análise do infográfico online “a peek into netflix queues”

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo- PUC- SP Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão - COGEAE Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Comunicação Jornalística Autor: Érika Alves Lima Análise do infográfico online “A peek into Netflix queues” (Uma olhada por dentro das listas da Netflix), do jornal The News York Times 1

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Page 1: Análise do infográfico online “A peek into Netflix queues”

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo- PUC- SP

Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão - COGEAE

Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Comunicação Jornalística

Autor: Érika Alves Lima

Análise do infográfico online “A peek into Netflix queues”(Uma olhada por dentro das listas da Netflix),

do jornal The News York Times

São Paulo

20101

Page 2: Análise do infográfico online “A peek into Netflix queues”

Érika Alves Lima

Análise do infográfico online “A peek into Netflix queues”(Uma olhada por dentro das listas da Netflix),

do jornal The News York Times

Monografia apresentada como requisito para aprovação na Disciplina Cognição Jornalística e Processamento de Informação, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC – SP, Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão – COGEAE, Programa de Pós-Graduação Lato-sensu em Comunicação Jornalística, com concentração maior em Jornalismo Cultural.

Profª Drª Laís Guaraldo

São Paulo

2010

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Page 3: Análise do infográfico online “A peek into Netflix queues”

Sumário

Resumo............................................................................................................04

Introdução........................................................................................................05

Infografia..........................................................................................................06

Formas de apresentação de infográficos.........................................................07

O infográfico “A peek into Netflix queues”...................................................09

O Processo de elaboração do infográfico..........................................................13

Conclusão..........................................................................................................17

Bibliografia.......................................................................................................18

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Resumo

O presente trabalho analisa o infográfico online “A peek into Netflix Queues” (Uma olhada por dentro das listas da Netflix) publicado pelo jornal estadunidense The New York Times em janeiro de 2010. No objeto estudado observa-se o levantamento de dados dos filmes mais alugados de 2009, via Netflix, um serviço de aluguel de filmes e games pela internet, nas 12 regiões mais populosas dos Estados Unidos.

A organização desse cruzamento de informações aliada aos dados extras, como média de avaliação dos filmes dada pela imprensa e crítica do jornal à obra, chamaram a atenção de internautas e profissionais da área. O infográfico recebeu mais de 130 comentários e um convite da Society of News Design (Sociedade de Design de Notícias) para que os criadores explicassem em um artigo todo o processo de criação.

Trata ainda esta pesquisa, de maneira resumida, da evolução da infografia, uma vez o que esse recurso surgiu muito antes que a era dos computadores. Ressalta, também, as formas de apresentação de infográficos, de acordo com Mario Kanno.

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Introdução

Este trabalho visa analisar o sistema de organização de um infográfico publicado na internet, que utiliza as propriedades específicas do meio, e a maneira com a qual o internauta recebe essas informações. O objeto a ser estudado é a página do jornal The New York Times “A peek into Netflix queues”, criado por Amanda Cox, Matthew Bloch, Jo Craven McGinty e Kevin Quealy (editor gráfico) e direção gráfica de Steve Duenes e Matt Ericsson. A equipe realizou um levantamento dos 100 filmes mais alugados na Netflix, empresa online de aluguel de DVD’s de filmes e games, nas 12 regiões mais populosas dos Estados Unidos ao longo de 2009.

Na primeira parte do trabalho, está exposto um breve resumo sobre a história e a definição de infografia. Ressalta-se, ainda nesta primeira parte, as formas de apresentação de infográficos de acordo com o jornalista e infografista Mario kanno.

Na segunda parte, analisa-se, então, o infográfico e sua navegabilidade bem

como as formas estéticas escolhidas pelos editores do jornal para mostrar o levantamento de dados para o internauta. A estrutura da página, os tamanhos e espaço de texto e imagem, o impacto causado pelas cores e a representação cartográfica das 12 regiões.

