analise financeira fundamentalista de empresas

584

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Alberto Borges Matias

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  • CEPEFIN Centro de Pesquisa em Finanas

    Equipe INEPAD

    ALBERTO BORGES MATIAS

    E COLABORADORES

    FINANAS CORPORATIVAS

    ANLISE FINANCEIRA FUNDAMENTALISTA DE

    EMPRESAS

  • FINANAS CORPORATIVAS

    ANLISE FINANCEIRA FUNDAMENTALISTA DE

    EMPRESAS

    CEPEFIN Centro de Pesquisas em Finanas

    Equipe INEPAD Instituto de Ensino e Pesquisa em Administrao

    Alberto Borges Matias

    (Coordenador)

    2007

    DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS

  • SOBRE A EQUIPE DO INEPAD E USP

    COORDENAO: ALBERTO BORGES MATIAS

    PROFESSORES PARTICIPANTES

    ANA LUISA GAMBI CAVALLARI

    ERNESTO FERNANDO RODRIGUES VICENTE

    VINICIUS AVERSARI MARTINS

    ALUNOS DE GRADUAO PARTICIPANTES

    ANDR LOT

    LUCAS DREVES GIMENES

    MARIA FLAVIA BARBOSA LEITE

    MARIANA PAVARINI

    MARINA DE FREITAS SECAF

    MATHEUS CANHOTO GERA

    PATRCIA SEDLACEK MORAES

    RODRIGO D. MATTOS DA COSTA

    EXECUTIVOS PARTICIPANTES

    LUIZA HELENA TRAJANO RODRIGUES

    CARLOS DONZELI

    PROFESSORES REVISORES

    ADRIANA CNDIDO

    FRANCISCO CAVALCANTE

    MARCELO BOTELHO DA COSTA MORAES

  • SUMRIO

    INTRODUO .....................................................................................................................................17

    PARTE I ANLISE DO AMBIENTE ECONMICO ..........................................................19

    1. ANLISE MACROFINANCEIRA ............................................................................................20

    1.1. CONCEITOS BSICOS DE MACROECONOMIA ..............................................................................21 1.2. POLTICAS MACROECONMICAS ................................................................................................24 1.2.1. Poltica monetria e impactos empresariais .......................................................25 1.2.2. Poltica fiscal e impactos empresariais .................................................................43 1.2.3. Poltica cambial e impactos empresariais ............................................................54 1.2.4. Poltica de rendas e impactos empresariais........................................................64

    1.3. ANLISE MACROFINANCEIRA NACIONAL ....................................................................................69 1.3.1. Governo Collor e Itamar Franco ..............................................................................69 1.3.2. Plano Real Primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso ................72 1.3.3. Plano Real Segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso ...............77 1.3.4. Plano Real Primeiro mandato de Lus Incio Lula da Silva .......................80

    1.4. ANLISE MACROFINANCEIRA INTERNACIONAL...........................................................................84 1.4.1. ESTADOS UNIDOS ........................................................................................................84 1.4.1.1. Poltica Monetria ................................................................................................................. 89 1.4.1.2. Poltica Fiscal .......................................................................................................................... 91 1.4.1.3. Poltica Cambial ..................................................................................................................... 92 1.4.1.4. Poltica de Rendas ................................................................................................................ 94

    1.4.2. ALEMANHA.......................................................................................................................97 1.4.2.1. Poltica Monetria ............................................................................................................... 100 1.4.2.2.Poltica Fiscal ......................................................................................................................... 103 1.4.2.3. Poltica Cambial ................................................................................................................... 106 1.4.2.4. Poltica de Rendas .............................................................................................................. 108

    1.4.3. CHINA ..............................................................................................................................114 1.4.3.1. Poltica Monetria ............................................................................................................... 117 1.4.3.2. Poltica Fiscal ........................................................................................................................ 118 1.4.3.3. Poltica Cambial ................................................................................................................... 121 1.4.3.4. Poltica de Rendas .............................................................................................................. 124

    1.4.4. ARGENTINA ...................................................................................................................128 1.4.4.1. Poltica Monetria ............................................................................................................... 130 1.4.4.2. Poltica Fiscal ........................................................................................................................ 132 1.4.4.3. Poltica Cambial ................................................................................................................... 134 1.4.4.4. Poltica de Rendas .............................................................................................................. 136

    Questes ......................................................................................................................................140 Exerccios.....................................................................................................................................141 Referncias .................................................................................................................................141

    2. ANLISE SETORIAL.................................................................................................................143

    2.1. CONCEITO E APLICAO ...........................................................................................................144 2.2. ASSOCIAES SETORIAIS.........................................................................................................147 2.3. ELEMENTOS DA ANLISE SETORIAL..........................................................................................149 2.3.1. Dimensionamento do Setor.....................................................................................151 2.3.1.1. Panorama do setor............................................................................................................. 152

    2.3.1.1.1. Barreiras de entrada e sada................................................................................. 152 2.3.1.1.2. Ciclo de Investimento .............................................................................................. 155 2.3.1.1.3. Atratividade de investimentos para o setor .................................................... 156 2.3.1.1.4. Segmentao do setor ............................................................................................ 157 2.3.1.1.5. Produo....................................................................................................................... 159 2.3.1.1.6. Faturamento................................................................................................................ 159

    2.3.1.2. Evoluo do mercado nacional e internacional ....................................................... 161 2.3.1.2.1. Ciclo de Investimento .............................................................................................. 162 2.3.1.2.2. Mercado Consumidor ............................................................................................... 164 2.3.1.2.3. Mercado Concorrente............................................................................................... 167 2.3.1.2.4. Mercado Fornecedor................................................................................................. 170

  • 2.3.1.3. Estrutura produtiva............................................................................................................ 171 2.3.2. Ameaas e oportunidades........................................................................................174 2.3.2.1. Aspectos polticos e legais............................................................................................... 178 2.3.2.2. Aspectos naturais e ambientais .................................................................................... 178 2.3.2.3. Aspectos econmicos ........................................................................................................ 179 2.3.2.4. Aspectos scio-culturais................................................................................................... 180 2.3.2.5. Aspectos tecnolgicos....................................................................................................... 180

    2.4. BETA DO SETOR.........................................................................................................................181 2.5. PADRO COMPETITIVO E ESTRATGIAS....................................................................................183 2.6. TENDNCIAS E PERSPECTIVAS ..................................................................................................184 Questes ......................................................................................................................................185 Exerccios.....................................................................................................................................186 Estudo de caso ..........................................................................................................................186 Referncias .................................................................................................................................189

    PARTE II ANLISE DOS DEMONSTRATIVOS CONTBEIS ..................................193

    3. ANLISE FINANCEIRA RETROSPECTIVA ....................................................................194

    3.1. APRESENTAO GERENCIAL E UTILIZAO DOS DEMONSTRATIVOS CONTBEIS..................195 3.1.1. Sistemas eletrnicos de divulgao de demonstrativos contbeis ..........195 3.1.2. Organizao das informaes financeiras publicadas pelas companhias brasileiras ....................................................................................................................................196 3.1.2.1. Demonstrativos financeiros padronizados (DFP) .................................................... 196 3.1.2.2. Informaes anuais (IAN) ............................................................................................... 197 3.1.2.3. Informaes trimestrais (ITR) ....................................................................................... 198

    3.1.3. Demonstrativos contbeis consolidados e no-consolidados.....................198 3.1.4. Demonstrativos de fluxos e demonstrativos de estoques...........................199

    3.2. LEITURA DOS DEMONSTRATIVOS CONTBEIS..........................................................................201 3.2.1. Verificaes preliminares .........................................................................................201 3.2.1.1. Alteraes patrimoniais.................................................................................................... 201 3.2.1.2. Republicao de demonstrativos anteriores............................................................. 203 3.2.1.3. Empresas em recuperao judicial .............................................................................. 203 3.2.1.4. Balanos com ressalvas dos auditores independentes......................................... 204

    3.2.2. Contas analticas e contas sintticas ...................................................................205 3.2.3. Intervalos de contabilizao de resultados intermedirios .........................207

    3.3. PADRONIZAO DOS DEMONSTRATIVOS CONTBEIS .............................................................208 3.3.1. Plano de contas padronizado..................................................................................209 3.3.2. Converso de demonstrativos contbeis no modelo padronizado ...........210

    3.4. AJUSTES NOS DEMONSTRATIVOS CONTBEIS .........................................................................223 3.4.1. Correo Monetria ....................................................................................................224 3.4.1.1. Construo de ndice de inflao .................................................................................. 226 3.4.1.2. Correo das contas contbeis...................................................................................... 231

