análise de disponibilidade utilizando abordagem nebulosa · operação de seus processos. a...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Escola de Engenharia Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa Alessandra Lopes Carvalho Tese de Doutorado submetida à Banca Examinadora designada pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito para obtenção do Título de Doutor em Engenharia Elétrica Orientador: Benjamim Rodrigues de Menezes Co-Orientador: Walmir Matos Caminhas Belo Horizonte Julho de 2008

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Page 1: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Escola de Engenharia

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

Análise de Disponibilidade Utilizando

Abordagem Nebulosa

Alessandra Lopes Carvalho

Tese de Doutorado submetida à Banca Examinadora designada

pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da

Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais,

como requisito para obtenção do Título de Doutor em Engenharia

Elétrica

Orientador: Benjamim Rodrigues de Menezes

Co-Orientador: Walmir Matos Caminhas

Belo Horizonte

Julho de 2008

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RESUMO

O objetivo principal deste trabalho é contribuir na análise de disponibilidade de sistemas reparáveis utilizando abordagem nebulosa. A principal justificativa para utilização da abordagem nebulosa em análise RAM (Reliability, Availability and Maintainability) é a inexistência de bancos de dados consistentes contendo informações sobre datas de ocorrências de falhas e tempos de reparo. Embora grande parte das indústrias não possua um banco de dados adequado à análise de falhas convencional, existem especialistas que detêm o conhecimento acerca da operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o conhecimento armazenado em forma tácita pelos especialistas, auxiliando, desta forma, o processo de tomada de decisão no planejamento das atividades de manutenção. Os resultados obtidos pelo método proposto são validados através de comparações com o método convencional utilizando-se como exemplo um sistema de laminação.

Palavras Chave: disponibilidade, mantenabilidade, confiabilidade, sistemas nebulosos, sistemas reparáveis.

- i -

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ABSTRACT

This work focuses on an alternative approach, using the fuzzy set theory for availability evaluation of repairable systems. The main reason to use fuzzy approach in RAM analysis (Reliability, Availability and Maintainability) is the lack of consistent data bases that relate dates of failure occurrences with repair time. Although many industrial data base are not adequate for the conventional RAM analysis of a particular plant, there are specialists who withhold the knowledge concerning the operation of its processes. Fuzzy set theory is useful for modeling human knowledge that is held in tacit form by the specialists, assisting the process of decision making and planning of maintenance activities. The results of the approach developed are compared against the conventional RAM analysis using a rolling mill system.

Key-words: availability, maintainability, reliability, fuzzy systems, repairable systems.

- II -

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LISTA DE SIGLAS

pdf (probability density function) - função densidade de probabilidade

cdf (cumulative distribution function) - função distribuição acumulada

FMEA (Failure Mode and Effect Analysis ) - análise de modos e efeitos de falhas

FTA (Faut Tree Analysis) - árvore de falhas

HPP ( homogeneous Poisson process) - processo de Poisson homogêneo

MTBF (mean time between failure) - tempo médio entre falhas

MTTF (mean time to failure) - tempo médio para falha

MTTR (mean time to repair) - tempo médio para o reparo

NHPP (non homogeneous Poisson process) processo de Poisson não homogêneo

POSBIST (POSsibility Assumption and BInary-STate)

POSFUST (POSsibility Assumption and FUzzy-STate)

PROBIST (PRObability Assumption and BInary-STate)

PROFUST (PRObability Assumption and FUzzy-STate)

RAM (Reliability, Availability and Maintainability)

RBD (reliability block diagram) - diagrama em blocos de confiabilidade

RCM (reliability centered maintenance) - manutenção centrada em confiabilidade

TTF ( time to failure) – tempo até a falha

TBF (time between failure) - tempo entre falhas

TTR ( time to repair) - tempo para o reparo

- iii –

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LISTA DE SÍMBOLOS

A(t) disponibilidade instantânea

Ao disponibilidade operacional

AN disponibilidade nebulosa

Ad disponibilidade desejada

ANi disponibilidade nebulosa inicial

ANA disponibilidade nebulosa adaptativa

β parâmetro de forma da distribuição Weibull

E(T) valor esperado da variável aleatória T

fT(t) função densidade de probabilidade

f(t) função densidade de probabilidade de falhas

FT(t) função densidade de probabilidade acumulada

F(t) função densidade de probabilidade acumulada de falhas

γ parâmetro de vida mínima da distribuição Weibull

g(t) função densidade de probabilidade de reparo

G(t) função mantenabilidade

η parâmetro de vida característica da distribuição Weibull

h(t) função taxa de falhas

i(t) função intensidade de falhas

λ taxa de falhas

λs taxa de falhas sistema série

λp taxa de falhas sistema paralelo

L função verossimilhança

µ média (parâmetro da distribuição lognormal)

µr taxa de reparo

µTR média dos tempos de reparo (banco de dados)

QF quantidade de falhas

R(t) função confiabilidade

σ desvio padrão (parâmetro da distribuição lognormal)

τ DC tempo para detectar a falha

τ DE tempo para desmontar o equipamento

- iv -

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τ DF tempo para disponibilizar ferramentas

τ EF tempo entre falhas médio nebuloso

τ l ; τ lA tempo logístico; tempo logístico adaptativo

τ m ; τ mA tempo efetivo de manutenção; tempo efetivo de manutenção adaptativo

τ MO tempo para montar o equipamento

τ MP tempo para mobilizar pessoas

τ p taxa de reparo sistema paralelo

τ R ; τRA tempo de reparo médio nebuloso; tempo de reparo médio adaptativo

τRd tempo de reparo médio desejado

τ RE tempo para reparar o equipamento

τRi tempo de reparo médio inicial

τ RM tempo de reparo médio nebuloso calculado por Mamdani

τ RS tempo para repor sobressalentes

τ RSU tempo de reparo médio nebuloso calculado por Sugeno

τs taxa de reparo sistema série

τT tempo total de observação considerado

τ TE tempo para testar a efetividade do reparo

T variável aleatória

U(t) indisponibilidade instantânea

xm matriz de entrada genérica do sistema nebuloso tempo de manutenção

xl matriz de entrada genérica do sistema nebuloso tempo logístico

xd matriz de entrada genérica do sistema nebuloso disponibilidade

xCX entrada complexidade do modo de falha

xLO entrada localização do modo de falha dentro do equipamento

xDF entrada dimensão física do sobressalente

xCS entrada custo do sobressalente

xFO entrada freqüência de ocorrência de falhas

X(t) estado de um sistema genérico

Y matriz transição de estados

- v –

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7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................

01

1.1 Contextualização Histórica da Análise de Falhas em Sistemas Industriais.. 01

1.2 Objetivos e Justificativas .................................................................................. 02

1.3 Organização do trabalho ................................................................................... 05

2 ANÁLISE CONVENCIONAL DE FALHAS.............................................................. 06

2.1 Definições Preliminares...................................................................................... 06

2.2 Função Confiabilidade........................................................................................ 08

2.3 Função Mantenabilidade e Conceito de Manutenção...................................... 13

2.4 Função Disponibilidade................................................................................... 14

2.5 Modelagem da Confiabilidade e Mantenabilidade de Componentes............. 17

2.5.1 Modelos não Paramétricos.............................................................................. 18

2.5.2 Modelos Paramétricos..................................................................................... 18

2.5.3 Estimação de Parâmetros................................................................................ 26

2.5.4 Validação de Modelos...................................................................................... 27

3 MODELAGEM DE SISTEMAS ............................................................................... 29

3.1 Modelagem de Sistemas não Reparáveis......................................................... 29

3.1.1 Análise de Modos e Efeitos de Falhas........................................................... 30

3.1.2 Análise por Árvore de Falhas ........................................................................ 22

3.1.3 Diagrama de Blocos de Confiabilidade ........................................................ 23

3.1.4 Simulação de Monte Carlo............................................................................... 37

3.2 Modelagem de Sistemas Reparáveis................................................................. 37

3.2.1 Abordagem por componentes........................................................................ 38

3.2.2 Abordagem por sistemas................................................................................ 44

4 ANÁLISE NEBULOSA DE FALHAS....................................................................... 46

4.1 Análise de Falhas Considerando Inexistência de dados................................. 46

4.2 Metodologias Nebulosas para Cálculo da Confiabilidade de Sistemas ........ 48

- VI -

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8

4.3 Modelo Nebuloso para Análise de Falhas......................................................... 52

4.4 Modelo Nebuloso Adaptativo para Análise de Falhas..................................... 54

5 AVALIAÇÃO E VALIDAÇÃO DOS MODELOS NEBULOSOS PROPOSTOS....... 58

5.1 Descrição do Processo Produtivo..................................................................... 58

5.2 Implementação dos Modelos Nebulosos Propostos....................................... 60

5.2.1 Cálculo do Tempo de Reparo Nebuloso........................................................ 63

5.2.2 Cálculo de Disponibilidade Nebulosa ........................................................... 70

5.2.3 Cálculo do Tempo entre Falhas Nebuloso .................................................... 72

5.3 Resultados Obtidos através da Análise Nebulosa de Falhas........................ 73

5.4 Cálculo Convencional e Validação de Resultados........................................... 76

6 CONCLUSÕES........................................................................................................ 83

6.1 Contribuições e Relevância do Trabalho.......................................................... 83

6.2 Sugestões para Trabalhos Futuros................................................................... 85

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 86

APÊNDICE A–EXEMPLOS DE ANÁLISES NEBULOSAS DE FALHA.................... 94

APÊNDICE B – CONDIÇÃO INICIAL DO MODELO ADAPTATIVO........................ 102

APÊNDICE C – TREINAMENTO NO MODELO ADAPTATIVO................................ 106

ANEXO A – MODOS DE FALHA LAMINADOR PRIMÁRIO..................................... 109

- VII -

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................

01

1.1 Contextualização Histórica da Análise de Falhas em Sistemas Industriais.. 01

1.2 Objetivos e Justificativas .................................................................................. 02

1.3 Organização do trabalho ................................................................................... 05

2 ANÁLISE CONVENCIONAL DE FALHAS.............................................................. 06

2.1 Definições Preliminares...................................................................................... 06

2.2 Função Confiabilidade........................................................................................ 08

2.3 Função Mantenabilidade e Conceito de Manutenção...................................... 13

2.4 Função Disponibilidade................................................................................... 14

2.5 Modelagem da Confiabilidade e Mantenabilidade de Componentes............. 17

2.5.1 Modelos não Paramétricos.............................................................................. 18

2.5.2 Modelos Paramétricos..................................................................................... 18

2.5.3 Estimação de Parâmetros................................................................................ 26

2.5.4 Validação de Modelos...................................................................................... 27

3 MODELAGEM DE SISTEMAS ............................................................................... 29

3.1 Modelagem de Sistemas não Reparáveis......................................................... 29

3.1.1 Análise de Modos e Efeitos de Falhas........................................................... 30

3.1.2 Análise por Árvore de Falhas ........................................................................ 22

3.1.3 Diagrama de Blocos de Confiabilidade ........................................................ 23

3.1.4 Simulação de Monte Carlo............................................................................... 37

3.2 Modelagem de Sistemas Reparáveis................................................................. 37

3.2.1 Abordagem por componentes........................................................................ 38

3.2.2 Abordagem por sistemas................................................................................ 44

4 ANÁLISE NEBULOSA DE FALHAS....................................................................... 46

4.1 Análise de Falhas Considerando Inexistência de dados................................. 46

4.2 Metodologias Nebulosas para Cálculo da Confiabilidade de Sistemas ........ 48

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4.3 Modelo Nebuloso para Análise de Falhas......................................................... 52

4.4 Modelo Nebuloso Adaptativo para Análise de Falhas..................................... 54

5 AVALIAÇÃO E VALIDAÇÃO DOS MODELOS NEBULOSOS PROPOSTOS....... 58

5.1 Descrição do Processo Produtivo..................................................................... 58

5.2 Implementação dos Modelos Nebulosos Propostos....................................... 60

5.2.1 Cálculo do Tempo de Reparo Nebuloso........................................................ 63

5.2.2 Cálculo de Disponibilidade Nebulosa ........................................................... 70

5.2.3 Cálculo do Tempo entre Falhas Nebuloso .................................................... 72

5.3 Resultados Obtidos através da Análise Nebulosa de Falhas........................ 73

5.4 Cálculo Convencional e Validação de Resultados........................................... 76

6 CONCLUSÕES........................................................................................................ 83

6.1 Contribuições e Relevância do Trabalho.......................................................... 83

6.2 Sugestões para Trabalhos Futuros................................................................... 85

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 86

APÊNDICE A–EXEMPLOS DE ANÁLISES NEBULOSAS DE FALHA.................... 94

APÊNDICE B – CONDIÇÃO INICIAL DO MODELO ADAPTATIVO........................ 102

APÊNDICE C – TREINAMENTO NO MODELO ADAPTATIVO................................ 106

ANEXO A – MODOS DE FALHA LAMINADOR PRIMÁRIO..................................... 109

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1 INTRODUÇÃO 1.1 Contextualização Histórica da Análise de Falhas em Sistemas Industriais

A importância da análise de falhas tem aumentado nas últimas décadas

devido à complexidade crescente dos sistemas e as severas implicações

decorrentes de eventuais falhas.

A história da confiabilidade remonta a meados de 1930 quando os conceitos

da teoria da probabilidade foram aplicados a problemas relacionados à geração de

energia elétrica. O conceito de confiabilidade surgiu na indústria aeronáutica após a

Primeira Guerra mundial. Nesta época iniciaram-se os estudos sobre causas e

efeitos de falhas bem como a utilização de redundâncias em virtude do aumento dos

transportes aéreos. Durante a Segunda Guerra os alemães aplicaram os conceitos

básicos de confiabilidade para melhorar o desempenho de seus foguetes (DHILLON,

1999) e muitos outros avanços ocorreram nesta época devido ao aumento do

tamanho e da diversidade dos sistemas. Em 1950 o Departamento de Defesa dos Estados Unidos estabeleceu um

comitê para estudo de confiabilidade que em 1952 foi transformado em uma

subdivisão permanente. Em 1954 foi organizado o primeiro Simpósio Nacional sobre

Confiabilidade e Controle de Qualidade e no ano seguinte o Instituto de Engenheiros

Eletricistas e Eletrônicos (Institute of Electrical and Electronic Engineers-IEEE)

fundou a Sociedade de Confiabilidade e Controle de Qualidade (DHILLON, 1999).

Todo o arcabouço relacionado à teoria de Controle de Qualidade estabelece

procedimentos através dos quais um determinado produto é confrontado com uma

especificação ou um conjunto de atributos a serem alcançados. Assim, a verificação

da qualidade é feita no momento da avaliação. Por outro lado, a confiabilidade é

centrada no estudo de falhas no decorrer do tempo. Portanto, a confiabilidade pode

ser interpretada como o estudo da qualidade ao longo do tempo sendo esta a

principal diferença entre as duas abordagens (O’CONNOR, 2002).

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É intuitivo perceber a relação entre confiabilidade e custo. Normalmente a

confiabilidade de um sistema cresce de maneira proporcional aos recursos

financeiros investidos para este propósito. Este custo pode estar relacionado à

utilização de matéria prima de melhor qualidade, acréscimo de algum tipo de

redundância ou mesmo à introdução de políticas de manutenção mais adequadas.

A necessidade por sistemas mais confiáveis está inserida em um contexto de

interesses conflitantes que envolvem a minimização de gastos e maximização de

lucros. Existe, portanto, um delicado ponto de equilíbrio a ser alcançado uma vez

que baixa confiabilidade pode acarretar perda de vidas humanas e prejuízos

materiais. Desde a criação do conceito de confiabilidade, ocorreu ao longo dos anos o

desmembramento em vários ramos de aplicação como confiabilidade de

equipamentos mecânicos, confiabilidade de software, confiabilidade humana,

otimização da confiabilidade, crescimento da função confiabilidade (reliability

growth), entre muitos outros. O trabalhos de Vouk (2005), Fragola(2005) e Mettas

(2000) apresentam amplas revisões bibliográficas sobre confiabilidade de software,

confiabilidade humana e otimização respectivamente. Quanto ao estudo de

sistemas reparáveis, pode ser citado o livro de Ascher e Feingold (1984).

Especificamente com relação ao crescimento da função confiabilidade os trabalhos

de Larry Crow (CROW, 1990; CROW, 2005 a; CROW, 2005 b) são referências

importantes.

1.2 Objetivos e Justificativas

A análise de Confiabilidade, Disponibilidade e Mantenabilidade (RAM -

Reliability, Availability and Maintainability) convencional é baseada na abordagem

probabilística e pressupõe a existência de uma grande quantidade de dados. Existe,

portanto, uma forte correlação entre a precisão de uma estimativa probabilística e o

tamanho da amostra onde os dados foram obtidos.

O principio da intratabilidade de Zadeh (1973) estabelece que à medida que a

complexidade de um sistema aumenta, a capacidade de se realizar inferências

precisas e significativas sobre seu comportamento diminui até que seja atingido um

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limite a partir do qual relevância e precisão sejam atributos mutuamente exclusivos.

Este princípio traduz a constatação de que em sistemas complexos não é fácil obter

ao mesmo tempo precisão e relevância em patamares aceitáveis. Esta afirmativa

aplica-se claramente à análise de confiabilidade. Considerando-se que os sistemas

em geral tornam-se cada vez mais complexos, os fatores de precisão são

determinantes na metodologia de aquisição de dados capazes de representar sua

operação de forma abrangente.

Em uma avaliação convencional de confiabilidade os valores coletados dos

sistemas, componentes, etc. são tratados como valores precisos. A análise clássica

de confiabilidade normalmente não aborda a suscetibilidade a eventos externos ou

ao erro humano em operação e manutenção. Sendo desejável considerar a

contribuição relativa da incerteza para o risco total, mesmo os modelos mais

sofisticados, precisos e bem construídos podem fornecer resultados incorretos se

esta incerteza não é tratada de alguma forma (BOWLES; PELÁEZ, 1995)

Nachtmann e Chimka (2003) definem a incerteza como uma condição onde a

possibilidade de erro existe devido à falta de informação a respeito de um

determinado ambiente. A incerteza pode manifestar-se como resultado da

aleatoriedade ou como resultado da imprecisão.

A incerteza devido à imprecisão tem origem na própria natureza do

pensamento, raciocínio, cognição e percepção humanos. A incerteza devido à

aleatoriedade é conseqüência da dependência de um grande número de fatores que

podem ser classificados em inerentes, ambientais ou operacionais. Podem ser

citados como exemplos de fatores de imprecisão a composição da matéria prima,

tolerâncias dimensionais ou fatores aos quais o sistema é vulnerável como

temperatura, unidade, vibração entre outras condições estressantes.

A incerteza com relação aos dados pode ocorrer em qualquer fase do ciclo de

vida de um componente ou sistema. Nas fases iniciais de desenvolvimento ocorre

escassez de dados considerando-se que em um novo projeto a probabilidade de

falha usualmente é desconhecida. Nestes casos são utilizadas estimativas baseadas

no julgamento de engenharia ou na experiência adquirida ao longo do tempo. No

caso de um componente ou sistema que já se encontra em funcionamento, pode

ocorrer a incerteza devido ao fato que as falhas são eventos relativamente raros

(tipicamente poucas falhas por milhões de horas de operação). Outro aspecto a ser

considerado é que uma coleta de dados que forneça subsídios suficientes a uma

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análise de confiabilidade consistente é uma tarefa árdua e demorada. Podem

acontecer ainda problemas devido à falta de uma documentação clara e precisa na

qual conste data, local, origem e causa da falha (BOWLES; PELÁEZ, 1995).

Devido à todos os fatores expostos considera-se que os tempo até a falha e

os tempos de reparo de um sistema possam ser interpretados de uma maneira

ampla como função de fatores inerentes, ambientais e operacionais. Assim, é

razoável supor que a abordagem probabilística possa ser insuficiente para modelar a

confiabilidade e mantenabilidade de sistemas complexos onde exista falta de dados

devido à imprecisão ou incertezas de naturezas diversas.

