análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento...

199
Lidia Pacheco Miranda Análise do comportamento mecânico de pavimento reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio. Orientadora: Profa. Michéle Dal Toé Casagrande Co-orientadora: Profa. Laura Maria Goretti da Motta Rio de Janeiro Março de 2013

Upload: dangcong

Post on 03-Jan-2019

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

1

Lidia Pacheco Miranda

Análise do comportamento mecânico de pavimento reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em

modelo físico de verdadeira grandeza

Dissertação de Mestrado

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio.

Orientadora: Profa. Michéle Dal Toé Casagrande

Co-orientadora: Profa. Laura Maria Goretti da Motta

Rio de Janeiro Março de 2013

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 2: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

2

Lidia Pacheco Miranda

Análise do comportamento mecânico de pavimento reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em

modelo físico de verdadeira grandeza

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil do Centro Técnico Científico da PUC-Rio Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.

Profa. Michéle Dal Toé Casagrande Orientadora

Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio

Profa. Laura Maria Goretti da Motta

Co-orientadora Universidade Federal do Rio de Janeiro/COPPE

Prof. Celso Romanel

Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio

Prof. Alexandre Benetti Parreira Universidade de São Paulo/EESC

Prof. Ben-Hur de Albuquerque e Silva Instituto Militar de Engenharia (IME)/RJ

Prof. José Eugênio Leal

Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico - PUC-Rio

Rio de Janeiro, 01 de Março de 2013

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 3: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

3

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução

total ou parcial do trabalho sem autorização da

universidade, do autor e da orientadora.

Lidia Pacheco Miranda

Graduou-se em Engenharia Civil pela Universidade San

Antonio Abad del Cusco (Cusco–Perú) em 2004. Trabalhou

em projetos e obras no Perú no período 2005-2010.

Ingressou no mestrado na Pontifícia Universidade Católica

do Rio de Janeiro em 2011, desenvolvendo dissertação na

linha de pesquisa de Geotecnia Experimental com enfoque

na linha de pavimentos.

Ficha Catalográfica

CDD: 624

Miranda, Lidia Pacheco Análise do comportamento mecânico de pavimento reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza / Lidia Pacheco Miranda ; orientadora: Michéle Dal Toé Casagrande ; co-orientadora: Laura Maria Goretti da Motta. – 2013. 199 f. il. (color.) ; 30 cm

Dissertação (mestrado)–Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Civil, 2013.

Inclui bibliografia

1. Engenharia civil – Teses. 2. Geogrelha. 3. Carregamento cíclico. 4. Pavimento reforçado. 5.

Modelo físico. 6. Verdadeira grandeza. I. Casagrande,

Michéle Dal Toé. II. Motta, Laura Maria Goretti da. III. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Civil. IV. Título.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 4: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

4

Dedico este trabalho a Deus,

criador e guia de nossas vidas.

Também aos meus pais e a minha família

toda, pelo amor, apoio e por ser parte da minha vida.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 5: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

5

Agradecimentos

Primeiramente a Deus, por ter me permitido viver essa nova experiência. Como

sempre com você tudo é possível. Obrigada Pai.

Às minhas queridas orientadoras Laura Motta e Michéle Cassagrande, obrigada

pela oportunidade de trabalhar com vocês, sem dúvida alguma foi a melhor

decisão eleger duas pessoas admiráveis que me ensinaram muito durante a etapa

da Dissertação. Obrigada pelo apoio e compressão.

Aos professores da Engenharia Civil da PUC-Rio pelas aulas ditadas e os

conhecimentos transmitidos durante estes dois anos de mestrado.

A todos os amigos e colegas do Laboratório de Geotecnia da COPPE que foram

parte deste trabalho, Mariluce, Álvaro Dêlle, Marcus, Ricardo Gil, Helcio, Bororó,

Sergio, Gloria, Maiara, Juliana, Mauro, Carlinho, Luizão, Roberto, Jaelson,

Verônica, Ana Souza, Mario, Francesco, Gustavo, Alice, Márcia, Salviano,

Eduardo.

Aos grandes amigos Sandra Oda, Thiago, Washington, Allan, Leandro, Rodrigo,

Vera, Cristina, o trabalho foi pesado, mas sem vocês não seria sido possível.

Aos meus queridos pais, Ubaldina e José Augusto, que confiaram e entregaram

sempre tudo por mim, sem vocês não teria chegado onde cheguei.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 6: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

6

Aos meus tios Rómulo e Julia, que são como os meus segundos pais, aos meus

irmãos Yesica, Dante, Patricia, Rómulo Enrique e Julito, uma família assim, é o

melhor presente que pude ter na vida.

A Angie e ao meu sobrinho querido Emanuel Alejandro.

Ao Alfredo, uma pessoa especial, que foi parte desta etapa da minha vida.

A todos meus amigos do Mestrado e Doutorado, especialmente a minha querida

turma 2011-1, e também a Mirian, Ronald, Jorge, Marle, Ximena, Carlitos,

pessoas admiráveis e inesquecíveis.

A meus queridos amigos Perlita Rosmery, Gary Gary, Paola, por todos os

momentos especiais que vivemos durante este tempo. Obrigada pela amizade,

apoio e confidencialidade.

Ao pessoal do laboratório do Instituto de Pesquisas Rodoviárias IPR do DNIT

pelo apoio no ensaio do CBR.

Ao professor Antônio Carlos Rodrigues Guimarães do IME pelo empréstimo do

equipamento LWD.

À empresa Huesker por ter cedido a geogrelha para o desenvolvimento deste

estudo.

À Rita de Cássia, pelo apoio e informação brindada.

Aos Professores, Celso, Alexandre e Ben-Hur, pela valorada participação na

banca examinadora.

À CAPES e à PUC-Rio, pelos auxílios concedidos, sem os quais este trabalho não

poderia ter sido realizado.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 7: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

7

Resumo

Miranda, Lidia Pacheco; Casagrande, Michéle Dal Toé; Motta, Laura

Maria Goretti. Análise do comportamento mecânico de pavimento

reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico

de verdadeira grandeza. Rio de Janeiro, 2013. 199 p. Dissertação de

Mestrado. Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade

Católica do Rio de Janeiro.

A busca por soluções geotécnicas que aumentem a vida útil das estruturas

e também possam economizar material natural levou ao desenvolvimento de

produtos conhecidos como geossintéticos. Dentre as várias famílias de

geossintéticos, foram criados elementos que funcionassem como reforço de base-

subleito em pavimentos na condição de subleito muito deformável, denominadas

geogrelhas. O presente trabalho teve o objetivo de analisar o comportamento

mecânico de uma estrutura de pavimento reforçado com geogrelha, submetida à

aplicação de carregamento cíclico e à variação de umidade do material do

subleito. Foi utilizado para o desenvolvimento dos ensaios um modelo físico de

verdadeira grandeza no qual foi construída a estrutura do pavimento composta de

um subleito de 100 cm de espessura e uma camada de base de brita de 20 cm de

espessura. Nesta estrutura analisou-se o efeito da inserção do geossintético como

reforço de camada de base e a variação da umidade do subleito. As medidas

fornecidas pelos transdutores de deslocamentos (LVDTs) foram os parâmetros de

comparação entre a estrutura de pavimento com e sem reforço no decorrer dos

ensaios. Os refletômetros no domínio do tempo (TDRs) monitoraram a variação

da umidade do subleito. A comparação entre os deslocamentos da estrutura

reforçada e não reforçada permitiu determinar a influência do reforço mostrando-

se eficiente na redução dos deslocamentos superficiais verticais. A utilização de

equipamentos portáteis para avaliar o comportamento mecânico do pavimento “in

situ” mostraram ser uma ferramenta recomendável para estudos defletométricos

de forma pontual no pavimento.

Palavras-chave

Geogrelha; carregamento cíclico; pavimento reforçado; modelo físico

verdadeira grandeza.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 8: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

8

Abstract

Miranda, Lidia Pacheco; Casagrande, Michéle Dal Toé (Advisor); Motta,

Laura Maria Goretti (Co-advisor). Analysis of the mechanical behavior of

Geosynthetic-Reinforced Pavement under cyclic loading in a true scale

physical model. Rio de Janeiro, 2013. 199 p. MSc. Dissertation – Departamento

de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

The search for geotechnical solutions that increase the life time of

structures and can also reduce the use of natural materials carried out to the

development of products known as geosynthetic. Among the various families of

geosynthetics, have been created elements which function as reinforcement of

base-subgrade of pavements when the condition of the subgrade is very

deformable, called geogrids. This study had the objective to analyze the

mechanical behavior of a structure of geogrid reinforced pavement, submitted to

the application of cyclic loading and variation in subgrade layer moisture. It was

used for the development of tests a true scale physical model, in which was built a

structure of pavement composed of a subgrade with 100 cm of thickness and a

gravel layer of 20 cm of thickness. In this structure has been analyzed the effect of

insertion of geogrid like base layer reinforcement and a variation in subgrade

layer moisture. The measures provided by the displacement transducers (LVDTs)

were the parameters of comparison between a structure of pavement with and

without reinforcement during the tests. The Time Domain Reflectometry (TDR)

monitored the variation of moisture from the subgrade. The comparison between

the displacements of reinforced and unreinforced structure allowed determine the

influence of reinforcement showing to be efficient to reduce superficial vertical

displacements. The use of mobile devices to evaluate the mechanical behavior of

the pavement "in situ" proved to be a tool recommended for punctual studies on

pavements.

Keywords

Geogrid; cyclic loading; reinforced pavement; true scale physical model.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 9: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

9

Sumário

1 Introdução 27

1.1. Justificativa 27

1.2. Objetivo 29

1.3. Estrutura do trabalho 30

2 Revisão Bibliográfica 32

2.1. Mecanismo de ruptura de pavimentos flexíveis 32

2.1.1. Deformação elástica – Ruptura por fadiga 33

2.1.2. Deformação plástica – Afundamento de trilha de roda 37

2.2. Avaliação Estrutural do Pavimento 41

2.3. Retroanálise de Módulos de Resiliência 52

2.4. Distribuição de Tensões e Deslocamentos em Pavimentos 57

2.5. Instrumentação em estruturas de Pavimentos 59

2.6. Utilização de Geossintéticos em Pavimento Flexível 62

2.6.1. Pesquisas desenvolvidas empregando geossintético

como reforço de base 69

2.6.2. Efeitos da geogrelha dentro da estrutura de pavimentos

flexíveis 79

2.7. O fenômeno da capilaridade em pavimentos 83

3 Materiais e Métodos 86

3.1. Considerações iniciais 86

3.2. Materiais Empregados 87

3.2.1. Solo Fino 87

3.2.2. Brita 97

3.2.3. Elemento de reforço da base 104

3.3. Ensaio de Carregamento Cíclico em modelo físico de Grandes

Dimensões 107

3.3.1. Tanque-Teste de Pavimentos 108

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 10: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

10

3.3.2. Estrutura do Pavimento Experimental no Tanque - Teste 109

3.3.3. Sistema de umedecimento e drenagem do tanque 110

3.3.4. Sistema de carregamento cíclico 111

3.3.5. Sistema de instrumentação 114

3.3.5.1. Células de Carga 115

3.3.5.2. LVDT (do inglês – “Linear Variable Differential

Transformer”) 117

3.3.5.3. Refletômetros no domínio do tempo (TDR) 121

3.3.5.4. Tensiômetros de alta capacidade (TAC) 124

3.3.6. Sistema de aquisição de dados 127

3.4. Programa dos ensaios realizados no modelo físico

“Tanque-Teste” 129

3.4.1. Avaliação estrutural, compactação e controle dos materiais 130

3.4.1.1. Avaliação estrutural 130

3.4.1.2. Compactação e controle dos materiais 134

3.5. Medição indireta da sucção do solo através da curva

característica do solo (ou curva de retenção de água) 138

3.5.1. Método do Papel Filtro 139

3.5.2. Obtenção da curva característica com o uso do

Equipamento SWC-150 145

4 Apresentação e análise de Resultados 149

4.1. Considerações iniciais 149

4.2. Ensaio de carregamento cíclico 149

4.2.1. Deslocamentos verticais superficiais sobre o subleito

compactado na umidade ótima 150

4.2.1.1. Ensaio sem a utilização de geogrelha 150

4.2.1.2. Ensaio com a utilização de geogrelha na interface

subleito-base 153

4.2.2. Deslocamentos verticais superficiais após a inundação

do subleito 157

4.2.2.1. Ensaio com a utilização de geogrelha na interface

subleito-base 159

4.2.2.2. Ensaio sem a utilização de geogrelha 161

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 11: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

11

4.2.2.3. Análise comparativa dos deslocamentos verticais

elásticos para o subleito inundado 165

4.2.2.4. Análise comparativa dos deslocamentos verticais

plásticos para o subleito inundado 166

4.3. Análises Complementares 168

4.3.1. Análise das deflexões obtidas pelo LWD (Light Weight

Deflectometer) 168

4.3.1.1. Ensaio sobre a estrutura reforçada na condição do

subleito compactado na umidade ótima 169

4.3.1.2. Ensaio sobre a estrutura reforçada na condição do

subleito inundado 170

4.3.1.3. Ensaio sobre a estrutura não reforçada na condição do

subleito inundado 172

4.3.1.4. Análise comparativa dos ensaios realizados com o

Light Weight Deflectometer (LWD) 173

4.3.2. Análise das leituras das células de carga 176

4.3.3. Variação do Módulo de Resiliência com a umidade 179

4.3.4. Análise das leituras realizadas pelos tensiômetros de alta

capacidade (TAC) 180

4.3.5. Módulos de resiliência obtidos a partir da retroanálise

das bacias de deflexão 185

4.3.6. Relação entre a abertura da malha da geogrelha e o

tamanho médio dos grãos da brita. 187

5 Considerações Finais 189

5.1. Conclusões 189

5.2. Recomendações e sugestões para trabalhos futuros 191

6 Referências Bibliográficas 192

ANEXO 198

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 12: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

12

Lista de Figuras

Figura 2.1- Tensões numa estrutura de pavimento

(Medina e Motta, 2005) ............................................................................ 33

Figura 2.2 – Tipos mais comuns de trincas que se

apresentam no pavimento (Bernucci et al., 2008). ................................... 36

Figura 2.3- Deformações num pavimento flexível (Reis, 2009). ............... 38

Figura 2.4 - Exemplo de deformação permanente em

pavimento asfáltico (Franco, 2007) .......................................................... 39

Figura 2.5–Afundamentos de trilha de roda segundo os

modos 0, 1, 2 e 3 (Malysz, 2009). ............................................................ 40

Figura 2.6 – Rotação das tensões principais provocadas

pela ação da carga de roda (Medina e Motta, 2005). ............................... 45

Figura 2.7 - Equipamento GeoGauge H-4140 da Humbolt

no local do presente estudo sobre a base imprimada. ............................. 47

Figura 2.8 – Esquema de um deflectômetro de impacto

(Fonte Bernucci et al., 2008) .................................................................... 49

Figura 2.9– Equipamento Light Weight Deflectometer

(LWD) do IME, usado neste estudo. ........................................................ 50

Figura 2.10 – Visão geral do equipamento LWD

(Fonte: Reis e Guimarães, 2012) ............................................................. 52

Figura 2.11 – Esquema dos dados necessários para a

retroanálise de pavimento (Fonte: Nóbrega, 2003) .................................. 53

Figura 2.12- Distribuição de tensões (Burmister, 1945

apud Kakuda, 2010) ................................................................................. 59

Figura 2.13 - Tipos de Geotêxteis utilizados em obras

geotécnicas. (a) Geotêxtil não tecido (b) Geotêxtil tecido

(c) Geotêxtil tricortado (CTG - ABINT, 2001)............................................ 63

Figura 2.14 - Geogrelha flexível, utilizada para reforço de

aterros/muros de contenção (CTG – ABINT, 2001) ................................. 64

Figura 2.15 – Proposta de modelo de transferência

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 13: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

13

de tensões de cisalhamento na interface base-geossintético.

(Fonte: Perkins 1999 apud Antunes, 2008) .............................................. 65

Figura 2.16 – Esquema da interação do reforço

(geogrelha) com o material de base (Antunes, 2008). ............................. 66

Figura 2.17 – Efeito que produz o geossintético numa

via não pavimentada (ANAPRE, s/d). ...................................................... 68

Figura 2.18 – Aplicação de geossintéticos como material de

reforço em pavimentos. ............................................................................ 69

Figura 2.19– Diagrama esquemático de equipamento de ensaio

(Perkins et al, 1999) ................................................................................. 70

Figura 2.20– Equipamento de ensaio (Demerchant et al., 2002) ............. 71

Figura 2.21– Diagrama esquemático de caixa de teste e

configuração do carregamento (Leng e Garb, 2002). ............................... 72

Figura 2.22– Vista em corte do LSME (Kim et al., 2005) ......................... 72

Figura 2.23– Teste de pavimento em laboratório

(Tingle e Jersey, 2005) ............................................................................. 73

Figura 2.24– Esquema geral do equipamento de carregamento

cíclico de grande escala (Antunes, 2008). ............................................... 76

Figura 2.25 – Caixa de ensaios utilizada por Kakuda, 2010. ................... 77

Figura 2.26– Esquema geral do equipamento de grande escala

(Góngora, 2011). ...................................................................................... 78

Figura 2.27 – Resultados de ensaios triaxiais mostrando a

influência da posição do geotêxtil: a) 21kPa: b) 210kPa

(Koerner 1994 apud Antunes, 2008). ....................................................... 81

Figura 3.1 – Localização da jazida de onde foi coletado

o material utilizado no subleito do experimento desta pesquisa............... 88

Figura 3.2 – Armazenamento e aparência física do material

utilizado como subleito no experimento deste estudo. ............................. 89

Figura 3.3 – Curva Granulométrica do material utilizado como

subleito no experimento deste estudo. ..................................................... 90

Figura 3.4 – Curva de compactação do solo utilizado como

subleito no experimento deste estudo. ..................................................... 91

Figura 3.5 – Gráfico de classificação MCT (Nogami &

Villibor, 1995) com a classificação do solo utilizado como

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 14: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

14

subleito no experimento deste estudo. ..................................................... 93

Figura 3.6 – Esquema do permeâmetro de carga variável. ...................... 95

Figura 3.7 – Resultado do ensaio triaxial cíclico de módulo de

resiliência do material empregado como subleito. .................................... 96

Figura 3.8 – Armazenamento e aparência física do material

utilizado como base no experimento deste estudo (brita) ........................ 98

Figura 3.9 – Curva Granulométrica do material utilizado

como base nesta pesquisa. .................................................................... 100

Figura 3.10 - Curva granulométrica da brita deste estudo

enquadrada na Faixa A. ......................................................................... 101

Figura 3.11 - Curva de compactação do solo utilizado como

base neste experimento. ........................................................................ 102

Figura 3.12 – Resultado do ensaio triaxial dinâmico de

Módulo de Resiliência do material empregado como base

neste estudo. .......................................................................................... 103

Figura 3.13 – Geogrelha Fornit J600 (30/30) utilizada neste

experimento. ........................................................................................... 105

Figura 3.14 – Ancoragem da geogrelha utilizando grampos

numa lateral do modelo físico (tanque-teste) usado

nesta pesquisa. ...................................................................................... 106

Figura 3.15 – Ancoragem da geogrelha no interior da camada

granular na outra lateral do modelo físico (tanque-teste)

usado nesta pesquisa. ........................................................................... 107

Figura 3.16 – Prédio onde está localizado o

“Tanque-Teste” da COPPE/UFRJ .......................................................... 108

Figura 3.17 – Planta baixa do tanque teste de pavimentos

(sem escala) da COPPE/UFRJ (Bastos, 2010) ...................................... 109

Figura 3.18 – Esquema das camadas do pavimento

experimental desta pesquisa .................................................................. 110

Figura 3.19 – Medidor de nível d’água e tubulação para

abastecimento de água no interior do tanque usado neste

experimento. ........................................................................................... 111

Figura 3.20 – Montagem do lastro de brita de (1”) neste

experimento. ........................................................................................... 111

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 15: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

15

Figura 3.21 – (a) Sistema de vigas de reação, (b) Cilindro

pneumático de diâmetro de 200 mm e placa circular de

25,05 cm de diâmetro deste experimento. ............................................. 112

Figura 3.22 – Calibração do cilindro utilizado na

aplicação do carregamento na calibração do atuador de carga

usado no experimento. ........................................................................... 113

Figura 3.23 – Distribuição da instrumentação de aquisição

de dados utilizada nesta pesquisa ......................................................... 115

Figura 3.24 – (a) Células de carga utilizadas (b) Sistema de

aquisição de dados para o monitoramento de aplicação

de carga. (c) Instalação a cada 30,0 cm no topo do subleito

(d) Instalação a 15,0 cm entre células no topo da base. ........................ 117

Figura 3.25 – Suporte inicial dos LVDTs preso ao teto do

laboratório no tanque-teste..................................................................... 118

Figura 3.26 – Fissuras apresentadas no teto do laboratório. ................. 119

Figura 3.27 – Novo sistema de suporte dos LVDTs no

tanque-teste ........................................................................................... 119

Figura 3.28 – Gráficos das calibrações dos LVDTs utilizados

nesta pesquisa. ...................................................................................... 120

Figura 3.29 – Conjunto para medição de umidade no solo.

(a) Sonda TRIME-P2Z, (b) Receptor de sinal TRIME-ES e

(c) fonte de alimentação para o TDR. .................................................... 121

Figura 3.30 – Distribuição dos TDRs ao longo da profundidade

no interior da estrutura do pavimento. .................................................... 122

Figura 3.31 – Fluxograma para a calibração das sondas

TDR (Silva, 2009). .................................................................................. 123

Figura 3.32 – Etapas de preparação do corpo de prova para

a realização das leituras de umidade para a respectiva

calibração com ambos materiais. ........................................................... 123

Figura 3.33 – Equipamento do Tensiômetro de alta

capacidade (corpo acrílico, pedra cerâmica porosa de 15 bar

e transdutor K1 da Ashcroft®) montado na COPPE . ............................. 124

Figura 3.34 – Processo de calibração do equipamento TAC.

(a) Saturação da pedra porosa através de vácuo.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 16: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

16

(b) Pedras porosas colocadas em água deareada. (c) Montagem

do corpo acrílico. (d) Tensiômetros submersos em

água deareada. ...................................................................................... 125

Figura 3.35 – Detalhes da aplicação da lama bentonítica

na ponta do tensiômetro para garantia de contato pedra

porosa – solo. ......................................................................................... 126

Figura 3.36 – Distribuição dos tensiômetros ao longo do

interior da estrutura do pavimento. ......................................................... 127

Figura 3.37 – Tela principal do programa SicTri utilizado

para o ensaio de carga repetida, aplicado também no

experimento na estrutura do pavimento. ................................................ 128

Figura 3.38 – Tela principal do programa DefTan utilizados

para o registro das deformações do pavimento durante

os experimentos desta pesquisa. ........................................................... 128

Figura 3.39 – Estrutura do pavimento para as quatro etapas

de ensaios no “Tanque-Teste”. (a) Estrutura compactada na

umidade ótima. (b) Estrutura compactada na umidade ótima

com a inserção da geogrelha na interface subleito-base.

(c) Estrutura reforçada com o subleito inundado.

(d) Estrutura não reforçada com o subleito inundado. ............................ 130

Figura 3.40 – Utilização do Geogauge para a avaliação

do modulo de rigidez das camadas do pavimento deste estudo. ........... 131

Figura 3.41 – Uso do equipamento LWD no desenvolvimento

das deformações elásticas da presente pesquisa. ................................. 133

Figura 3.42 – Resultados de deslocamentos obtidos pelo

LWD no acompanhamento do carregamento cíclico. ............................. 133

Figura 3.43 – Betoneira de 400 litros utilizada para homogeneização

da umidade do material na umidade ótima para construção do

pavimento no tanque-teste. .................................................................... 134

Figura 3.44 – (a) Distribuição do material, (b) Compactação

do material utilizado como subleito no tanque teste (esquema

do método de compactação), (c) Controle da compactação

através do emprego do frasco de areia. ................................................. 137

Figura 3.45 – Superfície do pavimento no tanque-teste

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 17: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

17

após a imprimação ................................................................................. 137

Figura 3.46 – (a) Inserção da geogrelha na interface do

subleito-base. (b) Retirada da geogrelha ao final da etapa 3. ................ 138

Figura 3.47 – Papel Filtro tipo Whatman, utilizado para obter os

valores de sucção. ................................................................................. 140

Figura 3.48 – Metodologia seguida para obtenção de valores

de sucção através da técnica do papel filtro nesta pesquisa. ................ 143

Figura 3.49 – Curvas Características traçadas conforme a técnica

do papel filtro para os materiais utilizados nesta pesquisa. ................... 144

Figura 3.50 – Valores de sucção ao longo do perfil do pavimento

estudado para a condição do subleito compactado na umidade

ótima. ..................................................................................................... 144

Figura 3.51 – Valores de sucção ao longo do perfil do pavimento

estudado para a condição do subleito inundado. ................................... 145

Figura 3.52 – Equipamento de determinação da curva

característica de Fredlund usado nesta pesquisa. ................................. 146

Figura 3.53 – (a) Montagem da pedra porosa e do corpo

de prova. (b) Colocação da câmara de pressão. (c) Equipamento

montado para o inicio do ensaio de curva característica. ....................... 147

Figura 3.54 – Curva característica (ramo secagem) para o subleito

através do equipamento SWC-150 do Fredlund. ................................... 148

Figura 4.1 – Desenvolvimento dos deslocamentos superficiais

elásticos no primeiro ensaio. .................................................................. 151

Figura 4.2 - Desenvolvimento dos deslocamentos superficiais

plásticos no primeiro ensaio. .................................................................. 152

Figura 4.3 - Desenvolvimento dos deslocamentos superficiais

elásticos no segundo ensaio. ................................................................. 153

Figura 4.4 – Bacia de deslocamentos verticais em função do

número de ciclos de carga – ensaio reforçado com geogrelha. ............. 154

Figura 4.5 - Desenvolvimento dos deslocamentos superficiais

plásticos no segundo ensaio reforçado com geogrelha. ........................ 155

Figura 4.6 – Valores de umidade nas camadas do subleito

na umidade ótima e após a sua inundação. ........................................... 158

Figura 4.7 – Desenvolvimento dos deslocamentos superficiais

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 18: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

18

elásticos no terceiro ensaio desta pesquisa. .......................................... 159

Figura 4.8 – Bacia de deslocamentos verticais em função do

número de ciclos de carga – ensaio reforçado com geogrelha. ............. 160

Figura 4.9 – Desenvolvimento dos deslocamentos superficiais

plásticos no terceiro ensaio – reforço e inundação do subleito. ............. 161

Figura 4.10 - Desenvolvimento dos deslocamentos superficiais

elásticos no quarto ensaio – sem reforço e subleito inundado. .............. 162

Figura 4.11 – Bacia de deslocamentos verticais em função do

número de ciclos de carga – ensaio não reforçado. ............................... 163

Figura 4.12 – Desenvolvimento dos deslocamentos superficiais

plásticos no quarto ensaio –sem reforço mas subleito inundado. .......... 164

Figura 4.13 – Deslocamento elástico em função do número

de ciclos de carga dos ensaios com e sem geogrelha, após

inundação do subleito. ........................................................................... 165

Figura 4.14 – Bacia de deflexão após 35.000 ciclos de

carga para estruturas sem e com reforço e subleito inundado. .............. 166

Figura 4.15 - Deslocamento plástico em função do número de

ciclos de carga após 35.000 ciclos de carga para estruturas

com e sem geogrelha após inundação do subleito. ............................... 167

Figura 4.16 – Esquema em planta, da superfície do pavimento,

no tanque dos pontos para realização de ensaios com o LWD.............. 168

Figura 4.17 – Resultados obtidos pelo programa ZFG do LWD

para a estrutura do pavimento reforçada na condição do

subleito na umidade ótima...................................................................... 169

Figura 4.18 – Resultados do LWD obtidos pelo programa

ZFG do LWD para a estrutura do pavimento reforçada - subleito

inundado................................................................................................. 171

Figura 4.19 - Resultados obtidos pelo programa ZFG do LWD

para a estrutura do pavimento não reforçada - subleito inundado. ........ 172

Figura 4.20 – Instalação das células de carga no pavimento

estudado................................................................................................. 176

Figura 4.21 – Exemplo de pulsos de carga medidos pelas

células instaladas no topo da base e do subleito para o pavimento

não reforçado com o subleito compactado na unidade ótima. ............... 177

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 19: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

19

Figura 4.22 – Pulsos de carga registrados pela célula (C-105)

onde indica que sua capacidade nominal foi superada. ......................... 178

Figura 4.23 - Pulsos de carga medidos pelas células instaladas

no topo da base e do subleito para o pavimento reforçado com

o subleito compactado na unidade ótima. .............................................. 178

Figura 4.24 – Gráfico do MR vs a Tensão Vertical Cíclica

na estrutura do pavimento reforçada para os casos

do subleito compactado na umidade ótima e inundado. ........................ 180

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 20: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

20

Lista de Tabelas

Tabela 2.1– Características técnicas do equipamento GeoGauge

H - 4140 da Humbolt (Fonte: Silva, 2009) ................................................ 48

Tabela 2.2 – Alturas capilares e materiais comumente

empregados em obras de terra (Fernandes, 2007) .................................. 85

Tabela 3.1 – Métodos de ensaios utilizados para avaliar o solo

empregado no subleito no experimento deste estudo. ............................. 89

Tabela 3.2 – Resultados dos ensaios de caracterização do

material utilizado como subleito no experimento deste estudo. ............... 90

Tabela 3.3 – Resultados do ensaio da Metodologia MCT e a

classificação do solo utilizado como subleito no experimento

deste estudo ............................................................................................. 92

Tabela 3.4 – Resultados do ensaio de permeabilidade de

carga variável do solo utilizado como subleito. ........................................ 95

Tabela 3.5 – Valores dos parâmetros de regressão do modelo

avaliado para o solo utilizado no subleito. ................................................ 96

Tabela 3.6 – Análise físico-química, por ataque sulfúrico,

do material do subleito ............................................................................. 97

Tabela 3.7 – Propriedades Mecânicas do agregado da

Pedreira (Fonte: Ramos, 2003) ................................................................ 98

Tabela 3.8 – Métodos de ensaios utilizados para avaliar

o material empregado como base. ........................................................... 99

Tabela 3.9 - – Resultados dos ensaios de caracterização

do material utilizado como base nesta pesquisa. ................................... 100

Tabela 3.10 – Valores dos parâmetros de regressão do

modelo avaliado para a brita utilizada na base. ..................................... 104

Tabela 3.11 – Especificações técnicas da geogrelha

Fornit J600 (30/30)- Fonte: Huesker (Agosto-2010) ............................... 105

Tabela 3.12 – Resultados da calibração dos LVDTs utilizados. ............. 120

Tabela 3.13 – Configuração dos ensaios realizados no

“Tanque-Teste”. ...................................................................................... 129

Tabela 3.14 – Resultados da análise do subleito

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 21: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

21

com o equipamento GeoGauge. ............................................................ 132

Tabela 3.15 - Resultados da análise da camada de

base com o equipamento GeoGauge. .................................................... 132

Tabela 3.16 – Características técnicas do soquete vibratório

e da placa vibratória usadas neste experimento. ................................... 135

Tabela 4.1 - Características dos ensaios realizados por

Antunes (2009) e Góngora (2011) com utilização de geossintéticos

como material de reforço. ....................................................................... 156

Tabela 4.2 – Resultados do ensaio de LWD na estrutura de

pavimento reforçada com o subleito compactado na umidade

ótima . .................................................................................................... 170

Tabela 4.3 - Resultados do deflexão obtidos nos ensaios não

destrutivos para a avaliação estrutural do pavimento

reforçado - subleito compactado na umidade ótima. .............................. 170

Tabela 4.4 – Resultados do ensaio de LWD na estrutura

de pavimento reforçada com o subleito inundado. ................................. 171

Tabela 4.5 – Resultados de deflexão obtidos nos ensaios

não destrutivos para a avaliação estrutural do pavimento

reforçado no caso de subleito inundado ................................................. 172

Tabela 4.6 – Resultados do ensaio LWD na estrutura de

pavimento não reforçada - subleito inundado......................................... 173

Tabela 4.7 - Resultados de deflexão obtidos nos ensaios

não destrutivos para a avaliação estrutural do pavimento não

reforçado no caso do subleito inundado. ................................................ 173

Tabela 4.8 – Deslocamentos e módulos de resiliência obtidos

com o ensaio do LWD neste estudo no tanque teste ............................. 174

Tabela 4.9 – Média e desvio padrão dos valores de

deslocamentos obtidos nos ensaios com o LWD ................................... 175

Tabela 4.10 – Valores de sucção máximos registrados

pelos TAC instalados na estrutura do pavimento (subleito

compactado na umidade ótima). ............................................................ 182

Tabela 4.11 – Valores de sucção máximos registrados

pelos TAC instalados na estrutura do pavimento (subleito

inundado). .............................................................................................. 183

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 22: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

22

Tabela 4.12 – Valores de sucção máximos registrados

nas duas condições de umidade do subleito. ......................................... 183

Tabela 4.13 – Valores de sucção e umidade apresentadas no

trabalho de Silva (2009) para cada situação de umidade. ..................... 184

Tabela 4.14 - Módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson

típicos para os materiais que compõem um pavimento flexível. ............ 186

Tabela 4.15 – Módulos de resiliência obtidos a partir da

retroanálise das bacias de deflexões com reforço, para a

condição de subleito compactado na umidade ótima. ............................ 186

Tabela 4.16 - Módulos de resiliência obtidos a partir da

retroanálise das bacias de deflexões, para a condição de

subleito inundado ................................................................................... 187

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 23: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

23

Lista de Abreviaturas

AASHTO American Association of State Highway and

Transportation Officials

ABINT Associação Brasileira das Indústrias de Não

Tecidos e Tecidos Técnicos

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANAPRE Associação Nacional de Pisos e Revestimento de

alto desempenho.

ASTM American Society for Testing and Materials

ATR Afundamento de trilha de roda

CBR California Bearing Ratio

COPPE Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós- Graduação

e Pesquisa de Engenharia

c.p. Corpo de prova

CTG Comitê Técnico Geotêxtil

DIRENG Diretoria de Engenharia Aeronáutica

DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes

FHWA Federal Highway Administration

FWD Falling Weigth Deflectometer

GPS Global Positioning System

HRB Highway Research Board

HWD High Weight Deflectometer

IG Índice de grupo

IME Instituto Militar de Engenharia

IPR Instituto de Pesquisas Rodoviárias

ISC Índice Suporte Califórnia

Ltda Limitada

LVDT Linear Variable Differential Transformer

LWD Light Weight Deflectometer

MCT Miniatura, Compactado, Tropical

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 24: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

24

NA Nível da água

NBR Norma Brasileira

PUC Pontifícia Universidade Católica

PVC Policloreto de polivinila

RCD-R Resíduos de construção de demolição reciclados

RIS Relação entre Índices de Suporte

RR-1C Emulsão asfáltica ruptura rápida

SUCS Sistema Unificado de Classificação de Solos

TAC Tensiômetros de Alta Capacidade

TDR Time Domain Reflectometry

TBR Traffic Benefit Radio

TLC Trincas Longitudinais Curtas

TLL Trincas Longitudinais Longas

TTC Trincas Transversais Curtas

TTL Trincas Transversais Longas

UFRJ Universidade Federal de Rio de Janeiro

USACE Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados

Unidos

WT Whitetopping

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 25: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

25

Lista de Símbolos

t Deformação de tração

p Deformação específica plástica

N Número de repetições de carga

A,B Parâmetros experimentais obtidos nos ensaios

triaxiais que dependem do nível de tensão e das

condições de moldagem

MR Módulo de resiliência

d Tensão desviadora

R Deformação resiliente axial

1 Tensão principal maior

2 Tensão principal intermediária

3 Tensão confinante

τoct Tensão cisalhante octaédrica

z Tensão vertical

h Tensão horizontal

R Raio do prato de carga do LWD

Df Deflexão

EVD Módulo de Elasticidade/Resiliência

pa Pressão atmosférica

θ Primeiro invariante de tensão

P Carga aplicada sobre a área circular

E Módulo elástico

υ Coeficiente de Poisson

TR Trilha de roda

di Deflexão medida no ponto de distancia ri

ri Distância radial do ponto de aplicação da carga

∆ Deslocamento vertical

w Peso específico da água

T Tensão superficial da água

hc Altura de ascensão capilar

hcmáx Altura de ascensão capilar máxima

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 26: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

26

sG Massa específica real dos grãos

d Massa específica aparente seca

w Teor de umidade

e Índice de vazios

S Grau de saturação

CL-ML Argila siltosa

c' Coeficiente do ensaio MCT

Pi Perda de massa por imersão no ensaio MCT

e' Índice de classificação do ensaio MCT

NS’ Não Laterítico siltoso

k1, k2, k3 Parâmetros de regressão do modelo potencial e

composto

ki, kr Índices de intemperismo

GW Pedregulho bem graduado

φ Diâmetro

Cu Coeficiente de uniformidade

Cc Coeficiente de curvatura

ppm

Partes por milhão

Polegadas

Número

s/d Sem data

atm Atmosfera

kgf Kilogramo força

kPa Kilopascal

MPa

kN

mm

cm

°C

Hz

Megapascal

Kilonewton

Milímetro

Centímetros

Graus centígrados

Hertz

m Metros

s Segundos

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 27: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

27

1 Introdução

1.1. Justificativa

As rodovias, sejam pavimentadas ou em leito natural, tem como principal

objetivo proporcionar um meio seguro e econômico de transporte de carga e

pessoas entre duas localidades. São as principais vias de transporte de pessoas em

curta e média distância.

