anÁlise estrutural de suporte de risers

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ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS Ludmila Gervásio de Araujo Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica, Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Naval e Oceânico. Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes Rio de Janeiro Março de 2015

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Page 1: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

Ludmila Gervásio de Araujo

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Naval e Oceânica, Escola

Politécnica, da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro Naval e Oceânico.

Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes

Rio de Janeiro

Março de 2015

Page 2: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

Ludmila Gervásio de Araujo

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DOCURSO DE

ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

NAVAL E OCEÂNICO.

Examinado por:

Orientadora: Prof.ªD.Sc. Marta Cecilia Tapia Reyes

Prof.D.Sc. Julio Cesar Ramalho Cyrino

Prof.D.Sc. Severino Fonseca da Silva Neto

RIO DE JANEIRO, RJ- BRASIL

MARÇO DE 2015

Page 3: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

iii

Araujo, Ludmila Gervásio de

Análise Estrutural de Suporte de Risers/ Ludmila

Gervásio de Araujo. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola

Politécnica, 2015.

IX, 64 p.: il.: 29,7 cm.

Orientador: Marta Cecilia Tapia Reyes

Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Engenharia

Naval e Oceânica, 2015.

Referências Bibliográficas: p.75.

1. Análise Estrutural. 2. Suporte de Risers. 3. Modelo

numérico. 4. Pontoon de Plataforma Semissubmersível. 5.

Tensões. I. Tapia Reyes, Marta Cecilia. II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Engenharia Naval e

Oceânica. III. Análise Estrutural de Suporte de Risers.

Page 4: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

iv

DEDICATÓRIA

Dedico a uma pessoa muito especial que fez com que minha vinda ao Rio de Janeiro e

meu ingresso na faculdade fosse possível: minha avó Mirandolina, que hoje é minha

segunda mãe. Sou muito agradecida por tudo e tenho muito orgulho de ser neta da

melhor pessoa que conheço.

Page 5: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que é base de tudo e que me deu força e sabedoria

para continuar e chegar ao fim dessa etapa muito importante da minha vida.

Quero agradecer à minha família que sempre me incentivou, especialmente meus

amados pais Manoel e Vanderléa, minha irmã Raquel e meu cunhado Daniel. Agradeço

pela paciência e palavras de conforto ao longo da minha trajetória acadêmica.

Agradeço também ao meu namorado Felippe, que me apoiou e me incentivou nesses

dois últimos anos de curso e que é um exemplo de dedicação e amor à profissão de

engenheiro.

Aos colegas de trabalho, agradeço também por serem compreensivos e pacientes. Foram

fundamentais nas minhas formações acadêmica e profissional e na realização deste

projeto de graduação.

Muito obrigada.

Page 6: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval e Oceânico.

ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

Ludmila Gervásio de Araujo

Março/2015

Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

Este trabalho apresenta os tipos de suportes de risers de plataformas semissubmersíveis

e FPSO’s e os carregamentos que devem ser considerados na concepção de um modelo

estrutural. O objetivo é realizar uma análise estrutural local de um suporte de risers,

verificando as tensões normais, cisalhantes e von Mises (combinação de tensões)

associadas às estruturas da região de interesse, que não devem exceder os critérios

estabelecidos por regra da sociedade classificadora. Para realizar a análise, foi feito e

verificado um modelo numérico em elementos finitos do pontoon de uma plataforma

semissubmersível.

Palavras-chave: Suporte de Risers, Análise Estrutural Local, Tensões, Modelo

Numérico, Pontoon de Plataforma Semissubmersível.

Page 7: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

vii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

STRUCTURAL ANALYSIS OF RISERS SUPPORT

Ludmila Gervásio de Araujo

March/2015 Advisor: Marta Cecilia Tapia Reyes

Course: Naval Architecture and Marine Engineering

This study presents the types of risers’ supports of semi-submersible platforms and

FPSO’s and the load combinations that must be considered in designing a structural

model. The objective is to perform a local structural analysis of a risers’ support,

checking normal, shear and von Mises stresses acting on the structures in the region of

interest, which shall not exceed the criteria established by classification society rules.

To perform the analysis, a finite element numerical model of the pontoon of a semi-

submersible platform was made and verified.

Key-words: Risers Support, Local Structural Analysis, Stresses, Numerical Model,

Pontoon of a Semi-submersible Platform.

Page 8: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

viii

Sumário

1. Introdução.................................................................................................................. 1

2. Tipos de Suportes de Risers ...................................................................................... 3

2.1 FPSO .................................................................................................................. 3

2.1.1 Balcão de risers .......................................................................................... 4

2.1.2 Turret .......................................................................................................... 7

2.2 Plataforma Semissubmersível .......................................................................... 12

2.2.1 Suporte de risers no spider deck............................................................... 12

2.2.2 Suporte de risers no pontoon .................................................................... 14

3. Concepção do Modelo Estrutural ............................................................................ 17

3.1 Carregamentos Elementares ............................................................................ 17

3.1.1 Peso total da estrutura ............................................................................... 18

3.1.2 Cargas estáticas......................................................................................... 18

3.1.3 Cargas dinâmicas (ambientais) ................................................................. 19

3.1.4 Carregamentos globais ............................................................................. 19

3.1.5 Cargas dos risers ...................................................................................... 21

3.2 Carregamentos Associados aos Tipos de Suportes .......................................... 22

4. Exemplo de Modelação ........................................................................................... 23

4.1 Sistema de Referência ...................................................................................... 24

4.2 Extensão do Modelo ........................................................................................ 25

4.3 Condição de Contorno ..................................................................................... 28

4.4 Materiais .......................................................................................................... 29

4.5 Propriedades do Modelo .................................................................................. 30

4.6 Malha ............................................................................................................... 31

4.7 Carregamentos ................................................................................................. 33

4.7.1 Peso total da estrutura ............................................................................... 33

4.7.2 Pressão hidrostática .................................................................................. 34

4.7.3 Carga dos risers ........................................................................................ 35

4.7.4 Pressão hidrodinâmica .............................................................................. 37

4.7.5 Combinações de carregamentos ............................................................... 38

4.8 Resultados ........................................................................................................ 39

4.8.1 Critério de Escoamento – Elementos de Placa ......................................... 41

4.8.2 Critério de Escoamento – Elementos de Viga .......................................... 51

Page 9: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

ix

4.8.3 Flambagem ............................................................................................... 54

4.8.4 Análise dos Resultados ............................................................................. 62

5. Conclusão ................................................................................................................ 63

6. Referências Bibliográficas ...................................................................................... 64

Page 10: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

1

1. Introdução

Após as descobertas de poços de petróleo na área continental, diversos países passaram

a explorar também as bacias marítimas. Entretanto, as características diferenciadas dos

poços brasileiros forçaram um desenvolvimento tecnológico de extração em águas

profundas que levaram o País à liderança nesse tipo de exploração.

Todas as instalações offshore existentes no País atualmente têm a finalidade de extrair

petróleo e gás, sendo a Petrobras a única a explorar essa tecnologia. Com a

exclusividade das operações em território nacional, a empresa teve de investir em

Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e fazer parcerias com diversas universidades para

criar tecnologias de exploração offshore. Assim, o País passou a explorar águas cada

vez mais profundas e tornou-se reconhecido internacionalmente como líder em

tecnologia offshore.

