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LUIZA TASSINARI MORAES ANÁLISE DE RISCOS VINCULADA A CUSTOS: UM ESTUDO DE CASO Trabalho de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção de Diploma de Engenheiro de Produção. São Paulo 2009

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LUIZA TASSINARI MORAES

ANÁLISE DE RISCOS VINCULADA A CUSTOS:

UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção de Diploma de Engenheiro de Produção.

São Paulo

2009

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LUIZA TASSINARI MORAES

ANÁLISE DE RISCOS VINCULADA A CUSTOS: UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção de Diploma de Engenheiro de Produção. Orientador: Prof. Dr. Mauro Zilbovicius.

São Paulo 2009

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DEDICATÓRIA

Aos meus avós, ambos engenheiros, ambos politécnicos.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao professor Dr. Mauro Zilbovicius por sua atuação

como orientador deste trabalho. Gostaria de agradecer também meus pais, amigos e meu

namorado Guilherme, por todo o apoio e incentivo.

Gostaria de agradecer aos colegas de trabalho e aos amigos da faculdade, pelo auxilio na

realização deste trabalho. Obrigada a todos por ajudar a torná-lo possível.

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RESUMO

Este trabalho irá abordar elementos do gerenciamento de riscos em projetos. Ele tratará da

análise quantitativa de riscos aplicada a um estudo de caso de um projeto de grande porte de

uma refinaria do setor de óleo e gás. Seu objetivo foi dividido em três partes: elaboração de

um modelo de análise quantitativa de riscos, avaliação dos riscos vinculados aos custos do

projeto, e análise dos custos do projeto após a aplicação do modelo. Para o desenvolvimento

da análise de riscos no estudo de caso, foi consultada a bibliografia referente ao

gerenciamento de projetos, gerenciamento de riscos e simulação. A metodologia aplicada foi

a da análise qualitativa dos riscos do projeto, seguida da análise quantitativa dos mesmos,

obtida a partir de um modelo criado com emprego de simulação. Este modelo foi elaborado

com o auxílio de um software apropriado. Os principais resultados obtidos pela análise

quantitativa indicaram uma grande variação nos custos das atividades de construção e

montagem e atividades de aquisições (procurement) do projeto, devido à quantificação dos

custos dos riscos relacionados a estes atividades. Por fim, concluiu-se que, para a viabilidade

econômica do projeto, há a necessidade do tratamento de riscos do projeto, para a diminuição

de seus impactos no custo do mesmo.

Palavras-chave: Administração de Projetos. Administração de Riscos. Estudo de Caso.

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ABSTRACT

This report will inform about elements of project management risks. It will discuss about

quantitative risk analysis applied in a case study of a large sized project of an oil and gas

sector refinery. Its objective have been divided in three parts: the elaboration of a quantitative

risk analysis model, the evaluation of risks linked with costs of the project and the cost

analysis of the project after the model development. For the development of the risk analysis

in the case study, references of project management, risk management and simulation were

consulted. The methodology used was the qualitative risk analysis, followed by the

quantitative analysis of those, obtained from a simulated model developed with the support of

appropriated software. The main results obtained from the quantitative analysis indicate a

great variation in costs of construction, installation and procurement activities, because of the

risks cost quantification related to those activities. Finally, the results indicate that in order to

achieve the economic viability there is the need to treat the project risks aiming the reduction

of the costs impact.

Keywords: Case Study. Project Management. Risk Management.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Tipologias de Produção. Fonte: Adaptado de Slack (1993) apud Carvalho e

Rabechini Jr. (2008, p. 15). ...................................................................................................... 20

Figura 2: Áreas de conhecimento específicas. Fonte: Adaptado de Carvalho e Rabechini Jr.

(2008, p. 6). .............................................................................................................................. 22

Figura 3: Espectro de Gerenciamento de Riscos. Fonte: Adaptado de Salles Jr. et al. (2006, p.

26). ............................................................................................................................................ 27

Figura 4: Gerenciamento de riscos ao longo do projeto. Fonte: Adaptado de Salles Jr. et al.

(2006, p. 35). ............................................................................................................................ 28

Figura 5: Escala de Impacto do Risco para quatro objetivos do projeto. Fonte: PMBOK (2004,

p. 245). ...................................................................................................................................... 32

Figura 6: Matriz de Probabilidade e Impacto (valores numéricos). Fonte: Adaptado de

PMBOK (2004, p. 252). ........................................................................................................... 33

Figura 7: Processo de modelagem quantitativa. Fonte: Adaptado de Cooper et al. (2005, 253).

.................................................................................................................................................. 35

Figura 8: Processo de simulação. Fonte: Adaptado de Cooper et al. (2005, 259). ................... 37

Figura 9: Processo de estimativa de custos através da análise quantitativa de riscos. Fonte:

Adaptado de Cooper et al. (2005, p. 266). ................................................................................ 44

Figura 10: Relação entre Processos do Gerenciamento de Projetos. Fonte: Adaptado do

Procedimento de Gerenciamento de Riscos do Consórcio. ...................................................... 55

Figura 11: Escala de Probabilidade. Fonte: Elaborado pela autora. ......................................... 63

Figura 12: Escala de Impacto. Fonte: Elaborado pela autora. .................................................. 64

Figura 13: Matriz de Probabilidade X Impacto. Fonte: Elaborado pela autora. ....................... 64

Figura 14: Ferramenta para análise qualitativa do software Primavera Risk Analysis. Fonte:

Software Primavera Risk Analysis. .......................................................................................... 65

Figura 15: CBS do projeto. Fonte: Elaborado pela autora. ...................................................... 87

Figura 16: Relações entre grupo de atividades. Fonte: Elaborado pela autora. ........................ 90

Figura 17: Comparação entre modelo base e modelo com todos os riscos inseridos. Fonte:

Elaborado pela autora. .............................................................................................................. 97

Figura 18: Comparação entre novo modelo base e modelo com todos os riscos inseridos.

Fonte: Elaborado pela autora. ................................................................................................... 98

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Figura 19: Comparação de resultados com mil e dez mil interações. Fonte: Elaborado pela

autora. ....................................................................................................................................... 99

Figura 20: Comparação de probabilidade Triangular e Uniforme. Fonte: Elaborado pela

autora. ....................................................................................................................................... 99

Figura 21: Comparação entre modelo com e sem atividades correlacionadas. Fonte: Elaborado

pela autora............................................................................................................................... 101

Figura 22: Comparação do custo total do projeto. Fonte: Elaborado pela autora. ................. 103

Figura 23: Gráfico Tornado – custos. Fonte: Elaborado pela autora...................................... 105

Figura 24: Gráfico Tornado – riscos. Fonte: Elaborado pela autora. ..................................... 106

Figura 25: Custo acumulado no tempo. Fonte: Elaborado pela autora. ................................. 108

Figura 26: Comparação do custo total do projeto nos casos pré e pós-mitigação. Fonte:

Elaborado pela autora. ............................................................................................................ 110

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Escala de Probabilidade de Ocorrência do Risco. Fonte: Adaptado de Cooper et al.

(2005, p. 53). ............................................................................................................................ 31

Tabela 2: Matriz de Probabilidade e Impacto (qualitativa). Fonte: Adaptado de Cooper et al.

(2005, p. 55). ............................................................................................................................ 33

Tabela 3: Estrutura RBS. Fonte: Adaptado do Procedimento de Gerenciamento de Riscos do

Consórcio. ................................................................................................................................. 56

Tabela 4: Análise Qualitativa de Riscos. Fonte: Elaborado pela autora. ................................. 66

Tabela 5: Comparativo entre modelos. Fonte: Elaborado pela autora. .................................. 101

Tabela 6: Comparação de custos do projeto. Fonte: Elaborado pela autora........................... 104

Tabela 7: Mitigação de Riscos. Fonte: Elaborado pela autora. .............................................. 109

Tabela 8: Comparação do custo total do projeto nos casos pré e pós-mitigação. Fonte:

Elaborado pela autora. ............................................................................................................ 111

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LISTA DE SIGLAS

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China

CBS – Cost Breakdown Structure

COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

EAP – Estrutura Analítica do Projeto

EMV – Expected Monetary Value

EPC – Engineering, Procurement and Construction

EV – Expected Value

EVA – Earned Value Analysis

IRPJ – Imposto de Renda – Pessoa Jurídica

LI – Licença de Implantação

LO – Licença de Operação

LP – Licenças Prévia

MDP – Método de Diagrama de Precedência

ONG – Organização Não Governamental

PAC – Programa de Aceleração de Crescimento

PDCA – Plan, Do, Check, Act

PIS – Programa de Integração Social

PIT – Plano de Inspeção e Testes

PMBOK – Project Management Institute Body of Knowledge

PMI – Project Management Institute

RBS – Risk Breakdown Structure

SMS – Saúde, Segurança e Meio Ambiente

TIR – Taxa Interna de Retorno

WBS – Work Breakdown Structure

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 15

1.1.Considerações iniciais ................................................................................................... 15

1.2.Descrição da empresa ................................................................................................... 16

1.3.Descrição do consórcio e do projeto .......................................................................... 16

1.4.Tema e objetivo do trabalho ....................................................................................... 18

1.5.Estrutura do trabalho ................................................................................................... 18

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 19

2.1.Conceitos básicos de gestão de projetos .............................................................. 19

2.1.1.Definição de projeto....................................................................................................... 19

2.1.2.Características da gestão de projeto ............................................................................ 21

2.2.Gerenciamento de riscos em projetos .................................................................. 25

2.2.1.Naturezas e características do risco ............................................................................. 26

2.2.2.Atividades iniciais da gestão de riscos ......................................................................... 27

2.2.3.Identificação e classificação de riscos .......................................................................... 28

2.2.4.Análise de riscos ............................................................................................................. 29

2.2.4.1.Análise qualitativa de riscos ......................................................................................... 30

2.2.4.2.Análise quantitativa de riscos ....................................................................................... 33

2.2.5.Resposta aos riscos ........................................................................................................ 38

2.2.6.Controle e monitoramento de riscos ............................................................................ 40

2.3.Gerenciamento de custos em projetos ................................................................. 41

2.3.1.Estimativa de custos, orçamentação e controle de custos .......................................... 42

2.3.2.Estimativa de custos através da análise quantitativa de riscos ................................. 43

2.4.Gerenciamento de prazo em projetos .................................................................. 45

2.5.Simulação ......................................................................................................... 46

2.5.1.Método de Monte Carlo e Latin Hypercube ............................................................... 46

2.5.2.Aplicação do método em gestão de projetos ................................................................ 49

2.5.2.1.Momento do Produto de Pearson ................................................................................. 51

3. GERENCIAMENTO DE RISCOS NO PROJETO ................................ 53

3.1.Gestão de riscos PE ............................................................................................... 53

3.2.Gestão de riscos COPE ......................................................................................... 54

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3.2.1.Classificação de riscos ................................................................................................... 56

4. ANÁLISE DE VIABILIDADE DO PROJETO ................. ..................... 61

4.1.Software empregado .............................................................................................. 61

4.2.Definição de escalas para qualificação de riscos ................................................. 62

4.3.Análise qualitativa de riscos ................................................................................. 64

4.3.1.Descrição dos riscos e classificação de porcentagens e impactos .............................. 67

4.3.1.1.Categoria de Riscos Cliente .......................................................................................... 67

4.3.1.2.Categoria de Riscos Contrato com o Cliente ................................................................ 68

4.3.1.3.Categoria de Riscos Administrativo-Gerencial ............................................................ 71

4.3.1.4.Categoria de Riscos Econômicos e Financeiros ........................................................... 71

4.3.1.5.Categoria de Riscos Meio Ambiente - Engenharia / Construção ................................. 72

4.3.1.6.Categoria de Riscos Engenharia ................................................................................... 73

4.3.1.7.Categoria de Riscos Procurement ................................................................................ 75

4.3.1.8.Categoria de Riscos Construção e Montagem .............................................................. 78

4.3.1.9.Categoria de Riscos Custo Indireto .............................................................................. 81

4.3.1.10.Categoria de Riscos Parceiros .................................................................................... 82

4.4.Análise quantitativa de riscos ............................................................................... 83

4.4.1.Definição de bases e premissas ..................................................................................... 83

4.4.2.Estruturação .................................................................................................................. 85

4.4.2.1.Cost Breakdown Structure do projeto .......................................................................... 86

4.4.2.2.Rede de Atividades ....................................................................................................... 88

4.4.2.3.Definição da matriz de correlação RBS X CBS ........................................................... 90

4.4.3.Execução e validação do modelo .................................................................................. 95

4.4.3.1.Inclusão de todos os riscos na análise quantitativa ...................................................... 96

4.4.3.2.Comparação de resultados com um número diferente de simulações rodadas............. 98

4.4.3.3.Comparação entre diferentes distribuições de probabilidade ....................................... 99

4.4.3.4.Comparação de resultados com e sem correlação ...................................................... 100

4.4.4.Documentação e análise dos resultados obtidos ....................................................... 102

4.4.5.Gráfico de Probabilidade X Custo do projeto .......................................................... 102

4.4.6.Gráfico de Tornado Sensibilidade de custos e riscos ............................................... 105

4.4.7.Custo distribuído no tempo ........................................................................................ 107

4.4.8.Exemplo de ação de resposta aos riscos ..................................................................... 108

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5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .............................................. 112

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 114

ANEXO A – RISCOS, CAUSAS E EFEITOS ............................................. 116

ANEXO B – CBS (COST BREAKDOWN STRUCTURE) ............................ 119

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1. INTRODUÇÃO

Este capítulo fornecerá uma visão geral sobre o tema e objetivo do trabalho. Será

apresentada a empresa no qual o trabalho foi realizado, e será contextualizado o projeto

empregado como estudo de caso na análise de riscos. Por fim a estrutura geral do trabalho

será brevemente descrita.

1.1. Considerações iniciais

Diante do atual cenário de investimentos públicos e privados no Brasil,

potencializados pelo desenvolvimento de programas de incentivo ao investimento de infra-

estrutura, como no caso do PAC ou do órgão público de financiamento de crédito BNDES1,

empresas do ramo de projetos de engenharia e construção civil encontram um ambiente

propício para desenvolverem e implementarem projetos.

Para ser competitivo no mercado de licitações, no entanto, é necessário ofertar

preços inferiores aos dos concorrentes, atingindo-se um nível de qualidade de projeto

satisfatório ao cliente. Para se obter ambos, sem ser surpreendido ao longo do projeto, por

custos e ameaças não previamente planejados no momento de comercialização, torna-se

indispensável, além de uma equipe técnica capacitada, um bom gerenciamento de projetos.

O gerenciamento de projetos vem ganhando espaço, não apenas em empresas de

projetos, mas também em outros ramos do mercado. Sua importância vem sendo cada vez

mais reconhecida, e seus procedimentos, adotados pelas empresas (Carvalho e Rabechini Jr.,

2008).

Desta maneira, será abordado neste trabalho um dos elementos do gerenciamento

de projetos, estabelecido no gerenciamento de riscos. Trata-se a análise de riscos vinculada a

custos, aplicada a um estudo de caso de um projeto do setor de óleo e gás.

1 Para maiores informações, consultar: PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DE CRESCIMENTO. Disponível em: < http://www.brasil.gov.br/pac>. Acesso em: 22 de jun. de 2009, e BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO. Disponível em: < http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt>. Acesso em: 22 de jun. de 2009.

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1.2. Descrição da empresa

A empresa na qual o trabalho será desenvolvido atua no setor de Projetos de

Engenharia, e será denominada como PE2. É uma empresa de grande porte, de faturamento de

nove dígitos. É conhecida nacionalmente pelo seu know-how na elaboração e gerenciamento

de projetos. Ela foi fundada na segunda metade do século vinte.

Inicialmente atuava apenas na área de óleo e gás, mas, ao longo do tempo, se

diversificou, tendo realizado diversas aquisições, e atuando hoje nos setores de óleo e gás,

químico, construção civil, elétrica, siderurgia, metalurgia, entre outros relacionados à infra-

estrutura. Por se tratar de uma empresa de projetos, sua estrutura é matricial, e é dividida em

áreas de competência.

A empresa PE se baseou amplamente no Guia PMBOK, para a criação de seu

próprio sistema de gerenciamento de projetos, através da concepção de uma das áreas de

competência dedicada exclusivamente ao gerenciamento de projetos, que inclui todas as áreas

de gerenciamento do PMI.

1.3. Descrição do consórcio e do projeto

Com o intuito de concorrer à licitação da construção de uma unidade de refino do

setor de óleo e gás, um consórcio designado por COPE foi criado entre a empresa de Projetos

PE e a empresa CO, empresa de grande porte estabelecida no setor de construção civil, que se

classifica entre as cinco maiores empresas deste setor no Brasil.

O escopo do serviço contratado englobou serviços de engenharia, suprimento,

construção civil, montagem, comissionamento e pré-operação, partida e apoio a manutenção.

Além da unidade de refino em si, outras unidades relacionadas ao processo e subestações

também fizeram parte do escopo.

2 Além do nome da empresa, não serão divulgados dados numéricos reais ou quaisquer outras informações sigilosas da empresa. Neste trabalho, há o compromisso de sigilo a todos os dados apresentados, já que sua ênfase é na metodologia proposta, e não nos resultados reais.

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O Consórcio venceu a licitação e assinou um contrato com o cliente do setor de

óleo e gás, denominado OIL, ao qual o serviço será prestado. O projeto será realizado dentro

de uma refinaria já existente e em operação.

O Consórcio tem duração limitada à data de término de todas as obrigações

prestadas ao cliente descritas em contrato com o mesmo. Trata-se de um consórcio horizontal,

no qual cada uma das empresas tem uma porcentagem do valor do empreendimento, que

juntas totalizam 100%, e as duas têm obrigações ao longo de todo o projeto,

independentemente de seu momento de atuação no mesmo.

O projeto em questão é de grande porte. Para este trabalho, considerou-se uma

estimativa de prazo de aproximadamente três anos, e uma receita fictícia de um bilhão de

reais, sujeita a taxas de correções anuais vinculadas à inflação. O contrato do projeto é de

preço fechado, e, pelo gênero de escopo do serviço a ser prestado, se enquadra no tipo EPC

(Engineering, Procurement and Construction).

Um contrato do tipo EPC, como o próprio nome já indica, abrange atividades de

engenharia, aquisição e construção. Neste tipo de contrato, usualmente todos os riscos, como

exceção de alguma cláusula contratual imposta, são inteiramente assumidos pela contratada

(Loots e Henchie, 2007).

O contrato EPC torna o cliente responsável pelo custo do projeto como um todo,

pelo prazo total e prazo de entrega de cada um dos entregáveis (deliverables) que o compõe,

pela qualidade da fase da engenharia e performance geral (Loots e Henchie, 2007). Ou seja, a

empresa contratada centraliza em si todas as atividades do contrato.

Como no caso a ser estudado, no entanto, o detentor da tecnologia não é a própria

empresa contratada para realizar o projeto EPC, o risco associado diretamente à tecnologia

não será assumido pela mesma, e sim pelo cliente, responsável pelo seu fornecimento.

Deste modo, por conta das características e responsabilidades que o contrato EPC

traz, torna-se crucial o gerenciamento de riscos por parte do consórcio, tendo em vista que

apenas ela arcará com os custos extras do projeto advindos de ameaças não devidamente

rastreadas e tratadas.

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1.4. Tema e objetivo do trabalho

O tema deste trabalho é o gerenciamento de riscos em projetos, focando-se em

especial na análise de riscos vinculada a custos, com aplicação do estudo de caso do projeto

da refinaria do setor de óleo e gás, elucidado no item 1.3.

Optou-se pelo emprego da análise quantitativa de riscos, que relaciona

diretamente os riscos do projeto a seus custos, sendo possível assim avaliar tanto os riscos

quanto os custos do projeto.

Deste modo, o objetivo deste trabalho é composto de três partes: da confecção de

um modelo de análise quantitativa de riscos com emprego de simulação, da avaliação dos

riscos de acordo com seus impactos nos custos do projeto, e da análise do comportamento dos

custos e suas variações, de acordo com as incertezas associadas a eles.

Por se tratar de um projeto de grande relevância financeira às duas empresas

consorciadas, o estudo de caso se torna pertinente ao consórcio, na medida em que possibilita

uma avaliação mais refinada dos riscos que podem incorrer no projeto, e da viabilidade

econômica do mesmo, além de se propor o uma prática não empregada por nenhuma das

empresas.

1.5. Estrutura do trabalho

Este trabalho está estruturado em cinco capítulos. No capítulo 2, “REVISÃO

BIBLIOGRÁFICA”, são descritos conceitos de gerenciamento de projetos e são detalhados

conceitos do gerenciamento de riscos. Já no capítulo 3, “GERENCIAMENTO DE RISCOS

NO PROJETO” são brevemente delineadas as ferramentas de gestão de risco empregadas no

consórcio e na empresa PE.

No capítulo 4, “ANÁLISE DE VIABILIDADE DO PROJETO” a análise de

riscos é aplicada ao estudo de caso, ilustrando-se os parâmetros utilizados para a elaboração

do modelo e sua validação, a metodologia empregada e o diagnóstico dos resultados obtidos.

Por fim, no capítulo 5, “CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES” são expostas as conclusões

do trabalho e sugeridas recomendações para o desenvolvimento de próximos trabalhos, com

base neste.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo serão expostos os tópicos estudados para a aplicação do estudo de

caso. Serão elucidados os principais tópicos sobre gestão de projetos, tópicos relacionados à

gestão de custo e prazo, e será detalhada a metodologia de gestão de riscos aplicada a

projetos, além da exposição de conceitos de simulação.

2.1. Conceitos básicos de gestão de projetos

Para se compreender a necessidade da gestão de projetos faz-se necessário

primeiramente compreender como é definido um projeto, para então entender a necessidade

de seu gerenciamento. Deste modo, a seguir será definido brevemente o que é um projeto,

para então ser especificada a gestão de projetos em si.

2.1.1. Definição de projeto

“Um projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço

ou resultado exclusivo” (PMBOK, 2004, p. 5). Ainda segundo PMBOK (2004), além de

esforço temporário, um projeto apresenta um resultado bem definido e é restringido por prazo,

custo, qualidade, e por recursos limitados. Além desta, diversas outras definições podem ser

encontradas em estudos relacionados ao gerenciamento de projetos.

Esta sucinta definição indica que projeto é uma atividade temporária, ou seja,

apresenta duração definida, com começo e fim bem determinados. Este fato permeia não

apenas a atividade em si, mas também a alocação de recursos humanos, visto que, após o

término de um projeto, a equipe envolvida em seu desenvolvimento e gerenciamento não mais

trabalhará nas atividades relacionadas ao mesmo. Esta duração limitada, no entanto, não é

necessariamente aplicável ao produto final do projeto, além de não indicar curta duração do

empreendimento, já que há projetos de longa duração, como o caso de plantas industriais,

obras públicas de grande porte, como rodovias, e grandes construções imobiliárias.

Outra peculiaridade é o fato de cada projeto ser único, diferentemente de uma

produção em massa, na qual se fabrica uma grande quantidade de produtos idênticos. A

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Figura 1 ilustra o gráfico de tipologias de produção de Slack (1993) apud Carvalho e

Rabechini Jr. (2008), no qual a categoria de projetos se encontra na extremidade de pequeno

volume e grande variedade, indicando a relação inversa entre estes dois fatores. Mesmo em

projetos similares, como no setor de construção imobiliária, há inúmeras características que

distingue um projeto de outro, como especificações técnicas, custos, prazo, especificações do

cliente, restrições ambientais e legais, além de outras.

Figura 1: Tipologias de Produção. Fonte: Adaptado de Slack (1993) apud Carvalho e Rabechini Jr. (2008, p. 15).

Ainda segundo PMBOK (2004), outra característica de projetos é o caráter de

elaboração progressiva que os mesmos assumem. Ou seja, conforme o seu andamento, o

escopo determinado inicialmente torna-se mais específico, e a noção do que se obterá como

resultado final, maior. Quanto maior o grau de complexidade e incerteza do projeto, maior a

dificuldade de compreensão de seu resultado logo no início.

Um projeto pode ter vários resultados: pode entregar produtos, serviços, como no

caso de consultorias, projetos de engenharia, funções de suporte ou mesmo um resultado final,

como no caso da entrega de um documento. Deste modo, Maximiano (1997) apud Carvalho e

Rabechini Jr. (2008) divide os tipos de projetos em quatro categorias, dependendo da

complexidade e incerteza que envolve cada tipo de projeto.

No quadrante de baixa incerteza e baixa complexidade estão alocados projetos

simples e sem grandes eventos não previstos, já no segundo quadrante, o de baixa

complexidade, mas alta incerteza, estão os projetos de pesquisa e desenvolvimento, enquanto

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na terceira categoria, de grande complexidade porém baixa incerteza, estão projetos mais

trabalhosos, mas que não incorrem em grandes riscos. Por fim, a quarta categoria envolve

projetos de grande incerteza e complexidade, ou seja, projetos bastante trabalhosos e com

grande grau de risco associado. Neste último quadrante é que se enquadram projetos como o

que será tratado no estudo de caso trabalho.

2.1.2. Características da gestão de projeto

O gerenciamento de projetos, segundo a definição da norma ISO 10006 apud

Carvalho e Rabechini Jr. (2008, p. 15), inclui as atividades de planejamento, organização,

supervisão e de controle do projeto. Estas atividades ocorrem através de um processo

contínuo, para que os objetivos do projeto sejam alcançados. Já segundo a definição do

PMBOK (2004), a gestão de projetos tem como objetivo aplicar, às atividades do projeto,

conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas, com a finalidade de atender aos requisitos

impostos ao mesmo.

Ainda de acordo com PMBOK (2004), o gerenciamento de projetos inclui as

atividades de identificação das necessidades, seguido do estabelecimento de objetivos bem

definidos, administração balanceada das restrições de tempo, qualidade, escopo e custo, e, por

fim, da adaptação de especificações, necessidades e diferentes expectativas dos diversos

stakeholders que fazem parte projeto. Estas atividades foram desenvolvidas de acordo com o

clico PDCA da qualidade.

O PMI, Project Management Institute, através do PMBOK ® Guide, e a norma

ISO 10006 citados anteriormente, entre outras fontes, são exemplos de padrões globais

criados para o gerenciamento de projetos. No entanto, o bom desempenho de projetos não

apenas está associado à adoção de um programa padrão, mas também à cultura organizacional

da empresa que o adota.

A gestão de projetos deve permear todo o ciclo de vida do projeto, o qual envolve

a fase inicial, uma ou mais fases intermediárias de desenvolvimento e a fase de finalização.

De acordo com PMBOK (2004), o gerenciamento deve ser disposto através da divisão em

áreas específicas de conhecimento em gerenciamento de projetos, expostas na Figura 2.

Dentre as áreas estão: escopo, prazo, custo, riscos, qualidade, recursos humanos, suprimentos

(ou aquisições) e comunicação. Todas as áreas devem ser integradas, já que as informações de

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uma delas dependem em maior ou menor grau de informações geradas nas outras áreas,

criando-se assim uma nona área, a de integração.

