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Page 1: ANÁLISE DO TEOR FOLIAR DE MACRONUTRIENTES … · Em relação aos teores de macronutrientes nas folhas (Tabela 1), após o primeiro corte e na primeira adubação,verifica-se o não

ANÁLISE DO TEOR FOLIAR DE MACRONUTRIENTES E

ACÚMULO DE MATÉRIA SECA EM GRAMADO DE Zoysia

japonica Steud.

Dinalli, R.P.1,*; Buzetti, S.1; Castilho, R. M. M.1; Gazola, R.N.1; Celestrino, T. S.1;

Silva, M. R.1

1Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira -

FEIS/UNESP. Avenida Brasil, Centro, Ilha Solteira, SP, CEP: 15385-000. [email protected]

Introdução

De acordo com a Associação Americana dos produtores de gramas - Turfgrass Producers

International – (2002 citado por GODOY & VILAS BÔAS, 2003), pesquisas científicas têm

documentado os muitos benefícios de um gramado para o meio ambiente. Um gramado bem

mantido proporciona um local confortável e seguro para diversão e prática de esportes; libera

oxigênio (cerca de 230 m2

de área gramada libera O2 suficiente para quatro pessoas); refresca

o ar e com isto contribui para os esforços de reduzir a tendência de aquecimento global (em um

dia quente de verão um gramado apresentará uma temperatura 16,5°C e 7,8°C menor que a de

um asfalto e um solo sem vegetação, respectivamente); reduz a emissão de CO2 (absorvem

grande quantidade de CO2 para realizar fotossíntese durante o ano todo) atenuando o efeito

estufa e controla a poluição do solo (a rizosfera serve como um filtro absorvendo o que passa

por ela).

Segundo COAN (2008), embora a grama-esmeralda seja de grande interesse

ornamental e comercial, ainda têm-se muitas dúvidas à velocidade de estabelecimento. Há

poucas informações na literatura sobre os processos relacionados ao desenvolvimento dessa

espécie.

O trabalho teve como objetivo avaliar a influência da adubação para revitalização de

gramado formado com Zoysia japonica Steud. (grama-esmeralda) em um Argissolo Vermelho,

em Ilha Solteira - SP (Noroeste Paulista).

Material e Métodos

O presente trabalho foi desenvolvido na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da

Faculdade de Engenharia – UNESP, Câmpus de Ilha Solteira, com latitude 20o

25’ S, longitude

51o 21’ WGR e altitude de 330 m, no Município de Ilha Solteira - SP.

A espécie estudada foi a Zoysia japonica Steud. (grama-esmeralda), plantada através

de tapetes (0,625 x 0,40 m). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos

casualizados com 20 tratamentos e quatro repetições, sendo 15 m2 por parcela. Os

tratamentos foram constituídos por 5 fontes de N: uréia, uréia revestida por polímeros, entec –

sulfonitrato de amônio + inibidor de nitrificação, nitrato de amônio e sulfato de amônio;

aplicadas na dose de 10 g m-2

ano-1

, parceladas em 2 aplicações. Estes tratamentos

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constituíram um fatorial com duas doses de fósforo, 3 e 10 g m-2

ano-1

e de potássio também

com 3 e 10 g m-2

ano-1

, por ser estas tidas como doses mínimas e máximas, citadas na

literatura, todos conduzidos a pleno sol.

A revitalização foi realizada em gramado implantado por tapetes de grama-esmeralda

realizado nos dias 30 e 31 de janeiro de 2003 (MATEUS & CASTILHO, 2004).

O manejo da irrigação foi realizado via atmosfera de acordo com a evapotranspiração e

com o método de Penman-Monteith, utilizando-se o Kc = 1. A adubação para P e K foi

realizada em junho de 2009. O N aplicado 2,0 g m-2

na implantação e a mesma dose repetida

no mês de setembro. As avaliações de matéria seca foram feitas 30 dias após as adubações.

Após a coleta fez-se o corte de todo o gramado para uniformizar o tamanho da grama-

esmeralda nos diferentes tratamentos.

Resultados

Tabela 1: Matéria seca de folhas (g) em amostragens de 20 cm x 20 cm, médias de 5

amostragens por parcela, realizadas na reabilitação de gramado de Zoysia

japonica Steud., em Ilha Solteira/SP. (Ilha Solteira, 2009)

Tratamentos 28/071 11/09

2 26/10

3

Primeira adubação Segunda adubação

Entec 2,0 c 2,1 c 2,7 b Nitrato de amônio 2,1 c 2,8 a 3,3 a Sulfato de amônio 2,5 b 2,5 b 2,4c

