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100
ANÁLISE DO DESEMPENHO AMBIENTAL DE 5 ATERROS DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS ABRANGIDOS PELO REGIME PCIP Marta Alexandra Ribeiro Pedroso Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia do Ambiente Júri Presidente: Prof. Júlio Maggiolly Novais Orientador: Prof. Susete Martins Dias Co-Orientador: Eng. Paula Gama Vogal: Eng. Afonso Lobato Faria Setembro de 2007

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ANÁLISE DO DESEMPENHO AMBIENTAL DE 5

ATERROS DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

ABRANGIDOS PELO REGIME PCIP

Marta Alexandra Ribeiro Pedroso

Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia do Ambiente

Júri Presidente: Prof. Júlio Maggiolly Novais Orientador: Prof. Susete Martins Dias

Co-Orientador: Eng. Paula Gama Vogal: Eng. Afonso Lobato Faria

Setembro de 2007

i

AGRADECIMENTOS

Agradeço antes de mais à Professora Susete Dias, pela total disponibi l idad e que sempre apresentou

durante a elaboração desta tese.

Agradeço também às Engenheiras Paula Gama e Ana Teresa Borralho , pelo tempo dispendido na

orientação do trabalho de estágio.

E por últ imo, agradeço a todos os que, das mais variadas formas, me ajudar am e apoiaram, em

part icular ao colega de curso e amigo, André Barata.

ii

RESUMO

Este trabalho incide sobre a avaliação do desempenho ambiental de cinco aterros de R esíduos Sólidos

Urbanos (RSU) l icenciados no âmbito do Regime da Prevenção e Control o Integrado de Poluição . Os

Relatór ios Ambientais Anuais entregues nos últ imos cinco anos estiveram na base deste estudo .

Considerando a gestão dos l ixiviados produzidos em aterros da maior relevância, procedeu-se a uma

análise comparat iva do desempenho das respectivas Estações de Tratamento de Águas Lixiviantes

(ETAL ’s).

Na análise crít ica dos resultados obtidos inclui -se uma revisão do estado da arte do tratamento de

l ixiviados de aterros sanitários e um breve estudo sobre a representatividade dos aterros seleccionados

no contexto nacional.

Avalia-se ainda a adequabilidade da est rutura e dos conteúdos dos relatórios, relat ivamente ao exigido

na sua l icença ambiental e à função a que estes se prestam, verif icando-se a necessidade de criar um

template que permita uma análise comparativa ágil no espaço e no tempo.

A informação disponível indica que a percentagem de Resíduos Industr iais Banais na massa de

resíduos depositados varia, de aterro para aterro , entre 0,4% e 39%.

Os l ixiviados são tratados em ETAL ’s dedicadas, recorrendo quatro delas a sistemas de osmose inversa.

No entanto, um número signif icativo de amostras na descarga apresenta teores superiores aos valores

l imite de emissão.

Verif ica-se ainda uma relação entre as elevadas cargas de poluentes inorgânicos (azotados, sulfatos e

cloretos) nos l ixiviados, não expectáveis em aterros de RSU jovens e a prática de recirculação para o

aterro do concentrado das unidades de osmose inversa.

Palavras-chave: Prevenção e controlo integrado de poluição, Aterros de resíduos sól idos urbanos,

Lixiviados, Recirculação do concentrado da osmose inversa.

iii

ABSTRACT

The present work deals with the environmental performance evaluation of f ive Municipal Solid Waste

(MSW) landfi l ls, permitted under the Integrated Pollut ion Prevention and Control legisl at ion. The Annual

Environmental Reports delivered in the last f ive years, were on the basis of this study.

Considering the management of landfi l l leachates an issue of major importance, a n analysis was carr ied

out, comparing the performance of their landfi l l leachate treatment faci l it ies .

The results analysis comprised a revision of the state of the art for the leachate treatment systems in

Europe and a brief study on the selected landfi l ls representativeness in a national context.

An assessment has also been made on how far the structure and the contents of the analysed reports

meet the environmental permit demands and the role they play . Thereupon, a conclusion has been drawn

about the need to develop a template, al lowing an easy comparative space and t ime analysis.

According to the available information, the deposited waste mass reveals non -hazardous industr ial

wastes percentages which differ between 0.4% and 39%, depending on the landfi l l . Four of the f ive

landfi l l leachate treatment plants include reverse osmosis systems. However complying with the

discharge emission l imit values was not achieved in several occasions.

The leachates characterization showed pollut ing loads of nitrogen compounds, sulphates and chlorides

far superior to those expected in young MSW landfi l ls.

Finally, a connection was established between the high inorganic loads in the leachates and the

recirculation to the landfi l l of the reverse osmosis concentrate.

Keywords: Integrated Pollut ion Prevention and Control, Municipal solid waste landfi lls, Landfi l l leachate,

Reverse osmosis concentrate recirculation.

iv

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................. I

RESUMO .............................................................................................................................................. II

ABSTRACT ...........................................................................................................................................III

LISTA DE TABELAS ................................................................................................................................ VI

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................... VII

LISTA DE ABREVIATURAS ..................................................................................................................... VIII

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1

1.1. OBJECTIVOS .......................................................................................................................................................... 1

1.2. REGIME PCIP NO CONTEXTO EUROPEU ...................................................................................................................... 1

1.2.1. Enquadramento Geral ........................................................................................................... 1

1.2.2. BREF ............................................................................................................................... 2

1.2.3. EPER e PRTR .................................................................................................................... 3

1.2.4. Acompanhamento da Aplicação da Directiva ............................................................................... 5

1.2.5. Alterações Introduzidas na Directiva ......................................................................................... 5

1.2.6. Transposição pelos Estados-Membros ....................................................................................... 6

1.2.7. Processo de Revisão da Directiva ............................................................................................ 6

1.3. REGIME PCIP NO CONTEXTO NACIONAL ..................................................................................................................... 7

1.3.1. Introdução ......................................................................................................................... 7

1.3.2. Actividades e Instalações Abrangidas ........................................................................................ 8

1.3.3. Entidades Envolvidas ........................................................................................................... 9

1.3.4. Processo de Licenciamento .................................................................................................. 10

1.3.5. Condições do Licenciamento ................................................................................................ 11

1.3.6. Renovação, Actualização, Caducidade ou Novo Pedido de Licença Ambiental .................................... 12

2. SECTOR EM ANÁLISE – ATERROS DE RSU (5.4 ANEXO I) ....................................................................... 13

2.1. ENQUADRAMENTO LEGAL – ATERROS/RESÍDUOS ........................................................................................................ 13

2.1.1. Legislação de Aterros ......................................................................................................... 13

2.1.2. Legislação de Resíduos ...................................................................................................... 17

2.2. CARACTERIZAÇÃO DO ACTUAL ESTADO DO SECTOR .................................................................................................... 19

2.2.1. Sistemas de Gestão de RSU ................................................................................................. 19

2.2.2. Produção e destino final de RSU ............................................................................................ 19

3. METODOLOGIA ADOPTADA .............................................................................................................. 23

v

4. UNIVERSO DE ANÁLISE – 5 ATERROS DE RSU ..................................................................................... 24

4.1. SELECÇÃO DO UNIVERSO DE ANÁLISE....................................................................................................................... 24

4.2. CARACTERIZAÇÃO DOS 5 SISTEMAS DE GESTÃO DE RSU ............................................................................................. 26

4.3. CARACTERIZAÇÃO DOS ATERROS DE RSU EM ANÁLISE ................................................................................................ 27

4.3.1. Métodos de Deposição e Estação de Tratamento Águas Lixiviantes (ETAL) ........................................ 27

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................................................................ 34

5.1. INTRODUÇÃO - LIXIVIADOS ...................................................................................................................................... 34

5.2. RESÍDUOS DEPOSITADOS ....................................................................................................................................... 45

5.3. LIXIVIADOS PRODUZIDOS ........................................................................................................................................ 50

5.4. EFLUENTE TRATADO.............................................................................................................................................. 64

6. CONCLUSÕES ............................................................................................................................... 76

ANEXO A ... . . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . .8 3

ANEXO B ... . . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . .. . . .85

ANEXO C ... . . . . . . . . . . . . .. . . . . .. . . .. . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . .8 7

vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Limites de deposição de RUB --------------------------------------------------------------------------- 17

Tabela 2.2 – Metas a cumprir na gestão dos RSU [16, 33]. ---------------------------------------------------------- 18

Tabela 2.3 – Evolução da tipologia e número de infra-estruturasde gestão de resíduos no período 1996–2005 [31].

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 21

Tabela 4.1 – Estado de cumprimento da LA emitida ([35, 37], Ago.2007). ------------------------------------------- 25

Tabela 4.2 – Dados relativos ao Universo de Análise, para o ano de 2005 [34, 35]. -------------------------------- 27

Tabela 4.3 – Técnicas de deposição adoptadas nos 5 Aterros Sanitários em análise [38-42]. ---------------------- 28

Tabela 4.4 - ETAL do Aterro Sanitário 1 [38, 43, 44]. ----------------------------------------------------------------- 29

Tabela 4.5 – ETAL do Aterro Sanitário 2 [39, 43, 45]. ---------------------------------------------------------------- 30

Tabela 4.6 - ETAL do Aterro Sanitário 3 [40 (2006), 43, 46]. --------------------------------------------------------- 30

Tabela 4.7 – ETAL do Aterro Sanitário 4 [43, 47]. -------------------------------------------------------------------- 31

Tabela 4.8 – ETAL do Aterro Sanitário 5 [42 (2003), 43, 48, 49]. ---------------------------------------------------- 32

Tabela 4.9 – Principais características dos 5 Aterros em análise e respectivas ETAL’s [38 -42] .------------------- 33

Tabela 5.1 – Composição típica de lixiviados em diferentes fases, de acordo com duas fontes [50, 55]. ---------- 36

Tabela 5.2 – Composições características de três tipos de Águas Residuais Domésticas [56]. -------------------- 37

Tabela 5.3 – Concentrações de metais pesados presentes num lixiviado e numa ARD [45, 55, 56]. --------------- 37

Tabela 5.4 – Métodos de tratamento de águas lixiviantes. ----------------------------------------------------------- 39

Tabela 5.5 - Eficiências de Remoção em função do número de estágios [45] --------------------------------------- 42

Tabela 5.6 – Desempenho típico de um sistema HPRO de 2 estágios no tratamento do concent. da OI [45]. ----- 43

Tabela 5.7 – Composição física média dos RSU [35, 36, 63]. -------------------------------------------------------- 45

Tabela 5.8 – Dados base relativos a 1995 [30]. ----------------------------------------------------------------------- 46

Tabela 5.9 – Quantitativo de RUB admissível em aterro. ------------------------------------------------------------- 46

Tabela 5.10 – Resíduos admissíveis em aterro [48, 64-67, 38-42]. -------------------------------------------------- 46

Tabela 5.11 –Quantitativos e percentagens anuais dos resíduos depositados nos 5 Aterros em análise [38-42]. - 47

Tabela 5.12 – Percentagens totais de RIB e ROB depositados ------------------------------------------------------ 49

Tabela 5.13 – Caudais anuais dos lixiviados produzidos e caudal de projecto da ETAL [38-42]. ------------------- 50

Tabela 5.14 – Dados Estatísticos do universo de amostras recolhidas nos 5 lixiviados [38 -42]. ------------------- 51

Tabela 5.15 – Concentrações de inorgânicos inibitórias da actividade microbiológica num processo anaeróbio [69].

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 60

Tabela 5.16 – Composição de lixiviado resultante de aterro com recirculação do concentrado da OI [71]. -------- 63

Tabela 5.17 – Tipologia e Eficiências de Remoção das 5 ETAL’s em análise, -------------------------------------- 64

Tabela 5.18 - Dados Estatísticos do universo de amostras recolhidas nos 5 efluentes tratados [38 -42]. ----------- 65

vii

LISTA DE F IGURAS

Figura 2.1 – Produção anual de RSU em Portugal Continental em 1995 -2005 [35]. ........................................ 20

Figura 2.2 – Produção total de RSU em 2005, por Sistema [35]. .................................................................. 20

Figura 2.3 – Destino final dos RSU em Portugal Continental no período 1999 – 2005 [35]. ............................... 21

Figura 4.1 – Estado do licenciamento dos Aterros Municipais de RSU em Agosto de 2007 [9]. .......................... 24

Figura 4.2 – Localização dos 5 Sistemas de Gestão de RSU alvo de estudo [35]. .......................................... 26

Figura 5.1 – Fases da decomposição de resíduos num aterro [50]. ............................................................... 34

Figura 5.2 – Percentagens mássicas de RIB e ROB, em relação ao total depositado [38-42]. ............................ 48

Figura 5.3 – Evolução do pH nos lixiviados [38-42]. ................................................................................... 52

Figura 5.4 – Evolução da CQO nos lixiviados [38-42]. ................................................................................ 53

Figura 5.5 – Evolução da razão CBO5/CQO nos lixiviados [38-42]. ............................................................... 54

Figura 5.6 – Evolução da concentração de azoto amoniacal nos lixiviados [38-42]. ......................................... 55

Figura 5.7 – Evolução da concentração de nitratos nos lixiviados [38-42]. ..................................................... 56

Figura 5.8 – Evolução da concentração de sulfatos nos lixiviados [38-42]. ..................................................... 57

Figura 5.9 – Evolução da concentração de sulfuretos nos lixiviados [38-42]. .................................................. 58

Figura 5.10 – Evolução da concentração de cloretos nos lixiviados [38-42]. ................................................... 59

Figura 5.11 – Evolução da concentração de sódio nos lixiviados [38-42]. ....................................................... 60

Figura 5.12 – Evolução da concentração de Zinco total nos lixiviados [38-42]. ................................................ 61

Figura 5.13 – Evolução da condutividade nos lixiviados [38-42].................................................................... 62

Figura 5.14 – Evolução do pH nos efluentes tratados [38-42]. ...................................................................... 66

Figura 5.15 – Evolução da CQO nos efluentes tratados [38-42]. ................................................................... 67

Figura 5.16 – Evolução da CBO5 nos efluentes tratados [38-42]. .................................................................. 68

Figura 5.17 – Evolução da razão CBO5/CQO nos efluentes tratados [38-42]. .................................................. 69

Figura 5.18 – Evolução da concentração de N-NH4 nos efluentes tratados [38-42]. ......................................... 70

Figura 5.19 – Evolução da concentração de azoto total nos efluentes tratados [38 -42]. .................................... 71

Figura 5.20 – Evolução da concentração de sulfatos nos efluentes tratados [38-42]. ....................................... 72

Figura 5.21 – Evolução da concentração de sulfuretos (A, B, C e D) e H2S (E) nos efluentes tratados [38 -42]. .... 73

Figura 5.22 – Evolução da condutividade nos efluentes tratados [38-42]. ....................................................... 74

Figura 5.23 – Evolução da concentração de cloretos nos efluentes tratados [38-42]. ....................................... 74

viii

LISTA DE ABREVIATURA S

AIA – Avaliação de Impacte Ambiental

ANR – Autoridade Nacional de Resíduos

APA – Agência Portuguesa do Ambiente

ARD – Águas Residuais Domésticas

BAT – Best Available Techno logy

BREF – BAT Reference Documents

CBO5 – Carência Bioquímica de Oxigénio

CCDR – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional.

CCPCIP – Comissão Consult iva para a Prevenção e Controlo Integrado de Poluição.

CER – Catálogo Europeu de Resíduos

CQO – Carência Química de Oxigénio

COT – Carbono Orgânico Total

DALA – Departamento de Avaliação e Licenciamento Ambiental

ECL – Entidade Coordenadora de Licenciamento

EIPPCB – European Integrated Pollut ion Prevention and Control Bureau

ENRRUBDA – Estratégia Nacional para a Redução dos Resíduos Biodegradáveis Destinados aos Aterros

EPER – European Pollutant Emission Register

E-PRTR – European Pollutant Release and Transfer Registers

ETAL – Estação de Tratamento de Águas Lixiviantes

GEE – Gases com Efeito Estufa

HPRO – High Pressure Reverse Osmosis

IA – Instituto do Ambiente

IGAOT – Inspecção-Geral do Ambiente e Ordenamento do Terr itór io

INR – Instituto dos Resíduos

LA – Licença Ambiental

LE – Licença de Exploração

LER – Lista Europeia de Resíduos

LI – Licença de Instalação

MTD – Melhores Técnicas Disponíveis

OI – Osmose Inversa

PCIP – Prevenção e Controlo Integrado de Poluição

PDA – Plano de Desempenho Ambiental

PERSU – Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos

PIRSUE – Plano de Intervenção de Resíduos Sóli dos Urbanos e Equiparados

RAA – Relatório Ambiental Anual

RIB – Resíduos Industr iais Banais .

RINP – Resíduos Industr ias Não Perigosos

ROB – Resíduos Orgânicos Biodegradávies

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

ix

RUB – Resíduos Urbanos Biodegradáveis

SBR – Sequencing Batch Reactor.

UE – União Europeia

VEA – Valores de Emissão Associados

VLE – Valores Limite de Emissão

1

1. INTRODUÇÃO

1.1 . OB J E C T IV O S

No âmbito de um estágio académico realizado no Instituto do Ambiente (actual Agência Portuguesa do

Ambiente) inserido na Divisão de Prevenção e Controlo Integrado de Poluição – PCIP (actual

Departamento de Avaliação e Licenciamento Ambiental), é feita a avaliação do estado de cumprimento

em relação ao Regime PCIP no sector dos aterros de resíduos não perigosos, em part icular, aterros de

deposição de resíduos sólidos urbanos (RSU).

Através da análise dos relatórios entregues anualmente na APA pelas instalações l icenciadas no âmbito

da PCIP, procede-se à avaliação do desempenho ambiental das mesmas, incidindo o estudo sobre a

relevante questão dos l ixiviados produzidos e respectivas opções de gestão.

Para tal, além de se proceder à caracterização da massa de resíduos depositados, caracteriza -se

também a qualidade do l ixiviado e do efluente tratado, com o intuito f inal de avaliar a eficácia das

opções tomadas e, tendo presente o state of the art , propor melhorias às mesmas.

1.2 . RE G IM E PCIP N O CO N T E X T O EU R O P E U

1.2.1. Enquadramento Geral

Na União Europeia (UE), com a aprovação em 1993, do Quinto Programa Comunitário de Polít ica e

Acção em Matér ia de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (1993 – 2000), surge uma nova

abordagem no controlo da poluição resultante da actividade de processos industr iais. Sendo estes

responsáveis por uma signif icativa parcela da poluição global da Europa, nas suas di ferentes formas

(emissões de gases com efeito estufa - GEE, produção de resíduos, descargas de águas residuais),

tornou-se imperativo dedicar uma especial atenção ao desempenho das referidas actividades

económicas, estruturantes da actual sociedade.

Assim, a UE, munida do referido Programa, cujo período de aplicação se estenderia até 2000,

empenhou-se na implementação de “uma nova orientação e impulso à interface das polít icas ambiental e

industr ial através do estabelecimento de um pacote global e integrado de medidas”, entres as quais se

destaca, no presente contexto, a “melhoria dos processos de gestão e controlo da produção, incluindo

um sistema de l icenciamento renovável associado à prevenção e controlo integrado da poluição,

auditor ia ambiental, avaliação e contabil ização eficaz do ambiente, ut i l ização da melhor tecnologia

disponível [ .. . ] ” [1].

O objectivo central era, portanto, combater a existência de diferentes abordagens no combate à

poluição, de polít icas de protecção do ambiente compartimentadas que, por si só, não constituíam

ferramentas capazes de prevenir a transferência de poluição entre os diferentes meios físicos – ar,

água, solo.

É neste contexto que, em 1996, o Conselho Europeu adopta a Directiva n.º 96/61/CE, de 24 de

Setembro, relat iva à Prevenção e Controlo Integrado da Poluição (Directiva PCIP ) produzida por um

largo espectro de actividades industr iais e agrícolas. Estavam assim criadas as condições base para o

2

estabelecimento de um elevado nível de protecção do ambiente, de carácter i mpreterivelmente holíst ico.

A efectiva implementação deste inovador instrumento da Polít ica Ambiental Europeia, responsável pelo

controlo do desempenho das cerca de 50 000 instalações abrangidas pela Directiva PCIP em toda a UE

[2], assenta num processo obrigatório de l icenciamento único das instalações que desenvolvam

actividades (distr ibuídas por seis sectores) constantes no Anexo I da mesma (actividades PCIP) [3]. A

ideia é incluir no regime PCIP todas as actividades económicas que apresentem associados impactes

que, após avaliação de acordo com a natureza e/ou a capacidade de produção das instalações, sejam

considerados part icularmente signif icativos.

A prevenção, al iada ao carácter integrado desta nova abordagem, permite reduzir e, se possível até,

evitar muitos dos impactes associados a estas actividades (emissões poluentes, produção de resíduos,

ruído), sem contudo descurar as suas necessidades de desenvolvimento económico. É por este motivo

que, na determinação das condições do l icenciamento ambiental, a exigência do cumprimento de valores

l imite de emissão (VLE) vem explicitamente associada à aplicação das melhores técnicas disponíveis

(MTD), sem que contudo seja imposta a uti l ização de uma técnica ou tecnologia específ icas (ver n.º 4 do

art.º 9.º). Transcrevendo parcialmente o n.º 11 do art.º 2.º da Directiva PCIP, por «disponíveis»

entende-se “técnicas desenvolvidas a uma escala que possibi l i te a sua aplicação no contexto do sector

industr ial em causa, em condições económica e tecnicamente viáveis [. . . ] , quer essas técnicas sejam ou

não uti l izadas ou produzidas no terr itór io do Estado -Membro em questão [.. .]” [3].

1.2.2. BREF

Com o intuito de tornar efectiva a implementação das MTD por parte das actividades económicas, sem

contudo desconsiderar as disparidades existentes entre estas no espaço europeu, a Directiva PCIP

prevê, no seu art.º 16.º, a cr iação de um sistema de intercâmbio de informação entre os diversos

Estados-Membros e indústrias, essencialmente dedicado à determinação, sector a sector, das MTD e

das medidas de monitorização dos parâmetros ambientais, incluindo a evolução de ambas as técnicas.

Sendo este processo coordenado e assist ido pelo Gabinete Europeu de PCIP 1 (de sigla inglesa

EIPPCB2), sediado em Sevilha, o mesmo é frequentemente designado “Processo de Sevilha”. Esta

ambiciosa tarefa apresenta como resultado principal a elaboração e publicação, por sector, de

documentos de referência sobre as MTD - os chamados “BREF” (BAT 3 Reference Documents).

Produzidos conjuntamente por peritos indicados pelos vários países e por representantes da Indústr ia e

das Organizações Não Governamentais de Ambiente - Fórum de Intercâmbio de Informação -, estes

documentos são publicados pela Comissão ao abrigo do n.º 2 do art.º 16.º da Directiva PCIP,

encontrando-se ainda citados no seu Anexo IV, onde se definem os elementos relevantes a considerar

na determinação das MTD.

Pelo referido, apesar de os BREF constituírem uma ferramenta essencial para a difusão das MTD, estes

não estabelecem normas vinculativas nem defin em os VLE a aplicar, l imitando -se a fornecer informação

1 Parte integrante do Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva de Centro Comum de Investigação da Comissão. 2 European IPPC Bureau. 3 Best Available Technology , sigla inglesa de MTD.

3

de referência. É por isso fundamental que as autoridades competentes PCIP de cada Estado -Membro

recorram a estes documentos aquando da análise dos processos de pedido de l icenciamento e,

consequentemente, na definição das suas condições, em part icular, na determinação dos VLE.

Completando o primeiro ciclo de 33 BREF, foram publicados e adoptados pela Comissão 6 destes

documentos a 3 de Agosto de 2007. De referir que, em média, são necessários dois a tr ês anos para o

grupo de trabalho ult imar um BREF [ 4].

Actualmente e desde 2005, está já em curso o processo de revisão de determinados BREF, de forma a

incorporar os importantes novos conhecimentos resultantes da investigação. A versão inglesa destes

documentos e informações relativas ao estado de elaboração dos mesmos, poderão ser consultadas na

página do EIPPCB 4, estando disponível no site do Instituto do Ambiente a tradução para português dos

Sumários Executivos dos BREF já concluídos.

Outro aspecto também fundamental da directiva é o seu carácter f lexível, já que as condições de

l icenciamento das instalações (art.º 9.º da Directiva PCIP) - VLE e/ou parâmetros ou medidas técnicas

equivalentes - além de deverem ter por base as MTD, devem também tomar em consideração as

característ icas técnicas da instalação em causa, a sua implantação geográfica e as condições locais do

ambiente (ver n.º 4 do art.º 9.º).

1.2.3. EPER e PRTR

Após a emissão da l icença ambiental (LA), outras importantes ferramentas da directiva entr am em

acção. São exemplos disso, a obrigação por parte do detentor da l icença de, após o cessar da

actividade, repor o local de exploração em estado satisfatório ( alínea f do art.º 3.º); a existência de

revisões periódicas da l icença e/ou a possibi l idade d e alterar as condições da mesma (ver art.º 13.º); a

realização de monitorização ambiental adequada (ver art.º 14.º), etc.

Relativamente a este últ imo ponto, e na sequência do disposto no n.º 3 do art.º 15.º da directiva,

segundo o qual “A Comissão publica de três em três anos um inventário das principais emissões e

fontes responsáveis, com base nos elementos transmit idos pelos Estados -Membros.” [3], surge a

Decisão da Comissão n.º 2000/479/CE, de 17 de Julho, relat iva à cr iação de um registo europeu das

emissões poluentes (Decisão EPER 5). Segundo esta decisão, os Estados-Membros passariam a estar

constrangidos a enviar à Comissão, de três em três anos, um relatório onde constassem as emissões

das instalações abrangidas pelo regime PCIP, para uma l ista de 50 poluentes da atmosfera e da água,

no caso de serem excedidos os valores l imiar definidos no Anexo A1 da referida decisão [5].

Dando cumprimento ao estipulado na Decisão EPER, a primeira apresentação destes registos ocorreu

em Junho de 2003, com os dados relativos a 2001 (ou, em alternativa, 2000 ou 2002), tendo o segundo

relatório sido entregue em Junho de 2006 (dados relativos a 2004).

A consulta de informações relativas às emissões das cerca de 9200 e 12000 instalações industr iais,

4 http://eippcb.jrc.es/ 5 European Pollutant Emission Register

4

referentes, respectivamente, aos anos de 2001 (UE a 15) e 2004 (UE a 25) [ 6], encontra-se

disponibi l izada no site inglês da Agência Europeia do Ambiente 6.

Em todo este processo, inclusive na adopção da Decisão EPER, a Comissão conta com a colaboração

do comité referido no art .º 19.º da Directiva PCIP [3] - Comité dos mecanismos de implementação da

directiva -, também designado, Comité EPER.

Pelo anteriormente referido, os registos EPER apresentam -se como um poderoso instrumento de

monitorização da eficiência da Directiva PCIP , em part icular, no que se refere à contr ibuição da mesma

para a redução das emissões para ar e água, já que os mesmos constituem um retrato do universo de

actividades PCIP, antes e depois da efectiva implementação da directiva.

Ainda relativamente à Decisão EPER, refira -se que nesta (n.º 4 do art.º 2.º) [5] é incentivada a entrega

dos relatórios com uma periodicidade anual, a part ir do ano 2008 e seguintes, com dados relativos ao

ano precedente. No ano de 2007, a inventariação de emissões poluentes na UE d eixará de se basear na

Decisão EPER, dando esta lugar a nova regulamentação comunitária.

Assim, a 21 de Maio de 2003, a Comunidade Europeia (CE) assina o Protocolo da UN -ECE sobre

Registos de Emissões e Transferência de Poluentes (Protocolo PRTR 7), o qual visa implementar uma

das directr izes constantes na Convenção de Aarhus 8, onde se reconhece que “o maior acesso do público

à informação sobre ambiente (…) contr ibui para uma maior sensibi l ização da população para as

questões ambientais (…) e, f inalmente, p ara um ambiente melhor” [7].

