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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA PPGEM VIRGINIA BEZERRA OLIVEIRA CAMPOS ANÁLISE DE CRITÉRIOS DE FALHA EM LÂMINA REFORÇADA COM TECIDO HÍBRIDO DE FIBRA DE VIDRO E CARBONO AGOSTO/2017 NATAL-RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA – PPGEM

VIRGINIA BEZERRA OLIVEIRA CAMPOS

ANÁLISE DE CRITÉRIOS DE FALHA EM LÂMINA

REFORÇADA COM TECIDO HÍBRIDO DE FIBRA DE VIDRO E

CARBONO

AGOSTO/2017

NATAL-RN

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VIRGINIA BEZERRA OLIVEIRA CAMPOS

ANÁLISE DE CRITÉRIOS DE FALHA EM LÂMINA

REFORÇADA COM TECIDO HÍBRIDO DE FIBRA DE VIDRO E

CARBONO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Mecânica da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

como parte dos requisitos para obtenção do grau

em Mestre em Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. Raimundo Carlos Silvério Freire Júnior

AGOSTO/2017

NATAL-RN

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Campos, Virginia Bezerra Oliveira. Análise de critérios de falha em lâmina reforçada com tecidohíbrido de fibra de vidro e carbono / Virginia Bezerra OliveiraCampos. - 2017. 90 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-graduação emEngenharia Mecânica. Natal, RN, 2017. Orientador: Prof. Dr. Raimundo Carlos Silvério Freire Júnior.

1. Compósitos híbridos - Dissertação. 2. Tração ±45° -Dissertação. 3. Iosipescu - Dissertação. 4. Critérios de falhas- Dissertação. 5. Representatividade - Dissertação. I. FreireJúnior, Raimundo Carlos Silvério. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 620.1

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

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Dedico este trabalho a Deus e aos meus pais por

serem meus maiores incentivadores na busca

por conhecimento.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pelo dom da vida e pela oportunidade de buscar o conhecimento e

alcançar meus objetivos.

Aos meus pais, Antonia Bezerra Oliveira Campos e José Arcênio Campos, pelo amor

incondicional e dedicação durante a toda as fases da minha vida, dando-me suporte, apoio e

incentivo a minha formação acadêmica.

A minha família por sempre me apoiar ao longo da minha formação e sempre entender

os momentos de ausência.

A Filipi Marques de Souza por caminhar ao meu lado, testemunhar o meu esforço e

sempre me incentivar a não desistir de sonhos.

Ao professor Dr. Raimundo Carlos Silvério Freire Júnior pela orientação, paciência,

compreensão e dedicação ao longo de todo o desenvolvimento desta dissertação e vida

acadêmica.

Aos professores Avelino Manuel da Silva Dias, João Carlos Arantes Costa Júnior e

Lucemaide Ferreira pela disponibilidade e por partilharem conhecimento.

Aos amigos da equipe Car-kará AeroDesign que acompanharam e contribuíram para

minha formação acadêmica e desenvolvimento profissional e pessoal.

Aos amigos da UFCA (Universidade Federal do Cariri), em especial a DINFRA

(Diretoria de Infraestrutura), grandes responsáveis pelo meu desenvolvimento profissional

como Engenheira Mecânica, e incentivadores para conclusão deste trabalho.

Aos amigos do grupo “Bolsistas de Raimundo” pelo união, ajuda, apoio e incentivo

durante toda esta jornada.

Aos amigos que estão sempre presentes em minha vida e contribuíram direta e

indiretamente para a realização deste trabalho,

Aos Docentes do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) e do programa de

Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da UFRN (PPGEM), pelos ensinamentos

transmitidos.

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“A tarefa não é tanto ver aquilo que

ninguém viu, mas pensar o que ninguém

ainda pensou sobre aquilo que todo

mundo vê.”

Arthur Schopenhauer

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RESUMO

A constante busca de materiais mais eficientes e com alto desempenho mecânico, contribue

efetivamente para a crescente demanda na utilização de compósitos híbridos. O processo de

hibridização pode propiciar melhoria significativa na combinação global de propriedades,

possibilitando assim aplicações específicas em elementos estruturais que requerem excelência

em suas propriedades mecânicas e baixa massa específica. Atrelado à gradativa utilização

destes materiais, estudos que incidem nas previsões de falha e, consequentemente, análises

das cargas máximas que estes materiais podem suportar tornam-se essenciais para garantia da

confiabilidade quanto a sua aplicação. Neste sentido, a presente pesquisa buscou analisar o

comportamento mecânico de uma lâmina constituída à base de tecido híbrido bidirecional

(vidro/carbono) e resina epóxi éster-vinílica. Bem como, avaliar a representatividade de

critérios de falhas desenvolvidos para compósitos unidirecionais quando aplicados em

compósito híbrido de natureza bidirecional. A lâmina estudada foi caracterizada

mecanicamente com base nos resultados obtidos pelos ensaios de tração e cisalhamento

realizados em amostras com fibras de carbono orientadas a 0°, 30°, 45°, 60° e 90°. Observou-

se a partir destes ensaios que materiais com fibras em ângulos fora do eixo (off-axis) de

aplicação de carga apresentam resistência menor, embora apresentem maiores alongamentos,

quando comparados a amostras com fibras alinhadas na direção principal do carregamento. Os

dados experimentais referentes às propriedades cisalhantes, normatizados pela ASTM

D3518M-13 (ensaio de cisalhamento por tração ±45°) e ASTM D5379-12 (ensaio de

Iosipescu), apresentaram diferenças significativas para a resistência ao cisalhamento e

similaridade nos valores do módulo de cisalhamento. O ensaio de tração ±45°, conforme

análise macromecânica, mostrou-se como o mais adequado para compósito com

características similares ao analisado. Ao inserir os dados dos ensaios nas equações teóricas

que definem os critérios de falhas da Máxima Tensão, Tsai-Hill, Tsai-Wu e Hashin e, analisá-

los estatisticamente, contatou-se que estas teorias de falhas descrevem satisfatoriamente o

comportamento experimental da lâmina, e, portanto, podem ser utilizados para predizer a

resistência mecânica em compósitos como o avaliado, embora se tenha observado índices de

representatividade maiores quando se utiliza o ensaio de cisalhamento por tração ±45°.

Palavras-chaves: compósitos híbridos; tração ±45°; Iosipescu; critérios de falhas;

representatividade.

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ABSTRACT

The constant search for more efficient materials and with high mechanical performance,

contributes effectively to the growing demand in the use of hybrid composites. The

hybridization process can provide significant improvement in the overall combination of

properties, thus enabling specific applications in structural elements that require excellence in

their mechanical properties and low specific mass. Coupled with the gradual use of these

materials, studies that focus on fault predictions and, consequently, analyzes of the maximum

loads that these materials can withstand become essential to guarantee the reliability of their

application. In this sense, the present research sought to analyze the mechanical behavior of

laminae composed of two-way hybrid fabric (glass/carbon) and epoxy resin vinyl ester. As

well as evaluating the representativeness of failure criteria developed for unidirectional

composites when applied in hybrid composites of a bidirectional nature. The laminas studied

were mechanically characterized based on the results obtained by tensile and shear tests

performed on samples with carbon fibers orientated at 0°, 30°, 45°, 60° and 90°. It was

observed from these tests that materials with fibers at off-axis loading angles exhibit lower

strength, although they exhibit greater elongations when compared to samples with fibers

aligned in the main direction of loading. Experimental data on shear properties, standardized

by ASTM D3518M-13 (tensile shear test ±45°) and ASTM D5379-12 (Iosipescu's test),

showed significant differences for shear strength and similarity in the modulus values of

Shear. The tensile test ± 45°, according to macromechanical analysis, proved to be the most

suitable for composite with characteristics similar to the one analyzed. By inserting test data

into the theoretical equations defining Tsai-Hill, Tsai-Wu, and Hashin fault criteria, and

statistically analyzing them, it was found that these fault theories satisfactorily describe the

experimental behavior of the blade , and therefore can be used to predict mechanical strength

in composites as evaluated, although higher representativity indices were observed when

using the ± 45° traction shear test.

Keywords: hybrid composites; Traction ± 45°; Iosipescu; Failure criteria; Representativeness.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Composição genérica de um compósito ............................................................. 18

Figura 2.2 – Classificação de Compósitos Sintéticos .............................................................. 19

Figura 2.3 – Reforços Fibrosos: a) tecido unidirecional; b) tecido bidirecional; c) fibras

picadas; d) manta contínua. ...................................................................................................... 20

Figura 2.4 – Formas usuais de comercialização de fibras de vidro ......................................... 23

Figura 2.5 – Curvas de Resistência mecânica versus Deformação para diferentes fibras. ..... 24

Figura 2.6 – Formas usuais de comercialização de fibras de vidro ......................................... 24

Figura 2.7 – Reação para a obtenção da resina epóxi éster-vinílica. ....................................... 30

Figura 2.8 – Representação do processo de fabricação manual. ............................................. 31

Figura 2.9 – Esquema de análise de compósitos laminados. ................................................... 32

Figura 2.10 – Lâmina ortotrópica nos planos 1,2 .................................................................... 33

Figura 2.11 – Lâmina com eixo local 1-2 das fibras coincidente com eixo global X-Y ......... 35

Figura 2.12 – Eixos local e global de uma lâmina orientada................................................... 38

Figura 2.13 – Decomposição do desvio de uma observação em relação à média global.. ...... 45

Figura 3.1 – Fluxograma das etapas de desenvolvimento experimental da dissertação. ........ 51

Figura 3.2 – (a) Resina DERAKANE® MOMENTUM 411-350; (b) Catalisador Brasnox

DM50; (c) Acelerador de cobalto 6%. ..................................................................................... 52

Figura 3.3 – Tecido Híbrido Carbono/Vidro - AC 0200 (FIBERTEX®) .............................. 52

Figura 3.4 – Aplicação de cera desmoldante sobre a placa vidro utilizada como molde. ....... 53

Figura 3.5 – Preparação do tecido híbrido: a) corte nas medidas desejadas; .......................... 54

b) pesagem do tecido após o corte. ........................................................................................... 54

Figura 3.6 – Preparação da resina com catalisador e aditivos: a) misturador automático

MARCONI - MA 147; b) processo de mistura da resina utilizando o misturador automático.

.................................................................................................................................................. 54

Figura 3.7 – Procedimento de retirada dos gases formados no misturador e na reação

utilizando a câmara de vácuo: a) Sistema de vácuo utilizado no processo; b) Câmara de vácuo

.................................................................................................................................................. 55

Figura 3.8 – Processo de fabricação da placa laminada híbrida por hand lay –up. ................. 55

Figura 3.9 – Representação esquemática da moldagem manual da lâmina híbrida. ............... 56

Figura 3.10 – Lâmina híbrida obtida a partir do processo de moldagem manual. .................. 56

Figura 3.11 – Dimensões do corpo de prova de ensaio de tração e Iosipescu segundo a (a)

ASTM D3039M-(2014) e (b) ASTM D5379M-(2012) ............................................................ 57

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Figura 3.12 – Posicionamento esquemático dos copos de provas sobre a lâmina híbrida. ..... 57

Figura 3.13 – Corpos de Prova de Tração (a) sem tabs e (b) com tabs; e Corpos de Prova de

Iosipescu (c) sem tabs e (d) com tabs ....................................................................................... 58

Figura 3.14 – Procedimento de pesagem: (a) amostra seca; (b) fio parcialmente imerso; (c)

fio mais a amostra imersos em água ......................................................................................... 59

Figura 3.15 – Aparato para determinação das deformações Longitudinal e Transversal ....... 60

Figura 3.16 – Fixação dos extensômetros nos corpos de prova (a) tração e (b) Iosipescu. ... 60

Figura 3.17 – Máquina de Ensaios Universal Mecânica utilizada nos ensaios. ...................... 61

Figura 3.18 – Corpo de prova no dispositivo utilizado durante os ensaios de Iosipescu ........ 62

Figura 4.1 – Fluxograma dos itens considerados na análise dos resultados. ........................... 65

Figura 4.2 – Percentual mássico dos componentes do compósito. ......................................... 66

Figura 4.3 – Gráfico de tensão média versus deformação para os corpos de prova analisados.

.................................................................................................................................................. 67

Figura 4.4 – Gráfico de barras (a) resistência última, (b) módulo de elasticidade e seus

respectivos desvios padrões para os corpos de prova analisados. ............................................ 69

Figura 4.5 – Gráfico de tensão média de cisalhamento versus deformação angular para os

corpos de prova de configuração CI90-Iosipescu. ................................................................... 70

Figura 4.7 – Gráfico de tensão média de cisalhamento versus deformação angular para o

ensaio de Iosipescu e Tração ±45º ............................................................................................ 72

Figura 4.8 – Representação gráfica da (a) resistência última ao cisalhamento, (b) módulo de

cisalhamento e seus respectivos desvios padrões para os corpos de prova CI90 e CP45. ....... 74

Figura 4.9 – Variação do módulo de elasticidade do compósito LHVC versus variação

angular dos corpos de provas analisados. ................................................................................. 75

Figura 4.10 – Variação do coeficiente de Poisson do compósito LHVC versus variação

angular dos corpos de provas analisados. ................................................................................. 76

Figura 4.11 – Análise comparativa entre os critérios de falhas analisados e as tensões últimas

dos corpos de provas submetidos a ensaio de tração utilizando propriedades cisalhantes

obtidas por Iosipescu. ............................................................................................................... 77

Figura 4.12 – Análise comparativa entre os critérios de falhas analisados e as tensões últimas

dos corpos de provas submetidos a ensaio de tração utilizando propriedades cisalhantes

obtidas Tração ±45°. ................................................................................................................. 79

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Composição (%) típica das fibras de vidros ........................................................ 21

Tabela 2.2 – Vantagens e desvantagens dos polímeros em relação aos metais e outros

materiais. .................................................................................................................................. 26

Tabela 2.3 – Comparação das faixas típicas de valores das propriedades das resinas. ........... 27

Tabela 2.4 – Vantagens e Desvantagens na Utilização das Matrizes Poliméricas .................. 28

Tabela 2.5 – Vantagens e desvantagens na utilização das matrizes poliméricas..................... 29

Tabela 2.6 - Tabela da análise de variância (ANOVA) ........................................................... 50

Tabela 3.1 - Características construtivas do Tecido Híbrido Carbono/Vidro - AC 0200

(FIBERTEX®) ......................................................................................................................... 53

Tabela 4.1 - Percentual volumétrico das fibras na composição de LHVC. ............................. 66

Tabela 4.2 – Propriedades mecânicas dos corpos de prova à Tração Uniaxial. ...................... 68

Figura 4.4 – Gráfico de barras (a) resistência última, (b) módulo de elasticidade e seus

respectivos desvios padrões para os corpos de prova analisados ............................................. 69

Tabela 4.3 - Média das tensões de cisalhamento máximas e dos módulos de cisalhamento

para os corpos de prova de configuração CI90, obtidos pelo ensaio de Iosipescu. .................. 70

Tabela 4.4 - Média das tensões de cisalhamento máximas e dos módulos de cisalhamento para

os corpos de prova de configuração CP45, obtidos pelo ensaio de tração a ±45°. ................... 72

Tabela 4.5 – Resultados da ANOVA para os critérios de falhas analisados utilizando as

propriedades cisalhantes do ensaio Iosipescu ........................................................................... 78

Tabela 4.6 – Resultados da ANOVA para os critérios de falhas analisados utilizando

propriedades cisalhantes por Tração ±45°. ............................................................................... 80

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LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

ANOVA Analysis of Variance

ASTM American Society of Testing and Materials

EPT Estado Plano de Tensões

CI90 Corpo de prova de Iosipescu com fibra de carbono a 0° e fibra de vidro a 90°

CP0 Corpo de prova de tração com fibra de carbono a 0° e fibra de vidro a 90°

CP30 Corpo de prova de tração com fibra de carbono a 30° e fibra de vidro a

-60°

CP45 Corpo de prova de tração com fibra de carbono a 45° e fibra de vidro a

-45°

CP60 Corpo de prova de tração com fibra de carbono a 60° e fibra de vidro a

-30°

CP90 Corpo de prova de tração com fibra de carbono a 90° e fibra de vidro a 0°

LHVC Lâmina híbrida vidro e carbono

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LISTA DE SÍMBOLOS

𝐚 Massa da amostra seca

𝐰 Massa do fio parcialmente imerso em água

𝐛 Massa do fio mais a amostra imersos em água

𝐅𝐕𝐟 Fração volumétrica da fibra

𝐅𝐌𝐟 Fração mássica da fibra

𝛒𝐜 Densidade do compósito

𝛒𝐟 Densidade da fibra

𝛔𝟏 Tensão normal no sentido longitudinal ou principal das fibras

𝛔𝟐 Tensão normal no sentido transversal das fibras

𝛔𝐱 Tensão normal na direção principal geométrica da lâmina

𝛔𝐲 Tensão normal na direção transversal geométrica da lâmina

𝐄𝟏 Módulo de elasticidade na direção principal das fibras 1

𝐄𝟐 Módulo de elasticidade na direção transversal das fibras 2

𝛕𝐱𝐲 Tensão de cisalhamento no plano geométrico x-y da lâmina

𝛕𝟏𝟐 Tensão de cisalhamento no plano 1-2

𝐒, 𝐒𝐗𝐘 Resistência à ruptura ao cisalhamento no plano x-y

𝐒𝟏𝟐 Resistência à ruptura ao cisalhamento no plano 1-2

𝐆𝟏𝟐 Módulo de Cisalhamento no plano 1-2

𝐆𝐱𝐲 Módulo de Cisalhamento no plano x-y

𝛉 Ângulo de orientação da fibra.

