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UniSALESIANO LINS CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM CURSO DE DIREITO DENISE DOS SANTOS ANÁLISE DOS REQUISITOS DO BENEFICIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA AOS IDOSOS, COM ÊNSAFE NO CRITÉRIO ECONÔMICO LINS/SP 2018

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Page 1: ANÁLISE DOS REQUISITOS DO BENEFICIO DE PRESTAÇÃO ... · RESUMO O presente trabalho ... 3º da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) ... bility for granting the Continuous

UniSALESIANO LINS

CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM

CURSO DE DIREITO

DENISE DOS SANTOS

ANÁLISE DOS REQUISITOS DO BENEFICIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA

AOS IDOSOS, COM ÊNSAFE NO CRITÉRIO ECONÔMICO

LINS/SP

2018

Page 2: ANÁLISE DOS REQUISITOS DO BENEFICIO DE PRESTAÇÃO ... · RESUMO O presente trabalho ... 3º da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) ... bility for granting the Continuous

DENISE DOS SANTOS

ANÁLISE DOS REQUISITOS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA

AOS IDOSOS, COM ÊNFASE NO CRITÉRIO ECONÕMICO

Monografia apresentada ao curso de Direito do Uni-

SALESIANO, Centro Universitário Católico Salesia-

no Auxilium, sob a orientação do Professor Mestre

Danilo César Siviero Ripoli, como um dos requisitos

para obtenção do título de bacharel em Direito.

LINS/SP

2018

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Santos, Denise dos.

P49g

Análise dos requisitos do benefício de prestação continuada aos idosos Lei n. 8742/93(Lei Orgânica da Assistência Social/Denise dos Santos--Lins,2018 70

p. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxi-

lium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em Direito, 2018. Orientador: Danilo César Siviero Ripoli

1. Assistência social. 2. Benefício de prestação continuada. 3. Idoso. 4. Re-quisito econômico.

CDU 658

P

49g

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DENISE DOS SANTOS

ANÁLISE DOS REQUISITOS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA

AOS IDOSOS, COM ÊNFASE NO CRITÉRIO ECONÔMICO

Monografia apresentada ao curso de Direito do Uni-

SALESIANO, Centro Universitário Católico Salesia-

no Auxilium, sob a orientação do Professor Mestre

Danilo César Siviero Ripoli como um dos requisitos

para obtenção do título de bacharel em Direito.

Lins, 28 de Maio de 2018.

Professor Mestre Danilo César Siviero Ripoli (Orientador)

Professor Mestre Vinicius Roberto Prioli de Souza

Professor Especialista Luiz Alberto Asato

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Dedico este trabalho primeiramente a Deus, meu Senhor, que permanece comi-go em todos os meus caminhares, que me dá força e sabedoria a seguir adiante nesta jornada chamada vida.

E agradeço ao meu orientador, Professor Danilo César Siviero Ripoli, pela sua de-dicação profissional em transmitir seu vasto conhecimento aos alunos e pelo suporte no pouco tempo que lhe coube para o desenvolvimento desta monogra-fia.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que permitiu que tudo isso acontecesse, por

ter me dado força e perseverança, para superar todas as dificuldades, a esta univer-

sidade, Centro Universitário Católico Salesiano Auxílium (UNISALESIANO), por toda

estrutura fornecida, a todos os meus professores por me proporcionarem conheci-

mento, meus eternos agradecimentos.

Ao meu querido vice-diretor do Programa Escola da Família, Anderson Herald

Teixeira. Ao meu orientador Prof. Me. Danilo César Siviero Ripoli, pela orientação,

apoio e confiança na elaboração do presente trabalho, a minha querida filha Ana

Clara pela paciência, diante da minha ausência durante todos esses anos, em espe-

cial minha mãe pela força, apoio e incentivo em todos os sentidos, a minha querida

amiga de sala Bruna Gomes Sponton, e a todos que fizeram parte da minha forma-

ção, o meu muito obrigado.

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Justiça tardia nada mais é do que injustiça

institucionalizada.

RUI BARBOSA.

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RESUMO

O presente trabalho monográfico tem como finalidade a análise do critério de mise-rabilidade para concessão do Benefício de Prestação Continuada pela Lei nº. 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social), tendo como destaque a concessão do benefício assistencial aos idosos. O tema é relevante para o mundo jurídico, haja vista que envolve grande parte da nossa população, quem seja os necessitados, cujo devido reconhecimento como direito social somente se deu com a promulgação da Constituição Federal de 1988, disposto no artigo 203, inciso V e regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social- LOAS, que tem a finalidade de equilibrar a balança social, garantindo aos necessitados a renda de um salário mínimo mensal. Os beneficiários em questão são os idosos e pessoas deficientes, em que se en-contram em condições de maior grau de vulnerabilidade social, nesse sentido, faz-se um paralelo sobre os princípios constitucionais e específicos da assistência social, e também as considerações sobre as soluções trazidas pela jurisprudência acerca do critério econômico de renda per capita de ¼ (um quarto) do salário mínimo utilizado pela LOAS, que esta completamente defasado e mostra-se atualmente inadequado para aferir a miserabilidade das famílias, que de acordo com o art. 203, V da Consti-tuição possuem o direito ao beneficio assistencial. Em segundo lugar, constitui um fato revelador de que o próprio legislador vem reinterpretando o art. 203 da Consti-tuição da República segundo parâmetros econômicos-sociais distintos daqueles que serviram de base para a edição da LOAS no início da década de 1990 e que diante da atual realidade social do nosso país, esta defasado, sendo este fator que razoa-velmente indica que, ao longo dos vários anos desde a promulgação do § 3º art. 20 da LOAS passou por um processo de inconstitucionalização, resultado de um pro-cesso decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro), sendo certo que nesse contexto, atualmente a jurisprudência tem utiliza-do de outros parâmetros para a concessão, ou seja, como exemplo a avaliação so-cial, no entanto, o problema que impulsiona esta pesquisa é quanto ao critério a ser utilizado para a verificação da miserabilidade, na concessão do beneficio, e muito embora a jurisprudência entenda que a renda per capita de ¼ do salário mínimo não é critério absoluto para caracterizar a condição de necessitado, e conforme re-cente decisão do Supremo Tribunal Federal, foi pronunciada a inconstitucionalidade do artigo 20 § 3º, da LOAS, alterando o entendimento da ADIn nº 1.232-1/DF, mas não houve declaração de nulidade da norma. Por esta razão, a referida decisão quanto a inconstitucionalidade não impõe seu cumprimento ao Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS –e assim, continua a autarquia previdenciária a se utilizar do critério restritivo estabelecido pelo artigo 20, § 3º da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) para indeferir os pedidos administrativos do benefício cuja renda per capita não se adequa a ¼ do salário mínimo, acabando por abarrotar o Poder Judi-ciário com ações; para fazer valer o dever do Estado de amparar os idosos e os por-tadores de deficiência quem não possuem meios de prover sua própria vida, garan-tindo um mínimo existencial aos necessitados.

Palavras-Chave: ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTI-NUADA. IDOSO. REQUISITO ECONÔMICO

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ABSTRACT

The present monographic work has the purpose of analyzing the criterion of misera-bility for granting the Continuous Benefit Benefit by Law no. 8,742 / 93 (Organic Law of Social Assistance), with emphasis on the granting of assistance to the elderly. The topic is relevant to the legal world, since it involves a large part of our population, who are the needy, whose due recognition as a social right only occurred with the promulgation of the Federal Constitution of 1988, set forth in articles 203, item V and regulated by the Organic Law of Social Assistance - LOAS, which has the purpose of balancing the social balance, guaranteeing the needy the income of a monthly mini-mum wage. The beneficiaries in question are the elderly and the disabled, in which they are in conditions of greater social vulnerability, in this sense, a parallel is made on the constitutional and specific principles of social assistance, as well as consid-erations on the solutions brought according to the jurisprudence on the economic criterion of per capita income of ¼ (one quarter) of the minimum wage used by LOAS, which is completely out of date and is currently inadequate to assess the mis-erability of families, which according to art. 203, V of the Constitution have the right to benefit. Secondly, it is a revealing fact that the legislator himself has reinterpreted art. 203 of the Constitution of the Republic according to economic and social parameters distinct from those that served as the basis for the edition of LOAS in the early 1990s and which, given the current social reality of our country, is out of date, and this rea-sonably indicates that, over the several years since its promulgation of § 3 art. 20 of the LOAS went through a process of unconstitutionalization, resulting from a process stemming from notorious (political, economic and social) and legal changes (succes-sive legislative changes of the economic levels used as criteria for granting other wel-fare benefits by the Brazilian State) , being that in this context, currently the jurispru-dence has used other parameters for the concession, that is, as an example social evaluation, however, the problem that drives this research is the criterion to be used for the verification of miserability, in the concession of the benefit, and although the jurisprudence understands that the per capita income of ¼ of the minimum wage is not an absolute criterion to characterize the condition of needy person, and according to recent decision of the Federal Supreme Court, was pronounced the unconstitu-tionality of the article 20 § 3 , LOAS, changing the understanding of ADIn No. 1,232-1 / DF, but there was no declaration of nullity of the standard. For this reason, the aforementioned decision on unconstitutionality does not impose its compliance with the National Social Security Institute (INSS) - and thus, the social security authority continues to use the restrictive criterion established by article 20, paragraph 3 of the Organic Law of Social Assistance LOAS) to reject the administrative requests for the benefit whose per capita income does not fit ¼ of the minimum wage, eventually overwhelming the Judiciary with actions; to assert the State's duty to support the el-derly and the disabled, who do not have the means to provide for their own lives, guaranteeing an existential minimum for those in need.

Keywords: SOCIAL ASSISTANCE. BENEFIT OF CONTINUED SUPPLY. OLD MAN. ECONOMIC REQUIREMENT.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

2 PROTEÇÃO SOCIAL NO ESTADO BRASILEIRO ............................................... 14

2.1 Princípios constitucionais sociais. .................................................................. 15

2.2 Princípios constitucionais gerais aplicáveis ao tema .................................... 15

2.2.1 Princípio da dignidade pessoa humana ....................................................... 16

2.2.2 Princípio da solidariedade ............................................................................. 17

2.3 Princípios constitucionais específicos ........................................................... 18

2.3.1 Principio da universalidade da cobertura do conhecimento ...................... 19

2.3.2 Uniformidade e equivalência do benefício e serviços as populações

urbanas e rurais ...................................................................................................... 19

2.3.3 Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços .. 20

2.3.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios ...................................................... 21

2.3.5 Equidade na forma de participação no custeio ........................................... 22

2.3.6 Diversidades da base de financiamento ...................................................... 22

2.3.7 Caráter democrático e descentralizado na gestão administrativa ............. 23

2.3.8 Preexistência do custeio em relação ao benefício ou serviço ................... 23

2.4 Origem proteção social..................................................................................... 23

2.5 Proteção social no Brasil .................................................................................. 28

2.5.1 Histórico e evolução ..................................................................................... 29

3. A SEGURIDADE SOCIAL E O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA .. 32

3.1 Saúde.................................................................................................................. 35

3.2 Previdência social ............................................................................................. 37

3.3 Assistência social ............................................................................................. 40

3.4 Uma visão geral sobre o benefício de prestação continuada (BPC) ............ 42

3.5 O princípio da dignidada da pessoa humana e sua conexão com

assistência social .................................................................................................... 46

4. A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTNUADA AO IDOSO.

ANÁLISE DO CRITÉRIO ECONÕMICO .................................................................. 48

4.1 A concessão do BPC ao idoso e a análise da jurisprudência sobre o critério

econômico ................................................................................................................. 52

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5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 64

REFERÊNCIAS..........................................................................................................70

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1 INTRODUÇÃO

Conforme preceitua o artigo 194 da Constituição Federal de 1988, a seguri-

dade social compreende “um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes

Públicos e da sociedade destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, a pre-

vidência e à assistência social”.

Partindo desse conceito constitucional, a seguridade social busca proteger in-

divíduos e grupos contra diversas situações de necessidade tornando-se um meio

estatal apto e necessário.

A seguridade social, por sua vez, é abarcada pela noção mais ampla de pro-

teção social, diante da desigualdade brutal existente no país, a concretização da

Dignidade Humana, tomada como escopo pela atual Constituição, necessitando de

um sistema que assegure uma base para a aplicação de qualquer modelo que bus-

que a Justiça Social, pois o Homem sem essa base não atinge o que Hannah

Arendt chamou de direito a ter direitos. Sem essa base, qualquer programa que te-

nha como supedâneo a participação popular ocorre de maneira meramente formal,

ou seja, é uma participação suscetível a manipulações, o qual se tem alguma fun-

ção, é a de legitimador de desigualdades.

A doutrina individualista que dominou o pensamento moderno exauriu-se e

tornou-se insuficiente para a realização dos Direitos Fundamentais do Homem e sua

aplicação, levada às ultimas consequências, trouxe distorções que acabaram geran-

do um desiquilíbrio social, verdadeiro causador de lesão no campo dos Direitos Hu-

manos. Formam-se milhares de excluídos do sistema estatal, paraestatal e econô-

mico, que perdem a qualidade de seres humanos, uma vez que os direitos básicos

lhes são negados. O ordenamento jurídico só os obriga, sendo essas pessoas, ape-

nas titulares de deveres, não havendo a contrapartida da sua titularidade nos direi-

tos.

Daí a relevância e a atualidade do tema, cabendo considerar que na econo-

mia moderna a questão grave e premente não é a produção e sim a distribuição de

sua renda. Nesse sentido a Seguridade Social tem uma participação importante,

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quando não primordial, na concretização da redistribuição, dentro da política pública

adotada pelo Estado, objetivando a manutenção da Dignidade Humana, ou mesmo

um reconhecimento desse atributo à pessoa. A crise econômica-institucional, gerada

pela precarização do trabalho e pela criação e utilização de institutos que concreti-

zam cada vez mais a exclusão no âmbito trabalhista, traz, aos poucos, a necessida-

de de resgate de fundamentos como a solidariedade e a igualdade de oportunida-

des, superando a perspectiva unicamente individualista das satisfações materiais e o

culto do ego por meio do êxito monetário.

A Seguridade Social, como parte dos Direitos Sociais, tem sua relevância

desde o tempo que foi criada, visto que foi criada com o objetivo final de manter a

Dignidade Humana, ainda que algum infortúnio ocorra. Hodiernamente, esse caráter

é potencializado diante da complexidade das relações sociais, uma vez que a con-

cessão de benefícios para parte da população traz reflexos maiores que numa rela-

ção simples de seguro individualmente considerada.

Para tanto, é imprescindível apresentar no capitulo I um estudo sobre os an-

tecedentes do direito à assistência social. Neste ponto, tal capítulo é mais genérico,

voltado aos princípios aplicáveis a proteção social e a Seguridade Social, bem como

a origem da proteção no Brasil.

No segundo capítulo, tratou-se da seguridade social, bem com a saúde, pre-

vidência social e assistência social como seus componentes, dando especial aten-

ção ao benefício de prestação continuada numa visão geral e conectada com o prin-

cípio da dignidade humana.

No capitulo II é tratada, com a mesma perspectiva que tratamos os Direitos

Humanos, a Seguridade Social, ou seja, com uma visão panorâmica de sua origem,

evolução, previsão constitucional e legal. Em âmbito nacional, em destaque o papel

da atual Constituição Federal.

