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1 Análise Econômico- Financeira dos Clubes de Futebol Brasileiros | 2016 Dados Financeiros de 2015

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol Brasileiros | 2016

Dados Financeiros de 2015

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Introdução

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3 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

2015 | Uma Nova Esperança

Há pouco tempo, num cenário muito, muito desanimador...

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4 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

2015 | Uma Nova Esperança

É um momento de dificuldades. Partindo de um período sombrio, com atraso de Salários,

aumento de Custos e Receitas em queda, os Clubes Brasileiros de Futebol precisam de uma

revolução contra o Império da Má Gestão.

Durante o ano de 2015 apresentaram suas armas e começaram um plano de reorganização, com exército organizado que trouxe mais Receitas,

sufocou Custos e pulverizou Investimentos.

Perseguidos pelo sinistro mal da inconsequência, Dirigentes se conscientizaram e auxiliados pelo

Profut iniciaram uma tentativa de proteger a história dos Clubes, manter sua grandeza e restaurar a qualidade do Futebol Brasileiro...

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5 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

2015 | Uma Nova Esperança

A vida é feita de ciclos, e a esperança é um sentimento que move as pessoas. Dizem até que é a última que morre e a primeira quenasce. A cada período de tempos difíceis surge, em algum momento, uma nova esperança no ar, trazida por quem quer momentos melhores.

Não seria diferente no Futebol Brasileiro. Depois de 2012, auge do boom financeiro, turbinado pelo incremento das cotas de Transmissão de jogos pela TV, pelo crescimento das Receitas de Publicidade e por todo o ambiente positivo no Brasil, o que se viu foram anos dederrocada. Receitas que foram sendo engolidas por Custos e Investimentos cada vez mais altos. Dívidas que cresciam de forma desordenada, notícias sobre atrasos de Impostos e Salários.

O auge dessa situação foi 2014, quando observamos e apontamos que o Futebol Brasileiro ia mal, mal demais.

Mas tal qual um Jedi redescoberto no tempo, eis que 2015 trouxe sinais de que há algo positivo se desenhando no ar. Assim como osheróis liderados por Leah, Skywalker e Solo, a batalha dos Clubes para se ajustarem será longa e por vezes dolorosa. Clubes perderão sua capacidade de disputa, terão que viver dentro de possibilidades financeiras mais modestas. O Título passará a ser um objetivo distante.

O ano de 2015 marca um crescimento importante de Receitas, mas especialmente a manutenção de Custos e Despesas, que em termos reais significa redução de cerca de 10%, apontando para um sinal de racionalização do uso dos recursos dos Clubes. Também osInvestimentos sofreram redução, outro sinal de adequação a uma realidade típica de Darth Vader: sofrida, sombria e ambígua. A linha entre o bem e o mal é tênue, e entre a chance de ser campeão e a austeridade, é inegável a volúpia pelo título. Futebol é uma luta constante entre os lados opostos da Força. Mas aos Dirigentes cabe pensar na sustentabilidade do Clube, muito mais que na vitória a qualquer preço, pois ela muitas vezes tem sim um preço alto demais no longo prazo.

A ajuda do Profut na reestruturação das Dívidas Fiscais, e que deve contribuir para a evolução das estruturas profissionais e degovernança dos clubes, foi fundamental para que esta esperança surgisse. Controlados, os Clubes tendem a manter a galáxia em pleno funcionamento. Mas não se deixe enganar, pois sempre haverá o lado sombrio da Força pronto a entrar em ação e devastar o que é construído com sacrifício.

Este é apenas mais um episódio na saga dos Clubes Brasileiros de Futebol em busca da retomada do topo do Mundo, na busca entre o equilíbrio da Força, aquele que é a diferença entre o gastar e o gastar bem. Que a Força esteja com eles.

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6 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Sempre importante lembrar

Disclaimer

Este é um trabalho feito pelos profissionais da Área de Crédito do Itaú BBA, baseado exclusivamente em informações públicas e sem que tivéssemos qualquer contato com os clubes para explorar eventuais dúvidas e aprofundar algumas questões. O objetivo é meramente informativo e tentamos apresentar aos Torcedores a visão de uma equipe técnica e multiclubística sobre a condição financeira do Futebol Brasileiro e seus Clubes. Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes. Por conta disso, podemos afirmar que o material reflete a realidade “pública” de cada clube, e nossas avaliações são feitas com base em hipóteses técnicas, apenas. Por isso, quando falamos em “atrasos”, isto reflete uma avaliação técnica das movimentações contábeis, baseado nos dados disponíveis. Trata-se de hipótese técnica e são suposições, apenas, e justificam o fechamento do fluxo de caixa do período. Não temos também qualquer contato com Patrocinadores, Federações, Parceiros, de forma que nossas avaliações consideram informações publicadas pela Imprensa como única fonte externa aos Balanços, e refletem comentários dos Dirigentes e não apenas opiniões de terceiros.

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7 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 7

2. Clubes | Análise Individual 362.1 | Alguns Conceitos Básicos 2.2 | América MG 2.3 | Atlético MG 2.4 | Atlético PR 2.5 | Avaí 2.6 | Bahia 2.7 | Botafogo 2.8 | Chapecoense 2.9 | Corinthians

2.10 | Coritiba 2.11 | Criciúma 2.12 | Cruzeiro 2.13 | Figueirense 2.15 | Flamengo 2.16 | Fluminense 2.17 | Goiás 2.18 | Grêmio 2.19 | Internacional 2.20 | Joinville 2.21 | Náutico 2.22 | Palmeiras 2.23| Ponte Preta 2.24 | Santa Cruz 2.25 | Santos 2.26 | São Paulo 2.27 | Sport 2.28 | Vasco da Gama 2.29 | Vitória

3738434853586368737883889398

103108113118123128133138143148153158163168

Sumário

1. Introdução 2 1.1 | 2015 | Uma Nova Esperança 1.2 | Disclaimer 1.3 | Receitas 1.4 | Receitas Totais Recorrentes 1.5 | Receitas | Diversas Frentes 1.6 | Receitas | Direitos de TV 1.7 | Receitas de TV | Variações 1.8 | Receitas| Direito Federativo 1.9 | Receitas | Direitos Federativos

1.10 | Receitas | Publicidade 1.11 | Publicidade | Detalhe por Clube 1.12 | Receitas | Bilheteria e Sócio Torcedor 1.12 | Receitas | Comparativo por Clube 1.13 | Sócio Torcedor | Relevância 1.14 | Receitas | Concentração 1.15 | Receitas | Histórico por Clube 1.16 | Divisão das Receitas por Porte 1.17 | Custos & Despesas | EBITDA 1.18 | Comportamento do EBITDA Recorrente 1.19 | Custos & Despesas | Detalhamento 1.20 | Investimentos 1.21 | Investimentos | Categorias de Base 1.22 | Dívidas 1.23 | Dívidas 1.24 | Dívidas Operacionais 1,25 | Liquidez 1.26 | Fluxo de Caixa Livre 1.27 | Um Novo Conceito: Fluxo de Caixa Livre 1.28 | Geração de Caixa Livre 1.29 | Fluxo de Caixa Livre por Clube

368 9

1011121314151617181920212223242526272829303132333435

3. Hora da Verdade | Nossas projeções 1734. Avaliação de Desempenho | Gráfico 179

5. Efeitos do Profut 1896. Soy Latinoamericano 193

7. Futebol no Brasil x Futebol na Europa 1998. Leicester City x Flamengo | Comparação 2079. Conclusões 212

10. Escalação 214

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8 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Evolução das Receitas Brutas Totais* | R$ milhões Evolução das Receitas Brutas Recorrentes** | R$ milhões

Receitas

* Refere-se aos 27 clubes da análise ** Exclui as Receitas oriundas da venda de Direitos Econômicos de Atletas

Em 2015 houve importante crescimento das Receitas Totais, 15% em termos nominais e 4% acima da inflação. Após um ano muito difícil como 2014, quando houve queda nominal, este crescimento de 2015 merece ser celebrado, especialmente quando analisado no contexto macro-econômico de queda de 4% no PIB Brasileiro daquele ano.

Nas Receitas Recorrentes – aqueles que desconsideram as Vendas de Direitos Econômicos de Atletas – o desempenho foi semelhante. Isto indica consistência no crescimento das Receitas em 2015, uma vez que as que são mais facilmente administradas pelos Clubes cresceram de forma importante.

Entretanto, ao longo da análise vamos avaliar cada uma das Receitas e conferir se de fato houve esta consistência apresentada aqui.

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Receitas Totais Recorrentes | Efeito Inflacionário

Aprofundando um pouco mais a análise sobre as receitas Recorrentes, nota-se de fato um crescimento de 5% acima da Inflação em2015, desempenho que só se repetiu em 2011 e 2012, anos de efeitos relevantes nas Receitas com Publicidade e Direitos de TV.

Em 2015, sem nenhum impacto relevante de forma consolidada – não houve “boom” de Publicidade nem crescimento consolidado deReceitas de TV, por exemplo – notamos este crescimento. Entretanto, ao longo da análise veremos que alguns fatos isolados podemter contribuído para isso.

Obs: para fins de comparação, corrigimos as receitas passadas pelo IPCA acumulado nos períodos., de forma que todas estivessem em moeda corrente de 2015.

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Breakdown das Receitas Totais por Origem

Comportamento das Receitas por Origem

Receitas | Crescimento em diversas frentes R

$ m

ilhõe

s R$

milh

ões

O primeiro aprofundamento vem na análise do comportamento de cada tipo de Receita.

O breakdown ao lado mostra que todas tiveram crescimento, em maior ou menor magnitude.

O destaque foram as Receitas com TV, que cresceram 25%. AsReceitas com Vendas de Direitos Econômicos cresceram 22%, impulsionadas pela desvalorização do Real.

As demais Receitas cresceram da seguinte forma: - Publicidade: + 3% - Bilheteria/Sócio Torcedor: + 7% - Estádio: + 18% - Outros: + 5%

Observa-se claramente que ainda há uma enorme dependênciados Clubes das Receitas com Direitos de TV. Em 2015representaram 42% do Total, quando em 2014 foram 39%.

As Receitas com Venda de Direitos Econômicospermaneceram estáveis em 12%, e as demais Receitas se comportaram da seguinte forma:

- Publicidade: de 17% para 15% - Bilheteria/Sócio Torcedor: de 19% para 17% - Estádio: manutenção em 6% - Outras: de 8% para 7%

Mas o que explica este crescimento das Receitas com TV?Veremos na sequência.

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11 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Receita Total com TV Share e Concentração | 12 Clubes = 73,7%

Receitas | Direitos de TV

A mais relevante das Receitas cresceu 25% em 2015 em termos nominais, quase 13% em termos reais (acima da inflação). Para melhor avaliação do crescimento dessas receitas precisamos analisar o gráfico de Share e Concentração e assumir algumas premissas.

Primeiramente, nota-se que alguns clubes tiveram expressivo crescimento de share – que é a participação do clube dentro do total – em especial Cruzeiro, Atlético MG e Vasco. O Cruzeiro é o caso mais emblemático porque passou a ser a maior receita com Direitos de TV do País. Lembrando que esta Receita é a composição entre o que é obtido via Campeonato Estadual, Brasileiro (Aberta e Pay Per View), Copa do Brasil e Libertadores. Independente dessa composição, as Receitas com o Campeonato Brasileiro são as mais relevantes, e geralmente representam entre 70% e 80% do total

Assim, assumindo a premissa de que os maiores clubes do Brasil negociaram contratos com mesmo prazo de vencimento, não parece lógico que Cruzeiro e Atlético MG, os maiores saltos em termos de share, tivessem vencimento anterior aos demais. Isto traz como hipótese para este crescimento uma renovação antecipada de contrato futuro e como contrapartida o recebimento de luvas. Esta prática vigorou no início de 2016, quando da renovação dos contratos de TV Fechada a partir de 2019, com prazos variáveis conforme o clube.

Confirmando-se esta hipótese, uma vez que outras como Adiantamento de Cotas não faz sentido porque não entra nas Receitas, e incrementos nos demais torneiros não têm montante suficiente para gerar impacto de tamanha magnitude, então parte do crescimento das Receitas com TV vista no período não é recorrente, ou seja, não se repetirá nos próximos anos, ao menos para Cruzeiro e Atlético MG, uma vez que outros clubes terão estas luvas em 2016, pela renovação com a Globo ou pelo novo contrato com o Esporte Interativo.

Outro crescimento relevante foi o Vasco, mas a explicação está no fato de que em 2014 disputou a Série B e em 2015 participou da Séria A, o que gera uma mudança usual nomontante pago pela TV.

R$

milh

ões

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12 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Variação Anual

Receita de TV | Variações

Receitas com Direitos de TV

Nos gráficos ao lado fica ainda mais clara a discrepância apontada na página anterior.

Note o salto relevante nas Receitas nominais deAtlético MG e Cruzeiro, reafirmados na variação percentual anual apontada no gráfico abaixo.

O mesmo se aplica ao Vasco, por motivo diferente.

Outro clube que apresentou salto relevante foi o Santos, e nesse caso, como a renovação decontrato se deu formalmente em 2016, conforme anúncio entre as partes, não há explicação pública que justifique mudança de patamar, nem se o mesmo passa a ser seu novo valor.

Importante notar que os clubes mais regionalizados, com menor alcance de audiência e que fazem parte mais frequentemente dagangorra entre as Séries A e B, oscilam de forma mais relevante. Para esses clubes os contratos costumam ser anuais e a permanência na Série A mantém valores elevados, e a queda ouascensão mudam substancialmente o patamar de Receitas.

R$

milh

ões

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13 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Evolução da Receita Anual | Reais x Dólares Comparativo | 2015 x Mediana do Clube

Receitas | Venda de Direitos Federativos

Falando sobre Direitos Federativos, em 2015 as Receitas com a venda desses cresceu 17% em Reais. Nesse caso, como a maior parte das negociações relevantes em termos de valores ocorre com o Exterior, apresentamos o histórico de desempenho em Reais e em Dólares, visto que em 2015 houve desvalorização cambial sensível da moeda Brasileira.

Ainda que tenha apresentado crescimento em Reais, em Dólares verificamos redução de Receitas já em 2014 e nova queda em2015. Isto significa dizer que para o Clube estrangeiro o atleta Brasileiro ficou mais barato, enquanto que para o Brasileiro foi uma possibilidade de fazer mais caixa

Vários clubes se beneficiaram dessa situação, especialmente Cruzeiro, São Paulo, Atlético PR, Fluminense e Atlético MG. Nográfico ao lado comparamos as Receitas obtidas em 2015 com a mediana do clube entre 2010 e 2015. Optamos pela mediana porque a média distorce a conta para os clubes que tiveram um anode venda relevante, com valores menores nos demais, e mostra o que é o mais comum na vida financeira do clube.

R$

milh

ões

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14 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Receitas | Venda de Direitos Federativos

Participação no Total de Venda de Direito Federativo

Ampliando um pouco mais a análise da capacidade de negociação de Atletas e de como os clubes conseguem transformar uma Receita não recorrente em recorrente - ou, ao menos, de como alguns clubes se tornaram grandes exportadores de atletas –acumulamos as Receitas com Venda de Direitos Federativos de 2010 a 2015. Desse total, que nesse período alcançou a marca deR$ 2,4 bilhões, três clubes se destacam como os Maiores Vendedores de Direitos Federativos do País: São Paulo, Corinthians e Internacional.

Num segundo bloco destacam-se Santos e Cruzeiro, para num terceiro bloco virem os demais clubes listados. Curioso ver que o Flamengo, clube que sempre se destacou por revelar muitos atletas, possui baixo montante de Receitas com Venda de Direitos. A despeito de não ser a receita mais segura nem a melhor, uma vez que os clubes são obrigados a se desfazerem de atletas promissores para honrar com seus custos e despesas, se bem planejado pode ser uma fonte contínua de reciclagem de equipes e entrada de caixa para o clube.

Outro ponto interessante é o da concentração. Os 12 clubes que mais venderam atletas nesse período, e que estão representados no gráfico acima, somam R$ 2,1 bi ou cerca de 90% de tudo que foi arrecado com venda de atletas.

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15 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Receitas estabilizaram em termos nominais

...mas perdeu da inflação em 2015

Receitas | Publicidade R

$ m

ilhõe

s

Ano a ano o Futebol parece deixar de ser uma opção de investimento do mercado publicitário. Ao menos é isso que mostra o gráfico aolado, onde vemos desempenho bastante tímido dessas Receitas.

Apenas para ficar nos dois últimos anos, em 2014 o crescimento foi praticamente igual ao da inflação e em 2015 ficou 7% menor que a inflação.

Naturalmente que esse movimento tem relação com o cenário macro-econômico do País, que viu dois anos consecutivos de queda de PIB. Como os investimentos publicitários possuem correlação direta com o crescimento da economia, naturalmente que a queda de PIB reflete naredução do apetite do mercado publicitário como um todo.

Ainda assim, se o Futebol fosse uma espécie de porto seguro dos investimentos publicitários, em momentos de restrição de orçamento os agentes procurariam o esporte para aplicar seus recursos. Porém, não é isso o que ocorre.

Na tabela abaixo vemos que o Futebol se apropria muito pouco detodo o Investimento Publicitário feito no Brasil. Há certa estabilidade, mas parece faltar estratégias que façam o esporte absorver mais.

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16 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Flamengo e Corinthians recorrentes; Palmeiras crescendo de forma desproporcional

Receita de Publicidade x Torcedor (Base Ibope 2014)

Publicidade | Detalhe por Clube

R$ milhões

R$ / Torcedor

Claramente há dois clubes que se apropriam deboa parte das Receitas destinadas ao Futebol: Flamengo e Corinthians. Entretanto, em 2015 eles dividiram espaço com um novo entrante: o Palmeiras.

Fruto de um contrato calcado num único sponsor, o Palmeiras viu suas receitas com Publicidade crescerem 201% e se tornou a segunda maior receita publicitária entre osclubes Brasileiros, atrás apenas do Flamengo (R$ 85,5 milhões).

Entretanto, os valores nominais das Receitas com Publicidade precisam ser analisados sob a ótica do alcance. Na prática, uma marca associa seu nome a um clube buscando acessar sua torcida e o mercado associado ao Futebol. O que vemos no gráfico abaixo é a relação entre Receita com Publicidade e o tamanho dasTorcidas.

Note que os clubes de maior torcida –Flamengo, Corinthians e São Paulo – recebem entre R$ 2,40 e R$ 2,70 por torcedor – aomesmo tempo que clubes de torcidas menores, como Fluminense e Internacional, por exemplo, chegam a obter mais que R$ 7,00 por torcedor.

Fato é que parece haver uma distorção naaplicação dos recursos, ao menos na proporção entre valor e número de torcedores. Ou, osclubes são vistos de forma diferente, sendo que alguns vendem apenas para sua torcida, enquanto outros podem atingir o Futebol deforma mais ampla.

* Milhões de torcedores apurados na pesquisa Ibope de 2014

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17 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Evolução das Receitas...

Receitas | Bilheteria e Sócio Torcedor

...e sua composição, em valores nominais.

R$ milhões

Vamos falar sobre Bilheteria e Programas de Sócio Torcedor. Temos boas e más notícias.

