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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Psicologia Eliane Alves Jacqueline Aragão de Oliveira Tamires Faria Galati ANÁLISE DOS ASPECTOS PSICÓLOGICOS DE CUIDADORES DE PESSOAS COM A DOENÇA DE ALZHEIMER LINS SP 2015

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Page 1: ANÁLISE DOS ASPECTOS PSICÓLOGICOS DE CUIDADORES … · cuidar, vestir, comer e tomar banho, aumentando a dependência de um cuidador, que pode ser um ou mais familiares ou profissionais

UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Psicologia

Eliane Alves

Jacqueline Aragão de Oliveira

Tamires Faria Galati

ANÁLISE DOS ASPECTOS PSICÓLOGICOS DE

CUIDADORES DE PESSOAS COM A DOENÇA DE

ALZHEIMER

LINS – SP

2015

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Eliane Alves

Jacqueline Aragão de Oliveira

Tamires Faria Galati

ANÁLISE DOS ASPECTOS PSICÓLOGICOS DE CUIDADORES DE PESSOAS

COM A DOENÇA DE ALZHEIMER

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Banca Examinadora do

Centro Universitário Católico Salesiano

Auxilium, curso de Psicologia, sob a

orientação do Prof. Dr. Luiz Carlos de

Oliveira e orientação técnica da Profª

Ma. Jovira Maria Sarraceni.

LINS – SP

2015

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“Este trabalho é dedicado a todas as pessoas que fizeram e fazem parte da nossa

caminhada!”

“Dedicamos a nossas famílias que sempre nos apoiaram em todos os nossos

passos e decisões!”

“Dedicamos também aos nossos verdadeiros amigos!”

“Dedicamos por fim, ao nosso querido professor José Alexandre que foi

indispensável para realização do nosso trabalho!”

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AGRADECIMENTOS

“Agradeço as minhas colegas Jacqueline Aragão e Tamires Galati pela doação e

solidificação desse trabalho.” (Eliane Alves)

“A minha família por estar presente em minha vida de forma singular e por seu amor

incondicional, e em especial a minha sobrinha Eduarda por ter me ensinado que é

preciso aprender sempre.” (Eliane Alves)

“Agradeço a Deus pelo dom da vida e por me fazer acreditar que sou capaz

de realizar os meus sonhos. As minhas colegas e companheiras de trabalho Eliane

Alves e Tamires Galati, pelo companheirismo, paciência e dedicação para que esse

trabalho fosse realizado.” (Jacqueline Aragão)

“Agradeço aos meus amados e queridos pais, que sempre me apoiaram e me

deram força para que eu conseguisse me formar. Pois sei que sem eles nada teria

acontecido!” (Jacqueline Aragão)

“Deus nunca disse que a jornada seria fácil, mas Ele disse que a chegada

valeria a pena!” (Jacqueline Aragão)

“Agradeço a minha família e ao Diego por terem me apoiado, me dado forças e

promovido toda a minha jornada acadêmica.” (Tamires Faria Galati)

“Agradeço as minhas amigas Eliane e Jacqueline que conheci durante a faculdade e

levarei para sempre em meu coração.” (Tamires Faria Galati)

“Agradeço aos meus colegas de classe que durante cinco anos e nunca vou

esquecê-los.” (Tamires Faria Galati)

“E por fim agradeço a Deus por ter colocado todas essas pessoas em meu

caminho.” (Tamires Faria Galati)

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AGRADECIMENTOS

“Agradecemos a todos os professores que ensinaram e orientaram durante todo o

curso.” (Eliane, Jacqueline e Tamires)

“Agradecemos ao nosso orientador Luis Carlos pelos conhecimentos transmitidos a

nós.” (Eliane, Jacqueline e Tamires)

“Ao professor José Alexandre agradecemos por todo apoio, pela paciência e

amizade e por nos mostrar o quanto é importantes termos garra e trabalharmos em

nossos ideais com amor.” (Eliane, Jacqueline e Tamires)

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LISTA DE SIGLAS

AVE – Acidente Vascular Encefálico

DA – Doença de Alzheimer

DP – Doença de Parkinson

MEEM – Mini-Exame do Estado Mental, Minimental

MHI – Mental Health Inventary

QV – Qualidade de Vida

SF-36 – Short-Form Health Survery

SNC – Sistema Nervoso Central

SP – São Paulo

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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RESUMO

O aumento na expectativa de vida gerou como consequência um crescimento da população idosa nas últimas décadas. As doenças que afetam o sistema nervoso central (SNC) podem ter base genética e ambiental. No caso das doenças degenerativas do SNC, ocorre destruição progressiva e irreversível dos neurônios que são responsáveis por determinadas funções do sistema nervoso central. Dependendo da doença, portanto, o paciente pode perder suas funções motoras, fisiológicas ou capacidade cognitiva. A doença de Alzheimer (DA) promove perda da função cognitiva e, posteriormente, pode comprometer as funções intelectuais, alterando o humor e o comportamento. A DA diminui a capacidade da pessoa se cuidar, vestir, comer e tomar banho, aumentando a dependência de um cuidador, que pode ser um ou mais familiares ou profissionais. Todavia, sobre este cuidador pode haver sobrecarga devido ao excesso de atenção para com o doente, tendo em vista que o cuidador mantém suas atividades profissionais, familiares e sociais. Assim, torna-se interessante compreender o que pode ocorrer com este cuidador e em quais dimensões este pode ser mais afetado. Desta forma, o presente estudo teve por objetivo investigar a capacidade cognitiva, qualidade de vida, sintomas depressivos e estresse em cuidadores de pessoas com DA. Para isso, foram convidados 10 cuidadores familiares de pessoas com DA que responderam aos testes Minimental para funções cognitivas, de escala de avaliação de estresse do cuidador para avaliação do estresse, o questionário SF-36 para investigar qualidade de vida e o teste de depressão de Goldenberg. O projeto foi aprovado para desenvolvimento pelo comitê de ética do Unisalesiano. Com os resultados foi encontrado que a capacidade cognitiva dos participantes estava adequada para idade e escolaridade e não foram encontrados sintomas depressivos. Todavia, a qualidade de vida esteve abaixo da média, particularmente nos aspectos físicos, sociais e emocionais e os níveis de estresse destes indivíduos foi considerado moderado a alto. Em linhas gerais, concluímos que o ato de cuidar de um paciente com DA, apesar de muitos casos o cuidador ser da própria família, há um estresse moderado a alto e, juntamente com aspectos alterados como os aspectos físicos, sociais e emocionais, influenciam na baixa qualidade de vida deste cuidador.

Palavra Chave: Doença de Alzheimer, Memória, Cuidador, Doença Degenerativa.

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ABSTRACT

The increase in life expectancy generates results as growth of the elderly population in last decades. Diseases that affect the central nervous system (CNS) may have genetic and environmental causes. In the case of CNS degenerative diseases, there is progressive and irreversible destruction of neurons that are responsible for certain functions of the central nervous system. Depending on the disease, so the patient can lose their motor functions, physiological or cognitive ability. Alzheimer's disease (AD) promotes loss of cognitive function and posteriorly, may compromise the intellectual functions, changing mood and behavior. The DA decreases the ability to care, dress, eat and take, increasing the dependence on a caregiver, which can be one or more family members or professionals. However, this caregiver may be overloaded due to excessive attention to the patient, considering that the caregiver keep their professional, family and social activities. Thus, it is interesting to understand what can happen with this caregiver and what dimensions it may be more affected. Thus, this study aimed to investigate the cognitive ability, quality of life, depressive symptoms and stress in caregivers of people with AD. Thus, 10 family caregivers of people with Alzheimer's disease were invited to respond to Minimental test for cognitive function, caregiver stress assessment scale for evaluation of stress, the SF-36 questionnaire to investigate quality of life and depression test Goldenberg. The project was approved for development by the Unisalesiano ethics committee. As a result it was found that the cognitive abilities of the participants was appropriate for age and education and were not found depressive symptoms. However, the quality of life was below average, particularly in physical, social and emotional aspects and stress levels of these individuals were considered moderate to high. In general, we conclude that the act of caring for a patient with Alzheimer's disease, although many cases the caregiver is the family itself, there is a high stress, and with altered aspects such as physical, social and emotional aspects that may influence on quality life of the caregiver.