𝐯𝟏𝟐 Coeficiente de Poisson principal no plano 1-2

𝐯𝟐𝟏 Coeficiente de Poisson transversal ao plano 1-2

𝐯𝐱𝐲 Coeficiente de Poisson referente ao plano x-y

𝛄𝐱𝐲 Deformação Angular no plano x-y

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𝛆𝐱 Deformação normal no sentido longitudinal da lâmina

𝛆𝐘 Deformação normal no sentido transversal da lâmina

𝐱 Resistência à ruptura no sentido principal da lâmina

𝐘 Resistência à ruptura no sentido transversal da lâmina

𝐒 Resistência à ruptura ao cisalhamento na direção principal da lâmina

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 15

1.1 OBETIVO GERAL .................................................................................................... 16

1.1.1 Objetivos específicos................................................................................................. 16

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 18

2.1 COMPÓSITOS ........................................................................................................... 18

2.1.1 Classificação dos Compósitos .................................................................................. 19

2.1.2 Compósitos Fibrosos ................................................................................................ 20

2.1.3 Compósitos Híbridos ................................................................................................ 24

2.1.4 Matrizes Poliméricas ................................................................................................ 26

2.2 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO DE COMPÓSITOS ............................................ 30

2.2.1 Fabricação por Moldagem Manual ........................................................................ 31

2.3 PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS COMPÓSITOS REFORÇADOS ............... 32

2.3.1 Comportamento Mecânico de uma lâmina ............................................................ 33

2.3.2 Transformação Plana de Tensões ........................................................................... 34

2.3.3 Macromecânica de uma lâmina .............................................................................. 35

2.3.4 Análise Mecânica sobre o Estado Plano de Tensão (EPT) ................................... 36

2.4 CRITÉRIOS DE FALHA ........................................................................................... 39

2.4.1 Critério da Máxima Tensão..................................................................................... 40

2.4.2 Critério de Falha de Tsai-Hill ................................................................................. 41

2.4.3 Critério de falha de Tsai-Wu ................................................................................... 42

2.4.4 Critério de Hashin .................................................................................................... 43

2.4.5 Tensões off-axis aplicadas aos critérios de falha ................................................... 43

2.6 ANÁLISES ESTATÍSTICAS .................................................................................... 44

2.6.1 Análise de Variância ................................................................................................ 44

2.6.2 Teste de hipóteses e Intervalo de confiança ........................................................... 46

2.6.3 Coeficiente de determinação .................................................................................... 47

2.6.4 Análise Residual ....................................................................................................... 47

2.6.5 Tabela ANOVA......................................................................................................... 49

3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 51

3.1 MATERIAIS UTILIZADOS ..................................................................................... 51

3.1.1 Matriz Polimérica (Resina)...................................................................................... 51

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3.1.2 Elemento de Reforço (Tecido) ................................................................................. 52

3.2 FABRICAÇÃO DA LÂMINA HÍBRIDA ................................................................. 53

3.2.1 Preparação do molde................................................................................................ 53

3.2.2 Preparação do reforço híbrido ................................................................................ 53

3.2.3 Preparação da resina............................................................................................... 54

3.3.4 Laminação ................................................................................................................. 55

3.3 PREPARAÇÃO DOS CORPOS DE PROVA ........................................................... 56

3.4 DETERMINAÇÃO DO PERCENTUAL MÁSSICO E VOLUMÉTRICO DE

FIBRAS E DENSIDADE VOLUMÉTRICA DA LÂMINA ..................................... 58

3.5. COLAGEM DOS EXTENSÔMETROS .................................................................... 59

3.6 ENSAIOS MECÂNICOS – TRAÇÃO E IOSIPESCU ............................................. 61

3.6.1 Ensaio Uniaxial de Tração ....................................................................................... 61

3.6.2 Ensaio Iosipescu ........................................................................................................ 62

3.6.3 Ensaio de Cisalhamento por Tração à ±45º. .......................................................... 63

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 65

4.1. DETERMINAÇÃO DO PERCENTUAL MÁSSICO E VOLUMÉTRICO DE

FIBRAS E DENSIDADE VOLUMÉTRICA DA LÂMINA ..................................... 66

4.2 ENSAIO DE TRAÇÃO UNIAXIAL - CP0, CP30. CP45, CP60 e CP90 ................. 67

4.3 ENSAIO IOSIPESCU-CI90 ....................................................................................... 69

4.4 ENSAIO DE CISALHAMENTO POR TRAÇÃO ±45º ............................................ 70

4.5 COMPARAÇÃO ENTRE OS ENSAIOS DE DETERMINAÇÃO DE ESFORÇOS

CISALHANTES (IOSIPESCU E TRAÇÃO ±45°). .................................................. 72

4.6 ANÁLISE COMPARATIVA DO MÓDULO DE ELASTICIDADE E

COEFICIENTE DE POISSON ANÁLITOS COM OS DADOS EXPERIMENTA

DA LHVC .................................................................................................................. 75

4.6.1 Comportamento do Módulo de Elasticidade ......................................................... 75

4.6.2 Comportamento do coeficiente de Poisson ............................................................. 76

4.7 AVALIAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE FALHA USANDO ANOVA ........................ 77

4.7.1 Avaliação dos critérios de falha usando valores dos ensaios de Iosipescu .......... 77

4.7.2 Avaliação dos critérios de falha usando valores dos ensaios de Tração ±45° ..... 79

5. CONCLUSÕES ........................................................................................................ 82

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 84

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1. INTRODUÇÃO

A diversidade de materiais atualmente disponíveis para o uso em engenharia é

extraordinariamente grande, existindo por isso materiais cada vez mais especializados para

aplicações específicas. Os materiais compostos representam um caso de particular

importância dentro dos designados materiais de engenharia não tradicionais (MOREIRA,

2009).

A constante busca por materiais mais eficientes e com alto desempenho mecânico para

aplicações específicas contribuem efetivamente para a crescente demanda na utilização de

compósitos híbridos. O processo de hibridização possibilita a otimização das características

mecânica dos compósitos, entretanto materiais desta natureza possuem comportamento

complexo e suas propriedades são passíveis de variações por vários fatores como: tipo de

fibras e matrizes constituinte, configurações, alinhamento do reforço, e outras.

Compósitos têxteis, tecidos reforçados, são largamente utilizados na indústria

aeronáutica, automotiva, naval entre outras, pois fornecem rigidez adequada e resistência para

muitos elementos estruturais empregados nestes setores industriais. Os mecanismos de falhas

de compósitos têxteis reforçados dependem do tipo de tecido (entrelaçado, trançado,

costurado) e do estilo da trançagem, assim como também mantém relação direta com às

propriedades das fibras e da matriz (DANIEL et al, 2008).

As previsões de falhas de estruturas em compósitos e as cargas máximas que as

mesmas podem suportar se tornam um importante tópico de pesquisa para garantia de

confiabilidade (ONKAR et al, 2007). A anisotropia que é peculiar aos compósitos, em

especial os híbridos, podem propiciar a maximização das propriedades mecânicas específicas

dos elementos estruturais, no entanto podem apresentar elevada complexidade dos modos de

falhas e dificultar a aplicação das teorias de falha disponíveis na literatura quanto a predição

de falhas (SIQUEIRA, 2009).

Neste contexto, esta dissertação apresenta uma análise do comportamento mecânico de

uma lâmina constituída de tecido híbrido vidro/carbono e resina epóxi éster-vinílica ensaiadas

em diferentes ângulos de carregamento (0º,30º, 45º, 60º e 90º), fabricada por moldagem

manual (hand-lay-up). As análises deram-se desde a caracterização mecânica do compósito

por meio da realização de ensaios mecânicos de tração e Iosipescu, bem como avaliação e

validação, por meios de técnicas estatísticas, de alguns critérios de falha apresentados na

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16

literatura para compósitos unidirecionais quando aplicados em compósito híbrido de natureza

bidirecional.

Para o desenvolvimento desta dissertação, apresenta-se inicialmente o embasamento

bibliográfico com conceitos, estudos e pesquisas que abordam a temática de compósitos,

teorias de falha e tratamentos estatísticos. Em seguida, especificou-se os materiais utilizados,

bem como os parâmetros de fabricação e indicação dos métodos utilizados para caracterizar a

lâmina analisada. Por fim, apresenta-se e discute-se o comportamento mecânico da lâmina

híbrida, e por meio de análise de variância, avalia-se a resposta teórica de quatro critérios de

falha aplicados ao compósito analisado.

1.1 OBETIVO GERAL

Este trabalho tem como objetivo avaliar as propriedades mecânicas (resistência última

a tração e cisalhamento, deformação linear e angular, módulo de elasticidade, módulo de

cisalhamento e coeficiente de Poisson) de uma lâmina composta de tecido híbrido bidirecional

vidro/carbono e resina epóxi éster-vinílica. Além de analisar a representatividade dos critérios

de falha aos dados experimentais do referido compósito, utilizando dados obtidos pelos

ensaios de tração e Iosipescu.

1.1.1 Objetivos específicos

Obtenção das propriedades mecânicas (resistência, módulo de elasticidade e

coeficiente de Poisson) da lâmina analisada quando submetida a carregamento

uniaxial para diferentes ângulos de fibra (0°, 30°, 45°, 60° e 90°);

Estudo comparativo do comportamento mecânico da lâmina através dos ensaios de

tração uniaxial com ângulos das fibras na forma on-axis e off-axis;

Obtenção das propriedades mecânicas (resistência ao cisalhamento, deformação

angular e módulo de cisalhamento) da lâmina quando submetida aos ensaios de

Iosipescu e Tração ±45°;

Estudo comparativo entre os métodos de determinação de propriedades cisalhantes,

ensaio Iosipescu e Tração ±45°;

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Estudo de falhas da lâmina para várias orientações do reforço baseados em critérios de

falha definidos na literatura;

Analisar a representatividade dos critérios de falha aos dados experimentais da lâmina;

Indicar a teoria de falha mais adequada à previsão de falhas no compósito analisado.

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18

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 COMPÓSITOS

De acordo com a norma ASTM D3878 (2007), define-se compósitos como aqueles

formados pela combinação de dois ou mais materiais, insolúveis entre si, em que a

combinação desses materiais forma um material útil para a engenharia que possui

propriedades diferentes das encontradas nos componentes isolados. A denominação destes

materiais é bastante diversificada, podendo ser tratados na literatura como: compostos,

conjugados ou compósitos (MANO, 2004).

Os compósitos são constituídos, tipicamente, por duas fases: uma contínua,

denominada matriz e envolve a outra fase, chamada de fase dispersa ou reforço (CALLISTER

JR., 2008). A fase dispersa (reforço) pode ser constituída por fibras contínuas ou descontínuas

e por partículas, sendo esta fase responsável por suportar a maioria dos esforços a que o

compósito está sujeito e apresenta, normalmente, elevada resistência mecânica. A matriz

funciona como aglomerante, responsável por unir as fibras umas as outras, mantendo-as na

sua posição relativa, conferir alguma ductilidade ao compósito, assegurar a transferência de

carga para o material de reforço e protegê-lo de danos superficiais (SMITH,1998).

Para que ocorra interação entre componentes de naturezas químicas diferentes e de

quaisquer dimensões ou formas, é essencial a existência de uma área de contato comum entre

elas. Quanto maior for essa área, maior a possibilidade de ocorrer entre os dois componentes

uma interação de natureza física, química ou físico-química. A adesão interfacial fibra/matriz

é um fator primordial ao desempenho mecânico do compósito, já que a transferência de carga

entre a matriz e o reforço é dada por esta (MANO, 2004). Desta forma, a qualidade da

interface entre as fases de um compósito é uma exigência primaria para a utilização eficaz

deste.

Figura 2.1 – Composição genérica de um compósito

Fonte: Autora

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2.1.1 Classificação dos Compósitos

A classificação dos compósitos é bastante ampla e contempla vários aspectos,

entretanto, de forma geral, segundo Hull e Clyne (1996), os materiais compostos estão

divididos em duas grandes categorias: compósitos naturais, aqueles criados pela natureza e

compósitos sintéticos, aqueles fabricados pelo homem. Ainda para este autor dentre os

compósitos sintéticos existe uma subdivisão em matérias macrocompósitos, nos quais as fases

do material são macroscópicas, e microcompósitos no qual suas fases só podem ser

identificadas com o auxilio de microscopia.

Os compósitos, segundo Callister Jr (2008), podem ser classificados em três grandes

classes: reforçados por partículas, reforçados por fibra e os estruturais; onde existem pelo

menos duas subdivisões para cada uma, conforme apresentado na Figura 2.2.

Figura 2.2 – Classificação de Compósitos Sintéticos

Fonte: Adaptado, (CALLISTER JR., 2008)

Embora a classificação dos compósitos seja abordada de maneira bastante ampla,

considerando as diferentes classes relacionadas com várias opções de matriz, pode-se elencar

uma série de outras classificações em função dos tipos e arranjos dos reforços existentes

(LEVY NETO E PARDINI, 2006).

Considerando a classe dos materiais microcompósitos, os que mais se destacam com

relação ao grande número de aplicações estruturais, são os compósitos fibrosos a base de

matriz polimérica. Os compósitos de matriz polimérica podem ser constituídos através da

união de matrizes termofixas ou termoplásticas com diversos tipos de reforços, como por

exemplo: fibras de vidro, fibras de carbono, fibras de aramida, fibras de boro ou fibras

vegetais (ANTEQUERA; JIMENES; MIRAVETE, 1991).

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2.1.2 Compósitos Fibrosos

A utilização de fibras como reforço é uma técnica extensivamente utilizada em

compósitos. Conforme Matthews e Rawlings (1994), os compósitos fibrosos são constituídos

de fibras aderidas a uma matriz com interface entre elas. Desta forma, as mesmas conservam

suas identidades, ou seja, tanto a fibra quanto a matriz conservam suas identidades produzindo

um conjunto de propriedades que separadamente não possuiriam.

As propriedades mecânicas dos compósitos poliméricos reforçados com fibras

dependem de vários fatores, sendo os principais: módulo de elásticidade e resistência da fibra,

estabilidade química da resina, resistência interfacial, diâmetro e comprimento das fibras,

fração volumétrica e forma de distribuição das fibras na matriz. Nos compósitos com fibras

descontinuas com distribuição aleatória, o comprimento e a fração volumétrica são

parâmetros importantes no seu desempenho (JOSEPH, 1996).

Os reforços fibrosos utilizados na fabricação de compósitos podem ser distribuídos de

modo aleatório ou não, e podem possuir um comprimento longo ou curto dependendo da

dimensão da peça obtida. Estas também podem se apresentar na forma de tecidos, onde os

tipos mais comuns englobam o uniaxial e o biaxial. No caso da orientação aleatória, a fibra

encontra-se na forma de manta de fios curtos ou contínuos, conforme apresentado na Figura

2.3 (BANNISTER, 2001; CHOU; MCCULLOUGH; PIPES, 1986; TSAI; CHIU; WU, 2000).

Figura 2.3 – Reforços Fibrosos: a) tecido unidirecional; b) tecido bidirecional; c) fibras picadas,

d) manta contínua.

Fonte: Autora.

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a) Fibras Sintéticas

Os compósitos de fibras sintéticas são originários do século XIX quando o homem fez

o primeiro polímero, fenol-formaldeído (VENTURA, 2009). De forma genérica considera-se

fibra sintética toda fibra fabricada pelo homem. As fibras apresentam diferenças na

morfologia, origem, tamanho e forma. O diâmetro de um filamento individual, ou seja, de

uma fibra, varia de 3 a 147μm. A temperatura máxima de uso das fibras varia de 250°C a

2000°C. Contudo, na maioria das aplicações, a temperatura de uso dos compósitos é

controlada pela temperatura da matriz (HERAKOVICH, 1997).

Os materiais compostos de alto desempenho ou compostos de plásticos reforçados por

fibra de alta resistência utilizam, principalmente, em sua composição as fibras de vidro,

carbono e aramida (Kevlar). As fibras de vidro são as mais utilizadas e apresentam relevante

relação custo-benefício. As fibras de carbono e aramida apresentam resistências mecânicas

elevadas e baixas densidades, embora possuam valores mais altos no mercado, são bastante

utilizadas, em especial na indústria aeronáutica e aeroespacial (MENDONÇA, 2005; SMITH,

1998).

Fibras de Vidro

As fibras de vidro apareceram pouco antes de 1930, entretanto, seu uso intenso deu-se

a partir da Segunda Guerra Mundial, em conjunção com as resinas poliéster e constitui o tipo

de reforço mais utilizado em termos de aplicações industriais (MENDONÇA, 2005). As fibras

de vidro comumente utilizadas são à base de sílica (~50-60% SiO2) e contêm uma série de

outros óxidos de cálcio, boro, sódio, alumínio e ferro, por exemplo (CHAWLA, 2012). As

variações proporcionais desses constituintes implicam em diferentes tipos de fibras de vidro,

entretanto todas utilizam o vidro fundido que atravessa uma fieira onde são produzidas as

fibras. A Tabela 2.1 apresenta as composições das fibras de vidro comumente utilizadas.

Tabela 2.1 – Composição (%) típica das fibras de vidros

Constituintes SiO2 Al2O3 B2O3 MgO CaO Na2O

Vidro E 55,2 14,8 7,3 3,3 18,7 -

Vidro C 65 4 5 3 14 8,5

Vidro S 65 25 - 10 - -

E:Resistência Elétrica ; C: Resistência Química ; S: Resistência Mecânica Fonte: (LEVY NETO E PARDINI, 2006).

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Diversos tipos de fibras de vidro são produzidos, como vidro-E, vidro-S, vidro-D,

vidro-A, vidro-C e vidro-L. Para fins estruturais, a quase totalidade das aplicações utilizam as

fibras do tipo E e S (MENDONÇA, 2005).

A designação E remete-se a elétrica, dessa forma os vidros-E apresentam alta

resistividade elétrica além de alta resistência mecânica. A letra C significa corrosão, assim os

vidros-C apresentam melhor resistência à corrosão química quando comparado aos demais

tipos. O índice S refere-se à strength (resistência), assim os vidros-S caracterizam-se pela alta

resistência mecânica e alto módulo, quando comparado aos demais tipos. Os altos teores de

sílica favorecem os vidros-S a suportarem temperaturas mais elevadas (MENDONÇA, 2005;

CHAWLA, 2012).