    3.4.2. Reserva de Reavaliao............................................................................................241 3.4.3. Ativo Diferido ................................................................................................................246 3.4.4. Reserva para Manuteno do Capital de Giro ..................................................252 3.4.5. Converso dos demonstrativos para moedas estrangeiras ........................263 Questes ......................................................................................................................................265 Exerccios.....................................................................................................................................265 Referncias .................................................................................................................................266

    4. CONTABILIDADE INTERNACIONAL ...............................................................................267

    4.1. A CONVERGNCIA DOS GRANDES: FASB E IASB ................................................................267 4.2. O BRASIL NA ERA DA CONTABILIDADE INTERNACIONAL........................................................270 4.2.1. Normas Baseadas em Princpios e no em Regras ........................................271 4.2.2. Aplicao das normas Baseadas na Essncia, e no na Forma ................273 4.2.3. Peso Forte de Julgamento da Administrao ...................................................275 4.2.4. O Fisco.............................................................................................................................276 4.2.5. O CPC - Comit de Pronunciamentos Contbeis .............................................278 4.2.6. O CPC - Principais Diferenas.................................................................................279

  • 4.2.6.1. Reduo ao Valor Recupervel de Ativos - Impairment ...................................... 279 4.2.6.2. gio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill)...................................... 282 4.2.6.3. Demonstraes individuais e Mtodo de Equivalncia Patrimonial.................. 284 4.2.6.4. Reavaliao........................................................................................................................... 286 4.2.6.5. Leasing ................................................................................................................................... 286 4.2.6.6. Demonstrao de Origens e Aplicaes de Recursos, Demonstraes dos Fluxos de Caixa e Demonstrao do Valor Adicionado.......................................................... 287 4.2.6.7.Informaes por Segmentos Operacionais................................................................. 288 4.2.6.8.Subvenes ............................................................................................................................ 289 4.2.6.9.Imobilizado............................................................................................................................. 290 4.2.6.10. Intangveis.......................................................................................................................... 291 4.2.6.11. Ativo Diferido..................................................................................................................... 292 4.2.6.12. Receita ................................................................................................................................. 293 4.2.6.13. Operaes Descontinuadas .......................................................................................... 294 4.2.6.14. Demonstraes Intermedirias................................................................................... 294 4.2.6.15. Valor Presente para Ativos e Passivos Monetrios de Longo Prazo .............. 295 4.2.6.16. Instrumentos Financeiros e Fair Value .................................................................... 296 4.2.6.17. Outras .................................................................................................................................. 297

    4.3. CONSIDERAES FINAIS ..........................................................................................................298 Questes ......................................................................................................................................299 Exerccios.....................................................................................................................................299 Referncias .................................................................................................................................299

    5. ANLISE HORIZONTAL E VERTICAL..............................................................................300

    5.1. ANLISE FINANCEIRA RELATIVA ...............................................................................................300 5.1.1. Seleo de intervalo e periodicidade ...................................................................305

    5.2. ANLISE HORIZONTAL ...............................................................................................................308 5.2.1. Anlise horizontal encadeada.................................................................................313 5.2.2. Anlise horizontal no-encadeada........................................................................317

    5.3. ANLISE VERTICAL ....................................................................................................................322 5.3.1. Determinao da conta-base..................................................................................323 5.3.2. Clculo e interpretao dos ndices de anlise vertical ................................325 Questes ......................................................................................................................................327 Exerccios.....................................................................................................................................327 Referncias .................................................................................................................................327

    6. INDICADORES DE ANLISE FINANCEIRA..................................................................328

    6.1. MODELO E2S.............................................................................................................................331 6.1.1. Estratgia .......................................................................................................................334 6.1.1.1. Captao ................................................................................................................................ 334

    6.1.1.1.1. Capitalizao ajustada............................................................................................. 335 6.1.1.1.2. Capitalizao seca..................................................................................................... 337 6.1.1.1.3. Endividamento ajustado total............................................................................... 338 6.1.1.1.4. Endividamento seco ................................................................................................. 339 6.1.1.1.5. Captao de curto prazo......................................................................................... 339 6.1.1.1.6. Captao de longo prazo ........................................................................................ 342 6.1.1.1.7. Exigibilidades tributrias ........................................................................................ 342 6.1.1.1.8. Comprometimento bancrio.................................................................................. 344 6.1.1.1.9. Comprometimento com fornecedores ............................................................... 346

    6.1.1.2. Aplicao................................................................................................................................ 347 6.1.1.2.1. Imobilizao ajustada do capital prprio.......................................................... 348 6.1.1.2.2. Imobilizao de recursos no-correntes........................................................... 350 6.1.1.2.3. Recursos de longo prazo em giro........................................................................ 351 6.1.1.2.4. Recursos prprios em giro ..................................................................................... 353 6.1.1.2.5. Aplicao em ativos de crdito............................................................................. 354 6.1.1.2.6. Aplicao em estoques............................................................................................ 356 6.1.1.2.7. Aplicaes em disponibilidades ............................................................................ 357 6.1.1.2.8. Aplicaes em investimentos................................................................................ 358 6.1.1.2.9. Aplicaes em imobilizado ..................................................................................... 359

    6.1.2. Eficincia ........................................................................................................................362 6.1.2.1. Receitas e despesas .......................................................................................................... 362

  • 6.1.2.1.1. Despesa de overhead .............................................................................................. 363 6.1.2.1.2. Custo de produo.................................................................................................... 365 6.1.2.1.3. Despesa administrativa........................................................................................... 367 6.1.2.1.4. Despesa de comercializao ................................................................................. 368 6.1.2.1.5. Eficincia operacional .............................................................................................. 369 6.1.2.1.6. Custo do endividamento......................................................................................... 369 6.1.2.1.7. Despesa financeira.................................................................................................... 372 6.1.2.1.8. Despesa operacional ................................................................................................ 373 6.1.2.1.9. Provisionamento para imposto de renda e contribuio ............................ 375

    6.1.2.2. Rentabilidades ..................................................................................................................... 375 6.1.2.2.1. Margem bruta ............................................................................................................. 376 6.1.2.2.2. Margem da atividade ............................................................................................... 377 6.1.2.2.3. Contribuio do resultado financeiro ................................................................. 379 6.1.2.2.4. Margem operacional................................................................................................. 380 6.1.2.2.5. Margem lquida........................................................................................................... 381 6.1.2.2.6. Giro do ativo operacional ....................................................................................... 383 6.1.2.2.7. Giro do ativo total ..................................................................................................... 384 6.1.2.2.8. Rentabilidade da atividade do patrimnio lquido ......................................... 385 6.1.2.2.9. Rentabilidade do ativo total .................................................................................. 386 6.1.2.2.10. Rentabilidade do ativo operacional .................................................................. 387 6.1.2.2.11. Rentabilidade do patrimnio lquido ................................................................ 387

    6.1.3. Solvncia ........................................................................................................................389 6.1.3.1. Liquidez .................................................................................................................................. 390

    6.1.3.1.1. Liquidez geral ............................................................................................................. 390 6.1.3.1.2. Liquidez corrente ....................................................................................................... 392 6.1.3.1.3. Liquidez seca............................................................................................................... 392

    6.1.3.2. Coeficientes do capital de giro....................................................................................... 393 6.1.3.2.1. Coeficiente do capital de giro lquido ................................................................. 394 6.1.3.2.2. Coeficiente do capital de giro prprio................................................................ 394

    6.2. CLCULO, INFORMAES COMPLEMENTARES E APRESENTAO DOS INDICADORES ...........395 6.2.1. Exemplos de apresentao de indicadores .......................................................395 6.2.1.1. Indstria pesada ................................................................................................................. 396 6.2.1.2. Varejo ..................................................................................................................................... 399 6.2.1.3. Agronegcio.......................................................................................................................... 402 6.2.1.4. Indstria de bens de consumo ...................................................................................... 405 6.2.1.5. Concessionria de servios pblicos ........................................................................... 408

    6.2.2. Situaes particulares ...............................................................................................411 6.2.2.1. Indicadores comparativos de contas de demonstrativos distintos .................. 411 6.2.2.2. Patrimnio lquido e rubricas de resultado negativas ........................................... 413 6.2.2.3. Indicadores cujo clculo resulta em denominador zero....................................... 414

    6.3. CLCULO E UTILIZAO DE PERCENTIS ...................................................................................414 6.4. ROTEIRO BSICO PARA ANLISE INTEGRADA DOS INDICADORES .........................................417

    7. IDENTIDADES DE ANLISE FINANCEIRA ..................................................................420

    7.1. MARGEM DA ATIVIDADE, CUSTO DA ATIVIDADE E CUSTO DE PRODUO .............................421 7.1.1. Efeitos da composio de custo de produo e despesa de overhead ...423 7.1.2. Conseqncias de impactos nos condicionantes da margem da atividade........................................................................................................................................................424 7.1.3. Exemplo de aplicao ................................................................................................425

