anÁlise de conjuntura econÔmica - susep.gov.br · relatÓrio mensal de conjuntura econÔmica...

7
MINISTÉRIO DA FAZENDA SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS – SUSEP RELATÓRIO MENSAL DE CONJUNTURA ECONÔMICA MARÇO 2005 Rio de Janeiro, 11 de março de 2005.

Upload: phunglien

Post on 20-Jan-2019

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ANÁLISE DE CONJUNTURA ECONÔMICA - susep.gov.br · RELATÓRIO MENSAL DE CONJUNTURA ECONÔMICA MARÇO 2005 Rio de Janeiro, 11 de março de 2005. 1. Conjuntura atual ... De todo modo,

MINISTÉRIO DA FAZENDA

SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS – SUSEP

RELATÓRIO MENSAL DE CONJUNTURA ECONÔMICA

MARÇO 2005

Rio de Janeiro, 11 de março de 2005.

Page 2: ANÁLISE DE CONJUNTURA ECONÔMICA - susep.gov.br · RELATÓRIO MENSAL DE CONJUNTURA ECONÔMICA MARÇO 2005 Rio de Janeiro, 11 de março de 2005. 1. Conjuntura atual ... De todo modo,

1. Conjuntura atual

O objetivo deste Relatório Mensal é manter um acompanhamento do cenário econômico com que as empresas supervisionadas se deparam, especificamente em relação ao comportamento do mercado financeiro e seu impacto no Resultado do mercado e nas vendas esperadas em função do nível de atividade econômica. Sendo assim, comentamos neste relatório a última reunião do COPOM, os comportamentos recentes do mercado de ações, juros e câmbio; apresentamos as projeções do mercado para PIB, inflação, juros e câmbio; e apresentamos nossas projeções e comentários sobre a dinâmica do mercado supervisionado.

1.1. COPOM

O COPOM em sua reunião de número 105, realizada nos dias 15 e 16/02 decidiu por unanimidade mais uma vez elevar a taxa SELIC em 0,5%, de 18,25% ªª para 18,75% ªª, dando continuidade ao processo que pretende forçar a convergência das expectativas de inflação de 2005 para mais próximo da meta ajustada de 5,1% ªª .

Esta é a sexta alta consecutiva dos juros, que iniciaram a trajetória de alta em setembro, a partir do patamar dos 16%. Segundo a Ata do COPOM em seu item 31: “embora esta decisão já traga a taxa de juros básica para nível próximo ao que, na avaliação do COPOM, promoverá a convergência da inflação para a trajetória das metas, o Comitê entende que ainda não será possível dar por concluído, com esse movimento, o processo de ajuste iniciado em set/04. O número de etapas adicionais do processo de ajuste dependerá da confirmação pelos dados do cenário benigno que começa a se delinear (...)”. Novos aumentos dos juros, portanto, devem continuar sendo esperados. E isso fica evidenciado pelas curvas de juros futuros exibidas na figura 2.

1.2. Renda Variável Depois da desvalorização de 6,92% em janeiro/05, o índice IBOVESPA, em

fevereiro, compensou as perdas do mês passado e fechou em alta de 15,5% aos 28.139 pontos. A entrada de investidores estrangeiros que aportaram R$ 3,7 bilhões líquidos na Bovespa, influenciados pelos bons indicadores nacionais e a confirmação de que os juros nos EUA continuarão subindo no mesmo ritmo atual, aliada ao otimismo gerado pela última Ata do COPOM, que fez o índice subir 4,6% no dia do anúncio da Ata, são os fatores que explicam o comportamento do mercado no mês.