Figura 2: Áreas de conhecimento específicas. Fonte: Adaptado de Carvalho e Rabechini Jr. (2008, p. 6).

Em cada uma das áreas, atividades específicas de gerenciamento são sugeridas e

alguns documentos são gerados, conforme PMBOK (2004). Pelo fato do foco central do

desenvolvimento deste trabalho ser o gerenciamento de riscos em projetos, e pelo fato dos

riscos estarem presentes em todas as áreas de um projeto, além de merecer destaque em sua

área específica, cada uma das nove áreas será brevemente descritas a seguir, de acordo com as

noções do PMBOK (2004), para que melhor se compreenda os riscos relacionados às mesmas.

Além disto, um maior enfoque será dado às áreas de gerenciamento de risco e custos, que

ganharão destaque em seções exclusivas.

Gestão da Integração

Na gestão da Integração diversas atividades são desenvolvidas e gerenciadas ao

longo de todo o ciclo do projeto. As atividades pertencentes à fase inicial do projeto

incorporam o desenvolvimento do Project Chart, do plano de gerenciamento e das diretrizes

do plano de execução. Na fase intermediária ocorre o monitoramento e controle do trabalho,

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além do controle integrado das mudanças ocorridas no projeto. Na fase final ocorre o

encerramento do projeto.

Um dos documentos mais importantes do projeto é o Project Charter, que define

as necessidades de recursos que serão empregadas no projeto, suas restrições e premissas,

formaliza o objetivo e resultados esperados, aponta o escopo macro e alguns dos riscos em

que o projeto pode incorrer, além de fornecer outras informações gerais necessárias à melhor

compreensão do projeto.

Gestão do escopo

A gestão de escopo tem como atividades o planejamento, definição, e

gerenciamento de escopo, através da verificação e controle do mesmo. O documento gerado

neste caso é o WBS (Work Breakdown Structure), também conhecido como EAP (Estrutura

Analítica do Projeto). Uma importante finalidade da WBS é o de subdividir o escopo em

níveis mais detalhados até se obter o nível conhecido como pacote de trabalho. A EAP auxilia

no gerenciamento do projeto por decompor o projeto em elementos menores e de mais fácil

gerenciamento.

Gestão do prazo

Para a e gerência de prazos deve-se focar principalmente na definição e

seqüenciamento de atividades do projeto, estimando-se suas durações, necessidades de

recursos, precedências e destinos. Após isto, uma rede de atividades que define o cronograma

do projeto é desenvolvida e controlada ao longo do projeto. Para a elaboração desta rede, há

diversos métodos que podem ser utilizados, entre eles estão o Gráfico de Gantt e os métodos

de programação em rede, como o CPM (Critical Path Method) e o PERT (Program

Evaluation & Review Technique).

Gestão de custos

No gerenciamento de custos realizam-se as estimativas e o controle de custos no

desenvolvimento do projeto, através do desenvolvimento de seu orçamento e da estrutura de

pacotes de custo CBS (Cost Breakdown Structure), que precifica os itens da WBS.

Ferramentas específicas são utilizadas na gestão de custos, como programação e controle do

orçamento do projeto (que envolve a obtenção de estimativas de custo para a geração do

baseline do projeto), fluxo de caixa do empreendimento, e medições de desempenho. Mais

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adiantes, no item 2.3, será melhor detalhado no trabalho a gestão de custos do projeto, suas

atividades e os documentos gerados pelo mesmo.

Gestão dos riscos

A gestão de riscos se inicia com o planejamento da mesma, que define como será

abordada a gestão de riscos. Ainda na fase inicial, ocorre a identificação dos riscos

pertencentes ao projeto, seguido da classificação de acordo com a RBS (Risk Breakdown

Structure). Em seguida são feitas as análises qualitativa e quantitativa de riscos, para então se

realizar o plano de resposta aos riscos. Já na fase intermediária do projeto, ocorre o

monitoramento e controle dos riscos e, ao fim, a avaliação dos riscos incorridos no projeto. As

etapas da gestão de risco serão melhor definidas e especificadas no tópico 2.2.

Gestão de qualidade

Os processos que compõe a gestão de qualidade contemplam seu planejamento,

garantia e controle. No planejamento os padrões de qualidade que devem ser seguidos pelo

projeto são identificados, enquanto a garantia assegura que estes padrões sejam atingidos

através da aplicação das atividades da área de qualidade, e, por fim, o controle auxilia no

monitoramento do projeto para alinhá-lo aos padrões impostos.

Gestão de recursos humanos

A gestão de recursos humanos engloba o planejamento organizacional, ou seja,

atribuição de funções aos envolvidos no projeto, além da formação, desenvolvimento e

administração de equipes. No desenvolvimento em equipes busca-se estimular habilidades

pessoais para o benefício das equipes e melhores resultados do projeto.

Gestão de aquisições

Na gestão de aquisições, também conhecida como procurement ou gestão de

suprimentos, ocorre o planejamento de aquisições e de solicitações, ou seja, dos requisitos

necessários às aquisições, além da seleção de fornecedores, seguida da atividade de

solicitações propriamente ditas, que ocorre na fase intermediária do projeto, juntamente à

administração de contratos. Na fase final do projeto ou ao longo do mesmo ocorrem os

encerramentos dos contratos, concluindo assim os mesmos, e fechando eventuais itens ainda

em aberto.

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Gestão das comunicações

O gerenciamento de comunicações implica primeiramente no planejamento de

comunicações, na distribuição de informações entre as várias áreas interessadas e na gestão de

interesse das mesmas, além da elaboração de relatório de desempenho.

Sistemas de gerenciamento de projetos são compostos por ferramentas, técnicas e

metodologias que auxiliam no gerenciamento do mesmo. Estes sistemas podem diferir

bastante e também serem modificados ao longo do tempo, dependendo da empresa que o

utiliza, e do fim para o qual cada qual é utilizado. O plano de gerenciamento de projetos é o

responsável por descrever de que forma esse sistema deve ser utilizado.

2.2. Gerenciamento de riscos em projetos

O gerenciamento de riscos em um projeto é aspecto bastante relevante no

gerenciamento como um todo, possuindo grande relação com as demais áreas específicas de

conhecimento, já que riscos podem afetar diversas áreas, como custos, prazos, aquisições,

qualidade, e podem ter como fonte áreas como escopo, comunicação, entre outras.

Segundo PMBOK (2004, p.238), “o risco do projeto é um evento ou condição

incerta que, se ocorrer, terá um efeito positivo ou negativo sobre pelo menos um objetivo do

projeto, como tempo, custo, escopo ou qualidade”. A definição de Cooper et al. (2005, p. 2,

tradução nossa), se assemelha à do PMBOK, e afirma que “risco é a exposição às

conseqüências da incerteza”. Cooper et al. (2005) adiciona ainda que, em um projeto, risco é a

chance de algo ocorrer impactando de algum modo os objetivos do projeto.

Um risco pode ter uma ou mais causas e conseqüências, denominadas impactos. É

curioso observar que, ao contrário do senso comum, que define o risco como algo que gera

necessariamente efeito negativo, o PMBOK (2004) considera também como risco as

condições incertas que podem gerar resultados positivos ao projeto.

Ainda segundo PMBOK (2004), os processos de gerenciamento de riscos

englobam a identificação, classificação, análise qualitativa e quantitativa de riscos,

desenvolvimento de ações de resposta aos riscos, e, por fim, monitoramento e controle dos

riscos ao longo do projeto. O objetivo final da gestão de riscos é o de aumentar o valor dos

eventos positivos, através do aumento de sues impactos e probabilidades, e o de diminuir o

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valor dos eventos negativos ao projeto, através da redução de seus respectivos impactos e

probabilidades.

De acordo com Salles Jr. et al. (2006), alguns dos benefícios do gerenciamento de

risco podem ser retratados como a diminuição da ocorrência de eventos não previamente

previstos, causando a redução de perdas do projeto, alavancagem dos riscos positivos

avaliados, e aumento das chances de sucesso do projeto.

2.2.1. Naturezas e características do risco

Para se compreender a gestão de riscos de um projeto, é necessária a compreensão

do significado e características do risco em si. Conforme definido anteriormente, o risco é um

algo incerto, ou seja, a ele está associada uma probabilidade de ocorrência maior do que zero

e menor do que cem por cento. Enquanto a probabilidade de zero por cento fornece ao evento

uma certeza de que o mesmo não irá ocorrer, a probabilidade de cem por cento provê a

certeza de que o evento ocorrerá.

De acordo com Salles Jr. et al. (2006), a probabilidade de ocorrência do risco é

um dos três componentes do mesmo. Esta probabilidade nem sempre pode ser facilmente

determinada e muitas vezes tem de ser estimada, conforme será melhor analisado

subseqüentemente.

Outro componente é o evento em si do risco, ao qual estão vinculadas uma ou

mais causas e um ou mais efeitos. Por fim, o terceiro componente refere-se ao impacto que o

risco causa no projeto, podendo este afetar positiva ou negativamente o custo, o prazo, a

qualidade ou demais campos do projeto. Observa-se que, enquanto a probabilidade do risco se

associa às suas causas, o impacto está diretamente relacionado a seus efeitos.

Segundo PMBOK (2004), os riscos podem ser classificados de duas formas, eles

podem ser conhecidos ou desconhecidos. Os riscos conhecidos são aqueles que foram

identificados e serão gerenciados ao longo do projeto, enquanto os riscos desconhecidos são

aqueles que não foram identificados e, deste modo, não podem ser ativamente gerenciados. A

Figura 3 ilustra o espectro de gerenciamento de riscos, que, segundo Salles Jr. et al. (2006),

considera as incertezas previsíveis do projeto.

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Figura 3: Espectro de Gerenciamento de Riscos. Fonte: Adaptado de Salles Jr. et al. (2006, p. 26).

2.2.2. Atividades iniciais da gestão de riscos

De acordo com Salles Jr. et al. (2006), baseado em PMBOK (2004), a primeira

atividade de gestão de riscos é a elaboração do Plano de Gestão de Riscos, na qual se decidirá

quais técnicas de gestão serão adotadas. Em geral o responsável pelo plano é o gerente de

projeto, e deve-se levar em conta as opiniões dos diversos stakeholders do projeto, ou seja,

pessoas envolvidas direta ou indiretamente no projeto, como clientes, fornecedores,

comunidades locais, sindicatos, entre outros envolvidos.

As técnicas de gestão de risco podem variar bastante dependendo das

necessidades de cada empresa e de cada projeto em particular. Em algumas empresas já há

padrões pré-definidos de planos de gestão de risco, o que auxilia o gerente do projeto na

identificação de riscos e uma gera maior agilidade no gerenciamento de riscos como um todo.

Além da elaboração do Plano de Gestão de Riscos, ainda na fase inicial do projeto

ocorre a identificação dos riscos, análise qualitativa e quantitativa, em alguns casos, além do

plano de respostas ao risco. Enquanto no desenvolver e fase final ocorrem o controle e

monitoramento do projeto, além de revisões dos riscos e das características atribuídas ao

mesmo, quando necessário. Os processos da fase inicial serão detalhados nos tópicos 2.2.3 e

2.2.4. Na Figura 4 estão ilustradas as atividades de gestão de risco ao longo do ciclo do

projeto.

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Figura 4: Gerenciamento de riscos ao longo do projeto. Fonte: Adaptado de Salles Jr. et al. (2006, p. 35).

Apesar da Figura 4 representar um processo linear da gestão de riscos, no

momento de monitoramento e controle dos riscos, novos itens podem vir a ser acrescentados,

além de poder ocorrer alterações nos riscos já existentes, o que torna a gestão de riscos um

processo cíclico com o ciclo PDCA da qualidade, no qual se embasa o gerenciamento de

projetos como um todo.

A gestão efetiva dos riscos só se torna possível depois de concluído o

desenvolvimento da WBS, o planejamento dos deliverables (entregáveis) do projeto,

planejamento dos parâmetros de qualidade, desenvolvimento das atividades e do cronograma

e as estimativas de custos. Isto se deve à necessidade de se compreender os riscos presentes

nas diversas áreas de conhecimento.

2.2.3. Identificação e classificação de riscos

Após a definição do plano de gestão de riscos, a próxima atividade a ser realizada,

segundo PMBOK (2004), é a identificação de riscos e, em seguida, sua classificação com o

auxilio da RBS (Risk Breakdown Structure). Há diversas técnicas para a identificação de

riscos, Salles Jr. et al. (2006), faz referência às técnicas de coleta de informações como

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brainstorming, brainwriting, Delphi, entrevistas com terceiros e pessoas de dentro do projeto,

identificação da causa raiz através de diagramas de Ishikawa e outras ferramentas, além da

análise SWOT3. Pode-se recorrer a riscos históricos observados em outros projetos, ou mesmo

a bancos de dados de riscos externos a empresa.

Em geral faz parte da identificação inicial dos riscos o gerente de projetos, a

equipe de gerenciamento de projetos, caso seja designada uma para tal, pessoas envolvidas na

confecção do projeto, clientes, especialistas de risco externos, além de outros stakeholders e

partes interessadas. Esta fase apresentará como resultado final uma lista de possíveis ameaças,

no caso dos riscos negativos, e oportunidades, no caso dos positivos, que poderão afetar em

um ou mais aspectos o projeto. Neste momento deve ser ressaltado que a identificação de um

risco pode ser feita não apenas na fase inicial, mas também ao longo do projeto.

Após a identificação dos ricos, segue-se então à categorização dos mesmos,

através da alocação dos riscos na RBS (Risk Breakdown Structure). Esta estrutura agrupa os

riscos em níveis de diferentes categorias por afinidade, fornecendo assim uma estrutura

hierarquizada dos riscos. É importante observar que as categorias criadas devem estar

associadas às causas dos riscos e não aos seus efeitos, pois, para o tratamento do risco, deve-

se atuar na sua causa, e não na sua conseqüência.

2.2.4. Análise de riscos

Depois de gerada a lista de riscos do projeto, inicia-se, segundo PMBOK (2004), a

etapa de descrição, análise e desenvolvimento de respostas aos mesmos. Uma descrição

precisa e completa do evento de cada um dos riscos, incluindo sua causa e seu efeito, é

precedência crucial para uma a análise concisa dos mesmos, já que, conforme mencionado

anteriormente, no tópico 2.2.1, os atributos de probabilidade e impacto do risco, que serão

definidos na análise, estão diretamente relacionados a sua causa e efeito.

Segundo Cooper et al. (2005), a análise de riscos tem como objetivos: fornecer

uma visão geral do nível de risco do projeto, identificar aos gestores do projeto os riscos de

maior relevância, ajudar nas decisões de quais ações devem ser realizadas a curto prazo, e

3 Para maiores informações, consultar: PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. (2004). Guia PMBOK: um guia de conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. 3ª ed. Newton Square: Project Management Institute, 2004, p.247 e 248, ou SALLES, C. A. et al. Gerenciamento de riscos em projetos. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006, p. 42 a 47.

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quais devem ser desenvolvidas e implementadas no futuro, além de dar suporte às decisões

gerenciais, por facilitar no discernimento de que forma os recursos devem ser alocados.

Ainda segundo Cooper et al. (2005), análise de riscos pode ser feita de três

modos: através da análise qualitativa, da análise semi-quantitativa ou através da análise

quantitativa de riscos. De acordo com Salles Jr. et al. (2006), a grande divergência dentre as

análises qualitativa e quantitativa, que serão detalhadas nos tópicos subseqüentes, é a de que,

enquanto a análise qualitativa é utilizada com a finalidade de classificar e priorizar os riscos, a

quantitativa determina valores dos impactos dos riscos no projeto. A análise semi-quantitativa

não será detalhada neste trabalho4.

2.2.4.1. Análise qualitativa de riscos

Segundo Salles Jr. et al. (2006), na análise qualitativa de riscos avalia-se risco a

risco através da atribuição de um grau de probabilidade e um grau de impacto ao mesmo. As

probabilidades dos riscos são classificadas com o auxilio de escalas relativas e ordinais, ou

através de padrões qualitativos.

Um exemplo de escala relativa para a classificação da probabilidade dos riscos

está ilustrado na Tabela 1, através da qual Cooper et al. (2005) define a escala qualitativa de

riscos ordenada em cinco casos, cada qual associado a uma descrição da probabilidade, a um

intervalo de probabilidade numérica e a uma justificativa de freqüência de ocorrência

histórica do evento associado ao risco. De acordo com Cooper et al. (2005), esta escala tem

sido utilizada de maneira bem sucedida em grandes projetos, mas também pode ser utilizada

para casos de projetos menores.

4 Para maiores informações, consultar: COOPER, D. F. et al. Project risk management guidelines: managing risk in large projects and complex procurements. Chichester: John Wiley & Sons Ltd, 2005, p. 59 a 72.

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Tabela 1: Escala de Probabilidade de Ocorrência do Risco. Fonte: Adaptado de Cooper et al. (2005, p. 53).

Classificação Descrição de Probabilidade A Quase

Certo Muito Alto, pode ocorrer muitas vezes ao ano

Probabilidade maior do que 80%

Algo similar ocorreu com freqüência na localidade, operação ou atividade.

B Provável Alto, deve ocorrer uma vez ao ano

Probabilidade entre 50 e 80%

Algo similar ocorreu com freqüência na empresa.

C Possível Possível, pode ocorrer uma vez em um período de 1 a 10 anos

Probabilidade entre 10 e 50%

Algo similar ocorreu em algum momento na empresa.

D Pouco provável

Muito pouco provável, pode ocorrer uma vez em um período de 10 a 40 anos

Probabilidade entre 2 e 10%

Algo similar ocorreu em algum momento em uma empresa semelhante.

E Raro Muito baixo, muito improvável nos próximos quarenta anos

Probabilidade menor do que 2%

Algo similar ocorreu em algum momento em uma empresa qualquer.

Enquanto a escala de probabilidade atribui um grau de probabilidade ao risco, a

escala de impacto, segundo PMBOK (2004), indica a relevância do impacto negativo ou

positivo, no caso de ameaças ou oportunidades, respectivamente. Novamente esta escala pode

ser expressa através de padrões ordinais qualitativos ou quantitativos. Como um único risco

pode afetar de maneira distinta uma ou mais áreas do projeto, como custo, prazo, qualidade ou

escopo, segundo Cooper et al. (2005) deve-se considerar para este risco o maior impacto

dentre os impactos individuais do mesmo em cada uma das áreas.

A Figura 5 ilustra uma proposta de escala de impacto (PMBOK, 2004) que

considera apenas impactos negativos nas quatro áreas citadas anteriormente (custo, prazo,

qualidade e escopo). A tabela indica o que seriam considerados impactos muito baixos,

baixos, moderados, altos e muito altos para cada uma das quatro áreas. Além da escala

relativa, há também uma escala numérica associada.

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Figura 5: Escala de Impacto do Risco para quatro objetivos do projeto. Fonte: PMBOK (2004, p. 245).

Após a definição das duas escalas, a de probabilidade e a de impacto, constrói-se a

matriz de probabilidade e impacto, que ilustra todas as combinações das possíveis

probabilidades com os possíveis impactos. Esta matriz tem a finalidade de classificar os riscos

em três categorias. Conforme PMBOK (2004), nela são qualificados os riscos em baixos,

moderados ou altos. Cooper et al. (2005) também define categorias de classificação para os

riscos provindas da matriz de probabilidade e impacto, no entanto associam quatro e não três

categorias de risco, classificando os riscos em baixos, moderados, altos ou extremos.

Caso ambas as escalas, a de probabilidade e a de impacto, possuam apenas

parâmetros numéricos, pode-se calcular os valores das células da matriz através da

multiplicação dos valores dos parâmetros de impacto pelos valores dos parâmetros de

probabilidade. Caso contrário, as células da matriz serão apenas classificadas

qualitativamente, através das categorias. Os dois tipos de matriz de probabilidade e impacto,

aquela cujas células são compostas por valores numéricos, e aquela que apresenta apenas a

classificação qualitativa em suas células, estão representados abaixo, na Figura 6 e Tabela 2,

respectivamente.

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Probabilidade Impactos

Ameaças Oportunidades

90% 0,05 0,09 0,18 0,36 0,72 0,72 0,36 0,18 0,09 0,05

70% 0,04 0,07 0,14 0,28 0,56 0,56 0,28 0,14 0,07 0,04

50% 0,03 0,05 0,10 0,20 0,40 0,40 0,20 0,10 0,05 0,03

30% 0,02 0,03 0,06 0,12 0,24 0,24 0,12 0,06 0,03 0,02

10% 0,01 0,01 0,02 0,04 0,08 0,08 0,04 0,02 0,01 0,01

0,05 0,1 0,2 0,4 0,8 0,8 0,4 0,2 0,1 0,05

Figura 6: Matriz de Probabilidade e Impacto (valores numéricos). Fonte: Adaptado de PMBOK (2004, p. 252).

Tabela 2: Matriz de Probabilidade e Impacto (qualitativa). Fonte: Adaptado de Cooper et al. (2005, p. 55).

Impacto

Insignificante Pequeno Moderado Grande Catastrófico

Probabilidade E D C B A A Quase Certo Médio Médio Alto Alto Extremo B Provável Médio Médio Médio Alto Extremo C Possível Baixo Médio Médio Alto Alto D Improvável Baixo Baixo Médio Médio Alto E Raro Baixo Baixo Médio Médio Médio

Deste modo, após associado a cada um dos riscos um dos parâmetros da escala de

probabilidade e um da escala de impacto, é possível então compará-los e classificá-los de

acordo com a matriz de probabilidade e impacto, sendo possível então separar os riscos de

baixa e alta prioridade.

2.2.4.2. Análise quantitativa de riscos

A análise quantitativa de riscos, como o próprio nome já diz, valora os riscos do

projeto. Para esta quantificação, multiplica-se novamente a probabilidade associada a cada

risco pelo valor de seu impacto. A fim de se comparar de modo similar os riscos que agem

através de diferentes impactos no projeto, segundo Salles Jr. et al. (2006), deve-se empregar a

mesma unidade para os diversos tipos de impactos do risco. Em geral, a unidade utilizada é a

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monetária. Já Cooper et al. (2005) propõe análises distintas para a quantificação dos impactos

de custo e prazo dos riscos em um projeto.

Ainda conforme Salles Jr. et al. (2006), o produto da multiplicação da

probabilidade estimada do risco pelo valor de seu impacto é chamado de valor esperado do

risco, ou EMV (Expected Monetary Value). Deste modo, a somatória do valor esperado de

todos os riscos que compõe o projeto resultará no valor esperado dos riscos do projeto,

conforme a Equação 1, que ilustra um projeto com n riscos identificados, cada qual designado

pela letra i.

Equação 1: Valor Esperado dos Riscos do Projeto. Fonte: Adaptado de Salles Jr. et al. (2006, p. 75)

∑ == n

iEMViEMVprojeto

1

O valor esperado dos riscos do projeto é um parâmetro importante para a análise

de viabilidade econômica do projeto, pois compõe o valor esperado do projeto, que, de acordo

com Salles Jr. et al. (2006), pode ser obtido pela soma do valor base do projeto, ou seja, o

custo inicial orçado do projeto, com o valor esperado dos riscos do projeto.

Para a quantificação do impacto associado ao risco, muitas vezes modelagens

quantitativas são empregadas, como o caso do emprego de árvores de decisão e simulação de

Monte Carlo. De acordo com Cooper et al. (2005), através de modelos quantitativos é possível

se avaliar as incertezas relacionadas ao projeto de maneira global, e os riscos em que o projeto

incorre, além de estabelecer metas, contingências e respostas aos riscos, de acordo com o

nível de risco ao qual os stakeholders estão dispostos a incorrer.

Deste modo, é possível obter uma visão geral e integrada dos efeitos dos riscos

sob os parâmetros do projeto. Segundo Cooper et al. (2005), para projetos de grande porte,

como aquele a ser analisado no estudo de caso, a modelagem quantitativa auxilia também na

avaliação dos riscos individuais.

Ainda segundo os autores, os parâmetros da modelagem de risco possibilitam

quantificarem-se as incertezas associadas aos componentes do projeto, como prazo e custo.

Uma visão geral do processo de modelagem quantitativa pode ser observada na Figura 7. O

processo tem como entrada um modelo determinístico do projeto, como a CBS ou a rede de

atividades do projeto, em cujos parâmetros são associadas incertezas como distribuições e

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associações de riscos para que, como auxílio de um software, sejam obtidos cenários e

calculado um resultado probabilístico dos parâmetros de entrada.

Figura 7: Processo de modelagem quantitativa. Fonte: Adaptado de Cooper et al. (2005, 253).

A seguir será descrito mais detalhadamente os passos do processo de modelagem

quantitativa, baseando-se nos aspectos descritos por Cooper et al. (2005).

Contextualização

O primeiro passo para se iniciar a modelagem quantitativa de um projeto é o de

estabelecer uma contextualização para se dar início ao modelo propriamente dito. Deve-se

para tanto se ter claro o escopo, as atividades e os custos do projeto, que não deverão ser

modelados, a base sob a qual os riscos devem ser calculados, incluindo parâmetros contratuais

de multas, mecanismos de controle de riscos, que podem ou não ser empregados, e as normas

de gerenciamento e tratamento de riscos. Alguns dos parâmetros de contextualização servem

de premissas ao modelo.

Estruturação do Modelo

O passo seguinte à contextualização é o de estruturação do modelo, que é

composta da relação entre as incertezas associadas aos dados de entrada do modelo e a

incerteza avaliada do projeto como um todo. Os dados de entrada empregados em geral são

compostos dos riscos identificados e das previsões do projeto, como a CBS (Cost Breakdown

Structure) ou a rede de atividades do mesmo.

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No entanto, o detalhamento destas estruturas, quando empregadas na análise

quantitativa de risco, em geral difere daquele na qual elas foram inicialmente projetadas, já

que, em alguns casos, é necessário um menor detalhamento e, em outros, um maior. Além

disto, enquanto na CBS e rede de atividades convencionais valores determinísticos são

empregados para a determinação de custos e prazos, na modelagem quantitativa os valores

passam a ser probabilísticos.

A construção de um modelo será em geral condicionada pelo software sob o qual

a sua estrutura será montada. Em geral envolverá probabilidades que representam a incerteza

de ocorrência ou não de certos eventos, funções de probabilidade relacionadas a alguns dos

parâmetros de entrada do modelo e relações e correlações entre parâmetros do modelo.

Execução do Modelo

A maneira pela qual os resultados são obtidos a partir de um modelo irá depender

da forma como o modelo une as diversas incertezas das variáveis. Para a execução do modelo,

diversas interações são geradas e, em cada uma delas, um valor é associado a cada um dos

parâmetros de entrada, de acordo com sua respectiva distribuição de probabilidade associada,

gerando-se assim um cenário. Os diversos cenários gerados irão então compor a curva dos

valores dos resultados obtidos do modelo, associados à suas probabilidades de ocorrências.

