análise económico-financeira santander totta - texto

17
Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta Accionista Nº Acções % Santander Totta SGPS SA 574356881 97,38 TaxaGest SGPS SA 14593315 2,47 O perímetro de consolidação do BST é constituído pelas empresas subsidiárias, associadas, e pelas Entidades de Finalidade Especial (SPE) apresentadas na F. As SPE Hipototta foram criadas no âmbito de operações de securitização e como tal o BST detém a maior parte dos riscos e benefícios associados à sua actividade, logo devem ser incluídas no perímetro de consolidação de acordo com a IAS27. As entidades Hipototta FTC são responsáveis pela emissão dos fundos de titularização de créditos enquanto que as entidades Hipototta PLC são responsáveis pela subscrição das unidades de participação dos fundos de titularização. O BST consolida as suas subsidiárias pelo método de consolidação integral (todas à excepção da Pinto Totta International Finance e Totta Crédito Especializado) e as associadas pelo método proporcional (Pinto Totta International Finance). As 1. O Banco Santander Totta 1.1. História 1.2. Perímetro, Métodos e Técnicas de Consolidação Fig. 1 - ESTRUTURA ACCIONISTA DO BST A Santander Totta SGPS SA detém a maioria do capital do BST. Fig. 2 ENTIDADES RELACIONADAS COM O BST Fig. 3 ESTRUTURA DO GRUPO E MÉTODOS DE CONSOLIDAÇÃO Todas as esmpresas do grupo consolidam pelo método integral à O Banco Santander entrou em Portugal em 1988 adquirindo uma pequena participação no Banco de Comércio e Indústria (BCI). Nesse mesmo ano é criado o Banco Santander de Negócios Portugal. Em 1993 reforça a sua participação no BCI tornando-se maioritária. Em 1998 a designação social do BCI passa a Banco Santander Portugal e em 2000 o Grupo Santander adquire o Banco Totta & Açores e o Crédito Predial Português (CPP). Em 2004 dá-se a fusão do Totta, Santander Portugal e CPP numa única entidade Banco Santander Totta detida pela holding Santander Totta SGPS. Nessa altura as marcas Santander e Totta permanecem autónomas até 2006 ano em que são fundidas numa única marca - Santander Totta. O Banco Santander Totta (BST) é detido maioritariamente pela Sociedade de Gestão de Participações Sociais Santander Totta SGPS SA, a qual detém, 97,38% do capital social. A outra participação mais significativa no capital do BST é da Taxa Gest SGPS SA, a qual detém 2,47% do mesmo.

Upload: cristovao-matos

Post on 29-May-2015

2.379 views

Category:

Economy & Finance


4 download

DESCRIPTION

Trabalhos Académicos

TRANSCRIPT

Page 1: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

Accionista Nº Acções %

Santander Totta SGPS SA 574356881 97,38

TaxaGest SGPS SA 14593315 2,47

O perímetro de consolidação do BST é

constituído pelas empresas subsidiárias, associadas, e

pelas Entidades de Finalidade Especial (SPE)

apresentadas na F. As SPE Hipototta foram criadas no

âmbito de operações de securitização e como tal o

BST detém a maior parte dos riscos e benefícios

associados à sua actividade, logo devem ser

incluídas no perímetro de consolidação de acordo

com a IAS27. As entidades Hipototta FTC são

responsáveis pela emissão dos fundos de titularização

de créditos enquanto que as entidades Hipototta

PLC são responsáveis pela subscrição das unidades

de participação dos fundos de titularização.

O BST consolida as suas subsidiárias pelo

método de consolidação integral (todas à excepção

da Pinto Totta International Finance e Totta Crédito

Especializado) e as associadas pelo método

proporcional (Pinto Totta International Finance). As

1. O Banco Santander Totta

1.1. História

1.2. Perímetro, Métodos e Técnicas de

Consolidação

Fig. 1 - ESTRUTURA ACCIONISTA DO BST

A Santander Totta SGPS SA detém a maioria do capital do BST.

Fig. 2 – ENTIDADES RELACIONADAS COM O BST

Fig. 3 – ESTRUTURA DO GRUPO E MÉTODOS DE

CONSOLIDAÇÃO

Todas as esmpresas do grupo consolidam pelo método integral à

excepção da Pinto Totta International Finance e da Totta Crédito

Especializado.

