análise genômica e funcional da cianobactéria nostoc sp. cena67

117
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO CENTRO DE ENERGIA NUCLEAR NA AGRICULTURA DANILLO OLIVEIRA DE ALVARENGA Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67 e caracterização da sua comunidade microbiana associada Piracicaba 2015

Upload: lebao

Post on 07-Jan-2017

226 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

1

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

CENTRO DE ENERGIA NUCLEAR NA AGRICULTURA

DANILLO OLIVEIRA DE ALVARENGA

Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

e caracterização da sua comunidade microbiana associada

Piracicaba

2015

Page 2: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67
Page 3: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

1

DANILLO OLIVEIRA DE ALVARENGA

Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

e caracterização da sua comunidade microbiana associada

Tese apresentada ao Centro de Energia Nuclear naAgricultura da Universidade de São Paulo para aobtenção do título de Doutor em Ciências

Área de Concentração: Biologia na Agricultura e noAmbiente

Orientadora: Profa. Dra. Marli de Fátima Fiore

Co-orientador: Prof. Dr. Artur Luiz da Costa da Silva

Piracicaba2015

Page 4: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

2

AUTORIZO A DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER

MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE

QUE CITADA A FONTE

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Seção Técnica de Biblioteca - CENA/USP

Alvarenga, Danillo Oliveira de

Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67 e

caracterização da sua comunidade microbiana associada / Danillo Oliveira de

Alvarenga; orientadora Marli de Fátima Fiore; co-orientador Artur Luiz da Costa da

Silva. - - Piracicaba, 2015.

115 f. : il.

Tese (Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Ciências. Área de

Concentração: Biologia na Agricultura e no Ambiente) – Centro de Energia Nuclear na

Agricultura da Universidade de São Paulo.

1. Bactérias fixadoras de nitrogênio 2. Bioinformática 3. Ecologia microbiana

4. Genética bacteriana 5. Genomas 6. Metabolismo secundário 7. Microbiologia do

solo 8. Terra preta antropogênica I. Título

CDU 579.262 : 575.111

Page 5: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

3

AGRADECIMENTOS

À Profa. Dra. Marli de Fátima Fiore, pela orientação, suporte, conselhos e

ensinamentos valiosos aos longos destes anos.

À Profa. Dra. Maria Paula Cruz Schneider e ao Prof. Dr. Artur Luiz da Costa da Silva,

pelo apoio, pelas discussões e por compartilharem seu laboratório conosco.

Ao Prof. Dr. Robert Edwards, pela oportunidade de estagiar em seu laboratório.

Ao Prof. Dr. Alessandro de Mello Varani, por sua disponibilidade e ajuda

indispensável nas análises genômicas.

Ao Prof. Dr. Augusto Etchegaray Jr., pelas discussões e colaborações.

À Dra. Janaina Rigonato, pelas lições, apoio e amizade.

Às(aos) colegas do Laboratório de Ecologia Molecular de Cianobactérias, Andresa

Maíra da Fonseca, Ana Paula Dini Andreote, Bruno Costa Evangelista de Souza, Bruno

Weiss, Caroline Hoff Risseti, Caroline Souza Pamplona da Silva, Elaine Crespim, Gabriela

Machineski da Silva, Karina Heck da Silva, Maria Estela Stenico, Mariana Garcia Leal,

Patricia Dayane Carvalho Schaker, Paula Cabral Tamasauskas, Stella Thomaz de Lima e

Talita Schiavolin pela ajuda no laboratório, pelo companheirismo e pela amizade.

À Profa. Dra. Danielle Costa Carrara Couto, à Profa. Dra. Regiane Silva Kawasaki

Francês e ao Prof. Dr. Rommel Tiago Jucá Ramos, pelo acolhimento e pelas lições de

bioinformática.

A Genivaldo Gueiros Zacarias Silva e Fabyano Alvares Cardoso Lopes, pelo auxílio

nas análises e pelas trocas de informações.

À Profa. Dra. Celia Regina Montes, pela ajuda na microscopia eletrônica de varredura.

A Marília Ribeiro Garcia Henyei, pela revisão e correção da formatação da tese.

Ao Programa de Pós-Graduação do Centro de Energia Nuclear na Agricultura e a toda

a equipe deste Centro, por todo o auxílio fornecido.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, pelo financiamento da

pesquisa e pela bolsa de estudos.

À minha família, a maior responsável pela pessoa que hoje sou, que, mesmo à

distância, nunca deixou de se mostrar presente.

A todas as pessoas que de alguma forma contribuíram direta ou indiretamente para a

realização deste trabalho.

Page 6: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

4

Page 7: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

5

A visão da evolução como uma competição sangrenta crônica entre indivíduos e espécies,

uma distorção popular da noção darwiniana de “sobrevivência do mais apto”, se dissolve

perante uma nova visão de cooperação contínua, forte interação e interdependência entre as

formas de vida. A vida não dominou o globo pelo combate, mas pela criação de redes. Formas

de vida se multiplicaram e se tornaram complexas cooptando outras, não apenas matando-as.

Lynn Margulis

Page 8: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

6

Page 9: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

7

RESUMO

ALVARENGA, D. O. Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

e caracterização da sua comunidade microbiana associada. 2015. 115 f. Tese (Doutorado)

– Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2015.

Nostoc é um gênero cianobacteriano com distribuição ubíqua que tem importância em

diversos ecossistemas. Contudo, poucos genomas estão atualmente disponíveis para esse

gênero. Enquanto Nostoc spp. são as cianobactérias mais comumente relatadas em relações

simbióticas com fungos, animais, plantas e outros organismos, associações com outros

micro-organismos não receberam atenção similar. Como consequência das fortes interações

entre cianobactérias e heterótrofos, culturas não axênicas são geralmente obtidas no

isolamento dessas bactérias, o que proporciona uma oportunidade interessante para o

desenvolvimento tanto de estudos genômicos quanto metagenômicos. Este trabalho teve como

objetivo investigar as características genômicas e funcionais da linhagem Nostoc sp.

CENA67, isolada de terra preta antropogênica, bem como estudar sua comunidade associada.

Para esse fim, células de uma cultura não axênica de Nostoc sp. CENA67 foram sequenciadas

com as plataformas MiSeq e Ion PGM e analisados com ferramentas genômicas e

metagenômicas. A linhagem CENA67 de fato pertence à família Nostocaceae e possui

algumas características em comum com cianobactérias do gênero Nostoc, porém diverge em

certos aspectos morfológicos e filogenéticos do grupo típico de Nostoc, sugerindo que seja

representante de um novo táxon. Além disso, seu genoma apresenta diferenças em relação aos

genomas atualmente disponíveis para cianobactérias relacionadas ao gênero. A mineração

desse genoma revelou 31 agrupamentos gênicos hipoteticamente relacionados à síntese de

metabólitos secundários, a maioria dos quais não mostrou similaridade significativa com

agrupamentos conhecidos. A análise de um agrupamento gênico de microviridina desvendou

uma maior diversidade de genes para precursores dessa molécula do que se acreditava

anteriormente, sugerindo que um número considerável de variantes ainda está a ser

descoberta. A análise taxonômica da comunidade associada confirmou a dominância de

cianobactérias na cultura, mas também revelou a presença de grande número de gêneros

microbianos que normalmente são capazes de fixar nitrogênio atmosférico e estabelecer

simbiose com plantas, incluindo Mesorhizobium, Sinorhizobium e Starkeya, entre outros.

Rascunhos genômicos foram obtidos para Bradyrhizobium diazoefficiens, Bradyrhizobium

japonicum, Burkholderia lata e Hyphomicrobium nitrativorans. Todavia, genes para fixação

de nitrogênio não foram detectados nesses genomas, apesar de serem encontrados no genoma

da cianobactéria e no metagenoma da comunidade, o que sugere que algumas populações

podem estar sob pressão de seleção para a perda da capacidade de fixação de nitrogênio,

provavelmente devido a este nutriente estar sendo fornecido pelo organismo mais abundante

nesta comunidade, a cianobactéria. A análise funcional indicou vias exclusivas tanto à

cianobactéria quanto à comunidade associada, e sugeriu a complementariedade de certos

metabolismos. Os resultados possibilitam o aumento do conhecimento sobre a diversidade

molecular e química do filo Cyanobacteria e levantam possíveis interações com

micro-organismos simbiontes.

Palavras-chave: Consórcios microbianos. Microbiologia do solo. Interações microbianas.

Metabolismo secundário. Microviridina.

Page 10: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

8

Page 11: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

9

ABSTRACT

ALVARENGA, D. O. Genomic and funcional analysis of the cyanobacterium Nostoc sp.

CENA67 and characterization of its associated microbial community. 2015. 115 f. Tese

(Doutorado) – Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo,

Piracicaba, 2015.

Nostoc is a cyanobacterial genus with ubiquitous distribution that is important in several

ecosystems. However, few genomes are currently available for this genus. While Nostoc spp.

are the most commonly reported cyanobacteria in symbiotic relationship with fungi, animals,

plants, and other organisms, associations with other microorganisms have not received similar

attention. As a consequence of tight interactions between cyanobacteria and heterotrophs,

non-axenic cultures are usually achieved in the isolation of these bacteria, which provides an

interesting opportunity for carrying out both genomic as metagenomic studies. This work

aimed to investigate the genomic and functional characteristics of the strain Nostoc sp.

CENA67, isolated from anthropogenic dark earth, and to study its associated community. For

this purpose, cells from a non-axenic culture of Nostoc sp. CENA67 were sequenced with the

platforms MiSeq and Ion PGM and analyzed with genomic and metagenomic tools. The strain

CENA67 indeed belongs to the family Nostocaceae and presents some characteristics in

common with cyanobacteria of the genus Nostoc, but diverges in certain morphological and

phylogenetic aspects of the typical Nostoc group, suggesting that it is a representative of a

new taxon. In addition, its genome presents differences in relation to the genomes currently

available for cyanobacteria related to this genus. Genome mining revealed 31 gene clusters

hypothetically related to the synthesis of secondary metabolites, most of which did not show

significant similarity to known clusters. The analysis of a microviridin gene cluster unveiled a

larger diversity of precursor genes for this molecule than was previously believed, suggesting

that a considerable number of variants is still to be found. The taxonomic analysis of the

associated community confirmed the dominance of cyanobacteria in the culture, but also

revealed the presence of a great number of microbial genera that are usually capable of fixing

atmospheric nitrogen and establishing symbiosis with plants, including Mesorhizobium,

Sinorhizobium, and Starkeya, among others. Genomic drafts were obtained for

Bradyrhizobium diazoefficiens, Bradyrhizobium japonicum, Burkholderia lata, and

Hyphomicrobium nitrativorans. Nevertheless, genes for nitrogen fixation were not detected in

these genomes, despite being found in the cyanobacterial genome and the community

metagenome, suggesting that some populations might be under selection pressure for the loss

of the ability to fix nitrogen, probably due to this nutrient being provided for the most

abundant organism in this culture, the cyanobacterium. Functional analysis indicated

pathways exclusive both to the cyanobacterium as to the associated community, and

suggested the complementarity of certain metabolisms. These results allow the increase of the

knowledge about the molecular and chemical diversity of the phylum Cyanobacteria and raise

possible interactions with symbiotic microorganisms.

Keywords: Microbial consortia. Soil microbiology. Microbial interactions. Secondary

metabolism. Microviridin.

Page 12: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

10

Page 13: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

11

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................13

2. REVISÃO DA LITERATURA .........................................................................................15

2.1 O gênero Nostoc .................................................................................................................15

2.2 Associações ecológicas entre cianobactérias e outros organismos ....................................18

2.3 Produtos naturais cianobacterianos ....................................................................................22

2.4 Genômica cianobacteriana .................................................................................................24

2.5 Terra preta antropogênica ..................................................................................................29

3. HIPÓTESES .......................................................................................................................31

4. OBJETIVOS .......................................................................................................................32

4.1 Objetivo geral ....................................................................................................................32

4.2 Objetivos específicos .........................................................................................................32

5. MATERIAL E MÉTODOS ...............................................................................................33

5.1 Origem da amostra .............................................................................................................33

5.2 Obtenção de biomassa .......................................................................................................33

5.3 Caracterização morfológica ...............................................................................................34

5.4 Extração de DNA ...............................................................................................................34

5.5 Reconstrução filogenética ..................................................................................................35

5.6 Sequenciamento de DNA ...................................................................................................37

5.7 Pré-processamento de sequências e montagem .................................................................37

5.8 Anotação e detecção de produtos naturais .........................................................................38

5.9 Análises comparativas ........................................................................................................38

5.10 Diversidade taxonômica e funcional ................................................................................39

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................40

6.1 Caracterização morfológica e filogenética ........................................................................40

Page 14: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

12

6.2 Sequenciamento, montagem e anotação genômica ............................................................44

6.3 Detecção de metabólitos secundários ................................................................................50

6.4 Análises genômicas comparativas .....................................................................................59

6.5 Diversidade taxonômica de micro-organismos associados ................................................71

6.6 Caracterização funcional da comunidade associada ..........................................................79

7. CONCLUSÕES ..................................................................................................................88

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................89

Page 15: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

13

1. INTRODUÇÃO

Novas tecnologias de sequenciamento de ácidos desoxirribonucleicos foram

disponibilizadas para a comunidade científica a partir da década de 2000. Essas inovações

tecnológicas se baseiam em metodologias que permitem a análise de um volume muito maior

de nucleotídeos que o possível com o tradicional método de Sanger, que se manteve como o

método-padrão de sequenciamento por mais de três décadas. Com as novas gerações de

sequenciadores de DNA, a realização de projetos envolvendo genômica e metagenômica se

tornou menos onerosa e mais rápida. Consequentemente, projetos desse gênero passaram a ter

maior acessibilidade.

A bioinformática tem buscado acompanhar esse avanço, disponibilizando um número

considerável de programas computacionais para a análise do crescente volume de informação

que se torna possível pelas novas plataformas. Contudo, a despeito dos avanços na área,

vários obstáculos ainda permanecem carentes de superação. A genômica cianobacteriana é um

campo que ainda tem caminhado a passos relativamente lentos, consequência de uma série de

peculiaridades inerentes ao estudo desses micro-organismos. Isso resulta em um número de

genomas cianobacterianos ainda diminuto quando em comparação com a enorme variedade de

sequências genômicas atualmente disponíveis para bactérias de outros filos.

Como produtores primários, os organismos do filo Cyanobacteria interagem

ecologicamente tanto com eucariotos quanto com bactérias e arqueias, podendo estabelecer

fortes associações com estes organismos. Em decorrência disso, o isolamento completo de

linhagens cianobacterianas raramente é bem sucedido. As dificuldades de obtenção de

culturas puras de cianobactérias e os desafios técnicos inerentes ao estudo de culturas mistas

são fatores que contribuem fortemente para a complexidade desse tema.

Apesar disso, um número cada vez maior de grupos de pesquisa ao redor do mundo

vêm buscando adentrar esse campo emergente. Uma tendência que pode ser claramente

observada nos projetos que têm sido conduzidos nos anos mais recentes é o reconhecimento

da necessidade de se estudar cianobactérias de grupos taxonômicos cuja diversidade ainda é

pouco compreendida e/ou que provenham de ambientes pouco explorados. Os biomas

brasileiros são uma ótima fonte de micro-organismos com essas características, já que

estimativas apontam naqueles a existência de hábitats com alta diversidade microbiana, cuja

maior parte segue desconhecida.

Page 16: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

14

Entre as cianobactérias de maior destaque, encontra-se Nostoc, um gênero de ampla

distribuição mundial que apresenta importância ecológica, evolutiva, biogeoquímica,

biotecnológica e ecotoxicológica em muitos ecossistemas terrestres e aquáticos. Os

organismos desse gênero disponibilizam carbono e nitrogênio fixados em diversos hábitats, e

várias de suas espécies já foram relatadas em simbiose com outros organismos. Esse táxon

apresenta grande diversidade metabólica, com várias moléculas bioativas tendo sido isoladas

e caracterizadas a partir de extratos de linhagens pertencentes a esse gênero. Todavia, o

gênero é polifilético e sua diversidade intergenérica é, no momento, bastante confusa, fato que

também traz importância taxonômica ao seu estudo.

CENA67 é uma linhagem cianobacteriana proveniente da região amazônica brasileira.

Isolada a partir de terra preta antropogênica como um organismo de vida livre, CENA67 foi

identificada por métodos clássicos no gênero Nostoc. Como isolados de Nostoc spp. obtidos a

partir de solos da Amazônia costumam se agrupar em clados distintos em árvores

filogenéticas, essa linhagem provavelmente apresenta diferenças significativas em relação às

outras cianobactérias do gênero. Dessa forma, o estudo do genoma dessa cianobactéria

possibilita o aumento do conhecimento sobre a diversidade do filo Cyanobacteria, bem como

uma melhor compreensão a respeito de seu metabolismo secundário e de sua capacidade de

estabelecer interações ecológicas.

Page 17: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

15

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O gênero Nostoc

Nostoc Vaucher ex Born. et Flah. é o gênero-tipo da família Nostocaceae. Essa família

agrupa cianobactérias filamentosas heterocitadas que são caracterizadas por tricomas

isopolares obrigatoriamente unisseriados, com células que se dividem perpendicularmente ao

eixo do tricoma, e que não apresentam ramificação ou zonas meristemáticas (KOMÁREK;

ANAGNOSTIDIS, 1989; KOMÁREK, 2010a; KOMÁREK, 2013). Os gêneros dessa família

são tradicionalmente distinguidos entre si pela morfologia de filamentos e de células

vegetativas, posição de heterócitos e tipo de formação de acinetos, bem como pela forma da

colônia, formato das células terminais, presença de bainha ou aerótopos e ciclo de vida

(RAJANIEMI et al., 2005).

Membros do gênero Nostoc são tradicionalmente diferenciados do restante da família

por sua morfologia metamérica, com formação apo-heterocítica de acinetos, e pela alta

complexidade em seu ciclo de vida. Alguns membros desse gênero são capazes de produzir

colônias gelatinosas macroscópicas que podem ser visualizadas como mantos finos na

superfície de plantas aquáticas e de substratos submersos ou como esferas ocas de até vários

centímetros, que podem protegê-los contra o ambiente (SAND-JENSEN, 2014). Seu

complexo ciclo de vida, caracterizado por estágios iniciais com tricomas encerrados dentro de

bainhas mucilaginosas esféricas, heterócitos polares, um tipo especial de germinação de

acinetos e produção de hormogônios com motilidade, não é encontrado em nenhum dos

demais gêneros da família (KOMÁREK; ANAGNOSTIDIS, 1989; KOMÁREK, 2013).

A ubiquidade do gênero é bastante marcante, tendo sido encontrados representantes do

gênero Nostoc em todos os continentes. Além de observadas em diversos ecossistemas

americanos, africanos, asiáticos, europeus e oceânicos, incluindo solos de deserto, pântanos,

estuários, arrozais e fontes termais, colônias destas cianobactérias foram detectadas em

regiões extremamente frias e secas de vales da Antártica e do Ártico. Nos anos 1960, o gênero

também foi relatado a 1.000 m de profundidade no Oceano Índico e no Mar Mediterrâneo,

porém este dado permanece questionável. Relatos de Nostoc spp. em ambiente aquático

indicam quase exclusividade para água doce, geralmente com preferência por pH alcalino

(POTTS, 2000).

Page 18: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

16

Diversas colônias de Nostoc spp. podem adquirir proporções macroscópicas e exalar

odores característicos de terra molhada. Consequentemente, elas têm despertado interesse

humano ao longo dos séculos. Seu primeiro relato conhecido data de por volta de 1.600 AP,

na China, durante a Dinastia Jin (séculos 4 e 5 EC). Durante essa época, o médico e

alquimista Hong Ge introduziu colônias de N. commune na alimentação do Imperador Yuan,

Rui Sima, que as batizou de Ge-Xian-Mi (“arroz do imortal Ge”). Colônias secas eram

conhecidas popularmente na China da Dinastia Jin como Fa-Cai (“cabelo vegetal”). Na Idade

Média, acreditava-se que estas colônias tinham origem sobrenatural ou que caíam do céu ao

solo, e isto lhes rendeu em alguns locais da Alemanha, da França, do Reino Unido, da

Escandinávia e das Filipinas denominações populares equivalentes a “flor do sol”, “estrela

cadente”, “geleia das bruxas” e “manteiga das fadas”, entre outras. Outras superstições as

associavam à mítica “pedra filosofal”. Esferas coloniais de Nostoc continuam a ser

consumidas como alimento nos dias atuais, especialmente por algumas populações chinesas,

equatorianas, fijianas, japonesas, javanesas, mexicanas, mongóis, peruanas, siberianas e

tailandesas (POTTS, 1997; 2000).

Foi no século 15 EC, mais de 200 anos antes de Leeuwenhoek descrever

“animálculos” em um microscópio rudimentar pela primeira vez, que o suíço Aureolus

Philippus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, conhecido como Paracelsus, cunhou o

nome pelo qual esses organismos são ainda hoje conhecidos. Nostoc é o resultado de um jogo

de palavras que une a palavra inglesa Nosthryl à alemã Nasenloch – ambas significando

“narina”. Paracelsus optou por esse nome devido à semelhança visual que acreditava haver

entre secreções nasais e o característico polissacarídeo extracelular frequentemente

encontrado em colônias dessa cianobactéria (POTTS, 1997).

Apesar de árvores filogenéticas construídas com sequências de genes de RNAr 16S

apontarem o agrupamento monofilético de grande parte dos representantes deste gênero, suas

distâncias evolutivas sugerem que este clado contenha mais de um gênero (RAJANIEMI et

al., 2005). A polifilia deste gênero não é uma descoberta recente, já que, em 1931, Elenkin já

havia dividido o gênero Nostoc em quatro gêneros distintos: Amorphonostoc, Nematonostoc,

Sphaeronostoc e Stratonostoc, tomando como critério principal a forma final das colônias;

todavia, esta divisão não foi disseminada, e atualmente Stratonostoc é o único aceito dentre

estes (KOMÁREK; ANAGNOSTIDIS, 1989; KOMÁREK, 2010b). Além disso, com exceção

de um clado que consiste de uma mistura de isolados simbiontes e de vida livre, a maior parte

das linhagens de cianobactérias atualmente classificadas no gênero Nostoc que vivem em

associação simbiótica se organiza filogeneticamente em clados distintos dos membros de vida

Page 19: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

17

livre (SVENNING; ERIKSSON; RASMUSSEN, 2005). Tentativas de dividir este táxon

continuam a ser realizadas e novos gêneros vêm sendo descritos a partir de isolados

inicialmente identificados morfologicamente como pertencentes a esse táxon (GENUÁRIO et

al., 2015; HROUZEK et al., 2013; ŘEHÁKOVÁ et al., 2007), mas uma revisão profunda do

gênero ainda permanece por ser feita.

Devido à sua versatilidade metabólica, que inclui não apenas a habilidade de fixação

de carbono atmosférico, mas também de nitrogênio, cianobactérias do gênero Nostoc são

importantes membros da comunidade microbiana em diversos hábitats, incluindo solos. No

solo, Nostoc spp. podem regular o pH, aumentar a concentração de carbono e nitrogênio,

reduzir a quantidade de sódio em ambientes de alta salinidade, atuar como antagonistas de

fitopatógenos, insetos e nematoides, degradar agrotóxicos e reduzir a contaminação com

metais pesados como cobre e cromo (SINGH; PANDEY; SINGH, 2011).

Nostoc spp. isoladas de solo ou sedimento de áreas tropicais costumam estar

relacionadas filogeneticamente, e há a possibilidade de que representem uma nova unidade

taxonômica (PAPAEFTHIMIOU et al., 2008). Predominantemente terrestres, colônias desse

gênero são dotadas de uma notável capacidade de resistência à dessecação e de rápida

retomada do metabolismo após a reidratação, características essenciais para organismos que

não possuem acesso a reservas de umidade do subsolo e/ou que podem estar sujeitos a

resfriamento (DODDS; GUDDER; MOLLENHAUER, 1995).

A exemplo do observado a nível de gênero, a diversidade intergenérica neste táxon é

bastante heterogênea e continua sem ser resolvida, especialmente quando se considera as

espécies que são classificadas dentro do gênero, mas que não formam colônias

macroscópicas. A despeito de as espécies exclusivamente microscópicas desempenharem

diferentes papéis de importância ecológica na biosfera, há poucos estudos sobre elas, cujo

número pode ser maior que o que está atualmente descrito (MATEO et al., 2011). Mais de

200 espécies já foram descritas dentro do gênero Nostoc; porém, com o conhecimento atual,

apenas cerca de 40 espécies são reconhecidas, as quais provavelmente constituem pelo menos

dois subgêneros (KOMÁREK; HAUER, 2013). Logo, diversidade taxonômica, genômica e

química maior do que é atualmente conhecida é provável de ser encontrada em cianobactérias

relacionadas a este gênero.

Page 20: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

18

2.2 Associações ecológicas entre cianobactérias e outros organismos

O conjunto de capacidades anabólicas das cianobactérias as leva a desempenhar

importantes papéis ecológicos em diversos ambientes e a estabelecer interações mutualistas

com um grande número de organismos. Simbioses epibióticas ou endobióticas entre

cianobactérias e eucariotos como animais (ascídios, vermes equiurídeos, larvas de

nematóceros, esponjas), cromalveolados (diatomáceas, dinoflagelados), fungos (líquens,

Geosiphon) e plantas (antocerotófitas, cicadófitas, hepáticas, musgos, Azolla, Gunnera) são

bem documentadas (ADAMS, 2000; ADAMS et al., 2013).

Além de conter cianobactérias de vida livre, Nostoc é o gênero cianobacteriano mais

frequentemente relatado em associações ecológicas, normalmente contribuindo com

nitrogênio biodisponível em interações simbióticas (BERGMAN; RAI; RASMUSSEN,

2007). Em amostras isoladas de solos e sedimentos de várzea e igapó na bacia amazônica

brasileira, espécies conhecidas e potencialmente novas de Nostoc foram apontadas como

sendo as mais abundantes cianobactérias fixadoras de nitrogênio (FIORE et al., 2005). Além

da maior abundância, alguns desses isolados também apresentavam as maiores taxas de

fixação de nitrogênio dentre os isolados obtidos no trabalho citado.

Diversas linhagens de Nostoc spp. estabelecem associações simbióticas com plantas,

tais como as briófitas Blasia spp. e Anthoceros spp., a angiosperma Gunnera spp. e

cicadófitas (CHAPMAN; MARGULIS, 1998). Devido às numerosas vantagens que essas

associações apresentam, a criação de simbioses artificiais entre cianobactérias e plantas que

não interagem naturalmente é um assunto que tem recebido atenção (AHMED; STAL;

HASNAIN, 2010; GUSEV et al., 2003). Nostoc spp. são também os mais comuns simbiontes

cianobacterianos em líquens (RIKKINEN, 2009). Em solo, uma espécie de Nostoc foi

encontrada habitando dentro de uma “bexiga” multinucleada unicelular nas pontas das hifas

de Geosiphon pyriformis, uma micorriza arbuscular, possivelmente fornecendo carbono e

nitrogênio fixados ao hospedeiro (SCHÜΒLER, 2002). Colônias de algumas espécies podem,

ainda, estabelecer mutualismo com larvas de dípteros do gênero Cricotopus (SABATER;

MUÑOZ, 2000). Um dos fatores que podem estar relacionados com a capacidade de simbiose

nesse táxon é uma intensa produção de hormogônios (PAPAEFTHIMIOU et al., 2008).

Enquanto associações entre cianobactérias e eucariotos foram bastante estudadas,

associações entre cianobactérias e outras bactérias ou arqueias, por outro lado, não receberam

atenção similar. Não obstante, diversos micro-organismos heterotróficos podem se beneficiar

de associações com bactérias capazes de fotossíntese oxigênica, de fixação de nitrogênio e,

Page 21: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

19

ocasionalmente, de produzir determinados metabólitos secundários, características

encontradas em um número considerável de cianobactérias. De fato, cianobactérias

estabelecem associações simbióticas com micro-organismos heterotróficos, incluindo alguns

em firme contato com seu envelope celular ou mesmo dentro de seu glicocálice

(ZHUBANOVA et al., 2013) (Figura 1). Biofilmes dominados por cianobactérias possuem

alta qualidade nutricional e podem sustentar grande biomassa de consumidores primários

(NAGARKAR et al., 2004; YAMAMURO, 1999).

Figura 1 – Micrografias de uma cultura unicianobacteriana não axênica obtidas por

microscopia eletrônica de varredura, onde células de outros micro-organismos

são observadas em filamentos da cianobactéria cultivada. As setas apontam

exemplos de agregados de células microbianas aderidas aos filamentos

Associações cianobacterianas com outros micro-organismos foram estimadas entre as

mais antigas formas de vida conhecidas, fornecendo importantes interações ecológicas por

bilhões de anos. Exopolissacarídeos secretados por cianobactérias são constantemente

colonizados por micro-organismos, e podem dar origem a biofilmes e mantos microbianos

complexos e com alta riqueza e abundância, onde autótrofos e heterótrofos encontram amplo

espaço para interagir (COLE et al., 2014; PAERL; PINCKNEY; STEPPE, 2000).

Page 22: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

20

Como observado em estromatólitos, mantos dominados por cianobactérias em diversos

ecossistemas podem suportar comunidades microbianas altamente desenvolvidas e com

interações bastante complexas (COHEN; GUREVITZ, 2006). De maneira semelhante, a

reprodução cianobacteriana massiva que comumente surge em resposta à eutrofia em corpos

d’água – um fenômeno conhecido como “floração cianobacteriana” – pode também ser

acompanhada por associações com alta diversidade de bactérias heterotróficas, com várias

destas sendo capazes de estimular o crescimento cianobacteriano (BERG et al., 2009).

Em decorrência das interações entre cianobactérias e outros micro-organismos,

bactérias heterotróficas podem rapidamente se sobrepor às células da cianobactéria-alvo

durante seu processo de isolamento; consequentemente, a purificação se torna um processo

bastante complexo e dispendioso (WATERBURY, 2006). Apesar de diversas técnicas de

purificação de cianobactérias compreendendo tanto separação física quanto tratamentos

químicos terem sido publicadas, culturas cianobacterianas axênicas continuam sendo muito

difíceis de ser alcançadas, já que a maioria dos métodos é específica a uma determinada

linhagem e possui baixa taxa de sucesso (CHOI et al., 2008; SENA et al., 2008). Portanto,

micro-organismos heterotróficos recalcitrantes são uma preocupação constante durante a

purificação de culturas cianobacterianas, uma situação que é potencialmente mais complicada

para linhagens de ambientes de alta diversidade microbiana, tais como solos.

Em alguns casos, uma cultura axênica é considerada virtualmente impossível de ser

obtida devido às fortes associações entre cianobactérias e micro-organismos simbiontes.

Algumas técnicas, tais como lavagem e centrifugação de células, são capazes de reduzir o

número de micro-organismos não fixados que sejam menores ou maiores que as células-alvo

(SENA et al., 2008; VÁZQUEZ-MARTÍNEZ et al., 2004), mas não podem remover

micro-organismos com fortes conexões às bainhas cianobacterianas. Além disso, a substância

fibrosa formada por carboidratos encontrada em mucilagens de células cianobacterianas pode

estabelecer firmes agregados com outros micro-organismos, resultando em fortes ligações,

capazes até mesmo de protegê-los da ação de antibióticos (VÁZQUEZ-MARTÍNEZ, 2004).

Consequentemente, a maioria dos esforços convencionais de isolamento

cianobacteriano termina com culturas não axênicas, consistindo de consórcios microbianos

compostos primariamente por cianobactérias e alguns micro-organismos proximamente

associados. Apesar de essa condição poder ser vista como uma desvantagem,

micro-organismos em consórcio podem agir sinergicamente e se tornar mais eficientes que

culturas axênicas em alguns processos, ou podem desempenhar funções complexas, com

passos múltiplos, que se tornam possíveis somente com o cocultivo de populações distintas

Page 23: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

21

(BRENNER; YOU; ARNOLD, 2008). O estudo de genomas cianobacterianos através do

sequenciamento de culturas não axênicas também é potencialmente capaz de otimizar o tempo

de pesquisa, já que, ao contornar a etapa de purificação, o tempo necessário para a obtenção

de resultados é drasticamente reduzido.

Como mutualismo, competição, predação/parasitismo, comensalismo, amensalismo e

neutralismo desempenham um papel central na modelagem da estabilidade e da dinâmica de

comunidades em consórcio, o cocultivo permite a descoberta de complexas redes de interação

estabelecidas dentro de tais sistemas, as quais geralmente são mediadas por trocas de

moléculas que dependem ou independem de contato (FAUST; RAES, 2012; SONG et al.,

2014). Consórcios também tornam possível a condução de estudos sobre interação ecológica e

coevolução (BRENNER; YOU; ARNOLD, 2008). Em um consórcio microbiano,

cianobactérias podem ajudar a criar melhores condições para a comunidade desempenhar uma

determinada tarefa (ZHUBANOVA et al., 2013). É possível, ainda, que cianobactérias

facilitem o desenvolvimento de bactérias não previamente cultivadas, como observado em

culturas não axênicas de outros micro-organismos fotossintetizantes, tais como clorófitas do

gênero Chlorella (OTSUKA et al., 2008).

