analise de imagens no concreto
TRANSCRIPT
-
ANLISE DE IMAGENS: UM AVANO PARA A TECNOLOGIA DO CONCRETO
Epaminondas Luiz Ferreira Jnior (1); Gldis Camarini (2)
(1) Eng Civil; Mestrando em Engenharia Civil - UNICAMP
e-mail: [email protected]
(2) Professora Doutora, Departamento de Arquitetura e Construo,
Faculdade de Engenharia Civil - UNICAMP
email: [email protected]
Palavras Chaves: anlise de imagens, microestrutura, zona de transio, microfissurao.
Resumo
No estudo dos materiais de construo, sabe-se que h uma relao de dependncia
entre o processo de fabricao, sua microestrutura e suas propriedades. Dessa
forma, a anlise de imagens vem colaborar para melhorar o nvel de conhecimento
destes materiais, sendo uma ferramenta adequada para avaliar as mudanas
morfolgicas que ocorrem durante o seu processamento e seu uso. A anlise de
imagens exerce um papel importante, particularmente na tecnologia do concreto,
pois com ela h possibilidade de relacionar, de alguma forma, a microestrutura com
suas propriedades fsicas e mecnicas. O objetivo deste trabalho foi proporcionar um
levantamento das diferentes aplicaes da anlise de imagens na tecnologia do
concreto, cujos resultados tm proporcionado avanos significativos no entendimento
de suas propriedades em bases cientficas. Entre estes estudos encontram-se a
avaliao das dimenses dos gros das fases do concreto, disperso e orientao
das fases presentes, anlise da superfcie em 3D, caractersticas morfolgicas da
zona de transio e a microfissurao. As pesquisas existentes indicam que a
anlise de imagens uma ferramenta poderosa que proporciona resultados rpidos
e objetivos, permitindo avaliar o comportamento do material com a devida segurana.
-
1 Introduo
A anlise de imagens originou-se da necessidade de se obterem
solues especficas sobre os materiais, cujas tcnicas convencionais para avaliao
de suas propriedades no forneciam respostas adequadas. As tcnicas de anlise de
imagens se desenvolveram muito rapidamente graas ao progresso na aquisio das
imagens e tambm ao desenvolvimento de algoritmos e softwares para medir sua
interpretao. Historicamente, mtodos manuais ou semi-automticos medir as
caractersticas dos poros j tinham sido publicados em 1898 (Chermant, 2001). Com
o desenvolvimento dos computadores pessoais, e o progresso da aquisio,
armazenagem, apresentao de imagens, e dos novos algoritmos e softwares,
pesquisadores da rea da engenharia civil tambm passaram a usar a anlise
automtica de imagens para caracterizar seus materiais por um mtodo mais
acessvel e com bases estatsticas. Com isso, est sendo possvel atender as
expectativas quanto ao desenvolvimento de novos materiais, como os concretos de
alta e ultra-desempenho, novos concretos leves, ou concretos de ps reativos. A
anlise de imagens uma ferramenta para investigao da estrutura e morfologia de
um material em escala microscpica, seja ele concreto, argamassa, pasta de
cimento, metais ou polmeros. Essa investigao importante para assegurar que as
associaes entre as propriedades e a estrutura (e defeitos) do material estejam
suficientemente compreendidas e, estabelecidas estas relaes, prever o seu
comportamento.
2 Microscopia
Alguns elementos estruturais so de dimenso macroscpica podendo
ser observados a olho nu. No entanto, a maioria dos produtos internos desses
materiais, apresentam dimenses microscpicas e seus detalhes devem ser
-
observados em microscpios pticos ou eletrnicos. Estes microscpicos auxiliam na
investigao das feies microestruturais de todos os tipos de materiais.