O Banco Santander entrou em Portugal em 1988

adquirindo uma pequena participação no Banco de

Comércio e Indústria (BCI). Nesse mesmo ano é criado o

Banco Santander de Negócios Portugal. Em 1993 reforça a

sua participação no BCI tornando-se maioritária. Em 1998

a designação social do BCI passa a Banco Santander

Portugal e em 2000 o Grupo Santander adquire o Banco

Totta & Açores e o Crédito Predial Português (CPP). Em 2004 dá-se a fusão do Totta, Santander Portugal e CPP numa

única entidade – Banco Santander Totta detida pela holding Santander Totta SGPS. Nessa altura as marcas Santander e

Totta permanecem autónomas até 2006 ano em que são fundidas numa única marca - Santander Totta. O Banco

Santander Totta (BST) é detido maioritariamente pela Sociedade de Gestão de Participações Sociais Santander Totta

SGPS SA, a qual detém, 97,38% do capital social. A outra participação mais significativa no capital do BST é da Taxa Gest

– SGPS SA, a qual detém 2,47% do mesmo.

Page 2: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

empresas multigrupo, como é o caso da Totta Crédito Especializado são consolidadas pelo método de equivalência

patrimonial.

Nos termos do IAS 27 e da SIC 12, dado que o BST detém a maior parte dos riscos e benefícios associados às

operações de titularização de crédito à habitação, são consolidados os veículos correspondentes a essas operações

(através do método integral).

Relativamente à técnica de consolidação, não há referência explícita no Relatório e Contas do grupo.

O crédito a clientes representa quase 80% do total

do activo do BST, enquanto que no Sector bancário este

valor é consideravelmente mais baixo (aproximadamente

65%). As aplicações em instituições de crédito são a segunda

rubrica com maior peso com cerca de 10%, enquanto que

no Sector são as disponibilidades em outras instituições de

crédito com 9,33%.

Do lado do passivo, os recursos de clientes e outros

empréstimos têm vindo a perder peso para as

responsabilidades representadas por títulos, as quais em 2006

valem 40,8%. Na média do sector bancário, os recursos de

clientes e outros empréstimos são a principal origem de

recursos, embora o seu peso também tenha sofrido um

decréscimo entre 2005 e 2006, representam praticamente

50% do total. Em segundo lugar aparecem as

responsabilidades representadas por títulos com um peso de

25,71% e em terceiro lugar os recursos de outras instituições

de crédito com 13,60%.

1.3. Elementos Financeiros

Fig. 4 - COMPOSIÇÃO DO ACTIVO DO BST O crédito a clientes tem um peso de quase 80% do total dos

activos.

Fonte: Relatórios e Contas do BST, anos 2005 e 2006.

Fig. 5 - COMPOSIÇÃO DO ACTIVO DO SECTOR O crédito a clientes tem um peso de 66,1% do total dos

activos.

Fonte: Relatórios de Estabilidade do Sistema Financeiro, 2006, Banco

de Portugal.

Fig. 6 - COMPOSIÇÃO DO PASSIVO DO BST

Em 2006 as responsabilidades representadas por títulos

ultrapassaram o peso dos recursos de clientes e outros

empréstimos.

Fonte: Relatórios e Contas do BST, anos 2005 e 2006.

Page 3: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

Fig. 7 - BALANÇO CONSOLIDADO DO BANCO SANTANDER TOTTA

O activo cresceu apenas 0,3% entre 2005 e 2006, e o passivo decresceu 1,5%. Os activos financeiros disponíveis para venda perderam

quase 80% nos últimos dois anos. Do lado do passivo o principal destaque vai para os recursos de bancos centrais que caíram quase

100% por contraponto às responsabilidade representadas por títulos que mais que duplicaram de valor entre os dois anos.

Page 4: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

Fig. 8 - DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DO BANCO SANTANDER TOTTA (CONTAS CONSOLIDADAS)

Entre 2005 e 2006 houve um crescimento muito significativo da Margem Complementar influenciando o crescimento do Produto Bancário

em 12,8%. O Resultado Líquido (consolidado do exercício) cresceu 19,2%.

2. Análise Económica

1.4. Rendimentos e Gastos

A Fig. 9 apresenta o quadro comparativo de rendimentos e gastos do Banco Santander Totta e do Sector. Por

Outros Custos entende-se todos os gastos que não são operacionais, ou seja, inclui-se gastos com provisões, imparidade,

impostos e interesses minoritários. Na Figura 6 apresenta-se a evolução dos rendimentos e gastos do Banco Santander

Fig. 9 - RENDIMENTOS E GASTOS

Entre 2005 e 2006 houve um crescimento muito significativo da Margem Complementar influenciando o

crescimento do Produto Bancário em 12,8%. O Resultado Líquido (consolidado do exercício) cresceu

19,2%.