Por fim, este texto pensa no infográfico como parte de uma missão editorial do jornal The New York Times, na relação da versão online com a impressa, uma vez que a tendência mundial é, cada vez mais, agrupar as redações, e em quais diferenças existem entre as versões da mesma reportagem em uma publicação líder nos Estados Unidos.

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Infografia “Toda arte é feita com os meios de seu tempo, as artes midiáticas representam a expressão mais avançada da criação artística atual e aquela que melhor exprime sensiblidades e saberes do homem do início do terceiro milênio.”

Arlindo Machado

A infografia e a visualização da informação têm referências históricas que são muito mais antigas do que podemos imaginar. Há indícios de que a humanidade já buscava esta organização representativa desde 6200 a.C., período em que se estima ter sido produzido o mapa mais antigo da história.

Atribui-se a primeira “infografia” no jornal impresso, em consonância com vários autores (Sancho, De Pablos, Peltzer, Cairo….) ao jornal londrino Daily Courant, em 1702. Outro exemplo seria o infográfico publicado na primeira página do The times de Londres no dia sete de abril de 1806, que mostrava o passo a passo do assassinato de um cidadão chamado Isaac Blight. Obviamente esses “infográficos” não tinham o aspecto visual ao qual estamos acostumadas a ver nos dias de hoje, mas a informação foi transmitida e explicada por meio de ilustrações, facilitando a compreensão do fato ocorrido na época.

Com o advento de novas tecnologias como a interface gráfica para criação de sites agregando mídias e recursos visuais em uma única plataforma, a infografia se tornou, definitivamente, uma maneira eficiente de tratar a informação.

A infografia jornalística é o recurso gráfico que se utiliza de elementos visuais para explicar algum assunto para o leitor. Algumas histórias podem ser melhor contadas de maneira visual do que com uma foto, ou um texto corrido. Esses elementos visuais podem ser tipográficos, gráficos, mapas, ilustrações ou fotos. Para FUENTES (2006, p.8), infográficos:

“São representações esquemáticas criadas “a partir da necessidade de exemplificar ou mostrar sistemas, desenvolvimentos ou processos que por suas características dificilmente podem ser ‘vistos’.”

A função básica da infografia é enriquecer o texto, permitindo que o leitor visualize o assunto em pauta, tornando-a mais atrativa, dando dinamismo na leitura além de beleza nas páginas. Qualquer matéria pode ser acompanhada de um infográfico, seja ele um mapa, uma tabela ou um gráfico.

De acordo com Valero Sancho (2001: 15), a informação gráfica se realiza com a contribuição visual que proporcionam tanto a fotografia como as simulações gráficas

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dos acontecimentos cotidianos. Para ele a imagem tem fundamental importância na comunicação.

“O homem moderno entende melhor o que vê que o que lhe contam e faz facilmente seu um novo modo de conceber idéias através de infografias. Estão mudando os meios didáticos, mas não determinados fundamentos epistemológicos, ainda que estejam se transformando muitos dos hábitos comunicativos (...) o ser humano, ao comunicar-se com os outros através de infografias, não estão fazendo nada de novo que rompa com sua condiçãocomunicativa anterior.Ele está fazendo o de sempre, posto que ao largo de toda a história se comunicou mediante representações visuais mais ou menos complexas.”

Formas de apresentação de infográficos

1. Arte Texto

O texto, na maioria das vezes, ocupa a maior parte do espaço.

a) Ficha: Concentra as principais características do “personagem” da matéria, que pode ser uma pessoa, um animal, um carro, um clube, uma empresa ou um evento. Por ter linguagem ágil, as fichas localizam rapidamente o foco da matéria e destacam informações que poderiam ficar perdidas no texto.

b) Fac-Símile: Reprodução de um ou mais documentos que sejam relevantes para a matéria. Serve pra provar que a reportagem teve realmente acesso à informação.

c) Resumo: A função do resumo é reunir em um pequeno espaço “quem, o que, quando, onde e por que”.O infográfico em forma de resumo coloca o leitor em dia com a reportagem.

d) Perguntas e respostas: Aproveita-se o estilo de entrevista para esclarecer dúvidas, resumir acontecimentos ou discursar sobre um assunto.

e) Glossário/ Cronologia: A cronologia mostra a evolução de um tema ao longo do tempo e pode ser bem aproveitada misturando charge e texto. O glossário pode trazer a definição de alguns termos difíceis mas fundamentais para a compreensão do texto, ou ainda apresentar vocábulos esdrúxulos ou gírias que ajudam a caracterizar as personagens.