2.1 Microscpios
No microscpio ptico a iluminao e o conjunto de lentes so seus
elementos bsicos. Para materiais opacos luz (clnquer, argamassas e concretos)
observa-se uma superfcie polida e utiliza-se a luz refletida na amostra. Essa
superfcie polida pode ou no sofrer ataque qumico para evidenciar a presena de
alguns cristais (Figura 1). O aumento mximo de um microscpio ptico da ordem
de 2000 vezes. Consequentemente, alguns elementos estruturais por serem muito
pequenos, tornam-se difceis de serem observados neste tipo de microscpio. Neste
caso, emprega-se o microscpio eletrnico de transmisso (MET) ou o microscpio
eletrnico de varredura (MEV).
(a) (b)
Figura 1 - Sistema de Aquisio de imagens por microscopia ptica (a) (JOURLAN et
al., 2001) e Seo polida do clnquer (b) (STUTZMAN & LEIGH, 2001).
-
A imagem obtida no MET formada por um feixe de eltrons que
atravessa a amostra. Para isso, a amostra uma pelcula extrada do material a ser
observado. O aumento chega a 1.000.000 de vezes. Algumas pesquisas esto
empregando o MET para estudos de pastas de cimento; no entanto, como uma
tcnica muito mais sofisticada do que as outras, e sua aplicao , no momento,
mais restrita, no ser abordada neste levantamento.
Os cristais presentes nos compostos do cimento hidratado so
demasiadamente pequenos para serem observados pelo microscpio ptico, sendo
necessria a utilizao do MEV. A alta resoluo do MEV pode atingir at 30
ngstrons e grandes profundidades de foco (a distncia de penetrao depende da
voltagem de acelerao do aparelho). Os aumentos empregados podem variar entre
100 e 100 mil vezes (SCRIVENER, 1989). O MEV consiste basicamente de uma
coluna ptico-eletrnica, de uma cmara para a amostra, sistema de vcuo, controle
eletrnico e sistema de obteno de imagem. Quando um ponto da superfcie da
amostra alcanado por um feixe de eltrons, originam-se diferentes sinais que
podem ser detectados independentemente. Destes sinais, um deles a emisso de
eltrons secundrios (SE) (Figura 2a), e o outro a emisso de eltrons
retroespalhados (BSE) (Figura 2b). O emprego do MEV permite evidenciar a
morfologia dos compostos hidratados em funo das condies de hidratao.
Imagens obtidas por meio de eltrons secundrios (em amostras fraturadas)
evidenciam a morfologia e a textura, muito comum para avaliao morfolgica dos
compostos formados durante o processo de hidratao. Imagens obtidas por meio de
eltrons retroespalhados (em superfcies polidas) permitem visualizar a
heterogeneidade no interior da amostra. Neste caso, usada para verificao do grau
de hidratao, da formao de microfissuras e da zona de transio.
-
(a) (b)
Figura 2 - Imagem de produtos de hidratao do cimento obtida por MEV:
(a) Imagem por Eltrons Retroespalhados (DIAMOND, 1999) e (b) Imagem por Eltrons
Secundrios (ANDRADE & VEIGA, 1998).
Em conjunto com a anlise de imagens possvel realizar a espectrometria de
disperso de energia - EDS, determinando a composio qumica aproximada de
partculas, de regies ou pontos de interesse. A funo do EDS detectar, contar e
distribuir, em classes de energia, os raios-x produzidos por uma pequena regio da
amostra selecionada para anlise. O aparelho de raios-x conectado a um medidor
automtico dos ngulos de refrao (?) e suas correspondentes intensidades.
Usando-se raios-x de comprimento de onda (?) conhecido, e medindo-se ?, pode-se
perfeitamente calcular o espao interplanar d (Lei de Bragg) (MEHTA &
MONTEIRO, 1994). Como a distncia interplanar uma caracterstica prpria de
cada cristal, consegue-se identific-lo quando se comparam os valores com registros
pr-obtidos de substncias conhecidas. Os equipamentos modernos permitem gravar
os dados em microprocessadores, resultando numa listagem dos elementos
presentes no ponto analisado.
-
(a) (b)
Figura 3 Imagem por eltrons retroespalhados de agregado reativo (a) e a anlise por
EDS da regio indicada pela seta (b) (BAKHAREV et al., 2001).