A existência de subleitos de baixa capacidade de suporte em locais onde

serão implantadas novas rodovias demanda técnicas inovadoras construtivas de

maneira a aumentar a durabilidade dos pavimentos. A esta problemática também

pode-se acrescentar a escassez de materiais adequados para compor as camadas de

aterros ou reforço de subleito próximos ao local da construção do pavimento,

sendo necessário o transporte de grande volume de materiais de outros locais o

que incrementa o custo do pavimento.

Ainda hoje as técnicas construtivas tradicionais para o melhoramento da

capacidade de suporte do subleito de uma rodovia se desenvolvem mediante: a

estabilização do solo com troncos de árvores da zona da obra, prática utilizada no

meio da Amazônia Peruana pela falta de pedreiras apropriadas, ou a remoção do

solo do subleito em grandes volumes para ser restituído por outro de melhores

características, criando em ambos os casos impacto ao meio ambiente.

Atualmente outras técnicas podem ser usadas, sendo uma das tecnologias

disponíveis para aumentar a vida útil do pavimento os geossintéticos,

desenvolvidos com propriedades mecânicas e hidráulicas adequadas para uso em

várias etapas e soluções no meio rodoviário. A utilização deste material como

reforço em pavimentos, seja nas camadas de subleito, base ou revestimento,

contribui para a minimização de impactos ambientais, eliminando o emprego de

técnicas construtivas que comprometem a integridade do ambiente natural, em

geral diminuem as espessuras finais do pavimento, além de poder proporcionar o

aumento de vida útil.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 28: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

28

Os geossintéticos são definidos como produtos industrializados poliméricos

(sintéticos ou naturais), cujas propriedades contribuem para melhorias

geotécnicas, nas quais eles desempenham principalmente funções de: reforço,

filtração, drenagem, proteção, separação, controle fluxo (impermeabilização) e

controle superficial. Os geossintéticos empregados no pavimento propriamente

são aqueles que exercem especialmente finalidade de reforço, tanto de fundação

quanto no revestimento, entre eles estão os geotêxteis e as geogrelhas. No

Capítulo 2 são mostradas algumas das aplicações destes materiais utilizados como

materiais de reforço.

No Brasil, as pesquisas desenvolvidas sobre o assunto de geossintéticos em

pavimentação são crescentes, nas várias aplicações. Citam-se como exemplo,

estudos realizados em modelos físicos de grandes dimensões: Antunes (2008)

utilizou dois tipos de geossintéticos (geogrelha e geotêxtil) para avaliar o

comportamento de uma estrutura de pavimento não reforçada, uma reforçada com

geogrelha e outra com geotêxtil, os elementos de reforço foram instalados na

interface base/subleito do pavimento. Bastos (2010) avaliou o comportamento

mecânico de misturas asfálticas reforçadas com geogrelhas como material de

reforço de pavimento flexível. Kakuda (2010) desenvolveu um modelo físico no

qual estudou a incorporação de uma geogrelha como elemento de reforço de uma

camada de base solo-brita dentro de uma estrutura de pavimento.

No entanto, novos estudos ainda devem ser desenvolvidos para entender

melhor o comportamento de estruturas de pavimentos reforçados com

geossintéticos, especialmente como reforço de subleito ou de base, contemplando-

se os materiais característicos do país, o clima tropical e o tráfego das rodovias

brasileiras.

O uso de modelos físicos geotécnicos de verdadeira grandeza também é

ótima ferramenta de pesquisa por permitirem aproximação maior com a situação

de campo, mais que na dimensão de corpos de prova, porém, ainda mantendo as

condições controladas de laboratório. O modelo físico utilizado nesta pesquisa foi

ferramenta para o desenvolvimento de duas pesquisas anteriores. Silva (2009),

que desenvolveu o modelo físico de verdadeira grandeza, analisou o

comportamento mecânico de um pavimento rodoviário submetido à oscilação do

lençol freático. Bastos (2010) utilizou a estrutura do pavimento desenvolvida por

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 29: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

29

Silva (2009) no modelo físico para avaliar o comportamento de misturas asfálticas

reforçadas com geogrelha.

Neste contexto, o presente trabalho aborda o estudo de geossintéticos em

reforço de subleito/base, especificamente, avaliando o comportamento de

estruturas de pavimento explorando os resultados de outros autores e contribuindo

com o estudo de uma estrutura construída com materiais típicos da região do Rio

de Janeiro experimentalmente.

1.2. Objetivo

O objetivo principal do presente trabalho foi analisar o comportamento

mecânico de uma estrutura de pavimento sem e com a utilização de uma

geogrelha como material de reforço subleito/base, desenvolvido num modelo

físico de verdadeira grandeza, submetido à aplicação de carregamento cíclico e à

variação de umidade do material do subleito.

Para se alcançar este objetivo foi necessário desenvolver os seguintes

objetivos específicos:

- Determinar as características físicas e mecânicas dos materiais que

compõem o subleito e a camada de base da estrutura do pavimento

montado em um tanque - teste.

- Estudar a influência da presença da geogrelha como material de

reforço no comportamento do pavimento. Verificar o benefício

gerado pela inclusão de um reforço sintético entre duas camadas de

solo e brita, em termos da redução das deformações produzidas por

cargas repetidas.

- Preparar o modelo físico de verdadeira grandeza com

instrumentação e equipamentos que permitam o desenvolvimento

de ensaios sobre a estrutura de duas camadas analisada em

situações sem e com reforço e com a variação da umidade do

subleito.

- Compor a estrutura em camadas: subleito e base, com o controle

correspondente a uma obra rodoviária que garantem a obtenção dos

resultados próximos à situação de uma obra de pavimento real.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 30: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

30

- Complementar a análise do comportamento mecânico da estrutura

com ensaios in situ através de equipamentos de menor tamanho

(portáteis).

1.3. Estrutura do trabalho

O presente trabalho está divido em cinco capítulos, descritos em seguida:

O Capítulo 1 é este capítulo introdutório, onde se apresenta a justificativa do

estudo e o objetivo, e se descreve o desenvolvimento do trabalho.

O Capítulo 2 apresenta a revisão bibliográfica sobre aspectos relevantes para

o desenvolvimento do projeto. Neste capítulo abordam-se temas relacionados aos

mecanismos de ruptura em pavimentos flexíveis decorrentes da ação do tráfego,

também as formas de avaliação estrutural do pavimento descrevendo os ensaios

destrutivos e não destrutivos. Abordam-se os métodos de retroanálise para

determinação dos módulos de resiliência obtidos a partir das bacias

deflectométricas. Comenta-se sobre a distribuição de tensões e deslocamentos e a

instrumentação empregada em pavimentos para avaliar estes parâmetros.

Apresenta-se uma descrição dos geossintéticos mais utilizados em pavimentos

dando ênfase aos utilizados como reforço de camada de base. São citadas algumas

das principais pesquisas desenvolvidas sobre reforço de pavimentos e finalmente

se apresenta a questão relativa à capilaridade em pavimentos rodoviários.

O Capítulo 3 apresenta os métodos empregados na realização dos ensaios,

descrevem-se os materiais empregados, a construção da estrutura das camadas no

modelo físico de verdadeira grandeza, a instrumentação instalada nas camadas

estudadas e ensaios realizados in situ e de laboratório para complementar a

avaliação do comportamento da estrutura do pavimento.

O Capítulo 4 apresenta os resultados dos ensaios de carregamento cíclico

sobre a estrutura do pavimento, bem como comparações dos resultados com

ensaios desenvolvidos em equipamentos de menor tamanho.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 31: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

31

O Capítulo 5 apresenta as conclusões do presente trabalho e as

recomendações para trabalhos futuros.

Finalizando o texto vêm as Referências Bibliográficas utilizadas no

trabalho, seguidas de um anexo que mostra o controle da umidade diário realizado

no modelo físico de verdadeira grandeza.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 32: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

32

2 Revisão Bibliográfica

A revisão bibliográfica do presente trabalho abrange vários tópicos tendo

em vista que a pesquisa envolveu assuntos diversos, materiais distintos,

equipamentos e instrumentações variadas, entre outros aspectos, o que resultou

nos seguintes tópicos:

o Desenvolvimento dos principais mecanismos de deformação que

ocorrem na estrutura do pavimento decorrentes do tráfego, e fatores

que comprometem a integridade da estrutura no decorrer do tempo.

o Breve descrição dos ensaios destrutivos e não destrutivos utilizados

para a avaliação estrutural de pavimentos flexíveis.

o Métodos de retroanálise das bacias deflectométricas para obtenção

dos módulos de resiliência das camadas do pavimento.

o Distribuição das tensões e deformações e a instrumentação em

estruturas de pavimentos.

o Breve descrição sobre utilização de geossintéticos como material de

reforço para uma estrutura de pavimento, dando ênfase ao uso da

geogrelha como reforço de base e os efeitos da sua presença dentro

dos pavimentos. Inclui também uma descrição dos equipamentos de

laboratório utilizados para avaliar o uso de geossintéticos.

o O fenômeno de capilaridade em pavimentos.

2.1. Mecanismo de ruptura de pavimentos flexíveis

O pavimento flexível é uma estrutura constituída de várias camadas de

espessura finita que interagem entre si, geralmente constituídas de um

revestimento asfáltico e de camadas de materiais granulares ou de pedra britada,

assentes sobre um semiespaço infinito denominado subleito.

Os principais mecanismos de ruptura de pavimentos flexíveis são a ruptura

por fadiga e a deformação permanente ou “afundamento de trilha de roda (ATR)”,

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 33: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

33

os quais se dão de forma gradual ao longo do tempo e estão associados à

passagem repetida das cargas do tráfego.

2.1.1. Deformação elástica – Ruptura por fadiga

O fenômeno da fadiga é um processo de deterioração estrutural que sofre

um material, quando submetido a um estado de tensões e de deformações elásticas

repetidas, resultando em trincas ou fratura completa, após um número suficiente

de repetições do carregamento, ou seja, é a perda de resistência que o material

sofre, quando solicitado repetidamente por uma carga (Pinto, 1991).

Na área de pavimentos, a deformação é traduzida também em termos de

deslocamentos, citando-se ambos no desenvolvimento do presente trabalho.

As deformações elásticas ou deflexões reversíveis são os deslocamentos

verticais que surgem na superfície de um pavimento ou no interior da sua estrutura

quando é submetido a esforços, até um determinado limite de tolerância, em

forma intermitente ou transitória permitindo que quando esses esforços cessam, o

sistema retorna à sua posição anterior (Córdova e Guimarães, 2011).

Várias pesquisas mostram que a ocorrência do trincamento por fadiga em

pavimentos flexíveis está relacionada com a deformação máxima de tração que

ocorre no fundo da camada asfáltica, quando da passagem das cargas do tráfego,

propagando-se por toda a espessura até o surgimento das trincas na superfície. A

Figura 2.1 ilustra a distribuição das tensões que são geradas na estrutura de

pavimento, quando solicitado por uma carga vertical de compressão na superfície.

Observa-se que na fibra inferior da camada asfáltica surgem tensões de tração e de

compressão, devido ao carregamento e descarregamento repetido.

Figura 2.1- Tensões numa estrutura de pavimento (Medina e Motta, 2005)

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 34: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

34

Num pavimento flexível a distribuição das tensões e deformações, geradas

na estrutura pelas cargas de roda, se dá de modo que as camadas de revestimento e

base aliviem as tensões verticais de compressão no subleito por meio da absorção

de tensões cisalhantes. Neste processo, ocorrem tensões e deformações de tração

na fibra inferior do revestimento asfáltico, que provocam seu trincamento por

fadiga com a repetição das cargas do tráfego. Ao mesmo tempo, a repetição das

tensões e deformações verticais de compressão, que atuam em todas as camadas

do pavimento, leva à formação de afundamentos de trilha de roda, quanto mais o

tráfego for canalizado, e à ondulação longitudinal da superfície, sendo estes os

principais mecanismos de ruptura de um pavimento (Gonçalves, 2002).

As trincas também podem ter início pelo topo da camada do revestimento,

devido ao surgimento de tensões críticas na fibra superior da camada, agravadas

pelo enrijecimento ocasionado pelo envelhecimento, dependendo da espessura da

camada asfáltica.

A ruptura por fadiga da camada de revestimento está associada à estrutura

do pavimento como um todo, ou seja, aos módulos elásticos e às espessuras de

cada camada constituinte da estrutura de pavimento.

Porém, deve-se considerar que há trincamento dos pavimentos devido a um

grande número de causas, tais como as seguintes Colombier (1989 apud Pereira,

2002):

• Fadiga: decorre da passagem de cargas repetidas, causando a ruptura

da camada após determinado número de ciclos;

• Retração: a ocorrência de temperaturas muito baixas combinadas

com a cura de camadas estabilizadas com ligantes hidráulicos

(cimento, cal, etc.) provocam retração das camadas que podem levar

ao trincamento;

• Movimentação do subleito: movimento vertical diferencial entre as

bordas de trincas, provocado pelo aumento de umidade, recalques,

escorregamento, retração hidráulica e expansão;

• Defeitos construtivos: gerados pela má composição das camadas do

pavimento, má execução de juntas longitudinais e deslocamento das

camadas.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 35: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

35

A propagação de trincas no revestimento asfáltico, decorrentes das diversas

solicitações é, em geral, resultado de três etapas, com mecanismos diferentes:

a) Início do fissuramento, que consome apenas pequena parcela da vida

de fadiga;

b) Crescimento estável da trinca, que corresponde à maior parcela da

vida de fadiga;

c) Propagação instável da trinca, que culmina na ruptura.

Durante o ciclo de deformação, devido ao carregamento do tráfego, as

trincas sofrem concentrações de tensões repentinas e acabam aliviando as tensões

no pavimento. A formação de zonas plásticas é espalhada ao redor da trinca

durante o carregamento brusco da propagação das trincas. Durante o

descarregamento elástico as trincas são solicitadas com tensões residuais que

também contribuem para o seu desenvolvimento, porém de forma mais lenta.

Segundo Gonçalves (2002), o tempo que a trinca leva para aparecer na

superfície aumenta com a espessura da camada de revestimento. A natureza da

camada de revestimento também é importante porque a trinca propaga-se mais

rapidamente através de um material mais friável. As principais forças dirigidas

para o início e propagação das trincas são as cargas do tráfego, a variação de

temperatura e a variações de umidade do solo.

Existem diversos sistemas para se classificar o trincamento, em função do

tipo, extensão, intensidade e severidade das trincas. De acordo com Bernucci et al.

(2008), quatro categorias de trincas podem ser identificadas (Figura 2.2):

o Transversais (se aproximadamente perpendicular ao eixo da estrada),

que podem ser curtas (TTC) ou longas (TTL);

o Longitudinais (se aproximadamente paralela ao eixo da estrada), que

podem ser curtas (TLC) ou longas (TLL);

o Trincas em blocos (com lados bem definidos aparentando blocos); e

o Trincas em couro de jacaré (interligadas sem direções preferenciais,

que podem apresentar, ou não, erosão acentuada nas bordas).

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 36: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

36

Trincas longitudinais curtas

Trincas longitudinais longas

Trincas em blocos

Trincas em couro de jacaré

Figura 2.2 – Tipos mais comuns de trincas que se apresentam no pavimento

(Bernucci et al., 2008).

Como comentado, as causas do trincamento dos pavimentos são variadas,

observando-se na Figura 2.2 a trinca por couro de jacaré como a mais comum

resultante de fadiga do revestimento.

O aparecimento de trincas na superfície de um pavimento traz

consequências prejudiciais ao desempenho estrutural e funcional, tais como:

o Perda de impermeabilização da superfície, permitindo a infiltração

de água na estrutura e causando perda da capacidade de suporte do

solo e a abertura de buracos;

o Degradação progressiva do revestimento próximo à trinca, devido à

concentração dos esforços nas bordas da trinca, o que leva ao

aumento da irregularidade;

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 37: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

37

o Aumento nas tensões verticais que atuam nas camadas subjacentes,

devido à queda na rigidez da camada trincada.

Os modelos básicos de previsão do número de repetições de carga para se

prever o trincamento por fadiga, baseiam-se na deformação de tração, na tensão

de tração e no módulo de deformação. Alguns destes modelos, internacionais e

nacionais são:

- Modelos de fadiga desenvolvidos pelo Instituto de Asfalto dos EUA

(MS 1 e MS 11), pela Shell Oil e pelo Superpave (A-357), citados

em Franco (2000);

- Modelos de fadiga desenvolvidos por Pinto (1991), para misturas

asfálticas brasileiras, utilizando a deformação de tração Ɛt e o

módulo de resiliência da camada asfáltica e por Rodrigues (1991)

utilizando a relação entre a vida de fadiga e a densidade de energia

de deformação.

Os modelos de fadiga de laboratório necessitam ser calibrados de forma a se

aproximar da situação de campo, já que são obtidos em condições específicas, tais

como: nível e frequência de carregamentos constantes, temperatura fixa, forma e

tipo de compactação, etc., diferentes das condições no campo que são mais

complexas e aleatórias. A forma mais usual é a aplicação de um fator

campo/laboratório que é bastante variável na literatura nacional e internacional.

2.1.2. Deformação plástica – Afundamento de trilha de roda

A deformação plástica ou permanente é a deformação que ocorre no

material, tendo em vista a ação de uma carga, e que não é recuperável quando

cessa o carregamento. Como em geral num pavimento rodoviário o tráfego se

concentra numa região determinada do pavimento, tendo em vista a largura da

faixa de rolamento em relação à largura dos veículos comerciais, esta região mais

solicitada é designada de trilha de roda. As deformações plásticas se concentram

então nesta região do pavimento, gerando o defeito conhecido como afundamento

de trilha de roda – ATR.

A Figura 2.3 apresenta um exemplo de deformação permanente num

pavimento flexível, bem como a trinca por fadiga.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 38: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

38

Figura 2.3- Deformações num pavimento flexível (Reis, 2009).

O comportamento de um solo quanto à deformação permanente está

relacionado à história de tensões a que foi submetido, isto é, para o caso de

pavimentos, à sequência de aplicação do carregamento.

Os afundamentos são decorrentes do mecanismo denominado deformação

plástica ou permanente. Estes defeitos são originados por dois distintos modos de

solicitação mecânica: flexão repetida e compressão simples.

Segundo Svenson (1980), o acúmulo de deformações permanentes em uma

camada de concreto asfáltico é causado por uma combinação de densificação

(redução do volume) e deformação cisalhante, devido à repetição das cargas de

tráfego. O fator predominante são as elevadas tensões cisalhantes na parte

superior da camada asfáltica.

Algumas vezes considera-se (erroneamente) o afundamento de trilha de roda

como unicamente devido à contribuição da camada de subleito. Sabe-se que o

pavimento funciona como um sistema de múltiplas camadas, portanto os

afundamentos são oriundos da contribuição de todas as camadas, podendo ser

muito acentuadamente desenvolvida na mistura asfáltica do revestimento quando

esta não é convenientemente projetada (Motta e Medina, 2006).

Em sua fase inicial, na maioria dos casos, os afundamentos de trilha de roda

são praticamente imperceptíveis e somente são notados quando da ocorrência de

chuvas, através do acúmulo de água. A presença significativa de ATR pode levar

ao comprometimento estrutural do pavimento e, também elevar o potencial para a

ocorrência de hidroplanagem dos veículos. Por isso, na etapa de projeto é

fundamental considerar as condições necessárias para que as camadas possam

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 39: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

39

resistir a deformações plásticas excessivas. A Figura 2.4 mostra um exemplo de

deformação permanente suscitada em uma rodovia pavimentada considerada

rompida.

Figura 2.4 - Exemplo de deformação permanente em pavimento asfáltico (Franco,

2007)

Os ensaios de deformação permanente são realizados em um estado de

tensões representativo da camada ou do subleito e aplicados um número N de

repetições de carga acima de 105 ou até garantir que o material tenda à

estabilização das deformações permanentes. Busca-se definir o acomodamento

(shakedown) de solos granulares e finos para balizar a escolha de materiais hoje

em dia e garantir que não haverá esta ruptura plástica (Guimarães, 2009).

Segundo Dawson e Kolisoja (2004 apud Malysz, 2009), os afundamentos de

trilha de roda podem ocorrer segundo quatro mecanismos, designados como

modos 0, 1, 2 e 3, considerando os casos de pavimentos com revestimento

delgado ou sem revestimento. No modo 0, o ATR ocorre por pós-compactação do

material da camada, de base ou revestimento primário, devida às cargas dos

veículos. Neste caso, no subleito as deformações são desprezíveis. Rupturas por

este modo podem ser evitadas pela utilização de procedimento de compactação

eficiente. Porém, quando são utilizados agregados de baixa resistência, pode

ocorrer cisalhamento próximo à aplicação das cargas de roda. Este tipo de

afundamento é definido como de modo 1 e normalmente acontece quando o

agregado está sujeito a elevados graus de saturação. Quando o agregado é de boa

qualidade, numa camada bem compactada e drenada, ainda pode ocorrer ATR por

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 40: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

40

outro mecanismo. Neste caso os afundamentos ocorrem segundo o modo 2, no

qual a camada do agregado apenas acompanha as deformações sofridas pelo

subleito sem alterar a sua espessura. O modo 3 ocorre quando as partículas do

agregado são danificadas por atrito ou abrasão, apresentando aspecto semelhante

ao modo 0. A Figura 2.5 apresenta os quatro modos de afundamento

esquematicamente.

Modo 0

Modo 1

Modo 2 Modo 3

Figura 2.5–Afundamentos de trilha de roda segundo os modos 0, 1, 2 e 3 (Malysz,

2009).

A previsão da evolução de ATR é um problema complexo e requer a

caracterização detalhada das propriedades elásticas, plásticas e de viscosidade dos

materiais que constituem as camadas do pavimento, inclusive do revestimento.

Modelos de previsão da deformação permanente dos materiais de

pavimentação têm sido desenvolvidos a partir de dados obtidos em laboratório

principalmente através de ensaios triaxiais de cargas repetidas. Nestes ensaios são

utilizados corpos de prova preparados para as condições de temperatura, estado de

tensões, umidade e densidade próximas ao encontrado em campo.

O efeito cumulativo das deformações permanentes tem sido em geral

expresso pelo modelo matemático simplificado de Monismith et al. (1975),

apresentado na equação (2.1):

B

p AN=ε Equação 2.1

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 41: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

41

Onde: εp: é a deformação específica plástica;

N: é o número de repetições de carga, e

A e B: são parâmetros experimentais obtidos nos ensaios triaxiais,

dependem do nível de tensão e das condições de moldagem.

Com esse modelo consegue-se, para as condições específicas de

carregamento e preparação de cada material, obter boas regressões, representando

o comportamento da deformação permanente em relação apenas ao número de

repetições de carga, tanto para solos granulares como para solos argilosos.

Entretanto, não prevê mudanças no comportamento em função de variações

climáticas ou variações de parâmetros das camadas, tais como: umidade,

densidade e estado de tensões (Franco, 2000).

2.2. Avaliação Estrutural do Pavimento

A avaliação estrutural de um pavimento é feita por métodos que permitam

inferir as características de deformabilidade, capacidade de carga e resistência à

ruptura por cisalhamento do sistema em camadas, causadas pela passagem das

cargas de tráfego. Em pavimentos em uso pode ser feita por provas de carga não

destrutivas e/ou abertura de poços para coleta de amostras e posterior ensaios de

laboratório. A correta determinação da condição estrutural é de fundamental

importância para a aplicação de métodos mecanístico–empíricos de projeto de

pavimentos novos ou de reforços.

Quando o processo de avaliação de um trecho é feito sistemática e

repetidamente em várias idades do pavimento, é possível obter uma curva de

desempenho (modelo de desempenho) que permite prever a condição futura do

pavimento, a partir da condição analisada numa data atual em condições

semelhantes de estrutura e carregamento. Assim é possível aplicar decisões de

gestão de pavimentos, decidindo o momento das intervenções preventivas e

corretivas, e dimensionar reforço estrutural quando necessário.

A identificação da condição estrutural de um pavimento é efetuada por meio

de avaliações destrutivas e não destrutivas.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 42: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

42

• Avaliação destrutiva: retirada de partes do pavimento (poços de

sondagem) para verificação das condições “in situ” e a obtenção de

amostras para ensaios de laboratório.

• Avaliação não destrutiva: realizam-se ensaios “in situ” para registrar

os defeitos da superfície e as respostas do pavimento sob

carregamento, em termos elásticos e plásticos. Basicamente, este

método consiste na determinação das bacias deflectométricas ou de

deformação na superfície do pavimento e medidas de afundamento

de trilha de roda.

A avaliação destrutiva consiste na abertura de poços de sondagem para a

identificação da natureza e das espessuras dos materiais das camadas do

pavimento, bem como, para a coleta de amostras deformadas ou indeformadas dos

materiais da pista destinadas a ensaios laboratoriais. É possível determinar a

massa específica e a umidade de cada camada para comparar com as condições de

umidade ótima e massa específica máxima dos ensaios de compactação, e assim,

avaliar eventuais excessos de umidade ou deficiência do grau de compactação.

Pela sua própria natureza destrutiva só pode ser empregado em alguns

poucos pontos selecionados como representativos para cada segmento a ser

avaliado (Bernucci et. al., 2008).

A partir destas amostras de campo podem ser realizados ensaios de

laboratório para obter parâmetros que permitam a análise de tensões –

deformações e avaliação da capacidade de carga do pavimento em avaliação.

Um parâmetro útil e necessário para se prever as tensões e deformações

produzidas no pavimento pelas cargas transientes é o módulo de resiliência, que é

um módulo de elasticidade obtido sob carga repetida, com pulsos de cargas com

duração da ordem de 0,1 s. Francis Hveem da Califórnia, EUA, durante a década

de 1950, foi o primeiro a relacionar as propriedades resilientes dos materiais dos

pavimentos ao trincamento por fadiga dos revestimentos asfálticos (Gonçalves,

1999).

Define-se o módulo de resiliência (MR) do solo, a partir de um ensaio

triaxial dinâmico, como a relação entre a tensão-desvio aplicada axial e

ciclicamente em um corpo de prova e a correspondente deformação específica

vertical recuperável, conforme a equação (2.2):

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 43: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

43

R

d

RMε

σ= Equação 2.2

Onde:

Rε = deformação resiliente axial (vertical);

σd= tensão desvio aplicada repetidamente.

A correta caracterização do solo de subleito quanto ao seu comportamento

resiliente, especialmente quanto à variação de MR com o estado de tensões, é

fundamental para previsões confiáveis da deflexão do pavimento, na medida em

que o subleito tende a ser a camada de maior contribuição nas deflexões.

Silva (2003) afirma que, a maioria de solos e britas não possuem um

comportamento elástico linear sob carregamentos repetidos, tendo seus módulos

de resiliência dependentes dos estados de tensão atuantes.

Os módulos de resiliência têm sido representados pelos seguintes modelos

potenciais:

2

31.k

R kM σ= (para solos arenosos) Equação 2.3

2.1k

dR kM σ= (para solos argilosos) Equação 2.4

Onde: MR: módulo de resiliência;

σ3: tensão confinante;

σd: tensão desvio; e

k1 e k2: parâmetros de regressão.

Os modelos indicados pelas equações (2.3) e (2.4) foram os modelos

comumente empregados na maioria dos estudos. Mas atualmente tem-se utilizado

também o modelo composto, representado pela equação (2.5).

32

31 .. kk

dR kM σσ= Equação 2.5

Onde: MR:módulo de resiliência;

σ3: tensão confinante;

σd: tensão desvio; e

k1, k2 e k3: parâmetros de regressão.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 44: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

44

A vantagem deste modelo é que é genérico e não depende de saber a priori

se o comportamento predominante é o granular ou o argiloso. Nos solos tropicais

não é fácil deduzir este comportamento a partir da granulometria do material visto

que, muitas vezes, a cimentação proporcionada pela presença dos óxidos de ferro

ou de alumínio modifica o comportamento resiliente do solo, ou seja, a

predominância de uma das tensões na não linearidade (Medina e Motta, 2005).

Outro modelo a citar é o modelo da AASHTO, representado pela equação

2.6.

32

1...1

k

a

oct

k

a

aRpp

pkM

+

=

τθ

Equação 2.6

Onde: k1, k2 e k3: parâmetros de regressão;

pa: pressão atmosférica (usada para normalizar as unidades

do MR);

θ: primeiro invariante de tensão; e

τoct: tensão cisalhante octaédrica.

Segundo Guimarães (2009), uma restrição feita para o equipamento triaxial

dinâmico ou de cargas repetidas se refere à sua impossibilidade de simular a

rotação das tensões principais que ocorre em um elemento de solo submetido à

ação da carga de roda em movimento, bem com a indução de tensões cisalhantes,

conforme ilustrado na Figura 2.6.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 45: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

45

σ

τ

h

vh

carga

x

pavimento

subleito

τvh

σh

σv

τhv

hv

τ

σ

σ

σ

σ

σ σ

σσ

1A

eixo da tensão principal maior -posiçãoA

eixo da tensão principal maior-posição B

A B

PP

1

B

A1

B

1

A

B B

A

3

3

33

tensão

deslocamento

(x)

σv

σh

hvτ

(a) - tensões normais e tangenciais

(b) - rotação dos planos principais

Figura 2.6 – Rotação das tensões principais provocadas pela ação da carga de roda

(Medina e Motta, 2005).

A avaliação estrutural não destrutiva refere-se à determinação da

deformação elástica, que significa a resposta do pavimento sob carregamento.

Este parâmetro é influenciado pelo comportamento resiliente dos materiais, pelo

teor de umidade dos materiais e pela temperatura, que pelo seu aumento diminui o

módulo de resiliência, principalmente das misturas asfálticas (Trichês, Pitta e

D’Oliveira, 2000).

Basicamente, a avaliação não destrutiva consiste na determinação da bacia

de deflexão do pavimento sob carga estática ou dinâmica e, “a posteriori”, a

determinação dos módulos de resiliência por meio de retroanálise, utilizando-se de

programas computacionais.

Define-se como bacia de deformação aos assentamentos que resultam do

efeito de aplicação de uma carga sobre o pavimento, a mesma que se dissipa a

medida que se afasta do seu ponto de aplicação.

Para determinar o dano que estas deformações causam à estrutura de um

pavimento é preciso desenvolver uma análise dos níveis atingidos e das

capacidades de suportar estas deformações pelas camadas que conformam a

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 46: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

46

estrutura, antes de apresentar problemas de consideração (Córdova e Guimarães,

2011).

Os equipamentos utilizados em avaliações não destrutivas podem ser

divididos em:

o Carregamentos Estáticos – medem a deformação sob uma carga

estática ou em deslocamento a velocidade muito baixa (Ensaio de

Placa e Viga Benkelman);

o Carregamentos Vibratórios – medem a deformação sob uma carga

vibratória ou cíclica (Dynaflect);

o Carregamento por impacto – a deformação medida é causada pela

queda de um peso padronizado (Falling Weight Deflectometer-

FWD).

Segundo Bernucci et. al. (2008), há bastante diferença entre os valores

numéricos de avaliação estrutural realizados utilizando-se cada um desses tipos de

equipamentos, que podem ser usados para levantamentos da condição de

pavimentos, para análises de rotina ou para projeto de reabilitação.

No Brasil, o DNIT (antigo DNER) normalizou os seguintes equipamentos

na avaliação estrutural de pavimentos: ensaio de placa (carga estática), a Viga

Benkelman (carga quase estática) e o FWD (carga por impacto).

Durante o desenvolvimento da presente pesquisa também foi realizada a

avaliação estrutural do pavimento construído pelo decorrer da aplicação de

carregamento, utilizando equipamentos menores: o Geogauge H-4140 da Humbolt

e o Light Weight Deflectometer (LWD).

O GeoGauge é um equipamento transportável que fornece uma forma

simples, rápida e precisa de medições “in situ” de duas propriedades importantes

da engenharia e da mecânica do solo compactado e do agregado: a rigidez elevada

(MN/m) e o módulo do Young (MPa) do material.

A avaliação com o equipamento GeoGauge é considerado um método não

destrutivo e de fácil aplicação para a avaliação estrutural do pavimento, pode ser

utilizado durante a etapa de construção das estradas e no monitoramento durante

sua vida útil.

O Geogauge pode ser utilizado “in situ” para estimar o valor do módulo de

Young do material ou estimar os resultados do ensaio de prova de carga com

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 47: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

47

maior velocidade e simplicidade e ainda com menor custo. (GeoGaugeTM User

Guide, 2007).

O equipamento com cerca de 10 kgf de peso é alimentado por seis pilhas

alcalinas tipo D (Figura 2.7), suficiente para até 1.500 medições. Seu princípio de

funcionamento é a partir de vibrações com 25 estágios de frequências crescentes

(entre 100 e 196 Hz), das quais se medem as deformações respectivas, calculando-

se o desvio padrão entre as mesmas. Tal medição dura aproximadamente 75 s. A

profundidade de alcance do mesmo é de 22,0 a 31,0 cm. Para se medir o módulo e

a rigidez de uma determinada camada de solo este deve estar em contato íntimo

com pelo menos 60% do perímetro do anel metálico existente na base do

GeoGauge.

A Tabela 2.1 mostra algumas características técnicas do equipamento.

Figura 2.7 - Equipamento GeoGauge H-4140 da Humbolt no local do presente

estudo sobre a base imprimada.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 48: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

48

Tabela 2.1– Características técnicas do equipamento GeoGauge H - 4140 da

Humbolt (Fonte: Silva, 2009)

Característica Especificações

Rigidez Faixa de utilização – de 3 a 70 MN/m

Módulo de Young Faixa de utilização – de 26 a 610 MPa

Profundidade de medição de 220 a 310 mm

Tempo de medição 75 s

Dimensões 280 mm x 270 mm

Peso 10 kg (apenas o equipamento)

15,5 kg (equipamento e caixa de proteção)

Para conhecer as características mecânicas e o comportamento do material

empregado na estrutura do pavimento, submetendo-os a carregamentos simulados

com cargas de tráfego padrão, foram desenvolvidos na década de 1980

equipamentos tipo deflectômetro de impacto.

Existem atualmente três versões principais: o deflectômetro de impacto para

cargas altas (HWD), o deflectômetro de impacto para cargas médias ou

rodoviárias (FWD) e o deflectômetro de impacto para cargas baixas (LWD), que

apresentam características para serem usados em aeroportos e rodovias

pavimentadas urbanas, rurais ou especiais.

Os equipamentos tipo FWD trabalham transferindo ao pavimento uma carga

dinâmica de impacto mediante um peso suspenso que é elevado até uma altura

pré-estabelecida e solto sobre amortecedores que comunicam o choque a uma

placa metálica apoiada sobre o pavimento no ponto de leitura da deflexão máxima

(Figura 2.8).

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 49: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

49

Figura 2.8 – Esquema de um deflectômetro de impacto (Fonte Bernucci et al.,

2008)

Algumas das características padrões destes equipamentos são as seguintes:

• Possuem uma placa sobre a qual é imposto o carregamento. Essa

deve ficar totalmente em contato com a superfície do pavimento.

• A carga real aplicada é medida por uma célula de carga e tem uma

duração que pode variar de 0,25 s a 0,30 s, tempo correspondente à

passagem de um veículo com velocidade de 60 a 80 km/h.

• Aplicam os pulsos de carga no pavimento em forma de ondas que se

propagam no interior da estrutura a velocidades finitas. Estas ondas

são registradas em diferentes instantes através de sensores de vários

tipos, que permitem determinar as deflexões produzidas pelo

carregamento induzido.

• Os diferentes sensores do equipamento estão dispostos desde o

centro da placa, ponto 0,0 m, e os demais ao longo do comprimento

de uma barra metálica a distâncias pré-estabelecidas que pode variar

cada 0,20 m, mais ou menos, até 1,00 m ou 1,20 m.

• As deflexões são registradas e armazenadas em um computador

ligado ao equipamento permitindo também o registro simultâneo de

valores de temperatura da superfície do revestimento e do ar, a carga

real aplicada ao pavimento e a distância percorrida total e parcial.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 50: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

50

Especificamente o equipamento utilizado no presente trabalho foi o Light

Weight Deflectometer (LWD) que tem o mesmo princípio, porém é bastante

simplificado: é operado manualmente, tem somente uma placa de carga e três

sensores para medir a deformabilidade das camadas.