Keyword: Alzheimer Disease, Memory, Caregiver, Degenerative Disease.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1 ....................................................................................................................... 12

CONCEITOS PRELIMINARES ............................................................................................ 12

1. A DOENÇA DE ALZHEIMER ........................................................................................... 12

1.1 Demências ..................................................................................................................... 12

1.1.2 História da doença de Alzheimer................................................................................. 13

1.1.3 Doença de Alzheimer: Patogênese ............................................................................. 14

1.1.4 Classificação ............................................................................................................... 14

1.1.5 A DA no contexto familiar ............................................................................................ 15

1.2 Compreendendo o cuidado ............................................................................................ 16

1.2.1 O cuidador da pessoa com DA ................................................................................... 16

1.2.2 Alguns impactos da doença no cuidador ..................................................................... 19

1.3 Fatores de impacto no cuidador de pacientes com DA. ................................................. 20

1.3.1 Cognição..................................................................................................................... 20

1.3.2 Estresse ...................................................................................................................... 21

1.3.3 Depressão .................................................................................................................. 21

1.3.4 Qualidade de vida ....................................................................................................... 22

CAPÍTULO 2 ....................................................................................................................... 23

2 EXPERIMENTO ................................................................................................................ 23

2.1 Metodologia ................................................................................................................... 23

2.1.2 Delineamento .............................................................................................................. 23

2.1.2 População do estudo .................................................................................................. 24

2.1.3 Termo de consentimento livre e esclarecido ............................................................... 24

2.2 Objetivo ......................................................................................................................... 25

2.2.1 Objetivo geral: ............................................................................................................. 25

2.2.2 Objetivos específicos: ................................................................................................. 25

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2.3 Critérios de inclusão: ..................................................................................................... 25

2.4 Critérios de exclusão: .................................................................................................... 26

2.5 Instrumentos de coleta de dados ................................................................................... 26

2.5.1 Short-form Health Survey (SF-36) ............................................................................... 26

2.5.2 Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) ...................................................................... 27

2.5.3 Escala de avaliação de estresse do cuidador ............................................................. 27

2.5.4 Questionário de Depressão de Goldberg .................................................................... 28

2.6 Procedimentos para análise dos dados ......................................................................... 29

2.7 Ética e pesquisa ............................................................................................................ 29

2.8 Resultados ..................................................................................................................... 29

2.9 Discussão ...................................................................................................................... 35

2.10 Conclusão .................................................................................................................... 37

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 39

ANEXOS ............................................................................................................................. 42

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INTRODUÇÃO

O aumento na expectativa de vida gerou como consequência um crescimento

da população idosa nas últimas décadas. Com isso, foi observado também um

aumento de incidência das doenças senis como as Demências e outras doenças

neurodegenerativas comuns à faixa etária.

O envelhecimento apesar de ser um fenômeno universal e comum a todos os

seres terrestres, por muito tempo permaneceu obscuro, principalmente por questões

sociais.

Com o envelhecimento, o papel social desempenhado por um indivíduo pode

ser alterado, passando por significativas perdas: o surgimento do declínio orgânico,

perda da atividade ocupacional, advento da aposentadoria. De fato, o idoso começa

a perder algumas referências que demarcavam a sua identidade.

Na doença de Alzheimer (DA) pode ocorrer perda da função cognitiva sendo a

demência de maior prevalência. Com o tempo a doença pode comprometer também

as funções intelectuais e motoras, alterando o humor e o comportamento.

Na DA há perda de neurônios corticais no lobo frontal e temporal e redução

da sinapse, gerando disfunção cognitiva.

A DA inicia-se silenciosamente e seus estágios são leves, moderado e grave.

Estágio leve: Caracteriza-se por perda cognitiva, e inicia dificuldades na

aprendizagem e memória e grande desorientação. O tempo estimado desta fase é

de 2 a 4 anos.

Estágio moderado: Nesta fase, o paciente pode apresentar dificuldade na fala

e no raciocínio, bem como mudanças comportamentais como irritabilidade e

agressividade. Tempo estimado de 1 a 2 anos.

Estágio grave: O paciente apresenta dificuldade em deglutir e caminhar,

podendo ficar acamado e levar à morte. Depende do cuidador para quase todas as

atividades. Pode durar entre 1 e 3 anos.

Em fase da instalação da DA. A pessoa esta consciente de seus transtornos e

pode mascarar seu déficit. Os transtornos ficam isolados, com o tempo progridem e

provocam esquecimentos dos fatos recentes (CORREA, 1996).

Quando se estabelece um diagnóstico de Doença de Alzheimer em um

membro da família, esta passa por diversas mudanças significativas. A Doença de

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Alzheimer faz com que o sistema familiar se reestruture, revisando os papéis

desempenhados por cada membro e modificando hábitos e rotinas dessa família,

para que assim se adaptem as mudanças que irão aparecer com o avanço da

Doença.

Diante deste diagnóstico, é importante que a família intensifique o cuidado

com o doente e conheça a doença, seus sintomas e causas, sabendo como se

portar diante desse membro que progressivamente perde suas habilidades e torna-

se dependente.

Diante de toda essa reestruturação, a família pode vivenciar um conflito entre

institucionalizá-lo ou manter o paciente em casa. O familiar que assume o papel de

cuidador terá que se dedicar especialmente ao doente e pode encontrar algumas

dificuldades como conciliar os cuidados com a sua autonomia, suas relações

afetivas, sociais e independência.

Sabe-se que o tempo de cuidado do paciente com DA é indeterminado, pois o

tempo de vida de cada doente é variável. Assim as mudanças que ocorrem no

sistema familiar persistem até a sua morte ou internação do paciente (PIANTINO,

2007).

A medida que a Doença de Alzheimer progride, surge a necessidade de

cuidados especiais. Existem alguns tipos de cuidadores, porém a tarefa de cuidar

pode ser executada pelos familiares, por profissionais e por instituições com

cuidados a saúde.

O processo de se tornar cuidador pode ser uma decisão imediata ou gradual

e está ligada a fatores como: parentesco (cônjuges, filhos); gênero (em sua maioria

feminina); proximidade física (considerando quem vive com o idoso); proximidade

afetiva (cônjuges e relacionamento entre pais e filhos).

No processo todo da doença de Alzheimer, o cuidador é incluído como agente

de mudança e não apenas um sujeito passivo que recebe informações. Tendo essa

visão de cuidador, o profissional que intervém na gestão do caso age como um

educador, ou seja, o cuidador vai ensinar e estimular o desenvolvimento de novas

habilidades (PIOVESAN; BATISTONI, 2012).

Cuidadores de pacientes com DA possuem maiores chances de ter sintomas

psiquiátricos, mais problemas de saúde, maior frequência de conflitos familiares e

problemas no trabalho. (CERQUEIRA; OLIVEIRA, 2002).

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Em decorrência dos impactos, até 60% dos cuidadores podem desenvolver

sintomas psicológicos. Os sintomas psicológicos mais frequentes são: depressão,

capacidade cognitiva alterada, estresse e a qualidade de vida (ENGELHARDT;

DOURADO; LACKS, 2005).

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CAPÍTULO 1

CONCEITOS PRELIMINARES

1. A DOENÇA DE ALZHEIMER

1.1 Demências

O aumento na expectativa de vida gerou como consequência um crescimento

da população idosa nas últimas décadas. Com isso, foi observado também um

aumento de incidência das doenças senis como as Demências e outras doenças

neurodegenerativas comuns à faixa etária.

O envelhecimento apesar de ser um fenômeno universal e comum a todos os

seres terrestres, por muito tempo permaneceu obscuro, principalmente por questões

sociais.

Com o envelhecimento, o papel social desempenhado por um indivíduo pode

ser alterado, passando por significativas perdas: o surgimento do declínio orgânico,

perda da atividade ocupacional, advento da aposentadoria. De fato, o idoso começa

a perder algumas referências que demarcavam a sua identidade.

