclui tanto o trabalho sobre as questões tradicionais da gramática quanto questões amplas a propósitos do texto; adequação do texto aos objetivos pretendidos; análise dos recursos expressivos utilizados (metáforas, metonímia, paráfrase, citações, discursos diretos e indiretos, etc.). Essencialmente, a prática de análise linguística não poderá limitar-se à higienização do texto do aluno em seus aspectos gramaticais e ortográficos, limitando-se a ‘correções’. Trata-se de trabalhar com o aluno o seu texto para que ele atinja seus objetivos junto aos leitores a que se destina.

(GERALDI, 1997).

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Para uma melhor compreensão e visualização das Para uma melhor compreensão e visualização das diferenças básicas entre ensino de gramática e AL, diferenças básicas entre ensino de gramática e AL, vejamos as seguintes tabelas:vejamos as seguintes tabelas:

Page 16: Análise Linguística no EM: um novo olhar, um outro objeto - Márcia Mendonça

Ensino de Gramática Prática de Análise LinguísticaConcepção de língua como sistema, estrutura inflexível e invariável.

Concepção de língua como ação interlocutiva situada, sujeita às interferências dos falantes.

Fragmentação entre os eixos de ensino: as aulas de gramática não se relacionam com as de leitura e produção textual.

Integração entre os eixos de ensino: a AL é ferramenta para a leitura e produção textual.

Metodologia transmissiva, baseada na exposição dedutiva (do geral para o particular, isto é, das regras para o exemplo) + treinamento.

Metodologia reflexiva, baseada na indução (observação dos casos particulares para a conclusão das regularidades/regras).

Privilégio das habilidades metalinguísticas. Trabalho paralelo com habilidades metalinguísticas e epilinguísticas.

Ênfase nos conteúdos gramaticais como objetos de ensino, abordados isoladamente e em sequência mais ou menos fixas.

Ênfase nos usos como objetos de ensino (habilidades de leitura e escrita), que remetem a vários outros objetos de ensino (estruturais, textuais, discursivos, normativos).

Centralidade da norma-padrão. Centralidade dos efeitos de sentido.

Ausência de relação com as especificidades dos gêneros, desconsiderando o funcionamento desses gêneros nos contextos de interação verbal.

Fusão com o trabalho com os gêneros, na medida em que contempla as condições de produção de textos e as escolhas linguísticas.

Unidades privilegiadas: a palavra, a frase e o período. Unidade privilegiada: o texto.

Preferência pelos exercícios estruturais, de identificação e classificação de unidades/funções morfossintáticas e correção.

Preferência por questões abertas e atividades de pesquisa, que exigem comparação e reflexão sobre adequação e efeitos de sentido.

Tabela 1: Diferenças entre o ensino de gramática e análise linguística (p.207)

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Ordem das Atividades Objetivos

Leitura Produção escrita

AL Reescrita Analisar a produção textual, para detectar os problemas e, então, decidir o que será objeto de AL na sala de aula. (GERALDI, 1997).

USO REFLEXÃO “O ensino de gramática não deve ser visto como um fim em si mesmo, mas como um mecanismo para a mobilização de recursos úteis à implementação de outras competências, como a interativa e a textual” (PCN, p.81).

Leitura e

escrita

Produção de textos

orais e escritos

AL Reescrita/refacção do texto oral

Leitura e

escrita

Produção de textos

orais e escritos

AL Reescrita/ refacção do texto oral

Analisar os gêneros lidos, para conhecer as suas características e, então, produzi-los, na proposta de Dola, Noverraz e Schneuwly ([1996]2004): segundo a qual se deve conhecer o gênero, lendo-o e analisando-o, para depois produzi-lo e, então, reelaborá-lo após (auto) avaliação, por meio de AL.

Tabela 2: Análise linguística na relação com os eixos de leitura e de produção. (p.209)