anÁlise do poema um sonho de eugÊnio de castro. xi um sonho. na messe, que enlourece, estremece a...

22
ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO

Upload: internet

Post on 18-Apr-2015

488 views

Category:

Documents


8 download

TRANSCRIPT

Page 1: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO

Page 2: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

XIUm sonho.Na messe, que enlourece, estremece a

[quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece... E as cantilenas de serenos sons amenos Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...

Page 3: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

O texto literário é o ponto de partida para as experiências sensoriais a serem vividas pelo leitor. Por esse motivo, a linguagem e a forma são muito valorizadas: messe;o pôr-do-sol (“O Sol, o celestial girassol, esmorece”); a luminosidade natural, o dourado.

Page 4: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

Captação dos aspectos fluidos, densos e vagos da realidade; “O Sol, o celestial girassol, esmorece” dando lugar às estrelas que “brilham com brilhos sinistros”. Se o Sol é o símbolo do dia e as estrelas, símbolo da noite, há de se concluir que o momento em que ocorre o sonho é o entardecer. E o adjetivo fluidas reforça essa ideia. Outra característica do Simbolismo: a predileção por momentos nos quais a luz torna o contorno das coisas menos visível.

Page 5: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

As estrelas em seus halos Brilham com brilhos sinistros... Cornamusas e crotalos, Cítolas, cítaras, sistros, Soam suaves, sonolentos, Sonolentos e suaves, Em suaves, Suaves, lentos lamentos De acentos Graves, Suaves.

Page 6: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

A musicalidade: Aliterações e assonâncias;citação de instrumentos musicais: “cornamusas” (gaitas de foles); crótalos (antigos instrumentos musicais semelhantes a uma castanhola); cítolas e cítaras (instrumentos de corda) e sistros (antigo instrumento egípcio de percussão).

Page 7: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

Flor! enquanto na messe estremece a quermesse E o sol, o celestial girassol esmorece, Deixemos estes sons tão serenos e amenos, Fujamos, Flor! à flor destes floridos fenos...

Soam vesperais as Vésperas... Uns com brilhos de alabastros, Outros louros como nêsperas, No céu pardo ardem os astros...

Page 8: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

O lema é “a música antes de tudo”.

“Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...”.

“Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...”

Ao fazer uso desses recursos, aguçam-se os sentidos.

Page 9: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

Como aqui se está bem! Além freme a [quermesse... – Não sentes um gemer dolente que [esmorece? São os amantes delirantes que em amenos Beijos se beijam, Flor! à flor dos frescos

[fenos...

Page 10: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

As imagens:

vagas, diluídas, ligadas aos sentidos;

os efeitos que a natureza causa na sensibilidade do poeta.

Page 11: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

As estrelas em seus halos Brilham com brilhos sinistros... Cornamusas e crotalos, Cítólas, cítaras, sistros, Soam suaves, sonolentos, Sonolentos e suaves, Em suaves, Suaves, lentos lamentos De acentos Graves, Suaves...

Page 12: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

Esmaece na messe o rumor da quermesse... – Não ouves este ai que esmaece e esmorece? É um noivo a quem fugiu a Flor de olhos

[amenos, E chora a sua morta, absorto, à flor dos fenos... Soam vesperais as Vésperas... Uns com brilhos de alabastros, Outros louros como nêsperas, No céu pardo ardem os astros...

Page 13: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

Penumbra de veludo. Esmorece a quermesse... Sob o meu braço lasso o meu Lírio esmorece... Beijo-lhe os boreais belos lábios amenos, Beijo que freme e foge à flor dos flóreos fenos...

Page 14: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

As estrelas em seus halos Brilham com brilhos sinistros... Cornamusas e crotalos, Cítolas, cítaras, sistros, Soam suaves, sonolentos, Sonolentos e suaves, Em suaves, Suaves, lentos lamentos De acentos Graves, Suaves...

Page 15: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

Teus lábios de cinábrio, entreabre-os! Da [quermesse O rumor amolece, esmaece, esmorece... Dá-me que eu beije os teus morenos e amenos Peitos! Rolemos, Flor! À flor dos flóreos fenos...

Soam vesperais as Vêsperas... Uns com brilhos de alabastros, Outros louros como nêsperas, No céu pardo ardem os astros...

Page 16: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

Os sonhos são lembrados pouco, mal e

até com atormentadoras

dificuldades. O decisivo é criar um novo mundo visível, e não retratar o

que tem diante dos seus olhos.

Page 17: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

Ah! não resistas mais a meus ais! Da [quermesse O atroador clangor, o rumor

[esmorece... Rolemos, morena! em contactos

[amenos! – Vibram três tiros à florida flor dos [fenos...

Page 18: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

As estrelas em seus halos Brilham com brilhos sinistros... Cornamusas e crotalos, Citolas, cítaras, sistros, Soam suaves, sonolentos, Sonolentos e suaves, Em suaves, Suaves, lentos lamentos De acentos Graves, Suaves...

Page 19: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

Três da manhã. Desperto incerto... E essa [quermesse? E a Flor que sonho? E o sonho? Ah! tudo isso [esmorece! No meu quarto uma luz com lumes

[amenos, Chora o vento lá fora, à flor dos flóreos fenos...

Page 20: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

No momento em que concretizaria seus desejos, o eu lírico escuta três tiros e

desperta assustado: “Três da manhã.

Desperto incerto...”, Tudo foi um sonho.

Page 21: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

Eugênio de Castro investiu fortemente na evocação de uma atmosfera sensual e em um ambiente onírico, através da sugestão do espaço entre o real e o fictício.

Page 22: ANÁLISE DO POEMA UM SONHO DE EUGÊNIO DE CASTRO. XI Um sonho. Na messe, que enlourece, estremece a [quermesse... O sol, o celestial girassol, esmorece

BIBLIOGRAFIA CRÍTICA1. BENJAMIN, Walter. “Paris. Capital do século XIX”. In: Sociologia. São Paulo, Ática, 1985.2. MOISÉS, Massaud. A Literatura Portuguesa. Editora Culturix. São Paulo.3. SOARES, Antônio. Presença da Literatura Portuguesa: Simbolismo. Difel, São Paulo, 1969.

BIBLIOGRAFIA LITERÁRIACASTRO, Eugênio de. Poesias Escolhidas. Livraria Aillaud e Cia. Paris - Lisboa, 1902.

http://www.ibamendes.com/2011/10/eugenio-de-castro-artesao-de-imagens.html