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ANALISE DOS BENEFÍCIOS DA APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS (ABP) NO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS PRÁTICOS NO CURSO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (UNIVESP) João Matias Santos Julio Cesar Ferreira dos Passos Universidade Virtual do Estado de São Paulo Resumo: Um dos problemas encontrados, que impacta negativamente a motivação dos alunos do curso de engenharia, é a falta de aplicação pratica dos conceitos teóricos apreendidos em sala de aula durante a sua formação. A Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), juntamente com a abordagem do Design Thinking (DT), aplicada nos cursos de engenharia, oferece a possibilidade de preencher a lacuna entre a teoria e a prática no processo de aprendizagem e formação dos futuros engenheiros. A metodologia favorece a construção do conhecimento através do desenvolvimento de projetos práticos onde o aluno é protagonista de sua aprendizagem atuando de forma ativa sua formação. O presente trabalho tem como objetivo analisar os benefícios obtidos na aplicação da metodologia ABP atrelada abordagem do DT, através de estudo de caso com ênfase na participação do professor mediador da disciplina e da experiência do aluno integrante de um grupo de trabalho, no qual ambos descrevem a experiência sobre a ABP, consoantes a seu potencial para melhorar a formação dos futuros engenheiros. Palavras-chave: Aprendizagem; Formação; Problemas; Engenharia; Design Thinking. 1. Introdução Prestar serviços na área de ensino para atender as demandas de desenvolvimento exigidas pelo mercado nacional e internacional tem sido tarefa complexa para as instituições de ensino superior, principalmente nas formações de engenharia. Desta forma é prudente que a formação dos engenheiros de hoje e do futuro seja submetida a uma reformulação, de modo que venha a atender a demanda de desenvolvimento e avanço das exigências do mercado. Essas novas demandas tem levado as instituições públicas de ensino bem como as privadas a reestruturarem seus planos de ensino, ementas e objetivos das disciplinas ministradas tornando-se assim agentes de capacitação profissional para o mercado.

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ANALISE DOS BENEFÍCIOS DA APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS (ABP) NO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS PRÁTICOS NO CURSO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

(UNIVESP)

João Matias Santos

Julio Cesar Ferreira dos Passos

Universidade Virtual do Estado de São Paulo

Resumo: Um dos problemas encontrados, que impacta negativamente a motivação dos alunos do curso de engenharia, é a falta de aplicação pratica dos conceitos teóricos apreendidos em sala de aula durante a sua formação. A Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), juntamente com a abordagem do Design Thinking (DT), aplicada nos cursos de engenharia, oferece a possibilidade de preencher a lacuna entre a teoria e a prática no processo de aprendizagem e formação dos futuros engenheiros. A metodologia favorece a construção do conhecimento através do desenvolvimento de projetos práticos onde o aluno é protagonista de sua aprendizagem atuando de forma ativa sua formação. O presente trabalho tem como objetivo analisar os benefícios obtidos na aplicação da metodologia ABP atrelada abordagem do DT, através de estudo de caso com ênfase na participação do professor mediador da disciplina e da experiência do aluno integrante de um grupo de trabalho, no qual ambos descrevem a experiência sobre a ABP, consoantes a seu potencial para melhorar a formação dos futuros engenheiros.

Palavras-chave: Aprendizagem; Formação; Problemas; Engenharia; Design Thinking.

1. Introdução

Prestar serviços na área de ensino para atender as demandas de desenvolvimento

exigidas pelo mercado nacional e internacional tem sido tarefa complexa para as instituições

de ensino superior, principalmente nas formações de engenharia. Desta forma é prudente que

a formação dos engenheiros de hoje e do futuro seja submetida a uma reformulação, de modo

que venha a atender a demanda de desenvolvimento e avanço das exigências do mercado.

Essas novas demandas tem levado as instituições públicas de ensino bem como as privadas a

reestruturarem seus planos de ensino, ementas e objetivos das disciplinas ministradas

tornando-se assim agentes de capacitação profissional para o mercado.

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Há muito tempo o processo de ensino demanda reformulação para que os alunos

estejam não somente submetidos a um sistema de informação, como observa se na grande

maioria das instituições durante as aulas presenciais vivenciadas. Hoje, a grande demanda do

mercado exige que os profissionais estejam aptos e motivados a utilizar a criatividade para a

resolução de problemas implementando projetos práticos, viáveis e desejáveis pelos clientes

finais. Muitas empresas e instituições de ensino já tem conhecimento destas necessidades e

têm ciência das restrições praticadas no modelo antigo de ensino e hoje buscam inovar através

de metodologias ativas de aprendizagem.