A aprovação do Protocolo PRTR surge com a Decisão da Comissão n.º 2006/479/CE, de 17 de Julho

(Decisão PRTR), tendo a implementação do mesmo sido definida através do Regulamento (CE) n.º

166/2006, de 18 de Janeiro (Regulamento PRTR).

O Inventário PRTR, que se assume então como o sucessor do EPER, apesar de ter por base os mesmos

princípios do Inventário que irá substituir , apresenta objectivos bastante mais ambiciosos. Os pontos de

divergência entre ambos assentam essencialment e nos seguintes aspectos:

- A t ipologia das emissões a monitorizar é mais abrangente, já que o Regulamento PRTR contempla

adicionalmente as emissões para o solo, as transferências para fora do local da instalação de águas

residuais e de resíduos perigosos/não perigosos e emissões de fontes difusas;

- A l ista de poluentes PRTR passa a incluir 91, em vez de 50, no caso dos registos EPER;

- A l ista de actividades abrangidas pelo Inventário PRTR encontra -se subdividida em 9 sectores (Anexo I

do Regulamento PRTR) e inclui ainda 9 novas actividades, não incluídas pelo regime PCIP/EPER. No

total, são 45 as actividades abrangidas por este novo regulamento;

- A part icipação do público passa a ser contemplada neste novo regulamento;

- A periodicidade da entrega destes registos passa a ser anual [9].

6 www.eea.europa.eu/ 7 Pollutant Release and Transfer Registers. 8 Convenção da UN-ECE sobre o Acesso à Informação, Participação do Público no Processo de Tomada de Decisão e Acesso. à Justiça em Matéria de Ambiente, assinada a 25 de Junho de 1998 pela CE.

5

Relativamente a esta últ ima alteração imposta pelo Regulamento PRTR, refira -se apenas que, no seu

art.º 21.º [7] é revogado o n.º 3 do art.º 15.º da Directiva PCIP [3], anteriormente transcrito.

O primeiro Inventário PRTR apresentará dados relativos ao ano de 2007 e será publicado pela Comissão

em Setembro de 2009, 3 meses após a apresentação do mesmo pelos Estados -Membros.

1.2.4. Acompanhamento da Aplicação da Directiva

No que se refere ao processo de acompanhamento da aplic ação da directiva, além dos já referidos

instrumentos (EPER, PRTR) e grupos de trabalho da CE (Fórum de Intercâmbio de Informação/Gabinete

Europeu PCIP, Comité EPER), a UE apoia -se ainda no trabalho desenvolvido pelo Grupo de Peritos

PCIP. Este, composto por representantes dos Estados -Membros, terá sido originalmente cr iado para

aprofundar o debate sobre questões relat ivas à transposição da directiva. Posteriormente, o referido

grupo de trabalho, dando cumprimento ao nº. 3 do art.º 16.º da Directiva PCIP [3], concentrou-se na

preparação dos questionários relat ivos à aplicação da Directiva PCIP, elaborados em conformidade com

os art.o s 5.º e 6.º da Directiva 91/692/CEE 9.

A Decisão da Comissão n.º 1999/391/CE de 31 de Maio, veio aprovar o primeiro dos menciona dos

questionários, respeitante ao período compreendido entre 2000 e 2002, inclusive [10]. Após a

elaboração do relatório que tomaria por base este questionário, os Estados -Membros dispuseram de “um

prazo de nove meses a contar do f inal do período de três a nos a que se refere” (art.º 5.º da Directiva

91/692/CEE10) para o enviar à Comissão.

No ano de 2003, a Comissão aprova um novo questionário mais completo através da sua Decisão n.º

2003/241/CE, de 26 de Março. O relatório resultante do preenchimento deste questionário teve como

período de referência os anos de 2003 a 2005 inclusive, apresentando o mesmo prazo de entrega que o

anterior, o que neste caso correspondeu a 30 de Setembro de 2006 [11].

Em Novembro de 2005, em resultado da análise do primeiro ciclo de questionários entregues pelos

Estados-Membros, a Comissão adoptou o seu primeiro Relatório PCIP [ 12], no qual incluiu um Plano de

Acções para apoiar os Estados -Membros, assegurando desta forma o pleno cumprimento da directiva.

1.2.5. Alterações Introduzidas na Directiva

Desde a entrada em vigor da Directiva PCIP, a 30 de Outubro de 1996, exactamente 20 dias após a sua

publicação no Jornal Oficial das Comunidades Europeias, esta foi submetida a algumas alterações.

A primeira, introduzida pela Directiva n.º 2003/ 35/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de

Maio, pretendeu reforçar a part icipação do público no processo de l icenciamento e cr iar disposições

sobre o acesso à justiça, contr ibuindo desta forma para a implementação das obrigações decorrentes da

Convenção de Aarhus (art.º 6.º e n. o s 2 e 4 do art.º 9.º, respectivamente).

Seguiu-se a alteração resultante da adopção, pelo Parlamento Europeu e o Conselho, da Directiva n.º

2003/87/CE, de 13 de Outubro, relat iva à criação de um regime de comércio de l icenças de emissão de

9 Directiva do Conselho, de 23 de Dezembro de 1991, relativa à normalização dos relatórios sobre a aplicação de determinadas directivas respeitantes ao ambiente. 10 Referência feita a este artigo no n.º 3 do art.º da Directiva PCIP.

6

GEE na Comunidade. A alteração introduzida por esta directiva visou garantir que não fossem

estabelecidos pela Directiva PCIP VLE relativos às emissões directas de GEE provenientes de

instalações abrangidas pela Directiva n.º 2003/87/CE. Foi ainda concedido aos Estados -Membros o

direito de optar por não impor normas relativas à eficácia energética de unidades de combustão

emissoras de dióxido de carbono (CO2) no local.

Com a publicação do Regulamento (CE) n.º 1882/2003 do Parlamento Europ eu e do Conselho, de 29 de

Setembro, é ainda alterado o art.º 19.º da Directiva PCIP, relat ivo ao Comité que assiste a Comissão

sempre que a esse mesmo art igo se faça referência.

Por últ imo, e sublinhando o anteriormente mencionado, ref ira -se a revogação do n.º 3 do art.º 15.º da

Directiva PCIP, pelo art.º 21.º do Regulamento PRTR.

1.2.6. Transposição pelos Estados-Membros

Em resultado de todo este enquadramento, torna -se evidente que a aplicação da directiva não subsiste

sem uma acção de âmbito comunitário e, de acordo com o princípio de subsidiariedade, essa aplicação

é da exclusiva responsabil idade dos Estados -Membros, cabendo-lhes a maioria das tomadas de decisão

relativas a normas ambientais vinculativas.

O prazo concedido pela Comissão para a transposição da Directiva PCIP pelos Estados -Membros foi de

três anos após a data de entrada em vigor da mesma (30 de Outubro de 1996), tendo por isso expirado

a 30 de Outubro de 1999 (art.º 21.º) [3].

Segundo o disposto no art.º 5.º desta directiva, o funcionamento de ac tividades PCIP, existentes 11 antes

da data de transposição para a ordem jurídica nacional, f ica condicionado à obtenção de uma l icença

ambiental até 30 de Outubro de 2007 (8 anos após a entrada em vigor da directiva). Relativamente a

instalações que pretendam iniciar actividade, a respectiva autorização de laboração está sujeita à

atr ibuição prévia de uma l icença no âmbito do regime PCIP.

1.2.7. Processo de Revisão da Directiva

Actualmente, encontra-se a decorrer um processo de revisão da Directiva PCIP e da legisl ação relativa

a emissões provenientes de instalações industr iais. Iniciada pela Comissão no f inal de 2005 [ 2], esta

revisão, que f icará concluída em 2007, não pretende alterar os princípios base da directiva nem as

exigências nela constantes, não deixando por isso os Estados-Membros e a indústr ia de estar sujeitos

ao pleno cumprimento da directiva até ao prazo por ela f ixado – 30 de Outubro de 2007. O objectivo

principal da revisão passa por melhorar a funcionalidade da directiva e a sua coerência e

complementaridade com outra legislação relativa a emissões industr iais.

Em suma, a Directiva PCIP, munida do seu sistema de licenciamento obrigatório, não se l imita a garantir

que sejam adoptadas pelos operadores de instalações PCIP medidas que, tanto quanto pos sível,

previnam a poluição, em part icular, mediante a aplicação das MTD. Os objectivos desta directiva

11 Na acepção do disposto no n.º 4 do art.º 2º da Directiva PCIP.

7

passam ainda pela implementação de uma gestão eficiente do consumo de energia e água; pela

prevenção da ocorrência de acidentes e l imitação das respectiv as consequências; pela reposição em

estado satisfatório do local de exploração, aquando da desactivação definit iva da instalação, entre

outros.

O processo de revisão/actualização das l icenças emit idas; uma monitorização ambiental mais efectiva e

eficaz; o acesso à informação e ainda a part icipação do público no processo de l icenciamento são

alguns dos pontos fortes que actuam durante a implementação deste instrumento da polít ica europeia. O

mesmo apresenta-se portanto como um elemento essencial de diversas estratégias temáticas em

desenvolvimento no âmbito do Sexto Programa Comunitário de Acção em Matéria de Ambiente 12 (2002-

2012), onde é reiterado o carácter prior itár io de uma execução mais eficaz da legislação comunitária em

matéria de ambiente [13].

Pelo anteriormente referido, a Directiva PCIP, na sua génese, conduziu a um corte radical com o

passado, em termos da respectiva metodologia e conteúdo, marcando o f im de um ciclo legislat ivo onde

o ambiente era abordado de forma compartimentada. Desde então, a poluição passou a ser prevenida na

sua origem, evitando-se ainda a transferência desta entre os diferentes meios.

1.3 . RE G IM E PCIP N O CO N T E X T O NA C IO N A L

1.3.1. Introdução

A transposição do regime PCIP para a ordem jurídica nacional ocorreu com a publicação do Decreto -Lei

n.º 194/2000, de 21 de Agosto (Diploma PCIP), cerca de 4 anos após a entrada em vigor da Directiva

PCIP, tendo-se excedido desta forma o prazo estipulado nessa regulamentação europeia - 30 de

Outubro de 1999.

Com a entrada em vigor do Diploma PCIP a 1 d e Setembro de 2000 (art.º 44.º) [14], f ica instituído em

Portugal a obrigatoriedade de obtenção prévia de l icença ambiental por parte das actividades

abrangidas pelo Anexo I do referido diploma, sem a qual não poderá ser concedida ao operador a

l icença ou autorização de instalação por este pretendida (art.º 22.º 13) .

De referir que, o princípio do l icenciamento ambiental encontra -se consagrado na legislação portuguesa

já desde 1987, com a publicação da Lei de Bases do Ambiente (Lei n.º 11/87, de 7 de Abri l): “A

construção, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e o exercício de actividades efectivamente

poluidoras dependerão do prévio l icenciamento pelo serviço competente do Estado responsável pelo

ambiente e ordenamento do terr itór io, sem prejuízo de outras l icenças exigíveis.” [15].

A actual redacção do Diploma PCIP resulta das várias alterações que têm vindo a ser introduzidas ao

longo do tempo:

- Revogação das disposições constantes da alínea e) do n.º 1 e o n.º 2 do art.º 31.º do Diploma PCIP,

12 Estabelecido a 22 de Julho de 2002, pela Decisão n.º 1600/2002/CE do Parlamento Europeu e do Conselho. 13 “O licenciamento ou a autorização da instalação integra a licença ambiental atribuída a essa instalação.” (n.º 2) [14].

8

segundo o Decreto-Lei n.º 152/2002, de 23 de Maio (art.º 55.º), relat ivo à d eposição de resíduos em

aterro [16];

- Alteração dos art.os 21.º e 40.º, introduzida pelo Decreto -Lei n.º 69/2003, de 10 de Maio (art.º 29.º) –

Licenciamento Industr ial [17];

- Alteração do art.º 10.º pelo Decreto -Lei n.º 233/2004, de 14 de Dezembro 14 (art.º 37.º) [18], o qual

transpõe a Directiva n.º 2003/87/CE, de 13 de Outubro (cr iação de um regime de comércio de l icenças

de emissão);

- Alteração dos art.o s 2.º, 17.º, 24.º, 25.º e 26.º e aditamento do art.º 25.º -A, pelo Decreto-Lei 130/2005,

de 16 de Agosto (art.o s 1.º e 2.º) [19] que adopta as alterações introduzidas na Directiva PCIP pela

Directiva 2003/35/CE, de 26 de Maio (acesso à informação e part icipação do público);

- Alteração dos art.o s 12.º, 20.º e 31.º do Diploma PCIP pelo Decreto -Lei 178/2006, de 5 de Setembro

(art.º 77.º), relat ivo ao actual regime geral da gestão de resíduos [20].

1.3.2. Actividades e Instalações Abrangidas

A l ista de actividades contempladas no Anexo I do Dip loma PCIP [14], em adaptação à realidade

nacional, difere apenas em algumas das subcategorias relat ivamente à Directiva que transpõe. As 6

categorias constantes neste anexo são as seguintes:

1) Indústr ias do sector da energia;

2) Produção e transformação de metais;

3) Indústr ia mineral;

4) Indústr ia química;

5) Gestão de resíduos;

6) Outras actividades.

Assim, uma dada instalação diz -se PCIP caso desenvolva uma actividade que corresponda exactamente

a uma das seis referidas categorias, seja ela activ idade principal (à qual normalmente corresponde o

código CAE15) ou secundária.

Na aplicação do Diploma PCIP, um dos aspectos fundamentais e já anteriormente referido no âmbito da

respectiva directiva, é a dist inção entre instalações “existentes” 16 e “novas” , relativamente à data de

entrada em vigor do diploma – 1 de Setembro de 2000.

O l icenciamento ambiental de novas instalações encontra -se contemplado nos art. o s 11.º e 12.º do

Diploma PCIP17.

Relativamente às instalações existentes, o art igo 13.º deste di ploma estabelece dois momentos dist intos

no seu processo de l icenciamento. Em resultado da criação de um procedimento de registo obrigatório

14 Alterado pelos Decretos-Lei n.º 243-A/2004, de 31 de Dezembro e n.º 230/2005, de 29 de Dezembro e posteriormente republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 72/2006, de 24 de Março. 15 Classificação Portuguesa das Actividades Económicas. 16 Na acepção do disposto na alínea g) do n.º 1 do art.º 2º do Diploma PCIP. 17 Actual redacção do art.º 12º dada pelo art.º 77º do Decreto -Lei n.º 178/2006, de 21 de Agosto [20].

9

dir igido às instalações existentes abrangidas pelo regime PCIP (alínea (a) do n.º 2), os respectivos

operadores f icaram sujeitos ao envio à autoridade competente da Ficha de Identif icação PCIP (Anexo V

do Diploma PCIP), até 28 de Novembro de 2000 (60 dias após entrada vigor). Ao cumprimento desta

exigência segue-se a obtenção obrigatória da l icença ambiental pelos oper adores até 30 de Outubro de

2007 (n.º 1 do mesmo art igo).

Refira-se que, apesar de o Diploma PCIP não estipular uma data l imite para a apresentação do pedido

de l icenciamento ambiental de instalações existentes, a antecipação do mesmo foi incentivada desde

2000 e até ao f inal de 2006, pela possibi l idade de candidatura ao Sistema de Incen tivos à Modernização

Empresarial18, podendo a obtenção desta l icença constituir uma majoração para a atr ibuição de

f inanciamento no âmbito do Programa de Incentivos à Moderni zação Empresarial (PRIME).

De referir que a efectiva implementação do regime PCIP assenta no enquadramento do procedimento de

l icenciamento ambiental nos regimes jurídicos existentes para o l icenciamento ou autorização das

actividades PCIP (art.º 27.º con jugado com os art. o s 28.º a 32.º), algo patente no n.º 2 do art.º 18.º do

Diploma PCIP: “O pedido de l icença ambiental faz parte integrante do correspondente pedido de

l icenciamento da actividade” [14].

1.3.3. Entidades Envolvidas

Em Portugal, o processo de l icenciamento ambiental de uma instalação PCIP tem por base a intervenção

de três entidades competentes definidas no Capítulo II do Diploma PCIP (em part icular, no seu art.º 3.º):

- Autoridade competente para a l icença ambiental, função atr ibuída ao Instituto d o Ambiente (IA);

- Entidade coordenadora do l icenciamento (ECL) – 22 possíveis19 [21];

- Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) – 5 no total.

A manutenção das suas competências é garantida pelo disposto nos art igos 5.º, 4.º e 6.º,

respectivamente [14].

Assim, ao IA (autoridade competente) cabe, não só a decisão sobre os pedidos de l icenciamento

ambiental, como também a coordenação e gestão administrativa de todo o procedimento, incluindo a

consideração de recomendações da Comissão Consult iva para a Prevenção e Controlo Integrado de

Poluição (CCPCIP) e a publicação/comunicação da referida decisão à CCDR envolvida e à Inspecção -

Geral do Ambiente e do Ordenamento do Terr itór io (IGAOT). O IA é ainda responsável pela comunicação

e intercâmbio de informação com a Comissão Europeia no âmbito do Diploma PCIP (ver art.º 5.º).

Atr ibuída consoante a t ipologia da actividade desenvolvida na instalação PCIP em causa, a ECL, além

de manter as competências relat ivas à concessão das autorizações ou l icenças de instalação (LI),

exploração (LE) e alterações da instalação, é ainda a responsável pela coordenação do processo de

l icenciamento no âmbito do Diploma PCIP. Assumindo -se como o interlocutor único do operador, entre

outras obrigações, compete à ECL remet er à CCDR a documentação apresentada pelo operador, à qual

18 Portaria n.º 687/2000, de 31 de Agosto. 19 Instituto dos Resíduos, Direcção Nacional da Polí tica de Segurança Pública, Direcção Geral (DG) de Geologia e Energia, DG de Veterinária, DG da Saúde, 5 CCDR, 5 Direcções Regionais (DR) da Economia, 7 DR da Agricultura.

10

a ECL pode acrescentar respectivo parecer eventualmente elaborado (ver art.º 4.º).

À CCDR localizada na área da instalação cabe, em conjunto com o IA, avaliar os pedidos de

l icenciamento ambiental e de renovação das l icenças, comunicando à ECL a decisão f inal sobre os

mesmos. (ver art.º 6.º e n.º 1 do art.º 20.º 20). A análise da “conformidade dos resultados das

monitorizações das emissões da instalação com as condições estabelecidas na l icença ambie ntal”

[alínea e) do art.º 6.º] é também da responsabil idade das respectivas CCDR.

Além das entidades anteriormente mencionadas, refira -se ainda a existência de uma Comissão

Consult iva para a Prevenção e Controlo Integrado de Poluição , cr iada pelo art.º 7.º do Diploma PCIP e

regulamentada pela Portaria n.º 1252/2001 (2ª série), de 20 de Julho, à qual foram atr ibuídas, entre

outras, competências relat ivamente ao estudo, selecção e estabelecimento das MTD a aplicar por sector

de actividade, para efeitos da emissão da l icença ambiental [22].

Por últ imo e, sem prejuízo das competências próprias das ECL ’s , a f iscalização do cumprimento das

condições impostas em sede de l icenciamento bem como a instrução de processos de contra -ordenação,

são da responsabil idade da IGAOT (art.º 33.º do Diploma PCIP) [14].

Em resultado da aprovação da nova Lei Orgânica do Ministério do Ambiente, do Ordenamento do

Terr itór io e do Desenvolvimento Regional pelo Decreto -Lei n.º 207/2006, de 27 de Outubro [23], é

operada a fusão do IA e do Instituto de Resíduos (INR) na Agência Portuguesa do Ambiente (APA) pelo

Decreto Regulamentar n.º 53/2007, de 27 de Abri l [24]. Nesse diploma são definidas a missão,

atr ibuições e t ipo de organização interna da APA. Enquanto Autoridade Nacional de Resíduo s (ANR), a

APA exerce as funções anteriormente exercidas pelo INR. De acordo com a Portaria n.º 573 -C/2007, de

30 de Abri l [25], o novo Departamento de Avaliação e Licenciamento Ambiental (DALA) da APA passa a

exercer as funções de autoridade competente de l icenciamento ambiental.

1.3.4. Processo de Licenciamento

De acordo com o disposto no n.º 1 do art.º 18.º do Diploma PCIP [14], a abertura de um processo de

l icenciamento ambiental neste contexto ocorre aquando da apresentação, pelo respectivo operador à

ECL, do pedido de l icença ambiental segundo o modelo previsto no referido diploma (n.º 3 do mesmo

art igo) e aprovado pela Portaria n.º 1047/2001, de 1 de Setembro – Formulário PCIP21 [26].

Após o envio do Formulário PCIP da ECL para a CCDR terr itor ialmente compete nte e desta para o

IA/APA, segue-se um período de dez dias de avaliação preliminar conjunta por parte da CCDR e do

IA/APA (art.º 19.º) [14], ao f im do qual este Instituto se deverá pronunciar sobre a conformidade dos

elementos apresentados pelo operador re querente. A suspensão deste prazo está prevista no n.º 5 do

art.º 19.º, aplicável apenas nos casos em que, durante o referido período de 10 dias, ocorra um pedido

de elementos em falta. Terminada esta fase, a CCDR deverá conduzir a consulta pública do pedi do de

l icença e assegurá-la pelo período de 15 ou 30 dias, consoante se trate de um projecto sujeito a

avaliação de impacte ambiental (AIA) ou não (art.º 24.º 22). Simultaneamente decorre a avaliação técnica

20 Segundo a nova redacção do art.º 20º, introduzida pelo Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro (art.º 77º). 21 Existe para este documento um Guia de Apoio ao Preenchimento. 22 Segundo a nova redacção do artigo, dada pelo Decreto-Lei n.º 130/2005, de 16 de Agosto.

11

do processo pelo IA/APA, devendo os elementos resultantes do processo de consulta pública fazer parte

integrante desta análise.

Neste contexto e, tendo em vista a elaboração conjunta de uma proposta de decisão sobre o

l icenciamento, cabe à CCDR pronunciar -se no que respeita aos descritores ambientais água e ar; ao

INR/ANR, no caso de l icenciamento de actividades de gestão de resíduos, cabe a análise relat iva ao

descritor resíduos; competindo ao IA/APA a verif icação dos pressupostos legais face aos requisitos

PCIP e o estabelecimento das demais condições da l icença a emit ir .

Considerando todos os contr ibutos das entidades envolvidas, o IA/APA dispõe de um prazo total de 60

ou 90 dias23, consoante o projecto em causa tenha ou não sido sujeito a prévia AIA, para emissão da

decisão sobre o pedido de licenciame nto ambiental, a qual deverá ser comunicada à IGAOT e à CCDR

que, por sua vez, a deve transmit ir à ECL (ver nova redacção do art.º 21.º 24) .

Em síntese, a interacção entre os principais intervenientes na emissão de uma l icença ambiental

processa-se, simpli f icadamente e em ambos os sentidos, da seguinte forma: «operador - ECL - CCDR -

IA/APA». Ao IA/APA competirá a coordenação de todo o processo, cabendo exclusivamente à CCDR a

orientação da consulta pública e à ECL a concessão de autorização ou l icença de

instalação/laboração/alteração da instalação, as quais constituirão parte integrante da l icença a emit ir.

A Figura A.1 do Anexo A pretende esquematizar e explicitar o anteriormente referido.

1.3.5. Condições do Licenciamento

Em termos das condições de l icenciamento propriamente ditas e segundo o art.º 10.º do Diploma PCIP,

a l icença ambiental f ixa os VLE para o ar e para a água relativamente aos poluentes característ icos da

instalação (especialmente para os constantes na l ista de substâncias reunidas no Anexo III d o presente

diploma). Esta determinação deverá ter por base os valores de emissão associados (VEA) às MTD

l istadas nos documentos de referência (BREF). De referir que, no presente contexto, o cumprimento dos

VLE corresponde ao grau de exigência mínimo, deve ndo os VEA às MTD ser posteriormente aplicados.

Assim, estabelecida caso a caso, a l icença ambiental define pormenorizadamente as diversas

obrigações do operador relat ivas às questões associadas a toda a gestão ambiental na fase de

exploração e de encerramento da instalação. Com esse intuito, na l icença constam os procedimentos a

adoptar nas diversas tarefas de gestão da actividade, em part icular, no que se refere ao controlo de

qualidade do meio hídrico (águas subterrâneas e superf iciais), à gestão de res íduos, ao controlo das

emissões para o ar e água, ao controlo do ruído, entre outros. O operador da instalação l icenciada

f icará sujeito à aplicação do plano de monitorização dos poluentes associados à actividade,

estabelecido na LA, bem como à obrigatorie dade de comunicar periodicamente à CCDR os dados

resultantes dessas análises e de enviar a resposta anual ao formulário EPER/PRTR (n.º 4 e 5 do art.º

8.º).

O operador f ica ainda obrigado a apresentar à autoridade competente documentação que reúna a

23 Prazos a contar a partir da data de recepção da documentação nesse Instituto. 24 Segundo a alteração introduzida pelo Decreto-Lei n.º 69/2003, de 10 de Abril.

12

informação necessária à verif icação do cumprimento das condições impostas na l icença - Relatório

Ambiental Anual (RAA) - e ainda um plano de acções a implementar no sentido da contínua melhoria do

desempenho da instalação l icenciada, nomeadamente através da apro ximação às MTD - Plano de

Desempenho Ambiental (PDA) 25.

Assim, além de integrar todas as exigências da l icença ambiental, o PDA deverá incluir a calendarização

das acções propostas, para um período de três a cinco anos, e respectivos prazos e meios envolvi dos.

Relativamente ao RAA, a enviar anualmente à autoridade competente, este documento deve incluir os

seguintes elementos:

- Âmbito;

- Ponto de situação relativamente às condições de operação (gestão resíduos, alterações

topográficas, controlo dos l ixiv iados, etc.) e à gestão de recursos (consumo água, energia);

- Ponto de situação relativamente aos sistemas de tratamento e pontos de emissão;

- Relatórios síntese da monitorização das emissões da instalação e monitorização ambiental, com

respectivas i lustrações gráficas da sua evolução;

- Síntese das emergências verif icadas e, subsequentes acções correctivas implementadas;

- Síntese das reclamações apresentadas;

- Ponto de situação relativamente à execução das metas do PDA previstas para o ano a que se

refere o relatório ambiental;

- Relatório síntese dos registos E-PRTR.

1.3.6. Renovação, Actualização, Caducidade ou Novo Pedido de Licença Ambiental

Segundo o disposto na alínea g) do art.º 10.º do Diploma PCIP [14], o período de validade atr ibuído à

l icença ambiental não pode em qualquer circunstância ser superior a dez anos, nem deverá ser inferior

a cinco anos, exceptuando os casos em que se considere necessário sujeitar a referida l icença a um

processo de actualização (n.º 2 do art.º 14.º), renovação antecipa da (n.º 3 do art.º 16.º) ou até,

anulação da mesma, a qual terá de ser acompanhada da formulação de um novo pedido de l icença

ambiental (n.º 3 do art.º 14.º).

Caso contrário, e f indo o prazo de validade da l icença, o operador da instalação PCIP deverá requ erer a

renovação da mesma (n.º 1 do art.º 16.º).

Por últ imo, ref ira-se que o operador estará sujeito à caducidade da l icença ambiental concedida sempre

que “decorr idos dois anos sobre a data da sua notif icação à entidade coordenadora do l icenciamento,

não t iver sido dado início à execução do respectivo projecto” (n.º 3 do art.º 23.º).

As l icenças ambientais emit idas até à data encontram -se disponíveis em

www.iambiente.pt/APA/index.htm .

25 A apresentar à autoridades competente (IA/APA) num prazo de seis meses após a data de emissão da licença, para respectiva aprovação.

13

2. SECTOR EM ANÁL IS E – ATERROS DE RSU (5 .4 ANEXO I )

2.1 . EN Q U A D R A M E N T O LE G AL – AT E R R O S /RE S ÍD U O S

2.1.1. Legislação de Aterros

- Directiva e Diploma Aterros:

Com o intuito de reduzir e/ou prevenir tanto quanto possível os impactes resultantes da deposição de

resíduos em aterro, evitando em part icular a poluição das águas de superfície, subterrâneas, o solo e a

atmosfera, foi aprovada a Directiva 1999/31/CE do Conselho, de 26 de Abri l (Directiva Aterros).