Totta entre 2005 e

2006, para cada uma

das rubricas da Fig. 9.

O produto bancário

cresceu 12,78%, cerca

de 11% acima da

média do sector. Para

este valor contribuiu

um forte crescimento

de 30,31% na margem

complementar. Note-

se que ainda assim,

esta representou em

2006 apenas 38,4% do

Page 5: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

produto bancário, um valor 15,2% inferior em relação à média do sector.

A estrutura de custos do Banco Santander Totta teve um crescimento superior à média do Sector, influenciado

essencialmente pelos custos operativos que cresceram 5,97% comparativamente com apenas 1,80% do Sector, estando

o crescimento dos outros custos em linha com o Sector. Este crescimento teve um impacto negativo nos resultados, cujo

crescimento foi inferior em 32,64% relativamente ao Sector – o resultado do BST cresceu 19,16%, enquanto o do Sector foi

de 28,45%.

Fig. 10 – VARIAÇÃO HOMÓLOGA DOS RENDIMENTOS E GASTOS

O Produto Bancário cresceu acima do Sector, influenciado pelo forte crescimento da Margem Complementar. O Resultado foi penalizado

pelo aumento dos Custos Operativos, os quais cresceram 3,3 vezes mais que o Sector.

De acordo com o Relatório e Contas do BST, o crescimento dos custos operativos foi influenciado pela

incorporação dos custos associados à reestruturação da rede de agências, na sequência da mudança de imagem

devido à fusão das marcas Santander e Totta).

A Fig. 12 apresenta a estrutura de rendimentos e gastos do Banco Santander Totta comparativamente à média

do Sector, e em proporção do produto bancário. Note-se que relativamente à estrutura de gastos, o Banco Santander

Totta apresenta melhores rácios de produtividade, com principal destaque para o Cost-to-Income de 48,6%

comparativamente aos 53,3% da média do Sector. Também o peso dos restantes custos é inferior, o que permite libertar

Fig. 11 – ESTRUTURA DE RENDIMENTOS E DE GASTOS DO BST

O peso da Margem complementar no Produto Bancário cresceu para 38,4%, um acréscimo de

15,7%. O Resultado líquido subiu para 35,2% do Produto Bancário, um acréscimo de 5,7%.

um resultado líquido muito

superior ao Sector (margem de

lucro). Por cada 100€ de produto

bancário, o Banco Santander

Totta liberta 35,2€ em resultado

líquido, contra 25,9€ do Sector

(36,6% mais).

Resumindo, o produto

bancário cresceu mais do que o

Sector, influenciado

essencialmente pelo crescimento

da Margem complementar. Por

outro lado, o resultado foi

penalizado pelos custos

operativos que cresceram mais

rapidamente do que o Sector. Ao

nível da estrutura de gastos em

Page 6: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

proporção do produto bancário,

verifica-se que o BST mantém

rácios mais atractivos que o

Sector, enquanto que na

estrutura de rendimentos, a

margem complementar ainda

tem espaço de crescimento.

Fig. 12 – ESTRUTURA DE RENDIMENTOS E DE GASTOS DO BST – COMPARATIVO

COM O SECTOR O peso da Margem Complementar no Sector é superior ao do BST, em 18,0%. A margem

líquida libertada pelo BST é superior em 36,4% ao Sector.

2.1. Decomposição do ROE

Para a análise do Return

on Equity (ROE) utilizou-se o

modelo de Dupont, o qual

permite decompôr aquele rácio

no Return On Assets (ROA),

alavancagem finaceira (Lf), Asset

Yield (AY) e Profit Margin (PM).

Este modelo permite analisar a

rentabilidade de um banco em 5

variáveis críticas de gestão: i)

gestão do capital próprio; ii)

gestão da liquidez; iii) gestão das

taxas de juro; iv) gestão do risco

de crédito; v) gestão/controlo de

custos.

A Fig. 13 apresenta os

rácios do modelo de Dupont

para os anos de 2005 e 2006.

