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ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL UTILIZANDO A CASCA DE ARROZ COMO COMBUSTÍVEL EM UM CICLO RANKINE ORGÂNICO Thadeu Melo Roquette Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadores: Alexandre Salem Szklo Rio de Janeiro Fevereiro de 2017

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Page 1: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

NO BRASIL UTILIZANDO A CASCA DE ARROZ COMO

COMBUSTÍVEL EM UM CICLO RANKINE ORGÂNICO

Thadeu Melo Roquette

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientadores: Alexandre Salem Szklo

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL

UTILIZANDO A CASCA DE ARROZ COMO COMBUSTÍVEL EM UM CICLO

RANKINE ORGÂNICO

Thadeu Melo Roquette

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO

DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________

Prof. Alexandre Salem Szklo, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Manuel Ernani de Carvalho Cruz, Ph.D.

________________________________________________

Prof. Nísio de Carvalho Lobo Brum, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

FEVEREIRO DE 2017

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i

Roquette, Thadeu Melo

Análise do Potencial de Geração de Energia Elétrica no Brasil

Utilizando a Casca de Arroz como Combustível em um Ciclo

Rankine Orgânico/ Thadeu Melo Roquette – Rio de Janeiro:

UFRJ/Escola Politécnica, 2017.

Orientadores: Alexandre Salem Szklo

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso

de Engenharia Mecânica, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 66 - 68

1.Biomassa. 2. Casca de Arroz. 3. CRO 4. Fontes de Energia

Alternativas 5. Termodinâmica I. Szklo, Alexandre. II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Programa de

Engenharia Mecânica. III. Análise do Potencial de Geração de

Energia Elétrica no Brasil Utilizando a Casca de Arroz como

Combustível em um Ciclo Rankine Orgânico

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ii

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Alexandre Szklo pela sua orientação sempre presente e fundamental para a

realização deste trabalho.

A todo corpo docente do Departamento de Engenharia Mecânica, Instituto de Física,

Instituto de Matemática e a todos os outros Departamentos da Escola Politécnica pelo

ensino de alto nível proporcionado durante os anos aqui estudados.

Aos amigos que fiz durante a graduação que estiveram sempre presente incentivando e

estudando juntos para alcançarmos nossos objetivos.

À minha família por todo o apoio e carinho, sem ela não teria sido possível alcançar este

objetivo.

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iii

Resumo do Projeto de Graduação à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção de grau de Engenheiro Mecânico.

Análise do Potencial de Geração de Energia Elétrica no Brasil Utilizando a

Casca de Arroz como Combustível em um Ciclo Rankine Orgânico

Thadeu Melo Roquette

Fevereiro/2017

Orientadores: Alexandre Salem Szklo

Curso: Engenharia Mecânica

O presente trabalho trata do potencial de geração de energia elétrica utilizando a

casca de arroz em um ciclo Rankine orgânico (CRO) no Brasil.

O Brasil é um país com extensas áreas de cultura de biomassa, no entanto, nem

todos os resíduos dessas colheitas são reaproveitados para a geração de eletricidade, logo

o presente estudo realiza a análise do potencial de geração de eletricidade do resíduo

orizícola

As características e limitações do biocombustível estudado são abordadas, a fim

de evitar os efeitos indesejados gerados pelas cinzas durante sua combustão na caldeira.

A adaptação do ciclo Rankine e seu estudo termodinâmico é realizado para a

análise do potencial de geração de eletricidade tendo como base o ciclo estudado.

Os resultados mostram o potencial de geração de eletricidade no Brasil e no Sul,

em algumas regiões específicas que são as maiores produtoras de arroz.

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iv

Abstract of Undergraduate Project presented for POLI/UFRJ as a part of the

requirements for obtaining the degree of Mechanical Engineer.

Analysis of the Brazilian Electric Power Generation Potential using Rice

Husk as Fuel in an Organic Rankine Cycle

Thadeu Melo Roquette

February/2017

Advisors: Alexandre Salem Szklo

Department: Mechanical Engineering

This study evaluates the potential for electric power generation in Brazil using the rice

husk, as fuel in an Organic Rankine Cycle (ORC).

Brazil has one of the largest agriculture area in the World. However, Brazil has not yet

explored the potential use of agricultural residues for electricity generation. Hence, this

study analyses the potential electric power generation from the combustion of rice hulks.

Some characteristics and limitations due to the biofuel combustion such as the ashes

combustion will be studied.

An approach on the modifications of the Conventional Rankine Cycle in order to work

with the limitations of the biofuel and its ashes are going is performed.

Findings show the potential of electric power generation in Brazil, focusing on the most

productive areas of rice such as the South region of Brazil.

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v

Lista de Figuras

Figura 1: Equação genérica da combustão de um biocombustível.............................. 11

Figura 2: Esquema típico de um ciclo Rankine a vapor ............................................... 14

Figura 3: Gama de potências de diversos ciclos e suas eficiências de primeira lei ..... 15

Figura 4: Componentes de um Ciclo Rankine Organico .............................................. 17

Figura 5: BWR em função da temperatura de evaporação para diferentes fluidos ...... 21

Figura 6: Diferentes tipos de fluidos de trabalho ......................................................... 24

Figura 7: Diagrama T-s de alguns fluidos secos e a água ........................................... 26

Figura 8: Esquema típico de um ciclo Rankine orgânico com regeneração ................ 30

Figura 9: Pontos do Regenerador ............................................................................... 36

Figura 10: Diagrama T-s do ciclo estudado e seus pontos .......................................... 39

Figura 11: Esquema simplificado de uma Máquina Térmica ....................................... 40

Figura 12: Ciclo primário e o CRO interligados pelo Trocador de Calor ...................... 44

Figura 13: Esquema completo do sistema contendo o circuito primário integrado ao CRO

................................................................................................................................... 49

Figura 14: Potencial de geração mensal de energia elétrica por região ...................... 54

Figura 15: Distribuição de potencial energético de casca de arroz por região no Brasil

................................................................................................................................... 55

Figura 16: Mapa do Rio Grande do Sul e as sub-regiões consideradas para a análise de

geração de eletricidade ............................................................................................... 58

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vi

Lista de Tabelas

Tabela 1: Composição química da Casca de Arroz e suas cinzas e outros

biocombustíveis ............................................................................................................ 7

Tabela 2: Efeitos da combustão devido a elementos presentes na cinza da biomassa

..................................................................................................................................... 8

Tabela 3: Composição química de alguns Combustíveis de Biomassa ....................... 11

Tabela 4: Quadro comparativo entre o CRO e o ciclo Rankine a vapor ...................... 28

Tabela 5: Descrição dos equipamentos do CRO ........................................................ 32

Tabela 6: Lista de propriedades de projeto do CRO ................................................... 36

Tabela 7: Lista de dados extraídos pelo REFPROP ................................................... 38

Tabela 8: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 2 do CRO ............................ 41

Tabela 9: Propriedades termodinâmicas nos pontos 4 e 5 do CRO ............................ 42

Tabela 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO .......................... 43

Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ...................................... 43

Tabela 12: Parâmetos de projeto do circuito primário ................................................. 46

Tabela 13: Colheita mensal de arroz por região e estado do Brasil ............................ 52

Tabela 14: Razão entre a massa de casca de arroz e a massa de arroz .................... 53

Tabela 15: Potencial de geração de eletricidade por região com base nos dados de

colheita anual de arroz ................................................................................................ 55

Tabela 16: Municípios com o maior potencial de geração de eletricidade ................... 57

Tabela 17: Definição das regiões da Figura 20 ........................................................... 58

Tabela 18: Potencial de geração de eletricidade por região considerada ................... 59

Tabela 19: Demanda de eletricidade por região considerada em função do número de

habitantes em cada região durante o ano de 2016 ..................................................... 60

Tabela 20: Percentual do suprimento da demanda anual de eletricidade por região

potencial considerada ................................................................................................. 60

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Tabela 21: Demanda de eletricidade por região considerada em função do número de

habitantes em cada região durante o primeiro semestre de 2016 ............................... 61

Tabela 22: Percentual do suprimento da demanda de eletricidade no primeiro semestre

por região potencial considerada ................................................................................ 61

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Lista de Símbolos

𝑐𝑝 Calor Específico à Pressão Constante

𝑞 Calor Específico

𝐸 Energia

ℎ Entalpia Específica

𝑠 Entropia Específica

𝑃𝑜𝑡 Potência

�̇� Potência Calorífica

𝑃 Pressão

𝑟 Razão de Expansão/Compressão

𝑇 Temperatura

𝑤 Trabalho Específico

�̇� Vazão Mássica

Símbolos Gregos

𝜀 Efetividade

𝜂 Eficiência de Primeira Lei da Termodinâmica

∆ Diferencial

Subscritos e Sobrescritos

𝐵 Bomba

𝑐𝑑 Condensador

𝑒𝑣 Evaporador

𝑒𝑥 Expansor

𝑖𝑛 Grandeza que entra no ciclo

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ix

𝑙í𝑞 Grandeza líquida

𝑠 Isentrópico

𝑝𝑝 Pump (bomba)

𝑅 Regenerador

𝑡ℎ Remete à Primeira Lei da Termodinâmica

𝑇 Turbina

Abreviações e Siglas

BWR Back Work Ratio

CRO Ciclo Rankine Orgânico

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento

PCI Poder Calorífico Inferior

PCS Poder Calorífico Superior

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x

Sumário

Lista de Figuras .......................................................................................................... v

Lista de Tabelas ......................................................................................................... vi

Lista de Símbolos .................................................................................................... viii

1. Introdução ............................................................................................................... 1

1.1 Panorama de Consumo de Eletricidade Global ................................................... 1

1.2 Cenário e perspectivas de demanda energética no BRICS ................................. 2

1.3 Cenário da utilização de casca de arroz no Brasil ............................................... 3

1.4 Objetivo ............................................................................................................... 4

1.5 Organização ........................................................................................................ 5

2. Contextualização da proposta ............................................................................... 6

2.1 Biomassa ............................................................................................................ 6

2.1.1. Casca de Arroz .......................................................................................... 10

2.1.1.1. Produção Brasileira de Arroz ............................................................... 10

2.1.1.2. Análise Química do Combustível ......................................................... 10

2.1.1.3. Fabricação Orizícola ............................................................................ 12

3. Ciclo Rankine Orgânico ........................................................................................ 13

3.1 Componentes do Ciclo Rankine Orgânico ......................................................... 16

3.1.1. Máquina de expansão ................................................................................ 17

3.1.2. Trocador de Calor ...................................................................................... 18

3.1.3. Bombas ..................................................................................................... 20

3.1.4. Fluido de Trabalho ..................................................................................... 21

3.1.4.1. Seleção de um fluido de trabalho ........................................................ 22

3.1.4.2. Lista de fluidos de trabalho possíveis para um CRO ........................... 23

3.2 Comparação entre um Ciclo Rankine Orgânico e um Ciclo Rankine a Vapor .... 26

4. Balanço energético do sistema de geração de potência ................................... 28

4.1 Estados Termodinâmicos do fluido de Trabalho ................................................ 30

4.2 Definição dos estados termodinâmicos do CRO ................................................ 32

4.3 Considerações sobre os parâmetros do CRO ................................................... 36

4.4 Definição numérica de todos os pontos do ciclo de potência ............................. 37

4.5 Balanço energético do CRO .............................................................................. 39

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xi

4.5.1. Eficiência de Primeira Lei ........................................................................... 39

5. Estudo do circuito primário de geração de calor ............................................... 44

5.1 Considerações sobre os componentes do circuito primário ............................... 44

5.2 Balanço Energético do Ciclo Primário ............................................................... 47

5.2.1. Calor Transferido para o CRO ................................................................... 47

5.2.2. Calor produzido na Caldeira....................................................................... 48

6. A potência em função da quantidade de combustível ....................................... 48

7. Estudo do Potencial Elétrico no território brasileiro utilizando a Casca do

Arroz como Combustível.......................................................................................... 51

7.1 Resultados ........................................................................................................ 53

7.1.1. Regiões potenciais para a instalação do CRO ........................................... 56

8. Conclusões e possíveis trabalhos futuros ......................................................... 63

9. Bibliografia ............................................................................................................ 66

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1. Introdução

1.1 Panorama de Consumo de Eletricidade

Global

Segundo (EIA, 2016), nos próximos trinta anos a demanda por energia no

planeta irá aumentar 48%. Deste crescimento, mais da metade é em virtude do aumento

no consumo de energia dos países que não fazem parte da Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Um fato importante a ser mencionado é que os países que compõem o BRICS

não fazem parte do grupo OCDE, assim como outros países asiáticos em crescimento,

como Cingapura e Hong-Kong.

Ainda sobre o crescimento do consumo de energia nas próximas três décadas,

é importante mencionar que os países que não fazem parte do OCDE, os não-OECD,

são responsáveis por mais da metade do crescimento de aproximadamente 50% do

consumo de energia no globo (EIA, 2016).