    7.2. ANLISE GIRO X MARGEM ........................................................................................................430 7.2.1. Exemplo de aplicao ................................................................................................435

    7.3. IDENTIDADE DE DU PONT.........................................................................................................440 7.3.1. Equilbrio entre giro, margem e alavancagem.................................................442 7.3.2. Exemplos de aplicao..............................................................................................443 7.3.3. Expresso alternativa de fatores ..........................................................................455

    7.4. ANLISE E PREVISO DE INSOLVNCIA...................................................................................456 7.4.1. Tcnicas quantitativas de previso de insolvncia.........................................457 7.4.2. Uso da anlise discriminante ..................................................................................459 7.4.3. Uso da regresso logstica.......................................................................................461 7.4.4. Uso de outros modelos .............................................................................................462

  • 7.5. MODELOS DE PREVISO DE INSOLVNCIA ..............................................................................463 7.5.1. Modelo Altman .............................................................................................................463 7.5.2. Modelo Elizabetsky .....................................................................................................463 7.5.3. Modelo Kanitz ...............................................................................................................464 7.5.4. Modelo Matias...............................................................................................................465 7.5.5. Modelo Pereira .............................................................................................................465

    7.6. CONSIDERAES SOBRE O PROCESSO DE SCORING ..............................................................466 7.7. RATING .......................................................................................................................................467 7.8. DUE DILLIGENCE .......................................................................................................................470 Questes ......................................................................................................................................471 Exerccios.....................................................................................................................................471 Referncias .................................................................................................................................471

    PARTE III ANLISE FINANCEIRA PROSPECTIVA ...................................................472

    8. PROJEES ..................................................................................................................................473

    8.1. INTRODUO..............................................................................................................................473 8.2. PROJEES ELABORADAS INTERNAMENTE E EXTERNAMENTE .................................................473 8.3. PROJEO...................................................................................................................................475 8.3.1. Anlise macroeconmica..........................................................................................476 8.3.1.1. Anlise macroeconmica internacional ...................................................................... 476 8.3.1.2. Anlise macroeconmica Brasil ..................................................................................... 478

    8.3.2. Anlise setorial.............................................................................................................481 8.3.3. Anlise retrospectiva .................................................................................................482 8.3.4. Projeo ..........................................................................................................................484 8.3.4.1. Vendas.................................................................................................................................... 485 8.3.4.2. Custo das mercadorias (produtos) vendidas............................................................ 487 8.3.4.3. Despesas Administrativas ............................................................................................... 488 8.3.4.4. Despesas Financeiras........................................................................................................ 490

    8.3.5. Novas Estratgias .......................................................................................................490 8.3.6. Projeo DRE ................................................................................................................491 8.3.7. Contas de Capital de Giro ........................................................................................491 8.3.8. Projeo Balano Patrimonial .................................................................................492 8.3.9. Projeo Fluxo de Caixa ...........................................................................................494

    8.4. ANLISE DE CENRIOS..............................................................................................................495 8.4.1. Anlise com Cenrio timo/Pssimo ...................................................................495 8.4.1.1. Anlise com Mltiplos Cenrios ..................................................................................... 498 8.4.1.2. Anlise de sensibilidade ................................................................................................... 499

    8.5. SIMULAES ..............................................................................................................................502 Concluso ....................................................................................................................................507 Questes ......................................................................................................................................507 Exerccios.....................................................................................................................................507 Estudo de caso ..........................................................................................................................507 Referncias .................................................................................................................................507

    9. CLCULO E ANLISE DE VALOR.......................................................................................508

    9.1. CONCEITO DE VALOR ................................................................................................................508 9.2. OUTROS CONCEITOS QUE SE CONFUNDEM COM VALOR..........................................................508 9.3. VALOR VERSUS E LUCRO ...........................................................................................................509 9.4. VALOR VERSUS E FLUXO DE CAIXA...........................................................................................509 9.5. VALOR VERSUS PREO DE MERCADO/A MERCADO ..................................................................510 9.5.1. Preo de mercado e valor a mercado..................................................................510 9.5.2. Pressupostos e implicaes.....................................................................................511 9.5.3. Vantagens ......................................................................................................................512 9.5.4. Limitaes e desvantagens .....................................................................................512

    9.6. ELEMENTOS DA ANLISE DO VALOR .........................................................................................513 9.6.1. Modelo de Desconto de Fluxo de Caixa ..............................................................515 9.6.1.1. Mtodo DFC para a empresa.......................................................................................... 518

  • 9.6.1.2. O Fluxo de Caixa Livre...................................................................................................... 519 9.6.1.3. O Valor Residual ................................................................................................................. 520 9.6.1.4. A Taxa de Desconto........................................................................................................... 522

    9.6.2. Fluxos monetrios para o acionista .....................................................................523 9.6.3. Custo de capital ...........................................................................................................525 9.6.3.1. Custo de capital de terceiros.......................................................................................... 525 9.6.3.2. Custo de capital prprio dos acionistas...................................................................... 526

    9.7. DETERMINAO DA GERAO OU DESTRUIO DE VALOR.....................................................529 9.7.1. Exemplo de clculo do EVA com uma empresa fictcia ................................530 9.7.2. Clculo do Lucro Antes de Juros Ajustados de Impostos ............................533 9.7.3. LAJIR ou EBIT...............................................................................................................534 9.7.4. Impostos sobre LAJIR ...............................................................................................535 9.7.5. LAJIDA OU EBITDA .....................................................................................................536 9.7.6. Mudanas nos Impostos Diferidos ........................................................................537 9.7.7. Clculo e interpretao do Retorno Sobre o Capital Investido..................538 9.7.8. Clculo e Anlise do EVA ou Valor Econmico Agregado (VEA)................538

    9.8. G.V.A. .......................................................................................................................................538 9.8.1. Objetivos do GVA ........................................................................................................539 9.8.2. O conceito de gerao de valor agregado a mudana de cultura ........540 9.8.3. As mtricas do G.V.A. ...............................................................................................541 9.8.3.1. Saneamento da base de ativos ..................................................................................... 546

    Questes ......................................................................................................................................553 Exerccios.....................................................................................................................................553 Referncias .................................................................................................................................553

    10. VALOR POR MLTIPLOS ....................................................................................................555

    10.1. INTRODUO ...........................................................................................................................555 10.2. APRESENTAO E DESCRIO................................................................................................555 10.2.1. Preo/Lucro (P/L) .....................................................................................................558 10.2.2. Preo/LAJIDA..............................................................................................................560 10.2.3. Preo/Valor Patrimonial (P/VPA).........................................................................562 10.2.4. Preo/Receita (P/R) .................................................................................................564 10.2.5. Dividend Yield ............................................................................................................566 10.2.6. Mltiplos por setor ...................................................................................................567 10.2.7. Mltiplos com dados futuros ................................................................................568

    10.3. ANLISE FINANCEIRA ATRAVS DE MLTIPLOS....................................................................569 10.4. PRECIFICAO ATRAVS DE MLTIPLOS................................................................................571 10.4.1. Clculo do preo justo ............................................................................................572 10.4.2. Seleo dos mltiplos .............................................................................................573

    10.5. ANLISE COMPARATIVA ENTRE EMPRESAS ............................................................................575 10.5.1. Armadilha no uso de mltiplos............................................................................575

    10.6. VANTAGENS, DESVANTAGENS E LIMITAES........................................................................577 Questes ..........................................................................................................................................2 Exerccios.........................................................................................................................................2 Referncias .....................................................................................................................................5

  • INTRODUO

    com muito interesse que acompanhamos a construo de

    uma realidade econmica no Brasil ancorada na estabilidade,

    envolvendo a criao de uma cultura voltada para a poupana e o

    investimento de longo prazo no setor produtivo. Como resultado,

    temos hoje um mercado de capitais com alicerces slidos e que vem

    funcionando como um dos principais agentes financiadores da

    economia nacional.

    Neste contexto, o lanamento do livro Anlise Financeira

    Fundamentalista de Empresas, coordenado pelo professor Alberto

    Borges Matias, uma excelente notcia. A obra constitui-se numa

    colaborao de grande valor para a continuidade do desenvolvimento

    do mercado de capitais no Brasil. E tambm vem ao encontro do

    esforo que a BM&FBOVESPA S.A. realiza para democratizar os

    conhecimentos nesta rea e facilitar o acesso dos mais diversos

    pblicos s informaes relativas ao funcionamento e desempenho

    das companhias de capital aberto.

    bastante notrio que a contribuio do mercado de capitais

    decisiva para o crescimento das empresas, a gerao de empregos e

    a distribuio de renda no Pas. Os recursos captados pela empresas

    so direcionados, principalmente, para a expanso dos negcios de

    companhias de diversos setores emergentes, como sade, educao,

    construo civil, bancos mdios, entre outros - e os j

    tradicionalmente presentes, a exemplo de minerao, siderurgia,

    energia e alimentos.