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f) Testes: Os testes são uma forma divertida de transmitir informações, além de proporcionar interatividade entre o leitor e a matéria.

g) Sobe-desce: Infográfico onde é associado um determinado valor- ganhou, perdeu, ficou na mesma - a cada um de seus itens. Esses itens podem ser pessoas, partidos políticos, aplicações, etc.

h) Escore: Usado quando um número é a principal informação e mercê ser destacado em seu tamanho (corpo).

i) Frases: Usadas para transmitir opiniões sobre um tema qualquer.

j) Lista: Um infográfico em forma de lista alivia o texto e facilita ávida do leitor.

k) Tabela: Tabelas são listas mais sofisticadas, onde é possível fazer comaprações detalhadas dentre os itens.

l) Organograma/ Fluxograma: Definem posições hierárquicas ou de relacionamento entre personagens. É útil para apresentar vários personagens que estão envolvidos num mesmo caso.

2. Gráficos

Os gráficos são a solução adequada para dar um verdadeiro valor comparativo entre números.

a) Gráfico de linha: É a melhor maneira de visualizar evoluções ao longo de um espaço de tempo.

b) Gráfico de barras: É a melhor maneira de visualizar comparações, e pode ser usado também para representar evoluções.

c) Gráfico de queijo: É a melhor maneira de visualizar divisões dentro de um universo num momento. Por exemplo: quantos são a favor da reeleição- 50% a favor, 45% contra e 5% não sabem.

3. Mapa

Mapas são elementos de forte impacto visual e de grande importância para a valorização de uma reportagem. Sua função básica é responder: onde?

a) Mapa de localização: Funciona como uma ficha, só que o destaque é o mapa. Útil quando se quer valorizar geograficamente uma reportagem.

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b) Mapas de movimentação: Explicam mudanças ou movimentações que podem ou não estar acontecendo em determinada região.

c) Mapa de dados: Cruza informações em forma de texto ou gráficos com localizações geográficas.

4. Visuais

A imagem é a informação mais importante. Exige maior investimento e envolvimento do infografista e da reportagem.

a) Selo: serve para destacar uma série de reportagens ou uma sequência de páginas de um mesmo assunto.

b) Passo a passo: forma facilitadora de explicar e entender o assunto em pauta. Definem posições hierárquicas ou de relacionamento entre as personagens.

c) Storyboards: É um recurso utilizado quando se pretende mostrar a ação de um fato.

d) Arte-foto: A informação principal está na imagem fotográfica. A infografia vai destacar e traduzir em texto essa informação. A foto será parte integrante do infográfico.

e) Pôster visual: Combina vários tipos de infografia para traduzir visualmente a matéria. Normalmente tem uma grande imagem principal, e as informações de apoio gravitam em torno dela. A imagem principal pode ser uma foto ou uma ilustração.

O infográfico “A peek into Netflix queues”

Na interface da página do infográfico “A peek into Netflix Queues”, observa-se a seguinte arquitetura da informação: publicidade centralizada no topo da página onde os anúncios são apresentados via Google adsense (eles aparecem de acordo com a localização geográfica do usuário e disponibilidade do anúncio na região), título e linha fina, uma espécie de escala com os 100 (cem) filmes que foram frequentemente alugados na Netflix em 2009 (a escala varia do maior para o menor de acordo com a forma de visualização do infográfico escolhida pelo usuário),