Entre 2005 e 2006 o ROE

do BST caiu 7,03% de 20,18% para

18,76%, verificando-se também

um decréscimo acentuado de

15,79% na alavancagem

Fig. 13 – DECOMPOSIÇÃO DO ROE SEGUNDO O MODELO DE DUPONT

O ROE decresceu 7,03% entre 2005 e 2006 devido à redução acentuada da alavancagem

financeira (Lf), e consequentemente do risco, a qual não foi compensada pelo forte

crescimento do ROA. O Asset Yield e a Profit Margin registaram crescimentos na ordem dos 5%

financeira. O ROA aumentou 10,41% de 0,96% para 1,06%. Ou seja, a redução do ROE deveu-se à melhoria do grau de

alavancagem financeira, reduzindo o risco, e compensado com um acréscimo no retorno no activo (ROA).

Analisando a decomposição do ROA, verifica-se que houve uma evolução favorável tanto ao nível do Asset

Yield, com um crescimento de 4,49% assim como na Profit Margin, com um crescimento de 5,66%, o que revela progressos

ao nível da liquidez bem como da margem libertada.

A Fig. 14 apresenta os rácios do modelo de Dupont para o Sector e para os três principais concorrentes directos

do BST (privados). Relativamente ao ROE, em primeiro lugar, aparece o BPI com 19,21% seguido de perto pelo BST com

18,76%. O Millennium BCP apresenta 17,21%. Todos estes bancos encontram-se acima da média do Sector bancário que

teve um ROE de 14,28%. Finalmente o BES apresentou um ROE de apenas 10,72%.

Page 7: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

Fig. 14 – DECOMPOSIÇÃO DO ROE SEGUNDO O MODELO DE DUPONT –

COMPARAÇÃO COM O SECTOR E CONCORRENTES O ROE decresceu 7,03% entre 2005 e 2006 devido à redução acentuada da alavancagem

financeira (Lf), e consequentemente do risco, a qual não foi compensada pelo forte

crescimento do ROA. O Asset Yield e a Profit Margin registaram crescimentos na ordem dos 5%

Gestão do Capital Próprio

Do grupo de bancos

apresentados, o BPI aparece

como aquele que apresenta a

maior rentabilidade dos capitais

próprios, com um rácio de

19,21%. O BST consegue um ROE

de 18,76%, inferior em 2,31% ao

do BPI mas com uma

alavancagem financeira

ligeiramente mais reduzida (-

2,31%), logo com menor risco.

Comparativamente ao

Millennium BCP, o BST consegue

um ROE superior em 9,05%, com

uma uma alavancagem

financeira superior em 10,03%,

logo com maior risco, portanto o

prémio do ROE não é

Fig. 16 – COMPARAÇÃO COM O MILLENNIUM BCP

O ROE do BST é superior em 9,05% ao do Millennium BCP mas para

uma alavancagem financeira 10,03% superior, ou seja, com

maior risco.

Fig. 15 – COMPARAÇÃO COM O SECTOR O BST consegue um ROE 31,37% superior ao do Sector, para uma

alavancagem financeira 9,09% superior. A margem de

rentabilidade é também muito superior (+36,56%).

SECTOR

Valores em %

MILLENNIUM BCP

Valores em %

Fig. 18 – COMPARAÇÃO COM O BES Os rácios do BST são bastante mais favoráveis do que os do BES.

O BST consegue um ROE 75,1% superior para uma alavancagem

de apenas 27,54%. Destaque também para a Profit Margin.

Fig. 17 – COMPARAÇÃO COM O BPI

O BST consegue um ROE ligeiramente inferior (-2,03%) mas com

uma alavancagem financeira 13,11% inferior, e

consequentemente, com menor risco.

BPI

Valores em %

BES

Valores em %

Page 8: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

devidamente compensado, pois há uma maior exposição ao risco.

O BES é aquele que assume uma postura mais conservadora na gestão do capital, com uma alavancagem

financeira muito inferior à média, o que penaliza naturalmente a rentabilidade, traduzida num ROE inferior.

O desempenho do BST relativamente à média do sector é bastante superior ao nível da rentabilidade dos

capitais próprios (+31.37%), com uma alavancagem financeira superior em apenas 9,09%.

Gestão da Liquidez

A Gestão da Liquidez afecta essencialmente o rácio de Asset Yield (AY). O AY do BST é o mais baixo de todos,

com apenas 3,00%, ficando 11,81% abaixo da média do Sector, o que é um valor baixo, indicando que o produto

bancário em proporção do activo médio é inferior ao dos seus concorrentes, ou seja, como concluímos abaixo, a

diferença de desempenho no BST não é feita fundamentalmente pela via comercial mas essencialmente pela gestão de

custos.