    Diante do despertar dos brasileiros pelo mercado de capitais,

    necessrio que os profissionais das empresas compreendam quais os

    fundamentos que precisam ter como base para construir um negcio

    sustentvel, capaz de atrair tambm investidores conscientes e de

    longo prazo. Ao mesmo tempo, na busca por maior transparncia,

    torna-se fundamental, no s que as companhias divulguem o

  • mximo de informaes, mas tambm que os investidores e outros

    interessados tenham conhecimento suficiente para interpret-las.

    Diante destas necessidades, o livro Anlise Financeira

    Fundamentalista de Empresas, certamente, ser bastante til para

    estudantes que se preparam para trabalhar nas reas administrativa

    e financeira, profissionais de empresas, analistas do mercado de

    capitais e investidores. Escrito de modo bastante didtico, fornece as

    bases conceituais para a compreenso dos fundamentos de uma

    companhia, relacionando conhecimentos de macroeconomia,

    contabilidade e finanas. Oferece ao leitor a possibilidade de se ter

    uma viso global da empresa, de como ela se posiciona no cenrio

    nacional e internacional e no setor em que atua, e tambm subsdios

    para analisar a viabilidade do negcio no mdio e longo prazo.

    Ao se dedicar a esta obra, o professor Matias e sua equipe

    demonstraram uma ateno especial para com todo este pblico, que

    vem crescendo significativamente. Apenas neste incio de sculo o

    nmero de pessoas fsicas que investem em aes no Brasil, por

    exemplo, multiplicou-se por sete. Ao mesmo tempo, abriram-se as

    portas para os profissionais qualificados nesta rea, com a estria na

    Bolsa, por meio de ofertas pbicas iniciais de aes (IPO), de mais de

    uma centena de companhias.

    O empenho na realizao do livro tambm revela uma viso de

    futuro, de quem acredita na continuidade da evoluo do mercado,

    como atestam os nmeros cada vez maiores de pessoas

    especialmente estudantes que assistem cursos e palestras sobre o

    funcionamento do mercado de capitais ou que fazem visitas

    monitoradas Bolsa, no centro de So Paulo.

    Por fim, consideramos que esta obra mais um grande

    exemplo de que estamos saindo de uma histria em que o

    conhecimento da economia era por demais intrincado e restrito a

    especialistas, para a democratizao e popularizao das informaes

    sobre esse tema e as empresas.

  • Oxal assuntos desta natureza possam se tornar to

    corriqueiros no dia-a-dia dos brasileiros quanto o futebol.

    Gilberto Mifano

    Presidente do Conselho de Administrao da BM&F Bovespa

    Vice-presidente do Conselho de Administrao do Instituto Brasileiro

    de Governana Corporativa

    Integrante do board da WFE - World Federation of Exchanges e do

    Comit Executivo da FIAB - Federao Ibero-Americana de Bolsas.

  • PREFCIO

    Como professor fundador da FEA-RP/USP1, tive a preocupao

    de buscar sermos os melhores do Pas em nossas reas, pois ou

    assim agamos ou sucumbiramos o curso de Administrao de

    Empresas da unidade acabou sendo o de maior nota mdia em todas

    as edies do Provo do MEC. Sendo a minha rea Finanas, procurei

    faz-lo da melhor forma para atingir o objetivo por mim mesmo

    proposto, razo do contnuo questionamento sobre a estrutura

    curricular da rea.

    Este livro, assim como as duas obras antecessoras Finanas

    Corporativas de Curto Prazo e Finanas Corporativas de Longo

    Prazo, surge da necessidade encontrada nas disciplinas que ministrei

    na FEA/USP, campi de So Paulo e Ribeiro Preto, de organizao

    didtica do conhecimento de Finanas, bem como de crticas de ex-

    alunos quanto necessidade de se introduzir temas importantes para

    a vida profissional. J no curso de graduao pude observar que o

    ensino de finanas encontrava resistncia de entendimento por parte

    dos alunos, quer por falta de entendimento de conceitos de

    disciplinas anteriores, quer pelo encadeamento, de forma pouco

    didtica, do contedo das disciplinas da prpria rea de Finanas.

    No tocante ao aspecto de entendimento de conceitos de

    disciplinas anteriores, a deficincia encontrava-se na falta de

    coordenao das disciplinas de finanas com outras que as

    antecediam e que eram de fundamental importncia para seu

    entendimento.

    Quanto ao aspecto de encadeamento do contedo das

    disciplinas de Finanas pudemos, em conjunto com alunos dos

    programas de ps-graduao, observar, j nos levantamentos iniciais

    de programas acadmicos nacionais e internacionais, a mescla

    existente entre conceitos, sem uma clara definio de seqncia, 1 Ver www.fearp.usp.br

  • proliferando disciplinas numeradas (Finanas 1, Finanas 2, Finanas

    3, Finanas 4) sem uma clara sedimentao de contedo

    razoavelmente conectado. Aps algumas reunies ao longo dos

    programas de ps-graduao, definimos a separao do contedo de

    gesto financeira de curto prazo do de longo prazo. Nas disciplinas de

    Finanas Corporativas no curso de graduao, transformamos a

    disciplina Administrao Financeira I em Administrao do Capital de

    Giro, tendo por funo a exposio do contedo de gesto financeira

    de curto prazo, e a disciplina de Administrao Financeira II em

    Administrao Financeira de Longo Prazo, tendo por funo a

    exposio do contedo de gesto financeira de longo prazo.

    Aps a discusso de formao acadmica da disciplina,

    passamos a discutir a literatura que poderia ser utilizada dentro desta

    nova formao e observamos que a literatura convencional, com

    raras excees, no atendia ao que havamos definido: alis, grande

    parte dos livros de fundamentos em finanas concede nfase a

    tpicos isolados do conhecimento de finanas, com destaque a

    tpicos de avaliao de empresas e no gesto de ativos e passivos

    de longo prazo.

    Considerou-se como premissa bsica que a estrutura do

    currculo de finanas deve levar em considerao a gerao de valor,

    elemento fundamental para o entendimento da maximizao do valor

    das empresas. Para tanto, a metodologia proposta e adotada para a

    elaborao dos livros desta coleo obedeceu diviso do contedo

    de finanas corporativas em dois grandes grupos: finanas de curto

    prazo, ou administrao de capital de giro, e finanas de longo prazo,

    ou gesto de valor. Esta nova abordagem proporciona uma viso

    sistmica do contedo de finanas, gerando um melhor

    seqenciamento da disciplina por parte dos professores e facilitando o

    entendimento por parte dos alunos.

    No entanto faltava aos alunos de graduao uma disciplina em

    Finanas Corporativas que fundamentasse os conhecimentos das

  • duas disciplinas citadas, de curto e de longo prazo. J havamos

    incorporado anteriormente na FEA-RP/USP uma disciplina de Anlise

    Financeira com este objetivo, congregando os conhecimentos de

    Macroeconomia, Economia Brasileira, Contabilidade Empresarial com

    Finanas Corporativas. Tnhamos uma dificuldade em encontrar um

    livro texto para essa disciplina que reunisse essa viso, razo pela

    qual acabamos por construir esta obra de Anlise Financeira

    Fundamentalista. Os captulos do livro formam as diversas aulas a

    serem ministradas na disciplina. Optou-se, na redao do texto, por

    uma forma mais didtica e acessvel a alunos de graduao e de

    MBAs, possibilitando a melhor compreenso e aplicao dos conceitos

    apresentados.

    As discusses permearam diversas turmas de ps-graduao da

    FEA-RP/USP, que participaram ativamente da formao deste livro, e

    tambm turmas de graduao da FEA-RP/USP, que utilizaram esta

    literatura, mesmo em fase de produo, contribuindo para seu

    aperfeioamento. O trabalho de pesquisa foi centralizado no CEPEFIN

    Centro de Pesquisas em Finanas2 e INEPAD Instituto de Ensino e

    Pesquisa em Administrao3, tambm por mim fundados. A todos os

    participantes deste projeto meus profundos agradecimentos.

    Cientes de que o administrador deve ter uma slida formao

    em finanas tanto no aspecto terico como prtico para a tomada

    de decises e para planejar, organizar, dirigir e controlar recursos,

    atividades e bens, buscamos organizar cada captulo considerando o

    ensino de graduao no pas. Esperamos que esta obra cumpra sua

    funo de formar gestores capazes de tomar decises efetivas, bem

    como profissionais conscientes de suas funes na sociedade. Esta

    a nossa pretenso.