Ibovespa

15000

20000

25000

30000

1/6/

2004

1/7/

2004

1/8/

2004

1/9/

2004

1/10

/200

4

1/11

/200

4

1/12

/200

4

1/1/

2005

1/2/

2005

Figura 1 – IBOVESPA Fonte: Banco Central do Brasil

2

Page 3: ANÁLISE DE CONJUNTURA ECONÔMICA - susep.gov.br · RELATÓRIO MENSAL DE CONJUNTURA ECONÔMICA MARÇO 2005 Rio de Janeiro, 11 de março de 2005. 1. Conjuntura atual ... De todo modo,

1.3. Renda Fixa

Observamos que a curva de 21/02/05 se desloca para cima até o vértice 63 (maio/05), por conta da reunião do COPOM de 16/2 em que foi confirmada nova alta de 0,5% nos juros SELIC, depois desse ponto as expectativas se aproximam da curva de 31/01. Em 28/02, a curva projeta taxas menores a partir do vértice 126 (agosto/05) como resultado da Ata mais otimista do COPOM divulgada em 24/02.

Estrutura da Taxa de Juros

16.0016.5017.0017.5018.0018.5019.0019.5020.00

1 21 42 63 126 252 504 75631/1/200521/2/200528/2/2005

Figura 2 – Estrutura a termo Fonte: ANDIMA

1.4. Câmbio Depois de cair 2,8% em dezembro/04 e 1,11% em janeiro, o dólar prosseguiu se

desvalorizando em fevereiro, caindo mais 1,14%. Apesar da recuperação do dólar em relação ao Euro e Yen neste início de ano, o Real continua ganhando do dólar, o que se deve ao bom resultado comercial do país e particularmente às taxas de juros domésticas vis a vis as taxas internacionais.

Câmbio (R$/US$)

2

2.5

3

3.5

1/7/

2004

1/8/

2004

1/9/

2004

1/10

/200

4

1/11

/200

4

1/12

/200

4

1/1/

2005

1/2/

2005

Figura 3 – Taxa de câmbio Fonte: Banco Central do Brasil

3

Page 4: ANÁLISE DE CONJUNTURA ECONÔMICA - susep.gov.br · RELATÓRIO MENSAL DE CONJUNTURA ECONÔMICA MARÇO 2005 Rio de Janeiro, 11 de março de 2005. 1. Conjuntura atual ... De todo modo,

2. Projeções do Mercado

De acordo com o último Relatório de Mercado (04/03/2005) divulgado pelo BACEN, as projeções para 2005 de inflação, PIB, câmbio e juros básicos são as seguintes: IPCA de 5,72% (5,75% há 4 semanas); crescimento do PIB de 3,69% (3,70% há 4 semanas); SELIC média de 18,50% (18,25% há 4 semanas); SELIC fim de período de 17% (16,75% há 4 semanas) e câmbio a R$2,80 por dólar (R$2,87 há 4 semanas).

As expectativas inflacionárias se mantêm em torno dos 5,7%, ainda muito distante da meta do BC de 5,1%, apesar das recentes altas da SELIC e da última Ata mais otimista do COPOM. O reajuste dos preços das passagens de ônibus em São Paulo foi um fato que contribuiu para a manutenção das expectativas de IPCA no mesmo patamar de 4 semanas atrás. Com a rigidez das expectativas inflacionárias e o comprometimento do BC com a meta de 5,1%, os juros esperados se elevaram (décima semana consecutiva para a SELIC média em 2005). O câmbio esperado caiu para R$ 2,80, muito por conta dos juros praticados pelo BC, que tem atraído dólares para o Brasil. 3. Impacto no mercado supervisionado

3.1. Projeções para o Mercado Para 2005, estamos estimando o faturamento em R$ 40,6 bilhões (R$30,3 bilhões

para os ramos tradicionais e R$ 10,3 bilhões para o VGBL), distribuídos entre ramos e trimestres da seguinte forma:

Total Auto Vida (s/VGBL) VGBL Demais ramos1trim05 8.994.590.110 2.561.217.501 1.422.487.102 2.093.796.000 2.917.089.507 2trim05 9.625.996.474 2.764.731.582 1.537.362.267 2.112.000.000 3.211.902.625 3trim05 1.477.022.561 2.871.939.840 1.597.876.833 2.640.000.000 3.367.205.888 4trim05 1.525.081.537 2.939.398.914 1.635.954.652 3.484.800.000 3.464.927.971 2005 40.622.690.682 11.137.287.836 6.193.680.855 10.330.596.000 12.961.125.991

Tabela 1 – Faturamento do mercado No mês de janeiro de 2005 o faturamento de VGBL ficou em R$ 652 milhões, 18%

abaixo da média dos últimos 12 meses com a exclusão de dezembro, que é um mês atípico. De fato, entre julho/04 e novembro/04 tivemos uma grande estabilidade no faturamento deste produto, que ficou entre R$ 850 milhões e R$900 milhões. (figura 4).