Um dos seus aspectos fundamentais assenta no seu carácter complementar relat ivamente ao Regime

PCIP. Segundo o n.º 2 do art.º 1.º [ 27], a regulamentação técnica reunida nesta directiva permite aos

aterros abrangidos pela Directiva PCIP, a concretização dos requisitos gerais constantes nesta últ ima.

Em part icular, a material ização dos instr umentos referidos nos n. o s 3 e 4 do art.º 9.º da Directiva PCIP

(VLE e MTD) baseia-se no cumprimento dos requisitos técnicos estabelecidos no Anexo 1 da Directiva

Aterros.

De sublinhar o facto de a aplicação da Directiva Aterros se concretizar ao longo de todo o ciclo de vida

da instalação, desde a sua construção até à obrigatória fase de manutenção após encerramento, algo

patente nos requisitos operacionais e técnicos reunidos nos seus anexos (Anexo I – Condições gerais

para todas as classes de aterros; An exo II – Critér ios e processos de admissão de resíduos; e Anexo III

– Processos de acompanhamento e controlo nas fases de exploração e após encerramento).

Para a transposição da Directiva Aterros para a ordem jurídica nacional os diferentes Estados -Membros

dispuseram de um período de dois anos, entre 16 de Julho de 1999 e a mesma data em 2001 (art.º

18.º). No caso de aterros existentes 26 à data de transposição da referida Directiva, foram concedidos

oitos anos (16 de Julho de 2009) para o total cumprimento d os requisitos impostos pela Directiva 27,

dependendo disso a manutenção do funcionamento destas instalações de gestão de resíduos (art. 14.º).

Falhando o prazo l imite para a transposição da Directiva Aterros, foi aprovado em Portugal o Decreto -

Lei n.º 152/2002, de 23 de Maio, referente à deposição de resíduos em aterro (Diploma Aterros). Este

instrumento lega estabelece não só os requisitos gerais a observar nas fases de concepção, construção,

exploração, encerramento e manutenção pós -encerramento, bem como as característ icas técnicas

específ icas para cada classe de aterros (ver art.º 1.º) [16].

Com a publicação em 2006 do já mencionado Decreto -Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro [20], o

Diploma Aterros viu o seu art igo 49.º revogado, alteração única sofr ida po r este diploma até aos dias de

hoje.

26 Aterro em exploração ou com concessão de licença. 27 Exceptuando os requisitos do ponto 1 do anexo I – Localização do aterro.

14

- Âmbito de aplicação:

Um aspecto de elevada relevância prende -se com a complementaridade verif icada entre o Regime PCIP

e o Diploma Aterros. Assim, do cruzamento entre os respectivos âmbitos de aplicação resultarão as

instalações de aterros abrangidas pelos pontos 5.1 e 5.4 do Anexo I do Diploma PCIP [14]:

- Sector 5.1: “Instalações de eliminação (…) de resíduos perigosos l istados no anexo II da Portaria

n.º818/9728, de 5 de Setembro”, que realizem a operação de elimi nação D1 (deposição em aterro),

definida no anexo IIA dessa Portaria;

- Sector 5.4: “Aterros de resíduos urbanos ou de outros resíduos não perigosos, com excepção dos

aterros de resíduos inertes, que recebam mais de 10 t por dia ou com uma capacid ade tota l superior a

25 000 t.”.

Relativamente à definição de “aterro”, a alínea i) do art.º 2.º do respectivo Diploma [16] considera como

tal toda a “instalação de eliminação para deposição de resíduos acima ou abaixo da superfícies natural,

incluindo:

- As instalações de eliminação internas (…);

- Uma instalação permanente (…);” (duração superior a um ano).

As instalações onde se processem as seguintes actividades encontram -se excluídas da definição

anterior:

- Descarga de resíduos com o objectivo de os preparar para serem transportados para outro local de

valorização, tratamento ou eliminação”;

- Armazenagem de resíduos previamente à sua valorização ou tratamento, por um período geralmente

inferior a três anos;

- Armazenagem de resíduos previamente à sua elimina ção, por um período inferior a um ano.

Também o Diploma Aterros contempla a dist inção entre as diferentes classe de aterros, mediante os

resíduos neles recebidos. Assim sendo, no seu art.º 4.º, consideram -se:

- Aterros para resíduos inertes (Secção I do C ap. II) ;

- Aterros para resíduos não perigosos – RNP (Secção II do Cap. II) ;

- Aterros para resíduos perigosos (Secção III do Cap. II) .

- Licenciamento:

Consequentemente, as instalações de aterros que se encontrem abrangidas por ambos os Diplomas

f icam sujeitas às condições neles impostas, sendo portanto necessário que a preceder a ob tenção

obr iga tór ia das l i cenças de ins ta lação e de exp loração (n . º3 do ar t . º 10 . º e a r t . º 11 . º do Dip loma

Ater ros) es te ja a a t r ibu i ção da l icença amb ien ta l (Reg ime PCIP) . Para os aterros sujeitos a

28 Portaria que aprovou o Catálogo Europeu de Resíduos (CER) e que foi posteriormente revogada pela Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março, na qual é aprovada a nova Lista Europeia de Resíduos (LER) [28].

15

l icenciamento municipal, a emissão da l icença de construção pela respectiva câmara municipal depende

da prévia emissão da l icença de instalação (art.º 12.º do mesmo Diploma).

No caso dos aterros alvo de análise no âmbito deste traba lho, aterros para RNP, em part icular, para

deposição de RSU, a emissão das respectivas l icenças de instalação e de exploração é da competência

da APA, enquanto ANR (art.º 37.º) [16].

Após a obtenção da l icença de instalação ao abrigo do art igo 14.º do Dip loma Aterros, há que dist inguir

duas situações possíveis. No caso de se tratar de uma instalação que pretenda iniciar actividade (aterro

novo), a sua l icença de exploração é emit ida ao abrigo do art igo 18.º. Os aterros existentes ( l icenciados

ou em funcionamento) à data de entrada em vigor do Diploma Aterros dispuseram do período de 1 ano

para regularizar a sua situação, devendo para tal ter entregue um plano de adaptação do aterro às

condições de funcionamento impostas no Diploma Aterros. Após aprovação do referido plano, segue-se

uma vistoria às instalações pela ANR (art.º 17.º) tendo em vista a posterior emissão da l icença de

exploração do aterro, desta vez, ao abrigo do art igo 50.º.

- Requisitos gerais/Característ icas técnicas específ icas:

No que se refere ao carácter admissível ou não dos resíduos a depositar em aterros, bem como às

regras a respeitar no controlo da sua admissão em aterro, o Diploma considera não só critér ios de

admissibi l idade gerais, como também específ icos para cada classe de aterro . Assim sendo, vejam-se:

- Art igo 5.º: Resíduos admissíveis nas diferentes classes de aterros;

- Art igo 6.º: Restr ições à deposição de resíduos em aterros;

- Secção V, do Cap. I: Controlo dos resíduos recebidos nos aterros;

- Art igo 32.º: Resíduos admissíveis em aterros para resíduos inertes;

- Art igo 35.º: Resíduos admissíveis em aterros para resíduos não perigosos;

- Art igo 41.º: Resíduos admissíveis em aterros para resíduos perigosos;

- Anexo III : Critér ios e processos de admissão de resíduos (cr i tér ios gerais e específ icos).

Refira-se que, posteriormente à publicação em Diário da República do Decreto -Lei n.º 152/2002, de 23

de Maio, surgiu a aprovação da Decisão do Conselho n.º 2003/33/CE, de 19 de Dezembro de 2002, na

qual são estabelecidos com maior pormenor os cr itér ios de admissão de resíduos em aterro a cumprir

em todos os Estados-Membros [29].

Na Secção VI do Capítulo I e no Anexo IV do Diploma Aterros [16] encontram-se reunidos os requisitos

gerais a satisfazer nas fases de exploração, ence rramento e pós-encerramento, já que esta ferramenta

legislat iva visa regular todo o ciclo de vida deste t ipo de instalações. Para uma melhor compreensão das

questões abordadas, expõe-se a síntese do referido anexo:

Anexo IV – Processos de acompanhamento e controlo nas fases de exploração e após encerramento:

Parte I – Processo de controlo na fase de exploração:

1. Controlo de assentamentos e enchimento;

2. Controlo dos l ixiviados;

3. Controlo das águas subterrâneas;

16

4. Controlo das águas superf iciais;

5. Bacias de l ixiviados;

6. Gases;

7. Outros requisitos;

Parte II – Processos de manutenção e controlo após encerramento:

8. Planta topográfica do local à escala de 1:1000;

9. Controlo ( l ixiviados, águas subterrâneas, assentamentos, etc.);

10. Manutenção (cobertura final do aterro, sistemas de drenagem e tratamento, etc.).

Chama-se a atenção para o facto de na Parte II do anexo em causa se fazerem dist inções entre as três

classes de aterros, no que se refere aos procedimentos a adoptar nas suas fase s de pós-encerramento.

Assim, após a data de encerramento da instalação, o t i tular da l icença f ica responsável pela

manutenção e controlo do aterro por um período não inferior a 30 anos no caso de aterros de resíduos

perigosos e não perigosos e 5 anos, par a os aterros de resíduos inertes (ponto 8.3 da Parte II do Anexo

IV).

Por últ imo, ref ira-se o Anexo II do Diploma Aterros onde são apresentadas as condições gerais e

part iculares para cada classe de aterro. Abaixo transcrevem -se as questões desenvolvidas nesse anexo:

Anexo II – Condições gerais para todas as classes de aterros:

1. Localização;

2. Controlo de emissões e protecção do solo e das águas;

2.1 Sistema de protecção ambiental passiva;

2.2 Sistema de protecção ambiental activa.

3. Estabil idade;

4. Equipamentos, instalações e infra -estruturas de apoio;

5. Encerramento e integração paisagística;

- Apresentação de relatórios:

De acordo com o disposto na alínea b) do art igo 18.º, o operador da instalação licenciada f ica ainda

obrigado a apresentar semestralmente à ANR relatórios que reúnam informação detalhada relativa aos

resíduos depositados, bem como os resultados do programa de controlo desenvolvido na fase de

exploração do aterro. Relembra -se que, no caso de aterros também abrangidos pelo Regime PCIP, os

seus operadores f icam simultaneamente sujeitos ao envio obrigatório à autoridade competente do

l icenciamento ambiental (APA – DALA) dos já referidos RAA´s e PDA’s ( ponto 1.2.5 do presente

trabalho), documentos que visam comprovar o cumprimento do estabelecido na l icença ambiental

emit ida.

17

- ENRRUBDA:

A Directiva Aterros, no seu art igo 5.º, estabelece ainda novas orientações relat ivas à gestão de resíduos

biodegradáveis. Assim, comprometeu -se os Estados-Membros à definição de uma estratégia nacional

para a redução dos resíduos biodegradáveis destinados aos aterros (ENRRUBDA) [30], que

ambicionasse e permit isse o cumprimento faseado dos objectivos definidos e transpostos para o art igo

7.º do Diploma Aterros [14]. Segundo este, os resíduos urbanos biodegradáveis (RUB) destinados a

aterros deveriam ser reduzidos de acordo com as seguintes percentagens (em peso e relat ivamente ao

quantitat ivo de RUB produzido em 1995) de admissão em aterro:

Tabela 2.1 – Limites de deposição de RUB

em Aterro (art.º 7.º, Diploma Aterros) [14].

Data % RUB Admissível

Janeiro de 2006

Janeiro de 2009

Janeiro de 2016

75

50

35

A intenção subjacente a esta disposição era não só diminuir a produção de gás metano proveniente dos

aterros e, consequentemente, contr ibuir para a diminuição do aquecimento global , como ainda prolongar

a vida úti l destas estruturas . A promoção das operações de valorização, reciclagem, compostagem,

produção de biogás, tr iagem e/ou recolha selectiva dos materiais estaria na base do sucesso deste

tarefa.

- BREF’s:

Por últ imo, destaque-se o facto de a Directiva Aterros e o decreto -lei que a transpõe se apresentarem

de extrema importância no âmbito da apl icação do Regime PCIP neste sector, já que funcionam como

substitutos do BREF ainda por desenvolver. No âmbito da gestão de resíduos (ponto 5 do Anexo I do

Diploma PCIP) existe apenas um documento de referência direccionado às Indústr ias de Tratamento de

Resíduos, o qual não abrange o ponto 5.4 do referido anexo da Directiva PCIP e, consequentemente, do

Diploma PCIP, já que este é menos abrangente (refere -se apenas a aterros de resíduos não perigosos).

2.1.2. Legislação de Resíduos

Em Portugal, na base do sistema normativo que suporta a gestão de resíduos está o Decreto -Lei n.º

178/2006, de 5 de Setembro (Diploma Resíduos), responsável pela transposição para a ordem jurídica

interna das Directiva n.º 2006/12/CE, de 5 de Abri l e n.º 91/689/CEE, de 12 de Dezembro, e sta últ ima

relativa aos resíduos perigosos.

Como objectivo prior itár io da polít ica de gestão de resíduos, o respectivo Diploma elege a redução da

produção destes e do seu carácter nocivo (art.º 6.º) [20], a qual deve anteceder as também

18

hierarquizadas operações de gestão de resíduos: a reuti l ização, a reciclagem/valorização e, como últ ima

opção, a el iminação definit iva do resíduo, nomeadamente a sua deposição em aterro (art.º 7.º).

Com a publicação deste diploma, é revogado o seu antecessor, o Decreto -Lei n.º 239/97, de 9 de

Setembro.

De acordo com o disposto no art igo 15.º do Diploma Resíduos, cabe aos planos específ icos de gestão

de resíduos a definir , estabelecer no domínio das diferentes áreas de actividades geradoras de resíduos

( industr ial, urbana, agr ícola e hospitalar) as prior idades estratégicas da respectiva área, as metas a

atingir, as acções a implementar e as regras orientadoras da discipl ina.

No que se refere à gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU) – área de interesse no âmbito do

presente t rabalho (deposição de RSU em aterro) – é de destacar a aprovação do novo Plano Estratégico

para os Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU II) para o período de 2007 a 2016, pela Portaria n.º

187/2007, de 12 de Fevereiro [31]. A elaboração deste instrumento de ref erência na gestão dos RSU

veio consubstanciar a revisão do seu antecessor, aprovado em 1997, e da ENRRUBDA, apresentada em

Julho de 2003.

Também na base de parte das orientações estratégicas do PERSU II esteve o Plano de Intervenção de

Resíduos Sólidos Urbanos e Equiparados (PIRSUE). A aprovação deste plano pelo Despacho n.º

454/2006 (2.ª série), de 9 de Janeiro [32], pretendeu contr ibuir para o cumprimento das metas europeias

de reciclagem e valorização, decorrentes das Directivas, relat ivas a embalagens e resíduos de

embalagens:

- Directiva n.º 94/62/CE, de 20 de Dezembro, transposta pelos Decretos -Lei n.º 366-A/97, de 20 de

Dezembro e n.º 162/2000, de 27 de Julho;

- Directiva n.º 2004/12/CE, de 11 de Fevereiro, transposta pelo Decreto -Lei n.º 92/2006, de 25 de Maio

[33].

Desta forma, o PERSU II vem incorporar uma série de requisitos e directr izes constantes nos diversos

instrumentos de gestão de RSU, apresentando -se abaixo os de maior relevância no contexto do

presente trabalho:

Tabela 2.2 – Metas a cumprir na gestão dos RSU [16, 33].

Metas a cumprir (%) (*1) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Em

bala

ge

ns

Valorização 50 60

Reciclagem 25 55 - 80

P/C 25 60

Plást. 15 22,5

Vidro 15 60

Metais 15 50

Madeira 15 15

RUB admissível em aterro (*2) 75 50 35

(*1) Valor de percentagem em peso dos resíduos.

(*2) Valores relat ivos ao ano de referência de 1995.

19

Para f inalizar a contextualização em termos legislat ivos, há ainda a referir a actual Lista Europeia de

Resíduos (LER), aprovada pela Decisão n.º 2000/532/CE, da Comissão, de 3 de Maio 29, a qual classif ica

os resíduos de acordo uma subdivisão em 20 grandes capítulos, atr ibuindo a cada resíduo um código de

6 dígitos. A existência de um asterisco (*) associado ao referido código indica que o resíduo em causa é

considerado perigoso, na acepção da alínea cc) da alínea u) do art.º 3.º do Diploma Resíduos [20]. A

Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março é a responsável pela transposição da referida decisão e

respectivas alterações por esta sofr idas [28].

2.2 . CA R A C T E R IZ A Ç Ã O D O AC T UA L ES T A D O D O SE C T O R

2.2.1. Sistemas de Gestão de RSU

Em Portugal, a gestão de resíduos processa -se de acordo três grupos dist intos:

- Gestão de resíduos por entidades públicas ou por concessionários (RSU);

- Gestão de resíduos integrados em fluxos específ icos/f i leiras (pneus, embalagens, veículos em fim de

vida, pi lhas, entre outros);

- Gestão descentral izada (resíduos não urbanos: industr iais, agrícolas e hospitalares).

No presente contexto, interessa -nos focar a atenções sobre os dois modelos de gestão integrada de

RSU, sustentados pela existência de dois t ipos de entidades gestoras que, de acordo com o constante

no PERSU II são definidos da seguinte forma:

- Os Sistemas Municipais (SM) ou Intermunicipais (Municípios isolados ou em associação): aqueles que

poderão ter operação directa ou concessionada, por concurso, a entidade pública ou privada de

natureza empresarial;

- Os Sistemas Mult imunicipais – SMM (por atr ibuição e concessão): os que apresentam gestão de

natureza empresarial atr ibuída pelo Estado a sociedades concessionárias de cap itais exclusiva ou

maioritar iamente público, resultantes da associação de entidades do sector público, designadamente a

Empresa Geral de Fomento (EGF) e as autarquias.

Os sistemas gestores de RSU hoje existentes Portugal Continental perfazem um total de 29 , 15 SMM e

14 SM, servindo uma população que em 2006 rondava os 10 110 271 habitantes e distr ibuindo -se pelos

cerca de 89 000 km2 [34] do terr itór io nacional continental de acordo com o apresentado na Figura B.1

do Anexo B do presente trabalho .

2.2.2. Produção e destino final de RSU

Segundo a definição adoptada pelo Diploma Resíduos, por “Resíduo urbano” deve entender -se “o

resíduo proveniente de habitações bem como outro resíduo que, pela sua natureza ou composição, seja

semelhante ao resíduo proveniente de habitações” (alínea dd) da al iena u) do art.º 3.º) [20]. Nesta

designação encontram-se abrangidos os materiais não só de origem doméstica, como também os que

provêm do sector de serviços, de estabelecimentos industr iais ou mesmo de unidades prestadoras de

29 Decisão posteriormente alterada pelas Decisões n.os 2001/118/CE, de 16 de Janeiro, 2001/119/CE, de 22 de Janeiro e 2001/573/CE, de 23 de Julho.

20

cuidados de saúde, desde que apresentem uma composição característ ica de resíduo doméstico.

Concretamente, a produção diária de resíduos não superior a 1100 l i tros por produtor corresponde a

uma produção de resíduo urbano, pelo que a respectiva gestão é assegur ada pelos municípios (n.º 2 do

art.º 5.º do Diploma Resíduos).

Dados estatíst icos reunidos no site do INR /ANR [35], indicam que a produção de RSU em Portugal

Continental excedeu, no ano de 2005, os 4,7 milhões de toneladas, o equivalente a uma capitação di ária

de 1,30 kg por habitante, por dia (cerca de 475 kg/hab.ano) 30. A evolução verif icada desde 1995 até

2005 foi a indicada na Figura 2.1.

4.100.000

4.200.000

4.300.000

4.400.000

4.500.000

4.600.000

4.700.000

4.800.000

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Pro

dução d

e R

SU

(to

n)

Figura 2.1 – Produção anual de RSU31 em Portugal Continental em 1995 -2005 [35].

Na Figura 2.2 pode-se observar a demarcada heterogeneidade apresentada pelos valores de produção

de RSU em Portugal Continental, para os diferentes Sistemas. Sem surpresas, os valores mais elevados

correspondem às cidades de Lisboa e Porto e regiões envolventes.

Figura 2.2 – Produção total de RSU em 2005, por Sistema [35].

30 Considerando uma população de 9.927.441 habitantes [35]. 31 A produção de RSU corresponde à soma das recolhas indiferenciada e selectiva (multimaterial e de RUB).

21

Na Tabela 2.3 abaixo apresentada está bem patente a evolução verif icada na área da gestão de

resíduos desde a aprovação em 1997 do PERSU I (aprovado em 1997), no qual fo ram definidas como

prior itár ias as seguintes medidas: a erradicação de l ixeiras, a execução de infra-estruturas de

tratamento e destino f inal de RSU e o apoio à reciclagem e recolha selectiva.

Tabela 2.3 – Evolução da tipologia e número de infra-estruturasde gestão de resíduos no período 1996–2005 [31].

Infra-estrutura 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Aterros de RSU 13 18 28 32 34 38 37 35 34 33

Lixeiras act ivas 341 324 115 85 56 30 0 0 0 0

Estações de Triagem 1 1 4 11 14 18 22 23 25 26

Estações de Transferência 1 2 13 23 41 54 67 75 75 78

Unidades de Valorização Orgânica 5 4 4 4 4 5 5 6 7 8

Unidades de Incineração c/ recup. energ. 0 0 0 0 1 2 2 2 2 2

Fonte: PERSU II.

De sublinhar que, a par com o progressivo aumento do número de aterros e restantes infra -estruturas de

apoio à gestão de resíduos preconizada no PERSU I, está o encerramento desde 1996 das 341 l ixeiras

existentes no terr itór io português e a sua total erradicação alcançada no ano de 2002. Refira-se ainda

que o aumento verif icado no número de aterros ex istentes permit iu a cobertura de 100% da população,

opostamente à reduzida percentagem de 26% em 1996 [ 36].

Dados consultados no site do INR/ANR [35], apontam ainda para a actual existência de cerca de 179

ecocentros e 26 806 ecopontos distr ibuídos pelo país.

No que se refere ao destino f inal atr ibuído aos RSU em Portugal Continental, a tendência verif icada no

período entre 1999 e 2005 (Figura 2.3) acompanha a evolução apresentada na Tabela 2.3: total

desaparecimento de l ixeiras até 2002 (categoria “Outros”), por oposição ao aumento da deposição em

aterros sanitár ios (72% nesse mesmo ano) e do aumento das restantes alternativas – recolha selectiva

mult imaterial, valorização energética e valorização orgânica.

62%

57%

60%

72%

69%

66%

65%

22%

12%

10%

8%

22%

21%

21%

20%

20%

20%

7%

0%

0%

0%

0%

3%

6%

2%

4%

3%

7%

7%

5%

4%

6%

4%

8%

5%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Aterros de RSU OutrosIncineração c/ recup. energia Valoriz. Org./CompostagemRecolha Selectiva

Figura 2.3 – Destino final dos RSU em Portugal Continental no período 1999 – 2005 [35].

Fonte: INR, Julho de 2007.

22

Ainda relativamente à informação constante na f igura anterior há que clarif icar algumas questões:

- A part ir de 2005 a valorização orgânica é também referente aos RUB recolhidos selectivamente ;

- A recolha selectiva inclui a recolha em ecopontos, porta-a-porta e ecocentros. Em 2005 iniciou-se a

recolha selectiva dos RUB (19 079 toneladas declaradas e 21 474 toneladas efectivamente valorizadas

organicamente) [35].

23

3. METODOLOGIA ADOPTADA

Apesar de a categoria 5.4 do Anexo I do Diploma PCIP (ver ponto 2.1.1, página 13) incluir 2 classes

dist intas de Aterros de RNP, os de RSU e os de RIB , o objecto de estudo do presente trabalho cinge -se

à análise do desempenho ambiental de Aterros de RSU que disponham já de Licença Ambiental.

Os Relatórios Ambientais Anuais (RAA) que os o peradores destas instalações têm de enviar anualmente

à autoridade competente do l icenciamento (IA/APA) funcionaram como a principal fonte de informação a

que se recorreu para a execução do presente trabalho. Refira-se que nenhum dos documentos se

encontrava disponível em formato digital.

Tendo em conta que se pretendia que a análise do desempenho das instalações seleccionadas incidisse

sobre um período não inferior a 3/4 anos de actividade, a data de emissão das l icenças ambientais

apresentou-se como o cri tér io preponderante na selecção das instalações de Aterros de RSU alvo de

estudo no presente trabalho.

Para cada instalação, o acompanhamento temporal dos documentos entregues ao longo dos anos pelo

respectivo operador teve por base critér ios comparativos que orientaram todo o processo . Assim, após

um estudo preliminar dos diferentes RAA’s, optou-se por analisar cada um dos aspectos ambientais de

relevância de forma sistemática, através do seu varr imento ao longo dos anos para cada uma das

instalações.

Em resultado do referido estudo preliminar, a questão da gestão dos l ixiviados destacou -se desde logo

como aspecto ambiental de elevada relevância neste t ipo de instalações, já que se verif icou a

dif iculdade em cumprir todos os requisitos exigíveis a uma adequada gestão deste t ipo de efluentes, em

part icular, o cumprimento dos VLE na descarga para a linha de água.

Nos casos em que se considerou necessário complementar a informação reunida nos RAA´s consultados

com dados de fontes dist intas, assinala-se devidamente este facto .

Dada a inexistência de documentos de referência, os usualmente designados BREF, dedicado s a este

part icular sector da gestão de resíduos, os aterros, procurou -se colmatar este vazio com outro

documento que pudesse nortear o trabalho a real izar. De uma extensiva pesquisa resultou a descoberta

de um completo guia, datado de Fevereiro de 2007 e elaborado pela Environment Agency (EA), pelo

Environment and Heritage Service (EHS) e pela Scott ish Environment Protection Agency (SEPA) ,

exclusivamente dedicado ao tratamento de l ixiviados: “Guidance for the Treatment of Landfi l l Leachate ”.

24

4. UNIVERSO DE ANÁLISE – 5 ATERROS DE RSU

4.1 . SE L E C Ç Ã O D O UN IV E R S O D E AN Á L IS E

No que se refere ao número de Aterros de RSU existentes em Portugal Continental abrangidos p elo

ponto 5.4 do Anexo I do Diploma PCIP (ver ponto 2.1.1, pág.13), e de acordo com dados disponíveis no

site do IA/APA [9], pela sua capacidade o total das 39 infra-estruturas deve dar resposta aos requisitos

impostos pelo Regime PCIP. Neste número estão incluídos 2 Aterros de RSU de gestão por parte de

empresas privadas, sendo os restantes 37 aterros geridos por 28 Sistemas Municipais/Mult imunicipas de

gestão de RSU. Daqui sobressai o facto de alguns dos sistemas serem responsáveis pela gestão de

mais de um Aterro Sanitário , até um máximo verif icado de três destas instalações. N a Tabela B.1 do

Anexo B do presente trabalho pode ser consultada a l istagem das 37 instalações de aterros municipais

actualmente existentes e abrangidos pelo Regime PCIP , as quais se poderão apresentar num dos vários

estados de desenvolvimento: em fase de obra, em exploração ou desactivadas.

Um aspecto importante a destacar é o facto de, apesar de estas insta lações possuírem l icença apenas

para a deposição de RSU, casos se verif icaram em que os Aterros de RSU receberam temporariamente

outro t ipo de RNP, como sendo os RIB, de forma a colmatar o défice de infra -estruturas existentes de

gestão municipal, exclusivamente dedicadas à deposição destes resíduos .

Na Figura 4.1 podem ser visualizados os números associados ao estado de l icenciamento (LE e/ou LA)

dos Aterros Municipais de RSU, à data – f inal de Agosto de 2007.

A conhecer, para a correcta interpretação da f igura, a data l imite est ipulada pelo IA/APA 32 para a

entrada do pedido de l icenciamento na ECL – 2 de Junho de 2007, após a qual não é possível garantir a

emissão da LA nos prazos estabelecidos pela lei – relembra-se, 30 de Outubro de 2007.

73%

38% 41%37 A

terr

os R

SU

Munic

ipais

8%

32%

0%

25%

50%

75%

100%

Com LE Com LA PCIP Em fase de

licenciam.