Fleming (2000 apud Reis e Guimarães, 2012) realizou avaliações

laboratoriais e de campo com diversos equipamentos, dentre deles o LWD,

destacando a qualidade do mesmo pela presença de célula de carga para medir a

força de impacto, coletando as informações através de software específico. O

LWD é um equipamento de precisão para determinar in situ módulos de

resiliência (MR) baixos, de até 2000 MPa, visando estabelecer características

mecânicas importantes das camadas de uma estrutura de pavimento podendo ser

usado no acompanhamento de trabalhos de intervenção ou de construção.

O equipamento é composto por uma célula de carga de alta precisão que

mede o valor máximo da força de impacto da queda de um peso de 15 kg

acoplado a uma placa de carga com diâmetro de 300 mm, conforme a Figura 2.9.

O valor máximo da força de impacto é baseado em medidas de célula de carga e

os deslocamentos (deflexões) são medidos com até 3 sensores, que ficam

posicionados a diferentes distâncias em relação ao centro da placa.

Figura 2.9– Equipamento Light Weight Deflectometer (LWD) do IME, usado neste

estudo.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 51: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

51

Durante o desenvolvimento de um teste, a deflexão no centro da placa de

carga é obtida para calcular também o módulo de elasticidade/resiliência (EVD) da

camada em estudo. A expressão utilizada para o cálculo do módulo da camada é

aquela desenvolvida por Boussinesq com base na Teoria da Elasticidade (Reis e

Guimarães, 2012), conforme mostrado na equação 2.7.

Df

RFEVD

σν )1()(

2−= Equação 2.7

Onde: F=fator que depende da distribuição das tensões, onde F=2 para

distribuição uniforme, F=π/2 para placa rígida, distribuição

parabólica (solo granular) F=8/3 e distribuição parabólica (solo

coesivo) F=4/3;

=ν coeficiente de Poisson;

σ = tensão aplicada (kPa);

R = raio do prato de carga (mm);

Df = Deflexão (µm);

EVD = Módulo de Elasticidade (MPa).

As partes constituintes do equipamento são apresentadas na Figura 2.10

(Dynatest, 2006):

• Célula de carga que mede o valor máximo da força de impacto da

queda de um peso com 10, 15 ou 20 kg, incorporada numa placa de

carga com um diâmetro de 100, 200, ou 300 mm. O valor máximo

da força de impacto é medido pela célula de carga;

• Os deslocamentos (deflexões) são medidos pelos sensores em tempo

real e apresentados graficamente no Palm Top conectado ou

transmitido por onda tipo Bluetooth;

• O módulo de elasticidade “EVD” é calculado e visualizado em tempo

real;

• O software de coleta de dados exibe na tela do Palm Top o Módulo

de elasticidade da superfície e um gráfico de histórico em tempo

real.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 52: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

52

Figura 2.10 – Visão geral do equipamento LWD (Fonte: Reis e Guimarães, 2012)

O ensaio é realizado através de impacto, sendo que o ponto selecionado para

sua avaliação é ensaiado três vezes e o valor de módulo para cada ponto é a média

dos três ensaios. Cada ponto ensaiado é devidamente registrado pelo GPS do

próprio equipamento, gerando assim a coordenada geográfica dos mesmos,

variável muito útil em trabalhos de campo.

2.3. Retroanálise de Módulos de Resiliência

Os módulos de resiliência ou de elasticidade dos materiais das camadas

granulares e do solo de subleito são parâmetros fundamentais para avaliação do

comportamento estrutural de pavimentos flexíveis. No entanto, para que se possa

caracterizar de maneira adequada esse comportamento estrutural de um pavimento

em uso é essencial que se determine a variação da magnitude dos valores dos

módulos dessas camadas tanto em relação à profundidade como no sentido

longitudinal da via (variabilidade construtiva).

A determinação dos módulos de resiliência ou de elasticidade das camadas

que compõem uma estrutura de pavimento pode ser efetuada pelos seguintes

procedimentos:

1 - Placa de carga 2 - Asas 3 - Geofone Central 4 - Massa 5 - Amortecedores 6 - Haste Guia 7 - Manípulo Galho 8 - Unidade Principal 9 - Equipamento eletrônico de medição

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 53: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

53

o Ensaios de módulo de resiliência realizados em laboratório a partir

de amostras coletadas em poços de sondagem;

o Retroanálise a partir de levantamentos deflectométricos efetuados

com deflectômetros;

o Estimado a partir de propriedades dos materiais (ex.: granulometria,

teor de argila, etc);

o Atribuídos com base na experiência adquirida na utilização de solos

ou materiais granulares similares.

A retroanálise é o método que permite inferir os módulos de elasticidade

dos materiais que compõem as camadas e o subleito do pavimento em serviço

através da interpretação das bacias de deflexões. A Figura 2.11 indica os

elementos necessários para aplicar o método da retroanálise. Tendo-se

conhecimento da carga externa aplicada para a qual foi obtida a bacia

deflectométrica e, conhecendo-se as características básicas dos tipos de materiais

presentes em cada camada e suas espessuras, é possível inferir os módulos a partir

das deflexões obtidas.

Figura 2.11 – Esquema dos dados necessários para a retroanálise de pavimento

(Fonte: Nóbrega, 2003)

Em relação ao dimensionamento de um pavimento a ser restaurado, a

retroanálise tenta calcular o módulo de resiliência dos materiais empregados numa

estrutura de pavimento através das deformações resultantes de um carregamento

conhecido, por meio de ensaios não destrutivos.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 54: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

54

Esta retroanálise pode ser feita por várias técnicas, tais como: métodos

simplificados, iterativos ou de bancos de dados ou solução fechada para duas

camadas e por meio de equações simultâneas. Cada método tem sua

particularidade, apresentando tanto vantagens como desvantagens, dependendo

dos parâmetros considerados.

Bernucci et al. (2008) citam algumas vantagens e desvantagens da utilização

do método da retroanálise:

- “Possibilita a obtenção dos módulos nas condições de campo;

- Minimiza o número de sondagens para determinação das espessuras

e coletas de amostras para determinação dos parâmetros desejados,

que são de difícil reprodução em laboratório, além de serem

onerosas, e demoradas;

- Possibilita o uso pleno da bacia deflectométrica, não só a deflexão

máxima (d0) como nas técnicas de avaliação estrutural preconizadas

pelo DNER;

- Caracteriza com rapidez as camadas em termos de elasticidade;

- Verifica a condição estrutural de cada camada e subleito.”

Entre as desvantagens citam-se:

• “A sensibilidade do cálculo dos valores dos módulos de elasticidade

aos valores das bacias deflectométricas que tem imprecisão inerente

aos levantamentos de campo;

• A confiabilidade dos instrumentos e dos procedimentos operacionais

de medição das deflexões deve ser continuamente verificada;

• Os módulos retroanalisados não representam necessariamente os

módulos reais das camadas e sim “módulos equivalentes;

• O conjunto de módulos retroanalisados não é único, depende do

programa utilizado para obtê-los, das hipóteses simplificadoras, dos

níveis de ajuste atingidos, etc”.

Vários programas foram desenvolvidos para retroanálise de pavimento. A

norma ASTM D-5858 cita os programas: MODULUS, ELMOD, ESSEM4,

MODCOMP, DIPLOMAT E ISKBACK.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 55: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

55

Os métodos iterativos buscam obter os módulos de todas as camadas do

sistema existente, pavimento/subleito e através destes módulos, das espessuras das

camadas e das cargas atuantes, calcular as tensões, deformações e deslocamentos

em qualquer ponto do sistema analisado. Utilizam aplicativos computacionais que

procuram o melhor ajuste das bacias de deflexões, através de técnicas de

minimização do erro absoluto ou erro quadrático. Possuem formulação

matemática complexa e utilizam processos iterativos de convergência. Em geral

apresentam boa acurácia, porém o tempo de processamento é relativamente

grande.

Este método compara a bacia de deflexão teórica com a obtida em campo

até a obtenção de um determinado critério de convergência, que tem como

objetivo a minimização das diferenças (Nóbrega, 2003).

Segundo Albernaz et al. (1995 apud Nóbrega, 2003), os métodos iterativos

são agrupados em:

1. Métodos que calculam, durante o processamento, os parâmetros

elásticos de estruturas teóricas, cujas bacias deflectométricas são

comparadas às bacias medidas em campo; comparam a bacia de

campo e a calcula de forma iterativa, até que a convergência seja

próxima. Os parâmetros da estrutura teórica são calculados através

de programas de análise de tensões e deformações como FEPAVE2,

ELSYM5, JULEA, BISAR, KENLAYER, etc.;

2. Métodos que fazem uso de banco de dados das características

elásticas e geométricas de uma gama de estruturas teóricas; e partem

do mesmo princípio do método anterior, a diferença é que as bacias

medidas em campo são comparadas com as bacias teóricas de

estruturas previamente calculadas e armazenadas em um banco de

dados. Exemplos são os seguintes programas: MODULUS,

COMDEF, DBCONPAS, REPAV, etc.;

3. Métodos que utilizam equação de regressão estatística para

determinação das deflexões teóricas em pontos pré-estabelecidos da

bacia deflectométrica. Os dados usados na regressão são obtidos por

programas de análise mecanística. São exemplos de aplicação deste

método os programas LOADRATE e PASTREW.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 56: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

56

Utilizou-se a retroanálise no presente trabalho por comparação das bacias

deflectométricas do experimento com as bacias geradas durante o processamento

do ELSYM5, para analisar a variação do módulo de resiliência das camadas do

pavimento para cada etapa do programa experimental.

Os métodos simplificados estimam os módulos do sistema

pavimento/subleito, a partir da aplicação de equações, tabelas, gráficos ou outros

procedimentos simplificados gerados a partir da Teoria da Elasticidade, aplicada

aos meios homogêneos, isotrópicos e linearmente elásticos, transformando a

estrutura real multicamadas em estruturas equivalentes mais simples (duas ou três

camadas, incluindo o subleito). Como tratam o problema de forma simplificada,

são mais rápidos do que os métodos iterativos, porém perdem em acurácia.

Dentre os métodos simplificados de retroanálise, destaca-se o da AASHTO

(1993) em que o pavimento real é transformado em estrutura de duas camadas:

uma sendo o conjunto das camadas do pavimento (revestimento+base+sub-base),

e outra o subleito.

A aplicação desse método exige que sejam fornecidos os dados da bacia de

deflexão, da carga solicitante e da espessura total do pavimento acima do subleito.

O módulo de elasticidade do subleito (Me) é obtido através da equação 2.8.

ii

erd

PM

24,0= Equação 2.8

Onde:

Me: módulo do subleito;

P: carga aplicada sobre uma área circular;

di: deflexão medida no ponto de distancia ri; e

ri: distância radial do ponto de aplicação da carga.

O produto (di*ri) deve ser determinado para um ponto da bacia

deflectométrica bem afastado do ponto de aplicação da carga, onde só há a

influência do subleito. A AASHTO recomenda que o valor de ri seja cerca de 70%

do valor do raio do bulbo de tensões ae na interface pavimento/subleito, cujo valor

é dado pela equação 2.9.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 57: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

57

+=

2

32 .R

Pe MEDaa

Equação 2.9

Por fim, o módulo EP é determinado iterativamente, até que o segundo

membro da equação 2.10 se iguale ao valor da deflexão máxima (d0), que se dá no

ponto de aplicação da carga.

( )

+−

+

+

=P

R

PR

E

aD

ME

a

DM

apd

2

2

3

0

/1

11

.1.

1..5,1 Equação 2.10

Onde:

D = espessura total das camadas acima do subleito;

P = carga aplicada sobre a área circular;

a = raio da área circular de distribuição da carga;

p = pressão de contato.

No guia da AASHTO (1993) é apresentada uma série de critérios de ajuste

para o valor modular do subleito, que é influenciado por variações sazonais e pela

presença de camadas rígidas presentes até 4,5 m de profundidade.

2.4. Distribuição de Tensões e Deslocamentos em Pavimentos

A aplicação da teoria da elasticidade à pavimentação, permitindo o cálculo

de estruturas de pavimento com várias camadas, foi feita inicialmente por

Burmister que apresentou em 1943 e 1945 um método para determinar tensões e

deformações em sistemas de duas e três camadas. Esse método se baseia na teoria

formulada em 1885 por Boussinesq, que considerou um espaço homogêneo,

isotrópico e elástico linear para calcular a tensão em qualquer ponto no interior da

massa e o deslocamento na superfície provocado por uma carga.

A tensão vertical a uma profundidade qualquer é dada pela equação (2.11) e

a constante (k) pela equação (2.12) segundo Boussinesq, para uma camada.

2.Z

Pkz =σ Equação 2.11

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 58: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

58

2

52

1

1.

2

3

+

=

Z

r

Equação 2.12

Onde: σz: tensão vertical;

k: constante adimensional;

P: carga pontual aplicada na superfície;

Z: profundidade; e

r: distância radial.

Como foi mencionado, Burmister desenvolveu soluções para sistemas

constituídos por duas e três camadas. Procurou resolver problemas que se

apresentam nos cálculos de fundações e de pavimentos de aeródromos. Na

solução de problemas de sistema de camadas elásticas foram consideradas

algumas suposições básicas: cada camada é homogênea, isotrópica e elástica

linear com módulo elástico (E) e coeficiente de Poisson (υ), as camadas são

admitidas infinitas na direção lateral e finita em profundidade.

O sistema de duas camadas pode ser aplicado quando o revestimento é

colocado diretamente sobre o subleito. Segundo as soluções obtidas por

Burmister, os valores de tensão e deslocamento são dependentes da relação de

módulos das camadas (E1/E2), onde E1 e E2 são os módulos de elasticidade do

revestimento e subleito, respectivamente. Para a relação E1/E2=1 obtém-se a

solução de Boussinesq para o semiespaço homogêneo.

Segundo Burmister (1943 apud Kakuda, 2010), o deslocamento vertical

total máximo na superfície (recalque), em termos do fator de deflexão F2 para

υ=0.5, pode ser calculado pelas equações 2.13 e 2.14, nos casos de placa flexível e

placa rígida, respectivamente.

22

..

.5,1 FE

aq=∆ Equação 2.13

22

..

.18,1 FE

aq=∆ Equação 2.14

Onde: ∆: deslocamento vertical;

q: carregamento uniformemente distribuído na área circular;

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 59: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

59

a: raio da placa;

E2: módulo de elasticidade da camada inferior; e

F2: fator adimensional dependente da relação entre os módulos do

revestimento e subleito.

Para o caso específico da distribuição de tensões em sistemas elásticos

constituídos por três camadas, Burmister (1945) deduziu expressões matemáticas

que incluem a tensão vertical nas interfaces 1 e 2 e tensões radiais em todas as

camadas do sistema, conforme Figura 2.12.

Figura 2.12- Distribuição de tensões (Burmister, 1945 apud Kakuda, 2010)

2.5. Instrumentação em estruturas de Pavimentos

Existem muitos instrumentos disponíveis no mercado que permitem a

avaliação do comportamento da estrutura de um pavimento frente à ação do

tráfego de veículos. As instrumentações servem para auxiliar na interpretação do

desempenho de estruturas de pavimentos, permitindo a determinação de

parâmetros, tais como: tensão e deformação horizontal, tensão e deformação

vertical, afundamentos na superfície do pavimento, umidade, sucção e

temperatura.

Na escolha dos equipamentos de leitura destes parâmetros, principalmente,

em ensaios de grandes dimensões e trechos experimentais deve-se levar em conta

a durabilidade, resistência mecânica durante a compactação das camadas,

resistência à fadiga e o ponto de instalação.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 60: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

60

Segundo Werneck (1996 apud Kakuda, 2010), as características mais

comuns dos equipamentos são:

• Faixa: ou range (do inglês), representa todos os níveis de amplitudes

do sinal de entrada, nos quais se supõe que o instrumento opere;

• Resolução: é o menor incremento do sinal de entrada que é sensível

ou pode ser medido pelo instrumento;

• Sensibilidade: é a função de transferência do equipamento, isto é, a

relação entre o estímulo de entrada e o sinal de saída por ele

produzido;

• Linearidade: quando se mede com o instrumento um valor padrão

conhecido que varia de maneira conhecida, se o instrumento for

perfeito ou ocorrer um erro desprezível, a “curva” obtida é uma reta;

no entanto, como sempre ocorre um erro, a curva obtida “foge” em

alguns pontos da “curva” ideal (reta). A distância máxima observada

entre uma medida feita pelo instrumento e o valor padrão dividido

pela faixa e multiplicada por 100 fornece a linearidade (%);

• Histerese: se o estímulo de entrada, que existe em um instrumento,

crescer até um determinado ponto o instrumento irá acusar certo

valor, mas se o estímulo começa de um ponto mais elevado e

decresce até o mesmo valor anterior, o equipamento poderá acusar

um valor diferente daquele fornecido anteriormente. Pode ocorrer

histerese por diversas razões, tais como: atrito mecânico dos

ponteiros de um instrumento de medida, resposta de frequência,

inércia molecular etc;

• Exatidão ou erro: é a diferença absoluta entre o valor real e o valor

medido pelo instrumento. Pode ser dada em porcentagem ou em

partes por milhão (ppm) quando este valor for muito pequeno;

• Precisão ou repetibilidade: é a capacidade de se obter um mesmo

valor em diversas medidas; pode ser dada pelo desvio padrão das

medidas efetuadas de um mesmo valor ou pelo maior erro em

qualquer medida;

• Estabilidade: é a capacidade de um instrumento voltar à situação de

regime permanente (steadystate) depois de receber um sinal

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 61: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

61

transitório, como um degrau ou um pulso, por exemplo. Depende

principalmente do ganho de representação e da frequência da

ressonância do sistema.

Silva (1999) descreve a pesquisa realizada na Pista Experimental Circular

do IPR/DNER para estudar a restauração de pavimentos flexíveis com concreto de

cimento Portland (“whitetopping”- WT). Para determinar o desempenho deste tipo

de reforço foram utilizados seis extensômetros e duas células de carga. Os seis

extensômetros embutidos na camada de WT resistiram satisfatoriamente aos

esforços na fase de construção e às solicitações devidas ao carregamento externo e

fatores ambientais. Com relação às células de carga, acredita-se que uma das

células de carga sofreu um deslocamento devido a recalques diferenciais do

subleito refletindo erro de registro das medições. Com os valores de deformação

registrados pelos extensômetros foi possível calcular as tensões de tração na face

inferior do WT.

Silva (2009) avaliou o comportamento mecânico de um pavimento

rodoviário submetido à oscilação do lençol freático simulado no modelo físico de

verdadeira grandeza desenvolvido no laboratório da COPPE - Setor de

Pavimentos. A instrumentação utilizada para tal análise foi composta de sete

tensiômetros de alta capacidade, sete refletômetros no domínio do tempo que

conseguiram medir a sucção e a umidade dos solos, respectivamente, frente à

variação da umidade dos materiais, também dois LVDTs e cinco células de carga

permitiram controlar as deflexões e as tensões geradas na estrutura do pavimento

com a aplicação do carregamento cíclico.

O tipo de instrumentação utilizada no presente trabalho foi a que utilizou

Silva (2009). No entanto, foi incrementado o número de LVDTs que permitiram

controlar as deflexões em mais pontos da superfície do pavimento com o objetivo

de obter a bacia de deflexão gerada pela aplicação de carregamento cíclico nos

ensaios desenvolvidos. Também foi reduzido o número de tensiômetros de alta

capacidade (TAC) e refletômetros no domínio do tempo (TDR), instalados no

subleito e na camada de base do pavimento, que controlaram a variação da

umidade e da sucção quando o subleito foi submetido à imersão por danos a

alguns dos instrumentos. As células de carga monitoraram a aplicação de carga

aplicada. A descrição de cada instrumento está no Capítulo 3.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 62: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

62

2.6. Utilização de Geossintéticos em Pavimento Flexível

O termo geossintético é usado para descrever uma família de produtos

sintéticos utilizados para resolver problemas em Geotecnia. A natureza sintética

desses produtos os torna próprios para uso em obras de terra onde um alto nível de

durabilidade é exigido.

O emprego de geossintéticos numa estrutura de pavimento tem como

principal objetivo diminuir e distribuir de forma homogênea as tensões que

chegam ao subleito, controlando ou reduzindo a um mínimo os defeitos estruturais

como afundamento de trilha de roda e trincamento por fadiga do revestimento

asfáltico. Possibilita ainda, a redução das espessuras das camadas granulares,

aumento na vida útil do pavimento e também atuam como elemento separador e

filtrante. Podem ser utilizados tanto no reforço de base de pavimentos em

construção quanto no reforço da capa asfáltica, na restauração de pavimentos

degradados.

Os quatro grupos principais de geossintéticos são: geotêxteis, geogrelhas,

geomantas e geocompostos, sendo mais utilizados em pavimentos os dois

primeiros. Uma breve descrição dos geotêxteis e das geogrelhas é a seguinte:

a) Geotêxtil

Produto têxtil bidimensional permeável, composto por fibras cortadas,

filamentos contínuos, monofilamentos, laminetes ou fios, formando estruturas

tecidas, não tecidas ou tricortadas, cujas propriedades mecânicas e hidráulicas

permitem que desempenhe várias funções numa obra geotécnica (Vertematti,

2004).

Para a utilização em restauração de pavimentos flexíveis devem apresentar

uma resistência à tração maior que 7kN/m (NBR 12824), capacidade de retenção

de ligante betuminoso maior que 0,9 l/m2 e ponto de amolecimento superior a

180°C.

Para a utilização em base tem sido utilizado como separador ou elemento

filtrante, tendo como principal função a de prevenir a interpenetração do material

de base na camada inferior. Holtzet et al. (1995 apud Kakuda, 2010) recomendam

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 63: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

63

o uso de geotêxtil em subleitos de baixa capacidade de suporte, expressa por

CBR<3% ou módulo de resiliência < 30MPa.

(a)

(b)

(c)

Figura 2.13 - Tipos de Geotêxteis utilizados em obras geotécnicas. (a) Geotêxtil

não tecido (b) Geotêxtil tecido (c) Geotêxtil tricortado (CTG - ABINT, 2001)

b) Geogrelha

As geogrelhas possuem estrutura em forma de tela ou malha, com malha

retangular ou quadrada e seu uso é predominantemente estrutural como reforço, e

a abertura da malha permite a interação com o meio em que está confinado, sendo

constituídas por elementos com grande resistência à tração. São obtidas em uma

ou em duas direções planares perpendiculares, de uma placa sintética perfurada,

cujas perfurações formam aberturas quase retangulares, que variam tipicamente de

1 a 10 cm.

São consideradas unidirecional, quando apresenta elevada resistência à

tração apenas em uma direção, e bidirecional, quando apresenta elevada

resistência à tração, nas duas direções principais (ortogonais). Quanto ao processo

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 64: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

64

de fabricação, as geogrelhas podem ser classificadas como extrudadas, soldadas

ou tecidas (Vertematti, 2004).

Figura 2.14 - Geogrelha flexível, utilizada para reforço de aterros/muros de

contenção (CTG – ABINT, 2001)

Segundo Antunes (2008), as geogrelhas são utilizadas comumente em

sistemas de pavimentos rodoviários em três situações: (a) em construções de

pavimentos sobre solos moles; (b) melhoria ou aumento da vida útil de projeto do

pavimento; (c) redução de deformações elásticas e plásticas para uma determinada

vida útil.

Para a utilização em restauração de pavimentos flexíveis devem apresentar

uma resistência à tração maior que 50 kN/m, para deformação menor que 12%

(NBR 12824), resistência à fadiga maior que 90% de resistência retida após

100.000 ciclos de carregamento, a relação entre abertura da malha e diâmetro

máximo do agregado deve ficar no intervalo de 2 a 10 e o ponto de amolecimento

superior a 180°C (Kakuda, 2010).

As camadas granulares de base e sub-base são componentes essenciais para

o desempenho de pavimentos flexíveis. Sua função principal é a de reduzir as

tensões provocadas pelas cargas repetidas do tráfego e transmiti-las ao subleito de

maneira a minimizar a ocorrência de ATR (Afundamento de Trilha de Roda).

Além disso, as camadas granulares têm especial importância em pavimentos de

baixo volume de tráfego onde a espessura do revestimento é pequena ou somente

tratamento superficial é utilizado (Gonçalves, 1999).

O reforço da camada de base (camada granular) com a utilização de

geossintético faz com que ocorra um aumento na capacidade estrutural da camada.

É utilizado principalmente nos casos em que o subleito apresenta baixa

capacidade de suporte e seja inviável a remoção e substituição do material, e

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 65: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

65

também quando o material granular para a base e revestimento é escasso ou fica

longe do local da obra, permitindo a redução da espessura destas camadas.

Segundo Perkins (1999 apud Antunes, 2008), a função do reforço de base é

desenvolvida pela interação entre as camadas de solo e de geossintético contida no

interior ou na parte inferior da camada granular de base e basicamente, consiste

em quatro mecanismos distintos. Conforme a Figura 2.15, o carregamento

proveniente do veículo, aplicado na superfície do pavimento, gera tensões laterais

na base logo abaixo do carregamento aplicado. Os movimentos laterais da base

comprometem o desempenho e a durabilidade do pavimento.

Figura 2.15 – Proposta de modelo de transferência de tensões de cisalhamento na

interface base-geossintético. (Fonte: Perkins 1999 apud Antunes, 2008)

Antunes (2008) cita o desenvolvimento dos mecanismos gerados pela

interação entre a camada granular de base e o geossintético que são:

a) Mecanismo que corresponde à redução direta do espraiamento lateral

da camada de base.

Uma “interação cisalhante” se desenvolve entre o agregado e a geogrelha

com a tentativa da base se espalhar lateralmente. O carregamento cisalhante é

transmitido do agregado de base para o geossintético, que é então tracionado. A

rigidez relativamente alta da malha atua no retardamento do desenvolvimento de

deformações laterais na base adjacente ao geossintético. Menores deformações

laterais na base resultam em menores deformações verticais da superfície do

pavimento (Figura 2.16)

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 66: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

66

Figura 2.16 – Esquema da interação do reforço (geogrelha) com o material de

base (Antunes, 2008).

b) Mecanismo do confinamento lateral

Este mecanismo gera um aumento na rigidez da camada de base quando há

uma interação adequada entre a base e o geossintético devido à presença do

reforço que proporciona um aumento no confinamento lateral, porque as tensões

cisalhantes que se desenvolvem entre a camada de base e o geossintético

proporcionam um aumento nas tensões laterais no interior da base.

c) Mecanismo de distribuição de tensões no subleito

A presença do geossintético na base da estrutura do pavimento pode

também causar uma mudança no estado de tensões e deformações do subleito. A

tensão vertical na base e no subleito, diretamente abaixo da área de aplicação de

carregamento, diminui à medida que a rigidez da camada aumenta. As tensões

verticais no subleito se tornarão mais amplamente distribuídas.

d) Mecanismo na redução da tensão cisalhante no subleito

Experimentos usando carregamento monotônico em camadas de base

granular sobre subleito fraco mostraram que as tensões cisalhantes transmitidas da

camada de base para o subleito decrescem à medida que a base solicita o reforço à

tração. Menores tensões cisalhantes, junto com menores tensões verticais,

resultam em um estado de carregamento consideravelmente menor, implicando

em menores deformações verticais no subleito.

Um indicador que possibilita quantificar a melhoria do desempenho de um

pavimento em que se utilizou de um geossintético é a taxa de benefício de tráfego,

TBR (traffic benefit radio), dado pela equação 2.15.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 67: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

67

N

NTBR

geo= Equação 2.15

Onde: Ngeo: número de repetições do eixo padrão de 82 kN, que

produz um determinado afundamento em trilha de roda (TR)

no pavimento com geossintético; e

N: número de repetições do eixo padrão de 82 kN, que

produz um determinado afundamento em trilha de roda (TR)

no pavimento sem geossintético (Manual Brasileiro de

Geossintéticos (Vertematti, 2004).

Os indicadores de desempenho de pavimentos reforçados com

geossintéticos, em sua grande maioria, são obtidos por meio de comparação de

estruturas com e sem a utilização de geossintéticos. Essa comparação se dá por

meio de parâmetros que são obtidos de ensaio de laboratório ou campo.

Zambrano (2007) afirma que o estudo do reforço de base de obras viárias

pode ser dividido em duas vertentes: pavimentos com revestimento primário e

pavimentos com revestimento asfáltico ou rígido (concreto). Os mecanismos de

solicitação do reforço e os benefícios que este traz a essas estruturas são de certa

forma, parecidos. A grande diferença entre pavimentos com revestimento primário

e com capa asfáltica é a profundidade admissível para os afundamentos de trilhas

de rodas (ATR). A capacidade de suporte do solo de subleito está diretamente

ligada à ocorrência de ATR na superfície do pavimento, ou seja, a ATR depende

da deformação ocorrida no subleito. Em rodovias com revestimento primário,

ATR da ordem de dezenas de milímetros de profundidade não comprometem

seriamente o seu uso. Entretanto, é necessário adotar um critério para estabelecer

um estado limite de utilização do pavimento.

A Figura 2.17 mostra o efeito que produze a utilização dos geossintéticos

em vias não pavimentadas.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 68: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

68

Figura 2.17 – Efeito que produz o geossintético numa via não pavimentada

(ANAPRE, s/d).

Giroud e Han (2004 apud Zambrano, 2007) descrevem quatro mecanismos

responsáveis pelo surgimento de deformações na superfície de rodovia sem

revestimento:

o Sobre - compactação da camada de base e/ou do subleito devido às

solicitações de tráfego;

o Ruptura por falta de capacidade de carga da camada de base ou

subleito devido às tensões normais e cisalhantes induzidas pelo

tráfego inicial;

o Ruptura por falta de capacidade de carga na base ou subleito após

repetidas solicitações de tráfego resultante de deterioração

progressiva do material, redução da espessura efetiva por

contaminação dos finos do solo de subleito, redução da capacidade

da base distribuir as solicitações de tráfego ao subleito, ou

decréscimo na resistência do solo de subleito devido ao surgimento

de pressões neutras durante a construção;

o Deslocamento lateral dos materiais da base e subleito devido à

acumulação de incrementos de deformações plásticas induzidas por

cada ciclo de carregamento.

Na Figura 2.18 pode-se observar algumas das aplicações dos geossintéticos

utilizados como material de reforço em pavimentos segundo as referências de

Huesker e http://www.oempreiteiro.com.br.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 69: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

69

(a) Reforço de base de pavimentos

(b) Reforço de revestimentos asfálticos

(c) Restauração de pavimento

Figura 2.18 – Aplicação de geossintéticos como material de reforço em

pavimentos.

2.6.1. Pesquisas desenvolvidas empregando geossintético como reforço de base

Pesquisas desenvolvidas no estrangeiro para avaliar o uso de geossintéticos

em reforço de base aconteceram a partir da década de 1990. No Brasil, somente a

partir do presente século foram desenvolvidos alguns trabalhos de investigação da

utilização de geossintéticos com material de reforço para estruturas de

pavimentos.

A variedade de situações encontradas em campo exigiu que se

desenvolvessem equipamentos que simulem de maneira mais real o que acontece

no campo, com o objetivo de minimizar o efeito escala (campo/laboratório) e

obter resultados em curto tempo e menor custo. Isto passou a ser feito em modelos

físicos, caixas ou tanques de teste, de tamanhos proporcionais às estruturas de

pavimento comuns.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 70: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

70

Kakuda (2010) apresenta um grande levantamento de equipamentos

utilizados para a avaliação do desempenho de geossintéticos. No entanto, aqui

serão citados apenas aqueles que apresentam características físicas similares ao

usado no presente trabalho quanto a dimensões, forma de carregamento,

frequência da aplicação de carga, entre outros aspectos.

Perkins et al. (1999) analisaram a estrutura de um pavimento composto de

camada de base nas espessuras de 300 e 375 mm, subleito com espessuras de 1045

mm e 970 mm e a capa asfáltica de 75 mm. Essa estrutura de pavimento foi

montada dentro de uma caixa quadrada de ferro de 2,0 m de largura e 1,5 m de

profundidade. A aplicação do carregamento foi através de um atuador pneumático

sobre uma placa circular de aço de 25 mm de espessura e 305 mm de diâmetro.

Uma borracha de 4 mm de espessura foi usada entre a placa e a superfície de

concreto asfáltico. Os solos utilizados como subleito foram: uma argila de CBR

1,5% e uma areia siltosa de CBR de 15%. Os materiais de reforço foram duas

geogrelhas de polietileno, biaxial de polietileno de alta densidade e um geotêxtil

tecido, todos usados na interface subleito-base. A Figura 2.19 apresenta uma vista

em corte da estrutura avaliada.

Figura 2.19– Diagrama esquemático de equipamento de ensaio (Perkins et al,

1999)

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 71: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

71

De Merchant et al. (2002) utilizaram um agregado leve de argila expandida

na estrutura constituída de uma cava escorada de 2,2 x 3,2 x 1,6 m de

profundidade (Figura 2.20). A aplicação do carregamento foi através de um

atuador hidráulico fixado a uma viga de reação que atuava sobre uma placa rígida

circular de aço de 305 mm de diâmetro.

Figura 2.20– Equipamento de ensaio (Demerchant et al., 2002)

Leng and Garb (2002) analisou a estrutura composta de camada de base

granular (GW) nas espessuras de 152 e 254 mm, e um subleito com CBR entre 3 e

4%. Tudo foi construído em uma caixa de 1,5 m de comprimento x 1,5 m de

largura e 1,35 m de profundidade. O carregamento de 40 kN foi aplicado através

de um atuador hidráulico com uma frequência de 0,67 Hz que atuava sobre uma

placa circular de aço de 305 mm de diâmetro. Os materiais de reforço foram duas

geogrelhas biaxiais de polipropileno com as mesmas aberturas de malha e

diferentes gramaturas e resistência à tração, de alta densidade, e um geotêxtil

tecido na interface subleito-base. A Figura 2.21 apresenta uma vista em corte da

estrutura avaliada.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 72: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

72

Figura 2.21– Diagrama esquemático de caixa de teste e configuração do

carregamento (Leng e Garb, 2002).

Kim et. al. (2005) apresentaram um modelo experimental de grande escala,

com uma estrutura de um pavimento composta de subleito (CBR 7%) e uma

camada de 450 mm de espessura de poliestireno expandida (Figura 2.18). O

carregamento cíclico tinha uma amplitude de 1,4 kN e frequência de 1 Hz (0,1s de

atuação por 0,9 s de descanso), que atuava sobre uma placa rígida de 250 mm de

diâmetro e 25 mm de espessura. Medidores de deslocamentos foram fixados no

geossintéticos a 0, 130, 255 e 510 mm do centro de aplicação para a obtenção de

deformações do material.

Figura 2.22– Vista em corte do LSME (Kim et al., 2005)

Tingle & Jersey (2005) analisaram a estrutura composta de camada de base

nas espessuras de 360 e 510 mm e o subleito com espessura de 810 mm. Essa

estrutura foi montada dentro de uma caixa de aço de espessura de 25 mm com

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 73: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

73

dimensões de 1,83 m de comprimento por 1,83m de largura e 1,37 m de

profundidade (Figura 2.23). A aplicação do carregamento de 40 kN foi feita

empregando um atuador hidráulico com frequência de 1 Hz (0,1 s de atuação e 0,9

s de repouso) sobre uma placa circular de aço de 305 mm de diâmetro e 1” de

espessura, apoiado sobre um neoprene de 6 mm. O solo do subleito era uma argila

de CBR de 1% e o material da base era um agregado calcário. O material sintético

de reforço foi colocado na interface subleito-base.

Figura 2.23– Teste de pavimento em laboratório (Tingle e Jersey, 2005)

O Manual Brasileiro de Geossintéticos cita pesquisas desenvolvidas com a

inserção de um geossintético em experimentos de laboratório envolvendo a

aplicação de carga estática (Klein et al., 2003) e cíclica (Cancelli et al., 1996;

Hass et al.; 1988; Miura et al., 1990), bem como em experimentos em verdadeira

grandeza, construídos com equipamentos industriais (Anderson e Killeavy, 1989;

Miura, 1990). Os resultados obtidos indicam que os pavimentos reforçados

apresentaram vida útil de três a dez vezes maior em comparação com uma seção

similar de pavimento não-reforçado. No caso de espessura da camada de base

granular, os experimentos mostram uma redução de 20% a 50% graças aos

geossintéticos.

Estudos desenvolvidos por Anderson e Killeavy (1989) e Cancelli et al.