Gestão das Taxas de Juro

A Gestão das taxas de juro afecta essencialmente o Asset Yield (AY) e a Profit Margin (PM). O BST opera com uma

margem de lucro superior à concorrência (+36,56% que a média do Sector). O BST enquanto subsidiária do Banco

Santander Central Hispano é o banco português com melhor notação de rating o que lhe permite financiar-se com

condições particularmente vantajosas, o que poderá explicar parte da sua Margem de Lucro.

Gestão do Risco de Crédito

O risco de crédito afecta essencialmente o Asset Yield e a Profit Margin. Esta última aparenta uma saúde

considerável, o que parece indicar que o nível de crédito mal parado não está a afectar significativamente o BST.

Gestão dos Custos

O BST consegue um ROA superior aos concorrentes (à excepção do Millennium BCP), pese embora apresente um

Asset Yield inferior, ou seja, o produto bancário em relação ao activo médio é inferior aos concorrentes enquanto que o

resultado líquido em relação a esse mesmo activo médio é superior, o que permite concluir que o BST faz a diferença

essencialmente pela gestão de custos a qual é extremamente eficiente.

2.2. Indicadores de Produtividade

O “Overhead Burden

Ratio” (OBR) registou uma

evolução muito favorável ao

decrescer 47,71% entre os dois

anos em comparação. Desta

forma, verifica-se uma maior

cobertura dos custos operativos

pela margem complementar.

Esta evolução justifica-se porque

a margem complementar

cresceu mais rapidamente

(+30,31%) que os custos

operativos (+5,97%) e o resultado

líquido também cresceu (19,16%).

O rácio de produtividade

acompanhou naturalmente a

evolução do OBR, com uma taxa

de decréscimo ligeiramente

inferior, justificada pelo menor

crescimento do activo médio

(+7,93%), comparativamente ao

Fig. 19 – EVOLUÇÃO DOS INDICADORES DE PRODUTIVIDADE Os 3 indicadores de produtividade registaram evoluções favoráveis entre 2005 e 2006, com

particular destaque para o OBR e o Rácio de Produtividade, com decréscimos de mais de

40%, justificados pelo aumento da Margem Complementar.

Page 9: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

Fig. 20 – JUSTIFICAÇÃO PARA A EVOLUÇÃO DOS INDICADORES O OBR e o Rácio de Produtividade (PR) decresceram devido ao aumento muito superior da

Margem Complementar, comparativamente aos Custos Operativos. O Cost-to-income caiu

devido ao Produto Bancário ter crescido mais do que os Custos Operativos.

resultado líquido (+19,16%).

O rácio de “Cost-to-

income” decresceu 6,04% entre

2005 e 2006, de 51,72% para os

48,60%. Esse decréscimo deveu-se

essencialmente ao

comportamento do produto

bancário (+12,78%) que cresceu

acima dos custos operacionais

(+5,97%), como mostra a

A Fig. 20 apresenta as

variações dos componentes que

compõem os rácios de

produtividade referidos, o

permitindo justificar as variações

entre 2005 e 2006.

Os rácios do BST são

bastante mais favoráveis do que

os da média do sector bancário,

à excepção do rácio de

produtividade, de acordo com a

Fig. 21. O OBR é de 29,03%, inferior

em 6,76% à média do Sector. O

rácio cost-to-income é de 48,60%,

menos 8,74% que o do Sector.

O rácio de produtividade

do BST é inferior ao do Sector e

Fig. 21 – COMPARAÇÃO COM O SECTOR E PARES O BST bate todos os pares no Cost-to-income e no OBR (à

excpeção do BES). O Rácio de produtividade é inferior ao Sector

e seus pares (também à excepção do BES).

Fig. 22 – COMPARAÇÃO COM O SECTOR O BST apresenta melhor Cost-to-income e OBR do que o Sector,

no entanto o Rácio de Produtividade é superior.

dos seus pares (à excepção do BES), significando que o grau de cobertura dos custos operativos pela margem

complementar em proporção do activo médio é superior no Sector. A justificação reside no facto de que embora a

margem complementar do BST tenha registado um forte crescimento acima da do sector, os custos operativos também

cresceram mais e essencialmente o activo médio registou um crescimento contido.