O consumo energético global em 2016 equivale a aproximadamente 600

Quadrilhões de BTU (Quad), e existe um equilíbrio de demanda entre os países

pertencentes e não-pertencentes ao OCDE, no entanto as projeções do EIA mostram

que em 2040, o consumo de eletricidade será de 800 Quad BTU, em que mais de dois

terços do consumo será dado pelos países não pertencentes ao OCDE. (EIA, 2016)

A causa do crescimento do consumo pelos países non-OCDE ocorre pelo forte

crescimento econômico e populacional dos mesmos. Os países que não fazem parte do

grupo OCDE aumentarão seu consumo energético em 71% de 2012 a 2040 (EIA, 2016).

Em contrapartida, analisando os países mais maduros energeticamente e de menor taxa

de crescimento populacional e econômico, podemos verificar um crescimento de 18%

durante o mesmo período (EIA, 2016).

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2

O crescimento econômico, vem acompanhado de mudanças na infraestrutura

das cidades, o que influencia fortemente na demanda por energia. Conforme um país

se desenvolve e o padrão de vida da população aumenta, a demanda por energia

elétrica aumenta rapidamente.

A economia e a demanda energética estão diretamente relacionadas, estudos

mostram que o crescimento econômico atua como um vetor que influencia diretamente

a demanda energética. Projeções mostram que a variação do PIB está diretamente

relacionada ao aumento ou diminuição da demanda de eletricidade. (EIA, 2016)

1.2 Cenário e perspectivas de demanda

energética no BRICS

Em 2009 o total de energia elétrica consumida pelos BRICS foi de 6335 TWh o

que corresponde a 31,6% do total, no ano. (SHAHBAZ, RASOOL, et al., 2016)

Devido à alta variação nos preços do preço dos combustíveis fósseis e por ser

menos poluente que os combustíveis como o petróleo e o carvão, a atenção pela

utilização de combustíveis derivados de biomassa vem aumentando.

As Hidroelétricas correspondem à maior fonte de geração energia elétrica

renováveis nos países deste bloco econômico, no entanto devido as limitações de cunho

sazonal desta fonte de energia outras fontes alternativas de energia vêm despertado

interesse dos governos e investidores.

Durante as duas últimas décadas a Biomassa vem ganhando importância no

cenário de geração de energia elétrica, este fato é devido a sua grande disponibilidade

no território brasileiro uma vez que o Brasil é um dos países de maior exploração da

Agroindústria no mundo. Outro ponto a favor da utilização de biocombustíveis é a

possibilidade de se tratar os resíduos produzidos pela agroindústria. (SILVA,

ARDENGHI, et al., 2015)

Page 16: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

3

O Brasil, a Índia e a China instituíram diversos incentivos financeiros para que

as energias renováveis tivessem uma maior abrangência em sua matriz energética, um

exemplo desse fato foi a implementação do PROINFA (Programa de Incentivos às

Fontes Alternativas de Energia Elétrica), do Ministério de Minas e Energia do Brasil.

(SILVA, ARDENGHI, et al., 2015)

O consumo energia elétrica produzido por fontes alternativas correspondeu à

36,8% do total de energia consumida nesses países em 2009 (EIA, 2016). Se for levado

em consideração o potencial energético e as técnicas conhecidas para conversão de

fontes alternativas de energia em energia elétrica, existe um potencial de geração de

61% em 2030. (EIA, 2016)

Esse bloco econômico alcançou um grande crescimento econômico durante as

três últimas décadas. De fato, o bloco responde por 21% do PIB global, 40% do consumo

energético global e mais de 40% da população mundial (HEBERT e KRISHNAN, 2016).

No entanto, os BRICS ainda dependem de fontes convencionais de energia,

como a energia gerada pelos combustíveis fósseis, que possuem grande variação de

preço no mercado e produzem uma perda na qualidade do meio ambiente. Ou seja,

estas economias enfrentam duas questões para continuarem seu crescimento:

Segurança Energética e Degradação Ambiental.

1.3 Cenário da utilização de casca de arroz no

Brasil

Dentre os diversos tipos de biomassa a casca de arroz é um dos que podem ser

utilizados para se gerar energia elétrica.

O arroz está entre os cereais mais consumidos do mundo. O Brasil é o maior

produtor mundial e colheu 11,26 milhões de toneladas na safra entre 2009/2010. A

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4

produção está basicamente distribuída entre estados do Rio Grande do Sul, Santa

Catarina e Mato Grosso (SILVA, ARDENGHI, et al., 2015).

As projeções do de produção de arroz, avaliadas pela Assessoria de Gestão

Estratégica do Mapa, mostram que o Brasil vai colher 14,12 milhões de toneladas de

arroz na safra 2019/2020. O que equivale ao aumento anual da produção de 1,15% nos

próximos dez anos (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2016).

Segundo a Aneel, dentre as fontes as fontes renováveis de energia, a biomassa

é responsável por 7,17% da energia elétrica no Brasil, com 431 plantas de geração de

energia elétrica em operação em 2015 (SILVA, ARDENGHI, et al., 2015). Sendo que

dessas plantas, oito são as usinas que utilizam a casca de arroz como fonte de calor,

que juntas geram 32.608 kW, o que representa 0,03% do total de produção de energia

elétrica nacional (SILVA, ARDENGHI, et al., 2015).

1.4 Objetivo

Tendo em vista o cenário de mudança acima descrito, onde se prevê uma

continuação do aumento do consumo energético mundial, a necessidade da

substituição da atual principal matriz energética e o aproveitamento integral dos

resíduos industriais, o presente trabalho visa à análise do potencial de geração de

energia elétrica no Brasil utilizando a casca de arroz como combustível.

Devido às suas características químicas, tornam-se necessárias alterações no

Ciclo de Potência tradicionalmente utilizado na queima de combustíveis fósseis.

O presente estudo tem como objetivo a análise de um Ciclo Rankine Orgânico

operando em condições necessárias para que não ocorram efeitos indesejados durante

a queima desse biocombustível.

Page 18: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

5

Tem-se como objetivo também o estudo das adaptações de um CRO, o

rendimento energético do ciclo a ser estudado, o potencial de geração para um estudo

de caso e a extrapolação para território brasileiro.

1.5 Organização

Esta seção abrange o conteúdo que será abordado no presente estudo, assim

como situa o leitor quanto ao atual cenário mundial e brasileiro de geração de

eletricidade, o que traz à luz a importância do presente estudo, as oportunidades

referentes ao tema e os desafios por vir neste campo de conhecimento.

O segundo capítulo abrange a contextualização da proposta, onde serão

discutidas as características do biocombustível utilizado, a casca de arroz. Dentre as

características estão as características físico-químicas do combustível, as

características de produção da casca de arroz, alguns detalhes da combustão do

biocombustível e por fim falar-se-á acerca do CRO e seus componentes.

O terceiro capítulo será constituído pela descrição do ciclo Rankine orgânico,

seus componentes e características do ciclo, assim como uma breve comparação entre

este ciclo e o ciclo Rankine a vapor convencional.

No quarto capítulo, será abordado o balanço energético do ciclo a ser

considerado no presente trabalho, assim como a definição do estado termodinâmico em

todos os pontos do ciclo.

O quinto capítulo apresentará um estudo similar ao capítulo anterior, porém, será

realizado a análise do balanço termodinâmico do circuito primário de geração de calor,

será também realizada um breve estudo sobre os componentes do circuito primário.

O sexto capítulo conta com a análise do ciclo Rankine orgânico como um todo,

contendo o circuito primário e CRO propriamente dito, a fim de se levantar a potência

gerada pelo ciclo em função da massa utilizada de combustível.

Page 19: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

6

No sétimo capítulo, irão ser extraídos os resultados acerca do sistema estudado

em conjunto com a base de dados de colheita de arroz por munícipio do Brasil.

O oitavo capítulo conta com as conclusões sobre o estudo apresentado, bem

como sugestões sobre possíveis trabalhos futuros.

2. Contextualização da proposta

2.1 Biomassa

A Biomassa se tornou um combustível atraente para geração de eletricidade

devido ao seu potencial de redução nas emissões de CO2 e por ser conveniente na

produção de energia em média e pequena escala (JENKINS, BAXTER, et al., 1998).

Existem atualmente, duas formas principais de se gerar energia elétrica através

da Biomassa: a gasificação/bidogestão associada a ciclos com turbina a gás ou motores

a gás e a combustão direta associada a ciclos com turbina a vapor. A gasificação

associada a ciclo combinado (Brayton e Rankine) apresenta maior eficiência energética

mas exige um maior investimento (URIS, LINARES e ARENAS, 2015).

No entanto, a geração de eletricidade utilizando-se a combustão direta em uma

fornalha ou um leito fluidizado como fonte de calor é uma opção madura de

aproveitamento desse biocombustível, sendo o Ciclo Rankine Orgânico um ciclo

termodinâmico que pode ser utilizado para se converter a energia térmica em energia

elétrica.

A Biomassa é composta basicamente por C, H e O, formando um hidrocarboneto

assim como os combustíveis fósseis. Contudo, a principal diferença é a presença do

Oxigênio na formação da Biomassa. A presença deste átomo faz com que a biomassa

requeira menos oxigênio do ar. No entanto, a quantidade de energia a ser liberada é

reduzida, diminuindo assim o Poder Calorífico Superior. (VIEIRA, 2012)

Page 20: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

7

Os combustíveis compostos por elementos que constituem a Biomassa

geralmente são mais reativos do que combustíveis fósseis como carvão. (SILVA,

ARDENGHI, et al., 2015) Em virtude desta característica, a combustão não é um

problema quando comparado a outros problemas associados à queima da biomassa,

como sinterização do leito, formação de escória, incrustação dos dutos e corrosão.

Problemas que terão suas soluções tratadas neste presente trabalho.

Os três primeiros problemas acima citados são provenientes das cinzas

provenientes da combustão da Biomassa serem altamente alcalinos, enquanto a

corrosão se dá pelo fato da presença de cloro nos mesmos.

Através da Tabela 1 pode-se verificar a composição de três tipos de biomassa:

Casca de Arroz, Resíduos de Madeira e Serragem.

Tabela 1: Composição química da Casca de Arroz e suas cinzas e outros

biocombustíveis (BASU, 2006)

A partir da tabela 1, podemos também verificar que a quantidade presente de

oxigênio nesse combustível é elevada. Este fato implica em que a necessidade de haver

alta concentração de oxigênio proveniente do ar na fornalha onde ocorre a queima do

Unidade Casca de Arroz Resíduos de Madeira Serragem

PCS (Poder Calorífico Superior - Base seca) MJ/kg 16,2 20,14 20

Mistura Wt% 9,7 14,2 53,9

Voláteis - 66 79,1 39,19

C Wt% (Base sem cinzas) 40,2 49 50,6

H - 5 5,9 6

O - 36,3 40,7 42,78

N - 0,3 2,5 0,2

S - 0,05 0,05 0,01

Cl - 0,1 0,03 0,01

Cinzas - 18,2 1,9 0,41

Composição das Cinzas - - -

% das cinzas 89 32 4,9

- 0,41 6,2 0,93

- 0 14 0,2

- 0,25 2,8 1,3

CaO - 0,75 17 32

MgO - 0,43 17 32

- 0,06 2,8 2,4

- 2,2 4,7 8,7

- 0 6,3 0

- 0,49 0 19

Combustível

𝑖 𝑙 𝑇𝑖 𝑒

𝑃

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combustível é baixa, o que resulta também em uma menor quantidade de nitrogênio

presente na queima.

Em função de o Nitrogênio ser um gás inerte, o mesmo não participa do processo

de combustão então parte da energia gerada pela combustão é gasta no aquecimento

do nitrogênio, reduzindo então a eficiência do processo. (BORGNAKKE e SONNTAG,

2009) A Tabela 2 abaixo lista alguns problemas que podem ser enfrentados pelo leito

fluidizado (LF) devido a constituição química da Biomassa. Deposição de partículas no

fundo do leito, entupimento de tubos, corrosão são alguns dos problemas.

Tabela 2: Efeitos da combustão devido a elementos presentes na cinza da biomassa (BASU, 2006)

Elementos no combustível Efeitos

Alcalinos como sódio e potássio Aglomeração no leio Entupimento de tubos e corrosão à

quente Cloro Entupimento de tubos e corrosão à

quente Emissão de HCl

Formação de dioxina Metais pesados Emissão de poluentes

Corrosão da caldeira Enxofre Emissão de

Corrosão à frio Corrosão à quente (razão S/Cl)

Nitrogênio Emissão de 𝑥

Abaixo detalham-se os três principais problemas encontrados na queima de

combustíveis de Biomassa:

Aglomeração

O maior inconveniente encontrado na queima destes combustíveis em leito

fluidizados é a aglomeração de materiais no leito. A maioria das Biomassas

contém Sais Alcalinos que reagem preferencialmente com a Sílica no fundo do

leito para formar uma mistura eutética com baixo ponto de fusão:

< 𝑠𝑖𝑙𝑖𝑐 > + < 𝑙𝑐 𝑙𝑖 > = < 𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟 𝑒𝑢𝑡é𝑡𝑖𝑐 𝑑𝑒 𝑠𝑖𝑙𝑖𝑐 𝑡𝑜 >

2 𝑖 + 𝐶 = 2 . 2 𝑖 + 𝐶

Page 22: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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É importante ressaltar que apesar de a temperatura de fusão da Silica ser

1450 °C, a mistura eutética, Silicato, pode fundir a 754 °C. (BASU, 2006)

Esse fato abordado acima é o motivador do interesse do presente trabalho em

se utilizar um ciclo Rankine orgânico (CRO) para se trabalhar com a queima com

temperaturas mais amenas.