A má notícia é que nos dois últimos anos as Receitas com Bilheteria e Sócios Torcedores – que são uma espécie de Bilheteria antecipada – perderam dainflação e tiveram queda real. Pequena, mas queda.

Entretanto, a boa notícia é que houve uma migração das Receitas vindas de Bilheteria pura para aquelas vindas dos programas de Sócio Torcedor. Esta migração é importante para o clube porque substitui uma receita menos certa por outra mais previsível. Ao aderir a um programa de fidelização, o torcedor secompromete a pagar mensalidade, cujo contrapartida é a possibilidade de comprar ingressos antecipadamente e a preços menores. Mas como nem todos conseguem os ingressos ou vão ao estádio, na prática é uma Receita de Bilheteria sem a presença de Público. Nesse sentido, o preço médio do ingresso deSócio Torcedor é da ordem de 15% menor que o ingresso avulso. Ou seja, é o desconto pela antecipação da receita.

Imagine uma situação hipotética onde o estádio está vazio. Para um clube sem programa de fidelização a renda da Bilheteria seria Zero. Entretanto. Com o programa, a receita já entrou com o pagamento da mensalidade. E se o clube arrecada R$ 2 milhões mensais e faz 4 jogos em casa por mês, então a renda desse jogo pode ser considerada de R$ 500 mil.

Em 3 anos a parcela de Sócios Torcedores saltou de 38% para 52% na composição da Receita com Bilheteria. Este é o tipo de Receita que o Clube precisa investir, trazendo para perto de si o Torcedor Sócio, que contribui espontaneamente e investe efetivamente no clube, e se afastando do Torcedor Organizado.

Dados corrigidos pelo IPCA para moeda corrente de 2015.

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Receita de Bilheteria | Comparativo por Clube

Nesse gráfico acompanhamos o comportamento dessas Receitas por clube. Na barra mais larga e mais clara estão as Receitas com Bilheteria (azul) e Sócio Torcedor (laranja) de 2014 e na barra mais estreita e escura as de 2015.

Alguns destaques são o Corinthians, que a despeito de perder a receita com Bilheteria e parte do Sócio Torcedor para o pagamento doEstádio, ainda mantém um bom volume de Receitas obtidas e não convertidas em bilheteria no dia do jogo. O Cruzeiro, no lado oposto, viu suas Receitas caírem drasticamente por conta do fraco desempenho esportivo em 2015. O que mostra que esportivo e financeiro andam de mãos dadas. Outro detalhe em relação ao Cruzeiro é que ele não divulga essa Receita detalhada entre Bilheteria e Sócio Torcedor, dificultando a análise.

Outros destaques são o programa de Sócio Torcedor do Internacional, que apresentou crescimento, as Receitas com Bilheteria do São Paulo, fruto do bom desempenho do time em parte do ano. E o maior destaque foi o Palmeiras, que viu suas Receitas com Bilheteria e Sócio Torcedor cresceram de forma brutal em 2015, respondendo ao novo estádio e ao time reformulado, que terminou o ano Campeão da Copa do Brasil.

R$

milh

ões

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19 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Sócio Torcedor | Relevância

Aqui vemos qual a proporção dos programa de Sócio Torcedor dentro das receitas totais com Bilheteria.

Enquanto alguns clubes conseguem praticamente 100% de suas Receitas com Sócio Torcedor, outros ainda engatinham e exploram pouco, ou mal essa modalidade.

Mas há uma explicação para alguns desempenhos. Os programas de Sócio Torcedor ainda são, efetivamente, uma forma de vender ingresso antecipadamente e com desconto. Geralmente funcionam melhor em clubes cujo oferta de assentos nos estádios é inferior à demanda. Isso está associado ao tamanho do estádio mas ao momento esportivo. Quanto melhor vai o clube, mais demanda há, e quanto menor for o estádio, maior o interesse do torcedor em tentar conseguir um lugar. Isso gera demanda e o programa de Sócio Torcedor permite vantagens na obtenção do ingresso.

Casos como os do São Paulo, Flamengo e Fluminense, que jogam para estádios com capacidade acima de 60 mil pessoas têm maior dificuldade em fazer com que o programa tenha sucesso, pois o torcedor sente que dificilmente ficará sem ingresso, exceto em poucos momentos, como definições eliminatórios de Libertadores, por exemplo.

Isto significa que os clubes precisam buscar alternativas que incrementem seus programas para trazer mais sócios, e sair da dependência do preço do ingresso para manutenção da base de associados.

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20 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Concentração Estável… …mas nominalmente, diferença aumentou.

Receitas | Concentração

Desde 2012, quando as Receitas com Direitos de TV tiveram um salto significativo, criou-se uma espécie de lenda na qual o Futebol Brasileiro passaria por uma “Espanholização”, fenômeno que ocorre na Espanha pelo qual os dois maiores clubes (Real Madrid e Barcelona) respondem por mais de 50% das Receitas Totais do Futebol daquele País.

Pois bem, passados 4 anos o que vemos é que essa é realmente uma lenda. Como sempre fazemos, dividimos o grupo de clubes em 4 blocos, sendo que os três primeiros contém as 15 maiores receitas, divididos de 5 em 5 e o quarto bloco acumula os demais clubes.

Note que o nível de concentração é bastante estável, oscilando muito pouco ano-a-ano. Os clubes podem mudar de Grupo – e a lista de 2015 é diferente de 2014, 2013, 2012...- mas a soma tem desempenho parecido.

Em nossas observações, no grupo dos 5 maiores quem sempre serepetem são Flamengo, Corinthians e São Paulo, o que pode significar certa resiliência e tendência a concentração, que na prática não seobserva. Em 2014 a maior receita foi do Corinthians, que passou a ser a 3ª maior.

Fato é que a ideia da “Espanholização” vinha associada ao valor recebido da TV, e o que temos observado é a capacidade dos clubes de buscarem outras Receitas que a anulam. Não significa que não haja diferenças nessa origem, mas sim que os clubes trabalham para minimizá-las. Por exemplo, a Venda de Direitos Econômicos e os programas de Sócio Torcedor.

R$

milh

ões

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21 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Receitas | Histórico por Clube

R$ milhões

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22 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Acima de R$ 250 milhões Entre R$ 100 milhões e R$ 250 milhões

Entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões Abaixo de R$ 50 milhões

Divisão dos Clubes por Porte

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23 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Custos Estáveis…

Custos e Despesas | EBITDA

Vamos ao assunto que os clubes cuidam pior: os Custos e Despesas.

Mas há uma luz no fim do tunel. Ou como dissemos no início, é Uma Nova Esperança! Após um desempenho muito ruim em 2014, onde o EBITDA consolidado caiu pela metade, em 2015 o trabalho parece ter sido bem feito. Além do crescimento das receitas visto anteriormente, os Custos mantiveram-se surpreendentemente comportados, praticamente estáveis em termos nominais, o que descontado a inflação significa que sofreram queda real. Isto permitiu que a Geração de Caixa crescesse 250%! Mesmo em termos Recorrentes o desempenho foi muito bom. Depois de dois anos seguidos com EBITDA Recorrente negativo, em 2015 o desempenho foi o melhor da amostra, desde 2010.

O que acreditamos é numa reação dos Dirigentes ao péssimo desempenho dos últimos dois anos, e a necessidade de organização das casas, controlando melhor os gastos, esperando a chegada do Profut, que promete acompanhamento duro do pagamento dasobrigações.

Importante ressaltarmos que em 2015 dois clubes, Palmeiras e Flamengo, responderam por 36% do EBITDA total, enquanto em2014 essa concentração entre os dois maiores, Flamengo e Botafogo, foi de 49%.

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eita

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tais

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…e parece sobrar dinheiro.

Rec

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Page 24: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

24 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Comportamento do EBITDA Recorrente | 2013 / 2014 / 2015

Graficamente fica claro como a maior parte dos clubes trata mal a questão dos Custos e Despesas. O EBITDA Recorrente é usualmente negativo na grande maioria, mas em 2015 vemos mais barras cinzas para cima, indicando melhoria nas gestões.

Mas atenção! A análise consolidada pode levar a interpretações equivocadas. A melhora do resultado consolidado namagnitude apresentada está concentrada em dois clubes, Palmeiras e Flamengo, que sozinhos representam cerca de 85% do EBITDA Total Recorrente. Logo, ainda há muito a ser feito para que a tendência positiva se torne realidade.

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25 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Despesas com Pessoal em queda... ...ajudando na equação do Profut

Custos e Despesas | Detalhamento

R$ milhões

20132014

2015

O que observamos é que a estabilidade dos Custos e Despesas, associado ao crescimento das Receitas, possibilitou enquadramento bastante rápido da relação entre Folha de Pagamento e Receitas. Nas nossas avaliações consideramos todas as receitas e todos osgastos com Folha de Pagamento, incluindo salários de todos os funcionários, e não apenas atletas, e direitos de imagem.

Desta forma, a relação entre Folha de Pagamento e Receitas Totais caiu de 57% para 50%. Se já estava enquadrada passou a ganharuma boa folga, ressalvada a questão do crescimento das Receitas sem explicações detalhadas, conforme mencionados anteriormente.

O que sempre foi uma preocupação parece estar se enquadrando. Mas é importante lembrar que os problemas dos Clubes não estão associados exclusivamente aos Custos e Despesas. Há uma componente importante chamada “Investimento” que drena caixa deforma bastante significativa, e em termos de fluxo de caixa costuma ser bastante danosa, porque o recurso sai antes para pagar a aquisição, afetando o caixa, que depois faltará para fechar a conta.

Por isso, vamos aos Investimentos.

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Investimentos perdem força… ...e as categorias de base não são prioridade.

Investimentos R

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Em termos gerais os Investimentos apresentaram o segundo ano consecutivo de queda, vindo de R$ 701 milhões em 2014 para R$ 588 milhões em 2015. Isto é bastante positivo quando analisado em conjunto com a queda de Custos e Despesas, pois mostra a preocupação no enquadramento das saídas de caixa às entradas (Receitas). Mas é importante lembrar que esta é uma visão consolidada, e ao analisarmos os clubes individualmente encontraremos casos que fogem a esta regra.

Uma relação importante é a dos Investimentos com o EBITDA. Por que? Porque o EBITDA é o que sobra das receitas depois depagar Custos e Despesas. Esse montante de recursos deve ser direcionado aos Investimentos, pagamentos de juros e dívidas. Quando a relação é maior que 100% significa que o clube investiu mais do que sobrou da sua gestão operacional. Isto indica aumento de dívidas e atrasos de salários e impostos, bem como necessidade de adiantamentos.

Com a relação em 80%, fruto da queda nos Investimentos e do aumento do EBITDA, certamente alguns clubes conseguiram fazer “sobrar” dinheiro para honrar dívidas, o que é mais um indicador de que as gestões estão mais preocupadas com solvência.

O ponto negativo é que os Investimentos continuam direcionados à formação de elenco. Enquanto 62% foram direcionados a contratações, apenas 16% acabaram nas Categorias de Base, que deveriam ser o grande foco dos clubes.

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Investimento por Clube | R$ milhões Acumulado | R$ 670 milhões

Investimentos |Categoria de Base

Falando em Categorias de Base, o São Paulo continua sendo o clube que mais investe nesse segmento. Não é à toa que continua sendo também quem mais faz receitas vendendo Direitos Federativos de Atletas. Nem todos são de sua base, mas quando os forma consegue obter resultados financeiros expressivos. Precisa passar a obter mais resultados esportivos, pois osobjetivos de uma boa categoria de base são (i) formar jogadores mais baratos, (ii) que evitem gastos excessivos para contratar atletas medianos, e (iii) conseguir fazer receita vendendo seus Direitos após algum tempo atuando pelo clube, o que ajuda a reciclar o investimento na estrutura.

É interessante observar como os demais clubes oscilam no investimento em Base. Nenhum mantém uma regularidade emníveis relevantes, nem o Santos, que tem se destacado na formação e utilização de atletas da Base.

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Dívidas D

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Mais um aspecto positivo observado em 2015 foi a desaceleração nocrescimento das Dívidas, que foi de 4%, bem abaixo da inflação. De fato, a sobra de EBITDA apresentada no item Investimentos gerou essa folga que manteve controladas as dívidas.

Destaques: crescimento das Dívidas Bancárias, que podem indicar melhor qualidade geral de alguns clubes, e queda das Operacionais, que em boa parte significa a transferência de atrasos em impostos correntes para alongamento via Profut.

Uma relação que se faz comumente é entre as Dívidas e o EBITDA, que emtese – muito em tese – mostra a capacidade de pagamento dessas dívidas. Quanto menor for a relação, mais facilmente o clube – ou a empresa – podemliquidar suas obrigações.

A manutenção das dívidas e o crescimento do EBITDA apontam relação mais saudável em 2015

Depois da explosão de 2014, quando as dívidas cresceram muito e o EBITDA veio para níveis muito baixos, em 2015 o cenário muda e a Alavancagem –relação entre Dívida e EBITDA – atingiu níveis mais racionais, praticamente voltando aos níveis de 2013.

Ainda há algum caminho a ser percorrido até que essa relação fique mais próxima do ideal, especialmente na dívida total, mas quando analisamos asOperacionais e as Bancárias, essa relação já começa a ficar sustentável, ainda que sejam dívidas de prazo mais curto e que necessitam de reciclagem com maior frequência.

R$

milh

ões

R$

milh

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Dívidas Tributárias

Dívidas Bancárias

Dívidas R

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O crescimento das Dívidas Tributárias está associado diretamente ao Profut. Veremos que alguns clubes atrasaram muitos tributos em 2015 esperando a renegociação e o alongamento, e isto explica porque crescem os Impostos de LP e caem os de CP.

Agora espera-se que o alongamento permita que essa dívida seja realmente paga no tempo. Veremos mais no capítulo dedicado ao Profut.

Nas Dívidas Bancárias notamos crescimento geral, tanto de curto como de longo prazo. É possível quealguns clubes tenham conseguido acessar linhas bancárias pela melhora de duas estruturas, e pode ser que osjuros mais elevados de 2015 tenham sido incorporados ao principal, aumentando o total. Considerando que o crescimento ficou abaixo do CDI médio do período, esta é uma explicação bastante possível.

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Clubes com Pagamentos em Dia

Dívidas | Operacionais R

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Clubes com Pagamento Supostamente Atrasado

Nas Dívidas Operacionais o que vemos é o crescimento de Fornecedores, em função deaquisições de atletas comprados de forma parcelada, e a redução de Despesas Provisionadas, indicando que os encargos e tributos correntes estão agora em dia, após passagem de parte para o longo prazo com adesão ao Profut.

Observamos que com o advento do Profut a grande maioria dos clubes equalizou os supostos atrasos de pagamento de encargos e impostos sobre remuneração. Lembrando que esta simulação que fazemos é um teste de sensibilidade relacionando Custos, Despesas Provisionadas e Despesas Administrativas, que aponta para a quantidade de dias que as Despesas Provisionadas giram. Não é definitivo, mas serve como orientação.

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Variação da Liquidez

Liquidez | Capital Circulante Líquido

Liquidez Capital Circulante Líquido é a diferença entre os Ativos Circulantes e os Passivos Circulantes. Trata-se do tamanho da pressão ou folga que o clube tem no curto prazo entre os valores que tem a receber (Ativos) e a pagar (Passivos).

Quanto maior for este número, mais folgada está a companhia, ou emoutras palavras, há condições de honrar todas as dívidas que vencem no próximo ano com os valores quer tem a receber no mesmo período.

O problema ocorre quando este valor é negativo, como vemos emtodos os Clubes Brasileiros da amostra. Isto significa que não hárecursos suficientes para pagar todas as dívidas no período, e isto implica que necessariamente o clube terá que adotar algumas práticas: i) rolar as dívidas; ii) atrasar pagamentos; iii) aumentar asdívidas de outra natureza – por exemplo, para pagar um Fornecedor terá que tomar dinheiro em Banco.

Considerando que o Profut ajudou a ajustar a liquidez de 2014, colocando boa parte das Dívidas Fiscais no longo prazo, o número de2015 reflete a real condição de liquidez dos clubes. E ela é ruim.

Como Adiantamentos de Contratos estão limitados, assim como atrasos de salários e encargos, restará aos clubes uma gestão árdua do fluxo para que as dívidas sejam pagas em dia. Isto transforma a gestão do caixa numa batalha diária, tomando muita energia dosgestores.

O que nos preocupa é que apesar de alguma melhora, há problemas estruturais e quanto maior o buraco, mais difícil é a solução, e emalguns casos tememos que possa ser insolúvel.

Mas como se ajustar?

Alongando passivos, reduzindo custos para pagar dívidas. Mais quesimplesmente equilibrar a relação Receitas/Custos, é preciso que fazer sobrar dinheiro para colocar a liquidez em ordem.

Repetindo: não será fácil.

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Mas nem tudo são flores | Uma introdução ao Fluxo de Caixa Livre

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O que é?

Valores

Um novo conceito: GASTOS TOTAIS e FLUXO DE CAIXA LIVRE

Proporção

As análises econômico-financeiras são instrumentos flexíveis de avaliação, baseados em estruturas rígidas, os demonstrativos financeiros. E são flexíveis porque devemos adotar variações e novas possibilidades dependendo da indústria que estamos acompanhando. No caso da Indústria do Futebol, temos buscado aplicar conceitos simplificados, utilizados para outras Indústrias, especialmente as do Setor de Serviços.

Ocorre que nesses anos de relatório percebemos que algumas avaliações apresentadas não abarcaram todas as variáveis de um Clube de Futebol no que dizrespeito à análise do Fluxo de Caixa. Buscando o aprimoramento da avaliação passaremos a trabalhar com o conceito de Fluxo de Caixa Livre, adaptado à realidade do Futebol.

O Fluxo de Caixa Livre inclui em sua composição algumas despesas que são tratadas usualmente como Investimentos, bem como outras que são mandatórias mas costumam ficar fora do radar, como as Despesas Financeiras e o Pagamento de Impostos Parcelados. Nesse caso, é fundamental passarmos a inclui-lo naconta, uma vez que a maioria dos clubes terá obrigações oriundas do Profut.

Num Clube de Futebol, os Investimentos em Categorias de Base e na Formação de Elenco (contratação de atletas) é praticamente mandatório, e contribui deforma significativa no aperto de caixa apresentado por eles ao longo do ano. Muitos clubes gastam a folga de caixa no início do ano e isto causará problemas deliquidez, que por sua vez geram atrasos de salários e impostos.

Resumidamente, o Fluxo de Caixa Livre será o resultado da soma entre Receitas Líquidas, Custos e Despesas, Investimentos em Base, Aquisição de Atletas e Despesas Financeiras. A partir de 2016, quando o Profut entrará em vigor, incluiremos o pagamento dessa dívida na conta.

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Receita X Gastos Totais Comportamento das Contas – Variações Anuais

Melhorou, mas ainda há déficit

Geração de Caixa Livre

O que é interessante desta conta é que podemos avaliar se realmente faltou ou sobrou caixa para o clube no período, em termos operacionais. Porque os investimentos citados são parte da estrutura operacional de um clube, e as Despesas Financeiras refletem a necessidade histórica de tomada de dívida para fechar o caixa, seja via Adiantamentos, seja via Dívida Bancária.