A Figura 8 ilustra o processo de simulação, delineando as distribuições associadas

aos parâmetros de entrada e a curva dos resultados obtidos. Há diversos softwares e

ferramentas que possibilitam a simulação. Em geral é utilizada a simulação de Monte Carlo

ou o método Latin Hypercube, que serão melhores descritos no item 2.5.

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Figura 8: Processo de simulação. Fonte: Adaptado de Cooper et al. (2005, 259).

Validação do Modelo

A validação e correção do modelo são atividades usualmente interativas. O

processo de revisão pode ocorrer nos valores e parâmetros utilizados na estruturas de custo,

prazo ou lista de riscos, na construção, projeção e associação de incertezas aos parâmetros do

projeto, na preparação dos resultados obtidos e na formalização dos resultados obtidos.

É comum em uma primeira análise dos resultados obtidos do modelo se encontrar

resultados bastante distintos, acusando valores bem superiores daqueles obtidos nas previsões

determinísticas de custos e prazos. É preciso então se analisar o porquê destas divergências e

revisar o modelo, corrigindo-o quando necessário ou aceitando-se, caso indique incertezas

associadas à inclusão dos riscos nas previsões determinísticas.

Uma cautelosa validação se faz necessária principalmente por conta da natureza

dos parâmetros de entrada do modelo. Como em cada projeto os riscos e parâmetros de

entrada se comportam de maneira distinta, a associação de probabilidades e distribuições de

probabilidade requererá uma grande subjetividade da avaliação humana, e resultarão também

em subjetividade nos resultados obtidos. É importante observar, contudo, em que campos

ocorrem maior ou menor subjetividade, de acordo com outras informações que se tem a

respeito.

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Documentação do Modelo

A documentação final da modelagem quantitativa de riscos deve conter a estrutura

e os parâmetros do modelo, o processo de como o modelo foi desenvolvido, incluindo-se os

nomes daqueles que contribuíram para tal, os resultados do modelo e a comparação com os

valores determinísticos do projeto, e, por fim, as conclusões e as ações que devem ser

tomadas. O documento deve ser atualizado a cada mudança ocorrida.

2.2.5. Resposta aos riscos

A resposta ao risco ocorre com base na observação dos resultados obtidos das

análises qualitativas e quantitativas de riscos, as quais mensuram e avaliam os riscos e os

potenciais efeitos no projeto. Há respostas tanto para o caso de ameaças como para o caso de

oportunidades. Segundo PMBOK (2004), a criação de ações de resposta aos riscos tem como

objetivo a diminuição do valor esperado dos riscos negativos e o aumento do valor dos

positivos.

A diminuição do valor esperado, no caso de uma ameaça, pode se dar tanto pela

redução da probabilidade de ocorrência associada ao risco, como pela redução do valor

associado ao seu impacto no projeto. Inversamente, o aumento do valor de uma oportunidade

ocorre pelo acréscimo nos valores da probabilidade ou do impacto deste tipo de risco.

Segundo Salles Jr. et al.(2006), baseado em PMBOK (2004), tanto no caso dos

riscos negativos como no caso de riscos positivos, há quatro estratégias que podem ser

adotadas, atuando ou no valor da probabilidade ou do impacto dos riscos. As estratégias para

as ameaças são as de transferir, mitigar, prevenir ou aceitar. Já as estratégias para

oportunidades englobam as ações de provocar, compartilhar, melhorar ou aceitar5.

Abaixo serão brevemente descritas cada uma das quatro estratégias de resposta

aos riscos negativos.

5 As estratégias para riscos de oportunidades não serão abordadas, para maiores informações consultar: SALLES, C. A. et al. Gerenciamento de riscos em projetos. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006, p. 113 e 114.

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Prevenir

Segundo Salles Jr. et al.(2006), a estratégia de prevenir um risco está diretamente

associada à causa do mesmo, e tem como objetivo justamente atuar antes que o risco ocorra,

prevenindo ou minimizando sua probabilidade de ocorrência. Em geral, segundo PMBOK

(2004), esta atitude requer que o plano de gerenciamento do projeto seja alterado,

modificando-se cronograma ou escopo, por exemplo.

Transferir

A transferência de risco ocorre quando se passa a responsabilidade dos efeitos

associados a um risco e a ação de resposta ao mesmo a um terceiro, conforme Salles Jr. et

al.(2006). Esta transferência usualmente é feita no caso de seguros, cláusulas contratuais,

garantias, entre outros. Deste modo, caso o risco ocorra, o ônus será de quem o assumiu. Para

tanto, em geral um prêmio é cobrado para que um terceiro assuma e gerencie este risco, já que

a estratégia de transferência não o elimina, mas apenas transfere sua responsabilidade a um

terceiro.

Mitigar

A estratégia de mitigação de riscos, diferentemente da estratégia de prevenção age

tanto sob o efeito do risco, ou seja, sob seu impacto como sob sua causa, ou seja,

probabilidade. Deste modo, esta ação procura minimizar o valor esperado do risco através da

redução em um ou dois dos seus parâmetros. Segundo PMBOK (2004) as ações de mitigação

no início do projeto muito provavelmente serão mais eficazes do que aquelas reparatórias,

empregadas após a ocorrência do risco.

Aceitar

A ação de aceitar um risco não gera nenhuma modificação no planejamento de

gerenciamento do projeto. Esta estratégia em geral é adotada nos casos de não se considerar o

risco uma grande ameaça ao projeto, ou seja, em caso de riscos de baixo valor esperado, ou

por não haver outros meios de gerenciá-lo. Segundo PMBOK (2004), há dois tipos de

aceitação de um risco, a passiva e a ativa. Na aceitação passiva nenhuma ação é previamente

planejada à ocorrência do risco. Já na ativa, contingências financeiras ou mesmo de prazo são

adotadas.

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As contingências associadas aos riscos criadas formam a reserva de contingência

do projeto, que pode ser tanto uma reserva de prazo, como um reserva de custo. De acordo

com Salles Jr. et al.(2006), historicamente as reservas contingenciadas tem variado de 5 a

10% do valor do orçamento do projeto.

Ao longo do ciclo do projeto, na medida em que os riscos vão ocorrendo, as

reservas vão sendo discontingenciadas, e o valor que era tratado como contingência acaba se

tornando um custo. Caso o momento de atuação do risco passe e ele não ocorra, o valor de

contingência associado ao mesmo pode então ser discontingenciado sem entanto virar custo.

Segundo Salles Jr. et al.(2006), as alternativas para quem será responsável por

cada um dos riscos fica entre o responsável pela confecção do projeto, o cliente, fornecedores

e terceiros. Ainda de acordo com estes autores, quanto mais próximo ao tipo preço global for

o contrato, maior será a responsabilidade da empresa incumbida da confecção do projeto sob

os riscos, enquanto, quanto mais próximo do contrato do tipo preço variável, maior a

responsabilidade do cliente sob os custos.

2.2.6. Controle e monitoramento de riscos

Findada a definição das respostas aos riscos, segue-se então à etapa de controle e

monitoramento de riscos, que, segundo PMBOK (2004), consiste tanto na gestão dos riscos já

determinados anteriormente, através da reavaliação dos mesmos, quanto na identificação e

análise de riscos que surgiram posteriormente.

É aconselhável que o acompanhamento dos riscos seja feito através de um registro

de risco, no qual toda a documentação em relação às características dele, seu plano de

resposta, sua contingencia adotada, seu responsável e demais informações sejam identificadas,

e na qual todo o processo de alteração seja documentado, incluindo-se os novos parâmetros e

ações recomendadas.

Segundo PMBOK (2004), as reavaliações de risco, compostas de análises de

necessidade de inclusão de novos riscos, e de modificações nos parâmetros e respostas de

riscos previamente identificados, devem ser realizadas periodicamente. Variações em relação

ao baseline são ferramentas que podem indicar surgimento de novas ameaças ou

oportunidades ao projeto que devem ser tratadas.

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Além da reavaliação dos riscos, conforme PMBOK (2004), deve-se também

gerenciar as reservas de contingências adotadas, confrontando-se periodicamente a quantidade

real que permanece como contingência, e o valor associado aos riscos aos quais ainda se está

exposto, verificando a necessidade da adoção de um maior valor, ou a possibilidade de

descontingenciamento de parte deste montante.

Deste modo, segundo Salles Jr. et al. (2006), após a finalização de um projeto,

caso o gerenciamento, monitoramente e controle de riscos tenham sido feitos adequadamente,

será possível analisar quais riscos foram devidamente identificados e ocorridos, quais foram

identificados, mas não ocorreram, e quais não foram identificados, mas incidiram sob o

projeto. Será possível também confrontar o efeito do risco previsto e o que de fato aconteceu e

comparar também a incerteza total inicialmente estimada e aquela que de fato ocorreu.

2.3. Gerenciamento de custos em projetos

Assim como o gerenciamento de riscos, o gerenciamento de custos do projeto

também se trata de uma das áreas detalhadas do PMI. Uma das principais funções do

gerenciamento de custos, segundo PMBOK (2004), é tratar dos custos provindos dos recursos

necessários às atividades do projeto, através dos processos de estimativa de custos,

orçamentação e controle dos custos.

A seqüência cronológica dos processos traz em primeiro lugar a estimativa de

custos, seguida da orçamentação e, por fim, o controle de custos. Para a estimativa de custos é

necessária a WBS e a lista de atividades do cronograma do projeto. Segundo Carvalho e

Rabechini Jr. (2008), as áreas que estão mais diretamente relacionadas ao gerenciamento de

custos são as áreas de gerenciamento de prazo, que fornece o plano de gerenciamento do

cronograma, escopo, que fornece a WBS, além das áreas de gestão de risco e integração.

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2.3.1. Estimativa de custos, orçamentação e controle de custos

Para uma boa estimativa de custos, segundo PMBOK (2004), faz-se necessário

conhecer os métodos e modelos de estimativa utilizados pela empresa, informações históricas

e bancos de dados sobre custos, arquivos de projetos anteriores, caso haja, além do

conhecimento e maturidade da equipe de projetos, e lições aprendidas de projetos anteriores.

Ainda segundo PMBOK (2004), Algumas das informações necessárias para a

estimativa de custos são: a WBS, já citada anteriormente, que identifica os elementos a serem

entregues do projeto (deliverables), através dos pacotes de trabalho, o plano de gerenciamento

do cronograma, que identifica o tempo e quantidade de recursos necessários, o plano de

gerenciamento de pessoal, que possibilita a estimativa com custos de mão-de-obra, e o

registro de riscos, que podem vir a afetar tanto o cronograma como os próprios custos.

Novamente de acordo com PMBOK (2004), há algumas possibilidades de

ferramentas para estimativa de custos. Uma destas ferramentas trata-se da estimativa “bottom-

up” que estima os custos dos pacotes de trabalho decompostos da WBS ou atividades do

cronograma, gerando a CBS, cujos pacotes de custos são somados para a obtenção do custo

total do projeto.

Após o término da estimativa de custos, segue-se para a orçamentação, processo

responsável por agregar os custos estimados na etapa anterior, com a finalidade de formar a

baseline do projeto, que é obtida pela soma dos custos projetados para cada período, e

geralmente é apresentada em forma de S (PMBOK, 2004). Segundo Carvalho e Rabechini Jr.,

(2008), a curva baseline é uma ferramenta extremamente importante para a gestão de custos,

pois, através dela, compara-se o desempenho esperado versus o desempenho real do projeto.

Além dos custos das atividades, para a confecção do orçamento é importante

também se ter acesso à estrutura analítica do projeto (WBS) e à rede de atividades do projeto

que define o cronograma, além do plano de gerenciamento de custos, responsável por fornecer

as diretrizes de como o processo de orçamentação deverá ser realizado.

Assim como no gerenciamento de riscos ocorre o controle dos riscos ao longo do

projeto, após a realização da estimativa de custos e da orçamentação ocorre também o

controle de custos. Segundo PMBOK (2004), o controle de custos tem como finalidade a

identificação das causas de variações positivas e negativas, identificando mudanças ocorridas

em relação ao baseline.

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Para que se possa realizar este controle, segundo PMBOK (2004), é necessário

que se tenha em mãos o que se foi produzido nas etapas anteriores, como o baseline do

projeto, suas necessidades de financiamento, as solicitações de mudanças aprovadas até então,

além do plano de gerenciamento de projeto.

Em geral, faz parte do controle de custos a atividade de análise de medição de

desempenho, normalmente realizada através da técnica do valor agregado, que compara o

valor orçado ao custo efetivamente ocorrido até o momento. Esta metodologia é feita através

da agregação dos valores de cada uma das atividades ao custo do projeto, no momento em que

ela é incorrida (Vargas, 2003). Indicadores de custo e prazo são obtidos através desta prática,

como o IDC (Índice de Desempenho de Custo) e IDP (Índice de Desempenho de Prazo) 6.

Por fim, segundo PMBOK (2004), os resultados do controle de custos podem ser

resumidos como as atualizações das estimativas de custos, da baseline e do plano de

gerenciamento do projeto, medições de desempenho, incluindo previsão de término das

atividades, além de solicitações de mudanças, ações corretivas recomendadas e lições

aprendidas.

2.3.2. Estimativa de custos através da análise quantitativa de riscos

No caso de se empregar o modelo de análise quantitativa de riscos para se obter a

estimativa de custos de um projeto, uma das possíveis maneiras de estruturação da

modelagem, segundo estudo de caso indicado por Cooper et al. (2005), é a de se associar cada

um dos riscos a cada um dos elementos da CBS que é afetado pelo mesmo. Assim, após a

determinação da probabilidade relacionada a cada um dos riscos, e determinação da

distribuição de probabilidade do impacto no custo que este risco poderá gerar no projeto,

relaciona-o a todos os pacotes da CBS que podem ser afetados pelo mesmo.

Feita a relação entre as matrizes da RBS, que contém os riscos do projeto, e a

CBS, realiza-se diversas interações através do emprego de simulação, para se determinar a

curva de probabilidade dos custos finais de cada um dos pacotes, e a curva de probabilidades

6 Para maiores informações, consultar: VARGAS, R. V. Análise de valor agregado em gerenciamento de projetos: como revolucionar o controle e a avaliação de desempenho em projetos. 2ª ed. Rio de Janeiro Brasport Livros e Multimídia Ltda., 2003, p.18 a 26.

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do custo final do projeto, que é composto da soma dos custos determinísticos dos pacotes da

CBS e do custo probabilístico dos impactos associados aos custos.

É importante ainda salientar que há a possibilidade de também se alocar incertezas

através de distribuições probabilísticas diretamente associadas aos próprios pacotes de custos.

A Figura 9 indica o processo do modelo pelo qual se determina o custo do projeto através da

análise quantitativa.

Figura 9: Processo de estimativa de custos através da análise quantitativa de riscos. Fonte: Adaptado de Cooper et al. (2005, p. 266).

Além de determinar o custo do projeto, é também possível determinar seu fluxo

de caixa e valor presente, através da análise quantitativa de riscos. Neste caso, segundo

Cooper et al. (2005), além da CBS, faz-se necessária a distribuição dos custos e receitas

associadas ao projeto ao longo do tempo, o que pode ser feito através da alocação de recursos

às atividades do projeto.

Assim como no caso anterior, atribui-se probabilidades aos riscos e os relaciona

aos custos do projeto que são diretamente afetados pelos mesmos, com a diferença de que

cada risco pode agir em determinado período do projeto ou ao longo do projeto como um

todo, podendo influenciar os custos a que se relaciona apenas no período em que age. Os

resultados obtidos neste caso são o fluxo de caixa probabilístico, a curva de probabilidade do

valor presente do projeto e, para um dado grau de confiabilidade, a curva de custos

acumulados ou orçamento do projeto.

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2.4. Gerenciamento de prazo em projetos

Segundo PMBOK (2004), o gerenciamento de prazos no projeto tem a função de

controlar o tempo de duração das atividades do projeto para assegurar que o mesmo finalize

no prazo certo. O modo pelo qual este controle é feito é através do controle do cronograma ou

rede de atividades, que é resultado da definição das atividades do projeto, de suas possíveis

durações e recursos associados, e, por fim, do seqüenciamento de atividades.

De acordo com PMBOK (2004), uma atividade pode ser definida como resultado

da decomposição dos pacotes de trabalho da WBS, de tal forma que seja possível estimar

recursos necessários e duração para cada uma delas, e posteriormente seqüenciá-las para a

obtenção do diagrama de rede de atividades do cronograma.

O seqüenciamento de atividades pode ocorrer, segundo o método de diagrama de

precedência (MDP), através de quatro relações de dependências entre as atividades. De

acordo com PMBOK (2004), a primeira delas, o término para início condiciona que uma

atividade só possa ser iniciada no momento em que sua atividade predecessora seja findada.

Já a relação término para término determina que uma atividade só pode ser

findada no instante em que sua atividade predecessora tenha sido finalizada, enquanto a

relação início para início define a condição de que uma dada atividade só pode ter início

quando sua atividade predecessora tenha começado. Por fim, a relação início para término

impõe que uma dada atividade só possa ter fim quando sua atividade predecessora tenha sido

iniciada.

Estes quatro tipos de dependência determinarão assim a relação entre todas as

atividades do projeto, definindo-se, deste modo, as atividades que fazem parte do caminho

crítico, ou seja, aqueles que possuem folga zero entre qualquer uma das quatro relações de

dependências, como, por exemplo, na relação de precedência término para início, na qual o

início da atividade sucessora ocorrerá no mesmo instante em que é findada a atividade

predecessora, sem nenhuma folga temporal entre as duas.

A definição do caminho crítico é extremamente importante para o gerenciamento

do tempo do projeto, pois, caso alguma das atividades que faça parte do caminho crítico

atrase, o projeto como um todo será também atrasado. Em um projeto pode haver mais de um

caminho crítico, e, caso sejam definidas durações probabilísticas para as atividades, o

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caminho crítico pode variar em cada um dos cenários gerados, obtendo-se probabilidades de

criticidade das atividades para o projeto.

2.5. Simulação

Conforme mencionado no item 2.2.4.2, na análise quantitativa de riscos muitas

vezes se faz uso da simulação para gerar cenários a serem avaliados. Por trás da simulação

estão conceitos estatísticos que definem freqüências e probabilidades de ocorrência das

variáveis de entrada, que juntas formarão os cenários de saída. Este processo que será melhor

descrito nos tópicos abaixo, assim como os conceitos básicos de probabilidade que serão

necessários para a compreensão do estudo de caso.

2.5.1. Método de Monte Carlo e Latin Hypercube

O método de Monte Carlo é uma das ferramentas utilizadas na análise quantitativa

de riscos. De acordo com Morgan e Henrion (1990), o resultado final da análise de Monte

Carlo é conduzido através da combinação da aleatoriedade de cada uma das distribuições de

probabilidades associadas às entradas do modelo. Assim, para cada uma das variáveis de

entrada, associa-se uma distribuição de probabilidade, que condicionará o valor associado a

esta variável. Cada cenário é então gerado pela combinação de um valor de cada uma das

variáveis, gerados aleatoriamente, respeitando-se cada uma das distribuições de probabilidade

associadas. Cada um dos cenários gerados, por sua vez, é utilizado como dado de entrada para

o resultado final do modelo, que os consolida.

De acordo com a afirmação de Schuyler (2001), basta um único parâmetro de

entrada ser probabilístico para que o resultado também apresente comportamento

probabilístico, e seja representado em termos de probabilidades de ocorrência de valores.

Novamente segundo Morgan e Henrion (1990), é importante compreender que o

resultado da simulação consiste de valores aleatórios independentes do número de variáveis

de entrada. Deste modo, caso cresça o número de variáveis de entrada do modelo, pode não

ser necessário gerar um maior número de cenários para se obter um resultado fidedigno. É

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possível quantificar, através de cálculos estatísticos, um número de cenários necessários para

de obter um grau de confiança previamente determinado7.

Uma das grandes vantagens da Simulação de Monte Carlo sob a ferramenta de

árvore de decisões, segundo Schuyler (2001), reside no fato de ser possível também a

utilização de distribuições contínuas para os parâmetros de entrada da simulação, e não

apenas a viabilização do uso de distribuições discretas, como ocorre no caso das árvores de

decisões, que se trata de outra ferramenta utilizada para a análise quantitativa.

Conforme mencionado anteriormente, usualmente, associam-se distribuições de

probabilidades aos parâmetros de entrada do modelo. Estas distribuições podem ser

classificadas em discretas ou contínuas. Uma distribuição de probabilidade associa uma dada

probabilidade a um valor da variável. Ela pode ser representada tanto através de função de

probabilidade acumulada como densidade de probabilidade.

Segundo Morgan e Henrion (1990), nas funções de probabilidade acumulada,

representa-se a probabilidade de uma determinada variável ser menor ou igual a um certo

valor. Já no caso da distribuição de probabilidade, a cada valor da variável é associada uma

probabilidade de ocorrência deste valor.

Alguns parâmetros importantes das distribuições, de acordo com Schuyler (2001)

tratam-se da do valor mais provável e do valor esperado. O valor mais provável é aquele que

ocorre com maior freqüência, no caso de histogramas de variáveis discretas, ou com maior

probabilidade, no caso de distribuições de probabilidades contínuas. Este parâmetro estatístico

é importante na visualização da forma da curva da distribuição. Já o valor esperado é obtido

através da média ponderada, ou seja, trata-se da somatória dos valores atribuídos à variável

ponderados por sua probabilidade de ocorrência, como pode ser observado na fórmula da

Equação 2. EV indica o valor esperado, xi são os valores possíveis associados à variável e

P(xi) as probabilidades associadas aos mesmos.

Equação 2: Cálculo do Valor Esperado. Fonte: Schuyler (2001, p. 13)

( )i

n

ii xPxEV ∗=∑

=1

7 Para maiores informações sobre o assunto, consultar: MORGAN, M. G.; HENRION, M. (1990). Uncertainty: a guide to dealing with uncetainty in quantitative risk and policy analysis. Cambridge: Cambridge University Press, 1990, p. 200 a 204.

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Caso a distribuição de uma dada variável seja expressa através de uma fórmula

matemática, então se torna possível calculá-la através da Equação 3, na qual a variável é

representada por x.

Equação 3: Cálculo do Valor Esperado com distribuição matemática. Fonte: Schuyler (2001, p. 13)

( ) dxxfxEV ∗∗= ∫+∞

∞−

A idéia central do valor esperado é a de representar a distribuição com um todo

através de um único valor. Na análise de Monte Carlo se utilizada o processo de amostras

aleatórias para se obter a aproximação dos valores esperados, realizando um trabalho

inexeqüível de outra forma, cuja dificuldade é diretamente proporcional à complexidade dos

cálculos e ao montante de variáveis de entrada do modelo. De acordo com Schuyler (2001), a

simulação de Monte Carlo preserva o formato da distribuição de probabilidade de cada uma

das variáveis de entrada do modelo, fato que pode ser analisado através de um histograma que

contenha os valores gerados de uma dada variável de entrada nos diversos cenários gerados.

Outro método de simulação é aquele chamado Latin Hypercube, também

conhecido como LHS (latin hypercube sampling). Trata-se um método de simulação que,

segundo Schuyler (2001) é fonte da combinação da simulação de Monte Carlo com a

amostragem uniforme. A grande vantagem da LHS advém do fato de se minimizar o número

de cenários necessários para se obter um grau de confiança satisfatório. Para que isto seja

possível, neste método se utiliza técnica de amostragens estratificadas, nas quais, de acordo

com Morgan e Henrion (1990), o espaço amostral de um parâmetro de entrada é dividido em

intervalos ponderados de acordo com a distribuição associada ao parâmetro. Os valores da

variável de entrada, em cada um dos cenários gerados, são retirados de intervalos distintos,

sem que haja reposição de intervalos cada vez que um é selecionado.

Assim, baseado em Morgan e Henrion (1990), quando há o objetivo de se obter

uma uniformidade maior na distribuição dos valores dos parâmetros de entrada, deve-se optar

por métodos de amostragem sistemática ou estratificada, como o método Latin Hypercube,

tendo-se em vista de que a simulação de Monte Carlo não se trata de um método que gera

aleatoriedade nos valores dos parâmetros de entrada, mas sim uma simulação com freqüência

conduzida pela distribuição de probabilidades dos parâmetros de entrada do modelo.

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No software utilizado no estudo de caso, o software Primavera Risk Analysis, é

empregado o método de simulação Latin Hypercube, justamente pela necessidade de gerar

interações do modelo para se obter os cenários um menor número de vezes, a fim de se obter

um resultado com grau de confiança satisfatório.

Segundo Cooper et al. (2005), os softwares mais modernos de simulação

empregam o método Latin Hypercube, que, no entanto, é referenciado como simulação de

Monte Carlo, pois produz o mesmo resultado que esta simulação, mas necessita de em um

menor número de interações para se atingir resultados estáveis.

2.5.2. Aplicação do método em gestão de projetos

No modelo de Monte Carlo aplicado à análise quantitativa de riscos, segundo

Schuyler (2001), usualmente se utiliza distribuições discretas à probabilidade de ocorrência de

riscos, que são tratados como fatores binários, que ocorrem ou não, e distribuições contínuas

no caso de variáveis contínuas como tempo e custo.

O cálculo do valor esperado, segundo Schuyler (2001), possui duas características

interessantes quando se está estimando o valor de um projeto. A primeira delas é o fato de

que, caso se acrescente uma mesma quantia a todas as variáveis de entrada, então o valor

esperado será também acrescido desta mesma quantia. A segunda característica reside no fato

de que, se todas as variáveis de entradas forem multiplicadas por um mesmo fator, o valor

esperado igualmente o será. Esta segunda característica aplica-se diretamente na ao estudo de

caso aplicado, já que cada uma das empresas do consórcio possui uma proporção do

empreendimento e, deste modo, contarão com uma proporção do valor esperado monetário do

projeto.

Há diversos tipos de distribuição de probabilidade, como a distribuição Beta,

distribuição uniforme, triangular, entre outros. No entanto, apesar de diferentes, todas as

distribuições possuem parâmetros em comum, como média e desvio. A seguir serão

detalhadas algumas das possíveis distribuições8.

8 Para maiores detalhes sobre parâmetros de distribuições de probabilidade, consultar: MORGAN, M. G.; HENRION, M. (1990). Uncertainty: a guide to dealing with uncetainty in quantitative risk and policy analysis. Cambridge: Cambridge University Press, 1990, p. 85 a 101.

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Distribuição Uniforme

A principal característica da distribuição uniforme advém do fato de cada valor ter

a mesma probabilidade associada. Segundo, Morgan e Henrion (1990), é adequado o uso

desta distribuição quando é possível se identificar os valores que uma variável pode assumir,

mas não é possível diferenciar a probabilidade de ocorrência destes valores.

Distribuição Triangular

A distribuição triangular é aplicada somente a variáveis contínuas. Neste caso,

diferentemente da distribuição uniforme, os valores que a variável pode assumir tem

probabilidades distintas. Goodpasture, (2004), afirma de que, apesar de ser pouco observada

nos eventos da natureza, trata-se de uma boa aproximação para eventos que ocorrem em

projetos, podendo ser utilizadas em atividades e pacotes de custos para ilustrar cenários

pessimistas, neutros e otimistas.