Um exemplo disso é a Bacia de Campos, descoberta em 1974 e localizada entre o norte

do Rio de Janeiro e o sul do Espírito Santo. Ela possui 100 mil quilômetros quadrados e

sua primeira perfuração ocorreu em 1976. Um ano depois teve início sua exploração

comercial. Hoje a bacia é responsável por mais de 80% da extração nacional. Para se ter

ideia da evolução da tecnologia petrolífera até aqui – e da vantagem da extração

offshore para o País –, a produção diária de uma plataforma era de 10 mil barris diários

em 1977, diante dos dois barris conquistados na primeira instalação onshore brasileira.

Com esse crescimento expressivo da exploração das bacias marítimas, veio a

necessidade de se projetar estruturas resistentes e que sejam capazes de atuar em

lâminas d’água cada vez mais profundas. Essas estruturas são as unidades flutuantes do

tipo semissubmersível e do tipo FPSO, e todos os mecanismos que interligam essas

unidades aos poços de petróleo.

Os dutos flexíveis responsáveis por extrair o petróleo e levá-lo até a unidade flutuante

são os risers que, por sua vez, são ligados à plataforma por estruturas denominadas

balcões ou suportes de risers. Essas estruturas devem ser dimensionadas de modo a

suportar os esforços, pressões hidrostática e hidrodinâmica, acelerações da unidade, e

também deve suportar as cargas provenientes dos próprios risers.

Este projeto tem como objetivo realizar uma análise estrutural local de um suporte de

risers. As tensões normais, cisalhantes e von Mises (combinação de tensões) associadas

às estruturas da região de interesse serão verificadas e não devem exceder os critérios

estabelecidos por regra da sociedade classificadora.

Ao longo do projeto, serão apresentados os tipos de suportes de risers de plataformas

semissubmersíveis e FPSO’s e os carregamentos que devem ser considerados na

concepção de um modelo estrutural.

Page 11: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

2

Tanto para a fase de projeto quanto para o caso de uma troca de riser, deve-se garantir

que a estrutura de suporte resista aos esforços provenientes da unidade flutuante e dos

próprios dutos. Assim, pode-se notar a extrema importância desse estudo, a fim de

garantir a integridade da estrutura e um bom funcionamento do sistema.

A modelação em elementos finitos e análise estrutural de um suporte se risers do

pontoon de uma plataforma semissubmersível serão realizados, comprovando que as

definições e concepções do modelo são válidas e úteis para trabalhos essenciais na área

de engenharia.

Page 12: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

3

2. Tipos de Suportes de Risers

Um suporte de risers pode variar de acordo com os dutos que serão instalados, com a

sua posição na plataforma, com o tipo de unidade flutuante e com o sistema de

ancoragem.

Essas estruturas possuem a finalidade de suportar os risers de forma a garantir a

integridade estrutural da plataforma e dos próprios dutos, bem como a continuidade da

produção.

O projeto de um suporte de risers é feito considerando que os esforços provenientes dos

dutos sejam recebidos e distribuídos na estrutura de suporte que, por sua vez, os

transfere para a estrutura da plataforma. Devem ser incluídas estruturas que façam essa

transferência de forma harmoniosa. Sendo assim, os apoios do suporte são fixados à

unidade em estruturas primárias.

Dentre os fatores que são determinantes para posição de um suporte de risers está a

posição do módulo de produção da unidade. O suporte deve estar próximo ao local de

destino do óleo produzido, que pode tanto ser tanto transferido para um navio aliviador

quanto ser armazenado na própria plataforma.

Por ser uma região que é constantemente solicitada estruturalmente, deve-se ter uma

preocupação com o projeto dessas estruturas. A estrutura de suporte local para cada

riser deve ser considerada em uma análise de elementos finitos detalhada.

As forças dos risers terão efeito desprezível sobre a resposta global do navio, embora os

deslocamentos da unidade influenciem consideravelmente a estrutura de suporte.

Os tipos de suportes de risers encontrados em unidades do tipo FPSO e em plataformas

semissubmersíveis são apresentados a seguir.

2.1 FPSO

O FPSO (Floating Production Storage and Offloading) é uma unidade flutuante de

exploração de petróleo que possui funções de produção, armazenamento e

descarregamento para navios aliviadores. A unidade flutuante pode ser um navio novo

ou uma conversão de um navio antigo e consiste em uma estrutura de módulos de

produção, que recebem petróleo e gás de poços submarinos por meio de risers.

Para unidades do tipo FPSO, a estrutura de ligação entre os risers e o navio depende do

sistema de ancoragem. Essa estrutura pode se apresentar em duas configurações básicas:

balcão de risers e turret.

Page 13: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

4

2.1.1 Balcão de risers

Para o sistema de ancoragem do tipo spread mooring, como mostrado na Figura 2.1, os

risers são normalmente instalados em uma plataforma no costado da unidade, próxima

ao convés principal. Essa plataforma é chamada de balcão de risers e é exposta às forças

de arrasto e inércia dos dutos. As forças totais resultantes dos risers serão

dimensionadas para o balcão, e a força de cada riser irá governar a estrutura de suporte

local.

Figura 2.1 – Sistema de ancoragem spread mooring e balcão de risers

Os balcões são construídos ao longo do costado do navio e interligados aos gigantes

transversais da embarcação. Geralmente, as unidades do tipo FPSO possuem dois

balcões: um na região do cintado do navio e o outro próximo à região do bojo.

A Figuras 2.2, 2.3, 2.4 e 2.5 mostram suportes de risers de FPSO.

Page 14: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

5

Figura 2.2 – FPSO Petrobras 66

Figura 2.3 – Detalhe do balcão de risers do FPSO Petrobras 66

Page 15: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

6

Figura 2.4 – Balcão de risers do FPSO Cidade de Ilhabela

Figura 2.5 – Detalhe do balcão de risers do FPSO Cidade de Ilhabela

Page 16: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

7

2.1.2 Turret

Para os navios com ancoragem por turret, os risers estão ligados à parte inferior deste.

Os turrets podem ser externos, internos permanentes ou internos desconectáveis.

Turrets externos são presos ao casco na proa ou popa, e são muitas vezes utilizados em

conversões, em locais de águas calmas. A interface com o casco é geralmente

governada pelas forças locais do sistema de ancoragem e risers. A Figura 2.6 mostra o

esquema de um turret externo e a Figura 2.7 mostra o turret acoplado a um FPSO.

Figura 2.6 – Turret externo

Page 17: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

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Figura 2.7 – FPSO com turret externo

Turrets permanentes internos são projetados para ser parte integrante do casco e os

projetos de conexão destes ao casco podem ser significativamente diferentes, como

mostram a Figura 2.8 e a Figura 2.9. Alguns projetos usam suportes superiores para

suportar ambas as forças verticais e horizontais do sistema de ancoragem e risers.

Adicionalmente, uma estrutura de apoio inferior de suporte pode também ser utilizada.

Nesta situação, as estruturas de suporte superiores resistem à força vertical e parte das

forças horizontais de ancoragem e risers e a estrutura de suporte inferior resiste às

forças horizontais restantes. O momento gerado pela força resultante do sistema de

ancoragem e risers será, em tais casos, pequeno.

Alguns projetistas dispensam o suporte horizontal superior, fazendo com que o suporte

inferior resista às cargas horizontais totais. Como consequência, a estrutura de suporte

superior resiste somente às cargas verticais.