    Alberto Borges Matias4

    2 Ver www.cepefin.org.br 3 Ver www.inepad.org.br 4 Ver www.albertomatias.com.br

  • INTRODUO

    (em desenvolvimento)

    Toda organizao, seja ela privada, governamental ou do chamado Terceiro

    Setor consiste em um sistema aberto, em constante interao com o meio

    ambiente. Para sobreviver, as organizaes precisam de insumos (recursos

    humanos, recursos financeiros e materiais), que so transformados em

    bens e servios, os quais so colocados no mercado, visando o atendimento

    de uma determinada necessidade. O atendimento dessa necessidade produz

    resultados que retroalimentam as organizaes (receitas e lucro, no caso da

    empresa; reconhecimento e efetividade social na promoo do bem comum,

    no caso do Estado e de entidades do Terceiro Setor). Portanto, a relao

    com o meio externo constitui um fator-chave da prpria existncia das

    organizaes. Por esse motivo, entender de que se compe esse ambiente e

    como ele se organiza torna-se essencial para a gesto das empresas

    (ANDION; FAVA, 2002)

    O ambiente externo da organizao compe-se de um conjunto de

    entidades que direta ou indiretamente influenciam e so influenciadas por

    ela. Essas influncias ocorrem tanto por troca de produtos, recursos,

    informao, tecnologia, quanto pela influncia de variveis polticas,

    econmicas, sociais, regulatrias, ecolgicas etc., que determinam a

    amplitude da gesto organizacional (JOHNSSON; FRANCISCO FILHO, 2002).

    O ambiente empresarial brasileiro sofreu mudanas profundas na ltima

    dcada, entre as quais possvel citar a estabilidade de preos, a maior

    abertura para importaes e as privatizaes, acirrando a competio.

    (JOHNSSON; FRANCISCO FILHO, 2002).

    As informaes resultantes da integrao das variveis macroeconmicas,

    polticas macroeconmicas e demonstrativos financeiros organizacionais so

    necessrias para a formao de um diagnstico sobre o desempenho das

    empresas inseridas nesse ambiente econmico e no esttico.

  • A evoluo das polticas econmicas, assim como as diferentes variveis

    ambientais, polticas, sociais e empresariais, interferem e influenciam as

    decises organizacionais, delineando trajetrias, orientando possveis

    estratgias e moldando comportamentos (GERA, 2007).

    As mudanas, os eventos, as ameaas e as oportunidades no ambiente

    continuamente criam sinais e mensagens. As organizaes detectam ou

    recebem essas sugestes e usam a informao para se adaptarem s novas

    condies. Quando as decises baseiam-se nessas mensagens, mais

    informao gerada e transmitida, acarretando novos sinais e decises

    (MORESI, 2001).

    Referncias

    ANDION, M. C.; FAVA, R. Planejamento estratgico. Coleo Gesto

    Empresarial, Curitiba, v. 2, p. 27, 2002.

    GERA, M. Anlise macro financeira de empresas. 2007. 98 f. Trabalho de

    Concluso de Curso Departamento de Administrao, Faculdade de

    Economia, Administrao e Contabilidade de Ribeiro Preto, Universidade de

    So Paulo, Ribeiro Preto, 2007.

    MORESI, E. A. D. Inteligncia organizacional: um referencial integrado.

    Cincia da Informao, Braslia, v. 30, n. 2, p. 35-46, maio/ago. 2001.

    JOHNSSON, M. E.; FRANCISCO FILHO, V. P. Controladoria. In: Mendes, J. T.

    G et al. Finanas empresariais. Coleo Gesto Empresarial. Curitiba:

    Associao Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, 2002. Captulo 5, p.

    59-68.

  • PARTE I ANLISE DO AMBIENTE ECONMICO

  • 1. ANLISE MACROFINANCEIRA

    O desempenho financeiro das empresas est diretamente relacionado

    ao ambiente econmico no qual elas esto inseridas. Freqentemente

    acompanhamos pelos jornais notcias como queda na cotao do dlar

    reduz os lucros de siderrgicas, ou crescimento da renda reduz

    inadimplncia e aumenta vendas do varejo.

    As empresas no so entidades isoladas, dotadas de vida prpria e

    autnoma em relao ao ambiente macrofinanceiro no qual esto inseridas.

    Na verdade, todas as interaes da empresa com agentes externos que

    determinam impactos sobre sua receita, custo dos insumos produtivos,

    tributao, encargos financeiros pagos ou recebidos, perdas de crdito,

    dentre muitos outros, so fortemente dependentes de fatores externos

    sobre os quais a empresa, de forma isolada, dificilmente tem algum poder

    de controle ou influncia, mesmo tratando-se de grandes grupos

    corporativos com atuao diversificada. Boa parte das diferenas de

    desempenho financeiro entre as empresas pode ser atribuda a forma como

    estas lidam com os diversos fatores externos macrofinanceiros.

    Assim, a anlise financeira deve, sempre, partir da compreenso de

    como o ambiente macrofinanceiro impacta os diversos aspectos e quesitos

    abordados no processo de anlise. Ignorar esta realidade pode levar o

    analista a estabelecer apenas relaes de causa-efeito endgenas

    atribuindo todo o desempenho financeiro a decises livres, tomadas pelos

    gestores da empresa sem influncias externas.

    Em tempos onde demonstrativos contbeis, indicadores quantitativos

    e grficos so facilmente obtidos, um analista financeiro se diferencia dos

    demais ao conseguir enxergar alm dos nmeros de demonstrativos

    padronizados e entender como um conjunto amplo destes fatores

    macrofinanceiros influencia o desempenho da empresa. A anlise financeira

    que parte desta premissa pode tornar-se mais consistente e mais confivel

    para seus usurios.

    Neste sentido, esta primeira parte do livro busca facilitar a

    compreenso do ambiente macroeconmico e seus respectivos impactos no

    desempenho financeiro empresarial e, conseqentemente, nas

  • demonstraes contbeis, bem como identificar e ilustrar como tais

    impactos interferem na gesto financeira organizacional.

    1.1. Conceitos bsicos de macroeconomia

    Esta obra possui como principal objetivo analisar a atuao das

    empresas em um contexto econmico globalizado, turbulento e voltil, com

    constantes e rpidas transformaes. Para tal anlise, necessrio

    identificar os impactos gerados pelo ambiente macroeconmico no

    desempenho financeiro das empresas, refletido nas suas demonstraes

    financeiras; analisar as conseqncias financeiras desse quadro para a

    empresa e as aes da gesto financeira na tentativa de obter o melhor

    desempenho em face deste cenrio, maximizando a eficincia na utilizao

    dos recursos, gerando valor, promovendo a sustentabilidade corporativa e o

    desenvolvimento para a empresa.

    Primeiramente, julga-se relevante expor algumas definies para a

    melhor compreenso do tema abordado. Conforme Ferreira (1976),

    economia a organizao dos diversos elementos de um todo, ou seja, a

    cincia que trata dos fenmenos relativos produo, distribuio e

    consumo de bens. o sistema produtivo de um pas ou regio.

    A cincia econmica consolidada com a escola clssica. O marco

    fundamental a obra Uma Investigao sobre a Natureza e Causas da

    Riqueza das Naes, publicada em 1976 pelo escocs Adam Smith (1723-

    1790). Aps a morte de Smith, trs nomes aperfeioaram e ampliaram suas

    idias: o francs Jean-Baptiste Say (1767-1832) e os ingleses Thomas

    Malthus (1766-1834) e David Ricardo (1772-1823).

    Conforme Lopes et al (2000), existem inmeras formas de se medir o

    desempenho de uma economia, tais como o clculo dos bens e servios

    produzidos no pas, clculo do nvel de desenvolvimento econmico e social

    etc.

    Uma das maneiras mais comuns de medir esse desempenho consiste

    em calcular o valor de todos os bens e servios produzidos pelo pas. A

    atividade produtiva, porm, requer a utilizao de fatores produtivos

    terra, trabalho, capital (agregados macroeconmicos) que devem ser

    remunerados quando utilizados. A totalidade dessa remunerao, que

  • representa salrios, lucros, juros e aluguis, tambm pode ser considerada

    um indicador de desempenho econmico. (LOPES et al., 2000)

    Aps a definio de economia e agregados macroeconmicos,

    diferenciam-se os conceitos de macroeconomia e microeconomia, visando

    melhor compreenso do tema proposto.

    A abordagem macroeconmica estuda o comportamento dos grandes

    agregados econmicos, como o produto interno bruto (PIB), o consumo

    privado (CP), a taxa de desemprego (TD), a taxa de juro e o consumo do

    governo. o estudo das quantidades globais e as relaes entre as

    mesmas, desinteressando-se dos comportamentos individuais. Atravs

    desta abordagem, os economistas tentam estabelecer relaes entre estas

    inmeras variveis, buscando compreender e prever os efeitos de

    intervenes sobre o futuro da economia.

    Segundo Ferreira (1976), a macroeconomia refere-se parte da

    economia que estuda o funcionamento do sistema econmico como um

    todo, especificamente as variaes do produto, nvel geral de preos, nvel

    de emprego, taxa de juros e balano de pagamentos.