Distribuição Normal

A distribuição normal, também conhecida como curva de Gaus, é aplicada,

segundo Morgan e Henrion (1990), em diversos casos, tanto por conta do teorema do limite

central, que implica que a somatória de variáveis que possuam uma mesma função de

distribuição resulte em uma curva normal, como por conta de ser freqüentemente estudada e

empregada na estatística clássica. Muitas outras distribuições acabam por ter sua curva

semelhante a uma normal conforme sua variância tende a zero. Segundo Goodpasture (2004),

para o caso de projetos, a curva normal é geralmente associada a eventos da natureza.

Distribuição Beta

A distribuição Beta é caracterizada por dois parâmetros, a e b Estes dois

parâmetros influenciam bastante no formato da curva da função distribuição de probabilidade,

que pode chegar a se aproximar tanto de uma curva normal como de uma curva de função

uniforme, dependendo do modo como variam os parâmetros a e b. De acordo com

Goodpasture (2004), a função Beta também é apropriada para casos de eventos naturais, pois

apresenta uma curva mais suavizada do que a distribuição triangular.

Além destas quatro distribuições descritas acima, há ainda vários outros tipos de

distribuição, como é o caso da distribuição exponencial, de Poisson, distribuição Gamma,

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Beta, Webinomial, além de distribuições derivadas das descritas, como lognormal, normal

truncada, triangular truncada, entre outras.

2.5.2.1. Momento do Produto de Pearson

Uma das maneiras de se analisar os resultados obtidos na simulação de custos e

prazos de um projeto é através do índice de sensibilidade de custos. Para se avaliar a

sensibilidade dos custos em relação ao projeto calcula-se a correlação dos mesmos com o

custo total do projeto.

Para se realizar este cálculo, pode-se empregar o Momento do Produto de

Pearson, que de acordo com o Primavera Risk Analysis Manual, é obtido pelo cálculo

ilustrado na Equação 4. A equação traz o índice de sensibilidade de uma dada atividade. Neste

caso, xi indica o valor do custo ou prazo desta atividade obtido em uma dada interação i, xmed

indica o valor médio do custo ou prazo desta atividade no modelo, yi representa o custo ou

prazo total do projeto na interação i, ymed a média do custo ou prazo total do projeto, n o

número de interações realizadas e r a correlação entre o custo da atividade e o custo do projeto

total, que pode variar de menos um a mais um.

Equação 4: Momento do Produto de Pearson. Fonte: Primavera Risk Analysis Manual

)1(

)(*

)1(

)(

)1(

)()(

22

1

−−

−−

−∗−

=

∑=

n

yy

n

xx

n

yyxx

rmedimedi

medimed

n

ii

Assim como se realiza o cálculo de correlação entre o custo ou prazo de cada uma

das atividades em relação ao custo ou prazo total do projeto, é possível também calcular a

relação entre custo ou prazo de quaisquer duas atividades do projeto. Não obstante o índice de

sensibilidade é também aplicável no caso do impacto de custo e prazo dos riscos em relação

ao projeto.

No caso em que a probabilidade de existência de um evento não é de cem por

cento, como ocorre com os riscos, no entanto, o cálculo do Momento de Produto de Pearson

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considera o parâmetro n da Equação 4 como o número de casos em que o risco de fato

ocorreu no modelo, indicando a correlação do risco apenas nos casos em que ele ocorre, mas

não necessariamente identificando sua relevância como um todo no projeto.

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3. GERENCIAMENTO DE RISCOS NO PROJETO

Para a gestão do projeto como um todo e de seus riscos, foi desenvolvido um

sistema de gestão próprio do consórcio COPE, de acordo com as diretrizes do PMI, através

das orientações do Guia PMBOK. Como para a análise realizada no estudo de caso foram

empregados alguns dos aspectos definidos pelo consórcio em seu plano de gestão de riscos, e

como as atividades iniciais do gerenciamento de riscos serviram de base para a análise, sua

gestão de riscos e as atividades de identificação e classificação serão brevemente descritas nos

itens 3.2 e 3.2.1, respectivamente. Já para a empresa PE, serão pontuadas algumas das

ferramentas empregadas na sua gestão de risco, que também foram utilizadas como base para

o desenvolvimento do estudo de caso.

3.1. Gestão de riscos PE

Os procedimentos seguidos pelo gerenciamento de riscos PE são semelhantes aos

descritos no tópico 2.2, envolvendo a identificação, análise e resposta aos riscos, através do

planejamento do gerenciamento de riscos, identificação, análises qualitativas e quantitativas

de riscos, desenvolvimento de respostas aos riscos, e, por fim, monitoramento e controle dos

mesmos9. Para a análise quantitativa, no entanto, não é utilizado nenhum tipo de simulação.

Os valores numéricos são obtidos simplesmente pela multiplicação da probabilidade e

impacto associados a cada um dos riscos.

Para facilitar a padronização do gerenciamento de riscos em seus diversos

projetos, além de fins comparativos entre projetos distintos, a PE desenvolveu uma check list

contendo 71 riscos, além de sua própria classificação de riscos, constituída das categorias de

sua estrutura RBS (Risk Breakdown Structure).

Há também um repositório de riscos que contempla todos os riscos considerados

nos projetos finalizados ou em fase de desenvolvimento da empresa PE. Neste repositório

estão armazenadas as informações de probabilidade e impacto atribuídos aos riscos

9 O procedimento de gerenciamento de riscos da empresa está documentado em seu Normativo de Gerenciamento de Riscos.

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individualmente, ação adotada em resposta a cada um deles, valor contingenciado em cada

caso, entre outras informações. Para a determinação da probabilidade e impacto dos riscos

considerados no estudo de caso, em alguns momentos este repositório foi consultado, já que

alguns dos riscos apresentados lá se assemelharam àqueles considerados na análise.

3.2. Gestão de riscos COPE

Assim como a empresa PE, o consórcio COPE propõe um procedimento de

gerenciamento de riscos baseado no Guia PMBOK, também contemplando os processos de

identificação, análise, plano de resposta aos riscos, monitoramento e controle dos mesmos.

Como no estudo de caso do item 4 serão empregados na análise os riscos identificados pela

equipe do consórcio, seu procedimento de gestão de riscos será brevemente descrito a

seguir10.

Optou-se pelo uso dos riscos identificados pelo consórcio para a análise, por se

considerar que o grupo que participou do processo de identificação de riscos do consórcio

COPE detém uma maior maturidade em gerenciamento de projetos do que a autora deste

trabalho, considerando-o assim mais apto à identificação dos riscos.

Na metodologia de gerenciamento de riscos COPE foram identificados e descritos

os processos ilustrados na Figura 10, que também expõe a relação de precessão e sucessão

entre os diversos processos. Como enfoque do estudo de caso se deu nos processos de análise

qualitativa e quantitativa de riscos, os processos de planejamento de respostas a riscos,

monitoramento e controle dos riscos não serão detalhados, pois não serviram de base para ele.

10 O procedimento de gerenciamento de riscos do consórcio está documentado em seu Plano de Gerenciamento de Riscos, no qual foram baseadas as informações relatadas sobre sua metodologia.

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Figura 10: Relação entre Processos do Gerenciamento de Projetos. Fonte: Adaptado do Procedimento de Gerenciamento de Riscos do Consórcio.

A primeira etapa da metodologia de gerenciamento de riscos, conforme pode ser

observado na Figura 10, é a elaboração do planejamento de Gestão de Riscos, que dá origem

ao procedimento de Gerenciamento de Riscos. Em seguida passa-se à etapa de identificação.

Para a etapa de identificação, é solicitada a presença de especialistas das áreas

técnicas e gerenciais dentro das quais riscos que podem afetá-las foram identificados, o

Gestor de Riscos e um membro que designou o papel de fiscalização do cliente. Para o

projeto, foram definidos riscos que afetam direta ou indiretamente as áreas de Direção do

Projeto, Gerência da Engenharia, de Suprimentos, de Planejamento Físico, Qualidade, SMS

(Segurança, Meio-Ambiente, Saúde) e Gerência de Construção.

É importante salientar que a gestão de riscos do consórcio não considerou

oportunidades, mas apenas ameaças, não sendo, deste modo, escopo do estudo de caso a

análise de oportunidades do projeto.

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3.2.1. Classificação de riscos

Após a etapa da identificação, ocorre a classificação dos riscos, na qual as

potenciais fontes dos riscos identificados, que estão no primeiro nível da estrutura, são

associadas àquelas que compõem os segundo e terceiro níveis da RBS COPE, e, deste modo,

cada risco identificado é alocado em algum dos itens do terceiro nível da RBS, exposta na

Tabela 3.

Tabela 3: Estrutura RBS. Fonte: Adaptado do Procedimento de Gerenciamento de Riscos do Consórcio.

1 – Cliente

1.1 Postura histórica

1.2 Capacidade Financeira

1.3 Gestão do Empreendimento

2 - Contrato com o Cliente

2.1 Exclusividade - aplicável na fase de negociação

2.2 Garantia de Cumprimento das Obrigações Contratuais

2.3 Escopo dos Serviços e Fornecimentos

2.4 Preço Contratual

2.5 Responsabilidades e Obrigações

2.6 Fiscalização

2.7 Suspensão Das Obras

2.8 Exigências de Desempenho

2.9 Recebimento Definitivo da Obra

2.10 Condições de Pagamento

2.11 Fórmula de Reajuste

2.12 Seguros Garantias e Franquias

2.13 Multas

2.14 Rescisão do Contrato

2.15 Força Maior

2.16 Foro e Legislação

2.17 Alteração da Legislação Tributária

2.18 Contrato de Adesão

3 - Administrativo-Gerencial

3.1 Segurança Patrimonial

3.2 Problemas Laborais

3.3 Relacionamento com a Comunidade / Imprensa

3.4 Legais e de Regulamentos

3.5 Desordem Pública

3.6 ONGs e Movimentos Sociais e Sindicatos

3.7 Demais Stakeholders

4 - Econômicos e Financeiros

4.1 Desbalanceamento de Moeda

4.2 Fluxo de Caixa

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4.3 Inconversibilidade de Moeda

4.4 Taxas Alfandegárias

4.5 Financiamento

5 - Meio Ambiente - Engenharia /Construção

5.1 Licenciamento Ambiental do Empreendimento

5.2 Demais Licenças e Autorizações

5.3 Documentação para Qualificação Técnica

5.4 Equipamentos Ambientais

5.5 Gestão Ambiental

6 – Engenharia

6.1 Qualificação do Projetista contratado pelo Cliente / EPC

6.2 Avaliação do Projeto Recebido

6.3 Geologia / Geotecnia

6.4 Fundações

6.5 Hidrologia

6.6 Interferências

6.7 Topografia / Batimetria

6.8 Interface Projeto Civil x Projeto Elétrico x Projeto Mecânico

6.9 Planilha de Quantidades

6.10 Cronograma de Elaboração de Projeto

7 - Procurement (suprimentos de materiais,

serviços de 3os. e equipamentos e sistemas

incorporados)

7.1 Planejamento de Suprimento

7.2 Abrangência da Planilha

7.3 Vendor List

7.4 Competitividade dos Preços Cotados

7.5 Comprometimento do Fornecedor - Preço Prazo e Performance

7.6 Qualificação e Confiabilidade dos Fornecedores Considerados

7.7 Desembaraço Alfandegário

7.8 Diligenciamento e Inspeções

7.9 Transporte dos Materiais e Equipamentos

7.10 Áreas de Estocagem

7.11 Seguro

7.12 Peças de Reposição

7.13 Garantia de Performance do Equipamento

7.14 Garantia do Produto

7.15 Equalização das Propostas de Fornecimento de 3os.

7.16 Impostos, tributos e taxas

7.17 Interface Engenharia – Procurement

7.18 Planilha de apresentação de Procurement

7.19 Efetivação das compras

8 - Construção e Montagem

8.1 Interferências com Direitos de Passagens

8.2 Interferências Executivas

8.3 Interferências com Serviços Públicos

8.4 Recursos Humanos

8.5 Materiais

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8.6 Equipamentos (adequabilidade e disponibilidade)

8.7 Cumprimento do Cronograma

8.8 Adequação dos Métodos Executivos

8.9 Climatologia

8.10 Canteiro / Acampamento

8.11 Logística da Obra

8.12 Entrega da Obra

9 - Custo Direto

9.1 Obras Civis / Montagem

9.2 Custo Horário de Equipamento (próprio ou alugado)

9.3 Mão de Obra

9.4 Dimensionamento de Equipamentos

9.5 Relações com o Sindicato

10 - Custo Indireto 10.1 Obras Civis / Montagem

11 – Parceiros

11.1 Confiabilidade e Comprometimento

11.2 Experiências Anteriores

11.3 Garantias Cruzadas

11.4 Responsabilidade Solidária

11.5 Competitividade das Propostas

11.6 Porte

11.7 Capacidade de Atendimento (quanto está comprometido com outros)

12 - Habilitação Técnica e Financeira

12.1 Atestados Técnicos

12.2 Índices Financeiros

12.3 Acervo de Profissionais

12.4 Equipamento Mínimo

12.5 Disponibilidade Financeira

12.6 Certificações

A RBS COPE é uma estrutura bastante detalhada, dividida em 98 categorias, o

que facilita a alocação dos riscos em um de seus itens do terceiro nível da RBS, e auxilia

também na compreensão das causas de cada risco, o que facilita na associação de

probabilidade de cada um, e também na identificação da relação dos riscos com a CBS,

atividade que será realizada no item 4.4.2.3 do estudo de caso.

A RBS COPE é subdividida em doze grandes categorias. Estas doze macro

categorias são novamente subdivididas em um terceiro nível, conforme mencionado. Dentre

as doze, foram identificados riscos que farão parte da análise em dez categorias, pela equipe

que participou do processo de identificação de riscos. Estas dez categorias serão brevemente

descritas abaixo.

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Os riscos da categoria Cliente são aqueles que, como o próprio nome já indica,

ocorrem devido a alguma atitude do cliente. Já a categoria Contrato com o Cliente sugere

riscos que decorrem das cláusulas contratuais, como multas, fórmulas de reajuste de preços,

entre outros. A terceira categoria, Administrativo-Gerencial, indica riscos associados a

questões de relacionamento com comunidades locais e mão-de-obra. A quarta categoria inclui

riscos Econômicos e Financeiros, envolvendo risco cambial, de inflação, fluxo de caixa, e

afins.

A categoria Meio Ambiente – Engenharia e Construção engloba potenciais perdas

e prevenções necessárias advindos de questões ambientais, como licenças, tratamento de

águas e resíduos, entre outros. A sexta categoria, nomeada como Engenharia engloba

justamente riscos diretamente vinculados com a atividade de engenharia do projeto, como

qualidade do projeto recebido, quantitativos de materiais, cronograma, e demais riscos

decorrentes desta atividade.

A sétima categoria, de Procurement, engloba tanto as aquisições de materiais,

como equipamentos e serviços de terceiros. Nela estando presentes riscos de atrasos de

equipamentos e materiais, qualidade dos produtos, garantias, entre outros. A categoria de

Construção e Montagem envolve os riscos associados a esta atividade, como recursos

humanos, materiais e equipamentos, condições climáticas, logística, e outros que afetam esta

etapa.

Na décima categoria, de Custos Indiretos, estão alocados os riscos de custos

indiretos da obra, como seguros, passivos trabalhistas e outros. Por fim, na décima primeira

categoria, de Parceiros, estão associadas questões de confiabilidade e garantia de parceiros.

Não há riscos associados à nona categoria, de Custo Direto, que inclui fatores de

mão-de-obra direta e demais custos diretos da obra, e à décima segunda, de Habitação

Técnica e Financeira, relacionada a profissionais capacitados para avaliação técnica e

financeira da obra.

Após a identificação e classificação dos riscos dentro da RBS COPE, segue-se

então à caracterização de cada um deles, através da documentação do título de cada um, suas

descrição, que contempla o evento associado ao mesmo, suas causas e potenciais impactos,

além da identificação da pessoa e área responsáveis por cada qual. No ANEXO A – RISCOS,

CAUSAS E EFEITOS, encontra-se uma tabela com a descrição de cada um dos riscos

considerados na análise qualitativa do tópico 4.3, sua causa e seu efeito.

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Findada as etapas descritas anteriormente, segue-se à análise qualitativa de riscos,

que ocorre através da estimativa, para cada um dos riscos identificados, de probabilidade e

impactos sobre o prazo e custo do projeto. Tanto a análise qualitativa quanto à quantitativa

serão realizadas no item 4 do trabalho.

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4. ANÁLISE DE VIABILIDADE DO PROJETO

Neste capítulo serão desenvolvidas as análises qualitativa e quantitativa do

projeto, com a intenção de se avaliar o impacto dos riscos no custo do projeto. Desta maneira,

será primeiramente exposta a metodologia e as ferramentas utilizadas, além das considerações

assumidas, para, por fim, serem detalhados os resultados obtidos.

4.1. Software empregado

Para a construção de um modelo computadorizado e concepção de cenários com o

auxilio de simulações, utilizando-se técnica de Monte Carlo, método Latin Hypercube ou

outros, há diversos softwares conhecidos e recomendados pela literatura11. Pode-se estruturar

e rodar uma simulação em Microsoft ® Excel, que segundo, Schuyler (2001) é ideal para

projetos de pequeno e médio porte. Dois add-ins de Excel que são também bastante

empregados na simulação de Monte Carlo tratam do @Risk®, da Palisade Corporation e

Crystal Ball®, da Oracle.

Além dos casos citados acima de softwares empregados para simulação, há ainda

os softwares desenvolvidos especificamente para gerenciamento de projetos, como é o caso

do Microsoft® Project e do pacote Primavera adquirido pela Oracle, que possui diversos tipos

de softwares relacionados ao gerenciamento de projetos, como o caso do Primavera Risk

Analysis, utilizado no estudo de caso.

Este software foi escolhido para a simulação do estudo de caso, em detrimentos

aos demais, principalmente pelo fato da empresa PE e do consórcio COPE já utilizarem um

dos softwares do pacote Primavera para o gerenciamento de prazos, o Primavera Enterprise.

Deste modo, ao se utilizar um software da mesma plataforma, é possível exportar os dados de

um programa ao outro, havendo intercâmbio de informações. Outro fato que levou à escolha

do software Primavera Risk Analysis foi devido à sua versão free trail disponível para uso por

tempo suficiente para a confecção do modelo.

11 Para mais informações, consultar: SCHUYLER, J. (2001). Risk and decision analysis in projects. 2ª ed. Newton Square: Project Management Institute, 2001, apendix B (p. 223 a 229).

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O Primavera Risk Analysis é um software que permite o gerenciamento de riscos

através da análise quantitativa de riscos, possibilitando a análise de riscos associada a prazos e

a custos. Para se desenvolver o modelo de simulação, o software possibilita criar atividades

do projeto, associar recursos às mesmas, inserir os riscos do projeto, associar impactos de

custo, prazo e performance aos mesmos, e relacioná-los às atividades para, por fim, se simular

cenários considerando os riscos, e se obter a análise de riscos e a curva que associa o grau de

confiança aos valores de duração e custo do projeto, obtidos através de simulação.

Através do software Primavera Risk Analysis é possível também criar condições

de respostas aos riscos e recalcular os graus de confiança para os novos valores de prazo e

custos do projeto obtidos após o tratamento de resposta aos riscos. Ademais, é uma

ferramenta útil tanto na criação do projeto como para controle ao longo de seu ciclo de vida,

auxiliando no gerenciamento de riscos, prazo e custos do projeto12.

Assim, o software possibilita um gerenciamento completo de riscos, desde a fase

da análise qualitativa até a fase de controle e monitoramento dos mesmos. Possibilitando

também o gerenciamento de prazos através da determinação de caminhos críticos das

atividades, e de custos, através da geração do orçamento baseline do projeto, de fluxos de

caixa do projeto, cálculo da taxa interna de retorno, entre outras ferramentas financeiras.

O software em questão apresenta, entretanto, algumas desvantagens. A

desvantagem que mais afetou o estudo de caso foi o fato de não ser possível no software a

distribuição de recursos de uma atividade ao longo do tempo, o que pode acarretar em

análises distorcidas das ferramentas financeiras nele geradas.

4.2. Definição de escalas para qualificação de riscos

Para se estimar a probabilidade dos riscos criou-se uma escala de probabilidade,

ilustrada na Figura 11. Nesta escala adaptada daquela utilizada pelo consórcio, as

probabilidades estão classificadas em muito baixa, baixa, média, alta e muito alta. Deste

modo, foi associado um intervalo numérico a cada uma destas probabilidades.

Para a estimativa do impacto de cada um dos riscos, criou-se uma escala que

classifica os impactos relacionados a prazo e custo em muito baixo, baixo, moderado, alto e

12 No estudo de caso será considerado apenas o momento de concepção do projeto, o gerenciamento ao longo de seu ciclo não será tratado.

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muito alto, observada na Figura 12. Esta escala também foi adaptada da utilizada pelo

consórcio, modificando-se o impacto no custo e no prazo de acordo com os valores fictícios

empregados no modelo.

Novamente, a cada uma das classificações foi atribuído um intervalo numérico.

Nota-se que, apesar do impacto poder ocorrer em diversas áreas, como em custos, prazo ou

qualidade, na metodologia abordada apenas duas destas áreas foram tratadas.

Por fim, após a elaboração das Escalas de Probabilidade e Impacto, obteve-se a

matriz de Probabilidade X Impacto, criada com o auxílio do software Primavera Risk

Analysis, através da combinação da escala de probabilidade com a escala de impactos.

É possível observar na Figura 13 as três áreas identificadas da Matriz. A área

vermelha representa os riscos considerados altos, a área amarela os médios e a área verde os

riscos baixos. Deste modo, torna-se possível posicionar cada um dos riscos identificados na

Matriz, classificando-os em altos, médios ou baixos.

Foram considerados baixos os riscos classificados com valor menor ou igual a

cinco na matriz, foram classificados como médios aqueles cujos valores estavam entre cinco e

vinte e três e, por fim, foram considerados como riscos altos aqueles cujos valores excederam

vinte. Esta matriz foi definida através da adaptação daquela sugerida pelo PMBOK (2004)

ilustrada na Figura 6.

Escala de Probabilidade Descrição da Probabilidade Probabilidade Associada

Muito Baixa (Muito provavelmente não ocorrerá) <=10%

Baixa (Provavelmente não ocorrerá) >10%

Média (Pode ocorrer) >30%

Alta (Provavelmente ocorrerá) > 60%

Muito Alta (Muito provavelmente ocorrerá) >80%

Figura 11: Escala de Probabilidade. Fonte: Elaborado pela autora.

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Escala de Impactos

Impacto Muito Baixo

(MB) Baixo (B)

Moderado (M)

Alto (A)

Muito Alto (MA)

Prazo do Projeto Até 15 dias

Entre 15 e 30 dias

Entre 30 e 60 dias

Entre 60 e 90 dias

Maior que 90 dias

Custo do Projeto

Até R$ 4 milhões

Entre R$ 4 e 16 milhões

Entre R$ 16 e 40 milhões

Entre R$ 40 e 80 milhões

Maior que R$ 80 milhões

Figura 12: Escala de Impacto. Fonte: Elaborado pela autora.

Matriz de Probabilidade X Impacto

Probabilidade Grau de Risco (Ameaças)

80,00% 6 12 18 36 72

60,00% 4 7 14 28 56

40,00% 3 5 10 20 40

20,00% 2 3 6 12 24

5,00% 1 1 2 4 8

MB B M A MA

Figura 13: Matriz de Probabilidade X Impacto. Fonte: Elaborado pela autora.

4.3. Análise qualitativa de riscos

Foram inicialmente considerados pela gerência do consórcio, na fase de

identificação de riscos descrito no item 3.2, trinta e oito potenciais riscos, previamente

identificados dentre uma lista de mais de cento sessenta riscos, todos alocados dentro da RBS

COPE. Destes trinta e oito, trinta e dois fizeram parte da análise qualitativa de riscos

realizada, já que medidas foram antecipadamente tomadas pelo consórcio para alteração de

escopo, eliminando cinco dos riscos previamente identificados, e outro risco foi ainda

eliminado pela autora, por ter sido considerado duplicado, ou seja, havia dois riscos para uma

mesma causa.

O software Primavera Risk Analysis foi empregado tanto para a análise qualitativa

de riscos quanto para a análise quantitativa. Todos os trinta e dois riscos foram inseridos e

tiveram sua probabilidade, impacto no custo e prazo do projeto classificados de acordo com as

escalas ilustradas no item 4.2. Ou seja, tanto a probabilidade, quanto o impacto no custo e o

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impacto no prazo de cada um dos riscos foram classificados pela autora como muito baixo

(MB), baixo (B), médio ou moderado (M), alto (A) ou muito alto (A).

Na Figura 14 é possível observar o modo como a atividade foi desenvolvida com

o auxílio do software. Para cada um dos riscos, associou-se a letra T ou a letra O, do inglês

Treath (no caso de uma ameaça) ou Opportunity (no caso de uma oportunidade). Em seguida,

associou-se uma das cinco classificações das escalas utilizadas (na Figura 14 indicada com

siglas em inglês) tanto à probabilidade (Probability), quanto aos impactos de prazo

(Schedule), custos (Costs). Como, conforme já mencionado, no estudo de caso não foram

tratados os impactos de qualidade (Performance), considerou os assim negligenciáveis para

todos os riscos (conforme indicado pela letra N na Figura 14).

Deste modo, a pontuação do risco (coluna Score) foi obtida através da

combinação da probabilidade associada ao risco com o seu maior impacto considerado, tenha

sido ele referente a custo ou a prazo.

Esta pontuação adveio da Matriz de Probabilidade X Impacto, ilustrada na Figura

13. Deste modo, a coloração verde da coluna Score indicou os riscos considerados baixos,

enquanto a cor amarela apontou os riscos classificados como médios e a vermelha, os altos.

Figura 14: Ferramenta para análise qualitativa do software Primavera Risk Analysis. Fonte: Software Primavera Risk Analysis.

Na Tabela 4 estão resumidas todas as classificações atribuídas a cada um dos

riscos, assim como a pontuação calculada pelo software através da combinação da

probabilidade com os impactos, já ordenadas de forma crescente.

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Tabela 4: Análise Qualitativa de Riscos. Fonte: Elaborado pela autora.