Em contraposição às abordagens convencionais de genômica microbiana, que

pressupõem dados provenientes de amostras axênicas, a metagenômica trabalha com dados

resultantes de amostras mistas, compostas por misturas de diferentes populações de

micro-organismos (MCHARDY; RIGOUTSOS, 2010). Abordagens metagenômicas se

mostraram úteis para o desvelamento da composição, da genética e do metabolismo de

comunidades microbianas naturais e artificiais, e são, portanto, apropriadas para a avaliação

de consórcios microbianos (SONG et al., 2014).

Avaliações de culturas cianobacterianas não axênicas por sequenciamento em larga

escala são similares a análises de sequências obtidas de estratégias metagenômicas de

enriquecimento, focadas na investigação de consórcios microbianos em meios líquidos que

estimulam o crescimento de um micro-organismo em específico (SCHLOSS;

HANDELSMAN, 2004). Tal abordagem tem algumas vantagens sobre a análise de amostras

ambientais, já que a montagem de metagenomas é mais eficiente sob condições de menor

riqueza e maior coerência genômica, onde enfrenta menor interferência de sequências

irrelevantes (TEELING; GLÖCKNER, 2012). Dessa forma, culturas não axênicas de

cianobactérias são mais adequadamente analisadas sob a ótica da metagenômica, e oferecem a

oportunidade de realizar tanto a avaliação genômica da cianobactéria-alvo quanto o estudo

metagenômico da comunidade microbiana associada à mesma.

Page 24: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

22

2.3 Produtos naturais cianobacterianos

Uma ampla gama de substâncias químicas é sintetizada por cianobactérias, tanto sob

condições axênicas quanto simbióticas, em sistemas artificiais ou naturais. Espécies do gênero

Nostoc foram descritas como produtoras de variantes já conhecidas ou inéditas de

hidrocabonetos, arsenolipídeos, ácidos graxos, terpenoides, carotenoides, macróciclos,

sacarídeos, peptídeos, lipopeptídeos e derivados de aminoácidos, com muitas dessas

moléculas sendo empregadas em interações ecológicas, tais como a competição

(DEMBITSKY; ŘEZANKA, 2005) ou a simbiose (LIAIMER et al., 2015).

Diversas moléculas com atividades antitumorais, antibacterianas, antiprotozoárias,

imunomodulatórias e inibidoras de protease, entre outras, foram descritas, apontando para as

cianobactérias como uma fonte prolífica para a produção de moléculas bioativas (SINGH et

al., 2011). Alguns autores consideram que o potencial para descoberta de produtos naturais

desses organismos é somente superado pelo potencial de mixobactérias e do gênero

actinobacteriano Streptomyces (NUNNERY; MEVERS; GUNNERY, 2010). Apesar do papel

ecológico da maioria desses metabólitos ainda não ser conhecida, a ecologia química deste

filo é um tópico de crescente exploração (LEÃO et al., 2012a).

Nostoc se encontra entre os gêneros cianobacterianos que apresentam potencial para a

geração de compostos medicinais exclusivos (DODDS et al., 1995). Em espécies de Nostoc,

podem ser encontrados diversos metabólitos secundários bioativos, como microcistina

(inibidora de fosfatases), nostoficina (com atividade citotóxica), criptoficina (inibidora da

polimerização de tubulinas), nostociclamida (inibidora do crescimento de algas e bactérias),

nostocarbolina (inibidora de acetilcolinesterase), nostocina A (inibidora do crescimento de

algas e plantas), muscorida A (com atividade antibacteriana) e cianobacterina (que inibe o

crescimento de Synechococcus) (KURMAYER, 2011).

A produção de metabólitos secundários bioativos por cianobactérias é bastante

conhecida. Esses micro-organismos comumente produzem uma grande diversidade de

peptídeos, alcaloides e lipopolissacarídeos bioativos (BÖRNER; DITTMANN, 2005;

DITTMANN; NEILAN; BÖRNER, 2001), muitos dos quais com modos de ação

desconhecidos ou pouco explorados. Algumas das substâncias conhecidas têm efeito anti-

inflamatório, anti-infeccionante, antitumoral ou ação neurológica (NUNNERY; MEVERS;

GERWICK, 2010). Contudo, as moléculas que tornam o filo Cyanobacteria notório são as

cianotoxinas, moléculas que geralmente apresentam ações citotóxicas, hepatotóxicas ou

neurotóxicas sobre animais, ou ação contra alguns organismos do zooplâncton e fitoplâncton e

Page 25: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

23

até mesmo contra outras cianobactérias (KAEBERNICK; NEILAN, 2001). Atualmente, a

maior parte dos estudos sobre cianotoxinas é voltada aos seus efeitos à saúde de seres

humanos (KOREIVIENĖ et al., 2014; ZANCHETT; OLIVEIRA-FILHO, 2013).

O papel ecológico e evolutivo das cianotoxinas ainda não é compreendido, porém

diversas hipóteses já foram levantadas. Elas podem ser agrupadas em estratégias para auxílio

fisiológico, focadas no aprimoramento da homeostasia, da fotossíntese e do crescimento, e

estratégias para vantagem competitiva, voltadas para defesas celulares em resposta à predação

e à disputa por recursos (HOLLAND; KINNEAR, 2013). Mesmo cianobactérias em simbiose

podem produzir cianotoxinas, mas suas funções e consequências para os outros organismos da

associação também ainda são desconhecidas (GEHRINGER et al., 2012; KAASALAINEN et

al., 2013a; 2013b).

O filo Cyanobacteria não é considerado uma fonte tradicional de produtos naturais

para a indústria, já que o estudo de moléculas bioativas nestes micro-organismos se restringiu

primariamente aos mecanismos de produção de cianotoxinas. Não obstante, pesquisas

desenvolvidas nas últimas décadas demonstraram em diversas cianobactérias a síntese de uma

fascinante variedade de enzimas envolvidas em diversos processos bioquímicos, incluindo

uma grande quantidade de moléculas exclusivas ao grupo ou raramente encontradas em outros

organismos (KEHR; PICCHI; DITTMANN, 2011). Contudo, a tradicional subestimação da

biodiversidade cianobacteriana, fruto das limitações de seus sistemas clássicos de

classificação, provoca a falsa percepção de que apenas poucos gêneros são responsáveis por

uma rica produção de metabólitos secundários (ENGENE et al., 2011). Apesar disso, produtos

naturais cianobacterianos continuam a ser negligenciados, com quedas contínuas nos relatos

de novos metabólitos deste filo desde 2012 (BLUNT et al., 2015).

Abordagens genômicas se mostram cada vez mais poderosas para a descoberta de

novas fontes de produtos naturais à medida que o número de sequências de genomas

disponíveis aumenta. Por meio de estratégias que permitem partir da sequência gênica e

chegar à predição da estrutura final da molécula, é possível agora averiguar mais facilmente a

diversidade metabólica de micro-organismos cuja relevância como fontes de metabólitos era

antes desconhecida ou subestimada devido às restrições metodológicas e à dispendiosidade

dos protocolos clássicos, baseados na fermentação e na posterior detecção de substâncias de

interesse por bioensaios ou análises químicas em extratos brutos, que impedem a exploração

do verdadeiro potencial biossintético microbiano (WINTER; BEHNKEN; HERTWECK,

2011). A mineração de genomas tem levado à descoberta de novos produtos naturais e de

novos mecanismos de biossíntese a partir da caracterização de sequências gênicas que

Page 26: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

24

codificam peptídeo sintetases não ribossômicas, policetídeo sintases e terpeno sintases, entre

outras (CORRE; CHALLIS, 2009). Através da mineração genômica, mesmo vias

biossintéticas que permaneceram desconhecidas por 70 anos têm sido elucidadas

(CRAWFORD; CLARDY, 2012). Contudo, a maioria dos agrupamentos gênicos levantados

por mineração genômica ainda possui produtos desconhecidos (CALTEAU et al., 2014).

As pesquisas em genômica de micro-organismos nas últimas décadas se voltaram

amplamente para o estudo de linhagens bacterianas patogênicas a animais ou a plantas com o

objetivo de estabelecer inventários de genes que promovessem o estabelecimento de alvos

para novos antibióticos, a disponibilização de novos candidatos para a produção de vacinas e

avanços na compreensão da biologia desses patógenos, com a descoberta de genes envolvidos

na síntese de produtos naturais sendo, portanto, um resultado meramente incidental

(DONADIO; MONCIARDINI; SOSIO, 2007). Nos últimos anos, contudo, o aumento do

número de projetos genômicos voltados para recursos com relevância ambiental passou a

favorecer o descobrimento de novos metabólitos secundários (WINTER; BEHNKEN;

HERTWECK, 2011).

2.4 Genômica cianobacteriana

Em 1996, foi finalizado o sequenciamento e a anotação do primeiro genoma de

cianobactéria, Synechocystis sp. PCC 6803 (KANEKO et al., 1996). Atualmente, pouco mais

de 200 genomas cianobacterianos completos estão disponíveis em bancos de dados públicos,

um número ínfimo perto dos mais de 30.000 genomas pertencentes a organismos de 50 filos

de bactérias e de 11 filos de arqueias já sequenciados (LAND et al., 2015). A maioria desses

genomas cianobacterianos é proveniente de linhagens de água marinha ou doce, depositadas

na coleção de culturas do Instituto Pasteur, em Paris, na França, constituindo, portanto, uma

mera amostra da enorme diversidade deste filo.

Poucos genomas identificados no gênero Nostoc foram disponibilizados até o

momento. Além disso, em decorrência da polifilia desse táxon, apenas o genoma de uma

espécie pertencente ao grupo do qual a espécie-tipo faz parte, N. punctiforme PCC 73102, foi

sequenciado. O posicionamento taxonômico de Nostoc (Anabaena) PCC 7120 ainda está sob

discussão, mas provavelmente esta linhagem representa um gênero distinto de ambos

(SVENNING; ERIKSSON; RASMUSSEN, 2005). Assim como PCC 7120, a linhagem 0708,

um simbionte obrigatório, foi inicialmente classificada como Anabaena (RAN et al., 2010).

Neste momento, ela pode ser encontrada identificada como Trichormus azollae em alguns

Page 27: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

25

bancos de dados, cujo gênero está representado por outro genoma, depositado como

Anabaena variabilis ATCC 29413. As linhagens Nostoc sp. PCC 7107 e Nostoc sp. PCC 7524

também se mostram relacionadas ao gênero Trichormus. Como verificado na Tabela 1, outros

sete projetos de sequenciamento genômico de organismos identificados no gênero Nostoc

estão registrados no banco de dados GenBank (disponível em http://www.ncbi.nlm.nih.gov).

Tabela 1 – Projetos de sequenciamento genômico de linhagens do gênero Nostoc sendo

desenvolvidos atualmente

Linhagem Número de

Acesso Centro Responsável Hábitat

Nostoc piscinale CENA21 PRJNA288507 Universidade Federal do Pará /

University of California in San Diego

sedimentos,

Rio Solimões

Nostoc sp. 'Peltigera

membranacea cyanobiont N6' PRJNA279350 University of Iceland não especificado

Nostoc sp. 'Lobaria pulmonaria

(5183) cyanobiont' PRJNA275880 University of Iceland não especificado

Nostoc linckia PRJNA274736 University of Hong Kong não especificado

Nostoc sp. CCAP 1453/38 PRJNA266493 Biology Centre ASCR não especificado

Nostoc sp. sp2 PRJNA262403 DOE Joint Genome Institute não especificado

Nostoc sp. sp3 PRJNA262218 DOE Joint Genome Institute associada a musgo,

floresta boreal

De acordo com sua história evolutiva, as cianobactérias, responsáveis pela oxigenação

da atmosfera terrestre, podem ser consideradas como um elo de ligação entre organismos

anaeróbicos e organismos obrigatoriamente aeróbicos (HAREL et al., 2015). O ancestral mais

recente das cianobactérias foi estimado como tendo aproximadamente 4,5 Mpb e de 1.678 a

3.291 genes, dos quais apenas entre 4 e 6 % permanece exclusivo aos genomas das

cianobactérias modernas, os quais apresentam como inovações sequências para formação de

filamentos, diferenciação de heterócitos, diazotrofia e competência simbiótica (LARSSON;

NYLANDER; BERKMAN, 2011).

A alta diversidade genética nesses micro-organismos é evidenciada por ampla

distribuição e hipervariabilidade de elementos transponíveis, os quais chegam a constituir até

10,95 % do genoma total de algumas linhagens (LIN et al., 2010). Alto percentual desses

elementos pode ser detectado em genomas de cianobactérias que habitam ambientes

considerados extremos, o que pode estar relacionado à sua capacidade de adaptação às

Page 28: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

26

condições encontradas nesses ambientes (KIDWELL; LISCH, 2001; LIN et al., 2010). Além

disso, a transferência horizontal de genes também é responsável por gerar alta diversidade

molecular nesses micro-organismos (ZHAXYBAYEVA et al., 2006).

O material genético das cianobactérias geralmente é composto, assim como o de

outras bactérias, por uma ou mais moléculas de plasmídeo e por DNA cromossômico, o qual,

em média, pode variar em tamanho entre 1,4 e 8,2 Mpb (MEEKS et al., 2001; ZEHR et al.,

2008). Análises do número de cópias de cromossomos em células de cianobactérias indicam

que neste filo pode-se observar a ocorrência de monoploidia, oligoploidia ou poliploidia, de

modo que algumas cianobactérias podem apresentar até 218 cópias durante sua fase

exponencial (GRIESE; LANGE; SOPPA, 2011), o que poderia favorecer a recombinação.

Durante situações de estresse, estratégias de sobrevivência tornam esse número ainda maior.

Acinetos podem conter até 450 cromossomos, um número explicado pela necessidade de uma

rápida retomada da atividade metabólica e da divisão celular após a dormência da célula

(SUKENIK et al., 2012).

A divergência genômica geralmente reflete adaptações fisiológicas aos diferentes

nichos que as cianobactérias podem ocupar. Duas estratégias de adaptação podem ser

inferidas pelas análises de genomas do filo Cyanobacteria: a expansão genômica, que confere

amplo potencial adaptativo pelo aumento de famílias gênicas, e a redução genômica, que

resulta na eliminação de genes dispensáveis à adaptação a um nicho específico (LARSSON;

NYLANDER; BERKMAN, 2011). Pressões de seleção provocariam mudanças em fatores

como tamanho do genoma, percentual G-C, número de genes e taxa de evolução. Enquanto

cianobactérias podem desenvolver estratégias individuais de interação com o ambiente, outros

de seus sistemas são conservados globalmente (SIMM et al., 2015). Assim como ocorre em

outros organismos, há um conjunto de genes essenciais em cianobactérias que apresenta taxas

de conservação bastante elevadas e maior resistência à transferência horizontal, consistindo de

sequências geralmente envolvidas na produção de estruturas proteicas complexas e em vias

bioquímicas indispensáveis (LARSSON; NYLANDER; BERKMAN, 2011; SHI;

FALKOWSKI, 2008). É esse conjunto de genes, que encerra grande parte da história

evolutiva do organismo, o alvo de vários trabalhos recentes.

Disponibilizadas a partir de 2005, as novas gerações das tecnologias de

sequenciamento de DNA foram, em conjunto com as novas tecnologias computacionais, as

principais impulsoras da pesquisa em genômica e metagenômica nas últimas décadas.

Elas tornaram possível que fosse gerado um volume de dados muito maior e em menor tempo

que os obtidos com a antiga tecnologia de sequenciamento de Sanger et al. (1977), que havia

Page 29: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

27

se tornado o método-padrão de sequenciamento de DNA. As plataformas de sequenciamento

de DNA de alta performance levaram a reduções drásticas tanto no custo econômico quanto

no esforço necessário para a caracterização de genomas, o que levou ao crescimento

exponencial dos artigos científicos descrevendo pesquisas genômicas. Essas pesquisas

saturaram o meio editorial, de modo que, apesar de terem fornecido dados fundamentais para

o avanço da genética e da evolução nos últimos 20 anos, apenas genomas com características

muito singulares e inovadoras ou análises comparativas de múltiplos genomas são

considerados para publicação atualmente (SMITH, 2013).

Através da genômica, têm se tornado possíveis os seguintes avanços: compreender a

trajetória dos genes de cianotoxinas, assim como o modo como são adquiridos, e levantar

informações para o entendimento de sua função ecofisiológica e evolução (MOUSTAFA et

al., 2009); predizer funções bioquímicas de genes de atuação ainda desconhecida (HUANG et

al., 2006); conhecer a história evolutiva do filo e da vida do planeta (MULKIDJANIAN et al.,

2006); estudar possíveis alterações geológicas e biogeoquímicas ocorridas em conjunto com

alterações na biota (BATTISTUZZI; FEIJÃO; HEDGES, 2004); e, por meio da filogenômica,

o aprimoramento da taxonomia (EISEN; FRASER, 2003; THOMPSON et al., 2015).

Pesquisas metagenômicas também têm realizado descobertas importantes, e revelaram o novo

filo Melainabacteria, que foi identificado como proximamente relacionado ao filo

Cyanobacteria (DI RIENZI et al., 2013; SOO et al., 2014).

Novas técnicas foram introduzidas à classificação taxonômica das cianobactérias para

questionar a tradicional ênfase em características morfológicas, levando à revisão de seus

critérios. O relativamente novo campo da genômica comparativa se destaca e pode levar a

uma nova revolução dentro da sistemática cianobacteriana. A filogenômica e a verificação da

presença de sequências de proteínas encontradas apenas em determinados táxons, assim como

a análise de inserções ou deleções conservadas em sequências de proteínas estruturais, se

mostram promissoras para o esclarecimento de graus de ancestralidade não passíveis de serem

inferidos por análises filogenéticas comuns. A união da filogenômica com as análises de

sinapomorfia e de proteínas exclusivas vem redefinindo a compreensão da evolução das

cianobactérias e tem dado maior robustez à classificação cianobacteriana moderna (GUPTA,

2009; GUPTA; MATHEWS, 2010; KOMÁREK et al., 2014).

Devido ao número relativamente baixo de genomas cianobacterianos atualmente

disponíveis, a aplicação de abordagens filogenômicas a análises em níveis taxonômicos mais

baixos (como gênero ou espécie) ainda não foi possível de ser realizada em larga escala com

sucesso. Contudo, ela ainda permanece como a ferramenta mais promissora para trazer para o

Page 30: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

28

filo Cyanobacteria uma classificação mais natural, capaz de corrigir os erros produzidos pela

taxonomia tradicional, largamente baseada em morfologia, e esclarecer as complicadas

relações evolutivas dos diversos táxons polifiléticos que persistem na classificação

cianobacteriana, como, por exemplo, o gênero Nostoc e suas espécies. Potencialmente,

mesmo erros causados por transferência lateral de genes ou outros processos que obscurecem

o sinal filogenético são possíveis de serem resolvidos com a filogenômica (KAUFF; BÜDEL,

2011). Se neste momento há questões técnicas que dificultam o amplo uso taxonômico da

genômica para cianobactérias, o sequenciamento de genomas tende a se tornar cada vez mais

rápido e menos custoso, levando a um número crescente de genomas disponíveis.

Filogeneticamente, há um desequilíbrio na disponibilidade de sequências de

cianobactérias, que acarreta uma má representação da genômica do filo. Isso prejudica o

conhecimento da genética do filo, já que sequências de táxons negligenciados podem ajudar a

trazer respostas importantes (RICHARDS, 2015). O sequenciamento de genomas de

cianobactérias relacionadas a táxons pouco estudados possibilita não apenas o aumento do

conhecimento da biologia do filo, mas também da evolução e da diversidade de aspectos mais

gerais como morfologia, fotossíntese, metabolismo secundário e endossimbiose (SHI et al.,

2013). O alto número de sequências repetitivas encontradas no genoma de grande parte das

cianobactérias é um fator limitante para a montagem dos genomas destes organismos mesmo

com o aumento da cobertura do sequenciamento, fator que contribui para que a grande

maioria dos genomas atualmente disponíveis mantenha-se incompleta, no estado conhecido

como “rascunho”, com a omissão de alto número de sequências de nucleotídeos em regiões

significativas (WANG et al., 2012). Aproximadamente 90 % dos genomas sequenciados até o

presente momento não está completo (LAND et al., 2015).

Mesmo para linhagens cianobacterianas provenientes de culturas axênicas, os

sequenciamentos genômicos com alta cobertura e realizados por diferentes estratégias podem

se mostrar insuficientes para a montagem genômica em uma sequência contígua única, um

fato que ilustra o desafio proposto pelo alto número de repetições contido nos genomas de

organismos desse filo. Todavia, isso não prejudica a obtenção de dados que satisfaçam os

requerimentos necessários para a realização de análises genômicas comparativas (HUMBERT

et al., 2013).

Page 31: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

29

2.5 Terra preta antropogênica

De acordo com evidências arqueológicas, algumas paisagens amazônicas foram

profundamente transformadas por antigas atividades humanas ao redor delas (KERN et al.,

2009). Em contraste com solos comumente encontrados na região amazônica, que são

normalmente ácidos e pobres em nutrientes, a terra preta antropogênica é um solo amazônico

rico em matéria orgânica e com alta fertilidade química criado por ocupações humanas nativas

estabelecidas mais de um milênio antes da colonização europeia do continente americano

(COSTA et al., 2009; WOODS et al., 2009). Solos de terra preta amazônica são caracterizados

por cor escura e altos níveis de Ca, Mg, Zn, Mn, P e C, que são resultantes principalmente de

carvão residual de fogueiras para cozimento e da deposição de cinzas, cascas, restos de caça e

coleta e dejetos humanos no local (KERN et al., 2009). Atividades humanas tendem a ter

impacto negativo sobre cianobactérias de solo, especialmente durante processos de

urbanização, mas poucas informações sobre como cianobactérias são impactadas em

ambientes seminaturais e em solos de cultivo estão disponíveis (SHARMA, 2015).

Como resultado dessas características, os antrossolos podem em alguns casos

apresentar comunidades microbianas distintas quando comparados com solos adjacentes de

mesma mineralogia, porém não modificados. Por outro lado, essas comunidades microbianas

podem ser comparativamente semelhantes às comunidades de outros antrossolos, mesmo

quando estes foram formados a partir de diferentes tipos de solos e estão atualmente

submetidos a práticas e coberturas consideravelmente dissimilares. Esse fato indica que, nesse

ambiente, o histórico do solo pode ter maior influência sobre sua estrutura microbiana do que

a composição do mesmo (GROSSMAN et al., 2010).

Antrossolos de características semelhantes tanto em termos de formação como de

ecologia são hoje encontrados em sítios arqueológicos no norte da Alemanha, podendo ser

considerados “terra preta nórdica” (WIEDNER et al., 2015). De forma similar ao ocorrido em

terras amazônicas, esses solos foram formados como produto do sistema de subsistência

viquingue/eslávica há pelo menos 1.000 anos AP, após a deposição contínua e prolongada de

dejetos, tais como esterco humano e não humano, restos de caça e matéria orgânica

carbonizada. Consequentemente, apresentam cor escura e são densos e enriquecidos com

elementos como C, N, P, Ca, Mg, K, Na, Fe, Cu, Zn, Mn e Ba.

Page 32: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

30

Além da caracterização de filos bacterianos negligenciados, tais como o filo

Cyanobacteria, o conhecimento da diversidade microbiana geral também pode se beneficiar

da caracterização de ambientes quimicamente díspares (SCHLOSS; HANDELSMAN, 2004).

Estima-se que um número considerável de espécies de cianobactérias é ainda desconhecido, e

acredita-se que há muito conhecimento a ser adquirido da caracterização da biodiversidade

deste filo em regiões geográficas inexploradas (NABOUT et al., 2013). Cianobactérias

também podem contribuir direta ou indiretamente para o aumento da concentração de

nitrogênio, fósforo, potássio, ferro e outros minerais no solo e favorecer a eficiência de seu

uso por plantas (KUMAR et al., 2015). Esses argumentos indicam a importância da

caracterização de linhagens cianobacterianas e das comunidades com quem interagem de

ambientes pouco explorados, como a terra preta antropogênica.

Page 33: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

31

3. HIPÓTESES

Nostoc sp. CENA67 é uma cianobactéria que se diferencia do restante dos

micro-organismos atualmente classificados em seu gênero, o que pode ser verificado por

métodos clássicos e genômicos. Consequentemente, essa linhagem apresenta agrupamentos

gênicos envolvidos na síntese de metabólitos secundários ainda desconhecidos. Culturas não

axênicas dessa cianobactéria apresentam micro-organismos em associação com a mesma, que

são passíveis de estudo por ferramentas metagenômicas.

Page 34: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

32

4. OBJETIVOS

4.1 Objetivo geral

Este trabalho teve como objetivo geral a avaliação dos aspectos morfológicos,

moleculares, genômicos e metabólicos da linhagem cianobacteriana Nostoc sp. CENA67,

isolada a partir de solo de terra preta antropogênica da floresta amazônica brasileira, bem

como a análise de características dos micro-organismos associados a essa cianobactéria em

uma cultura não axênica.

4.2 Objetivos específicos

Entre os objetivos específicos deste projeto, encontram-se:

- Caracterizar a cianobactéria morfologicamente;

- Verificar suas relações filogenéticas com outras cianobactérias;

- Caracterizar o genoma da cianobactéria-alvo;

- Comparar o genoma obtido com genomas de linhagens proximamente relacionadas;

- Avaliar agrupamentos gênicos envolvidos na síntese de metabólitos secundários;

- Analisar a diversidade taxonômica e funcional da comunidade microbiana associada.

Page 35: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

33

5. MATERIAL E MÉTODOS

5.1 Origem da amostra

A linhagem Nostoc sp. CENA67 foi isolada a partir de uma amostra de terra preta

antropogênica coletada em 2004 nos primeiros 20 cm de solo do sítio arqueológico Hatahara

(3º16’29”S e 60º12’16”O), localizado no município de Iranduba, a 30 km a sudoeste de

Manaus-AM. O sítio Hatahara encontra-se na margem esquerda do Rio Solimões, próximo à

confluência com o Rio Negro. Essa linhagem é mantida em cultivo no Laboratório de

Biologia Celular e Molecular do CENA/USP em meio de cultura líquido AA/4

(ALLEN; ARNON, 1955), composto pelos seguintes reagentes e concentrações: K2HPO4

132,68 mg·L-1; MgSO4.7H2O 62,5 mg·L-1; NaCl 62,5 mg·L-1; CaCl2.2H2O 18,75 mg·L-1;

FeSO4.7H2O 4,982 mg·L-1; KOH 1,891 mg·L-1; H3BO3 715 µg·L-1; MnCl2.4H2O 450 µg·L-1;

Na2MoO4.2H2O 76,375 µg·L-1; ZnSO4.7H2O 55 µg·L-1; CuSO4.5H2O 19,75 µg·L-1;

CoCl2.6H2O 10 µg·L-1; e NH4VO3 5,75 µg·L-1. As células foram acondicionadas a 25±1 ºC

sob iluminação fluorescente de 40 µmol fótons·m-2·s-1 e com fotoperíodo de 14 horas de luz e

10 horas de escuro. Essa é uma cultura não axênica, sendo composta, dessa maneira, tanto por

células de Nostoc sp. quanto de alguns micro-organismos não cianobacterianos associados a

elas.

5.2 Obtenção de biomassa

Para obtenção de biomassa, culturas de CENA67 foram incubadas em frascos

Erlenmeyer de 1 L contendo 500 mL de meio líquido AA/4. Após três semanas de

crescimento, as células foram concentradas em tubos de 50 mL por centrifugação a 7690 ×g

durante 10 minutos em uma centrífuga Hettich Universal Mikro320R (Hettich, Tuttlingen,

Alemanha). Em seguida ao descarte dos sobrenadantes, foram feitas três lavagens das células

através da adição de 50 mL de água ultrapura seguida de homogeneização em vórtex,

centrifugação a 7690 ×g durante 10 minutos e descarte dos sobrenadantes. As células

concentradas foram submetidas a uma nova lavagem com a adição de uma solução de extran

0,05 % seguida de homogeneização, centrifugação a 2370 ×g durante 10 minutos e descarte

dos sobrenadantes. Este procedimento foi repetido duas vezes com solução de lavagem

(NaCl 50 mM, Tris-HCl 10 mM pH 7,5, EDTA 2,5 mM pH 8,0 e etanol 50 %) a 4650 ×g e

uma vez com solução salina 0,85 % a 7690 ×g. As células lavadas e concentradas foram

armazenadas a -20 ºC até a extração de DNA.

Page 36: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

34

5.3 Caracterização morfológica

Para examinar as características morfológicas da linhagem CENA67, amostras de

culturas líquidas com 14 dias e 45 dias de crescimento foram coletadas e observadas sob um

microscópio óptico Zeiss Axiostar Plus (Carl Zeiss, Jena, Alemanha) de acordo com os

critérios de Papaefthimiou et al. (2008). Medidas morfométricas foram tomadas das amostras

com o auxílio de um micrômetro ocular pela observação das células com um aumento de

1000 ×. O comprimento e a largura de vinte e cinco células vegetativas e heterócitos

intercalares e terminais, selecionados aleatoriamente, foram medidos. Para tentar estimular a

produção de acinetos pela linhagem, a cultura foi mantida sob escuro absoluto ou a luz

constante e a temperaturas de 25±1 ºC ou 10±1 ºC, sendo constantemente monitorada para

verificação da produção destas células. Além das dimensões celulares, seu formato (cônico,

arredondado, abarrilado ou oval) também foi verificado. Os filamentos foram classificados em

relação ao seu formato (em espiral, ondulados ou retos) e seu tamanho (curtos, se formados

por menos de 50 células, e longos, se filamentos de mais de 50 células estivessem presentes).

Por fim, as bainhas foram observadas após a adição de nanquim às lâminas e classificadas

como difusivas (se não havia bordas nítidas na microcolônia) ou como envelopes (se uma

bainha delicada e não envelopada se expandia por 2-5 µm ao redor do filamento).

5.4 Extração de DNA

Para as extrações de DNA, foram coletadas células na fase exponencial de crescimento

pela concentração em centrífuga durante 10 minutos a 7392 ×g. A extração foi realizada a

partir de modificações no protocolo descrito por Lin et al. (2010), reproduzidas a seguir. As

células de CENA67 coletadas foram inicialmente ressuspendidas em 500 µL de tampão de

lise (composto por Tris-HCl 100 mM pH 8,0, EDTA 1 mM pH 9,0 e NaCl 100 mM) e

digeridas com 5 µL de uma solução de lisozima 100 mg·mL-1 a 37 ºC por 30 minutos.

Seguiu-se a adição de 10 µL de proteinase K 20 mg·mL-1 e 20 µL de SDS 10 % aos

microtubos e a incubação a 55 ºC durante 1 hora. Em seguida, 600 µL de uma solução de

fenol/clorofórmio/álcool isoamílico (25:24:1) foram adicionados aos tubos, os quais foram

então homogeneizados e centrifugados a 7392 ×g por 5 minutos. Posteriormente, os

sobrenadantes foram transferidos para novos tubos, aos quais foram adicionados 600 µL de

clorofórmio/álcool isoamílico (24:1), sendo novamente homogeneizados e centrifugados a

7392 ×g por 5 minutos. Os sobrenadantes foram mais uma vez transferidos para novos tubos,

Page 37: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

35

acrescidos de 4 µL de RNAse A 10 mg·mL-1 e incubados a 37 ºC por 20 minutos. O DNA

extraído foi então precipitado com 100 µL de acetato de sódio 3 M pH 4,8 e 600 µL de

isopropanol a -80 ºC durante 1 hora e centrifugado por 10 minutos a 7392 ×g. Por fim, o DNA

foi lavado com 500 µL de etanol 70 % e centrifugado a 7392 ×g por 5 minutos. Após secagem

a 37 ºC, o DNA foi ressuspendido em água ultrapura estéril. A integridade das amostras foi

verificada em gel de agarose 1 % após corrida eletroforética em tampão TBE 0,5 X

(Tris-borato 22 mM e EDTA 0,5 mM pH 8,0) com o corante SYBR Green (Molecular Probes,

Eugene, OR, EUA). O registro do gel foi realizado por meio do fotodocumentador Gel Logic

212 Imaging System (Molecular Imaging System Carestream Health, Inc, Rochester, NY,

EUA). A quantificação do DNA se deu com o fluorômetro Qubit, utilizando o reagente

Quant-iT dsDNA BR Assay Kit (Invitrogen) de acordo com as instruções do fabricante.