Pedido até

2.Jun.2007

S/ pedido até

Ago.2007

Figura 4.1 – Estado do licenciamento dos Aterros Municipais de RSU em Agosto de 2007 [9].

Legenda: LE – Licença de Exploração; LA – Licença Ambiental .

32 Autoridade Competente do Licenciamento Ambiental.

25

Da análise da Figura 4.1 ressalta o facto de apenas 38% das 37 instalações em causa estarem já

ambientalmente l icenciadas (14), sendo contudo expectável que até 30 de Outubro de 2007 este valor

at inja os 70% (38% + 32%), já que 32% do total das instalações se encontra actualmente em fase de

l icenciamento, tendo estas entregue na ECL o respectivo pedido até 2 de Junho de 2007 .

A assinalar que 92% de todas as instalações existentes procedeu já à entrega do seu p edido de

l icenciamento no âmbito PCIP.

A maioria dos Aterros de RSU é detentora de uma Licença de Exploração, cerca de 73%.

Nas Tabelas B.2 e B.3 do Anexo B constam as l istas de l icenças de exploração e ambientais emit idas,

respectivamente, pelo INR/ANR e pelo IA/APA.

Na Tabela 4.1 estão resumidos os dados relativos ao estado de cumprimento das LA’s emit idas até à

data (Agosto de 2007) às 14 das 37 instalações existentes, nomeadamente no que se refere à entrega

anua l dos RAA’s na autoridade competente de l icenciamento (IA/APA).

Tabela 4.1 – Estado de cumprimento da LA emitida ([35, 37], Ago.2007).

Operador da

instalação

Local ização da

Instalação

Data Emissão RAA

Licença

Ambiental

Licença de

Exploração 2002 2003 2004 2005 2006

RESIOESTE Cadaval 02.Set.2005 ( b ) - x x x x x

REBAT Celorico de Basto 30.Out.2001 13.Jan.2006 x x x x

RESAT Boticas 05.Nov.2001 26.Abr.2007 x x

RESIDOURO Lamego 13.Nov.2001 03.Nov.2005 x x x x x

Resialentejo Beja 30.Nov.2001 - x x x x

Gesamb Évora 04.Dez.2001 30.Mai .2005 x x x x x(a )

Ambi l i tal Sant iago do Cacem 15.Out.2004 26.Jan.2005 n.a. n.a. n.a. x

Lipor Maia 10.Ago.2005 15.Abr.2005 n.a. n.a. n.a. n.a. x

VALNOR Avis 21.Out.2005 14.Abr.2005 n.a. n.a. n.a. n.a. x

BRAVAL Póvoa do Lanhoso 12.Mai .2006 07.Out.2005 n.a. n.a. n.a. n.a. x

ALGAR Loulé (Sotavento) 28.Jun.2006 29.Dez.2005 n.a. n.a. n.a. n.a. x

VALORLIS Leir ia 08.Jun.2007 12.Abr.2005 n.a. n.a. n.a. n.a. n.a.

ERSUC Figueira da Foz 24.Ago.2007 10.Ago.2005 n.a. n.a. n.a. n.a. n.a.

Ambisousa Penafiel 30.Ago.2007 15.Fev.2006 n.a. n.a. n.a. n.a. n.a.

Legenda:

x – Relatório entregue.

n.a. – não apl icável . ( a ) – Relatório referente apenas ao 1.º semestre de 2006. ( b ) – Actual ização de l icença emit ida a 20 de Setembro de 2001.

Dos critér ios de selecção expostos na Metodologia (ponto 3, pág. 23), resultaram as 5 instalações cujo

operador se encontra assinalado a negrito na Tabela 4.1: RESIOESTE, REBAT, RESIDOURO,

Resialentejo e Gesamb. Consequentemente, o número de RAA’s analisados no conjunto dos 5 Aterros

de RSU perfez um total de 23 documentos.

26

4.2 . CA R A C T E R IZ A Ç Ã O D O S 5 S I S T E M A S D E GE S T Ã O D E RSU

Os 5 Aterros de RSU que serão alvo de estudo no presente trabalho são aqueles que servem os

municípios que integram cada um dos 5 Sistemas de Gestão de RSU salientados na Figura 4.2.

Figura 4.2 – Localização dos 5 Sistemas de Gestão de RSU alvo de estudo [35].

A representatividade da amostra escolhida relat ivamente à realidade nacional está patente na

percentagem do terr itór io nacional continental coberto pelos 5 Sistemas, cerca de 20%, com densidades

populacionais a variar entre 18 e 143 hab/km2 , valores que enquadrarem a média de Portugal

Continental (112 hab/km 2). A realidade observada nas regiões geridas pela Lipor (zona do Porto ) e pela

VALORSUL (zona de Lisboa) difere bastante da média nacional, verif icando -se, respectivamente,

valores que rondam os 1500 hab/km 2 e os 2000 hab/km 2.

A Tabela 4.2 resume os dados relativos ao ano de 2005 considerados relevantes na análise da

relevância estatíst ica da amostra escolhida.

27

Tabela 4.2 – Dados relativos ao Universo de Análise, para o ano de 2005 [34, 35].

Sistema Área População Produção de Capi tações Densid. Pop.

(km2 ) (hab) RSU (ton) (kg/hab.ano) (kg/hab.dia) (hab/km2 )

REBAT 1 271 181 380 50 693 279,5 0,77 143

RESIDOURO 1 715 112 747 34 745 308,2 0,84 66

RESIOESTE 2 749 387 781 195 800 504,9 1,38 141

Gesamb 6 400 158 323 81 221 513,0 1,41 24

Resialentejo 6 653 116 852 47 068 402,8 1,10 18

5 Sistemas 18 788 957 083 409 527 - - -

Portugal Continental 88 967 9 927 441 4 721 458 475,6 1,30 112

% (5 Sistemas/Total) 21,1 % 9,6% 8,7%

Em 2005, o conjunto do 5 Sistemas abrangia 21,1% da área de Portugal Continental, servindo 9,6% da

sua população, o equivalente à gestão de 8,7% dos RSU produzidos nesse ano.

4.3 . CA R A C T E R IZ A Ç Ã O D O S AT ER R O S D E RSU E M AN Á L IS E

Neste ponto do trabalho, iniciou -se a análise detalhada dos 4/5 RAA´s entregues por cada um dos

operadores dos 5 Aterros de RSU em estudo , desde 2002 até 2006 (Tabela 4.1, pág. 25). Esta análise,

além de ter t ido por objectivo obter uma caracterização detalhada destas instal ações e do respectivo

desempenho ambiental, visou também verif icar a correcção destes documentos, relat ivamente ao

exigido na Licença Ambiental – conteúdo e estrutura . Estes requisitos serão também alvo de avaliação

no âmbito do presente trabalho.

Deste ponto do trabalho em diante recorre -se a uma designação numérica das 5 Instalações (Aterro

Sanitário 1 a 5) com o intuito de manter a confidencial idade dos dados recolhidos nos RAA’s entregues

pelas respectivas entidades gestoras. A correspondência entre as diferentes designações pode ser

consultada na Tabela S.1 do Anexo Suplementar (S) , que pelas referidas razões, é mantido confidencial.

Nas Tabelas S.2 a S.6, 5 a 9 do Anexo S encontra-se compilada a caracterização geral dos 5 Sistemas

e dos Aterros de RSU por estes geridos. A sua elaboração teve por base a análise de 23 RAA´s e, no

que se refere à primeira das referidas caracterizações, os dados aí reunidos resultaram também da

consulta de fontes complementares: sites do INR /ANR e das respectivas entidades gestoras.

Na Tabela 4.9 pode ser consultada a informação que, por ter sido considerada bastante relevante, foi

recolhida do Anexo S e al i sintetizada, nomeadamente, a data de início de laboração das instalações e

as respectivas capacidades de encaixe , ou seja, o volume total do aterro disponível para a deposição .

4.3.1. Métodos de Deposição e Estação de Tratamento Águas Lixiviantes (ETAL)

Tendo sempre em vista o estudo da produção e gestão dos l ixiviados produzidos nas in stalações em

análise, é desenvolvido neste ponto do trabalho a forma como são explorados os 5 Aterros, em

part icular, qual o método de deposição adoptado em cada um deles . O grau de compactação dos

resíduos, as dimensões da frente de trabalho expostas à pr ecipitação, a frequência da cobertura dos

resíduos com uma camada de terra, entre outros, são factores de elevada importância que interferem

28

fortemente na qualidade e quantidade do l ixiviado produzido.

A jusante da produção do l ixiviado, é fundamental abordar dois importantes aspectos: o sistema de

tratamento adoptado – ETAL – e o destino dado aos respectivos produtos. Nos casos em que a

informação constante nos RAA’s não se mostrou suficiente, optou -se por consultar outras fontes, de

forma a colmatar algumas das falhas verif icadas.

Na Tabela 4.3, a caracterização dos métodos de deposição uti l izados em cada uma das cinco

instalações estudadas é feita de acordo com aspectos escolhidos pela sua potencial inf luência na

formação do l ixiviado.

Tabela 4.3 – Técnicas de deposição adoptadas nos 5 Aterros Sanitários em análise [38-42].

Técnicas Uti l izadas Instalações Estudadas

na Deposição de Resíduos AS-1 AS-2 AS-3 AS-4 AS-5

A granel com compactação in -s i tu x x x x x

Enfardados x x x

Cobertura diária com terra x x x x x

Densidade Projecto da massa de resíduos 0,65 ton/m3 0,65 ton/m3 (-) (-) 0,8 ton/m3

Dimensões da frente trabalho e célula (-) 500m2 x (1 – 2)m (-) 441m2 x 3m 144m2 x 0,5m

Al tura máxima da camada de resíduos (-) 80 cm (-) 80 cm ( a ) (-)

Camada de terras de cobertura diária (-) 15 – 20 cm (-) 5 – 6 cm ( b ) 10 – 15 cm

Volume das terras de cobertura 10% 10 % (-) (-) 10%

Legenda:

(-) Sem informação. ( a ) 20 cm, após compactação. ( b ) Cobertura semanal de terra de 15 – 20 cm.

AS – Aterro Sani tário.

Por “frente de trabalho” deve entender -se a área sobre a qual os trabalhos de deposição e compactação

se desenvolvem. O termo “célula” designa o volume de material depos itado (resíduos e terras de

cobertura) durante um período de laboração, geralmente um dia.

Refira-se que a análise dos RAA’s das diferentes instalações não se apresentou conclusiva

relat ivamente às razões que conduziram os respectivos operadores a optar entre uma deposição a

granel com posterior compactação e/ou uma deposição de fardos previamente compactados. A evolução

desta opção ao longo dos anos de exploração destes aterros também não se apresentou clara .

A apontar a área considerável da frente de trabalho no Aterro Sanitário 2, a qual torna a instalação mais

susceptível aos fenómenos de precipitação, um dos principais factores a considerar na quantidade de

l ixiviado formado.

Ainda relativamente à informação reunida na Tabela 4.3 e reportada nos RAA’s , chama-se a atenção

para o facto de, apesar de conforme com o exigido nas l icenças ambientais emit idas, em alguns casos

esta apresenta-se insuficiente, não permit indo o completo acompanhament o do desempenho da

instalação.

Nas cinco tabelas que se seguem são, tanto quanto possível, detalhadamente descritas as Estações de

Tratamento de Lixiviados existentes nas instalações analisadas, especif icando -se ainda qual a origem

do afluente aos sistemas e ainda o destino dos p rodutos resultantes dos processos de tratamento.

29

Tabela 4.4 - ETAL do Aterro Sanitário 1 [38, 43, 44].

Estação de Tratamento de Lixiv iados

Capacidade da Instalação: 200 m3 /dia (a )

Órgãos da ETAL:

- 3 Lagoas Arejadas (capacidade: 35.000 m 3 /dia) ( b ) :

- Lagoa de Homogeneização;

- Lagoa de Regularização de caudal ;

- Tratamento Biológico ( lamas act ivadas com arejamento prolongado);

- Pré-Tratamento da Osmose Inversa ( c ) :

- Crivo (malha de 1 mm);

- 2 F i l t ros de Areia pressurizados, em paralelo;

- 2 Fi l t ros de Cartucho, em paralelo.

- Unidade de Osmose Inversa, em 2 fases, contentorizada e em contínuo (Capacidade: 200 m 3 /dia).

Afluentes ao Sistema:

- Águas residuais domésticas

- Águas pluviais contaminadas;

- Ef luente proveniente de três separadores de hidrocarbonetos;

- Lix iv iados gerados no aterro.

Destino dos produtos do Sistema:

- Descarga do permeado na l inha de água – r ibeira da Amieira;

- Recirculação do concentrado da 1ª fase OI para in ício do tratamento e da 2ª di rectamente para o aterro ( d ) .

Legenda : ( a ) Valor l imi tado pela capacidade de tratamento da Osmose Inversa. ( b ) Aumento da capacidade de regularização da ETAL concluída em Agosto de 2004 (mais 2 lagoas). ( c ) De acordo com [43]. ( d ) Informação constante em: [43, 44].

Está prevista a substituição do actual esquema de tratamento em funcionamento nas instalações do

Aterro Sanitário 1. O objectivo é aumentar a capacidade de tratamento para 250 m 3 /dia e alterar o

destino dado ao efluente tratado, sendo este futuramente descarregado no respectivo colector

municipal.

O novo Sistema de Tratamento de Lixiviados deverá ser composto pelos seguintes elementos:

- Lagoa 1: de homogeneização;

- Lagoa 2: de regularização de caudais;

- Tratamento Físico-Químico: Coagulação/Floculação/Decantação;

- Decantador Secundário;

- Unidade de Tratamento de Lamas: Silo e Sistema de Desidratação.

A conjugação entre os Tratamentos Físico -Químico e Biológico será a substituta da actual Unidade de

Osmose Inversa. Apesar de estarem já concluídas a obras de reformulação da ETAL (desde Março de

2006) e de o operador dispor já da l icença para a descarga das águas residuais tratadas no colector

municipal, falta ainda f inalizar a construção da l igação da ETAL ao referido colector, a qual está

prevista para Setembro de 2007. Até lá, permanece activado o tratamento baseado na Unidade de

Osmose Inversa [40, 2006].

30

Tabela 4.5 – ETAL do Aterro Sanitário 2 [39, 43, 45].

Estação de Tratamento de Lixiv iados

Capacidade da Instalação: 96 m3 /dia (69,4 m3 /dia até ao f inal de 2005) ( a )

Órgãos da ETAL:

- Lagoa de Arejamento/Depuração (tempo retenção: 39 dias) ;

- Lagoa de Armazenamento/Regularização de caudal (desde Setembro de 2006);

- Pré-Tratamento da Osmose Inversa ( b ) :

- Crivo;

- 2 Fi l t ros de Areia, em paralelo;

- 2 Fi l t ros de Cartucho, em paralelo.

- 2 Sistemas de Osmose Inversa – OI (Q_max OI I : 96 m 3 /dia; Q_max OI I I : 221,2 m 3 /dia) ( c ) .

Afluentes ao Sistema:

- Águas residuais domésticas (edi f íc io administrat ivo);

- Águas da prensagem dos resíduos/ lavagem do equipamento;

- Lix iv iados gerados no aterro.

Destino dos produtos do Sistema:

- Descarga do permeado da OI na l inha de água – r ibeira de Fiães (bacia hidrográf ica do Douro);

- Recirculação do concentrado da OI para o aterro ( d ) .

. Legenda : ( a ) Valor constante em [39, 2005]. De acordo com [45], a capacidade da instalação é de 120 m 3 /dia. ( b ) De acordo com [43]. ( c ) Segunda unidade alugada em Dezembro de 2005. ( d ) Informação com origem em di ferentes fontes: [ 43, 45], além de [39, 2006].

Tabela 4.6 - ETAL do Aterro Sanitário 3 [40 (2006), 43, 46].

Estação de Tratamento de Lixiv iados

Capacidade da Instalação: (-)

Órgãos da ETAL:

- 2 Lagoas Arejadas de Regularização de caudal e Homogeneização;

- 2 Reactores Biológicos :

- Tanque Anóxico (Desni tr i f icação);

- Tanque de Lamas Activadas com arejamento prolongado (Ni tr i f ic ação).

- Decantador Secundário ( a ) ;

- Pré- Tratamento da Osmose Inversa ( b ) :

- Crivo;

- 2 Fi l t ros de Areia, em paralelo;

- 2 Fi l t ros de Cartucho, em paralelo.

- 2 Unidades de Osmose Inversa em paralelo, com 3 fases de tratamento (capacidade: 320 m 3 /dia) ( c ) ;

- Espessamento e desidratação das lamas.

Afluentes ao Sistema:

- Águas residuais domésticas (provenientes das instalações do aterro e do aglomerado de Bigorne);

- Águas da prensagem dos resíduos/ lavagem do equipamento;

- Lix iv iados gerados no aterro.

Destino dos produtos do Sistema:

- Descarga do permeado na l inha de água – r ibeira de Poldras (bacia hidrográf ica do Douro);

- Recirculação do concentrado da OI para o aterro ( c ) .

Legenda : ( a ) Construído em 2004. ( b ) De acordo com [43]. ( c ) Segunda Unidade de Osmose Inversa instalada em Setembro de 2002. ( d ) De acordo com [40, 2006] e Relatório de Inspecção em 2004, pela IGAOT [ 46].

31

Tabela 4.7 – ETAL do Aterro Sanitário 4 [43, 47].

Estação de Tratamento de Lixiv iados ( a )

Capacidade da Instalação: (-)

Órgãos da ETAL antes da remodelação:

- Lagoa Arejada de Equal ização/Regularização ;

- Decantador Primário (volume út i l : 17 m 3 , tempo de retenção: 4h) ;

- Tratamento Físico-Químico (b ) ;

ou

- F i l t ro EPI (f i l t ro de areia com vent i lação forçada);

- 3 Tanques (s infonado, anóxico, de arejamento com recirculação);

- Decantador Secundário;

- Espessador de Lamas;

- Lei tos de Secagem.

ou

- Recirculação ao aterro.

ou

- Tratamento Físico-Químico (b ) :

- Tanque de Mistura Rápida (400 l i t ros);

- Tanque de Mistura Lenta (1000 l i t ros);

- Decantador F -Q (igual ao Dec. Prim.);

- Tanque de Neutral ização (400 l i t ros). ----> Linha de Água

Capacidade da Instalação: 100 m3 /dia

Órgãos da ETAL após remodelação:

- Lagoa Arejada de Equal ização/Regularização;

- Lagoa de Equal ização/homogeneização com elevação (volume út i l : 578 m 3 );

- Decantador Primário (sem al terações);

- Tratamento Físico-Químico (sem al terações);

- Tratamento Biológico com Nitr i f icação/Desni tr i f icação – Lamas Activadas (do tipo SBR ( c ) ).

ou

- Tratamento Biológico com Nitr i f icação/Desni tr i f icação – Lamas Activadas (do tipo SBR ( c ) );

- Lagoa de Maturação/Reuti l ização (volume út i l : 629 m 3 );

- Lei tos de Macróf icas (volume út i l : 1.411m 3 ). . ---> Linha de Água.

e

- F i l t ro de Banda (espessamento das lamas).

Afluentes ao Sistema:

- Águas residuais domésticas produzidas nas instalações do aterro;

- Águas residuais resul tantes de lavagens;

- Lix iv iados gerados no aterro.

Destino dos produtos do Sistema:

- Descarga do ef luente na l inha de água – af luente ao Barranco do Louredo (bacia hidrográf ica do Guadiana) .

Legenda: ( a ) De acordo com o Projecto da Al teração da ETAL, de Dezembro de 2003 [ 47]. ( b ) Aplicado como Tratamento Secundário ou como Afinação no f inal de processo. ( c ) SBR: Sequencing Batch Reactor.

As alterações introduzidas na ETAL do Aterro Sanitário 4 deveram-se ao facto de esta infra -estrutura vir

de futuro a ser part i lhada com um Aterro de Resíduos Industr iais Não Perigosos instalado no mesmo

concelho e em exploração desde Janeiro de 2005.

Salienta-se aqui o facto de nos RAA’s entregues não ter sido notif icada a intenção destas alterações.

32

Tabela 4.8 – ETAL do Aterro Sanitário 5 [42 (2003), 43, 48, 49].

Estação de Tratamento de Lixiv iados

Capacidade da Instalação: 60 m3 /dia (caudal médio) ( a )

Órgãos da ETAL:

- 4 Lagoas Anaeróbias de Regulariza ção, em paralelo (capacidade: 2 x 5000 m 3 ) (b ) ;

- Pré-Tratamento da Osmose Inversa ( c ) :

- 2 Fi l t ros de Areia, em paralelo;

- 3 Fi l t ros de Cartucho de 10 m, em paralelo.

- Unidade de Osmose Inversa, em 2 fases e contentorizada.

- 1.ª Fase: 3 estágios de tratamento;

- 2.ª Fase: Af inação do permeado.

Afluentes ao Sistema:

- Águas residuais domésticas produzidas nas instalações do aterro;

- Águas residuais resul tantes de lavagens;

- Lix iv iados gerados e recolhidos no aterro.

Destino dos produtos do Sistema:

- Descarga do permeado na l inha de água – af luente à r ibeira de Viscossa (bacia hidrográf ica do Sado);

- Recirculação do concentrado: - da 1ª fase OI para as lagoas de regularização;

- da 2ª fase da OI para o tanque de entrada da Unidade de OI ( d ) .

Legenda: ( a ) Dado apenas encontrado na l icença ambiental emitida a esta instalação no ano de 2001 [48]. ( b ) Número resul tante da dupl icação da capacidade de regularização da ETAL no 2.º semestre de 2003 [ 42, 2003]. ( c ) De acordo com [43].

( d ) Contudo, e segundo o Relatório de Inspecção , efectuada em Abri l 2004 [49], o operador do aterro tencionava

passar a injectar este efluente na célula de deposição.

Da análise das 5 tabelas anteriores, é evidente a predominância da preferência pelos Sistemas d e

Osmose Inversa (OI) como tratamento f inal dos l ixiviados produzidos. Apenas no caso do Aterro

Sanitário 4 este sistema é preterido, tendo o operador optado p ela combinação entre um Tratamento

Físico-Químico e um Tratamento Biológico.

Outro aspecto part icularmente relevante refere-se ao destino dado ao concentrado resultant e dos

sistemas de OI. Na quase total idade dos casos, verif icou -se a recirculação directa deste produto do

tratamento por OI para o corpo do aterro , sendo que em apenas um deles exist ia a intenção de adoptar

esta prática (de acordo com [49]).

Sublinha-se ainda o facto de se ter apresentado como necessária a consulta de fontes dist intas dos

RAA’s, dada a dif iculdade em caracterizar detalhadamente os diferentes Sistemas de Tratamento dos

Lixiviados.

A Tabela 4.9 seguidamente apresentada sintetiza a informação apresentada no presente capítulo.

33

Tabela 4.9 – Principais características dos 5 Aterros em análise e respectivas ETAL’s [38-42] .

Insta lações

em aná l ise

Data de

In íc io de

Exp loração

Capacidade

de Enca ixe

(m 3 ) ( a )

Dimensões

da Frente de

Traba lho (m 2 )

Capacidade de

Tra tamento da

ETAL (m3 /d ia )

Capacidade de

Tra tamento da

OI (m 3 /d ia )

AS-1 Jan. 2002 3 .316.923 - 200 ( b ) 200

AS-2 Nov. 2001 1 .394.600 500 96 ( c ) I : 96 e I I : 221,2

AS-3 Nov. 2001 548.000 - - 320

AS-4 Dez. 2001 841.624 441 100 n .a .

AS-5 Jan. 2002 1 .320.000 144 60 -

Legenda:

( a ) Informação ret i rada das Tabelas S.2 a S.6 no Anexo S (conf idencial ) do presente trabalho.

( b ) O valor da capacidade do sistema de Osmose Inversa é o l imi tante da capacidade global da ETAL. ( c ) 69,4 m3 /dia até a instalação da 2ª Unidade de OI, em Dezembro de 2005.

AS – Aterro Sani tário .

ETAL – Estação de Tratamento de Águas Lixiviantes.

OI – Osmose Inversa.

Os dados reunidos na Tabela 4.9 evidenciam critérios de dimensionamento muito dist intos, com

capacidades de encaixe a oscilar entre os 548.000 m3 e os 3.316.923 m3 e frentes de trabalho de ordem

nunca inferior à centena de m 2 .

34

5. DISCUSSÃO DOS RESULT ADOS

5.1 . IN T R O D U Ç Ã O - L IX IV IA D O S

Elaborada a caracterização dos 5 Aterros Sanitários em análise e respectivos sistemas gestores, no que

se refere às suas dimensões e aos seus modos de operar, segue-se o estudo detalhada do desempenho

ambiental destas 5 instalações de eliminação de resíduos, incidindo a análise sobre os l ixiviados

produzidos e gestão adoptada.

O termo “l ixiviados” denomina o líquido que, tendo estado em contacto com a massa de resíduos

depositados num aterro, dissolveu os seus contaminantes, transferindo-os da fase sólida para a fase

líquida. Estes podem incluir elementos/compostos orgânicos e inorgânicos, muitos dos quais resultantes

da degradação biológica sofr ida pelos resíduos. A origem deste líquido percolador está na própria

humidade contida nos resíduos 33 ( l ixiviado primário) bem como nas águas que penetram no aterro –

precipitação34, escoamentos superf iciais ( l ix iviado secundário).

A qualidade e a quantidade de l ixiviado formado varia grandemente de aterro para aterro, dependendo

de uma série de importante factores: cl ima, topografia do terreno, cobertura do aterro, vegetação na

área envolvente e, evidentemente, t ipo de resíduos depositados , em part icular, a respectiva fracção

biodegradável .

Além da referida variação verif icada em termos espaciais, há ainda a considerar a variação temporal

sofr ida pelo l ixiviado de um qualquer aterro. As suas característ icas irão oscilar durante toda a vida do

aterro, ao longo das diferentes fases da decomposição progressiva dos resíduos depositados, a qual se

pode prolongar por décadas. Este aspecto é de extrema importância quando se pretende seleccionar o

método mais adequado para o tratamento do l ixiviado, devendo ter sempre presente que a escolha

poderá implicar alterações ao longo da vida úti l do aterro, no sentido da adaptação às modif icações das

característ icas desta água residual bem part icular.

No processo de decomposição dos RSU depositados e simultânea produção de biogás e l ixiviado podem

considerar-se 4 fases dist intas: Aerobiose, Acidogénese, Metanogénese e Maturação (ver Figura 5.1).

Figura 5.1 – Fases da decomposição de resíduos num aterro [50].

33 Alguns investigadores apontam para uma produção de lixiviados em torno dos 5 – 10% do teor em água dos resíduos [51]. 34 De acordo com um estudo efectado na Alemanha em 15 Aterros Sanitários, 3,3 – 58,2% da precipitação média anual foi responsável pela produção dos respectivos lixiviados [51].

35

Na maior parte dos aterros de RSU não é invulgar que as referidas fases se processem nos primeiros 15

anos de vida da instalação [52].

Durante a primeira fase, que pode durar alguns dias ou semanas, mas que geralmente não excede um

mês [52], a humidade contida nos resíduos e l ibertada devido à sua compactação assume um papel

importante na formação inicial dos l ixiviados. A decomposição biológica da componente orgânica

biodegradável do RSU ocorre em condições aeróbias graças ao ar que f ica retido no aterro . O solo

usado na cobertura diária dos resíduos é a principal fonte de microorganismos responsáveis por esta

decomposição.

Segue-se uma fase anaeróbia, a Acidogénese, na qual o abaixamento do pH do lixiviado até um valor

mínimo próximo de 5 se deve ao efeito das elevadas concentrações de CO 2 no aterro e à presença de

ácidos orgânicos dissolvidos [50], resultantes da decomposição compostos orgânicos degradáveis,

sobretudo macromoléculas . Atingido o valor mínimo de pH, os valores de CBO 5 35, CQO36 e da

condutividade do l ixiviado apresentam o seu pico ( devido às elevadas concentrações de ácidos

orgânicos dissolvidos) . Valores de CBO 5 > 10.000 mg/l e maiores que 0,737 para a razão CBO 5 /CQO, a

qual ref lecte as variações na biodegrabil idade do l ixiviado , são característ icos desta fase [52]. Também

a solubil ização de muitos constituintes inorgânicos, como sendo metais pesados e azoto amoniacal, é

maximizada pela elevada acidez do l ixiviado. A Acidogénese pode desenvolver-se durante vários meses

ou mesmo anos [45].