Page 18: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

9

Figura 2.8 – Turret interno permanente com suportes superior e inferior

As estruturas de suporte podem também variar entre os projetos. Alguns projetos

utilizam suportes radiais acima do convés principal para transferir as forças verticais

diretamente para o cilindro do moonpool e gigantes transversais. Outros projetos de

turret alcançam uma distribuição uniforme da carga, através do suporte na interface da

estrutura, com uma caixa de torção situada no suporte superior.

Figura 2.9 – Turret interno permanente com caixa de torção

Page 19: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

10

Turrets internos desconectáveis estão ligados ao casco de modo que todo o turret, com

as linhas de ancoragem e risers associados, pode ser liberado de uma maneira simples,

como mostra a Figura 2.10. O turret irá então submergir a uma profundidade em que é

atingido um equilíbrio de forças; permitindo que o FPSO navegue para longe. O sistema

é comumente usado onde uma liberação rápida seja necessária em caso de uma

emergência, como possível colisão com icebergs ou condições meteorológicas

extremas. O conceito também é usado para navios de armazenamento e/ou navios

aliviadores. O turret pode ser reconectado à unidade por içamento para um recesso

localizado na parte inferior da estrutura do casco.

As componentes horizontais da carga são suportadas principalmente pelo suporte

inferior.

Figura 2.10 – Turret interno desconectável

A Figura 2.11 mostra um FPSO com turret interno e a Figura 2.12 apresenta o

detalhamento de um turret interno.

Page 20: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

11

Figura 2.11 – FPSO com turret interno

Figura 2.12 – Detalhamento de um turret interno

Page 21: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

12

2.2 Plataforma Semissubmersível

Plataformas semissubmersíveis são estruturas flutuantes destinadas à produção ou à

completação e perfuração de poços submarinos. São constituídas de flutuadores

(pontoons) sobre os quais se apoiam colunas, com contraventamentos (bracings), nas

quais se apoiam os conveses. Essas plataformas caracterizam-se por serem lastreadas na

locação, de modo a se obter estabilidade durante sua operação.

As plataformas de produção ficam ancoradas no local de operação. O sistema de

ancoragem pode ser do tipo convencional, onde as linhas estão instaladas em catenária,

presas ao fundo do mar por âncoras de resistência horizontal, ou do tipo taut-leg,

constituído por linhas esticadas utilizando como ponto de apoio no solo âncoras de

resistência vertical ou estacas de sucção, tradicionais ou torpedo.

O processo de produção de uma plataforma semissubmersível é semelhante ao processo

de um FPSO, sendo que não possui capacidade de armazenamento. Dutos flexíveis

(risers) levam o petróleo de poços submarinos para a plataforma, e são conectados a

esta por suportes de risers. Esses suportes estão localizados no spider deck e nos

pontoons da unidade.

2.2.1 Suporte de risers no spider deck

A interligação dos dutos de produção com a plataforma é feita no spider deck, onde está

localizada uma estrutura de suporte risers. Essa estrutura é a interface dos risers com a

unidade flutuante, de modo a receber os esforços provenientes de ambos.

As Figuras 2.13 e 2.14 mostram suportes de risers do spider deck de plataformas

semissubmersíveis.

Page 22: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

13

Figura 2.13 – Detalhe de um suporte de risers no spider deck da plataforma Petrobras 51

Figura 2.14 – Detalhe de um suporte de risers no spider deck da plataforma Petrobras 26

Page 23: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

14

2.2.2 Suporte de risers no pontoon

Os suportes de risers localizados no pontoon de uma plataforma semissubmersível têm

como principal função o apoio para os suportes localizados no spider deck. Essas

estruturas são necessárias para distribuir melhor as tensões provenientes dos dutos, que

ficariam concentradas nos suportes do spider deck.

As tensões e momentos que agem na estrutura de suporte são causados pelos

carregamentos de risers, pelas pressões hidrostáticas nas partes internas e externas do

pontoon, pelo peso próprio da estrutura e pelos carregamentos dinâmicos.

A instalação de conectores nesta elevação tem como principal vantagem o alívio da

carga no convés, uma vez que praticamente toda a carga proveniente dos risers será

compensada pelo sistema de lastro da plataforma.

A Figura 2.15 mostra um desenho de suportes de risers localizados no pontoon de uma

plataforma semissubmersível.

Figura 2.15 – Desenho de suportes de risers no pontoon de uma plataforma semissubmersível

Page 24: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

15

A Figura 2.16 a seguir mostra um riser rígido em catenária destinado à importação de

fluido, conectado à plataforma no pontoon.

Figura 2.16 – Riser rígido em catenária e sua conexão à plataforma

Page 25: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

16

A partir de desenhos estruturais de projeto dos suportes de risers de um FPSO ou do

suporte de risers de plataformas semissubmersíveis, pode-se fazer um modelo e analisa-

lo em um programa computacional utilizando o método de elementos finitos. Com o

modelo definido, podem-se avaliar as tensões na região desejada e verificar se estas

atendem às solicitações estruturais.

Page 26: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

17

3. Concepção do Modelo Estrutural

Na fase de concepção do modelo, devem-se definir os elementos que influenciam na

análise e precisam ser modelados. Os desenhos estruturais são de extrema importância

para a visualização dos elementos com as suas características, bem como espessuras das

chapas, seções das vigas e os materiais utilizados.

Como a região que deve ser analisada é bem específica, pode-se fazer um modelo local

para representá-la, sem a necessidade de modelar a plataforma inteira, o que faz com

que a modelação e a análise sejam feitas em menos tempo.

A extensão do modelo deve ser definida de forma a representar bem a unidade flutuante

como um todo. Os esforços provenientes da unidade devem ser considerados no modelo

local da região de interesse. Os limites do modelo devem ser anteparas ou gigantes,

onde são mais facilmente definidas as condições de contorno.

Geralmente são modelados os elementos primários e secundários, que devem ser

analisados quanto às tensões atuantes nessas estruturas. Elementos como borboletas, por

exemplo, não precisam ser modelados em uma análise local, a não ser que haja uma

concentração de tensões que precise ser detalhada.

No projeto dos suportes de risers são utilizadas modernas ferramentas computacionais

para a avaliação dos níveis de tensão das estruturas. Dentre estas ferramentas, podem-se

destacar aquelas que fazem uso do método de elementos finitos.

Com o modelo definido com suas características e condições de contorno, podem ser

aplicados os carregamentos. Estes variam de acordo com os dados obtidos de análises

de cada duto flexível.

3.1 Carregamentos Elementares

Os carregamentos elementares são aqueles básicos que devem ser combinados para

representar uma determinada condição de carregamento. Cada carregamento deve ser

aplicado considerando as propriedades e materiais da estrutura, o local de operação, o

tipo de unidade flutuante, as cargas dos risers e a posição do suporte na plataforma.

A seguir são apresentados os carregamentos elementares que devem ser combinados

para representar condições de carregamento nos suportes de risers de plataformas

semissubmersíveis e FPSO’s.

Page 27: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

18

3.1.1 Peso total da estrutura

O peso da estrutura de um suporte de risers é um carregamento elementar que tem

grande influência nas tensões atuantes na estrutura e deve ser calculado e considerado

em todas as condições de carregamento e para todos os tipos de suporte. Na análise

realizada no presente relatório, o peso próprio será calculado pelo próprio software, de

acordo com os materiais e espessuras aplicados no modelo.