(1996) demonstraram que as geogrelhas são superiores aos geotêxteis quando

empregadas como material de reforço de base.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 74: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

74

Entre 1984 e 1992, o Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos

(USACE), em Vicksburg, e as universidades do Alasca, de Waterllo e de

Nottingham conduziram quatro grandes experimentos, cujo principal objetivo foi

avaliar a eficiência de diferentes tipos de geogrelhas no reforço de camada de base

de pavimentos (TENSAR CORPORATION, 1996). As espessuras da camada de

base variaram de 15,0 a 30,0 cm e a capacidade de suporte do solo de fundação

(CBR) variou de 1,0 até 8,0%. O desempenho das geogrelhas foi avaliado através

da taxa de benefício de tráfego (TBR). Os experimentos permitiram chegar às

seguintes conclusões:

• A TBR para os diferentes tipos de geogrelhas avaliados varia de 2 a

4, definida para afundamentos em trilhas de roda entre 2,5 e

3,0 cm;

• As geogrelhas com maior módulo secante conduzem a maiores

valores de TBR;

• Quanto maior a capacidade de suporte do solo de fundação, menor

a eficiência da geogrelha na redução do ATR e, portanto, menor a

TBR;

• O melhor desempenho da estrutura ocorre com a geogrelha

posicionada na profundidade entre 18,0 e 26,0 cm, pois trabalha

bem sob tração.

Perkins et al. (2012) analisou o comportamento de afundamentos de trilha

de roda em estruturas de estradas não pavimentadas em laboratório e em campo,

utilizando o mesmo tipo de material (solos e geossintéticos) para ambos testes. O

solo do subleito foi uma argila de baixa plasticidade CL e o material da base um

agregado triturado e graduado proveniente de um depósito de terraço de

Lewistown, Montana, os geossintéticos foram duas geogrelhas biaxiais de

prolipopileno soldadas e um compósito de geogrelha/geotêxtil. O equipamento de

ensaio utilizado em laboratório tratou-se de uma caixa de metálica de 1,80 x 1,80

x 1,50 m de profundidade, e, a estrutura do pavimento estava composta de um

subleito de 120 cm e uma base de 20 cm. A carga aplicada através de um atuador

pneumático com um a frequência 0,67 Hz foi de 600 kPa a qual foi transmitida ao

pavimento através de uma placa de diâmetro de 300 mm. Os ensaios foram

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 75: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

75

realizados adotando-se como critério de parada deslocamento vertical permanente

superficial de 100 mm. A estrutura de pavimento experimental em campo foi

construída ao ar livre, nas instalações de pesquisa TRANSEND em Lewistown,

Montana, com dimensões de 4,0 m de largura, 195 m de comprimento e 1 m de

profundidade. O material graúdo da base foi colocado para uma espessura de 200

mm. O tráfego foi aplicado através de um caminhão basculante de eixo triplo

totalmente carregado tendo uma pressão do pneu de 690 kPa. De acordo aos

resultados decorrentes dos ensaios realizados em laboratório e em campo, eles

concluíram que: os ensaios de campo mostraram uma taxa mais rápida de

afundamento quando comparados com os afundamentos que se desenvolveram

nos três primeiros ensaios de laboratório. Esta diferença no desempenho dos

afundamentos dos ensaios dos dois conjuntos de seções testes (laboratório e

campo) foi atribuída às pequenas alterações nas propriedades construídas, nas

técnicas de construção e o método de carregamento.

No Brasil foram desenvolvidas pesquisas similares às mencionadas

anteriormente, entre elas podem ser citadas:

Antunes (2008) analisou a estrutura composta de uma camada de base com

espessura de 20 cm, e o subleito com espessura de 50 cm, sem revestimento. Tudo

foi compactado em uma caixa metálica de 1,60 de comprimento x 1,60 de largura

e 1,20 m de profundidade. A aplicação do carregamento foi através de um sistema

hidráulico com uma frequência de aplicação igual a 1 Hz que atuava sobre uma

placa circular de aço de 30 cm de diâmetro. O solo do subleito tratava-se de uma

areia siltosa de CBR de 18% e a base foi composta de uma brita corrida de CBR

de 90%. O material de reforço foi uma geogrelha e um geossintético colocados na

interface subleito-base. A Figura 2.24 apresenta uma vista em corte da estrutura

analisada.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 76: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

76

Figura 2.24– Esquema geral do equipamento de carregamento cíclico de grande

escala (Antunes, 2008).

Silva (2009) desenvolveu um modelo físico de pavimentos onde estudou o

comportamento mecânico face à variação do lençol freático (não utilizou

geossintéticos). O modelo físico foi construído na forma de tanque de concreto,

com dimensões de 2,0 m (comprimento) x 2,0 m (largura) x 1,80 m

(profundidade). A estrutura analisada era composta de 1,0 m de subleito (solo com

CBR de 12%), 0,20 m de sub - base (solo com CBR de 39%) e de 0,20 m de base

(brita graduada com CBR de 107%). Foram analisadas as estruturas sem

revestimento e com dois tipos de revestimento (concreto asfáltico e peças pré-

moldadas de concreto). A aplicação da carga é realizada por um cilindro

pneumático com freqüência de 1 Hz (0,1s de atuação por 0,9 de descanso),

atuando sobre uma placa de 15,2 cm de diâmetro. A instrumentação utilizada se

refere a células de carga, LVDTs, assim como instrumentação que permitiu o

controle da variação do lençol freático (instrumentos de medição de umidade e de

sucção). Neste modelo físico é que foi realizado o experimento da presente

pesquisa.

Kakuda (2010) desenvolveu um equipamento onde analisou a estrutura

composta de uma camada de base com espessura de 20 cm e o subleito com

espessura de 50 cm, sem revestimento. Tudo foi compactado em uma caixa

metálica de 1,50 m de comprimento x 1,50 m de largura e 1,20 m de altura. A

aplicação do carregamento foi através de um cilindro pneumático com uma

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 77: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

77

frequência de aplicação igual a 1 Hz com valores de 40 kN e 20 kN que atuava

sobre placas rígidas circulares de 300 mm e 216 mm de diâmetro,

respectivamente. O solo do subleito, segundo a classificação MCT, foi definido

como solo de comportamento não laterítico NS’ com CBR de 8% e um módulo de

resiliência de 20 MPa. A base era composta de uma mistura solo (30%) + brita

(70%), definido como de comportamento laterítico LA’ de CBR de 190%. O

material de reforço foi uma geogrelha colocada na interface subleito-base e no

centro da camada de base. A Figura 2.25 mostra o a estrutura do equipamento

utilizado.

Figura 2.25 – Caixa de ensaios utilizada por Kakuda, 2010.

Góngora (2011) utilizou um tanque cilíndrico metálico rígido com diâmetro

interno de 0,75 m e altura de 0,53 m, onde analisou o comportamento de uma

estrutura de pavimento composta de uma camada de base (aterro) com espessura

de 23 cm, e o subleito com espessura de 30 cm, sem revestimento. A aplicação do

carregamento foi através de um sistema hidráulico com uma frequência de

aplicação igual a 1 Hz que atuava sobre uma placa circular de aço de 20 cm de

diâmetro. O solo do subleito tratava-se de um solo fino denominada “argila porosa

de Brasília” de CBR de 4,23% e os materiais do aterro (base) foram dois: resíduo

de construção e demolição reciclados (RCD-R) e uma brita. Os materiais de

reforço foram três tipos de geogrelha diferenciadas pela abertura da malha

colocadas na interface subleito-base. A instrumentação estava constituída de

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 78: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

78

células de carga e células de tensões totais de medidores de deslocamento linear.

A Figura 2.26 apresenta uma vista em corte da estrutura analisada.

Figura 2.26– Esquema geral do equipamento de grande escala (Góngora, 2011).

Carmo, D’Ávila e Ruiz (2012) apresentaram um trabalho de campo, onde se

utilizou a geogrelha tipo Fornit J600, como material de reforço num trecho de

pavimento de 850 metros, localizado na região metropolitana de Vitória na cidade

de Viana no estado do Espírito Santo. A estrutura do pavimento existente nesse

trecho estava constituída de uma camada superficial de mistura escória bruta com

argila variando de 0,00 a 0,25 m com CBR na ordem de 15%. Esta apoiava-se

sobre uma camada de argila não compactada com espessura variável de 0,85 m e

CBR igual a 7%. Foi também identificada abaixo da camada de argila (aterro)

uma espessa camada de argila orgânica altamente compressível, com umidade

natural de 80%. Nesta estrutura descrita foi realizado um levantamento

deflectométrico com a Viga Benkelman encontrando-se uma deflexão máxima de

2,5 mm na estaca 570+10 do trecho avaliado. Com as espessuras da sondagem e

levantamento defletométrico, foi calculado o módulo de resiliência das camadas

existentes através da retroanálise com o auxilio do programa ELSYM5.

Realizando o dimensionamento de um novo pavimento a ser construído sobre esta

estrutura existente, pelo método da AASHTO, definiu-se que a estrutura do

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 79: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

79

pavimento existente fosse incrementada com uma camada de base de brita

graduada simples de 30 cm de espessura com a inserção de uma geogrelha na base

desta camada, e uma camada de CBUQ de 5 cm de espessura. Após 28 meses da

conclusão da obra foi realizada a avaliação estrutural do novo pavimento

registrando-se uma deflexão máxima 0,9 mm. Também foi analisada a condição

da estrutura reforçada através da retroanálise para se estimar o novo valor de

módulo de resiliência da camada de base, verificando-se que a geogrelha

promoveu um acréscimo de 2,25 vezes na rigidez do módulo da brita graduada.

De forma geral, segundo as pesquisas citadas, independentemente do tipo de

geossintético e da sua posição, pôde-se observar que a inclusão do material de

reforço melhorou o desempenho da estrutura do pavimento analisada, em maior

ou menor grau.

2.6.2. Efeitos da geogrelha dentro da estrutura de pavimentos flexíveis

A seguir serão ressaltadas algumas das principais conclusões dos trabalhos

realizados para quantificar os efeitos da presença de geogrelhas como camada de

reforço de base-subleito, de forma resumida.

Os aspectos agrupados dizem respeito a: espessura da camada granular,

posicionamento do geossintético, capacidade de carga do subleito, tipo e

características mecânicas do produto.

� Espessura da camada granular reforçada

Quanto mais delgada é a camada granular da base, a efetividade da

geogrelha é maior. Kakuda (2010) cita vários pesquisadores que concluíram que

quando as espessuras das camadas são pequenas, a geogrelha deve ser instalada na

interface subleito-base e para pavimentos de bases espessas deve ser colocada

próximo ao meio da camada de base.

� Posicionamento do geossintético

Segundo Zambrano (2007), no reforço de base de pavimentos, o

geossintético pode ser posicionado tanto à meia altura da camada de base, quanto

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 80: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

80

na interface desta com o subleito. No primeiro caso, são utilizadas geogrelhas, e

no segundo pode-se utilizar tanto geogrelhas quanto geotêxteis. Geogrelhas são

mais efetivas como reforço em relação aos geotêxteis pela interação que ocorre

entre o geossintético-solo e o contato solo-solo existente na abertura de malha.

Zambrano (2007) cita diversos pesquisadores que determinaram os efeitos

da inclusão do reforço na estrutura do pavimento. Eles afirmam que os

mecanismos de reforço quando o geossintético é posicionado na interface base-

subleito são a prevenção de cisalhamento local no subleito, maior distribuição de

cargas, redução ou reorientação de tensões cisalhantes na interface base-subleito e

efeito membrana. O segundo mecanismo de reforço, a distribuição de cargas, se

dá pela melhor distribuição do carregamento que chega ao subleito. Isto se traduz

pelo ângulo de espraiamento que é maior para estruturas reforçadas em

comparação com similares não reforçadas. Portanto, a máxima tensão normal

atuante no subleito é reduzida.

Giroud e Han (2004 apud Zambrano, 2007) mencionam os benefícios da

utilização de geogrelhas inseridas no interior da camada de base:

o Prevenção do movimento lateral do solo da camada de base,

reduzindo ATR na superfície do pavimento;

o Aumento da rigidez do material da camada de base, reduzindo suas

deformações verticais e aumentando a concentração das tensões,

reduzindo a tensão vertical máxima no subleito;

o Redução das tensões cisalhantes transmitidas da base para o subleito,

aumentando a capacidade de carga deste.

Para pavimentos com revestimento primário, a utilização de geogrelhas no

interior da camada de base granular tem as seguintes funções:

o Prevenir o surgimento de rupturas por cisalhamento na base;

o Prevenir o surgimento de fissuras na porção inferior da camada de

base, minimizando a contaminação desta pelos finos do solo de

subleito à medida que a camada granular deforma com o

carregamento; e

o Prevenção da perda de agregados da base para dentro do subleito.

Koerner (1994 apud Antunes, 2008) relata a realização de uma série de

ensaios triaxiais com o intuito de ilustrar os efeitos benéficos sobre a resistência

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 81: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

81

ao cisalhamento de um solo quando o reforço é apropriadamente posicionado. A

Figura 2.27 mostra resultados de ensaios triaxiais em areia densa com pressões de

confinamento de 20 kPa e 210 kPa e diferentes configurações.

Observando as curvas 1 (amostra sem reforço) e 2 (geossintético colocado

no topo e na base da amostra) pode-se verificar que não houve incremento de

resistência para o caso reforçado, pois sabe-se que as regiões testadas são zonas

mortas em ensaios triaxiais convencionais, mostrando que se o reforço é

posicionado erroneamente não haverá efeitos benéficos.

Figura 2.27 – Resultados de ensaios triaxiais mostrando a influência da posição do

geotêxtil: a) 21kPa: b) 210kPa (Koerner 1994 apud Antunes, 2008).

Beretta et al. (1994 apud Antunes, 2008) investigaram a influência da

presença de camadas de geogrelha colocadas na interface subleito / base e na parte

central da camada de base. O que se verificou foi um desempenho bem superior

do conjunto quando o reforço esteve posicionado na interface entre as duas

camadas, sendo a vida útil dos pavimentos ensaiados aumentada em 30%.

Considerando os resultados obtidos em pesquisas nacionais e internacionais

sobre o posicionamento da geogrelha na interface subleito - base, os quais

significaram a melhoria da resistência do solo submetido a diferentes condições de

carregamento e umidade, optou-se em manter a posição da geogrelha nessa

interface para o presente trabalho. É importante também mencionar que a correta

fixação do material de reforço no interior da estrutura do pavimento contribuirá ao

efeito positivo de melhoramento do comportamento estrutural do pavimento.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 82: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

82

� Capacidade de suporte do subleito

O valor da capacidade de suporte do solo do subleito vai determinar a

influência da utilização do reforço com geossintéticos: à medida que o valor do

CBR aumenta, a taxa de benefício diminui. A bibliografia existente menciona que

a efetividade do uso de material de reforço será mais bem refletida quando o solo

do subleito apresenta um valor de CBR≤3%.

Perkins et al. (1999 apud Kakuda, 2010) mostraram que a utilização de

geossintético proporcionou um significativo aumento no desempenho do

pavimento, quanto às deformações permanentes na superfície, sendo mais efetivo

quando se utilizou um subleito de argila de CBR 1,5% ao invés de um subleito de

areia siltosa de CBR 15%.

As respostas de um pavimento flexível quando submetidos às cargas do

tráfego (tensões, deformações e deslocamentos) são significativamente

influenciadas pelo subleito. Uma porcentagem elevada da deflexão que ocorre na

superfície é devido ao subleito no caso deste ser muito deformável. Se a deflexão

na superfície for um critério de projeto, a necessidade de uma caracterização

adequada do subleito torna-se óbvia. Uma caracterização adequada do subleito

requer que sejam efetuadas considerações acerca da variação das propriedades do

solo do subleito ao longo do pavimento (variabilidade longitudinal) e ao longo do

tempo (efeito da sazonalidade e da variação climática).

� Tipo e características mecânicas do geossintético

Os resultados de trabalhos em que foram utilizados geossintéticos no

reforço de base de uma estrutura de pavimento flexível, mostram melhoria no

desempenho do pavimento. As geogrelhas, na maioria das pesquisas, têm

aumentado o TBR do pavimento, sendo que o módulo de rigidez do material tem

uma parcela considerável nesse ganho.

A grande diversidade de geogrelhas no mercado permite comparar qual

geogrelha apresenta melhor desempenho, e algumas pesquisas foram

desenvolvidas no sentido de averiguar essa variável. Webster (1992) investigou o

emprego de geogrelha como reforço da base, avaliando seis tipos de geogrelhas,

duas de prolipropileno, uma biaxial de prolipropileno e três de poliéster tecido,

através de ensaios de campo, com a carga de 130 kN aplicada por uma roda, e

pode verificar que o melhor desempenho foi obtido pelo pavimento composto pela

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 83: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

83

geogrelha biaxial de prolipropileno quando apresenta elevada resistência à tração,

nos dois eixos principais (ortogonais).

Wrigley et al. (2012), com o objetivo de determinar a quantidade de danos

de instalação transmitida em cada tipo de geogrelhas testadas sob várias condições

de esforço de compactação e materiais de preenchimento, avaliaram a resistência

ao dano na instalação no pavimento de geogrelhas com abertura triangular e

retangular. Foram construídos compartimentos de ensaio previamente nivelados e

compactados onde foram instaladas as amostras de geogrelhas dispostas em

materiais típicos de rodovias e com as condições encontradas na construção de

estradas. Após a compactação as amostras testadas foram cuidadosamente

desenterradas manualmente para logo serem avaliadas visualmente e algumas

submetidas a ensaio de tração. O resultado foi que as geogrelhas de abertura

triangular são mais susceptíveis aos danos de instalação, apresentando maiores

danos visuais (cortes nas nervuras e fraturas nos nodos) e, portanto sua resistência

foi reduzida após o ensaio.

2.7. O fenômeno da capilaridade em pavimentos

Uma das principais constatações resultantes de vários estudos de campo

apresentadas e analisadas em Medina (1997) é a de que a umidade de equilíbrio

dos pavimentos de rodovias bem projetadas e construídas com dispositivos de

drenagem (superficial e profunda) eficientes pode ser considerada igual, no

máximo, ao teor de umidade do ensaio Proctor normal de compactação. O mesmo

ocorre na maioria das camadas de base e de sub-base. As exceções ocorrem em

situações de drenagem precária (Motta e Medina, 2006).

Assim, pode ocorrer que, durante ou após a construção de pavimentos

rodoviários, a água existente própria do lençol freático pode subir por capilaridade

e tende a comprometer a durabilidade de pavimentos, desde que o lençol esteja

muito próximo ao topo do subleito. A capilaridade é a capacidade que um líquido

possui de subir por tubos bem finos (capilares) – finos como fios de cabelo, e

quanto mais finos os tubos e mais viscoso o liquido, mais rápido ele subirá.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 84: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

84

Os fenômenos capilares estão diretamente associados à tensão superficial

que atua em toda a superfície de um líquido como decorrência da ação da energia

superficial livre.

Segundo Pinto (2006), a altura de ascensão capilar em um tubo de raio r

pode ser calculada igualando o peso da água no tubo acima do nível da água com

a resultante da tensão superficial responsável pelo equilíbrio (tensão superficial da

água a 20°C é 0,073 Nm/m2). A equação 2.16, proveniente dos estudos de

Laplace, é utilizada para obter essa altura.

wr

Thcmáx

γ.

.2=

Equação 2.16

Onde:

T = tensão superficial da água;

r = raio do tubo capilar;

γw = peso específico da água;

De acordo com a equação 2.16 conclui-se que a altura de ascensão capilar é

inversamente proporcional ao raio do tubo. Como exemplo: quando o r = 0,1mm,

hc vale 30,0 cm, para r = 0,01mm, o valor de hc é de 3,0 metros.

Os vazios no solo fino são muito pequenos, comparáveis aos tubos

capilares, embora muito irregulares e interconectados. Ainda, alguns estão cheios

de ar, que poderiam atrapalhar a movimentação d’água por capilaridade (Manilla

et al., 2002)

Quando um solo seco é colocado em contato com água livre, esta sobe por

capilaridade até uma altura que é função do diâmetro dos vazios, este relacionado

com o diâmetro das partículas. Como bolhas de ar ficam oclusas, o solo mantém

parcial e decrescente saturação até a altura máxima de ascensão capilar.

Segundo Pinto (2006), a ascensão máxima é variável com o tipo de solo:

para pedregulhos é de pouco centímetros, de 1 a 2 metros para areias, e de 3 a 4

metros para os siltes e dezenas de metros para argilas.

Marinho (2005 apud Silva, 2009) comenta que, em relação à presença da

água nos materiais porosos, solos com materiais mais ávidos por água e com

menor índice de vazios permitirão uma ascensão capilar maior. O fenômeno da

ascensão capilar que depende da natureza e da distribuição dos grãos do material,

em muitos casos atinge dezenas de metros.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 85: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

85

Fernandes (2007 apud Silva, 2009) estabelece uma tabela onde são

mostradas as respectivas alturas capilares médias atingidas para os materiais de

uso comum em obras de terra de maneira geral.

Tabela 2.2 – Alturas capilares e materiais comumente empregados em obras de

terra (Fernandes, 2007)

Tipo de solo Tamanho de grão (cm) Altura capilar (cm)

Cascalho fino 1,0 5,0

Areia Grossa 0,1 20,0

Areia Fina 0,01 100,0

Silte 0,001 180,0

Argila 0,0001 200,0

Se o terreno de fundação de um pavimento é constituído por um solo siltoso

e o nível freático está pouco profundo, para evitar a ascensão capilar da água é

necessário substituir o material siltoso por outro com menor potencial de

capilaridade.

Na presente pesquisa foi testada a condição de ascensão de água por

capilaridade no subleito do experimento para simular uma possível situação de

saturação ou perda de capacidade de suporte por aumento excessivo da umidade

do solo. É sabido que a umidade influi na deformabilidade dos solos, aumentando-

a, e em consequência na distribuição de tensões no pavimento, o que compromete

o comportamento mecânico esperado em termos de fadiga e de afundamento de

trilha de roda. Os módulos de resiliência dos materiais considerados para esta

pesquisa são afetados pela condição de sucção e umidade e, portanto, neste

experimento serão medidos estes fatores como forma de comprovar esta

influência. Na forma tradicional de dimensionamento e seleção dos materiais, o

índice de suporte Califórnia é o parâmetro típico usado, determinado sempre após

quatro dias de embebição em água. Por ser muito conhecido do meio técnico, este

último sempre é citado nas pesquisas de efeito do uso dos geossintéticos como

reforço de base bem como outras possíveis situações de mudança da condição de

umidade do subleito após compactação na umidade ótima.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 86: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

86

3 Materiais e Métodos

3.1. Considerações iniciais

Como dito na introdução, o objetivo principal desta dissertação foi estudar o

comportamento de uma estrutura de pavimento submetida a carregamentos

cíclicos, considerando-se a situação não reforçada e reforçada com uma geogrelha

colocada entre a base e o subleito.

Para alcançar este objetivo foi feito um experimento em um modelo físico

de grandes dimensões, descrito em Silva (2009), para pesquisar o efeito do uso de

uma geogrelha específica como reforço base-subleito quando submetido o

conjunto a cargas cíclicas e variação de umidade.

O planejamento do experimento resultou num programa de ensaios

estabelecido para tal que pode ser resumido em cinco etapas descritas a seguir:

a) Na primeira etapa foi avaliado o comportamento mecânico dos materiais

utilizados para compor o subleito (solo de jazida) e a base (brita

graduada proveniente de uma pedreira) por ensaios de laboratório,

englobando ensaios triaxiais de carga repetida.

b) Na segunda etapa foi construída a estrutura subleito – base dentro do

modelo físico e avaliado o comportamento sem reforço, considerando-se

a situação típica de pós – construção com as camadas compactadas nas

respectivas umidades ótimas. Aplicou-se certo número de cargas

repetidas por um atuador de carga.

c) Na terceira etapa foi retirada a camada de base e inserido na estrutura o

elemento de reforço (geogrelha) na interface subleito-base, refeita a base

na umidade ótima. Aplicou-se certo número de cargas repetidas por um

atuador de carga.

d) Na quarta etapa para a mesma estrutura reforçada da terceira, foi

mudada a condição de umidade do subleito mediante o enchimento do

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 87: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

87

tanque com água até o topo do subleito. Aplicou-se certo número de

cargas repetidas por um atuador de carga.

e) Na quinta etapa ainda com o subleito quase inundado foi retirado o

material de reforço e novamente foi compactada a camada de base.

Aplicou-se certo número de cargas repetidas por um atuador de carga.

As etapas do programa experimental realizado são detalhadamente descritas

neste capítulo, bem como a descrição dos materiais utilizados na pesquisa,

detalhes de execução dos ensaios e equipamentos utilizados nos ensaios de

laboratório.

Os ensaios do programa experimental desta pesquisa foram realizados no

Laboratório de Geotecnia/Pavimentos da COPPE/UFRJ.

3.2. Materiais Empregados

Os materiais que foram utilizados na construção da estrutura do pavimento

são um solo e uma brita e como material de reforço da camada da base uma

geogrelha biaxial, Fornit J600 (30/30). O solo foi destinado para a construção do

subleito, a brita foi empregada na composição da base, e a geogrelha, utilizada

como material de reforço, foi colocada na interface do subleito com a base.

3.2.1. Solo Fino

O solo utilizado para compor a camada do subleito foi escolhido

propositalmente com características de baixa qualidade como material de

fundação de um pavimento. Na revisão bibliográfica viu-se que muitos resultados

apontaram a maior efetividade do reforço quando o CBR do subleito era menor ou

igual a 3%. Portanto, optou-se por um material existente numa parte específica da

Jazida de Manelão, localizada no município de Belford Roxo, no Estado do Rio de

Janeiro, reconhecida pelos donos como de má qualidade.

A Figura 3.1 mostra o local da coleta do solo utilizado como subleito no

experimento deste estudo. A coleta foi realizada no dia 01 de junho de 2012.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 88: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

88

Figura 3.1 – Localização da jazida de onde foi coletado o material utilizado no

subleito do experimento desta pesquisa.

Como um dos objetivos dessa pesquisa foi analisar um pavimento composto

por um subleito com um solo de características não adequadas para compor uma

estrutura de pavimento ou subleito de má qualidade, que estaria submetido a

condições de carregamento cíclico, foi selecionado um solo saprolítico,

visualmente contendo silte, proveniente do Município de Belford Roxo, tendo

como referência a Av. Automóvel Clube Nº 588 (Parque São Jose). A amostra de

solo, com cerca de 8,0 m3, foi armazenada nas instalações do Laboratório de

Geotecnia Jacques de Medina no Setor de Pavimentos e foi registrado com o

código S=1201 no controle de entrada de amostras. Na Figura 3.2 são mostradas

imagens do solo ao chegar no pátio do Laboratório e outra após secagem em

estufa.

Os ensaios a que foram submetidos o solo, com a finalidade de obter

parâmetros de referência a serem utilizados para analisar o comportamento

geotécnico dos materiais de construção nos ensaios de pesquisa, são apresentados

na Tabela 3.1.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 89: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

89

Figura 3.2 – Armazenamento e aparência física do material utilizado como subleito

no experimento deste estudo.

Tabela 3.1 – Métodos de ensaios utilizados para avaliar o solo empregado no

subleito no experimento deste estudo.

Título Método do Ensaio

Teor de Umidade Natural NBR 6457/1984

Análise Granulométrica NBR 7181/1984

Massa específica real dos grãos NBR 6508/1984

Determinação do limite de liquidez NBR 6459/1984

Determinação do limite de plasticidade NBR 7180/1984

Compactação NBR 7182/1986

Solos compactados em equipamento

miniatura – Mini-CBR e expansão DNER – ME 254/97

Classificação de solos tropicais para fins

rodoviárias utilizando corpos-de-prova

compactados em equipamento miniatura.

DNER – CLA 259/96

Determinação do Módulo de Resiliência DNIT 134/2010 – ME

Determinação do Índice de Suporte Califórnia

(CBR) DNER – ME 049/94

GRANULOMETRIA E CLASSIFICAÇÃO

A Figura 3.3 mostra a curva granulométrica do solo utilizado como subleito

e sua composição percentual de argila, silte, areia e pedregulho. A Tabela 3.2

apresenta os resultados dos ensaios de caracterização segundo as normas e as

classificações dos materiais dos sistemas S.U.C.S e H.R.B. Também são

apresentados os resultados do ensaio de compactação realizado na energia

intermediária: umidade ótima e massa específica seca máxima. A amostra

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 90: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

90

coletada apresentou ao final uma porcentagem de areia mais alta do que a

pretendida para o experimento em relação a outros resultados de amostras da

mesma região da jazida, lamentavelmente. Mas não foi possível coletar outra

amostra devido ao pouco tempo disponível para o experimento total.

Figura 3.3 – Curva Granulométrica do material utilizado como subleito no

experimento deste estudo.

Tabela 3.2 – Resultados dos ensaios de caracterização do material utilizado como

subleito no experimento deste estudo.

Características e Propriedades Unidade Valor

Massa específica real dos grãos g/cm3 2,664

Limite de liquidez (%) 46,0

Limite de plasticidade (%) 21,7

Índice de plasticidade (%) 24,3

Classificação HRB A-7-6

Classificação SUCS CL-ML

W ótima (%) 17

dγ (g/cm3) 1,746

S (%) 88

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 91: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

91

Analisando a curva granulométrica do material utilizado como subleito, o

SUCS classifica o solo como CL-ML, ou seja, uma argila silto - arenosa. Já o

sistema HRB classifica o solo de subleito como A-7-6, o que significa que seus

materiais constituintes são principalmente as argilas, ou seja, seu comportamento

estrutural como subleito é ruim. Segundo o valor do IG obtido de 7,3, esse solo é

classificado como de comportamento mecânico regular a mau para material de

fundação de pavimento.

A Figura 3.4 apresenta a curva de compactação do solo utilizado no

subleito. Para a obtenção desta curva utilizou-se a energia Proctor intermediária e

o cilindro de compactação utilizado foi do ensaio triaxial de carga repetida, com

dimensões 10,0 cm x 20,0 cm. A energia de compactação intermediária foi

utilizada porque durante os ensaios de módulo de resiliência em corpos de prova

preparados na energia Proctor Normal os resultados foram muito dispersos e

ficava difícil homogeneizar os resultados do ensaio nos três corpos de prova. Para

ambas energias de compactação foram obtidos módulos de resiliência de

similares, da mesma ordem de grandeza.

Figura 3.4 – Curva de compactação do solo utilizado como subleito no

experimento deste estudo.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 92: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

92

CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O MÉTODO MCT

O método MCT (Miniatura, Compactado, Tropical) também foi empregado

para a classificação do solo deste estudo. Esta classificação aplica-se a solos

tropicais, tendo por objetivo separar os solos de comportamento laterítico (L)

daqueles não lateríticos (N), e dividi-los em subclasses: LA (arenosos), LA’

(areno-argilosos), LG’ (argilosos), NA (arenosos), NA’ (areno-argilosos), NS’

(siltosos) e NG’ (argilosos).

Os solos tropicais, basicamente, são constituídos por dois tipos principais de

solos: os solos lateríticos, que são mais intemperizados e compõem o horizonte

mais superficial, e os saprolíticos que são encontrados em horizontes mais

profundos com a preservação das estruturas da rocha matriz. O potencial de

utilização destes solos saprolíticos como substrato de pavimentos viários é

bastante variável conforme a natureza do mesmo.

Nogami e Villibor (1995) observaram que solos tropicais podem ter

respostas mecânicas bastante diferenciadas sob condições similares de solicitações

externas dependendo se apresentam comportamento laterítico ou não.

O ensaio e a classificação MCT foram realizados seguindo o procedimento

descrito nas normas DNER-ME 254/97 e DNER-CLA 259/96 respectivamente.

A Tabela 3.3 apresenta os valores de perda por imersão (Pi), assim como o

coeficiente c’, o índice de classificação e’ e a classificação do solo deste estudo. A

Figura 3.5 apresenta o solo posicionado no gráfico da classificação MCT.

Tabela 3.3 – Resultados do ensaio da Metodologia MCT e a classificação do solo

utilizado como subleito no experimento deste estudo

Pi c’ e’ Classe

210 1,43 1,38 NS’

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 93: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

93

Figura 3.5 – Gráfico de classificação MCT (Nogami & Villibor, 1995) com a

classificação do solo utilizado como subleito no experimento deste estudo.

Segundo a Figura 3.5, no sistema MCT, o solo é classificado como Não

Laterítico Siltoso - NS’- classe que engloba, sobretudo, os solos saprolíticos silto -

arenosos peculiares, resultantes do intemperismo tropical nas rochas eruptivas e

metamórficas e se caracterizam por apresentar os argilominerais e, eventualmente,

outros minerais não recobertos por óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio, como

no caso dos solos lateríticos (Nogami e Villibor, 1995).

Esses solos caracterizam-se principalmente por terem, quando compactados

na umidade ótima e massa especifica aparente máxima, baixa capacidade de

suporte quando imersos em água; baixo módulo de resiliência; elevada

erodibilidade; elevada expansibilidade (porém baixa pressão de expansão);

elevado coeficiente de sorção e permeabilidade média. Em suas condições

naturais apresentam geralmente baixa massa específica aparente seca, podem ser

colapsíveis e ter baixa capacidade de suporte. Predominam variedades com

erodibilidade de média a elevada nos taludes de cortes (Nogami & Villibor, 1995).

ÍNDICE DE SUPORTE CALIFÓRNIA (CBR)

O CBR deste solo, feito convencionalmente embebido por 4 dias deu valor

de 6%. Para fins comparativos com a situação inicial de teste do experimento,

também foi feito o ensaio de CBR não embebido, a ruptura tendo sido feita logo

após a moldagem do corpo de prova na umidade ótima, e o resultado foi de 19%.

A relação denominada por Nogami e Villibor (2005) de RIS = 100 (ISC

embebido/ISC não embebido) é uma das características usadas para escolha de

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 94: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

94

solos para compor um pavimento. RIS maior que 50% é um critério do método

MCT para considerar um solo adequado para uso em pavimentação, o que não foi

o caso deste solo.

O valor de CBR do solo é apresentado para fins comparativos com

pesquisas similares desenvolvidas para o teste de eficiência do uso de reforço de

geossintéticos base - subleito no meio rodoviário.

O valor do CBR não foi tão baixo quanto se pretendeu, mas não foi possível

obter outra amostra de qualidade mais baixa do que esta na época da busca para

início da pesquisa.

ENSAIO DE PERMEABILIDADE

Como a estrutura do pavimento ia ser submetida a processo de inundação

através do avanço da franja capilar foi realizado o ensaio para determinar o

coeficiente de permeabilidade do solo.

Segundo Silva (2009), a permeabilidade é governada por fatores ligados ao

líquido percolante e ao solo. Os principais fatores relacionados ao solo são: a

natureza dos cátions trocáveis, a capacidade de troca catiônica, a espessura da

camada de água adsorvida, a espessura da dupla camada, o tamanho, a forma e o

arranjo das partículas, o tamanho e a forma dos vazios, o índice de vazios, a

composição mineralógica (para solos finos), a micro e a macroestrutura, o grau de

saturação e o tipo de fluxo. Os relacionados ao líquido percolante são os

seguintes: a viscosidade, a massa específica, a temperatura, a constante dielétrica,

o pH, a natureza e a concentração de íons dissolvidos.

Capper e Cassie (1976) para a determinação do coeficiente de

permeabilidade para solos finos (solos argilosos e siltosos) recomendam o ensaio

de Permeâmetro de Carga Variável, baseado na experiência de Darcy. Os

resultados obtidos no ensaio de permeabilidade são apresentados na Tabela 3.4.

Para o caso do permeâmetro de carga variável, a fórmula que determina o

coeficiente de permeabilidade é:

−=

2

1

12

log.3,2.).(

.h

h

ttA

Lak Equação 3.1

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 95: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

95

Figura 3.6 – Esquema do permeâmetro de carga variável.

Tabela 3.4 – Resultados do ensaio de permeabilidade de carga variável do solo

utilizado como subleito.

Como mostrado na Tabela 3.4, o solo do subleito apresentou coeficiente de

permeabilidade baixo que corresponde a siltes e argilas, a partir do qual já se

espera que a variação do nível da água no solo do subleito deve levar um tempo

prolongado.

ENSAIO TRIAXIAL DINÂMICO

O ensaio triaxial de cargas repetidas para avaliação do módulo de resiliência

do material de subleito na umidade ótima foi realizado em corpos de prova de

10,0 x 20,0 cm de dimensões, compactado em 10 camadas por impacto com

energia intermediária do ensaio Proctor, seguindo a norma DNIT 134/2010-ME

Determinação do módulo de resiliência - Método de ensaio.

A Figura 3.7 apresenta a título ilustrativo a linha de tendência (sem indicar

os pontos experimentais) do resultado do ensaio triaxial de cargas repetidas, de

três corpos-de-prova moldados, que representa a variação do MR em função da

variação do estado de tensão, expresso pelo modelo potencial de MR em função da

tensão desvio, geralmente usado para solos coesivos.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 96: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

96

Figura 3.7 – Resultado do ensaio triaxial cíclico de módulo de resiliência do

material empregado como subleito.

A Tabela 3.5 apresenta os valores dos parâmetros de regressão determinados

para os três ensaios de carga cíclica realizados para o solo utilizado como camada

de subleito, expresso pelo modelo potencial de MR em função da tensão desvio.