As doenças que afetam o sistema nervoso central (SNC) podem ter base

genética e ambiental. No caso das doenças degenerativas do SNC, ocorre

destruição progressiva e irreversível dos neurônios que são responsáveis por

determinadas funções do sistema nervoso central. Dependendo da doença,

portanto, o paciente pode perder suas funções motoras, fisiológicas ou capacidade

cognitiva (BRASILEIRO FILHO, 2006).

Alguns exemplos de doenças neurodegenerativas são a Doença de Parkison,

Doença de Pick e a Doença de Alzheimer. Estes quadros podem aparecer nos

pacientes sem deficiências neurológicas comprometendo diversas regiões

encefálicas como núcleos da base e o córtex cerebral.

A doença de Parkison (DP) é uma doença neurodegenerativa do SNC

frequentemente diagnosticada na idade pré-senil e senil. A DP se manifesta por

sintomas como diminuição da expressão facial, rigidez, tremor e movimentos mais

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lentos. As pessoas com DP podem apresentar demências como a doença de

Alzheimer.

Outro exemplo de doença neurodegenerativa é a doença de Pick, que tem

início entre 45 e 65 anos e progride com o avanço da idade. Todavia, trata-se de

uma doença rara. As pessoas com esta doença apresentam um tipo de demência

progressiva, demonstram apatia e desinteresse. No decorrer da patologia há

desinibição de funções do lobo frontal e perda das funções executivas medianas por

esse lobo, podendo haver perda da capacidade de recordar nomes e objetos

(KUMAR, 2011).

A doença de Alzheimer (DA) é uma perda da função cognitiva e a demência é

uma das manifestações. Com o tempo a doença vai comprometendo as funções

intelectuais, alterando o humor e o comportamento. Na DA há perda de neurônios

corticais no lobo frontal e temporal e há redução da sinapse, gerando disfunção

cognitiva.

Outra característica na DA são alterações neuropatológicas das placas senis

e dos emaranhados neurofibrilares, a degeneração granulo – vacnolar, os corpos de

hirano e a angiopatia amiloide cerebral. A DA afeta o cérebro promovendo

degeneração e morte neuronal.

A etiologia da DA é considerada como incerta e a demência é um progresso

patológico onde o envelhecimento não pode ser visto como natural dentro deste

processo.

1.1.2 História da doença de Alzheimer.

Em 1907 entre a metade do século XIX e o início do século XX o médico

alemão Alois Alzheimer inicia um atendimento com a paciente AUGUSTE, com 51

anos de idade, que apresentava sintomas delirantes, alterações de linguagem e de

memória, desorientação no tempo e no espaço.

Nos estudos post-mortem, Alzheimer observou placas senis e lesões

neurofilamentares no interior dos neurônios que são distribuídos pelo córtex

cerebral. A partir deste caso, Alzheimer caracterizou a doença como progressiva

irreversível com perda de memória e vários distúrbios cognitivos (CORREIA, 1996).

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1.1.3 Doença de Alzheimer: Patogênese

Mais comumente a DA ocorre a partir dos 60 anos de idade e de forma

esporádica. O tipo familial apresenta início precoce, por volta dos 40 anos e

geralmente inicia devido à herança genética (BRASILEIRO FILHO, 2006).

No cérebro do paciente com DA ocorre atrofia cortical difusa, presença de

grande numero de placas senis e novelos neurofibrilares, acumulando proteína B

Amiloide. Nas placas senis da microtubilina tau nos novelos neurofibrilares.

A patogênese da D.A, assim como as relações temporais e fisiológicas, e as

diferentes alterações morfológicas correspondem com a demência dos pacientes da

D.A.

Os marcadores bioquímicos estabelecem relação com o grau de demência e

incluem a perda da colina Acetiltransferase, imunorreatividade da sinapotofisina e

carga amiloide.

A patogênese da D.A esta centralizada na propriedade de AB que é uma

molécula critica desta demência.

Em alguns pacientes com trissomia do cromossoma 21 (Síndrome de Down)

podem ocorrer alterações patológicas iguais aos portadores da DA, pois há uma

ligação entre DA e Síndrome de Down. Os pacientes com síndrome de down têm

envelhecimento prematuro e grande parte desenvolve a DA junto, por volta dos 35 –

40 anos.

A DA tem prevalência aumentada com o avanço de idade, é uma

preocupação porque as doenças crônicas e degenerativas vão surgindo e

delimitando os idosos. A DA também é conhecida como demência e é erroneamente

chamada pela população como caduquice ou esclerose. É uma doença que afeta a

memória e faz com que o indivíduo incapaz de raciocinar, falar.

A DA diminui a capacidade da pessoa se cuidar, vestir, comer e tomar banho.

DA é uma doença degenerativa que pode durar por mais de 10 anos, sendo que no

seu estágio final, o paciente pode se tornar incapaz de andar (BRASILEIRO FILHO,

2006).

1.1.4 Classificação

A D.A inicia-se silenciosamente. Seus estágios são leves, moderado e grave.

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Estágio leve: Caracteriza-se por perda cognitiva, e inicia dificuldades na

aprendizagem e memória e grande desorientação. O tempo estimado desta fase é

de 2 a 4 anos.

Estágio moderado: Nesta fase, o paciente pode apresentar dificuldade na fala

e no raciocínio, bem como mudanças comportamentais como irritabilidade e

agressividade. Tempo estimado de 1 a 2 anos.

Estágio grave: O paciente apresenta dificuldade em deglutir e caminhar,

podendo ficar acamado e levar à morte. Pode durar entre 1 e 3 anos.

Em fase da instalação da DA a pessoa está consciente de seus transtornos e

pode mascarar seu déficit. Os transtornos ficam isolados, com o tempo progridem e

provocam esquecimentos dos fatos recentes (CORREA, 1996).

1.1.5 A DA no contexto familiar

Quando se estabelece um diagnóstico de DA em um membro da família, esta

passa por diversas mudanças significativas. A Doença de Alzheimer faz com que o

sistema familiar se reestruture, revisando os papéis desempenhados por cada

membro e modificando hábitos e rotinas dessa família, para que assim se adaptem

as mudanças que irão aparecer com o avanço da Doença.

Diante deste diagnóstico, é importante que a família intensifique o cuidado

com o doente e conheça a doença, seus sintomas e causas, sabendo como se

portar diante desse membro que progressivamente perde suas habilidades e torna-

se dependente. A família deve ter consciência, principalmente, que esse paciente

requer mais supervisão e ajuda até mesmo em suas atividades diárias (NADAL;

GONÇALVES; SILVA, 2012).

Diante de toda essa reestruturação, a família pode vivenciar um conflito entre

institucionalizá-lo ou manter o paciente em casa. A escolha de mantê-lo em casa

traz a necessidade de designar um membro para ser responsável pelo cuidado

integral ou ainda a contratação de um cuidador profissional.

O familiar que assume o papel de cuidador terá que se dedicar especialmente

ao doente e pode encontrar algumas dificuldades como conciliar os cuidados com a

sua autonomia, suas relações afetivas, sociais e independência.

Sabe-se que o tempo de cuidado do paciente com DA é indeterminado, pois o

tempo de vida de cada doente é variável. Assim as mudanças que ocorrem no

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sistema familiar persistem até a sua morte ou internação do paciente (PIANTINO,

2007).

1.2 Compreendendo o cuidado

A etiologia da palavra “cuidado” se relaciona a duas palavras do latim: Coera

e Cogitare-cogitatus.Coera significa Cura e é empregada nas relações de amizade

expressando atitudes de cuidado, de preocupação, atenção por outra pessoa ou por

objetos de estimação.Cogitare-cogitatus significa pensar, cogitar, mostrar interesse,

mostrar preocupação, envolvimento afetivo. Deste modo, o cuidado tem como

definição: desvelo, zelo, atenção, preocupação, bom trato para com o outro. Por

tanto o cuidar é um ato particular, individual de envolvimento no relacionamento com

outra pessoa ou objeto. Em conclusão, o ser humano cuida e necessita de cuidados

(BOFF, 2005).