    Valendo-se da definio, Lopes et al. (2000, p.14) corroboram que:

    [...] A natureza bsica da Macroeconomia a discusso da

    economia em termos globais [...] Dessa forma, a Macroeconomia

    enfoca a economia como se ela fosse constituda por cinco

    mercados: o mercado de bens e servios, o mercado de trabalho,

    o mercado monetrio, o mercado de ttulos e o mercado cambial.

    Pindyck e Rubinfeld (2002, p.3) complementam essa idia, afirmando

    que a macroeconomia trata das quantidades econmicas agregadas, tais

    como o nvel e a taxa de crescimento do produto nacional, taxas de juros,

    desemprego e inflao.

    Aps a definio de macroeconomia, busca-se ilustrar a distino

    encontrada em relao abordagem microeconmica, a qual valoriza a

    forma como os indivduos reagem a incentivos, como a informao circula

    na economia e como estes microeventos se refletem nas variveis

    macroeconmicas. Historicamente, as primeiras teorias econmicas eram

    microeconmicas e explicavam as variveis macroeconmicas com base na

    ao individual dos agentes econmicos.

  • Pindyck e Rubinfeld (2002, p. 3) complementam a proposta de

    definio de microeconomia:

    [...] a anlise microeconmica trata do comportamento das

    unidades econmicas individuais. Tais unidades abrangem

    consumidores, trabalhadores, investidores, proprietrios de terra,

    empresas - na realidade, quaisquer indivduos ou entidades que

    tenham participao no funcionamento de nossa economia. A

    microeconomia explica como e por que essas unidades tomam

    decises econmicas. Por exemplo, ela esclarece como os

    consumidores tomam decises de compra e de que forma suas

    escolhas so influenciadas pelas variaes de preos e rendas;

    explica tambm de que maneira as empresas determinam o

    nmero de trabalhadores que contrataro e como os

    trabalhadores decidem onde e quanto trabalhar.

    Dessa forma, por meio do estudo do comportamento e da interao

    entre cada empresa e os consumidores, a microeconomia revela como os

    setores e mercados operam e se desenvolvem, por que so diferentes entre

    si e como so influenciados por polticas governamentais e condies

    econmicas globais. (PINDYCK; RUBINFELD, 2002 p.3)

    No entanto, de difcil compreenso a completa separao entre

    ambiente macroeconmico e microeconmico. Para tanto, Pindyck e

    Rubinfeld (2002 p.3) afirmam:

    [...] a fronteira entre a macroeconomia e a microeconomia

    tem se tornado cada vez menos definida nos ltimos anos.

    Isso ocorre porque a macroeconomia tambm envolve

    anlise de mercados por exemplo, mercados agregados de

    bens e servios, mo-de-obra e ttulos de empresas. Para

    entender como operam tais mercados agregados,

    necessrio que se compreenda o comportamento das

    empresas, dos consumidores, dos trabalhadores e dos

    investidores que os compe. Dessa maneira, os

    macroeconomistas tm se preocupado cada vez mais com os

    fundamentos microeconmicos dos fenmenos econmicos

    agregados, e grande parte da macroeconomia , na

    realidade, uma extenso da anlise microeconmica.

  • Hall e Lieberman (2003) afirmam que essencial uma viso

    integrada do sistema econmico em que a macroeconomia no pode ser

    analisada desvinculando-a dos mercados. Afirmam ainda que as polticas

    governamentais, fiscal e monetria afetam o nvel macroeconmico e

    microeconmico e, portanto, so de extrema importncia para os

    profissionais e estudiosos da rea de finanas.

    Assim, tem-se que as polticas econmicas esto relacionadas s

    aes de interveno efetuadas pelo governo de um pas, objetivando a

    elevao do nvel de emprego e sua constante manuteno, aumento das

    taxas de crescimento econmico apresentadas e conteno e estabilidade

    de preos. As principais polticas econmicas so: monetria, fiscal, cambial

    e de rendas. importante reforarmos que, dentro de nossa abordagem, as

    polticas econmicas podem ser identificadas e analisadas em qualquer

    regime de governo, pois se referem forma como seus quatro

    componentes so administrados, independentemente dos programas

    polticos subjacentes do governo de qualquer territrio.

    Para a abordagem proposta neste livro, considerou-se essencial a

    compreenso das polticas fiscal (arrecadao, gastos e mercado de ttulos)

    e de rendas (mercado de trabalho e mercado de bens e servios), alm da

    poltica monetria (mercado monetrio) e poltica cambial (mercado

    cambial). Essas quatro polticas econmicas, tomadas no nvel de anlise

    por mercado nacional, so interdependentes entre si, e cada vez mais

    influenciadas pelas polticas econmicas de outros pases e/ou blocos

    econmico, especialmente daqueles cuja influncia na economia

    internacional maior.

    1.2. Polticas Macroeconmicas

    De acordo com Fortuna (2005 p. 47):

    [...] os objetivos fundamentais das polticas econmicas esto

    intimamente ligados poltica global do governo, que consiste,

    em sntese, em promover o desenvolvimento econmico, garantir

    o pleno emprego e sua estabilidade, equilibrar o volume

    financeiro das transaes econmicas com o exterior, garantir

  • estabilidade de preo e o controle da inflao e promover a

    distribuio da riqueza e das rendas.

    Assim, tem-se a expresso:

    C(y) + I(r) + G + ((X-M) (x)) = Y

    Onde:

    A Poltica de Rendas define o C(y), sendo C(y);

    A Poltica Monetria define I(r), sendo I(r);

    A Poltica Fiscal define o G, sendo G;

    A Poltica Cambial define o (X-M) (x), sendo (X) e (M).

    1.2.1. Poltica monetria e impactos empresariais

    Primeiramente, para a melhor compreenso da poltica monetria,

    importante conhecer o significado econmico de moeda, suas atribuies e

    suas contribuies. De acordo com Lopes et al. (2000, p. 54), moeda um

    objeto que desempenha trs funes: meio de trocas; unidade de conta e

    reserva de valor.

    Segundo Lopes et al. (2000), os principais atributos que a mercadoria

    monetria (a moeda) deve possuir so: baixos custos de transao e de

    estocagem, alm de estabilidade de seu valor, tal que possa desempenhar

    suas funes de unidade de conta e reserva de valor. A adoo do papel-

    moeda como tal5 deu-se em funes de suas evidentes vantagens nestes

    trs aspectos.

    O Brasil experimentou, de 1982 a 1994, um perodo marcado pela

    predominncia de altas taxas de inflao, com evidentes impactos sobre o

    desempenho adequado desses papis pelas sucessivas moedas brasileiras

    do perodo (LOPES et al., 2000, p.56):

    [...] Recentemente no Brasil, na fase inicial do Plano Real, o

    prprio governo institucionalizou a separao entre as funes de

    unidade de conta e meio de troca, por meio da criao da URV

    (Unidade Real de Valor) que deveria ser o referencial para a

    cotao dos preos enquanto o cruzeiro real permanecia como

    meio de troca. Com a reforma monetria que transformou a URV

    5 A discusso sobre as funes do papel-moeda, bem como toda a discusso relacionada ao seu lastreamento em outra mercadoria com valor real extrnseco fogem aos objetivos deste livro, e podem ser encontradas em bons manuais de economia monetria.

  • em real, voltou-se a unificar neste ltimo as funes de unidade

    de conta e meio de troca. (LOPES et al., 2000, p.68)

    Nestas pocas de elevao de taxas de inflao, diminui o grau de

    monetizao da economia, pois a coletividade, para defender-se, procura

    aplicar mais recursos que rendem juros, retendo menos moeda ou

    depsitos vista (LOPES et al., 2000, p.58).

    [...] A substituio de moedas pelos agentes econmicos uma

    caracterstica de contextos de inflao elevada. A moeda perde,

    em primeiro lugar, sua funo de reserva de valor, uma vez que

    as pessoas tentam desfazer-se dela rapidamente; em seguida,

    deixa de ser unidade de conta, com os agentes buscando outro

    referencial para cortar seus preos, mantendo-se de forma

    precria por algum tempo como meio de troca por determinao

    legal (LOPES et al., 2000, p.57).

    No mercado monetrio so determinadas as taxas de juros e a

    quantidade de moeda necessria para efetuar as transaes econmicas.

    (LOPES et al., 2000, p.15).

    Aps a compreenso dos atributos da moeda, define-se poltica

    monetria como o controle da oferta da moeda e das taxas de juros de

    curto prazo que garanta a liquidez ideal de cada momento econmico. O

    executor dessas polticas o Banco Central (FORTUNA, 2005, p.47).