À esquerda vemos a imagem da capa do DVD e dados sobre o filme selecionado (pontuação de cada filme atribuída pelo Metacritic abaixo da imagem da capa e resumo da crítica, ao lado do cartaz, escrita por um jornalista do NYT), menu com opções para selecionar a forma de visualização desejada : mais alugados, por ordem alfabética ou de acordo com a crítica (metacritic) e um grande mapa da região escolhida para verificar a onde o filme obteve maior número de locações, o qual é sombreado de acordo com sua posição no ranking (tons de laranja: mais forte (mais alugado) e mais fraco (menos

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alugado), À direita estão dispostos 12 thumbs para selecionar as áreas mais populosas dos Estados Unidos: Nova York, Boston, Chicago, Washington, Bay Area, Los Angeles, Seattle, Minneapolis, Denver, Atlanta, Dallas e Atlanta. A cada filme escolhido, as thumbs mudam para representar a miniatura do mapa de acordo com a densidade do aluguel do filme.

10São oferecidas três escalas com os 100 filmes mais alugados de 2009 (logo abaixo do título e da linha fina) e, à direita, estão thumbs que representam as 12 regiões mais populosas dos Estados Unidos. À esquerda, estão as informações sobre o filme selecionado, com crítica resumida e a média ponderada das notas dos críticos.

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O leitor tem a opção de ler a crítica completa do próprio NYT clicando apenas uma vez no ícone “leia mais”,assim uma nova página é aberta em uma nova janela. Isso possibilita que o usuário abra várias páginas de crítica sem ter de sair da página do infográfico.

O mapa visualizado é dividido pelos zip-codes, os códigos de área, da região. Ao passar o cursor do mouse em cada zip-code, aparece a lista dos 10 filmes mais alugados especificamente daquela localidade e a posição do filme destacado, se estiver até entre os 50 mais populares. Vale ressaltar que o mapa não termina exatamente na área aparente. Ele pode ser arrastado pelo cursor do mouse para qualquer uma das coordenadas.

No infográfico do NYT não existe hierarquia entre os dados, cada cruzamento de filme com uma cidade é um mapa independente. .

Diante de um embaralhado de informações, os editores fizeram escolhas certeiras para tornar o mais intuitiva possível a navegação pelo infográfico interativo. O filósofo Pierre Lévy aponta a importância de tal intuição sobre o mouse como prolongamento da mão em um computador: “O uso do mouse que permite ao usuário agir sobre o que ocorre na tela de maneira intuitiva, sensoriomotora”. O autor também coloca a questão do hipertexto como essencial para as novas comunicações. Curiosamente, à época de publicação de sua obra, ele não teria ideia do que se tornaria a internet e as suas inúmeras possibilidades. No entanto, nota-se seu entusiasmo pelas

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O filme Knowing, por exemplo, está em 9ª colocação no zip-code 10705, da região de Nova York.

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relações não-lineares da linguagem hipertextual, ou seja, aprecia-se a não necessidade de se seguir uma ordem específica para o processamento da informação.

O infográfico do NYT é um grande exemplo de não-linearidade, intuitiva, rápida - características da navegação eficiente da infografia que vem sido desenvolvida por profissionais de comunicação. Nele, não existe hierarquia entre os dados, cada cruzamento de filme com uma cidade é um mapa independente. O internauta escolhe, dentre as possibilidades, o que e quando ver. Lévy também se refere à infografia como algo que reúne todas as técnicas de tratamento e de criação de imagens: “a interface digital alarga o campo do visível. Ela permite (...) visualizar dados numéricos que, sem isso, permaneceriam soterrados em toneladas de listagens.”