Segundo Smith (1998), os compósitos de matriz plástica reforçados com fibras de

vidros apresentam as seguintes vantagens significativas:

Elevada razão (quociente) resistência/peso;

Boa estabilidade dimensional;

Boa resistência ao calor, às baixas temperaturas;

À umidade e à corrosão;

Boas propriedades de isolamento elétrico;

Facilidade na manufatura;

Custo relativamente baixo.

As desvantagens dessas fibras, segundo Levy Neto e Pardini (2006), são associadas ao

relativo baixo módulo de elasticidade, auto-abrasividade e a baixa resistência à fadiga quando

agregada a compósitos.

A comercialização das fibras de vidro é dadas em várias configurações e gramaturas

como fios, mechas (roving), tecidos, tecidos uni e bidirecionais, manta de fios contínuos,

mantas de fios picados, entre outros, conforme demostrado na Figura 2.4 (TINÔ, 2014).

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Figura 2.4 – Formas usuais de comercialização de fibras de vidro

Fonte: Adaptado, (TINÔ, 2014)

Fibras de Carbono

As fibras de carbono são manufaturadas pela pirólise controlada de precursores

orgânicos em forma de fibras. Utiliza-se uma grande variedade de fibras precursoras na

obtenção de fibras de carbono (LEVY NETO E PARDINI, 2006). Os dois percussores mais

comuns são o PAN, com base na poliacrilonitrila e piche, (do inglês, pitch), baseado em

derivados do petróleo (LEVY NETO E PARDINI, 2006; SMITH, 1998).

As fibras de carbono são em geral classificadas quanto ao tipo de material precursor,

ao módulo de elasticidade, resistência e quanto à temperatura de tratamento térmico final

(LEVY NETO E PARDINI, 2006).

Os compósitos reforçados com fibra de carbono têm ampla aplicação, principalmente

na indústria aeroespacial, construção civil, fabricação de materiais esportivos, indústria

automotiva, na fabricação de próteses, entre outros. A vasta aplicabilidade da fibra de carbono

como reforço remete-se a sua elevada resistência mecânica, elevada rigidez, elevado módulo

de elasticidade e baixa densidade, embora apresentem menores alongamentos quando

comprados a outras fibras, conforme pode ser observado na Figura 2.5 (SMITH, 1998;

WOOD, 2012). Segundo Moreira (2009), as fibras de carbono apresentam, ainda, vantagens

quanto a resistência a fadiga, condutibilidade elétrica, estabilidade dimensional, baixo

coeficiente de dilatação térmica e inércia química, embora possuam custo relativamente alto,

baixa resistência ao impacto e elevada condutibilidade térmica e fratura frágil.

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Figura 2.5 – Curvas de Resistência mecânica versus Deformação para diferentes fibras.

Fonte: (Wood, 2012)

As fibras de carbono são comercializadas em diversas formas entre elas, o

tecido, rolo (roving), fitas unidirecionais e fio, conforme apresentado na Figura 2.6.

Figura 2.6 – Formas usuais de comercialização de fibras de vidro

Fonte: Adaptado, (TEXIGLASS, 2017)

2.1.3 Compósitos Híbridos

Os compósitos híbridos apresentam na sua estrutura combinação de vários tipos de

reforços, como fibras e partículas, em uma única matriz. Os híbridos possuem uma melhor

combinação global de propriedades do que os demais compósitos que contêm apenas um

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único tipo de fibra. A presença da anisotropia é fundamental para a resposta mecânica final

dos compósitos híbridos (CALLISTER JR., 2008). O processo de hibridização é utilizado

para compensar a desvantagem de comportamento mecânico de um dos componentes, pela

introdução de outro que proporcione melhores propriedades mecânicas ou características

específicas ao compósito que se deseja preparar (BATISTA, 2013).

O processo de hibridização pode ocorrer de várias maneiras pelas quais as diferentes

fibras podem ser combinadas, e finalmente alterar as propriedades globais do compósito

resultante. As fibras, por exemplo, podem estar todas alinhadas e intimamente misturadas

entre si por exemplo, as mechas e tecidos híbridos; ou podem ser construídos laminados

consistindo em camadas, no qual cada camada é composta por um único tipo de fibra,

alternadas uma em relação às outras (CALLISTER JR., 2008).

Pegoretti et al (2004) classifica os compósitos híbridos considerando a forma de

disposição dos seus constituintes, de acordo com as seguintes características:

Dois ou mais materiais dispostos por camadas, sendo cada camada com apenas

um tipo de reforço, chamado de interply hybrid;

Dois ou mais reforços dispostos em uma mesma camada, conhecido por

intraply hybrid;

Dois ou mais reforços misturados aleatoriamente de forma a não haver pontos

de concentração de um só tipo de reforço.

Dois ou mais reforços dispostos de forma seletiva com o intuito de atender a

determinado tipo de carregamento;

Camadas ou folhas metálicas dispostas em orientação e sequência especifica.

A hibridização em compósitos pode ocorrer levando em consideração vários fatores

como, por exemplo: diminuição de custo final do compósito, proteção de um reforço em

especial, melhoramento das propriedades mecânicas em determinada direção de aplicação de

esforço, diminuição da taxa de absorção de umidade dentre outros (BARROS 2006;

CARVALHO 2006; IDICULA 2004; DANTAS 2010 apud SILVA, 2012).

Segundo Callister Jr (2008), uma variedade de combinações de fibras e de materiais

para a matrizes são utilizados, entretanto, a combinação de fibras de vidro e carbono em

resina polimérica são bastante comuns. O híbrido vidro-carbono é mais resistente e mais

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tenaz, possui maior resistência ao impacto e pode ser produzido a um custo menor do que os

respectivos compósitos reforçados com fibras de carbono ou com fibras de vidro.

2.1.4 Matrizes Poliméricas

Na fabricação de compostos reforçados são utilizados três tipos de principais de

matrizes: matriz metálica, matriz cerâmica e matrizes de resina plástica, comumente

denominada de resinas poliméricas (MENDONÇA, 2005). As matrizes além da forma ao

compósito e proteger as fibras de abrasões mútuas, danos e meios de degradação são

responsáveis pela transferência de carga para o reforço.

O grupo mais importante de compósitos em termos de desempenho e campo de

aplicações é o de matriz polimérica (PMC – Polymer Matrix Composites), geralmente

constituídos por uma resina polimérica como fase matriz, e fibras como reforço. A larga

aplicação dos polímeros como elemento matricial é dada por apresentarem propriedades

mecânicas vantajosas à temperatura ambiente, baixo peso, bem como facilidade nos processos

manufatura e custo reduzido, conforme sintetização da Tabela 2.2 (VENTURA, 2009).

Tabela 2.2 – Vantagens e desvantagens dos polímeros em relação aos metais e outros materiais.

Vantagens

(a) Facilidade de fabricação

(b) Baixo peso, baixa densidade

(c) Resistência a ataques químicos

(d) Isolamento térmico e elétrico

(e) Autolubrificação

(f) Aparência decorativa.

(g) Transparência (Foi a primeira classe de materiais transparentes descoberta após séculos)

(h) Amortecimento mecânico, usado para absorção de energia

Desvantagens

(a) Baixa resistência, mesmo considerando sua baixa densidade

(b) Rigidez inferior à dos metais, cerâmicos e madeira

(c) Mais frágil que muitos metais e madeiras

(d) Dureza baixa. Risca com facilidade

(e) Expansão térmica superior à dos metais (pode ser de 5 a 10 vezes maior)

(f) Mais inflamável que os metais

(g) Temperatura máxima de serviço baixa

(h) São susceptíveis à deformações de fluência

(i) Muito susceptíveis à deformações de fluência

(j) Baixa resistência a produtos químicos orgânicos Fonte: (MENDONÇA, 2005)

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De forma simplificada, conforme Marinucci (2011), pode-se definir que as matrizes

poliméricas são componentes orgânicos de elevados pesos moleculares, produto de reações de

polimerização por adição ou condensação de diferentes componentes básicos.

As matrizes poliméricas podem ser classificadas sob o ponto de vista da sua estrutura

química e seu comportamento quanto à refusilidade. De acordo com as características de

fusão, as matrizes poliméricas, podem ser classificadas em termoplásticas ou termorrígidas,

esta classificação está relacionada com o comportamento a diferentes temperaturas dessas

matrizes, o que por sua vez está relacionado às estruturas químicas das mesmas

(MENDONÇA, 2005; VINCENZINE, 1995).

A Tabela 2.3 apresenta comparativamente valores típicos para as propriedades das

resinas poliméricas.

Tabela 2.3 – Comparação das faixas típicas de valores das propriedades das resinas.

Propriedades Termorrígidos Termoplásticos

Módulo de Elasticidade (GPa) 1,3 – 6,0 1,0 – 4,8

Resistência a Tração (MPa) 0,02 – 0,18 0,04 – 0,19

Temperatura Máxima de Serviço (°C) 50 – 450 25 – 230 Fonte: (MATHEWS E RAWLINGS, 1994)

a) Matrizes Termoplásticas

As resinas termoplásticas possuem cadeias moleculares longas e lineares com ou sem

ramificações. As cadeias são emaranhadas permitindo que o material apresente integridade

física. Embora apresentem fortes ligações intramoleculares, as ligações intermoleculares são

fracas (tipo Van de Waals), sob elevadas temperaturas estas ligações são enfraquecidas

favorecendo o escorregamento entre as moléculas adjacentes, e permitindo a deformação

(MENDONÇA, 2005; SILVA, 2012; LEVY NETO E PARDINI, 2006).

Os termoplásticos apresentam a vantagem de amolecerem, durante o seu aquecimento,

voltando a endurecer após o seu arrefecimento. Estes processos são totalmente reversíveis e

podem ser repetidos um determinado número de vezes (VENTURA, 2009). Segundo

Mendonça (2005), embora, a reciclagem dos polímeros seja considerada uma grande

vantagem quanto ao uso desses materiais, de fato a reversibilidade é apenas parcial, isto é, a

cada reprocessamento o produto apresenta redução parcial de propriedades mecânicas.

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As resinas termoplásticas mais utilizadas no setor industrial são as poliamidas,

polietilieno terraftalico, polipropileno, polietileno (alta e baixa densidade), policloretro de

vinila, acrílicos, policarbonatos, poliestirenos (ALBUQUERQUE, 2000). Algumas vantagens

e desvantagens na utilização da matriz polimérica termoplástica são apresentadas na Tabela

2.4.

Tabela 2.4 – Vantagens e Desvantagens na Utilização das Matrizes Poliméricas

Vantagens

(a) Moderada resistência química.

(b) Elevada tenacidade.

(c) Elevado volume de produção

(d) Baixa densidade

(e) Reciclável

Desvantagens

(a) Baixas propriedades mecânicas

(b) Elevado coeficiente de expansão térmico

(c) Baixa estabilidade dimensional

(d) Baixa temperatura de utilização Fonte: Adaptado, (MARINUCCI, 2011).

b) Matrizes Termorígidas

Os plásticos termorrígidos apresentam suas moléculas interligadas através de ligações

fortes. Desta forma os polímeros termorrígidos, por aquecimento ou outra forma de

tratamento, assumem estrutura reticulada, com ligações cruzadas que não favorecem

escorregamento entre as moléculas, tornando-se infusível, insolúveis e não recicláveis. sendo

esta uma desvantagem quanto a sua utilização (MANO, 2004; MENDES, 1994).

Este tipo de matriz, também conhecida como termofixas, quando exposta à

temperatura ambiente, abaixo de 50 °C permanece no estado líquido propiciando a sua

utilização na respectiva temperatura, porém o mecanismo de solidificação processa-se através

de combinações químicas com agentes de cura, pela ação de catalisadores ou oxigênio do ar

(MARINUCCI, 2011; FELIPE, 2012) O processo de cura é exotérmico, e um ciclo ótimo

deste processo é determinado empiricamente levando em consideração fatores como: tipo e a

concentração de agentes de cura, acelerador ou catalisador, tempo e temperatura, cura única

ou com pós-cura e a interação destes fatores.

As variações de temperatura envolvidas no processo de cura das resinas termorrígidas

e a os diferentes coeficientes de expansão térmica entre a matriz e o reforço, propiciam o

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surgimento de tensões residuais no material. Estas tensões, também conhecidas como “tensões

de cura”, costumam favorecer o aparecimento de micro trincas quando há solicitação de

cargas externas (CORREIA, 1988; HULL E CLYNE, 1996). Embora apresentem limitações

quanto ao uso em materiais estruturais as matrizes termorrígidas podem ser aplicadas para o

processo de impregnação em função de vantagens como: baixo custo, estabilidade térmica e

dimensional, resistência química a altas temperaturas e facilidade de se moldar peças com

grandes dimensões.

Os polímeros mais utilizados para a fabricação de compósitos são: epóxi, poliéster

insaturado, viniléster e fenólica. Na Tabela 2.5 expõem-se algumas vantagens e desvantagens

quanto à utilização deste tipo de matrizes.

Tabela 2.5 – Vantagens e desvantagens na utilização das matrizes poliméricas

Vantagens

(a) Propriedades mecânicas e elásticas superiores aos termoplásticos

(b) Elevada estabilidade dimensional

(c) Elevada resistência química

Desvantagens

(a) Baixa temperatura de uso quando comparado aos metais

(b) Não reciclável Fonte: Adaptado, (MARINUCCI, 2011; ASKELAND E PULÉ, 2008).

Resina Epóxi Éster-Vinílica

Resinas epóxi éster-vinílicas são produtos termofixos resultantes de modificações

químicas a partir de estruturas iniciais de epóxi, às quais são adicionadas duplas ligações

(vinílicas) e grupamentos éster (DERAKENE, 2002).

As resinas epóxi éster-vinílicas são produzidas á partir da reação de resina epóxi com

bisfenol A ou Bisfenol F, para crescimento da cadeia, e posteriormente reagido com um ácido

carboxílico insaturado. Este ácido na maioria dos casos é o ácido acrílico como demonstrado

na Figura 2.7. Após esse processo a resina é diluída com monômero de estireno, até atingir a

viscosidade e a concentração ideal (SILAEX, 2017).

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30

Figura 2.7 – Reação para a obtenção da resina epóxi éster-vinílica.

Fonte: (SILAEX, 2017)

Também conhecidas como resinas vinilésteres, às resinas epóxi éster-vinílicas destaca-

se pela versatilidade em conjugar num só produto resistência a corrosão, resistência a altas

temperaturas e alongamento diferenciado (REVISTA COMPOSITES & PLÁSTICOS DE

ENGENHARIA, 2010)

2.2 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO DE COMPÓSITOS

Os processos de fabricação utilizados na obtenção de compósitos poliméricos são

classificados, conforme Smith (1998), de acordo com o molde utilizado: molde aberto ou

molde fechado. O processo de fabricação com molde aberto caracteriza-se, principalmente,

pela exposição de uma das faces do material ao ambiente, enquanto no processo de fabricação

com molde fechado, o laminado encontra-se confinado entre as duas faces do molde (LEVY

NETO E PARDINI, 2006; MENDONÇA, 2005).

O molde aberto requer um menor investimento, e possibilita a fabricação de peças em

grande tamanho. O molde fechado possibilita o controle de tolerância dimensional,

promovendo alta qualidade superficial nas duas faces da peça.

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31

O Processo de fabricação em molde aberto pode ser classificado em moldagem manual

(hand lay-up), moldagem em pistola (spray-up), moldagem por centrifugação e a moldagem

por enrolamento (filament winding). Já para processo de fabricação em molde fechado temos

a moldagem por compressão, a injeção e pultrusão (CALLISTER JR., 2008).

2.2.1 Fabricação por Moldagem Manual

O processo de moldagem por contato manual ou laminação manual (hand lay-up) é

um processo largamente utilizado, embora não represente o de maior produção devido à sua

principal limitação, a cadência de produção. Trata-se de um método simples, no qual não se

necessita de grandes aparatos tecnológicos e mão de obra especializada, e por isso configura-

se como um método econômico.

No processo de laminação manual as fibras são colocadas no interior do molde e a

resina é introduzida e impregnada à mão com o auxílio de rolos, conforme esquema da Figura

2.8. Previamente, aplica-se desmoldante ao molde utilizado e em casos que se deseja

acabamento mais aprimorado, aplica-se também gel coat. Com o auxílio de espátulas e rolos

distribui-se a resina uniformemente ao longo das fibras. Os rolos, em especial, tem a função

de extrair as bolhas de ar do reforço e, ainda, assegurar a completa impregnação das fibras na

resina. O laminado é deixado a curar nas condições atmosféricas normais, sem a aplicação de

pressão ao molde para a sua consolidação. Após a cura, a peça é retirada do molde com a

forma final desejada.

Figura 2.8 – Representação do processo de fabricação manual.

Fonte: (NETCOMPOSITES,2017)

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32

2.3 PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS COMPÓSITOS REFORÇADOS

Na definição usual, compósitos são materiais que apresentam um ou mais constituintes

quimicamente diferentes, de tal forma e quando adequadamente associados apresentam, quase

sempre, melhor desempenho que os seus componentes individualmente. Assim, a análise e

concepção de tais materiais é diferente daquela para materiais convencionais como metais. A

abordagem para analisar o comportamento mecânico das estruturas compostas é dada,

basicamente, por dois níveis: micromecânica e macromecânica, conforme esquema

apresentado na Figura 2.9 (MARINUCCI, 2001; KAW, 2006).

Figura 2.9 – Esquema de análise de compósitos laminados.

Fonte: (KAW, 2006)

É de grande importância poder predizer as propriedades de um compósito, a partir das

propriedades mecânicas individuais e disposição geométrica dos seus componentes. A área de

estudo no qual as interações microscópicas entre os materiais constituintes do compósito

(matriz e reforço) são avaliadas é denominada micromecânica. Um caso particularmente

simples é a regra das misturas, uma ferramenta aproximada que considera as propriedades

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33

compostas como médias ponderadas por volume das propriedades dos componentes

(MENDONÇA, 2005; CHAWLA, 2012).