1.2.1 O cuidador da pessoa com DA

A expectativa de vida aumentou mundialmente nas últimas décadas.

Decorrente do grande envelhecimento populacional, também há um aumento das

doenças crônico - degenerativas relacionadas à idade, como as demências

(CARAMELLI; BARBOSA, 2002).

A doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa que afeta o

idoso e compromete sua integridade mental, física e social, levando-o a

dependência total na fase mais avançada da doença e exige de cuidados cada vez

mais complexos e totais. As demandas de cuidados produzidos pela Doença de

Alzheimer e por necessidades de saúde do idoso influenciam o cotidiano do

cuidador e alteram sua qualidade de vida (PINTO et al. 2009).

À medida que a Doença de Alzheimer progride, surge a necessidade de

cuidados especiais. Existem alguns tipos de cuidadores, porém a tarefa de cuidar

pode ser executada pelos familiares, por profissionais e por instituições de saúde.

A palavra cuidador tem sua origem do “cuidar+dor”, ou seja, é o cuidar da dor

do próximo e para tanto, o cuidador deverá fazer uma série de adaptações em seu

cotidiano (BONNETERRE; SANTOS, 2008).

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O processo de se tornar cuidador pode ser uma decisão imediata ou gradual

e está ligada a fatores como: parentesco (cônjuges, filhos); gênero (em sua maioria

feminino); proximidade física (considerando quem vive com o idoso); proximidade

afetiva (cônjuges e relacionamento entre pais e filhos).

A construção de identidade do cuidador se estabelece nas atividades diárias

que exigirão dele o enfrentamento do novo, ou seja, o ato de colocar em prática os

cuidados com o outro. Isso implicará em modificações nem sempre esperadas, pois

ocorrem sutilmente provocando alterações na dinâmica familiar, isto é, nos papéis e

hábitos de seus membros. Portanto, sua identidade é construída através de seu

meio social, considerando as funções que desempenhará de acordo com a demanda

do dependente.

No processo todo da doença de Alzheimer, o cuidador é incluído como agente

de mudança e não apenas um sujeito passivo que recebe informações. Tendo essa

visão de cuidador, o profissional que intervém na gestão do caso age como um

educador, ou seja, o cuidador vai ensinar e estimular o desenvolvimento de novas

habilidades (PIOVESAN; BATISTONI, 2012).

Os cuidadores de pacientes com doença de Alzheimer apresentam altos

níveis de impacto subjetivo. O nível de impacto depende de fatores como o grau de

dependência dos pacientes e o nível de escolaridade do cuidador (LEMOS;

GAZZOLA, 2006).

Além de o cuidador ter um papel importante na vida do paciente com doença

de Alzheimer, na parte de suas necessidades diárias, ele deve ter um

relacionamento com expressão de interesse e carinho com o mesmo (WALDOW,

1998).

Para Petrilli (1997) o cuidador é a pessoa diretamente responsável pelos

cuidados do paciente – sendo uma pessoa contratada para a função de cuidar ou

normalmente a esposa, um dos filhos ou outro parente.

O cuidador, segundo Nova Cruz (2008), é quem dá apoios psicológicos e

físicos, fornecendo, se necessário, ajuda prática, desempenha um papel essencial

na vida diária dos pacientes com DA, envolvendo-se em praticamente todos os

aspectos do cuidado e assumindo responsabilidades adicionais de maneira

crescente. À medida que a demência vai progredindo, o cuidador, além de se

envolver em atividades da vida diária, também passa a administrar finanças e

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18

medicamentos, assim também aumenta suas responsabilidades em atividades

básicas, como alimentação, tarefas de cuidado pessoal de higiene e banho.

Resultados de estudos mostram que há predominância no cuidado de idosos

com DA é do sexo feminino e a maioria das cuidadoras reside com o idoso, é

casada e soma as atividades do cuidar às domésticas, gerando acúmulo de trabalho

e sobrecarga nos domínios: social, físico, emocional, contribuindo para o auto-

descuido e comprometimento da saúde (MAZZA; LEFÈVRE, 2005).

São classificados como cuidadores formais e informais, ou cuidadores

principais, secundários e terciários (CALDAS, 2002). Nesse sentido, apontaram que

os cuidadores primários ou principais são aqueles que assumem a responsabilidade

integral de supervisionar, acompanhar e cuidar do idoso no domicílio; os cuidadores

secundários desempenham o mesmo tipo de papel dos primários, mas não possuem

o mesmo grau de envolvimento; já os cuidadores terciários auxiliam, casualmente ou

quando solicitados, no desenvolvimento de atividades da vida diária.

Agindo sobre o problema, se tiver um bom resultado, o cuidador sente – se no

controle da situação e satisfeitos com seus esforços, o que melhora seu senso de

auto-eficácia e controle, que, além de aumentar a probabilidade de resolução reflete

– se sobre o seu bem estar (PIOVESAN; BATISTONI, 2012).

Foi década de 60 onde se iniciaram estudos sobre cuidadores de pacientes

psiquiátricos e posteriormente, de cuidadores de idosos. Finalmente, na década de

80 foi dado início aos estudos sobre cuidadores de pessoas com demência, em

especial cuidadores de pacientes com DA. Pesquisas evidenciam que, em sua

maioria, os cuidadores são do sexo feminino, especialmente esposas e filhas do

paciente. Este fato reflete um padrão cultural em que o papel de cuidador ainda é

visto como uma função feminina, ainda aponta a idade média do cuidador entre 50 e

65 anos (NOVA CRUZ, 2008).

No Brasil, a ideia da família como porto seguro está presente no imaginário da

população e se revela através dos tempos. Assim, para muitos idosos, os filhos

como uma fonte de seguro emocional e financeiro na velhice dos pais, ou seja, os

pais investem nos filhos por meio de educação, doações e empréstimos, cabendo a

estes retribuí-los durante a velhice, como se eles estivessem saldando os débitos

para com os pais. Os filhos tendem a dar apoio financeiro e a realizar as tarefas de

casa mais pesadas, enquanto as filhas tendem a prover cuidados pessoais e diários.

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19

Mesmo morando com os pais, a atual geração de filhas integra, desde cedo, o

mercado de trabalho (FALCÃO e BUCHER-MALUSCHKE, 2009).

1.2.2 Alguns impactos da doença no cuidador

A sobrecarga na vida dos cuidadores é um dos mais importantes problemas

causados pela Demência e causam alguns aspectos negativos associados aos

cuidados de pessoas dependentes. Estes aspectos dizem respeito à presença de

problemas, dificuldades ou eventos adversos, sintomas físicos e mentais, que

afetam significativamente a vida dos responsáveis pelo paciente (GARRIDO;

ALMEIDA, 1999) nos âmbitos físico, financeiro e emocional.

Cuidadores de pacientes com DA possuem maiores chances de ter sintomas

psiquiátricos, mais problemas de saúde, maior freqüência de conflitos familiares e

problemas no trabalho (CERQUEIRA; OLIVEIRA, 2002).

Comparados a pessoas da mesma idade que não exercem o papel,

evidencia-se que cuidadores de idosos dementes apresentam um pior julgamento

sobre a própria saúde, sentem-se mais estressados e com a vida afetiva e social

mais limitada do que cuidadores de idosos não dementes (CERQUEIRA; OLIVEIRA,

2002).

Os sintomas físicos mais comuns são: hipertensão arterial, desordens

digestivas, doenças respiratórias e propensão a infecções. Sintomas psicológicos

frequentes são: depressão, ansiedade e insônia (ENGELHARDT, 2005).

Altos índices de depressão em cuidadores de pacientes com DA são

evidenciados na literatura e chegam a atingir de 30% a 55% dos cuidadores,

representando risco de desenvolver a doença duas a três vezes maior que o

restante da população (GARRIDO; MENEZES, 2004).

O impacto sofrido pelos cuidadores pode ser observado também na utilização

de serviços de saúde, já que cuidadores de pacientes com DA consultam 46% mais

médicos e utilizam mais medicamentos psicotrópicos - como antidepressivos e

antipsicóticos - do que cuidadores de pacientes que não têm DA (GARRIDO;

ALMEIDA, 1999).