Um cuidado especial deve ser dado no preparo da amostra. No caso de
amostras no condutoras de eltrons como polmeros, cermicas, pastas,
argamassas e concretos, preciso que a superfcie a ser observada seja recoberta
por uma camada com material condutor de eltrons (metais ou ligas metlicas), cujo
processo denominado metalizao de amostras. Isto necessrio para evitar um
efeito chamado carregamento, que impede a obteno de imagens satisfatrias
durante a anlise (ANDRADE & VEIGA, 1998).
3 Microscopia do clnquer
A anlise microscpica do clnquer proporciona informaes teis sobre
a sua estrutura e seu processo de produo. A avaliao microscpica de sees
polidas (Figura 4) proporciona uma inspeo visual sobre o tamanho dos cristais, sua
morfologia, distribuio dos cristais e quantidade presente. O emprego do
microscpio ptico mais difundido e menos oneroso e necessita da anlise de
imagens para separar suas fases. As sees podem ser ou no atacadas por
compostos qumicos para evidenciar a presena de determinada fase (Figura 4).
-
Figura 4 - Seo polida do clnquer, com ataque de HF por 30 s
(STUTZMAN & LEIGH, 2000)
Mais recentemente desenvolvem-se pesquisas para a obteno de
dados do clnquer por anlise semi-automtica, cujas imagens so obtidas em
diferentes tons de cinza e p rocessadas por computador.
3 Microscopia dos Materiais Base de Cimento
Para entender a relao entre as propriedades fsicas e a
microestrutura, necessrio ter acesso: (i) diversidade da morfologia e suas
caractersticas, (ii) sua heterogeneidade principalmente aps a modelagem da
microestrutura, (iii) sua evoluo a partir de modelos probabilsticos, e (iv)
qualidade da interface entre gros ou fases dos pontos a partir da estrutura qumica
ou fsica visualizada. A anlise das imagens obtidas pela microscopia ptica
adequada para investigar o primeiro aspecto, a microscopia eletrnica de varredura
adequada para investigar os primeiros trs aspectos, e a microscopia de transmisso
de eltrons a quarta (Chermant, 2001).
-
3.1 Hidratao da Pasta de Cimento
Vrios mtodos tm sido utilizados para o estudo da hidratao da
pasta de cimento, como a difrao de raios-X e a anlise termogravimtrica, cada
qual com suas dificuldades e limitaes. Assim, tcnicas de microscopia para o
estudo da hidratao do cimento vm sendo aprimoradas constantemente. Uma
tcnica para analisar o grau de hidratao do concreto, consiste em preparar a
amostra e observ-la por eltrons retroespalhados. As vrias fases presentes so
diferenciadas atravs de tons de cinza. Essas imagens so analisadas em um
software de computador que calcula as reas em uma escala escolhida, que vai de
escura brilhante. Escolhendo-se um determinado brilho, os pontos que contm
aquele nvel de cinza so vistos na tela com um contraste de cor apropriado, sendo
mostrada a porcentagem daquele nvel de brilho na imagem (Ash et al., 1993). A
pasta de cimento Portland endurecida constituda essencialmente de trs nveis de
cinza: os produtos de hidratao, os gros anidros e os poros. Para a anlise das
imagens em argamassas e concretos h um nvel a mais e os gros de agregados
so facilmente identificados na imagem, e ento removidos pelo computador pois o
que interessa a pasta de cimento hidratado. Na rea da imagem observada
elimina-se a rea correspondente aos agregados, as reas ocupadas pelos poros e
pelos gros anidros (identificados pelos tons de cinza). O resultado de cada imagem
a rea ocupada pela pasta de cimento hidratado. O resultado final a mdia da
rea ocupada pela pasta de cimento hidratado obtida em dez imagens feitas de
maneira aleatria na amostra. A ampliao empregada pode ser de at 450 vezes
(ASH et al., 1993).