O comportamento mecânico do compósito é regido pelas propriedades dos seus

constituintes, entretanto, na análise macromecânica o compósito é considerado um corpo

homogêneo embora anisotrópico, com propriedades globais suspostamente conhecidas e

determinadas previamente, pelas formulações da análise micromecânica ou por vias

experimentais (MENDONÇA, 2005)

2.3.1 Comportamento Mecânico de uma lâmina

Uma lâmina é uma camada plana (ou curva) de fibras unidirecionalmente dispostas ou

na forma de tecidos, envolvidas numa matriz. As lâminas podem ter várias espessuras e

consistir de diferentes materiais. Considerando que a orientação dos eixos principais varia de

lâmina para lâmina, e considerando-a como um material ortotrópico é mais conveniente

analisa-las usando um sistema de coordenadas fixo, como mostrado na Figura 2.10 (COSTA,

2011).

Os materiais ortotrópicos possuem três planos perpendiculares de simetria geométrica

que implicam também em três planos ortogonais de simetria das constantes elásticas. Para

estes materiais, pode-se definir um sistema de eixos ortogonais, dentro do qual as

propriedades mecânicas são identificadas. Estes eixos são paralelos às direções longitudinais e

transversais às fibras, eixos 1 e 2, respectivamente, e o eixo 3 é obtido pelo produto vetorial

dos dois eixos anteriores, conforme Figura 2.10 (PIERIN, 2005)

Figura 2.10 – Lâmina ortotrópica nos planos 1,2

Fonte: (FEDALTO, 2004).

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34

2.3.2 Transformação Plana de Tensões

Em análises de comportamento mecânico os sistemas cartesianos x, y, e z ou 1, 2 e 3,

que definem os planos de atuação do carregamento, são escolhidos de forma a simplificar o

processo de modelagem, interpretação ou solução das propriedades mecânicas em questão

(MENDONÇA, 2005)

O processo de solução, seja analítico ou numérico, fornece as tensões em cada ponto,

no sistema x-y-z escolhido. Entretanto, a falha do material pode não estar relacionada

diretamente a essas componentes de tensão, mas com as componentes segundo algum outro

sistema de eixos.

Nos compósitos fibrosos os valores obtidos das propriedades mecânicas estão

diretamente associados à orientação em que se encontram as fibras no compósito. De acordo com

a Figura 2.10, a orientação das fibras podem não coincidir com o plano principal de tensão. Desta

forma utilizando as Equações 2.1, 2.2 e 2.3, inferidas do Círculo de Mohr, pode-se determinar o

estado plano de tensões para qualquer orientação angular (HIBBELER, 2010).

𝜎1 =𝜎𝑥 + 𝜎𝑦

2+𝜎𝑥 + 𝜎𝑦

2cos(2𝜃) + 𝜏𝑥𝑦𝑠𝑒𝑛(2𝜃) (2.1)

𝜎2 = 𝜎𝑥 + 𝜎𝑦 − 𝜎1 (2.2)

𝜏12 = −𝜎𝑥 − 𝜎𝑦

2sen(2𝜃) + 𝜏𝑥𝑦𝑐𝑜𝑠(2𝜃) (2.3)

Onde, 𝜎1 e 𝜎2 são as tensões aplicadas na direção principal e transversal das fibras,

respectivamente; 𝜏12 é a tensão de cisalhamento no plano definido em 1-2; 𝜎𝑥 e 𝜎𝑦 são as

tensões aplicada na direção do carregamento e na direção transversal ao carregamento,

respectivamente; 𝜏𝑥𝑦 a tensão de cisalhamento no plano definido em x-y; e 𝜃- ângulo de

orientação da fibra.

Para análises onde aplica-se apenas carregamento uniaxial, como a realizada nesta

dissertação, pode-se considerar 𝜎𝑦 e 𝜏𝑥𝑦 iguais a zero, obtendo-se as Equações 2.4, 2.5 e 2.6:

𝜎1 =𝜎𝑥2[1 + 𝑐𝑜𝑠(2𝜃)] (2.4)

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35

𝜎2 =𝜎𝑥2[1 − 𝑐𝑜𝑠(2𝜃)] (2.5)

𝜏12 = −𝜎𝑥2sen(2𝜃) (2.6)

2.3.3 Macromecânica de uma lâmina

A análise macromecânica prediz o comportamento mecânico da lâmina sob um

conjunto de carregamentos combinados, considerando apenas suas propriedades mecânicas

médias, admitindo que a lâmina é homogênea, ortotrópica e assume comportamento elástico

(MENDONÇA, 2005).

De acordo com Leitão (2007) para uma lâmina ortotrópica no estado plano de tensão,

conforme apresentado na Figura 2.11, as deformações longitudinal e transversal no eixo

global X-Y são dependentes das propriedades mecânicas locais e das tensões aplicadas nesta

direção. Conforme apresentado na Figura 2.11 os eixos principais locais (1-2) da lâmina estão

alinhados com os eixos de referência globais (X-Y). Nessa situação, o compósito é

denominado de on-axis.

Figura 2.11 – Lâmina com eixo local 1-2 das fibras coincidente com eixo global X-Y

Fonte: adaptado (LEITÃO, 2007)

As relações tensões-deformações para um material ortotrópico em função de

constantes de engenharia são dadas pela Equação 2.7, admitindo o sistema de coordenadas

apresentados na Figura 2.9.

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36

{

𝜀1

𝜀2

𝜀3

𝛾23

𝛾31

𝛾12}

=

[ 1

𝐸1−𝑣21𝐸2

−𝑣31𝐸3

0 0 0

−𝑣12𝐸1

1

𝐸2−𝑣32𝐸3

0 0 0

−𝑣13𝐸1

−𝑣23𝐸2

1

𝐸30 0 0

0 0 01

𝐺230 0

0 0 0 01

𝐺310

0 0 0 0 01

𝐺12]

{

𝜎1

𝜎2

𝜎3

𝜏23

𝜏31

𝜏12}

(2.7)

Onde, 𝐸1, 𝐸2, 𝐸3 são os módulos de Young nas direções principais;

𝑣12, 𝑣21, 𝑣13, 𝑣31, 𝑣23, 𝑣32 são os seis valores de coeficiente de Poisson; 𝐺12, 𝐺23 e 𝐺31 são os

módulos de elasticidade transversal cisalhante, nos planos 1-2, 2-3 e 3-1, respectivamente.

2.3.4 Análise Mecânica sobre o Estado Plano de Tensão (EPT)

a) Equações constitutivas de uma lâmina sob EPT na direção 0⁰ e 90⁰ (on-axis)

Para as lâminas ortotrópicas que estejam sob um estado plano de tensão, ou seja, cada

ponto está sujeito à tensões num único plano (Figura 2.11), a relação entre as deformações e

tensões no plano é definida pela Equação 2.8.

{

𝜀1

𝜀2

𝛾12}

=

[ 1

𝐸1−𝑣21𝐸2

0

−𝑣12𝐸1

1

𝐸20

0 01

𝐺12]

{

𝜎1

𝜎2

𝜏12}

= [𝑆]

{

𝜎1

𝜎2

𝜏12}

(2.8)

A matriz [S] é nomeada como matriz de flexibilidade reduzida, e a relação matricial

inversa que fornece as tensões referentes às direções 1 e 2 em função das deformações, é

obtida pela Equação 2.9.

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37

{

𝜎1𝜎2𝜏12} = [

𝑄11 𝑄12 0𝑄21 𝑄22 00 0 𝑄66

] {

𝜀1𝜀2𝛾12} = [𝑄] {

𝜀1𝜀2𝛾12} (2.9)

A matriz [Q] da Equação 2.9, conhecida como matriz rigidez é a matriz inversa de [S], ou

seja, [Q]=[S]-1

no sistema de coordenadas (1,2), onde Qij são os termos da matriz de

elasticidade inversa reduzida. Assim considerando as constantes de engenharia tem-se que:

𝑄11 =𝐸12

𝐸1 − 𝑣122 𝐸2

(2.10)

𝑄12 =𝑣12𝐸1𝐸2

𝐸1 − 𝑣122 𝐸2

(2.11)

𝑄22 =𝐸1𝐸2

𝐸1 − 𝑣122 𝐸2

(2.12)

𝑄66 = 𝐺12 (2.13)

Considerando as Equações 2.10 à 2.13, observa-se que o comportamento de uma

lâmina ortotrópica carregada em seu estado plano de tensão é definido por apenas quatro

constantes elásticas: 𝐸1, 𝐸2, 𝐺12 e 𝑣12, além da relação de reciprocidade dada pela Equação

2.14.

𝑣21 = 𝑣12𝐸1𝐸2 (2.14)

b) Equações constitutivas de uma lâmina sob EPT fora do eixo (off-axis)

Nas análises de comportamento mecânico, sob EPT, de lâminas nas quais as direções

das fibras não coincide com as direções principais de ortotropia 1 e 2, define-se dois sistemas

de coordenadas: um global (x-y) para definir os parâmetros da lâmina na direção do

carregamento, e um local (1-2) orientados nas direções principais de ortotropia do material.

Estes sistemas podem ser observados na Figura 2.12. Os eixos global e local são relacionados

por meio do ângulo 𝜃.

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Figura 2.12 – Eixos local e global de uma lâmina orientada.

Fonte: Autora

Conforme Levy Neto e Pardini (2006), para obter a relação entre tensões e

deformações 2D no sistema (x-y), é preciso obter as equações de rotação de tensões e

deformações no sistema (x-y) para (1-2) e substitui-las na Equação 2.3. A partir de

manipulações algébricas, obtem-se a Equação 2.15.

{

𝜎𝑥𝜎𝑦𝜏𝑥𝑦

} = [𝑇]−1[𝑄][𝑇]−𝑇 {

𝜀𝑥𝜀𝑦𝛾𝑥𝑦} = [�̅�] {

𝜀𝑥𝜀𝑦𝛾𝑥𝑦} (2.15)

A matriz de transformação [T] para o estado plano de tensões é definida como

Equação 2.16.

[𝑇] = [𝑐𝑜𝑠2𝜃 𝑠𝑒𝑛2𝜃 2𝑠𝑒𝑛𝜃𝑐𝑜𝑠𝜃𝑠𝑒𝑛2𝜃 𝑐𝑜𝑠2𝜃 −2𝑠𝑒𝑛2𝜃𝑐𝑜𝑠2𝜃

−𝑠𝑒𝑛𝜃𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑐𝑜𝑠𝜃 (𝑐𝑜𝑠2𝜃−𝑠𝑒𝑛2𝜃)] (2.16)

Onde [𝑇]−1, [𝑇]𝑇 e [𝑇]−𝑇 referem-se às operações de inversão, transposição e inversão

da transposição da matriz [T], respectivamente. Ressalta-se que a matriz inversa [T]-1

pode ser

obtida pela substituição do ângulo positivo 𝜃, pelo ângulo negativo – 𝜃.

Sendo a matriz [�̅�] chamada de matriz de rigidez transformada, conforme Mendonça

(2005), a relação tensão-deformação no eixo x-y e dada pela Equação 2.17.

{

𝜎𝑥𝜎𝑦𝜏𝑥𝑦

} = [

�̅�11 �̅�12 0

�̅�21 �̅�22 0

0 0 �̅�66

] {

𝜀𝑥𝜀𝑦𝛾𝑥𝑦} (2.17)

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Invertendo a Equação 2.18, permite-se calcular o vetor coluna de deformações 2-D, no

sistema (x-y), a partir do produto da matriz de flexibilidade [𝑆̅] pelo vetor de tensões

correspondente, conforme descrito nas Equações 2.18 e 2.19, considerando [𝑆̅] = [�̅�]−1

{

𝜀𝑥𝜀𝑦𝛾𝑥𝑦} = [𝑇]𝑇[𝑆][𝑇] {

𝜎𝑥𝜎𝑦𝜏𝑥𝑦

} = [𝑆̅] {

𝜎𝑥𝜎𝑦𝜏𝑥𝑦

} (2.18)

{

𝜀𝑥𝜀𝑦𝛾𝑥𝑦} = [

𝑆1̅1 𝑆1̅2 0

𝑆21 𝑆2̅2 0

0 0 𝑆6̅6

] {

𝜎𝑥𝜎𝑦𝜏𝑥𝑦

} (2.19)

As componentes das matrizes [𝑆] 𝑒 [𝑄] podem ser obtidas a partir das constantes de

engenharia, conforme apresentado no item 2.3.4 a), Equações 2.8 a 2.13. Desta forma,

considerando as operações indicadas nas Equações 2.15 e 2.19, as propriedades mecânicas do

material e relações trigonométricas do ângulo 𝜃, modela-se as constantes de engenharia Ex,

Ey, Gxy, e vxy através das Equações 2.20, 2.21 e 2.22.

𝐸𝑥 = [1

𝐸1𝑐𝑜𝑠4𝜃 + (

1

𝐺12− 2

𝑣12𝐸1) 𝑠𝑒𝑛2𝜃𝑐𝑜𝑠2𝜃 +

1

𝐸2𝑠𝑒𝑛4𝜃]

−1

(2.20)

𝑣𝑥𝑦 = 𝐸𝑥 [𝑣12𝐸1(𝑠𝑒𝑛4𝜃+𝑐𝑜𝑠4𝜃) − (

1

𝐸1+1

𝐸2−

1

𝐺12) 𝑠𝑒𝑛2𝜃𝑐𝑜𝑠2𝜃] (2.21)

𝐺𝑥𝑦 = [2 (2

𝐸1+2

𝐸2+4𝑣12𝐸1

−1

𝐺12) 𝑠𝑒𝑛2𝜃𝑐𝑜𝑠2𝜃 +

1

𝐺12(𝑠𝑒𝑛4𝜃+𝑐𝑜𝑠4𝜃)]

−1

(2.22)

2.4 CRITÉRIOS DE FALHA

A falha de um componente ou sistema está relacionada com a perda da funcionalidade

para o qual foi projetado. Os mecanismos de falha de um compósito variam bastante com suas

propriedades e com o tipo de carregamento, assim pode-se definir diversas formas para

caracterizar a ocorrência da falha, definindo-se assim os critérios de falha (FEDALTO, 2004)

Segundo Tita et al (2002), um critério de falha visa fornecer uma interpretação dos

efeitos provocados por carregamentos combinados (estado duplo de tensões) na estrutura,

indicando quando houve uma eventual falha local ou global por parte da mesma.

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40

Os critérios de falhas foram criados primeiramente para materiais isotrópicos, como o

aço Para compósitos, as teorias de falha foram criadas com base nos critérios criados para

materiais isotrópicos, e adaptações foram feitas considerando as propriedades dos compósitos

e o tipo de carregamento aplicado (KAW, 2006; DANIEL E ISHAI, 1994)

Em análises da resistência mecânica, os critérios de falha são definidos em função de

variáveis que quantificam a resistência dos materiais empregados e as solicitações aplicadas

sobre o componente. Segundo Costa (2011) de um ponto de vista macroscópico, a resistência

de uma lâmina é uma propriedade anisotrópica, isto é, varia com a orientação das fibras. Por

isso os critérios de falha procuram relacionar a resistência em uma direção arbitrária com

parâmetros básicos do material que são as resistências em direções específicas. Para o caso de

compósitos laminados, estes parâmetros são as resistências à compressão e a tração nas

direções normal e perpendicular as fibras, além da resistência ao cisalhamento.

Para prever o estado de tensão no qual as falhas irão ocorrer são utilizados ensaios

experimentais que mostram os limites de resistência do material em carregamentos com

direções específicas. Com o conhecimento dos valores limites de tensão do material, deve-se

aplicar um critério de falha para avaliar se o material falha em um estado de tensão qualquer

(COSTA et al, 2010).

Os principais critérios de falha utilizados para compósitos são: Critério de Falha da

Tensão Máxima; Critério de Falha de Tsai-Hill; Critério de Falha de Tsai-Wu; Critério de

Falha de Hashin.

2.4.1 Critério da Tensão Máxima

O critério de tensão a máxima é o mais simples dos critérios de falha para compósitos

laminados, esta teoria foi apresentada por Jenkins (1920), como uma extensão da teoria da

tensão normal máxima, também chamada Teoria de Rankine, usada para materiais isotrópicos

A teoria de máxima tensão considera que a falha ocorre quando qualquer uma das

tensões calculadas nos eixos principais do material, (𝜎11, 𝜎22, 𝜏12) para um estado plano de

tensão, excede os limites obtidos por ensaios experimentais. Em resumo o material não

apresenta falha quando as seguintes inequações (2.23) são satisfeitas (PANOSSO, 2011).

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41

−𝑋𝐶 < 𝜎11 < 𝑋𝑇

−𝑌𝐶 < 𝜎22 < 𝑌𝑇 (2.23)

|𝜏12| < 𝑆

𝑋𝑇 , 𝑋𝐶 , 𝑌𝑇 , 𝑌𝐶 𝑒 𝑆 são as resistências da lâminas obtidas através de ensaios

experimentais, onde 𝑋𝑇 é a resistência à tração longitudinal, 𝑋𝐶 a resistência à compressão

longitudinal, 𝑌𝑇 a resistência à tração transversal, 𝑌𝐶 a resistência à compressão transversal e S

a resistência ao cisalhamento no plano.

2.4.2 Critério de Falha de Tsai-Hill

O Critério de Falha de Tsai-Hill foi baseado em uma generalização da Teoria de

Distorção Máxima. Hill (1948), considerou que o Critério de von Mises, proposto para o

início de escoamento em metais isotrópicos, poderia ser modificado. Considerando que é

possível incluir os efeitos da anisotropia, Hill (1948) propôs o seguinte critério para o estado

triaxial de tensões, demonstrado na Equação 2.24.

𝜎112

𝑋2+𝜎222

𝑌2+𝜎332

𝑍2− (

1

𝑋2+1

𝑌2−1

𝑍2) 𝜎11𝜎22 − (

1

𝑌2−1

𝑋2+1

𝑍2) 𝜎22𝜎33 − (

1

𝑋2−1

𝑌2+1

𝑍2) 𝜎11𝜎33

+𝜎232

𝑆12 +

𝜎132

𝑆12 +

𝜎122

𝑆2= 1 (2.24)

Verifica-se que para uma lâmina a transversalmente isotrópica, 𝑍 = 𝑌 e 𝑆1 = 𝑆 e sob

estado plano de tensão ocorre que 𝜎33 = 𝜎13 = 𝜎23 = 0. Desta forma, reescreve-se os critério

de Hill (1948), conforme Equação 2.25.