Assim como a doença passa por vários estágios, a família passa por

diferentes etapas. A princípio, a família não sabe o que está acontecendo diante das

manifestações de déficit do paciente, gerando sentimentos de hostilidade e irritação.

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Do outro lado, o paciente pode perceber as próprias deficiências, correndo o risco de

deprimir-se. À medida que a doença vai evoluindo, ocorre a busca por um

diagnóstico, porém, nem sempre os familiares o aceitam rapidamente, podendo

negá-lo, na tentativa de recuperar a “pessoa de antes” (NOVA CRUZ, 2008).

1.3 Fatores de impacto no cuidador de pacientes com DA.

O impacto sofrido pelos cuidadores pode ser observado na utilização de

serviços de saúde, já que os cuidadores de pacientes com DA consultam 46% mais

médicos e utilizam mais medicamentos psicotrópicos - como antidepressivos e

antipsicóticos, do que os cuidadores de pacientes que não têm DA (GARRIDO;

ALMEIDA, 1999).

Em decorrência dos impactos, até 60% dos cuidadores podem desenvolver

sintomas psicológicos. Os sintomas psicológicos mais frequentes são: depressão,

cognição, estresse e a qualidade de vida (ENGELHARDT; DOURADO; LACKS,

2005). Estão apresentados, a seguir, os conceitos destes sintomas.

1.3.1 Cognição

Falar sobre desenvolvimento cognitivo implica antes de tudo, falar

sobre cognição. A definição de cognição até hoje não é tão clara quanto deveria,

afinal, “qualquer coisa” que esteja relacionada ao cérebro é chamado de cognição.

O termo Cognição refere-se a um conjunto de habilidades

cerebrais/mentais necessárias para a obtenção de conhecimento sobre o mundo.

Tais habilidades envolvem pensamento, raciocínio, abstração, linguagem, memória,

atenção, criatividade, capacidade de resolução de problemas, entre outras funções.”

O conceito de cognição, portanto, nos remete aos processos cognitivos que

são desenvolvidos desde a mais tenra infância até os findos anos do

envelhecimento. Importante notar que o desenvolvimento está diretamente

relacionado à aprendizagem, ou seja, um não ocorre sem o outro. Este processo

acontece em espiral crescente nos dando a noção de avanços no desenvolvimento

em contínuo crescimento (SIMONETTI, 2012)

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21

1.3.2 Estresse

Assim como o fator de ansiedade, o fator estresse também está aumentado

na vida do cuidador de paciente com DA.

As pessoas conhecem por experiência própria o que é estresse e as

consequências extremamente desagradáveis de ultrapassar os limites de

resistências físicas e psicológicas, chegando assim a momentos de exaustão.

O termo "estresse", não é um conceito bastante preciso, pois tem sentidos

diversos nos vários campos das ciências sociais e médicas que o utilizam. A palavra

estresse, derivada do latim, foi empregada popularmente no século XVII significando

"fadiga", "cansaço", sentido que é até hoje encontrado. Foi nos séculos XVIII e XIX

que estresse aparece relacionado com termos como "força", "pressão", "esforço" e

"tensão". Foi o sentido de pressão externa agindo num corpo ou numa pessoa que

entrou para a física, na medida em que se postulou ser essa força ou pressão um

agente que deforma ou que rompe o equilíbrio de um sistema (FARIAS, 1985).

1.3.3 Depressão

A depressão é uma experiência muito comum sofrida não apenas pelos

pacientes com DA, mais também pelos cuidadores. O termo depressão, na

linguagem corrente, tem sido empregado para designar tanto um estado afetivo

normal (a tristeza), quanto um sintoma, uma síndrome e uma (ou várias) doença(s).

Finalmente, enquanto doença, a depressão tem sido classificada de várias

formas, na dependência do período histórico, da preferência dos autores e do ponto

de vista adotado. Entre os quadros mencionados na literatura atual encontram-se:

transtorno depressivo maior, melancolia, distimia, depressão integrante do

transtorno bipolar tipos I e II, depressão como parte da ciclotimia, entre outros (DEL

PORTO, 1999).

A depressão é uma das mais frequentes e mais antigas patologias da

população, sendo denominada pela associação de um humor depressivo e de uma

desaceleração psicomotora, denominada pela associação de um humor depressivo.

A culpa, o desespero, a visão pessimista da existência e os sinais somáticos

(insônia, astenia, modificações, para mais ou para menos, do apetite e do peso)

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completam o quadro clínico e existem em proporções variáveis de um sujeito para

outro (DORAN; PAROT, 2000).

1.3.4 Qualidade de vida

Esses fatores de impacto interferem na qualidade de vida do cuidador de

pacientes com DA. É crescente a preocupação com questões relacionadas à

qualidade de vida, no sentido de valorizar parâmetros mais amplos que o controle de

sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida. A

qualidade de vida é abordada, por muitos autores, como sinônimo de saúde, e por

outros como um conceito mais abrangente, em que as condições de saúde seriam

um dos aspectos a serem considerados (FLECK et al, 1999).

A Qualidade de Vida é utilizada para medir as condições de vida de um ser

humano ou é o conjunto de condições que contribuem para o bem espiritual e físico

dos indivíduos. Envolve o bem espiritual, físico, mental, psicológico e emocional,

além de relacionamentos sociais, como família e amigos e também a saúde,

educação e outras circunstâncias da vida (DORAN; PAROT, 2000).

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23

CAPÍTULO 2

2 EXPERIMENTO

2.1 Metodologia

2.1.2 Delineamento

O presente estudo caracteriza-se por uma pesquisa descritiva e experimental,

de cunho qualitativo, realizada com os cuidadores de pessoas com Doença de

Alzheimer, sejam eles familiares ou profissionais cuidadores. Para Martins e Bicudo

(2005), a pesquisa qualitativa busca uma compreensão particular daquilo que

estuda. A generalização é abandonada e o foco da sua atenção é centralizado no

específico, no peculiar, no individual, almejando sempre a compreensão e não a

explicação dos fenômenos estudados.

A pesquisa descritiva tem como principal objetivo descrever características de

determinada população ou fenômeno ou estabelecimento de relações entre variáveis

(GIL, 2007), tendo como função a descrição, observação, registro, análise,

classificação e interpretação dos fatos do objeto estudado.

A pesquisa experimental caracteriza-se por manipular diretamente as

variáveis relacionadas com o objeto de estudo. Nesse tipo de pesquisa, a

manipulação das variáveis proporciona o estudo da relação entre causas e efeitos

de um determinado fenômeno. Interfere diretamente na realidade vivida (VILELA,

2008).

A expressão “pesquisa qualitativa” assume diferentes significados no campo

das ciências sociais. Compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas

que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de

significados. Tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do

mundo social; trata-se de reduzir a distância entre indicador e indicado. Entre teoria

e dados, entre contexto e ação (NEVES, 1996).

Foi realizado estudo, utilizando-se questionários estruturados contendo

perguntas objetivas e claras de modo que sejam entendidas por pessoas com

qualquer grau de escolaridade. Os questionários foram aplicados aleatoriamente em

cuidadores de pacientes com DA. As aplicações destes questionários foram

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realizadas separadamente, em dias e locais e horários diferentes, como: Próprio

local de trabalho do cuidador, local de residência do cuidador e o Centro

Universitário Católico Salesiano Auxilium – Unisalesiano Lins-SP. Todas as

informações colhidas serão usadas na pesquisa, porém com sigilo e anonimato de

nomes de cuidadores e pacientes, por questões de ética assim como explicado no

TCLE.

Por questões éticas essa pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética e

Pesquisa do Unisalesiano, correspondente ao processo número de protocolo

1.009.027 na data de 23 de fevereiro de 2015 (anexo A), que tem por objetivo avaliar

e acompanhar os aspectos éticos de todas as pesquisas envolvendo seres

humanos.