Numerosas ferramentas estatísticas têm sido desenvolvidas para auxiliar a

análise de confiabilidade de sistemas. Entretanto, as metodologias existentes

dependem de dados e parâmetros que, em muitas situações, são ora suficientes

mas imprecisos, ora insuficientes ou em muitos casos inexistentes. Como

conseqüência, a escassez e ou a imprecisão de dados pode originar análises e

informações errôneas, mesmo sendo obtidas a partir de metodologias corretas

(BOWLES; PELÁEZ, 1995, UTKIN; GUROV, 1995). Este fato motivou a criação de

técnicas alternativas baseadas em inteligência computacional para a análise de

falhas em geral. O cálculo de confiabilidade baseado em técnicas de inteligência computacional

(LEVITIN, 2006) pode abranger o uso de sistemas nebulosos, redes neurais,

algoritmos genéticos ou técnicas híbridas. Aplicações de confiabilidade nebulosa

(fuzzy) têm sido desenvolvidas por diversos autores como, por exemplo, Cai (1991);

Nachtmann e Chimka (2003); Guimarães e Lapa (2004).

O objetivo principal deste trabalho é contribuir na análise de disponibilidade de

sistemas reparáveis utilizando uma abordagem nebulosa e tendo como base a

experiência de especialistas em operação destes sistemas. A principal justificativa

para utilização da abordagem nebulosa em análise RAM (Reliability, Availability and

Maintainability) é a inexistência de bancos de dados consistentes contendo

informações sobre datas de ocorrências de falhas e tempos de reparo. Embora

grande parte das indústrias não possua um banco de dados adequado à análise

RAM convencional, existem especialistas que detêm o conhecimento acerca da

operação de seus processos. A abordagem nebulosa pode ser útil para modelar o

conhecimento armazenado em forma tácita pelos especialistas, auxiliando, desta

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forma, o processo de tomada de decisão no planejamento das atividades de

manutenção.

1.3 Organização do trabalho

Este texto está organizado em seis capítulos. Considerando-se a característica

multidisciplinar do trabalho, os capítulos de 2 e 3 referem-se a conceitos

elementares. Estes capítulos têm a função de facilitar a compreensão dos capítulos

subseqüentes e estabelecer a padronização da notação a ser utilizada. O capítulo 2

descreve conceitos básicos e aborda os métodos estatísticos utilizados para

quantificar a disponibilidade, confiabilidade e mantenabilidade de componentes. O

capítulo 3 descreve as técnicas mais utilizadas para cálculo da confiabilidade de

sistemas reparáveis e não reparáveis. O capítulo 4 apresenta as principais

metodologias encontradas na literatura para análise de falhas a partir da abordagem

nebulosa e detalha o modelo proposto.

A descrição do processo utilizado como exemplo de aplicação do modelo

proposto e todos os resultados obtidos são detalhados no capítulo 5. Neste capítulo

é apresentado ainda o cálculo convencional para fins de validação do trabalho.

Finalmente, no capítulo 6 são apresentadas as conclusões e propostas de

continuidade.

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2 ANÁLISE CONVENCIONAL DE FALHAS 2.1 Definições Preliminares

A análise convencional de falhas de sistemas reparáveis estabelece o estudo

de duas variáveis aleatórias de interesse: tempo entre falhas (TBF) e o tempo de

reparo (TR). Será considerado neste trabalho que após a ocorrência de uma falha

será realizado um reparo imediatamente. Será considerado ainda que o reparo é

capaz de levar o item falho (componente ou sistema) novamente a sua condição

original. A literatura refere-se a este conjunto de considerações através do termo

“tão bom quanto novo” (as-good-as-new). Como conseqüência, a distribuição da

variável aleatória tempo até a falha (TTF) será considerada igual a distribuição da

variável aleatória tempo entre falhas (TBF).

Objetiva-se apresentar genericamente os conceitos de variável aleatória e

distribuição de probabilidade. Posteriormente estes conceitos serão utilizados para

definir as funções confiabilidade e mantenabilidade a partir das variáveis aleatórias

tempo entre falhas e tempo de reparo, respectivamente.

Seja um espaço amostral S. Uma variável aleatória T é uma função que

associa um número real a cada resultado de um experimento aleatório

(MONTGOMERY; RUNGER, 2003).

A função distribuição acumulada fda ( cumulative distribution function -cdf), de

uma variável aleatória qualquer T, é definida como a probabilidade do evento (T ≤ t )

(LEON GARCIA, 1994). Este conceito é expresso através de (2.1) e representa a

probabilidade da variável aleatória T assumir valores no intervalo (-∞ , t].

)()( tTPtFT ≤= (2.1)

Onde: t é a variável tempo;

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T é a variável aleatória;

FT(t) é a função distribuição acumulada da variável aleatória T.

A probabilidade que a variável aleatória T pertença ao intervalo limitado por t

e t+ ∆t quando ∆t torna-se infinitamente pequeno (∆t→0 ) é representada por (2.2)

(LEWIS, 1987).

)()( ttTtPttfT ∆+≤≤=∆ (2.2 )

Onde fT(t) : função densidade de probabilidade.

O termo fT(t) em (2.3) é a função densidade de probabilidade fdp( probability

density function- pdf) da variável aleatória T. Este conceito é apresentado em (2.3),

sendo definido como a derivada da função distribuição acumulada ou cdf.

Obviamente, a função distribuição acumulada F(t) pode ser apresentada como em

(2.4).

dttdFtf T

T)()( = (2.3)

∫∞−

=t

TT dttftF )()( (2.4)

Considerando-se a função densidade de probabilidade continua representada

na figura 2.1, a área sob a curva tem valor unitário pois descreve a probabilidade de

todos os valores da variável T (O’ CONNOR, 2002; PEEBLES, 1993). Este conceito

pode ser descrito através de (2.5).

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Figura 2.1: Função densidade de probabilidade contínua

1)()()( ==∞+<<−∞= ∫+∞

∞−

dttfTPtF TT (2.5 )

De maneira análoga, a probabilidade de um valor ocorrer entre t1 e t2 é dada

por (2.6).

dttftTtPt

t∫=≤≤2

121 )()(

(2.6 )

A média ou valor esperado da variável aleatória T, modelada através da

função densidade de probabilidade continua fT(t), é dada por (2.7).

dttftTE ∫+∞

∞−

= )()( (2.7 )

Para fins de simplificação a função fT(t) será representada como f(t) em todo o

texto subseqüente. Idem para as demais funções onde o sub-índice que representa

a variável aleatória T será omitido.

2.2 Função Confiabilidade

A confiabilidade de um componente, equipamento ou sistema pode ser

definida como a probabilidade de funcionamento isento de falhas durante um

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9

período de tempo pré-determinado, sob condições de operação estabelecidas.

Define-se como falha o término da capacidade de um item desempenhar uma função

requerida.

A teoria clássica de confiabilidade considera a condição de operação de um

sistema como um experimento aleatório, no qual podem ser identificados

qualitativamente dois estados: “falha” ou “operação normal”. Estes estados podem

ser expressos numericamente utilizando-se o conceito de variável aleatória.

Seja um item qualquer em operação em um instante de tempo especificado

(t = 0). Se este item for observado até que falhe, a duração do tempo até falhar T,

pode ser considerada uma variável aleatória contínua com alguma função densidade

de probabilidade. O valor de T não pode ser previsto a partir de um modelo

determinístico. Isto implica que componentes idênticos sujeitos aos mesmos

esforços falharão em instantes diferentes (MEYER,1983).

Analisando-se a definição de confiabilidade percebe-se claramente sua

dependência em relação ao tempo. Portanto, pode-se criar uma variável aleatória

“tempo até a falha” – T para quantificar a probabilidade de ocorrência de uma falha

(2.8).

)()( tTPtF ≤= (2.8)

Onde: F(t) é a função distribuição acumulada de falhas.

Considerando que um item que não falhou para um tempo T≤ t possa falhar

em um tempo T>t, pode-se definir o conceito de confiabilidade utilizando-se a

expressão (2.9) (LEWIS, 1987).

∫−=−=>=t

dttftFtTPtR0

)(1)(1)()( (2.9 )

Onde: T é a variável aleatória tempo até a falha (TTF);

R(t) é a função confiabilidade;

f(t) é a função densidade de probabilidade de falhas;

F(t) é a função distribuição acumulada de falhas.

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10

∫−=t

dttftR0

)(1)(

(2.10)

Onde: f(t) é a função densidade de probabilidade de falhas;

A expressão (2.10) pode ser reescrita como em (2.11) que fornece a pdf do

tempo até a falha em termos da função confiabilidade R(t).

dt

tdRtf

)()( −=

(2.11 )

O parâmetro MTTF (mean time to failure) é definido como o valor esperado da

variável aleatória T:

[ ] dttftTEMTTF ∫+∞

==0

)( (2.12)

O MTTF pode ser escrito diretamente em termos da função confiabilidade (LEWIS,

1987). Sustituindo-se (2.11) em (2.12) e integrando-se por partes obtem-se (2.13).

∫∫+∞

∞+∞

+−=−=0

00

)()()( | dttRttRdtdt

tdRtMTTF (2.13)

Considerando-se que 0)(lim =∞→

tRtt

, então:

∫+∞

=0

)( dttRMTTF (2.14)

Cabe ressaltar que uma análise de confiabilidade deve ser realizada a partir

do maior número possível de informações e que somente o valor do MTTF (ou

MTBF) não é suficiente para traduzir o comportamento de falhas de um determinado

item.

A velocidade de ocorrência de falhas pode ser expressa através do parâmetro

taxa de falhas sendo a análise de falhas um processo interativo cujo sucesso

depende de se determinar relações implícitas entre causa e efeito. A taxa de falhas

instantânea h(t) pode ser definida em termos da confibilidade R(t) e da função

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11

densidade de probabilidade f(t), como expresso em (2.15). Maiores detalhes podem

ser obtidos em Lewis (1987)

)()()(

tRtfth = (2.15)

As falhas podem ser classificadas em relação ao tempo de acordo com o

mecanismo que as originaram. O comportamento da taxa de falhas pode ser

representado graficamente através da curva conhecida como curva da banheira

(figura 2.2) e que apresenta três fases distintas: falhas prematuras, vida útil e

velhice. A região de falhas prematuras (ou mortalidade infantil) é caracterizada por

taxa de falhas alta e rapidamente decrescente com o tempo. A região de vida útil

apresenta taxa de falha aproximadamente constante e a região de velhice é

caracterizada por taxas de falha crescente (LEWIS, 1987; FILHO,1997; FREITAS;

COLOSIMO, 1997).

Figura 2.2: Curva da banheira

Fonte: MOUBRAY, 1999

Cabe ressaltar que existem classes particulares de sistemas nos quais podem

prevalecer uma das três fases descritas. Por exemplo, no estudo do comportamento

da taxa de falhas de softwares, não existe o período de envelhecimento

prevalecendo a fase de falhas prematuras (LEWIS, 1987). Neste caso, não se deve

confundir o término da vida útil, em termos de confiabilidade, com a obsolescência

do ponto mercadológico (LAFRAIA, 2001).

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12

Embora a curva da banheira ainda seja muito utilizada, ela foi considerada

um padrão de representação somente até o início da década de 70 (LUCATELLI,

2002). Posteriormente, devido à própria evolução dos equipamentos, verificou-se a

existência de outros tipos de comportamento conforme ilustra a figura 2.3

(MOUBRAY, 1999).

Figura 2.3: Padrões de falha

Fonte: MOUBRAY, 1999

O padrão de falha A representado na figura 2.3 é conhecido como curva da

banheira conforme figura 2.2. O padrão B apresenta uma taxa de falhas

aproximadamente constante, ou com um aumento lento, seguido por um período de

desgaste. O padrão C mostra uma taxa de falhas com crescimento lento sem

apresentar desgaste ao final da vida útil. O padrão D apresenta baixa taxa de falhas

no início da vida seguido por um patamar constante (MOUBRAY, 1999).

O padrão de falha E é representativo para computadores e outros tipos de

hardware formados essencialmente por componentes eletrônicos (LEWIS, 1987).

Observa-se que este tipo de componente normalmente apresenta falhas aleatórias.

O padrão F começa com uma alta taxa de falhas no periodo de falhas prematuras

(mortalidade infantil) que tende a estabilizar-se rapidamente em torno de um valor

aproximadamente constante.

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13

Estudos realizados na aviação civil demonstram que 68% das falhas

obedecem ao padrão F e 14% ao padrão E. Os outros padrões apresentam índices

muito menores. Não é possível afirmar que estes mesmos percentuais se repitam na

indústria porém sabe-se que, quanto maior a complexidade do equipamento em

estudo, maiores as chances de predominância dos padrões E e F (MOUBRAY,

1999; LAFRAIA, 2001; LUCATELLI, 2002).

2.3 Função Mantenabilidade e Conceito de Manutenção

O desenvolvimento matemático apresentado para a função confiabilidade R(t)

é válido para a função mantenabilidade G(t). Esta função relaciona-se à capacidade

de reparo e quantifica a probabilidade de que uma falha seja reparada até um tempo

t previamente estabelecido. A mantenabilidade depende do tipo de componente,

sua localização no sistema ou equipamento, ferramentas existentes, conhecimento

técnico, dentre outros fatores. Portanto, o tempo necessário para se realizar um

reparo em um sistema pode ser definido como uma variável aleatória da mesma

forma que o tempo entre falhas. As funções distribuição acumulada de reparo ou

função mantenabilidade G(t) e densidade de probabilidade de reparo g(t) são assim

definidas:

dt

tdGtg )()( = ( 2.16)

O tempo médio para o reparo (mean time to repair) MTTR é definido de

maneira análoga ao MTTF:

[ ] dttgtTEMTTR ∫+∞

==0

)( ( 2.17)

Onde T é a variável aleatória tempo de reparo (TR).

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14

Concluindo, todas as expressões apresentadas anteriormente para

modelagem de confiabilidade também são válidas para a modelagem de

mantenabilidade. Apresenta-se a seguir o conceito de manutenção.

Define-se como manutenção o conjunto de ações destinadas a manter ou

recolocar um item em um estado no qual possa executar sua função requerida. O

propósito da manutenção é estender a vida de um equipamento ou, no mínimo,

aumentar o tempo médio até a próxima falha. A ação de não realização de um

procedimento de manutenção pode ter como conseqüência um alto custo em caso

de uma falha. Paradoxalmente, pode não ser viável, do ponto de vista econômico, a

realização de ações de manutenção com uma freqüência muito alta. Assim, o custo

devido a uma provável falha e o custo de manutenção devem ser balanceados de

forma a se obter um ponto ótimo (ENDRENYI et al., 1998)

A manutenção é apenas uma das ferramentas utilizadas para garantir que a

confiabilidade de um componente ou sistema seja satisfatória. Outras opções podem

incluir o aumento da capacidade do sistema, utilização de redundâncias ou o

emprego de componentes intrinsecamente mais robustos (IEEE,2001). Maiores

detalhes sobre manutenção podem ser obtidos em Moubray (1999).

2.4 Função Disponibilidade

Qualitativamente a disponibilidade A (availability) mede a proporção de

tempo que um produto ou processo encontra-se em estado operativo. Define-se por

estado operativo o somatório dos tempos de uso ativo e o tempo de espera (tempo

do qual o equipamento não está em operação mas está disponível para utilização

imediata). Considerando-se um sistema constituído somente de componentes não

reparáveis, o tempo de reparo deixa de existir porque o componente é substituído.

Assim, o conceito de disponibilidade torna-se o mesmo de confiabilidade sendo a

probabilidade que o sistema funcione continuamente do tempo 0 até um tempo t

(DUTUIT; RAUZY, 2005). Como esta situação não corresponde à realidade na

grande maioria das vezes, torna-se necessário o estudo dos estados que um

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15

sistema pode assumir e consequentemente, a sua disponibilidade. É possível

representar o estado de um sistema genericamente através da função X(t) (2.18)

=ttemponoofuncionandestánãosistemaose

ttemponoofuncionandestásistemaosetX

01

)( (2.18)

A partir da função X(t) define-se a função disponibilidade instantânea A(t)

como a probabilidade que o sistema esteja em condição operacional no instante t

(2.19)

[ ]1)()( == tXPtA (2.19)

A probabilidade que um sistema esteja indisponível no instante de tempo t é

definida como U(t). É obvio concluir que a soma de A(t) e U(t) deve ser unitária. A

variação da disponibilidade do instante t para o instante (t+ ∆t) é expressa por (2.20)

(CASSADY, 2005). Um procedimento análogo pode ser realizado com relação à

indisponibilidade.

)()()()( tUttAttAttA r∆+∆−=∆+ µλ (2.20)

Onde A(t): disponibilidade;

U(t) : indisponibilidade;

λ: taxa de falha ;

µr : taxa de reparo;

(λ ∆t) : probabilidade do sistema falhar em um tempo finito ∆t;

(µr ∆t) : probabilidade do sistema ser reparado em um tempo finito ∆t.

Considerando-se o caso limite onde a variação ∆t tende a zero, a expressão

(2.21) pode ser reescrita através da equação diferencial:

)()()( tUtAtdtdA

rµλ +−= (2.21)

Considerando-se condições iniciais nulas e solucionando (2.21) tem-se que:

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16

[ ]ttA rrr

r )(exp)( µλµλ

λµλ

µ+−

++

+=

(2.22)

Quando a disponibilidade assume um valor constante no tempo define-se o

conceito de disponibilidade estacionária, que pode ser ilustrado na figura 2.4 e

deduzido através de (2.22) Neste caso o valor do tempo tende a infinito resultando

em (2.23)

r

r

ttAA

µλµ+

==∞→

)(lim (2.23)

Figura 2.4: Disponibilidade dinâmica

Sabe-se que no período de vida útil de um equipamento as taxas de falha λ e reparo

µr são aproximadamente constantes. Nestas condições, o tempo médio para reparo

MTTR (mean time to repair) é o inverso da taxa de reparo e o tempo médio entre

falhas MTBF (mean time between failures) é o inverso da taxa de falhas. Assim, é

possível definir a disponibilidade em função do MTBF e do MTTR (2.24)

Procedimento análogo pode ser realizado em relação à indisponibilidade U(t)

obtendo-se (2.25)

MTTRMTBFMTBFA

r

r

+=

+=

µλµ

(2.24)

A(t)

1

t

µr λ+µr

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17

r

Uµλ

λ+

= (2.25)

A expressão (2.24) considera que o MTTR (mean time to repair) deve-se

somente ao tempo efetivo de manutenção e não leva em consideração aspectos

administrativos ou logísticos. Quando estes aspectos são considerados define-se o

termo disponibilidade operacional Ao (PALLEROSI, 2004) conforme expressão (2.26)

)()()(

ineficazelindisponívtempoeficazdisponíveltempoeficazdisponíveltempoAo +

= (2.26)

2.5 Modelagem da Confiabilidade e Mantenabilidade de Componentes

Neste tipo de análise podem ser utilizadas técnicas não paramétricas (nas

quais não é necessário especificar nenhuma distribuição de probabilidade) ou

técnicas paramétricas onde é realizada a modelagem dos dados segundo uma

distribuição de probabilidade. Como exemplo de técnicas não paramétricas podem

ser citados os estimadores da Tabela de Vida e Kaplan-Meier (FREITAS E

COLOSIMO,1997)

As técnicas não paramétricas são muito simples em termos matemáticos e

possibilitam obter distribuições de probabilidades empíricas. Estas técnicas podem

ser úteis como testes preliminares principalmente quando não se sabe a priori qual

distribuição de probabilidade poderia ser utilizada para a modelagem dos dados em

estudo (O’ CONNOR, 2002). As técnicas paramétricas permitem realizar uma

análise mais detalhada dos dados e, após a obtenção do modelo, é possível avaliá-

lo para qualquer tempo que seja de interesse.

As funções confiabilidade e mantenabilidade podem ser estimadas

considerando-se a ausência ou presença de dados censurados. Dados censurados

ocorrem quando os testes são terminados antes que todos os itens falhem ou

quando ocorre a presença de dados incompletos e ou parciais.

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18

2.5.1 Modelos não Paramétricos

A estimação da Função Confiabilidade na ausência de censura é feita

empiricamente a partir do histograma da distribuição aproximada do tempo de falha.

Neste caso divide-se o número de itens que falharam em um determinado intervalo

pelo número de itens em operação até o tempo que corresponde ao início do

intervalo. O mesmo procedimento pode ser realizado com relação à mantenabilidade

considerando-se o histograma da distribuição aproximada do tempo de reparo.