Tabela 3.5 – Valores dos parâmetros de regressão do modelo avaliado para o solo

utilizado no subleito.

Ensaio R2

Parâmetros de regressão

c.p.

k1 k2

1 0,60 47,9 -0,268

2 0,65 44,3 -0,316

3 0,43 47,4 -0,226

Este resultado mostra que este material é muito deformável elasticamente,

compatível com o esperado para material com presença de silte. Preussler (1983)

definiu três tipos de subleito em relação à resiliência, em função da porcentagem

de silte na fração fina (passante na peneira 200), e o tipo III, correspondente a

mais de 65% de silte nesta fração tipicamente apresenta módulo de resiliência de

50 MPa, o mais deformável. Esta classificação foi adotada pelo DNER / DNIT

desde 1994, e faz parte do Procedimento DNER PRO 269/94 de projeto de reforço

de pavimentos. O solo deste estudo tem 75% de silte na fração passante, portanto

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 97: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

97

é enquadrado como tipo III e realmente apresenta a mesma ordem de grandeza de

MR prevista pela classificação.

Não foi possível obter os módulos de resiliência do solo na condição de

submersão em água por quatro dias devido a que o corpo de prova não passou a

etapa do condicionamento do ensaio.

ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DO MATERIAL DO SUBLEITO

O resultado da análise físico-química por ataque sulfúrico do subleito

encontra-se na Tabela 3.6.

Tabela 3.6 – Análise físico-química, por ataque sulfúrico, do material do subleito

Observam-se na Tabela 3.6 os valores de Ki e Kr, conhecidos como “índices

de intemperismo” do solo utilizado para o subleito. Eles são calculados pelas

relações moleculares sílica alumina (Ki=SiO2/Al2O3) e sílica-sesquióxidos

(Kr=SiO2/Al2O3+Fe2O3). A laterização é caracterizada por valores de Ki e Kr

menores que 2. Estes valores estão muito baixos em relação ao esperado pela

natureza do material, mas isto se explica pelo fato deste solo ter uma grande

porcentagem de areia, o que pode influenciar o resultado visto que o resíduo

(última coluna) foi alto.

3.2.2. Brita

A camada de base foi composta por uma brita graduada, faixa DIRENG,

cuja aparência física pode-se observar na Figura 3.8. Este material é proveniente

da Pedreira EMASA, localizada em Senador Camará no Estado do Rio de Janeiro,

sendo a rocha matriz classificada como quartzo monzonito. As propriedades

mecânicas típicas do agregado desta pedreira são apresentadas na Tabela 3.7.

Estes resultados não foram refeitos para a amostra em questão por não serem

determinantes na análise deste experimento.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 98: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

98

Tabela 3.7 – Propriedades Mecânicas do agregado da Pedreira (Fonte: Ramos, 2003)

Pedreira Resistência a

compressão (MPa)

Resistência a

tração (MPa)

Módulo de

deformação (GPa)

EMASA 76,7 9,6 48,1

Da mesma forma que o solo, cerca de 1,5 m3 de brita foi armazenada no

Laboratório de Geotecnia, Setor de pavimentos e foi registrada com o código

S=1216. Na Figura 3.8 está mostrado o material ao chegar ao pátio do Laboratório

no dia 13 de junho de 2012 e o mesmo após secagem.

Os ensaios a que foram submetidos o material da base, com a finalidade de

obter parâmetros de referência a serem utilizados para analisar o comportamento

geotécnico dos materiais de construção nos ensaios desta pesquisa são os listados

na Tabela 3.8.

Figura 3.8 – Armazenamento e aparência física do material utilizado como base no

experimento deste estudo (brita)

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 99: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

99

Tabela 3.8 – Métodos de ensaios utilizados para avaliar o material empregado

como base.

Título Método do Ensaio

Teor de Umidade Natural NBR 6457/1984

Análise Granulométrica NBR 7181/1984

Massa específica real dos grãos NBR 6508/1984

Determinação do limite de liquidez NBR 6459/1984

Determinação do limite de plasticidade NBR 7180/1984

Compactação NBR 7182/1986

Determinação do Módulo de Resiliência DNIT 134/2010 – ME

Determinação do Índice de Suporte

Califórnia (CBR) DNER – ME 049/94

GRANULOMETRIA E CLASSIFICAÇÃO

A Figura 3.9 mostra a curva granulométrica da brita utilizada na camada de

base e sua composição percentual de argila, silte, areia e pedregulho segundo a

escala ABNT. A Tabela 3.9 apresenta os resultados dos ensaios de caracterização

segundo as normas e as classificações dos materiais dos sistemas S.U.C.S e

H.R.B. Nesta tabela são também apresentados os resultados do ensaio de

compactação realizado na energia modificada: umidade ótima e massa específica

seca máxima.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 100: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

100

Figura 3.9 – Curva Granulométrica do material utilizado como base nesta

pesquisa.

Tabela 3.9 - – Resultados dos ensaios de caracterização do material utilizado

como base nesta pesquisa.

Características e Propriedades Unidade Valor

Massa específica real dos grãos g/cm3 2,694

Limite de liquidez (%) N.L

Limite de plasticidade (%) N.P

Índice de plasticidade (%) -

Classificação HRB A-1a

Classificação SUCS GW

Wótima (%) 5.4

dγ (g/cm3) 2,257

S (%) 75

Analisando a granulometria e a classificação SUCS, pode-se concluir que,

como mais de 50% do solo foi retido na peneira N° 200 e mais de 50% da fração

grossa foi retida na peneira N° 4, trata-se de um solo de granulometria grossa que

corresponde ao grupo de pedregulhos e de acordo ao coeficiente de uniformidade

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 101: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

101

(Cu) e de curvatura (Cc) é classificado como GW, denominando-se pedregulho

bem graduado.

Já o sistema HRB classifica o material da base como A-1a, tendo como

materiais predominantes pedra britada, pedregulho e areia. O índice de grupo é

IG=0 e o material apresenta um comportamento mecânico excelente para material

de base para pavimento segundo este critério.

A brita analisada enquadra na faixa granulométrica denominada de Faixa A,

proposta na Especificação de Serviço da Diretoria de Engenharia Aeronáutica

(DIRENG) Figura 3.10.

Figura 3.10 - Curva granulométrica da brita deste estudo enquadrada na Faixa A.

A Figura 3.11 apresenta a curva de compactação do material utilizado na

base. Para a obtenção desta curva utilizou-se a energia Proctor modificada e o

cilindro de compactação utilizado foi do ensaio triaxial de carga repetida, com

dimensões 10.0 cm x 20.0 cm.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 102: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

102

Figura 3.11 - Curva de compactação do solo utilizado como base neste

experimento.

ÍNDICE DE SUPORTE CALIFÓRNIA (CBR)

O CBR deste material, feito convencionalmente embebido por 4 dias foi de

208,6% e não embebido foi de 246,5%. O valor de CBR da brita é apresentado

para fins comparativos com pesquisas similares desenvolvidas para o meio

rodoviário.

Segundo Souza (1981 apud Antunes, 2008), os materiais utilizados como

agregado de base granular devem apresentar valores de CBR superiores a 80%,

sendo o valor do CBR da brita utilizada na camada desta pesquisa superior ao

indicado pelo autor citado e que é o exigido na maioria das obras de pavimentação

de rodovias e aeroportos no Brasil.

ENSAIO TRIAXIAL DINÂMICO

O ensaio triaxial de cargas repetidas para avaliação do módulo de resiliência

do material de base na umidade ótima foi realizado em corpos de prova de 10,0 x

20,0 cm de dimensões, compactado em 10 camadas por impacto com energia

modificada do ensaio Proctor, sendo usada a norma DNIT 134/2010-ME

Determinação do módulo de resiliência - Método de ensaio. Para utilizar esta

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 103: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

103

dimensão de corpo de prova a fração de pedregulho acima da peneira de uma

polegada (2,54 cm) foi escalpelada, mas como era muito pequena considera-se

válido este procedimento.

A Figura 3.12 apresenta a título ilustrativo a linha de tendência do resultado

do ensaio triaxial de cargas repetidas, para os três corpos de prova moldados para

a brita que foi utilizada como a base para a estrutura do experimento. O resultado

representa a variação do MR em função da variação do estado de tensão, expresso

pelo modelo potencial de MR em função da tensão confinante, sendo mais

utilizado para solos granulares.

Os valores de MR deste material estão compatíveis com valores usuais de

britas usadas em pavimentos rodoviários e urbanos brasileiros como pode ser

visto, por exemplo, em Ramos (2003) que ensaiou britas de várias pedreiras do

Rio de Janeiro. São valores relativamente elevados, mostrando baixas

deformabilidades para as maiores tensões confinantes.

Figura 3.12 – Resultado do ensaio triaxial dinâmico de Módulo de Resiliência do

material empregado como base neste estudo.

A Tabela 3.10 apresenta os valores dos parâmetros de regressão

determinados para os três ensaios de carga cíclica realizados para a brita utilizada

na camada de base do pavimento experimental, expresso pelo modelo potencial de

MR em função da tensão confinante.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 104: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

104

Tabela 3.10 – Valores dos parâmetros de regressão do modelo avaliado para a

brita utilizada na base.

Ensaio R2

Parâmetros de regressão

c.p.

k1 k2

1 0,90 1095,9 0,449

2 0,90 1222,9 0,454

3 0,92 1182,1 0,473

ENSAIO DE ABRASÃO “LOS ANGELES”

O agregado da brita deste experimento foi submetido ao ensaio de Abrasão

“Los Angeles” (DNER – ME 035/98) e apresentou uma perda ao desgaste da

ordem de 43%, valor abaixo do limite de 55% para materiais utilizados na

construção de bases de pavimentos rodoviários estabilizados

granulometricamente. O valor alto da perda por abrasão deste agregado é uma

característica que se percebe na maioria dos agregados das pedreiras do Estado do

Rio de Janeiro, sabidamente na região.

Ramos (2003) realizou ensaios de laboratório para avaliar as propriedades

físicas dos agregados de 13 pedreiras do Estado do Rio de Janeiro, dentro das

quais encontra-se a Pedreira EMASA. Obteve, para esta pedreira, que a perda ao

desgaste do agregado foi de 46% e 49% para Brita N° 1 e Brita N° 0,

respectivamente, valores próximos ao que se obteve no ensaio “Los Angeles” da

brita utilizada no presente trabalho.

3.2.3. Elemento de reforço da base

O elemento de reforço utilizado na presente pesquisa foi a geogrelha de

polipropileno modelo Fornit J600 (30/30) fabricada pela Empresa Huesker Ltda.

A escolha pela geogrelha dentro dos geossintéticos como material de reforço para

camada de base de pavimento foi feita pelas recomendações citadas em pesquisas

similares desenvolvidas tanto no Brasil como fora do país, já que esse tipo de

material de reforço apresenta rigidez superior ao do geotêxtil.

Este produto geossintético é produzido a partir de filamentos de

prolipopileno de alta tenacidade, com revestimento protetor polimérico de elevada

rigidez e aberturas de malha que variam de 15 a 40 mm. A amostra utilizada no

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 105: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

105

experimento foi cedida pela Huesker, e apresenta malha de abertura de 40 mm. A

Figura 3.13 ilustra a amostra da geogrelha Fornit J600 (30/30) utilizada nesta

pesquisa.

Este modelo de geogrelha possui elevada resistência ao arrancamento e é

capaz de mobilizar elevadas cargas de tração a níveis de deformação muito baixos

segundo o manual do fabricante. A Tabela 3.11 apresenta as especificações

técnicas fornecidas pelo fabricante da geogrelha em questão.

Nenhum ensaio de qualificação da geogrelha foi feito neste estudo

admitindo-se que a amostra cedida atende aos requisitos técnicos para o tipo de

uso que foi feito.

Tabela 3.11 – Especificações técnicas da geogrelha Fornit J600 (30/30)- Fonte:

Huesker (Agosto-2010)

Propriedade Unidade Método Valor

Abertura de malha nominal mm 40

Módulo de rigidez à tração

nominal (à 2% de deformação) KN/m ABNT 12.824 600

Deformação máxima na

resistência nominal % ABNT 12.824 10

Coeficiente de interação ASTM D 6706 ≥ 0,95

Figura 3.13 – Geogrelha Fornit J600 (30/30) utilizada neste experimento.

É importante garantir a ancoragem do reforço no interior do pavimento. Para

garantir este fator, no experimento, que foi feito dentro de um modelo físico

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 106: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

106

(tanque-teste) com paredes de concreto, foi realizado um primeiro teste com a

geogrelha simplesmente cortada nas dimensões da área útil do subleito. Este

experimento mostrou que a geogrelha não ficava ancorada de forma conveniente.

Assim foi refeita a montagem usando ancoragem forçada como descrito a seguir.

A geogrelha utilizada foi ancorada na camada do solo do subleito com

pequenos grampos numa lateral (Figura 3.14) do tanque e na outra foi dobrada em

dois segmentos de 10 cm, de maneira que os últimos 10 cm ficassem embutidos

dentro da camada de base de brita como é apresentado na Figura 3.15. Em ambas

as direções o tensionamento da geogrelha foi manual e garantindo que ficasse

apoiada no subleito somente.

Figura 3.14 – Ancoragem da geogrelha utilizando grampos numa lateral do modelo

físico (tanque-teste) usado nesta pesquisa.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 107: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

107

Figura 3.15 – Ancoragem da geogrelha no interior da camada granular na outra

lateral do modelo físico (tanque-teste) usado nesta pesquisa.

3.3. Ensaio de Carregamento Cíclico em modelo físico de Grandes Dimensões

O modelo físico usado nesta pesquisa, denominado de “Tanque-Teste” de

Pavimentos, foi desenvolvido por Silva (2009) em sua tese de doutorado, e tem

como objetivo simular um pavimento com dimensões próximas das reais em

campo, principalmente quanto às espessuras das camadas.

Para o presente trabalho foi utilizado o “Tanque-Teste” para a realização

dos ensaios de carregamento cíclico, similar ao imposto pelo tráfego rodoviário,

sob uma estrutura composta pelo subleito e uma camada de base sem e com a

inserção da geogrelha na interface do subleito-base. Dessa forma foi possível

avaliar o comportamento mecânico do pavimento em diferentes etapas

consideradas no programa experimental.

A instrumentação instalada no modelo físico forneceu medidas para o

cálculo dos deslocamentos elásticos e plásticos na superfície e permitiu o

monitoramento das cargas aplicadas e o controle da umidade ao longo da estrutura

do pavimento.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 108: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

108

3.3.1. Tanque-Teste de Pavimentos

Silva (2009) utilizou o “Tanque-Teste” de Pavimentos para avaliar

principalmente o comportamento do modelo físico desenvolvido e construído, e

ensaiou uma estrutura de pavimento submetida à variação de umidade de suas

camadas constituintes. A estrutura do pavimento analisada foi composta das

seguintes camadas: subleito, sub-base, base e revestimento (asfáltico e rígido).

Bastos (2010) também utilizou o mesmo modelo físico de grandes

dimensões “Tanque-Teste” e o pavimento lá existente (o preparado no último

experimento de Silva, 2009) para avaliar o comportamento mecânico de misturas

asfálticas reforçadas com geogrelhas.

O objetivo do presente trabalho foi analisar o comportamento mecânico de

um pavimento sujeito a cargas cíclicas com o emprego de geossintético como

reforço da camada de base, variando a umidade do subleito. Para tanto foi

montado um pavimento rodoviário em sistema de camadas, com o material de

solo como subleito e a brita graduada como base.

O “Tanque-Teste” de Pavimentos está localizado no Laboratório de

Geotecnia da COPPE/UFRJ, bloco anexo ao Centro de Tecnologia, na cidade

Universitária da UFRJ, Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro. O prédio tem área de

aproximadamente 29,0 m2, o Tanque área interna de 4,0 m2 e volume interno de

aproximadamente 8,0 m3. Na Figura 3.16 e na Figura 3.17 estão apresentados: o

prédio em que se encontra o “Tanque-Teste” e sua planta com dimensões.

Figura 3.16 – Prédio onde está localizado o “Tanque-Teste” da COPPE/UFRJ

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 109: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

109

Figura 3.17 – Planta baixa do tanque teste de pavimentos (sem escala) da

COPPE/UFRJ (Bastos, 2010)

3.3.2. Estrutura do Pavimento Experimental no Tanque - Teste

As espessuras das camadas do pavimento experimental construído no

“Tanque-Teste” foram concebidas a partir de estruturas típicas. Não se efetuou um

projeto de dimensionamento do pavimento com estudos de tráfego, materiais etc.

O que se pretende avaliar é o comportamento de uma estrutura subleito-base com

a utilização de reforço frente à variação da umidade do subleito.

O “Tanque-Teste” possui seção interna de 2,0 m x 2,0 m e altura interna de

1,80 m, com paredes duplas de concreto armado com 0,20 m de espessura. O

pavimento experimental foi composto por uma camada de drenagem de lastro de

brita (1”) com espessura de 0,14 m, de uma camada considerada como subleito

(solo A-7-6) de 1,00 m de espessura e uma camada de base (brita graduada) de

0,20 m de espessura. Os materiais utilizados foram os descritos anteriormente.

Além da estrutura conformada o “Tanque-Teste” foi implementado com sistema

de carregamento, instrumentação e aquisição de dados, que permitiram avaliar o

comportamento da estrutura frente à aplicação de carga repetida e à variação da

umidade do subleito. Assim também foi utilizado o sistema de umedecimento do

tanque para a inundação do subleito. Na Figura 3.18 está apresentada

esquematicamente a estrutura de pavimento construída no “Tanque-Teste”

utilizada nesta pesquisa, onde foram realizadas as quatro etapas de ensaios

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 110: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

110

propostas que permitiram avaliar o comportamento mecânico do pavimento com e

sem a geogrelha.

Figura 3.18 – Esquema das camadas do pavimento experimental desta pesquisa

3.3.3. Sistema de umedecimento e drenagem do tanque

O “Tanque-Teste” dispõe de um sistema de umedecimento composto de

entrada de água através de tubulação (φ de 1/2”) ligada a uma fonte d’água entre

as paredes duplas, sendo que a interna tem um vão inferior para a passagem do

fluxo de água. Associado ao dispositivo de umedecimento foi instalado um tubo

externo para a indicação da carga da água para se controlar a altura do nível

d’água (NA) no interior do tanque.

Preliminarmente à compactação da seção do pavimento foi colocado um

lastro de brita uniforme (1”) de 0,14 m de espessura, localizado internamente na

base do tanque, que permite o fluxo de água (ou nível d’água) ascender para as

camadas superiores do pavimento. Há também um sistema de drenagem

constituído por dois ralos no piso inferior do tanque, protegidos por uma seção de

manta geotêxtil usada para evitar o entupimento dos ralos pelo material fino

eventualmente erodido.

A Figura 3.19 mostra o sistema de umedecimento do “Tanque-Teste” e a

Figura 3.20 o material montado como lastro com brita de 1”.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 111: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

111

Figura 3.19 – Medidor de nível d’água e tubulação para abastecimento de água no

interior do tanque usado neste experimento.

Figura 3.20 – Montagem do lastro de brita de (1”) neste experimento.

3.3.4. Sistema de carregamento cíclico

O sistema de carregamento cíclico utilizado foi o pneumático constituído

por um cilindro aplicador de cargas, que atua sobre uma placa metálica circular de

25,05 cm de diâmetro que transfere a carga ao pavimento. O cilindro, de marca

Norgren, tipo “tandem”, de tirantes aparentes e dupla ação, possui diâmetro do

êmbolo de 200 mm e curso de 50 mm. Sua força resultante, segundo o fabricante,

Válvulas de controle

de entrada de água

Medidor de nível

d’água

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 112: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

112

é de 3895 kgf (38,2 kN) a 10 Bar (1000 kPa) de pressão de ar. Duas vigas

(metálicas) de reação de seção 20,3 x 22,0 cm foram utilizadas como reação para

permitir a aplicação de cargas dinâmicas sobre a estrutura do pavimento

experimental, as quais ficam apoiadas nos muros do tanque. A Figura 3.21a

apresenta uma vista geral onde se destacam o sistema de vigas de reação, o

cilindro pneumático e a Figura 3.21b mostra com maior detalhe o cilindro e a

placa rígida, utilizados nesta pesquisa.

O sistema de carga é composto de um cilindro pneumático, um compressor

de ar, filtros coalescentes e purgadores e válvulas de controle de entrada e saída de

ar.

(a)

(b)

Figura 3.21 – (a) Sistema de vigas de reação, (b) Cilindro pneumático de diâmetro

de 200 mm e placa circular de 25,05 cm de diâmetro deste experimento.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 113: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

113

A calibração do cilindro foi feita em duas etapas para o período de tempo e

regulagem dos níveis de aplicação da carga e pressão exercida, com os mesmos

princípios do equipamento utilizado no Laboratório de Pavimentos da

COPPE/UFRJ, para ensaios de cargas repetidas de determinação do módulo de

resiliência de solos.

Com o auxilio de uma célula de carga com capacidade nominal de 2,0 t

acoplada, por intermédio de um condicionador de sinais, a um osciloscópio digital

procede-se à regulagem dos potenciômetros da placa de aquisição para os valores

desejados para o tempo de duração da carga e do relaxamento de pressão (Figura

3.22).

Figura 3.22 – Calibração do cilindro utilizado na aplicação do carregamento na

calibração do atuador de carga usado no experimento.

Um sistema de ar comprimido aplica pressão que vai atuar sobre a placa de

carga localizada sobre o pavimento. As medidas dos deslocamentos verticais

(elástico e plástico) da placa de carga sobre o pavimento foram realizadas com

quatro LVDTs que ficam apoiados sobre a placa.

Foram colocados os LVDTs sobre a placa rígida devido à sensibilidade que

tem as pontas dos transdutores evitando que a superfície irregular do pavimento

(camada de brita) interferisse nas leituras registradas. O mesmo foi feito para os

LVDTs adicionais, sempre colocados sobre pequena base metálica.

Na pesquisa foram aplicados carregamentos de 550 kPa em ciclos com

duração de 1 s (1 Hz) aplicados sobre a placa metálica de 25,05 cm de diâmetro.

Célula de carga

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 114: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

114

Com a aplicação deste carregamento supôs-se estar reproduzindo uma das rodas

de um eixo-padrão de rodas duplas com pressão de contato de 0,56 MPa (5,6

kgf/cm2) que é a pressão típica de medidas de deflexão em campo nas avaliações

de pavimentos em uso. Lamentavelmente o conjunto de equipamentos existentes

no local não permite cargas maiores. Para conseguir esta pressão de contato da

placa com o pavimento foi aplicada uma carga equivalente a 3,05 toneladas.

Por opção da pesquisa não foi usado nenhum elemento plástico ou

emborrachado entre a placa metálica e o material da base. Alguns autores, como

mostrado no Capítulo 2, relatam o uso destes elementos de amortecimento do

efeito da placa rígida.

3.3.5. Sistema de instrumentação

Segundo Palmeira (1996 apud Antunes, 2008), a necessidade da utilização

de instrumentação geotécnica pode-se dar por vários motivos, dentre os quais

pode-se destacar:

• Por razões de diagnóstico, ou seja, para verificação do projeto da

obra ou da adequabilidade de uma nova técnica construtiva, além de

se possibilitar o acompanhamento do desempenho de uma obra;

• Para acumular experiência local;

• Por razões legais, ou seja, em casos em que se necessite de provas

judiciais;

• Para fins de pesquisa.

A instrumentação utilizada nessa pesquisa foi composta por: células de

carga para o monitoramento da carga aplicada, localizadas no interior do

pavimento; transdutores de deformação (LVDTs) para o registro das medidas dos

deslocamentos elásticos e plásticos na superfície da seção ensaiada, dois apoiados

sobre a placa circular próximo ao seu centro, evitando-se o efeito da vibração da

placa, e dois posicionados fora da área carregada e alinhados aos anteriores e

apoiados sobre a superfície do pavimento. Também foram colocados dispositivos

de medição de umidade TDRs (Refletômetros no Domínio do Tempo) e de sucção

TAC (Tensiômetros de Alta Capacidade) que permitiram avaliar a variação da

umidade do subleito, distribuídos a diferentes profundidades no interior das

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 115: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

115

camadas do pavimento. A Figura 3.23 mostra a distribuição da instrumentação

utilizada na presente pesquisa.

Figura 3.23 – Distribuição da instrumentação de aquisição de dados utilizada

nesta pesquisa

3.3.5.1. Células de Carga

Para medir a transferência da carga aplicada no subleito não reforçado e

reforçado foram usadas três células de carga instaladas na interface do subleito e a

base, codificadas como C-106, C-107 e C-108. São da marca Líder Balanças,

modelo MC-200, em aço, capacidade nominal de 200 kgf, em compressão,

precisão de 0,10%. Além destas mais duas células de carga foram colocadas no

topo da camada de base, codificadas como C-102 e C-105, que permitiram medir

a carga que estava sendo transferida para o interior da estrutura solicitada. Estas

células foram as mesmas utilizadas por Silva (2009), recalibradas antes da

colocação neste experimento. O diâmetro e a altura das células são,

respectivamente, 51 e 32 mm. A utilização destas células visa verificação do

espraiamento das tensões à medida que se afasta do ponto de aplicação de carga

(vertical e horizontal). Foram usadas simplesmente para garantir que alguma carga

esta sendo transmitida entre camadas.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 116: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

116

Silva (2009) cita que alguns pesquisadores concordam que tentativas de se

medir tensões totais numa massa de solo podem ter erros resultantes da

acomodação imprópria, ou seja, a presença da célula em si e o método de

instalação geralmente utilizado criam alterações significativas no estado de tensão

no entorno da mesma.

Gonçalves (2002) cita dificuldades para a determinação de medidas

confiáveis de tensões no interior das camadas de pavimentos com base em estudos

realizados ao longo dos anos. Tais dificuldades devem-se aos seguintes aspectos

principais:

• A relação existente entre a rigidez da célula de tensão total e a

rigidez do solo e;

• Ao uso de técnicas inadequadas de instalação de instrumentos.

Há limitação na utilização dos dados das células, pois sua presença altera o

estado de tensões devido à diferença de rigidez entre estas e o material

circundante.

A instalação de células de carga neste trabalho simplesmente foi para

monitorar as reduções das tensões com a profundidade e com o afastamento da

horizontal que passa pelo centro da carga.

Na Figura 3.24 apresentam-se as células de carga e o equipamento de

aquisição dos dados utilizados, assim como sua instalação no tanque-teste.

(a)

(b)

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 117: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

117

(c)

(d)

Figura 3.24 – (a) Células de carga utilizadas (b) Sistema de aquisição de dados

para o monitoramento de aplicação de carga. (c) Instalação a cada 30,0 cm no topo do

subleito (d) Instalação a 15,0 cm entre células no topo da base.

Durante a realização da segunda e terceira etapa dos ensaios programados e

realizados a capacidade das células C-02 e C-05 montadas no topo da camada de

base, bem próximo à superfície, foi atingida levando-se a necessidade de descartar

as ditas células, obrigando a realizar o restante dos ensaios apenas com as células

montadas no topo do subleito.

3.3.5.2. LVDT (do inglês – “Linear Variable Differential Transformer”)

Os extensômetros tipo LVDTs são utilizados para medição dos

deslocamentos verticais superficiais do pavimento.

Neste trabalho, os LVDTs utilizados foram da marca Sensotec. O número de

sensores utilizados foram quatro, dois com 5 mm de curso total colocados sobre a

placa rígida e os outros dois com 1 mm de curso total colocados sobre a superfície

do pavimento. Para se evitar que as pequenas deformações da estrutura do tanque

teste, surgidas durante o ensaio, não interferissem nas leituras realizadas pelos

LVDTs, projetou-se uma estrutura de suporte para os mesmos que fosse

completamente independente do sistema de aplicação da carga, assim como do

material ensaiado. O referido suporte foi, então, preso ao teto do laboratório, um

referencial fixo em relação aos ensaios (Figura 3.25).

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 118: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

118

Figura 3.25 – Suporte inicial dos LVDTs preso ao teto do laboratório no tanque-

teste.

Os quatro LVDTs foram alinhados e apoiados sobre a superfície do

pavimento, dois deles posicionados fora da região carregada a 37,5 e 58,0 cm

afastados do centro de carga e os outros dois colocados sobre a placa rígida

afastados 3,5 cm do centro de aplicação da carga, evitando-se o efeito da vibração

da placa.

Durante o desenvolvimento da pesquisa, mais propriamente na realização da

terceira etapa do programa experimental referido ao ensaio de carregamento

cíclico sobre a estrutura do pavimento reforçada, foi detectado que a presença de

fissuras no teto do laboratório (Figura 3.26) influía nas leituras registradas pelos

LVDTs, quando a altas temperaturas do dia a laje do teto do laboratório se

dilatava e quando resfriava o teto voltava ao seu estado inicial. Foi então

necessário mudar o sistema de fixação da estrutura de suporte dos LVDTs, de tal

forma que fosse independente do teto. Por tal motivo as medidas realizadas

correspondentes à terceira etapa de ensaios foram descartadas, sendo necessária a

repetição dos ensaios da terceira etapa do programa experimental com o novo

referencial.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 119: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

119

Figura 3.26 – Fissuras apresentadas no teto do laboratório.

Foi então implantado um novo sistema de fixação para a estrutura de

suporte dos LVDTs, a qual foi fixada num perfil metálico tipo I de seção 8”x4” o

qual atravessa a seção do tanque e é apoiado nos muros do tanque, assim como se

observa na Figura 3.27.

Figura 3.27 – Novo sistema de suporte dos LVDTs no tanque-teste

Foram utilizados dois tipos de LVDTs, dispositivo eletro-mecânico que

produz uma tensão de saída proporcional à posição de um núcleo móvel, e cuja

calibração foi viabilizada com o auxilio do programa SicTri para ensaios triaxiais

dinâmicos e deformação permanente desenvolvido na COPPE em 2000.

Com o auxilio de um micrômetro e com as leituras feitas pelo software

SicTri expressos na Tabela 3.12 e graficamente na Figura 3.28, foram obtidos os

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 120: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

120

valores das constantes de calibração de KLVDT1=0,449, KLVDT2=0,405,

KLVDT3=0,116 e KLVDT4=0,113.

Tabela 3.12 – Resultados da calibração dos LVDTs utilizados.

Micrômetro (mm)

LVDT (1) LVDT (2)

0.0 0.201 0.201 0.201 0.197 0.196 0.195

0.4 1.054 1.052 1.052 1.170 1.168 1.166

0.8 1.917 1.920 1.918 2.151 2.147 2.145

1.2 2.793 2.800 2.791 3.133 3.132 3.134

1.6 3.679 3.678 3.678 4.127 4.125 4.140

2.0 4.577 4.573 4.575 5.118 5.121 5.119

2.4 5.474 5.475 5.476 6.114 6.111 6.108

2.8 6.377 6.383 6.379 7.101 7.130 7.232

3.2 7.279 7.281 7.281 8.078 8.081 8.080

3.6 8.184 8.177 8.178 9.054 9.054 9.055

4.0 9.073 9.077 9.074

Micrômetro (mm)

LVDT (3) LVDT (4)

0.0 0.194 0.193 0.198 0.238 0.236 0.235

0.1 1.068 1.047 1.047 1.146 1.105 1.114

0.2 1.914 1.911 1.913 1.997 1.991 1.985

0.3 2.768 2.765 2.764 2.868 2.875 2.862

0.4 3.620 3.625 3.629 3.758 3.751 3.746

0.5 4.480 4.477 4.481 4.624 4.621 4.625

0.6 5.328 5.337 5.333 5.498 5.498 5.513

0.7 6.202 6.202 6.202 6.393 6.384 6.409

0.8 7.058 7.067 7.060 7.288 7.268 7.285

0.9 7.917 7.918 7.923 8.159 8.154 8.157

1.0 8.771 8.773 8.775 9.037 9.030 9.040

Figura 3.28 – Gráficos das calibrações dos LVDTs utilizados nesta pesquisa.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 121: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

121

3.3.5.3. Refletômetros no domínio do tempo (TDR)

Os equipamentos do tipo TDR são utilizados para medida da umidade dos

materiais, instantaneamente, de forma contínua e não destrutiva, sendo necessária

apenas a instalação das sondas na profundidade de interesse (TRIME-FM, 2012).

Os TDRs utilizados, da marca IMKO designados por TRIME –P2Z, foram

convenientemente espaçados em 20,0 cm nas camadas de subleito e base. O

modelo empregado pode ser utilizado a profundidades variáveis por ser

constituído por material resistente ao processo de compactação.

A sonda do TDR TRIME-P2Z necessita de um módulo receptor de sinal

para leitura e processamento dos dados coletados pela mesma. Este módulo, da

mesma marca IMKO, é o Trime-ES (Figura 3.29).

Figura 3.29 – Conjunto para medição de umidade no solo. (a) Sonda TRIME-P2Z,

(b) Receptor de sinal TRIME-ES e (c) fonte de alimentação para o TDR.

O equipamento é acompanhado por dois softwares, sendo que um serve para

a calibração (Trime WinCal) e outro serve para realizar as medições (Trime

WinMonitor). O software da calibração permite que seja escolhida uma entre seis

opções de ordens de polinômios para ajuste da curva de calibração, quanto menor

é o valor do polinômio o ajuste da curva será melhor. Permite ainda que se copie a

calibração de uma sonda a outra ou que se reprograme a calibração original (de

fábrica). O TDR funciona com um chip interno à sonda que recebe, após a sua

calibração, as constantes da curva, acelerando sobremaneira o processo de

c

b

a

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 122: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

122

medição, fornecendo diretamente o valor da umidade gravimétrica do material em

contato com as hastes da sonda.

Foram utilizados cinco TDRs, dos quais quatro foram colocados no subleito

espaçados a cada 20,0 cm e o último foi colocado na camada da base. As sondas

foram numeradas entre S-01 e S-04 que correspondem aos TDRs que foram

colocados no solo compactado, e a sonda S-05 corresponde ao TDR que foi

colocado na camada da base (Figura 3.30). Foi então calibrada a S-01 em uma

amostra do solo, para logo transferir a calibração às sondas S-02, S-03, S-04,

usadas no solo. Também foi feita a calibração da sonda S-05 no material da brita.

Figura 3.30 – Distribuição dos TDRs ao longo da profundidade no interior da

estrutura do pavimento.

Para a calibração dos TDRs foi empregado o método utilizado por Silva

(2009), mostrado no fluxograma da Figura 3.31. A Figura 3.32 mostra as etapas

de preparação do corpo de prova e realização das medidas utilizadas na calibração

das sondas.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 123: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

123

Figura 3.31 – Fluxograma para a calibração das sondas TDR (Silva, 2009).

Figura 3.32 – Etapas de preparação do corpo de prova para a realização das

leituras de umidade para a respectiva calibração com ambos materiais.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 124: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

124

3.3.5.4. Tensiômetros de alta capacidade (TAC)

Segundo Silva (2009) chama-se tensiômetro de alta capacidade aquele capaz

de medir uma grande faixa de sucção, abrangendo os níveis considerados elevados

para a geotecnia de maneira geral (acima de 100 kPa).

Um tensiômetro é composto de uma pedra porosa, um transdutor que

possibilita leituras positivas e negativas e de um corpo acrílico (Figura 3.33). O

tensiômetro (COPPE/UFRJ, 2004) foi desenvolvido por Silva (2009) seguindo

estudos de vários pesquisadores.

Figura 3.33 – Equipamento do Tensiômetro de alta capacidade (corpo acrílico,

pedra cerâmica porosa de 15 bar e transdutor K1 da Ashcroft®) montado na COPPE .

Silva (2009) cita as dificuldades que existem na utilização deste

equipamento em pavimentos: (a) o grau de compactação dos materiais, (b)

garantia do contato tensiômetro - solo, (c) níveis de sucção atingidos que

correspondem ao material no qual é inserido, (d) longevidade do sistema.

Foi utilizado o transdutor da marca Ashcroft, modelo K1, com escala de

3000 kPa, e uma pedra porosa da marca Soil Moisture, com 20 bar (2000 kPa) de

pressão de borbulhamento. A pedra porosa, após saturação em câmara de pressão,

foi colocada em um corpo de acrílico (o acesso visual ao interior do sistema é

importante para se detectar possíveis formações de bolhas de ar). A montagem dos

tensiômetros deve ser totalmente submersa em água deareada para se evitar a

presença de bolhas de ar. A Figura 3.34 mostra o processo de calibração do

equipamento e os tensiômetros já montados, submersos em um recipiente com

água deareada, aguardando a instalação dos mesmos no tanque-teste.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 125: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

125

(a)

(b)

(c)

(d)

Figura 3.34 – Processo de calibração do equipamento TAC. (a) Saturação da

pedra porosa através de vácuo. (b) Pedras porosas colocadas em água deareada. (c)

Montagem do corpo acrílico. (d) Tensiômetros submersos em água deareada.