3.2 Zona de Transio e Formao de Microfissuras
A zona de transio do concreto a regio delimitada pela interface do
agregado e a pasta de cimento. Apresenta espessura de, aproximadamente, 30 mm
-
dentro da qual a porosidade aumenta medida que se aproxima da superfcie do
agregado (Diamond et al, 2001). Embora sejam constitudas dos mesmos elementos,
a estrutura e as propriedades da zona de transio diferem daqueles
correspondentes matriz da pasta. Somente com o desenvolvimento das tcnicas de
anlise de imagens foi possvel observar essa regio, cujas caractersticas so to
importantes para compreender os fenmenos que ocorrem na macroestrutura do
concreto. Vrios resultados de investigaes da zona de transio por anlise de
imagens tm sido divulgados, e o exame das amostras por MEV tem produzido
resultados que comprovam o comportamento do concreto em diversas situaes.
FIGURA 5 Anlise da imagem ao redor do gro de areia:
(a) rea da imagem, (b) nveis de cinza da zona de transio,
(b) (c) e (d) imagem binria segmentada mostrando os poros e o hidrxido de
clcio, respectivamente (DIAMOND & HUANG, 2001)
Alm da grande quantidade de cristais de hidrxido de clcio orientados
e de vazios capilares, uma caracterstica da zona de transio a formao de
-
microfissuras. Qualquer que seja a sua origem (mecnica, fsica, ou qumica), a
degradao dos materiais a base de cimento freqentemente resulta do inicio e da
propagao de microfissuras. Estudos indicam que a presena de microfissuras pode
influenciar de maneira significativa as propriedades mecnicas e de transporte de
massa do concreto. Por esse motivo, a otimizao e/ou a atribuio das
propriedades macroscpicas do material, requer o desenvolvimento de uma
ferramenta segura que capaz de quantificar as suas caractersticas
microestruturais (AMMOUCHE et al., 2000). Pesquisas empregando a microscopia
em materiais base de cimento tm avaliado as microfissuras do concreto. Neste
caso, tenta-se relacionar a influncia do estado de microfissuras do concreto (ou
argamassa) com as propriedades fsicas, ou avaliar a evoluo da microfissura com
aplicao de um carregamento (ao trmica, retrao, fissura ou carregamento
mecnico). Dois mtodos diferentes podem ser utilizados para anlise das
microfissuras: uma por observao e outra por anlise quantitativa (RINGOT &
BASCOUL, 2001) A primeira dificuldade em usar imagens para investigao de
modelo de fissuras, vem do fato de que as imagens fornecem uma informao local
do material. Na maioria das vezes, h uma desproporo entre o tamanho da
amostra extrada e as dimenses das imagens. As tcnicas baseadas em imagens,
fornecem uma quantidade de dados que so abundantes, mas parciais em apenas
um campo, devendo haver cuidado quando da anlise desses campos. A segunda
dificuldade est na segmentao das fissuras, que consiste em reconhec-las dentro
das imagens. No passado, essa operao era feita manualmente. Hoje se emprega a
anlise de imagens para esse fim, por meio de um processo automtico. Freitas
(2001) analisou imagens obtidas de amostras de concretos, relacionando a formao
de microfissuras ao grau de hidratao. As imagens foram obtidas pelo MEV, em
sees polidas, por imagens de eltrons retroespalhados. Das imagens originais
foram selecionadas apenas as regies mais escuras, que so vazios e microfissuras
e, com isso, pde-se calcular a rea dessa regio em relao rea total da
imagem. Na anlise das imagens, verificou-se que os poros menores apresentaram
dimenso aproximada de 0,1 mm e os maiores 20 mm, sendo todos caracterizados
-
como poros capilares. As microfissuras apresentaram espessura mxima
aproximada de 2,5 mm. Em todos os casos, observou-se que as microfissuras
tendem a contornar os agregados, confirmando que essa regio do concreto frgil
e com mais vazios. Ressalta-se que a preparao da amostra muito importante,
pois as etapas de corte e polimento podem criar e/ou aumentar as microfissuras.
(a) (b)
Figura 6 Anlise de microfissuras em concreto (FREITAS, 2001).
(a) (b)
Figura 7 - Microfissuras em concreto: (a) imagem real e (b) imagem processada
(Cherman, 2001).