5.5 Reconstrução filogenética

O DNA genômico extraído foi submetido à amplificação por reação em cadeia da

polimerase (PCR) do DNAr 16S com os oligonucleotídeos iniciadores 27F1 e 1494Rc

(NEILAN et al., 1997). A amplificação foi feita em solução contendo tampão PCR 1X

(Tris HCl 20 mM pH 8,4; KCl 50 mM), 0,2 mM de cada dNTP, MgCl2 3 mM, 1 U de

Platinum Taq DNA Polimerase (Invitrogen), 10 ng de DNA, 5 ρmol de cada iniciador e água

ultrapura (Millipore) esterilizada. A reação foi realizada em um termociclador Techne TC-412

(Bibby Scientific Limited, Stone, Staffordshire, Inglaterra) sob as seguintes condições:

desnaturação a 95 ºC durante 3 minutos; 30 ciclos a 94 ºC por 10 segundos, 50 ºC por

20 segundos e 72 ºC por 1 minuto; e extensão final a 72 ºC durante 7 minutos. A integridade

da amplificação foi analisada por eletroforese, conforme descrito anteriormente, por

comparação com o marcador de massa molecular Low Mass DNA Ladder (Invitrogen). Os

produtos da amplificação foram clonados e inseridos em células de Escherichia coli DH5α

com pGEM-T Easy Vector Systems (Promega, Madison, WI, EUA) por choque térmico

(SAMBROOK; RUSSEL, 2001; ZHOU; CLARK; GOMEZ-SANCHEZ, 1995). A presença

dos insertos foi checada através de PCR com os iniciadores CYA359F, CYA781Ra e

CYA781Rb, sob condições descritas anteriormente (NÜBEL et al., 1997). Colônias positivas

foram conduzidas ao sequenciamento pelo método de Sanger et al. (1977) no aparelho ABI

PRISM 3100 Genetic Analyzer (Life Technologies, Carlsbad, CA, EUA) com DYEnamic ET

Dye Terminator Cycle Sequencing Kit (GE Healthcare, Little Chalfont, Buckinghamshire,

Inglaterra) e os iniciadores M13F, M13R, 341-357F, 357-341R, 685-704F, 704-685R,

Page 38: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

36

1099-1114F e 1114-1099R. As sequências geradas foram analisadas com o pacote de

programas Phred/Phrap/Consed (EWING et al., 1998; EWING; GREEN, 1998; GORDON et

al., 1998). As sequências dos iniciadores utilizados neste trabalho encontram-se na Tabela 2.

Tabela 2 – Oligonucleotídeos iniciadores utilizados para análise filogenética

Iniciador Sequência Referência

27F1 5’-AGAGTTTGATCCTGCTCAG-3’ NEILAN et al., 1997

1494Rc 5’-TACGGCTACCTTGTTACGAC-3’ NEILAN et al., 1997

CYA359F 5’-GGGGAATYTTCCGCAATGGG-3’ NÜBEL et al., 1997

CYA781Ra 5’-GACTACTGGGGTATCTAATCCCATT-3’ NÜBEL et al., 1997

CYA781Rb 5’-GACTACAGGGGTATCTAATCCCTTT-3’ NÜBEL et al., 1997

M13F 5’-GCCAGGGTTTTCCCAGTCACGA-3’ MESSING, 1983

M13R 5’-GAGCGGATAACAATTTCACACAGG-3’ MESSING, 1983

341-357F 5’-CCTACGGGAGGCAGCAG-3’ LANE, 1991 (modificado)

357-341R 5’-CTGCTGCCTCCCGTAGG-3’ LANE, 1991 (modificado)

685-704F 5’-GTAGSGGTGAAATSCGTAGA-3’ LANE, 1991 (modificado)

704-685R 5’-TCTACGSATTTCACCSCTAC-3’ LANE, 1991 (modificado)

1099-1114F 5’-GCAACGAGCGMRACCC-3’ LANE, 1991 (modificado)

1114-1099R 5’-GGGTYKCGCTCGTTGC-3’ LANE, 1991 (modificado)

Visando compreender melhor as relações evolutivas entre CENA67 e outras linhagens

relacionadas ao gênero Nostoc, a sequência resultante foi comparada com outras sequências

depositadas no banco de dados GenBank, com a ferramenta BLAST (ALTSCHUL et al.,

1990). A sequência obtida foi alinhada junto a sequências proximamente relacionadas com

MUSCLE 3.8.31 (EDGAR, 2004) e o melhor modelo evolutivo para o alinhamento foi

estimado com jModelTest 2.1.7 (DARRIBA et al., 2012; GUINDON; GASCUEL, 2003).

Árvores filogenéticas foram reconstruídas pelos métodos de máxima verossimilhança

(FELSENSTEIN, 1981), utilizando o programa RAxML 8.2.3 (STAMATAKIS, 2006), e

inferência bayesiana (MAU; NEWTON; LARGET, 1999), realizada com o programa

MrBayes 3.2.5 (RONQUIST; HUELSENBECK, 2003). A árvore final foi visualizada com

Figtree 1.4.2 (http://tree.bio.ed.ac.uk/software/figtree) e editada com Inkscape 0.48.5

(http://inkscape.org).

Page 39: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

37

5.6 Sequenciamento de DNA

O DNA genômico foi utilizado para o preparo de bibliotecas genômicas com Nextera

XT DNA Sample Prep Kit (Illumina) de acordo com as instruções do fornecedor, resumidas a

seguir. O DNA genômico foi inicialmente fragmentado por transposases e recebeu sequências

adaptadoras às suas extremidades após incubação em termociclador a 55 ºC por 5 minutos. As

enzimas foram neutralizadas com o tampão Neutralize Tagment (Illumina) à temperatura

ambiente por 5 min e, em seguida, ocorreu a amplificação do DNA com os iniciadores i7 e i5,

específicos aos adaptadores adicionados, com a seguinte ciclagem térmica: 72 °C por 3 min;

95 °C por 30 s; 12 ciclos de 95 °C por 10 s, 55 °C por 30 s e 72 °C por 30 s; e 72 °C

por 5 min. Os produtos da amplificação foram purificados com 25 µL de microesferas

magnéticas AMPure XP 0,5 X e etanol 80 %. Após purificada, a biblioteca foi normalizada

para o sequenciamento. Após os produtos da biblioteca serem desnaturados e diluídos, eles

foram transferidos para um cartucho de reagentes. Uma célula de fluxo foi limpa com água

ultrapura estéril e inserida no sequenciador, seguida dos reagentes para sequenciamento e do

cartucho contendo as sequências da biblioteca. O sequenciamento foi realizado com MiSeq

Reagent Kit (Illumina) no Centro de Genômica Funcional Aplicada à Agropecuária e à

Agroenergia, da Universidade de São Paulo, em Piracicaba-SP, segundo instruções do

fabricante.

Um sequenciamento com Ion PGM (Life Technologies) também foi realizado no

Laboratório de Polimorfismo de DNA, na Universidade Federal do Pará, em Belém-PA. Para

esse sequenciamento, 5 µg do DNA extraído anteriormente foram utilizados na construção de

bibliotecas de pares com 3 Kpb de distância entre si com Ion PGM Template OT2 400 Kit

(Life Technologies) seguindo instruções do fabricante e procedimentos descritos

anteriormente (RAMOS et al., 2013). Os produtos das bibliotecas foram depositados em um

Ion 318 Chip v2 (Life Technologies) e o sequenciamento ocorreu com Ion PGM Sequencing

400 Kit (Life Technologies) segundo instruções do fabricante.

5.7 Pré-processamento de sequências e montagem

As qualidades das leituras brutas obtidas foram verificadas com o programa FastQC

0.10.1 (http://www.bioinformatics.babraham.ac.uk/projects/fastqc/). PEAR 0.9.6 (ZHANG et

al., 2014) foi utilizado para unir pares com extremidades que se sobrepunham. Bases com

índice de qualidade menor que Phred 30, bases ambíguas e sequências menores que 50 pb

Page 40: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

38

foram filtradas com Seqyclean 1.3.12 (http://cores.ibest.uidaho.edu/software/seqyclean) e

PRINSEQ 0.20.4 (SCHMIEDER; EDWARDS, 2011a). Sequências com similaridade a

contaminantes metagenômicos conhecidos foram removidas com DeconSeq 0.4.3

(SCHMIEDER; EDWARDS, 2011b). O conjunto de dados resultante do pré-processamento

foi montado com SPAdes 3.1.1 (BANKEVICH et al., 2014) e QUAST 2.3 (GUREVICH et

al., 2013) foi utilizado para avaliar os resultados das montagens. O tamanho genômico total

foi estimado com o programa Kmer Spectrum Analyzer (WILLIAMS et al., 2013).

5.8 Anotação e detecção de produtos naturais

O arquivo gerado ao final dos procedimentos de montagem foi anotado

automaticamente com Prokka 1.8 (SEEMANN, 2014) e com o servidor RAST (AZIZ et al.,

2008; OVERBEEK et al., 2014). Para a detecção de genes provenientes de agrupamentos

gênicos potencialmente envolvidos na síntese de metabólitos secundários, utilizou-se o

programa antiSMASH 3.0.3 (BLIN et al., 2013; MEDEMA et al., 2011; WEBER et al.,

2015). Outros genes de interesse foram identificados a partir de alinhamentos locais com

bancos de dados customizados com BLAST+ 2.2.29 (ALTSCHUL et al., 1990; CAMACHO

et al., 2009). A anotação automática de regiões de interesse foi averiguada e, quando

necessário, corrigida por meio de curadoria manual com Artemis 16.0.0 (RUTHERFORD et

al., 2000) e BLAST (ALTSCHUL et al., 1990). Quando necessário, árvores foram construídas

conforme descrito anteriormente.

5.9 Análises comparativas

Comparações genômicas da linhagem Nostoc sp. CENA67 com genomas de linhagens

disponíveis em bancos de dados públicos foram realizadas com o servidor RAST para

verificação da proximidade com outros genomas e sintenia, enquanto GET_HOMOLOGUES

11032014 (CONTRERAS-MOREIRA; VINUESA, 2013) foi utilizado para a comparação de

sequências proteicas em larga escala e estimativas de tamanho do pangenoma e do genoma

essencial dos genomas das cianobactérias já classificadas dentro do gênero Nostoc. Após a

detecção do agrupamento gênico de DNAr dentre as sequências montadas, MUSCLE 3.8.31

foi utilizado para o alinhamento do espaço intergênico 16S-23S de CENA67 junto a

sequências de espaços intergênicos provenientes de táxons relacionados depositadas em

bancos de dados públicos. A identificação de regiões conservadas foi realizada de acordo com

Page 41: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

39

Iteman et al. (2000). As regiões D1-D1' e Box B foram selecionadas para a previsão de

estruturas secundárias com Mfold (ZUKER; STIEGLER, 1984; ZUKER, 2003), que foram

visualizadas com RnaViz 2 (DE RIJK et al., 2003).

5.10 Diversidade taxonômica e funcional

Sequências contíguas do metagenoma montado foram analisadas e identificadas com

Kraken 0.10.4 (WOOD; SALZBERG, 2014). Anotações do metagenoma da comunidade

associada e dos genomas obtidos foram fornecidos, respectivamente, pelos servidores

MG-RAST (MEYER et al., 2008) e RAST (AZIZ et al., 2008; BRETTIN et al., 2015;

OVERBEEK et al., 2014). Quando necessário, a curadoria manual das anotações foi realizada

com Artemis 16.0.0 (RUTHERFORD et al., 2000) e BLAST (ALTSCHUL et al., 1990). A

afiliação taxônomica dos micro-organismos associados a Nostoc sp. CENA67 foi explorada

inicialmente em dados não montados com FOCUS 0.26 (SILVA et al., 2014) para também

avaliar a abundância relativa dos táxons. Alternativamente, o DNAr 16S das leituras

sequenciadas foi recuperado com SortMeRNA 2.0 (KOPYLOVA; NOÉ; TOUZET, 2012) e

analisado com QIIME 1.9 (CAPORASO et al., 2010a) usando uclust 2.21 (EDGAR, 2010),

PyNAST 1.2.2 (CAPORASO et al., 2010b) e o banco de dados Greengenes 13_8

(DESANTIS et al., 2006). Além disso, o DNAr 16S foi montado com EMIRGE 0.60

(MILLER et al., 2011). O resultado das identificações foi utilizado para investigar as

diferenças funcionais entre a cianobactéria e a comunidade associada. Vias metabólicas foram

comparadas no servidor MG-RAST com o banco de dados KEGG. Real Time Metagenomics

(EDWARDS et al., 2012) foi utilizado para comparações de subsistemas.

Page 42: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

40

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 Caracterização morfológica e filogenética

CENA67 é uma cianobactéria filamentosa com características típicas da família

Nostocaceae, apresentando tricomas isopolares unisseriados, divisão celular perpendicular ao

eixo do tricoma, ausência de ramificação e de zonas meristemáticas, e diferenciação de

heterócitos. Os filamentos de CENA67 são longos e ondulados e se reproduzem por

hormogônios igualmente ondulados, porém curtos, e imóveis. Ambos são envoltos por

bainhas do tipo envelope. As células vegetativas desses filamentos se diferenciam em

heterócitos intercalares, que podem ter formato arredondado ou abarrilado, ou em heterócitos

terminais arredondados. As características morfológicas de CENA67 podem ser observadas na

Figura 2.

Em média, as células vegetativas dessa linhagem possuem 7 µm de comprimento e

3,7 µm de largura, o equivalente a uma proporção comprimento/largura de 1,9. Os heterócitos

intercalares possuem em média 8 µm de comprimento e 6,9 µm de largura, enquanto os

heterócitos terminais possuem média de 5,3 µm de comprimento e 5 µm de largura, com

proporções comprimento/largura de aproximadamente 1,2 e 1, respectivamente. Mesmo sob

as diferentes condições de estresse a que foi submetida (que incluíram longos períodos de

cultivo, baixas temperaturas, luminosidade constante e ausência de luminosidade), não foi

observada nas culturas de CENA67 a formação de acinetos, essenciais para o início da

formação colonial classicamente observada no gênero.

A ausência de acinetos impede nessa cianobactéria um ciclo de vida que se aproxime

do ciclo típico do gênero Nostoc. Por consequência, colônias macroscópicas também não são

encontradas na linhagem estudada. É pouco provável que o observado seja um artefato do

cultivo, pois ao passo que o formato dos tricomas e as dimensões celulares nesse táxon variam

em isolados de acordo com o meio de cultura utilizado, as características do ciclo de vida

permanecem estáveis sob diferentes condições de cultura, motivo pelo qual são

constantemente utilizadas para a distinção de espécies (MATEO et al., 2011). Dessa forma,

apesar de morfologicamente poder ser identificada como pertencente ao gênero Nostoc de

acordo com critérios clássicos, CENA67 não possui algumas das características típicas

descritas para este gênero.

Page 43: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

41

Figura 2 – Fotomicrografias ópticas evidenciando a morfologia de CENA67. Escala: 20 µm

O sequenciamento do DNAr 16S de Nostoc sp. CENA67 gerou uma sequência de

1411 pb, a qual apresenta maior proximidade com Nostoc ellipsosporum V, linhagem com a

qual compartilha 97 % de identidade. Todavia, apesar da relativa alta identidade, a análise

filogenética desse gene também apontou haver divergências entre a linhagem CENA67 e o

restante das cianobactérias atualmente classificadas dentro do gênero Nostoc (Figura 3).

Como pode ser observado, CENA67 se comporta filogeneticamente como um grupo externo a

um grande número de linhagens atualmente classificadas no gênero Nostoc e em alguns

gêneros relacionados, como Desmonostoc, Halotia, Nodularia, Roholtiella e Trichormus, bem

como a algumas linhagens de Anabaena.

Page 44: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

42

Figura 3 – Árvore filogenética do DNAr 16S de Nostoc sp. CENA67 gerada por inferência

bayesiana. As sequências obtidas no presente trabalho se encontram destacadas em

negrito. Linhagens já classificadas no gênero Nostoc com genomas disponíveis se

encontram destacadas com pontos. Nos nós dos ramos encontram-se as

probabilidades posteriores bayesianas precedidas por percentuais de reamostragem

maiores que 50 % em ramos também observados por máxima verossimilhança

Page 45: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

43

Percentuais de identidade de DNAr 16S entre gêneros diferentes na ordem Nostocales

podem chegar a 98 %, maior que o observado entre gêneros de outras ordens. Por

consequência, sequências provindas de cianobactérias da ordem Nostocales frequentemente

possuem posições instáveis em árvores filogenéticas e são atraídas por sequências não

relacionadas, tornando difícil a separação de gêneros pela utilização exclusiva de sequências

de DNAr 16S. Isso provavelmente ocorre devido ao ancestral dessa ordem ter divergido muito

cedo das outras cianobactérias, o que deixou em seus descendentes alta distância evolutiva em

relação aos seus táxons mais próximos e menor distância entre si (CASAMATTA; GOMEZ;

JOHANSEN, 2006; KORELUSOVÁ, 2008). Nesses casos, sequências de genes funcionais

podem fornecer um sinal filogenético mais claro, permitindo distinguir entre cianobactérias de

alta similaridade morfológica e ribossômica (HENSON et al., 2002).

Marcada por uma história bastante conturbada, a sistemática de cianobactérias foi alvo

de diversas tentativas de conciliar morfologia, filogenética e outros fatores, principalmente na

última década (HOFFMANN; KOMÁREK; KAŠTOVSKÝ, 2005; KOMÁREK, 2010b;

KOMÁREK, 2014). Diversas presunções baseadas em critérios morfológicos têm sido

derrubadas à medida que aumenta o conhecimento da diversidade desses micro-organismos.

Uma das mais profundas reavaliações ocorreu após a percepção de que a ocorrência de

filamentos ramificados, anteriormente considerada monofilética, surgiu independentemente

em um grande número de táxons do filo (GUGGER; HOFFMANN, 2004; SINGH et al.,

2015a). Mesmo ao longo dessas reavaliações, a definição da família Nostocaceae permaneceu

estável, e nesse momento ainda inclui exclusivamente gêneros com filamentos não

ramificados (KOMÁREK et al., 2014). Contudo, novos gêneros com ramificação vêm sendo

identificados nessa família por evidências filogenéticas (BOHUNICKÁ et al., 2015;

KAŠTOVSKÝ et al., 2014).

Esses fatos demonstram mais uma vez que, quando sozinhos, os caracteres

morfológicos, mesmo os mais tradicionais e os tidos como estáveis, não são capazes de guiar

com segurança a inferência de padrões evolutivos no filo Cyanobacteria. De maneira

semelhante, a filogenética baseada exclusivamente em sequências do DNAr 16S tem se

mostrado limitada para alguns grupos taxonômicos, como observado entre gêneros da ordem

Nostocales. A taxonomia polifásica, baseada no consenso de diferentes análises, foi adotada

pela sistemática cianobacteriana para tentar contornar essa limitação (KOMÁREK, 2005;

VANDAMME, 1996). Formas de aprimorar esse método continuam a ser propostas

(MISHRA et al., 2015; PALINSKA; SUROSZ, 2014). Atualmente, o método mais promissor

para a resolução dos problemas da sistemática bacteriana é a inclusão de análises de genomas

Page 46: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

44

(CHUN; RAINEY, 2014; THOMPSON et al., 2015; VANDAMME; PEETERS, 2014).

Contudo, o baixo número de genomas cianobacterianos disponíveis inviabiliza a

implementação desse método em larga escala para este filo.

Não obstante, as diferenças morfológicas, ecológicas e filogenéticas entre CENA67 e

outras cianobactérias identificadas no gênero Nostoc observadas neste trabalho são indicativos

da possibilidade de a linhagem estudada representar um novo táxon, como uma nova espécie

de Nostoc ou mesmo um novo gênero da família Nostocaceae. Os dados levantados, contudo,

ainda não são suficientes para determinar com exatidão o reposicionamento taxonômico, visto

que um baixo número de organismos relacionados a essa linhagem está disponível para

análise no momento.

6.2 Sequenciamento, montagem e anotação genômica

De maneira geral, os dados sequenciados com a tecnologia Illumina apresentaram

valores de qualidade Phred consideravelmente mais elevados do que os obtidos com a

tecnologia Ion Torrent (Figura 4). O sequenciamento com Ion PGM gerou um total de

1.641.285.796 bases, provenientes de 9.365.430 leituras, cujos comprimentos variaram entre

valores de 50 e 572 pb após o pré-processamento, onde a maioria das leituras remanescentes

continha entre 201 e 250 pb de comprimento (Figura 5A). O sequenciamento com MiSeq

gerou 39.254.914 leituras, cuja sequência mais curta continha 50 pb de comprimento

enquanto a sequência mais longa possuía 592 pb de comprimento após o pré-processamento.

O processamento das sequências obtidas com MiSeq resultou em um conjunto de dados de

aproximadamente 11 GB contendo 16.666.240 sequências, totalizando 4.961.016.101 bases.

O comprimento da maioria das sequências no conjunto de dados final esteve entre 251 e

300 pb (Figura 5B).

Page 47: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

45

Figura 4 – Qualidade de leituras obtidas em sequenciamentos de uma cultura de Nostoc sp.

CENA67. A e B: Conjunto de pares R1 e R2 (respectivamente) gerados por

sequenciamento com MiSeq; C e D: Pares F e R (respectivamente) de leituras

sequenciadas com Ion PGM

Apesar de o sequenciamento realizado com a tecnologia Ion Torrent ter sido capaz de

gerar algumas leituras que atingiram comprimentos próximos de 600 pb, a grande maioria das

sequências não ultrapassou 350 pb após os procedimentos de filtragem, ao passo que as

filtragens de sequências de MiSeq resultaram em uma melhor distribuição do comprimento de

suas leituras. Alguns trabalhos afirmam que o comprimento das leituras tem menor

importância para a montagem que o método utilizado (CHAISSON; BRINZA; PEVZNER,

2009). Todavia, é inegável que sequências mais longas e de melhor qualidade beneficiam as

montagens e aumentam sua confiabilidade, especialmente em casos de amostras com grande

número de micro-organismos, como em metagenomas, ou de genomas com alto número de

repetições, como os encontrados em cianobactérias.

Page 48: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

46

Figura 5 – Distribuição dos comprimentos das sequências remanescentes após o

pré-processamento dos dados obtidos com os sequenciamentos. A: Sequências

obtidas com Ion PGM; B: Sequências obtidas com MiSeq

Page 49: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

47

Apesar disso, mesmo sequências menores podem ajudar nos processos de montagem.

Nas novas gerações de tecnologias de sequenciamento de DNA, o comprimento e o grau de

confiabilidade das leituras é dependente da relação sinal/ruído, cujas fontes diferem em cada

tecnologia. Por consequência, as sequências produzidas por cada tecnologia também estão

suscetíveis a diferentes tipos de erros. Os erros mais comumente encontrados na tecnologia

Illumina são de substituição, onde uma base é confundida com outra, enquanto os erros mais

frequentes na tecnologia Ion Torrent são ocasionados por homopolímeros, onde repetições

sequenciais de uma mesma base são subestimadas ou superestimadas, resultando em inserções

ou deleções artificiais (MARDIS, 2013). Logo, uma combinação de ambas as tecnologia de

sequenciamento pode ser benéfica, já que é possível que os enganos de um sequenciador

sejam corrigidos com os dados obtidos com outro, levando menos erros e ambiguidades aos

programas montadores.

A montagem gerou 34.429 sequências contíguas, que totalizaram aproximadamente

182 Mpb, com um N50 de 44.962 e 36 × de cobertura média. A predição de genes apontou

197.635 genes únicos na montagem. Dentre essas sequências, foram detectadas

267 sequências cianobacterianas, totalizando aproximadamente 8,2 Mpb, com N50 de 58.528

e uma cobertura média de 224 ×. A montagem do genoma de um genótipo ou uma espécie

individual a partir de dados metagenômicos pode ser realizada com precisão quando a

cobertura deste genoma dentro do metagenoma é de pelo menos 20 ×; caso contrário, corre-se

maior risco de geração de quimeras dos genomas de linhagens próximas (LUO et al., 2011).

Dessa maneira, o genoma cianobacteriano montado apresenta baixo risco de quimeras.

O programa Kmer Spectrum Analyzer estimou o tamanho do genoma cianobacteriano

em 7,8 Mpb, próximo ao total das sequências detectadas na montagem. Além disso, o mais

próximo genoma cianobacteriano completo, pertencente à cianobactéria Nostoc sp.

PCC 73102, contém um total de 8,23 Mpb. Estimativas de tamanho genômico por métodos

bioinformáticos apresentam congruência com estimativas por eletroforese em gel de campo

pulsado (WILLIAMS et al., 2013). Devido à dificuldade do corte por enzimas de restrição em

decorrência do alto percentual de metilação no genoma de cianobactérias, também é possível

que o tamanho genômico tenha maior precisão na estimativa com bioinformática que com

análises baseadas em restrição e eletroforese. Em vista desses fatos e apesar do número de

sequências contíguas obtidas, o genoma montado possivelmente está próximo de completo.

Não obstante a alta cobertura obtida com o sequenciamento e a montagem do genoma

da cianobactéria-alvo, algumas regiões genômicas não puderam ser contempladas com este

procedimento, deixando-o em estado de rascunho. Um dos motivos mais prováveis para tal

Page 50: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

48

resultado é um número elevado de regiões genômicas de repetição. Situação semelhante é

comumente encontrada em montagens de genomas de outras cianobactérias (WANG et al.,

2012). Em outras bactérias, repetições genômicas e elementos transponíveis também atuam

consistentemente na interrupção de montagens, podendo ser geralmente observada uma

correlação entre as regiões mais fragmentadas do genoma e a predição de ilhas genômicas

(RICKER et al., 2012).

Uma estratégia que vem sendo proposta para contornar os problemas inerentes à

montagem de regiões genômicas complexas é a utilização de leituras com até dezenas de Kpb

de comprimento (KOREN; PHILLIPPY, 2015). Sequências de comprimentos maiores que os

possíveis de serem obtidos atualmente têm se tornado viáveis com as tecnologias SMRT,

comercializada pela Pacific BioSciences (CHIN et al., 2013; HUDDLESTON et al., 2014;

ZHANG et al., 2012), e MinION, da Oxford Nanopore (QUICK; QUINLAN; LOMAN, 2014;

SCHNEIDER; DEKKER, 2012), porém com a desvantagem de terem menor qualidade que as

sequências obtidas com outras tecnologias atuais, o que requer maior cobertura. Essa

desvantagem busca ser contornada por um novo método de preparo de bibliotecas

disponibilizado para a tecnologia Illumina, o qual utiliza leituras marcadas de alta qualidade

que são reconstituídas em leituras longas sintéticas, que atingem até 18 Kpb de comprimento

(MCCOY et al., 2014).

Sequências obtidas com a tecnologia SMRT, sozinhas ou combinadas com outras

tecnologias, vem sendo utilizadas com sucesso na montagem dos genomas de algumas

cianobactérias em culturas axênicas (BILLER et al., 2014; KOPF et al., 2014; YAMAGUCHI

et al., 2015). A eficácia de tal método para a montagem de genomas provenientes de culturas

mistas, contudo, ainda permanece por ser testada, o que não permite afirmar se ele

beneficiaria a finalização do genoma estudado. A despeito disso, os sequenciamentos com

leituras longas se mostram promissores para esse fim.

A anotação detectou 7.190 genes no rascunho genômico de Nostoc sp. CENA67, os

quais foram identificados em 412 subsistemas (Figura 6). A maior parte dos genes

encontrados (73 %) está classificada fora de subsistemas, ou seja, pertence a grupos de

famílias proteicas ligadas a processos biológicos ainda desconhecidos. Desses genes,

aproximadamente 70 % codifica proteínas hipotéticas. Isso significa que há uma alta

diversidade genética inexplorada no genoma estudado, fornecendo amplo material para a

descoberta de vias potencialmente envolvidas na biossíntese de produtos naturais ainda

desconhecidos (MICALLEF et al., 2015; SHIH et al., 2013).

Page 51: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

49

Figura 6 – Distribuição de subsistemas do genoma da linhagem cianobacteriana CENA67

Certos micro-organismos fotossintéticos também são atraentes para a recuperação de

áreas contaminadas devido às suas capacidades de biodegradação de xenobióticos e de

biossorção de metais pesados, a despeito de sua baixa adoção neste campo (DE PHILIPPIS et

al., 2011; IDI et al., 2015; KAPLAN, 2013). Algumas anotações genômicas observadas

sugerem que a cianobactéria estudada poderia ser útil em processos de biorremediação de

solos contaminados com xenobióticos, já que genes que codificam enzimas para as vias de

degradação de benzoato, fluorobenzoato, cloro-ciclo-hexano, clorobenzeno e tolueno foram

detectados. Genes para resistência a alguns metais pesados como cobre, mercúrio, cobalto,

zinco, cádmio e arsênio também foram observados entre as sequências genômicas dessa

linhagem cianobacteriana.

Genes para a biossíntese de auxinas foram anotados no genoma, corroborando

resultados obtidos anteriormente em ensaios bioquímicos (dados não exibidos). Ácido indol

acético tem um papel importante na colonização de raízes e na promoção de crescimento de

plantas por cianobactérias do gênero Nostoc (HUSSAIN et al., 2015). Nostoc spp. também

podem beneficiar plantas através do antagonismo a fitopatógenos e insetos herbívoros por

intermédio de metabólitos secundários (SINGH et al., 2015b). Micro-organismos de solo,

tanto abundantes quanto raros, possuem grande influência sobre o desenvolvimento de

plantas, incluindo aspectos como taxa de crescimento, resistência a doenças e tolerância a

estresse, de modo que a seleção sobre comunidades microbianas de solo pode resultar na

alteração de algumas funções vegetais (PANKE-BUISSE et al., 2015). Tendo em vista que a

cianobactéria estudada é proveniente de solo com traços interessantes para o cultivo de

plantas, é possível que seja capaz de produzir outras substâncias que também tenham papel

importante no estabelecimento de interações ecológicas nesse hábitat.

Page 52: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

50

6.3 Detecção de metabólitos secundários

Apesar de ter sido detectado anteriormente por PCR e sequenciamento, não foi

detectado dentre as sequências montadas o gene sxtI, supostamente envolvido na síntese de

saxitoxina. Em contrapartida, foram detectados regiões contendo identidade com os genes

sxtV (86 %) e sxtW (88 %) de Cylindrospermopsis raciborskii T3, ambas contidas na porção

inicial de uma sequência contígua com 16.804 pb de comprimento. Análises de outros genes

dessa sequência contígua não apontaram outras regiões com identidade com genes previstos

como participantes da via biossintética das saxitoxinas. Os genes sxtV e sxtW, que codificam,

respectivamente, ferredoxina 4-Fe e 4-S e um homólogo de fumarato redutase/succinato

desidrogenase (KELLMANN et al., 2008), ainda não foram encontrados em genomas de

outros táxons. Esse par estaria envolvido na transferência de elétrons para SxtH e SxtT, com

SxtV produzindo fumarato pela extração de um par de elétrons do succinato e os transferindo

para SxtW (PEARSON et al., 2010).

A suposta via biossintética da saxitoxina é altamente complexa, com mais de

35.000 pb de comprimento e, em média, genes para 26 proteínas, com 30 funções catalíticas

(KELLMANN et al., 2008). Em algumas linhagens de Lyngbya wollei, um agrupamento

gênico de saxitoxina codificado por aproximadamente 36.000 pb pode ser encontrado com

diferenças bastante significativas quando comparado aos agrupamentos gênicos das outras

linhagens, tais como alguns genes adicionais exclusivos e a inativação do gene que codifica

uma O-carbamoiltransferase, sxtI (MIHALI et al., 2011). Dessa forma, o gene sxtI não é

essencial para a produção de saxitoxina nessas linhagens. Em contrapartida, o gene sxtA, que

codifica uma policetídeo sintase envolvida nos primeiros estágios da síntese de saxitoxina,

pode ser detectado também em linhagens não produtoras (CIRÉS et al., 2014). Logo, é

possível que, apesar da aparente conservação da via biossintética prevista para saxitoxinas,

variações notáveis possam ser encontradas em genomas de diferentes táxons. É também

possível que o gene sxtI, que foi encontrado anteriormente em CENA67, não seja essencial

para a produção de saxitoxinas e possa estar envolvido em outros processos celulares, assim

como os genes sxtV e sxtW. Análises químicas recentes não apontam a produção de saxitoxina

em culturas da linhagem estudada (dados não exibidos).

Foi demonstrado que uma linhagem de Nostoc sp. produz maiores quantidades de

microcistina e nostoficina em condições de estresse fisiológico, fato que mostra que a

regulação da produção de cianotoxinas e outros metabólitos secundários pode ter alguma

relação com certas condições ambientais, tais como temperatura, irradiância e disponibilidade

Page 53: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

51

de nitrogênio e fósforo, variando entre táxons que ocupam diferentes nichos ecológicos

(KURMAYER, 2011). Dessa maneira, é possível que, ao longo do processo de cultivo, tenha

sido selecionada uma subpopulação não produtora de saxitoxina que, contudo, continha

alguns genes remanescentes do agrupamento, os quais foram recrutados para outras funções

celulares ou permaneceram inativados por regulação gênica.