Uréia 1,8 d 2,4 b 2,5 c

Uréia revestida 2,7 a 2,8 a 2,8 b

D.M.S. 0,1 0,1 0,2

Fósforo 3 g/m

2 2,1 b 2,5 a 2,8 a

10 g/m2

2,3 a 2,5 a 2,6 b

D.M.S. 0,05 0,06 0,07

Potássio 3 g/m

2 1,9 b 2,5 a 2,7 a

10 g/m2 2,5 a 2,5 a 2,7 a

D.M.S. 0,05 0,06 0,07

CV% 4,76 5,14 5,57

Médias seguidas por letras iguais, na mesma coluna, não diferem entre si pelo teste

de Tukey ao nível de 5 % de probabilidade. 1 - Primeiro corte do gramado ; 2 - Segundo corte do gramado; 3 - Terceiro corte do gramado. Tabela 2: Teores de macronutrientes, após o primeiro e segundo cortes e em primeira adubação, realizadas na reabilitação de gramado de Zoysia japonica Steud., em Ilha Solteira/SP. (Ilha Solteira, 2009)

Tratamentos N P K Ca Mg S N P K Ca Mg S

(g/kg)(1)

(g/kg)(2)

Entec 16,5 a 2,6 a 8,8 a 4,9 a 1,7 a 1,7 a 20,1 a 7,2 b 7,6 a 2,5 a 1,3 a 2,0 a

Nitrato de amônio 16,5 a 2,7 a 7,8 a 4,8 a 1,8 a 1,4 b 20,7 a 7,8 ab 7,3 a 2,3 a 1,2 a 1,8 a

Sulfato de amônio 17,5 a 2,5 a 8,2 a 4,5 a 1,7 a 1,7 a 19,9 a 6,9 b 6,6 a 2,3 a 1,1 a 1,9 a

Uréia 16,7 a 2,6 a 7,8 a 4,7 a 1,7 a 1,2 c 19,9 a 7,8 ab 6,4 a 2,3 a 1,2 a 2,0 a

Uréia revestida 17,5 a 2,6 a 8,2 a 4,8 a 1,8 a 1,5 b 20,0 a 8,3 a 7,0 a 2,4 a 1,4 a 1,9 a

D.M.S. 1,0 0,1 2,3 0,7 0,3 0,2 4,3 1,8 2,0 0,5 0,3 0,4

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Fósforo 3 g/m2 17,0 a 2,6 a 8,3 a 4,6 a 1,7 a 1,2 a 20,3 a 7,4 a 6,7 a 2,3 a 1,2 a 2,0 a

10 g/m2 16,8 a 2,6 a 8,0 a 4,8 a 1,8 a 1,5 a 19,9 a 7,8 a 7,3 a 2,4 a 1,2 a 1,9 a

D.M.S. 0,5 0,04 1,0 0,3 0,1 0,05 1,9 0,4 0,9 0,2 0,1 0,2

Potássio 3 g/m2 16,9 a 2,7 a 7,9 a 4,6 a 1,7 a 1,5 a 20,2 a 7,6 a 7,0 a 2,4 a 1,3 a 2,0 a 10 g/m2 17,0 a 2,7 a 8,4 a 4,8 a 1,7 a 1,2 a 20,0 a 7,6 a 7,0 a 2,3 a 1,2 a 1,8 a

D.M.S. 0,5 0,04 1,0 0,3 0,1 0,05 1,9 0,4 0,9 0,2 0,1 0,2

CV% 4,10 2,45 18,73 9,87 9,65 20,35 14,13 8,76 19,41 12,91 14,92 12,49

Médias seguidas por letras iguais, na mesma coluna, não diferem entre si pelo teste

de Tukey ao nível de 5 % de probabilidade. 1 - Primeiro corte do gramado (21/07) 2 - Segundo

corte do gramado (30/08).

Tabela 3: Teores de macronutrientes, após o terceiro corte e em segunda adubação,

realizadas na reabilitação de gramado de Zoysia japonica Steud., em Ilha

Solteira/SP. (Ilha Solteira, 2009).

Tratamentos Nitrogênio Fósforo Potássio Cálcio Magnésio Enxofre

g/kg

26/10

Entec 22,6 a 9,4 a 15,0 a 2,7 a 1,4 a 2,8a

Nitrato de amônio 22,4 a 9,5 a 14,8 a 2,8 a 1,3 a 2,4 a Sulfato de amônio 23,2 a 9,0 a 16,6 a 3,1 a 1,5 a 3,2 a Uréia 22,2 a 9,6 a 13,4 a 2,7 a 1,3 a 2,3 a

Uréia revestida 22,5 a 9,3 a 14,3 a 3,1 a 1,5 a 2,4 a D.M.S. 1,8 1,8 6,1 1,0 0,4 1,0 Fósforo

3 g/m2

22,7 a 9,0 a 14,0 a 3,0 a 1,4 a 2,2 b 10 g/m

2 22,5 a 9,7 a 15,7 a 2,8 a 1,4 a 2,9 a

D.M.S. 0,8 0,8 2,7 0,4 0,2 0,5

Potássio

3 g/m2 22,9 a 9,3 a 15,4 a 2,9 a 1,5 a 2,6 a

10 g/m2 22,9 a 9,4 a 14,2 a 2,9 a 1,4 a 2,6 a

D.M.S. 0,8 0,8 2,7 0,4 0,2 0,5

CV% 5,34 13,11 27,18 22,94 17,34 25,10

Médias seguidas por letras iguais, na mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao

nível de 5 % de probabilidade.