Fatutamento de VGBL

-500,000,000

1,000,000,0001,500,000,0002,000,000,000

abr/0

2

ago/0

2

dez/0

2ab

r/03

ago/0

3

dez/0

3ab

r/04

ago/0

4

dez/0

4

Figura 4 – Faturamento de VGBL

4

Page 5: ANÁLISE DE CONJUNTURA ECONÔMICA - susep.gov.br · RELATÓRIO MENSAL DE CONJUNTURA ECONÔMICA MARÇO 2005 Rio de Janeiro, 11 de março de 2005. 1. Conjuntura atual ... De todo modo,

Há dois meses que temos comentado sobre uma possível queda no faturamento do PGBL, em decorrência da nova legislação tributária incidente sobre os planos de previdência. Como o resgate sobre novas aplicações representa um elevado percentual (acima de 40%, na média dos últimos 24 meses), o produto parece ser muito usado como diferidor fiscal e esta vantagem sendo reduzida com a imposição de uma alíquota de 15% de IR sobre qualquer valor resgatado, poderia reduzir o apelo do produto.

Os números de janeiro de 2005 apresentaram estabilidade do faturamento se compararmos com a média dos últimos 12 meses com a exclusão de dezembro, que é um mês atípico. Duas hipóteses se apresentam. Ou teremos uma mudança no perfil do investidor em PGBL, mais voltado para a acumulação de longo prazo, e assim haverá uma redução do indicador de resgate / contribuição, ou o mercado que até então foi fortemente atraído pela vantagem de diferimento fiscal ainda está digerindo as recentes mudanças na tributação dos fundos e ainda se retrairá. Continuaremos monitorando os dados nos próximos meses. De todo modo, a partir de out/04 o número de contratos no mercado quebra uma tendência de crescimento e cai para o nível em que estava no começo de 2004, no que pode ser reflexo das mudanças na legislação, que privilegiaram o poupador de longo prazo em detrimento do planejador fiscal.

A evolução do faturamento do PGBL dos últimos 3 anos é ilustrada a seguir na figura 5.

Contribuições e Contratos de PGBL

-

100,000,000200,000,000

300,000,000400,000,000

500,000,000600,000,000

700,000,000

jan/02

abr/0

2jul

/02ou

t/02jan

/03ab

r/03jul

/03ou

t/03jan

/04ab

r/04jul

/04ou

t/04jan

/05

-500,0001,000,0001,500,0002,000,0002,500,0003,000,0003,500,0004,000,000

Contribuições

Contratos

Figura 5 – Contribuições e Contratos de PGBL

5

Page 6: ANÁLISE DE CONJUNTURA ECONÔMICA - susep.gov.br · RELATÓRIO MENSAL DE CONJUNTURA ECONÔMICA MARÇO 2005 Rio de Janeiro, 11 de março de 2005. 1. Conjuntura atual ... De todo modo,

3.2. Indicadores Financeiros para Seguradoras

Indicadores do Mercado (jan/2005) dez/03 Mercado 10 Maiores Mediana Margem de lucro operacional de seguros 1,9% 4,2% -0,9%Margem de lucro operacional com RF 20,0% 22,7% 11,3%Margem Líquida 22,6% 18,7% 6,4%Lucratividade Patrimonial 1,9% 2,3% 0,8%Resultado de Investimentos / Lucro Líquido 44,8% 24,6% 0,0%Prêmios Retidos / PL 10,3% 14,0% 12,4%Aplicações / Prêmios Ganhos 4109,2% 3426,2% 1040,4% Indicadores do Mercado (jan/2004) dez/04 Mercado 10 Maiores Mediana Margem de lucro operacional de seguros -0,8% 0,4% -2,3%Margem de lucro operacional com RF 23,7% 25,7% 11,0%Margem Líquida 19,7% 20,1% 6,9%Lucratividade Patrimonial 1,7% 1,7% 0,7%Resultado de Investimentos / Lucro Líquido 49,5% 53,0% 0,0%Prêmios Retidos / PL 12,4% 11,0% 15,7%Aplicações / Prêmios Ganhos 3688,6% 3318,3% 1075,2%