Ao mesmo tempo em que são apresentadas diferentes opções, a ideia de que o usuário está totalmente livre para agir sobre o infográfico pode ser uma armadilha. Ele recebe apenas o que foi oferecido pelos editores da informação e suas possibilidades são delimitadas pelos menus de navegação já citados neste texto. Sem o editor, ofereceriam-se várias listas desinteressantes da Netflix, sem o trabalho de seleção. Para o designer gráfico Richard S. Wurman, planejar sobre a arquitetura de uma informação é necessário para qualquer livro, projeto ou página de internet. “Eles refletem o pensamento, a ênfase e o ponto de vista organizacional do autor”, afirma sobre o índice e o sumário de uma publicação. O mesmo vale para a arquitetura do infográfico em questão. “Tentar penetrar numa informação sem ter noção de sua estrutura é como ir a uma biblioteca procurar às cegas por determinado livro,” exemplifica o autor, que também cita o que considera os cinco cabides definitivos para se organizar um material: lugar, alfabeto, tempo, categoria e hierarquia. E os dados do infográfico do NYT podem ser localizados sob esses parâmetros – o que é, de fato, impressionante. O lugar pode ser escolhido para comparar o desempenho do mesmo filme em diferentes regiões. A ordem alfabética é uma das formas de navegação pelos filmes. Já o tempo e a categoria foram limitados, pois são colocados apenas obras cinematográficas alugadas em 2009, embora pudessem ter categorizado por estilo de filmes, dentre outras possibilidades, pois o mesmo trabalho poderia ser feito com filmes alugados em 2008, 2007... E, por último, a hierarquia pode ser vista a partir das escolhas de filmes mais ou menos alugados, estabelecendo uma ordem por importância ou crítica.

Para Wurman, cada forma de organização permite um ponto de vista diferente sobre o mesmo fato. Eis a proeza da estrutura do infográfico do NYT, que apesar de delimitar tempo e categoria, permite ao internauta escolher navegar por ordem alfabética, hierarquia de crítica ou de popularidade, escolhendo a região ou o filme que lhe interessa. A conclusão que o usuário vai tirar dos milhares dados expostos é subjetiva, varia com sua vontade ao explorar o que lhe é disponível.

O Processo de elaboração do infográfico

O mapa foi criado por Amanda Cox, Matthew Bloch, Jo Craven McGinty e Kevin Quealy.

O editor gráfico do projeto, Kevin Quealy, relatou no o artigo “The making of the NYT’s Netflix graphic”, no site The Society of News Design (Sociedade de Design

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de Notícias), que a parte mais difícil da criação do trabalho foi o desenho da interface. “A ideia era criá-la facilmente navegável para que o usuário acessasse os dados de forma interativa”, conta. Ele queria que os leitores fossem capazes de encontrar um filme rapidamente, e acima de tudo, dar a eles uma idéia de quais filmes eram mais populares e quais foram mais aclamados pela crítica.

De fato, uma página visualmente agradável para que o internauta consiga entender claramente as possibilidades de navegação esplanadas no capítulo anterior representa um grande desafio.

Craven McGinty entrou em contato com a Netflix para obter dados sobre os 50 filmes mais alugados em cada região do país. Eles optaram por uma dúzia de cidades com maior número populacional.

Quanto ao cruzamento de informações, foram relacionados os dados de Metascore, os dados de aluguéis da Netflix, as regiões dos Estados Unidos e a crítica do jornal NYT.

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Cruzamento de informações Metascore (acima, esquerda), os dados de aluguéis da Netflix (abaixo, esquerda), as regiões dos Estados Unidos (abaixo, à direita) e a crítica do jornal NYT (acima, direita)

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Sobre o posicionamento dos elementos na página, o editor teve mais dificuldades para decidir o que fazer, como conta no making of para a SND. Kevin Quealy diz ter rascunhado umas dez versões da interface, mas nenhuma era boa.

Na elaboração do mapa, para cada região foi atribuída uma cor com base na sua classificação. Foi usada uma escala de cor fixa (tons de laranja) fazendo inferência com cores quentes, ou seja, quanto mais escuro o sombreamento, mais quente é o aluguel de determinado filme em determinado local.

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Kevin Quealy diz ter esboçado umas dez versões da interface, mas nenhuma era boa: “Existem dois principais elementos de navegação – cidades e filmes – mas o mapa, em si, ainda precisaria ser o foco do gráfico.”

Na versão final do infográfico, o menu de regiões (quadrados abaixo) subiu para a lateral direita do mapa.