Além disso, conforme se pode verificar na tabela 1, a casca de arroz

possui 89% de Sílica em suas cinzas, o que torna arriscado do ponto de vista

econômico e operacional o projeto que não levar em consideração o ponto de

fusão do silicato.

Entupimento

Entupimento é a deposição das cinzas da biomassa nos dutos de

escapamento do Leito Fluidizado. Ocorre perda de transferência de calor,

redução de temperatura do fluxo de massa e aumento de temperatura dos metais

dos dutos, que pode acelerar a corrosão dos mesmos.

Corrosão

O cloro contribui para aumentar o potencial de corrosão a quente, que

ocorre em leitos operando a altas temperaturas e pressões. A corrosão começa

a se tornar um problema real especialmente em superaquecedores que

trabalham a temperaturas maiores que 460 o C, e pressões maiores que 55 bar.

O Cloro reage com metais alcalinos formando Cloro alcalino com baixo

ponto de fusão, ocasionando o mesmo efeito do entupimento e aglomeração,

porém devido à presença do Cloro adiciona-se o efeito da corrosão.

Se o Cloro presente no combustível exceder 0,1% (BASU, 2006),

medidas com relação à corrosão gerada pelo Cloro devem ser tomadas, as

medidas são as mesmas que as anteriores, focando sempre em trabalhar em

temperaturas abaixo da temperatura de fusão de tais de constituintes.

Page 23: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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Conforme podemos averiguar da tabela 1, a concentração e Cloro na

casca de arroz é aproximadamente 0,1% o que não ultrapassa o limite de perigo

de corrosão. (BASU, 2006)

2.1.1. Casca de Arroz

A geração de energia elétrica através da queima da casca de arroz é uma

alternativa praticável do ponto de vista tecnológico, uma vez que a tecnologia para

conversão é disponível, a matéria prima é abundante no território brasileiro e todo CO2

produzido na queima volta para o ciclo de carbono na biosfera terrestre.

2.1.1.1. Produção Brasileira de Arroz

O arroz é um dos cereais mais produzidos e consumidos no mundo,

caracterizando-se como o principal alimento de mais da metade da população mundial.

Somente na Ásia, de 60 a 70% do consumo calórico de mais de 2 bilhões de pessoas é

proveniente do arroz e seus subprodutos. (SILVA, ARDENGHI, et al., 2015)

Na safra de 2013/2014, o Brasil produziu cerca de 12 milhões de toneladas de

arroz, sendo o Rio Grande do Sul responsável por 2/3 desse montante, sendo o estado

que mais produziu esse cereal. (SILVA, ARDENGHI, et al., 2015)

Este fato se deve a que o Rio Grande do Sul possui condições climáticas que

propiciam alta produtividade e a que esse estado possui logística estratégica que facilita

a comercialização deste produto.

2.1.1.2. Análise Química do Combustível

A casca de arroz corresponde a 30% da massa do grão de arroz

completo(CENBIO, 2012). A casca de arroz possui em sua composição muitos

elementos químicos. De maneira geral, podemos caracterizar os combustíveis de

biomassa da seguinte maneira: (JENKINS, BAXTER, et al., 1998)

Page 24: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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Figura 1: Equação genérica da combustão de um biocombustível (JENKINS, BAXTER, et al., 1998)

Onde a primeira parcela da equação acima constitui a biomassa de forma

genérica.

Na Tabela 3 podemos identificar a porcentagem de massa de cada elemento

químico da Figura 1 acima e averiguar a composição do Arroz.

Tabela 3: Composição química de alguns Combustíveis de Biomassa (JENKINS,

BAXTER, et al., 1998)

Choupo híbrido Palha de Arroz Arroz/Choupo

É importante ressaltar, a partir da análise da tabela 3, a grande tendência na

formação dos Silicatos, que se aglomeram em dutos e no interior do Leito Fluidizado,

se a temperatura de fusão do Silicato for alcançada.

Page 25: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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2.1.1.3. Fabricação Orizícola

Uma das finalidades da utilização da casca de arroz para geração de eletricidade

pode ser suprir energeticamente as fábricas produtoras do arroz, o que pode ser uma

alternativa interessante para o uso do biocombustível que, por possuir baixa densidade

energética, demanda grandes volumes de transporte, fato que acarreta em um aumento

de custos no processo.

Além da possibilidade acima mencionada, obviamente a casca de arroz poderia

ser utilizada para geração de eletricidade externa do ambiente fabril, podendo alimentar

energeticamente pequenas cidades e vilarejos.

De uma forma ou de outra, deve-se sempre ser levada em consideração a

questão logística do transporte e localização da planta de energia, pois o custo de

transporte devido à baixa densidade energética da casca de arroz pode inviabilizar

economicamente o projeto.

De acordo com o plantio e a época do ano, o arroz vem da lavoura com 25-30%

de umidade, sendo que é necessário a redução para 12-15% através da utilização da

secagem (DARABAS, ARMINDA, et al.).

Na forma de utilização da energia para uso fabril, existe ainda a opção de se

realizar a etapa da secagem do arroz aproveitando o calor provido pela combustão

direta da casca.

No entanto, esta possibilidade não será tratada nesse presente trabalho devido

à falta de informações sobre a quantidade de energia demandada nesta etapa do

processo.

O presente trabalho tratará do caso em que a casca de arroz é utilizada

exclusivamente para a geração de calor do ciclo Rankine orgânico (CRO).

Page 26: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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3. Ciclo Rankine Orgânico

O ciclo Rankine orgânico (CRO) é baseado no ciclo Rankine convencional que

é utilizado em plantas convencionais de geração de energia elétrica devido a ser uma

tecnologia consolidada no mercado. (TANCZUK e ULBRICH, 2013)

A diferença primária entre os dois ciclos se encontra na diferença do fluido de

trabalho utilizado, o que exige ou permite alterações nos equipamentos utilizados entre

os ciclos, de forma a beneficiar os aspectos econômicos, técnicos e também

operacionais.

O fluido utilizado pelo Ciclo Rankine convencional é o vapor d’água, enquanto

no CRO o fluido utilizado é orgânico, podendo ser um hidrocarboneto ou uma gama de

diferentes fluidos refrigerantes, podendo-se escolher qual se adequa melhor às

demandas do ciclo projetado.

As funções do fluido orgânico correspondem às mesmas do vapor d’água, porém

eles permitem operações em diferentes variações de pressão (os fluidos orgânicos

condensam à pressão atmosférica, por exemplo). (TANCZUK e ULBRICH, 2013)

Os fluidos orgânicos no CRO têm seu ponto de ebulição acima do ponto de

ebulição da água e baixo calor de vaporização, aproximadamente 10% do calor

necessário para vaporizar a água. Isso permite o uso de fontes com baixas

temperaturas, no entanto, a eficiência térmica do ciclo diminui em função de uma menor

variação de temperatura no ciclo. (TANCZUK e ULBRICH, 2013)

Em plantas típicas de Ciclo Rankine Orgânico, dois ciclos térmicos são

normalmente utilizados: ciclo com óleo térmico e o ciclo com o fluido orgânico. O calor

dos gases exauridos da queima do combustível no ciclo primário é transferido para o

óleo térmico que através de um trocador de calor transfere o calor para o CRO, para

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que o fluido orgânico se encontre na configuração de vapor saturado à dada pressão,

dessa forma gerando potência no turbo-expansor.

De maneira geral o ciclo Rankine orgânico apresenta os mesmos elementos

mecânicos que um ciclo Rankine a vapor.

Figura 2: Esquema típico de um ciclo Rankine a vapor

O ciclo Rankine orgânico opera entre 60 e 200 °C para operações com fontes de

baixa temperatura, podendo atingir 350 °C. (MASCARENHAS, 2014)

Page 28: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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A Figura 3 mostra amplitudes de geração de potência e eficiência de primeira

lei dos ciclos de geração de potência conhecidos e mais comumente utilizados.

Figura 3: Gama de potências de diversos ciclos e suas eficiências de primeira lei

(MASCARENHAS, 2014)

Com a Figura 3 pode-se concluir que o ciclo Rankine orgânico possui menor

eficiência térmica que os ciclos Rankine a vapor convencionais, além de este último

possuir um maior potencial de geração de potência mecânica e elétrica.

No entanto, o escopo e aplicação dessas duas tecnologias é diferente, como

veremos neste capítulo, o que pode se justificar a utilização de um ciclo Rankine

orgânico para muitas situações como as seguintes abaixo (MASCARENHAS, 2014):

Plantas onde há rejeito de calor: Tendo em vista a operação de CROs a baixas

temperaturas, pode-se utilizar esse ciclo reaproveitando o calor rejeitado de

outras plantas realizando a Cogeração ou Trigeração (geração de energias

mecânica e térmica para prover calor e frio).

Fontes de temperaturas baixas/médias: Queima de Biomassa, aproveitamento

de energia solar e outras fontes de energia alternativas.

Page 29: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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Localizações com difíceis condições de operação: Devido a sua configuração e

às propriedades de trabalho, as plantas CRO demandam menos manutenção

corretiva quando comparadas as plantas utilizando o ciclo Rankine

convencional.

3.1 Componentes do Ciclo Rankine Orgânico

O ciclo Rankine orgânico, assim como o ciclo Rankine a Vapor é uma máquina

térmica que utiliza energia em trânsito na forma de calor para ser transformada em

energia mecânica através de um turbo-expansor.

Na maioria das aplicações industriais, a turbina do ciclo é conectada a um

conversor para a conversão da energia mecânica provida pelo giro do eixo da turbina

em energia elétrica através de um gerador de eletricidade.

Como o CRO é uma máquina térmica, o princípio de funcionamento é o mesmo

dos demais ciclos de potência, onde existe uma fonte à alta temperatura, um elemento

conversor de energia térmica em energia mecânica e uma fonte à baixa temperatura,

para que o calor não aproveitado durante a conversão seja rejeitado.

A presente seção realiza um detalhamento sobre os equipamentos utilizados em

um ciclo CRO.

O ciclo Rankine orgânico simples é composto por quatro elementos: evaporador,

turbina, condensador e bomba. No ciclo ideal, a bomba e a turbina apresentam

processos isentrópicos, enquanto o evaporador e o condensador não apresentam perda

de carga.

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Figura 4: Componentes de um Ciclo Rankine Organico (MASCARENHAS, 2015)

Um detalhe importante que pode ser notado na Figura 4 é a ausência de um

redutor de velocidades acoplado na saída do eixo da Turbina. Esse fato, se dá pelo CRO

possuir menor rotação o que não torna necessário a junção de um elemento redutor na

saída da turbina.

3.1.1. Máquina de expansão

As máquinas de expansão são os elementos mecânicos responsáveis pela

conversão de energia térmica em energia mecânica, sua eficiência é crucial para o

rendimento termodinâmico de primeira lei do ciclo.

Essas máquinas podem ser classificadas em duas categorias: máquinas de turbo

expansão, na qual seu funcionamento de expansão e queda de pressão se baseia no

movimento de pás acopladas a um eixo rotor, e as máquinas de deslocamento positivo,

cujo funcionamento baseia-se em pistões como os dos motores à combustão interna.

As máquinas de deslocamento positivo são mais adequadas para unidades CRO

atuando em pequena escala, tendo em vista que são caracterizadas pela baixa vazão,

elevada razão de expansão e velocidade de rotação menor do que as utilizadas nas

turbomáquinas. (MASCARENHAS, 2014)

Page 31: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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Por outro lado, as turbomáquinas são separadas em dois grupos de acordo com

a forma de trabalho, a turbina axial e a radial.

A turbina de fluxo radial consegue trabalhar mais eficientemente em sistemas

que possuem baixa vazão mássica (COHEN, ROGERS e SARAVANAMUTTOO, 1996),

caso das plantas CRO, enquanto, para as demais aplicações, as turbinas de fluxo axial

são as máquinas mais utilizadas.

Devido à menor queda entálpica entre a entrada e saída da turbina no ciclo CRO,

é comum utilizar não mais que um estágio de expansão durante o processo de geração

de energia. Isto ocorre pelo fato de a estrutura metálica da turbina suportar as tensões

térmicas e mecânicas realizando apenas a expansão em um estágio.

3.1.2. Trocador de Calor

Os trocadores de calor são dispositivos para realizar a transferência de calor

entre dois ou mais fluidos a diferentes temperaturas.