2.1.2 População do estudo

Foram selecionados 10 participantes para a pesquisa, sendo 2 (20%) homens

e 8 (80%) mulheres, todos eles cuidadores de pacientes com DA. Dentre os dez

participantes, três deles (30%) da cidade de Lins-SP e sete (70%) da cidade de

Cafelândia - SP. Dois (20% dos participantes) tinham entre 30 e 39 anos, três (30%

dos participantes) entre 40 e 49 anos, três (30% dos participantes) tinham entre 50 e

59 anos e 2 (20% dos participantes) tinham entre 60 e 69 anos de idade. Todos são

cudadores (familiares ou profissionais) de pacientes já diagnosticados precisamente

com a Doença de Alzheimer.

2.1.3 Termo de consentimento livre e esclarecido

Antes do início da coleta de dados os cuidadores recrutados foram

convidados a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Este

termo tem como objetivo esclarecer e proteger este participante cuidador, e também

o pesquisador, manifestando respeito e a ética envolvidos neste trabalho. (ANEXO

B)

O TCLE foi elaborado em duas vias, sendo uma cópia para o pesquisador e

uma cópia para o sujeito recrutado da pesquisa. Este termo foi redigido de forma

simples e de maneira clara, em linguagem acessível a todos, mostrando a

importância da colaboração do sujeito, a questão do sigilo, também foram explicados

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título do trabalho, objetivos, procedimentos, técnicas e que seriam utilizadas para a

pesquisa em desenvolvimento.

Após garantir direito ao anonimato, privacidade, e a interrupção dos

questionários no momento em que desejasse. A quem concordar foi solicitado que

assinasse o TCLE.

2.2 Objetivo

2.2.1 Objetivo geral:

A pesquisa tem o objetivo de investigar a sobrecarga física e emocional e os

aspectos psicológicos de cuidadores profissionais ou familiares de pessoas com a

Doença de Alzheimer.

2.2.2 Objetivos específicos:

a) Descrever os impactos sofridos pelos cuidadores de pessoas com DA.

b) Descrever a DA: sintomas, surgimento e tratamento.

c) Estudar a sobrecarga nos seguintes aspectos:

- Depressão;

- Estresse;

- Cognição;

- Qualidade de Vida.

Comparar os resultados encontrados aos valores referência (pessoas

comuns).

2.3 Critérios de inclusão:

Para que o tema analisado fosse investigado em sua complexidade e

particularidades, os entrevistados foram selecionados obedecendo ao seguinte

princípio:

a) O entrevistado deve ser cuidador da pessoa com a Doença de

Alzheimer, independente de ser da família ou profissional.

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b) O paciente deve ter o diagnóstico de Alzheimer há mais de seis meses,

pois a pesquisa tem como objetivo identificar sobrecargas ocorridas na

vida do cuidador.

c) O Cuidador deve aceitar a participação e assinar o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). (ANEXO B)

2.4 Critérios de exclusão:

Cuidadores de pessoas ainda não diagnosticadas com a Doença de

Alzheimer e pessoas diagnosticadas com outras doenças: Doença de Parkinson,

Esquizofrenia.

2.5 Instrumentos de coleta de dados

Para coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos:

a) Short-form Health Survey (SF-36);

b) Minimental - mini-exame do estado mental (MEEM);

c) Escala de avaliação de estresse do cuidador – Zarit;

d) Questionário de Depressão de Goldberg.

2.5.1 Short-form Health Survey (SF-36)

Para avaliação da qualidade de vida será utilizado o Short-formHealth

Survey (SF-36) (CICONELLI, 1997), (ANEXO C) traduzido e validado no Brasil. O

SF-36 consiste em um questionário multidimensional formado por 36 itens,

englobados em 8 escalas ou domínios, na qual investiga aspectos distintos:

a) Capacidade funcional (dez itens): avalia a presença e a extensão das

limitações impostas à capacidade física;

b) Aspectos físicos (dois itens);

c) Aspectos emocionais (três itens);

d) Dor (dois itens): baseados numa questão do questionário SF-20 sobre a

intensidade da dor, acrescido da interferência da dor nas atividades de

vida diária;

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e) Estado Geral de Saúde (cinco itens): derivados do questionário General

Health Rating Index;

f) Vitalidade (quatro itens): considera o nível de energia, com a fadiga sendo

derivado do questionário Mental Health Inventory (MHI);

g) Aspectos sociais (dois itens): analisam a integração do indivíduo em

atividades sociais.

h) Saúde mental (cinco itens): investigam as dimensões de ansiedade,

depressão, alteração do comportamento ou descontrole emocional e bem-

estar psicológico.

Apresenta um escore final de 0 (zero) á 100 (obtido por meio de cálculo

do Raw Scale), onde o zero corresponde ao pior estado geral de saúde e o 100

corresponde ao melhor estado de saúde.

2.5.2 Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)

Para a avaliação da capacidade cognitiva será utilizado o Minimental (ANEXO

D). Foi utilizado para interpretação do mini-exame do estado mental (MEEM) o ponto

de corte definido por Bertolucci et. al. (1994) de acordo com o nível de escolaridade

dos indivíduos:

a) Analfabetos: 13 pontos;

b) 1 a 7 anos de estudo: 24 pontos;

c) ≥ 8 anos de estudo: 26 pontos).

Este ponto de corte é considerado pelos pesquisadores o mais adequado

para nossa realidade.

2.5.3 Escala de avaliação de estresse do cuidador

Para avaliação do estresse no cuidador foi utilizada a escala de avaliação de

estresse do cuidador, Zarit (ANEXO E). É um questionário que contem 22 itens que

incluem sintomas e atitudes. Cada questão é formada por 5 alternativas (1. Nunca 2.

Raro 3. Algumas Vezes 4. Frequente 5. Quase Nunca) respondida pelo cuidador de

pacientes com Doença de Alzheimer que descrevem ou não traços que caracterizam

o quadro de estresse.

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Tabela 1- Tabela de classificação do Estado de Estresse com valores encontrados na Avaliação do Estresse dos Cuidadores de pessoas com DA. (n=10).

Valores Estado de Estresse

0 a 20 Estresse mínimo ou nenhum estresse

21 a 40 Estresse Leve a moderado

41 a 60 Estresse Moderado a Grave

61 a 88 Estresse grave

Fonte: Elaborada pelas autoras: Eliane, Jacqueline e Tamires, 2015.

A tabela 1 apresenta a classificação dos valores encontrados na Avaliação do

Estresse dos cuidadores de pessoas com Doença de Alzheimer. Cuidadores que

têm pontuação entre 0 a 20, mostram estresse mínimo ou nenhum, cuidadores com

pontuação entre 21 a 40, mostram leve de estresse a moderado, enquanto a

pontuação de 41 a 60 demonstra estresse moderado à grave e, por fim, a pontuação

de 61 a 88 indica estresse grave.

2.5.4 Questionário de Depressão de Goldberg

Para avaliação da Depressão no cuidador foi usado o Questionário de

Depressão de Goldberg (ANEXO F), trata-se de 18 itens relacionados ao próprio

estímulo de vida cuidador (sintomas e atitudes), cada questão é formada por 6

alternativas (1. De forma nenhuma 2. Somente um pouco 3. Algo 4. Moderadamente

5. Bastante 6. Muito mesmo) que tem seu valor e que somadas umas as outras

caracterizam ou não um quadro de depressão.

Tabela 2- Classificação do grau de depressão encontrado nos cuidadores de pessoas com DA. (n=10).

Pontuação Grau de Sintoma

0-9 Não parece haver sintomas depressivos

10-17 Sintomas depressivos suaves

18-21 Linha Limite da Depressão

22-35 Suave-Moderado

36-53 Moderado-Severo

54-mais Severamente Deprimido

Fonte: Elaborada pelas autoras: Eliane, Jacqueline e Tamires, 2015.

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A tabela 2 mostra a classificação para avaliação de cada grau dos possíveis

sintomas depressivos nos cuidadores de pessoas diagnosticadas com a Doença de

Alzheimer.