No capitulo III, a seguridade é analisada no contexto atual, levando em con-

sideração a nossa Lei Maior e as opções político-sociais nela inscritas. Nesse ponto

é interessante esclarecer a Seguridade Social à luz do desenvolvimento da Econo-

mia Capitalista: a opção na atualidade da supremacia do econômico sobre o social,

a economia vista com um fim em si e suas consequências.

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No capitulo III, ainda dentro da assistência social foi trabalhado de forma pa-

norâmica à respeito do benefício de prestação continuada e sua conectividade com

o princípio da dignidade da pessoa humana.

Já no capítulo IV, buscou-se tratar do critério econômico para obtenção do

benefício de prestação continuada, analisando o aspecto do § 3º do art. 20 da Lei

Orgânica da Assistência Social que considerou incapaz de prover a manutenção da

pessoa com deficiência ou idosa, a família cuja renda mensal per capita seja inferior

a ¼ (um quarto) do salário mínimo.

Neste ponto, no capítulo IV construiu-se uma crítica a tal critério restritivo que

exclui inúmeros necessitados do direito de receber o amparo social, sendo ressal-

tando o entendimento jurisprudencial sobre o mesmo, em especial a recente decisão

do Supremo Tribunal Federal em declarar inconstitucional tal dispositivo da LOAS,

elegendo outros que vão de encontro ao art. 203 da Constituição Federal.

Ao final do capítulo IV, além de ressaltar que o INSS não admite o critério

proposto pela jurisprudência, o que força o administrado a procurar o Poder Judiciá-

rio para receber o benefício, houve referências pontuais ao que pretende o atual Go-

verno com a reforma da previdência, no sentido de elevar a idade mínima para ob-

tenção do BPC.

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2 PROTEÇÃO SOCIAL NO ESTADO BRASILEIRO

2.1Princípios constitucionais sociais

Antes de uma análise efetiva dos princípios constitucionais norteadores da

seguridade social, são importantes para destacar a relevância, as características e

abrangência do conceito de princípio no ordenamento jurídico brasileiro.

Neste sentido, conforme Martins (2014, p. 46) “etimologicamente falando, o

termo princípio deriva do latim princípium (origem e começo) que possui, primordial-

mente, a ideia de início, no seu sentido como início de algo”.

De forma direta, princípios são normas descritivas pelo estado ideal de coisas

a ser alcançado. Para compreensão do conceito, é necessário fazer a distinção en-

tre regras e princípios. As regras são descritivas, estabelecendo permissões ou proi-

bições, na medida em que descrevem condutas adotadas em um determinado caso

concreto, os princípios, por sua vez, estabelecem um estado ideal a ser alcançado.

Assim, pode-se conceituar princípio como sendo as primeiras verdades sobre

as quais se desenvolvem o ordenamento jurídico, lhe dando fundamento, sendo cer-

to que os princípios ainda apresentam outro aspecto, o axiológico, sem aplicabilida-

de direta e imediata. (NASCIMENTO, 2007, p. 77).

Os princípios possuem funções essenciais como orientar o legislador na ela-

boração de leis justas, possibilitar a correta interpretação da lei pelos operadores do

direito, solucionar conflitos de interesses, com a finalidade de direcionar o julgador

na aplicação da norma no caso concreto, dentre outras.

É de imensa importância a existência dos princípios no ordenamento jurídico,

de tal forma que o artigo 4º da Lei de Introdução ao Código Civil (Decreto-Lei nº

4.657/42) faz menção a eles, a saber: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o ca-

so de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”.

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Reale (1986, p. 60) ensina que os princípios são juízos fundamentais, os

quais constituem alicerces a fim de garantir a concretude de um conjunto de precei-

tos, o que nada mais é do que um sistema de conceitos relativos dados à porção da

realidade.

É impossível prever todas as possíveis situações, atos humanos, sem lacunas

ou erros, todas essas situações podem ocorrer, daí a importância dos princípios jurí-

dicos serem essenciais, porque servem de apoio para o início da aplicação dos dis-

positivos, pois o legislador não tem a aptidão de prever tudo, sendo necessário veri-

ficar em cada caso concreto, a solução mais adequada e justa. (MARTINS, 2014, p.

48).

Portanto, diversos postulados jurídicos, quase todos acompanhados de coro-

lários técnicos, apreciados nesta oportunidade, estão disseminados expressa ou im-

plicitamente na Constituição, a exemplo do que sucede nas anteriores. São princí-

pios e têm papel extraordinário na interpretação da lei, do Direito Constitucional e,

particularmente, do Direito Previdenciário. Oferecem a tônica da exegese, matizando

o sentido teológico da norma jurídica. Jamais podem ser olvidados pelo elaborador

ou regulamentador da norma, pois assinalam o espírito protetivo de que a Constitui-

ção está impregnada.

Sendo o Direito Previdenciário um ramo autônomo do Direito, o mesmo tam-

bém tem princípios próprios. Em seguida, faz-se necessária a análise dos princípios

específicos da seguridade social. (NETO, 2012, p. 29).

2.2 Princípios constitucionais gerais aplicáveis ao tema

2.2.1 Princípio da dignidade da pessoa humana

A dignidade da pessoa humana é fundamento do Estado Democrático de Di-

reito. É a garantia do cidadão de ser e ter seus direitos respeitados, bem como a

garantia de uma vida digna. O mesmo está previsto no artigo 1º, inciso III, da Consti-

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tuição Federal de 1988, sendo considerado no atual diploma constitucional, como o

principal direito fundamental garantido pela Constituição.

É a luz deste princípio que será elucidado o mínimo necessário à existência

humana, “e por isso não pode o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana ser des-

considerado em nenhum ato de interpretação, aplicação ou criação de normas jurí-

dicas”. (NUNES, 2002, p. 50).

Neste contexto, Silva (2000, p. 190) ensina:

Dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito à vida. “Concebi-do como referência constitucional unificadora de todos os direitos funda-mentais [observam Gomes Canotilho e Vital Moreira], o conceito de digni-dade da pessoa humana obriga a uma densificação valorativa que tenha em conta o seu amplo sentido normativo-constitucional e não uma qualquer ideia apriorística do homem, não podendo reduzir-se o sentido da dignidade humana à defesa dos direitos pessoais tradicionais, esquecendo-a nos ca-sos de direitos sociais, ou invocá-la para construir, teoria do núcleo da per-sonalidade individual, ignorando-a quando se trate de garantir as bases da existência humana”. Daí decorre que a ordem econômica há de ter por fim assegurar a todos exigência digna (art. 170), a ordem social visará a reali-zação da justiça social (art. 193), a educação, o desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania (art. 205) etc., não como meros enunciados formais, mas como indicadores do conteúdo normativo eficaz da dignidade da pessoa humana.

Dessa forma, não pode a legislação complementar estipular um valor inferior

ao salário mínimo, tendo em vista que o mesmo é garantia do trabalhador e do inati-

vo para fins de garantir sua manutenção e de sua família, com o mínimo necessário

à sobrevivência com dignidade, representando um critério quantificador do bem-

estar social que a todos devem ser garantidos (SANTOS, 2006, p. 42).

A dignidade é considerada o valor constitucional, para realizar-se a interpreta-

ção a lei, qual é necessária levar em consideração a realidade social, política, eco-

nômica cultural da sociedade.

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2.2.2. Princípio da solidariedade

A solidariedade pode ser considerada como um postulado fundamental da

Seguridade Social, onde se encontra inserido o Direito Previdenciário. No decorrer

da história da Seguridade Social, certos grupos vinham se cotizando para cobrir cer-

tas contingências sociais, como fome, doença, velhice, morte etc., visando, mediante

contribuição de cada participante do grupo, prevenir futuras adversidades. (COELHO

NETO, 2012, p. 39).

A solidariedade é princípio fundamental que norteia o sistema de seguridade

social, possibilitando que aqueles que têm melhores condições financeiras contribu-

am com uma parcela maior para o financiamento do bem-estar de toda coletividade

(DE PAULA, 2016, p. 32).

Transparece como princípio fundamental que, generalizada e sistematicamen-

te, estende a ideia, à exaustão, ao igualitarismo, uma concepção entrópica destrui-

dora da sociedade, enquanto constituída de individualidades. Entre os vários instru-

mentos que a Constituição adota para a realização do solidarismo, e que interessa

agora, a seguridade social oferece-se como a mais efetiva demonstração dessa in-

tenção (DE PAULA, 2016, p.32).

A solidariedade ou solidarismo foi eleita pelo constituinte como um dos objeti-

vos permanentes da sociedade nacional livre, justa e solidária. (TANAKA, 2012, p.8).

O princípio da solidariedade é fundamental para se alcançar o mais impor-tante objetivo da República Federativa do Brasil, conforme disposto no arti-go 3º, inciso I da Constituição Federal de 1988, in verbis: “construir uma so-ciedade livre, justa e solidária”.

Desta forma, todos aqueles que produzem, que trabalham, devem contribuir

com parte de seus ganhos para auxiliar os que precisam de alguma assistência.

(TANAKA, 2012, p. 8).

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2.2.3 Princípios constitucionais específicos

2.3.1 Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento

A universalidade da cobertura e do atendimento implica que qualquer pessoa

pode participar da proteção social patrocinada pelo Estado. Em relação à saúde,

esse acesso é irrestrito (universal e igualitário). O acesso à assistência social de-

pende da comprovação do estado de necessidade, normalmente limitado pela ren-

da. (DE PAULA, 2016, p. 25).

a universalidade da cobertura deve ser entendida como a necessidade da-quelas pessoas que foram atingidas por uma contingência humana, como a impossibilidade de retornar ao trabalho, a idade avançada, a morte, etc... (MARTINS, 2014, p.78).

Na mesma esteira conceitual, Coelho Neto (2012, p.50) ensina que os estran-

geiros residentes no país também devem ser contemplados com as disposições da

Seguridade Social, e não só para aqueles que exerçam atividade remunerada. A

disposição constitucional visa tratar de um sistema de Seguridade Social, a propor-

cionar benefícios a todos, independentemente de terem ou não contribuídos. Na prá-

tica, contudo, não é bem assim, pois terão direito aos benefícios e às prestações,

conforme for disposto na lei. Se a lei não prever certo benefício ou não for estendido

a determinada pessoa, não haverá direito a tais vantagens. (COELHO NETO, 2012;

p. 50).

A universalidade do atendimento refere-se às contingências que serão co-bertas, não às pessoas envolvidas, ou seja, às adversidades ou aos acon-tecimentos em que a pessoa não tenha condições de renda ou de subsis-tência. (MARTINS, 2004, p. 78).

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Resumidamente, universalidade de cobertura deve ser entendida como a ne-

cessidade daquelas pessoas que forem atingidas por uma contingencia humana,

seja a impossibilidade de retomar ao trabalho, a idade avançada, a morte etc. Já a

universalidade do atendimento refere-se às contingências que serão cobertas, não

às pessoas envolvidas diretamente (previdência), ou seja, as adversidades ou acon-

tecimentos em que a pessoa não tenha condições próprias de renda ou subsistência

(COELHO NETO, 2012, p. 51).

2.3.2 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações ur-

banas e rurais

Esse princípio iguala os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais com a uni-

ficação dos regimes previdenciários em um só. Além de equiparar o acesso dos tra-

balhadores urbanos e rurais às prestações da seguridade social, esse princípio ve-

da a concessão de benefícios ou serviços diferenciados para as populações urbanas

e rurais, mesmo que justificados por circunstâncias particulares e objetivas. (DE

PAULA, 2016, p. 26).

Uniformidade refere-se à mesma forma, a equivalência, ao mesmo valor. Não deveria haver discriminação entre a área urbana e a área rural, sendo garantidos os mesmos direitos e os mesmos benefícios, em forma e valor, conforme a necessidade e, em se tratando de Previdência Social, conforme a cada segurado. (VIANNA, 2012, p.14).

O simples fato de promover a igualdade entre o regime urbano e o rural mos-

tra à evidência a intenção de perpetuar essas diferenças elitistas e descabidas, que

não deveriam ter assento na Constituição enquanto repositório de intenções (VIAN-

NA, 2012, p.14). A Constituição disciplina a uniformidade e equivalência de benefí-

cios e serviços às populações urbanas e rurais, quando deveria ser a todo o siste-

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ma, inclusive para servidores civis, militares e congressistas, mas estes possuem

outro regime. (COELHO NETO, 2012, p.51).

Seguindo-se o princípio da igualdade, deve-se haver um tratamento equânime

entre as populações urbanas e rurais. Uniformidade diz respeito aos tipos de benefí-

cios existentes. (TANAKA, 2012, p. 17).

A uniformidade vai dizer respeito aos aspectos objetivos, aos eventos que irão

ser cobertos. A equivalência vai tomar por base o aspecto pecuniário ou do atendi-

mento dos serviços, que não serão necessariamente iguais, mas equivalentes na

medida do possível. Menciona ainda o preceito constitucional que a uniformidade e

equivalência dos benefícios e serviços é a atinente às populações urbanas e rurais.

(COELHO NETO, 2012, p. 51).

Segundo (TANAKA, 2012) equivalência diz respeito ao valor dos benefícios,

que, em regra, não será menor que um salário mínimo. (TANAKA, 2012, p.17).

2.3.3 Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços

Há uma distinção entre seletividade e distributividade, vez que a seletividade

diz respeito às prestações, aos benefícios e/ou serviços escolhidos, enquanto a dis-

tributividade refere-se aos beneficiários, ou seja – pessoas ou grupos de pessoas

destinatárias dessas prestações. (DE PAULA, 2016, p. 31).

Na distributividade há a preocupação de atender, prioritariamente, àqueles in-

divíduos que estão em maior estado de necessidade. (DE PAULA, 2016, p. 31).

A seleção das prestações é feitas de acordo com as possibilidades econômi-

co-financeiras do sistema da seguridade social. Nem todas as pessoas terão benefí-

cios, pois alguns o terão e outros não, gerando o conceito de distributividade.

(COELHO NETO, 2012, p. 52).

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Existem vários serviços (ações) e vários benefícios que compõem a proteção

oferecida pela Seguridade Social, sendo cada um deles aplicável a determinada ne-

cessidade. O legislador seleciona as prestações aplicáveis a cada contingência, dis-

tribuindo-as de forma adequada a cada situação. (VIANNA, 2012, p.14).

Referente a assistência médica será igual para todos, desde que as pessoas

dela necessitem e haja previsão para tanto. Nada impede a complementação dos

benefícios, por meio da previdência social privada. A lei é que irá dispor a que pes-

soas os benefícios e serviços serão estendidos. A ideia da distributividade também

concerne à distribuição de renda, pois o sistema, de certa forma, nada mais faz do

que distribuir renda. (COELHO NETO, 2012, p. 52).

2.3.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios

O poder aquisitivo dos benefícios não pode ser onerado, a forma de correção

dos benefícios previdenciários irá ser feita de acordo com o preceituado na Lei nº

8.213/91. (COELHO NETO, 2012, p.52).

O valor do benefício não pode diminuir, pelo contrário deve ser preservado.

(TANAKA 2012, p. 18).

Significa que os benefícios concedidos não podem ter seus valores nominais

reduzidos, assegurando-se suas correções/atualizações por meio de índices oficiais

que garantam reajustes e evitem redução do poder aquisitivo dos beneficiários. (DE

PAULA, 2016, p. 26).