Como mencionado na introdução do capítulo sobre o ciclo Rankine orgânico, o

ciclo apresenta ao menos dois trocadores de calor, o evaporador, responsável pela fonte

quente do ciclo, e o condensador, responsável pelo rejeito de calor, fonte fria.

Adicionalmente para se aumentar o rendimento térmico, pode-se utilizar o

regenerador antes do evaporador, utilizando assim parte do calor rejeitado pelo ciclo

para pré-aquecer o fluido antes de o mesmo entrar no evaporador. Dessa forma o fluido

orgânico demanda menos energia durante a passagem pelo evaporador, aumentando

assim a eficiência de primeira lei do ciclo.

Outros elementos para que haja troca de calor pelo ciclo de potência podem ser

utilizados, porém em configurações elementares do CRO apenas os três acima são

majoritariamente utilizados.

Page 32: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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Os trocadores de calor podem ser classificados em diversas maneiras (OZISIK,

1985). Trocadores de calor podem ser classificados em dois tipos de contato, direto e

indireto.

Direto: dois fluidos imiscíveis entram em contato direto havendo dessa forma,

podendo haver convecção natural e forçada.

Indireto: nesse caso os fluidos que estão trocando calor não se misturam.

Na classificação entre o tipo construtivo, existem dois tipos que são mais

utilizados (OZISIK, 1985):

Trocador tipo casco-tubos: Pode acomodar uma grande abrangência de

operações a diferentes temperaturas e pressões. A facilidade de fabricação e o

custo relativamente baixo é o principal motivo de utilização na engenharia.

Trocadores de calor tipo placa: As placas podem ser lisas ou possuir alguma

rugosidade. Devido a sua geometria, não suportam altas pressões (< 3 MPa) ou

altas diferenças de temperatura como o casco-tubo. No entanto, se mostram

mais compactas, o que é ideal para aplicações onde o peso ou tamanho é fator

de projeto, além disso o custo de manutenção é menor.

No ciclo Rankine orgânico o evaporador é o trocador de calor mais crítico, pois

precisa suportar as temperaturas mais altas do ciclo (~350 °C), altas pressões (~4,5

MPa), o que sujeita os materiais a tensões térmicas e a corrosão (MASCARENHAS,

2014).

O condensador, deve operar com elevadas vazões e baixa pressões, uma vez

que este elemento opera a temperaturas próximas das temperaturas ambientes.

O regenerador é projetado para transferir eficientemente o calor entre um fluido

na fase gasosa, saída da turbina, para um fluido na fase líquida, após a saída da bomba.

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3.1.3. Bombas

As bombas são componentes importantes durante o projeto de um ciclo CRO, e

deve ser dada atenção especial durante a seleção e dimensionamento do elemento.

Estes elementos cumprem com a função de controlar a vazão, eficiência e NPSH do

ciclo (QUOLIN, VAN DEN BROECK, et al., 2013).

Abaixo seguem fatores de projetos a serem considerados no ciclo Rankine

Orgânico:

Controle de vazão: na maioria dos ciclos orgânicos, a bomba é utilizada para se

controlar a vazão mássica do ciclo. O motor elétrico é conectado a um inversor

que permite a variação da velocidade de rotação do mesmo. Em bombas de

deslocamento positivo, a vazão mássica é proporcional à velocidade de rotação,

enquanto em bombas centrífugas, a vazão depende também da pressão, o head,

da bomba.

Eficiência: Nos ciclos Rankine convencionais, o consumo de energia da bomba

é muito baixo quando comparado à quantidade de energia gerada pela turbina.

No entanto, no CRO as irreversibilidades ocorridas nas bombas podem reduzir

substancialmente a eficiência do ciclo. A razão entre consumo elétrico da bomba

e a energia gerada pela turbina é chamada BWR (Back Work Ratio):

𝐵𝑊𝑅 = 𝑊�̇�/𝑊𝑡̇ (1)

A partir da Figura 5, podemos extrair duas considerações:

o Quanto maior a 𝑇𝐶𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑎 do fluido de trabalho, mais baixo o BWR.

o Contudo, BWR cresce quando se trabalha próximo da 𝑇𝐶𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑎 do fluido de

trabalho.

Page 34: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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Figura 5: BWR em função da temperatura de evaporação para diferentes fluidos

(QUOLIN, VAN DEN BROECK, et al., 2013)

Impermeabilidade: Os fluidos orgânicos são caros, inflamáveis e tóxicos. Devido

a esses fatores, a impermeabilidade não só da bomba, mas do ciclo como um

todo é de extrema importância. Quando se utilizam bombas centrífugas no ciclo,

a impermeabilidade é garantida pelo selo de eixo.

Low Net Pressure Suction Head (NPSH): Estratégias afim de evitar a cavitação,

o que pode levar a danos nas bombas, a redução de fluxo do fluido de trabalho

e a uma parada súbita do ciclo, devem ser levadas em consideração. O NPSH

é o fator que deve ser levado em consideração para que não aconteçam nenhum

dos problemas mencionados acima.

3.1.4. Fluido de Trabalho

A eficiência de um ciclo CRO depende de dois principais fatores: condições de

trabalho do ciclo e as propriedades termodinâmicas do fluido. (AOUN, 2008)

Page 35: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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Uma vez que o fluido de trabalho é o que caracteriza principalmente a diferença

entre um ciclo Rankine Orgânico para um ciclo Rankine a vapor, o fluido de trabalho

será extensivamente abordado neste presente trabalho.

3.1.4.1. Seleção de um fluido de trabalho

Durante a seleção de um fluido de trabalho de um CRO, alguns critérios devem

ser seguidos, a fim de uma correta escolha.

Propriedades termo-físicas: (AOUN, 2008)

A temperatura crítica do fluido de trabalho deve ser maior que a maior

temperatura de operação do ciclo a fim de minimizar a irreversibilidade gerada

durante a transferência de calor em uma diferença finita de temperatura no ciclo.

A pressão de condensação do fluido de trabalho deve ser maior que a pressão

atmosférica para que não haja penetração de ar para dentro do sistema.

O ponto triplo do fluido deve ser menor que a temperatura ambiente mínima para

assegurar que os fluidos de trabalho não irão solidificar em nenhuma condição

de operação ou durante o desligamento do ciclo.

No diagrama T-s, a curva de vapor saturado do fluido deve ser próxima da

vertical para que seja evitado superaquecimento excessivo na saída da turbina,

o que configura uma grande perda exergética.

A variação de entalpia na turbina deve ser grande suficiente para aumentar a

eficiência termodinâmica do ciclo e minimizar o fluxo de massa do fluido de

trabalho.

A densidade do fluido de trabalho na entrada da turbina deve ser alta para que

a turbina atenda às pequenas dimensões e de forma a compensar o reduzido

salto entálpico do turbo-expansor.

O parâmetro de coeficiente de transferência de calor por convecção deve ser

alto devido às trocas de calor por convecção ocorridas nos trocadores de calor

Page 36: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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do ciclo; o coeficiente é mais alto à medida que se eleva a condutividade térmica

e se reduz a viscosidade do fluido.

o A viscosidade na forma líquida e vapor dos fluidos de trabalho deve ser

baixa para minimizar quedas de pressão e maximizar a transferência de

calor por convecção.

Compatibilidade do Material e Estabilidade limite do fluido (AOUN, 2008)

Os fluidos orgânicos não devem ser corrosivos para a maioria dos materiais

utilizados para os diferentes componentes do ciclo CRO, como dutos, turbina,

trocadores de calor e selos. Além disso o fluido orgânico deve ser térmica e

quimicamente estável ao operar em todas as temperaturas e pressões do ciclo.

Características de segurança do fluido (AOUN, 2008)

O fluido deve ser não tóxico e preferencialmente inflamável.

3.1.4.2. Lista de fluidos de trabalho possíveis

para um CRO

Até o momento, nenhum fluido orgânico conhecido satisfaz todas os critérios

acima mencionados. (AOUN, 2008) Utilizando a base de dados do REFPROP1, listou

possíveis candidatos para escolha levando em consideração apenas as propriedades

termo físicas em consideração.

Os fluidos podem ser classificados em três diferentes categorias, dependendo

da derivada da curva de saturação de vapor do mesmo, no diagrama T-S. Esta curva

de saturação de vapor é a característica mais importante do fluido no CRO, pois afeta

diretamente a eficiência e projeto dos componentes do ciclo.

1 REFPROP: software que contém um banco de dados de propriedades físico-químicas

de diversas composições químicas, desenvolvido pelo NIST (National Institute of Standards and Technology).

Page 37: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

24

A derivada 𝑑𝑇

𝑑𝑠 é função do calor específico do vapor e, como consequência, é

diretamente relacionado à estrutura molecular do fluido. Quanto maior a complexidade

molecular do fluido, maior sua derivada. Uma molécula com baixa complexidade possui

esta derivada negativa, onde o fluido é classificado como fluido molhado, enquanto

moléculas mais complexas com baixa capacidade térmica, possuem a derivada positiva,

denominando o fluido, como fluido seco.

A Figura 6 mostra a curva de saturação dos diferentes tipos de fluidos de

trabalho.

Figura 6: Diferentes tipos de fluidos de trabalho (AOUN, 2008)

Fluido seco: Possui a derivada de T com relação a S positiva. O vapor saturado

do fluido seco torna-se superaquecido à medida que ocorre a expansão

isentrópica do fluido. Esse tipo de fluido é conveniente para a turbina, uma vez

que não existe risco de erosão nas pás da mesma, devido ao superaquecimento,

o que propicia a ausência de fluido no estado líquido.

Fluido úmido: Possui a derivada 𝑑𝑇

𝑑𝑠 negativa e possui baixo peso molecular (por

exemplo, água e amônia); a expansão ocorre na seção onde as duas fases do

fluido coexistem.

Page 38: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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Fluido isentrópico: É um fluido cuja sua expansão é isentrópica, levando a que

a derivada da temperatura em relação à entropia seja zero, ou seja uma curva

vertical.

A Figura 7 compara diversos fluidos de trabalho que são potenciais candidatos

para o CRO com os fluidos convencionais, que possuem derivada da fase vapor

negativa.

Observa-se a expansão tipicamente isentrópica dos fluidos refrigerantes, que

possuem a curva de vapor saturado na vertical. Tal fato é desejável devido à

necessidade de compressão isentrópica nos ciclos de refrigeração. Observa-se o

caráter da derivada positiva dos fluidos orgânicos, em que se caracteriza a expansão

seca do fluido no turbo-expansor.

Pode-se observar ainda que o caráter mais polar dos fluidos aumenta a

𝑇𝐶𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑎. Neste caso, o Tolueno que é o fluido orgânico com a temperatura crítica mais

elevada possui o maior caráter polar entre os fluidos mostrados, enquanto a água

devido à sua configuração molecular possui a mais alta polaridade entre os fluidos,

logo maior Temperatura crítica.

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26

Figura 7: Diagrama T-s de alguns fluidos secos e a água (MASCARENHAS, 2014)

3.2 Comparação entre um Ciclo Rankine

Orgânico e um Ciclo Rankine a Vapor

Conforme pode-se inferir pela figura 9, e conforme mencionado anteriormente, o

fluido de trabalho orgânico possui sua curva de vapor saturado praticamente na vertical,

podendo apresentar inclusive a derivada da curva positiva, ao contrário da água que

possui a derivada de vapor saturado negativa – fato, que implica na necessidade de um

superaquecimento da água no ciclo Rankine de maneira a evitar efeitos indesejados nas

pás da turbina devido à presença de água na fase líquida.

Abaixo verificam-se as principais diferenças entre o CRO e o ciclo Rankine

convencional:

Superaquecimento: Conforme mencionado anteriormente, os fluidos orgânicos

mantêm-se superaquecidos à medida que ocorre a expansão na turbina, dessa maneira

o superaquecimento do fluido não é requerido, ao contrário do que ocorre em ciclo

Rankine convencionais. A ausência de fluido na fase de mistura saturada também reduz

de maneira eficaz a corrosão nas pás da turbina, o que aumenta a vida útil dessas pás

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para 30 anos, ao invés de 15-20 anos, como nas turbinas convencionais. (QUOLIN,

2011)

Temperatura na entrada da turbina: Devido ao fato de que o CRO opera a

temperaturas mais baixas do que o ciclo convencional, a temperatura de entrada da

turbina é menor do que a do ciclo convencional. Tal fato reduz as tensões térmicas nas

pás da turbina, logo simplificando seu projeto. Esta é uma vantagem para aplicações

em áreas remotas do Brasil.

Projeto da turbina: Turbinas operando em um ciclo Rankine convencional,

trabalham com uma maior queda entálpica do fluido de trabalho, o usualmente leva à

necessidade de mais de um estágio de expansão na turbina. Isto que aumenta a sua

complexidade, tempo de manutenção e tamanho. Como o CRO opera com quedas

entálpicas menores, torna-se viável a utilização de apenas um estágio operando a

menores rotações. Este fato além de reduzir tensões de fadiga do material, permite o

acoplamento diretamente ao gerador, tornando desnecessário um redutor de

velocidades.