Risco Pre-mitigação ID Título Probab. Prazo Custo Pont. 5.1.1 LP , LI e LO MB B B 1

5.5.1 Resíduos MB B MB 1

7.14.1 Atendimento aos requisitos de garantias MB B B 1

7.3.1 Fornecedor exclusivo MB B MB 1

2.17.1 Impactos da IN 834 MB MB M 2

7.8.1 Plano de inspeção e teste PIT MB M B 2

8.11.1 Logística da obra B MB MB 2

4.1.1 Inflação B MB B 3

6.1.14 Composição da equipe B B B 3

7.18.1 Valor total de planilha B MB B 3

10.1.5 Prêmios de seguros A MB MB 4

10.1.9 Passivo trabalhista A MB MB 4

11.2.1 Experiências anteriores M MB B 5

7.15.1 Analise entre propostas recebidas M MB B 5

1.1.1 Pontualidade de pagamento A MB B 7

10.1.3 Estrutura organizacional A MB B 7

2.10.1 Risco cambial A MB B 7

7.19.1 Variação de prazo entre data da proposta e efetiva efetivação de compra A MB B 7

8.4.1 Recursos humanos A B B 7

2.13.1 Regime e limites MB B MA 8

2.11.1 Fórmula paramétrica do contrato M MB M 10

6.1.12 Cronograma de entrega de projetos M M M 10

6.2.5 Qualidade do projeto recebido M B M 10

8.2.1 Interferências executivas M M B 10

8.9.1 Chuva, vento, maré, terremoto, neve, neblina M M B 10

8.6.1 Plano de mobilização de equipamentos próprios ou de 3os. A M B 14

1.2.3 Garantia de continuidade do fluxo de pagamentos M M A 20

2.5.5 Atraso no fornecimento de equipamentos A A MB 28

6.9.1 Assertividade das quantidades A A M 28

7.5.1 Pressão de mercado A MB A 28

8.7.1 Cumprimento do cronograma A A A 28

3.5.1 Possibilidade de greve MA M A 36

Após a inserção dos parâmetros de probabilidade e impactos pela autora, foi

obtida, para cada risco, a classificação de Alto, Médio ou Baixo. Dos trinta e dois riscos,

catorze foram classificados como riscos baixos, treze como médios e cinco como altos,

segundo a classificação ilustrada na Matriz de Probabilidade e Impacto da Figura 13. Para a

etapa seguinte, a análise quantitativa de riscos, inicialmente foram considerados apenas os

riscos classificados como médios e altos e, como se verificou, na etapa de validação do

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modelo delineada no item 4.4.3, a necessidade de inclusão de dois outros riscos, foram

também incluídos à quantificação os dois riscos que tiveram classificação 5 (Experiências

anteriores e Análise entre propostas recebidas).

4.3.1. Descrição dos riscos e classificação de porcentagens e impactos

Para a atribuição dos percentuais e dos impactos associados a cada um dos riscos,

conforme mencionado, utilizou-se a escala de probabilidade e a escala de impacto ilustradas

na Figura 11e Figura 12, respectivamente. A classificação foi feita com base na classificação

qualitativa realizada e documentada pela gerência do consórcio, com base nos dados

históricos contidos no repositório de riscos da empresa PE, e através de conversas com

profissionais especializados em riscos da empresa PE.

Cabe salientar que a alguns dos riscos, por serem peculiar ao projeto, ou

apresentarem condições que dependem das conjunturas sócio-econômicas atuais, não foi

factível associar probabilidades e impactos históricos. As conjunturas sócio-econômicas que

foram consideradas para o projeto, foram aquelas presentes no ano de 2008, data de início do

empreendimento.

A seguir cada risco de cada uma das categorias da RBS COPE será brevemente

descrito, será também justificada a classificação dos parâmetros de probabilidade e impacto

de cada um dos trinta e três riscos considerados na etapa de análise qualitativa. A

probabilidade foi atribuída de acordo com as causas de cada um dos riscos, enquanto os

impactos sucederam de seus efeitos. Tanto as causas como os efeitos de cada um dos riscos

encontra-se no ANEXO A – RISCOS, CAUSAS E EFEITOS.

4.3.1.1. Categoria de Riscos Cliente

Pontualidade de pagamento

Ao risco Pontualidade de pagamento, que indica a pontualidade no pagamento do

cliente ao consórcio, foi atribuída uma probabilidade alta de ocorrência, pelo fato de,

recentemente, terem ocorrido atrasos em pagamentos de determinadas atividades em um

projeto realizado pela PE ao cliente OIL. Já pelas informações contidas no repositório PE de

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riscos, um risco similar a este, o de falta de pontualidade de pagamento por parte do cliente,

listado na RBS PE, possuiu uma média de probabilidade associada de 20%.

O impacto associado ao prazo, neste caso, foi classificado como muito baixo, pois

os atrasos não inviabilizaram o andamento das atividades de projeto, de aquisições e da obra,

enquanto o impacto associado a custos foi considerado baixo, já que o consórcio conta com

margens altas associadas às entregas de suas primeiras atividades, o que gera um fluxo de

caixa positivo já nos primeiros meses de contrato, e uma reserva que pode ser utilizada no

caso de atrasos no pagamento, no desenvolver do empreendimento. Devido à combinação de

probabilidade e impacto, este risco foi classificado como moderado e fez parte da análise

quantitativa.

Garantia de continuidade do fluxo de pagamentos

Ao risco de Garantia de continuidade do fluxo de pagamentos foi associada uma

probabilidade média de ocorrência, devido ao atual cenário de instabilidade financeira, que

pode acarretar em uma diminuição no nível de atividades. Não é recomendável o uso de

probabilidades históricas deste risco como base, pois ele está associado à estabilidade do

cenário econômico, e estabilidade financeira do cliente, sendo sua probabilidade distinta em

cada caso analisado.

O impacto deste risco no prazo foi classificado como moderado, já que, com a

descontinuidade no fluxo de pagamentos, as atividades seriam feitas com uma menor

quantidade de profissionais e de mão-de-obra direta, sendo necessário um maior tempo para a

realização do empreendimento, além da necessidade de paralisação de algumas atividades.

Já o impacto no custo do empreendimento foi considerado alto, dado que o

consórcio acabaria por arcar com diversos custos para a continuidade do empreendimento,

sem a certeza de remuneração pelas atividades executadas. Deste modo, a classificação geral

do risco foi considerada média, incluindo-o assim na análise quantitativa.

4.3.1.2. Categoria de Riscos Contrato com o Cliente

Atraso no fornecimento de equipamentos

O risco de Atraso no fornecimento de equipamentos que são de responsabilidade

do cliente foi classificado com alta probabilidade de ocorrência, principalmente pelo fato do

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cliente ter a responsabilidade de fornecer equipamentos também a outros projetos do tipo EPC

em paralelo, realizados no local da obra. No repositório de riscos PE foi localizado o mesmo

tipo de risco em um outro projeto, igualmente do tipo EPC, também com uma probabilidade

alta de ocorrência.

Em relação aos impactos associados ao risco, classificou-se como alto o impacto

no prazo, já que o prazo de entrega de equipamentos, diferentemente do caso de materiais,

pode se estender bastante, chegando a muitos meses de duração, dependendo da

complexidade de elaboração do mesmo, podendo acarretar um grande atraso no

empreendimento. O impacto associado a custo foi avaliado como muito baixo, já que atrasos

nos equipamentos podem acarretar multas contratuais de prazo, mas quando o atraso for de

responsabilidade do fornecimento do cliente, não haverá penalização financeira. Deste modo,

o risco de fornecimento foi classificado como alto, e foi tratado na análise quantitativa de

riscos.

Risco cambial

O Risco cambial tem relevância no projeto principalmente por causa da cláusula

contratual na qual ficou estabelecido o pagamento após trinta dias do faturamento, havendo

assim exposição ao risco cambial neste período. Deste modo, a probabilidade de ocorrência

deste risco foi considerada alta, pois de fato o consórcio ficará desprotegido cambialmente

neste período.

Em termos de prazo, o impacto foi classificado como muito baixo, já que se trata

de uma questão puramente financeira, acarretando em um impacto médio no aspecto de

custos, já que a quantia relativa a materiais e equipamentos importados é de aproximadamente

quarenta e cinco milhões de reais, e o impacto baixo pode variar de quatro a dezesseis

milhões. Deste modo, o risco foi classificado como médio e fez parte da análise quantitativa.

Fórmula paramétrica do contrato

Este risco se refere à Fórmula paramétrica do contrato, que trata basicamente do

risco das fórmulas de reajustes adotados no contrato não representarem bem os reajustes reais

dos preços, havendo assim um maior desembolso sem correção no faturamento. Deste modo,

a ele foi atribuído uma probabilidade média de ocorrência, já que alguns dos indicadores

empregados podem ser descontinuados, e assim haver a necessidade de sua substituição por

algum outro, podendo de alguma forma onerar o consórcio.

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Em relação aos impactos, ao prazo foi atribuído um impacto muito baixo, por

novamente tratar-se de um risco de cunho financeiro, e aos custos um impacto médio, tendo

em vista de que a correção de valores é incorrida para todos os custos do projeto. Desde modo

resultou-se num risco classificado como médio, fazendo parte então da análise quantitativa.

Regime e limites

Este risco está associado à ocorrência de multas moratórias com o limite de 10%

do valor contratual em sua ocorrência, e valor de 100% no caso de descumprimento total

objetivo contratual. Como diversas medidas são tomadas para que não ocorra desvio do que se

foi solicitado, a probabilidade de ocorrência foi definida como muito baixa, ou seja, inferior a

10%.

Classificou-se então o impacto associado a prazo como baixo, já que a multa, caso

ocorra no decorrer do empreendimento, pode atrasar algumas das atividades, mas é mais

provável de ocorrer já no final do empreendimento, não influenciando assim no prazo. Já em

relação ao custo, o impacto associado foi de muito alto, tendo-se em vista de que 10% do

valor contratual significa cem mil reais, considerado como um impacto muito alto na escala

definida. Assim, novamente o risco foi globalmente classificado como médio e foi analisado

quantitativamente.

Impactos da IN 834

A IN 834 é a instrução normativa que determina as atitudes que devem ser

respeitadas para efeitos de tributos como IRPJ, CSLL, Contribuições para PIS e COFINS,

entre outros13. O risco desta instrução se associa ao risco de que a mesma possa dificultar as

operações fiscais, tributárias e trabalhistas do consórcio. Deste modo, uma probabilidade

muito baixa foi associada ao mesmo, já que o consórcio procede de acordo com instruções

jurídicas, que minimizam a má interpretação da instrução.

O impacto associado ao prazo foi considerado como muito baixo, enquanto aquele

associado a custos foi considerado médio, já que pode haver necessidade de mudanças

tributárias, estimadas em vinte a quarenta milhões pelo consórcio. Deste modo, a combinação

13 Para mais informações, consultar: RECEITA FEDERAL. Instrução Normativa RFB nº 834, de 26 de março de 2008. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/Ins/2008/in8342008.htm >. Acesso em: 17 de out. de 2009.

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da probabilidade com os custos resultou em um risco considerado baixo, não fazendo parte da

análise quantitativa.

4.3.1.3. Categoria de Riscos Administrativo-Gerencial

Possibilidade de greve

No histórico de projetos da empresa PE a possibilidade de greve tem se mostrado

praticamente certa, o que tornaria a greve um evento certo e não mais um risco. No entanto,

como não se trata de uma atividade de escopo projeto e sim algo externo ao mesmo e incerto,

não se pode presumir que ocorrerá com cem por cento de certeza. Desta forma, associa-se ao

mesmo uma probabilidade muito alta de ocorrência.

Em relação aos impactos associados, considerou-se um impacto médio no prazo e

alto no custo do projeto, tendo-se em vista que, para um empreendimento de grande porte, há

grande probabilidade de ocorrência de mais de uma greve, resultando em um atraso no prazo

estimado em torno de um a dois meses, além de grande custo incorrido pelas exigências

trabalhistas, para que o trabalho possa ser retomado. Assim, este risco foi considerado alto e

fez parte da análise quantitativa de riscos.

4.3.1.4. Categoria de Riscos Econômicos e Financeiros

Inflação

O risco de ocorrer inflação depende bastante do cenário econômico do país, e não

pode ser deduzido apenas por uma base histórica. Em projetos mais antigos a probabilidade

associada à inflação era alta, mas, com o controle da inflação brasileira, apenas alguns casos,

como reajustes em preços de commodities e matérias-primas permanecem preocupantes.

No caso específico do projeto em questão, a inflação no preço do aço é uma

ameaça, pois seu reajuste não está inteiramente coberto no contrato, como ocorre com a maior

parte dos preços. Deste modo, a probabilidade associada a este risco foi baixa, considerando-

se a premissa de que se possui informações sobre possíveis elevações do preço do aço,

possibilitando atividades financeiras de proteção às oscilações dos preços.

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Como este risco afeta muito mais os custos do projeto, o impacto associado a

prazo foi considerado muito baixo, enquanto aquele associado a custos foi avaliado como

baixo, já que há cláusulas contratuais que arcam com o custo de eventuais desequilíbrios

econômico-financeiros. Assim, a classificação geral deste risco foi de baixa, não fazendo

parte da análise quantitativa.

4.3.1.5. Categoria de Riscos Meio Ambiente - Engenharia / Construção

LP , LI e LO

Este risco refere-se a custos adicionais de licenças ambientais: Licença Prévia

(LP), Licença de Implantação (LI) e Licença de Operação (LO), não desembolsados pelo

cliente. A probabilidade de ocorrência deste custo foi avaliada como baixa, já que o cliente já

possui diversas licenças ambientais.

O impacto que este risco pode causar no prazo foi considerado baixo, já que a

falta de alguma licença pode atrasar alguma parte do empreendimento, mas não deve afetar

em muito o prazo. O impacto no custo também foi classificado como baixo, já que os custos

já estão cobertos, e o caso de alguma licença não ser considerada pode onerar apenas em parte

o consórcio. Assim, a classificação geral do custo foi a de baixa, deixando-o de fora da análise

quantitativa.

Resíduos

O risco de Resíduos está relacionado à responsabilidade do consórcio no

gerenciamento de tratamento de resíduos que não sucatas, resíduo este que será tratado pelo

cliente. A probabilidade associada a este risco foi considerada muito baixa, pelo fato de haver

uma equipe competente de SMS para seu gerenciamento e um orçamento já considerado

associado ao tratamento.

O impacto deste risco associado ao prazo foi classificado como baixo, já que

pequenos atrasos e paralisações temporárias podem ocorrer, devido a vazamentos ou outros

imprevistos associados ao tratamento de resíduos, enquanto ao custo foi associado um

impacto muito baixo, pelo fato de já haver um valor orçado para esta atividade. Deste modo, o

risco ficou classificado como baixo e não entrou para a análise quantitativa.

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4.3.1.6. Categoria de Riscos Engenharia

Cronograma de entrega de projetos

A atividade de projeto em geral é dividida em duas etapas, a do projeto básico e a

do projeto detalhado, que sucede o projeto básico. Para o projeto detalhado, são necessárias,

dentre outras, informações do cliente e informações de detalhamento de equipamentos, dos

fornecedores. O risco de cronograma de projetos trata justamente do atraso por falta destas

informações.

Em cada projeto este risco pode apresentar uma maior ou menor ameaça. No

repositório de riscos PE, um risco de atraso de cronograma por parte de atrasos do cliente, que

se assemelha bastante ao risco em questão, teve como classificação de probabilidade média

um valor considerado moderado, mas variou bastante de projeto para projeto. Neste caso,

considerou-se também uma probabilidade moderada associada a sua ocorrência.

Em relação ao impacto no prazo gerado pelo risco, este foi também classificado

como moderado, considerando-se assim um atraso de um a dois meses no projeto de

engenharia, estimativa feita de acordo com atrasos já ocorridos em projetos anteriores.

Considerou-se também um impacto moderado em relação ao custo, sabendo-se de

que é prevista em contrato uma multa sob atraso de entregáveis parciais de 0,1% por dia de

atraso, o que resultaria em uma multa de um milhão de reais a cada dia de atraso de um

documento relacionado ao projeto de engenharia. Considerou-se assim um impacto total de

dezesseis a quarenta atrasos no atraso de entrega de documentos que serão faturados. Deste

modo, o risco em questão foi classificado como médio e fez parte da análise quantitativa.

Composição da equipe

O risco de Composição de equipe tem como causa principal o aquecimento do

mercado, que pode ocasionar falta de profissionais adequados, havendo a necessidade de

pagamento de maiores salários para atraí-los ao projeto. A probabilidade associada a esta

questão foi identificada como baixa, já que o cenário de crise financeira diminuiu a demanda

por profissionais.

Tanto o impacto no prazo quanto no custo foram considerados baixos, já que a

dificuldade para contratação de uma equipe acarreta um pequeno atraso nas atividades

referentes ao projeto de engenharia, e em custos extras àqueles previamente orçados para

contratação de engenheiros, profissionais projetistas, e para a gerência do projeto. Deste

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modo, classificou-se o risco de Composição de equipe como baixo, não o destinando à análise

quantitativa.

Qualidade do projeto recebido

A atividade de engenharia tem como função inicial a realização do projeto básico,

no qual valida o projeto recebido pelo cliente e identifica eventuais desvios existentes no

mesmo. No repositório de riscos PE, há um risco bastante similar, o de desvio de escopos, ao

qual diversas classificações de probabilidade foram atribuídas a diferentes projetos. Na

maioria dos casos de projetos do tipo EPC, no entanto, este risco foi classificado como

moderado, assim como o foi neste caso.

O impacto no prazo deste risco foi considerado baixo, já que, caso ocorra, pode

atrasar um pouco o andamento da obra e demais atividades relacionadas diretamente aos

quantitativos do empreendimento, mas o fato do desvio ser identificado logo no início do

empreendimento, na realização do projeto básico, minimiza a potencialidade do atraso.

Já o impacto nos custos foi classificado como médio, pelo fato de que a qualidade

do projeto recebido pode gerar desvios no escopo e nos quantitativos materiais, que tem um

custo para serem gerenciados e não necessariamente serão aprovados em sua totalidade pelo

cliente, gerando custos adicionais de materiais e mão-de-obra direta e indireta relacionada aos

quantitativos. Assim, a classificação geral deste risco foi a de moderado, considerando-o na

análise quantitativa.

Assertividade das quantidades

Uma boa estimativa das quantidades de materiais é atividade essencial para um

bom gerenciamento de prazo e custo. Deste modo, caso se estime incorretamente as

quantidades de materiais envolvidas no projeto, tanto prazo como custo serão bastante

afetados, pois haverá a necessidade de aquisições extras e contratações de mão-de-obra direta,

que irão atrasar as atividades relacionadas à obra do empreendimento e necessitarão de

desembolsos não previstos.

Pelo fato do cálculo de quantitativos tratar de uma atividade estimada por si só, a

probabilidade associada a este risco foi alta, tendo-se como base de comparação os históricos

de projetos da PE. O impacto no prazo também foi classificado como alto, já que, conforme

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descrito anteriormente, grandes atrasos são acarretados pela necessidade de aquisição de mais

material e contratação excedente de mão-de-obra.

Em relação ao custo, atribuiu-se um impacto moderado ao mesmo, tendo em vista

de que parte da alteração de quantidades pode ser pleiteada ao cliente, no entanto não havendo

certeza sobre este montante. O risco foi então classificado como alto e fez parte da análise

quantitativa.

4.3.1.7. Categoria de Riscos Procurement

Fornecedor exclusivo

O risco de Fornecedor exclusivo se refere ao atraso na entrega de válvulas por sua

exclusividade de fornecimento. A probabilidade associada a este risco foi classificada como

muito baixa, devido à decisão tomada de busca a outros fornecedores para suprir a demanda

por válvulas do projeto.

Neste caso, o impacto no prazo foi considerado baixo, já que pode ocorrer atraso

na entrega de válvulas, mas a diversificação de fornecedores o torna pequeno. O impacto

associado ao custo foi considerado muito baixo, já que é pouco afetado por este risco, que foi

então classificado como baixo e não entrou na analise quantitativa.

Pressão de mercado

O risco de Pressão do mercado trata do não mantimento dos preços por conta de

pressão de mercado, acarretando aumentos nos custos de equipamentos e materiais, devido a

aumentos no preço do concreto e aço. A ele foi associado uma alta probabilidade de

ocorrência, tendo-se em vista as grandes oscilações de preço do setor de construção civil

recentemente no Brasil.

Por se tratar de um risco praticamente de exclusividade financeira, foi atribuído

um impacto muito baixo ao prazo, e impacto alto ao custo, pelo fato de muitos dos custos de

materiais e equipamentos a serem adquiridos no projeto, terem preço diretamente associados

ao preço do aço, concreto e outros, sujeitos à pressão do mercado. Assim, o risco obteve

classificação alta e foi levado à análise quantitativa.

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Plano de inspeção e teste PIT

O cliente aprovou um plano de inspeção e teste PIT (Plano de Inspeção e Testes)

rigoroso aos equipamentos adquiridos pelo consórcio. Assim, o risco incorre na possibilidade

de atraso no faturamento destes equipamentos, e conseqüente atraso na montagem

eletromecânica dos mesmos. Para este risco foi determinada uma probabilidade de ocorrência

muito baixa, devido ao fato das requisições de equipamentos já incluírem o PIT na grande

maioria das vezes.

O impacto no prazo foi considerado como moderado, pelo fato da falta de

aprovação do PIT em equipamentos poder gerar atraso na atividade de montagem

eletromecânica, devido a não liberação dos equipamentos. Já o impacto no custo foi

classificado como baixo, pois este risco não afeta o orçamento de maneira direta, mas apenas

por multas aplicadas a prazos. Desta forma o risco foi classificado como baixo, e não compôs

a análise quantitativa.

Atendimento aos requisitos de garantias

O Atendimento aos requisitos e garantias do cliente foi considerado como um

risco de muito baixa probabilidade de ocorrência, devido principalmente aos projetos já

realizados pela PE, e pela sua notoriedade no desenvolvimento de projetos de alta qualidade.

Também no repositório de riscos da PE, a um risco semelhante, o do projeto não atingir as

expectativas para a satisfação do cliente, associou-se probabilidades de ocorrência baixas ou

muito baixas.

Quanto ao impacto no prazo do projeto, este foi classificado novamente como

baixo, já que algumas exigências podem atrasar atividades do projeto, não se tratando,

contudo, de atrasos significativos. Também em relação ao custo, o impacto associado foi

baixo, já que o atendimento às garantias já está previsto no orçamento, podendo afetar um

pouco os custos de aquisições de equipamentos, no entanto. Assim, este risco foi classificado

como baixo e não foi tratado na análise quantitativa.

Analise entre propostas recebidas

Na aquisição de equipamentos, em alguns casos, para o mesmo equipamento é

feito o orçamento em mais de um fornecedor, podendo-se obter preços distintos. Deste modo,

o orçamento geral de equipamentos pode vir a sofrer alterações de custos em alguns de seus

equipamentos, dependendo da escolha do fornecedor final, acarretando diferenças do preço

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orçado àquele efetivamente pago. O preço orçado tomou como base, em geral, os menores

preços de aquisição de equipamentos.

A probabilidade deste risco foi classificada como média, pelo fato de realmente

haver divergências entre preços de fornecedores distintos, mas de, sempre que possível, se

adquirir produtos do fornecedor mais barato.

O impacto de prazo foi qualificado como muito baixo, pelo fato deste risco pouco

influenciar nos atrasos de fornecimentos em si. Já o impacto no custo foi considerado baixo,

pelo fato de já estar considerado também no orçamento alguns desvios de preços de

equipamentos. Desta maneira, a classificação geral do risco foi como baixa. No entanto,

devido a uma das etapas de validação apresentada no item 4.4.3.1, ele foi incluído à análise

quantitativa.

Valor total de planilha

O risco de Valor total de planilha se refere ao critério adotado para pagamento de

materiais e equipamentos, que pode não ser o mais adequado em todos os casos, encarecendo

custos de equipamentos e materiais em algumas situações. Sua probabilidade de ocorrência

foi classificada como baixa, já que cada um dos casos das aquisições tem sua precificação

tratada individualmente pela equipe de suprimentos, minimizando a possibilidade de se

perdas. Como a equipe de suprimentos está condicionada à compra de equipamentos e

materiais de fornecedores que estejam presentes na Vendor List qualificada pelo cliente, a

possibilidade de escolhas de fornecedores visando interesses próprios é minimizada.

Como o risco não impacta significativamente o prazo do projeto, o impacto

associado ao mesmo foi considerado muito baixo, enquanto classificou-se o impacto no custo

como baixo, indicando-se uma pequena incerteza em relação a perdas incorridas no

pagamento aos fornecedores. Deste modo, o risco teve sua classificação geral considerada

baixa e não foi incluído na análise quantitativa.

Variação de prazo entre data da proposta e efetiva efetivação de compra

Pelo fato do início das atividades de suprimentos ocorrerem bastante depois da

proposta do empreendimento ter sido realizada, os preços de materiais e equipamentos

analisados e inicialmente orçados podem sofrem alterações neste intervalo de tempo. Uma

probabilidade alta foi considerada para este risco, pelo fato de que os preços de equipamentos

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e materiais podem sofrer forte aumento de um ano para outro, devido ao aquecimento

alterações de condições de mercado.

O impacto do prazo foi considerado muito baixo, já que o risco afeta mais

diretamente o custo do projeto, cujo impacto foi qualificado como baixo, já que outros riscos,

como Pressão de Mercado, cobrem grande parte da possível elevação de preços. A

classificação geral deste risco foi então considerada moderada, fazendo assim parte da análise

quantitativa.

4.3.1.8. Categoria de Riscos Construção e Montagem

Interferências executivas

Pelo fato de haver também outros prestadores de serviço EPC na planta em que o

projeto será empreendido, pode vir a ocorrer interferências entre as diversas unidades da

refinaria, resultando em perda de produtividade. A este risco foi associado uma probabilidade

média, já que há diversos outros EPCistas que podem interferir de algum modo, mas nem

todos atuarão ao mesmo tempo que o consórcio, ao longo de toda a obra.

Em relação ao impacto no prazo, classificou-o como médio, já que a perda de

produtividade pode acarretar em um atraso considerável no andamento da obra, de um a dois

meses. Já em relação ao custo, este risco foi avaliado como de baixo impacto, considerando-se

um possível adicional para o caso da necessidade de contratação de equipe para tratá-lo como

desvio. Deste modo, a classificação geral do risco foi de moderado, tendo sido considerado

então na análise quantitativa.

Recursos humanos

O risco de Recursos humanos se relaciona à possível escassez de mão-de-obra

direta para operar na obra, acarretando atrasos devido à demora para contratação, e

necessidade de elevação de salário para atrair trabalhadores locais ou de fora. A probabilidade

associada a este risco foi alta, tendo-se em vista de que parte da mão-de-obra local já está

trabalhando em outras obras da própria refinaria, em projetos já iniciados por outros EPCistas.

No repositório de riscos PE há um risco semelhante, referente a outro projeto do

mesmo cliente, ao qual uma probabilidade de ocorrência moderada foi associada, mas este

risco depende extremamente do local e condições em que se atua.

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Em relação ao prazo e ao custo, atribuiu-se um impacto baixo, já que o

andamento da obra pode ser levemente penalizado devido ao atraso nas contratações, mas não

de modo relevante, enquanto haverá também a necessidade de um pequeno aumento na

remuneração da mão-de-obra direta, o que não acarretará, contudo, em um valor significativo

despendido. Dessa maneira, a classificação geral do risco foi de moderada, incluindo-o na

análise quantitativa de riscos.