Se o saldo for positivo, então o clube geriu bem suas contas e sobrou dinheiro para pagar Impostos atrasados – olha o Profut ! – e liquidar Dívidas Bancárias, bem como reforçar o caixa para investimentos futuros. Se for negativo, então houve a necessidade decaptar recursos em algum lugar, e isto significa aumentar dívidas, consumir receitas futuras ou atrasar impostos e salários.

Analisando de forma consolidada, vemos que nos últimos 4 anos os clubes gastaram mais do que arrecadaram, sob esse conceito. Entretanto, vemos que depois de dois anos muito ruins (2013 e 2014), em 2015 o cenário parece inverter o sinal e começa a melhorar, reduzindo o déficit.

Avaliando cada conta separadamente, vemos que em 2014 o que ajudou a reduzir o tamanho do déficit foi o crescimento das Receitas e a redução dos Investimentos em Categorias de Base, com baixíssimo crescimento de Custos e Despesas e Aquisição de Atletas. Logo, ainda há espaço para melhorar, mas alguma coisa já vem sendo feita. É preciso acompanhar os próximos passos.

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Fluxo de Caixa Livre por Clube

Ao analisarmos os clubes individualmente notamos que há um outlier: o Flamengo. Na prática, são poucos os clubes que conseguiram manter a Geração de Caixa Livre positiva nos dois últimos anos. Além do Flamengo, Atlético PR e Goiás foram osúnicos. Para 2015, Bahia e Vitória reverteram o sinal da conta.

Alguns outros destaques são o Internacional, que reverteu um quadro muito ruim em 2014 e encerrou 2015 ligeiramente positivo. Corinthians, Santos, São Paulo e Cruzeiro também reduziram seu déficit em proporção considerável. O Atlético MG também é umdestaque positivo relevante, saindo de uma posição de elevado déficit para algum superávit.

Negativamente, o Fluminense merece citação, pois aumentou de forma relevante seu déficit.

Este gráfico mostra que ainda há muito a ser feito para recuperar por completo os clubes, mas boa parte já trabalha com esse objetivo.

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Clubes | Análises Individuais

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Alguns Conceitos Básicos

Ao avaliar os Balanços e Demonstrativos de Resultados dos Clubes nos deparamos com algumas repetições de ações e comportamentos que entendemos merecer uma breve introdução, pois facilitará o entendimento.

O primeiro aspecto que merece destaque é o que chamamos “Clube Regional”. Não há demérito nisso. Fazemos esta identificação pois notamos que hácaracterísticas econômico-financeiras que permeiam alguns clubes. Quando separamos estes clubes percebemos que tratam-se de times com menor alcance de torcida, normalmente de Estados menores em termos econômicos e que por isso mesmo se notabilizam por ter Receitas menores e erráticas, aomesmo tempo em que possuem condição econômico-financeira mais equilibrada, atuando dentro de suas possibilidades, sem dívidas, mas com poucos investimentos.

Um movimento que percebemos nos fluxos de caixa dos clubes está associado aos Recursos oriundos das Cotas de TV. Em geral, quando um clube não faz adiantamentos, as receitas com Cotas de TV são a única entrada de caixa deste assunto. Entretanto, repete-se com frequência o uso dos Adiantamentos dessas Cotas para fechar o caixa, de forma que na variação de NCG (Necessidade de Capital de Giro) vemos entradas de recursos por conta desses adiantamentos. Neste ano observamos que esta conta apresenta saída de caixa. Acreditamos que esta movimentação seja o reflexo dos Adiantamentos recebidos no passado. Ou seja, seria uma espécie de redutor da Receita de TV. Veremos isto em vários clubes.

Há também o que chamamos de Fontes Operacionais de Financiamento. Será muito comum vermos entradas de caixa na NCG fruto do aumento da conta Fornecedores, que em geral é pagamento parcelado da aquisição de atletas. A contrapartida dessa conta é o Investimento em Formação de Elenco, pois o clube fez a aquisição mas ainda não pagou. Ou seja, em algum momento terá que pagar e a efetiva saída de caixa se consumará. Problema empurrado para o futuro.

Outro aspecto que precisa ser avaliado é o da Geração de Caixa (EBITDA) e dos Investimentos. Entendemos que há um equívoco na forma como os Clubes, amparados pelo código contábil, classificam os custos com Categorias de Base e Investimentos em Atleta. Ao serem considerados como Investimentos, não transitam por Resultado. Desta forma, não compõem o EBITDA, o que muitas vezes da a sensação de que o clube está gerando muito caixa, quando naverdade parte relevante desse caixa já foi utilizado na manutenção de atividades das Categorias de Base ou mesmo na contratação de Atletas. Assim, a análise fria leva ao erro de acreditar numa eventual Geração de Caixa, que na prática não houve, pois parte desses gastos são recorrentes e necessários para a performance do clube.

E para finalizar precisamos relembrar que estes balanços apresentam algumas contabilizações que entendemos precisarem de ajustes, e por isso fazemos reclassificações de contas. Esta é a base de nossa análise: reclassificar as contas para que haja coerência e possibilidade de comparação. Isto significa fazer exclusões, mudanças de linhas e muito das nossas conclusões está baseado nas movimentações contábeis e avaliação dessas.

Então, vamos aos números.

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América Futebol Clube

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Crescimento de 37% nas Receitas Totais, impulsionado por Direitos de TVe Venda de Direitos Econômicos.

Na contramão, houve queda de Receitas com Publicidade, mesmo num ano em que o clube conseguiu subir para a Série A, o que reflete o momento difícil nesse segmento.

Valores em R$ milhões

Em contrapartida os Custos e Despesas cresceram 34%, o quepraticamente fez repetir o desempenho de 2014, com EBITDA negativo.

O que preocupa, além do próprio EBITDA negativo, é que sem a Venda deDireitos Federativos ele fica ainda pior, o que mostra que há um forte desequilíbrio nas contas do clube.

Positivamente, a Folha de Pagamento está enquadrada nas regras doProfut, e atingiram 61% das Receitas, abaixo dos 79% de 2014.

Isto significa que os demais Custos e Despesas são bastante elevados, destacadamente as Despesas Administrativas, que atingiram 27% das Receitas.

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40 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

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Composição da Dívida

O América não se utiliza de forma sistemática de Adiantamentos deTV ou Patrocínio. Na prática, como veremos no Balanço, ele mantém saldo de cerca de R$ 7 milhões deAdiantamentos que são renovados anualmente.

A variação negativa de R$ 3 milhões na NCG é meramente operacional.

Clube investiu cerca de R$ 8 milhões nas Categorias de Base em 2015, e praticamente nada nacontratação de Atletas para o elenco Profissional.

Para fechar as contas o Clube atrasou Impostos num montante de cerca de R$ 11 milhões. Além disso, tomou novas Dívidas Bancários da ordem de R$ 14milhões.

Valores em R$ milhões

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41 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Encruzilhada

América Futebol Clube

O América apresentou desempenho econômico-financeiro em 2015 bastante parecido com o de 2014. Ou seja, manutenção da operação com déficit que vem sendo resolvido via aumento de Dívidas Tributárias e Bancárias. O clube não tem conseguido ajustar suas contas, operando sempre acima da capacidade financeira. O que tem feito de positivo é aumentar investimentos nas Categorias de Base, além de ter feito a venda de um terreno que deve gerar um bom caixa ao longo do tempo, estimado em cerca de R$ 18 milhões. Isto deve aliviar as contas em algum momento, mas é uma solução de médio prazo. No curto prazo deixa de ter uma fonte ruim mas recorrente que é o atraso de Impostos. Ao aderir ao Profut terá que manter a casa em ordem. Desafio grande para quem retornou à Serie A em 2016, e para se manter terá que investir.

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América Futebol Clube

Balanço auditado por Mário Tércio Giori Guimarães

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Clube Atlético Mineiro

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O Atlético MG apresentou crescimento de 37% nas Receitas Totais, impulsionado pelo aumento de 41% nas Receitas com Direito de TV. Conforme mencionamos no capítulo das Receitas, não vemos motivo claro que justifique este aumento, exceto pelo recebimento de luvas por uma hipotética renovação do contrato.

A venda de Direitos Econômicos também impulsionou o crescimento, pois foram R$ 34 milhões acima do número de 2014. Negativamente, vemos a queda de 30% nas Receitas com Publicidade, reflexo do cenário macroeconômico.

Houve dois movimentos importantes que alteraram de forma até surpreendente o desempenho do Atlético MG em 2015. O primeiro foi o jámencionado aumento das Receitas. Mas também houve uma importante redução de Custos e Despesas, da ordem de 18%.

Parece claro que o clube fez parte do seu dever de casa, ajustando a posição de Custos e Despesas, mas também devemos ter em mente que o crescimento surpreendente das Receitas de TV potencializou a melhora, que precisa se provar sustentável no longo prazo.

E considerando os movimentos acima, a Folha de Pagamento caiu deforma relevante na comparação com as Receitas, de forma que em 2015 passou a se enquadrar nos limites do Profut.

Valores em R$ milhões

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45 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

a

b

c

Composição da Dívida

Em 2015 o comportamento das contas de Capital de Giro pode serconsiderado normal, uma vez queas variações foram módicas. Não identificamos adiantamentos dequalquer natureza.

Diferente do observado em 2014, quando o clube investiu R$ 28milhões na contratação de atletas, em 2015 esse número caiu para R$ 9 milhões, com mais R$ 2 milhões investidos nas Categorias de Base.

Dessa forma, o que vemos foi umpequeno aumento nas Dívidas Bancária e com Impostos. Nocaso dos Impostos está associado à adesão ao Profut, o que possivelmente ensejou incluir dívidas que estavam off balance - é comum, para casos emdiscussão judicial.

Importante ressaltar que o clube paga um volume elevado deDespesas Financeiras, queconsomem parte relevante doEBITDA (70%).

Valores em R$ milhões

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46 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Ser ou não ser

Clube Atlético Mineiro

A análise do Atlético MG é bastante complexa, pois envolve uma série de detalhes que contribuem mais para confundir que para elucidar. Por um lado vemos crescimento de Receitas, mas parte amparada por Venda de Direitos Econômicos, e parte por um incremento da Receita com TV que é incomum e não conseguimos avaliar se será recorrente. Na mesma rota vimos uma gestão que cortou Custos e Despesas e reduziu Investimentos, possibilitando aumento expressivo da Geração de Caixa. Entretanto, por conta da frágil condição financeira, que apresenta uma estrutura descapitalizada e com elevado endividamento, as Despesas Financeiras do clube são elevadíssimas, consumindo parte relevante da “economia” obtida com as ações citadas acima. Além disso, vimos no início de 2016 o clube fazendo uma série de aquisições de atletas que podem voltar a desequilibrar a geração de caixa. Dessa forma, entendemos que o Atlético MG precisa deixar sinais mais claros sobre qual caminho pretende seguir: o da austeridade ou o do título a qualquer custo.

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Clube Atlético Mineiro

Balanço auditado por Soltz, Mattoso e Mendes

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Clube Atlético Paranaense

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Receitas do clube se mantiveram praticamente estáveis em 2015, com pequenas oscilações dentro de cada origem. Não houve destaques relevantes nesse sentido.

Entretanto, é importante ressaltar que o Atlético PR depende bastante daVenda de Direitos Econômicos na composição de suas receitas. Em 2014representou 26% do total e em 2015 passou a 29%, de forma a ser mais importante que a receita com TV. Considerando sua não recorrência, é um sinal de alerta que se acende.

Seguindo a tendência das Receitas, os Custos e Despesas permaneceram praticamente estáveis, com leve queda.

Ao compararmos o EBITDA com o EBITDA Recorrente nota-senovamente que há uma dependência da Venda de Direitos Econômicos na composição da geração de caixa, pois tanto em 2014 como em 2015, sem essas Receitas, o clube teria apresentado EBITDA negativo.

Como não houve mudança significativa nas estruturas de Receitas e Custos, então o clube manteve a relação entre Folha de Pagamento e Receitas inalteradas e enquadradas na demanda do Profut.

Valores em R$ milhões

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50 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

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Composição da Dívida

Em 2015 os Adiantamentos consumiram caixa. Como havia adiantado recursos de TV emoutros anos, em 2015 foi momento de “devolver”, assim como em2014. Na prática, significa quehouve uma redução nas Receitas apontadas como vindas da TV. Foram R$ 11 milhões.

Nas contas de Capital de Giro, movimentações naturais, sendoque a maior parte dos R$ 8 milhões de saída foram para pagarFornecedores.

Dobrou o valor investido emrelação a 2014. Foram R$ 8 milhões no total, divididos entre Base e Profissional.

Ainda dentro de investimentos, mas especificamente em estrutura (Capex), foram investidos mais R$ 35 milhões. O movimento mais relevante apontado no balanço refere-se a compra de terrenos.

Com tantas saídas, o EBITDA deR$ 31 milhões foi consumido e setransformou numa necessidade adicional de Dívida de R$ 38milhões, que foi captada junto a Bancos.

As demais dívidas tiveram poucaoscilação. Destaque para a redução nas Dívidas Operacionais, com o pagamento deFornecedores, citado anteriormente.

Valores em R$ milhões

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51 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

No fio da navalha

Clube Atlético Paranaense

O desempenho de 2015 veio muito parecido com o de 2014 em termos de Receitas e Custos. Mas muito apoiado em Receitas de menor previsibilidade. A situação parece sob controle, mas desconsiderar esta questão das Receitas com Venda de Direitos Econômicos é um risco. Na prática, o clube se movimenta no fio da navalha. Além disso, seguiu com uma política de investimentos em estrutura que é positiva no longo prazo mas aperta o fluxo de caixa até chegar lá. E esse investimento, bem como a reforma e conclusão da Arena da Baixada, foram financiados em boa parte com Dívida Bancária. Ou seja, o clube que mantém uma situação equilibrada hoje pode se apertar a qualquer momento, pois não trabalha com folga de caixa. Há que se atentar para isso e buscar esse conforto para evitar situações delicadas.

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52 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Clube Atlético Paranaense

Balanço auditado por BDO

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53 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Avaí Futebol Clube

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54 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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Receitas apresentaram crescimento de 48%, fortemente impulsionadas pelo aumento nas Receitas com TV.

Este aumento está associado ao retorno do clube à Série A, onde as receitas de transmissão são maiores. Os clubes de menor torcida costumam fechar seus contratos anualmente com TV para o Campeonato Brasileiro, e isto causa oscilações como a observada em 2015.

Demais Receitas não apresentaram movimentação relevante, exceto a quedanas Receitas om Publicidade, refletindo momento econômico do País.

Se as receitas cresceram 48%, a gestão de Custos e Despesas foi muito ruim. Estas contas apresentaram crescimento de 87%, mostrando total descontrole.

Com isso a Geração de Caixa que sempre foi timidamente negativa, explodiu e atingiu níveis comprometedores para as finanças do clube.

Importante notar que este descontrole fez com que a relação entre Folha de Pagamento e Receitas saltasse de 64% para 91%, ficando assim desenquadrada dos parâmetros mínimos do Profut. Sinal de alerta ligado.

Valores em R$ milhões

Page 55: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

55 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

a b

c

Composição da Dívida

O clube teve que se valer definanciamentos operacionais, notadamente Despesas Provisionadas, o que denota atraso de cargos e impostos, para ajudar a fechar as contas.

O clube manteve o nível deinvestimentos nas Categorias deBase mas não fez nenhum grande movimento na contratação deatletas.

Partindo de um EBITDA negativo, as soluções acabam sempre emaumento de Dívidas.

Notamos aumento nasOperacionais, conforme jámencionado e em Impostos. Cerca de R$ 9 milhões foram supostamente atrasados como forma de compor o caixa e compensar o EBITDA negativo.

Valores em R$ milhões

Page 56: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

56 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Muito risco por nada

Avaí Futebol Clube

O Avaí é daqueles clubes que usualmente chamamos de “regionais”. Ou seja, são aqueles de alcance de torcida limitado à sua região e Estado. Não há demérito nisso, mas limita muito a capacidade de ampliar suas Receitas. Em 2015 o clube parece ter errado a mão. Mesmo com o aumento de Receitas, abusou na gestão de Custos e Despesas, com elevação de Salários, possivelmente na busca de melhor desempenho na Série A. Mas não obteve êxito, na medida em que foi rebaixado à Série B. Gerir dessa forma coloca em risco a solvência do clube. No momento em que o Profut coloca restrições aos dirigentes, é preciso muito cuidado na gestão para evitar riscos desnecessários.

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57 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Avaí Futebol Clube

Balanço auditado por AudiBanco

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58 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Esporte Clube Bahia

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O Bahia apresentou crescimento de cerca de 17% nas Receitas, com oscilações em algumas linhas.

O que se observa é a manutenção da dependência de Receitas com TV(58%) e um pequeno aumento da participação de Publicidade, saindo de2% para 7%. Além disso, a venda de Direitos Econômicos (Transação de Atletas), cresceu quase 50% e passou a representar 15% dasReceitas do clube.

Positivamente, em termos de geração de caixa, o Bahia se comportou muito bem em 2015. Com incremento de Receitas e forte redução deCustos e Despesas, o clube conseguiu gerar caixa tanto recorrente como não recorrentemente.

Nota-se claramente a redução nas Despesas com Folha de Pagamento, que inclusive sofreram forte queda na relação com as Receitas, de 77% para 50%, enquadrando-se assim nas métricas do Profut.

Valores em R$ milhões

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60 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

a

b

c

Composição da Dívida

Com a boa geração de caixa o clube não precisou deAdiantamentos. Pelo contrário, em termos de TV foram consumidos R$ 6 milhões deadiantamentos passados.

Em termos de contas de Giro, houve forte ajuste nas Despesas Provisionadas, possivelmente impactados pela adesão ao Profut – estimamos que encargos trabalhistas foram colocados emdia e/ou alongados – e restou umvalor a receber por venda deatletas.

O clube investiu bom montante em Categorias de Base (R$ 7 milhões) e foi mais comedido naformação de elenco profissional. Atitude correta para quemparticipou da Série B.

Valores em R$ milhões

Todas essas movimentações teriam gerado impacto negativo (aumento) na Dívida, mas houve entrada de R$ 12 milhões referentes à venda de um terreno e isso contribuiu para que asDívidas fossem reduzidas.

Desta forma, todas apresentaram queda, fato bastante positivo.

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61 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Colocando a casa em ordem

Esporte Clube Bahia

O Bahia apresentou um comportamento bastante bom em 2015. Operacionalmente conseguiu aumentar suas Receitas, reduziu Custos e Despesas e assim gerou mais caixa e de forma consistente. Fez investimentos corretos, liquidou dívidas, aderiu ao Profut. O desafio agora é manter esta política de austeridade sem ter sucesso esportivo, uma vez que segue no 2º ano jogando a Série B. Mas persistência e paciência andam junto com processos de ajuste, pois o resultado aparece apenas no longo prazo. Um clube saudável, equilibrado, tem mais chances de permanecer por mais tempo disputando a Série A.