    A poltica monetria representa a atuao das autoridades monetrias

    por meio de instrumentos de efeito direto ou induzido, com o propsito de

    se controlar a liquidez global do sistema econmico. Esta poltica formada

    por um conjunto de medidas que definem o controle da oferta de moeda e,

    conseqentemente, das taxas de juros, visando garantir a liquidez ideal

    para cada momento econmico, partindo-se do modelo de que tanto a

    inflao como as taxas de juros interagem com modelos clssicos de oferta

    e demanda de moeda em determinado mercado monetrio.

    Paralelamente, a poltica monetria afeta o nvel de produto da

    economia de forma indireta, por meio de intervenes no mercado

    financeiro que influenciam a taxa de juros. A atuao do Banco Central

    (Bacen) para definir as condies de liquidez da economia evidenciada por

  • aes como a quantidade ofertada de moeda e o nvel de taxa de juros,

    alm do percentual do compulsrio.

    De forma geral, conforme Fortuna (2005), a poltica monetria

    apresenta dois efeitos importantes sobre a questo do financiamento das

    contas externas: (1) elevam a disponibilidade de capitais de curto prazo, via

    atrao de investimentos em renda fixa; e (2) reduzem o tamanho do

    dficit em conta corrente, a partir de seus efeitos sobre o saldo das

    exportaes liquidas.

    Visando-se a melhor compreenso da poltica monetria, destacam-

    se os conceitos de base monetria e meios de pagamentos.

    A base monetria compe-se do papel moeda emitido e das reservas

    bancrias em depsito no Bacen. Os bancos comerciais multiplicam esta

    moeda ou criam dinheiro por meio de emprstimos (FORTUNA, 2005, p.49).

    Segundo Lopes et al. (2000), a base monetria representa o dinheiro

    com poder de multiplicao. Inclui o papel-moeda emitido pelo governo em

    poder do pblico e o volume de reservas mantidos pelos bancos comerciais.

    Corresponde a praticamente toda a moeda fsica disponvel (papel moeda

    e moeda metlica), exceto a que ficou retida no Caixa das Autoridades

    Monetrias.

    De acordo com a definio do Banco Central (2007), a base

    monetria representa o passivo monetrio do Banco Central, tambm

    conhecido como emisso primria de moeda, e inclui o total de cdulas e

    moedas em circulao, bem como os recursos da conta Reservas Bancrias.

    Dessa forma, tem-se que a base monetria corresponde ao montante de

    dinheiro em circulao no pas somado ao dinheiro depositado nos bancos

    comerciais (soma do dinheiro dos caixas, dos depsitos voluntrios e

    compulsrios no Banco Central).

    Resumidamente, a Base Monetria (High Powered Money), segundo

    Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2002), a moeda injetada

    inicialmente na economia e corresponde soma entre o papel-moeda em

    poder pblico mais as reservas dos bancos.

  • 0

    1

    2

    3

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    5

    6

    1999 12

    2000 05

    2000 10

    2001 03

    2001 08

    2002 01

    2002 06

    2002 11

    2003 04

    2003 09

    2004 02

    2004 07

    2004 12

    2005 05

    2005 10

    2006 03

    2006 08

    2007 01

    Perodo

    % do PIB

    Base Monetria % PIB

    Fonte: IPEADATA

    Ilustrao 1 - Base Monetria e PIB

    Complementando, afirma-se que os meios de pagamento (M), de

    acordo com Lopes et al (2000), consistem na totalidade dos haveres

    possudos pelo setor no bancrio e que podem ser utilizados a qualquer

    momento, para qualquer dvida em moeda nacional. Corresponde, portanto,

    ao papel-moeda emitido pelo Banco Central em poder do pblico e aos

    depsitos a vista no sistema bancrio.

    De acordo com o Banco Central do Brasil (2007), o conceito restrito

    de moeda (M1) representa o volume de recursos prontamente disponveis

    para o pagamento de bens e servios. Inclui o papel-moeda em poder do

    pblico, isto , as cdulas e moedas metlicas detidas pelos indivduos e

    empresas no financeiras e, ainda, os seus depsitos vista efetivamente

    movimentveis por cheques. Com a reduo da inflao, a partir da

    introduo do real, ocorreu forte crescimento dos meios de pagamento no

    conceito restrito, processo esse conhecido como remonetizao, resultante

    da recuperao da credibilidade da moeda nacional.

  • 0

    50000

    100000

    150000

    1993 01

    1993 08

    1994 03

    1994 10

    1995 05

    1995 12

    1996 07

    1997 02

    1997 09

    1998 04

    1998 11

    1999 06

    2000 01

    2000 08

    2001 03

    2001 10

    2002 05

    2002 12

    2003 07

    2004 02

    2004 09

    2005 04

    2005 11

    2006 06

    2007 01

    Data

    R$ (milhes)

    M1

    Fonte: IPEADATA

    Ilustrao 2 - Evoluo do M1

    Portanto, o M1 compreende o dinheiro que tem liquidez total, o qual

    aceito livremente e no gera rendimento por si s. (FORTUNA, 2005) Ou

    seja, o papel moeda em poder do pblico somado aos depsitos a vista.

    (LOPES, et al., 2000).

    Analisando-se a economia brasileira como um todo, pode-se

    relacionar a dvida pblica com a emisso de papel moeda. Quanto maior a

    dvida pblica, maior a emisso do papel moeda. Ou seja, se existe uma

    elevao na dvida pblica brasileira, h um reflexo na chamada base

    monetria M1.

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    200000

    400000

    600000

    800000

    1000000

    1993 01

    1993 09

    1994 05

    1995 01

    1995 09

    1996 05

    1997 01

    1997 09

    1998 05

    1999 01

    1999 09

    2000 05

    2001 01

    2001 09

    2002 05

    2003 01

    2003 09

    2004 05

    2005 01

    2005 09

    2006 05

    2007 01

    Data

    R$ (milhes)

    Divida Lquida Setor Pblico

    Fonte: IPEADATA

    Ilustrao 3 - Evoluo da Dvida Lquida do Setor Pblico

    J o M2, de acordo com Fortuna (2005) o conceito de moeda que,

    alm do M1, inclui os depsitos especiais remunerados, depsitos em

    poupana e os ttulos emitidos em mercado primrio pelo sistema emissor

    representado pelo sistema financeiro e suas instituies financeiras

    (depsitos a prazo, letras de cmbio, letras imobilirias e letras

    hipotecrias), a no inclusas as cotas dos fundos de renda fixa.

    Para Lopes et al (2000), o M2 representa o M1 somado aos ttulos

    pblicos (federais, estaduais e municipais) em poder do setor privado. O

    Bacen (2007) informa que o M2 refere-se ao M1 somado dos depsitos

    especiais remunerados somados dos depsitos de poupana e somados aos

    ttulos emitidos por instituies depositrias.

    Define-se o M3:

    [...] M3 o conceito de moeda, que alm do M2, inclui as cotas

    dos fundos de renda fixa excludos o lastro em ttulos emitidos em

    mercado primrio pelas instituies financeiras e as operaes

    compromissadas com ttulos federais do restante da economia

    junto ao sistema emissor, representado pelo sistema financeiro, e

    que funcionada como moeda para o efeito de transaes do

  • sistema. Na realidade, o M3 agrega todas as captaes do

    sistema financeiro no mercado interno, com instrumentos de alta

    liquidez. (FORTUNA, 2005 p.50)

    Conceito esse complementado por Lopes et al. (2000), que define M3

    como a soma de depsitos de poupana e o M2. De acordo com as

    informaes do Bacen (2007), o M3 refere-se ao M2 somado s quotas de

    fundos de renda fixa e operaes compromissadas registradas no SELIC

    (Sistema Especial de Liquidao e Custdia).

    De acordo com Fortuna (2005), define-se o M4 como o conceito que,

    alm de abranger o M3 e, portanto, tambm o sistema emissor,

    representado pelo sistema financeiro, inclui o sistema emissor representado

    pelos governos no que corresponde aos ttulos pblicos federais (indexadas

    a SELIC) e ttulos estaduais e municipais, em poder do setor no-financeiro.

    Para Lopes et al. (2000), o M4 representa o M3 somado aos depsitos

    a prazo e outros ttulos privados, enquanto o Bacen (2007) afirma que o M4

    representa o M3 somado aos ttulos pblicos de alta liquidez.

    Com a fixao dos conceitos de base monetria e dos meios de

    pagamento importante a explorao dos instrumentos de Poltica

    Monetria, tais como depsito compulsrio; redesconto ou emprstimo de

    liquidez; mercado aberto (open market) e controle e seleo de crdito,

    para a melhor compreenso da poltica monetria.