Na Metanogénese, dá-se a conversão de ácido acético (CH3COOH) e gás hidrogénio em metano e

dióxido de carbono – biogás (CH4 , CO2) , acompanhada pela subida gradual do s pH, até à estabil ização

em valores neutros ou l igeiramente alcalinos (6,8 – 8,0) [50]. Esse aumento do pH do l ixiviado à medida

que os ácidos são consumidos, conduz à redução da condutividade e carga orgânica e inorgânica

(metais pesados) deste líquido . Associada à mais célere redução da CBO5 relat ivamente à CQO, está a

diminuição da razão CBO5 /CQO. Apesar da diminuição generalizada das concentrações no l ixiviado,

alguns poluentes, como o azoto amoniacal, podem ainda permanecer consideravelmente concentrados

[45, 52].

A últ ima das 4 fases de decomposição dos resíduos depositados, a Maturação, ocorre a pH constante,

quando toda a matéria orgânica faci lmente biodegradável foi já degradada. A produção de biogás

decresce, à medida que os ácidos vão sendo consumidos , sendo que as baixas concentrações de CQO

no l ixiviado se devem sobretudo à presença de matéria refractária, os ácidos húmico e f lúvico de

elevado peso molecular [50, 52]. No l ixiviado estabil izado, são de esperar valores da razão CBO 5 /CQO

inferiores a 0,1 [53].

De acordo com Tchobanoglous (1993) [50], no início da vida do aterro a referida razão, apresenta

geralmente valores superiores a 0,5. No caso de se tratar de um l ixiviado de um aterro na fase da

maturação, serão de esperar valores contidos no intervalo 0,05 – 0,2.

Além da razão CBO5 /CQO, também outras entre algumas das principais característ icas físico -químicas

do l ixiviado, tal como CQO/COT e SO 4 2 - /Cl - , podem reflectir a composição da matéria orgânica contida

35 Carência Bioquímica de Oxigénio. 36 Carência Química de Oxigénio. 37 Valor indicativo de uma avantajada predominância de materiais orgânicos biodegradáveis.

36

neste, a qual, por sua vez, está int imamente relacionada com a idade do l ixiviado, ou seja, com o seu

grau de estabil ização. Em part icular, elevados decaimentos do valor da razão SO 4 2 - /Cl - fornecem

valiosas indícios relat ivamente às avançadas condições de anaerobiose verif icadas no aterro [ 54].

Comum às três referidas razões, é o facto de todas decrescerem com o avançar da idade do aterro.

A elevada variabil idade da qualidade/quantidade do l ixiviado produzido , tanto de aterro para aterro como

na escala temporal , dif iculta a sistematização de dados, de extrema importância na difíci l tarefa da

escolha do tratamento mais adequado a esta part icular água res idual.

Nas Tabelas 5.1 e 5.3 estão reunidos dados relativos à composição típica de l ixiviados de aterros em

diferentes fases da sua vida. Refira -se, contudo, que a compilação destes dados reporta à década de

90, sendo por isso de esperar que a mesma esteja já um pouco desactualizada já que, a acompanhar a

progressiva evolução ao longo das décadas da composição do resíduo doméstico está um l ixiviado

também em permanente mutação.

Para melhor compreender a força da carga poluente de um l ixiviado, é feita a c omparação entre as

concentrações típicas encontradas num lixiviado e numa Água Residual Doméstica - ARD (Tabela 5.2 e

Tabela 5.3) .

Tabela 5.1 – Composição típica de lixiviados em diferentes fases, de acordo com duas fontes [50, 55].

Parâmetros

medidos em

mg/l ( a )

Adaptado de [55] (1989) Adaptado de [50] (1993)

Fase Ácida Fase Metanogénica Aterro jovem

(< 2 anos)

Aterro velho

(> 10 anos)

Intervalo Média Intervalo Média Intervalo V. Típico Intervalo

pH 4,5 – 7,5 6,1 7,5 – 9,0 8 4,5 – 7,5 6 6,6 – 7,5

CBO5 4.000 – 40.000 13.000 20 – 550 180 2.000 - 30.000 10.000 100 – 200

CQO 6.000 – 60.000 22.000 500 – 4.500 3.000 3.000 - 60.000 18.000 100 – 500

CBO5 /CQO - 0,58 - 0,06 0,5 – 1,0 - 0,05 – 0,2

COT - - - - 1.500 - 20.000 6.000 80 – 160

SST - - - - 200 - 2.000 500 100 – 400

N Amoniacal 30 – 3.000 750 * * 10 – 800 200 20 – 40

Ni tratos 0,1 – 50 3 * * 5 – 40 25 5 – 10

N Total 50 – 5.000 1.250 * * 10 – 800 200 -

Cloretos 100 – 5.000 2.100 * * 200 – 3.000 500 100 – 400

Sul fatos 70 – 1.750 500 10 – 420 80 50 – 1.000 300 20 – 50

Fósforo total 0,1 - 30 6 * * 5 – 100 30 5 – 10

Ferro total 20 – 2.100 780 3 – 280 15 50 – 1.200 60 20 – 200

Magnésio 50 – 1.150 470 40 – 350 180 50 – 1.500 250 50 – 200

Cálcio 10 – 2.500 1.200 20 – 600 60 200 – 3.000 1.000 100 – 400

Potássio 10 – 2.500 1.100 * * 200 – 1.000 30 50 – 400

Sódio 50 – 4.000 1.350 * * 200 – 2.500 500 100 – 200

Dureza ( b ) - - - - 300 – 10.000 3.500 200 - 500

Alcal in idade ( b ) 300 – 11.500 6.700 - - 1.000 – 10.000 3.000 200 – 1.000

Legenda: ( a ) Excepto para o pH que não apresenta unidades (escala Sorensen) e para a razão CBO 5 /CQO (adimensional). ( b ) Grandeza medida em mg/l de CaCO 3 .

* De acordo com a respect iva fonte, as concentrações destes parâmetros não variam entres as duas fases.

37

Apesar das discrepâncias verif icadas entre os valores de concentração de ambas as fontes, é evidente

uma tendência de evolução comum para os diferentes parâmetros. As concentrações e o carácter ácido

do l ixiviado decrescem (ver Tabela 5.1 e Tabela 5.3) .

Tabela 5.2 – Composições características de três tipos de Águas Residuais Domésticas [ 56].

Parâmetros

medidos em mg/l

Água Residual Doméstica

Fraca Intermédia Forte

CQO 250 500 1.000

COT 80 160 290

SST 100 220 350

SDT 250 500 850

N Amoniancal 12 25 50

Cloretos 30 50 100

Sul fatos 20 30 50

Fósforo total 4 8 15

Alcal in idade 50 100 200

Tabela 5.3 – Concentrações de metais pesados presentes num lixiviado e numa ARD [45, 55, 56].

Parâmetros

medidos em mg/l

[55] (1989) [56] [45] (1995)

Valor Médio (a ) Jovem Lix iv iado – Fase do Aterro Água Residual

Doméstica Acidogénica Metanogénica

Arsénio 0,16 0,0002 – 1,6 - - -

Cádmio 0,006 0,0007 – 0,15 0,01 < 0,01 0,001 – 0,03

Chumbo 0,09 0,005 – 1,6 0,30 0,13 0,03 – 0,395

Mercúrio 0,01 0,0002 – 0,05 - - -

Níquel 0,2 0,02 – 2,227 0,23 0,14 0,01 – 0,19

Cobre 0,08 0,004 – 9 0,07 0,07 0,06 – 0,50

Zinco 0,6 – 5 - 6,85 0,78 0,10 – 1,65

Crómio 0,3 - 0,12 0,07 0,01 – 0,17

Legenda: ( a ) De acordo com a fonte, as concentrações dos metais da tabela mantêm -se constantes ao longo das di ferentes

fases de desenvolvimento do aterro , excepto no caso do Zinco.

De um modo geral, as concentrações da ARD mais fortemente carregada assemelham -se às do l ixiviado

produzido num aterro de idade avançada, ou seja, produzido numa fase em que apresenta uma atenuada

carga orgânica (ver Tabela 5.2 e Tabela 5.3) .

No que se refere às concentrações de metais pesa dos no l ixiviado, especialmente no caso de aterros

que recebem maioritar iamente resíduos de origem doméstica, estas não representam um elevado r isco

para o ambiente já que são da ordem dos g – mg. Na base destas baixas concentrações estão as

reacções de precipitação, adsorção e complexação verif icadas no aterro em condições anaeróbias, a

valores de pH elevados. Sublinhe-se que as concentrações de Zinco no l ixiviado podem, contudo,

assumir valores mais preocupantes.

38

Pelo anteriormente referido, torna -se evidente a necessidade de minimizar os impact es deste efluente

fortemente carregado por um largo espectro de contaminantes. A gestão de l ixiviados é hoje

considerada um dos maiores problemas associados à actividade de aterros sanitár ios, pelo potencial

perigo de contaminação do solo envolvente e das águas subterrâneas e superf iciais.

Uma eficaz gestão deve integrar o controlo a montante e a jusante da produção do l ixiviado. Assim,

além da sua recolha e posterior tratamento, é também f undamental actuar sobre a quantidade de

l ixiviados produzidos, prevenindo as diferentes formas de entrada de água no aterro – precipitação,

escoamento superf icial e infi l tração de águas subterrâneas.

Especial relevância merece também a questão da escolha do adequado tratamento dado aos l ixiviados

produzidos, entre o vasto leque de opções existentes. Às ETAL’s é exigida uma maior f lexibi l idade que a

apresentada pelas estações de tratamento de efluentes domésticos, dada a variabil idade temporal da

qualidade e quantidade de l ixiv iados produzidos.

O desafio é part icularmente signif icativo já que os l ixiviados, além de conterem elevadas cargas

orgânicas, estes apresentam-se bastante carregados com poluentes inorgânicos , fenómeno não

verif icado nos efluentes domésticos.

A Tabela 5.4 (pág. 39) sumariza os diferentes t ipos de tratamento de l ixiviados disponíveis e respectiva

aplicabil idade, organizando-os de acordo com a sua t ipologia: processos físicos, químicos e biológicos e

alternativos.

Importa ter presente que, no acto da escolha do tratamento mais adequado para um dado l ixiviado deve

não só ter-se em conta as próprias característ icas desta água residual como também o valor dos VLE´s

autorizados na descarga do efluente tratado, a idade do aterro, as f lutuações temporais da quantidade e

qualidade do l ixiviado devido às variações do cl ima e ainda, parâmetros de carácter económico

( investimento, custos de manutenção) [ 53].

39

Tabela 5.4 – Métodos de tratamento de águas lixiviantes.

Método Âmbito de Actuação Ef ic iências Remoção (%) Condições

de actuação Prob lemas Associados/Desvantagens Vantagens

Fís

ico

s

Air Str ipp ing COV (CH4 ) - -

Tra tamento da corrente gasosa Economicamente v iáve l (V e C e levadas) Azoto amoniaca l (N -NH 4 ) 85-95 ( a ) pH = 11-12

Osmose MO suspensa e d isso lv ida (re fract. ) 95-100 (CQO) ( b ) P = 10 – 120 bar ( c ) Colmatação membranas (pré - t ra t . d ispend ioso) ( d ) Permite descarga d i recta

Inversa Matér ia inorgân ica suspensa 82-100 (N-NH 4 ) ( b ) 1, 2 a 3 un idades Custos (pressão, manutenção das membranas) Adapta -se a var iações de carga e temp.

(OI) e disso lv ida (c lore tos, MP) 90 (MP) ( b ) em sér ie Dest ino a dar ao concentrado Remoção de Matér ia orgânica reca l c i t rante

Nanof i l t ração Iões b iva lentes (So 42 - ,Ca 2 + Mg2 + ) 90 ( iões b iv.) ( e ) P = 5 – 10 bar ( c ) Reduzida re tenção de N -NH4

( f ) Concentrado sem NaCl (menos mat. só l ida)

CQO dura, CBO 5 , MP 95 (CQO) ( e ) , 88-100 (MP) ( g ) Correntes cruzadas Colmatação do f i l t ro

U l t ra f i l t . (UF) Compostos org . de e levado PM 75 – 98 (CQO), 99 (SST) ( h ) P = 1 – 10 bar ( c ) Aplicab i l idade reduzida em l ix iv iados [ 50 . ] . Produz lamas e não um concentrado

Micro f i l t . Só lidos suspensos - P = 0 ,2 – 5 bar ( c ) - Depois de pp metá l ica

F i l t . Cartucho Só lidos suspensos 3 -17 (CQO), 27–34 (SST) ( i ) - -

F i l t ros EPI ( j ) Sólidos suspensos 47–66 (CQO),55–73 (SST) ( k ) - Tra tamento complementar (não garante VLE) ( l ) Caudal de ar em contracorrente reduz co lmat.

F lo tação Matér ia suspensa f ina 28(CQO),95(CBO 5 ) ,14(N-NH 4 ) ( m ) - - Reduzido consumo energ. e vo lume de lamas

Adsorção em Min residua l (azoto , MP, SO 42 - ) 30 – 40 (N-NH 4 ) ( n ) Em pó (PAC) ( o ) ou Reduzida remoção de azoto .

- Carvão Act iv. e MO re fractár ia , Cor, Odor 87 – 95 (CQO) ( n ) granu lar (GAC) ( p ) Custos e levados (GAC e sua regeneração).

Permuta Ión ica Matér ia d isso lv ida (re fractár ia ) 90 – 99 (MP) ( q ) - Custos e levados (compensador para a l tas conc.) ( r )

- Exige remoção prévia de matér ia suspensa

Evaporação/ Concentração do l ix iv iado (ou do 97–99 (CQO), 99–100 (N-NH 4 ) , pH =3–4, P=10mbar Dest ino a dar ao produto da concentração. Factores concentração e levados (10 -35 vezes

Concentração concentrado da Osmose Inversa ) 98 – 100 (condut iv idade) ( s ) Ad ição ácidos (redução pH); E levado consu mo en. para l ix iv iado) ( c ) .

Qu

ímic

os

Oxidação MO re fractár ia , toxic idade inorg . - Com O 3 , H2O 2

Aplicab i l idade l imi tada pe los e levados custos. Oxid . O 3 : e f icaz na destruição de pest ic idas

Exige remoção prévia dos só l idos suspensos. pouco b iodegradáveis, AOX

Precip i tação MO reca lc i t rante , MP, N -NH 4

20-53 (CQO), 90 -98 (N-NH 4 ) ( t )

Cal, estruvi te ( v ) Deposição correcta das lamas produzidas

- Química 46 – 97 (MP) ( u ) Fraca ap l icab i l idade para meta is (custos, pH)

Coag./F locu l . SS ( turb idez), MP, MO reca lc i t rante 38-96 (CQO), 74 -97 (MP) ( w ) pH ópt imo var iáve l Pouco adequado a reduzidos cauda is a f luentes -

( a ) Af luente a pH~11 e [N-NH3 ] i = 220 – 3260 mg/l [53]. ( b ) P = 3 – 52 bar; [CQO] i = 97,4 – 3840 mg/l ; [N-NH4 ] i = 33,7 – 3.350 mg/l ; [MP] i = 0,02 – 4,77 mg/l [53]. ( c ) [45]. ( d ) Fi l t ração ou processo biológico a montante. ( e ) [43]. ( f ) Podendo ser necessário um processo biológico a montante ou um sistema de OI a jusante [43]. ( g ) P = 3 – 20 bar; [MP] i = 0,03 – 0,69 mg/l [53]. ( h ) Ef ic iências resul tantes da combinação da Ul traf i l t ração e Fil t ros de cartucho, no pré -tratamento da OI [59].

40

(Continuação da Tabela 5.4 – Métodos de tratamento de águas lixiviantes.)

Método Âmbito de Actuação Ef ic iências Remoção (%) Condições

de actuação Prob lemas Associados/Desvantagens Vantagens

Bio

lóg

ico

s

Lagoa/Digestor

Compostos orgân icos CBO 5 : 22% (11ºC), 87% (23ºC) T ~ 20 ºC

Menor ve locidade de reacção que Proc. Aerób ios . Menor produção de lamas e consumo energ ia

Anaeróbio In ib ição por pH ácidos e p resença de meta is. Produção de b iogás (CH 4 ) .

Ine f ic iência na remoção de N -NH 4 . Ausência de custos com are jamento .

Lagoa Aerób ia MO - T ~ 20 ºC ( c ) E levados tempos de re tenção (várias semanas). Degradação MO e não apenas concentração.

Desn i t r i f icação/ MO, NO3- ( redução a N 2 ) 60 – 80 (CQO), 75 – 94 (CBO 5 ) pH=7–7,5 ;T=40ºC ( c ) Ad ição fonte de C orgân ico faci lmente degrad. ( x )

- N i t r i f icação MO, N-NH 4 (oxidação a n i t ra to ,NO 3

- ) e 45 – 95 (azoto to ta l ) ( e ) pH=7,5–8,0 ( c ) In ib ição da Ni t r i f icação para [N -NH 4 ] > 80 mg/ l ( c )

Lamas

Act ivadas (LA) MO CBO 5 < 70%, CQO<<70% ( e ) -

Não remove a CQO dura.

Desn i t r . não contro lada, causando a sub ida de

f locos de lama (evi tado usando micro /UF) .

Pode possu ir p rocessos de n i t r i f ic. -desn i t r . a

montante para remoção de N.

t r e t e n ç ã o ( lamas act . ) < t r e t e n ç ã o ( lagoas aerób ias)

SBR

(Sequencing

Batch Reactor)

MO, N-NH 4

95-99 (CQO), 99 (CBO 5 ) ,

99 (N-NH 4 ) – p roc. em lagoas

50-82 (CQO), 69 -99 (CBO 5 ) ,

99 (N-NH 4 ) – p roc. em tanques ( c )

Cargas a l tas de MO

e N-NH 4 . -

Processo sem clar i f icador.

Resistente a p icos de carga.

Processo baseado em tanques ou lagoas.

MBR (membrane

b ioreactors) MO 77 – 99 (CQO), 99 -100 (N-NH 4 ) - Exige e levado grau de moni tor ização .

UF subst i tu i a necessidade de sed imentador,

(passo l imi tante das LA)

F i l t ros Perco l . MO - Ba ixas cargas de N -

NH4 e MO

Obstrução do crescimento da b iomassa por

depósi tos de Ca, Fe e Mn.

In ib ição de n i t r i f icação a ba ixas temperaturas.

Menor consumo de energ ia .

N i t r i f icação mais e f icaz do que com b iomassa

suspensa.

B iod iscos MO - Ba ixas cargas de N -

NH4 e MO

Obstrução do crescimento da b iomassa por

depósi tos de Ca, Fe e Mn.

N i t r i f icação mais e f icaz do que com b iomassa

suspensa.

Alt

ern

ati

vo

s Zonas Húmidas

Art i f ic ia is MO, N-NH 4 , SS -

Adequado para

l ix iv iados com

cargas ba ixas.

Possib i l idade de n i t r i f icação def ic iente .

Ba ixos custos operat ivos.

Vanta joso para a f inação de l ix iv iados ou como

tra tamento de l ix iv iados estab i l izados.

Recircu lação do

l ix iv iado

(b ioreactores)

- - -

N i t r i f icação e correcção de pH necessár ias [51] .

Maiores custos de invest imento , operação e

manutenção.

Ace leração da degradação anaerób ia dos

resíduos no a terro (devido aumento humidade).

Maiores taxas de produção de b iogás.

( i ) Eficiências resul tantes da combinação de Fi l t ros de cartucho e e EPI, n o pré-tratamento da OI [57]. ( j ) F i l t ro de areia com venti lação forçada. ( k ) [57]. ( l ) Como pré-tratamento OI ou af inação de l ixiviados biologicamente tratados. ( m ) Resul tados obtidos em l ixiviado tratado biologicamente (SBR): [CQO] i = 1470 mg/l , [CBO5 ] i = 20 mg/l , [N-NH4 ] i = 3,7 mg/l [45]. ( n ) [CQO] i = 940 – 7000 mg/l , [N-NH4 ] i = 700 – 1909 mg/l [53].

41

( o ) PAC adicionado no tratamento biológico, a jusante deste ou ao tratamento f ís ico -químico [43].

( p ) O GAC é geralmente uti l izado em colunas de lei to fixo (processo em contracorrente). ( q ) pH = 8,3; [MP] = 0,02 – 0,940 mg/l [53]. ( r ) [Cloretos] e [Ni tratos] > 2000 mg/l , [Na + ] e [Ca2 + ] > 1000 mg/l [45]. ( s ) Ef ic iências obt idas a part i r de uma evaporação do l ix iviado t ipo MSF (mul ti -stage flash): [CQO] i = 4060 mg/l , [N-NH4 ] i = 2000 mg/l , Condutividade = 12.000 S/cm [45]. ( t ) Efic iências resul tantes do uso de Ca(OH) 2 : [CQO] i = 4024 – 47.800 mg/l , [N-NH4 ] i = 2240 – 5618 mg/l . ( u ) Ef ic iências resul tantes do uso de estruvi te: [MP] i = 0,11 – 2,00 mg/l . ( v ) Fosfato de amónio e magnésio (NH 4MgPO4 ). ( w ) pH = 4,5 – 12; [CQO] i = 4100 – 70.900 mg/l , [MP] i = 0,5 mg/l . ( x ) Apenas necessária quando a desni tr i f icação é fei ta a jusante da ni tr i f icação (metanol é frequentemente ut i l izado, CH 3OH).

CA – Carvão Act ivado.MO – Matéria Orgânica

GAC – CA granular (Granular act ivated carbone).

LA – Lamas Activadas.

Min – Matéria inorgânica

MO – Matéria Orgânica.

MP – Metais pesados.

OI – Osmose Inversa.

PAC – CA em pó (Powdered act ivated carbon).

SBR – Sequencing Batch Reactor.

SS – Sólidos Suspensos.

UF – Ul traf i l t ração.

42

Da análise da Tabela 5.4 é clara a propensão dos tratamentos biológicos para a redução das

cargas orgânicas, enquanto que os tratamentos físico -químicos combatem mais eficazmente as

elevadas concentrações dos contaminantes inorgânicos. Por esta razão, é por muitos defendida

como a solução mais adequada ao tratamento de águas l ixiviantes de aterros, a combinação entre

duas t ipologias de tratamento [51, 53, 54].

De acordo com dados reunidos em [43], das 32 ETAL´s existentes em 2004, cerca de 35% destas

instalações recorr ia ao processo de osmose inversa (OI) como trata mento secundário dos

l ixiviados, optando 31% pela combinação de um tratamento físico -químico com um processo

biológ ico do t ipo “lamas activadas”.

O sucesso da difundida tecnologia de f i l tração pelas membranas de osmose inversa 38, capaz de

remover solutos de um solvente, resulta das elevadas eficiências de remoção associadas, as

quais são função do número de estágios con stituintes do sistema, até um máximo de 3 em série.

Tabela 5.5 - Eficiências de Remoção em função do número de estágios [45]

Parâmetro Ef iciências Médias de Remoção (%)

1 estágio 2 estágios 3 estágios

CQO 91,5 99,89 99,999

CBO5 88,5 99,78 99,996

COT 91,5 99,90 99,999

AOX 87,5 99,81 99,998

N-NH4 85,0 99,65 99,987

P-PO4 96,5 99,90 99,998

O resultado das sucessivas passagens do permeado ( líquido f i ltrado) pelos diferentes estágios

existentes é um efluente de elevada qualidade em condições de ser sujeito a descarga directa no

meio hídrico, sem que seja necessário recorrer a um tratamento adicional.

Uma questão de maior importância a considerar quando se opta por este processo é a relat iva ao

adequado destino a dar ao concentrado formado, massa com 10% - 25% do volume do l ixiviado

[45] onde se acumula a maioria dos contaminantes deste removidos bem como os químicos

necessários à operação da OI 39.

Até à data e na maioria dos casos, o concentrado é reintro duzido no corpo do aterro, noutros é

sujeito a um tratamento num sistema de OI adicional de altas pressões (> 100 bar) e com 2

estágios (HPRO – High Pressure Reverse Osmosis ), no qual o seu volume é signif icativamente

reduzido, permit indo a sua posterior d eposição em locais dist intos. A Tabela 5.6 apresenta dados

relativos ao desempenho deste processo.

38 Mais de 100 instalações de osmose inversa instaladas por toda a Europa (Alemanha, França, Holanda, Bélgica, Suíça Espanha, Itália, Grécia e Portugal) para o tratamento de lixiviados [45] 39 O equivalente a 0,3% de volume por cada m3 de lixiviado tratado [45].

43

Tabela 5.6 – Desempenho típico de um sistema HPRO de 2 estágios no tratamento do concent. da OI [45].

Parâmetro Unidades Lix iv iado Permeado Concentrado

Rendimento % 100 89 11

CQO mg/l 835 15,0 7300

N-NH4 mg/l 406 6,11 2480

Ni tratos mg/l 0,2 < 0,1 -

Condutiv idade mS/m 1125 20 5110

pH - 7,45 6,8 7,36

Em alternativa a este tratamento, o concentrado pode ser sujeito a processo de evaporação e

secagem ou inert ização. No primeiro caso, é aumentado o seu teor de matéria seca até à

obtenção de um granulado, o qual deverá ser depositado num aterro de resíduos perigosos [ 43].

Na inert ização é adicionado um produto químico e cimento ao concentrado, podendo este de

seguida ser também depositado em aterro.

Em Portugal o acto de recircular directamente para o aterro o concentrado resultante do

tratamento do l ixiviado por OI é par t icularmente vulgar e alvo de polémica. De acordo com o

art igo 6.º do Diploma Aterros [16] este procedimento não é autorizado já que o concentrado é

definido como “resíduo líquido” (valores l imite de l ixiviação apresentados na Decisão n.º

2003/33/CE40 [29]).

Além disso, o concentrado pode ainda ser considerado um “resíduo perigoso” caso as

concentrações dos contaminantes neste contidos excedam os critér iso de aceitação de resíduos

não perigosos apresentados nas Tabelas n.º 2 e 3 (análise sobre o resíduo e el uato41,

respectivamente) do Anexo III ao Diploma Aterros [ 16].

A discussão instalou-se já que, em tom de contra-argumentação, alguns apoiam-se no facto de o

concentrado ser um resíduo resultante do tratamento do l ixiviados produzidos no aterro e por

isso um seu produto, devendo por essa razão poder retornar à origem.

Os dados reunidos em [43], apontam para a i legalidade desta prática já que, de acordo com as

análises laboratoriais efectuadas, a percentagem de humidade e as concentrações de azoto total,

nitratos e azoto amoniacal não cumprem os l imites impostos na legislação. As concentrações de

metais pesados apresentaram-se nalguns dos aterros também signif icativas.

Apesar da actual inexistência de aterros de resíduos industr iais perigosos em actividade no nosso

País, a sustentabil idade desta prática deveria ser avaliada e, de acordo com [ 45] deveria

processar-se apenas mediante as seguintes condições:

- Após a avaliação de qualquer possível alteração das concentrações do l ixiviado;

- O aterro tem de se apresentar preparado em termos estruturais para a recepção do

concentrado, afastando a possibi l idade de impactes negativos sobre o meio, em part icular, sobre

as águas subterrâneas;

40 Decisão do Conselho que estabelece os critérios e processos de admissão de resíduos em aterros. 41 Solução obtida a partir de um ensaio de lixiviação em laboratório, segunda a norma DIN 38414-S4.

44

- O sistema de tratamento de l ixiviados deve mostrar -se capaz de tratar ef icazmente qualquer

eventual alteração da qualidade do afluente ao sistema;

- A escolha dos químicos necessários à completa operação do sistema de tratamento deve ser tal

que não compromete esta prát ica.