A estimação da Função Confiabilidade na presença de censura pode ser feita

através da Tabela de Vida (Método Atuarial) ou Estimador de Kaplan-Meier (Limite-

Produto). O Estimador de Kaplan-Meier é uma adaptação da função confiabilidade

empírica definida em (2.27). A expressão (2.28) apresenta sua definição matemática

(FREITAS; COLOSIMO, 1997).

testesobitensdenttempooatéoperaçãoemitensdentR o

o

=∧

)( (2.27)

−=

0

00)(

...)()()(2

22

1

11

t

tt

ndn

ndn

ndntR

(2.28)

Onde di : número de falhas no tempo ti ;

ni : número de itens sob risco (não falhou e não foi censurado) em ti exclusive;

to : maior tempo de falha menor que t.

2.5.2 Modelos Paramétricos

A modelagem de confiabilidade e mantenabilidade através de técnicas

paramétricas pode ser realizada utilizando-se modelos de distribuição de variável

discreta ou contínua. Dentre as distribuições discretas, são mais utilizadas as

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19

distribuições binomial e Poisson. Entretanto, ressalta-se a importância das

distribuições continuas (LEWIS, 1987, DHILLON, 1999), detalhas a seguir. O quadro

2.1 apresenta uma síntese com as principais distribuições de probabilidade utilizadas

nos estudos de confiabilidade e mantenabilidade e suas respectivas equações.

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0

Quadro 2.1- Principais distribuições de probabilidade continuas utilizadas em análise de confiabilidade e mantenabilidade

Distribuição f(t) F(t) R(t) h(t)

Exponencial

tetf λλ −=)( 0≥tpara

tetF λ−−= 1)(

MTBFtt eetR

−− == λ)(

λ=)(th

Lognormal

−−

=2ln

21

21)(

σµ

πσtetf

0≥tpara

dttetF ∫∞+

∞−

−−

=2ln

21

21)(

σµ

πσ

)(1)( tFtR −=

)()()(

tRtfth =

Weibull

( )

−−

−−=

β

ηγ

ββ γ

ηβ

t

ettf 1)(

0≥tpara

−−

−=

β

ηγt

etF 1)(

−−

=

β

ηγt

etR )(

( ) 1)( −−= ββ γ

ηβ tth

Onde λ: taxa de falhas

MTBF: tempo médio entre falhas

µ: média (parâmetro de localização)

σ :desvio padrão (parâmetro de dispersão)

β : parâmetro de forma ou inclinação; γ: parâmetro de localização ou vida mínima;

η: parâmetro de escala ou vida característica.

19

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20

A distribuição exponencial é uma das mais simples em termos matemáticos e

caracteriza-se por apresentar uma taxa de falhas constante (FREITAS; COLOSIMO,

1997). Esta distribuição é aplicada em situações nas quais as falhas ocorrem de

forma aleatória com uma taxa fixa. Nestes casos não ocorre um mecanismo de

desgaste ou degradação expressivo (propriedade de falta de memória). Nesta

situação específica, na qual a função taxa de falhas h(t) é constante, o parâmetro λ

é o inverso do MTBF.

A distribuição normal é utilizada para modelar a confiabilidade em situações

nas quais existe um tempo de desgaste definido µ (LEWIS, 1987). Apesar de ser

muito utilizada e conhecida, o uso da distribuição normal em engenharia de

confiabilidade é restrito (MEYER,1983 ; DHILLON, 1999).

Tomando-se como referência a distribuição normal, a distribuição Log-Normal

é obtida substituindo-se a variável independente t por ln(t) (FREITAS; COLOSIMO,

1997). Esta distribuição descreve adequadamente tempos de vida de componentes

cujos mecanismos de falha envolvem processos de degradação, fadiga e desgastes

de uma maneira geral (LEWIS, 1987).

A distribuição Log-Normal apresenta uma grande variedade de formas devido

ao efeito da interação da escala logarítmica do tempo com os parâmetros média µ e

dispersão σ. A função densidade de probabilidade f(t) existe somente para valores

positivos de t. Este fato representa uma vantagem com relação à distribuição normal

em termos de representatividade uma vez que o mesmo ocorre com a variável de

interesse (tempo até a falha), em estudos de confiabilidade (O’ CONNOR, 2002).

A distribuição Weibull foi proposta por W.Weibull em 1954 a partir de estudos

relacionados ao tempo de fadiga de metais (FREITAS; COLOSIMO, 1997). Esta

distribuição apresenta grande variedade de formas tendo como propriedade básica

uma função taxa de falhas h(t) monótona que, portanto, pode ser crescente,

decrescente ou constante. A figura 2.5 apresenta a função densidade de

probabilidade da distribuição Weibull considerando β=0.5, β=1 e β=3,4. Observa-se

que quando β tem valor unitário a distribuição de Weibull aproxima-se da distribuição

exponencial. Quando este parâmetro assume um valor no intervalo 3≤ β ≤ 4 a

distribuição de Weibull aproxima-se da distribuição normal (NELSON, 1982). A figura

2.6 apresenta a função taxa de falha h(t) correspondente às distribuições de

probabilidade da figura 2.5. Observa-se que quando β=1 a taxa de falhas é

constante, para valores menores que 1 é decrescente e para valores maiores que 1

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21

é crescente (O’ CONNOR, 2002). As figuras 2.7 e 2.8 mostram as funções

distribuição acumulada F(t) e as funções confiabilidade R(t) correspondentes. Todas

as figuras foram geradas utilizando o software Weibull++7™ (RELIASOFT, 2007).

Figura 2.5: Função densidade de probabilidade

Variação de β considerando η = 2 e γ= 0 Figura 2.6:Função taxa de falhas

Variação de β considerando η = 2 e γ= 0

Figura 2.7:Função densidade de falhas acumulada

Variação de β considerando η = 2 e γ= 0 Figura 2.8:Função confiabilidade

Variação de β considerando η = 2 e γ= 0

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22

Além das distribuições citadas anteriormente, existem muitas outras que

podem ser utilizadas em estudos de confiabilidade e mantenabilidade. A figura 2.9

(PALLEROSI, 2007) apresenta uma visão geral destas distribuições. Observa-se

que, dependendo da variação de seus parâmetros, a distribuição gama generalizada

pode dar origem às distribuições gama, Weibull triparamétrica, lognormal ou

exponencial. O mesmo ocorre com a distribuição Weibull triparamétrica, que pode

originar as distribuições Weibull biparamétrica, normal, lognormal e exponencial.

Figura 2.9:Relação entre as Distribuições de Probabilidade Fonte: PALLEROSI, 2007

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23

2.5.3 Estimação de Parâmetros

Uma vez que a distribuição de probabilidade que supostamente se ajusta aos

dados foi escolhida é necessário estimar seus parâmetros. Dentre os métodos mais

utilizados para esta finalidade podem ser citados os papeis de probabilidade,

mínimos quadrados e máxima verossimilhança. A escolha do método de estimação

a ser utilizado é dependente da quantidade de dados disponíveis e principalmente

da forma como os mesmos são apresentados.

Para a criação de um papel de probabilidade no contexto da engenharia de

confiabilidade, o primeiro passo é promover a linearização da função densidade

acumulada F(t). Assim, será gerado um gráfico cujo eixo das ordenadas representa

F(t) e o eixo das abscissas representa o tempo de vida (ou variável de interesse) em

escala logarítmica. Cabe ressaltar que o termo “papel de probabilidade” neste texto

refere-se à gráficos gerados através de ferramentas computacionais.

Tomando-se como exemplo uma distribuição de Weibull, a equação

linearizada (2.29) pode ser interpretada como a equação de uma reta na forma

Y=AX+B.

)(ln)(ln)(1

1lnln 0 ηββ −−=

= tttF

(2.29 )

O parâmetro de forma β corresponde ao coeficiente de inclinação da reta. O

parâmetro de escala η pode ser calculado como o tempo no qual a função F(t)

corresponde a 63,2% (O’ CONNOR, 2002) conforme (2.30). Observa-se que, neste

caso, o parâmetro de vida mínima γ foi considerado igual a zero. Considerando

situações nas quais este parâmetro apresentar outro valor qualquer poderá ser

utilizada a mesma metodologia proposta considerando-se que todos os resultados

encontrados serão deslocados.

−=

ABexpη

(2.30)

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24

Existe a necessidade de se ordenar os dados e calcular o percentual

acumulado de falhas F(t). Este cálculo é normalmente realizado pela aproximação

de Bernard (O’ CONNOR, 2002) conforme (2.31).

4,0)3,0(100

+−

=N

iri (2.31)

Onde i : número de ordem.

N : tamanho da amostra;

A figura 2.9 apresentada, como exemplo, um Papel de Probabilidade para a

distribuição Weibull.

Figura 2.9: Estimativa de β e η utilizando-se o papel de probabilidade Weibull

Quando não é possível ou desejável estimar os parâmetros da distribuição de

probabilidade de interesse de forma gráfica, tem-se a opção de utilizar o método dos

mínimos quadrados. Partindo-se do modelo de uma reta como, por exemplo,

apresentado em (2.29) o método de Mínimos Quadrados objetiva minimizar a soma

dos quadrados do erro. Formalmente, as estimativas de mínimos quadrados dos

parâmetros A e B são os valores que tornam mínima a expressão 2.32. O símbolo

“^” indica o valor estimado (MEYER, 1983).

10000 100000

5,00

10,00

50,00

90,00

99,00 6,0 2,0 1,0

β

η

F(t)%

63,2

β≈2

t = η ≈ 28000 ln(t)

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25

∑=

∧∧

+−=n

iii BXAYBA

1

2)]([),(ε (2.32)

Onde n : número de observações

A fim de obter as estimativas desejadas dos parâmetros A e B deve-se

resolver (2.33) e (2.34) condição necessária para que o erro ε (A,B) seja mínimo.

0=∂∂Aε (2.33)

0=∂∂Bε (2.34)

A soma do quadrado do erro pode ser calculado com relação ao eixo das

abscissas (eixo y) conforme descrito por (2.32). Como uma outra opção, o mesmo

cálculo pode ser feito com relação ao eixo das ordenadas (eixo x) conforme (2.35)

∑=

+−=n

iii BAYXBA

1

2)]([),(ε (2.35)

Onde n : número de observações.

O método regressão linear apresenta restrições quando aplicado a estudos

que envolvam tempos de vida devido a sua incapacidade de lidar com dados que

são fornecidos em intervalos ou que apresentem censuras (FREITAS; COLOSIMO,

1997). Em geral, é recomendado usar esta técnica somente quando se tem uma

amostra pequena e sem censuras.

Uma outra opção para estimação de parâmetros no contexto da engenharia

de confiabilidade é o método de Máxima Verossimilhança. Este método estima os

valores dos parâmetros de uma dada distribuição de probabilidade tal que a função

de verossimilhança L seja maximizada. A expressão 2.36 apresenta uma pdf

genérica.

( 2.36)

Onde t : tempo até a falha; )...,,;( 21 ktf θθθ

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26

θk : parâmetros a serem estimados.

Sejam t1,...,tn os valores amostrais da variável aleatória “tempo até a falha” e θ

o vetor de parâmetros que se deseja estimar. A função de verossimilhança L é

definida por (2.37) (MEYER, 1983; DHILLON, 1999). Considera-se que não

ocorreram censuras.

(2.37)

Onde L : função de verossimilhança;

tn : tempos até a falha;

θ : vetor de parâmetros a serem estimados.

Portanto, considerando-se conjuntos de dados não censurados, a função de

verossimilhança é o produto das funções pdf resultantes de cada observação do

conjunto de dados. Este conceito é expresso por (2.38)

(2.38)

Onde L : função de verossimilhança;

tn : tempos até a falha;

θk : parâmetros a serem estimados;

k : quantidade de parâmetros da distribuição;

n : número de observações.

Para se maximizar a função de verossimilhança L, é usual utilizar sua versão

em forma logarítmica, conforme (2.39)

(2.39)

A partir de 2.39 deve-se encontrar o conjunto de parâmetros que a maximiza.

Este cálculo é realizado determinando-se as derivadas parciais em relação a cada

parâmetro e igualando o resultado a zero. Assim, a maximização de ln L resulta da

)...,,;()...,,;...,( 211

212,1 ki

n

ikn tftttL θθθθθθ ∏

=

=

);(...);();();...,( 212,1 θθθθ nn tftftftttL =

)...,,;(ln)...,,;...,(ln 211

212,1 ki

n

ikn tftttL θθθθθθ ∑

=

=

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27

solução simultânea de k equações , conforme expresso em (2.40)

kjL

j

,...,2,1,0ln==

∂∂θ

(2.40)

Considerando-se dados censurados, a contribuição de cada observação é

apenas informar que o tempo de falha é maior que o tempo de censura observado.

Portanto, a contribuição de um dado censurado para a Função Verossimilhança L é

expresso pela sua função confiabilidade R(t). As observações podem ser divididas

em dois conjuntos conforme (2.41) (FREITAS; COLOSIMO, 1997).

(2.41)

Onde L : função de verossimilhança;

R : função confiabilidade;

tn : tempos até a falha;

θk : parâmetros a serem estimados ;

k : quantidade de parâmetros da distribuição;

n : número total de observações;

r : observações que não apresentam censura.

Conforme mencionado anteriormente, é recomendado usar a técnica de

regressão quando se tem uma amostra pequena e sem censuras. Quando existem

grandes quantidades de dados ou muitas censuras estejam presentes, o estimador

de máxima verossimilhança pode ser indicado como a melhor opção.

2.5.4 Validação de Modelos

A validação de modelos é uma etapa posterior à estimação de parâmetros na

qual pretende-se verificar se o modelo escolhido é adequado para representar os

dados observados. Esta análise pode ser realizada a partir de técnicas gráficas ou

testes de adequação.

)...,,;()...,,;()...,,;...,( 211

211

212,1 ki

n

riki

r

ikn tRtftttL θθθθθθθθθ ∏∏

+==

=

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28

O gráfico conhecido como Papel de Probabilidade (detalhado anteriormente) apresenta eixos calculados de tal forma que, se os dados puderem ser ajustados por

uma reta, a distribuição de probabilidade escolhida é adequada para modelar os

dados em estudo. Portanto, um método gráfico simples e intuitivo para a validação

consiste em traçar os dados em diferentes papeis de probabilidade e verificar qual

deles é mais adequado.

Uma outra opção gráfica consiste em comparar os valores da função

confiabilidade (ou da função probabilidade de falha) obtidos através de um modelo

paramétrico candidato e um estimador não paramétrico (FREITAS; COLOSIMO,

1997). A validação de modelos pode ainda ser realizada a partir de técnicas

numéricas ou testes de adequação. Um teste de adequação tem por finalidade

verificar a hipótese de que uma determinada distribuição de probabilidade possa

modelar satisfatoriamente um conjunto de dados amostrais.

O teste do Qui-Qradrado é muito versátil uma vez que pode ser aplicável a

qualquer distribuição de probabilidade. Os dados são inicialmente divididos em

classes (ou células), sendo que, para que se tenha precisão, é desejável ter no

mínimo três classes com no mínimo cinco valores em cada uma. (O’ CONNOR,

2002). Embora o teste estatístico do Qui-Quadrado seja muito utilizado para verificar

a adequação de modelos probabilísticos, este teste não é muito indicado para

estudos de confiabilidade. Esta afirmação deve-se à eventual presença de dados

censurados e à exigência de uma grande quantidade de dados, nem sempre

disponíveis (FREITAS; COLOSIMO, 1997).

O teste Kolmogorov-Smirnov é um pouco mais simples do que o teste Qui-

Qradrado e pode oferecer melhores resultados quando a quantidade de dados

disponíveis é pequena. Este teste pode ser utilizado em conjunto com a técnica

gráfica papel de probabilidade uma vez que também é baseado na pdf (função

distribuição acumulada) dos dados (O’ CONNOR, 2002). Dhillon (1999) cita os testes

Bartlet e Geral Exponencial, porém ambos são aplicáveis somente quando a

distribuição a ser testada é exponencial.

Concluindo, não existe na literatura pesquisada um consenso sobre um teste

de aderência com aplicação universal. Ressalta-se, portanto a importância do

conhecimento de engenharia a ser utilizado no processo de escolha de um modelo

adequado para representar os dados em estudo.

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29

3 MODELAGEM DE SISTEMAS Entende-se por sistema um conjunto de itens integrados de forma a atender um

determinado objetivo. A confiabilidade de um sistema é dependente da

confiabilidade de seus componentes e da forma como os mesmos estão interligados.

Considerando-se um sistema não reparável, a variável aleatória de interesse é o

tempo até a falha. Neste caso não é possível (ou viável economicamente) realizar

ações de reparo de forma a reconduzir o sistema ao estado operativo após uma

falha.

Define-se como sistema reparável aquele que, após uma falha, pode ter sua

condição normal de operação restabelecida através de alguma ação de

manutenção. Tratando-se um sistema reparável, as variáveis aleatórias de interesse

são os tempo entre falhas e os tempos de reparo. Assim, deve ser realizado não

somente o cálculo de confiabilidade mas também os cálculos de mantenabilidade e

disponibilidade.

O cálculo da confiabilidade e demais variáveis de interesse (mantenabilidade e

disponibilidade) pode ser realizado de forma analítica ou através de simulação,

conforme detalhado nos itens subseqüentes. Uma outra classificação possível é a

subdivisão em métodos qualitativos e quantitativos.

3.1 Modelagem de Sistemas não Reparáveis Existe um amplo espectro de técnicas disponíveis para a modelagem da

confiabilidade de sistemas não reparáveis. Uma das classificações usualmente

utilizada é agrupá-las em técnicas quantitativas e qualitativas (ROUVROYE; VAN

DEN BLIEK, 2002). Dentre as técnicas qualitativas mais importantes para a modelagem de

sistemas podem ser citadas a análise de modo e efeito de falhas (FMEA - Failure

Mode and Effect Analysis) e a Árvore de Falhas (FTA- Faut Tree Analysis)

(HELMAN; ANDERY, 1995).

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30

Observa-se que a FTA pode ser desenvolvida segundo uma abordagem

qualitativa ou quantitativa. Apesar de não ser um procedimento intrínseco à

metodologia original, a FMEA também pode assumir uma abordagem quantitativa

se a análise for baseada em dados históricos.

O Diagrama de Blocos de Confiabilidade (RBD - Reliability Block Diagram)

(MURPHY; CARTER, 2003) é citado na literatura como uma das técnicas

quantitativas mais utilizadas.

Outra classificação possível seria a subdivisão em métodos analíticos e

numéricos (METTAS; SAVVA, 2001). O enfoque analítico envolve a determinação

de uma expressão matemática que descreve a confiabilidade do sistema em estudo

através da confiabilidade de seus componentes. O valor da confiabilidade de cada

componente Ri(t) pode ser estimado através de uma distribuição de probabilidade

pelo método de Análise de Tempo de Falha. Logo, o principal desafio é encontrar a

relação entre os componentes do sistema e expressá-la matematicamente. Embora os métodos analíticos para cálculo de confiabilidade forneçam valores

exatos, a complexidade de suas expressões matemáticas faz com que estes sejam,

às vezes, intratáveis. Neste caso, podem ser empregados métodos numéricos

também definidos como métodos de simulação. O termo simulação refere-se a uma

família de técnicas baseadas em cálculos computacionais que objetivam reproduzir o

comportamento de um dado sistema.

A modelagem através de simulação tem se tornado uma poderosa ferramenta

que possibilita o estudo de sistemas complexos e facilita o processo de tomada de

decisão (BARZAGAN; MCGRATH, 2003). Existe uma tendência em considerar que

as técnicas baseadas em simulação apresentam um capacidade de representação

da realidade superior às técnicas analíticas (MARSEGUERRA; ZIO, 2005). Esta

suposição deve-se à incerteza intrínseca com relação aos tempos de reparo e

atrasos logísticos, bem como a disponibilidade de recursos.

3.1.1 Análise de Modos e Efeitos de Falhas

A Análise de Modos e Efeitos de Falhas FMEA (Failure Mode and Effect

Analysis) é um método padronizado de análise que visa identificar todos os

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31

possíveis modos potenciais de falha e determinar o efeito de cada um sobre o

desempenho do sistema (produto ou processo). A aplicação da metodologia FMEA

requer uma equipe multidisciplinar e multi-hierárquica de forma a ser o mais

abrangente possível (HELMAN; ANDERY, 1995). Define-se como modo de falha um evento que provoca uma diminuição parcial

ou total da função do produto e de suas metas de desempenho. As causas são

eventos que geram, provocam ou induzem o aparecimento do tipo (modo) de falha e,

finalmente, os efeitos são formas como os modos de falha afetam o desempenho do

sistema (PALADY, 1950).

O resultado da análise é consolidado através de um formulário (figura 3.1),

constando uma identificação inicial que especifica se a análise refere-se a um

produto ou processo e dados de registro particulares. Em seqüência, são

introduzidos o nome do item, componente ou etapa do processo e sua função.