3.1.2 Cargas estáticas

As cargas estáticas que agem diretamente na estrutura do modelo local devem ser

consideradas em todos os tipos de suportes de risers. Entretanto, em cada tipo de

estrutura de suporte há cargas estáticas de origens diferentes atuando. Essas cargas de

diferentes origens devem ser aplicadas no modelo de diferentes formas.

Os tipos de cargas estáticas que podem atuar em estruturas de suportes de risers de

unidades do tipo FPSO e plataformas semissubmersíveis são:

Pressão hidrostática

Carregamento de ancoragem;

Sobrecarga.

Para balcões de risers de FPSO’s, a pressão hidrostática incidindo no costado da

embarcação e a pressão hidrostática nas anteparas, devem ser representadas no modelo

numérico e consideradas na análise do modelo local. Para balcões na região do cintado,

somente a pressão hidrostática atuante nas anteparas deve ser considerada. Para balcões

submersos, além da pressão nas anteparas, deve ser considerada a pressão atuante no

balcão como um todo, calculada de acordo com a profundidade em que se encontra.

Na análise de turret de FPSO’s, as cargas estáticas podem variar de acordo com a

posição do suporte de risers. Se o turret estiver submerso, deve ser considerada a

pressão hidrostática. O carregamento das linhas de ancoragem também pode ser

considerado dependendo da posição destas em relação ao suporte de risers.

No modelo estrutural de suportes de risers no spider deck, as cargas estáticas atuantes

são consideradas como uma sobrecarga aplicada no próprio convés, que representa o

acesso a pessoas e quaisquer equipamentos que possam ser ali colocados.

Em modelos locais de pontoons de plataformas semissubmersíveis, a pressão

hidrostática devido ao mar deve ser considerada atuando tanto no suporte de risers

quanto no próprio casco do pontoon e calculada de acordo com a profundidade. A

pressão devido aos fluidos dentro dos tanques do pontoon, se houver, também deve ser

considerada.

Page 28: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

19

3.1.3 Cargas dinâmicas (ambientais)

Os carregamentos de origem ambiental são dinâmicos, ou seja, variam com o tempo.

Essas cargas dependem da localização da unidade flutuante e da posição do suporte de

risers na plataforma. Dentre essas cargas, as consideradas para as análises dos suportes

são:

Carregamento de onda;

Carregamento de vento.

Para estruturas locais de suporte de unidades do tipo FPSO, esses carregamentos podem

ser considerados de diferentes formas, dependendo do tipo e da localização do suporte.

Um balcão de risers na região do cintado sofre ação do vento. Já um balcão submerso

não sofre ação do vento, mas a onda está atuando. Esses dois agentes (vento e onda)

devem ser considerados nas análises locais das estruturas modeladas.

O turret pode ter sua estrutura afetada por agentes ambientais, mas também dependendo

do tipo e localização da estrutura de suporte. Se for um turret externo, este pode sofrer

ação tanto de onda quanto de vento. Já para um turret interno, somente ondas atuam na

estrutura.

Suportes de risers localizados no spider deck devem ser analisados considerando a ação

do vento no próprio convés e da estrutura de suporte, dependendo da localização do

suporte. Geralmente o vento pouco influencia na estrutura, mas, para efeito de cálculo,

devem ser consideradas todas as cargas atuantes.

Considerando que o pontoon de uma plataforma semissubmersível está todo submerso

em sua condição de operação, a única carga dinâmica atuante na estrutura é o

carregamento de onda, que deve ser aplicado em toda a extensão do pontoon e suporte

de risers.

3.1.4 Carregamentos globais

Os carregamentos globais são aqueles que atuam na estrutura da plataforma como um

todo e seus efeitos devem ser considerados nas análises de modelos locais. Esses

carregamentos são aplicados em um modelo global da unidade e devem ser transferidos

para o modelo local em forma de deslocamentos. Essas cargas variam de acordo com a

unidade e tipo de suporte de risers, e são eles:

Carregamento de peso/empuxo;

Carregamento de onda;

Acelerações.

Page 29: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

20

Para o caso de plataformas do tipo FPSO, as cargas provenientes do carregamento de

peso/empuxo da viga-navio devem ser consideradas no modelo para representar a

interferência dos esforços do modelo global na estrutura local do suporte de risers. O

momento fletor e esforço cortante do modelo global geram deslocamentos que

geralmente são aplicados nas condições de contorno do modelo local. O carregamento

de onda atuando na unidade também deve ser considerado, pois provoca deslocamentos

no modelo global que devem ser transferidos para o modelo local do suporte.

Em plataformas semissubmersíveis, o carregamento de peso/empuxo e o carregamento

de onda devem ser considerados para os suportes localizados no pontoon da unidade.

Para suportes localizados no spider deck, a ação de carregamentos globais na estrutura

local deve ser considerada como acelerações.

O movimento das unidades geram acelerações que devem ser consideradas nos modelos

locais da estrutura de suporte de risers. Em alguns casos, essas acelerações podem ser

desprezadas se os valores forem muito pequenos.

Geralmente para modelos locais de suportes de plataformas semissubmersíveis as

acelerações são pequenas devido à forma da unidade, que é projetada para ter pouca

movimentação.

Os movimentos de plataformas do tipo semissubmersível e do tipo FPSO estão

ilustrados nas Figuras 3.1 e 3.2 a seguir.

Figura 3.1 – Movimentos de uma plataforma semissubmersível

Page 30: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

21

Figura 3.2 – Movimentos de uma plataforma tipo FPSO

3.1.5 Cargas dos risers

O projeto das conexões dos risers à plataforma deve ser feito de tal maneira que se

reduza ao mínimo qualquer excentricidade que possa introduzir efeitos secundários de

flexão ou torção.

As cargas máximas de tensão, momento fletor e esforço cortante de cada riser ou

umbilical, devem ser fornecidas por análises individuais de cada duto. Os valores

obtidos nessas análises devem ser aplicados no modelo de forma a representar a real

ação das cargas dos risers na estrutura de suporte.

A forma de aplicação dessas cargas varia de acordo com o tipo de riser e com sua

localização na unidade flutuante. Para os dutos que passam pelos suportes do pontoon e

do spider deck, por exemplo, as forças e momentos atuantes são distribuídos nos dois

suportes.

Como o estudo trata de uma análise local de um suporte de risers, essas cargas devem

ser consideradas para todos os tipos de suportes, tanto de unidades do tipo FPSO quanto

de plataformas semissubmersíveis.

Page 31: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

22

3.2 Carregamentos Associados aos Tipos de Suportes

Para representar uma determinada condição de carregamento, devem ser combinados os

carregamentos elementares que, aplicados ao modelo, reproduzem todas as cargas que

atuam na estrutura real.

A análise estrutural local de um modelo de suporte de risers é feita baseada em

condições de carregamento, e entre elas devem estar as condições críticas, para que seja

assegurado que, mesmo para condições em que a estrutura é mais solicitada, o projeto

foi bem executado e atende aos critérios estabelecidos por sociedade classificadora.

A Tabela 3.1 mostra os carregamentos elementares que devem ser considerados para a

análise local de cada tipo de suporte de risers.