A previsão de metabólitos secundários com antiSMASH com o algoritmo-padrão

resultou na predição de 31 agrupamentos gênicos, que incluíam os seguintes: seis

agrupamentos potencialmente envolvidos na produção de terpenos; cinco agrupamentos

contendo tanto genes que codificam peptídeo sintetases não ribossômicas (NRPS) quanto

genes codificando policetídeo sintases (PKS) tipo I; três contendo NPRS; dois que podem ser

responsáveis pela produção de microviridinas; dois possivelmente envolvidos na síntese de

bacteriocinas, bem como dois na síntese de lantipeptídeos; dois que contêm tanto genes que

codificam PKS tipo I quanto genes que codificam PKS ainda não classificadas; um

agrupamento com PKS tipo I; um agrupamento com PKS não classificada; e agrupamentos

que poderiam estar envolvidos com a síntese de laçopeptídeo, laderano e cianobactina.

Também foram encontrados quatro agrupamentos classificados como “outro”, um termo

utilizado para aquelas sequências que, apesar de terem seu envolvimento na síntese de

metabólitos secundários previsto com sucesso, ainda não podem ser enquadradas em uma

categoria específica (Tabela 3).

A detecção com o algoritmo ClusterFind apontou 66 agrupamentos adicionais no

rascunho genômico dessa linhagem, incluindo os seguintes: quarenta e nove agrupamentos

potencialmente envolvidos na produção de sacarídeos; três agrupamentos que possivelmente

resultam em moléculas híbridas sacarídeo-terpeno e um, em sacarídeo-bacteriocina; dois

potencialmente envolvidos na síntese de ácidos graxos; e um agrupamento que poderia gerar

um sacarídeo modificado por PKS de outro tipo. Esse algoritmo também detectou dezessete

agrupamentos hipotéticos que não foram passíveis de categorização. Treze dentre os

agrupamentos preditos com o algoritmo-padrão apresentaram similaridade com genes

envolvidos na produção de metabólitos secundários já caracterizados. Todavia, apenas um

desses agrupamentos hipotéticos apresentou 100 % de genes similares com algum

agrupamento conhecido, o do sesquiterpeno geosmina, enquanto o percentual dos outros

agrupamentos preditos variou entre 6 e 75 % (Tabela 3). Apenas quatro dentre os

agrupamentos gênicos preditos adicionalmente com o algoritmo ClusterFind apresentaram

similaridade com agrupamentos conhecidos, que não passou de 14 %.

Page 54: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

52

Tabela 3 – Agrupamentos gênicos preditos no genoma de Nostoc sp. CENA67

Agrupamento Tamanho (pb) Categoria Agrupamento

Mais Similar Genes Similares (%)

1 22.731 laçopeptídeo não identificado –

2 58.765 PKS tipo I crocacina 47

3 50.025 NRPS / PKS tipo I nostopeptolídeo 50

4 55.670 NRPS aeruginosida 11

5 20.254 microviridina não identificado –

6 19.410 bacteriocina não identificado –

7 22.506 terpeno não identificado –

8 10.656 bacteriocina não identificado –

9 32.055 NRPS / PKS tipo I criptoficina 37

10 23.231 outra PKS ambiguina 6

11 19.931 terpeno não identificado –

12 51.142 NRPS nodularina 50

13 20.932 terpeno não identificado –

14 26.956 terpeno geosmina 100

15 32.951 outro não identificado –

16 24.056 outro não identificado –

17 59.994 NRPS / PKS tipo I nostoficina 27

18 19.335 bacteriocina-lantipeptídeo não identificado –

19 41.753 PKS tipo I / outra PKS glicolipídeo (heterócitos) 42

20 26.330 cianobactina não identificado –

21 29.836 PKS tipo I / outra PKS glicolipídeo (heterócitos) 71

22 13.587 microviridina microviridina K 50

23 35.823 NRPS cianopeptolina 42

24 23.452 bacteriocina-lantipeptídeo não identificado –

25 25.765 NRPS / PKS tipo I cianopeptina 75

26 17.926 NRPS / PKS tipo I não identificado –

27 15.483 laderano não identificado –

28 14.309 terpeno não identificado –

29 13.169 outro não identificado –

30 10.912 terpeno não identificado –

31 3.090 outro não identificado –

Diversos dos metabólitos secundários conhecidamente sintetizados por cianobactérias

são produzidos por meio de vias não ribossômicas com a participação de enzimas como

peptídeo sintetases não ribossômicas e/ou policetídeo sintases, e atuam em importantes

processos celulares, incluindo captação de ferro e fixação de nitrogênio (CALTEAU et al.,

Page 55: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

53

2014). Vias que contêm ambos os tipos de enzimas, NRPS e PKS, são frequentemente

encontradas na biossíntese de produtos naturais cianobacterianos, assim como enzimas

híbridas que combinam domínios tanto de NRPS quanto de PKS em uma mesma cadeia

polipeptídica (KEHR; PICCHI; DITTMANN, 2011). Aproximadamente 70 % das

cianobactérias apresenta essas enzimas, cujos genes totalizam por volta de 5 % dos genomas

que as contêm, com média de cinco agrupamentos de NRPS e/ou PKS por genoma (SHIH et

al., 2013). No genoma estudado, o dobro desse valor, ou dez agrupamentos, foram preditos e

estimados com um total de 481.985 pb, ou aproximadamente 5,86 % do genoma montado,

percentual que, entretanto, pode ter sido superestimado pelo algoritmo de descoberta adotado.

Metabólitos secundários peptídicos podem ser gerados por modificações

pós-traducionais de proteínas ribossômicas, com a catálise de macrociclizações do peptídeo e

de alterações nas cadeias laterais de seus aminoácidos, ou pela ação de peptídeo sintetases não

ribossômicas (NRPS), enzimas multimodulares que contêm domínios responsáveis pela

incorporação de aminoácidos à cadeia polipeptídica e pela modificação dos mesmos.

Enquanto a síntese ribossômica está geralmente restrita a uma amostra de 20 aminoácidos, as

NRPS podem utilizar cerca de 300 substratos proteinogênicos e não proteinogênicos, gerando,

assim, maior diversidade molecular e funcional e se responsabilizando pela produção da

maior parte dos peptídeos atualmente conhecidos em cianobactérias. Os domínios de

condensação, de adenilação e carreador de peptidil são essenciais em NRPS e podem ser

complementados pelos domínios de metiltransferase, cetorredutase e epimerase (KEHR;

PICCHI; DITTMANN, 2011).

De maneira similar às NRPS, policetídeo sintases (PKS) são enzimas multimodulares

que atuam na síntese não ribossômica de metabólitos secundários, porém utilizam ácidos

carboxílicos como substrato para a síntese de policetídeos. Os domínios de cetossintase,

aciltransferase e carreador de acila são geralmente encontrados nessas moléculas e podem ser

acompanhados pelos domínios de cetorredutase, desidratase e enoil redutase, os quais podem

levar a diferentes estados de redução dos grupos funcionais ceto do produto (KEHR; PICCHI;

DITTMANN, 2011). As PKS são tradicionalmente divididas em três tipos: I. enzimas

multifuncionais compostas por diversos módulos, que atuam por síntese linear; II. complexos

multienzimáticos com um único sítio ativo cada, com síntese iterativa; e III. enzimas com

vários módulos, com síntese iterativa; contudo, a diversidade de mecanismos e estruturas

nessa família de proteínas é significativamente subestimada por essa divisão (SHEN, 2003).

Algumas PKS incomuns que não possuem características claras de nenhum dos três tipos

permanecem por ser classificadas adequadamente.

Page 56: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

54

Entre os peptídeos modificados pós-traducionalmente, encontram-se as bacteriocinas,

metabólitos secundários que possuem atividade antimicrobiana, cujos genes são amplamente

distribuídos em genomas bacterianos (COTTER; ROSS; HILL, 2013). Esses peptídios de

baixa massa molecular geralmente se originam com a clivagem de proteínas ribossômicas

precursoras seguida de modificações pós-traducionais, tais como formação de lantionina,

macrociclização, desidratação ou heterociclização, reações realizadas por proteínas

codificadas por genes localizados no genoma de maneira adjacente ao gene do precursor.

Apesar de pesquisas sobre bacteriocinas terem se focado principalmente sobre bactérias gram-

positivas, cianobactérias são uma fonte prolífica de bacteriocinas significativamente distintas

das encontradas em outros filos. Nesse filo, baixas taxas de conservação geram diversidade

suficiente para permitir sua divisão em sete grupos, de acordo com a composição de seus

domínios, de sua organização gênica e de sua filogenia (WANG; FEWER; SIVONEN, 2011).

Lantipeptídeos são uma subclasse de bacteriocinas formadas pela introdução adicional

de lantionina e metil-lantionina, aminoácidos que contêm grupos tioéter (WILLEY; DONK,

2007). Alta diversidade de lantipeptídeos em um gênero de cianobactérias foi relatada como

sendo resultante das atividades de uma única enzima sobre 29 precursores ribossômicos

diferentes, com papel específico ao hábitat ou à comunidade de origem (LI et al., 2010).

Grande diversidade de estruturas, atividades, mecanismos biossintéticos e organismos

produtores dessas moléculas tem sido encontrada recentemente, e acredita-se que centenas de

novos lantipeptídeos ainda permaneçam a ser descobertos em genomas bacterianos (KNERR;

DONK, 2012).

De maneira semelhante às bacteriocinas, cianobactinas e laçopeptídeos são

sintetizados a partir de peptídeos precursores, que são sintetizados ribossomicamente e

modificados pós-traducionalmente. Ao passo que cianobactinas passam por grandes

transformações pós-traducionais, lembrando em pouco seus peptídeos precursores,

laçopeptídeos sofrem um número bem menor de modificações (DONIA; SCHMIDT, 2011;

MAKSIMOV; LINK, 2014). A família das cianobactinas é composta tanto por moléculas

circulares como lineares de atividade anticancerígena, antiviral, antimalárica ou alelopática,

cujas vias estão presentes em aproximadamente 24 % dos gêneros cianobacterianos

(JASPARS et al., 2014; LEIKOSKI et al., 2013). Laçopeptídeos, por outro lado, recebem esse

nome por serem caracterizados por uma estrutura em formato de laço ou nó corrediço, e

podem apresentar atividade antimicrobiana, antiviral e antimetastática ou atuar como

inibidores enzimáticos e antagonistas de receptores, sendo encontrados em 2,5 % dos

genomas bacterianos (MAKSIMOV; PELCZER; LINK, 2012; MAKSIMOV; LINK, 2014).

Page 57: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

55

Duas classes distintas de lipídeos foram preditas no genoma da cianobactéria estudada.

Laderanos são moléculas constituídas por anéis múltiplos de ciclobutano cuja função ainda é

desconhecida e que são geralmente encontradas em bactérias anaeróbicas que oxidam amônia

(RATTRAY et al., 2009; CHABAN et al., 2014). Terpenos são moléculas derivadas de

isopreno encontradas em todos os organismos vivos que, de maneira geral, proporcionam

algumas características mecânicas necessárias a membranas celulares, ou são secretadas,

volatilizadas ou catabolizadas em metabólitos com papel fisiológico ou ecológico, das quais

55.000 moléculas já foram descritas (OURISSON, 1990; SCHWAB et al., 2012). O

sesquiterpeno geosmina foi a única substância que apresentou 100 % de similaridade com

algum dos agrupamentos gênicos preditos. Três genes estão envolvidos em sua síntese, e

juntos somam pouco mais de 5 Kpb (Figura 7).

Figura 7 – Estrutura de agrupamentos gênicos presumidamente relacionados à síntese de

geosmina em Nostoc sp. CENA67 e em cianobactérias próximas

Assim como 2-metilisoborneol, a geosmina frequentemente é responsável por alterar

as características organoléticas da água potável, já que possui odor e sabor característicos de

terra molhada. A biossíntese de geosmina é conhecida em fungos, actinobactérias,

proteobactérias e cianobactérias. Actinobactérias são comumente a fonte de geosmina em

solos, enquanto cianobactérias são tidas como suas mais importantes produtoras em corpos

d’água, especialmente durante episódios de floração. Nesse filo, essa molécula ocorre nas

ordens Oscillatoriales e Nostocales, com destaque para espécies do gênero Nostoc

(SUURNÄKKI et al., 2015).

Page 58: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

56

O outro agrupamento gênico ao qual a síntese de uma molécula já conhecida pôde ser

atribuída após curadoria manual das anotações foi o que recebeu o número 22, relacionado à

biossíntese de microviridina, que apresentou 50 % de similaridade com o agrupamento

biossintético descrito para a variante microviridina K. O agrupamento gênico anotado

apresentou doze genes, totalizando aproximadamente 9,5 Kpb, um dos mais longos entre os

agrupamentos presentes em outros genomas cianobacterianos que puderam ser descritos

(Figura 8). A curadoria manual do outro agrupamento predito na biossíntese de microviridina,

que recebeu o número 5, não apontou resultado semelhante.

Figura 8 – Estrutura de agrupamentos gênicos presumidamente relacionados à síntese dos

inibidores de protease microviridinas no genoma de Nostoc sp. CENA67 e nos

genomas de outras cianobactérias

Enquanto geosmina apresenta estruturas gênicas com alta conservação, a estrutura de

agrupamentos gênicos potencialmente envolvidos na produção de microviridinas é bastante

variável. Como observado, a variação mais marcante é observada em relação à quantidade de

genes de precursores peptídicos. A diversidade de precursores de microviridina é significativa

não apenas quando comparada entre linhagens, mas mesmo dentro de alguns genomas, que

podem conter de um a dez genes codificadores de precursores, semelhante ao observado em

agrupamentos gênicos envolvidos na biossíntese de cianobactinas (LEIKOSKI et al., 2013).

Os cinco genes codificadores de peptídeos precursores de microviridinas encontrados no

genoma de CENA67 apresentam identidades que variam de 62 a 91 % entre si e podem gerar

de 45 a 49 aminoácidos (Tabela 4).

Page 59: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

57

Tabela 4 – Identidade entre genes que codificam precursores de microviridina encontrados no

genoma da linhagem CENA67

Gene Aminoácidos mdnA1 mdnA2 mdnA3 mdnA4 mdnA5

mdnA1 45 –

mdnA2 46 86 –

mdnA3 47 79 90 –

mdnA4 45 88 91 86 –

mdnA5 49 62 80 74 69 –

O alinhamento das sequências de aminoácidos de peptídeos precursores apresenta alta

variação, e algumas sequências são especialmente distintas em Anabaena variabilis ATCC

29413 e Nodularia spumigena CCY9414 (Figura 9). À primeira vista, o alto número de genes

que codificam precursores de microviridinas em alguns genomas parece ter se originado a

partir de eventos de duplicação gênica. Em diversos casos, as análises filogenéticas de fato

parecem fornecer suporte a essa hipótese (Figura 10). Em contrapartida, alguns precursores de

espécies diferentes estão mais proximamente relacionados entre si do que com outros

precursores do mesmo genoma, o que sugere que possa haver combinações de genes

parálogos e xenológos dentro de alguns agrupamentos. Não é possível descartar, todavia, a

hipótese de convergência evolutiva entre esses genes.

Figura 9 – Alinhamento de sequências de aminoácidos de peptídeos precursores de

microviridinas, evidenciando sua variedade

Page 60: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

58

Figura 10 – Árvore filogenética reconstruída por inferência bayesiana com sequências de

aminoácidos de peptídeos precursores de microviridinas em genomas de

cianobactérias. Sequências da cianobactéria estudada no presente trabalho estão

destacadas em negrito. Probabilidades posteriores maiores que 50 % se

encontram nos nós dos ramos, precedidas pelos percentuais de reamostragem

dos ramos também observados na árvore reconstruída por máxima

verossimilhança

A microviridina é um depsipeptídeo tricíclico de ampla ocorrência em alguns gêneros

que, na maioria de suas variantes, atua como inibidor de proteases (ZIEMERT et al., 2010). A

primeira variante de microviridina, descoberta em 1990, recebeu esse nome por ter sido

isolada de Microcystis viridis (ISHITSUKA et al., 1990). Novas variantes desse grupo de

moléculas continuam a ser encontradas em amostras ambientais e isolados de cianobactérias

(GATTE-PICCHI et al., 2014). A diversidade molecular das microviridinas é provavelmente

maior que o que se acredita atualmente, tendo em vista que, conforme constatado nas

predições de agrupamentos gênicos, há maior diversidade de precursores que o conhecido

atualmente, que possivelmente permitem a expressão de novas variantes.

O sequenciamento do genoma da actinobactéria Streptomyces coelicolor é um

importante marco na descoberta de produtos naturais por métodos genômicos (BENTLEY et

al., 2002). A maioria das atuais ferramentas de predição de metabólitos secundários foi

Page 61: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

59

desenvolvida com base em vias biossintéticas de actinobactérias, e por consequência disso as

análises realizadas pelas mesmas nem sempre se mostram adequadas para genomas

cianobacterianos, os quais frequentemente codificam vias para a síntese de moléculas cuja

ocorrência em outros filos é incomum (MICALLEF et al., 2015). Logo, é possível que outras

vias biossintéticas codificadas pelo genoma-alvo sejam descobertas à medida que as

ferramentas bioinformáticas sejam aprimoradas.

Nostoc sp. CENA67 produz moléculas antitumorais que são capazes de inibir o

desenvolvimento de células de câncer pulmonar e de carcinoma de cólon, fato que a coloca

como uma interessante fonte de moléculas de importância biotecnológica e farmacológica

(SILVA-STENICO et al., 2013a). Todavia, as moléculas responsáveis por essa ação não foram

caracterizadas química ou geneticamente, portanto não foi possível identificar seus

agrupamentos. Em cianobactérias, análises metabolômicas e genômicas têm se mostrado

complementares, e sua combinação desponta como uma estratégia sólida para a descoberta de

novos produtos naturais, permitindo tanto verificar se um agrupamento gênico hipotético está

sendo expresso como identificar os genes envolvidos na produção de uma determinada

molécula (KLEIGREWE et al., 2015). A complementação das predições no genoma de Nostoc

sp. CENA67 com análises químicas pode ajudar a esclarecer alguns dos agrupamentos

gênicos órfãos, cujas moléculas ainda não podem ter suas estruturas preditas com precisão.

6.4 Análises genômicas comparativas

Cromossomos de linhagens identificadas no gênero Nostoc que possuem sequências

genômicas disponíveis podem variar em tamanho de 5,35 a 8,23 Mpb e codificar entre 5.287 e

6.750 genes. Em comparação com essas sequências, o genoma da linhagem Nostoc sp.

CENA67 apresenta características bastante próximas às da linhagem simbionte

N. punctiforme PCC 73102, incluindo em tamanho, percentual GC, número de genes e

quantidade de sequências codificadoras de RNA (Tabela 5).

Page 62: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

60

Tabela 5 – Características gerais do genoma de Nostoc sp. CENA67 comparadas às

sequências cromossômicas de linhagens relacionadas ao gênero Nostoc

Linhagem Hábitat de Origem Tamanho

(Mpb)

Percentual

GC Genes RNA Referência

Nostoc sp. CENA67 terra preta

antropogênica 8,2 41,4 7.190 84 este trabalho

Nostoc sp. PCC 7120

(NC_003272) água doce 6,41 41,3 5.287 64

KANEKO et al.,

2001

N. azollae 0708

(NC_014248)

simbionte de

Azolla filiculoides 5,35 38,4 4.989 55

RAN et al.,

2010

N. punctiforme PCC 73102

(NC_010628)

simbionte de

Macrozamia riedlei 8,23 41,4 6.750 88

MEEKS et al.,

2001

Nostoc sp. PCC 7107

(NC_019676) água doce 6,33 40,4 5.423 90

SHIH et al.,

2013

Nostoc sp. PCC 7524

(NC_019684) fonte termal 6,64 41,5 5.427 62

SHIH et al.,

2013

No tocante a agrupamentos gênicos potencialmente envolvidos na síntese de

metabólitos secundários, foram preditos 5, 11, 13, 15 e 21 agrupamentos nos genomas de

N. azollae 0708, Nostoc sp. PCC 7107, Nostoc sp. PCC 7120, Nostoc sp. PCC 7524 e

N. punctiforme PCC 73120, respectivamente. A exemplo do observado em CENA67, a

maioria desses agrupamentos não apresenta similaridade significativa com agrupamentos

conhecidos, com exceção de três agrupamentos detectados em PCC 73120 e relacionados à

biossíntese de nostopeptolídeo, geosmina e glicolipídeos de heterócitos.

O genoma de Nostoc sp. CENA67 tem como vizinho mais próximo o genoma de

N. punctiforme PCC 73102 (Tabela 6). Com exceção deste, o genoma sequenciado é mais

próximo de Nodularia spumigena CCY9414 que de outros genomas de cianobactérias

identificadas no gênero Nostoc, como Nostoc sp. PCC 7120, e Trichormus (Nostoc) azolae

0708. Anabaena variabilis ATCC 29413 também se encontra entre os genomas mais

próximos a CENA67. Nota-se, ainda, certa proximidade com genomas do gênero Cyanothece,

provavelmente em decorrência do baixo número de genomas próximos depositados.

Page 63: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

61

Tabela 6 – Vizinhos mais próximos à linhagem CENA67, de acordo com o servidor RAST

Nº RAST Pontuação Linhagem

63737.11 507 N. punctiforme PCC 73102

313624.3 506 Nodularia spumigena CCY9414

63737.4 498 N. punctiforme PCC 73102

103690.1 472 Nostoc sp. PCC 7120

240292.6 471 Anabaena variabilis ATCC 29413

103690.10 462 Nostoc sp. PCC 7120

240292.6 461 Anabaena variabilis ATCC 29413

551115.6 416 Trichormus azollae 0708

533240.4 403 Cylindrospermopsis raciborskii CS-505

533247.5 331 Raphidiopsis brookii D9

203124.1 293 Trichodesmium erythraeum IMS101

65393.13 287 Cyanothece sp. PCC 7424

203124.1 283 Trichodesmium erythraeum IMS101

65393.13 278 Cyanothece sp. PCC 7424

395962.3 264 Cyanothece sp. PCC 8802

395962.3 255 Cyanothece sp. PCC 8802

376219.3 249 Arthrospira sp. PCC 8005

41431.3 242 Cyanothece sp. PCC 8801

118168.3 240 Microcoleus chthonoplastes PCC 7420

497965.6 233 Cyanothece sp. PCC 7822

41431.3 233 Cyanothece sp. PCC 8801

313612.3 201 Lyngbya sp. PCC 8106

449447.3 199 Microcystis aeruginosa NIES-843

449447.3 191 Microcystis aeruginosa NIES-843

43989.3 183 Cyanothece sp. ATCC 51142

497965.6 180 Cyanothece sp. PCC 7822

391612.3 179 Cyanothece sp. CCY 0110

43989.3 174 Cyanothece sp. ATCC 51142

391612.3 160 Cyanothece sp. CCY 0110

395961.4 153 Cyanothece sp. PCC 7425

Page 64: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

62

Como pode ser observado na Figura 11, a maior parte dos genes de CENA67 possui

percentual de identidade relativamente baixo em relação aos genes de três de seus vizinhos

mais próximos. De maneira semelhante, a análise de sintenia aponta para variação

significativa em relação ao genoma de seu vizinho mais próximo, o que significa que

provavelmente há um tempo relativamente elevado de divergência entre esses táxons a partir

de sua população ancestral (Figura 12).

Figura 11 – Percentuais de identidade proteica de CENA67 em comparação com os genomas

das linhagens A. variabilis ATCC 29413 (círculo exterior), N. punctiforme PCC

73102 (centro) e Nostoc sp. PCC 7120 (círculo interior). MRB: melhor resultado

bidirecional; MRU: melhor resultado unidirecional

Page 65: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

63

Figura 12 – Sintenia inferida por BLAST entre os genomas de Nostoc sp. CENA67 e de seu

vizinho genômico mais próximo, N. punctiforme PCC 73102

Comparando a região intergênica do DNAr 16S-23S de linhagens próximas ao gênero

Nostoc, pode ser identificado no genoma de Nostoc sp. CENA67 e da maioria das linhagens

relacionadas as regiões conservadas D1-D5, genes para RNAs transportadores de isoleucina e

alanina e os antiterminadores Box A e Box B (Figura 13). As maiores variações entre

linhagens são observadas em sequências da região D1-D1’, do antiterminador Box B e da

região D5, onde todas apresentam sequências exclusivas. As diferenças mais significativas em

regiões conservadas são encontradas em Nostoc azollae 0708, que apresenta uma inserção de

quatro nucleotídeos em D2, Desmonostoc sp. HA7617, que apresenta uma inserção de

30 nucleotídeos na região D5, e Nostoc muscorum CENA61, que não possui genes para RNAt

em sua sequência.

Page 66: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

64

Figura 13 – Alinhamento do espaço intergênico DNAr 16S-23S em Nostoc sp. CENA67 e

linhagens de táxons próximos, destacando domínios conservados,

antiterminadores e genes de RNAt para isoleucina e alanina

Page 67: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

65

As diferenças entre sequências do espaço intergênico DNAr 16S-23S das linhagens

comparadas são mais facilmente visualizadas nas estruturas secundárias da hélice D1-D1'

(Figura 14) e da hélice Box B (Figura 15). Em ambos os casos, as diferenças se tornam claras

no número e tamanho dos círculos formados e nas sequências basais. CENA67 se mostra

distinta mesmo de N. punctiforme PCC 73102, seu vizinho genômico mais próximo, porém

apresenta várias semelhanças com Desmonostoc sp. HA7617 LM4. Distinções dessas

estruturas têm sido consideradas importantes para a diferenciação de táxons cianobacterianos

próximos, como linhagens, espécies ou mesmo gêneros (ITEMAN et al. 2000; JOHANSEN et

al., 2011). Novamente nota-se, portanto, a grande variabilidade dentro do gênero Nostoc e a

necessidade de uma revisão sobre a biologia deste táxon.

Figura 14 – Estruturas secundárias preditas para a região D1-D1' do espaço intergênico DNAr

16S-23S. A: Nostoc sp. CENA67; B: Nostoc sp. PCC 7120; C: Nostoc sp. PCC 7524; D:

Nostoc sp. PCC 7107; E: N. muscorum CENA18; F: N. muscorum CENA61; G: N.

piscinale CENA21; H: N. punctiforme PCC 73102; I: N. azollae 0708; J: Desmonostoc

sp. HA7617 LM4; K: Anabaena variabilis ATCC 29413; L: Nod. spumigena CCY9414

Page 68: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

66

Figura 15 – Predição de estruturas secundárias da região Box B para o espaço intergênico do DNAr

16S-23S. A: Nostoc sp. CENA67; B: Nostoc sp. PCC 7120; C: Nostoc sp. PCC 7524; D:

Nostoc sp. PCC 7107; E: N. muscorum CENA18; F: N. muscorum CENA61; G: N.

piscinale CENA21; H: N. punctiforme PCC 73102; I: N. azollae 0708; J: Desmonostoc

sp. HA7617 LM4; K: Anabaena variabilis ATCC 29413; L: Nod. spumigena CCY9414

Na comparação de proteínas homólogas entre os genomas de Nostoc sp. CENA67 e de

linhagens já identificadas no gênero Nostoc (Nostoc sp. PCC 7120, N. azollae 0708,

N. punctiforme PCC 73102, Nostoc sp. PCC 7107 e Nostoc sp. PCC 7524), verificou-se

inicialmente a influência da escolha dentre os algoritmos disponíveis pelo programa

GET_HOMOLOGUES sobre os resultados. A análise dos resultados dos algoritmos melhor

resultado bidirecional (CONTRERAS-MOREIRA; VINUESA, 2013), COGtriangles

(KRISTENSEN et al., 2010) e OrthoMCL (LI; STOECKERT JR; ROOS, 2003) apontou alto

consenso dos algoritmos, com a interseção de aproximadamente 90 % dos genes detectados,

indicando pouca influência dessa escolha sobre os resultados (Figura 16).

Page 69: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

67

Figura 16 – Comparação de previsões do número de proteínas em comum entre genomas de

Nostoc spp., indicando o número de proteínas ortólogas encontradas

exclusivamente com os algoritmos melhor resultado bidirecional (BDBH),

COGtriangles (COG) ou OrthoMCL (OMCL) e simultaneamente entre eles

O algoritmo OrthoMCL acusou o número de ortólogos entre CENA67 e as linhagens

PCC 7120, 0708, PCC 73102, PCC 7107 e PCC 7524 como sendo 3.929, 2.565, 4.536, 4.043

e 3.878, respectivamente, e apontou a existência de 1.256 genes parálogos no genoma de

Nostoc sp. CENA67 (Tabela 7). Esses fatores sugerem tendência ao cosmopolitismo e podem

ser parcialmente responsáveis sobre o tamanho genômico relativamente elevado dessa

linhagem. Nas análises do pangenoma e do genoma essencial de Nostoc spp., baseadas no

total de 45.295 genes contidos nos genomas comparados, curvas obtidas com o algoritmo

OrthoMCL estimaram o número de genes codificadores de proteínas do genoma essencial em

2.130, enquanto o pangenoma foi estimado por esse algoritmo como sendo composto por

10.590 genes (Figura 17). Contudo, as curvas refletiram a necessidade da disponibilização de

maior número de genomas deste grupo.

Page 70: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

68

Tabela 7 – Número de genes parálogos detectados em genomas de linhagens relacionadas ao

gênero Nostoc e de genes ortólogos que apresentam em comum. O percentual de

identidade médio entre linhagens se encontra entre parênteses

Linhagem Parálogos 1 2 3 4 5 6

1. Nostoc sp. CENA67 1.256 –

2. Nostoc sp. PCC 7120 569 3.929

(75,6) –

3. N. azollae 0708 1.236 2.565

(75,5)

2.561

(75,3) –

4. N. punctiforme PCC 73102 1.392 4.536

(74,6)

4.042

(73,7)

2.614

(75,4) –

5. Nostoc sp. PCC 7107 649 4.043

(75,8)

4.207

(75,5)

2.599

(75,0)

4.028

(74,0) –

6. Nostoc sp. PCC 7524 376 3.878

(78,5)

4.082

(81,4)

2.599

(75,3)

3.832

(76,8)

3.809

(77,9) –

Figura 17 – Curvas de estimativas para os tamanhos do genoma essencial (A) e do pangenoma

(B) de cianobactérias relacionadas ao gênero Nostoc obtidos com o algoritmo

OrthoMCL.

O termo “pangenoma” foi cunhado em 2005 para expressar a diversidade genômica de

isolados de Streptococcus agalactiae (TETTELIN et al., 2005). A partir desse estudo,

observou-se que uma espécie bacteriana poderia ser representada pelo conjunto dos genes que

suas linhagens apresentam em comum, presumivelmente essenciais à manutenção de seus

processos vitais, e dos genes específicos a uma ou poucas linhagens, dispensáveis à sua

Page 71: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

69

biologia básica e de função acessória, cuja soma constitui o pangenoma da espécie (MEDINI

et al., 2005). Desde então, diversas ferramentas têm sido desenvolvidas para o estudo de

pangenomas, que permitem estimar quantos genomas adicionais são necessários para

caracterizar uma espécie determinada (VERNICOS et al., 2015; XIAO et al., 2015). A análise

pangenômica efetuada somente foi possível ao nível de gênero em vista do baixo número de

genomas disponíveis para o táxon estudado, porém se mostra válida na exposição do que o

genoma obtido traz de novo ao que já está estabelecido, evidenciando a diversidade dos

organismos desse táxon e a necessidade de novos sequenciamentos.

N. punctiforme PCC 73102 é uma linhagem de metabolismo facultativamente

heterotrófico que tem competência para a simbiose com fungos e plantas terrestres. O

cromossomo dessa linhagem é relativamente longo, se aproximando de 8,23 Mpb. Dentre as

7.432 sequências codificantes que apresenta, 45 % codificam proteínas de função conhecida e

29 % parecem ser exclusivos dessa espécie. Além de numerosas sequências de inserção e

repetições, são encontrados genes para transposases e enzimas de modificação de DNA, o que

aponta alta plasticidade neste genoma. Essa linhagem parece apresentar grande potencial de

percepção e resposta a sinais ambientais, possuindo mais de 400 genes envolvidos em

processos de transdução de sinal, entre eles proteínas cinases, reguladores de resposta e

fatores de transcrição, que possivelmente contribuem também para sua diferenciação celular e

capacidade simbiótica (EKMAN et al., 2013; MEEKS et al., 2001).