Page 10: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

3. Análise Financeira

2.3. Equilíbrio Financeiro

O Saldo de Tesouraria registava em 2005 um desequilíbrio extremamente acentuado, devido à rubrica de

recursos de bancos centrais, operações de venda com acordo de recompra com o Banco de Portugal, relativo a

operações de securitização de crédito à habitação, a qual representava cerca de 5,4 mil milhões de Euros em 2005 e foi

liquidada em 2006, através de novo financiamento através de obrigações de caixa e em particular através de

operações de titularização de créditos, que ao nível das contas consolidadas afectaram a rubrica de responsabilidades

representadas por títulos. Esta operação teve um efeito de reestruturação do passivo a qual influenciou

significativamente a melhoria do equilíbrio financeiro do BST em 2006, conforme mostra a Fig. 23.

O Saldo de Tesouraria teve uma variação positiva de 97,12%, com uma forte influência da liquidação do

empréstimo obrigacionista ao Banco de Portugal.

O Saldo de Outras Operações Financeiras caiu 389,19%, essencialmente influenciado pelo decréscimo dos outros

passivos, os quais decresceram 47,7% devido ao financiamento da totalidade da responsabilidade com o fundo de

pensões, cuidados de saúde e subsídio por morte.

O Saldo de Exploração caiu 12,71%. Os recursos de clientes decresceram 6,51% e o crédito a clientes aumentou

3,47%, o que justifica esta redução.

O Saldo de Tesouraria aumentou em 97,12%, permanecendo contudo negativo. O aumento deveu-se

essencialmente à quase extinção (em 99,94%) dos recursos de bancos centrais.

Fig. 23 – VARIAÇÃO DO EQUILÍBRIO FINANCEIRO DO BST ENTRE 2005 E 2006 As operações de reestruturação do passivo influenciaram favoravelmente o Saldo de Tesouraria e o Fundo de Maneio. O SALDO DE

Outras Operações Financeiras foi influenciado pela redução dos Outros Passivos, decorrente da liquidação da responsabilidade com o

fundos de pensões em cerca de 400,000€.

Page 11: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

Fig. 24 – MAPA DE EQUILÍBRIO FINANCEIRO DO BST Os recursos de bancos centrais foram a rubrica que mais contribuiu (maior peso no total) para a redução do Saldo de Tesouraria. O

desequilíbrio verificado no Saldo de Outras Operações Financeiras é justificado pela quebra dos Outros Passivos em cerca de 73%. Para o

aumento de quase 50% no Fundo de Maneio a principal contribuição veio das responsabilidades representadas por títulos (46,17%).

3.1. Liquidez

O BST apresenta uma situação de liquidez imediata deficitária, com

um rácio muito baixo, mas estrategicamente aceitável. O passivo com

maior grau de exigibilidade é constituído maioritariamente por recursos de

clientes e outros empréstimos (cerca de 4,8 mil milhões de Euros), daí que

seja admissível este desequilíbrio. Os restantes rácios estão bastante

saudáveis (>1). Houve uma evolução apreciável entre 2005 e 2006 como

mostra a Fig. 26.

Fig. 25 – COMPONENTES DA LIQUIDEZ

Os Capitais permanentes aumentaram

consideravelmente entre 2005 e 2006, fruto

da reestruturação do passivo.

Page 12: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

Fig. 26 – EVOLUÇÃO DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ A liquidez imediata registou um ligeiro crescimento entre 2005 e 2006. A liquidez reduzida decresceu cerca de 13%. A liquidez alargada

registou um forte aumento de cerca de 94%.

Fig. 27 GAP DE LIQUIDEZ O BST apresenta uma situação de liquidez de Longo-Prazo controlada. No Curto-Prazo as exigências são maioritariamente dos depósitos

(93%).

A análise de gaps de liquidez compara as exigências com as disponibilidades por prazo de maturidade das

mesmas. Na Fig. 27 apresenta-se esse gráfico (cf. Nota 48 do relatório de contas de 2006). A liquidez à vista apresenta um

gap de -25%, situação normal na banca, dado que a maioria das exigências são maioritariamente constituídas por

depósitos à ordem (cerca de 93%), pelo que o prazo de exigibilidade real não é necessariamente tão curto quanto a

contabilística. Nos prazos até 1 ano, os activos cobrem os passivos, pelo que a situação é estável. Entre 1 e 5 anos há um

défice de liquidez, mas essa situação é compensada pelos prazos superiores a 5 anos.

Na Fig. 28 apresenta-se os desvios de liquidez e a curva de liquidez e passivos acumulados por prazo de

maturidade que permite determinar o ponto de break even de liquidez (valor para o qual passivo e activo acumulado se

igualam). Note-se que efectivamente o gap de liquidez é relativamente baixo.