Caldeira: Como o CRO trabalha a menores temperaturas do que o ciclo

tradicional, a caldeira está sujeita a menos tensões térmicas. Logo, a caldeira pode

possuir menores dimensões comparada às do ciclo tradicional.

Temperatura de evaporação: Devido ao fluido de trabalho do CRO possuir

menor temperatura de ebulição, favorece-se a utilização de uma gama maior de fontes

quentes de calor a menores temperaturas.

Consumo da bomba: Como o ciclo orgânico opera com menores quedas

entálpicas, esse fato é compensado por uma maior vazão mássica do fluido, o que leva

a um maior consumo energético na bomba.

Page 41: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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Eficiência: A eficiência de primeira lei de um ciclo Rankine orgânico não

ultrapassa 24% enquanto no ciclo Rankine convencional essa eficiência supera 30%.

(QUOLIN, 2011)

Característica dos fluidos: Como o ciclo Rankine convencional opera com a

água como fluido de trabalho, ele não enfrenta típicos problemas associado aos fluidos

orgânicos, tais como:

Alto custo e baixa disponibilidade

Devem ser não-tóxicos

Não devem ser inflamáveis

Devem ser quimicamente estáveis

Devem possuir baixa viscosidade

A Tabela 4 resume as vantagens e desvantagens do CRO quando comparado

ao ciclo Rankine a vapor.

Tabela 4: Quadro comparativo entre o CRO e o ciclo Rankine a vapor

Vantagens do CRO Vantagens do ciclo Rankine a vapor

Menor manutenção Maior eficiência de primeira lei Não é necessário o superaquecimento Menor consumo de eletricidade na

bomba Baixa queda entálpica na turbina Fluido mais fácil de manusear

Melhor relação entre tamanho e peso Menor temperatura e pressão na

caldeira

Trabalho com fontes menores de temperatura

4. Balanço energético do sistema de geração

de potência

A fim de mapear o potencial de geração de energia elétrica no Brasil utilizando-

se a casca de arroz como combustível, este estudo considera um sistema proposto que

tem suas características termodinâmicas detalhadas no presente capítulo. Os

Page 42: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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resultados para as regiões brasileiras serão apresentados no próximo capítulo, assim

como as conclusões do estudo.

O principal objetivo do equacionamento do ciclo de potência é a obtenção da

potência específica do ciclo, ou seja, a potência gerada por massa de combustível,

introduzida na caldeira do ciclo primário.

A Figura 8 apresenta o esquema básico a ser considerado e estudado para o

ciclo Rankine orgânico aqui proposto.

Apesar de básico este esquema é interessante pelo fato de se trabalhar com a

expansão seca, em que o fluido entra na turbina saturado à maior entalpia, e sai da

turbina na condição de vapor superaquecido a uma menor entalpia.

Neste caso, o regenerador pode aproveitar a energia do próprio ciclo para

transformar o fluido da condição de vapor superaquecido para a condição de vapor

saturado, antes de passar pelo condensador do circuito secundário; simultaneamente,

pré-aquece a água e sai da bomba para o trocador de calor/evaporador do circuito

primário..

A descrição ponto a ponto do fluxograma representado abaixo será apresentado

na seção 4.1.

Page 43: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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Figura 8: Esquema típico de um ciclo Rankine orgânico com regeneração

4.1 Estados Termodinâmicos do fluido de

Trabalho

O ciclo acima representa uma máquina térmica aonde o fluido de trabalho sofre

diversas transformações ao passar por cada elemento do ciclo.

6 → 1 ∶ O óleo térmico aquecido na caldeira é utilizado para vaporizar o fluido

orgânico no evaporador, podendo encontrar-se na condição de vapor saturado. O

processo de troca de calor é assumido como isobárico.

1 → 2 ∶ O fluido orgânico no estado vapor cede energia para a turbina onde sofre

expansão. O estado 2 é determinado pela eficiência isentrópica da turbina em questão.

2 → 3 ∶ Devido ao fluido no estado 2 possuir energia que pode ser aproveitada

pelo ciclo em lugar de ser rejeitada no condensador, o fluido passa pelo regenerador no

estado 2 para o estado 3 onde transfere energia via calor para pré-aquecer o fluido antes

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do evaporador. Esse processo é considerado também isobárico, se não for considerada

a perda de carga pela passagem do fluido pelos tubos do trocador de calor.

3 → 4 ∶ O fluido troca calor com água gelada que absorve energia do fluido para

condensá-lo ao estado de líquido saturado, antes de o mesmo entrar na bomba, através

de um processo isobárico. Neste processo, o calor rejeitado pelo ciclo pode ser

aproveitado ainda para aquecer residências, em cozinhas industriais ou outras

finalidades onde se demanda calor.

4 → 5 ∶ Ocorre a compressão do fluido a mesma razão que a expansão na

turbina, ou maior se perdas de carga forem consideradas. O processo pode ser

considerado isentrópico, porém em processos reais a eficiência isentrópica do fluido

deve ser considerada à título de se conhecer exatamente as propriedades do fluido após

a passagem na bomba.

5 → 6 ∶ O fluido passa no regenerador para ganhar energia via calor, através da

troca de calor com o fluido após a passagem do mesmo na turbina, o processo também

é considerado isobárico.

A Tabela 5 contém um resumo das transformações ocorrida pelo fluido durante

o ciclo de potência apresentado.

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Tabela 5: Descrição dos equipamentos do CRO

Pontos Equipamento Objetivo Processo

1-2 Turbina Gerar Trabalho Isentrópico

2-3 Regenerador Aumentar eficiência do Ciclo

Isobárico

3-4 Condensador Rejeitar Calor do Ciclo

Isobárico

4-5 Bomba Comprimir o fluido à mesma pressão

de entrada na Turbina

Isentrópico

5-6 Regenerador Aumentar a eficiência de

primeira lei do Ciclo

Isobárico

4.2 Definição dos estados termodinâmicos do

CRO

Com o objetivo de obter a potência específica do ciclo, devem-se definir alguns

parâmetros do ciclo a ser estudado.

Nesta seção, será analisado o ciclo de modo genérico, utilizando parâmetros

previamente conhecidos, a fim de se poder determinar o estado do fluido de trabalho

em cada ponto do ciclo.

Os parâmetros pré-estipulados para análise do ciclo são:

𝑇1 ≡ 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟 𝑡𝑢𝑟 𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑡𝑟 𝑑 𝑛 𝑇𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛

𝑃1 ≡ 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑡𝑟 𝑑 𝑛 𝑇𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛

𝑟𝑇 ≡ 𝑅 𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑥𝑝 𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑇𝑟 𝑏 𝑙ℎ𝑜 𝑛 𝑇𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛

𝜂𝑇,𝑠 ≡ 𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖 𝐼𝑠𝑒𝑛𝑡𝑟ó𝑝𝑖𝑐 𝑑 𝑇𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛

𝑟𝐵 ≡ 𝑅 𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑇𝑟 𝑏 𝑙ℎ𝑜 𝑛 𝐵𝑜𝑚𝑏

𝜂𝐵,𝑠 ≡ 𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖 𝐼𝑠𝑒𝑛𝑡𝑟ó𝑝𝑖𝑐 𝑑 𝐵𝑜𝑚𝑏

𝜂𝑅 ≡ 𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖 𝑑𝑒 𝑇𝑟 𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖 𝑑𝑒 𝐶 𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝑅𝑒𝑔𝑒𝑛𝑒𝑟 𝑑𝑜𝑟

Page 46: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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Ponto 1: (Entrada da Turbina)

As propriedades de projeto são pré-definidas e conhecidas: 𝑇1, 𝑃1; a partir dessas

propriedades podem-se obter as demais propriedades intensivas do fluido: ℎ1, 𝑠1

Ponto 2: (Saída da Turbina)

Sabendo a razão de expansão da Turbina, obtém-se então a pressão de saída da

turbina do fluido.

𝑟𝑇 =𝑃1𝑃

→ 𝑃 =𝑃1𝑟𝑇 (1)

Se a turbina realiza uma expansão isentrópica, então se pode definir a entropia

do estado 2.

𝑠1 = 𝑠 (2)

Para definir o estado real em 2, utiliza-se a eficiência isentrópica da turbina pré-

determinada como fator de projeto.

𝜂𝑇 =𝑠 𝑟𝑠

→ 𝑠 𝑟 = 𝑠 𝜂𝑇,𝑠 (3)

Ponto 3 – Saída do Regenerador:

Considerando as perdas de carga como sendo desprezíveis, então tem-se que:

𝑃 = 𝑃 (4)

Para definição total do ponto 3, há necessidade de outra propriedade intensiva

do fluido; então, admite-se que o regenerador exerça a troca de calor do fluido entre os

estados de saída da turbina (mais quente) e entrada no evaporador (mais frio), até que

o fluido em uma condição superaquecida atinja a a condição de vapor saturado. Então

define-se totalmente o estado 3 do fluido. Como exemplo, pode-se definir a entropia do

fluido em 3 como:

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𝑠 = 𝑠𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 𝑠𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑑𝑜 @ 𝑃 = 𝑃 (5)

Para checar que o regenerador não viola nenhuma lei da termodinâmica, deve-se,

contudo, verificar se a temperatura de saída no ponto 6 do ciclo do regenerador é menor

que a temperatura de saída na turbina, temperatura em 2 do ciclo.

Ponto 4 – Saída do Condensador:

Considerando o processo de troca de calor sem perda de carga durante a passagem

do fluido de trabalho pelo mesmo, considera-se a transformação do fluido como

isobárica. Logo a seguinte relação é válida:

𝑃 = 𝑃4 (6)

Considera-se também que o fluido de trabalho orgânico troca calor com água no

condensador até o estado de líquido saturado. Após a transformação de fase, segue até

a bomba sem que haja danos no equipamento de compressão. Então as propriedades

termodinâmicas em 4 estão definidas à pressão de líquido saturado do fluido de

orgânico. Tomamos como exemplo novamente a entropia em 4 para poder demonstrar

a propriedade do fluido neste ponto:

𝑠4 = 𝑠𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑠𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑑𝑜@𝑃 = 𝑃4 (7)

Ponto 5 – Saída da bomba:

Sendo o processo de transformação entre a entrada e saída da bomba de

compressão isentrópico, e sabendo a eficiência isentrópica da bomba pode-se achar a

entropia real do sistema no ponto 5:

𝑠 = 𝑠4 (8)

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𝑠 ,𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝑠 𝜂𝐵,𝑠 (9)

Sabendo a razão de queda de pressão do fluido exercida pela passagem do

mesmo pela turbina, consideramos então a mesma razão de compressão exercida pela

bomba.

𝑟𝐵 =𝑃 𝑃4

→ 𝑃 = 𝑃4𝑟𝐵,𝑠 (10)

Ponto 6 – Saída do Regenerador:

Sabendo que a temperatura de saída do regenerador deve ser menor que a

temperatura da turbina por definição, temos que 𝑇 > 𝑇6, além disso, foi suposto que o

regenerador esgotaria o fluido da parte quente para vapor saturado, dessa forma

conhecemos o ponto 3.

Sabendo que o processo pelo regenerador é isobárico ao desconsiderarmos a perda

de carga no fluido, logo:

𝑃6 = 𝑃 (11)

Podemos também definir a entalpia em 6 de modo a conhecer completamente o

estado termodinâmico do ciclo no ponto 6. Considerando o rendimento do trocador de

calor do regenerador, e realizando o balanço energético entre as duas etapas do fluido

do ciclo definimos a entalpia no ponto 6:

∆𝐸 − ∆𝐸 −6

= 𝜂𝑅 (12)

∫ 𝐶𝑝𝑑𝑇𝑇3

𝑇2

= ∫ 𝐶𝑝𝑑𝑇𝑇6

𝑇5

𝜂𝑅 → ∆ℎ − = ∆ℎ −6𝜂𝑅 → ℎ − ℎ = (ℎ6 − ℎ )𝜂𝑅 , 𝑒𝑛𝑡ã𝑜:

ℎ6 = (ℎ − ℎ )/𝜂𝑅 + ℎ (13)

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Figura 9: Pontos do Regenerador

4.3 Considerações sobre os parâmetros do

CRO

Tendo definido todos os pontos do Ciclo Rankine Orgânico proposto para o

estudo, pode-se, então, definir numericamente os pontos do CRO, considerando-se

como fluido de trabalho o pentano.

A Tabela 6 resume as propriedades e parâmetros do projeto.

Tabela 6: Lista de propriedades de projeto do CRO

Fluido de Trabalho Pentano Temperatura na entrada da turbina (℃) 210,00

Pressão na entrada da turbina (MPa) 1,90 Razão de pressão da turbina 9,00

Eficiência Isentrópica da turbina 85% Razão de pressão da bomba 9,00

Eficiência isentrópica da bomba 85% Eficiência de transferência de calor do

regenerador 100%

De acordo com o exposto na seção 3.1.4.1 e a Figura 7, o fluido que melhor se

adapta ao ciclo termodinâmico proposto é o pentano, apesar de trabalhar em uma

condição supercrítica.