Demonstra que cuidadores que têm pontuação entre 0 e 9 não parece haver

depressão, já cuidadores com pontuação entre 10 e 17, mostram possível

depressão suave, a pontuação de 18 a 21, é a Linha Limite da Depressão, a

pontuação entre 22 e 35 pontos, depressão suave a moderada, de 36 a 53 pontos,

depressão moderada a severa e por fim pontuação maior que 54, indica Depressão

severa.

2.6 Procedimentos para análise dos dados

A análise qualitativa consistiu em:

a) Análise dos dados obtidos pelos questionários Short-form Health

Survey (SF-36), Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), Escala de

avaliação de estresse do cuidador e Questionário de Depressão de

Goldberg.

2.7 Ética e pesquisa

A presente pesquisa foi realizada inteiramente de acordo com as normas do

Conselho de Ética em Pesquisa, Órgão vinculado ao Conselho Nacional de Saúde,

consciente de que tais procedimentos são imprescindíveis para realização e sucesso

desta pesquisa.

Não houve conflitos de interesse na realização desta pesquisa, que fora

submetida à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa do Complexo respeitando

todo o conteúdo da resolução 196/96 do CNS e das resoluções complementares à

mesma (240/97, 251/97, 292/99, 303/2000, 304/2000,340/2004, 346/2005 e

347/2005).

2.8 Resultados

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Serão demonstrados abaixo os resultados obtidos pelos testes e

questionários: Short-form Health Survey (SF-36) que mede a qualidade de Vida,

Questionários de Depressão de Goldberg, que verifica depressão, Escala de

Avaliação de Estresse do Cuidadores, que verifica o estresse e mini-exame do

estado mental (MEEM), que verifica a cognição, estes testes que aplicados nos

cuidadores de pacientes com Da.

Tabela 3- Resultados da aplicação do teste Short-form Health Survey (SF-36) nos cuidadores das pessoas com Doença de Alzheimer, distribuídos nas 8 dimensões (n=10).

Dimensões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Capacidade Funcional

100 85 95 70 80 100 90 100 50 50

Aspecto Físico 0 75 100 100 0 0 100 75 100 100

Dor

100

51

61

72

51

74

100

74

51

72

Estado Geral de Saúde

95

82

10

67

67

80

82

72

87

77

Vitalidade

75

60

85

50

65

60

60

70

70

50

Aspectos Sociais

88

38

100

62,5

37,5

62,5

100

100

50

63

Aspectos Emocionais

100

33

100

100

33,33

33,33

100

66,66

100

0

Saúde Mental

84

64

96

56

68

60

84

60

56

68

Média de Cada Paciente

80,25

60,97

80,87

72,18

50,22

58,72

89,5

77,20

70,5

59,93

Média Geral 70,3

Fonte: Elaborada pelas autoras: Eliane, Jacqueline e Tamires, 2015.

Na tabela 3 podem ser observados os resultados dos cuidadores em cada

uma das dimensões do teste Short-form Health Survey (SF-36). O cuidador 1,

quando realizada a média encontrou valor 80,25. O cuidador 2 obteve uma média de

60,97. O cuidador número 3 obteve média de 80,87. O cuidador número 4 obteve

média de 72,18. O cuidador número 5 obteve média de 50,22. O cuidador número 6

obteve média de 58,72. O cuidador número 7 obteve média de 89,5. O cuidador

número 8 obteve média de 77,20. O cuidador número 9 obteve média de 70,5. O

cuidador número 10 obteve média de 59,93.

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Tabela 4- Média dos resultados do teste Short-form Health Survey (SF-36) nos cuidadores das pessoas com Doença de Alzheimer em cada uma das dimensões estudadas, valores de referência (FERNANDES; VASCONCELOS; SILVA, 2009) e as porcentagens (%) dos valores de referência apresentado nos indivíduos estudados (n=10).

Amostra Valores de Referência %

Capacidade Funcional 82 84,2 97,4

Aspecto Físico 65 80,9 80,3

Dor 70,6 75,2 93,9

Estado Geral de Saúde 71,9 71,9 100,0

Vitalidade 64,5 60,9 105,9

Aspectos Sociais 70,15 83,3 84,2

Aspectos Emocionais 66,6 81,3 82,0

Saúde Mental 69,6 74,7 93,2

Média 70 76,5 92,1

Fonte: Elaborada pelas autoras: Eliane, Jacqueline e Tamires, 2015.

A tabela 4 mostra a média geral dos dez cuidadores em cada uma das oito

dimensões do teste Short-form Health Survey (SF-36), na capacidade funcional, a

amostra colhida entre os dez cuidadores tem média geral de 82, quando o valor de

referência é de 84,2, apresentando 97,4% da capacidade funcional da população, ou

seja, bem próximo dos valores de referência.

No aspecto físico a média geral é de 65, quando o valor de referência é 80,9,

apresentando 80,3%, estando na média.

Na dor a média geral dos cuidadores é de 70,6, quando o valor de referência

é 75,2, apresentando 93,9%, mostrando que sentem muita dor.

No estado geral de saúde a média geral é de 71,9, quando o valor de

referência é 71,9, apresentando 100%.

Na vitalidade a média geral dos cuidadores é de 64,5, quando o valor de

referência é 60,9, apresentando 105,9%.

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32

Nos aspectos sociais a média geral dos cuidadores é de 70,15, quando o

valor de referência é 83,3, apresentando 84,2%.

Nos aspectos emocionais a média geral é de 66,6, quando o valor de

referência é 81,3, apresentando 82%.

Na saúde mental a média geral dos cuidadores é de 69,6, quando o valor de

referência é 74,7, apresentando 93,2%.

Figura 1- Média dos resultados do teste Short-form Health Survey (SF-36) nos

cuidadores das pessoas com Doença de Alzheimer em cada uma das dimensões

estudadas e os valores de referência (FERNANDES; VASCONCELOS; SILVA,

2009) (n=10).

Fonte: Elaborada pelas autoras: Eliane, Jacqueline e Tamires, 2015.

A figura 1 acima demonstra a amostra (média geral dos dez cuidadores,

colhida pela pesquisa de cuidadores de pessoas com Doença de Alzheimer) e os

valores de referência (FERNANDES; VASCONCELOS; SILVA, 2009) obtidos, para

comparação de resultados.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Valores do SF-36

Amostra

Valores de Referência

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Tabela 5- Resultados da aplicação do Questionário de Depressão de Goldberg nos cuidadores das pessoas com Doença de Alzheimer (n=10).

Depressão 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Média de Cada Cuidador

6,5 11,5 9 19 13 6 3 2,5 6 4,5

Media Geral 8,1

Fonte: Elaborada pelas autoras: Eliane, Jacqueline e Tamires, 2015.

A tabela 5 mostra as médias de cada cuidador separadamente e depois traz a

média geral somada de todos os cuidadores. Dentre os cuidadores que, de acordo

com a tabela 2, não apresentaram sintomas depressivos foram o cuidador 1, que

obteve média de 6,5, o cuidador de número 3 que obteve média de 9, o cuidador de

número 6 cuja média foi 6, o cuidador de número 7 que obteve média de 3, o

número 8 que apresentou média 2,5, o cuidador 9 cuja média foi 6 e o número 10,

que apresentou média 6.

O cuidador 2 que obteve uma média de 11,5, cuidador 5 cuja média foi 13 e 4,

que apresentou média 19, de acordo com a tabela 2 apresentam sintomas

depressivos suaves.

Tabela 6- Resultados da aplicação Escala de avaliação de estresse do cuidador nos cuidadores das pessoas com Doença de Alzheimer (n=10).

Estresse 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Média de Cada Paciente

44 38 36 53 41 58 26 98 37 42

Media Geral 47,3

Fonte: Elaborada pelas autoras: Eliane, Jacqueline e Tamires, 2015.

A tabela 6 apresenta as médias de cada cuidador separadamente e também a

média geral de todos os cuidadores.

Dentre os participantes, tiveram estresse classificado como leve a moderado

os cuidadores 2 (média 38), 3 (36), 7 (26) e 9 (37). Um grupo de 5 participantes

apresentou valores classificados como moderado a grave, que foram 1 (média 44), 4

(53), 5 (41), 6 (58) e 10 (42). O cuidador de 8, que apresentou média 98, cujo

estresse pode ser classificado estresse grave.