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62 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Esporte Clube Bahia

Balanço auditado por Performance

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63 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Botafogo de Futebol e Regatas

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O desempenho do Botafogo em termos de Receitas foi sofrível, com queda de 25% nas Receitas Totais. Exceto pelos Direitos de TV, que cresceram 10%, as demais receitas relevantes sofreram forte queda: Publicidade (-73%), Venda de Direitos Econômicos (-61%), Bilheteria (-33%).

Este foi, possivelmente o efeito de ter participado da Série B. Mas note que as Receitas com TV, que normalmente sofrem redução quando hárebaixamento, aumentaram, o que pode ser efeito de Pay per view oumesmo luvas de novos contratos..

Os Custos e Despesas sofreram redução de 15%. Ainda que não tenha sido na mesma magnitude das Receitas, a redução foi suficiente para manter o nível de geração de caixa positivo, mas inferior ao desempenho 2014. De qualquer forma, nota-se o esforço na manutenção do equilíbrio operacional.

O grande problema do Botafogo nem é a Folha de Pagamento. Tanto em2014 como em 2015 a relação dessas Despesas com as Receitas ficou próxima a 30%, o que é muito bom. Entretanto, o volume de Despesas Gerais e Administrativas foi elevado em 2015. Ainda assim, a relação geral é positiva.

Valores em R$ milhões

Page 65: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

65 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

a

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c

Composição da Dívida

Apesar da geração de caixa positiva, o clube precisou adiantar recursos da TV (R$ 17 milhões) porque teve volume expressivo desaídas de giro. Foram R$ 49milhões, que incluem ajustes emcontratos de patrocínio, uso dodireito de imagem, impostos a recuperar, entre outros. São movimentos de caixa queimpactam o clube.

Os investimentos se comportaram bem, abaixo do que foi investido em 2014 e compatíveis com a disputa da Série B.

Assim, o comportamento dasDívidas foi até positivo. AsBancárias permaneceram estáveis, enquanto asOperacionais e com Impostos sofreram redução por conta daadesão ao Profut, que permitiu alongamento e perdão deencargos. Ainda assim os valores são incompatíveis com a capacidade de pagamento degeração de resultados do clube.

Valores em R$ milhões

Page 66: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

66 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Como será o amanhã?

Botafogo de Futebol e Regatas

Responda quem puder. A situação geral do Botafogo é muito complicada. Se por um lado há o esforço em manter um equilíbrio entre Receitas e Custos, o que vem permitindo gerar um caixa operacional, por outro isso enfraquece o clube, uma vez que lhe sobra menos capacidade de investimento. Ao mesmo tempo as Dívidas são muito pesadas, incompatíveis com a capacidade de pagamento, mesmo após adesão ao Profut. Ou seja, há um círculo vicioso em andamento, pelo qual o clube investe pouco, tem desempenho esportivo fraco, isso gera menos receitas e essas receitas precisam servir uma dívida monstruosa, o que faz com que sobre menos dinheiro para investimentos, e isso enfraquece o clube... Isto significa jogar para cada vez menos torcida, de forma que o clube vai encolhendo a cada ano. Mas, voltando a pergunta: o destino será como Deus quiser.

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67 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Botafogo de Futebol e Regatas

Balanço auditado por UHY Moreira Auditores

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68 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Associação Chapecoense de Futebol

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Muito bom desempenho das Receitas, com crescimento de 34% em2015. O grande impulso se deu nas Receitas com TV, que cresceram 51%. Como os contratos são renovados anualmente, o bom desempenho que o clube vem tendo esportivamente ajuda nosaumentos. TV representa 54% do total.

Receitas com Publicidade também cresceram mas representam pouco do total. Destaque também para a Bilheteria, que representa 23% dototal e se manteve estável em 2015.

O clube trabalha de forma equilibrada. Veja que o EBITDA fica sempre em torno do break-even, e os Custos e Despesas se comportaram deacordo com as Receitas, bastante previsíveis.

Isso permite que o clube atue dentro das premissas do Profut, com Folha Salarial representando perto de 70% das Receitas.

Valores em R$ milhões

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70 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

a b

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Composição da Dívida

Valores em R$ milhões

O clube é bastante equilibrado e não se utiliza de adiantamentos.

Clube investe dentro de sua capacidade, e em 2015 utilizou maior parte dos recursos na Base.

Volume de Dívidas muito pequeno, maior parte Operacionais e quecresceram em função do aumento daFolha de Pagamento.

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71 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Exemplo para os pares

Associação Chapecoense de Futebol

A Chapecoense é daqueles clubes que sabe das suas limitações em termos de alcance de torcida e Receitas. E faz um trabalho excepcional, considerando essas limitações. Equilibrado, gastando apenas o que arrecada, consegue mobilizar a cidade e fazer boa Receita com Bilheteria. Montando equipes competitivas, se mantém na Série A e obtém Receitas mais consistentes da TV. Gestão consciente e cujo resultado se vê nos balanços e em campo.

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72 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Associação Chapecoense de Futebol

Balanço auditado por RL Solutions

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73 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Sport Club Corinthians Paulista

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74 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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O Corinthians apresentou crescimento de 16% nas Receitas, com bom desempenho em praticamente todas as linhas. Os Direitos de TVcresceram 12%, a Venda de Direitos Econômicos saltou 26% e o destaque foi a parcela de Sócios Torcedores cuja receita entrou no caixa do clube e não foi revertida em ingressos nos jogos.

A TV ainda representa a maior parte das Receitas (41%).

Operacionalmente o desempenho de 2015 foi melhor que o de 2014. Ainda que os Custos e Despesas tenha crescido (+ 4%) ficaram abaixo da variação das Receitas e isso permitiu que a geração de caixa fosse melhor, ainda que abaixo das possibilidades apresentadas em outros anos. Lembrando que 2013 foi o último ano onde a Receita integral daBilheteria ficou com o Clube.

Positivamente a Folha de Pagamentos é comportada e fica abaixo de50% das Receitas. Entretanto, há uma conta chamada “Serviços deTerceiros” que tem valor relevante – chegou a R$ 43 milhões em 2015 –que não tem detalhamento e está considerada em Outras. Se houver associação com Folha de Pagamento, a relação com as Receitas sobe para 67%, ainda assim dentro do permitido pelo Profut.

Valores em R$ milhões

Page 75: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

75 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

a

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Composição da Dívida

Apesar da geração de caixa positiva, o clube precisou deAdiantamentos de TV nacomposição do caixa. Foram R$ 31 milhões.

Em termos de contas de giro, houve saída de R$ 15 milhões, emdiversas contas, que vão dofinanciamento da venda deatletas, passando por direitos deimagem, entre outras movimentações.

Os investimentos foram bem mais modestos que os apresentados em 2014. A Base saiu de R$ 27milhões para R$ 7 milhões, enquanto o Profissional recebeu R$ 14 milhões em aquisições deatletas.

Algumas dívidas cresceram muito. Vale ressaltar que apesarde parte das necessidades decaixa terem sido supridas comAdiantamentos de TV, o clube pagou R$ 41 milhões emDespesas Financeiras e investiu R$ 15 milhões em Estrutura física. Logo, houve necessidade deaumentar as Dívidas Bancárias, para fechar a conta.

Nos Impostos o salto representa a adesão ao Profut.

Valores em R$ milhões

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76 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

A conta do estádio chegou

Sport Club Corinthians Paulista

Em algum momento a conta do estádio chegaria. E de fato, ela já se apresentou. E será mais dura a cada ano. O clube está abrindo mão de cerca de R$ 90 milhões* anuais em receitas de Bilheteria e propriedades do estádio que estão sendo direcionadas para o pagamento das dívidas de construção do estádio. Isto faz muita falta. Toda a folga operacional que o clube mostrou em 2012 e 2013 foi perdida e a geração de caixa caiu a níveis incompatíveis com o porte do clube. Para piorar a situação, a partir de 2016 ocorrerão pagamentos mais significativos de principal e juros dos financiamentos, que somam cerca de R$ 120 milhões anuais, conforme divulgado pela imprensa*. Ou seja, há um déficit potencial de cerca de R$ 30 milhões que precisam ser pagos pelo Clube. O fato é que com menor poder financeiro, há restrições de investimentos. Com a necessidade de aumentar o endividamento e receber adiantamentos de TV para fechar as contas, as Despesas Financeiras cresceram absurdamente e isso também colabora para deteriorar ainda mais a situação. Resultado: o clube foi Campeão Brasileiro, a despeito disso. Mas teve que abrir mão de grande parte do elenco no início de 2016 para restringir a saída de caixa, pois nesse ano as contas do estádio causarão novos danos ao caixa do clube. Mas veja que os Investimentos em 2015 já foram bastante modestos e devem repetir a dose em 2016 e enquanto durar o estoque de dívida do estádio. A situação não é nada confortável, e o clube precisa manter os pés no chão, controlar ainda mais os gastos e contar com o incremento de Receitas da TV, que terá crescimento em 2016, para fechar essa conta. E ainda terá que se manter disputando os campeonatos com chance de conquistas para que sobre receita para pagar o Estádio. A vida não está fácil pelos lados da Zona Leste de São Paulo. *Matéria da site da Revista Época de 01/04/16 assinada pelo jornalista Rodrigo Capelo

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77 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Sport Club Corinthians Paulista

Balanço auditado por Parker Randall Brasil

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78 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Coritiba Foot Ball Club

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As Receitas do Coritiba permaneceram estáveis em 2015. A variação foi mínima em todas as contas, de forma que não há destaques.

Proporcionalmente, as Receitas de TV representam a maior parcela, com 45% do total, seguido de Bilheteria, com 35%. Ou seja, o mix dereceitas do clube é pobre, com muita concentração nessas duascitadas.

A despeito disso, os Custos e Despesas se comportaram bem, ficando24% abaixo do observado em 2014. isto permitiu ao clube gerar caixa, diferente do observado no ano anterior.

Vemos que a Folha de Pagamento caiu drasticamente quando comparada às receitas, saindo de 75% em 2014 para 59% em 2015, enquadrando-se assim nas demandas do Profut.

Valores em R$ milhões

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80 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

a b

c

Composição da Dívida

O Clube não se utilizou deAdiantamentos de TV para fechar suas contas e nem teve movimentações relevantes emgiro.

Apresentou bom nível deinvestimentos nas Categorias deBase, mas reduziu o destino para o Profissional, o que é um sinal de boa gestão.

As Dívidas com Impostos cresceram, fruto de novos atrasos em 2015 e que foram incorporadas ao Profut ao final doano.

Esses atrasos tiveram quecompensar o elevado valor pagocomo Despesas Financeiras.

As demais dívidas sofreram redução, sendo que parte dasOperacionais também foram alongadas no âmbito do Profut.

Valores em R$ milhões

Page 81: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

81 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Chegando ao limite

Coritiba Foot Ball Club

O Coritiba parece ter encontrado seu limite em termos de crescimento. Se avaliarmos apenas as Receitas Recorrentes o clube praticamente repete seu desempenhos nos últimos 4 anos, mostrando que há pouco a fazer para sair desse patamar. O desafio é conseguir manter os Custos e Despesas comportados, dentro da capacidade do clube, e investir nas Categorias de Base para formar elenco dentro de suas possibilidades e eventualmente vender Direitos de Atletas para reforçar o caixa e a equipe. Se entender que esta é a realidade, pode ter vida longa na Série A.

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82 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Coritiba Foot Ball Club

Balanço auditado por Mazars

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83 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Criciúma Esporte Clube

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A queda para a Série B foi um verdadeiro furação na vida do Criciúma. As Receitas caíram 57%, especialmente as com TV, onde o clube “perdeu” mais de R$ 20 milhões!

As demais Receitas até que se comportaram dentro da normalidade, mas insuficientes para manter o poder financeiro do clube.

E por mais que tenha feito esforço em reduzir Custos e Despesas, ainda assim ficaram acima das Receitas, de forma que a geração de caixa foi negativa, depois de anos operando dentro do equilíbrio.

Naturalmente a Folha de Pagamento ficou incompatível com o tamanho do clube, de forma que ela sai de uma situação confortável em 2014para o desastre em 2105.

Valores em R$ milhões

Page 85: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

85 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

a

b

c

Composição da Dívida

Como a TV faz contratos anuais, e ainda houve forte queda no valor, não há adiantamentos. As contas de giro permaneceram dentro doesperado.

Pouco investimentos e na Base. Aomenos o caminho está correto.

As Dívidas se comportaram bem. Não há Dívidas com bancos e mesmo as Operacionais diminuíram com a redução nominal na Folha de Pagamentos.

Para fechar as contas o clube recebeu aporte de uma empresa, que deve ter ligação com algum torcedor/patrono do clube.

Valores em R$ milhões

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86 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Ajuste Difícil

Criciúma Esporte Clube

Cair para a Série B é um retrocesso financeiro incrível. Por isso os clubes se esforçam e até exageram para permanecer na Série A. O Criciúma é uma vítima. Por mais que tenha feito ajustes nos Custos e Despesas, ainda assim há contratos mais longos que não podem ser cancelados e isto implica em custos que se perpetuam no tempo. Esta é uma possibilidade. A outra é que o clube decidiu investir em salários e empréstimos de atletas para tentar retornar à Série A e não obteve êxito. Se foi isso, foi um erro, mesmo com dinheiro de patrono. O Futebol precisa de coerência. Coerência que sempre foi aplicada pelo próprio Criciúma, que se manteve equilibrado nos anos anteriores. Precisa voltar a ser.

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87 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Criciúma Esporte Clube

Balanço auditado por OMV Auditores Independentes

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88 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Cruzeiro Esporte Clube

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Receitas do Cruzeiro cresceram 30%, aumento bastante acima da média dos clubes em 2015, impulsionado por duas das Receitas: TV (+101%!) e Venda deDireitos Econômicos (+179%!).

O comportamento da Venda de Direitos é compreensível, após o Bi-Campeonato Brasileiro onde alguns atletas tiveram destaque. Agora, o aumento das Receitas com TV nessa magnitude não tem explicação dentro do contexto usual.

O destaque negativo foi a queda de 50% na Bilheteria. O clube chegou àsQuartas-de-final da Libertadores, mas o desempenho no campeonato Brasileiro foi fraco, desestimulando o torcedor a ir ao estádio.

Os Custos e Despesas permaneceram praticamente estáveis. Dessa forma, com o forte incremento de Receitas o clube conseguiu reverter umcomportamento histórico e gerou caixa em 2015. Ainda assim, em termos recorrentes manteve a condição de degeração de caixa, o que mostra que estruturalmente ainda há ajustes a fazer.

O Clube já operava com a Folha de Pagamentos dentro da regra estabelecida pelo Profut, e com o incremento de Receitas ganhou uma folga.

Valores em R$ milhões

Page 90: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

90 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

a

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Composição da Dívida

Além da ótima geração de caixa, o clube ainda teve algumas liberações operacionais, tais como recebimento de vendas deatletas (Clientes) e financiamento de aquisição de Atletas.

De outro lado, consumiu R$ 25milhões que haviam sido adiantados da TV em anosanteriores.

O investimento apresentou salto relevante, em todas as frentes. Para a Base foram direcionados R$ 13 milhões e para reforçar o elenco mais R$ 42 milhões! Asvendas que geraram aumento dereceitas foram quase todas reinvestidas em novos atletas profissionais.

Financiamento para Investimentos veio do atraso de Impostos. Foram R$ 41 milhões em 2015, que apósadesão ao Profut geraram aumento importante na Dívida com Impostos.

Positivamente, a Dívida Bancária continua em queda e asOperacionais permaneceram praticamente estáveis.

O clube ainda apresentou entradas de caixa de cerca de R$ 15 milhões, sem detalhamento deorigem.

Valores em R$ milhões

Page 91: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

91 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Alerta na Toca

Cruzeiro Esporte Clube

O Cruzeiro apresentou dados econômico-financeiros bastante conflitantes. No lado das Receitas viu crescimentos que tendem a não serepetir, como Venda de Direitos e o valor adicional da TV, ao mesmo tempo que perdeu muita Receita com Bilheteria, que vinha sendo umdestaque nos anos anteriores.

Por conta das sobras investiu muito, supostamente atrasou Impostos e viu sua Dívida Tributária, alongada no âmbito do Profut, crescer e esta passará a exigir mais do clube. Além disso, as dívidas pesam nas Despesas Financeiras, que consomem montante relevante de caixa doclube.

Ou seja, não há clareza na longevidade das receitas e nem qual é a política de investimentos do clube. As fontes externas de financiamento secaram, e então o clube deveria colocar os pés no chão e se adequar a uma realidade de Receitas que deve ser diferente da apresentada em2015.

O clube precisa mudar sua postura e fugir da zona de risco em que se coloca há algum tempo.

Page 92: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

92 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Cruzeiro Esporte Clube

Balanço auditado por Dênio Lima e Mário Guimarães

Page 93: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

93 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Figueirense Futebol Clube

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94 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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Se manter na Série A possibilita manter boas Receitas, ainda que exija mais Custos e Despesas. Em 2015 o Figueirense viu suas Receitas cresceram 14%, impulsionado pelo aumento na TV (+30%) e esta continua sendo o carro chefe, representando 51% do total..

As demais linhas de Receita permaneceram praticamente estáveis, sem destaques.

Positivamente o clube reduziu Custos e Despesas em 17%, o quepossibilitou reverter a incômoda posição de degerador de caixa nosúltimos 3 anos.

Naturalmente, observa-se queda relevante na Folha de Pagamento, cuja relação com as Receitas caiu de 65% pra 47%.

Valores em R$ milhões

Page 95: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

95 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

a

b

c

Composição da Dívida

Parte da geração de caixa foi “devolvida” com os ajustes nosAdiantamentos de TV. Foram R$ 11 milhões adiantados que em2015 reduziram a entrada de caixa do clube.

Para compensar recebeu Adiantamentos de contratos dePatrocínio em R$ 6 milhões.

Em 2015 investiu R$ 7 milhões noelenco profissional, acima do quefoi investido em 2014. Possivelmente para montar umelenco que permitisse a manutenção da equipe na Série A.

Parte das necessidade de caixa foram supridas com atrasos deImpostos, posteriormente alongados no âmbito do Profut.

Positivamente, as Dívidas Bancárias e Operacionais permaneceram estáveis.

Valores em R$ milhões

Page 96: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

96 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Nadando contra a maré

Figueirense Futebol Clube

Vimos em 2015 um Figueirense um pouco diferente dos anos anteriores. Mais contido na gestão de Custos e Despesas, investiu mais para ter um elenco reforçado e que permitisse se manter na Série A. O desempenho em 2015 foi no limite, mas o objetivo foi alcançado. O clube não só precisa manter a boa postura de austeridade, mas reforça-la, reduzindo investimentos, ajustando fluxo de caixa para evitar ter que recorrer a fontes externas para recompor o caixa, como Adiantamentos e novos atrasos, o que não será permitia no âmbito do Profut. A conferir.

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97 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Figueirense Futebol Clube

Balanço auditado por Mazars

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98 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Clube de Regatas do Flamengo

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99 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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O crescimento das Receitas foi modesto, atingindo 4%. Não houve grandes destaques, exceto o incremento de 11% nas Receitas de TV,possivelmente reajuste inflacionário. Há um equilíbrio na geração deReceitas entre TV (38% do total), Publicidade (25%) e Bilheteria (22%).