Posteriormente, são registradas as falhas e respectivos modo, efeito, causa e a

possível existência de alguma ação de controle para que a falha analisada não

ocorra. Finalmente, são computados os índices de gravidade (G), detecção (D),

ocorrência (O) e risco (R). A última etapa consiste na sugestão de uma ação

corretiva para evitar a falha. A seta indicada na figura 3.1 representa a necessidade

de atualização contínua da análise.

Figura 3.1: Exemplo de um formulário utilizado para FMEA

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32

3.1.2 Análise por árvore de falhas

A análise por árvore de falhas (FTA - Faut Tree Analysis) é um método

sistemático que correlaciona um determinado efeito com suas possíveis causas,

estabelecendo relações operacionais entre as mesmas (HELMAN; ANDERY, 1995).

O processo de construção da árvore de falha de um sistema começa com a

escolha de evento específico (evento de topo) e trabalha no sentido de obter todas

as falhas básicas que podem causar o evento analisado. Os eventos são

relacionados através de portas lógicas sendo que a seqüência de eventos conduzem

a causas básicas para as quais a taxa de falha é conhecida (DHILLON,1999).

A figura 3.2 apresenta um exemplo de uma árvore de falhas. As causas

básicas são denotadas por círculos e representam os limites de resolução da árvore

de falha. Eventos que possuem mais de uma causa básica (denotados por

retângulos) podem ser desdobrados. Esta técnica permite a visualização do

problema a ser analisado através de uma representação gráfica simples e objetiva,

além de direcionar a análise. Conhecendo-se as taxas de falhas dos eventos

básicos e a relação de causa e efeito entre elas (representada pelas portas lógicas)

é possível calcular a confiabilidade do evento de topo.

Figura 3.2: Exemplo de uma Árvore de Falhas

E3 A

E1

B C

F E4

E2

H G

Evento de Topo

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33

3.1.3 Diagrama de Blocos de Confiabilidade

A lógica de falha de um sistema pode ser representada como um Diagrama de

Blocos de Confiabilidade também conhecido através da abreviação RBD (Reliability

Block Diagram). Este diagrama é um modelo que mostra as conexões lógicas entre

os elementos de um sistema e permite visualizar a relação existente entre a

confiabilidade geral do sistema em estudo R(t) e a confiabilidade parcial de cada um

de seus componentes Ri (t).

Um RBD apresenta três elementos básicos: componentes, ligações (links) e

nós. Os componentes são tradicionalmente representados como blocos e possuem

numerosos atributos como por exemplo a função distribuição probabilidade de falha.

Um link é simplesmente uma linha que conecta dois blocos e os nós promovem a

ligação entre os links. Os links e nós são construções lógicas que definem os

caminhos (paths) de um sistema. Um caminho é definido como um percurso

contínuo e sem sobreposições da entrada a saída de um RBD (MURPHY; CARTER,

2003).

Uma análise de confiabilidade em um sistema qualquer deve ser precedida da

definição inequívoca do que constitui uma falha. Dependendo da complexidade do

sistema pode ser possível definir diferentes possibilidades para a ocorrência de falha

e nestes casos é necessária a construção de um RBD diferente para cada situação.

Portanto, uma restrição significativa quanto à utilização de RBD’s é a necessidade

da existência de somente uma entrada e uma saída. Um RBD mostra as conexões lógicas entre os elementos de um sistema e não

necessariamente tem a mesma formatação do diagrama esquemático de

funcionamento. Assim, em sistemas cujos componentes apresentam formas

complexas de interações, a construção de um RDB pode tornar-se uma tarefa com

grande grau de dificuldade (O’ CONNOR, 2002).

A figura 3.3 apresenta um exemplo de RBD formado pelos subsistemas 1

(configuração série), 2 (configuração paralelo), 3 (configuração k de n) e 4

(configuração stand-by).

A confiabilidade R(t) de um sistema em série é dada por (3.1) e a

probabilidade de que ambos falhem F(t) é dada por (3.2). Este procedimento pode

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34

ser generalizado para n componentes ligados em série (3.3) quando os

componentes tiverem a mesma confiabilidade Rm (LAFRAIA, 2001).

Figura 3.3: Exemplo de um diagrama de blocos de confiabilidade

)()()( tRtRtR bA= (3.1 )

)()()()()( tFtFtFtFtF bAbA −+= (3.2 )

n

ms tRtR )()( = ( 3.3)

Onde n : número total de componentes;

Rm(t) : confiabilidade de cada um dos componentes.

A confiabilidade de um sistema em paralelo é dada por (3.4) e a probabilidade

de que ambos falhem F(t) é dada por (3.5).

−+= )()()( tRtRtR bA )()( tRtR bA (3.4 )

)()()( tFtFtF bA= (3.5 )

2 1

F

D E

3

B

B

k/n

B

A

4

C

C

C

j

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35

Este procedimento pode ser generalizado para n componentes ligados em

paralelo (3.6) quando os componentes tiverem a mesma confiabilidade Rm.

[ ] nms tRtR )(11)( −−= (3.6 )

Onde n : número total de componentes;

Rm(t) : confiabilidade de cada um dos componentes.

Um sistema com redundância em stand-by apresenta unidades adicionais que

são acionadas caso ocorra uma falha na unidade em operação (figura 3.3,

subsistema 4). Neste caso as falhas de cada bloco são estatisticamente

independentes e supõe-se que a unidade de chaveamento é isenta de falhas

(LAFRAIA, 2001). A expressão (3.7) apresenta o valor da função confiabilidade R(t)

para este sistema considerando-se que todas as unidades são idênticas e com a

mesma taxa de falha.

∑=

=n

i

ti

iettR

0 !)()(

λλ ( 3.7 )

Onde n: N-1 ( número de unidades em stand by – não ativas).

A figura 3.3 (subsistema 3) apresenta um exemplo de redundância “k” de “n”.

Nesta configuração um número “k” de unidades deve estar operando para o sucesso

do sistema . A função confiabilidade R(t) neste caso é dada por (3.8)

(LAFRAIA,2001)

inin

ki

ni RRCtR −

=

−= ∑ )1()( (3.8 )

Onde n : número de unidades total do sistema;

k :número de unidades requerida;

R : confiabilidade de cada unidade;

niC : combinação “n”, “i” a “i”.

A maneira mais intuitiva de se calcular a confiabilidade de um RBD é reduzir o

diagrama global em agrupamentos de componentes ligados em série ou em

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paralelo. Nesta metodologia considera-se que os eventos são independentes e os

cálculos de confiabilidade podem ser facilmente executados. Quando é inviável realizar a redução do diagrama global em ligações série

paralelo podem ser utilizadas técnicas alternativas que fornecerão resultados

aproximados como o método dos cortes (cut set) ou o método dos caminhos (path

set). Outra possibilidade é a utilização de métodos numéricos como a simulação de

Monte Carlo detalhada no item 3.2.4.

Um conjunto de corte mínimo é uma combinação da menor quantidade de

falhas primárias tal que, se todas ocorrerem simultaneamente o evento de topo

também ocorrerá (FREITAS; COLOSIMO, 1997). Por definição cada conjunto de

corte mínimo é a intersecção das falhas primárias que o constitui. A confiabilidade de

um sistema Rsist calculada através do método dos cortes mínimos é expressa por

(3.9) (O’ CONNOR, 2002).

( )∑ ∏= =

−−>N

i

n

jisist RR

1 1

11 (3.9)

Onde Ri: confiabilidade de cada unidade;

n : número blocos;

N : número total de conjuntos de corte .

Os caminhos (paths) de um sistema podem ser definidos como um percursos

contínuos e sem sobreposições do início ao final de um RDB (MURPHY; CARTER

2003). A análise através de caminhos objetiva encontrar conjuntos de blocos tais

que se todos estiverem funcionando o sistema estará em funcionamento. Esta

metodologia é formalizada através de (3.10) (O’ CONNOR, 2002).

∑∏= =

<T

i

n

jisist RR

1 1

(3.10 )

Onde Rsist : confiabilidade do sistema;

Ri : confiabilidade de cada unidade;

n : número blocos;

T: número total de conjuntos de caminhos.

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37

3.1.4 Simulação de Monte Carlo

Esta metodologia é baseada na simulação de variáveis aleatórias para

resolução de problemas e por ser considerada muito simples e flexível pode ser

aplicada à problemas de qualquer nível de complexidade (MARSEGUERRA; ZIO,

2005).

É importante ressaltar que a simulação de Monte Carlo pode ser aplicada a

sistemas não reparáveis e também a sistemas reparáveis. Considerando-se um

sistema não reparável, a variável aleatória de interesse é o tempo até a falha.

Tratando-se um sistema reparável, as variáveis aleatórias de interesse são os

tempos entre falhas e os tempos de reparo.

A simulação de Monte Carlo pode ter uma abordagem seqüencial ou não

seqüencial. Na primeira possibilidade os estados do sistema são sequencialmente

amostrados por vários períodos de tempo simulando uma realização do processo

estocástico de operação do sistema. Considerando a abordagem não seqüencial o

espaço de estados é amostrado aleatoriamente sem levar em consideração a

cronologia do processo de operação do sistema.

A simulação pode ser utilizada tendo como base a maioria das diversas

topologias utilizadas para modelar a confiabilidade de um sistema. Uma grande

vantagem é que as probabilidades de transição entre os estados do sistema podem

assumir qualquer valor e não necessariamente devem permanecer constantes.

Como conseqüência deste fato, a simulação de Monte Carlo permite efetuar o

cálculo de sistemas cujos componentes são modelados por qualquer distribuição de

probabilidade (Weibull, normal, lognormal, etc.) o que permite maior flexibilidade e

maior compromisso com a realidade.

3.2 Modelagem de Sistemas Reparáveis

Tratando-se de um sistema reparável, as variáveis aleatórias de interesse são

tempo entre falhas e tempo de reparo. Assim, conforme citado anteriormente, deve

ser realizado não somente o cálculo de confiabilidade mas também os cálculos de

mantenabilidade e disponibilidade.

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38

Os métodos para análise de sistemas reparáveis podem ser divididos em duas

grandes vertentes. A primeira vertente, chamada abordagem por componentes,

considera os componentes individualmente (lowest replaceable unit). Neste caso é

necessário se conhecer as funções densidade de probabilidade de falha e de reparo

relativas a cada componente e a forma como os mesmos estão conectados

(METTAS, 2006).

A outra forma de análise, chamada abordagem por sistema, consiste em

considerar os dados de falhas como realizações de um processo estocástico de

contagem (COIT, 2005). Neste caso, todas as falhas do sistema são consideradas

em conjunto sendo muito utilizados os processos de Poisson homogêneo (HPP) e

não homogêneo (NHPP) (RIGDON, BASU, 2000).

Um modelo de confiabilidade de um sistema reparável inclui usualmente a

confiabilidade dos componentes, a arquitetura do sistema, o esquema físico de

operação, bem como aspectos relacionados à disponibilidade, mantenabilidade e

práticas de manutenção utilizadas. É desejável ainda que, na medida do possível,

também inclua fatores subjetivos como erro humano e atrasos logísticos, dentre

outros (LOGMAN; WANG, 2002).

A modelagem de sistemas reparáveis a partir da abordagem por componentes

é detalhada no item 3.3.1 no qual são deduzidas expressões analíticas que

permitem calcular a confiabilidade e a disponibilidade do sistema a partir das taxa de

falha e o tempo de reparo (CARVALHO; MENEZES; CAMINHAS, 2006).

A abordagem por sistema é apresentada no item 3.3.2 no qual são

apresentados os processos de Poisson homogêneo (HPP) e não homogêneo

(NHPP) segundo Ascher e Feingold (1984).

3.2.1 Abordagem por componentes

A abordagem por componentes para análise de um sistema reparável

considera os componentes individualmente (lowest replaceable unit) conforme

Cassady e Pohl (2005) e Mettas (2006). A figura 3.4 representa as funções

densidade de probabilidade de falha f(t) e de reparo g(t) relativas a um componente

hipotético. Em um nível de detalhamento maior é possível ainda considerar as

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39

funções f(t) e g(t) para cada modo de falha de cada componente. O tempo em que o

sistema encontra-se em estado operativo to é determinado por f(t) e o tempo

indisponível ti é determinado por g(t). Sendo conhecidas estas distribuições e a

forma como os componentes estão interligados é possível calcular a disponibilidade

do sistema a partir de métodos analíticos ou numéricos.

Figura 3.4: Distribuições de probabilidade para um componente reparável genérico

Fonte: Adaptado a partir do trabalho de METTAS, 2006.

Considera-se neste trabalho que após a ocorrência de uma falha é realizado

um reparo imediatamente e que o reparo é capaz de levar o item falho novamente a

sua condição original. Esta condição pode ser observada na figura 3.4, pois as

distribuições de probabilidade de falha antes e após o reparo são idênticas. Neste

caso as ações de reparo conduzem o sistema à condição “tão bom quanto novo”

(METTAS; ZHAO, 2005). Ao admitir esta premissa como válida, supõe-se que os

dados de falha não exibem nenhuma tendência de comportamento (intensidade de

falhas aproximadamente constante) e que o sistema pode ser modelado através de

processo de renovação.

Uma vez realizada a modelagem das variáveis aleatórias tempos entre falhas e

tempos de reparo, se for constatada a adequação da distribuição exponencial para

ambas as variáveis, o sistema pode ser modelado utilizando-se Diagramas de

Markov. A análise de Markov é aplicável desde que as seguintes restrições sejam

respeitadas:

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40

1-As probabilidades de transição entre os estados permanecem constantes ao

longo do tempo.

2- A probabilidade de um estado futuro independe dos estados anteriores

excetuando-se o estado imediatamente precedente (propriedade de falta de

memória).

A figura 3.5 apresenta um Diagrama de Markov para um único componente X

que pode assumir os estados O em funcionamento e o estado F falho. A

probabilidade de transição do estado de funcionamento para o estado falho é P0→F e

a probabilidade de transição no sentido contrário é PF→0. Este é um exemplo de

processo discreto (O’ CONNOR, 2002).

Figura 3.5 - Diagrama de Markov para um componente

O somatório das probabilidades de transição incluindo a auto-transição deve

ser unitário. Considerando um estado inicial é possível construir o diagrama em

árvore onde são representadas todas as possibilidades de transição para n

intervalos de tempo.

A partir do diagrama em árvore pode-se calcular a probabilidade de o item

estar em qualquer estado após um determinado número de intervalos de tempo

(MAILLART; POHL, 2005). Os mesmos resultados podem ser obtidos através da

matriz de transição de estados (3.11). Esta matriz elevada a n- ésima potência

corresponde ao n- ésimo intervalo de tempo.

1101

1000

SSSS

SSSS

PP

PPY

→→

→→

=

(3.11 )

O F

PF 0

P0 F

1 - P0 F 1 - PF 0

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41

Onde Elemento (1,1): probabilidade do item estar disponível;

Elemento (1,2): probabilidade do item estar indisponível;

Elemento (2,1): probabilidade do item ser reparado;

Elemento (2,2): probabilidade do item não ser reparado.

Portanto, um diagrama de Markov representa eventos dependentes e permite o

cálculo da evolução temporal dos estados de um sistema desde que as

probabilidades de transição entre estes estados permaneçam constantes. Esta

imposição é uma limitação significativa e implica no uso de distribuições de

probabilidade exponenciais para a modelagem das taxas de falha e de reparo.

Embora o diagrama de Markov seja capaz de descrever intricadas relações

dinâmicas entre modos de falhas, existe uma falta de flexibilidade considerável.

Pode ser observado ainda que, dependendo do tamanho do sistema modelado,

pode existir um número demasiadamente grande de estados possíveis, o que

inviabiliza a análise do comportamento do sistema. Desta forma, conclui-se que este

método é mais adequado para análise da confiabilidade de sistemas de pequeno

porte (VOLOVOI, 2004) (MAILLART; POHL, 2005)

Um segundo método para calcular a confiabilidade e a disponibilidade de um

sistema reparável de forma analítica é a Metodologia Lambda-Tau. A proposta desta

metodologia é calcular a confiabilidade de um sistema reparável a partir da taxas de

falha λ (lambda) e tempo de reparo τ (tau) de seus componentes. O método baseia-

se no fato de que o sistema pode ser representado através de uma árvore de

falhas livre de eventos redundantes (KENEZEVIC; ODOOM, 2001)

A partir do modelo em árvore de falhas podem ser deduzidas expressões

analíticas para o cálculo da taxa de falha λ e do tempo de reparo τ associadas aos

operadores lógicos OR (componentes em série) e AND (componentes em paralelo),

a partir dos conceitos de disponibilidade e análise em espaço de estados.

A metodologia Lambda-Tau é baseada na análise em espaço de estados

(detalhada anteriormente). Considerando-se dois componentes atuando em conjunto

é possível reconhecer quatro estados conforme representado na figura 3.6. A

condição de operação é indicada pelo sub-índice “ O” e a condição de falha pelo sub-

índice “F”. No estado P1 os dois componentes estão em funcionamento

simultaneamente, nos estados P2 e P3 um dos dois componentes está em condição

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42

de falha e no estado P4 ambos os componentes encontram-se em falha

(BILLINTON, 1978).

Figura 3.6: Possíveis estados para 2 componentes

Fonte: BILLINTON, 1978

Os estados P1 e P2 podem ser expressos matematicamente através das

expressões 3.12 e 3.13 respectivamente. Os estados P3 e P4 podem ser definidos

de forma análoga.

+

+

=22

2

11

11

r

r

r

rPµλ

µµλ

µ

(3.12)

+

+

=22

2

11

12

r

r

r

Pµλ

µµλ

λ

(3.13)

A disponibilidade de um sistema reparável composto por n componentes em

série é condicionada ao funcionamento simultâneo de todos os componentes.

Considerando-se um sistema reparável composto por n componentes em paralelo,

uma falha ocorrerá somente se todos os componentes falharem. A partir destas

hipóteses, as expressões para o cálculo de dois componentes podem ser deduzidas

e posteriormente generalizadas para n componentes conforme quadro 3.1

(CARVALHO; MENEZES; CAMINHAS, 2006).

λ2

Estado P1 1O 2O

Estado P2 1F 2O

λ1

Estado P3 1O 2F

Estado P4 1F 2F

λ1

λ2

1rµ

2rµ2rµ

1rµ

λ1µ1

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43

Expressão

Sistema série

(porta OR)

Sistema paralelo

( porta AND)

λ para 2 componentes

21 λλλ +=S

( )2121 ττλλλ +=P

τ para 2 componentes

SS λ

τλτλττλλτ 22112121 ++

=

21

21

τττττ+

=P

λ genérica completa

i

n

iS λλ ∑

=

=1

( ) ( )∏ ∏

∑∏∏

= =

=≠==

−+

= n

i

n

iiiii

n

j

n

jii

i

n

ii

P

1 1

1 11

1 τλτλ

τλ

λ

λ genérica simplificada

-

= ∑∏∏

=≠==

n

j

n

jii

i

n

iiP

1 11

τλλ

τ genérico completo ( )

=

=

+

= n

ii

n

iii

s

1

1

11

λ

τλτ

∑∏

=≠=

== n

j

n

jii

i

n

ii

P

1 1

1

τ

ττ

τ genérico simplificado

=

== n

ii

ii

n

is

1

1

λ

τλτ

-

Quadro 3.1: Expressões metodologia Lambda-Tau

Outra opção para análise de um sistema reparável considerando os

componentes individualmente é a utilização de simulação de Monte Carlo. Conforme

mencionado anteriormente, a maior vantagem desta técnica é possibilidade de

utilização de qualquer distribuição de probabilidade para modelagem das variáveis

aleatórias tempos entre falhas e tempos de reparo. Este fato permite grande

flexibilidade.

Page 57: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

44

3.3.2 Abordagem por sistemas

Os modelos aplicáveis a sistemas reparáveis podem ser divididos em

processos estocásticos pontuais (stochastic point processes) e modelos que

envolvem equações diferenciais (ASCHER; FEINGOLD, 1984). O segundo tipo tem

tido aplicação restrita a estudos de crescimento da função confiabilidade (Reliability

Growth) (CROW, 2005).

Um processo estocástico pontual (stochastic point process) modela

adequadamente um fenômeno físico caracterizado por eventos altamente

localizados e distribuídos randomicamente. Neste caso os tempos de reparo são

desprezados e considera-se que as falhas ocorreram em uma seqüência específica.