Plano de mobilização de equipamentos próprios ou de terceiros

O risco que trata do Plano de mobilização de equipamentos próprios ou de

terceiros possui como causa a não manutenção dos custos de contrato de aluguéis de

equipamentos. A probabilidade de ocorrência associada a este caso foi considerada como alta,

devido a experiências anteriores vivenciadas por ambas as empresas do consórcio.

O efeito relacionado ao risco é o de não haver equipamentos nos momentos

necessários, acarretando atraso na atividade de montagem, ou adição de custos de aluguel não

previstos no orçamento. Considerando o efeito, o impacto no prazo foi considerado moderado

e no custo baixo, pelo fato do risco poder afetar em um a dois meses o prazo do

empreendimento, e afetar pouco o custo do empreendimento, devido ao fato da quantidade de

equipamentos alugados não ser tão representativa em relação ao montante considerado em

aquisições. Assim, o risco foi classificado como moderado e fez parte da análise quantitativa

de riscos.

Cumprimento do cronograma

O Cumprimento do cronograma trata do atraso na entrega do empreendimento,

devido ao atraso das atividades de construção e montagem. No repositório de riscos da

empresa PE, para um risco similar, o de atrasos no cronograma acarretarem custos adicionais,

foram atribuído diversos valores de probabilidade, dependendo do caso de cada um dos

projetos em que o risco foi identificado.

Para o caso do projeto em questão, atribuiu-se uma alta probabilidade à ocorrência

deste risco, por se tratar de um empreendimento de grande porte com muitas variáveis

envolvidas, o que facilita a ocorrência de atrasos, tanto por parte das atividades de construção

e montagem, quanto por parte de atrasos do cliente.

Os impactos no prazo e custo foram considerados alto, pois, apesar do consórcio

possuir uma equipe de planejamento físico para administração de prazos de entregas ao

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cliente, a atividade de construção e montagem é bastante extensa e pode vir a ser bastante

atrasada. Em relação ao custo, considerou-se um impacto alto pelo fato de poder ser incorrida

a multa de prazo de 0,1% da receita ao dia, o que equivaleria a um milhão de reais ao dia.

Desta maneira, a classificação geral do risco foi alta, levando-o à análise quantitativa.

Chuva, vento, maré, terremoto, neve, neblina

O risco da ocorrência de fatores climáticos resulta principalmente em atraso na

obra, devido à necessidade de paralisações, sobretudo no caso das atividades de construção

civil.

No repositório PE foi identificado um risco similar, o de condições locais na fase

de implantação (clima, comunidade, acesso) demandarem providências não previstas,

acarretando dificuldades, atrasos ou custos adicionais para o projeto. No entanto, as

probabilidades associadas ao mesmo apresentaram uma grande variação, dependendo da

situação local em que cada projeto se inseriu. No caso do projeto em questão, considerou-se

uma probabilidade média de ocorrência, por se tratar de uma região com grande incidência

pluvial histórica, além da grande incidência de raios em determinadas épocas do ano.

Em relação ao impacto no prazo, o mesmo foi classificado como moderado, já que

há uma cláusula no contrato que desconta do atraso da obra o atraso causado por chuvas e

descargas atmosféricas, mas exige avaliação e comprovação para que haja a dedução efetiva.

Já o impacto no custo foi classificado como baixo, pelo fato de uma cláusula contratual

garantir uma verba provisionada para caso de chuvas e descargas. Deste modo, o risco teve

classificação média e fez parte da análise quantitativa.

Logística da obra

Este risco é bastante específico do projeto em questão, pelo fato dele se

estabelecer em um espaço em que outras obras de outros prestadores de serviços em contrato

EPC também ocorrem simultaneamente, havendo devido a esta situação, em alguns

momentos, dificuldade para a mobilidade de equipamentos e aparatos dentro da própria obra.

A probabilidade definida para este caso foi classificada como baixa, tendo-se em

vista de que os diversos projetos não atuarão simultaneamente em toda a extensão da obra, e

não ocuparão espaços próximos uns aos outros a todo instante. Os impactos associados a

custo e a prazo foram considerados como muito baixo, pelo fato do risco não resultar em

atraso na construção e montagem em si, mas sim em eventuais contratempos no transporte de

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equipamentos e materiais, não acarretando assim grandes custos. De tal modo, classificou-se o

risco como baixo, não o incluindo na análise quantitativa de riscos.

4.3.1.9. Categoria de Riscos Custo Indireto

Estrutura organizacional

O risco de Estrutura organizacional se refere à necessidade da extensão do prazo

de contratação da mão-de-obra indireta para o gerenciamento do projeto, devido à

possibilidade de atrasos no empreendimento, acarretando um maior custo ao mesmo. A este

risco foi associada uma alta probabilidade de ocorrência, pelo fato de historicamente ter sido

bastante comum atrasos não reconhecidos pelo cliente, que geram necessidade de

desembolsos por parte do consórcio.

O impacto associado ao prazo do empreendimento foi classificado como muito

baixo, considerando-se que o atraso neste caso não se trata de uma conseqüência do risco, mas

sim de sua causa. Em relação ao custo, atribuiu-se um impacto baixo, já que o número de

profissionais necessários para o gerenciamento do projeto em sua fase final diminui, tornando

menos oneroso os custos salariais a serem desembolsados. Deste modo, a classificação do

risco foi de média, fazendo parte da análise quantitativa.

Prêmios de seguros

O Prêmio de seguros trata do risco do cliente não cobrir em sua apólice certos

acidentes, podendo acarretar custos não orçados previamente pelo consórcio. Para este caso,

considerou-se uma alta probabilidade de ocorrência, já que a apólice do cliente só será

fechada após o início do projeto, e muito provavelmente não cobrirá todos os casos de

acidentes possíveis.

O impacto no prazo foi considerado muito baixo, pelo fato do risco influenciar

muito pouco no prazo do empreendimento. Já em relação ao custo, considerou-se também um

impacto muito baixo, por se considerar que os acidentes que poderão ocorrer sem cobertura

não terão grande custo, quando comparados ao valor do projeto como um todo. Assim, a

classificação geral do projeto ficou como baixa, não fazendo parte da análise quantitativa de

riscos.

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Passivo trabalhista

O risco Passivo trabalhista diz respeito à probabilidade de ocorrência de ações

trabalhistas por parte da mão-de-obra direta. A este risco foi associado uma alta probabilidade

de ocorrência, devido ao grande porte do empreendimento que emprega um grande

contingente de mão-de-obra direta, o que torna mais provável a ocorrência de ações

trabalhistas.

Os impactos no prazo e custo foram qualificados como muito baixo, já que as

ações podem afetar muito pouco no prazo por faltas de alguns dos trabalhadores. Em relação

ao custo, como próprio orçamento já se considerou uma porcentagem dos salários de mão-de-

obra direta para questões trabalhistas, não será então necessário considerar um grande impacto

no custo neste caso. Desta maneira, o risco foi classificado como baixo e, não foi considerado

na análise quantitativa.

4.3.1.10. Categoria de Riscos Parceiros

Experiências anteriores

Este risco considera as experiências anteriores de exigências de aumentos salariais

por parte de subcontratados para a realização de trabalhos de construção civil e montagem na

obra. Em relação à probabilidade, considerou-a moderada, já que, pelo fato de ter ocorrido

em experiências anteriores, a equipe de administração contratual do projeto procurou tomar

providencias para minimizar sua possibilidade de ocorrência. No entanto, por se tratar de um

projeto de grande porte como diversos profissionais subcontratados, há ainda certa

possibilidade de serem necessários aumentos salariais, em alguns casos.

Por impactar mais os custos do que os prazos, o impacto no prazo foi considerado

muito baixo, já que algumas atividades podem ser um pouco atrasadas pelo trabalho de

subcontratados na ocorrência deste risco, mas não afetará bruscamente os entregáveis do

projeto.

O impacto no custo foi classificado como baixo, já que os salários de

subcontratados para atividades de construção e montagem representam uma pequena parte do

custo total destas atividades, somando por volta de quarenta e cinco milhões de reais para as

duas atividades. Além disto, o valor que deverá ser incorrido provirá das correções salariais,

que não deve representar, individualmente, grande montante. A classificação geral do risco

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deste modo foi de baixa, no entanto, devido a uma das etapas de validação apresentada no

item 4.4.3.1, ele foi incluído à análise quantitativa.

4.4. Análise quantitativa de riscos

Para a análise quantitativa de riscos, procedeu-se de acordo com as etapas

descritas por Cooper et al. (2005), exploradas no item 2.2.4.2 da Revisão Bibliográfica.

Inicialmente contextualizou-se o projeto, através da definição de bases e

premissas adotadas no modelo, seguindo-se para sua estruturação, que englobou a definição

da CBS e da rede de atividades a serem empregadas no mesmo, os riscos a serem analisados

quantitativamente, e a determinação das incertezas relacionadas aos parâmetros de entrada,

através de atribuição de probabilidades.

Em seguida passou-se então à fase de execução, na qual a simulação foi gerada,

prosseguindo para a validação do modelo, que exigiu voltar às etapas anteriores, para se

redefinir algumas premissas, e alterar alguns dos atributos associados aos parâmetros de

entrada do modelo, realizando-se correções no modelo para, por fim, documentá-lo,

indicando-se os resultados obtidos.

A seguir serão descritas as atividades realizadas em cada uma das etapas para a

estruturação do modelo.

4.4.1. Definição de bases e premissas

Para a validação do modelo algumas bases e premissas foram assumidas, para que

se pudesse dar continuidade ao mesmo considerando-se certas simplificações e condições. A

seguir serão listadas as premissas consideradas e as simplificações feitas no modelo.

Em relação às informações obtidas sobre o projeto, provindas das outras áreas do

PMI, a primeira premissa tomada foi a de que os riscos do empreendimento foram

devidamente identificados pela gerência do projeto, devido à experiência da equipe no

gerenciamento de projetos. Outra premissa assumida é a de que os custos determinísticos

empregados na CBS, e os prazos determinísticos associados às atividades são os mais

prováveis de ocorrerem.

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Considerou-se a mesma estrutura para a CBS e a rede de atividades, associando a

cada uma das atividades o custo relacionado ao pacote da CBS. Foi assumido, ao longo de

cada uma das atividades, o gasto homogêneo de recursos, obtendo assim, para todas as

atividades, um certo custo por unidade tempo constante ao longo de toda atividade. Não se

considerou variação do custo da atividade conforme a extensão da atividade, considerando-se

que esta variação já está representada pela incerteza do custo, indicada pela curva de

probabilidade atribuída ao mesmo.

Um calendário de dias corridos para a realização das atividades foi acatado. Não

foram consideradas correlações entre os custos de atividades.

A receita do empreendimento não foi considerada no modelo, pois foi assumida

uma receita fixa em um bilhão de reais. Deste modo, também não se considerou correções

anuais nos valores dos custos por conta da inflação, pois se assumiu que a receita seria

igualmente corrigida, tendo sido considerado um risco no caso disto não ocorrer.

Por fim, assumiu-se que todos os riscos podem atuar ao longo de todo o projeto,

tendo-se em vista que, caso seja um risco que possa atuar apenas em certo momento, como

por exemplo, algum caso vinculado apenas às atividades iniciais do empreendimento, como

atividades de engenharia, a associação do risco com as atividades já determinará sua fase de

atuação no projeto, não havendo assim a necessidade de determinar um prazo de atuação do

mesmo.

Em relação aos riscos, assumiu-se também que, para todos os casos da análise

quantitativa, tanto para o impacto no prazo, quanto ao impacto no custo, seriam associadas

distribuições triangulares, nas quais o valor máximo seria o maior valor do intervalo dentro do

qual o impacto foi classificado, o mínimo o menor valor deste intervalo, e o mais provável o

valor intermediário entre estes dois. Tomando-se de exemplo um risco que foi classificado

com um impacto baixo de custo, a ele se associa uma probabilidade triangular com valor

mínimo de quatro milhões de reais, um valor mais provável de dez milhões, e um valor

máximo de dezesseis milhões de reais.

Algumas das premissas assumidas, em algum aspecto pontual do modelo, serão

notificadas ao longo da estruturação e validação do modelo, contidas nos itens 4.4.2 e 4.4.3,

por se tratarem de um detalhe específico e não serem aplicados a todos os casos do modelo,

como ocorre nas bases e premissas definidas neste item.

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4.4.2. Estruturação

Para a estruturação do modelo, foram considerados os riscos que foram incluídos

na análise quantitativa de riscos, a CBS e a rede de atividades, com as atividades derivadas da

própria CBS, conforme mencionado no item 4.4.1. Tanto no caso da CBS, quanto no caso da

rede de atividades, foi avaliado, para cada um dos pacotes de custo que equivaleu a cada uma

das atividades, um cenário pessimista, um mais provável e um otimista, tanto de custo quanto

de prazo.

As estimativas de cenários otimistas e pessimistas, para cada um das atividades e

custo associado à atividade, foram determinadas através de conversas com profissionais da

empresa PE de diferentes ramos, além de estudo sobre projetos anteriores da empresa, e sobre

o projeto em questão. Conversou-se com o gerente financeiro do projeto, com uma

especialista de planejamento físico também do projeto, e com um gerente de engenharia da

empresa PE.

Os cenários mais prováveis dos custos da CBS, conforme mencionado no item

4.4.1, foram aqueles retirados dos dados determinísticos do orçamento do projeto, que foi

utilizado como base para a criação da CBS. Já para a rede de atividades, os cenários mais

prováveis foram adaptados dos prazos da rede de atividades original do projeto14.

Deve-se ressaltar, no entanto, que o valor determinístico de cada um dos custos,

apesar de utilizado como parâmetro para o modelo, não é indicado nem na estrutura integral

da CBS exposta no ANEXO B – CBS (COST BREAKDOWN STRUCTURE), nem em sua

estrutura resumida, ilustrada na Figura 15, pelo fato do consórcio ter considerado esta

informação estratégica, e, deste modo, sigilosa. Cabe relembrar, no entanto, que os custos e

receitas associados neste estudo de caso são fictícios.

Conforme descrito por Cooper et al. (2005) no item 2.2.4.2 da revisão

bibliográfica, muitas vezes as informações vindas das outras áreas do PMI de gerenciamento

de projetos precisam ser trabalhadas e adaptadas para o modelo. Neste caso, a CBS foi criada

através de agrupamentos de custos do orçamento, de acordo com os pacotes de custo

considerados relevantes, e que pudessem ser também considerados como atividades. Esta

atividade de agrupamento teve o auxílio do gerente financeiro do projeto.

14O oçamento do projeto e sua rede de atividades serviram de base para a elaboração dos valores determinísticos da CBS e da rede de atividades do estudo apresentado neste trabalho.

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Já no caso da rede de atividades, que foi simplificada de acordo com a estrutura da

CBS, ela é originalmente composta por dezenas de milhares de atividades, enumeradas de

acordo com os entregáveis do projeto. Como este estudo de caso visa aplicar o gerenciamento

de riscos ao custo do projeto e não ao prazo, não houve a necessidade de se explorar tão

afundo as atividades do projeto, sendo estas, neste caso, apenas necessárias para se definir

precessões e sucessões entre atividades, a fim de se dimensionar o custo ao longo do tempo do

projeto.

A seguir serão detalhadas as estruturas que englobam os parâmetros de entrada do

modelo, assim como as probabilidades adotadas em cada um dos casos, para se representar

incertezas dos parâmetros. Será apresentada a CBS, a rede de atividades, e a lista com os

riscos que farão parte da análise quantitativa.

4.4.2.1. Cost Breakdown Structure do projeto

A Cost Breakdown Structure (CBS) do projeto, conforme mencionado, pode ser

observada no ANEXO B – CBS (COST BREAKDOWN STRUCTURE) e está resumida na

Figura 15. Esta estrutura foi definida através de quarto grandes grupos que estruturam o

projeto: engenharia, procurement (aquisições), construção e montagem e comissionamento e

assistência. Estes quatro grandes grupos estão representados na Figura 15, sendo subdivididos

em níveis inferiores. Não foram considerados na CBS os custos associados às contingências

de riscos do orçamento, justamente pelo objetivo de quantificá-los neste trabalho.

Dentro do grupo da engenharia estão as disciplinas responsáveis pelo

desenvolvimento do projeto detalhado. Já procurement é subdividido em dois grupos, o de

gerenciamento, que por sua vez é novamente dividido em gerenciamento, compras,

diligenciamento e inspeção, e o de faturamento direto, que envolve a aquisição dos

equipamentos e materiais das diferentes disciplinas, além de materiais e equipamentos

importados, materiais de segurança, tintas e solventes, entre outros.

O grupo de construção e montagem, por sua vez, é subdividido em grupos de

indireto, de construção e montagem e de equipes de apoio. O grupo do indireto de construção

e montagem, como o próprio nome indica, engloba custos indiretos como equipe d mão-de-

obra indireta do empreendimento, custos diversos, entre outros. O grupo de equipes de apoio

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engloba as atividades de apoio à construção e montagem, como topografia, logística,

almoxarifado, teste, e outros.

Já o grupo de construção e montagem que se localiza dentro do grande grupo de

construção e montagem é dividido em obras civis, montagem eletromecânica e materiais de

consumo. A construção civil engloba os custos relacionados diretamente às atividades de

obra, como estaqueamento, escavação, concreto, edificações, entre outros. A montagem

eletromecânica engloba fabricação e montagem de equipamentos num geral, além de serviços

de terceiros, como pintura, isolamentos, calibração e testes, e demais atividades. Materiais de

consumo e aplicação engloba tanto materiais de consumo e aplicação como materiais de

andaimes.

Por fim, o grupo de comissionamento e assistência engloba estas duas atividades,

que finalizam as atividades do projeto.

Pacotes da CBS Valores Probabilísticos

ID Descrição Custo (em R$ 1.000,00) Mínimo Máximo

TOTAL 619.623,93 731.494,27

G0070 ENGENHARIA 31.254,77 36.189,74

G0150 PROCUREMENT 274.306,82 325.828,03

G0340 CONSTRUÇÃO E MONTAGEM 309.449,48 363.883,37

G0800 COMISSIONAMENTO – ASSISTÊNCIA 4.612,86 5.593,13

Figura 15: CBS do projeto. Fonte: Elaborado pela autora.

Na CBS ilustrada na Figura 15, os custos pessimistas estão representados na

coluna Mínimo e os otimistas na coluna Máximo. No ANEXO B – CBS (COST

BREAKDOWN STRUCTURE) é possível observar estes dois parâmetros para todos os custos

da CBS e também para os prazos das atividades, nos quais também foram ilustrados os

valores mais prováveis (MP) associados. O valor determinístico do custo total do projeto foi

de R$ 651.648.551,50.

Tendo-se estas três possibilidades de cenários para custos e prazos, optou-se pelo

uso da probabilidade triangular para este caso, por se considerar o mais adequado para

situações nas quais há estes tipos de cenário, conforme o item 2.5.2 da bibliografia.

É importante salientar que estas oscilações no custo e no prazo independem da

ocorrência dos riscos, pois consideram incertezas dos riscos que não foram identificados, e

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daqueles que não foram quantificados, e deste modo, não farão parte da análise quantitativa

de riscos. Na etapa de validação, será testada no item 4.4.3.1 a inclusão dos riscos que

previamente permaneceram fora da análise quantitativa, para se verificar a necessidade ou não

destes serem incluídos no modelo.

4.4.2.2. Rede de Atividades

A rede de atividades foi desenvolvida, conforme já mencionado anteriormente,

através da estrutura da CBS. Cada pacote de custo equivaleu a uma das atividades. Para a

determinação da relação de precedência e sucessão de atividades contou-se com o auxílio de

um profissional de planejamento fisco do projeto.

Para o objetivo deste trabalho, a análise de riscos vinculada a custos, a

determinação das relações entre atividades é útil para o seqüenciamento das mesmas, a fim de

se definir o momento no tempo em que os custos são incorridos, para que se possa avaliar os

custos do projeto ao longo do tempo, e se determinar a curva de custos baseline do projeto,

conforme descrito no item 2.3.1 da revisão bibliográfica.

Para o caso da análise de riscos vinculada ao prazo, é de extrema importância a

determinação das relações entre as atividades, pois o resultado a ser analisado depende de que

forma os riscos afetaram os prazos das atividades e do projeto como um todo, que certamente

será alterado dependendo das dependências entre atividades definidas e do caminho crítico

obtido.

As relações de precedência entre as diversas atividades do projeto foram feitas, de

maneira geral, considerando-se que as atividades de engenharia precedem tanto as atividades

de aquisições quanto as atividades de construção e montagem de equipamentos. De um modo

geral, se relacionou cada atividade de engenharia com a atividade predecessora de seu

respectivo fornecimento de material, atividade de construção civil, quando conveniente, e

atividade de construção e montagem.

Tomando-se como exemplo a atividade de engenharia civil, esta foi considerada

predecessora da atividade de procurement (aquisição) da estrutura metálica, de atividades da

construção civil, como estaqueamento e edificações e, por fim, de atividades de construção e

montagem como montagem de equipamentos. Para alguns equipamentos e algumas atividades

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de construção e montagem, mais de uma disciplina de engenharia foi considerada

predecessora, assim como algumas disciplinas foram relacionadas entre si.

As disciplinas de engenharia foram todas subdivididas em duas atividades, a

primeira delas referente ao projeto básico e a segunda ao projeto detalhado. Para todas as

disciplinas o projeto básico foi definido com duração determinística de quarenta e cinco dias,

enquanto a duração do projeto detalhado variou para cada caso.

Do mesmo modo que as atividades de engenharia foram atreladas às de aquisições

e às de construção e montagem, as atividades de aquisições de materiais foram vinculadas às

atividades de construção civil, enquanto as de aquisições de equipamentos foram relacionadas

às de montagem eletromecânica. Novamente, a aquisição de mais de um equipamento ou

material pode ter sido precedente de uma atividade de construção e montagem. As atividades

de construção civil foram também relacionadas às atividades de montagem.

O tipo de relação utilizado na maior parte das vezes foi do tipo início para início e

término para término, que foram explicadas no item 2.4 da revisão bibliográfica. No entanto,

acrescentou-se um intervalo entre o início ou término das duas atividades relacionadas.

Tomando-se novamente o exemplo da engenharia, ao relacioná-la a alguma das atividades de

aquisição de equipamentos e materiais, definiu-se que a mesma teria início num intervalo de

tempo antes de sua sucessora e teria fim em um outro determinado intervalo de tempo antes

de sua sucessora ser finalizada.

Usualmente o tipo de relação mais empregada é o de término para início, mas,

como a rede de atividades definida para o projeto continha atividades bastante amplas, não foi

possível a utilização deste tipo de dependência entre atividades, optando-se então pelas

relações explicadas acima.

Após se vincular todas às atividades de engenharia às atividades de aquisição e às

atividades de construção e montagem, fez-se a conexão entre as atividades de suporte e apoio

às atividades que amparam. A maior parte deste gênero de atividade foi classificada como

hammock, um tipo de atividade que não tem duração determinada, pois terá o prazo das

atividades às quais está vinculada, não podendo pertencer, deste modo, a nenhum caminho

crítico.

Por fim, depois de atreladas todas as demais atividades, a atividade de

comissionamento sucedeu as atividades de montagem eletromecânica, e precedeu a atividade

de assistência, pré-operação e partida, última atividade para a entrega do projeto ao cliente. A

Figura 16 exibe através de flechas as relações de precedência e sucessão, de modo

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generalizado, entre os grupos de atividades de engenharia, procurement, construção civil, e

montagem eletromecânica, comissionamento e assistência, pré-operação e partida do projeto.

Figura 16: Relações entre grupo de atividades. Fonte: Elaborado pela autora.

4.4.2.3. Definição da matriz de correlação RBS X CBS

Após a classificação dos riscos pela análise qualitativa de riscos realizada no item

4.3 e da validação do modelo realizada no item 4.4.3.1, listou-se os vinte riscos que fizeram

parte da análise quantitativa de riscos.

Em seguida será exposto cada um dos vinte riscos, e as relações consideradas em

cada um dos casos com as atividades ou pacotes de custo, relacionadas para a confecção da

matriz de correlação RBS X CBS. Como no modelo considerou-se equivalente uma atividade

a um pacote de custo da CBS, sempre que se mencionar uma atividade será equivalente ao

fazê-lo a um pacote de custo.

Pontualidade de pagamento

Ao risco de Pontualidade de pagamento foram relacionadas às atividades

pertencentes à atividade de procurement – faturamento direto, como equipamentos e sistemas

mecânicos, elétricos, entre outros. Deste grupo, apenas não fizeram parte as atividades de

frete, material de segurança, isolamento térmico e tintas e solventes. Foram consideradas estas

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relações pelo fato deste risco estar mais diretamente associado ao pagamento de materiais e

equipamentos.

Garantia de continuidade do fluxo de pagamentos

Este risco foi associado a grande parte das atividades do projeto, por impactar

principalmente no pagamento de mão-de-obra direta e indireta. Deste modo, ele foi

relacionado às atividades de projeto detalhado de todas as disciplinas de engenharia, às três

atividades de procurement – gerenciamento, a todas as atividades de construção e montagem,

envolvendo as atividades do indireto construção e montagem, obras civis, montagem

eletromecânica, serviços de terceiros, além de materiais de consumo e o grupo de

comissionamento – assistência.

Deste modo apenas as atividades de procurement - faturamento direto, ou seja,

aquisições de equipamentos, não foram associadas a este risco.

Atraso no fornecimento de equipamentos

Ao Atraso no fornecimento de equipamentos foram associadas as atividades do

projeto detalhado de engenharia de todas as disciplinas, e atividades de montagem

eletromecânica de equipamentos, pelo fato do atraso tratar exclusivamente de fornecimentos

de responsabilidade do cliente. Algumas das informações necessárias para o detalhamento do

projeto provêm de especificações destes equipamentos, enquanto atividades de montagem

eletromecânica também podem ser prejudicadas pelo atraso neste fornecimento.

Risco cambial

Foram associadas apenas as atividades de equipamentos importados e materiais

importados ao Risco cambial, pelo fato destas sofrerem maior impacto diante da variação

cambial entre o período de faturamento e data de pagamento do equipamento.

Fórmula paramétrica do contrato

Associou-se ao risco de Fórmula paramétrica do contrato todas as atividades de

procurement – faturamento direto, exceto a atividade de frete. Esta relação foi feita pois,

apesar de todos os custos do projeto sofrerem correções, os equipamentos e materiais são

aqueles que podem sofrer maior variação por conta do índice de correção de preços utilizados.

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Regime e limites

Como o risco de Regimes e limites trata da possibilidade de ocorrerem multas por

atrasos ou descumprimento do objetivo, considerou-se que o mesmo poderia impactar as

atividades mais prováveis de ocasionar atrasos. Assim, foram relacionadas a este risco as

atividades de projeto detalhado das disciplinas de engenharia, a maior parte das atividades de

procurement – faturamento direto, todas as atividades de obras civis e montagem

eletromecânica, algumas atividades de montagem de serviços de terceiro, e as atividades de

comissionamento – assistência.