2.3.5 Equidade na forma de participação no custeio

A Constituição não criou uma única fonte de custeio, que facilitaria sobrema-

neira a fiscalização. Apenas aqueles que estiverem em iguais condições contributi-

vas é que terão que contribuir da mesma forma. ( COELHO NETO, 2012, p. 53).

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Trata-se de um desdobramento do princípio da capacidade contributiva. Se-

gundo esse princípio, a pessoa ou segurado contribuirá para o custeio da segurida-

de social de acordo com as suas forças salariais ou proporcionais ao seu rendimen-

to. (DE PAULA, 2016, p. 27).

2.3.6 Diversidade da base de financiamento

A Seguridade Social não é financiada por uma única fonte de receita, mas por

diversas delas. Assim, o sistema é custeado pela União, por contribuições sociais

devidas por empresas e trabalhadores, por contribuições devidas por clubes de fute-

bol, concursos de prognósticos, leilões de produtos apreendidos pela Receita Fede-

ral, dentre outras. (VIANNA, 2012, p.15).

A Constituição prevê diversas formas de financiamento da seguridade social,

por meio das empresas, dos trabalhadores, dos entes públicos e dos concursos de

prognósticos. (COELHO NETO, 2012, p. 53).

Pode ser objetiva, no que se refere aos fatos geradores da obrigação de pagar contribuições sociais, e subjetiva, quando se tratar das pessoas que devem participar do financiamento, induzindo que a seguridade social, será financiada de várias formas, terá recursos de várias fontes ou possui uma base diversa de recursos. Esse princípio vai além do tradicional tríplice cus-teio: governo, empregador e trabalhador. (DE PAULA, 2016, p. 28).

Deriva desse princípio que a seguridade social pode ser financiada por toda a

sociedade, de forma direta e indireta. (COELHO NETO, 2012, p. 53).

2.3.7 Caráter democrático e descentralizado na gestão administrativa

A Constituição dispõe que os trabalhadores, os empresários e os aposenta-

dos participarão da gestão administrativa da Seguridade Social que terá caráter de-

mocrático e descentralizado. (COELHO NETO, 2012, p. 54).

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2.3.8 Preexistência do custeio em relação ao benefício ou serviço

O art. 195, § 5º, da Constituição Federal diz que “nenhum benefício ou serviço

da Seguridade Social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspon-

dente fonte de custeio total” (TANAKA, 2012, p. 17) . Neste ponto, esclarece a dou-

trina:

Nenhum beneficio ou serviço da Seguridade Social será criado, estendido ou majorado sem a correspondente fonte de custeio total. Assim, para que haja criação, majoração ou extensão de determinado benefício, há necessi-dade de que exista previamente a correspondente fonte de custeio total, sob pena de inconstitucionalidade da lei ordinária. Em resumo: o benefício não poderá ser criado sem que antes haja ingressado numerário no caixa da Seguridade Social.(COELHO NETO, 2012, p. 55).

Enquanto não houver o dinheiro (fonte de custeio total), não poderá haver cri-

ação majoração ou extensão de benefícios ou serviços. (TANAKA, 2012, p. 17).

2.4. ORIGEM PROTEÇÃO SOCIAL

A preocupação com os transtornos da vida tem sido constante na humanida-

de, desde tempos primórdios encontramos ações em que a humanidade instintiva-

mente se aglomerava, para diminuir as adversidades da vida, como doenças, fome,

velhice, dentre outras. Não se trata de um exagero rotular este comportamento co-

mo algo instintivo, já que até os animais têm o hábito de guardar alimentos para dias

mais difíceis, o que talvez nos separe das demais espécies é o grau de complexida-

de do nosso sistema protetivo. (IBRAHIM, 2014, p. 1).

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Esta necessidade de criação de uma proteção social e pública vem de algu-

mas questões enfrentadas pela sociedade como o instinto de proteção dos mais fra-

cos, a tentativa de evitar a fome, a busca pela proteção contra doenças. (DINIZ ,

2015, p. 26).

Pode-se afirmar que a proteção social nasceu, verdadeiramente, na família. A

concepção de família já foi muito mais forte do que nos dias de hoje e, no passado,

as pessoas comumente viviam em largos e aglomerados familiares. O cuidado aos

mais idosos e incapacitados era incumbência dos mais jovens e aptos para o traba-

lho. Contudo, nem todas as pessoas eram dotadas de tal proteção familiar e, mesmo

quando esta existia, era frequentemente precária. Portanto era necessidade de auxí-

lio externo, com natureza eminentemente voluntária de terceiros, muito incentivada

pela igreja, ainda que tardiamente. (IBRAHIM, 2014, p.1).

Na verdade, a situação era ainda mais perversa, pois muito frequentemente, a pobreza era apresentada como algo necessário, ou mesmo um benefício para pessoas carentes, pois seria a efetiva garantia de admissão no Reino de Deus, haja vista a situação de extrema carência e desapego a bens ma-teriais. Ou seja, haveria uma honra inerente a pobreza. Ademais, a indigên-cia, não raramente, era apresentada como forma de punição divina, caben-do ao pobre arcar com todas as sequelas de sua condição, pois teria sido uma realidade gerada por sua própria culpa. Não só muitos eram desprovi-dos do auxílio familiar, mas o próprio avanço da sociedade humana tem pri-vilegiado o individualismo ao extremo, em detrimento da família, incentivan-do pessoas a assumirem suas vidas com total independência, levando-as a buscar somente o bem próprio (IBRAHIM, 2014, p. 1-2).

A origem da Seguridade Social no mundo teve início na Inglaterra com a edi-

ção da Lei dos Pobres, ou Lei de Amparo aos Pobres (Poor Law ou Poor Releif Act)

em 1601, que regulamentou a instituição de auxílios e socorros públicos. Esse pro-

grama de assistência social, de responsabilidade da Igreja, visava combater os efei-

tos da miséria.

Na Prússia, em 1810 uma legislação estabeleceu o seguro doença em favor dos assalariados. Chanceler Bismark Alemanha (1883) As legislações cria-das na Alemanha sob a influência do Chanceler Otto Von Bismark foram consideradas o marco inicial da Previdência Social no mundo; tinham cará-

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ter de direito púbico subjetivo e eram garantidas e impostas pelo Estado. Encíclica Rerum Novarum – Papa Leão XII (1891). A carta Encíclica Rerun Novarun do Papa Leão XII sobre a condição dos operários foi uma das ma-nifestações feitas pela igreja que demonstrou a sua preocupação com a proteção social. Quadragésimo Anno Pio XI (1931), Inglaterra (1897 a 1920) Na Inglaterra, a partir 1897, foram criadas várias proteções sociais, tais como workens Compensation Act (1897), Old Age Pensions Act (1908), National Insurance Act (1911), Unemplayment Insurance Act (1912). França (1898), Foi criada a assistência à velhice acidentes do trabalho em 1898 (SOUZA, G., 2015, p. 28).

O sistema idealizado por Bismarck era custeado por meio de contribuições

dos empregados, empregadores e do próprio Estado, constituindo-se a sua implan-

tação de três etapas, com a criação do seguro-doença para os trabalhadores na in-

dústria; em seguida do seguro contra acidentes do trabalho, no ano de 1884 e, fi-

nalmente, invalidez e velhice passaram a ser protegidas a partir de junho de 1889.

(DE PAULA, 2016, p.19).

Assim a Alemanha tornou-se o primeiro país a adotar o seguro social obriga-

tório, sob o comando do Imperador Guilherme I.

No período pós-Primeira Guerra Mundial, fez-se necessária adoção de medi-

das direcionadas ao saneamento diante das calamidades sociais instauradas.

Constituição de Weimar- Alemanha (1919) trazia de forma patente a neces-sidade de o Estado prover a subsistência do cidadão alemão caso ele não pudesse ganhar a vida com trabalho produtivo. Organização Internacional do Trabalho (OIT) – criada em 1919 trouxe várias convenções que tratam de proteção social, tais como a Convenção nº 12 (1912) sobre acidente de trabalho na agricultura e a Convenção nº 17 (1927) sobre a indenização por acidente do trabalho, Social Security Act (EUA). (grifo do autor)(SOUZA, 2015, p.28).

Assim no ano de 1919 foi criada a Organização Internacional do Trabalho

(OIT), com objetivos de atuar em todos os países nas áreas do trabalho, seguridade,

justiça e paz social. (DE PAULA, 2016, p.19).

Em 1935, nos Estados Unidos, a expressão seguridade social passa a ser

considerada como um sistema integrado de desenvolvimento social Organização

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Internacional do Trabalho, o Sistema Social Security, já à época, cobria aposentado-

ria por idade, dando cobertura também aos dependentes do aposentado, pagava

pensão ao cônjuge no caso de falecimento do titular e fornecia seguro contra risco

de incapacidade física para o trabalho.(DE PAULA, 2016, p.19)

Constituição do México (1917) foi a primeira Constituição do mundo a incluir o seguro social em seu texto de Beveridge Inglaterra (1941 a 1944) O eco-nomista inglês William Beveridge foi convocado pelo governo britânico, no ano de 1941, para elaborar um plano de reestruturação do seguro social na Inglaterra, resultando na publicação de “Seguro Social e Serviços Conexos” no ano de 194, e de “Pleno Emprego em uma Sociedade Livre” em 1944. Em seus relatórios, Beveridge defendia a adoção, por parte do Estado, de políticas de combate à miséria, assim delineando as características do se-guro social. O plano de Beveridge, em suas conclusões, defendia a adoção de políticas de combate á miséria, e delineava algumas características do seguro social que entendia necessárias (grifo do autor)(SOUZA, 2015,28-33).

Com a adoção de conceitos mais intervencionistas, o Estado mínimo foi tro-

cado pelo Estado de tamanho certo, ou seja, aquele que atende a outras demandas

da sociedade, além das elementares, em especial na área social, propiciando uma

igualdade de oportunidades para todos, mas sem o gigantismo de um Estado comu-

nista. Esses conceitos sociais-democratas foram responsáveis pela construção do

Welfare State, ou Estado do Bem-Estar Social, que visa justamente a atender outras

demandas da sociedade, como a previdência social. (IBRAHIM, 2014, p. 3-4).

Em seus relatórios, Beveridge, defendia a adoção, por parte do Estado, de políticas de combate à miséria, por meio da implantação de um plano de seguro social completamente desenvolvido. O Estado do Bem-estar ou Wel-fare state serve para designar o Estado assistencial que garante padrões mínimos de educação, saúde, habitação, renda e seguridade social a todos os cidadãos. Esse termo foi mais difundido após a Segunda Guerra Mundial (IBRAHIM, 201, p.3-4).

Seu desenvolvimento está relacionado ao processo de industrialização ne-

cessidade de mudanças, que começaram a surgir a partir da Revolução Industrial,

onde se desponta a trabalho tal como hoje o concebemos. Assim a partir do surgi-

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mento dos teares mecânicos, dos inventos movidos a vapor e das máquinas em ge-

ral estabeleceu uma separação entre os detentores dos meios de produção e aque-

les que simplesmente se ocupam e sobrevivam do emprego de sua força de trabalho

(LUIZETTI, 2012, p.1).

Um ponto importante a ser levantado é que quase todas as proteções sociais

criadas no chamado Estado do Bem–estar Social surgiram como contraponto o

crescimento do socialismo, pois estavam existindo crescentes conflitos com a classe

trabalhadora e, do outro lado, o socialismo prometia melhores condições de trabalho

e dignidade aos trabalhadores. (SOUZA, V., 2015, p. 27).

Neste contexto o constitucionalismo se inicia a partir do liberal, sendo que

surge após as revoluções liberais, se confirmando pelo surgimento da constituição

escrita, a partir do final do século XVIII, ocorrendo o grande marco desta forma de

constitucionalismo. (SOUZA, V., 2015, p.3).

Diante da alteração do “commom law” como um sistema consuetudinário, para o “civil law” sistema formal com as leis escritas. Com o surgimento do constitucionalismo o Estado Mínimo com essa atuação de limitar-se a defe-sa da ordem e segurança pública e os direitos fundamentais da primeira di-mensão, sendo que a principal característica é o abstencionismo estatal e a garantia das liberdades publica (SOUZA,V., 2015, p.3).

O processo histórico da instituição dos direitos fundamentais começou pela conquista das liberdades políticas, a partir da Revolução Francesa. Há dois documentos escritos, um na referida Revolução e outro na Independência dos Estados Unidos, sob a forma de Declaração, que exprimem o desejo do povo de lutar contra a opressão que sofria por parte dos governantes. As-sim, os direitos civis deixam de ser algo concebido como vontade divina, e os governantes passam a se responsabilizar pela garantia de tratamento a todos, com base no princípio da liberdade e da igualdade. Tais direitos for-ma denominados de primeira geração (NASCIMENTO, 2014, p. 14).

A Grã-Bretanha foi o país que se destacou na construção do Estado de Bem-

estar com a aprovação, em 1942 de uma série de providências nas áreas da saúde

e da educação. Nas décadas seguintes, outros países seguiram essa direção. Dian-

te de uma ampliação dos serviços assistenciais públicos, abarcando as áreas de

renda, habitação e previdência de serviços sociais, o Estado do Bem- estar passou a

intervir fortemente na área econômica, de modo a regulamentar praticamente todas

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as atividades produtivas a fim de assegurar a geração de riquezas materiais junto à

diminuição das desigualdades sociais. (DE PAULA, 2016, p.20).

O constitucionalismo Social apareceu após o fim da I Guerra Mundial e per-durou até meados do século XX .Como o mundo ficou devastado após es-se período, o Estado não somente podia se abster e respeitar as liberdades individuais, mas tinha a obrigação de garantir os direitos mínimos sociais. Conjuntamente com esse constitucionalismo aparecem os direitos e garan-tias fundamentais da segunda dimensão, conhecidos como os direitos soci-ais ou coletivos. O Estado ficou conhecido por sua atuação limitada e com interferências mínimas na esfera privada. (SOUZA.,V., 2015,p. 3-4).

Segundo o fundamento dos princípios do Estado de bem-estar social, todo in-

divíduo teria o direito, desde seu nascimento até sua morte, a um conjunto de bens e

serviços que deveriam ter seu fornecimento garantido seja diretamente pelo Estado

ou indiretamente, mediante seu poder de regulamentação sobre a sociedade civil.

Esses direitos incluíram a educação em todos os níveis, a assistência médica míni-

ma gratuita, o auxílio ao desemprego, à garantia de uma renda mínima, recursos

adicionais para a criação dos filhos, entre outros. (DE PAULA, 2016, p.20).

Destarte que o Brasil nunca chegou a estruturar um Estado de bem-estar se-

melhante aos dos países de primeiro mundo (DE PAULA, 2016, p. 20).

2.5. PROTEÇÃO SOCIAL NO BRASIL.

2.5.1. Histórico e evolução

A importância da criação de uma proteção social e política vem de algumas

questões enfrentadas pela sociedade como o instinto de proteção dos mais fracos, a

tentativa de evitar a fome, a busca pela proteção contra doenças. E uma situação

que reforçou tal necessidade foi a verificação de não ser a proteção da família sufi-

ciente, e também a proteção espontânea das pessoas (esmola, ajuda humanitária

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etc.) nunca ter tido força e quantidade suficiente para suprir tais necessidades, ou

seja, a proteção dada pelo Estado tornou-se necessária e obrigatória (IBRAHIM,

2014, p.1).