Como é importante garantir o contato da pedra porosa do tensiômetro com o

solo no qual se deseja medir o nível de sucção, preparou-se uma “lama” com

bentonita para se colocar na extremidade do tensiômetro (em contato com a pedra

porosa), que serviu como interface entre esta e o solo, (Figura 3.35) processo

indicado por Silva (2009).

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 126: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

126

Figura 3.35 – Detalhes da aplicação da lama bentonítica na ponta do tensiômetro

para garantia de contato pedra porosa – solo.

Foram utilizados cinco tensiômetros posicionados nas mesmas

profundidades que os TDRs; sua instalação no interior da estrutura do pavimento

se deu pelas aberturas laterais da parede do tanque - teste, também utilizadas pelos

TDRs. Os tensiômetros codificados como T-109, T-110, T-111 e T-113 foram

instalados no subleito espaçados cada 20,0 cm e o tensiômetro T-112 na camada

de base (Figura 3.36). Foi possível obter medidas de sucção coerentes nas duas

condições de umidade do subleito, que são apresentadas no Capítulo 5. As

umidades de compactação do solo e da brita foram de 17% e 5,4%,

respectivamente. É esperado que para o solo compactado a uma umidade maior

corresponderá uma sucção menor e para a brita uma sucção maior que a do solo.

Esta relação foi cumprida para os valores registrados pelos TAC da presente

pesquisa considerando-os válidos (Capítulo 5).

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 127: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

127

Figura 3.36 – Distribuição dos tensiômetros ao longo do interior da estrutura do

pavimento.

A utilização desses tensiômetros ajudou a obter valores coerentes de sucção

de acordo com a umidade dos materiais utilizados no interior do tanque - teste.

A temperatura ambiente no “Tanque-Teste” pode ser controlada por meio de

aparelho condicionador de ar instalado no local. A temperatura constante foi de

25°C, temperatura média ambiente da maioria das regiões brasileiras.

3.3.6. Sistema de aquisição de dados

O sistema de aquisição de dados se referem aos programas DefTan e SiCTri,

que foram desenvolvidos no Laboratório de Pavimentos da COPPE/UFRJ pelo

engenheiro eletrônico Ricardo Gil Domingues, utilizam a plataforma Delphi 5.0 e

funcionam especificamente com o equipamento de aplicação de cargas repetidas

em solos e britas, também desenvolvido nesse laboratório. Sua estrutura permite a

integração de:

• Placa de aquisição de dados da ComputerBoards, PCIDAS1602/16;

• Computador (PC), sistema operacional Windows XP;

• Unidade de controle e potência;

• Transdutores de deslocamento (LVDT) e pressão;

• Válvulas proporcionais para aplicação de pressão;

• Cilindros Pneumáticos.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 128: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

128

Este sistema permite a aplicação de uma combinação de cargas e pressões,

de forma que os transdutores de deslocamento possam monitorar as amostras em

teste através de informações disponibilizadas em gráficos na tela, mas que tem

seus dados armazenados para futura análise e interpretação. O programa SiCTri é

a ferramenta de automação do ensaio do MR do material e comanda a aplicação

das cargas, fazendo a aquisição das deformações. Para se aplicar diferentes níveis

de tensões fora do destinado a obtenção do MR, que tem número de ciclos

normalizados, utiliza-se o DefTan que permite o registro das deformações para

um número maior de ciclos e para um determinado estado de tensões que surgem

com a aplicação de carregamento cíclico. A tela principal do programa SiCTri é

mostrada na Figura 3.37 e do programa DefTan é ilustrada na Figura 3.38.

Figura 3.37 – Tela principal do programa SicTri utilizado para o ensaio de carga

repetida, aplicado também no experimento na estrutura do pavimento.

Figura 3.38 – Tela principal do programa DefTan utilizados para o registro das

deformações do pavimento durante os experimentos desta pesquisa.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 129: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

129

As células de carga e os tensiômetros foram ligados a um sistema de

aquisição de dados (Agilent), gerenciado por um computador.

3.4. Programa dos ensaios realizados no modelo físico “Tanque-Teste”

O objetivo da presente pesquisa foi a de verificar a eficiência e o benefício

do uso de geossintético na estrutura de pavimentos flexíveis, mais especificamente

do reforço na camada de base de pavimento. A avaliação do material de reforço

foi realizada mediante a medida de deslocamentos elásticos e plásticos na

superfície da seção de pavimento devido ao carregamento cíclico imposto sobre a

estrutura. Foi testada a situação não reforçada e reforçada, na umidade ótima

assim como também quando a estrutura foi inundada até o nível do subleito.

O programa experimental para os ensaios no “Tanque-Teste” se

desenvolveu em quatro etapas sendo que, a primeira e a quarta etapa

correspondem à estrutura do pavimento não reforçado tanto na umidade ótima

como na condição inundada do subleito, e a segunda e a terceira correspondem à

estrutura do pavimento reforçada nas condições de umidade já mencionadas.

A Tabela 3.13 apresenta a combinação das características de configuração

dos ensaios realizados nas quatro etapas dos ensaios realizados no “Tanque-

Teste”. A Figura 3.39 mostra a estrutura do pavimento para as quatro etapas de

ensaios desenvolvidas no “Tanque-Teste” nas quais foi avaliado o comportamento

mecânico do pavimento. O desenvolvimento de cada etapa dos ensaios no

“Tanque-Teste” e os resultados obtidos estão apresentados no Capítulo 5.

Tabela 3.13 – Configuração dos ensaios realizados no “Tanque-Teste”.

Etapas de ensaios

1

(sem reforço)

2

(com reforço)

3

(com reforço)

4

(sem reforço)

Subleito (m) 1,00 1,00 1,00 1,00

Base (m) 0,20 0,20 0,20 0,20

Diâmetro da placa (cm)

25,05 25,05 25,05 25,05

Umidade do subleito Wótima Wótima Inundado Inundado

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 130: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

130

(a)

(b)

(c)

(d)

Figura 3.39 – Estrutura do pavimento para as quatro etapas de ensaios no

“Tanque-Teste”. (a) Estrutura compactada na umidade ótima. (b) Estrutura compactada

na umidade ótima com a inserção da geogrelha na interface subleito-base. (c) Estrutura

reforçada com o subleito inundado. (d) Estrutura não reforçada com o subleito inundado.

3.4.1. Avaliação estrutural, compactação e controle dos materiais

3.4.1.1. Avaliação estrutural

Conforme mencionado no Capítulo 2, a avaliação estrutural do pavimento

foi realizada também por equipamentos de menor porte, como o GeoGauge H-

4140 da Humbolt e o LWD (Light Weight Deflectometer) da Dynatest, os quais

foram importantes para comprovar os parâmetros de módulo e deformação da

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 131: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

131

estrutura. O objetivo da utilização desses equipamentos é acompanhar o

desenvolvimento dos ensaios de carregamento cíclico do “Tanque-Teste”.

O GeoGauge foi empregado no subleito e na camada de base, avaliando-se

para cada um deles 3 pontos, conforme mostrado na Figura 3.40, para a condição

de umidade ótima da estrutura do pavimento obtendo o valor do módulo de

rigidez tanto para o subleito como para a base após a etapa de compactação.

Figura 3.40 – Utilização do Geogauge para a avaliação do modulo de rigidez das

camadas do pavimento deste estudo.

A Tabela 3.14 e a Tabela 3.15 mostram os valores de módulo de rigidez do

subleito propriamente dito e da camada de base, respectivamente. É importante

mencionar que esses valores foram obtidos na condição de compactação do

subleito na umidade ótima e são muito próximos aos que se obtiveram no ensaio

triaxial cíclico para cada material. A pequena diferença entre um ponto e outro,

ainda tratando-se da mesma camada pode ser pela energia da compactação

diferenciada entre esses pontos.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 132: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

132

Para a camada de base, pode-se observar que à menor profundidade se

consegue maior valor do módulo, isto pode se dever à maior rigidez do material se

encontrar próxima à superfície pelo efeito da compactação.

É importante comentar que a posição do equipamento deve ser tal que não

tenha interferência alguma de elementos que alterem sua leitura, por isso tomou-

se o devido cuidado também de afastar das paredes do tanque para que o raio de

influência do equipamento não fosse comprometido.

Tabela 3.14 – Resultados da análise do subleito com o equipamento GeoGauge.

Camada Medida Profundidade

(cm)

GeoGauge

Ponto

1 2 3

MR (MPa) MR (MPa) MR (MPa)

Su

ble

ito

1 30 138,29 97,26 96,11

2 50 135,04 100,76 94,32

3 70 137,26 101,15 93,74

Tabela 3.15 - Resultados da análise da camada de base com o equipamento

GeoGauge.

Camada Medida Profundidade

(cm)

GeoGauge

Ponto

1 2 3

MR (MPa) MR (MPa) MR (MPa)

Ba

se

1 1,5 517,95 720,84 454,81

2 2,5 309,19 430,25 283,92

3 5 154,32 213,53 141,64

Como os resultados mostrados apresentam coerência com o tipo de

materiais deste experimento e com valores de literatura, comprovou-se que o uso

do equipamento GeoHauge H-4140 da Humbolt como método de avaliação

estrutural não destrutiva do pavimento, tanto na etapa de construção e quanto para

o monitoramento de sua vida útil pode ser uma boa ferramenta de

acompanhamento.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 133: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

133

O LWD (Light Weight Deflectometer) também foi empregado nos mesmos

pontos do GeoGauge, como mostrado na Figura 3.40, sendo que com esse

equipamento foi possível monitorar o desenvolvimento das deformações e módulo

de resiliência ocorridos na superfície do pavimento. A partir da segunda etapa de

ensaios do “Tanque-Teste” foi utilizado o LWD, logo que cessou o carregamento

cíclico correspondente a cada etapa de ensaios (Figura 3.41).

A Figura 3.42 mostra o formato de resultados que o LWD fornece, sendo

que assim que o ensaio é realizado, o resultado pode ser impresso imediatamente.

Figura 3.41 – Uso do equipamento LWD no desenvolvimento das deformações

elásticas da presente pesquisa.

Figura 3.42 – Resultados de deslocamentos obtidos pelo LWD no

acompanhamento do carregamento cíclico.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 134: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

134

É importante observar que os valores das deformações obtidas com o LWD

foram próximos aos gerados com o sistema de aplicação de carregamento cíclico,

como serão apresentados no Capítulo 5.

3.4.1.2. Compactação e controle dos materiais

Cada um dos materiais escolhidos para as camadas do pavimento foi

inicialmente estocado ao ar livre, coberto com lonas plásticas comuns para evitar a

umidade pela ocorrência de chuvas, mas o escorrimento e acúmulo de água no

chão fez com que a umidade nos materiais ficasse distribuída heterogeneamente,

dificultando encontrar um valor único que representasse a umidade natural do solo

em questão. Em vista dessa heterogeneidade na umidade, o solo foi preparado

(homogeneizado à umidade ótima) em betoneira comum com capacidade de 420

litros (Figura 3.43) e, para cada “betonada” a umidade era medida. Esta umidade

foi avaliada após 3 minutos de homogenização na betoneira e com aplicação do

método expedito do álcool (DNER-ME 088/94). A partir daí verificava-se a

necessidade de correção da mesma até seu valor ótimo (obtido do ensaio Proctor),

com adição de água ou secagem por mais tempo do material.

Para se saber a quantidade, em peso, de solo existente no interior da

betoneira, previamente pesava-se uma caixa de plástico resistente de dimensões

56 x 36 x 31 cm, com e sem solo, para obter, por diferença, o peso exato de

material por caixa. A capacidade da betoneira é de quatro caixas, obtendo assim o

peso total de material colocado na betoneira.

Figura 3.43 – Betoneira de 400 litros utilizada para homogeneização da umidade

do material na umidade ótima para construção do pavimento no tanque-teste.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 135: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

135

Para a primeira etapa de construção do pavimento, ou seja, para aquela

estrutura não reforçada composta do subleito e da base compactada na umidade

ótima, foram necessários 8460 kg de solo e 1800 kg de brita. Após a aplicação de

carregamento sobre esta estrutura foi retirada a camada de base para logo inserir o

material de reforço (geogrelha) na interface subleito-base e novamente compor a

camada de base compactada com as mesmas características que na primeira etapa.

Para cada uma das camadas procedeu-se a compactação (Figura 3.44) com o

auxílio de um compactador manual elétrico tipo soquete vibratório no caso do

subleito e uma placa vibratória para o caso da camada de base a fim de evitar a

quebra de grãos. As características técnicas dos equipamentos de compactação se

apresentam na Tabela 3.16.

Tabela 3.16 – Características técnicas do soquete vibratório e da placa vibratória

usadas neste experimento.

Dados Soquete Vibratório Elétrico

Modelo LC 70 E

Dimensões da base 340x290

Freqüência de vibração 500-600 VPM

Tensão 220/380V

Motor elétrico trifásico 3 Cv

Peso c/motor gasolina 69 kg

Dados Placa Vibratória CSM

Dimensões 415x705x1038

Dimensões da base 650x415

Freqüência de vibração 4800 rpm

Velocidade de trabalho 24m/min

Força de compactação 1500 kgf

Motor à gasolina 5,5 Hp

Motor elétrico trifásico 3 Cv II Pólos

Transmissão Correia e embreagem centrífuga p/

motores à gasolina

Peso c/motor gasolina 91kg

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 136: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

136

A compactação das camadas seguiu a sequência:

• A compactação foi realizada em 10 camadas de 10 cm de espessura

para o subleito e em 2 camadas para a brita;

• O material foi distribuído uniformemente dentro do tanque (Figura

3.44) para cada camada a compactar.

• A compactação procedeu-se seguindo uma direção que era

alternadamente horária e anti-horária. Isto conduzia a uma espiral

ora no sentido horário, ora no sentido anti-horário da parte central do

tanque para fora (Figura 3.44).

• Controlava-se a espessura e o nível das camadas compactadas

utilizando-se uma régua graduada.

• Após a compactação de cada camada foi realizado o ensaio de

“Determinação da massa específica aparente “in situ”, com emprego

do frasco de areia” (DNER – ME 092/94) para determinar a massa

especifica aparente úmida e a umidade do material. (Figura 3.44)

• À medida que se construía a estrutura do pavimento ia sendo

colocada a instrumentação respectiva para o caso do monitoramento

das tensões no interior do pavimento (células), medição da umidade

e da sucção.

• Ao final da compactação da seção do pavimento foi realizada a

impermeabilização da superfície com emulsão asfáltica RR-1C, com

o objetivo de evitar a perda da umidade do material situado na

superfície durante os dias de aplicação do carregamento. A Figura

3.45 ilustra o aspecto da superfície ao final da imprimação.

• Quando a geogrelha foi inserida na interface subleito-base, para os

ensaios sobre a estrutura de pavimento reforçada, foi retirada a

camada da base e a respectiva instrumentação para logo colocar o

material de reforço e prosseguir com a conformação da camada de

base de acordo com a mesma sequência mencionada (Figura 3.46)

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 137: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

137

(a)

(b)

(c)

Figura 3.44 – (a) Distribuição do material, (b) Compactação do material utilizado

como subleito no tanque teste (esquema do método de compactação), (c) Controle da

compactação através do emprego do frasco de areia.

Figura 3.45 – Superfície do pavimento no tanque-teste após a imprimação

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 138: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

138

(a) (b)

Figura 3.46 – (a) Inserção da geogrelha na interface do subleito-base. (b) Retirada

da geogrelha ao final da etapa 3.

É importante mencionar que, com a inserção da geogrelha na estrutura do

pavimento, a densidade da camada de base compactada sobre ela aumentou, o que

foi medido com o método do frasco de areia. Supõe-se que esta condição deva ter

sido influenciada pela presença da geogrelha e seu efeito confinante pela

mobilização de sua resistência à tração, que atua no sentido de se opor à

deformação lateral da camada de base, confinando a brita e resultando uma

camada com maior capacidade de suporte.

3.5. Medição indireta da sucção do solo através da curva característica do solo (ou curva de retenção de água)

Em estruturas de pavimento em campo, o monitoramento dos valores de

sucção desenvolvidos pelas diversas camadas do pavimento pode ser efetuado de

duas formas: (Silva, 2009)

1. Com a utilização de tensiômetros de alta capacidade, capazes de

medir níveis de sucção de até 1500 kPa;

2. Com a aplicação de um método indireto, com o qual se obtém o

valor de sucção a partir da Curva Característica do material

(umidade x sucção).

As duas formas foram empregadas na presente pesquisa, os tensiômetros

foram instalados diretamente nos materiais que conformam a estrutura do

pavimento como já foi indicado no item 3.3.5.4, mas a utilização desses

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 139: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

139

instrumentos é ainda uma arte incipiente, com diversas dificuldades de caráter

técnico, especialmente em aplicações em pavimentos.

Dois métodos foram usados para obter as curvas características: o papel

filtro e o equipamento de Fredlund SWC-150. O método do papel filtro para o

traçado das Curvas Características dos materiais (umidade x sucção) foi utilizado

para a presente pesquisa, e usando a informação de umidade fornecida pelos

TDRs foram inferidas medidas de sucção durante o experimento.

3.5.1. Método do Papel Filtro

Este método baseia-se no princípio de que um solo, com determinada

umidade, quando é posto em contato com um papel filtro, com umidade menor,

faz com que este último absorva água do solo até que o sistema entre em

equilíbrio (Ubaldo, 2005).

A técnica do papel-filtro tem sido utilizada para obtenção da curva

característica por ser um método de fácil execução, de baixo custo e por cobrir

uma faixa de sucção relativamente ampla, sendo recomendável utilizar esta

técnica em laboratório onde as condições de umidade do ambiente externo ao

sistema papel-solo podem ser controladas.

Deve-se ter cuidados especiais, como indica Silva (2009), tais como a

escolha da balança e o manuseio do papel filtro. A utilização de pinça metálica,

luvas cirúrgicas e um ambiente protegido (temperaturas e umidades constantes)

ajudam a evitar qualquer alteração nas características originais do papel.

O papel-filtro empregado foi o Whatman Nº 42 quantitativo, tipo II, com

diâmetro de 11,0 cm, cujas curvas de calibração estão propostas em Chandler et

al. (1992). Nesta pesquisa, para realizar o ensaio o papel filtro foi cortado em um

diâmetro de 5,0 cm (Figura 3.47).

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 140: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

140

Figura 3.47 – Papel Filtro tipo Whatman, utilizado para obter os valores de sucção.

Este método empregado para a obtenção das Curvas Características dos

materiais deste experimento está descrito a seguir:

1. Moldagem de 01 corpo de prova (10 x 20 cm) com massa específica

aparente seca e umidade ótima, relativas à energia conforme a

camada: energia Proctor Intermediária para o material do subleito e

energia Proctor modificada para o material da base;

2. O corpo de prova compactado foi cortado (fatiado) em 05 (cinco)

pedaços para logo ser cravados em anéis metálicos de 5,1 cm de

diâmetro e 2,2 cm de altura. O primeiro conjunto (anel+solo) é

colocado imediatamente em contato com o papel-filtro, envelopado e

lacrado para obtenção da sucção após o tempo de equilíbrio

considerado;

3. Dois conjuntos de solo+anel foram submetidos a processos de

secagem ao ar livre por 1 e 3 dias respectivamente, os outros dois

foram submetidos a processos de submersão em água por 3 e 7 dias,

sendo em seguida colocadas em contato com o papel filtro para

medição da sucção.

Foi selecionada essa metodologia para simular o fenômeno de

umedecimento e secagem que aconteceria na estrutura do pavimento do tanque

teste no decorrer do desenvolvimento dos ensaios que se ia realizar.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 141: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

141

Para cada “fatia” do corpo de prova foram colocados três discos de papel

filtro com diâmetro de 5,0 cm em contato com o solo, para se obter um perfeito

contato entre o papel e o solo. O corpo de prova foi embalado inicialmente com

quatro camadas de película de PVC, e em seguida com quatro camadas de papel

alumínio para finalmente lacrar o conjunto (anel+solo+papel filtro) com fita

crepe.

Foram utilizados três discos de papel filtro sobrepostos com o intuito de se

evitar contaminação com partículas de solo ou outras impurezas. Apenas o disco

do meio é utilizado para medição da sucção, após o tempo estipulado para o

equilíbrio da umidade com o solo.

O tempo sugerido pela literatura para se deixar o conjunto papel filtro-solo

em contato varia de 7 a 15 dias de acordo com o tipo de solo e sua umidade, sendo

7 dias para as maiores umidades do corpo de prova e 15 dias para os materiais

mais secos. Neste trabalho optou-se por deixar o papel filtro em contato com o

solo por 15 dias para todos os conjuntos do anel+solo+papel filtro, os quais foram

colocados dentro de uma bandeja de isopor na posição vertical (Figura 3.48g), que

depois foram mantidas na câmara úmida com temperatura controlada a 25°C de

modo que não houvesse uma variação da temperatura maior que 3°C, como

sugerido pela norma ASTM D 5298-03.

Segundo Marinho e Pereira (1998 apud Silva, 2009), em solos orgânicos o

tempo de equilíbrio da umidade é de no máximo 15 dias, sendo necessário um

tratamento especial contra proliferação de fungos e decomposição biológica do

papel filtro. Nos procedimentos deste ensaio não foi feito nenhum tipo de

tratamento no papel filtro.

O papel filtro, após ser retirado dos corpos de provas, deve ser pesado em

balança com precisão de quatro casas decimais (0,0001g). Segundo Marinho

(1994a apud Ubaldo, 2005) o tempo de transferência do papel filtro para uma

cápsula fechada ou um saco plástico auto-selante deve de no máximo 5 segundos

para evitar a perda ou ganho de umidade. Após a pesagem úmida o papel filtro é

colocado em estufa por um período mínimo de 24 horas. Depois de decorrido esse

tempo, o papel filtro, agora seco, é pesado novamente seguindo as recomendações

já descritas. Na Figura 3.48 pode-se visualizar todo o procedimento, a preparação

do corpo de prova, a obtenção do conjunto anel+solo e finalmente a colocação do

papel filtro para a embalagem final de todo o conjunto, conforme descrito.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 142: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

142

(a) Preparação dos corpos de prova

(b) Obtenção do conjunto (anel+solo)

(c) Anel+solo submetido a secagem ao ar

livre.

(d) Colocação do papel filtro (base e topo)

do conjunto (anel+solo) para logo

envolver com o filme de PVC

(e) Recobrimento com papel alumínio.

(f) Lacrado com fita crepe

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 143: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

143

(g) Etapa de equalização na câmara

úmida.

(h) Retirada do papel filtro do meio para

sua posterior pesagem.

Figura 3.48 – Metodologia seguida para obtenção de valores de sucção através da

técnica do papel filtro nesta pesquisa.

Com os dados de umidade do papel filtro e a curva de calibração proposta

por Chandler et al. (1992), obtém-se a sucção do solo através das equações (3.2) e

(3.3).

Para umidades do papel filtro > 47%:

Sucção (kPa) = 10(6,05-2,48logW) Equação 3.2

Para umidades do papel filtro ≤ 47%:

Sucção (kPa) = 10(4,84-0,0622W) Equação 3.3

As curvas características dos dois materiais utilizados na estrutura do

pavimento, traçadas conforme a técnica do papel filtro, estão apresentadas na

Figura 3.49.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 144: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

144

Figura 3.49 – Curvas Características traçadas conforme a técnica do papel filtro

para os materiais utilizados nesta pesquisa.

Com a utilização das Curvas Características obtidas através do método do

papel filtro dos materiais utilizados nesta pesquisa obtêm-se os níveis de sucção

das camadas da estrutura do pavimento para as duas condições do subleito

compactado na umidade ótima e após sua inundação, mostrados nas Figura 3.50 e

Figura 3.51, respectivamente.

Figura 3.50 – Valores de sucção ao longo do perfil do pavimento estudado para a

condição do subleito compactado na umidade ótima.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 145: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

145

Figura 3.51 – Valores de sucção ao longo do perfil do pavimento estudado para a

condição do subleito inundado.

3.5.2. Obtenção da curva característica com o uso do Equipamento SWC-150

O equipamento SWC-150 (Figura 3.52) conhecido também como

equipamento de curva característica de Fredlund foi utilizado para obter a curva

característica (ramo de secagem) para o solo que constitui o subleito, já que foi

esse que experimentou mudanças consideráveis no grau de saturação, capazes de

alterar o comportamento mecânico do material. Só foi obtida a curva de secagem,

uma vez que o ensaio levou um tempo maior do que o esperado, cerca de cinco

meses nos quais se desenvolveu o ensaio. A curva característica obtida através do

equipamento de Fredlund foi utilizada com fins comparativos com a curva

características pelo método do papel filtro.

Esse equipamento utiliza o princípio da translação de eixos. O método de

funcionamento é simples e possibilita a determinação de pressões negativas altas

de difícil obtenção, pois requer uma bomba de vácuo potente e onerosa segundo

Nacinovic (2009).

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 146: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

146

Figura 3.52 – Equipamento de determinação da curva característica de Fredlund

usado nesta pesquisa.

O equipamento de Fredlund retira água do solo por pressão positiva, que

pode chegar ao valor máximo de 1500 kPa (15 bar). Pode ensaiar tanto amostras

deformadas quanto indeformadas, dependendo da trajetória a ser seguida

(secagem ou umedecimento). Para o caso de amostras deformadas, apenas a

parcela passando na peneira No. 4 deve ser utilizada (Silva, 2009).

Para se obter a trajetória de secagem a amostra do solo utilizado no subleito

previamente foi submetida à saturação por submersão por um período de 24 horas,

sendo protegida a face inferior por um papel filtro. Uma sobrecarga também

poderá ser usada durante o processo de saturação.

Após o período de saturação a amostra foi colocada sobre uma pedra porosa

de 15 bar, previamente saturada com auxílio de vácuo, na câmara de pressão. Em

seguida, foi aplicada certa pressão positiva à câmara, que expulsa a água retida no

solo até ser estabelecido o equilíbrio (Figura 3.53).

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 147: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

147

(a)

(b)

(c)

Figura 3.53 – (a) Montagem da pedra porosa e do corpo de prova. (b) Colocação

da câmara de pressão. (c) Equipamento montado para o inicio do ensaio de curva

característica.

Foram realizadas leituras diárias do volume de água expulso. Registram-se

os pares “pressão x volume de água extraído”, que é medido através de leitura

visual em um tubo acrílico vertical com marcação de escala. O ponto de equilíbrio

foi estabelecido como sendo aquele no qual a variação de volume em 24 horas não

ultrapassava 1 unidade da escala de leitura. Neste momento, aumentava-se a

pressão do ar para determinar outro ponto da curva característica. E, assim por

diante, até atingir o mínimo de oito pontos para se obter uma curva característica

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 148: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

148

bem representativa. Optou-se pelas seguintes pressões de ar: 40, 60, 80, 100, 200,

400, 600 e 800 kPa.

Um teste para se validar o ensaio pode ser realizado colocando-se a amostra

final retirada do ensaio numa estufa para secagem e calculando seu grau de

saturação. Compara-se este grau de saturação obtido com aquele relativo ao

último ponto medido. Esses valores devem ser bastante próximos, caso contrário

houve algum erro na execução do ensaio, tal como: vazamento de ar, entrada

errônea de dados, perda de solo durante o teste ou vazamento de material pelo

anel de confinamento. (Silva, 2009)

A Figura 3.54 mostra a curva característica (ramo de secagem) para o

material do subleito utilizado no tanque teste.

O tramo seco da curva característica obtida pelo método de papel filtro é

similar com a curva que foi obtida através do equipamento SWC-150.

Figura 3.54 – Curva característica (ramo secagem) para o subleito através do

equipamento SWC-150 do Fredlund.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 149: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

149

4 Apresentação e análise de Resultados

4.1. Considerações iniciais

O presente capítulo tem por finalidade apresentar e analisar os resultados

dos ensaios de carregamento cíclico no modelo físico de verdadeira grandeza,

desenvolvidos para quatro diferentes situações da estrutura do pavimento

consideradas no programa experimental. O objetivo é verificar as diferenças do

comportamento mecânico entre uma estrutura não reforçada e a reforçada com

geogrelha.

Também são apresentadas as medições e/ou gráficos fornecidos pela

instrumentação montada no modelo físico, com monitoramento das células de

carga, dos tensiômetros de alta capacidade (TAC) e dos refletômetros no domínio

do tempo (TDR).

4.2. Ensaio de carregamento cíclico

O carregamento cíclico aplicado foi de 26,96 kN sobre uma placa rígida de

25,05 cm de diâmetro resultando numa pressão de contato de 550 kPa, que se

compara à pressão de uma das rodas de um eixo-padrão de rodas duplas

comumente empregado nas análises de tráfego do método de dimensionamento

tradicional. Foram realizadas pelo menos 35.000 aplicações de carga com

frequência de 1 Hz (0,1 s de atuação do carregamento por 0,9 s de repouso) para

as quatro etapas de ensaios desenvolvidos no tanque teste. Para fins de

comparação foram: um ensaio no pavimento não reforçado e outro reforçado com

geogrelha para a condição do subleito compactado na umidade ótima; um ensaio

reforçado com geogrelha e outro não reforçado após inundação do subleito.

Foram considerados somente 35.000 ciclos de carga para avaliação do

desempenho da geogrelha nestes gráficos, mas houve um grande número de

solicitações durante vários testes realizados e ajustes, não contabilizados neste

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 150: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

150

resumo do experimento. Embora sabendo que a geogrelha é mais eficiente na

redução da deformação permanente e o ideal seria relatar o resultado com um

número maior de ciclos, isto não foi possível por problemas diversos que

atrasaram o cronograma deste estudo.

O desenvolvimento dos deslocamentos superficiais pela aplicação das

cargas dinâmicas no pavimento foi monitorado pelos LVDTs, como foi

mencionado no Capítulo 3, cujas medidas foram os parâmetros de comparação

entre a estrutura de pavimento com e sem reforço.

Para todos os ensaios realizados, a estrutura do pavimento é constituída de

uma base de brita de 20 cm sobreposta a um subleito de 100 cm de espessura, para

o caso dos ensaios sobre o pavimento sem reforço. Para os ensaios sobre o

pavimento com reforço utiliza-se a mesma estrutura com a inserção da geogrelha

na interface subleito-base. A impermeabilização com a emulsão asfáltica foi

repetida em todas as situações dos ensaios com a finalidade de evitar a perda de

umidade pela superfície exposta da base.

4.2.1. Deslocamentos verticais superficiais sobre o subleito compactado na umidade ótima

4.2.1.1. Ensaio sem a utilização de geogrelha

Este ensaio foi desenvolvido quando a estrutura de suporte dos LVDTs se

encontrava presa ao teto do laboratório como foi mencionado no item 3.3.5.2. É

necessário enfatizar este ponto, porque o efeito de dilatação do teto influenciou

nos valores dos deslocamentos registrados pelos LVDTs durante a realização do

ensaio. Infelizmente o problema só foi percebido durante a realização do ensaio

com a utilização do reforço.

O ensaio teve inicio às 12:00 horas, quando a temperatura do meio ambiente

estava elevada, aproximadamente no ciclo 6.000 já tinha decorrido duas horas de

ensaio e a temperatura começava a diminuir, fazendo com que o teto dilatado

voltasse para a sua posição inicial, como pode-se observar claramente na Figura

4.2 que mostra o desenvolvimento dos deslocamentos superficiais plásticos, em

que foram registradas leituras de deformação decorrentes da carga aplicada com

influência da ocorrida no teto.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 151: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

151

A Figura 4.1 mostra a progressão dos deslocamentos verticais elásticos com

o número de ciclos de carga, para o caso da estrutura sem reforço e com subleito

compactado na umidade ótima, registrados somente pelo LVDT 1, uma vez que o

software DefTan que registra as leituras dos LVDTs só estava configurado para o

registro do primeiro LVDT colocado sobre a placa a 3,5 cm do ponto de aplicação

da carga.

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000Nro de ciclos de carga

0.00

0.20

0.40

0.60

Deslo

ca

me

nto

Elá

stico

(m

m)

Subleito na umidade ótimaLVDT-1

Figura 4.1 – Desenvolvimento dos deslocamentos superficiais elásticos no

primeiro ensaio.

Pode-se observar que, durante o desenvolvimento da aplicação de carga, o

deslocamento elástico máximo alcançou 0,57 mm de deformação para os 35.000

ciclos de carga aplicados. Para este ensaio não foi possível desenvolver a bacia de

deflexão pela ausência de mais pontos de medição com registro.

Apesar do problema da referência (dilatação do teto já descrito), os

resultados obtidos neste ensaio apresentam coerência, em ordem de grandeza,

quando comparados com os resultados obtidos por Kakuda (2010) e Silva (2009).

Para tensões aplicadas em condições similares às desta pesquisa, Kakuda

(2010) analisou uma seção de pavimento composta por um subleito cujo solo,

segundo a classificação MCT foi definido como não laterítico siltoso (NS’)

compactado no teor de umidade de 25,7% e o seu valor de CBR foi de 8%

compactado na umidade ótima, uma base de mistura solo-brita (30%+70%) de

comportamento laterítico com CBR igual a 190%, com espessuras de 50 e 20 cm,

respectivamente, carregada ciclicamente sobre uma placa de 30 cm de diâmetro, e

obteve uma deflexão máxima de 1,1 mm para 400.000 ciclos de carga.

Comparando as deflexões máximas de ambos trabalhos, pode-se concluir que o

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 152: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

152

menor teor de umidade (17%) do subleito da presente pesquisa influenciou no

valor de deflexão que foi menor que a obtida por Kakuda.

Silva (2009) ensaiou a estrutura de pavimento mencionada no item 2.6.1, e

obteve uma deflexão máxima de 0,23 mm, valor determinado por interpolação

para uma pressão de 550 kPa, sendo que a melhor qualidade o subleito (CBR =

12%) e a presença de uma camada de sub-base na estrutura do pavimento daquele

experimento diminuíram as deflexões.

A Figura 4.2 mostra os deslocamentos plásticos ou permanentes ocorridos

durante a realização do ensaio e determinados na superfície do pavimento sob a

placa de carregamento. Estes resultados tiveram influência determinante do

problema do teto e não podem ser considerados coerentes porque não tem como

uma deformação plástica diminuir com o número de ciclos, de forma como o

experimento foi realizado.

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000Nro de ciclos de carga

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

Deslo

cam

ento

Plá

stico (

mm

)

Subleito na umidade ótima

Figura 4.2 - Desenvolvimento dos deslocamentos superficiais plásticos no primeiro

ensaio.

Como pode-se observar na Figura 4.2, a deformação superficial plástica

atingiu seu maior valor de 0,30 mm no ciclo de carga número 6000, a partir do

qual se experimentou uma queda nos valores dos deslocamentos, claramente

pode-se perceber que isto não deve ter acontecido porque as deformações plásticas

sempre tendem a aumentar e não a diminuir.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 153: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

153

4.2.1.2. Ensaio com a utilização de geogrelha na interface subleito-base

Este segundo ensaio foi realizado com a inserção da geogrelha de

polipropileno (Fornit J600) como elemento de reforço, posicionada na interface

subleito-base. Para realizar o segundo ensaio, foi retirada a camada de base, do

primeiro ensaio, para colocar o material de reforço devidamente ancorado ao solo

do subleito e depois compactada uma nova camada de base com o mesmo

procedimento de compactação descrito no item 3.4.1.2.

Durante a realização deste ensaio foi observada a influência da deformação

do teto na leitura dos LVDTs, o que implicou na necessidade nesta etapa a

mudança do sistema de fixação de suporte dos LVDTs, como foi explicado no

item 3.3.5.2, garantindo que o novo sistema de fixação não interferisse mais nas

leituras. Além disso, também foi corrigido o software DefTan para registrar os

deslocamentos verticais superficiais dos quatro LVDTs utilizados nesta pesquisa.

Os LVDTs 1 e 2 foram instalados a 3,5 cm do ponto de aplicação de carga,

um de cada lado sobre a placa, e esses foram os instrumentos utilizados para obter

os valores máximos da deformação produzida pela aplicação do carregamento, os

LVDTs 3 e 4 foram colocados a 37,5 e 58,0 cm, respectivamente, do ponto de

aplicação de carga.

A Figura 4.3 mostra a progressão dos deslocamentos superficiais elásticos

em função do número de ciclos de carga para o caso da estrutura com reforço em

que o subleito encontrava-se na umidade ótima de compactação.

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000Nro de ciclos de carga

0.00

0.20

0.40

0.60

0.80

Deslo

ca

me

nto

Elá

stico

(m

m)

Subleito na umidade ótimaLVDT-1

LVDT-2

LVDT-3

LVDT-4

Figura 4.3 - Desenvolvimento dos deslocamentos superficiais elásticos no

segundo ensaio.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 154: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

154

Analisando a Figura 4.3 pode-se observar que o deslocamento superficial

vertical elástico máximo é de 0,80 mm obtido pelo LVDT 1 e que os dois últimos

LVDTs mediram deslocamentos na faixa de 0,08 e 0,03mm.

É importante também observar que o LVDT 3 registrou maiores

deformações em comparação com o LVDT 4, porque o 3 estava mais próximo do

ponto de aplicação de carga.