Relativamente à recirculação do próprio l ixiviado , existem já vários estudos publicados em torno

desta questão na tentativa de averiguar as vantagens associadas a esta práticas, as condições de

operação e os respectivos impactes esperados a longo prazo.

Esta técnica contraria o princípio de minimização da humi dade que entra no aterro e f ica retina

nos resíduos, o qual norteia a maioria dos sistemas de gestão de l ixiviados actualmente

adoptados. O object ivo era reduzir o r isco de contaminação das águas subterrâneas já que se

evitava desta forma a sobrecarga das estruturas do aterro.

Filosofia bem dist inta da seguida pelos defensores dos chamados aterros “bioreactores”, aos

quais se adiciona uma fonte suplementar de humidade aos resíduos (água, l ixiviados e/ou outros

líquidos não perigosos), de forma estimular a actividade microbiológica no aterro, acelerarando o

processo de decomposição dos resíduos e desta forma antecipando a estabil ização da massa

depositada [58, 59].

Com a introdução dos “bioreactores” espera -se uma redução do período mínimo actualmente

estipulado para a manutenção do aterro após o seu encerramento (30 anos) para 5 - 10 anos

após a implementação desta prática [60].

Estudos revelam maiores taxas de produção de biogás associadas à técnica de recirculação do

l ixiviado42, com a inerente vantagem de recuperação de energia, bem como períodos totais de

produção mais curtos.

Relativamente à qualidade do l ixiviado produzido em resultado do recurso à recirculação, não

existem ainda dados consensuais . Uns apontam para a obtenção de cargas orgânicas mais

elevadas nos 2 - 3 primeiros anos de recirculação, com as concentrações de amónia a manterem -

se elevadas após esse período [59], outros não observaram variações signif icativas na qualidade

do l ixiviado (à excepção do pH e da amónia) [ 58] , outros ainda associaram ao fenómeno de

recirculação numa instalação piloto anaeróbia a redução da carga poluente orgânica do l ixiviado

produzido [61].

Consensual é o facto de o sucesso desta prática depender do respeito de requisitos mínimos de

controlo deste procedimento, como sendo:

- Localização da área de recirculação;

- Adequado sistema de recolha de l ixiviados;

- Programa de análises regulares à qualidade do l ixiviado;

- Especif icações técnicas da recirculação (volume/caudal a recircular, condições cl imatéricas ,

etc.) [62].

42 De acordo com os resultados reunidos em [58], ao longo dos 6 anos de recirculação acompanhada, a produção de biogás mostrou-se cerca de 11 vezes superior ao verificado na célula teste onde não se recirculou lixiviado.

45

5.2 . RE S ÍD U O S DE P O S IT A D O S

Dado que o t ipo de res íduos depositados é um dos principais factores que inf luencia as

característ icas do l ixiviado formado e as quantidades produzidas, torna -se fundamental conhecer

a composição física desta heterogénea mistura de materiais em decomposição.

Como termos comparativos, seleccionaram-se dados de três fontes, reportando-se cada uma

delas a períodos dist intos. Numa delas é inclusive feita a dist inção entre RSU de origem urbana e

de origem rural, tendo o estudo em causa considerado os dados referentes à região da

SULDOURO (l i toral norte) para o primeiro cenário referido e os dados da região da ERSUC

(l i toral/ interior centro) para o segundo (Figura B.1 do Anexo B).

Esse mesmo estudo inclui na fracção biodegradável dos resíduos – RUB – as suas componentes

fermentáveis, o papel/cartão e 70% dos f inos [63].

Tabela 5.7 – Composição física média dos RSU [35, 36, 63].

Componentes

do RSU

INR ( a ) RUSSO ( b ) Urbana ( c ) Rural ( d )

(1996 –

2001) (2000)

(estudo de

Junho de 2004) ( e )

Fermentáveis 26,50 % 35,9 % 38,3 % 33,9 %

Papel /Cartão 26,40 % 23,7 % 23,3 % 25,4 %

Plásticos 11,10 % 11,1 % 11,3 % 10,0 %

Vidro 7,40 % 5,6 % 7,6 % 7,9 %

Metais 2,75 % 2,4 % 2,2 % 2,2 %

Têxteis 2,60 % 3,4 % 4,0 % 3,9

Madeira 0,50 % 0,3 % 0,1 % 0,1 %

Verdes 3,15 % - - -

F inos 14,25 % 12 % 7,9 % 11,9 %

Outros 5,35 % 5,7 % 5,7 % 4,7 %

Total RUB - - 66,8 % 33,9 %

Fontes: ( a ) Dados INR (de acordo com os dados do estudo “Resíduos Sól idos Urbanos – Concepção, Construção e

Exploração de Tecnossistemas”, referente ao período 1996 – 2001). ( b ) Dados reunidos em [36] e est imados com base em estudos das 29 entidades gestoras de RSU do país

(2000). ( c ) Composição dos RSU produzidos na região da SULDOURO (n.º 7 da f ig. 1). ( d ) Composição dos RSU produzidos na região da ERSUC (n.º 14 da f ig. 1). ( e ) Dados ret i rados do “Estudo Comparat ivo de Custos de Soluções de Tratamento e Dest ino Final de RSU”,

de Junho de 2004 [63].

No que se refere à quantidade de RUB depositad os em aterro, importa ter presente os valores de

referência relat ivos ao ano de 1995, nos quais se baseia o cálculo da quantidade de RUB

admissíveis em aterro em 2006, 2009 e 2016 – Tabela 5.8 e Tabela 5.9, respectivamente.

46

Tabela 5.8 – Dados base relativos a 1995 [30].

RSU produzidos em 1995 (ton): 3.884.000

Caracterização dos RSU:

- Resíduos al imentares e de jardim 35 %

- Papel e cartão 23 %

Fracção Biodegradável dos RSU 58 %

RUB produzidos em 1995 (ton): 2.252.720

Tabela 5.9 – Quantitativo de RUB admissível em aterro.

Data Limite RUB Admissível em Aterro

% Quantidade (t)

Janeiro de 2006

75

1.689.540

Janeiro de 2009

50 1.126.360

Janeiro de 2016 35 788.542

De acordo com as respectivas l icenças ambientais emit idas pelo IA/APA, aos 5 aterros em análise

foi- lhes autorizada a deposição das seguintes t ipolo gias de resíduos:

Tabela 5.10 – Resíduos admissíveis em aterro [48, 64-67, 38-42].

Instalação

Licenciada

Códigos LER

– Licença Ambiental –

Data de Emissão da

Autorização do INR/ANR

20.00.00 ( a ) 15.00.00 ( b ) RIB

AS-1 x x -

AS-2 x x 22.Jan.2002

AS-3 x x 16.Set.2002

AS-4 x x -

AS-5 x x 4.Fev.2002 ( c )

Legenda: ( a ) 20 00 00 – Resíduos urbanos e equiparados ( resíduos domésticos, do comércio, indústr ia e serviços),

incluindo as fracções recolhidas select ivament e. ( b ) 15 00 00 – Resíduos de embalagens; absorventes, panos de l impeza, materiais f i l t rantes e vestuário de

protecção não anteriormente especi ficados . ( c ) Licença anulada 1 de Março de 2006 (RIB´s passaram a ser enviados para o Aterro de Resíduos Não

Perigosos mais próximo) [41, 2006].

Apesar de se tratarem de aterros destinados à deposição de RSU, em 3 dos casos foram

concedidas pelo INR/ANR autorizações temporárias para a deposição de RIB , enquanto as

instalações especialmente dedicadas à recepção deste t ipo de resíduos não se apresentarem em

número suficiente.

A tabela que se segue pretende resumir os dados recolhidos nos sucessivos RAA ’s entregues

pelas 5 instalações ao longo dos anos, relat ivamente às quantidades e t ipologia de todos os

resíduos depositados anualmente.

Assim, na Tabela 5.11 além de se expor a macro-composição do total depositado (quantidade de

RSU versus quantidade de RIB), atenta -se ainda sobre a composição dos resíduos colocados no

aterro (quantidade de resíduos 20 03 01 e de R esíduos Orgânicos Biodegradáveis - ROB,

relat ivamente ao total depositado ).

47

Sublinhe-se a dist inção aqui feita entre RUB e ROB, necessária já que a fracção biodegradável

dos resíduos depositados nestes aterros tem origem urbana e industr ial .

Tabela 5.11 –Quantitativos e percentagens anuais dos resíduos depositados nos 5 Aterros em análise [38-42].

Va lores em kg Va lores percentua is

Insta lações

em aná l ise

Tota l

deposi tado

Tota l

RIB

Tota l

RSU ( a )

RSU

20 03 01 ( b ) ROB

%

RIB

%

RSU

%

20 03 01

%

ROB

AS

-1

2001 4.494.000 0 4.494.000 4.494.000 2.539.110 0,0 100,0 100,0 56,5

2002 174.469.874 3.242.080 171.227.794 171.144.794 96.696.809 1,9 98,1 98,1 55,4

2003 176.978.670 0 176.978.670 175.896.000 99.381.240 0,0 100,0 99,4 56,2

2004 177.555.890 0 177.555.890 175.896.460 99.381.500 0,0 100,0 99,1 56,0

2005 167.296.540 0 167.296.540 164.590.800 92.994.102 0,0 100,0 98,4 55,6

2006 171.827.580 0 171.827.580 167.547.000 94.705.055 0,0 100,0 97,5 55,1

Tota l 872.622.554 3.242.080 869.380.474 859.569.054 485.697.816 0,4 99,63 98,50 55,7

AS

-2

2003 59.998.680 14.014.500 45.984.180 45.968.080 26.045.445 23,4 76,6 76,6 43,4

2004 75.209.880 16.172.160 59.037.720 58.869.820 33.329.308 21,5(c) 78,5 78,3 44,3

2005 105.832.170 14.454.690 91.377.480 - - 13,7 86,3 - -

2006 73.541.062 15.774.002 57.767.060 - - 21,4 78,6 - -

Tota l 314.581.792 60.415.352 254.166.440 - - 19,2 80,8 - -

AS

-3

2002 39.950.330 408.880 39.541.450 39.535.390 22.337.495 1,0 99,0 99,0 55,9

2003 41.739.320 7.748.300 33.991.020 33.991.020 19.204.926 18,6 81,4 81,4 46,0

2004 44.050.330 8.214.160 35.836.170 35.787.690 20.220.045 18,6 81,4 81,2 45,9

2005 43.942.774 9.996.960 33.945.814 33.811.580 19.103.543 22,7 77,3 76,9 43,5

2006 47.214.609 11.990.440 35.224.169 35.098.400 19.830.596 25,4 74,6 74,3 42,0

Tota l 216.897.363 38.358.740 178.538.623 178.224.080 100.696.605 17,7 82,3 82,2 46,4

AS

-4

2001 10.836.420 10.836.420 0 0 0 100 0,0 0,0 0,0

2002 95.379.745 52.773.921 42.605.824 42.491.804 24.076.589 55,3 44,7 44,6 25,2

2003 69.146.222 23.896.580 45.249.642 44.270.212 25.290.090 34,6 65,4 64,0 36,6

2004 80.056.630 29.375.640 50.680.990 44.747.890 25.787.308 36,7 63,3 55,9 32,2

2005 44.210.370 194.620 44.015.751 39.910.150 23.040.755 0,4 99,6 90,3 52,1

Tota l 299.629.387 117.077.181 182.552.207 171.420.056 98.194.742 39,1 60,9 57,2 32,8

AS

-5

2002 126.358.991 28.558.640 97.800.351 95.108.220 55.628.434 22,6 77,4 75,3 44,0

2003 147.111.833 54.661.090 92.450.743 90.917.463 52.835.687 37,2 62,8 61,8 35,9

2004 115.922.300 36.140.300 79.782.000 78.203.830 45.589.154 31,2 68,8 67,5 39,3

2005 80.350.520 1.430.240 78.920.280 76.978.000 44.835.610 1,8 98,2 95,8 55,8

2006 40.542.280 0 40.542.280 39.416.880 23.099.097 0,0 100,0 97,2 57,0

Tota l 510.285.924 120.790.270 389.495.654 380.624.393 221.987.982 23,7 76,3 74,6 43,5

Legenda: ( a ) RSU com códigos LER 15 00 00 e 20 00 00 , de origem municipal .

( b ) Código LER 20 03 01 – Outros resíduos urbanos e equiparados, incluindo misturas de resíduos. ( c ) 36,7%, de acordo com o [39, 2004] .

AS: Aterro Sani tário.

RIB: Resíduo Industr ial Banal .

RSU: Resíduo Sól ido Urbano.

ROB: Resíduo Orgânico Biodegragável .

Refira-se antes de mais que, para o cálculo da quantidade de ROB depositados anualmente em

cada aterro, se considerou como uma das parcelas 56,5% do RSU do t ipo 20 03 01, de acordo

com dados do INR/ANR – Estudo do Centro de Engenharia Biológica e Química (IST) [ 68].

Inclui-se na fracção orgânica biodegradável os resíduos verdes, papel e cartão, têxteis, madeiras

e respectivas embalagens.

48

0% 0% 0% 0%1,9% 0,4%0%

55,4% 56,2% 56,0% 55,6% 55,1% 55,7%56,5%

0%

20%

40%

60%

2001 2002 2003 2004 2005 2006 Total

% RIB % ROB

(A)

23,4%21,5%

13,7%

21,4%19,2%

43,4% 44,3%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

2003 2004 2005 2006 Total(B)

1,0%

18,6% 18,6%

25,4%

17,7%

46,0% 45,9%43,5% 42,0%

46,4%

22,7%

55,9%

0%

20%

40%

60%

2002 2003 2004 2005 2006 Total

(C)

55,3%

0,44%

39,1%

52,1%

34,6%

36,7%

100%

32,8%32,2%

36,6%

25,2%

0%0%

20%

40%

60%

80%

100%

2001 2002 2003 2004 2005 Total(D)

22,6%

31,2%

0,0%

23,7%

44,0%

39,3%43,5%

37,2%

1,8%

35,9%

57,0%55,8%

0%

20%

40%

60%

2002 2003 2004 2005 2006 Total

(E)

Figura 5.2 – Percentagens mássicas de RIB e ROB, em relação ao total depositado [38-42].

Legenda: (A) Aterro Sani tário (AS)-1; (B) AS-2; (C) AS-3; (D) AS-4; (E) AS-5.

49

Da observação destes dados, torna-se evidente a constante presença de RIB nestas instalações

especialmente dedicadas à deposição de RSU. Ao f im de 5 anos de exploração, exceptuando o Aterro

Sanitário 1 (AS-1), os restantes apresentam percentagens consideráveis deste tipo de resíduos não

perigosos: 39,1% (AS-4), 23,7% (AS-5), 19,2% (AS-2) e 17,7% (AS-3). Em resultado, será expectável a

obtenção de um l ixiviado que refl icta esta forte presença, apresentando este certamente característ icas

dist intas das de um l ixiviado resultante de uma aterro exclusivamente de RSU.

A Tabela 5.12 ordena por ordem decrescente as percentagens de RIB depositados, verif icando -se que

as percentagens de ROB apresentam uma tendência contrária.

Tabela 5.12 – Percentagens totais de RIB e ROB depositados nas 5 instalações no período de 2001–2006 [38-42].

Instalação

em anál ise

Total RIB

(%)

Total ROB

(%)

AS-4 39,1 32,8

AS-5 23,7 43,5

AS-2 19,2 43,9 ( a )

AS-3 17,7 46,4

AS-1 0,4 55,7

Legenda: ( a ) Valor resul tante da média de dois anos (2003 e 2004) e não do somatório completo das percentagens anuais .

AS: Aterro Sanitário.

50

5.3 . L IX IV IA D O S PR O D U Z ID O S

Feita a caracterização dos resíduos depositados em cada uma das 5 Instalações em análise, segue -se o

estudo da quantidade e qualidade dos l ixiviados aí produzidos anualmente. Os valores dos caudais

anuais e do caudal de projecto das 5 ETAL’s encontram -se apresentados na Tabela 5.13.

Tabela 5.13 – Caudais anuais dos lixiviados produzidos e caudal de projecto da ETAL [38-42].

AS-1 ( a ) AS-2 AS-3 As-4 AS-5

Caudal

Anual de

Lix iv iado

(m3 )

2002 - - 21.534 - 2326(d)

2003 35.508 8658(b) 40.932 9841(c) 11.572

2004 32.366 22.772 55.347 13.010 11.513

2005 30.678 18.068 55.347 10.546 -

2006 47.309 59.052 53.727 - 8507

Caudal

Projectado

da ETAL

(m3 /dia) 200 96 - 100 60

(m3 /ano) 73.000 35.040 - 36.500 21.900

Legenda : ( a ) Valores resul tantes de est imativas, devido a atrasos na instalação do medidor de caudal à entrada da lagoa de

regularização e posteriores avarias no aparelho ( b ) Valor incompleto, referente ao período Agosto – Dezembro (caudel ímetro instalado em Agosto). ( c ) Valor incompleto (não incluí o volume produzido em Janeiro – Fevereiro). ( d ) Valor incompleto, referente ao período Junho – Dezembro.

AS – Aterro Sani tário.

Da análise da Tabela 5.13, apesar das imprecisões verif icadas n as medições dos caudais de l ixiviados

anualmente produzidos, sobressai o facto de, na maior parte dos casos, este valor não exceder o valor

inicialmente projectado.

No que se refere à caracterização qualitat iva dos l ixiviados produzidos , anualmente são reportados nos

RAA’s os resultados das análises efectuadas nesta carregada água residual. O conjunto de parâmetros

a analisar, bem como a respectiva frequência de amostragem encontram-se estipulados nas l icenças

ambientais emit idas a cada uma das 5 instalaçõ es estudadas.

De entre o total de parâmetros alvo de amostragem, optou-se por incidir a análise deste trabalho sobre

aqueles que permit issem aferir quanto à idade do l ixiviado (pH, biodegrabil idade), ao seu grau de

toxicidade (N-NH4 , metais pesados), à sua carga orgânica (CQO, CBO 5), ao teor de sais dissolvidos

(condutividade), etc.

Assim, para cada um dos 5 aterros estudados, pode ser visualizada nos gráficos que se seguem, os

chamados “gráficos de bigodes” , a evolução temporal (2002 43 – 2006) das concentrações/valores dos

parâmetros pH, CQO, razão CBO5 /CQO, N-NH4 , nitratos, sulfatos, sulfuretos, cloretos, sódio, zinco e

condutividade, com a indicação do número de amostras associado a cada ano de análises (n) .

Aos 5 l ixiviados analisados é atr ibuído o número usado na designação da respectiva instalação.

43 As 5 instalações iniciaram a sua actividade no final de 2001/início de 2002.

51

A Tabela 5.14 resume, em forma de tratamento estatíst ico, os dados resultantes das diferentes

campanhas de amostragem realizadas no período de análise (2002 -2006) nas 5 instalações.

Tabela 5.14 – Dados Estatísticos do universo de amostras recolhidas nos 5 lixiviados [38-42].

Nº de

amostras

% de amostras

< LD

Valores de concentração (mg/l)*

Mínimo Média Mediana Máximo

pH 202 1,0 5,9 7,9 7,9 9,0

Condutiv idade 203 1,0 1,2 2661 3165 8520

CQO 201 1,0 2,4 6661 3550 36000

CBO5 137 0,7 5,0 2025 520 15000

CBO5 /CQO - - 0,009 0,31 0,35 0,83

N-NH4 173 1,2 0,09 1709 1376 15600

Cloretos 165 0,6 5,0 4954 3500 68000

Sul fatos 86 5,8 0,28 2088 480 24000

COT 110 0,9 1,1 2519 2013 19050

SST 50 12,0 2,0 3885 251 14800

Azoto total 96 2,1 15 1420 890 9600

Ni tratos 46 43,5 0,20 282 4,5 9750

Ferro total 87 4,6 0,47 222 15,7 9100

Fósforo total 98 3,1 0,06 47 9,0 1000

Arsénio total 91 57,1 0,001 0,11 0,01 1,4

Chumbo total 95 71,6 0,004 0,38 0,10 4,7

Cádmio total 94 92,6 0,0001 0,05 0,02 0,10

Cobre total 82 59,8 0,006 0,17 0,20 0,90

Crómio total 95 23,2 0,008 1,1 0,45 13

Mercúrio total 93 94,6 0,0002 0,01 0,005 0,04

Níquel total 77 39,0 0,009 0,35 0,24 1,3

Zinco total 72 18,1 0,02 0,80 0,42 4,4

Sódio 22 0,0 24 2983 3120 11900

Cálcio 19 0,0 32 213 180 670

Magnésio 19 0,0 36 186 165 398

Bário 15 20,0 0,03 0,18 0,18 1,0

Potássio 44 0,0 23 2730 2810 10800

Carbonatos 53 26,4 0,50 5314 5935 15000

Bicarbonatos 23 0,0 152 8414 8825 18000

Legenda:

* Excepto para os valores de pH (Esc. Sor.), condut iv idade (mS/m) e razão CBO5 /CQO (-).

LD: l imi te de detecção do respect ivo método.

A realização dos já referidos “gráficos de big odes” que a seguir se apresentam foi precedida pela

determinação das seguintes variáveis estatíst icas, para cada uma das cinco instalações analisadas:

valor mínimo, 1.º quart i l , mediana, 3.º quart i l e valor máximo.

52

5,5

6,5

7,5

8,5

9,5pH

(E

sc.

Sor

ense

n)

2002

n = 4

2003

n = 11

2004

n = 11

2005

n = 12

2006

n = 12

(A)

5,5

6,5

7,5

8,5

9,5

pH

(E

sc.

Sore

nsen)

2002

n = 0

2003

n = 12

2004

n = 12

2005

n = 12

2006

n = 12

(B)

5,5

6,5

7,5

8,5

9,5

pH (

Esc

. S

oren

sen)

2002

n = 5

2003

n = 9

2004

n = 122005

n = 12

2006

n = 12

(C)

5,5

6,5

7,5

8,5

9,5

pH (

Esc

. S

oren

sen)

2002

n = 4

2003

n = 10

2004

n = 11

2005

n = 11

2006

n = 0

(D)

5,5

6,5

7,5

8,5

9,5

pH (

Esc

. Sor

ense

n)

2002

n = 0

2003

n = 0

2004

n = 6

2005

n = 3

2006

n = 6

(E)

Figura 5.3 – Evolução do pH nos lixiviados [38-42].

Legenda: (A) Lix iviado 1 (L1), (B) Liv iviado 2 (L2), Lixiviado 3 (L3), Lix iviado 4 (L4), Lixiv iado 5 (L5).

Nos 5 l ixiviados, a maioria dos valores concentra -se na gama dos 7,5 – 8,5, facto indicativo do seu

carácter ainda bastante jovem. Apenas no caso do L1 e L3 se observam valores menos alcalinos (6,5 –

7,5) no primeiro/segundo ano de vida destes l ixiviados, algo expectável nesta fase.

Refira-se que o reduzido/nulo número de amostragens efectuadas nos anos de arranque das instalações

confere um menor signif icado aos valores obtidos nesses anos. A part ir de 2004, verif ica -se uma

tendência decrescente dos valores de pH nos l ixiviados L2, L3 e L4, fenómeno ainda não verif icado nos

restantes l ixiviados até 2006.

53

0

10.000

20.000

30.000

40.000C

QO

(m

g/l

O2)

2002

n = 4

2003

n = 11

2004

n = 11

2005

n = 12

2006

n = 12

(A)

0

10.000

20.000

30.000

40.000

CQ

O (

mg/l O

2)

2002

n = 0

2003

n = 12

2004

n = 12

2005

n = 12

2006

n = 12

(B)

0

10.000

20.000

30.000

40.000

CQ

O (

mg/l O

2)

2002

n = 5

2003

n = 8

2004

n = 12

2005

n = 11

2006

n = 12

(C)

0

10.000

20.000

30.000

40.000

CQ

O (

mg/l O

2)

2002

n = 4

2003

n = 12

2004

n = 12

2005

n = 12

2006

n = 0

(D)

0

10.000

20.000

30.000

40.000

CQ

O (

mg/l O

2)

2002

n = 0

2003

n = 0

2004

n = 6

2005

n = 3

2006

n = 6

(E)

Figura 5.4 – Evolução da CQO nos lixiviados [38-42].

Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4, (E) L5.

Contrariamente ao verif icado nos l ixiviados L2,

L4 e L5, cuja maioria de amostras apresenta

valores inferiores a 10.000 mg/l de O 2 , para L1

e L3 é evidente uma acentuada variabil idade da

carga orgânica do l ixiviado , de cerca de 25.000

mg/l de O2 . Em 2006 a CQO no L3 revelou -se

bastante mais estável. Perante estas oscilações

são de prever dif iculdades na operação dos

sistemas de tratamento destes l ixiviados, sendo

importante averiguar a capacidade dos sistemas

minimizarem essas variações.

Nestes casos, o volume da lagoa de equali zação existente à cabeça do sistema de tratamento é uma

questão fulcral, da qual depende o bom funcionamento de todo o sistema.

Associando a observação destes gráficos à informação contida na Tabela 5.12 (pág. 49), é possível

constatar que os valores de CQO e a sua variabil idade no l ixiviado se apresentam inversa e

directamente proporcionais às percentagens de RIB e de ROB, respectivamente, depositados no aterro.

54

0,0

0,3

0,6

0,9C

BO

5/C

QO

(-)

2002

n = 4

2003

n = 11

2004

n = 11

2005

n = 12

2006

n = 12

(A)

0,0

0,3

0,6

0,9

CB

O5/C

QO

(-)

2002

n = 0

2003

n = 12

2004

n = 12

2005

n = 3

2006

n = 0

(B)

0,0

0,3

0,6

0,9

CB

O5/C

QO

(-)

2002

n = 4

2003

n = 8

2004

n = 12

2005

n = 11

2006

n = 0

(C)

0

0,3

0,6

0,9

CB

O5/C

QO

(-)

2002

n = 4

2003

n = 4

2004

n = 4

2005

n = 4

2006

n = 0

(D)

0,0

0,3

0,6

0,9

CB

O5/C

QO

(-)

2002

n = 0

2003

n = 0

2004

n = 62005

n = 3

2006

n = 0

(E)

Figura 5.5 – Evolução da razão CBO5/CQO nos lixiviados [38-42].

Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4, (E) L5.

De acordo com os respectivos gráficos, a

biodegrabil idade dos l ixiviados L2 e L3 tem

apresentado uma grande variabil idade, com

oscilações de cerca de 0,6 . Nos restantes casos

a razão CBO5 /CQO tendeu a manter-se mais

estável (aproximadamente, entre 0,2 e 0,5), à

excepção do verif icado em 2006 em L1, cuja

variabil idade, por alguma razão, disparou.

Apesar das referidas diferenças, e de grosso

modo , os valores da mediana do conjunto de

amostras tendem a baixar ao longo do tempo.

Refira-se que, na análise da evolução da biodegrabilidade se atr ibuiu pouca relevância estatíst ica à

informação relativa a universos de amostragem compostos por menos de 3/4 amostras anuais.

Nos casos em que numa campanha de amostragem o valor reportado de CBO 5 era superior ao de CQO,

optou-se por remover as respectivas amostras pela certeza de se estar p erante um erro.

55

0,01

0,1

1

10

100

1000

10000

100000A

zoto

Am

onia

cal (

mg/l

NH

4+)

2002

n = 4

2003

n = 11

2004

n = 4

2005

n = 12

2006

n = 12

(A)

0,01

0,1

1

10

100

1000

10000

100000

Azoto

Am

onia

cal (

mg/l

NH

4+)

2002

n = 0

2003

n = 4

2004

n = 4

2005

n = 9

2006

n = 12

(B)

0,01

0,1

1

10

100

1000

10000

100000

Azoto

Am

onia

cal (

mg/l

NH4

+)

2002

n = 42003

n = 7

2004

n = 12

2005

n = 12

2006

n = 12

(C)

0,01

0,1

1

10

100

1000

10000

100000

Azoto

Am

on. (m

g/l

NH

4+)

2002

n = 4

2003

n = 12

2004

n = 12

2005

n = 12

2006

n = 0

(D)

0,01

0,1

1

10

100

1000

10000

100000

Azoto

Am

onia

cal (m

g/l N

H4

+)

2002

n = 0

2003

n = 0

2004

n = 6

2005

n = 3

2006

n = 6

(E)

Figura 5.6 – Evolução da concentração de azoto amoniacal nos lixiviados [38-42].

Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4, (E) L5.

O teor de azoto amoniacal presen te no l ixiviado

é de extrema importância já que a part ir de

determinados níveis a actividade biológica f ica

comprometida, tanto a nível da decomposição

dos resíduos dentro do aterro (digestão

anaeróbia), como a jusante, em tratamentos do

l ixiviado baseados em processos biológicos.

As concentrações de N-NH4 observadas nos

l ixiviados L1, L2 e L3, apesar de pouco

oscilantes, revelam-se muito superiores às

previstas pela bibl iografia (Tabela 5.1, pág. 36),

variando entre 1000 mg/l e 10.000 mg/l.

De acordo com os dados da Tabela 5.15 (pág.60), a part ir de 3000 mg/l de N-NH4 a inibição da

actividade biológicas em processos anaeróbios passa de moderada a forte.

No caso do L3, a maioria dos valores distr ibui-se com elevada estabil idade entre os 1000 e 5000 mg/l.

56

0,1

1

10

100

1000

10000N

itra

tos (

mg/l N

O3

- )

2002

n = 0

2003

n = 0

2004

n = 0

2005

n = 1

2006

n = 2

(A)

0,1

1

10

100

1000

10000

Nitra

tos (

mg/l N

O3

- )

2002

n = 0

2003

n = 0

2004

n = 0

2005

n = 2

2006

n = 2

(B)

0,1

1

10

100

1000

10000

Nitra

tos (

mg/l N

O3

- )

2002

n = 0

2003

n = 2

2004

n = 2

2005

n = 2

2006

n = 2

(C)

0,1

1

10

100

1000

10000

Nitra

tos (

mg/l N

O3

- )

2002

n = 4

2003

n = 6

2004

n = 6

2005

n = 6

2006

n = 0

(D)

0,1

1

10

100

1000

10000

Nitra

tos (

mg/l N

O3

- )

2002

n = 0

2003

n = 0

2004

n = 6

2005

n = 3

2006

n = 0

(E)

Figura 5.7 – Evolução da concentração de nitratos nos lixiviados [38-42].

Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4, (E) L5.

Apesar do generalizado reduzido número de amostras disponíveis, as concentrações de nitratos

apresentam valores part icularmente elevados nos L2 e L3.

Na maioria das amostras, observam-se teores de nitratos inferiores a 100 mg/l, observando -se os

valores mais baixos e a decrescer no L4 (menores que 10 mg/l).

57

0,1

1

10

100

1000

10000

100000

Sulfa

tos (

mg/l

SO

42

- )

2002

n = 4

2003

n = 11

2004

n = 4

2005

n = 4

2006

n = 2

(A)

0,1

1

10

100

1000

10000

100000

Sulfa

tos (

mg/l

SO

42

- )

2002

n = 0

2003

n = 4

2004

n = 4

2005

n = 3

2006

n = 2

(B)

0,1

1

10

100

1000

10000

100000

Sulfato

s (

mg/l S

O4

2- )

2002

n = 3

2003

n = 4

2004

n = 4

2005

n = 4

2006

n = 2

(C)

0,1

1

10

100

1000

10000

100000

Sulfa

tos (

mg/l

SO

42

- )

2002

n = 4

2003

n = 6

2004

n = 6

2005

n = 6

2006

n = 0

(D)

0,1

1

10

100

1000

10000

100000

Sulfa

tos (

mg/l

SO

42

- )

2002

n = 0

2003

n = 0

2004

n = 6

2005

n = 3

2006

n = 0

(E)

Figura 5.8 – Evolução da concentração de sulfatos nos lixiviados [38-42].

Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4, (E) L5.

De acordo com a bibl iografia consultada

(Tabela 5.1, pág. 36), os teores máximos de

sulfatos esperados num lixiviado jovem rondam

os 1000 - 2000 mg/ l, valores bastante

discrepantes dos verif icados nos l ixiviados

analisados. No caso de L1, L2 e L3, a maioria

das amostras apresenta valores contidos no

intervalo 100 – 10.000 mg/l, com tendência a

aumentar.

Tendo em conta que o L4 é aquele que

apresenta menores teores de sulfatos ( entre 10

e 1000 mg/l) e que os l ixiviados mais carregados são os provenientes dos aterros que apresentam

menor percentagem de RIB (Tabela 5.12, pág. 49), sugere-se a relação entre os elevados teores de

sulfatos no l ixiviado e a prática de recirculação para o aterro do concentrado resultante do tratamento

por OI, usado nas instalações 1, 2, 3 e 5.

58

0,01

0,1

1

10

100

1000S

ulfure

tos (

mg/l S

2- )

2002

n = 4

2003

n = 11

2004

n = 4

2005

n = 4

2006

n = 2

(A)

0,01

0,1

1

10

100

1000

Sulfure

tos (

mg/l S

2- )

2002

n = 0

2003

n = 4

2004

n = 4

2005

n = 3

2006

n = 2

(B)

0,01

0,1

1

10

100

1000

Sulfure

tos (

mg/l S

2- )

2002

n = 5

2003

n = 3

2004

n = 4

2005

n = 4

2006

n = 2

(C)

0,01

0,1

1

10

100

1000

Sulfure

tos (

mg/l S

2- )

2002

n = 0

2003

n = 2

2004

n = 2

2005

n = 2

2006

n = 0

(D)

Figura 5.9 – Evolução da concentração de sulfuretos nos lixiviados [38-42].

Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4 .

As concentrações de sulfuretos, além de se caracteriz arem por uma acentuada variabil idade,

especialmente nos l ixiviados L1 e L3 (superior a 300 mg/l no caso do L1), apresentam valores bastante

elevados, oscilando a maioria das amostras entre 1 e 100 mg/l.

Novamente, as concentrações mais reduzidas são as v erif icadas no L4, com 4 amostras próximas de

valores nulos e um máximo inferior a 5mg/l em 2004.

59

1

10

100

1.000

10.000

100.000

Clo

reto

s (

mg/l

Cl- )

2002

n = 4

2003

n = 11

2004

n = 4

2005

n = 6

2006

n = 12

(A)

1

10

100

1.000

10.000

100.000

Clo

reto

s (

mg/l

Cl- )

2002

n = 0

2003

n = 4

2004

n = 4

2005

n = 9

2006

n = 12

(B)

1

10

100

1.000

10.000

100.000

Clo

reto

s (

mg/l

Cl- )

2002

n = 1

2003

n = 7

2004

n = 12

2005

n = 12

2006

n = 12

(C)

1

10

100

1.000

10.000

100.000

Clo

reto

s (

mg/l

Cl- )

2002

n = 4

2003

n = 12

2004

n = 12

2005

n = 12

2006

n = 0

(D)

1

10

100

1.000

10.000

100.000

Clo

reto

s (

mg/l

Cl- )

2002

n = 0

2003

n = 0

2004

n = 5

2005

n = 2

2006

n = 5

(E)

Figura 5.10 – Evolução da concentração de cloretos nos lixiviados [38-42].

Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4, (E) L5.

Também o teor de cloretos apresenta valores elevadíssimos, superiores nos l ixiviados L1, L2, L3 e L5,

distr ibuindo-se a maioria das amostras de forma crescente pela gama dos 1000 – 10.000 mg/l de Cl - . A

maior variabil idade das concentração de cloretos observa -se no l ixiviados L3 e L4.

60

0

3.000

6.000

9.000

12.000

Sódio

(m

g/l N

a+)

2002

n = 0

2003

n = 0

2004

n = 0

2005

n = 1

2006

n = 2

(A)

0

3.000

6.000

9.000

12.000

Sódio

(m

g/l

Na+

)

2002

n = 0

2003

n = 0

2004

n = 0

2005

n = 2

2006

n = 2

(B)

0

3.000

6.000

9.000

12.000

Sódio

(m

g/l N

a+

)

2002

n = 0

2003

n = 3

2004

n = 2

2006

n = 2

2005

n = 2

(C)

0

3.000

6.000

9.000

12.000

Sódio

(m

g/l N

a+)

2002

n = 0

2003

n = 2

2004

n = 2

2005

n = 2

2006

n = 0

(D)

Figura 5.11 – Evolução da concentração de sódio nos lixiviados [38-42].

Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4.

Tabela 5.15 – Concentrações de inorgânicos inibitórias da actividade microbiológica num

processo anaeróbio [69].

Substância Concentrações de Inibição (mg/l )

Moderada Elevada

Sódio 3500 – 5500 8000

Potássio 2500 – 4500 12.000

Cálcio 2500 – 4500 8000

Magnésio 1000 – 1500 3000

N-NH4 1500 – 3000 3000

Sul furetos 200 200

Cobre 0,5 (dissolv ido)

Crómio (VI) 50 – 70 (total )

3,0 (dissolv ido)

Crómio (I I I ) 200 – 600 (total )

180 – 420 (total )

Níquel 2,0 (solúvel)

30 (total )

Z inco 1,0 (dissolv ido)

De acordo com os dados da Tabela 5.15, nos

l ixiviados analisados os teores passíveis de

inibição foram encontrados no caso do sódio,

azoto amoniacal, sulfuretos e zinco.

Apesar do reduzido número de amostras

disponíveis, pode verif icar -se a habitual

tendência crescente dos valores de

concentração, fenómeno part icularmente

evidente no L3, onde 25% das amostras se

situava já acima de 10.000 mg /l de sódio em

2006 (valor acima do patamar de inibição

elevada).

Sistematicamente,as concentrações observadas

no L4 são as mais reduzidas, apresentando

todas as amostras valores inferiores a 3000

mg/l em 2005, com tendência crescente.

61

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

Zin

co tota

l (m

g/l Z

n)

2002

n = 3

2003

n = 11

2004

n = 4

2005

n = 4

2006

n = 2

(A)

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

Zin

co tota

l (m

g(l Z

n)

2002

n = 0

2003

n = 4

2004

n = 0

2005

n = 3

2006

n = 2

(B)

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

Zin

co tota

l (m

g/l Z

n)

2002

n = 1

2003

n = 22004

n = 2

2005

n = 2

2006

n = 2

(C)

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

Zin

co tota

l (m

g/l Z

n)

2002

n = 4

2003

n = 5

2004

n = 6

2005

n = 6

2006

n = 0

(D)

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

Zin

co tota

l (m

g/l Z

n)

2002

n = 0

2003

n = 0

2004

n = 6

2005

n = 3

2006

n = 0

(E)

Figura 5.12 – Evolução da concentração de Zinco total nos lixiviados [38-42].

Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4, (E) L5.

De forma repetida, é nos l ixiviados L1 a L3 que se encontram as maiores concentrações , apesar do

reduzido número de amostras disponíveis para L2 e L3.

Na comparação destas concentrações com a apresentada na Tabela 5.15, deve ter-se em atenção o

facto de esta últ ima se referi r ao zinco sob a forma dissolvida (1,0 mg/l) .

62

0

1.500

3.000

4.500

6.000

7.500

9.000C

ondutivid

ade (

mS

/m, 20ºC

)

2002

n = 4

2003

n = 11

2004

n = 11

2005

n = 12

2006

n = 12

(A)

0

1.500

3.000

4.500

6.000

7.500

9.000

Condutivid

ade (

mS

/m, 20ºC

)

2002

n = 0

2003

n = 12

2004

n = 12

2005

n = 12

2006

n = 12

(B)

0

1.500

3.000

4.500

6.000

7.500

9.000

Condutivid

ade (

mS

/m, 20ºC

)

2002

n = 5

2003

n = 9

2004

n = 12

2005

n = 12

2006

n = 12

(C)

0

1.500

3.000

4.500

6.000

7.500

9.000

Condutivid

ade (

mS

/m, 20ºC

)

2002

n = 4

2003

n = 12

2004

n = 12

2005

n = 12

2006

n = 0

(D)

0

1.500

3.000

4.500

6.000

7.500

9.000

Condutivid

ade (

mS

/m, 20ºC

)

2002

n = 0

2003

n = 0

2004

n = 6

2005

n = 6

2005

n = 6

(E) Figura 5.13 – Evolução da condutividade nos

lixiviados [38-42].

Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4, (E) L5.

O teor em sais dissolvidos nos l ixiviados,

medido em mil isiemens por metro, é também

caracterizado por uma enorme variabil idade e

por valores continuamente crescentes em todos

os l ixiviados analisados, à excepção do L4

onde, além de bastante estável, a condutividade

não excede os 1500 mS/m na generalidade das

amostras. O caso que exigirá maior atenção é o

do L3, já que apresenta os valores de

condutividade mais elevados e nit idamente a

aumentar de ano para ano , com uma

variabil idade também crescente. Dados de um

estudo sobre a aplicação de um sistema de OI

ao tratamento de um dado l ixiviado, indicam um

l imite de 10.000 mS/m para as condições de operação desse sistema [70]. Uma análise comparativa

entre a tendência evolutiva das concentrações dos parâmetros estuda dos, faz prever uma relação entre

os crescentes teores de sais dissolvidos e de sulfatos.

63

Da análise conjunta do total de parâmetros aqui reportados , sobressai o facto destes apresentarem no

l ixiviado concentrações bastante superiores às avançadas pela bibl iografia, nomeadamente os teores de

azoto amoniacal, sulfatos , cloretos. O L3 apresentou, de uma forma geral, as concentrações mais

elevadas e variáveis, apesar de o fenómeno da variabil idade ter também caracterizado o perf i l de

concentrações do L1.

Apesar do L4 resultar do aterro com maiores percentage ns de RIB’s depositados, foi neste l ixiviado que

geralmente se observaram as menores e mais estáveis concentrações. Facto que leva a crer que as

elevadas concentrações encontradas nos restantes l ixiviados estão associadas à prática comum de

recirculação para o aterro do concentrado da OI (sistema não uti l izado no tratamento do L4).

De acordo com Gerdes et al. (2006) [ 71], alguns estudos afastam as preocupações com os efeitos a

longo prazo desta prática, defendendo que a mesma apresenta claros benefícios (aumento da produção

de biogás, diminuição do período de manutenção pós -encerramento) e considerando ainda pouco

signif icativas as variações nos teores dos contaminantes dissolvidos no l ixiviado (ver Tabela 5.16).

Tabela 5.16 – Composição de lixiviado resultante de aterro com recirculação do concentrado da OI [ 71].

Aterro Sani tário do Oeste (gerido pela RESIOESTE)

Parâmetro Unidades 2002 2003 2004 2005

pH (-) 7,2 7,4 7,7 7,8

Condutiv idade mS/m 17.000 28.600 27.500 30.000

CBO5 mg/l 2890 4441 4909 5650

CQO mg/l 10.535 13.589 11.045 13.000

N-Total mg/l 1273 3527 3125 3900

N-NH4 mg/l 1618 3291 4750 4600

Contrariamente à interpretação realizada pelo referido estudo, considera -se que a visível tendência

crescente dos valores reunidos na Tabela 5.16 assume contornos bastante preocupantes. Verif icando-se

em apenas 3 anos aumentos superiores a 60% nos compostos azotados, próximos de 50% na CBO 5 e

em torno de 40% na condutividade.

Os efeitos do aumento progressivo da salinidade do l ixiviado, associado à prática da sua recirculação,

sobre os processos de biodegradação aeróbia e anaer óbia foram já alvo de estudo . Apesar de

apresentarem origens dist intas (recircul ação do concentrado da OI e não do l ixiviado), os aterros em

análise no presente trabalho deparam-se com problemas semelhantes.

De acordo com Rolle et al. (1997) [72], embora se tenham observado rendimentos de mineralização da

fracção orgânica do RSU superiores sob condições anaeróbias optimizadas, a mineralização aeróbia

apresentou-se menos sensível ao aumento da salinidade no l ixiviado . À variação da salinidade de 0,8%

p/p para 1,5% p/p (o equivalente a 1250 mS/m e 2344 mS/m, respectivamente 44) , corresponderam

decaimentos da biodegradação aeróbia e anaeróbia de 20% e 90%, respectivamente.

Saliente-se o facto de a condutividade observada nos l ixiviados L1, L2, L3 e L5 (com recirculação do

concentrado da OI) apresentou teores médios de 2000 - 4000 mS/m e máximos de 5500 - 8500 mS/m.

44 De acordo com a relação: SDT (mg/l) = Condutividade (dS/m) x 640 [73].

64

5.4 . EF L U E N T E TR A T A D O

Na Tabela 5.17 é feita a caracterização da qualidade do efluente tratado para alguns importa ntes

parâmetros, referindo-se ainda as eficiências de remoção associadas a cada tratamento.

Os VLE’s apresentados são os estipulados nas respectivas l icenças ambientais, sendo que, em alguns

casos, estes se apresentam mais exigentes que a legislação em vigor.

Tabela 5.17 – Tipologia e Eficiências de Remoção das 5 ETAL’s em análise, obtidas a partir do valor da mediana anual [38-42, 48, 64-67, 74].

Parâmetros

Ef iciências de Remoção (%) Ef luente VLE Tipologia

2002 2003 2004 2005 2006 Média (mg/l )* (mg/l ) da ETAL

AS-1

CQO 99,6 99,9 99,7 99,6 99,3 99,6 39,0 125

3 LAr

1 OI

CBO5 99,3 99,8 99,6 99,8 99,5 99,6 18,0 25

Azoto Amoniacal 99,4 99,6 99,6 99,8 99,7 99,6 12,5 10

Azoto total - 99,5 99,6 - - 99,6 12,3 15

Sulfuretos 99,6 99,8 99,4 99,6 99,9 99,7 0,04 1,0

Sulfatos 97,9 92,5 95,5 99,1 99,7 96,9 19,5 2000

Cloretos - - - - - - - -

AS-2

CQO 97,3 97,4 98,7 99,4 97,3 98,2 37,0 150

2 LAr

2 OI

(2 unidades

desde Dez. 2005)

CBO5 98,0 97,9 99,0 - 98,0 98,3 6,0 40

Azoto Amoniacal 96,4 98,9 99,0 99,1 96,4 98,3 16,0 10

Azoto total 96,8 98,7 99,1 - 96,8 98,2 16,0 15

Sulfuretos 99,9 99,1 83,3 83,3 99,9 91,4 1,0 1,0

Sulfatos 92,6 99,7 100,0 100,0 92,6 98,1 8,0 2000

Cloretos - - - - - - - -

AS-3

CQO 99,4 98,9 99,1 99,6 99,7 99,3 36,0 125

2 LAr

D - N/LA

2 OI

(2 unidades

desde Set. 2002)

CBO5 99,2 99,5 99,6 99,8 - 99,5 4,0 25

Azoto Amoniacal 98,8 99,7 99,8 - 99,4 6,7 10

Azoto total 97,9 99,6 99,9 99,8 - 99,3 7,1 15

Sulfuretos 86,8 71,0 69,2 90,9 97,1 83,0 2,0 1,0

Sulfatos 91,1 99,9 100,0 100,0 100,0 98,2 1,0 2000

Cloretos 90,9 - - - - 90,9 305,0 -

AS-4

CQO

-

95,2 92,7

- -

93,9 67,0 125

1 Lar

LA (SBR)

TFQ

CBO5 96,1 96,1 96,1 22,0 25

Azoto Amoniacal 70,3 96,4 83,3 5,2 10

Azoto total -51,7 95,5 21,9 9,8 15

Sulfuretos 0,0 98,6 49,3 0,03 1,0

Sulfatos -94,3 -73,5 -83,9 1000 2000

Cloretos - -39,4 -39,4 1650 -

AS-5

CQO

- -

97,3 98,5 99,7 98,5 20,0 150

4 LAn

1 OI

CBO5 97,0 98,4 97,7 5,0 40

Azoto Amoniacal 23,5 97,7 94,5 71,9 19,0 10

Azoto total 27,4 96,9 - 62,1 27,0 15

Sulfuretos - - - - 1,0 1,0

Sulfatos 20,8 98,8 - 59,8 11,0 2000

Cloretos 95,0 100,0 98,5 97,8 59,0 -

Legenda :

* Valor da mediana da concentração n a descarga do efluente tratado.

AS: Aterro Sanitário. ETAL: Estação de Tratamento de Águas Lixiviantes.

LAr: Lagoa Arejada. OI: Osmose Inversa.

D – N/LA: Desnitr i f icação – Nitr i f icação/Lamas Activadas.

LA (SBR) - Lamas Activadas do t ipo Sequencing Batch Reacto r. TFQ: Tratamento Físico-Químico.

LAn: Lagoa Anaeróbia.

65

Da observação da Tabela 5.17 ressaltam os valores de eficiências de remoção negativas resultantes do

Tratamento Físico-Química usado na Instalação 4, o qual concentrou os sais presentes no l ixiviado. As

restantes eficiências apresentam-se bastante elevadas e, de um modo geral os VLE são cumpridos,

verif icando-se contudo algumas excepções no caso dos compostos azotados .

Em semelhança com o realizado na aná lise dos l ixivados, é reunida na Tabela 5.18 informação relativa a

todo o universo de amostras real izadas aos efluentes tratados.

Tabela 5.18 - Dados Estatísticos do universo de amostras recolhidas nos 5 efluentes tratados [38-42].

Nº de amostras

% amostras % amostras Valores de Concentração (mg/l)*

< LD > VLE Mínimo Média Mediana Máximo

pH 360 - 28,3% 4,4 6,8 7,2 9,0

Condutividade 59 0,0% - 0,0 324,2 54 1800

CQO 360 39,2% 10,8% 6,0 60 37 412

CBO5 359 34,8% 20,9% 1,0 15 6,0 233

CBO5/CQO 359 - - 0,013 0,29 0,25 1,0

COT 48 8,3% - 0,50 15 7,25 61

SST 361 83,4% 0,9% 0,0 7,4 5,0 72

SDT 50 59,2% - 0,68 5543 193 123000

N-NH4 162 8,0% 46,4% 0,03 21 13 500

Azoto total 165 4,2% 47,5% 0,80 94 12 5000

Nitratos 102 69,6% 2,6% 0,30 5,5 2,0 97

Nitritos 44 64,4% 0,0% 0,01 2,5 0,15 97

Cloretos 39 10,3% - 0,09 814 305 5100

Cl resid. livre 86 72,2% 0,0% 0,01 0,06 0,05 0,20

Cl residual total 48 60,4% 3,5% 0,0 1,8 0,13 144

Sulfatos 181 39,8% 2,0% 1,0 279 11 10886

Sulfuretos 177 4,0% 21,3% 0,02 2,3 1,0 108

Sulfitos 48 0,0% 21,6% 0,30 1,9 0,85 45

Ferro total 150 77,3% 4,9% 0,025 0,59 0,36 8,2

Fósforo total 183 61,7% 3,3% 0,02 2,3 0,25 110

Sódio 42 0,0% - 0,30 682 549 3600

Cálcio 43 51,2% - 1,0 133 31 1200

Magnésio 43 39,5% - 1,0 53 10 580

Potássio 43 2,3% - 2,1 249 102 2000

Alumínio 129 27,3% 0,0% 0,02 1,4 1,0 10

Fosfatos 49 76,6% - 0,05 0,48 0,35 1,0

Arsénio total 147 96,6% 0,0% 0,003 0,46 0,003 25

Chumbo total 170 98,2% 0,0% 0,003 0,27 0,30 1,0

Cádmio total 169 98,8% 0,0% 0,0005 0,09 0,05 1,0

Cobre total 167 95,8% 0,0% 0,001 0,15 0,20 0,50

Crómio total 171 99,4% 0,0% 0,001 0,17 0,10 0,50

Crómio VI 86 97,7% 0,0% 0,005 0,05 0,05 0,10

Mercúrio total 171 98,8% 0,0% 0,0002 0,01 0,005 0,03

Níquel total 171 95,9% 0,5% 0,003 0,28 0,20 24

Zinco total 81 54,3% 0,0% 0,025 0,09 0,049 0,57

O&G 176 0,0% 2,2% 0,03 3,5 2,0 58

HC totais 94 80,1% 0,0% 0,10 2,4 0,70 15

Fenóis 176 94,6% 1,9% 0,001 0,12 0,10 1,0

Manganês total 100 0,0% 0,0% 0,0017 0,22 0,20 2,0

Cianetos 140 62,5% 0,7% 0,005 0,49 0,027 69

Óleos minerais 66 100% 0,0% 0,03 3,2 4,0 12

Legenda:

* Excepto para os valores de pH (Esc. Sor.), condut iv idade (mS/m) e razão CBO5 /CQO (-).

LD: l imi te de detecção. VLE: valor l imi te de emissão.

66

Por não resultar de um tratamento por osmose inversa, o efluente tratado da instala ção 4 assume uma

designação mais generalista: Efluente Tratado 4 (ET4) e não Permeado (P1, P2, P3 e P5) .

Relativamente aos gráficos referentes ao ET4, as indicações (a) e (b) referem -se à qualidade do

efluente à saída da primeira e da segunda unidade de OI, respectivamente.

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

pH

(E

sc.

Sore

nsen)

2002

n = 3

2003

n = 10

2004

n = 7

2005

n = 11

2006

n = 13

(A)

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

pH

(E

sc.

Sore

nsen)

2002

n = 0

2003

n = 12

2004

n = 32

2005

n = 31

2006(a)

n = 29

2006(b)

n = 51

(B)

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

pH

(E

sc. S

ore

nsen)

2002

n = 3

2003

n = 4

2004

n = 45

2005

n = 43

2006

n = 43

(C)

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

pH

(E

sc. S

ore

nsen)

2002

n = 0

2003

n = 2

2004

n = 11

2005

n = 0

2006

n = 0

(D)

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

pH

(E

sc. S

ore

nsen)

2002

n = 0

2003

n = 11

2004

n = 10

2005

n = 12

2006

n = 6

(E)

Figura 5.14 – Evolução do pH nos efluentes tratados [38-42].

Legenda: (A) P1, (B) P2, (C) P3, (D) ET4, (E) P5.

De acordo com os dados reunidos na Tabela

5.18, cerca de 28% das 360 amostras

analisadas apresentava um pH inferior ao

permit ido na descarga, 6,0 (VLE inferior),

verif icando em todos os casos o cumprimento

do VLE superior (9,0). A referida percentagem

sobe para 58% e 65% quando se consideram

separadamente o P2 e o P3, respectivamente.

No caso do P1, observa-se uma evolução no

sentido de uma maior alcalinidade do efluente

com tendência a estabil izar em valores de pH

próximos de 8,0.

Assinale-se ainda a grande variabil idade verif icada no P2, especialmente em 2005 e em 2006 (5,0 –

9,0), na descarga, em oposição ao observado em 2004 no ET4 (7,5 – 8,5).

67

0

100

200

300

400

500C

QO

(m

g/l

O2)

2002

n = 4

2003

n = 10

2004

n = 7

2005

n = 11

2006

n = 13

(A)

0

100

200

300

400

500

CQ

O (

mg/l

O2)

2002

n = 0

2003

n = 12

2004

n = 32

2005

n = 31

2006(a)

n = 29

2006(b)

n = 51

(B)

0

100

200

300

400

500

CQ

O (

mg/l

O2)

2002

n = 3

2003

n = 7

2004

n = 43

2005

n = 43

2006

n = 43

(C)

0

100

200

300

400

500

CQ

O (

mg/l

O2)

2002

n = 0

2003

n = 2

2004

n = 11

2005

n = 0

2006

n = 0

(D)

0

100

200

300

400

500

CQ

O (

mg/l

O2)

2002

n = 0

2003

n = 11

2004

n = 10

2005

n = 12

2006

n = 5

(E)

Figura 5.15 – Evolução da CQO nos efluentes tratados [38-42].

Legenda: (A) P1, (B) P2, (C) P3, (D) ET4, (E) P5.

Considerando os diferentes VLE estipulados para cada uma das 5 i nstalações nas respectivas LA’s,

resulta um incumprimento deste valor na descarga dos efluentes tratados por parte de quase 11% do

total das 360 amostras analisadas (Tabela 5.18).

Associados à maior variabilidade da CQO, estão os valores mais elevados deste indicador, verif icados

em P1 e part icularmente em P3. Cenário bem dist into do observado para o P2 e

P4, onde a maioria das amostras apresenta valores de CQO abaixo dos 50 – 100 mg/l de O2 , com

aparente tendência a descer abaixo do VLE (150 mg/l).