A primeira Santa Casa de Misericórdia no Brasil, na Vila de Santos, foi funda-

da em 1543 (sendo seu fundador e primeiro provedor Braz Cubas) e tendo como

finalidade a Medicina Humanística. (SOUZA, G., 2015, p. 34).

No Brasil, uma das primeiras manifestações de Seguridade Social são as

Santas Casas, em 1543, e o montepio para a guarda pessoal de D. João VI, em

1808. (TANAKA, 2012, p.1).

Neste contexto a primeira iniciativa do Estado foi a criação de Montepios em

2/9/1795,quando o príncipe regente, D. João, assinou o decreto que autorizava a

criação do Plano de Beneficência dos Órfãos e Viúvas dos Oficiais da Marinha.

Montepio é “instituição em que, mediante uma cota, e satisfeitas outras condições,

cada membro adquire o direito de, por morte, deixar pensão pagável a alguém de

sua escolha” (SOUZA,G., 2015, p.35).

A Constituição de 1824 apenas mencionava socorros públicos, mas não regu-

lamentava a maneira de implementação necessária. A Constituição de 1891 previa a

aposentadoria para funcionários públicos. Através do- Decreto Legislativo nº

3.72/1919 criou o Seguro de Acidentes de Trabalho, sendo a primeira lei acidentária

criada em nosso país e trazia em seu art. 1º, alínea “a”, que considerava acidente de

trabalho (SOUZA, G.,2015, p. 35).

Lei Eloy Chaves (Decreto 4.682/23) – o marco da Previdência Social no Bra-

sil. Essa Lei criou as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP) para os ferroviá-

rios, em nível nacional. Previa aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinária

(equivalente à aposentadoria por tempo de contribuição), pensão por morte, medi-

camentos com preço especial e socorros médicos. Devido a todos esses benefícios

concedidos, considerou-se essa Lei como sendo o marco da Previdência Social no

Brasil. A partir daí foram surgindo outras caixas de aposentadorias e pensões, sem-

pre por empresas. As CAPS eram de natureza privada, caráter voluntário e organi-

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zadas por empresas. No início foram criadas para os ferroviários (TANAKA, 2012, p.

2).

Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAP) - Os Institutos de Apo-

sentadoria e Pensão eram aglutinados por categoria e não por empresas, ou seja, categoria profissional tinha um fundi próprio, com tríplice fonte de contribuição (empregado, empregador e Estado) e com garantias de alguns benefícios, tais como: aposentadoria, pensão, serviço de saúde, internação hospitalar e atendimento ambulatorial. Constituição de 1934 estabelecia em seu texto a forma tríplice de custeio da qual participava o ente público, Constituição de 1937 utilizou a expressão seguro social como sinônima de previdência social, a Constituição de 1946 começou a utilizar a expressão previdência social, deixando de lado a expressão anterior seguro social, dentre outras neste contexto. (SOUZA, G, 2015, p.43).

A Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960, institui a Lei Orgânica de Previ-dência Social (LOPS), que unificou a legislação referente aos Institutos de Aposentadorias e Pensões. A Previdência Social destinada aos trabalhado-res rurais teve início com a Lei nº 4.214, de 2/3/1963, que criou o Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural. O Decreto-Lei nº criou o plano básico de Previdência Social Rural e a Lei Complementar nº 11, de 25/5/1971, instituiu o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (Pro- Rural), posteriormente alterada pela LC nº 16, de 30/10/1973.

Foi criada em 1971(CEME) central de medicamentos. No ano de 1975 pas-sa para o âmbito da Previdência e Assistência Social. A Lei nº 5.829, de 30 de novembro de 1972, criou o Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição – Inan, sob a forma de autarquia vinculada ao Ministério da Saúde, com se-de e for na Capital Federal. No dia 1 de maio de 1974, criou o Ministério da Previdência e Assistência Social, desmembrado do Ministério do Trabalho e Previdência Social A Lei nº 6.439.de 1 de setembro de 1977, instituiu o Sis-tema Nacional de Previdência e Assistência Social(Sinpas), orientado, coor-denado e controlado pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, (DE PAULA, 2016, p. 21).

Em 1990, foi criado, mediante a fusão do IAPAS com o INSS, o Instituto Naci-

onal do Seguro Social (INSS), autarquia Federal, com sede em Brasília, Distrito Fe-

deral, vinculada ao Ministério da Previdência Social, instituída com fundamento dis-

posto no art. 17 da Lei nº 8.029. de 12 de abril de 1990. (DE PAULA, 2016, p. 22).

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3. A SEGURIDADE SOCIAL E O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA

A Seguridade Social tem conceito amplo, gênero que tem como espécies a

Previdência, a Assistência e a Saúde. Logo, a seguridade social é um conjunto de

regras que visa proteger e garantir o bem-estar de todos os indivíduos da população.

(SOUZA, G., 2015, p. 46).

Existe no Brasil um sistema de proteção social destinado a proteger todos os

cidadãos em todas as situações de necessidade, denominado Seguridade Social

(VIANNA, 2012; p. 12).

A Seguridade Social consiste na prestação estatal dos direitos sociais (se-

gunda dimensão) compreendidos pela saúde, previdência e assistência social. É

cediço que a seguridade social não se confunde com os demais direitos sociais pre-

vistos no art. 6º da CF/88, dentre eles: educação, saúde, alimentação, trabalho, mo-

radia, transporte, lazer e segurança. O atendimento dos direitos sociais, inclusive os

das seguridade social, esta sujeito à reserva do possível (DE PAULA, 2016,p. 12).

Trata-se de uma tentativa consolidada no texto constitucional que permite

tentar atingir esses objetivos sociais, pois, com a Seguridade Social, existe uma ver-

dadeira rede de proteção social, que obriga a contribuição de todos (Estado, particu-

lares e beneficiários) para a manutenção de um padrão mínimo de vida para os

membros de uma sociedade (SOUZA, G., 2015, p. 48).

Estas três políticas, saúde, assistência social e previdência social, agrupadas

em um tripé, mudaram a noção de direitos sociais, vinculando-os à condição de ci-

dadania, antes restrita aos beneficiários da Previdência. Ao mesmo tempo, reforça-

se que a seguridade social brasileira, fruto das lutas e conquistas da classe traba-

lhadora, é espaço de fortes disputas de recursos e de poder, constituindo-se em

uma arena de conflitos. Corroborando com a autora, o conflito de interesses se mos-

tra com a tardia sanção da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), ocorrida so-

mente em 1993. (NASCIMENTO, 2014, p. 24).

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Entretanto, apesar de comporem a Seguridade Social, Previdência Social,

assistência social e saúde são administradas e coordenadas por autarquias, órgãos

e Ministérios diversos. Suas atuações são independentes, mas regidos pelos mes-

mos princípios da Seguridade Social (NASCIMENTO, 2014, p.24).

Contudo, já podemos concluir que a seguridade social, aliada às ações de

natureza voluntária da sociedade, compõe o mecanismo mais completo na realiza-

ção da proteção social no Brasil e no mundo (IBRAHIM, 2014, p. 4).

Tem por objetivo o amparo igualitário para as pessoas que dela necessitar.

Sua fundamental característica é o estado de necessitado. Sua natureza é da não

contribuição, constituído na obrigação do Estado em prol dos desprovidos, que pos-

sam ter acesso, para alcançar um patamar de vida mais digna, em especial, ao es-

tímulo à integração ao mercado de trabalho, e assim, buscar suplantar situações de

desemprego, a falta de qualificação profissional, deficiência, dentre outros.

A Constituição Federal é a principal fonte do direito Previdenciário tratando o assunto nos artigos 201 e 202, como uma das parcelas da Seguridade Social. Além da Constituição Federal temos também as disposições legais em geral, isto é, as leis complementares, as leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias e resoluções, incluindo-se ainda, os tratados e conven-ções internacionais (SOUZA, G., 2015, p.12).

A fim de proteger estes vulneráveis foi estabelecido, no artigo 203, V da

CF/88, norma balizadora da nº Lei 8.742/93.

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, inde-pendentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à pró-pria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

Por si só, as diretrizes da Lei Maior não seriam suficientes para a aplicação

do benefício, promulgada em 7 de Dezembro de 1993, conhecida como Lei Orgânica

de Assistência Social, nº 8.742 (LOAS), foi criada como forma de regulamentar o

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disposto nos artigos 203 e 204 da Constituição Federal de 1988, que dispõe sobre

os princípios, diretrizes, organização e gestão, prestações e financiamento da Assis-

tência Social.

De acordo com o site do Ministério do Desenvolvimento Social e Com-

bate à fome (2009) o benefício de prestação continuada (BPC) é um direito garanti-

do pela Constituição Federal de 1988 e consiste no pagamento de um salário míni-

mo mensal a pessoa com 65 anos de idade ou mais e a pessoa com deficiência in-

capacitante para gerir seus atos da vida independente para o trabalho. (IBRAHIM,

2014, p.18).

O Benefício de Prestação Continuada, estabelecido pela LOAS impõe, como

condição para o recebimento do valor de um salário mínimo mensal, que o cidadão

seja deficiente ou idoso com 65 anos ou mais, carente, que não consiga, através de

si próprio, prover o seu sustento (IBRAHIM, 2014, p.18).

Quanto à fonte é a origem do direito, ou seja, o lugar ou a matéria-prima pela

qual nasce o direito, a fonte formal por excelência da legislação previdenciária é a

Constituição Federal, que definiu os objetivos e os princípios da Previdência Social,

estabeleceu critérios, os parâmetros e as principais bases para financiamento da

Seguridade Social e para a concessão dos benefícios previdenciários. Porém exis-

tem outras fontes principais, como as leis em geral, as medidas provisórias e as

normas constantes dos tratados e das convenções internacionais.

As fontes formais secundárias são os decretos, as resoluções, instruções

normativas e os atos administrativos em geral (portarias, orientações, instruções,

circulares). As normas básicas que integram a legislação previdenciária, além da

Constituição Federal, especialmente os arts. 194/195 e 201/202, são a Lei Orgânica

da Seguridade Social, a Lei de Custeio – Lei nº 8.212/1991,a Lei de Benefícios –Lei

nº 8.213/1991, o Decreto nº 3.048, de 6/5/1999 que regulamentou a Lei de Custeio e

a Lei de Benefícios, e ainda, a Lei nº10.666/03. (DE PAULA, 2016, p. 35).

Conforme ensina com muita propriedade (DE PAULA, 2016, p. 40).

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afirma que a autonomia um ramo jurídico alcança autonomia quando se desprende do ramo em que foi originado e possui princípios e normas pró-prias; objeto, instituições; maturidade doutrinária e acadêmica. Após Consti-tuição Federal de 1988, o Direito Previdenciário ganhou autonomia, desvin-culando-se, definitivamente, do Direito do Trabalho. Pode-se afirmar em seis perspectivas (DE PAULA, 2016, p.40).

Legislativa ou legal após vigorar a Consolidação das Leis da Previdência Social (CLPS), existem as Leis nº 8.212/1991 e 8.213/1991, respectivamen-te, Leis de Custeio e de Benefícios e o Decreto nº 3.048/1999 que as regu-lamentou; além de várias leis esparsas como as Leis Complementares nú-meros 108 e 109/2001 e a Lei nº10.666/2003. Doutrinária: esta se traduz na existência de uma bibliografia própria. Atualmente existe um grande número de obras doutrinárias sobre Direito Previdenciário. Didática/acadêmica: o Di-reito Previdenciário é incluído no currículo acadêmico de várias Faculdades de Direito, inclusive como área de concentração para pós-graduação, além de constar nos editais, como matéria específica, de vários concursos públi-cos. Jurisdicional: esta se evidencia pela existência de áreas especializa-das do Poder judiciário como Varas e Jef´s previdenciários; Varas de Aci-dentes do Trabalho e Turmas Especializadas em Previdência Social em al-guns Tribunais Regionais Federais. Científica: além dos princípios próprios, como os elencados no art. 194, parágrafo único, da CF e art. 2º da Lei nº 8.213/1991 são realizados vários congressos, seminários e simpósios na área de Direito Previdenciário. Institucional: caracteriza-se pela existência de instituições próprias como o INSS, responsável pelo regime geral de pre-vidência social, e a Previc. Responsável pela previdência complementar. (DE PAULA, 2016, p.40).

Contudo, a Seguridade Social é uma tentativa consolidada no texto constitu-

cional que permite tentar atingir esses objetivos sociais, pois com a seguridade soci-

al, existe uma verdadeira rede de proteção social, que obriga a contribuição de to-

dos, para uma manutenção de um padrão mínimo de vida para os membros da soci-

edade. Torna-se importante discutir ajustes no sistema que permitam a sua continui-

dade e ampliação para que em um futuro próximo seja possível abranger senão to-

dos, a maior parte dos membros da sociedade (SOUZA, G., 2015, p.48).

3.1 Saúde

Conforme previsão constitucional, a Saúde deve atuar preventivamente para

tentar eliminar ou reduzir o risco de doenças, por meio de ações e serviços de prote-

ção recuperação de indivíduos (SOUZA, G., 2015, p. 48 ).

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A saúde é segmento autônomo da seguridade social, com organização distin-

ta, tem o escopo mais amplo de todos os ramos protetivos, já que não possui restri-

ção à sua clientela protegida – qualquer pessoa tem direito ao atendimento provi-

denciado pelo Estado – e, ainda, não necessita de comprovação de contribuição do

beneficiário direto. (IBRAHIM, 2014, p. 8).

Detalhando melhor os ramos da Seguridade Social existentes na Constitui-

ção Federal.

Art.196 A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Consiste em dever do Estado e direito de todos. É garantida a qualquer pes-

soa, inclusive o estrangeiro, independentemente de contribuições, conforme preve-

em os arts. 196 a 200 da Constituição Federal e Lei nº 8.080, de 19/09/1990.

Da definição constitucional podemos, resumidamente, verificar que a Saúde

tem como características:

a) Não possuir restrição à clientela protegida;

b) Qualquer um tem direito sem contribuição;

E a sua concretização é de responsabilidade do Ministério da Saúde pelo Sis-

tema Único de Saúde (SUS) – conforme a Constituição Federal/1988, arts.196 a

200. (SOUZA, 2015, p. 49).

O SUS (Sistema Único de Saúde) foi desenhado como um modelo complexo

de organização dos serviços que aperfeiçoa as relações intergovernamentais e inte-

rinstitucionais no setor, tendo por características a desconcentração de poder medi-

ante a transferência de atribuições gerenciais e de recursos financeiros aos entes

federados (DE PAULA, 2016, p. 13).

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Ainda que seja comum a confusão entre a previdência e a saúde, não há que se confundir o Instituto Nacional do Seguro Social- INSS, responsável pela previdência social brasileira, não tem qualquer responsabilidade com hospitais, casas de saúde e atendimentos na área de saúde em geral. (IBRAHIM, 2014, p. 8).

O Sistema Único de Saúde, dentre outras atribuições legais, tem as seguintes

competências constitucionais: controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e subs-

tâncias de interesse para a saúde e particular da produção de medicamentos, equi-

pamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos, executar as ações de

vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador, ordenar

a formação de recursos humanos na área de saúde, participar da formulação da po-

lítica e da execução das ações de saneamento básico, incrementar em sua área de

atuação e desenvolvimento cientifico e tecnológico, fiscalizar e inspecionar alimen-

tos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas

para consumo humano, participar do controle e fiscalização da produção, transporte

da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos,

tóxicos e radioativos, colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o

do trabalho (DE PAULA, 2016, p. 14).