-
3.3 Estudo da Relao gua/cimento
A relao gua/cimento um parmetro importante para o concreto no s pela
relao direta com a sua resistncia, mas tambm pela sua influncia quanto
durabilidade do concreto. Isso ocorre devido estreita ligao entre a relao a/c e a
porosidade capilar da pasta de cimento. Uma porosidade capilar elevada, resulta em
permeabilidade a agentes agressivos, tais como lquidos nocivos e gases. Portanto,
a determinao da relao a/c de concretos endurecidos relevante para (a) (b) um
diagnstico da deteriorao, assim como para assegurar a qualidade do concreto em
geral. Mtodos pticos tm sido desenvolvidos para determinar a relao a/c do
concreto endurecido, usando sees delgadas. O mtodo baseado no princpio de
que a intensidade da fluorescncia do epxi em pastas de cimento proporcional
porosidade capilar. Quanto maior intensidade da fluorescncia, maior a porosidade
capilar e maior tambm a relao a/c. Neste caso, a intensidade de fluorescncia de
sees delgadas em amostras de concreto com uma relao a/c no conhecida,
comparada visualmente com uma srie referencial de sees delgadas de concreto
com relao a/c conhecida, cimento bem definido, e cura sob condies
padronizadas por 28 dias (ELSEN et al., 1995).
Os primeiros resultados de medidas quantitativas sobre a relao a/c do
concreto foram obtidos em amostras polidas usando um aparelho de foto-diodo.
Hoje, a anlise de imagens permite obter resultados quantitativos empregando o
mtodo da fluorescncia da pasta de cimento (ELSEN et al., 1995). Atualmente, trs
diferentes mtodos de anlise de imagens so utilizados: um mtodo interativo, um
mtodo semi-automtico com obteno de dados dos nveis de cores cinza da
imagem, e um mtodo completamente automtico. No mtodo interativo, as reas na
pasta de cimento para serem avaliadas so escolhidas pelo operador. A relao a/c
medida calculada como a mdia dos valores das reas selecionadas. A principal
desvantagem desse mtodo que as reas relevantes so definidas interativamente
pelo operador para cada imagem, consumindo muito tempo. Outra desvantagem
que esse mtodo no totalmente reprodutvel. As reas examinadas so definidas
-
e, assim, influenciadas pela subjetividade do operador que poder escolher as
mesmas reas; neste caso, o resultado pode no ser representativo da amostra. No
mtodo semi-automtico de entrada de dados, o operador define uma srie de
parmetros para o incio das medies, entre elas os tons de cinza para seleo da
pasta de cimento. Aps essa operao, as medidas so executadas
automaticamente. No mtodo totalmente automtico, uma seo delgada
escaneada e o nvel cinza do histograma para cada imagem acumulado e
armazenado.
3.4 Anlise da Superfcie da Fratura do Concreto em 3 Dimenses
A superfcie da fratura de concretos pode ser investigada com o auxlio de programas
que, por meio de imagens, reconstituem essa superfcie. A forma de como estudar a
natureza e as caractersticas da superfcie de fratura uma rea de pesquisa
importante que vem sendo desenvolvida na rea das cincias dos materiais e de
mecnica da fratura. Devido s limitaes de mtodos experimentais anteriores, a
superfcies de fratura em materiais como concreto, so apenas idealizadas como
planos 2D, o que condiciona a validade dos parmetros de medidas da fratura,
resultando em concluses incorretas. Assim, a maioria das informaes sobre a
micro e mesoestrutura, e os mecanismos de fadiga dos materiais so ignoradas, e
um problema a ser solucionado a maneira de medir e quantificar corretamente a
superfcie da fratura do concreto, (WU et al., 2000). Atualmente, tem-se utilizado uma
nova tcnica experimental baseada em triangulao a laser e reconstruo da fratura
superficial em 3-D. Os resultados da reconstruo de um objeto padro e da
superfcie de fratura de uma amostra de concreto indica que essa tcnica tem uma
preciso aceitvel. Comparado com os mtodos de anlises tradicionais, esse
mtodo adequado para determinar a dimenso da fratura e outros parmetros da
superfcie da fratura. A anlise quantitativa da rugosidade e a caracterstica da
fratura das superfcies de concreto so realizadas de acordo com o parmetro de
rugosidade Rs (que a razo da rea atual superficial com superfcie projetada).
