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Created by trial version, http://www.pdf-convert.com 1 Análise dos erros e acertos dos árbitros brasileiros de futebol em relação distância da infração e atenção concentrada Resumo Introdução: Os erros e acertos da arbitragem em futebol têm sido objeto de muita polêmica e discussão em todo o mundo, razão pela qual optou-se por investigar o comportamento dos árbitros brasileiros durante os jogos. Objetivos: Quantificar as distâncias que os árbitros encontraram-se do local da infração e relacioná-las com erros, acertos e desgaste físico, principalmente nos últimos quinze minutos do jogo. Analisar o nível de atenção concentrada dos árbitros antes e após a partida. Material e Métodos: Foram avaliados oito árbitros filiados à FPF (Federação Paulista de Futebol), com média de idade de 26,75 ± 4,13, que participaram de jogos do Campeonato Paulista de 2002, série Sub 20, no estado de São Paulo. Foi feita filmagem dos jogos bem como teste de atenção concentrada. Resultados: O teste qui-quadrado não demonstrou associação entre a distância da infração e a decisão (p=0,561), porém, observou-se que ocorreu menor quantidade de erros nas distâncias entre 20 a 25m. A análise de variância (ANOVA) mostrou que não existe diferença estatisticamente significante entre a média das distâncias a cada quinze minutos do jogo (p=0,587) nem entre o primeiro e segundo tempos de jogo (p=0,890). O teste qui-quadrado apresentou diferença significante entre as decisões tomadas nos 30 minutos iniciais do segundo tempo do jogo quando comparadas com os quinze minutos finais (p=0,003). O teste t-pareado demonstrou diferença significante para a rapidez de concentração antes e após o jogo (p=0,005); para a qualidade de concentração não foi significante (p=0,209). Observou-se fraca correlação negativa entre o total de distâncias percorridas em metros e a distância média da infração nos quinze minutos finais do jogo (p=0,22). Discussão: As análises do desenvolvimento dos árbitros durante os jogos forneceram alguns resultados originais em relação à arbitragem no Brasil. Conclusões: Observou-se que os árbitros demonstraram tendência a errar menos nas distâncias entre 20 a 25m e nos quinze minutos finais dos jogos. Não foram encontradas variações entre as distâncias médias das infrações a cada 15 minutos durante os jogos. Os árbitros apresentaram maior rapidez no teste de concentração após o jogo, não se observando o mesmo para qualidade de concentração. Nos 15 minutos finais do jogo, os árbitros com bom condicionamento físico se posicionaram melhor em relação às distâncias das infrações.

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Análise dos erros e acertos dos árbitros brasileiros de futebol em relação distância da infração e atenção

concentrada

Resumo

Introdução: Os erros e acertos da arbitragem em futebol têm sido objeto de muita

polêmica e discussão em todo o mundo, razão pela qual optou-se por investigar o

comportamento dos árbitros brasileiros durante os jogos. Objetivos: Quantificar as

distâncias que os árbitros encontraram-se do local da infração e relacioná-las com

erros, acertos e desgaste físico, principalmente nos últimos quinze minutos do jogo.

Analisar o nível de atenção concentrada dos árbitros antes e após a partida.

Material e Métodos: Foram avaliados oito árbitros filiados à FPF (Federação

Paulista de Futebol), com média de idade de 26,75 ± 4,13, que participaram de

jogos do Campeonato Paulista de 2002, série Sub 20, no estado de São Paulo. Foi

feita filmagem dos jogos bem como teste de atenção concentrada. Resultados: O

teste qui-quadrado não demonstrou associação entre a distância da infração e a

decisão (p=0,561), porém, observou-se que ocorreu menor quantidade de erros nas

distâncias entre 20 a 25m. A análise de variância (ANOVA) mostrou que não existe

diferença estatisticamente significante entre a média das distâncias a cada quinze

minutos do jogo (p=0,587) nem entre o primeiro e segundo tempos de jogo

(p=0,890). O teste qui-quadrado apresentou diferença significante entre as decisões

tomadas nos 30 minutos iniciais do segundo tempo do jogo quando comparadas

com os quinze minutos finais (p=0,003). O teste t-pareado demonstrou diferença

significante para a rapidez de concentração antes e após o jogo (p=0,005); para a

qualidade de concentração não foi significante (p=0,209). Observou-se fraca

correlação negativa entre o total de distâncias percorridas em metros e a distância

média da infração nos quinze minutos finais do jogo (p=0,22). Discussão: As

análises do desenvolvimento dos árbitros durante os jogos forneceram alguns

resultados originais em relação à arbitragem no Brasil. Conclusões: Observou-se

que os árbitros demonstraram tendência a errar menos nas distâncias entre 20 a

25m e nos quinze minutos finais dos jogos. Não foram encontradas variações entre

as distâncias médias das infrações a cada 15 minutos durante os jogos. Os árbitros

apresentaram maior rapidez no teste de concentração após o jogo, não se

observando o mesmo para qualidade de concentração. Nos 15 minutos finais do

jogo, os árbitros com bom condicionamento físico se posicionaram melhor em

relação às distâncias das infrações.