Como características, podemos resumir que a saúde é direito de todos, dever do

Estado, de natureza gratuita e garantida mediante políticas sociais e econômicas.

É a saúde exercida tanto pelo Poder Público, como pela iniciativa privada. Seu

objetivo principal é a prevenção e a erradicação de doenças, bem como o tratamen-

to e a recuperação de pessoas já debilitadas (VIANNA, 2012, p. 12).

3.2 Previdência social

Previdência Social ou seguro social é um seguro que garante a renda do se-

gurado e de sua família nos casos de eventos como gravidez, idade avançada, tem-

po de contribuição, amparo ao trabalhador de baixa renda e, ainda, contingências ou

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riscos sociais como doenças, incapacidade, reclusão, morte ou prisão. (DE PAULA,

2016, p. 15).

A previdência social é um segmento da seguridade social, constituído de re-

gras com intuito de estabelecer um sistema de proteção social, com caráter contribu-

tivo, contendo como objetivo proporcionar meios indispensáveis de subsistência ao

segurado e a sua família, contra contingências de perda ou redução da sua remune-

ração, de forma temporária ou permanente de acordo com a previsão legal. (MAR-

TINS, 2014, p. 280).

Nesta vertente a previdência social brasileira, mantida pelo Poder Público, obedece ao sistema de repartição simples, em que a geração ativa (traba-lhadores) contribui regularmente para manter o benefício da geração idosa ou inativa(aposentados, pensionistas e beneficiários em geral). Esse siste-ma é diverso daquele adotado na previdência privada (complementar), de-nominado “capitalização” e no qual a contribuição efetuada pelo participante servirá para custear seu próprio benefício de aposentadoria. (VILELA, 2012, p.13).

A Previdência Social tem natureza de seguro social; por isso, exige-se a con-

tribuição dos seus segurados, logo os beneficiários da Previdência Social são exclu-

sivamente, aos trabalhadores e seus dependentes previstos na legislação previden-

ciária. (TSUTIYA, 2008, p. 212).

Organizada sob a forma de regime geral, a Previdência Social encontra fun-

damento constitucional nos arts. 201 e 202, da Constituição Federal. A Previdência

Social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de fili-

ação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuari-

al. (DE PAULA, 2016, p. 15).

A proteção que lhe cabe refere-se à garantia de meios de subsistência quan-

do de períodos de improdutividade financeira, tais como doença, invalidez, materni-

dade e idade avançada. Também compete à Previdência Social a concessão de sa-

lário família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda e

pensão por morte quando do falecimento do segurado titular A proteção ao trabalha-

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dor em situação de desemprego involuntário, apesar de estar disposta no inciso III

do artigo 201 da CF/88, não faz parte dos benefícios oferecidos pelo Regime Geral

de Previdência Social (RGPS), possuindo regulamentação própria e específica na

Lei nº 7.998/90 (seguro-desemprego). (VIANNA, 2012, p. 14).

Como dito anteriormente, o não segurado não tem direito aos benefícios da previdência social, não se aplicando nesse caso o princípio da universalida-de de cobertura e atendimento. Portanto, mesmo aqueles que não desem-penham atividade remunerada podem contribuir para o sistema e usufruir dos benefícios previstos em lei. A partir disso, têm-se duas categorias de segurados, os segurados obrigatórios, que percebem remuneração, e os segurados facultativos, que não exercem atividade economicamente remu-nerada (TSUTIYA, 2008, p. 211).

A universalidade da cobertura só é aplicada no caso da previdência social,

para o segurado que efetivamente contribui. (VIANNA, 2007, p. 31).

A Previdência Social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter

contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio

financeiro a atuarial. Pode ser dividida em duas partes: benefício e custeio. O bene-

fício é regido pelo INSS, autarquia vinculada ao Ministério da Previdência Social e

que está relacionada com a concessão de benefícios, por exemplo: aposentadorias,

pensões, salário-maternidade, salário-família, etc.

Deve-se destacar alguns benefícios que a previdência social oferece aos seus

segurados, desde que cumpridos os requisitos legais, que são: salário-maternidade,

salário-família, auxílio-reclusão e seguro desemprego. (TSUTYA, 2008, p. 211).

O custeio, é regido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão su-bordinado ao Ministério da Fazenda e responsável pela arrecadação e fisca-lização das contribuições sociais, como as contribuições previdenciárias so-bre a folha de pagamento, o Cofins e a Contribuição Social sobre o lucro lí-quido (CSLL). (TANAKA, 2012, p. 14).

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Quanto à organização da Previdência Social encontra-se a cargo do Poder

Executivo, mais especificamente ao Ministério da Previdência Social. É sua estrutura

básica, conforme Decreto nº 7.078/2010. Poder Executivo MPS Previdência Social e

Previdência Complementar. (VILELA, 2012, p. 13).

3.3 Assistência social

Assistência Social, consiste no atendimento das necessidades básicas, tradu-

zidas em proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência, à velhice e à

pessoa portadora de deficiência. Deve ser organizada levando-se em conta as dire-

trizes constitucionais da descentralização político-administrativa e a participação da

população na formulação e controle das ações em todos os níveis. (DE PAULA,

2016, p.16).

Essa missão cabe ao Ministério do desenvolvimento social e combate à fome

(MDS), que é o responsável pelas políticas nacionais de desenvolvimento social, de

segurança alimentar e nutricional, de assistência social e de renda de cidadania no

país. Como exemplo de assistência social, podemos citar: fome zero, bolsa família,

benefício de prestação continuada (BPC-LOAS) (TANAKA, 2012, p. 14).

A Constituição Federal assegurou um benefício de prestação continuada, no

valor de um salário mínimo mensal, à pessoa com deficiência e ao idoso desprovi-

dos de meios para a própria manutenção. (DE PAULA, 2016, p.17).

É uma garantia constitucional conforme previsão do art. 203 da CF/88. A Assistência Social está disciplinada pela Lei orgânica de Assistência Social (LOAS) Lei nº 8.742/1993. (DE PAULA, 2016, p. 17).

A assistência social é, portanto, um conjunto de princípios, de regras e de ins-

tituições destinado a estabelecer a política social aos hipossuficientes, por meio de

atividades particulares e estatais, visando a concessão de pequenos benefícios e

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serviços, independentemente de contribuição por parte do próprio interessado. Os

benefícios oferecidos pela assistência social serão prestados aos cidadãos que ne-

cessitarem assim o requisito para o auxílio assistencial é a necessidade do assistido.

(IBRAHIM, 2014, p. 12).

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4. UMA VISÃO GERAL SOBRE O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA

(BPC)

A necessidade de criação de uma proteção social e pública vem de algumas

questões enfrentadas pela sociedade como o instinto de proteção dos mais fracos, a

tentativa de evitar a fome, a busca pela proteção contra doenças. E uma situação

que reforçou tal necessidade foi a verificação de não ser a proteção da família sufi-

ciente, e também a proteção espontânea das pessoas (esmola, ajuda humanitária

etc.)(SOUZA, 2013, p. 26).

A prestação pecuniária assistencial tradicional é conhecida com Benefício de

Prestação Continuada, instituído pela Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, esta

conhecida como Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Tecnicamente, não se

trata de benefício previdenciário, embora sua concessão e administração sejam fei-

tas pelo próprio INSS, em razão do princípio da eficiência da administrativa. (IBRA-

HIM, 2014, p. 17).

Tal direito à renda se constitui como efetiva provisão que traduziu o princípio

da certeza na assistência social, como política não contributiva de responsabilidade

do Estado. Trata-se de prestação direta de competência do governo federal, presen-

te em todos os municípios.

Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decor-

rente da pobreza, o benefício de prestação continuada constitui uma renda básica,

no valor de um salário mínimo.

Para se entender de forma cadenciada tal benefício é importante notar que o

mesmo, bem como os outros serviços e benefícios da Assistência Social, não se

destinam ao indivíduo pobre, que é aquele que vive com dificuldade, tais benesses

têm como destinatário os necessitados ou miseráveis, que são aqueles indivíduos

desprovidos de gerar um mínimo de recursos essenciais a sua sobrevivência.

(IBRAHIM, 2014, p. 5).

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São beneficiários desse direito os idosos ou os deficientes que comprovem

não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la por sua família. O

beneficiário não precisa ter contribuído para a Seguridade Social, desde que não

tenha outa fonte de renda. (MARTINS, 2014, p. 491).

Um ponto fundamental é que o texto legal brasileiro, mais recente reexaminou

as definições de deficiência. Trata-se do Decreto nº 5.296, de 2004. Todavia, ainda

que em alguns aspectos seja um avanço legal, ele sustenta-se numa visão médica

da deficiência e não numa visão sociocultural. (RIBAS, 2017, p. 21).

I – deficiência física- alteração completa ou parcial de um ou mais segmen-tos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia monoplegia, Mo-noparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemipa-resia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, na-nismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as de-formidades estéticas e as que não produzem dificuldades para o desempe-nho de funções.

II- deficiência auditiva- perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um de-cibéis (db) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000 Hz e 3.000 Hz.

III- deficiência visual- cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixo visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor cor-reção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores.

IV- deficiência mental – funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:

Portador de portador de deficiência - é aquele que está impedimento físico, intelectual ou sensorialmente, em longo prazo, e que estes fatores, conjun-tamente com outras barreiras podem dificultar sua convivência na socieda-de com as demais pessoas. (RIBAS, 2017, p. 20).

Neste contexto, sobre o conceito de idoso, a idade avançada será o parâme-

tro genérico para o tratamento diferenciado de quem há mais tempo está vivo.

(RANGEL, 2015, p. 5).

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A idade avançada seria sinônima de senilidade, na qual há uma diminuição da

capacidade psíquica e física. Nesse sentido, a proteção não se fundamenta no direi-

to de descanso, mas na situação de necessidade social, uma vez que o idoso se

torna incapaz de obter seus próprios ingressos; o idoso ,dada sua incapacidade fi-

siológica, é incapaz de desenvolver atividade produtiva; e por este motivo, a prote-

ção não aparece como resultante do tempo de serviço, mas em virtude de necessi-

dade social advinda da incapacidade para o trabalho. Os valores recebidos não de-

pendem da duração da atividade produtiva, mas da necessidade social (PIERDONÁ,

2004, p. 25).

Segundo a doutrina pátria o conceito de velhice pode ser verificado sob a

análise de dois focos: doutrinário e o jurídico:

No que concerne ao conceito doutrinário de velhice, este, para alguns auto-res, consiste em um conjunto de alterações psicofísicas do organismo da pessoa e de sua maneira de interagir com o meio social no qual está inseri-da. Para esses autores, das diversas formas de categorização (sociais, cul-turais, psicológicas) que tentam definir os limites entre as idades, nenhuma delas é capaz de descrever a experiência da velhice, tornando-se vagas ar-bitrárias generalizações. A Organização Mundial da Saúde (OMS), contudo, tratou de classificar o envelhecimento em quatro estágios: a) Meia-idade: 45 a 59 anos; b) Idoso (a): 60 a 74 anos; c) Ancião: 75 a 90 anos; e d) Velhice extrema: 90 anos em diante. (BORGES, 2007, p. 6).

Não será, portanto, pela limitação, mas pela longevidade que será sujeito de

direitos segundo o Estatuto do Idoso. No Brasil, o início da terceira idade é confuso,

apesar da definição de 60 anos pelo Estatuto do Idoso (art. 1º da Lei nº 10.741/03).

Na prática, a maioria dos benefícios tem início aos 65 anos, o que é o caso do bene-

fício de prestação continuada (art. 34 da Lei nº 10.741/03).

Para ser concedido o beneficio de prestação continuada, a pessoa ou o cida-

dão interessado deve seguir os procedimentos legais da seguinte maneira: solicitar

ao INSS, por meio de requerimento próprio fornecido pela autarquia, o qual deve ser

preenchido com clareza e assinado pelo requerente ou seu representan-

te/responsável legal;

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Declarar em formulário próprio e específico a composição do grupo familiar

juntamente com a comprovação da renda per capita inferior ¼ do salário mínimo

mensal, no caso das pessoas idosas devem também comprovar a idade de 65 anos

ou mais;

Quando o caso for de deficiência, a pessoa devera comprovar sua condição

de incapacidade para a vida independente e para o trabalho através de atestado

fornecido pela pericia médica do INSS, o qual os convocará informando a data da

realização da perícia. No caso da pessoa idosa, conforme o Estatuto do Idoso, o

BPC de uma pessoa idosa não pode entrar no cálculo da renda familiar para a con-

cessão do benefício a outro idoso membro da mesma família.

Ensina IBRAHIM (2014, p.19) que o beneficio é intransferível e não gera direi-

to a pensão por morte aos herdeiros e sucessores, extinguindo-se com a morte do

beneficiário. No entanto, caso não seja recebido algum valor pelo beneficiário, este

será pago diretamente aos herdeiros. Convém explicitar os casos de cessação do

benefício:

• Superação das condições que lhe deram origem;

• Morte do beneficiário;

• Morte presumida do beneficiário, declarada em juízo;

• Ausência declarada do beneficiário, na forma da lei civil;

• Falta de comparecimento do beneficiário portador de deficiência ao

exame médico pericial, por ocasião de revisão de benefício.

Falta de apresentação pelo idoso ou pela pessoa portadora de deficiência da

declaração de composição do grupo e renda familiar por ocasião de revisão de be-

nefício, cessa o benefício. (IBRAHIM, 2014, p. 19).

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3.5 O princípio da dignidade da pessoa humana e sua conexão com assistên-

cia social

Diante de um entendimento parcial, a dignidade da pessoa humana decorre

apenas da existência do homem, tendo, portanto, um fim em si mesma. O princípio

da dignidade da pessoa humana constitui-se num super princípio que deve direcio-

nar todos os demais princípios e normas constitucionais ou infraconstitucionais, uma

vez que contém o mais essencial valor da sociedade, que é o respeito ao homem. É

a luz desse princípio que será elucidado o mínimo necessário á existência humana.

(BORGES, 2007, p.24).

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada pela Organi-

zação das Nações Unidades de 1948, traz em seu art.1º o seguinte: “Todos os ho-

mens nascem livres e iguais em dignidade e direitos” concluímos que segundo esse

documento, os titulares dos direitos fundamentais são “todos os homens”.

Declaração Universal de 1948 representa a culminância de um processo éti-

co que, iniciado com a Declaração de Independência dos Estados Unidos e a Decla-

ração dos Direitos do Homem e do Cidadão, da Revolução Francesa, levou ao reco-

nhecimento da igualdade essencial de todo ser humano em sua dignidade de pes-

soa, isto é, como fonte de todos os valores, independentemente das diferenças de

raça, cor, sexo, língua, religião, opinião, origem nacional ou social, riqueza, nasci-

mento, ou qualquer outra condição.(SOUZA, 2015, p.33).

Elege a instituição do Estado Democrático, o qual se destina “a assegurar o

exercício dos direitos sociais e individuais”, assim como o bem-estar, o desenvolvi-

mento, a igualdade e a justiça social, bem como, seguindo a tendência do constitu-

cionalismo contemporâneo, incorporou, expressamente, ao seu texto, o princípio da

dignidade da pessoa humana, art. 1º, III CF/88. (ANTUNES , 2004, p.17).