-
Esses estudos mostram que a verdadeira rea superficial da fratura cerca de
45,4% maior do que a rea nominal da fratura (WU et al., 2000). Dois mtodos de
clculo da dimenso da fratura esto sendo empregados: a tcnica slit-island e a
anlise da seo vertical da superfcie. Essas novas tcnicas podem ser uma grande
avano para medir precisamente os parmetros da fratura e eventualmente aumentar
o nvel de conhecimento sobre os mecanismos de fadiga do concreto.
(a) (b)
Figura 8 - Reconstruo da superfcie de fratura do concreto:
(a) superfcie original e (b) perfil em 3D a superfcie da fratura (WU et al., 2000).
3.5 Anlise da Microfissura do Concreto em 3 Dimenses
A anlise de microfissuras em 3-D uma das mais novas tcnicas que
emprega a microscopia. Pode se ter acesso a parmetros 3D em medidas
executadas em 2D, usando uma relao estereolgica, que por meio de uma srie
de mtodos matemticos possvel definir os parmetros 3D com medidas obtidas
em 2D nas sees da estrutura (RINGOT & BASCOUL, 2001). A maior parte dos
mtodos para obter dados tridimensionais consiste em recuperar o desenho espacial
da fissura a partir de observaes feitas em diferentes tipos de planos. Se esses
planos so paralelos, ento essa tcnica se torna similar a tomografia usada em
cincias mdicas. Infelizmente, essa aproximao requer grande quantidade de
dados e isso no a realidade da cincia dos materiais, embora existam alguns
-
trabalhos publicados, so restritos a pequenas quantidades (RINGOT & BASCOUL,
2001). A simulao 3-D parece ser capaz de fornecer resultados precisos e uma
geometria realstica do modelo de fissuras em quantidades razoveis de dados em
curto prazo. Entretanto, modelos estatsticos para simular o modelo da fissura podem
ser usados para obter resultados importantes, em particular sobre as propriedades
de percolao de lquidos e gases nos concretos, atribudo relatado conectividade
das fissuras (RINGOT & BASCOUL, 2001).
3.6 Reatividade lcali-Agregado
Grandes construes tm sido afetadas pela reao lcali-agregado: barragens,
pontes, torres e pavimentos de aeroportos. A possibilidade de ocorrncia da
reatividade lcali-agregado est sendo investigada com o auxlio da microscopia. Em
alguns estudos, a microscopia usada como uma ferramenta de auxlio para
verificao da formao do gel expansivo em concretos produzidos com agregados
potencialmente reativos. Neste caso, mesmo os concretos que no apresentam
expanso, podem apresentar a formao do gel, verificado por meio de microscopia
eletrnica (VALDUGA, 2002). da microscopia.
Figura 9 - Presena de gel expansivo em agregados analisados em um MEV
(VALDUGA, 2002)
-
4 CONCLUSES
Os mtodos de anlise de imagens esto sendo cada vez mais usados para avaliar e
entender, de forma mais pertinente, o comportamento de concretos, argamassas e
pastas de cimento. Assim, permite assegurar que a associao entre as
propriedades e a estrutura do material seja suficientemente compreendida, e que o
seu comportamento seja previsto. As mudanas morfolgicas ocorridas durante o
processo de fabricao e de uso, e a estreita ligao entre a microestrutura e as
propriedades fsicas e mecnicas dos materiais podem ser melhor analisadas com o
uso destas tcnicas. Neste intuito, vrias tcnicas de observao microestrutural
esto sendo desenvolvidas e graas ao desenvolvimento de microscpios cada vez
mais potentes, e o rpido progresso da tecnologia de computadores e softwares, os
recursos para analisar os materiais base de cimento tm melhorado. Os trabalhos
baseados em anlise de imagem esto sendo publicados, o permite tornar a anlise
de imagem um recurso imprescindvel para o desenvolvimento da tecnologia do
concreto.