Tabela 3.1 – Tipos de suporte de risers e seus carregamentos elementares

Carregamentos

Tipos de suporte de risers

FPSO Plataforma

semissubmersível

Balcão

de risers

no

cintado

Balcão

de risers

submerso Turret

Suporte

no

spider

deck

Suporte

no

pontoon

Peso total da estrutura X X X X X

Cargas estáticas

Pressão hidrostática X X X X

Sobrecarga X

Ancoragem X Cargas

dinâmicas

(ambientais)

Onda

X X

X

Vento X

X

Carregamentos

globais

Peso / empuxo X X X X

Onda X X X X

Acelerações X

Cargas dos risers X X X X X

Deve ser feita uma combinação com todas as cargas consideradas para que possa ser

feita a análise estrutural local. Os fatores e critérios para combinar os carregamentos são

definidos por regra.

Page 32: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

23

4. Exemplo de Modelação

Para exemplificar os estudos de tipos de suportes de risers e suas concepções de modelo

estrutural, será feito um modelo em elementos finitos que será analisado no que diz

respeito às tensões atuantes na estrutura.

A estrutura modelada é parte de uma plataforma do tipo semissubmersível que possui

flutuadores (pontoons) paralelos e de calado 23.1 metros. O suporte de risers que será

analisado está localizado no pontoon da unidade.

Para garantir maior precisão nos resultados das análises, serão modelados o suporte e a

região do pontoon próxima a ele. O software utilizado na modelação é o GENIE (v.6.9-

05), desenvolvido pelo DNV Software.

Na elaboração de um modelo numérico, será utilizada a técnica de submodelos para

consideração do suporte dos risers, onde o procedimento básico é composto por:

Obtenção de resultados de uma análise global da estrutura;

Criação de um submodelo com malha refinada na região de interesse;

Interpolação dos deslocamentos computados da análise global e transferência

para a região de interface entre o modelo global e o submodelo local;

Aplicação dos carregamentos locais;

Análise do submodelo incorporando a influência do modelo global.

Após fazer uma análise global, certamente os resultados não serão detalhados

suficientemente em algumas áreas. Pode-se então utilizar essa técnica criando um novo

modelo (um submodelo) detalhando a área de interesse e aplicando condições de

contorno de forma que o software SUBMOD (v.3.2-01), também do DNV Software,

possa interpolar e extrair resultados do modelo global e aplicar ao submodelo.

A Figura 4.1 mostra o submodelo acoplado ao modelo global da plataforma.

Page 33: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

24

Figura 4.1 – Submodelo x Modelo Global

4.1 Sistema de Referência

Para iniciar a modelação, deve-se definir o sistema de referência que será utilizado.

Como faremos a transferência de deslocamentos do modelo global para o local, o

sistema de referência que deve ser adotado para o submodelo é o mesmo sistema do

modelo global.

As características do sistema de referência da unidade, que foi utilizado na elaboração

do modelo numérico, são apresentadas abaixo:

Origem: interseção do plano de base, plano diametral e plano de seção mestra.

Eixo X: eixo longitudinal, positivo para vante;

Eixo Y: eixo transversal, positivo para bombordo; e

Eixo Z: eixo vertical positivo para cima.

A Figura 4.2 apresenta o sistema de referência adotado.

Page 34: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

25

Figura 4.2 – Sistema de referência

4.2 Extensão do Modelo

A extensão do submodelo deve ser definida de forma a contemplar todos os suportes de

risers que devem ser analisados e mais uma parte de estrutura próxima ao suporte, para

que as condições de contorno não fiquem exatamente na região de interesse, o que

poderia ocasionar concentrações de tensões.

Assim, determinou-se que seriam modelados os suportes 29, 30, 31, 32 e 33, como

mostra a Figura 4.4, e uma parte do pontoon, próxima aos suportes.

O submodelo, ilustrado na Figura 4.3, abrange a seguinte extensão:

Longitudinal: da caverna 31 à caverna 63;

Transversal: Largura do pontoon (16.0 m);

Vertical: da Linha de base (0.0 m) até o convés do pontoon (9.1 m).

Page 35: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

26

Figura 4.3 - Submodelo

O chapeamento, as vigas gigantes e as borboletas foram modelados como elementos de

placa enquanto os reforçadores secundários como elementos de viga.

A estrutura da região analisada está apresentada na Figura 4.4 e na Figura 4.5.

Figura 4.4 – Suportes contemplados na análise

Page 36: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

27

Figura 4.5 – Suportes de risers – Localização

Page 37: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

28

4.3 Condição de Contorno

Ao utilizar a técnica de submodelos, a condição de contorno é dada pela ligação com o

modelo global da própria unidade flutuante. Os resultados do modelo global são

aplicados ao submodelo através de deslocamentos/rotações nas suas extremidades,

conforme ilustrado na Figura 4.6.

Figura 4.6 – Condição de contorno

Page 38: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

29

4.4 Materiais

O seguinte material foi utilizado na definição do submodelo:

Aço NV A36

As propriedades deste aço podem ser vistas na

Tabela 4.1, e a Figura 4.7 mostra onde ele foi aplicado.

Tabela 4.1 – Propriedades do material utilizado

Material

Tensão de

Escoamento

Fy (MPa)

Módulo de Young

E (MPa)

Constante de

Poisson

Massa

Específica

(kg/m³)

Aço NV

A36 355 210000 0.3 7850

Figura 4.7 – Material aplicado no modelo local

Page 39: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

30

4.5 Propriedades do Modelo

A Figura 4.8 e a Figura 4.9 apresentadas a seguir exibem, respectivamente, as

espessuras das chapas e as seções das vigas utilizadas na representação do submodelo.

Figura 4.8 – Espessuras das chapas do submodelo (em mm)

Figura 4.9 – Seções das vigas representadas no submodelo (em mm)

Page 40: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

31

Na Figura 4.8 das espessuras do chapeamento, a legenda “t_10” representa 10 mm, a

legenda “t_11” representa 11 mm e assim por diante.

Maiores informações sobre as seções utilizadas no submodelo e mostradas na Figura

4.9, podem ser vistas na Tabela 4.2.

.

Tabela 4.2 – Seções utilizadas no submodelo

Seção Altura Alma Espessura Alma Largura Flange Espessura Flange

(mm)

Bar_300x20 300.0 20.0 - -

Bar_250x15 250.0 15.0 - -

Bar_200x15 200.0 15.0 - -

L_350x120x10.5x16 350.0 10.5 120.0 16.0

L_325x120x11.5x15 325.0 11.5 120.0 15.0

L_300x100x10.5x15 300.0 10.5 100.0 15.0

L_250x90x10.5x15 250.0 10.5 90.0 15.0

L_250x90x9x13 250.0 9.0 90.0 13.0

4.6 Malha

O tamanho máximo dos elementos no modelo local para a verificação dos critérios de

escoamento e flambagem não excedeu 380 mm. Foi feito um refinamento na região de

interesse do suporte onde o tamanho máximo dos elementos não excedeu 50 mm. A

Figura 4.10, a Figura 4.11 e a Figura 4.12 apresentam detalhes da malha gerada no

exterior e interior do pontoon, respectivamente.

Page 41: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

32

Figura 4.10 – Malha gerada a partir do modelo geométrico – Exterior do Pontoon (380 mm)

Figura 4.11 – Malha gerada a partir do modelo geométrico – Interior do Pontoon (380

mm)

Page 42: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

33

Figura 4.12 – Malha gerada a partir do modelo geométrico – Detalhe no suporte dos risers (50

mm)

4.7 Carregamentos

Serão analisadas seis combinações de carregamento, considerando: peso próprio da

estrutura, pressão hidrostática (empuxo), carregamentos dos risers e seis diferentes

carregamentos hidrodinâmicos.