Isso mostra que a maior parte das Receitas atingiu seu pico, e apenasum bom desempenho em campo pode ajudar a agregar mais Receitas com Bilheteria e Sócio Torcedor.

O pequeno crescimento de Receitas veio acompanhado de pequena redução nos Custos e Despesas. Dessa forma o clube continua priorizando sua saúde financeira, atingindo impressionantes R$ 137milhões em EBITDA em 2015. Como depende pouco da Venda deDireitos Econômicos, parte relevante das Receitas é recorrente.

A Folha de Pagamentos continua em níveis bastante baixos e comportados, confirmando a política de austeridade implementada háalguns anos no clube.

Valores em R$ milhões

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100 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

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Composição da Dívida

O clube liquidou posição deadiantamentos de TV feitos nopassado (R$ 17 milhões) e ainda viu outros adiantamentos serem compensados (R$ 27 milhões), especialmente de contratos delicenciamento.

Em 2015 o clube investiu menos que em 2014 mas ainda assim emvolume considerável: foram R$ 21milhões no elenco profissional.

Ou seja, o problema não é falta deinvestimento.

O investimento na Base voltou, mas ainda em valores módicos.

Dívidas Operacionais controladas, Dívidas com Impostos caindo drasticamente, por efeito de pagamento (R$ 24 milhões) e adesão ao Profut .

Entretanto, a despeito da boa condição operacional, o clube precisou captar dinheiro junto a Bancos, aumentando esta dívida. Terá que coordenar a reciclagem da Dívida Bancária, visto que boa parte vence no curto prazo.

Ainda existe um problema que são asDespesas Financeiras, pois com o montante de Dívida total na casa dos R$ 540 milhões não há como fugir dessa realidade.

Valores em R$ milhões

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101 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Espelho, espelho meu

Clube de Regatas do Flamengo

Existe alguém melhor gerido do que eu? Financeiramente a resposta é não. O clube mantém uma política de austeridade, gastando pouco com Folha de Pagamento, maximizando as Receitas, pagando suas dívidas e investindo sem onerar em demasia o clube. A cartilha está sendo seguida à risca e com muita competência, e o trabalho mais significativo agora é pensar na redução paulatina das Dívidas Bancárias, ainda elevadas. Entretanto, o desempenho esportivo está longe da unanimidade. Pelo menos para o Flamenguista. Um fato importante é que o clube não deixou de investir. Em nossos cálculos foram R$ 60 milhões entre 2014 e 2015. O que está faltando é montar um plano estratégico, ter os profissionais certos e melhorar o desempenho coletivo. Porque gestão profissional não se resume ao financeiro, e necessariamente inclui o esportivo. Ambos andam lado-a-lado. Já falamos isso no ano passado, e estamos repetindo agora. O clube precisa ter atenção para que a cada publicação de balanços não deixe a sensação de estarmos vivendo o “Dia da Marmota”*. * Referência ao filme “Feitiço do Tempo”, no qual o personagem do ator Bill Murray fica preso numa armadilhada do tempo em que todos os dias se repetem exatamente da mesma forma.

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102 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Clube de Regatas do Flamengo

Balanço auditado por Mazars

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103 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Fluminense Football Club

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104 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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Desempenho muito bom o do Fluminense em termos de Receitas, com crescimento de 45% em relação a 2014. Destaques para a Venda deDireitos Econômicos (+430%!), Publicidade (+94%) e Bilheteria (+84%).

A despeito da relevância da TV (38% do total), o clube apresentou boadistribuição em suas receitas. Entretanto, como a Venda de Direitos Econômicos é incerta, há que se ter atenção nesse ponto, pois representou 20% do total em 2015.

O clube aumento Receitas e trouxe junto os Custos e Despesas, com aumento de 50%.

Ainda assim, manteve o nível de geração de caixa em termos nominais. Entretanto, como parte relevante do crescimento veio da Venda deDireitos Econômicos, quando analisamos o EBITDA Recorrente, vemos degeração de caixa. Ou seja, parte dos Custos e Despesas foi coberto com receitas voláteis.

Em termos de Folha de Pagamento houve uma melhora, que passou de54% das Receitas Totais para 49%. Importante ressaltar o elevado volume de Outras Despesas, sem abertura e explicação suficiente.

Valores em R$ milhões

Page 105: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

105 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

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Composição da Dívida

Apesar da geração de caixa positiva, o clube ainda buscoufontes externas de financiamento. Houve adiantamentos de TV de R$ 26 milhões e financiamento deaquisição de Direitos Econômicos de Atletas de R$ 32 milhões. Este valor está associado aosInvestimentos em Elenco, pois o clube adquiriu para pagar nofuturo.

O clube investiu impressionantes R$ 60 milhões em elenco profissional, enquanto nasCategorias de Base foi apenas R$ 1 milhão.

Com os Investimentos, mais o aumento nominal da Folha dePagamentos, o clube apresentou aumento em todas a s Dívidas. Nocaso de Impostos o efeito foi a adesão ao Profut, que trouxe diversas dívidas para o balanço.

Valores em R$ milhões

Page 106: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

106 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Mudança de Hábito

Fluminense Football Club

Desde a saída do sponsor que mantinha boa parte do elenco, o Fluminense teve que se ajustar à nova realidade. Até 2014 o trabalho vinha apresentando consistência, com equilíbrio operacional e investimentos dentro das possibilidades. Porém, em 2015 o clube abriu a carteira e investiu pesado em elenco profissional. O resultado foi aumento de Dívidas, necessidade de Adiantamentos e financiamento de parte do investimento. Considerando uma visão estratégica de longo prazo esta não é a melhor forma de gerir um clube. Coloca em risco receitas futuras, trabalha com Custos acima da capacidade de geração de Receitas. O clube precisa voltar ao bom hábito da gestão austera, gastando o possível e investindo ainda mais na Base. É preciso pensar no longo prazo.

Page 107: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

107 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Fluminense Football Club

Balanço auditado por UHY Moreira

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108 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Goiás Esporte Clube

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109 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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Receitas Totais do Goiás cresceram 13%, e o maior crescimento foi naVenda de Direitos Econômicos, em 173% (de R$ 7 milhões para R$ 18milhões). As demais Receitas tiveram comportamento muito parecido entre 2014 e 2015.

A TV ainda é a maior fonte de Receitas, representando praticamente 50% do total.

Positivamente, o crescimento das Receitas não trouxe junto os Custos e Despesas, que sofreram uma pequena redução, da ordem de 8%.

Desta forma, o nível de geração de caixa foi bastante bom, atingindo R$ 35 milhões. E mesmo em termos recorrentes o clube repetiu o bom desempenho de 2014.

A boa gestão manteve a Folha de Pagamentos em nível bastante bom, representando 32% das Receitas, melhor que o dado obtido em 2014(44%).

Valores em R$ milhões

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110 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

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Composição da Dívida

O clube reconheceu R$ 6 milhões referentes a Adiantamentos de TVfeito no passado.

Ao mesmo tempo, ao financiar a venda de Direitos Econômicos, consumiu parte da boa geração de caixa (R$ 13 dos R$ 15milhões).

Manteve o nível de investimentos perto do histórico, sem grandes destaques.

As Dívidas tiveram bomcomportamento, com redução naDívida Bancária e Operacionais, enquanto os Impostos mantiveram-se estáveis.

Valores em R$ milhões

Page 111: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

111 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Tudo bom, tudo bem, mas não deu certo.

Goiás Esporte Clube

A despeito da boa gestão financeira, muito consistente, o Goiás foi rebaixado à Série B.

É bastante positivo ver que um clube, mesmo caminhando para o rebaixamento, mantém a postura e a essência. O clube não fez loucuras, não apelou para contratações a qualquer preço, pois pensa no longo prazo, de maneira sustentável.

Naturalmente terá que se reinventar em termos esportivos, seja para disputar a Série B, seja para se recuperar em campo. Mas isso terá quecontinuar a ser feito de forma consistente e austera.

Page 112: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

112 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Goiás Esporte Clube

Balanço auditado por Floresta Auditores Independentes

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113 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense

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114 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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Grêmio apresentou queda de 10% nas Receitas Totais. O desempenho é reflexo de queda em praticamente todas as linhas, exceto nos Direitos deTV, que cresceram 34%, bem acima da média vista nos demais clubes.

Há dois grandes responsáveis pela queda de Receitas: Publicidade (-37%) e Venda de Direitos Econômicos (-73%), o que comprova que a venda deAtletas é uma receita com a qual não se pode contar. E apesar da boa performance no Brasileiro, a receita de Bilheteria também caiu (-11%), mas ainda representa 25% do total.

Com a queda de receita o clube conseguiu, positivamente, manter osCustos estáveis. Isto permitiu manter um nível mínimo de geração decaixa, ainda que apenas 1/3 do realizado em 2014.

Manutenção de Custos e queda de Receita fizeram com que a participação da Folha de Pagamentos nas Receitas subisse para 53%, ainda dentro das regras definidas pelo Profut.

Valores em R$ milhões

Page 115: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

115 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

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Composição da Dívida

Não houve Adiantamento de TVem 2015, mas em contrapartida, o clube perdeu cerca de R$ 22milhões em financiamentos operacionais, basicamente envolvendo redução de Despesas Operacionais – possivelmente colocando atrasos em dia – e redução de Direitos de Imagem, também possivelmente associados ao ajuste de atrasos de remuneração.

O clube manteve investimentos emBase bastante modestos, mas gastou cerca de R$ 27 milhões ematletas profissionais.

Considerando que a geração decaixa foi bem menor que em 2014, que houve saídas relevantes derecursos de giro, investir R$ 27milhões foi acima daspossibilidades do clube.

Resultado foi aumento de Dívidas Bancárias, para suprir o buraco decaixa do ano.

Nas Operacionais houve ajuste jáabordado nos Adiantamentos, e osImpostos sofreram queda poradesão ao Profut.

Parte da redução veio com a entrada de cerca de R$ 23 milhões de caixa sem notas explicativas nobalanço.

Valores em R$ milhões

Page 116: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

116 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Complicou, Tchê!

Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense

O Grêmio apresentou desempenho econômico-financeiro bastante ruim em 2015.

Receitas em queda, custos estáveis, investimentos, efeitos de dívidas operacionais que precisaram ser ajustadas, aumento das dívidas bancárias. Ainda tem a questão da Arena a ser solucionada, e passará a ter a pressão de pagamento das dívidas do Profut.

Ou seja, o que vimos em 2015 pode ser potencializado para os próximos anos, porque as receitas não devem subir, exceto se o clube continuar a vender Direitos de Atletas, enfraquecendo o elenco.

É preciso equalizar a situação, reduzindo investimentos e custos, para que no longo prazo o clube se mantenha forte, relevante, e não mero coadjuvante.

Page 117: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

117 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense

Balanço auditado por Rokembach + Lahm, Villanova, Gais e Cia Auditores

Page 118: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

118 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Sport Club Internacional

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Receitas do Internacional cresceram 9% em 2015.

A única linha que teve crescimento mais relevante foi a Venda de Direitos Econômicos, que saltou 29%. A TV cresceu 10% e é a segunda mais relevante para o clube, representando 29% do total. A mais relevante para o clube continua a ser a Bilheteria e o Programa de Sócio Torcedor, que representa 35% do total.

O trabalho em termos de correção de rumo foi muito bem feito em 2015. OsCustos e Despesas caíram 20% e associado ao aumento da Receita possibilitou uma boa geração de caixa, atingindo R$ 64 milhões. Mesmo considerando apenas as Receitas Recorrentes, ainda assim foi positivo, e mostra uma evolução quando comparado aos 3 anos anteriores, onde essa conta foi negativa.

A redução de Custos atingiu diretamente a Folha de Pagamento, que caiu de 71% das Receitas para 46%, mostrando que o trabalhou foi na direção correta.

Valores em R$ milhões

Page 120: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

120 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

a b

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Composição da Dívida

O clube não se utilizou deAdiantamentos de TV, e ainda consumiu R$ 6 milhões deadiantamentos passados.

O que gerou forte impacto no caixa foi o consumo de contas de giro. Foram R$ 40 milhões, sendo parte referente a pagamento de atletas (R$ 18 milhões), financiamento deatletas vendidos (R$ 14 milhões) e licenciamentos (R$ 16 milhões).

O clube investiu R$ 11 milhões emcontratações de profissionais, volume bem menor que os R$ 94milhões aplicados em 2014, o quemostra uma profunda mudança napostura.

Dívidas com Impostos e Operacionais sofreram redução relevante, parte pelo próprio ajuste de Custos (Operacionais), parte porconta da adesão ao Profut (Impostos).

Em compensação as Dívidas Bancárias cresceram consideravelmente, porque o fluxo de caixa ficou apertado em função dos ajustes de giro, bem como dasrelevantes Despesas Financeiras e do Capex.

Valores em R$ milhões

Page 121: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

121 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Colocando a casa em ordem

Sport Club Internacional

O Internacional sempre foi um modelo de gestão, que pensava no longo prazo, com bons números e desempenho equilibrado. Em 2014 o clube perdeu a mão, pensando apenas em conquistas esportivas, sem olhar para a saúde financeira. Passada a tempestade, o clube voltou aos trilhos em 2015, com alguma dor.

O clube fez o dever de casa, conseguindo aumentar as receitas, reduzir custo e investimentos, equacionar as dívidas tributárias. Ainda assim, boa parte dos esforços serviu apenas para ajudar na correção da rota. Ainda falta ganhar tração. Isto significa dizer que o clube precisa manter a postura austera para poder voltar a ter força financeira e manter o time disputando títulos.

Page 122: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

122 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Sport Club Internacional

Balanço auditado por Saweryn e Associados Auditores

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123 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Joinville Esporte Clube

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124 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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Disputar a Série A possibilitou ao clube crescer suas Receitas em 41% em 2015. O grande destaque foi a cota de TV, que subiu quase 200%. Essas Receitas representam 43% do total.

As receitas com Bilheteria também apresentaram bom crescimento, daordem de 30% e representam 33% do total. Nota-se, dessa forma, alto grau de concentração na geração de Receitas.

Conforme as receitas cresceram, os Custos e Despesas vieram junto, crescendo na mesma proporção, de forma que o EBITDA nominal ficou próximo ao de 2014.

Folha de Pagamento manteve proporção em relação às Receitas, abaixo de 65% e conforme a demanda do Profut.

Valores em R$ milhões

Page 125: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

125 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

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Composição da Dívida

Clube que não se utiliza deAdiantamentos e com movimentações pequenas emtermos de giro.

Valores baixos, de acordo com a capacidade financeira do clube.

Crescimento das Dívidas Operacionais, de acordo com o crescimento das Folha dePagamento. No caso dosImpostos, crescem em função deadesão ao Profut.

Valores em R$ milhões

Page 126: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

126 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Fazendo o que é possível

Joinville Esporte Clube

O Joinville é um clube regional, com limitação de acesso a volumes relevantes de receitas e que trabalha um ano de cada vez. Para 2015, conforme aumentaram as Receitas, reforçou a equipe, elevou gastos, mas mantendo o equilíbrio. Difícil competir com os clubes de Receita muito maiores, e ainda jogou contra o fato de voltar à Série A depois de muitos anos. Assim, o resultado esportivo não foi o esperado e o clube retornou à Série B em 2016. Mas o ponto positivo é a capacidade de se reconhecer e trabalhar dentro do limite de Receitas.

Page 127: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

127 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Joinville Esporte Clube

Balanço auditado por Selecta Auditores

Page 128: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

128 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Clube Náutico Capibaribe

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129 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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O Náutico não apresenta detalhes das Receitas. Em 2015 o total cresceu 15%, mas não temos como avaliar este crescimento.

Apesar do crescimento das Receitas, os Custos mantiveram-seelevados. Apesar da queda de 12%, o nível de partida era elevado, deforma que continuou acima das Receitas e o EBITDA permaneceu negativo.

O clube continua com Folha de Pagamento muito acima dos patamares máximos estabelecidos pelo Profut. Há muito ajuste a ser feito.

Valores em R$ milhões

Page 130: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

130 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

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Composição da Dívida

Não há movimentos deAdiantamentos de TV, porém o clube teve entradas de caixa referentes a contas de giro, como Despesas Provisionadas. Isso pode indicar eventuais atrasos.

Investimentos mínimos em Atletas Profissionais. Ao menos o clube não gastou muito além do quepoderia.

O Endividamento continua crescendo. O Bancário é limitado, porém observamos a possibilidade de atrasos nosencargos e salários correntes, bem como em pagamentos relativos ao passado, o queexplica o crescimento das Dívidas Operacionais e com Impostos.

Valores em R$ milhões

Page 131: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

131 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Na corda bamba

Clube Náutico Capibaribe

O Náutico parece não se conhecer. Clube de alcance regional, tem acesso limitado a Receitas, mas ainda assim apresenta Custos e Despesas acima das Receitas há dois anos. Isso só dificulta o clube a manter as contas em dia. Se nada for feito para reverter o quadro, uma possível adesão ao Profut vai drenar caixa do clube e pode colocá-lo em risco num futuro próximo. Mas sem isso fica impossível se equilibrar.

Page 132: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

132 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Clube Náutico Capibaribe

Balanço auditado por Equity Auditoria

Page 133: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

133 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Sociedade Esportiva Palmeiras

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134 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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O Palmeiras apresentou o maior crescimento de Receitas em 2015, que foi de 57%. Destaque absoluto para duas delas: Publicidade (201%) e Bilheteria/SócioTorcedor (240%).

Estes movimentos são reflexos da mudança de gestão do clube, onde o Presidente colocou a casa em ordem em termos financeiros e pode atrair um investidor publicitário que mudou o patamar de receitas do clube. Além disso, a entrada em operação do novo estádio elevou o número de Sócios Torcedores e adicionou público ao estádio. Tudo isso funcionou bem porque em campo a equipe apresentou desempenho técnico que manteve interesse do torcedor.

Demais Receitas tiveram desempenho dentro de uma normalidade e hoje o clube possui uma boa divisão na origem das receitas, entre TV, Publicidade e Bilheteria.

Apesar do impressionante crescimento de Receitas, os Custos e Despesas apresentaram pequena queda em relação a 2014. Isto possibilitou ao clube apresentar uma geração de caixa elevadíssima, deR$ 142 milhões.

Dados a manutenção dos Custos e o crescimento das receitas, a relação entre Folha de Pagamento e as Receitas ficou em patamares bastante baixo, ainda menores que os de 2014.

Valores em R$ milhões

Page 135: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

135 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

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Composição da Dívida

Os números mostram quehouve Adiantamento de TV decerca de R$ 16 milhões.

Além disso, observa-se que ascontas de giro trouxeram mais R$ 18 milhões de caixa, parte pelo financiamento de aquisição de direitos de atletas, parte pelo aumento das Despesas Provisionadas.

O clube foi o maior investidor em Atletas Profissionais de2015. Foram R$ 94 milhões!

Ou seja, parte relevante dageração de caixa foi aplicada ematletas profissionais.

Além disso o clube investiu R$ 14 milhões nas categorias deBase.