De acordo com Wals (2014), consoante a essa necessidade novas maneiras de

aprendizagem, estão sendo desenvolvidas com o uso de metodologias ativas de aprendizagem,

exemplificando algumas metodologias ativas: trans e interdisciplinar; social; baseada em

projetos; jogos de simulação; simulações de computador; ensino à distância; desenvolvimento

de cenários; baseada em problemas; aplicação de ideias sem investimentos; educação de

valor; abordagens experimentais; diário reflexivo escrito, e muitas outras.

Nos concentramos neste trabalho em analisar os benefícios da aplicação da

metodologia ativa de aprendizagem baseada em problemas e por projetos (ABP) que pode

propiciar aos alunos de engenharia uma maior compreensão e correlação das disciplinas da

grade curricular para uso pratico no desenvolvimento de projetos que solucionem ou

amenizem problemas da sociedade onde estão inseridos. Para tanto, foi conduzida uma

pesquisa através de estudo de caso em um grupo de trabalho para desenvolvimento do que

denominamos de Projeto Integrador, sendo realizadas observações “in loco”, análise e coleta

de informações com o uso de entrevistas não estruturadas.

Adicionado a este processo discutimos neste trabalho os conceitos da

interdisciplinaridade e seus pontos positivos no ensino possibilitando uma melhor motivação,

compreensão, concepção, implementação e operacionalização dos conceitos das disciplinas

em projetos práticos.

2. Referencial teórico

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O marco para o novo paradigma de ensino aprendizagem é o advento social da

utilização massiva das tecnologias da informação e comunicação, em especial a internet, o

que estabelece uma ruptura com o modelo de educação tradicional bancária e enciclopédica,

pois, o acesso a informação ganhou agilidade, o conhecimento adquiriu uma nova dimensão e

junto a isto a necessidade do desenvolvimento de novas habilidades para uma sociedade em

rede e conectada.

Segundo McGrath (2002) apud Fuertes (2006), podemos definir a ABP como o

método de aprendizagem em grupo que se utiliza de problemas reais como estímulo para

desenvolver habilidades de resolução de problemas e propiciar a aquisição de conhecimentos

específicos.

Desde o inicio da década de 80 do século XX, diante dos problemas diagnosticados

nas metodologias tradicionais de ensino, evidencia se a necessidade de uma alternativa. A

metodologia da ABP, inicialmente observada em cursos da área médica Dolmans (2005),

recentemente vem sendo incorporada na formação de engenheiros, o emprego da APB é

motivado pelas demandas das novas características dos mercados, relações produtivas e

sociais modificadas pelo emprego de tecnologias de comunicação e interconexão, a partir

disto, diversos cursos de formação técnica superior foram incorporando as características da

metodologia ABP que em grande medida se adapta as caracterizações na sociedade da

informação e da comunicação.

A implantação da ABP, ou outra metodologia caracterizada por modelos ativos como

abordagem de ensino-aprendizagem passa por resistências institucionais e pessoais, pois os

estudantes precisam também entender se como ativos no processo, e o professor passa de um

papel central e transmissor na conformação tradicional, para um papel mediador,

institucionalmente para implantação e funcionamento da metodologia, é preciso a formação

de pessoal docente com a visão e conformidade dos novos papéis exigidos.

2.1 Metodologias ativas de aprendizagem

De acordo com Bonwell (1991) “a Metodologia Ativa de Aprendizagem” refere-se a

estratégias de ensino onde os alunos são envolvidos no processo de aprendizagem, ao invés de

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permanecerem passivos assistindo uma aula em forma de palestra. As metodologias ativas de

aprendizagem tem por objetivo inverter a sala de aula fazendo com que o aluno assuma o

papel ativo na busca de seu conhecimento retirando assim o protagonismo do professor que

até então era o principal responsável por transmitir o conhecimento. Assim o aluno é colocado

de maneira que se depara com mais autonomia no seu processo de aprendizado e com

constantes desafios a serem elaborados, pensados e resolvidos com projetos que podem ser

aplicados na resolução de problemas presentes na sociedade. Convém ressaltar também que

utilizando a metodologia ativa de aprendizagem o aluno tem a possibilidade de construir o

conhecimento através da assimilação de conteúdos já aprendidos no passado (teorias antigas)

construindo assim um raciocínio inteligente e fortemente sedimentado na solução de

problemas.