Os carregamentos elementares aplicados no modelo para a verificação da resistência

estrutural estão apresentados a seguir.

Os carregamentos globais serão transferidos para o submodelo através do software

SUBMOD, aplicados na condição de contorno do modelo, e não serão considerados

como carregamentos elementares nesta seção.

4.7.1 Peso total da estrutura

O peso total da estrutura do modelo local foi calculado pelo próprio software

considerando os escantilhões dos elementos, conforme desenhos de referência, e uma

massa específica de 7850 kg/m³ para todos os elementos modelados.

O valor calculado para o peso próprio da estrutura configura um caso de carregamento e

é considerado em todas as condições de carregamento.

Page 43: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

34

4.7.2 Pressão hidrostática

A pressão hidrostática (empuxo) atuando no casco do modelo (fundo, costado e convés

do pontoon), considerando o calado de operação da unidade (23.1 m), foi aplicada como

mostrado na Figura 4.13 e calculado como mostra a formulação a seguir. Esse

carregamento também é permanente e é considerado em todas as condições de

carregamento.

𝑝 = 𝜌𝑔ℎ = 1025𝑘𝑔

𝑚3 𝑥 9.81

𝑚

𝑠2 𝑥 ℎ

Figura 4.13 – Pressão hidrostática aplicada ao submodelo

Page 44: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

35

4.7.3 Carga dos risers

A Tabela 4.3 apresenta as cargas de risers para as quais os suportes foram verificados.

Tabela 4.3 – Carregamento de risers

Suporte Diâmetro Carregamentos

Axial (t) Momento XY

(t.m) Cortante Y

(t)

29 11.06" 240.16 32.31 44.24

30 11.06" 238.53 32.82 43.53

31 9.13" 181.64 30.98 34.61

32

4" 46.69 5.62 9.6

- 22.79 - -

2.5" 26.41 4.43 6.6

33 6" 80.5 6.7 5.6

- 29.3 11.7 13.5

Os pontos de aplicação das cargas informadas são apresentados na Figura 4.14, na

Figura 4.15 e na Figura 4.16.

Figura 4.14 – Ponto de aplicação das cargas para os suportes 29 e 30

Page 45: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

36

Figura 4.15 – Ponto de aplicação das cargas para o suporte 31

Figura 4.16 – Desenho do ponto de aplicação das cargas para os suportes 32 e 33

Page 46: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

37

A Figura 4.17 apresenta a aplicação dessas cargas no modelo numérico.

Figura 4.17 – Momento, força cortante e axial

4.7.4 Pressão hidrodinâmica

O efeito da onda atuando na embarcação é definido como uma carga que representa a

pressão hidrodinâmica atuando no casco do modelo (fundo, costado e convés do

pontoon). Este foi considerado através do programa Wadam (v.8.1-09), desenvolvido

pelo DNV Software. A Figura 4.18 mostra os efeitos causados pelas ondas de projeto e

a Tabela 4.4 mostra os valores de pico para cada onda.

Figura 4.18 – Efeitos das ondas de projeto

Page 47: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

38

Tabela 4.4 – Ondas de projeto

Onda de Projeto Descrição Direção - q Período - TH (s) Amp. - ad (m) Altura - H (m)

Aceleração

Longitudinal Onda 1 0º 6.4 3.1 6.3

Cortante

Longitudinal

Onda 2 30º 6.4 3.5 6.9

Onda 3 60º 9.5 6.3 12.7

Aceleração

Transversal Onda 4 90º 6.8 3.9 7.8

Força de

Separação Onda 5 90º 9.2 5.7 11.4

Momento

Torsor Onda 6 135º 8.2 5.4 10.9

4.7.5 Combinações de carregamentos

Considerando o peso total da estrutura, a pressão hidrostática (empuxo), o carregamento

dos risers e seis diferentes carregamentos hidrodinâmicos, têm-se, no total, seis

combinações de carregamento. A Tabela 4.5 ilustra as combinações consideradas e os

fatores aplicados a cada carregamento.

Tabela 4.5 – Combinações de carregamento

Combinação Peso Empuxo Riser Onda1 Onda 2 Onda3 Onda4 Onda5 Onda6

1 1.0 1.0 1.0 1.0

2 1.0 1.0 1.0 1.0

3 1.0 1.0 1.0 1.0

4 1.0 1.0 1.0 1.0

5 1.0 1.0 1.0 1.0

6 1.0 1.0 1.0 1.0

Page 48: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

39

O peso considerado no submodelo inclui o peso deste modelo acrescido dos

deslocamentos impostos pelo peso do modelo global. O mesmo acontece para o

empuxo, que além da pressão hidrostática atuando no casco do modelo local considera

os deslocamentos consequentes do empuxo do modelo global. Para as cargas de risers e

as cargas hidrodinâmicas apenas as forças e momentos atuantes no submodelo foram

consideradas.

4.8 Resultados

A análise estrutural dos resultados consiste em verificar as tensões normais, cisalhantes

e von Mises (combinação de tensões) associadas às estruturas da região de interesse, e

estas não devem exceder os critérios estabelecidos por regra da sociedade classificadora.

Os critérios foram baseados em DNV-OS-C201 – Structural Design of Offshore Units

(WSD Method), referência [4], que estabelecem que as tensões individuais dos

elementos e as tensões de von Mises equivalentes não podem ultrapassar a tensão de

escoamento do material.

O método utilizado na análise é o WSD (Working Stress Design), também conhecido

como método da tensão admissível, que é um método em que o nível de segurança

desejado é alcançado pela comparação da tensão calculada para diferentes condições de

carregamento com a tensão máxima admissível definida pela multiplicação da

resistência característica do material ou capacidade do elemento estrutural com fatores

de utilização admissíveis. As possíveis condições de carregamento são apresentadas na

Tabela 4.6.

Tabela 4.6 – Working Stress Design – Condições de carregamento

Condições de carregamento

Caso Descrição

a) Cargas funcionais permanentes

b) Combinação máxima de cargas ambientais e cargas funcionais permanentes associadas

c) Cargas acidentais e cargas funcionais associadas

d) Valor anual mais provável de cargas ambientais e cargas funcionais associadas após

falhas, ou após eventos acidentais

e) Valor anual mais provável de cargas ambientais e cargas funcionais associadas em uma

condição de adernamento correspondente à alagamento acidental

Os fatores de utilização admissíveis são uma função da condição de carga, modo de

falha e da importância do elemento de força.

Page 49: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

40

O fator de utilização admissível máximo, ηp, é calculado por:

𝜂𝑝 = 𝛽𝜂0

Onde:

η0 = fator de utilização básico, mostrados na Tabela 4.7;

β = coeficiente dependente do tipo de estrutura, modo de falha e redução de espessura.

Tabela 4.7 – Fatores de utilização básicos

Fatores de utilização básicos (𝜂0)

Condições de carregamento

a) b) c) d) e)

𝜂0 0.60 0.80 1.00 1.00 1.00

Os fatores básicos de utilização são aplicados para considerar:

Possíveis desvios desfavoráveis das cargas;

A probabilidade reduzida de que várias cargas atuando em conjunto atuarão

simultaneamente;

Incertezas no modelo e na análise utilizados para a determinação dos efeitos da

carga;

Possíveis desvios desfavoráveis na resistência dos materiais;

Possível redução da resistência dos materiais na estrutura, como um todo, em

comparação com os valores deduzidos a partir de amostras de teste.