Para as mesmas condições de tensões aplicadas e propriedades mecânicas da

geogrelha similar à utilizada nesta pesquisa, com seção de pavimento descrita no

item 4.2.1.1, no trabalho de Kakuda (2010) pode-se verificar que o valor da

deflexão obtida foi de 0,9 mm após a aplicação de 400.000 ciclos de carga. Existe

uma pequena diferença entre as deflexões do presente trabalho (0,8 mm), mas

percebe-se que a utilização do mesmo tipo de material de reforço gerou

deformações similares visto que os solos do subleito de ambas as pesquisas são

classificados como não lateríticos siltosos (NS’). Consideradas as diferenças de

modelo físico e das configurações de aplicação das cargas, a diferença pode ser

considerada pequena e portanto, conclui-se que a utilização da geogrelha gerou

deflexões parecidas para os dois estudos.

Como neste ensaio foram considerados os dados registrados pelos 4 LVDTs,

foi possível obter a bacia de deflexão, conforme mostrada na Figura 4.4. Para

tanto, foram escolhidos cinco pontos da curva de deslocamento elástico

correspondentes a números de ciclos deste ensaio (Figura 4.3): 100 ciclos, 600

ciclos, 5.000 ciclos, 20.000 ciclos e 35.000 ciclos de carregamento. Mostra-se que

as deflexões estão praticamente coincidentes.

0 10 20 30 40 50 60Distância do centro de aplicação de carga (cm)

1.60

1.20

0.80

0.40

0.00

De

fle

o m

áxim

a (

mm

)

Estrutura com reforço-subleito wo ótima

100 ciclos

600 ciclos

5000 ciclos

20000 ciclos

35000 ciclos

Figura 4.4 – Bacia de deslocamentos verticais em função do número de ciclos de

carga – ensaio reforçado com geogrelha.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 155: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

155

Analisando a Figura 4.4 pode-se observar que o desenvolvimento das

deflexões apresenta quase o mesmo valor de deflexão para cada número de ciclos

de carga escolhidos, existindo uma convergência para um valor único, a partir do

qual o processo estabiliza-se. É preciso comentar que esta aquisição de dados foi

realizada após 263.300 ciclos de carga, resultantes de inúmeros testes feitos ao

longo do ajuste dos sistemas de aplicação de carga e de referência, que

produziram um acomodamento do subleito.

A Figura 4.5 mostra os deslocamentos plásticos ou permanentes

desenvolvidos durante a realização do ensaio, considerando-se apenas os

resultados dos deslocamentos obtidos na vertical da aplicação do carregamento.

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000Nro de ciclos de carga

0.00

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

Deslo

ca

me

nto

Plá

stico

(m

m)

Subleito na umidade ótima

Figura 4.5 - Desenvolvimento dos deslocamentos superficiais plásticos no

segundo ensaio reforçado com geogrelha.

Como se pode observar na Figura 4.5, o deslocamento superficial vertical

plástico máximo foi de 0,94 mm após a aplicação de 35.000 ciclos de carga com

tendência a incrementar.

Não será feita uma análise comparativa entre os dois experimentos desta

pesquisa (sem e com reforço na condição de umidade ótima do subleito) tendo em

vista as questões de referência dos deslocamentos já comentadas.

Antunes (2008) e Góngora (2011) desenvolveram pesquisas utilizando

geossintéticos como material de reforço de camada de base do pavimento em

equipamentos de grandes dimensões. O parâmetro de medição de beneficio do uso

de geossintéticos foi avaliar uma estrutura de pavimento reforçada e não reforçada

para ambos trabalhos, registrando-se deslocamentos através de LVDTs para

ambas condições do pavimento. Os ensaios foram realizados adotando-se como

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 156: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

156

critério de parada deslocamento vertical permanente superficial (análoga a uma

trilha de roda) de 25 mm, ou seja, foi imposto ao pavimento o carregamento

cíclico até que ele alcançasse esse deslocamento permanente na superfície. Na

condição da estrutura do pavimento não reforçada e reforçada compactada na

umidade ótima ambos pesquisadores obtiveram resultados que são apresentados

na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 - Características dos ensaios realizados por Antunes (2009) e

Góngora (2011) com utilização de geossintéticos como material de reforço.

Pesquisas Estrutura do pavimento

Espessura (cm)

No de ciclos Reforço

Estrutura Estrutura Tipo

Abertura da malha

sem reforço

com reforço (mm)

Antunes (2008) Subleito 50

30.720 282.600

Geogrelha tipo Fornit

J600 40 x 40

Base (Brita) 20

85.044 Geotêxtil tecido Góngora (2011) Subleito 30

1.630 24.064 Geogrelha

Tipo Fortrac 200

30 x 30

Aterro (Brita) 23 33.068 20 x 20

24.107 40 x 40

É importante mencionar que Góngora utilizou além da brita como material

de base, resíduos de construção de demolição reciclados (RCD-R) sendo

utilizados nesta Tabela 4.1 somente os ensaios onde a brita foi parte da camada do

aterro (base) pela similaridade com o material de base deste trabalho.

Para ambos trabalhos a eficiência da geogrelha foi definido como a razão

entre o número de repetições (Nr) de carga necessárias para que a estrada

reforçada alcance um afundamento de 25 mm e o número de repetições (Nu) de

carga para que a estrutura não reforçada também atinja o mesmo afundamento.

Góngora (2011) quantificou o fator de eficiência da geogrelha de abertura

da malha de 30 x 30, 20 x 20 e 40 x 40 mm sendo 15, 20 e 15, respectivamente, o

valor de eficiência delas, resultando que, a geogrelha de 20 x 20 mm foi a que

apresentou melhor desempenho pelo maior número de ciclos que suportou.

Para Antunes (2008), o fator de eficiência fornecido pela geogrelha e

geotêxtil foi de 9,2 e 2,8, respectivamente, observando-se que a geogrelha foi

mais eficaz no aumento da vida útil do pavimento.

Pode-se concluir que o mesmo tipo de reforço deste estudo, utilizados nas

pesquisas citadas, gera efeitos positivos no comportamento mecânico do

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 157: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

157

pavimento sob o ponto de vista da deformação plástica. O reforço contribuiu

conferindo maior rigidez lateral à camada do solo de base.

Nesta pesquisa o número de ciclos de carregamento foi muito menor do que

o de Antunes, porém, indiretamente, este benefício foi observado quando na

compactação da camada da base com a geogrelha inserida resultou numa

densidade maior que a obtida na compactação sem a geogrelha.

4.2.2. Deslocamentos verticais superficiais após a inundação do subleito

Esta terceira etapa do experimento foi realizada após o término da etapa

apresentada no item 4.2.1.2, mantendo-se a estrutura de pavimento inalterada e

inundando-se o subleito por ascensão capilar. O avanço da franja capilar, como

era de se esperar pelo coeficiente de permeabilidade obtido para o solo do

subleito, foi lento, o que fez com que fosse necessário esperar um período de 26

dias após o inicio do umedecimento do subleito para a realização do respectivo

ensaio, período que garantiu o avanço total da franja capilar ao longo do perfil do

subleito. Este avanço foi monitorado pelas leituras diárias feitas pela

instrumentação de umidade (TDRs) que indicavam o valor da umidade em cada

camada de 20 cm do subleito conseguindo-se os valores finais da umidade após o

avanço total da franja capilar. Esses valores permitiram calcular o valor do grau

de saturação de cada camada do subleito. Com a umidade medida em cada

camada (w) registrada pelo TDR correspondente, o índice de vazios do solo (e) e a

massa específica real dos grãos ( sG ) do solo, foi possível obter o grau de

saturação de cada camada através da equação 4.1:

e

GwS s*(%)

(%) = Equação 4.1

O índice de vazios do solo foi calculado através da equação 4.2:

1−=

d

sGe

γ Equação 4.2

Onde:

sG : massa específica real dos grãos,

dγ : massa específica aparente seca.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 158: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

158

Os valores da umidade obtidos pelos TDRs para cada camada de 20 cm do

subleito são mostrados na Figura 4.6.

Figura 4.6 – Valores de umidade nas camadas do subleito na umidade ótima e

após a sua inundação.

O avanço total da franja capilar foi controlado pelo medidor de nível d’água

e sua estabilização foi definida como o momento que, após três dias consecutivos

de medições sucessivas, não houve alteração significativa (± 0,5%) da umidade ao

longo do perfil do subleito do pavimento.

Analisando a umidade ao longo do subleito, apresentado na Figura 4.6,

observa-se que as umidades nas camadas do subleito apresentam valores próximos

entre si garantindo o avanço total da franja capilar. Tomando-se a média da

umidade fornecida pelas sondas, igual a 27,5%, pode-se observar que ocorreu

grande variação da umidade a partir da umidade de compactação, igual a 17,3%,

com uma diferença de 10,2%.

Silva (2009) trabalhou com seis posições de nível d’água, através do avanço

e descida da franja capilar e para a condição da estrutura do pavimento até a

camada de base (sem revestimento) esperou para o total avanço da franja capilar

de cada nível d’água entre 15 a 20 dias, tempo menor do que o utilizado nesta

pesquisa, visto que o solo do subleito da pesquisa citada apresentava um

coeficiente de permeabilidade maior.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 159: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

159

4.2.2.1. Ensaio com a utilização de geogrelha na interface subleito-base

A Figura 4.7 apresenta os deslocamentos verticais superficiais elásticos

registrados pelos quatro LVDTs para a estrutura do pavimento com reforço após a

inundação do subleito.

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000Nro de ciclos de carga

0.00

0.50

1.00

1.50

2.00

De

slo

ca

me

nto

Elá

stico

(m

m)

Subleito inundadoLVDT-1

LVDT-2

LVDT-3

LVDT-4

Figura 4.7 – Desenvolvimento dos deslocamentos superficiais elásticos no terceiro

ensaio desta pesquisa.

Analisando-se a Figura 4.7, pode-se concluir que o deslocamento elástico

máximo registrado na vertical foi de 1,46 mm após 35.000 ciclos de aplicação de

carga. Pode-se observar também que as leituras registradas a 58 cm (LVDT 4) de

distância da aplicação do carregamento apresentaram valores de leituras maiores

que as registradas a 37,5 cm (LVDT 3), por algum problema não identificado

durante o ensaio, visto que o LVDT 4 deveria registrar valores menores dos

deslocamentos por encontrar-se mais afastado do centro de aplicação de carga.

Como neste ensaio foram registrados os dados dos 4 LVDTs, foi possível

obter a bacia de deflexão, conforme mostra a Figura 4.8. Para tanto, foram

escolhidos cinco instantes da curva de deslocamento elástico correspondentes a

número de ciclos deste ensaio (Figura 4.7): 100 ciclos, 600 ciclos, 5.000 ciclos,

20.000 ciclos e 35.000 ciclos de carregamento.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 160: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

160

0 10 20 30 40 50 60Distância do centro de aplicação de carga (cm)

1.60

1.20

0.80

0.40

0.00

De

fle

o m

áxim

a (

mm

)Estrutura com reforço-subleito inundado

100 ciclos

600 ciclos

5000 ciclos

20000 ciclos

35000 ciclos

Figura 4.8 – Bacia de deslocamentos verticais em função do número de ciclos de

carga – ensaio reforçado com geogrelha.

Analisando-se as bacias de deflexão apresentadas na Figura 4.8, observa-se

que as deflexões máximas sob a carga apresentam crescimento com o aumento do

número de ciclos, provavelmente pelo excesso de água no solo.

Também, considerando-se que os valores de deflexões para distâncias da

aplicação de carga a 37,5 cm são reduzidas em relação à máxima distância, pode-

se supor que a geogrelha está sendo solicitada fora da área carregada, em até duas

vezes aproximadamente o raio da placa sobre a qual foi aplicado o carregamento

cíclico, considerando-se que a resistência e rigidez à tração da geogrelha estejam

contribuindo na redução das deflexões obtidas até este ponto.

Comparando-se as deflexões máximas obtidas na estrutura do pavimento

reforçado para as condições do subleito compactado na umidade ótima e após sua

inundação de 0,80 e 1,46 mm, respectivamente, a segunda é 1,8 vezes maior que a

primeira, fato decorrente da diminuição da rigidez do subleito.

Os deslocamentos plásticos ou permanentes desenvolvidos durante a

realização do ensaio foram determinados na superfície do pavimento sob a placa

de carregamento. A Figura 4.9 apresenta o desenvolvimento dos deslocamentos

como o número de ciclos considerando-se apenas os resultados obtidos na vertical

da aplicação do carregamento.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 161: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

161

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000Nro de ciclos de carga

0.00

2.00

4.00

6.00

De

slo

ca

me

nto

Plá

stico

(m

m)

Subleito inundado

Figura 4.9 – Desenvolvimento dos deslocamentos superficiais plásticos no terceiro

ensaio – reforço e inundação do subleito.

Como pode se observar na Figura 4.9, o deslocamento superficial vertical

plástico máximo foi de 3,77 mm, após a aplicação dos 35.000 ciclos com

tendência a incrementar.

Comparando-se os deslocamentos máximos obtidos na estrutura do

pavimento reforçado para as condições do subleito compactado na umidade ótima

e após sua inundação de 0,94 e 3,77 mm, respectivamente, pode-se observar que a

segunda condição é 4 vezes maior que a primeira, fato decorrente da diminuição

da rigidez do subleito.

Conclui-se que a variação da umidade do subleito proporcionou aumento

tanto nos deslocamentos elásticos quanto nos deslocamentos plásticos, sendo esse

aumento proporcionado pela perda de rigidez do subleito devido à elevação do

teor de umidade.

4.2.2.2. Ensaio sem a utilização de geogrelha

Para a realização desta etapa de ensaio foi retirada a geogrelha inserida na

interface do subleito-base. Para isso foi necessário rebaixar a altura da franja

capilar, através do sistema de drenagem do tanque (ralos posicionados no fundo

do tanque protegidos com uma membrana que evitam o entupimento deles pelos

finos do solo),

O rebaixamento da franja capilar do subleito foi controlado através do

medidor de nível d’água e também pelas leituras diárias feitas pelos TDRs até

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 162: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

162

uma altura que permitisse retirar a camada de base e a geogrelha para novamente

compor a camada de base com a brita. O tempo transcorrido para atingir essa

altura foi de 5 dias. Em seguida, foi recomposta a estrutura do pavimento com os

20 cm da camada de base e sua respectiva impermeabilização com emulsão

asfáltica RR-1C, para evitar a perda da umidade dos materiais.

Após reconstruída a estrutura de pavimento foi feita a introdução de água de

forma a elevar a altura capilar que havia sido rebaixada. No entanto, esta etapa de

inundação do subleito até alcançar a mesma franja capilar anterior demorou mais

tempo que na primeira etapa, 17 dias adicionais. Esse fato pode ter acontecido por

causa da aplicação de carga na condição submersa do subleito com reforço que

pode ter diminuído o número de vazios do solo, dificultando o avanço da franja

capilar, tendo em vista que o solo já apresentava baixo coeficiente de

permeabilidade.

A Figura 4.10 e a Figura 4.12 apresentam os deslocamentos verticais

superficiais elásticos e plásticos registrados pelos LVDTs para a estrutura do

pavimento sem reforço após a inundação do subleito.

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000Nro de ciclos de carga

0.00

0.40

0.80

1.20

1.60

2.00

De

slo

ca

me

nto

Plá

stico

(m

m)

Subleito inundadoLVDT-1

LVDT-2

LVDT-3

LVDT-4

Figura 4.10 - Desenvolvimento dos deslocamentos superficiais elásticos no quarto

ensaio – sem reforço e subleito inundado.

Analisando-se a Figura 4.10, pode-se concluir que o deslocamento vertical

elástico máximo é de 1,63 mm após 35.000 ciclos de carga.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 163: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

163

Na bibliografia revista não se encontrou pesquisas brasileiras com

características similares às deste trabalho, além do trabalho de Kakuda (2010), que

envolvam a utilização de geossintéticos como material de reforço em estruturas de

pavimentos e mais ainda com uma situação de umidade de saturação do subleito.

Tomando os resultados deste pesquisador para fins comparativos, na condição da

estrutura com e sem reforço, após 60.000 e 100.000 ciclos de carga,

respectivamente, as deflexões máximas foram de 1,6 mm e 2,2 mm. Pode-se notar

que a deflexão com a utilização de reforço apresenta um valor próximo ao obtido

na presente pesquisa. No entanto, para o caso sem a utilização do reforço, a

diferença entre as deflexões é maior.

Conclui-se que, para ambas as pesquisas, quando a geogrelha é parte da

estrutura do pavimento, as diferenças entre os valores das deflexões são da ordem

de 0,1 mm. No entanto, analisando o pavimento sem reforço e na condição

inundada do subleito esta diferença aumenta até 5,7 vezes, o que pode levar a

conclusão de que a utilização da geogrelha gerou deflexões da mesma ordem de

grandeza obtidas em ambos os trabalhos.

As bacias de deflexão, conforme mostradas na Figura 4.11, foram

escolhidas para cinco pontos da curva de deslocamento elástico vs No de ciclos

deste ensaio (Figura 4.10): 100 ciclos, 600 ciclos, 5.000 ciclos, 20.000 ciclos e

35.000 ciclos de carregamento.

0 10 20 30 40 50 60Distância do centro de aplicação de carga (cm)

1.60

1.20

0.80

0.40

0.00

Deflexã

o m

áxim

a (

mm

)

Estrutura sem reforço-subleito inundado100 ciclos

600 ciclos

5000 ciclos

20000 ciclos

35000 ciclos

Figura 4.11 – Bacia de deslocamentos verticais em função do número de ciclos de

carga – ensaio não reforçado.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 164: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

164

Analisando-se as bacias de deflexão apresentadas na Figura 4.11, pôde-se

observar que a tendência do desenvolvimento das deflexões segue o mesmo

padrão apresentado no ensaio com a utilização da geogrelha: as deflexões

máximas crescem com o aumento do número de ciclos. À distância de 37,5 cm

existe uma convergência de valores e até pequena diminuição com o maior

número de carga.

Comparando as Figura 4.8 e Figura 4.11, é importante observar que, com a

utilização da geogrelha, consegue-se o efeito de enrijecimento do subleito em

maior proporção com o aumento de ciclos de carga.

Os deslocamentos plásticos ou permanentes desenvolvidos durante a

realização do ensaio foram determinados na superfície do pavimento sob a placa

de carregamento. A Figura 4.12 apresenta o desenvolvimento dos deslocamentos

como o número de ciclos, considerando-se apenas os resultados obtidos na

vertical da aplicação do carregamento.

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000Nro de ciclos de carga

0.00

2.00

4.00

6.00

De

slo

ca

me

nto

Plá

stico

(m

m)

Subleito inundado

Figura 4.12 – Desenvolvimento dos deslocamentos superficiais plásticos no quarto

ensaio –sem reforço mas subleito inundado.

Como se pode observar na Figura 4.12, o deslocamento superficial vertical

plástico máximo foi de 5,53 mm com tendência a incrementar.

Para a condição do subleito na umidade ótima e inundado sem a inserção do

reforço não é possível comparar as deformações surgidas pelo incremento da

umidade, em função da deformação do teto que influenciou nos resultados do

primeiro ensaio realizado na estrutura do pavimento.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 165: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

165

Com os resultados dos deslocamentos superficiais verticais já apresentados

para o caso do subleito inundado tanto para a estrutura reforçada e não reforçada

pode-se mostrar o efeito da geogrelha inserida na interface do subleito-base

através das Figura 4.13, Figura 4.14 e da Figura 4.15, tanto para os deslocamentos

superficiais verticais elásticos ou reversíveis, bacias de deflexão e para os

deslocamentos superficiais verticais plásticos ou permanentes.

4.2.2.3. Análise comparativa dos deslocamentos verticais elásticos para o subleito inundado

Para analisar o desenvolvimento dos deslocamentos verticais elásticos sem e

com a inserção do reforço serão considerados apenas os resultados dos

deslocamentos obtidos na vertical da aplicação do carregamento.

A Figura 4.13 e Figura 4.14 apresentam os desenvolvimentos do

deslocamento máximo em função do número de ciclos de carga e as bacias de

deflexão dos ensaios analisados nos itens 4.2.2.1 e 4.2.2.2, respectivamente. Os

ensaios foram realizados após a inundação do subleito, para a estrutura com

reforço e sem reforço.

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000Nro de ciclos de carga

0.00

0.40

0.80

1.20

1.60

2.00

Deslo

ca

me

nto

Elá

stico

(m

m)

Subleito inundadoCom reforço

Sem reforço

Figura 4.13 – Deslocamento elástico em função do número de ciclos de carga dos

ensaios com e sem geogrelha, após inundação do subleito.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 166: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

166

0 10 20 30 40 50 60Distância do centro de aplicação de carga (cm)

1.60

1.20

0.80

0.40

0.00

Defle

o m

áxim

a (

mm

)Estrutura-subleito após inundação

Com a utilização de geogrelha

Sem utilização de geogrelha

Figura 4.14 – Bacia de deflexão após 35.000 ciclos de carga para estruturas sem

e com reforço e subleito inundado.

Comparando o desenvolvimento dos deslocamentos máximos dos dois

ensaios analisados na Figura 4.13, verifica-se que existe uma tendência a

estabilizar o deslocamento elástico máximo para o ensaio com a geogrelha,

enquanto sem geogrelha a tendência do deslocamento é aumentar.

Como as deflexões máximas obtidas para os ensaios sem e com a

utilização de geogrelha foram de 1,63 e 1,46 mm, respectivamente, verifica-se que

a deflexão máxima para o ensaio com a utilização de geogrelha é 12% menor que

a obtida do ensaio sem a mesma.

Comparando-se o efeito positivo da utilização da geogrelha no

melhoramento do comportamento mecânico do pavimento com o subleito

inundado com a pesquisa de Kakuda (2010), que obteve 27% de eficácia da

geogrelha na redução das deformações elásticas, pode-se concluir que a utilização

da geogrelha como reforço de base passa a ser mais eficaz à medida que a

capacidade de suporte do subleito diminui, tomando como referência o valor do

CBR não embebido dos solos das duas pesquisas.

4.2.2.4. Análise comparativa dos deslocamentos verticais plásticos para o subleito inundado

A Figura 4.15 apresenta o desenvolvimento dos deslocamentos plásticos dos

ensaios apresentados nos itens 4.2.2.1 e 4.2.2.2, após a inundação do subleito para

a estrutura com e sem reforço.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 167: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

167

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000Nro de ciclos de carga

0.00

2.00

4.00

6.00

Deslo

ca

me

nto

Plá

stico

(m

m)

Subleito inundadoCom reforço

Sem reforço

Figura 4.15 - Deslocamento plástico em função do número de ciclos de carga após

35.000 ciclos de carga para estruturas com e sem geogrelha após inundação do subleito.

Analisando a Figura 4.15, observa-se que as curvas apresentam formas

semelhantes, apesar de não se ter alcançado a estabilização dos deslocamentos

plásticos em ambas. Após 35.000 ciclos de carga, o deslocamento plástico obtido

foi de 5,53 e 3,77 mm para a estrutura sem e com reforço, respectivamente.

Comparando-se estes valores, conclui-se que o efeito positivo da utilização da

geogrelha na redução dos deslocamentos plásticos é de 47%.

Quando se analisa o comportamento dos deslocamentos verticais após a

inundação do subleito constata-se que o efeito positivo da geogrelha na redução

dos deslocamentos plásticos é maior que ao obtido para os deslocamentos

elásticos. Sendo assim, pode-se dizer que a utilização da geogrelha na condição do

subleito inundado apresenta efeito positivo maior na redução dos deslocamentos

plásticos em relação ao elástico.

Para o caso do subleito inundado para a estrutura reforçada e não reforçada

o efeito positivo da geogrelha no melhoramento do comportamento estrutural do

pavimento na redução das deformações superficiais (elásticas e plásticas) é menor

quando comparado com encontrada por Kakuda, provavelmente devido ao solo

utilizado como subleito nesta pesquisa apresentar um CBR de a 6% na condição

submersa por 4 dias. Segundo a literatura, se obtêm melhores efeitos na utilização

deste tipo de material de reforço quando os solos apresentam CBR ≤ 3%. Mesmo

assim, pelos efeitos mostrados pelo uso da geogrelha nesta pesquisa pode-se

concluir que a geogrelha como material de reforço melhora o comportamento

estrutural do pavimento.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 168: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

168

4.3. Análises Complementares

4.3.1. Análise das deflexões obtidas pelo LWD (Light Weight Deflectometer)

A utilização de defletômetros de impacto permite avaliar o comportamento

mecânico do pavimento em termos da deformabilidade. Nesta pesquisa foi

utilizado um deflectômetro LWD por se tratar de experimento em modelo físico.

Pretendeu-se avaliar o uso deste tipo de equipamento com parte dos ensaios não

destrutivos em Tanque-Teste.

Os resultados obtidos com o LWD mostraram valores coerentes com os

obtidos nos ensaios de carregamento cíclico realizados na estrutura do pavimento

do Tanque-Teste como se mostra a seguir, o que torna seu uso promissor neste

contexto.

Logo após a aplicação de carga cíclica correspondente a cada etapa do

ensaio do Tanque-Teste foi realizado o ensaio dinâmico de impacto através do

LWD seguindo o esquema mostrado na Figura 4.16, decidido de forma

condicionada pela geometria da instrumentação existente no experimento. Não

existe procedimento ou norma brasileira sobre o uso deste equipamento e,

portanto não se tem critérios de seleção dos pontos a incluir na análise. Foram

aproveitadas as condições da estrutura do pavimento reforçadas com o subleito na

umidade ótima e inundada e também a estrutura não reforçada com o subleito

inundado para os testes.

Figura 4.16 – Esquema em planta, da superfície do pavimento, no tanque dos

pontos para realização de ensaios com o LWD.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 169: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

169

4.3.1.1. Ensaio sobre a estrutura reforçada na condição do subleito compactado na umidade ótima

Foi a partir desta etapa dos ensaios que se pôde dispor deste equipamento

pertencente ao Laboratório de Asfalto do Instituto Militar de Engenharia (IME). O

método utilizado na realização dos ensaios com o LWD foi:

• Definição dos pontos para a aplicação da carga dinâmica por

impacto através do LWD. Para a situação de cada ensaio foram

eleitos três pontos como o indicado na Figura 4.16.

• Cada ponto foi ensaiado três vezes, e se obtêm a média dos

deslocamentos elásticos resultantes.

Os resultados do ensaio para a estrutura do pavimento reforçado com a

umidade ótima de compactação do subleito é mostrada na Figura 4.17.

A Tabela 4.2 apresenta os resultados do ensaio referentes à deformabilidade

da estrutura do pavimento reforçada com o subleito compactado na umidade ótima

decorrente da aplicação de carga do LWD.

Figura 4.17 – Resultados obtidos pelo programa ZFG do LWD para a estrutura do

pavimento reforçada na condição do subleito na umidade ótima.

1 2 3

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 170: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

170

Tabela 4.2 – Resultados do ensaio de LWD na estrutura de pavimento reforçada

com o subleito compactado na umidade ótima .

Ponto 1 2 3

Deslocamentos

elásticos (mm)

Leituras Média Leituras Média Leituras Média

0,509

0,465

0,496

0,481

0,412

0,450 0,450 0,467 0,466

0,437 0,480 0,471

Analisando-se os resultados da Tabela 4.2, pode-se observar que nos três

pontos de aplicação de carga do LWD se obtêm valores de deslocamentos

elásticos (deflexão) próximos.

Comparando esses valores como os obtidos com o ensaio de cargas

repetidas nessa mesma condição da estrutura do pavimento, mostrados na Tabela

4.3, pode-se observar que os valores de deformabilidade são menores tendo em

vista que o nível de carga transmitido pelo LWD é de 15 kg e a forma de

aplicação é por impacto, mas também aqui a rigidez do solo é incrementada pela

presença da geogrelha.

Tabela 4.3 - Resultados do deflexão obtidos nos ensaios não destrutivos para a

avaliação estrutural do pavimento reforçado - subleito compactado na umidade ótima.

Sistema de aplicação de carga Deformação (mm)

LWD (Light Weight Deflectometer)

0,465

0,481

0,450

Carga cíclica repetida 0,80

4.3.1.2. Ensaio sobre a estrutura reforçada na condição do subleito inundado

Nesta condição do pavimento também foi aplicado o ensaio do LWD, após

os 26 dias de espera para o avanço da franja capilar e após a aplicação dos 35.000

ciclos de carga do ensaio correspondente.

Foi seguido o método de ensaio descrito no item 4.3.1.1 e os resultados

obtidos são mostrados na Figura 4.18. A Tabela 4.4 apresenta os resultados do

ensaio LWD referentes à deformabilidade da estrutura do pavimento reforçada

com subleito inundado.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 171: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

171

Figura 4.18 – Resultados do LWD obtidos pelo programa ZFG do LWD para a

estrutura do pavimento reforçada - subleito inundado.

Tabela 4.4 – Resultados do ensaio de LWD na estrutura de pavimento reforçada

com o subleito inundado.

Ponto 1 2 3

Deslocamentos

elásticos (mm)

Leituras Média Leituras Média Leituras Média

2,511

1,506

1,198

0,950

1,496

1,127 0,981 0,829 0,993

1,027 0,824 0,892

Segundo os resultados mostrados na Tabela 4.4, os deslocamentos elásticos

(deflexões) aumentaram consideravelmente se comparados aos obtidos no ensaio

anterior, isto se deve à perda de rigidez do subleito pelo efeito da água, que

compromete a vida útil do pavimento.

Os deslocamentos registrados nos três pontos de análise apresentaram

significativa diferença, sobretudo no ponto de ensaio “1”. Isto pode ter acontecido

porque nesta condição de inundação do subleito, a acomodação das partículas do

subleito pode ter sido diferente em cada seção do ponto considerado para este

ensaio, e, a cada aplicação do impacto ter tido diferentes respostas de distribuição

das tensões.

Comparando esses valores com os obtidos no ensaio de carga cíclica

repetida, com referência ao deslocamento elástico desenvolvido na vertical da

aplicação de carga, o valor da deflexão é próximo ao valor médio obtido no ponto

“1”, como mostrado na Tabela 4.5.

1 2 3

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 172: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

172

Tabela 4.5 – Resultados de deflexão obtidos nos ensaios não destrutivos para a

avaliação estrutural do pavimento reforçado no caso de subleito inundado

Sistema de aplicação de carga Deflexão (mm)

LWD (Light Weight Deflectometer)

1,506

0,950

1,127

Carga cíclica repetida 1,46

4.3.1.3. Ensaio sobre a estrutura não reforçada na condição do subleito inundado

Seguindo a metodologia do ensaio descrita no item 4.3.1.1, no pavimento

sem reforço também foi aplicado o ensaio do LWD, obtendo-se os resultados

mostrados na Figura 4.19. A Tabela 4.6 apresenta os resultados do ensaio

referentes à deformabilidade elástica da estrutura do pavimento não reforçada com

subleito inundado.

Figura 4.19 - Resultados obtidos pelo programa ZFG do LWD para a estrutura do

pavimento não reforçada - subleito inundado.

3 1 2

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 173: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

173

Tabela 4.6 – Resultados do ensaio LWD na estrutura de pavimento não reforçada

- subleito inundado.

Ponto 1 2 3

Deslocamentos

elásticos (mm)

Leituras Média Leituras Média Leituras Média

2,491

1,756

1,908

1,422

1,349

1,337 1,418 1,193 1,328

1,359 1,166 1,335

Segundo os resultados mostrados na Tabela 4.6, as deflexões registradas

neste ensaio aumentaram se comparadas às desenvolvidas no ensaio com a

estrutura reforçada também com o subleito inundado. O aumento que ocorreu com

a retirada do material de reforço (geogrelha), confirma o efeito positivo que tem a

geogrelha para prolongar a vida útil do pavimento.

A dispersão dos resultados das deflexões, registradas nos três pontos de

análise, diminuiu em relação ao ensaio anterior de forma geral.

Foram comparados também esses valores com os obtidos no ensaio de carga

cíclica repetida; com referência ao deslocamento elástico desenvolvido na vertical

da aplicação de carga, o valor da deformação é próximo ao ponto “1” assim como

mostra a Tabela 4.7.

Tabela 4.7 - Resultados de deflexão obtidos nos ensaios não destrutivos para a

avaliação estrutural do pavimento não reforçado no caso do subleito inundado.

Sistema de aplicação de carga Deformação (mm)

LWD (Light Weight

Deflectometer)

1,756

1,422

1,337

Carga cíclica repetida 1,63

4.3.1.4. Análise comparativa dos ensaios realizados com o Light Weight Deflectometer (LWD)

Apresenta-se a análise dos resultados dos três ensaios realizados com o

LWD. Os ensaios foram realizados com o subleito compactado na umidade ótima

e inundado para as situações da estrutura reforçada e não reforçada. Para fins

comparativos entre os ensaios realizados com o LWD é apresentada a variável do

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 174: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

174

módulo de resiliência obtida para cada ensaio. Este valor é dado pelo

equipamento, sem interferência do operador e deve ser considerado como

estimativa da rigidez sob as condições do ensaio de impacto.

A Tabela 4.8 mostra o resumo das deformações e módulos de resiliência

obtidos nos ensaios realizados com o LWD.

Tabela 4.8 – Deslocamentos e módulos de resiliência obtidos com o ensaio do

LWD neste estudo no tanque teste

Variável

Ponto

de

análise

Estrutura reforçada

(subleito na

umidade ótima)

Estrutura reforçada

(subleito inundado)

Estrutura não

reforçada (subleito

inundado)

Deflexão (mm)

(1) 0,465 1,506 1,756

(2) 0,481 0,950 1,422

(3) 0,450 1,127 1,337

Módulo de

Resiliência

(MPa)

(1) 72,6 22,4 19,2

(2) 70,3 35,5 23,7

(3) 75,0 30,0 25,2

Analisando a Tabela 4.8, pode-se observar que:

• Os deslocamentos tiveram um aumento significativo quando a

condição da umidade do subleito foi mudada pelo avanço da franja

capilar. Isto se deve a que os módulos de resiliência diminuíram

conforme indicado no item 4.3.3 (variação do módulo com a

umidade). Essas variações se repetem em cada ponto analisado para

cada ensaio de LWD. A perda de rigidez do subleito pelo incremento

do nível d’água é observada nos resultados fornecidos pelo LWD

para os ensaios sobre a estrutura reforçada com a variação da

umidade do subleito.

• Nos ensaios realizados na estrutura reforçada e não reforçada com o

subleito inundado, a inserção da geogrelha no pavimento gerou uma

redução na deflexão. Essa redução nos pontos 1, 2 e 3 foi de 14%,

33% e 15% respectivamente. Pela similitude na percentagem de

redução para os pontos 1 e 3 pode-se concluir que a inserção da

geogrelha reduziu as deflexões em 14%, valor próximo ao obtido

com o ensaio do carregamento cíclico repetido (item 4.2.2.3).

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 175: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

175

• A presença da geogrelha também resultou mecanismo que se

expressa num aumento no valor de módulo de resiliência para cada

ponto analisado. Conclui-se que expectativa de melhoria da vida útil

do pavimento deve - se à que a inclusão da geogrelha se reflete num

módulo equivalente maior.

Assim também pode-se analisar as deformações obtidas pelas nove

medições feitas para cada situação da estrutura do pavimento analisada com o

equipamento do LWD. A Tabela 4.9 apresenta a média e o desvio padrão dos

valores das deformações medidas.

Tabela 4.9 – Média e desvio padrão dos valores de deslocamentos obtidos nos

ensaios com o LWD

Ponto

Deslocamentos (mm)

Estrutura reforçada Estrutura não

reforçada

Wótima Inundado Inundado

1

0,509 2,511 2,491

0,450 0,981 1,418

0,437 1,027 1,359

2

0,496 1,198 1,908

0,467 0,829 1,193

0,480 0,824 1,166

3

0,412 1,496 1,349

0,466 0,993 1,328

0,471 0,892 1,335

Média 0,465 1,195 1,505

Desvio padrão 0,030 0,536 0,427

Analisando a Tabela 4.9 pode-se observar que a média mantém a mesma

ordem de grandeza se comparada a calculada em cada ponto de análise, para cada

ensaio, realizado para cada situação da estrutura do pavimento avaliado. Também

os valores de desvio padrão que indicam como os valores se comportam quando

distantes da média, para o ensaio da estrutura reforçada com o subleito inundado

mostram maior dispersão.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 176: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

176

4.3.2. Análise das leituras das células de carga

A utilização de células de carga no topo do subleito e da base do pavimento

teve como objetivo monitorar a transferência da carga imposta na superfície do

pavimento para o interior da estrutura. Estas células estão numeradas e instaladas

conforme mostrado na Figura 4.20. Pretendeu-se monitorar as reduções das

tensões com o afastamento da vertical que passa pelo centro da carga. A Figura

4.21 e a Figura 4.23 mostram o desenvolvimento dos registros das leituras feitas

pelas células de carga para o caso do pavimento não reforçado e reforçado na

condição do subleito compactado na condição ótima respectivamente. Na parte

inferior destas figuras pode-se ver uma tabela onde a coluna “Units/Div”

representa o quanto de carga a escala vertical do gráfico expressa. A escala

horizontal representa a duração total do pulso de carga, ou seja, 1 s, sendo 0,1 s de

aplicação de carga e 0,9 s de relaxamento da mesma. Todas as medições foram

realizadas durante cada aplicação do carregamento para cada situação da estrutura

do pavimento analisada no presente trabalho.