    [...] Depsito Compulsrio: incide sobre os depsitos a vista e

    sobre recursos de terceiros regula o multiplicador bancrio

    (quanto maior a taxa de recolhimento do compulsrio

    determinada pelo CMN (Conselho Monetrio Nacional), menor o

    multiplicador bancrio), imobilizando, de acordo com a taxa de

    recolhimento de reserva obrigatria fixada pelo CMN, uma parte

    maior ou menor dos depsitos bancrios e dos recursos de

    terceiros que neles circulem (ttulos em cobrana, tributos

    recolhidos, garantias de operaes de crdito), restringindo ou

    alimentando o processo de expanso dos meios de pagamento

    (FORTUNA, 2005 p. 48).

    O Banco Central determina o montante das reservas compulsrias

    que afetam, basicamente, o tamanho do multiplicador dos meios de

  • pagamento ao determinarem qual ser a massa de recursos que ficar

    disponvel para os bancos comerciais emprestarem (LOPES et al., 2000).

    Dessa forma, tem-se que o recolhimento compulsrio o dinheiro

    que os bancos so obrigados a depositar no Banco Central, sem nenhuma

    remunerao. O aumento do compulsrio sobre os depsitos vista (contas

    correntes) tem como objetivo reduzir a disponibilidade de recursos

    enxugando a liquidez do mercado. Por exemplo, se o Banco Central

    anunciar o aumento do compulsrio sobre os depsitos vista de 45% para

    60%, isto significa que de cada R$ 100 de depsitos vista que so feitos

    no banco, R$ 45 eram recolhidos ao BC. Agora, sero R$ 60. Essa medida

    tem efeito tambm no mercado de crdito Com a reduo do total de

    dinheiro em circulao no mercado, o crdito fica mais escasso e os juros

    cobrados aumentam. Os bancos so obrigados tambm a fazer

    recolhimento compulsrio sobre depsitos a prazo (como os Certificados de

    Depsito Bancrio e aplicaes em debntures) e poupana.

    0

    10.000

    20.000

    30.000

    40.000

    50.000

    60.000

    70.000

    80.000

    90.000

    1994 09

    1995 05

    1996 01

    1996 09

    1997 05

    1998 01

    1998 09

    1999 05

    2000 01

    2000 09

    2001 05

    2002 01

    2002 09

    2003 05

    2004 01

    2004 09

    2005 05

    2006 01

    2006 09

    Data

    R$ (milhes)

    Depsito Compulsrio

    Fonte: IPEADATA

    Ilustrao 4 - Depsito Compulsrio

    Observa-se elevao dos depsitos compulsrios a partir do primeiro

    mandato do governo Lula, com a finalidade de enxugar-se o excesso de

    monetizao vivenciada aps a implantao do plano real. Em ltima

    instncia, essa estratgia visa a reduo da inflao no perodo, reduzindo a

    quantidade de moeda em circulao.

  • O instrumento de poltica monetria denominado redesconto ou

    emprstimo de liquidez pode ser utilizado como um auxlio que o Banco

    Central fornece aos bancos para atender s necessidades momentneas de

    caixa. , em tese, a ltima linha de atendimento aos furos de caixa das

    instituies monetrias (FORTUNA, 2005 p.48).

    Segundo definio do Banco Central (2007), o redesconto

    corresponde ao emprstimo de ltima instncia que o prprio Banco Central

    concede, na modalidade de compra, com compromisso de revenda, de

    ttulos, crditos e direitos creditrios integrantes do ativo dos bancos

    mltiplos com carteira comercial, bancos comerciais e caixas econmicas.

    Outros instrumentos de poltica monetria so as operaes de

    mercado aberto:

    [...] Operaes de Mercado Aberto (Open Market) representam o

    mais gil instrumento da poltica monetria de que dispe o

    Banco Central, pois, atravs delas, so, permanentemente,

    regulados a oferta monetria e o custo primrio do dinheiro na

    economia referenciado na troca de reservas bancrias por um dia,

    atravs das operaes de overnight (FORTUNA, 2005 p.48).

    Finalmente, o ltimo instrumento de poltica monetria utilizado

    corresponde ao controle e seleo de crdito:

    [...] O controle e seleo de crdito constituem um instrumento

    que impe restries ao livre funcionamento das foras de

    mercado, pois estabelece controles diretos sobre o volume e o

    preo de crdito. O contingenciamento do crdito pode ser feito

    pelo controle do volume e destino do crdito, controle das taxas

    de juros, fixao de limites e condies do crdito (FORTUNA,

    2005 p.49).

    A poltica monetria adotada pode ser restritiva ou expansiva,

    atuando primariamente sobre a oferta de moeda. A poltica monetria

    restritiva engloba um conjunto de medidas que tendem a reduzir o

    crescimento da quantidade de moeda e a encarecer os emprstimos.

    Um instrumento dessa espcie de poltica o recolhimento

    compulsrio, o qual, conforme discutido anteriormente, consiste na

    custdia, pelo Banco Central, de parcela dos depsitos recebidos do pblico

    pelos bancos comerciais - esse instrumento ativo, pois atua diretamente

  • sobre o nvel de reservas bancrias, reduzindo o efeito multiplicador e,

    conseqentemente, a liquidez da economia. Temos, tambm, a assistncia

    financeira de liquidez, que se refere ao emprstimo, pelo Banco Central, de

    dinheiro aos bancos comerciais, sob determinado prazo e taxa de

    pagamento. Quando esse prazo reduzido e a taxa de juros do emprstimo

    aumentada, a taxa de juros da prpria economia aumenta, causando uma

    diminuio na liquidez.

    O governo atua na poltica monetria tambm atravs da venda de

    ttulos pblicos, que se refere ao instrumento atravs do qual o governo

    toma emprestado recursos de terceiros, para satisfazer seu dficit pblico

    e/ou para controlar a liquidez da economia. Quando a autoridade

    monetria vende ttulos pblicos, acaba retirando moeda da economia, que

    trocada pelos ttulos. Desta forma h uma contrao dos meios de

    pagamento e da liquidez da economia.

    J a poltica monetria expansiva aquela formada por medidas que

    tendem a aumentar a quantidade de moeda e a baratear os emprstimos,

    mediante a reduo das taxas de juros, incidindo positivamente sobre a

    demanda agregada.

    Os instrumentos utilizados pela poltica monetria expansiva so

    basicamente os opostos aos adotados na poltica monetria restritiva,

    correspondendo diminuio do recolhimento compulsrio; aumento da

    assistncia financeira de liquidez; compra de ttulos pblicos ou no

    emisso de novos ttulos quando do vencimento dos mesmos6.

    No caso brasileiro, em funo de particularidades institucionais, do

    processo inflacionrio e das dificuldades de financiamento do setor pblico,

    ttulos pblicos e privados tm rpida possibilidade de se transformar em

    moeda para transao, dificultando o controle monetrio do Banco Central.

    Outro conceito de suma importncia para o entendimento da poltica

    monetria diz respeito inflao, definida como um aumento generalizado e

    contnuo de preos, perdendo-se a noo de preos relativos (GREMAUD, et

    al., 2006, p.116).

    6 Considerando a trajetria histrica recente de prazos relativamente curtos de vencimento dos ttulos pblicos, a no emisso de novos ttulos quando do vencimento de outros se torna uma forma mais premente de atuao da autoridade monetria em poltica monetria expansiva do que, propriamente, a recompra de ttulos previamente emitidos.

  • Em economia, inflao a queda do valor de mercado ou poder de

    compra do dinheiro. Isso equivalente ao aumento no nvel geral de

    preos. Inflao o oposto de deflao. Inflao zero, ou muito baixa,

    uma situao chamada de estabilidade de preos.

    importante notar que o aumento do preo de algum bem ou

    servio em particular no constitui inflao, que ocorre apenas

    quando h um aumento generalizado dos preos. A acelerao

    inflacionria representada quando a inflao cada vez mais

    alta (GREMAUD et al., 2006, p.117).

    Ainda conforme Gremaud et al. (2006), a hiperinflao uma

    situao em que a inflao to alta que a perda do poder aquisitivo da

    moeda faz com que as pessoas abandonem aquela moeda. Quando ocorre

    hiperinflao, a funo de reserva de valor fica comprometida, podendo

    ocorrer uma corrida a ativos reais, como imveis e metais preciosos, alm

    de ocorrer uma reduo no nvel de poupana decorrente do consumo

    acelerado de bens, para que se evite a perda de poder aquisitivo da moeda.

    Destaca-se tambm a existncia de diferentes tipos de inflao, como

    a inflao de demanda, a inflao de custos e a inflao inercial:

    [...] Inflao de demanda: deve-se existncia de excesso de

    demanda em relao produo disponvel. Nesse sentido, essa

    inflao aparece quando ocorre aumento da demanda no

    acompanhado pela oferta; portanto, mais provvel que ela

    aparea quanto maior for o grau de utilizao da capacidade

    produtiva da economia, isto , quanto mais prximo estiver-se do

    p