As Dívidas tiveram comportamento esperado para um clube que tem a situação financeira em ordem.

As Bancárias sofreram redução, dentro do esperado e de acordo com o cronograma estipulado com o Presidente, onde 10% das Receitas pagam o empréstimo feito por ele.

As Operacionais crescem porque ossalários nominalmente cresceram. E os Impostos tiveram pequeno crescimento, possivelmente correção monetária.

Valores em R$ milhões

Page 136: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

136 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Passado. Presente! Futuro?

Sociedade Esportiva Palmeiras

A gestão de Presidente Paulo Nobre colocou ordem na casa em termos financeiros. As dívidas estão equacionadas, a condição equilibrada trouxe investidores publicitários e o novo estádio, em conjunto com um time reforçado, trouxe mais Receitas.

Mas nem tudo é tão simples.

Se a Dívida Bancária está equacionada é porque o Presidente encontrou um modelo seguro para o clube repagá-lo. Mas o crescimento das Receitas Publicitárias está concentrado num único sponsor, Isto coloca em risco as Receitas caso haja uma ruptura. No momento não parece uma realidade, mas ela sempre pode chegar. E nesse caso o risco é maior, porque o valor pago está bastante acima da média de mercado, conforme vimos no tópico sobre Receitas com Publicidade.

O crescimento das Receitas com Bilheteria e Sócio Torcedor se deu em função do novo estádio e de um time competitivo, montado a partir do crescimento de Receitas e da condição financeira equilibrada deixada pelo Presidente. Mas esse sucesso dependerá necessariamente de um bom desempenho esportivo da equipe, porque torcedor mantém a chama acesa quando há resultado em campo.

Além disso, a folga financeira obtida em 2015 tende a ser menor em 2016 por conta dos salários e manutenção de umelenco tão grande.

Enfim, o cenário hoje é positivo, mas sucesso passado não garante sucesso futuro. O clube precisará se manter organizado, precisará encontrar o equilíbrio quando o Presidente Paulo Nobre deixar o comando, para que este bommomento se mantenha no longo prazo.

Page 137: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

137 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Sociedade Esportiva Palmeiras

Balanço auditado por GF Auditores

Page 138: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

138 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Associação Atlética Ponte Preta

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139 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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As Receitas da Ponte Preta cresceram 139% em 2015, muito em função do retorno da equipe à Série A. A Receita de TV saltou 300%, e a Venda de Direitos Econômicos foi 41% maior.

Em 2015 TV representou quase 50% do total das Receitas, seguida por Venda de Direitos de Atletas, que atingiu 21%. Demais Receitas dividem o restante, sem destaques.

Depois de 3 anos o clube conseguiu equilibrar Receitas e Custos e Despesas, de forma a atingir o break-even. Mas não porque houve controle dos Custos e sim porque eles cresceram menos que as Receitas, depois de um ano de Custos e Despesas módicos em função da disputa da Série B.

Desta forma, a Folha de Pagamentos atingiu o patamar máximo definido pelo Profut, bastante superior ao apresentado em 2014.

Valores em R$ milhões

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140 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

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Composição da Dívida

Como os contratos com TV sãoanuais, não há Adiantamentos. E ascontas de giro apresentam movimentação sem destaque.

Para disputar a Série A o clube investiu R$ 4 milhões em Atletas Profissionais e muito pouco naBase.

Praticamente não há Dívida Bancária e as Operacionais mantiveram-se comportadas, apesar do aumento da Folha dePagamento.

Em compensação as Tributárias cresceram consideravelmente, especialmente porque o clube atrasou encargos para compor o caixa, conforme aponta a variação das contas.

Valores em R$ milhões

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141 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Um ano de cada vez

Associação Atlética Ponte Preta

A Ponte Preta mantém o perfil de clube de alcance regional, que trabalha um ano de cada vez. Como não tem contrato de longo prazo com a TV e as demais Receitas não são relevantes, dependendo muito da Venda de Direitos Econômicos para aumentar o poderia financeiro, então o clube calibra seus gastos de acordo com o momento.

Mas deveria olhar mais para a Base, investindo mais na formação de atletas, que tem custo mais compatível com sua condição financeira.

Difícil a vida de um clube cuja luta é para permanecer na Série A.

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142 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Associação Atlética Ponte Preta

Balanço auditado por Audcorp

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143 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Santa Cruz Futebol Clube

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144 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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A abertura de informações do Santa Cruz é bastante deficiente, dificultando nossa análise. De qualquer forma, as Receitas tiveram queda de 16% em 2015, apesar do bom desempenho em campo, inclusive com o retorno à Séria A após muitos anos. Sem detalhes não há como fazermos uma avaliação do clube.

O que observamos é que além da queda nas Receitas ainda houve aumento nos Custos e Despesas, de forma que a geração de caixa foi negativa pelo segundo ano seguido.

Como os Custos e Despesas cresceram, a relação da Folha dePagamento com as Receitas cresceu também. Ainda está abaixo dasdemandas do Profut, mas há que se ter atenção. Sem detalhes, nãoconseguimos avaliar das demais Despesas.

Valores em R$ milhões

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145 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

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Composição da Dívida

Não se utiliza de Adiantamentos deTV, mas as contas de giro deixaram uma pressão de R$ 11 milhões em2015, vindas basicamente da redução nas Despesas Provisionadas.

Impossível fechar as contas dovolume de Investimentos, mas aparentemente o clube investiu cerca de R$ 2 milhões, sem detalhamento para onde foi o recurso, se Base ou Profissional.

Notamos crescimento importante da Dívida Bancária, que foi a fonte de recursos para os Ajustes deconta do clube, seja dosInvestimentos, da necessidade degiro, do pagamento de impostos atrasados.

Demais Dívidas apresentaram queda relevante, possivelmente apoiadas pela adesão ao Profut.

Valores em R$ milhões

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146 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Procurando se encontrar

Santa Cruz Futebol Clube

O Santa Cruz em 2015 deve ser analisado sob duas óticas: i) esportivamente foi muito bem, especialmente considerando sua capacidade de investimento, pois dos clubes analisados é um dos menores orçamentos; ii) financeiramente foi bastante complexo, pois a geração de caixa foi negativa, teve pressão de giro relevante, muitas saídas de caixa e ainda teve que se apoiar em bancos para fechar suas contas.

Vai contar com o crescimento das Receitas de quem chega à Série A para organizar a casa. Ou não, caso utilize o dinheiro apenas para reforçar elenco e tentar permanecer na divisão de elite, o que não é recomendado se pensarmos em estratégias de longo prazo.

Mais um clube que tem a vida difícil de quem tem poder financeiro limitado.

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147 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Santa Cruz Futebol Clube

Balanço auditado por N/A

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148 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Santos Futebol Clube

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149 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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Receitas praticamente estáveis, mas com mudança relevante em sua composição. TV (+40%) e Bilheteria/Sócio Torcedor (+60%) foram asduas que mais cresceram, junto com Outras Receitas, para as quais não temos identificação. As demais Receitas sofreram reduções da ordem de24% (Publicidade) e 76% (Venda de Direitos de Atletas).

Interessante este crescimento de Receitas de TV do Santos, sem motivo aparente. Possivelmente teve renovação de contrato em 2015 que gerou Luvas, uma vez que não houve entrada adicional que justifique tamanho crescimento.

Custos e Despesas cresceram 14%, e com a manutenção das Receitas fez com que a geração de caixa fosse de apenas R$ 1 milhão, completando o 4º ciclo de queda, desde os R$ 69 milhões de 2012. O que se observa é queda constante de Receitas e aumento de Custos, indicando tendência bastante negativa para o clube.

A Folha de Pagamento caiu de 58% para 52% das Receitas, indicando melhora no índice. Entretanto, há um volume considerável de Outras Despesas sem detalhes e que foram as responsáveis pela deterioração da condição do clube.

Valores em R$ milhões

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150 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

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Composição da Dívida

Consumiu caixa referente a Adiantamentos de TV feitos nopassado.

Em termos de contas de giro, houve entrada de caixa da ordem de R$ 14milhões, muito em função definanciamento de aquisição deDireitos de Atletas e recebimentos devendas.

Observamos elevação deinvestimento nas Base, de R$ 2 milhões para R$ 5 milhões. Enquanto isso foram investidos R$ 9 milhões em Atletas Profissionais, metade do que foi investido em2014, e mostrando maior racionalidade no uso do caixa.

Mas para fechar as contas, considerando que além do que foi citado anteriormente o clube ainda pagou R$ 40 milhões de Despesas Financeiras, as Dívidas aumentaram. Apenas com Impostos supostamente atrasados foram R$ 38 milhões. As Operacionais permaneceram estáveis, mas asBancárias subiram R$ 13 milhões.

Valores em R$ milhões

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151 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Espiral negativa

Santos Futebol Clube

O Santos precisa ligar o sinal de alerta urgentemente. São 4 anos seguidos de queda nas Receitas e aumento deCustos e Despesas. Em 2015 o desempenho econômico-financeiro só não foi pior porque houve um crescimento inesperado – pelo menos sob o ponto de vista lógico – das Receitas com TV.

Apesar disso ainda teve que lançar mão de atrasos de Impostos, possivelmente encargos, e pagou valores elevados de Despesas Financeiras. Um clube nessa condição é inviável no longo prazo, considerando que as Receitas que mantém o clube relevante, como Publicidade e Bilheteria/Sócio Torcedor não apresentam volumes significativos para servirem de base para uma guinada.

A verdade é que o clube não soube viver sem Neymar, e todas as alternativas até agora não surtiram efeito financeiro, a despeito de algum sucesso esportivo, como a sequência de conquistas regionais, o vice-campeoanto da Copa doBrasil e o bom desempenho no Brasileiro de 2015.

O clube precisa usar ainda mais atletas da Base, precisa equacionar a relação Receitas/Custos e precisa buscar novas estratégias para obter mais Receitas sustentáveis.

O Santos precisa urgentemente rever seus conceitos.

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152 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Santos Futebol Clube

Balanço auditado por N/A

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153 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

São Paulo Futebol Clube

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154 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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Valores em R$ milhões

As Receitas do São Paulo cresceram 12%, impulsionadas pela Venda deDireitos Econômicos (50%) e pela Bilheteria/Sócio Torcedor (47%).

Das demais Receitas, há dois destaques negativos: Publicidade, que caiu 7% e o Estádio, que perdeu 18% em relação a 2014.

O fato é que o bom desempenho do clube no Brasileiro trouxe mais público e a venda de 8 atletas profissionais gerou Receitas que reduziu a pressão de caixa do clube.

Ao mesmo tempo que conseguiu elevar as Receitas, o clube trabalhou naredução de Custos e Despesas, seja por força de corte de custos, seja pela saída dos atletas vendidos. Fato é que a geração de Caixa saltou deR$ 13 milhões em 2014 para R$ 50 milhões em 2015, mostrando que houve ação para reverter o quadro ruim do ano anterior.

Melhorou também a relação entre Folha de Pagamento e Receitas, caindo de 56% para 50%. Afinal, vendeu atletas e não repôs com outros de valor salarial elevado, optando em parte pelo uso das categorias deBase.

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155 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

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Composição da Dívida

Não houve Adiantamento de TV, mas consumo de R$ 5 milhões adiantados em anos anteriores.

Entretanto, o clube obteve R$ 28milhões de financiamentos operacionais, parte possivelmente pelo Adiantamento de Contratos de Patrocínio – cerca de R$ 17milhões – e parte com o financiamento de aquisição deatletas.

O clube continuou investindo volumes significativos. Na Base foram R$ 24 milhões enquanto noProfissional foram R$ 32 milhões. Parte desses Investimentos foi financiada com aporte de terceiros de cerca de R$ 24 milhões. E isso são dívidas que o clube tem com esses financiadores e que não estão no gráfico acima. Ou seja, há dívida a ser acrescida.

As Dívidas bancárias permaneceram estáveis, assim como as Dívidas Operacionais. Entretanto, as Tributárias cresceram porque o clube lançou mão do atrasos de encargos e impostos para ajudar nofechamento do caixa.

E ressaltamos que há R$ 24 milhões de novas dívidas utilizadas para aquisição de atletas, conforme nota de balanço.

Valores em R$ milhões

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156 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Cortaram o fio certo

São Paulo Futebol Clube

Quem gosta de filmes e séries de ação já se deparou com a cena onde uma bomba está prestes a explodir e o herói permanece claudicante em frente a dois fios, decidindo qual deles cortar. Um deles desarma a bomba, mas o outro acelera a explosão.

O São Paulo esteve nessa situação em 2015. Alertamos que o clube estava prestes a explodir. Felizmente as gestões entenderam isso e aplicaram, ainda que de forma atabalhoada, soluções que permitiram cortar o fio correto.

Foram vendidos 8 atletas que trouxeram um volume expressivo de receitas. O clube lançou mão de alternativas heterodoxas, como atrasos de salários e encargos, adiantou recursos de patrocinadores e investiu com dinheiro emprestado. Além disso, apresentou programas de melhorias de gestão, contando com apoio de torcedores ilustres.

Fato é que sem esses movimentos o clube teria tido um ano ainda mais catastrófico. O resultado foi ruim, com déficit, dívidas elevadas, pagamentos de mais de R$ 40 milhões em Despesas Financeiras, atrasos – situações incomuns nahistória do clube – mas no episódio final, sobreviveu.

Entretanto, ainda há muito a fazer. Algumas Receitas estão aquém da possibilidade do clube, como a de Publicidade, assim como o Estádio já não gera tanto como no passado. Em 2015 a Venda do Direito de Atletas salvou o clube, mas essa é uma receita incerta. Há dívidas elevadas e caras.

O clube começa 2016 ao menos respirando mais aliviado. Precisa agora implementar medidas austeras para que transforme o filme de horror que foi 2015 numa ação cujo final venha com títulos.

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157 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

São Paulo Futebol Clube

Balanço auditado por CCA Continuity

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158 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Sport Clube do Recife

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O Sport não apresenta suas Receitas com a riqueza de detalhes necessárias para uma boa análise. O que observamos foi umcrescimento de 44% nas Receitas Totais.

Custos e Despesas cresceram 36% e mantiveram a Geração de Caixa perto do break-even.

Sem grandes detalhes, vemos que a relação entre Folha de Pagamento e Receita caiu de 84% para 66%, mas houve crescimento das Despesas Administrativas e de Outras Despesas, sem que houvesse detalhamentos a respeito.

Valores em R$ milhões

Page 160: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

160 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

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Composição da Dívida

O Sport trabalhou numa condição bastante equilibrada em 2015. Apesar de utilizar bom volume deAdiantamentos, seja de TV (R$ 11milhões), seja em contas de giro (R$ 13 milhões), não havia necessidade de fazê-los, pois havia geração de caixa suficiente para suas necessidades. O clube aproveitou a oportunidade e reforçou o caixa.

O clube manteve bom volume deinvestimentos na categoria Profissional, com R$ 6 milhões, mas praticamente não investiu naBase.

As dívidas tiveram bomcomportamento. Começando pelas Bancárias, permaneceram estáveis, enquanto asOperacionais cresceram emfunção do crescimento da Folha.

Quem apresentou forte crescimento foram as Fiscais, emfunção da adesão ao Profut, quetrouxe dívidas para o balanço.

Valores em R$ milhões

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161 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Olhando para o futuro

Sport Clube do Recife

O Sport apresenta uma gestão organizada, controlada, que mantém as finanças equilibradas.

2015 foi um bom ano nesse sentido, onde vimos a equipe reestruturar suas dívidas tributárias, ao mesmo tempo quese utilizou de adiantamentos para reforçar seu caixa e entrar em 2016 pronto para manter uma equipe competitiva mas dentro de suas possibilidades.

É importante que o clube mantenha os pés no chão e suba de patamar de forma consistente.

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162 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Sport Clube do Recife

Balanço auditado por BDO RCS

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163 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Club de Regatas Vasco da Gama

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Receitas Totais cresceram 47%, fortemente impulsionadas pelos Direitos de TV, que subiram 43% e representam 55% das Receitas Totais.

Assim como ocorreu com outros clubes, não parece fazer muito sentido talcrescimento sem que houvesse uma renovação antecipada de contrato e recebimento de luvas. Mesmo com o retorno à Série A, o aumento não deveria ser de tal magnitude.

Outro destaque está nas Receitas de Publicidade, que cresceram 63%.

O retorno à Série A ensejou aumento de Custos e Despesas proporcional ao aumento nas Receitas. O salto foi de 45%. Ainda assim a geração decaixa atingiu um bom número, chegando a R$ 19 milhões.

A Folha de Pagamento subiu 18%, mas apresentou redução na relação com as receitas, de 50% para 40%.

O que o Vasco apresenta sem mais detalhes são chamadas de Outras Despesas, num volume bastante elevado.

Valores em R$ milhões

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165 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

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Composição da Dívida

Não observamos Adiantamentos de TV. Entretanto, houve consumo de R$ 14 milhões decaixa referente a pagamentos deFornecedores e consumo deAdiantamentos de cotas publicitárias de anos anteriores.

No retorno à Série A o clube investiu pouco na aquisição deatletas Profissionais, apenas R$ 4 milhões, e positivamente umbom volume na Base: R$ 12milhões.

A Dívida Bancária apresentou crescimento modesto, enquanto asdemais Dívidas mantiveram-seestáveis.

Vale ressaltar que o clube teve R$ 113 milhões em tributos “perdoados” no âmbito do Profut. Isto mesmo depois de ter atrasado cerca de R$ 25 milhões no anocorrente de 2015. Tudo dentro doque reza a legislação.

Valores em R$ milhões

Page 166: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

166 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Fogo na Colina

Club de Regatas Vasco da Gama

O que esperar do Vasco da Gama?

O clube retornou à Série A em 2015, apresentou aumento de Receitas, aumentou gastos para montar um time supostamente compatível com a competição. Mas teve que pagar contas do passado, investiu além das possibilidades e isto o levou atrasar Impostos.

Encerrado o ano o clube não conseguiu reduzir dívidas – ainda que tenha renegociado as Fiscais via Profut – não reservou caixa, e acabou na Série B novamente. Para piorar, parte das receitas de 2015 não deverão se repetir nos próximos anos, seja porque a TV continha parte não recorrente, seja porque a Publicidade reduz de valor ao jogar a Série B.

Desta forma, fica cada vez mais distante de uma organização que permita ao clube voltar a ser a potência esportiva deum passado cada vez mais distante. É preciso por os pés no chão, reorganizar Custos e Despesas e aceitar a realidade de que os voos serão mais baixos, porém mais seguros.

Page 167: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

167 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Club de Regatas Vasco da Gama

Balanço auditado por Azevedo & Lopes Auditores

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168 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Esporte Clube Vitória

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169 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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O Vitória apresentou redução de 16% nas Receitas, e em todas aslinhas. Ao disputar a Série B o clube viu suas cotas de TV sofrerem redução de 7%. Bilheteria caiu 33%, Publicidade caiu 10%.

Muito positivamente o clube reduziu drasticamente seus Custos e Despesas, de R$ 54 milhões para R$ 28 milhões, queda de 48%, o que fez a geração de caixa saltar de praticamente zero - desempenho histórico, aliás – para R$ 26 milhões.