De acordo com a referência [4], o coeficiente β deve ser igual a 1.0 para a verificação

de tensões de escoamento.

O critério de tensão máxima admissível (critério de escoamento) foi adotado como 80%

da tensão de escoamento do material, para a condição de operação, pois representam a

combinação de cargas ambientais e cargas permanentes associadas, de acordo com

DNV-OS-C201 – Structural Design of Offshore Units (WSD Method), referência [4].

Sendo assim, para o Aço NV A-36 encontrado no pontoon e no suporte de risers, tem-

se:

σadm= 0.8 x 355 MPa = 284 MPa

Para garantir a integridade estrutural da região representado no submodelo, será feito

uma verificação do critério de escoamento tanto para os elementos de placa como para

Page 50: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

41

os elementos de viga. As tensões individuais dos elementos estruturais definidos no

projeto e as tensões de von Mises (tensões combinadas) para os elementos de placa não

devem exceder a resistência do material.

De acordo com a referência [4], painéis reforçados devem ser verificados quanto à

flambagem. Após a verificação de escoamento, será realizada uma verificação de

flambagem do chapeamento do pontoon e do suporte de riser, de acordo com DNV-RP-

C201 – Buckling Strength of Plated Structures, referência [6].

O software responsável pela análise estrutural linear estática foi o SESTRA (v.8.8-02) e

o pós-processador, que apresentou os resultados, foi o XTRACT (v.2.1-00), ambos

desenvolvidos pelo DNV Software.

4.8.1 Critério de Escoamento – Elementos de Placa

A análise do critério de escoamento para elementos de placa consiste basicamente em

verificar se as tensões de von Mises não ultrapassam a resistência do material. A

verificação dessas tensões engloba as tensões individuais, já que é uma combinação

destas.

Foram calculadas as tensões de von Mises dos elementos de placa do pontoon e do

suporte de risers para todas as condições especificadas na seção 4.7.5 do presente

relatório.

Para elementos de placa, as tensões de von Mises são calculadas e definidas pela

seguinte expressão:

𝜎𝑣𝑜𝑛𝑀𝑖𝑠𝑒𝑠 = √𝜎𝑥2 + 𝜎𝑦

2 − 𝜎𝑥𝜎𝑦 + 3𝜏2

Onde:

σx e σy são tensões de membrana nas direções X e Y, respectivamente;

τ é a tensão de cisalhamento no plano XY.

O programa XTRACT possui uma função chamada SCAN onde o programa efetua uma

varredura capturando os casos mais críticos para uma determinada tensão que se deseja

analisar. Através dessa função, foi analisada uma envoltória crítica evidenciando os

máximos valores de tensões de von Mises para as combinações de carregamento citadas

anteriormente.

Page 51: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

42

Observa-se nas Figuras 4.19 à 4.22 que as tensões mais elevadas encontradas no

pontoon são da ordem de 250 MPa e, portanto, inferiores à tensão admissível (284

MPa).

Figura 4.19 – Tensões de von Mises (em Pa) – Costado

Page 52: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

43

Figura 4.20 – Tensões de von Mises (em Pa) – Convés

Figura 4.21 – Tensões de von Mises (em Pa) – Interior do pontoon

Page 53: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

44

Figura 4.22 – Tensões de von Mises (em Pa) – Interior do pontoon

Após realizar as análises do suporte de risers, verificou-se que, para todas as

combinações de carregamento, as máximas tensões de von Mises mantiveram-se acima

da tensão admissível (284 MPa). A região crítica está localizada próximo ao suporte 31.

Observa-se que estas tensões altas devem-se quase que exclusivamente ao carregamento

local dos risers, com pouca influência dos demais carregamentos atuantes no modelo

(pressão hidrostática/hidrodinâmica ou peso).

As regiões críticas encontradas considerando o critério de tensão máxima admissível

(80% da tensão de escoamento do material) são apresentadas na Figura 4.23 e na Figura

4.24. Maiores detalhes sobre suas extensões são relatados da Figura 4.25 à Figura 4.34.

Page 54: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

45

Figura 4.23 – Tensões de von Mises (em Pa) – Suporte de risers

Figura 4.24 – Tensões de von Mises (em Pa) – Suporte de risers

Page 55: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

46

Figura 4.25 – Extensão da região crítica (em Pa) – Suporte de risers

Figura 4.26 – Tensões de von Mises (em Pa) – Suporte de risers

Page 56: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

47

Figura 4.27 – Extensão da região crítica (em Pa) – Suporte de risers

Figura 4.28 – Tensões de von Mises (em Pa) – Suporte de risers

Page 57: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

48

Figura 4.29 – Extensão da região crítica (em Pa) – Suporte de risers

Figura 4.30 – Tensões de von Mises (em Pa) – Suporte de risers

Page 58: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

49

Figura 4.31 – Extensão da região crítica (em Pa) – Suporte de risers

Figura 4.32 – Tensões de von Mises (em Pa) – Suporte de risers

Page 59: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

50

Figura 4.33 – Extensão da região crítica (em Pa) – Suporte de risers

Figura 4.34 – Tensões de von Mises (em Pa) – Suporte de risers

Page 60: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

51

4.8.2 Critério de Escoamento – Elementos de Viga

A verificação do critério de escoamento para os elementos de viga do pontoon deve ser

feita individualmente para cada componente de tensão.

Após ser feito o SCAN em relação às combinações de carregamento apresentadas na

seção 4.7.5 do presente relatório, foram definidas as tensões principais críticas atuantes

nas vigas. As Figuras 4.35 a 4.40 ilustram as componentes de tensão extraídas do

envelope.

Figura 4.35 – Elementos de vigas (em Pa) – Sigxx

Page 61: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

52

Figura 4.36 – Elementos de vigas (em Pa) – Sigbyx

Figura 4.37 – Elementos de vigas (em Pa) – Sigbzx

Page 62: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

53

Figura 4.38 – Elementos de vigas (em Pa) – Tautx

Figura 4.39 – Elementos de vigas (em Pa) – Tauxy

Page 63: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

54

Figura 4.40 – Elementos de vigas (em Pa) - Tauxz

Como podemos ver nas componentes de tensão apresentadas acima, todas ficaram

dentro do critério de avaliação (284 MPa), chegando a valores máximos próximo a 160

MPa.

4.8.3 Flambagem

O modelo estrutural do pontoon e suporte de risers da unidade também foram

verificados no que diz respeito à flambagem. A análise de flambagem foi baseada na

DNV-RP-C201 – Buckling Strength of Plated Structures, referência [6].

Os máximos valores de tensões de flambagem foram determinados via função SCAN do

XTRACT, analisando uma envoltória crítica em todas as combinações de

carregamentos do presente relatório.

Em seguida, a verificação dos critérios de flambagem foi feita com o auxílio do

software STIPLA (DNVRP 1.8), onde é possível inserir a topologia, as propriedades

geométricas da estrutura e as máximas tensões de flambagem atuantes do costado do

pontoon e no suporte de risers.

Page 64: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

55

A Figura 4.41, a Figura 4.42 e a Figura 4.43 mostram o campo de tensões Sigmx,

Sigmy, e Taumxy para a envoltória crítica analisada (tensões de membrana). As tensões

máximas do pontoon consideradas na verificação da flambagem ficaram restritas a

região próxima ao suporte, pois esta foi a região afetada pela alteração nas cargas dos

risers.

