Ánalise dos níveis de ruído e da NR-31 em um triturador de milho

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL – PPGEC Thieme Graça Fatori Deguchi

Massayuki Mário Hara - massayuki@utfpr.edu.br Edson Maikon da Rocha - maikonrocha_k@hotmail.com

Rodrigo Eduardo Catai - catai@utfpr.edu.br

Resumo

Este artigo trata da segurança do trabalho rural, estudando um triturador de milho a partir das normas regulamentadoras vigentes no Brasil. Apresenta conceitos sobre a segurança do trabalho e algumas características específicas relacionadas ao trabalho rural. Os dados do estudo foram obtidos na propriedade rural onde está instalado o triturador, analisando o ruído gerado pelo equipamento por meio de coleta de dados e utilizando um decibelímetro. Discute o cumprimento de alguns itens da NR-31 através da aplicação de um checklist e traz sugestões de medidas de segurança para o cumprimento das exigências legais que não estão sendo cumprida.

Palavras-chave: Segurança, Trabalho rural, NR-31, Ruído, Máquinas rurais.

Introdução

Os assuntos relacionados à segurança do trabalho e doenças ocupacionais se justificam no fato que as doenças e os acidentes ferem, mutilam e matam trabalhadores brasileiros todos os anos (FUNDACENTRO, 2009). Os riscos ambientais estão presentes em todos os ambientes de trabalho e são classificados em: físicos (ruídos, vibrações, temperaturas extremas, etc), químicos, biológicos (oriundos de microrganismos que podem provocar doenças), ergonômicos (desarmonia entre o trabalhador e seu ambiente de trabalho) e de acidentes (falta de manutençaõ, falha nos procedimentos nos processos de trabalho, etc) (FERNANDES et al., 2006). Deve-se analisar o processo de trabalho para identificar as fontes de risco. Em seguida, realizar avaliações qualitativas (baseia-se em queixas pessoais, prática profissional, etc) e/ou quantitativas (necessita de instrumentos científicos), segundo a necessidade de cada fator de risco (BARBOSA FILHO, 2008). As ações de segurança e saúde para prevenção dos acidentes e doenças devido ao trabalho rural devem seguir a ordem de prioridade: eliminação de riscos através da substituição ou adequação dos processos produtivos, máquinas e equipamentos; adoção de medidas de proteção coletiva para controle dos riscos na fonte e adoção de medidas de proteção pessoal (MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS, 2010). No caso dos ruídos, acima de 115 dB (A) nenhum trabalhador deve se expor sem a proteção adequada. A redução da concentração das máquinas, a instalação de sistemas amortecedores, a reprogramação e redistribuição das operações são algumas providências que podem ser tomadas no sentido de minimizar a emissão de ruído na fonte (BARBOSA FILHO, 2008). O controle do meio deve evitar a propagação através do isolamento – da fonte e do receptor – e maximizar as perdas energéticas por absorção. Em último lugar, dentre as prioridades de controle, está o controle no homem ou no receptor. As medidas resumem-se à redução do tempo de exposição e à proteção sobre o indivíduo (BARBOSA FILHO, 2008). Este trabalho tem como objetivo avaliar itens de segurança de um triturador de milho em uma propriedade rural na região metropolitana de Curitiba-PR. As análises baseiam-se nas Normas Regulamentadoras aprovadas pela Portaria no 3.214, de 8 de Junho de 1978.

Metodologia As informações foram obtidas em janeiro de 2011 no local (Rio Branco do Sul – PR) onde está instalado o Desintegrador/Picador/Moedor (DPM) da marca Nogueira S/A, modelo DPM-500, o qual é utilizado para triturar grãos de milho secos para ração animal. Foram coletadas informações sobre o operador e o funcionamento da máquina, bem como a aplicação de checklist, composto de 14 itens, para o empregado e empregador, com itens da NR-31, abordando se há ou não proteções na máquina e EPI’s e quais as edificações e instalações elétricas do DPM, Também foram realizadas as medições de ruído utilizando um decibelímetro, conforme NR-15 (MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS, 2010). O microfone foi mantido na zona auditiva do trabalhador, foram realizadas 11 medições a cada 10 segundos.

Conclusões

A partir da análise de resultados realizada verificou-se que mesmo tratando-se de um checklist extremamente reduzido, poucas exigências foram cumpridas. Para considerar que há o cumprimento legal de alguns itens da norma é necessário uma comprovação, que pode ser feita através de ficha de entrega de EPI, certificados de treinamentos etc., mas nenhuma documentação deste tipo existia no local. O não cumprimento das NRs e outras obrigações legais comprometem a segurança do trabalho, que compromete a saúde e a integridade física dos empregados, assim como a produtividade e a imagem do empregador.

Resultados

Apenas 5 questões do checklist estão de acordo com as Normas Regulamentadoras, portanto 64% dos itens avaliados estão descumprindo as imposições legais. Tais como: a indisponibilidade do manual do equipamento para o operador, a ausência da tampa protetora que evita a projeção do material, bem como do dispositivo de acionamento e parada do equipamento na posição de trabalho. Os EPI’S foram escolhidos sem critérios de avaliação e considerando as instalações elétricas, os itens avaliados estão em desacordo com a NR-31, pois a máquina não está aterrada e não existe proteção contra descargas atmosféricas na edificação onde está instalado o DPM. Entretanto, as edificações estão de acordo com a NR-31, sendo um local coberto, protegendo assim, o trabalhador do sol e da chuva. Não há depressões ou saliências no piso e em relação a medição, foi considerado o valor médio de 100dB (A) e, conforme Manuais de Legislação Atlas (2010), o limite de tolerância para ruído intermitente e contínuo, neste caso, é de 1 hora para uma jornada diária de 8 horas. Como o trabalhador informou que utiliza por um tempo médio de 30 minutos e não é possível determinar o tempo exato de utilização do equipamento, foi orientado que o trabalhador utilizasse o protetor auricular sempre que o tempo for superior a uma hora, cumprindo assim as determinações legais.

Agradecimentos

Agradeço minha falecida e amada vó, que disse palavras sábias no momento que mais precisei, à minha mãe por me apoiar e me ajudar em minhas decisões, e a Kleiry por me ensinar a ser um profissional e um homem melhor.

Referências

BARBOSA FILHO, A. N. Segurança do trabalho e gestão ambiental. São Paulo: Atlas, 2008. FERNANDES, A. M. O. et al. Gestão de saúde, biossegurança e nutrição do trabalhador. Goiânia: AB, 2006. FUNDACENTRO. Condições e ambientes de trabalho na agricultura familiar. Aracaju: 2009. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/dominios/ctn/anexos/AcervoDigital/AGRICULTURA%20FAMILIAR%20SERGIPE%20FINAL.pdf>. Acesso em: 06 jan.2011. MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho. 66. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 792 p.