Para Bruner (1961), os alunos que estão ativamente envolvidos com o tema são mais

propensos a lembrar da informação por mais tempo e são mais capazes de utilizar ou aplicar

as informações de novas maneiras. Incentivar os alunos a trabalhar de forma colaborativa irá

ajudá-los a descobrir o significado pessoal dos conceitos, ao contrário da metodologia

convencional, que tem como foco o ensinar, nas metodologias ativas o foco central é a

preocupação com a aprendizagem do aluno, no qual a importância do aprender predominou

sobre o ensinar. As abordagens de prós e contras listam uma série de dificuldade a respeito à

aplicação das metodologias ativas, enquanto outros esboçam um olhar completamente

diferente.

2.2 Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP).

A Aprendizagem Baseada em Problemas e por Projetos vem ganhando espaço

atualmente, com a introdução e chegada de novas tecnologias no mercado de trabalho e no

mundo acadêmico a rotina e as metodologias adotadas no ensino sofreram profundas

alterações. Estes novos cenários exigem indivíduos com atitude e postura critica aplicando

conhecimento e soluções frente aos novos desafios e problemas propostos.

Tendo este novo cenário em vista, a educação moderna centraliza o aprendizado no

desenvolvimento de competências e habilidades dos alunos que são estruturados em quatro

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pilares básicos de acordo com Delors (1999), são eles: Aprender a aprender, Aprender a

Fazer, Aprender a Conviver e Aprender a Ser. Realizando o ensino e treinamento baseado

nestes quatro pilares a necessidade de ensino atual da sociedade é atendida.

Para Araújo (2009), diferentemente do antigo método que era focado na aquisição de

informação pelo aluno de maneira passiva, este novo método se orienta ao desenvolvimento

de competências e habilidades que serão utilizados pelos indivíduos em seu ramo de atuação

profissional. Por isso, hoje não basta somente ter o conhecimento teórico da área em que atua,

mas também saber aprender, saber fazer, saber conviver e aprender a ser tudo o que se

aprende na teoria para aplica-lo no dia a dia.

O principal fator motivacional desta metodologia é o desafio de encontrar juntamente

com os seus colegas de grupo a solução criativa e efetiva para o problema proposto e com isso

compartilhar e adquirir o conhecimento durante todo o processo de aprendizagem na

resolução do problema.

Sendo assim, a metodologia Aprendizagem Baseada em Problemas ou Projetos (ABP)

preocupa-se em ajudar o estudante a adquirir o conhecimento necessário para desenvolver as

habilidades que deverão ser utilizadas e articuladas na resolução de problemas propostos ao

individuo não somente em sala de aula, mas também em sua rotina no mercado de trabalho. É

importante ressaltar também a importância do docente neste processo de aprendizagem que

passa a ser ainda mais desafiador tendo como foco de atuação a tutoria e orientação dos

alunos no processo de articulação das habilidades, mediando o problema a ser solucionado e

as ideias para que os mesmos cheguem à solução de uma maneira criativa e ousada. Com esta

nova atuação do professor, cenários de atividades desafiadores são criados capazes de

desenvolver as inúmeras habilidades dos alunos e o resultado deste processo é a aquisição da

competência.

2.3 Design Thinking (DT).

O Design Thinking (sigla DT) trata-se de uma metodologia desenvolvida por uma

empresa americana de design e inovação, a IDEO, de Palo Alto, na Califórnia, região hoje

denominada Vale do Silício por abrigar boa parte das empresas de tecnologia mais inovadoras

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do mundo. Dentro do Design Thinking é utilizado o processo de Human Centered Design –

sigla HCD (que em português significa design centrado no ser humano). O processo HCD é

utilizado para direcionar seu principal foco, que é desenvolver produtos ou processos com

foco no ser humano e suas necessidades.

Para Meinel & Leifer (2011): o Design Thinking é uma metodologia centrada no ser

humano que integra colaboração multidisciplinar e interativa à criação de produtos, sistemas e

serviços inovadores, com foco no usuário final. É centrado no ser humano porque o processo

de concepção de serviços inovadores, por exemplo, começa por examinar as necessidades,

sonhos e comportamentos das pessoas a serem afetadas pelas soluções projetadas, ouvindo e

compreendendo-as (BROWN, 2010).