Page 13: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

Fig. 28 – GAPS DE LIQUIDEZ POR PRAZO DE MATURIDADE E ACUMULADO

O maior desequilíbrio negativo verifica-se no prazo à vista, resultado da exigibilidade dos depósitos à ordem (cerca de 93%). O ponto de

break even é atingido ao fim de 5 anos. O gap de liquidez parece controlado já que o desequilíbrio é ligeiro.

3.2. Solvabilidade

Fig. 29 – EVOLUÇÃO DOS RÁCIOS DE SOLVABILIDADE A exposição ao risco de capital foi reduzida, traduzida num

aumento de todos os rácios de Solvabilidade.

Fig. 30 – RÁCIOS DE SOLVABILIDADE Entre 2005 e 2006 há a destacar o significativo aumento do

Capital Primário, Secundário e da Base de Capital (quase que

duplicou).

Os rácios de solvabilidade do BST tiveram uma evolução favorável entre 2005 e 2006. A exposição ao risco de

capital foi reduzida, traduzida num aumento dos rácios de autonomia financeira (acréscimo de +90,83%), estrutura do

endividamento (acréscimo de +71,50%) e na redução do multiplicador do endividamento (-5,26%).

O rácio de financiamento do imobilizado aumentou para 4,75 (+30,28%), evidenciando também uma melhor

cobertura do imobilizado por parte dos capitais primários.

Page 14: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

3.3. Origens e Aplicações de Fundos

Na Fig. 31 apresenta-se o mapa de origens e aplicações de fundos para o BST abrangendo as variações entre os

anos de 2005 e 2006. Estas totalizaram cerca de 9,029 mil milhões de Euro.

A principal origem de fundos do BST, entre os anos de 2005 e 2006, foi os aumentos de passivo, os quais

contribuíram com 82,6% do total. Destes, o destaque vai para as responsabilidades representadas por títulos, as quais

representaram 79,7%, seguidas das aplicações em instituições de crédito em 5,5%. Os activos financeiros disponíveis para

venda, os derivados de cobertura e os interesses minoritários, ambos representaram 2,9% das origens de fundos.

Nas aplicações de fundos, a principal foi as reduções de passivo, que representaram 87,9% do total, com

principal contribuição por parte dos recursos de bancos centrais, os quais decresceram 59,38%, seguidos dos recursos de

outras instituições de crédito que decresceram 11, 46%.

Fig. 31 – MAPA DE ORIGENS E APLICAÇÕES DE FUNDOS Os recursos de bancos centrais foram a rubrica que mais contribuiu (maior peso no total) para a redução do Saldo de Tesouraria. O

desequilíbrio verificado no Saldo de Outras Operações Financeiras é justificado pela quebra dos Outros Passivos em cerca de 73%. Para o

aumento de quase 50% no Fundo de Maneio a principal contribuição veio das responsabilidades representadas por títulos (46,17%).

Através da análise à Nota 22 do Relatório e Contas verifica-se que houve um aumento muito significativo das

obrigações de caixa emitidas, entre 2005 e 2006, ou seja, a principal origem de fundos consistiu em empréstimos

obrigacionistas. Entre estes destaca-se uma emissão de Extendible Liquidity Securities (EXEL’s) pela sucursal de Londres no

valor de 1.140.505 milhares de Euros, e a emissão do fundo de titularização de créditos HipoTotta 4 no valor de 2.346.400

milhares de Euros (ver Anexo II, p. 169).

Do lado das aplicações de fundos, na Nota 19 verifica-se que de 2005 para 2006 foram desreconhecidos

5.372.230 milhares de Euros em operações de venda com acordo de recompra – obrigações emitidas em operações de

securitização de crédito à habitação, em benefício do Banco de Portugal. Ou seja, estes títulos que estavam cedidos

temporariamente, foram recomprados.

A Figura 23 apresenta a distribuição das origens e aplicações de fundos, tendo como unidade 1 euro. Por cada 1

euro de origens de fundos, 0,83 vieram de aumentos de passivo, 0,06 de aumentos de capital e 0,11 de reduções do

activo. Do lado das aplicações de fundos, por cada 1 euro, 0,12 vieram de aumentos do activo, 0,88 de reduções do

Page 15: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

Fig. 32 – MAPA DE ORIGENS E APLICAÇÕES DE FUNDOS Os recursos de bancos centrais foram a rubrica que mais contribuiu (maior peso no total) para a redução do Saldo de Tesouraria. O

desequilíbrio verificado no Saldo de Outras Operações Financeiras é justificado pela quebra dos Outros Passivos em cerca de 73%. Para o

aumento de quase 50% no Fundo de Maneio a principal contribuição veio das responsabilidades representadas por títulos (46,17%).