Como verificado, apesar de N. punctiforme PCC 73102 ter sido apontada como

próxima da linhagem estudada, elas apresentam diferenças moleculares e ecológicas

significativas. As observações indicam que, a despeito de o genoma de algumas linhagens

identificadas no gênero Nostoc terem sido caracterizados, há ainda desconhecimento

considerável a respeito deste grupo de cianobactérias. A diversidade taxonômica tem sido um

importante fator na escolha de cianobactérias para sequenciamento genômico (SHIH et al.,

2013), porém ainda há grande carência de variedade de táxons e de hábitats em bancos de

dados de sequências deste filo.

A maioria dos genomas cianobacterianos disponíveis até o momento pertence a

micro-organismos aquáticos, porém há diferenças entre a ecologia química de cianobactérias

de ambientes terrestres, marinhos e de água doce que tornam divergências entre seu

tratamento inevitáveis (LEÃO et al., 2012a). Genomas de cianobactérias terrestres, como

Nostoc sp. CENA67, permanecem como um campo pouco explorado. Conforme observado

nas análises realizadas, o genoma dessa linhagem exibe algumas características inéditas até o

momento, diferentes mesmo dos genomas tidos como mais próximos dentre os atualmente

Page 72: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

70

disponíveis, portanto contribui para o aumento do conhecimento sobre a diversidade genética

e bioquímica do filo Cyanobacteria. Os resultados encontrados reforçam a hipótese de que

CENA67 constitua um táxon distinto, porém é necessário que mais linhagens próximas sejam

isoladas e caracterizadas para que seja possível realizar seu posicionamento taxonômico com

a segurança necessária.

A montagem de sequências provenientes de amostras com múltiplos micro-organismos

é favorecida em amostras com baixa diversidade e composta por espécies bastante diferentes

(DE FILIPPO et al., 2012), como provavelmente encontrado na cultura estudada. Montagens

desse tipo geralmente podem ser aprimoradas pela separação prévia das leituras em grupos

representativos de um mesmo genoma ou de genomas próximos. Essa separação pode ser

tanto baseada em diferenças na composição das sequências, como a conservação no conteúdo

de nucleotídeos, quanto na homologia e na similaridade das mesmas com sequências

depositadas em bancos de dados. Todavia, leituras curtas geralmente não fornecem

informação o suficiente para que sejam separadas apenas por sua composição de nucleotídeos

e frequentemente necessitam também de sua comparação com alguma referência. Caso uma

sequência proximamente relacionada não esteja disponível, mesmo referências relacionadas

apenas ao nível de filo podem ser utilizadas para a separação de leituras (THOMAS;

GILBERT; MEYER, 2012).

No presente trabalho, a separação de sequências de acordo com sua identificação

taxonômica ocorreu após os procedimentos de montagem. Essa abordagem se fez necessária

em decorrência do ineditismo do genoma da cianobactéria estudada, que possivelmente

constitui um táxon novo e possui, portanto, um número considerável de segmentos

exclusivos, não encontrados nos genomas de referência disponíveis. Consequentemente, a

separação de leituras em uma etapa anterior à montagem levaria à perda de uma quantidade

substancial de sequências. O método utilizado se mostrou adequado para o estudo genômico

de cianobactérias provenientes de culturas não axênicas, e contorna as grandes dificuldades

encontradas nas etapas de remoção de outros micro-organismos da cultura, as quais, caso

sejam possíveis e bem sucedidas, podem acrescentar anos ao tempo necessário para o estudo

genômico de uma linhagem.

Page 73: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

71

6.5 Diversidade taxonômica de micro-organismos associados

Como esperado, as sequências mais abundantes na comunidade foram identificadas

como Cyanobacteria (43 %), mas sua abundância foi acompanhada proximamente por

Alphaproteobacteria (33 %) (Figura 18A). Os mais abundantes gêneros não cianobacterianos

identificados foram Mesorhizobium, Sinorhizobium e Starkeya, seguidos por outros gêneros

que, em sua maioria, também são tipicamente encontrados em solo (Figura 18B).

Figura 18 – Abundâncias relativas dos táxons de maior predominância na cultura analisada. A:

Abundância de sequências identificadas em categorias taxonômicas de nível mais

elevado. B: Gêneros não cianobacterianos mais abundantes

Page 74: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

72

Mesorhizobium, Sinorhizobium, Starkeya, Rhodopseudomonas, Frankia, Azoarcus,

Novosphingobium e Rhodospirillum são gêneros bacterianos que apresentam muitos membros

capazes de fixar nitrogênio. Provavelmente como consequência dessa habilidade, várias

espécies de Mesorhizobium, Sinorhizobium, Starkeya, Frankia e Azoarcus são capazes de

estabelecer relações simbióticas mutualistas com plantas (MOULIN et al., 2001;

PAWLOWSKI; SIRRENBERG, 2003; KRAUSE et al., 2006; ZAKHIA et al., 2006;

MASSON-BOIVIN et al., 2009). Além disso, Phycisphaera pode estabelecer associações com

algumas espécies de clorófitas (LAGE; BONDOSO, 2014). Rhodospirillum e

Rhodopseudomonas também são capazes de realizar fotossíntese (GIESBERGER, 1947;

LARIMER et al., 2004). Porém, como é típico em alfaproteobactérias, ela é inibida por

oxigênio (IMHOFF, 2006). Por outro lado, apesar de RubisCo ativa ter sido descrita em

Haloferax, este gênero aparentemente é incapaz de crescimento autotrófico (HÜGLER et al.,

2003). A fisiologia de Starkeya também é interessante, já que pode tanto produzir quanto

consumir dióxido de carbono (KAPPLER et al., 2012).

A maioria dos gêneros identificados é relatada como membro usual de comunidades

microbianas em hábitats de solo. Não obstante, a composição taxonômica da comunidade

microbiana associada à linhagem cianobacteriana estudada é incomum devido a um número

considerável desses micro-organismos comumente interagir com plantas, principalmente na

rizosfera. Uma exceção marcante a esse padrão é a presença do gênero Coprothermobacter,

cujos membros são normalmente encontrados em ambientes anaeróbicos e de alta temperatura

(RAINEY; STACKEBRANDT, 1993; TANDISHABO et al., 2012). Aparentemente, alta

abundância de Mesorhizobium associado a uma linhagem cianobacteriana capaz de fixação de

nitrogênio não é incomum, já que também foi relatada por Brauer et al. (2015).

O índice de alfa-diversidade calculado pelo servidor MG-RAST para este metagenoma

indicou 191,954 espécies, o que não é surpreendente, tendo em vista que solos da Amazônia

são potenciais reservatórios de diversidade microbiana intocada (BRUCE et al., 2012). Além

disso, a curva de rarefação calculada para este metagenoma está próxima de atingir a assíntota

(Figura 19), indicando que poucas espécies permanecem por ser descobertas nessa

comunidade. Logo, os esforços de amostragem e sequenciamento foram considerados

adequados para os propósitos deste trabalho.

Page 75: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

73

Figura 19 – Curva de rarefação calculada para o metagenoma montado

A seleção de unidades taxonômicas operacionais (UTOs) por referências fechadas a

94 % a partir de sequências de DNAr 16S detectou 364 UTOs não cianobacterianas

representativas identificadas nos filos Acidobacteria, Actinobacteria, Bacteriodetes,

Chloroflexi, Firmicutes, Planctomycetes e Proteobacteria. Algumas dessas UTOs foram

designadas a identidades desconhecidas em níveis taxonômicos variados (Tabela 8). Além

disso, EMIRGE montou 11 sequências parciais de DNAr 16S, cuja maioria apresentou

identidade significativa com bactérias conhecidas (Tabela 9).

Tabela 8 – Identificação taxonômica de UTOs não cianobacterianas em fragmentos de DNAr

16S detectados em sequências não montadas

Filo Classe Ordem Família Gênero UTOs

– – – – – 3

Acidobacteria Acidobacteriia Acidobacteriales Acidobacteriaceae – 1

Acidobacteria Solibacteres Solibacterales Desconhecida – 3

Actinobacteria Actinobacteria Actinomycetales – – 1

Actinobacteria Actinobacteria Actinomycetales Microbacteriaceae Microbacterium 4

Actinobacteria Actinobacteria Actinomycetales Mycobacteriaceae Mycobacterium 11

Actinobacteria Actinobacteria Actinomycetales Propionibacteriaceae Propionibacterium 1

Bacteroidetes Bacteroidia Bacteroidales – – 1

Chloroflexi Ktedonobacteria – – – 2

Firmicutes Bacilli Bacillales Bacillaceae Bacillus 3

Planctomycetes Phycisphaerae Phycisphaerales Desconhecida – 1

Planctomycetes Planctomycetia Gemmatales Gemmataceae – 2

Planctomycetes Planctomycetia Gemmatales Gemmataceae Gemmata 13

Planctomycetes Planctomycetia Gemmatales Isosphaeraceae – 1

Proteobacteria Alphaproteobacteria – – – 3

(continua)

Page 76: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

74

Tabela 8 (conclusão)

Filo Classe Ordem Família Gênero UTOs

Proteobacteria Alphaproteobacteria Caulobacterales Caulobacteraceae – 4

Proteobacteria Alphaproteobacteria Caulobacterales Caulobacteraceae Desconhecido 8

Proteobacteria Alphaproteobacteria Caulobacterales Caulobacteraceae Phenylobacterium 2

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales – – 24

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Aurantimonadaceae – 1

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Bradyrhizobiaceae – 5

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Bradyrhizobiaceae Afipia 5

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Bradyrhizobiaceae Bosea 1

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Bradyrhizobiaceae Bradyrhizobium 3

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Bradyrhizobiaceae Desconhecido 13

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Desconhecida – 44

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Hyphomicrobiaceae – 5

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Hyphomicrobiaceae Devosia 6

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Hyphomicrobiaceae Hyphomicrobium 17

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Hyphomicrobiaceae Rhodoplanes 1

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Methylocystaceae – 1

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Phyllobacteriaceae – 6

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Phyllobacteriaceae Desconhecido 4

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Phyllobacteriaceae Mesorhizobium 13

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Rhizobiaceae – 39

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Rhizobiaceae Agrobacterium 1

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Rhizobiaceae – 28

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Rhizobiaceae Sinorhizobium 5

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhizobiales Xanthobacteraceae – 5

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhodobacterales Rhodobacteraceae – 1

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhodospirillales Acetobacteraceae – 9

Proteobacteria Alphaproteobacteria Rhodospirillales Rhodospirillaceae – 7

Proteobacteria Alphaproteobacteria Sphingomonadales Sphingomonadaceae – 7

Proteobacteria Alphaproteobacteria Sphingomonadales Sphingomonadaceae Blastomonas 1

Proteobacteria Alphaproteobacteria Sphingomonadales Sphingomonadaceae Desconhecido 9

Proteobacteria Alphaproteobacteria Sphingomonadales Sphingomonadaceae Novosphingobium 11

Proteobacteria Alphaproteobacteria Sphingomonadales Sphingomonadaceae Sphingobium 1

Proteobacteria Alphaproteobacteria Sphingomonadales Sphingomonadaceae Sphingomonas 24

Proteobacteria Gammaproteobacteria – – – 1

Proteobacteria Gammaproteobacteria Chromatiales – – 1

Proteobacteria Gammaproteobacteria Xanthomonadales – – 1

Proteobacteria – – – – 3

Page 77: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

75

Os resultados obtidos por análises de DNAr diferem significativamente dos resultados

taxonômicos baseados em análises de todo o metagenoma. Contudo, já que as sequências de

DNAr estão representadas aleatoriamente no conjunto de dados, elas não podem ser tomadas

como sendo representativas da comunidade total, diferentemente das análises do metagenoma

total. A despeito disso, essa abordagem é adotada por algumas metodologias de análise, como

a implementada pelo servidor EBI Metagenomics (HUNTER et al., 2013), a qual detecta

DNAr 16S em dados metagenômicos e infere a composição taxonômica da comunidade a

partir dessas sequências. Logo, resultados obtidos com base nesse método devem ser

abordados com cautela.

Tabela 9 – Similaridade de sequências de DNAr 16S montadas pelo programa EMIRGE em

relação a organismos conhecidos depositados no banco de dados GenBank obtida

com a ferramenta BLAST

Sequência Comprimento (pb) Sequência Mais Próxima Cobertura Identidade

2 1283 Ensifer sp. ZNC0028

(KM585589) 100 % 100 %

4 1392 Gemmata sp. Ha1-2

(GQ889431) 96 % 93 %

6 1528 Burkholderia cenocepacia HI2424

(CP000459) 100 % 100 %

10 1362 Paracraurococcus sp. ORS 1473

(AJ968702) 100 % 99 %

12 1441 Afipia sp. 1 MRT-114

(EF371496) 100 % 99 %

22 1251 Bosea lupini R-45681

(NR_108514) 100 % 99 %

35 1430 Nostoc ellipsosporum V

(AJ630450) 97 % 98 %

42 1360 Bryobacter aggregatus MOB76

(AM887762) 98 % 97 %

52 1284 Caulobacter leidyi

(AF331660) 100 % 100 %

53 1296 Nordella oligomobilis N21

(NR_114615) 96 % 99 %

74 1113 Hyphomicrobium aestuarii ATCC 27483

(NR_104954) 100 % 99 %

Bactérias de novos táxons podem ser encontradas em associação com cianobactérias,

como exemplificado por Hoeflea anabaenae, encontrada em heterócitos de Anabaena, e

Gracilimonas tropica, proveniente de uma cultura de Synechococcus (CHOI et al., 2009;

STEVENSON et al., 2011). Uma das sequências de DNAr 16S obtidas apresentou 93 % de

identidade com uma sequência de Gemmata, um indicativo de que possivelmente é

Page 78: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

76

representante de um novo gênero da família Planctomycetaceae. Alguns planctomicetes

podem ser encontrados em forte associação com cianobactérias, e florações de cianobactérias

frequentemente estimulam o aumento do número de planctomicetes (WARD et al., 2006). A

análise da comunidade microbiana associada a Microcystis spp. apontou que, ao passo que

proteobactérias dominavam as comunidades presentes em sistemas de enriquecimento,

planctomicetes predominavam entre os micro-organismos mais fortemente aderidos às células

das cianobactérias analisadas (CAI et al., 2013).

Como as análises de DNAr apresentaram poucos gêneros em comum com os gêneros

apontados como mais abundantes na análise de metagenoma total, elas provavelmente

revelaram táxons de maior raridade nas amostras, que possivelmente fazem parte da chamada

“biosfera rara”, ou o conjunto de micro-organismos que permanecem sob baixa abundância

em determinados ambientes (SOGIN et al., 2006). Esse método levantou um número

considerável de UTOs em táxons desconhecidos, e algumas UTOs também foram incluídas

em categorias taxonômicas que conhecidamente possuem um grande número de bactérias que

atualmente não são cultivadas, como Ktedonobacteria (YOKOTA, 2012).

Atualmente, a maior parte das bactérias não é passível de desenvolvimento sob

condições de cultura (RAPPÉ; GIOVANNONI, 2003). Dentre essas bactérias,

micro-organismos obrigatoriamente simbiontes dependem de nutrientes ou de interações

celulares providas por outros micro-organismos para o seu desenvolvimento e apresentam,

portanto, baixas possibilidades de ser cultivados (WILSON; PIEL, 2013). Apesar de cocultivo

já ter sido proposto como uma opção alternativa para o desenvolvimento de estudos in vitro

de bactérias previamente não cultivadas (VARTOUKIAN; PALMER; WADE, 2010;

STEWART, 2012), baixa ênfase foi dada a cianobactérias como parceiras de cultivo. Não

obstante, bactérias fotoautotróficas e fixadoras de nitrogênio do filo Cyanobacteria estão em

uma ótima posição para desempenhar essa função, como consequência de sua extraordinária

capacidade metabólica.

Alta diversidade bacteriana acompanha florações cianobacterianas, e pode incluir

táxons ainda não descritos, incluindo possíveis novas espécies, gêneros, famílias ou mesmo

ordens (BERG et al., 2009; TUOMAINEN et al., 2006). Macrocolônias de algumas espécies

do gênero Nostoc também constituem ambientes interessantes para a descoberta de novos

táxons microbianos, já que fornecem condições únicas, não encontradas em outros ambientes

(INTHASOTTI; PATHOM-AREE, 2015). Conforme se verifica nas análises de DNAr 16S,

cianobactérias relacionadas ao gênero Nostoc que não formam macrocolônias também

estabelecem nichos viáveis para o desenvolvimento de micro-organismos ainda

Page 79: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

77

desconhecidos, e, em consórcio, podem prover as condições necessárias para que alguns

micro-organismos previamente não cultivados se desenvolvam sob cocultivo, mesmo sob

baixa abundância.

Dentre as sequências encontradas no metagenoma montado e que, a exemplo do

genoma de Nostoc sp. CENA67, puderam ser reconhecidas e somadas até constituírem

rascunhos genômicos, foram encontradas sequências identificadas como pertencentes às

alfaproteobactérias Bradyrhizobium diazoefficiens, Bradyrhizobium japonicum e

Hyphomicrobium nitrativorans e à betaproteobactéria Burkholderia lata (Tabela 10). Apesar

de ser possível encontrar e identificar sequências de outras bactérias conhecidas no

metagenoma, elas se apresentam bastante fragmentadas, ou sua soma não alcança tamanhos

próximos aos de genomas de referência. Além disso, há a possibilidade de que outros

rascunhos genômicos presentes no metagenoma montado pertençam a táxons novos e, dessa

forma, não tenham sido identificados em espécies conhecidas, o que dificulta sua recuperação.

De fato, aproximadamente 89 % das sequências foram classificadas como desconhecidas pelo

programa Kraken. Contudo, essa pode ser uma limitação do método utilizado.

Tabela 10 – Características gerais dos rascunhos genômicos de algumas bactérias associadas à

cianobactéria Nostoc sp. CENA67

Organismo Sequências Tamanho

(Mpb)

Percentual

GC

Cobertura

Média Genes RNA

Bradyrhizobium diazoefficiens 266 9,28 64,21 7 × 9.101 49

Bradyrhizobium japonicum 289 8,23 63,72 6 × 8.026 69

Burkholderia lata 139 7,53 66,65 8 × 6.860 56

Hyphomicrobium nitrativorans 23 4,19 62,28 14 × 3.833 52

Não obstante o baixo número de trabalhos que trataram da diversidade de

micro-organismos associados a cianobactérias, a maioria dos quais se restringiu a ambientes

aquáticos, alguns táxons relacionados aos genomas obtidos já foram relatados em

simbiose com organismos do filo Cyanobacteria. Burkholderia e Bradyrhizobium foram

encontradas anteriormente em associação com Microcystis aeruginosa (BERG et al., 2009;

LI et al., 2011; SHI et al., 2011). Bactérias da família Burkholderiaceae também foram

observadas em associação com Anabaena, Aphanizomenon, Microcystis aeruginosa,

Cylindrospermopsis raciborskii e Nostoc commune (EILER; BERTILSSON, 2004;

GRAHAM et al., 2014; SHI et al., 2009), e uma espécie do gênero Hyphomicrobium também

esteve presente em culturas de enriquecimento de Microcystis spp. (CAI et al., 2013).

Page 80: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

78

Todavia, com exceção dos genomas de Blastomonas sp. e Rhodobacter sp., provenientes de

uma cultura não axênica de Cyanobium sp. (LIMA et al., 2014a; 2014b; 2014c), há poucas

informações sobre a genômica de bactérias heterotróficas associadas a cianobactérias em

culturas não axênicas.

Abordagens metagenômicas geralmente são baseadas na identificação e na separação

de sequências prévia ou posteriormente à montagem do metagenoma, com base em bancos de

dados de referência e/ou em diferenças de composição entre sequências (DRÖGUE;

MCHARDY, 2012; MANDE; MOHAMMED; GHOSH, 2012). Alternativamente, uma

estratégia de montagem e separação integradas, baseada em perfis diferenciais de cobertura

genômica, está apresentando resultados promissores (ALBERTSEN et al., 2013; NIELSEN et

al., 2014). Alguns programas que implementam esse método, tais como CONCOCT

(ALNEBERG et al., 2014), GroopM (IMELFORT et al., 2014) e MetaBAT (KANG et al.,

2014), têm sido disponibilizados.

Devido à pouca diferença de cobertura entre alguns genomas amostrados e às relações

próximas entre os organismos simbióticos da cultura estudada, as abordagens que independem

de bancos de dados não se mostram adequadas aos dados analisados, já que podem ter

dificuldade em discriminar sequências e, consequentemente, gerar resultados híbridos e de

baixa confiabilidade. Dessa forma, apesar de possivelmente haver táxons desconhecidos na

amostra sequenciada, a comparação das sequências com referências já conhecidas se mostra

como a alternativa mais confiável para a situação encontrada. À medida que os bancos de

dados públicos são aprimorados, novas respostas podem ser disponibilizadas.

Há relatos de especificidade de comunidades microbianas a algumas espécies

cianobacterianas (BAGATINI et al., 2014; SHI et al., 2009). Algumas cianobactérias

aparentam de fato possuir certa influência sobre a composição taxonômica de suas

comunidades associadas, exercitando controle através de mecanismos de competição e de

facilitação, como a liberação de carbono e nitrogênio fixados (BRAUER et al., 2015). Além

disso, metabólitos secundários de efeito alelopático, incluindo inibidores de protease e

bacteriocinas, podem ser liberados por diversas cianobactérias e essas moléculas poderiam,

portanto, impactar a comunidade e atuar como agentes de seleção de micro-organismos

(LEÃO et al., 2012b; SILVA-STENICO et al., 2011; 2013a; 2013b; WANG; FEWER;

SIVONEN, 2011). Logo, os organismos identificados provavelmente são o produto de uma

série de interações entre a linhagem cianobacteriana e os micro-organismos que, ao longo do

procedimento de cultura, remanesceram, enquanto outros eram eliminados por encontrar

condições pouco favoráveis, exacerbadas pela competição.

Page 81: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

79

6.6 Caracterização funcional da comunidade associada

As anotações dos rascunhos genômicos montados revelaram um grande número de

sequências não incluídas em subsistemas no genoma de Nostoc sp. (73 %), um número maior

que o encontrado nos outros genomas (Figura 20). Genes para a biossíntese de auxinas foram

encontrados nos cinco rascunhos genômicos montados. A presença de vias biossintéticas para

este fitormônio não é surpreendente, tendo em vista que é provavelmente comum que essas

bactérias interajam com plantas em seu ambiente natural.

Figura 20 – Cobertura de subsistemas dos genomas obtidos a partir do metagenoma

A anotação apontou 429, 381, 550 e 413 subsistemas nos rascunhos genômicos de

Bra. diazoefficiens, Bra. japonicum, Bur. lata e H. nitrativorans, respectivamente (Figura 21).

Como esperado, genes para fotossíntese foram encontrados apenas entre as sequências

cianobacterianas dentre os cinco genomas obtidos. Todavia, genes para fixação de nitrogênio

também foram encontrados apenas entre sequências cianobacterianas, apesar de os outros

genomas pertencerem a gêneros que normalmente são capazes de fixar nitrogênio atmosférico

(Tabela 11).

Page 82: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

80

Tabela 11 – Subsistemas relacionados ao metabolismo de nitrogênio detectados nos rascunhos

genômicos montados

Subsistema Nostoc sp. Bra. diazoefficiens Bra. japonicum Bur. lata H. nitrativorans

Fixação de nitrogênio 19 – – – –

Hidrólise de cianato 8 – – – –

Amonificação de

nitrato/nitrito 9 25 14 14 14

Assimilação de amônia 12 18 – 17 29

Utilização de alantoína – – 9 7 –

Estresse nitrosativo – 3 1 1 5

Nitrilase – – 1 2 –

Amidase / ureia e nitrila

hidratase – 2 1 – –

Redutase desnitrificante – 5 – – 12

Desnitrificação – 11 – – 24

Apesar de ser possível detectar genes a partir de sequências curtas, a montagem de

metagenomas fornece maior número de informações aos programas de predição funcional

(THOMAS; GILBERT; MEYER, 2012), assegurando maior confiança em seus resultados.

Logo, as análises funcionais da comunidade microbiana associada à cianobactéria Nostoc sp.

CENA67 foram realizadas sobre as sequências metagenômicas após a montagem. A anotação

do metagenoma da comunidade associada revelou uma ampla gama de subsistemas (Figura

22). A comparação dos subsistemas do genoma cianobacteriano às anotações do metagenoma

de sua comunidade associada apontou nove subsistemas exclusivos (Tabela 12). O

procedimento oposto – a busca por subsistemas exclusivos à comunidade associada – revela

285 subsistemas, porém nenhum aparenta ser fundamental para cianobactérias.

Page 83: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

81

Figura 21 – Distribuição de subsistemas nos rascunhos genômicos de bactérias heterotróficas

obtidos neste trabalho. A: Bra. diazoefficiens; B: Bra. japonicum; C: Bur. lata;

D: H. nitrativorans

Page 84: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

82

Figura 22 – Distribuição de subsistemas da comunidade associada à cianobactéria CENA67

Aparentemente, os subsistemas exclusivos ao genoma cianobacteriano não favorecem

qualquer tipo de interação entre estas células e sua comunidade associada, já que a maioria

deles está relacionada direta ou indiretamente à fisiologia cianobacteriana comum. Vias

exclusivas também foram observadas no mapeamento metabólico (Figura 23).

Contudo, é possível que moléculas desconhecidas desempenhem algum papel nessa

interação, tendo em vista que anotações do servidor MG-RAST apontaram 46,8 % do

metagenoma da comunidade associada como proteínas desconhecidas. Além disso, entre

24,2 % (de acordo com comparações ao banco de dados COG) e 84,6 % (com base no banco

de dados NOG) das sequências classificadas em categorias funcionais foram incluídas em

processos pouco caracterizados.

Interações entre cianobactérias e heterótrofos em consórcios, apesar de específicas a

cada produtor primário, geralmente têm como padrão a troca mutualista de oxigênio e

carbono, liberados pelas células cianobacterianas, por metabólitos produzidos por células

heterotróficas, como nutrientes e vitaminas (COLE et al., 2014). Algumas análises

transcritômicas fornecem suporte a essa observação, e também indicam que uma situação

semelhante pode ser observada em relação ao nitrogênio fixado por cianobactérias

diazotróficas em cocultivo com bactérias heterotróficas (BELIAEV et al., 2014). Além do

trabalho presente, a associação entre cianobactérias diazotróficas e outras bactérias também

potencialmente diazotróficas, bem como associações entre cianobactérias e bactérias

fotossintéticas anoxigênicas ou bactérias mais comumente encontradas em raízes de plantas,

foi relatada anteriormente (GRAHAM et al., 2014; SÁNCHEZ et al., 2005). A fixação de

nitrogênio pode estimular a simbiose mesmo entre cianobactérias de espécies diazotróficas

(MOMPER et al., 2015).

Page 85: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

83

Tabela 12 – Subsistemas exclusivos ao genoma de Nostoc sp. CENA67 quando comparado

com o metagenoma de sua comunidade associada

Subsistema Categoria Ocorrências

Formação de heterócitos em

cianobactérias Divisão celular e ciclo celular 8

Degradação de clorofila Cofatores, vitaminas, grupos prostéticos,

pigmentos, tetrapirróis 5

At2g44920 At1g12250 Miscelânea, genômica comparativa

planta-procarioto 4

Agrupamento Cmr CRISP Metabolismo de DNA, CRISPs 2

Caspases bacterianas Regulação e sinalização celular, morte celular

programada e sistemas toxina-antitoxina 2

Biossíntese de

glicosil-glicerídeos em plantas Ácidos graxos, lipídeos e isoprenoides 1

Hidrolases agindo em ligações

carbono-enxofre Metabolismo de enxofre 1

Desvio cianobacteriano no ciclo

do ácido tricarboxílico

Metabolismo central, ciclo do ácido

tricarboxílico 1

Adesão de Campylobacter Virulência, doença e defesa, adesão 1

A abundância das células cianobacterianas na comunidade é mantida em nível mais

elevado em relação às células de outras espécies, provavelmente devido ao fato de que as

condições fornecidas pelo meio de cultura estão direcionadas às necessidades da fisiologia

cianobacteriana. Consequentemente, apesar de genes para fotossíntese e fixação de nitrogênio

poderem ser encontrados no metagenoma da comunidade associada, as células

cianobacterianas possivelmente são a maior fonte de carbono e nitrogênio fixado neste

microambiente, dada a ausência de fontes de carbono e nitrogênio na composição do meio de

cultura. É provável que a cianobactéria esteja fornecendo a pelo menos alguns membros de

sua comunidade associada não apenas o carbono fixado que receberiam de plantas, mas

também nitrogênio fixado. A falta de genes para fixação de nitrogênio nos rascunhos

genômicos de bactérias heterotróficas obtidos sugerem que algumas populações bacterianas

podem estar se adaptando à grande oferta de metabólitos cianobacterianos à sua disposição

pela eliminação de genes que se tornaram redundantes neste contexto, o que, por sua vez,

pode torná-las mais dependentes das células cianobacterianas.

Page 86: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

84

Figura 23 – Comparação de rotas metabólicas presentes no genoma cianobacteriano e/ou no metagenoma de sua comunidade associada obtidas

por comparações com o banco de dados KEGG. Rosa: processos comuns à cianobactéria e à comunidade associada. Vermelho: vias

específicas à comunidade associada. Azul: vias específicas à cianobactéria

Page 87: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

85

Algumas cianobactérias não diazotróficas parecem não utilizar o nitrogênio fixado por

sua comunidade associada, mesmo em ambientes em que a eficiência desta é maior (LÓPEZ-

LOZANO et al., 2002). Em contrapartida, marcadores isotópicos indicam que pode ocorrer

transferência de fósforo entre cianobactérias e bactérias simbiontes em ambas as direções, de

modo que a comunidade associada pode ser vista como uma espécie de banco de fósforo

temporário para a cianobactéria (JIANG et al., 2007).

Em relação à captação de ferro, indispensável para a fotossíntese e para a fixação de

nitrogênio, entre outros processos, algumas bactérias associadas a cianobactérias são capazes

de adquirir esse elemento a partir de fontes diversas, e em taxas maiores que a cianobactéria à

qual se associam (ROE et al., 2012), e é possível que haja utilização pela cianobactéria de

parte do ferro captado por uma bactéria associada (BELIAEV et al., 2014). Esse fato é

importante tendo em vista que genes para sideróforos não são comuns em cianobactérias de

alguns ambientes (HOPKINSON; MOREL, 2009). Genes classificados no subsistema de

aquisição e metabolismo de ferro e sideróforos foram encontrados tanto no metagenoma da

comunidade associada como no genoma da linhagem cianobacteriana estudada, o que sugere

independência de ambas em relação às estratégias de obtenção desse elemento.

A variante microviridina J apresenta toxicidade a Daphnia (ROHRLACK et al., 2003;

2004). Dentre as dez variantes de microviridina que foram encontradas até o momento, as

variantes G e H foram descritas a partir de um espécime de Nostoc minutum (MURAKAMI et

al., 1997). A maior parte dos estudos de associações em ambientes naturais se concentrou em

florações de espécies de Microcystis, porém sequências de microviridina também foram

encontradas em trombólitos de Nostoc commune (GRAHAM et al., 2014). Alta expressão de

microviridina foi observada em uma floração de Microcystis, o que estimou-se não somente

contribuir para sua dominância competitiva, mas também conferir propriedades

antipredatórias à comunidade (PENN et al., 2014). Considerando que a associação com

determinadas espécies pode beneficiar certas cianobactérias e que o observado para

microviridina J poderia ser válido para outras variantes de microviridina, é provável que a

produção de microviridina por Nostoc sp. CENA67 constitua uma vantagem para os

micro-organismos que se associam a esta cianobactéria e que esta empregue microviridina no

recrutamento de simbiontes.

Ao passo que um número considerável de sobreposição entre vias foi observada no

mapeamento metabólico, alguns metabolismos sugerem a complementariedade entre vias

presentes exclusivamente na cianobactéria ou na comunidade associada. Como a maioria das

Page 88: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

86

sequências cianobacterianas não foi identificada em subsistemas conhecidos e quase a metade

do metagenoma da comunidade associada foi identificado como proteínas desconhecidas, é

possível que fatores ainda não conhecidos expressos pelas células cianobacterianas possam

influenciar interações com seus micro-organismos associados. Da mesma maneira, fatores

incluídos no número considerável de proteínas desconhecidas e processos pouco

caracterizados no metagenoma associado podem desempenhar algum papel nessa interação.

De forma semelhante ao observado em raízes de plantas, certas actinobactérias

associadas a cianobactérias do gênero Nostoc promovem o crescimento desta como

consequência da produção de substâncias reguladoras de crescimento e de antibióticos, e

recebem nutrientes em troca desse serviço (INTHASOTTI; PATHOM-AREE, 2015). Na

rizosfera, a presença de micro-organismos sem função ecológica aparente é de certa forma

explicada pelo fato de que plantas podem digerir micro-organismos em suas raízes como

forma de obter nutrientes e promover crescimento (PAUNGFOO-LONHIENNE et al., 2010).