As atividades prestacionais, realizadas pela assistência social, possuem a

prerrogativa de proteção do mínimo de direitos sociais para a classe vulnerável, e,

por conseguinte, necessitada, cumprindo e respeitando os objetivos, fundamentos e

valores da República Brasileira. Ao poder público confere o dever-poder de auxiliar a

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grande gama de cidadãos necessitados, prestando àqueles, previamente inseridos

por critérios antes estabelecidos, um mínimo de ações de cunho afirmativo, sendo

dever constitucional do Estado do qual este não pode se desonerar, a construção de

mecanismos, como a assistência social, que garantam acesso às oportunidades e

ao exercício da liberdade real, É justamente a vinculação dessa parcela de direitos

sociais ao valor da dignidade humana que os torna fundamentais (TAVARES, 2012,

p.217).

A Constituição Federal de 1988 surge num texto contexto de busca da defesa

e da realização de direitos fundamentais do indivíduo e da coletividade, nas mais

diferentes áreas. É dever do estado a aplicação de políticas sociais mínimas, com a

finalidade de proteger a dignidade da pessoa humana, bem como os demais valores

democráticos sociais, principalmente a erradicação da pobreza e a marginalização

(TAVARES, 2012, p. 217).

Convém relembrar, nesse contexto, que a atual noção de um direito funda-

mental ao mínimo existencial arranca da ideia de que qualquer pessoa necessitada

que não tenha condições de, por si só ou com a auxílio de sua família prover o seu

sustento, tem direito ao auxílio por parte do Estado e da sociedade, de modo que o

mínimo existencial, nessa perspectiva, guarda alguma relação (mas não se confun-

de integralmente) com a noção de caridade e do combate à pobreza, central para a

doutrina social (ou questão social) que passou a se afirmar já ao longo do século

XIX, muito embora a assistência aos desamparados tenha constado na agenda da

igreja e de algumas políticas oficiais já há bem mais tempo.(TORRES, 2008, p. 3).

Portanto, após analise do conceito de dignidade da pessoa humana, a sua

relação essencial com o papel desempenhado pela assistência social, no vigente

modelo democrático social brasileiro. (TAVARES, 2012, p. 217).

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4. A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA AOS CON-

SIDERADOS NECESSITADOS. ANÁLISE DO CRITÉRIO ECONÔMICO

Neste momento, será tratado mais especificadamente sobre o critério de mi-

serabilidade do Benefício de Prestação Continuada previsto na Lei nº 8.742/93, ou

seja, serão verificados os parâmetros trazidos pela lei para a aferição da condição

de necessitado da pessoa com deficiência ou do idoso.

Além do benefício de prestação continuada, tradicionalmente conhecido como

a prestação assistencial por excelência, o governo federal tem mantido diversas

ações neste segmento, muitas vezes incorrendo em redundâncias, com programas

perdendo a efetividade.

Tais programas, como o Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio-Gás, en-tre outros, sofriam com conflitos de atuação, sendo evidentemente necessá-ria a unificação em programa único, de âmbito nacional, com atuação preci-sa e técnica. Tal procedimento foi adotado com o advento da Lei nº 10.836, de 09 de Janeiro de 2004, de acordo com a lei, são benefícios financeiros do Bolsa Família: o benefício básico, destinado a unidades familiares que se encontrem em situação de extrema pobreza e o benefício variável, destina-do a unidades familiares que se encontrem em situação de pobreza e ex-trema pobreza e que tenham em composição gestantes, nutrizes, crianças entre 0 (zero) e 12(doze) anos ou adolescentes até 15(quinze) anos . art. 2º(IBRAHIM, 2014, p. 25).

O Bolsa Família consiste em pagamentos de valor certo em dinheiro aos be-

neficiários, com intuito de atender às demandas suportadas pelos programas, a res-

peito da manutenção do padrão alimentar da família, possibilitando a manutenção do

ensino regular da criança, que é um dos requisitos do programa (IBRAHIM, 2014,

26).

O BPC (LOAS) corresponde à garantia de um salário mínimo, na forma de benefício de prestação continuada, devido à pessoa portadora de deficiên-cia e ao idoso com 65 anos ou mais, que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e esta também não possa ser provida por sua família. (IBRAHIM, 2014, p.13).

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Legalmente é considerado como incapaz, de prover sua própria manuten-ção a pessoa idosa ou deficiente que comprove renda per capta mensal in-ferior a ¼ do salário mínimo vigente. Para se entender de forma cadenciada tal benefício é importante notar que tal benefício, bem como os outros servi-ços e benefícios da Assistência Social, não se destinam ao indivíduo pobre, que é aquele que vive com dificuldade, tais benesses têm como destinatário os necessitados ou miseráveis, que são aqueles indivíduos desprovidos de gerar um mínimo de recursos essenciais a sua sobrevivência. (GOUVEIA, 2012, p. 133).

Neste contexto a comprovação de renda familiar mensal per capita será feita

mediante a apresentação de um dos seguintes documentos por parte de todos os

membros da família do requerente que exerçam atividade remunerada: (a) CTPS

com anotações atualizadas; (b) contracheques; (c) carnê de contribuição para o

INSS; (d) extrato de pagamento de benefício ou declaração fornecida pelo INSS ou

outro regime de previdência social pública ou privado e (e) declaração de entidade,

autoridade ou profissional de assistência social. (MARTINS, 2014, p. 35).

A idade deverá ser comprovada pela apresentação de algum dos documentos

oficiais de identificação, como a certidão de nascimento, de casamento, certificado

de revista, carteira de identidade e carteira de trabalho e previdência social. Diante

deste contexto, tem-se que o requisito etário não tem gerado maiores controvérsias

no âmbito jurídico, eis que está cristalizada a idade mínima de 65 anos como pré-

requisito à concessão do benefício assistencial. (BOM FILHO, 2012, 14).

Em caso do exame médico indicar procedimento de reabilitação ou habilita-

ção para a pessoa de deficiência, o benefício deverá ser concedido enquanto durar

o processo de reabilitação ou habilitação e só será cancelado se for constatada a

interrupção de tais procedimentos. (IBRAHIM, 2014, p.16).

A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não acarreta a sus-

pensão do benefício de prestação continuada, limitado a dois anos o recebimento

concomitante de remuneração e do benefício. (IBRAHIM, 2014, p.16).

Serão apresentados primeiramente os critérios de concessão de longo prazo

de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais em interação com diver-

sas barreiras podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em

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igualdade de condições com as demais pessoas. Considera-se impedimento de lon-

go prazo o que produza efeitos pelo prazo mínimo de dois anos. (MARTINS, 2014,

p. 534).

Pelo novo Regulamento do BPC, também foi instituído novo modelo para avaliação da deficiência e do grau de incapacidade, composta não só por avalição médica, mas outra social, que obedecerá aos critérios da Classifi-cação Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde, substituin-do o modelo tradicional. Essa avaliação, mais ampla, permite averiguar limi-tações sociais no desempenho de atividades e na restrição de participação social, que não seriam identificadas em uma perícia médica (IBRAHIM, 2014, p. 21).

No caso de crianças e adolescentes postulantes do BPC, menor de dezesseis

anos de idade, deverá ser avaliada a existência de deficiência necessariamente em

conjunto com seu impacto na limitação do desempenho de atividade e restrição da

participação social, compatível com a idade, sendo dispensável, obviamente, proce-

der à avaliação da incapacidade. Portanto, para ter direito ao recebimento do bene-

fício, a pessoa idosa ou deficiente deverá comprovar além dos requisitos específi-

cos, o seu estado de necessidade.

Os trabalhadores informais ao atingirem mais de 65 anos, idade em que a ca-

pacidade para o trabalho fica reduzida, de forma a comprometer a saúde, por não ter

direito a aposentadoria, devido a ausência de contribuições, não conseguiam prover

o próprio sustento. Assim com a Constituição Federal de 1988 foi reconhecida a ne-

cessidade de o Estado intervir de forma benéfica na vida dessas pessoas, como

forma de lhes garantir condições de subsistir, sendo no artigo 203, V da Constituição

Federal prevista ao pagamento de benefício de assistência continuada instituído,

como forma de garantir o mínimo de dignidade para essas pessoas, sendo regula-

mentada pela Lei nº. 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), para

atender necessidades básicas dos indivíduos, tais como proteção à família, à infân-

cia, à adolescência, à maternidade, à velhice e à pessoa portadora de deficiência.

(SANTOS, 2006, p.42).

Diante dessa problemática, ensina a doutrina:

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Aspecto muito criticado na disciplina legal do benefício assistencial de pres-tação continuada é a restrição do benefício as hipóteses de renda per capi-ta. O critério para aferição da condição de miserabilidade do indivíduo, tra-zido pela LOAS, “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo. Logo, percebe-se que a LOAS criou du-as condições para o recebimento do benefício ; para as pessoas com defici-ência exigiu que comprovem a incapacidade para a vida independente e pa-ra o trabalho. Para ambos – idosos e portadores de deficiência- estipulou que somente tem direito ao benefício aquele que comprovar renda per capi-ta inferior a ¼ do salário mínimo (SANTOS, 2006, p. 42).

O conceito de necessitado foi considerado constitucional pelo STF (Adin nº

1.232-DF). Todavia, já decidiu o STJ que o limite de ¼ do salário mínimo não é ab-

soluto, pois deve ser considerado como um limite mínimo, um quantum objetivamen-

te considerado insuficiente à subsistência do portador de deficiência e do idoso, o

que não impede que o julgador faça uso de outros fatores que tenham o condão de

comprovar a condição de miserabilidade do autor (AGRESP 523864/ SP Rel. Min.

Felix Fischer, julgado em 2/10/2012).

No mesmo sentido, AgRg no AREsp 202.517- RO, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 2/10/2012. De fato, ainda que o Legislador frequente-mente utilize-se de parâmetros objetivos para a fixação de direitos, a restri-ção financeira pode e deve ser ponderada com características do caso con-creto, sob pena de condenar-se à morte do necessitado. Ainda que a exten-são de benefício somente possa ser feita por lei, não deve o intérprete omi-tir-se á realidade social. (IBRAHIM, 2014, p. 14).

De imediato, percebe-se que a renda é um dos requisitos indispensáveis a

concessão do benefício em comento.

Dispõe o art. 12, I, da Lei nº 8.742/93 que compete à União responder pela

concessão e manutenção dos benefícios de prestação continuada, incluindo o finan-

ciamento, enquanto o art. 3º do Regulamento do Benefício de Prestação Continua-

da- RBPC, aprovado pelo Decreto nº 6.214/07, delega ao INSS a responsabilidade

pela operacionalização do benefício de prestação continuada. Em razão deste pro-

cedimento, há alguma divergência sobre a legitimidade passiva em ações que ve-

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nham a reivindicar o benefício assistencial. O STJ tem se manifestado pela legitimi-

dade exclusiva do INSS para fins de obtenção do BPC. (IBRAHIM, 2014, p. 17).

Será devido o benefício de prestação continuada após o cumprimento, pelo

requerente, de todos os requisitos legais e regulamentares exigidos para sua con-

cessão, inclusive apresentação da documentação necessária, devendo seu paga-

mento ser efetuado em até 4 (quatro) dias, após cumpridas as exigências anterior-

mente mencionadas (MARTINS, 2004, p. 536).

O pagamento do benefício cessa com a morte do beneficiário e caso o bene-

ficiário não mais se enquadre na condição de necessitado, o auxílio deixa de ser pa-

go. Portanto o referido benefício é intransferível, não gerando direito à pensão por

morte aos herdeiros ou sucessores, extinguindo-se com a morte do segurado. Toda-

via, o valor não recebido em vida pelo beneficiário será paga aos herdeiros (art. 23

do Regulamento do Benefício de Prestação Continuada – RBPC, aprovado pelo De-

creto nº 6.214/2007) (IBRAHIM ,2014, p. 20).

4.1 A Concessão BPC ao Idoso e análise da jurisprudência sobre o critério

econômico

A assistência social aos idosos será prestada, de forma articulada, conforme

os princípios e diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Politica

Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais normas pertinentes. A re-

gulamentação do BPC foi promovida pelos artigos 20, 21 e 21- A, da Lei nº 8.742/93

(Lei Orgânica da Assistência Social), como também pelo artigo 34 da Lei nº

10.741/2003 (Estatuto do Idoso). A concessão do benefício de prestação continuada

não exige carência, já que não existem contribuições por parte dos beneficiários.

(ESTATUTO DO IDOSO, 2017, p. 15).

Atualmente, a idade mínima exigida passou para 65 (sessenta e cinco) anos,

por expressa previsão no inc. I do art. 4 do Decreto 6.214/07, em consonância com o

que estabeleceu o art. 34 da Lei 10.741/03.

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Idoso em asilo: a condição de acolhimento em instituições de longa perma-nência, assim entendido como hospital, abrigo ou instituição congênere não prejudica o direito do idoso ao recebimento do beneficio. A condição de aco-lhimento em instituições de longa permanência não prejudica o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício de prestação continuada. (série legislativa, 2016, p. 19).

A exigência etária mínima necessária à concessão do benefício assistencial

passou por diversas alterações desde a sua implementação. Quando da promulga-

ção da Lei nº 8.742/93, a idade mínima era de 70 (setenta) anos de idade (art. 20).

I- no período de 1º de janeiro de 1996 a 31 de dezembro de 1997, vi-gência da redação original do. 38 da Lei nº 8.742, de 1993, a idade mínima para o idoso era a de 70 (setenta) anos. II- no período de 1º de janeiro de 1998 a 31 de dezembro de 2003, a idade mínima para o idoso passou a ser de 67 (sessenta e sete anos), em razão da Lei nº 9.720/98. III- a partir de 1º de janeiro de 2004, com o Estatuto do Idoso (art. 34 c/c art.118, ambos da Lei nº 10.741/03) fixar a idade de 60 anos como para-digma para a qualificação da pessoa como idosa, o benefício assistencial restou limitado aos idosos necessitados com mais de 65 anos. (IBRAHIM, 2014, p. 18).

Entretanto, a partir de 01.01.1998, a idade mínima passou para 67 anos, co-

mo estipulava a MP nº 1.599/97 que, após reedições, culminou na edição da Lei nº

9.720/98, tendo vigorado esta idade até 31.12.2003, quando então passou a valer a

regra prevista no Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03).

Conceito jurídico, idoso, o envelhecimento tem sido abordado como fator condicionante para a obtenção prioritária de determinados benefícios e ser-viços estatais e particulares, como se pode verificar coma promulgação da Lei nº 10.741/03, o famoso Estatuto do Idoso, já que se constata que por meio deste o Brasil procurou promover a proteção ao envelhecimento, e por consequência, ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, conforme se depreende do art. 1º daquela Lei, senão vejamos: “É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com ida-de igual ou superior a 60 (sessenta) anos.(BORGES, 2007,p. 9).

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Neste contexto em decorrência do processo natural de vida, a pessoa acaba

por fragilizar-se, há necessidade de firmar um sistema protetivo, de maneira a garan-

tir lhe uma vida digna. Daí o Estado prestar-lhe assistência mediante instituição do

seguro social como justa recompensa pelo trabalho ao longo de uma vida. (BOR-

GES, 2007, p. 9).