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Netflix

A Netflix é uma empresa norte-americana que entrega filmes pelo correio. Ela foi criada em 1997 e seu porta – voz chama-se Steve Swasey.

O sistema de entrega funciona quando o cliente pede filmes pela internet e os recebe em sua casa em no máximo 1 (um) dia. Ele fica o tempo que quiser com os filmes, mas para pedir outros, ele deve devolver os que já alugou.

A Netflix se tornou uma das empresas mais badaladas do mundo prestando esse serviço pelo correio. Atualmente está num estágio mais avançado oferecendo, também, downloads de filmes pela internet e provocando a ira de boa parte da indústria do cinema em Hollywood.

Algumas empresas que aderiram este tipo de serviço no Brasil foram: Pipoca Online (www.pipocaonline.com.br), Cine Express (www.cineexpress.com.br), Blockbuster (www.blockbuster.com.br) e Net Movies (www.netmovies.com.br).

Metascore

Uma metascore é uma média ponderada das opiniões dos críticos norte americanos para um determinado filme, livro, programa de TV, vídeo game ou álbum. A essa classificação são atribuídas três cores: verde (boas metascores), amarelo (medíocres metascores) e vermelho (ruins metascores)

 Metacritic

Trata-se do website coletor das críticas. Para cada produto, um valor numérico de cada avaliação é computado e, então, retirada uma média aritmética ponderada.

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Conclusão

O New York Times produziu um infográfico, publicado em 10 de janeiro de 2010, que tornou-se um dos mais acessados do site e despertou a curiosidade de muitos quanto ao seu processo coleta de dados e elaboração. O jornal sempre foi famoso por seus infográficos e conteúdos interativos.

A interatividade do infográfico é simples (fácil), pois com poucos cliques a informação é atualizada sem a necessidade de recarregar a página. A interface é “limpa” e “leve”, ou seja, não há acúmulo de dados ou exagero de cores. Isso possibilita a fácil navegação no site, além de não causar dispersões por parte do leitor.

A relação entre 100 filmes em 12 áreas diferentes gera 1200 diferentes mapas, o que seria inviável não só pela quantidade de mapas, mas pelas indas e vindas entre eles.

Ao trabalhar com duas variáveis no cruzamento de informação, o infográfico possibilita ao internauta a análise por filme (o sucesso de um filme em 12 regiões diferentes) ou por região (quais filmes foram mais bem sucedidos em determinada região).

Além disso, o internauta tem a possibilidade de ler as críticas escritas pelos próprios jornalistas do NYT.

Mesmo o infográfico possuindo um grande banco de dados, a transmissão das informações não foi prejudicada devido a elaboração de uma arquitetura eficiente.

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Bibliografia

FUENTES, Rodolfo. A Prática do Design Gráfico. Uma Metodologia Criativa. São Paulo. Rosari. 2006

KANNO, Mário e BRANDÃO, Renato. Manual de Infografia Folha de São Paulo, 1998

VALERO SANCHO, José Luis. – La infografia: técnicas, análisis y usos periodísticos, Bellaterra: Universitat Autónoma de Barcelona, Servei de Publicacions, 2001.

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência – o futuro do pensamento na era da informática. Tradução: Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.

MACHADO, Arlindo. Arte e mídia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.

WHITE, Jan V.. Edição e design – para designers, diretores de arte e editores. Tradução de Luís Reyes Gil. Sao Paulo: JSN Editora, 2006.

WURMAN, Richard S.. Ansiedade da Informação 2 – um guia para quem comunica e dá instruções. São Paulo: Editora de Cultura, 2005. Internet

“A peek into Netflix Queues”. In The New York Times. Disponível em: http://www.nytimes.com/interactive/2010/01/10/nyregion/20100110-netflix-map.html. Visitado em: 10 de maio de 2010.

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QUELY, Kevin. “The making of the NYT’s Netflix graphic”. In The Society of News Design. Disponível em: http://www.snd.org/2010/01/nyt-netflix-graphic/. Visitado em: 10 de maio de 2010

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