O que vimos foi uma forte redução na Folha de Pagamentos, de forma que a relação com as Receitas fosse de 71% para módicos 41%.

Valores em R$ milhões

Page 170: Análise dos clubes brasileiros 2016 - Itaú BBA

170 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas

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Composição da Dívida

O clube investiu R$ 5 milhões nasCategorias de Base e muito pouco, ou perto de zero naformação de elenco profissional.

Dívidas Bancárias sofreram pequena redução, enquanto asOperacionais caíram bastante emfunção da redução da Folha dePagamentos.

Enquanto isso as Despesas Fiscais cresceram cerca de R$ 6 milhões, fruto de atrasos queforam posteriormente alongados no âmbito do Profut.

Valores em R$ milhões

Os contratos do clube são feitos em bases anuais e em 2015recebeu de forma antecipada parte do recurso referente a 2016. Tanto é que este recurso está nocaixa do clube.

Ao mesmo tempo consumiu R$ 7 milhões em aplicações em giro, notadamente ajustes nas contas de Despesas provisionadas, queapresentaram redução em função do menor valor da Folha dePagamentos.

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171 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Vitória de todos os Santos

Esporte Clube Vitória

Impressionante a postura correta adotada pela gestão do Vitória em 2015. Ao cair para a Série B e observar redução potencial de Receitas o clube agiu e reduziu mais que proporcionalmente seus Custos e Despesas, adequando-os à realidade do ano.

Resultado foi um desempenho econômico-financeiro equilibrado, com excepcional geração de caixa, contas aparentemente em dia, e dinheiro em caixa para iniciar 2016 na Série A com mais fôlego para buscar sustentabilidade de longo prazo na principal divisão do País.

Comportamento exemplar, incluindo a manutenção de investimentos em Base, que geram resultados de longo prazo. Claramente um clube pensando no futuro.

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172 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Esporte Clube Vitória

Balanço auditado por Convicta Auditores

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173 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 173

Hora da Verdade | Como foram nossas previsões para 2015

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174 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Como fomos e o que projetamos

O objetivo do “Earnings Preview” é menos o de acertar os dados, coisa de quem lê cartas ou bola de cristal, e mais de apresentar o grau de transparência de cada clube em termos de disponibilidade de informações financeiras.

Vocês notarão que quanto mais dados divulgam, mais chegamos perto do resultado final auferido, e isto é muito importante para que o torcedor acompanhe o desempenho financeiro do seu clube.

Se o objetivo não é necessariamente acertar, é sim dar uma dimensão da situação antes da publicação dos balanços, para que os torcedores entendam os movimentos de início de ano. Seria muito melhor se todos divulgassem dados intermediários que possibilitassem o acompanhamento mais de perto..

Quem sabe um dia?

Vamos aos resultados!

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Erramos por muito. Não contávamos com o crescimento incomum nasReceitas com TV (R$ 30 milhões acima da nossa previsão) nem da Venda deDireitos Econômicos (R$ 21 milhões acima).

Além disso os Custos e Despesas vieram consideravelmente abaixo denossas expectativas. Há que se considerar a falta de dados intermediários.

Paciência. Mais treino para a próxima!

No Botafogo consideramos Receitas com TV um pouco abaixo dorealizado e Custos pouco acima. Dado que não havia dados parciais, apenas um orçamento, consideramos que nossa avaliação chegou perto.

Um pouco mais de precisão no chute na próxima temporada!

Nossas considerações, mesmo tendo dados de Agosto/15, ficaram abaixo do realizado por conta de não considerarmos Receitas com Sócio Torcedor, que foram superiores ao uso de Bilheteria no ano.

Ainda assim consideramos que faltou pouco para o Gol, especialmente porque acertamos os Custos e Despesas.

Valores em R$ milhões

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Mesmo sem apresentar dados intermediários, e considerando que o clube apresentou Receitas com TV bem acima do usual, tivemos bom desempenho. Nossa avaliação não contemplou a redução de Custos com Folha Salarial implementada pelo clube.

Ainda assim vamos considerar que nossa previsão poderia ter sido melhor.

Com parcial publicada em Setembro/15, chegamos muito perto dodesempenho final do Flamengo. Pequeno descompasso em relação àsReceitas, mas muito em linha de forma geral.

Parabéns ao clube pela transparência que nos permitiu antever seus dados finais!

E que golaço!

Ajudou muito termos acesso aos dados intermediários deSetembro/15, mas nossa margem de erro aqui foi mínima.

Parabéns também ao Fluminense pela transparência, que ajuda o torcedor a acompanhar a realidade financeira do clube.

Valores em R$ milhões

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177 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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Os números eram intermediários de Junho/15, e isso não deu a pista completa, mas ao menos a direção não foi muito torta. Na trave!

Nosso maior erro foi considerar Receitas de TV R$ 13 milhões abaixo do realizado e Custos levemente acima. Faz parte.

Erramos feio no Internacional! Não tínhamos dados preliminares, apenas um orçamento revisado com informações vagas, então nosso exercício foi realmente em cima de hipóteses, todas infundadas.

Mais treino, por favor!

Tínhamos dados do Palmeiras até Novembro/15, e isso deveria trazer maior grau de acerto em nossa previsão. Ocorre que houve muitos ajustes tanto nas Receitas como nos Custos. Ou seja, mesmo com informação, se ela não for detalhada, não é possível entender a realidade dos dados.

Erramos, mas havia um buraco no campo.

Valores em R$ milhões

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Projeções 2015 x realizado 2015 Sã

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Mais um golaço na temporada!

Apensar de termos dados intermediários de Março/15, conseguimos avaliar corretamente o comportamento das Receitas e dos Custos e Despesas, de forma que o resultado apontado nas previsões foi próximo do realizado.

O São Paulo também não divulga dados intermediários, e istoocasionou alguns erros de avaliação. Acabamos errando um pouco emcada conta de Receita e não conseguimos considerar corretamente aseconomias implantadas pela Diretoria.

Erramos!

Valores em R$ milhões

Erramos a dimensão mas acertamos a diferença.

O Vasco não divulga dados intermediários, então não tínhamos como imaginar que haveria salto tão grande nas Receitas de TV, o que possibilitou crescimento de Custos e Despesas na mesma proporção.

Faltou bola de cristal, mas conceitualmente chegamos perto.

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179 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 179

Avaliação de Desempenho | Gráfico de Eficiência Futebolística

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180 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Como medir a eficiência de uma equipe

Gastos Gerais As Conquistas

Conceito | Visão geral

O que é eficiência no Futebol? Muito provavelmente dirão os Torcedores e Analistas que são os Títulos! De certo modo, é verdade, afinal o “lucro” de umclube deveria ser o título conquistado.

Mas a que preço chega esse título? Quanto vale o desempenho de um clube Campeão? Será possível chegar a conquistas gastando pouco?

Buscando respostas a essas e outras perguntas criamos um Índice de Eficiência do Futebol, que consiste em fazer um cruzamento entre Desempenho Esportivo, tratado em duas dimensões, i) total de pontos obtidos no ano e ii) pontuação por colocação nos campeonatos disputados e desempenho financeiro, tratado a partir dos Gastos Gerais, que como mostramos anteriormente, é a soma entre Custos, Investimentos e Despesas Financeiras.

Isso tudo é plotado num gráfico e dependendo da posição do clube nesse gráfico chegamos ´visualmente ao Índice de Eficiência.

A seguir um pouco sobre as 3 dimensões.

É a soma conforme citamos acima. Elaindica quanto o clube investiu no Futebol, seja via Salários, despesas quesustentam o negócio, Investimentos emAtletas Profissionais e da Base – ou seja, reforço da mão-de-obra – e quanto pagou de Custos Financeiros, que naprática representa o preço do dinheiro tomado para cobrir buracos de caixa originados pela atividade, seja por conta de Dívidas, seja por Adiantamentos.

Dividimos então o valor dos Gastos Gerais pelo total de pontos obtidos pelo clube ao longo de todo o ano, em todos os campeonatos oficiais.

Com isto chegamos ao Custo de cada ponto, que de maneira geral nos grandes clubes chega a valer Milhões de Reais.

Mas ele sozinho não diz nada, pois umclube pode ter conquistado um bomvolume de pontos mas não ter conquistado Títulos.

Relação com os Pontos

Daí cruzamos o Custo por Ponto com outra pontuação, a das Conquistas. Atribuímos pontuações para conquistas e decepções, na seguinte proporção:

Títulos Estaduais e Regionais:.....10 pts Copa Sulamericana:.................... 10 pts Classificação para Libertadores:. 10 pts Títulos da Copa do Brasil:........... 15 pts Brasileiro: ....................................20 pts Libertadores: ...............................25 pts Mundial: .......................................30 pts

Subir para Série A:....................... 5 pts Cair para Série B: .....................- 15 pts

O resultado veremos a seguir, com o cruzamento plotado num gráfico e a classificação de cada clube.

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181 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Eficientes Eficazes Bom Trabalho

Os Grupos | Como definimos cada posição no gráfico

Deixaram a Desejar Não deu Perdulários

São os que conseguiram mais Conquistas gastando menos por ponto. Eficiência é conseguir resultados ao

menor custo.

São os que conseguiram mais Conquistas gastando mais por ponto. O resultado

veio, mas a um custo excessivo.

Gastaram relativamente pouco e apesar de não

conquistarem nada, permaneceram nas suas

Séries.

Estes também permaneceram em suas

Séries, mas gastando muito mais. Ou seja, o gasto foi

improdutivo.

Gastaram pouco, era o possível, e o resultado não só não veio como o clube ainda foi Rebaixado de

Série.

Gastaram muito e o resultado ao final da

temporada foi negativo. Pode até ter conquistado um

título menor, mas o rebaixamento de Série pôs

tudo a perder.

Os grupos levam em consideração a pontuação total das conquistas, ou seja, se um clube venceu o Estadual e fez 5 pontos, mas foi rebaixado na Série A e perdeu 15 pontos, então no ano seu resultado foi menos 10 pontos. Um título é importante, mas vemos que a permanência na Série A traz mais retorno financeiro no longo prazo.

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O Gráfico

Eficientes

Eficazes

Deixou a Desejar

Bom Trabalho

Perdulários

Não Deu

Pontuação de Conquistas

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183 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

O Gráfico

Eficientes

Eficazes

Deixou a Desejar

Bom Trabalho

Perdulários

Não Deu

Pontuação de Conquistas

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Pontuação de Conquistas

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Dos 7 clubes definidos como “Eficazes”, 5 tiveram bomdesempenho em competições Nacionais, seja pelos títulos –Corinthians e Palmeiras – seja pelo pela classificação à Libertadores – Atlético MG, Grêmio, São Paulo.

Entre esses clubes ainda vale um destaque adicional para Corinthians e Palmeiras, uma vez que estão nessa condição por terem conquistado títulos Nacionais. Podemos inclusive dizer que o gasto foi mais qualificado que os demais.

No caso do Atlético MG, a despeito de estar praticamente namesma posição do Corinthians, seus triunfos foram a conquista do Estadual e a classificação à Libertadores, ouseja, desempenho inferior ao de um título Nacional.

Apenas 2 clubes tiveram boa colocação por conta dotorneio Regional: Santos e Internacional, Campeões Estaduais. Nesse sentido, o Internacional conseguiu melhor desempenho comparativo, pois gastou bem menos que o rival Paulista.

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184 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

O Gráfico

Eficientes

Eficazes

Deixou a Desejar

Bom Trabalho

Perdulários

Não Deu

Pontuação de Conquistas

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Pontuação de Conquistas

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Aqui encontramos 5 clubes apenas, com destaque para o Santa Cruz, Campeão Pernambucano e que conseguiu o acesso à Série A,acumulando 15 pontos em nossa escala, e também ao Bahia, Campeão Baiano, mas que não conseguiu retornar à Séria A.

Os outros 3 – Botafogo, América MG e Vitória - estão nessa categoria por terem subido da Série B para a Séria A, e isto tem muito valor, pois como observamos nas avaliações individuais, jogar a Série A garante um aumento expressivo de Receitas.

A eficiência, nesse sentido, não tem a ver necessariamente com títulos, mas com objetivo atingido. É fundamental que os clubes passem a se organizar pensando em objetivo e esse nem sempre será o título. No momento em que uma posição intermediária na tabela, a classificação à Série superior ou mesmo manutenção na Série A for tratada com o devido mérito, parte dos problemas financeiros cessa, uma vez que os incentivos estarão alinhados com a capacidade financeira.

Mas fica uma questão: quem ficou mais feliz, o torcedor do Bahia ou o do Vitória? Tecnicamente, dado que a chance do Vitória serCampeão da Série A em 2016 não chega a ser grande, ao menos o torcedor do Bahia comemorou um título em 2015.

E então teremos que no desempenho comparativo, o Botafogo foi ligeiramente superior aos demais que subiram à Série A, pois conquistou um dos títulos possíveis.

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185 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

O Gráfico

Eficientes

Eficazes

Deixou a Desejar

Bom Trabalho

Perdulários

Não Deu

Pontuação de Conquistas

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Pontuação de Conquistas

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Quem Deixou a Desejar foram Cruzeiro, Flamengo e Fluminense, que encerram o ano sem conquistas ou objetivos alcançados.

É natural que haja clubes que investem muito e não atinjam objetivos. Na prática, háapenas 2 Títulos Nacionais, algumas poucas vagas à Libertadores e o que resta é sempre um disputado torneiro Estadual ou mesmo um Regional.

Nesse sentido, surgem as disputas locais, como no caso do Cruzeiro, que teve desempenho bem inferior ao do Atlético MG, e da dupla Fla-Flu, que mostrou desempenho muito abaixo do seu potencial, se considerarmos que no Estadual o Campeão foi o Vasco, rebaixado à Série B.

Observando quem fez um Bom Trabalho, háque se considerar a questão do objetivo, que nem sempre é a conquista de um título. Para muitas dessas equipes, a condição apresentada é boa se pensarmos em termos Nacionais. Entretanto, se incluirmos o aspecto Regional, para alguns o desempenho foi aquém do esperado.

Veja os casos de Atlético PR e Coritiba, quenão conseguiram sequer o título Estadual. Nesse caso, o “bônus” foi perdido. Seanalisarmos os Catarinenses, a chance de“bônus” ficou justamente com o Joinville, que caiu para a Série B, negativamente a conquista do Estadual. Ao mesmo tempo, o “zero” do Criciúma é inferior ao deFigueirense e Chapecoense, pois enquanto esses permaneceram na Série A, o primeiro manteve-se na Série B. Visão equivalente para a comparação entre Sport e Náutico.

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186 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

O Gráfico

Eficientes

Eficazes

Deixou a Desejar

Bom Trabalho

Perdulários

Não Deu

Pontuação de Conquistas

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Chamamos de Perdulários aqueles que gastam como vencedores mas acabam com desempenho muito aquém doesperado em função dos gastos. O Vasco, apesar daconquista do título Estadual, foi rebaixado à Série B. Para um clube da história e grandeza do Vasco a permanência naSérie A tem mais valor que o título estadual, tantas vezes conquistados.

Enquanto isso, para quem Não Deu, há que se separar osdesempenhos de Joinville e Goiás, que foram rebaixados mas conquistaram seus títulos Estaduais – dentro doconceito de Objetivo Alcançado há um consolo – quando secompara ao que ocorreu com o Avaí, que nada conquistou e ainda caiu para a Série B.

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187 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Análise do Índice de Eficiência Financeira

À primeira vista parece que a quantidade de dinheiro indica claramente quem são os clubes de maior sucesso e consequentemente mais conquistas. Mas não é bem assim.

Os dois grupos de maior destaque – Eficientes e Eficazes – conquistaram títulos, cada um dentro da sua possibilidade, seja ela o de um Estadual, seja um Brasileiro, ou mesmo um bom posicionamento que permita disputar a Libertadores no ano seguinte.

Mas o fato é que com mais ou menos dinheiro é possível atingir as metas, desde que as metas estejam corretamente dimensionadas.

O que não chega a ser surpresa quando vemos clubes de pouco orçamento sendo rebaixados e não obtendo sucesso. É parte de suas realidades. Ao mesmo tempo, não é parte da realidade um clube com orçamento elevado ficar apenas no “zero”, o que indica estar claramente investindo de maneira menos eficiente e desperdiçando dinheiro.

Obviamente que Futebol não é uma ciência exata, felizmente. Mas ter acesso a orçamentos mais robustos deveria indicar maior capacidade de contratar bons profissionais e desempenhar melhores trabalhos.

Esta é a primeira vez que montamos esta avaliação e na próxima edição, com dados de 2016, veremos asmovimentações, que no longo prazo mostrarão de forma mais clara e objetiva se poderio financeiro é sinônimo depoderio econômico.

De qualquer maneira, um dado para pensar: desde o início do Campeonato Brasileiro de Pontos Corridos houve apenas 6 clubes Campeões: Corinthians por 4 vezes; Cruzeiro e São Paulo por 3 vezes; Fluminense por 2 vezes; Flamengo e Santos por 1 vez.

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188 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Classificação por Custo por Ponto

Índice de Eficiência | Detalhamento

Naturalmente que esta classificação contém premissas e avaliações que apresentam potencial de discussão. Os dadosestão aí e são objetivos, a classificação é mero ordenamento baseado em nossa visão.

Nesse sentido, dentro da classificação de “Bom Trabalho”,alguns clubes podem ser vistos sob a lógica do “copo meio cheio” ou “como meio vazio”. Para os que estavam na Série A e permaneceram nela, parece bom. Mas para quem estava na Série B, se manteve nela e não conseguiu subir para a Série A, o desempenho parece ruim. E todos estão classificados da mesma forma.

Não tem jeito. Avaliações como esta precisam de critérios objetivos e abrangentes e não podem ser feitos sob medida para abarcar um ou outro nome específico. Logo, distorções que consideramos aceitáveis podem ocorrer, mas que nãomudam a lógica da avaliação.

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Efeitos do Profut

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190 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Como chegamos aos números

Profut | Comentários Gerais e Premissas

Para fins de avaliação utilizamos todas as Dívidas Fiscais registradas no Passivo Exigível a Longo Prazo, que em tese abarcam todos os tributos renegociados. Consideramos para fins de análise quetodos os clubes optaram pelo padrão de 240 meses, dentro das regras de correção pela Selic e escalonamento de pagamento, sendo: 50% da parcela em 2016 e 2017; 75% da parcela em 2018 e 2019; 90% da parcela em 2020; 100% da parcela a partir de 2021. Além disso, diferença dasparcelas foi incorporada ao saldo a ser pago a partir de 2021.

Com isso, na sequência listaremos o valor da Dívida considerado para fins de cálculo, bem como o valor da amortização anual dessa Dívida.

Com esta informação, verificamos qual o valor do Fluxo de Caixa Livre e adicionamos o valor daparcela de 2016, para ver qual o tamanho do ajuste que cada clube terá que fazer ou qual a sobra teria em função do início dos pagamentos do Profut.

Isto significa que muita gente precisa colocar a casa em ordem, conforme os dados a seguir.

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191 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Dívida Total e Parcelas Anuais

Profut | Números

O Palmeiras entra nessa classificação para fins de comparação, uma vez que não aderiu ao Profut. A tabela mostra que mesmo que entrasse o impacto no fluxo de caixa do clube seria pequeno.