O benefício assistencial corresponde à garantia de um salario mínimo, na

forma de benefício de prestação continuada, devido à pessoa portadora de deficiên-

cia e ao idoso com 65 anos ou mais, que comprovem não possuir meios de prover a

própria manutenção e esta também não possa ser provida por sua família, observa-

do que:

De acordo com a Lei nº 9.720/98, a renda familiar mensal, para efeitos de obtenção do benefício assistencial, deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal (art. 20, § 8º, dab LOAS). Ainda, o benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada dois anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem. (IBRAHIM, 2014, p. 20).

O benefício assistencial poderá ser pago a mais de um membro da família,

desde que comprovadas todas as condições exigidas. Contudo, para o inválido, o

valor concedido a outros membros do mesmo grupo familiar passa a integrar a ren-

da, para efeito de cálculo per capita do novo benefício requerido (IBRAHIM, 2014, p.

18).

Em todo caso, o legislador deve tratar a matéria de forma sistemática . Isso

significa dizer que todos os benefícios da seguridade social (assistenciais e

previdenciários) devem compor um sistema consiste e coerente. Com isso , podem-

se evitar incongruências na concessão de benefícios, cuja consequências mais

óbvia é o tratamento anti-isonômico entre os diversos beneficiários das políticas

governamentais de assistência social. Apenas para citar um exemplo, refira-se ao

Estatuto do Idoso, que em seu art. 34 dispõe que o benefício já concedido a

qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins

do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS. Não se vislumbra

qualquer justificativa plausível para a discriminação dos portadores de deficiência

em relação aos idoso. (BRASIL, STF).

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Imagine-se a situação hipotética de dois casais, ambos pobres, sendo o primeiro composto por dois idosos e o segundo por um portador de defici-ência e um idoso. Conforme a dicção literal do referido art. 34, quanto ao primeiro casal, ambos os idosos tem direito ao benefício assistencial de prestação continuada; entretanto, no segundo caso, o idoso casado com o deficiente não pode ser beneficiário do direito, se o seu parceiro portador de deficiência já recebe o benefício. Isso claramente revela a falta de coe-rência do sistema, tendo em vista que a própria Constituição elegeu os por-tadores de deficiência e os idosos, em igualdade de condições, como bene-ficiários desse direito assistencial. (MENDES, Gilmar Ferreira. RE 580.963/PR. Julgado em 18/04/2013. DJe 13/11/2013).

Registre-se, ainda, que, conforme esse mesmo art. 34 do Estatuto do Idoso, o

benefício previdenciário de aposentadoria, ainda que no valor de um salário mínimo,

recebido por um idoso, também obstaculiza a percepção de benefício assistencial

pelo idoso consorte, pois o valor da renda familiar per capita superaria ¼ do salário

mínimo definido pela Lei nº 8.742/1993 como critério para aferir a hipossuficiência

econômica, já que benefícios previdenciários recebidos por idosos não são excluí-

dos do cálculo da renda familiar.

No entanto, esta flexibilização da regra de renda per capita traz alguns pro-

blemas. Por exemplo: imaginemos um casal de idosos, maiores de 65 anos, sem

qualquer fonte de renda, que morem sozinhos. Ambos poderão receber o benefício

assistencial, já que, para o idoso, um benefício de prestação continuada não será

levado em consideração no cálculo da renda per capita. Mas o que dizer da mesma

situação, agora com um dos idosos aposentado, recebendo um salário mínimo?

Nesta situação, a renda extrapolaria o mínimo fixado na LOAS. (IBRAHIM, 2014, p.

19).

Neste diapasão, já decidiu o Juizado Especial Federal de Lins-SP:

SENTENÇA Relatório dispensado nos termos da Lei nº 9.099/95. DECIDO. Inicialmente, defiro os benefícios da Justiça Gratuita. O pedido é procedente. Passo a fundamentar. O benefício que se persegue está previsto no art. 203, V, da CF, que

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assim prevê: “garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meio de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei”. No caso dos autos, a autora conta com 65 anos de idade, tendo cumprido o requisito etário. Verifico, outrossim, a condição de miserabilidade da parte autora.Com efeito, ao que se colhe do laudo de estudo social, verifico que a parte autora reside com seu esposo e sua neta, em casa cedida, em estado precário de conservação, cujos móveis e eletrodomésticos se encontram em mau estado de conservação. Destaco, no ponto, que a neta não faz parte do conceito legal de família para fins de análise de renda. A família sobrevi-ve da renda mensal proveniente da aposentadoria recebida pelo esposo da autora, no valor de R$ 880,00 (um salário mínimo) que, segundo os dados constantes do laudo social, não são suficientes para cobrir as despesas do casal. Levando-se em consideração que o STF decidiu que todo benefício no valor de um salário mínimo deve ser desconsiderado, seja ele assisten-cial ou não, a renda familiar é oficiada a autarquia previdenciária para que implante o benefício em favor do autor, no prazo de 30 (trinta) dias. O Instituto Nacional do Seguro Social deverá pagar os atrasados vencidos, obedecidos os termos desta sentença e o manual de cálculos da JF, para o fim de expedição de RPV ou Precatório. Sem custas e honorários advocatícios, a teor do art. 1º da Lei nº 10.259/01 art. 55, caput da Lei nº 9.099/95. Anote-se a não ocorrência de prevenção, tendo em vista que o processo anterior possuía causa de pedir diversa (requerimento administrativo). Cumpra-se. P.R.I. SÚMULA PROCESSO: 0000912-71.2016.4.03.6319 AUTOR: MARIA SALETE SANTANA DOS SANTOS ASSUNTO: 040113 - BENEFÍCIO ASSISTENCIAL (ART. 203,V CF/88) - BENEF. EM ESPÉCIE/ CONCESSÃO/ CONVERSÃO/ RESTABELECIMENTO/ COMPLEMENTA-ÇÃO CPF: 92454240815 NOME DA MÃE: PLACIDINA DOS REIS SANTANA Nº do PIS/PASEP: ENDEREÇO: RUA PRIMO MARUSSIG, 216 - - JD S LUIZ LINS/SP - CEP 16401135 DATA DO AJUIZAMENTO: 19/08/2016 DATA DA CITAÇÃO: 01/09/2016 ESPÉCIE DO NB: CONCESSÃO / RESTABELECIMENTO DE XXX ERICO ANTONINI Juiz(a) Federal 2016/631900035531-39665-JEFAssinado digitalmente Ademais, ficou patente no laudo social a situação de vulnerabilidade social da autora. Trata-se de um grupo familiar composto por pessoas idosas, que fazem uso de medicamentos, cuja renda impossibilita o custeio de todas as despesas, não garantindo à parte autora o mínimo indispensável a uma vida digna. A despeito da controvérsia que a questão tem suscitado, acompanho o entendimento jurisprudencial já sedimentado pelo Superior Tribunal de Justiça no sentido de que fixação do valor inferior a ¼ do salário mínimo, como critério para aferir o estado de miserabilidade do postulante, não é o único a ser empregado. Ressalte-se, ademais, que o Supremo Tribunal Federal declarou inciden-talmente, por maioria, a inconstitucionalidade do artigo 20, §3º, da Lei n.º 8.742/1993 quando do julgamento do RE 567985/MT, ocorrido em 18/04/2013.

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Por todo exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido deduzido na inicial, re-solvendo o mérito, com fundamento no artigo 487, I, do CPC. amparo social à parte autora desde a DER (31/05/2016) e a lhe pagar o devido desde em tão, via RPV.(JUIZ FEDERAL ERICO ANTONINI, Lins/SP, em 04/11/2016).,

Frise-se que, o respectivo benefício poderá ser concedido para mais de um

membro de uma única família, devendo ser devidamente comprovadas todas as exi-

gências legais. Tal diferenciação de tratamento não se justifica. Ainda que a exten-

são de direitos sociais deva ser feita com muita cautela, até mesmo em razão do

Princípio da Reserva do Possível, haja vista a escassez de recursos financeiros, ta-

manha discriminação é insustentável. Acredito que, nessas situações, sempre que

um idoso for aposentado e outro não, inexistindo outra fonte de renda do casal, e

desde que a aposentadoria seja igual ao salário mínimo, o BPC deva ser concedido

para o cônjuge necessitado. Se foi intenção do Legislador privilegiar o idoso, que se

faça isso com igualdade de tratamento. Do contrário, o idoso que contribuiu durante

a vida e obteve sua aposentadoria poderá situar-se em estado pior frente àquele que

nada verteu ao sistema. (IBRAHIM, 2014, p. 19).

Neste sentido decidiu o Plenário do STF, Rel. Ministro Gilmar Ferreira

Mendes, ao julgar o RE 580.096/PR, onde declarou como inconstitucional o artigo

34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, por considerar defasado este critério para

caracterizar a condição de miserabilidade. Com isso, mesmo que tenha pessoa que

receba acima dessa quantia, há outros meios para comprovação de sua

miserabilidade, tais como demonstração de despesas, estado da moradia, contexto

social, recebimento por pessoa inferior, renda de familiar, etc..

Neste mesma linha de raciocínio, ensina Mendes nos autos do processo nº

2005.83.20.009801-7 em 17 e 18/04/2013.

Faz referências também aos inúmeros processos recebidos na Corte Su-prema, em sua grande maioria reclamações e recursos extraordinários, cujo tema é a concessão do benefício assistencial, aqui em comentado, classifi-cando este como uma difícil questão constitucional, e que com proeza, esta sendo concluída nas instancias iniciais, onde há a tentativa de sanar grave problema de cunho social que, se aglomera com injustiças, em virtude de desencontros entre a vontade da Constituição e a letra da lei (MENDES, 2013, p. 19).

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Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) confir-mou nesta quinta-feira (18) a inconstitucionalidade do parágrafo 3º do artigo 20 da Lei Orgânica da Assistência Social (Lei 8.742/1993) que prevê como critério para a concessão de benefício a idosos ou deficientes a renda fami-liar mensal per capita inferior a um quarto do salário mínimo, por considerar que esse critério está defasado para concretizar a situação de miserabilida-de. Foi declarada também a inconstitucionalidade do parágrafo único do ar-tigo 34 da Lei 10. 471/2003 (Estatuto do Idoso)(MENDES, 2013,p, 19).

A concessão do BPC vem sendo analisada há muitos anos pelo Poder Judici-

ário, assim permite que o Poder Judiciário tenha familiaridade com os critérios cons-

titucionais e legais de concessão e tenha desenvolvido critérios de interpretação e

aplicação da LOAS. Infelizmente não existe jurisprudência sedimentada em relação

a muitos pontos, havendo profundidade e amadurecimento nas análises.

Após a instalação dos Juizados Especiais Federais, parte significativa das

demandas sobre o direito à seguridade social foi canalizada para esses órgãos.

Conforme o dispositivo da Lei nº 10.259/01 prevê, em seu artigo 3º, a competência

desses juizados para “processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça

Federal até o valor de sessenta salários mínimos”, acrescentando em seu parágrafo

3º que “no foro onde estiver instalada Vara do juizado Especial, a sua competência é

absoluta”. Essa previsão transformou os juizados e, por conseguinte, a TNU em loci

privilegiados de debate sobre o benefício assistencial de prestação continuada.

Nos Juizados Especiais Federais, a assistência por advogado ou defensor público é dispensada em primeiro grau de jurisdição, independentemente do valor da causa. Esse regramento contribui para remover um dos obstáculos ao acesso à justiça: a dificuldade encontrada por potenciais litigantes em se fazer representar por advogados ou defensor públicos. Portanto, essa dis-pensa tem o condão aumentar a quantidade de casos levados ao Poder Ju-diciário.

Regulamentada pelo Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007, a renda

per capita, para fins de reconhecimento do direito ao benefício assistencial, deve ser

inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo por integrante, ou seja, a renda mensal

bruta familiar dividida pelo número de seus integrantes deve ser inferior a ¼ (um

quarto) do salário mínimo (artigo 4º, IV do Decreto nº 6.214/2007).

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A decisão na Reclamação (RCL) 4374, no mesmo sentido do entendimen-to já firmado pelo Plenário quando a Corte julgou inconstitucionais os dois dispositivos ao analisar os Recursos Extraordinários (REs) 567985 e 580963, ambos com repercussão geral. Porém, o plenário não pronunciou a nulidade das regras. O ministro Gilmar Mendes propôs a fixação de prazo para que o Congresso Nacional elaborasse nova regulamentação sobre a matéria, mantendo-se a validade das regras atuais até o dia 31 de dezem-bro de 2015, mas essa proposta não alcançou a adesão de dois terços dos ministros (quórum para modulação). Apenas cinco ministros se posiciona-ram pela modulação dos efeitos da decisão (Gilmar Mendes, Rosa Weber, Luiz Fux, Carmem Lúcia e Celso de Mello).

O ministro Teori Zavascki fez uma retificação em seu voto para dar provimen-

to ao RE 580963 e negar provimento ao RE 567985. Segundo ele, a retificação foi

necessária porque na sessão de ontem ele deu um tratamento uniforme aos casos e

isso poderia gerar confusão na interpretação da decisão.

O voto do ministro foi diferente em cada um dos REs porque ele analisou a si-

tuação concreta de cada processo.

A Reclamação nº 4374 foi ajuizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social

(INSS) com o objetivo de suspender o pagamento de um salário mínimo mensal a

um trabalhador rural de Pernambuco. O benefício foi concedido pela Turma Recursal

dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco e mantido no julgamento pelo STF.

Na Reclamação, o INSS alegava afronta da decisão judicial ao entendimento da Su-

prema Corte na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 1232. No julgamento da

ADI, em 1998, os integrantes da Corte consideraram constitucionais os critérios es-

tabelecidos no § 3º do artigo 20 da Loas para o pagamento do benefício, em espe-

cial, o que exige uma renda mensal per capita inferior a um quarto do salário míni-

mo.

Em seu voto, o relator da reclamação, Ministro Gilmar Mendes, defendeu a

possibilidade de o Tribunal “exercer um novo juízo” sobre aquela ADI, considerando

que nos dias atuais o STF não tomaria a mesma decisão. (STF. Recurso

Extraordinário 589.963/PR – Rel. Min. Gilmar Mendes– Dje, 13-04-2013).

.

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Reforçando o pensamento aqui defendido, cabe transcrever outro trecho da

mesma decisão do Ministro Gilmar Mendes, citada acima na Reclamação 4372.

Nesse meio tempo, observou-se certa proliferação de leis que estabelece-ram critérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assis-tenciais, tais como a Lei 10.836/2004, que criou o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o Bolsa Escola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Po-der Executivo a conceder apoio financeiro a Municípios que instituírem pro-gramas de garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas; e o Estatuto do Idoso (Lei 10.742/03). Isso foi visto pelos aplicadores da LO-AS como um fato revelador de que próprio legislador estaria reinterpretando o art. 203 da Constituição da República. Abria-se, com isso, mais uma porta para a concessão do benefício assistencial fora dos parâmetros objetivos fi-xados pelo art. 20 da LOAS. Juízes e tribunais passaram a estabelecer o valor de ½ salário mínimos como referência para a aferição da renda famili-ar per capita [..] (STF, RE 580.963/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes Julgado em 18/04/2013. DJe 13/11/2013. “Portanto, os programas de assistência social no Brasil utilizam atualmente o valor de meio salário mínimo como referencial econômico para a conces-são dos respectivos benefícios”, sustentou o ministro. Ele ressaltou que este é um indicador bastante razoável de que o critério de um quarto do salário mínimo utilizado pela Loas está completamente defasado e inadequado pa-ra aferir a miserabilidade das famílias, que, de acordo com o artigo 203, pa-rágrafo 5º, da Constituição, possuem o direito ao benefício assistencial. (STF RE 580.963/PR. Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgado em 18/04/2013. DJe 13/11/2013).