68

0

50

100

150

200

250C

BO

5 (

mg/l O

2)

2002

n = 4

2003

n = 10

2004

n = 7

2005

n = 11

2006

n = 13

(A)

0

50

100

150

200

250

CB

O5 (

mg/l

O2)

2002

n = 0

2003

n = 12

2004

n = 32

2005

n = 31

2006(a)

n = 29

2006(b)

n = 51

(B)

0

50

100

150

200

250

CB

O5 (

mg/l O

2)

2002

n = 1

2003

n = 7

2004

n = 44

2005

n = 43

2006

n = 43

(C)

0

50

100

150

200

250

CB

O5 (

mg/l

O2)

2002

n = 0

2003

n = 2

2004

n = 11

2005

n = 0

2006

n = 0

(D)

0

50

100

150

200

250

CB

O5 (

mg/l O

2)

2002

n = 0

2003

n = 11

2004

n = 10

2005

n = 12

2006

n = 5

(E)

Figura 5.16 – Evolução da CBO5 nos efluentes tratados [38-42].

Legenda: (A) P1, (B) P2, (C) P3, (D) ET4, (E) P5.

No que se refere aos valores de CBO 5 medidos

na descarga, verif ica-se um incumprimento dos

VLE´s na descarga da ordem dos 21%, de entre

as 359 amostras disponíveis (Tabela 5.18).

A acentuada variabil idade verif icada no P3

evidencia a existência um tratamento ineficaz

no controlo dos picos de concentração

verif icados no respectivo l ixiviado .

Os valores de CBO 5 nos restantes efluentes,

apesar de por vezes superiores ao respectivo

VLE, apresentam uma estabil idade bastante

considerável, abaixo dos 50 mg/l de O2 .

69

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0C

BO

5/C

QO

(-)

2002

n = 4

2003

n = 10

2004

n = 7

2005

n = 11

2006

n = 13

(A)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

CB

O5/C

QO

(-)

2002

n = 0

2003

n = 12

2004

n = 32

2005

n = 31

2006(a)

n = 29

2006(b)

n = 51

(B)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

CB

O5/C

QO

(-)

2002

n = 3

2003

n = 7

2004

n = 43

2005

n = 43

2006

n = 43

(C)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

CB

O5/C

QO

(-)

2002

n = 0

2003

n = 2

2004

n = 11

2005

n = 0

2006

n = 0

(D)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

CB

O5/C

QO

(-)

2002

n = 0

2003

n = 11

2004

n = 10

2005

n = 12

2006

n = 4

(E)

Figura 5.17 – Evolução da razão CBO5/CQO nos efluentes tratados [38-42].

Legenda: (A) P1, (B) P2, (C) P3, (D) ET4,(E)P5.

Ainda que apresentando um valor médio de 0,29

no total das amostras (359), a razão

CBO5 /CQO, à excepção do verif icado no ET4

apresenta uma enorme variabil idade, nalguns

casos, muito próxima da variabil idade máxima

(L1 e L3) , o que por si revela prováveis

dif iculdades na manutenção do bom

funcionamento dos seus sistemas de

tratamento. Contudo, na grande maioria das

amostras os valores desta razão são inferiores

a 0,6. Também nas análises aos efluentes

tratados, não foram consideradas as amostras

cuja razão CBO5 /CQO resultasse em valores

superiores à unidade.

70

0,01

0,1

1

10

100

1000A

zoto

Am

onia

cal (m

g/l N

H4+

)

2002

n = 4

2003

n = 10

2004

n = 7

2005

n = 11

2006

n = 13

(A)

0,01

0,1

1

10

100

1000

Azoto

Am

onia

cal (m

g/l N

H4

+)

2002

n = 0

2003

n = 12

2004

n = 11

2005

n = 12

2006(a)

n = 9

2006(b)

n = 12

(B)

0,01

0,1

1

10

100

1000

Azoto

Am

onia

cal (m

g/l N

H4+

)

2002

n = 3

2003

n = 52004

n = 0

2005

n = 10

2006

n = 0

(C)

0,01

0,1

1

10

100

1000

Azoto

Am

onia

cal (m

g/l N

H4+

)

2002

n = 0

2003

n = 2

2004

n = 11

2005

n = 0

2006

n = 0

(D)

0,01

0,1

1

10

100

1000

Azoto

Am

onic

al (m

g/l N

H4+

)

2002

n = 0

2003

n = 11

2004

n = 10

2005

n = 12

2006

n = 6

(E)

Figura 5.18 – Evolução da concentração de N-NH4 nos efluentes tratados [38-42].

Legenda: (A) P1, (B) P2, (C) P3, (D) ET4,(E)P5.

Dado um VLE igual a 10 mg/l de azoto

amoniacal, cerca de 46% das 162 amostras

analisadas apresentou teores superiores a este

l imite, situação sistematicamente repetida ao

longo dos anos, em particular no caso do

efluentes P1, P2 e P5.

A necessidade de prestar part icular atenção

sobre as concentrações de azoto amoniacal no

efluente a descarregar (sob a forma ionizada,

NH4 +) prende-se com o facto de este ião

estabelecer um equilíbr io , dependente do pH e

da temperatura do meio, com a amónia l ivre(gás

amoníaco, NH3), forma consideravelmente mais

tóxica para os organismos vivos, tal como os peixes. A percentagem de azoto amoniacal total presente

no meio como NH3 aumenta com o pH e temperatura.

71

0,1

1

10

100

1000

10000A

zo

to T

ota

l (m

g/l)

2002

n = 0

2003

n = 10

2004

n = 7

2005

n = 92006

n = 0

(A)

0,1

1

10

100

1000

10000

Azoto

tota

l (m

g/l)

2002

n = 0

2003

n = 12

2004

n = 11

2005

n = 12

2006(a)

n = 9

2006(b)

n = 12

(B)

0,1

1

10

100

1000

10000

Azoto

tota

l (m

g/l)

2002

n = 3

2003

n = 7

2004

n = 10

2005

n = 10

2006

n = 10

(C)

0,1

1

10

100

1000

10000

Azoto

tota

l (m

g/l)

2002

n = 0

2003

n = 2

2004

n = 11

2005

n = 0

2006

n = 0

(D)

0,1

1

10

100

1000

10000

Azoto

tota

l (m

g/l)

2002

n = 0

2003

n = 11

2004

n = 10

2005

n = 12

2006

n = 6

(E)

Figura 5.19 – Evolução da concentração de azoto total nos efluentes tratados [38-42].

Legenda: (A) P1, (B) P2, (C) P3, (D) ET4, (E) P5.

Num total de 165 amostras no conjunto das 5 instalações , o VLE de 15 mg/l de azoto total foi excedido

em cerca de 48% dessas amostras. Associado a este incumprimento está um valor médio da

concentração de azoto total superior a 93 mg/l ( Tabela 5.18).Dada a dif iculdade comum aos 5 sistemas

de tratamento em não exceder os VLE tanto para o azoto total como para o amoniacal, o controlo dos

parâmetros azotados destaca -se aqui como um dos aspectos de maior relevância neste contexto.

72

0,1

1

10

100

1000

10000

100000S

ulfato

s (

mg/l S

O42-)

2002

n = 3

2003

n = 10

2004

n = 7

2005

n = 11

2006

n = 13

(A)

0,1

1

10

100

1000

10000

100000

Sulfato

s (

mg/l S

O4

2- )

2002

n = 0

2003

n = 12

2004

n = 11

2005

n = 12

2006(a)

n = 92006(b)

n = 12

(B)

0,1

1

10

100

1000

10000

100000

Sulfato

s (

mg/l S

O4

2- )

2002

n = 2

2003

n = 6

2004

n = 11

2005

n = 10

2006

n = 10

(C)

0,1

1

10

100

1000

10000

100000

Sulfa

tos (

mg/l

SO

42

- )

2002

n = 0

2003

n = 2

2004

n = 11

2005

n = 0

2006

n = 0

(D)

0,1

1

10

100

1000

10000

100000

Sulfa

tos (

mg/l

SO

42

- )

2002

n = 0

2003

n = 11

2004

n = 10

2005

n = 12

2006

n = 5

(E)

Figura 5.20 – Evolução da concentração de sulfatos nos efluentes tratados [38-42].

Legenda: (A) P1, (B) P2, (C) P3, (D) ET4,(E) P5.

Apesar dos elevados teores de sulfatos

presentes nos l ixiviados L1, L2, L3 e L5 (entre

100 e 10.000 mg/l) , foi no ET4 que se

verif icaram as maiores dif iculdades no

cumprimento do VLE de descarga de 2000 mg/l

de sulfatos, facto já observado aquando da

análise da Tabela 5.17 (pág. 64). Na mesma

são dadas a conhecer eficiências de remoção

do tratamento físico-químico negativas para

alguns dos compostos analisados (azoto total,

sulfatos e cloretos).

Em resultado, num total de 181 amostras, cerca

de apenas 2% apresentava na descarga teores

de sulfatos superiores a 2000 mg/l de s ulfatos

(Tabela 5.18, pág. 65).

73

0,01

0,1

1

10

100

1000S

ulfu

reto

s (

mg/l

S2

- )

2002

n = 3

2003

n = 10

2004

n = 7

2005

n = 11

2006

n = 13

(A)

0,01

0,1

1

10

100

1000

Sulfu

reto

s (

mg/l

S2

- )

2002

n = 0

2003

n = 12

2004

n = 11

2005

n = 12

2006(a)

n = 9

2006(b)

n = 12

(B)

0,01

0,1

1

10

100

1000

Su

lfu

reto

s (

mg

/l S

2- )

2002

n = 3

2003

n = 6

2004

n = 11

2005

n = 10

2006

n = 10

(C)

0,01

0,1

1

10

100

1000

Su

lfu

reto

s (

mg

/l S

2- )

2002

n = 0

2003

n = 2

2004

n = 11

2005

n = 0

2006

n =

(D)

0,01

0,1

1

10

100

1000

Sulfu

reto

de H

idrp

génio

(m

g/l)

2002

n = 0

2003

n = 11

2004

n = 10

2005

n = 12

2006

n = 0

(E)

Figura 5.21 – Evolução da concentração de sulfuretos (A, B, C e D) e H2S (E) nos efluentes tratados [38-42].

Legenda: (A) P1, (B) P2, (C) P3, (D) ET4, (E) P5.

No total das amostras reunidas nas 5 instalações (177), cerca de 21% não cumpriram o VLE de 1,0 mg/l

de sulfuretos. Esta percentagem deve-se sobretudo aos incumprimentos por parte das instalações 2 e 3

(32% e 60% das amostras, respectivamente).

A Figura 5.21 refere-se aos teores de sulfureto de hidrogénio (H 2S), ácido conhecido pelo seu odor

agressivo.

74

0,1

1

10

100

1000

10000C

on

du

tivid

ad

e (

mS

/m)

2002

n = 3

2003

n = 4

2004

n = 0

2005

n = 0

2006

n = 0

(A)

0,1

1

10

100

1000

10000

Condutivid

ade (

mS

/m)

2002

n = 0

2003

n = 2

2004

n = 11

2005

n = 0

2006

n = 0

(B)

0,1

1

10

100

1000

10000

Condutiv

idade (

mS

/m)

2002

n = 0

2003

n = 11

2004

n = 10

2005

n = 12

2006

n = 5

(C)

Figura 5.22 – Evolução da condutividade nos efluentes tratados [38-42].

Legenda: (A) P3, (B) ET4, (C) P5.

A condutividade nos efluentes a descarregar

apresenta valores part icularmente elevados no

ET4, onde a total idade das amostras se

distr ibui no intervalo 470 – 1800 mS/m.

Nos restantes casos analisados os teores de

sais dissolvidos não excedem os 36 e 166 mS/m

(P3 e P5, respectivamente).

0,01

0,1

1

10

100

1000

10000

Clo

reto

s (

mg/l

Cl- )

2002

n = 0

2003

n = 0

2004

n = 10

2005

n = 0

2006

n = 0

(A)

0,01

0,1

1

10

100

1000

10000

Clo

reto

s (

mg/l

Cl- )

2002

n = 0

2003

n = 0

2004

n = 10

2005

n = 12

2006

n = 6

(B)

Figura 5.23 – Evolução da concentração de cloretos nos efluentes tratados [38-42].

Legenda:(A) ET4, (B) P5.

Nos casos em que as concentrações de cloretos foram analisadas verif icam -se teores muito elevados. O

total de 39 amostras apresenta um valor médio superior a 800 mg/l, reunindo o ET4 os teores de

cloretos mais elevados (maioria das amostras entre 1000 e 5000 mg/l).

75

A análise aos 5 efluentes tratados deixa transparecer teores na descarga ainda excessivamente

elevados, especialmente nos compostos azotados (N-NH4, em part icular), na carga orgânica e nos sais

dissolvidos. Já as concentrações de metais pesados mostraram -se dentro dos l imites impostos pela

legislação em vigor.

De sublinhar o facto de, no compto geral, o tratamento físico-químico usado no tratamento do L4, se ter

mostrado menos eficaz, apresentando eficiências bastante inferiores às verif icadas no tratamento dos

restantes l ixiviados (tratamento biológico reforçado com sistemas de OI). Casos houve em que as

eficiências de remoção do tratamento físico -químico se revelaram negativas (N-NH4 , sulfatos, cloretos) ,

conduzindo às maiores concentrações na descarga no conjunto do 5 efluentes analisados ( Tabela 5.17,

pág. 64 e respectivos gráficos).

Os resultados aqui obtidos re forçam a convicção de que tratamentos que combinem processos

biológicos ( lamas activadas, lagoas aeróbias) e processo físico -químicos (osmose inversa) são bastante

adequados ao tratamento de águas l ixiviantes.

No que se refere ao bom funcionamento dos sistemas de tratamento adoptados, prevê-se que este seja

comprometido pelos elevados teores de alguns dos contaminantes existentes nos l ixiviados. São

exemplos disso os níveis de toxicidade associados à presença de N -NH4 , responsáveis por fenómenos

de inibição dos microorganismos intervenientes nos processo biológicos, bem como os altos teores de

salinidade, os quais estão na origem de problemas de colmatação das membranas da OI. Os elevados

teores de sais dissolvidos (sulfatos, cloretos) no afluente ao sistema de tratamento afectam também o

desempenho dos organismos biológicos, sendo necessário um processo de aclimatização a estes meios

por parte das bactérias dos tratamentos biológicos, o qual pode prolonga r-se por meses até que sejam

atingidas taxas máximas de rendimento biológico [45].

76

6. CONCLUSÕES

A realização deste estudo sobre 5 Aterros Sanitários em exploração no nosso País revelou realidades

consideravelmente dist intas das expectáveis.

Apesar de serem aterros l icenciados para a deposição exclusiva de RSU, as percentagens totais de RIB

neles depositados entre 2002 e 2006 rondaram os 20 – 40% em 4 dos Aterros analisados e, sendo que

em apenas uma destas instalações o valor se mostrou inferior a 1%, com as inevitáveis implicações na

qualidade do l ixiviado.

No que se refere à qualidade observada nos l ixiviados analisados, além de acentuadas variabil idades

anuais nas concentrações, verif icaram -se ainda teores de contaminantes muito superiores aos previstos

pela bibl iografia , em part icular no caso da CQO, do N-NH4 , dos sulfatos e dos cloretos (condutividade).

Estas discrepâncias revelaram-se especialmente evidentes para 4 das 5 instalações analisadas, aquelas

em que se recorr ia à prática de recirculação do concentrado da OI.

Os resultados aqui obtidos fundamentam a teoria, já defendida em outros estudos, de que a recirculação

para o aterro do concentrado da OI coincide com um aumento da carga poluente do l ixiviado,

considerando-se por isso desaconselhável a prossecução desta prática.

Um destino adequado a dar a este produto passaria pela sua exportação, apenas até à existência em

Portugal de aterros de resíduos perigosos, antecedida ou não pelo seu tratamento

(evaporação/secagem, inert ização, concentração com HPRO) .

Contudo, dadas as incertezas em torno desta temática, são essenciais futuros desenvolvimentos no

sentido de melhor conhecer as vantagens e os efeitos associados a recente, e ainda pouco difundida,

prática de recircular o concentrado da OI.

Relativamente ao tratamento do l ixiviado , as respectivas ef iciências de remoção revelaram-se em alguns

casos muito insuficientes, resultando efluentes cujas concentrações excediam sistematicamente os VLE

estabelecidos. Foi o caso dos compostos azotados, compostos de enxofre e a carga orgânica.

Os 4 sistemas de tratamento que recorrem a unidade(s) de osmose inversa foram os que maiores

eficiências de remoção apresentaram.

Em relação ao estado do cumprimento do Regime PCIP, a realidade nacional revela números

preocupantes, tendo em conta o prazo l imite para a obtençã o de l icença ambiental – 30 de Outubro de

2007. No f inal de Agosto deste ano apenas 38% dos aterros de deposição de RSU abrangidos por este

regime dispunham de LA, sendo que até ao f inal de Outubro a autoridade competente para o efeito

(APA) garante apenas um total de 70% de instalações ambientalmente l icenciadas, dados os atrasos

verif icados no pedido de l icenciamento.

A análise dos RAA’s entregues pelos operadores das 5 instalações estudadas deu a conhecer uma

elevada diversidade, em termos estruturais e de conteúdos. Apesar de, de uma forma geral, serem

cumpridos os requisitos especif icados na respectiva LA, a informação reportada nos RAA’s não se

mostrou suficiente, já que não reúne a total idade de dados necessários ao completo acompanhamento

do desempenho ambiental destas instalações.

Em part icular, e no que se refere à questão da gestão dos l ixiviados e efluentes tratados, o reduzido

número de amostras anuais comprometia a relevância dos resultados obtidos.

77

Perante a confirmação da prática de recirculaç ão para o aterro do concentrado da OI, deve ser exigido

nas respectivas LA’s a inclusão nos RAA’s de toda a informação associada a este procedimento

(volumes produzidos e volumes recirculados, análises à sua qualidade, etc.).

Após a extensiva análise de um total 23 RAA’s entregues em formato impresso pelo conjunto das 5

instalações estudadas, sobressai antes de mais a elevada heterogeneidade entre estes documentos

relat ivamente à forma em que a informação reunida é apresentada. Na respectiva LA deveria

estabelecer-se uma estrutura modelo, desenvolvida em formato digital, que permita agil izar e nortear

não só o processo de exposição dos dados por parte de quem elabora os relatórios, bem como o

processo de posterior análise destes documentos.

Por últ imo, de forma a não sobrecarregar desnecessariamente as entidades gestoras dos aterros

abrangidos pelo regime PCIP, sugere -se uma maior complementaridade entre as autoridades

competentes para a emissão da LA (APA-DALA) e das LI/LE (APA, enquanto ANR), em part icular, no

que se refere à entrega a cada uma destas entidades de dois documentos que, apesar de dist intos,

contêm informação comum.

78

BIBLIOGRAFIA

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79

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[21] Comissão Europeia. 2006. Resposta ao 2.º Questionário sobre a aplicação da Directiva n.º

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[22] Portugal. 2001. Portaria n.º 1252/2 001 (2ª série), de 20 de Julho.

[23] Portugal. 2006. Decreto -Lei n.º 207/2006, 27 de Outubro. Relativo à aprovação da nova Lei

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[24] Portugal. 2007. Decreto Regulamentar n.º 53/2007, 27 de Abri l . Relativo à aprovação da orgânica

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[25] Portugal. 2007. Portaria n.º 573-C/2007, de 30 de Abri l . Relativo à estrutura nuclear da APA e das

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[26] Portugal. 2001. Portaria n.º 1047/2001, de 1 de Setembro. Relativo à aprovação do formulário PCIP.

[27] Comissão Europeia. Directiva n.º 1999/31/CE do Conse lho, de 26 de Abri l. Relativa à deposição de

resíduos em aterro.

[28] Portugal. 2004. Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março. Relativa à aprovação da nova l ista europeia

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[29] Comissão Europeia. 2003. Decisão do Conselho n.º 2003/33/CE, de 19 de Dezembro. Relativa ao

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80

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[66] Instituto do Ambiente/Agência Portuguesa do Ambiente. Licença Ambiental do Aterro Sanitário 3.

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United States Environmental Protection Agency, Municipal Solid Waste – Bioreactors, www.epa.gov,

Maio de 2007.

83

ANEXO A

84

Figura A.1 – Processo PCIP.

85

ANEXO B

86

Figura B.1 – Sistemas de Gestão de RSU em Portugal Continental.

Fonte: INR, Março de 2007 [35].

87

ANEXO C

88

Tabela C.1 - Aterros geridos por SM ou SMM e abrangidos pelo Regime PCIP (37).

SM ou SMM Designação da Infra -estrutura Local ização

ÁGUAS ZÊZERE E COA Centro de Tratamento de RSU da Cova da Beira Fundão

ALGAR Aterro Sani tário do Barlavento Algarvio Port imão

Aterro Sani tário do Sotavento Algarvio Loulé

AMARSUL Aterro Sani tário de Palmela Palmela

Aterro Sani tário do Seixal Seixal

Amave Aterro Sani tário de Santo Tirso a Santo Tirso

Aterro Sani tário de Guimarães b Guimarães

Ambi l i tal Aterro Sani tário do Alentejo Li toral , Al justrel e Ferrei ra do Alentej . Sant iago do C.

Ambisousa/Valsousa Aterro Sani tário de Lustosa Lousada

Aterro Sani tário de Penafiel Penafiel

Amcal Aterro Sani tário do Alentejo Central (Cuba) Cuba

BRAVAL Aterro de Resíduos Urbanos do Baixo Cavado Póvoa Lanhoso

Ecobeirão Centro de Tratamento e El iminação de Resíduos do Planal to Beirão Tondela

ERSUC

Aterro Sani tário de Aveiro Aveiro

Aterro Sani tário de Coimbra Coimbra

Aterro Sani tário da Figueira da Foz Figueira da Foz

Gesamb (AMDE) Aterro Sani tário Intermunicipal do Distr i to de Évora Évora

Lipor Central de Tratamento de Resíduos Urbanos do Grande Porto c Maia

Aterro Sani tário Intermunicipal da Lipor d Póvoa do Varzim

Raia-Pinhal Aterro Sani tário - Monte de São Mart inho Castelo Branco

REBAT Aterro Sani tário do Baixo Tâmega Celorico de Basto

RESAT Aterro Sani tário do Al to Tâmega Boticas

Resialentejo (AMALGA) Aterro Intermunicipal do Sistema de RSU do Distr i to de Beja Beja

RESIDOURO Aterro Sani tário do Vale do Douro Sul Lamego

Resíduos do Noroeste Aterro Sani tário de Urjais Mirandela

RESIOESTE Aterro Sani tário do Oeste Cadaval

Resi tejo Aterro Sani tário da Resi tejo Chamusca

Resiurb Aterro Sani tário da Resiurb Almeir im

RESULIMA Aterro Sani tário do Vale do Lima e Baixo Cávado Viana do Castelo

SULDOURO Aterro Sani tário de Vila Nova de Gaia e St.ª Maria da Feira Vi la Nova Gaia

Vale do Douro-Norte Aterro Sani tário Intermunicipal do Vale do Douro -Norte Vi la Real

VALNOR

Aterro Sani tário da Herdade da Torre e Campo Maior

Aterro Sani tário de Abrantes Abrantes

Aterro Sani tário de Avis Avis

VALORLIS Aterro Sani tário de Leir ia Leir ia

VALORMINHO Aterro Sani tário do Vale do Minho Valença

VALORSUL Aterro Sani tário de Mato da Cruz Vi la Franca Xira

Legenda:

a Aterro em opt imização, de acordo com fonte.

b Aterro reaberto em Fevereiro de 2006 [http:/ /www.guimaraesdigi tal .com e contacto telefónico Amave].

c Apenas parte da instalação é abrangida pelo ponto 5.4 do Anexo I do Diploma PCIP (actividade principal é 5.3).

d De acordo com a fonte, esta instalação encontra -se em fase de obra.

e Instalação desactivada, de acordo com si te do sistema que a gere.

Fonte: Si te INR – “Sistemas de Gestão de RSU em Portugal Continental (formato verde) ”, consul tado em Julho de

2007.

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Tabela C.2 - Aterros de RSU licenciados de acordo com o Art igo 50.º

do Decreto-lei n.º 152/2002, de 23 de Maio (27) [INR, Lista de Abril de 2007].

Licença de

Exploração Designação da Infra -estrutura

01/2005 Aterro Sani tário de Palmela (AMARSUL)

02/2005 Aterro Sani tário do Seixal (AMARSUL)

04/2005 Aterro Sani tário do Alent. Li toral , Aljustrel e Ferrei ra do Alent. (Ambi l i tal )

05/2005 Aterro Sani tário de Mato da Cruz (VALORSUL)

06/2005 Aterro Sani tário de Leir ia (VALORLIS)

07/2005 Aterro Sani tário do Vale do Lima e Baixo Cávado (RESULIMA)

08/2005 Aterro Sani tário de Avis (VALNOR)

09/2005 Aterro Sani tário Intermunicipal da Maia (Lipor)

10/2005 Aterro Sani tário Intermunicipal do Distr i to de Évora (Gesamb/AMDE)

12/2005 Aterro Sani tário do Fundão (ÁGUAS DO ZÊZERE E CÔA)

13/2005 Aterro Sani tário de Coimbra (ERSUC)

14/2005 Aterro Sani tário de Urjais (Resíduos do Noroeste)

15/2005 Aterro Sani tário do Alentejo Central - Cuba (Amcal)

16/2005 Aterro Sani tário da Figueira da Foz (ERSUC)

17/2005 Aterro de Resíduos Urbanos do Baixo Cavado (BRAVAL)

20/2005 Aterro Sani tário do Vale do Douro Sul (RESIDOURO)

22/2005 Aterro Sani tário do Sotavento Algarvio (ALGAR)

23/2005 Aterro Sani tário de Vila Nova de Gaia e St.ª Maria da Feira (SULDOURO)

01/2006 Aterro Sani tário do Baixo Tâmega (REBAT)

03/2006 Aterro Sani tário de Penafiel (Valsousa/AMBISOUSA)

05/2006 Aterro Sani tário de Aveiro (ERSUC)

11/2006 Aterro Sani tário de Lustosa (Valsousa/AMBISOUSA)

01/2007 Aterro Sani tário de Guimarães (Amave)

02/2007 Aterro Sani tário - Monte de São Mart inho (Raia -Pinhal)

04/2007 Aterro Sani tário do Barlavento Algarvio (ALGAR)

05/2007 Aterro Sani tário do Al to Tâmega (RESAT)

07/2007 Aterro Sani tário de Abrantes (VALNOR)

Tabela C.3 – Licenciamento Ambiental de Aterros de RSU

no âmbito do Regime PCIP (14) [IA/APA, Agosto 2007].

Licença

Ambiental Designação da Infra -estrutura

2/2002 Aterro Sani tário do Baixo Tâmega (REBAT)

3/2001 Aterro Sani tário do Al to Tâmega (RESAT)

4/2002 Aterro Sani tário do Vale do Douro Sul (RESIDO URO)

5/2001 Aterro Sani tário Intermunicipal de RSU do Distr i to de Beja (Resialentejo)

6/2002 Aterro Sani tário Intermunicipal do Distr i to de Évora (Gesamb/AMDE)

20/2004 Aterro Sani tário do Alent. Li toral , Aljustrel e Ferrei ra do Alent. (Ambi l i tal )

22/2005 Aterro Sani tário Intermunicipal da Maia (Lipor)

1A.1/2001 Centro de Tratamento de Resíduos do Oeste (RESIOESTE)

28/2005 Aterro Sani tário de Avis (VALNOR)

14/2006 Aterro de Resíduos Urbanos do Baixo Cavado (BRAVAL)

20/2006 Aterro Sani tário do Sotavento Algarvio (ALGAR)

18/2007 Centro Integrado de Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A. (VALORLIS)

33/2007 Aterro Sani tário da Figueira da Foz (ERSUC)

36/2007 Aterro Sani tário de Penafiel (Ambisousa/Valsousa)