Possibilidade de greve

À Possibilidade de greve foram relacionadas atividades que envolvem o trabalho

de mão-de-obra direta. Deste modo, neste caso foram incluídas todas as atividades do grupo

de obras civis e do grupo de montagem eletromecânica, exceto as atividades de serviços de

terceiros, cuja mão-de-obra não será responsabilidade direta do consórcio.

Cronograma de entrega de projetos

O Cronograma de entrega de projetos foi associado apenas às atividades de

projeto detalhado das disciplinas de engenharia, considerando-se que as atividades de projeto

básico são curtas e não são de grande relevância aos documentos do projeto a serem entregues

ao cliente.

Qualidade do projeto recebido

Ao risco da Qualidade do projeto recebido relacionaram-se todas as atividades

cujo valor varia de acordo com os quantitativos de materiais do empreendimento. Desta

maneira, foram incluídas as atividades de aquisições de materiais de procurement –

faturamento direto, algumas das atividades de construção e montagem, parte relacionada a

atividades de mão-de-obra indireta (equipe indireta do empreendimento), e parte relacionada à

mão-de-obra direta, como as atividades de obra civil, algumas das atividades de montagem

eletromecânica e montagem de serviços de terceiros, relacionadas diretamente à montagem de

materiais.

Também foram associadas ao risco atividades de materiais de consumo e

aplicação, de equipes de apoio e comissionamento e assistência.

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Assertividade das quantidades

As mesmas atividades associadas no caso do risco de Qualidade do projeto

recebido foram consideradas no caso do risco de Assertividade das quantidades, por se

tratarem de riscos semelhantes, no sentido de impactarem as mesmas atividades, no entanto

envolvendo fontes diferentes, já que no caso do risco de qualidade do projeto recebido o

cliente é o responsável pela estimativa dos quantitativos, enquanto no caso da assertividade

das quantidades, o consórcio é o responsável.

Pressão de mercado

Para o risco de Pressão do mercado, assim como no caso do risco da fórmula

paramétrica do contrato, foi considerada a relação com as atividades de procurement –

faturamento direto, com exceção da atividade de frete, também pelo fato da pressão do

mercado afetar mais diretamente os preços de materiais e equipamentos.

Análise entre propostas recebidas

Este risco inicialmente não faria parte da análise quantitativa, pois foi classificado

como baixo na análise qualitativa. No entanto, no momento em que se realizou a validação do

modelo, melhor detalhada no item 4.4.3, verificou-se a necessidade da inclusão do mesmo

nesta etapa. As atividades que foram associadas ao risco em questão foram aquelas de

aquisição de equipamentos que fazem parte do grupo procurement – faturamento direto.

Variação de prazo entre data da proposta e efetiva efetivação de compra

Ao risco de Variação de prazos foram associadas diversas das atividades de

procurement – faturamento direto, com exceção de frete, materiais de segurança, isolamento

térmico e tintas e solventes, por se considerar que não haverá grande alteração de preços entre

as duas datas nestes casos.

Interferências executivas

Como o risco de Interferências executivas trata de possíveis interferências por

parte de outros EPCista dentro da obra, a ele foram relacionadas atividades que ocorrem na

obra, como é o caso das atividades de obras civis, atividades de montagem eletromecânica,

algumas das atividades de serviços de terceiros de montagem e materiais de consumo e

aplicação.

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Recursos humanos

O risco de Recursos humanos se relaciona à necessidade de aumento de salários

de mão-de-obra direta por conta de possível escassez da mão-de-obra local. Assim,

novamente foram associadas atividades relacionadas à obra do empreendimento, incluindo

todas as atividades de obras civis e montagem eletromecânica, mas não incluindo serviços de

terceiros.

Plano de mobilização de equipamentos próprios ou de 3os.

Pelo fato do plano de mobilização de equipamentos se relacionar ao aluguel de

equipamentos e não à aquisição dos mesmos, este risco foi associado às atividades de

montagem de equipamentos do grupo de montagem eletromecânica, e não às atividades de

procurement.

Cumprimento do cronograma

O risco de Cumprimento do cronograma diz respeito ao cumprimento no prazo

adequado das atividades da obra do empreendimento. Novamente se considerou todas as

atividades de obras civis e montagem eletromecânica, incluindo algumas das atividades de

serviços de terceiros, por considerá-las possíveis de serem impactadas por atrasos.

Chuva, vento, maré, terremoto, neve, neblina

Ao risco de Chuva, vento, maré, terremoto, neve, neblina foram relacionados

todas as atividades de construção civil e algumas de serviços de terceiros de montagem, pelo

fato deste risco tratar de uma ameaça principalmente a atividades realizadas externamente.

Estrutura organizacional

O risco de Estrutura organizacional se refere à necessidade de extensão do

trabalho da mão-de-obra indireta por conta do atraso do empreendimento. Por este falo, ao

mesmo foram associadas todas as atividades de equipe indireta do empreendimento.

Experiências anteriores

O risco de Experiências anteriores não havia sido previamente incluído na análise

quantitativa de riscos, por ter sido classificado como um risco baixo. No entanto, após se

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realizar a validação do modelo, que será melhor detalhada no item 4.4.3, verificou-se a

necessidade de inclusão do mesmo.

Pelo fato do risco em questão estar relacionado aos serviços de terceiros na obra,

relacionou-o a todas as atividades de obras civis, tendo-se em vista de que estas incluem

também serviços de terceiros, além de relacioná-lo a todas as atividades de serviços de

terceiros da montagem.

Para a confecção do modelo, decidiu-se pela opção em que os impactos de cada

um dos riscos, tanto no prazo das atividades como no custo do pacote de custos da CBS,

foram rateados de acordo com o número de atividades ao qual foi correlacionado. Deste

modo, se um risco tiver sido associado a dez atividades, cada uma delas sofrerá um décimo do

impacto simulado no custo e no prazo.

Optou-se também por se correlacionar a existência do risco e o valor impactado

para todas as atividades relacionadas a um mesmo risco. Desta forma, se o evento associado

ao risco acontecer em uma das simulações, ele impactará todas as atividades da mesma forma,

enquanto, se não ocorrer, nenhuma das atividades atreladas a ele será impactada.

4.4.3. Execução e validação do modelo

No software empregado, realizou-se mil interações para a simulação Latin

Hypercube. Este número foi utilizado já que se demonstrou ser suficiente para se obter um

grau de confiabilidade satisfatório do resultado, conforme evidenciado em seguida.

Tanto para os impactos associados ao custo quanto àqueles associados ao prazo,

optou-se pelo uso de distribuição triangular, também validada mais a frente. Este tipo de

distribuição também foi utilizado para os prazos e custos das atividades, conforme explicitado

no item 4.4.2.

Deste modo, para cada um dos cenários gerados do modelo, simulou-se, através

da probabilidade associada a cada um dos riscos que fizeram parte da análise quantitativa, a

ocorrência do mesmo. Este procedimento foi então repetido para cada um dos riscos em cada

um dos mil cenários gerados.

Caso o risco de fato ocorresse, o valor do impacto do custo e do prazo era então

obtido através da curva de probabilidade associado a cada um dos dois casos, ou seja, obtinha-

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se um valor do custo do risco na curva de probabilidade de impacto de custos, e um valor para

o prazo retirado da distribuição de impacto associado ao prazo. O impacto no custo e no prazo

de cada um dos riscos que incidiam no cenário gerado eram então rateados entre as diversas

atividades associadas aos mesmos. Assim, ao custo e ao prazo simulados no caso de cada uma

das atividades, de acordo com suas distribuições associadas a custo e prazo, foram

adicionados os valores de custo e prazo rateados de cada um dos riscos que ocorreram no

cenário gerado.

A soma do custo e prazo de cada uma das atividades resultava então em um dos

cenários da simulação. Após rodados todos os mil cenários, obteve-se então o custo e prazo

probabilísticos do projeto como um todo e de cada uma de suas atividades, assim como a

sensibilidade das atividades em termo de prazo e custo, e da sensibilidade dos riscos sob o

resultado do projeto, também em termos de custo e de prazo.

A etapa de validação do modelo, conforme comentado no item 2.2.4.2 da revisão

bibliográfica, é uma etapa interativa que ocorre em diversos momentos do modelo. No caso

do modelo em questão, em diversos momentos se avaliou os parâmetros que haviam sido

atribuídos à probabilidade e impacto dos riscos, alterando-os conforme era sentida

necessidade.

Além da alteração de alguns dos parâmetros, algumas hipóteses foram testadas

para se verificar a sensibilidade do resultado diante de um maior número de simulações

geradas, diante do emprego de diferente distribuição de probabilidade associada aos impactos

dos riscos, diante da inclusão dos riscos que inicialmente haviam sido descartados da análise

quantitativa de riscos e diante da correlação de atividades. Nos tópicos a seguir serão

ilustradas as verificações realizadas.

4.4.3.1. Inclusão de todos os riscos na análise quantitativa

Com a finalidade de se verificar se a distribuição triangular associada a cada um

dos custos foi suficiente para cobrir todas as incertezas associadas aos riscos não

quantificados, comparou-se os resultados probabilísticos de custo do modelo base ao

resultado do modelo construído com custo determinístico da CBS, ao qual foram acrescidos

todos os trinta e três riscos considerados na análise quantitativa.

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Deste modo, criou-se uma atividade fantasma apenas para correlacioná-la a todos

os riscos que não haviam sido previamente considerados na análise quantitativa, para que

fosse possível valorar o custo de seus impactos. Na Figura 17 observa-se o gráfico que

compara os custos probabilísticos nestes dois casos. É possível observar que, embora as

curvas de probabilidade tenham formatos similares, há, ao longo delas, uma pequena distância

entre ambas, e no final há um descolamento considerável, com uma diferença que chega

quase há quarenta milhões de reais, custo considerável mesmo para o porte do projeto em

questão.

Figura 17: Comparação entre modelo base e modelo com todos os riscos inseridos. Fonte: Elaborado pela autora.

Tendo-se em vista esta divergência analisada, optou-se por incluir na análise

quantitativa de riscos dois dos riscos que não haviam sido previamente incluídos: o risco de

Experiências anteriores e o risco de Analise entre propostas recebidas. Optou-se por incluí-

los, pois, dentre os riscos classificados como baixos, estes dois tiveram a maior pontuação

diante da combinação de probabilidade e impacto, que foi classificada com a nota cinco.

Assim, a Figura 18 ilustra a comparação de resultados entre o novo modelo base,

no qual os dois riscos foram incluídos, e o modelo no qual todos os riscos foram inseridos na

análise quantitativa. Pode-se observar que a curva do novo modelo base se aproxima bastante

da curva que inclui todos os custos, e deste modo será aquela considerada para se rodar o

modelo.

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Figura 18: Comparação entre novo modelo base e modelo com todos os riscos inseridos. Fonte: Elaborado pela autora.

4.4.3.2. Comparação de resultados com um número diferente de simulações rodadas

Para se verificar se o número de 1.000 interações definido para se rodar o modelo

era suficiente para se obter um resultado com grau de confiança satisfatório, rodou-se o

mesmo modelo duas vezes. Mantendo-se todos os demais atributos constantes, utilizou 1.000

interações para um e 10.000 para o outro, a fim de compará-los.

Na Figura 19 está ilustrado o gráfico com os valores de probabilidade de custo

obtidos em cada um dos dois casos. A diferença entre os custos ficou próxima de zero, exceto

para as probabilidades extremamente elevadas de ocorrência do custo, no qual se observou

uma pequena diferença entre os dois casos, ilustrando que, quanto maior o número de

interações utilizadas, maior o custo com 100% de certeza de ocorrência, provavelmente pelo

fato de se incidir mais vezes o risco de Regimes e Limites, que tem impacto muito alto no

custo. Deste modo, o uso de 1.000 interações se mostra adequado, havendo, contudo, a

necessidade de se considerar este descolamento final.

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Figura 19: Comparação de resultados com mil e dez mil interações. Fonte: Elaborado pela autora.

4.4.3.3. Comparação entre diferentes distribuições de probabilidade

Para se certificar de que a distribuição de probabilidade utilizada no modelo (no

caso em questão utilizou-se a probabilidade triangular para todos os riscos) não originaria

resultados muito distintos dos casos em que se utilizasse alguma distribuição de probabilidade

distinta, realizou-se uma comparação entre a distribuição de probabilidade triangular e a

uniforme.

Nos dois casos comparados, manteve-se a mesma distribuição triangular para

representar as incertezas de custo e prazo das atividades, alterando-se apenas a distribuição de

probabilidade associada ao impacto dos riscos nos custos e prazos das atividades. O resultado

das probabilidades do custo total do projeto obtidas nos dois casos está ilustrado na Figura 20.

Figura 20: Comparação de probabilidade Triangular e Uniforme. Fonte: Elaborado pela autora.

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Observa-se que em todas as probabilidades de ocorrência, a probabilidade

triangular apresentou um valor de custo ligeiramente maior do que no caso da probabilidade

uniforme, gerando um pequeno descolamento na curva. No entanto, ambas “caminharam

juntas” trazendo um mesmo formato de curva, o que torna o uso da probabilidade triangular

para a representação do impacto no custo recomendado para perfis mais conservadores, pois

assume valores ligeiramente maiores para um mesmo nível de confiança.

4.4.3.4. Comparação de resultados com e sem correlação

Por fim, a ultima validação realizada foi a comparação do modelo base com o

modelo no qual foram incluídas correlações entre algumas das atividades. Como inicialmente

optou-se por não incluir nenhum tipo de correlação entre as atividades, tendo-se em vista de

que, pelo fato delas estarem apresentadas de maneira pouco detalhada, não haveria

necessidade de fazê-lo, procurou se validar esta premissa.

As atividades que foram correlacionadas foram basicamente a atividade de custos

diversos de engenharia à atividade de instrumentação, o gerenciamento de aquisições e o frete

à atividade de aquisição de equipamentos e sistemas mecânicos, algumas das atividades da

equipe indireta do empreendimento à atividade de planejamento e gerência e as atividades da

equipe indireta do empreendimento de construção civil e montagem eletromecânica,

condicionamento e comissionamento, e operação assistida às suas respectivas atividades.

Deste modo, comparando-se os dois casos, observou-se na Figura 21 que a curva

do custo probabilístico em ambos não diferiu nem descolou muito, apresentando média e

desvio padrão próximos, como poderá ser observado na Tabela 5 em seguida. Este resultado

indicou que, para este caso, as correlações entre atividades não são cruciais.

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Figura 21: Comparação entre modelo com e sem atividades correlacionadas. Fonte: Elaborado pela autora.

Por fim, na Tabela 5 foram incluídos alguns dos parâmetros das curvas simuladas

para cada um dos casos representados anteriormente. Pode-se constatar que tanto a média

como o desvio padrão foi próximo para os casos de probabilidade triangular, nos quais os

riscos de classificação cinco foram acrescentados ao modelo.

Tabela 5: Comparativo entre modelos. Fonte: Elaborado pela autora.

Custo em R$ 1.000,00 Mínimo Máximo Média Desvio

Prob. = 50%

Prob. = 80%

1.000 Interações 702.312,57 1.084.638,39 907.638,94 60.566,64 905.732,01 956.579,74

1.000 Interações - Inclusão de riscos de classificação. 5

706.453,95 1.124.722,65 913.665,79 62.961,17 910.657,38 967.313,00

1.000 Interações - inclusão de todos os riscos

722.522,04 1.123.608,16 914.729,59 62.814,65 889.707,72 967.743,92

10.000 Interações - Inclusão de riscos de classificação. 5

693.105,09 1.181.363,54 913.524,36 61.939,40 914.154,11 965.081,74

1.000 Interações - Probabilidade Uniforme

706.005,52 1.093.447,69 893.725,63 61.097,77 913.273,66 944.577,82

1.000 interações - Inclusão de Correlações

734.896,16 1.101.772,09 912.639,55 62.132,33 913.500,44 965.314,94

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4.4.4. Documentação e análise dos resultados obtidos

Depois de realizadas todas as etapas do modelo, incluindo definições de bases e

premissas, estruturação, execução e validação, segue-se então à exposição dos resultados

obtidos e interpretação dos mesmos. Desta forma, nos itens seguintes serão expostos e

analisados os resultados probabilísticos do modelo, verificando-se os itens do CBS de maior

influência financeiro no projeto, além dos riscos que mais impactaram no projeto e que

devem, desta maneira, ser tratado de alguma forma.

4.4.5. Gráfico de Probabilidade X Custo do projeto

Um dos gráficos que a simulação do modelo traz, como já visto e comparado nos

diferentes casos da validação do item 4.4.3, é o de Probabilidade X custo do projeto, no qual é

possível se observar a probabilidade de ocorrência dos valores de custo do mesmo e de cada

uma das atividades relacionadas a ele.

Dois gráficos de Probabilidade X Custo serão juntamente ilustrados, comparando-

se o caso em que não houve inclusão dos impactos financeiros dos riscos da análise

quantitativa do projeto ao caso em que isto foi feito, analisando-se assim as diferenças nas

duas situações. Serão também identificados em uma tabela os valores obtidos nas atividades

de engenharia, procurement, construção e montagem e comissionamento, a fim de se

identificar que casos sofreram variações maiores.

O gráfico da Figura 22 indica as diferenças de valor do custo de projeto no caso

em que se considerou apenas as variações percentuais nos custos das atividades e no caso em

que foi considerado o impacto nos custos referente à inclusão de riscos. Percebe-se que, para

uma probabilidade de 80% de ocorrência do custo, esta diferença é de praticamente trezentos

milhões de reais, conforme indicado na figura, o que significa aproximadamente 30% da

receita. Ou seja, um valor bastante elevado de custos no projeto como um todo foi provocado

pela incidência dos riscos que, na análise deste trabalho, não foram contingenciados nem

tratados de alguma forma.

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Figura 22: Comparação do custo total do projeto. Fonte: Elaborado pela autora.

Pela Tabela 6, é possível se comparar os custos nos dois casos analisados, com e

sem a inclusão de riscos no modelo. Em todas as macro atividades indicadas, os valores de

custos obtidos no caso em que se considerou os impactos de riscos foram bastante excedentes

em relação aos valores em que estes não foram considerados.

Quanto maior a probabilidade de ocorrência do custo, maior a divergência entre os

dois casos, o que resulta em um valor mínimo de ocorrência não tão distante entre os dois

casos, e uma divergência considerável entre os valores máximos. No entanto, cabe salientar

que o valor máximo muitas vezes incorpora um valor não expressivo, pois pode provir de uma

única ocorrência dentre os mil cenários rodados, possuindo assim uma ínfima probabilidade

de ocorrência. Os desvios padrões também são bastante elevados quando se considera a

inclusão dos riscos no modelo

Pode-se observar que a maior diferença entre atividades ocorreu na atividade de

Construção e Montagem, e não devido ao fato desta atividade representar o maior custo dentre

as outras, mas sim pelo fato desta ter sofrido um maior impacto nos custos, principalmente

por conter muitas atividades às quais os riscos foram associados na análise quantitativa, como

pode ser observado no item 4.4.2.3, em que se definiu a matriz que correlaciona a RBS à

CBS.

Para as atividades de menor custo, como o caso da engenharia e do

comissionamento, no caso em que não se considerou os riscos, houve uma probabilidade de

ocorrência para o valor determinístico associado maior do que 1%, enquanto isto ocorreu

apenas para a atividade de comissionamento no momento em que foram associados os

impactos dos riscos, devido ao fato de que foram consideradas apenas ameaças e não

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oportunidades no modelo, o que apenas onera o custo do projeto, distanciando-o assim de seu

valor determinístico.

Recordando-se que o projeto em questão apresenta uma receita de um bilhão de

reais, pode-se concluir que, no caso em que houve a inserção dos riscos, o valor da margem

do projeto diminuiu consideravelmente, já que, considerando-se 80% da probabilidade de

ocorrência do custo, restaria apenas por volta de trinta milhões de reais, o que resultaria em

uma margem de 3%, bastante pequena quando comparada à margem de quase 30% no caso

em que os riscos não foram inseridos.

Tabela 6: Comparação de custos do projeto. Fonte: Elaborado pela autora.

Custo em R$ 1.000,00 Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Prob. = 50%

Prob. = 80%

Prob. valor

determ.

Sem inclusão de riscos PROJETO

652.748,02 684.647,28 667.640,53 5.726,41 667.262,04 672.468,50 <1%

Inclusão de riscos PROJETO

706.453,95 1.124.722,65 913.665,79 62.961,17 910.657,38 967.313,00 <1%

Sem inclusão de riscos ENGENHARIA

32.098,21 35.053,39 33.447,52 505,38 33.406,13 33.886,91 14%

Inclusão de riscos ENGENHARIA

32.279,64 93.244,09 49.962,35 14.939,71 43.015,39 65.955,67 1%

Sem inclusão de riscos PROCUREMENT

283.631,75 310.777,81 296.296,23 4.732,79 295.703,83 300.426,92 4%

Inclusão de riscos PROCUREMENT

292.094,27 450.751,24 360.722,52 33.070,39 359.952,09 390.972,47 <1%

Sem inclusão de riscos CONSTRUÇÃO E MONTAGEM

324.849,87 343.085,50 332.876,08 3.159,87 332.749,42 335.586,56 <1%

Inclusão de riscos CONSTRUÇÃO E MONTAGEM

361.413,93 624.732,59 495.230,65 44.827,02 495.934,60 534.130,56 <1%

Sem inclusão de riscos COMISS. /ASSISTÊNCIA

4.679,08 5.451,41 5.020,70 151,83 5.009,91 5.159,23 15%

Inclusão de riscos COMISS. /ASSISTÊNCIA

4.692,45 17.118,78 7.750,27 1.959,87 7.253,74 9.262,89 2%

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4.4.6. Gráfico de Tornado Sensibilidade de custos e riscos

A sensibilidade de cada um dos custos mensura basicamente a correlação dos

mesmos com o custo total do projeto. Os custos que apresentarem o maior índice de

sensibilidade serão aqueles que mais influenciarão no custo total do projeto. Na Figura 23

estão ilustradas as atividades que representaram maior correlação com o custo total do

projeto.

Para esta análise foram considerados todos os tipos de atividades, tanto as macro

atividades quanto aquelas que as compõe, atividades normais e do tipo hammock além de já

estarem considerados os impactos dos riscos aos custos das atividades.

Figura 23: Gráfico Tornado – custos. Fonte: Elaborado pela autora.

Pode-se observar no gráfico da Figura 23 que a atividade que representou maior

correlação com o custo do projeto foi a de Procurement, seguida por duas outras atividades

também de aquisições. Em seguida, com, 56% de correlação foi identificada a atividade

macro de construção e montagem, seguida das atividades que a compõe. Após este grupo,

vieram diversas das atividades de aquisições e algumas de construção civil e montagem, com

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índices de sensibilidade variando de 25% a 11%. As atividades com 10% ou valor menor de

correlação não foram analisadas, por terem sido consideradas desprezíveis.

Deste modo, observou-se que a maior parte das atividades de aquisição de

equipamentos e materiais, principalmente o fornecimento de equipamentos e sistemas

mecânicos, e algumas das atividades de construção e montagem, apresentaram uma alta

correlação com o custo total do projeto, indicando que, nos casos em que seus custos foram

elevados, este fator foi refletido também no custo total do projeto, elevando-o.

A seguir será exposto na Figura 24 o gráfico de tornado de sensibilidade dos

impactos nos custos dos riscos. Assim como no caso anterior, este gráfico também ilustra a

correlação dos impactos de custo dos riscos ao custo total do projeto.

Figura 24: Gráfico Tornado – riscos. Fonte: Elaborado pela autora.

Pelo fato dos índices de correlação obtidos terem sido altos, optou-se por

normalizar os valores percentuais, de modo a ser possível realizar a comparação entre os

riscos. Pela Figura 24 é possível observar que os riscos que apresentaram maior probabilidade

foram aqueles que obtiveram maiores pontuações na classificação da análise qualitativa de

riscos.

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No entanto, a ordem de classificação exposta no gráfico tornado não foi a mesma

da ordem decrescente da classificação qualitativa dos riscos, ilustrando a importância da

análise quantitativa para a avaliação do impacto dos riscos no custo do projeto, e para a

avaliação da variação dos custos das atividades em si, quando associadas aos impactos dos

riscos através da matriz de correlação.

É importante salientar que, pelo fato da correlação ser calculada apenas nos casos

em que o risco ocorre, um risco de baixa ou muito baixa probabilidade com grande correlação

no custo total do projeto pode nem sempre apresentar uma grande ameaça ao projeto, apenas

nos casos em que de fato ocorre, como é o caso do risco Regime e Limites.

Pode-se observar também a relação entre as informações dos dois gráficos

analisados, já que o gráfico da Figura 23 indica os custos das atividades relacionadas

principalmente a aquisições e algumas das atividades de construção e montagem como

principais correlacionados ao custo total do projeto, enquanto a maior parte dos riscos cujos

impactos apresentaram maior correlação com o custo total do projeto também foram, em

geral, aqueles que impactaram principalmente as atividades de aquisição e construção e

montagem.

4.4.7. Custo distribuído no tempo

Outro gráfico obtido através do modelo é o de custo acumulado ao longo do

tempo do projeto, que é construindo através da combinação da distribuição do tempo das

atividades e do custo das mesmas.

No gráfico da Figura 25 foi ilustrada a curva de custo médio do projeto ao longo

do tempo considerando-se os impactos dos riscos, a curva com grau de confiança de 80% de

ocorrência e a ilustração dos mil pontos dos resultados de custo total obtidos das interações do

modelo, observando-se assim as possíveis relações de custo e prazo e suas dispersões.

O gráfico da Figura 25 ilustra o custo baseline acumulado do projeto, ferramenta

importante para o controle dos custos ao longo do projeto, pois permite comparar-se o que se

foi estimado àquilo que de falo ocorreu, monitorando-se tanto variações no prazo quando no

custo, conforme ilustrado no item 2.3.1 da revisão bibliográfica.

É possível observar que o custo no caso deste projeto cresce de maneira bastante

homogênea ao longo do projeto, diminuindo sua inclinação mais ao final, muito

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provavelmente pelo fato de, no final do projeto, haver custos apenas associado a atividades de

comissionamento e assistência a obra.

Figura 25: Custo acumulado no tempo. Fonte: Elaborado pela autora.

4.4.8. Exemplo de ação de resposta aos riscos

Conforme comentado anteriormente, não é escopo deste trabalho realizar o

tratamento e resposta aos riscos, mas sim realizar a análise dos mesmos. Deste modo, apenas

para se ilustrar a variação do custo do modelo após a atividade de tratamento dos riscos,

simulou-se uma possível resposta aos riscos na qual os cinco riscos de maior correlação com o

custo, indicados no gráfico de tornado da Figura 24, foram mitigados e tiveram sua

probabilidade ou impacto no custo alterados, conforme indicado na Tabela 7 pela coloração

azul das células modificadas.

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Tabela 7: Mitigação de Riscos. Fonte: Elaborado pela autora.