O DT adota como modelo o processo de prototipação para a solução dos problemas

encontrados junto ao publico alvo, que exigem testes contínuos durante o desenvolvimento

exigindo a participação ativa do cliente em todas as fases do processo, e o objetivo final é a

implementação da solução ideal na operação. É valido ressaltar que para que este processo

seja factível de solução real e viável a metodologia apoia-se em três fases para o

desenvolvimento da solução: Ouvir, Criar e Implementar (figura 1).

Figura 1-Fases de abordagem Design Thinking (DT). Fonte: elaborado pelos autores

baseado em Brown.

Três pilares de apoio concedem sustentação as inovações do DT. Um destes pilares é o

Desejo (a solução deve estar no desejo do cliente ou usuário final), a Viabilidade (a solução

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deve ser viável financeiramente) e a Praticidade (a solução deverá ser operacionalmente

prática para a solução e uso do cliente) com a solução estando centrada entre os três pilares

(figura 2).

Figura 2-Característica dos projetos. Fonte: elaborado pelos autores baseado em Brown.

Uma solução precisa ser desejável aos olhos do cliente e não da equipe de projetos. No

que tange ao pratico, deve-se levar em consideração que o produto ou processo deve ser

operacionalmente fácil ao cliente ou publico alvo. Quanto à característica de Viabilidade o

produto final deverá ser dotado de custo factível de ser operacionalizado. Esta ultima

característica tem sido incansavelmente focado pelas empresas uma vez que a busca por

processos mais enxutos estão cada vez mais em pauta nas operações de muitas companhias.

3. Metodologia aplicada na pesquisa

A metodologia utilizada neste projeto é o estudo de caso, um método de pesquisa que

utiliza, geralmente, dados qualitativos, coletados a partir de eventos reais, com o objetivo de

explicar, explorar ou descrever fenômenos atuais inseridos em seu próprio contexto.

Caracteriza-se por ser um estudo detalhado e exaustivo de poucos, ou mesmo de um único

objeto, fornecendo conhecimentos profundos (YIN, 2001).

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Segundo Yin (2001), o estudo de caso é uma investigação empírica de um fenômeno

contemporâneo dentro de um contexto da vida real, sendo que os limites entre o fenômeno e o

contexto não estão claramente definido. As evidências podem advir de distintas fontes como

documentos, observações diretas, observações indiretas, registros em arquivos, entrevistas e

artefatos físicos.

A obtenção de dados foi realizada inicialmente através da pesquisa bibliográfica,

buscando-se materiais e documentos que abordaram os conceitos relacionados com as

metodologias ativas de aprendizagem.

Em um segundo momento, o estudo de caso foi aplicado em um polo de educação a

distância localizada na região metropolitana de São Paulo-SP, sendo uma das instituições que

fazem parte da estrutura de ensino a distancia da universidade. Nessa organização foram

realizadas observações “in locuo”, analise dos métodos e coleta de informações por meio de

entrevistas não estruturadas, ou seja, sem um roteiro previamente estabelecido.

O encontro, denominado encontro presencial de grupos de alunos e mediação, foi

aplicado em um total de 54 alunos do curso de engenharia, divididos em 3 turmas por período.

Em cada período existem 3 grupos contendo 6 alunos cada onde são discutidos soluções para

problemas reais existentes. O principal objetivo dos grupos é o de discutir de que maneira é

possível conceber uma solução viável, praticável e desejável para a sociedade praticando a

escuta ativa (empatia), criação e implementação do projeto. O período analisado foi o de

junho 2014 até junho de 2016. A avaliação de eficácia do curso se deu no início com uma

pesquisa do grau de conhecimento sobre a metodologia aplicada, e no final deste período,

com uma avaliação do curso com comentários gerais e críticas.

4. Estudo de caso na aplicação da Metodologia Ativa através de Projetos Integradores.

4.1 - Orientações iniciais para desenvolvimento dos projetos integradores.

Os encontros da mediação são organizados quinzenalmente na modalidade presencial

e virtual, alternando sua modalidade conforme o calendário acadêmico. Durante os encontros,

mediador pedagógico realiza a divisão das turmas de 18 alunos em 3 grupos de 6 alunos e

recebem uma temática ampla como direcionamento para o diagnóstico de problemas

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De posse destas informações e orientação do mediador pedagógico, os grupos são

orientados a visitar um local fisicamente para que analisem os problemas presentes no

ambiente através da observação e escuta ativa (empatia) com os usuários (figura 3).

Figura 3-Alunos realizando o processo de observação e escuta ativa em visita. Fonte:

elaborado pelos autores.