Quando são considerados o número de falhas e os respectivos instantes de

ocorrência é caracterizado um processo estocástico de contagem (counting

process).

Um sistema reparável pode ser modelado como um processo de contagem de

falhas sendo considerados os efeitos de sucessivas ações de reparo. A função

intensidade de falha um processo estocástico i(t) é definida (ASCHER; FEINGOLD,

1984; SANTOS, 2003) por:

ttttfalhadeocorrênciaPti ot ∆

∆+= →∆

)},({lim)( (3.14)

{ }t

tNttNPti ot ∆−∆+

= →∆)()(lim)( (3.15)

Onde N(t) : número de falhas

Quando os dados de falha não exibem nenhuma tendência de comportamento

(intensidade de falhas aproximadamente constante) o sistema pode ser modelado

através de processo de renovação. Neste caso as ações de reparo conduzem o

sistema à condição “tão bom quanto novo” (METTAS; ZHAO, 2005). Quando a

intensidade de falhas i(t) apresenta característica decrescente caracteriza-se o

crescimento da confiabilidade (Reliability Growth) e quando exibe tendência

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45

crescente são caracterizados processos de degradação e/ou deterioração (COIT,

2005).

Um processo de Poisson homogêneo (HPP) é um caso especial de processo

de renovação que apresenta tempos entre falhas independentes e

exponencialmente distribuídos. Portanto, a função intensidade para um HPP é

constante.

O processo de Poisson não homogêneo (NHPP) modela o comportamento não

estacionário (variante no tempo) descrevendo adequadamente intensidades de falha

crescentes e decrescentes.

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46

4 ANÁLISE NEBULOSA DE FALHAS

Inicialmente será apresentada uma rápida discussão sobre técnicas para

análise de falhas quando não existem dados. No item 4.2 será realizada uma breve

revisão bibliográfica sobre metodologias nebulosas para cálculo de confiabilidade.

Considera-se que todas as metodologias apresentadas possam ser adaptadas para

o cálculo de mantenabilidade. No item 4.3 será detalhado o modelo nebuloso

proposto para análise de falhas. No item 4.4 será introduzida a característica de

adaptação à estrutura apresentada no item anterior.

4.1 Alternativas para Análise de Falhas Considerando Inexistência de Dados Apresenta-se a seguir uma visão geral das alternativas para análise de falhas

quando não existem dados. Objetiva-se introduzir a proposta apresentada em uma

contexto amplo que englobe técnicas convencionais e técnicas baseadas em

inteligência computacional (figura 4.1). Cabe ressaltar que as duas abordagens,

convencional e baseada em inteligência computacional não são conflitantes e sim

complementares.

A abordagem convencional apresenta as opções de utilização de testes

acelerados, modelagem não paramétrica, modelagem paramétrica com

conhecimento a priori e casos particulares da estatística Bayesiana. Os testes

acelerados normalmente são utilizados nas fases iniciais de desenvolvimento de um

produto e, portanto, teriam pouco ou nenhuma utilidade para auxiliar o processo de

tomada de decisão em atividades de manutenção. Além disso, o projeto de um teste

acelerado envolve uma grande complexidade devendo levar em consideração

inúmeros fatores.

Page 60: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

47

Figura 4.1: Alternativas para cálculo de confiabilidade quando não existem dados

A utilização de modelos não paramétricos, como por exemplo, o estimador de

Kaplan-Meier, apresenta muitas limitações. Apesar destes modelos serem

excelentes como ferramentas exploratórias, existem, por exemplo, dificuldades de

se realizar predições fora da escala de observação.

Quando o comportamento da taxa de falha é aproximadamente aleatório e

existem poucos dados é possível supor a adequação de uma distribuição de

probabilidade contínua exponencial. Nesta situação utiliza-se conhecimento a priori

para auxiliar a modelagem. Entretanto, a suposição de um comportamento de falha

puramente aleatório, normalmente não é verdadeira.

Testes Acelerados

Modelos não paramétricos

Modelos paramétricos com

conhecimento a priori

Abordagem tradicional

Redes Neurais

Sistemas Nebulosos

Algoritmos Genéticos

Abordagem Neuro Nebulosa

Números Nebulosos

Processo de Inferência Nebulosa

Inteligência

computacional

Inexistência de

dados

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48

A abordagem Bayesiana (PAULINO et al,2003) oferece uma metodologia que

possibilita a incorporação de conhecimento tácito aos modelos convencionais. Estas

informações são traduzidas na forma de uma distribuição de probabilidade a priori.

Um caso particular desta abordagem é a modelagem estatística quando não existem

dados. No trabalho de Carvalho et.al. (2007) são explorados alguns exemplos desta

situação específica porém observa-se ser necessário um profundo conhecimento

sobre o componente modelado.

Concluindo, quando não existem dados, o conhecimento de engenharia e o

bom senso desempenham um papel fundamental no processo de tomada de

decisão. Enfim, neste caso, as decisões cabem exclusivamente aos especialistas

humanos. As técnicas de inteligência computacional apresentam uma opção natural

uma vez que valorizam a experiência humana.

O cálculo de confiabilidade baseado em técnicas de inteligência

computacional pode abranger o uso de sistemas nebulosos, redes neurais,

algoritmos genéticos ou técnicas híbridas. A abordagem nebulosa, ferramenta

principal utilizada neste trabalho, oferece uma metodologia formal para modelar o

conhecimento humano. Esta é sua principal vantagem. 4.2 Metodologias Nebulosas para Cálculo da Confiabilidade de Sistemas

O conceito de confiabilidade nebulosa foi introduzido e desenvolvido por vários

autores. CAI (1991) apresenta abordagens distintas considerando a combinação de

hipóteses válidas para a entrada e saída do sistema a ser estudado. As medidas

realizadas podem estar no âmbito da probabilidade ou da possibilidade e os estados

de saída podem ser binários ou nebulosos (figura 4.2). A combinação destas

hipóteses gera a classificação dos sistemas em PROBIST (PRObability Assumption

and BInary-STate), PROFUST (PRObability Assumption and FUzzy-STate)

POSBIST (POSsibility Assumption and BInary-STate) e POSFUST (POSsibility

Assumption and FUzzy-STate). A aplicação da metodologia nebulosa (fuzzy) a estes

sistemas é detalhada a seguir. Conceitos elementares sobre teoria de conjuntos

nebulosos podem ser encontrados em JANG et al. (1997) e Pedrycz e Gomide

(1998).

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49

A teoria PROBIST (PRObability Assumption and BInary-STate) equivale à

teoria convencional de confiabilidade (CAI,1991) e é baseada em duas suposições

fundamentais. A primeira delas estabelece que o comportamento de um item ou

sistema em estudo pode ser completamente caracterizado em um contexto de

medidas de probabilidades. A segunda suposição estabelece que o sistema

comporta-se através de estados binários. Ou seja, só é possível a ocorrência dos

estados sucesso (funcionamento normal) ou falha.

Figura 4.2: Metodologias nebulosas (fuzzy) para cálculo da confiabilidade de sistemas

O termo probabilidade pressupõe a disponibilidade de uma grande quantidade

de dados coletados. Os sistemas classificados como PROBIST satisfazem as

hipóteses de probabilidade e estados binários, porém estão sujeitos a vários tipos de

incertezas. Para muitos destes sistemas é difícil avaliar a probabilidade de falha a

partir de experiências anteriores porque o ambiente sofre mudanças com o tempo.

Esta característica dinâmica faz com que os dados disponíveis sejam insuficientes

para a estimação estatística de probabilidades (MISRA; WEBER, 1990). Pode

ocorrer ainda uma situação onde exista a necessidade de considerar componentes

que nunca falharam antes (TANAKA et al., 1983). Nestes casos pode ser difícil

determinar a probabilidade de uma maneira objetiva e pode ser necessária a

introdução do julgamento humano. Percebe-se claramente a necessidade de uma

técnica que permita a incorporação da subjetividade e da imprecisão e a abordagem

nebulosos

Medidas realizadas Estados de saída

PROBIST

probabilidade binários

POSFUST

possibilidade

PROFUST POSBIST

Page 63: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

50

nebulosa surge como uma alternativa natural.

A teoria de confiabilidade PROFUST (PRObability Assumption and FUzzy-

STate) considera que o comportamento de um item ou sistema em estudo pode ser

caracterizado em um contexto de medidas de probabilidades, exatamente como nos

sistemas PROBIST. Uma segunda hipótese estabelece que a falha ou o sucesso do

sistema é caracterizado através de estados nebulosos. Assim, o significado de uma

falha não é definido de uma maneira precisa mas de forma nebulosa (CAI,1991).

(CAI et al.,1993).

Normalmente o sistema típico nos estudos sobre confiabilidade PROFUST é

formado por elementos independentes cuja falha individual diminui parcialmente o

desempenho do sistema como um todo. Esta situação caracteriza um modo

degradado de funcionamento situado entre os estados de falha e sucesso.

Sabe-se que o comportamento de falha difere em sistemas mecânicos,

eletrônicos, softwares, etc. Os sistemas mecânicos, em geral, estão sujeitos à

degradação e ao envelhecimento e apresentam tempo de desenvolvimento de falha.

Normalmente estes tipos de sistemas estão sujeitos a falhas incipientes e que,

portanto, podem ser detectadas previamente.

Outros tipos de sistemas, como por exemplo os eletrônicos, apresentam falhas

de natureza aleatória e de difícil previsão (falhas abruptas). Devido à estas

características acredita-se que políticas de manutenção que envolvam estudos de

confiabilidade baseados em estados nebulosos (PROFUST) possam ser de grande

valia.

Os sistemas POSBIST (POSsibility Assumption and BInary-STate) assumem

que o comportamento de falhas é caracterizado como uma medida de possibilidade.

A falha ou o sucesso do sistema é caracterizado através de estados binários (CAI et

al., 1991). Na abordagem POSBIST é possível definir uma distribuição de

possibilidade π (x) tal que esta distribuição seja igual a função de pertinência µA(x)

conforme definido por Zadeh (1978).

A teoria de confiabilidade POSFUST (POSsibility Assumption and FUzzy-STate)

considera que o comportamento de um item ou sistema em estudo pode ser

caracterizado em um contexto de medidas de possibilidades, como nos sistemas

POSBIST. A falha ou o sucesso do sistema é caracterizado através de estados

nebulosos. Portanto, da mesma forma que nos sistemas PROFUST o significado

preciso do que exatamente constitui uma falha não é definido (CAI, 1996).

Page 64: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

51

A confiabilidade POSFUST de um sistema é interpretada como a possibilidade

que uma falha não ocorra em um intervalo de tempo especificado, sob condições

ambientais pré-estabelecidas. A ocorrência de uma falha neste contexto é um evento

nebuloso e, portanto é necessário utilizar ferramentas matemáticas que sejam

capazes de calcular a possibilidade de conjuntos nebulosos.

Concluindo, considerando-se os inúmeros trabalhos encontrados na literatura,

inclusive anteriores à classificação de Cai (1991), observou-se que existem duas

grandes vertentes de aplicação de conjuntos nebulosos para análise de falhas. A

primeira delas utiliza números nebulosos (TANAKA et al., 1983, MISRA; WEBER,

1990, WEBER, 1994, BOWLES; PELÁEZ, 1995, CAI,1996, EL-IRAKI; ODOOM,

1998, NACHTMANN; CHIMKA, 2003).para modelagem da imprecisão dos dados de

falha como, por exemplo, taxas de falha, tempos de reparo, etc. Uma segunda

vertente consiste na utilização de um processo de inferência nebulosa baseado em

regras (BOWLES; PELÁEZ, 1995, CAI,1996). Algumas aplicações desta abordagem

podem ser encontradas em Weber (1994), Knezevic; Odoom (2001) e Guimarães;

Lapa (2004).

Os principais métodos convencionais de análise de confiabilidade de sistemas

utilizados atualmente como árvore de falhas (FTA) (KRASICH, 2005), diagramas de

blocos de confiabilidade (RBD) (MURPHY; CARTER, 2003) e análise de modos e

efeitos de falhas (FMEA) (BOWLES, 2003) podem ser interpretados sob a ótica da

teoria dos conjuntos nebulosos. São apresentados exemplos de análise nebulosa de

falhas no APÊNDICE A. O objetivo deste trabalho é contribuir na análise de disponibilidade de sistemas

reparáveis utilizando uma abordagem nebulosa e tendo como base a experiência de

especialistas em operação destes sistemas. Embora grande parte das indústrias não

possua um banco de dados adequado à análise convencional de falhas, existem

especialistas que detêm o conhecimento acerca da operação de seus processos. A

abordagem nebulosa é útil para modelar o conhecimento armazenado em forma

tácita pelos especialistas, auxiliando, desta forma, o processo de tomada de decisão

no planejamento das atividades de manutenção.

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52

4.3 Modelo Nebuloso para Análise de Falhas

A análise de falhas convencional, cujos conceitos foram apresentados nos

capítulos 2 e 3, pode ser realizada utilizando-se a abordagem nebulosa. Neste item

é proposta uma estrutura para cálculo de tempo médio de reparo e a disponibilidade.

O tempo de reparo depende do tempo gasto efetivamente com a manutenção e

também do tempo logístico. Considera-se este tempo relacionado a procedimentos

administrativos como, por exemplo, localizar pessoas, peças sobressalentes e

ferramentas adequadas. A figura 4.3 apresenta, de forma simplificada, o modelo

proposto. Considerando-se um equipamento sujeito a ação de vários modos de

falha, o processamento do modelo proposto é realizado com relação a cada um

deles, utilizando-se a teoria de modos de falha competitivos (NELSON, 1982;

MIJAILOVIC, 2003).

As matrizes de entradas xm, xl e xd dependem do processo modelado e serão

definidas pelos especialistas consultados. Podem ser citados como exemplos de

possíveis entradas a complexidade do modo de falha, a freqüência de ocorrência de

falha, etc. Informações sobre sistemas nebulosos podem ser encontradas em

Pedrycz e Gomide (1998).

Figura 4.3: Modelo nebuloso proposto para análise nebulosa de falhas

AN

Sistema Nebuloso: Tempo Manutenção

Sistema Nebuloso: Tempo Logístico

Sistema Nebuloso: Disponibilidade

mx

lx

dx

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53

O tempo de reparo médio nebuloso Rτ é calculado a partir da soma das

variáveis tempo efetivo de manutenção mτ e tempo logístico lτ conforme (4.1).

lmR τττ += (4.1)

O tempo efetivo de manutenção mτ será calculado como função dos tempos

equivalentes às várias atividades realizadas para eliminar a falha e restabelecer o

funcionamento normal do processo ou equipamento:

∑=

=km

imim

1

ττ (4.2)

Onde miτ : tempo equivalente a cada atividade;

km : número de atividades consideradas relevantes para o cálculo do tempo

efetivo de manutenção.

O cálculo do tempo logístico lτ é realizado de maneira análoga ao apresentado

anteriormente para o cálculo do tempo efetivo de manutenção mτ conforme (4.3)

∑=

=kl

ilil

1

ττ (4.3)

Onde liτ : tempo equivalente a cada atividade,

kl: número de atividades consideradas relevantes para o cálculo do tempo

logístico.

Os tempos miτ e liτ , equivalentes à cada uma das variáveis que compõe o

cálculo de mτ e lτ respectivamente são calculados através de um processo de

inferência nebulosa (fuzzy inference system - FIS) baseado em um conjunto de

Page 67: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

54

regras do tipo IF-THEN. As variáveis que compõem as matrizes de entrada ( mx e lx ), bem como a base de regras a ser utilizada, serão obtidas através de entrevistas

com os especialistas.

A disponibilidade é calculada através de um processo de inferência nebulosa

tendo como matriz de entrada dx . Esta matriz é composta por vetores contendo

como componentes o tempo de reparo médio nebuloso Rτ e a freqüência de

ocorrência de falhas xFO em um período pré-determinado.

O tempo entre falhas médio nebuloso EFτ é calculado de forma indireta.

considerando a relação entre o tempo de reparo nebuloso e o tempo total de

observação (tempo de missão).

A validação dos modelos nebulosos propostos, detalhada no capítulo 5, será

realizada através da comparação com os resultados obtidos pelos métodos

convencionais.

4.4 Modelo Nebuloso Adaptativo para Análise de Falhas

A utilização de modelos nebulosos para análise de falhas é plenamente

justificada quando não existe um banco histórico de dados que possibilite a

utilização de modelos probabilísticos. O desenvolvimento do modelo, entretanto, é

totalmente dependente do conhecimento que o pessoal técnico (experiência do

especialista) tem a respeito do funcionamento do processo a ser modelado. Uma

forma de se tornar estes modelos mais robustos em relação às interferências

externas é incorporar a ele a capacidade de se adaptar em função de novos dados e

informações. Será utilizada para este fim uma classe de redes adaptativas

funcionalmente equivalentes aos sistemas de inferência nebulosa. Estas arquiteturas

são denominadas na literatura, de maneira geral, como sistemas adaptativos de

inferência neuro-nebulosa (adaptative neuro-fuzzy inference system- ANFIS) (JANG

et al.,1997).

Page 68: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

55

A condição inicial do modelo adaptativo é determinada pelo modelo estático de

forma a utilizar o conhecimento dos especialistas como ponto de partida para o

modelo adaptativo. Maiores detalhes são fornecidos no APÊNDICE B. O modelo nebuloso adaptativo proposto para o cálculo do tempo de reparo é

apresentado genericamente pelo diagrama de blocos da figura 4.4. Este diagrama é

análogo ao modelo não adaptativo apresentado anteriormente, na secção 4.3.

Figura 4.4: Modelo nebuloso adaptativo para cálculo do tempo de reparo

O tempo de reparo médio adaptativo RAτ é calculado através da soma das

variáveis tempo efetivo de manutenção adaptativo mAτ e tempo logístico adaptativo

lAτ conforme (4.4).

lAmARA τττ += (4.4)

Cada uma das variáveis li

mi yy , cujo somatório compõe o tempo efetivo de

manutenção adaptativo mAτ e o tempo logístico adaptativo lAτ é calculada através

de uma rede neurofuzzy com propriedade de aproximação universal de funções

(figura 4.5). O treinamento destas redes será realizado utilizando-se o método de

lAτ

mAτ

RAτ

ly1lx1

Mlpyl

px

∑mky

Mmkx

my1mx1

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56

minimização do erro quadrático conforme detalhado no APÊNDICE C. O erro a ser

minimizado é dado por (4.5) onde −−

Rτ será obtido através do banco de dados.

2

.21

−=

RRe ττ (4.5)

O modelo nebuloso adaptativo para o cálculo da disponibilidade utiliza apenas

uma rede adaptativa, cujo desenvolvimento é análogo ao apresentado

anteriormente. Este modelo é representado na figura 4.5 através da variável

genérica diy .

Figura 4.5: Módulo adaptativo da rede neurofuzzy

Os vetores de entrada li

mi xx , para o cálculo dos tempos de manutenção e

logísticos são específicos para cada módulo adaptativo componente do modelo. O

número de variáveis utilizadas nos cálculos dos tempos efetivos de manutenção e

logístico estão diretamente relacionados com o sistema ou componente analisado e

com o conhecimento do especialista.

Na sub-rede adaptativa representada na figura 4.5 para o caso do cálculo do

tempo efetivo de manutenção (ou do tempo logístico), a entrada é uma matriz dada

por:

dj

lj

mj xxx ,, ix

rx

1x1w

jw

rw

1y

jy

ry

∏d

il

imi yyy ,,

Page 70: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

57

[ ] [ ]lp

lllmk

mmm xxxxexxxx LL 2121 == (4.6)

Onde k (p) é o número de vetores de dimensão r (número de linhas), sendo que

cada vetor representa a entrada dos k (p) módulos desta sub-rede rede e m é o

número de regras a ser utilizado.

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58

5 AVALIAÇÃO E VALIDAÇÃO DO MODELO NEBULOSO PROPOSTO

Para validar o modelo nebuloso proposto será utilizado um equipamento de

uma cadeia de laminação de uma indústria siderúrgica. Este processo industrial

possui um banco de dados suficientemente adequado para análise de falhas

convencional.

A metodologia de obtenção e análise dos resultados utilizada é constituída de

três etapas:

i) Obtenção dos resultados a partir da abordagem nebulosa de falhas proposta;

ii) Obtenção dos resultados a partir da modelagem convencional (probabilística);

iii) Validação dos resultados através de uma análise crítica tendo como bases os

resultados obtidos utilizando as duas abordagens.