𝜎112

𝑋2+𝜎222

𝑌2−𝜎11𝜎22𝑋2

+𝜏122

𝑆2= 1 +

𝜎232

𝑆12 +

𝜎132

𝑆12 +

𝜎122

𝑆2= 1 (2.25)

Observa-se que a expressão do critério é uma igualdade se o estado de tensão está no

limiar do ponto crítico de falha. Se as tensões estão abaixo desse limite esta expressão

converte-se numa desigualdade, ou reescreve-se na forma da Equação 2.26.

(𝜎11𝑋)2

+ (𝜎22𝑌)2

−𝜎11𝜎22𝑋2

+ (𝜏12𝑆)2

=1

𝐶2 (2.26)

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42

Onde, 𝐶 pode ser considerado um fator se segurança se for maior que 1.

2.4.3 Critério de falha de Tsai-Wu

O critério de Tsai-Wu baseia-se na ampliação do número de termos do critério de Hill.

Tsai e Wu (1971) desenvolveram um critério que tinha como proposta ser operacionalmente

simples de maneira que se pudesse caracterizar o material e que fosse facilmente utilizável no

projeto de componentes. Este critério não explica ou prevê os mecanismos reais da falha,

embora tenha se tornado um dos critérios mais populares, por ser computacionalmente fácil

de ser implementado e por requerer um método relativamente simples para predizer a

capacidade de carregamento de uma estrutura.

A suposição básica do critério Tsai-Wu é que existe uma superfície de falha no espaço

de tensão na forma escalar demonstrado na Equação 2.27.

𝑓𝑖𝜎𝑖 + 𝑓𝑖𝑗𝜎𝑖𝜎𝑗 = 1 (2.27)

Onde, 𝑓𝑖 e 𝑓𝑖𝑗 são estruturas rearranjadas de tensores de resistência de segunda e quarta ordem

e i,j=1,2,...,6.

Incorporando-se as propriedades e considerando estado plano de tensões em uma

lâmina ortotrópica tem-se a Equação 2.28 do ponto crítico de falha.

(1

𝑋𝑇−1

𝑋𝐶)𝜎1 + (

1

𝑌𝑇−1

𝑌𝐶) 𝜎2 +

𝜎12

𝑋𝑇𝑋𝐶+𝜎22

𝑌𝑇𝑌𝐶+ (

𝜏12𝑆)2

−𝜎1𝜎2

√𝑋𝑇𝑋𝐶𝑌𝑇𝑌𝐶= 1 (2.28)

𝑋𝑇 , 𝑋𝐶 , 𝑌𝑇 , 𝑌𝐶 𝑒 𝑆 são as propriedades de resistência coplanar da lâmina e

𝑍𝑇 , 𝑍𝐶 , 𝑆1 𝑒 𝑆2 as propriedades de resistência transversais, relacionadas com tração e

compressão na direção 3 e os cisalhamentos nos plano 1−3 e 2−3, obtidas a partir de ensaios

experimentais.

A expressão 2.28, indica que o estado de tensão encontra-se num ponto crítico, no

limiar da falha da lâmina. Entretanto, se o estado de tensões é tal que o resultado do lado

direito é menor que 1, tem-se a situação de segurança. Desta forma, faz-se a estimativa do

coeficiente de segurança 𝐶 de acordo com a Equação 2.29.

𝜎12

𝑋2−𝜎1𝜎2𝑋𝑌

+𝜎22

𝑌2+𝜏122

𝑆2=1

𝐶2 (2.29)

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43

2.4.4 Critério de Hashin

Hashin (1980) apresentou um critério para falhas em lâminas reforçadas por fibras

unidirecionais, transversalmente isotrópicas, baseado no polinômio quadrático de tensões.

Diferentemente dos critérios de Tsai-Hill e Tsai-Wu, os quais não permitem uma identificação

dos modos de falha; o Critério de Hashin (1980) considera modos de falha da fibra e entre

fibras, distinguindo-se entre carregamentos de tração e de compressão. Considerando-se um

estado plano de tensões, este critério é escrito pelas Equações 2.30 a 2.33.

a) Falha da fibra sob tração (𝜎1 > 0):

(𝜎1𝑋𝑇)2

+ (𝜏12𝑆12)2

= 1 (2.30)

b) Falha da fibra sob compressão (𝜎1 < 0):

𝜎1 = −𝑋𝐶 (2.31)

c) Falha da matriz sob tração (𝜎2 > 0):

(𝜎2𝑌𝑇)2

+ (𝜏12𝑆12)2

= 1 (2.32)

d) Falha da matriz sob compressão (𝜎2 < 0):

(𝜎22𝑆23

)2

+ [(𝑌𝐶2𝑆23

)2

− 1]𝜎2𝑌𝐶+ (

𝜏12𝑆12)2

= 1 (2.33)

2.4.5. Tensões off-axis aplicadas aos critérios de falha

Para análises do comportamento mecânico de compósitos em configurações off-axis

com base nos critérios de falhas, aplica-se as equações de transformações de tensões,

Equações 2.4, 2.5 e 2.6, nas expressões dos critérios de falhas abordados no tópico 2.5. Desta

forma obtém-se as Equações 2.34, 2.35, 2.36 para os critérios de máxima tensão, Tsai-Hill,

Tsai-Wu e Hashin, respectivamente. As Equações 2.37 e 2.38 referem-se ao critério de

Hashin, considerando apenas o modo de falha por esforços de tração.

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44

𝜎𝑀í𝑛 = [2𝑋

1 + cos (2𝜃);

2𝑌

1 − cos (2𝜃);

2𝑆

𝑠𝑒𝑛(2𝜃)] (2.34)

𝜎𝑥 = {4

1𝑋2[1 + cos (2𝜃)]2 −

1𝑋2[1 − 𝑐𝑜𝑠2(2𝜃)]2 +

1𝑆2[𝑠𝑒𝑛(2𝜃)]2

}

12⁄

(2.35)

𝜎𝑥 = {4

1𝑋2[1 + cos (2𝜃)]2 −

1𝑋 ∙ 𝑌

[1 − 𝑐𝑜𝑠2(2𝜃)] +1𝑌2[1 − cos(2𝜃)]2 +

1𝑆2[𝑠𝑒𝑛(2𝜃)]2

}

12⁄

(2.36)

𝜎𝑥1 =2

{[1 + 𝑐𝑜𝑠2(2𝜃)]2

𝑋2+[𝑠𝑒𝑛(2𝜃)]2

𝑆2}

12⁄ (2.37)

𝜎𝑥2 =2

{[1 + 𝑐𝑜𝑠2(2𝜃)]2

𝑋2+[𝑠𝑒𝑛(2𝜃)]2

𝑆2}

12⁄ (2.38)

2.6 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Um dos objetivos numa pesquisa por amostragem é estimar parâmetros populacionais

que forneçam dados satisfatoriamente confiáveis das características da população, como por

exemplo: média, proporção, variância, coeficientes de modelos de regressão, entre outros.

Entretanto, inerente ao processo de amostragem está associado um erro amostral

(MUNDSTOCK, 2005).

2.6.1 Análise de Variância

A análise de variância (ANOVA) é um teste estatístico amplamente utilizado, e visa

fundamentalmente verificar se existe uma diferença significativa entre as médias e se os

fatores exercem influência em alguma variável dependente. Para Lapponi (2005), a variação

de médias das amostras pode ser consequência da variação amostral ou de uma boa evidência

da diferença entre as médias das populações.

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45

A avaliação do comportamento de um modelo começa pela análise dos desvios das

observações em relação à média global. O desvio de um valor observado em relação à média

de todas as observações (𝑦𝑖 − �̅�), como mostra a Figura 2.12, pode ser decomposto em duas

parcelas, conforme Equação 2.39.

(𝑦𝑖 − �̅�) = (�̂�𝑖 − �̅�) + (𝑦𝑖 − �̂�𝑖) (2.39)

Figura 2.13- Decomposição do desvio de uma observação em relação à média global.

Fonte: (BARROS NETO et al, 2010)

A parcela (�̂�𝑖 − �̅�) representa o afastamento da previsão do modelo para o ensaio em

questão (�̂�𝑖) em relação à média global (�̅�). A segunda parcela é a diferença entre o valor

observado e valor previsto.

A análise de variância, baseia-se na decomposição da soma dos quadrados total, 𝑆𝑄𝑇,

(que corresponde à variação da variável resposta), na soma dos quadrados explicada, 𝑆𝑄𝑅,

(que corresponde à variação da variável resposta que é explicada pelo modelo) e na soma dos

quadrados dos resíduos, 𝑆𝑄𝑟, (que corresponde à variação da variável resposta que não é

explicada pelo modelo). Nota-se, a partir das Equações 2.40 e 2.41, que a variação total das

observações 𝑦𝑖 é em parte descrita pela equação de regressão (2.43), e em parte descrita pelos

resíduos (2.44).

𝑆𝑄𝑇 = 𝑆𝑄𝑅 + 𝑆𝑄𝑟 (2.40)

∑(𝑦𝑖 − �̅�)2 = ∑[(�̂�𝑖 − �̅�) + ∑(𝑦𝑖 − �̂�𝑖)]

2 (2.41)

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46

Considerando,

𝑆𝑄𝑇 = ∑(𝑦𝑖 − �̅�)2 (2.42)

𝑆𝑄𝑅 = ∑(�̂�𝑖 − �̅�)2 (2.43)

𝑆𝑄𝑟 = ∑(𝑦𝑖 − �̂�𝑖)2 (2.44)

Cada soma quadrática tem associada a si um número de graus de liberdade, que indica

quantos valores independentes envolvendo as n observações 𝑦1, 𝑦2,… , 𝑦𝑛 são necessários para

determiná-la. A razão entre as somas quadráticas pelos seus respectivos números de graus de

liberdade é denominada média quadrática (MQ). A média quadrática representa uma medida

aproximada do erro médio quadrático cometido quando se utiliza a equação de regressão para

prever o valor de y correspondente a um dado valor de x.

2.6.2 Teste de hipóteses e Intervalo de confiança

Para que seja possível realizar os testes de hipóteses e a construção do intervalo de

confiança para as estimativas do modelo é necessário estimar a variância (𝜎2). Essa

estimativa pode ser obtida pelo quadrado médio dos erros (𝑀𝑄𝑟), conforme Equação 2.45

(MONTGOMERY; RUNGER, 2016; WEISBERG, 2005).

�̂�2 =𝑆𝑄𝑟𝑛 − 𝑝

= 𝑀𝑄𝑟 (2.45)

O teste de significância da regressão pode ser expresso pelas seguintes hipóteses,

demonstradas nas Equações 2.46 e 2.47. A rejeição da hipótese nula (𝐻0) significa que ao

menos uma das variáveis de controle é estatisticamente significativa para o modelo.

𝐻0: 𝛽1 = 𝛽2 = ⋯ = 𝛽𝑘 = 0 (2.46)

𝐻1: 𝛽𝑗 ≠ 0 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑛𝑜 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 𝑢𝑚 𝑗 (2.47)

De acordo com Barros Neto et al (2010), para testar as hipóteses das Equações 2.46 e

2.47, quando 𝛽1 = 0, isto é, quando não há relação entre X e Y, pode-se demonstrar que a

razão entre as médias quadráticas 𝑀𝑄𝑅 e 𝑀𝑄𝑟 segue uma distribuição F, conforme Equação

2.48.

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47

𝐹𝑃−1,𝑛−𝑝 = 𝑀𝑄𝑅𝑀𝑄𝑟

(2.48)

Onde p-1 e n-p são os números de graus de liberdade da média quadrática devida à

regressão e da média quadrática residual, respectivamente. Como a Equação 2.45 só vale para

𝛽1 = 0, pode-se testar essa hipótese nula usando o valor efetivamente calculado para

𝑀𝑄𝑅

𝑀𝑄𝑟, bastando para isso compará-lo com o valor tabelado de 𝐹𝑝−1,𝑛−𝑝, no nível de confiança

desejado.

2.6.3 Coeficiente de determinação

O quociente entre a variação explicada (𝑆𝑄𝑅) e a variação total (𝑆𝑄𝑇), denominado

coeficiente de determinação (𝑅2), é usado para quantificar a capacidade explicativa do

modelo, conforme Equação 2.49. Para Esteves and Sousa (2007), 𝑅2 é uma medida da

proporção da variação da variável resposta 𝑌 que é explicada pela equação de regressão

quando estão envolvidas as variáveis independentes 𝑋1, 𝑋2… ,𝑋𝑃, onde 0 ≤ 𝑅2 ≤ 1.

𝑅2 =𝑆𝑄𝑅𝑆𝑄𝑇

= 1 −𝑆𝑄𝑟𝑆𝑄𝑇

(2.49)

De acordo com Barros Neto et al (2010) quanto mais perto de 1 estiver o valor de 𝑅2,

melhor terá sido o ajuste do modelo às respostas observadas. A raiz quadrada de 𝑅2 é o

coeficiente de regressão múltipla entre 𝑦 e o conjunto de variáveis de controle utilizadas no

modelo.

2.6.4 Análise Residual

O exame dos resíduos é fundamental na avaliação da qualidade do ajuste de qualquer

modelo; quanto menor a quantidade de resíduos de um modelo matemático, mas acurada será

sua descrição do fenômeno (CASSIANO, 2003)

Segundo Bolfarine e Bussab (2005), o estudo do erro amostral consiste, basicamente,

em verificar o comportamento da diferença entre o valor observado na amostra e o parâmetro,

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48

quando este valor amostral é observado em todas as possíveis amostras que poderiam ser

formadas através do plano amostral escolhido.

O erro representa toda a fonte de variabilidade em Y não explicada por X. Quanto

menor seu valor, ou seja, o resíduo ou o erro, melhor será a modelagem de Y a partir de X.

Para a estimação dos coeficientes de regressão pelo método dos mínimos quadrados

ordinários supõe-se que os erros do modelo sejam normais e independentemente distribuídos,

com média igual a zero e desvio-padrão constante. Para validar o modelo de regressão é

necessário verificar se esses pressupostos são atendidos (FERREIRA, 2011).

A metodologia do planejamento fatorial prevê a execução em ordem aleatória de pelo

menos uma repetição autêntica de cada ensaio, ou replicata, de cada condição experimental

para quantificação dos erros experimentais.

Para Montgomery e Runger (2016), resíduo é a diferença entre uma observação 𝑦𝑖𝑗 e

seu valor estimado a partir de modelo estatístico �̂�𝑖𝑗. Para o planejamento completamente

aleatorio �̂�𝑖𝑗 = �̅�𝑖, com cada resíduo sendo 𝑒𝑖𝑗 = 𝑦𝑖𝑗 − �̅�𝑖, ou seja, a diferença entre uma

observação e a média correspondente observada do tratamento.

Para um sistema multivariável, como é o caso do planejamento fatorial, a parcela

devido à falta de ajuste do modelo pode ser reduzida para que o modelo matemático possa

descrever mais acuradamente o fenômeno estudado. Adotando o índice 𝑖 para o primeiro

ensaio e 𝑗 para identificar a replicata, têm-se as respostas representadas por 𝑦𝑖𝑗.

O número total de respostas n obviamente será idêntico a soma de todas as repetições:

𝑛 = ∑𝑛𝑖. Em cada nível i tem-se 𝑛𝑖 resíduos do modelo, um para cada resposta repetida. O

somatório de seus quadrados, para todas as repetições em todos os níveis gera a soma

quadrática residual, conforme Equação 2.50, adaptada da Equação 2.44, admitindo que

existam m níveis diferentes de variável X.

𝑆𝑄𝑟 =∑∑(𝑦𝑖𝑗 − �̂�𝑖)2

𝑛𝑖

𝑗=1

𝑚

𝑖=1

(2.50)

Cada resíduo individual pode ser decomposto algebricamente na diferença de dois

termos, Equação 2.51.

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49

(𝑦𝑖𝑗 − �̂�𝑖) = (𝑦𝑖𝑗 − �̅�𝑖) + (�̂�𝑖 − �̅�𝑖) (2.51)

Elevando ao quadrado a Equação 2.51 e somando todas as observações, obtém-se a

𝑆𝑄𝑟, no primeiro termo da igualdade, conforme Equação 2.52.

∑∑(𝑦𝑖𝑗 − �̂�𝑖)2

𝑛𝑖

𝑗=1

𝑚

𝑖=1

=∑∑(𝑦𝑖𝑗 − �̅�𝑖)2

𝑛𝑖

𝑗=1

𝑚

𝑖=1

+∑∑(�̂�𝑖 − �̅�𝑖

𝑛𝑖

𝑗=1

𝑚

𝑖=1

)2 (2.52)

Nota-se que somatório do lado direito da igualdade independe de �̂�𝑖 e, portanto, nada

tem a ver com o modelo, refletindo apenas a dispersão das respostas repetidas ao redor de

suas médias em cada nível. Esse termo quantifica o erro aleatório que, e é denominado soma

quadrática devida ao erro puro (𝑆𝑄𝑒𝑝). Já primeiro somatório da igualdade, diferentemente,

depende do modelo, e será tanto maior quanto mais as estimativas para um dado nível, �̂�𝑖, se

desviarem da resposta média correspondente, �̅�𝑖. Esse termo fornece a falta de ajuste do

modelo às respostas observadas, sendo denominado soma quadrática devida à falta de ajuste

(𝑆𝑄𝑓𝑎𝑗) (BARROS NETO et al, 2010). Adotando as terminologias supracitadas, reescreve-se

a Equação 2.50 conforme demonstrado na Equação 2.53.

𝑆𝑄𝑟 = 𝑆𝑄𝑒𝑝 + 𝑆𝑄𝑓𝑎𝑗 (2.53)

Cassiano (2003) descreve que, a razão das somas quadráticas por seus respectivos

graus de liberdade gera as médias quadráticas. Comparando os valores das médias quadráticas

pode-se avaliar a falta de ajuste do modelo.