Ao passo que diversas bactérias são capazes de degradar células cianobacterianas para

consumo (RASHIDAN; BIRD, 2001), algumas cianobactérias, incluindo espécies de Nostoc,

são capazes de mixotrofia, ou a mistura de metabolismos autotróficos e heterotróficos, e

podem apresentar aumento de sua atividade antimicrobiana sob essa condição (NOWRUZI et

al., 2012). Logo, hipoteticamente, o estímulo do crescimento e o consumo e a predação de

ambas as partes da interação na cultura estudada poderia ocorrer.

Contudo, as interações entre a cianobactéria e sua comunidade associada

provavelmente são mais complexas que meras trocas de moléculas orgânicas, já que meios de

cultura acrescidos de extratos de cianobactérias não parecem causar impacto positivo sobre o

cultivo de bactérias associadas (INTHASOTTI; PATHOM-AREE, 2015). Flutuações na

composição da comunidade microbiana associada a cianobactérias ocorrem de acordo com o

período em que a colônia se encontra, e incluem a alternância da dominância (SHI et al.,

2009; 2011), o que provavelmente resulta em alterações na dinâmica dessa interação.

Em alguns casos, respostas ao estresse oxidativo podem desempenhar um papel nas

interações entre cianobactérias e bactérias heterotróficas (MORRIS et al., 2008). De fato,

algumas cianobactérias têm seu crescimento estimulado pelo cocultivo com

bactérias heterotróficas não somente devido ao aumento da concentração do dióxido de

carbono ou à captura de refugos de ciclagem, mas também à redução do estresse oxidativo

(BELIAEV et al., 2014; SHER et al., 2011). Além disso, é possível que fatores físicos e

morfológicos tenham influência sobre a associação entre a cianobactéria e os

Page 89: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

87

micro-organismos heterótrofos. Cianobactérias aquáticas se beneficiam de agregados

microbianos por estes lhes conferirem proteção contra radiação ultravioleta, calor e ozônio

(TANG; DZIALLAS; GROSSART, 2011), e interações com micro-organismos associados

podem ser responsáveis por induzir a produção de mucilagem e modificar as características

morfológicas de colônias de cianobactérias (SHEN et al., 2011). Algumas bactérias podem ter

conexões ainda mais fortes com exopolissacarídeos que com as células das cianobactérias que

os secretam (SHIRAISHI et al., 2015).

Por ser unicianobacteriano e conter os resultados de anos de cultivo, a cultura estudada

proporciona um objeto de estudo com menor número de variáveis que interações observadas

em ambientes naturais. Contudo, dada a complexidade e a diversidade das associações entre

autótrofos e heterótrofos e em vista do alto número de sequências anotadas em funções

desconhecidas, é difícil assegurar neste momento o que Nostoc sp. CENA67 poderia ganhar

com as interações com sua comunidade associada. É necessário que as sequências e as

anotações em bancos de dados públicos se tornem mais abrangentes antes que esta questão

seja respondida.

Page 90: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

88

7. CONCLUSÕES

A linhagem CENA67 diverge em certos aspectos de outras linhagens identificadas no

gênero Nostoc, e pode ser representante de um novo táxon. Contudo, devido ao atual baixo

número de linhagens conhecidas relacionadas, é difícil assegurar sua posição taxonômica,

sendo necessário isolar novas cianobactérias relacionadas a essa linhagem para que suas

relações evolutivas sejam esclarecidas e permitam uma descrição adequada desse táxon. Essa

distinção é refletida em seu genoma, que é significativamente distinto dos genomas

atualmente disponíveis de Nostoc spp. Consequentemente, o genoma dessa linhagem

apresenta diversos agrupamentos gênicos hipotéticos possivelmente envolvidos na síntese de

metabólitos ainda desconhecidos ou de novas variantes de moléculas conhecidas, incluindo

grande variedade de microviridinas. Um alto número de micro-organismos associados à

cianobactéria em cultura não axênica pertence a táxons comumente relatados em interações

com plantas, que têm à sua disposição neste ambiente não apenas o carbono fixado que

receberiam destas, mas também nitrogênio biodisponível. Essa condição parece estar

sujeitando algumas das populações bacterianas heterotróficas a pressões de seleção que as

levam a se adaptar pela eliminação de vias custosas que se tornaram redundantes, como a

fixação de nitrogênio, e as tornar mais dependentes da cianobactéria, tornando a axenia da

cianobactéria ainda mais difícil de ser alcançada. O baixo conhecimento a respeito da

genômica funcional de cianobactérias e de micro-organismos associados, refletido no alto

número de funções desconhecidas encontrado, não deixa claro se outros fatores desempenham

algum papel nessa interação.

Page 91: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

89

REFERÊNCIAS

ADAMS, D.G. Symbiotic interactions. In: WHITTON, B.A.; POTTS, M. (Ed.). The ecology

of cyanobacteria. Dordrecht: Kluwer Academic, 2000. p. 523-561.

ADAMS, D.G.; BERGMAN, B.; NIERZWICKI-BAUER, S.A.; DUGGAN, P.S.; RAI, A.N.;

SCHÜSSLER, A. Cyanobacterial-plant symbioses. In: ROSENBERG, E.; DELONG, E.F.;

LORY, S.; STACKBRANDT, E.; THOMPSON, F. (Ed.). The prokaryotes 1. 3. ed.

Heidelberg: Springer, 2013. p. 359-400.

AHMED, M.; STAL, L.J.; HASNAIN, S. Association of non-heterocystous cyanobacteria

with crop plants. Plant and Soil, Dordrecht, v. 336, p. 363-375, 2010.

ALBERTSEN, M.; HUGENHOLTZ, P.; SKARSHEWSKI, A.; NIELSEN, K.L.; TYSON,

G.W.; NIELSEN, P.H. Genome sequences of rare, uncultured bacteria obtained by differential

coverage binning of multiple metagenomes. Nature Biotechnology, New York, v. 31, p. 533-

538, 2013.

ALLEN, M.B.; ARNON, D.I. Studies on nitrogen-fixing blue-green algae. I. Growth and

nitrogen fixation by Anabaena cylindrica Lemm. Plant Physiology, Rockville, v. 30, p. 366-

372, 1955.

ALNEBERG, J.; BJARNASON, B.S.; DE BRUIJN, I.; SCHIRMER, M.; QUICK, J.; IJAZ,

U.Z.; LAHTI, L.; LOMAN, N.J.; ANDERSSON, A.F.; QUINCE, C. Binning metagenomic

contigs by coverage and composition. Nature Methods, New York, v. 11, p. 1144-1146,

2014.

ALTSCHUL, S.F.; GISH, W.; MILLER, W.; MYERS, E.W.; LIPMAN, D.J. Basic local

alignment search tool. Journal of Molecular Biology, London, v. 215, p. 403-410, 1990.

AZIZ, R.K.; BARTELS, D.; BEST, A.A.; DEJONGH, M.; DISZ, T.; EDWARDS R.A.;

FORMSMA, K.; GERDES, S.; GLASS, E.M.; KUBAL, M.; MEYER, F.; OLSEN, G.J.;

OLSON, R.; OSTERMAN, A.L.; OVERBEEK, R.A.; MCNEIL, L.K.; PAARMMANN, D.;

PACZIAN, T.; PARELLO, B.; PUSCH, G.D.; REICH, C.; STEVENS, R.; VASSIEVA, O.;

VONSTEIN, V.; WILKE, A.; ZAGNITKO, O. The RAST server: rapid annotations using

subsystems technology. BMC Genomics, London, v. 9, p. 75, 2008.

BAGATINI, I.L.; EILER, A.; BERTILSSON, S.; KLAVENESS, D.; TESSAROLLI, L.P.;

VIEIRA, A.A.H. Host-specificity and dynamics in bacterial communities associated with

bloom-forming freshwater phytoplankton. PLoS One, San Francisco, v. 9, p. e85950, 2014.

BANKEVICH, A.; NURK, S.; ANTIPOV, D.; GUREVICH, A.A.; DVORKIN, M.;

KULIKOV, A.S.; LESIN, V.M.; NIKOLENKO, S.I.; PHAM, S.; PRJIBELSKI, A.D.;

PYSHKIN, A.V.; SIROTKIN, A.V.; VYAHHI, N.; TESLER, G.; ALEKSEYEV, M.A.;

PEVZNER, P.A. SPAdes: a new genome assembly algorithm and its applications to single-

cell sequencing. Journal of Computational Biology, New York, v. 19, p. 455-477, 2014.

Page 92: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

90

BATTISTUZZI, F.U.; FEIJÃO, A.; HEDGES, S.B. A genomic timescale of prokaryote

evolution: insights into the origin of methanogenesis, phototrophy, and the colonization of

land. BMC Evolutionary Biology, London, v. 4, p. 44-58, 2004.

BELIAEV, A.S.; ROMINE, M.F.; SERRES, M.; BERNSTEIN, H.C.; LINGGI, B.E.;

MARKILLIE, L.M.; ISERN, N.G.; CHRISLER, W.B.; KUCEK, L.A.; HILL, E.A.;

PINCHUK, G.E.; BRYANT, D.A.; WILEY, H.S.; FREDRICKSON, J.K.; KONOPKA, A.

Inference of interactions in cyanobacterial-heterotrophic co-cultures via transcriptome

sequencing. The ISME Journal, Oxon, v. 8, p. 2243-2255, 2014.

BENTLEY, S.D.; CHATER, K.F.; CERDENO-TARRAGA, A.M.; CHALLIS, G.L.;

THOMSON, N.R.; JAMES, K.D.; HARRIS, D.E.; QUAIL, M.A; KIESER, H.; HARPER, D.;

BATEMAN, A.; BROWN, S.; CHANDRA, G.; CHEN, C.W.; COLLINS, M.; CRONIN, A.;

FRASER, A.; GOBLE, A.; HIDALGO, J.; HORNSBY, T.; HOWARTH, S.; HUANG, C.H.;

KIESER, T.; LARKE, L.; MURPHY, L.; OLIVER, K.; O’NEIL, S.; RABBINOWITSCH, E.;

RAJANDREAM, M.A.; RUTHERFORD, K.; RUTTER, S.; SEEGER, K.; SAUNDERS, D.;

SHARP, S.; SQUARES, R.; SQUARES, S.; TAYLOR, K.; WARREN, T.; WIETZORREK,

A.; WOODWARD, J.; BARRELL, B.G.; PARKHILL, J.; HOPWOOD, D.A. Complete

genome sequence of the model actinomycete Streptomyces coelicolor A3(2). Nature, London,

v. 417, p. 141–147, 2002.

BERG, K.A.; LYRA, C.; SIVONEN, K.; PAULIN, L.; SUOMALAINEN, S.; TUOMI, P.;

RAPALA, J. High diversity of cultivable heterotrophic bacteria in association with

cyanobacterial water blooms. The ISME Journal, Oxon, v. 3, p. 314-325, 2009.

BERGMAN, B.; RAI, A.N.; RASMUSSEN, U. Cyanobacterial associations. In: ELMERICH,

C.; NEWTON, W.E. (Ed.). Associative and endophytic nitrogen-fixing bacteria and

cyanobacterial associations. New York: Springer, 2007. p. 257-301.

BILLER, S.J.; BERUBE, P.M.; BERTA-THOMPSON, J.W.; KELLY, L.; ROGGENSACK,

S.E.; AWAD, L.; ROACHE-JOHNSON, K.H.; DING, H.; GIOVANNONI, S.J.;

ROCAP, G.; MOORE, L.R.; CHISHOLM, S.W. Genomes of diverse isolates of the marine

cyanobacterium Prochlorococcus. Scientific Data, London, v. 1, p. 140034, 2014.

BLIN, K.; MEDEMA, M.H.; KAZEMPOUR, D.; FISCHBACH, M.A.; BREITLING, R.;

TAKANO, E.; WEBER, T. antiSMASH 2.0 – a versatile platform for genome mining of

secondary metabolite producers. Nucleic Acids Research, London, v. 41, p. W204-W212,

2013.

BLUNT, J.W.; COPP, B.R.; KEYZERS, R.A.; MUNRO, M.H.G.; PRINSEP, M.R. Marine

natural products. Natural Products Reports, London, v. 32, p. 116-211, 2015.

BOHUNICKÁ, M.; PIETRASIAK, N.; JOHANSEN, J.R.; BERRENDERO GOMÉZ, E.;

HAUER, T.; GAYSINA, L.A.; LUKEŠOVÁ, A. Roholtiella, gen. nov. (Nostocales,

Cyanobacteria) – a tapering and branching cyanobacteria of the family Nostocaceae.

Phytotaxa, Auckland, v. 197, p. 84-103, 2015.

Page 93: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

91

BÖRNER, T.; DITTMANN, E. Molecular biology of cyanobacterial toxins. In: HUISMAN,

J.; MATTHIJS, H.C.P.; VISSER, P.M. (Ed.). Harmful cyanobacteria. Dordrecht: Springer,

2005. p. 25-40.

BRAUER, V.S.; STOMP, M.; BOUVIER, T.; FOUILLAND, E.; LEBOULANGER, C.;

CONFURIUS-GUNS, V.; WEISSING, F.J.; STAL, L.J.; HUISMAN, J. Competition and

facilitation between the marine nitrogen-fixing cyanobacterium Cyanothece and its associated

bacterial community. Frontiers in Microbiology, Lausanne, v. 5, p. 795, 2015.

BRENNER, K.; YOU, L.; ARNOLD, F.H. Engineering microbial consortia: a new frontier in

synthetic biology. Trends in Biotechnology, Cambridge, v. 26, p. 483-489, 2008.

BRETTIN, T.; DAVIS, J.J.; DISZ, T.; EDWARDS, R.A.; GERDES, S.; OLSEN, G.J.;

OLSON, R.; OVERBEEK, R.; PARRELLO, B.; PUSCH, G.D.; SHUKLA, M.; THOMASON

3RD, J.A.; STEVENS, R.; VONSTEIN, V.; WATTAM, A.R.; XIA, F. RASTtk: a modular and

extensible implementation of the RAST algorithm for building custom annotation pipelines

and annotating batches of genomes. Scientific Reports, London, v. 5, p. 8365, 2015.

BRUCE, T.; CASTRO, A.; KRUGER, R.; THOMPSON, C.C.; THOMPSON, F.L. Microbial

diversity of Brazilian biomes. In: NELSON, K.E.; JONES-NELSON, B. (Ed.). genomic

applications for the developing world. New York: Springer, 2012. p. 217-247.

CAI, H.Y.; YAN, Z.S.; WANG, A.J.; KRUMHOLZ, L.R.; JIANG, H.L. Analysis of the

attached microbial community on mucilaginous cyanobacterial aggregates in the eutrophic

lake Taihu reveals the importance of Planctomycetes. Microbial Ecology, New York, v. 66, p.

73-83, 2013.

CALTEAU, A.; FEWER, D.P.; LATIFI, A.; COURSIN, T.; LAURENT, T.; JOKELA, J.;

KERFELD, C.A.; SIVONEN, K.; PIEL, J.; GUGGER, M. Phylum-wide comparative

genomics unravel the diversity of secondary metabolism in Cyanobacteria. BMC Genomics,

London, v. 15, p. 977, 2014.

CAMACHO, C.; COULOURIS, G.; AVAGYAN, V.; MA, N.; PAPADOPOULOS, J.;

BEALER, K.; MADDEN, T.L. BLAST+: architecture and applications. BMC

Bioinformatics, London, v. 10, p. 421, 2009.

CAPORASO, J.G.; KUCZYNSKI, J.; STOMBAUGH, J.; BITTINGER, K.; BUSHMAN,

F.D.; COSTELLO, E.K.; FIERER, N.; PEÑA, A.G.; GOODRICH, J.K.; GORDON, J.I.;

HUTTLEY, G.A.; KELLEY, S.T.; KNIGHTS, D.; KOENIG, J.E.; LEY, R.E.; LOZUPONE,

C.A.; MCDONALD, D.; MUEGGE, B.D.; PIRRUNG, M.; REEDER, J.; SEVINSKY, J.R.;

TURNBAUGH, P.J.; WALTERS, W.A.; WIDMANN, J.; YATSUNENKO, T.; ZANEVELD,

J.; KNIGHT, R. QIIME allows analysis of high-throughput community sequencing data.

Nature Methods, New York, v. 7, p. 335-336, 2010a.

CAPORASO, J.G.; BITTINGER, K.; BUSHMAN, F.D.; DESANTIS, T.Z.; ANDERSEN,

G.L.; KNIGHT, R. PyNAST: a flexible tool for aligning sequences to a template alignment.

Bioinformatics, Oxford, v. 26, p. 266-267, 2010b.

Page 94: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

92

CASAMATTA, D.A.; GOMEZ, S.R.; JOHANSEN, J.R. Rexia erecta gen. nov. et sp. nov.,

two newly described cyanobacterial taxa from the Great Smoky Mountains National Park

(USA). Hydrobiologia, Dordrecht, v. 561, p. 13-26, 2006.

CHABAN, V.V.; NIELSEN, M.B.; KOPEC, W.; KHANDELIA, H. Insights into the role of

cyclic ladderane lipids in bacteria from computer simulations. Chemistry and Physics of

Lipids, Amsterdam, v. 181, p. 76-82, 2014.

CHAISSON, M.J.; BRINZA, D.; PEVZNER, P.A. De novo fragment assembly with short

mate-paired reads: does the read length matter? Genome Research, Woodbury, v. 19, p. 336-

346, 2009.

CHAPMAN, M.J.; MARGULIS, L. Morphogenesis by symbiogenesis. International

Microbiology, Barcelona, v. 1, p. 319-326, 1998.

CHIN, C.S.; ALEXANDER, D.H.; MARKS, P.; KLAMMER, A.A.; DRAKE, J.; HEINER,

C.; CLUM, A.; COPELAND, A.; HUDDLESTON, J.; EICHLER, E.E.; TURNER, S.W.;

KORLACH, J. Nonhybrid, finished microbial genome assemblies from long-read SMRT

sequencing data. Nature Methods, New York, v. 10, p. 563-569, 2013.

CHOI, G.G.; BAE, M.S.; AHN, C.Y.; OH, H.M. Induction of axenic culture of Arthrospira

(Spirulina) platensis based on antibiotic sensitivity of contaminating bacteria. Biotechnology

Letters, v. 30, p. 87-92, 2008.

CHOI, D.H.; ZHANG, G.I.; NOH, J.H.; KIM, W.S.; CHO, B.C. Gracilimonas tropica gen.

nov., sp. nov., isolated from a Synechococcus culture. International Journal of Systematic

and Evolutionary Microbiology, Reading, v. 59, p. 1167-1172, 2009.

CHUN, J.; RAINEY, F.A. Integrating genomics into the taxonomy and systematics of the

Bacteria and Archaea. International Journal of Systematic and Evolutionary

Microbiology, Reading, v. 64, p. 316-324, 2014.

CIRÉS, S.; WÖRMER, L.; BALLOT, A.; AGHA, R.; WIEDNER, C.; VELÁZQUEZ, D.;

CASERO, M.C.; QUESADA, A. Phylogeography of cylindrospermopsin and paralytic

shellfish toxin-producing Nostocales cyanobacteria from Mediterranean Europe (Spain).

Applied and Environmental Microbiology, Baltimore, v. 80, p. 1359-1370, 2014.

COHEN, Y.; GUREVITZ, M. The cyanobacteria – ecology, physiology and molecular

genetics. In: DWORKIN, M.; FALKOW, S.; ROSENBERG, E.; SCHLEIFER, K.H.;

STACKEBRANDT, E. (Ed.). The prokaryotes 4. 3. ed. New York: Springer, 2006. p. 1074-

1098.

COLE, J.K.; HUTCHISON, J.R.; RENSLOW, R.S.; KIM, Y.M.; CHRISLER, W.B.;

ENGELMANN, H.E.; DOHNALKOVA, A.C.; HU, D.; METZ, T.O.; FREDRICKSON, J.K.;

LINDEMANN, S.R. Phototrophic biofilm assembly in microbial-mat-derived

unicyanobacterial consortia: model systems for the study of autotroph-heterotroph

interactions. Frontiers in Microbiology, Lausanne, v. 5, p. 109, 2014.

Page 95: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

93

EILER, A.; BERTILSSON, S. Composition of freshwater cyanobacterial communities

associated with cyanobacterial blooms in four Swedish lakes. Environmental Microbiology,

Oxford, v. 6, p. 1228-1243, 2004.

CONTRERAS-MOREIRA, B.; VINUESA, P. GET_HOMOLOGUES, a versatile software

package for scalable and robust microbial pangenome analysis. Applied and Environmental

Microbiology, Baltimore, v. 79, p. 7696-7701, 2013.

CORRE, C.; CHALLIS, G.L. New natural product biosynthetic chemistry discoverd by

genome mining. Natural Products Reports, London, v. 26, p. 977-986, 2009.

COSTA, M.L.; BEHLING, H.; SUGUIO, K.; KÄMPF, N.; KERN, D.C. Paisagens

amazônicas sob a ocupação do homem pré-histórico: uma visão geológica. In: TEIXEIRA,

W.G.; KERN, D.C.; MADARI, B.E.; LIMA, H.N.; WOODS, W. (Ed.). As terras pretas de

índio da Amazônia. Manaus: Embrapa Amazônia Oriental, 2009. p. 15-38.

COTTER, P.D.; ROSS, R.P.; HILL, C. Bacteriocins – a viable alternative to antibiotics?

Nature Reviews Microbiology, London, v. 11, p. 95-105, 2013.

CRAWFORD, J.M.; CLARDY, J. Microbial genome mining answers longstanding

biosynthetic questions. Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA,

Washington, DC, v. 109, p. 7589-7590, 2012.

DARRIBA, D.; TABOADA, G.L.; DOALLO, R.; POSADA, D. jModelTest 2: more models,

new heuristics and parallel computing. Nature Methods, New York, v. 9, p. 772, 2012.

DE FILIPPO, C.; RAMAZZOTTI, M.; FONTANA, P.; CAVALIERI, D. Bioinformatic

approaches for functional annotation and pathway inference in metagenomics data. Briefings

in Bioinformatics, London, v. 13, p. 696-710, 2012.

DE PHILIPPIS, R.; COLICA, G.; MICHELETTI, E. Exopolysaccharide-producing

cyanobacteria in heavy metal removal from water: molecular basis and practical applicability

of the biosorption process. Applied Microbiology and Biotechnology, Berlin, v. 92, p. 697-

708, 2011.

DE RIJK, P.; WUYTS, J.; DE WACHTER, R. RnaViz2: an improved representation of RNA

secondary structure. Bioinformatics, Oxford, v. 19, p. 299-300, 2003.

DEMBITSKY, V.M.; ŘEZANKA, T. Metabolites produced by nitrogen-fixing Nostoc species.

Folia Microbiologica, Praha, v. 50, p. 363-393, 2005.

DESANTIS, T.Z.; HUGENHOLTZ, P.; LARSEN, N.; ROJAS, M.; BRODIE, E.L.;

KELLER, K.; HUBER, T.; DALEVI, D.; HU, P.; ANDERSEN, G.L. Greengenes, a chimera-

checked 16S rRNA gene database and workbench compatible with ARB. Applied and

Environmental Microbiology, Baltimore, v. 72, p. 5069-5072, 2006.

Page 96: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

94

DI RIENZI, S.C.; SHARON, I.; WRIGHTON, K.C.; KOREN, O.; HUG, L.A.; THOMAS,

B.C.; GOODRICH, J.K.; BELL, J.T.; SPECTOR, T.D.; BANFIELD, J.F.; LEY, R.E. The

human gut and groundwater harbor non-photosynthetic bacteria belonging to a new candidate

phylum sibling to Cyanobacteria. eLife, Cambridge, v. 2, p. e01102, 2013.

DITTMANN, E.; NEILAN, B.A.; BÖRNER, T. Molecular biology of the peptide and

polyketide biosynthesis in bacteria. Applied Microbiology and Biotechnology, Berlin, v. 57,

p. 467-473, 2001.

DODDS, W.K.; GUDDER, D.A.; MOLLENHAUER, D. The ecology of Nostoc. Journal of

Phycology, Baltimore, v. 31, p. 2-18, 1995.

DONADIO, S.; MONCIARDINI, P.; SOSIO, M. Polyketide synthases and nonribosomal

peptide synthetases: the emerging view from bacterial genomics. Natural Products Reports,

London, v. 24, p. 1073-1109, 2007.

DONIA, M.S.; SCHMIDT, E.W. Linking chemistry and genetics in the growing cyanobactin

natural products family. Chemistry & Biology, Cambridge, v. 18, p. 508-519, 2011.

DRÖGUE, J.; MCHARDY, A.C. Taxonomic binning of metagenome samples generated by

next-generation sequencing technologies. Briefings in Bioinformatics, London, v. 13, p. 646-

655, 2012.

EDGAR, R.C. MUSCLE: multiple sequence alignment with high accuracy and high

throughput. Nucleic Acids Research, London, v. 32, p. 1792-1797, 2004.

EDGAR, R.C. Search and clustering orders of magnitude faster than BLAST.

Bioinformatics, Oxford, v. 26, p. 2460-2461, 2010.

EDWARDS, R.A.; OLSON, R.; DISZ, T.; PUSCH, G.D.; VONSTEIN, V.; STEVENS, R.;

OVERBEEK, R. Real time metagenomics: usings k-mers to annotate metagenomes.

Bioinformatics, Oxford, v. 28, p. 3316-3317, 2012.

EISEN, J.A.; FRASER, C.M. Phylogenomics: intersection of evolution and genomics.

Science, Washington, DC, v. 300, p. 1706-1707, 2003.

EKMAN, M.; PICOSSI, S.; CAMPBELL, E.L.; MEEKS, J.C.; FLORES, E. A Nostoc

punctiforme sugar transporter necessary to establish a cyanobacterium-plant symbiosis. Plant

Physiology, Rockville, v. 161, p. 1984-1992, 2013.

ENGENE, N.; CHOI, H.; ESQUENAZI, E.; ROTTACKER, E.C.; ELLISMAN, M.H.;

DORRESTEIN, P.C.; GERWICK, W.H. Underestimated biodiversity as a major explanation

for the perceived rich sencondary metabolite capacity of the genus Lyngbya. Environmental

Microbiology, Oxford, v. 13, p. 1601-1610, 2011.

EWING, B.; GREEN, P. Base-calling of automated sequencer traces using Phred: II. Error

probabilities. Genome Research, Woodbury, v. 8, p. 186-194, 1998.

Page 97: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

95

EWING, B.; HILLIER, L.; WENDL, M.C.; GREEN, P. Base-calling of automated sequencer

traces using Phred: I. Accuracy assessment. Genome Research, Woodbury, v. 8, p. 175-185,

1998.

FAUST, K.; RAES, J. Microbial interactions: from networks to models. Nature Reviews

Microbiology, London, v. 10, p. 538-550, 2012.

FELSENSTEIN, J. Evolutionary trees from DNA sequences: a maximum likelihood

approach. Journal of Molecular Evolution, New York, v. 17, p. 368-376, 1981.

FIORE, M.F.; NEILAN, B.A.; COPP, J.N.; RODRIGUES, J.L.M.; TSAI, S.M.; LEE, H.;

TREVORS, J.T. Characterization of nitrogen-fixing cyanobacteria in the Brazilian Amazon

floodplain. Water Research, Oxford, v. 39, p. 5017-5026, 2005.

GATTE-PICCHI, D.; WEIZ, A.; ISHIDA, K.; HERTWECK, C.; DITTMANN, E. Functional

analysis of environmental DNA-derived microviridins provides new insights into the diversity

of the tricyclic peptide family. Applied and Environmental Microbiology, Baltimore, v. 80,

p. 1380-1387, 2014.

GEHRINGER, M.M.; ADLER, L.; ROBERTS, A.A.; MOFFITT, M.C.; MIHALI, T.K.;

MILLS, T.J.T.; FIEKER, C.; NEILAN, B.A. Nodularin, a cyanobacterial toxin, is synthesized

in planta by symbiotic Nostoc sp. The ISME Journal, Oxon, v. 6, p. 1834-1847, 2012.

GENUÁRIO, D.B.; VAZ, M.G.M.V.; HENTSCHKE, G.S.; SANT’ANNA, C.L.; FIORE, M.F.

Halotia gen. nov., a phylogenetically and physiologically coherent cyanobacterial genus

isolated from marine coastal environments. International Journal of Systematic and

Evolutionary Microbiology, Reading, v. 65, p. 663-675, 2015.

GIESBERGER, G. Some observations on the culture, physiology and morphology of some

brown-red Rhodospirillum-species. Antonie van Leeuwenhoek, Wageningen, v. 13, p. 135-

148, 1947.

GORDON, D.; ABAJIAN, C.; GREEN, P. Consed: a graphical tool for sequence finishing.

Genome Research, Woodbury, v. 8, p. 195-202, 1998.

GRAHAM, L.E.; KNACK, J.J.; PIOTROWSKI, M.J.; WILCOX, L.W.; COOK, M.E.;

WELLMAN, C.H.; TAYLOR, W.; LEWIS, L.A.; ARANCIBIA-AVILA, P. Lacustrine Nostoc

(Nostocales) and associated microbiome generate a new type of modern clotted microbialite.

Journal of Phycology, Baltimore, v. 50, p. 280-291, 2014.

GRIESE, M.; LANGE, C.; SOPPA, J. Ploidy in cyanobacteria. FEMS Microbiology Letters,

Amsterdam, v. 323, p. 124-131, 2011.

GROSSMAN, J.M.; O'NEIL, B.E.; TSAI, S.M.; LIANG, B.; NEVES, E.; LEHMANN, J.;

THIES, J.E. Amazonian anthrosols support similar microbial communities that differ

distinctly from those extant in adjacent, unmodified soils of the same mineralogy. Microbial

Ecology, New York, v. 60, p. 192-205, 2010.

Page 98: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

96

GUGGER, M.F.; HOFFMANN, L. Polyphyly of true branching cyanobacteria

(Stigonematales). International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology,

Reading, v. 54, p. 349-357, 2004.

GUINDON, S.; GASCUEL, O. A simple, fast and accurate method to estimate large

phylogenies by maximum-likelihood. Systematic Biology, Austin, v. 52, p. 696-704, 2003.

GUPTA, R.S. Protein signatures (molecular synapomorphies) that are distinctive

characteristics of the major cyanobacterial clades. International Journal of Systematic and

Evolutionary Microbiology, Reading, v. 59, p. 2510-2526, 2009.

GUPTA, R.S.; MATHEWS, D.W. Signature proteins for the major clades of Cyanobacteria.

BMC Evolutionary Biology, London, v. 10, p. 24, 2010.

GUREVICH, A.; SAVELIEV, V.; VYAHHI, N.; TESLER, G. QUAST: quality assessment tool

for genome assemblies. Bioinformatics, Oxford, v. 29, p. 1072-1075, 2013.

GUSEV, M.V.; BAULINA, O.I.; GORELOVA, O.A.; LOBAKOVA, E.S.;

KORZHENEVSKAYA, T.G. Artificial cyanobacterium-plant symbioses. In: RAI, A.N.;

BERGMAN, B.; RASMUSSEN, U. (Ed.). Cyanobacteria in symbiosis. Dordrecht: Kluwer

Academic, 2003. p. 253-312.

HAREL, A.; KARKAR, S.; CHENG, S.; FALKOWSKI, P.G.; BHATTACHARYA, D.

Deciphering primordial cyanobacterial genome functions from protein network analysis.

Current Biology, London, v. 25, p. 628-634, 2015.

HASEGAWA, M.; KISHINO, K.; YANO, T. dating the human-ape splitting by a molecular

clock of mitochondrial DNA. Journal of Molecular Evolution, New York, v. 22, p. 160-174,

1985.

HENSON, B.J.; WATSON, L.E.; BARNUM, S.R. Molecular differentiation of the

heterocystous cyanobacteria, Nostoc and Anabaena, based on complete nifD sequences.

Current Microbiology, New York, v. 45, p. 161-164, 2002.

HOFFMANN, L.; KOMÁREK, J.; KAŠTOVSKÝ, J. System of cyanoprokaryotes

(Cyanobacteria): state in 2004. Algological Studies, Stuttgart, v. 117, p. 95-115, 2005.

HOLLAND, A.; KINNEAR, S. Interpreting the possible ecological role(s) of cyanotoxins:

compounds for competitive advantage and/or physiological aide? Marine Drugs, Basel, v. 11,

p. 2239-2258, 2013.

HOPKINSON, B.M.; MOREL, F.M.M. The role of siderophores in iron acquisition by

photosynthetic marine microorganisms. Biometals, Tucson, v. 22, p. 659-669, 2009.

HROUZEK, P.; LUKEŠOVÁ, A.; MAREŠ, J; VENTURA, S. Description of the

cyanobacterial genus Desmonostoc gen. nov. including D. muscorum comb. nov. as a distinct,

phylogenetically coherent taxon related to the genus Nostoc. Fottea, Olomouc, v. 13, p. 201-

213, 2013.