5.1 Descrição do Processo Produtivo

O nome da indústria na qual foi realizado o trabalho de campo será omitido

devido à imposição contratual, por motivo de sigilo industrial. Pelo mesmo motivo

informações que eventualmente pudessem identificá-la foram omitidas ou

modificadas.

Este trabalho é focado em um equipamento de uma cadeia de laminação

considerado crítico para o processo produtivo e que apresenta falhas com índice de

severidade mais alto e também em maior quantidade. O banco de dados foi

delimitado a um período de 13 meses.

O processo de laminação consiste na redução de espessura e mudança da

forma geométrica de uma determinada quantidade de metal. A matéria prima a ser

laminada alimenta uma série de estágios constituídos basicamente de cilindros que

giram com a mesma velocidade em direções opostas. A prensagem dos cilindros

produz altas pressões até que o material laminado atinja a espessura e o formato

desejados. O produto final é então conduzido a uma etapa de resfriamento para

posteriormente ser cortado em tamanhos especificados comercialmente. A figura

5.1 apresenta uma representação esquemática do processo em estudo. O

Page 72: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

59

equipamento utilizado para validar o modelo nebuloso proposto é identificado na

referida figura como laminador primário.

Figura 5.1: Representação esquemática do processo de laminação em estudo

O processo produtivo estudado apresenta a característica de fluxo contínuo,

ou seja, encontra-se em funcionamento 24 horas por dia durante os sete dias da

semana. Considerou-se que o turno de trabalho exerce forte influência sobre os

modelos de análise de falhas desde que os operadores e as condições ambientais

são diferentes. Durante o turno diurno as equipes de manutenção contam com o

apoio do corpo administrativo para resolver quaisquer problemas logísticos que

venham a surgir. Durante o turno noturno e o turno que compreende o final da tarde

e o inicio da noite não existe o apoio do corpo administrativo, pelo menos de forma

direta. Decidiu-se, portanto, considerar modelos distintos para o turno diurno e para

os outros turnos. Este trabalho apresenta o modelo nebuloso desenvolvido para o

turno diurno. A mesma metodologia é facilmente aplicável aos demais turnos.

Os dias da semana foram subdivididos em dias úteis e feriados. Foram

considerados dias úteis inclusive sábados e domingos uma vez que, pelo histórico

da empresa, a probabilidade dos funcionários se locomoverem grandes distâncias

em apenas dois dias é pequena. Portanto, tendo ocorrido algum problema, é

possível localizar pessoas qualificadas para resolvê-lo com relativa facilidade.

Laminador Primário

Grupo LaminadorSecundário

Serras

Serras

Leito de Resfriamento

Forno de Reaquecimento

Page 73: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

60

Quando ocorre um feriado de duração maior que três dias esta dinâmica pode ser

alterada porque as pessoas podem se locomover a locais mais distantes. O Quadro

5.1 apresenta a classificação das variáveis determinísticas turno e dia da semana. A

proporção de feriados prolongados durante o ano é pequena em relação aos dias

úteis. Portanto, a variável dia da semana foi considerada insignificante.

Variável Estratificação

Turno

1- N (noturno) 00:00 as 8:00h

2- D (diurno) 08:00 as 16:00h

3- PN (parcialmente noturno) 16:00 as 00:00h

Dia da semana U - (útil- segunda a segunda)

F - (feriados prolongados)

Quadro 5.1: Classificação das variáveis determinísticas

Os cálculos para análise de falhas (tanto nebulosos quanto convencionais)

foram realizados somente com relação às paradas não planejadas (interrupções).

Estas interrupções são classificadas como tempo de manutenção não programada

(TMNP) e tempo de parada operacional (TPO). Não foram feitas distinções com

relação aos modos de falha provenientes dos dois tipos de interrupções.

5.2 Implementação dos Modelos Nebulosos Propostos

Nesta etapa, o banco de dados do equipamento escolhido para estudo foi

considerado indisponível para não influenciar na avaliação da capacidade de

estimação do modelo proposto.

Conforme apresentado anteriormente, o processamento do modelo proposto foi

realizado utilizando-se a teoria de modos de falha competitivos. A primeira parte do

trabalho consistiu, portanto, na identificação de todos os modos de falha atuantes

no equipamento escolhido como foco do trabalho. O ANEXO A apresenta todos os

modos de falha analisados. Foram escolhidos os modos de falha com no mínimo 3

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61

ocorrências de forma a possibilitar a posterior comparação com o modelo

convencional.

A escolha e a quantidade de termos lingüísticos para representar cada variável

de entrada do modelo nebuloso foi feita através de entrevistas com os especialistas

conforme Quadro 5.2. Foram consideradas como entradas do modelo a

complexidade do modo de falha CXx , localização do modo de falha dentro do

equipamento LOx , dimensão física do sobressalente DFx , custo do sobressalente

CSx e freqüência de ocorrência de falhas FOx . Todos os conjuntos foram igualmente

distribuídos em um universo de discurso entre 0 e 1.

Variável Granularização

CXx

P (pequeno)

M (médio)

G (grande)

LOx

F (fácil)

M (médio)

D (difícil)

DFx

P (pequeno)

M (médio)

G (grande)

CSx

P (pequeno)

M (médio)

G (grande)

FOx

P (pequeno)

M (médio)

G (grande)

Quadro 5.2: Variáveis de entrada

A figura 5.2 mostra a granularização da variável complexidade do modo de

falha CXx através dos subconjuntos nebulosos “pequeno”, “médio” e “grande”.

Foram utilizadas funções de pertinência triangulares para representar todos os

subconjuntos. Procedimento análogo foi utilizado para todas as outras variáveis de

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62

entrada. Após esta etapa os especialistas atribuíram notas variando de 0 a 1 para

todas as variáveis de entrada, em relação a cada modo de falha.

Figura 5.2: Granularização do conjunto nebuloso complexidade CXx

5.2.1 Cálculo do Tempo de Reparo Nebuloso

O tempo de reparo médio nebuloso Rτ é calculado a partir da soma das

variáveis tempo efetivo de manutenção mτ e tempo logístico lτ conforme (4.1). O

tempo efetivo de manutenção será calculado pela expressão (5.1)

TEMOREDEDC

km

imim τττττττ ++++==∑

=1

(5.1)

Onde DCτ é o tempo para detectar a falha;

DEτ é o tempo para desmontar o equipamento;

REτ é o tempo para reparar o equipamento;

MOτ é o tempo para montar novamente o equipamento; TEτ é o tempo para testar a efetividade do reparo.

A matriz de entrada mx possui dimensão (2 x 5), cujos vetores são todos iguais e de

dimensão 2, composto das componentes complexidade do modo de falha CXx e a

localização da falha dentro do equipamento LOx , ou seja:

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63

=

LO

CX

LO

CX

LO

CX

LO

CX

LO

CXm

xx

xx

xx

xx

xx

x (5.2)

A figura 5.3 ilustra graficamente o modelo proposto para o cálculo do tempo

efetivo de manutenção para o equipamento analisado.

Figura 5.3 - Modelo nebuloso para cálculo do tempo efetivo de manutenção

Procedimento análogo é realizado com relação ao tempo logístico lτ conforme

expressão (5.3).

RSDFMP

kl

ilil τττττ ++== ∑

=1

(5.3)

Onde: τMP é o tempo para mobilizar pessoas;

τDF é o tempo para disponibilizar ferramentas;

τRS é o tempo para repor sobressalentes.

FIS ∑

Tempo p/ detectar afalha

Tempo p/ desmontar

Tempo p/ reparar

Tempo p/ montar

Tempo p/ testar

Complexidade

Localizaçäo

Tempo efetivo de manuntenção

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64

A figura 5.4 ilustra graficamente o modelo proposto para o cálculo do tempo

logístico.

Figura 5.4 - Modelo nebuloso para cálculo do tempo logístico

A matriz de entrada lx possui dimensão (3 x 3), cujas componentes são a

complexidade do modo de falha CXx , o custo do sobressalente CSx e dimensão física

do sobressalente a ser substituído DFx sendo, portanto, dada por:

=

DF

CS

CXCXCXl

xxxxx

x0000

(5.4)

Observou-se, através de resultados preliminares, que as variáveis custo do

sobressalente xCS e complexidade do modo de falha xCX não exercem influência

significativa no cálculo nebuloso da variável tempo para repor sobressalentes τRS.

Assim, o modelo proposto para cálculo do tempo logístico (figura 5.4) foi substituído

pelo modelo simplificado (figura 5.5).

FIS ∑

Custo

Dimensão Física

Complexidade

Tempo logístico

Tempo p/ mobilizarpessoas

Tempo p/ repor sobressalentes

Tempo p/ disponibilizar ferramentas

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65

Figura 5.5: Modelo nebuloso simplificado para cálculo do tempo logístico

Devido a simplificação do modelo, a dimensão da matriz de entrada lx mudou

para (1x 3). Suas componentes são a complexidade do modo de falha xCX e

dimensão física do sobressalente a ser substituído xDF.

[ ]DFCXCXl xxxx = (5.5)

O universo de discurso (faixa de variação) de cada uma destas variáveis foi

determinada pelos especialistas conforme quadro 5.3. Os valores adotados como

universo de discurso (em minutos) para cada variável foram diferentes considerando

os dois cenários de modelagem identificados. Este trabalho apresenta o modelo

nebuloso desenvolvido para o turno diurno, conforme mencionado anteriormente.

Observa-se que as variáveis DCτ , MOτ , TEτ , DFτ e RSτ não sofreram alterações

devido à mudança do cenário de modelagem (turno diurno ou turnos noturnos). Uma

vez determinado o universo de discurso relativo a cada variável foi necessário

realizar a estratificação dos subconjuntos nebulosos. Foram utilizadas funções de

pertinência triangulares igualmente espaçadas para representar todas as variáveis

com exceção do tempo de reparo. Os especialistas informaram que, neste caso,

qualquer valor de tempo maior que 60 minutos pode ser considerado grande. Por

este motivo foram adotadas funções de pertinência trapezoidais ( figura 5.6).

FIS

Complexidade

Tempo p/ disponibilizar ferramentas

Dimensão Física

Tempo p/ mobilizarpessoas

Tempo p/ repor sobressalentes

Tempo logístico

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66

Variável

Sigla

Variação

turno

diurno (min)

Variação

turnos

noturnos(min)

Tempo para detectar a falha DCτ 0-30 0-30

Tempo para desmontar o equipamento DEτ 0-30 0-90

Tempo para reparar o equipamento REτ 0-300 0-390

Tempo para montar o equipamento MOτ 0-30 0-30

Tempo para testar a efetividade do reparo. TEτ 0-30 0-30

Tempo efetivo de manutenção mτ 0-420 0-690

Tempo para mobilizar pessoas MPτ 0-15 0-90

Tempo para disponibilizar ferramentas DFτ 0-30 0-30

Tempo para repor sobressalentes RSτ 0-15 0-15

Tempo logístico lτ 0-60 0-135

Tempo de reparo médio nebuloso Rτ 0-480 0-825

Quadro 5.3: Universo de discurso (em minutos) para as variáveis de saída

Figura 5.6 : Granularização da variável tempo para reparar REτ

Uma vez determinados os valores adotados como universo de discurso para

todas as variáveis e realizada a estratificação dos subconjuntos nebulosos foi

realizada a combinação dos atributos das variáveis de entrada e saída do modelo de

forma a gerar a base de regras a ser utilizada.

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67

Foram utilizadas neste trabalho regras IF-THEN com a estrutura genérica:

Se E1 é X1 e E2 é X2 ...e En é Xn então S é Y ξ Onde En : entradas; Xn : valor nebuloso da entrada; S: saída; Y: valor nebuloso da saída; ξ: grau de certeza.

O conseqüente das regras geradas foi determinado pelos especialistas

consultados. Os quadros 5.4 a 5.8 apresentam as regras relativas ao cálculo

nebuloso do tempo efetivo de manutenção.

Se xCX é P e xLO é F então τDC é P Se xCX é P e xLO é M então τDC é P Se xCX é P e xLO é D então τDC é M Se xCX é M e xLO é F então τDC é M (0.8)Se xCX é M e xLO é M então τDC é M Se xCX é M e xLO é D então τDC é G Se xCX é G e xLO é F então τDC é M Se xCX é G e xLO é M então τDC é G (0.8)Se xCX é G e xLO é D então τDC é G

Quadro 5.4: Regras para determinar o tempo para detectar a falha

Se xCX é P e xLO é F então τDE é P Se xCX é P e xLO é M então τDE é P Se xCX é P e xLO é D então τDE é M Se xCX é M e xLO é F então τDE é P Se xCX é M e xLO é M então τDE é M Se xCX é M e xLO é D então τDE é G Se xCX é G e xLO é F então τDE é M Se xCX é G e xLO é M então τDE é G Se xCX é G e xLO é D então τDE é G

Quadro 5.5: Regras para determinar o tempo para desmontar o equipamento

Page 81: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

68

Se xCX é P e xLO é F então τRE é P Se xCX é P e xLO é M então τRE é P Se xCX é P e xLO é D então τRE é M Se xCX é M e xLO é F então τRE é P Se xCX é M e xLO é M então τRE é M Se xCX é M e xLO é D então τRE é G Se xCX é G e xLO é F então τRE é M Se xCX é G e xLO é M então τRE é G Se xCX é G e xLO é D então τRE é G

Quadro 5.6: Regras para determinar o tempo para reparar o equipamento

Se xCX é P e xLO é F então τMO é P Se xCX é P e xLO é M então τMO é P Se xCX é P e xLO é D então τMO é M Se xCX é M e xLO é F então τMO é P Se xCX é M e xLO é M então τMO é M Se xCX é M e xLO é D então τMO é G Se xCX é G e xLO é F então τMO é M Se xCX é G e xLO é M então τMO é G Se xCX é G e xLO é D então τMO é G

Quadro 5.7: Regras para determinar o tempo para montar o equipamento

Se xCX é P e xLO é F então τTE é P Se xCX é P e xLO é M então τTE é P Se xCX é P e xLO é D então τTE é M Se xCX é M e xLO é F então τTE é P Se xCX é M e xLO é M então τTE é M Se xCX é M e xLO é D então τTE é G Se xCX é G e xLO é F então τTE é M Se xCX é G e xLO é M então τTE é G (0.8) Se xCX é G e xLO é D então τTE é G

Quadro 5.8: Regras para determinar o tempo para testar o equipamento

Page 82: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

69

Os quadros 5.9 a 5.11 apresentam as regras relativas ao cálculo nebuloso do

tempo logístico..

Se xCX é P e xCS é P e xDF é P então τRS é P Se xCX é P e xCS é P e xDF é M então τRS é P Se xCX é P e xCS é P e xDF é G então τRS é M Se xCX é P e xCS é M e xDF é P então τRS é P Se xCX é P e xCS é M e xDF é M então τRS é M (0.8)Se xCX é P e xCS é M e xDF é G então τRS é G Se xCX é P e xCS é G e xDF é P então τRS é P Se xCX é P e xCS é G e xDF é M então τRS é ---- Se xCX é P e xCS é G e xDF é G então τRS é G Se xCX é M e xCS é P e xDF é P então τRS é P (0.8)Se xCX é M e xCS é P e xDF é M então τRS é P Se xCX é M e xCS é P e xDF é G então τRS é G Se xCX é M e xCS é M e xDF é P então τRS é P Se xCX é M e xCS é M e xDF é M então τRS é M Se xCX é M e xCS é M e xDF é G então τRS é G Se xCX é M e xCS é G e xDF é P então τRS é ---- Se xCX é M e xCS é G e xDF é M então τRS é M Se xCX é M e xCS é G e xDF é G então τRS é G Se xCX é G e xCS é P e xDF é P então τRS é P Se xCX é G e xCS é P e xDF é M então τRS é M Se xCX é G e xCS é P e xDF é G então τRS é G Se xCX é G e xCS é M e xDF é P então τRS é P Se xCX é G e xCS é M e xDF é M então τRS é M Se xCX é G e xCS é M e xDF é G então τRS é G Se xCX é G e xCS é G e xDF é P então τRS é P Se xCX é G e xCS é G e xDF é M então τRS é M Se xCX é G e xCS é G e xDF é G então τRS é G

Quadro 5.9: Regras para determinar o tempo para repor sobressalentes

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70

Se xCX é P então τMP é P Se xCX é M então τMP é M Se xCX é G então τMP é G

Quadro 5.10: Regras para determinar o tempo para mobilizar pessoas

Se xCX é P então τDF é P Se xCX é M então τDF é M Se xCX é G então τDF é G

Quadro 5.11: Regras para determinar o tempo para disponibilizar ferramentas

Devido a simplificação do modelo para cálculo do tempo logístico (apresentado

na figura 5.5), a base de regras para cálculo nebuloso da variável tempo para repor

sobressalentes τRS foi reduzida. Observa-se uma diminuição do número de regras

de 27 para apenas 3, conforme quadro 5.12.

Se xDF é P então τRS é P Se xDF é M então τRS é M Se xDF é G então τRS é G

Quadro 5.12: Regras para determinar o tempo para repor sobressalentes (modelo simplificado)

5.2.2 Cálculo da Disponibilidade Nebulosa

Conforme detalhado no capítulo 4, o cálculo da disponibilidade é realizado

através de um sistema nebuloso em cascata. A saída do modelo nebuloso para

cálculo do tempo de reparo médio nebuloso Rτ é utilizada como entrada do modelo

para cálculo de disponibilidade. O processamento do modelo é realizado em relação

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71

a cada modo de falha e os valores resultantes são convertidos em uma escala com

variação entre 0 e 1. A figura 5.5 apresenta os subconjuntos nebulosos utilizados

(pequeno, médio e grande) representados por funções de pertinência gaussianas.

Figura 5.7: Granularização da variável tempo de reparo médio nebuloso Rτ

A variável de entrada freqüência de ocorrência FOx cuja estratificação em conjuntos

nebulosos foi apresentada no quadro 5.2, é apresentada na figura 5.8.

Figura 5.8: Granularização da variável freqüência de ocorrência FOx

A figura 5.9 apresenta a variável de saída disponibilidade nebulosa AN. Considerou-

se o universo de discurso com variação entre 0 e 1 subdividido através de quatro

conjuntos nebulosos. Observa-se que todas as variáveis para cálculo de

disponibilidade foram representadas por funções de pertinência gaussianas. Esta

escolha foi realizada através de experimentação prática e entrevistas com os

especialistas.

Figura 5.9: Granularização da variável disponibilidade nebulosa AN

Page 85: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

72

Os quadro 5.13 apresenta as regras relativas ao cálculo nebuloso da

disponibilidade.

Se τR é P e xFO é P então AN é MG Se τR é G e xFO é P então AN é G Se τR é P e xFO é M então AN é MG Se τR é M e xFO é M então AN é G Se τR é G e xFO é M então AN é P Se τR é M e xFO é G então AN é P Se τR é G e xFO é G então AN é P

Quadro 5.13: Regras para determinar a disponibilidade nebulosa AN

5.2.3 Cálculo do Tempo entre Falhas Nebuloso

O tempo entre falhas médio nebuloso EFτ é calculado de forma indireta. A

expressão (5.6) apresenta o método empírico proposto considerando a relação entre

o tempo de reparo nebuloso e o tempo total de observação. O tempo de reparo

nebuloso pode ser calculado através do mecanismo de inferência Mamdani

(PEDRYCZ; GOMIDE, 1988) ou Sugeno (JANG et al.,1997).

1−−

=F

RFTEF Q

Q τττ (5.6)

Onde τ t : tempo total de observação do banco de dados;

FQ : quantidade de falhas;

Rτ : tempo de reparo médio nebuloso.

Page 86: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

73

5.3 Resultados Obtidos através da Análise Nebulosa de Falhas

Foram implementados os processos de inferência Mamdani e Sugeno

utilizando-se o Toolbox Fuzzy do MATLAB™ (MATHWORKS, 2006). A tabela 5.1

apresenta a síntese dos resultados obtidos a partir do modelo nebuloso não

adaptativo para cálculo do tempo de reparo médio com relação a cada modo de

falha considerado. As saídas dos modelos nebulosos Mamdani e Sugeno foram

identificadas por RMτ e RSUτ respectivamente.

A quantidade de falhas QF (ou número de ocorrências de cada modo de falha)

tem influência direta no cálculo convencional uma vez que a abordagem

probabilística pressupõe uma grande quantidade de dados. Observa-se que no

modelo nebuloso esta influência é menos significativa, sendo os resultados

dependentes exclusivamente da experiência dos especialistas.