2.6.5 Tabela ANOVA

Na obtenção de uma superfície de respostas, tabelas contendo os parâmetros utilizados

nos modelos para as análises de variância são elaboradas, tais tabelas são denominadas

ANOVA, um acrônimo de Analysis of Variance. A análise de variância para um modelo de

superfícies de respostas é apresentada na Tabela 2.6, onde n representa o número de

repetições no nível, m a quantidade de níveis distintos da variável independente, 𝑛 = ∑𝑛𝑖 o

número total de observações e p o total de parâmetros do modelo.

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50

Tabela 2.6 - Tabela da análise de variância (ANOVA)

Fonte de

Variação

Soma

Quadrática

Nº de Graus de

Liberdade Média Quadradas

Regressão 𝑆𝑄𝑅 =∑(�̂�𝑖 − �̅�)

2

𝑚

𝑖

𝑝 − 1 𝑀𝑄𝑅 =𝑆𝑄𝑅𝑝 − 1

Resíduos 𝑆𝑄𝑟 =∑(𝑦𝑖 − �̂�)

2

𝑚

𝑖

𝑛 − 𝑝 𝑀𝑄𝑟 =𝑆𝑄𝑟𝑛 − 𝑝

Falta de

Ajuste

𝑆𝑄𝑓𝑎𝑗 =∑∑(�̂�𝑖 − �̅�𝑗)2

𝑛𝑖

𝑗

𝑚

𝑖

𝑚 − 𝑝 𝑀𝑄𝑓𝑎𝑗 =𝑆𝑄𝑓𝑎𝑗

𝑚 − 𝑝

Erro Puro 𝑆𝑄𝑒𝑝 =∑∑(𝑦𝑖 − �̅�𝑗)

2

𝑛𝑖

𝑗

𝑚

𝑖

𝑚 − 𝑛 𝑀𝑄𝑒𝑝 =𝑆𝑄𝑒𝑝

𝑚 − 𝑛

Total 𝑆𝑄𝑟 =∑∑(𝑦𝑖𝑗 − �̅�)

2

𝑛𝑖

𝑗

𝑚

𝑖

𝑛 − 1

% de variação explicada:𝑆𝑄𝑅𝑆𝑄𝑇

% máxima de variação explicada: 𝑆𝑄𝑇 − 𝑆𝑄𝑒𝑝

𝑆𝑄𝑇

Fonte: (Barros Neto et al, 2010)

A média quadrática devido ao erro puro independe do modelo, trata-se de uma

estimativa da variância postulada para as observações. Entretanto, a média quadrática devida

à falta de ajuste estima à variância somente se o modelo for adequado, isto é, se não houver

falta de ajuste. Se isso não ocorrer, no valor estimado por 𝑀𝑄𝑓𝑎𝑗 também estará embutida a

contribuição da falta de ajuste. Valores numericamente altos da razão entre as médias

quadradas devido a falta de ajuste e erro puro significarão uma grande falta de ajustes de

modelos. Assim, um teste F comparado a esta razão verifica, dentro de um determinado

intervalo de confiança, o ajuste do modelo matemático (CASSIANO, 2003; FERREIRA,

2015).

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51

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo apresenta-se as principais características dos materiais utilizado, bem

como descrição dos métodos experimentais aplicados no desenvolvimento desta dissertação,

conforme esquema apresentado na Figura 3.1.

Figura 3.1 – Fluxograma das etapas de desenvolvimento experimental da dissertação.

Fonte: Autora

3.1 MATERIAIS UTILIZADOS

A lâmina do compósito analisado nesta dissertação é constituída de resina termofixa e

tecido híbrido sintético à base de fibra de carbono e vidro.

3.1.1 Matriz Polimérica (Resina)

Utilizou-se como elemento matricial a resina epóxi éster-vinílica MOMENTUM 411-

350 da empresa DERAKANE®. Esta matriz é baseada em resina epóxi bisfenol-A que

contém baixo teor de monômero de estireno. Como agente catalítico (cura a temperatura

ambiente) usou-se peróxido de metiletilcetona (MEKP) e o acelerador cobalto, conforme

apresentado na Figura 3.2.

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52

Figura 3.2 – (a) Resina DERAKANE® MOMENTUM 411-350; (b) Catalisador Brasnox DM50; (c)

Acelerador de cobalto 6%.

Fonte: Autora

3.1.2 Elemento de Reforço (Tecido)

No desenvolvimento da lâmina analisada utilizou-se tecido híbrido bidirecional

carbono/vidro AC-0200 fabricado industrialmente pela FIBERTEX®, Figura 3.3, com

características apresentadas na Tabela 3.1.

Figura 3.3 – Tecido Híbrido Carbono/Vidro - AC 0200 (FIBERTEX®)

Fonte: Autora

a) b) c)

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53

Tabela 3.1- Características construtivas do Tecido Híbrido Carbono/Vidro - AC 0200 (FIBERTEX®)

Desenho Sarja 2x2

Tratamento cru

Fios / cm Urdume 5,0 (+/- 0,2)

Fios / cm Trama 5,0(+/- 0,2)

Gramatura (g/m²) 200 g/m² (50%)

Espessura (mm) 0,22 mm

Furos / Pol² NA Fonte: adaptado, (FIBERTEX, 2017)

3.2 FABRICAÇÃO DA LÂMINA HÍBRIDA

3.2.1 Preparação do molde

A lâmina foi confeccionada na forma de placa. Sobre toda a superfície do molde

aberto utilizado (placa de vidro) aplicou-se desmoldante à base de cera de carnaúba, a fim de

facilitar a retirada da lâmina após o processo de cura, como apresentado na Figura 3.4.

Figura 3.4 – Aplicação de cera desmoldante sobre a placa vidro utilizada como molde.

Fonte: Autora

3.2.2 Preparação do reforço híbrido

O elemento de reforço utilizado, o tecido híbrido bidirecional carbono/vidro AC-0200,

foi cortado nas dimensões de 650 mm x 650 mm e posteriormente pesado, conforme

demonstrado na Figura 3.5.

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54

Figura 3.5 – Preparação do tecido híbrido: a) corte nas medidas desejadas;

b) pesagem do tecido após o corte.

Fonte: Autora

3.2.3 Preparação da resina

No procedimento de preparação da resina reservou-se em um recipiente uma

quantidade de três vezes a massa do tecido a ser laminado, a fim de garantir a total

impregnação. Adicionou-se o acelerador cobalto em 0,05% de massa da resina contida no

recipiente. Com o auxílio do misturador automático da marca Marconi, modelo MA 147,

conforme apresentado na Figura 3.6, submeteu-se a mistura a ação do misturador por

aproximadamente 4 minutos a fim de homogeneizá-la. Após esse procedimento, adicionou-se

ainda 1,0% em massa de peróxido de metiletilcetona (MEKP) e repetiu-se o processo de

homogeneização com o misturador automático com o mesmo intervalo de tempo.

Figura 3.6 – Preparação da resina com catalisador e aditivos: a) misturador automático MARCONI -

MA 147; b) processo de mistura da resina utilizando o misturador automático.

Fonte: Autora

a) b)

a) b)

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55

Com o intuito de retirar os gases gerados pela reação e pelo processo de mistura da

resina com o catalisador e acelerador, utilizou-se uma câmara de vácuo (Figura 3.7)

interligada a uma bomba da Fibermaq, modelo 325000-7 com vacuômetros analógicos com

marcações de 0 a 76 cmHg. A resina permaneceu na câmara até constatação visual do

desaparecimento das bolhas e mudança na coloração.

Figura 3.7 – Procedimento de retirada dos gases formados no misturador e na reação utilizando a

câmara de vácuo: a) Sistema de vácuo utilizado no processo; b) Câmara de vácuo

Fonte: Autora

3.3.4 Laminação

O processo de fabricação da lâmina híbrida deu-se pelo método de moldagem manual

(hand lay-up), sob o vidro utilizado como molde, impregnou-se o tecido com o auxílio do rolo

de laminação e espátula para retirar o excesso de resina e melhorar a distribuição da matriz

sob o tecido, conforme demonstrado na Figura 3.8.

Figura 3.8 – Processo de fabricação da placa laminada híbrida por hand lay –up.

Fonte: Autora

a) b)

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56

Após o processo de impregnação, de acordo com a representação esquemática da

Figura 3.9, aplicou-se sobre o tecido o filme de vácuo WL 500Y/4000 do fabricante

Barracuda e sobre este uma placa de vidro com o intuito de melhorar o acabamento superficial

e a distribuição de resina ao longo do material.

Figura 3.9 – Representação esquemática da moldagem manual da lâmina híbrida.

Fonte: Autora

A secagem foi realizada a temperatura ambiente (25°C ou 298K). Ao fim do processo

de secagem, obteve-se uma placa nas configurações desejadas, aproximadamente 650 mm x

650 mm, conforme Figura 3.10, na qual foi pesada a fim de auxiliar a determinação do

percentual de fibras.

Figura 3.10 – Lâmina híbrida obtida a partir do processo de moldagem manual.

Fonte: Autora

3.3 PREPARAÇÃO DOS CORPOS DE PROVA

As dimensões dos corpos de prova utilizados nos ensaios uniaxiais de tração foram

definidas de acordo com a norma ASTM D3039M-(2014), enquanto os utilizados nos ensaios

de cisalhamento Iosipescu obedecem à norma ASTM D5379M-(2012), conforme Figura 3.11.

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57

Figura 3.11 – Dimensões do corpo de prova de ensaio de tração e Iosipescu segundo a (a) ASTM

D3039M-(2014) e (b) ASTM D5379M-(2012)

Fonte: Autora

A produção dos corpos de prova deu-se manualmente com o auxílio de uma mini

retífica. Inicialmente, utilizou-se o software Autodesk® AutoCAD versão estudante para

esquematizar virtualmente os corpos de prova, com seus respectivos ângulos, sobre a placa.

Com o arranjo definido (Figura 3.12) plotou-se e posicionou-se a folha sobre a lâmina,

efetuando posteriormente o recorte. Após o corte foi realizado um lixamento nas regiões dos

cortes para retirada das imperfeições provenientes do processo.

Na lâmina em estudo cortou-se corpos de prova padrão para ensaio de tração na

direção 0°, 30°, 45°, 60° e 90°, e corpos de prova para ensaio de Iosipescu com direções de

90°, considerando as fibras de carbono na direção longitudinal e as fibras de vidro

perpendicular.

Figura 3.12 – Posicionamento esquemático dos copos de provas sobre a lâmina híbrida.

Fonte: Autora

Os corpos de provas obtidos, ao fim do processo de corte (Figura 3.13), tiveram suas

dimensões determinadas com o auxílio de um paquímetro analógico com precisão de 0,05

b)

a)

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58

mm. Em virtude das variações dimensionais decorrentes do processo de fabricação escolhido,

realizou-se 5 (cinco) medições para obtenção do valor médio de cada dimensão do corpo de

prova.

Figura 3.13 – Corpos de Prova de Tração (a) sem tabs e (b) com tabs;

e Corpos de Prova de Iosipescu (c) sem tabs e (d) com tabs

Fonte: Autora

3.4 DETERMINAÇÃO DO PERCENTUAL MÁSSICO E VOLUMÉTRICO DE FIBRAS E

DENSIDADE VOLUMÉTRICA DA LÂMINA

Na determinação do percentual mássico e volumétrico de fibras consideraram-se os

dados fornecidos pelo fabricante, conforme apresentado na Tabela 3.1, e os valores de massa

e dimensões obtidos após a fabricação da lâmina híbrida. A partir do valor da gramatura

(peso) do tecido e as dimensões da placa confeccionada determinou-se a massa de fibras

presentes no compósito analisado, em conseguinte, obteve-se o percentual mássico de fibras

em relação à massa total da lâmina.

Obteve-se o percentual volumétrico de fibras a partir da Equação 3.1 proposta por Hull

e Clyne (1996), onde 𝐹𝑉𝑓 é a fração volumétrica da fibra, 𝐹𝑀𝑓 é a fração mássica da fibra, 𝜌𝑐

é a densidade do compósito e 𝜌𝑓 é a densidade da fibra.

𝐹𝑉𝑓 = 𝐹𝑀𝑓 .𝜌𝑐𝜌𝑓 (3.1)

A densidade volumétrica do compósito foi determinada pelo método imersão dos

corpos de prova, descrito na ASTM D 792-(2013). Utilizou-se para isto 6 (seis) amostras de

25 mm x 25 mm. O procedimento de pesagem das amostras e demais itens necessários à

realização do ensaio (Figura 3.14), deu-se em uma balança digital da marca Tecnal com

a) b) c) d)

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59

capacidade máxima de 4100 g e resolução de 0,01 g, localizada no Laboratório de Materiais

Cerâmicos da UFRN

Figura 3.14 – Procedimento de pesagem: (a) amostra seca; (b) fio parcialmente imerso; (c) fio mais a

amostra imersos em água

Fonte: Autora

A densidade volumétrica da lâmina foi determinada pela Equação 3.2, sendo 𝜌𝑐 a

densidade (g/cm³), 𝑎 é a massa da amostra seca (g), 𝑤 é a massa do fio parcialmente imerso

em água (g) e 𝑏 é a massa do fio mais a amostra imersos em água (g).

𝜌𝑐 =0,9975 ∙ 𝑎

𝑎 + 𝑤 − 𝑏 (3.2)

3.5. COLAGEM DOS EXTENSÔMETROS

A determinação da deformação, módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson dos

corpos de prova analisados deu-se a partir do transdutor denominado extensômetro. Os strain

gages, como também são conhecidos os extensômetros, tratam-se de sensores que medem

deformação a partir da variação da resistência elétrica. Estes sensores são colados na

superfície dos corpos de prova tornando-se, portanto, solidário ao carregamento aplicado.

Assim com o alongamento da superfície do corpo de prova, o fio resistivo que compõe o

extensômetro altera também o seu alongamento provando variação na sua resistência. Desta

forma, a partir de um sistema de aquisição de dados (Figura 3.15), pôde-se medir a variação

da resistência (em ohms) e obter os valores de deformação mecânica utilizando a Equação

3.3.

𝜀 =∆𝑅

𝑘 ∙ 𝑅 (3.3)

a) b) c)

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60

Figura 3.15 – Aparato para determinação das deformações Longitudinal e Transversal

Fonte: Autora

Neste trabalho utilizou-se extensômetros em forma de roseta dupla à 0º/90° nos corpos

de provas submetidos a ensaio de tração e roseta dupla à +45/-45° nos corpos de prova para

ensaio de Iosipescu. A roseta dupla à 0º/90° possuem resistência elétrica de 350 Ω e fator de

sensibilidade (k) igual a 2,09, enquanto a roseta dupla à +45/-45° 350 Ω e (k) igual a 2,11.

O procedimento de fixação dos extensômetros, conforme apresentado na Figura 3.16,

foi sistematizado nas seguintes etapas:

a) Preparo das superfícies de colagem, sendo acabamento manual com lixa e limpeza;

b) Colagem dos extensômetros na superfície do corpo de prova;

c) Colagem dos terminais e soldagem dos fios;

d) Isolamento e proteção dos pontos de apoio.

Figura 3.16 – Fixação dos extensômetros nos corpos de prova (a) tração e (b) Iosipescu.

Fonte Autora

a) b)

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61

3.6 ENSAIOS MECÂNICOS – TRAÇÃO E IOSIPESCU

O comportamento mecânico da lâmina em estudo foi determinado através dos ensaios

uniaxial tração e Iosipescu. Estes ensaios foram realizados no Laboratório de Metais e

Ensaios Mecânicos da UFRN.

3.6.1 Ensaio Uniaxial de Tração

Os ensaios uniaxiais de tração foram realizados conforme a norma ASTM

D3039M-(2014). Utilizou-se para cada configuração angular (0°, 30°, 45°, 60° e 90°) 8 (oito)

corpos de prova. Nestes ensaios utilizou-se uma máquina de Ensaios Universal Mecânica

(AGI-250 KN Shimatzu) com capacidade máxima de 25 T (250 KN), conforme na Figura

3.17.

Figura 3.17 – Máquina de Ensaios Universal Mecânica utilizada nos ensaios.

Fonte Autora

A partir dos ensaios realizados, determinou-se os valores de tensão, módulo de

elasticidade e deformação do material utilizando as Equações 3.4 e 3.5, respectivamente.

𝜎 =𝑃

𝑏𝑑 (3.4)

𝐸 =𝜎

𝜀 (3.5)

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62

Para as equações 3.4 a 3.5 𝜎 é a tensão aplicada (MPa), P é a carga aplicada durante o

ensaio (N), b é a largura do corpo de prova (mm) no comprimento útil, d é a espessura do

corpo de prova (mm) na parte útil, E é o Módulo de elasticidade (GPa), 𝜀 é a deformação.

A partir do ensaio de tração com utilização de extensômetros, pode-se determinar os

valores de deformação longitudinal (𝜀𝑥) e transversal (𝜀𝑦) e desta forma, utilizando a Equação

3.6, obteve-se o coeficiente de Poisson para cada configuração analisada.

𝜈 = −𝜀𝑦

𝜀𝑥 (3.6)

3.6.2 Ensaio Iosipescu

Neste método de ensaio, conforme descrito na norma ASTM D5379M-(2012), uma

amostra com entalhe em ambos os lados é presa num dispositivo especial e guiada

longitudinalmente. Conforme a norma supracitada, o corpo de prova utilizado possui um

entalhe em V que forma um ângulo aberto de 90°, sendo este submetido a uma carga P

aplicada através de um dispositivo apropriado perpendicularmente a seção longitudinal do

corpo de prova, conforme ilustrado na Figura 3.18.

Figura 3.18 – Corpo de prova no dispositivo utilizado durante os ensaios de Iosipescu

Fonte: Autora

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63

O cisalhamento na seção entre os entalhes é igual à carga P aplicada no dispositivo de

ensaio e não existe flexão nesta região entre os entalhes. Por definição a média da tensão

cisalhamento na seção dos entalhes é demonstrada na Equação 3.7.