Fig. 33 – COMPOSIÇÃO DAS RESPONSABILIDADES REPRESENTADAS POR

TÍTULOS As obrigações de caixa (incluem responsabilidade com obrigações decorrentes do crédito

titulado) aumentaram quase 5x entre 2005 e 2006.

passivo e 0,00 de reduções do

capital. Portanto, pode-se

concluir que as rubricas do

passivo foram as principais quer

ao nível das origens como das

aplicações de fundos.

Page 16: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

4. Impacto na transição do PCSB para as NIC

O impacto da transição do PCSB para as NIC afectou

negativamente as contas do BST. O Resultado Líquido foi o mais

penalizado sofrendo uma quebra de 81%, fortemente influenciado pela

alteração de pressupostos actuariais e financeiros no que se refere a

pensões de reforma, e pelo desreconhecimento da provisão efectuada

para o plano de reestruturação. Esta provisão tinha sido efectuada para

fazer face aos encargos estimados com o plano de reestruturação

elaborado em Dezembro de 2004 na sequência da fusão do Totta, CPP e

BSP ocorrida em Dezembro de 2004.

Do lado dos capitais próprios (consolidados) houve uma quebra

de 14,6%, em grande parte influenciada pelas novas regras introduzidas

pela IAS 19. O activo líquido e o passivo (estrito) sofreram impactos

negativos de 13,7% e 13,6%, respectivamente.

Fig. 35 – IMPACTO DAS NIC NO CAPITAL PRÓPRIO E RESULTADO LÍQUIDO O Resultado Líquido teve um impacto negativo de 81%, resultante das novas regras de cálculo das responsabilidades com o fundo de

pensões de reforma e com o desreconhecimento da provisão efectuada para o plano de reestruturação na sequência da fusão de

empresas do grupo.

Fig. 34 – IMPACTO DAS NIC O activo e o passivo tiveram quebras de 13,7% e

13,6%, enquanto que no capital próprio foi de

14,6%.

Page 17: Análise Económico-Financeira Santander Totta - Texto

Análise Económico-Financeira ao Banco Santander Totta

5. Conclusões

O BST pratica uma política agressiva de gestão de activos e passivos, com uma carteira de crédito bastante

alavancada. Os recursos de clientes enquanto origens de fundos em 2006 foram ultrapassados pelas responsabilidades

representadas por títulos, ou seja, pelo financiamento através do recurso à emissão de obrigações (incluindo as

operações de titularização de créditos). O banco beneficia de condições favoráveis para o seu financiamento dado

que é o banco português com notação de rating mais elevada, influenciada naturalmente pelo facto de pertencer ao

grupo espanhol do Banco Santander Central Hispano.

Em 2006 o BST efectuou uma operação de reestruturação do passivo, que lhe permitiu melhorar

significativamente o seu equilíbrio financeiro, convertendo passivo de curto prazo em médio/longo prazo. O empréstimo

do Banco de Portugal afecto à rubrica de recursos de bancos centrais (Recursos do Banco de Portugal, Operações de

venda com acordo de recompra – Obrigações emitidas em operações de securitização de crédito à habitação) no

valor de 5,2 mil milhões de Euros foi liquidado, e foram efectuadas novas operações de titularização de créditos, as quais

permitiram o financiamento com prazo de maturidade mais longo.

Os rácios de produtividade do BST são, em geral, superiores aos dos seus pares, principalmente o Cost-to-income.

Verifica-se através de uma análise mais fina, que o que distingue o BST relativamente aos seus concorrentes é a melhor

gestão de custos, mais do que o desempenho comercial.

O rácio de adequação de fundos próprios (BIS) do BST foi de 9,6% em 2006. Tendo em conta as políticas

agressivas de crescimento por via do crédito à habitação, e o refrear deste mercado ao longo do último ano de 2007, é

provável que o banco necessite de reequilibrar as suas aplicações e origens de fundos, adoptando um comportamento

mais conservador através da focalização na captação de recursos de clientes, e no reforço da sua base de capital.

Privilégio da rentabilidade

Criação de valor para o accionista;

Exposição ao risco acima da média

Alavancagem financeira, liquidez imediata reduzida, origens de fundos;

Gestão de custos muito eficiente

Melhores rácios de produtividade entre os pares;