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192 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Profut | O Tamanho do Ajuste

A maior parte dos clubes precisam fazer algum ajuste já para 2016, em maior ou menor escala.

Na coluna “2016**” está o potencial tamanho do ajuste, considerando que um clube deveria ter uma relação equilibrada entre Receitas e Gastos.

Para fins de comparação e avaliação do tamanho do ajuste que precisa ser feito, ao lado incluímos a Receita e o EBITDA de 2015.

Assim, em tese, para equilibrar as contas o Santos, porexemplo, tem que aumentar Receitas ou reduzir gastos em R$ 50 milhões em 2016, considerando que as Receitas foram deR$ 167,8 milhões.

Fazendo essa comparação é possível ter uma noção dotamanho do ajuste que cada clube terá que fazer para seenquadrar a uma realidade mais próxima do ideal.

O QUE ESPERAMOS A PARTIR DE 2016

A adesão ao Profut vem acompanhada de uma série deobrigações aceitas pelos clubes, como limite de gastos salarial, pagamentos em dia de salário e tributos correntes e reestruturados. O ideal é que nos balanços de final de ano haja uma demonstração clara do atingimento das metas, de forma que as obrigações se tornem Covenants, que no mercado corporativo são índices de restrição e controle, que orientam osstakeholders no acompanhamento das demonstrações dascompanhias. Esperamos ter a demonstração clara de quetodas as obrigações estão sendo cumpridas.

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Soy Latino-Americano | Comparação entre Clubes da Argentina, Brasil, Chile e Colômbia

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Como estão nossos hermanos?

Futebol Sulamericano | Argentina, Chile, Colômbia e México

Após alguns anos apresentando funcionamento do Futebol em alguns países Latinoamericanos – Argentina, Chile, Colômbia e México – optamos nessa edição em fazer uma comparação resumida nos números dos principais clubes desses países, exceto o México, pois não há dados econômico-financeiros disponíveis.

De maneira geral, como não houve novidades nos modelos dos países, e como no caso Mexicano não hádisponibilidade de dados, há pouco a acrescentar.

Assim, a comparação de alguns dados, como Receitas, Despesas com Folha de Pagamentos e EBITDA nos permitirá fazer uma avaliação da capacidade de competição entre os principais clubes Brasileiros e Latinos.

Vamos aos números,

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195 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Sulamericanos | Comparativo Base 2015

O que é possível avaliar nesses dados é enquanto falamos em “Espanholização” no Brasil, ela é praticada na Argentina. A distância deReceitas entre os dois maiores clubes Argentinos – Boca Juniors e River Plate – é de mais que o dobro para o terceiro colocado, Racing Club. Não tivemos acesso a outros dados, mas nos parece improvável que haja clubes próximos aos dois maiores, dado o perfil de cada um. Isto porque na Argentina a Venda de Direitos Econômicos de Atletas chega a representar mais de 50% das Receitas Totais, e os grandes vendedores de atletas são River Plate e Boca Juniors.

Enquanto isso, o Futebol no Chile e na Colômbia apresenta números bastante modestos, mesmo considerando na amostra os maiores clubes Chilenos e dos dois representantes Colombianos na Libertadores 2016 que chegaram mais longe na competição.

Isto posto, observa-se que em termos de capacidade financeira, exceto pelos dois maiores Argentinos, os Brasileiros suplantam com certa folga os demais. Os Custos e Salários do Racing Club, por exemplo, figurariam na metade de baixo da tabela entre os Brasileiro, Os Chilenos e Colombianos estão abaixo dos 60% maiores clubes Brasileiros em termos de Receitas. Ou seja, é natural que o Brasil passe a ser umcentro Sulamericano, ao menos para os atletas de segundo nível, uma vez que os principais nomes e destaques seguem para a Europa e México.

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196 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Sulamericanos | Visão Comparativa

Nesse gráfico há uma representação visual clara da diferença nas Receitas dos clubes apresentados na comparação. Há 3 blocos claros: o que vai do River Plate ao São Paulo, o segundo que é o Racing Club e o terceiro, composto pelo Rosário Central, Chilenos e Colombianos.

Lembrando que os Países possuem diferenças relevantes na Governança. Enquanto Argentinos não tem obrigação de tornar seus balanços públicos, os Brasileiros precisam fazê-lo por força de Lei. Enquanto isso, Chilenos possuem capital aberto e dadospúblicos, ao mesmo em que os Colombianos estão em processo de abertura de capital e por enquanto são acompanhados pela Superintendencia de Sociedads, órgão estatal que avalia as finanças dos clubes de futebol e coloca os que estão em dificuldades emobservação, podendo encerrar suas atividades caso não se recuperem.

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197 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Comparando com o México

Como os Clubes Mexicanos não divulgam balanços mas são um pólo que atrai muitos atletas de boa qualidade do Futebol Sulamericano, fizemos um exercício para estimar qual a suposta Receita dos maiores clubes Mexicanos. Vale ressaltar que é um mero exercício e que como os clubes possuem donos, nada os impede de injetar recursos de outros negócios para reforçar os elencos.

O exercício tem como premissa a informação publicada pela Imprensa Mexicana sobre os Contratos de Direitos de TV dos Clubes Mexicanos com as TVs do México e dos EUA. Lembrando que os contratos são celebrados de forma individual e cada clube vende os jogos em seus estádios.

A partir dessa informação traçamos paralelos com a distribuição de Receitas dos 20 maiores clubes do Mundo e incluímosas 5 Maiores Receitas do Brasil. Assim, trabalhamos com 3 cenários: i) Média dos 5 Países; ii) Itália (que é o país onde a TVtem maior participação); iii) Alemanha País com menor participação da TV).

Dessa forma chegamos a 3 hipóteses de Receita Total dos Clubes Mexicanos, a partir das três distribuições apresentadas abaixo. Os resultados estão na próxima página.

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198 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Receita Estimada

Comparando com os Clubes Sulamericanos

México | Quantificando as hipóteses

Com base nos percentuais apresentados napágina anterior e nos valores apresentados nosite “Futbol Sapiens”, chegamos nos supostos valores de Receitas Totais dos Clubes Mexicanos, e abaixo fizemos uma comparação com os Sulamericanos. De fato, se as premissas estiverem corretas, os Mexicanos possuem elevada capacidade de competição financeira com os Sulamericanos.

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Futebol no Brasil xFutebol na Europa

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200 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

A real distância entre nós

Brasil x Europa | Relação Receita x PIB de cada País

O objetivo é fazer uma comparação que fuja do erro comum que é comparar Receitas em Reais convertidas em Euros com Receitas originadas em Euros.

Naturalmente que a capacidade de geração de Receitas dos Clubes Europeus será sempre maior que a dos Brasileiros, pois as Economias são mais fortes e há uma questão cambial que distorce a relação.

Ao utilizarmos a comparação entre Receita e PIB do País, que é onde os clubes geram a maior parte de suas receitas, com contratos de TV e Bilheteria, passamos a encontrar a relevância do Clube na Economia do País. Desta forma podemos verificar quem consegue de fato extrair mais Receitas de sua Economia-Mãe.

A conta é bastante simples: dividimos a Receita da temporada pelo PIB médio dos anos em que questão. Por exemplo, para a Temporada 2014/2015 utilizamos a Receitas dividida pelo PIB Médio entre 2014 e 2015. Como mencionado, isto dá uma dimensão sobre a relevância dessa Receita em relação ao que o País produziu no mesmo período.

Real Madrid e Barcelona mostram quão fortes são, visto que suas receitas frente ao PIB Espanhol são substancialmente maiores que a dos pares Europeus.

Ao mesmo tempo, os Clubes Brasileiros se colocam em posições razoáveis dentro do cenário Mundial. Obviamente que jamais competiremos com esses clubes na busca por algum atleta, mas podemos ver que alguns clubes atingem níveis mundiais de Receitas.

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201 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Posições em 2013/2014 Posições em 2014/2015

Distância aumentou

Na comparação entre as duas últimas temporadas, nenhuma alteração nos dois primeiros postos: Real Madrid e Barcelona continuam com as maiores Receitas e com elevada participação em relação ao PIB Espanhol. Isto ocorre porque o PIB da Espanha é inferior ao dos outros países da amostra e porque a Receita desses clubes é substancialmente maior, nominalmente.

Quando adicionamos os 5 clubes de maior Receita no Brasil à lista, percebemos que na temporada 2014/2015* perdemos posições. A verdade é que a distância aumentou, a despeito da queda do PIB Brasileiro, pois as receitas também sofreram queda. Além disso, clubes Europeus tiveram incremento deReceita nominal acima da variação do PIB. A menor relação Receita/PIB da Temporada 13/14 era de 0,0050% e passou a 0,0063% na Temporada 14/15, enquanto no Brasil a melhor relação caiu de 0,0075% para 0,0057%.

* No casos dos Brasileiros utilizamos as Receitas de Dezembro/15

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202 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Dificilmente atingiremos patamares mais elevados

A competição entre Brasileiros e Europeus é muito difícil, em função da moeda, do poder de compra do torcedor e do volume dedinheiro que gira nos mercados.

Fizemos o seguinte exercício: considerando a relação Receita/PIB dos clubes Europeus e aplicando-as ao PIB Brasileiro de 2015(R$ 5,9 Tri), qual seria a Receita que o clube Brasileiro teria no ano? Qual o tamanho do crescimento em relação à receita doFlamengo, maior do País em 2015?

Veja que para atingir 10ª relação Receita/PIB, que pertenceu ao Bayern Munich, de 0,0160%, a maior Receita do Brasil deveria ser de R$ 942 milhões, ou 2,8 vezes maior que a auferida pelo Flamengo em 2015. Isto é bastante difícil, e esta dificuldade ajuda a explicar o porquê da distância entre o Futebol Europeu e o Brasileiro. Por mais esforços aplicados para aumento das Receitas doclubes Brasileiros, um crescimento dessa magnitude leva tanto tempo para ocorrer que o torna improvável, ao menos a curto e médio prazos.

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203 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Comparativo por Origem de Receita | 2015

Comportamento das Receitas por Origem

Vamos avaliar o perfil das Receitas dos 25 Clubes que compõem a tabela da página anterior e verificar se há alguma ação concreta de mudança de perfil degeração de Receitas que possibilite aos clubes Brasileiros se aproximar mais rapidamente dos Europeus.

Primeiramente, não há padrão na origem das receitas. Há, em alguns casos, comportamentos próximos, como da Itália, onde dos 4 clubes da amostra apenas o Milan possui mais Receitas Comerciais que de TV. Ou seja, padrão na Itália parece ser depender fortemente da TV. Quando comparamos com o Brasil isso nem é a verdade absoluta, pois para fins de comparação incluímos a Venda de Direitos Econômicos de Atletas em Comerciais. Desta forma, os Brasileiros passam a ter predominância desse tipo de Receita.

Na Alemanha as Receitas Comerciais são as mais relevantes, uma vez que a TV tem divisão de cotas de maneira a evitar discrepâncias significativas. Vale o mesmo para a Inglaterra, porém clubes de menor expressão acabam dependendo mais da TV em função do valor que esta destina ao esporte.

Já na Espanha há maior equilíbrio, e Real Madrid e Barcelona, a despeito das enormes cotas de TV local, conseguem rentabilizar sua marca e gerar volume expressivo de Receita Comercial. Tanto que o Atlético de Madrid depende mais da TV que os rivais. E no caso do Paris St Germain, as Receitas Comerciais sedestacam porque são aportes do acionista do clube.

Então, pensando em origem de Receitas parece não haver mudança relevante a ser feita, e a distância existe porque os volumes são realmente menores emfunção da condição do País e há o aspecto Câmbio que distorce os dados em favor dos Europeus.

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204 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Receita dos Europeus | Match Day Em

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205 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Receita dos Europeus | TV Em

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206 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Receita dos Europeus | Comerciais Em

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207 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 207

Leicester City XFlamengo

Comparação

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208 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

A Indignação do Torcedor

Leicester City x Flamengo | Por que?

A ideia de fazer esta comparação veio de conversas informais com torcedores do Flamengo, inconformados com o fato do Leicester City, clube pequeno e de pouca expressão no Futebol Inglês, ter receita maior que a do Flamengo, clube de maior torcida no Brasil.

Naturalmente que o título da Premier League da temporada 2015/16 foi o mote para a conversa. Mas a Receita doclube Inglês já foi maior que a do Flamengo, em Reais, na temporada anterior, quando o clube retornou à Premier League. E é com base nesses dados que faremos a comparação a seguir, sem ignorar que o título da última temporada ainda fará aumentar mais as Receitas do Clube, em função de aumento na cota dos Direitos de TV.

Vamos aos dados.

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209 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Leicester City x Flamengo | Comparação

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210 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

Custos e Folha de Pagamento Bilheteria e Público Relação com a Renda

Comentários

Para fins de exercício convertemos osdados do Leicester City de Libras para Reais, mas fizemos simulações utilizando as duas moedas, de forma a mostrar o efeito da variação cambial entre as temporadas.

O Leicester City disputou a temporada 13/14 na Série B da Inglaterra, subindo à Premier League natemporada seguinte. Isto possibilitou um grande salto nas Receitas em Libras: foram 235% de aumento.

Quando convertido para Reais o crescimento foi ainda mais impressionante, chegando a 331%. Sem o efeito cambial a Receita da temporada 14/15 teria alcançado R$ 392 milhões, ainda assim maior que a auferida pelo Flamengo em 2015.

Receitas

O saldo dos Custos e da Folha de Pagamento do Leicester City cresceram bastante entre astemporadas, acompanhando o aumento das Receitas, e natural para um clube que passa a atuar na Série A. Acontece também noBrasil, como vimos anteriormente.

Enquanto isso o Flamengo manteve estáveis esses números, até porque possui Dívidas para pagar e passa porum momento de ajustes.

Curiosamente, o Público Médio por partida de ambos os clubes se comportou da mesma forma e com números bastante próximos.

Ainda assim o Tícket Médio e consequentemente as receitas de Bilheteria são maiores noFlamengo, a despeito da Renda Média do trabalhador Brasileiro ser cerca de 25% da Renda Média do trabalhador Britânico.

Enquanto a relação das Receitas com o PIB é muito próxima natemporada 14/15, quando comparadas ao PIB Per Capita mostram a distância entre osmercados. São necessários 3.747 Ingleses para gerar a Receita do Leicester City, enquanto o Flamengo precisa de11.448 Brasileiros para compor a sua. Se utilizarmos a Renda Média esta distância se mantém elevada, ainda que um pouco menor (de 3,1x para 2,8x).

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Leicester City x Flamengo | Avaliação geral

A comparação entre duas realidades muito diferentes do ponto-de-vista macroeconômico deixa clara a distância entre a Indústria do Futebol Brasileira e Europeia, explicando o motivo de um clube recém promovido na Inglaterra ter Receitas maiores que as do clube de maior torcida e receita do Brasil.

Primeiramente, o crescimento de Receitas do Leicester City no período está certamente associado ao aumento da cota de TV pela mudança de Série, uma vez que se parece com os clubes menores Ingleses, onde a Receita de TV é preponderante. Tanto é que a Receita de Bilheteria – o chamado “Matchday” - do Flamengo é maior que a do Leicester City, mesmo com público médio próximo e renda média do Brasileiro bastante inferior.

Comparar Receitas e dados em Reais gera distorção por conta do efeito cambial. Vimos que o crescimento em Libras foi elevado mas quando convertido em reais foi maior ainda. Logo, comparar moedas diferentes em realidades diferentes gera distorções que não ajudam a explicar as diferenças estruturais. Mas quando balizadas pelo PIB, pelo PIB Per Capita e pela Renda Média começam a fazer sentido e podemos encontrar os motivos que explicam a distância. E podemos considerar que o problema está na Indústria e não nos Clubes. O Futebol Brasileiro se apropria demuito menos Receita que o Futebol Inglês e os demais Europeus, simplesmente porque o País oferece menor Receita/Renda Média por Cidadão.

O poder de compra do Brasileiro em relação ao torcedor Inglês faz toda a diferença na dimensão de uma série deReceitas, especialmente na que vem da TV. A comparação no valor dos contratos na Inglaterra e no Brasil são a maior diferença entre as Indústrias e que muda a relação entre Leicester City e Flamengo. Os direitos de TV estão associados ao retorno que as TVs tem e isto está relacionado à renda da população, de forma que o mercado Inglês atinge renda maior que o Brasileiro.

Não há segredo. Para a próxima temporada da Premier League o contrato anual de transmissão de jogos equivalerá a R$ 9,3 bilhões, divididos de forma que mesmo os clubes menores tenham acesso a um volume astronômico derecursos. No Brasil, em 2015, os 26 clubes da nossa análise receberam R$ 1,5 bilhão. A relação é de 5,5 vezes maior para os Ingleses. Não há como competir.

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Conclusões

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Conclusão

Do ponto-de-vista financeiro o Futebol Brasileiro de Clubes parece ter entendido que há uma realidade urgente a ser atendida, que é a da melhor organização financeira. Há que se ter mais equilíbrio na gestão do clube, equilibrar Receitas e Despesas, controlar o ímpeto na hora de fazer investimentos e pensar no longo prazo, na sustentabilidade dos clubes, das marcas. Porque o Dirigente vai mas o Clube e sua Torcida ficam.

Acreditamos que o resultado de 2015 é um primeiro sinal de que os Clubes, de maneira geral, passaram a ser geridos sob esta ótica. Naturalmente não são todos, naturalmente há muito a caminhar, mas só de ver que a sangria foi de certa forma estancada, já é um sinal bastante positivo. Positivo enquanto esperança, mas ainda frágil. Não basta uma pequena melhora para que secomemore. Não é celebração, é alívio. E cada novo Dezembro precisa trazer novas boas notícias, até que deixem de ser novas e se tornem apenas notícias, recorrência.

Agora é preciso manter passo. Esperamos que em 2017 possamos retornar contando boas estórias. Mantemos o otimismo. Trata-se de uma indústria importante e que deve ser tratada como tal: com profissionalismo, atenção e cuidado para se tornar cada dia maior.

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Escalação

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Elenco

Treinador

Cesar Grafietti

Comissão Técnica

Pasquale Di Caterina

Bernardo Lopes de Oliveira

Marcelo Ferreira Costa

Ederson Pinho Biagio

Leandro Antunes

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Referências

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Referências

Balanços e dados econômico-financeiros dos Clubes Brasileiros foram obtidos através da imprensa e dos sites oficiais dos clubes e Federações locais de Futebol. Dados Econômicos dos Países foram obtidos junto ao site do Banco Mundial e FMI. Dados dos Clubes Europeus foram obtidos junto aos estudos Football Money League, produzido pela Deloitte. Dados econômico-financeiros dos clubes da Argentina, Colômbia, Chile e México foram obtidos através da imprensa, dos sites oficiais dos clubes e da SVS Chilena. Dados da UEFA Champion’s League foram obtidos através de report preparado pela UEFA e disponibilizado em seu site. Dados da Libertadores da America foram obtidos através da imprensa. Informações sobre Contratos de Televisionamento foram obtidas junto à imprensa, através de diversas matérias e fontes.