𝜏 =𝑃

(𝑡 ∙ 𝑤) (3.7)

Onde P é a força aplicada em Newton, t é a espessura do corpo de prova e w é a distância

entre a origem dos entalhes.

Determinou-se a deformação angular ou de cisalhamento através da roseta à +45°/-45°

colados próximos à origem dos entalhes. Neste trabalho limitou-se à colagem de

extensômetros em três corpos de prova da configuração angular analisada (90°). A partir das

medições das deformações longitudinais a ± 45° com relação ao eixo horizontal do corpo de

prova, 𝜀1 e 𝜀2, pelos extensômetros, calculou-se a deformação angular ou de cisalhamento 𝛾

conforme Equação 3.8.

𝛾 = |𝜀1| + |𝜀2| (3.8)

Os módulos de cisalhamento G e as tensões de cisalhamento 𝜏 obtidos nesta

dissertação são relativos à direção no plano, ou seja, 𝐺12 e 𝜏12. Obteve-se o módulo de

cisalhamento no plano 𝐺12 através do gráfico 𝜏 versus 𝛾, tensão de cisalhamento pela

deformação angular. O coeficiente angular da reta na zona elástica deste gráfico trata-se do

G12. Portanto, os valores do módulo de cisalhamento foram obtidos conforme Equação 3.9

(lei de Hooke).

𝜏 = 𝐺. 𝛾 (3.9)

3.6.3 Ensaio de Cisalhamento por Tração à ±45º.

Os ensaios estáticos para determinação da resistência ao cisalhamento no plano foram

realizados com base ASTM D3518M-(2013). Segundo esta norma, a obtenção da resistência

ao cisalhamento dá-se a partir da realização de ensaios uniaxiais de tração em amostras com

fibras dispostas à 45º de acordo com a ASTM D3039M-(2014). Desta forma, para esta

dissertação, utilizou-se os dados provenientes dos ensaios realizados nos corpos de provas

(CP45) conforme procedimento descrito na seção 3.6.1.

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64

Para aquisição de dados de deformações longitudinal e transversal, as amostras foram

instrumentadas com extensômetros elétricos (strain gages) colados na região central das

amostras, nas direções longitudinal e transversal à aplicação do carregamento, conforme

descrito na seção 3.5.

A resistência ao cisalhamento no plano e o módulo de cisalhamento são calculados de

acordo com as Equações 3.10, 3.11 e 3.12.

𝜏 =𝜎45°2 (3.10)

𝐺 =𝐸45°

2(1 + 𝑣45°) (3.11)

𝛾 = 𝜀𝑥 + 𝜀𝑦 (3.12)

Onde τ é a resistência ao cisalhamento (MPa), σ45° é a resistência a tração para CP45 (MPa),

E45° é o módulo de elasticidade para CP45, 𝑣45° é o coeficiente de Poisson para CP45, 𝐺 é o

módulo de cisalhamento (GPa) e 𝛾 é a deformação em cisalhamento composta pela soma das

deformações longitudinal transversal dada em (mm/mm)

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65

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados e discussões apresentados neste trabalho serão divididos conforme

fluxograma apresentado na Figura 4.1. O intuito da divisão é melhorar a compreensão dos

dados obtidos bem como as análises e discussões oriundas destes. Inicialmente, apresenta-se

os resultados obtidos das análises de percentuais de fibras e densidade da lâmina, conforme a

metologia descrita no seção 3.4. Na sequência, analisa-se o comportamento mecânico da

lâmina a partir dos resultados obtidos nos ensaios de tração uniaxial para os corpos de provas

nas direções on-axis (CP0 e CP90), direções off-axis (CP30, CP45 e CP60), como também

dados dos ensaios de Iosipescu. A partir dos dados experimentais obtidos, comparou-se, por

meio de técnicas estatísticas como a análise de variância (ANOVA), os critérios de falhas

teóricos de Tensão Máxima, Tsai-Hill, Tsai-Wu e de Hashin. Ressalta-se que os resultados e

as análises proferidas relacionam-se com as propriedades mecânicas de resistência última,

módulo de elasticidade, coeficiente de Poisson e módulo de cisalhamento. Para efeito de

simplificação a lâmina analisada será chamada de LHVC (lâmina híbrida vidro/carbono).

Figura 4.1 – Fluxograma dos itens considerados na análise dos resultados.

Fonte: Autora

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66

4.1. DETERMINAÇÃO DO PERCENTUAL MÁSSICO E VOLUMÉTRICO DE FIBRAS E

DENSIDADE VOLUMÉTRICA DA LÂMINA

Conforme estabelecido na seção 3.4, página 58, considerou-se na determinação do

percentual mássico de fibras, os dados fornecidos pelo fabricante (Tabela 3.1), os valores de

massa e dimensões obtidos após a fabricação da placa. Desta forma, a partir dos referentes

dados, obteve-se um percentual mássico total de fibras de 35,64%, consequentemente, como

cada fibra possui 50% em massa do tecido, os valores percentuais mássico da fibra de vidro e

de carbono correspondem a 17,82% cada, conforme ilustrado na Figura 4.2.

Figura 4.2 – Percentual mássico dos componentes do compósito.

Fonte: Autora

Na determinação do percentual volumétrico aplicou-se a Equação 3.1 apresentada na

Seção 3.4, página 58. A partir do método de imersão definido pela norma ASTM D 792-

(2013) apresentado na metodologia deste trabalho (Capítulo 3), obteve-se o valor de 1,37

g/cm³ referente à densidade do compósito.

Aplicando os valores de densidade do compósito (ρc = 1,37 g/cm³) e os valores de

densidade das fibras obtidos na literatura (ρc_Vidro = 2,40 g/cm³ e ρc_Carbono = 1,76 g/cm³),

obteve-se os percentuais volumétricos apresentados na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 - Percentual volumétrico das fibras na composição de LHVC.

Percentual Volumétrico

Fibra de Vidro 10,17%

Fibra de Carbono 13,87% Fonte: Autora

64,36% 17,82%

17,82%

Resina Fibra de vidro Fibra de carbono

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67

4.2 ENSAIO DE TRAÇÃO UNIAXIAL - CP0, CP30, CP45, CP60 e CP90

Avaliou-se, inicialmente, a partir dos diagramas tensão versus deformação, o

comportamento mecânico referente ao ensaio de tração uniaxial da lâmina híbrida em estudo.

Ressalta-se que os dados apresentados na Figura 4.3, tratam-se dos resultados médios obtidos

nos ensaios para os corpos de prova com fibras de carbono orientadas a 0°, 30°, 45°, 60° e 90°

do eixo principal de carregamento.

Figura 4.3 – Gráfico de tensão média versus deformação para os corpos de prova analisados.

Fonte: Autora

Conforme Figura 4.3, observa-se que as configurações CP0 e CP90, apresentaram um

comportamento, aproximadamente, linear elástico e baixo percentual de deformação,

características essas pertinentes a um material frágil. Infere-se ainda que as configurações on-

axis (CP0 e CP90) apresentam maiores valores de resistência última à tração,

respectivamente, quando comparados aos demais ângulos. Isso ocorre devido ao alinhamento

longitudinal das fibras de carbono em CP0 e das fibras de vidro em CP90 na direção do

carregamento.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

240

260

0 2 4 6 8 10 12

Ten

são (

MP

a)

Deformação (%)

CP0

CP30

CP45

CP60

CP90

CP90

CP30

CP0

CP60

CP45

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68

As configurações off-axis (CP30, CP45 e CP60) apresentaram menores valores de

resistência última e, diferentemente das configurações CP90 e CP0, as curvas não

apresentaram comportamento linear. Constatou-se ainda que as configurações com

distribuições angulares entre fibras fora do eixo de carregamento, off-axis, favoreceram a

maiores percentuais de deformação. Esse fenômeno deve-se a tendência de alinhamento das

fibras na direção do carregamento, aliada a uma das principais características da matriz

utilizada, capacidade de deformação (DERAKENE, 2002).

Os valores médios de resistência última (MPa) e módulo de elasticidade longitudinal

(GPa) estão apresentados na Tabela 4.2 com seus respectivos desvios padrões.

Tabela 4.2 – Propriedades mecânicas dos corpos de prova à Tração Uniaxial.

Configuração Resistência Ùltima a Tração

(MPa)

Módulo de Elasticidade

(GPa)

CP0 251,67 ± 31,11 22,73 ± 1,86

CP30 82,88 ± 3,36 6,61 ± 0,54

CP45 61,09 ± 9,12 4,88 ± 0,20

CP60 60,96 ± 4,08 4,54 ± 1,14

CP90 117,10 ± 14,03 8,49 ± 2,17 Fonte: Autora

Observa-se, a partir da Tabela 4.2, que a variação angular da fibra de carbono em

relação à direção do carregamento, CP0 e CP90, respectivamente, resultou numa redução de

aproximadamente 53,47% da tensão última à tração, enquanto o módulo de elasticidade

reduziu 62,65%.

Nos corpos de prova em ângulo (off-axis), a variação máxima da resistência última foi

de 26,45%, tendo a configuração CP30 o maior valor entre eles em virtude das fibras de

carbono predominarem na resistência última, devido à proximidade do eixo longitudinal. O

módulo de elasticidade sofreu uma variação máxima de 31,32%.

Com o intuito de sistematizar os dados médios obtidos nos ensaios (Tabela 4.2) e

melhor visualizar a influência da variação angular das fibras de carbono e de vidro nas

propriedades mecânicas do compósito, um estudo comparativo é mostrado nas Figuras 4.4 (a)

e (b).

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69

Figura 4.4 – Gráfico de barras (a) resistência última, (b) módulo de elasticidade e seus respectivos

desvios padrões para os corpos de prova analisados.

Fonte: Autora

4.3 ENSAIO IOSIPESCU-CI90

A tensão de cisalhamento última e o módulo de cisalhamento ou módulo de

elasticidade transversal foram obtidos a partir do ensaio de Iosipescu em corpos de prova

denominados CI90, conforme descrição do item 3.6.2 do Capítulo 3, página 62. Ressalta-se

que a configuração CI90 remete-se a corpos de provas com fibras de vidro dispostas a 90° em

relação à horizontal. A Figura 4.5 apresenta a curva média da tensão cisalhante versus

deformação angular obtida neste referido ensaio.

251,67

82,88 61,09 60,96

117,10

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

CP0 CP30 CP45 CP60 CP90

Res

istê

nci

a Ù

ltim

a a

Tra

ção

(MP

a)

22,73

6,61 4,88 4,54

8,49

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

CP0 CP30 CP45 CP60 CP90

Mód

ulo

de

Ela

stic

idad

e

(GP

a)

a)

b)

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70

Figura 4.5 – Gráfico de tensão média de cisalhamento versus deformação angular para os corpos de

prova de configuração CI90-Iosipescu.

Fonte: Autora

Analisando a curva média apresentada na Figura 4.5, percebe-se um crescimento

gradual da tensão cisalhante, embora seja possível observar desvios da região elástica até o

valor critico. Observa-se ainda que entre 0,005 a 0,01 de deformação angular, as tensões

cisalhantes apresentaram certa instabilidade que podem está relacionadas com o surgimento

de trincas na matriz e rompimento (ruptura) das fibras.

A Tabela 4.3 apresenta a média dos resultados obtidos para a resistência última de

cisalhamento e módulo de cisalhamento para os corpos de provas com fibra de vidro dispostos

90°.

Tabela 4.3 - Média das tensões de cisalhamento máximas e dos módulos de cisalhamento para os

corpos de prova de configuração CI90, obtidos pelo ensaio de Iosipescu.

Ensaio/

Configuração

Resistência Ùltima a

Cisalhamento - S12

(MPa)

Módulo de

Cisalhamento- G12

(GPa)

IOSIPESCU- CI90 14,28 ±6,67 1,14±0,20 Fonte: Autora

4.4 ENSAIO DE CISALHAMENTO POR TRAÇÃO ±45º

Além do ensaio de Iosipescu discutido na seção 4.3, a tensão última de cisalhamento e

o módulo de cisalhamento ou módulo de elasticidade transversal foram determinados também

pelo ensaio de cisalhamento por tração ±45º.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025

Ten

são d

e C

isalh

am

ento

(M

Pa)

Deformação Angular (rad)

IOSIPESCU- CI90

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71

Segundo a ASTM D3518M (2013), as propriedades mecânicas referentes ao

cisalhamento podem ser obtidas a partir do ensaio de tração em corpos de provas com fibras

orientadas a ±45º. Desta forma, considerando que LHVC é constituída por tecido híbrido com

fibras de carbono dispostas a 0º e vidro à 90º, o ensaio de tração ±45º pode ser utilizado visto

que a configuração da lâmina analisada adequa-se as exigências de utilização da referida

norma.

Conforme descrição do item 3.6.3 do Capítulo 3, página 63, transforma-se os

resultados obtidos pela deformação e tensão normal em deformação angular e tensão de

cisalhamento. Na Figura 4.6 apresenta-se a curva média de tensão de cisalhamento versus

deformação angular obtidas a partir do ensaio de tração à ±45º.

Figura 4.6 – Gráfico de tensão média de cisalhamento versus deformação angular para os corpos de prova de

configuração CP45-Tração ±45º.

Fonte: Autora

De acordo com o comportamento descrito na Figura 4.6, observa-se um crescimento

monotônico da tensão cisalhante com um desvio na região elástica até se atingir o valor

crítico. Nota-se ainda, que ao atingir o valor máximo de tensão de cisalhamento, não houve

uma redução abrupta da carga e, portanto, a fratura das amostras não configuram-se como

frágil. Infere-se, portanto, que este comportamento está vinculado ao tipo de matriz utilizada,

que favorece a grandes deformações, assim como a orientação angular das fibras.

A partir da curva média exibida na Figura 4.6 e das equações apresentadas na seção

3.6.3, página 64, determinou-se a resistência última ao cisalhamento e o módulo de

cisalhamento, mencionados na Tabela 4.4.

0

5

10

15

20

25

30

35

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25

Ten

são d

e C

isalh

am

ento

(M

Pa)

Deformação Angular (rad)

TRAÇÃO ±45º- CPT45

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Tabela 4.4 – Média das tensões de cisalhamento máximas e dos módulos de cisalhamento para os

corpos de prova de configuração CP45, obtidos pelo ensaio de tração a ±45°.

Ensaio/

Configuração

Resistência Ùltima a

Cisalhamento - τ12

(MPa)

Módulo de

Cisalhamento- G12

(GPa)

TRAÇÃO ±45°-

CP45 30,11±5,23 1,45±0,06

Fonte: Autora

4.5 COMPARAÇÃO ENTRE OS ENSAIOS DE DETERMINAÇÃO DE ESFORÇOS

CISALHANTES (IOSIPESCU E TRAÇÃO ±45°).

A partir da análise dos dados apresentados nas seções 4.4, 4.5 e das curvas exibidas na

Figura 4.7, verifica-se que os ensaios de Iosipescu e Tração ±45°, proporcionaram estimativas

de tensão de cisalhamento significativamente diferentes.

Figura 4.7 – Gráfico de tensão média de cisalhamento versus deformação angular para o ensaio de

Iosipescu e Tração ±45º

Fonte: Autora

As tensões de cisalhamento médias nas cargas máximas no ensaio de Iosipescu e

Tração ±45° foram de 14,28MPa e 30,11MPa, respectivamente, conforme Tabelas 4.3 e 4.4.

Dessa forma verifica-se que a tensão última cisalhante obtida no ensaio de Iosipescu foi

52,57% menor que a obtida no ensaio de Tração ±45°.

A diferença de resistência ao cisalhamento obtidas a partir dos dois ensaios é

predominantemente causada pelas diferenças significativas nas distribuições de tensões

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25

Ten

são C

isalh

an

te (

MP

a)

Deformação Angular (rad)

TRAÇÃO ±45º-CPT45

IOSIPESCU- CI90

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73

geradas nas amostras de ±45° e Iosipescu. Para Kumosa et al (2002) o ensaio de cisalhamento

Iosipescu é quase um teste de cisalhamento puro e o ensaio de Tração ±45° é essencialmente

um teste biaxial, com grandes esforços de tração ao longo dos reforços (fibras) e matriz, além

do cisalhamento planar e por isso justifica-se a divergência de valores de resistência ao

cisalhamento entre os referidos ensaios.

Sabe-se que tanto os ensaios de Iosipescu quanto ensaios de Tração de ±45° exibem

vantagens e desvantagens significativas se aplicados à determinação da resistência ao

cisalhamento nos compósitos de tecido. Nas análises realizadas por Kumosa et al (2002), o

ensaio Iosipescu mostrou-se ser mais preciso que o de Tração ±45° para a determinação da

resistência ao cisalhamento de laminados de tecido de carbono.

Searles et al (2000), afirma que em amostras de compósitos reforçados por tecido, os

ensaios de Iosipescu podem gerar campos de tensão e deformação altamente não uniformes

em suas seções de análise, se existirem cargas excêntricas. A torção, em especial, provocada

nos corpos de provas em virtude do carregamento biaxial aplicado pelo dispositivo utilizado

neste tipo de ensaio, Figura 3.16, pode ser responsável por grandes diferenças nas respostas a

resistência ao cisalhamento. Assim, de acordo com resultados obtidos e observações

realizadas durante o ensaio, sugere-se que a torção e a imprecisa manufatura dos corpos de

prova, podem ter causado efeitos indesejáveis fora do plano de carregamento a ponto de

provocar dubiedade às medidas de resistência ao cisalhamento nas amostras CI90.

Outros fatores que podem ter influenciado a grande diferença entre os resultados

obtidos pelo ensaio de Iosipescu e cisalhamento por tração à ±45°, é o comportamento não-

linear apresentado pelo compósito à ±45 e a pequena espessura da lâmina analisada. A união

destes dois aspectos podem ter propiciado a formação de microflambagens nas amostras

ensaiadas pelo método de Iosipescu, mascarando o resultado final de resistência.