A temperatura de entrada na turbina foi definida a fim de que a caldeira onde

ocorre a combustão da casca de arroz não ultrapassasse temperaturas críticas de fusão

das cinzas, fato prejudicial para o sistema primário de geração de calor do ciclo,

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conforme mencionado anteriormente. Então, o valor de 210 °C foi definido como a

temperatura de trabalho do ciclo.

A temperatura de saída da caldeira do óleo térmico é de 350 °C e o mesmo, após

a passagem pelo evaporador apresentaria uma temperatura de 250 °C (URIS, LINARES

e ARENAS, 2014). Dessa forma, a Temperatura do Fluido de trabalho orgânico na

entrada da turbina, ou após a saída pelo evaporador de 210 °C está compatível com as

temperaturas de trabalho do óleo térmico pré-determinadas.

A pressão do fluido de trabalho na entrada da turbina foi definida para um valor

de 1.9 MPa afim de se evitar equipamento mais robustos, o que aumentaria o custo e

logística da operação. Ademais, é um valor que se encontra abaixo de 3 MPa, que é

considerado o valor limite para plantas de geração de pequena escala.

(MASCARENHAS, 2014)

A queda de pressão foi estipulada para estar acima da pressão atmosférica de

modo a não haver penetração de ar atmosférico nas linhas de transporte de fluido.

Dessa forma, tendo definido os parâmetros de projeto do CRO, podem-se definir

todos os outros pontos em função do fluxo de massa do fluido de trabalho.

4.4 Definição numérica de todos os pontos do

ciclo de potência

Definidos os processos termodinâmicos do ciclo e os parâmetros de projeto,

pode-se, então, obter o estado do fluido em todos os pontos do ciclo.

Sendo o fluido de trabalho o pentano, devemos obter as propriedades

termodinâmica deste fluido em todos os pontos.

A fim de se obterem os pontos discutidos em seções anteriores, utilizou-se a

base de dados do REFPROP, software desenvolvido pelo NIST (National Institute of

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Standards and Technology), órgão americano de pesquisa e normas, combinada a uma

planilha Excel, onde essas propriedades foram carregadas.

Com base nas relações e parâmetros de entrada acima mencionados, foi criada

uma planilha contendo as propriedades intensivas do fluido em cada ponto para ser

realizado o balanço energético do ciclo e obter: o rendimento global, o trabalho

específico, o calor rejeitado e outros dados relevantes para a análise do potencial de

geração de eletricidade através da queima da casca de arroz no Brasil.

Um exemplo das propriedades extraídas com base nos dados informados

encontra-se na Tabela 7, onde se pode verificar a condição do fluido completamente

mapeada através da base de dados do REFPROP.

Tabela 7: Lista de dados extraídos pelo REFPROP

Ponto 2 Saída da Turbina

T (°C) 150.79

P (MPa) 0.21

h (kJ/kg) 583.52

s (kJ/kg.K) 1.69

h real (kJ/kg) 599.07

T real (°C) 157.66

s real (kJ/kg.K) 1.73

As células com preenchimento sombreado são valores de entrada do ciclo,

obtidos através de relações termodinâmicas em seções anteriores, e os demais sem

preenchimento são valores obtidos pela base de dados do NIST.

O diagrama abaixo T-s consta a curva de saturação do pentano, e o ciclo

termodinâmico proposto definido pelos seus pontos.

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Figura 10: Diagrama T-s do ciclo estudado e seus pontos

A partir da análise do ciclo podem-se verificar com mais clareza os pontos pré-

definidos de projetos. Devido à irreversibilidade da turbina, a temperatura de saída é

maior do que no caso de turbina ideal, acarretando então em uma menor geração de

trabalho específico. Por sua vez, o regenerador esgotou o fluido de superaquecido a

vapor saturado, conforme determinado no projeto.

4.5 Balanço energético do CRO

4.5.1. Eficiência de Primeira Lei

Após haver analisado o ciclo estudado numericamente, possuem-se todos os

valores para se realizar a análise energética do ciclo de forma específica; isto é,

dependendo do fluxo de massa do ciclo.

Para se obter a eficiência energética do ciclo, deve-se encontrar o trabalho

específico e o calor demandado pelo ciclo específico pelo ciclo.

𝜂𝑡ℎ =𝑤𝑙𝑖𝑞

𝑞𝑖𝑛 (14)

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Máquina

Térmica

Calor

demandado

(𝑄𝑖𝑛) Trabalho

realizado

(𝑊𝑙í𝑞)

Calor

Rejeitado

(𝑄𝑜𝑢𝑡)

Onde 𝑤𝑙í𝑞 = 𝑤𝑇 −𝑤𝐵, 𝑤𝑡 o trabalho específico gerado pela turbina e 𝑤𝑏 o

trabalho específico demandado pela bomba durante a compressão do fluido.

O trabalho da turbina é definido pela diferença de energia entre a entrada e a

saída do fluido na turbina, uma vez que foi considerado a ausência de geração de calor

na turbina.

𝑤𝑇 = ℎ1 − ℎ (15)

De maneira análoga, o trabalho demandado pela bomba é:

𝑤𝐵 = ℎ4 − ℎ (16)

Para obter o calor demandado pelo ciclo, deve-se realizar a mesma análise do

trabalho específico da turbina e bomba.

𝑞𝑖𝑛 = ℎ1 − ℎ6 (17)

De outra maneira, pode-se representar o balanço energético da eficiência de

primeira lei do ciclo da seguinte maneira:

Figura 11: Esquema simplificado de uma Máquina Térmica

Page 54: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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Onde se lê máquina térmica na ilustração acima, pode-se considerar o ciclo em

estudo no presente trabalho.

Utilizando então as propriedades obtidas através da planilha gerada, é possível

obter o rendimento energético do ciclo.

Uma vez que:

Tabela 8: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 2 do CRO

Ponto 1 Entrada na Turbina

T (°C) 210.00

P (MPa) 1.90

h (kJ/kg) 687.18

s (kJ/kg.K) 1.69

Ponto 2 Saída da Turbina

T (°C) 150.79

P (MPa) 0.21

h (kJ/kg) 583.52

s (kJ/kg.K) 1.69

h real (kJ/kg) 599.07

T real (°C) 157.66

s real (kJ/kg.K) 1.73

Utilizando os dados acima do estado do fluido na entrada e saída da turbina,

define-se, então o trabalho específico da turbina:

𝑤𝑇 = 687,18𝑘𝐽

𝑘𝑔− 599,07

𝑘𝐽

𝑘𝑔 = 88,12 𝑘𝐽/𝑘𝑔 (18)

Analogamente, para a bomba possuímos as seguintes propriedades:

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Tabela 9: Propriedades termodinâmicas nos pontos 4 e 5 do CRO

Ponto 4 Entrada Bomba

T (°C) 59.44

P (MPa) 0.21

h (kJ/kg) 56.82

s (kJ/kg.K) 0.18

Ponto 5 Saída Bomba

T (°C) 60.15

P (MPa) 1.90

h (kJ/kg) 59.70

s (kJ/kg.K) 0.18

h real (kJ/kg) 60.21

T real (°C) 60.36

s real (kJ/kg.K) 0.18

Logo a energia demanda pela bomba é:

𝑤𝐵 = 60,36𝑘𝐽

𝑘𝑔− 56,82

𝑘𝐽

𝑘𝑔= 3,39 𝑘𝐽/𝑘𝑔 (19)

A partir dos resultados obtidos podemos então encontrar o trabalho específico

líquido gerado.

𝑤𝑙í𝑞 = 𝑤𝑇 −𝑤𝐵 = 88,12𝑘𝐽

𝑘𝑔− 3,39

𝑘𝐽

𝑘𝑔= 84,73

𝑘𝐽

𝑘𝑔 (20)

Repetindo então o mesmo processo para encontrar o calor absorvido pelo ciclo

Rankine orgânico.

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Tabela 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO

Ponto 6 Saída Renegerador (Mais Quente)

T (°C) 135.42

P (MPa) 1.90

h (kJ/kg) 264.73

s (kJ/kg.K) 0.73

Ponto 1 Entrada na Turbina

T (°C) 210.00

P (MPa) 1.90

h (kJ/kg) 687.18

s (kJ/kg.K) 1.69

A partir dos dados acima mencionados, encontramos o calor absorvido pelo

evaporador.

𝑞𝑖𝑛 = 687,18𝑘𝐽

𝑘𝑔− 264,73

𝑘𝐽

𝑘𝑔= 422,45

𝑘𝐽

𝑘𝑔 (21)

Podemos encontrar então o rendimento de primeira do ciclo:

𝜂𝑡ℎ =84,73

𝑘𝐽𝑘𝑔

422,45𝑘𝐽𝑘𝑔

= 20,05% (22)

A Tabela 11 resume os três principais resultados que serão utilizados:

Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO

Trabalho específico líquido

𝑤𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜[𝑘𝐽

𝑘𝑔] 84,73

Calor de entrada específico

𝑞𝑖𝑛[𝑘𝐽

𝑘𝑔] 422,45

Eficiência de primeira lei 𝜂𝑡ℎ[%] 20,05

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5. Estudo do circuito primário de geração de

calor

Até o presente momento foi definida a energia específica gerada pelo ciclo e a

quantidade de calor demandada pelo ciclo para se gerar trabalho.

A fonte de calor do ciclo provém de uma fonte quente.

Figura 12: Ciclo primário e o CRO interligados pelo Trocador de Calor

5.1 Considerações sobre os componentes do

circuito primário

Para se realizar o balanço energético do circuito primário, precisa-se

primeiramente definir o seu projeto conceitual.

Page 58: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

45

Evaporador:

A temperatura do óleo térmico para um ciclo Rankine Orgânico é sugerida entre

350 °C após a saída na caldeira e 250 °C após a saída do evaporador. (URIS, LINARES

e ARENAS, 2014)

O processo termodinâmico é considerado isobárico. A pressão de trabalho foi

definida como a pressão de líquido saturado à temperatura de entrada no evaporador.

Bomba:

A bomba deste ciclo é utilizada devido às perdas de carga do circuito primário,

que no presente trabalho foram considerados desprezíveis.

Caldeira:

A caldeira considerada gera calor através da combustão da biomassa, de

maneira a transformar o fluido do estado do ponto 9 ao estado do ponto 7, após a

passagem pela caldeira. O Poder Calorífico da Biomassa, o fluxo de massa de

combustível e a eficiência da caldeira definem a sua potência calorífica. O processo de

combustão é considerado isobárico.

Ademais, a eficiência da caldeira, foi definida com base em artigos da literatura,

igual a 85%. (URIS, LINARES e ARENAS, 2014)

Óleo térmico:

As propriedades do óleo térmico no ciclo primário devem ser:

o Elevada temperatura de ebulição

o Elevada capacidade térmica

o Ser não corrosivo

o Trabalhar a baixas pressões

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46

Segundo catálogo do fabricante de óleo térmico, Eastman Chemical Company,

o fluido indicado para o uso no CRO, que trabalha a baixas pressões e temperaturas

moderadas (~ 300 °C) é o Therminol 66. Este fluido também, possui alta estabilidade

térmica e baixa pressão de vapor.

Abaixo, encontra-se o resumo dos parâmetros de projetos definidos para o ciclo

de geração de calor.

Combustível:

O combustível do ciclo primário é a motivação do presente estudo. A biomassa,

casca de arroz, foi definida como a fonte de energia térmica para o sistema de geração

de eletricidade.

Entre as características já citadas, o principal motivo para a escolha desse

combustível é o aproveitamento de resíduo orgânico de processos industriais.

No entanto, devido à sua composição química, a casca de arroz deve ter sua

combustão a temperaturas não elevadas devido a problemas como a baixa temperatura

fusão das cinzas, fato já citado anteriormente na caracterização do combustível.

O Poder Calorífico Inferior da casca de arroz seca é igual a 12,36 𝑀𝐽/𝑘𝑔.

(CENTRO DE PESQUISA DE ENERGIA DA HOLANDA, 2017)

A Tabela 12 resume os parâmetros de projeto definidos para o ciclo primário de

geração de calor.

Tabela 12: Parâmetros de projeto do circuito primário

Óleo Térmico Therminol 66 -

Evaporador 250/350 ℃

Eficiência da caldeira 85 %

Poder Calorífico Inferior da Casca de Arroz

12,36 𝑀𝐽

𝑘𝑔

Page 60: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

47

5.2 Balanço Energético do Ciclo Primário

5.2.1. Calor Transferido para o CRO

Para se definir a potência calorífica do ciclo primário deve-se definir a diferença

entálpica entre os pontos 7 e 8 do ciclo.