Com as informações coletadas retornam para a sala de aula e as socializam com os

demais membros dos grupos no papel. Num segundo momento realizam Brainstorming com

possíveis soluções do que pode ser uma solução do problema encontrado junto aos usuários

(figura 5).

Figura 4-Alunos realizando o processo criação e brainstorming. Fonte: elaborado pelos

autores.

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Finalmente, os grupos retornam ao local e apresentam a solução criada e implementam

na. A partir disso é realizado o processo de escuta ativa novamente com o objetivo de

verificar se a solução criada pelo grupo realmente resolve o problema apresentado no inicio.

O processo de aprimoramento cíclico das soluções nunca termina e passa por várias

etapas de maneira que o problema seja realmente resolvido.

4.2 - Etapa teórica e de inter relacionamento das disciplinas

Ressaltamos que é possível que os alunos possam utilizar, de acordo com a

necessidade do protótipo desenvolvido ferramentas das disciplinas em curso no bimestre ou já

cursadas. Como, por exemplo, utilizando dos conteúdos e conceitos da disciplina Estatística,

aplicar nos projetos tabelas e gráficos com o objetivo de demonstrar como determinado

publico aceita ou não o projeto desenvolvido (figura 5).

De outras disciplinas é possível também relacionar Metodologia Científica,

Matemática, Leitura e Interpretação de Textos, Sociedade e Cultura, Física I, II e III somente

para citar alguns exemplos onde todas elas colaboram para que o projeto tenha forte

embasamento teórico e consistência de aplicação.

Para verificarmos a aceitação e sucesso da metodologia ABP, realizamos uma enquete

entre os cursistas que apresentou os resultados ilustrados na figura 1

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Figura 5- Enquete sobre metodologias antigas e rejeição da ABP

5. Conclusões Finais

A utilização de técnicas de metodologias ativas nos cursos de engenharia, como foi

apresentado no estudo de caso em questão, onde se aplicou a ABP e abordagem junto ao

publico com o Desing Thinking, gerou motivação e envolvimento dos alunos na atividade de

aprendizagem, gerando maior sinergia e interação nos grupos dos projetos. A experiencia

durante os anos de aplicação da metodologia ABP nos grupos indica que é possível obter

aprendizado construído em conjunto com os alunos de uma maneira muito eficaz. Muitos dos

alunos após o término e entrega dos projetos apresentaram feedback positivo com relação ao

aprendizado construído com a metodologia ABP e a abordagem DT.

Outro ponto que convém destacar foi a maior facilidade em perceber a dificuldade de

se construir soluções para problemas reais utilizando a empatia na etapa do Ouvir, pois para

que o processo tenha sucesso é necessário compreender na raiz a necessidade ou problema do

usuario se colocando no lugar do mesmo. Na etapa do Criar, notou-se o desenvolvimento dos

alunos com relação ao trabalho em grupo e mutildisciplinar onde nota-se que a maioria destes

integrantes devem ser adaptar as novas ideias dos colegas e criar flexibilidade e senso de

negociação com todos.

No entanto, pode-se verificar que a metodologia ABP não está isenta de desafios que

necessitam ser superados , tais como paradgimas tanto por parte do corpo docente mais

conservador quanto pelos alunos que ainda estão adaptados a aprendizagem passiva ja

bastante conhecida. Dessa maneira, em face dos resultados obtidos nestas mediações e

projetos integradores desenvolvidos, pode-se concluir que ainda existe um longo caminho

para o desenvolvimento e disseminaçao da ABP nos mais diversos cursos superiores de

engenharia do pais, no entanto um estudo mais amplo deve ser conduzido objetivando

comparar as vantagens e limitações destas metodologias ativas em relação as metodologias

tradicionais, quando aplicadas nos cursos de engenharia das universidades.

Por ultimo e não menos importante, é válido ressaltar que o Design Thinking é

também parte da gestão de muitas empresas na criação de produtos e serviços. Cursos de

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engenharia devem fazer uso dos processos acima citados neste artigo com o intuito de colocar

os alunos em confronto com problemas reais da sociedade balanceando o atendimento do

desejo, praticidade e viabilidade na solução de problemas. Assim, recomenda-se que desde o

primeiro ano de graduação, o aluno seja colocado frente ao publico alvo que necessita de

soluções para seus problemas cotidianos de forma que pratique a interdisciplinaridade e

trabalho coletivo para nortear a construção de protótipos que serão aplicados e testados com

os usuários finais.

Referências

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