Page 99: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

97

HUANG, J.; VAN ALLER, G.S.; TAYLOR, A.N.; KERRIGAN, J.J.; LIU, W.S.; TRULLI,

J.M.; LAI, Z.; HOLMES, D.; AUBART, K.M.; BROWN, J.R.; ZALACAIN, M.

Phylogenomic and biochemical characterization of three Legionella pneumophila polypeptide

deformylases. Journal of Bacteriology, Baltimore, v. 188, p. 5249-57, 2006.

HUDDLESTON, J.; RANADE, S.; MALIG, M.; ANTONACCI, F.; CHAISSON, M.; HON,

L.; SUDMANT, P.H.; GRAVES, T.A.; ALKAN, C.; DENNIS, M.Y.; WILSON, R.K.;

TURNER, S.W.; KORLACH, J.; EICHLER, E.E. Reconstructing complex regions of

genomes using long-read sequencing technology. Genome Research, Woodbury, v. 24, p.

688-696, 2014.

HÜGLER, M.; HUBER, H.; STETTER, K.O.; FUCHS, G. Autotrophic CO2 fixation

pathways in archaea (Crenarchaeota). Archives of Microbiology, Heidelberg, v. 179, p. 160-

173, 2003.

HUMBERT, J.F.; BARBE, V.; LATIFI, A.; GUGGER, M.; CALTEAU, A.; COURSIN, T.;

LAJUS, A.; CASTELLI, V.; OZTAS, S.; SAMSON, G.; LONGIN, C.; MEDIGUE, C.;

TANDEAU DE MARSAC, N. A tribute to the disorder in the genome of the bloom-forming

freshwater cyanobacterium Microcystis aeruginosa. PLOS One, San Francisco, v. 8, p.

e70747, 2013.

HUNTER, S.; CORBETT, M.; DENISE, H.; FRASER, M.; GONZALEZ-BELTRAN, A.;

HUNTER, C.; JONES, P.; LEINONEN, R.; MCANULLA, C.; MAGUIRE, E.; MASLEN, J.;

MITCHELL, A.; NUKA, G.; OISEL, A.; PESSEAT, S.; RADHAKRISHNAN, R.; ROCCA-

SERRA, P.; SCHEREMETJEW, M.; STERK, P.; VAUGHAN, D.; COCHRANE, G.; FIELD,

D.; SANSONE, S.A. EBI metagenomics – a new resource for the analysis and archiving of

metagenomic data. Nucleic Acids Research, London, v. 42, p. D600-D606, 2013.

HUSSAIN, A.; SHAH, S.T.; RAHMAN, H.; IRSHAD, M.; IQBAL, A. Effect of IAA on in

vitro growth and colonization of Nostoc in plant roots. Frontiers in Plant Science, Lausanne,

v. 6, p. 46, 2015.

IDI, A.; NOR, M.H.M.; WAHAB, M.F.A.; IBRAHIM, Z. Photosynthetic bacteria: an

eco-friendly and cheap tool for bioremediation. Reviews in Environmental Science and

Bio/Technology, Dordrecht, v. 14, p. 271-285, 2015.

IMELFORT, M.; PARKS, D.; WOODCROFT, B.J.; DENNIS, P.; HUGENHOLTZ, P.;

TYSON, G.W. GroopM: an automated tool for the recovery of population genomes from

related metagenomes. PeerJ, London, v. 2, p. e603, 2014.

IMHOFF, J.F. The phototrophic Alpha-Proteobacteria. In: DWORKIN, M.; FALKOW, S.;

ROSENBERG, E.; SCHLEIFER, K.H.; STACKEBRANDT, E. (Ed.). The prokaryotes 5.

3. ed. New York: Springer, 2006. p. 41-64.

INTHASOTTI, T.; PATHOM-AREE, W. Diversity of actinobacteria associated with Nostoc

commune Vaucher ex Bornet & Flahault macrocolonies. Annals of Microbiology, Milano,

2015. Disponível em: <http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs13213-015-1063-8>.

Acesso em: 27 ago. 2015.

Page 100: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

98

ISHITSUKA, M.O.; KUSUMI, T.; KAKISAWA, H.; KAYA, K.; WATANABE, M.M.

Microviridin: a novel tricyclic depsipeptide from the toxic cyanobacterium Microcystis

viridis. Journal of the American Chemical Society, Washington, DC, v. 112, p. 8180-8182,

1990.

ITEMAN, I.; RIPPKA, R.; TANDEAU DE MARSAC, N.; HERDMAN, M. Comparison of

conserved structural and regulatory domains within divergent 16S rRNA-23S rRNA spacer

sequences of Cyanobacteria. Microbiology, Reading, v. 146, p. 1275-1286, 2000.

JASPARS, M. The origin of cyanobactin chemistry and biology. Chemical Communications,

Cambridge, v. 50, p. 10174-10176, 2014.

JIANG, L.J.; YANG, L.Y.; XIAO, L.; SHI, X.L.; GAO, G.; QIN, B. Quantitative studies on

phosphorus transference occuring between Microcystis aeruginosa and its attached bacterium

(Pseudomonas sp.). Hydrobiologia, Dordrecht, v. 581, p. 161-165, 2007.

JOHANSEN, J.R.; KOVACIK, L.; CASAMATTA, D.A.; FUČÍKOVÁ, K.; KAŠTOVSKÝ, J.

Utility of 16S-23S ITS sequence and secondary structure for recognition of intrageneric and

intergeneric limits within cyanobacterial taxa: Leptolyngbya corticola sp. nov.

(Pseudanabaenaceae, Cyanobacteria). Nova Hedwigia, Weinheim, v. 93, p. 283-302, 2011.

KAASALAINEN, U.; FEWER, D.P.; JOKELA, J.; WAHLSTEN, M.; SIVONEN, K.;

RIKKINEN, J. Lichen species identity and diversity of cyanobacterial toxins in symbiosis.

New Phytologist, London, v. 198, p. 647-651, 2013a.

KAASALAINEN, U.; FEWER, D.P.; JOKELA, J.; WAHLSTEN, M.; SIVONEN, K.;

RIKKINEN, J. Cyanobacteria produce a high variety of hepatotoxic peptides in lichen

symbiosis. Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA, Washington, DC,

v. 109, p. 5886-5891, 2013b.

KAEBERNICK, M.; NEILAN, B.A. Ecological and molecular investigations of cyanotoxin

production. FEMS Microbiology Ecology, Amsterdam, v. 35, p. 1-9, 2001.

KANEKO, T.; SATO, S.; KOTANI, H.; TANAKA, A.; ASAMIZU, E.; NAKAMURA, Y.;

MIYAJIMA, N.; HIROSAWA, M.; SUGIURA, M.; SASAMOTO, S.; KIMURA, T.;

HOSOUCHI, T.; MATSUNO, A.; MURAKI, A.; NAKASAKI, N.; NARUO, K.;

OKUMURA, S.; SHIMPO, S.; TAKEUCHI, C.; WADA, T.; WATANABE, A.; YAMADA,

M.; YASUDA, M.; TABATA, S. Sequence analysis of the genome of the unicellular

cyanobacterium Synechocystis sp. strain PCC6803. II. Sequence determination of the entire

genome and assignment of potential protein-coding regions. DNA Research, Oxford, v. 3, p.

109-136, 1996.

KANEKO, T.; NAKAMURA, Y.; WOLK, C.P.; KURITZ, T.; SASAMOTO, S.; WATANABE,

A.; IRIGUCHI, M.; ISHIKAWA, A.; KAWASHIMA, K.; KIMURA, T.; KISHIDA, Y.;

KOHARA, M.; MATSUMOTO, M.; MATSUNO, A.; MURAKI, A.; NAKAZAKI, N.;

SHIMPO, S.; SUGIMOTO, M.; TAKAZAWA, M.; YAMADA, M.; YASUDA, M.;

TABATA, S. Complete genomic sequence of the filamentous nitrogen-fixing cyanobacterium

Anabaena sp. strain PCC 7120. DNA Research, Oxford, v. 8, p. 205-213, 2001.

Page 101: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

99

KANG, D.D.; FROULA, J.; EGAN, R.; WANG, Z. A robust statistical framework for

reconstructing genomes from metagenomic data. Cold Spring Harbor: bioRxiv, 2014.

Disponível em: http://biorxiv.org/content/biorxiv/early/2014/11/15/011460.full.pdf. Acesso

em: 27 ago. 2015.

KAPLAN, D. Absorption and adsorption of heavy metals by microalgae. In: RICHMOND,

A.; HU, Q. (Ed.). Handbook of microalgal culture: applied phycology and biotechnology.

2. ed. New York: Wiley-Blackwell, 2013. p. 602-611.

KAPPLER, U.; DAVENPORT, K.; BEATSON, S.; LUCAS, S.; LAPIDUS, A.; COPELAND,

A.; BERRY, K.W.; GLAVINA DEL RIO, T.; HAMMON, N.; DALIN, E.; TICE, H.;

PITLUCK, S.; RICHARDSON, P.; BRUCE, D.; GOODWIN, L.A.; HAN, C.; TAPIA, R.;

DETTER, J.C.; CHANG, Y.J.; JEFFRIES, C.D.; LAND, M.; HAUSER, L.; KYRPIDES,

N.C.; GOKER, M.; IVANOVA, N.; KLENK, H.P.; WOYKE, T. Complete genome sequence

of the facultatively chemolithoautotrophic and methylotrophic alpha Proteobacterium

Starkeya novella type strain (ATCC 8093(T)). Standards in Genomic Sciences, East

Lansing, v. 7, p. 44-58, 2012.

KAŠTOVSKÝ, J.; BERRENDERO GOMÉZ, E.; HLADIL, J.; JOHANSEN, J.R.

Cyanocohniella calida gen. et sp. nov. (Cyanobacteria: Aphanizomenonaceae) a new

cyanobacterium from the thermal springs from Karlovy Vary, Czech Republic. Phytotaxa,

Auckland, v. 181, p. 279–292, 2014.

KAUFF, F.; BÜDEL, B. Phylogeny of cyanobacteria: an overview. Progress in Botany,

Berlin, v. 72, p. 209-224, 2011.

KEHR, J.C.; PICCHI, D.G.; DITTMANN, E. Natural product biosyntheses in cyanobacteria:

a treasure trove of unique enzymes. Beilstein Journal of Organic Chemistry, Frankfurt, v. 7,

p. 1622-1635, 2011.

KLEIGREWE, K.; ALMALITI, J.; TIAN, I.Y.; KINNEL, R.B.; KOROBEYNIKOV, A.;

MONROE, E.A.; DUGGAN, B.M.; DI MARZO, V.; SHERMAN, D.H.; DORRESTEIN,

P.C.; GERWICK, L.; GERWICK, W.H. Combining mass spectrometric metabolic profiling

with genomic analysis: a powerful approach for discovering natural products from

cyanobacteria. Journal of Natural Products, Cincinnati, v. 78, p. 1671-1682, 2015.

KELLMANN, R.; MIHALI, T.K.; JEON, Y.J.; PICKFORD, R.; POMATI, F.; NEILAN, B.A.

Biosynthetic intermediate analysis and functional homology reveal a saxitoxin gene cluster in

cyanobacteria. Applied and Environmental Microbiology, Baltimore, v. 74, p. 4044-4053,

2008.

KERN, D.; KÄMPF, N.; WOODS, W.I.; DENEVAN, W.M.; COSTA, M.L.; FRAZÃO, F.J.L.;

SOMBROEK, W. Evolução do conhecimento em terra preta de índio. In: TEIXEIRA, W.G.;

KERN, D.C.; MADARI, B.E.; LIMA, H.N.; WOODS, W. (Ed.). As terras pretas de índio

da Amazônia. Manaus: Embrapa Amazônia Oriental, 2009. p. 72-81.

Page 102: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

100

KIDWELL, M.G.; LISCH, D.R. Perspective: transposable elements, parasitic DNA and

genome evolution. Evolution, Lancaster, v. 55, p. 1-24, 2001.

KNERR, P.J.; DONK, W.A. Discovery, biosynthesis and engineering of lantipeptides. Annual

Review of Biochemistry, Palo Alto, v. 81, p. 479-505, 2012.

KOMÁREK, J. Modern taxonomic revision of planktic nostocacean cyanobacteria: a short

review of genera. Hydrobiologia, Dordrecht, v. 639, p. 231-243, 2010a.

KOMÁREK, J. Recent changes (2008) in cyanobacteria taxonomy based on a combination of

molecular background with phenotype and ecological consequences (genus and species

concept). Hydrobiologia, Dordrecht, v. 639, p. 245-259, 2010b.

KOMÁREK, J. Cyanoprokaryota - 3. Teil/ Part 3: Heterocytous genera. In: BÜDEL, B.;

GÄRTNER, G.; KRIENITZ, L.; SCHAGERL, M. (Ed.). Süsswasserflora von Mitteleuropa

19/3. Heidelberg: Springer/Spektrum, 2013.

KOMÁREK, J.; ANAGNOSTIDIS, K. Modern approach to the classification system of

Cyanophytes 4 – Nostocales. Algological Studies, Stuttgart, v. 56, p. 247-345, 1989.

KOMÁREK, J.; HAUER, T. CyanoDB.cz - On-line database of cyanobacterial genera. -

Word-wide electronic publication. České Budějovice, Czech Republic: University of South

Bohemia; Institute of Botany, 2013. Disponível em: http://www.cyanodb.cz. Acesso em: 27

ago. 2015.

KOMÁREK, J.; KAŠTOVSKÝ, J.; MAREŠ, J.; JOHANSEN, J.R. Taxonomic classification

of cyanoprokaryotes (cyanobacterial genera) 2014, using a polyphasic approach. Preslia,

Praha, v. 86, p. 295-335, 2014.

KOPF, M.; KLÄHN, S.; VOSS, B.; STÜBER, K.; HUETTEL, B.; REINHARDT, R.; HESS,

W.R. Finished genome sequence of the unicellular cyanobacterium Synechocystis sp. strain

PCC 6714. Genome Announcements, Washington, DC, v. 2, p. e00757-14.

KOPYLOVA, E.; NOÉ, L.; TOUZET, H. SortMeRNA: fast and accurate filtering of

ribosomal RNAs in metatranscriptomic data. Bioinformatics, Oxford, v. 28, p. 3211-3217,

2012.

KOREIVIENĖ, J.; ANNE, O.; KASPEROVIČIENĖ, J.; BURŠKYTĖ, V. Cyanotoxin

management and human health risk mitigation in recreational waters. Environmental

Monitoring and Assessment, Dordrecht, v. 186, p. 4443-4459, 2014.

KORELUSOVÁ, J. Phylogeny of heterocytous cyanobacteria (Nostocales and

Stigonematales). 2008. 33 f. Dissertation (M.Sc. in Botany) - Faculty of Science, University

of South Bohemia, České Budějovice, 2008.

KOREN, S.; PHILLIPPY, A.M. One chromosome, one contig: complete microbial genomes

from long-read sequencing and assembly. Current Opinion in Microbiology, Kidlington, v.

23, p. 110-120, 2015.

Page 103: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

101

KRAUSE, A.; RAMAKUMAR, A.; BARTELS, D.; BATTISTONI, F.; BEKEL, T.; BOCH, J.;

BÖHM, M.; FRIEDRICH, F.; HUREK, T.; KRAUSE, L.; LINKE, B.; MCHARDY, A.C.;

SARKAR, A.; SCHNEIKER, S.; SYED, A.A.; THAUER, R.; VORHÖLTER, F.J.;

PÜHLER, A.; REINHOLD-HUREK, B.; KAISER, O.; GOESMANN, A. Complete genome

of the mutualistic, N2-fixing grass endophyte Azoarcus sp. strain BH72. Nature

Biotechnology, New York, v. 24, p. 1385-1391, 2006.

KRISTENSEN, D.M.; KANNAN, L.; COLEMAN, M.K.; WOLF, Y.; SOROKIN, A.;

KOONIN, E.V.; MUSHEGIAN, A. A low-polynomial algorithm for assembling clusters of

orthologous groups from intergenomic symmetric best matches. Bioinformatics, Oxford, v.

26, p. 1481-1487, 2010.

KUMAR, M.; SINGH, D.P.; PRABHA, R.; SHARMA, A.K. Role of cyanobacteria in nutrient

cycle and use efficiency in the soil. In: RAKSHIT, A.; SINGH, H.B.; SEN, A. (Ed.). Nutrient

use efficiency: from basics to advances. New Delhi: Springer, 2015. p. 163-171.

KURMAYER, R. The toxic cyanobacterium Nostoc sp. strain 152 produces highest amounts

of microcystin and nostophycin under stress conditions. Journal of Phycology, Baltimore, v.

47. p. 200-207, 2011.

LAGE, O.M.; BONDOSO, J. Planctomycetes and macroalgae, a striking association.

Frontiers in Microbiology, Lausanne, v. 5, p. 267, 2014.

LAND, M.; HAUSER, L.; JUN, S.R.; NOOKAEW, I.; LEUZE, M.R.; AHN, T.H.;

KARPINETS, T.; LUND, O.; KORA, G.; WASSENAAR, T.; POUDEL, S.; USSERY, D.W.

Insights from 20 years of bacterial genome sequencing. Functional and Integrative

Genomics, Heidelberg, v. 15, p. 141-161, 2015.

LANE, D.J. 16S/23S rRNA sequencing. In: STACKEBRANDT, E.; GOODFELLOW, M.

(Ed.). Nucleic acid techniques in bacterial systematics. Chichester: John Wiley & Sons,

1991. p. 115-175.

LARIMER, F.W.; CHAIN, P.; HAUSER, L.; LAMERDIN, J.; MALFATTI, S.; DO, L.; LAN,

M.L.; PELLETIER, D.A.; BEATTY, J.T.; LANG, A.S.; TABITA, F.R.; GIBSON, J.L.;

HANSON, T.E.; BOBST, C.; TORRES Y TORRES, J.L.; PERES, C.; HARRISON, F.H.;

GIBSON, J.; HARWOOD, C.S. Complete genome sequence of the metabolically versatile

photosynthetic bacterium Rhodopseudomonas palustris. Nature Biotechnology, New York, v.

22, p. 55-61, 2004.

LEÃO, P.N.; ENGENE, N.; ANTUNES, A.; GERWICK, W.H.; VASCONCELOS, V. The

chemical ecology of cyanobacteria. Natural Product Reports, Cambridge, v. 29, p. 372-391,

2012a.

LEÃO, P.N.; RAMOS, V.; VALE, M.; MACHADO, J.P.; VASCONCELOS, V.M. Microbial

community changes elicited by exposure to cyanobacterial allelochemicals. Microbial

Ecology, New York, v. 63, p. 85-95, 2012b.

Page 104: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

102

LEIKOSKI, N.; LIU, L.; JOKELA, J.; WAHLSTEN, M.; GUGGER, M.; CALTEAU, A.;

PERMI, P.; KERFELD, C.A.; SIVONEN, K.; FEWER, D.P. Genome mining expands the

chemical diversity of the cyanobactin family to include highly modified linear peptides.

Chemistry & Biology, Cambridge, v. 20, p. 1033-1043, 2013.

LI, B.; SHER, D.; KELLY, L.; SHI, Y.; HUANG, K.; KNERR, P.J.; JOEWONO, I.; RUSCH,

D.; CHISHOLM, S.W.; DONK, W.A. Catalytic promiscuity in the biosynthesis of cyclic

peptide secondary metabolites in planktonic marine cyanobacteria. Proceedings of the

National Academy of Sciences of the USA, Washington, DC, v. 107, p. 10430-10435, 2010.

LI, L.; STOECKERT JR, C.J.; ROOS, D.S. OrthoMCL: identification of ortholog groups for

eukaryotic genomes. Genome Research, Woodbury, v. 13, p. 2178-2189, 2003.

LI, N.; ZHANG, L.; LI, F.; WANG, Y.; ZHU, Y.; KANG, H.; WANG, S.; QIN, S. Metagenome

of microorganisms associated with the toxic cyanobacteria Microcystis aeruginosa analyzed

using the 454 sequencing platform. Chinese Journal of Oceanology and Limnology,

Beijing, v. 29, p. 505-513, 2011.

LIAIMER, A.; HELFRICH, E.J.N.; HINRICHS, K.; GULJAMOW, A.; ISHIDA, K.;

HERTWECK, C.; DITTMANN, E. Nostopeptolide plays a governing role during cellular

differentiation of the symbiotic cyanobacterium Nostoc punctiforme. Proceedings of the

National Academy of Sciences of the USA, Washington, DC, v. 112, p. 1862-1867, 2015.

LIMA, A.R.J.; SIQUEIRA, A.S.; SANTOS, B.G.S.; SILVA, F.D.F.; INADA, D.T.; LIMA,

C.P.; CARDOSO, J.F.; VIANEZ-JÚNIOR, J.L.S.G.; NUNES, M.R.T.; GONÇALVES, E.C.

Draft genome sequence of Blastomonas sp. strain CACIA 14H2, a heterotrophic bacterium

associated with cyanobacteria. Genome Announcements, Washington, DC, v. 2, p. e01200-

13, 2014a.

LIMA, A.R.J.; SIQUEIRA, A.S.; SANTOS, B.G.S.; SILVA, F.D.F.; INADA, D.T.; LIMA,

C.P.; CARDOSO, J.F.; VIANEZ-JÚNIOR, J.L.S.G.; NUNES, M.R.T.; GONÇALVES, E.C.

Draft genome sequence of Rhodobacter sp. strain CACIA 14H1, a heterotrophic bacterium

obtained from a nonaxenic culture of a Cyanobium species. Genome Announcements,

Washington, DC, v. 2, p. e01116-13, 2014b.

LIMA, A.R.J.; SIQUEIRA, A.S.; SANTOS, B.G.S.; SILVA, F.D.F.; LIMA, C.P.; CARDOSO,

J.F.; VIANEZ-JÚNIOR, J.L.S.G.; DALL’AGNOL, L.T.; MCCULLOCH, J.A.; NUNES,

M.R.T.; GONÇALVES, E.C. Draft genome sequence of the Brazilian Cyanobium sp. strain

CACIAM 14. Genome Announcements, Washington, DC, v. 2, p. e00669-14, 2014c.

LIN, S.; HASS, S.; ZEMOJTEK, T.; XIAO, P.; VINGRON, M.; LI, R. Genome-wide

comparison of cyanobacterial transposable elements, potential genetic diversity indicators.

Gene, Amsterdam, v. 473, p. 139-149, 2011.

LÓPEZ-LOSANO, A.; DIEZ, J.; EL ALAOUI, S.; MORENO-VIVIÁN, C.; GARCÍA-

FERNANDEZ, J.M. Nitrate is reduced by heterotrophic bacteria but not transferred to

Prochlorococcus in non-axenic cultures. FEMS Microbiology Ecology, Amsterdam, v. 41, p.

151-160, 2002.

Page 105: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

103

LUO, C.; TSEMENTZI, D.; KYRPIDES, N.C.; KONSTANTINIDIS, K.T. Individual genome

assembly from complex community short-read metagenomic datasets. The ISME Journal,

Oxon, v. 6, p. 898-901, 2011.

MAKSIMOV, M.O.; LINK, A.J. Prospecting genomes for lasso peptides. Journal of

Industrial Microbiology and Biotechnology, Heidelberg, v. 41, p. 333-344, 2014.

MAKSIMOV, M.O.; PELCZER, I.; LINK, A.J. Precursor-centric genome-mining approach

for lasso peptide discovery. Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA,

Washington, DC, v. 109, p. 15223-15228, 2012.

MANDE, S.S.; MOHAMMED, M.H.; GHOSH, T.S. Classification of metagenomic

sequences: methods and challenges. Briefings in Bioinformatics, London, v. 13, p. 669-681,

2012.

MARDIS, E.R. Next-generation sequencing platforms. Annual Review of Analytical

Chemistry, Palo Alto, v. 6, p. 287-303, 2013.

MASSON-BOIVI, C.; GIRAUD, E.; PERRET, X.; BATUT, J. Establishing nitrogen-fixing

symbiosis with legumes: how many rhizobium recipes? Trends in Microbiology, Cambridge,

v. 17, p. 458-466, 2009.

MATEO, P.; PERONA, E.; BERRENDERO, E.; LEGANÉS, F.; MARTÍN, M.; GOLUBIĆ, S.

Life cycle as a stable trait in the evaluation of diversity of Nostoc from biofilms in rivers.

FEMS Microbiology Ecology, Amsterdam, v. 76, p. 185-298, 2011.

MAU, B.; NEWTON, M.; LARGET, B. Bayesian phylogenetic inference via Markov chain

Monte Carlo methods. Biometrics, Malden, v. 55, p. 1-12, 1999.

MCCOY, R.C.; TAYLOR, R.W.; BLAUWKAMP, T.A.; KELLEY, J.L.; KERTESZ, M.;

PUSHKAREV, D.; PETROV, D.A.; FISTON-LAVIER, A.S. Illumina TruSeq synthetic

long-reads empower de novo assembly and resolve complex, highly-repetitive transposable

elements. PLoS One, San Francisco, v. 9, p. e106689, 2014.

MCHARDY, A.C.; RIGOUTSOS, I. What's in the mix: phylogenetic classification of

metagenome sequence samples. Current Opinion in Microbiology, Kidlington, v. 10, p.

499-503, 2010.

MEDEMA, M.H.; BLIN, K.; CIMERMANCIC, P.; JAGER, V.; ZAKRZEWSKI, P.;

FISCHBACH, M.A.; WEBER, T.; TAKANO, E.; BREITLING, R. antiSMASH: rapid

identification, annotation and analysis of secondary metabolite biosynthesis gene clusters in

bacterial and fungal genome sequences. Nucleic Acids Research, London, v. 39, p. W339-

W346, 2011.

MEDINI, D.; DONATI, C.; TETTELIN, H.; MASIGNANI, V.; RAPPUOLI, R. The microbial

pan-genome. Current Opinion in Genetics & Development, London, v. 15, p. 589-594,

2005.

Page 106: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

104

MEEKS, J.C.; ELHAI, J.; THIEL, T.; POTTS, M.; LARIMER, F.; LAMERDIN, J.;

PREDKI, P.; ATLAS, R. An overview of the genome of Nostoc punctiforme, a multicellular,

symbiotic cyanobacterium. Photosynthesis Research, Dordrecht, v. 70, p. 85-106, 2001.

MESSING, J. New M13 vectors for cloning. Methods in Enzymology, New York, v. 101, p.

20-78, 1983.

MEYER, F.; PAARMANN, D.; D’SOUZA, M.; OLSON, R.; GLASS, E.M.; KUBAL, M.;

PACZIAN, T.; RODRIGUEZ, A.; STEVENS, R.; WILKE, A.; WILKENING, J.; EDWARDS,

R.A. The metagenomics RAST server – a public resource for the automatic phylogenetic and

functional analysis of metagenomes. BMC Bioinformatics, London, v. 9, p. 386, 2008.

MICALLEF, M.L.; D’AGOSTINO, P.M.; AL-SINAWI, B.; NEILAN, B.A.; MOFFITT, M.C.

Exploring cyanobacterial genomes for natural product biosynthesis pathways. Marine

Genomics, Amsterdam, v. 21, p.1-12, 2015.

MIHALI, T.K.; CARMICHAEL, W.W.; NEILAN, B.A. A putative gene cluster from a

Lyngbya wollei bloom that encodes paralytic shellfish toxin biosynthesis. PLoS One, San

Francisco, v. 6, 1-9, 2011.

MILLER, C.S.; BAKER, B.J.; THOMAS, B.C.; SINGER, S.W.; BANFIELD, J.F. EMIRGE:

reconstruction of full-length ribosomal genes from microbial community short read

sequencing data. Genome Biology, London, v. 12, p. R44, 2011.

MISHRA, S.; BHARGAVA, P.; ADHIKARY, S.P.; PRADEEP, A.; RAI, L.C. Wighted

morphology: a new approach towards phylogenetic assessment of Nostocales

(Cyanobacteria). Protoplasma, Lipzig, v. 252, p. 145-163, 2015.

MOMPER, L.M.; REESE, B.K.; CARVALHO, G.; LEE, P.; WEBB, E.A. A novel

cohabitation between two diazotrophic cyanobacteria in the oligotrophic ocean. The ISME

Journal, Oxon, v. 9, p. 882-893, 2015.

MORRIS, J.J.; KIRKEGAARD, R.; SZUL, M.J.; JOHNSON, Z.I.; ZINSER, E.R. Facitiation

of robust growth of Prochlorococcus colonies and dilute liquid cultures by “helper”

heterotrophic bacteria. Applied and Environmental Microbiology, Baltimore, v. 74, p.

4530-4534, 2008.

MOULIN, L.; MUNIVE, A.; DREYFUS, B.; BOIVIN-MASSON, C. Nodulation of legumes

by members of the β-subclass of Proteobacteria. Nature, London, v. 411, p. 948-950, 2001.

MOUSTAFA, A.; LORAM, J.E.; HACKETT, J.D.; ANDERSON, D.M.; PLUMLEY, F.G.;

BHATTACHARYA, D. Origin of saxitoxin genes in Cyanobacteria. PLoS ONE, San

Francisco, v. 4, p. 1-10, 2009.

MULKIDJANIAN, A.Y.; KOONIN, E.V.; MAKAROVA, K.S.; MEKHEDOV, S.L.;

SOROKIN, A.; WOLF, Y.I.; DUFRESNE, A.; PARTENSKY, F.; BURD, H.; KAZNADZEY,

D.; HASELKORN, R.; GALPERIN, M.Y. The cyanobacterial genome core and the origin of

photosynthesis. Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA, Washington,

DC, v. 103, p. 13126-13131, 2006.

Page 107: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

105

MURAKAMI, M.; SUN, Q.; ISHIDA, K.; MATSUDA, H.; OKINO, T.; YAMAGUCHI, K.

Microviridins, elastase inhibitors from the cyanobacterium Nostoc minutum. Phytochemistry,

Oxford, v. 45, p. 1197-1202, 1997.

NABOUT, J.C.; ROCHA, B.S.; CARNEIRO, F.M.; SANT’ANNA, C.L. How many species

of cyanobacteria are there? Using a discovery curve to predict the species number.

Biodiversity and Conservation, London, v. 22, p. 2907-2918, 2013.

NAGARKAR, S.; WILLIAMS, G.A.; SUBRAMANIAN, G.; SAHA, S.K.

Cyanobacteria-dominated biofilms: a high quality food resource for intertidal grazers.

Hydrobiologia, Dordrecht, v. 512, p. 89-95, 2004.

NEILAN, B.A.; JACOBS, D.; DEL DOT, T.; BLACKALL, L.L.; HAWKINS, P.R.;

COX, P.T.; GOODMAN, A.E. rRNA sequences and evolutionary relationships among toxic

and nontoxic cyanobacteria of the genus Microcystis. International Journal of Systematic

Bacteriology, Washington, DC, v. 47, p. 693-697, 1997.

NIELSEN, H.B.; ALMEIDA, M.; JUNCKER, A.S.; RASMUSSEN, S.; LI, J.; SUNAGAWA,

S.; PLICHTA, D.R.; GAUTIER, L.; PEDERSEN, A.G.; LE CHATELLIER, E.; PELLETIER,

E.; BONDE, I.; NIELSEN, T.; MANICHANH, C.; ARUMUGAN, M.; BATTO, J.M.;

SANTOS, M.B.Q.; BLOM, N.; BORRUEL, N.; BURGDORF, K.S.; BOUMEZBEUR, F.;

CASELLAS, F.; DORÉ, J.; DWORZYNSKI, P.; GUARNER, F.; HANSEN, T.;

HILDEBRAND, F.; KAAS, R.S.; KENNEDY, S.; KRISTIANSEN, K.; KULTIMA, J.R.;

LÉONARD, P.; LEVENEZ, F.; LUND, O.; MOUMEN, B.; LE PASLIER, D.; PONS, N.;

PEDERSEN, O.; PRIFTI, E.; QIN, J.; RAES, J.; SØRENSEN, S.; TAP, J.; TIMS, S.;

USSERY, D.W.; YAMADA, T.; METAHIT CONSORTIUM, RENAULT, P.; SICHERITZ-

PONTEN, T.; BORK, P.; WANG, J.; BRUNAK, S.; EHRLICH, S.D. Identification and

assembly of genomes and genetic elements in complex metagenomic samples without using

reference genomes. Nature Biotechnology, New York, v. 32, p. 822-828, 2014.

NOWRUZI, B.; KHAVARI-NEJAD, R.A.; SIVONEN, K.; KAZEMI, B.; NAJAFI, F.;

NEJADSATTARI, T. A gene expression study on strains of Nostoc (Cyanobacteria) revealing

antimicrobial activity under mixotrophic conditions. African Journal of Biotechnology,

Nairobi, v. 11, p. 11296-11308, 2012.