Por ser um processo isobárico, a diferença entálpica entre esses pontos é dada

pela seguinte relação:

∆ℎ7−8 = ∫ 𝑐𝑝(𝑇)𝑑𝑇𝑇8

𝑇7

(23)

Pelo fabricante do óleo térmico tem-se que a relação entre o calor específico e

a temperatura é: (EASTMAN CHEMICAL COMPANY, 2016)

𝑐𝑝(𝑇) = 0,003313 ∗ 𝑇 + 0,0000008970785 ∗ 𝑇 + 1,496005 (24)

Integrando essa relação chega-se à seguinte relação:

∆ℎ =

0,003313(𝑇𝑖+1 − 𝑇𝑖

)

2+0,0000008970785(𝑇𝑖+1

− 𝑇𝑖 )

3

+ 1,496005∆𝑇 + 𝐶

(25)

Dessa forma então possuímos a energia via calor transferida por massa de óleo

térmico, uma vez que, pela primeira lei da termodinâmica:

𝑑𝐸 = 𝑑𝑞 − 𝑑𝑤 → 𝑑ℎ = 𝑑𝑞 → 𝑞 = ∫𝑑ℎ = ∆ℎ (26)

Uma vez que possuímos as temperaturas em 𝑇7 𝑒 𝑇8, podemos encontrar o calor

específico fornecido pelo óleo térmico ao fluido orgânico. Uma vez que 𝑇7 =

350 °𝐶 𝑒 𝑇8 = 250 °𝐶, temos:

𝑞7−8 = −257,14 𝑘𝐽/𝑘𝑔 (27)

O sinal negativo indica que o calor esteja saindo do ciclo.

Page 61: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

48

5.2.2. Calor produzido na Caldeira

Da mesma maneira que a temperatura no evaporador está entre 350 °C e 250

°C, a temperatura na entrada e saída da caldeira está a mesma diferença, uma vez que

perdas energéticas nas linhas de transporte do óleo estão sendo desconsiderados.

Dessa maneira o calor gerado na Caldeira é:

𝑞𝑐𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎 = −𝑞7−8 = 257,14𝑘𝐽

𝑘𝑔 (28)

6. A potência em função da quantidade de

combustível

Através dos dois últimos capítulos, foi realizado a investigação dos estados

termodinâmicos dos dois ciclos, bem como o balanço energético do ciclo primário e o

CRO.

Conhecendo o Poder Calorífico e a eficiência da Caldeira, pode-se determinar a

relação entre o fluxo de massa de combustível e a potência elétrica gerada; em outras

palavras, a capacidade de geração de energia elétrica por segundo por quilograma de

casca de arroz utilizado como combustível, dadas as condições determinadas do ciclo.

Para tal análise interligam-se os ciclos através do estudo de potência calorífica

e potência mecânica. Para realizar essa análise, deve-se levar em consideração o fluxo

de massa dos ciclos estudados.

Page 62: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

49

Figura 13: Esquema completo do sistema contendo o circuito primário integrado ao CRO

Dessa maneira, conforme acima ilustrado, temos as seguintes relações para

ciclo.

�̇�𝐶𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙𝜂𝐶𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎 = �̇�9−7

→ 𝑃𝐶𝐼𝐶𝑎𝑠𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝐴𝑟𝑟𝑜𝑧 . �̇�𝐶𝑎𝑠𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝐴𝑟𝑟𝑜𝑧 . 𝜂𝐶𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎

= 𝑞9−7. �̇�Ó𝑙𝑒𝑜 𝑇é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑜 → �̇�Ó𝑙𝑒𝑜 𝑇é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑜

=𝑃𝐶𝐼𝐶𝑎𝑠𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝐴𝑟𝑟𝑜𝑧�̇�𝐶𝑎𝑠𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝐴𝑟𝑟𝑜𝑧𝜂𝐶𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎

𝑞9−7

(29)

�̇�7−8𝜂𝐸𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 = �̇�6−1

𝑞7−8. �̇�Ó𝑙𝑒𝑜 𝑇é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑜. 𝜂𝐸𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 = 𝑞𝑖𝑛. �̇�𝐹𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑂𝑟𝑔â𝑛𝑖𝑐𝑜

→ �̇�𝐹𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑂𝑟𝑔â𝑛𝑖𝑐𝑜 =𝑞7−8�̇�Ó𝑙𝑒𝑜 𝑇é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑜𝜂𝐸𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟

𝑞𝑖𝑛

(30)

Substituindo o fluxo de massa do óleo térmico na relação de fluxo de massa do

fluido orgânico, temos:

Page 63: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

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�̇�𝐹𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑂𝑟𝑔â𝑛𝑖𝑐𝑜

=𝑞7−8𝑃𝐶𝐼𝐶𝑎𝑠𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝐴𝑟𝑟𝑜𝑧�̇�𝐶𝑎𝑠𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝐴𝑟𝑟𝑜𝑧𝜂𝐸𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟𝜂𝐶𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎

𝑞𝑖𝑛𝑞9−7

(31)

Como o módulo de 𝑞7−8 = 𝑞9−7, então podemos simplificar a relação acima:

�̇�𝐹𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑂𝑟𝑔â𝑛𝑖𝑐𝑜

=𝑃𝐶𝐼𝐶𝑎𝑠𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝐴𝑟𝑟𝑜𝑧�̇�𝐶𝑎𝑠𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝐴𝑟𝑟𝑜𝑧𝜂𝐸𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟𝜂𝐶𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎

𝑞𝑖𝑛

(32)

Como este estudo desenvolve suas análises para o ciclo operando em regime

permanente, a potência da líquida do CRO em função da intensidade do fluxo de fluido

orgânico é:

𝑃𝑜𝑡𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 𝐶𝑅𝑂 = 𝑃𝑜𝑡𝑇𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎 − 𝑃𝑜𝑡𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎

= �̇�𝐹𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑂𝑟𝑔â𝑛𝑖𝑐𝑜𝑤𝑇 − �̇�𝐹𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑂𝑟𝑔â𝑛𝑖𝑐𝑜𝑤𝐵

= �̇�𝐹𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑂𝑟𝑔â𝑛𝑖𝑐𝑜(𝑤𝑇 −𝑤𝐵)

(33)

Logo, substituindo a relação de fluxo de fluido orgânico em função da quantidade

de combustível queimada por segundo, temos a seguinte relação da Potência da

Turbina em função da massa de combustível.

𝑃𝑜𝑡𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 𝐶𝑅𝑂

=𝑃𝐶𝐼𝐶𝑎𝑠𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝐴𝑟𝑟𝑜𝑧�̇�𝐶𝑎𝑠𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝐴𝑟𝑟𝑜𝑧𝜂𝐸𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟𝜂𝐶𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎

𝑞𝑖𝑛(𝑤𝑇 −𝑤𝐵)

(34)

Page 64: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

51

Todas as propriedades acima são conhecidas, o que nos leva finalmente a

seguinte relação entre a potência mecânica gerada pela turbina e taxa de combustão

da casca de arroz.

𝑃𝑜𝑡𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 𝐶𝑅𝑂 = �̇�𝐶𝑎𝑠𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝐴𝑟𝑟𝑜𝑧. 2001,74 [𝑘𝑊] (35)

7. Estudo do Potencial Elétrico no território

brasileiro utilizando a Casca do Arroz como

Combustível

Até este capítulo a potência específica do ciclo em função da taxa de combustão

de massa arroz foi definida em função dos parâmetros de projeto.

Para se definir a potência específica por região do Brasil, é necessário possuir a

safra de arroz regional. Foram cedidas bases de dados do Laboratório Cenergia, do

Programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ para obtenção dos dados de

colheita anual, por município brasileiro. Estes dados estão apresentados na Tabela 13

agregados por estado.

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52

Tabela 13: Colheita mensal de arroz por região e estado do Brasil (CENERGIA, 2014)

Além disso, deve-se possuir a proporção de casca de arroz presente em uma

determinada quantidade de arroz da colheita. Para se definir essa quantidade, foi

realizada uma média aritmética entre diversos valores consultados em bibliografias.

Região (Estado) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Set Out Nov Dez

Centro-Oeste 18.80 144.49 240.72 244.01 154.37 - - - - - -

GO - - 38.08 50.78 38.08 - - - - - -

MS 18.80 28.21 28.21 18.80 - - - - - - -

MT - 116.29 174.43 174.43 116.29 - - - - - -

Nordeste 9.62 12.32 41.16 167.12 229.12 221.18 132.69 7.03 6.67 7.51 7.24

AL 3.36 5.04 5.04 3.36 - - - - - - -

BA - 1.02 2.04 3.06 3.06 1.02 - - - - -

CE - - - - 5.97 13.93 13.93 5.97 - - -

MA - - - 117.40 176.10 176.10 117.40 - - - -

PB - - - - 0.30 0.40 0.30 - - - -

PE - - - - 0.39 0.47 0.47 0.47 0.47 0.47 0.39

PI - - 28.86 43.29 43.29 28.86 - - - - -

RN - - - - - 0.39 0.59 0.59 0.98 0.78 0.59

SE 6.26 6.26 5.21 - - - - - 5.21 6.26 6.26

Norte 1.42 147.04 212.37 197.43 140.19 56.87 56.65 60.92 31.44 23.58 -

AC - 2.25 3.00 2.25 - - - - - - -

AM 1.42 2.13 2.13 1.42 - - - - - - -

AP - - - - 0.65 0.87 0.65 - - - -

PA - - - - 37.33 56.00 56.00 37.33 - - -

RO - 40.45 53.93 40.45 - - - - - - -

RR - - - - - - - 23.58 31.44 23.58 -

TO - 102.21 153.31 153.31 102.21 - - - - - -

Sudeste - 12.81 26.95 30.82 24.41 7.74 - - - - -

ES - 0.27 0.41 0.41 0.27 - - - - - -

MG - - 7.74 11.61 11.61 7.74 - - - - -

RJ - 0.57 0.86 0.86 0.57 - - - - - -

SP - 11.96 17.94 17.94 11.96 - - - - - -

Sul 187.10 1 897.83 2 846.75 2 722.01 1 835.46 - - - - - -

PR 24.74 32.99 49.49 32.99 24.74 - - - - - -

RS - 1 648.37 2 472.55 2 472.55 1 648.37 - - - - - -

SC 162.35 216.47 324.71 216.47 162.35 - - - - - -

Colheita Mensal (1000 Toneladas)

Page 66: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

53

Tabela 14: Razão entre a massa de casca de arroz e a massa de arroz

Fonte Razão CENBIO 2012 0,30 Oliveira 2011 0,19

Koopmans & Koppejan 1997 0,27 Bhattacharya et al. 1993 0,27

Ryan et al. 1991 0,30 ESMAP 2005 0,28 Maithel 2009 0,36 OECD 2004 0,16

Média 0,26

Portanto, a média a ser utilizada para a fração de massa da casca de arroz

presente no arroz equivale a 0,26.

A base de dados de colheita de arroz mensal nas cidades do Brasil foi, então,

utilizada para realizar as análises de capacidade de produção de eletricidade, ao se

utilizar a casca de arroz, como combustível.

Também se assumiu que a casca de arroz mantém suas propriedades

termoquímicas por pelo menos um mês depois de processada (sobretudo, seu PCI).

Para se realizar tal análise, foi considerada a taxa de combustão constante

durante o mês da colheita e o funcionamento da usina de eletricidade sem paradas para

manutenção, operando para o caso de sua capacidade máxima.

As unidades na base de dados da produção mensal de arroz durante o ano de

2014 no Brasil estão em [1000 toneladas/mês], essa medida foi convertida para [kg/s]

para que fosse definida a capacidade de produção de eletricidade em determinado mês.

7.1 Resultados

Após se realizar os cálculos para todos os municípios e todos os meses do ano,

através de uma planilha de cálculos utilizando o software Microsoft Excel, foram

extraídos vários resultados. A Figura 14 indica o potencial de geração de eletricidade da

Page 67: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

54

casca de arroz por região durante o ano de 2014 (ano-base do estudo, conforme a base

de dados obtida).

Podem-se inferir dois fatos ao analisar os dados a seguir:

A região com maior potencial elétrico utilizando tal combustível é a região Sul do

Brasil.

Os meses mais propícios para se utilizar tal biomassa como combustível são os

meses do primeiro semestre, particularmente março e abril.

Figura 14: Potencial de geração mensal de energia elétrica por região

A Figura 15 mostra a distribuição desse potencial energético entre as regiões

presentes no estudo.

0,00E+00

1,00E+05

2,00E+05

3,00E+05

4,00E+05

5,00E+05

6,00E+05

Potê

nci

a G

erad

a (k

W)

Potencial de Geração Mensal por Região no Território Brasieiro (2014)

CENTRO-OESTE

NORDESTE

NORTE

SUDESTE

SUL

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55

Figura 15: Distribuição de potencial energético de casca de arroz por região no Brasil

Logo, conforme mencionado anteriormente, o Sul é o maior responsável pelo

potencial de geração de eletricidade através da utilização da casca de arroz no Brasil,

contando com 78% do potencial técnico do Brasil.

A Tabela 15 mostra os valores do potencial de geração de energia elétrica com

base no ciclo estudado no presente estudo.

Tabela 15: Potencial de geração de eletricidade por região com base nos dados de colheita anual de arroz

Região Potencial de Geração de Eletricidade (kW)

Centro-Oeste 158 841,62 Nordeste 166 613,63

Norte 183 691,30 Sudeste 20 333,67

Sul 1 878 455,12

Total 2 407 935,34

Conforme mencionado no primeiro capítulo deste trabalho, atualmente a geração

de eletricidade através da utilização da casca de arroz como combustível, representa

0,03% de toda a geração de energia elétrica do Brasil, com uma potência média de 32

MW.