Figura 4.41 – Envoltória crítica para o campo de tensões Sigmx (em Pa) – Costado

Analisando os valores da envoltória critica para as tensões normais Sigmx no costado

do pontoon, como mostra a Figura 4.41, pode-se observar que os maiores valores na

região próxima ao suporte são da ordem de -94.1 MPa.

Page 65: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

56

Figura 4.42 – Envoltória crítica para o campo de tensões Sigmy (em Pa) – Costado

Analisando os valores da envoltória critica para as tensões Sigmy no costado do

pontoon, como mostra a Figura 4.42, podem-se observar valores da ordem de -58.0

MPa.

Page 66: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

57

Figura 4.43 – Envoltória crítica para o campo de tensões Taumxy (em Pa) – Costado

Analisando os valores da envoltória critica para as tensões cisalhantes Taumxy no

costado do pontoon, como mostra a Figura 4.43, podem-se observar valores da ordem

de -39.9 MPa.

A partir dos valores obtidos nas envoltórias críticas, foram geradas análises através do

programa STIPLA. A Figura 4.44 apresenta os resultados para o painel reforçado típico

(chapa + reforço).

Page 67: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

58

Figura 4.44 – Verificação de flambagem para o chapeamento e os reforçadores do costado do

pontoon

Analisando os resultados obtidos na Figura 4.44, pode-se concluir que a estrutura do

pontoon atende aos critérios de flambagem.

Page 68: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

59

Para a verificação de flambagem do suporte de risers, a região sujeita às maiores

tensões compressivas, e consequentemente sujeita à flambagem, está destacada na

Figura 4.45.

Figura 4.45 – Região do suporte de risers mais sujeita à flambagem

A Figura 4.46 ilustra o campo de tensões SigmY para a envoltória crítica analisada.

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Figura 4.46 – Envoltória crítica para o campo de tensões SigmY (em Pa) – Região do suporte de

risers

Analisando os valores da envoltória critica para as tensões de membrana SigmY no

suporte, como mostra a Figura 4.46, pode-se observar que os maiores valores são da

ordem de -145.0 MPa.

Para o suporte foram apresentadas apenas as tensões de membrana sigma YY, pois estas

são as tensões mais relevantes para esta região. As tensões de membrana sigma XX

estão na ordem de -19.7 MPa e as tensões cisalhantes Tau XY estão na ordem de -44.1

MPa.

A partir dos valores obtidos nas envoltórias críticas, foram geradas análises através do

programa STIPLA. A Figura 4.47 apresenta os resultados para o painel reforçado típico

(chapa + reforço).

Page 70: ANÁLISE ESTRUTURAL DE SUPORTE DE RISERS

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Figura 4.47 – Verificação de flambagem para o chapeamento e os reforçadores do suporte de

risers

Analisando os resultados obtidos na Figura 4.47, pode-se concluir que a estrutura do

suporte atende aos critérios de flambagem.

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4.8.4 Análise dos Resultados

O estudo apresentado refere-se à verificação da resistência estrutural do suporte de

risers localizado no pontoon de uma plataforma semissubmersível, bem como da

estrutura do casco ao entorno da região afetada.

Tal estudo foi executado com o auxílio de um modelo estrutural em elementos finitos,

considerando as combinações de carregamentos apresentadas na seção 4.7.5 deste

relatório. Vale ressaltar que não foi realizada nenhuma consideração com relação à

fadiga ou cargas acidentais.

Seguem abaixo os critérios verificados na análise estrutural e suas respectivas

conclusões.

Critério de Escoamento – Elementos de Placa:

Através da análise de escoamento nas placas foram observadas algumas áreas de

concentração de tensão no suporte 31. Como as tensões estão acima da tensão

admissível (284 MPa), pode-se concluir que os resultados da verificação do critério de

escoamento no suporte não são satisfatórios. – Ver seção 4.8.1.

Não foram observadas áreas de concentração no casco (pontoon), onde as tensões estão

abaixo do critério de tensão admissível. – Ver seção 4.8.1.

Análise do Critério de Escoamento – Elementos de Viga:

Foram modelados como elementos de vigas apenas os reforçadores secundários do

pontoon. Nas vigas, os resultados da análise de escoamento foram satisfatórios, sendo

então concluído que as tensões atuantes encontram-se abaixo do critério de escoamento

considerado – Ver seção 4.8.2.

Análise de Flambagem:

Os resultados da análise de flambagem foram satisfatórios tanto para o pontoon quanto

para o suporte de risers. Verificou-se que os maiores valores de tensões de flambagem

apresentaram fatores calculados menores do que os fatores admissíveis – Ver seção

4.8.3.

Desta forma, pode-se concluir que a estrutura do pontoon apresenta resistência

adequada para as condições de carregamento analisadas, considerando os critérios de

tensão admissível apresentados neste relatório.

Com relação ao suporte dos risers, deverão ser instalados reforços estruturais (locais)

nas regiões que apresentaram tensões acima das admissíveis (região do suporte 31) pelo

critério de escoamento. Estas regiões estão destacadas na seção 4.8.1.

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5. Conclusão

O objetivo do projeto é apresentar os tipos de suportes de risers existentes e as

condições de carregamento que devem ser consideradas na análise de cada um, e

realizar uma análise estrutural local de um suporte de risers.

Com a realização de um submodelo de suporte de risers no pontoon de uma plataforma

semissubmersível, foi possível aplicar os carregamentos necessários e analisar a

estrutura quanto às tensões atuantes.

As tensões normais, cisalhantes e von Mises (combinação de tensões) associadas às

estruturas da região de interesse foram verificadas e pode-se constatar que os critérios

estabelecidos por regra da sociedade classificadora foram excedidos para algumas

estruturas do submodelo.

A partir das definições apresentadas de tipos de suportes de risers e seus carregamentos,

pode-se utilizar o mesmo modelo de análise do suporte do pontoon para quaisquer tipos

de suportes de risers, considerando suas particularidades.

Pode-se notar a extrema importância desse estudo para o bom funcionamento do

sistema, que nesse caso, mostrou que a estrutura necessita de reforços para garantir sua

integridade e continuidade da produção.

A modelação em elementos finitos e conceitos de resistência estrutural se mostraram

essenciais para a análise e comprovou que as definições e concepções do modelo são

válidas e úteis para trabalhos essenciais na área de engenharia.

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6. Referências Bibliográficas

[1] GOEKING, Weruska. Instalações Offshore: o pioneirismo brasileiro. Portal O

Setor Elétrico. Disponível em:

<http://www.osetoreletrico.com.br/web/component/content/article/58-artigos-e-

materias-relacionadas/324-instalacoes-offshore-pioneirismo-brasileiro.html>. Acesso

em: 10 de abril de 2014.

[2] RODRIGUES, Flávio. Análise de tensões do Upper Riser Balcony e do Lower

Riser Balcony de um FPSO. COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2009.

[3]DNV-RP-C102, Structural Design of Offshore Ships. DetNorskeVeritas, 2002.

[4] DNV-OS-C201, Structural Design of Offshore Units (WSD Method). Det Norske

Veritas, 2014.

[5] DNV-RP-C103, Column-Stabilised Units. Det Norske Veritas, 2012.

[6] DNV-RP-C201, Buckling Strength of Plated Structures. Det Norske Veritas, 2010.