Discussão e Conclusões

O acúmulo de matéria seca (Tabela 1), avaliado nas três épocas, teve a uréia revestida

como a melhor opção, nas duas primeiras coletas e o nitrato de amônio na segunda coleta.

Mateus e Castilho (2004) verificaram que o tratamento com o adubo Forth Jardim® apresentou

maior produção de matéria seca em grama esmeralda quando comparado aos dois Floranid

Eagle e Césped. Resultados diferentes ao observado neste trabalho, pois a fonte uréia

revestida, liberação controlada, propiciou maiores valores de massa seca, sendo que no

trabalho acima citado, o fertilizante de liberação imediata (Forth Jardim®) propiciou melhor

desempenho às plantas, variação que se deve às condições de solo, clima, e idade do

gramado trabalhado. As maiores doses de P e de K, na primeira avaliação foram superiores

aos tratamentos que receberam a menor dose, entretanto, na terceira avaliação, a menor dose

de P proporcionou mais matéria seca que a dose maior.

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Em relação aos teores de macronutrientes nas folhas (Tabela 1), após o primeiro corte

e na primeira adubação,verifica-se o não efeito das fontes nitrogenadas nos teores de N, P, K,

Ca e Mg. Para o S, as fontes Entec e sulfato de amônio foram superiores às outras fontes, fato

explicável pois estes fertilizantes contém S em sua composição. Para os teores de

macronutrientes nas folhas, após o segundo corte e em primeira adubação (Tabela 2) verifica-

se o não efeito das fontes nitrogenadas nos teores de N, K, Ca, Mg e S. Para os teores de P, a

uréia revestida seguida do nitrato de amônio e uréia foram superiores aos outros tratamentos.

Para os teores de macronutrientes nas folhas, após terceiro corte e em segunda adubação

(Tabela 3) verifica-se o não efeito das fontes nitrogenadas nos teores de N, P, K, Ca, Mg e S.

Os teores de macronutrientes não foram afetados pelas doses de P ou de K, mostrando que as

menores doses estão sendo suficientes para a manutenção dos teores nas folhas, após o

primeiro e segundo cortes. Já para o terceiro corte, para o S, a maior dose de P proporcionou

maiores resultados, explicável neste caso devido à fonte fosfatada ser o superfosfato simples,

que contém de 10 a 12% de enxofre.

Com base no exposto, conclui-se que os teores de N, P, K, Ca e Mg não foram

influenciados pelas fontes nitrogenadas. O teor de S foi superior nos tratamentos que

receberam Entec ou sulfato de amônio. O acúmulo de matéria seca variou com os cortes. As

doses de potássio afetaram acúmulo de matéria seca na segunda e terceira avaliações, com

supremacia para a maior dose (10 g m-2

). Para a revitalização do gramado de Zoysia japonica

Steud., a melhor fonte nitrogenada foi a uréia revestida, com a menor dose de fósforo (3 g m-2)

e a maior dose de potássio (10 g m-2

). Visto que as informações referentes à adubação em

gramados são escassas, os dados obtidos no presente trabalho são de suma importância para

enriquecer a literatura neste campo de pesquisa.

Agradecimentos

A Fundação de Amparo a Pesquisa no Estado de São Paulo (FAPESP), pelo apoio

financeiro.

Referências

COAN, R. M. C.; PIVETTA, K. F. L.; TURCO, J. E. P.; MATHEUS, C. de M. D’ A.

Desenvolvimento da grama-esmeralda (Zoysia japonica Steud.) em bacia Hidrográfica

Experimental. In: SIGRA – SIMPÓSIO SOBRE GRAMADOS, 4., 2008, Botucatu.

Anuais...p.133-137.

GODOY, L.J.G.; VILAS BÔAS, R.L. Nutrição de gramados. In: SIMPÓSIO SOBRE

GRAMADOS – SIGRA, 1. Botucatu: Departamento de Recursos Naturais, 2003. (1

CD-ROM)

MATEUS, C. M. D.; CASTILHO, R. M. M. Influência de Adubação de Manutenção em Grama

Esmeralda (Zoysia japonica Steud.) em um Argissolo Vermelho do Noroeste Paulista. XV

CONGRESSO DA SOCIEDADE BOTÂNICA DE SÃO PAULO, Universidade de Taubaté.

Ubatuba, 2004. (1 CD-ROM).