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56

Utilizando o resultado do potencial aqui estimado, verifica-se que que o

potencial de geração de energia elétrica a partir da casca de arroz corresponderia a

2,25% da matriz energética nacional, com uma potência média de 2 407 MW, usando-

se o ciclo Rankine orgânico.

7.1.1. Regiões potenciais para a instalação do

CRO

Até o momento o potencial de geração de eletricidade a partir da casca de

arroz foi analisado de forma macro, ou seja, para todo o território nacional, fato que

demonstrou que a região Sul do Brasil possui o maior potencial de geração de energia

elétrica utilizando o resíduo de arroz (a casca de arroz). Nesta seção será analisado o

potencial de maneira micro, com ênfase nos principais munícipios produtores de arroz

do Brasil.

A Tabela 16 mostra os 20 municípios com os maiores potenciais de energia

elétrica deste estudo.

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Tabela 16: Municípios com o maior potencial de geração de eletricidade

Classificação Municípios2 Regiao Estado Potencial de Geração (kW)

1 Uruguaiana SUL RS 137 687

2 Itaqui SUL RS 118 659

3 Santa Vitória do Palmar SUL RS 105 313

4 Alegrete SUL RS 91 414

5 São Borja SUL RS 78 333

6 Dom Pedrito SUL RS 70 026

7 Arroio Grande SUL RS 54 240

8 Mostardas SUL RS 50 965

9 Camaquã SUL RS 49 421

10 Lagoa da Confusão NORTE TO 47 723

11 Viamão SUL RS 43 311

12 Cachoeira do Sul SUL RS 43 002

13 São Gabriel SUL RS 41 571

14 Barra do Quaraí SUL RS 36 968

15 Rio Grande SUL RS 34 155

16 Jaguarão SUL RS 33 381

17 Rosário do Sul SUL RS 31 790

18 Palmares do Sul SUL RS 29 390

19 Formoso do Araguaia NORTE TO 26 061

20 São Sepé SUL RS 24 804

Os 20 munícipios listados acima possuem um potencial de geração de 1.045 MW

o que corresponde a 49,5% de todo o potencial de geração de energia elétrica utilizando

a casca de arroz como combustível. Além disso pode-se verificar que, dos 20 municípios

acima listados, 18 correspondem a municípios situados na região Sul do Brasil.

Utilizando o software Google Earth, foi identificada a localização destes

municípios (Figura 16). Com base nesta localização, pôde-se alocar os municípios em

regiões produtoras, como potenciais áreas de implantação de uma planta utilizando o

CRO estudado.

Na Figura 16 podem-se identificar as regiões destacadas.

2 Municípios de acordo com a classificação municipal do ano de 2009 pelo Governo

Brasileiro.

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Figura 16: Mapa do Rio Grande do Sul e as sub-regiões consideradas para a análise de geração de eletricidade

Para auxílio de identificação das regiões, as regiões foram separadas e

denominadas conforme a Tabela 17.

Tabela 17: Definição das regiões da Figura 20

Cor Região

Potencial

Verde Escuro 1

Laranja 2

Verde Claro 3

Amarelo 4

Na Tabela 18 encontram-se as propriedades de cada área potencial geradora de

eletricidade.

Page 72: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

59

Tabela 18: Potencial de geração de eletricidade por região considerada

Região Potencial

Área da Região

(𝒌𝒎𝟐)

Potencial de Geração (kW)

Potencial de geração de energia elétrica3 (MWh)

1 10912 463 064 1 378 078

2 6037 186 390 554 698

3 7005 227 091 675 824

4 6037 173 088 515 110

A população estimada em 2016 nos três estados da região Sul é igual a 29,4

milhões de habitantes (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA,

2016) e o consumo de energia elétrica residencial na região sul é equivalente a 20.355

GWh (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2016).

Com os dois dados apresentados acima pode-se obter o consumo médio anual

de energia elétrica por habitante na região Sul do Brasil, o que é equivalente a um

consumo de 0,69𝑀𝑊ℎ

ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒. Este número é maior do que a média anual de consumo

nacional, igual a 0,64𝑀𝑊ℎ

ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2016).

Com base no consumo médio de energia elétrica anual por habitante da Região

Sul, assumindo-se que ela vale para as regiões de interesse identificadas na Figura 16,

pode-se, então, calcular a demanda de energia elétrica anual.

3 Considerando quatro meses de colheita, conforme resultado mostrado na Figura 14.

De fato, nessas cidades, conforme a tabela cedida pelo laboratório CENERGIA, a colheita é realizada de fevereiro a maio.

Page 73: ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE … 10: Propriedades termodinâmicas nos pontos 1 e 6 do CRO ..... 43 Tabela 11: Dados extraídos da análise quantitativa do CRO ..... 43 Tabela

60

Tabela 19: Estimativa da demanda de eletricidade por região considerada em função do número de habitantes em cada região durante o ano de 2016

Região Potencial

Número de Habitantes4

Demanda de energia elétrica no ano de 2016 (MWh)

1 309 837 213 787,53

2 229 077 158 063,13

3 287 158 198 139,02

4 343 092 236 733,48

Dessa forma, é possível comparar a demanda de eletricidade anual com o

potencial de geração com base nos dados gerados. Obtém-se o percentual de demanda

suprida com base em possíveis instalações de CRO trabalhando com a queima da

casca de arroz.

Tabela 20: Percentual do suprimento da demanda anual de eletricidade por região potencial considerada

Área Potencial

Percentual de Suprimento da Demanda Anual

1 645%

2 351%

3 285%

4 260%

O resultado da Tabela 20, mostra que a utilização de um ciclo Rankine orgânico

utilizando os resíduos do processamento do arroz colhido pode ser uma opção

interessante tendo em vista que durante 5 meses de colheita, é possível a geração de

energia elétrica equivalente a mais de 100% de toda a eletricidade demandada em todas

as regiões estudadas. Neste sentido, pode-se, inclusive, compartilhar o excedente de

energia elétrica para as demais regiões próximas, e mesmo para o sub-sistema elétrico

associado à Região Sul.

4 Com base no banco de dados do IBGE que pode ser acessado através do website:

http://cidades.ibge.gov.br/v3/cidades/home-cidades

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61

No entanto, é necessário um estudo sobre a validade das propriedades da casca

de arroz, por exemplo seu Poder Calorífico, e como elas se comportam com o passar

dos meses, durante a estocagem. Neste caso, uma possível análise de sensibilidade

envolve considerar o consumo de eletricidade das regiões de interesse apenas no

primeiro semestre do ano, considerando 5 meses de colheita de arroz mais 1 mês de

estoque do biocombustível.

Tabela 21: Demanda de eletricidade por região considerada em função do número de habitantes em

cada região durante o primeiro semestre de 2016

Região Potencial

Demanda de energia elétrica no primeiro semestre de 2016 (MWh)

1 106 893,77

2 79 031,57

3 99 069,51

4 118 366,74

Neste caso, a percentagem de suprimento da demanda energética considerando

o ciclo estudado e a colheita de arroz nas regiões se eleva consideravelmente, conforme

a Tabela 22.

Tabela 22: Percentual do suprimento da demanda de eletricidade no primeiro semestre por região potencial

considerada

Área Potencial

Percentual de Suprimento da Demanda Semestral

1 1289%

2 702%

3 571%

4 520%

Os resultados mostram que nas 4 regiões estudadas, a opção de geração de

energia elétrica para suprir a demanda residencial de eletricidade é totalmente viável do

ponto de vista energético para os 6 primeiros meses do ano.

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Além disso, é possível a distribuição e venda da energia elétrica outros

municípios da região Sul, o mesmo em cidades de países vizinhos. Evidentemente,

neste caso, torna-se necessário um estudo da malha de transporte (transmissão e

distribuição) de eletricidade.

A população de todo o Rio Grande do Sul é de 11,314 milhões de habitantes

(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2016). Como a demanda

de energia elétrica por habitantes na região Sul é de 0,69𝑀𝑊ℎ

ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒, a demanda

residencial de eletricidade do RS em 2016 foi de 7.800 GWh. Por simplificação,

considerando esse consumo constante entre os meses do ano, em 6 meses esse

consumo é de 3.400 GWh5.

Portanto, considerando as 4 regiões estudadas na presente seção, verifica-se o

potencial de 80 porcento de suprimento da demanda de eletricidade do Rio Grande do

Sul, em um semestre do ano.

Uma alternativa para suprir o restante da demanda de eletricidade nas regiões

seria a utilização de resíduos advindos de outras culturas da região, como, por exemplo,

o Trigo e o Milho, que possuem a colheita no segundo semestre do ano. Dessa forma,

gerar-se-ia eletricidade durante todo o ano, utilizando a mesma planta.

Limitações técnicas do ciclo e do combustível seriam minimizadas devido à

operação a baixas temperaturas e pressões no sistema estudado. Logo, seria

interessante um estudo sobre a geração utilizando outros biocombustíveis durante a

segunda metade do ano.

No entanto, para uma análise mais precisa, é necessário também se realizar

uma avaliação da viabilidade econômica e logística da implantação de tal sistema.

5 Valor aproximado pois não leva em conta a influência que as estações do ano

causam na demanda de energia.

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8. Conclusões e possíveis trabalhos futuros

No presente estudo, foi realizado o estudo geral do potencial técnico de geração

energia elétrica utilizando a biomassa, casca de arroz, como combustível que alimenta

o ciclo Rankine Orgânico proposto.

Todos as considerações de projetos do ciclo foram estudadas, sempre levando

em consideração as limitações físico-químicas das cinzas da casca de arroz, que leva

a temperatura de combustão a ser um limitante da planta proposta.

Após ter realizado a descrição do sistema proposto, foram obtidas as

propriedades termodinâmicas do fluido de trabalho e óleo térmico do ciclo com base nas

premissas utilizadas, para que a potência específica em função do fluxo de massa de

combustível fosse extraída.

De posse da potência específica e a base de dados de colheita de arroz por área

plantada de arroz das cidades brasileiras, foram realizadas diversas análises com base

nas informações obtidas durante o trabalho.

O potencial técnico de geração de eletricidade a partir da casca de arroz no

Brasil, utilizando um ciclo de rendimento de 20% e trabalhando a temperaturas

compatíveis com as propriedades do combustível, é de 2.407 MW.

Utilizando todo esse potencial, a casca de arroz seria responsável por 2,25% de

toda a energia elétrica no Brasil, o que é um valor notável se este número for agregado

ao potencial de geração de outros biocombustíveis produzidos em território nacional.

Além disso, a região Sul do Brasil é a região que apresenta o maior potencial de

geração, correspondendo a 78% de todo o potencial desse combustível. O Sul também

é a região do Brasil que apresenta a maior relação energia gerada por hectare plantado,

com base nas técnicas de plantio do Brasil.

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No estudo de caso realizado nas 4 regiões brasileiras de maior potencial de

geração, verificou-se que plantas de geração de eletricidade similares à estudada

seriam viáveis do ponto de vista energético durante o primeiro semestre do ano. Podem

ser também viáveis do ponto de vista energético anualmente, porém estudos sobre a

perda de propriedades termo-químicas da casca de arroz durante a estocagem

deveriam ser realizados.

Além disso, caso a casca de arroz seja totalmente utilizada no primeiro semestre,

outras culturas de biomassa da região Sul poderiam ser aproveitadas para a geração

no sistema proposto, durante o segundo semestre do ano, com destaque para milho e

trigo.

Portanto, o presente estudo visou ao estudo da possibilidade técnica da geração

de energia elétrica através do aproveitamento do resíduo gerado no processamento do

arroz em todo o território brasileiro. Com os resultados obtidos, pode-se concluir que a

casca de arroz não possui capacidade de pertencer ao grupo energético de base da

rede de distribuição elétrica brasileira. Uma possibilidade da utilização desse

combustível, seria em regiões distantes da rede de distribuição elétrica. Devido ao CRO

exigir um menor custo operacional, pode ser interessante a utilização deste

equipamento em regiões distantes de centros urbanos, onde a rede de distribuição

elétrica mostra ser mais precária. Outra opção seria a utilização de uma mini-planta de

geração para o abastecimento da própria fábrica de processamento do arroz, eliminando

então custos de abastecimento de energia desses lugares.

Para se completar esta análise, diversos trabalhos futuros podem ser realizados,

entre eles estão: o estudo da logística operacional de distribuição da casca de arroz por

fábricas de processamento e as possíveis plantas utilizando o CRO; a análise

econômica e o retorno financeiro do investimento nessa tecnologia; a análise da

viabilidade operacional do sistema de geração e do destino das cinzas geradas pela

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combustão da casca de arroz que são ricas em silício, a análise exergética do ciclo

estudado, bem como a utilização de outras fontes de biocombustíveis para tornar viável

a instalação das plantas.

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