-
5 Referncias
AMMOUCHE, A. et al. A new image technique fr quantitative assessment of
microcracks in cement-based materials. Cement and Concrete Research, Vol 30,
pp. 25-35, 2000.
ANDRADE, N. P. H.; VEIGA, F. N. Microscopia Eletrnica de Varredura.
Informativo, Furnas Centrais Eltricas S.A, 1998.
ASH, J. E.; HALL, M. G.; LANGFORD, J. I.; MELLAS, M. Estimations of Degree of
Hidratation of Portland Cement Pastes. Cement and Concrete Research, Vol. 23, n
2, p. 399-406, 1993.
BAKHAREV, T; SANJAYAN, J. G.; CHENG, Y.-B. Resistance of alkali-activated slag
concrete to alkaliaggregate reaction. Cement and Concrete Research, Vol. 31 pp.
331-334, 2001.
CHERMANT, J. L Why automatic image analysis? An introduction to this issue.
Cement & Concrete Composites, Vol. 23 , pp. 127-131, 2001. DIAMOND, S.
Aspects of concrete porosity revisited. Cement and Concrete Research,Vol. 29, pp.
1181-1188, 1999.
DIAMOND, S., HUANG. J. The ITZ in concrete A diferent view based on image
analysis and SEM observations Cement & Concrete Composites, Vol 23, pp. 179-
188, 2001.
ELSEN, J; et al. Determination of the w/c relation of hardened cement past and
concrete samples on thin sections using automated image analysis techniques.
Cement and Concrete Research, Vol. 25, n 4, pp. 827-834, 1995.
ESCALANTE-GARCIA, J.J; SHARP, J. H. Effect of temperature on the hydration of
the main clinker phases in portland cements: part I, neat cements. Cement and
Concrete Research, Vol. 28, No. 9, pp. 12451257, 1998
FREITAS, F. A. E. Microfissurao e evoluo da hidratao de concretos de
cimento Portland, com e sem adio de escria, por meio de anlise de
imagens. Dissertao Mestrado Faculdade de Engenharia Civil, Unicamp, 2001.
JOURLAN, M.; ROUX, B.; FAURE, R.-M. Recognition of clinker phases by automatic
image analysis. Cement & Concrete Composites, Vol. 23, pp. 207-214, 2001.
-
MEHTA, P.K; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: Estrutura, Propriedades e Materiais.
So Paulo, Ed. Pini, 1994. 573 p.
MIN, D. et al. Microstructure of some alkali-silica reative agregates in China. Cement
and Concrete Research, Vol. 26, Vol 5, pp. 663-668, 1996
RINGOT. E, BASCOUL. A. About the analysis of microcraking in concrete
Cement & Concrete Composites, Vol 23, Pp. 261-266, 2001.
SCRIVENER, K. L. The Microstructure of Concrete, In: SKALNY, J. P. Materials
Science of Concrete I, Westerville; American Ceramic Society, 1989. 473 p.
STUTZMAN, P. E.; LEIGH, S. Compositional analysis of NIST reference material
clinker 8486. In: Proceedings 22th. International Conference on Cement Microscopy,
Montreal, Quebec, Canada, pp. 22-38, april 29 - may 4, 2000.
STUTZMAN, P. E.; LEIGH, S. Compositional analysis of NIST reference material
clinker 8486. Powder Diffraction III, Proceedings. National Institute of Standards and
Technology. April 22-25, 2001, Gaithersburg, MD, Poster #2, 2001.
VALDUGA, L. Agregados Reativos no Estado de So Paulo Dissertao de
Mestrado Faculdade de Engenharia Civil, Unicamp, 2002.
WEIBEL., E. R. - Stereological method, vol. 1: Pratical methods for biological
morphometry, New York: Academic Press; 1979.
WU, K. R. et al. Reconstruction and analysis of 3-D profile of fracture surface of
concrete. Cement and Concrete Research, Vol 30, pp. 981-987, 2000.