Ressalta-se que embora o ensaio de Tração ±45° não gere campos de esforço de

cisalhamento puro e o processo de falha dos corpos de prova seja afetado pela ação

combinada de tensões normais e de cisalhamento, sendo esta sua principal desvantagem

quando comparado ao ensaio de Iosipescu (KUMOSA et al, 2002), para o objeto de estudo

desta dissertação os resultados obtidos em CP45 mostraram-se mais confiáveis e

representativos que os de CI90.

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74

Salienta-se ainda, que embora tenha-se observado discrepância entre os valores de

resistência ao cisalhamento nos ensaios realizados, Figura 4.8 (a), a magnitude do módulo de

cisalhamento obtidos a partir dos supracitados ensaios são muito semelhantes, havendo

apenas uma redução de 21,38 % dos resultados adquiridos por Iosipescu com relação a Tração

±45°, conforme apresentado na Figura 4.8 (b). Dessa forma, infere-se que ambos os ensaios

sugerem a mesma tendência de regime elástico para este material, conforme pode ser

observado na sobreposição das regiões lineares dos gráficos apresentados na Figura 4.7.

Figura 4.8 – Representação gráfica da (a) resistência última ao cisalhamento, (b) módulo de

cisalhamento e seus respectivos desvios padrões para os corpos de prova CI90 e CP45.

Fonte: Autora

14,28

30,11

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

IOSIPESCU- CI90 TRAÇÃO ±45°- CPT45

Res

istê

nci

a Ù

ltim

a a

o C

isalh

am

ento

(MP

a)

1,14

1,45

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

IOSIPESCU- CI90 TRAÇÃO ±45°- CPT45

Mód

ulo

de

Cis

alh

am

ento

(G

Pa)

a)

b)

b)

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75

4.6 ANÁLISE COMPARATIVA DO MÓDULO DE ELASTICIDADE E COEFICIENTE

DE POISSON ANÁLITOS COM OS DADOS EXPERIMENTA DA LHVC

Utilizou-se a Equação 2.24 e 2.25 do capítulo 2 dessa dissertação, página 41, para

comparar o módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson do compósito LHVC com dados

experimentais obtidos por meio de ensaio de tração uniaxial de acordo com as variações

angulares de 0° a 90°. As constantes de engenharia utilizadas nas equações: módulo de

elasticidade longitudinal e transversal (E1, E2), foram determinadas por meio de ensaio de

tração, enquanto o coeficiente de Poisson (v12), foi determinado utilizando a Equação 2.13,

página 37, a partir dos dados de v21 obtidos pelos extensômetros colados nos corpos de prova

CP90, conforme descrito na a seção 3.5.

A esta análise comparativa entre dados experimentais e teóricos, acresceu-se ainda

como fator comparativo a resposta teórica, os módulos de cisalhamento G12, determinados

pelos métodos explanados na seção 3.6.1 e 3.6.2.

4.6.1 Comportamento do Módulo de Elasticidade

Ilustra-se na Figura 4.9 a influência da orientação das fibras no módulo de

elasticidade, considerando os módulos de cisalhamentos determinados pelas normas ASTM

D3518 (Tração ±45°) e ASTM D5379 (Iosipescu).

Figura 4.9 – Variação do módulo de elasticidade do compósito LHVC versus variação angular dos

corpos de provas analisados.

Fonte: Autora

0

5

10

15

20

25

30

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Mód

ulo

de

Ela

stic

idad

e (G

Pa)

Ângulo (Graus)

DADOS EXPERIMENTAIS

MODELO TEÓRICO-±45°

MODELO TEÓRICO-IOSIPESCU

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76

Conforme o gráfico apresentado na Figura 4.9, observa-se que as curvas teóricas

obtidas através da Equação 2.24 aproximaram-se bem da maioria dos dados experimentais,

entretanto, nota-se que a curva na qual se utilizou dados de cisalhamento a partir do ensaio de

Tração ±45º apresentou melhor resultado. Embora o modelo utilizando G12 a partir do ensaio

de Iosipescu descreva aproximadamente a tendência dos dados, estes apresentaram variação

média de 14,71%, considerando a média das diferenças percentuais entre os resultados

teóricos e os resultados experimentais dos corpos de prova off-axis. Enquanto a série Dados

Teóricos-±45º obteve-se variação média de 5,50%.

4.6.2 Comportamento do coeficiente de Poisson

Na Figura 4.10 apresenta-se a influência da orientação das fibras no coeficiente de

Poisson, considerando módulos de cisalhamentos determinados pelos ensaios de Tração ±45°

e Iosipescu.

Figura 4.10 – Variação do coeficiente de Poisson do compósito LHVC versus variação angular dos

corpos de provas analisados.

Fonte: Autora

De acordo com o comportamento gráfico apresentado na Figura 4.10, observa-se que

as curvas teóricas obtidas através da Equação 2.25 são menos representativas do que as

obtidas para o módulo de elasticidade, entretanto, nota-se que a curva no qual se utilizou

dados de cisalhamento a partir do ensaio de Tração ±45º demonstrou melhor descrição

comportamental dos dados experimentais. A representação teórica, utilizando G12 a partir do

ensaio de Iosipescu apresentou variação média de 17,99%, enquanto na série utilizando G12

do ensaio de Tração ±45º observou-se variação média de 11,19%.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120

Coef

icie

nte

de

Pois

son

Ângulo (Graus)

DADOS EXPERIMENTAISMODELO TEÓRICO-±45°MODELO TEÓRICO-IOSIPESCU

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77

4.7 AVALIAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE FALHA USANDO ANOVA

Os ensaios mecânicos realizados nesta dissertação, tração e Iosipescu, fornecem

informações a respeito do comportamento estático do material. Desta forma, visando analisar

o quão confiáveis são as predições das teorias de falhas analisadas em compósitos híbridos,

LHVC, aplicou-se os resultados obtidos nestes ensaios as equações teóricas que definem os

critérios de falhas da Máxima Tensão, Tsai-Hill, Tsai-Wu e Hashin, a fim de avaliar a

representatividade destes modelos em relação aos dados experimentais utilizando técnica

estatística denominada análise de variância (ANOVA).

Assim como realizado na seção 4.6, nas analises dos critérios de falha utilizou-se os

valores de propriedades cisalhantes obtidos pelos ensaios de Iosipescu e Tração ±45° nas

Equações 2.34 a 2.38 que representam os critérios da Máxima Tensão, Tsai-Hill, Tsai-Wu e

Hashin respectivamente.

4.7.1 Avaliação dos critérios de falha usando valores dos ensaios de Iosipescu

Apresenta-se na Figura 4.11 os valores dos dados experimentais de LHVC, bem como

as curvas teóricas obtidas através das equações referentes aos critérios de Tsai-Hill, Tsai-Wu,

Hashin e de Tensão máxima, utilizando propriedades mecânicas de cisalhamento a partir do

ensaio de Iosipescu.

Figura 4.11 – Análise comparativa entre os critérios de falhas analisados e as tensões últimas dos

corpos de provas submetidos a ensaio de tração utilizando propriedades cisalhantes obtidas por Iosipescu.

Fonte: Autora

0

50

100

150

200

250

300

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Ten

são Ú

ltim

a (

MP

a)

Ângulo (graus)

DADOS EXPERIMENTAIS

TSAI-HILL

TSAI-WU

HASHIN

T. MÁXIMA

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78

De acordo com a Figura 4.11, pode-se observar que as curvas teóricas de critérios de

falha assemelham-se entre si e seguem a tendência dos dados experimentais, embora os

valores obtidos por todos os critérios sejam mais conservadores que os valores experimentais

para amostras off-axis. Verificou-se que este comportamento é similar ao observado e

discutido na seção 4.6, no qual os resultados teóricos analisados distanciam-se dos dados

experimentais quando aplica-se valores obtidos nos ensaios de Iosipescu.

Os resultados sistematizados da avaliação da qualidade dos modelos matemáticos

(critérios de falhas) em estudo, analisados a partir da ANOVA, apresentam-se na Tabela 4.5

Para esta análise de variância considerou-se p < 0,05, onde todos os parâmetros foram

significativos a um nível de 95% de confiança.

Tabela 4.5 – Resultados da ANOVA para os critérios de falhas analisados utilizando as propriedades

cisalhantes do ensaio Iosipescu

Critérios

Coeficiente de

Determinação –

R² (%)

R²máx

(%) 𝑹𝑸 =

𝑴𝑸𝑹𝑴𝑸𝒓

𝑭𝟑,𝟐𝟗 Representatividade

𝑹𝑸𝑭⁄

rq 79,53 69,93

2,93

23,84

Tsai-Wu 79,31 95,83 69,46 23,67

Hashin 79,26 69,36 23,64

Tsai-Hill 79,26 69,34 23,63 Fonte: Autora

A partir dos dados da análise de variância, constantes na Tabela 4.5, observou-se que

os quatro critérios de falhas analisados apresentaram semelhança entres os valores obtidos,

além de bons indices de representatividade. Dessa forma, nota-se que o ajuste máximo

(variância máxima explicada) que pode ser obtido é aproximadamente 95,83%, embora o

coeficiente de determinação (variância explicável) obtidos entre o dados experimentais e a

equação tenha sido em média 79,34. Assim verifica-se que todos os modelos analisados

apresentam satisfatória aproximação aos resultados obtidos em ensaios.

De acordo com as considerações estatíticas atribuidas a ANOVA, verifica-se que as

razões entre as médias quadradas são significativamente maiores que os valores de

distribuição F, logo descarta-se a hipótese nula e constata-se que os dados evidenciam

estatisticas suficientes para acreditar que os modelos conseguem representar os dados

experimentais, já que o valor da representatividade em todos os casos é superior a 10

(BARROS NETO et al, 2010).

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79

Considerando os valores estatisticos dispostos na Tabela 4.5, observa-se que o critério

de falha de Tensão Máxima, configura-se, ligeiramente, como o mais representativo entre os

modelos, considerando as propriedades cisalhantes obtidas por Iosipescu, indicando 23,84 de

representatividade. O critério de Tsai-Hill mostrou-se o menos representativo como indice de

23,63.

Ressalta-se, que embora os resultados obtidos nesta análise indiquem o Criterio de

Tensão Máxima com o mais representativo entre os analisados, a literatura aponta esta teoria

de falha como a menos adequada a previsão de falhas em compósitos fibrosos, por

apresentarem resultados menos confiáveis, principalmente para ângulos de carregamento

próximos a 0º e 90º, conforme constatado por Ferreira (2015).

4.7.2 Avaliação dos critérios de falha usando valores dos ensaios de Tração ±45°

Apresenta-se na Figura 4.12 os valores dos dados experimentais de LHVC, bem como

as curvas teóricas obtidas através das equações referentes aos critérios de Tsai-Hill, Tsai-Wu,

Hashin e de Tensão máxima, quando aplicado valores das propriedades mecânicas de

cisalhamento obtidas pelo ensaio de Tração ±45°.

Figura 4.12 – Análise comparativa entre os critérios de falhas analisados e as tensões últimas dos

corpos de provas submetidos a ensaio de tração utilizando propriedades cisalhantes obtidas Tração ±45°.

Fonte: Autora

Considerando o comportamento das curvas descrito na Figura 4.12, pode-se observar

que as curvas teóricas dos critérios de falha assemelham-se entre si, principalmente no

0

50

100

150

200

250

300

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Ten

sao Ú

ltim

a (

MP

a)

Ângulo

DADOS EXPERIMENTAIS

TSAI-HILL

TSAI-WU

HASHIN

T. MÁXIMA

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80

intervalo de variação angular compreendido entre 20º a 60º. Nota-se ainda que as curvas

descrevem consideravelmente a tendência dos dados experimentais, evidênciando portanto, o

comportamento discutido na seção 4.6, onde os resultados teóricos analisados aproximam-se

notavelmente dos dados experimentais quando se utiliza os valores de cisalhamento obtidos

no ensaio de Tração ±45°.

A partir dos dados da ANOVA, presentes na Tabela 4.6, observou-se que os quatro

critérios de falhas analisados apresentaram similiradidade entres os valores obtidos, além de

excelentes índices de representatividade. Dessa forma, nota-se que a variação máxima

explicável é em torno de 96 %, enquanto o coeficiente de determinação (variância explicável)

obtidos entre o dados experimentais e a equação tenha sido em média 95,15%. Logo,

constata-se que o valor máximo que pode-se obter utilizando esses critérios de falhas é de,

aproximadamente, 0,85% acima do valor determinado e desse modo os modelos em questão

apresentam significativa aproximação aos resultados obtidos em ensaios. Ressalta-se que a

análise de variância discutida nesta seção considerou-se o mesmo nível de significância

adotado na seção 4.7.1.

Tabela 4.6 – Resultados da ANOVA para os critérios de falhas analisados utilizando propriedades

cisalhantes por Tração ±45°.

Critérios

Coeficiente de

Determinação

– R² (%)

R²máx

(%) 𝑹𝑸 =

𝑴𝑸𝑹𝑴𝑸𝒓

𝑭𝟑,𝟐𝟗 Representatividade

𝑹𝑸𝑭⁄

Hashin 94,99

95,83

192,45

2,93

65,59

Tsai-Wu 95,01 192,24 65,52

Tsai-Hill 94,95 191,20 65,17

Tensão

Máxima 94,91 183,02 62,38

Fonte: Autora

Nas análises de variância além da avaliação da expressividade do valor da razão entre

as médias quadradas (MQR

MQr), considera-se uma regressão como útil para fins de previsão se o

valor deste quociente for, pelo menos, 10 vezes maior que o valor da distribuição F (BOX e

WETZ, 1973; BOX e DRAPER, 1987 apud BARROS NETO et al, 2010). Logo, infere-se

que quão mais distante de 10 for o valor atribuído a representatividade dos critérios de falhas,

maior será a representatividade do modelo em análise aos dados experimentais.

Considerando o comportamento gráfico apresentado nas Figuras 4.11 e 4.12 e os

resultados contidos nas tabelas de Anova (Tabela 4.5 e 4.6), observa-se que as respostas

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81

teóricas dos quatro critérios de falhas analisados descrevem satisfatoriamente o

comportamento dos dados experimentais de LHVC, independente do método utilizado para

obtenção das propriedades cisalhantes. Entretanto, notou-se que utilização do ensaio de

Tração ±45° para levantamento das propriedades cisalhantes, aumentou a representatividade

dos modelos em aproximadamente 2,5 vezes, quando comparados às análises realizadas a

partir dos dados de Iosipescu. Este comportamento corrobora com a indicação do ensaio de

Tração ±45° como o mais apropriado para determinar propriedades cisalhantes no compósito

híbrido em questão, conforme discutido na seção 4.5.

Salienta-se que além de favorecer o aumento da representatividade dos modelos de

falhas, as análises utilizando o ensaio de Tração ±45° propiciaram nova classificação de

representividade entre os modelos analisados. Desta forma, observou-se que os modelos que

configurarem-se como o mais representativo e menos representativo nas análises com dados

de Tração ±45° divergem dos indicados pelas análises a partir dos dados de Iosipescu.

Considerando os valores estatisticos dispostos na Tabela 4.6, observa-se que o critério

de falha de Hashin, configura-se, ligeiramente, como o mais representativo entre os modelos

analisados considerando as propriedades cisalhantes obtidas por Tração ±45°, indicando 65,59

de representatividade. O critério de Tensão Máxima mostrou-se o menos representativo com

índice de 62,38. Ressalta-se que os resultados encontrados nesta avaliação alinham-se aos

resultados apresentados em algumas literaturas, como por exemplo as análises de Ferreira

(2015) que indicou o critério de Tensão Máxima como o menos representativo.

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82

5. CONCLUSÕES

Levando em consideração os resultados apresentados e discutidos, pode-se concluir

que:

Os resultados dos ensaios de tração demonstraram que a magnitude das resistências à

tração e módulo de elasticidade estão diretamente ligadas as disposições angulares entre as

fibras reforçantes. Esta dependência é mais acentuada em situações onde as fibras estão off-

axis (CP30, CP45 e CP60). As configurações on-axis (CP0 e CP90) mostraram-se mais

resistentes a esforços trativos, além de figurar-se como as mais rígidas dentre as

configurações estudadas.

A variação angular entre a disposição das fibras de carbono e vidro com relação a

direção principal do carregamento proporcionam maiores deformações em compósitos como

LHVC.

Os ensaios de Iosipescu e Tração ±45°, realizados para caracterização mecânica dos

esforços cisalhantes, apresentaram diferenças significativas (variando 52,57%) para a

resistência ao cisalhamento e similaridade nos valores do módulo de cisalhamento, com

variação de apenas 21, 38% entre os resultados.

A diferença significativa entre os valores de resistência ao cisalhamento, obtidos pelos

ensaios de Iosipescu e Tração ±45°, e a dispersão entre os valores experimentais e a curva que

descreve o comportamento teórico para o módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson,

conforme a análise macromecânica, evidenciam a influência e a importância do método de

determinação das propriedades cisalhantes nas avaliações teóricas do comportamento

mecânico de compósitos híbridos.

Considerando os estudos comparativos entre os resultados obtidos pelos ensaios de

Iosipescu e Tração ±45° e as equações teóricas analisadas, o ensaio de Tração ±45°

apresentou resultados mais acurados, qualificando-o como mais apropriado para compósitos

híbridos, como o LHVC.

As respostas teóricas dos quatro critérios de falha analisados descrevem

satisfatoriamente o comportamento dos dados experimentais de LHVC. As análises de

variância realizadas fortalecem esta conclusão, indicando que os critérios analisados

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apresentaram bons índices de representatividade (acima de 10) aos dados em estudo e,

portanto, podem ser utilizados para predizer a resistência mecânica de lâminas híbridas como

a analisada.

Os resultados teóricos analisados pelos critérios de falha em estudo aproximam-se

notavelmente dos dados experimentais quando utiliza-se ensaio de Tração ±45° para

levantamento das propriedades cisalhantes, aumentando a representatividade dos modelos em

aproximadamente 2,5 vezes, quando comparados às análises realizadas a partir dos dados de

Iosipescu. Este comportamento corrobora com a indicação do ensaio de Tração ±45° como o

mais apropriado para determinar propriedades cisalhantes no compósito híbrido em questão.

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