Tabela 5.1: Resultados modelos nebulosos não adaptativos para cálculo do τR

A tabela 5.2 apresenta o resultado do modelo nebuloso adaptativo para cálculo

do tempo médio de reparo. Para avaliação dos resultados serão utilizados como

referência os valores desejados para cada modo de falha, calculados pela média

dos tempos de reparo obtidos no banco de dados. O melhor resultado foi obtido

Modos de Falha QF τ RM τRSU

Falha de automação

Geração de sucatas

Inspeção no laminador

Material agarrado

Ajuste axial

Ajuste na escala de passe

Perda de estabilidade

Ajuste “s”

Troca “s”

12

17

14

6

6

5

4

4

3

19,65

19,28

44,93

11,03

44,93

11,03

11,03

49,28

45,68

41,04

27,95

49,46

19,59

49,46

19,40

19,40

43,24

52,24

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74

considerando-se 1000 iterações e taxa de aprendizado (α) igual a 0,01. Os

parâmetros do modelo Sugeno estático foram utilizados para gerar a condição inicial

τRi do modelo adaptativo conforme detalhado no APENDICE B. Observa-se que os

resultados do modelo adaptativo τRA foram satisfatórios e atingiram valores próximos

aos valores desejados τRd .

Foram utilizados como valores desejados a média dos tempos de reparo µTR

para cada modo de falha. De modo geral o modelo adaptativo apresentou

resultados melhores que o modelo não adaptativo partindo da condição inicial τRi.

Tabela 5.2: Resultados modelo nebuloso adaptativo para cálculo do tempo médio de reparo

Modos de Falha QF τRd τRi τRA

Falha de automação

Geração de sucatas

Inspeção no laminador

Material agarrado

Ajuste axial

Ajuste na escala de passe

Perda de estabilidade

Ajuste “s”

Troca “s”

12

17

14

6

6

5

4

4

3

16,42

24,00

30,29

12,83

48,67

15,60

15,75

32,25

42,33

41,24

28,12

49,49

19,67

49,49

19,48

19,48

43,36

52,37

16,75

21,95

40,45

14,72

40,45

15,87

15,87

34,98

43,07

A tabela 5.3 apresenta os resultados de disponibilidade obtidos a partir do

modelo nebuloso adaptativo ANA. De forma análoga ao modelo descrito

anteriormente, os parâmetros do modelo Sugeno estático foram utilizados para gerar

a condição inicial, ANi , do modelo adaptativo.

O valor desejado de disponibilidade Ad foi calculado a partir do conceito de

disponibilidade em estado estacionário. Segundo este conceito, a disponibilidade

pode ser interpretada como a proporção de tempo em que um sistema encontra-se

em estado operativo. Assim é possível calcular a disponibilidade para cada modo de

falha a partir da média dos seus tempos de reparo µTR segundo a expressão (5.7).

Devido à estreita faixa de variação, todos os valores resultantes foram normalizados

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75

dentro considerando-se uma faixa entre 0 e 1 para a fase de treinamento do

modelo.

t

TRFtd

QA

τµτ )(−

= (5.7)

Onde τ t : tempo total de observação do banco de dados;

QF : quantidade de falhas;

µTR: média dos tempos de reparo (banco de dados)

Tabela 5.3: Resultados modelo nebuloso adaptativo para cálculo da disponibilidade

Modos de Falha QF Ad ANi ANA

Falha de automação

Geração de sucatas

Inspeção no laminador

Material agarrado

Ajuste axial

Ajuste escala de passe

Perda de estabilidade

Ajuste “s”

Troca “s”

12

17

14

6

6

5

4

4

3

0,9996

0,9993

0,9992

0,9999

0,9995

0,9999

0,9999

0,9998

0,9998

0,9008

0,5888

0,9992

1,0000

0,9995

1,0000

0,9999

1,0000

0,6076

0,9731

1,0000

0,9992

1,0000

1,0000

1,0000

0,9725

1,0000

0,7602

Observa-se que, de um modo geral, o modelo adaptativo conseguiu obter

valores mais próximos do desejado. Cabe ressaltar que os valores iniciais foram

obtidos sem nenhuma influência do banco de dados, o que enfatiza a utilidade do

modelo proposto.

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76

5.4 Cálculo Convencional e Validação de Resultados Os benefícios da aplicação de análise de falhas convencional são conhecidos

na literatura uma vez que análises de confiabilidade têm sido aplicadas em

processos industriais diversos, inclusive em processos de laminação, com o

propósito de aumentar a sua disponibilidade (DESHANDE; MODAK, 2003).

A condição necessária para a realização da análise de falhas convencional é

que o processo industrial possua um banco de dados com informações de

manutenção suficientemente adequadas, como é o caso do processo sob análise.

Após realizada a estratificação dos dados em modos de falha foram

calculados os tempos entre falhas (TEF) e os tempos de reparo (TR) para cada um

deles.

O mesmo procedimento de cálculo dos tempos entre falhas e tempo de reparo

foi realizado para todos os modos de falha identificados na tabela 5.1. A partir dos

valores de tempo entre falhas e de reparos realizou-se um teste de aderência para

escolha da melhor distribuição de probabilidade para modelagem da confiabilidade e

da mantenabilidade. Em todas as análises foi utilizado o software Weibull++7™

(RELIASOFT CORPORATION, 2007a).

Considerando-se tratar de um equipamento reparável é necessário modelar a

probabilidade de falha e a probabilidade de reparo. Os testes de aderência

realizados individualmente para confiabilidade e mantenabilidade, não levam em

consideração a iteração entre os dois modelos. Portanto, nem sempre a melhor

distribuição de probabilidade indicada pelo teste de aderência é a mais adequada.

A adequação dos modelos de confiabilidade e mantenabilidade de cada

equipamento em relação a cada modo de falha foi realizado através da simulação de

Monte Carlo utilizando-se o software BlockSim™ (RELIASOFT CORPORATION,

2007b). As duas distribuições de probabilidade encontradas foram utilizadas como

variáveis de entrada para a simulação, que oferece como saída a quantidade de

falhas esperada e o tempo total indisponível. Estes valores foram confrontados com

o histórico de dados de maneira recursiva até a obtenção do menor erro percentual

possível. Considerando-se todos os modos de falha (de todos os turnos) foram

derivados 34 modelos para o turno diurno e 48 modelos para o turno noturno.

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77

A tabela 5.4 apresenta a validação dos modelos de confiabilidade e

mantenabilidade para o turno diurno, em relação aos modos de falha em estudo

(tabela 5.1)

Tabela 5.4: Validação dos modelos de confiabilidade e mantenabilidade turno diurno

Simulação Histórico

Modos de Falha

No Oc.

∑ Ti

No Oc.

∑ Ti

Erro%

No Oc.

Erro%

∑ Ti

Falha de automação 11,67 242,09 12,00 257,00 2,75 5,80

Geração de sucatas 18,92 434,83 17,00 408,00 11,29 6,58

Inspeção no laminador 12,64 430,09 14,00 424,00 9,71 1,44

Material agarrado 6,93 89,07 6,00 77,00 15,50 15,68

Ajuste axial 6,31 300,47 6,00 292,00 5,17 2,90

Ajuste escala de passe 4,97 88,24 5,00 78,00 0,60 13,13

Perda de estabilidade 3,92 67,73 4,00 63,00 2,00 7,51

Ajuste “s” 4,02 136,55 4,00 129,00 0,50 5,85

Troca “s” 2,92 122,85 3,00 127,00 2,67 3,27

As tabelas 5.5 e 5.6 apresentam os modelos derivados para confiabilidade e

mantenabilidade e seus respectivos parâmetros. As principais distribuições de

probabilidade utilizadas para análise RAM convencional foram apresentadas no

capítulo 2.

Page 91: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

78

Tabela 5.5: Distribuições de probabilidade para modelagem da mantenabilidade

Modos de Falha f(t) Parâmetros

Falha de automação

Geração de sucatas

Inspeção no laminador

Material agarrado

Ajuste axial

Ajuste escala de passe

Perda de estabilidade

Ajuste “s”

Troca “s”

Weibull

Weibull

lognormal

gama gen*.

Weibull

lognormal

Weibull

Weibull

Weibull

β=1,9400

β =0,7187

µ= 2,9670

µ = 2,8193

β =1,7931

µ=2,5503

β =1,4603

β =1,0627

β =4,0039

η=23,4200

η =15,6580

σ = 61,0340

σ = 0,2613

η =53,1166

σ=0,8036

η =19,6139

η =34,5865

η =46,3104

γ=33,8200

λ= 2,1320

γ=-0,7600

*gama generalizada

Tabela 5.6: Distribuições de probabilidade para modelagem da confiabilidade

Modos de Falha f(t) Parâmetros

Falha de automação

Geração de sucatas

Inspeção no laminador

Material agarrado

Ajuste axial

Ajuste escala de passe

Perda de estabilidade

Ajuste “s”

Troca “s”

Weibull

gama gen.

Weibull

Weibull

Weibull

expon.

expon.

expon.

expon.

β=0,5100

µ=10,4211

β=0,4476

β=0,7242

β=0,9243

λ=8,9030e-6

λ=7,1220e-6

λ=7,1220e-6

λ= 5,3410e-6

η=29530

σ= 0,7063

η=21755

η=71213

η=86386

λ=1,0933

Dentre as distribuições de probabilidade citadas nas tabelas 5.5 e 5.6 a única

não detalhada anteriormente foi a distribuição gama. Maiores informações sobre

distribuições de probabilidade utilizadas em análise RAM convencional podem ser

obtidos em Nelson (1982), Lewis (1987) e O’ Connor ( 2002).

Finalmente, após a obtenção de todos os modelos, foi possível calcular o

MTTR e o MTBF relativo a cada modo de falha de forma a comparar posteriormente

Page 92: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

79

com os valores obtidos pelo modelo nebuloso. A tabela 5.7 apresenta os valores de

MTTR em minutos, obtidos para todos os modos de falha do turno diurno.

A tabela 5.8 apresenta os valores de MTBF, também em minutos, obtidos para

todos os modos de falha do turno diurno. Observa-se que, em ambos os casos,

foram calculados intervalos de confiança bilaterais de 90% para os modos de falha

que apresentaram quantidade suficiente de dados. Este valor foi escolhido a partir

da observação dos valores comumente utilizados na indústria de uma maneira geral.

Tabela 5.7: Comparação de valores MTTR (min)

Modos de Falha - 90% MTTR + 90% τ RM τ RSU τ RA

Falha de automação

Geração de sucatas

Inspeção no laminador

Material agarrado

Ajuste axial

Ajuste escala de passe

Perda de estabilidade

Ajuste “s”

Troca “s”

15,53

14,64

21,06

9,90

30,60

9,80

8,51

14,66

31,89

20,77

23,16

33,19

12,85

47,24

17,69

17,01

33,77

41,97

27,79

38,39

52,28

16,70

72,94

31,96

33,28

77,79

55,25

19,65

19,28

44,93

11,03

44,93

11,03

11,03

49,28

45,68

41,04

27,95

49,46

19,59

49,46

19,40

19,40

43,24

52,24

16,75

21,95

40,45

14,72

40,45

15,87

15,87

34,98

43,07

Tabela 5.8: Comparação de valores MTBF (min)

Modos de Falha - 90% MTBF + 90% τ EF

Falha de automação

Geração de sucatas

Inspeção no laminador

Material agarrado

Ajuste axial

Ajuste escala de passe

Perda de estabilidade

Ajuste “s”

Troca “s”

16.855,00

21.002,00

15.714,00

26.166,00

36.839,00

56.627,00

29.639,00

54.570,00

87.370,00

89.619,00

112.320,00

140.400,00

140.400,00

187.200,00

90.250,00

41.830,00

189.510,00

291.730,00

218.020,00

51.030,00

35.080,00

37.040,00

112.310,00

112.270,00

140.390,00

187.190,00

187.130,00

280.730,00

Page 93: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

80

A tabela 5.9 apresenta os valores de disponibilidade calculados a partir do

MTTR e do MTBF obtidos através de métodos convencionais Ao (disponibilidade

operacional) e obtidos pelo modelo nebuloso adaptativo ANA. Estes resultados

comprovam claramente a viabilidade do modelo nebuloso proposto. Observa-se que

os resultados obtidos foram promissores apesar da quantidade de modos de falha

disponível ser pequena.

Tabela 5.9: Comparação de valores de disponibilidade Modos de Falha QF MTTR MTBF Ao ANA

Falha de automação

Geração de sucatas

Inspeção no laminador

Material agarrado

Ajuste axial

Ajuste escala de passe

Perda de estabilidade

Ajuste “s”

Troca “s”

12

17

14

6

6

5

4

4

3

20,77

23,16

33,19

12,85

47,24

17,69

17,01

33,77

41,97

56.627,00

29.639,00

54.570,00

87.370,00

89.619,00

112.320,00

140.400,00

140.400,00

187.200,00

0,9996

0,9992

0,9994

0,9999

0,9995

0,9998

0,9999

0,9998

0,9998

0,9731

1,0000

0,9992

1,0000

1,0000

1,0000

0,9725

1,0000

0,7602

Uma segunda abordagem de utilização do modelo proposto para cálculo do

tempo de reparo consiste em seu detalhamento conforme tabela 5.10 (refere-se ao

modelo estático). A estratificação do tempo de reparo permite quantificar a

relevância de cada um dos tempos citados para composição do tempo de reparo.

Uma vez identificada a parcela mais crítica (tempo efetivo de manutenção ou tempo

logístico) é possível direcionar o esforço de manutenção no sentido de direcionar e

otimizar recursos.

Page 94: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

81

Tabela 5.10: Tempo de reparo estratificado

Modos de Falha

Falha de automação

Geração de sucatas

Inspeção no laminador

Material agarrado

Ajuste axial

Ajuste escala de passe

Perda de estabilidade

Ajuste “s”

Troca “s”

14,78

14,78

22,43

8,78

22,43

8,78

8,78

26,78

22,43

4,88

4,50

22,50

2,25

22,50

2,25

2,25

22,50

23,25

19,65

19,28

44,93

11,03

44,93

11,03

11,03

49,28

45,68

Observa-se na Tabela 5.10 que, na maior parte dos modos de falha

analisados, o tempo efetivo de manutenção foi maior que o tempo logístico. Este

resultado seria esperado uma vez que os dados referem-se ao turno diurno, que

conta com todo o apoio a nível administrativo.

A tabela 5.11 apresenta um segundo nível de estratificação para a variável

tempo logístico lτ . O mesmo procedimento poderia ser adotado para a variável

tempo efetivo de manutenção mτ . Observa-se que todos os modos de falha de

“Geração de sucatas” a “Ajuste s” correspondem a procedimentos operacionais.

Portanto, o tempo para repor sobressalentes RSτ é nulo para todos eles. Observa-

se ainda que a maior parcela de contribuição para o tempo logístico é devida ao

tempo para disponibilizar ferramentas DFτ .

Page 95: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

82

Tabela 5.11: Tempo logístico estratificado

MPτ

DFτ

RSτ

Falha de automação

Geração de sucatas

Inspeção no laminador

Material agarrado

Ajuste axial

Ajuste escala de passe

Perda de estabilidade

Ajuste “s”

Troca “s”

1,50

1,50

7,50

0,75

7,50

0,75

0,75

7,50

7,50

3,00

3,00

15,00

1,50

15,00

1,50

1,50

15,00

15,00

0,38

0

0

0

0

0

0

0

0,76

4,88

4,50

22,50

2,25

22,50

2,25

2,25

22,50

23,25

Os tempos que compõem o tempo de reparo normalmente não são

registrados em bancos de dados convencionais. Por este motivo o detalhamento

apresentado nas tabelas 5.10 e 5.11 foi validado indiretamente, através de

entrevistas com os especialistas.

Modos de Falha

Page 96: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

83

6 CONCLUSÕES

Este trabalho apresentou a proposta de um modelo nebuloso para o cálculo do

tempo de reparo médio, tempo entre falhas médio e disponibilidade de sistemas

reparáveis a partir do conhecimento de especialistas. Embora grande parte das

indústrias não possua um banco de dados adequado à análise RAM (Reliability,

Availability and Maintainability) convencional, existem especialistas que detêm o

conhecimento acerca de seus processos. A abordagem nebulosa mostrou-se útil

para modelar o conhecimento armazenado em forma tácita pelos especialistas, como

pode ser comprovado pelos resultados apresentados.

6.1 Contribuições e Relevância do Trabalho

O processo de derivação dos modelos teve a duração de aproximadamente um

ano. Neste período a contribuição dos especialistas consultados foi de vital

importância e o ritmo de desenvolvimento foi muitas vezes determinado pela

disponibilidade das pessoas envolvidas.

A principal contribuição deste trabalho é apresentar uma metodologia sistêmica

para análise de falhas que pode ser aplicada quando não existem dados disponíveis

de forma a possibilitar a modelagem convencional. A confrontação dos valores

obtidos a partir das abordagens probabilística e nebulosa indica que esta

metodologia pode conduzir a resultados muito próximos da realidade. Portanto, o

modelo proposto pode ser utilizado para auxiliar o processo de tomada de decisão

em um ambiente totalmente desprovido de informações quantitativas confiáveis.

Uma segunda contribuição deste trabalho, não menos relevante que a primeira,

é possibilitar o cálculo do tempo de reparo de forma detalhada. Através do modelo

proposto é possível calcular separadamente o tempo efetivo de manutenção e o

tempo gasto com questões logísticas ou administrativas. O tempo efetivo de

Page 97: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

84

manutenção foi subdividido em tempo para detectar a falha, tempo para desmontar,

reparar, montar novamente o equipamento e posteriormente testá-lo. O tempo

logístico foi subdividido em tempo para mobilizar pessoas, tempo para disponibilizar

ferramentas e tempo para repor sobressalentes. A estratificação do tempo de reparo

permite quantificar a relevância de cada um dos tempos citados para composição do

tempo de reparo. Uma vez identificado o componente mais crítico é possível

direcionar o esforço de manutenção no sentido de otimizar recursos.

Conforme exposto anteriormente, o desenvolvimento do modelo nebuloso é

totalmente dependente da experiência de especialistas no processo a ser modelado.

Uma forma de se tornar este modelo mais robusto em relação à interferências

externas é introduzir a ele capacidade de adaptação. Foram utilizadas para este fim

uma classe de redes adaptativas funcionalmente equivalentes aos sistemas de

inferência nebulosa.

Este trabalho encontrou inúmeros obstáculos durante seu desenvolvimento e

acredita-se que um breve relato possa auxiliar futuras pesquisas. A primeira grande

dificuldade foi encontrar uma indústria que possuísse um banco de dados adequado

a análise RAM convencional de forma a possibilitar posteriormente a validação dos

modelos obtidos. Uma vez que a referida indústria foi encontrada, uma segunda

dificuldade foi relativa a imposições contratuais relativas a sigilo industrial.

Considera-se, de modo geral, que dados relativos à falhas representam informações

estratégicas e, portanto, de divulgação indesejável.

Finalmente conclui-se que os resultados obtidos foram muito promissores

apesar da quantidade de modos de falha disponível ser pequena. Considera-se que

a eficácia da metodologia utilizada foi plenamente comprovada justificando

investimentos futuros para modelagem de outros processos produtivos de

complexidade similar ou superior.

Page 98: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

85

6.3 Sugestões para Trabalhos Futuros

O desenvolvimento do modelo apresentado foi focado em um equipamento

específico. Considerando-se que a metodologia utilizada foi exaustivamente testada

e validada a mesma pode ser aplicada, com as devidas adaptações, a outros

equipamentos ou processos.

Espera-se que, nos próximos anos, que a engenharia de confiabilidade ostente

um papel de destaque no cenário nacional. Espera-se ainda que este trabalho tenha

oferecido uma parcela de contribuição para a realização deste fato.

Page 99: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

86

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94

APÊNDICE A - EXEMPLOS DE ANÁLISES NEBULOSAS DE FALHA

A1 - FTA PROBIST Nebulosa

Os eventos básicos em um modelo FTA são conectados através de portas

lógicas cuja forma de interligação representa a seqüência de eventos que causam o

evento de topo. Maiores detalhes sobre este modelo podem ser encontrados no

Capítulo 3, item 3.1.2.