Apresentam-se nas Figura 4.21, Figura 4.22 e Figura 4.23, a título

ilustrativo, sequência de resultados gráficos gerados no equipamento de leitura

utilizado nesta pesquisa, que mostra as respostas fornecidas pelas células de carga

uma vez que se aplicava carga sobre o pavimento.

Figura 4.20 – Instalação das células de carga no pavimento estudado.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 177: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

177

Figura 4.21 – Exemplo de pulsos de carga medidos pelas células instaladas no

topo da base e do subleito para o pavimento não reforçado com o subleito compactado

na unidade ótima.

Analisando a Figura 4.21, constata-se, como esperado, que à medida que se

afasta da vertical do centro da carga, a tensão diminui (C-l05 com C-107). Ainda,

numa mesma vertical a carga que atinge determinado ponto da C-107 é duas vezes

menor do valor da carga que atinge o mesmo ponto da C-105.

Após a realização desta etapa do ensaio foi detectado que a célula C-105,

apesar de estar na vertical mais próxima à aplicação de carga não registrava mais

pulsos de carga, em comparação com a célula C-107 que se encontrava 20 cm

abaixo, como se pode observar na Figura 4.22. Possivelmente a capacidade

nominal em compressão da célula C-105 foi atingida durante alguma fase do

carregamento deixando de funcionar adequadamente.

Por esse motivo, a célula C-105 foi substituída pela célula C-102, para

continuar com o desenvolvimento dos ensaios. (Figura 4.23).

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 178: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

178

Figura 4.22 – Pulsos de carga registrados pela célula (C-105) onde indica que sua

capacidade nominal foi superada.

Figura 4.23 - Pulsos de carga medidos pelas células instaladas no topo da base e

do subleito para o pavimento reforçado com o subleito compactado na unidade ótima.

Analisando a Figura 4.23, constata-se nesse caso, que à medida que se afasta

horizontalmente da vertical de aplicação da carga, a carga diminui, isto aconteceu

no caso das células C-106 e C-108 (pulso amarelo e turquesa respectivamente).

Também se pode observar o efeito entres as células C-102 e C-107, que à medida

que se afasta da vertical do centro da carga, a tensão diminui, sendo que a célula

C-102 foi a que registrou maiores tensões por encontrar-se mais próxima à

aplicação de carga.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 179: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

179

Mostra-se com estes resultados que havia transmissão de esforços entre

camadas a cada pulso de carga, que estas chegavam amortecidas ao subleito e

também são menores ao longo de radiais, em torno da placa carregada, o que

justifica as deflexões decrescentes nestas posições. Isto obviamente está coerente

com a teoria da elasticidade de meios estratificados.

4.3.3. Variação do Módulo de Resiliência com a umidade

Como foi mencionado no item 3.3.6, foi utilizado também o programa

SicTri como sistema de aquisição de dados, que permite a aplicação de uma

combinação de tensões para calcular módulos de resiliência decorrentes do estado

de tensões que se formam no ensaio de carga repetida. O ensaio simula um estado

de tensões que se desenvolvem num trecho do pavimento que varia com a posição

da carga móvel P.

Visando medir a influência da umidade e dos níveis de tensões no valor do

módulo de resiliência equivalente da estrutura do pavimento, foram utilizados os

pares de tensões do ensaio de carga repetida para a determinação do módulo de

resiliência, para avaliar condições de carregamento diferentes da tensão utilizada

ao longo desta pesquisa. A tensão confinante é representada através das paredes

do tanque, sendo um valor constante, e a tensão desvio é a tensão vertical cíclica

aplicada sobre a placa de contato com a superfície do pavimento.

Mudança da umidade ocorre, em casos reais, em regiões com grandes

variações de lençol freático ou entrada de água por outras fontes na estrutura do

pavimento, tal como na região amazônica e nas de clima superúmido, ou mesmo

em pavimentos com revestimento bastante trincados superficialmente.

O objetivo destes ensaios foi de verificar a influência da umidade nos

valores do “módulo de resiliência equivalente” da estrutura do pavimento.

A Figura 4.24 mostra a título ilustrativo a linha de tendência do módulo

equivalente para a estrutura do pavimento reforçado nos casos do subleito

encontrava-se compactado na umidade ótima e após a inundação. O resultado

representa a variação a variação do MR em função da variação do estado de

tensão, expresso pelo modelo potencial de MR em função da tensão desvio (tensão

vertical cíclica).

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 180: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

180

Figura 4.24 – Gráfico do MR vs a Tensão Vertical Cíclica na estrutura do

pavimento reforçada para os casos do subleito compactado na umidade ótima e

inundado.

Analisando a Figura 4.24, pode-se observar que o incremento da umidade

fez com que os valores do módulo equivalente diminuíssem obtendo-se para a

condição do subleito antes e após da inundação na aplicação do último par de

tensões, módulos de 142 e 78 MPa, respectivamente, ou seja, o incremento da

umidade originou uma redução no valor do módulo de 55%. Esse efeito foi

verificado também por Takeda (2006), quando avaliou a influência da umidade

pós-compactação no comportamento mecânico de solos do interior do Estado de

São Paulo.

Ainda, analisando a Figura 4.24, observa-se que no decorrer da aplicação do

par de tensões, para ambas condições de umidade do subleito, o valor do módulo

de resiliência aumenta com o aumento da tensão vertical cíclica, acredita-se que

para um pavimento rodoviário disposto em camadas, a camada de maior rigidez,

ou seja, a base estaria contribuindo mais para os valores de módulo de resiliência

equivalente medido deste forma.

4.3.4. Análise das leituras realizadas pelos tensiômetros de alta capacidade (TAC)

Aguilar (1990 apud Silva, 2009), afirma que a medida direta da sucção em

solos é difícil de ser realizada, sendo usualmente possível para valores baixos de

sucção (menores do que 1 atm.).

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 181: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

181

A análise dos tensiômetros de alta capacidade empregados nesta pesquisa

foi feita para as duas condições de umidade do subleito. O interesse da pesquisa é

a análise dos valores de sucção que forneceram os tensiômetros colocados nas

camadas do subleito.

Quando se iniciou o registro das leituras dos tensiômetros, de forma

simultânea, pôde-se observar que as primeiras leituras apresentaram bastante

variabilidade nos valores da sucção, acredita-se que pelo efeito da colocação da

lama bentonítica. Após três dias do monitoramento, as leituras estabilizaram-se

registrando os tensiômetros TAC-109 e TAC-111 leituras similares,

considerando-se que neste momento tinha sido atingido o equilíbrio do contato do

solo com o tensiômetro. No entanto, os tensiômetros TAC-110 e TAC-113

registraram valores diferentes dos outros e pode-se supor que o contato

tensiômetro - solo não foi garantido. A diferença entre as leituras registradas por

eles se repetiu até o final dos ensaios, portanto, não se teve total confiança nas

leituras nesses transdutores e só foram analisados os valores da sucção dos dois

primeiros tensiômetros mencionados neste item.

É importante mencionar também que, como a calibração do tensiômetro

TAC-112 apresentou certa dificuldade, decidiu-se então que ia ser colocada na

camada da base, tendo em vista que a mesma não sofreria mudança drástica na sua

umidade e, portanto na sucção, além de ser um material muito granular já não

propício ao desenvolvimento de capilares.

Durante a realização do ensaio sobre a estrutura reforçada na condição do

subleito compactado na umidade ótima foram registrados valores de sucção, tal

como mostra a Tabela 4.10, que também apresenta valores de umidade,

registrados pelos TDRs, para cada camada correspondente ao TAC instalado.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 182: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

182

Tabela 4.10 – Valores de sucção máximos registrados pelos TAC instalados na

estrutura do pavimento (subleito compactado na umidade ótima).

Estrutura do pavimento

TAC N°

Sucção Umidade

registrada pelos TDRs (%) (kPa)

Subleito (1,00m)

109 -8,92 16,67

110 -13,99 16,17

111 -8,27 17,07

113 -18,49 17,17

Base 112 -49,95 5,34

(0,20m)

Como se pode observar na Tabela 4.10, os valores de sucção registrados

pelos tensiômetros TAC-109 e TAC-111 apresentam valores de sucção próximos,

no entanto, os tensiômetros TAC-110 e TAC-113 diferem muito dos valores

obtidos pelos outros mesmo com umidades parecidas.

Quando analisada a relação entre a umidade e a sucção, uma umidade maior

corresponde uma menor sucção e uma umidade menor corresponde uma maior

sucção, pode-se observar com respeito às duas variáveis (umidade e sucção) para

os dois materiais utilizados que esta relação é obtida.

Terminada a etapa de ensaios com o subleito compactado na umidade ótima

foi inundado o solo do subleito, sendo também interesse os valores da sucção

nesta condição do subleito. Nos trabalhos de inserção da geogrelha que implicou a

retirada da camada de base para logo inserir o material de reforço (geogrelha) e

novamente compor a camada compactada, o tensiômetro TAC-112 foi

prejudicado perdendo-se a calibração do mesmo, a partir desse momento ele

registrava valores muito variáveis a cada instante, descartando-se suas leituras.

A Tabela 4.11 mostra os valores de sucção dos tensiômetros TAC-109 e

TAC-111 durante o desenvolvimento do terceiro ensaio no Tanque-Teste quando

o subleito da estrutura reforçada foi inundado. As leituras foram registradas após o

tempo de uniformização da umidade ao longo do perfil do subleito, ou seja, após

26 dias.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 183: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

183

Tabela 4.11 – Valores de sucção máximos registrados pelos TAC instalados na

estrutura do pavimento (subleito inundado).

Estrutura do pavimento

TAC N°

Sucção Umidade

registrada pelos TDRs (%) (kPa)

Subleito (1,00m)

109 -1,06 27,67

111 -0,57 27,57

Comparando os valores de sucções para ambas as situações de umidade do

subleito, pode-se notar que houve diminuição da sucção quando o solo foi

submetido à inundação, como mostra a Tabela 4.12, como esperado.

Tabela 4.12 – Valores de sucção máximos registrados nas duas condições de

umidade do subleito.

Estrutura do pavimento

TAC Umidade ótima (%)

Sucção Umidade após

inundação (%)

Sucção

(kPa) (kPa)

Subleito (1,00m)

109 16,67 -8,92 27,67 -1,06

111 17,07 -8,27 27,57 -0,57

Silva (2009), na sua tese de doutorado, obteve valores de sucção para um

solo residual (horizonte C), com a utilização dos mesmos tensiômetros utilizados

nesta pesquisa, para três diferentes situações de umidade: a) durante a instalação

do instrumento; b) durante a saturação do pavimento até o NA no topo do

subleito; c) 4 dias após o rebaixamento do NA a 15 cm abaixo do tensiômetro.

Supõe-se que o valor de sucção registrada na primeira condição da umidade

corresponde a um subleito com a menor umidade, ou seja, a umidade na condição

ótima de compactação ou próxima a ela, já que o pesquisador menciona que essa

condição analisada foi após três ciclos completos de saturação e drenagem. Os

valores de sucção obtidos na pesquisa de Silva (2009) são apresentados na Tabela

4.13.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 184: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

184

Tabela 4.13 – Valores de sucção e umidade apresentadas no trabalho de Silva

(2009) para cada situação de umidade.

Situação de Umidade Sucção

umidade (%) (kPa)

(a) 10,00 -21,09

(b) 19,30 -2,86

(c) 18,10 -3,02

Analisando os resultados apresentados na Tabela 4.12 e na Tabela 4.13

pode-se observar:

• Em ambos os trabalhos os valores da sucção obedecem à umidade na

qual foram medidas, verificando o bom desempenho dos

tensiômetros.

• Os valores de sucção encontram-se num intervalo entre -21,09 e -

3,02 kPa para o trabalho de Silva, no entanto, para o presente

trabalho esse intervalo se encontra entre -8,92 e -0,57 kPa,

influenciando nestes valores o teor de umidade de cada situação.

• Comparando a situação de umidade ótima do subleito de ambos os

trabalhos, os valores de sucção de -21,09 e -8,92 kPa obtidos para as

umidades de 10% e 17%, respectivamente, pode-se concluir que,

esta diferença se justifica também porque os solos são diferentes.

Pode-se concluir que os tensiômetros de alta capacidade responderam

satisfatoriamente aos efeitos de variação da umidade do subleito fornecendo

valores de sucção coerentes com cada situação da umidade do solo do subleito.

Analisando os valores de sucção nas duas condições de umidade do solo

utilizado no subleito, obtidos com os tensiômetros de alta capacidade e através da

técnica do papel filtro (curva característica) pode-se observar que a diferença é

bastante grande concluindo que a forma de preparação da amostra na qual foi

medida a sucção e o volume do material empregado é determinante para a

obtenção dos resultados.

Ainda analisando os resultados obtidos nos itens 4.3.3 e 4.3.4 pode-se

observar a variação do módulo de resiliência e da sucção quando a condição de

umidade de subleito varia, existindo uma relação entre a diminuição dos valores

de módulo e da sucção e o aumento da umidade do solo pelo efeito da inundação

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 185: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

185

do subleito. Esta relação também pode ser considerada em sentido inverso, no

aumento dos valores de módulo e sucção quando o subleito encontrava-se na

umidade ótima (umidade menor).

4.3.5. Módulos de resiliência obtidos a partir da retroanálise das bacias de deflexão

Com o objetivo de estimar o valor do módulo de resiliência da camada de

base e do subleito, efetuou-se uma retroanálise mediante o programa

computacional ELSYM5, empregando como “valores de entrada” as espessuras e

“módulos semente” do subleito e da base, variando-se o valor do módulo de

ambas as camadas até obter “valores de saída” próximos à deflexão obtida nos

ensaios de carregamento cíclico para as etapas da estrutura reforçada e não

reforçada quando o subleito encontrava-se inundada.

O programa ELSYM5 (FHWA, 1978) é um programa em Fortran, que

calcula tensões, deformações e deslocamentos para um sistema tridimensional de

camadas elásticas. O carregamento pode ser de uma ou mais cargas aplicadas

uniformemente sobre uma área circular na superfície do sistema. Cada camada é

de espessura uniforme e estende-se horizontalmente. O programa pode analisar o

sistema de camadas assente sobre uma base rígida de espessura finita ou assente

sobre um semi-espaço elástico (Silva, 2001).

Para as análises, assumiu-se que os materiais apresentam comportamento

elástico-linear com características mecânicas como as de materiais encontrados

em rodovias brasileiras. A Tabela 4.14 apresenta os módulos de elasticidade e os

coeficientes de Poisson considerados para o subleito e a camada da base, essas

características mecânicas são encontrados na bibliografia, dos quais só os

coeficientes de Poisson foram utilizados como dado de entrada para a realização

da retroanálise no presente trabalho. Mas pode-se perceber que a retroanálise

levou a valores próximos a estes na condição de umidade ótima e com a

geogrelha, como mostrado a seguir.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 186: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

186

Tabela 4.14 - Módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson típicos para os

materiais que compõem um pavimento flexível.

Materias Módulo de elasticidade Coeficiente de

(MPa) Poisson

Base granular 450

0,35

Subleito 45

0,30

A carga externa aplicada para a qual foi obtida a bacia deflectométrica é de

26,96 kN neste experimento.

As bacias de deflexão utilizadas para a retroanálise são as que correspondem

às estruturas do pavimento para as quais foi utilizada a geogrelha e também para a

estrutura sem geogrelha com o subleito inundado.

A Tabela 4.15 apresenta os módulos de resiliência da camada de base e

subleito obtidos por retroanálise das bacias de deflexões (Figura 4.4) fornecidas

pelo ensaio com a utilização de geogrelha com o subleito compactado na umidade

ótima. Nesta tabela também são mostradas as deflexões obtidas tanto no ensaio de

carga cíclica no Tanque-Teste e através da retroanálise.

Tabela 4.15 – Módulos de resiliência obtidos a partir da retroanálise das bacias de

deflexões com reforço, para a condição de subleito compactado na umidade ótima.

Camada

Deflexão máxima (mm)

Módulo de Resiliência (MPa)

Ensaio Carga Cíclica Retroanálise

(ELSYM5) Retroanálise (ELSYM5)

"Modelo Físico"

Base 0,80 0,78

514

Subleito 74

Analisando os resultados da Tabela 4.15, torna-se visível a mínima

diferença dos valores de deflexão entre a bacia deflectométrica (estrutura física) e

a teórica obtida pelo ELSYM5. A deflexão máxima recalculada pelo ELSYM5

apresenta um bom ajuste ao valor da deflexão obtida no ensaio.

Para averiguar o efeito do umedecimento do subleito foram determinados os

módulos de resiliência a partir da retroanálise das curvas de deflexões obtidas

após o processo de inundação do subleito (Figura 4.14). A Tabela 4.16 apresenta

os módulos de resiliência obtidos a partir da retroanálise dos ensaios com e sem a

utilização da geogrelha, após a inundação do subleito, assim também as deflexões

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 187: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

187

máximas obtidas em ambos os métodos de avaliação do comportamento da

estrutura do pavimento.

Tabela 4.16 - Módulos de resiliência obtidos a partir da retroanálise das bacias de

deflexões, para a condição de subleito inundado

Camada

Estrutura reforçada Estrutura não reforçada

Deflexão máxima MR Deflexão máxima MR

(mm) (MPa) (mm) (MPa)

Ens.Carga Cíclica

Retroanálise Retroanálise

Ens. Carga Cíclica

Retroanálise Retroanálise Modelo Físico

Modelo Físico

Base 1,46 1,42

300 1,63 1,62

266

Subleito 45 40

Analisando a Tabela 4.16, observa-se que para as mesmas condições de

umidade do subleito, com a retroanálise realizada para cada caso, há pequeno

incremento do módulo para a estrutura do pavimento reforçada. Verifica-se a

porcentagem de acréscimo dos módulos de resiliência em função da utilização da

geogrelha de 13%, esse fato indica que a inserção da geogrelha é equivalente a um

pequeno enrijecimento da camada de base. Este valor está coerente com as

análises feitas com as deflexões. O maior aporte estrutural da geogrelha, no

entanto, mostrou neste experimento ser nas deformações permanentes.

4.3.6. Relação entre a abertura da malha da geogrelha e o tamanho médio dos grãos da brita.

A característica principal da geogrelha é que a abertura da sua malha é

grande o suficiente para permitir o entrosamento das partículas do solo ou do

material granular em contato com a mesma, proporcionando uma interação por

atrito e intertravamento, que restringe a sua movimentação lateral, desenvolvendo

o mecanismo da restrição à movimentação lateral do solo. Mecanismo que

desenvolve a geogrelha indicado no item 2.6 (Figura 2.16).

Para o caso de solos granulares, a abertura das geogrelhas pode permitir que

partículas de solo encaixem-se entre as nervuras, aumentando assim sua

resistência ao arrancamento (Teixeira, 2003).

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 188: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

188

Kakuda (2010) menciona que a geogrelha utilizada na restauração de

pavimentos flexíveis deve apresentar uma relação entre a abertura da malha e

diâmetro máximo do agregado deve ficar no intervalo de 2 a 10.

A relação entre a abertura da malha da geogrelha (40 mm) e o diâmetro

médio dos grãos da brita (1”) utilizados nesta pesquisa é de 1,5, tratando-se de um

material com uma porcentagem de finos de 10%, o intertravamento entre o

material e a geogrelha, seria mais eficaz se o material não tivesse finos.

Os solos granulares bem graduados, ainda, de oferecer maior resistência

apresentam melhor intertravamento entre os seus grãos, os grãos maiores deslizam

com maior dificuldade quando empurrados pelos elementos transversais. Os grãos

maiores movimentam-se de encontro os grãos menores formando

progressivamente uma massa firme de solo em frente aos elementos transversais,

o que promove uma maior resistência passiva e, por consequência, uma maior

resistência ao deslizamento.

Garantindo o intertravamento efetivo do agregado e a geogrelha que ocorre

na abertura da malha, a inclusão atua confinando o material e melhora suas

características de resistência e rigidez. Assim, a maior economia que o reforço

pode gerar é a redução da espessura da camada de base.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 189: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

189

5 Considerações Finais

Neste capítulo são apresentadas as conclusões deste trabalho, que teve por

objetivo principal analisar o comportamento mecânico de uma estrutura de

pavimento montada em um modelo físico, sem e com reforço de geogrelha,

submetida a carregamento cíclico e à variação da umidade do material do subleito.

5.1. Conclusões

A partir dos resultados e análises apresentados no desenvolvimento do

presente trabalho foi possível chegar às seguintes conclusões:

• A utilização da geogrelha como material de reforço na camada de

base mostrou ser eficiente na redução dos deslocamentos superficiais

verticais, apresentando maior redução nas deformações permanentes

ou plásticas na condição saturada do subleito.

• Observou-se a eficácia da geogrelha no processo de compactação da

camada de base através da determinação da massa específica

aparente in situ com o emprego do frasco de areia comparando a

situação sem e com a geogrelha. Houve mobilização da geogrelha

durante o processo de aplicação da energia e pela sua resistência à

tração opôs-se à deformação lateral do material de base tornando

mais eficiente a absorção da energia.

• Verificou-se que a utilização da geogrelha como reforço de base

passa a ser mais eficaz à medida que a capacidade de suporte do

subleito é menor.

• O modelo físico (tanque – teste) empregado nesta pesquisa mostrou-

se adequado para o propósito previsto como objetivo deste estudo.

• O emprego de ensaios com o LWD para a avaliação estrutural não

destrutiva do pavimento experimental mostrou-se eficiente gerando

resultados próximos aos obtidos no carregamento cíclico no modelo

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 190: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

190

físico, sendo uma ferramenta recomendável para estudos

deflectométricos de forma pontual.

• O uso do Geogauge é muito prático e permitiu o acompanhamento

dos trabalhos de compactação do subleito e da base, obtendo-se com

esse equipamento, módulos de resiliência próximos aos obtidos nos

ensaios triaxiais cíclicos dos materiais que conformam a estrutura do

pavimento.

• O processo de umedecimento (inundação) da estrutura do pavimento

mais propriamente dito do subleito, a partir da compactação na

umidade ótima, produziu uma diminuição de 55% no valor do

módulo de resiliência, quando comparados ao resultado do ensaio

realizado na umidade ótima, concluindo que a variação da umidade

repercute muito na perda de rigidez deste tipo de material empregado

no subleito deste estudo.

• A instrumentação com TDR destinada ao controle da umidade do

“Tanque-Teste” forneceu resultados satisfatórios face às duas

situações de umidade consideradas para os ensaios.

• A medida de deflexões em vários pontos fora da área de atuação da

carga é válida e permite fazer a retroanálise para verificar o valor de

módulos de resiliência das camadas do pavimento, antes e após a

inserção da geogrelha, apresentando valores de rigidez superiores

com a utilização do reforço.

• A caracterização e estudo do solo do subleito proveniente de uma

jazida local do Estado do Rio de Janeiro permitiu contribuir com o

catálogo de materiais destinados a obras rodoviárias.

• Verificou-se que um solo não laterítico siltoso NS’ quando

compactado na umidade ótima e massa especifica aparente máxima

apresenta baixa capacidade de suporte quando imerso em água,

refletido em um módulo de resiliência baixo.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 191: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

191

5.2. Recomendações e sugestões para trabalhos futuros

Sugere-se que, em trabalhos futuros, sejam considerados os seguintes

aspectos:

• Utilizar outro tipo de solo como material do subleito, que possa

evidenciar melhor a eficácia do uso de geossintético como material

de reforço em pavimentos.

• Impermeabilizar o equipamento de verdadeira grandeza “Tanque-

Teste”, para evitar perdas de umidade através dos caminhos

preferenciais da água, como fissuras da estrutura do concreto,

interface PVC - concreto.

• Analisar uma estrutura de pavimento com revestimento asfáltico

com geogrelha como reforço de base.

• Variar a geogrelha testada quanto à geometria e às características

técnicas e de materiais.

• Variar o material da camada de base, considerando misturas com

materiais alternativos (rejeito de mineração, solo cinza, solo-

cimento, dentre outros).

• Melhorar a resposta dos estudos com o modelo físico aumentando a

instrumentação colocada dentro do pavimento a ser testado que

permitam medir: deformações do solo, verticais e horizontais em

várias profundidades e utilizar medidores de deslocamento do

reforço (geogrelha) tal como é feito no modelo físico de estruturas

de contenção existente no próprio Laboratório de Geotecnia da

COPPE.

• No intuito de adotar boas práticas ambientais é importante

desenvolver o estudo de novas tecnologias que levem à menor

necessidade de utilização de materiais naturais.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 192: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

192

6 Referências Bibliográficas

AMERICAN ASSOCIATION OF HIGHWAY AND TRANSPORTATION OFFICIALS. Guide for Design of Pavement Structures. Washington. 1993. ANTUNES, L. G. S. Reforço de Pavimentos Rodoviários com Geossintéticos. Dissertação de Mestrado, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Brasília, DF. 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7181: Solo – Análise granulométrica. Rio de Janeiro, 1984. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6457: Teor de umidade natural. Rio de Janeiro, 1984. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6508: Massa específica real dos grãos. Rio de Janeiro, 1984. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6459: Solo – Determinação do limite de liquidez. Rio de Janeiro, 1984. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7180: Solo – Ensaio de Compactação, 1986b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7182: Solo – Determinação do limite de líquidez. Rio de Janeiro, 1984. ASTM D 5298-03 – Standard Test Method for Measurement of Soil Potential (Suction) Using Filter Paper. ASTM D5858 – Standard Guide for Calculating In Situ Equivalent Elastic Moduli of Pavement Materials Using Layered Elastic Theory. 1996(2008). BASTOS, G. A. Comportamento mecânico de misturas asfálticas reforçadas com geogrelhas para pavimentos flexíveis. Dissertação de Mestrado, PUC/RJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2010. BERNUCCI, L. L. B., et al. Pavimentação asfáltica: Formação básica para engenheiros. 1°ed. Programa Asfalto nas Universidades, Petrobras Distribuidora S.A., 2008. CAPPER, P. L.; CASSIE, W. F. The mechanics of engineering soil. Sixth Edition. London, England, 1976.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 193: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

193

CARMO, C. A. T. do; D’ÁVILA, C. A.; RUIZ, E. F. Deformation Analysis of a Geogrid-Reinforced Pavement. Second Pan American Geosynthetics Conference & Exhibition. GeoAmericas. Lima, Perú. 2012. CENTURIÓN, C. A.; VILELA, A. A.; MARQUINHA, M. R. Uso de geogrelhas para a redução da espessura de pavimento e melhoramento de subleito em solos de baixa capacidade de suporte. Revista Fundações & obras geotécnicas. Ano 3. Nº 24. Pag. 56 – 62. Editora Rudder, Setembro 2012. COMITÊ TÉCNICO GEOTÊXTIL. Curso Básico de Geotêxteis. ABINT. 1ª Edição Rooka´z. 2001. CÓRDOVA, H.; GUIMARÃES A. Avaliação e controle estrutural de pavimentos asfálticos utilizando deflectometría com uso de equipamento tipo FWD. In: 17a Reunião de pavimentação urbana, Porto Alegre, RS, Brasil, 2011. D’ALMEIDA, G. P. A. Caracterização Física e Classificação dos Solos. Faculdade de Engenharia. Departamento de Transportes. UFJF. 2005. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. DNIT – IPR 134/2010: Pavimentação – solos – Determinação do módulo de resiliência – Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2010. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. DNIT – IPR 055/2004: Pavimento Rígido – Prova de carga estática para determinação do coeficiente de recalque de subleito e sub-base em projeto de avaliação de pavimentos. Rio de Janeiro, 2004. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-ME 035/98: Agregados – Determinação da abrasão “Los Angeles”. Rio de Janeiro, 1998. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-ME 254/97: Solos compactados em equipamento miniatura – Mini-CBR e expansão. Rio de Janeiro, 1997. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-CLA 259/96: Classificação de solos tropicais para finalidades rodoviárias utilizando corpos de prova compactados em equipamento miniatura. Rio de Janeiro, 1996. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-ME 049/94: Solos – determinação do Índice de Suporte Califórnia utilizando amostras não trabalhadas. Rio de Janeiro, 1994. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-ME 088/94: Solos – determinação da umidade pelo método expedito do álcool. Rio de Janeiro, 1994.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 194: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

194

DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-ME 092/94: Solo – determinação da massa específica aparente “in situ”, com emprego do frasco de areia. Rio de Janeiro, 1994. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-PRO 269/94: Projeto de restauração de pavimentos flexíveis. Rio de Janeiro, 1994. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-PRO 010/79: Avaliação estrutural dos pavimentos flexíveis. (Procedimento A). Rio de Janeiro, 1979. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-PRO 011/79: Avaliação estrutural dos pavimentos flexíveis. (Procedimento B). Rio de Janeiro, 1979. Dynatest Inc. Dynatest 3031 LWD test system owner’s manual technical description. 2006. ENGEPOL. Manual de Geossintéticos – 3ª Edição. Engepol Geossintéticos Ltda. Barueri – SP – Brasil. FRANCO, F. A. C. D. P. Um sistema para análise mecanística de pavimentos asfálticos. Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2000. FRANCO, F. A. C. D. P. Método de dimensionamento mecanístico - empírico de pavimentos asfálticos - SisPav. Tese de Doutorado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2007. FREDLUND SOIL WATER CHARACTERISTIC DEVICE SWC-150. Operating Instructions Version 1.1. GEOGAUGETM Model H-4140. User Guide Version 4.1. Humbolt Mgf. Co. Illinois. U.S.A. 2007. GONÇALVES, F. J. P. O desempenho dos pavimentos flexíveis. Rio Grande do Sul: Universidade de Passo Fundo, Novembro 1999. GONÇALVES, F. J. P. Estudo experimental do desempenho de pavimentos flexíveis a partir de instrumentação e ensaios acelerados. Tese de Doutorado, PPGEC/UFRGS, Rio Grande do Sul, Brasil. 2002. GÓNGORA, I. A. G. Utilização de Geossintéticos como reforço de estradas não pavimentadas: Influencia do tipo de reforço e do material do aterro. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF. 2011. GRECO, J. A. S. Materiais para pavimentação. Disciplina ETG033, Construção de Estradas e Vias Urbanas. Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia. UFMG.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 195: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

195

GUIMARÃES, A. C. R. Um método mecanístico empírico para a previsão da deformação permanente em solos tropicais constituintes de pavimentos. Tese de Doutorado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil. 2009. KAKUDA, F. M. Desenvolvimento e a utilização de um equipamento de grandes dimensões na análise do comportamento mecânico de uma seção de pavimento sob carregamento cíclico. Tese de Doutorado. USP/SP, São Carlos, Brasil. 2010. MALYSZ, R. Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de agregados utilizados como camada de pavimentos. Tese de Doutorado. PPGEC/UFRGS, Porto Alegre, Brasil. 2009. MANILLA, A. A. A. et al. La permeabilidad de los suelos en los problemas de transporte de contaminantes. Aplicación en la infraestrutura del transporte. Publicación técnica No. 195. Secretaria de Comunicaciones y Transportes. Instituto Mexicano del Transporte. Sanfandila, Qro, 2002. MEDINA, J.; MOTTA, L. M. G. Mecânica dos Pavimentos. 2ª Edição. Editora UFRJ. ISBN 85-905987-3-3. Rio de Janeiro. Brasil. 2005. MEDRANO, W.; GUIMARÃES, A. C. R.; MOTTA, L. M. G. Avaliação do comportamento mecânico de um solo arenoso fino do norte de Minas Gerais para emprego em vias de baixo volume de tráfego. Revista Pavimentação-ABPv. Ano V – N°17. Pag. 9-18. Abr/Mai/Jun de 2010 MOTTA, L. M. G.; MEDINA, J. Investigação e Desenvolvimento em Mecânica dos Pavimentos na COPPE. Engenharia Civil. UM. Pag. 85-97. COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2006. NACINOVIC, M. G. G. Estudo de erosão pela análise de sucção e escoamento superficial na bacia do Córrego Sujo. Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2009. NÓBREGA, E. S. Comparação entre métodos de retroanálise em pavimentos asfálticos. Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2003. NOGAMI, J.S., VILLIBOR, D.F. Pavimentação de baixo custo com solos lateríticos. Editora Villibor. São Paulo. 1995. PEREIRA, A. D. S. Utilização de geotêxteis em reforço de pavimento aplicado em um trecho experimental. Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2002. PERKINS, S. W. et al. Comparison of Large Scale Laboratory Box Test and Field Performance. Second Pan American Geosynthetics Conference & Exhibition. GeoAmericas. Lima, Perú. 2012.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 196: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

196

PINTO, C. S. Curso Básico de Mecânica dos Solos, Oficina de Textos, 2ª Ed., São Paulo. 2006. PINTO, S. Estudo do comportamento à fadiga de misturas betuminosas e aplicação na avaliação estrutural de pavimentos. Tese de Doutorado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 1991. RAMOS, C. R. Estudo para o desenvolvimento de um catálogo de pavimentos flexíveis do município do Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2003. REIS, A. C. D. C.; GUIMARÃES, A. C. R. Estudo sobre a deformabilidade da camada de base da nova pista de pouso e decolagem do aeroporto de Guarulhos/SP. XI Congresso Brasileiro de Mecânico dos Solos e Engenharia Geotécnica – COBRAMSEG, 2012. REIS, N. F. S. D. Análise estrutural de pavimentos rodoviários. Aplicação a um pavimento reforçado com malha de aço. Dissertação de Mestrado, Instituto Superior Técnico. Universidade Técnica de Lisboa. Portugal, 2009. RODRIGUES, R. M., Estudo do trincamento dos pavimentos. Tese de Doutorado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 1991. SILVA, B. H. de A. Aplicação das metodologias MCT e resiliente a solos finos do centro-norte do Mato Grosso. Dissertação de Mestrado, Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2003. SILVA, B. H. de A. Análise mecânica de um pavimento rodoviário submetido à oscilação do lençol freático simulada em modelo físico de verdadeira grandeza. Tese de Doutorado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2009. SILVA, P. D. E. A. D. Instrumentação de Pavimentos – o caso da pista experimental circular do IPR/DNER na pesquisa de “Whitetopping”. 1º Seminário de qualificação acadêmica para candidatura ao doutorado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro. 1999. SILVA, P. D. E. A. D. Estudo de reforço de concreto de cimento (Whitetopping) na pista circular experimental do Instituto de Pesquisas Rodoviárias. Tese de Doutorado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2001. SVENSON, M. Ensaios triaxiais dinâmicos de solos argilosos. Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 1980. TAKEDA, M. C. D. A influência da variação da umidade pós-compactação no comportamento mecânico de solos de rodovias do interior paulista. Tese de Doutorado. USP/SP, São Carlos, Brasil. 2006. TEXEIRA, S. H. C. Estudo da interação solo - geogrelha em testes de arrancamento e a sua aplicação na análise e dimensionamento de maciços reforçados. Tese de Doutorado. USP/SP, São Carlos, Brasil. 2003.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 197: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

197

TOMMASELLI, J. T. G.; BACCHI, O. O. S. Calibração de um equipamento de TDR para medida de umidade de solos. Pesquisa agropecuária brasileira. Brasília, v. 36, n. 9, pag. 1145-1154. Set 2001. TRICHÊS, G., PITTA, M. D. e D’OLIVEIRA, A. Avaliação do comportamento mecânico da camada de lastro de pedra pulmão empregada no lote 8 da duplicação da BR-101. Reunião Anual de Pavimentação, Florianópolis. 2000. TRIME-FM. Disponível em: HTTP://www.trime.com.br/fm_tecnologia.htm. Acesso em 20 de junho de 2012. UBALDO, M. D. O. Uso de cinzas de carvão na composição de uma cobertura de rejeitos de mineração. Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2005. VERTEMATTI, J. C., Manual Brasileiro de Geossintéticos. ABINT Editora Edgard Blucher. 2004. WRIGLEY, N. E. et al. The importance of installation damage in designing pavements reinforced with integrally formed geogrids. Second Pan American Geosynthetics Conference & Exhibition. GeoAmericas. Lima, Perú. 2012 ZAMBRANO, F. J. A., Estudo de reforço de pavimentos com ensaios de arrancamento em equipamento de pequenas dimensões. Dissertação de Mestrado. USP/SP, São Carlos, Brasil. 2007.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 198: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

198

ANEXO Leituras de umidade registrada pelos TDRs.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB
Page 199: Análise do comportamento mecânico de pavimento ... reforçado com geossintético sob carregamento cíclico em modelo físico de verdadeira grandeza ... em projetos e obras no Perú

199

Leituras de umidade registrada pelos TDRs.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112032/CB