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Tabela 7- Resultados da aplicação do teste Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) para avaliação do estado cognitivo nos cuidadores das pessoas com Doença de Alzheimer (n=10).

MiniMental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Média de Cada Paciente

27 20 18 22 30 17 23 23 29 30

Media Geral

23,9

Fonte: Elaborada pelas autoras: Eliane, Jacqueline e Tamires, 2015.

A tabela 7 está relacionada a aplicação do teste minimental, para investigar a

capacidade cognitiva. No presente estudo os participantes apresentaram valores

adequados para a faixa etária e escolaridade, tendo como resultado o valor médio

23,9.

Figura 2- Comparação dos resultados da aplicação do teste Mini-Exame do Estado

Mental (MEEM) para avaliação do estado cognitivo nos cuidadores das pessoas com Doença de Alzheimer (n=10) e o valor de corte para pessoas com escolaridade abaixo de 7 anos.

Fonte: Elaborada pelas autoras: Eliane, Jacqueline e Tamires, 2015.

0

5

10

15

20

25

30

Amostra Valor de corte

Minimental

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O gráfico (figura 2) demonstra a amostra (média geral colhida pela pesquisa

de cuidadores de pessoas com Doença de Alzheimer) e os valores de referência,

para comparação de resultados do teste minimental, apresentando a amostra

estudada e valores muito próximos aos valores de referência.

2.9 Discussão

O presente estudo investigou os parâmetros qualidade de vida, estresse,

depressão e cognição em cuidadores profissionais ou familiares de pessoas já

diagnosticadas com a Doença de Alzheimer. Para isso, foram utilizados quatro

questionários que permitiram a identificação destes parâmetros.

Os cuidadores estudados no presente estudo apresentaram qualidade de vida

abaixo da média da população brasileira (valores de referência). Especificamente,

tiveram valores 92,1% abaixo, sendo as dimensões mais afetadas: aspectos físicos,

aspectos sociais e aspectos emocionais.

Este achado confirma outros estudos realizados com cuidadores de pessoas

com DA. Pinto et al. (2009) realizaram um estudo utilizando o mesmo instrumento

(SF-36) e concluíram que a qualidade de vida daquela população também esteve

alterada.

É esperado que com o envelhecimento, a pessoa se torne mais dependente

de seus familiares ou de um cuidador profissional. Porém, cuidadores de pessoas

com DA acabam tendo sobrecarga maior, induzida pelo estresse e acúmulo de

atividades, tornando-os mais suscetíveis às doenças (CERQUEIRA; OLIVEIRA,

2002).

Outro estudo realizado com cuidadores de pessoas com acidente vascular

encefálico (AVE) apresentou valores ainda mais baixos de qualidade de vida,

demonstrando que a sobrecarga é dependente da necessidade de cuidado que o

doente exige do cuidador (ALMEIDA et al., 2009). Neste aspecto, o estudo de Pinto

e colaboradores (2009) também apresentou que, quanto maior o grau de

comprometimento da capacidade funcional do idoso, pior seria a qualidade de vida

dos cuidadores.

Ainda nesta temática, Curiacos e Oliveira (2015) apresentaram que os valores

de estresse nos cuidadores de pessoas com DA são dependentes das alterações

comportamentais dos doentes. Assim, alterações como depressão, apatia,

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ansiedade, desinibição e irritabilidade foram os maiores causadores estresse nos

cuidadores que, corroborando com o presente estudo, tiveram altos níveis de

estresse e prejuízo na qualidade de vida.

Os cuidadores das pessoas com DA normalmente apresentam carga de

estresse e tensão que conduzem a alterações físicas e psicológicas, cujos efeitos

podem prejudicar a dedicação ao doente (LEMOS et al., 2006; PINTO et al., 2009).

A Doença de Alzheimer configura-se como um problema que pode alcançar a

vida pessoal e familiar dos cuidadores em diversas dimensões como física,

emocional e financeira (FALCÃO; BUCHER-MALUSCHKE, 2002).

No presente estudo, os valores de estresse encontrados (média 47,3)

classificam os participantes como apresentando estresse moderado a grave. Este

fato revela que o quadro de estresse do cuidador de pessoas com DA é exacerbado,

situando estas pessoas numa condição suscetível a outros problemas, confirmando

os achados supracitados, em diversas dimensões como física, emocional e

financeira.

Para melhorar a administração das exigências e do estresse por eles imposto,

é proposto que o cuidador tenha maior suporte e amparo para que possa estar mais

apto a lidar e adaptar-se frente à condição de cuidador (IAVARONE et al., 2014).

Para estudo de possíveis sintomas depressivos, foi utilizado o Questionário

de Depressão de Goldberg, que avalia a depressão. Trata-se de 18 itens

relacionados ao próprio estímulo de vida (sintomas e atitudes), sendo cada questão

formada por 6 alternativas:

- 1. De forma nenhuma

- 2. Somente um pouco

- 3. Algo

- 4. Moderadamente

- 5. Bastante

- 6. Muito mesmo.

Todavia, o presente estudo não encontrou valores que indicassem sintomas

depressivos nos participantes estudados.

Estes dados não corroboram com achados anteriores que, utilizando outros

instrumentos, encontraram depressão em cuidadores de pessoas com DA (PINTO et

al., 2009).

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Normalmente são encontradas correlações entre aumento de estresse,

sobrecarga, prejuízo na qualidade de vida e depressão. Podem ser atribuídos a isto,

outros fatores que podem contribuir para que, apesar de haver estresse, não

existam sintomas depressivos tais como a capacidade de enfrentamento da

situação, outros estímulos, planejamentos e fatores emocionais, psicológicos,

sociais ou espirituais.

A população estudada no presente estudo respondeu ao teste de Mini-Exame

do Estado Mental (MEEM) que investiga a capacidade cognitiva. Para isso, é

importante ressaltar que os participantes apresentaram de 6 anos de estudo.

Desta forma, os participantes se encontram adequados para sua

escolaridade/idade, já que a avaliação deste teste é obtida através do nível de

escolaridade dos indivíduos participantes da pesquisa.

De acordo com o ponto de corte definido por Bertolucci et. al. (1994) para

essa escolaridade dos participantes a pontuação indicada é de 24 pontos o que

indica que os cuidadores desta pesquisa que tiveram média total de 23,9 estão

dentro do valor de corte levando em conta o desvio padrão apresentado pelos

autores, mostrando que o estado de cognição destes cuidadores não é afetado pelo

cuidar do paciente com DA.

Este resultado é importante para levarmos em consideração os demais

achados do presente estudo, posto que prejuízos cognitivos poderiam interferir na

compreensão dos demais testes.

2.10 Conclusão

O cuidado com a pessoa com DA, particularmente quando o cuidador é um

familiar, pode ser realizado envolvido com valores como amor, carinho, afeto e

dedicação. Todavia, não significa que nesse processo não haverá prejuízos para o

cuidador.

Os resultados deste estudo permitem concluir que a qualidade de vida dos

cuidadores de idosos com DA avaliados mostrou-se levemente alterada, em alguns

aspectos, trazendo um prejuízo a saúde destes cuidadores. Particularmente nas

dimensões aspectos físicos, emocionais e sociais. Todavia, não foram apresentados

sintomas depressivos nestes cuidadores. Ainda, o teste cognitivo apresentou valores

esperados para esta população.

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O principal achado deste estudo foi encontrar nestes cuidadores um quadro

de estresse classificado em moderado a severo. Este fato deixa clara a necessidade

de atenção e medidas que ajudem o cuidador a administrar o estresse e

mecanismos que possam ajudá-lo na difícil arte de cuidar tais como grupos, oficinas

e projetos direcionados aos cuidadores.

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ANEXOS

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ANEXO A – Aprovação do Comitê de Ética.

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ANEXO B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

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ANEXO C – Short-form Health Survey (SF-36).

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ANEXO D – Mini-Exame do Estado Mental (MEEM).

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ANEXO E – Escala de Avaliação de Estresse do Cuidador.

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ANEXO F – Questionário de Depressão de Goldberg.

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