NÜBEL, U.; GARCIA-PICHEL, F.; MUYZER, G. PCR primers to amplify 16S rRNA genes

from cyanobacteria. Applied and Environmental Microbiology, Baltimore, v. 63, p. 3327-

3332, 1997.

NUNNERY, J.K.; MEVERS, E.; GERWICK, W.H. Biologically Active Secondary

Metabolites from Marine Cyanobacteria. Current Opinion in Biotechnology, Philadelphia,

v. 21, p. 787-793, 2010.

OTSUKA, S.; ABE, Y.; FUKUI, R.; NISHIYAMA, M.; SENOO, K. Presence of previously

undescribed bacterial taxa in non-axenic Chlorella cultures. Journal of General Applied

Microbiology, Tokyo, v. 54, p. 187-193, 2008.

Page 108: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

106

OURISSON, G. The general role of terpenes and their global significance. Pure and Applied

Chemistry, Oxford, v. 62, p. 1401-1404, 1990.

OVERBEEK, R.; OLSON, R.; PUSCH, G.D.; OLSEN, G.J.; DAVIS, D.J.; DISZ, T.;

EDWARDS, R.A.; GERDES, S.; PARRELLO, B.; SHUKLA, M.; VONSTEIN, V.;

WATTAM, A.R.; XIA, F.; STEVENS, R. The SEED and the rapid annotation of microbial

genomes using subsystems technology (RAST). Nucleic Acids Research, London, v. 42, p.

D206-D214, 2014.

PAERL, H.W.; PINCKNEY, J.L.; STEPPE, T.F. Cyanobacterial-bacterial mat consortia:

examining the functional unit of microbial survival and growth in extreme environments.

Environmental Microbiology, Oxford, v. 2, p. 11-26, 2000.

PALINSKA, K.A.; SUROSZ, W. Taxonomy of cyanobacteria: a contribution to consensus

approach. Hydrobiologia, Dordrecht, v. 740, p. 1-11, 2014.

PANKE-BUISSE, K.; POOLE, A.C.; GOODRICH, J.K.; LEY, R.E.; KAO-KNIFFIN, J.

Selection on soil microbiomes reveals reproducible impacts on plant function. The ISME

Journal, Oxon, v. 9, p. 980-989, 2015.

PAPAEFTHIMIOU, K.; HROUZEK, P.; MUGNAI, M.A.; LUKESOVA, A.; TURICCHIA,

S.; RASMUSSEN, U.; VENTURA, S. Differential patterns of evolution and distribution of

the symbiotic behaviour in nostocacean cyanobacteria. International Journal of Systematic

and Evolutionary Microbiology, Reading, v. 58, p. 553-564, 2008.

PAUNGFOO-LONHIENNE, C.; RENTSCH, D.; ROBATZEK, S.; WEBB, R.I.;

SAGULENKO, E.; NÄSHOLM, R.; SCHMIDT, S.; LONHIENNE, T.G.A. Turning the table:

plants consume microbes as a source of nutrients. PLoS One, San Francisco, v. 5, p. e11915,

2010.

PAWLOWSKI, K.; SIRRENBERG, A. Symbiosis between Frankia and actinorhizal plants:

root nodules of non-legumes. Indian Journal of Experimental Biology, New Delhi, v. 41, p.

1165-1183, 2003.

PEARSON, L.; MIHALI, T.; MOFFITT, M.; KELLMANN, R.; NEILAN, B. On the

chemistry, toxicology and genetics of the cyanobacterial toxins microcystin, nodularin,

saxitoxin and cylindrospermopsin. Marine Drugs, Basel, v. 8, p. 1650-1680, 2010.

PENN, K.; WANG, J.; FERNANDO, S.C.; THOMPSON, J.R. Secondary metabolite gene

expression and interplay of bacterial functions in a tropical freshwater cyanobacterial bloom.

The ISME Journal, Oxon, v. 8, p. 1866-1878, 2014.

POTTS, M. Etymology of the genus name Nostoc (Cyanobacteria). International Journal of

Systematic Bacteriology, Washington, DC, v. 47, p. 584, 1997.

POTTS, M. Nostoc. In: WHITTON, B.A.; POTTS, M. (Ed.). The ecology of cyanobacteria.

Dordrecht: Kluwer Academic, 2000. p. 465-504.

Page 109: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

107

QUICK, J.; QUINLAN, A.; LOMAN, N. A reference bacterial genome dataset generated on

the MinIONTM portable single-molecule nanopore sequencer. GigaScience, London, v. 3, p.

22, 2014.

RAINEY, F.A.; STACKEBRANDT, E. Transfer of the type species of the genus

Thermobacteroides to the genus Thermoanaerobacter as Thermoanaerobacter acetoethylicus

(Ben-Basst and Zeikus 1981) comb. nov., description of Coprothermobacter gen. nov., and

reclassification of Thermobacteroides proteolyticus as Coprothermobacter proteolyticus

(Ollivier et al. 1985) comb. nov. International Journal of Systematic Bacteriology,

Washington, DC, v. 43, p. 857-859, 1993.

RAJANIEMI, P.; HROUZEK, P.; KAŠTOVSKÁ, K.; WILLAME, R.; RANTALA, A.;

HOFFMANN, L.; KOMÁREK, J.; SIVONEN, K. Phylogenetic and morphological evaluation

of the genera Anabaena, Aphanizomenon, Trichormus and Nostoc (Nostocales,

Cyanobacteria). International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology,

Reading, v. 55, p. 11-26, 2005.

RAMOS, R.T.J.; CARNEIRO, A.R.; SOARES, S.C.; BARBOSA, S.; VARUZZA, L.;

ORABONA, G.; TAUCH, A.; AZEVEDO, V.; SCHNEIDER, M. P.; SILVA, A. High

efficiency application of a mate-paired library from next-generation sequencing to postlight

sequencing: Corynebacterium pseudotuberculosis as a case study for microbial de novo

genome assembly. Journal of Microbiological Methods, Amsterdam, v. 95, p. 441-447,

2013.

RAN, L.; LARSSON, J.; VIGIL-STENMAN, T.; NYLANDER, J.A.; ININBERGS, K.;

ZHENG, W.W.; LAPIDUS, A.; LOWRY, S.; HASELKORN, R.; BERGMAN, B. Genome

erosion in a nitrogen-fixing vertically transmitted endosymbiotic multicellular

cyanobacterium. PLoS One, San Francisco, v. 8, p. e11486, 2010.

RAPPÉ, M.S.; GIOVANNONI, S.J. The uncultured microbial majority. Annual Review of

Microbiology, Palo Alto, v. 57, p. 369-394, 2003.

RASHIDAN, K.K.; BIRD, D.F. Role of predatory bacteria in the termination of a

cyanobacterial bloom. Microbial Ecology, New York, v. 41, p. 97-105, 2001.

RATTRAY, J.E.; STROUS, M.; CAMP, H.J.O.; SCHOUTEN, S.; JETTEN, M.S.M.;

DAMSTÉ, J.S.S. A comparative genomics study of genetic products potentially encoding

ladderane lipid biosynthesis. Biology Direct, London, v. 4, p. 8, 2009.

ŘEHÁKOVÁ, K.; JOHANSEN, J.R.; CASAMATTA, D.A.; XUESONG, L.; VINCENT, J.

Morphological and molecular characterization of selected desert soil cyanobacteria: three

species new to science including Mojavia pulchra gen. et sp. nov. Phycologia, Odense, v. 46,

p. 481-502, 2007.

RICHARDS, S. It’s more than stamp collecting: how genome sequencing can unify biological

research. Trends in Genetics, Cambridge, v. 31, p. 411-421, 2015.

Page 110: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

108

RICKER, N.; QIAN, H.; FULTHORPE, R.R. The limitations of draft assemblies for

understanding prokaryotic adaptation and evolution. Genomics, San Diego, v. 100, p. 167-

175, 2012.

RIKKINEN, J. Relations between cyanobacterial symbionts in lichens and plants. In:

PAWLOWSKI, K. (Ed.). Microbiology monographs: prokaryotic symbionts in plants.

Berlin/Heidelberg: Springer-Verlag, 2009. v. 8. p. 265-270.

ROE, K.L.; BARBEAU, K.; MANN, E.L.; HAYGOOD, M.G. Acquisition of iron by

Trichodesmium and associated bacteria in culture. Environmental Microbiology, Oxford, v.

14, p. 1681-1695, 2012.

ROHRLACK, T.; CHRISTOFFERSEN, K.; HANSEN, P.; ZHANG, W.; CZARNECKI, O.;

HENNING, M.; FASTNER, J.; ERHARD, M.; NEILAN, B.A.; KAEBERNICK, M. Isolation,

characterization, and quantitative analysis of microviridin J, a new Microcystis metabolite

toxic to Daphnia. Journal of Chemical Ecology, New York, v. 29, p. 1757-1770, 2003.

ROHRLACK, T.; CHRISTOFFERSEN, K.; KAEBERNICK, M.; NEILAN, B.A.

Cyanobacterial protease inhibitor microviridin J causes a lethal molting disruption in Daphnia

pulicaria. Applied and Environmental Microbiology, Baltimore, v. 70, p. 5047-5050, 2004.

RONQUIST, F.; HUELSENBECK, J.P. MrBayes 3: Bayesian phylogenetic inference under

mixed models. Bioinformatics, Oxford, v. 19, p. 1572-1574, 2003.

RUTHERFORD, K.; PARKHILL, J.; CROOK, J.; HORSNELL, T.; RICE, P.;

RAJANDREAM, M.A.; BARRELL, B. Artemis: sequence visualization and annotation.

Bioinformatics, Oxford, v. 16, p. 944-945, 2000.

SABATER, S.; MUÑOZ, I. Nostoc verrucosum (Cyanobacteria) colonized by a chironomid

larva in a Mediterranean stream. Journal of Phycology, Baltimore, v. 36, p. 59-61, 2000.

SAITOU, N.; NEI, M. The neighbour-joining method: a new method for reconstructing

phylogenetic trees. Molecular Biology and Evolution, Chicago, v. 4, p. 406-425, 1987.

SAMBROOK, J.; RUSSEL, D.W. Molecular cloning: a laboratory manual. 3. ed. New York:

Cold Spring Harbor Laboratory, 2001.

SÁNCHEZ, O.; DIESTRA, E.; ESTEVE, I.; MAS, J. Molecular characterization of an

oil-degrading cyanobacterial consortium. Microbial Ecology, New York, v. 50, p. 580-588,

2005.

SAND-JENSEN, K. Ecophysiology of gelatinous Nostoc species: unprecedented slow growth

and survival in resource-poor and harsh environments. Annals of Botany, London, v. 114, p.

17-33, 2014.

SANGER, F.; NICKLEN, S.; COULSON, A.R. DNA sequencing with chain-terminating

inhibitors. Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA, Washington, DC,

v. 74, p. 5463-5467, 1977.

Page 111: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

109

SCHLOSS, P.D.; HANDELSMAN, J. Status of the microbial census. Microbiology and

Molecular Biology Reviews, Washington, DC, v. 68, p. 686-691, 2004.

SCHMIEDER, R.; EDWARDS, R. Quality control and preprocessing of metagenomic

datasets. Bioinformatics, Oxford, 27, p. 863-864, 2011a.

SCHMIEDER, R.; EDWARDS, R. Fast identification and removal of sequence contamination

from genomic and metagenomic datasets. PLoS One, San Francisco, v. 6, p. e17288, 2011b.

SCHNEIDER, G.F.; DEKKER, C. DNA sequencing with nanopores. Nature Biotechnology,

New York, v. 30, p. 326-328, 2012.

SCHÜΒLER, A.M. Molecular phylogeny, taxonomy and evolution of Geosiphon pyriformis

and arbuscular mycorrhizal fungi. Plant and Soil, Dordrecht, v. 244, p. 75-83, 2002.

SCHWAB, W.; FUCHS, C.; HUANG, F.C. Transformation of terpenes into fine chemicals.

European Journal of Lipid Science and Technology, Weinheim, v. 115, p. 3-8, 2012.

SEEMANN, T. Prokka: rapid prokaryotic genome annotation. Bioinformatics, Oxford, v. 30,

p. 2068-2069, 2014.

SENA, L.; ROJAS, D.; MONTIEL, E.; GONZÁLES, H.; MORET, J.; NARANJO, L. A

strategy to obtain axenic cultures of Arthrospira spp. cyanobacteria. World Journal of

Microbiology and Biotechnology, Oxford, v. 27, p. 1045-1053, 2008.

SHARMA, N.K. From natural to human-impacted ecosystems: rationale to investigate the

impact of urbanization on cyanobacterial diversity in soils. Biodiversity and Conservation,

London, v. 24, p. 1007-1015, 2015.

SHEN, B. Polyketide biosynthesis beyond the type I, II and III polyketide synthase

paradigms. Current Opinion in Chemical Biology, London, v. 7, p. 285-295, 2003.

SHEN, H.; NIU, Y.; XIE, P.; TAO, M.; YANG, X. Morphological and physiological changes

in Microcystis aeruginosa as a result of interactions with heterotrophic bacteria. Freshwater

Biology, Oxford, v. 56, p. 1065-1080, 2011.

SHER, D.; THOMPSON, J.W.; KASHTAN, N.; CROAL, L.; CHISHOLM, S.W. Response of

Prochlorococcus ecotypes to co-culture with diverse marine bacteria. The ISME Journal,

Oxon, v. 5, p. 1125-1132, 2011.

SHI, T.; FALKOWSKI, P.G. Genome evolution in cyanobacteria: the stable core and the

variable shell. Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA, Washington,

DC, v. 105, p. 2510-2515, 2008.

SHI, L.; CAI, Y.; YANG, H.; XING, P.; LI, P.; KONG, L.; KONG, F. Phylogenetic diversity

and specificity of bacteria associated with Microcystis aeruginosa and other cyanobacteria.

Journal of Environmental Sciences, Amsterdam, v. 21, p. 1581-1590, 2009.

Page 112: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

110

SHI, L.; CAI, Y.; KONG, F.; YU, Y. Changes in abundance and community structure of

bacteria associated with with buoyant Microcystis colonies during the decline of

cyanobacterial bloom (autumn-winter transition). International Journal of Limnology, Les

Ulis, v. 47, p. 355-362, 2011.

SHIH, P.M.; WU, D.; LATIFI, A.; AXEN, SD.; FEWER, D.P.; TALLA, E.; CALTEAU, A.;

CAI, F.; TANDEAU DE MARSAC, N.; RIPPKA, R.; HERDMAN, M.; SIVONEN, K.;

COURSIN, T.; LAURENT, T.; GOODWIN, L.; NOLAN, M.; DAVENPORT, K.W.; HAN,

C.S.; RUBIN, R.M.; EISEN, J.A.; WOYKE, R.; GUGGER, M.; KERFELD, C.A. Improving

the coverage of the cyanobacterial phylum using diversity-driven genome sequencing.

Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA, Washington, DC, v. 110, p.

1053-1058, 2013.

SHIRAISHI, H. Association of heterotrophic bacteria with aggregated Arthrospira platensis

exopolysaccharides: implications in the induction of axenic cultures. Bioscience,

Biotechnology, and Biochemistry, Tokyo, v. 79, p. 331-341, 2015.

SILVA, G.G.Z.; CUEVAS, D.A.; DUTILH, B.E.; EDWARDS, R.A. FOCUS: an alignment-

free model to identify organisms in metagenomes using non-negative least squares. PeerJ,

London, v. 2, p. e425, 2014.

SILVA-STENICO, M.E.; SILVA, C.S.P.; LORENZI, A.S.; SHISHIDO, T.K.; ETCHEGARAY,

A.; LIRA, S.P.; MORAES, L.A.B.; FIORE, M.F. Non-ribosomal peptides produced by

Brazilian cyanobacterial isolates with antimicrobial activity. Microbiological Research,

Amsterdam, v. 166, p. 161-175, 2011.

SILVA-STENICO, M.E.; KANENO, R.; ZAMBUZI, F.A.; VAZ, M.G.M.V.; ALVARENGA,

D.O.; FIORE, M.F. Natural products from cyanobacteria with antimicrobial and antitumor

activity. Current Pharmaceutical Biotechnology, Hilversum, v. 14, p. 820-828, 2013a.

SILVA-STENICO, M.E.; LORENZI, A.S.; TESCHKE, O.; SILVA, C.S.P.; ETCHEGARAY,

A.; FIORE, M.F. Antimicrobial cyanopeptide action on bacterial cells observed with atomic

force microscopy. Current Nanoscience, Sharjah, v. 9, p. 141-148, 2013b.

SIMM, S.; KELLER, M.; SELYMESI, M.; SCHLEIFF, E. The composition of the global and

feature specific cyanobacterial core-genomes. Frontiers in Microbiology, Lausanne, v. 6, p.

219, 2015.

SINGH, J.S.; PANDEY, V.C.; SINGH, D.P. Efficient soil microorganisms: a new dimension

for sustainable agriculture and environmental development. Agriculture, Ecosystems &

Environment, Amsterdam, v. 140, p. 339-353, 2011.

SINGH, P.; SINGH, S.S.; ABOAL, M.; MISHRA, A.K. Decoding cyanobacterial phylogeny

and molecular evolution using an evonumeric approach. Protoplasma, Lipzig, v. 252, p. 519-

535, 2015a.

Page 113: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

111

SINGH, N.K.; DHAR, D.W.; TABASSUM, R. Role of cyanobacteria in crop protection.

Proceedings of the National Academy of Sciences of India Section B: Biological Sciences,

Allahabad, 2015. Disponível em: <http://link.springer.com/article/10.1007%2 Fs40011-014-

0445-1>. Acesso em: 27 ago. 2015.

SINGH, R.K.; TIWARI, S.P.; RAI, A.K.; MOHAPATRA, T.M. Cyanobacteria: an emerging

source for drug discovery. Journal of Antibiotics, Tokyo, v. 64, p. 401-412, 2011.

SMITH, D.R. Death of the genome paper. Frontiers in Genetics, Lausanne, v. 4, p. 72, 2013.

SOGIN, M.L.; MORRISON, H.G.; HUBER, J.A.; WELCH, M.D.; HUSE, S.M.; NEAL, P.R.;

ARRIETA, J.M.; HERNDL, G.J. Microbial diversity in the deep sea and the underexplored

“rare biosphere”. Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA,

Washington, DC, v. 103, p. 12115-12120, 2006.

SONG, H.; DING, M.Z.; JIA, X.Q.; MA, Q.; YUAN, Y.J. Synthetic microbial consortia: from

systematic analysis to construction and applications. Chemical Society Reviews, London, v.

43, p. 6954-6981, 2014.

SOO, R.M.; SKENNERTON, C.T.; SEKIGUCHI, Y.; IMELFORT, M.; PAECH, S.J.;

DENNIS, P.G.; STEEN, J.A.; PARKS, D.H.; TYSON, G.W.; HUGENHOLTZ, P. An expanded

genomic representation of the phylum Cyanobacteria. Genome Biology and Evolution,

Oxford, v. 6, p. 1031-1045, 2014.

STAMATAKIS, A. RaxML-VI-HPC: maximum likelihood-based phylogenetic analyses with

thousands of taxa and mixed models. Bioinformatics, Oxford, v. 22, p. 2688-2690, 2006.

STEVENSON, B.S.; SUFLITA, M.T.; STAMPS, B.W.; MOORE, E.R.B.; JOHNSON, C.N.;

LAWSON, P.A. Hoeflea anabaenae sp. Nov., an epiphytic symbiont that attaches to the

heterocytes of a strain of Anabaena. International Journal of Systematic and Evolutionary

Microbiology, Reading, v. 61, p. 2439-2444, 2011.

STEWART, E.J. Growing unculturable bacteria. Journal of Bacteriology, Baltimore, v. 194,

p. 4151-4160, 2012.

SUURNÄKKI, S.; GOMEZ-SAEZ, G.V.; RANTALA-YLINEN, A.; JOKELA, J.; FEWER,

D.P.; SIVONEN, K. Identification of geosmin and 2-methylisoborneol in cyanobacteria and

molecular detection methods for the producers of these compounds. Water Research,

Oxford, v. 68, p. 56-66, 2015.

SVENNING, M.M.; ERIKSSON, T.; RASMUSSEN, U. Phylogeny of symbiotic

cyanobacteria within the genus Nostoc based 16s rRNA sequence analyses. Archives of

Microbiology, Heidelberg, v. 183, p. 19-26, 2005.

TAMURA, K.; PETERSON, D.; PETERSON, N.; STECHER, G.; NEI, M.; KHUMAR, S.

MEGA5: Molecular evolutionary analysis using maximum likelihood, evolutionary distance,

and maximum parsimony methods. Molecular Biology and Evolution, Chicago, v. 28, p.

2731-2739, 2011.

Page 114: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

112

TANDISHABO, K.; NAKAMURA, K.; UMETSU, K.; TAKAMIZAWA, K.Distribution and

role of Coprothermobacter spp. in anaerobic digesters. Journal of Bioscience and

Bioengineering, Osaka, v. 114, p. 518-520, 2012.

TANG, K.W.; DZIALLAS, C.; GROSSART, H.P. Zooplankton and aggregates as refuge for

aquatic bacteria: protection from UV, head and ozone stresses used for water treatment.

Environmental Microbiology, Oxford, v. 13, p. 378-390, 2011.

TEELING, H.; GLÖCKNER, O. Current oportunities and challenges in microbial

metagenome analysis – a bioinformatic perspective. Briefings in Bioinformatics, London, v.

13, p. 728-742, 2012.

TETTELIN, H.; MAGINANI, V.; CIESLEWICZ, M.J.; DONATI, C.; MEDINI, D.; WARD,

N.L.; ANGIUOLI, S.V.; CRABTREE, J.; JONES, A.L.; DURKIN, A.S.; DEBOY, R.T.;

DAVIDSEN, T.M.; MORA, M.; SCARSELLI, M.; MARGARIT Y ROS, I.; PETERSON,

J.D.; HAUSER, C.R.; SUNDARAM, J.P.; NELSON, W.C.; MADUPU, R.; BRINKAC,

L.M.; DODSON, R.J.; ROSOVITZ, M.J.; SULLIVAN, S.A.; DAUGHERTY, S.C.; HAFT,

D.H.; SELENGUT, J.; GWINN, M.L.; ZHOU, L.; ZAFAR, N.; KHOURI, H.; RADUNE, D.;

DIMITROV, G.; WATKINS, K.; O’CONNOR, K.J.B.; SMITH, S.; UTTERBACK, T.R.;

WHITE, O.; RUBENS, C.E.; GRANDI, G.; MADOFF, L.C.; KASPER, D.L.; TELFORD,

J.L.; WESSELS, M.R.; RAPPUOLI, R.; FRASER, C.M. Genome analysis of multiple

pathogenic isolates of Streptococcus agalctiae: implications for the microbial “pan-genome”.

Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA, Washington, DC, v. 102, p.

13950-13955, 2005.

THOMAS, T.; GILBERT, J.; MEYER, F. Metagenomics – a guide from sampling to data

analysis. Microbial Informatics and Experimentation, London, v. 2, p. 3, 2012.

THOMPSON, C.C.; AMARAL, G.R.; CAMPEÃO, M.; EDWARDS, R.A.; POLZ, M.E.;

DUTILH, B.E.; USSERY, D.W.; SAWABE, T.; SWINGS, J.; THOMPSON, F.L. Microbial

taxonomy in the post-genomic era: rebuilding from scratch? Archives of Microbiology,

Heidelberg, v. 197, p. 359-370, 2015.

THOMPSON, J.D.; HIGGINS, D.G.; GIBSON, T.J. Clustal W: improving the sensitivity of

progressive multiple sequence alignment through sequence weighting, position-specific gap

penalties and weigh matrix choice. Nucleic Acids Research, London, v. 22, p. 4673-4680,

1994.

TUOMAINEN, J.; HIETANEN, S.; KUPARINEN, J.; MARTIKAINEN, P.J.; SERVOMAA,

K. Community structure of the bacteria associated with Nodularia sp. (Cyanobacteria)

aggregates in the Baltic Sea. Microbial Ecology, New York, v. 52, p. 513-522, 2006.

VANDAMME, P.; POT, B.; GILLIS, M.; DE VOS, P.; KERSTERS, K.; SWINGS, J.

Polyphasic taxonomy, a consensus approach to bacterial systematics. Microbiological

Reviews, Washington, DC, v. 60, n. 2, p. 407-438, 1996.

VARTOUKIAN, S.R.; PALMER, R.M.; WADE, W.G. Strategies for the culture of

“unculturable” bacteria. FEMS Microbiology Letters, Amsterdam, v. 309, p. 1-7, 2010.

Page 115: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

113

VÁZQUEZ-MARTÍNEZ, G.; RODRIGUEZ, M.H.; HERNÁNDEZ-HERNÁNDEZ, F.;

IBARRA, J.E. Strategy to obtain axenic cultures from field-collected samples of the

cyanobacterium Phormidium animalis. Journal of Microbiological Methods, Amsterdam, v.

57, p. 115-121, 2004.

VERNICOS, G.; MEDINI, D.; RILEY, D.R.; TETTELIN, H. Ten years of pan-genome

analyses. Current Opinion in Microbiology, Kidlington, v. 23, p. 148-154, 2015.

WANG, H.; FEWER, D.; SIVONEN, K. Genome mining demonstrates the widespread

occurrence of gene clusters encoding bacteriocins in cyanobacteria. PLOS One, San

Francisco, v. 6, p. e22384, 2011.

WANG, H.; SIVONEN, K.; ROUHIAINEN, L.; FEWER, D.P.; LYRA, C.; RANTALA-

YLINEN, A.; VESTOLA, J.; JOKELA, J.; RANTASÄRKKÄ, K.; LI, Z.; LIU, B. Genome-

derived insights into the biology of the hepatotoxic bloom-forming cyanobacterium Anabaena

sp. strain 90. BMC Genomics, London, v. 13, p. 613, 2012.

WARD, N.; STALEY, J.T.; FUERST, J.A.; GIOVANNONI, S.; SCHLESNER, H.;

STACKEBRANDT, E. The order Planctomycetales, including the genera Planctomyces,

Pirellula, Gemmata and Isosphaera and the candidatus genera Brocadia, Kuenenia and

Scalindua. In: DWORKIN, M.; FALKOW, S.; ROSENBERG, E.; SCHLEIFER, K.H.;

STACKEBRANDT, E. (Ed.). The prokaryotes 7. 3. ed. New York: Springer, 2006. p. 757-

793.

WATERBURY, J.B. The cyanobacteria – isolation, purification and identification. In:

DWORKIN, M.; FALKOW, S.; ROSENBERG, E.; SCHLEIFER, K.H.; STACKEBRANDT,

E. (Ed.). The prokaryotes 4. 3. ed. New York: Springer, 2006. p. 1053-1073.

WEBER, T.; BLIN, K.; DUDDELA, S.; KRUG, D.; KIM, H.U.; BRUCCOLERI, R.; LEE,

S.Y.; FISCHBACH, M.A.; MULLER, R.; WOHLLEBEN, W.; BREITLING, R.; TAKANO,

E.; MEDEMA, M.H. antiSMASH 3.0: a comprehensive resource for the genome mining of

biosynthetic gene clusters. Nucleic Acids Research, London, v. 43, p. W237-243, 2015.

WIEDNER, K.; SCHNEEWEISS, J.; DIPPOLD, M.A.; GLASER, B. Anthropogenic Dark

Earth in Northern Germany – the Nordic analogue to terra preta de índio in Amazonia.

Catena, Amsterdam, v. 132, p. 114-125, 2015.

WILLEY, J.M.; DONK, W.A. Lantibiotics: peptides of diverse structure and function. Annual

Review of Microbiology, Palo Alto, v. 61, p. 477-501, 2007.

WILLIAMS, D.; TRIMBLE, W.L.; SHILTS, M.; MEYER, F.; OCHMAN, H. Rapid

quantification of sequence repeats to resolve the size, structure and contents of bacterial

genomes. BMC Genomics, London, v. 14, p. 537, 2013.

WILSON, M.C.; PIEL, J. Metagenomic approaches for exploiting uncultivated bacteria as a

resource for novel biosynthetic enzymology. Chemistry & Biology, Cambridge, v. 20, p.

636-647, 2013.

Page 116: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

114

WINTER, J.M.; BEHNKEN, S.; HERTWECK, C. Genomics-inspired discovery of natural

products. Current Opinion in Chemical Biology, London, v. 15, p. 22-31, 2011.

WOOD, D.E.; SALZBERG, S.L. Kraken: ultrafast metagenomic sequence classification using

exact alignments. Genome Biology, London, v. 15, p. R46, 2014.

WOODS, W. Apresentação. In: TEIXEIRA, W.G.; KERN, D.C.; MADARI, B.E.; LIMA,

H.N.; WOODS, W. (Ed.). As terras pretas de índio da Amazônia. Manaus: Embrapa

Amazônia Oriental, 2009. p. 10.

XIAO, J.; ZHANG, Z.; WU, J.; YU, J. A brief review of software tools for pangenomics.

Genomics Proteomics Bioinformatics, Amsterdam, v. 13, p. 73-76, 2015.

YAMAGUCHI, H.; SUZUKI, S.; TANABE, Y.; OSANA, Y.; SHIMURA, Y.; ISHIDA, K.I.;

KAWACHI, M. Complete genome sequence of Microcystis aeruginosa NIES-2549, a

bloom-forming cyanobacterium from Lake Kasumigaura, Japan. Genome Announcements,

Washington, DC, v. 3, p. e00551-15, 2015.

YAMAMURO, M. Importance of epiphytic cyanobacteria as food sources for heterotrophs in

a tropical seagrass bed. Coral Reefs, Berlin, v. 18, p. 263-271, 1999.

YOKOTA, A. Cultivation of uncultured bacteria of the class Ktedonobacteria in the phylum

Chloroflexi. Makara Journal of Science, Depok, v. 16, p. 1-8, 2012.

ZAKHIA, F.; JEDER, H.; WILLEMS, A.; GILLIS, M.; DREYFUS, B.; LAJUDIE, P.

Diverse bacteria associated with root nodules of spontaneous legumes in Tunisia and first

report for nifH-like gene within the genera Microbacterium and Starkeya. Microbial Ecology,

New York, v. 51, p. 375-393, 2006.

ZANCHETT, G.; OLIVEIRA-FILHO, E.C. Cyanobacteria and cyanotoxins: from impacts on

aquatic ecosystems and human health to anticarcinogenic effects. Toxins, Basel, v. 5, p. 1896-

1917, 2013.

ZHANG, J.; KOBERT, K.; FLOURI, T.; STAMATAKIS, A. PEAR: a fast and accurate

Illumina paired-end read merger. Bioinformatics, Oxford, v. 30, p. 614-620, 2014.

ZHANG, X.; DAVENPORT, K.W.; GU, W.; DALIGAULT, H.E.; MUNK, A.C.; TASHIMA,

H.; REITENGA, K.; GREEN, L.D.; HAN, C.S. Improving genome assemblies by sequencing

PCR products with PacBio. BioTechniques, Natick, v. 53, p. 61-62, 2012.

ZHAXYBAYEVA, O.; GOGARTEN, J.P.; CHARLEBOIS, R.L.; DOOLITTLE, F.; PAPKE,

R.T. Phylogenetic analyses of cyanobacterial genomes: quantification of horizontal gene

transfer events. Genome Research, Woodbury, v. 16, p. 1099-1108, 2006.

ZHOU, M.Y.; CLARK, S.E.; GOMEZ-SANCHEZ, C.E. Universal cloning method by TA

strategy. BioTechniques, Natick, v. 19, p. 34-35, 1995.

Page 117: Análise genômica e funcional da cianobactéria Nostoc sp. CENA67

115

ZHUBANOVA, A.A.; ERNAZAROVA, A.K.; KAIYRMANOVA, G.K.; ZAYADAN, B.K.;

SAVITSKAYA, I.S.; ABDIEVA, G.Z.; KISTAUBAEVA, A.S.; AKIMBEKOV, N.S.

Construction of cyanobacterial-bacterial consortium on the basis of axenic cyanobacterial

cultures and heterotrophic bacteria cultures for bioremediation of oil-contaminated soils and

water ponds. Russian Journal of Plant Physiology, Birmingham, v. 60, p. 555-562, 2013.

ZIEMERT, N.; ISHIDA, K.; WEIZ, A.; HERTWECK, C.; DITTMANN, E. Exploiting the

natural diversity of microviridin gene clusters for discovery of novel tricyclic depsipeptides.

Applied and Environmental Microbiology, Baltimore, v. 76, p. 3568-3574, 2010.

ZUKER, M. Mfold web server for nucleic acid folding and hybridization prediction. Nucleic

Acids Research, London, v. 31, p. 3406-3415, 2003.

ZUKER, M.; STIEGLER, P. Optimal computer folding of large RNA sequences using

thermodynamics and auxiliary information. Nucleic Acids Research, London, v. 9, p. 133-

148, 1981.