Risco Pre-mitigação Plano de Ação Pós-mitigação

ID Título Probab. Prazo Custo Pont. Ação Custo da Ação Probab. Prazo Custo Pont.

2.13.1 Regime e limites MB B MA 8 Mitigar - MB B A 4

1.2.3

Garantia de continuidade do fluxo de pagamentos M M A 20 Mitigar - M M M 10

7.5.1 Pressão de mercado A MB A 28 Mitigar - A MB M 14

8.7.1 Cumprimento do cronograma A A A 28 Mitigar - M A A 20

3.5.1 Possibilidade de greve MA M A 36 Mitigar - MA M M 18

Para efeito de ilustração, nenhum custo referente ao plano de ação para a

mitigação dos riscos foi associado, justamente para se averiguar o limite do valor despendido

para a mitigação ser viável. Em geral, este valor costuma variar para cada risco e, muitas

vezes, dependendo do plano de ação aplicado, pode nem ao menos haver a necessidade de

desembolso para o plano.

A comparação do resultado obtido da probabilidade acumulada do custo do

projeto para os casos de pré e pós-mitigação foram ilustrados na Figura 26 e na Tabela 8. É

possível se observar, que, realizando-se apenas o tratamento de cinco dos riscos do projeto, o

custo do projeto cai de maneira considerável.

Para um grau de confiança de 80%, sem se considerar o desembolso com custos

de mitigação, a diferença apontada entre os dois casos é a de mais de setenta e cinco milhões

de reais, e aumenta ainda mais conforme o grau de confiança sobe, chegando a mais de cento

e trinta e cinco milhões de reais no caso Máximo. Deste modo, para o grau de confiança de

80% considerado, poderia ser desembolsado um valor bastante elevado para a mitigação de

riscos, de até aproximadamente setenta milhões de reais, que ainda assim seria válida a

mitigação dos riscos.

Conforme os dados da Tabela 8, não apenas no projeto com um todo, mas também

em todas as suas etapas, com exceção da etapa de engenharia, tanto o custo como o desvio

padrão apresentados foram consideravelmente menores no caso de pós-mitigação de riscos,

indicando uma menor variabilidade nos custos do projeto para esta situação, além de um

aumento considerável na margem do projeto, que passa a ser maior que 10%, para um grau de

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confiança de 80%, em comparação a uma margem inferior a 4%, para o caso em que o

tratamento de risco não foi realizado.

Figura 26: Comparação do custo total do projeto nos casos pré e pós-mitigação. Fonte: Elaborado pela autora.

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Tabela 8: Comparação do custo total do projeto nos casos pré e pós-mitigação. Fonte: Elaborado pela autora.

Custo em R$ 1.000,00 Mínimo Máximo Média

Desvio Padrão

Prob. = 50%

Prob. = 80%

Prob. valor

determ. Modelo de Riscos Sem Mitigação PROJETO

706.453,95 1.124.722,65 913.665,79 62.961,17 910.657,38 967.313,00 <1%

Modelo de Riscos Com Mitigação PROJETO

712.070,48 987.796,87 847.699,37 51.578,21 844.904,33 892.119,47 <1%

Modelo de Riscos Sem Mitigação ENGENHARIA

32.279,64 93.244,09 49.962,35 14.939,71 43.015,39 65.955,67 0%

Modelo de Riscos Com Mitigação ENGENHARIA

32.402,81 110.730,79 60.870,75 20.679,67 61.920,89 78.474,20 <1%

Modelo de Riscos Sem Mitigação PROCUREMENT

292.094,27 450.751,24 360.722,52 33.070,39 359.952,09 390.972,47 <1%

Modelo de Riscos Com Mitigação PROCUREMENT

291.528,73 411.369,28 342.678,89 21.385,42 341.810,58 361.015,27 <1%

Modelo de Riscos Sem Mitigação CONSTRUÇÃO E MONTAGEM

361.413,93 624.732,59 495.230,65 44.827,02 495.934,60 534.130,56 <1%

Modelo de Riscos Com Mitigação CONSTRUÇÃO E MONTAGEM

347.855,18 530.711,29 437.505,07 37.555,96 431.502,79 475.876,82 <1%

Modelo de Riscos Sem Mitigação COMISS. / ASSISTÊNCIA

4.692,45 17.118,78 7.750,27 1.959,87 7.253,74 9.262,89 0%

Modelo de Riscos Com Mitigação COMISS. / ASSISTÊNCIA

4.757,67 12.232,17 6.644,67 1.118,09 6.645,38 7.443,52 3%

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5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O objetivo deste trabalho foi o de analisar e avaliar os riscos que interferem de

maneira mais significante nos custos do projeto, através da concepção de um modelo com

simulação de cenários de custos, além de se identificar as variações dos custos do projeto

provindas do impacto dos riscos.

Deste modo, a concepção do modelo, incluindo suas premissas, estruturação,

execução e validação, foi descrita e ilustrada no capítulo ANÁLISE DE VIABILIDADE DO

PROJETO, enquanto a os resultados da do modelo em relação à análise de riscos e custos do

projeto foram expostos no item Documentação e análise dos resultados obtidos, do capítulo

quatro.

Assim, concluiu-se ser viável economicamente o projeto estudado contanto que,

ao menos seus riscos mais relevantes como Cumprimento do cronograma, Garantia de

continuidade do fluxo de pagamentos, Possibilidade de greve, Pressão de mercado e Regime e

limites tenham suas probabilidades de ocorrência ou impactos no custo mitigados.

Em relação aos resultados obtidos, concluiu-se também que a maior variação de

custos se deu nas atividades de construção e montagem, principalmente pelo fato de

englobarem grande quantidade de atividades às quais diversos riscos foram relacionados e a

impactaram financeiramente.

Observou-se também que o resultado obtido com a mitigação dos riscos não só

diminuiu o custo do projeto, como também o seu desvio, indicando-se um cenário mais

seguro e com menor variabilidade para se trabalhar.

Através dos resultados obtidos, é possível o gerenciamento de custos por meio de

cada um dos pacotes de custo da CBS, o que possibilita que cada área tenha o controle de seu

próprio orçamento, e tenha ciência dos riscos que podem impactar em seus resultados.

Este trabalho possibilitou o melhor conhecimento dos riscos que podem ser

incorridos em projetos de refinarias e seus impactos no custo e prazo, além da melhor noção

da distribuição dos custos do projeto em suas diversas atividades e da relação entre as

mesmas, além da compreensão do escopo de um projeto EPC.

Foi possível também se compreender melhor o gerenciamento de riscos da

empresa PE e do consórcio COPE, além de se propor à empresa PE melhorias em seu sistema

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de gerenciamento de risco, de acordo com a metodologia proposta pelo COPE, tais como

reformulação de sua RBS, e pela análise quantitativa de riscos proposta neste trabalho.

Uma dificuldade encontrada na confecção do modelo foi pelo fato de não ter sido

possível, por conta do software empregado, distribuir de maneira não homogênea o custo de

uma determinada atividade no tempo, o que torna o custo acumulado no tempo muitas vezes

pouco representativo, tendo-se em vista que, em muitos casos, a distribuição de custos no

tempo, para uma determinada atividade, não é constate, mas pode oscilar bastante.

Outra dificuldade encontrada foi em relação à distribuição de probabilidade

empregada no impacto dos custos e prazos dos riscos. Optou-se pelo uso da distribuição

triangular para todos os casos, pelo fato de não se ter informações a respeito da probabilidade

mais adequada para cada caso, e por considerá-la mais conservadora do que a probabilidade

uniforme.

Espera-se que este trabalho sirva de modelo para aplicação de análise quantitativa

de riscos para outros trabalhos acadêmicos e gerenciamento de projetos, com a finalidade de

aplicação da análise quantitativa de riscos em seus próprios projetos, não apenas com enfoque

nos custos, mas também com enfoque em prazo, já que o software e a metodologia empregada

são os mesmos para ambos os casos.

Para próximos trabalhos acadêmicos e atividades do consórcio COPE, é

recomendável se realizar a mitigação e o plano de ação dos riscos, realizando-se inclusões e

alterações no modelo, sempre que necessário, além do uso desta análise como base para o

gerenciamento e controle do projeto ao longo de seu ciclo de vida.

Recomenda-se que sejam consideradas também as oportunidades, e não apenas as

ameaças, no modelo desenvolvido e no gerenciamento de riscos COPE e PE, através da

inclusão das mesmas na identificação dos riscos, na análise qualitativa e quantitativa. Para que

seja possível também observar os impactos positivos nos custos do projeto.

Por fim, é sugerida a inclusão da análise quantitativa com simulação, tanto no

procedimento de gerenciamento de riscos COPE quanto no procedimento PE, por se tratar de

uma atividade que melhor quantifica os impactos dos riscos no projeto, e possibilita uma

compreensão mais clara das áreas de atuação de cada um dos riscos, permitindo seu controle

de maneira mais eficaz. Sugere-se também a inserção de parâmetros da análise quantitativa no

repositório de riscos PE, para que seja facilitada a inserção de parâmetros como curva de

distribuição de impacto de prazo e custos dos riscos.

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REFERÊNCIAS

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LOOTS, P.; HENCHIE, N. Worlds apart: EPC and EPCM contracts: risk issues and allocation. International Construction Law Review. Colchester: LLP Ltd, v. 24, part ¼, 2007, p. 252-270. MORGAN, M. G.; HENRION, M. (1990). Uncertainty: a guide to dealing with uncetainty in quantitative risk and policy analysis. Cambridge: Cambridge University Press, 1990. 332 p.

ORACLE® Corporation. Primavera Products. Disponível em: <http://www.oracle.com/primavera/index.html >. Acesso em 17 out. de 2009.

ORACLE ® Corporation. Primavera Risk Analysis Manual and Help. Help Version: 8.6.00172009. 2009. Primavera Risk Analysis Media Pack for Microsoft Windows (32-bit). Version 8.5: risk analysis software [S. I.]: Oracle ® Corporation, 2009. Free trial download. Disponível em: <http://edelivery.oracle.com>. Acesso em: 28 de Julho de 2009. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. (2004). Guia PMBOK: um guia de conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. 3ª ed. Newton Square: Project Management Institute, 2004. RECEITA FEDERAL. Instrução Normativa RFB nº 834, de 26 de março de 2008. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/Ins/2008/in8342008.htm >. Acesso em: 17 de out. de 2009. SALLES, C. A. et al. Gerenciamento de riscos em projetos. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. 160 p.

SCHUYLER, J. (2001). Risk and decision analysis in projects. 2ª ed. Newton Square: Project Management Institute, 2001.

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115

SU, C. T. Gerenciamento do risco de prazo em projetos. 2005. 129 p. Trabalho de Formatura. Departamento de Engenharia de Produção, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

VARGAS, R. V. Análise de valor agregado em gerenciamento de projetos: como revolucionar o controle e a avaliação de desempenho em projetos. 2ª ed. Rio de Janeiro Brasport Livros e Multimídia Ltda., 2003.

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ANEXO A – RISCOS, CAUSAS E EFEITOS ID Título Causa Descrição Efeito

1.1.1 Pontualidade de pagamento

Atraso no pagamento do cliente ao consórcio. Pontualidade no pagamento do cliente ao consórcio.

Caixa negativo e necessidade de obtenção de financiamentos extras.

1.2.3 Garantia de continuidade do fluxo de pagamentos

Diante do cenário de recessão mundial e incertezas do mercado, poderá ocorrer diminuição no nível de atividade.

Com a diminuição no nível de atividade do cliente, pode haver atrasos no fluxo de pagamento.

Caixa negativo e necessidade de obtenção de financiamentos extras.

2.5.5 Atraso no fornecimento de equipamentos

Atraso no fornecimento de equipamento de responsabilidade do cliente.

Atraso no fornecimento de equipamentos Atraso no andamento do projeto executivo e montagem eletromecânica.

2.10.1 Risco cambial

Segundo contrato, valores atrelados a dólar são convertidos em reais apenas na data do faturamento, e pagos em 30 dias. Expondo o Consórcio a qualquer tipo de variação cambial neste período (da data de faturamento à data de pagamento).

Risco cambial Custos de compra de equipamentos e materiais importados excedente ao planejado.

2.11.1 Fórmula paramétrica do contrato

Fórmulas de reajustes adotados no contrato não representarem bem os reajustes reais dos preços.

Fórmula paramétrica do contrato Variações nos custos reajustados não previstos.

2.13.1 Regime e limites Previsto em contrato, até 10% do valor contratual em multa moratória ou 100% pelo descumprimento total do objetivo do contrato.

Regime e limites Multa pelo não cumprimento das exigências contratuais.

2.17.1 Impactos da IN 834 Interpretação incorreta da IN 834 pode gerar omissões tributárias.

Impactos da IN 834 Poderá gerar ônus futuros ao Consórcio e empresas consorciadas.

3.5.1 Possibilidade de greve Histórico de ocorrência de greve. Possibilidade de greve sindicalista paralisando parcial ou integralmente as atividades na obra.

Exigências de aumento de salários e benefícios por parte dos sindicatos, paralisação temporária das atividades da obra.

4.1.1 Inflação Aumento de preços em casos específicos não cobertos pelo contrato, como aumento do preço do aço.

Inflação em preços não cobertos pelos reajustes do contrato.

Custos não previstos de reajustes não cobertos pelo contrato.

5.1.1 LP , LI e LO Licenças não incorporadas pelo cliente. Licença prévia (LP), Licença de Implantação (LI) e Licença de Operação (LO)

Custos adicionais legais com licenças não cobertas pelo cliente.

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ID Título Causa Descrição Efeito

5.5.1 Resíduos O Consórcio é o responsável pelo tratamento de resíduos do projeto.

Os resíduos que não do tipo solo e sucata (que serão administrados pelo cliente) deverão ser geridos pelo consórcio.

O orçamento pode não ter identificado todos os custos que envolvem atividades de tratamento de resíduos (fase de comissionamento e instrumentos para a redução de ruídos).

6.1.12 Cronograma de entrega de projetos

Extensão do prazo da realização do projeto de detalhamento, devido à falta de informações necessárias a sua continuidade por parte do cliente ou a falta de informações de detalhamento de equipamentos por parte dos fornecedores.

Cronograma de entrega de projetos Atraso no projeto de detalhamento, resultando no atraso das atividades que dependem do projeto.

6.1.14 Composição da equipe Mercado aquecido pode provocar falta de profissionais adequados.

Composição da equipe Necessidade de maior gasto com salários para atrair os profissionais.

6.2.5 Qualidade do projeto recebido

Desenvolvimento do projeto básico pelo cliente pode conter desvios e necessidades de alterações através de pleitos.

Qualidade do projeto recebido. Possibilidade de aumentos de quantitativos ou escopo não previamente orçados.

6.9.1 Assertividade das quantidades

Variação das quantidades previstas no orçamento.

Quantitativos reais divergentes dos previstos na fase de proposta.

Maior custo por conta da necessidade de um maior número de quantitativos (materiais, mão de obra direta e indireta).

7.3.1 Fornecedor exclusivo Fornecedor de válvulas exclusivo. Fornecedor exclusivo. Atraso na entrega de válvulas e dificuldade na negociação de preços.

7.5.1 Pressão de mercado Variação dos preços (aço, concreto, etc.) de mercado diferentemente do planejado.

Pressão de mercado referente às variações de preços do aço, concreto, etc.

Custos de compra de equipamentos e materiais excedente ao planejado.

7.8.1 Plano de inspeção e teste PIT

Grande nível de exigência do PIT (Plano de Inspeção e Testes) aprovado pelo cliente.

Plano de inspeção e teste PIT Atraso no faturamento das aquisições de equipamentos que não possuírem PIT.

7.14.1 Atendimento aos requisitos de garantias

Custos adicionais de equipamentos para se atender as condições solicitadas pelo cliente.

Atendimento aos requisitos de garantias Alteração nos custos de alguns equipamentos.

7.15.1 Analise entre propostas recebidas

Diferenças entre propostas de fornecedores para o fornecimento de um mesmo equipamento.

Analise entre propostas recebidas Alteração nos custos de alguns equipamentos.

7.18.1 Valor total de planilha Critério de pagamento de equipamentos e materiais pelo valor de face pode não ser o mais adequado em todos os casos.

Valor total de planilha Encarecimento nos custos de equipamentos e materiais em alguns casos.

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ID Título Causa Descrição Efeito

7.19.1

Variação de prazo entre data da proposta e efetiva efetivação de compra

A proposta do projeto é datada de um ano antes do início das atividades de suprimentos.

Variação de prazo entre data da proposta e efetiva efetivação de compra

Custos de compra de equipamentos e materiais excedente ao planejado.

8.2.1 Interferências executivas Interferências entre as diversas unidades da refinaria.

Interferências executivas Perda de produtividade.

8.4.1 Recursos humanos Escassez de mão-de-obra no local da obra. Recursos humanos Acréscimos nos salários da mão-de-obra da montagem.

8.6.1 Plano de mobilização de equipamentos próprios ou de 3os.

Não manutenção dos custos de contrato de aluguéis de equipamentos.

Plano de mobilização de equipamentos próprios ou de 3os.

Não haver equipamentos nos momentos necessários atrasando assim o andamento da montagem ou adição de custos de aluguel não previstos no orçamento.

8.7.1 Cumprimento do cronograma

Não cumprimento do prazo do cronograma acertado em contrato, por conta de atrasos nas atividades de construção e montagem, ou de atraso em alguns dos fornecimentos de responsabilidade do cliente.

Cumprimento do cronograma

Atraso nas atividades que dependem do fornecimento de equipamentos do cliente e daquelas de construção e montagem, acarretando em multas.

8.9.1 Chuva, vento, maré, terremoto, neve, neblina

Chuvas, nevoeiro e grande incidência de raios na região no período do verão.

Chuva, vento, maré, terremoto, neve, neblina

Improdutividade da mão-de-obra, não realização de operações elevadas e rigging quando ocorrer chuvas.

8.11.1 Logística da obra Dificuldade na mobilidade de equipamentos e materiais no interior da obra, por conta dos outros EPCistas do local.

Logística da obra Atraso nas atividades que dependem de equipamentos e materiais que necessitam serem transportados.

10.1.3 Estrutura organizacional Modificações no histograma Estrutura organizacional Atraso no empreendimento sem que o cliente reconheça.

10.1.5 Prêmios de seguros Cliente incluirá em sua apólice o seguro do consórcio, mas apólice do cliente não está fechada.

Prêmios de seguros Acidentes com engenharia ou transporte não cobertos pelo seguro do cliente pode gerar custos não orçados previamente.

10.1.9 Passivo trabalhista Grande quantidade de mão-de-obra aumentado a probabilidade de ações trabalhistas.

Passivo trabalhista Custo extra com mão-de-obra direta.

11.2.1 Experiências anteriores

Exigência de aumento salarial por parte de subcontratados.

Experiências anteriores com parceiros e terceiros

Aumento nos custos salariais de subcontratados.

Fonte: Elaborado pela autora.

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ANEXO B – CBS (COST BREAKDOWN STRUCTURE)

Pacotes da CBS / Atividades Valores Probabilísticos

Custo (em R$ 1.000,00) Prazo (em dias corridos)

ID Descrição Mínimo Máximo Min. MP Max.

619.623,93 731.494,27 - - -

G0070 ENGENHARIA 31.254,77 36.189,74 - - -

G0080 Custos Diversos (Viagens, aluguéis, alimentação, gerência, outros) 13.020,75 15.076,66 642 655 721

G0090 Processo 1.069,00 1.237,79 515 525 578

G0840_1 Processo 91,63 106,1 44 45 50

G0850_2 Processo 977,37 1.131,69 470 480 528

G0100 Civil (inclui Est. Metálica) 3.686,17 4.268,20 593 605 787

G0860_1 Civil (inclui Est. Metálica) 274,18 317,47 44 45 59

G0870_2 Civil (inclui Est. Metálica) 3.411,99 3.950,73 549 560 728

G0110 Tubulação 4.897,36 5.670,63 613 625 750

G0880_1 Tubulação 364,27 421,78 44 45 54

G0890_2 Tubulação 4.533,09 5.248,85 549 560 672

G0120 Mecânica 2.202,33 2.550,07 573 585 761

G0900_1 Mecânica 169,41 196,16 44 45 59

G0910_2 Mecânica 2.032,92 2.353,91 529 540 702

G0130 Instrumentação 3.550,53 4.111,14 642 655 721

G0920_1 Instrumentação 268,53 310,93 44 45 50

G0930_2 Instrumentação 3.282,00 3.800,21 539 550 605

G0140 Elétrica 2.828,63 3.275,25 613 625 688

G0940_1 Elétrica 206,97 239,65 44 45 50

G0950_2 Elétrica 2.621,65 3.035,60 559 570 627

G0150 PROCUREMENT 274.306,82 325.828,03 - - -

G0160 Procurement – Gerenciamento 5.422,59 6.564,19 859 877 1.096

G0170 Gerenciamento 811,65 982,52 800 816 1.020

G0180 Compras / Suprimentos 1.918,92 2.322,90 859 877 1.096

G0190 Diligenciamento e Inspeção 2.692,02 3.258,77 653 666 833

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Pacotes da CBS / Atividades Custo (em R$ 1.000,00) Prazo (em dias corridos)

ID Descrição Mínimo Máximo Min. MP Max.

G0200 Procurement – Faturamento Direto 268.884,23 319.263,84 660 660 660

G0210 Equipamentos e Sistemas Mecânicos 89.757,24 108.653,50 539 550 688

G0220 Equipamentos e Sistemas Elétricos 12.895,49 14.252,92 510 520 572

G0230 Elétrica (Materiais) 15.606,84 17.249,67 568 580 638

G0240 Instrumentação 23.658,09 27.393,58 539 550 633

G0250 Instrumentação (Materiais) 7.429,57 8.602,66 392 400 460

G0260 Estrutura Metálica 28.429,28 34.414,39 490 500 575

G0270 Tubulação (Materiais) 25.548,51 30.927,15 519 530 610

G0280 Equipamentos Importados 25.696,68 29.754,05 392 400 480

G0290 Materiais Importados 17.663,25 22.311,48 392 400 500

G0300 Frete 8.500,24 9.842,38 578 590 679

G0310 Materiais de Segurança 1.029,47 1.192,02 267 272 313

G0320 Isolamento Térmico 10.655,73 12.338,22 245 250 288

G0330 Tintas e Solventes 2.013,84 2.331,82 245 250 288

G0340 CONSTRUÇÃO E MONTAGEM 309.449,48 363.883,37 - - -

G0350 Indireto 147.521,17 175.979,12 1.005 1.005 1.005

G0360 Equipe indireta do empreendimento 69.581,08 84.229,73 955 1.005 1.156

G0370 Planejamento e Gerência 21.769,03 26.351,98 955 1.005 1.156

G0380 Administrativo / Almoxarifado / Financeiro 13.122,45 15.885,08 955 1.005 1.156

G0390 Qualidade / SMSRS 14.031,07 16.984,97 955 1.005 1.156

G0400 Construção Civil & Montagem Eletromecânica 13.869,91 16.789,89 839 883 1.015

G0410 Condicionamento & Comissionamento 2.692,22 3.259,01 542 570 656

G0420 Operação Assistida 4.096,40 4.958,80 380 400 460

G0430 Custos indiretos diversos 46.389,81 56.156,08 955 1.005 1.156

G0440 Mobilização / Desmobilização / Recrutamento 13.717,15 15.883,01 955 1.005 1.106

G0450 Canteiro 17.833,13 19.710,30 955 1.005 1.055

G0460 Construção e Montagem 156.540,07 181.665,23 883 883 883

G0470 Obras Civis / Obras Civis (serviços de 3ºs) 44.777,51 50.992,86 713 750 863

G0480 Estaqueamento, Ensaios Geotécnicos, Bota-fora 4.671,83 5.005,54 665 700 735

G0490 Escavação, Concreto, Forma, Armação, Reaterro, Outros 33.302,19 38.560,43 665 700 770

G0500 Pavimentação, Demolições e Remoções 4.109,73 4.403,28 588 600 630

G0510 Edificações e Acabamentos 2.693,76 3.023,61 297 303 333

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Pacotes da CBS / Atividades Custo (em R$ 1.000,00) Prazo (em dias corridos)

ID Descrição Mínimo Máximo Min. MP Max.

G0520 MONTAGEM ELETROMECÂNICA 101.446,06 118.891,51 839 883 1.015

G0530 Fabricação e Montagem – Tubulação 16.359,17 19.803,20 437 460 552

G0540 Estrutura metálica / Chapa de Piso 4.482,27 5.190,00 441 450 518

G0550 Suportes 1.139,34 1.379,20 357 364 382

G0560 Montagem – Equipamentos Mecânicos 3.779,21 4.375,93 380 400 460

G0570 Montagem Equipamentos Elétricos / Elétrica 10.637,72 12.317,36 428 450 495

G0580 Montagem Equipamentos - Instrumentos / Instrumentação 5.573,98 6.747,45 346 364 419

G0600 Equipamentos – Montagem 29.683,93 34.370,87 779 820 902

G0610 Serviços Terceiros – Montagem 29.790,44 34.707,50 592 623 716

G0620 Isolamento 5.587,54 6.763,86 316 333 383

G0630 Pintura / Decapagem 5.093,28 5.897,48 316 333 366

G0640 Assistência Fornecedores 6.235,67 6.681,08 476 486 535

G0650 END (Inclui LP e Radiografia) 4.021,36 4.867,96 409 430 495

G0660 Fire Proofing 2.117,18 2.562,90 285 300 360

G0670 Limpeza Química e Flushing 510,12 572,58 148 151 174

G0680 Calibração e Testes – instrumentação 1.318,60 1.596,20 285 300 345

G0690 Testes de Válvulas / Control Tub 1.596,17 1.932,21 404 425 510

G0700 Ensaios NR13 / Serviços Permutadores 1.070,10 1.239,06 288 303 333

G0710 Testes Elétricos 494,5 572,58 143 151 166

G0720 Outros 1.745,92 2.021,59 432 455 523

G0730 Materiais de Consumo e Aplicação / Ferramentas 10.316,50 11.780,86 749 788 867

G0740 Materiais de Consumo / Aplicação e Apoio 6.721,48 7.429,00 749 788 867

G0750 Materiais de Andaime 3.595,02 4.351,86 665 700 840

G0760 Equipes de Apoio 5.388,24 6.239,02 767 807 888

G0770 Apoio - Elétrica / Mecânica / Topografia / Rigger / Limpeza 1.477,47 1.710,76 742 757 871

G0780 Apoio - Preservação / Logística / Almoxarifado / Testes 1.054,91 1.221,47 691 727 800

G0790 Apoio – Andaimes 2.855,86 3.457,10 691 727 872

G0800 COMISSIONAMENTO – ASSISTÊNCIA 4.612,86 5.593,13 - - -

G0810 Comissionamento 2.219,49 2.569,93 417 425 489

G0820 Assistência Pré-Operação e Partida 2.393,37 3.023,20 380 400 500 Fonte: Elaborado pela autora.