Tabela 2 – Indicadores do mercado de seguros

O mercado sempre apresenta seu faturamento bastante concentrado. As 10 maiores detêm 56,9% dos Prêmios Ganhos, assim, os indicadores das maiores são semelhantes ao apresentado pelo mercado de modo agregado. Com esse fato em mente passemos a analisar a tabela acima.

Em 2005 o mercado melhora sua margem de lucro operacional, que estava negativa em jan/04, em 2,7%, as maiores melhoram mais, passando de 0,4% para 4,2%. A mediana ainda continua com margem operacional negativa, passando de –2,3% para –0,9%

Quando consideramos o resultado financeiro na margem operacional, temos uma piora no mercado de 3,7%, influenciada pelas maiores empresas que reduziram em 3% sua margem. A mediana do mercado fica praticamente estável, passando de 11% para 11,3%. As receitas financeiras foram levemente menores em 2005 (R$ 989 milhões em jan/05 contra R$ 1.004 milhões em jan/04), enquanto as despesas financeiras aumentaram R$46,2 milhões entre jan/05 e jan/04.

A margem líquida do mercado melhora 2,9%, apesar da queda de 1,4% entre as maiores e de 0,5% na mediana. A razão para isso pode ser lida no índice de Resultado de Investimento / Lucro Líquido, que se mantêm elevado no mercado como um todo (acima de 44%) e decresce entre as maiores de 53% para 24,6%. Assim apesar de margens operacionais menores do que entre as 10 maiores, o mercado agregado ainda consegue obter margem líquida melhor.

A lucratividade patrimonial fica praticamente estável para o mercado com a mediana subindo entre as 10 maiores por conta principalmente da redução de PL entre estas.

6

Page 7: ANÁLISE DE CONJUNTURA ECONÔMICA - susep.gov.br · RELATÓRIO MENSAL DE CONJUNTURA ECONÔMICA MARÇO 2005 Rio de Janeiro, 11 de março de 2005. 1. Conjuntura atual ... De todo modo,

As relações de prêmios retidos / PL decrescem em função do aumento do PL de 14% por conta da retenção de lucros e decréscimo de 6% dos Prêmios Retidos.

As aplicações / prêmios ganhos crescem por conta da soma do acréscimo dos lucros retidos com o reinvestimento das aplicações serem maiores que o crescimento das vendas de seguros. Responsável pela elaboração deste relatório: André Silva Oliveira DECON/GEACO/DIEEC [email protected] Glossário dos indicadores usados: Margem de Lucro Operacional de Seguros (Prêmios Ganhos – Despesas Administrativas – Despesas de Comercialização – Sinistros Retidos – Outras Despesas Operacionais + Outras Receitas Operacionais) / Prêmios Ganhos Margem de Lucro Operacional de Seguros com Resultado Financeiro (Prêmios Ganhos – Despesas Administrativas – Despesas de Comercialização – Sinistros Retidos – Outras Despesas Operacionais + Outras Receitas Operacionais + Receitas Financeiras – Despesas Financeiras) / Prêmios Ganhos Margem Líquida Lucro Líquido / Prêmios Ganhos Lucratividade Patrimonial Lucro Líquido / Patrimônio Líquido Resultado de Investimentos / Lucro Líquido Ajustes de Investimentos em Coligadas e Controladas / Lucro Líquido Aplicações / Prêmios Ganhos Aplicações Financeiras de Curto e Longo Prazo / Prêmios Ganhos

7