Aproximações numéricas que expressam imprecisão tais como “a

probabilidade é aproximadamente m”, sendo m um número real, podem ser

modeladas por números nebulosos. Formalmente um número nebuloso é definido no

universo de números reais como um conjunto nebuloso cuja função de pertinência

satisfaz as propriedades de normalidade e convexidade (PEDRYCZ;

GOMIDE,1998).

Números nebulosos podem ser representados por de funções de pertinência

triangulares, trapezoidais, gaussianas, dentre outras. A largura da função determina

a variação dos valores possíveis sendo que, nos estudos de confiabilidade são mais

comuns números triangulares devido a sua simplicidade.

As operações aritméticas envolvendo números nebulosos representam uma

aplicação direta do princípio da extensão. Particularmente, para o cálculo de

confiabilidade são necessárias as operações de multiplicação e complemento.

Tanaka et al (1983) é citado na literatura como o primeiro a utilizar números

nebulosos para cálculo de confiabilidade. Este autor propôs uma forma simplificada

de cálculo cujos resultados são parcialmente apresentados a seguir.

Seja o número nebuloso trapezoidal A definido no universo X=[0,1] e cuja

função de pertinência µA(x) é função de x e dos pontos a1, b1, c1 e d1 conforme (1).

),,,;()( 1111 dcbaxfxA =µ (1)

De maneira análoga, pode ser definido um outro número nebuloso trapezoidal

B, com função de pertinência µB(x) conforme (2).

Page 108: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

95

),,,;()( 2222 dcbaxfxB =µ (2)

A multiplicação dos dois números nebulosos trapezoidais A e B com funções

de pertinência µA(x) e µB(x), respectivamente, resulta no número trapezoidal R com

função de pertinência µR(x). Esta operação pode ser aproximada por (3).

),,,;()( 21212121 ddccbbaaxxR =µ (3)

O complemento do número nebuloso A é representado por Ā cuja função de

pertinência µĀ(x) é aproximada pela expressão 4. Procedimento análogo de

aproximação pode ser realizado com relação a números nebulosos definidos por

outras funções de pertinência.

)1,1,1,1;()( 1111 dcbaxxA −−−−=µ

(4 )

Considerando-se um modelo FTA PROBIST nebuloso a probabilidade dos

eventos básicos é modelada como um número nebuloso. Assim, aplicando-se o

princípio da extensão, é possível calcular a probabilidade do evento de topo. Esta

metodologia permite especificar um universo de discurso de valores (uma

distribuição de possibilidades) para a probabilidade de falha (BOWLES;PELÁEZ,

1995). O resultado encontrado poderá ser expresso através do número nebuloso

resultante ou ser “defuzzificado” posteriormente se for necessário obter um único

valor.

Um sistema representado por uma porta lógica AND convencional apresentará

falha se os componentes A e B falharem simultaneamente. A probabilidade de que

ambos falhem FAND e a confiabilidade RAND são dadas por (5) e (6) respectivamente.

Maiores detalhes sobre as equações confiabilidade e probabilidade de falha podem

ser encontrados no capítulo 3 item 3.1.3.

BAAND FFF = (5 )

Page 109: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

96

)]1()1[(1][1 BABAAND RRFFR −−−=−= (6)

A confiabilidade ROR de uma porta OR formada pelos componentes A e B é

dada por (7) e a probabilidade de que ambos falhem FOR é dada por (8).

BAOR RRR =

(7)

)]1()1[(1][1 BABAOR FFRRF −−−=−=

(8)

Apresenta-se, a seguir a reprodução de um exemplo numérico proposto por

Tanaka et al. (1983) no qual a probabilidade de falha dos eventos básicos é

representada por números nebulosos trapezoidais. (Figura 1). A probabilidade de

falha do evento de topo, FT, deduzida para esta FTA conforme (5) e (8) é

apresentada por (9). A probabilidade de falha de cada evento básico xi é

apresentada no Quadro1.

Figura 1: Exemplo FTA nebulosa

Fonte: TANAKA et al. (1983)

)]1()1()1[(1 54321 xxxxxT FFFFFF −−−−= (9)

Page 110: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

97

Probabilidade Fuzzy )( 1111 dcba

Fx1

Fx2

Fx3

Fx4

Fx5

(0,1 0,15 0,2 0,25)

(0,02 0,03 0,05 0,08)

(0,01 0,02 0,03 0,04)

(0,2 0,25 0,35 0,5)

(0,006 0,008 0,01 0,012)

Quadro1: Dados exemplo Fuzzy FTA

Fonte: (TANAKA et al., 1983)

A partir dos dados fornecidos na Quadro.1 a probabilidade de falha do evento

de topo FT pode ser calculada conforme expressões ( 3) e (4).

)980,0990,0996,0998,0()1( 21=− xx FF

)960,0970,0980,0990,0()1( 3 =− xF

)994,0997,0998,0999,0()1( 54 =− xx FF

)065,0043,0026,0013,0(=TF

O procedimento proposto por Tanaka et al.(1983) e reproduzido neste trabalho

pode ser generalizado para números nebulosos com outras funções de pertinência.

Observa-se que grande parte dos trabalhos pesquisados adota números nebulosos

triangulares (BOWLE1S; PELÁEZ, 1995; EL-IRAKI ;ODOOM ,1998). Como já foi

mencionado anteriormente, para cálculo dos valores de interesse em confiabilidade

são necessárias somente as operações multiplicação e complemento.

A metodologia PROBIST nebulosa a partir da utilização de números nebulosos

propõe uma maneira de tratar a incerteza intrínseca à modelagem de confiabilidade.

Números nebulosos são representados por funções de pertinência triangulares,

trapezoidais, gaussianas, dentre outras, sendo que, a dispersão da função

determina a variação dos valores possíveis. Esta abordagem pode ser comparada à

utilização de intervalos de confiança na teoria clássica de confiabilidade segundo a

Page 111: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

98

qual a largura do intervalo depende do tamanho da amostra de dados disponíveis.

Portanto, quando não existem dados, o intervalo tende a ser grande. Além disso,

em um intervalo de confiança todos os valores são igualmente prováveis. Um

número nebuloso apresenta valores com diferentes graus de pertinência obtidos a

partir da experiência de um especialista.

A representação gráfica de um número nebuloso A com função de pertinência

µA(x) e um intervalo de confiança delimitado pelos pontos a e b com probabilidade

P(x) é dada pela Figura 2.

Figura 2: Comparação de um número nebuloso triangular e um intervalo de confiança

Cabe ressaltar que os valores obtidos segundo a abordagem nebulosa podem

permanecer como uma faixa de valores prováveis ou podem ser “defuzzificados”

com o objetivo de encontrar o valor mais provável. Esta metodologia pode ser

aplicada em sistemas não reparáveis ou reparáveis.

A2- POSBIST FMEA Utilizando Processo de Inferência

Um processo de inferência nebuloso utiliza um conjunto de regras IF-THEN

para realizar um mapeamento do universo de discurso de entrada no universo de

discurso de saída a partir do procedimento proposto por Mamdani (JANG et

al.,1997).

A análise de modos e efeitos de falhas (FMEA) visa identificar todos os

possíveis modos potenciais de falha sobre o desempenho de um sistema (produto

ou processo). O resultado da análise é consolidado através de um formulário no qual

são registrados os efeitos e as causas correspondentes à cada modo de falha

µ(x) 1 0

a m b x

P(x)

a b x

Page 112: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

99

observado. Posteriormente é calculado um índice de risco que corresponde à

ponderação de índices de gravidade, detecção e ocorrência. Maiores detalhes sobre

FMEA podem ser encontrados no Capítulo 3, item 3.1.1.

Considerando-se a abordagem nebulosa, os índices de gravidade, ocorrência,

detecção e risco podem ser modelados como conjuntos nebulosos. Guimarães e

Lapa (2004) desenvolveram uma FMEA POSBIST para modelar um sistema de

controle de um reator nuclear. O modelo proposto no referido artigo foi reproduzido

utilizando-se o MATLAB™ conforme mostra a Figura 3.

Índice de Gravidade

Índice de Ocorrência

Índice de Não-Detecção

Índice de Risco

Figura 3: Representação gráfica FMEA nebulosa

Segundo a proposta de Guimarães e Lapa (2004) os índices de gravidade,

ocorrência e não-detecção são representados pelos mesmos conjuntos. Esta

escolha foi feita por um especialista bem como o tipo de função de pertinência e os

termos lingüísticos a serem utilizados. O “R” significa remoto, “B” baixo, “M”

moderado, “A” alto e “MA” muito alto. A Figura 4 reproduz o resultado apresentado

no artigo original.

Fuzzy FMEA

Page 113: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

100

Figura 4: Índice de gravidade

O conjunto nebuloso índice de risco (escolhido pelo mesmo especialista) é

reproduzido pela Figura 4.6 na qual “MB” significa muito baixo, “B” baixo, “AB”

aproximadamente baixo, “M” moderado, “AA” aproximadamente alto e “A” alto.

Figura 5: Índice de risco

Considerando a existência de três índices (ocorrência, gravidade e não-

detecção) e cinco termos lingüísticos para descrever cada um deles, existe a

possibilidade de geração de 125 regras. Entretanto foi definido como significativo um

conjunto de 14 regras (GUIMARÃES; LAPA, 2004), de acordo com a experiência dos

especialistas.

A partir de um conjunto de regras nebulosas é possível calcular

qualitativamente o índice de risco a partir dos índices de gravidade, ocorrência e

não detecção. Posteriormente o resultado é “defuzzificado” utilizando-se método

centro de área.

Considerando que a FMEA é um método de análise qualitativo por natureza, a

abordagem nebulosa apresenta uma alternativa natural para modelagem do

raciocínio e inferência humanos. Tanto na abordagem clássica quanto na

Page 114: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

101

abordagem nebulosa existe grande dependência do especialista humano. Esta

dependência pode ser observada na escolha dos termos lingüísticos utilizados para

definição de variáveis e também na escolha das regras que serão consideradas

válidas.

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1983.

Page 115: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

102

APÊNDICE B – CONDIÇÃO INICIAL PARA O MODELO ADAPTATIVO

Conforme apresentado anteriormente, a condição inicial do modelo adaptativo é

determinada pelo modelo estático de forma a utilizar o conhecimento dos

especialistas como ponto de partida para o modelo adaptativo. Utilizou-se nesta

etapa o processo de inferência Sugeno com função de pertinência gaussiana (1)

devido à facilidade de implementação.

−−

=

2

21

)(σ

µ

cx

ex

(1)

Onde c : centro;

σ : dispersão.

Foram consideradas como entradas do modelo a complexidade do modo de

falha ( CXx ), localização do modo de falha dentro do equipamento ( LOx ), dimensão

física do sobressalente ( DFx ), custo do sobressalente ( CSx ) e freqüência de

ocorrência de falhas ( FOx ). Todos os conjuntos foram igualmente distribuídos em

um universo de discurso entre 0 e 1. O parâmetro centro c relativo à cada conjunto

nebuloso pode ser obtido diretamente da figura 1. O parâmetro desvio padrão σ foi

considerado igual para todas as funções de pertinência de todas as entradas no

valor de 0,17.

Figura 1: Exemplo variável de entrada

Page 116: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

103

A faixa de variação de todas as variáveis de saída foi determinada através de

entrevistas com os especialistas conforme quadro 1.

Variável

Sigla

Variação turno

diurno (min)

Tempo para detectar a falha DCτ 0-30

Tempo para desmontar o equipamento DEτ 0-30

Tempo para reparar o equipamento REτ 0-300

Tempo para montar o equipamento MOτ 0-30

Tempo para testar TEτ 0-30

Tempo para mobilizar pessoas MPτ 0-15

Tempo para disponibilizar ferramentas DFτ 0-30

Tempo para repor sobressalentes RSτ 0-15

Quadro 1: Universo de discurso (em minutos) para as variáveis de saída

Uma regra típica de um modelo Sugeno tem a forma (JANG et al.,1997):

if x é B então y = f (x)

Foram utilizados neste trabalho modelos Sugeno de ordem 0 com parâmetro q.

Este valor foi obtido a partir das funções de pertinência do modelo Mamdani

conforme ilustrado na figura 2. Utilizou-se como exemplo a variável τDC (tempo para

detecção da falha) cuja base de regras é apresentada:

Page 117: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

104

Se xCX é P e xLO é F então τDC é P Se xCX é P e xLO é M então τDC é P Se xCX é P e xLO é D então τDC é M Se xCX é M e xLO é F então τDC é M Se xCX é M e xLO é M então τDC é M Se xCX é M e xLO é D então τDC é G Se xCX é G e xLO é F então τDC é M Se xCX é G e xLO é M então τDC é G Se xCX é G e xLO é D então τDC é G

Quadro 2: Regras para determinar o tempo para detectar a falha

Figura 2: Exemplo variável de saída

Parâmetros de entrada Parâmetros de saída Regras xCX q c σ τMP τDF

1 0 0,17 1 2 2 0,5 0,17 7,5 15 3 1 0,17 15 30

Quadro 3: Síntese parâmetros de entrada e saída do modelo adaptativo para cálculo do tempo logístico lτ (entrada xCX )

Page 118: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

105

Parâmetros de entrada Parâmetros de saída Regras xDF q c σ τRS

1 0 0,17 1 2 0,5 0,17 7,5 3 1 0,17 15

Quadro 4: Síntese parâmetros de entrada e saída do modelo adaptativo

para cálculo do tempo logístico lτ (entrada DFx )

Parâmetros de entrada Parâmetros de saída Regras xCX xLO q c σ c σ τDC τDE τRE τMO τTE

1 0 0,17 0 0,17 5 2 5 2 2 2 0 0,17 0,5 0,17 5 2 5 2 2 3 0 0,17 1 0,17 15 15 35 15 15 4 0,5 0,17 0 0,17 15 2 5 2 2 5 0,5 0,17 0,5 0,17 15 15 35 15 15 6 0,5 0,17 1 0,17 30 30 150 30 30 7 1 0,17 0 0,17 15 15 35 15 15 8 1 0,17 0,5 0,17 30 30 150 30 30 9 1 0,17 1 0,17 30 30 150 30 30

Quadro 5: Síntese parâmetros de entrada e saída do modelo adaptativo

para cálculo do tempo efetivo de manutenção mτ

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106

APÊNDICE C - TREINAMENTO DOS MODELOS ADAPTATIVOS

A condição inicial do modelo adaptativo é determinada pelo modelo estático de

forma a introduzir o conhecimento dos especialistas como ponto de partida para o

modelo adaptativo. Assim, o modelo adaptativo poderá calcular ajustar seus

parâmetros à medida que existirem disponibilidade de dados. Utilizou-se nesta etapa

o processo de inferência Sugeno com função de pertinência gaussiana (1) devido a

facilidade de implementação.

−−

=

2

21

)(σ

µ

cx

ex

(1)

Onde c : centro;

σ : dispersão.

Uma regra típica de um modelo Sugeno tem a forma (JANG et al.,1997):

if x é B então y = f (x)

A variável B no antecedente da regra é um conjunto nebuloso e o conseqüente

da regra y é uma função crisp (não nebulosa). Usualmente f (x) é um polinômio

dependente da entrada x no formato y=px+q. A ordem do polinômio determina o

nome do modelo. Por exemplo, quando f é um polinômio de primeira ordem tem-se

um modelo Sugeno de primeira ordem e assim sucessivamente.

Para cada rede adaptativa representada no capítulo 4 (figura 4.5), a entrada é

uma matriz de pontos do tipo Xk x n, onde k (número de linhas) representa o número

de pontos de cada uma das entradas individuais. A variável n representa o número

de entradas da rede e m é o número de regras a ser utilizado. Para uma regra j

qualquer, tem-se que:

jnnjijjjnjnijjj qxpxpxpyentãoBéxeBéxeBéxse +++= ......),()...(...)( 11111 (2)

Page 120: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

107

jin

i ijjnjnijjj qxpyentãoBéxeBéxeBéxse += ∑ =111 ),()...(...)( (3)

Os pesos wj são determinados por:

( )∏=

==n

iiBijnBnjjBijjBjBj xxxxxw

12211 )()()...()( µµµµµ

(4)

O cálculo da saída ys de cada rede adaptativa é dado por (5) e o erro quadrático a

ser minimizado é dado por (6).

ba

w

ywys m

jj

m

jjj

==

=

=

1

1.

(5)

( )2.21 ydyse −= (6)

Assim, conclui-se que o erro e é função dos parâmetros c (centro) e σ

(dispersão) das funções de pertinência e dos parâmetros p e q do polinômio de

saída de cada modelo Sugeno. O método de minimização do erro pelo gradiente

descendente resulta em:

( )

−−=

∂∂

∂∂

=∂∂

2*ij

ijij

j

ij

j

jij

cxw

bysy

zdzcw

wys

ze

ce

σ

(7)

( ) ( )

−−=

∂∂

=∂∂

3

2

*ij

ijij

j

ij

j

jij

cxw

bysy

zdzw

wys

zee

σσσ

(8)

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108

( ) ( )ij

ij

j

jij

xbw

zdzPy

yys

ze

Pe

−=

∂∂

∂∂

=∂∂

(9)

( ) ( )11

1

−=

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

=∂∂

bw

zdzqy

yys

ysz

zz

ze

qe j

j

j

jj

(10)

Após o cálculo das derivadas para cada época de treinamento os parâmetros

de cada rede são ajustados. Dado um ponto k qualquer da entrada, considerando

uma taxa de aprendizado α, tem-se que:

kceccij

kij

kij ∂

∂−=+ α1 (11)

ke

ij

kij

kij σ

ασσ∂∂

−=+1 (12)

kpeppij

kij

kij ∂

∂−=+ α1 (13)

kqeqq

j

kj

kj ∂

∂−=+ α1 (14)

Page 122: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

109

ANEXO A – MODOS DE FALHA LAMINADOR PRIMARIO

Natureza da Falha Modo de Falha Quantidade

de Falhas Falha de automação 12

Falha no motor 2 Inspeção no equipamento 2 Falha “p” 1 Falha no Posicionamento 1

TMNP Desalinhamento 1 Agarramento de batente 1 Falha de lubrificação 1 Quebra de estrutura. 1 Falha no Funcionamento 1 Curto-Circuito 1 Inspeção no Laminador 14 Geração de sucatas 17 Material agarrado 6 Ajuste axial 6 Ajuste na escala de passe 5 Perda de estabilidade 4 Lixamento de cilindros 1 Ajuste “s” 4 Troca “s” 3 Atolamento de cilindros 2 Aperto “s” 2

TPO Má formação do bean blank 2 Material preso 2 Falha operacional 1 Material atravessado 1 Inspeção de lâminas 1 C. equipamento 1 Sobrecarga operacional 1 Atraso no desenfornamento 1 B. empenado 1 Troca de lâminas 1 Troca de caçamba 1 Aferição de Bitola 1 Quebra de cilindros 1 Quebra “s” 1 Ajuste manual 1

Quadro 1: Modos de falha turno diurno

Page 123: Análise de Disponibilidade Utilizando Abordagem Nebulosa · operação de seus processos. A abordagem nebulosa é útil para modelar o ... using the fuzzy set theory for availability

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Natureza da Falha Modo de Falha Quantidade

de Falhas Falha de refrigeração. 6 Falha de automação 4 Falha no Funcionamento 3 Falha H 3 DPE 3 TMNP Falha no Motor 2 Defeito empurrador 2 Falha de lubrificação 2 Falha de Acoplamento 2 Limite de Quebra de Eixo 1 Falha de freio. 1

Sobrecarga 1 Inspeção no equipamento 1 Fusível 1 Rompimento de cabo 1 Falha no Sensor 1 Falha no Limite 1 Falha “T” 1 Quebra de estrutura. 1 Desarme do Disjuntor 1 Mau Contato 1 Geração de sucatas 38 Ajuste na escala de passe 27 Inspeção no laminador 19 Material agarrado 16 Ajuste “s” 13 Ajuste Axial 9 Perda de estabilidade do material 8 Material atravessado 5 Consignação de Equipamentos 4 Lixamento de cilindros 4 Quebra de cilindros 4

TPO Troca “s” 4 Defeito matéria prima 2 Lixamento “s” 2 Limpeza de qualquer natureza 2 Troca de caçamba 2 Erro de Informação 2 Aferição de Bitola 1 Atraso na montagem dos laminadores 1 B. empenado 1 Sobrecarga operacional 1 Troca de lâminas 1 Troca de cilindros 1 Atraso no desenfornamento 1 Falha no posicionamento 1 Material preso na rampa de sucata da serra 1

Quadro 2 : Modos de falha turnos noturnos