Conforme destacou o relator, essas leis abriram portas para a concessão do

benefício assistencial fora dos parâmetros objetivos fixados pelo artigo 20 da Loas, e

juízes e tribunais passaram a estabelecer o valor de meio salário mínimo como refe-

rência para aferição da renda familiar per capita.

“É fácil perceber que a economia mudou completamente nos últimos 20 anos. Desde a promulgação da Constituição, foram realizadas significativas reformas constitucionais e administrativas com repercussão no âmbito eco-nômico e financeiro. A inflação galopante foi controlada, o que tem permitido uma significativa melhoria na distribuição de renda”, afirmou o ministro ao destacar que esse contexto proporcionou que fossem modificadas também os critérios para a concessão de benefícios previdenciários e assistenciais se tornando mais generosos e apontando para meio salário mínimo o valor padrão de renda familiar per capita. (ZAGO, 2017).

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Conforme asseverou a ministro, ao longo dos vários anos desde a sua pro-

mulgação, a norma passou por um “processo de inconstitucionalização decorrente

de notórias mudanças fática, políticas, econômicas, sociais e jurídicas”. Com esses

argumentos, o ministro votou pela improcedência da reclamação, consequentemente

declarando a inconstitucionalidade incidental do artigo 20, § 3º, da Loas, sem deter-

minar, no entanto, a nulidade da norma

Ao final, por maioria, o Plenário julgou improcedente a reclamação, vencido o ministro Teori Zavascki, que a julgava procedente. Os ministros Dias Tof-foli, Ricardo Lewandowski e Joaquim Barbosa votaram pelo não conheci-mento da ação. (STF, RE 580.963/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgado em 18/04/2013. DJe13/11/2013.

Vale ressaltar que a decisão proferida pelo STF, declarando a inconstituciona-

lidade do critério de miserabilidade estabelecido pela LOAS, foi realizada de forma

incidental, sem determinar, entretanto, a nulidade de tal dispositivo o que desobriga

o INSS a respeitá-la.

O entendimento da Administração pública representada pelo Instituto Nacio-

nal do Seguro Social (INSS) e o Poder judiciário é bastante divergente, referente ao

requisito da miserabilidade, estabelecido no artigo 20, § 3º, da Lei Orgânica da As-

sistência social; tendo em vista que para o INSS o requisito da renda mensal fami-

liar de ¼ (um quarto) do salário mínimo é o único critério a ser levado em considera-

ção para a aferição do estado de necessitado do individuo que almeja o recebimen-

to do BPC. Portanto o INSS não se tem flexibilizado sobre o critério necessitado,

diferentemente do que tem decidido os tribunais, razão pela qual, muitas vezes, de-

ficientes e idosos se veem obrigados a utilizarem do Poder Judiciário para tentar,

por outros meios, demonstrar a real situação de miserabilidade em que vivem.

O critério para aferição da condição de necessitado do indivíduo, trazido pe-

la LOAS, sofreu um processo de inconstitucionalização no decorrer dos anos desde

a sua promulgação, estando em desacordo com a Constituição Federal, violando os

princípios da dignidade da pessoa humana, da solidariedade social, da justiça social,

entre outros tantos. Ao Estado cabe prover o mínimo existencial do indivíduo neces-

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sitado, devendo essa aferição do requisito não ficar presa a um único critério objeti-

vo e defasado, que não corresponde a nossa realidade fática e social. (ZAGO,

2017).

Essas discussões acarretam um aumento das concessões judiciais dos Bene-

fícios de Prestação Continuada, o que sobrecarrega judiciário. Portanto, o legislador

pátrio deveria criar outro critério de miserabilidade para fins de concessão do benefí-

cio, que seja condizente com a realidade atual do nosso país (STF,. RE 580.963/PR.

Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgado em 18/04/2013. DJe 13/11/2013).

Por fim, governo Michel Temer planeja elevar a idade mínima para idosos po-

bres receberem benefício assistencial, caso consiga aprovar a reforma da Previdên-

cia neste ano, segundo o Ministro do Desenvolvimento Social, responsável pela poli-

tica.

O secretário executivo da pasta e ministro em exercício Alberto Beltrame, dis-

se ao jornal Folha de São Paulo que a ideia é aumentar para 68 anos a idade mí-

nima do BPC (Benefício de Prestação Continuada), que hoje está em 65 anos (FO-

LHA DE SÃO PAULO, 2018).

A explicação para a mudança, segundo Beltrame, é que manter a idade do

BPC em 65 anos “pode ser desestimulante à contribuição à Previdência, afirmou

que, se houver alteração na idade do benefício assistencial, o aumento será gradu-

al”. (FOLHA DE SÃO PAULO, 2018).

A idade, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, subiria um

ano a cada dois anos. Nesse cenário, a mudança de 65 para 68 anos levaria seis

anos.

Beltrame disse que as pessoas que já recebem o benefício não seriam afeta-

das, a mudança na idade mínima do BPC pode ser feita por meio de uma alteração

na lei, sem necessidade de mexer na Constituição.

Percebe-se que este projeto é um retrocesso, pois a pessoa necessitada, no

caso o idoso acima de 65 anos, que não contribuiu junto a Previdência social, e que

a sua família não tem condições de mantê-lo, deverá ter que esperar um tempo a

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mais para ter a concessão do BPC. Tal mudança, violaria o princípio da dignidade

da pessoa humana dentre outros implícitos na CF/88 e específicos pela seguridade

social.

Diante da teoria substancialista em relação a efetivação dos direitos funda-

mentais, aceitam a ideia que a Constituição democrática tem a obrigação de dele-

gar as funções de proteger as minorias em perecimento às decisões feitas por uma

maioria legislativa, podendo ser o Poder Judiciário. Os direitos fundamentais devem

ser otimizados, como todos os esforços para a sua efetivação. (SOUZA, 2015, p.14)

Posto isto, torna-se temerário discutir devidos ajustes no sistema de proteção

social, que permitam a sua continuidade e ampliação para que o futuro próximo seja

possível abranger senão todos, a maior partes dos membros da sociedade. (DINIZ,

2015, p. 48).

Pode-se afirmar que o constitucionalismo tem desafios atualmente e parece

que o principal é proporcionar discussões, em locais democráticos e com a maior

participação da sociedade, para atingir o objetivo desejado. (SOUZA, 2015, p. 14-

15).

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CONCLUSÃO

A Constituição Federal vigente enuncia que “são direitos sociais a educação,

a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, previdência social, a proteção

à maternidade e a infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Consti-

tuição”.

Muitos são os direitos protegidos pela Constituição Federal, direitos que não

são divulgados corretamente à população. Segundo o artigo 5º, inciso I da CF, esta

explicitamente esclarecido que “homem e mulheres são iguais em direitos e obriga-

ções.”, o texto constitucional não deixa margem de dúvidas no quesito somos iguais

em direitos e obrigações. Infelizmente, atualmente, é divulgada uma enxurrada de

direitos sem nenhum tipo de obrigação oriunda daqueles.

A sociedade não conhece corretamente seus direitos e muito menos sabe

exercer seus deveres. A maioria das pessoas desconhece seu papel dentro do con-

texto social em decorrência da ignorância que por sua vez, decorre da brutal queda

na qualidade das instituições educacionais, sejam elas privadas ou estatais. A pró-

pria história da humanidade revela que o homem, para ser sociável, necessita co-

nhecer seus deveres para então adquirir direitos, tornando se assim responsável por

suas atitudes, sejam elas boas ou ruins, perante a sociedade, para que dentro desta

possa desempenhar suas atividades e ao mesmo tempo viver harmoniosamente

com os outros membros da sociedade na qual pertence.

Muitos caminhos levam a reflexão enganosa. A cada dia depara-se com situ-

ações que demonstram a completa inversão de papéis dentro dos objetivos essenci-

ais da sociedade. Ou seja, a inversão nefasta de valores e a miséria da indignidade

da pessoa humana. Se a exclusão social é inconstitucional, porque motivo não há

uma efetiva e séria luta para a sua erradicação dos fatores que geram a exclusão

social, se segundo Aristóteles, “a lei é a razão livre da paixão”, porque as diversas

expressões normativas não conduzem a inclusão social.

Não há como se cogitar em democracia, se não existir respeito à dignidade da

pessoa humana. Não existe cidadania onde não há verdadeiro cumprimento de de-

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veres e real aquisição de direitos. Não existe Estado Democrático de Direito se não

existe uma preocupação real com o alcance do bem comum social. Que soberania é

essa que exclui os filhos de sua nação ao direito de, no mínimo, desenvolver se dig-

namente dentro da sociedade.

Desta maneira gera-se a fome, a miséria, as guerras, a violência exagerada, o

medo, o desespero, a corrupção, o enfraquecimento da democracia, o caos, a fragi-

lidade do cumprimento dos dispositivos normativos impostos, o crime organizado, e

demais mazelas que envolvem a sociedade.

Cada sociedade, em determinado momento, elabora seu próprio corpo de

problemas sociais, legítimos, dignos de serem discutidos, públicos, oficializados e,

por vezes, garantidos pelo Estado. A velhice é um destes “problemas” legítimos atu-

almente na sociedade brasileira, vide as tentativas governamentais em delimitar e

atender o que seriam demandas daqueles que vivem esta realidade socialmente

construída – o processo pelo qual a velhice passa de um problema individual ou do

âmbito familiar para se tornar uma questão pública, um problema da sociedade.

A idade avançada não é um processo homogêneo e não constitui um grupo

indenitário, pois existem múltiplos significados para o envelhecimento, e este depen-

de também da posição de classe social, renda, localidade e gênero.

Para compreender o idoso no Brasil é preciso entender como determinantes

macro e microssocias agem de forma combinada e, por vezes, contraditórios e con-

flitivas, delineando as realidades vividas por esta população em diferentes contextos

e lugares. Para isso, é também importante nesta investigação entender que contexto

histórico é este em que faz sentido pensar em direitos e benefícios específicos aos

idosos. A necessidade de criação de uma proteção social e pública vem de algumas

questões enfrentadas pela sociedade com o instinto de proteção aos mais fracos, a

tentativa de evitar a fome, a busca pela proteção contra doenças, que nos tempos

primórdios era incumbência dos mais jovens e aptos para o trabalho.

Infelizmente, nem todas as pessoas são dotadas de tal proteção familiar, di-

ante destas necessidades tornou-se e obrigatória a criação de uma proteção social,

outro ponto importante foi a existência do chamado Estado Liberal, diante das condi-

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ções de trabalho eram desumanas e cruéis, este modelo arcaico não protegera os

desvalidos, os idosos e os doentes. Então o Estado teve que intervir para impedir a

desagregação social, dando algumas garantias aos cidadãos e, daí, surgiu a prote-

ção social como a proteção dos indivíduos quanto aos infortúnios.

Porém o que não se pode perder de vista é que o Estado, mesmo não deven-

do estar presente em todos os setores, deve sim, suprir as demandas da sociedade

no que tange à saúde e a assistência aos desfavorecidos.

Destarte, que quase todas as proteções sociais criadas no chamado Estado

do Bem-Estar Social surgiram como contraponto ao crescimento do socialismo, pois

estavam existindo crescentes conflitos com a classe trabalhadora e, do outro lado, o

socialismo prometia melhores condições de trabalho e dignidade aos trabalhadores.

Em nenhum momento existiu conscientização dos dirigentes mundiais pela

importância da proteção social, mas pelo temor do sistema capitalista, que lhes sus-

tentava por outro menos vantajoso.

No Brasil, a norma constitucional do art. 203, V, foi introduzida no constitucio-

nalismo brasileiro no bojo de uma ambiciosa agenda social instituída pela Constitui-

ção de 1988, a chamada “Constituição Cidadã”.

A ênfase em uma agenda social está estampada logo no início da Carta

Constitucional, em seu artigo 3º, ocasião em que a Constituição declara que consti-

tuem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil construir uma socie-

dade livre, justa e solidária, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza

e a marginalização, reduzir desigualdades sociais e regionais e promover o bem de

todos.

O dispositivo constitucional garantiu o pagamento de um salário mínimo men-

sal a título de benefício assistência, dirigidos aos idosos e as pessoas portadoras de

deficiência, que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou

de tê-la provida por sua família.

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No entanto, o mesmo dispositivo, em seu §3º previu que será incapaz de pro-

ver a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa, a família cuja renda mensal

per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo.

Tal critério econômico e restritivo sempre foi objeto de questionamentos na

seara judicial, pois é excludente de inúmeras pessoas em situação de miserabilida-

de, devendo outros critérios serem utilizados para precisar a necessidade.

Destarte, na ADI nº 1.232, como visto, o Tribunal decidiu que o critério defini-

do pelo § 3º do art. 20º da LOAS não padecia, por si só, de qualquer inconstitucio-

nalidade Haveria omissão legislativa quanto a outros critérios, mas aquele único cri-

tério já definido pela lei não continha qualquer tipo de violação à norma constitucio-

nal do art. 203, V, da Constituição.

A decisão do Tribunal foi proferida no ano de 1998, poucos anos após a edi-

ção da LOAS (1993), num contexto econômico e social específico . Na década de

1990, a renda per capita no valor de ¼ do salário mínimo foi adotada como um crité-

rio objetivo de caráter econômico-social, resultado de uma equação econômico-

financeira levada a efeito pelo legislador tendo em vista o estágio de desenvolvimen-

to econômico do país no início da década de 1990. O certo é que são vários os

componentes socioeconômicos a serem levados em conta na complexa equação

necessária para a definição de uma eficiente política de assistência social, tal como

determina a Constituição de 1988. Seria o caso de se pensar, inclusive, em critérios

de miserabilidade que levassem em conta as disparidades socioeconômicas nas

diversas regiões do país.

Embora o STF tenha proclamado constitucional o critério econômico, quando

do julgamento da ADI nº 1.232, lembrando que na ocasião o julgador entendeu que

qualquer mudança de critério deveria ser feita pelo legislador, a questão não restou

pacífica.

A Suprema Corte reavaliou a questão no ano de 2013, na RCL nº. 4.374, on-

de entendeu que o critério de quarto de ¼ (um quarto) do salário mínimo utilizado

pela LOAS está completamente defasado e inadequado para aferir a miserabilidade

das famílias, que de acordo com o artigo 203, V, da Constituição Federal, possuem

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o direito ao benefício, tem como critério renda per capita de até ¼ do salário mínimo.

Assim o STF declarou incidentalmente que o critério econômico previsto no § 3º do

art. 20 da LOAS é inconstitucional, ferindo o art. 203 da CF que proclama que a as-

sistência social será prestada aos necessitados.

Por fim, como a declaração de inconstitucionalidade foi dada de forma inci-

dental, não houve pronunciamento de nulidade da norma pelo STF, sendo que a

autarquia previdenciária do INSS continua utilizando o critério restritivo previsto na

LOAS para a concessão do amparo, o que força a necessitado a buscar o auxílio do

Poder Judiciário que vem pronunciando na forma do decidido na RCL nº. 4374.

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